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Resumo
1 Introdução
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principais características. O objetivo é buscar em pesquisadores como EISNER (1985), entre
outros, o suporte teórico necessário para melhor compreender o papel das obras desses
cineastas no âmbito do Cinema Expressionista Alemão e das possíveis inter-relações
existentes entre elas, subsidiando assim o desenvolvimento do trabalho.
2 Cinema Expressionista
Figura 1: A Ceia de Emmaus, 1596. Óleo sobre tela. Galeria Nacional de Londres, Inglaterra.
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Para alguns historiadores esse jogo de luz e sombra presente no cinema expressionista
deriva-se de uma forte influenciam do teatro de Max Reinhardt. Segundo Eisner (1985, p. 44)
não podemos negligenciar as contribuições de cineastas como Stellan Rye, Holger madsen e
Dinesen, que trouxeram antes mesmo que o estilo expressionista se definisse, o amor pela
natureza e o senso de claro e escuro. Entretanto a valorização das nuances existentes entre luz
e sombra quando aplicadas ao cinema expressionista e aos filmes de Robert Wiene agrega
peculiaridades diferentes as dos seus antecessores. Flusser (2007, p. 130) afirma que o homem
é um animal “alienado” (verfremdet), e vê-se obrigado a criar símbolos e a ordená-los em
códigos, caso queira transpor o abismo que há entre ele e o “mundo”, o homem precisa
“mediar” (vermitteln), precisa dar um sentido ao “mundo”.
Citando Lira (2009, p. 120) "o uso das sombras, com toda a sua carga negativa
formulada ao longo da existência humana, se imbrica perfeitamente na narrativa desses
filmes, contribuindo para um clima e aprofundamento das ideias propostas pelo diretor". Em
alguns momentos os diretores e operadores alemães irão brincar com a luz a tal ponto que
chegarão a recortar os contornos e as próprias superfícies, exagerando as cavidades das
sombras e os jatos de luz. Isso permitirá que sejam acentuados alguns contornos, moldando as
forma por meio de uma faixa luminosa criando assim uma plástica artificial (EISNER, 1985,
p. 67).
Kurtz (apud EISNER, 1985, p. 67) diz que os diretores alemães, que apreciam os
efeitos luminosos, tratam a luz como se fosse um elemento de formação do espaço. Mas, nem
só de luz e sombra vive o cinema expressionista. Para Aumont (apud TIELLET, 2009) não
houve realmente uma corrente “caligarista”, porém houve a imitação dos traços formais mais
visíveis do filme de Erich Pommer e Robert Wiene, como: a ênfase do grafismo, o jogo sobre
o desequilíbrio da imagem, a mímica exagerada dos atores, etc. Esses aspectos contribuíram
para que muitos filmes em preto-e-branco surgissem dessa tendência, inclusive em
Hollywood.
Outro ponto de destaque que pode ser observado no cinema expressionista Alemão é a
composição estética dos cenários. Para Ribeiro (apud SIMÕES JR., 2009, p. 12) o
“expressionismo Alemão cultivou não só a personificação do objeto, mas ampliou o limite da
simples metáfora e analogia, misturando pessoas e objetos". Segundo Eisner (1985, p. 66)
Fritz Lang – que era arquiteto de formação – realçaria as estrias ogivais do portal gótico de
uma cripta com uma plástica luminosa, em contraste com as parede escuras, que se
comparado ao cenário de CALIGARI o reduziria a arabescos planos e puramente lineares e de
todo desprovido de luz e sombra. Os cenários de Caligari são compostos por ruelas oblíquas
que se encontram de forma abrupta em ângulos imprevistos, a profundidade é adquirida
através de uma perspectiva propositalmente falseada ou com o uso de um pano de fundo que
prolonga as ruelas com linhas onduladas (EISNER, 1985, p.28).
Para esta análise, foi utilizado o filme de Robert Wiene (1873 -1938), o Gabinete do
Doutor Caligari, visando ilustrar algumas características do Cinema Expressionista Alemão,
procurando identificar os aspectos estéticos e os elementos visuais, que fazem correlação com
o curta em animação em stop motion Vincent, produzido e dirigido pelo cineasta Tim burtom.
Antes de adentrarmos na análise propriamente dita, vale lembrar o contexto pelo qual o filme
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Gabinete do Doutor Caligari foi influenciado, chegando a apresentar uma estética
diferenciada.
