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Manual do Curso de Licenciatura em Ensino de Física

Electromagnetismo
F0084

2o Ano

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino `a Distância
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino a
Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a duplicação ou reprodução
deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer formas ou por meios electrónicos,
mecânicos, gravação, fotocópia ou outros, sem permissão expressa de entidade editora
(Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino a Distância). O não cumprimento
desta advertência é possível a processos judiciais.

Elaborado por:
Paulino Bartolomeu Sandramo
 Licenciado em Ensino de Física pela Universidade Pedagógica;
 Docente do Curso de Física na Universidade Católica de Moçambique, CED;
 Docente de Física na Universidade Zambeze, Instituição Pública;

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino a Distância, CED
Rua Correia de Brito No 613- Ponta-Gêa
Moçambique- Beira
Telefone Fixo: 23326405
Celular: 825018440

Fax: 23326406
E-mail: ced@ucm.ac.mz
Website: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique, Centro de Ensino a Distância (CED) e o autor do presente
manual, agradecem a colaboração dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:

Pela contribuição no conteúdo temático dra. Egina Paulo Titosse Bande


Coordenadora de Física no Centro de Ensino a Distância
da Universidade Católica de Moçambique,
Pela maquetização e desenho instrucional dra. Egina Paulo Titosse Bande
Coordenadora de Física no Centro de Ensino a Distância
da Universidade Católica de Moçambique,
Pela revisão linguística dra. Egina Paulo Titosse Bande
Coordenadora de Física no Centro de Ensino a Distância
da Universidade Católica de Moçambique,
Electromagnetismo F0084 i

Índice
Visão Geral 1
Benvindo ao Módulo de Electromagnetismo .................................................................. 1
Objectivos do curso ....................................................................................................... 1
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 1
Como está estruturado este módulo................................................................................ 2
Ícones de actividade ...................................................................................................... 3
Acerca dos ícones ........................................................................................ 3
Habilidades de estudo .................................................................................................... 3
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 3
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 4
Avaliação ...................................................................................................................... 4

Unidade 01 5
TEMA: Lei de Coulomb ................................................................................................ 5
Introdução ..................................................................................................................... 5
Sumário ......................................................................................................................... 9
Exercícios...................................................................................................................... 9

Unidade 02 10
TEMA: Campo Eléctrico ............................................................................................. 10
Introdução .......................................................................................................... 10
Sumário ....................................................................................................................... 13
Exercícios.................................................................................................................... 13

Unidade 03 15
TEMA: Lei de Gauss ................................................................................................... 15
Introdução .......................................................................................................... 15
Sumário ....................................................................................................................... 18
Exercícios.................................................................................................................... 18

Unidade 04 20
TEMA: Potencial Eléctrico .......................................................................................... 20
Introdução .......................................................................................................... 20
Sumário ....................................................................................................................... 26
Exercícios.................................................................................................................... 26

Unidade 05 27
TEMA: Dieléctricos e Condutores ............................................................................... 27
Introdução .......................................................................................................... 27
Electromagnetismo F0084 ii

5.1. Dieléctricos e condutores ...................................................................................... 27


Sumário ....................................................................................................................... 31
Exercícios.................................................................................................................... 31

Unidade 06 33
TEMA: Associação de Condensadores ................................... 33
Introdução .......................................................................................................... 33
Sumário ....................................................................................................................... 35
Exercícios.................................................................................................................... 35

Unidade 07 37
TEMA: Corrente eléctrica contínua ............................................................................. 37
Correntes transitórias ................................................................................................... 37
Introdução .......................................................................................................... 37
Sumário ....................................................................................................................... 39
Exercícios.................................................................................................................... 39

Unidade 08 41
TEMA: Corrente eléctrica contínua. Lei de Ohm ......................................................... 41
Introdução .......................................................................................................... 41
Sumário ....................................................................................................................... 47
Exercícios.................................................................................................................... 47

Unidade 09 49
TEMA: Corrente eléctrica contínua. Força Electromotriz ............................................ 49
Introdução .......................................................................................................... 49
Sumário ....................................................................................................................... 53
Exercícios.................................................................................................................... 53

Unidade 10 55
TEMA: Corrente eléctrica contínua. Leis de Kirchhoff ................................................ 55
Introdução .......................................................................................................... 55
Sumário ....................................................................................................................... 59
Exercícios.................................................................................................................... 59

Unidade 11 61
TEMA: Campo Magnético. ......................................................................................... 61
Leis de Ampere e de Biot - Savart ............................................................. 61
Introdução .......................................................................................................... 61
Electromagnetismo F0084 iii

Sumário ....................................................................................................................... 67
Exercícios.................................................................................................................... 67

Unidade 12 69
TEMA: Campo Magnético. Aplicação da Lei de Biot-Savart ....................................... 69
Introdução .......................................................................................................... 69
Sumário ....................................................................................................................... 73
Exercícios.................................................................................................................... 73

Unidade 13 75
TEMA: Campo Magnético. ......................................................................................... 75
Lei de Ampère para Circulação do Vector B.............................................. 75
Sumário ....................................................................................................................... 77
Exercícios.................................................................................................................... 77

Unidade 14 79
TEMA: Campo Magnético. Teorema de Gauss e propriedades magnéticas da substância79
Sumário ....................................................................................................................... 81
Exercício ..................................................................................................................... 82

Unidade 15 83
TEMA: Campo Manético. ........................................................................................... 83
Movimento de Particulas nos ....................................................................................... 83
Campos Eléctrico e Magnético .................................................................................... 83
Sumário ....................................................................................................................... 85
Exercício ..................................................................................................................... 85

Unidade 16 87
TEMA: Indução Electromagnética ............................................................................... 87
Introdução .......................................................................................................... 87
1º - Indução numa bobina com deslocamento de imã .......................................... 93
2º - Indução numa bobina produzida por outra bobina ........................................ 93
Sumário ....................................................................................................................... 94
Exercícios.................................................................................................................... 94

Unidade 17 96
TEMA: Indução Mútua ............................................................................................... 96
Introdução .......................................................................................................... 96
17.1. Indução mútua .................................................................................. 96
Electromagnetismo F0084 iv

Sumário ....................................................................................................................... 99
Exercícios.................................................................................................................... 99

Unidade 18 101
TEMA: Corrente Alternada ....................................................................................... 101
Introdução ........................................................................................................ 101
Exemplo ........................................................................................................... 103
Solução ............................................................................................................ 104
Sumário ..................................................................................................................... 106
Exercícios.................................................................................................................. 106

Unidade 19 107
TEMA: Oscilações Eléctricas .................................................................................... 107
19.1. Oscilações eléctricas próprias e ressonância ...................................................... 107
Sumário ..................................................................................................................... 111
Exercícios.................................................................................................................. 111

Unidade 20 113
TEMA: Transformador .............................................................................................. 113
Introdução ........................................................................................................ 113
Sumário ..................................................................................................................... 117
Exercícios.................................................................................................................. 118

Unidade 21 119
TEMA: Máquinas Eléctricas...................................................................................... 119
Sumário ..................................................................................................................... 120
Exercícios.................................................................................................................. 120

Unidade 22 121
TEMA: Ondas Electromagnéticas .............................................................................. 121
Introdução ........................................................................................................ 121
Sumário ..................................................................................................................... 127
Exercícios.................................................................................................................. 127

Unidade 23 128
TEMA: Equções de Maxwell..................................................................................... 128
Introdução ........................................................................................................ 128
Electromagnetismo F0084 v

23.1. Caso Geral 128


Sumário ..................................................................................................................... 133
Exercícios.................................................................................................................. 134

Unidade 24 135
TEMA: Equação de Onda Electromagnética .............................................................. 135
Introdução ........................................................................................................ 135
24.1. A Equação da Onda Electromagnética .............................................................. 135
Sumário ..................................................................................................................... 140
Exercícios.................................................................................................................. 140

Bibliogragia 141
Electromagnetismo F0084 1

Visão Geral
Benvindo ao Módulo de
Electromagnetismo

Objectivos do curso

Quando terminar o estudO de Electromagnetismo será capaz de:


Interpretar correctamente a Lei de Coulomb com base nos processos de electrização dos corpos;
Definir, com exemplos concretos, os conceitos de campo eléctrico, potencial eléctrico,
condensadores e dieléctricos;
Interpretar as condições da existência da corrente eléctrica em um condutor;
Compreender os fenómenos que permitiram a formulação do campo electromagnetico com base no
domínio dos ideiais de Oersted e Faraday;
Interpretar as Equações de Maxwell, o fundamento base do Electromagnetismo.

Quem deveria estudar este


módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles que concluiram com sucesso o estudo dos módulos
de: Física Escolar e Mecânica Geral.
Electromagnetismo F0084 2

Como está estruturado este


módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos por Universidade Católica de Moçambique- Centro de
Ensino a Distância encontram-se estruturados da seguinte maneira:
Páginas introdutórias
Um índice completo.
Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os aspectos-
chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.
Conteúdo do curso / módulo
O curso está estruturado em 24 unidades. Cada unidade icluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summario da unidade e uma ou
mais actividades para auto-avaliação.
Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação
Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do modulo.
Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.
Electromagnetismo F0084 3

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes icones
servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela
específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por adrinka. Estes símbolos
têm origem no povo Ashante de África Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.
Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para efeitos de testagem deste
modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas foi-lhes dada uma sombra amarela para os
distinguir dos originais).
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada um com uma descrição do
seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias
actividades ao longo deste curso / módulo.
Clique aqui e seleccione Inserir elementos (imagem/tabela/nova unidade) da janela do Modelo para
Ensino à Distância. Escolha ou Todos os ícones abstractos ou Todos os ícones adrinka da lista
dada.

Habilidades de estudo
 Explore ao máximo os fins de semana para poder ler e praticar os exercícios recomendados ao final
de cada unidade;
 Destaque as fórmulas principais para facilitar o seu estudo individual;
 Reserve pelo menos 1hora a cada fim de semana para resolver os exercícios aqui constantes;
 Sempre que possivel, estude em grupo e apresente aos seus colegas as dificuldades que possui
sobre o módulo.

Precisa de apoio?
 Sempre que tiver dúvidas sobre algum exercício ou um conteúdo teórico aproxime ao centro de
ensino a distância onde está inscrito e solicite a presença de um colaborador da Coordenação de
Física e certamente irá ajuda-lo.
 Também pode aceder os contactos telefónicos ou e-mails para contactar os Colaboladores para
qualquer esclarecimento.
Electromagnetismo F0084 4

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
 Em cada sessão presencial, o colaborador irá disponibilizar tarefas a serem realizadas e entregues
em datas definidas pelo CED;
 Cumpra as datas de entrega dos trabalhos, pois esta acção caracteriza a conduta de um estudante
Universitário;
 Ao elaborar seu trabalho, obedeça as regras do MIC. Seguindo todos os passos de um trabalho
científico, por exemplo: margens, clareza na escrita, a conclusão, colocação correcta da bibliografia
usada no trabalho...

Avaliação
 A cada sessão presencial é realizada uma avaliação que versará sobre os conteúdos da sessão
anterior;
 Daí a necessidade de um esforço adicional na realização do trabalho, pois a avaliação incide sobre
as matérias do trabalho (em parte);
 A avaliação tem sido individual e possui maior peso no cálculo da média de Frequência, é na base
desta avaliação que o estudante deve demonstrar a maior percepção do conhecimento transmitido
na sala de aulas aquando da última presencial.
Electromagnetismo F0084 5

Unidade 01
TEMA: Lei de Coulomb

Introdução
A electrostática estuda os fenómenos eléctricos relacionados com cargas eléctricas em
equilíbrio. A teoria atómica permite explicar que certas substâncias sejam isoladoras e outras
condutoras1.
Um corpo electrizado positivamente possui uma carga cujo, o valor é medido pela deficiência de
electrões e um corpo electrizado negativamente, a sua carga possui um valor que se mede pelo
excesso de electrões.
A carga eléctrica de um corpo é, porém, medida independentemente do conhecimento desse
número de electrões, embora seja o defeito ou o excesso de electrões que determina o valor
dessa carga.

Ao completar esta unidade o estudante deve ser capaz de:


 Definir o conceito de carga eléctrica;
Objectivos  Interpretar a lei de conservação da carga, particularmente os tipos de
electrização;
 Enunciar e aplicar a lei de Coulomb;
 Conhecer a expressão que traduz o princípio de superposição das cargas;
 Escrever a expressão de densidade da carga eléctrica
 Resolver exercícios.

1.1. Conceito de carga eléctrica


A electrostática estuda os fenómenos eléctricos relacionados com cargas eléctricas em
equilíbrio. A teoria atómica permite explicar que certas substâncias sejam isoladoras e outras
condutoras2.

1
Nas substâncias isoladoras os electrões estão fortemente ligados na sua estrutura, não podendo passar facilmente de um átomo
para o outro enquanto as condutoras possuem electrões de condução que podem mover-se facilmente entre átomos vizinhos.

2
Nas substâncias isoladoras os electrões estão fortemente ligados na sua estrutura, não podendo passar facilmente de um átomo
para o outro enquanto as condutoras possuem electrões de condução que podem mover-se facilmente entre átomos vizinhos.
Electromagnetismo F0084 6

Um corpo electrizado positivamente possui uma carga cujo, o valor é medido pela deficiência de
electrões e um corpo electrizado negativamente, a sua carga possui um valor que se mede pelo
excesso de electrões.

A carga eléctrica de um corpo é, porém, medida independentemente do conhecimento desse


número de electrões, embora seja o defeito ou o excesso de electrões que determina o valor
dessa carga.
Na natureza conhecem-se 4 tipos de interacções fundamentais: gravitacional, fraca,
electromagnética e forte. A carga eléctrica é que determina a interacção electromagnética entre
corpos e, possui as propriedades:

Duas espécies de cargas:


Positiva (+q ou +Q) e negativa (-q ou -Q). Deste modo, cargas de mesmo sinal repelem-se e
cargas de sinal contrário atraem-se.

1.2. Quantização da carga


Todas as cargas, em valor absoluto, são múltiplos de uma carga elementar e, Q=n.e
n=0,1,2,3,… se q=0 o corpo é neutro (não carregado).
A unidade da carga eléctrica no Sistema Internacional é o Coulomb (C). Experimentalmente a
carga eléctrica elementar é igual e=1,602.10-19C
A carga eléctrica não existe sem massa de repouso. Existem na natureza três partículas
elementares carregadas, nomeadamente: protão (carga positiva), electrão (carga negativa) e
neutrão (sem carga).

1.3. Lei da conservação da carga


A carga total de um sistema isolado de corpos permanece constante, q i  cons
(1)
Esta lei explica igualmente o fenómeno que ocorre em processos de electrização, onde há
conservação da carga. Assim sendo, se destacam três tipos de electrização: Fricção, contacto e
influência (indução).

1.3.1. Electrização por fricção

Durante a fricção, por exemplo friccionando uma barra de vidro com um pano de lã, são
arrancados electrões aos átomos constituintes da barra de vidro, ficando esta com deficiência de
electrões enquanto a lã ou seda ficam com excesso de electrões. Lembre-se que durante a
fricção entram sempre em jogo dois corpos inicialmente neutros, onde no fim do processo ambos
devem adquirir cargas de sinal contrário (Figura 1).
Electromagnetismo F0084 7

Figura 1. Electrização por fricção

1.3.2. Electrização por contacto


Tocando no botão de um electroscópio3 com um corpo carregado, as folhas do electroscópio
afastam-se revelando que também ele ficou electrizado.

Figura 2. Electrização de um electroscópio, por contacto

A electrização de um corpo por contacto ocorre ao colocar-se um corpo inicialmente neutro em


contacto com um outro corpo já electrizado, quer positivamente ou negativamente. Neste caso
após o contacto, o corpo outrora neutro electriza-se positivamente ou negativamente mediante o
estabelecimento em contacto com um corpo electrizado positivamente ou negativamente. Quer
dizer, no fim do processo ambos os corpos adquirem cargas do mesmo sinal.

1.3.3. Electrização por influência ou por indução

Quando se aproxima um corpo electrizado a um condutor neutro isolado, sem estabelecer


contacto, verifica-se que este se electriza sem que tenha havido transferência de electrões entre
eles. A experiência mostra que a parte do induzido mais próxima do indutor fica electrizada com
carga de sinal contrário à do indutor e a mais afastada com carga do mesmo sinal do indutor.
Para conservar a carga no induzido, basta nestas condições ligar o induzido à terra e a carga
negativa4 dele escoa-se para a terra. Cortando imediatamente a ligação terra e retirando o
indutor, irá haver distribuição de electrões no induzido de modo que todo ele fica electrizado com
carga de sinal contrário ao indutor.

Figura 3: Electrização por influência ou por indução.

3
Electroscópio é um aparelho que se utiliza para detectar cargas eléctricas. Uma vez electrizado ele detecta o sinal da carga
eléctrica do corpo que se aproxima.

4
Supondo negativa a carga do indutor
Electromagnetismo F0084 8

1.4. Lei de coulomb


A lei de Coulomb5 estabelece: Duas cargas pontuais6 estacionárias q1 e q2 se repelem ou se
atraem com uma força proporcional ao produto das cargas e inversamente proporcional ao
quadrado da distância r entre elas.
A força Coulombiana tem a direcção do segmento que une as cargas e age igualmente sobre
cada carga.
F  k q1r.2q2 (2) Força de interacção entre as cargas imóveis.

Onde:
q1 e q2 são cargas eléctrica, expressas em Coulomb
r é a distâncioa que separa as cargas.
K é a constante de Coulomb, cujo valor é 9.109N.m2/c2, também é expresso por k= 41 ,
 = 8,85.10-12 C2/N.m2
 = permissividade dieléctrica do vácuo.
No S.I de unidades a força de Coulomb é expressa em N (Newton).

Figura 4: Força de interacção eléctrica (repulsiva e atractiva) entre duas cargas eléctricas pontuais.

1.5. Princípio de superposição das cargas


A força de Coulomb que acaba de se analisar não é modificada pela presença de uma terceira
carga, quer dizer a força resultante F R que actua sobre uma carga por parte de um sistema de n
cargas, é igual a soma vectorial das forças de cada carga em separado, isto é:
n i
FR   Fi (3)
i 1

1.6. Densidade da carga eléctrica


Uma carga eléctrica pode ser detectada em um ponto ou mesmo distribuída ao longo de um fio
de comprimento l, pela superfície S ou pelo volume V de um determinado corpo. A forma como a
carga encontra-se distribuída nestes três elementos, ocasionou o conceito de densidade.

Assim sendo, ao longo de um fio de comprimento l tem se a densidade linear 


q
 l ,cuja a unidade é C/m (Coulomb por metro).
Pela superfície S, tem-se a densidade superficial  .
 = Sq ,cuja a unidade é C/m2 (Coulomb por metros quadrado).
Pelo volume V com a densidade volumétrica 
 = Vq ,unidade C/m3 (Coulomb por metros cúbico).

5
Físico Francês, Charles Coulomb (1736-1806, quem em 1785 investigou experimentalmente os factores de que dependem as
forças de repulsão e de atracção.

6
Uma carga pode considerar-se pontual, se as dimensões do corpo onde ela se localiza são muito pequenas comparadas com a
distância a que o corpo se encontra de outros corpos electrizados.
Electromagnetismo F0084 9

Sumário
Lei de Coulomb:
Duas cargas pontuais estacionárias q1 e q2 se repelem ou se atraem com uma força proporcional
ao produto das cargas e inversamente proporcional ao quadrado da distância r entre elas.
A força Coulombiana tem a direcção do segmento que une as cargas e age igualmente sobre
cada carga.
F  k q1r.2q2 Força de interacção entre as cargas imóveis.

Exercícios
1. Explique, com diagramas, como ocorre o processo de electrização por influência.
2. Compare numericamente, a força de repulsão de dois electrões com a força de atracção
gravitacional Fg entre eles a uma mesma distância.
3. Qual é a força de repulsão coulombiana entre dois protões de um núcleo de ferro? Admita
uma separação de 4.10-15m entre eles.
4. Três cargas pontuais, de 4.10-6C cada, estão fixas nos vértices de um tiângulo equilátero de
lado igual a 10cm. Qual é a força que actua sobre uma dessas cargas?
5. A distância entre duas cargas pontuais q1=10-6C e q2=-q1 é igual a 10cm. Determine a força
resultante que actua sobre uma carga da prova de 10-7 C afastada de 6cm da primeira carga
e de 8cm da segunda carga.
6. Qual deve ser a distância entre dois protões para que a força eléctrica repulsiva que neles
actua seja igual ao próprio peso do protão na superfície da terra? A massa do protão é igual
a 1,67.10-27kg
7. As cargas +Q, -Q e q estão situadas nos vértices de um triângulo equilátero. Qual é a
direcção da força que actua sobre a carga q?
8. Calcule, aproximadamente, o número de coulombs das cargas positivas existentes num
copo de água cuja massa é 200g.
Electromagnetismo F0084 10

Unidade 02
TEMA: Campo Eléctrico
Introdução
O conceito do campo eléctrico é usado actualmente para interpretar a existência de forças
eléctricas, neste caso admite-se que qualquer corpo electrizado cria um campo eléctrico capaz
de actuar sobre os corpos electrizados.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


Objectivos  Interpretar o conceito de campo eléctrico e, escrever
correctamente a expressão da sua definição;
 Definir o campo eléctrico de uma carga pontual;
 Representar as linhas de força do campo criado por cargas
eléctricas;
 Definir o campo eléctrico uniforme;
 Escrever e explicar o campo criado por uma esfera metálica oca
de raio R carregada uniformemente com a carga Q;
 Resolver exercícios.

2.1. Definição

Uma carga eléctrica, colocada numa dada região do espaço, cria um campo eléctrico ou seja um
estado especial do espaço físico, que pode ser detectado, por exemplo, por um electroscópio.
O campo eléctrico criado por um ou por várias cargas eléctricas é caracterizado pela força
exercida em cada ponto onde for colocado o corpo de prova7. Entretanto, é melhor caracterizar o
campo eléctrico através de uma grandeza que tenha em cada ponto, valor bem determinado,
independentemente do corpo de prova escolhido.

7
O corpo de prova, também é vulgarmente chamado carga teste
Electromagnetismo F0084 11

Se num ponto p de um campo eléctrico colocar-se uma carga eléctrica pontual (corpo de prova)
q, esta seria actuada por uma força F. Colocando no mesmo ponto cargas eléctricas pontuais,
de valores duplo, triplo… do carga teste inicial, elas seriam actuadas por forças com a mesma
linha de acção e de módulo duplo, triplo… do da força que actuaria a carga q. Afinal no ponto p,
é constante o vector Fq . Assim, em qualquer ponto do campo electrostático o vector Fq não
depende do corpo de prova utilizado mas, unicamente da posição do ponto no campo eléctrico.
Nestas condições, pode definir-se uma nova grandeza física vectorial, chamada campo eléctrico,
E. As suas características, em cada ponto, ficam bem determinadas pela posição desse ponto no
campo eléctrico.

Figura 1: campo eléctrico em p e força eléctrica na carga q positiva, colocada em p.

F
A equação da definição da grandeza campo eléctrico é: E  q (1)
Como uma grandeza vectorial possui as características: ponto de aplicação, direcção, sentido e
módulo ou intensidade.

2.2. Campo eléctrico de uma carga pontual


Considere-se que em um ponto O, no vazio, seja colocada uma carga eléctrica pontual Q. Como
é de esperar, esta carga cria um campo eléctrico o qual pode ser detectado num ponto p, à
distância d de O, colocando nele uma carga eléctrica q, que será actuada por uma força de
módulo F, segundo a lei de Coulomb:
1 q .Q
F  4 d2
(2)
mas, por definição o campo eléctrico no ponto p é E  Fq , (3) Portanto F=q.E,

Se q for igual à unidade, então F=E, fala-se que a intensidade do campo é uma característica de
força de um campo eléctrico. Essa força coincide em sentido com o vector E para a carga
positiva e tem sentido oposto para a carga negativa. Lembre-se que, todo o campo criado por
cargas imóveis é electrostático.
Da expressão E  Fq , substituindo F pela lei de Coulomb, conclui-se que:

1 Q
E 4 d 2
(4) Campo eléctrico criado por uma carga eléctrica pontual Q.
Q- Carga que gera o campo eléctrico
d- a distância do ponto onde se faz o estudo do campo eléctrico.
A unidade S.I. de campo eléctrico, tirada da sua definição é newton por coulomb (N/C).
Electromagnetismo F0084 12

2.3. Sobreposição de campos eléctricos de cargas pontuais

Se o campo eléctrico, E, for de um sistema de n cargas pontuais, Q1, Q2, Q3, …, Qn, num ponto p
do espaço irão sobrepor-se os campos eléctricos, E1, E2, E3, .., En, de cada uma das cargas
independentemente, de tal modo que:
n i
E= E1 + E2 + E3 + ... + En ou E=  Ei Em particular, o campo resultante de duas cargas
i 1

pontuais é E= E1 + E2 , o seu módulo é achado segundo o teorema dos cossenos:


2 2
E  E  E  2E1.E2 .Cos
1 2 (5)
α- ângulo entre os vectores E1 e E2

Figura 2: Sobreposição dos campos eléctricos de uma carga Q1, positiva e uma carga Q2, negativa.

