Você está na página 1de 6

UNIVERSIDADE ESTADUAL DE LONDRINA - UEL

DESIGN GRÁFICO
ANTHONY GABRIEL VIEIRA BONFIM

PESQUISA – PÔSTER DE VERTIGO DE SAUL BASS

LONDRINA
2020
Vertigo (1958), Saul Bass.
Saul Bass

Saul Bass foi um designer gráfico americano e cineasta ganhador de


Óscar, conhecido principalmente pelo seu trabalho na criação de aberturas de
filmes, pôsteres e logos corporativas.
Nasceu em 8 de maio de 1920 em Nova York, Estados Unidos, de pais
Judaicos imigrantes do leste europeu. Fez o ensino médio na escola de James
Monroe no Bronx e após isso passou a estudar na escola de artes de Art
Students League em Manhattan, eventualmente também atendendo aulas
noturnas em Brooklyn College, onde foi educado por professores como o pintor,
designer e fotógrafo húngaro, György Kepes. Em 1938, Saul casou-se com uma
mulher chamada Ruth Copper, e com ela teve duas crianças, Robert e Andrea
respectivamente em 1942 e 1946.
Sua carreira em Hollywood começou durante a década de 40, criando
propagandas e pôsteres para filmes incluindo “Champion” de 1949, “Death of a
Salesman” de 1951 e “The Moon is Blue”, dirigido por Otto Preminger em 1954.
Preminger foi um dos principais responsáveis pela proliferação do trabalho de
Saul Bass, pois após sua próxima colaboração no pôster de “Carmen Jones” de
1954, Preminger ficou tão impressionado com o resultado que pediu para Bass
criar a abertura do filme também. Bass aproveitou a oportunidade para criar uma
abertura que melhorasse a experiência de assistir ao filme, envolvendo os temas
e clima da história de forma visual contribuindo para o todo da obra dentro dos
primeiros momentos do filme. Bass foi um dos primeiros artistas a perceber o
potencial criativo de aberturas e fechamentos na edição cinematográfica, e esse
pioneirismo contribuiu para o sucesso de sua carreira nessa área.
Bass se tornou amplamente conhecido na indústria após seu trabalho na
sequência de abertura de “The Man with the Golden Arm” de 1955, também
dirigido por Otto Preminger. A narrativa do filme envolvia as dificuldades de um
músico de Jazz em superar seu vício em heroína, um assunto taboo durante a
década de 50. Bass criou uma seminal sequência de título para acompanhar a
temática pesada da obra. Escolheu o braço como a imagem central, um ícone
relacionado ao uso de heroína. Na abertura, linhas brancas de recortes movem-
se sobre o fundo preto, criando novas formas e emoldurando as letras dos
créditos, no final as linhas convergem, criando o formato representando o braço
distorcido de um viciado em heroína. Esse trabalho foi tão inovador que não é
incomum vê-lo citado como um ponto de origem na criação do gênero de motion
graphics, Saul Bass foi, de fato, um grande contribuidor nesse novo método de
expressão visual, eventualmente colaborando com outro pioneiro da animação
gráfica, John Whitney, na abertura do filme de Alfred Hitchcock, “Vertigo”.
Durante sua carreira de 40 anos, Bass trabalhou para os principais e mais
icônicos diretores de Hollywood, incluindo, além de Otto Preminger e Alfred
Hitchcock, também trabalhou para Billy Wilder, Stanley Kubrick e Martin
Scorsese. Além disso também foi o designer responsável por algumas das logos
mais icônicas da américa do norte, como a logo da companhia telefônica Bell
System, AT&T Corporation, Continental Airlines e United Airlines.
Saul Bass morreu com 75 anos no dia 25 de abril de 1996 em Los Angeles.
Sua morte foi resultado de um linfoma não Hodgkin (LNH), um tipo de câncer
que se origina nas células do sistema linfático.

