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Colégio Porto

Análise de texto artístico – prof. Marco Aurélio 2ª série

Lista de exercícios para revisão dos assuntos:


Vanguardas europeias, Pré-modernismo e Modernismo 1ª fase

1. A obra acima é parte integrante do movimento artístico, que marcou a transição do


século XIX para o XX, denominado
A. cubista, graças ao tratamento da natureza mediante formas geométricas.
B. futurista, baseando-se na velocidade e nos desenvolvimentos tecnológicos.
C. dadaísta, por questionar o conceito de arte antes da Primeira Guerra Mundial.
D. impressionista, por meio da exploração da forma conjunta da intensidade das cores
e da sensibilidade do artista.
E. expressionista, com o objetivo de mostrar como uma emoção é capaz de
transformar nossas impressões sensoriais.

Não à toa, assim Breton definiu a si mesmo e a seus correligionários no I Manifesto:


“Surrealismo. s.m. Automatismo psíquico puro, por meio do qual alguém se propõe a expressar
– verbalmente, utilizando a palavra escrita, ou qualquer outra maneira – o verdadeiro
funcionamento do pensamento, na ausência do controle exercido pela razão, livre de qualquer
preocupação estética ou moral”.
Esta herança antirracionalista é o que alça o surrealismo ao conflito com outras tendências
artísticas, como os construtivistas e os formalistas, que floresceram na Europa após a 1ª
Grande Guerra. Pela gênese francesa, o surrealismo emparelha-se com similares em proposta,
porém não em método e resultado, como o cubismo, fortalecido pela volta dos romantismos
francês e alemão. Até compartilhava valores com o simbolismo e a pintura metafísica, mas é
especialmente com o viés dessacralizador e emputecido do dadaísmo que sempre conversou
mais. António lembra que “o empenho político do surrealismo e dos surrealistas fez-se em
torno de questões como a linha antiarte e a tradição revolucionária do movimento dadaísta”.
Além do mais, muitos surrealistas se escolaram naquela corrente, inclusive Breton, que rompeu
com o dadaísmo apenas em 1922. Ambos promoviam uma crítica severa à racionalidade
burguesa e saudavam “O Maravilhoso, o universo fantástico e os domínios do onírico”.
BELLÉ, Junior. Estilhaços de um olhar mágico. Disponível em:
http://www.revistadacultura.com.br/revistadacultura/detalhe/14-05-05/
Estilha%C3%A7os_de_um_olho_m%C3%A1gico.aspx. Acesso em: 17 maio 2014. Adaptado.

2. De acordo com a leitura do texto, que aborda a arte surrealista, por ocasião de seus 90
anos, o principal propósito dessa vanguarda está descrito em
A. O surrealismo, partindo da atitude artística iconoclasta, valoriza a fronteira psíquica
espontânea de um mundo que rejeita a razão.
B. A estética surrealista rejeita qualquer outro conceito estético, ainda que represente
a mesma proposta ideológica de atitude antirracionalista.
C. Esse movimento artístico e literário, que revela a obsessão pela estética baseada
no sonho e na loucura, traduz os valores e a racionalidade da burguesia.
D. A produção surrealista constrói-se a partir de uma crítica severa ao dadaísmo,
considerado formalista e construtivista, diante da realidade que representa.
E. Essa última e grande manifestação da arte moderna, assim como o cubismo,
apresenta métodos de desconstrução de objetos e discursos, resultando na
fragmentação da realidade e, consequentemente, no irracionalismo.

Texto I

“As meninas”, Velázquez (1656)


Texto II

“As meninas”, Picasso (1957)

3. Os quadros tratam do mesmo tema, embora pertençam a dois momentos distintos da


história da arte. O confronto entre as imagens revela um traço fundamental da pintura
moderna, que se caracteriza pela
A. tentativa de compor o espaço pictórico com base nas figuras naturais.
B. ruptura com o princípio de imitação característico das artes visuais no Ocidente.
C. continuidade da preocupação com a nitidez das figuras representadas
D. secularização dos temas e dos objetos figurados com base na assimilação de
técnicas do Oriente.
E. busca em fundar a representação na evidência dos objetos.

