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Manual de Curso de licenciatura em Ensino de

Química

Química Técnica
Q0077

A Química Transformadora

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino `a Distância
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de
Ensino `a Distância (CED) e contêm reservados todos os direitos. É proibida a
duplicação ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer
formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou
outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino `a Distância). O não cumprimento desta advertência é
passível a processos judiciais.

Elaborado Por Carlos Alberto Morais


Licenciado em Ensino de Química pela Universidade
Pedagógica - Delegação da Beira.
Responsável Pelo Laboratório de Inspecção do Pescado de Sofala
Colaborador e Docente do Centro de Ensino à Distância
Universidade Católica de Moçambique.

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino `a Distância-CED
Rua Correira de Brito No 613-Ponta-Gêa

Moçambique-Beira
Telefone: 23 32 64 05
Cel: 82 50 18 44 0
Fax:23 32 64 06
E-mail:ced@ucm.ac.mz
Website: www..ucm.ac.mz
Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino `a Distância e o autor do
presente manual, dr. Carlos Alberto Morais, agradecem a colaboração dos seguintes
indivíduos e instituições na elaboração deste manual.

Pela contribuição do conteúdo. dr. Sérgio D. Artur, Coordenador & docente


de Cursos de Química e Biologia & dr.
Osvaldo Jorge Brito Rupias, Assistente
Coordenador do curso de Química.

dr. Carlos Alberto Morais docente de Cursos


de Química e Biologia do CED-UCM & dr.
Ilustração e maquetização
Sérgio D. Artur, Coordenador & docente de
Cursos de Química e Biologia no CED-UCM

Pela revisão linguística dr. Carlos Alberto Morais docente de Cursos


de Química e Biologia do CED-UCM & dr.
Osvaldo Jorge Brito Rupias.
Química Técnica. A Química Transformadora i

Índice
Visão geral 1
Bem-vindo a Química Técnica .................................................................................. 1
A Química Técnica é uma ciência que se ocupa com o processo de
investigação de Leis, Normas e Princípios que regem a transformação das
substâncias . ............................................................................................................... 1
Objectivos da cadeira ................................................................................................. 1
Quem deveria estudar esta cadeira.......................................................................... 1
Como está estruturado este módulo......................................................................... 1
Ícones de actividade................................................................................................... 2
Acerca dos ícones 3
Habilidades de estudo................................................................................................ 3
Precisa de apoio? ....................................................................................................... 3
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)........................................................................ 4
Avaliação ..................................................................................................................... 4

Unidade no. 01- Q0072 7


Tema: INTRODUÇÃO DA CADEIRA ....................................................................... 7
Introdução 7
1.1. Conceito ............................................................................................................... 7
1.2.Objecto de estudo ................................................................................................ 7
1.3.Importância e tarefas ........................................................................................... 7
Exercícios .................................................................................................................. 10

Unidade no 2. Q0072 11
Tema: TECNOLOGIA QUIMICA ............................................................................. 11
Introdução 11
2.1. Conceito ............................................................................................................. 11
2.1.Conceito .............................................................................................................. 11
2.2. Origens da Tecnologia...................................................................................... 12
Exercícios .................................................................................................................. 15

Unidade no.3-Q0072 17
Tema: INDUSTRIA QUÍMICA ................................................................................. 17
Introdução 17
3.1. Conceito ............................................................................................................. 17
3.1. Conceito ............................................................... Error! Bookmark not defined.
3.1.1. Economia Industrial 19
3.1.2 Industria Química como Transformadora da Matéria-prima 19
Química Técnica. A Química Transformadora ii

3.2. Matéria-prima..................................................................................................... 19
3.3. Processo Químico Tecnológico ....................................................................... 20
Exercícios .................................................................................................................. 22

Unidade no. 4-Q0072 23


Tema: MEIOS DE COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE ........................................... 23
Introdução.................................................................................................................. 23
4.1. Conceito de meios de comunicação ............................................................... 23
4.2. Conceito de transporte ..................................................................................... 24
4.3. Tipos de transporte ........................................................................................... 24
4.4. Industria Química e Transporte e Comunicação............................................ 25
4.5 As cidades e as Fábricas na Revolução Industrial ......................................... 26
4.6 Os grandes avanços tecnológicos da Revolução Industrial .......................... 27
Exercícios .................................................................................................................. 29

Unidade no.5-Q0072 31
Tema: O TRABALHO ............................................................................................... 31
Introdução 31
Ao completar esta unidade você será capaz de: 31
5.1. Conceito ............................................................................................................. 31
A 5.1.Conceito............................................................. Error! Bookmark not defined.
5.2.Divisão do trabalho ............................................................................................ 32
5.3.Tipos de Trabalho .............................................................................................. 32
5.4.Métodos de trabalho .......................................................................................... 32
6.4.1. Método de Trabalho Contínuo 32
5.4.2. Método de Trabalho Descontínuo 33
5.5. Princípios de trabalho ....................................................................................... 33
5.5.1. Princípio de contra corrente 33
5.5.3. Princípio de turbilhão 34
5.5.4. Princípio regenerativo 35

Unidade no. 6 - Q0077 37

TEMA: REACTORES 37
Introdução 37
6.1. Conceito ............................................................................................................. 37
6.1.Conceito ................................................................ Error! Bookmark not defined.
6.2. Classificação dos Reactores ............................................................................ 38
6.2.1.Reactor descontínuo ou de partida 38
6.2.2.Reactor Contínuo: 39
6.2.3.Reactor Tubular 39
6.2.4. Reactor Semi-contínuo ou Semi-Descontínuo 40
Química Técnica. A Química Transformadora iii

6.3. Baterias de Reactores ...................................................................................... 40


6.3.1. Bactérias de Reactores Contínuos 41
6.3.2.Principio de Projecto de Reactores 41
6.3.4. Equações 42
6.3. 4.1. Equação de balanço massiço material 42
6.3.4.2. Equação de balanço massiço energético p/ volume 43
6.3.4.3. Equação Cinética 43
Exercícios .................................................................................................................. 43

Unidade no.7-Q0077 44
Tema: PRINCÍPIOS TECNOLÓGICOS .................................................................... 44
Introdução 44
7.1. Conceito ............................................................................................................. 44
7.1. Conceito ............................................................... Error! Bookmark not defined.
7.2. Processos/operações físicos – químicos ........................................................ 45
7.2.1. Fenómenos físicos 45
7.2.2. Fenómeno químico 45
7.2.3. Tipos de operações Físicas 46
7.2.3.1.Filtração 46
7.2.3.2.Dissolução 46
7.2.3.3. Moagem 46
7.2.3.4.Trituração 46
7.2.3.5. Fusão 46
7.2.3.6. Britagem 46
7.2.3.7. Divisão 46
7.2.3.8. Decantação 47
7.2.3.9. Lavagem 47
7.2.3.10. Vaporização 47
7.2.4. Tipo de operação físico-químico 47
7.2.4.1. Destilação 47
7.2.4.2. Extracção 47
7.2.4.2.1. Descontinua 47
7.2.4.2.2. Continua 47
7.2.4.2.3. Electrólise de Solucao Aquosa 48

7.2.4.3. Adsorção 48
7.2.4.3.1. Física 48
7.2.4.3.2. Química 48

7.2.5. Reacções Químicas com Base nos Processos Químicos-tecnicos Típicos 49


7.2.5.1. Insecticida Inorgânicos 49
Química Técnica. A Química Transformadora iv

7.2.5.2. Aditivo alimentar (Sacarina) 49


7.2.5.3. Fabricação de Detergente 49
7.3. Outras operações fundamentais no Tratamento da Matéria-Prima ............. 49
7.3.1. Técnica de Produção 50
7.3.2. Métodos de Transmissão de calor no Processo de Produção Industrial 51
Exercícios .................................................................................................................. 52

Unidade no.8-Q0072 54
Tema: CARVÃO........................................................................................................ 54
Introdução 54
8.1. Conceito ............................................................................................................. 54
8.2. Métodos para determinação da composição ................................................. 54
8.2.1. Análise elementar 54
8.2.2. Análise aproximada 55
8.3. Classificação...................................................................................................... 55
8.3.1. Carvões artificiais 55
8.3.1.1. Carvão Vegetal 55
8.3.1.2. Coque 56
Processo de produção ............................................................................................. 56
8.3.1.3. Carvão das retortas 58
8.3.1.4. Carvão mineral 58
8.3.1.5.Carvão de açucar 59
8.3.1.6. Negro – de – fumo 59
8.3.2. Carvões naturais ou minerais 59
8.3.2.1. Turfa 59
8.3.2.2. Lenhite 60
8.3.2.3. Hulha 60
8.3.2.4. Antracite 61
Exercícios .................................................................................................................. 61

Unidade no.9-Q0077 62
Tema: GÁS NATURAL ............................................................................................. 62
Introdução 62
Química Técnica. A Química Transformadora v

9.1. Conceito ............................................................................................................. 62


9.2.Composição ........................................................................................................ 63
9.3. Actores da Cadeia de Gás Natural.................................................................. 63
9.4. Exploração ......................................................................................................... 63
9.5. Produção ............................................................................................................ 64
9.5.1. Acondicionamento 65
9.5.2. Processamento 65
9.6. Transporte.......................................................................................................... 66
Exercícios .................................................................................................................. 66

Unidade no.10-Q0072 67
Tema: PETRÓLEO ................................................................................................... 67
Introdução 67
10.1. Caracterização ................................................................................................ 67
10.1. Conceito ............................................................. Error! Bookmark not defined.
10.2.Origens da indústria petrolífera ...................................................................... 69
Fig. 22. Instalação petrolífera .................................................................................. 69
Fig. 23. Depósito petrolífero .................................................................................... 69
10.3. Geologia ........................................................................................................... 70
10.4. Constituintes da destilação do petróleo ........................................................ 70
Exercícios .................................................................................................................. 70

Unidade no.11-Q0077 71
Tema: PROCESSO DE PRODUÇÃO DE AÇUCAR .............................................. 71
Introdução 71
11.1. Conceito ........................................................................................................... 71
11. 2. Tipos de açúcar.............................................................................................. 72
11.2.1. Monossacarídeos: 72
11.2.2. Dissacarídeos: 72
11.2.3. Trissacarídeos: 72
11.2.4. Políssacarídeos: 72
11. 3. Etapas de produção....................................................................................... 72
Exercícios .................................................................................................................. 76

Unidade no.12-Q0077 77
Tema: PRODUÇÃO DE FERRO E AÇO ................................................................... 77
Introdução.................................................................................................................. 77
12.1. Caracterização ................................................................................................ 77
12.1. Fornos Primitivos ............................................................................................ 79
12.2. Desenvolvimento dos altos-fornos ................................................................ 80
12.3. Matérias-primas da indústria siderúrgica ...................................................... 81
12.3.1.Minério de ferro 81
Química Técnica. A Química Transformadora vi

12.3.1.1. Beneficiamento do minério de ferro 81


12.3.1.2. Sinterização 81
12.3.1.3.Pelotização 82
12.3.2. Carvão 82
12.3.3. Fundente 82
12.4. Produção do ferro Gusa: Alto-forno .............................................................. 82
12.3.1.Operação do alto-forno 84
12.3.2.Reações químicas 84
12.3.3. Reações químicas de redução do minério de ferro 86
12.4. Produtos do alto-forno .................................................................................... 87
12.5. Fabricação do aço........................................................................................... 88
12.6. Processos pneumáticos ................................................................................. 89
12.7. Reacções químicas de oxidação do ferro gusa ........................................... 89
12.8. Processos eléctricos ....................................................................................... 90
12.9. Processos de redução directa ....................................................................... 91
Exercícios .................................................................................................................. 93

Unidade no.13-Q0072 94
Tema: PRODUÇÃO DE ALUMÍNIO ........................................................................ 94
Introdução.................................................................................................................. 94
13.1. Caracterização ................................................................................................ 94
13.3. Processo de Refinaria .................................................................................... 96
A refinaria é ............................................................................................................... 96
13.4. Redução do alumínio ...................................................................................... 98
13.5. Laminação ..................................................................................................... 100
13.5.1. Laminação a quente 101
13.5.2. Laminação a frio 102
Exercícios ................................................................................................................ 104

Unidade no.14-Q0077 105


Tema: PRODUÇÃO DE CIMENTO ...................................................................... 105
Introdução................................................................................................................ 105
14.1. Conceito ......................................................................................................... 105
14.1.1. História ........................................................................................................ 105
14.2.1. Clínquer 106
14.2.2. Gesso 107
14.2.3. Escória siderúrgica 107
14.2.4. Argila pozolânica 107
14.2.5. Calcário 108
Química Técnica. A Química Transformadora vii

14.2. Matéria - Prima ............................................................................................ 109


14.3. Processo de produção .................................................................................. 109
14.3.1. Mineração 109
Clínquer 109
14.4. Combustíveis ................................................................................................ 113
14.3.2. Processo de clinquerização 114
14.4. PRODUÇÃO CIMENTO ............................................................................... 118
14.4.1.HIDRATAÇÃO DO CIMENTO 118
14.4.2. REAÇÕES QUÍMICAS 119
14.4.3. TIPOS DE CIMENTO MAIS COMUNS (Tabela 7) 120
Exercícios ................................................................................................................ 121

Unidade no.15-Q0077 122


Tema: PRODUÇÃO DO ÁCIDO SULFÚRICO .................................................... 122
Introdução................................................................................................................ 122
15.1. Conceito ......................................................................................................... 122
15.2. História ........................................................................................................... 123
15.3. Formas do Ácido Sulfúrico ........................................................................... 126
15.4. Polaridade e condutividade 127
15.5.Propriedades químicas .................................................................................. 127
15.5.1.Reação com a água 127
15.5.2.Outras reações do ácido sulfúrico 128
Química Técnica. A Química Transformadora viii

15.6. Produção industrial ....................................................................................... 129


Exercícios ................................................................................................................ 131

Unidade no.16-Q0077 132


Tema: PROCESSO DE PRODUÇÃO DE PAPEL................................................. 132
Introdução................................................................................................................ 132
16.1. Conceito ......................................................................................................... 132
16.2. História ........................................................................................................... 132
16.3. Matéria-prima ................................................................................................ 133
16.4. Produção........................................................................................................ 134
16.4.3.Resumo do processo produtivo................................................................. 135
16.6. Tipos de papel ............................................................................................... 136
Exercícios ................................................................................................................ 137

Unidade no.17-Q0072 138


Tema: Processo de produção de Vinho ............................................................... 138
Introdução................................................................................................................ 138
17.1. Conceito ......................................................................................................... 138
17.2. Maiores produtores ....................................................................................... 139
17.3. O processo de produção e fermentação ................................................... 139
17.3.1 A vindima (colheita) 140
17.3.2. O esmagamento 140
17.3.3. A fermentação 140
17.3.4. Fermentação tumultuosa 140
17.3.5. Fermentação lenta 141
17.3.6. Filtragem 141
17.3.7. Envelhecimento 141
17.4. Classificação dos vinhos .............................................................................. 141
17.4.1. Quanto à classe 141
17.4.2. Quanto à cor 142
17.4.3. Quanto ao teor de açúcar 142
17.4.4. Quanto à variedade da uva 143
Química Técnica. A Química Transformadora ix

Exercícios ................................................................................................................ 143

Unidade no.18-Q0077 144


Tema: PRODUÇÃO DE CERVEJA ...................................................................... 144
Introdução................................................................................................................ 144
18.1. Conceito ......................................................................................................... 144
18.2.História ............................................................................................................ 144
18.3. Preparação .................................................................................................... 146
18.4. Tipos de cerveja ............................................................................................ 147
Exercícios ................................................................................................................ 147

Unidade no.19-Q0077 148


Tema: PRODUÇÃO DE VIDRO ............................................................................ 148
Introdução................................................................................................................ 148
19.1. Conceito ......................................................................................................... 148

19.1. Conceito Error! Bookmark not defined.


19.2. História ........................................................................................................... 149
19.3. Composição ................................................................................................... 150
19.4. Fabricação ..................................................................................................... 151
19.6. Principais características .............................................................................. 154
Exercícios ................................................................................................................ 155

Unidade no.20-Q0077 157


Tema: PRODUÇÃO DE TINTAS E VERNIZES................................................... 157
Introdução................................................................................................................ 157
20.1. Conceito ......................................................................................................... 157
20.2 Solventes 158
Exercícios ................................................................................................................ 163

Unidade no.21-Q0072 164


Tema: PLÁSTICOS ................................................................................................. 164
Introdução................................................................................................................ 164
21.1. Caracterização .............................................................................................. 164
Exercícios ................................................................................................................ 168

Unidade no.22-Q0072 169


Tema: RECICLAGEM ............................................................................................ 169
Introdução................................................................................................................ 169
22.2. Tipos de reciclagem 172
Química Técnica. A Química Transformadora x

Exercícios ................................................................................................................ 173

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 174


Química Técnica. A Química Transformadora 1

Visão geral

Bem-vindo a Química Técnica

A Química Técnica é uma ciência que se ocupa com o


processo de investigação de Leis, Normas e Princípios que
regem a transformação das substâncias .

Esta cadeira permitirá que o estudante compreenda a


interligação da Química como ciência, transformadora de
substâncias, a indústria e a Química como disciplina escolar.

Objectivos da cadeira
Ao terminar a cadeira da Química Técnica, o estudante
deverá ser capaz de:

 Aplicar os conhecimentos da Química Técnica;


 Explicar os diversos processos de produção;
 Reconhecer as diversas aplicações das substâncias;

Objectivos  Descrever a matéria-prima fundamental em cada processo


de produção;
 Descrever a relação entre a indústria e o meio ambiente;
 Analisar as equações das reacções químicas presentes
em cada processo.

Quem deveria estudar esta cadeira


Este manual de Química Técnica foi concebido para todos
aqueles que estejam a frequentar o curso de Licenciatura
em Ensino de Química, ministrados no Centro de Ensino à
Distância – Universidade Católica de Moçambique.

Como está estruturado este


módulo
Todos os manuais das cadeiras dos cursos oferecidos pela
Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino `a
Química Técnica. A Química Transformadora 2

Distância (UCM-CED) encontram-se estruturados da


seguinte maneira:

Páginas introdutórias
 Um índice completo.
 Uma visão geral detalhada da cadeira, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para
completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia
esta secção com atenção antes de começar o seu
estudo.

Conteúdo da cadeira
A cadeira está estruturada em unidades de aprendizagem.
Cada unidade incluirá, o tema, uma introdução, objectivos da
unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de
aprendizagem e uma ou mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais,
apresentamos uma lista de recursos adicionais para você
explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites
na internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas específicas de avaliação para esta cadeira,
encontram-se no final de cada unidade e as tarefas gerais
poderão ser acessadas no fim do módulo. Sempre que
necessário, dão-se folhas individuais para desenvolver as
tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do manual.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer
comentários sobre a estrutura e o conteúdo da cadeira. Os
seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e
melhorar este manual.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar
diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar
uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa,
uma mudança de actividade, etc.
Química Técnica. A Química Transformadora 3

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos,
conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no povo
Ashante de África Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam
hoje em dia.

Habilidades de estudo
Caro estudante, procure olhar para você em três dimensões
nomeadamente: O lado social, profissional e académico, dai ser
importante planificar muito bem o seu tempo.
Procure reservar no mínimo 2 (duas) horas de estudo por dia e
use ao máximo o tempo disponível nos finais de semana. Lembre-
se que é necessário elaborar um plano de estudo individual, que
inclui, a data, o dia, a hora, o que estudar, como estudar e com
quem estudar (sozinho, com colegas, outros).
Evite o estudo baseado em memorização, pois é cansativo e não
produz bons resultados, use métodos mais activos, procure
desenvolver suas competências mediante a resolução de
problemas específicos, estudos de caso, reflexão, etc.
Os manuais contêm muita informação, algumas chaves, outras
complementares, dai ser importante saber filtrar e apresentar a
informação mais relevante. Use estas informações para a
resolução dos exercícios, problemas e desenvolvimento de
actividades. A tomada de notas desempenha um papel muito
importante.
Um aspecto importante a ter em conta é a elaboração de um
plano de desenvolvimento pessoal (PDP), onde você reflecte
sobre os seus pontos fracos e fortes e perspectivas o seu
desenvolvimento.
Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega, você é o
responsável pela sua própria aprendizagem e cabe a ti planificar,
organizar, gerir, controlar e avaliar o seu próprio progresso.

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza de que por uma ou por outra
situação, o material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida
(falta de clareza, alguns erros de natureza frásica, prováveis erros
ortográficos, falta de clareza conteudística, etc.). Nestes casos,
contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a
situação e se estiver próximo do tutor, contacte-o pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai
o estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o
tutor, usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Química Técnica. A Química Transformadora 4

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso


de problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser
contactado, numa fase posterior contacte o coordenador do curso
e se o problema for da natureza geral, contacte a direcção do
CED, pelo número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas
normais de expediente.
As sessões presenciais são um momento em que você caro
estudante, tem a oportunidade de interagir com todo o staff do
CED, neste período pode apresentar dúvidas, tratar questões
administrativas, entre outras.
O estudo em grupo, com os colegas é uma forma a ter em conta,
busque apoio com os colegas, discutam juntos, apoiem-me
mutuamente, reflictam sobre estratégias de superação, mas
produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva
suas competências.
Juntos na Educação `a Distância, vencendo a distância.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades
e auto-avaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas
é importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser
entregues antes do período presencial.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação
do estudante.
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem
ser dirigidos ao tutor/docentes.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa,
contudo os mesmos devem ser devidamente referenciados,
respeitando os direitos do autor.
O plagiarísmo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8
(oito) palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A
honestidade, humildade científica e o respeito pelos direitos
autorais devem marcar a realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do
curso) e o período presencial (20%). A avaliação do estudante é
regulamentada com base no chamado regulamento de avaliação.
Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo
individual, concorrem para os 25% do cálculo da média de
frequência da cadeira.
Química Técnica. A Química Transformadora 5

Os testes são realizados durante as sessões presenciais e


concorrem para os 75% do cálculo da média de frequência da
cadeira.
Os exames são realizados no final da cadeira e durante as
sessões presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos
40% da média de frequência, determinam a nota final com a qual
o estudante conclui a cadeira.
A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da
cadeira.
Nesta cadeira o estudante deverá realizar: 2 (dois) trabalhos; 1
(um) teste e 1 (exame).
Não estão previstas quaisquer avaliações orais.
Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão
utilizadas como ferramentas de avaliação formativa.
Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em
consideração: a apresentação; a coerência textual; o grau de
cientificidade; a forma de conclusão dos assuntos, as
recomendações, a indicação das referências utilizadas, o respeito
pelos direitos do autor, entre outros.
Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.
Consulte-os.
Alguns “feedbacks” imediatos estão apresentados no manual.
Química Técnica. A Química Transformadora 7

o
Unidade n . 01- Q0077
Tema: INTRODUÇÃO DA
CADEIRA
Introdução
Abordagem da Química Técnica no nosso quotidiano é deveras
fundamental, pois, permite ter noções fundamentais da aplicação
da Química como ciência transformadora.
Nesta unidade, ir-se-á destacar aspectos meramente de conceitos
fundamentais, dos quais o estudante deve saber e/ou conhecer:
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar a Química técnica.


 Identificar o objecto de estudo da Química Técnica.

Objectivos  Distinguir a importância e tarefas da Química Técnica

1.1. Conceito
A Química Técnica é uma ciência que estuda os processos de
investigação de Leis, Normas e Princípios que regem a
transformação das substâncias químicas em outras.

1.2.Objecto de estudo

A Química técnica - estuda os processos químicos-tecnicos de


transformação de substâncias na produção industrial, seja de
pequena escala ou de grande escala.

1.3.Importância e tarefas

A civilização moderna depende da produção dos bens de


consumo, e muitas das suas fases, envolvem transformações
químicas que se traduzem em:
Química Técnica. A Química Transformadora 8

 Fabricação de matérias-primas de natureza mineral;


 Recolhendo os minérios existentes na crusta terrestre,
isola os metais para o fabrico de máquinas, automóveis,
aviões, utensílios da cozinha, etc
 Extraindo o petróleo e carvão, submete-os a
transformações para preparar não só combustíveis, mas
também outros produtos intermédios (borracha sintética,
plásticos, corantes, etc);
 Fabricação de produtos de origem vegetal e animal;
 Produção de roupas, pois, elas são feitas, por exemplo, de
algodão (origem vegetal) ou de lá (origem animal). Para
além disto, utiliza-se também as fibras sintéticas, tais como
nylon e o polyester – produtos sintetizados pelos químicos;
 Colhendo cereais, nomeadamente cevada, o químico
prepara a cerveja, cujo aroma e sabor amargo tradicionais
se devem à presença do lúpulo (planta trepadeira);
 A dependência que agricultura tem em relação aos
pesticidas, fertilizantes e adubos;
 A exigência, imposta pela indústria química, em análises
químicas para o controlo de qualidade e adição de
conservantes, aromatizantes e corantes;
 A modificação da madeira para o uso em várias
finalidades;
 Obtendo a madeira das árvores, submete a
transformações de forma a fabricar papel e outros
mobiliários;
 Construção de infra-estruturas, sobretudo, as casas onde
habitamos não são apenas feitas de madeira e pedra, mas
também de ferro, aço, cimento, tijolos, vidro, tintas, que
resultam do trabalho de processos químicos;
 Produção de medicamentos;
 Existência de meios de comunicação e transporte;
 A evolução do telefone, da rádio e da TV deve-se aos
progressos alcançados nos últimos anos. Actualmente são
utilizados novas tecnologias, tais como computadores,
comunicações via satélite, telefones celulares, etc.
Estas acções expandem-se até aos aviões modernos que constitui
uma obra – prima do desenvolvimento científico e técnico.
Outrossim, a viagem à lua tornou-se possível porque o homem
aprendeu a construir gigantescos foguetões que desenvolvem
enormes velocidades, entre outros.
Química Técnica. A Química Transformadora 9

Portanto, a Química Técnica ocupa um lugar muito importante no


sistema de ciências visto que ela estabelece ligações entre as
ciências (Química, Física, Matemática técnica e economia).

Investiga também as leis que determinam a economia e a


produtividade económica, aquisição de produto, gastando,
contudo, pouca matéria-prima, pouca energia para a produção de
maiores quantidades de produto desejado.

A Química técnica, como ciência que se dedica aos processos de


transformação, ela tem, por si, as seguintes tarefas:

 Analisar a composição de alimentos, fármacos e outros


produtos, bem como fazer o seu controlo de qualidade;
 Melhorar as condições de vida, sintetizando materiais
diversificados;
 Explorar propriedades de certos materiais para aplicar em
novas tecnologias e na medicina;
 Aperfeiçoar e melhorar os meios de comunicação;
 Descobrir as origens do universo e a sua evolução.
 Investigação sobre os aspectos das substâncias (seu
estado padrão), por exemplo, o estudo das substâncias em
diferentes estados, se elas podem se combinar ou não (as
proporções);
 Investigação sobre aspectos económicos (optimização);
 Rendimento de substâncias;
 Uso racional de energia;
 Existência de pouco ou nada de produtos secundários
desnecessários;
 Categoria das máquinas.
Notar-se-à nos aspectos evocados nos itens anteriores que, a
Química é imprescindível para:
 Melhoria dos padrões de vida do Homem;
 Controlo e melhoria do meio ambiente;
 Exploração do mundo material;
 Desenvolvimento de outras ciências
 Progresso da sociedade
Nestes elementos aqui indicados, ressalta uma pergunta muito
importante:
o Será que a Química só tem contribuído para melhorar os
padrões de vida do Homem?
o Não terá aspectos negativos?
Química Técnica. A Química Transformadora 10

Certamente que a resposta a essas perguntas, cabe a todos nós,


usuários da sabedoria da química, mas é aos cientistas, em
primeira mão, que cabe a responsabilidade dos riscos criados ao
fabricarem:
 Explosivos;
 Armas químicas e nucleares;

São também responsáveis pela poluição:


 Dos solos;
 Dos mares;
 Do ar.

Exercícios
1. O domínio do Homem sobre a natureza está directamente
ligado ao senso comum e aplicação dos conhecimentos
científicos na produção de bens materiais, quer
industrialmente, quer não”.
a) Como definiria a Química Técnica
b) Qual é o objecto de estudo da Química Técnica?

2. “ A Química Técnica é a parte da Química ligada aos


aspectos das substâncias, suas leis e suas
transformações”.Mencione tarefas fundamentais da
Química.

Auto-avaliação
3. “ A Química Técnica ocupa um lugar muito importante no
sistema das ciências naturais, por isso, ela é uma ciência
de tecnologia que estabelece ligações entre outras
ciências naturais e economia". Argumente esta afirmação.

4. Mencione a Importância a Química Técnica tem para a


humanidade.

5. Relacionar aspectos do quotidiano com a Química Técnica.


Química Técnica. A Química Transformadora 11

Unidade no 2. Q0077
Tema: TECNOLOGIA QUIMICA
Introdução
Nesta unidade, focalizar-se-á sobre o conceito, caracterização da
Tecnologia Química e o marco histórico da sua evolução,
requerendo ao estudante:

Seja Bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar a Tecnologia Química;


 Conhecer a relevância da Tecnologia Química no
Objectivos quotidiano;
 Distinguir as etapas de evolução histórica da Tecnologia
Química;
 Diferenciar entre a Química Técnica da Tecnologia
Química

2.1. Conceito

2.1.Conceito

Tecnologia Química – é o ramo que se ocupa apenas na


transformação das substâncias, em determinados tipos de
produtos. Tem relação com a Química técnica por apresentam
uma interdependência uma com a outra.

