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Características

“A cartomante” é um conto de Machado de Assis e faz parte da obra "Várias


histórias", livro publicado, pela primeira vez, em 1896. Desse modo, é uma narrativa
do realismo brasileiro e apresenta, como principal temática, o adultério. O conto
possui caráter antirromântico e recorre ao monólogo interior, de forma a fazer a
análise psicológica do personagem Camilo.

Resumo do conto
Em "A Cartomante", ambientado no Rio de Janeiro de 1869, um triângulo amoroso
entre Rita, seu marido Vilela, e Camilo, amigo de infância de Vilela, desenrola-se em
meio à atmosfera urbana da época. Camilo e Rita tornam-se amantes,
desencadeando uma série de eventos tensos após o recebimento de cartas
anônimas acusando Camilo de adultério.

A insegurança de Rita a leva a buscar conselho em uma cartomante, enquanto


Vilela, suspeitando da traição, convida Camilo para um encontro fatal. O conto
termina em tragédia, com Rita morta e Camilo assassinado por Vilela, deixando
mistérios sobre a revelação do caso e o autor das cartas anônimas.

Caracterização da narrativa

Personagens

Rita: Aos trinta anos, é descrita como uma dama formosa, tonta, graciosa, viva nos
gestos e com olhos cálidos. Rita é casada com Vilela e amante de Camilo, amigo de
infância do marido. Trata-se de uma típica mulher da sociedade burguesa, que
mantém um casamento de aparências e cumpre o seu papel social de esposa
apesar de estar em um casamento que não a faz feliz.

Vilela: Tem vinte e nove anos e vive em uma casa em Botafogo, tendo também um
escritório de advocacia. É casado com Rita e é a típica figura do homem burguês
provedor, que tem uma boa quantia de dinheiro e uma mulher bonita como esposa.

Camilo: Funcionário público de vinte e seis anos. Tem como amigo de infância o
advogado Vilela e acaba se apaixonando por Rita, a mulher do melhor amigo, com
quem começa um caso amoroso.
A cartomante: Uma mulher com cerca de quarenta anos, italiana, morena e magra
e com grandes olhos. A cartomante era tida por Rita e Camilo como um oráculo
capaz de adivinhar o futuro, mas na prática, ela não conseguiu prever os
acontecimentos trágicos que aconteceriam por conta do caso extraconjugal.

Espaço

A narrativa é ambientada no Rio de Janeiro.

Tempo

A narrativa se passa no ano de 1869 e apresenta um tempo cronológico.

Análise do tema da narrativa

Forte presença da cidade no texto

Um traço comum na literatura machadiana é a forte presença da cartografia no texto


literário. Em A cartomante não é diferente, vemos ao longo das páginas uma série
de referências às ruas da cidade e aos caminhos que os personagens percorriam
habitualmente:

Techo: "A casa do encontro era na antiga Rua dos Barbonos, onde morava uma
comprovinciana de Rita. Esta desceu pela Rua das Mangueiras, na direção de
Botafogo, onde residia; Camilo desceu pela da Guarda Velha, olhando de passagem
para a casa da cartomante."

São menções pontuais que ajudam a situar o leitor no tempo e no espaço. Ainda
que uma enorme parcela do público não conheça detalhadamente a zona sul do Rio
de Janeiro, a narrativa desenha um mapa da cidade a partir dos caminhos feitos
pelos personagens.

História se encerra em aberto

Outra característica da prosa de Machado de Assis é o fato do escritor brasileiro


deixar muitos mistérios no ar. Em A cartomante, por exemplo, chegamos ao final do
conto sem entender como Vilela efetivamente descobriu a traição.
Teria sido a cartomante a contar o caso extraconjugal? O marido teria interceptado
uma das cartas trocadas entre os amantes? Como leitores seguimos com as
dúvidas.

Outra pergunta que paira no ar quando escolhemos acreditar que o caso foi
descoberto através da leitura de uma das cartas é: se, de fato, a cartomante tinha o
dom da vidência, porque ela fez Camilo crer que a história terminaria com um final
feliz? Não caberia a ela - que detinha a função de oráculo na narrativa - alertá-lo
para o perigo iminente?

Denúncia da hipocrisia

No conto tragicômico de Machado lemos uma série de críticas sociais e uma


denúncia da hipocrisia que reinava na sociedade burguesa daquela época. Paira em
torno de A cartomante o tema do assassinato, do adultério e, sobretudo, da
sustentação de um casamento vazio para manter a ordem social.

O leitor percebe, por exemplo, como o casamento é baseado na conveniência e não


no amor que deveria unir um casal. A sociedade burguesa e o matrimônio são, na
prosa de Machado, movidos exclusivamente por interesses financeiros.

Mas não é só a personagem Rita que se demonstra hipócrita na história, Camilo


mantém igualmente o véu das aparências ao alimentar uma amizade supostamente
verdadeira com Vilela quando, na verdade, traía o melhor amigo com a sua
respectiva esposa.

A inspiração para a criação de Machado de Assis teria surgido de uma série de


casos que vinham sendo denunciados nos jornais daquela época. Vale lembrar que
o adultério era um tema recorrente na sociedade burguesa do século XIX.

Complexidade dos personagens

Os personagens machadianos são ricos justamente por se apresentarem como


seres complexos, dotados de contradições, com atitudes ao mesmo tempo boas e
más, generosas e sórdidas. Não podemos dizer, por exemplo, que no conto há um
herói ou um vilão, todos os protagonistas carregam aspectos positivos e negativos.

Todos interpretam um papel social e são vítimas e algozes dos personagens com
quem se relacionam. Se Rita, por exemplo, traía o marido, por outro lado cabia a ela
carregar o fardo de interpretar o papel de mulher socialmente adequada e manter
um casamento de fachada.
É importante também frisar como, ao longo do texto, não encontramos praticamente
nenhum juízo de valor sobre as atitudes apresentadas. O narrador transfere para o
leitor, portanto, a responsabilidade de julgar o comportamento dos personagens em
questão.

Conclusão
Eu (Nicolas Bueno Pazin) me recuso a fazer essa porra, porque não vai ser eu a
pessoa que vai ler a conclusão na apresentação desse trabalho.

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