Como todas as revoluções das vanguardas históricas, o Futurismo traduz logo nos seus
primeiros textos o grito de ruptura de uma classe que não deseja mais pactuar com a
estabilidade do sistema. Mas o grito de ruptura é dado com os elementos e valores típicos do
mesmo grupo contestado. Os elementos “perigo”, “velocidade”, “energia”, “audácia”, “revolta”,
“bofetada”, “soco” – inicialmente propostos com a finalidade de traduzir o vitalismo antiburguês
do Futurismo – serão os mesmos, desenvolvidos, que levarão o movimento a concluir no
fascismo.
(Sílvio Castro. Teoria e política do modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1979. p. 34 e 35)

4. No Brasil, ocorreram ecos vanguardistas do Futurismo, tal como se pode depreender


destes versos de Mário de Andrade:
A. Sobreviventes da pureza antiga,
as penas brancas, no debrum das asas.

B. No cavalo da frente o atro anjo infiel


Com façanhas de guerra se compraz.

C. passa galhardo um filho de imigrante


loiramente domando um automóvel!

D. Um luar amplo me inunda, e eu ando


Em visionária luz a nadar

E. Um sonho de mancebo e de poeta.


Eldorado de amor que a mente cria

“Roda de bicicleta”, Marcel Duchamp, (1913)


criada no contexto da 1a Guerra Mundial

5. A imagem expressa
A. a crise dos velhos valores e padrões e busca de um olhar crítico sobre objetos de
consumo.
B. o fascínio pelo advento das novas tecnologias e exaltação ao progresso industrial
capitalista.
C. o desencanto com a Guerra e busca de explicações religiosas para o mundo
contemporâneo.
D. o apego ao passado e tentativa de resgatar funções específicas dos objetos.
E. a sacralização e a funcionalidade da arte, próprias da Belle Époque europeia.

O falecimento de uma criança é um dia de festa. Ressoam as violas na cabana dos pobres
pais, jubilosos entre as lágrimas; referve o samba turbulento; vibram nos ares, fortes, as coplas
dos desafios, enquanto, a uma banda, entre duas velas de carnaúba, coroado de flores, o
anjinho exposto espelha, no último sorriso paralisado, a felicidade suprema da volta para os
céus, para a felicidade eterna — que é a preocupação dominadora daquelas almas ingênuas e
primitivas.
CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos.

6. Nessa descrição de costume regional, é empregada


A. variante linguística que retrata a fala típica do povo sertanejo.
B. linguagem científica, por meio da qual o autor denuncia a realidade brasileira.
C. modalidade coloquial da linguagem, ressaltando–se expressões que traduzem o
falar de tipos humanos marginalizados.
D. linguagem literária, na modalidade padrão da língua, por meio da qual é mostrado
o Brasil não–oficial dos caboclos e do sertão.
E. variedade linguística típica da fala doméstica, por meio de palavras e expressões
que recriam, com realismo, a atmosfera familiar.

Considere o trecho abaixo, extraído de Os sertões, de Euclides da Cunha.

"Decididamente era indispensável que a campanha de Canudos tivesse um objetivo superior à


função estúpida e bem pouco gloriosa de destruir um povoado dos sertões. Havia um inimigo
mais sério a combater, em guerra mais demorada e digna. Toda aquela campanha seria um
crime inútil e bárbaro, se não se aproveitassem os caminhos abertos à artilharia para uma
propaganda tenaz, contínua e persistente, visando trazer para o nosso tempo e incorporar à
nossa existência aqueles rudes compatriotas retardatários."
7. Analise as afirmações abaixo.
I. O trecho indica a imparcialidade e a neutralidade de Euclides da Cunha, escritor e
jornalista, apenas preocupado, com uso do narrador em terceira pessoa, em
registrar o conflito.
II. Observa-se na obra, representante do Pré-Modernismo, a descrição apoiada no
cientificismo para explicar o conflito, o povo e o cenário.
Está correto o que se afirma em
A. somente I
B. somente II
C. I e II
D. nenhuma