2.4. Linhas de força de um campo eléctrico


O campo eléctrico pode ser visualizado por meio de um sistema de linhas de força orientadas,
que partem de cargas positivas e terminam em cargas negativas.
Cada linha de força é constituída de tal modo que a tangente num dado ponto da linha está
dirigida ao longo do vector E neste ponto.

Figura 3: Campo de cargas, positiva e negativa respectivamente.

2.5. Campo uniforme


Se nos diferentes pontos de uma dada região do espaço, E tiver o mesmo módulo, a mesma
direcção e o mesmo sentido, diz-se que, nessa região, o campo eléctrico é uniforme. As linhas
de força de um campo uniforme são paralelas e separadas igualmente uma da outra, tal como
pode ser produzido um plano infinito carregado com a densidade superficial.

Na prática, um campo quase uniforme realiza-se entre duas placas metálicas paralelas e
carregadas com cargas diferentes em sinal e iguais em módulo. O campo produzido concentra-
se todo ele no espaço interior entre as placas.
Electromagnetismo F0084 13

2.6. Esfera Metálica Oca com carga Q


O campo criado por uma esfera metálica oca de raio R carregada uniformemente com a carga Q
é dado:
a) E=0, r<R, (6) (no interior da esfera)
Q
b) E  40 R2
, (7) (ε-constante dieléctrica relativa do meio), r=R (na superfície da esfera)

c) E  4Q r 2 , r>R (8) (fora da esfera)


0

r é a distância desde o centro da esfera até o ponto de


observação.

Figura 4: Campo no interior e no exterior de uma esfera.

Neste caso o campo produzido pela esfera no espaço exterior tem a mesma intensidade e
estrutura que o campo produzido por uma carga Q colocada no centro geométrico da esfera.

Sumário
Se nos diferentes pontos de uma dada região do espaço, E tiver o mesmo módulo, a mesma
direcção e o mesmo sentido, diz-se que, nessa região, o campo eléctrico é uniforme.

Exercícios
1. Qual deve ser a carga de uma partícula de 2g de massa para que esta permaneça
estacionária no laboratório quando colocada num campo eléctrico dirigido para baixo, cuja
aintensidade é de 500N/C?
2. Qual o módulo, a direcção e o sentido do campo E,
existente no centro do quadrado da figura abaixo?
(Considere q=1.10-8C e a=5cm.

3. Qual é o modulo de uma carga eléctrica puntiforme escolhida de modo a produzir um campo
de 2 N/C, a distância de 50 cm?
4. Com que aceleração se move um electrão num campo eléctrico de 10 kN/C
5. Uma carga puntiforme, de -2.10-9C, colocada num campo eléctrico uniforme, está sujeita a
uma força de 3.10-6N, que age verticalmente de cima para baixo.
a) Qual é a intensidade do campo?
Electromagnetismo F0084 14

b) Qual é o módulo e o sentido da força eléctrica exercida sobre um protão, colocado nesse
ponto?
c) Qual é a força de gravidade que actua sobre o protão?
d) Qual a relação entre as forças eléctrica e gravitacional, nesse caso?
6. Localizar na figura o ponto onde é nula a intensidade do campo eléctrico. Supor a=50cm

7. A distância entre duas cargas puntiformes q1=8.10-9C e q2=-5,3.10-9C é igual a 40cm.


a) Calcular o campo eléctrico no ponto médio entre as cargas;
b) Qual será o campo se a segunda carga for positiva?
8. Um electrão, com velocidade de 5.108 cm/s, é lançado paralelamente a um campo eléctrico
de 1.103 N/C, cujo sentido concorre para retardar o seu movimento.
a) Que distância o electrão percorrerá, antes de atingir o repouso?
b) Quanto tempo isso levará?
c) Se o campo se tornar nulo bruscamente, após percorridos 0,8 cm, que fracção da sua
energia inicial perderá o electrão ao atravessa-lo?
Electromagnetismo F0084 15

Unidade 03
TEMA: Lei de Gauss
Introdução
Como se viu anteriormente, a lei de Coulomb é a lei básica da electrostática, mas ela não está
expressa numa forma que possa simplificar consideravelmente o trabalho em situações que
envolvem simetria.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Deduzir e explicar a lei de Gauss;

Objectivos  Deduzir a expressão do campo eléctrico para uma linha de carga;


 Resolver exercícios.

3.1. Conceito

A nova formulação da lei de Coulomb gerou a Lei de Gauss8 onde são visíveis vantagens para
situações especiais. Quer dizer, a lei de coulomb aplica-se a todos problemas electrostáticos
com nenhum ou com pequeno grau de simetria mas, os de grande grau de simetria usa-se a lei
de Gauss.

A lei de gauss constitui uma das quatro equações de Maxwell, equações que serão detalhadas
na última unidade.

1 Q
Da lei de Coulomb, se expressa o campo eléctrico de uma carga pontual: E 4 d 2

(1)

A lei de Gauss fornece outro modo de escrever esta equação. Ainda assim, ela sempre exige
que seja esboçada uma figura cujo, a superfície seja fechada e hipotética, chamada superfície
gaussiana. A tal superfície deve ser adequada a simetria do problema, podendo ser uma esfera,

8
Carl Friedrich Gauss (1777-1855), Matemático e Físico Alemão
Electromagnetismo F0084 16

um cilindro ou outra forma simétrica e sempre fechada para permitir distinguir pontos que estão
dentro, na superfície ou fora dela.

A lei de Gauss relaciona os campos na superfície gaussiana e as cargas no interior desta


superfície.

Suponha que a superfície gaussiana seja uma esfera e que em cada ponto existe um campo
eléctrico de mesmo módulo que aponta para fora. Facilmente diríamos que existe no seu interior
uma carga líquida e positiva. Com a lei de Gauss calcula-se com precisão a quantidade de carga
líquida positiva que se encontra no seu interior. Para o efeito necessita-se saber o quanto o
campo eléctrico é interceptado pela superfície, quer dizer, a quantidade do fluxo do campo
eléctrico através da superfície Φ.

Para uma superfície assimétrica fechada e mergulhada num campo eléctrico não uniforme, é
necessário dividir a superfície em pequenos quadrados de área ΔA, suficiente para desprezar
curvaturas e considerar que o campo seja uniforme. Assim o fluxo total do campo eléctrico é
tomado como soma de todas pequenas áreas e o seu respectivo campo eléctrico. Uma
definição provisória para o fluxo do campo eléctrico através da superfície gaussiana é
Φ=  E.Cos .A (2) ΔA= área da superfície

A definição exacta do fluxo do campo eléctrico através de uma superfície fechada é expressa por
um integral feito sobre toda a superfície fechada:

Φ=  E.Cos .dA (3) -- Fluxo eléctrico através de uma superfície gaussiana.

θ—ângulo entre E e ΔA.


O fluxo é um escalar e sua unidade no S.I é o newton-metro quadrado por coulomb (N.m2/C)

Exemplo: A figura abaixo mostra uma superfície gaussiana na forma de um cilindro de raio R
imerso num campo eléctrico uniforme E, com o eixo do cilindro paralelo ao campo. Qual é o fluxo
Φ do campo eléctrico através dessa superfície fechada?

Figura 1: Superfície gaussiana


Soma-se três termos de integrais: base esquerda, direita e superfície lateral.
o o
Φ=  E.dA  Φ=  E.dA +  E.dA +  E.dA =  E.Cos180 dA +  E.Cos0 dA +
o
 E.Cos90 dA  Φ= -E.A + E.A + 0  Φ=0
Electromagnetismo F0084 17

O resultado não é surpreendente, uma vez que as linhas do campo eléctrico entram pela base
esquerda e saem pela direita, portanto, o fluxo total é nulo.

Como foi dito a lei de Gauss relaciona o fluxo ,total, Φ de um campo eléctrico através de uma
superfície fechada, uma superfície gaussiana, e a carga líquida q que está envolvida por essa
superfície.
εo Φ=q ---Lei de Gauss
εo—Constante de permissividade, que vale 8,85.10-12 C2/N.m2
A lei de Gauss também se expressa:
εo  E.dA  q(4)--- Lei de Gauss
q--- soma algébrica de todas as cargas positivas e negativas internas à superfície e, os
sinais das cargas são importantes.

Exemplo: A figura abaixo mostra três pedaços de plástico carregados e uma moeda
electricamente neutra. As secções transversais de duas superfícies gaussianas estão indicadas.
Qual é o fluxo do campo eléctrico através de cada uma dessas superfícies? Suponha q1=3,1nC;
q2=-5,2nC; q3=-3,1nC
Solução: a moeda não contribui em nada por ser neutra, apenas tomamos q1 para a superfície 1.
9
εo Φ=q  Φ= qo  Φ= qo1  8,85.103,112.10C 2 .C/ N .m2    350N .m 2 / C
Na superfície 2, tem-se q1, q2 e q3, aplicando a Lei de Gauss
q q1  q2  q3 3,1.109 C 5 , 9.10 9 C  3,1.109 C 2
 o  o   8, 85.10 12 C 2 / N . m 2
   670 N .m / C
A carga líquida na superfície é negativa e, o fluxo é para dentro.

Figura 2: Explicação da aplicação da Lei de Gauss

3.2. Um condutor carregado e isolado

Qualquer excesso de carga colocado em um condutor isolado se moverá inteiramente para a


superfície do condutor. Nenhum excesso de carga será encontrado no interior do condutor,
porque as cargas iguais se repelem.

Imagine um pedaço isolado de cobre, suspenso por um fio isolante e tem uma carga adicional q.
traça-se uma superfície gaussiana junto a face interna da superfície real do condutor. O campo
eléctrico no interior do condutor deve ser zero, pois não existem correntes permanentes num
condutor isolado.
Electromagnetismo F0084 18

Como E é nulo por toda a parte dentro do condutor, ele tem de ser nulo em todos os pontos da
superfície gaussiana, pois esta imaginada junto à superfície do condutor, sem dúvida está dentro
dele, o que significa que o fluxo através da superfície gaussiana tem de ser zero. A Lei de Gauss
diz que a carga dentro da superfície gaussiana, também tem de ser nula. Neste caso a carga só
pode estar do lado de fora, quer dizer, tem de estar sobre a superfície real do condutor.

3.3.Simetria Cilíndrica
A figura abaixo mostra uma secção de uma barra fina de plástico, infinitamente longa, carregada
uniformemente, com uma densidade linear de carga λ. Pretende-se determinar uma expressão
para o módulo do campo eléctrico E a uma distância r do eixo da barra.

A superfície gaussiana deve acompanhar a simetria do problema, que é cilíndrica. O cilindro


deve ser circular de raio r e comprimento h, co-axial com a barra. Como a superfície gaussiana
deve ser fechada, inclui-se as duas bases na sua constituição.

Em todos os pontos sobre a parte cilíndrica da superfície gaussiana, E tem


módulo constante e aponta radialmente para fora. Como a circunferência
do cilindro é 2πr e h a sua altura, a área da superfície cilíndrica é 2πrh. O
fluxo através da superfície cilíndrica é Φ=E.A.Cosθ=E.2πrh Não há fluxo
nas bases, porque E sendo radial é tangente a essas superfícies em todos
seus pontos. A Carga encerrada na superfície é q=λ.h

Figura 3: Explicação da aplicação da Lei de Gauss

Da Lei de Gauss:
εoΦ=q  εo.E(2πrh)=λ.h  E  
2 o .r (5)--- Campo eléctrico para uma Linha de Carga.

Sumário
A lei de Gauss, em alguns casos para situações de simetria, permite que sejam deduzidos vários
resultados importantes dentro do contexto electrostático.
A Lei de Gauss diz que a carga dentro da superfície gaussiana, também tem de ser nula.

Exercícios
1. Deduza e explique a formulação da lei de Gauss.
2. Deduzir a expressão do campo eléctrico para uma linha de carga.
Electromagnetismo F0084 19

3. No centro de uma esfera de 20cm de raio encontra-se uma carga pontual de valor 10-8 C.
Calcule o fluxo do vector E através de uma parte da superfície esférica de 20cm2 de área.

4. Calcule o valor do fluxo eléctrico de um campo uniforme E=5.103 N/C, através de uma
semiesfera de 20 cm de raio, cujo eixo é paralelo ao campo.
Electromagnetismo F0084 20

Unidade 04
TEMA: Potencial Eléctrico
Introdução
Os Físicos estão sempre atentos as áreas de matemáticos que, mesmo sendo diferentes,
tenham em seus princípios básicos semelhanças bastantes que lhes permitam escrevê-los nos
mesmos termos Matemáticos.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Interpretar as noções de energia potencial eléctrica e potencial
eléctrico e, escrever as suas expressões matemáticas;
Objectivos
 Definir e explicar o princípio de superposição de potencial
eléctrico;
 Explicar o potencial criado por uma distribuição contínua de
cargas;
 Interpretar o gradiente de potencial eléctrico;
 Definir a energia das partículas carregadas num campo eléctrico;
 Resolver exercícios.

4.1. Energia potencial eléctrica e potencial eléctrico


Um campo eléctrico, deslocando uma carga, realiza trabalho sobre ela. Para qualquer percurso
fechado, o trabalho total do campo electrostático realizado sobre uma carga é igual a zero. Quer
dizer que a energia potencial tem um valor definido em cada ponto do campo.

A energia potencial eléctrica, é a energia de interacção entre o campo e a carga.

Pode-se analisar, por exemplo, sob o ponto de vista de energia a queda livre nas proximidades
da terra de uma bola de massa m e, dizer que enquanto a bola cai, sua energia potencial é
transformada em energia cinética.

Analogamente e no contexto electrostático, uma carga teste q, por exemplo um protão em queda
livre num campo eléctrico, tendo em vista a identidade matemática das leis básicas, pode-se
afirmar confiante que ocorre o processo de transferência de energia. Neste caso determina-se a
energia potencial eléctrica para esta carga teste, cujo valor depende somente da posição
dessa carga no campo eléctrico.
Electromagnetismo F0084 21

Agora para se determinar a energia potencial eléctrica de uma carga teste num único ponto, é
necessário considerar o ponto inicial como ponto padrão de referência cuja a localização é
especificada.

Ou seja, A energia potencial Ep de uma carga teste q, em qualquer ponto, é igual ao negativo do
trabalho W realizado sobre a carga teste pelo campo eléctrico, quando a carga se move do
infinito até o ponto em questão.
Ep=-W  Ep=Ep f -Ep i=-W (1)

Lembre-se que as diferenças de energia potencial são fundamentais e que a energia potencial,
depende da escolha de um ponto de referência e da atribuição de uma energia potencial
arbitrária para ele. A escolha não muda o valor da diferença de energia potencial de uma
determinada carga teste entre qualquer par de pontos num campo eléctrico.

A energia potencial de uma carga num campo eléctrico depende não só do campo como também
do módulo da carga. Quer dizer, a energia potencial por unidade da carga tem um valor único em
qualquer ponto num campo eléctrico.

Ainda mais, a energia potencial por unidade da carga, simbolizada por Ep/q, é independente do
módulo q da carga teste, constituindo uma característica exclusiva do campo eléctrico em
estudo.

A energia potencial por unidade da carga em um ponto do campo eléctrico é chamada de


Ep
Potencial Eléctrico U (Potencial) no ponto. U qo
(2)

A diferença de potencial ΔU entre dois pontos quaisquer num campo eléctrico é igual à diferença
de energia potencial por unidade de carga Ep/q entre dois pontos.
Ep
U  U  U o   U   Wqo
qo
(3) …Definição da diferença de potencial

O trabalho W realizado pelo campo eléctrico sobre a carga teste positiva durante seu movimento
de um ponto inicial para um outro final, pode ser positivo, negativo ou nulo. Em correspondência,
o potencial eléctrico em um ponto de um campo se torna maior na medida em que se aproxima à
carga que gera o respectivo campo.

Como a energia potencial no infinito é tomada igual a zero, o potencial também deve ser zero no
infinito.

O potencial em um ponto, no campo eléctrico criado por uma carga positiva isolada, é positivo.
Quando a carga é negativa, o potencial num ponto próximo é negativo.

No S.I de unidades o potencial decorrente da expressão que acabou de se analisar, é expresso


em Joule por Coulomb. Esta combinação recai para o Volt, como unidade S.I definitiva do
potencial.
Electromagnetismo F0084 22

1 Volt = 1 Joule por Coulomb

Para efeitos de consolidação, lembra-se que potencial eléctrico U é a energia potencial por cada
carga q que entra num campo eléctrico E criado por uma carga Q.
W  Wp Wp
Ou seja, V = =- (4);
q q
Onde, W  e -Wp são energias potenciais no infinito e num ponto p do campo E
respectivamente. O sinal menos (-) na equação acima revela que o campo é positivo, i.e., E
aponta para fora da carga Q criadora do campo. Se desloca-se uma carga q de prova, do infinito
(  ) para um ponto p que está no seio do campo criado pela carga Q e próximo desta, q se
moverá no sentido contrário ao da orientação das linhas de força do campo E.

Dentre os tipos de potenciais a tratar consta o potencial criado por uma carga puntiforme.
Aqui o objectivo é encontrar a relação entre o potencial U e o valor da carga Q puntiforme
criadora do campo E a qualquer distância s.

Por outro lado, a ddp representa o trabalho que é necessário realizar para deslocar uma carga
de prova q num campo eléctrico criado pela carga Q, de uma posição A para outra B. Para
deslocações diferenciais dS (muito pequenas), espera-se que de igual modo se realize um
trabalho diferencial dw; tal que dw = F.ds.

Assim dw=E.q.ds, donde integrando nos limites considerados A a B em ambos membros da


B B B
igualdade tem-se:  dw   E.q.ds  w AB  q  E.ds Dividindo ambos os membros
A A A

wAB B
por q obtem-se:   E.ds , mas tendo presente que o 1º membro desta equação se
q A

wAB wA  wB w A wB
transforma exactamente em ddp, ou seja     V A  VB =
q q q q
B
 E.ds . Se a posição de partida A era no infinito, então V A  0 resultando então em: -
A
B B
VB   E.ds  VB    E.ds (5)
A A

Esta equação para além de representar a equação de trabalho na determinação do potencial


criado por uma carga puntiforme, permite igualmente determinar o valor do potencial em
qualquer ponto B no seio do campo E, criado pela carga Q.
1 Q
E como E=
4 0 r 2
r neste caso equivale a s - distância da realização do trabalho de trazer a carga q desde o ponto
A no infinito (  ) até ao ponto B, algures no campo eléctrico da carga Q.
Combinando as duas últimas equações segue que:
Electromagnetismo F0084 23

Q 1 Q
  1r r  VB  1 Q
r
VB   2
dr  
4 0  r 4 0 4 0 r
(6)
Que é a equação para o potencial criado por uma carga puntiforme Q positiva.
Se a carga Q for negativa acrescenta-se o sinal menos(-) à esquerda do 2º membro.
Em geral, na Natureza, encontra-se não só uma carga puntiforme mas sim um grupo de cargas
puntiformes. É assim que o próximo interesse é o estudo de potencial criado por grupo de
cargas puntiformes.

Partindo do princípio de superposição, sabe-se que o somatório do potencial (U) criado por cada
carga em separado num dado ponto de um campo eléctrico é dado por:
1 n Qi
V   (7) (potencial para n cargas puntiformes).
4 0 i 1 ri

Por outro lado, é necessário prestar-se também uma pequena análise ao potencial criado por
um dipolo eléctrico.

Ora um dipolo eléctrico, como já foi referido em momentos anteriores, é corpo cuja carga foi
acumulada nos seus extremos dum lado positiva e doutro negativa.

No caso do dipolo o nº n de cargas é 2, baseando-se na equação acima tem-se


2
1  Q Q  Q r(  )  r(  )
V   Vi  V(  )  V(  )      V
4 0  r(  ) r( )  4 0 r(  ) . r(  )
i 1  
Nesta equação r(  )  r(  )  d . cos , isso é provado nos seguintes termos:
r(  ) .r(  )  r 2 e reescrevendo a equação acima, tem-se
Q d . cos 
U
4 0 r2
Mas a grandeza Q.d = p que é o momento do dipolo. Asim a equação toma o seguinte aspecto:
1 p. cos 
U (8) --- Potencial criado por um dipolo eléctrico.
4 0 r 2
Até ao momento abordou-se casos, como já deve ter notado, de cargas de distribuição discreta.

4.2. Princípio de superposição para o potencial eléctrico

O potencial resultante do campo criado por um sistema de cargas é igual a soma algébrica dos
potenciais criados por cada carga separadamente.

Vresul tan te   Vi
i 1

4.3. Potencial criado por uma distribuição contínua de carga.


Electromagnetismo F0084 24

Na distribuição contínua de carga já não se estuda cargas uma por uma, mas sim num volume
elementar contendo um potencial
1 dQ 1 dQ
dU =  dU  
4 0 r 4 0 r
Esta integral deve ser feita sobre toda a distribuição de carga. Neste caso a análise estará no
interesse de duas distribuições contínuas de carga: Linha de carga dQ =  dx.
1 dQ
Substituindo dQ=  dx, na espressão dU 
4 0 r
1 .dx
tem-se que: dU  (9)
4 0 r
2 2
r é uma norma, logo o seu módulo é determinado pelo teorema de Pitágoras: r  (r1  r2 )
e voltando a substiruir este módulo de r, a equação acima toma a forma:
1 .dx
dU 
4 0 (r12  r22 )
(10)

4.4. Gradiente do potencial eléctrico

O vector que determina a taxa de variação do potencial eléctrico ao longo da linha de força e é
dirigido para o lado do aumento do potencial chama-se gradiente do potencial
 ou grad 

Em módulo, o gradiente é igual a razão da pequena variação do potencial   pelo intervalo
correspondente l ao longo da linha de força:


grad 
l

Assim, o vector intensidade do campo E e o gradiente do potencial   são ligados pela
expressão:

E   grad

O sinal negativo, demonstra que os valores de


E e grad tem sentidos opostos.

Em coordenadas rectangulares,

  
Ex   ; Ey   ; Ez  
x y z
Electromagnetismo F0084 25

De um mesmo modo, a diferença de potencial é calculada por meio de um integral de linha do


campo eléctrico ao longo de qualquer percurso que passa pelos pontos 1 e 2. Onde dl é o
elemento vectorial de comprimento e α o ângulo entre os vectores dl e E.

2 2
1  2   Edl   E cos dl
1 1

Em particular, para qualquer linha que se encontra numa superfície equipotencial o trabalho do
campo electrostático é igual a zero, sendo que, neste caso cosα=0. Também W=0, para
qualquer caminho fechado, sendo que para este caso φ1=φ2

 Edl   0 (11)

Este integral, chama-se circulação do vector E. Então, a circulação do campo electrostático é


igual a zero.

4.5. Energia das partículas carregadas num campo eléctrico

O campo electrostático é um exemplo importante de campo conservativo, no qual conserva-se a


energia mecânica total de uma partícula carregada.

mv 2
Ec  E p  Const ou  qU  Const
2 (12)

Onde:

mv 2
Ec 
2 energia cinética da partícula

E p  qU
energia potencial eléctrica

Então a partícula carregada deslocando num campo electrostático, pode aumentar ou diminuir a
sua energia cinética de tal maneira que,

mv22 mv12
  qU1  U 2  (13)
2 2

No caso em que U1>U2 há aceleração da partícula (v1<v2). Esta lei da conservação é aplicada
amplamente nos aceleradores de partículas atómicas carregadas.
Electromagnetismo F0084 26

Sumário
Em geral, na Natureza, encontra-se não só uma carga puntiforme, mas sim, um grupo de cargas
puntiformes.
Na distribuição contínua de carga já não se estuda cargas uma por uma, mas sim num volume
elementar contendo um potencial.

