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Vestido de Noiva (1943): a luz na gênese do moderno teatro brasileiro. View project
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Resumo: este ensaio tem por objetivo considerar a vertente artística conhecida como
Expressionismo, que teve seu auge do final do século XIX ao início do século XX, enquanto
portadora do espírito de sua época. Para tal fim, apoia-se na Psicologia Analítica de Carl
Gustav Jung (1875-1961), com o intuito de perceber elementos arquetípicos nas obras de
arte da vanguarda expressionista.
Abstract: this text aims to consider the artistic expression known as Expressionism,
which had its peak from the end of the nineteenth century to the beginning of the twen-
tieth century, as bearer of the spirit of his time. To this end, it relies on the Analytical
Psychology of Carl Gustav Jung (1875-1961), with the intention of perceiving archetypal
elements in the works of art of the expressionist avant-garde.
E
ste texto tem por objetivo compreender a vertente artística denominada “expressionismo” a
partir do conceito dos arquétipos da psicologia analítica de Carl G. Jung, com o intuito de en-
tender de que forma as obras dos artistas expressionistas tornaram-se símbolos da expressão
de uma época. O expressionismo foi uma vertente artística que se estendeu do final do século XIX
ao início do século XX. Teve como característica não retratar a realidade objetiva simplesmente, mas
sim plasmar a realidade a partir das emoções e respostas subjetivas que esta suscita no artista, expor
a visão “interior” conflituosa do artista, do homem sobre o mundo à sua volta. Carregou em si, em
Ao longo do século XIX, desenvolve-se, na Europa, a era industrial. Muito além da mecanização
da produção industrial e da organização do sistema fabril, significava a implantação da economia
moderna, de base capitalista, sustentada pela ascendente burguesia, que transformaria as relações
de produção promovendo um crescente consumo e tornando as relações sociais substancialmente
mais competitivas (BARBOZA, 2009, p. 40).
com o triunfo da burguesia após as guerras napoleônicas, o progresso material do ocidente des-
pertou o entusiasmo de linguistas e antropólogos que, pesquisando a origem das línguas e dos
povos, estabeleceram, por diferentes critérios, todos arbitrários e subjetivos, a superioridade da
“raça indo-europeia” sobre a “raça semita” (NAZÁRIO, 2002, p. 13).
O EXPRESSIONISMO
Segundo Luiz Nazário (2002), o movimento surge assim, em uma sociedade que foi se tornando
cada vez mais sectária e hostil, onde o homem, com o aprofundamento do capitalismo, foi apartado,
pela nova ordem socioeconômica, de suas experiências de trabalho e na sociedade, sobrando apenas
um grande vazio.
O isolamento do ser humano no meio da massa disforme criou uma sociedade extremamente
alheia, ansiosa e mecanizada, como é retratado nos olhos do quadro Ansiedade de Edvard Munch
(1863-1944):
Esse isolamento do homem moderno, como descreve Walter Benjamim (1892-1940), já era
tratado anteriormente pelo poeta francês Charles Baudelaire (1821-1867), um dos precursores do
simbolismo na Europa e grande influenciador das artes plásticas do século XIX. Segundo Benjamim
(1989), a figura do flâneur, entendendo a palavra flâneur enquanto um andarilho, vadio, preguiçoso e
desocupado, foi uma alegoria utilizada por Baudelaire. Ele é, ao mesmo tempo, o detetive, é o poeta,
é o “observador” que capta no seio da sociedade moderna todas as mazelas e angústias do mundo
burguês e a expressa em sua arte, vejamos sua descrição:
Desse modo, se o flâneur se torna sem querer detetive, socialmente a transformação lhe assenta
muito bem, pois justifica a sua ociosidade. Sua indolência é apenas aparente. Nela se esconde a
vigilância de um observador que não perde de vista o malfeitor. Assim, o detetive vê abrirem-se
à sua autoestima vastos domínios. Desenvolve formas de reagir convenientes ao ritmo da cidade
grande. Capta as coisas em pleno vôo, podendo assim imaginar-se próximo do artista (BENJA-
MIM, 1989, p. 38).
