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1 – A Hora da Estrela – Clarisse Lispector

Publicação: 1977

Gênero da Obra: Romance Literário Intimista/Psicológico

Escola Literária: Terceira geração Modernista/Geração de 45

Personagens Principais:

Macabéa: Alagoana, 19 anos e foi criada por uma tia beata que batia nela (sobre a cabeça, com
força); completamente inconsciente, raramente percebe o que há à sua volta. A principal
característica de Macabéa é a sua completa alienação. Ela não sabe nada de nada. Feia, mora
numa pensão em companhia de 3 moças que são balconistas nas Lojas Americanas (Maria da
Penha, Maria da Graça e Maria José). Macabéa recebe o apelido de Maca e é a protagonista da
história. Possivelmente o nome Macabéa seja uma alusão aos macabeus bíblicos, sete ao todo,
teimosos, criaturas destemidas demais no enfrentamento do mundo; a alusão, no entanto, faz-
se pelo lado do avesso, pois Macabéa é o inverso deles. Olímpico: Olímpico se apresentava
como Olímpico de Jesus Moreira Chaves. Trabalhava numa metalúrgica e não se classificava
como "operário": era um "metalúrgico". Ambicioso, orgulhoso e matara um homem antes de
migrar da Paraíba. Queria ser muito rico, um dia; e um dia queria também ser deputado. Um
secreto desejo era ser toureiro, gostava de ver sangue. Rodrigo S. M.: Narrador-personagem
da história. Ele tem domínio absoluto sobre o que escreve. Inclusive sobre a morte de
Macabéa, no final.

Glória: Filha de um açougueiro, nascida e criada no Rio de Janeiro, Glória rouba Olímpico de
Macabéa. Tem um quê de selvagem, cheia de corpo, é esperta, atenta ao mundo.

Madame Carlota: É a mulher de Olaria que porá as cartas do baralho para "ler a sorte"de
Macabéa. Contará que foi prostituta quando jovem, que depois montou uma casa de mulheres
e ganhou muito dinheiro com isso. Come bombons, diz que é fã de Jesus Cristo e impressiona
Macabéa. Na verdade, Madame Carlota é uma enganadora vulgar.

Outras personagens: As três Marias que moram com Macabéa no mesmo quarto, o médico
que a atende e diagnostica a gravidade da tuberculose e o chefe, seu Raimundo, que reluta em
mandá-la embora.

Narrador: Em 3° pessoa/Narrador ficcional Rodrigo S.M

Local: O Rio de Janeiro é o espaço. Ocorre que o espaço físico, externo, não importa muito
nesta história. O "lado de dentro"das criaturas é o que interessa aos intimistas.

Pelos indícios que o narrador nos oferece, o tempo é época em que Marylin Monroe já havia
morrido - possivelmente a década de 60 em seu fim ou a de 70 em seus começos - mas faz
ainda um grande sucesso como mito que povoa a cabeça e os sonhos de Macabéa.

Contexto Histórico: Em A hora da estrela Clarice escreve sabendo que a morte está próxima e
põe um pouco de si nas personagens Rodrigo e Macabéa. Ele, um escritor à espera da morte;
ela, uma solitária que gosta de ouvir a Rádio Relógio e que passou a infância no Nordeste,
como Clarice.

A despedida de Clarice é uma obra instigante e inovadora. Como diz o personagem Rodrigo,
estou escrevendo na hora mesma em que sou lido. É Clarice contando uma história e, ao
mesmo tempo, revelando ao leitor seu processo de criação e sua angústia diante da vida e da
morte.

Redemocratização do Brasil Após o Estado Novo de Getúlio Vargas.

Cronologia: O enredo de A hora da Estrela não segue uma ordem linear: há flashbacks
iluminando o passado, há idas e vindas do passado para o presente e vice-versa.

Além da alinearidade, há pelo menos três histórias encaixadas que se revezam diante dos
nossos olhos de leitor:

1. A metanarrativa - Rodrigo S. M. conta a história de Macabéa.


2. A identificação da história do narrador com a da personagem.
3. A vida de Macabéa - O narrador conta como tece a narrativa.

Resumo do Enredo: A história é narrada por Rodrigo S.M. (narrador-personagem), um escritor


à espera da morte. Ele é uma das peças-chave do livro. Ao longo da obra ele reflete os seus
sentimentos e os de Macabéa, a protagonista da obra.

Nordestina órfã de pai e mãe, e criada por uma tia que a maltratava muito, Macabéa é uma
alagoana pobre de 19 anos que possui um corpo franzino e só come cachorro quente. Além
disso, ela é feia, virgem, tímida, solitária, ignorante, alienada e de poucas palavras.

Quando vai morar no Rio de Janeiro, consegue um emprego de datilógrafa na cidade. Chega a
ser despedida pelo patrão, seu Raimundo, que por fim, tem compaixão de Macabéa, deixando-
a permanecer com o trabalho.

No Rio de Janeiro, Macabéa mora numa pensão e divide o quarto com três moças. Todas elas
são balconistas das Lojas Americanas e chamadas de “as três Marias”: Maria da Penha, Maria
da Graça e Maria José.

Um de seus maiores prazeres nas horas vagas é ouvir seu rádio relógio, emprestado de uma
das Marias.

Mesmo destituída de beleza, Macabéa (ou Maca, seu apelido) consegue encontrar um
namorado, o nordestino ambicioso e metalúrgico Olímpico de Jesus Moreira Chaves. O
namoro termina quando Glória, ao contrário de Macabéa, bonita e esperta, rouba seu
namorado.