Exercícios
1. Duas placas condutoras grandes, paralelas entre-si e separadas por uma distância de 10cm
têm cargas iguais e de sinais contrários nas faces que se confrontam. Um electrão colocado
à meia distância entre as duas placas experimenta uma força de 1,6.10-15N. Qual é a
diferença de potencial entre as placas?
2. A separação média dos protões no interior de um núcleo atómico é da ordem de 10-15m.
Calcule em J e em MeV a ordem de grandeza da energia potencial eléctrica de dois protões
num núcleo.
3. A uma certa distância de uma carga pontual o potencial é de 600V e o campo eléctrico é de
200N/C.
a) Qual é a distância em relação a carga pontual?
b) Qual é o valor da carga?
4. Duas cargas pontuais de 2.10-7C estão separadas por uma distância de 10cm. Calcule o
potencial resultante:
a) No ponto médio entre elas;
b) Num ponto a 4cm da primeira e sobre a linha entre elas;
c) Num a 4cm da primeira, sobre a linha que une as cargas mas fora delas;
d) Num ponto a 10cm de cada carga.
5. Um campo eléctrico é criado por uma carga pontual. O potencial do campo num ponto
afastado da carga à distância de 12cm é igual a 24V. Determine o módulo, a direcção e o
sentido do gradiente do potencial nesse ponto.
6. Nos vértices de um quadrado com diagonais de 20cm encontram-se as cargas pontuais:
q1=10,33nC; q2=-0,66nC; q3=0,99nC; q4=-1,32nC. Determine o potencial eléctrico no centro
do quadrado.
7. Uma partícula de massa m=1g carregada por cinco electrões sofreu no vácuo, a partir do
repouso, uma diferença de potencial aceleradora de 3.106 V. Determine:
a) A energia cinética da partícula;
b) A velocidade adquirida.
8. Um protão com velocidade inicial de 10 km/s entrou num campo eléctrico uniforme de
intensidade de 300 V/m, paralelamente as linhas de força. Que distância deve percorrer o
protão para duplicar a sua velocidade.
Electromagnetismo F0084 27

Unidade 05
TEMA: Dieléctricos e
Condutores
Introdução
Nos dieléctricos as cargas eléctricas não podem deslocar-se livremente, encontrando-se num
estado ligado (em átomos e moléculas). Contudo, num campo eléctrico externo, estas cargas
ligadas variam a sua configuração de tal modo que o campo resultante no dieléctrico diminui-se.
Este fenómeno é chamado de Polarização do dieléctrico.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


1. Definir o conceito de dieléctricos;

Objectivos 2. Explicar a mobilidade de cargas eléctricas nos condutores;


3. Interpretar e definir o capacitor plano, cilindrico e esférico.
4. Resolver exercícios

5.1. Dieléctricos e condutores

5.1.1. O campo eléctrico nos dieléctricos

De acordo com Pauli. Farid. Simão p.101, Dieléctricos são dispositivos constituidos de moléculas
polares e não-polares. As moléculas são polares quando os centros de gravidade de suas
cargas positivas e negativas estão separados e se os centros de gravidade coincidem, as
moléculas são não-polares.

Em um outro contexto Vladimir Lógvinov et all p.80, afirma que nos dieléctricos as cargas
eléctricas não podem deslocar-se livremente, encontrando-se num estado ligado. Porém num
campo eléctrico externo estas cargas ligadas variam a sua configuração de tal modo que o
campo resultante no dieléctrico diminui-se. Este fenómeno é chamado de polarização do
dieléctrico.

De acordo com o princípio de superposição, o campo resultante E1 no dieléctrico pode ser


representado por: E1=Eo + Ep (1)
Electromagnetismo F0084 28

Onde Eo- é o campo eléctrico externo (o campo no vácuo da mesma fonte) e, Ep- o campo criado
por cargas de polarização.

O sentido do campo Ep é oposto ao do campo Eo, nestas condições num dieléctrico homogéneo
e isotrópico:

E1=Eo - Ep (2)

Como mostram experiências, Ep=λ.E1 ou Ep=(ε-1).E1 , onde λ=ε-1---Susceptibilidade do


dieléctrico e ε-constante dieléctrica relativa.

Então a equação E1=Eo - Ep subsituida por Ep=(ε-1).E1 toma o aspecto:


E1  Eo (3)

Quer dizer, o campo eléctrico num dieléctrico é ε vezes menor que o campo eléctrico da mesma
fonte no vácuo.

As grandezas λ e ε dependem da temperatura e das propriedades do dieléctrico. Os valores de ε


para vários dieléctricos são dados na tabela a seguir:

Material Constante dieléctrica Rigidez dieléctrica, KV/m


relativa, ε
Vácuo 1 (exato) Infinito
Ar (temperatura ambiente) 1,00059 0,8
Parafina 1,9---2,2 20---30
Teflon 2,1 60
Madeira 2,2---3,7 40---60
Polietileno 2,3 50
Polistireno 2,6 25
Boracha 2,6---3,0 15---25
Ambar 2,7---2,8 90
Papel 3,5---5,0 10---14
Quartzo Fundido 3,8 8
Ebonite 4---4,5 25
Mica 4---8 50---200
Vidro pirex 4,5 13
Baquelita 4,8 12
Porcelana 6,5 15---20
Neoprene 6,9 12
Mármore 8---10 6---10
Agua 80 ---------
Dióxido de Titânio 100 6
Titanato de Bário 1200 ---------
Electromagnetismo F0084 29

5.2. Condutores num campo electrostático

Nos condutores as cargas eléctricas (por exemplo, os electrões nos metais) podem deslocar-se
livremente por todo o volume do condutor.

Por isso, num campo electrostático externo, estas cargas livres são dispostas de tal modo que o
campo eléctrico resultante dentro do condutor no estado de equilíbrio é igual a zero. Quer dizer,
um condutor com equilíbrio estático das cargas tem o mesmo potencial eléctrico em todos os
seus pontos, isto é, o volume e a superfície de um condutor nas condições da electrostática são
equipotenciais. Isso significa que as linhas de força de um campo eléctrico externo são
perpendiculares à superfície do condutor.

5.3. Capacitância (Capacidade eléctrica)


A razão da carga eléctrica de um condutor isolado pelo seu potencial chama-se Capacitância ou
capacidade eléctrica do condutor.
q
C U (4)

Na prática, considera-se e utiliza-se a capacitância de um sistema de condutores (dois


condutores com cargas iguais em módulo e de sinais contrários).
Tal sistema chama-se capacitor ou condensador eléctrico:

Os condutores são denominados armaduras ou placas do capacitor. A capacitância de um


capacitor é determinado por:
C  U1 qU2
(5)
Onde:
q - carga de uma placa
U1-U2— diferença de potencial entre as placas.

No sistema internacional de unidades, a capacitância é expressa em Farad (F)


1Farad ( F )  1 coulomb (C )
volt (V )

Na prática, aplicam-se frequentemente, as unidades submúltiplo do Farad: microfarad (μF),


picofarad (pF).

Das evidências apresentadas, nota-se que a capacitância de um capacitor não depende da


presença de cargas nas armaduras. Esta grandeza determina a possibilidade de se acumular
cargas com um dado valor de potencial que depende da disposição dos condutores, da sua
forma e dimensões, bem como das propriedades dieléctricas do meio ambiente.

Além da capacitância, cada capacitor caracteriza-se pela sua tensão disruptiva ou tensão ruptura
assinalada no corpo do capacitor. Um capacitor pode ser ligado num circuito eléctrico somente
quando a tensão aplicada não é maior que a tensão disruptiva. O valor dela depende da forma e
Electromagnetismo F0084 30

das dimensões da armadura, bem como da rigidez dieléctrica do material isolante, isto é, do
valor mínimo do campo eléctrico a partir do qual pode começar uma descarga eléctrica através
da camada isolante do capacitor. A rigidez dieléctrica dos isolantes gasosos é de (2 a 6).106V/m,
dos líquidos (10 a 20).106V/m e dos sólidos (1 a 40).106V/m.

5.4. Capacitor plano


Este capacitor é formado por duas placas paralelas de área A, cada uma, separadas por uma
distância d. O espaço entre as placas é preenchido por um material dieléctrico (existem
capacitores de mica, de ar, de papel parafinado, cerâmicas, de vácuo,…).

O campo eléctrico entre as placas é quase uniforme e deformado perto das extremidades da
placa, veja a figura.

A capacitância de um capacitor plano é: C o.d.A (6)


εo—permissividade do vácuo
ε—constante dieléctrica relaticva do material entre as placas.
Em geral toma-se para d<< A

Figura 1: Capacitor plano


5.5 Capacitor cilíndrico
É constituído de dois cilindros coaxiais de raios r1 e r2 e de comprimento l. a sua capacitância é
dada:

2  ol
C  ln(
r2
)
(7)
r1

Figura 2: Capacitor Cilindrico


5.6. Capacitor esférico
É constituido de duas esferas concêntricas de raios r1 e r2e tem a
r1r2
capacitância: C  4 o r2  r1
(8)
A capacitância de uma esfera de raio
r isolada, é dada por: C=4πεoε.r

Figura 3: Capacitor esférico


Electromagnetismo F0084 31

Sumário
A capacitância de um capacitor não depende da presença de cargas nas armaduras. Esta
grandeza determina a possibilidade de se acumular cargas com um dado valor de potencial que
depende da disposição dos condutores, da sua forma e dimensões, bem como das propriedades
dieléctricas do meio ambiente.

Exercícios
1. Um capacitor plano tem placas formadas por círculos de 8cm de raio, separadas pela
distância de 1m. Que cargas aparecem nas placas, se entre eles for aplicada a ddp de
100V? (resp. 2,2.10-9C)
2. Um capacitor de 100pF é carregado por uma bateria de 50V, a qual é retirada após o
término do processo da carga. O capacitor é, então, ligado a um capacior (inicilamente
descarregado). Se a ddp diminui para 35 V, qual é a capacitância do segundo capacitor?
(resp. 43pF)
3. Duas placas condutoras, carregadas com iguais quantidades de carga por unidade de
área, mas de sinais opostos, estão separadas por um dieléctrico de 5mm de espessura
e de constante dieléctrica relativa 3. O campo eléctrico resultante no dieléctrico é de
106V/m. Calcule:
a) A carga livre, por unidade de área, sobre a placa condutora;
b) A carga ligada, por unidade de área, sobre a superfície do dieléctrico;
c) A polarização P no dieléctrico;
d) O deslocamento eléctrico D no dielétrico;
e) A densidade de energia no dielétrico.
4. Um capacitor plano de 100pF utiliza mica como dieléctrico e tem placas de 100 cm2 de
área. Calcule para a diferença de potencial de 50V:
a) O valor de E na mica;
b) A carga livre nas placas;
c) A carga superficial induzida.
5. Determine a capacitância de um condensador plano cuja área da placa é igual a 100 cm2
com duas camadas de dieléctricos: porcelana com espessura de 2mm e ebonite com
espessura de 1,5mm.
6. Determinar a capacitância de uma esfera metálica, cujo raio é de 2 cm, mergulhada na água.
Electromagnetismo F0084 32

7. Calcular a capacitância da terra, considerando-a como um condutor esférico de raio igual a


6400 km.
8. Entre as placas de um capacitor plano encontra-se uma lâmina de vidro (a espessura é igual
a distância entre as placas). O capacitor é carregado com diferença de potencial,
inicialmente, de 100V. Qual será a diferença de potencial, se a lâmina for retirada do
capacitor.
Electromagnetismo F0084 33

Unidade 06
TEMA: Associação de
Condensadores
Introdução
Até ao ano de 1800 os desenvolvimentos técnicos da eletricidade consistiam meramente em
produzir cargas estáticas por fricção. Algumas experiências desta época usavam recursos
naturais, como por exemplo, os raios, para o estudo dos fenômenos electrostáticos. Em 1752
Franklin realizou a sua famosa experiência produzindo descarga elétrica, em uma arraia (pipa).

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Explicar o conceito de capacitor e capacitância;
Objectivos  Representar e explicar a associação de condensadores em
paralelo e em série;
 Definir a energia armazenada em um capacitor;
 Resolver exercicios.

6.1. Conceitos de capacitor e capacitância


Baseando-se em Pauli. Farid. Simão p.93-94, entende-se como Capacitor o conjunto de dois
condutores separados por um isolante e por uma pequena distância, relativamente ás suas
dimensões. O Capacitor é usado para se obter altas Capacitâncias com dimensões menores do
que necessitariamos caso utilizássemos um único condutor.
De acordo com o mesmo autor, Capacitância de um capacitor é a sua capacidade de suportar
cargas eléctricas, a qual é medida pela razão entre a carga q da placa positiva e a ddp positiva
VAB entre elas.
6.2. Paralelo
O arranjo de n capacitores que se segue, constitui uma associação de condensadores em
paralelo.
Electromagnetismo F0084 34

Figura 1: Associação de condensadores em paralelo

A capacitância equivalente para esta associação é dada por:


Ceq=C1 + C2 + C3 + …+ Cn (1)
Se o circuito eléctrico tem a tensão U, cada capacitor tem a mesma tensão e cargas
correspondentes:
Q1=C1.U ; Q2=C2.U; Qn=Cn.U; assim tem-se que, Ueq=U1=U2=….=Un (2)

A carga total do sistema, qT=q 1 + q2 + …+qn (3)

6.3. Série

Figura 2: Associação de condensadores em série

A capacitância equivalente desta associação é calculada pela fórmula:


1
Ceq  C11  C12  ... Cn
1
(4)

As quedas de tensão: Ueq= U1 + U2 +….+Un (5)

Nesta associação, cada capacitor tem a mesma carga: q T=q 1 = q2 = …=qn (6)
A capacitância equivalente da associação em série é sempre menor que a menor das
capacitâncias parciais.

A capacitância equivalente duma associação mista de capacitores, calcula-se sucessivamente


na base das fórmulas apresentadas em cada ramo complexo.

6.4. Energia do campo eléctrico


Electromagnetismo F0084 35

A energia do campo eléctrico armazenada num capacitor de capacitância C, que possui uma
carga q sob tensão U, expressa-se por uma das fórmulas equivalentes:
2 2
E  C.2U  q.2U  2qC (7)
Em particular, a energia armazenada num capacitor plano carregado com a densidade superficial
de cargas σ é igual a
2
E  12  oE 2 Ad  2Ad
o
(8)

O E presente na fórmula representa o campo eléctrico.


A densidade volumétrica da energia do campo eléctrico é dada por: WE  12  oE 2 (9)
No sistema internacional esta grandeza tem a unidade j/m3.

Sumário
A capacitância equivalente da associação em série é sempre menor que a menor das
capacitâncias parciais.

A capacitância equivalente duma associação mista de capacitores, calcula-se sucessivamente


na base das fórmulas apresentadas em cada ramo complexo.

Exercícios
1. O que é um capacitor?
2. Três capacitores de C1=1μF, C2=2μF, C3=3μF estão ligados em um circuito de tensão
V=1,1kV. Determine a energia de cada um dos capacitores nos casos em que a ligação é
série ou paralelo.
3. Observe a figura que segue.

Determine a:
a) capacitância da associação de capacitores.
b) carga em cada capacitor (tome ddp 120V).
c) diferença de potencial em cada capacitor.
Electromagnetismo F0084 36

d) energia do sistema.
4. Calcule a capacitância equivalente do sistema que aparece na figura a seguir.

5. Calcule a capacitância equivalente do sistema mostrado na figura.

6. Qual seria a capacitância necessária para armazenar energia de 10 kwh a uma ddp de
1000V?
7. Dois capacitores de 2 μF e 4 μF estão ligados em paralelo e submetidos a uma ddp de 300V.
Calcule o valor total da energia eléctrica acumulada no sistema.
Electromagnetismo F0084 37

Unidade 07
TEMA: Corrente eléctrica contínua

Correntes transitórias
Introdução
Nos capítulos anteriores fez-se o estudo das leis e teorias envolvidas com a eletrostática,
isto é com a carga em repouso. Este capítulo começa com estudos dos fenômenos
relacionados com a carga em movimento. Até ao ano de 1800 os desenvolvimentos
técnicos da eletricidade consistiam meramente em produzir cargas estáticas por fricção.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


1. Explicar o conceito de equilíbrio electrostático e definir correntes transitórias;

Objectivos 2. Estabelecer as condições da existência da corrente eléctrica contínua;


3. Escrever a expressão da densidade da corrente e, explicar a relação entre
intensidade da corrente e densidade da corrente;
4. Resolver exercícios

7. 1. Conceito de equilíbrio electrostático e correntes transitórias

Somente, em 1800, aconteceu um evento de grande importância prática: Alessandro Volta


(145-1827) inventou a bateria eléctrica e com ela produziu o primeiro fluxo de carga
eléctrica em um laboratório. Esta experiência abriu uma nova era, transformando a
civilização humana.

Quando existe um fluxo resultante de carga através de uma área qualquer, diz-se que há
uma corrente através desta área. Se um corpo isolado for colocado em um campo
eletrostático, as cargas no condutor rearranjam-se de modo a tornar o campo nulo e o
potencial constante no seu interior. O movimento das cargas no processo de redistribuição
constitui uma corrente transitória de curta duração, que cessa quando o campo no interior
do condutor for nulo. Para manter uma corrente contínua é necessária uma força, que
actue sobre as cargas móveis do condutor. Esta força pode ser proveniente, por exemplo,
de um campo eletrostático E. Tal força é denominada "força de arrastamento".
Electromagnetismo F0084 38

O movimento de uma partícula carregada e livre em um condutor é muito diferente da de


uma partícula no espaço vazio. Depois de uma aceleração momentânea, ela sofre uma
colisão inelástica com uma das partículas fixas no condutor, perde a velocidade que havia
adquirido na direção da força motriz, começando tudo novamente. Assim, ela se move no
sentido da força de arrastamento com uma velocidade média chamada de velocidade de
arrastamento.

7. 2. Corrente eléctrica contínua

Sob a acção de um campo eléctrico, as cargas livres de uma substância entram em


movimento ordenado (não caótico). Tal movimento ordenado de cargas eléctricas
denomina-se Corrente Eléctrica.

A corrente eléctrica é caracterizada pela sua intensidade I ou mais detalhadamente pela


sua densidade J.

Fig.1 - Corrente elétrica em um condutor

De acordo com Pauli. Farid. Simão p.119-121, o sentido da corrente é o do deslocamento


das cargas livres positivas do condutor, ou seja, o mesmo do campo eléctrico que a
mantém. Neste sentido, observa-se que a corrente contínua é caracterizada pelo facto de
o sentido do campo eléctrico que a produz permanecer invariável. Consequentemente, as
cargas constituintes da corrente se deslocam sempre no mesmo sentido.

Define-se quantitativamente a corrente através de uma área como a carga resultante que
flui desta área por unidade de tempo. Assim, se uma carga resultante dq fluir através de
uma área no tempo dt, a corrente i através da mesma será:

q dq
I ou na forma diferencial I (1)
t dt

De acordo com esta definição a corrente elétrica expressa a taxa de variação da carga em
função do tempo. Em outras palavras o valor de i será uma medida da rapidez com que
cargas atravessam uma dada secção transversal por unidade de tempo.
Electromagnetismo F0084 39

7. 3. Densidade da Corrente

A densidade da corrente, num dado ponto do condutor, é a grandeza vectorial J, igual a


razão da intensidade da corrente que percorre através da área do condutor orientada
perpendicularmente ao movimento das cargas nesse ponto.

I dI
J ou J
A dA (2)

O sentido do vector J coincide com o sentido do movimento das cargas positivas. A


q
corrente é contínua se I e J não variam com o tempo. Neste caso teremos I 
t

Para um condutor uniforme, J  I . A (3)

No Sistema Internacional de Unidades, a corrente é dada em ampère (A). E a densidade


da corrente em ampère por metro quadrado (A/m2).

A densidade da corrente é também expressa por: J  N q v (4)

Onde:

N- é o número de cargas por unidade de volume; q- a carga eléctrica e v é a velocidade de


arrastamento das cargas.

Sumário
O movimento de uma partícula carregada e livre em um condutor é muito diferente da de
uma partícula no espaço vazio. Depois de uma aceleração momentânea, ela sofre uma
colisão inelástica com uma das partículas fixas no condutor, perde a velocidade que havia
adquirido na direção da força motriz, começando tudo novamente. Assim, ela se move no
sentido da força de arrastamento com uma velocidade média chamada de velocidade de
arrastamento.

Exercícios
1. Explique o conceito de equilíbrio electrostático.
2. Quando é que a corrente eléctrica denomina-se contínua?
3. Um fio de prata de 1mm de diâmetro conduz uma carga de 90C em 1h e 15 min. A
prata contém 5,8.1028 electrões livres por m3.
Electromagnetismo F0084 40

a) Qual é a corrente no fio?


b) Qual é a velocidade dos electrões no fio?
4. Determine a densidade de corrente num condutor de ferro sendo o seu
comprimento de 10m e que está sob tensão de 6V.
5. A corrente eléctrica num condutor cresce uniformemente de I=0 até I=3 A, durante
o tempo de 10 segundos. Calcule a carga que passa pelo condutor.
6. A densidade de corrente num fio de Alumínio é de 1A/mm2. Determine a
velocidade do movimento ordenado dos electrões, supondo que a concentração
dos electrões livres no Alumínio é igual ao número dos átomos por unidade de
volume.
7. Um díodo de vácuo pode ser esquematizado como um cátodo e um ânodo planos,
paralelos entre-si e separados de 5mm. A área de cada um é de 2 cm2. Na região
entre eles a corrente é transportada apenas pelos electrões. Se esta corrente
electrónica for de 50 mA e os electrões atingirem a superfície do ânodo com uma
velocidade de 1,2.107 m/s determine o número de electrões por mm3 na região
imediatamente fora da superfície do ânodo.
Electromagnetismo F0084 41

Unidade 08
TEMA: Corrente eléctrica contínua.
Lei de Ohm
Introdução
Circuitos eléctricos, nos dias de hoje, são elementos básicos de qualquer aparelho
eléctrico e eletrônico, como rádios, TV, computadores, automóveis, aparelhos científicos,
etc.
No começo do século XIX, Georg Simon Ohm (1787-1854) mostrou experimentalmente
que a corrente elétrica, em condutor, é directamente proporcional a diferença de potencial
V aplicada.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Enunciar a lei de Ohm e interpreta-la;

Objectivos  Definir resistência eléctrica e resistividade;


 Identificar uma associação de resistências em série e em paralelo;
 Resolver exercícios com resistências.

8.1. Lei de Ohm e resistência

No começo do século XIX, Georg Simon Ohm (1787-1854) mostrou experimentalmente


que a corrente elétrica, em um condutor, é directamente proporcional a diferença de
potencial V aplicada. Esta constante de proporcionalidade é a resistência R do material.
Então de acordo com as experiências de Ohm, tem-se que:

U1  U 2 U
I  (Lei de Ohm) (1)
R R

Muitos físicos diriam que esta não é uma lei, mas uma definição de resistência elétrica.
Para chamá-la de Lei de Ohm, deve-se então demonstrar que a corrente através de um
condutor metálico é proporcional à voltagem aplicada, i ~ V. Isto é, R é uma constante,
independente da ddp V em metais condutores. Mas em geral esta relação não se aplica,
por exemplo, aos diodos e transistores.
Electromagnetismo F0084 42

Dessa forma a lei de Ohm não é uma lei fundamental, mas sim uma forma de classificar
certos materiais. Os materiais que não obedecem a lei de Ohm, são ditos ser não ôhmicos.

As resistências que obedecem a Lei de Ohm são denominados por resistências ôhmicas.

Lembrar também que, a corrente passa de um ponto com maior potencial para o outro de
menor potencial.

Para estas resistências, o gráfico V versus i é uma linha reta, cuja inclinação é igual ao
valor da resistência elétrica do material, como mostra o gráfico abaixo,

Figura 1: Resistores ôhmicos obedecem a lei de Ôhm

Em muitos condutores observa-se que, alterando a ddp (V) nas extremidades destes
materiais altera-se a intensidade da corrente elétrica i, mas as duas grandezas não variam
proporcionalmente, isto é, o gráfico de V versus i não é uma reta e portanto eles não
obedecem a lei de Ohm, veja gráfico abaixo.

Estas resistências são denominadas de resistências não ôhmicas.

Figura 2: Resistências não ôhmicas, não obedecem a lei de Ôhm

Unidade de resistência elétrica é chamada ohm e é abreviado pela letra grega ômega Ω.

1volt (U )
1Ohm () 
1ampere ( A)

Notemos que a lei de Ohm é um exemplo de uma Lei aproximada na Física e é válida só
para correntes não muito fortes e nem para todos os tipos de condutores.
Electromagnetismo F0084 43

8.2. Resistividade eléctrica

Dados experimentais mostram que a resistência (R) de fios condutores de um dado


material é diretamente proporcional ao comprimento (L) do fio e inversamente proporcional
à área (A) da seção transversal do fio, como mostra a equação abaixo,

l
R (2)
A

Onde: Figura 3: Fio condutor

 -- Resistividade do material do condutor. Sua unidade no SI é ohm por metro, Ω.m


L----- é o comprimento do condutor e
A----- a sua área transversal.

A equação (2) mostra que a resistência elétrica depende de características geométricas do


condutor, assim como de sua resistividade elétrica.

Os metais são, de um modo geral, as substâncias com menor resistividade.