Tecnologia empregar-se na manupulação das substâncias


aplicando conhecimento científico e equipamentos adequados
(prática). Pode envolver, por exemplo, formas de produzir novos
medicamentos, melhores plásticos, carros mais velozes, armas
Química Técnica. A Química Transformadora 12

nucleares, heroína mais pura, ração de frangos para a produção


de ovos com menos colesterol.
O importante é que Tecnologia, assim como a ciência, são
actividades humana que decidem sobre o emprego dos
conhecimentos científicos para gerar boas ou má aplicação
tecnológica nas indústrias e nos governos, que têm o poder de
tomar tais decisões.

2.2. Origens da Tecnologia

Há já bastante tempo, convivemos com produtos e procedimentos


desenvolvidos pelas artes práticas que antecederam à Química e
contribuíram para a Química moderna como uma de suas
vertentes:
 Metalurgia,
 Cerâmica,
 Vidros,
 Corantes e pigmentos,
 Medicamentos, etc

Para R. Mülhaupt, 1997, tão importantes foram para Humanidade


tais conhecimentos “químicos” que falamos de uma sucessão de
Idade da Pedra - Idade do Bronze - Idade do Ferro. Tão
importantes são os materiais da Química que eles designam eras
da nossa história comum.

O conceito de Tecnologia proposto por Milton Vargas: “aplicação


de teorias, métodos e processos científicos às técnicas” (Vargas,
1994), entendendo-se por Técnica, com Ruy Gama e de acordo
com a definição de A. Birou, “o conjunto dos processos de uma
ciência, arte ou ofício, para obtenção de um resultado
determinado com o melhor rendimento possível” (Gama, 1986).
A primeira Ciência Tecnológica nestes moldes terá sido a Ciência
da Mineração proposta por Georg Agrícola (1494-1555), um
cientista típico do Renascimento no que se refere ao seu
empenho empírico como prioridade (ainda mais inexistindo uma
autoridade antiga a quem se contrapor, apenas um ligeiro e
longínquo contacto com Plínio).

Desta Ciência da Mineração (Montanwesen) nasceram


eventualmente três ciências (Wagenbreth, 1994):
Química Técnica. A Química Transformadora 13

 Mineralogia,
 Geologia,
 Metalurgia.

A Tecnologia Química formaliza-se e institucionaliza-se no século


XVIII, e sua institucionalização é inclusive um dos aspectos que
caracterizam o século XVIII como o “grande século” na evolução
da Química.

A Tecnologia Química desenvolveu-se como um campo específico


da Química (química aplicada) em resposta às necessidades da
Revolução Industrial emergente, que requeria conhecimentos
químicos e técnicos sistematizados e organizados. No decorrer de
sua evolução, esta Tecnologia Química apresenta algumas
facetas que merecem ser comentadas em função de sua
importância na inserção da Histórica da Química num contexto
social mais amplo (Maar, et al).

Importa referir que:


1 - A Tecnologia Química coloca em uso prático reacções e
propriedades das espécies químicas, tornando-as úteis para o
nosso quotidiano, e valendo-se mesmo das propriedades para
obter novas espécies. Quando aumenta a demanda por um
produto, como a soda, mais usada na indústria de vidros e
sabões, cabe à Química descobrir métodos alternativos de
produção dessa matéria-prima a partir de outros materiais naturais
baratos e acessíveis (no caso o sal comum), e caberá à
Tecnologia Química converter os métodos de laboratório em
procedimentos industriais técnica e economicamente viáveis.
Décadas mais tarde surgiu novo desdobramento com o
nascimento da Engenharia Química, uma Físico-Química
aplicada, dedicada ao planeamento e construção dos
equipamentos em que tais procedimentos se efectuam.
Implicitamente foi sempre um dos objectivos do estudo das
espécies químicas o seu uso prático, desde as actividades dos
artesãos da Antiguidade e dos alquimistas da Idade Média.

2 - A Tecnologia Química não cumpre sozinhas as suas funções.


Mineração e metalurgia necessitam de máquinas, e portanto de
Mecânica e de Física. Operações como extracção e destilação,
além de também necessitarem de equipamentos apropriados,
fazem uso de princípios físicos. Extrair princípios activos (como
Química Técnica. A Química Transformadora 14

medicamentos ou corantes) de plantas significa conhecer e


classificar essas plantas, saber onde buscá-las. Vista desta forma
e aceitando a ideia de interdisciplinaridade.

3.- a Tecnologia Química constitui um dos mais antigos exemplos


de interdisciplinaridade, um exemplo ainda pouco explorado:

3.1. A Tecnologia Química é um elo de ligação da Química com


outras actividades científicas e técnicas, e com outras actividades
que o engenho humano desenvolve.

3.2. É através da Tecnologia Química que a Química exerce sua


influência sobre a economia, o poder, e por que não, sobre a
História Universal.
Portanto, muito mais do que uma Ciência aplicada ou uma
aplicação da Ciência, a Tecnologia Química é autónoma, com
seus próprios métodos, objectivos e filosofia.
Através da Tecnologia Química, a Química estabelece seus
relacionamentos com outras Ciências, Tecnologias e Técnicas, e,
o que é de muito maior alcance social e histórico, com o Poder
económico e político, com a própria História Universal.

Nesse processo de transformação de substâncias, há


particularidades a ter em conta:
 Ocorrência do Processo – condiciona-se a essa questão o
tipo de aparelho a usar, energia, substâncias auxiliares e
outros;
 Elevada cientificidade no processo de produção -
relaciona-se com pouco gasto da matéria-prima e de força
humana;
 Alta pureza dos produtos – assenta-se com a qualidade de
produto que deva ser aceitável;
 Alta produtividade – relaciona-se com maior quantidade de
produto a adquirir em menos tempo;
 Alta exigência das obrigações – a conduta do produto deva
ter em conta com as regras nacionais e internacionais.
Química Técnica. A Química Transformadora 15

Exercícios
1. Diferencie os conceitos Química Técnica e Tecnologia
Química.
2. Refira-se da sua interdependência
Auto-avaliação
Química Técnica. A Química Transformadora 17

o
Unidade n .3-Q0077
Tema: INDUSTRIA QUÍMICA
Introdução
A Nesta unidade, o centro da unidade transformadora da
matéria/substâncias, são propostos conteúdos do seu dia-a-dia
como, economia industrial, matéria-prima e os componentes do
processo químico – técnico.
Outrossim, irá constatar um conceito novo, numa perspectiva de
termo, pois, “Quimizaçao” acaba sendo o equilíbrio entre a
indústria e o meio ambiente.
Seja bem-vindo!

Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar o conceito da indústria química;


 Definir o papel da Industria Química, como transformadora
da matéria-prima;
Objectivos
 Descrever a caracterização da matéria-prima e sua
relevância num processo produtivo;
 Identificar os processos químicos – tecnológicos;

 Descrever a caracterização da economia industrial em dois


contextos: mundial e nacional

3.1. Conceito
A indústria química é uma indústria destinada na
transformação de uma matéria-prima em novos produtos
usando substâncias químicas e processos químicos. Incluem
as indústrias que têm a ver com a produção de
petroquímicos, agro-químicos, produtos farmacêuticos,
polímeros, tintas, etc.

São utilizados processos químicos como reacções químicas,


para formar novas substâncias, separações baseadas em
propriedades químicas tais como grau de solubilidade ou a
Química Técnica. A Química Transformadora 18

carga iónica e destilações das substâncias, além de


transformações por aquecimento ou por outros métodos
físicos.

As indústrias químicas envolvem o processamento ou


alteração de matérias-primas obtidas por mineração e
agricultura, entre outras fontes de abastecimento, formando
matérias e substâncias com utilidade imediata ou que são
necessários para outras indústrias. As indústrias de
processamento de alimentos não são, em geral, incluídas no
termo "indústria química".

Com a demanda actual, implica maior expansão da rede industrial


e respectiva automatização assim como aumento da exploração
da matéria-prima, criando condições de desgaste ambiental na
medida em que se lançam quantidades consideráveis de dióxido
de enxofre, de gases nitrosos e de substâncias nocivas para o
meio ambiente, revelando um contraste entre o desenvolvimento e
a destruição ambiental, surgindo daí o conceito de Químização.

Quimização
É o processo de industrialização e protecção do meio ambiente,
baseado na produção e comercialização dos produtos, de acordo
com os seguintes critérios:
 Ordenar as substâncias nocivas, e a forma de diminuir a
produção quantitativa;
 Formação de produtos que neutralizam os nocivos;
 Diálogo entre a indústria química com a sociedade (opinião
pública);
 Implementação do processo de reciclagem.
Química Técnica. A Química Transformadora 19

3.1.1. Economia Industrial

Economia

Economia Agro-pecuária e
Economia Energética Economia Industrial
florestal

Produção Mecânica Produtos Químicos

RAMOS DA INDUSTRIA
Industria Química
Produção de Maquinas
Industria de Construção
i

Produção de Ferramentas

Esquema 3.1

3.1.2 Industria Química como Transformadora da


Matéria-prima

Substancias iniciais
Matéria-prima

Processos Físicos Processos Químicos Produto Principal

Processos Físico- Processos físico- Produto Secundário


químicos químicos Ex: Resíduo e Escoria

Esquema 3.2

3.2. Matéria-prima

A matéria-prima consiste num conjunto de produtos necessários


em diversos processos de produção, que são extraídos ou obtidos
directamente da Natureza (explorações florestais, agrícolas ou
minerais). Estas matérias constituem a primeira fase da cadeia de
Química Técnica. A Química Transformadora 20

transformações imprescindíveis para a obtenção do produto final.


Dado que o estado em que se encontram as matérias-primas não
possibilita a sua utilização directa pela maior parte das indústrias,
estas usam produtos semi-elaborados obtidos a partir das
matérias-primas, as denominadas substâncias básicas.

Provêm do subsolo, do solo, do mar, da atmosfera usados ao


serviço do homem, para servirem as indústrias. De acordo com a
proveniência a matéria classificam-se em:

1. Produtos Minerais – englobam o petróleo, o gás natural,


carvão mineral, sais, pedras, etc;
2. Produtos Agrícolas – são as plantas e árvores cultiváveis,
assim como vegetais;
3. Produtos Pecuários e Pesqueiros – animais domésticos
selvagens e peixe;
4. Produtos secundários – sucatas, papel velho, garrafas,
vidro, plásticos furados, ossos, etc;
5. Produtos Pré-fabricados – plásticos PVC, linha, etc.
6. Produtos Atmosféricos – Ar;
7. Produtos Hídricos – água.

São normalmente substâncias auxiliares: a água, o ar, os


solventes orgânicos e inorgânicos, catalisadores e a energia.
 Ar – serve para o aquecimento para combustão, como
corrente nos altos-fornos, serve também para arrefecer,
dissolvente no processo de Linder;
 Água – serve como solvente, aquecimento e
arrefecimento, sedimentação, limpeza, meio de flotação,
para filtração, etc.

3.3. Processo Químico Tecnológico

É o processo que envolve desde a entrada da matéria-prima,


montagem dos equipamentos, transformação das substâncias `a
novas substâncias, comercialização ate ao último consumidor. O
centro da tecnologia química designa - se por Processo Químico
Tecnológico (PQT).
É o trabalho em indústrias químicas em geral, como as de
produtos agrícolas, alimentícias, de plásticos, tratamento de
couros e fabricação de tintas e vernizes, de cimento e de vidro,
Química Técnica. A Química Transformadora 21

entre outras. Na linha de produção, opera equipamentos e


controla processos industriais.
Em laboratórios, faz análises de qualidade da matéria-prima e de
produtos finais. Controla resíduos da produção, de modo a não
prejudicar o meio ambiente com poluentes.
Em órgãos públicos, participação na elaboração do plano de
municípios, no que diz respeito ao tratamento de águas e serviços
de armazenamento e transporte de produtos químicos. É comum
trabalhar em parceria com engenheiros químicos e sanitaristas
O Processo Químico Tecnológico designa-se por processo de
produção que se diferem através da sua orientação tecnológica-
cientifica, que engloba a parte sócio económica e material técnica.

3.3.1 Processo Químico de Produção

Parte socio- •é deter através de relações de produção (RP)


económico

Relação de •é o conjunto de relações que se verifica entre


trabalhadores de uma indústria.
Produção (RP)

Parte material- •é deter através de forcas produtivas (FP),


campos FP, homem, meios de produção,
técnico ciência, planificação, direcção e organização
Química Técnica. A Química Transformadora 22

3.3.2 Esquema de Componentes do Processo Químico-


Técnico

Componentes do Processo Químico-


tecnico

Processo Tecnológico Produto Final (principal e/ou


Matéria-prima pré-fabricada/bruta
Químico secundário)

Processo tecnológicos fundamentais:


Operações básicas Princípio de Trabalho
Aparelhagem (Instalação)
Reacções básicas Experiência de Trabalho
Fenómenos científicos naturais, etc.

Exercícios

1. No processo de produção industrial, as substâncias são


classificadas em matéria-prima, substâncias auxiliares e produto
final. Mencione dois processos para cada alínea, em que:
a) A matéria-prima e o outro são substância auxiliar
b) O metal ferro é matéria-prima e o outro é produto final.
2. Relacione o processo de extracção de ouro na Província de
Auto-avaliação
Manica com aspectos de Quimização.
3. Fale da relação existente entre o papel das fontes da energia e
o desenvolvimento da produção industrial duma determinada
região.
Química Técnica. A Química Transformadora 23

o
Unidade n . 4-Q0077
Tema: MEIOS DE
COMUNICAÇÃO E TRANSPORTE
Introdução
A unidade em apreço é deveras importante nas relações de
produção até ao processo de comercialização, valendo os itens
nela abordados, sobretudo, os conceitos e tipos de meios de
comunicação e transporte; as vantagens e deméritos que os
mesmos oferecem. Por fim, a relação entre a Industria Química e
transportes e comunicações.
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar o conceito de meios de comunicação;


 Identificar os tipos de meios de comunicação;
 Caracterizar o conceito de Transporte;
Objectivos
 Fazer relações entre a Industria Química e Transportes e
Comunicações.

4.1. Conceito de meios de comunicação

O termo meio de comunicação refere-se ao instrumento ou


à forma de conteúdo utilizados para a realização do
processo comunicacional. Quando referido a comunicação
de massa, pode ser considerado sinónimo de mídia.
Entretanto, outros meios de comunicação, como o
telefone, não são massivos e sim individuais (ou
interpessoais).

Tipo de meios de comunicação

 Sonoro: telefone, rádio, Podcast.


 Escrita: jornais, diários e revistas.
 Audiovisual: televisão, cinema.
 Multimedia: diversos meios simultaneamente.
Química Técnica. A Química Transformadora 24

 Hipermídia: CD-ROM, TV digital e internet, que aplica a


multimédia (diversos meios simultaneamente, como escrita e
audiovisual) em conjunto com a hipertextualidade (caminhos
não-lineares de leitura do texto).

4.2. Conceito de transporte

Transporte é o movimento de pessoas e mercadorias entre


localidades, ou deslocações de pessoais e bens materiais de um
local para outro independentemente da distância.
A expressão rede de transportes designa o conjunto de todas
as vias de transporte de pessoas e de mercadorias que se
interligam com uma determinada densidade numa determinada
região e inclui as estradas, os caminhos-de-ferro, as vias
fluviais navegáveis, os oleodutos, os gasodutos, entre outros.
A densidade e qualidade das redes de transportes são muitas
vezes utilizadas como um indicador do grau de
desenvolvimento económico da região em que se localizam.

4.3. Tipos de transporte

Tipo de Natureza de Vantagens Desvantagens


transporte transporte

Rodoviário - Grande acessibilidade; - Poluição do ambiente;


- Fácil capacidade de circulação; - Trânsito caótico;
- Extensa rede viária. - Grande nº de acidentes.
Terrestre
Ferroviário - Pouco poluente; - Itinerário fixo.
- Custos baixos;
- Baixo consumo de recursos;
- Grande segurança.

Gasodutos Conduta tubular que transporta gás natural por Terra.

Oleodutos Conduta tubular que transporta gás petróleo por Terra.

Marítimos Transporte de mercadorias muito - Poluição (morte de peixes,


volumosas e pesadas; aves, moluscos, etc)
Aquáticos
Fluviais (rios) - Percurso de longas distâncias (inter
continentais)

Aéreos - Grande rapidez; - Poluição;


- Grande segurança. - Custos elevados.

Tabela 1. Natureza e vantagens do tipo de transportes


Química Técnica. A Química Transformadora 25

4.4. Industria Química e Transporte e


Comunicação

O primeiro país a realizar a Revolução Industrial foi a


Inglaterra, a partir de meados do século XVIII, seguida, no
século XIX, por outras nações europeias: Alemanha, Itália,
Bélgica, Luxemburgo, Holanda, Suíça, Suécia, Áustria, e
Rússia.

Fora do continente europeu, apenas Estados Unidos e


Japão realizaram sua Revolução Industrial ao mesmo tempo
que os países da Europa. Na grande maioria dos países
subdesenvolvidos o processo de industrialização chegou
cerca de duzentos anos atrasado em relação a Inglaterra. É
ocaso da Revolução Industrial no Brasil, Argentina, México,
África do Sul, Índia...

O espaço geográfico dos países altamente industrializados


da Europa Ocidental caracteriza-se pelo menos por três
aspectos: intensa industrialização, forte urbanização e
grande aproveitamento do aspecto físico por uma
agricultura e pecuária em bases modernas.

A Revolução Industrial dos Países da Europa ocidental


apoiou-se em vários factores, que resumidamente são:

 Acumulação de capitais em decorrência da intensa


exploração da actividade comercial no mundo e
particularmente nas colónias americanas, nas feitorias e
nas colónias asiáticas e africanas.
 Existência de abundantes reservas de carvão mineral,
minério de ferro e outras matérias-primas industriais em
muitos países europeus.
 Grande desenvolvimento das técnicas de produção
mediante a aplicação de dinheiro em pesquisas científicas.
 Disponibilidade de mão-de-obra e intensa exploração da
força de trabalho do operário ou trabalhador mediante o
pagamento de baixos salários.
 Expansão de empresas multinacionais ou transnacionais
nos países subdesenvolvidos.

Surgiram então, no séc. XIX, as estradas de ferro, que


facilitaram muito o transporte dos produtos manufacturados,
Química Técnica. A Química Transformadora 26

tomando-os mais baratos e colaborando para a Revolução


Industrial. A invenção dos altos-fornos desenvolveu muito as
indústrias de ferro e aço. A população das cidades
aumentou demais: um número cada vez maior de pessoas
deixava o campo para trabalhar nas fábricas. O povo sofreu
bastante com os vários problemas ligados a salários e
condições de trabalho, tendo a Grã-Bretanha que importar
cada vez mais géneros alimentícios para suprir sua
população sempre crescente.

4.5 As cidades e as Fábricas na Revolução


Industrial

Antes da invenção da máquina a vapor, as fábricas


situavam-se em zonas rurais próximas às margens dos rios,
dos quais aproveitavam a energia hidráulica. Ao lado delas,
surgiam oficinas, casas, hospeda rias, capela, açude, etc. a
mão-de-obra podia ser recrutada nas casas de correcção e
nos asilos. Para fixarem-se, os operários obtinham longos
contratos de trabalho e moradia.

Com o vapor, as fábricas passaram a localizar-se nos


arredores das cidades, onde contratavam trabalhadores.
Elas surgiam "tenebrosas e satânicas", em grandes edifícios
lembrando quartéis, com chaminés, apitos e grande número
de operários. O ambiente interno era inadequado e
insalubre.

Até o século XVIII, cidade grande na Inglaterra era uma


localidade com cerca de 5 000 habitantes. Em decorrência
da industrialização, a população urbana cresceu e as
cidades modificaram-se. Os operários, com seus parcos
Química Técnica. A Química Transformadora 27

salários, amontoavam-se em quartos e porões


desconfortáveis, em subúrbios sem condições sanitárias.

4.6 Os grandes avanços tecnológicos da


Revolução Industrial

Na primeira metade do século os sistemas de transporte e


de comunicação desencadearam as primeiras inovações
com os primeiros barcos ao vapor (Robert Fulton/1807) e
locomotiva (Stephenson/1814), revestimentos de pedras nas
estradas McAdam (1819), telégrafos (Morse/1836). As
primeiras iniciativas no campo da electricidade como a
descoberta da lei da corrente eléctrica (Ohm/1827) e do
electromagnetismo (Faraday/1831). Dá para imaginar a
quantidade de mudanças que estes sectores promoveram
ou mesmo promoveriam num futuro próximo. As distâncias
entre as pessoas, entre os países, entre os mercados se
encurtariam. Os contactos mais regulares e frequentes
facilitaram a Revolução Industrial, permitiriam uma maior
aproximação de mundos tão distintos como o europeu e o
asiático.

No sector têxtil a concorrência entre ingleses e franceses


permitiu o aperfeiçoamento de teares (Jacquard e
Heilmann). O aço tornou-se uma das mais valorizadas
matérias-primas. Em 1856 os fornos de Siemens-Martin, o
processo Bessemer de transformação de ferro em aço. A
indústria bélica também se revolucionou (como os Krupp na
Alemanha) acompanhando a própria tecnologia metalúrgica.
Química Técnica. A Química Transformadora 28

A explosão tecnológica conheceu um ritmo ainda mais


frenético para a Revolução Industrial com a energia eléctrica
e os motores a combustão interna. A energia eléctrica
aplicada aos motores, a partir do desenvolvimento do
dínamo, deu um novo impulso industrial. Movimentar
máquinas, iluminar ruas e residências, impulsionar bondes.
Os meios de transporte se sofisticam com navios mais
velozes. Hidroeléctricas aumentavam, o telefone dava novos
contornos à comunicação (Bell/1876), o rádio (Curie e
Sklodowska/1898), o telégrafo sem fio (Marconi/1895), o
primeiro cinematógrafo (irmãos Lumière/1894) eram sinais
evidentes da nova era industrial consolidada.

E, não podemos deixar de lado um importante avanço na


Revolução Industrial, a invenção do automóvel movido à
gasolina (Daimler e Benz/1885) que geraria tantas
mudanças no modo de vida das grandes cidades. O motor à
diesel (Diesel/1897) e os dirigíveis aéreos revolucionavam
os limites da imaginação criativa e a tecnologia avançava a
passos largos.

A indústria química também tornou-se um importante sector


de ponta no campo fabril. A obtenção de matérias-primas
sintéticas a partir dos subprodutos do carvão - nitrogénio e
fosfatos. Corantes, fertilizantes, plásticos, explosivos, etc.

Entrava-se no século XX com a visão de universo totalmente


transformada pelas possibilidades que se apresentavam na
Revolução Industrial proporcionada pelo avanço tecnológico.

Na transformação das substâncias em produtos, é necessário a


garantia de energia, isto é, deve-se garantir fontes energéticas.
Entre estas fontes energéticas, as mais importantes são: carvão
mineral, lenhite, coque, hidrocarbonetos, termos eléctricos e
hidroeléctricas (também as centrais nucleares).
A energia eléctrica toma um lugar especial nas fontes energéticas
porque ela é cómoda em qualquer força de trabalho e é
transformável para qualquer zona .

O ar e a água, como substâncias auxiliares podem ser utilizados


também como fonte de energia.
Química Técnica. A Química Transformadora 29

Em relação aos transportes e comunicação são facilitadores de


todo o processo de trabalho desde o transporte da matéria-prima
e o produto acabado até a sua comercialização.

Exercícios

1. Defina o que entendes por transporte e por comunicação?


E Que impactos tem estes no estudo desta disciplina?
2. Que consequências globais provoca da falta dos
Auto-avaliação transportes e comunicação?
3. Mencione 3 (três) problemas derivados da falta de
transporte e comunicação que afectam a sua zona de
origem.
Química Técnica. A Química Transformadora 31

o
Unidade n .5-Q0077
Tema: O TRABALHO
Introdução
Para além dos conceitos Trabalho, numa perspectiva Física,
abordam-se nesta unidade os tipos de trabalho, métodos e os
respectivos princípios. O estudante, no fim desta unidade, deve
saber/conhecer:
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar o conceito de trabalho;


 Identificar os tipos de trabalho;

Objectivos  Enumerar os métodos de trabalho;


 Descrever os princípios de trabalho.

5.1. Conceito
Em física, trabalho (normalmente representado por W, do
inglês work, ou pela letra grega tau) é uma medida da
energia transferida pela aplicação de uma força ao longo de
um deslocamento.

O trabalho de uma força F aplicada ao longo de um caminho


C pode ser calculado de forma geral através da seguinte
integral de linha:

Onde:
F é o vector força.
r é o vector deslocamento.

O trabalho é um número real, que pode ser positivo ou


negativo. Quando a força actua no sentido do deslocamento,
o trabalho é positivo, isto é, existe energia sendo
Química Técnica. A Química Transformadora 32

acrescentada ao corpo ou sistema. O contrário também é


verdadeiro, uma força no sentido oposto ao deslocamento
retira energia do corpo ou sistema. Qual tipo de energia, se
energia cinética ou energia potencial, depende do sistema
em consideração.

5.2.Divisão do trabalho

Dá-se o nome de divisão do trabalho à especialização do


trabalho cooperativo em tarefas e papéis específicos e
delimitados, com o objectivo de aumentar a eficiência da
produção.
A divisão do trabalho é uma característica fundamental das
sociedades humanas, devida ao fato de que os seres humanos
diferem uns dos outros quanto a suas habilidades inatas ou
adquiridas. Em um certo estágio do desenvolvimento de suas
comunidades, os indivíduos percebem que podem satisfazer
melhor as suas necessidades ao se especializar, ao se associar e
ao trocar, em vez de produzir, cada um de maneira autárquica,
aquilo que precisa consumir.

5.3. Tipos de Trabalho

 Trabalho nulo, quando trabalho é igual a zero;


 Trabalho motor, quando a força e o deslocamento estão no
mesmo sentido;
 Trabalho resistente, quando a força e deslocamento
possuem sentidos contrários (geralmente representado por
T= -F.d).

5.4.Métodos de trabalho

6.4.1. Método de Trabalho Contínuo


É um modo de trabalho no processo químico-técnico em que a
substância inicial é introduzida no aparelho de reacção (reactor), a
mistura e as reacções químicas, assim como as condições das
reacções não são interrompidas até a formação do produto
durante um determinado tempo.
O aparelho fica em constante funcionamento porque a massa dos
reagentes e a mistura são constantes, isto implica que a
temperatura, pressão, e a concentração são também constantes,
durante o processo de produção.
Exemplo: Produção de Carbeto de Cálcio, Amoníaco e Acido
Sulfúrico.
Química Técnica. A Química Transformadora 33

5.4.2. Método de Trabalho Descontínuo


É um modo de trabalho em que se realiza o enchimento da
matéria-prima num reactor, processando-se reacções químicas
até ao fim e retira-se o mesmo produto e introduz-se noutro
reactor para a formação do novo produto. Este processo realiza-
se de uma forma contínua, usando repetidos ritmos de trabalho.
Exemplo. Produção de aço.

5.5. Princípios de trabalho

Segundo WITTLING, princípios de trabalho são sistematizados em


função do objecto de trabalho e métodos de trabalho como meios
para alcançar os objectivos.

Já que a matéria e as fontes de energia são escassas e limitadas,


a força de trabalho do homem é ilimitada, e o nível de
produtividade do trabalho deve ser aplicado, isto é, o processo
Químico Técnico, deve ser reforçado da seguinte maneira:
 Máxima aplicação de princípios de continuidade de processo;
 Aumento de rendimento das substâncias e boa acção de uso
de energia;
 Aplicação mínima da técnica;
 Transformação das substâncias com muita intensidade;
 Produção de produtos com boa qualidade;
 Domínio dos processos Químicos técnicos;
 Óptima capacidade de direcção.

5.5.1. Princípio de Contra Corrente


É um princípio químico-técnico em que diferentes substâncias
entram num reactor, uma em continuação da outra e em sentidos
contrários, introduzindo-se uma corrente de ar do outro lado do
reactor, permitindo que as substâncias troquem as suas energias
continuamente.

Exemplo O alto-forno é um reactor metalúrgico de contra corrente. O


alto-forno baseia-se no fato de que o silício indesejável e
outras impurezas, são mais leves do que o ferro fundido, seu
produto principal, designado por ferro gusa. O forno é
construído na forma semelhante a uma chaminé, numa
estrutura alta feita com tijolos refractários. Coque, pedra
calcária e minério de ferro (óxido de ferro) são inseridos no
topo. O ar chega pela base. Este fornecimento de ar permite
a combustão do combustível no seu interior. Isto reduz o
Química Técnica. A Química Transformadora 34

óxido a metal que, sendo mais denso, se concentra na parte


inferior do forno. A natureza exacta da reacção é:

Fe2O3 + 3 CO → 2 Fe + 3CO2
.

Fig.1.Unidade de produção de ácido sulfúrico (www.belcotech.com).

5.5.2. Princípio de corrente circular


É um processo em que uma parte da matéria-prima que não
completou a reacção é introduzida no aparelho até completar a
formação do produto.
Produção do Amoníaco (NH3).
Exemplo

5.5.3. Princípio de turbilhão


É um processo químico técnico em que uma substância gasosa, é
introduzida em jacto no aparelho através de buracos e depois da
ocorrência da reacção é mantida em Suspensão.
Produção do dióxido de enxofre a partir da pirite e a gaseificação
de Carbono.
Química Técnica. A Química Transformadora 35

5.5.4. Princípio regenerativo


Acontece depois de expulsar os gases quentes do aparelho, onde
estes são introduzidos nos regeneradores e depois conservados e
que posteriormente são usados no pré-aquecimento dos
reagentes ou outros gases. O objectivo deste princípio é o uso
racional de Energia

Exemplo Produção de cimento.