Quando vai à Cartomante, uma impostora chamada Madame Carlota, Macabéa descobre por
meia das cartas sua “sorte”. No entanto, ao sair de lá, atravessa a rua muito contente pelas
palavras que acabara de ouvir, sendo atropelada por um Mercedes Benz amarelo.

É ali que ocorre sua "hora da estrela", o momento em que todos a enxergam e ela se sente
uma estrela de cinema. A obra possui uma grande ironia em seu término, visto que só no
momento da morte é que Macabéa obtém a grandeza do ser.

Informações Adicionais:

-Clarice Lispector foi uma escritora e jornalista ucraniana naturalizada brasileira.


Autora de romances, contos e ensaios, é considerada uma das escritoras brasileiras mais
importantes do século XX e a maior escritora judia desde Franz Kafka. Sua obra está repleta de
cenas cotidianas simples e tramas psicológicas, reputando-se como uma de suas principais
características a epifania de personagens comuns em momentos do cotidiano.
2 – Alguma poesia – Carlos Drummond de Andrade
Publicação: 1930

Gênero da Obra: Poesia

Escola Literária: Primeira e Segunda gerações do Modernismo

Personagens Principais: N/A

Narrador: N/A

Local: N/A

Contexto Histórico: Alguma Poesia foi escrito sob o ímpeto da modernidade de 1922, pratica o
poema-piada, utiliza os coloquialismos apregoados pela estética, cultiva a poesia do cotidiano,
repudiando as tendências parnasiano-simbolistas que dominaram a poesia até então. No
entanto, o poema-piada de Drummond é antes um desabafo de um tímido que procura afogar
(disfarçar) no humor os sentimentos que o amarguram. No prosaísmo esconde a procura de
uma expressão poética autêntica e autônoma e, ao se voltar para o cotidiano, transcende o
tempo e o espaço em busca do perene e universal.

Cronologia: N/A

Resumo do Enredo:

1. O indivíduo – "um eu todo retorcido"

Seção que investiga a formação do poeta e sua visão acerca do mundo. Sempre lúcido,
discorre com amargor, pessimismo, ironia e humor o que ele, atento observador, capta de si
mesmo e das coisas que o rodeiam. Alguns poemas sintetizam a visão do indivíduo, como o
poema Poema de sete faces em que vaticina seu destino. É o primeiro poema de Alguma
Poesia do qual transcreve-se a primeira estrofe: Quando nasci, um anjo torto / desses que
vivem na sombra / disse: Vai, Carlos! ser gauche na vida.

A palavra gauche (lê-se gôx), de origem francesa, corresponde a "esquerdo" em nosso


idioma. Em sentido figurado, o termo pode significar "acanhado", " inepto". Qualifica o ser às
avessas, o "torto", aquele que está à margem da realidade circundante e que com ela não
consegue se comunicar.

2. A família – "a família que me dei"

Uma das constantes temáticas de Drummond, presente desde Alguma Poesia até seus
versos finais, é a família, sua vivência interiorana em Minas Gerais, a paisagem que marca sua
memória. Contrariando o lugar-comum, ao invés de se referir à família como algo que lhe foi
atribuído por Deus, o poeta coloca um "que me dei" a analisa suas relações pessoais,
consciente de que se assentam na perspectiva pessoal. De modo muito individual, retrata o
escoar do tempo, como é possível observar em Infância, Família, Sesta, alguns dos mais
significativos poemas de Alguma Poesia.

3. O conhecimento amoroso – "amar-amaro"

Com o jogo de palavras amar-amaro, título emprestado de um poema do livro Lição de


Coisas, o poeta acrescenta ao substantivo "amar" o adjetivo "amargo", sentimento recorrente
em alguns de seus poemas e livros escritos posteriormente. Em Alguma Poesia o tema é
tratado com boas doses de humor, sátira ou pitadas de idealismo, como em Toada do amor,
Sentimental, Quero me casar, Quadrilha.

4. Paisagem e viagens

Um grupo de poesias faz anotações sobre viagens, retratando paisagens vistas e


vividas, mas também recuperando as influências recebidas da sempre subserviente postura
brasileira ante as supercivilizações, como em Lanterna mágica, Europa, França e Bahia.

5. O social e a evolução dos tempos

Drummond constrói poemas em que contempla a mudança dos tempos, o progresso


chegando e invadindo a antiga paisagem, como em A rua diferente ou Sobrevivente.

Informações Adicionais: Publicado em 1930, Alguma Poesia, primeira obra poética de


Drummond, contém quarenta e nove poemas, muitos deles, micro-poemas, reunindo
produções do autor, entre 1925 e 1930 e tem sido considerado como elo de ligação entre a
primeira e a segunda gerações do nosso Modernismo, representando a síntese mais perfeita
entre elas.

3 – Vozes anoitecidas – Mia Couto


Publicação: 1987

Gênero da Obra: Contos/Romance/Ficção

Escola Literária: Literatura Moçambicana.