A resistividade de um material depende, entre outras coisas, da temperatura. Em geral, a


resistência dos metais aumenta com a temperatura. Isto não é uma surpresa, pois com o
aumento da temperatura os átomos se movem mais rapidamente dentro do material,
promovendo com isto o crescimento dos choques entre os electrões livres e os átomos. Se
a temperatura não varia muito, podemos dizer que a resistividade dos metais aumentam
linearmente com a temperatura. Isto é,

(3)

Onde ρo- é a resistividade a uma temperatura de referência T o, tal como 0oC ou 10oC e α-
é coeficiente da temperatura para a resistividade. Note que o coeficiente de temperatura
pode assumir valores negativos. Por quê ? Isto significa que a altas temperaturas alguns
electrões que não estavam livres, ficaram livres e vão consequentemente contribuir para a
corrente eléctrica.

Observa-se experimentalmente que condutores feitos do mesmo material, mas que


diferem pelos comprimentos e pelas áreas das seções transversais têm maior resistência
ao movimento dos electrões no condutor. Verifica-se também que, condutores com a
mesma seção transversal, têm maior resistência aqueles de maior comprimento L. Isto é,

(4)
Electromagnetismo F0084 44

Por outro lado, para condutores de mesmo comprimento, tem maior resistência o fio de
menor área de seção transversal.

(5)

Estes resultados levam a concluir que a resistência eléctrica (R) é uma grandeza que
depende das características do material (resistividade), assim como de suas dimensões (L
e A).

A resistividade de um material depende da temperatura, e aumenta quando se aquece o


condutor, na maior parte dos casos. Assim, quando a temperatura de um fio condutor
aumente, geralmente sua resistência aumenta em vista do aumento da resistividade da
substância que o constitui. A variação da resistência por dilatação do fio pode ser
desconsiderada. Estes resultados concluem que a resistência elétrica também deve
depender da temperatura. Pode-se mostrar isto, substituindo a Eq.(62) em (65), isto é

(6)

Onde:

Ro é resistência elétrica do fio na temperatura inicial T o e


R é a resistência na temperatura final T.

Experimentalmente em um metal, à temperatura constante, a densidade de corrente é


directamente proporcional ao campo elétrico aplicado, então,

(7)

Onde:

σ é uma constante denominada de condutividade. Assim, quanto maior for a condutividade


de um material menor deve ser o campo E para criar uma mesma densidade de corrente
J. O recíproco da condutividade é chamado de resistividade ρ, então:

(8) Usando este resultado obtemos que,

(9)

Notemos que J, σ e E são características locais do condutor e são determinados no


mesmo ponto de espaço.
Electromagnetismo F0084 45

8.3. Associação de Resistências

Quando se desenha um diagrama para um circuito, representa-se as baterias, capacitores


e resistores por símbolos, como mostra a tabela 1. Fios cuja resistência é desprezível
comparado com as outras resistências do circuito são desenhados como linhas retas.

Tabela 1 - Elementos de um circuito

Associação em Série

Quando dois ou mais resistores são conectados em seqüência, como mostra a Fig. 4, diz-
se que estão em série. Neste caso, de acordo com a lei de Ohm a corrente i é a mesma
que passa por cada um dos resistores.

Figura 4: (a) Resistências em série e (b) Resistência equivalente

Numa associação em série, a conservação de energia e a lei de Ohm estabelecem que:

(10)

Note que quando mais resistência é introduzida no circuito, menor será a corrente no
circuito, supondo que a ddp (V) aplicada, se mantenha constante. Isto é uma
conseqüência da lei de Ohm.
Electromagnetismo F0084 46

Associação em Paralelo

Numa associação de resistências em paralelo, a Fig. 5, a corrente i produzida pela fonte é


dividida em diferentes correntes ik. Lembrando que a corrente elétrica é uma consequência
do fluxo de carga e que a carga total do circuito se conserva, tem-se que a corrente i do
circuito deve separar-se em diferentes correntes ik, menores, de forma que a soma linear
de todas i k é igual a i. Isto é;

Figura 5: (a) Resistores em paralelo e ( b) Resistor equivalente

Eis a regra, para esta associação de resistências

(11)

A resistência equivalente duma associação mista de resistores pode ser calculada


sucessivamente na base das fórmulas da associação em série e em paralelo para cada
circuito complexo.

8.4. Dissipação de Calor em Resistências

A energia eléctrica é importante para o ser humano, pois, ela pode ser facilmente
transformada em outras formas de energia. Podemos citar uma infinidade destas
transformações, como por exemplo, os motores elétricos que convertem energia elétrica
em mecânica. Outros aparelhos tais como chuveiro, aquecedores, secadores de cabelo
são alguns exemplos de conversão de energia elétrica em calor. O funcionamento das
lâmpadas comuns de bulbo, é uma forma de transformar energia eléctrica em luz.

A energia elétrica pode ser convertida em energia térmica, mecânica, sonora e luminosa.
Electromagnetismo F0084 47

Este facto deve-se, em geral, às colisões entre elétrons e átomos com o movimento
eletrônico no interior de um condutor. Cada vez que um elétron de condução efetua uma
colisão atômica, ele perde a energia extra que havia obtido do campo elétrico. Esta
energia produz calor e um movimento atômico desordenado. Visto não haver ganho líquido
de energia cinética, a energia perdida por colisão dos elétrons de condução de carga dq,
movendo-se através de uma diferença de potencial V, é

(12)

Derivando ambos os membros da equação acima em função do tempo, obtemos

(13)

Onde: P é a potência eléctrica dissipada ou que está sendo convertida em calor.

Sumário
Observe que a potência eléctrica, cuja unidade é watt [W], também tem como unidade
volts por ampère [VA]. De acordo com esta definição a potência é a taxa de energia
transformada por unidade de tempo. Uma lâmpada de 100W, por exemplo, utiliza uma
corrente de i = P/V = 100W/120V = 0,83 A.

A energia eléctrica, no caso da lâmpada, transforma-se em calor e luz.

Exercícios
1. Enuncie a lei de Ohm e escreva a sua expressão matemática.
2. Defina o conceito de resistência eléctrica.
3. Diferencie resistividade da condutividade.
4. Observe a figura a seguir.

Determine:
Electromagnetismo F0084 48

a) A resistência total do circuito.


b) O potencial e a corrente em cada resistência.
5. A área da secção recta de um trilho de bonde é igual a 46 cm2. Qual é a resistência
eléctrica de uma linha de 10km de comprimento?
A resistividade do aço de que é feito o trilho vale 6.10-7 Ω.m
6. A corrente através de uma associação em série é igual a 5 A. Quando uma nova
resistência de 2Ω é introduzida no circuito, a corrente baixa para 4 A. Qual era o valor
inicial da resistência do conjunto.
7. Precisamos obter uma resistência de 3Ω, usando somente resistências iguais de 5Ω.
Ao utilizar o número mínimo destas, como construir a associação equivalente.
8. Uma corrente de 5 A percorre uma resistência de 10Ω durante 4 minutos. Quantos
coulombs e quantos electrões atravessam uma secção recta do resistor durante esse
tempo?
Electromagnetismo F0084 49

Unidade 09
TEMA: Corrente eléctrica contínua.
Força Electromotriz
Introdução
Para estabelecer uma corrente eléctrica sobre um resistor R, cria-se uma diferença de
potencial entre os terminais de R. Um modo simples de se produzir tal efeito, seria
conectar um dos terminais de R em uma esfera condutora descarregada e o outro
terminal, em uma segunda esfera carregada negativamente. O problema principal deste
procedimento é que a corrente ou fluxo de elétrons, de uma esfera para outra, será muito
rápido, fazendo com que ambas esferas fiquem a um mesmo potencial.

Ao completar esta unidade,o estudante deve ser capaz de:


 Definir e diferenciar a força electromotriz e a força contra electromotriz;

Objectivos  Escrever e interpretar a expressão da potência de um gerador e de um receptor


activo;
 Conhecer e aplicar a ddp de um gerador e de um receptor activo;
 Calcular o rendimento de um gerador e de um mortor eléctrico;
 Resolver exercícios;

Terminologia
9.1. Conceituação

Para manter uma corrente eléctrica por um tempo mais longo, precisa-se ter uma "bomba
de carga", isto é, um aparelho que mantem os terminais do resistor sob uma diferença de
potencial V. Estes dispositivos, são chamados de fontes ou força electromotrizes (fem) e
um dos mais comums é a bateria.

9.2. Força Electromotriz

Veja dois métodos que se seguem, onde um destes é baseado na conservação da energia
e o outro no conceito de diferença de potencial eléctrico.
Electromagnetismo F0084 50

O circuito da Fig. 1, contendo uma única malha, consiste apenas de uma bateria (fem )
e uma resistência R, os quais estão conectados por fios condutores e sem resistência. No
caso real as baterias têm uma resistência interna, representada aqui pela letra r.

Figura 1: Força eletromotriz em um circuito elétrico

Método 1 : Conservação da Energia

O processo de criação de uma corrente eléctrica em um condutor, por aplicação de uma


diferença de potencial entre os seus terminais, implica na realização de um trabalho para
mover cada electrão na presença do campo eléctrico E. Este trabalho é igual a

dw  dq   idt (1)

Usando o princípio da conservação de energia, o trabalho realizado pela bateria deve ser
igual a energia térmica dissipada no resistor, então:

(2)

Onde Re = R + r, é a resistência equivalente do circuito. A equação (1) pode ser reescrita


por:

(3)

isto significa que, no processo de transferência provocado pela bateria, a fem pode ser
definida em termos da energia por unidade de carga. A quantidade Ri é a energia usada
na movimentação das cargas no interior do condutor.

Método 2 : Diferença de Potencial Eléctrico (ddp) entre os terminais de um gerador

Os elementos característicos de um gerador são a sua f.e.m ( ) e a sua resistência


interna (r).
Electromagnetismo F0084 51

Percorrendo o circuito no sentido horário (ou anti-horário) partindo do ponto "a" e “r”
tornando a este ponto no final do percurso, assume-se que o potencial eléctrico só pode
ter um único valor em cada ponto do circuito, para um dado instante de tempo. Escolhendo
um ponto de partida neste circuito e percorre-lo em um dos dois sentidos, horário ou anti-
horário, somando algebricamente as variações de potencial encontradas no caminho. E ao
voltar ao ponto de partida deve-se encontrar o mesmo valor do potencial, isto é, a variação
total de V deve ser igual a zero. Em outras palavras podemos dizer que:

A soma algébrica das variações do potencial eléctrico encontrados ao longo de um


percurso completo, deve ser igual a zero.

Portadores de cargas positivas movem-se espontaneamente do potencial mais alto para o


potencial mais baixo. Ao se atravessar a bateria de baixo para cima, há um aumento no
potencial igual a + , pois, a bateria executa um trabalho positivo, sobre as cargas,
levando-as de um potencial mais baixo para um mais alto.

Isto significa que a bateria funciona como uma fonte de realimentação energética das
partículas carregadas, já que elas perdem energia ao passarem pelos resistores. Como a
fonte tem uma resistência interna (r), devemos adicionar uma queda no potencial de -ir. –ai
chega-se novamente ao ponto "a" c“m”potencial V a. Esta soma algébrica é igual a:

VB  V A    i ( r  R ) (4)
ou

(5)
Como se pode notar, este resultado é independente do ponto de partida escolhido Va
assim como do sentido de percurso escolhido e, já era esperado, pois, os dois métodos
usados na descrição do circuito estão intimamente ligados à conservação de energia, pois
o conceito de diferença de potencial é definido em termos do trabalho realizado para
transportar partículas na presença de campo eléctrico.

9.3. Potência de corrente contínua (Fornecida pelo Gerador). Lei de


Joule Lenz

No transporte da carga q entre dois pontos dum circuito eléctrico com diferença de
potencial U e corrente contínua I o campo eléctrico realiza o trabalho: W=U.q=U.I.t

Onde t é o tempo de passagem da corrente.

Num condutor com resistência R a energia da corrente transforma-se em energia térmica


dos átomos e desprende-se em forma de calor. E o calor desprendido na resistência R
durante o tempo t é igual a:
Electromagnetismo F0084 52

U2
Q  UIt  .t  I 2 Rt
R (6)--- Lei de Joule Lenz e U=IR é a Lei de Ohm.

A potência desenvolvida pela corrente contínua num resistor R é:

U2
P  UI   I 2R
R (7)

Num circuito fechado com uma fonte de f.e.m (  ) a potência total desenvolvida pela fonte
é:

2
PTotal   I  rR  I 2(R  r) (8)

9.4. Rendimento de um gerador

A razão entre a energia na parte externa dum circuito e a energia eléctrica total
desenvolvida pela fonte da f.e.m denomina-se rendimento da fonte ou de um gerador.

R
  r R . 100 % (9)

9.5. Força Contra-Electromotriz (f.c.e.m)

Força contra-electromotriz, f.c.e.m, que simbolizamos por (  ) é a energia eléctrica cedida


pela unidade de carga da corrente ao receptor, para ser totalmente transformada em outra
modalidade de energia que não a térmica.

w
 
q (10)

Note que a f.c.e.m representa um decréscimo de potencial eléctrico das cargas da corrente
ao atravessarem o receptor activo. É igualmente evidente que a unidade da f.e.m é a
mesma para f.c.e.m.

9.6. Diferença de potencial (ddp) entre os terminais de um receptor


activo

Os elementos característicos de um receptor activo são a sua f.c.e.m ( ) e a sua


resistência interna (r) que é a resistência do seu meio condutor interno.

Tomemos uma pilha reversível (acumulador), onde ao ser carregado se torna um receptor
activo
Electromagnetismo F0084 53

Daí que V B  V A    i ( r  R ) (11)

9.7. Potência consumida em um receptor activo (Motor Eléctrico)

Tomemos t, como intervalo de tempo em que uma carga q de corrente atravessa um


receptor activo de f.c.e.m (  ) e resistência interna r. A carga ao atravessar o receptor
activo sofre dois decréscimos de potenciais e, neste caso a Potência consumida no
receptor é expressa por:

Pc  I .  r .I 2  Pc  I (  r . I )  Pc  I .V BA (12)

9.8. Rendimento de um receptor activo

Define-se rendimento de um receptor activo como sendo a razão entre a sua potência útil
Pu e a potência nele consumida Pc,

Pu  1
   
Pc V BA 1  r .i (13)

Sumário
A bateria funciona como uma fonte de realimentação energética das partículas carregadas,
já que elas perdem energia ao passarem pelos resistores.

Exercícios
1. Qual é a diferença entre a f.e.m e a f.c.e.m
2. Deseja-se produzir calor à razão de 10W ligando-se um resistor de 0,1Ω numa bateria
cuja f.e.m é igual a 1,5V.
a) Qual deve ser a resistência interna da bateria?
b) Qual será então a diferença de potencial entre os extermos do resistor?
3. Uma fonte cuja f.e.m é ξ e cuja resistência interna é r é ligada a um circuito externo.
a) Mostre que a potência de saida da fonte, quando a corrente no circuito for metade
da corrente da fonte em curto circuito, é maxima.
b) Se o circuito externo consistir de uma resistência R, mostre que a potência de saida
é máxima, quando R=r e que a potência máxima é ξ2/4r.
4. A f.e.m de uma bateria é igual a 24V. A corrente máxima que pode dar esta bateria é
de 12A. Calcule a potência máxima que pode dissipar num circuito externo.
Electromagnetismo F0084 54

5. A f.e.m de uma bateria é igual a 45 V. Com uma corrente de 2 A num circuito externo o
rendimento desta bateria é de 80%. Determine a resistência interna da bateria.
6. Tome a figura ao lado (ξ1=2V; ξ2=3V; r1=r2=3Ω).
a) Qual deve ser o valor de R, no circuito ao lado, para que a corrente seja igual a
0,001 A?
b) Qual será, então, a potência dissipada sob a
forma de calor na resistência?
Electromagnetismo F0084 55

Unidade 10
TEMA: Corrente eléctrica
contínua. Leis de Kirchhoff
Introdução
Somente, em 1800, aconteceu um evento de grande importância prática: Alessandro Volta
(145-1827) inventou a bateria eléctrica e com ela produziu o primeiro fluxo de carga
eléctrica em um laboratório. Esta experiência abriu uma nova era, transformando a
civilização humana.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Representar um circuito com as caracteristicas próprias para o estudo
da lei de Kirchhoff;
Objectivos
 Fazer uma leitura adequada do mesmo circuito;
 Aplicar a lei de Kirchhff;
 Resolver exercícios com base nesta lei.

Terminologia

10.1. Leis de Kirchhoff

Agora inicia-se o estudo de circuitos eléctricos mais complexo, circuitos com mais de uma
fonte e resistores em série e paralelo. Assim tem-se a considerar, nó e malha:

 Um nó em uma rede é um ponto onde três (ou mais) condutores são ligados.
 Uma malha é qualquer caminho condutor fechado.
Electromagnetismo F0084 56

Figura 1: Cicuito com várias malhas e nós

Para o cálculo das correntes em várias partes de circuitos derivados (ramificados)


aplicam-se as Leis de Kirchhoff.

Primeira Lei de Kirchhoff (Lei dos nós)

A soma algébrica das correntes em cada nó deve ser igual a zero, ou

i
k
k 0 (1)

Usualmente são consideradas como positivas as correntes que chegam ao nó e


negativas as que saem do nó.

Fisicamente, esta lei significa a ausência de acumulação ou desaparecimento das


cargas em qualquer ponto do circuito eléctrico no estado estacionário (conservação da
carga).

Segunda Lei de Kirchhoff (Lei das malhas)

A soma algébrica das f.e.m em qualquer malha de um circuito ramificado é igual a


soma algébrica dos produtos I.R na mesma malha ou

 k   I l .Rl
k l (2)

A f.e.m e a corrente são consideradas como positivas quando os seus sentidos


coincidem com o sentido de percurso arbitrário da malha e negativas em caso
contrário. A resistência Rl em cada parte da malha é a resistência total, logo inclui as
resistências internas das fontes (generalização da lei de Ohm).

Ao resolver alguns problemas, mediante as leis de Kirchhoff deve guiar-se nas


seguintes regras:

1. Escolher, arbitrariamente, os sentidos das correntes em cada ramo do circuito.


Electromagnetismo F0084 57

2. Escolher, arbitrariamente, o sentido do percurso em cada malha (em geral, sentido


horário).
3. O número total das equações independentes compostas na base da primeira lei
de Kirchhoff deve ser igual, no caso dos circuitos fechados, ao número de nós,
menos um.
4. O número total das equações independentes compostas na base da segunda lei
de Kirchhoff deve ser igual ao número total da malhas do circuito ramificado,
menos uma.
5. O número total das equações deve ser igual ao número das incógnitas.
6. O valor negativo na resposta da corrente ou da f.e.m desconhecidas significa que
o sentido real da corrente ou da f.e.m é oposto ao sentido correspondente
escolhido. No caso da resistência negativa na resposta final é preciso modificar o
sentido da corrente e resolver o exercício de novo.

10.2. Circuitos RC

Resistores e capacitores são freqüentemente encontrados juntos em circuitos eléctricos. O


exemplo mais simples desta combinação é mostrado na Fig. 2(a), o qual é comumente
denominado por circuito RC. Quando a chave S é fechada, imediatamente inicia uma
corrente que fluirá através do circuito. Electrões fluirão do terminal negativo da fonte
através do resistor R e ficará acumulado na placa superior do capacitor C.
Consequentemente a mesma quantidade de eletrões fluirá da placa inferior do capacitor

deixando-a mais negativa. Neste caso, a carga nas placas do capacitor vai aumentando,
em módulo, enquanto houver corrente eléctrica no circuito. Este processo ocorrerá até que
a diferença de potencial entre as placas do capacitor fique igual a . Isto significa que a
corrente eléctrica deve diminuir com o tempo.

Figura 2: (a) Circuito RC (b) Evolução temporal da corrente no circuito RC.

Usando a lei de conservação da energia ou simplesmente levando em conta as quedas


dos potenciais no circuito, este fenômeno pode ser explicado.
Electromagnetismo F0084 58

Seja q a carga no capacitor e i a corrente no circuito e um dado instante após a chave ter
sido ligada. As diferenças de potenciais entre os terminais do resistor e do capacitor
podem ser escritas por;

(3)
portanto,

(4)
Derivando ambos lados da equação acima em relação ao tempo e levando em conta
que é uma constante, tem-se que;

(5)
Resolvendo esta equação diferencial ou integrando ambos lados de (5) com relação
tempo, obtemos que

(6)

onde i o é a corrente máxima no circuito. Esta equação mostra que a corrente no circuito
decresce rapidamente a zero a medida que o tempo cresce.

Substituindo a equação (6) em (5) podemos determinar uma expressão a carga no


capacitor em função do tempo. Assim,

já que, por definição =Rio e C = Qmax é a carga máxima no capacitor. Assim


eq.(83) pode ser reescrita como;

(7)

A equação (84) mostra que a carga no capacitor cresce rapidamente com o tempo, mas
tem um valor limite que é igual a Qmax= C . A evolução temporal da corrente i (eq. 82) e
da carga q (eq.84) esta representada nos gráficos da Fig. 2 (b) e Fig. 3 respectivamente.
Electromagnetismo F0084 59

Figura 3: Evolução temporal da carga no capacitor no processo de carregamento

No instante t = RC a corrente decresce de um factor igual a 1/e com relação ao seu valor
inicial i o. O produto RC é denominado tempo de relaxação do circuito. A meia-vida do
circuito, tmv é o tempo gasto para a corrente decrescer até a metade do seu valor inicial ou
para o capacitor adquirir a metade de sua carga final. Então para i = i o/2, temos que

tmv = RC ln2 = 0,693 RC (8)

Sumário
Para a lei de Kirchhoff, o mais importante é representar e saber interpretar as regras das
malhas e dos nós.

Exercícios
1. Na figura a seguir está presente uma rede
eléctrica. Tome os dados: R1=1Ω, R2=2Ω,
1  2V ,  2   3  4V .
a) Calcule a intensidade da corrente para os três ramos.
b) Calcule o valor de VAB
2. A diferença de potencial entre os terminais de uma bateria é de 8,5V quando existe na
mesma uma corrente de 3A, dirigida do terminal negativo para o positivo (dentro da
bateria). Quando a corrente for de 2A no sentido inverso, a diferença de potencial
torna-se 11V.
Electromagnetismo F0084 60

a) Qual é a resistência interna da bateria?


b) Qual é a f.e.m da bateria?
3. Três pilhas e três resistores são ligados como mostra a figura a seguir. Determine as
correntes nos resistores, desprezando as resistências internas das fontes de tensão.

4. Utilizando o maior número possivel de percursos diferentes, calcule a diferença de


potencial entre os pontos C e D do circuito que se segue.

5. A diferença de potencial entre os terminais de uma bateria é de 8,5 V quando existe na


mesma uma corrente de 3 A, dirigida do terminal negativo para o positivo (dentro da
bateria). Quando a corrente for de 2 A no sentido inverso, a diferença de potencial
torna-se 11 V.
a) Qual é a resistência interna da bateria?
b) Qual é a f.e.m da bateria?
6. Três resistores iguais são ligados em série. Quando uma dada diferença de potencial
é aplicada à associação, a potência total é 10 W. Qual será a potência consumida se
os três resistores forem ligados em paralelo com a mesma diferença de potencial
aplicada?
7. A intensidade de corrente num condutor cuja a resistência é de 100Ω aumenta
linearmente desde o valor i o=0 até i1=10 A durante o intervalo de tempo de 10
segundos. Determine a quantidade de calor despreendida no condutor neste intervalo.
Electromagnetismo F0084 61

Unidade 11
TEMA: Campo Magnético.
Leis de Ampere e de Biot - Savart

Introdução
Hoje o magnetismo e a electricidade são fenômenos directamente relacionados. Esta
relação só foi claramente estabelecida no século XIX. A História do magnetismo iniciou-se
muito cedo com os nossos antepassados pertencentes as civilizações da Ásia Menor e foi
nesta região conhecida como Magnésia que foram encontradas algumas rochas que
tinham o poder de atrair uma outra.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


1. Enunciar e interpretar a Lei de Biot Savart;

Objectivos 2. Explicar o princípio de sobreposição para o campo magnético;


3. Explicar os conceitos de cicloton e efeito Hall.
4. Resolver exercícios.

11.1. Conceito Geral

Uma carga eléctrica em movimento, além de um campo eléctrico, cria também um campo
magnético em volta de si. Por sua vez, o campo magnético actua com uma força
magnética sobre uma carga em movimento em relação a este. De facto os campos
eléctrico e magnético são dois aspectos de um mesmo fenómeno natural, o campo
electromagnético.

O vector indução magnética B, que desempenha um papel análogo a intensidade do


campo eléctrico E, é uma característica básica do campo magnético. Para descrever
quantitativamente uma acção do campo magnético sobre uma carga em movimento
introduz-se o vector de um elemento de corrente que é igual ao produto de uma carga q
pela sua velocidade v.

