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2. De acordo com a leitura do texto, que aborda a arte surrealista, por ocasião de seus 90
anos, o principal propósito dessa vanguarda está descrito em
A. O surrealismo, partindo da atitude artística iconoclasta, valoriza a fronteira psíquica
espontânea de um mundo que rejeita a razão.
B. A estética surrealista rejeita qualquer outro conceito estético, ainda que represente
a mesma proposta ideológica de atitude antirracionalista.
C. Esse movimento artístico e literário, que revela a obsessão pela estética baseada
no sonho e na loucura, traduz os valores e a racionalidade da burguesia.
D. A produção surrealista constrói-se a partir de uma crítica severa ao dadaísmo,
considerado formalista e construtivista, diante da realidade que representa.
E. Essa última e grande manifestação da arte moderna, assim como o cubismo,
apresenta métodos de desconstrução de objetos e discursos, resultando na
fragmentação da realidade e, consequentemente, no irracionalismo.
Texto I
Como todas as revoluções das vanguardas históricas, o Futurismo traduz logo nos seus
primeiros textos o grito de ruptura de uma classe que não deseja mais pactuar com a
estabilidade do sistema. Mas o grito de ruptura é dado com os elementos e valores típicos do
mesmo grupo contestado. Os elementos “perigo”, “velocidade”, “energia”, “audácia”, “revolta”,
“bofetada”, “soco” – inicialmente propostos com a finalidade de traduzir o vitalismo antiburguês
do Futurismo – serão os mesmos, desenvolvidos, que levarão o movimento a concluir no
fascismo.
(Sílvio Castro. Teoria e política do modernismo brasileiro. Petrópolis: Vozes, 1979. p. 34 e 35)
5. A imagem expressa
A. a crise dos velhos valores e padrões e busca de um olhar crítico sobre objetos de
consumo.
B. o fascínio pelo advento das novas tecnologias e exaltação ao progresso industrial
capitalista.
C. o desencanto com a Guerra e busca de explicações religiosas para o mundo
contemporâneo.
D. o apego ao passado e tentativa de resgatar funções específicas dos objetos.
E. a sacralização e a funcionalidade da arte, próprias da Belle Époque europeia.
O falecimento de uma criança é um dia de festa. Ressoam as violas na cabana dos pobres
pais, jubilosos entre as lágrimas; referve o samba turbulento; vibram nos ares, fortes, as coplas
dos desafios, enquanto, a uma banda, entre duas velas de carnaúba, coroado de flores, o
anjinho exposto espelha, no último sorriso paralisado, a felicidade suprema da volta para os
céus, para a felicidade eterna — que é a preocupação dominadora daquelas almas ingênuas e
primitivas.
CUNHA, Euclides da. Os sertões: campanha de Canudos.
“Na Bruzundanga, como no Brasil, todos os representantes do povo, desde o vereador até o
Presidente da República, eram eleitos por sufrágio universal, e, lá, como aqui, de há muito que
os políticos práticos tinham conseguido quase totalmente eliminar do aparelho eleitoral esse
elemento perturbador – o voto”.
Lima Barreto, “Os bruzundangas”
12. Este fragmento de “O Triste Fim de Policarpo Quaresma” ilustra uma das
características mais marcantes do Pré-Modernismo que é o
A. desejo de compreender a complexa realidade nacional.
B. nacionalismo ufanista e exagerado, herdado do Romantismo.
C. resgate de padrões estéticos e metafísicos do Simbolismo.
D. nacionalismo utópico e exagerado, herdado do Parnasianismo.
E. subjetivismo poético, tão bem representado pelo protagonista.
Texto I
Estou no hospício ou, melhor, em várias dependências dele, desde o dia 25 do mês passado.
(...) Eu sou dado ao maravilhoso, ao fantástico, ao hipersensível; nunca, por mais que
quisesse, pude ter uma concepção mecânica, rígida do Universo e de nós mesmos. No último,
no fim do homem e do mundo, há mistério e eu creio nele. (...) O que há em mim, meu Deus?
Loucura? Quem sabe lá? (...) Que dizer da loucura? Mergulhado no meio de quase duas
dezenas de loucos, não se tem absolutamente uma impressão geral dela.
