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ANTROPOLOGIA DA ARTE
Walter Benjamin nasceu em Berlim em 1892, no ano de 1940 morreu ao tentar fugir
das tropas do exército nazista na travessia da França para a Espanha. Neste período de 48 anos
que viveu, acompanhou grandes e intensas tranformações na história ocidental impulsionadas
pelo que chamamos de modernidade para nos referir sobre as mudanças que marcaram a
passagem dos séculos XIX-XX. A invenação de novos maquinários e meios de produção, a
experiência da vida urbana e das multidões nas cidades, o aumento da velocidade na produção
de mercadorias, a fé inquebrantável na ciência e a primeira guerra amparada por esta fé, a
invenção dos meios de reprodução como aparelhos fonográficos, máquinas fotográficas e o
cinema, o surgimento dos líderes fascistas como Hitler e Mussolinni, a revolução
bolchevique de 1917, as vanguardas atrtísticas do início do século XX, formam um conjunto
de fenômenos que estão contidos nesta passagem de tempo e que são imprescindíveis e
profícuos nos escritos de Benjamin.
Em A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica (1935-1936), bem como em
boa parte de seus escritos, Walter Benjamin passa por todas essas tranformações e, nesse
trabalho em específico, demonstra como as alterações históricas na base econômica altera
também nosso modo de percepção dos objetos artísticos e fomenta a criação de novas formas
de expressão artística. O início de sua análise explica a alteração no campo da cultura como
uma consequência das mudanças de ordem econômica e social orientado por uma leitura
vinculada ao materialismo histórico: “ tendo em vista que a superestrutura se modifica mais
lentamente que a base econômica, as mudanças nas condições de produção precisaram de
mais de meio século para refletir em todos os setores da cultura.” Nos diz o autor.
A era da reprodutibilidade mecânica dos objetos artístico, é entendida como um
reflexo do modo de produção capitalista, uma alteração das condições históricas, assim como
já houverá outras formas de lidar com a arte, também situado em outros tempos condicionado
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consciência de classe.
O cinema aqui, não aparece como uma arte reificada, ela é desvelada como uma
expressão artística que carrega intencionalidade, o autor diz que “ (…) vale para o capital
cinematográfico o que vale para o fascismo em geral: ele explora secretamete, no interesse de
uma minoria de proprietário, a inquestionável aspiração por novas condições sociais.”
Termina dizendo que, por esta razão, a expropriação desse capital cinematográfico é uma
exigência do próprio proletariado.
Walter Benjamin usa a expressão “capital cinematográfico”, este capital que investido
na construção dos filmes é por ele considerado contra-revolucionário e se vale de estratégicas
de técnicas de montagem cinematográfica que buscam criar o efeito de ilusão promovido pelo
cinema naturalista – o cinema dos estúdios norteameicanos -, bem como o uso de estrela para
o culto da persoladidade. O ilusionismo no cinema, transmite a impressão de “um aspecto
da realidade livre de qualquer manipulação pelos aparelhos, precisamente graças ao
procedimento de penetrar, com aparelhos no âmago da realidade”. Essa aparência de realidade
conseguida no processo de montagem e do conjunto de aparatos técntos para montar e captar
as cenas, resulta naquilo que críticos cinematográficos, como o brasileiro Ismail Xavier,
chama de efeito janela. Esta é uma metáfora usada para representar a fé na imagem do cinema
como apresentação da realidade, “ fé no mundo da tela como um duplo do mundo real”
( XAVIER, 2014, p.25).
Qual seria o cinema que escaparia dessa lógica, entre os imperativos do domínio
econômico e da manipulação do domínio fascista? Nesta direção, é interessante notar, que o
autor reconhece que há um cinema livre do domínio fascista e capitalista, e assim cita Charles
Chaplin como um diretor de cinema progressista que coincidentemente havia produzido um
dos seus clássicos, Tempos Modernos, no mesmo ano que Benjamin havia finalizado A Obra
de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica (1935-1936). Os papéis de “vagabundo”,
operário, imigrante, ex-detento, entre outros na sua filmografia, problematiza e subverte as
relações sociais controladas pela política fascita e pelas relações de trabalho.
Para Benjamin, o cinema e sua abrangência forma espectadores como semi
especialistas no assunto, em que comentar sobre os filmes passou a ser tão comum como
comentar sobre eventos esportivos , tal abrangência assim, aponta para exigência das massas
em fazer parte do cinema e serem filmadas. Pois Benjamin afirma que com a arte
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