Você está na página 1de 199

Manual de Curso de Licenciatura em

Ensino de Desenho - 3o ano

História de Artes 3

D0272
24 Unidades
Universidade Católica de Moçambique

Centro de Ensino a Distância


História de Artes 3 ii

Direitos de autor

Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino à


Distância (CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução
deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por quaisquer meios
(electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou outros) sem permissão expressa da entidade
editora (Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento
desta advertência é passível a processos judiciais.

Docente: dr. Lázaro Felizardo Matola


Colaborador do Curso de Desenho na Univesidade Católica de
Moçambique
Centro de Ensino à Distância

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância
82-5018440
23-311718
82-4382930
Moçambique
Fax:
E-mail: eddistsofala@teledata.mz
Website: www. ucm.mz
História de Artes 3 iii

Agradecimentos
Agradeço a colaboração dos seguintes
indivíduos e instituições na elaboração
deste Módulo:

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino à Distância.
Pelo meu envolvimento nas equipas do
CED como Colaborador, na área de
Ensino de Desenho.

Aos Colaboradores do Curso de


Desenho.
Pela sua intervenção na análise e
Avaliação dos conteúdos!

Elaborado Por: dr. Lázaro Felizardo Matola


Licenciado em Ensino de Desenho pela Universidade Pedagógica Sede – Maputo
História de Artes 3 iv

Índice
Bem-vindo a História de Arte 3 ........................................................................................................ 8
Objectivos da Cadeira ...................................................................................................................... 8
Quem deve estudar este módulo .................................................................................................... 8
Como está estruturado este módulo ............................................................................................... 9
Ícones de actividade .......................................................................................................................10
Habilidades de estudo ....................................................................................................................10
Precisa de apoio? ...........................................................................................................................11
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................................12
Avaliação ........................................................................................................................................13
Unidade I ........................................................................................................................................ 14

Introdução a Arte Africana ..............................................................................................................14


Sumário ...........................................................................................................................................18
Exercícios .......................................................................................................................................19
Unidade II ....................................................................................................................................... 20

História da Arte Africana .................................................................................................................20


Sumário ...........................................................................................................................................24
Exercícios .......................................................................................................................................25
Unidade III ...................................................................................................................................... 26

Escultura, Arquitectura e pintura Africana......................................................................................26


Sumário ...........................................................................................................................................31
Exercícios .......................................................................................................................................32
Unidade IV ...................................................................................................................................... 33

Arte Africana por povo ....................................................................................................................33


Sumário ...........................................................................................................................................43
Exercícios .......................................................................................................................................45
Unidade V ....................................................................................................................................... 46

Arte do Gabão .................................................................................................................................46


Sumário ...........................................................................................................................................48
Exercícios .......................................................................................................................................49
Unidade VI ...................................................................................................................................... 50

Arte do Congo Central ou Equatorial .............................................................................................50


Sumário ...........................................................................................................................................51
História de Artes 3 v

Exercícios .......................................................................................................................................51
Unidade VII ..................................................................................................................................... 52

Arte da Costa do Marfim .................................................................................................................52


Sumário ...........................................................................................................................................59
Exercícios .......................................................................................................................................60
Unidade VIII .................................................................................................................................... 61

Arte da da Serra Leoa .....................................................................................................................61


Sumário ...........................................................................................................................................66
Exercícios .......................................................................................................................................67
Unidade IX ...................................................................................................................................... 68

Arte na Republica Democratica do Congo .....................................................................................68


Sumário ...........................................................................................................................................70
Exercícios .......................................................................................................................................70
Unidade X ....................................................................................................................................... 71

Arte Nok (Nigéria) ...........................................................................................................................71


Sumário ...........................................................................................................................................75
Exercícios .......................................................................................................................................76
Unidade XI ...................................................................................................................................... 77

Arte Ifé (Nigéria) ..............................................................................................................................77


Sumário ...........................................................................................................................................80
Exercícios .......................................................................................................................................80
Unidade XII ..................................................................................................................................... 81

Arte Yoruba (Nigéria) ......................................................................................................................81


Sumário ...........................................................................................................................................84
Exercícios .......................................................................................................................................85
Unidade XIII .................................................................................................................................... 86

Arte do Benin ...................................................................................................................................86


Sumário ...........................................................................................................................................91
Exercícios .......................................................................................................................................92
Unidade XIV ................................................................................................................................... 93

Arte tradicional do povo Axanti –Gana (os tecidos Kente) ............................................................93


Sumário ...........................................................................................................................................96
Exercícios .......................................................................................................................................97
Unidade XV .................................................................................................................................... 98
História de Artes 3 vi

Arte Contemprânea do Gana..........................................................................................................98


Sumário .........................................................................................................................................101
Exercícios .....................................................................................................................................102
Unidade XVI ................................................................................................................................. 103

Arte da Tanzânia ...........................................................................................................................103


Sumário .........................................................................................................................................112
Exercícios .....................................................................................................................................113
Unidade XVII ................................................................................................................................ 114

Arte da Etiópia ...............................................................................................................................114


Sumário .........................................................................................................................................117
Exercícios .....................................................................................................................................118
Unidade XVIII ............................................................................................................................... 119

Arte da Núbia (arte do povo Meroé) .............................................................................................119


Sumário .........................................................................................................................................128
Exercícios .....................................................................................................................................129
Arte da Núbia (Século IV a XI) .....................................................................................................130
Sumário .........................................................................................................................................140
Exercícios .....................................................................................................................................141
Unidade XX .................................................................................................................................. 142

Arte do Povo Ndebele (África do sul) ...........................................................................................142


Sumário .........................................................................................................................................147
Exercícios .....................................................................................................................................148
Unidade XXI ................................................................................................................................. 149

Arte do Grande Zimbabwe ............................................................................................................149


Sumário .........................................................................................................................................152
Exercícios .....................................................................................................................................152
Unidade XXII ................................................................................................................................ 153

Arte Moçambicana ........................................................................................................................153


Sumário .........................................................................................................................................156
Exercícios .....................................................................................................................................157
Unidade XXIII ............................................................................................................................... 158

Arte Moçambicana (pintura, escultura e arquitectura) .................................................................158


Sumário .........................................................................................................................................184
Exercícios .....................................................................................................................................185
Unidade XXIV ............................................................................................................................... 186
História de Artes 3 vii

Arte Moçambicana – Escultura e Arquitectura monumental .......................................................186


Exercícios .....................................................................................................................................198
Referências bibliográficas ...........................................................................................................199
História de Artes 3 8

Visão Geral
Bem-vindo a História de Arte 3
Este módulo serve como base do suportes do curso de Desenho,
o qual retrata especificamente conteúdos de História de
Artes 3, os mesmos poderão dar-lhe um uma visão geral e
detalhada e compreender as varias expressões artísticas
existentes em Africa e Moçambique em particular.

Objectivos da Cadeira

Gerais
 Conhecer as principais manifestações artistas existentes
em Africa assim como as suas características.

Especificos
 Identificar as características gerais da arte África;
 Identificar as principais manifestações artísticas existentes
no continente africano;
 Caracterizar em linhas gerais as principais formas de
manifestação artísticas em África;
 Reconhecer as regiões africanas apartir das suas obras
de arte.

Quem deve estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que
queiram ser professores da disciplina de Desenho, que estão a
frequentar o curso de Licenciatura em Ensino de Desenho, do
Centro de Ensino a Distância na UCM. Estende-se a todos que
queiram consolidar os seus conhecimentos sobre o estudo das
artes existentes no continente africano.
História de Artes 3 9

Como está estruturado este módulo


Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade
Católica de Moçambique - Centro de Ensino a Distância
encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o
estudo. Recomendamos vivamente que leia esta secção com
atenção antes de começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade
incluindo actividades de aprendizagem, um sumário da unidade e
uma ou mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos


uma lista de recursos adicionais para você explorar. Estes
recursos podem incluir livros, artigos ou sites na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de


cada unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais
para desenvolver as tarefas, assim como instruções para as
completar. Estes elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer


comentários sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os
seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar
este curso / módulo.
História de Artes 3 10

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma
mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos,
conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante
de África Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar
melhores resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina
no estudo. Isto é, os bons resultados apenas se conseguem com
estratégias eficazes e por isso é importante saber como estudar.
Apresentamos algumas sugestões para que possa maximizar o tempo
dedicado aos estudos:

Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o


ambiente de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de
manhã/de tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo
melhor com música/num sítio sossegado/num sítio barulhento?
Preciso de um intervalo de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de
duas em duas horas/sem interrupção?

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido


estudado durante um determinado período de tempo; Deve
estudar cada ponto da matéria em profundidade e passar só ao
seguinte quando achar que já domina bem o anterior. É preferível
saber bem algumas partes da matéria do que saber pouco sobre
muitas partes.

Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das


avaliações, porque, devido à falta de tempo e consequentes
História de Artes 3 11

ansiedade e insegurança, começa a ter-se dificuldades de


concentração e de memorização para organizar toda a informação
estudada. Para isso torna-se necessário que: Organize na sua
agenda um horário onde define a que horas e que matérias deve
estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta, deve
decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo
será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será


uma necessidade para o estudo das diversas matérias que
compõem o curso: A colocação de notas nas margens pode
ajudar a estruturar a matéria de modo que seja mais fácil
identificar as partes que está a estudar e Pode escrever
conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus
relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é
imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma
primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito
cujo significado desconhece.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra
situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida
(falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos,
contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a
situação e se estiver próximo do tutor, contacte-o pessoalmente.

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai


o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o
tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso


de problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser
contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do curso
e se o problema for de natureza geral. Contacte a direcção do
CED, pelo número 825018440.
História de Artes 3 12

Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas


normais de expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro


estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do
CED, neste período pode apresentar duvidas, tratar questões
administrativas, entre outras.
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta,
busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-se
mutuamente, reflictam sobre estratégias de superação, mas
produza de forma independente o seu próprio saber e
desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)


O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues
antes do período presencial. Para cada tarefa serão estabelecidos
prazos de entrega, e o não cumprimento dos prazos de entrega,
implica a não classificação do estudante.

Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor/docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,


contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8


(oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A
honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos
autorias devem marcar a realização dos trabalhos.
História de Artes 3 13

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso)
e o período presencial (20%). A avaliação do estudante é
regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo
individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de
frequência da cadeira.
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões
presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos
40% da média de frequência, determinam a nota final com a qual o
estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar 3 (três) trabalhos e 1


(exame).
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão
utilizados como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de
cientificidade, a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a identificação das referências utilizadas, o
respeito pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.

Consulte-os.
História de Artes 3 14

Unidade I
Introdução a Arte Africana
.

Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conceituar a arte africana;


 Caracterizar a arte Africana;
 Identificar os elementos os motivos temáticos preferidos pelos
Africanos;
 Conhecer os materiais mais explorados pelos artistas africanos.

Arte africana

Arte africana é um termo normalmente


usado para designar a arte feita na
África Subsaariana. Muitas vezes, os
observadores casuais tendem a
generalizar a arte Africana "tradicional",
mas o continente está cheio de
pessoas, sociedades e civilizações,
cada uma com uma cultura visual
única. A definição também pode incluir
a arte das diásporas africanas, tais
como a arte de afro-americanos.
Apesar desta diversidade, há alguns
temas artísticos unificadores quando Figura 1- Máscara do seculo XVI,
Nigeria, Edo, Corte de Benin,
se considera a totalidade da cultura marfim

visual do continente africano.

O termo Arte Africana geralmente não inclui a arte das áreas do Norte
de África ao longo da costa do Mediterrâneo, uma vez que tais áreas
tinham sido parte de diferentes tradições. Por mais de um milênio, as
História de Artes 3 15

artes de tais áreas faziam parte da arte islâmica, embora com muitas
características particulares. A Arte da Etiópia, com uma longa tradição
cristã, também é diferente do da maioria da África, onde a religião
Africana tradicional (com o Islã no norte) foi dominante até há
relativamente pouco tempo.

Historicamente a escultura Africana foi sempre feita em madeira e outros


materiais naturais que não sobreviveram ao longo dos séculos atrás;
figuras de cerâmica mais antigas podem ser encontradas a partir de uma
série de áreas. As máscaras são elementos importantes na arte de
muitos povos, junto com figuras humanas, muitas vezes altamente
estilizadas. Existe uma vasta variedade de estilos, com frequência
variável dentro do mesmo contexto de origem dependendo da utilização
do objeto, mas de largas tendências regionais são evidentes; as
esculturas são mais comuns entre os "grupos de cultivadores que se
instalaram nas áreas drenadas pelos rios Níger e Congo" na África
Ocidental imagens diretas de divindades são relativamente pouco
frequentes, mas as máscaras em particular, são ou foram feitos
frequentemente para cerimônias religiosas.; hoje muitas são feitos para
turistas como "arte aeroporto". As Máscaras africanas foram uma
influência sobre a arte modernista europeia, que foi inspirada por sua
falta de preocupação com a representação naturalista. Desde o final do
século XIX, tem havido um aumento da quantidade de arte Africana em
coleções ocidentais, as melhores peças de que estão agora são bem
visíveis.

Mais tarde culturas africanas do Ocidente desenvolveram o bronze nos


relevos, como os famosos bronzes de Benin, para decorar palácios e
para as cabeças reais altamente naturalistas de todo a cidade Yoruba
de Ife, em terracota, bem como metal, a partir dos séculos XII a XIV.
História de Artes 3 16

Os elementos temáticos

A criatividade artística ou individualismo expressivo: Na arte


Africana Ocidental, em particular, há uma ênfase generalizada no
individualismo expressivo ao mesmo tempo em que está sendo
influenciada pelo trabalho dos antecessores. Um exemplo seria Dan
arte, bem como a sua presença na diáspora Africano Ocidental.

A ênfase na figura humana: A figura humana sempre foi o assunto


principal para a maioria de arte Africana, e essa ênfase ainda influencia
certas tradições europeias. Por exemplo, no século XV, Portugal
negociou com a cultura Sapi perto da Costa de Marfim na África
Ocidental, que criou elaborados saleiros de marfim que eram híbridos de
designs africanos e europeus, principalmente na adição da figura
humana (a figura humana normalmente não aparece em saleiros
portugueses). A figura humana pode simbolizar os vivos ou mortos, pode
fazer referência a chefes, dançarinos ou vários comércios, tais como os
bateristas ou caçadores, ou até mesmo pode ser uma representação
antropomórfica de um deus ou ter outra função votiva. Outro tema
comum é a inter-morphosis de humano e animal.

Abstração Visuais: as obras e arte Africanas tendem a favorecer


abstração visual sobre representação naturalista. Isso ocorre porque
muitas obras de arte africanas generalizam normas estilísticas. A arte
egípcia antiga, também geralmente pensada naturalmente, faz uso de
cânones visuais altamente abstraídos e regimentais, especialmente na
pintura, assim como a utilização de diferentes cores para representar a
qualidades e características de um indivíduo que está sendo retratado.

Ênfase na escultura: Os artistas Africanos tendem a favorecer obras de


arte tridimensionais sobre obras bidimensionais. Mesmo muitos quadros
africanos ou obras de pano foram feitos para ser experimentado de
forma tridimensional. Pinturas da casa são muitas vezes vistos como um
projeto contínuo envolvida em torno de uma casa, forçando o espectador
a andar em torno do trabalho de experimentá-la totalmente; enquanto
panos decorados são usados como vestimentas decorativos ou
História de Artes 3 17

cerimoniais, transformando o usuário em uma escultura viva. Distinta da


forma estática de escultura tradicional Ocidental Africana exposições de
arte de animação, uma prontidão para mover-se.

Ênfase na arte da performance: Uma extensão do utilitarismo e


tridimensionalidade da arte tradicional Africano é o fato de que muito do
que é trabalhado é para uso em contextos de desempenho, em vez de
os estáticos. Por exemplo, máscaras e trajes africanos tradicionais
muitas vezes são usados em contextos comuns, cerimoniais, onde eles
estão "dançando". A maioria das sociedades da África têm nomes para
as suas máscaras, mas esse único nome incorpora não só a escultura,
mas também os significados da máscara, a dança associada a ele, e os
espíritos que residem dentro. No pensamento Africano, os três não
podem ser diferenciados.

Escalonamento não linear: Muitas vezes uma pequena parte de um


projeto Africano será semelhante a uma parte maior, como os diamantes
em diferentes escalas no padrão de Kasai à direita. Louis Senghor,
primeiro presidente do Senegal, que se refere a isso como "simetria
dinâmica". William Fagg, o historiador de arte britânico, comparou-o com
o mapeamento logarítmico de crescimento natural pelo biólogo D'Arcy
Thompson. Mais recentemente, tem sido descrita em termos de
geometria fractal.

Materiais

A Arte africana assume muitas formas e é feita de diversos materiais.


Joalheria é uma forma de arte popular e é usada para indicar posição, a
filiação com um grupo, ou puramente por estética. As joias Africanas
são feitas de diversos materiais como a pedra do olho do tigre, hematita,
sisal, casca de coco, contas e madeira de ébano. As Esculturas podem
ser de madeira, cerâmica ou esculpida em pedra, como as famosas
esculturas de Shona, e decorados ou cerâmica esculpidas vem de
muitas regiões. Várias formas de têxteis são feitas incluindo chitenge,
História de Artes 3 18

pano da lama kente. Mosaico de asas de borboleta ou areia colorida são


populares na África ocidental.

Sumário
Arte africana é um termo normalmente usado para designar a arte feita
na África Subsaariana.

O termo Arte Africana geralmente não inclui a arte das áreas do Norte
de África ao longo da costa do Mediterrâneo, uma vez que tais áreas
tinham sido parte de diferentes tradições. Por mais de um milênio, as
artes de tais áreas faziam parte da arte islâmica, embora com muitas
características particulares.

Historicamente a escultura Africana foi sempre feita em madeira e outros


materiais naturais que não sobreviveram ao longo dos séculos atrás;
figuras de cerâmica mais antigas podem ser encontradas a partir de uma
série de áreas. As máscaras são elementos importantes na arte de
muitos povos, junto com figuras humanas, muitas vezes altamente
estilizadas. Existe uma vasta variedade de estilos, com frequência
variável dentro do mesmo contexto de origem dependendo da utilização
do objeto, mas de largas tendências regionais são evidentes; as
esculturas são mais comuns entre os "grupos de cultivadores que se
instalaram nas áreas drenadas pelos rios Níger e Congo" na África
Ocidental imagens diretas de divindades são relativamente pouco
frequentes, mas as máscaras em particular, são ou foram feitos
frequentemente para cerimônias religiosas.; hoje muitas são feitos para
turistas como "arte aeroporto".

Os elementos temáticos mais preferidos pelos artistas africanos têm a


ver com a criatividade artística ou individualismo expressivo; a ênfase na
figura humana; abstrações Visuais; ênfase na escultura; ênfase na arte
da performance; escalonamento não linear.

Quantos aos materiais a arte africana assume muitas formas e é feita de


diversos materiais. Joalheria é uma forma de arte popular e é usada para
História de Artes 3 19

indicar posição, a filiação com um grupo, ou puramente por estética. As


joias Africanas são feitas de diversos materiais como a pedra do olho do
tigre, hematita, sisal, casca de coco, contas e madeira de ébano. As
Esculturas podem ser de madeira, cerâmica ou esculpida em pedra,
como as famosas esculturas de Shona, e decorados ou cerâmica
esculpidas vem de muitas regiões. Várias formas de têxteis são feitas
incluindo chitenge, pano da lama kente. Mosaico de asas de borboleta
ou areia colorida são populares na África ocidental.

Exercícios

1 - Define arte Africana.

2 - Quais as formas de expressao artistica que podemos encotrar no


continente negro africano.

3 – Quais são os motivos temáticos mais explorados pelos artistas


Africanos.

4 – Em relação aos materiais, diga qual é a preferencias dos


artistas africanos para conceberem as suas obras artísticas.
História de Artes 3 20

Unidade II
História da Arte Africana
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer as origens da arte africana;


 Conhecer as influencias que a arte africana teve sobre o Ocidente;
 Caracterizar a arte tradicional e contemporânea Africana.
 Identificar os principais artistas que se evidenciaram na arte
africana.

História

As origens da arte Africana jazem muito antes da história registrada. A


Arte rupestre africana no Saara no Níger preserva esculturas de 6000
anos de idade. Junto com a África subsaariana, as artes culturais
ocidentais, pinturas antigas egípcias e artefatos e artesanatos indígenas
do sul também contribuiu muito para a arte Africana. Muitas vezes
retratando a abundância da natureza circundante, a arte era muitas
vezes interpretações abstratas de animais, plantas ou desenhos naturais
e formas. O reino da Nubia de Kush no Sudão moderno estava em
contato próximo e muitas vezes hostil com o Egito, e produziu a escultura
monumental principalmente derivado de estilos que nos levam para o
norte. Na África Ocidental, as primeiras esculturas conhecidas são da
cultura Nok que prosperou entre 500 aC e 500 dC, na Nigéria moderna,
com figuras de barro tipicamente com corpos alongados e formas
angulares.

Os métodos mais complexos de produção de arte foram desenvolvidos


em África subsaariana em torno do século X, alguns dos avanços mais
notáveis incluem o trabalho de bronze de Igbo Ukwu e as terracotas e
metalúrgicas de Ile Ife Bronze e fundição de latão, muitas vezes
ornamentados com marfim e pedras preciosas , tornou-se de grande
prestígio em grande parte da África Ocidental, por vezes, limitado ao
História de Artes 3 21

trabalho dos artesãos judiciais e identificado com a realeza, como


acontece com os bronzes de Benin.

Influência na arte ocidental

Os ocidentais há muito incompreendem a arte Africano como "primitiva".


O termo carrega consigo conotações negativas do subdesenvolvimento
e da pobreza. Colonização e o tráfico de escravos na África durante o
século XIX configuraram uma compreensão ocidental que dependia da
crença de que na arte Africana faltava capacidade técnica, devido ao
seu baixo nível socioeconômico.

No início do século XX, artistas como Picasso, Matisse, Vincent van


Gogh, Paul Gauguin e Modigliani tornaram-se ciente, e inspirados por,
arte Africana. Em uma situação em que o estabelecido avant garde
estava lutando contra as restrições impostas servindo ao mundo das
aparências, a arte Africana demonstrou o poder de formas
extremamente bem organizadas; produzindo não só por responder à
faculdade da visão, mas também, e principalmente, muitas vezes, a
faculdade da imaginação, emoção e experiência mística e religiosa.
Estes artistas viram na Arte Africana uma perfeição formal e sofisticação
unificado com poder expressivo fenomenal. O estudo e resposta a arte
Africana, por artistas no início do século XX facilitou uma explosão de
interesse na abstração, organização e reorganização das formas, e a
exploração de áreas emocionais e psicológicos até então invisíveis na
arte ocidental. Por estes meios, o estado da arte visual foi mudado. A
Arte deixou de ser apenas e principalmente estético, mas tornou-se
também um meio válido para o discurso filosófico e intelectual, e,
portanto, mais verdadeira e profundamente estético do que nunca.
História de Artes 3 22

A arte tradicional

A arte tradicional descreve as formas mais populares e os mais


estudados da arte Africana, que são normalmente encontrados em
coleções de museus.

As máscaras de madeira, que podem ser tanto de origem humana,


animal ou criaturas míticas, são uma das formas mais comumente
encontrados da arte em África ocidental. Em seus contextos originais,
as máscaras cerimoniais são usadas para celebrações, iniciações, a
colheita das culturas, e preparação para a guerra. As máscaras são
usadas por um dançarino escolhido ou iniciados. Durante a cerimônia
de máscara o dançarino entra em transe profundo, e durante esse
estado de espírito que ele "se comunica" com seus antepassados. As
máscaras podem ser usadas de três maneiras diferentes: cobrir
verticalmente a face: como capacetes, envolvendo toda a cabeça, e
como crista, descansando sobre a cabeça, que foi geralmente coberta
por materiais como parte do disfarce. As Máscaras africanas
representam muitas vezes um espírito e fortemente acreditava-se que o
espírito dos antepassados possui o utente. A maioria das máscaras
africanas são feitas com madeira, e pode ser decorado com: Marfim,
pêlos, fibras de plantas (como a ráfia), pigmentos (como caulim), pedras
e pedras semi-preciosas também estão incluídos nas máscaras.

Estátuas, geralmente de madeira ou marfim, muitas vezes são


incrustados com búzios, pregos de metal e pregos. Roupas decorativas
também são comum e são compostos por uma outra grande parte da
arte Africana. Entre o mais complexo de tecidos africanos é o colorido,
tecidos à tira Kente pano de Gana. Corajosamente modelado, mudcloth
é outra técnica bem conhecida.
História de Artes 3 23

Arte Africana contemporânea

África é o lar de uma próspera arte contemporânea fine art cultura. Isso
tem sido, infelizmente, pouco estudado até recentemente, devido a
“estudiosos e colecionadores de arte” que dão ênfase na arte tradicional.
Artistas modernos notáveis incluem El Anatsui, Marlene Dumas, William
Kentridge, Karel Nel, Kendell Geers, Yinka Shonibare, Zerihun
Yetmgeta, Odhiambo Siangla, Elias Jengo, Olu Oguibe, Lubaina HIMid,
e Bili Bidjocka, Henry Tayali. As bienais de Arte são realizadas em
Dakar, Senegal, e Joanesburgo, África do Sul. Muitos artistas africanos
contemporâneos são representados em coleções de museus, e sua arte
pode vender por preços elevados em leilões de arte. Apesar disso,
muitos artistas africanos contemporâneos tendem a ter momentos
difíceis encontrar um mercado para o seu trabalho. Muitas artes
africanas contemporâneas emprestado pesadamente de antecessores
tradicionais. Ironicamente, essa ênfase na abstração é visto pelos
ocidentais como uma imitação de artistas europeus e americanos
cubistas e totêmicos, como Pablo Picasso, Amedeo Modigliani e Henri
Matisse, que, no início do século XX, foram fortemente influenciados
pela arte tradicional Africana. Este período foi fundamental para a
evolução do modernismo ocidental em artes visuais, simbolizada pela
descoberta de Picasso na pintura "Les Demoiselles d'Avignon."

A arte Africana contemporânea foi iniciada na década de 1950 e 1960


na África do Sul por artistas como Irma Stern, Cyril Fradan, Walter
Battiss e através de galerias como a Galeria Goodman, em
Joanesburgo. Mais recentemente galerias europeias, como a Galeria de
Outubro em Londres e colecionadores, como Jean Pigozzi, Artur Walther
e Gianni Baiocchi em Roma têm ajudado a expandir o interesse no
assunto. Inúmeras exposições no Museu de Arte Africano em Nova York
e no Pavilhão Africano na Bienal de Veneza de 2007, que apresentou a
coleção de Sindika Dokolo Africano de Arte Contemporânea, ter ido um
longo caminho para combater muitos dos mitos e preconceitos que
assombram a arte Africana Contemporânea.
História de Artes 3 24

Uma vasta gama de formas tradicionais mais-ou-menos de arte, ou


adaptações do estilo tradicional ao gosto contemporâneo são feitas para
a venda aos turistas e outros, incluindo os chamados "arte aeroporto".
Uma série de tradições populares vigorosas assimilar influências
ocidentais em estilos africanos, como os caixões fantasia elaborados em
formas, tais como aviões, carros ou animais em cidades da África
Ocidental, e as bandeiras de clubes.

Sumário

As origens da arte Africana jazem muito antes da história registrada. A


Arte rupestre africana no Saara no Níger preserva esculturas de 6000
anos de idade. Junto com a África subsaariana, as artes culturais
ocidentais, pinturas antigas egípcias e artefatos e artesanatos indígenas
do sul também contribuiu muito para a arte Africana. Muitas vezes
retratando a abundância da natureza circundante, a arte era muitas
vezes interpretações abstratas de animais, plantas ou desenhos naturais
e formas.

Os métodos mais complexos de produção de arte foram desenvolvidos


em África subsaariana em torno do século X, alguns dos avanços mais
notáveis incluem o trabalho de bronze de Igbo Ukwu e as terracotas e
metalúrgicas de Ile Ife Bronze e fundição de latão.

Os ocidentais há muito incompreendem a arte Africano como


"primitiva". O termo carrega consigo conotações negativas do
subdesenvolvimento e da pobreza.
No início do século XX, artistas como Picasso, Matisse, Vincent van
Gogh, Paul Gauguin e Modigliani tornaram-se ciente, e inspirados por,
arte Africana.
A arte tradicional descreve as formas mais populares e os mais
estudados da arte Africana, que são normalmente encontrados em
coleções de museus.
História de Artes 3 25

As máscaras de madeira, que podem ser tanto de origem humana,


animal ou criaturas míticas, são uma das formas mais comumente
encontrados da arte em África ocidental.