(Lima Barreto. Diário do hospício)
Texto II
E essa mudança não começa, não se sente quando começa e quase nunca acaba. Com o seu
padrinho, como fora? A princípio, aquele requerimento... mas que era aquilo? Um capricho,
uma fantasia, coisa sem importância, uma ideia de velho sem consequência. Depois, aquele
ofício? Não tinha importância, uma simples distração, coisa que acontece a cada passo... E
enfim? A loucura declarada, a torva e irônica loucura que nos tira a nossa alma e põe uma
outra, que nos rebaixa...
(Lima Barreto. Triste fim de Policarpo Quaresma)
13. Assinale a alternativa correta:
A. Sem a experiência pessoal de Lima Barreto sobre a loucura, o autor não teria
elementos suficientes para compor sua personagem nem para refletir sobre o
tema.
B. Em ambos os textos, os narradores creem que o universo e o homem estão
sujeitos a uma ordem suprassensível, misteriosa, que impede a demarcação exata
da lucidez e da loucura.
C. Seguindo padrões estabelecidos, a personagem Quaresma pauta-se por uma
conduta racional e objetiva, comportamento esse positivista, que a leva à loucura.
D. Ainda que não saiba definir a loucura, Lima Barreto faz uma exaltação dela, por
meio de sua vida e da personagem Quaresma.
14. O enredo da obra Clara dos Anjos, de Lima Barreto, retoma uma das constantes da
ficção que predomina entre o período da implantação do naturalismo e do modernismo,
que é a questão
A. do preconceito racial e social, vivenciado pelos negros e mestiços.
B. da solidão, retratando-a por meio de romances conflituosos e reprimidos.
C. da desilusão amorosa, reafirmando a triste realidade daqueles que não
“enxergavam” a diferença de classes.
D. da especulação metafísica a respeito da natureza do homem.
E. da injustiça contra os oprimidos, revelando o jogo de mentira e poder a que as
pessoas estão sujeitas.
[...] Na mansão de Jeca a parede dos fundos bojou para fora um ventre empanzinado,
ameaçando ruir; os barrotes, cortados pela umidade, oscilam na podriqueira do baldrame. A fim
de neutralizar o desaprumo e prevenir suas consequências, ele grudou na parede uma Nossa
Senhora enquadrada em moldurinha amarela - santo de mascate.
— "Por que não remenda essa parede, homem de Deus?"
— "Ela não tem coragem de cair. Não vê a escora?" [...]
Um pedaço de pau dispensaria o milagre; mas entre pendurar o santo e tomar da foice, subir
ao morro, cortar a madeira, atorá-la, baldeá-la e especar a parede, o sacerdote da Grande Lei
do Menor Esforço não vacila. É coerente.
Um terreirinho descalvado rodeia a casa. O mato o beira. Nem árvores frutíferas, nem horta,
nem flores - nada revelador de permanência.
Há mil razões para isso; porque não é sua a terra; porque se o "tocarem" não ficará nada que a
outrem aproveite; porque para frutas há o mato; porque a "criação" come; porque...
— "Mas, criatura, com um vedozinho por ali... A madeira está à mão, o cipó é tanto... "
Jeca, interpelado, olha para o morro coberto de moirões, olha para o terreiro nu, coça a cabeça
e cuspilha.
— "Não paga a pena." [...]
Monteiro Lobato., “Urupês”
Glossário:
Urupês: espécie de fungo parasitário que ataca a parte interna do caule das plantas, comprometendo a saúde e o
desenvolvimento do vegetal
Bojou: aumentou em forma de bolsa
Empanzinado: empanturrado, crescido
Barrotes: pedaços de madeira para sustentar forros, telhados
Podriqueira: indecência
Baldrame: viga horizontal que serve de alicerce
Especar: sustentar, escorar
Descalvado: árido, sem vegetação
Moirões: pedaços de madeira
15. O título do conto, “Urupês”, indica a analogia que Lobato estabelece entre a vida
parasitária de um tipo de fungo e a do caipira. Essa analogia ressalta a concepção de
que a população rural paulista
A. é inferior e não se interessa pelo trabalho.
B. rejeita a promoção de desenvolvimento rural.
C. é desprovida de energia para lutar por melhorias de vida.
D. vive à custa dos proprietários de terras.
16. Após estudar na Europa, Anita Malfatti retornou ao Brasil com uma mostra que abalou
a cultura nacional do início do século XX. Elogiada por seus mestres na Europa, Anita
se considerava pronta para mostrar seu trabalho no Brasil, mas enfrentou as duras
críticas de Monteiro Lobato. Com a intenção de criar uma arte que valorizasse a cultura
brasileira, Anita Malfatti e outros artistas modernistas
A. buscaram libertar a arte brasileira das normas acadêmicas europeias, valorizando
as cores, a originalidade e os temas nacionais.