8. Os sertões, obra-prima de Euclides da Cunha, foi desenvolvido em três partes distintas.


Assinale, a esse respeito, a alternativa que mostra a ordem em que essas partes
aparecem no livro.
A. A terra- A luta- O homem
B. A luta- A terra- O homem
C. O homem- A terra- A luta
D. A luta- O homem- A terra
E. A terra- O homem- A luta

“Na Bruzundanga, como no Brasil, todos os representantes do povo, desde o vereador até o
Presidente da República, eram eleitos por sufrágio universal, e, lá, como aqui, de há muito que
os políticos práticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral esse
elemento perturbador – o voto”.
Lima Barreto, “Os bruzundangas”

9. Escrito em 1917, o livro “Os bruzundangas” corresponde a uma forte sátira da


sociedade brasileira. Em relação ao trecho citado, é correto afirmar que Lima Barreto,
por meio da ficção, refere-se
A. às lutas populares pelo direito ao voto.
B. aos processos políticos que levaram ao fim do Império.
C. à participação das mulheres nos processos políticos nacionais.
D. às práticas políticas da Primeira República.
E. à suspensão das eleições diretas para presidente da República durante o governo
militar.

10. A obra “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, de Lima Barreto, é


A. a narrativa da vida e morte de um funcionário humilde conformado com a realidade
social do seu tempo.
B. uma autobiografia em que a personagem-título expõe sua insatisfação com relação
a burocracia carioca.
C. o relato das aventuras de um nacionalista ingênuo e fanático que lidera um grupo
de oposição no início da República.
D. um livro de memórias em que o personagem-título, através de um artifício
narrativo, conta as atribulações de sua vida até a hora da morte.
E. a história de um nacionalista fanático que, quixotescamente, tenta resolver sozinho
os males sociais de seu tempo.

11. No romance “Triste Fim de Policarpo Quaresma”, o nacionalismo exaltado e delirante


da personagem principal motiva seu engajamento em três diferentes projetos, que
objetivam “reformar” o país. Esses projetos visam, sucessivamente, aos seguintes
setores da vida nacional:
A. escolar, agrícola e militar;
B. linguístico, industrial, e militar;
C. cultural, agrícola e político;
D. linguístico, político e militar;
E. cultura, industrial e político.
“Policarpo era patriota. Desde moço, aí pelos vinte anos, o amor da Pátria tomou-o todo inteiro.
Não fora o amor comum, palrador e vazio; fora um sentimento sério, grave e absorvente. ( … )
o que o patriotismo o fez pensar, foi num conhecimento inteiro de Brasil. ( … ) Não se sabia
bem onde nascera, mas não fora decerto em São Paulo, nem no Rio Grande do Sul, nem no
Pará. Errava quem quisesse encontrar nele qualquer regionalismo: Quaresma era antes de
tudo brasileiro.”
Lima Barreto, “Triste fim de Policarpo Quaresma”

12. Este fragmento de “O Triste Fim de Policarpo Quaresma” ilustra uma das
características mais marcantes do Pré-Modernismo que é o
A. desejo de compreender a complexa realidade nacional.
B. nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo.
C. resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo.
D. nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo.
E. subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista.

Leia e compare os textos seguintes.

Texto I
Estou no hospício ou, melhor, em várias dependências dele, desde o dia 25 do mês passado.
(...) Eu sou dado ao maravilhoso, ao fantástico, ao hipersensível; nunca, por mais que
quisesse, pude ter uma concepção mecânica, rígida do Universo e de nós mesmos. No último,
no fim do homem e do mundo, há mistério e eu creio nele. (...) O que há em mim, meu Deus?
Loucura? Quem sabe lá? (...) Que dizer da loucura? Mergulhado no meio de quase duas
dezenas de loucos, não se tem absolutamente uma impressão geral dela.
(Lima Barreto. Diário do hospício)