Estátuas, geralmente de madeira ou marfim, muitas vezes são


incrustados com búzios, pregos de metal e pregos. Roupas decorativas
também são comum e são compostos por uma outra grande parte da
arte Africana. Entre o mais complexo de tecidos africanos é o colorido,
tecidos à tira Kente pano de Gana.

A arte contemporânea africana foi fundamental para a evolução do


modernismo ocidental em artes visuais, simbolizada pela descoberta de
Picasso na pintura "Les Demoiselles d'Avignon."

A arte Africana contemporânea foi iniciada na década de 1950 e 1960


na África do Sul por artistas como Irma Stern, Cyril Fradan, Walter
Battiss e através de galerias como a Galeria Goodman, em
Joanesburgo.

Exercícios

1 - Fale das origens da arte Africana.

2 - onde foram desenvolvidos os métodos mais complexos da


produção artística africana?

3 - Quais são os trabalhos artísticos inclusos nessa produção


artística?

4 - A arte africana influenciou a maneira de estar e de fazer a arte


ocidental.

a) Diga quais os artistas do ocidente que mais se inspiraram no


estilo africano?

5 - Diga quais os nomes de artistas africanos que mais se


evidenciaram na arte contemporânea.
História de Artes 3 26

Unidade III
Escultura, Arquitectura e pintura Africana
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Caracterizar as manifestações da Escultura Africana;


 Caracterizar as manifestações da arquitectura Africana;
 Caracterizar as manifestações da Pintura Africana.

Escultura

As esculturas, na arte africana, tiveram uma


função semelhante à das máscaras. Apesar
disso, encontraram-se também amostras de uma
arte representativa, como alguns retratos
intencionalmente naturalistas de reis e membros
das cortes de certas nações, nas quais ocorreu
uma organização mais parecida com a das
monarquias ocidentais. As sociedades de religião
animista realizavam um tipo de escultura cuja
função era substituir os membros falecidos da
família.

Figura 2- Escultura
As figuras de culto com fins mágicos, que a Africana

exemplo dos relicários abrigavam uma


História de Artes 3 27

diversidade de objetos, eram uma espécie de Assemblages


especialmente realizadas por bruxos, seguindo uma fórmula específica.
Os povos politeístas, como os yorubas e os binis, modelaram peças de
grande valor, em marfim, ouro e bronze, de um desenho singular, muitas
delas encomendadas pelas cortes européias. Quanto à técnica, os
africanos utilizaram o processo da cera perdida um século antes dos
europeus.
As obras de arte mais comuns obtidas por esse processo eram bustos e
cabeças, como as do tesouro do rei de Benim, saqueado no século XIX
pelas tropas inglesas. Foi dessa forma que chegou até a Europa grande
parte das esculturas de marfim, ferro e bronze. As figuras eram de um
naturalismo surpreendente, e nelas podiam ser vistos muitos dos
costumes rituais desses povos. No entanto, quando não eram
figurativas, apresentavam então traços estilísticos muito diferentes, que
refletiam a liberdade criativa de seus artistas.

No que se refere à ourivesaria, um dos povos que melhor trabalharam


nessa área foram os aschantis, já que o ouro abundava em suas terras.
Esse povo produzia peças de um preciosismo e uma delicadeza
surpreendentes na técnica da filigrana. A eles seguem-se os nativos da
Costa do Marfim. Estes, além de peças religiosas, produziram obras com
fins decorativos, entre elas máscaras muito naturalistas de personagens
legendários, que eram utilizadas numa cerimônia de caráter muito
parecido com uma representação teatral.

Arquitetura

A arquitetura africana teve um caráter utilitário, em vez de comunitário,


e salvo raras exceções nunca foi empregada, como no resto das
civilizações, como representação de poder. Comum a todos os povos foi
a utilização de materiais pertencentes à sua região geográfica e o uso
intencional e comedido dos materiais em equilíbrio com o meio
ambiente. Independentemente de sua hierarquia, todos possuíam o
História de Artes 3 28

mesmo tipo de casa, não como expressão de igualdade, mas de


pertinência ao mesmo grupo.

Os materiais utilizados variavam, então, segundo a região, mas


normalmente eram semelhantes: desde o barro até fibras secas tecidas,
ou uma combinação de vários. De modo geral, o povoado se protegia
com uma muralha de barro, que rodeava e marcava os limites da aldeia.
A exceção a esse tipo de arquitetura rudimentar são os povos de Gana
e Mali, no sudoeste, que construíram palácios de plantas variadas e o
reino de Lalibela, a leste, onde, a partir do século XIII, foram escavados
edifícios e templos nas rochas das montanhas.

Figura 3: Serengeti Serena Safari Lodge – Fusão enre da arquitectura


tradicional africana

Pintura africana

A arte africana representa os usos e costumes das tribos africanas. O


objeto de arte é funcional e expressam muita sensibilidade. Nas pinturas,
assim como nas esculturas, a presença da figura humana identifica a
preocupação com os valores étnicos, morais e religiosos. Visitando os
História de Artes 3 29

museus da Europa Ocidental é possível conhecer o maior acervo da arte


antiga africana no mundo.

O século XX é marcado por pinturas


abstracionistas e naturalistas.
Abstracionistas por representar os
sentimentos e emoções de uma
forma não tão clara a princípio, e
naturalistas pelo fato de animais e
elementos da natureza serem
primordiais na confecção dessa
arte. A crença politeísta, faz com
que diversas histórias relacionadas Figura 4 - Walter Whall Battiss,
aos mitos, sejam também, contadas
através das pinturas. Esther Mahalangu (1935) é a principal
representante dessa característica artística.

A pintura na África, assim como em


diversas localidades do mundo, se
deu por influência de outros países.
Retratar momentos do cotidiano
com a utilização de cores fortes são
umas das principais características
da pintura africana, que se dá por
meio da pintura em tela, corporal e
também, pintura mural.
Figura 5 - Angu Walters, Happy Family
História de Artes 3 30

As pinturas se caracterizam pelo seu


abstracionismo, com base em símbolos
e sinais. Tons amarelos, vermelhos e
verdes predominam nas pinturas deste
tipo, correlacionando às formas
geométricas aplicadas principalmente,
nas paredes em cerâmicas. Vale
lembrar, que tanto esse tipo de pintura,
como as outras, são feitas Figura 6 - Gerard Sekoto (1913-

manualmente. 1993 South Africa) – Mathari (the


young women)

As pinturas corporais,
juntamente com
acessórios naturais,
como flores ou trevos,
tornam este tipo de
pintura, uma arte
tipicamente africana.
Figura 7 - Pinturas corporais Africanas
As cores para tal meio,
são extraídas de pedras, plantas, barros e frutos. Se sobressai em tribos,
como Surma e Mursi, localizadas na parte leste do continente. Na
maioria das vezes, as pinturas corporais são realizadas em alguns
rituais, que por ventura são mais comuns nas tribos existentes no
continente africano.
Não tão diferente das pinturas em telas, as pinturas murais são
caracterizadas, a princípio, por seus desenhos geométricos e cores
fortes, bem como, os outros tipos de pintura. Porém, o grande
diferencial, está no fato de ser vista como uma prática ancestral,
passada de mães para filhas, pois nesse caso, a mulher é responsável
por esse tipo de atividade, bem comum entre as tribos do continente.
Com tanta diversidade a respeito das pinturas na África, é comum estar
relacionada as pinturas dos continentes americanos e europeus, visto
que, foi através de movimentos artísticos no continente africano, que se
História de Artes 3 31

originaram outros diferentes movimentos, como o Cubismo, a princípio


na Europa.

Sumário

As esculturas, na arte africana, tiveram uma função semelhante à das


máscaras. As sociedades de religião animista realizavam um tipo de
escultura cuja função era substituir os membros falecidos da família.
Os povos politeístas, como os yorubas e os binis, modelaram peças de
grande valor, em marfim, ouro e bronze, de um desenho singular, muitas
delas encomendadas pelas cortes européias. Quanto à técnica, os
africanos utilizaram o processo da cera perdida um século antes dos
europeus.
As obras de arte mais comuns obtidas por esse processo eram bustos e
cabeças, como as do tesouro do rei de Benim, saqueado no século XIX
pelas tropas inglesas.

As figuras eram de um naturalismo surpreendente, e nelas podiam ser


vistos muitos dos costumes rituais desses povos.

No entanto, quando não eram figurativas, apresentavam então traços


estilísticos muito diferentes, que refletiam a liberdade criativa de seus
artistas.

A arquitetura africana teve um caráter utilitário, em vez de comunitário,


e salvo raras exceções nunca foi empregada, como no resto das
civilizações, como representação de poder. Comum a todos os povos foi
a utilização de materiais pertencentes à sua região geográfica e o uso
intencional e comedido dos materiais em equilíbrio com o meio
ambiente.

O século XX é marcado por pinturas abstracionistas e naturalistas.


Abstracionistas por representar os sentimentos e emoções de uma
forma não tão clara a princípio, e naturalistas pelo fato de animais e
História de Artes 3 32

elementos da natureza serem primordiais na confecção dessa arte. A


crença politeísta, faz com que diversas histórias relacionadas aos mitos,
sejam também, contadas através das pinturas.

Exercícios
1 – Caracterize as esculturas africanas.

a) Qual era a função das esculturas Africanas.


b) Quais os materiais mais comuns na produção da estatuaria
africana.
c) Quais os temas mais abordados na escultura africana.

2 – Quais são as características da arquitectura Africana.

a) Qual são os materiais mais usados na arquitectura africana.

3 – Caracterize a pintura africana.

a) Quais os temas preferidos pelos artistas africanos.


b) Quais os materiais mais explorados nesta expressão artística.
História de Artes 3 33

Unidade IV
Arte Africana por povo
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Identificar os estilos artísticos do povo deMali;


 Caracterizar os estilos artiscos do povo Bambara;
 Caracterizar a arte da cultura Dogon;
 Entender o significado das máscaras na cultura do Mali.

Mali

Os grupos étnicos primários no Mali são o Bambara (também conhecido


como Bamana) e o Dogon. Outros grupos étnicos menores são os
Marka, e os pescadores Bozo do rio Níger. As civilizações antigas
floresceram em áreas como Djene e Timbuktu, onde uma grande
variedade de figuras antigas em bronze e terracota foram desenterrados.

Bambara

"Os bambara ou bamana pertencem ao grupo mandê, que formam a


base da população da atual República do Mali. É também, entre as
sociedades do grupo mandê, a que mais resistiu ao Islão: bambara, "os
infiéis", assim os nomeiam ainda seus vizinhos muçulmanos. Seu habitat
vai do curso superior do Senegal ao do Níger; do norte ao sul, vai do
Sahel à Costa do Marfim. (...) "Os Bambara aparecem na história no
século XVII. (...) "Os bambara passaram por momentos políticos
diversos até que em 1854 o conquistador truculento El Hadj Omar tenta
impor-lhes o Islão. Eles resistem, mas tarde demais: somente a
intervenção de tropas francesas d'Archinard livraram Segu e seus
habitantes bambara do jugo d'Ahmadou, filho de El Hadj Omar.

(...) "Homens da enxada e do milho, agricultores mais do que guerreiros,


os bambara conservam estruturas tradicionais vivas. A verdadeira célula
História de Artes 3 34

social é aqui a grande família indivisível, agrupando um conjunto de


misturas das quais os chefes reconhecem um ancestral comum. Todos
os chefes de família obedecem a um chefe de aldeia, a quem se atribui
o cuidado de fazer a justiça e de dar as ordens no que concerne as festas
religiosas e as iniciações: descendente e representante do fundador da
aldeia, esse chefe é o único que pode renovar o gesto de seu
antepassado e entrar em contato com os gênios do solo, assegurar seu
culto e a exploração das terras
em torno dessa tradição e modo de vida que giram muitos dos temas
das artes plásticos dos Bambara.

Suas associações iniciáticas transmitem ensinamentos sobre a


cosmogonia e a mitologia que impregnam tanto a religiosidade quanto
as regras sociais e que, por etapas, promovem a construção do indivíduo
na sociedade. Iniciação e práticas de culto permanecem secretas para
mulheres e crianças dos Bambara, mas os ritos dão lugar a festas
públicas, com auxílio de máscaras e estátuas.

Máscaras

Existem três grandes e um tipo menor de mascara Bambara. O primeiro


tipo, utilizado pela sociedade N'tomo, tem uma estrutura típica comb-like

Figura 8 - Mascara Bambara da sociedade N’tomo e Komo a direita


História de Artes 3 35

acima do rosto, é usado durante as danças e pode ser coberto com


búzios. O segundo tipo de máscara, associado à sociedade Komo, tem
uma cabeça esférica com dois chifres de antílope na parte superior e
uma boca alargada, achatado. Eles são usados durante as danças, mas
alguns têm uma pátina espessa incrustado adquiridas em outras
cerimônias em que libações são derramadas sobre eles.

O terceiro tipo tem conexões com a


sociedade Nama e é esculpido em
forma de cabeça de um pássaro
articulada, enquanto o quarto, tipo
menor, representa uma cabeça de
animal estilizado e é usado pela
sociedade Kore. Outras máscaras
bambara são conhecidas, mas ao
contrário dos descritos acima, eles Figura 9 - Dois Bambara Chiwara. final

não podem ser ligados a dos séculos XIX início do século XX, Art
Institute of Chicago. Feminino (esquerda)
sociedades ou cerimônias
e estilos verticais masculinos
específicas.

Escultores Bambara
estabeleceram uma reputação
para os cocares zoomórficos
usados por membros da
sociedade tji-Wara. Apesar de
serem todos diferentes, todos
eles exibem um corpo altamente
Figura 10 - Máscara Babmara
abstrato, muitas vezes
incorporando um motivo zig-zag, o que representa o curso do sol, de
leste a oeste, e uma cabeça com dois grandes chifres. Bambara
membros da sociedade tji-Wara vestiam o cocar enquanto dançava em
História de Artes 3 36

seus campos na época de plantio, na esperança de aumentar a


produtividade da cultura.

Figura 11 - Outros Figura 13 - Outros estilo


estilo da mascara Figura 12 - Outro estilo da mascara Bambara
Bambara da mascara Bambara

Estatuetas

Estatuetas Bambara são usados


principalmente durante as cerimônias
anuais da sociedade Guan. Durante as
cerimônias, um grupo de até sete
números, medindo 80-130 cm de altura,
são removidos de seus santuários pelos
membros mais velhos da sociedade.

As esculturas são lavadas, re-lubrificada e


os sacrifícios são oferecidos a eles em
seus santuários. Estes números - alguns Figura 14 - Estatuária Bambara:
dos quais datam entre os séculos XIV e Figura feminina Sentada

XVI - normalmente mostram um penteado


com crista típico, muitas vezes adornado com um talismã.
História de Artes 3 37

Duas destas figuras foram


atribuídas grande significado: a
figura sentada ou em pé
maternidade chamado
Guandousou - conhecido no
Ocidente como "Bambara Queen '-
e uma figura masculina chamado
Guantigui, que geralmente aparece
segurando uma faca. As duas
figuras foram cercados por
Guannyeni números de
atendimento em pé ou sentado em
Figura 15 - Estatuaria Bamabara:
várias posições, segurando um
Guandousou
vaso ou um instrumento musical,
ou seus seios. Durante os anos 1970, numerosos falsificações de
Bamako, que foram baseados nessas esculturas entraram no mercado.
Eles foram produzidos em Bamako.

Outras figuras Bambara, chamados Dyonyeni,


são pensados para ser associado tanto a
sociedade Dyo sul ou a sociedade Kwore. Estas
figuras femininas ou hermafroditas geralmente
aparecem com características geométricas, como
grandes seios cônicos e medir entre 40 e 85 cm
de altura. Os membros ferreiro da sociedade Dyo
usam durante as danças para comemorar o fim de
suas cerimônias de iniciação. Eles foram
manipulados, realizada por bailarinos e colocada
no meio do círculo cerimonial.

Entre o corpus de figuras Bambara, as esculturas


Figura 16 - Estatueta
Boh são, talvez, as mais conhecidas. Estas femenina Dyonyeni.
Cultura Bambara (Mali)
estátuas representam um animal altamente
século XVIII e XIX
estilizado ou figura humana, e são feitas de
madeira que é repetidamente coberto de espessas camadas de terra
História de Artes 3 38

impregnados com materiais de sacrifício como milho, frango ou sangue


de cabra, nozes de cola e bebidas alcoólicas. Eles eram empregados da
Kono e as sociedades Komo e serviu como recipientes para as forças
espirituais, e por sua vez poderiam ser usados para fins apotropaicos.

Cada traço criativo especial uma pessoa obtida foi vista como uma forma
diferente para agradar os espíritos mais elevados.

Figura 17 - Escultura Figura 18 - Estatueta Figura 19 - Escultura em


em madeira da tribo Bambara madeira da tribo Bambara,
Bambara, Mali - Mali - Representação do rei
Representação da
rainha amamentando

Dogon

Arte Dogon é a principal escultura. A arte Dogon gira em torno de valores


religiosos, ideais e liberdades. As esculturas Dogon não são feitas para
ser visto publicamente, e são comumente escondidos dos olhos do
público dentro das casas das famílias, santuários, ou mantidos com o
Hogon. A importância do sigilo é devido ao significado simbólico por trás
das peças e o processo pelo qual eles são feitos.
História de Artes 3 39

Figura 20 - Escultura em Figura 21 - Escultura


Dogon – O cavaleiro de Figura 22 -
bronze da tribo Dogon Escultura Dogon
Mali
– incensário

Os temas encontrados em toda escultura Dogon consistem em figuras


com os braços levantados, figuras barbudas sobrepostas, cavaleiros,
fezes com cariátides, mulheres com crianças, figuras cobrindo seus
rostos, mulheres de moagem de milheto, mulheres que carregam vasos
em suas cabeças, burros que carregam copos, músicos, cães,
bebedouros ou bancos quadrúpedes em forma, figuras que dobram a
cintura, imagens espelhadas, figuras de avental, e de pé figuras. Sinais
de outros contatos e origens são evidentes na arte Dogon. O povo
Dogon não foram os primeiros habitantes das falésias de Bandiagara.
Influência da arte Tellem é evidente na arte Dogon por causa de seus
designs retilíneos.
História de Artes 3 40

Figura 23 - Figura 24 - Figura 25 - Figura 26 -


Estatuária Dogon Estatuária Dogon Estatuária Dogon Estatuária

Arte Dogon é extremamente versátil, embora características estilísticas


comuns - como uma tendência para a estilização - são evidentes nas
estátuas. Sua arte lida com os mitos cujo conjunto complexo regula a
vida do indivíduo. As esculturas são preservadas em inúmeros sítios de
altares de adoração, pessoal ou familiar, altares para a chuva, altares
para proteger os caçadores, para mercado. Como uma caracterização
geral de estátuas de Dogon, pode-se dizer que eles rendem o corpo
humano de uma forma simplificada, reduzindo-o ao essencial. Alguns
são extremamente alongados com ênfase em formas geométricas. A
impressão subjetiva é um da imobilidade com um sentido misterioso de
uma gravidade solene e majestade serena, embora transmitindo ao
mesmo tempo um movimento latente. Escultura Dogon recria as
silhuetas hermafroditas do Tellem, com os braços levantados e uma
pátina espessa feita de sangue e milheto cerveja.

Os quatro casais Nommo, os antepassados míticos nascidos do deus


Amma, fezes ornamento, pilares ou casas de reunião dos homens,
fechaduras e portas de celeiro. O casal primordial é representado
sentado em um banquinho, a base do que representa a terra, enquanto
História de Artes 3 41

a superfície superior representa o céu; os dois estão interligados por


Nommo.

Figura 27 - Figura 28 - Estatua Figura 29 - Estatua


Estatueta de
Figura 30 -
Gogon:Casal Sentado de figura feminina Estatueta ajoelhada
figura feminina
sentada

As figuras femininas sentadas, suas mãos em seu abdômen, estão


ligados ao culto da fertilidade, encarnando o primeiro antepassado que
morreu no parto, e são objeto de oferendas de alimentos e sacrifícios
por parte das mulheres que estão esperando um filho. Ajoelhadas
estátuas dos espíritos protetores são colocados na cabeça do morto
para absorver sua força espiritual e para serem seus intermediários com
o mundo dos mortos, em que eles acompanham o falecido antes de mais
uma vez que está sendo colocada sobre os santuários dos
antepassados. Cavaleiros são resquícios de o fato de que, de acordo
com o mito, o cavalo foi o primeiro presente de animais na Terra.

O estilo de Dogon evoluiu para uma espécie de cubismo: cabeça ovóide,


ombros quadrados, extremidades afiladas, seios pontudos, antebraços
e coxas em um plano paralelo, penteados estilizados por três ou quatro
linhas de incisão. As esculturas Dogon servem como um meio físico no
início e como uma explicação do mundo. Eles servem para transmitir
História de Artes 3 42

uma compreensão para os iniciados, que


vai decifrar a estátua de acordo com o seu
nível de conhecimento.

Figuras de animais esculpidas, como cães


e avestruzes, são colocadas em altares
aldeia de fundação para comemorar
animais sacrificados, enquanto as portas
do celeiro, bancos e postos de casas
também são decoradas com figuras e
símbolos. Figura 31 - Porta Dogon
decorada

As mascaras Dogon

Há cerca de oitenta estilos de máscaras, mas a sua


característica básica é muita ousadia no uso de
formas geométricas, independentes de diversos
animais que deveriam representar. A estrutura de
um grande número de máscaras é baseado na
interacção de linhas e formas verticais e horizontais.
Outro grupo grande tem formas triangulares e
cônicas. Todas as máscaras têm olhos grandes e
características geométricas estilizadas.
Figura 32 - Máscara
As máscaras são frequentemente policromas, mas Dogon

em muitos a cor é perdida; após as cerimônias


foram deixados no chão e rapidamente se
deteriorou por causa de cupins e outras condições.
O Dogon continuar uma tradição antiga disfarçado,
que comemora a origem da morte. De acordo com
seus mitos, a morte entrou no mundo como
resultado das transgressões do homem primitivo
contra a ordem divina. Dama cerimônias memoriais
são realizadas para acompanhar os mortos para o
Figura 33 - Máscara
reino ancestral e restaurar a ordem no universo. O Dogon
História de Artes 3 43

desempenho dos mascarados - às vezes até 400 - para estas cerimónias


é considerado absolutamente necessário. No caso da dama, o timing,
tipos de máscaras envolvidas, e outros elementos rituais são muitas
vezes específicos para uma ou duas aldeias e pode não se assemelham
àquelas em locais apenas alguns quilômetros de distância. As máscaras
também aparecem durante os ritos Bundo-Baga realizados por
pequenos grupos de mascarados antes do enterro de um Dogon
masculino. Máscaras Dogon evocam a forma de animais associados
com a sua mitologia, mas o seu significado só é compreendido pelos
mais altos membros da seita de classificação, cujo papel é o de explicar
o significado de cada máscara para um público cativado.

Figura 34 - Outras variedades das máscaras Dogon (Mali)

Sumário

Os grupos étnicos primários no Mali são o Bambara (também conhecido


como Bamana) e o Dogon. Outros grupos étnicos menores são os
Marka, e os pescadores Bozo do rio Níger.
História de Artes 3 44

Os bambara ou bamana pertencem ao grupo mandê, que formam a base


da população da atual República do Mali. É também, entre as
sociedades do grupo mandê, a que mais resistiu ao Islão.

Suas associações iniciáticas transmitem ensinamentos sobre a


cosmogonia e a mitologia que impregnam tanto a religiosidade quanto
as regras sociais e que, por etapas, promovem a construção do indivíduo
na sociedade.

Existem três grandes e um tipo menor de mascara Bambara. O primeiro


tipo é utilizado pela sociedade N'tomo, o segundo tipo de máscara é
associado à sociedade Komo, O terceiro tipo tem conexões com a
sociedade Nama.

Escultores Bambara estabeleceram uma reputação para os cocares


zoomórficos usados por membros da sociedade tji-Wara. Apesar de
serem todos diferentes, todos eles exibem um corpo altamente abstrato,
muitas vezes incorporando um motivo zig-zag, o que representa o curso
do sol, de leste a oeste, e uma cabeça com dois grandes chifres.

Estatuetas Bambara são usados principalmente durante as cerimônias


anuais da sociedade Guan.

Arte Dogon é a principal escultura. A arte Dogon gira em torno de valores


religiosos, ideais e liberdades. As esculturas Dogon não são feitas para
ser visto publicamente, e são comumente escondidos dos olhos do
público dentro das casas das famílias.

Os temas encontrados em toda escultura Dogon consistem em figuras


com os braços levantados, figuras barbudas sobrepostas, cavaleiros,
fezes com cariátides, mulheres com crianças, figuras cobrindo seus
rostos, mulheres de moagem de milheto, mulheres que carregam vasos
em suas cabeças, burros que carregam copos, músicos, cães,
bebedouros ou bancos quadrúpedes em forma, figuras que dobram a
cintura, imagens espelhadas, figuras de avental, e de pé figuras.
História de Artes 3 45

Há cerca de oitenta estilos de máscaras, mas a sua característica básica


é muita ousadia no uso de formas geométricas, independentes de
diversos animais que deveriam representar.

Exercícios
1- Caracterize a arte do povo Bambara.
a) Quais são as principais formas de expressão artísticas
usadas pelo povo Bambara.
b) Quais são os estilos de mascaras produzidas pelo povo
bambara.
c) Qual era a função das mascaras.
d) Em relação as estatuetas bambaras diga para que
serviam.

2- A arte dogon expressa-se mais na escultura.


a) Diga porque as esculturas Dogon não podiam ser vistas
pelo publico.
b) Diga quais são os temas preferidos na estatuaria Dogon.
c) Quais são as características das máscaras Dogon.
História de Artes 3 46

Unidade V
Arte do Gabão
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Identificar os estilos artísticos do povo do Gabão;


 Caracterizar os estilos artiscos do povo Fang;
 Caracterizar as estatuetas e mascaras do povo Fang;

Gabão

O povo fang faz máscaras, cestaria e


esculturas. Arte Fang é caracterizada pela
clareza organizada, linhas e formas distintas.
Bieri, caixas para armazenar os restos de
ancestrais, são esculpidas com figuras de
protecção. As máscaras são usadas em
cerimônias e para a caça. Os rostos são
pintados de branco com características pretas.
Centros de arte Myene redor rituais Myene
para a morte. Antepassados femininos são
representados por máscaras pintadas de
Figura 35 - Máscara Fang
branco usados pelos parentes do sexo utilizada para a cerimônia
ngil, uma pesquisa
masculino. O Bekota usa latão e cobre para
inquisitorial para feiticeiros.
cobrir as suas esculturas. Eles usam cestos Madeira, Gabão, do século
XIX
para armazenar restos ancestrais. O turismo é
raro no Gabão, e ao contrário de outros países africanos, a arte não é
estimulado pelo comércio.
História de Artes 3 47

As figuras com expressões graves e


severas e o revestimento escurecido
pelo óleo de palma e pintado de branco
são os elementos das obras dos
Pangwe, habitantes do Gabão, região
central ou equatorial da África. Existem
muitas semelhanças entre estas duas
comunidades, com a diferença de que
os primeiros (Bakongo) conferem às
suas esculturas rostos imaginários
com significações simbólicas,
enquanto os Pangwe são realistas. Os
Bena-lulua, de origem baluba,
destacam-se pelo estilo individual e
expressivo. Suas esculturas exibem Figura 36 - Máscaras Fang

detalhes como: cabelos anelados, tatuagens, círculos concêntricos


(simbolizando o centro místico da vida) e umbigo proeminente.

Figura 37 - Figura 38 - Escultura Figura 39 - Escultura Fang com maos


Escultura Fang Fang com mãos Agachadas mantendo os canones
agachadas, africanos
mantendo o cânone
História de Artes 3 48

Figura 40 - Figura 41 - Figura 42 - Figura 43 - Escultura


Escultura Fang em Escultura Fang Escultura Fang Fang com mãos
Madeira oleosa agachadas

Sumário

O povo fang faz máscaras, cestaria e esculturas. A Arte Fang é


caracterizada pela clareza organizada, linhas e formas distintas.
As máscaras são usadas em cerimônias e para a caça, e os rostos são
pintados de branco com características pretas.
Os antepassados femininos são representados por máscaras pintadas
de branco usados pelos parentes do sexo masculino.
No Gabão o turismo é raro, e ao contrário de outros países africanos, a
arte neste país não é estimulado pelo comércio.