I  l   q v ou na diferencial I dl   q v (1)
Electromagnetismo F0084 62

No caso de uma corrente eléctrica num condutor, o elemento de corrente (em módulo) é
igual ao produto da corrente I pelo comprimento de um pequeno segmento do condutor dl
e seu sentido coincide com o sentido da corrente.

A força magnética dF que actua sobre um elemento de corrente Idl num campo
magnético B é dado pelo produto vectorial:

dF  I dl  B   I dl  B  (2)

Esta equação, chamada frequentemente de Lei de ampere para um elemento de corrente,


é considerada definição básica da indução magnética B.

Então, a força magnética actua perpendicularmente à corrente e ao campo de tal modo


que os três vectores dF, Idl e B formam o terno direito de vectores com a ordem definida
pela equação acima, conforme mostra a figura.

Se os vectores Idl e B são paralelos ou antiparalelos, a força magnética desaparece. Em


módulo,

dF  B I dl sen (3)

Onde:

α--- ângulo entre os vectores idl e B.


Electromagnetismo F0084 63

Num campo uniforme B (constante em módulo, direcção e sentido), a força magnética


actuante sobre uma parte rectilínea de comprimento l de um condutor percorrido pela
corrente I é dada por: F  ( I l ) B

No caso de uma carga isolada que se move num campo magnético com a velocidade v, a
força magnética denomina-se força de Lorentz: F  q vB  (4)

N
No S.I de unidades, a indução magnética é medida em Tesla (T). 1T  1
A.m

O campo magnético pode ser caracterizado também por linhas de força, análogamente ao
campo eléctrico. O vector B é tangente à linha de força em cada ponto de espaço. A
densidade das linhas de força numa dada região caracteriza o valor absoluto do campo.

11.2. Lei de Biot-Savart

Oersted ao concluir que correntes elétricas induzem campos magnéticos, havia


encontrado uma conexão entre eletricidade e o magnetismo. Ele observou também, que os
campos magnéticos produzidos por correntes elétricas, em um fio retilíneo, tinham a forma
de círculos concêntricos como mostra a Fig.39(a). O sentido destas linhas é indicado pelo
norte da bússola. Uma outra forma de se determinar o sentido das linhas de B é usar a
regra da mão direita, a qual é mostrada esquematicamente Fig. 39(b).

Figura 3: Campos magnéticos produzidos por correntes elétricas

Foi justamente desta maneira que a lei de Biot-Savart foi descoberta. A lei de Biot-Savart
diz-nos que o elemento de indução magnética dB associado a uma corrente i em um
segmento de um fio condutor descrito por dl é:
Electromagnetismo F0084 64

 dirigido em uma direção perpendicular ao dl e ao vetor posição r do segmento do


condutor ao ponto P, no qual o campo está sendo medido, como está ilustrado;
 diretamente proporcional ao comprimento dl do segmento e à corrente i que ele
carrega;
 inversamente proporcional em módulo ao quadrado da distância r entre o
elemento de corrente e o ponto P. E é proporcional ao seno do ângulo ѳ entre os
vectores di e r .

A Lei de Biot-Savart é:

No sistema internacional de unidades:

k=10-7T.m/A. E chama-se constante magnética.


μo=4π.10-7 T.m/A --- Permeabilidade magnética do vácuo
r— Ponto de observação
α—ângulo entre idl e r

Em módulo,

k Idl sen  o Idl sen


dB  
r2 4 r2 (6)

Para determinar B é necessários somar a contribuição de todos os elementos infinitesimais


dl. Esta soma infinita é denonimada de integral:

(7)

Uma outra forma de apresentar a lei de Biot-Savart é fazendo uma analogia com a
eletrostática, como a seguir;
Electromagnetismo F0084 65

Figura 5: Campo elétrico produzido por uma carga infinitesimal

O campo elétrico criado por uma carga infinitesimal (veja Fig. 41) é dada por

Usando a equação que conecta os campos magnético e elétrico tem-se que

(8) ou

(9)

Assumindo a constante K/c2 = μo/4π a equação acima é exatamente a lei de Biot-Savart


obtida anteriormente.

11.3. Princípio de superposição

Um campo magnético total criado por um conjunto de elementos de corrente é igual a


soma vectorial dos campos criados por cada um dos elementos dB

B   dBk (10) ou na forma integral para um condutor de corrente B   dB (11)


k

a integração realiza-se ao longo da linha de corrente.

No caso particular de superposição de dois campos B  B1  B2


Electromagnetismo F0084 66

Em módulo B  B12  B22  2 B1 B2 Cos


(12)

α- ângulo entre B1 e B2.

11.4. O Cíclotron

O cíclotron é um instrumento desenvolvido em 1931 pelos físicos Lawrence e Livingston


da Universidade da Califórnia, com o propósito de acelerar partículas atômicas carregadas
até atingir velocidades próximas a da luz.

Figura 7: Partícula sendo acelerada em um cíclotron

No caso do ciclotron, o campo eléctrico aplicado na partícula é gerado por uma diferença
de potencial da forma V = Vo sen(ω t). Isto garante que o elétron seja acelerado toda vez
que passar pela reagião do campo eléctrico.

Ele será acelerado por uma força elétrica igual F = q E, onde E é o campo elétrico.
Estes resultados podem explicar também outros fenômenos tais como, penetração de
raios cósmicos na atmosfera, o espectrômetro de massa, as lentes magnéticas e os
espelhos magnéticos.

11.5. O Efeito Hall

Quando um fio condutor, percorrido por uma corrente eléctrica, é colocado na presença de
um campo magnético, as cargas deste condutor sofrerão um força.
Electromagnetismo F0084 67

Figura 8: Experiência de medição directa do sinal e a densidade de carga

Este fenômeno foi observado primeiramente por Edwin H. Hall em 1879 ao realizar uma
experiência para medir directamente o sinal e a densidade de portadores de carga em um
condutor. O efeito Hall desempenha um papel importante na compreensão da condução
eléctrica nos metais e semicondutores.

Sumário
Uma grande diferença entres os pólos magnéticos e as cargas eléctricas é que as cargas
podem existir isoladamente, mas não podemos isolar o pólo norte do sul em um iman. Isto
significa que ao quebrar uma barra de iman ao meio, surgirão em cada pedaço do iman
um pólo norte e um pólo sul.

Exercícios
1. Escreva a lei de Biot Savart para uma corrente rectilinea;
2. Escreva e interpreta a superposição de dois campo magnéticos.
3. Esboce uma corrente circular e represente a sua volta um campo magnético
mediante a aplicação da regra da mão direita.
4. Explique os conceitos de cicloton e efeito Hall.
5. Dois fios rectos e paralelos estão separados por uma distância de d=10cm. Os fios
são percorridos por correntes iguais de 60 A cada e de mesmo sentido. Determine
a indução magnética num ponto afastado de um fio a distância r1= 5cm e de outro
a distância de 12cm.
6. Um fio de cobre de 0,25 cm de diâmetro pode transportar uma corrente de 50 A,
sem perigo de superaquecimento. Qual será o módulo de B na superfície de fio
para este valor da corrente?
Electromagnetismo F0084 69

Unidade 12
TEMA: Campo Magnético.
Aplicação da Lei de Biot-Savart
Introdução
Os primeiros fenômenos magnéticos observados foram, sem dúvida, aqueles associados aos
chamados imãs naturais, fragmentos das rochas (minério de ferro) encontradas perto da cidade de
Magnésia. Esses imãs naturais têm a propriedade de atrair ferro desmagnetizado, o efeito sendo mais
pronunciado em certas regiões do imã conhecidas como pólos.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Aplicar a lei de Biot – Savart para deduzir os campos magnéticos
para várias disposiçoes de circuitos eléctricos;
Objectivos
 Resolver exercicios.

De acordo com Alcina do Aido at al. Pg 166- 168, 1985, a aplicação da lei de Biot-Savart permite
calcular o campo magnético num ponto P para várias disposições de circuitos eléctricos:

12.1. Corrente circular num ponto do seu eixo

Figura 1: Campo magnético produzido por correntes em uma espira

Por simetria, o campo na direção y deve ser nulo. Assim apenas a componente x não é nula;
Electromagnetismo F0084 70

(1) pela lei de Biot-Savart temos que;

A componente resultante na direção x é igual a

O campo magnético resultante é determinado fazendo uma soma de todos os campos infinitesimais,
esta soma leva a,

(2) Campo de uma


corrente circular num ponto x >> R

12.2. Corrente circular

Assim, o módulo do campo B criado por uma corrente circularde raio R no ponto central, x=0, é
expresso por:
I
B  o (3)
2R

O vector B, no centro tem o sentido e a direcção determinados pela regra da mão direita.

Figura 2: Sentido do campo magnético em uma corrente circular

12.3. Corrente rectlínea infinita

As linhas de força formam o sistema de circunferências concêntricas que englobam a corrente nos
planos paralelos entre-si e perpendiculares à linha de corrente.
O vector B, está num plano perpendicular à corrente e tem direcção e sentido determinados pela regra
da mão direita.
Electromagnetismo F0084 71

I
B  o (4)
2R

Figura 3: Corrente eléctrica infinita

12.4. Segmento de uma corrente rectilínea


Num ponto A o campo é dado por

 0. I
B 4 R (Cos 1  Cos  2 ) (5)

Figura 4: Corrente eléctrica rectilínea

12.5. Solenóide infinito


No interior de um solenóide infinito, percorrido por uma corrente I, o campo B é uniforme e
determinado por
B   0 nI
(6)
(n-número de espiras por unidade de comprimento; N-número total de espiras).

Figura 5: Solenóide infinito

Ou mais detalhadamente, denomina-se por solenoide a um fio condutor enrolado em forma de hélíce
ou espiras em paralelo, como mostra a Figura. Se uma corrente percorre o solenoide ela induz
campos magnéticos em seu entorno e se o solenoide é infinito não teremos efeitos de bordas, portanto
só existirão campos elétricos no seu interior. Então, quanto mais longo for o solenoide mais uniforme é
Electromagnetismo F0084 72

campo magnético no seu interior e mais fraco é campo no seu exterior. Deste modo, o vetor campo
magnético (ou indução magnética) B em qualquer ponto do seu interior é o mesmo e tem as seguintes
características:

 O vetor B, no interior do solenoide é paralelo ao seu eixo central.


 O sentido de B é dado pela regra da mão direita.
 O campo magnético no solenóide equivale ao campo criado por imãs, com polos Norte e Sul.

A Figura a seguir mostra a seção transversal (corte lateral) de um solenóide composto por infinitas
espiras percorridas por uma corrente constante i. O campo magnético no interior do solenóide pode
ser determinado usando a lei de Ampère.

12.6. Solenóide finito


Nos pontos axiais de um solenóide finito, o módulo do campo é dado pela expressão:
B  12  0 nI (Cos 1  Cos  2 ) (7)
Electromagnetismo F0084 73

Figura 8: Corrente eléctrica infinita

Sumário
Na electrostática, a lei de Coulomb descreve o campo eléctrico de cargas puntiformes e, as correntes
estacionárias também produzem campos magnéticos. Tudo o que se pode fazer na ciência é observar
as forças (magnéticas eléctricas) criadas e então tentar achar uma expressão matemática para o
campo magnético ou campo eléctrico que esteja de acordo com os resultados de todas as
observações.

Exercícios
1. Baseando-se na Lei de Biot- Savart, deduza o campo magnético:
a) Num ponto do eixo de uma corrente circular;
b) No centro de uma corrente circular;
c) Num ponto afastado de uma corrente rectilínea;
d) Para um solenóide finito e infinito.
2. Um segmento de comprimento l e rectilíneo é percorrido por corrente i.
a) Mostre que o módulo do vector B, associado a este
segmento, no ponto P do seu plano bissector é dado por:
i l
B o

2R l 2  4 R 2 1/ 2 
b) Será que esta expressão se reduz ao resultado esperado, quando l   ?
3. Um fio longo, percorrido por uma corrente de 100 A, é colocado perpendicularmente à direcção de
um campo magnético uniforme de 5.10-3 T. Identifique os pontos onde o campo magnético
resultante é igual a zero.
4. Campo em uma espira
a) Mostre que o valor de B no centro de uma espira rectangular de lados l e d, percorrida por

2 i l 2  d 2
uma corrente i, é dado por: B  o

1/ 2

 ld
b) Qual o valor de B para l>>d ?
Electromagnetismo F0084 74

5. Uma bobina compactamente enrolada tem um diâmetro de 0,4m e é percorrida por uma corrente
de 2,5 A. Quantas espiras a bobina deve ter para que o campo magnético no seu centro seja de
1,272.10-4 T?
6. Um solenóide de comprimento l=20 cm e diâmetro d=20 cm tem N=100 espiras de enrolamento e
é percorrido por uma corrente I=5 A. Determine a indução magnética B nos pontos axiais.
a) No centro da bobina;
b) Na extremidade da bobina.
7. Um solenóide longo e recto tem o enrolamento de um fio de diâmtero d=0,5 mm feito de tal modo
que as espiras estão encostadas uma na outra. Qual é a intensidade do campo magnético H se a
corrente no solenóide for 4 A?
8. Um solenóide tem 0,3m de comprimento e é enrolado com duas camadas de fio. A camada
interna compõe-se de 3000 espiras e a camada externa de 250 espiras. A corrente é de 3 A e tem
o mesmo sentido nas duas camadas. Qual é o campo magnético em um ponto do centro do
solenóide?
Electromagnetismo F0084 75

Unidade 13
TEMA: Campo Magnético.
Lei de Ampère para Circulação do Vector B
Introdução

O físico inglês Michael Faraday (1791-1867) verificou que aparecia uma corrente momentânea em um
circuito quando, em um circuito vizinho, se iniciava ou se interrompia uma corrente. Pouco depois,
seguiu-se a descoberta de que o movimento de um imã se aproximando ou se afastando de um
circuito produziria o mesmo efeito.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Enunciar e escrever a expressão que traduz a Lei de Ampère;
Objectivos  Interpretar a lei de Ampère para correntes paralelas e dedefinir o
ampère;
 Resolver exercícios.

13.1. Lei de Ampère

As experiências demonstram que para qualquer distribuição de correntes é válida a equação geral:

 B dl    I
L
o
k
k (1)

Esta equação é a Lei de Ampere para a circulação do campo magnético.

Nesta equação, dl é o elemento vectorial de um caminho de integração L arbitrário fechado (  ) que


L

engloba as linhas de corrente. Os sentidos da corrente e do caminho de integração fechado


correspondem entre-si, segundo a regra da mão direita. Na figura seguinte, um elemento dl tem o
sentido horário, o que corresponde a uma corrente I1 positiva (passa para dentro da página) e uma
corrente I2 negativa (perpendicular ao plano da página, sentido para o leitor).
Electromagnetismo F0084 76

O produto sob o sinal de integral é o escalar B dl  B dl cos 

α – ângulo entre os vectores B e dl num dado ponto.

13.2. Lei de ampere para as correntes paralelas e definição do ampere

Duas correntes paralelas atraem-se (correntes com o mesmo sentido) ou repelem-se (correntes com
sentidos diferentes) com a força por unidade de comprimento de um condutor.

F  o I1 I 2

l 2d (2)

Onde:

d—distância entre as correntes


l- comprimento de uma parte arbitrária do condutor

Esta força actua, igualmente sobre ambos os condutores.

Um ampère, é a corrente constante que, se mantida em dois condutores rectos e paralelos de


comprimento infinito, de secção transversal circular desprezível e colocados a 1 metro de separação
um do outro, no vácuo, produziria entre eles uma força de 2.10-7N/m.
Electromagnetismo F0084 77

Sumário
Para resolver a integral da lei de Ampère deve se definir um
caminho num circuito fechado. Em geral escolhe-se o
caminho que venha facilitar a integração da equação
pretendida.

Exercícios
1. Represente as forças para o caso da interação de dois condutores percorridos pela corrente
em sentidos contrários e escreva a lei de Ampere.
2. Três fios longos, rectos e paralelos, afastados de uma mesma distância a=10 cm um do outro,
são percorridos por correntes iguais I=100 A, de mesmo sentido, em dois deles. Calcule a
força actuante sobre um segmento l=1m de comprimento de cada fio.
3. Dois fios rectos e paralelos estão separados por uma distância de 2ª. Admitindo que os fios
sejam percorridos por correntes iguais, mas de sentidos opostos, qual é o campo magnético
no plano dos fios e no ponto:
a) No meio dos dois fios;
b) A uma distância de um igual a a e 3a do outro?
c) Para um caso em que sejam percorridos por correntes iguais com os mesmos sentidos,
responda a) e b).
4. A figura a seguir mostra um corte de dois fios longos, paralelos e perpendiculares ao plano
XY, cada um percorrido por uma corrente I, mas com sentidos opostos.
Electromagnetismo F0084 78

a) Mostre, por meio de vectores, o campo magnético de cada fio e o campo magnético resultante
no ponto P;
b) Deduza a expressão para o módulo de B em qualquer ponto no eixo dos X em termos da
coordenada X do ponto;
c) Construa um gráfico de módulo de B para qualquer ponto no eixo dos x;
d) Para qual valor de X, B é máximo? Repita para pontos no eixo dos Y

5. Quatro longos fios são dispostos paralelamente entre-si como mostra a figura que se segue,
sendo cada um deles percorrido, no sentido indicado, por uma corrente de 20 A. Sendo a=20
cm, calcule o módulo e sentido do vector B no centro do quadrado.
Electromagnetismo F0084 79

Unidade 14
TEMA: Campo Magnético. Teorema de
Gauss e propriedades magnéticas da
substância

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Definir o fluxo magnético e escrever a sua expressão;
Objectivos  Explicar o teorema de Gauss para o campo magnético;
 Conhecer o momento magnético e torque que actua em uma espira
circular;
 Interpretar as propriedades magnéticas de substâncias;
 Resolver exercícios

14.1. Fluxo magnético


O fluxo magnético é determinado análogamente ao fluxo do campo eléctrico. Deste modo, o fluxo
elementar é expresso por:
 B  ( B n S )  B S cos  (1)

O fluxo total, é dado por:

 B   B n dS   B cos  dS Para o campo uniforme,  B  B S cos  (2)


Onde:
α- ângulo entre B e vector unitário n que é perpendicular a S.
No SI de unidades, o fluxo magnético é medido em Weber (wb) 1wb=1 T.m2
Electromagnetismo F0084 80

14.2. Teorema de Gauss para o campo magnético


O fluxo total do vector B através de qualquer superfície fechada é igual a zero,

T   Bnds  0
(3)
Este teorema significa que para o campo magnético não existem cargas magnéticas isoladas, ou
todas as linhas de força do campo magnético são fechadas, pelo menos no infinito, englobando as
linhas de corrente.

14.3. Momento magnético e torque sobre uma espira com corrente


O vector Pm=nIA (133) é chamado de momento de dipolo magnético (ou momento magnético) de uma
corrente circular I (ou uma espira de corrente com área A).

Onde n é o vector unitário dirigido perpendicularmente ao plano da espira e com o seu sentido
determinado pela regra da mão direita ou de saca-rolhas: curve os dedos da mão direita
acompanhando a forma da espira, de modo que suas extremidades apontem no sentido da corrente; o
polegar estendido estará, então, apontando no sentido do vector n e consequentemente, do vector
momento de dipolo Pm, conforme a figura.
Para uma espira com corrente, em módulo P=I.A
No S.I de unidades o momento magnético é medido em 1A.m2
Para uma bobina com corrente I e secção transversal A, que contém N espiras, o módulo do momento
magnético é determinado por Pm  NIA (4)
Num campo magnético B sobre uma bobina com corrente actua um torque (um momento de força)
igual a   Pm B 

Pm-momento magnético da bobina. Em módulo   Pm BSen 


(5)
α- angulo entre os vectores Pm e B.

Se a bobina é orientada perpendicularmente as linhas de força do campo magnético externo (α=0 ou


180) o torque é igual a zero, mas a posição da bobina com α=0 é a de equilíbrio estável.
A energia potencial de uma bobina com corrente num campo magnético externo é dada por:
Electromagnetismo F0084 81

U   ( Pm B )   Pm BCos 
(6)
O sinal negativo significa que a bobina com corrente num campo magnético externo está no estado de
equilíbrio estável na posição α=0 (nesta posição a energia potencial é mínima).
14.3 Propriedades magnéticas da substância
Intensidade do campo magnético
Sendo composto de partículas carregadas, cada atomo e molécula possui um momento magnético
definido que num campo magnético externo tende a orientar-se pelo campo. Sob o ponto de vista
macroscópico isso revela-se em magnetização ou imantação de uma substância.
Na presença de corpos magnetizados a indução magnética resultante B é a soma vectorial do campo
Bo gerado pelas correntes reais de indução e de convecção (corpos carregados em movimento) e do
campo B1 gerado pela corrente de magnetização.
B  B0  B1 (7)
Por sua vez, o campo B1 pode ser representado no sistema internacional da forma B1   0 M

Sendo M—vector magnetização, igual ao momento magnético resultante da substância magnetizada


por unidade de volume e, B0   0 H

H—Vector de intensidade do campo magnético (no S.I é A/m).


Em muitos casos, M   m H e B  B0
(8)
 m e 1  1   m são denominadas, respectivamente, susceptibilidade magnética e permeabilidade
magnética relativa de um meio magnético (  m e  são grandezas adimensionais).

Nos diamagneticos  m <0 e  <1, nos paramagnéticos  m >0 e  >1. Para estas substâncias o efeito
de magnetização é muito fraco, ou  ~0.

Nos ferromagnéticos (ou materiais de imanes permanentes) observa-se a magnetização permanente e


o valor de  depende, não linearmente, do campo externo. Para B0 bastante elevado tem-se a
magnetização de saturação com  >>1. No vácuo,  m =0,  =1 (exato), M=0, B   0 H

Sumário
A velocidade angular , é avaliada em radianos/segundo. O tempo t é avaliado em segundos. Então,
o ângulo é avaliado em radianos, pois . Se
necessitarmos calcular o que aparece nas fórmulas estudadas, precisamos transformá-lo de
radianos para graus.
Electromagnetismo F0084 82

Exercício
1. Escreva a expressão que traduz o fluxo magnético;
2. O que diz o teorema de Gauss para o campo magnético?
3. Descreva em resumo as propriedades magnéticas das substâncias.
4. Uma espira circular de raio r=5cm é percorrida por uma corrente I=10A. Determine o momento
de dipolo magnético da corrente.
5. Um solenóide de 200 espiras, com 25 cm de comprimento e 10 cm de diâmetro, é percorrido
por uma corrente de 0,3 A.
a) Qual é o módulo de B perto do centro de solenóide?
b) Qual é o fluxo magnético que atravessa um anel circular com 2 cm de diâmetro interior e 8cm
de diâmetro exterior, se o plano do anel é ortogonal ao eixo do solenóide?
6. Qual o conjugado máximo em uma bobina de 5x12 cm, composta de 600 espiras, quando é
percorrida por uma corrente de 10-5 A em um campo uniforme de 0,1 T?
Electromagnetismo F0084 83

Unidade 15
TEMA: Campo Manético.

Movimento de Particulas nos

Campos Eléctrico e Magnético

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Definir a ocorrência do movimento das particulas no campo eléctrico e
magnético;
Objectivos
 Interpretar o movimento das particulas no campo magnético;
 Resolver exercícios

15.1. Movimento num campo magnético

Sobre uma partícula carregada com carga q que se desloca com uma velocidade V num campo
magnético B actua a Força de Lorentz.
F=q.[VB]
Ou em componentes,
Fx=q (VyBz-VzBy); Fy=q (VzBx-VxBz); Fz=q (VxBy-VyBx) (1)

Esta força, actuando perpendicularmente à velocidade, não realiza um trabalho sobre a partícula,
então, a energia cinética da partícula num campo magnético (configuração arbitrária) permanece
constante,
m .v 2
2  Const (2)

Num campo magnético uniforme permanecem também constantes a componente longitudinal


(paralela) da velocidade V’ dirigida ao longo do vector B e o módulo da componente transversal
(perpendicular) V’’.

No caso mais simples, quando o vector V é perpendicular ao campo (V’=0), a trajectória da partícula é
uma circunferência com raio R  mV
qB . A força de Lorentz, neste caso, é uma força centrípeta.
Electromagnetismo F0084 84

O sentido de rotação de uma partícula carregada num campo magnético é determinado pelo sinal da
sua carga. Observe nas figuras abaixo, como indicar o sentido de força de Lorentz de acordo com o
sinal da carga.

Figura 1: Determinação da força de Lorentz

O período de rotação T e a velocidade angular ω de uma partícula carregada num campo magnético
não dependem da sua velocidade linear e são dados pelas fórmulas:
m
T  2qB (3)    qB
m (4)

O módulo do vector ω chama-se frequência de ciclotrão.