Design Gráfico Mid-century Modern

Saul Bass é um designer gráfico pertencente ao estilo mid-century modern,


um movimento que se proliferou durante a década de 50, influenciando além do
design gráfico a arquitetura e a decoração.
O século 20 deu origem a uma série de novas tendências estéticas que
influenciaram todas as áreas do design. A proliferação do modernismo e abertura
da escola de Bauhaus foram fatores de grande importância. A estética rebuscada
e ornamentada se tornou datada e deu origem a uma filosofia de design que visa
a ergonomia, funcionalidade e praticidade acima de outros fatores, essas
características se tornariam parte da síntese que formou o minimalismo
característico do estilo mid-century modern.
O movimento não foi uma soma de grandes mentes criativas, mas sim
uma síntese de eventos históricos recentes que em junção criaram um senso de
radicalidade e possibilidade no mundo da arte e do design. A partir de 1930, a
segunda revolução industrial e a evolução da tecnologia de impressão já tinham
transformado o mundo em termos de impressão mecanizada, abrindo as portas
para uma nova era da proliferação da propaganda e pôsteres impressos.
Algumas das influências estéticas do mid-century modern incluem os modelos
geométricos construtivistas, o trabalho de designers gráficos de Bauhaus como
László Moholy-Nagy e Herbert Bayer, e os trabalhos de propaganda de Kurt
Schwitters, um artista associado com o movimento de dadá.
O princípio do movimento começa pouco antes da segunda guerra
mundial em 1939, muitos designers americanos trabalharam em propagandas
promovendo alistamento no exército e na aeronáutica, como Joseph Binder e
Lester Beall. A guerra também foi crucial na formação do estilo da era de outra
forma, muitos designers europeus foram forçados a emigrar , levando com eles
as influências de múltiplos movimentos radicais e de vanguarda. Muitos desses
designers foram para os EUA, procurando trabalho em cidades como Los
Angeles, Nova York e Chicago, trazendo seus talentos, filosofias e ideias, o que
acabou informando muitos elementos essenciais da estética mid-century modern.
Elementos visuais do movimento incluem o uso de formas simples
geométricas, círculos, quadrados, retângulos, triângulos, em múltiplas
permutações para criar composições separadas em seus componentes mais
essenciais. Suas paletas de cores típicas variavam de tons chapados de cores
primárias e secundárias, refletindo influências da arte da época como as obras
de Piet Mondrian, a tons terrosos como oliva, páprica e dourado. A tipografia foi
influenciada por duas escolas principais, Bauhaus e o Estilo Tipográfico
Internacional sueco, as letras eram baseadas em formas simples para designs
impactantes, e a influência sueca se mostrava nos layouts assimétricos e
experimentais.

Vertigo

“Vertigo” (ou “Um Corpo Que Cai” no Brasil), foi um filme dirigido e
produzido pelo mestre do suspense, Alfred Hitchcock em 1958. Trata-se de um
filme de suspense psicológico baseado no livro de 1954 “D’entre les morts”. A
narrativa segue o protagonista John “Scottie” Ferguson, um ex detetive de São
Francisco que sofre de acrofobia, medo de alturas. Scottie é contratado para
investigar a esposa de seu velho amigo, Madeleine, esta que parece ter
tendências suicidas.
Mesmo com avaliações medíocres em seu lançamento, o filme se tornou
um clássico, considerado um dos, se não o melhor filme de Hitchcock, atraindo
atenção acadêmica significativa, essa que eventualmente, em 2012, substituiu
“Cidadão Kaine” por Vertigo como o melhor filme já feito na enquete “Sight &
Sounds” do British Film Institute de 2012.
A abertura do filme foi produto da colaboração entre Saul Bass e John
Whitney, o resultado foi uma cena hipnotizante dos créditos emergindo a partir
de uma espiral que circula em volta da íris de um olho.
O pôster do filme, desenhado por Bass, tem uma iconografia similar à da
abertura, possui linhas brancas circulares em padrões entrelaçados, criando um
efeito óptico quase hipnótico e vertiginoso em suas espirais, imediatamente
comunica ao observador as sensações do protagonista, além do aspecto
psicológico do filme.
No centro da espiral existem duas silhuetas, feitas em formatos simples
característicos da estética mid-century modern, a primeira delas, e a que mais
se destaca por ser completamente preenchida de preto, é a silhueta que
representa o protagonista scotty, caindo na espiral, forçado a confrontar seus
medos; a segunda silhueta representa Madeleine, suas formas são
representadas por linhas sem preenchimento, criando esse aspecto frágil, sutil,
como algo próximo de desaparecer.
A paleta de cores é extremamente mínima, O vermelho do fundo assalta
os olhos e chama atenção, também contrasta com o branco da espiral, criando
um sentimento atordoante no espectador, a terceira cor, o preto, delineia as
silhuetas e o texto que informa as estrelas atuando no filme, o diretor, e o título,
nessa tipografia característica de Bass em seus pôsteres, quase se
assemelhando a recortes de papel.
Fontes:
HORAK, Jan-Christopher. Saul Bass: Anatomy of Film Design. University
Press of Kentucky, 2014.
BASS, Jennifer. Saul Bass: A Life in Film & Design. Laurence King, 2011.
KAEL, Pauline. One, Two, Three. Film Quarterly. Vol. 15, No. 3, p. 62-65, 1962.
INGLIS, Theo. Mid-Century Modern Graphic Design. Batsford, 2019.
GOSLING, Emily. Mid-century modern graphic design: a designer's guide.
Disponível em: <https://www.creativebloq.com/features/mid-century-modern-
graphic-design-a-designers-guide>. Acesso em: 28 sep. 2020.
BBC News. Vertigo is named 'greatest film of all time'. Disponível em:
<https://www.bbc.com/news/entertainment-arts-19078948>. Acesso em: 28 sep.
2020.

Você também pode gostar