As figuras com expressões graves, severas e o revestimento escurecido


pelo óleo de palma e pintado de branco são os elementos das obras dos
Pangwe, habitantes do Gabão, região central ou equatorial da África.
Os Bena-lulua, de origem baluba, destacam-se pelo estilo individual e
expressivo. Suas esculturas exibem detalhes como: cabelos anelados,
tatuagens, círculos concêntricos (simbolizando o centro místico da vida)
e umbigo proeminente
História de Artes 3 49

Exercícios
1 – Faça uma localização geográfica do povo Fang.

2 – Quais as expressões artísticas são praticadas pelo povo


Fang.

3 – Caracterize as figuras feitas pelos Pangwe.

4 – Caracterize as esculturas dos Bena-lulua.


História de Artes 3 50

Unidade VI
Arte do Congo Central ou Equatorial
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Identificar os estilos artísticos do povo do Congo Cental;


 Caracterizar os estilos artiscos do povo Warega;
 Conhecer as técnicas utilizadas pelos Warega;

CONGO

Uma das maiores expressões do Congo, região central ou equatorial, é


a escultura dos Warega, cuja necessidade criativa tem o objetivo de
atender às exigências rituais da sociedade Bwamé. Os Warega utilizam
marfim e costumam revestir suas obras com uma substância marrom.

Com essa técnica, eles esculpem figuras humanas estilizadas com


ênfase em busto e cabeça. Caprichosos e preocupados com os
detalhes, o acabamento da escultura é perfeito. As mais requintadas são
as Kabila, assentos que repousam sobre duas cariótides ou taças
sustentadas por mulheres ajoelhadas, cuja expressão é dada aos
detalhes do rosto.
História de Artes 3 51

Figura 44 - Pingente do povo Figura 45 - LEGA Cabeça Figura 46 - Kongo , marfim


Hungaan da DR Congo Marfim , c. de Marfim, República Cetro Real , República
18 / século 19 Democrática do Congo Democrática do Congo ou
Angola, 19º-20º século .

Sumário
Uma das maiores expressões do Congo, região central ou equatorial, é
a escultura dos Warega, cuja necessidade criativa tem o objetivo de
atender às exigências rituais da sociedade Bwamé. Os Warega utilizam
marfim e costumam revestir suas obras com uma substância marrom.

Com essa técnica, eles esculpem figuras humanas estilizadas com


ênfase em busto e cabeça.

Exercícios
1 – Qual é a mior expressao artistica do Congo.

a) Quais são as característica dessa expressão.


b) Quais os materiais usados nessa expressão.
c) Que tipos de figuras são retratadas nessa expressão
artística.
História de Artes 3 52

Unidade VII
Arte da Costa do Marfim
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Identificar os estilos artísticos do povo da Costa do Marfim;


 Caracterizar os estilos artiscos da Costa do Marfim;
 Caracterizar a estatuaria do povo Marfinense.

Máscaras africanas da Costa do Marfim

As máscaras são uma forma de arte predominante na Costa do


Marfim. A variedade e complexidade das máscaras criadas pelos
povos da Costa do Marfim não é rivalizado por nenhum outro. As
máscaras têm várias finalidades. Os povos usam-nas para
representar animais em caricatura, para retratar divindades, ou para
representar as almas dos defuntos.Elas são consideradas sagradas,
como tal, só as pessoas especialmente treinadas e as famílias podem
usá-las ou possuí-las. O povo acredita que cada máscara tem uma
alma, ou força de vida, e que quando o rosto de uma pessoa entra
em contacto com o interior da máscara, a pessoa transforma-se na
entidade representada na máscara.

Os estilos das máscaras da costa ocidental da África, da Guiné e da


Libéria, chegaram à Costa do Marfim, através dos povos Dan e We.
Essas influências foram disseminadas através da Costa do Marfim
pelo povo Guro.
História de Artes 3 53

Máscara facial (Mblo), povo Baule,


madeira, pigmento, cânhamo séc.
XIX-XX. (As máscaras Mblo, em
geral usadas nas danças de
entretenimento, são a forma mais
antiga de arte Baule. Geralmente
são retratos de determinados
indivíduos)

Figura 47 - Máscara Mblo do povo


Baule

Máscara Kple Kple, povo Baule,


madeira e pigmentos. O povo Baule
assimilou várias formas de disfarce dos
seus vizinhos: uma máscara facial
naturalista, uma máscara de capacete
com chifres e uma máscara lisa
circular, chamada kple kple. Esta
última, uma máscara masculina da
categoria Júnior, é uma das várias
obras adaptadas, que era usada em
entretenimento de sociedade Goli ou
funerais. Ele personifica um espírito de
Figura 48 - Mascara Kple Kple do
natureza rebelde que é considerado
povo Baule
assustador e divertido. A face plana,
em forma de disco com anilhas nos olhos e boca rectangular é encimada
por ouvidos e grandes chifres de encurvamento. A coloração vermelha
e negro tem toques de branco, enquanto a máscara feminina
complementar seria pintada de preto.
História de Artes 3 54

Há mais de 60 grupos étnicos na Costa do Marfim. Tradicionalmente, os


grupos eram independentes uns dos outros, mas, ao longo do tempo, as
migrações internas e o casamento entre os grupos, reduziram dentro
das várias localidades, as tradições culturais e por sua vez, a identidade
de cada grupo. Cada um destes grupos, tem filiações étnicas com
grupos maiores que vivem fora das fronteiras do país. Assim, o povo
Baule, bem como outros povos que vivem a leste do Rio Bandama, são
afiliados com os Akan de Ghana. O grupo Guro, também chamado
Kweni, vive na região do Vale do Rio Bandama. Vieram originalmente
do norte e noroeste, impulsionados pelas invasões Mande, na segunda
metade do século XVIII. Os povos da floresta a oeste do Bandama, estão
ligados com os povos Kru da Libéria. No interior do grupo Kru, existem
subdivisões em pequenos grupos espalhados por grandes áreas de
floresta. Os grupos Senufo, Lobi e Bobo, estão amplamente espalhados
pela região Nordeste e também vivem em Estados vizinhos. O povo We,
por vezes chamado Krahn ou Guere, é um povo indígena africano que
habita em áreas da Libéria oriental e ocidental da Costa do Marfim.

Máscara, povo Dan, madeira, fibra


vegetal e conchas, séc. XX. (Esta
máscara representa um espírito
feminino da floresta, com rosto oval,
olhos de fenda, lábios carnudos e tez
lisa, sugerindo um ideal de beleza. O
penteado com búzios é apenas uma
parte do traje de máscaras, que
consiste numa capa colorida e saia de
ráfia)

Figura 49 - Máscara do povo Dan


História de Artes 3 55

Máscara facial para mascarado


Gegon, povo Dan, madeira,
pigmento, metal, cabelo e fibra, 1920-
1950. (O desempenho dos
mascarados Gegon, destina-se a fins
de entretenimento. Os gestos do
dançarino simulam os de um
pássaro. Ele finge bicar o chão e abre
os braços como se fosse voar. O
Gegon pode aludir ao Tucano, que é
o rei de todos os pássaros e o
primeiro a ser criado).

Figura 50 - Mascara do povo Dan

Os povos, Baule, Senufo e Dan, são hábeis em talha de madeira e cada


cultura produz máscaras de madeira em grande variedade.

No povo Baule, as máscaras correspondem a vários tipos de danças: o


gba gba, o amuen bonu, o mblo e a goli. São usadas em funerais, para
proteger a vila de ameaças externas, na época das colheitas e para
divertimento. Elas nunca representam os ancestrais e são sempre
usadas por homens.

Toda a arte Senufo é feita por artesãos especializados. Figuras


representando os antepassados são comuns, assim como as miniaturas
de bronze e pequenas estátuas, que são usados na vaticinação. Os
vários tipos de máscara são utilizados para proteger a vila de feitiços,
em funerais e para lembrar as imperfeições humanas. O tipo de máscara
kpeliye, representa um rosto humano ricamente decorado, com
extensões em redor. Usado por homens, as máscaras Kpeliye actuavam
como personagens femininos.

Os escultores Dan produzem principalmente máscaras que visam lidar


com praticamente todos os elementos na sociedade, incluindo a
História de Artes 3 56

educação, a guerra, a paz, a regulação social e a diversão. Cada uma


das máscaras Dan, tem uma função diferente. Os mascarados intervêm
durante a iniciação dos rapazes, preparativos de guerra, práticas
educativas, competições atléticas, contra as queimadas durante a
estação seca, pela paz e para o entretenimento. As máscaras do povo
Dan, encarnam por vezes, os espíritos da floresta que, através de rituais,
se alojam numa máscara especial. Cada máscara tem seu próprio nome,
traje e forma de comportamento.

Máscara facial (Kpeliye), povo


Senufo, madeira, chifres, fibra de
ráfia, tecido de algodão, penas,
metal, séc. XIX - XX. (Ao longo do
século XX, membros duma
associação de iniciação Senufo,
usavam pequenas máscaras de
rosto, finamente esculpidas. As
máscaras, conhecidas como kpeliye,
apresentam delicados rostos ovais
com decorações geométricas nos
Figura 51 - Máscara Facial do povo
Senufo
lados. Considerada feminina, a
máscara com a sua graça e beleza, homenageava os anciãos Senufo
falecidos. As penas e chifres de animais anexados a este exemplo são
incomuns e reflecte eventualmente, o poder do seu dono e neutraliza as
forças negativas na Comunidade.

A arte do povo We, por vezes chamado de Krahn ou Guere, está ligada
à realização de máscaras, que começam geralmente como objectos
simples, sem adornos, esculpidos por um artista masculino. A máscara
então é transmitida através das gerações e cada utente adiciona novos
adornos, crescendo em poder e significado ritual. As máscaras mantêm
uma posição importante dentro da sua pequena comunidade. São
propriedade das famílias e usadas na vida social do povo We. A máscara
age como um mediador entre os membros da Comunidade e como uma
História de Artes 3 57

ferramenta, para ensinar lições de moral durante os conflitos civis, ou


entretenimento público. As máscaras, criadas para assustar, têm as
mandíbulas escancaradas, o nariz alargado e olhos tubulares. Ao
retratar a natureza mais assustadora dos animais, a máscara é vista
como poderosa. O mascarado veste uma saia imensa em ráfia e é
seguido por uma equipa de acompanhantes.

Máscara facial, povo We, madeira,


pigmento, metal, fibra, conchas e
pano, séc. XX. (As máscaras We, são
consideradas como entidades
espirituais e são usadas durante a
resolução de conflitos e outras
actividades civis, bem como durante
o entretenimento do público, onde,
por vezes, aprendem lições de moral.
Os sinos sobre esta escultura
indicam que é uma máscara
feminina). - Museu de Arte
Indianapolis

Figura 52 - Máscara Facial do Povo


We

Na cultura do povo Guro, são feitas distinções entre os mascarados que


são o foco dos cultos, e os que são ligados à natureza. Uma sequência
de três máscaras sagradas, gira em torno de Zamble, um homem mítico,
cuja forma funde as características do antílope e do leopardo. Ele por
sua vez é complementado por a sua bela esposa, Gu, e o seu irmão
selvagem, grotesco, Zuali. Em cerimónias, as máscaras de animais, Je,
são os primeiros a aparecer, e a preparar o público para o desempenho
das figuras antropomórficas.

Os estilos Guro e Baule são difíceis de separar. O estilo Guro, no


entanto, tem uma ou duas marcas distintas: a face da máscara humana
é geralmente alongada e a forma do perfil é elegante. Há policromia,
História de Artes 3 58

bem como o preto e castanho nas máscaras polidas. O penteado é


muitas vezes esculpido e elaborado em padrões geométricos. Há
também máscaras humanas com chifres longos e estruturas, na forma
de uma ou duas figuras humanas.

Máscara (Zamble), povo Guro,


madeira com pigmentos, séc.
XX. (Os chifres são a marca da
máscara zamble, que retrata o
antílope Bauala. O mascarado
zamble, coloca um pano sobre as
suas costas, uma saia de fibra e
Figura 53 - Máscara do povo Guro
outros apetrechos. Veste a pele
de um gato selvagem, associado
com o deserto. A sua marca é um chicote, que racha vigorosamente).

As estatuetas Marfinenses

Em Korhogo, Costa do Marfim, região ocidental


da África, o artista pertence às castas e seu
trabalho conserva a crença e o costume do
ancestral. Já os Bagas, moradores dos Nalu
(Landumane), receberam a influência islâmica;
sua arte ficou preservada em estatuetas
femininas e masculinas suportando tambores.
Em Kissi, as esculturas são feitas em pedras
esteatita, xisto e argila. Elas representam
motivos fálicos ou Pomdo (lugar de honra junto
a túmulos e altares). Semelhantes, os Ifés
esculpem em pedras duras: quartzo e granito. Figura 54 - Estatueta
feminina
História de Artes 3 59

Figura 55 - Figura
masculina sentada do Figura 56 - Figura Figura 57 - Figura do
equestre magnífica e povo Senufo da Costa
povo Baule da Costa do
rara do povo Senufo da do Marfim | ca. meados
Marfim | ca. Antes do
Costa do Marfim do século XX | Madeira
século XIX ao início do
século 20

Sumário

As máscaras são uma forma de arte predominante na Costa do Marfim.


A variedade e complexidade das máscaras criadas pelos povos da
Costa do Marfim não é rivalizado por nenhum outro.

As máscaras têm várias finalidades. Os povos usam-nas para


representar animais em caricatura, para retratar divindades, ou para
representar as almas dos defuntos.Elas são consideradas sagradas,
como tal, só as pessoas especialmente treinadas e as famílias podem
usá-las ou possuí-las.
História de Artes 3 60

Os estilos das máscaras da costa ocidental da África, da Guiné e da


Libéria, chegaram à Costa do Marfim, através dos povos Dan e We.
Essas influências foram disseminadas através da Costa do Marfim pelo
povo Guro.

Em Korhogo, Costa do Marfim, região ocidental da África, o artista


pertence às castas e seu trabalho conserva a crença e o costume do
ancestral. Já os Bagas, moradores dos Nalu (Landumane), receberam
a influência islâmica; sua arte ficou preservada em estatuetas femininas
e masculinas suportando tambores.

Exercícios

1- Identifique os estilos artísticos praticados pelo povo da Costa do


Marfim.
2- Caracterize esses estilos artiscos evidenciados na Costa do
Marfim;
3- Identifique os diferentes tipos de mascaras existentes na Costa
de Marfim e diga de que povo é que pertence cada máscara.
4- Sobre a estatuária Marfinense diga que materiais são usados
para a sua produção.
a) Qual era o objetivo da criação dessas estatuarias.
História de Artes 3 61

Unidade VIII
Arte da da Serra Leoa
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Identificar os estilos artísticos do povo da Serra Leoa;


 Caracterizar os estilos artiscos do Povo Mendi e Temne;
 Caracterizar a estatuaria da sociedade Sande, Poro e Odelay;
 Conhecer as estatuarias em pedra e marfim.

Serra Leoa
A Arte em Serra Leoa tem uma longa e significativa tradição na escultura
e obras cerimoniais, como máscaras e pano para a iniciação e proteção.
Embora os estilos de arte são muitas vezes atribuída a um único grupo
étnico (muitas vezes o Mende), os estilos e os processos estão
espalhados por todo o país e muitos artistas se deslocam entre os
diferentes grupos étnicos do país.

Arte é muitas vezes praticada por sociedades organizadas, as


sociedades tradicionais Sande e Poro ou as sociedades Odelay mais
recentes de Freetown, e expressam uma gama de significados
espirituais e políticos. Entalhe utilizando madeira, marfim e pedra tem se
destacado por muitos séculos e retém importância até hoje. Além disso,
desde 1930, Freetown tem tido uma série de competições lanternas,
onde diferentes grupos constroem grandes carros alegóricos,
decorativos.
História de Artes 3 62

Sociedades artísticas e grupos

Sociedades Sande e Poro

As sociedades cerimoniais Sande


(feminino) e Poro (masculino) têm
uma longa história de construção
artística em muitos grupos étnicos
diferentes de Serra Leoa. Embora
na maioria das vezes afiliado com o
Mende, estas sociedades existem
amplamente nos grupos étnicos da
Serra Leoa, que incluindo o Temne,
a Kono, a Vai, e Bullom como
idiomas dessas comunidades.

As sociedades Sande e Poro, que Figura 58 - Capacete de uma


têm a tarefa principalmente com as máscara da sociedade Sande (1940-
1965) no acervo do Museu de
cerimônias de iniciação para as Indianapolis das Crianças

mulheres e homens para se tornar


uma parte da comunidade,
produzem uma gama importante de
obras de arte associada com a
cerimônia. Uma das formas de arte
mais importantes associadas a
estas sociedades são as máscaras
de capacete (chamados sowei em
Mende e anawu em Temne)
envolvidos nos rituais de iniciação.
Figura 59 - Máscara Sande
História de Artes 3 63

Sociedades Odelay

A Serra Leoa não desenvolveu uma tradição artística significativa de


imagens patrióticas durante a luta pela independência e depois. No
entanto, depois de 1992 Serra Leoa coup d'état, grupos de jovens
(sociedades Odelay) que foi formada começou a se engajar na arte de
alto perfil com temas patrióticos. Figuras proeminentes eram
representado tais como Bai Bureh ou Sengbe pieh nas lanternas e
máscaras pelo Odelay sociedades em Freetown. Além de heróis
históricos, a arte muitas vezes retrata o Conselho Nacional de Governo
Provisório (NPRC) líderes e símbolos (como Valentine Strasser e
Salomão Musa).

Carpintaria

Em geral, há claras diferenças regionais na madeira e técnicas das


comunidades florestais (o Mende, Vai, e Bullom) com bordas lisas e
intrincados detalhes de escultura. O estilo de savana (o Temne Limba e
comunidades Loko), em contraste, é definido por estilos abstratos com
linhas retas e contrastes ousados.

Figuras gêmeas são proeminentes em Temne, prática cultural e as


esculturas de madeira desempenham um papel fundamental na vida
cerimonial da comunidade. Estes valores não superiores a um pé de
altura são criados com uma criança gêmeo falecida, e são usados
inicialmente como um parceiro de jogo para o gêmeo que vive e como
um local cerimonial para a mãe.

Os valores individuais são esculpidos em uma série de outras madeiras


relacionadas com as cerimonias, incluindo equipes de funcionários para
a iniciação religiosa e cura. Associados com estes números é a
construção de casas em pequena escala para o gêmeo (chamado ka-
bangka em Temne), que se espalhou por toda a área. Este uso de
História de Artes 3 64

figuras gêmeas está associado com poderes espirituais mais amplos


que os gêmeos e são requeridas para possuir as crenças Temne.

Escultura em pedra e marfim

As esculturas de marfim foram produzidas por muitos dos grupos étnicos


na área atual de Serra Leoa e foram uma exportação de produtos
primários para os comerciantes portugueses quando começaram pela
primeira vez as redes de comércio com as comunidades costeiras. Não
foi até a década de 1950 que as estilísticas ligações entre as peças de
marfim e as grandes esculturas de pedra foram discutidas de forma
significativa por fontes europeias anteriores naquele século.

Os nomoli ou pomdo esculturas de pedra de origem obscura foram


descobertos enterrados em torno do sul Serra Leoa. Os números foram
descritos pela primeira vez por europeus em 1852 pelo missionário
George Thompson, que descobriu um grupo de cinco deles no sitio de
uma aldeia destruída. As figuras humanas, esculpidas em pedra-sabão,
são encontrados em toda a grande área que foi controlada
principalmente pelo Temne até o Mende entrar em 1600. Quando
perguntado sobre as estátuas pelos primeiros exploradores, o povo da
região expressa a crença de que eles eram obra de seres espirituais e
que ninguém nas comunidades sabia como fazer uma tal figura.

Os Mende acreditam que as pedras são as representações das pessoas


que viviam na região antes de virem para a área, e as pessoas Temne
têm tidos cerimônias em torno das pedras onde eles tratam-os como ex-
chefes e reis da região. O Curador de arte Africana Frederick Lamp
acredita que as esculturas de pedra são uma tradição Temne que foi
perdida quando os Mende invadiram e deslocaram as comunidades que
existiam lá antes disses.
História de Artes 3 65

Figura 60 - Figura Figura 61 - Figura 62 - Figura Figura 63 - Figura


do povo Temne de Escultura de figura Feminina do povo em madeira do
Serra Leoa | feminina em Mende de Serra Leoa povo Mende
Madeira madeira povo | madeira, com patina

Figura 64 - Nomoli escultura em pedra de Figura 65 - Relevo na pulseira em marfim origem


um homem segurando um crocodilo. aproximado 1500 a partir de Serra Leoa

Figura 66 - Figura masculina, Figura 67 - Figura de um guerreiro


esteatito, 14 centímetros. Londres, segurando um menor figura
Museu da Humanidade (cortesia do (fragmento) s, erpentine, 19
Curadores do Museu Britânico) centímetros.
História de Artes 3 66

Sumário

A Arte em Serra Leoa tem uma longa e significativa tradição na


escultura e obras cerimoniais, como máscaras e pano para a iniciação
e proteção.

Arte é muitas vezes praticada por sociedades organizadas, as


sociedades tradicionais Sande e Poro ou as sociedades Odelay mais
recentes de Freetown, e expressam uma gama de significados
espirituais e políticos.

Entalhe utilizando madeira, marfim e pedra tem se destacado por


muitos séculos e retém importância até hoje.

As sociedades cerimoniais Sande (feminino) e Poro (masculino) têm


uma longa história de construção artística em muitos grupos étnicos
diferentes de Serra Leoa.

As sociedades Sande e Poro, que têm a tarefa principalmente com as


cerimônias de iniciação para as mulheres e homens para se tornar uma
parte da comunidade, produzem uma gama importante de obras de arte
associada com a cerimônia.

A Serra Leoa não desenvolveu uma tradição artística significativa de


imagens patrióticas durante a luta pela independência e depois. No
entanto, depois de 1992 Serra Leoa coup d'état, grupos de jovens
(sociedades Odelay) que foi formada começou a se engajar na arte de
alto perfil com temas patrióticos. Figuras proeminentes eram
representado tais como Bai Bureh ou Sengbe pieh nas lanternas e
máscaras pelo Odelay sociedades em Freetown.
História de Artes 3 67

Exercícios

1- Identifique os estilos artísticos do povo da Serra Leoa.


2- Caracterize os estilos artiscos do Povo Mendi e Temne.
3- Caracterizar a estatuaria da sociedade Sande, Poro e Odelay.
4 – qual era o significado das esculturas de pedra para o povo
Mendi.
5 – Como eram chamadas as esculturas feitas de pedra do povo
Mendi.
6 – Quais os temas preferidos pelas sociedades artísticas do povo
de Serra Leoa.
História de Artes 3 68

Unidade IX
Arte na Republica Democratica do Congo
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Identificar os estilos artísticos do povo do Congo


Democratico;
 Caracterizar as esculturas Bakongo;
 Conhecer os materiais usados pelos Congoleses;
 Identificar pelas suas estatuetas os motivos temáticos
assim como os artistas mais destacados dos Congoleses.

CONGO

A cultura da República Democrática do


Congo é extremamente diversificada,
refletindo a grande diversidade e costumes
diferentes que existem no país. Cultura
congolesa combina a influência da tradição
para a região, mas também combina
influências do exterior, que chegaram
durante a época da colonização e continuou
a ter uma forte influência, sem destruir a
individualidade de muitos costumes tribais.

Os congoleses são conhecidos por sua arte.


A arte tradicional inclui máscaras, estátuas
de madeira, arte do reino da Kuba, têxteis e
artes em tecidos. Artistas contemporâneos
notáveis são Chéri Samba ou Bodys Isek
Kingelez. Os artistas mais conhecidos de
sucesso dentro e fora do país são Lema
Figura 68 - Máscara Capacete
Kusa (pintura), Alfred Liyolo (escultura),
"mulwalwa", Southern Kuba,
Roger Botembe (pintura), Nshole (pintura), Sec.XIX19 ao início do século
XX
História de Artes 3 69

Henri Kalama Akulez (pintura),


Mavinga (pintura), Freddy Tsimba
(escultura), Claudy Khan (pintura).
Alguns estão ensinando na Académie
de Beaux-Arts de Kinshasa, que é a
academia apenas artes de um nível
universitário na África Central.

Nos antigos reinos de Loango, Congo e


Luba, o artista dispensava um cuidado
especial ao acabamento e às formas
naturalistas. As esculturas Bakongo Figura 69 - Ndop Retrato do rei
Mishe miShyaang maMbul, da
apresentam a influência portuguesa e o coleção do Museu de Brooklyn
tema é a mãe com o filho no colo. Aqui
são representados os reis Bakuba caracterizados pelos seus atributos,
como um deles com um tabuleiro de xadrez.

Figura 70 - Mãe e Figura 71 - Figura Figura 72 - FIGURA Figura 73 - Figura


Materna , povos PHEMBA Mayombe , maternal da Republica
Filho , 19o-20o século
luluwa 19º-20º século República Democrática do Democratica do Congo
República Democrática
do Congo ou Angola, ; República Congo
povos Kongo , grupo Dem ocrática do Mãe e filho
Yombe madeira , vidro , Congo,madeira, anel

metal, pigmento de metal


História de Artes 3 70

Sumário

A cultura da República Democrática do Congo é extremamente


diversificada, refletindo a grande diversidade e costumes diferentes que
existem no país.

Os congoleses são conhecidos por sua arte. A arte tradicional inclui


máscaras, estátuas de madeira, arte do reino da Kuba, têxteis e artes
em tecidos. Artistas contemporâneos notáveis são Chéri Samba ou
Bodys Isek Kingelez.

Nos antigos reinos de Loango, Congo e Luba, o artista dispensava um


cuidado especial ao acabamento e às formas naturalistas. As esculturas
Bakongo apresentam a influência portuguesa e o tema é a mãe com o
filho no colo.

Exercícios

1 - Identifique os estilos artísticos do povo do Congo Democratico.


2 - Caracterize as esculturas Bakongo.
3 - Quais são os materiais usados pelos Congoleses na sua
produção artística.
4 - Identifique os motivos temáticos representados pelos
Congoleses, assim como os artistas mais destacados.
História de Artes 3 71

Unidade X
Arte Nok (Nigéria)
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Caracterizar a cultura do povo Nok;


 Conhecer as origens do povo Nok
 Caracterizar o estilo artístico Nok;
 Conhecer os materiais usados na escultura Nok.

Povo Nok

Nok é uma cultura da Idade da


pedra que se desenvolveu na região
onde hoje se encontra
a Nigéria aproximadamente entre
500 a.C. e 300 d.C.

O estilo artístico Nok é uma prova


importante das tradições culturais
pré-coloniais da África Ocidental e Figura 74 - Mapa da Localização do
também dos antecedentes de uma povo Nok

habilidade posterior: as cabeças


humanas de latão e terracota realizadas em Ifé e Benin muitos séculos
depois.

Difusão da cultura Nok na África

Os Nok eram um povo nômade de caçadores e guerreiros que se


estabeleceram na século X a.C. na bacia do Níger, hoje Nigéria. Sua
civilização floresceu até oséculo II A.D. Alguns estudiosos pensam que
eles começaram a prática da siderurgia na segunda metade do primeiro
milénio a.C., o primeiro em toda África subsariana. Não está claro como
essa civilização chegou ao fim: muito poucos artefatos e nenhum
registro escrito sobre eles. Os principais trabalhos das esculturas Nok,
História de Artes 3 72

que chegaram até nós, são de terracota, em particular uma cabeça


muito estilizada provavelmente representa seu DEUS com base nestes
resultados, a civilização Nok é chamada cultura das estatuetas de Nok

Origem
Nok é o nome de uma pequena aldeia de mineração no centro da
Nigéria, onde em 1928 as primeiras evidências dessa cultura foram
encontradas. Como não há prova escrita recebida, o nome original
dessa civilização permanece desconhecida.

Artefatos históricos
Embora os eventos históricos que acompanharam a cultura Nok são
completamente desconhecidos, a pouca evidência que nos resta é de
considerável importância para a história da África. As provas de sua
produção de artefatos de cerâmica e ferro são uma fonte de acalorado
debate entre os estudiosos.