Exercícios

1. Segundo WITTLING, princípios de trabalho são


sistematizados em função do objecto de trabalho e métodos de
trabalho como meios para alcançar os objectivos. Mencione
duas diferenças para cada alínea:
a) Método de trabalho contínuo e método de trabalho
descontínuo.
Auto-avaliação b) Método de trabalho e princípio de trabalho.
2. Descreva o processo de regeneração do ácido sulfúrico.
3. Fale da relação existente entre o papel das fontes da energia
e o desenvolvimento da produção industrial duma determinada
região.
Química Técnica. A Química Transformadora 37

o
Unidade n . 6 - Q0077
TEMA: REACTORES

Introdução
Caro estudante, seja bem-vindo a esta importante discussão
Nesta unidade, que debruçará sobre Reactores, sobretudo, o
conceito, classificação; abordagem sobre baterias e as equações
envolvidas nessas operações.

Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar o conceito de reactores;


 Classificar os reactores;
 Definir Bateria de reactores;
Objectivos
 Distinguir diversas equações.

6.1. Conceito

Em engenharia química, reactores químicos são equipamentos


projectados para conter reacções químicas de interesse e escala
industrial.
O projecto de um reactor químico trata com múltiplos aspectos de
engenharia química, sobre os quais os engenheiros químicos
trabalham para obter a maximização dos valores obtíveis para a
reacção dada. Neles as reacções se processa com maior
eficiência para o produto de saída desejado, produzindo o mais
alto rendimento do produto, mas gerando o mínimo de custos para
serem comprados e operarem.
As despesas normais de operação incluem uma fonte de energia,
remoção (dissipação) de energia, custos de matérias-primas,
trabalho humano, etc. Transferências de energia podem vir na
forma de aquecimento ou resfriamento, bombeamento para
aumentar a pressão, a perda de pressão pelo atrito (como a
queda de pressão através de um cotovelo de 90° na tubulação ou
uma placa de orifício, agitação, etc.
Química Técnica. A Química Transformadora 38

Tomando em consideração os constrangimentos do mercado, os


custos de capital, condições de segurança, condições de
operação e manutenção, a possibilidade de controlo automático,
as características do produto e controlo de produção, levantam-se
as principais questões que se colocam ao engenheiro químico dos
projectos de reactores que são:
 A configuração;
 Modo de operação dos reactores que originam produtos
com maior lucro possível.

6.2. Classificação dos Reactores

Existem vários tipos de reactores químicos e várias


maneiras de classificá-los. Quanto ao vaso (o formato mais
básico do espaço físico onde se dão as reacções), existem
dois tipos principais básicos:

 Reactores em tanques
 Reactores em tubos

Ambos os tipos podem ser usados como reactores contínuos


ou de bateladas. Mais comumente, reactores operam em
estado estacionário, mas podem também ser operados em
um estado transigente. Quando é primeiramente trazido à
operação novamente (após uma manutenção ou inoperação)
seria considerado em um estado transitório, onde as
variáveis-chave do processo mudam com o tempo. Ambos
os tipos de reactores também podem acomodar um ou mais
sólidos (reagentes, catalisador ou material inerte), mas os
reagentes e os produtos são normalmente líquidos e gases.

De acordo com o modo de produção, podemos classificar os


reactores em:

6.2.1.Reactor descontínuo ou de partida


É simples, flexível e barato que o reactor continuo. É constituído
por um vaso onde é colocada a mistura de reagentes e por um
agitador com a finalidade de homogeneizar melhor possível a
mistura de uma forma racional.
Química Técnica. A Química Transformadora 39

Entrada Saida de substancia

------------
Centrifugacao

Fig.6. Reactor descontínuo

6.2.2.Reactor Contínuo:
A transformação das substâncias é feita continuamente sem
parar. É ainda constituído por um agitador e mais tanques ligados
em operação contínua.
A sua construção é de controlos automáticos, é ideal para o
processamento industrial quando as velocidades de reacção e de
produção são bastante elevadas.

CA

------------ CA1 CA2 CAF

Fig7: Reactor contínuo

6.2.3.Reactor Tubular
É um reactor operando continuamente sem agitação e de
configuração de um tubo. O escoamento da massa de reagente
tira-se numa direcção especial que não exige a constância de
concentração e as perdas das cargas são desprezíveis.
Usa-se geralmente em reacções de fases gasosas e em
operações adiabáticas, onde a velocidade é constante e variação
da pressão.

------------ R . T u b u la r

CSTR

Fig8: reactor tubular


Química Técnica. A Química Transformadora 40

6.2.4. Reactor Semi-contínuo ou Semi-Descontínuo


Processa-se a operação com características intermediárias, entre
as descritas anteriormente. Há variação da concentração, da
massa dos reagentes num tempo, e simultaneamente há adição
de um reagente inerte ou há fuga de uma ou mais substâncias de
modo contínuo ou descontínuo.

Tabela 2: Tipos de reactores e suas vantagens

Reactor Aplicação Vantagens Desvantagens

Produção em pequena Elevada conversão por Elevados custos de


escala; unidade de volume; operação;

Para produtos Flexibilidade de operação. Qualidade de produto


Descontinuo
intermediários. mais variável que na
Fácil limpeza
operação contínua.

Produção em grande Elevada conversão por Existência de gradientes


escala, unidade de volume. térmicos e concentração
de radicais
Uso de reacções de fase Baixo custo de operação;
gasosa e liquida Baixo control de
Operação continua
Tubular temperatura

Paragens e limpeza muito


honorosas.

Produção em grande Fácil control da temperatura; Baixa conversão por


escala; unidade de volume
adaptação fácil a reacção
Uso de reacção em fase com duas fases; Possibilidade de curto-
liquida, gás-liquido, Sólido- circuito no caso de má
Simplicidade de construção
Continuo com liquido agitação.
agitação CSTR Baixo custo de operação;

Fácil limpeza e operação


continua

Produção em pequena Elevada conversão por Elevado custo de


escala unidade de volume; operação(mão-de-obra)
Semi-continuo ou
Semi-descontinuo Uso de reacções Boa selectividade, Qualidade do produto
competitivas e gás-liquido. minimização de reacções mais variável que na
secundária operação continua.

Flexibilidade de operação

6.3. Baterias de Reactores

Um exemplo de bactérias de reactores semi-contínuo existe na


disposição em série de n reactores idênticos em que um dos
reagentes é continuamente removido.
Ex: No processo de esterificação e sulfonação.
Química Técnica. A Química Transformadora 41

Fig.9. Bacterias de reactores

CAT CA(N-1) CAN


-------- ----- ----- -----
CB1 CB(N-1) CBN
VR VR VR VR QN
Bacterias de reactores semi-continuo

A alimentação do 1º reactor é constituído por uma mistura de


reagentes A e B onde o reagente B está em excesso e é removido
por destilação em todos os andares, a velocidade L (velocidade
menor que a corrente de alimentação).

6.3.1. Bactérias de Reactores Contínuos


Consiste na disposição de três reactores CSTR dispostos em
série. A alimentação é introduzida no 1º reactor a um volume de 1
dm3, a razão de 500 cm3 por minuto de caudal que se mantém
constante.
O 2º e 3º reactor têm a capacidade de 2 e 1,5 dm3
respectivamente.
A operação é exotérmica em cada reactor. O 1º reactor opera a
temperatura de 10º C, o segundo e o terceiro a 40º e 25º C
respectivamente.
A reacção apresenta cinética da 1ª ordem em relação a reagente
A.
(-RA) = KCA, onde: K = 0,2 min-1

6.3.2.Principio de Projecto de Reactores


Na realidade no processo industrial o que é fixado é o nível de
produtos desejados e a gama de temperatura em que a reacção é
realizável.
Esta abordagem permite-nos concluir que o projecto pode ser
sempre optimizado tendo em vista esta gama de valores
experimentais bem como a estabilidade da operação e os custos
que incluem investimento, certas operações utilizadas em
conformidade com a matéria – prima, a mão-de-obra, imposto,
seguros de manutenção, taxas de retorno, etc. Permitindo que a
escolha de associação de reactores seja feita por meio de
simulação para caso específico.
A utilização dos computadores são um precioso auxilia na
determinação de combinação óptima do tipo de reactores e as
Química Técnica. A Química Transformadora 42

condições operatórias. A escolha final do projecto de reactores na


prática industrial esta relacionada com:
 O tempo de resistência das espécies necessárias puras
quando atingir um determinado grau de conversão;
 Volume e a área de arrefecimento envolvidos na
operação;
 Análise económica.
Do ponto de vista tecnológico é muito fácil concluir que através de
uma reacção simples da 1ª ordem dada pela relação dos valores
dos dois tipos de reactores contínuo e tubular, expressa-se pela
equação seguinte:

(VR ).CSTR x(1  x)


 Onde: x = grau de
(VR)Tubular  1 
ln  
1  x 
conservação do reagente limite
É de salientar que o projecto de reactores envolve geralmente
duas questões fundamentais:
1. Obtenção do volume do reagente depois de fixado o tempo
de operação e o grau de conversão pretendido;
2. Conclusão de conversão final se for fixada o volume do
reactor e a temperatura da operação.

6.3.4. Equações
As equações básicas do projecto de reactores são essencialmente
os balanços materiais e energéticos, assim como as equações
cinéticas.
O balanço maciço de um componente num volume metálico por
unidade de tempo é representado pela seguinte equação.

6.3. 4.1. Equação de balanço maciço material

Quantidade do • = Quantidade do reagente que se


reagente que entra no transforma + Quantidade do
reactor reagente que seque sai acumula
Química Técnica. A Química Transformadora 43

6.3.4.2. Equação de balanço maciço energético p/


volume

Quant de calor que Quant. do calor +


Quant. do calor que se + Quant. do calor
entra no elemento = que sai do elemento troca
p/ reacção
no
elemento que se acumula
de volume (dV) de volume de volume
do elemento de volume

Através destas duas (2) equações pode se estabelecer a


velocidade da reacção e os factores que influenciam com a ajuda
da equação cinética

6.3.4.3. Equação Cinética


dnA
Q  ( RA).V  Onde: RA - Reagente A
dt
nA – número de mole de A
V – volume ou unidade de volume
Dt – tempo ou unidade de tempo

Exercícios
1. Que função tem os reactores?
2. Fale dos diferentes tipos de Reactores!
3. Identifique os reactores contínuos!
4. Descreva a equação de balanço maciço energético para
Auto-avaliação volumes:
Química Técnica. A Química Transformadora 44

Unidade no.7-Q0077
Tema: PRINCÍPIOS
TECNOLÓGICOS
Introdução
Nos “ Princípios Tecnológicos”, para além de conceitos,
obviamente, falar-se-á de processos e/ou operações químico –
físico, tipos de operações no processo produtivo e as respectivas
reacções químicas decorrentes dos Processos Químico
Tecnológicos.

Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Descrever o conceito de Princípios Químico Tecnológicos


(PQT);
 Distinguir diversas operações nos PQT;
Objectivos
 Caracterizar os diferentes tipos de operações físicas;
 Identificar as reacções químicas com base nos PQT.

7.1. Conceito
Os princípios tecnológicos visam contribuir para a compreensão
do desenvolvimento dos conhecimentos científico-tecnológicos e
de suas implicações sociais, económicas, culturais e ambientais.
Outrossim, garantem, ainda, à alfabetização científica e
tecnológica, tendo em vista uma sociedade transformada pela
ciência e pela tecnologia, requerendo dos cidadãos o manejo dos
saberes científicos e tecnológicos, tanto em actividades
profissionais, democráticas, operativas, metafísicas ou mesmo
lúdicas. Identificava-se com todas as áreas do conhecimento, pois
se inter-relacionam com as ciências da natureza, as ciências
humanas e as linguagens, ao incluir conteúdos voltados para o
questionamento de cada ciência em suas relações com a
tecnologia e a sociedade.
Química Técnica. A Química Transformadora 45

7.2. Processos/operações físicos – químicos

Fenómeno é toda e qualquer transformação que ocorre com a


matéria, na qual ocorrem mudanças qualitativas na composição.
Exemplo
Um fenómeno pode ser classificado em físico ou químico.

7.2.1. Fenómenos físicos

Fenómenos físicos são todas as transformações da matéria


sem ocorrer alteração de sua composição química. É todo
fenómeno que ocorre sem que haja a formação de novas
substâncias.

 O fogo
 A fusão do gelo

 A ebulição da Água

 O acender de uma lâmpada;

 Cortar o papel com uma tesoura, entre outros.

São os que se relacionam com a luz, o som, o magnetismo,


a eletricidade etc. Eles não alteram a composição nem as
propriedades químicas das substâncias.

7.2.2. Fenómeno químico

Fenómeno químico é todo aquele que ocorre com a


formação de novas substâncias. Um fenómeno químico,
como a combustão, transforma uma substância em outra,
com diferentes propriedades químicas.

 Mudança de cor: Colocar fogo no papel, na madeira ou no


Exemplo
carvão; água sanitária em tecido colorido; queima de fogos
de artifício.
 Efervescência: bicarbonato de sódio (fermento) + vinagre.
 Formação de um sólido (precipitado).
Química Técnica. A Química Transformadora 46

7.2.3. Tipos de operações Físicas


7.2.3.1.Filtração
Consiste em separar um sólido de um líquido, baseando-se nos
tamanhos das partículas. As partículas de tamanho maior ficam
retidas no filtro e só passa a parte líquida.
As partículas aglomeradas no filtro são chamadas de “bolo
filtrado” que podem ter tamanhos diferentes, podendo ser:
 Bolo filtrante incompressível;
 Bolo filtrante compressível

7.2.3.2. Dissolução
É o método de separação de dois sólidos dependendo da
solubilidade das substâncias, por exemplo: na separação do ferro
e o enxofre, usa-se o dissulfureto de carbono que vai dissolver o
enxofre e assim efectuar-se a separação.

7.2.3.3. Moagem
É o processo que consite em reduzir o material em graus de
partículas mais pequenas (em pó) usando um instrumento
chamado moagem.

7.2.3.4.Trituração
Consiste na redução de uma partícula sólida de maior tamanho
em partículas de tamanho muito menores. Utiliza uma variedade
de instrumentos mecânicos como cadinhos e almofariz.
Os materiais grossos são colocados na machadora que é um par
de placas de aço em que está fixa e outra se move por meio de
um volante.

7.2.3.5. Fusão
É a passagem do material de um estado sólido para o estado
líquido. Para que ocorra a fusão a temperatura e a concentração
do fundente deve ser elevada.

7.2.3.6. Britagem
É o processo de fragmentação e cisalhamento do mineral em
questão (calcário no caso), responsável pela redução e
adequação da granulometria do minério quando necessário,
preparando-o para a fase seguinte. Consiste em moer o material
até tornar-se pó.

7.2.3.7. Divisão
Consiste na separação das partículas em duas ou mais partes
com quantidades iguais.
Química Técnica. A Química Transformadora 47

7.2.3.8. Decantação
É a separação de duas substâncias através da diferença de
densidade entre as duas. A substância mais densa deposita-se no
fundo do recipiente e a menos denso fica por cima. Processo que
pode ser usado para separar um líquido de um sólido (exemplo,
areia com água) ou entre dois líquidos (água com óleo).

7.2.3.9. Lavagem
É o processo através do qual separa-se a parte útil do minério
pela água. Por exemplo na extracção de ouro.

7.2.3.10. Vaporização
Consiste na separação de uma substância sólida de uma líquida
por aquecimento. Na vaporização o objectivo é de aproveitar a
substância sólida.

7.2.4. Tipo de operação físico-químico


7.2.4.1. Destilação
Consiste basicamente na separação de uma mistura de dois ou
mais substâncias com ponto de ebulição diferentes com objectivo
de reaproveitar todas as substancias. Ela pode divide-se em
destilação simples e fraccionada. É mais comum quando se
apresenta no estado líquido e no estado sólido.

7.2.4.2. Extracção
O objectivo deste processo é o de extrair uma substancia de uma
mistura, e pode ser dividida em:
1- Extracção por solvente – consiste em introduzir numa mistura
um solvente imiscível onde vai ocorrer uma transferência do soluto
do primeiro solvente e se mistura com o 2º solvente.
O processo pode ser de forma:

7.2.4.2.1. Descontinua

Pode – se remover o soluto da solução usando o menor numero


possível de extracções, este acontece quando a distribuição do
soluto na soluça for menor.

7.2.4.2.2. Continua

Usa-se o 2º solvente de uma forma contínua para extrair todo o


soluto de uma só vez. Para ocorrência de processo usa-se
aparelhos específicos.
Química Técnica. A Química Transformadora 48

7.2.4.2.3. Electrólise de Solução Aquosa

Consiste na extracção de metais menos reactivos por electrólise


das soluções aquosa dos respectivos sais.

7.2.4.3. adsorção
Consiste na fixação das substâncias na superfície de um sólido
adsorvente. Quando este processos acontece ao contrário
designa-se por disorção. É um fenómeno com características
específicas e selectivas, isto é, ela depende das características do
adsorvente e do adsorvato.
Na adsorção o adsorvente pode ser, por exemplo: carvão, argila,
sílica, hidrocarbonetos gasosos, e o adsorvato são normalmente o
oxigénio, hidrogénio, amoníaco, etc.
A adsorção mais comum é entre um gás e um sólido, neste caso
as moléculas do gás entram em contacto com o sólido que ira ficar
completamente coberto pelas moléculas do gás.

A adsorção pode ser:

7.2.4.3.1. Física

Quando esta é lenta, de curta alcance, e não contribui para a


formação de ligações estáveis e permanentes (Forças de Van der
Walls).

7.2.4.3.2. Química

É mais intensa, há alteração das estruturas química dos


participantes.
Nota: a fronteira entre os dois processos situa-se no facto de a
física ser muito rápida que implicara profundas modificações
reversíveis porque as ligações desfazem-se facilmente libertando
pequena quantidade de energia. A Química não é rápida, é
irreversível e liberta-se muita energia.

O processo de adsorção é influenciado pelos seguintes factores:


- Temperatura;
- Concentração dos reagentes;
- Pressão.
Química Técnica. A Química Transformadora 49

7.2.5. Reacções Químicas com Base nos Processos Químicos-tecnicos Típicos


7.2.5.1. Insecticida Inorgânicos
Estes são muito importantes mas são também prejudiciais devido
a sua toxicidade. Por exemplo, o Arsenato de ácido de chumbo:
3PbO + 2CH3COOH  (CH3COO) 2 Pb.PbO + H2O
(CH3COO) 2 Pb.PbO + 2H3AsO4 ·Pb3 (AsO4) 2 + 2CH3COOH +
H2O
Pb3(AsO4)2 + HNO3  2PbHAsO + Pb(NO3)2
Pb(NO3)2 + H2AsO4  PbHAsO4 + 2HNO3
(Arsenato de acido de chumbo)

7.2.5.2. Aditivo alimentar (Sacarina)


C6H5CH3 + HClSO4  C6H4CH3-SO2Cl
KMnO4
C6H4CH3-SO2Cl + NH3  C6H4CH3-SO2NH2 NaOOC-
C6H4CH3-SO2NH2

O
C NH
COONa

SO2
SO2NH2

7.2.5.3. Fabricação de Detergente


Sulfonação linear de um alquilo-benzeno

R- + H2SO4SO3 R- -SO3H + H2SO4

7.3. Outras operações fundamentais no


Tratamento da Matéria-Prima

Para a transformar a matéria-prima em produto acabado por meio


de reacções químicas existe uma série de processos básicos
tecnológicos que tem por objectivos:
1. Preparar as substâncias para serem transformadas
2. Optimizar as condições das reacções. Nesta base de
sistematização consideram-se seguintes fases ou etapas
de trabalhos:
Química Técnica. A Química Transformadora 50

1ª Etapa – Pré-Fase
O objectivo é preparar a transformação da matéria-prima e
predominam os processos físicos ou físico-químicos;
2ª Etapa – Fase Principal
Consiste na realização do trabalho de transformação dos
reagentes em produtos de reacção: predominam o processo de
reacções químicas auxiliares ou juntam-se os factores influentes
nomeadamente, catalisador, temperatura e pressão.
3ª Etapa – Fase Final
Acontece o acabamento do produto (dar forma, cortar, empacotar,
arrumar, produz-se também o aspecto de arrefecimento)
A 1ª, 2ª e 3ª fase são consideradas processos técnicos de
produção química.

7.3.1. Técnica de Produção


É a consideração do aspecto tempo que leva o processo de
produção, a aparelhagem ou maquinaria que realiza o trabalho,
aspecto quantitativo e qualitativo do produto que se espera.

Tabela 3. Etapas da técnica de produção

Pré-Fase (Objectivos) Processos Tecnológicos Exemplos

Obter necessárias Flotação Acumulação de componentes


concentrações dos reagentes necessários

Garantir uma pureza dos Lavar, filtra, absorver, destilar Afastamento das impurezas
reagentes para impedir e escolher gasosas, líquidas e sólidas dos
reacções secundárias por uma principais componentes
acção eficiente e dos
catalizadores.

Aumentar superfície de Moer, dissolver, fundir, cortar, Os tamanhos m aiores dos sólidos
contacto para favorecer a sob a acção de energia são transformados em tamanho
velocidade da reacção e bom menores ou solubilizados.
aproveitamento

Optimização da superfície de Granular, britar, sintetizar Dar forma a matéria-prima, de


contacto e a grandezas dos acordo com o aparelho a utilizar
pedaços
Química Técnica. A Química Transformadora 51

Optimização das condições Agitação, fusão, cortar, Os gases se misturam, os sólidos


das reacções dos reagentes, misturar, acrescentar. acrescentam-se, os Sólido-liquido
melhoramento de rendimento. e gases misturam-se
acrescentam-se. Optimizam-se a
pressão e a temperatura.

Calibrar, instalar as condições Acumular e aquecer. Optimizar a pressão e a


de reacção para obter maior temperatura e escolher o
rendimento a maior velocidade. catalizador.

3ª Etapa ou Fase Final


Tabela 4 Processos tecnológicos

Objectivo Processo Tecnológico Exemplo

A transformação da matéria Arrefecimento As condições das reacções são


é interrompida abandonadas. Mantém-se o equilíbrio

Separação do produto final Rectificação, extracção Afastam-se as impurezas grossas ou


do secundário e escoria absorção líquidas

Continuar a mexer os Unir Corar, emplasticar, misturar os produtos


pedaços ou misturar os
produtos

Transformar os produtos Granular, dar tamanho, Granulação (fertilizantes), dar forma


finais, engrossar, acomodar (peças metálicas)
empacotar, engarrafar,
transportar e armazenar

7.3.2. Métodos de Transmissão de calor no Processo de Produção Industrial


Existem três formas de transmissão de calor no processo de
produção de calor:
- Condução de Calor Directo: O intercâmbio de calor está
misturado com o meio ambiente.
- Conversão de Calor – é feita por movimento do ar ou da corrente
do ar
- Luminescência – é feita através da luz solar, lâmpadas e outras
Química Técnica. A Química Transformadora 52

Exercícios
1. Discuta os princípios químicos tecnológicos!
2. Aponte as diversas operações dos princípios
químicos tecnológicos!
3. Fale das etapas das operações fundamentais no
Auto-avaliação tratamento da matéria-prima.
Química Técnica. A Química Transformadora 53
Química Técnica. A Química Transformadora 54

Unidade no.8-Q0077
Tema: CARVÃO
Introdução
Nesta unidade, reservar-se-á no conceito de carvão,
classificação e tratamento e métodos para determinação da
sua composição. Seja bem-vindo.
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar o conceito carvão;


 Identificar os métodos para determinação da composição;
 Distinguir a classificação e tratamento do carvão.
Objectivos

8.1. Conceito
O carvão é uma substância rochosa, de cor preta. É feita de
carbono, hidrogénio, oxigénio, azoto e várias quantidades de
enxofre. Há três tipos principais de carvão – antracite, betume e
lenhite. O carvão antracite é o mais duro e tem mais carbono, que
lhe dá maior conteúdo energético. A lenhite é a mais macia e
baixa em carbono mas com alto conteúdo em oxigénio e
hidrogénio. O betume fica no meio. Hoje, o precursor do carvão –
a turfa – ainda se encontra em muitos países e também é usada
como fonte de energia.

8.2. Métodos para determinação da


composição

8.2.1. Análise elementar

- Estabelece as percentagens totais dos elementos


presentes (carbono, hidrogénio, oxigénio, enxofre e
nitrogénio);
Química Técnica. A Química Transformadora 55

8.2.2. Análise aproximada

- Fornece uma estimativa empírica das quantidades de


humidade, cinza e materiais voláteis, e de carbono fixo.

8.3. Classificação

Os carvões classificam-se ou ordenam-se de acordo com o


seu conteúdo de carbono fixo, cuja proporção aumenta à
medida que o minério se forma, distinguindo-se os
seguintes:

8.3.1. Carvões artificiais

Fabricados pelo Homem

8.3.1.1. Carvão Vegetal

Carvão vegetal é uma substância de cor negra obtida pela


carbonização da madeira ou lenha. É muito utilizado como
combustível para aquecedores, lareiras, churrasqueiras e
fogões a lenha.

Considerado um fitoterápico, o carvão vegetal para uso


medicinal (carvão ativado) provém de certas madeiras moles
e não resinosas (extraído de partes lenhosas, cascas e
serragens), obtidos por combustão incompleta, o que lhe
confere a capacidade adsorvente.

O carvão vegetal tem a propriedade de adsorver substâncias


que, em contacto com bactérias intestinais, contribuem para
a produção de flatulência. Diante dos resultados de estudos,
o uso do carvão vegetal é indicado em casos de dores no
estômago, mau hálito, aftas, gases intestinais, diarreias
infecciosas, disenteria hepáticas e intoxicações

Fig. 10. Carvão de madeira (www.sites.google.com)


Química Técnica. A Química Transformadora 56

Fig. 11.
Carvão de madeira (www.campus.fct.unl.pt)

8.3.1.2. Coque

O coque é um tipo de combustível derivado do carvão


betuminoso. Começou a ser utilizado na Inglaterra do século
XVII. O coque obtém-se do aquecimento da hulha (ou
carvão betuminoso), sem combustão, num recipiente
fechado. Pode ser utilizado na produção de ferro gusa (alto
forno), sendo adicionado junto com a carga metálica.

Tipos de Coque

 Shot Coke - Apresenta alto teor de enxofre e metais - a


olho nu, o material apresenta forma esférica de várias
dimensões.

 Coque Esponja - Contém resinas e médios teores de


enxofre, asfaltenos e metais – a olho nu, o material
apresenta pequenos poros e paredes espessas.

 Coque Agulha - Classificado como material anisotrópico.


Contém baixa presença de asfaltenos, resinas e metais.

Processo de produção

O coque é obtido pelo processo de “coqueificação”, que


consiste, em princípio, no aquecimento do carvão mineral a
altas temperaturas, em câmaras hermeticamente fechadas,
(exceto para saída de gases). No aquecimento às
temperaturas de coqueificação e na ausência de ar, as
moléculas orgânicas complexas que constituem o carvão
mineral se dividem, produzindo gases e compostos
orgânicos sólidos e líquidos de baixo peso molecular e um
resíduo carbonáceo relativamente não volátil. Este resíduo
resultante é o “coque”, que se apresenta como uma
substância porosa, celular, heterogênea, sob os pontos de
vista químico e físico. A qualidade do coque depende muito
do carvão mineral do qual se origina, principalmente do seu
teor de impurezas.
Química Técnica. A Química Transformadora 57

Trata-se de um processo químico, na medida em que


envolve quebra de moléculas, cujas principais etapas são:

 Perda de humidade: ocorre a temperaturas entre 100 °C e


120 °C e caracteriza-se pela liberação da unidade presente
no carvão;

 Desvolatização primária: é o primeiro estágio da


coqueificação propriamente dita e ocorre entre
temperaturas da ordem de 350 °C a 550 °C, com a
liberação de hidrocarbonetos pesados e alcatrão;

 Fluidez: ocorre entre 450 °C e 600 °C, quando o material


se torna fluido e pastoso, devido ao rompimento das
pontes de oxigénio presentes em sua estrutura química;

 Inchamento: etapa que ocorre paralelamente à fluidez


devido à pressão dos gases difundindo-se na estrutura de
microporos do carvão. Assim sendo, a intensidade do
inchamento será função da velocidade de liberação destes,
através da massa fluida. É uma fase de grande
importância, na medida em que deve ser devidamente
controlada para evitar-se danos aos equipamentos da
coqueria;

 Resolidificação: ocorre em temperaturas próximas de


700 °C, formando o semi-coque. Determina em grande
parte a qualidade do coque, uma vez que uma
resolidificação sem formação de fissuras originará um
produto de elevada resistência mecânica;

 Desvolatização secundária: última fase do processo,


ocorre na faixa situada entre 850 °C e 1300 °C com
eliminação sobretudo de hidrogénio.

Antes de se iniciar o processo de coqueificação é necessário


a preparação dos diversos tipos de carvões minerais.

Fig. 12. Coque (www.portugal.acambiode.com)


Química Técnica. A Química Transformadora 58

8.3.1.3. Carvão das retortas

- É muito duro e compacto. Geralmente é usado nos museus


ou em casas de retortas.