A principal influência sofrida foi proveniente da difícil situação que a sociedade alemã
passava no período. O espírito alemão enfrentava dificuldades para se recompor da queda do
sonho imperialista e as tentativas de revoltas com o intuito de reanimá-lo eram rapidamente
sufocadas e como resultado, todos os valores foram destruídos pelo paroxismo atingido com a
inflação, tudo isso impulsionado pela atmosfera conturbada, contribuindo para que a
inquietude do povo alemão tomassem proporções gigantesca (EISNER, 1985, p.17).
O filme Doutor Caligari caracteriza-se pelo uso excessivo do nostálgico, claro e escuro
e de pesadas sombra. Tudo isso somados a precariedade oferecida pelos equipamentos de
captura de imagens da época, forneceram a Robert Wiene (1873 -1938), Carl Mayer (1894 -
1944) e Hans Janowitz (1890 - 1954), os recursos técnicos necessários para dar vida ao seu
enredo macabro. A junção de situações associada a elementos estéticos cuidadosamente
pensados serviram para transcrever a angústia vivida por uma sociedade alimentada pelo
espírito vago e confuso. Sentimentos esses que associados a influência do expressionismo,
contribuíram para dar vida ao ambiente sombrio e a diabólica atmosfera de pós-morte
presentes no filme.
Após a rápida contextualização, serão abordados para a análise os seguintes
elementos: estética dos cenários, personagens principais e uso do claro e escuro.
4.2 Cenário
Os cenários foram construídos e pintados com o objetivo de dar a ilusão de um
ambiente bem maior do que o espaço permitia, usando linhas obliquas, perspectivas forçadas,
prédios angulares e uma iluminação cuidadosamente aplicada. Seus desenhos também foram
inspirados pelas gravuras do artista americano Lyonel Feininger (1871-1956) (figura 2).
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Figura 2. Villa Am Strande IV 1918, xilogravura de Lyonel FEININGER (1871 - 1956)
Segundo Kurtz (apud EISNER, 1985, p. 28) "a linha obliqua tem sobre o espectador
um efeito muito diverso da linha reta, e as curvas inesperadas provocam uma reação psíquica
de ordem inteiramente diversa das linhas de disposição harmoniosa". Observa-se que as
sombras projetadas pelo cenário – composto de casas, janelas, portas, edifícios, etc. – são
intencionalmente chapadas e que o formato dos objetos são disforme e, geralmente, disposto
de forma tortuosa, tendência que segue na arquitetura que compõe alguns dos ambientes
externos e também está presente ao ilustrar os prédios da cidade que Dr. Caligari escolheu
para apresentar seu mórbido espetáculo.
Segundo Eisner (1985, p.28) a cenografia expressionista de Caligari, conseguiu evocar
a fisionomia latente de uma pequena aldeia medieval, com ruelas tortuosas e escuras,
passagens estreitas espremidas entre casas arruinadas. A montagem do cenário foi
relativamente barata, com poucas estruturas grandes e tudo pintado com o intuito de invocar a
ilusão de sombras e realçar o contraste obtido através do claro e escuro. Grande parte das
características presentes nos cenários, foram provocadas mais pelo resultado obtido a partir da
pintura do que pelas estruturas arquitetônicas (figura 3), o que foi positivo por resultar em um
cenário mais econômico, afinal tratava-se de uma Alemanha pós-guerra, onde os recursos
materiais eram caros e escassos.
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No filme Dr. Caligari a feira (figura 4) retrata as mesmas características angulares, que
compõem a estética do filme. Porém, as suas tendas e cortinas de tecido apresentam
drapeados que interferem na rigidez das formas, contribuindo com movimentos suaves por
meio de curvas. O macabro e enorme desenho de Cesare, pintado em uma das paredes da
tenda, ilustra as influências do expressionismo herdados das artes, além de contribuir para
manter a atmosfera do filme e o aspecto sombrio do espetáculo a ser apresentado. A casa de
Caligari (figura 4) é inóspita por causa de seu tamanho e repleta de linhas diagonais, suas
paredes disformes tornam o ambiente ainda mais claustrofóbico, a pequena janela obliqua
disposta de forma irregular completa esse ambiente que mais se assemelha a uma cela.