Terracota

Figura 75 - Figura em Figura 76 - Terracota Figura 77 - A cabeça Nok, feita


terracota (Século VI retratando cavalo e cavaleiro de terracota, encontrada perto
a.C.) Jemaa, na Nigéria.
História de Artes 3 73

Figura 80 -
Figura 78 - Cabeça cerâmica Figura 79 - Uma escultura Nok Escultura Nok
encontrada em Nok, na Nigéria em terracotta

Figura 81 - Escultura Nok em Terracotta Figura 82 - Escultura Nok


em Terracotta

O testemunho da cultura mais importante e caracterizante de esculturas


Nok encontrados são relativamente numerosos. A área da descoberta
dessas esculturas é uma porção relativamente grande do noroeste
da Nigéria, no entanto, quase certamente esta propagação não
representa a verdadeira extensão da área ocupada pelo povo Nok, que
pode ser inferior. Na verdade, as esculturas Nok foram reutilizadas após
o desaparecimento de seus criadores, até recentemente, pelo povo da
região, como um objeto de culto em santuários; é provável que as mais
recentes artes plásticas, do Reino de Benim e Ifé tenha sido
influenciada. As esculturas em questão, taças são decoradas com
padrões geométricos e simples figuras representando vários assuntos,
em particular, os chefes de tamanho natural, cujo propósito original é
desconhecido, talvez votivo ou vinculados ao culto dos mortos. A maioria
História de Artes 3 74

das taças e estatuetas foram encontradas incompletas ou reduzidas a


fragmentos.

A sua arte tem algumas características que se devem assinalar. Os Nok


representaram pessoas e animais. As cabeças humanas são modeladas
segundo as formas geométricas em uso: esféricas, cónicas e cilíndricas;
são em tamanho quase natural e as feições são estilizadas. “As cabeças
humanas, mesmo quando mostram alguma tendência para o
naturalismo, nunca são retratos. Em contrapartida, os animais são
tratados de forma realista, o que leva a pensar que as representações
humanas se afastam da realidade voluntariamente e não por falta de
habilidade dos artistas.” De facto, há estudiosos que sugerem que
existia uma recusa em fabricar retratos, pois o modelo poderia ficar
exposto à acção de forças maléficas. Ainda assim, há uma preferência
pela representação humana, embora tenham aparecido elefantes,
macacos, serpentes e carraças.

A peça considerada mais importante da cultura Nok é a Cabeça de


Jemaa, descoberta em 1942. Modelada em forma esférica, a cara é uma
superfície lisa, com olhos triangulares e nariz pouco saliente a que adere
o lábio superior; os olhos, o nariz e a boca são perfurados e as orelhas
estão “no ângulo do maxilar”.

A arte Nok precedeu o aparecimento de outras manifestações


importantes na Nigéria, como os bronzes de Igbo-Ukwu (IX-X d. C.), os
mais antigos da África Ocidental; as referidas estátuas de Ifé (desde,
pelo menos IX d. C. até XIV ou XV), em terracota e bronze, os únicos
retratos da África Negra, representando monarcas e dignitários; as
terracotas de Owo (entre Ifé e Benim), pelo século XIV, de temas
macabros; e, já no Benim, estátuas e ornamentos em bronze e adereços
cerimoniais de marfim.
História de Artes 3 75

Sumário

Nok é uma cultura da Idade da pedra que se desenvolveu na região


onde hoje se encontra a Nigéria aproximadamente entre 500 a.C. e 300
d.C.

O estilo artístico Nok é uma prova importante das tradições culturais pré-
coloniais da África Ocidental e também dos antecedentes de uma
habilidade posterior: as cabeças humanas
de latão e terracota realizadas em Ifé e Benin muitos séculos depois.

Os Nok eram um povo nômade de caçadores e guerreiros que se


estabeleceram na século X a.C. na bacia do Níger, hoje Nigéria. Sua
civilização floresceu até oséculo II A.D.

Os principais trabalhos das esculturas Nok, que chegaram até nós, são
de terracota, em particular uma cabeça muito estilizada provavelmente
representando seu DEUS, com base nestes resultados, a civilização
Nok é chamada cultura das estatuetas de Nok

Na verdade, as esculturas Nok foram reutilizadas após o


desaparecimento de seus criadores, até recentemente, pelo povo da
região, como um objeto de culto em santuários; é provável que as mais
recentes artes plásticas, do Reino de Benim e Ifé tenha sido
influenciada.

Os Nok representaram pessoas e animais. As cabeças humanas são


modeladas segundo as formas geométricas em uso: esféricas, cónicas
e cilíndricas; são em tamanho quase natural e as feições são estilizadas.
“As cabeças humanas, mesmo quando mostram alguma tendência para
o naturalismo, nunca são retratos.
História de Artes 3 76

Exercícios
1 - Caracterize a cultura do povo Nok.
2 – Quais as origens do povo Nok.
3 - Caracterize o estilo artístico Nok
4 - Qual é o material mais usado na escultura Nok.
5 – Quais os motivos temáticos representados pelos Nok.
História de Artes 3 77

Unidade XI
Arte Ifé (Nigéria)
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Caracterizar a cultura do povo Ifé;


 Conhecer as origens do povo Ifé;
 Caracterizar o estilo artístico Ifé;
 Conhecer os materiais usados na escultura Ifé.

Arte ifé

Poucas civilizações na África Subsariana são tão famosas pela sua arte
e a sua cultura como a de Ife, antigo reino e terra natal do povo yoruba
(um grupo de 35 milhões de pessoas), na Nigéria. Os seus artistas
criaram uma obra escultórica única, que se conta entre as esteticamente
mais prodigiosas e tecnicamente mais aprimoradas do continente
negro.

Técnica e visualmente, as obras de arte da antiga Ife contam-se entre


as mais importantes do mundo. Incluem cabeças de tamanho natural e
figuras humanas em terracota e bronze, vasos de cobre quase puro –
uma façanha que, segundo os peritos, Gregos, Romanos e Chineses
nunca conseguiram levar a cabo, esculturas de quartzo e granito, peças
em cobre, pedra e cristal, e também miniaturas de deliciosas
representações de animais domésticos e selvagens em terracota e
pedra, exemplares dos monumentais menires de granito, expressivas
caricaturas de anciãos, figurações de doenças atrozes, monstruosas
configurações imaginárias e vívidas figuras de animais.

Trata-se de objetos de grande força visual, complexidade icónica e


variedade de formas, que revelam a extraordinária mestria criativa e
técnica dos artistas e o gosto dos mecenas e cidadãos de Ife.
História de Artes 3 78

A sofisticação alia-se à audácia tecnológica e às notáveis qualidades


estéticas e o resultado é uma visão do brilhantismo da civilização Ife,
que possibilita a compreensão de preocupações culturais e da profunda
importância da arte como testemunho histórico. Os fatores “dinastia” e
“divindade” ajudaram a modelar excecionais obras escultóricas,
incomparáveis com outras expressões africanas, recriando, de algum
modo, os diferentes âmbitos da cultura Ife, como o político e o religioso.

Situada no Sudoeste da Nigéria, Ife teve o seu apogeu entre os séculos


XII e XV, quando foi a capital da região. Na atualidade, a cidade de Ife
continua a ser o coração espiritual dos Yoruba. Aliás, de acordo com
uma das múltiplas versões da tradição, esta cidade foi o palco escolhido
pelos deuses para descerem e criarem o mundo.

Independentemente das inspirações, o certo é que quando se deram a


conhecer as primeiras mostras da atividade Ife, o etnógrafo alemão Leo
Frobenius adiantou que a única explicação possível para tal semelhança
com o realismo idealista do classicismo grego patente nas figuras era
uma eventual colónia grega na mítica Atlântida que tivesse levado a arte
clássica às selvas da Nigéria. Os especialistas afirmam que foi a partir
do ano 1000 que se desenvolveu verdadeiramente a arte escultórica que
deu fama a Ife, elevando-a aos píncaros das artes africanas.
A característica de Ife são escarificaçõo faciais. Existem várias teorias,
eles também têm buracos em que os cabelos são incorporados para
simular barbas, bigodes, sobrancelhas.
História de Artes 3 79

Figura 83 - Ife bronze Figura 84 -Ife bronze Figura 85 - Ife bronze moldagem de
moldagem de uma cabeça moldagem de uma cabeça uma cabeça

Figura 86 - Ife bronze Figura 87 - Ife bronze Figura 88 - Ife bronze moldagem de
moldagem de uma cabeça de moldagem de uma cabeça de uma cabeça de Rei
Rainha Rainha
História de Artes 3 80

Sumário

Poucas civilizações na África Subsariana são tão famosas pela sua arte
e a sua cultura como a de Ife, antigo reino e terra natal do povo yoruba

Os seus artistas criaram uma obra escultórica única, que se conta entre
as esteticamente mais prodigiosas e tecnicamente mais aprimoradas
do continente negro.
Técnica e visualmente, as obras de arte da antiga Ife contam-se entre
as mais importantes do mundo. Incluem cabeças de tamanho natural e
figuras humanas em terracota e bronze.

Situada no Sudoeste da Nigéria, Ife teve o seu apogeu entre os séculos


XII e XV, quando foi a capital da região.

A característica de Ife são escarificaçõo faciais. Existem várias teorias,


eles também têm buracos em que os cabelos são incorporados para
simular barbas, bigodes, sobrancelhas

Exercícios

1 - Caracterize a cultura do povo Ifé.


2 - Quais as origens do povo Ifé.
3 - Caracterize o estilo artístico Ifé.
4 - Qual é o material mais usado na escultura Ifé.
5 - Quais os motivos temáticos representados pelos Ifé.
História de Artes 3 81

Unidade XII
Arte Yoruba (Nigéria)
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Caracterizar a cultura do povo Yoruba;


 Conhecer as origens do povo Yoruba;
 Caracterizar a escultura e cerâmica do povo Yoruba;

Arte tradicional yoruba

O povo Yoruba vive na costa oeste da África na Nigéria e também pode


ser encontrada no leste República do Benin e Togo. Porque a maioria
dos escravos trazidos para as Américas eram de Descendentes da
África Ocidental iorubanos e também podem ser encontrados no Brasil,
Cuba, no Caribe, e os Estados Membros. Há também muitos Yoruba
vivendo atualmente na Europa, particularmente a Grã-Bretanha, desde
que a Nigéria era uma vez uma colônia britânica. Os Yoruba são um dos
maiores grupos culturais em África. Actualmente, existem cerca de 40
milhões de Yoruba no mundo. Os Yoruba têm vivido em reinos urbanos
avançados a mais de 1.500 anos. Eles criaram uma forte economia
através da agricultura, comércio e a produção artistica. Sua excelente e
original tradição artistica inclue talha, escultura, trabalho metalico, têxteis
e miçangas.

Escultura

Os Yoruba começaram a criar esculturas magnífica fora de terracota


argila nos séculos XII1a XIV. As figuras de bronze foram feitas durante
os séculos XIV e XV. Para criar esculturas de bronze, os artistas
primeiros faziam modelos fora de barro. Quando a argila seca eles
colocavam uma camada fina de cera de abelha sobre o barro e detalhes
na cera. Em seguida, eles cobriram a cera com mais camadas de argila
até que eles criassem um molde de espessura.
História de Artes 3 82

O molde, então, era aquecido no forno até a camada intermediária da


cera ficar derretida. O artista serviu do bronze no topo do molde através
de tubos. O bronze agora assumiu a forma de cera que foi uma vez lá
colocado, quando o bronze é arrefecido e endurecido a camada exterior
de argila fica interrompido e a escultura fica concluída.

Estas esculturas que ganham vida podem representar reis e seus


deuses.

Figura 89 - Escultura Yoruba: Figura 90 - Escultura: Cabeça


Estatueta em Bronze Tada de Bronze Ifé

Os Yoruba começaram a criar mais esculturas abstratas de madeira


como sua principal forma de arte mais tarde. Muitas culturas africanas
optam por criar esculturas de seres humanos em uma forma abstrata em
vez de uma forma realista.
História de Artes 3 83

Figura 91 - Figura Figura 92 - Escultura Figura 93 - Mascara


maternidade: povo equestre, do povo Africana do povo Yoruba,
Yoruba, seculo XVIII, Yoruba, Nigeria Nigeria

Cerâmica

As mulheres são as ceramistas em Sociedade Yoruba. Fazem muitos


tipos diferentes de cerâmica incluindo panelas para cozinhar, comer, e
armazenamento. Os óleos de palma de lâmpadas também são criados.
Únicas panelas são feitas em honra de Divindades iorubás. A cerâmica
é apenas feita nas cidades onde a argila é disponível. É vendido para as
cidades vizinhas que não têm acesso a argila.

Figura 94 - Estágios na construção Figura 95 - Pote de água finalizados,


de um pote de água, Oyo, na Nigéria Oyo, na Nigéria
História de Artes 3 84

Couro e pérolas

Os homens são responsáveis por couro e miçangas. Cabra, ovelha, e


peles de antílope são usados para fazer os objectos, como bolsas,
almofadas, e sandálias. Restos de couro em cores diferentes são muitas
vezes remendado em conjunto para formar desenhos. Beads são
usados para decorar coroas, chapéus, bolsas e outros itens usados
pelos reis e babalawo.

Figura 96 - Pingente de couro e frisado Figura 97 - Arte Yoruba: Almofada de


couro real

Sumário

O povo Yoruba vive na costa oeste da África na Nigéria e também pode


ser encontrada no leste República do Benin e Togo.

Os Yoruba são um dos maiores grupos culturais em África, e têm vivido


em reinos urbanos avançados a mais de 1.500 anos. Eles criaram uma
forte economia através da agricultura, comércio e a produção artistica.

Sua excelente e original tradição artistica inclue talha, escultura, trabalho


metalico, têxteis e miçangas. Os Yoruba começaram a criar esculturas
magnífica fora de terracota argila nos séculos XII1a XIV. As figuras de
bronze foram feitas durante os séculos XIV e XV. Para criar esculturas
de bronze, os artistas primeiros faziam modelos fora de barro.
História de Artes 3 85

Os Yoruba começaram a criar mais esculturas abstratas de madeira


como sua principal forma de arte mais tarde. Muitas culturas africanas
optam por criar esculturas de seres humanos em uma forma abstrata em
vez de uma forma realista.

Exercícios

1 - Caracterize a cultura do povo Yoruba.


2 – Qual é a a origem do povo Yoruba.
3 - Caracterize a escultura e cerâmica do povo Yoruba.
4 – Quais os temas abordados na estatuaria do povo
Yoruba.
História de Artes 3 86

Unidade XIII
Arte do Benin
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Caracterizar a cultura do povo do Benin;


 Conhecer as origens do povo do Benin;
 Caracterizar a escultura do povo do Benin;
 Identificar os motivos temáticos tratados nos relevos
estatuários de Benin.

Povo de Benin

Estado da África Ocidental, cuja capital é a cidade de Benim, um


território atualmente pertencente à Nigéria. O fundador do reino foi o
povo Edo ou Bini do século XII. Este reino era governado por uma
dinastia inicialmente de senhores da guerra, vindo depois a assumir um
carácter mais religioso. Em meados do século XVI abrangeria uma boa
parte do Sul da atual Nigéria. Por volta de 1480 e 1504, o rei de Ozolua
estabeleceu relações comerciais e diplomáticas com Portugal, e
manteve relações comerciais com outros mercadores europeus que
comerciavam óleo de palma, marfim, pimenta e produtos têxteis.
O reino de Benim também participou no comércio de escravos, embora
esta atividade fosse restringida depois de meados do século XVI,
quando o rei permitiu apenas a exportação de escravos do sexo
feminino.

O Império entrou em decadência nos séculos XVIII e XIX, culminando


na sua anexação pelos ingleses em 1897. No século XX, os obas, ou
reis, assumem ainda a função de líderes, embora apenas
cerimonialmente.
História de Artes 3 87

Os artistas deste país eram bastante famosos na Idade Média pelos


seus trabalhos em marfim incrustado, peças de joalharia, cabeças e
peças para altares em bronze, e também pela produção de placas
ornadas por relevos.

Escultura

A escultura do Benim é mais naturalista que a maioria


dos tótemes africanos. As superfícies de bronze estão concebidas para
buscar contrastes com a ferida da luz sobre o metal, perceptíveis
nas pulseiras de cobre, armaduras de bronze e decorações do
fundo, que salientam os torsos das figuras rechonchudas. Os traços das
cabeças salientam afastando-se das proporções naturais e o artista fa-
las muito maiores, exagerando a modelagem dos olhos, do nariz e dos
lábios, que desenha com grande esmero. O mais notável das peças é o
alto nível de destreza que atingiram os ferreiros do Benim no complexo
processo do fundido da cera perdida. Os descendentes destes artesãos
do Benim ainda veneram a Igue-igha, quem introduziu a arte do fundido
na sua terra, possivelmente aprendido dos árabes em finais do século
XIII.

Outro aspecto importante destas obras de arte é a sua exclusividade: a


propriedade ficava reservada a certas classes sociais, o que reflete a
estrita estrutura hierárquica da sociedade do Benim. Em geral, apenas
o rei podia possuir objetos de bronze e marfim. Porém, podia dar licença
aos chefes de alta posição para usar, por exemplo, máscaras
pendurantes ou punhos de braço de bronze e marfim. O coral também
foi um material real e os anéis de pescoço deste material foram um
símbolo de nobreza, concedidos especificamente pelo Oba.
História de Artes 3 88

Figura 98 - Escultura de Figura 99 - Escultura de Figura 100 -


Benin:Cabeça de Rei Benin:Cabeça de Rei Escultura de

Figura 101 - Mães Oba são Figura 102 - Mães Oba são
representadas com penteados cônicos representadas com penteados cônicos
meticuloso meticuloso, vista lateral
História de Artes 3 89

Figura 104 - Benin: Escultura em


Figura 103 - Benin: Bronze, vista lateral
Escultura em Bronze

Relevo de bronze feito com a técnica


da cera perdida. De forma
retangular com alas laterais, em grande
parte desaparecidas, a superfície do
fundo é decorada com padrões
de trevos de quatro folhas estilizadas
(folha de rio) e pontilhadas. Datada entre
os séculos XVI e XVII.
Oba com dois assistentes com os braços
apoiados. O Oba leva fitas de miçangas
sobre o peito nu, ao qual se juntam
Figura 105 - Estatuária de Bronze
mangas de miçangas; a sua saia está em relevo
ornamentada com cabeças de
crocodilos. Os assistentes levam roupa com os extremos estendidos,
colares largos de miçangas, fitas no tornozelo e chapéus pontiagudos,
com fitas frontais de miçangas. O peito das três pessoas fica marcado
com cicatrizes. No fundo há dois pares de cabeças de crocodilos em
relevo.
História de Artes 3 90

Relevo de bronze feito com a


técnica da cera perdida,
apresenta forma retangular.
Na placa há representadas
cinco figuras: no centro
encontra-se o Oba sentado
no seu trono, ao seu lado
dois servidores seus
ajoelhados, no fundo
apreciam-se duas figuras de
tamanho mais reduzido que
foram identificadas como Figura 106 - Estatuaria de bronze em relevo

dois comerciantes
portugueses com o pelo e os gorros em estilo europeu. As
representações, de maior a menor medida, indicam a hierarquia das
personagens.

Figura 107 - Os palácios eram adornados


Figura 108 - Escultura Yoruba, cabeça
com placas de latão em declive de bronze, Ife, actual, Nigéria, século 12
representando o Oba com sua corte,
História de Artes 3 91

Figura 109 - Normalmente existem Figura 110 - O oba

representações dos Portuguêses que costuma usar uma

chegaram na região nos séculos XVI e XVII máscara de marfim


representando sua mãe.

Figura 112 - Figura 113 - Estatua


Figura 111 - Bracelete em Estatuária em bronze em marfim de um
marfim de um mensageiro mensageiro

Sumário
Estado da África Ocidental, cuja capital é a cidade de Benim, um
território atualmente pertencente à Nigéria.
História de Artes 3 92

Os artistas deste país eram bastante famosos na Idade Média pelos


seus trabalhos em marfim incrustado, peças de joalharia, cabeças e
peças para altares em bronze, e também pela produção de placas
ornadas por relevos.

A escultura do Benim é mais naturalista que a maioria


dos tótemes africanos. As superfícies de bronze estão concebidas
para buscar contrastes com a ferida da luz sobre o metal, perceptíveis
nas pulseiras de cobre, armaduras de bronze e decorações do
fundo, que salientam os torsos das figuras rechonchudas.

O mais notável das peças é o alto nível de destreza que atingiram os


ferreiros do Benim no complexo processo do fundido da cera perdida.

Exercícios

1 - Caracterize a cultura do povo do Benin.


2 - Quais são as origens do povo do Benin.
3 - Caracterize a escultura do povo do Benin.
a) Diga que figuras eram retratadas nas esculturas deste
povo.
4 - Identificar os motivos temáticos tratados nos relevos estatuários
de Benin.
História de Artes 3 93

Unidade XIV
Arte tradicional do povo Axanti –Gana (os tecidos
Kente)
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer a arte tradicional do povo Axanti;


 Caracterizar a arte de tecelagem Kente;

O povo Axanti é conhecido


mundialmente através da arte feita
nos tecidos.
Kente é o tecido mais apreciado
entre todos os tecidos africanos,
adotado mundialmente em toda a
diáspora desde os anos sessenta,
como símbolo de pan-africanismo e
identidade afrocentrica.
Figura 114 - Tecidos Kente

Além disso, continua a ter a mesma importância na vida cultural dos


Axanti, seus criadores.

A história do Kente esta mesclada com a do Império Axanti e sua corte


real baseada em Kumase, dentro da zona florestal de Gana.

Um dos primeiros relatos da seda real dos Axanti data de 1730 quando
um homem foi enviado para a corte do rei Opukuware por um
comerciante Dinamarquês notando que o rei usava tafetá de seda e
tecidos de varias cores. O artista distinguiu lã, fios de seda, e algodão.

A seda chegava da Europa ate os Axanti, pelos comerciantes das


caravanas trans- Saarianas.
História de Artes 3 94

Muitos panos Kente usavam seda


numa gama de técnicas decorativas
sobre um urdume de algodão
listado, porém as roupas mais finas
usadas por chefes e reis eram
tecidas em seda pura.

Mesmo com a substituição da seda


pelo rayon a partir dos anos 20, a
artesania Axanti continuou a
produzir belos tecidos.

Os tecidos fabricados para a corte


do Ashantene, rei dos Ashantis, no
Figura 115 - Chefe Ganes vestindo
século XIX, foram provavelmente a tecido cerimonial
maior conquista na arte da
tecelagem em tiras estreitas por todo o oeste Africano.

O material cru veio da Europa na forma de tecidos de seda


cuidadosamente desfiados para serem novamente tecidos nesses
teares estreitos que nesses casos utilizavam de duas a três tramas para
enriquecer a complexidade dos padrões.

Os tecelões do rei estão agrupados num vilarejo chamado Bonwire perto


da capital Kumase, fazendo parte de um complexo de cidades que
abrigam outros artesãos como ourives, fabricantes de guarda-sóis reais,
entalhadores de banquetas, tintureiros de Adinkra, e ferreiros.

Uma dos relatos sobre origem desses tecelões, fala do primeiro tear
trazido por Otah Kraban apos uma viagem a Bondokou, região da Costa
do Marfim.

Uma lenda alternativa, conta que o primeiro tecelão, durante o reinado


de Osei Tutu, aprendeu essa arte observando uma aranha fazendo sua
teia.

A aranha, Anansi, é um personagem importante no folclore Axanti, por


simbolizar a truculência e sabedoria.
História de Artes 3 95

A tecelagem de algodão abastecia a maior parte do povo Axanti com


seus tecidos listados, na maior parte tintos a índigo, ate serem
amplamente substituídos pelas estampas de cera, e outros tecidos
importados, a partir do século passado.

Em muitos panos Kente o padrão decorativo é obtido pela alternância


das tiras de cores vibrantes, dispostas regularmente, com o urdume de
tiras em cores apagadas.

É interessante notar que aos nomes dados a esses panos vem dos
padrões de cores apagadas do urdume que formam o fundo do tecido.

Como era de se esperar em uma cultura tão rica em provérbios e jogos


de palavras, ha um rico vocabulário para designar esses padrões, bem
vivo na memória dos tecelões mais velhos.

Alguns desses nomes como Atta Birago e Afua Kobi, referem-se a


indivíduos, nesses casos às duas rainhas mães, para quem esses
padrões foram tecidos.

Outros se referem a incidentes históricos, utensílios domésticos, ou para


a circunstancia em que os tecidos serão usados.

A padronagem do desenho da maioria


dos tecidos Kente, possui um barrado
feito por uma trama decorativa
chamada Bankuo.

Um dos exemplos mais elaborados


desses tecidos chama-se Adwinasa.

Este completamente coberto por


essa trama decorativa, utilizando a
mesma técnica de tecelagem, porém
explorando toda a gama de tramados.
A palavra Adwinasa, quer dizer
Figura 116 - Tecido Adwinasa
repleto de ornamentos.
História de Artes 3 96

O Kente representa para o Ghana o


mesmo que a Capulana representa para
Moçambique. É um um tecido produzido
através de outros tecidos de seda ou
algodão desfeitos, é actualmente
produzido pelas etnia Ashanti e Ewê do
Sul Ghana.

O Kente é originário do reino Ashanti, e foi


adoptado por povos da Costa do Marfim e
de muitos outros países do Oeste Africano.
Figura 117 - Ansião usando
Já foi um “pano” sagrado usado apenas
em momentos de extrema importância e exclusivo para os reis. Ao longo
do tempo, o uso de Kente tornou-se mais popular. No entanto, a sua
importância tem-se mantido e ainda é muito estimado pelos Akans .

É o mais conhecido de todos os produtos têxteis africanos. Kente vem


da palavra Kenten, o que significa cesta em Akan, dialecto Asante.

Embora não muito popular em Moçambique (pelo menos não com esse
nome), o Kente é um património cultural Africano em todo o mundo,
como comprovam as fotos que seleccionamos para a galeria de hoje.

Sumário

O povo Axanti é conhecido mundialmente através da arte feita nos


tecidos.

Kente é o tecido mais apreciado entre todos os tecidos africanos,


adotado mundialmente em toda a diáspora desde os anos sessenta,
como símbolo de pan-africanismo e identidade afrocentrica.

A história do Kente esta mesclada com a do Império Axanti e sua corte


real baseada em Kumase, dentro da zona florestal de Gana.
História de Artes 3 97

Muitos panos Kente usavam seda numa gama de técnicas decorativas


sobre um urdume de algodão listado, porém as roupas mais finas
usadas por chefes e reis eram tecidas em seda pura.

Os tecidos fabricados para a corte do Ashantene, rei dos Ashantis, no


século XIX, foram provavelmente a maior conquista na arte da
tecelagem em tiras estreitas por todo o oeste Africano.

Em muitos panos Kente o padrão decorativo é obtido pela alternância


das tiras de cores vibrantes, dispostas regularmente, com o urdume de
tiras em cores apagadas.

Exercícios
1 - Qual é a principal expressão artisticas tradicional do
povo Axanti.
2 - Caracterize a arte de tecelagem Kente.
3 – Qual foi a maior conquista na arte de tecelagem do
povo Axanti.
História de Artes 3 98

Unidade XV
Arte Contemprânea do Gana
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer a arte contemporânea do Gana;


 Identificar os motivos temáticos tratados nos seus trabalhos
artiscos.

Arte em seu mais curioso formato

Quando se pensa que a arte


africana contemporânea, com
seu banho de inovação e
criatividade, não podia ficar
melhor, surge um novo e
curiosíssimo estilo de criação.
Quem já ouviu falar em
Figura 118 - Caixão em forma de um
caixões em forma de avião,
lagosta, tênis ou até carro?

Em Gana, na região da
Grande Accra, a estilização de
caixões é uma febre,
considerada um símbolo
emblemático da arte no país.
Só na capital Accra, já são
mais de duas dúzias de
Figura 119 - Caixão em forma de peixe
estúdios especializados
espalhados pela cidade. E o número só não é maior, porque a fabricação
da obra exige muita técnica, talento e conhecimento histórico – na
História de Artes 3 99

maioria das vezes, passado de geração em geração flutuando entre as


famílias de artesãos.