É o artista a “fazer botânica do asfalto” (BENJAMIM, 1989, p. 34). Essa digressão até Baudelaire,
via Benjamim (1989), tem o intuito de mostrar as bases do desenvolvimento do expressionismo na
Europa. O artista expressionista é, assim como os poetas simbolistas, um meio, uma antena a captar
em meio à sociedade as interferências do mundo moderno nas relações conflituosas que se estabelecem
nas relações humanas partir do desenvolvimento do capitalismo: “Esses poetas falam por milhares
de dezenas de milhares de seres humanos, proclamando de antemão as metamorfoses da consciência
de sua época” (JUNG, 1970, p. 65).
Isolamento, morte, doenças, fome, religiões e conflitos são temas das angustiantes obras
expressionistas em fins do século XIX e início do século XX, como pode ser observado no quadro
“Crucificação” de Emile Nolde (1867-1956), onde as figuras distorcidas e esqueléticas circundam um
cristo faminto. É possível observar ainda no canto inferior direito da tela, uma figura que pode ser de
Judas, ou de um cidadão qualquer que recebe o seu soldo em forma de migalhas daqueles que detêm
a moeda, enquanto as figuras mórbidas aguardam uma “promessa”:
Os arquétipos são, portanto, imagens que habitam o inconsciente coletivo, formadas a partir
da relação do homem com os fenômenos da natureza e que influenciam a consciência do sujeito,
e mesmo de toda uma sociedade. Na dificuldade do homem primitivo em compreender os fenô-
menos naturais, tais como o dia e a noite, o raio e o trovão, por exemplo, estes foram formando
imagens na tentativa de explicar para si mesmos estes eventos naturais. Para o homem primitivo
não era o sol uma estrela que ocupava o centro do sistema solar, era antes uma carruagem de um
deus que vencia as escuras forças das trevas (noite) e aparecia ao amanhecer trazendo luz e vida à
terra, como descreve Jung:
Para o primitivo não basta ver o Sol nascer e declinar; esta observação exterior deve corresponder
- para ele - a um acontecimento anímico, isto é, o Sol deve representar em sua trajetória o destino
de um deus ou herói que, no fundo, habita unicamente a alma do homem. Todos os acontecimentos
mítologizados da natureza, tais como o verão e o inverno, as fases da lua, as estações chuvosas, etc.
não são de modo algum, alegorias destas experiências objetivas, mas sim, expressões simbólicas
do drama interno e inconsciente da alma, que a consciência humana consegue apreender através
de projeção - isto é, espelhadas nos fenômenos da natureza (JUNG, 2000, p. 18).
Cria-se, dessa forma, a imagem arquetípica do “herói” tal como a conhecemos dos gregos aos
heróis de histórias em quadrinhos contemporâneas.
Para Jung (2000), as formas mais conhecidas de expressão arquetípica são os mitos e os
contos de fadas. As imagens arquetípicas dos mitos e dos contos de fadas são expressas da mesma
forma em diversas culturas, alterando-se apenas para adaptar-se aos processos subjetivos de cada
sociedade, ou dos indivíduos em que se manifestam. A imagem do herói, por exemplo, está presen-
te nos mitos gregos como o de Teseu, Hércules etc. Há nesses mitos o imaginário clássico grego,
mas a estrutura universal da imagem do herói encontra-se também no poema épico sumério de
Gilgamesh, na figura de Jesus Cristo, em Maomé etc. ultrapassando assim, os domínios de uma
cultura específica, sendo, portanto, coletivas. Os arquétipos são dinâmicas propulsoras de culturas.
Para Jung, uma outra forma de expressão cultural humana, com uma capacidade fenomenal de
manifestação arquetípica, é a obra de arte.
Em o Espírito na Arte e na Ciência (2011), nos vários ensaios e palestras que fazem parte do
livro, Jung ocupa-se em fazer um paralelo entre a psicologia e a arte. O autor estabelece os limites da
psicologia na análise das obras de arte, distinguindo o quê a psicologia pode analisar e elucidar e o que
pertence ao campo dos estudos estéticos. Jung estabelece também a diferença entre a análise da obra
e a análise do artista enquanto pessoa. Segundo o autor, essas duas coisas não podem se confundir:
É certo e até mesmo evidente que a psicologia, ciência dos processos anímicos, pode relacionar-se
com o campo da literatura. A alma é ao mesmo tempo mãe de toda ciência e vaso matricial da
criação artística. Assim pois, seria licito esperar das ciências da alma que, por um lado, pudessem
ajudar no tocante ao estudo da estrutura psicológica de uma obra de arte e, por outro, explicar
as circunstâncias psicológicas do homem criador. Notemos, entretanto, que essas duas tarefas
são essencialmente diferentes (JUNG, 2011, p. 56).