8.3.1.4. Carvão mineral

O carvão mineral é uma rocha sedimentar combustível, de


cor preta ou marrom, que ocorre em estratos chamadas
camadas de carvão. As formas mais duras, como o
antracito, podem ser consideradas rochas metamórficas
devido à posterior exposição a temperatura e pressão
elevadas. É composto primeiramente por carbono e
quantidades variáveis de enxofre, hidrogénio, oxigénio e
nitrogénio e elementos vestígios.

Quanto maior o teor de carbono mais puro se considera.


Existem quatro tipos principais de carvão mineral; turfa,
linhito, hulha e antracito, em ordem crescente do teor de
carbono. É extraído do solo por mineração a céu aberto ou
subterrânea.

Entre os diversos combustíveis produzidos e conservados


pela natureza sob a forma fossilizada, acredita-se ser o
carvão mineral o mais abundante.

Com o coque e o alcatrão de hulha, seus subprodutos, é


vital para muitas indústrias modernas.

O carvão mineral foi formado pelos restos soterrados de


plantas tropicais e subtropicais, especialmente durante
períodos Carbonífero e Permiano.

Fig. 13. Carvão animal (bemestarenergia.blogspot.com)


Química Técnica. A Química Transformadora 59

8.3.1.5.Carvão de Açúcar

Por acção de ácido sulfúrico concentrado sobre o açúcar


ordinário, este carboniza. Note, lavando convenientemente,
obtém-se uma das formas mais puras de carvão artificial.

8.3.1.6. Negro – de – fumo

É uma variedade de carvão artificial com uma percentagem


de impurezas muito reduzida. Obtém-se queimando
petróleo, alcatrão, aguarrás, óleos gordos e gorduras, etc.

Fig. 14. Negro – de – fumo (www.nanquim.com.br)

8.3.2. Carvões naturais ou minerais

- Extraem-se do sub-solo.

8.3.2.1. Turfa

É leve, de cor geralmente castanha, algumas vezes negra


e/ou baça.

Fig. 15. Turfa (orquidea.base33.net)


Química Técnica. A Química Transformadora 60

8.3.2.2. Lenhite

O lignito ou linhito (em Portugal, a lenhite) é um tipo de


carvão com elevado teor de carbono na sua constituição (65
a 75%). A sua cor é acastanhada e encontra-se geralmente,
mais à superfície, por ter sofrido menor pressão. A sua
extracção é relativamente fácil e pouco dispendiosa.

Quando queima origina muita cinza. Em termos geológicos é


um carvão recente. Trata-se do único tipo de carvão
estritamente biológico e fóssil, formado por matéria orgânica
vegeta

Fig.16. Lenhite (www.panoramio.com)

8.3.2.3. Hulha

A hulha ou carvão betuminoso é um tipo de carvão mineral


que contém betume.

Dependendo do teor de carbono, o carvão mineral é


classificado como linhito, hulha e antracito. É denominado de
hulha quando o teor de carbono é entre 60 e 80%.

A hulha foi a mola propulsora da indústria do século XIX,


durante a chamada revolução industrial, sendo substituída
pelo petróleo no século XX.

A hulha era o tipo de carvão mineral mais amplamente


utilizado na produção de hidrocarbonetos aromáticos, que
ocorria através de um processo denominado destilação
seca. Tal processo consiste no aquecimento da hulha
resultando em três fracções de diferentes estados físico.
Química Técnica. A Química Transformadora 61

Fig. 17. Hulha (www.brasilescola.com)

8.3.2.4. Antracite

A antracite ou o antracito, é uma variedade compacta e


dura do mineral carvão que possui elevado lustre. Difere do
carvão betuminoso por conter pouco ou nenhum betume, o
que faz com que arda com uma chama quase invisível. Os
espécimes mais puros são compostos quase inteiramente
por carbono.

O antracito é criado por metamorfismo e está associado às


rochas metamórficas, da mesma forma que o carvão
betuminoso está associado às rochas sedimentares.

Fig. 18: Antracite (www.lenntech.com) e Fig. 19: Antracite (Carvão


activado) (www.lenntech.com)

Exercícios
1. Quais os diferentes tipos de carvão por te estudados?
Caracterize-os!
2. Fale do processo de produção do carvão de “cozinha”!
3. Fale da extracção do carvão mineral!
Auto-avaliação 4. Faça um portfolio sobre o processo de extracção do
carvão mineral no distrito de moatize.
Química Técnica. A Química Transformadora 62

Unidade no.9-Q0077
Tema: ESTUDO DO GÁS
NATURAL

Introdução
“Gás Natural”, amplamente explorado na actualidade
moçambicana, é a unidade que se propõe, nela abordar-se-á
também aspectos como conceito, tipos de gás natural e o
respectivo tratamento.
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar o conceito de gás natural;


 Identificar os tipos de gás natural;

Objectivos  Identificar os tipos de tratamento.

9.1. Conceito
O gás natural é uma mistura de hidrocarbonetos leves
encontrada no subsolo, na qual o metano tem uma
participação superior a 70 % em volume.

A composição do gás natural pode variar bastante


dependendo de factores relativos ao campo em que o gás é
produzido, processo de produção, condicionamento,
processamento, e transporte. O gás natural é um
combustível fóssil e uma energia não-renovável.

O gás natural é encontrado no subsolo através de jazidas de


petróleo, por acumulações em rochas porosas, isoladas do
exterior por rochas impermeáveis, associadas ou não a
depósitos petrolíferos. É o resultado da degradação da
matéria orgânica de forma anaeróbica oriunda de
Química Técnica. A Química Transformadora 63

quantidades extraordinárias de microorganismos que, em


eras pré-históricas, se acumulavam nas águas litorâneas
dos mares da época. Essa matéria orgânica foi soterrada a
grandes profundidades e, por isto, sua degradação se deu
fora do contacto com o ar, a grandes temperaturas e sob
fortes pressões.

9.2.Composição

A composição do gás natural pode variar muito, dependendo


de factores relativos ao reservatório, processo de produção,
condicionamento, processamento e transporte. De uma
maneira geral, o gás natural apresenta teor de metano
superiores a 70% de sua composição, densidade menor que
1 e poder calorífico superior entre 8.000 e 10.000 kcal/m3,
dependendo dos teores de pesados (etano e propano
principalmente) e inertes (nitrogénio e gás carbónico). No
Brasil a especificação do gás natural para comercialização e
transporte está estabelecida pela Resolução Nº 16 de 17 de
junho de 2008[1] da Agência Nacional do Petróleo (ANP).

9.3. Actores da Cadeia de Gás Natural

 Produtor: Pessoa Jurídica que possui a concessão do


Estado para explorar e produzir gás natural em
determinados blocos.
 Carregador: Pessoa jurídica que detêm o controle do gás
natural, contrata o transportador para o serviço de
transporte e negocia a venda deste junto as companhias
distribuidoras.
 Transportador: Pessoa jurídica autorizada pelo
transporte.
 Processador: Pessoa jurídica autorizada a processar o
gás natural.
 Distribuidor: Pessoa jurídica que tem a concessão do
estado para comercializar o gás natural junto aos
consumidores finais
 Regulador: Figura do Estado que vela para o efeito.

9.4. Exploração

A exploração é a etapa inicial dentro da cadeia de gás


natural, consistindo em duas fases. A primeira fase é a
pesquisa onde, através de testes sísmicos, verifica-se a
Química Técnica. A Química Transformadora 64

existência em bacias sedimentares de rochas reservatórias


(estruturas propícias ao acúmulo de petróleo e gás natural).
Caso o resultado das pesquisas seja positivo, inicia-se a
segunda fase, e é perfurado um poço pioneiro e poços de
delimitação para comprovação da existência gás natural ou
petróleo em nível comercial e mapeamento do reservatório,
que será encaminhado para a produção.

Os reservatórios de gás natural são constituídos de rochas


porosas capazes de reter petróleo e gás. Em função do teor
de petróleo bruto e de gás livre, classifica-se o gás, quanto
ao seu estado de origem, em gás associado e gás não-
associado.

 Gás associado: é aquele que, no reservatório, está


dissolvido no óleo ou sob a forma de capa de gás. Neste
caso, a produção de gás é determinada basicamente pela
produção de óleo. Boa parte do gás é utilizada pelo próprio
sistema de produção, podendo ser usada em processos
conhecidos como reinjeção e gás lift, com a finalidade de
aumentar a recuperação de petróleo do reservatório, ou
mesmo consumida para geração de energia para a própria
unidade de produção, que normalmente fica em locais
isolados. Ex: Campo de Urucu no Estado do Amazonas

 Gás não-associado: é aquele que, no reservatório, está


livre ou em presença de quantidades muito pequenas de
óleo. Nesse caso só se justifica comercialmente produzir o
gás. Ex: Campo de San Alberto na Bolivia.

9.5. Produção

Com base nos mapas do reservatório, é definida a curva de


produção e a infra-estrutura necessárias para a extracção,
como boa parte do gás é utilizada pela própria unidade de
produção é verificada a viabilidade de se comercializar o
excedente de gás, caso a comercialização do gás não seja
viável, normalmente pelo elevado custo.
Química Técnica. A Química Transformadora 65

Fig. 9. Usina do gás natural

9.5.1. Acondicionamento

É o conjunto de processos físicos ou químicos aos quais o


gás natural é submetido, de modo a remover ou reduzir os
teores de contaminantes para atender as especificações
legais do mercado, condições de transporte, segurança, e
processamento posterior.

O gás natural pode ser armazenado na forma líquida à


pressão atmosférica. Para tanto os tanques devem ser
dotados de bom isolamento térmico e mantidos à
temperatura inferior ao ponto de condensação do gás
natural. Neste caso, o gás natural é chamado de gás natural
liquefeito ou GNL.

Fig. 20. Um reservatório de gás natural

9.5.2. Processamento

 Refrigeração simples;
 Absorção refrigerada;
 Turbo-Expansão;
 Expansão Joule-Thompson (JT)
Química Técnica. A Química Transformadora 66

9.6. Transporte

 Gás Natural Comprimido (GNC);


 Gasodutos;

Gás Natural Liquefeito.

Exercícios
1. Em Moçambique, descreva as províncias onde podem
encontrar jazigos do gás natural!
2. Pronuncie-se sobre a utilidade do gás natural!
3. Fale sobre o processo de tratamento do Gás Natural.
Auto-avaliação
Química Técnica. A Química Transformadora 67

o
Unidade n .10-Q0077
Tema: PETRÓLEO
Introdução
Nesta unidade, de grande relevo sob ponto de vista do
desenvolvimento da Indústria Química, abordar-se-ao conceitos,
obviamente, tipos de petróleo e respectivo tratamento Seja bem-
vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar o conceito do petróleo


 Identificar os tipos de petróleo.
 Identificar os tipos de tratamento.
Objectivos

10.1. Caracterização

Petróleo (do latim petroleum, petrus = pedra e oleum = óleo,


do grego), é uma substância oleosa, inflamável, geralmente
menos densa que a água, com cheiro característico e
coloração que pode variar desde o incolor ou castanho claro
até o preto, passando por verde e marrom (castanho).

Trata-se de uma combinação complexa de hidrocarbonetos,


composta na sua maioria de hidrocarbonetos alifáticos,
alicíclicos e aromáticos, podendo conter também
quantidades pequenas de nitrogénio, oxigénio, compostos
de enxofre e iões metálicos, principalmente de níquel e
vanádio. Esta categoria inclui petróleos leves, médios e
pesados, assim como os óleos extraídos de areias
impregnadas de alcatrão. Materiais hidrocarbonetos que
requerem grandes alterações químicas para a sua
recuperação ou conversão em matérias-primas para a
refinação do petróleo, tais como óleos de Xisto crus, óleos
de xisto enriquecidos e combustíveis líquidos de hulha, não
se incluem nesta definição.
Química Técnica. A Química Transformadora 68

O petróleo é um recurso natural abundante, porém sua


pesquisa envolve elevados custos e complexidade de
estudos. É também actualmente a principal fonte de energia,
servindo também como base para fabricação dos mais
variados produtos, dentre os quais destacam-se benzinas,
óleo diesel, gasolina, alcatrão, polímeros plásticos e até
mesmo medicamentos.

Além de gerar a gasolina que serve de combustível para


grande parte dos automóveis que circulam no mundo, vários
produtos são derivados do petróleo como, por exemplo, a
parafina, GLP, produtos asfálticos, nafta petroquímica,
querosene, solventes, óleos combustíveis, óleos
lubrificantes, óleo diesel e combustível de aviação.

Fig. 21.Fábrica de petróleo


Química Técnica. A Química Transformadora 69

10.2.Origens da indústria petrolífera

Fig. 22. Instalação petrolífera

Fig. 23. Depósito petrolífero

Fig.24. Plataforma marinha de extração do petróleo


Química Técnica. A Química Transformadora 70

10.3. Geologia

Fig. 25 Esquema de uma bomba para extracção de petróleo

10.4. Constituintes da destilação do petróleo

Nas refinarias, o petróleo é submetido a uma destilação


fraccionada, sendo o resultado desse processo separado em
grupos. Nesta destilação encontramos os seguintes
componentes:

 De 20 a 60 °C → éter de petróleo.
 De 60 a 90 °C → benzina.
 De 90 a 120 °C → nafta.
 De 40 a 200 °C → gasolina.
 De 150 a 300 °C → querosene.
 De 250 a 350 °C → gasóleo (PT) ou óleo diesel (BR).
 De 300 a 400 °C → óleos lubrificantes
 Resíduos → asfalto, piche e coque.

Exercícios
1. O que entendes por petróleo?
2. Diga onde podemos extrair o petróleo?
3. Qual a utilidade do petróleo e sua composição química?
4. Qual é a origem do petróleo?
Auto-avaliação 5. Quais são os pais maiores produtores de petróleo?
Química Técnica. A Química Transformadora 71

Unidade no.11-Q0077
Tema: PROCESSO DE
PRODUÇÃO DE AÇUCAR
Introdução
Nesta unidade, de grande relevo sob ponto de vista do impacto da
economia do dia-a-dia, abordar-se-á o conceito, tipos de açúcar e
as respectivas etapas de produção.
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar o conceito de açúcar.


 Identificar os tipos de açúcar.
Objectivos
 Reconhecer as etapas do processo de produção

11.1. Conceito

O açúcar é uma forma possível dos carbohidratos (as outras


formas são amido, celulose e alguns outros compostos
encontrados nos seres vivos). A forma mais comum de
açúcar consiste em sacarose no estado sólido e cristalino. O
açúcar promove uma alteração no sabor dos alimentos e
bebidas, tornando-os mais doces ao paladar humano. É
produzido comercialmente a partir de cana-de-açúcar ou de
beterraba.

Estrutura da molécula da sacarose


Química Técnica. A Química Transformadora 72

11. 2. Tipos de açúcar

11.2.1. Monossacarídeos:
 Glicose
 Frutose
 Galactose
 Manose
 Pentose
 Ribose

11.2.2. Dissacarídeos:
 Sacarose
 Maltose
 Lactose

11.2.3. Trissacarídeos:
 Rafinose

11.2.4. Políssacarídeos:
 Amido
 Glicogênio

11. 3. Etapas de produção

O açúcar cristal é produzido a partir do caldo da cana-de-


açúcar. O processo pode ser descrito da seguinte maneira:

11.3.1.Lavagem da Cana

A cana recebida na indústria é descarregada através de


equipamentos chamados hilos mecânicos, ou pontes
rolantes, nos pátios de estocagem, ou directamente nas
mesas alimentadoras, para moagem. Nas mesas
alimentadoras, a cana é lavada com água para remoção de
terra e palha. Toda a água utilizada na lavagem é enviada
para tratamento e reutilização.
Das mesas alimentadoras, a cana é descarregada em uma
esteira metálica, que a transporta para a etapa seguinte do
processamento.
A cana colhida mecanicamente é descarregada
directamente na esteira metálica.
Química Técnica. A Química Transformadora 73

11.3.2.Preparação da Cana

A cana da esteira metálica é encaminhada a equipamentos


rotativos, denominados picador e desfibrador.
A preparação da cana tem por objectivo abrir as células do
colmo, facilitando a posterior extracção do caldo.

11.3.3. Extracção

A cana desfibrada passa em um conjunto de três rolos,


dispostos na forma de triângulo, denominados ternos. O
conjunto de ternos forma a moenda. A função da moenda é
separar o caldo da parte fibrosa da cana (bagaço) por
compressão.

11.3.4. Distribuição de Caldo

O caldo extraído da cana é então bombeado para um


tanque, onde parte dele é enviado para a produção do
açúcar e parte para a produção de álcool.

11.3.5.Dosagem

Nesta etapa o caldo recebe reagentes para auxiliar a


remoção dos corantes de origem vegetal e mineral (folhas,
terra, areia etc.)

11.3.6.Aquecimento

Após a dosagem, o caldo é aquecido em trocadores de calor


a uma temperatura de aproximadamente 105°C. O
aquecimento serve para facilitar a separação das impurezas
do caldo, realizada na etapa seguinte.

11.3.7. Clarificação

O caldo aquecido é enviado para equipamentos


denominados decantadores, ou clarificadores. Estes tanques
são divididos internamente por bandejas.·
Os flocos formados pelos reagentes dosados e pelas
impurezas, aderidos uns aos outros, são transformados em
flocos maiores através da acção dos polímeros dosados na
entrada dos decantadores. Esses flocos maiores precipitam
nas bandejas e são removidos através de raspadores.
O caldo clarificado verte pela parte superior do decantador e
Química Técnica. A Química Transformadora 74

é enviado para peneiras estáticas, que seguram as


partículas de bagaço que eventualmente não são retiradas
nos decantadores.

11.3.8.Pré Evaporação

O caldo clarificado é transportado através de bombas para


trocadores de calor, chamados de pré-evaporadores, onde
parte da água contida no caldo é eliminada por aquecimento
e consequente evaporação.

11.3.9. Evaporação

O caldo pré-evaporado é então submetido a um novo


aquecimento, mas a temperaturas menores, em uma torre a
vácuo, denominada evaporadora.·
Na saída do evaporador temos então o caldo concentrado,
que passa a ser denominado xarope.

11.3.10. Flotação

Esta etapa tem a função de remoção de corantes, onde o


xarope recebe uma dosagem de reagentes que agem da
mesma forma como descrita anteriormente.

Estes insumos combinados com as impurezas formam flocos


que sobem até a superfície do xarope e são removidos por
braços raspadores.
O equipamento que faz este trabalho é chamado de flotador.

11.3.11. Cozimento de Massa A

A etapa é realizada por equipamentos semelhantes aos pré-


evaporadores, mas com pressão negativa. Estes
equipamentos recebem inicialmente uma massa que contém
pequenos cristais de sacarose, chamada de pé-de-
cozimento. Em seguida é iniciado o aquecimento e a
alimentação, com xarope. À medida que a água do xarope é
evaporada, a sacarose dissolvida começa a aderir aos
cristais já formados, aumentado o seu tamanho.
Do processo de cozimento, temos um semi-solído, formado
por mel e cristais de sacarose, denominado massa A ou
massa de primeira.
Química Técnica. A Química Transformadora 75

11.3.12.Centrifugação da Massa A

A massa A é enviada para separadoras centrífugas de cesto


perfurado.
Por centrifugação, cristais de sacarose são separados do
mel, ficando os cristais retidos dentro do cesto. O mel então
escoa pelas perfurações do cesto. Dentro do cesto, os
cristais ainda são lavados com um jacto de água quente e
vapor, que auxilia a remoção do mel.

11.3.13. Secagem do Açúcar

Estes cristais, já denominados de açúcar, são


descarregados das centrífugas e enviados para
secadores/resfriadores, onde circula o açúcar, em
contracorrente com ar. A primeira metade, com ar quente,
reduz a humidade do açúcar a níveis de 0,05%. A segunda
metade, com ar frio, tem a função de baixar a temperatura
do açúcar até a temperatura ambiente.
A secagem e o resfriamento têm como finalidade evitar o
"empedramento e/ou o amarelamento" do açúcar, com a
troca de humidade e temperatura do ambiente de
armazenagem. Após o resfriamento, o açúcar é peneirado
para separar os aglomerados formados durante a
centrifugação, a secagem e o resfriamento.
O açúcar, depois de peneirado, é transportado, através de
transportadores mecânicos, a granel, até a área de
acondicionamento, que conta com embalagens diversas, tais
como big bags de 1200 kg, sacas de 25 e 50 kg, pacotes de
1, 2 e 5 kg, ou mesmo a granel.

11.3.14. Cozimento de Massa B

O mel obtido na centrifugação da massa A é enviado para


cozedores e novamente concentrado. Nessa etapa formam-
se pequenos cristais de sacarose, que servirão para o
preparo do pé-de-cozimento para massa A.
A massa B ou de segunda, obtida nesse processo, é então
enviada para centrífugas contínuas de cesto cónico.

11.3.15.Centrifugação de Massa B

Nas centrífugas contínuas o mel é removido e enviado para


a produção de álcool. Os cristais obtidos retidos,
Química Técnica. A Química Transformadora 76

denominados magma, são utilizados no cozimento de massa


A

Exercícios
1. Qual é a importância do açúcar para o organismo
humano?
2. Identifique os diferentes tipos de açúcar!
Auto-avaliação 3. Fale das etapas de produção do açúcar?
Química Técnica. A Química Transformadora 77

o
Unidade n .12-Q0077
Tema: PRODUÇÃO DE FERRO E
AÇO

Introdução
“ Produção de Ferro e aço” é a unidade a abordar da qual falará
de fornos primitivos, desenvolvimento dos altos-fornos, matéria-
prima utilizada, respectivos produtos finais, fabricação do aço,
processos pneumáticos e reacções que decorrem dos mesmos.
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Distinguir os fornos primitivos.


 Caracterizar a matéria-prima utilizada na produção do Fe e
aço.
Objectivos
 Reconhecer as etapas do processo de produção
 Identificar as reacções decorrentes deste processo

12.1. Caracterização
O ferro (do latim ferrum) é um elemento químico, símbolo
Fe, de número atómico 26 (26 protões e 26 electrões) e
massa atómica 56 u. À temperatura ambiente, o ferro
encontra-se no estado sólido. É extraído da natureza sob a
forma de minério de ferro que, depois de passado para o
estágio de ferro-gusa, através de processos de
transformação, é usado na forma de lingotes. Adicionando-
se carbono dá-se origem a várias formas de aço.

Este metal de transição é encontrado no grupo 8 (VIIIB) da


Classificação Periódica dos Elementos. É o quarto elemento
mais abundante da crosta terrestre (aproximadamente 5%)
e, entre os metais, somente o alumínio é mais abundante.

É um dos elementos mais abundantes do Universo; o núcleo


da Terra é formado principalmente por ferro e níquel (NiFe).
Química Técnica. A Química Transformadora 78

O ferro tem sido historicamente importante, e um período da


história recebeu o nome de Idade do ferro.

O ferro, actualmente, é utilizado extensivamente para a


produção de aço, liga metálica para a produção de
ferramentas, máquinas, veículos de transporte (automóveis,
navios, etc.), como elemento estrutural de pontes, edifícios,
e uma infinidade de outras aplicações.

Aço é uma liga metálica formada essencialmente por ferro e


carbono, com percentagens deste último variando entre
0,008 e 2,11%. Distingue-se do ferro fundido, que também é
uma liga de ferro e carbono, mas com teor de carbono entre
2,11% e 6,67%.

A diferença fundamental entre ambos é que o aço, pela sua


ductilidade, é facilmente deformável por forja, Laminação e
extrusão, enquanto uma peça em ferro fundido é muito frágil.

O aço pode ser classificado da seguinte maneira:

 Quantidade de carbono
 Composição química
 Quanto à constituição microestrutural
 Quanto à sua aplicação

O aço é actualmente a mais importante liga metálica, sendo


empregue de forma intensiva em numerosas aplicações tais
como máquinas, ferramentas, em construção, etc.
Entretanto, a sua utilização está condicionada a
determinadas aplicações devido a vantagens técnicas que
oferecem outros materiais como o alumínio no transporte por
sua maior leveza e na construção por sua maior resistência
a corrosão, o cimento (mesmo combinado com o aço) pela
sua maior resistência ao fogo e a cerâmica em aplicações
que necessitem de elevadas temperaturas.

Ainda assim, actualmente emprega-se o aço devido a sua


nítida superioridade frente às demais ligas considerando-se
o seu preço. Já que:

 Existem numerosas jazidas de minerais de ferro


suficientemente ricas, puras e fáceis de explorar, além da
possibilidade de reciclar a sucata.
 Os procedimentos de fabricação são relativamente simples
e económicos, e são chamados de aciaria. Os aços podem
Química Técnica. A Química Transformadora 79

ser fabricados por processo de aciaria eléctrica, onde se


utiliza eléctrodos e processo de aciaria LD, onde se utiliza
sopro de oxigénio no metal líquido por meio de uma lança.
 Apresentam uma interessante combinação de
propriedades mecânicas que podem ser modificados
dentro de uma ampla faixa variando-se os componentes da
liga e as suas quantidades, mediante a aplicação de
tratamentos.
 A sua plasticidade permite obter peças de formas
geométricas complexas com relativa facilidade.
 A experiência acumulada na sua utilização permite realizar
previsões de seu comportamento, reduzindo custos de
projectos e prazos de colocação no mercado.

Tal é a importância industrial deste material que a sua


metalurgia recebe a denominação especial de siderurgia, e a
sua influência no desenvolvimento humano foi tão
importante que uma parte da história da humanidade foi
denominada Idade do Ferro, que se iniciou em 3500 a.C., e
que, de certa forma, ainda perdura.

12.1. Fornos Primitivos

- Tipo poço fechado


- Tipo de forja catalã  Ambos usando carvão
vegetal como combustível.
Química Técnica. A Química Transformadora 80

Figura 26 – Fornos primitivos usados na redução do minério de ferro, pelo


emprego de carvão vegetal como combustível.

Estes dois tipos de fornos usavam o processo de redução


direta (ferro não era obtido no estado líquido):
C + O2  CO2 CO2 + C  CO
CO + FeXOY  Fe + CO2
Obs.: O ferro era obtido no estado pastoso (líquido de alta
viscosidade), misturado com as impurezas do minério.

O ferro assim obtido apresentava-se em geral relativamente


dúctil, mole, maleável e podia ser trabalhado por
martelamento a temperaturas relativamente elevadas. Após
ser retirado do forno (uma bola de ferro), o ferro era
martelado para a remoção das impurezas. O resultado final
era uma barra ou “lupa”, posteriormente reaquecida e
trabalhada por martelamento (ferro pudlado).

Portanto, os fornos primitivos , possibilitavam a absorção de


uma certa quantidade de carbono (até 1%), o que por rápido
resfriamento poderia elevar drasticamente a dureza do
material (têmpera).

12.2. Desenvolvimento dos altos-fornos

Começou-se a aumentar, paulatinamente, a altura dos


fornos primitivos. (fornos de cuba ou fornos chaminé).
Fornos chaminé: Carga  introduzida pelo topo
Ar  soprado pela parte inferior
1500  Inglaterra  Alto-forno mais próximo aos
modernos
1619  Inglaterra  Introdução do coque
Química Técnica. A Química Transformadora 81

1800  Inglaterra  Aquecimento do ar

12.3. Matérias-primas da indústria siderúrgica

As matérias-primas básicas da indústria siderúrgica são as


seguintes:

12.3.1.Minério de ferro
É a principal matéria-prima do alto-forno, pois é dele que se
extrai o ferro. Os minerais que contêm ferro em quantidade
apreciável são os óxidos, carbonatos, sulfetos e silicatos. Os
mais importantes para a indústria siderúrgica são os óxidos,
sendo eles:
 Magnetita (óxido ferroso-férrico)  Fe3O4 (72,4% Fe).
 Hematita (óxido férrico)  Fe2O3 (69,9% Fe).
 Limonita (óxido hidratado de ferro)  2FeO3.3H2O
(48,3% Fe).
O minério de ferro é composto por três partes a saber:
 Útil  parte que contém o ferro
 Ganga  impurezas sem valor direto
 Estéril  rocha onde o minério
O minério de ferro pode ser classificado como:
 Rico  60 a 70% de Fe
 Médio  50-60% de Fe
 Pobre  <50%
12.3.1.1. Beneficiamento do minério de ferro
O termo genérico “beneficiamento” compreende uma série
de operações que têm como objetivo tornar o minério mais
adequado para a utilização nos altos-fornos. Estas
operações são britamento, peneiramento, mistura, moagem,
concentração, classificação e aglomeração (principal). A
aglomeração visa melhorar a permeabilidade da carga do
alto-forno, reduzir o consumo de carvão e acelerar o
processo de redução. Os processos mais importantes de
aglomeração são a sinterização e a pelotização.

12.3.1.2. Sinterização
Consiste em aglomerar-se finos de minério de ferro numa
mistura com aproximadamente 5% de um carvão finamente
dividido ou coque. A carga é aquecida por intermédio de
Química Técnica. A Química Transformadora 82

queimadores e com o auxílio de fluxo de ar. A temperatura


que se desenvolve durante o processo atinge 1.300 a
1500oC, suficiente para promover a ligação das partículas
finas do minério, resultando num produto uniforme e poroso
chamado sínter.

12.3.1.3.Pelotização
Este é o mais novo processo de aglomeração e talvez o de
maior êxito. Neste processo, produzem-se inicialmente
“bolas” ou “pelotas” cruas de finos de minério de alto teor ou
de minério concentrado. Adiciona-se cerca de 10% de água
e, geralmente, um aglomerante de natureza inorgânica. Uma
vez obtidas as pelotas cruas, estas são secas, pré-
aquecidas e então queimadas.