As primeiras formas
dessa arte surgiram
nos anos 50 e o grande
responsável pela
criação do novo
gênero foi o carpinteiro
Seth Kane Kwei. Ele
sempre escutou de
sua avó sobre suas
Figura 120 - Caixão em forma de Aguia
curiosidades entorno
do avião e sua fascinação pelo meio de transporte aéreo. Ela morreu
sem ter a chance de viajar e para homenageá-la o jovem carpinteiro
resolveu preparar um belo caixão em forma de avião. Mais do que um
mimo, para ele era uma maneira de fazer com que sua avó fizesse a sua
viagem para o outro mundo na forma sempre sonhada. Deste momento
em diante, as encomendas e demandas não pararam mais e a arte se
espalhou pelo país.
Pescadores pediam por
barcos, cultivadores por
cebolas e por aí a arte se
afirmou e o artesão foi se
tornando cada vez mais
um perito da área. Em
1960, os caixões
figurativos já eram parte
integrante da cultura Figura 121 - Caixão em forma de peixe e em
forma de uma garrafa de Coca-Cola
local de funeral.
História de Artes 3 100

No entanto, não foi


apenas a ideia altruísta de
Kane Kwei a razão da
fama dos caixões. Nas
crenças religiosas locais,
acredita-se na vida após a
morte. Existe uma grande
valorização do mundo
posterior, que para eles, é
Figura 122 - Caixao em forma de piano e Tênis
uma continuação da vida
na terra. Além disso, os
mortos passam a ser um
ícone dos valores
tradicionais e são
considerados como
ancestrais, muito mais
poderosos do que os
seres vivos, capazes de
Figura 123 - Caixão em forma de Formiga
influenciar a vida daqueles
na terra. Valorizar e criar caixões elaborados para os funerais é assim
uma forma de prestar homenagens e estimar a viagem entre um mundo
e outro e garantir uma bela chegada para a próxima etapa da vida

Hoje, o costume de
simbolizar as profissões
dos falecidos continua, mas
as formas de caixões
também podem ser
escolhidas conforme o
gosto pessoal: abacaxi,
garrafa de Coca-Cola,
Figura 124 - Caixão em forma de Guitarra
celular e até nota de
dinheiro! Certas formas, no entanto, como espadas, símbolos reais ou
religiosos são reservados às pessoas que ocupem os respectivos cargos
História de Artes 3 101

representados pelas insígnias. Outra forma comum e também carregada


de valores culturais são os animais, que representam os totens de cada
clã no qual apenas os chefes das famílias são autorizados a serem
enterrados.

Materiais e técnicas

Feitos a partir da madeira da árvore local wawa, os caixões demoram de


duas a seis semanas para serem produzidos, dependendo da
complexidade da construção e nível de experiência dos carpinteiros.
Não se utiliza nenhum tipo de auxílio eletrônico: é tudo feito à mão, do
modo mais artesanal possível. Os carpinteiros artesãos trabalham
sempre em grupo, junto a seus aprendizes, que levam para o futuro o
legado de Kane Kwei. Sua oficina, ativa até hoje, é administrada pelos
seus sobrinhos, os primeiros aprendizes do carpinteiro vanguarda. No
estúdio, que leva o seu nome, é possível conferir o trabalho ao vivo e as
belezas que envolvem a produção dessa curiosa arte. Um momento
para encantar-se com a criatividade e o potencial da arte contemporânea
de Gana.

Sumário

Em Gana, na região da Grande Accra, a estilização de caixões é uma


febre, considerada um símbolo emblemático da arte no país.

As primeiras formas dessa arte surgiram nos anos 50 e o grande


responsável pela criação do novo gênero foi o carpinteiro Seth Kane
Kwei.

No entanto, não foi apenas a ideia altruísta de Kane Kwei a razão da


fama dos caixões. Nas crenças religiosas locais, acredita-se na vida
após a morte.
História de Artes 3 102

Hoje, o costume de simbolizar as profissões dos falecidos continua, mas


as formas de caixões também podem ser escolhidas conforme o gosto
pessoal: abacaxi, garrafa de Coca-Cola, celular e até nota de dinheiro!
Certas formas, no entanto, como espadas, símbolos reais ou religiosos
são reservados às pessoas que ocupem os respectivos cargos
representados pelas insígnias.

Feitos a partir da madeira da árvore local wawa, os caixões demoram de


duas a seis semanas para serem produzidos, dependendo da
complexidade da construção e nível de experiência dos carpinteiros.
Não se utiliza nenhum tipo de auxílio eletrônico: é tudo feito à mão, do
modo mais artesanal possível.

Exercícios

1 - Qual é o estilo de arte contemporânea feita na capital do Gana.


2 - Identificar os motivos temáticos tratados nos seus trabalhos
artiscos.
3 - Quem foi o promotoe desse tipo de arte contemporânea do Gana.
a) Como é que se popularizou essa forma de arte.
b) Qual foi o motivo que inspirou o artista mais destacado nesse
tipo de arte.
4 - Quais os materiais usados para a produção dessa atividade
artística.
História de Artes 3 103

Unidade XVI
Arte da Tanzânia
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer os tipos de arte Tanzaniana;


 Identificar os motivos temáticos tratados nos seus trabalhos
artiscos;
 Caracterizar a escultura do povo Tanzaniano;
 Conhecer as origens da pintura Tingatinga;
 Caracterizar a pintura tingatinga bem como os artistias mais
evidenciados;
 Conhecer as fontes de inspiração dos pintores tingatinga.

Tanzânia

A Tanzânia ou Tanzania (em Suaíli: Tanzania), oficialmente República


Unida da Tanzânia (em Suaíli: Jamhuri ya Muungano wa Tanzania) é
um país da África Oriental, limitado a norte pelo Uganda e pelo Quénia,
a leste pelo Oceano Índico, a sul por Moçambique, pelo Malauí e pela
Zâmbia e a oeste pela República Democrática do Congo (fronteira
exclusivamente lacustre, através do lago Tanganica), pelo Burundi e por
Ruanda. O país inclui também o arquipélago de Zanzibar, no Índico.

Arte

A Tanzânia é reconhecida mundialmente pelas esculturas em madeira,


conhecidas pelo nome de Arte Makonde.

A Tribo Makonde do sul da Tanzânia e do norte de Moçambique tem


uma longa tradição em trabalhos feitos com madeia.
História de Artes 3 104

Estas esculturas normalmente refletem objetos da natureza (animais,


seres humanos), mas atualmente o estilo mais popular, isto é, o
'Shetani', mostra demônios em suas diversas formas e a árvore
genealógica que busca retratar a tradição de união (muitas images de
pessoas juntas esculpidas em um único pedaço de madeira).

As madeiras são esculpidas com o auxílio de instrumentos tradicionais


de ferro e o tipo da madeira normalmente escolhida é o Ébano (madeira
preta). O estilo de representação vai do natural ao abstrato. Mesmo
sabendo que Arte Makonde vem do sul da Tanzânia, é comum encontrar
grupos em Dar es Salaam fazendo e vendendo várias esculturas para
turistas.

Figura 125 - Escultura Maconde feita de madeira – ébano

Figura 126 - Arte Figura 127 - Arte Maconde: Mascara Figura 128 - Arte
Maconde: Cacador africana Maconde: Cacador
História de Artes 3 105

Figura 129 - Elefante esculpido na madeira de Figura 130 - Elefante esculpido:

Figura 131 - Escultura Maconde figurativa


Figura 132 - Escultura Maconde
figurative 2

Pinturas Tingatinga

O nome desse estilo artístico vem do seu originador, Edward Said


Tingatinga, que nasceu em 1932. À medida que ele crescia, a paisagem
rural e a vida selvagem ao redor de seu povoado no sul da Tanzânia
deixavam uma impressão profunda em Edward. Por volta dos 25 anos,
ele saiu de casa em busca de um emprego e uma vida melhor. Mais
tarde, ele se mudou para a capital da Tanzânia, Dar es Salaam, e
encontrou trabalho como jardineiro. À noite, ele expressava seu talento
artístico na forma de música e dança, e chegou até a ser reconhecido
como artista.

O ano de 1968 foi um marco na vida de Edward. Ele conseguiu um


emprego no hospital público Muhimbili, em Dar es Salaam. Ali, ele
História de Artes 3 106

encontrou tempo para transformar suas vívidas lembranças de infância


em seu estilo próprio de arte. Foi assim que surgiu a arte tingatinga.
Edward não podia comprar itens como tintas, pigmentos e pincéis
especializados. Então ele usava materiais que podiam ser comprados
em qualquer loja de ferragens. Por exemplo, como tinta, ele usava
esmalte de bicicletas e, como tela, usava chapas de fibra de madeira
com acabamento liso e lustroso de um lado — ideais para pintura com
alto brilho.

O estilo de pintar de Edward era simples. Ele usava uma ou duas cores
para o fundo e cores vibrantes para pintar apenas um objeto, como um
animal africano, num estilo bem peculiar. Ele não incluía um cenário nem
outros detalhes.

Edward deixava alguns parentes e amigos bem próximos observá-lo


enquanto pintava. Pouco tempo depois, várias dessas pessoas
se tornaram seus “alunos”, e seu estilo começou a ganhar popularidade.

Desde a primeira pintura, a arte tingatinga já usava cores fortes e figuras


simples com contornos distintos. Com os anos, porém, o estilo evoluiu,
tornando-se mais elaborado e retratando várias figuras em cada obra.
Alguns artistas chegam a encher suas pinturas com pessoas, animais e
objetos variados.

Fontes de inspiração

A arte tingatinga possui uma fonte inesgotável de inspiração — a fauna


e a flora africana em todas as suas formas: antílopes, búfalos, elefantes,
girafas, hipopótamos, leões, macacos, zebras e outros animais, além de
flores, árvores, aves e peixes, principalmente aqueles bem coloridos.
Um dos fundos mais usados é a montanha mais alta da África, o
Kilimanjaro, no nordeste da Tanzânia.

Hoje em dia, o povo africano e sua cultura também são retratados pela
arte tingatinga. Uma pintura pode representar um dia numa feira
movimentada, uma visita a um hospital local ou simplesmente o
cotidiano de um povoado.
História de Artes 3 107

Desde sua criação, a arte tingatinga tornou possível que africanos com
dons artísticos se expressassem, proporcionando ao mesmo tempo uma
excelente oportunidade de incrementarem sua renda. De fato, essa arte
cresceu tanto que hoje existe uma cooperativa de pintores sediada em
Dar es Salaam. Alguns até mesmo mantêm viva a tradição de pintar com
esmalte de bicicleta. Se Edward Tingatinga ainda estivesse vivo (ele
morreu em 1972), a popularidade de seu estilo artístico sem dúvida o
faria sorrir.

Tudo começou com pinturas de um único animal como uma hiena, um


leão e outros em 1968. Hoje poucos pintores pintam neste estilo "antigo".
Mas há exceções, como o filho de Tinga Tinga. Outros pintores que
representam apenas um animal nos seus trabalhos são Abdul Mkura e
Amonde Omary. Ambos pertencem à primeira geração de pintores Tinga
Tinga. Outros ocasionalmente que seguiram estilo são Becker Wasia,
Saidi Chilamboni, Mwamedi Chiwaya e muito mais. (Veja abaixo pinturas
de Saidi e Tinga Tinga)

Figura 133 - Pintura Tingatinga: Figura 134 - Pintura Tingatinga:


Hiena Leão
História de Artes 3 108

Girafa Individual é um novo motivo, mas inspirado nos velhos tempos. É


representado por Shabani Mkarekwa (Foto à esquerda para baixo) e
Jabili Masoudi. Além disso, à direita você vê o estilo de Amonde Omari.

Figura 135 - Figura 136 - Pintura de um elefante, jacare e papagaio


Pintura de uma
Girafa

Em seguida, os rapazes (e algumas meninas também) vieram com a


idéia de acrescentar algumas flores aqui e algumas aves lá. Nada para
os velhos, mas os jovens pintores apreciavam. Eles ficam obsecados e
para terminar uma pintura Tinga Tinga poderiam demorar até semanas!
Os jovens mestres são Rubuni Rashidi, Saidi Omary, Ibrahim Omary,
Zuberi Daimu e outros. Não há uma linha clara de representação,
ocasionalmente se Mwamedi Chiwaya se cansa de pintar o décimo
Simba (leão), ele pode fazer algo mais complicado também. (Abaixo
são pinturas de Rubuni e A. Hasani)
História de Artes 3 109

Figura 137 - Pintura Tingatinga: Rubuni Figura 138 - Pintura Tingatinga: A.


Hassani

Há informações de que os melhores pintores deste estilo complicado são


Mwamedi Chiwaya (Foto abaixo), Iddi, Daimu Zuberi e Saidi Omari.

Figura 139 - Pintura Tingatinga: Mwamedi Chiwaya


História de Artes 3 110

Saidi Omary é um jovem pintor, mas ele já tem alunos. Ele mantém
sempre uma elevada qualidade de pinturas. Ele tem sempre bom humor
e ele nunca está com pressa. Assim, suas pinturas são muito boas. Ele
tenta ser criativo também, mas é difícil na coletiva Tinga Tinga. Desfrute
de pinturas de S.Omary.

Figura 140 - Pintura Tingatinga: Said Omar Figura 141 - Pintura Tingatinga: Said
Omar

Figura 143 - Pintura Tingatinga: Said


Figura 142 - Pintura Tingatinga: Said Omar Omar
História de Artes 3 111

Figura 144 - Pintura Tingatinga: Said Figura 145 - Pintura Tingatinga: Said Omar
Omar

Parece que o estilo Tinga Tinga é uma grande bagunça. Mas se você
olhar de perto, há apenas alguns animais que são retratados. E alguns
pintores se especializaram em alguns animais. Então Gayo Peter,
Mtapwata e até mesmo Kolumbo especializaram-se em pintar
borboletas. Mas o maior mestre da borboleta é Kambili. Ele não pinta
qualquer coisa que aparece. Abaixo você pode ver borboletas de Gayo
e Chiwaya.

Figura 146 - Pintura Tingatinga: Figura 147 - Pintura Tingatinga:


Borboletas, Gayo Borboletas, Chiwaya
História de Artes 3 112

Mbwana Sudi é conhecida por peixes azuis e Rubuni Rashidi nos


surpreendeu com peixes vermelhos.

Figura 148 - Pintura Tingatinga: Peixes Figura 149 - Pintura Tingatinga: Peixes
azuis, Mbwana Sudi azuis, Rubuni Rashidi

Sumário

A Tanzânia é reconhecida mundialmente pelas esculturas em madeira,


conhecidas pelo nome de Arte Makonde.

A Tribo Makonde do sul da Tanzânia e do norte de Moçambique tem


uma longa tradição em trabalhos feitos com madeia.

Estas esculturas normalmente refletem objetos da natureza (animais,


seres humanos), mas atualmente o estilo mais popular, isto é, o
'Shetani', mostra demônios em suas diversas formas e a árvore
genealógica que busca retratar a tradição de união (muitas images de
pessoas juntas esculpidas em um único pedaço de madeira).

No concernente a pintura Tingatinga, esse estilo artístico vem do seu


originador, Edward Said Tingatinga.
História de Artes 3 113

O estilo de pintar de Edward era simples. Ele usava uma ou duas cores
para o fundo e cores vibrantes para pintar apenas um objeto, como um
animal africano, num estilo bem peculiar. Ele não incluía um cenário nem
outros detalhes.

A arte tingatinga possui uma fonte inesgotável de inspiração — a fauna


e a flora africana em todas as suas formas: antílopes, búfalos, elefantes,
girafas, hipopótamos, leões, macacos, zebras e outros animais, além de
flores, árvores, aves e peixes, principalmente aqueles bem coloridos.

Exercícios

1. Quais os tipos de expressão atisticas são mais explorados na


Tanzaniana.
2. Identificar os motivos temáticos tratados nos seus trabalhos
artiscos.
3. Caracterizar a escultura do povo Tanzaniano.
4. Quais são as origens da pintura Tingatinga.
5. Caracterize a pintura tingatinga bem como os artistias mais
evidenciados.
6. Quais são as fontes de inspiração dos pintores tingatinga.
História de Artes 3 114

Unidade XVII
Arte da Etiópia
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer as origens da arte Etíope;


 Identificar as principais manifestações artísticas
desenvolvidas na Etiópia;
 Identificar os motivos temáticos tratados nos seus trabalhos
artiscos;
 Caracterizar a arquitectura e pintura do povo Etíope.

A arte da etiópia

A arte etíope é a manifestação da arte da civilização etíope, uma


civilização Africana cristã que se desenvolveu ao longo de milênios de
forma relativamente isolada (a partir do século VII com a expansão do
islão dividiu o resto da cristandade).

Arquitetura e escultura

Os exemplos mais importantes da arquitetura e escultura etíope são as


igrejas esculpidas na rocha de Lalibela e os obeliscos de Aksum. Há
muitos outros exemplos de arquitectura civil e religiosa em pedra e
materiais perecíveis.

Arquitetura crista foi parcialmente influenciada pelo reino de Aksum. Os


primeiros monumentos talhados nas rochas datam dos séculos VII e X.
Aparecem inicialmente na província de Tigre onde entre os séculos X e
XII constrõe-se uma grande igreja funerária de planta cruciforme
dedicada aos reis Abreha e Atsbeha. O grupo mais importante é o de
Lalibela, onde Gebre Mesgel fez uma escultura no século XIII e um
História de Artes 3 115

conjunto de igrejas monoliticas. As igrejas construídas


convencionalmente tendem a ter uma forma octogonal.

Figura 150 - Igreja de Lalibela Figura 151 - Detalhe de uma janela


de lalibela

Figura 153 -
Figura 152 - Interior de da igreja Biet.
Igleja de Debre Berhan

Pintura

O interior de edifícios religiosos é geralmente decorado com pinturas de


influência bizantina.

As mais antigas pinturas cristãs são preservadas em manuscritos


iluminados do século VII; contatos entre o reino de Aksum e no Oriente
Médio são perceptíveis estilisticamente. O isolamento do resto do
mundo cristão produziu uma especificidade visível entre os séculos XII
e XV, quando se desenvolveu o estilo etíope genuíno. A primeira escola
História de Artes 3 116

pictórica original apareceu por volta de 1400, na iluminação do


manuscrito, principalmente.

A pintura etíope é classificada como como ingênua. A representação do


corpo humano é estereotipada e simplificada, com grandes olhos
amendoados. As cores são muito vivas. Os temas são religiosos, e os
principais meios de comunicação são as paredes das igrejas e páginas
de livros sagrados e livros dobrados chamados sensul (é um formulário
que aparece no século XVI, as ilustrações são acompanhadas por
inscrições que identificam, orações e hinos)

Biblia procedente de um monasterio Juan Evangelista em Evangelario Gunda


del lago Tana, siglos XII-XIII Gunde

Um dos exemplos mais conhecidos é a igreja de Debre Berhan Selassie


("Trinidade de Debre Berhan" perto de Gondar, a capital histórica da
Etiópia), famoso por seu teto coberto com anjos (na arte etíope são
representados como cabeças alado) e outros murais do final do século
XVII. Há também ícones e retábulos de madeira (dípticos e trípticos).

Figura 154 - Teto Angos: Igreja de Debre Figura 155 - Afresco no interior da igreja
Berhan Selassie. Debre Berhan Selassie
História de Artes 3 117

Figura 156 - Tríptico, ca. 1700. Figura 157 - Frescos da igleja de Abuna
Yemata Guh (Gheralta).

Sumário

A arte etíope é a manifestação da arte da civilização etíope, uma


civilização Africana cristã que se desenvolveu ao longo de milênios de
forma relativamente isolada (a partir do século VII com a expansão do
islão dividiu o resto da cristandade).

Os exemplos mais importantes da arquitetura e escultura etíope são as


igrejas esculpidas na rocha de Lalibela e os obeliscos de Aksum. Há
muitos outros exemplos de arquitectura civil e religiosa em pedra e
materiais perecíveis.

Arquitetura crista foi parcialmente influenciada pelo reino de Aksum. Os


primeiros monumentos talhados nas rochas datam dos séculos VII e X.

O interior de edifícios religiosos é geralmente decorado com pinturas de


influência bizantina.

A pintura etíope é classificada como como ingênua. A representação do


corpo humano é estereotipada e simplificada, com grandes olhos
amendoados. As cores são muito vivas. Os temas são religiosos, e os
principais meios de comunicação são as paredes das igrejas e páginas
de livros sagrados e livros dobrados chamados sensul.
História de Artes 3 118

As mais antigas pinturas cristãs são preservadas em manuscritos


iluminados do século VII; contatos entre o reino de Aksum e no Oriente
Médio são perceptíveis estilisticamente.

Exercícios

1. Quais são as origens da arte Etíope;


2. Identifique as principais manifestações artísticas desenvolvidas
na Etiópia.
3. Identifique os motivos temáticos tratados nos seus trabalhos
artiscos.
4. Caracterizar a arquitectura e pintura do povo Etíope.
5. Qual foi a inspiração dos artistas etíopes para a produção das
suas obras.
História de Artes 3 119

Unidade XVIII
Arte da Núbia (arte do povo Meroé)
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer a localização espacial da antiga Núbia;


 Identificar as principais manifestações artísticas
desenvolvidas na Núbia pelo povo Meroita;
 Descrever as artes desenvolvidas pelos Meroitas.

Enigma de Meroé

A enigmática Meroé Tal como já vimos, trata-se da antiga Merhu sempre


citada nos hieróglifos egípcios e que segundo alguns dicionários de
Egiptologia trata-se de "Um país no Sudão cuja situação é
desconhecida". Sem dúvida alguma, a ampla divulgação das evidências
encontradas nos seus estonteantes mistérios literalmente viraria toda a
Arqueologia e também a História "de cabeça para baixo”.

Figura 158 - Ruinas do povo Meré


História de Artes 3 120

Uma visão impressionante das milenares ruínas da enigmática Meroé,


uma civilização bem mais antiga do que a egípcia! Apesar de o atual
Sudão estar situado muito ao sul do Egito, os habitantes do Nilo somente
souberam da sua existência durante as mais recentes Dinastias da sua
História! Portanto, é inegável que ambas as civilizações desenvolveram-
se separadamente.

Figura 159 - Ruinas de um templo Meroita

Na imagem acima mostramos as impressionantes ruínas de um templo


meroíta, mostrando um tipo diferente de arquitetura - majestoso e
sobretudo inédito na antigüidade conhecida!

Figura 160 - Ruinas de um outro templo Meroita

Ruínas de um outro templo que denotam a suntuosidade que deveria


haver na antiga Meroé! E vemos ainda os relevos nas paredes que muito
História de Artes 3 121

se assemelham aos da cultura egípcia - muito embora não tivessem


relação alguma com ela!

Figura 161 - Templo egipcio de Medinet

Este é o templo egípcio de Medinet Habu, construído durante o reinado


de Ramsés II - faraó da XIX Dinastia. Compare como são simplesmente
espantosas as semelhanças não só arquitetônicas como também as dos
relevos igualmente estampados na distante e muito mais antiga Meroé!

Figura 162 - Conjunto arquitectonico Meroita

Outro impressionante conjunto arquitetônico meroíta que sobreviveu ao


tempo. Note-se, mais uma vez, os imensos relevos estampados na suas
paredes.
História de Artes 3 122

Figura 163 - Colunas de uma edificação tendo ao lado de


uma escultura

Aqui, as colunatas do que outrora fora uma enorme edificação, tendo ao


lado a escultura de um estranho animal que se assemelha ao elefante!

Figura 164 - Conjunto de piramide Meroita

Um vasto conjunto piramidal cercando todo o complexo meroíta!

Figura 165 - Diversidades de pirâmides meroitas


História de Artes 3 123

As diversas pirâmides de Meroé não chegam a ser tão grandes como as


egípcias, porém impressionam pela precisão arquitetônica e pela sua
rara beleza.

Figura 166 - Mural contendo images dos deuses meroitas

Na imagem acima, um outro mural contendo imagens dos deuses


meroítas, incrivelmente semelhantes aos do Antigo Egito!

Figura 167 - Mural contendo images dos deuses

E aqui um "close" de alguns deles, conforme mostrados na foto acima.


Usam estranhos símbolos nas cabeças, bastante diferentes do
simbolismo tradicional egípcio e contudo os seus atributos parecem ser
os mesmos das divindades adoradas no Nilo. O da esquerda tem a
cabeça do carneiro; o central um rosto aparentemente humano, porém
dotado de estranhas feições; e finalmente o último ostenta a cabeça do
leão. Todos, assim como os deuses egípcios, portam cetros. E somente
nesses três exemplos temos notáveis e expressivas semelhanças com
os deuses Seth, Amon e a deusa-leoa Sekhmet!
História de Artes 3 124

Figura 168 - Tumbas Meroitas

E até mesmo as tumbas em que eram sepultados os riquíssimos


sarcófagos contendo as múmias de Meroé eram semelhantes (ou até
melhores) do que as egípcias - escavadas por centenas de metros rocha
adentro e contendo majestosos e belos murais repletos de lindas e
multicoloridas pinturas, além dos intrigantes caracteres hieroglíficos até
hoje indecifrados!

Essa estatueta é o chamado "Ushabti" do Antigo Egito


e uma profusão delas era colocada nas tumbas dos
faraós como elementos mágicos na viagem para o além.
Literalmente significando "os respondedores" eram
usualmente feitas em madeira ou faiança, ricamente
trabalhadas e ainda repletas de textos mágicos.

Figura 170 -
Figura 169 - Estranhas múmias meroitas
Estatueta egipcia

E aqui mais outra chocante semelhança encontrada nas tumbas de


Meroé: as suas estranhas múmias também eram veladas pelos
"Respondedores Mágicos"! E ainda temos outro detalhe intensamente
revelador: as "Ushabtis" do Antigo Egito eram mumiformes e
História de Artes 3 125

representavam os rostos dos membros da sua raça. E assim também


ocorria em Meroé.... Mas vejam os rostos! São criaturas BRANCAS,
diferentes de tudo aquilo que se conheceu na antigüidade - como de fato
os exames nas múmias ali encontradas assim o revelaram! Que
estranha raça seria esta?

Figura 171 - Mural mostrando habitantes de Meroé

Aqui, um outro mural nos mostra uma dessas criaturas que habitavam
os domínios territoriais de Meroé.

Nesta estela, em meio aos estranhos


hieróglifos meroitas, vemos a imagem de
uma rainha - cujo nome também era
encerrado em um selo-cartucho, da
mesma forma que os soberanos egípcios!

Figura 172 - Hieroglifos


Meroitas
História de Artes 3 126

E nesta foto a maior de todas as surpresas!


Elaborada no mais puro bronze, a imagem de
um habitante de Meroé - Note-se o seu tipo,
diríamos, "europeu" e também os inegáveis
caracteres da raça branca!

Figura 174 - Habitante


de meroé, bronze

Outra estátua encontrada em Meroé, retratando


um tipo totalmente diferente do egípcio
tradicional.

Figura 173 -
Estatueta meroita

Exemplos da arte meroíta nos


mostram o domínio absoluto
da metalurgia.

Figura 175 - Outros exemplos de arte


meroita

Figura 176 - Outros exemplos de arte meroita 2


História de Artes 3 127

Usando técnicas e um refinamento talvez muito superiores aos do


próprio Egito! Aqui, belíssimos exemplares metálicos de uso comum.
Note-se em um deles um símbolo semelhante ao ANKH, ou Cruz Ansata
- o símbolo da vida e da imortalidade da alma, usado na religião egípcia!

Este é um outro símbolo sagrado e


tradicional da religião egípcia,
conhecido como 'O Olho de Hórus".....

Figura 178 - O olho de Hórus

Igualmente encontrado nas


refinadas obras da joalheria meroíta!
Note-se nas extremidades
superiores desse belo peitoral dois
símbolos absolutamente idênticos!!!

Figura 177 - Joias meroitas

E até os deuses eram semelhantes!


E ainda tinham, ao que parece, os
mesmos atributos daqueles
encontrados no extenso panteão
egípcio! Este é o chacal de Meroé
que, à semelhança de Anúbis, era
também o guardião das tumbas e
protetor dos embalsamados nas
misteriosas necróples de Meroé! Figura 179 - Chacal de meroé
História de Artes 3 128

Figura 180 - Caracteres meroitas

Além dos tradicionais e belíssimos caracteres e ideogramas hieroglíficos


praticados pela misteriosa civilização de Meroé, da mesma forma que
no Egito existia também uma escrita cursiva, cujos intrincados e inéditos
caracteres podemos ver no pequeno exemplo mostrado na ilustração
acima!

E não é só isso!
Um cientista da
Universidade
de Berlim,
apurou que o
misterioso povo
branco de
Meroé chegou
Figura 181 - Símbolos meroitas
mesmo a
invadir, dominar e reinar sobre o próprio Egito, ali estabelecendo as XXV
e XXVI Dinastias, aproveitando-se do enfraquecimento militar e social
que prevalecia naquela época nas terras do Nilo - o que bem poderia
explicar o abandono das suas terras no Sudão! Os soberanos meroitas
(cujos estranhos nomes podemos ver em alguns exemplos acima)
mantiveram-se no poder até o ano 654 A.C. quando o Egito foi invadido
e dominado pelos Assírios.