B. defenderam a liberdade limitada de uso da cor, até então utilizada de forma
irrestrita, afetando a criação artística nacional.
C. representaram a ideia de que a arte deveria copiar fielmente a natureza, tendo
como finalidade a prática educativa.
D. mantiveram de forma fiel a realidade nas figuras retratadas, defendendo uma
liberdade artística ligada à tradição acadêmica.
E. buscaram a liberdade na composição de suas figuras, respeitando limites de temas
abordados.
Psicologia de um vencido
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância…
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
17. A poesia de Augusto dos Anjos revela aspectos de uma literatura de transição
designada como pré-modernista. Com relação à poética e à abordagem temática
presentes no soneto, identificam-se marcas dessa literatura de transição, como
A. a forma do soneto, os versos metrificados, a presença de rimas e o vocabulário
requintado, além do ceticismo, que antecipam conceitos estéticos vigentes no
Modernismo.
B. o empenho do eu lírico pelo resgate da poesia simbolista, manifesta em metáforas
como “Monstro de escuridão e rutilância” e “influência má dos signos do zodíaco”.
C. a seleção lexical emprestada ao cientificismo, como se lê em “carbono e
amoníaco”, “epigênesis da infância” e “frialdade inorgânica”, que restitui a visão
naturalista do homem.
D. a manutenção de elementos formais vinculados à estética do Parnasianismo e do
Simbolismo, dimensionada pela inovação na expressividade poética, e o
desconcerto existencial.
E. a ênfase no processo de construção de uma poesia descritiva e ao mesmo tempo
filosófica, que incorpora valores morais e científicos mais tarde renovados pelos
modernistas.
Descobrimento
Abancado à escrivaninha em São Paulo
Na minha casa da rua Lopes Chaves
De sopetão senti um friúme por dentro.
Fiquei trêmulo, muito comovido
Com o livro palerma olhando pra mim.
Senhor Feudal
Se Pedro Segundo
Vier aqui
Com história
Eu boto ele na cadeia.
Oswald de Andrade
21. O título do poema de Oswald remete o leitor à Idade Média. Nele, assim como nas
cantigas de amor, a ideia de poder retoma o conceito de
A. fé religiosa.
B. relação de vassalagem.
C. idealização do amor.
D. saudade de um ente distante.
E. igualdade entre as pessoas.
Vício na fala
Para dizerem milho dizem mio
Para melhor dizem mió
Para pior pió
Para telha dizem teia
Para telhado dizem teiado
E vão fazendo telhados.
Oswald de Andrade
Hípica
Saltos records
Cavalos da penha
Correm jóqueis de Higienópolis
Os magnatas
As meninas
E a orquestra toca
Chá
Na sala de cocktails
Oswald de Andrade
Trem de Ferro
Agora sim
Café com pão
Agora sim
Voa, fumaça
Corre, cerca
Ai seu foguista
Bota fogo
Na fornalha
Que eu preciso
Muita força
Muita força
Muita força
(trem de ferro, trem de ferro)
Oô…
Foge, bicho
Foge, povo
Passa ponte
Passa poste
Passa pasto
Passa boi
Passa boiada
Passa galho
Da ingazeira
Debruçada
No riacho
Que vontade
De cantar!
Oô…
(café com pão é muito bom)
Quando me prendero
No canaviá
Cada pé de cana
Era um oficiá
Oô…
Menina bonita
Do vestido verde
Me dá tua boca
Pra matar minha sede
Oô…
Vou mimbora vou mimbora
Não gosto daqui
Nasci no sertão
Sou de Ouricuri
Oô…
[…]
Manuel Bandeira