Figura 2: Campo mgnético no interior de um solenóide

Se inicialmente, V’ for diferente de zero, a trajectória de uma partícula carregada num campo
magnético uniforme é uma curva helicoidal com raio, R= mq..VB ' e passo de hélice, h= 2qmV ''
.B
(5)

Num campo magnético não uniforme as componentes da velocidade (V’ e V’’) não estão constantes.
Em particular, observa-se a reflexão da partícula da região com o campo aumentado (efeito do
espelho magnético usado amplamente para tubos com gases ionizantes ou plasmas).

15.2. Movimento nos campos magnético e eléctrico


A força que actua sobre uma partícula carregada nos campos eléctrico E e magnético B chamada
também de força de Lorentz é dada por,

F=q[E + (VB)] (6)


Electromagnetismo F0084 85

Em caso geral, a trajectória da partícula é muito complexa (com variação da energia cinética) e não
pode ser representada na forma analítica. Porém, em particular, quando os campos estão cruzados (E
perpendicular a B), o movimento da partícula pode ser considerado como a superposição de dois
movimentos: um num campo magnético B com trajectória helicoidal e outro como uma derivação com
velocidade constante chamada de velocidade de derivação e igual a, V D= EB 
B2 (7)

Neste caso, a energia cinética da partícula permanece constante. Se inicialmente, a partícula move-se
num plano perpendicular ao campo magnético B a sua trajectória está nesse plano e é uma ciclóide
cuja forma depende da relação entre E e B. Se a trajectória tem somente a velocidade de derivação a
força de Lorentz actuante sobre ela é igual a zero.

A análise detalhada do movimento de partículas carregadas em campos eléctrico e magnético tem


grande importância na Física Moderna para a compreensão de muitos fenómenos naturais (descargas
gasosas, plasmas, raios cósmicos, vento solar, cinturões de radiação da terra,…) e para a construção
de aparelhagem electrónica, dos aceleradores, bem como para a solução do problema da fusão
termonuclear.

Sumário
Num campo magnético não uniforme as componentes da velocidade (V’ e V’’) não são constantes.

Exercício
1. Explique como ocorre o movimento de partículas carregadas no seio de um campo magnético.
2. Um ião de Li 7, simplesmente ionizado, com massa de 1,16.10-26kg, é acelerado por uma diferença
de potencial de 500V e, em seguida, entra num campo magnético de 0,4T, movendo-se
perpendicularmente ao mesmo. Qual é o raio de sua trajectória no campo magnético?
3. Numa região onde existe um campo magnético entram electrões com a velocidade de 106 m/s.
Determine:
a) A indução magnética considerando que o electrão descreve uma curva de 0,1 m de raio.
b) A velocidade angular do electrão.
4. Um electrão no ponto A da figura que se segue, tem uma velocidade vo de 107 m/s. Calcule:
a) O módulo, direcção e sentido da indução magnética que fará o
electrão percorrer o caminho semicircular de A até B;
b) O tempo necessário para o electrão ir de A até B.
Electromagnetismo F0084 86

5. Uma corrente de 1,5 A percorre um fio longo e recto. Um electrão passa com a velocidade de
5.104 m/s, paralelamente ao fio, e a 0,1 m dele, na mesma direcção da corrente. Qual é a força
que o campo magnético da corrente exerce sobre o electrão?
6. Qual o valor de um campo magnético capaz de fazer um protão com a velocidade de 107 m/s
descrever no espaço uma circunferência do tamanho do equador terrestre? RT= 6,4.106 m
7. Um electrão move-se em uma trajectória circular de raio r=1,2 cm perpendicular a um campo
magnético uniforme. A velocidade do electrão é de 106 m/s. Qual é o fluxo magnético total
circunscrito pela órbita?
8. Um electrão de 10 kV está a circular em uma órbita de raio igual a 25 cm, num plano ortogonal a
um campo magnético uniforme. Determine:
a) O campo magnético
b) A frequência de ciclotrão
c) O período do movimento
9. Ao entrar num campo magnético uniforme de indução igual a 0,2 T um electrão move-se por uma
órbita circular de raio igual a 5 cm. Determine o momento magnético do dipolo da corrente circular
equivalente.
10. Um campo eléctrico de 1500 V/m e um campo magnético de 0,4 T actuam sobre um electrão de
modo a produzir uma força resultante nula.
a) Calcular o valor da velocidade do electrão
b) Faça um esboço, de modo a mostrar os vectores E, B e v.
Electromagnetismo F0084 87

Unidade 16
TEMA: Indução Electromagnética
Introdução
O fenômeno da indução eletromagnética, que foi descoberto simultaneamente por Faraday e por
Henry, é sem dúvida o fato que mais impacto teve na história recente da humanidade, porque está na
origem de quase todas as aplicações tecnológicas da eletricidade. Na verdade, é devido à existência
desse fenômeno que podemos ter a energia elétrica, sem a qual a nossa vida hoje em pouco se
diferenciaria da vida no século XVIII.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Enunciar e interpretar a lei de Faraday- Henry e lei de Lenz;
Objectivos  Saber representar as linhas de força do campo magnético, na
determinação da corrente induzida;
 Definir e explicar o conceito de auto- indução;
 Interpretar o circuito RL
 Resolver exercícios

16.1. Leis de Faraday- Henry e Lenz

Chama-se indução electromagnética ao fenômeno pelo qual aparece corrente eléctrica num condutor,
quando ele é colocado num campo magnético e o fluxo que o atravessa varia.

Suponhamos um condutor fechado colocado num campo magnético. Para simplicidade, imaginemos o
campo uniforme (fig. 303). Seja S a área da superfície determinada pelo condutor; o ângulo
formado pela normal a essa superfície com as linhas de força; a indução magnética. O fluxo
magnético através da superfície S é: (1)
Electromagnetismo F0084 88

Assim sendo, a variação do campo magnético induz uma força electromotriz igual a taxa de variação
do fluxo magnético no tempo, através do circuito mas, com sinal trocado (Lei de Faraday- Henry).

 B d B
i   ou na forma diferencial i  
t dt (2)

A experiência mostra o seguinte: se por um processo qualquer variar o fluxo , como consequência
surge no condutor uma corrente elétrica. Esse fenômeno é chamado indução eletromagnética. A
corrente i que aparece é chamada corrente induzida.

i
Ii  (3) (R- resistência do circuito)
R

Figura 1: rotação da espeira num campo magnético

É importante notar que a causa da indução eletromagnética é a variação do fluxo. Se o fluxo


permanecer constante e não variar, então a corrente elétrica desaparecerá.

A variação do fluxo pode ser obtida, ou por uma variação da indução , ou por uma variação da área
S, ou por uma variação de . Na prática, o que se faz quase sempre é variar o , pois para
isso basta girar o condutor dentro do campo magnético.

A Lei da indução electromagnética, é uma lei da física que quantifica a indução electromagnética,
que é o efeito da produção de corrente eléctrica em um circuito colocado sob efeito de um campo
magnético variável ou por um circuito em movimento em um campo magnético constante. É a base do
funcionamento dos alternadores, dínamos e transformadores.

A lei da indução de Faraday, elaborada por Michael Faraday a partir de 1831, afirma que a corrente
eléctrica induzida em um circuito fechado por um campo magnético, é proporcional ao número de
linhas do fluxo que atravessa a área envolvida do circuito, na unidade de tempo.

A lei de Faraday-Lenz enuncia que a força eletromotriz induzida num circuito elétrico é igual a variação
do fluxo magnético conectado ao circuito.

A contribuição fundamental de Heinrich Lenz foi a direção da força eletromotriz (o sinal negativo na
fórmula). A corrente induzida no circuito é de fato gerada por um campo magnético, e a lei de Lenz
afirma que o sentido da corrente é o oposto da variação do campo magnético que a gera.
Electromagnetismo F0084 89

Se o campo magnético ao longo do circuito está diminuir, o campo magnético gerado pela corrente
induzida irá na mesma direção do campo original (se opõem a diminuição), se, pelo contrário, o campo
magnético envolvente está aumentar, o campo magnético gerado irá em direção oposta ao original (se
opõem ao aumento).

Se ao contrário, existir corrente circulando no circuito (com dissipação de energia), a variação do


campo magnético resultará numa resistência que demandará a realização de trabalho. Com base
neste princípio um gerador consome tanto mais energia mecânica quanto mais energia elétrica ele
produz (sem considerar a energia perdida por atrito e pelo efeito Joule).

Para o caso de uma bobina de N espiras, aparece uma f.e.m em cada uma das espiras, as quais
devem ser somadas, ao se considerar todo o circuito. Assim a f.e.m induzida será:

( N B ) d ( N B )
i   ou na forma diferencial i  
t dt (4)

N  B --- número de elos do circuito ou fluxo total através do dispositivo

Na ausência de um circuito eléctrico, a variaçào de um campo magnético no tempo dá sempre origem


a um campo eléctrico no espaço ambiente. Neste caso, a lei de Faraday- Henry pode ser formulada da
seguinte forma:

Um campo magnético dependente do tempo implica na existência de um campo eléctrico, cuja


circulação, ao longo de um percurso fechado arbitrário L, é igual, em relação ao tempo, a taxa de
variação do fluxo magnético, através de uma superfície S limitado pelo percurso, com sinal trocado, ou
ainda:

d
 E dl   dt  B n dS
L S (5)

Nesta equação, o primeiro membro é equivalente a f.e.m induzida num circuito correspondente ao
percurso L. Os sentidos dos campos E e B, também do percurso L, são ilustrados a seguir,

16.2. Linhas de força do campo magnético


Electromagnetismo F0084 90

16.3. Auto- Indução

Quando uma corrente i passa por um condutor ela produz um campo magnético. O condutor fica
situado dentro desse campo magnético produzido pela sua própria corrente. Esse campo produz no
próprio condutor um fluxo . Se a corrente i for variável, o seu campo também será variável e o fluxo
será variável.

E o condutor, sendo atravessado por um fluxo variável, sofre indução eletromagnética: isto é, como
consequência do fato de a corrente i ser variável aparece no condutor uma corrente induzida. Esse
fenômeno é chamado auto-indução, ou self-indução.

Figura 3: produção do fluxo magnético

Portanto, auto-indução é o fenômeno pelo qual um condutor produz indução eletromagnética em si


mesmo quando é percorrido por uma corrente variável.

A auto-indução é muito intensa nas bobinas, porque como elas possuem muitas espiras, o fenômeno
se dá em todas as espiras e é mais intenso do que numa espira só.

16.3.1. Indutância, ou coeficiente de auto-indução

A corrente primitiva i produz um campo de indução magnética B proporcional a i. O fluxo é


proporcional a B. Logo, o fluxo é proporcional a i, isto é:

(6)

Onde:

L -- é uma constante chamada indutância, ou coeficiente de auto-indução. Esse coeficiente depende


da forma geométrica e das dimensões do circuito.

wb T .m2
No SI, a unidade de L é henry (H). Logo, 1H  1 1
A A
Electromagnetismo F0084 91

Se a corrente I variar com o tempo, o fluxo também varia e, de acordo com a lei de indução
electromagnética , uma f.e.m é induzida no circuito e a f.e.m auto- induzida é expressa por:

d L I  dI
L   se L é constante L  L
dt dt (7)

O sinal negativo indica que  L opõe-se à variação da corrente, de modo que, se a corrente aumenta,
dI dI
dt é positivo e  L tem sentido oposto ao da corrente. Se a corrente diminui, dt é negativo  L tem
o mesmo sentido que a corrente.

A indutância de um circuito não está concentrada num determinado ponto, mas é uma propriedade de
todo o circuito. Para um condutor ou uma bobina, a indutância depende da sua forma geométrica, das
suas dimensões, bem como da presença de materiais magnéticos.

Por exemplo, a indutância de um solenóide longo, de comprimento l, secção S e N espiras é:

o  N 2 S
L
l (8)

A partir desta equação, usa-se a unidade de o  Hm em vez de T .m


A

Em diagramas eléctricos a indutância é representada por:

Na prática, este diagrama, corresponde a uma bobina com muitas espiras e chama-se também de
indutor.

16.4. Circuito RL

Quando fechamos um circuito que tem coeficiente de auto-indução elevado, como uma bobina, a
corrente não passa instantaneamente do valor zero para o valor normal.
Electromagnetismo F0084 92


Quer dizer ligando em A, a corrente não atinge instantâneamente o valor R correspondente a lei de
Ohm, mas aumenta gradualmente, de acordo com a lei temporal:

 Rt

1  e L 

I (t ) 
R  (9)

Ligando em B, a corrente reduz gradualmente até ao valor de zero, de acordo com a lei tem-se:

   RLt 
I (t )  e 
R  (10)

Durante um tempo ela aumenta gradualmente a partir de zero, até atingir o valor constante I, como
indica a figura a seguir. Durante esse tempo em que a corrente aumenta, portanto, variando, ela
produz auto-indução no circuito.

Analogamente, quando se desliga o circuito, a corrente não cai instantaneamente a zero, mas diminui
gradualmente como indica o gráfico da figura seguinte. Durante o tempo em que a corrente diminui,
e, portanto, variando, ela produz auto-indução no circuito.

Essa corrente de auto-indução na abertura de um circuito pode atingir valores elevados. É por causa
disso que quando se abre a chave para desligar um circuito podem saltar faíscas grandes na chave,
mesmo que a corrente de funcionamento normal do circuito não seja grande; basta que o circuito
tenha grande coeficiente de auto-indução. A figura 68 é um gráfico da corrente em função do tempo.
Assim, a corrente cresce e depois diminui.
Electromagnetismo F0084 93

Figura 7: gráfico da corrente em função do tempo

L
O valor   é chamado de tempo de relaxação do circuito RL (ou constante de tempo indutiva).
R

16.5. Exemplos de Indução Electromagnética

1º - Indução numa bobina com deslocamento de imã

Considere uma bobina cujos extremos sejam ligados a um galvanômetro. Aproximando-se da bobina
um ímã, ou introduzindo nela um ímã, ela vai ficar num campo magnético (fig. 304). Deslocando-se o
ímã, o fluxo magnético que atravessa as espiras da bobina varia. A variação do fluxo provoca o
aparecimento de uma corrente elétrica, que o galvanômetro acusa.

Figura 8: indução numa bobina

2º - Indução numa bobina produzida por outra bobina

Em vez de se produzir o campo magnético com um ímã, pode-se produzí-lo com uma bobina, como
indica a figura. Liga-se uma bobina a um gerador, que fornece corrente I. Essa corrente produz o
campo magnético. Uma segunda bobina é ligada a um galvanômetro G. Deslocando-se qualquer das
bobinas em relação à outra, haverá variação do fluxo magnético nessa segunda bobina, e
consequentemente indução eletromagnética: o galvanômetro acusa a passagem de uma corrente i.
Electromagnetismo F0084 94

Figura 9: indução entre bobinas

. 3º - Indução num condutor retilíneo movendo-se em campo uniforme

Quando um condutor retilíneo AB se desloca em um campo magnético uniforme, aparece uma f.e.m.
induzida nesse condutor. Para comprovar o aparecimento dessa f.e.m. basta ligar os extremos desse
condutor por um condutor c, em série, com um galvanômetro (fig. ). Quando o condutor retilíneo se
desloca, o galvanômetro indica a passagem de uma corrente elétrica.

Pode-se demonstrar que a f.e.m. induzida é proporcional ao comprimento do condutor, à sua


velocidade e à indução do campo magnético.

Sumário
A indução num quadro plano girando em campo uniforme é a mais importante aplicação do
electromagnetismo em benefício da sociedade, pois neles se baseiam os geradores de corrente
elétrica de alta energia, como por exemplo, os que fornecem electricidade às cidades.

Exercícios
1. Enunciar e explicar a lei de Faraday- Henry.
2. Explicar como ocorre o fenómeno de auto- indução.
3. Explique o funcionamento do circuito RL.
Electromagnetismo F0084 95

4. Uma espira circular de 10cm de diâmetro, feita de fio de cobre de diâmetro igual a 0,25cm, é
colocada num campo magnético uniforme de modo que o seu plano fique perpendicular ao vector
B. Qual deve ser a taxa de variação de B com o tempo para que a corrente induzida na espeira
seja igual a 10 A?
5. A indutância de uma bobina formada por 400 espiras muito unidas é igual a 8 mH. Qual o valor do
fluxo magnético através da bobina quando esta é percorrida por uma corrente de 5.10-3A?
6. Uma bobina formada de 900 espiras e com um raio de 0,1 m é colocada perpendicularmente a um
campo magnético uniforme de 0,2 T. Determine a f.e.m induzida na bobina se, em 0,1 s,
a) O campo é dobrado;
b) O campo diminui até zero
c) O sentido do campo é invertido;
d) A bobina gira de 90º;
e) A bobina gira de 180º

Em cada caso, faça um diagrama que mostre o sentido da f.e.m

7. Considere, na figura abaixo, l=1,5 m; B=0,5 T e v=4 m/s Qual é a diferença de potencial entre as
extremidades do condutor. Qual das extremidades está no potencial mais alto ?

8. O fluxo magnético através de um circuito percorrido por uma corrente de 2 A é 0,8 wb. Determine
sua auto- indutância. Calcule a f.e.m induzida no circuito se, em 0,2 s, a corrente é
a) Dobrada
b) Reduzida a zero
c) Invertida
9. A corrente num circuito RL atinge um terço do seu valor de equilíbrio em 5s. Qual o valor da
constante de tempo indutiva?
10. A corrente num circuito RL cai de 1 A em t=0 até 0,01 A um segundo mais tarde. Sendo L=10 H,
determine a resistência R do circuito.
Electromagnetismo F0084 96

Unidade 17
TEMA: Indução Mútua
Introdução
A indução electromagnética que se processa num condutor em forma de fio, colocado num campo
magnético, também existe num bloco metálico sujeito a fluxo magnético variável.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Explicar o fenómeno de indução mútua;
Objectivos  Conhecer a expressão que define a energia do campo magnético;
 Definir as correntes de Foucault;
 Resolver exercicios.

17.1. Indução mútua

Tome dois circuitos e próximos. Imagine que o circuito não esteja ligado a nenhum gerador,
mas, possua um galvanômetro G que indica quando ele é percorrido por corrente eléctrica. E que
esteja ligado a um gerador que lhe forneça corrente . Essa corrente produz um campo magnético de
indução magnética . O condutor , estando próximo, ficará dentro desse campo e será
atravessado por um fluxo S. Se este fluxo for variável, no circuito haverá indução eletromagnética e
aparecerá uma corrente que o galvanômetro acusa.

Portanto, um circuito pode provocar indução eletromagnética num circuito próximo desde que
faça com que este seja atravessado por um fluxo variável. E isso pode ser conseguido de dois
modos:
Electromagnetismo F0084 97

1o) se a corrente for variável: pois então ela produzirá um campo variável, e este, um fluxo
variável;
2o) se a corrente for constante, a variação de pode ser obtida deslocando-se sucessivamente um
circuito em relação ao outro.

Supõe agora que os dois circuitos ora referenciados possuam corrente. Neste caso, cada um deles
pode provocar indução eletromagnética no outro. Este fenómeno é chamado de indução mútua e é
descrito matemáticamente na base da lei de Faraday- Henry.

d M 12 i2  d M 21 i1 
1   2   (1)
dt dt

N1 12 N 2 21
Onde: M 12  M 21 
i2 i1

M12—Indutância mútua da bobina 1 em relação a 2.


M21—Indutância mútua da bobina 2 em relação a 1.
12 --- Fluxo magnético criado pela bobina 2 e que atravessa a secção da bobina 1.
21 --- Fluxo magnético criado pela bobina 1 e que atravessa a secção da bobina 2.

Demonstra-se que para quaisquer duas bobinas fixas sem materiais ferromagnéticos, tem-se:

M 12  M 21  M (2)

A indutância mútua depende da forma geométrica, das dimensões e da disposição mútua das bobinas,
bem como das propriedades magnéticas do meio ambiente (materiais ferromagnéticos).

A indutância mútua aplica-se na técnica, particularmente em transformadores.

17.2. Energia do campo magnético

A energia do campo magnético armazenada num indutor de indução L por uma corrente i é igual a

LI 2

2 (3)

A densidade volumétrica de energia do campo magnético é dada por:

2
B2 BH  o  H
WB   
2 o  2 2
(4)
Electromagnetismo F0084 98

J
No SI de unidades, WB  
m3

17.3. Correntes de Foucault

A indução electromagnética que se processa num condutor em forma de fio, colocado num campo
magnético, também existe num bloco metálico sujeito a fluxo magnético variável.

Tome, por exemplo, um bloco de ferro que seja colocado com a face plana ABCD perpendicular a um
campo magnético variável. Sendo S a área dessa face, ela é atravessada por um fluxo .
Se o campo for variável, então o fluxo será variável. Neste caso, o bloco de ferro sofrerá indução
electromagnética e aparecerão nele correntes eléctricas induzidas circulares, situadas em planos
perpendiculares à indução magnética , isto é, planos paralelos a ABCD.

Figura 1: correntes de foucault

Chamam-se corrente de Foucalt a essas correntes que aparecem por indução em blocos metálicos.
Pode-se demonstrar que a energia perdida num bloco metálico por causa das correntes de Foucalt é
proporcional ao quadrado da espessura BC do bloco.

Para diminuir as perdas de energia por correntes de Foucalt, as partes de ferro das máquinas elétricas
são sempre laminadas, e nunca são blocos maciços. Assim são os núcleos de ferro dos
transformadores. O cilindro do rotor dos motores, o estator dos motores, etc.,.

A figura 1 é fotografia de um aparelho simples para demonstrar a existência das correntes de Foucalt.
Os dois fios que entram pela esquerda transportam corrente elétrica de um acumulador para a bobina
que se vê em posiçao horizontal.

Essa bobina produz um campo magnético perpendicular ao disco metálico. Os dois fios que saem pela
direita estão ligados ao disco e vão ter a um galvanômetro. Girando-se o disco, há variação do fluxo
magnético que o atravessa, pois suas partes entram e saem do campo à medida que ele gira. Então o
galvanômetro acusa a passagem de uma corrente pelo disco.
Electromagnetismo F0084 99

Figura 2: demonstração da existência de correntes de foucault

Sumário
A auto-indução é muito intensa nas bobinas, porque como elas possuem muitas espiras, o fenômeno
se dá em todas as espiras e é mais intenso do que numa espira só.

Exercícios
1. Explique com figuras como ocorre o processo de indução mútua.
2. Escreva as expressões que definem a energia do campo magnético.
3. Como se explica a existência de correntes de Foucault.
4. Uma bobina de 2 H de indutância e 10 Ω de resistência é ligada instantâneamente a uma
bateria de 100V e resistência interna desprezível.
a) Qual o valor da corrente de equilíbrio?
b) Qual o valor da energia acumulada no campo magnético, quando esse valor da corrente já foi
praticamente atingido?
5. Uma dada bobina é ligada em série com uma resistência de 10 kΩ. Ligando-se uma bateria de
50 V aos dois, a corrente atinge o valor de 2 mA após 5 ms.
a) Determine a indutância da bateria
b) Qual é a energia armazenada na indutância nesse mesmo instante?
6. Quanto tempo levaria a diferença de potencial entre os extremos da resistência de um circuito
RL (L=1H, R=1Ω) para cair a 10% do seu valor inicial?
7. Uma bobina com N espiras é colocada ao redor de um solenóide muito comprido, de secção
recta S, com n espiras por unidade de comprimento. Mostre que a mútua indutância do
sistema é μonNS.
Electromagnetismo F0084 100
Electromagnetismo F0084 101

Unidade 18
TEMA: Corrente Alternada

Introdução
A corrente alternada é aquela em que há alternância no sentido da corrente no tempo.
A medição de grandezas em corrente alternada pode diferir sensivelmente da medição em corrente
contínua, por duas razões principais:

1o Um sinal constituído puramente de correntes alternadas possui valor médio nulo, não podendo ser
medido pelos mesmos instrumentos e métodos vistos;
2o Em corrente alternada algumas características dos materiais e medidores ausentes nos sinais de
corrente contínua, passam a se manifestar.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Definir o conceito de corrente alternada e escrever a sua
expressão matemática;
Objectivos
 Explicar como ocorre a diferença de fase entre a tensão e a
corrente para várias disposições de circuitos eléctricos;
 Resolver exercícios

18.1. Corrente alternada

Chama-se corrente alternada aquela que muda de sentido. Por exemplo, nos metais a corrente é
constituída por elétrons que se deslocam. Então, num metal, a corrente alternada é aquela em que os
elétrons se deslocam, ora num sentido, ora noutro, executando um movimento de vai-vem.

Neste sentido, entendemos a corrente alternada (ca) como a corrente que varia no tempo por uma lei
harmónica.

it  io sen( t   o ) (1)

Onde:
Electromagnetismo F0084 102

it - valor instantâneo da corrente; io - valor máximo da corrente (amplitude);


 - Frequência angular ou pulsação
o - Fase inicial da corrente. A fase inicial depende da escolha do momento de referência do tempo.

A expressão ( t  o ) é chamada de ângulo de fase ou, fase da corrente.