No quarto de Jane Olsen, apesar de janelas obliquas com linhas em diagonais nas
grades figurarem as paredes, o ambiente em nada lembra a moradia de Caligari. Nesse
aposento o espaço é amplo com o pé direito alto e as cortinas de tecido descem do teto ao
chão, aparentando colunas perpendiculares no fundo da imagem, os ângulos foram suavizados
e a presença de tecidos esvoaçantes parece querer nos mostrar um pouco da personalidade da
personagem. Entretanto o forte contraste entre luz e sombra se encarrega de amarra-lo a
estética do filme.
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4.3 Personagens
Werner Krauss (1884 - 1959) dá vida ao diabólico Dr. Caligari, um velho hipnotiza
que traz a feira da cidade de Holstenwall, seu bizarro espetáculo. O gabinete é na verdade
onde ele guarda seu segredo, o famoso Sonâmbulo Cesare, interpretado pelo ator Conrad
Veidt (1893 – 1943), e responsável pelos assassinatos noturnos. Para Eisner (1985) os atores
que interpretam Dr. Caligari e Cesare são os únicos a realmente se adaptaram aos cenários,
por meio das fisionomias e da concentração de suas interpretações.
O visual de Caligari reflete uma natureza misteriosa. Sua maquiagem reforça as linhas
e rugas de expressão, sua capa e seu chapéu contém os ângulos e retângulos que fazem com
que a sua silhueta em alguns momentos adquiram formatos semelhantes às formas
geométricas do cenário, até seu cabelo era marcado por listras de claro e escuro. O famoso
segredo de Caligari é Cesare – o Sonâmbulo – um homem misterioso que está adormecido há
anos e que segundo Caligari tem o "dom" de ver o futuro (figura 6).
Figura 6. Clarigari Werner Krauss (1884 - 1959) e Cesare Conrad Veidt (1893 - 1943)
Kurtz (apud EISNER, 1985) afirma que as interpretações de Krauss (Caligari) e Veidt
(Cesares) têm a intensidade adequada a metafísica do cenário, buscando alcançar uma
"Síntese dinâmica do ser" que suprem de suas atitudes todas as articulações desnecessárias.
De certa forma, Cesare faz contraponto visual comparado ao Dr. Caligari. Enquanto o Doutor
é um velho senhor, de estatura baixa, cabelos brancos e rugas profundas, Cesare é um homem
jovem, de cabelos negros, alto e magro e de trajes escuros. Seus olhos brilhantes são
fortemente delineados com preto, formando um triângulo invertido em cada olho e até a sua
boca parece ser recortada. Eisner (1985, p. 31) nota que
as personagens Caligari e César São perfeitamente adequada a concepção
expressionista: o sonâmbulo, isolado de seu ambiente cotidiano, privado de
toda individualidade, criatura abstrata, mata sem motivo ou lógica, enquanto
seu mestre, o misterioso Dr Caligari, que não possui sombra de escrúpulo
humano, agem com aquela insensibilidade Furiosa, a que desafio à moral
corrente que os Expressionista exaltam.
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Jane Olsen, a jovem protagonista, é uma bela jovem e é a noiva de Alan, o espectador
assassinado por Cesare. A distinção de seu personagem em cena é facilmente reconhecido,
pelas suas roupas claras e estampadas. Mesmo assim, as figuras geométricas estão presentes
na modelagem de suas mangas e na estamparia de seus vestidos.
Dr. Caligari é um velho hipnotista que traz sua feira à cidade. Seu gabinete é na
verdade onde ele guarda o seu ato do famoso Sonâmbulo. Ao chegar, acontece, na mesma
noite, o primeiro de uma série de assassinatos. O visual de Caligari reflete a natureza
misteriosa, sua maquiagem reforça as linhas e rugas de expressão, sua capa e seu chapéu
contem os ângulos e retângulos do cenário até seu cabelo era marcado pelo claro e escuro.
Diante da pesquisa realizada podem ser destacados os seguintes princípios estéticos e
elementos visuais mais marcantes no trabalho de Robert Wiene e presentes no cinema
expressionista:
o forte contraste entre o claro e escuro;
geometrização da forma, Grafismo, planos, linhas diagonais e ângulos quebrados e
obtusos;
cidade composta por casas com portas cuneiformes, janelas obliquas, ruelas tortas ,
escadas e passagem estreitas e escuras;
direcionamento da luz e manipulação da sombras através de pintura;
maquiagens carregadas, com peles pálidas e olheiras acentuadas;
interpretação com movimentos reduzidos quase lineares.
