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UNIVERSIDADE FEDERAL DE ALAGOAS

CAMPUS DO SERTÃO

LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

Byanca Silva Vilela de Almeida

EXPRESSIONISMO ALEMÃO:

A CULTURA DE CRISE NO CINEMA DO PERÍODO ENTRE GUERRAS

DELMIRO GOUVEIA – AL

2017
Byanca Silva Vilela de Almeida

EXPRESSIONISMO ALEMÃO:

A CULTURA DE CRISE NO CINEMA DO PERÍODO ENTRE GUERRAS

Projeto apresentado ao curso de Licenciatura Plena em História pela


Universidade Federal de Alagoas como requisito básico para obtenção da
nota da AB2 da disciplina de Pesquisa Educacional.

Orientador (a): Prof.ª Dr.ª Carla Taciane Figueiredo

DELMIRO GOUVEIA – AL

2017
SUMÁRIO

RESUMO.................................................................................................................04

1. INTRODUÇÃO...........................................................................................05
1.1 Delimitação Temática..............................................................................05
1.2 Justificativa..............................................................................................06
1.3 Objetivos Gerais e Específicos................................................................06

2. REFERENCIAL TEÓRICO......................................................................07
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA..................08
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................09
5. REFERÊNCIAS...........................................................................................10
RESUMO

Influenciado por Nietzsche e Freud, nasce, no final do século XIX, um movimento


artístico na Alemanha que se põe a contestar a vertente Impressionista. Ostentando novas
reflexões sobre o trabalho mecânico e o racionalismo moderno, o Expressionismo é
apresentando mediante obras que acometiam a razão com fantasia. Perante o cenário de
guerra perdida, cineastas inspirados por tais obras, tecem uma nova estética, levando os ideais
do movimento expressionista para a esfera cinematográfica. O presente relatório propõe uma
análise sobre a fenomenologia expressionista, se utilizando do cinema como instrumento de
apreensão de imagens no tempo, com o intuito de identificar as características da profunda
crise causada pelos campos de batalha e suas representações através do mesmo, fazendo o uso
da pesquisa documental, realizando a coleta de dados, análise e aplicação do método.

Palavras-chave: expressionismo alemão; cinema-história; arte;


1. INTRODUÇÃO

“Assim, o universo total do artista expressionista torna-se visão. Ele


não vê, mas percebe. Ele não descreve, acumula vivências. Ele não
reproduz, ele estrutura. Ele não colhe, ele procura. Agora, não existe
mais a cadeia de fatos: fábricas, casas, doenças, prostitutas, gritaria e
fome. Agora existe a visão disso. Os fatos têm significado somente
até o ponto em que a mão do artista o atravessa para agarrar o que se
encontra além deles. Esse tipo de expressão não é alemão nem
francês. Ele é supre nacional. Ele não é somente assunto da arte. É
exigência do espírito. Não é um programa de estilo. É uma exigência
da alma. Uma coisa da humanidade. ” (EDSCHMID, Kasimir. In:
TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda Europeia e Modernismo
Brasileiro. 9ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1986, p. 111)

A relevância histórica do contexto expressionista é notável, sobretudo, no que diz


respeito às reações do período entre guerras. Estabelecendo um parâmetro entre 1918 e 1933,
mais precisamente durante a República de Weimar, pretende-se analisar as interpretações do
efeito da catástrofe bélica sobre a população alemã através das produções cinematográficas
que se utilizaram dessa nova postura estética, salientando seu impacto no movimento
impressionista e sua influência apoteótica sobre a história da sétima arte.