Jung faz dessa forma uma crítica à análise freudiana a respeito das obras de artes. Para ele,
Freud confunde o artista com sua obra, tornando esta (a obra), uma extensão neurótica, ou seja, uma
imagem doente expressa pelo homem que a criou. Isto porque, para Freud, segundo Jung, os comple-
xos dos artistas, como o complexo de Édipo, por exemplo, estarão sempre presentes em suas criações.
Com efeito, somos levados a supor – especialmente hoje, sob a influência da psicologia freudiana –
que através dessas obscuridades, ora grotescas, ora repletas de pressentimentos profundos, devem
figurar experiências pessoais, a partir das quais seria possível explicar a visão singular do caos do
artista e também através das quais confirmaria a impressão de que o poeta teria tentado dissimular
suas vivências pessoais. Desta tendência explicativa a suposição de que poderia tratar-se de uma
criação mórbida e neurótica não vai um passo (JUNG, 1970, p. 60).
Diante desta distinção entre a obra e o artista, o Jung estabelece duas formas de produção artís-
tica que, para ele, lhe são características da produção de arte: a obra “visionária” e a obra “psicológica”.
A respeito da obra de arte psicológica Jung é categórico ao afirmar que pouco o psicólogo pode fazer
para a sua análise que o autor da obra já não tenha feito. Essas obras possuem como características
intrínsecas às suas produções a linha psicológica bem definida de seus personagens pelo autor, não
cabendo ao psicólogo acrescentar teorizações. Pois que, para Jung, estas obras pertencem à uma ca-
mada psicológica que nos é bastante conhecida. Movem-se, dito de outra maneira, em volta de uma
sabedoria popular, do senso comum:
Se chamo tal criação artística de “psicológica” é pelo fato de ela mover-se sempre nos limites do
que é psicologicamente compreensível e assimilável. [...] O próprio tema psíquico da vivência
nada tem em si de estranho; pelo contrário, é-nos sobejamente conhecido. Trata-se da paixão e
das vicissitudes, dos destinos e de seus sofrimentos, da natureza eterna, seus horrores e belezas
(JUNG, 1970, p. 59).
São obras, portanto, que resumem a si mesmas, muitas vezes, magistralmente delineadas por
seus autores.
Já as obras de artes classificadas por Jung de “visionárias” carregam em si anseios que provém
de uma instância que nos é desconhecida, nos é estranha. Estas obras contêm em si conteúdos arque-
típicos, sendo, portanto, proveitosas para as investigações psicológicas. Paradoxalmente, ao mesmo
tempo em que oferecem um campo riquíssimo de investigações para a psicologia, é onde o psicólogo
mais tem que ter cuidado, segundo Jung. É aqui que o artista não pode ser confundido com sua obra.
São as obras visionárias que carregam em si o espírito de uma época. São as obras visionárias que
têm o poder de tocar nos arquétipos coletivos e expressarem os anseios, as alegrias, as tristezas e as
mazelas de um povo. São as obras visionárias que são lançadas ao ar tornando-se oxigênio para os
indivíduos de uma mesma comunidade, de um país, de um continente, de uma espécie. São as obras
visionárias que anteveem o futuro?
A forma visionária, à qual já nos referimos, rasga de alto a baixo a cortina na qual estão pintadas
as imagens cósmicas, permitindo uma visão das profundezas incompreensíveis daquilo que ain-
da não se formou. Trata-se de outros mundos? Ou de um obscurecimento do espírito? Ou das
fontes originárias da alma humana? Ou ainda do futuro das gerações vindouras? Não podemos
responder a essas questões nem pela afirmativa nem pela negativa (JUNG, 1970, p. 59).