Sumário

Uma imagem vale certamente mais do que mil palavras. É o quê


exatamente nos "disseram" todas essas fotos aqui mostradas, e que
História de Artes 3 129

além de tudo revelam evidências incontestáveis. Duas adiantadas


civilizações coexistindo paralelamente e sem se conhecerem,
espantosamente tendo o mesmo estilo arquitetônico, deuses, religiões e
ritos semelhantes, a incrível e evidente resposta é: - precisamente (e
além de tudo sem qualquer dúvida) algo que revela uma origem comum!
tudo - tudo mesmo, portanto - nos leva a crer que os antigos "deuses"
(leia-se: aqueles que foram os iniciadores do antigo egito), responsáveis
desde os mais remotos tempos pré-dinásticos pelo seu espantoso e
repentino progresso e que segundo a tradição eram refugiados da
perdida atlântida, se separaram ao colonizarem novas terras, dessa
forma seguindo rumos representados por caminhos evolutivos
diferentes!

Exercícios

1- Qual é a localização espacial da antiga Núbia;


2- Identifique as principais manifestações artísticas desenvolvidas
na Núbia pelo povo Meroita;
3- Caracterize as principais expressões artisticas desenvolvidas
pelos Meroitas.
História de Artes 3 130

Unidade XIX

Arte da Núbia (Século IV a XI)


Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Identificar as principais manifestações artísticas


desenvolvidas na Núbia;
 Caracterizar as edificações arquitectonias da Nubia;
 Identificar as fases da arquitectura Nuba;
 Caracterizar as manifestações da pintura Nuba.

Núbia
Na época do Egito faraônico, a Núbia era uma região que separava esse
país da África subsaariana. Atualmente, seu território se encontra
dividido entre o Egito e o Sudão.

Núbia é uma antiga região no nordeste da África, situada ao longo do rio


Nilo, desde a primeira catarata até as proximidades de Khartum, no atual
Sudão. Além do vale do Nilo, incluía as áreas desérticas a leste até o
mar Vermelho e a oeste até o deserto da Líbia.

As artes e a arquitetura da Nubia

Arquitetura
Os séculos IV-X e V-XI representaram na Núbia um período
extremamente favorável para o desenvolvimento das artes,
particularmente da arquitetura.
A arquitetura da Núbia não pode ser compreendida sem um estudo
prévio da sua arquitetura religiosa. Em toda a cristandade, as igrejas
eram então os edifícios mais importantes e justamente a sua construção
era o melhor reflexo das concepções e técnicas arquiteturais desta
época.
História de Artes 3 131

Os materiais dos quais dispomos são aparentemente muito ricos:


existem ainda mais de cem igrejas na Nobadia e cerca de quarenta em
Makuria. Tamanha desproporção entre estas duas regiões (além do fato
de quase todas as igrejas do Norte terem sido vasculhadas) deu a
impressão de que as igrejas núbias eram todas derivadas do tipo
basílica, predominante no Norte do país. Foi somente quando a missão
polonesa descobriu a velha igreja de Dongola e sobrepôs, ao seu plano,
aqueles da igreja com colunas de granito e da igreja cruciforme, somente
então se percebeu que a arquitetura religiosa seguia dois modelos
igualmente importantes, o plano central e o plano retangular de tipo
basilical, ambos tendo influenciado a construção de diferentes igrejas.

As principais tendências arquiteturais surgem primeiramente nos


grandes edifícios dos centros culturais e administrativos como o velho
Dongola, Faras e Kasr Ibrīm, os quais também eram bispados. A
arquitetura destas grandes cidades prestou‑se até certo ponto como
modelo ao restante do país, embora não houvesse por toda parte as
mesmas possibilidades de escolha de materiais e condições para a
execução dos trabalhos.
A evolução da arquitetura fora das grandes cidades desdobrou‑se na
criação do plano, dito núbio, encontrado principalmente em igrejas
erguidas no Norte da Núbia durante o período clássico e ao final da
época crista. O plano núbio coloca em evidencia a maioria dos detalhes
da composição e da decoração dos interiores.
A igreja é geralmente uma construção retangular orientada do Leste
para o Oeste, dividida por colunas ou pilares em uma nave central e
duas colaterais. O coro (chamado haykal), no centro do qual se eleva
um altar, ocupa grande parte da nave, fechada no Leste por uma abside
contendo uma tribuna semicircular. A abside é flanqueada por uma
sacristia no Norte e um batistério ao Sul, interligados por um estreito
corredor que a contorna. No Oeste, outras duas peças ocupam os
cantos da nave: aquela ao Sul contém em geral uma escadaria, porém
não se sabe exatamente qual a função daquela ao Norte. As portas da
História de Artes 3 132

igreja, ao Norte e ao Sul, dão acesso direto as laterais. Um ambom era


posicionado na parte central da nave, do lado norte.

A história da arquitetura religiosa na Núbia pode ser dividida em três


períodos nos quais é possível perceber influencias externas.

Primeiro período
Fase 1: A arquitetura religiosa da Núbia denota, originalmente, uma
influência estrangeira. As igrejas eram construídas segundo um plano
retangular com um único eixo central e três naves. Ela era geralmente
feita com tijolos crus e recobertas com um teto de madeira sustentado
por pilares de tijolos crus.

Fase 2: Desenvolvimento da atividade arquitetural. Construção das


grandes catedrais com grandes pedras lapidadas e tijolos crus. Mesmo
plano que na fase precedente, com três ou cinco naves, sendo os tetos
sustentados por colunas.
Continuava‑se, simultaneamente, a construir pequenos edifícios com
tijolos crus. Foi nesta fase que surgiram na Núbia as abóbadas em berço
e as igrejas tipicamente núbias que nós descrevemos.

Segundo período
A evolução do estilo das igrejas, com influencias armênias e bizantinas,
transformou completamente a concepção do espaço arquitetural.
Durante este período, desenhou‑se uma dupla tendência: enquanto o
estilo tradicional manteve‑se nas províncias, um estilo novo e oficial,
caracterizado por um plano central, surgiu na capital. O emprego do tijolo
cozido generalizou‑se. A igreja com colunas de granito de Dongola
remonta a este período: ela tem um plano cruciforme inscrito no interior
do plano basilical. A arquitetura núbia atingiu então o seu apogeu. O
mausoléu (igreja cruciforme) do velho Dongola, construído segundo um
plano em forma de cruz grega, mostra que os arquitetos núbios
História de Artes 3 133

podiam realizar obras originais, tirando contudo proveito dos progressos


que a arquitetura fizera no restante da cristandade. Dongola certamente
tornou ‑ se, durante este período, o principal centro da atividade
arquitetural.

Figura 182 - Planta de uma Igreja Nubia, 2º


periodo

Arquitetura das igrejas núbias, segundo período. Parte superior: a


concepção arquitetural provincial
(B2); igreja do monastério de Ghazālī e igreja do flanco sul do Kom de
Faras. Parte intermediária: concepçao moderna, principal tendencia,
primeira fase (A2); exemplos da organizaçao espacial e plano central
(igreja de colunas de granito no velho Dongola) ou longitudinal (a grande
catedral de Kasr Ibrīm). Parte inferior: um exemplo da tendencia
principal, segunda fase (A4); o mausoléu do velho Dongola (igreja
cruciforme).

Figura 183 - Fachada da Catedral de


Faras. (Foto Museu Nacional de Varsovia.)
História de Artes 3 134

Terceiro período
Durante este período, não mais é possível distinguir uma evolução
linear. A atividade arquitetural estava dispersa e sofria diversas
influencias, principalmente bizantinas. O traço mais geral é a cúpula,
introduzido ao final do século IV-X e ligado a nova concepção espacial
da igreja, privilegiando a dimensão vertical. As igrejas com plano central
e as igrejas com plano retangular (basilical) eram ambas cobertas por
uma cúpula em sua parte central e os pilares de tijolos substituíam as
colunas. O tijolo cru é nova e comumente utilizado. Além da
reconstrução de antigas igrejas, foram edificadas novas, em um estilo
que resultava de modificações e simplificações, variáveis segundo as
regiões, contribuições acrescentadas as formas inventadas pelos
arquitetos núbios.

Figura 184 - Planta de uma igreja Núba


História de Artes 3 135

Figura 185 - Planta de uma Igreja Núbia

Arquitetura das igrejas núbias, terceiro período. Exemplos de igrejas


que representam tendências diversas. Sequencia superior: C1 ‑
influencia do tipo basílico coberto por uma cúpula (basílica de Tamit);
segunda sequencia: C2 ‑influencia da composiçao com parede dupla
(igreja de Nag’el‑OKba) ou do tipo cruz inscrita em um quadrado (igreja
de SonKi Tino); terceira sequencia: C3 ‑ influencia do modelo
cruciforme com cúpula (catedral de Faras, reconstruída ao final do
século X, e igreja dos anjos de Tamit); sequencia inferior: C4 ‑influencia
da sala multiaxial (igreja de Sao Rafael de Tamit e igreja de Kāw).

A arte religiosa (PINTURA)


A partir do final do século II-VIII, afrescos figurativos geralmente
ornamentaram o interior dos edifícios religiosos, em cuja decoração não
compreendia anteriormente senão elementos arquiteturais (lintéis, pés
‑direitos e capitéis decorados em baixos‑relevos).

Os afrescos de Faras, além de numerosas representações do Cristo e


da Virgem, figuram igualmente santos e arcanjos, cenas do Antigo e do
Novo Testamento, bem como dos dignitários locais sob a proteção de
personagens santos. O seu estudo nos permitiu conhecer com precisão
a evolução da pintura mural na Núbia, cujos modos de expressão
diferem daqueles dos países vizinhos.
História de Artes 3 136

Nós pudemos distinguir diferentes estilos de pintura e classifica‑los em


ordem cronológica (alguns destes estilos já foram mencionados no
volume II desta História Geral da Africa): um estilo predominantemente
violeta (final do século II-VIII e início do século III-IX), estilos
intermediários (início do século III-IX) e um estilo predominantemente
branco (segunda metade do século IV-X), ao qual está ligado o retrato
do bispo Kyros, primeiro metropolitano.

Os afrescos deste primeiro período


inspiraram um grupo de pintores
que, no século IV-X, fundaram uma
nova escola cujo estilo caracteriza‑
se essencialmente por uma
ornamentação tipicamente núbia,
resultante da transformação de
elementos de origem estrangeira do
emprego de cores variadas segundo
os períodos. Deste modo, no início
do século IV-X, após a recuperação
do gesso presente no interior da
catedral de Faras, surgiu um novo
estilo predominantemente amarelo e Figura 186 - Transepto norte da catedral
vermelho. O realismo do estilo de de Faras e grande pintura mural
policromática, representando a
predominância branca deu lugar a
Natividade (aproximadamente do ano
uma extrema idealização e a 1000).
estilização de traços da face.

O novo estilo valorizava os bordados e os outros elementos dos


vestidos utilizados pelos personagens. Pode‑se, por exemplo, citar o
retrato de Georgios I, acrescentado no início do século IV-X ao grupo
da Virgem e dos apóstolos que orna a abside da catedral de Faras.
Após a grande reconstrução da catedral ocorrida ao final do século IV/X,
História de Artes 3 137

o estilo policromia I fez a sua aparição. Trata‑se de um dos estilos mais


difundidos no Norte da Núbia; podemos encontrá‑lo em várias

Igrejas, por exemplo, em ‘Abdallāh Nirkī, SonKi Tino e Tamit. Ele


caracteriza‑se pelo impacto das cores e pela profusão dos detalhes na
representação dos vestidos, livros, coroas e outros objetos. Dentre as
quarenta e oito pinturas deste estilo que nós conhecemos, a mais
notável é o retrato do bispo Marianos, datada dos primeiros anos do
século XI. A grande Natividade, atualmente abrigada no Museu
Nacional do Sudão, em Cartum, data da mesma época; trata‑se do
maior afresco da Núbia. Ela mostra que os artistas núbios sabiam pintar
cenas com múltiplos personagens, repartidos em planos sobrepostos.
Ela não está dividida em múltiplos registros, segundo a fórmula
característica da arte egípcia; os diferentes grupos e personagens (reis,
magos, pastores, arcanjos, anjos pairando no céu) estão, em contrário,
estreitamente interligados, tanto pelo tema da obra quanto pela sua
composiçao89.

Foi então que os pintores núbios começaram a representar nobres


locais sob a proteção do Cristo, da Virgem ou do arcanjo Miguel. Eles
tinham como regra conferir‑lhes cores verdadeiras aos rostos destes
dignitários, ao passo que o Cristo e os santos são sempre
representados com a pele branca.
O estilo policromático durou até o final do período cristão; os seus
prolongamentos são denominados policromia II (segunda metade do
século VII/XIII e IX-XV), policromia III (século VI-XII) e estilo tardio
(séculos VII-XIII e X-XV).

A descoberta de outras pinturas, sobre os muros de edifícios núbios,


confirmou de modo com tamanha precisão a cronologia estabelecida
graças aos afrescos de Faras que estas últimas poderiam servir como
base e dataçao91. As pesquisas versadas sobre a pintura núbia
superaram, a este respeito, aquelas que concernem a pintura copta
História de Artes 3 138

egípcia, cujas obras ainda não foram inteiramente catalogadas, nem


classificadas.

A pintura núbia do período cristão clássico sofreu, sobretudo, a


influencia da arte bizantina (como se percebe pela profusão dos
elementos decorativos), porém, esta influência não substituiu
completamente aquela da arte copta que marcara o período
precedente. As principais formas de expressão da pintura núbia
apresentam características próprias.

É necessário insistir na riqueza iconográfica da pintura núbia, riqueza


que denota um profundo conhecimento das mais antigas tradições
cristas e do texto das Escrituras. A Núbia, durante a sua idade de ouro,
permaneceu, não esqueçamos, como um importante membro da
ecúmena crista. Ela estava em relação, como se percebe ao menos
através da sua arte e particularmente pela sua arquitetura, não tão
somente com os coptas do Egito e muito provavelmente da Etiópia, mas
igualmente com todos os países da esfera de influência da cultura
bizantina, da Armênia a Síria e a Palestina. Conquanto extraísse a sua
inspiração destas fontes diversas, ela logrou adquirir uma
personalidade cultural perfeitamente distinta.
História de Artes 3 139

Figura 187 - Faras: Santa Ana meados do


século 8

Figura 188 - Faras: Madonna e


crianca Figura 189 - Catedral de Faras: Eremita
Ammonios

Figura 190 - Bispo Figura 191 - Bispo Marianos Figura 192 - Cathedral de
Petros (924-999) e (1005-1039) e Virgem com
São Pedro Apóstolo o Menino, depois de 1005
História de Artes 3 140

Sumário

Na época do Egito faraônico, a Núbia era uma região que separava esse
país da África subsaariana. Atualmente, seu território se encontra
dividido entre o Egito e o Sudão.

Núbia é uma antiga região no nordeste da África, situada ao longo do rio


Nilo, desde a primeira catarata até as proximidades de Khartum, no atual
Sudão. Além do vale do Nilo, incluía as áreas desérticas a leste até o
mar Vermelho e a oeste até o deserto da Líbia.
Os séculos IV-X e V-XI representaram na Núbia um período
extremamente favorável para o desenvolvimento das artes,
particularmente da arquitetura.
As principais tendências arquiteturais surgem primeiramente nos
grandes edifícios dos centros culturais e administrativos como o velho
Dongola, Faras e Kasr Ibrīm, os quais também eram bispados.
A história da arquitetura religiosa na Núbia pode ser dividida em três
períodos nos quais é possível perceber influencias externas.

Primeiro período
Fase 1: A arquitetura religiosa da Núbia denota, originalmente, uma
influência estrangeira.
Fase 2: Desenvolvimento da atividade arquitetural. Construção das
grandes catedrais com grandes pedras lapidadas e tijolos crus.

Segundo período
A evolução do estilo das igrejas, com influencias armênias e bizantinas.

Terceiro período
Durante este período, não mais é possível distinguir uma evolução
linear. A atividade arquitetural estava dispersa e sofria diversas
influencias, principalmente bizantinas.
História de Artes 3 141

A partir do final do século II-VIII, afrescos figurativos geralmente


ornamentaram o interior dos edifícios religiosos, em cuja decoração não
compreendia anteriormente senão elementos arquiteturais (lintéis, pés‑
direitos e capitéis decorados em baixos‑relevos).

Exercícios
1. Identifique as principais manifestações artísticas
desenvolvidas na Núbia.
2. Quais as edificações que despertavam mais atenção na
arquitectura da Nubia.
a) Caracterize as edificações arquitectonias da Nubia.
b) Identificar as fases da arquitectura Nuba.
3. Caracterize as manifestações da pintura Nuba.
História de Artes 3 142

Unidade XX
Arte do Povo Ndebele (África do sul)
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer o povo e as origens da pintura Ndebele;


 Caracterizar as pinturas Ndebele;
 Identificar a figura de destaque na Pintura Ndebele.

Arte Ndebele

Ndebele - etnia que conta com uma população em torno de 700 mil
pessoas, concentradas em sua maioria na região de Pretoria
(Gauteng), Africa do Sul.

Os Ndebele, ao contrário de muitas outras tribos da África do Sul,


conseguiram preservar as suas tradições ancestrais ao longo dos
séculos.

Apesar de ser uma sociedade patriarcal, a herança artística é passada


de mães para filhas; ao chegar à puberdade, as jovens são retiradas da
sociedade masculina durante três meses e são-lhes transmitidos os
padrões tradicionais dos Ndebele no século XIX esta tradição alargou-
se dos tecidos às pinturas murais decorativas que são também
executadas apenas pelas mulheres Ndebele.

As pinturas ndebele são desenhadas à mão-livre, sem medições ou


esboços utilizando tintas brilhantes que conferem aos seus trabalhos
um vigor e colorido extraordinário. À primeira vista puramente abstratas,
as composições são construídas com base num complexo sistema de
sinais e símbolos.

A característica principal dessa tribo está na sua forma única de arte.


São chamados de "o povo artista" e o talento deles é algo instintivo.
Expressam a si mesmos através das cores e dos desenhos.
História de Artes 3 143

As casas são muito coloridas, redondas ou quadradas, com telhados


de palha.

Nas pinturas murais do grupo étnico Ndebele, sul da África,


observamos a apropriação de alguns elementos do cotidiano da cultural
ocidental assim como a chave, a fechadura, a lâmpada, etc.
Além das casas com essa característica única, essa tribo desenvolve
um artesanato na fabricação de colares e ornamentos de miçangas.
Suas mulheres lembram as "mulheres girafa" da Tailândia, pois usam
colares em forma de aro no pescoço, pernas e braços, e usam
cobertores coloridos amarrados nas costas.

Ester Mahlangu

Mahlangu foi a primeira artista Ndebele a transpor os murais para telas


e levar as convenções do seu trabalho a um público mais vasto. Em
1989 Esther Mahlangu viajou até Paris para criar os murais da
exposição "Magiciens de la Terre", e recebeu encomendas de trabalhos
para museus e outros edifícios públicos como o Civic Theater de
Johannesburgo, para a BMW, etc.

Mahlangu levou a arte Ndebele a todo o mundo e afirma hoje:“A minha


mãe e a minha avó ensinaram-me a pintar quando tinha apenas dez
anos. A partir daí nunca mais parei. Sinto-me feliz quando pinto.”

Figura 193 - Arte Ndebele aplinada nas Figura 194 - Arte Ndebele em Tecidos
missangas
História de Artes 3 144

Figura 196 - Colares mantas Ndebele


Figura 195 - Colares e bracelets Ndebele

Figura 197 - Pintura Ndebele na decoração arquitectónica

Figura 198 - Pintura Ndebele na decoração arquitectónica


História de Artes 3 145

Figura 199 - Ester Malhangu exibindo a pintura mural

Figura 200 - Ester Malhangu – umas das


principais Pintoras Ndebele

Figura 201 - Pintura Mural


História de Artes 3 146

Figura 202 - Pintura Ndebele em automovel

Figura 203 - Arte Ndebele num BMW

Figura 204 - Ester Malhangu pintando


um mural
História de Artes 3 147

Figura 205 - Arte Ndebele nos


Figura 206 - Arte Ndebele nos calçados 2
calçados

Figura 207 - Arte Ndebele nos calçados 3 e Ester Malhangu

Sumário
O povo Ndebele é um grupo étnico Africano localizado na África do Sul
e no Zimbabwe. A maior parte deles encontra-se em Bronkhorstspruit.
As origens do povo Ndebele ainda são um mistério.
História de Artes 3 148

O que todos nós sabemos é aquilo que podemos ver, e o que vemos é
arte e muita cor nas suas casas. Uma combinação de arquitectura e
arte únicas são a principal característica deste belo povo africano.

As pinturas ndebele são desenhadas à mão-livre, sem medições ou


esboços utilizando tintas brilhantes que conferem aos seus trabalhos
um vigor e colorido extraordinário. À primeira vista puramente abstratas,
as composições são construídas com base num complexo sistema de
sinais e símbolos.

A característica principal dessa tribo está na sua forma única de arte.

Nas pinturas murais do grupo étnico Ndebele, sul da África,


observamos a apropriação de alguns elementos do cotidiano da cultural
ocidental assim como a chave, a fechadura, a lâmpada, etc.

Mahlangu foi a primeira artista Ndebele a transpor os murais para telas


e levar as convenções do seu trabalho a um público mais vasto.

Exercícios
1. Qual são as origens do povo Ndebele.
2. Qual é a principal característica do povo Ndebele.
3. Quais são as características da arte praticada pelo povo
Ndebele.
4. Quais os motivos temáticos retratados pelos Ndebele.
5. Que pessoas da tribo Ndebele tinha o previlegio de fazer este
tipo de arte.
6. Identificar a figura de destaque na Pintura Ndebele.
História de Artes 3 149

Unidade XXI
Arte do Grande Zimbabwe
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer a historia da muralha do grande Zimbabwe;


 Caracterizar a arquitectura do grande Zibambwe;
 Identificar e conhecer os edifícios mais importantes do grande
Zimbabwe.

Arquitetura do grande Zimbabwe

Figura 208 - Ruinas do Grande Zimbabwe

Histórico

As Ruínas do Grande Zimbabwe (que pode significar “casas de pedra”)


são os restos de uma antiga cidade do século XI, do sul de África: O
Império Monomotapa, cuja riqueza provém provavelmente do comércio
do ouro. Chegou a ter 10.000 habitantes no século XIII.
História de Artes 3 150

O complexo arqueológico é
considerado um importante
instrumento arqueológico da África
e Patrimônio da Humanidade pela
UNESCO. Também é um Santuário
nacional do atual Zimbabwe, onde
foi encontrado o símbolo nacional
do país, o Pássaro de Zimbabwe.

Características da arquitectura
do grande Zimbabwe:

 Construídas em chapas de
Figura 209 - Passaro de Zimbabwe
granito.

 Estrutura de pedra de cantaria mais ao sul do Saara (1000-1480 d.C).

 Consiste em uma série de muros e torres.

 Alvenaria de pedra maciça, sem argamassa.

Entre os edifícios mais


importantes estão:

 Um forte no extremo da
colina e um templo circular
com uma torre cónica de 11
m. de altura.

O palácio real, uma


construção de enormes
dimensões levantada com Figura 210 - Vista aérea da muralha

pedras e sem cimento. As


estruturas de pedra formam recintos amuralhados, alguns com mais
de 10 m. de altura.
História de Artes 3 151

A Grande Muralha:

Construída aproximadamente no século XII. Parte dela perdeu-se com


a passagem dos séculos, embora parece que havia pelo menos três
portas de acesso dotadas de dintéis. Nas formações rochosas próximas
da antiga capital registra-se pinturas rupestres com cenas de caça, com
mais de 35.000 anos.

Figura 211 - Torre do grande Zimbabwe Figura 212 - Muro projetado

Figura 213 - Agrande muralha

Figura 214 - Pormenor de pinturas rupestre com mais de 35 000 anos


História de Artes 3 152

Sumário
O Grande Zimbabwe é um complexo de amuralhados de pedra
situados na região leste do Zimbabwe, perto da fronteira
com Moçambique. Este complexo é considerado
um monumento nacional, que deu o nome ao país onde atualmente se
situa. O "Monumento Nacional do Grande Zimbabwe" foi inscrito
pela UNESCO como Património Mundial em 1986.

O Grande Zimbabwe é formado por quatro construções, que podem ter


sido residências, rodeadas pela Muralha Elíptica, que tem cerca de dez
metros de altura e uma espessura de cinco metros em algumas partes.
Esta muralha tem uma circunferência de cerca de 240 metros e um
diâmetro máximo de 90 metros.

As únicas aberturas destes muros eram a entrada e vários canais de


drenagem, fazendo lembrar os castelos da Europa medieval.

Oito esculturas representando aves, esculpidas em pedra-sabão,


assentes em colunas, foram recuperadas em regiões vizinhas e existem
provas de terem estado dentro do amuralhado principal. Pensa-se que
estas esculturas, que combinam características de ave e humanas
- lábios em vez de bicos e pés com cinco dedos - poderiam ser
símbolos do poder real, ou de outro poder.

A forma destas esculturas foi utilizada, depois da independência do


Zimbabwe, como símbolo nacional, figurando na bandeira do
Zimbabwe.

Exercícios
1. Qual é a história da muralha do grande Zimbabwe.
2. Caracterize a arquitectura do grande Zibambwe.
3. Quais são as características da escultura do Grande Zimbabwe.
História de Artes 3 153

Unidade XXII
Arte Moçambicana
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer a localização geográfica de Moçambique;


 Conhecer a historia da arte Moçambicana;
 Conhecer os atistas que se evidenciaram na promoção da arte
Moçambicana.

Moçambique

Moçambique, oficialmente República de Moçambique, é um país


localizado no sudeste da África, banhado pelo Oceano Índico a leste e
que faz fronteira com a Tanzânia ao norte; Malawi e Zâmbia a
noroeste; Zimbabwe a oeste e Suazilândia e África do Sul a sudoeste. A
capital e a maior cidade do país é Maputo (chamada de Lourenço
Marques durante o domínio português).

Arte Moçambicana

A necessidade de sobrevivência levou o homem a usar a inteligência e


as suas mãos para transformar a natureza, criando instrumentos de
trabalho, utensílios domésticos, armas e posteriormente criou
instrumentos de dança ritual, mascaras, esculturas e outras peças que
eram usadas na evocação dos deuses.
Actualmente existe pouca literatura acerca da história da arte
moçambicana, apesar da sua vastidão e riqueza, sendo de destacar as
obras que têm, ao longo dos anos, o património artístico nacional, assim
sendo, a pintura, a escultura, a cerâmica e a cestaria são algumas das
manifestações artísticas que integram o universo cultural moçambicano.

Percurso de alguns artistas moçambicanos


História de Artes 3 154

O colonialismo continuava a procurar adaptar-se aos novos tempos. O


pensamento imperial cedeu lugar à Nação pluricontinental e multirracial.
Com o objectivo de materializar esta política e de alargar a base social
de apoio, alguns colonizados, vivendo e trabalhando nas cidades e
exercendo as profissões que o colonialismo lhes destinava, foram
encorajados pelo governo colonial a receber lições de arte, a aprender
técnicas europeias, a tornar-se artistas.

Jacob Estevão, Elias Estêvão (1937-1960), Vasco Campira (n.1933),


Agostinho Mutemba tiveram aulas com Frederico Ayres, um pintor
naturalista que se destacou na pintura de paisagem e na pintura de
história. Realizaram exposições em Moçambique e na metrópole, para
dar visibilidade à acção civilizadora’ exercida, mas o seu trabalho não foi
nunca apreciado de forma independente.
Olhados como derivativos e imitativos foi-lhes negada a possibilidade de
explorarem individualmente esta experiência. É de notar a influência que
exerceram junto de jovens do seu tempo para quem o seu exemplo foi
decisivo na escolha que, alguns, mais tarde fizeram embora tenham sido
muito poucos os que seguiram o seu género de pintura.