Personagens Principais: N/A

Narrador: Terceira Pessoa

Local: N/A

Contexto Histórico: N/A

Cronologia: Linear

Resumo do Enredo:

- A fogueira – Marido pede que a mulher faça a própria cova enquanto está viva, pois ele não
tem forças para tanto e preocupa-se com seu enterro;

- O último aviso do corvo falador – Homem possui um corvo que fala com os mortos e dá
assistência àqueles que querem se comunicar com o além;

- O dia em que explodiu Mabata-bata – Um boi pisa em uma mina e explode; assustado, o
menino pastor decide fugir;

- Os pássaros de Deus – Pescador pobre encontra um passarinho em seu barco e acredita que
deve cuidar muito bem do animal, que é um emissário dos deuses;

- De como se vazou a vida de Ascolino do Perpétuo Socorro – Dono de uma venda cumpre
todo dia o mesmo ritual de bebedeira, sempre seguido por seu empregado, até que um dia a
mulher lhe abandona;
- Afinal, Carlota Gentina não chegou de voar? – Confissão de homem que matou a esposa com
um balde de água quente, acreditando que ela era feiticeira;

- Sade, o Lata de Água – Homem arma gritaria para os vizinhos pensarem que está espancando
a mulher, quando esta, na verdade, já lhe abandonou há muito tempo;

- As baleias de Quissico – Homem se muda em busca de uma baleia mágica que distribui
presentes a quem lhe encontrar;

- De como o velho Jossias foi salvo das águas – Jossias cai em um poço, após haver furtado a
oferenda para os antepassados e é salvo a contragosto;

- A história dos aparecidos – 2 homens considerados mortos ressurgem após uma cheia e são
considerados espíritos pela comunidade, que não lhes quer aceitar novamente como entes
vivos;

- A menina de futuro torcido – Segue abaixo (um dos melhores contos de Mia);

- Patanhoca, o cobreiro apaixonado – Homem que cuidava de cobras se apaixona por uma
chinesa, a qual mata.

Informações Adicionais: Mia Couto nasceu e foi escolarizado na Beira, cidade capital da
província de Sofala, em Moçambique - África. Adotou o seu pseudónimo porque tinha uma
paixão por gatos.

Além de considerado um dos escritores mais importantes de Moçambique, é o escritor


moçambicano mais traduzido. Em muitas das suas obras, Mia Couto tenta recriar a língua
portuguesa com uma influência moçambicana, utilizando o léxico de várias regiões do país e
produzindo um novo modelo de narrativa africana. Terra Sonâmbula, o seu primeiro romance,
publicado em 1992, ganhou o Prémio Nacional de Ficção da Associação dos Escritores
Moçambicanos em 1995 e foi considerado um dos dez melhores livros africanos do século XX
por um júri criado pela Feira do Livro do Zimbabué. A 25 de Novembro de 1998 foi feito
Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada. Em 2007, foi entrevistado pela revista
Isto É. Foi fundador de uma empresa de estudos ambientais da qual é colaborador.

4 – Amor de perdição – Camilo Castelo Branco


Publicação: 1862

Gênero da Obra: Romance/Ultrarromantismo

Escola Literária: Segunda fase do Romance Português

Personagens Principais:

Simão Botelho: Simão é um dos cinco filhos do corregedor Domingos Botelho, se apaixona por
Teresa e transforma-se por sua causa.

Teresa Albuquerque: Interesse Romântico de Simão, é enviada a um convento.

Mariana: Filha do ferreiro João da Cruz, apaixona-se por Simão.

Baltasar: Primo de Teresa, e seu casamento arranjado.


Domingos Botelho: Corregedor, pai de Simão.

Tadeu Albuquerque: Pai viúvo de Teresa.

João da Cruz: Ferreiro, disposto à ajudar Simão por gratidão a seu pai.

D. Rita Castelo Branco: Dama da Rainha de Portugal, mãe de Simão.

Narrador: O narrador apresenta-se em terceira pessoa, apenas identificando-se ao final do


livro como sobrinho de Simão, filho de Manuel Botelho, irmão de Simão. Possui aspectos
autobiográficos.

Local: A história de Amor de Perdição circunda-se na cidade portuguesa chamada Viseu, mas o
enredo não se centra absolutamente em tal cidade, pois a alternância de cidades se faz
presente à medida que o enredo da ficção avança deliberadamente.

Contexto Histórico: Quando a obra foi escrita, em 1861, Camilo Castelo Branco encontrava-se
preso na Cadeia da Relação, no Porto, devido ao crime de adultério, que tinha praticado com
Ana Plácido.[1]

A obra Amor de Perdição foi integralmente escrita durante um período de quinze dias, durante
a estadia do autor na cadeia.[1] Enquanto esteve preso, também redigiu as obras O Romance
de Um Homem Rico e parte de Doze Casamentos Felizes.[1]

Cronologia: Linear

Resumo do Enredo: Domingos José Correia Botelho era um fidalgo não muito rico que teve a
prerrogativa e sorte última de se casar com a ilustríssima e formosa Srª Rita Teresa Margarida
Preciosa. Esta senhora era a Dama da rainha de Portugal (a rainha D. Maria, também
conhecida no Brasil como Maria, a louca) vigente na época em que começou a narrativa de
Castelo Branco, por volta aproximadamente de 1779, seguindo, pois, suas respectivas
sucessões temporais.

É justamente perto desta data apontada acima que Domingos Correia era juiz de fora da
cidade de Cascais, mas posteriormente conseguiu transferência para Vila Real, cidade onde
nasceu. Seria bom e gratificante exercer o ofício na terra onde foi concebido à vida, não fosse
as incessantes e inoportunas reclamações de Rita Teresa, ainda saudosa de seus luxos
monárquicos da corte de Lisboa, luxos estes que toda Dama do Paço usufrui e, estando em
sincronia com suas perfeitas sanidades mentais, jamais quer abdicar.