1.1 Delimitação Temática

O cinema como sendo fenômeno da modernidade permanece em diálogo constante e


direto com a História. Propondo uma reflexão sobre a cultura de crise gerada pela realidade
ríspida do pós-guerra, emerge a possibilidade de se trabalhar com este recurso como fonte
histórica. Com relação aos limites da pesquisa, o local à ser observado é a Alemanha do
período entre guerras (1918-1933), o objeto é o Expressionismo como primeiro movimento
cinematográfico, e a finalidade é identificar no acervo que o compõe, o discurso crítico a
respeito das consequências de eventos bélicos e de como a população respondia aos mesmos.
1.2 Justificativa

No tocante a relevância social, o projeto justifica-se pela proposta de análise das


rupturas na sociedade alemã por meio da arte cinematográfica do início do século XX, assim
como por se fazer compreender a importância desta indústria diante de um cenário de
decadência social e econômica. No quesito originalidade, se trata de um tema inédito
considerando o acervo do campus (UFAL/Campus do Sertão), onde será possível também,
analisar o questionamento lançado pelo movimento expressionista, cuja natureza dialoga
diretamente com a História. A pesquisa possui o intuito de se fazer compreender o cinema da
época para além de sua estética, como sendo discurso do passado que exerce influência sobre
o presente, contribuindo para o conjunto de estudos historiográficos à cerca do cinema, numa
perspectiva mais ampla.

1.3 Objetivos

 Geral:

Analisar os aspectos sociais da Alemanha, no período de 1918 a 1933, por meio do


panorama cinematográfico que compõe o Movimento Expressionista.

 Específicos:

Categorizar o conceito de crise contido na linguagem expressionista, relacionando seu


caráter onírico com os efeitos da guerra;

Interpretar as reflexões à cerca do trabalho mecânico e do racionalismo moderno;

Avaliar a relevância histórica do cinema alemão como discurso do passado.


2. REFERENCIAL TEÓRICO

O projeto intenta analisar o cinema expressionista alemão, entretanto, para isso é


necessário que se tenha noção dos conceitos à cerca do objeto de pesquisa, como o diálogo
entre cinema e História. A partir da sua teoria da apologia da relação cinema-história, Jorge
Nóvoa traça o paralelo realidade-ficção, na qual o cinema promove as leituras e interpretações
das camadas sociais que, direta ou indiretamente, estão sob o controle dos meios de produção
cinematográfica (NÓVOA, 2012).

Obviamente, precede o cinema a história e a avidez do homem quando se trata de explorar


e assimilar seu passado, não obstante, no final do século XIX, houve uma grande interação
entre ambos. Desde então, os historiadores veem o cinema como instrumento de pesquisa,
sobretudo como fonte histórica na análise da vida contemporânea, afinal, se trata de uma arte
que se permite interferir no seu próprio tempo.

“O lugar que produz o cinema é também o lugar que o recebe, de modo que a
fonte fílmica compreende uma sociedade, simultaneamente, a partir do
sistema que a produz e do seu universo de recepção. ” (BARROS, 2012, p.
68)

Em 1919, o expressionismo invade o cinema, tarde, em relação às demais artes.


Período no qual a literatura de mesmo gênero estava escassa e decadente, fazendo com que
ocorresse aos cineastas que adotaram essa nova estética, a ideia de seguir com os temas
abordados pelos livros: a angústia da metrópole, a incompatibilidade das gerações e a morte.

“Numa sociedade em decadência, a arte, para ser verdadeira, precisa refletir


também a decadência. Mas, a menos que ela queira ser infiel à sua função
social, a arte precisa mostrar o mundo como passível de ser mudado. E ajudar
a muda-lo. ” (FISCHER, 1977, p.58)

O Expressionismo expandiu seus alicerces diante da demanda de ideias a respeito do


Kulturkampf, um movimento anticlerical a favor da cultura iniciado por Otto Von Bismarck
“que faz convergirem todas as forças para o desenvolvimento de uma poderosa tecnologia
industrial, como instrumento da hegemonia política alemã” (ARGAN, 1992, p. 168).
A inclinação à exploração do irracional e o entusiasmo para com as artes podiam ser
identificados desde o século XVIII, exatamente quando floresceu a poética do sturm und
drang, ou, “tempestade e ímpeto”, que surgiu como forma de resistência ao racionalismo
iluminista.