Jacob Estêvão (1933-2008) é quem melhor representa o que acabamos


de referir. Agostinho Mutemba (n. 1937), menos mediatizado, foi capaz
de estabelecer uma relação diferente com o contexto cultural envolvente
e prossegue calmamente, ainda hoje, um estilo próprio que tem
apreciadores e seguidores. O seu trabalho, embora escapando a esta
percepção dominante, não escapa à associação com a ideia de uma
África que se mantém “no passado”.
História de Artes 3 155

Malangatana (1936-2011), um
outro jovem colonizado que
ambicionava ser artista, começou
a desenhar e a pintar nesta
mesma época. Preferiu, como
me disse, ter lições de arte no
Núcleo de Arte onde ensinava
João Ayres, um artista moderno
Figura 215 – Malangatana Valente
que apreciava, e onde se
encontravam pessoas que admirava. Pouco depois, no Núcleo de Arte,
conheceu Pancho Guedes. Foi um encontro que mudou a sua vida e
sobre o qual já muito se escreveu. Malangatana abandonará algum
tempo depois o Núcleo de Arte, por conselho do arquitecto, para
encontrar um caminho tanto quanto possível livre de influências e a sua
carreira seguiu, fruto do seu esforço pessoal e de condicionalismos
históricos, um rumo completamente diferente nos anos seguintes. A sua
primeira exposição individual aconteceu em 1961. O seu nome passou
a ser associado a uma expressão moderna ‘puramente’ africana. Foi
considerado um dos primeiros pintores de África, um pintor natural,
autêntico, verdadeiro
e sincero, um pintor cujo trabalho, a composição e a harmonia de cores
aconteciam tão naturalmente como as histórias e as visões.
Malangatana estava interessado em ‘mostrar as coisas dos antigos pois
era possível ser civilizado sem deixar o que era nosso.
Na mesma época, um outro jovem, Abdias (n.1940), pintor de
automóveis durante o dia, à noite estudante na Escola Industrial, tinha a
mesma ambição que Malangatana.
Tal como ele expressava-se livremente sobre as suas experiências de
vida e sobre a situação que se vivia em Moçambique. Pancho Guedes
seleccionou trabalhos dos dois (e de outros três jovens, Mitine Macie,
Augusto Naftal e Alberto Mati) para a exposição de arte africana
contemporânea integrada no Congresso Internacional de Cultura
Africana realizado em Salisbury (actual Harare no Zimbabwe), na então
Rodésia do Sul, em 1962.
História de Artes 3 156

Ntaluma: nasceu em Nanhagaia, na província de Cabo Delgado. Em


1992 criou, em Maputo, juntamente com um grupo de amigos, a “Favana
Grupo de Escultores Makondes”. Começa, em 1994, a ensinar a sua arte
e, hoje, a sua reputação espalha-se já pelos quatro cantos do globo.

Silva Dunduro: é outro dos grandes pintores de Moçambique, que se


detém a retratar os marginalizados como deficientes, velhos, prostitutas,
etc. os seus quadros, de cores vibrantes e de formas vigorosas,
reflectem a sua preocupação com a sociedade moçambicana.

Sumário

Moçambique, oficialmente República de Moçambique, é um país


localizado no sudeste da África, banhado pelo Oceano Índico a leste e
que faz fronteira com a Tanzânia ao norte; Malawi e Zâmbia a
noroeste; Zimbabwe a oeste e Suazilândia e África do Sul a sudoeste. A
capital e a maior cidade do país é Maputo (chamada de Lourenço
Marques durante o domínio português).

Durante os últimos anos do período colonial, a arte moçambicana refletiu


a opressão pelo poder colonial e tornou-se símbolo da resistência. Após
a independência em 1975, a arte moderna passou para uma nova fase.
Os dois artistas moçambicanos contemporâneos mais conhecidos e
mais influentes são o pintor Malangatana Ngwenya e o escultor Alberto
Chissano. Uma boa parte da arte pós- independência, durante os anos
1980 e 1990, reflete a luta política, a guerra civil, o sofrimento, a fome e
a luta.

Actualmente existe pouca literatura acerca da história da arte


moçambicana, apesar da sua vastidão e riqueza, sendo de destacar as
História de Artes 3 157

obras que têm, ao longo dos anos, o património artístico nacional, assim
sendo, a pintura, a escultura, a cerâmica e a cestaria são algumas das
Manifestações artísticas que integram o universo cultural moçambicano.

Exercícios

1. Faça a localização geográfica de Moçambique.


2. Fale um pouco da historia da arte Moçambicana, no que diz
respeito as fases que esta passou até a sua consolidação.
3. Identifique os atistas que se evidenciaram na promoção da arte
Moçambicana.
História de Artes 3 158

Unidade XXIII
Arte Moçambicana (pintura, escultura e arquitectura)
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer a arte pre-histórica em Mocambique (pinturas


rupestres);
 Caracterizar a pintura, escultura e arquitectura Maçambicana;

Pintura

A pintura é a representação que resulta da aplicação de tinta numa


superfície. A realização da pintura requer sempre a presença de um
suporte de tinta e, se possível, de fixador. Todo o trabalho de pintura
caracteriza-se pela presença de cor.
O conceito de pintura vai sendo aperfeiçoado a medida que os tempos
passam e de acordo com os ideais. Inicialmente, a pintura estava
relacionada com a aplicação ou uso de pigmentos em forma liquida a
uma superfície de modo a colori-la. Com o desenvolvimento tecnológico
permitiu a elaboração de obras de pintura no computador, sem no
entanto recorrer o uso de pigmento em forma líquida.
Ao longo dos tempos, a pintura à óleo algumas das mais importantes
obras de pintura, a mesma que também é usada por muitos pintores
moçambicanos.
Toda pintura é formada por um meio líquido, chamado médium ou
aglutinante, que tem o poder de fixar os pigmentos (meio sólido e
indivisível) sobre um suporte.
A escolha dos materiais e técnica adequadas está directamente ligada
ao resultado desejado para o trabalho e como se pretende que ele seja
entendido. Desta forma, a análise de qualquer obra artística passa pela
identificação do suporte e da técnica utilizadas.
História de Artes 3 159

A pintura Moçambicana passou por várias fases, das quais


mencionamos:
a) Fase pré-histórica (pinturas rupestres em vários pontos do país)
 Pintura rupestre em Manica;
 Conjunto pictográfico rupestre da serra de Chicolone e
Chifumbazi;
 Os de Riane na província de Nampula;
 Os de monte Oizulos e marrupa em Niassa.

Pintura rupestre

Rupestre - quer dizer "gravado ou traçado na rocha, na pedra". Pintura


Rupeste é aquela que era feita pelos primeiros artistas da humanidade
tendo como suporte as rochas (cavernas) ou pedras. Acredita-se que
esses desenhos eram feitos por caçadores. Tudo o que conseguissem
desenhar poderiam dominar, ou seja, num sentido mágico, eles
poderiam interferir na captura de um animal desenhando-o ferido
mortalmente, podendo, dessa forma, dominá-Io com facilidade. As
pinturas eram, portanto, representações da natureza, tudo como forma
de assegurar uma boa caçada e conseqüentemente, a sobrevivência.

Pinturas rupestre em Moçambique

A carta pré-histórica, apresentada por Mendes Corrêa em "Raças do


Império", indica-nos a existência em Moçambique de pinturas rupestres
em Chicolone, Chifumbazi, Cachombo, locais todos situados na zona
compreendida ao Norte da linha que une Tete a Zumbo.

Conhecem-se, igualmente, em Moçambique, a meia encosta do Monte


Chimbanda da Serra do Zembe, ao Sul de Vila Pery e próximo de Vila
de Manica, no Contraforte do Vumba, do Monte Chinhamapere, outras
pinturas rupestres de grande interesse e valor artístico.
História de Artes 3 160

Pormenor exemplificativo do estado


em que se encontram, actualmente, as
pinturas de Chinhamapere. Pode ver-
se o pormenor da presente imagem
com mais nitidez. Representa um
negróide sobraçando um atado de
milho.Fig.1

Atitudes estáticas, a par de outras


animadas de grande movimento,
Figura 216 - Afrescos do monte traduzidas pelas posições do corpo,
Chinhamaperre
nomeadamente, dos braços e das
pernas. Figuras estilizadas, mas onde
o pormenor chega a ser exuberante de
significado folclórico. Há dançarinos e
guerreiros, estes munidos de arcos e
flechas, mas todos empenhados na
dança, Figura que esta no meio.
Figura 216 - Afrescos do monte
Chinhamaperre Na terceira figura, no primeiro plano há
duas espécies de antílopes vistos de
perfil, e no segundo, duas figuras em
actividade que aparentam ser
dançarinos.As cores mais correntes
utilizadas são castanho-claro,
vermelho-alaranjado e amarelo-

Figura 217 - Afrescos do monte


torrado.
Chinhamaperre
Entre Ligonha e Rovuma localizam-se
nove importantes estações de arte rupestre: Riane, Monapo, Nacavala,
Campote, Murrupula, Mogovolas, Ribáuè, na provincia de Nampula,
Marrupa e Montes Oizulos em Niassa.
A sua existência corresponde a épocas afastadas e a povos de tribos
diferentes, bem como a concepções técnicas variadas.
História de Artes 3 161

As estações de Riane e Monapo mostram painéis do tipo animalista,


com grande superiorida e para a primeira no desenho, que é colorido,
elegante e dinâmico. Ambas são da Idade Paleolítica.

Figura 219 - Afrescos da gruta


Figura 218 - Pormenordos
afrescos da gruta de Riane de Riane

Dois admiraveis afrescos da Gruta da Serra de Riane, considerados


dos melhores de toda a África. Representam antílopes e rinocenrotes
cercados de armadilhas e de símbolos mágicos, quais emblemas
totémicos. Como espécie de brazão, a figura superior mostra um animal
itifalico, com cabeca humana e animais, como o cão, a raposa, etc, em
movimento de manifesta agilidade.
História de Artes 3 162

Entre as pinturas e gravuras


rupestres descobertas na
Província de Moçambique
figuram as existentes no Monte
Namelépia, que faz parte da
Circunscrição de Monapo. São
pinturas e desenhos de figuras
humanas, de animais e outros Figura 220 - Afrescos de Monapo -
Nampula
símbolos, cuja interpretação
por eruditos ainda não foi feita. Os desenhos ou figuras estão pintados
a branco, mas também há alguns, embora poucos, pintados a preto. A
tinta não sai; foi aplicada directamente sobre a rocha.

As estações de Nacavala, Murrupula e Mogovolas mostram painéis


que são do Período Neolítico, contendo traços geométricos. A de
Campote apresenta uma escrita hieroglífica.

As restantes estações são constituídas por cavernas e revelam a


existência humana pelos testemunhos de arte cerâmica que aí se
encontraram.
Nas quatro estações referidas há aspectos de mentalidades distintas,
que não podem só ser justificadas pela cronologia.

Nos painéis de Riane o desenho é rico em movimento, cor e arte; nos


de Monapo não sucede o mesmo, embora em ambas as estações se
verifiquem que os temas são servidos pelas figuras de animais.

Os traços picturais de Nacavala, Murrupula e Mogovolas, são menos


cuidados; nas de Campote lembram sinais hieroglíficos.

Os povos de Meconta, Murrupula, Mogovolas, etc. consideram os


lugares das pinturas e desenhos como santificados. Ali imploram o que
mais necessitam.
História de Artes 3 163

Os povos de Campote e de Riane receiam tais lugares, a que ligam


lendas um tanto aterradoras e de fundamentos altamente supersticiosos.

Os frescos de Riane constituem grandiosas mensagens de arte. O vigor


dos traços anatómicos das figuras de animais, bem com a sua cor, dão
beleza e harmonia extraordinárias a todo o conjunto e revelam uma
perfeita técnica e conhecimento de hábitos e costumes dos animais
selvagens. O mistério ou o enigma andam a par nestas exteriorizações
de grande poder interpretativo. As figuras humanas concertam-se com
as dos animais, sendo estes a desempenhar, no entanto, papel principal.
Na apreciação dos espécimes de Nacavala há toscas figuras
geométricas circulares, rectangulares, quadradas, etc., sem
representação de animais, nem de homens. Uns parecem constituir
símbolos de valor astronómico, outros de técnicas de agricultura.

b) Fase colonial (anterior a independência)


Vários artistas abordavam assuntos relacionados com a emergência de
uma consciência nacional, como é o caso da pintura de grandes
representantes como Malangatana, Chichorro e outros.

Monstros grandes comendo


monstros pequenos

óleo s/unitex. 153 x 120 cm.


1961.

MALANGATANA. Catálogo da
exposição Malangatana – de
Matalana a Matalana. Lisboa:
Instituto Camões,1999. p. 32.

Figura 221 – Pintura de Malangatana


História de Artes 3 164

As pinturas de Malangatana
mostram confusao, tristeza,
medo…
Representam cenas muito
animadas.
Onde esta a minha mae, os
meios irmãos e os outros?
1986 – Oleo sobre a tela
(de Malangatana a malangatana, p.59)

Figura 222 – Pintura Malangatana -

Denúncia do dilaceramento da cultura


moçambicana durante o jugo colonial e,
posteriormente, na guerra fratricida no período
do pós-independência é resgatada por Ricardo
Silva Ramos de Souza, nas obras do pintor
moçambicano Malangatana Valente.

Figura 223 – Pintura de Malangatana

Figura
Figura 224 - Pintura glorificando Samora, aqui olando-se ao Dr. 225 - Sonhando amanhã sem
lágrimas.
Eduardo ondlane, como líder que conduziu à independência de
Moçambique Acrílico s/tela. 1975.

ROBERTO CHICHORRO. Lisboa:


Caminho, 1998. p. 54.
História de Artes 3 165

c) Fase da independência
Criou-se grandes retratos e murais abordando o contexto social e
político. Neste momento surgiram muitos artistas pintando paredes com
expressões revolucionárias que estavam espalhadas por todas as
paredes, nos locais públicos.
Um dos maiores pintores da época contemporânea é Malangatana
Valente Guenha, que alem de pintor, cantava, dançava, escrevia
poemas, participava nas pecas teatrais, trabalhava com a cerâmica, a
escultura entre outras actividades, passando assim a ser considerado o
Embondeiro das Artes plásticas de Moçambique.

Figura 226 - Mural que foi pintado por Malangatana Valente Nguenha na praça dos
heróis de Moçambique em Maputo

A pintura como obra de arte, em Moçambique, é relativamente nova em


relação a escultura, pois esta durante muito tempo esteve ligada à
pintura corporal, isto é, tinha como suporte ou superfície o corpo
humano. As pessoas pintavam o seu corpo com fins rituais ou estéticos
- basta lembrar o rosto pintado de mussiro – e assim se representava a
pintura que podia incluir todo o corpo.
A pintura como obra de arte começa a enraizar-se em Moçambique de
forma pronunciada a partir do século XX, com a imigração de alguns
pintores ou descendentes de colonos vindo da Europa (Portugal) ou Ásia
(India Portuguesa-Goa), mas é com fundação do Núcleo de Arte da
História de Artes 3 166

antiga Lourenço Marques, atual Maputo, que se vai popularizar esta arte,
chegando a ganhar mais destaque com a entrada de pintores como
Malangatana Valente Ngwenya, Jacob Estevão, Naftal Langa, e outros.

Figura 227 - Australírica numa variação de nyau, Figura 228 - Serenata para encantar
com lua
2004
resíduo de mármore, cola vulcano 7, médio vinílico, Acrílico s/tela, 100 x 80 cm, 1989.
pasta acrílica e acrílico s/ tela 1.45 X 1.78 m Roberto Chichorro. Lisboa: Caminho,
1998. p. 68.

Bertina Lopes: Maternidade

Figura 229 - Trabalho (pormenor) de Bertina Figura 230 - Noel


Langa, Sem titulo,
Lopes, 1960 (Colecção do Banco
1999, desenho e pintura
de Moçambique)
História de Artes 3 167

Escultura moçambicana
Escultura é uma expressão artística que se fundamenta na criação de
objectos tridimensionais. Alargando o campo estético da pintura, que
tem um carácter eminentemente visual (embora, durante a última
centúria tenha conhecido notável incremento das dimensões
sensoriais), a escultura adiciona a percepção táctil e as sensações de
matéria, volume, peso e espaço. Estas características permitem
aproximá-la da arquitectura, verificando-se que em muitas culturas era
corrente a associação de esculturas com as estruturas arquitectónicas.

A escultura tradicional pode classificar-se de exenta (quando tem a


forma de estátua de vulto redondo) e de relevo (adossada a um plano
de suporte) - neste caso com as subclassificações de baixo-relevo ou
alto-relevo.

Pode elaborar-se aplicando vários processos:

 Entalhe também designado por cinzelado, um processo


subtractivo que se baseia na eliminação de matéria a um bloco de
maneira a obter-se a forma pretendida.
Embora seja mais frequente o uso de pedra, nomeadamente do
mármore, é também possível o emprego de madeira ou de outros
materiais mais raros, como o marfim. Tanto as esculturas em madeira
como as de pedra são muitas vezes policromadas.

 O modelado, feito com materiais brandos como cera ou argila.


Devido à fragilidade do resultado, o modelado usa-se sobretudo para
esbocetos e estudos preliminares ou ainda como base de criação de
moldes para estátuas executadas com metais fundidos.
A fundição de esculturas, com utilização de moldes remonta à pré-
história.
História de Artes 3 168

Escultura Makonde
Podemos classificar os estilos da estatuária maconde do seguinte modo:
Tradicional, do Período Colonial e Moderna.

Estatuária T radicional

Antigamente costumavam representar os antepassados por estatuetas que os


chefes da aldeia conservavam em casa. Os chefes eram simultaneamente chefes
políticos e chefes religiosos. Segundo a concepção dos Macondes, os
antepassados são de certo modo divinizados. Estes antepassados tanto podem ser
do sexo feminino como do sexo masculino, sendo estes últimos o mais frequente;

Período Colonial

A produção deste tipo de artesanato foi encorajada no início por administradores e


missionários que queriam lembranças do seu tempo em Moçambique para
exposições coloniais na Europa. Havia um outro interesse motivado pelo turismo
que cresceu em África, particularmente no sul e o aumento da colonização
portuguesa.
Embora o aspecto do artesanato da estatuária e do entalhe integrado no mercado
colonial fosse a produção de peças estereotipadas que satisfaziam os gostos
europeus, havia alguns casos onde se mantinha originalidade desenhando visões
estéticas significativas da cultura tradicional genuína.
A escultura era o artesanato mais aceitável dentro da economia colonial, por causa
da madeira que era um recurso local.
A influência europeia aparece no centro e norte do país, na produção de mobiliário
(mesas, cadeiras, lâmpadas e cinzeiros), transformando o escultor em carpinteiro, e
introduzindo novas ferramentas, tais como o torno mecânico.
A arte do mobiliário tem um desenvolvimento gradual, misturando novas técnicas
com acabamentos artísticos, frequentemente de desenho inspirado na natureza.
As técnicas usadas na arte do mobiliário em madeira eram usadas na arte
decorativa, em miniaturas mostrando vários animais em lugares naturais e cenários
do dia-a-dia africano.
Este tipo de arte foi minoritariamente desenvolvido na Zambézia e em Cabo
Delgado, mas também foi espalhada por outras províncias, mas sem alcançar os
História de Artes 3 169

mesmos níveis de excelência.


O mercado crescente deste tipo de arte contribui para o aparecimento de peças
estereotipadas, de baixa qualidade estética e sem qualquer mérito artístico.
Reproduções de figuras religiosas e bustos de proeminentes colonialistas e outros,
estavam também a ser produzidos em larga escala.

A escultura Maconde passou por outras fases antes de alcançar um estado de


desenvolvimento.
Nos anos 40 quando a ocupação no norte de Moçambique começou a ser mais
sistemática, os missionários e as autoridades portuguesas, impressionadas pelas
capacidades do talhe dos Macondes, encorajou a produção e venda das mascaras
do Mapico e de figuras humanas, tais como as executadas para a adoração familiar.
Estas figuras são conhecidas como Machinamu, são cabeças e bustos de escala
humana esculpidas em madeira de cor clara, tal como em Ébano. O Ébano tinha
sido pouco usado até então porque era duro e difícil de talhar.

Neste período, os coleccionadores de arte africana mostraram mais interesse por a


utilização desta madeira valiosa, e como era moda a representação de animais e
cenas da vida quotidiana, os escultores começaram a receber comissões para este
trabalho. Tornaram-se profissionais trabalhando para a administração local ou para
a missão católica. Estas instituições faziam lucro, e os escultores escapavam ao
trabalho forçado nos campos ou na construção de estradas. Este estatuto
profissional, por um lado melhorava a especialização técnica, enquanto por outro
lado, pôs um travão na criatividade, uma vez que eles estavam a fazer peças por
encomenda. Mesmo dentro destas condições, os Macondes revelavam uma
habilidade notável na representação realista, com grande poder de observação. As
figuras humanas e animais mantinham a sua forma natural, mas com expressões
e poses surpreendentes.
História de Artes 3 170

Estatuária Moderna

Do estilo moderno há que destacar o Estilo Shetani e o Estilo Ujamaa.


Nos anos 50, é significante um novo desenvolvimento da arte entre os Macondes,
que foram para a Tanzânia e tomaram contacto com ideias políticas e sociais. Isto
ajudou a alterar as suas consciências.
A escultura Maconde, deixa de ser apenas os objectos tradicionais que eram
comercializados ao longo da costa do sul de Tanganyika.
Desde a independência, cabeças esculpidas de quase tamanho real têm aparecido
demonstrando versatilidade, que pode ser retirado da imaginação do artista. As
cabeças são de uma grande beleza e equilíbrio estético. Em vez de terem cabelo
no topo, parecem seres animais e mitológicos a devorar-se simultaneamente.
É uma ilusão impressionante e profundamente dramática. São as preocupações e
acontecimentos do dia-a-dia, expressados pelo simbolismo. Símbolos de fertilidade,
imagens representativas de luta anti-colonial, o erotismo dos espíritos.

Estilo Shetani

No início dos anos 60 a escultura toma um carácter bizarro, naquilo que viria a ser
conhecido como estilo Shetani. Desenvolveu-se entre os Macondes que viviam no
exílio na Tanzânia, porque em Moçambique colonial a força da igreja católica proibiu
os talhadores de trataram temas das suas tradições ancestrais e espíritos.
Mesmos os rituais como o Mapiko foram proibidos e reprimidos, desde que isto era
visto como uma heresia pagã, nos termos dos valores cristãos impostos pelo o
colonialismo.
Os Macondes das áreas ocupadas pelos portugueses continuaram a talhar
essencialmente figuras realistas, embora umas fossem mais estilizadas do que
outras.

O estilo Shetani revelou uma cosmogonia de seres e espíritos malignos que


habitam a natureza e forças que o homem tem de enfrentar todos os dias.
A partir do ano de 66 este estilo começou a ganhar reconhecimento a nível mundial.
Shetani é uma palavra usada para traduzir os espíritos Nandenga da cosmogonia
Maconde, que também é representada no Mapico.
História de Artes 3 171

Contudo é melhor descrito nos contos que são passados de boca em boca.
É um espírito mau que espalha a doença como o vento. Têm só uma perna, um
braço, um dedo, um olho, e um cabelo.
No norte da Zambézia, é chamado o “espírito do Mato”.
A palavra Shetani pode ser usada ainda para descrever qualquer figura ou espírito
não identificado, como animais de diferentes tamanhos, principalmente nocturnos e
misteriosos.
Cada Shetani têm o seu próprio nome e ambiente geográfico. Alguns são das
florestas, outros das planícies ou das aldeias. Uns têm prostitutas, e alguns foram
trazidos pelos indianos ou pelos europeus.
Os Shetanis não explicam o mundo, mas com todas as suas fábulas ajudam a
passar as dificuldades que podem ocorrer no dia-a-dia.
Em suma, eles têm um sentido simbólico, profundamente humano, criativo e
estimulador para a imaginação.
Toda esta cosmogonia era expressada na escultura, com um sentido de grande
equilíbrio e movimento.
Era uma representação eloquente do sofrimento, angustia e desespero, mostrava
uma técnica notável em transformar a fantasia em escultura e expressar novas
ideias que surgiam do contacto com outros povos e situações.

Figura 231 - Escultura Makonde: Estilo Shetani (Demónio)


História de Artes 3 172

Artistas notáveis no estilo Shetani

Bartolomeu Ambelicola

Nasceu no ano de 1939, Cabo Delgado, oriundo de uma família de escultores.


Ainda em criança começa a esculpir fazendo parte da sua infância o convívio com
os velhos mestres.
Coma Luta Armada cedo se passa para as Zonas Libertadas onde continua a
desenvolver a sua arte.
Em 1978 vai residir para Nampula, mas em 1983 por motivos de sobrevivência
regressa a Nandimba onde hoje vive como camponês. Tem obras suas na
colecção do Museu Nacional de Arte e do Museu de Nampula.

Celestino Tomás

Nasceu em Miúla, Mueda, Cabo Delgado, em 1944, no seio duma família de


grandes escultores. Teve como Mestre seu Tio Ndomessa André com quem se
inicio verdadeiramente na escultura depois de ter frequentado durante dois anos a
Missão de Lipelwa. Em criança já brincava esculpindo em paus leves e mandioca.
Foi emigrante na Tanzania de 1964 a 1972 onde continuou a esculpir tendo-se
então instalado em Dar-es-Salam e depois em Arusha. EM 1975 regressa a Miúla
e durante três anos faz a sua casa e dedica-se ao trabalho no campo. Em 1978 vai
para Nampula numa tentativa de poder vir a dar continuidade à sua arte o que veio
a concretizar, e onde se manteve até 1981, data em que se viu obrigado a regressar
à sua terra, por questões de sobre vivênvia, vivendo hoje como camponês. Tem
obra em colecções de vários países, tendo participado também em exposições
colectivas em Moçambique como peçaas da colecção do Museu de Nampula.

Cristovão Alfonso
Nasceu em 1949 em Nampanha, Mueda, Cabo Delgado tendo ainda em criança
emigrado para a Tanzânia, com os pais, donde regressa só em 1976, a Namaluco
– Quissanga, transferindo-se em seguida para Nampula onde passa a viver. E é já
em 1979 – com 30 anos de idade que se inicia na escultura, aprendendo com os
História de Artes 3 173

seus familiares, entre os quais se conta seu irmão Jerónimo Dinhuassua já


falecido.

Lamizosi Madanguo
Lamizosi conta 36 anos e nasceu em Miúla, Mueda, Cabo Delgado. Cedo seguiu
a tradição familiar de ser escultor. São seus irmãos, Nkalewa Bwaluka e Cristiano
Madanguo tendo já ele um filho a esculpir, Francisco Lamizosi.
Quando inicia os seus estudos, na Missão de Lipelwa, logo os tem que nterromper
dado o começo da Luta Armada. Iniciada esta, mantêm-se sempre nas Zonas
Libertadas desenvolvendo aí a sua arte.
Periodicamente deslocava-se a Mtwata na Tanzânia onde vendia todas as suas
obras.
Em 1978 vai para Nampula e integra-se na Cooperativa 16 de Junho, onde ainda
hoje vai vivendo da sua arte.
Obras suas pertencem a museus nacionais e várias colecções provadas.

Miguel Valingue
Nasceu em Nanhagaia, Mueda, Cabo Delgado em 1953. Em 1964 entra para a
escola primária, junto ao Régulo Likama, aderindo por essa altura também à Luta
Armada, o que o leva a optar pelas Zonas Libertadas do Planalto de Mueda e a
abandonar os estudos. Em 1968 vai para a Tanzânia com a família, começando
em 1969, e tendo como Mestre se irmão Rafael Massude.
Até 1974 vive em Mtawara regressando no Governo de Transição a Mueda.
Em 1978 fica residência em Nampula e passa a fazer parte da Cooperativa 16 de
Junho. Em 1986 vem para Maputo em busca de melhores condições de vida.
Tentou entrar para uma cooperativa, mas constatou que aí só aceitavam
artesanato em série. Hoje, trabalha por conta própria respeitando a sua arte. Tem
várias obras nas colecções do Museu Nacional de Arte e do Museu de Nampula.
História de Artes 3 174

Nkabala Ambelicola
Nasceu em Miúla, Mueda, Cabo Delgado, em 1930 e como era natural do seu
meio familiar, logo em criança abraçou a arte de esculpir em madeira.
Pertencendo a uma grande família de escultores, ele tem como Mestres seu pai,
Ambelicola Njeu, e seu tio, Kyakenia.
Logo após o massacre de Mueda adere à FRELIMO apoiando a Luta Armada por
todos os meios ao seu alcance: desde o transporte de material de guerra à
produção no campo, sem contudo abandonar a sua arte.
Quando da Independência sai de Nandimba onde se encontrava e vai para
Nampula em busca de trabalho, fixando aí residência e passando a elemento da
Cooperativa 16 de Junho.
Participou em várias exposições colectivas no exterior em Moçambique, tendo
obras suas em várias colecções nacionais.