Apesar dos queixumes de Rita Teresa, o casal ainda conseguiu ter cinco filhos: Manuel, Simão,
Maria, Ana e Rita. Manuel era o mais velho dentre os meninos, e Rita a mais nova dentre os
rebentos femininos.

Foi-se feita mais uma transferência do casal, agora para a cidade de Viseu, mas desta vez
acrescida a uma promoção: Domingos Botelho tornou-se corregedor desta cidade.

Ambos filhos de Botelho eram universitários em Coimbra: Manuel estudava Direito; já o


encapetado Simão – que espezinhava a vida do Reitor e das autoridades da Universidade com
seu gênio moleque e arruaceiro – cursava Humanidades.

Só existe uma coisa na vida que é capaz de transfigurar a compleição congênita de um rapaz
rebelde como Simão o era: esta coisa (embora este substantivo seja tanto quanto pobre e
deficiente suficientemente para demarcar graficamente toda a extensão significativa da
palavra a seguir) é o AMOR. Este sentimento totalmente inefável, inesperado, indescritível à
guisa de meras palavras de qualquer língua, teve a façanha de arrebatar o coração sanguinário,
rebelde e revolucionário de Simão, pois o filho mais novo do corregedor se apaixonara
fervorosamente por uma vizinha chamada Teresa, uma menina de quinze anos de idade.

Infelizmente, para desespero dos leitores romântico-piegas, a paixão entre os dois jamais pôde
se materializar, pois tanto a família de Simão quanto a de Teresa se opunha rigorosamente
contra o firmamento da união do casal. O motivo disso era de ter havido entre os pais do casal
uma antiga rixa e divergência jurídica entre ambos, fazendo permear assim entre as duas
famílias uma rivalidade mais caprichosa que a de cão e gato.

Simão e Teresa se comunicavam e trocavam suas afeições sentimentais unica e exclusivamente


através de cartas. E foi por causa de sua comunicação missivista – tão eficiente que poder-se-ia
dizer que fazia inveja aos modernos e-mails de hoje – que Simão decidiu fugir de Coimbra,
interrompendo assim seus estudos acadêmicos, para ir a Viseu se encontrar às espreitas com
Teresa.

O pai viúvo de Teresa, Tadeu Albuquerque, tinha um sobrinho fidalgo oriundo da cidade de
Castro Daire chamado Baltasar Coutinho. Tadeu Albuquerque por motivos ambiciosos queria a
todo custo o casamento de Teresa com fidalgo, mas sua filha recusava-o convencidamente,
chegando a declarar explicitamente, para a raiva e descontentamento de seu pai, seu amor
por Simão.

Se o romance de Teresa e Simão ainda persistisse, mesmo sendo por cartas, Tadeu estava
convencido de mandá-la a um convento Sabendo disso – através de uma carta -, Simão teve a
resolução de se hospedar na casa de um conhecido seu, o ferreiro João da Cruz, este que se
mostrou a todo momento sempre prestativo e disposto a ajudar Simão em qualquer coisa, já
que, há tempos atrás, o ferreiro conseguiu se livrar da cadeia graças à intervenção jurídica do
pai de Simão.

O ferreiro tinha uma filha chamada Mariana, “moça de vinte e quatro anos, formas bonitas,
um rosto belo e triste”. Ela demonstrou, desde o início, total disposição para ajudar Simão no
que fosse preciso, passando, além de ajudar Simão, também a admirá-lo e amá-lo. Mariana
tinha um semblante melancólico porque predizia tristezas que aconteceriam com Simão caso
ele continuasse com seu amor por Teresa, amor este obstruído por egoísmo e orgulho dos pais
do casal:

“ ─ Não sei o que me adivinha o coração a respeito de vossa senhoria. Alguma desgraça está
para lhe suceder…” Disse certa vez Mariana ao fidalgo.

Baltasar Coutinho passa a atormentar a vida de Teresa, querendo a todo custo seu
consentimento para o casamento arranjado. Através de ameaças e com o aval de Tadeu,
Baltasar se transforma em um estorvo na consolidação do amor do sofredor casal.

Depois de algumas tentativas não bem-sucedidas de encontro com Teresa, certa vez Simão
viu-se cara-a-cara com o fidalgo Baltasar Coutinho. Ambos discutiram, e Simão – com o intuito
nobre e extremamente passional de livrar o estorvo da vida de Teresa – atirara contra o fidalgo
de Castro Daire, matando-o instantaneamente. Como consequência óbvia e imediata, Simão
fora preso em Viseu após o fato, e Teresa transferida para o convento de Monchique, na
cidade do Porto.
O pai de Simão nada fazia para tentar tirar o filho da reclusão. Era bem possível que se
quisesse fazê-lo conseguiria relativo êxito, pois detinha o ofício de corregedor, profissão essa
de significativo status e influência persuasiva nos meios jurídicos da época. Mas, a despeito de
tudo isso, Domingos Botelho sempre negava e limitava-se sempre a dizer isso:

“ ─ Eu não determino nada. Faça de conta que o preso Simão não tem aqui parente algum.”