12.3.2. Carvão
O combustível utilizado no alto-forno é o carvão, coque ou
de madeira, cuja ação se faz sentir em três sentidos:
 fornecedor de calor para a combustão;
 fornecedor do carbono para a redução de óxido de
ferro;
 indiretamente, fornecedor de carbono como principal
elemento de liga do ferro gusa.

12.3.3. Fundente
A função do fundente é combinar-se com as impurezas
(ganga) do minério e com as cinzas do carvão, formando as
chamadas “escórias”. O principal fundente é o calcário, de
fórmula CaCO3.
 Outras matérias-primas da indústria siderúrgica, entre
elas, a mais importante são o minério de manganês.
Outras matérias-primas incluem as “ferro-ligas” de silício,
cromo, vanádio, molibdênio, níquel, tungstênio, titânio,
etc... Finalmente, deve-se ainda mencionar como
importante matéria-prima a sucata de aço, ou seja,
subprodutos da fabricação de aço e itens ou componentes
de aço desgastados, quebrados ou descartados.

12.4. Produção do ferro Gusa: Alto-forno

O alto-forno constitui ainda o principal aparelho utilizado na


metalurgia do ferro. A metalurgia do ferro consiste,
Química Técnica. A Química Transformadora 83

essencialmente, na redução dos óxidos dos minérios de


ferro, mediante o emprego de um redutor, que é um material
a base de carbono (carvão).
A Figura 27 mostra a seção transversal de uma instalação
de alto-forno, incluindo todo o equipamento acessório e
auxiliar. Como se vê, trata-se de uma estrutura cilíndrica, de
grande altura, que compreende essencialmente uma
fundação e o forno propriamente dito. Este, por sua vez, é
constituído de três partes essenciais, isto é, cadinho, rampa
e cuba.

O equipamento acessório e auxiliar tem como objetivo limpar


os gases que saem do alto-forno, bem como pré-aquecer o
ar que é introduzido no forno através das ventaneiras.

Figura 27 – Secção transversal de uma instalação de alto-forno, incluindo o


equipamento auxiliar principal.
Química Técnica. A Química Transformadora 84

Figura 28 – Secção transversal de um alto-forno moderno.

12.3.1.Operação do alto-forno
Num alto-forno, existem duas correntes de materiais
responsáveis pelas reações que se verificam, isto é, uma
corrente sólida, representada pela carga que desce
paulatinamente e uma corrente gasosa que se origina pela
reação do carbono do carvão com o oxigênio do ar soprado
pelas ventaneiras, que sobe em contracorrente.

12.3.2.Reações químicas
As temperaturas mais elevadas ocorrem nas proximidades
das ventaneiras: da ordem de 1.800 a 2000oC. Nesta região,
verifica-se a reação:
C + O2  CO2
Originando-se grande quantidade de calor.

Este CO2, ao entrar em contato com o coque incandescente,


decompõe-se:
CO2 + C  2CO
O CO originado é o agente redutor.
Química Técnica. A Química Transformadora 85

A carga introduzida pelo topo, ao entrar em contato com a


corrente gasosa ascendente sofre uma secagem.
A decomposição dos carbonatos, contidos no calcário dá-se
a aproximadamente 800oC, conforme as seguintes reações:
CaCO3  CaO + CO2
MgCO3  MgO + CO2
Além do CO como agente redutor, o próprio carbono do
carvão atua nesse sentido.

O processo de oxidação do coque com oxigénio libera


energia. Na parte inferior do alto-forno a temperatura pode
alcançar 1900 °C.

 Redução dos minerais que são óxidos:

Inicialmente, os óxidos de ferro são reduzidos na parte


superior do alto-forno, parcial ou totalmente, com o
monóxido de carbono, já produzindo ferro metálico.
Exemplo: redução da magnetita:

Fe3O4 + 3CO → 3FeO + 3CO2


FeO + CO → Fe + CO2

Posteriormente, na parte inferior do alto-forno, onde a


temperatura é mais elevada, ocorre a maior parte da
redução dos óxidos com o coque (carbono):

Fe3O4 + C → 3FeO + CO

O carbonato de cálcio se decompõe:

CaCO3 → CaO + CO2

e o dióxido de carbono é reduzido com o coque a monóxido


de carbono, como visto acima.

Na parte mais inferior do alto-forno ocorre a carburação:

3Fe + 2CO → Fe3C + CO2

 Processos de enriquecimento:
Química Técnica. A Química Transformadora 86

Finalmente ocorre a combustão e a dessulfuração


(eliminação do enxofre) devido à injecção de ar no alto forno,
e por último são separadas as fracções: a escória do ferro
fundido, que é a matéria-prima empregada na indústria.

O ferro obtido pode conter muitas impurezas não desejáveis,


sendo necessário submetê-lo a um processo de refinação
que pode ser realizado em fornos chamados convertedores.

12.3.3. Reacções químicas de redução do minério de ferro


3Fe2O3 + CO  2Fe3O4 + CO2
Fe3O4 + CO  3FeO + CO2
ou
Fe2O3 + 3C  2Fe + 3CO

Na região que corresponde ao topo da rampa (região acima


do cadinho onde o ferro líquido e a escória são depositados),
inicia-se a formação da escória, pela combinação da cal
(CaO) com a ganga (impurezas do minério de ferro) e uma
certa quantidade de óxido de ferro e manganês. Essa
escória formada, juntamente com o ferro, começa a gotejar
através dos interstícios (espaços vazios) da carga ainda
sólida, para depositar-se no cadinho.
Mn3O4 + C  3MnO + CO
MnO + C  Mn + CO
SiO2 + 2C  Si + 2CO
P2O5 + 5C  2P + 5CO
FeS + CaO + C  CaS + Fe + CO

Finalmente, as últimas reacções fundamentais são


representadas pelas equações:
3Fe + C  Fe3C
3Fe + 2CO  Fe3C + CO2
Química Técnica. A Química Transformadora 87

Todas estas reações produzem, então, o ferro gusa, que


além de ferro e carbono também incorpora os elementos
manganês (Mn), silício (Si), fósforo (P) e enxofre (S).
A formação da escória compreende reacções bem mais
complexas. Essa escória resulta da combinação do CaO e
do MgO do calcário (fundente) com a ganga (impurezas) do
minério e as cinzas do carvão. A escória caracteriza-se por
sua grande fluidez e seu baixo peso específico. Assim, no
cadinho (reservatório), a escória e o gusa líquido separam-
se por gravidade, formando duas camadas, isto é, a inferior
(metálica) e a superior (escória), facilitando o vazamento de
ambos os produtos.

12.4. Produtos do alto-forno

Alto-forno é como se chama a construção, na siderurgia, de


tamanho variável, externamente revestido por metal e
internamente com material refractário, onde é fundido o minério de
ferro, a fim de transformá-lo em ferro-gusa.

O principal produto do alto-forno é o ferro gusa. O ferro gusa


é uma liga ferro-carbono de alto teor de carbono e teores
variáveis de silício, manganês, fósforo e enxofre. De um
modo geral, a maioria dos ferro gusas possíveis de serem
obtidos em alto-forno está compreendida na seguinte faixa
de composições:
 Carbono - 3 a 4,4%
 Silício - 0,5 a 4,0%
 Manganês - 0,5 a 2,5%
 Fósforo - 0,05 a 2,0%
 Enxofre - 0,20% máx.

Um outro produto do alto-forno é a escória, cuja composição


varia igualmente dentro de largos limites, isto é:
 SiO2 - 29 a 38%
 Al2O3 - 10 a 22%
 CaO + MgO - 44 a 48%
 FeO + MnO - 1 a 3%
 CaS - 3 a 4%

Este material depois de solidificado pode ser utilizado como


lastro de ferrovias, material isolante etc. Sua mais importante
Química Técnica. A Química Transformadora 88

aplicação dá-se na fabircação do chamado “cimento


metalúrgico”.
Finalmente, o gás de alto-forno é um subproduto muito
importante devido ao seu alto poder calorífico. Sua
composição é a seguinte:
 CO2 - 13%
 CO - 27%
 H2 - 3%
 N2 - 57%
Este gás é utilizado na própria usina siderúrgica nos
regeneradores, fornos diversos de aquecimento, caldeiras
etc...

O alto-forno é um reactor metalúrgico de contra corrente. O


alto-forno baseia-se no fato de que o silício indesejável e
outras impurezas, são mais leves do que o ferro fundido, seu
produto principal, designado por ferro gusa. O forno é
construído na forma semelhante a uma chaminé, numa
estrutura alta feita com tijolos refractários. Coque, pedra
calcária e minério de ferro (óxido de ferro) são inseridos no
topo. O ar chega pela base. Este fornecimento de ar permite
a combustão do combustível no seu interior. Isto reduz o
óxido a metal que, sendo mais denso, se concentra na parte
inferior do forno. A natureza exacta da reacção é:

Fe2O3 + 3 CO → 2 Fe + 3CO2

12.5. Fabricação do aço

O ferro gusa é uma liga Fe-C com outro elementos


resultantes do processo de fabricação. Estes outros
elementos são o Si, Mn, P e S. Para a fabricação do aço,
estes outros elementos, inclusive o carbono, devem ter seus
teores reduzidos. Esta redução da concentração destes
elementos químicos ocorre por oxidação.
Os “agentes oxidantes”, isto é, aqueles que iram oxidar o
ferro gusa para baixar o teor dos elementos químicos,
podem ser de natureza gasosa ( ar ou oxigênio) ou sólida
(minério de ferro).
 Processos pneumáticos  agente oxidante  ar ou
oxigênio
Química Técnica. A Química Transformadora 89

 Processo Siemens-Martin ou elétrico  agente


oxidante  substâncias sólidas contendo óxidos
(minério de ferro por exemplo).

12.6. Processos pneumáticos

Os vários tipos estão representados na Figura 29. Como se


vê na figura, o princípio básico de qualquer dos processos é
introduzir ar ou oxigênio, pelo fundo, lateralmente ou pelo
topo, através de uma “lança”.
Estes diferentes tipos de equipamentos são chamados de
conversores pneumáticos. Sendo as reações de oxidação
dos elementos contidos no ferro gusa líquido fortemente
exotérmicas, principalmente a do silício, não há necessidade
de aquecimento da carga metálica do conversor, eliminando-
se, assim, a utilização de qualquer combustível.

Figura 29 – Processos pneumáticos para produção de aço, a partir de ferro


gusa.

12.7. Reacções químicas de oxidação do ferro


gusa

As primeiras reações de oxidação do gusa são as seguintes:


2Fe + O2  2FeO
2FeO + Si  SiO2 + 2Fe
FeO + Mn  MnO + Fe
O resultado da oxidação é a formação de sílica SiO2, que,
juntamente com os óxidos de ferro e manganês que
igualmente se formam durante o “sopro”, originam uma
Química Técnica. A Química Transformadora 90

escória de baixo ponto de fusão, a base de silicatos de Fe e


Mn.
A medida que o sopro continua, inicia-se a oxidação do
carbono:
FeO + C  Fe + CO
Após este primeiro estágio de oxidação, o metal está pronto
para ser vazado na panela onde são, então, adicionadas as
“ligas” Fe-Mn ou alumínio para desoxidar e dessulfurar o
metal, segundo as seguintes reações:
FeO + Mn  MnO + Fe
FeS + Mn  MnS + Fe
ou
3FeO + 2Al  Al2O3 + 3Fe
Existem alguns problemas operacionais no processo de
oxidação do ferro gusa. Os mais importantes são de controle
do final da oxidação, da temperatura e da composição
química do banho metálico. Os conversores mais
conhecidos são o Bressemer, Thomas, de sopro lateral e de
sopro pelo topo (conversor L-D).

12.8. Processos eléctricos

Nos fornos pneumáticos, o ferro gusa era transportado ainda


líquido para dentro dos conversores e, o próprio calor gerado
pela oxidação dos elementos químicos era suficiente para
manter a temperatura do forno, sem precisar-se de nenhuma
fonte auxiliar de energia.
Os fornos pneumáticos era utilizados, basicamente, em
usinas integradas (nestas usinas, a redução do minério de
ferro, bem como a fabricação do aço são realizados no
mesmo local), de forma que o ferro gusa pode ser
transportado ainda líquido do alto-forno para os conversores.
Na maioria dos casos, contudo, as empresas compram o
gusa sólido e, juntamente com sucata de aço, forma-se a
carga para alimentar os fornos elétricos de produção de aço.
Neste fornos, a fusão da mistura de sucata de aço e ferro
gusa ocorre devido ao calor gerado por um arco voltaico que
se forma entre três eletrodos de grafite e a carga metálica.
Após a fusão da carga, oxigênio é injetado por uma lança
diretamente no banho líquido. A redução dos teores dos
elementos de liga ocorre, então, por oxidação, sendo que as
Química Técnica. A Química Transformadora 91

reações são as mesma já descritas para os fornos


pneumáticos. A fabricação do aço também conhecido como
refino do aço incorpora duas etapas a saber, isto é, o refino
primário e o refino secundário. No refino primário, são
reduzidos os teores os teores de carbono, manganês, silício
e fósforo. O calor liberado pela oxidação destes elementos
químicos reduz o consumo de energia elétrica do forno.

Durante o processo de oxidação, a composição química do


banho líquido é monitorada por coleta de amostras e análise
por espectrometria de emissão ótica.
Quando o banho líquido atinge a composição química ideal,
este é transportado para um outro forno, o a composição
química final do aço é acertada (refino secundário).
Neste segundo forno (forno panela), as “ferro-ligas” (Fe-Mn
ou Fe-Si) são adicionadas. Estas ligas funcionam como
dessulfurantes e desoxidantes, isto é, reduzem os teores de
enxofre e oxigênio do aço. A dessulfurização é realizada de
acordo com a seguinte reação:
Mn + S  MnS
O enxofre é então reduzido pela formação do sulfeto de
manganês (MnS) que vai para a escória. Já quanto à
desoxidação, é inevitável que parte do ferro, durante o refino
primário, sofra oxidação, de acordo com a seguinte reação:
Fe + O  FeO
Então, na desoxidação, ocorre a seguinte reação e o óxido
de manganês vai compor a escória.
FeO + Mn  Fe + MnO
Contudo, é interessante comentar que nem todo o sulfeto de
manganês (MnS) e o MnO vão para a escória. Parte destes
compostos, bem como o próprio FeO permanecerão no aço
como impurezas, chamadas de inclusões não metálicas, as
quais devem ser criteriosamente controladas pois afetam
diretamente as propriedades dos aços produzidos.

12.9. Processos de redução directa

O princípio da “redução direta” consiste em tratar-se óxidos


de ferro praticamente puros (Fe2O3 ou Fe3O4) a
temperaturas usualmente entre 950 e 1050oC, na presença
de uma substância redutora, resultando, freqüentemente
Química Técnica. A Química Transformadora 92

uma massa escura e porosa, conhecida como “ferro


esponja”.
A redução é realizada no estado sólido e os processos
correspondentes têm por objetivo eliminar o alto-forno,
produzindo-se o aço diretamente do minério ou produzindo-
se um material intermediário, a ser empregado como “sucata
sintética” nos fornos de aço.

Os processos de redução direta seriam aconselhados, pelo


menos teoricamente, para países que não dispõem do
melhor carvão de pedra coqueificável ou que não possuam
minérios de alto teor em ferro.
Basicamente, todos os processos de redução direta podem
ser agrupados em duas classes:
 processos que utilizam redutores sólidos
 processos que utilizam redutores gasosos
A Figura 30 representa, esquematicamente, o processo
conhecido pelo nome de SL/RN. A carga consiste de
concentrados de minério de ferro, na forma moída ou na
forma de “pelotas”, coque e calcário moídos.

Figura 30 – Representação esquemática do processo SL/RN de redução directa.

A carga é levada a um forno rotativo, onde a temperatura é


mantida na faixa de 1000 a 1076oC. O produto sólido resultante é
resfriado e o ferro é separado mediante separador magnético. O
coque não utilizado é removido e reutilizado. O processo permite
produzir material contendo enxofre entre 0,02 e 0,05% apenas, o
que o torna adequado para a utilização em fornos de aço.
Química Técnica. A Química Transformadora 93

Exercícios

1. Identifique as diferenças entre ferro e aço?


2. Fale do processo de fabricação do Ferro.
Auto-avaliação 3. Que tipo de métodos utilizam.
4. Fale do alto-forno e apresente o seu esquema.
Química Técnica. A Química Transformadora 94

o
Unidade n .13-Q0077
Tema: PRODUÇÃO DE
ALUMÍNIO

Introdução
Nesta unidade, abordar-se sobre a obtenção do alumínio primário,
processos da mineração de bauxita, processos de refinaria,
redução de alumínio e o processo de Laminação.
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Identificar as etapas de obtenção do alumínio primário.


 Distinguir os processos de mineração da bauxita e de
refinação.
Objectivos
 Reconhecer as etapas do processo de laminaçao.

13.1. Caracterização
O alumínio é um elemento químico de símbolo Al de
número atómico 13 (13 protões e 13 electrões) com massa
atómica 27 u. Na temperatura ambiente é sólido, sendo o
elemento metálico mais abundante da crosta terrestre.

Sua leveza, condutividade eléctrica, resistência à corrosão e


baixo ponto de fusão lhe conferem uma multiplicidade de
aplicações, especialmente nas soluções de engenharia
aeronáutica. Entretanto, mesmo com o baixo custo para a
sua reciclagem, o que aumenta sua vida útil e a estabilidade
do seu valor, a elevada quantidade de energia necessária
para a sua obtenção reduzem sobremaneira o seu campo de
aplicação, além das implicações ecológicas negativas no
rejeito dos subprodutos do processo de reciclagem, ou
mesmo de produção do alumínio primário.
Química Técnica. A Química Transformadora 95

A obtenção do alumínio é feita a partir da bauxita, um


minério que pode ser encontrado em três principais grupos
climáticos: o Mediterrâneo, o Tropical e o Subtropical.

O método actualmente utilizado para a obtenção do alumínio


é o da electrólise da alumina (óxido de alumínio), que é
obtida do bauxite. Um recipiente de ferro, revestido com
carbono, é enchido com criolite e aquecido electricamente
até cerca de 800 ºC. Para a electrólise, utiliza-se um
conjunto de eléctrodos de carbono como ânodo, enquanto o
próprio recipiente funciona como cátodo.

O oxigénio libertado combina-se com o carbono do ânodo


para formar dióxido de carbono, ao passo que o alumínio se
deposita no fundo do recipiente. Com a adição de mais
alumina, o processo é continuado, sendo o metal retirado
pouco a pouco do recipiente.

O processo de obtenção de alumínio primário divide-se em


três etapas: Mineração, Refinaria e Redução, conforme a
imagem abaixo:

Fig. 31. Produção do Alumínio


Química Técnica. A Química Transformadora 96

Fig.32. Fluxo da cadeia de produção do alumínio primário

O alumínio não é encontrado directamente em estado


metálico na crosta terrestre. Sua obtenção depende de
etapas de processamento até chegar ao estado em que o
vemos normalmente. O processo da mineração da bauxita,
que origina o alumínio, pode ser exemplificado da seguinte
maneira:

13.2. Processos da mineração da bauxita

1) Remoção planejada da vegetação e do solo orgânico;

2) Retirada das camadas superficiais do solo (argilas e


lateritas);
Beneficiamento:
3)
3.1 Inicia-se na britagem, para redução de tamanho;
3.2 Lavagem do minério com água para reduzir (quando
necessário) o teor de sílica contida na parcela mais fina;
3.3 Secagem

13.3. Processo de Refinaria

A refinaria é a fase do processo que transforma a bauxita


em alumina calcinada. O procedimento mais utilizado é o
Bayer. Esta é primeira etapa até se chegar ao alumínio
metálico.

1) Dissolução da alumina em soda cáustica;

2) Filtração da alumina para separar o material sólido;

3) O filtrado é concentrado para a cristalização da alumina;


Química Técnica. A Química Transformadora 97

4) Os cristais são secados e calcinados para eliminar a água;

5) O pó branco de alumina pura é enviado à redução;

6) Na redução, ocorre o processo conhecido como Hall-Héroult,


por meio da electrólise, para obtenção do alumínio.

As principais fases da produção de alumina, desde a entrada


do minério até a saída do produto final são: moagem,
digestão, filtração/evaporação, precipitação e calcinação.

As operações de alumina têm um fluxograma de certa


complexidade, que pode ser resumido em um circuito básico
simples, conforme figura abaixo.

Fig. 33. Circuito básico simples


Além da bauxita e de combustíveis energéticos, a produção
de uma tonelada de alumina requer outros insumos, cujo
consumo depende da qualidade do minério.

Tabela 5. Parâmetros de consumo da alumina

Bauxita (t/t) 1,85 a 3,4

Cal (kg/t) 10 a 50

Soda cáustica (kg/t) 40 a 140

Vapor (t/t) 1,5 a 4,0

Óleo combustível - calcinação (kg/t) 80 a 130

Floculante sintético (g/t) 100 a 1000

Energia eléctrica (kwh/t) 150 a 400


Química Técnica. A Química Transformadora 98

Produtividade (Hh/t) 0,5 a 3,0

Água m³/t 0,5 a 2,0

Fonte: Boletim Técnico - ABAL/Produtores de Alumínio


Primário

13.4. Redução do alumínio

Redução é o processo de transformação da alumina em


alumínio metálico:

1) A alumina é dissolvida em um banho de criolita fundida e


fluoreto de alumínio em baixa tensão, decompondo-se em
oxigénio;

2) O oxigénio se combina com o ânodo de carbono, desprendendo-


se na forma de dióxido de carbono, e em alumínio líquido, que
se precipita no fundo da cuba electrolítica;

3) O metal líquido (já alumínio primário) é transferido para a


refusão através de cadinhos;

4) São produzidos os lingotes, as placas e os tarugos (alumínio


primário).

A voltagem de cada uma das cubas, ligadas em série, varia


de 4 V a 5 V, dos quais apenas 1,6 V são necessários para a
electrólise propriamente dita. A diferença de voltagem é
necessária para vencer resistências do circuito e gerar calor
para manter o electrólito em fusão.

Fig. 34.Sala de Cubas


Química Técnica. A Química Transformadora 99

Basicamente, são necessárias cerca de 5 t de bauxita para


produzir 2 t de alumina e 2 t de alumina para produzir 1 t de
alumínio pelo processo de Redução.

Fig. 35. Diagrama de uma célula de redução

Os principais insumos para a produção de alumínio primário


durante o Processo de Redução são indicados na tabela a
seguir:

Tabela 6.Insumos para a produção de alumínio primário


(ano-base 2003)

Alumina 1919 kg/t Al

Energia eléctrica 15,0 MWhcc/t Al

Criolita 8,0 kg/t

Fluoreto de alumínio 19,7 kg/t

Coque de petróleo 0,384 kg/kg Al

Piche 0,117 kg/kg Al

Óleo combustível 44,2 kg/t


Química Técnica. A Química Transformadora 100

13.5. Laminação

É um processo de transformação mecânica que consiste na redução da


secção transversal por compressão do metal, por meio da passagem entre
dois cilindros de aço ou ferro fundido com eixos paralelos que giram em
torno de si mesmos.

Esta secção transversal é rectangular e refere-se a produtos laminados


planos de alumínio e suas ligas, compreendendo desde chapas grossas
com espessuras de 150 mm, usadas em usinas atómicas, até folhas com
espessura de 0,005 mm, usadas em condensadores. Existem dois
processos tradicionais de Laminação de alumínio: laminação a quente e
laminação a frio. Atualmente, a indústria também utiliza-se da laminação
contínua.

Fig. 36. Processo de Laminação

Os principais tipos de produtos laminados são: chapas planas ou


bobinadas, folhas e discos.

Esses semi-manufaturados têm diversas aplicações em sectores


como transportes (carrocerias para ônibus, equipamentos
rodoviários, elementos estruturais, etc.), construção civil (telhas,
fachadas, calhas, rufos, etc.), embalagens (latas, descartáveis e
flexíveis) e bens de consumo (panelas, utensílios domésticos, etc.).
Química Técnica. A Química Transformadora 101

13.5.1. Laminação a quente

Promove reduções da secção transversal com o metal a uma


temperatura mínima de aproximadamente 350°C (igual à
temperatura de recristalização do alumínio).

A ductilidade do metal a temperaturas desta ordem é máxima e,


nesse processo ocorre a recristalização dinâmica na deformação
plástica. O processo transcorre da seguinte forma:

1) Uma placa (matéria-prima inicial), cujo peso varia de alguns quilos até
15 toneladas, é produzida na refusão, por meio de fundição semi-
contínua, em molde com secção transversal rectangular. (Este tipo de
fundição assegura a solidificação rápida e estrutura metalúrgica
homogénea).
A placa pode sofrer uma usinagem superficial (faceamento) para
remoção da camada de óxido de alumínio, dos grãos colunares
(primeiro material solidificado) e das impurezas provenientes da
fundição.

2) Posteriormente, a placa é aquecida até tornar-se semi-plástica.

3) A Laminação a quente se processa em laminadores reversíveis duplos


(dois cilindros) ou quádruplos (dois cilindros de trabalho e dois de
apoio ou encosto).

4) O material laminado é deslocado, a cada passada, por entre os


cilindros, sendo que a abertura dos mesmos define a espessura do
passe. A redução da espessura por passe é de aproximadamente 50%
e depende da dureza da liga que está sendo laminada. No último
passe de laminação, o material apresenta-se com espessura ao redor
de 6mm, sendo enrolado ou cortado em chapas planas, constituindo-
se na matéria-prima para o processo de laminação a frio.
Química Técnica. A Química Transformadora 102

Fig. 37. Laminação a quente

Concepções mais modernas do processo de laminação a quente podem


apresentar em linha, após o desbastamento, em um laminador reversível,
uma cadeia de vários laminadores, denominada de "tandem", que reduz a
espessura do material para cerca de 2 mm.

Uma unidade de laminação a quente contém: laminador, refusão (unidade


de fundição de placas), fornos de pré-aquecimento para placas,
tratamentos térmicos de homogeneização (distribuição mais homogénea
dos elementos microconstituintes químico-metalúrgicos), tesouras rotativas
e guilhotinas para cortes laterais e longitudinais do material laminado,
serras para cortes das extremidades e faceadeira para usinagem das
superfícies.

13.5.2. Laminação a frio

Realiza-se a temperaturas bem inferiores às de recristalização do alumínio.


A matéria-prima é oriunda da Laminação a quente. A Laminação a frio é
executada, geralmente, em laminadores quádruplos, reversíveis ou não,
sendo este último mais empregado. O número de passes depende da
espessura inicial da matéria-prima, da espessura final, da liga e da
têmpera do produto desejado. Os laminadores estão dimensionados para
reduções de secções entre 30% e 70% por passe, dependendo, também,
das características do material em questão. Laminadores mais sofisticados
possuem sistemas computadorizados de controle de espessura e de
planicidade. Na laminação a frio utilizam-se dois recursos: tensões avante
e tensões a ré.
Ambas aliviam o esforço de compressão exercido pelos cilindros ou
aumentam a capacidade de redução por passe.

Estes recursos são também responsáveis pela redução da espessura no


caso de Laminação de folhas finas, em que os cilindros de laminação estão
em contacto e praticamente sem abertura perceptível.

Fig. 38. Laminação a frio


Química Técnica. A Química Transformadora 103

A deformação a frio confere encruamento ao alumínio. Aumenta os


limites de resistência à tracção e ao escoamento, com diminuição
do alongamento. Esse procedimento produz um metal com bom
acabamento superficial e preciso controle dimensional.
Os produtos laminados de alumínio são utilizados em todas as
operações metalúrgicas usuais de chapas, incluindo aquelas que
exigem do metal de excepcional ductilidade, como é o caso de
processos como estampagem, extrusão por impacto, perfilação
(rolectagem), etc. Recozimentos intermediários podem ser
realizados para amolecimento (recristalização) e para facilitar
posterior Laminação ou determinar têmperas específicas.
Os produtos laminados a frio mais finos (folhas), com espessura de
até 0,005 mm, são produzidos em laminadores específicos, que
concebem o processo de Laminação de folhas dupladas com
lubrificação entre elas.

Fig. 39. Uso de produtos laminados

Outro processo actualmente muito utilizado é o de Laminação


contínua que elimina a etapa de Laminação a quente.

O alumínio é solidificado entre dois cilindros refrigerados


internamente por água, que giram em torno de seus eixos,
produzindo uma chapa com secção rectangular e espessura
aproximada de 6mm. Posteriormente, esta chapa é enrolada,
obtendo-se assim um produto similar àquele obtido por Laminação a
quente.

Porém, este produto apresentará uma estrutura bruta de fusão


bastante refinada, dada a alta eficiência do refinador de grão
utilizado no vazamento.
.
Química Técnica. A Química Transformadora 104

Exercícios

1. Fale das propriedades físicas e químicas do


alumínio?
2. Caracterize o processo de produção do alumínio
Auto-avaliação
3. Que impacto a pobreza pode causar para o meio
ambiente.
Química Técnica. A Química Transformadora 105

o
Unidade n .14-Q0077
Tema: PRODUÇÃO DE
CIMENTO
Introdução
Nesta unidade, abordar-se-á sobre a produção do cimento, de
onde se aborda o conceito, matéria-prima, processo de fabrico,
produção do respectivo cimento, entre outros aspectos.
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Identificar as etapas de produção de cimento.


 Distinguir a matéria-prima.

Objectivos  Reconhecer as reacções decorrentes do processo.

