Você está na página 1de 5

Trabalho de história do cinema

EXPRESSIONISMO
ALEMÃO

Aluna: Marina Rosa


Sala: CM2
Introdução

Este trabalho tem como objetivo principal, retratar a trajetória de um grande


movimento artístico vanguardista dos anos, que se constituiu na época da Primeira
Guerra Mundial, na Alemanha: o Expressionismo Alemão.
Vanguarda é uma palavra originada do francês (avant-garde), que significa frente de
batalha ou guarda avançada, basicamente, quem vem na frente. Apesar de ser uma
expressão militarista, no século 20 começaram a usar esse termo para se referir às
teorias científicas, movimentos sociais e também artísticos que vinham a frente do
seu tempo, quebrando paradigmas, implementando ideias pioneiras e suportando
críticas.
O movimento se manifestou na pintura, na arquitetura, na música, no teatro, mas
daremos ênfase aqui, obviamente, ao Expressionismo no cinema, considerando o
que foi o movimento e usando o filme “O Gabinete Do Dr. Caligari” como objeto de
estudo principal da análise sobre a vanguarda, iremos destrinchar os aspectos mais
válidos, como a estética inovadora e o método de produção independente,
ressaltando sua importância para a eclosão do Expressionismo Alemão e
salientando também o contexto histórico da época, que foi de grande influência para
o movimento.

Contextualização histórica

Antes da Primeira Guerra Mundial, nos anos 10, o cinema alemão não era de
grande expressão, o cinema de mais sucesso na época, era o europeu,
principalmente o francês e o cinema americano que estava em ascensão. De todo o
material distribuído nas salas de cinema e nos vaudevilles, apenas 10% era alemão
e todo o resto era importado de outros países que dominavam esse mercado.
Porém, em 1914 foi o início da Primeira Guerra, e a Alemanha foi uma das grandes
atuantes no conflito contra outros países da Europa, então a partir deste ano, o país
foi excluído da distribuição cinematográfica mundial e em 1916, o próprio governo
alemão baniu a exibição de filmes estrangeiros no país. Nesse contexto, houve um
enorme déficit de exibição audiovisual no país, o qual foi a grande motivação para o
surgimento de produções nacionais independentes e a criação da UFA (Universum
Film Aktien Gesellschaft) em 1917, que era uma companhia Alemã responsável por
centralizar a produção, a exibição e a distribuição dos filmes alemães. Após o final
da guerra e a derrota da Alemanha, o país estava totalmente destruído e o
sentimento de orgulho e patriotismo haviam deixado toda a população, e, portanto,
isso foi expressado muito bem nos filmes produzidos, retratando o terror, a loucura e
a melancolia de forma estética como escapismo de uma realidade tão trágica
quanto o pós-guerra. Além disso, a volta da Alemanha para o mercado de
distribuição audiovisual foi um processo lento, pois somente em 1921 a Alemanha
voltou a participar da distribuição internacional, passando a receber 15% de filmes
estrangeiros.

A estética expressionista

O movimento em geral, tinha o forte conceito de expressão visceral dos sentimentos


e emoções, trazendo uma visão intuitiva e interior do artista, ou seja, era uma arte
muito pessoal.
Suas características estéticas mais marcantes eram a distorção dos cenários, dos
personagens, das maquiagens, o uso de recursos fotográficos que traziam um ar
sombrio aos filmes. Seguindo uma lógica de que todo movimento artístico é
influenciado pelo contexto histórico, essa atmosfera do expressionismo faz muito
sentido, já que a Alemanha tinha sido devastada durante a guerra, houve muito
sofrimento no pós-guerra do país, com a crise econômica, a crise diplomática entre
outros países, etc. Essa situação extremista do país e das pessoas refletia nos
filmes expressionistas alemães que não só sintetizam o contexto sociopolítico no
qual surgiram, como também trabalhavam problemas profundamente modernos de
autoaceitação, identidade e ambiguidade de personalidade, expressando um pouco
do que se passava na consciência coletiva da época.
Portanto, basicamente a intenção do expressionismo era retratar todo o sentimento
inconsciente de uma década complicadíssima para o país e extravasar na estética,
nos personagens, na maquiagem, nos cenários e em toda mise-en-scène como
forma de escapar da realidade.

O Gabinete do Dr. Caligari e sua relevância.