Enquanto a Teresa, sua vida tornara-se terrivelmente obscura e lastimosa também. Seu único
entretenimento dentro do convento eram as cartas que escrevia ao detento Simão. A única
atividade da rapariga dentro do convento era chorar. Sua tia Constança, a única companhia
que tinha no convento, lamentava-se ao ver diariamente sua sobrinha aos prantos por causa
de um amor impossível de se materializar.

Graças à ternura e solidariedade de Mariana, Simão tinha com quem contar dentro da prisão. E
também deve-se a Mariana o título de ser a intermediadora entre o romance missivista do
casal.

Enfim, foi graças a um tio-avô de Simão que o pai deste pôde repensar sua atitude de não
ajudar o filho a se livrar da prisão. O nome do tio-avô era a Antônio da Veiga, este que ameçou
se matar caso o pai não “mexesse seus pauzinhos” para tirar o filho da forca. Infelizmente,
tudo que o corregedor conseguiu foi a substituição do cárcere pela deportação de dez anos do
filho para o exílio na Índia.

Mariana decidiu ir com o amado ao exílio. Para ela não restava mais nada na vida a não se o
amor que sentia por Simão, já que o pai desta rapariga morrera assassinado por um
almocreve. Quanto a Teresa, ao saber da resolução do exílio, enlouquecera. Não poderia
imaginar Simão exilado por dez anos.

Enfim, a 17 de março de 1807, sai do cais de Ribeirinha o navio com os 75 degredados, entre
eles Simão e Mariana. Teresa, vendo do convento o navio transportando os exilados, suicidara-
se.

Simão, consentindo e consciente do destino nefasto que o aguardara, aceita


complacentemente seu fado. Após o suicídio de Teresa, chega às mãos de Simão sua
derradeira carta com o seguinte parágrafo inicial:

“ ─ É já o meu espírito que te fala, Simão. A tua amiga morreu. A tua pobre Teresa, à hora em
que leres esta carta, se me Deus não engana, está em descanso”.

Simão, tempos depois de ler a carta, e já com bastante febre provocada pelo enjoo do mar,
falecera no navio pedindo antes que Mariana jogasse todas as cartas que recebera de Teresa
ao mar.

É claro que Mariana fez tudo isso conforme seu amado pediu. Só um detalhe: Mariana jogou
no mar algo mais que as cartas. Jogou no mar si própria, tentando desesperadamente
encontrar ali o corpo cadavélico de Simão que lá estava, arremessado pelos almirantes do
navio às ondas do mar. Mariana morrera, pois, abraçada com o corpo do fidalgo em alto mar.

É com este final trágico que Camilo Castelo Branco rematou Amor de Perdição.

Informações Adicionais: Baseada em um caso verídico – a vida de um tio que esteve preso na
mesma cadeia da Relação – a narrativa explora a força dos sentimentos como a razão de ser da
vida.
O romance faz parte da segunda fase do romantismo, caracterizada por retratar o amor que é
levado às últimas consequências, ou seja, até a própria morte. Como toda boa novela passional
romântica, tem um tom muito trágico, as personagens encontram terríveis obstáculos para
conseguirem ser felizes no amor. No caso de Amor de Perdição, o drama é bem semelhante ao
de Romeu e Julieta, de Shakespeare, principalmente pelo fato de haver rivalidade entre as
famílias, e de haver uma busca dos dois amantes para ficarem juntos, contra todas as forças
externas que tentam separá-los.

5 – Clara dos Anjos – Lima Barreto


Publicação: 1922/1948

Gênero da Obra: Romance

Escola Literária: Pré-Modernismo/Pré-Romantismo

Personagens Principais:

Marrameque - Poeta modesto, semiparalisado, Marramaque freqüentara uma pequena roda


de boêmios e literatos e dizia ter conhecido Paula Nei e ser amigo pessoal de Luís Murat.

Clara: a “natureza elementar” - Clara era a segunda filha do casal, “o único filho sobrevivente…
os demais…haviam morrido.” Tinha dezessete anos, era ingênua e fora criada “com muito
desvelo, recato e carinho; e, a não ser com a mãe ou pai, só saía com Dona Margarida, uma
viúva muito séria, que morava nas vizinhanças e ensinava a Clara bordados e costuras.”

Cassi: o corruptor - Por intermédio de Lafões, o carteiro Joaquim passa a receber em casa o
pretendente de Clara, Cassi Jones de Azevedo, que pertencia a uma posição social melhor.

Joaquim dos Anjos - carteiro, acredita-se músico escreveu a polca, valsas,tangos e


acompanhamentos de modina. polca: siti sem unhas; valsa: mágos do coração.

Manuel Borges de Azevedo e Salustiana Baeta de Azevedo - pais de Cassi. O pai não gostava
dos procedimentos do filho, enquanto a mãe, cobria-lhe as desfeitas com as proteções.

Narrador: 3° Pessoa Onisciente

Local: Rio de Janeiro

Contexto Histórico: A trama atravessa períodos importantes da história do Brasil como a


Guerra do Paraguai, a queda da monarquia e proclamação da república, a eleição e renúncia
de Deodoro da Fonseca e o período Florianista.

Cronologia: Linear

Resumo do Enredo: Clara é mulata, tem dezessete anos, é filha de Joaquim dos Anjos, carteiro,
flautista e casado com Engrácia, dona de casa. Eles moram em um casebre simples e humilde,
que possui dois quartos, sala de jantar e de visitas, cozinha, despensa e quintal, situada no
subúrbio do Rio de Janeiro.