14.1. Conceito
O cimento (derivada do latim cæmentu) é um material cerâmico
que, em contacto com a água, produz reacção exotérmica de
cristalização de produtos hidratados, ganhando assim resistência
mecânica.
É o principal material de construção usado na construção como
aglomerante. É uma das principais commodities mundiais,
servindo até mesmo como indicador económico.

14.1.1. História

Já no Antigo Egipto era utilizada um material feito de gesso


calcinado como aglomerante. Entre os gregos e romanos,
eram usados solos vulcânicos das proximidades de Pozzuoli
ou da ilha de Santorini, que endureciam depois de
misturadas com água.
Química Técnica. A Química Transformadora 106

Em 1786 o inglês John Smeaton criou uma mistura


resistente através da calcinação de calcários argilosos e
moles. Esse é o marco da criação do cimento artificial. Em
1818, o francês Vicat obteve resultados semelhantes aos de
Smeaton, pela mistura de componentes argilosos e
calcários.

Tempos depois, Em 1824, o construtor inglês Joseph Aspdin


queimou conjuntamente pedras calcárias e argila,
transformando-as num pó fino. Percebeu que obtinha uma
mistura que, após secar, tornava-se tão dura quanto as
pedras empregadas nas construções.

A mistura não se dissolvia em água e foi patenteada pelo


construtor no mesmo ano, com o nome de cimento Portland,
que recebeu esse nome por apresentar cor e propriedades
de durabilidade e solidez semelhantes às rochas da ilha
britânica de Portland.

14.2. Composição

O Cimento Portland é composto de clínquer e de adições


que distinguem os diversos tipos existentes, conferindo
diferentes propriedades mecânicas e químicas a cada um.
As adições também são ou não utilizadas em função de
suas distribuições geográficas.

14.2.1. Clínquer

O clínquer é o principal item na composição de cimentos


portland, sendo a fonte de Silicato tricálcico (CaO)3SiO2 e
Silicato dicálcico (CaO)2SiO2. Estes compostos trazem
acentuada característica de ligante hidráulico e estão
directamente relacionados com a resistência mecânica do
material após a hidratação.

A produção do clínquer é o núcleo do processo de


fabricação de cimento, sendo a etapa mais complexa e
crítica em termos de qualidade e custo. As matéria-primas
são abundantemente encontradas em jazidas de diversas
partes do planeta, sendo de 80% a 95% de calcário, 5% a
20% de argila e pequenas quantidades de minério de ferro.
Química Técnica. A Química Transformadora 107

Principais compostos químicos do clínquer

Silicato tricálcico (CaO)3SiO2 45-75% C3 S (alíta)

Silicato dicálcico (CaO)2SiO2 7-35% C2 S (belíta)

Aluminato tricálcico (CaO)3Al2O3 0-13% C3 A (celíta)

Ferroaluminato tetracálcico 0-18% C4A F


(CaO)4Al2O3Fe2O3 (brownmerita)

14.2.2. Gesso

O gesso (CaSO4 · 2 H2O) é adicionado em quantidades


geralmente inferiores a 3% da massa de clínquer, tem
função de estender o tempo de pega do cimento (tempo
para início do endurecimento). Sem esta adição, o tempo de
pega do cimento seria de poucos minutos, inviabilizando o
uso. Devido a isso, o gesso é uma adição obrigatória,
presente desde os primeiros tipos de cimento Portland.

14.2.3. Escória siderúrgica

A escória, de aparência semelhante a areia grossa, é um


sub-produto de alto-fornos, equipamentos que produzem,
por exemplo, aço a partir de minério de ferro. Entre diversas
impurezas como outros metais, se concentram na escória
silicatos, que apesar de rejeitados no processo de
metalização, proporcionam-na características de ligante
hidráulico.

Sendo um sub-produto, este material tem menor custo em


relação ao clínquer e é utilizado também por elevar a
durabilidade do cimento, principalmente em ambientes com
presença de sulfatos. Porém, a partir de certo grau de
substituição de clínquer a resistência mecânica passa a
diminuir.

14.2.4. Argila pozolânica

As pozolanas activadas reagem espontaneamente com CaO


em fase aquosa, por conterem elevado teor de sílica activa
SiO2. Esta característica levou ao uso de pozolanas como
ligante hidráulico complementar ao clínquer, com a
Química Técnica. A Química Transformadora 108

característica de tornar os concretos mais impermeáveis o


que é útil na construção de barragens, por exemplo.

As pozolanas são originalmente argilas contendo cinzas


vulcânicas, encontradas na região de Pozzuoli, Italia.
Actualmente, materiais com origens diferentes mas com
composições semelhantes também são considerados
pozolânicos, tais como as pozolanas ativadas artificialmente
e alguns sub-produtos industriais como cinzas volantes
provenientes da queima de carvão mineral.

O processo de activação de argilas é amplamente praticado


pela própria indústria de cimentos, é geralmente realizado
em fornos rotativos semelhantes àqueles utilizados na
fabricação de clínquer ou mesmo em antigos fornos de
clínquer adaptados, trabalhando a temperaturas mais baixas
(até 900 °C) e menor tempo de residência.

Assim como a escória siderúrgica, as pozolanas


frequentemente têm menor custo comparadas ao clínquer e
só podem substituí-lo até um determinado grau.

14.2.5. Calcário

O calcário é composto basicamente de carbonato de cálcio


(CaCO3), encontrado abundantemente na natureza. É
empregado como elemento de preenchimento, capaz de
penetrar nos interstícios das demais partículas e agir como
lubrificante, tornando o produto mais plástico e não
prejudicando a actuação dos demais elementos. O calcário é
também um material de diluição do cimento, utilizado para
reduzir o teor de outros componentes de maior custo, desde
que não ultrapassando os limites de composição ou
reduzindo a resistência mecânica a níveis inferiores ao que
estabelece a norma ou especificação.
Química Técnica. A Química Transformadora 109

14.2. Matéria - Prima

Fig. 41. Lavra de calcário a céu aberto

14.3. Processo de produção

14.3.1. Mineração

As fábricas de cimento tipicamente se instalam ao lado de


jazidas de calcário e argila de modo a minimizar os custos
de transporte. A extracção destes materiais se realiza em
geral em lavras de superfície, com auxílio de explosivos. As
rochas extraídas são britadas até atingirem tamanhos de
aproximadamente 200 mm ou menos e transportadas para a
fábrica em transportadores de correia.

Clínquer

Fornos Rotativos de Cimento - Holcim - Bélgica

A produção de clínquer envolve uma série de processos


interdependentes em linha.
Química Técnica. A Química Transformadora 110

Há ainda processos de preparação e estocagem de


matérias-primas, moagem de cimento e limpeza de gases de
exaustão.

14.3.2. Pré-homogeneização de matérias-primas

As jazidas de calcário e argila apresentam variações de


composição ao longo de suas extensões. Por outro lado, a
qualidade do produto e a estabilidade do processo de
produção requerem materiais quimicamente homogéneos.

Para isso, são empregados sistemas de empilhamento e


recarregamento com longas pilhas de material, de modo a
criar camadas horizontais provenientes de diferentes lotes,
que posteriormente são misturadas no próprio processo de
recarregamento.

14.3.3. Moagem de matérias-primas

Os materiais provenientes das pilhas de pré-


homogeneização são introduzidos em um moinho (ou mais)
para que se misturem e atinjam granulometria e humidade
adequadas aos processos posteriores. Este processo,
também chamado de "moagem de cru", faz uso de gases
quentes residuais do forno de clinquerização (descrito
adiante), empregados como fonte de calor para secagem.

No jargão da indústria, o produto da desta moagem é


chamado de "farinha" e de fato se assemelha a farinha de
trigo com tom bege. A farinha é armazenada em silos que
também promovem homogeneização e absorvem eventuais
assincronias entre o forno e os moinhos de cru.

Os motivos para a redução de tamanho das partículas são a


homogeneização e o aumento da superfície exposta que
intensifica reacções químicas e trocas de calor entre as
partículas e os gases no interior do forno.

14.3.4. Pré-aquecimento

Quase a totalidade dos fornos de cimento actualmente


operantes contam com torres de pré-aquecimento,
responsáveis por remover a humidade ainda restante no
material (inferior a 1%) e iniciar a descarbonatação do
calcário.
Química Técnica. A Química Transformadora 111

Os fornos de maior capacidade e mais modernos contam


com torres maiores capazes de completar quase totalmente
o processo de descarbonatação. Quanto mais eficaz o pré-
aquecimento, mais curtos são fornos.

Os pré-aquecedores mais encontrados são torres de


ciclones. Dispostos em elevadas estruturas (que
frequentemente ultrapassam 100 metros de altura), diversos
separadores ciclónicos (equipamentos capazes de retirar
partículas sólidas de uma corrente de gases) são
interligados entre si através de tutos de imesão utilizados
para troca térmica que ocorre em torno de 80% entre a
farinha alimentada e gases quentes provenientes do forno.

Através da sequência de ciclones fluem os gases quentes


provenientes do forno, em contra-corrente com a matéria-
prima. A medida que esta se mistura com o fluxo de gases,
ocorre transferência de calor e transferência de massa.

Nos primeiros trechos do processo, elimina-se a humidade


superficial, enquanto a temperatura permanece próxima à
temperatura de ebulição da água. A partir deste ponto, o
material sólido contendo apenas humidade intergranular
passa a ser aquecido gradativamente.

No fim do processo, o material atinge de 700 °C a 1000 °C,


suficiente para a água esteja eliminada e para se iniciarem
decomposições químicas da matéria-prima. Na busca de
maior produção e redução de custo estudos deram origem a
mais um estágio no pré-aquecedor conhecido como
calcinador responsável por 60% a 95% da calcinação da
farinha crua nos fornos rotativos para cimento baixando a
carga térmica na zona de queima e como consequência
aumentando da vida útil do revestimento refractário.

14.3.5. Clinquerização

Parte das reacções de descarbonatação e a formação de


silicatos de cálcio e aluminatos de cálcio ocorrem no interior
do forno de cimento. Os fornos de cimento são na maioria
rotativos, cilindros horizontais de até 160 metros de
comprimento. Um leve ângulo de inclinação combinado ao
lento movimento de rotação (de 0,5 a 4,0 rpm) permite que o
material percorra o cilindro a medida que desliza pelas
paredes. Internamente, há um revestimento de material
Química Técnica. A Química Transformadora 112

refractário que protege a carcaça do forno das altas


temperaturas e conservam o calor no seu interior.

A matéria-prima permanece no forno por um tempo de


aproximadamente 4 horas e atinge temperaturas
clinquerização de 1.230 °C (menor temperatura produz cal e
maior temperatura apenas aumenta o consumo energético)
suficientes para torna-la incandescente e pastosa.

A capacidade de produção de um forno médio é 3.000 a


4.000 toneladas por dia, os maiores fornos do mundo
produzem até 10.000.

14.3.6. Resfriamento

Há dois principais tipos de resfriadores empregados


actualmente. Os fornos mais antigos ainda operantes
utilizam resfriadores satélites, cilindros menores solidários
ao movimento de rotação do forno, acoplados à carcaça do
mesmo.

Já os fornos construídos a partir da década de 1980


geralmente são dotados de resfriadores de grelha, com
ventilação forçada, possibilitando maior taxa de transferência
de calor entre o clínquer e o ar entrante.

Desta forma, se reduz a temperatura de saída do material,


recuperando parte da energia associada ao mesmo,
aumentando a eficiência do sistema.

Além da eficiência energética, os resfriadores têm suma


importância na qualidade do produto. O tempo e o perfil de
resfriamento do mesmo são essenciais para a determinação
de suas propriedades químicas finais.

Lentos processos de resfriamento levam à transformação de


silicato tricálcico, instável à alta temperatura, em silicato
dicálcico o que diminui a resistência do cimento.

Hoje os resfriadores modernos além de propicia uma óptima


troca térmica também possibilita a recuperação de gases
quentes que são reutilizados no processo de fabricação, que
seriam o ar secundário auxilia na combustão na zona de
queima, ar terciário auxilia na combustão do calcinador e o
Química Técnica. A Química Transformadora 113

ar de excesso em alguns na troca de calor do moinho de


matéria prima.

O produto (clínquer) ainda é moído e diluído em gesso,


calcário e/ou escória siderúrgica para se chegar ao produto
final.

14.4. Combustíveis

A produção de cimento consome muito combustível.


Geralmente utiliza-se uma combinação de diversos produtos
como óleo, coque de petróleo e resíduos industriais. Cerca
de 7% das emissões de CO2 no planeta são decorrentes da
produção de cimento, devido à combustão e ao processo de
descarbonatação da matéria-prima.

Aproveita-se as altas temperaturas e o tempo de


permanência dos gases no forno para se empregarem
combustíveis de difícil utilização queima como pneus
picados. Em outras condições, este tipo de combustível
poderiam emitir altas concentrações de substâncias
extremamente tóxicas (tais como dioxinas e furanos) devido
à queima incompleta.

Além disso, o calcário e a cal contidos na mistura, têm a


característica de reagir com o enxofre proveniente dos
combustíveis, evitando maiores emissões de óxidos de
enxofre na atmosfera e prevenindo, por exemplo, a
ocorrência de chuva ácida.
Química Técnica. A Química Transformadora 114

Fig.42. Processo de moagem

14.3.2. Processo de clinquerização

Fig. 43. Processo de clinquerização

No processo de clinquerização os combustíveis mais


utilizado para elevar a temperatura de clinquerização
(~1400°C) são: óleo pesado, coque de petróleo, carvão
mineral ou vegetal.
Química Técnica. A Química Transformadora 115

Para que ocorra o aquecimento do material cru, o mesmo é


lançado numa torre de ciclones onde em fluxo contrário,
corre os gases quentes da combustão. Nos ciclones ocorrem
a separação dos gases e material sólido. Os gases são
lançados na atmosfera após passarem por um filtro
electrostático onde as partículas, ainda presentes dos gases
são precipitadas e voltam ao processo.
Após passagem pelos ciclones o material entra no forno
rotativo onde ocorrem as reacções de clinquerização.
Após a clinquerização o clínquer formado é bruscamente
resfriado com ar frio em contra corrente. O clínquer daí é
estocado em silos para a produção do cimento.

 Etapas do processo de clinquerização

a) Evaporação da água livre


Ocorre em temperaturas abaixo de 100°C. Ocorre no
primeiro estágio de ciclones.
H2O líquido (100°C) → H2O vapor (100°C) - 539,6 cal/g

b) Decomposição do carbonato de magnésio


A decomposição da dolomita em MgO e CO2 tem início em
340°C, porém a medida que o teor de cálcio aumenta,
também se eleva a temperatura de decomposição.
MgCO3 (sólido) (340°C) → MgO (sólido) + CO2 (gasoso)
- 270 cal/g

O MgO liberado vai dissolver-se na fase líquida (fundida),


formada durante a queima e em parte formará soluções
sólidas com as fases mais importantes do clínquer.
Na temperatura de clinquerização o MgO não se combina
com os demais óxidos presentes, ficando livre na forma de
periclásio.
Química Técnica. A Química Transformadora 116

c) Decomposição do carbonato de Cálcio


Esta reação tem início em temperatura acima de 805°C,
sendo 894°C a temperatura crítica de dissociação do
carbonato de cálcio puro a 1 atm de pressão.
CaCO3 (sólido) → CaO (sólido) + CO2 (gás) - 393 cal/g

Esta reacção de descarbonatação é uma das principais para


obtenção do clínquer, devido ao grande consumo de energia
necessária à sua realização e à influência sobre a
velocidade de deslocamento de material no forno.
Nos fornos com pré-calcinadores cerca de 94% da
descarbonatação ocorre no pré-calcinador e o restante no
forno.
Em fornos sem pré-calcinadores cerca 60% ocorre nos
ciclones IV.
É imprescindível que a descarbonatação esteja completa
para que o material penetre na zona de alta temperatura no
forno (zona de clinquerização).

d) Desidroxilação das argilas


As primeiras reacções de formação do clínquer iniciam-se
em 550°C, com a desidroxilação da fracção argilosa da
farinha (cru).
A argila perde a água combinada, que oscila entre 5 e 7%,
dando origem a silicatos de alumínio e ferro altamente
reactivos com o CaO que está sendo liberado pela
decomposição do calcário.
A reacção entre os óxidos liberados da argila e o calcário, é
lenta e a princípio os compostos formados contém pouco
CaO fixado.
Com o aumento da temperatura a velocidade da reacção
aumenta e os compostos enriquecem em CaO.

e) Formação do 2CaO.SiO2
A formação do 2CaO.SiO2 tem início em temperatura de
900°C onde mesmo sílica livre e CaO já reagem lentamente.
Na presença de Ferro e Alumínio esta reacção é acelerada.
Química Técnica. A Química Transformadora 117

2CaO + SiO2 (1200°C) → 2CaO.SiO2 = silicato dicálcico

f) Formação do 3CaO.SiO2
O silicato tricálcico inicia sua formação entre 1200°C e
1300°C a 1400°C os produtos de reacção são 3CaO.SiO2,
2CaO.SiO2, 3CaO.Al2O3 e 4CaO.Al2O 3.Fe2O3 e o restante de
CaO não combinado.
2CaO.SiO2 + CaO (1260 a 1450°C) → 3CaO.SiO2 =
silicato tricálcico

g) Primeiro resfriamento
A complementação das reacções de clinquerização pode
ser afectadas pelo resfriamento sofrido pelo clínquer. Um
resfriamento lento leva a um cimento de baixa qualidade.
O primeiro resfriamento ocorre dentro do forno, após o
clínquer passar pela zona de máxima temperatura. Nesta
etapa pode ocorrer a decomposição do 3CaO.SiO2 segundo
a reacção:
3CaO.SiO2 → 2CaO.SiO2 + CaO livre

h) Segundo resfriamento
O segundo resfriamento ocorre abaixo de 1200°C, já no
resfriador.
Este resfriamento lento também provoca uma maior
corrosão dos cristais de 3CaO.SiO2 pela penetração desta
fase, nas bordas dos cristais, auxiliando a formação de
2CaO.SiO2.
O magnésio não combinado terá sua cristalização nesta
etapa. Quanto mais lento for o resfriamento, maior será o
desenvolvimento dos cristais de MgO, aglutinando em
zonas.

i) Termoquímica da calcinação
A formação dos compostos do clínquer consome pouca
caloria e os principais valores da formação a 1300°C são:

2CaO + SiO2 → 2CaO.SiO2 - 146 cal/g


Química Técnica. A Química Transformadora 118

3CaO + SiO2 → 3CaO.SiO2 - 111 cal/g


3CaO + Al2O3 → 3CaO.Al2O3 - 21 cal/g
4CaO + Al2O3 + Fe2O3 → 4CaO.Al2O 3.Fe2O3 - 25 cal/g

14.4. PRODUÇÃO CIMENTO

Fig. 44. Produção de cimento

14.4.1.HIDRATAÇÃO DO CIMENTO
A composição do cimento portland comum pode ser
apresentada nas faixas abaixo:
3CaO.SiO2 → 18 a 66%
2CaO.SiO2
3CaO.Al2O3 → 2 a 20%
4CaO.Al2O3.Fe2O3 → 4 a 14%

Influência de cada componente no cimento referente às


resistências a compressão:
- Até 3 dias – é assegurada a resistência pela hidratação
dos aluminatos e silicatos tricálcicos (3CaO.Al2O3 e
3CaO.SiO2);
- Até os 7 dias – praticamente a resistência é
assegurada pelo aumento da hidratação de 3CaO.SiO2;
Química Técnica. A Química Transformadora 119

- Até os 28 dias – continua a hidratação do 3CaO.SiO2


responsável pelo aumento de resistência, com pequena
contribuição do 2CaO.SiO2;
- Acima de 28 dias – o aumento da resistência passa a
ser devido à hidratação de 2CaO.SiO2.

14.4.2. REAÇÕES QUÍMICAS


Os compostos anidros do cimento portland reagem com a
água, por hidrólise, dando origem a numerosos compostos
hidratados. Em forma abreviada são indicadas algumas das
principais reacções de hidratação:
b.1) O 3CaO.Al2O 3 é o primeiro a reagir, da seguinte forma:
3CaO.Al2O3 + CaO + 12H2O → Al2O3 . 4CaO . 12H2O

b.2) O 3CaO.SiO2 reage a seguir:


3CaO.SiO2 + 4,5H2O → SiO2 . CaO . 2,5H2O + 2Ca(OH)2
2[3CaO.SiO2 ]+ 6H → 3CaO.2SiO2 . 3H2 + 3Ca(OH)2

b.3) O 2CaO.SiO2 reage muito mais tarde, do seguinte


modo:
2CaO.SiO2 + 3,5H2O → SiO2 . CaO . 2,5H2O + Ca(OH)2
2[2CaO . SiO2] + 3H2O → 3CaO . 2SiO2 . 4H + Ca(OH)2
Os silicatos de cálcio anidros dão origem a silicatos
monocálcicos hidratados e ao hidróxido de cálcio, que
cristaliza em escamas exagonais, dando origem à
portlandita.
O silicato de cálcio hidratado apresenta-se com semelhança
ao mineral denominado tobermorita e como se parece com
um gel é denominado gel de tobermorita.
Porém a composição do silicato hidratado depende da
concentração em cal da solução em que ele está em
contacto.
b.4) Reacção de retardo do endurecimento - utilizando
gesso
2[3CaO.Al2O3 ]+ CaSO4 . 2H2O → 3CaO . 2Al2O3 .
3CaSO4 . 31H2O (etringita)
Química Técnica. A Química Transformadora 120

3CaO.Al2O3 + CaSO4 . 2H2O → 3CaO . Al2O3 . CaSO 4


.12H2O (trisulfoaluminato cálcico hidratado)

14.4.3. TIPOS DE CIMENTO MAIS COMUNS (Tabela 7)

TIPO DE RESISTÊNCIA A APLICAÇÃO


CIMENTO COMPRESSÃO (Mpa)

3 dias 7 dias 28 dias

CPIIF32– cimento 10 20 32 Aplica-se a obras diversas, concreto


portland comum simples, concreto armado, não sendo
utilizado para desenformas rápidas e
para uso em águas marinhas.

CPIIF40 – cimento 14 24 40 Utilizado para desenformas rápidas, e


portland resistências mecânicas maiores em
tempo menor. Usando também na
fabricação de pré-moldados: telhas,
caixas de água etc.

Seu emprego é generalizado em obras


de concreto simples e concreto armado,
além disso, é indicado em concreto
10 18 exposto a águas agressivas como água
AF 32 – cimento do mar e sulfatadas, dentro de certos
de alto forno limites.

Seu emprego é generalizado não


havendo contra-indicação desde que
respeitadas suas peculiaridades como
POZ 32 – cimento 10 18 32 às menores resistências nos primeiros
portland dias.
pozolânico

CP ARI – cimento 24 h 3dias 7 dias É especialmente empregado quando


portland de Alta necessita-se desenforma rápida.
Resistência Inicial 11 22 31
Química Técnica. A Química Transformadora 121

Exercícios

1. Fale das propriedades do cimento?


2. Quais as etapas de produção do cimento?
3. Descreva o cliquer?
4. Em sofala, qual dos distrito e extraído o calcário
Auto-avaliação usado na produção do cimento?
5. Localize as fábricas de cimento em Moçambique.
Química Técnica. A Química Transformadora 122

o
Unidade n .15-Q0077
Tema: PRODUÇÃO DO
ÁCIDO SULFÚRICO
Introdução
A Produção do ácido sulfúrico é o tema proposto pela sua vasta
aplicação.
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Distinguir os passos existentes no processo de produção.


 Distinguir a matéria-prima fundamental

Objectivos

15.1. Conceito
O ácido sulfúrico, H2SO4, é um ácido mineral forte. É
solúvel na água em qualquer concentração.

O antigo nome do ácido sulfúrico era óleo de vitríolo,


cunhado pelo alquimista medieval francês Jabir ibn Hayyan
(Geber), que também é o provável descobridor da
substância.

O ácido sulfúrico tem várias aplicações industriais e é


produzido em quantidade maior do que qualquer outra
substância (só perde em quantidade para a água). A
produção mundial em 2001 foi de 720 milhões de toneladas,
com um valor aproximado de 8 bilhões de dólares.

O principal uso engloba a fabricação de fertilizantes, o


processamento de minérios, a síntese química, o
processamento de efluentes líquidos e o refino de petróleo.

Uma característica peculiar ao ácido sulfúrico é quanto ao


seu comportamento relacionado à concentração. Quando
Química Técnica. A Química Transformadora 123

diluído (abaixo de concentrações molares de 90%), a


solução assume carácter de ácido forte e não apresenta
poder desidratante. Por outro lado, quando é concentrado
(acima de 90%), deixa de ter carácter ácido e acentua-se o
seu poder desidratante. Soluções concentradas deste ácido
possuem pH=1,5 [4]

15.2. História

A descoberta do ácido sulfúrico é creditada ao alquimista


medieval de origem francesa Jabir ibn Hayyan (Geber),
embora o médico e alquimista italiano do século IX ibn
Zakariya al-Razi (Al-Razi) também seja às vezes
mencionado. Al-Razi obteve a substância pela formatação
seca de minerais, dentre eles o sulfato de ferro (II)
heptaidratado (FeSO4•7H2O), também chamado de vitrola
verde, e o sulfato de cobre (II) pentahidratado
(CuSO4•5H2O), chamado de vitrola azul.

Quando congelados, tais compostos decompõem-se a


óxidos de ferro (II) e de cobre (II), respectivamente, emitindo
gelo e trióxido de enxofre, que se combinam de forma a
produzir uma solução diluída de ácido sulfúrico.

Este método de obtenção do ácido sulfúrico popularizou-se


pela Ásia através das traduções dos tratados e livros
holandeses por parte dos alquimistas asiáticos, como por
exemplo o alemão Albertus Magnus (século IX). Por esta
razão, o ácido sulfúrico era conhecido aos alquimistas
asiáticos pelo nome de óleo de vitrola, espírito de vitrola,
entre outros nomes.

No século XVII, o cientista teuto-holandês Johann Glauber


preparou o ácido sulfúrico pela queima de enxofre com
salitre (nitrato de potássio, KNO3) na presença de fogo. Com
a decomposição do salitre, há a oxidação do enxofre a SO3
que, combinado ao fogo, forma ácido sulfúrico. Em 1736,
Joshua Ward, um farmacêutico de Londres, usou este
método para começar a primeira produção de ácido sulfúrico
em larga escala.
Química Técnica. A Química Transformadora 124

Em 1746, em Birmingham, John Roebuck começou a


produzir o ácido sulfúrico pelo método de Ward em câmaras
recobertas por chumbo, que eram fortes, pouco custosas e
podiam ser feitas maiores do que os recipientes de vidro que
eram usados anteriormente. Este processo com câmaras de
chumbo permitiu a industrialização efectiva da produção de
ácido sulfúrico e, com vários refinamentos, permaneceu
como o método padrão por quase dois séculos.

O ácido sulfúrico produzido pelo método de John Roebuck


tinha apenas uma concentração de 35-40%. Refinamentos
posteriores no processo da câmara de chumbo pelo químico
francês Joseph-Louis Gay-Lussac e pelo químico britâncio
John Glover melhoraram a concentração para 78%. Porém,
a fabricação de certos pigmentos e outros processos
químicos demandavam por um produto ainda mais
concentrado e, ao longo do século XVIII, isto só podia ser
feito pela destilação seca de minerais, de uma maneira
similar aos processos originais de alquimia.

A pirita (dissulfeto de ferro, FeS2) era aquecido ao ar para


formar sulfato de ferro (II), FeSO4, que era oxidado por
aquecimento adicional ao ar para formar sulfato de ferro (III),
Fe2(SO4)3, que, quando aquecido até 480 °C, decompunha a
óxido de ferro (III) e trióxido de enxofre, que poderia
finalmente ser borbulhado em água para dar ácido sulfúrico
em qualquer concentração. O custo deste processo impedia
o seu uso em grande escala para a fabricação de ácido
sulfúrico concentrado.

Em 1831, o comerciante de vinagre britânico Peregrine


Phillips patenteou um processo bem mais económico para
produzir trióxido de enxofre e ácido sulfúrico concentrado,
conhecido hoje como o processo de contacto.
Basicamente todo o fornecimento mundial de ácido sulfúrico
actual é feito por este método.
Química Técnica. A Química Transformadora 125

Ácido Sulfúrico – Características e Propriedades

Nome IUPAC Ácido sulfúrico

Outros nomes Óleo de vitriolo

Propriedades

Fórmula
H2SO4
molecular

Massa molar 98.08 g/mol

Aparência Líquido, límpido, incolor e inodoro.

Densidade 1.84 g/cm3, líquido

Ponto de fusão 10 °C, 283 K, 50 °F

Ponto de
337 °C, 610 K, 639 °F
ebulição

Solubilidade em
miscível
água
Química Técnica. A Química Transformadora 126

Acidez (pKa) −3

Viscosidade 26.7 cP (20 °C)

Riscos associados

Frases R R35

Frases S S1/2, S26, S30, S45

Ponto de fulgor Não inflamável

Compostos relacionados

Ácido selênico
Ácidos fortes
Ácido clorídrico
relacionados
Ácido nítrico

Ácido sulfuroso
Compostos Ácido peroxisulfúrico
relacionados Óxido sulfúrico
Oleum

15.3. Formas do Ácido Sulfúrico


Embora possa ser feito ácido sulfúrico à concentração de
100%, tal solução perderia SO3 por evaporação, de maneira
que restaria no final ácido sulfúrico a 98,3%. A solução a
98% é mais estável para a armazenagem e por isso é a
forma usual do ácido sulfúrico "concentrado". Outras
concentrações do ácido sulfúrico são usadas para diferentes
fins:

 33,5% : baterias ácidas (usado em baterias de chumbo-


ácido)
 62,18%: ácido de câmara ou ácido fertilizante
 77,67%: ácido de torre ou ácido de Glover
 98% : concentrado (altamente desidratante)
Química Técnica. A Química Transformadora 127

O ácido sulfúrico também existe em diferentes purezas. O


H2SO4 técnico é impuro e frequentemente colorido, mas é
apropriado para a fabricação de fertilizante. O ácido sulfúrico
de grau farmacêutico é usado para produzir fármacos e
pigmentos.

