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CLARICE LISPECTOR
A autora
A autora sugere outros 13 títulos para que o leitor escolha o que mais gostar.
Narrador: Rodrigo S.M.
(Há os que têm. E há os que não têm. É muito simples: a moça não tinha. Não tinha o quê?
É apenas isso mesmo: não tinha. Se der para me entenderem, está bem. Se não, também está
bem. Mas por que trato dessa moça quando o que mais desejo é trigo puramente maduro e
ouro no estio?) (p. 27)
Tudo conspirava para a infelicidade da personagem (mas nem isso ela tinha)
Macabéa
E o terrível final: ao sair da cartomante, que lhe predissera um futuro glorioso, “grávida
do futuro”, é atropelada por um Mercedes e morre ali, no asfalto, cercada por transeuntes
desconhecidos. Seria o único momento em que foi realmente vista, a “Hora da Estrela”,
profunda ironia.
Olímpico, o namorado
O namorado de Macabéa, com o curioso nome de Olímpico, que remete a divindade, era
o contraponto dos sonhos de qualquer mulher, no entanto, foi o único namorado que
Macabéa conseguiu. Grosseiro e arrogante, comprazia-se em humilhá-la e seus passeios
nada tinham de românticos, exceto que sempre chovia enquanto passeavam e o rapaz
disse a Macabéa que ela “só sabia chover”, como se fosse dela a culpa pela chuva.
A técnica narrativa
O espaço é a cidade do Rio de Janeiro, mas apenas a faceta percebida por Macabéa, em
sua timidez. Não é a cidade maravilhosa, não, é apenas um lugar hostil, com ruas que ela
percorre sem conhecer. E o tempo não é cronológico, porque os fatos despertam no
narrador reflexões e digressões que se interpõem ao fluxo dos fatos.
Linguagem e Estilo
As camadas mais profundas da consciência humana são removidas pela autora, em busca
do significado da existência e, por intermédio dessa busca, ocorre o encontro da
Psicologia com a metafísica: conhecer-se para ser.
Ah pudesse eu pegar Macabéa, dar-lhe um bom banho, um prato de sopa, um beijo na testa
enquanto a cobria com um cobertor. E fazer que quando ela acordasse encontrasse
simplesmente o grande luxo de viver (p. 50)
Linguagem e Estilo
Rodrigo S. M., o narrador, constitui um dos personagens centrais de "A Hora da Estrela",
de Clarice Lispector. Ao mesmo tempo em que cria e narra a vida de Macabéa, identifica-
se com ela, mesmo quando a agride. Dessa forma, você já deve ter percebido que o texto
é metalinguístico: um autor - narrador que fala de sua própria obra e busca nela e com ela
conhecer-se e reconhecer-se.
Macabéa é alagoana, virgem, ignorante, tem dezenove anos e diz-se "datilógrafa". Veio
para o Rio de Janeiro com uma tia que cuidara dela desde os dois anos de idade. Quando
a tia morre, Macabéa muda-se para um quarto que divide com quatro moças que
trabalhavam nas Lojas Americanas: Maria da Penha, Maria Aparecida, Maria José e
Maria.
Resumo
Raimundo, o patrão de Macabéa, avisa-lhe que será despedida (Macabéa errava demais
na datilografia, ficará apenas com Glória (a colega de Macabéa na firma e que se
considerava sensual e bonita). Macabéa gostava de ouvir a Rádio Relógio porque os
locutores falavam "palavras diferentes", embora ela desconhecesse os significados e não
soubesse o que fazer com as informações.
Um dia em que chovia muito, Macabéa encontrou Olímpico de Jesus, que se apresentou
como Olímpico de Jesus Moreira Chaves, metalúrgico, paraibano. Os dois apresentam
ruídos no processo de comunicação: ela por não saber e não ter o que dizer e ele por se
sentir superior, principalmente em relação ao aspecto linguístico, porém pouco sabia.
Olímpico era ambicioso, era capaz de qualquer ato para ascender socialmente. Até que
ele conhece Glória e resolve afastar-se de Macabéa.
Resumo
Quando ela volta a falar com Glória, esta indica-lhe uma cartomante: Madama Carlota. A
cartomante mente para Macabéa, que sai de lá convencida de que será outra, de que será
feliz e de que encontrará seu príncipe. Ao dar um passo para atravessar a rua, ela é
atropelada por um carro Mercedes Benz ouro. Esta é a hora da estrela, quando ela será
"tão grande como um cavalo morto": ferida de morte, a personagem vomita um pouco de
sangue, mas queria ter vomitado "uma estrela de mil pontas". O narrador termina
refletindo sobre a morte não só de Macabéa, mas também sobre a dele: "por enquanto é
tempo de morangos. Sim”