A família possui alguns vizinhos, dentre eles alguns estrangeiros, e frequenta a casa de poucos,
como Antônio da Silva Marramaque, padrinho de Clara.
Em seu aniversário Clara conhece Cassi Jones de Azevedo, violeiro convidado para tocar na
festa. Cassi Jones é branco, de uma classe social um pouco melhor, tem vinte e poucos anos e
possui fama de sedutor, portanto, envia a Clara cartas de amor para que ela se apaixone por
ele.

Clara é ingênua, frágil, sem grandes ambições, acredita na pureza do amor, por tudo isso, o
plano do rapaz dá certo e ela resolver se entregar a ele. O padrinho de Clara resolver
interceder pela afilhada, mas é assassinado por Cassi e uns capangas.

Passa o tempo e descobre-se que a moça está grávida, então Cassi desaparece em fuga. Clara
pensa em abortar, mas segue o conselho de sua mãe e vai à casa de Cassi esperando
“reparação”, mas é maltratada pela mãe do rapaz, que a humilha por ser mulata e pobre.
Então a moça se dá conta de sua posição na sociedade: mulher, pobre e negra.

Informações Adicionais: Lima Barreto escancara problemas da sociedade contemporânea que


já infligiam o povo em um passado não muito distante. Os temas Racismo, pobreza, fome, ,
miséria, desigualdade social, corrupção, analfabetismo, insatisfação política e injustiça são
padrões que são cotidiano dos personagens.

Por se tratar de uma obra do Pré-modernismo, a referida obra apresenta as seguintes


características:

Evolucionismo - Lima Barreto atribui o comportamento de alguns personagens à evolução e


seleção natural;

Cientificismo - o autor demonstra preferência por tudo que pode ser cientificamente
comprovado;

Emoção Vs Razão;

6 – Comédia para se ler na escola – Luis Fernando Veríssimo


Publicação: 2001

Gênero da Obra: Humor

Escola Literária: Contemporânea

Personagens Principais: N/A

Narrador: Normalmente em 3° pessoa, mas depende do conto

Local: N/A

Contexto Histórico: N/A

Cronologia: Depende do conto

Resumo do Enredo: Contos divididos em 6 tópicos:

Equívocos;

Outros Tempos;

De Olho na Linguagem;
Fábulas;

Falando Sério;

Exercícios de Estilo.

Informações Adicionais:

Seções mais relevantes incluem de olho na linguagem, falando sério e exercícios de estilo.

7 – O demônio familiar – José de Alencar


Publicação: 1857

Gênero da Obra: Humor

Escola Literária: Peça Teatral/Romantismo

Personagens Principais:

Eduardo: é um jovem médico, órfão de pai, que exerce o papel de chefe de família.
Responsável pela mãe e pelos irmãos, opõe-se ao casamento por interesse.

Carlotinha: sua irmã, procura ajudar a amiga Henriqueta, pois sabe que ela e Eduardo se
amam. Henriqueta, porém, foi prometida pelo pai em casamento a Azevedo, em troca do
perdão de dívidas da família.

Azevedo: homem rico e pedante, valoriza somente o que é estrangeiro. Deseja casar-se apenas
para desfilar com uma mulher bonita nos salões e, assim, angariar prestígio.

Alfredo: amigo de Eduardo, jovem modesto, sincero e de bons princípios, está apaixonado por
Carlotinha e por ela é correspondido.

Pedro: escravo da família que tudo faz para realizar seu desejo: tomar-se cocheiro a fim de
ascender socialmente, revelando, assim, a postura política do autor.

Narrador: N/A

Local: Rio de Janeiro

Contexto Histórico: A peça O Demônio Familiar expõe alguns dos termos em que se dava o
debate em torno do tema da escravidão em meados do século XIX no Brasil. A par disso,
mostra a exploração de recursos teatrais por um escritor especialista no assunto, e também a
exploração de alguns clichês românticos. A peça nos transmite ainda um retrato da sociedade
da época.

Cronologia: Linear

Resumo do Enredo: Peça em quatro atos, a ação transcorre no Rio de Janeiro na segunda
metade do século XIX. A trama gira em torno da família da viúva D. Maria. Seu filho mais velho,
Eduardo, médico recém-formado, assume a posição de líder familiar, auxiliando na condução
dos destinos da irmã Carlotinha – moça casadoura que mantém um discreto namoro com
Alfredo, amigo do irmão – e do caçula Jorge. Eduardo tem um escravo particular, o moleque
Pedro, pouco interessado no trabalho doméstico e que não perdia nenhuma oportunidade de
passear pela cidade que se urbanizava. O grande amor de Eduardo é Henriqueta, amiga de
Carlotinha, que também ama o rapaz. No entanto, a união é impedida pelo projeto de
casamento da moça com Azevedo, moço rico recém-chegado de Paris, ao qual ela se submetia,
para auxiliar seu pai, Vasconcelos, a saldar algumas dívidas.

Pedro, menino escravo da família de Eduardo, assume um papel essencial no enredo em


função de suas intromissões na vida amorosa dos amos. Ao mesmo tempo em que luta para
promover a união entre Carlotinha e Alfredo, usa artifícios para separar Henriqueta e Eduardo,
aproximando-o de uma viúva rica interessada nele.