Usualmente, considera-se tensão alternada (f.e.m) de uma fonte (ou alternador, simbolo
) a expressão:

Vt  Vo sen(t ) (2) Com fase inicial nula

A corrente eléctrica que as usinas fornecem às cidades é alternada, nunca é contínua. O motivo é
puramente econômico. As usinas, em geral, são afastadas das cidades, de dezenas de quilômetros,
de maneira que a corrente elétrica tem de ser transportada por fios, desde as usinas até as cidades. E
êsse transporte é mais barato por corrente alternada do que por corrente contínua. Além disso, dentro
da própria cidade, a distribuição da corrente elétrica para as residências é mais barata e mais cômoda
por corrente alternada do que por corrente contínua.

Quanto à utilização de corrente alternada, observe o seguinte: para a maioria dos aparelhos de uso
doméstico, como por exemplo, lâmpadas de incandescência, ferros de passar roupa, aquecedores,
fogareiros, etc. seria indiferente o uso de corrente alternada ou contínua. E, como é mais barato e
mais cômodo distribuir corrente alternada para as residências, é essa que-se usa para aqueles
aparelhos. Quando há necessidade de corrente contínua para fins especiais, como por exemplo, as
indústrias que utilizam electrólise, é muito fácil obter-se corrente contínua a partir de corrente
alternada.

18.2. A Corrente e a tensão alternada

Geralmente, a corrente e a tensão alternadas não estão em fase nos vários elementos de um circuito
eléctrico. Por exemplo:

1. Num capacitor com capacitância C a corrente está adiantada em relação a tensão, de um


ângulo de fase π/2 (ou de um quarto de ciclo), isso é, se no capacitor Vt  Vo sen(t ) então,
it  io sen(t  2 )  io cos( t ) . (3)

Vo 1
Neste elemento, a razão X C   (4) chama-se Reactância capacitiva.
io  C

2. Num indutor com indutância L a corrente está atrasada, em relação a tensão, de um ângulo de
fase π/2 (ou de um quarto de ciclo), isso é, se Vt  Vo sen(t ) então,
it  io sen(t  2 )  io cos(t ) . (5)
Electromagnetismo F0084 103

Vo
Neste elemento, a razão X L    L (6) e chama-se Reactância indutiva.
io

3. Num elemento resistivo com resistência Ohmica pura R a corrente e a tensão sempre estão
em fase.

Para calcular as características de uma corrente alternada em circuitos complexos aplicam-se,


frequentemente, os diagramas de fasores (ou vectoriais). As correntes e tensões alternadas nestes
são representadas por meio de vectores rotoriais que giram em volta da origem com a frequência
angular ω no sentido anti- horário.

O módulo de um fasor caracteriza a amplitude da corrente ou da tensão e a sua projecção no eixo


vertical determina o valor instantâneo. O ângulo entre um dado fasor e o eixo horizontal é a fase
instantânea da grandeza correspondente e o ângulo entre fasores é a diferença de fase. A figura
mostra os fasores Vt  Vo sen(t ) e, it  io sen( t   ) .

Vo
No caso geral de um circuito arbitrário, a razão Z  (7) chama-se impedância do circuito.
io

Por exemplo num circuito RLC com resistor ohmico, indutor e capacitor ligados em série, a impedância
é igual a:

Z  R 2  ( X L  X C ) 2 = R 2  (L  1C ) 2 e o angulo de fase entre a tensão Vt  Vo sen(t ) e,


e a corrente it  io sen(t  ) é de   arctg X L RX C  arctg ( L1R/ C ) (8)

Fig. 2: circuito RLC

Exemplo
Electromagnetismo F0084 104

1. Um alternador é constituído por 50 quadros ligados em série, cada um


de 150 cm2, que giram com movimento de rotação uniforme
executando 1500 rotações por minuto, em um campo magnético
uniforme de 10000 gauss.

Pede-se:
a) a f.e.m. induzida máxima;
b) a lei de variação da f.e.m. em função do tempo;
c) um gráfico, em escala, da f.e.m. em função do tempo, para um período.

Solução

A velocidade angular do quadro é:

ou

a) F.E.M. máxima:

b)

c) Se a frequência é 25 rotações/segundo, o período é .

Figura 3: força electromotriz em função de tempo


Electromagnetismo F0084 105

2. Para fixar bem êste ponto refaçamos o problema anterior, supondo que os quadros executem
3.000 rotações por minuto, em vez de 1.500. Como a velocidade angular é agora o dobro, a
variação do fluxo é duas vezes mais rápida.

Então a f.e.m. será o dobro do anterior

ou

No caso anterior tínhamos encontrado 117, 75 volts, isto é, a metade, com o mesmo quadro e mesmo
campo magnético. Basta aumentar a velocidade do quadro e a f.e.m. aumenta.

Observação: Notemos que o período T da f.e.m. é igual ao período de rotação do quadro.


Electromagnetismo F0084 106

Sumário
Na prática, em vez de se usar como unidade de frequência o seg-1 , que fisicamente é a unidade
correcta, avalia-se a frequência em ciclo por segundo.

Exercícios
1. O que é uma corrente alternada e quais são as suas características?
2. Qual é a relação entre a corrente e a tensão, no que diz respeito a fase?
3. A amplitude da tensão de uma fonte de corrente alternada (c.a) é de 50V e sua frequência angular
é 1000 rad/s. Determine a amplitude da corrente, admitindo que a capacitância de um capacitor
ligado a fonte é: a) 0,01μF; b) 1μF; c) 100μF; d) Construa o gráfico de amplitude da corrente
versus capacitância.
4. No circuito representado a seguir (R=20Ω, L=1H, C=0,1μF) está ligada uma f.e.m alternada
v=vosenωt (o valor eficaz da f.e.m é de 30V).
a) Determine a frequência da f.e.m que corresponde a
ressonância
b) Calcule, neste caso, os valores eficazes da corrente e das
tensões VR, VL, e VC em cada elemento do circuito.

5. Um indutor, com auto-indutância de 10 H e resistência


desprezível, está ligado a fonte c.a cuja amplitude da tensão é mantida constante e igual a 50 V,
mas a frequência pode ser variada. Determine a amplitude da corrente quando a frequência
angular é:
a) 100 rad/s
b) 1000 rad/s
c) 10000 rad/s
d) Faça um gráfico log-log da amplitude da corrente em função da frequência.
6. Uma bobina com 20 espiras e uma área de 0,04 m2 gira com 10 revoluções por segundo em um
campo magnético de 0,02 T. A resistência da bobina é de 2Ω e sua auto-indutância é de 10-3 H.
Determine a expressão:
a) F.e.m induzida;
b) Corrente
7. Uma f.e.m alternada, com valor máximo de 100 V e uma frequência angular de 120 π rad/s, é
ligada em série com uma resistência de 1 Ω, uma auto-indutância de 3.10-3 H e um capacitor de
2.10-3 F. Determine:
a) A amplitude e a fase da corrente;
b) A ddp na resistência, na indutância e no capacitor;
c) Faça um diagrama mostrando os vectores girantes correspondentes a f.e.m aplicada à corrente
e as três ddp em cada elemento;
d) Verifique se os três vectores das ddp têm por soma o vector da f.e.m
Electromagnetismo F0084 107

Unidade 19
TEMA: Oscilações
Eléctricas

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Identificar o circuito onde são susceptiveis as oscilações eléctricas;
Objectivos  Deduzir a potência da corrente alternada e entender os conceitos de
valores eficazes da tensão e de corrente alternadas;
 Explicar como é produzida a corrente alternada em subestações
hídricas.
 Resolver exercícios.

19.1. Oscilações eléctricas próprias e ressonância

Num circuito passivo com R, L e, C ligados em série podem ser excitadas oscilações, chamadas
próprias, de corrente ou de cargas entre as placas do capacitor com frequência,
2
   02   2  1
LC  4RL2 (1) onde   R
2L é o coeficiente de amortecimento de oscilações.

Fig. 1: Circuito RLC

Estas oscilações são amortecidas com o tempo de relaxação   1  2L


R e podem existir somente se a
resistência do circuito R for bastante pequena.

R < RC  2 L
C

Rc—resistência crítica do circuito RLC.


O tempo de relaxação  determina-se pelo intervalo de diminuição exponencial da amplitude.
Electromagnetismo F0084 108

No caso ideal das oscilações não amortecidas ( R  0 ,   0 ,   0 ) a frequência própria e o período


de oscilações próprias do circuito são determinadas pela fórmula de Thomson.
0  1
Lc
e T  2 LC (2)
Ligando a tal circuito uma fonte externa de tensão alternada com frequência variada, pode-se observar
o fenómeno de ressonância quando a frequência externa é igual a frequência própria do circuito (
  0 ). Neste caso, a impedância do circuito é mínima e a amplitude das oscilações forçadas atinge
um valor máximo.
Para as oscilações próprias, fracamente amorteciadas, num circuito RLC ( R  0 ) tem-se uma
transformação periódica de energia eléctrica armazenada no capacitor em energia magnética
armazenada no indutor e reciprocamente.
Pela conservação de energia, a energia máxima armazenada no capacitor deve ser igual a energia
máxima armazenada no indutor.
CV02 Li02

2 2 (3)
Onde v0 é a tensão máxima no capacitor e i 0 a corrente máxima (valores da amplitude).

Exemplo

Suponhamos que um certo gerador tenha resistência interna de , e seja ligado a um circuito
de resistência .

Pede-se:
a) a intensidade máxima da corrente;
b) a lei de variação da corrente em função do tempo;
c) um gráfico da corrente em função do tempo.

Dados

a) Já sabemos que

b) A lei de variação de i é: , onde


Electromagnetismo F0084 109

c) O gráfico de i em função de t

19.2. Potência da corrente alternada

A potência média num circuito de corrente alternada é dada por:


Pm  12 Vo io cos  Vef . ief cos  Pm  Po cos
(4)

Vef . ief - Valores eficazes da tensão e da corrente.

Devido à sua importância, insistiremos no conceito de valor eficaz. Chama-se valor eficaz de uma
diferença de potencial alternada a uma diferença de potencial imaginária e constante que, se fosse
aplicada ao condutor, faria com que o condutor absorvesse a mesma potência que êle absorve
quando a corrente é alternada. A diferença de potencial eficaz está ligada à diferença de potencial
máxima por:

Vo io
Vef  ief  (5)
2 2

No entanto, já estudamos que, quando a corrente é contínua, a potência absorvida por um condutor
é igual ao produtoda diferença de potencial existente entre os extremos do condutor, pela intensidade
da corrente, isto é:

Quando a corrente é alternada, a potência absorvida por um condutor é dada pelo produto do valor
eficaz da diferença de potencial existente entre seus extremos, pelo valor eficaz da intensidade da
corrente. Isso resulta do próprio conceito de valores eficazes de corrente e diferença de potencial.

(6)

Se a corrente circula por uma resistência R, a diferença de potencial eficaz e a potência valem:

(7)
Electromagnetismo F0084 110

Exemplo

Por um fogareiro, cuja resistência é de , passa uma corrente


alternada cuja lei é:

Calcular:
a) o valor eficaz da diferença de potencial;
b) a potência absorvida pelo fogareiro.

Solução

a) É dado Imax=3,5A . Então:

ou

Sendo , temos: ou

b) A potência absorvida é: . Logo, P=100.2,5 ou

19.3. As usinas eléctricas ou estações geradoras

Vimos que os dínamos consistem numa série de espiras que executam movimento de rotação
uniforme num campo magnético uniforme. Essas espiras, para executarem movimento de rotação,
necessitam de energia mecânica. De onde provém essa energia? Na prática, provém de energia
térmica ou da energia de uma queda d’água. Tomemos como exemplo o caso da queda d’água.

O aproveitamento de uma queda da água para fornecer energia mecânica a um dínamo é feito do
seguinte modo: armazena-se a água de um ou de vários rios numa região muito vasta, chamada
represa. A água dessa represa cai, pelo interior de tubos, de uma altura H , e vai acionar uma roda
que possui na periferia certo número de pás. A energia com que a água chega às pás faz com que a
roda execute movimento de rotação. A roda com as pás é chamada turbina.

Ao eixo da turbina são ligados os condutores do dínamo, de maneira que, quando a roda gira, êles
também giram.

A energia elétrica da corrente, isto é, a energia comunicada aos elétrons que se deslocam nos
condutores provém da energia potencial (mecânica) da água que estava na represa. Ao conjunto do
dínamo com turbina se chama usina hidroeléctrica, ou estação geradora de eletricidade.
Electromagnetismo F0084 111

Sumário
Com corrente alternada é possível de forma simples aumentar ou diminuir a diferença de potencial
com máquinas chamadas transformadores. Assim, por exemplo, dispondo-se de uma diferença de
potencial de 220 volts, pode-se obter uma diferença de potencial de 3.000 volts, ou 5.000 volts, etc., e
vice-versa.

As correntes que as usinas eléctricas fornecem para as cidades são sempre senoidais (as correntes
usadas na indústria, nas residências, etc.).

Exercícios
1. Represente o circuito onde onde são susceptiveis as oscilações eléctricas;
2. Deduza a potência da corrente alternada e explique os conceitos de valores eficazes da
tensão e de corrente alternadas;
3. Explicar como é produzida a corrente alternada em subestações hídricas.
4. Num circuito passivo com R, L e, C ligados em série podem ser excitadas oscilações,
chamadas próprias, de corrente ou de cargas entre as placas do capacitor com frequência.
Escreva as equações que sustentam a afirmação e faça o esboço do circuito em causa.
5. Num circuito LC oscilante tem-se que L=1 mH, C=4 μF e a carga máxima em C é de 3 μC.
Determine a corrente máxima.
6. Num circuito LC oscilante: a) que valor de carga, em termos da carga máxima no capacitor,
está presente quando a energia é distribuida igualmente entre os campos eléctrico e
magnético? b) para que essa condição seja satisfeita, que fracção de um período tem que
transcorrer, após o instante em que o capacitor se encontre plenamente carregado?
7. Num circuito LC oscilante tem-se L=3 mH e C= 2,7 μF. No instante t=0, a carga q=0 e a
corrente i=2 A.
i. Qual é a carga máxima que aparecerá no capacitor?
ii. Em termos do período T de oscilação, quanto tempo passará, depois de t=0, até que a
energia armazenada no capacitor atinja a taxa máxima?
iii. Qual é essa taxa máxima?
8. Nas extremidades de um circuito com a resistência de 100 Ω aplica-se uma tensão alternada
eficaz de 440 V. A intensidade eficaz da corrente é de 3,5 A. Calcule:
a) A impedância do circuito;
Electromagnetismo F0084 112

b) O factor de potência
9. No circuito mostrado a seguir, R=4Ω, C=150μF, L=60 mH, f=60 Hz e V max=300V. Determine:
a) Vef b) ief c) Ψ d) cos Ψ e) Pm

10. Num circuito RLC, tal como o da figura do exercício 9, considere R=5Ω, L=60 mH, f=60 Hz e
Vmax=300 V. Para que valores de C e Pm do circuito seria: a) máxima, b) mínima ?, c) quais são
esses valores máximo e mínimo e quais são os ângulos de fase e os factores de potência
correspondentes?
Electromagnetismo F0084 113

Unidade 20
TEMA: Transformador
Introdução
A grande vantagem técnica da corrente alternada em confronto com a corrente contínua repousa na
possibilidade de se obter, a partir da primeira, qualquer tensão elétrica desejada, quase sem perdas,
por meio dos transformadores. Ordinariamente, no local de utilização, se necessita baixas tensões
que não são perigosas para o organismo humano (é comum o emprego de tensões de 117 volts e
220 V).

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Interpretar o funcionamneto de um transformador;
Objectivos  Explicar a ocorrência de perdas no transformador,
 Resolver exercícios.

20. 1. Transformação da tensão eléctrica

O transporte da energia eléctrica desde o local de sua geração até o de sua utilização, convém que
seja efectuado sob tensões mais altas possíveis (220 000 V ou mesmo 380 000 V). Porém, para o
funcionamento mais econômico das máquinas que produzem a energia eléctrica, convém uma tensão
média de alguns milhares de volts. Portanto, em toda rede de distribuição existe sempre a
necessidade de transformar a tensão eléctrica.

Um transformador consiste em um núcleo fechado sobre si mesmo, formado por lâminas de ferro
(para diminuir as perdas devidas às correntes de Foucault), no qual há um enrolamento primário (A) e
outro secundário (B), conforme se ilustra.

De acordo com o site www.geocities.ws/.../funciona/transformador.html, a energia eléctrica produzida


nas baragens hidroelétricas é levada, mediante condutores de eletricidade, aos lugares mais
adequados para o seu aproveitamento.
Electromagnetismo F0084 114

Para o transporte da energia até os pontos


de utilização, não bastam fios e postes.
Toda a rede de distribuição depende
estreitamente dos transformadores, que
elevam a tensão, ora a rebaixam.

Os transformadores resolvem não só um


problema econômico, reduzindo os custos
da transmissão a distância de energia,
como melhoram a eficiência do processo.

Antes de mais nada os geradores que


produzem energia precisam alimentar a
rede de transmissão e distribuição com um
valor de tensão adequado, tendo em vista
seu melhor rendimento. Esse valor depende
das características do próprio gerador,
enquanto a tensão que alimenta os
aparelhos consumidores, por razões de
construção e sobretudo de segurança, tem
valor baixo, nos limites de algumas
centenas de volts (em geral, 110 ou 220). Figura 1 : Transformação da corrente em vários pontos

Isso significa que a corrente, e principalmente a tensão fornecida, variam de acordo com as
exigências.

Nas linhas de transmissão a perda de potência por libertação de calor é proporcional à resistência dos
condutores e ao quadrado da intensidade da corrente que os percorre (P = R.i 2). Para diminuir a
resistência dos condutores seria necessário usar fios mais grossos, o que os tornaria mais pesados e
o transporte absurdamente caro. A solução é o uso do transformador que aumenta a tensão, nas
saídas das linhas da usina, até atingir um valor suficientemente alto para que o valor da corrente
desça a níveis razoáveis (P = U.i). Assim, a potência transportada não se altera e a perda de energia
por aquecimento nos cabos de transmissão estará dentro dos limites aceitáveis.

Na transmissão de altas potências, tem sido necessário adotar tensões cada vez mais elevadas,
alcançando em alguns casos a cifra de 400.000 volts. Quando a energia elétrica chega aos locais de
consumo, outros transformadores abaixam a tensão até os limites requeridos pelos usuários, de
acordo com suas necessidades.
Electromagnetismo F0084 115

Existe uma outra classe de transformadores, igualmente indispensáveis, de potência baixa. Eles estão
presentes na maioria dos aparelhos elétricos e eletrônicos encontrados normalmente em casa, tais
como, por exemplo, computador, aparelho de som e televisor. Cabe-lhes abaixar ou aumentar a
tensão da rede doméstica, de forma a alimentar convenientemente os vários circuitos elétricos que
compõem aqueles aparelhos.

O princípio básico de funcionamento de um transformador é o fenômeno conhecido como indução


eletromagnética: quando um circuito é submetido a um campo magnético variável, aparece nele uma
corrente elétrica cuja intensidade é proporcional às variações do fluxo magnético.

Os transformadores, na sua forma mais simples, consistem de dois enrolamentos de fio (o primário e o
secundário), que geralmente envolvem os braços de um quadro metálico (o núcleo).

Uma corrente alternada aplicada ao primário produz um campo magnético proporcional à intensidade
dessa corrente e ao número de espiras do enrolamento (número de voltas do fio em torno do braço
metálico). Através do metal, o fluxo magnético quase não encontra resistência e, assim, concentra-se
no núcleo, em grande parte, e chega ao enrolamento secundário com um mínimo de perdas. Ocorre,
então, a indução eletromagnética: no secundário surge uma corrente elétrica, que varia de acordo com
a corrente do primário e com a razão entre os números de espiras dos dois enrolamentos.
Electromagnetismo F0084 116

A relação entre as voltagens no primário e no secundário, bem como entre as correntes nesses
enrolamentos, pode ser facilmente obtida: se o primário tem Np espiras e o secundário Ns, a voltagem
no primário (Vp) está relacionada à voltagem no secundário (Vs) por Vp/Vs = Np/Ns, e as correntes
por Ip/Is = Ns/Np. Desse modo um transformador ideal (que não dissipa energia), com cem espiras no
primário e cinqüenta no secundário, percorrido por uma corrente de 1 ampère, sob 110 volts, fornece
no secundário, uma corrente de 2 ampères sob 55 volts.

20. 2. Perdas no transformador

Graças às técnicas com que são fabricados, os transformadores modernos apresentam grande
eficiência, permitindo transferir ao secundário cerca de 98% da energia aplicada no primário. As
perdas - transformação de energia elétrica em calor - são devidas principalmente à histerese, às
correntes parasitas e perdas no cobre.

1. Perdas no cobre. Resultam da resistência dos fios de cobre nas espiras primárias e
secundárias. As perdas pela resistência do cobre são perdas sob a forma de calor e não
podem ser evitadas.
2. Perdas por histérese. Energia é transformada em calor na reversão da polaridade magnética
do núcleo transformador.
3. Perdas por correntes parasitas. Quando uma massa de metal condutor se desloca num
campo magnético, ou é sujeita a um fluxo magnético móvel, circulam nela correntes induzidas.
Essas correntes produzem calor devido às perdas na resistência do ferro.

Devido ao fenómeno da indução electromagnética, uma corrente alternada no primário produz uma
f.e.m induzida de mesma frequência no secundário, de tal modo que

V2 N1
 (1)
V1 N 2

Onde
Electromagnetismo F0084 117

N1 e N2 é o número de espiras no enrolamento primário e secundário respectivamente.

V1 e V2 são as voltagens (máximas ou eficazes) no primário e secundário respectivamente.

V2/V1 ou N2/N1 razão da transformação do transformador.

Para N2>N1 temos o transformador elevador e N1>N2 temos o transformador abaixador.

A potência de saida de um transformador real é necessariamente menor que a potência de entrada


devido as perdas de Joule nos enrolamentos e perdas de magnetização e de Foucault. A razão entre
a potência da corrente secundária pela corrente primária é o rendimento (ou eficiência) do
transformador. Nos transformadores industriais o rendimento pode atingir 99%.

No caso ideal em transfromadores operando com resistência Ohmica (R) no secundário, podemos
escrever, aproximadamente,

V22 2
V1i1  V2i2   i2 .R
R (2)

Nesta aproximação, a razão entre as correntes secundária e primária é igual ao inverso da razão de
transformação.

i2 N 1

i1 N 2 (3)

Sumário
O transporte da energia eléctrica desde o local de sua geração até o de sua utilização, convém que
seja efectuado sob tensões mais altas possíveis (220 000 V ou mesmo 380 000 V). Porém, para o
funcionamento mais econômico das máquinas que produzem a energia eléctrica, convém uma
tensão média de alguns milhares de volts. Portanto, em toda rede de distribuição existe sempre a
necessidade de transformar a tensão eléctrica.
Electromagnetismo F0084 118

Exercícios
1. Explique com detalhes o funcionamento de um transformador.

2. Um transformador reductor tem a razão de transformação N2/N1=0,1 e está ligado a um circuito


primário de tensão igual a 220V. Qual é a tensão de saída do transformador se a resistência do
secundário é de 0,2Ω e a carga resistiva e R=2Ω ?

3. Um transformador possui 500 espiras no primério e 10 espiras no secundário. a) se no primário


V1ef=120V, quanto vale V2ef no secundário, supondo-se que este último constitua um circuito
aberto? b) supondo-se que o secundário possua uma carga resistiva R=15Ω, quanto valem I1ef e
I2ef? Suponha um transformador ideal com Ψ=0

4. Um transformador num poste de rede eléctrica opera com a tensão V1ef=8 kV no primário
fornecendo energia eléctrica com tensão V2ef=120 V a certo número de casas próximas.
a) Quanto vale a razão N1/N2 ?
b) Se o consumo de potência média nas casas num dado intervalo de tempo é de 70 kW, quais
são as correntes efectivas no primário e no secundário do transformador? Suponha um
transformador ideal com um factor de potência igual a unidade.
c) Qual é a carga resistiva equivalente R no circuito secundário?
Electromagnetismo F0084 119

Unidade 21
TEMA: Máquinas Eléctricas

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Identificar as diferenças principais entre um gerador eléctrico e um motor
eléctrico;
Objectivos
 Conhecer e explicar o funcionamento de vários tipos de geradores
eléctricos;
 Resolver exercícios

21.1. Geradores eléctricos

De acordo com Pauli, Farid, Simão pg 162, 1981, os aparelhos eléctricos que transformam uma
modalidade qualquer de energia em energia eléctrica são denominados Geradores.

Devido a esta transformação, observa-se entre os terminais dos geradores a presença de uma
diferença de potencial (ddp). Portanto, se as extremidades de um fio condutor forem ligadas aos
terminais de um gerador, se estabelece uma corrente eléctrica no fio.