Texto II
E essa mudança não começa, não se sente quando começa e quase nunca acaba. Com o seu
padrinho, como fora? A princípio, aquele requerimento... mas que era aquilo? Um capricho,
uma fantasia, coisa sem importância, uma ideia de velho sem consequência. Depois, aquele
ofício? Não tinha importância, uma simples distração, coisa que acontece a cada passo... E
enfim? A loucura declarada, a torva e irônica loucura que nos tira a nossa alma e põe uma
outra, que nos rebaixa...
(Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma)
13. Assinale a alternativa correta:
A. Sem a experiência pessoal de Lima Barreto sobre a loucura, o autor não teria
elementos suficientes para compor sua personagem nem para refletir sobre o
tema.
B. Em ambos os textos, os narradores creem que o universo e o homem estão
sujeitos a uma ordem suprassensível, misteriosa, que impede a demarcação exata
da lucidez e da loucura.
C. Seguindo padrões estabelecidos, a personagem Quaresma pauta-se por uma
conduta racional e objetiva, comportamento esse positivista, que a leva à loucura.
D. Ainda que não saiba definir a loucura, Lima Barreto faz uma exaltação dela, por
meio de sua vida e da personagem Quaresma.

14. O enredo da obra Clara dos Anjos, de Lima Barreto, retoma uma das constantes da
ficção que predomina entre o período da implantação do naturalismo e do modernismo,
que é a questão
A. do preconceito racial e social, vivenciado pelos negros e mestiços.
B. da solidão, retratando-a por meio de romances conflituosos e reprimidos.
C. da desilusão amorosa, reafirmando a triste realidade daqueles que não
“enxergavam” a diferença de classes.
D. da especulação metafísica a respeito da natureza do homem.
E. da injustiça contra os oprimidos, revelando o jogo de mentira e poder a que as
pessoas estão sujeitas.

[...] Na mansão de Jeca a parede dos fundos bojou para fora um ventre empanzinado,
ameaçando ruir; os barrotes, cortados pela umidade, oscilam na podriqueira do baldrame. A fim
de neutralizar o desaprumo e prevenir suas consequências, ele grudou na parede uma Nossa
Senhora enquadrada em moldurinha amarela - santo de mascate.
— "Por que não remenda essa parede, homem de Deus?"
— "Ela não tem coragem de cair. Não vê a escora?" [...]
Um pedaço de pau dispensaria o milagre; mas entre pendurar o santo e tomar da foice, subir
ao morro, cortar a madeira, atorá-la, baldeá-la e especar a parede, o sacerdote da Grande Lei
do Menor Esforço não vacila. É coerente.
Um terreirinho descalvado rodeia a casa. O mato o beira. Nem árvores frutíferas, nem horta,
nem flores - nada revelador de permanência.
Há mil razões para isso; porque não é sua a terra; porque se o "tocarem" não ficará nada que a
outrem aproveite; porque para frutas há o mato; porque a "criação" come; porque...
— "Mas, criatura, com um vedozinho por ali... A madeira está à mão, o cipó é tanto... "
Jeca, interpelado, olha para o morro coberto de moirões, olha para o terreiro nu, coça a cabeça
e cuspilha.
— "Não paga a pena." [...]
Monteiro Lobato., “Urupês”

Glossário:
Urupês: espécie de fungo parasitário que ataca a parte interna do caule das plantas, comprometendo a saúde e o
desenvolvimento do vegetal
Bojou: aumentou em forma de bolsa
Empanzinado: empanturrado, crescido
Barrotes: pedaços de madeira para sustentar forros, telhados
Podriqueira: indecência
Baldrame: viga horizontal que serve de alicerce
Especar: sustentar, escorar
Descalvado: árido, sem vegetação
Moirões: pedaços de madeira

15. O título do conto, “Urupês”, indica a analogia que Lobato estabelece entre a vida
parasitária de um tipo de fungo e a do caipira. Essa analogia ressalta a concepção de
que a população rural paulista
A. é inferior e não se interessa pelo trabalho.
B. rejeita a promoção de desenvolvimento rural.
C. é desprovida de energia para lutar por melhorias de vida.
D. vive à custa dos proprietários de terras.

16. Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou
a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita
se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras
críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura
brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas
A. buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando
as cores, a originalidade e os temas nacionais.
B. defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma
irrestrita, afetando a criação artística nacional.
C. representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo
como finalidade a prática educativa.
D. mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma
liberdade artística ligada à tradição acadêmica.
E. buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas
abordados.

Psicologia de um vencido

Eu, filho do carbono e do amoníaco,


Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênesis da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.

Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.

Já o verme — este operário das ruínas —


Que o sangue podre das carnificinas
Come, e à vida em geral declara guerra,

Anda a espreitar meus olhos para roê-los,


E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
Augusto dos Anjos

17. A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição
designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática
presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como
A. a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário
requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no
Modernismo.
B. o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas
como “Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”.
C. a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e
amoníaco”, “epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão
naturalista do homem.
D. a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do
Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o
desconcerto existencial.
E. a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo
filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos
modernistas.

Analise a imagem da tela Abaporu, pintada por Tarsila do Amaral em 1928.

18. Sobre a tela, pode-se afirmar que:


A. a escolha das cores e do título está em consonância com o esforço das
vanguardas da época em explorar a singularidade da cultura nacional.
B. a desproporção entre a cabeça e os membros do personagem é uma forma de
valorizar o trabalho braçal nas recém-criadas fábricas paulistanas.
C. a imprecisão das bordas e dos limites das figuras representadas explicita o vínculo
da representação com o impressionismo.
D. a nudez do personagem e a aridez da paisagem revelam a disposição das
vanguardas da época de denunciar o problema da seca e da miséria no país.
E. a predominância de linhas curvas e o compromisso com a representação realista
foram influências diretas do surrealismo.

Descobrimento
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.

Não vê que me lembrei que lá no norte, meu Deus! Muito


longe de mim,
Na escuridão ativa da noite que caiu,
Um homem pálido, magro de cabelos escorrendo nos olhos
Depois de fazer uma pele com a borracha do dia,
Faz pouco se deitou, está dormindo.
Esse homem é brasileiro que nem eu…
Mário de Andrade

19. O poema Descobrimento, de Mário de Andrade, marca a postura nacionalista


manifestada pelos escritores modernistas. Recuperando o fato histórico do
“descobrimento”, a construção poética problematiza a representação nacional a fim de
A. resgatar o passado indígena brasileiro.
B. criticar a colonização portuguesa no Brasil.
C. defender a diversidade social e cultural brasileira.
D. promover a integração das diferentes regiões do país.
E. valorizar a Região Norte, pouco conhecida pelos brasileiros.

Leia as seguintes afirmações a respeito da estrutura narrativa de Macunaíma, de Mário de


Andrade:
I. O autor modernista reúne, ludicamente, nessa obra de ficção, um farto material
representativo da cultura nacional, como o folclore, os mitos, a religiosidade, a
linguagem, unindo a realidade à fantasia e trazendo à tona questões sobre a identidade
cultural brasileira.
II. O narrador, em Macunaíma, apresenta ironicamente o perfil do “herói da nossa gente”,
utilizando-se de uma colagem de lendas indígenas, contadas de formas variadas,
unindo diferentes estilos narrativos.
III. Mário de Andrade faz dessa obra uma epopeia dos feitos do herói Macunaíma, em
estilo ufanista e idealizador do personagem, dando ênfase ao caráter nacionalista
proposto na primeira fase do Modernismo brasileiro.

20. Assinale a alternativa CORRETA:


A. Apenas a afirmativa I é verdadeira.
B. Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras.
C. Apenas a afirmativa II é verdadeira.
D. Apenas a afirmativa III é verdadeira.
E. Apenas as afirmativas I e III são verdadeiras.

Senhor Feudal
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.
Oswald de Andrade

21. O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas
cantigas de amor, a ideia de poder retoma o conceito de
A. fé religiosa.
B. relação de vassalagem.
C. idealização do amor.
D. saudade de um ente distante.
E. igualdade entre as pessoas.

Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade

22. Sobre o poema de Oswald de Andrade, julgue as seguintes proposições:


I. O poema de Oswald de Andrade volta-se contra o preconceito linguístico e nos
chama a atenção para a necessidade de uma espécie de ética linguística pautada
na diferença entre as línguas, nesse caso em uma única língua.
II. O poema critica a maneira de falar do povo brasileiro, sobretudo das classes
incultas que desconhecem o nível formal da língua.
III. Para ele, os falantes que dizem “mio”, “mió”, “pió”, “teia”, “teiado”, de certa forma,
constroem um “telhado”, ou seja, criam novas formas de pronúncia que se
sobressaem, em muitos casos, à norma culta.
IV. A palavra “vício”, encontrada no título do poema, denota certo preconceito
linguístico do autor, que julga a norma culta superior ao coloquialismo presente na
fala das pessoas menos esclarecidas.

A. Todas estão corretas.


B. I e III estão corretas.
C. I, III e IV estão corretas.
D. II e III estão corretas.

Hípica
Saltos records
Cavalos da penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá
Na sala de cocktails
Oswald de Andrade

23. No poema acima, Oswald de Andrade


A. absorve os elementos da estética barroca, ao justapor, de forma fragmentada,
imagens antitéticas e paradoxais, enfocando num mesmo ambiente tanto pessoas
como animais.
B. dando continuidade à estética parnasiana, descreve de forma acadêmica e formal
cenas de sua convivência com burgueses paulistas num clube hípico elitizado.
C. descreve cenas de lazer da alta burguesia, incorporando tanto a estética
fragmentada do cubismo, como os elementos imagéticos do cinema.
D. numa linguagem imagética e cinematográfica, denuncia em seus versos sintéticos
a vida social dos magnatas paulistas nos elegantes clubes hípicos.

Não sei dançar


Uns tomam éter, outros cocaína.
Eu já tomei tristeza, hoje tomo alegria.
Tenho todos os motivos menos um de ser triste.
Mas o cálculo das probabilidades é uma pilhéria...
Abaixo Amiel!
E nunca lerei o diário de Maria Bashkirtseff.

Sim, já perdi pai, mãe, irmãos.


Perdi a saúde também.
É por isso que sinto como ninguém o ritmo do jazz-band.

Uns tomam éter, outros cocaína.


Eu tomo alegria!
Eis aí por que vim assistir a este baile de terça-feira gorda.(...)
Manuel Bandeira

24. Sobre os versos transcritos, assinale a alternativa INCORRETA:


A. A melancolia do eu lírico é apenas aparente: interiormente ele se identifica com a
atmosfera festiva do carnaval, como se percebe no tom exclamativo de "Eu tomo
alegria!".
B. A perda dos familiares e da saúde são aspectos autobiográficos do autor presentes
no texto.
C. A alegria do carnaval é meio de evasão para eu lírico, que procura alienar-se de
seu sofrimento.
D. O último verso transcrito associa-se ao título do poema, pois o eu lírico não
participa, de fato, do baile de carnaval.
E. O eu lírico revela, em tom bem-humorado e descompromissado, ser uma pessoa
exageradamente sensível.

Trem de Ferro

Café com pão


Café com pão
Café com pão
Virge Maria que foi isso maquinista?

Agora sim
Café com pão
Agora sim

Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)

Oô…

Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!

Oô…
(café com pão é muito bom)
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá

Oô…

Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede

Oô…
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri

Oô…

[…]

Manuel Bandeira

25. Sobre o poema, assinale a única alternativa INCORRETA:


A. a composição baseia-se em brincadeira popular, procedimento frequente na poesia
de Manuel Bandeira.
B. O poema é construído a partir do ponto de vista de um observador que vê passar
um trem de ferro.
C. O ritmo primordialmente binário do poema e a ocorrência de repetições recriam o
funcionamento da locomotiva.
D. O uso intencional dos aspectos fônicos confere expressividade ao poema e reforça
o sentido de seu título.

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