Vincent é uma animação em stop motion do cineasta Tim Burton. Produzido em 1982,
graças ao investimento da Disney Studios. Com um orçamento de sessenta mil dólares,
Burton contratou Vincent Price como narrador de seu curta em stop motion VINCENT, com
duração de cinco minutos.
Vincent foi escrito por Burton em formato de poema e conta a história do menino
Vincent Malloy de sete anos de idade, que é bem educado e atencioso, porém seu verdadeiro
sonho é ser como o ator Vincent Price. Assim como o expressionismo cinematográfico tinha
em sua gênese a literatura expressionista que casava bem com o romantismo de Hoffmann e
Eichendorff, Burton busca a inspiração em características como egocentrismo, melancolia,
angústia e desesperação presente nos poemas e contos de Edgar Allan poe.
Filmado em preto e branco, visualmente Vincent traz alegorias com várias referências
visuais. Por isso, Vincent traz uma junção de referências visuais, literárias e cinematográfica
que são fáceis de reconhecer. O curta também referencia outros filmes como: A casa de cera
(1953), Jack o estripador (1970) e Frankenstein (1931), mas definitivamente, o mas marcante
é o visual do filme, que foi claramente ilustrado a partir da estética de O Gabinete de Dr.
Caligari.
O enredo do curta faz a personagem principal oscilar entre duas realidades: o cotidiano
verdadeiro de Vincent Malloy e a fantasia sombria dele Vincent Price. Com poucos
personagens, Burton ilustra a força da imaginação infantil.
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Em seus personagens, Burton utiliza bonecos, que não seguem as proporções
anatômicas de um ser humano normal. Os personagens incluem: Vincent (e seu alter-ego
Vincent Price), seu cachorro Abercrombie (um zumbi de Vincent Price) e a sua mãe (único
personagem que o traz para a realidade). Além disso, temos a imagem de sua "esposa" fictícia
e sua tia que ele imagina mergulhar em cera quente (para ser exposta em seu museu de cera).
6.1 Personagens
Em seu lado a criança, Vincent tem o rosto mais liso, com variações que vão do
branco ao cinza claro, as maças do rosto são arredondadas, e seu olhar é calmo e
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contemplativo, seus cabelos cuidadosamente penteados lhe confere a aparência de um garoto
comportado. Ao assumir a identidade Vincent Price sua face fica mais fina e sulcos aparecem
em suas bochechas, os seus ossos zigomáticos tornam-se mais protuberantes e seus cabelos
arrepiados somados as pupilas contraídas lhe dão um olhar de loucura macabra. Os olhos
aparentavam maiores e mais profundos realçados pela pintura escura que os contornam,
formando olheiras, parecidas com as de Cesare, ambos apresentam olhos expressivos e
sobrancelhas grossas.
No caso de Cesare (figura 8), Veidt forçava seus olhos delineados às vezes
arregalando-os ou contraindo-os para exagerar suas expressões e olhares assombrosos o
mesmo ocorre com Vincent. Nesse estado as feições do protagonista se assemelham as do
Doutor Caligari (figura 8). Vincent é animado parecendo seguir a mesma tendência dos atores
de Caligari, seus movimentos também são reduzidos em certos momentos, quase lineares em
outros, porém por se tratar de bonecos, em certas ocasiões suas interpretações são
superexageradas com a finalidade de atribuir maior dramaticidade a cena.
Também existem semelhanças entre as figuras femininas de cada filme (figura 9). Em
Vincent, a única imagem de uma feição feminina é a de sua "esposa", que na verdade é um
retrato pintado por Vincent de sua esposa imaginária. Novamente, observa-se o rosto redondo
e pálido de sua "esposa", com olhos e sobrancelhas grandes de delineados, envolvidos por
olheiras profundas e uma boca pequena em formato de laço. A mesma descrição pode ser
aplicada a imagem de Jane Olsen, interpretada pela atriz Lil Dagover. Até as roupas
drapeadas da "esposa" também apresentam estamparias geométricas remetentes as de Jane
Olsen.
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6.2 Cenário e arquitetura
Assim com as personagens o cenário em Vincent também acompanha as
transformações, destacando-se de formas diferente entre esses momentos. Percebemos que o
fato de Burton optar por produzir um filme preto e branco, já demonstra sua inclinação para as
características do Caligarismo. Porém, ele agrega novos elementos como o uso de texturas,
quadriculado e das listras horizontais.