Existem diversas modalidades de energia que podem ser transformadas em eléctrica. Em função
disto, para cada tipo de transformação, podem ser encontrados geradores capazes de efectuar estas
mudanças.

Ainda o mesmo autor na pg 162, considera que os geradores podem ser:

 Electroquímicos (transforma energia química em eléctica)


 Electromecânicos (transforma energia mecânica em eléctrica)
 Termoeléctrico (transforma o calor recebido em uma junção em energia eléctrica)
 Piezeléctrico (transforma em energia eléctrica, a energia mecânica traduzida pelo esforço
sobre o cristal).
Electromagnetismo F0084 120

21.2. Motores eléctricos

Os geradores e os motores coincidem em seus fundamentos, ainda que na maioria dos casos
práticos sua construção técnica seja diferente. Um gerador pode funcionar como motor fornecendo-
lhe corrente de um modo apropriado, e um motor pode ser usado como gerador quando seu induzido
é posto em rotação sob a acção de um momento de giro externo. Um mesmo dispositivo permite
transformar trabalho mecânico em energia eléctrica, e energia eléctrica em trabalho mecânico.

Do mesmo modo, se pode conseguir que o induzido de um gerador forneça corrente contínua apesar
de que em suas 'varetas' (laterais úteis dos enrolamentos) se produzam tensões alternadas. Como
se sabe, ambos resultados se obtém dispondo de contactos deslizantes de maneira apropriada,
através dos quais o gerador se une ao circuito externo, ou um motor com sua fonte de corrente.

De um modo geral os motores eléctricos são aparelhos capazes de transformar energia eléctrica em
outra modalidade qualquer de energia, além da térmica.

Os motores eléctricos constituem os receptores activos, incluindo: um acumulador ao ser carregado,


os medidores de ddp e de corrente. Geralmente estão polarizados e apresentam um terminal
positivo e um negativo.

Sumário
Os geradores e os motores coincidem em seus fundamentos, ainda que na maioria dos casos práticos
sua construção técnica seja diferente. Um gerador pode funcionar como motor fornecendo-lhe corrente
de um modo apropriado, e um motor pode ser usado como gerador.

Exercícios
1. O que é um aparelho eléctrico?
2. Qual é a diferença entre um gerador e um receptor activo e faça o esquema dos dois
dispositivos;
3. Que tipo de geradores conhece? Explique o funcionamento de cada um.
Electromagnetismo F0084 121

Unidade 22
TEMA: Ondas Electromagnéticas
Introdução
Em física, uma onda é uma perturbação oscilante de alguma grandeza física no espaço e periódica no
tempo. Ondas podem ser descritas usando um número de variáveis, incluindo: freqüência,
comprimento de onda, amplitude e período.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Descrever a propagação das ondas electromagnéticas;
Objectivos  Conhecer as características de ondas electromagnéticas;
 Diferenciar o espectro electromagnético do visivel;
 Indicar algumas aplicações das ondas electromagnéticas;
 Resolver exercícios.

22.1. Produção de Ondas Electromagnéticas

Sabemos pela Lei de Faraday que uma força electromotriz pode ser induzida em um condutor
fechado, estacionário e rígido, situado na região de um campo magnético. Basta para isso, que o fluxo
do campo magnético através da área limitada pelo condutor varie com o transcorrer do tempo. Nesse
caso, a variação do fluxo é conseguida pela variação temporal da intensidade da indução magnética.

Consideremos, um fio condutor fixo, rígido, circular de centro O e raio R, situado na região de um
campo magnético uniforme, cuja indução B seja perpendicular à áreas S limitada pelo condutor.
Electromagnetismo F0084 122

Se a intensidade de B, varia no decorrer do tempo, a força electromotriz  induzida no condutor é,


segundo a lei de Faraday, expressa por:

 B B
   S    R 2
t t t (1)

A f.e.m  implica na existência de campo eléctrico E que, actuando nas cargas livres do condutor, dá
origem à corrente eléctrica induzida. A expressão matemática que relaciona  com a intensidade E do
campo é obtida a partir da definição de  , que é:

w F .2R F
   2R    2R.E (2)
q q q

B R B
Igualando 2R.E  R 2 tem se que, E
t 2 t (3)

Como B varia no decorrer do tempo, para um intervalo de tempo  t qualquer, teremos  B diferente de
zero. Daí afirma-se o seguinte;

Um campo magnético variável com o transcorrer do tempo é capaz de produzir um campo eléctrico.

É importante lembrar que, mesmo na ausência do condutor, existirá o campo eléctrico induzido. O
condutor no qual a corrente é induzida é importante nesta análise apenas para mostrar que o campo
eléctrico induzido realmente existe. A figura seguinte mostra algumas linhas de força do campo
eléctrico induzido. Em cada ponto, o campo eléctrico E é perpendicular á indução magnética B.

O brilhante cientista escocês James Clerk Maxwell (1831-1879) acreditava que também podia ocorrer
o inverso, isto é que um campo eléctrico variável poderia produzir um campo magnético. Maxwell
realizou uma das maiores sínteses de toda a história da Física, que levou a previsão da existência das
Ondas Electromagnéticas.
Electromagnetismo F0084 123

No intervalo de tempo durante o qual ocorre a electrização de um capacitor inicialmentte neutro, a


intensidade do campo eléctrico entre as placas varia. Maxwell suspeitava que este campo dava origem
a um campo magnético com as linhas de indução indicadas na figura abaixo.

Note que, em cada ponto, os campos E e B são perpendiculares entre si. Portanto de acordo com a
hipótese de Maxwell, podemos afirmar o seguinte:

Um campo eléctrico que varia no decorrer do tempo dá origem a um campo magnético.

Uma importante consequência desta hipótese de Maxwell é a explicação da propagação das ondas
electromagnéticas. De facto, se em uma região do espaço produzirmos um campo magnético variável
no decorrer do tempo este induzirá nas suas proximidades um campo eléctrico que, sendo variável,
dará origem a um campo magnético que por sua vez induzirá outro campo eléctrico e assim por
diante. Deste modo, teríamos a propagação de uma perturbação electromagnética através do espaço,
constituída pelos campo E e B em constantes e recíprocas induções.

22.2. Características das ondas electromagnéticas

Maxwell demonstrou matematicamente que esta perturbação electromagnética que se propaga pelo
espaço devido a mútua e sucessiva produção dos campos E e B tem todas as características de
ondas, pois as perturbações electromagnéticas podem se reflectir, refractar e interferir como ondas.
Assim sendo, esta perturbação recebeu o nome de onda electromagnética.

Maxwell mostrou que a velocidade de propagação da onda electromagnética, no vácuo, é a seguinte:

1
4 0 9.109
v 0
 7
 3.108 m / s
4
10

Este valor é igual ao da velocidade de propagação da luz no vácuo. Maxwell não acreditava que esta
igualdade fosse uma simples coincidência, preferindo acreditar que a luz seria uma onda
Electromagnetismo F0084 124

electromagnétca. Até aquele momento, ja estava estabelecida a natureza ondulatória da luz, porém
ainda era desconhecida a natureza das vibrações luminosas.

A confirmação experimental das idéias de Maxwell foi feita em 1888 (após a morte de Maxwell) pelo
físico Heinrich Hertz, que conseguiu produzir ondas electromagnéticas com todas as propriedades
previstas por Maxwell.

As experiências de Hertz estabeleceram definitivamente que a luz é uma onda electromagnética, o


que foi considerado como um dos maiores trinfos da teoria de Maxwell. Note que ela integrou a óptica
ao electromagnetismo e, pelo facto de a luz ser uma onda electromagnética, ao contrário das ondas
mecânicas, é desnecessário admitir um meio para a sua propagação.

Foi constatado, que as ondas electromagnéticas podem ser polarizadas, isto permite concluir que elas
são ondas transversais, como se vê na figura:

Em resumo, podemos afirmar o seguinte,

A onda electromagnética é o resultado da propagação, pelo espaço, de uma perturbação


electromagnética constituída pelos campos E e B, variáveis com o decorrer do tempo, um gerando o
outro. Estes campos são perperdinculares entre si e são perpendiculres à velocidade de propagação,
que é a da luz. A onda electromagnética pode ser polarizada, o que a caracteriza como onda
transversal.

22.3. Espectro Electromagnético

O espectro electromagnético é o conjunto de todas as ondas eletromagnéticas. A radiação


electromagnética é classificada de acordo com a freqüência da onda, que em ordem crescente da
duração da onda são: ondas de rádios, microondas, radiação terahertz (Raios T), radiação
infravermelha, luz visível, radiação ultravioleta, Raios-X e Radiação Gama.

Na natureza não existem cores, apenas ondas de frequências diferentes. As cores surgiram quando o
homem apareceu na terra.
Electromagnetismo F0084 125

Espectro de Radiação Eletromagnética

Região Comp. Onda Comp. Onda Frequência Energia


(Angstroms) (centímetros) (Hz) (eV)

Rádio > 109 > 10 < 3 x 109 < 10-5

Micro-ondas 109 - 106 10 - 0.01 3 x 109 - 3 x 1012 10-5 - 0.01

Infra-vermelho 106 - 7000 0.01 - 7 x 10-5 3 x 1012 - 4.3 x 1014 0.01 - 2

Visível 7000 - 4000 7 x 10-5 - 4 x 10-5 4.3 x 1014 - 7.5 x 1014 2-3

Ultravioleta 4000 - 10 4 x 10-5 - 10-7 7.5 x 1014 - 3 x 1017 3 - 103

Raios-X 10 - 0.1 10-7 - 10-9 3 x 1017 - 3 x 1019 103 - 105

Raios Gama < 0.1 < 10-9 > 3 x 1019 > 105

A representação gráfica do espectro eletromagnético é mostrada na figura abaixo.

Notamos que a luz visível, os raios gamas e as microondas são todas manifestação do mesmo
fenômeno de radiação eletromagnética, apenas possuem diferentes conprimentos de onda.

22.4. O Espectro da luz visível

O espectro visível pode ser subdividido de acordo com a cor, com vermelho nos comprimentos de
onda longos e violeta para os comprimentos de onda mais curtos, conforme ilustrado,
esquematicamente, na figura abaixo.
Electromagnetismo F0084 126

Fig. 6: espectro da luz visível

22.5. Aplicações tecnológicas

Entre inúmeras aplicações destacam-se o rádio, a televisão, radares, os sistemas de comunicação


sem fio (telefonia celular e comunicação wi-fi), os sistemas de comunicação baseados em fibras
ópticas e fornos de microondas.

Num circuito oscilante, LC, em que se estabelecem oscilações eléctricas, há


periódicamente transferência de energia do campo eléctrico para o campo
magnético.

Quando, porém, a frequência das oscilações é muito elevada (L e C muito


pequenos) os campos eléctrico e magnético e, por conseguinte, as eneregias a
eles associadas desempenham um papel muito importante na vizinhança dos
condutores: o circuito irradia energia que se propaga no espaço.

Figura 6: Circuito LC

Para frequências até 1012Hz obtem-se um circuito oscilante que irradia apreciavelmente com um
simples fio condutor (tal oscilador aberto é uma antena).
Electromagnetismo F0084 127

Sumário
O campo eléctrico e o campo magnético criados pelos electrões oscilantes , não ficam localizados no
condutor. Estes campos e a energia a eles associada, propagam-se no espaço com velocidade igual a
da luz.

O que diferencia uma onda electromagnética da outra é a sua frequência. Quanto mais alta for essa
frequência mais energética é a onda.

Exercícios
1. Explique com detalhes, como foi concebida a idéia de que a luz solar fizesse parte de ondas
electromagnéticas;
2. Como ocorre a propagação de uma onda electromagnética?
3. Indique as características de ondas electromagnéticas;
4. Diferencie o espectro electromagnético do visivel;
5. Indique algumas aplicações das ondas electromagnéticas.
Electromagnetismo F0084 128

Unidade 23
TEMA: Equções de Maxwell
Introdução
As Equações de Maxwell são um grupo de quatro equações, assim chamadas em honra de James
Clerk Maxwell, que descrevem o comportamento dos campos eléctrico e magnético, bem como suas
interações com a matéria. Maxwell, em 1864, foi o primeiro a colocar todas as quatro equações juntas
e perceber que era necessário uma correção na lei de Ampère: alterações no campo eléctrico actuam
como correntes elétricas, produzindo campos magnéticos.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Explicar duma forma geral, a origem das equações de Maxwell;
Objectivos  Deduzir as equações de Maxwell
 Resolver exercícios.

23.1. Caso Geral

As quatro equações de Maxwell expressam, respectivamente, como cargas eléctricas produzem


campos eléctricos (Lei de Gauss), a ausência experimental de cargas magnéticas, como corrente
eléctrica produz campo magnético (Lei de Ampère), e como variações de campo magnético produzem
campos eléctricos (Lei da indução de Faraday). Além disso, Maxwell mostrou que as quatro equações,
com sua correcção, predizem ondas de campos magnéticos e eléctricos oscilantes que viajam através
do espaço vazio na velocidade que poderia ser predita de simples experiências elétricas—usando os
dados disponíveis na época, Maxwell obteve a velocidade de 310.740.000 m/s .

Maxwell (1865) escreveu:

Esta velocidade é tão próxima da velocidade da luz que parece que temos fortes motivos para concluir
que a luz em si (incluindo calor radiante, e outras radiações do tipo) é uma perturbação
electromagnética na forma de ondas propagadas através do campo electromagnético de acordo com
as leis electromagnéticas.
Electromagnetismo F0084 129

Maxwell estava correcto em sua hipótese, embora ele não tenha vivido para ver sua comprovação por
Heinrich Hertz em 1888.

No final do século XIX, por causa do surgimento da velocidade, nas equações, as


equações de Maxwell foram tidas como servindo apenas para expressar o electromagnetismo no
referencial inercial do éter luminífero (o meio postulado para a luz, cuja interpretação foi
consideravelmente debatida).

Muitas investigações culminam na teoria de Albert Einstein da relatividade especial, que postulava a
ausência de qualquer referencial absoluto e a invariância das equações de Maxwell em todos os
referenciais.

As equações do campo eletromagnético têm uma íntima ligação com a relatividade especial: as
equações do campo magnético podem ser derivadas de considerações das equações do campo
elétrico sob transformações relativísticas sob baixas velocidades.

23.2. Equações de Maxwell (forma de diferencial)

A seguir, derivaremos as equações de Maxwell na forma diferencial a partir da forma integral. Para
este fim, faremos uso dos teoremas de Gauss e Stokes discutidos na seção anterior.

James Clerk Maxwell

Lei de Gauss (eletrostática)

Podemos rescrever a lei de Gauss, para a eletrostática, em função de uma densidade de carga
volumétrica, como a seguir:

,
Electromagnetismo F0084 130

onde é a densidade de carga volumétrica e V é o volume no interior da superfície gaussiana. Usando


o teorema de Gauss, o qual correlaciona uma integral de superfície com uma integralde volume, temos
que,

Comparando os lados direitos das duas equações acima encontramos,

como esta igualdade é verdadeira para qualquer volume, então o integrando da equação deve ser
nulo, isto é

. (1)

Esta equação corresponde à lei de Gauss na forma diferencial. Isto significa que, se o divergente do
campo elétrico é não nulo, então, deve existir campos elétricos na região resultantes de carga total
não nula.

Carl F. Gauss

Lei de Gauss (magnetostática)

A lei de Gauss para a eletrostática é igual a

(2)

Usando o teorema de Gauss, como no caso anterior, encontramos a seguinte equação para a
magnetostática,

(3)
Electromagnetismo F0084 131

Desta equação tiramos as seguintes conclusões; os campos magnéticos não divergentes e não
existem monopolos magnéticos.

Lei de Faraday

Fazendo uso do teorema de Stokes derivaremos a lei de Faraday na forma diferencial.

Sabemos que o teorema de Stokes relaciona uma integral de caminho com a integral de superfície
aberta delimitada por este caminho.

Comparando os lados direitos das duas últimas equações temos que,

Como a integração é válida para qualquer superfície, então a integral será sempre nula quando o
integrando for igual a zero. Isto é,

. (4)

Esta equação representa a lei de Faraday na forma diferencial. Desta equação, concluímos que
campos magnéticos variáveis no tempo gera campos elétricos do tipo rotacionais. Estes campos
elétricos diferem daqueles gerados por cargas elétricas estáticas, os quais, são sempre divergentes.
Isto explica o fato da integral do campo elétrico, em um caminho fechado ser diferente se zero. Em
resumo, podemos dizer que os campos rotacionais têm integral de circuitação não nula.
Electromagnetismo F0084 132

Michael Faraday

Lei de Ampère

A lei de Ampère na forma integral tem a forma;

O teorema de Stokes fornece-nos uma relação entre uma integral de circuitação e uma integral de
superfície aberta como a seguir,

Igualando os dois lados direitos das equações acima temos que,

Para que esta igualdade seja verdadeira para qualquer superfície é necessário que seu integrando
seja nulo. Isto é,

. (5)
Electromagnetismo F0084 133

Esta equação representa a lei de Ampère na forma diferencial. Dela, concluímos que campos elétricos
variáveis no tempo, assim como correntes elétricas, produzem campos magnéticos. Estes campos
magnéticos são, como esperado, do tipo rotacional.

André-Marie Ampère

As equações de Maxwell, na forma diferencial, podem ser resumidas como se seguem:

(6)

Destas equações podemos concluir que ;

 Os campos elétricos criados por cargas elétricas são divergentes ou convergentes.


 Os campos magnéticos são rotacionais, isto é, não existem monopolos magnéticos.
 Campos magnéticos variáveis no tempo geram campos elétricos rotacionais.
 Campos elétricos variáveis no tempo geram campos magnéticos rotacionais.

Correntes elétricas ou cargas em movimento geram campos magnéticos.

Sumário
Das equações de Maxwell podemos concluir que ;

 Os campos elétricos criados por cargas elétricas são divergentes ou convergentes.


 Os campos magnéticos são rotacionais, isto é, não existem monopolos magnéticos.
 Campos magnéticos variáveis no tempo geram campos elétricos rotacionais.
Electromagnetismo F0084 134

 Campos elétricos variáveis no tempo geram campos magnéticos rotacionais.

Correntes elétricas ou cargas em movimento geram campos magnéticos.

Nome Diferencial parcial Integral Forma integral

Lei de Gauss:

Lei de Gauss para o


magnetismo (ausência de
monopolos magnéticos):
Lei da indução de
Faraday:

Lei de Ampère + extensão


de Maxwell:

Exercícios
1. Explique a origem em que se fundamentam as equações de Maxwell
2. Escreva as 4 equações de Maxwell e demonstre a sua dedução.
Electromagnetismo F0084 135

Unidade 24
TEMA: Equação de Onda
Electromagnética
Introdução
A seguir, mostraremos que campos magnéticos e elétricos variáveis no tempo, podem gerar ondas
eletromagnéticas. Para demonstrar que as equações de Maxwell levam, inevitavelmente, a ondas
eletromagnéticas, é necessário fazer uso das e equações de Maxwell na forma diferencial. Por
simplicidade, estudaremos a propagação da onda eletromagnética no vácuo. Limitaremos a este caso
particular devido as dificuldades matemáticas para resolver um sistema de equações de onda.

Ao completar esta unidade, o estudante deve ser capaz de:


 Escrever e deduzir a equação da onda electromagnética;

Objectivos  Interpretar e conhecer a equação de velocidade de uma onda


electromagnética.
 Resolver exercícios

24.1. A Equação da Onda Electromagnética

Devido ao facto de não existirem cargas elétricas e correntes no vácuo, as equações de Maxwell
assumem a seguinte forma:

(1)

Tomando o rotacional do lado esquerdo da equação de Faraday teremos,


Electromagnetismo F0084 136

pois, o divergente de E é nulo no caso do vácuo. Por outro lado, temos que;

Podemos proceder de forma análoga ao caso anterior e aplicar o operador rotacional em


ambos os lados da lei de Ampère. No caso do lado esquerdo obtemos,

e para o lado direito da equação teremos,

Os resultados obtidos, tanto para a lei de Faraday quanto para a lei de Ampère, conduzem as
equações que se seguem;

(2)

Estas equações são conhecidas como as equações de propagação das ondas eletromagnéticas. No
caso geral, suas soluções são complexas pois temos que resolver,simultaneamente, um sistema de
seis equações diferenciais de segunda ordem, no espaço e tempo, como a seguir;

Campo elétrico

(3)

Campo magnético
Electromagnetismo F0084 137

(4)

Para simplificar o estudo do sistema de equações acima, restringiremos a um caso particular, cuja
solução seja relativamente simples. Isto não invalidará os resultados obtidos pois suas soluções valem
para qualquer caso.

Inicialmente, vamos supor que é possível estabelecer campos elétricos e magnéticos que satisfaçam
as condições: campo elétrico uniforme que tenha apenas uma componente na direção y e campo
magnético uniforme apontando na direção z. Ou seja, E(x,t) e B(x,t), dependentes do tempo e de uma
coordenada. Queremos com isto estudaro comportamento da velocidade de uma onda
eletromagnética.

Sejam os campos elétricos e magnéticos dados por,

Substituindo estes campos nas equações de onda acima encontramos,

Soluções para este conjunto de equações são do tipo;

(5)

24.2. Velocidade de uma Onda Eletromagnética

Um dos resultados mais importantes advindo da formulação de Maxwell para o eletromagnetismo é a


existência de ondas eletromagnéticas. Mostraremos que as equações de Maxwell são suficientes para
descrever este fenômeno.

Inicialmente, substituiremos as expressões encontrados acima para os campos elétricos e magnéticos


na expressão da lei de Faraday que se segue:
Electromagnetismo F0084 138

Substituindo as equações para os campos elétricos e magnéticos, obtidos pela equação de onda
temos que,

As equações acima permitem-nos concluir que,

(6)

Procedendo de forma equivalente, substituímos os campos E e B na lei de Ampère. Assim,

ou

de onde tiramos que,

Comparando com o resultado equivalente, obtido via lei de Faraday, temos,

Temos também que,


Electromagnetismo F0084 139

Então, a velocidade da onde eletromagnética é uma constante e independente doreferencial, cujo


valor para o vácuo é,

. (7)

Esta velocidade é de aproximadamente 299729,5 km/seg., a qual é exatamente a velocidade da luz


medida no vácuo.

A simulação abaixo representa a propagação de uma onda eletromagnética


na direção Z. Veja que os campos E e B são sempre ortogonais.

Fig.1 : - Propagação de uma onda eletromagnética

Destas análises, podemos concluir que os campos elétrico e magnético se propagam no espaço com
velocidade constante e independente do referencial.

Nos anos que precederam as unificação da teoria de Maxwell, os físicos consideravam que a teoria da
luz não estava relacionada à teoria da eletricidade e magnetismo. Maxwell mostrou com sua teoria
unificada, não só o comportamento ondulatório do eletromagnetismo como também que as ondas
eletromagnéticas são geradas sempre que cargas elétrica forem aceleradas. Portanto, ele foi capaz de
explicar o fato de que as ondas eletromagnéticas seriam radiadas por qualquer circuito no qual
correntes alternadas fluem. Esses resultados foram confirmados através do primeiro transmissor-
receptor de rádio, construído por Hertz em 1887, logo após a morte de Maxwell.
Electromagnetismo F0084 140

Sumário
As ondas eletromagnéticas geradas por campos, da forma demonstrada nas equações acima, são
denominadas ondas planas. Como os campos E e B são transversais à direção de propagação da
onda, elas devem ser do tipo transversais. Neste aspecto, elas são análogas às ondas geradas em
uma corda de instrumento musical. As ondas geradas por E e B, neste caso, são do tipo linearmente
polarizadas e monocromáticas, mas em geral as ondas eletromagnéticas são não planas, não
polarizadas e policromáticas.

Exercícios
1. Escreva as equações da onda electromagnética, e demonstre a sua dedução.
2. Deduza a expressão de velocidade para uma onda electromagnética.
Electromagnetismo F0084 141

Bibliogragia
1. Alcina do Aido, Maria Pontes, Maria Martins, Maria Bastos, Maria Pereira, Maria Leitão, Rómulo de
Carvalho. Física para o 2º ano do Curso Complementar do Ensino Secundário.Livraria Sá da
Costa Editora. Lisboa. 1985.
2. Anastácio Vilanculos e Rogério Cossa. Física 11ª Classe. Texto Editores. Maputo. 2005.
3. Pauli. Farid. Simão. Física Básica 4. Electricidade e Magnetismo. Editora Pedagógica e
Universitária Ltda. São Paulo. 1981.
4. Vladimir Lógvinov, Ivan Kolbin, Ivanor Nunes de Oliveira. Electricidade e Magnetismo.
Universidade Eduardo Mondlane. Divisão gráfica da UEM. Maputo. 1985.
5. www.geocities.ws/.../funciona/transformador.html, Setembro de 2011.

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