É difícil captar de forma clara e racional todos os pensamentos e conflitos de uma época quando
estes ainda fazem parte do nosso dia-dia, quando estamos ainda no calor de sua vivência. O que nos
vem em imagens, vem envolto em brumas e sombras, por caminhos tortuosamente expressos, vem
por intuição. Por isso as obras tidas como visionárias são carregadas de símbolos. Estas necessitam
serem decifradas. Marcam o tempo sendo intrínsecas a ele:
Nosso ponto de partida é o fato psicológico de que o artista sempre foi o instrumento e o intérprete
do espírito de sua época. Em termos de psicologia pessoal, sua obra só pode ser parcialmente
É dentro do modo visionário de criação que este texto coloca o expressionismo. Todos os
conflitos ideológicos surgidos com o mundo moderno: o capitalismo, o socialismo, o anarquismo,
os sindicatos criados para a defesa do operariado, a mecanização das relações, a pobreza, a avareza,
a burguesia com sua mania aristocrática que ela mesma derrubou, mas que no fundo almejou, o
antissemitismo, toda essa falta de rumo, todo esse descaminho moderno foi representado pela arte
expressionista em forma do isolamento do homem diante de si mesmo. Era chegada a hora do novo,
do moderno. O homem burguês buscava uma nova forma de arte. Porém, essa arte teria que remetê-lo
ainda ao bojo aristocrata que insistia em dominá-lo. Por este motivo, o expressionismo se torna uma
arte problemática para a sociedade burguesa em seu período, pois que esta representa o oposto, uma
outra face da modernidade. Face esta que se mostra violentamente na Primeira e na Segunda Grande
Guerra, como o descreve Luiz Nazário a vida em Berlim:
As massas tornavam-se cada vez mais visíveis, e a cidade monstruosa passou a obcecar artistas,
poetas e escritores. A Berlim desses “anos loucos” era um mundo de contrastes extremos, de usinas
e quarteirões pobres atravessados por canais escuros que carregavam o lixo dos restaurantes caros.
Contrastando com bairros de luxo e de prazer, nos bairros pobres blocos residenciais compactos,
de dois cômodos, eram ocupados por até dez pessoas, com banheiros que serviam a vinte; seus
interiores cheiravam a mofo devido a vazamentos no teto; o ar era sufocante e das torneiras saía uma
água suja. Em decorrência da falta de higiene e da promiscuidade sexual, muitos pobres morriam
de tuberculose e de sífilis. Com o aumento da prostituição, o número de abortos chegou a ser quase
igual ao de nascimentos: um milhão por ano. Não se confiava nos médicos, pois 50% das operações
cirúrgicas fracassavam. A maioria da população vestia roupas desgastadas: o vestuário ocupava o
último lugar no orçamento das famílias. Poucos podiam dar-se ao luxo de fazer três refeições ao
dia: de 15% a 40% dos escolares apresentavam sintomas de desnutrição. Os preços aumentavam
mais depressa que os salários: em novembro de 1922, o dólar valia nove mil marcos; menos de
um ano depois, 4, 2 bilhões de marcos. [...]. Nesse caos, Hitler sentiu-se à vontade para seguir o
exemplo de Mussolini, marchando com o general Eric Ludendorff para Foldherrnhalle de Muni-
que, seguidos por Julius Streicher, Ernest Ronhm e outros extremistas (NAZÁRIO, 2002, p. 30).
Isto, porque a arte, nele, é inata como um instinto que dele se apodera, fazendo-o seu instrumento.
Em última instância, o que nele quer não é ele mesmo enquanto homem pessoal, mas a obra de
arte. Enquanto pessoa, tem seus humores, caprichos e metas egoístas; mas enquanto artista ele
é, no mais alto sentido, “homem”, e homem coletivo, portador e plasmador da alma inconsciente
e ativa da humanidade (JUNG, 1970, p. 66).
Utiliza-se as imagens dos quadros de Edvard Munch e Emile Nolde neste texto, não com o
intuito de se fazer um recorte sobre a obra destes dois artistas que foram grandes expoentes da arte
expressionista, mas antes, com a intenção de reforçar através de imagens o caráter universal e arque-
típico contido nelas. Como eles, existiram uma torrente de outros grandes nomes como, por exemplo,
Wassily Kandinsky (1866-1944), Paul Klee (1879-1940), estes da pintura. Nomes como Max Reinhardt
(1873-1943) e Walter Hasenclever (1890-1940) no teatro, Robert Wiene (1873-1938) no cinema etc,
todos expressando à sua maneira a obscuridade de seu tempo, como descreve Eudinyr Fraga:
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O antropólogo Victor Turner (1920- 1983), em seu livro Do ritual ao teatro: a seriedade humana
de brincar (2015), expõe uma visão interessante acerca da obra de arte ao abordar o conceito de “expe-
riência” (Erlebnis) de Wilhelm Dilthey (1833-1911) que muito se aproxima dos arquétipos junguianos
e do propósito do presente texto. Segundo Turner (2015), as obras de artes em muito se diferenciam
em suas expressões de outros aspectos da cultura humana, como, por exemplo, a política. Para Tur-
ner, enquanto a política se estabelece sobre o pano de fundo do egoísmo e de questões partidárias, as
obras de arte, os artistas, “não tem motivos para enganar ou esconder, eles buscam encontrar a forma
expressiva perfeita para sua experiência” (p. 18). Isso porque para Turner (2015), durante o decorrer
de um processo de performance:
O artista não tem motivos para enganar ou esconder porque, em uma obra de arte de gênio,
os motivos e expressões deixam de ser pessoais e tornam-se universais. Falam por toda uma comu-
nidade. Falam pela espécie:
De alguma forma, eles têm uma apreensão inocente desse estranho espaço liminar – presente
em todos nós, mas muito mais eloquente nos artistas – em que, como escreve Dilthey, “a vida se
revela numa profundeza inacessível à observação, à reflexão e à teoria (TURNER, 2015, p. 18).