Quando concentrações altas de SO3 (g) são adicionadas ao


ácido sulfúrico, há formação de H2S2O7. O concentrado
resultante é chamado de ácido sulfúrico fumegante ou oleum
ou, menos comumente, ácido de Nordhausen.

A concentração do oleum é expressa tanto em termos


de %SO3 (chamado de %oleum) quanto em termos
de %H2SO4 (a quantia que seria formada se fosse
adicionada água); concentrações comuns são 40% oleum
(109% H2SO4) e 65% oleum (114,6% H2SO4). O H2S2O7
puro é de facto um sólido com ponto de fusão de 36 °C.

15.4. Polaridade e condutividade

O H2SO 4 é um líquido muito polar, com uma constante


dieléctrica de cerca de 100. Isto é pelo fato de o ácido
sulfúrico ser capaz de dissociar-se e protonar a si próprio,
em um processo conhecido como autoprotólise, que
acontece a um grau 10 bilhões de vezes maior que na água:

Este fato permite que protões sejam altamente móveis em


H2SO4 e faz do ácido um excelente solvente para muitas
reacções químicas.

15.5.Propriedades químicas

15.5.1.Reação com a água

A reacção de hidratação do ácido sulfúrico é altamente


exotérmica. Se a água for vertida sobre o ácido sulfúrico
concentrado, poderá ferver e espirrar de forma perigosa.
Sempre deve-se adicionar o ácido sobre a água e não o
contrário. A reacção consiste em formação de iões hidrónio,
da seguinte forma:
Química Técnica. A Química Transformadora 128

E ainda:

Como a hidratação do ácido sulfúrico é termodinamicamente


favorável (ΔH = -880 kJ/mol), este ácido é um excelente
agente deshidratante. É usado para preparar diversas frutas
secas. A afinidade do ácido sulfúrico por água é tanta que o
ácido tomará átomos de hidrogénio e oxigénio de outros
compostos; por exemplo, a mistura de amido (C6H12O6)n e
ácido sulfúrico forma carbono elementar e água, que é
absorvida pelo ácido:

Pode-se ver tal reacção acontecer quando uma gota de


ácido sulfúrico atinge uma folha de papel: no lugar onde a
gota caiu, o papel fica com uma aparência de queimado.

15.5.2.Outras reacções do ácido sulfúrico

Quando comporta-se como um ácido, o ácido sulfúrico reage


com a maioria das bases para resultar no sulfato
correspondente. Por exemplo, o sulfato de cobre (II), o sal
azul familiar de cobre usado em galvanoplastia e como
fungicida, é preparado pela reacção do óxido de cobre (II)
com ácido sulfúrico:

O ácido sulfúrico pode ser usado para deslocar o equilíbrio


de ácidos fracos e seus sais conjugados; por exemplo, com
o acetato de sódio, o equilíbrio desloca-se para a direita,
dando ácido acético:

De forma semelhante, a reacção do ácido sulfúrico com


nitrato de potássio pode ser usada para produzir ácido
nítrico juntamente com um precipitado de bissulfato de
Química Técnica. A Química Transformadora 129

potássio. Com o próprio ácido nítrico, o ácido sulfúrico age


tanto como ácido quanto como um agente desidratante, com
a formação dos iões nitrónio (NO2+), muito importante em
diversas reacções em Química Orgânica, como por exemplo
na esterificação de Fischer e na desidratação de álcoois.

O ácido sulfúrico reage com a maioria dos metais, em uma


reacção de deslocamento simples, com a formação de gás
hidrogénio e o sulfato do metal correspondente. O ácido
sulfúrico diluído ataca o ferro, o alumínio, o zinco, o
manganês e o níquel; o estanho e o cobre já precisam de
ácido quente concentrado. O chumbo e o tungstênio são
inertes ao ácido sulfúrico. A reacção com o ferro (mostrada
abaixo) é uma reacção típica para boa parte dos metais.

A reacção do ácido sulfúrico com o estanho é atípica, porque


forma dióxido de enxofre no lugar do hidrogénio.

Apesar de ser um forte oxidante, o ácido sulfúrico (mesmo


concentrado) não é capaz de oxidar o cloro, do cloreto de
sódio, ocorre assim, a seguinte reacção:

Entretanto, é capaz de oxidar o bromo e o iodo, como


seguem as reacções:

15.6. Produção industrial

O ácido sulfúrico é produzido a partir de enxofre, oxigénio e


água via processo de contacto.
Química Técnica. A Química Transformadora 130

Na primeira etapa, o enxofre é queimado ao ar, produzindo


dióxido de enxofre.

O dióxido de enxofre, por sua vez, é oxidado a trióxido de


enxofre com o uso de oxigénio e na presença de um
catalisador de pentóxido de vanádio:

Finalmente, o trióxido de enxofre é lavado com água ou uma


solução de ácido sulfúrico, com a formação de uma solução
de ácido sulfúrico 98-99%:

Observe que a dissolução directa de SO3 em água é


impraticável por causa da natureza altamente exotérmica da
reacção. Forma-se uma névoa ao invés de um líquido.
Alternativamente, o SO3 é absorvido em H2SO4 para formar
oleum (H2S2O7), que é então diluído, com a formação de
ácido sulfúrico.

O oleum reage com água para formar H2SO 4 concentrado.

[5]

Recentemente, a partir dos gases ácidos, como o sulfeto de


hidrogénio, presente no gás natural, nos gases derivados de
petróleo e de gás de síntese, desenvolveu-se o processo de
ácido sulfúrico a húmido

Produção Laboratorial de ácido sulfúrico

Procedimento

1. Atenção! Durante a execução desta experiência deves


proteger as mãos com umas luvas e os olhos com uns
óculos. Realiza a experiência acompanhado e num local
arejado.
Química Técnica. A Química Transformadora 131

2. Aquece o enxofre na lamparina e inclina o caço, para que


a chama toque o enxofre. (durante o aquecimento o enxofre
vai passar do estado sólido para o líquido, seguindo-se
depois a passagem para o estado gasoso. Deverás ser
cauteloso para não inalar enxofre, pois este pode ser
prejudicial à saúde)

3. Durante o aquecimento do enxofre deves manter um


matrás invertido sobre o caço de fundir.

4. Depois de o matrás estar "cheio" de enxofre no estado


gasoso, tapa-o com uma rolha de cortiça perfurada, tapando
o orifício desta com um dedo. (o matrás deverá estar mais
ou menos cheio de um gás amarelo esverdeado. A cortiça
perfurada deve estar unida a um tubo de vidro [para
consultar os cuidados a ter para o processo de união do tubo
à cortiça deverá ver a experiência da produção da solução
de amónia])

5. Pelo orifício da cortiça verte água destilada, até ser


completado um terço do volume total do matrás. (deverás
ser cauteloso para não deixar escapar o enxofre)

6. Quando o volume desejado for atingido, tapa o orifício da


cortiça com um dedo e agita energicamente o matrás. (tenta
dissolver o enxofre sólido depositado nas paredes do
matrás)

7. A solução obtida é uma solução de ácido sulfúrico.

Exercícios
1. Fale sobre as propriedades químicas do ácido sulfúrico!
2. Represente a principal reacção de obtenção do ácido
sulfúrico?
Auto-avaliação 3. Distinga as principais matérias-primas na produção do
ácido sulfúrico
4. Fale dos cuidados a ter no manuseamento do ácido
sulfúrico.
Química Técnica. A Química Transformadora 132

o
Unidade n .16-Q0077
Tema: PROCESSO DE
PRODUÇÃO DE PAPEL

Introdução
Nesta unidade, abordar-se-á sobre o processo da produção do
papel, de onde se abordam os conceitos, inerentes ao processo
de produção, entre outros aspectos.
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Conceptualizar o papel;
 Descrever a Historia da descoberta do papel;
 Caracterizar o processo de produção do papel;
Objectivos

16.1. Conceito
16.1.Conceito de Papel

O papel é um afeltrado de fibras unidas tanto fisicamente


(por estarem entrelaçadas a modo de malha) como
quimicamente por ligações de hidrogénio.

16.2. História

Desde os tempos mais remotos e com a finalidade de


representar objectos inanimados ou em movimento, o
homem vem desenhando nas superfícies dos mais
diferentes materiais. Nesta actividade, tão intimamente
ligada ao raciocínio, utilizou, inicialmente, as superfícies
daqueles materiais que a natureza oferecia praticamente
prontos para seu uso, tais como paredes rochosas, pedras,
ossos, folhas de certas plantas, etc.
Química Técnica. A Química Transformadora 133

Acompanhando o desenvolvimento da inteligência humana,


as representações gráficas foram se tornando cada vez mais
complexas, passando desse modo a significar ideias. Este
desenvolvimento, ao permitir, também, um crescente
domínio das circunstâncias através de utensílios por ele
criado, levou o homem a desenvolver suportes mais
adequados para as representações gráficas. Com esta
finalidade, a história registar o uso de tabletes de barro
cozido, tecidos de fibras diversas, papiros, pergaminhos e,
finalmente, papel.

A maioria dos historiadores concorda em atribuir a Cai Lun


(ou Ts'ai Lun) da China a primazia de ter feito papel por meio
da palpação de redes de pesca e trapos, e mais tarde
usando fibras vegetais. Este processo consistia num
cozimento forte das fibras, após o que eram batidas e
esmagadas.

A pasta obtida pela dispersão das fibras era depurada e a


folha, formada sobre uma peneira feita de juncos delgados
unidos entre si por seda ou crina, era fixada sobre uma
armação de madeira. Conseguia-se formar a folha celulósica
sobre este molde, mediante uma submersão do mesmo na
tinta contendo a dispersão das fibras ou mediante o despejo
da certa quantidade da dispersão sobre o molde ou peneira.
Precedia-se a secagem da folha, comprimindo-a sobre a
placa de material poroso ou deixando-a pendurada ao ar.

Os espécimes que chegaram até os nossos dias provam que


o papel feito pelos antigos chineses era de alta qualidade,
que permite, até mesmo, compará-los ao papel feito
actualmente.

16.3. Matéria-prima

As fibras para sua fabricação requerem algumas


propriedades especiais, como alto conteúdo de celulose,
baixo custo e fácil obtenção — razões pelas quais as mais
usadas são as vegetais. O material mais usado é a polpa de
madeira de árvores, principalmente pinheiros (pelo preço e
resistência devido ao maior comprimento da fibra) e
eucaliptos (pelo crescimento acelerado da árvore). Antes da
utilização da celulose em 1840, por um alemão chamado
Química Técnica. A Química Transformadora 134

Keller, outros materiais como o algodão, o linho e o


cânhamo eram utilizados na confecção do papel.

Actualmente, os papéis feitos de fibras de algodão são


usados em trabalhos de restauração, de arte e artes
gráficas, tal como o desenho e a gravura, que exigem um
suporte de alta qualidade.

Nos últimos 20 anos, a indústria papeleira, com base na


utilização da celulose como matéria-prima para o papel, teve
notáveis avanços, no entanto as cinco etapas básicas de
fabricação do papel se mantêm: (1) estoque de cavacos, (2)
fabricação da polpa, (3) branqueamento, (4) formação da
folha, (5) acabamento. [1]

16.4. Produção

Para se transformar a madeira em polpa, que é a matéria-


prima do papel, é necessário separar a lignina, a celulose e
a hemicelulose que constituem a madeira. Para isso se
usam vários processos, sendo os principais os processos
mecânicos e os químicos.

16.4.1. Processos mecânicos

Os processos mecânicos basicamente trituram a madeira,


separando apenas a hemicelulose, e assim produzindo uma
polpa de menor qualidade, de fibras curtas e amarelado.

16.4.2. Processos Químicos

O principal processo químico é o kraft, que trata a madeira


em cavacos com hidróxido de sódio e hidrossulfeto de sódio,
que dissolve a lignina, liberando a celulose como polpa de
papel de maior qualidade. O principal inconveniente deste
processo é que o licor escuro também conhecido como licor
negro que é produzido pela dissolução da lignina da
madeira. Este licor deve ser tratado adequadamente devido
a seu grande poder poluente, já que contém compostos de
enxofre tóxicos e mal-cheirosos e grande carga orgânica. O
reaproveitamento desta lignina é diverso, podendo o licor ser
concentrado por evaporação e usado até mesmo como
combustível para produção de vapor na própria fábrica. O
branqueamento da polpa de papel subsequente também é
Química Técnica. A Química Transformadora 135

potencialmente poluente, pois costumava ser feito com cloro,


gerando compostos orgânicos clorados tóxicos e
cancerígenos. Actualmente o branqueamento é feito por
processos sem cloro elementar conhecido como ECF do
inglês "elemental chlorine free" (usam dióxido de cloro) ou
totalmente livres de cloro conhecido como TCF do inglês
"total chlorine free" (usam peróxidos, ozónio, etc.). Estudos
apontam que o efluente que sai de ambos os processos
quando tratado não possui diferença significativa quanto ao
teor tóxico sendo ambos de baixíssimo impacto ambiental.

16.4.3. Resumo do processo produtivo

 Floresta - local onde são plantadas espécies mais


apropriadas para a o tipo de celulose ou papel a ser
produzido - a maioria das empresas usam áreas
reflorestadas e tem seu próprio viveiro onde fazem
melhorias na espécie cultivada fazendo a clonagem das
plantas com as melhores características;
 Captação da madeira — A árvore é cortada e descascada,
transportada, lavada e picada em cavacos de tamanhos
pré determinados;
 Cozimento: no digestor os cavacos são misturados ao licor
branco e cozidos a temperaturas de 160º C;

- Nessa etapa tem-se a pasta marrom que pode ser usada


para fabricar papéis não branqueados.

 Branqueamento - a pasta marrom passa por reacções com


peróxido, dióxido de sódio, dióxido de cloro, ozónio e ácido
e é lavada a cada etapa transformando-se em polpa
branqueada;
 Secagem: a polpa branqueada é seca e enfardada para
transporte caso a fábrica não possua máquina de papel;
 Máquina de papel - a celulose é seca e prensada até
atingir a gramatura desejada para o papel a ser produzido.
 Tratamento da lixívia e rejeitos da água — o licor negro
resultante do cozimento é tratado e os químicos são
recuperados para serem usados como licor branco. Esse
tratamento ameniza os impactos ambientais causados pela
fábrica de papel;
 Produção de energia — A produção de energia vem de
Turbo geradores que são movidos por vapor proveniente
da caldeira.
Química Técnica. A Química Transformadora 136

16.5.Tamanhos padronizados

As folhas de papel comercialmente vendidas são cortadas


em tamanhos predefinidos. Os mais comuns são Carta e A4,
usados em escritórios e tarefas escolares. As gráficas
também usam papel em tamanho A3, principalmente para
confecção de cartazes. As dimensões são agrupadas em um
tipo de "família", onde os valores crescem na seguinte
proporção: A) a altura do tamanho atual passa a ser a
largura do próximo tamanho, e B) a altura do próximo
tamanho é o dobro da largura do tamanho actual.

16.6. Tipos de papel

Entre os muitos conhecidos podem-se citar:

 Papel ácido;
 Papel alcalino;
 Papel artesanal;
 Papel autocopiativo;
 Papel bíblia;
 Papel-cartão;
 Papel couché;
 Papel dobradura
 Papel de seda
 Glinter - Uma espécie de papel termossensível;
 Papel higiênico;
 Papel jornal;
 Papel fotocopiador;
 Papel fotográfico;
 Papel offset;
 Papel termossensível;
 Papelão;
 Papel reciclado;
 Papel presente;
 Papel vegetal;
 Papel vergé;
 Papel sulfite;
 Papel de arroz;
 Papel de westimentor;
 Papel de folha de bananeira.
Química Técnica. A Química Transformadora 137

Exercícios
1. Caracterize o processo da produção do papel!
2. Indique as diferentes etapas de produção do papel.
3. Elabore trabalho sobre: A descoberta do Papel.
Auto-avaliação
Química Técnica. A Química Transformadora 138

o
Unidade n .17-Q0077
Tema: PRODUÇÃO DO VINHO
Introdução
Nesta unidade, abordar-se sobre a produção do vinho, de onde se
abordam os conceitos, inerentes ao processo de produção, entre
outros aspectos.

Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Conceitos gerais sobre o vinho e de todos os processos


inerentes a produção.
 Distinguir a matéria-prima.
Objectivos
 Reconhecer as reacções decorrentes do processo.

17.1. Conceito
O vinho (do latim vīnum, significa "vinho" como "videira") é,
genericamente, uma bebida alcoólica produzida por
fermentação do sumo de uva.

Na União Europeia o vinho é legalmente definido como o


produto obtido exclusivamente por fermentação parcial ou
total de uvas frescas, inteiras ou esmagadas ou de mostos;
no Brasil é considerado vinho a bebida obtida pela
fermentação alcoólica de mosto de uva sã, fresca e madura,
sendo proibida a aplicação do termo a produtos obtidos a
partir de outras matérias-primas.

A constituição química das uvas permite que estas


fermentem sem que lhes sejam adicionados açúcares,
ácidos, enzimas ou outros nutrientes. Apesar de existirem
outros frutos como a maçã ou algumas bagas, que também
podem ser fermentados, os "vinhos" resultantes são
geralmente designados em função do fruto a partir do qual
são obtidos (por exemplo vinho-de-maçã) e são
genericamente conhecidos como vinhos de frutas.
Química Técnica. A Química Transformadora 139

17.2. Historial

O vinho possui uma longa história que remonta pelo menos


a aproximadamente 6000 a.C., pensando-se que tenha tido
origem nos actuais territórios da Geórgia ou do Irão.

Crê-se que o seu aparecimento na Europa terá ocorrido há


aproximadamente 6500 anos, nas actuais Bulgária ou Grécia
e era muito comum na Grécia e Roma antigas. O vinho tem
desempenhado um papel importante em várias religiões
desde tempos antigos. O deus grego Dioniso e o deus
romano Baco representavam o vinho, e ainda hoje o vinho
tem um papel central em cerimónias religiosas cristãs e
judaicas como a Eucaristia e o Kidush.

 Maiores produtores

Em 2005 os maiores produtores mundiais de uvas eram:


França, Itália, Espanha, Estados Unidos da América,
Argentina, China, Austrália, África do Sul, Alemanha, Chile,
Portugal, Roménia, Rússia, Hungria e Grécia. Em 2003 os
líderes em volume de exportação por quota de mercado
mundial eram: França (22%), Itália (20%), Espanha (17%),
Austrália (8%), Chile (6%), EUA (5%), Portugal (4%) e
Alemanha (4%).

Em 2007, as 13 maiores nações produtoras de uvas foram:


Italia, França, China,Estados Unidos da América, Espanha,
Argentina, Chile, África do Sul, Austrália, Brasil, Alemanha,
Portugal e Grécia.

17.3. O processo de produção e fermentação

A constituição química das uvas permite que estas fermentem


sem que lhes sejam adicionados açúcares, ácidos, enzimas ou
outros nutrientes.
Apesar de existirem outros frutos como a maçã ou algumas bagas
que também podem ser fermentados, os "vinhos" resultantes são
geralmente designados em função do fruto a partir do qual são
obtidos (por exemplo vinho-de-maçã) e são genericamente
conhecidos como vinhos de frutas.
O termo vinho (ou seus equivalentes em outras línguas) é definido
por lei em muitos países.
Química Técnica. A Química Transformadora 140

A fermentação das uvas é feita por vários tipos de leveduras que


consomem os açúcares presentes nas uvas transformando-os em
álcool. Dependendo do tipo de vinho, podem ser utilizadas
grandes variedades de uvas e de leveduras.

17.3.1 A vindima (colheita)

A qualidade da uva tem enorme influência sobre o sabor e


qualidade do vinho, por isso a vindima deve ser realizada no
tempo certo. Uma vindima antes do tempo resulta em um
vinho aguado, com baixa concentração de açúcar e,
consequentemente, de álcool. Se a uma vindima for tardia, a
uva produzirá um vinho rico em álcool, mas com pouca
acidez. Os fatores fundamentais que influem na vindima:

 O clima - ensolado, temperatura, umidade, etc.


 O factor terroir - solo mais microclima da região.

17.3.2. O esmagamento

Era feito com os pés, tradição mantida até hoje em algumas


regiões. Hoje em dia o processo é mecanizado com pouco
contacto humano. O esmagamento da uva produzirá uma
mistura de suco, cascas e bagas que será chamado de
mosto.

17.3.3. A fermentação

É a parte mais complexa e importante do processo de


fabricação do vinho. Nesta etapa é necessário um controlo
rígido da temperatura bem como a presença correcta de
microrganismos responsáveis pela fermentação. Dentre eles
o mais comum é uma levedura, a Saccharomyces cerevisae,
e o controle da temperatura é fundamental para o
crescimento e cultura das bactérias, não devendo exceder
os 25 a 30 °C. O contacto com o ar deve ser evitado, pois
ocorreria a oxidação do vinho.

Existem várias etapas na fermentação:

17.3.4. Fermentação tumultuosa

Ela dura poucos dias, quando ocorrem um grande


desprendimento do gás carbónico e o aumento da
temperatura.
Química Técnica. A Química Transformadora 141

17.3.5. Fermentação lenta

Com o passar dos dias, a fermentação começa a diminuir de


intensidade devido à diminuição da presença do açúcar.
Nesta etapa, o líquido se separa da parte sólida (bagaço,
cascas, etc) e são eliminados os últimos traços de glicose,
que se transformam em álcool. São poucos os açúcares que
ainda restam e, neste momento, o mosto já é o vinho
propriamente dito.

17.3.6. Filtragem

Nesta etapa ocorre a filtração do vinho. Ele é clarificado com


a retirada dos produtos e sedimentos que deixam o vinho
turvo.

17.3.7. Envelhecimento

Passada a etapa de fermentação, o vinho passará para o


envelhecimento em barris, em geral, de carvalho. O tempo
de envelhecimento vária de uva para uva e, durante esse
tempo, a acidez diminui e os vários componentes da uva
passam a formar o corpo e a estrutura do vinho gerando a
complexidade de seus odores e sabores.

Boa parte dos vinhos produzidos no mundo sofre apenas


dois anos de envelhecimento. Muitos vinhos considerados
de guarda, são capazes de manter suas características por
décadas.

17.4. Classificação dos vinhos

17.4.1. Quanto à classe

 De mesa: graduação alcoólica de 10° a 13° G.L., possui as


seguintes subdivisões:
o Finos ou Nobres: Vinhos produzidos somente de
uvas viníferas.
o Especiais: Vinhos mistos, produzidos de variedades
viníferas e uvas híbridas ou americanas.
o Comuns: Vinhos produzidos predominantemente
com variedades híbridas ou americanas.
o Frisantes ou Gaseificados: Vinhos com
gaseificação mínima de meia atmosfera e máxima
de duas atmosferas.
Química Técnica. A Química Transformadora 142

 Leve: graduação alcoólica de 7° a 9,9° G.L., elaborado


sempre com uvas viníferas.
 Espumante: resultante unicamente de uma segunda
fermentação alcoólica , possui alto nível de dióxido de
carbono, resultando em borbulhas (graduação alcoólica de
10° a 13° G.L.).
o Champanhe - É um espumante feito
essencialmente com as uvas Chardonnay e Pinot
Noir, mundialmente conhecida, produzida
exclusivamente na região homônima na França.
Champagne é uma denominação de origem.
 Licoroso: graduação alcoólica de 14° a 18° G.L.
Adicionado, ou não, de álcool potável, caramelo,
concentrado de mosto e sacarose.
 Composto ou fortificado: graduação alcoólica de 15° a 18°
G.L., obtida pela adição ao vinho de plantas amargas ou
aromáticas, substâncias de origem mineral ou animal.

17.4.2. Quanto à cor

 Tinto: produzido a partir de variedades de uvas tintas, com


longo contacto com a casca da fruta. A diferença de
tonalidade depende de tipo de fruto, do tempo e do método
de envelhecimento.
 Branco: produzido em sua maioria, a partir de uvas
brancas. Quando produto de uvas tintas, a fermentação é
feita com a ausência das cascas.
 Rosado, rosé ou clarete: com aparência intermediaria pode
ser produzido de duas formas:
o De uvas tintas: com breve contato com as cascas
que dão a pigmentação ao vinho, que após são
separadas.
o Por corte: obtém-se pela mistura, de um vinho
branco com um vinho tinto.

17.4.3. Quanto ao teor de açúcar

 Brut-nature: é aquele sem adição de açúcar, com pouco


açúcar ou zero.
 Extra-brut: de 0 a 6 g/l.
 Brut: até 15 g/l.
 Extra-seco: entre 12 e 20 g/l
 Seco, sec ou dry: entre 17 e 35 g/l;
 Meio doce, meio seco ou demi-sec: entre 33 e 50 g/l;
 Vinho suave ou doce: mais de 50 g/l
Química Técnica. A Química Transformadora 143

17.4.4. Quanto à variedade da uva

O vinho é geralmente produzido a partir de uvas das


variedades (ou castas) da espécie Vitis vinifera. Quando
uma destas variedades de uvas é utilizada como uva
predominante (geralmente definido por lei, no mínimo 75 a
85 %), o resultado é um vinho varietal (também dito
monocasta).

No entanto, os vinhos produzidos a partir de misturas de


duas ou mais variedades de uvas, não são em nada
inferiores aos vinhos varietais; alguns dos melhores e mais
caros vinhos são produzidos a partir de misturas de
variedades de uvas, todas colhidas no mesmo ano.

Pode também ser produzido vinho a partir dos frutos de


videiras de outras espécies ou de videiras híbridas, criadas
pelo cruzamento genético de duas espécies. Vitis labrusca,
Vitis aestivalis, Vitis rupestris, Vitis rotundifolia e Vitis riparia
são espécies nativas da América do Norte, cujas uvas são
geralmente consumidas como fruta, ou na forma de sumo ou
doce de uva, e por vezes transformadas em vinho.

Exercícios
Elabore Trabalhos sobre:

 Discuta a produção do vinho


 Processo de produção do vinho de canhú, a famosa
Auto-avaliação bebida tradicional da zona sul do País.
 Processo de produção do vinho de caju a nível da tua
localidade e/ou cidade
Química Técnica. A Química Transformadora 144

o
Unidade n .18-Q0077
Tema: PRODUÇÃO DE CERVEJA

Introdução
“Cerveja”, bebida vulgarmente consumida não deixaria de se
propor para a sua abordagem.
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

Distinguir os passos existentes no processo de produção.


Distinguir a matéria-prima fundamental.
Objectivos

18.1. Conceito

A cerveja é uma bebida produzida a partir da fermentação


de cereais, principalmente a cevada maltada, e acredita-se
que tenha sido das primeiras bebidas alcoólicas a serem
desenvolvidas pelo homem.

18.2.História

Uma cerveja é qualquer uma das variedades de bebidas


alcoólicas produzidas pela fermentação de matéria com
amido, derivada de cereais ou de outras fontes vegetais. As
fábricas de cerveja e de algumas outras bebidas alcoólicas
são geralmente chamadas de cervejarias. Historicamente, a
cerveja era já conhecida pelos sumérios, egípcios e
mesopotâmios, desde pelo menos 4 000 a.C. Como os
ingredientes usados para fazer cerveja diferem de acordo
com o local, suas características (tipo, sabor e cor) variam
amplamente.
Química Técnica. A Química Transformadora 145

A mais notícia mais antiga que se tem da cerveja vem de


2600 a 2350 a.C. Desta época, arqueólogos encontraram
menção no Hino a Ninkasi, a deusa da cerveja, de que os
sumérios já produziam a bebida. Já na Babilónia dá-se conta
da existência de diferentes tipos de cerveja, originadas de
diversas combinações de plantas e aromas, e o uso de
diferentes quantidades de mel. O Código de Hamurabi, rei
da Babilónia entre os anos de 1792 e 1750 a.C., incluía
várias leis de comercialização, fabricação e consumo da
cerveja, relacionando direitos e deveres dos clientes das
tabernas.

Posteriormente, no antigo Egipto, a cerveja, segundo o


escritor grego Ateneu de Náucratis (século III d.C.), teria sido
inventada para ajudar a quem não tinha como pagar o vinho.
Inscrições em hieróglifos e obras artísticas testemunham
sobre o gosto deste povo pelo henket ou zythum, apreciada
por todas as camadas sociais. Até um dos faraós, Ramsés
III (1184-1153 a.C.), passou a ser conhecido como "faraó-
cervejeiro" após doar aos sacerdotes do Templo de Amon
466.308 ânforas ou aproximadamente um milhão de litros de
cerveja provenientes de suas cervejeiras.

Praticamente qualquer açúcar ou alimento que contenha


amido pode, naturalmente, sofrer fermentação. Assim,
bebidas semelhantes à cerveja foram inventadas de forma
independente em diversas sociedades em redor do mundo.

Na Mesopotâmia, a mais antiga evidência referente à


cerveja está numa tábua sumeriana com cerca de 6.000
anos de idade, na qual se vêem pessoas tomando uma
bebida através de juncos de uma tigela comunitária. A
cerveja também é mencionada na Epopeia de Gilgamesh.