Quando Eduardo descobre tudo, ameaça vender Pedro, mas o menino implora para ficar e se
compromete a resolver tudo. Começa, então, a desenvolver ações no sentido contrário,
inventando coisas a respeito de Henriqueta para fazer Azevedo desistir do casamento.
Enquanto isso, Eduardo também se movimenta no sentido de romper a obrigação do
casamento da amada com Azevedo. Para tanto, salda por conta própria as dívidas de
Vasconcelos.

Procurando agora deixar Henriqueta livre para seu amo, Pedro busca separá-la de Azevedo.
Para tanto, tenta aproximar este de Carlotinha, provocando um mal-entendido entre esta e
Alfredo. Mais uma vez, Eduardo descobre todas as ações do moleque e esclarece tudo aos
familiares e aos envolvidos. Declara seu amor a Henriqueta, ao mesmo tempo em que Azevedo
se afasta. Alfredo e Carlotinha finalmente tornam público seu amor.

Para o moleque Pedro, responsável por todos os desencontros da peça, sobra o castigo final:
Eduardo lhe entrega a sua carta de alforria, o que significa deixá-lo, dali por diante, por sua
própria conta e sem a proteção da família que o acolhia.

Informações Adicionais: José de Alencar foi o principal escritor do nosso Romantismo. Teve
uma longa carreira dedicada ao teatro, visto por ele como um importante instrumento de
pedagogia social. Embora o principal tema de suas peças fosse a liberdade, o autor não se
mostrou tão complacente quando o assunto era a abolição. Escravocrata convicto, fez de
muitas de suas obras um veículo de propaganda de suas ideias.

8 – O filho eterno – Cristovão Tezza


Publicação: 2007

Gênero da Obra: Romance/Autobiografia

Escola Literária: Contemporâneo

Personagens Principais:

O Filho Eterno é uma narrativa seca de desencantamento, em terceira pessoa, onde os


personagens não têm nome, com exceção do filho, Felipe, e são chamados de "ele", "o pai", "a
mulher", "a mãe", "a filha", "a irmã". Mesmo Felipe frequentemente aparece como "o filho"
em contraposição ao "pai".

Narrador: Terceira Pessoa

Local: N/A
Contexto Histórico: Tezza construiu discretamente uma das mais consistentes carreiras de
escritor do Brasil atual, com catorze livros de ficção publicados desde 1979. O projeto de
escrever sobre sua experiência como pai de uma criança Down era acalentado desde o
nascimento de Felipe, hoje com 25 anos. Juventude, romance autobiográfico de J.M. Coetzee,
foi uma inspiração importante, quase uma revelação para Tezza: o Nobel sul-africano adotou
uma narrativa fria e seca, em terceira pessoa, para falar das próprias experiências como
escritor iniciante. O Filho Eterno mantém um tom similar.

Cronologia: não-linear

Resumo do Enredo: Quando Felipe nasce e o médico declara que ele é portador da Síndrome,
o pai começa a ter pensamentos recheados de egoísmo e crueldade de que nada seria mais
agradável do que o filho ter alguma complicação e morresse… Opa, mas o que é isso? Sei que
na época a síndrome era conhecida como “Mongolismo”, que as pessoas não a recebiam bem
e tal, mas um pai renegar um filho a esse ponto me doeu o coração. Ele pensou muito em
abandonar a esposa e apagar essa passagem da vida dele, mais covardia, mais egoísmo…
Incrível o quanto escrever pode nos fazer pôr para fora nossas piores passagens da vida,
nossos lados mais obscuros.

Uma boa parte da história passa com o pai acreditando que o filho não tem problema algum,
nega tudo, se ilude. Muitas páginas são dedicadas a suas memórias de antes de casar, como
quando foi para a Europa com uma mão na frente e outra atrás. Dessa parte eu gosto, fala
bastante de como é a vida de um imigrante lá. Com o tempo a ficha do cara vai caindo,
principalmente quando a diretora da escola do Felipe diz que ele precisará se mudar para uma
escola especifica para crianças como ele. O pai fica arrasado. Nesse meio tempo a esposa
engravida novamente e surge o pânico de que o bebê seja como o irmão.

E finalmente vem a aceitação. E o desejo do pai de se aproximar do filho, de ensinar-lhe


alguma coisa. Como ele é professor e escritor, tenta se aproximar de Felipe pelas letras,
literatura (atenção estudantes, isso foi questão de vestibular da UFRGS em 2013!), porém é de
futebol que o garoto gosta.

Informações Adicionais: Como o protagonista de seu romance, o autor tem um filho com
síndrome de Down. O livro não disfarça o caráter de acerto de contas do escritor com seu filho
– ou, melhor dizendo, consigo mesmo no papel de pai desse filho. Ainda assim, Tezza rejeita o
rótulo de memorialismo para ficar com o de romance: a narração é toda em terceira pessoa,
por exemplo.

9 – Poemas escolhidos de Gregório de Matos – Gregório de Matos


Publicação:

Gênero da Obra: Poesia

Escola Literária: Barroco

Personagens Principais: N/A

Narrador: N/A

Local: N/A
Contexto Histórico: Características do Barroco Brasileiro:

 Linguagem dramática;
 Racionalismo;
 Exagero e rebuscamento;
 Uso de figuras de linguagem;
 União do religioso e do profano;
 Arte dualista;
 Jogo de contrastes;
 Valorização dos detalhes;
 Cultismo (jogo de palavras);
 Conceptismo (jogo de ideias).