A iluminação é pontuada e o jogo entre luz e sombra apoiam as várias ilusões de
perspectiva e assim como em Caligari valorizam o contraste existe entre o claro e escuro. O
primeiro caso define-se quando Vincent é criança, os aposentos (figura 10) geralmente são
amplos com paredes em tons claros e com poucos objetos. A iluminação é abrangente e
produz sombras difusas.
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As paredes adquirem texturas com estampas geométricas que brincam com a
percepção de espaço do telespectador, a paisagem se constrói através de silhuetas composta
por linhas diagonais que formam planos geométricos, e viram enormes e tortuosas escadarias
chapadas em preto sobre um fundo acinzentado, que em determinadas cenas brotam da névoa
em uma nebulosa praça onde fachos de luzes saem janelas obliquas, com formatos
cuneiformes e cortam a escuridão nos permitindo ver a somente a sombra de quem a atravessa
e casas que apresentam linhas que se fecham e uma extremidade e abrem na outra, formando
diagonais que se inclinam para lados opostos (figura 12).
7 Esboço Videográfico
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de uma mera ilustração representativa. A estética do filme em preto e branco e o jogo entre
claro e escuro também fazem parte desse microanimação, ajudando a remetê-la a estética
expressionista. Porém, foram acrescidos a essa característica um alto contraste e
sobreposições de vídeos que associados a música repetitiva e incessante transmite novas
sensações a este trabalho.
8 Considerações finais
Para a análise do problema proposto neste artigo foi necessário busca na animação em
stop motion contemporânea as obras nas quais estivessem presentes os traços mais
significativos do Cinema Expressionista Alemão. Nesse sentido, foram escolhidas as obras
cinematográficas “O Gabinete do Doutor Caligari” de Robert Wiene e “Vincent” do cineasta
estadunidense Tim Burton, por se tratar, de seu primeiro curta em stop motion.
Como resultados obtidos, foi possível observar que ambos os filmes apresentaram
inúmeros elementos e características que identificam o Cinema Expressionista Alemão. No
filme de Robert Wiene, O Gabinete do Doutor Caligari observou-se a presença das seguintes
características e elementos: o uso do contraste entre claro e escuro, direcionamento da luz e
manipulação das sombras, grafismo, geometrização das formas intepretações lineares e
maquiagens pálidas com demarcação nos olhos e boca. Já o filme Vincent de Tim Burton
apresentou: relação equilibrada entre ambiente claro e escuro com contraste exagerados em
certos momentos, iluminação pontuada, manipulação da sombra grafismos, linhas diagonais,
ângulos quebrado, texturas, manipulação da percepção do espaço e animação com gestual que
oscila da linearidade ao exagero.
Sendo assim após analisar os princípios estéticos e elementos visuais presente nas
características do Cinema Expressionista Alemão e na obra do cineasta Tim Burton foi
possível concluir que ele se utiliza dos elementos estéticos presentes em Caligari e no cinema
expressionista para compor Vincent, são exemplos facilmente observáveis: o contraste entre
claro e escuro, direcionamento da luz e a manipulação das sombras, Grafismo, entre outros.
Ainda assim, seria muito precipitado afirma que a animação produzida por ele e analisada no
decorrer deste artigo sejam realmente expressionista levando-se em consideração apenas essas
características. Flusser (2007, p. 3) afirma que “a revolução no mundo da comunicação (cujas
testemunhas e vítimas somos nós) influencia nossa vida com mais intensidade do tendemos
habitualmente a aceitar”. Utilizando esse aspecto destacado por Flusser (2007), seria arriscado
rotular a sua obra com essa etiqueta sem levar em consideração, a época e o contexto em que
foi criada, além, das outras influencias que levaram Burton a produzir Vincent. Insistir nisso
seria o mesmo que excluir a contemporaneidade de seu trabalho.
Outro resultado importante observado foi o desenvolvimento do “Esboço
videográfico” no qual ocorreu a aplicação de alguns elementos presentes no cinema
expressionista alemão e que são visualizados tanto no filme de Robert Wiene – O Gabinete do
Doutor Caligari – quanto no filme Vincent, de Tim Burton. Porém, a presença desses
elementos não o qualifica como uma animação expressionista. Mas, a junção dessas
características permite abrir novos horizontes para desenvolvimento de linguagens voltadas
para animação em stop motion, criando possibilidades estéticas que dialogam com elementos
da cinematografia contemporânea.
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Referências Bibliográficas
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