Foi no ano de 1920 que surgiu, o que dizem os historiadores, ser o primeiro filme
expressionista alemão, chamado “O gabinete do Dr. Caligari”, de Robert Wiene, que
foi exibido no mês fevereiro em Berlin e causou grande comoção do público e muito
além disso, esse filme conseguiu um fato inédito, pois trouxe os intelectuais para
perto do cinema, algo raro considerando a má reputação que o cinema tinha
naquela época, porém, a exibição deste longa fez os intelectuais mudarem seu
ponta de vista sobre a indústria e principalmente, considerar o cinema como arte,
abrindo os olhos também dos estrangeiros para o audiovisual alemão e destacando-
se no meio.
Com a temática girando em torno da loucura, um cenário totalmente irregular,
sombras bem marcadas e uma estrutura narrativa complexa, o filme de Robert Wiene
influencia a cultura pop até hoje. Mesmo para quem nunca assistiu ao filme, os
elementos de Caligari soam bem familiares. Isso porque após a ida de vários
cineastas alemães para Hollywood, na era nazista na Alemanha, muitos filmes
acabaram herdando elementos expressionistas, desde os monstros da Universal
Studios, até os filmes noir. Mas as inovações estéticas e dramáticas desses filmes
podem ser encontradas até os dias de hoje, inspirando uma série de cineastas, como
Tim Burton, principalmente na aparência de seus personagens. Outros exemplos
dessa influência, também são as luzes em “Cidadão Kane” e os filme de Alfred
Hitchcock; em termos de narrativa, Caligari tem uma trama que foi praticamente toda
adaptada por Martin Scorsese em “Ilha do Medo” e recentemente o filme “Coringa”
apresentou um plot twist muito similar aos de 1920. Depois de todas essas
referências, fica claro o porquê da importância de estudar os clássicos para entender
o cinema contemporâneo, revisitando os cineastas antepassados para entende-los,
reverencia-los, adapta-los ou contraria-los, criando assim, novos caminhos para a
sétima arte.

A estética pioneira de “O Gabinete do Dr. Caligari”.

Para início de discussão, é importante ressaltar que a estética do filme foi algo visto
como inovador por toda a sociedade da época, o que o longa e o expressionismo
como um todo se propõe a fazer, é traduzir os sentimentos dos personagens de modo
totalmente subjetivo em aspectos estéticos que serão pontuados e detalhados a
seguir.

• A influência do teatro e da pintura.


O interessante dos anos 20 era que até então, o cinema não era pensado como uma
arte própria, considerando que era um recurso muito novo. Porém, o que os
produtores de Caligari fizeram, foi pensar no cinema como uma “mistura” das duas
artes mais vivas na Alemanha até então: a pintura e o teatro. Isso podemos ver
refletido nas maquiagens e nas atuações fortemente teatrais, além dos cenários sem
profundidade, sempre brincando com luz e sombra e com a ideia de artificialidade,
que se comunicavam diretamente com a pintura.

• Mise-en-scène
Considerando a luz, a fotografia, o cenário, a arquitetura e como todas as coisas são
organizadas em cena na tela, concluímos, que a proposta do filme nunca foi ser
realista. Ele não acreditava num conceito clássico de beleza, diferenciando a estética
e descaracterizando o belo. Portanto, eles davam muita importância para uma
arquitetura totalmente desregulada, com casas ponte-agudas, um belíssimo jogo de
contraste e uma perspectiva distorcida, acentuando os contornos, com feixes de luz, o
que trazia uma fotografia única para as cenas.
• Narrativa
No lado narrativo, os produtores não se preocuparam em deixar clara toda a história
para o espectador, então o filme em si é descontínuo, caótico e não segue ordem
cronológica (apresentando até flashbacks), aspectos que deixam, propositalmente,
perguntas e questionamentos para os espectadores, chegando a encorajar que os
mesmos tivessem múltiplas interpretações da narrativa, que se aliava à inovação
estética pois tudo que estava em quadro (e às vezes fora de quadro), eram
responsáveis por contar a história.

Conclusão

Assim, concluímos que o movimento expressionista, foi essencialmente necessário


para a constituição da história do audiovisual como um todo. Sua estética, suas
interpretações e suas narrativas, foram indispensáveis para produzir uma vanguarda
tão característica e marcante quanto essa. Para além disso, o filme “O Gabinete do
Dr. Caligari” foi um marco para o Expressionismo no cinema, agrupando todas as
características do movimento e explorando novos limites para a sétima arte.

Bibliografia

As fontes usadas para pesquisa foram:

MASCARELLO, Fernando (org.). História do cinema mundial. - Campinas, SP:


Papirus, 2006 - (Coleção Campo Imagético)

(https://www.aicinema.com.br/expressionismo-alemao-movimentos-cinematograficos>
acesso em 22/04/2022.

Você também pode gostar