Cronologia: N/A

Resumo do Enredo:

 Poemas Satíricos
 Poemas Líricos
 Poemas Eróticos
 Poemas Religiosos

Informações Adicionais:

• Gregório nasceu no dia 20 de dezembro de 1636 em Salvador- BA;

• Estudou humanidades no colégio dos jesuítas, mas transferiu-se para Coimbra, onde
formou-se em direito;

• Exerceu em Portugal os cargos de curador de órfãos e de juiz criminal e lá escreveu o


poema satírico “Marinícolas”;

• Não se adequou a vida na metrópole a voltou ao Brasil com 47 anos;

• Apaixonou-se pela viúva de um arcebispo

• Teve que ser mandado para Angola para não sofrer perseguição por causa de suas
sátiras;

• Voltou ao Brasil e morreu em Pernambuco, como um bom cristão;

• Não poupava o governo;

• À falsa nobreza;

• Nem mesmo ao clero;

• Não lhe escaparam os padres corruptos, os reinóis e degredados, os mulatos e


emboabas, os “caramurus”, os arrivistas e novos-ricos, toda uma burguesia
improvisada e inautêntica, exploradora da colônia. Perigoso e mordaz, apelidaram-no
de “O Boca do Inferno”;

• Maior expressão do barroco literário brasileiro.


10. – Quarenta dias – Maria Valéria Rezende
Publicação: 2014

Gênero da Obra: Romance

Escola Literária: Contemporâneo

Personagens Principais:

Alice - personagem narradora, nasceu em Boi Velho — Paraíba, tem cerca de 60 anos, viúva de
um desaparecido político e professora de línguas.

Aldenora/Norinha - filha, única de Alice; tem 33 anos, faz doutorado na UFRGS, em Porto
Alegre (Ia fase do curso) é egoísta e mimada. Obriga a mãe a se mudar de João Pessoa para
Porto Alegre para cuidar do filho que pretendem ter.

Umberto — marido de Norinha, 35 anos, faz doutorado na UFRGS, em Porto Alegre (já
defendendo a tese)

Aldenor — marido de Alice; é um desaparecido político - ele aparece na história somente na


lembrança de Alice.

Elizete - prima de Alice que mora em João Pessoa — totalmente influenciada por Norinha; é
contato de Alice entre a Paraíba e o Rio Grande do Sul.

Milena — faxineira de Alice, assim “brasileirinha” (do nordeste do país) como a patroa.

Lola, Arturo, Penha, Galo e outros — pessoas que Alice encontra nas ruas de Porto Alegre.

Cícero Araújo - filho de uma manicure conhecida de Alice que morava em João Pessoa e se
mudara para Porto Alegre, mas nunca mais havia dado notícia.

Narrador: Primeira Pessoa

Local: Porto Alegre

Contexto Histórico: Alice é uma professora aposentada, que mantinha uma vida pacata em
João Pessoa até ser obrigada pela filha a deixar tudo para trás e se mudar a Porto Alegre. Mas
uma reviravolta familiar a deixa abandonada à própria sorte, numa cidade que lhe é estranha,
e impossibilitada de voltar ao antigo lar. Ao saber que Cícero Araújo, filho de uma conhecida
da Paraíba, desapareceu em algum lugar dali, ela se lança numa busca frenética, que a levará
às raias da insanidade.

Cronologia: Parcialmente linear

Resumo do Enredo: Quarenta dias é a história de Alice, uma professora de língua Francesa, do
interior da Paraíba. Mãe de Aldenora, Norinha, e esposa de Aldenor que some em plena
ditadura. No início da narrativa, ela se auto intitula professora Poli, uma menção à personagem
da obra escrita por Eleanor H. Porter, fazendo o jogo da contente como a protagonista desta
história. Aceita viver modestamente com seu trabalho, seus amigos e suas duas pensões
suficientes para uma pessoa simples e solitária, habituada à vida pacata de cidade pequena.
No entanto, a rotina dela é quebrada pela visita de sua filha Norinha, que traz uma novidade,
queria ser mãe e para isso precisaria da ajuda de Alice na criação do filho. Por mais que
argumentasse com a filha e com todos os seus familiares sobre o desejo de continuar sua vida
simples, foi vencida pelo cansaço e o desânimo de lutar contra a imposição familiar.

Assim, a paraibana muda-se para Porto Alegre onde reside sua filha e genro. No apartamento,
que mais parece um jogo de xadrez, ela se perde em meio a um labirinto de memórias, e passa
a registrar seu dia a dia em um caderno no qual a capa era estampada pela personagem
Barbie. Passados alguns dias, Norinha comunica à mãe que ela e o marido passariam de seis a
oito meses na Europa, para fazer uma pesquisa, pois Humberto, seu marido, ganhara uma
bolsa de estudo para cursar um pós-doutorado.

Ao se ver sozinha e em uma cidade desconhecida, a professora Poli desaparece e surge a


criança Alice encolhida com medo da fria cidade. A partir daí, Alice viajará pelas ruas de Porto
Alegre atrás de um rapaz desaparecido, filho de uma conhecida que morava na Paraíba.

Nesse itinerário vagará por um mundo completamente diferente do seu, perambula por
quarenta dias pelas ruas da cidade à procura de Cícero Araújo, uma espécie de coelho branco.
Esse caminho levará Alice a um mergulho em busca de sua identidade cuja única interlocutora
é a boneca Barbie, que funciona como alter-ego de Alice.

Informações Adicionais: Alice no país das maravilhas; Barbie; Cícero Araújo.

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