A crosta geológica da terra, com seus muitos níveis, está “viva” (pensem na erupção do monte
Santa Helena); mais ainda está a “mente” ou a “psique” humana, com seus níveis consciente,
pré-consciente e inconsciente, cada um subdividido em camadas depositadas por repetidas
“experiências traumáticas” ou dramáticas (TURNER, 2016, p. 20).
No entanto, uma vez “expressa” como obra de arte, leitores, espectadores e ouvintes podem refletir
sobre as experiências, já que são mensagens confiáveis das profundezas de nossa espécie, vida
humanizada se expondo, por assim dizer (TURNER, 2015, p. 18).
Assim, dentro do grande bojo da arte moderna, o expressionismo ocupa um lugar de grande
importância na história das artes por representar um período histórico que ainda vibra na alma de
toda a humanidade. Ainda suscita observações, reflexões e descobertas não somente do período em que
vigorou na Europa, mas ainda hoje em meio a nossa sociedade. Sentimos ainda de perto os efeitos das
duas Grandes Guerras, o isolamento social ainda é uma realidade em meio a nós. Isso demonstra que
o expressionismo é uma arte atemporal, é vida profunda e humanizada sendo exposta em imagens,
movimentos e experiências profundas. Teve o seu ápice e a sua decadência, mas como afirma Fraga
(1998), da mesma forma que é possível reconhecer expressionismo nas artes antigas, ele vibra ainda
hoje nas artes contemporâneas e em nosso consciente coletivo.
Referências
BARBOZA, Lívia Krassuski. A Santa, a Prostituta e a Amante Infeliz: as imagens simbólicas do femi-
nino de Edvard Munch, sob abordagem da psicologia analítica de C. G. Jung / Lívia Krassuski Barboza.
Dissertação (Mestrado) – Universidade Estadual de São Paulo, São Paulo, 2009.
BENJAMIM, Walter. 1842-1940. Charles Baudelaire Um Lírico no Auge do Capitalismo/Walter Ben-
jamim; tradução José Martins Barbosa, Hemerson Alves Baptista. 1. ed. São Paulo: Brasiliense, 1989.
(Obras escolhidas, v. 3)
FRAGA, Eudinyr. Nelson Rodrigues Expressionista. São Paulo: Editora: Ateliê Editorial, 1998.
FERNANDES, Sílvia. A Encenação Teatral no Expressionismo. In: GUINSBURG, Jacó. O Expressio-
nismo. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002.
GUINSBURG, Jacó. O Expressionismo. São Paulo: Editora Perspectiva, 2002.
JAFFÉ, Aniela. O Simbolismo nas Artes Plásticas. In: JUNG, Carl G. O homem e seus símbolos. Con-
cepção e organização Carl G. Jung. Tradução de Maria Lucia Pinho. 2. ed. especial. Rio de Janeiro:
Nova Fronteira, 2008.
JUNG, Carl Gustav. O Espírito na Arte e na Ciência. v. 15. Col. Obras Completas. 5. ed. Petrópolis.
Editora: vozes, 2011.
JUNG, Carl Gustav. 1875-1961. Os Arquétipos e o Inconsciente Coletivo. Editora: Ateliê Editorial. Tra-
dução de Maria Luíza Appy, Dora Mariana R. Ferreira da Silva. Petrópolis, RJ: Vozes, 2000.
JUNG, Carl G. O Homem e seus Símbolos. Concepção e organização de Carl G. Jung. Tradução de
Maria Lucia Pinho. 2. ed. especial. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2008.