“Para a alma torturada da Alemanha de então, tais filmes, repletos de


evocações fúnebres, de horrores, de uma atmosfera de pesadelo, pareciam o
reflexo de sua imagem desfigurada e agiam como uma espécie de exutório”
(EISNER, 1985, p. 25)

Foram também utilizados na pesquisa as obras cinematográficas dos diretores alemães


Fritz Lang (1890-1976), Friedrich Wilhelm Murnau (1888-1931) e Robert Wiene (1873-
1938).

3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS DA PESQUISA

Por se tratar da análise de fontes escritas e audiovisuais sobre um país da Europa e suas
produções, com base em documentos contemporâneos e longínquos, o tipo de pesquisa
utilizada foi o documental. “A análise documental constitui uma técnica importante na
pesquisa qualitativa, seja complementando informações obtidas por outras técnicas, seja
desvelando aspectos novos de um tema ou problema” (LUDKE e ANDRÉ, 1986).

O método de pesquisa documental, enquanto análise da realidade social, não oferece um


único parecer filosófico de investigação. É viável que seja aplicada tanto nas interpelações de
cunho positivista como naquelas de natureza nítida, com uma ótica mais crítica. Esse aspecto
é incorporado em consonância com o referencial teórico que sustenta a concepção do
pesquisador, afinal, não cabe apenas aos documentos selecionados solucionarem às questões
de pesquisa, mas, cabe igualmente à análise minuciosa deles, a qual exige do pesquisador
criatividade e reflexão ao estabelecer relações entre o problema e seu contexto, também na
forma com a qual desenvolve suas descobertas e como as transmite.

“São documentos todas as realizações produzidas pelo homem que se


mostram como indícios de sua ação e que podem revelar suas ideias, opiniões
e formas de atuar e viver. Nesta concepção, é possível apontar vários tipos de
documentos: os escritos; os numéricos ou estatísticos; os de reprodução de
som e imagem; e os documentos-objeto” (BRAVO, 1991)
É feita a coleta de documentos, seguida da análise dos dados e da aplicação do método
documental.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

“Os anos que seguem a Primeira Guerra Mundial são uma época singular na
Alemanha: o espírito germânico se recompõe com dificuldade do desmoronamento do
sonho imperialista; os mais intransigentes tentam se recobrar com um movimento de
revolta, mas este é imediatamente sufocado. ” (EISNER, 1985, p.17)

O cinema expressionista alemão foi um movimento bastante complexo para ser


meramente definido por algum tipo de intenção política, como alguns autores tentam atribuir.
Ao que nos parece, se trata do despertar de uma consciência coletiva. Tido como um período
delicado da trajetória alemã, carregando o estigma da decadência da economia pós-guerra,
consequentemente vislumbram uma necessidade de epifania política e posteriormente, a
implantação absoluta da ideologia fascista que resultaria no apogeu de Adolf Hitler. Sem
embargo, não é nítido um caráter homogêneo, sendo mais sensato continuar observando suas
manifestações como sendo parte de uma alegoria que contesta a essência humana diante das
oscilações de um mundo em transição.
REFERÊNCIAS

EDSCHMID, Kasimir. In: TELES, Gilberto Mendonça. Vanguarda europeia e modernismo


brasileiro. 9ª Ed. Petrópolis: Vozes, 1986.

NÓVOA, Jorge e BARROS, José D’Assunção. Cinema-história: teoria e representações


sociais no cinema. 3ª ed. Rio de Janeiro: Apicuri, 2012.

FISCHER, Ernst. A Necessidade da arte. 6ª ed. Rio de Janeiro: Zahar, 1977.

ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. São Paulo: Cia das Letras, 1992.

EISNER, Lotte H. A Tela demoníaca. Rio de Janeiro: Paz e Terra/Instituto Goethe, 1985.

LÜDKE, M.; ANDRÉ, M.E.D.A. Pesquisa em educação: abordagens qualitativas. São


Paulo, EPU, 1986.

BRAVO, R. S. Técnicas de investigação social: Teoria e ejercicios. 7 ed. Ver. Madrid:


Paraninfo, 1991.

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