Nkalewa Bwaluka, ou Leo, como antigamente assinava as suas obras, nasceu em


Miúla, Mueda, Cabo Delgado, em 1928. Pertence a uma família de grandes
escultores e tem dois filhos que já o são: Machele Nkalewa e Nancheto Nkalewa.
Quando era pequeno acompanhava o seu pai na feitura de máscaras Mapiko que
deveriam ser usadas no final das cerimónias de iniciação, começando também com
o pai a esculpir figuras humanas.
Em 1963 emigra para a Tanzânia passando a viver em Masunga, Mtwara, onde
desenvolveu grande actividade, que depois enviava as peças para a Europa.
Em 1967 instala-se junto à Estrada de Moshi, esculpindo e vendendo aí os seus
trabalhos.
Em 1976 regressa a Miúla, passa a Nampula e em 1978, por questões de
sobrevivência regressa à sua terra onde hoje é caçador. Obras suas pertencem a
museus nacionais e colecções particulares no estrangeiro.
História de Artes 3 175

Estilo Ujama

Nos meados dos anos 60, os escultores Macondes, tinham o estatuto de refugiados
políticos, uma vez que o seu país estava ocupado pelo poder colonial.
Por esta altura um novo estilo de talhe aparece, o estilo Ujama.
O estilo Ujama embora tenha aparecido mais tarde do que o Shetani, na sua forma
compacta é mais aproximado do tipo de talhe tradicional africano.
A base é esculpida em relevo para representar a família, de forma realista nos
corpos e caras, mantendo características típicas Macondes.
Na forma não compacta as figuras formam uma torre acrobática, captando o sentido
de movimento expresso no estilo Shetani.

Figura 232 - Escultura Maconde: Estilo Ujamaa (Familia)


História de Artes 3 176

Artistas do estilo Ujama

Kauda Simão

Nasceu em Idovo, Mueda, Cabo Delgado, em 1958. Oriundo de uma família de


escultores. Ainda em criança começa a esculpur, mas logo no início da luta armada
passa-se para as Zonas Libertadas vivendo e convivendo entre escultores mais
velhos e em associação com estes.
Integrado na Luta pela Independência ele apoia tomando parte em alguns
combates e carregando material de guerra. Reinicia a actividade de escultor em
1979, em Nampula.

Rafael Nkatunga

Nasceu em Ncaja Nasingusa, actual aldeia Litembo, Mueda, Cabo Delgado, em


1951. Tinha apenas um ano de idade quando acompanhouo seu s pais que
emigraram para a Tanzânia, indo viver para Dar-es-Salam onde fez instrucção
primária, começando então a trabalha como seu cunhado, Constantino Mpakulo,
que considera ainda hoje o seu verdadeiro Mestre. EM 1968 instala-se junto à
Estrada de Bagamoyo, onde começa a trabalhar, regressando a Moçambique em
1973, indo viver numa base da FRELIMO e passando a trabalhar no campo como
a melhor forma de apoio à Luta Armada. Em 1975 volta a Mueda e retoma a sua
arte.
Em 1977 fixa residência em Nampula onde trabalha ainda hoje.
Obras suas já participaram em várias exposições internacionais e estão
representadas em várias colecções nacionais.
História de Artes 3 177

Máscaras Makonde

O complexo do mapiko é um de crenças e actividades de natureza ritual, visando


principalmente o controle social.
O mapiko é a figura mais importante da cultura Maconde, símbolo vivo de um
espírito humano, masculino ou feminino, utilizado pelos homens para dominarem
pelo medo, mediante bailarinos mascarados, as mulheres e os jovens ainda não
iniciados nos ritos da puberdade, contribuindo não só para integrar as crianças no
grupo dos adultos, como ajudando a estabelecer o equilíbrio entre o grupo dos
homens e o das mulheres.

A figura mapiko é o centro deste complexo de espíritos personalizados, como tal,


ouvimo-lo sempre chamar desta maneira, embora mapiko seja igualmente o plural
de lipiko, palavra que só costuma ser usada quando referida a mascara de madeira,
ou ao próprio mascarado, tomado em si mesmo, e não como símbolo da força
transcendente que ele representa.

-Mascara elmo. Madeira clara e leve tingida de amarelo. Figura uma cabeça
humana, com cabelo natural com recortes de carácter ritual e escarificações
características dos macondes pirogravadas. Usada na dança do mapiko por
rapazes recém iniciados, ou por homens, durante certas cerimonias próprias dos
ritos da puberdade, masculino e femininos.

Figura 233 - Máscara Mapiko Figura 234 - Máscara Mapico


História de Artes 3 178

Escultura Cerâmica de Reinata Sadimba

Reinata Sadimba nasce em 1945 na


aldeia de Nemu, Cabo Delgado
norte de Moçambique. Filha de
agricultores, recebe a educação
tradicional dos Makondes que inclui
o fabrico de utensílios em barro.

Apesar dos Makondes atribuirem o


papel preponderante na sociedade
Reinata Sadimba
Figura 235 -
às mulheres, em Moçambique, (e exibindo uma Escultura Cerâmica
também na Tanzânia), a escultura é
ainda um "trabalho de homens". É
provavelmente por esse facto que
poucos levaram a sério o trabalho de
Reinata no início da carreira.

No entanto, em 1975, Reinata inicia uma


transformação profunda das suas
cerâmicas tornando-se rapidamente
conhecida pelas suas formas fantásticas
e estranhas. Figura 236 - Escultura Cerâmica

Reinata Sadimba é hoje considerada


uma das mais importantes mulheres
artistas de todo o continente africano.

Sadimba recebeu inúmeros prémios e


distinções (Bélgica, Suiça, Portugal,
Dinamarca) e as suas obras estão
representadas em várias instituições
Figura 237 - Escultura Cerâmica
como o Museu Nacional de
Moçambique ou o Museu de Etnologia de Lisboa.
História de Artes 3 179

O seu trabalho está presente em inúmeras colecções privadas em todo


o mundo como a colecção de Arte Moderna da Culturgest e a colecção
Sarenco.

Figura 238 - Escultura Cerâmica Figura 239 - Escultura Cerâmica

Escultura de Psikhelekedana

Psikhelekedana é uma forma de arte tradicional do sul de Moçambique,


que remonta a pelo menos os tempos coloniais. Psikhelekedana são
modelos em miniatura que consistem em pequenas esculturas de
madeira clara, pintadas com cores brilhantes.

Breve histórial

Psikhelekedana origina do Ronga, um grupo étnico que vive em Maputo


e na província de Gaza em Moçambique.

Quanto aos temas Inicialmente, essas esculturas refletiram o ambiente


agrícola de seus fabricantes visto que eles retratavam animais
selvagens como pássaros, cobras e crocodilos ou objetos domésticos
como colheres, bacias ou máscaras.

Essas esculturas são feitas a partir da madeira clara, de preferência


mafurreira.

Com a urbanização, as esculturas Psikhelekedana começaram a


diversificar e para descrever objetos modernos, como automóveis,
rádios, motocicletas ou pessoas na cidade.
História de Artes 3 180

Desde a década de 1980 e especialmente desde o fim da Guerra Civil


de Moçambique, em 1992, a tendência dominante nesta forma de arte é
a representação dos acontecimentos da história de Moçambique.

Figura 240 - Psikhelekedana: Figura 241 - Psikhelekedana: escultura


escultura de Samuel Balói retratando uma de Bernado Valói retratando a Guerra de
conferência. Independência de Moçambique.

Figura 242 - A chegada de Vasco da Gama, Figura 243 - Os acordos gerais de paz ,
em rota para a Índia em 1498 para
assinados 4 de outubro de 1992 , em Roma,
Inhambane, Quelimane e Ilha de
Maoçambique (projeto : Dino Jetha ) . após 27 meses de negociações , que marca o
fim oficial das hostilidades (projeto , Samuel
Baloi ) .

Figura 244 - O comércio de escravos , liderados por


Figura 245 - As consequências de um conflito armado
líderes tribais , Swahili e árabes antes da chegada
entre a Frelimo ea Renamo , o que levou entre outras
do Português , e depois ampliado no século XVIII e
paralisia dos sistemas de saúde e educação em todo
Século XIX ( projetar Bernardo Valoi ) .
o país ( projetar Abel Nhantumbo ) .
História de Artes 3 181

Arquitectura Moçambicana
Arquitectura é antes de mais nada construção, mas, construção
concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço
para determinada finalidade e visando a determinada intenção. A
Arquitectura é uma atividade que esta virada para a criação de espaços
onde o Homem pode realizar as suas actividades em condições
ambientais e visuais adequadas.

A arquitectura é arte porque usa edifícios para transmitir sensações


estéticas para além do carácter utilitário que esta desempenha na
nossa vida.
Como em qualquer forma visual, a forma arquitectónica é composta por:
Superfície, estruturas, textura, cor, materiais, massa que contribuem
para marcar e caracterizar um lugar, uma rua, um jardim, uma cidade.
A presença da forma arquitectónica num determinado espaço conduz o
nosso olhar, procurando percepcionar e sentir o espaço.

Em Moçambique o urbano e o rural são dois mundos com evoluções


próprias, paralelas ou confluentes, mas ainda muito distantes (ou
mesmo em distanciamento progressivo...) em termos da expressão de
formas diversas de habitar. O camponês, herdeiro das tradições
técnicas ancestrais que lhe permitem viver em equilíbrio com o meio
ambiente, vai, paulatinamente, integrando nos seus saberes e
necessidades outras exigências e outras possibilidades. Mas está ainda
longe das mutações culturais que, um dia, o farão urbanizado.

Arquitectura Tradicional ou Rural Moçambicana


Características da arquitectura tradicional ou popular
moçambicana
A arquitectura tradicional ou popular é de estrutura simples, de material
natural geralmente existentes nas comunidades rurais.
O conhecimento técnico desta arte obedece os princípios culturais de
formação dos seus construtores baseados na transmissão de geração
História de Artes 3 182

em geração, o que as habilidades e capacidades para construções, são


transmitidos de avo para o pai, para filho até às gerações posteriores.
A arquitectura tradicional moçambicana existe ao longo do território
nacional de modo particular no campo, por outras palavras, podemos
afirmar que esta arquitectura é tipicamente campestre pôs com o
desenvolvimentoindustrial as matérias naturais (palha, capim, barro,
madeira, etc) anteriormente usados, foram sendo substituídos pelas
matérias industrialmente produzidas (cimento, azulejos, tijolos, chapas
de zinco, etc.) dando lugar ao surgimento das cidades no nosso país.

Esta arquitectura possui várias características das quais se destacam


as seguintes:
 Planta circular de cobertura cónica;
 Planta quadrangular de cobertura piramidal a quatro águas.
A técnica de construção usada e mais conhecida é a técnica tradicional
mas podemos também chamar a técnica de pau-a-pique, aquela que
implica uma construção à base de material natural (bambu) ou varas
entrecruzadas, posteriormente “maticadas” o que significa cobertas de
barro ou com arreia, para se compor as paredes da casa.

Figura 246 - Arquitectura tradicional Figura 247 - Arquitectura tradicional em


estrutura
História de Artes 3 183

Arquitectura urbana e suas características

Arquitectura Urbana caracteriza-se por integrar áreas tradicionais da


Arquitectura, mas de uma forma geral não praticada em conjunto:
Planeamento, Avaliação e Controle, Gestão Pública, Desenho Urbano,
Transporte, Geotécnica, Saneamento e Meio Ambiente, procurando
acompanhar o avanço tecnológico e incorporando novas técnicas e
procedimentos operacionais de Planeamento, Concepção e Produção,
ao controle da qualidade ambiental das cidades e territórios, no Máximo
possível usando a sinergia da dinâmica do desenvolvimento na
produção e registo da cidade, apoiando e se beneficiando da economia
de mercado para a produção da infra-estrutura social.

Figura 248 - Arquitectura Urbana: Baixa da Cidade de Maputo


História de Artes 3 184

Sumário

A pintura é a representação que resulta da aplicação de tinta numa


superfície. A realização da pintura requer sempre a presença de um
suporte de tinta e, se possível, de fixador. Todo o trabalho de pintura
caracteriza-se pela presença de cor.
Toda pintura é formada por um meio líquido, chamado médium ou
aglutinante, que tem o poder de fixar os pigmentos (meio sólido e
indivisível) sobre um suporte.
A pintura Moçambicana passou por várias fases, das quais
mencionamos:
a) Fase pré-histórica (pinturas rupestres em vários pontos do país)
b) Fase colonial (anterior a independência)
c) Fase da independência

Escultura é uma expressão artística que se fundamenta na criação de


objectos tridimensionais. Alargando o campo estético da pintura, que
tem um carácter eminentemente visual (embora, durante a última
centúria tenha conhecido notável incremento das dimensões
sensoriais).

Arquitectura é antes de mais nada construção, mas, construção


concebida com o propósito primordial de ordenar e organizar o espaço
para determinada finalidade e visando a determinada intenção. A
Arquitectura é uma atividade que esta virada para a criação de
espaços onde o Homem pode realizar as suas actividades em
condições ambientais e visuais adequadas.
História de Artes 3 185

Exercícios

1- O que entendes por pintura rupestre?


2- Diga quais as zonas de existência de pinturas rupestres
em Moçambique.
a) Faça uma comparação das estações de pintura rupestre
do monte Chinhamapere com as estações de Riane.
3- No que diz respeito a pintura feita no período colonial faça uma
descrição referente aos temas e materiais que eram usados naquele
período.
a) Quais os artistas que mais se destacaram na pintura colonial
Moçambicana.
b) Quais eram os temas que eram retratados na pintura pós-colonial
e qual foi o novo suporte pictoresco que surgiu neste período.
4- No que diz respeito a escultura Moçambicana diga quais são as
suas principais características.
a) Qual é o material mais usado na concepção das estatuarias
Moçambicanas.
5- Tradicionalmente existem dois tipos de esculturas feitos pelos
Moçambicanos.
a) Diga o nome das esculturas tradicionais existentes na zona norte
e sul de Moçambique.
b) Faça uma característica desses dois tipos de esculturas
tradicionais Moçambicanas.
c) Quais os nomes que mais se destacaram nesses estilos de
estatuaria.
6- O tipo de escultura que é feito na zona norte divide-se em dois
estilos que são Shetani e Ujamaa.
a) Qual são as principais diferenças entre estes dois estilos.
7- A arquitectura Moçambicana pode ser dividida em dois estilos
nomeadamente: Arquitectura Tradicional ou rural e Arquitectura
urbana.
a) Qual é a diferença entre estes dois estilos.
História de Artes 3 186

Unidade XXIV
Arte Moçambicana – Escultura e Arquitectura
monumental
Ao terminares esta unidade seras capaz de:

 Conhecer os monumentos escultóricos e arquitectonicos do nosso


País;
 Conhecer o projecto de transformação de armas em obras de arte.

Escultura Monumental Moçambicana

O Monumento aos Mortos da Primeira


Guerra Mundial, da autoria
do escultor Ruy Roque Gameiro em
colaboração com o arquitecto Veloso
Reis , foi inaugurado em 1935 na cidade
de Maputo (Lourenço Marques, na altura),
capital de Moçambique. Está situado na
Praça dos Trabalhadores (antiga Praça
MacMahon), em frente à famosa Estação
do Caminho de Ferro, e constitui uma
homenagem aos portugueses e
moçambicanos mortos na Primeira Guerra
Mundial.

Figura 249 – Monumento dos mortos da 1ª


Guerra Mundial
História de Artes 3 187

Figura 250 - Estatuaria de Samora Moises Figura 251 - Estatuária de Eduardo Chivambo
Machel Mondlane
É um monumento memorial ao Marechal Samora
É um monumento memorial ao Doutor Eduardo
Moisés Machel foi presidente da Frente de
Chivambo Mondlane, Herói Nacional foi primeiro
Libertação de Moçambique- FRELIMO, a partir de
Presidente da Frente de Libertação de Moçambique-
22 de Maio de 1970, até a vitória contra o
FRELIMO e arquitecto da Unidade Nacional.
colonialismo português.
Proclamou a insurreição geral armada do Povo
Proclamou a Independência Nacional a 25 de
Moçambicano contra o colonialismo português, em
Julho de 1975. Foi fundador e Primeiro
1964. Dirigiu a luta de Libertação Nacional até 1969.
Presidente da República Popular de
Nasceu a 20 de Julho de 1920 e foi assassinado pelo
Moçambique.
regime colonial a 3 de Fevereiro de 1969.
Nasceu a 29 de Setembro de 1933 e morreu
vítima de acidente a 19 de Outubro de 1986, em
Mbuzine, África do Sul.

Figura 253 - Relevo do Monumento a Mouzinho


na sua localização actual, representando a carga
de Macontene. São retratados Ernesto Maria
Vieira da Rocha, Mouzinho de Albuquerque, Aires
de Ornelas e Vasconcelos, Manuel Ferrão de
Castelo Branco, Conde da Ponte, e o alferes Reis.
Figura 252 - Escultura de Mouzinho de
Albuquerque
História de Artes 3 188

Figura 254 - Relevo do Monumento a


Mouzinho na sua localização actual,
representando a captura de
Gungunhana por Mouzinho de
Albuquerque.
São retratados Joaquim Marreiros,
Aníbal Augusto Sanches de Sousa
Miranda, Mouzinho de Albuquerque,
Eduardo do Couto Lupi e Francisco
Maria do Amaral.

Projecto de transformação de armas em obras de arte

Nos últimos anos a associação de artistas, Núcleo de Arte, ficou


envolvido num projecto particular. Trabalhando em workshops, os
artistas criaram obras de arte usando AK 47s, minas e armas de mão.

As esculturas são uma expressão de um optimismo indestrutível e de


uma confiança no poder humano. O material bélico inspirou para obras
às vezes frágeis e elegantes, outras vezes robustas. Guerra é vencível.
Reconciliação é possível.

O acordo de paz em Moçambique, assinado no dia 4 de Outubro de


1992, marcou o fim de uma guerra civil de dezasseis anos. Começou o
processo de limpar a terra das centenas de milhares de minas que
fizeram muitas vítimas.

Fora disto existiam ainda muitas armas de vários tipos espalhadas pelo
país. Por isso o departamento Justiça, Paz e Reconciliação do Conselho
Cristão de Moçambique lançou um projecto para a consolidação da paz,
chamadoTransformação de Armas em Instrumentos de Trabalho. O
objectivo era a recolha e destruição das armas ainda nas mãos dos ex-
beligerentes, também para evitar que estes seriam vendidos nos países
vizinhos.
História de Artes 3 189

Dependente do tipo e da quantidade das armas entregues, as pessoas


receberam instrumentos de trabalho, que variavam do elementar até ao
moderno.

A campanha foi um grande sucesso e levou o Conselho Cristão à ideia


de começar um projecto paralelo para fazer uma coisa útil com os
destroços. Surgiu a proposta de transformar as armas destruídas em
obras de arte.

As obras agora expostas na Internet são o resultado de um workshop


realizado em 1998 no recinto do Núcleo de Arte. Elas foram expostas
dentro do país e agora, com esta apresentação virtual, atingem um
público internacional. A exposição contém uma selecção de 29
esculturas de 14 artistas, eis abaixo alguns exemplos.

Figura 255 - Barata: Fiel Figura 256 - O cacador: Humberto


História de Artes 3 190

Figura 258 - Motocicleta: F.Rosa


Figura 257 - Homem na Moldura
feita pelo Humberto Pateguana

Figura 259 - Cadeira do Rei Africano:


Gonçalo

Figura 260 - Pássaro: Fiel


Figura 261 - Cavalo: Fiel
História de Artes 3 191

Figura 262 - Passeiante: Hilário Figura 263 - Saxofonista: Mathe

Arquitectura Monumental

O Palácio da Ponta Vermelha é a residência oficial


do Presidente de Moçambique em Maputo. O nome também é
utilizado metonimicamente, referindo-se à presidência moçambicana.

Ponta Vermelha designa a


zona de Maputo onde o
palácio está localizado, perto
da extremidade de
um promontório de cor
avermelhada, no ponto em
que o estuário comum aos
Figura 264 - Edifício da Ponta-Vermelha -
rios Matola, Umbelúzi e Maputo

Tembe desagua na Baía de Maputo.

O palácio teve um começo humilde, como armazém e residência do


pessoal envolvido na construção da ferrovia entre a então Lourenço
Marques e o Transvaal; após extensa obra, tornou-se a residência
oficial do governador português e, com a independência (em 1975), do
Presidente da República.
História de Artes 3 192

O Edifício do Conselho Municipal de Maputo é um imóvel de


inspiração clássica, inaugurado em 1 de Dezembro de 1947 para
albergar a então Câmara Municipal deLourenço Marques. O edifício foi
projectado pelo arquitecto Carlos César dos Santos, vencedor de um
concurso público realizado para o efeito em 1937.

Encontra-se situado na Praça da Independência, em Maputo.

Situa-se na Praça da Independência, junto à Catedral Nossa Senhora


da Conceição e foi inaugurado a 1 de Dezembro de 1947.
O autor do projecto foi o arquitecto Carlos Santos. Revestido de simili-
granito.
De estilo neoclássico é composto por linhas rectas e seis colunas na
parte da frente. No tempo da colonização podia ler-se neste edifício a
frase: “Aqui está Portugal”.
Lá dentro pode encontrar vários mapas da cidade de Maputo, sendo o
documento famoso a reprodução fotográfica do mais antigo mapa que
se conhece da viagem feita pelo piloto Lourenço Marques em 1544.
À entrada deste edifício em cima de dois pedestais vê duas estátuas
em mármore que simbolizam a Descoberta e a Soberania.

Figura 265 - Edificio do Conselho Municipal de Maputo


História de Artes 3 193

O Museu de História Natural de Maputo, Moçambique, foi criado em

1913, como Museu Provincial, e ocupou vários locais até se estabelecer,


em 1932, no actual edifício neo-manuelino como Museu Dr. Álvaro de
Castro. Com a independência nacional passa à sua actual designação.

Figura 266 - Museu de Historia Natural - Maputo

A Casa de Ferro é um imóvel


pré-fabricado, importado
da Bélgica para Moçambique e
edificado em 1892 para alojar a
residência do governador-geral.
Actualmente situado na Avenida
Samora Machel em Maputo, foi
inicialmente instalado na Avenida
Figura 267 - Casa de Ferro - Maputo
Josina Machel, tendo albergado
várias instituições como o Instituto D. Amélia, e antes da independência
nacional o Museu Geográfico.
História de Artes 3 194

Capela de Nossa Senhora do Baluarte


Foi erguida em 1522 pelos homens da Armada de D. Pedro de
Castro que ali fizeram escala a caminho da Índia, os mesmos que
efetuaram o primeiro ataque português ao
estabelecimento Swahili no arquipélago das Quirimbas, de onde foram
rechaçados.

A ermida é de estilo manuelino, com uma abóbada imperfeita de dois


fechos, creditada possívelmente à inexperiência dos construtores. Na
sua construção foram empregadas cantaria e elementos decorativos
trazidos do Reino, certamente destinados à India. Foi erguida sobre
uma estrutura já existente no local, umabateria de artilharia, o que
conferiu características pouco comuns ao edifício. Recebeu
posteriormente, acredita-se que durante o século XVII,
um alpendre como o das igrejas portuguesas da Índia.

Actualmente encontra-se dentro do perímetro da Fortaleza de São


Sebastião, constituindo-se no único exemplar de arquitectura em estilo
manuelino no país.

Figura 268 - Capela de Nossa Senhora dos Baluarte - Nampula

Considerada como a edificação colonial mais antiga de toda a costa


do Índico, foi restaurada em 1996 com fundos da Comissão Nacional
para os Descobrimentos de Portugal.
História de Artes 3 195

A Igreja de Santo
António da
Polana ou Igreja da
Polana, é um edifício
emblemático do estilo
de arquitectura
modernista, construído
em 1962 na cidade
de Maputo, capital
de Moçambique. Foi Figura 269 - Igreja de Santo António da Polana -
Maputo
projectado pelo
arquitecto Nuno Craveiro Lopes.

Tem a forma de flor invertida, e é conhecido popularmente como o


"espremedor de limão".

A Estação de Caminhos de Ferro de Maputo, Moçambique, é um


edifício imponente, projectado pelos arquitectos Alfredo Augusto
Lisboa de Lima, Mário Veiga e Ferreira da Costa, e construído entre
1913 e 1916. O seu projecto é muitas vezes erradamente atribuído
a Gustave Eiffel. Actualmente serve como terminal das linhas
dos CFM que ligam a cidade à Suazilândia (Linha de Goba), África do
Sul (Linha de Ressano Garcia) e Zimbabué (Linha do Limpopo).

Esta estrutura substituiu outra mais antiga e simples, construída em


1895 para a inauguração da linha para Pretória, África do Sul.
História de Artes 3 196

Figura 270 - Edifício dos caminhos de Ferro de Moçambique - Maputao

Estação Ferroviária da Beira


A Estação de Caminhos de Ferro da Beira, Moçambique é um edifício
modernista projectado pelos arquitectos portugueses Afonso Garizo do
Carmo, Francisco de Castro e Paulo de Melo Sampaio e inaugurado
em 1 de Outubro de 1966 . Actualmente é o terminal dos serviços
ferroviários dos CFM-Centro e alberga também serviços
administrativos da empresa.

Um projecto anterior, elaborado entre 1930 e 1038, não foi além dos
alicerces devido a dificuldades financeiras .

Figura 271 - Edifício dos Caminhos de Ferro da Beira


História de Artes 3 197

A casa dos Bicos

A Casa dos Bicos da Beira, Moçambique é um edifício modernista de


invulgar volumetria, projectado pelo arquitecto português Afonso Garizo
do Carmo, por iniciativa da Junta de Comércio Externo para albergar os
seus escritórios 1 .

O projecto inicial é do Arq. João Afonso Garizo do Carmo, sendo os


cálculos dos Eng. Quartim Costa e Eng. Artur Cardeano, tendo como
construtor a empresa “Paixão & Irmãos”. O imóvel tem uma fachada de
125 metros, ocupando uma área de 3.250m2 e é uma construção de
invulgar sentido moderno, com movimentada volumetria, através do uso
de superfícies curvas em betão armado viria a erguer-se na zona do
Centro Cívico e Comercial, pensando-se enquadrá-lo num arranjo
paisagístico envolvente, tendo como fundo um vasto lago artificial.

Figura 272 - Casa dos Bicos: Cidade da Beira – Província de Sofala


História de Artes 3 198

Exercícios

1- Em relação aos monumentos históricos nacionais caracterize o


monumento em homenagens aos mortos da 1ª guerra.
2- Caracterize a escultura monumental de Mouzinho de
Albuquerque.
3- Diga em que período da história da arte pertence o Edificio do
Conselho Municipal de Maputo.
4- Em relação a Casa dos Bicos identifique o período artístico a
que pertence e caracterize as produções arquitectonicas feitas nesse
período.
5- Fale do movimento de transformação de armas em obras
artísticas, referenciando também os artistas envolvidos neste
projecto.
6- Identifique outros monumentos que fazem parte do patrimônio
histórico cultural de Mocambique, mencionando as províncias da sua
localização.
História de Artes 3 199

Referências bibliográficas
BALANDIER, Georges e MAQUET, Jacques. Dictionnaire des
civilisations africaines. Paris: Hazan, 1968.
DELANGE, Jacqueline. Arts et peuples de l'Afrique Noire/ Introduction
à l'analyse des créations plastiques. Paris: Gallimard, 1967.
HAMPATÉ BÂ, Amadou A tradição viva. História Geral da África:
Metodologia e pré-história da África. São Paulo: Ática; Paris: Unesco,
1985.
LEME, Tiago José Risi. Aspectos sócio-culturais da arte e cultura das
sociedades baulê, senufo, bambara e dogon. Texto não publicado,
2003.
Lamp, Frederick J. (1983). "House of Stones: Memorial Art of
Fifteenth-Century Sierra Leone". The Art Bulletin 65 (2): 219–237

SALUM, M.H.L. Notas discursivas sobre as máscaras


africanas. Revista do Museu de Arqueologia e Etnologia, n. 6. p. 233-
253, 1996.
ZAHAN, Dominique. Signification et fonction de l'art dans la vie d'une
communauté africaine: Bambara. Colloque sur l'art nègre: Festival
mondial des arts nègres. Dakar, 1966: pp. 33-45

Nigeria-Arts.net
Africans-art.com
http://en.wikipedia.org/wiki/African_art
http://en.wikipedia.org/wiki/Culture_of_Ivory_Coast
http://en.wikipedia.org/wiki/Face_mask_(We_people)
http://jchistory.webnode.pt/civilização%20nubia/
http://www.afreaka.com.br/notas/caixoes-de-gana-arte-em-seu-mais-
curioso-formato/
http://www.africans-art.com/index.php3?action=page&id_art=947
http://www.africaserver.nl/nucleo/port/
http://www.britannica.com/EBchecked/topic/139651/Cote-dIvoire
http://www.nigeria-arts.net/Music/Juju/
http://www.zyama.com/

Você também pode gostar