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EXPRESSIONISMO
ALEMÃO
Contextualização histórica
Antes da Primeira Guerra Mundial, nos anos 10, o cinema alemão não era de
grande expressão, o cinema de mais sucesso na época, era o europeu,
principalmente o francês e o cinema americano que estava em ascensão. De todo o
material distribuído nas salas de cinema e nos vaudevilles, apenas 10% era alemão
e todo o resto era importado de outros países que dominavam esse mercado.
Porém, em 1914 foi o início da Primeira Guerra, e a Alemanha foi uma das grandes
atuantes no conflito contra outros países da Europa, então a partir deste ano, o país
foi excluído da distribuição cinematográfica mundial e em 1916, o próprio governo
alemão baniu a exibição de filmes estrangeiros no país. Nesse contexto, houve um
enorme déficit de exibição audiovisual no país, o qual foi a grande motivação para o
surgimento de produções nacionais independentes e a criação da UFA (Universum
Film Aktien Gesellschaft) em 1917, que era uma companhia Alemã responsável por
centralizar a produção, a exibição e a distribuição dos filmes alemães. Após o final
da guerra e a derrota da Alemanha, o país estava totalmente destruído e o
sentimento de orgulho e patriotismo haviam deixado toda a população, e, portanto,
isso foi expressado muito bem nos filmes produzidos, retratando o terror, a loucura e
a melancolia de forma estética como escapismo de uma realidade tão trágica
quanto o pós-guerra. Além disso, a volta da Alemanha para o mercado de
distribuição audiovisual foi um processo lento, pois somente em 1921 a Alemanha
voltou a participar da distribuição internacional, passando a receber 15% de filmes
estrangeiros.
A estética expressionista
Foi no ano de 1920 que surgiu, o que dizem os historiadores, ser o primeiro filme
expressionista alemão, chamado “O gabinete do Dr. Caligari”, de Robert Wiene, que
foi exibido no mês fevereiro em Berlin e causou grande comoção do público e muito
além disso, esse filme conseguiu um fato inédito, pois trouxe os intelectuais para
perto do cinema, algo raro considerando a má reputação que o cinema tinha
naquela época, porém, a exibição deste longa fez os intelectuais mudarem seu
ponta de vista sobre a indústria e principalmente, considerar o cinema como arte,
abrindo os olhos também dos estrangeiros para o audiovisual alemão e destacando-
se no meio.
Com a temática girando em torno da loucura, um cenário totalmente irregular,
sombras bem marcadas e uma estrutura narrativa complexa, o filme de Robert Wiene
influencia a cultura pop até hoje. Mesmo para quem nunca assistiu ao filme, os
elementos de Caligari soam bem familiares. Isso porque após a ida de vários
cineastas alemães para Hollywood, na era nazista na Alemanha, muitos filmes
acabaram herdando elementos expressionistas, desde os monstros da Universal
Studios, até os filmes noir. Mas as inovações estéticas e dramáticas desses filmes
podem ser encontradas até os dias de hoje, inspirando uma série de cineastas, como
Tim Burton, principalmente na aparência de seus personagens. Outros exemplos
dessa influência, também são as luzes em “Cidadão Kane” e os filme de Alfred
Hitchcock; em termos de narrativa, Caligari tem uma trama que foi praticamente toda
adaptada por Martin Scorsese em “Ilha do Medo” e recentemente o filme “Coringa”
apresentou um plot twist muito similar aos de 1920. Depois de todas essas
referências, fica claro o porquê da importância de estudar os clássicos para entender
o cinema contemporâneo, revisitando os cineastas antepassados para entende-los,
reverencia-los, adapta-los ou contraria-los, criando assim, novos caminhos para a
sétima arte.
Para início de discussão, é importante ressaltar que a estética do filme foi algo visto
como inovador por toda a sociedade da época, o que o longa e o expressionismo
como um todo se propõe a fazer, é traduzir os sentimentos dos personagens de modo
totalmente subjetivo em aspectos estéticos que serão pontuados e detalhados a
seguir.
• Mise-en-scène
Considerando a luz, a fotografia, o cenário, a arquitetura e como todas as coisas são
organizadas em cena na tela, concluímos, que a proposta do filme nunca foi ser
realista. Ele não acreditava num conceito clássico de beleza, diferenciando a estética
e descaracterizando o belo. Portanto, eles davam muita importância para uma
arquitetura totalmente desregulada, com casas ponte-agudas, um belíssimo jogo de
contraste e uma perspectiva distorcida, acentuando os contornos, com feixes de luz, o
que trazia uma fotografia única para as cenas.
• Narrativa
No lado narrativo, os produtores não se preocuparam em deixar clara toda a história
para o espectador, então o filme em si é descontínuo, caótico e não segue ordem
cronológica (apresentando até flashbacks), aspectos que deixam, propositalmente,
perguntas e questionamentos para os espectadores, chegando a encorajar que os
mesmos tivessem múltiplas interpretações da narrativa, que se aliava à inovação
estética pois tudo que estava em quadro (e às vezes fora de quadro), eram
responsáveis por contar a história.
Conclusão
Bibliografia
(https://www.aicinema.com.br/expressionismo-alemao-movimentos-cinematograficos>
acesso em 22/04/2022.