Um poema sumeriano de 3.900 anos, homenageando a


deusa dos cervejeiros, Ninkasi, contém a mais antiga receita
que sobreviveu, descrevendo a produção de cerveja de
cevada utilizando pão.

A cerveja tornou-se vital para todas as civilizações


produtoras de cereais da antiguidade clássica,
especialmente no Egipto e na Mesopotâmia. O Código
Babilónico de Hamurabi dispunha que os taverneiros que
Química Técnica. A Química Transformadora 146

diluíssem ou sobretaxassem a cerveja deveriam ser


supliciados.

A cerveja teve alguma importância na vida dos primeiros


romanos, mas durante a República Romana, o vinho
destronou a cerveja como a bebida alcoólica preferida,
passando esta a ser considerada uma bebida própria de
bárbaros. Tácito, em seus dias, escreveu depreciativamente
acerca da cerveja preparada pelos povos germânicos.

A maior parte das cervejas, até tempos relativamente


recentes, eram do tipo que agora chamamos de ales. As
lagers foram descobertas por acidente no século XVI,
quando a cerveja era estocada em frias cavernas por longos
períodos; desde então elas ultrapassaram largamente as
cervejas tipo ale em volume (veja abaixo a distinção). O uso
de lúpulo para dar o gosto amargo e preservar é uma
invenção medieval.

18.3. Preparação

Via de regra, as cervejas são feitas com água, cevada


maltada e lúpulo, fermentados por levedura. A adição de
outros condimentos ou fontes de açúcar não é incomum.

A cerveja é resultado da fermentação alcoólica preparada


de mosto de algum cereal maltado, sendo o melhor e mais
popular a cevada.

Como é composta principalmente por água, a origem dessa


água e as suas características têm um efeito importante na
qualidade da cerveja, influenciando, por exemplo, o seu
sabor. Muitos estilos de cerveja foram influenciados ou até
mesmo determinados pelas características da água da
região.

Dentre os maltes, o de cevada é o mais frequente e


largamente usado devido ao seu alto conteúdo de enzimas,
mas outros cereais maltados ou não maltados são
igualmente usados, inclusive: trigo, arroz, milho, aveia e
centeio.

A introdução do lúpulo foi relativamente recente na sua


composição. Acredita-se que tenha sido introduzido apenas
Química Técnica. A Química Transformadora 147

há umas poucas centenas de anos atrás. Usa-se a flor do


lúpulo para acrescentar um gosto amargo que equilibra a
doçura do malte e possui um efeito antibiótico moderado que
favorece a actividade da levedura de cerveja em relação a
organismos menos desejados durante a fermentação como
os frequentemente encontrados em corpos em
decomposição ou fezes de animais. As leveduras, nesse
processo, metabolizam os açúcares extraídos dos cereais,
produzindo muitos compostos, incluindo o álcool e dióxido
de carbono. Dezenas de estirpes de fermentos naturais ou
cultivados são usados pelos cervejeiros, sendo, de um modo
geral, sortidos por três géneros: ale ou de fermentação alta,
lager ou de baixa fermentação, e leveduras selvagens.

As cervejas costumam ter entre 4 a 5% de teor alcoólico,


ainda que este possa variar consideravelmente conforme o
estilo e o cervejeiro. De fato, existem cervejas com teores
alcoólicos desde 2% até mais de 20%.

18.4. Tipos de cerveja

Há muitos tipos diferentes de cerveja, variando de país


produtor. Todavia, pode-se distinguir, de forma geral, dois
grupos Cerveja sem álcool e com álcool.

Para a cerveja sem álcool, sucede que durante o processo


de fabricação da cerveja é possível interferir na produção
durante a fermentação, em que, alterando o tempo, a
temperatura e a pressão, é possível produzir tradicional e
naturalmente a cerveja sem álcool. Actualmente é também
utilizado outro processo, em que através de um tipo de micro
filtragem é possível retirar o álcool da cerveja.

Exercícios
Elabore trabalhos sobre:

 Processo de producao da cerveja.


Auto-avaliação  Em Moçambique, em quais pontos deste vasto País se encontram
instaladas as maiores fabricas de cervejas.
Química Técnica. A Química Transformadora 148

Unidade no.19-Q0077
Tema: PRODUÇÃO DE VIDRO
Introdução
Produção de vidro é o tema proposto pela sua vasta
aplicação nas nossas vidas.

Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Conceptualizar o vidro;
 Descrever a importância do vidro;
Objectivos
 Caracterizar várias componentes do processo de
produção do vidro;
 Discutir o processo de fabricação do vidro.

19.1. Conceito

O vidro é uma substância inorgânica, ligas transparentes


amorfas, obtidas a partir de aquecimento de muitos silicatos
com outros silicatos ou com o dióxido de silício.

Em ciência dos materiais o vidro é uma substância líquida e


amorfa que apresenta temperatura de transição vítrea[1]. No
dia-a-dia o termo se refere a um material cerâmico
transparente geralmente obtido com o resfriamento de uma
massa líquida à base de sílica.

Em sua forma pura, o vidro é um óxido metálico super


esfriado transparente, de elevada dureza, essencialmente
inerte e biologicamente inactivo, que pode ser fabricado com
superfícies muito lisas e impermeáveis. Estas propriedades
desejáveis conduzem a um grande número de aplicações.
No entanto, o vidro geralmente é frágil, quebra-se com
facilidade. O vidro comum se obtém por fusão em torno de
Química Técnica. A Química Transformadora 149

1.250 ºC de dióxido de silício, (SiO2), carbonato de sódio


(Na2CO3) e carbonato de cálcio (CaCO3).

19.2. História

Os povos que disputam a primazia da invenção do vidro são


os egípcios e os fenícios. Segundo a Enciclopédia Trópico:
“Os fenícios contam que ao voltarem à pátria, do Egipto,
pararam às margens do Rio Belus, e pousaram sacos que
traziam às costas, que estavam cheios de natrão (carbonato
de sódio natural, que eles usavam para tingir lã). Acenderam
o fogo com lenha, e empregaram os pedaços mais grossos
de natrão para neles apoiar os vasos onde deviam cozer
animais caçados. Comeram e deitaram-se, adormeceram e
deixaram o fogo aceso. Quando acordaram, em lugar das
pedras de natrão encontraram blocos brilhantes e
transparentes, que pareciam enormes pedras preciosas. Um
deles, o sábio Zelu, chefe da caravana, percebeu que sob os
blocos de natrão, a areia também desaparecera. Os fogos
foram reacesos, e durante a tarde, uma esteira de líquido
rubro e fumegante escorreu das cinzas. Antes que a areia
incandescente se solidificasse, Zelu plasmou, com uma faca
aquele líquido e com ele formou uma empola tão
maravilhosa que arrancou gritos de espanto dos mercadores
fenícios. O vidro estava descoberto.” Esta é uma versão um
tanto lendária. Mas, notícias mais verossímeis, relatam que
o vidro surgiu pelo menos 4.000 anos A.C.. Julga-se
entretanto que os egípcios começaram a soprar o vidro em
1.400 A. C., dedicando-se, acima de tudo, a produção de
pequenos objectos artísticos e decorativos, muitas vezes
eram confundidos com belas pedras preciosas. Sua
decomposição é de 4000 anos. A cada 1000 kg de Vidro
leva se 1300 kg de areia.

Foi só no século XVIII que se estabeleceu em Portugal a


indústria vidreira — na Marinha Grande — e ainda hoje esta
existe. Anteriormente, há notícia, desde o século XV, da
existência de alguns produtores artesanais de vidro. É
conhecido o labor do vidreiro Guilherme, que trabalhou no
Mosteiro da Batalha. O vidro era obtido através da
incineração de produtos naturais com carbonato de sódio
(erva-maçaroca). Houve diversos fornos para a produção
vidreira em Portugal, mas a passagem de uma produção
artesanal, muito limitada, para a produção industrial foi lenta.
Química Técnica. A Química Transformadora 150

Uma fábrica existente em Coina veio a ser transferida para a


Marinha Grande, em consequência da falta de combustível.
Estava-se no reinado de D. João V. A proximidade do Pinhal
de Leiria, teria aconselhado a transferência da antiga Real
Fábrica de Coina. Depois, o Marquês de Pombal concedeu
um subsídio para o reapetrechamento desta fábrica vidreira
na Marinha Grande.

Em 1748 estabeleceu-se na Marinha Grande John Beare,


dedicando-se ali à indústria vidreira. A abundância de
matérias-primas e de carburante aconselhavam o fomento
dessa indústria naquela região. Em 1769 o inglês Guilherme
Stephens beneficiou de importante protecção do Marquês de
Pombal e estabeleceu-se na mesma localidade: subsídios,
aproveitamento gratuito das lenhas do pinhal do Rei,
isenções, etc. A Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande
desenvolveu-se a ponto de ser Portugal, a seguir à
Inglaterra, o primeiro país a fabricar o cristal.

19.3. Composição

São basicamente feitos por areia, calcário, barrilha, alumina,


corantes e descorantes. As matérias-primas que compõem o
vidro são os vitrificantes, fundentes e estabilizantes.

Os vidros são usados para dar maior característica à massa


da madeira e são compostos de anidrido sílico, anidrido
bórico e anidrido fosfórico.

Os fundentes possuem a finalidade de facilitar a fusão da


massa silícea, e são compostos de óxido de sódio e óxido
de potássio.

Os estabilizantes têm a função de impedir que o vidro


composto de silício e álcalis seja solúvel, e são: óxido de
cálcio, óxido de magnésio e óxido de zinco.

A sílica, matéria-prima essencial, apresenta-se sob a forma


de areia; de pedra cinzenta; e encontra-se no leito dos rios e
das pedreiras.

Depois da extracção das pedras, da areia e moenda do


quartzo, procede-se a lavagem a fim de eliminar-se as
substâncias argilosas e orgânicas; depois o material é posto
em panelões de matéria refractária, para ser fundido.
Química Técnica. A Química Transformadora 151

A mistura vitrificável alcança o estado líquido a uma


temperatura de cerca de 1.300°C e, quando fundem as
substâncias não solúveis surgem à tona e são retiradas.
Depois da afinação, a massa é deixada para o processo de
repouso, de assentamento, até baixar a 800°C, para ser
talhada.

19.4. Fabricação

Fabricação de peças em vidro usando moldagem por sopro.

A fabricação é feita no interior de um forno, onde se


encontram os panelões. Quando o material está quase
fundido, o operário imerge um canudo de ferro e retira-o
rapidamente, após dar-lhe umas voltas trazendo na sua
extremidade uma bola de matéria incandescente.

Agora a bola incandescente, deve ser transformada numa


empola. O operário gira-a de todos os lados sobre uma
placa de ferro chamada marma. A bola vai se avolumando
até assumir forma desejada pelo vidreiro.

Finalmente a peça vai para a secção de resfriamento


gradativo, e assim ficará pronta para ser usada.

O PROCESSO DE PRODUÇÃO DO VIDRO


Química Técnica. A Química Transformadora 152

Estágio 1: Forno de Fusão

A mistura de areia com os demais componentes do vidro é


dirigida até o forno de fusão através de correias
transportadoras. Com temperatura de até 1.600ºC, a
composição é fundida, afinada e condicionada
termicamente, transformando-se numa massa pronta para
ser conformada numa folha contínua.

Estágio 2 : Banho Float

A massa é derramada em uma piscina de estanho líquido,


em um processo contínuo chamado "Float Bath"( Banho
Float). Devido à diferenças de densidade entre os materiais,
o vidro flutua sobre o estanho, ocorrendo um paralelismo
entre as duas superfícies. Essa é a condição para que a
qualidade óptica superior do vidro float seja atingida. A partir
desse ponto é determinada a espessura do vidro, através da
acção do top roller e da velocidade da linha. Quanto maior a
velocidade da linha, menor a espessura resultante.
Química Técnica. A Química Transformadora 153

Estágio 3: Galeria de recozimento

Perfil de tensões do vidro observada na Galeria de


Recozimento

Em seguida, a folha de vidro entra na galeria de


recozimento, onde será resfriada controladamente até
aproximadamente 120ºC e, então, preparada para o corte.

Estágio 4: Inspecção automática

Antes de ser recortada, a folha de vidro é inspeccionada por


um equipamento chamado "scanner", que utiliza um feixe de
raio laser para identificar eventuais falhas no produto. Caso
haja algum defeito decorrente da produção do vidro, ele será
automaticamente refugado e posteriormente reciclado.

Estágios 5, 6 e 7: Recorte, empilhamento e


armazenagem

O recorte é realizado em processo automático e em


dimensões pré-programadas. As chapas de vidro são
empilhadas automaticamente e pacotes prontos para serem
expedidos e armazenados.

19.5. Tipos de vidros

Vidro formado naturalmente.


Química Técnica. A Química Transformadora 154

 Vidro para embalagens - garrafas, potes, frascos e outros


vasilhames fabricados em vidro comum nas cores branca,
âmbar e verde;

 Vidros para a construção civil - Vidro plano - vidros planos


lisos, vidros cristais, vidros impressos, vidros reflectivos,
vidro anti-reflexo, vidros temperados, vidros laminados,
vidros aramados, vidros coloridos, vidros serigrafados,
vidros curvos e espelhos fabricados a partir do vidro
comum;

 Vidros domésticos - tigelas, travessas, copos, pratos,


panelas e produtos domésticos fabricados em diversos
tipos de vidro;

 Fibras de vidro - mantas, tecidos, fios e outros produtos


para aplicações de reforço ou de isolamento;

 Vidros técnicos - lâmpadas incandescentes ou


fluorescentes, tubos de TV, vidros para laboratório
(principalmente o vidro borossilicato), para ampolas, para
garrafas térmicas, vidros oftálmicos e isoladores eléctricos;

 Vidro temperado - aquecimento entre 700° e 750° através


de um forno e resfriamento com choque térmico,
normalmente a ar, causando aumento da resistência por
compactação das camadas superficiais. O aumento da
resistência mecânica chega a 87%. O vidro após o
processo de têmpera não poderá ser submetido a
lapidação de suas bordas, recortes e furos.

 Vidro laminado - composto por lâminas plásticas e de


vidro. É utilizado em pára-brisas, de automóveis,
clarabóias e vitrines.

 Vidros comuns decorados ou beneficiados - São os vidros
lapidados, bisotados, jacteados, tonalizados, acidados,
laqueados e pintados, utilizados na fabricação de tampos
de mesas, prateleiras, aparadores, bases e porta-retratos.
Nas espessuras de 2 mm a 25 mm (já se fabricam vidros
planos de até 50 mm, para fins especiais em construção
civil).

 Vitrocerâmica - obtido submetendo o vidro comum a


temperaturas elevadas (500°C-1000°C) o que provoca a
sua cristalização. Possui maior resistência.

19.6. Principais características

 Reciclabilidade
 Transparência (permeável à luz)
 Dureza
 Não absorvência (impermeável à fluidos)
Química Técnica. A Química Transformadora 155

 Óptimo isolante eléctrico


 Baixa condutividade térmica
 Recursos abundantes na natureza
 Durabilidade

Exercícios
1. Faca uma exposição sobre o processo de
produção do vidro?
2. Descreva a composição química do vidro?
Auto-avaliação
3. Caracterize a produção do vidro.
Química Técnica. A Química Transformadora 156
Química Técnica. A Química Transformadora 157

Unidade no.20-Q0077
Tema: PRODUÇÃO DE TINTAS
E VERNIZES

Introdução
Nesta unidade, abordar-se sobre a produção de tintas e vernizes,
de onde se abordam os conceitos, inerentes ao processo de
produção, entre outros aspectos.
Seja bem vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Conceitos gerais sobre tintas e vernizes e de todos os


processos inerentes a produção.
 Distinguir a matéria-prima.
Objectivos
 Reconhecer as reacções decorrentes do processo.

20.1. Conceito

Tinta é o nome normalmente dado a uma família de produtos,


usados para proteger e dar cor a objectos ou superfícies,
cobrindo-os com uma cobertura pigmentada.

A tinta é muito comum e aplica-se a praticamente qualquer tipo de


objectos. Usa-se para produzir arte; na indústria: produção de
automóveis, equipamentos, tubulações, produtos eletro-
electrónicos; como protecção anti-ferrugem; na construção civil:
em paredes interiores, em superfícies exteriores.

Tinta é uma mistura devidamente estabilizada de pigmentos e


cargas em uma resina, formando uma película sólida, fosca ou
brilhante, com a finalidade de proteger e embelezar. A tinta é uma
preparação, geralmente na forma líquida, cuja finalidade é a de
revestir uma dada superfície.

Quando essa tinta não contém pigmentos, ela é chamada de


verniz. Por ter pigmentos a tinta cobre o substrato, enquanto o
verniz deixa transparente.
Química Técnica. A Química Transformadora 158

20.2. Composição da Tinta

A tinta líquida é normalmente constituída por três partes: resinas,


diluentes, aditivos e (pigmento).

20.2.1. Resina

Resina é a parte não volátil da tinta, que serve para aglomerar as


partículas de pigmentos e é responsável pela transformação do
produto, do estado líquido para o sólido, convertendo-o em
película. As resinas são responsáveis pelas propriedades físico-
químicas da tinta, determinando, inclusive, o uso do produto e sua
secagem. A resina é a parte da tinta que solidifica para formar a
película de tinta seca.

20.2.2. Pigmentos

Material sólido finamente dividido e insolúvel. São utilizados para


dar cor, opacidade, certas características de resistência e outros
efeitos. São divididos em pigmentos activos, que conferem
cor/opacidade, e inertes (cargas), que conferem certas
propriedades, tais como diminuição de brilho e maior consistência.

20.2.3. Aditivos

Ingredientes que proporcionam características especiais às tintas.


São utilizados para auxiliar nas diversas fases de fabricação e
conferir características necessárias à aplicação. Os aditivos são
para auxiliar na secagem da tinta.

20.2.4. Solventes

Líquido volátil, geralmente de baixo ponto de ebulição, utilizado na


diluição de tintas e correlatos. São classificados em solventes
activos ou verdadeiros, latentes e inactivos.

O diluente auxilia no ajuste da viscosidade bem como veículo dos


demais componentes, podendo, se dosados adequadamente,
facilitar a aplicação das tintas.

20.3. FUNÇÃO DAS TINTAS E VERNIZES

Com o nome genérico de tintas e vernizes, compreende-se


qualquer material de revestimento, de consistência líquida ou
pastosa, apto a cobrir, proteger e colorir a superfície de um
objecto. O elemento que gera a película é, salvo para algumas
pinturas murais, de natureza orgânica.

Segundo o seu uso podem ser brilhantes ou foscas, transparentes


ou pigmentadas, coloridos ou incolores, bem como apresentar
resistência a determinados tipos de agentes agressivos.
Química Técnica. A Química Transformadora 159

Duas são, portanto, as funções que normalmente deve preencher


uma tinta, quais sejam, a de proteger e a de embelezar. Além
disso, as tintas desempenham outras funções, como, por
exemplo, na sinalização, impermeabilização, identificação e
propaganda.

A proporção com que as duas funções principais influem na


composição de uma tinta depende, principalmente, da finalidade
para a qual ela se destina. Assim, por exemplo, quando o
formulador prepara uma tinta que se destina à cobertura de uma
ponte, terá em mira principalmente o factor protecção, ficando o
factor ou a função estética condicionada a anterior. Entretanto,
quando o formulador prepara uma tinta para a pintura interna de
uma fachada de edificação, onde a parede está perfeitamente
impermeabilizada, o factor estético é o mais importante.

As diferentes qualidades das tintas produzidas pelas indústrias


especializadas são apresentadas em catálogos bem-feitos, onde
figuram milhares cores distintas. Os clientes escolhem as cores,
normalmente utilizando, como critério, seu gosto pessoal e ou um
arranjo previamente demonstrado por um profissional. As
máquinas dosadoras podem produzir padrões personalizados
nTINTAS

As tintas são uma suspensão grosseira do pigmento (pó sólido


colorido) no veículo (material líquido em que o pó está
emulsionado). No veículo temos a parte volátil e não-volátil. A
parte não-volátil é constituída pelos formadores de filme e
secantes.

As tintas também levam maior ou menor dose de material


denominado carga. As cargas, nos primórdios da fabricação das
tintas, eram usadas com o objectivo exclusivo de baratear o custo.
Posteriormente, constatou-se que as cargas influíam
favoravelmente sobre certas propriedades das tintas, como
exemplo, facilitando a aplicação da tinta e melhorando seu
espelhamento. Servem, também, para dar corpo ás tintas.

Em resumo, as tintas são constituídas por pigmento, veículo e,


eventualmente, carga.

Os fundos são constituídos por pouco pigmentos, pelo veículo e


alguma carga. As massas têm mais carga que os fundos, a fim de
adquirirem consistência sólida.

20.4. CONSTITUINTES DAS TINTAS

Os constituintes fundamentais de uma tinta líquida são veículo


fixo, pigmentos, solventes (veículo volátil) e aditivos.

As tintas em pó contêm todos os constituintes menos,


evidentemente, os solventes; o mesmo ocorre com as conhecidas
Química Técnica. A Química Transformadora 160

tintas sem sol ventes. Os vernizes, do ponto de vista técnico,


possuem todos os constituintes de uma tinta, menos os
pigmentos.

Na formulação e fabricação de uma tinta, esses constituintes são


rigorosamente seleccionados, qualitativa e quantitativamente, a
fim de que o produto final atenda aos requisitos técnicos
desejados.

20.4.1 Veículo Fixo ou Veículo Não-volátil

O veículo fixo ou não-volátil, VNV, é o constituinte ligante ou


aglomerante das partículas de pigmento e o responsável directo
pela continuidade e formação da película de tinta. Como
consequência, responde pela maioria das propriedades físico-
químicas da mesma. O veículo fixo, de uma forma geral, é
constituído por um ou mais tipos de resina, que em sua maioria
são de natureza orgânica. Portanto, as características das tintas,
em termos de resistência, dependem em muito do (s) tipo (s) de
resina empregado (s) na sua composição. Como exemplos de
veículos fixos, podemos citar:

• Óleos vegetais (linhaça, soja, tungue);

• resinas alquídicas;

• Resinas acrílicas;

• Resinas epoxídicas;

• Resinas poliuretânicas.

• Tinta alquídica: resina alquídica

• Tinta acrílica: resina acrílica

20.4.2 Solventes

Os solventes são substâncias puras empregadas tanto para


auxiliar na fabricação das tintas, na solubilizarão da resina e no
controle de viscosidade, como em sua aplicação. Dentre o grande
número de solventes utilizados na indústria de tintas, podemos
citar:

• Hidrocarbonetos alifáticos nafta e aguarrás mineral;

• Hidrocarbonetos aromáticos: tolueno e xileno;

• Ésteres: acetato de etila, acetato de butila e acetato de


isopropila;
Química Técnica. A Química Transformadora 161

•alcoois - etanol, butanol e álcool isopropílico;

• Cetonas - acetona, metiletilcetona, metilisobuti1cetona e


cicloexanona;

• Glicóis - etilglicol e butilglicol;

• Solventes filmógenos - são aqueles que, além de solubilizarem a


resina, se incorporam à película por polimerização, como por
exemplo, o estireno.

Os solventes podem ser classificados em:

• Solventes verdadeiros - são aqueles que dissolvem, ou são


miscíveis, em quaisquer proporções, com uma determinada
resina. Tem-se, como exemplo, a aguarrás - solvente para óleos
vegetais e resinas modificadas com óleo - e as cetonas e
solventes para resinas epóxi, poliuretana e acrílica;

• Solventes auxiliares - são aqueles que sozinhos não solubilizam


o veículo, ou resina, mas aumentam o poder de solubilização do
solvente verdadeiro;

• Falso solvente - substância que possui baixo poder de solvência


do VNV, usado normalmente para reduzir o custo final das tintas.

Os diluentes são compostos elaborados com diferentes solventes


utilizados para ajustar a viscosidade de aplicação da tinta, em
função do equipamento de aplicação. Normalmente, são
fornecidos junto com a tinta.

20.4.3 Aditivos

São os compostos empregados, em pequenas concentrações, nas


formulações das tintas com o objectivo de lhes conferir, ou às
películas, determinadas características que sem eles seriam
inexistentes. Dentre os aditivos mais comuns empregados nas
formulações de tintas, podem-se citar: Secantes - têm como
principal finalidade melhorar a secactividade das películas de tinta,
ou seja, reduzir seu tempo de secagem.

São empregados basicamente nas tintas a óleo, alquídicas e óleo-


resinosas em geral, em que o mecanismo deformação da película
é por oxidação. Os secantes mais empregados são os naftenatos
ou octoatos de cobalto, chumbo, manganês, cálcio e zinco; anti-
sedimentantes - reduzem a tendência de sedimentação dos
pigmentos, impedindo assim que se forme um sedimento duro e
compacto no fundo do recipiente durante o período de estocagem
da tinta; Anti-nata ou antipele - esse fenómeno costuma ocorrer
nas tintas cujo mecanismo de formação da película é por oxidação
e pode ser detectado ao se abrir a lata de tinta, quando se
observa uma película ou pele cobrindo a superfície da tinta.
Química Técnica. A Química Transformadora 162

20.4.4 Pigmentos

Os pigmentos são partículas sólidas, finamente divididas,


insolúveis no veículo fixo, utilizados para se obter, entre outros
objectivos, protecção anticorrosiva, cor, opacidade,
impermeabilidade e melhoria das características físicas da
película. De uma forma simples, podem-se classificar os
pigmentos em três grupos:

1. Anti-corrosivos - são os pigmentos que, incorporados à


tinta, conferem protecção anticorrosiva ao aço por
mecanismos químicos ou electroquímicos como, por
exemplo, zarcão (Pb3O4), cromato de zinco, molibdatos de
zinco e de zinco e cálcio, fosfato de zinco e pó de zinco;

2. opacificantes coloridos - conferem cor e opacidade à


tinta. É importante não confundir pigmentos opacificantes
com corantes ou anilinas, que são solúveis no veículo da
tinta, conferem cor, mas não conferem opacidade;

3. Cargas ou extensores - não conferem cor nem opacidade


às tintas. Apontam-se diversas razões para seu emprego
na composição das tintas, como reduzir o custo final do
produto; melhoraras propriedades mecânicas da película,
como abrasão pela incorporação de quartzo

20.5. NOÇÕES DE FABRICAÇÃO DE TINTAS INDUSTRIAIS

As fábricas de tintas recebem, normalmente, as matérias-primas


(veículos, solventes, pigmentos) em condições de efectuar as
misturas, de acordo com a formulação desejada.

As fases de fabricação são as seguintes: - pesagem das matérias-


primas de acordo com a formulação;

- Pré-mistura: consiste na formação de pastas do veículo e


pigmento (dispersão);

- Moagem: consiste na passagem da pré-mistura em moinhos, em


especial moinhos de areia; - completagem: consiste na adição e
no ajuste dos constituintes, especialmente solvente, até a
proporção desejada; - acertos finais: consiste na adição de
aditivos, acertos de cores e outros necessários para definição do
produto final.

Para execução destas operações, uma fábrica de tintas é, em


geral, constituída de tanques de armazenagem de matérias-
primas, tanques de mistura, moinhos para dispersão de pigmentos
no veículo (moinhos de areia; os de rolos e bola são
Química Técnica. A Química Transformadora 163

eventualmente usados), tanques de completagem e ajustes finais


e unidade de enlatamento e embalagem.

20.6. Tintas de Imprimir


As tintas imprimir são uma dispersão fina de pigmentos ou
corantes num veiculo, que podem ser de um óleo secativo com ou
sem resinas naturais ou sintéticas e que se adicionam secantes
ou diluentes. São usados os óleos secativos ou óleos de petróleo,
e as resinas, embora os sistemas mais novos, `a base de resina
sintética, estejam encontrando grande aceitação em virtude da
secagem e de terem propriedades de trabalho boas.

As tintas imprimir têm uma ampla variedade de composições e


larga variação nas suas propriedades. Isso é consequência de se
usar um grande número de processos de impressão e de tipos de
papéis.
As novas tintas magnéticas, bastante caras, desenvolvidas para o
uso em diversas máquinas electrónicas, constituem a chave para
os sistemas de processamento de dados.
As tintas formuladas com pigmentos luminescentes conseguem
apresentar um aspecto superbrilhante. Os corantes são fundidos
nas resinas e recozidos, depois de duro, o material é facilmente
pulverizado.
As rodaminas, as auraminas e as tioflavinas são os principais
corantes usados da tinta imprimir. Os corantes voláteis produzem
poluição atmosférica.

Exercícios
1. O que entendes por tintas?
2. Distinga a sua função.
3. Quais os passos para a fabricação da tinta.
Auto-avaliação 4. Indique quais as reacções químicas decorrentes do processo
de produção.
Química Técnica. A Química Transformadora 164

o
Unidade n .21-Q0077
Tema: PRODUÇÃO DE
PLÁSTICOS
Introdução
Plástico é a abordagem que se pretendem desenvolver nesta
unidade. Do conceito a reciclagem é os aspectos que incorporam
a mesma unidade
Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Caracterizar os plásticos;
 Caracterizar várias componentes do mesmo;
 Descrever as propriedades químicas de fabricação.
Objectivos

21.1. Caracterização

Politereftalato de etileno, ou PET, é um polímero


termoplástico, desenvolvido por dois químicos britânicos
Whinfield e Dickson em 1941, formado pela reação entre o
ácido tereftálico e o etileno glicol, originando um polímero,
termoplástico. Utiliza-se principalmente na forma de fibras
para tecelagem e de embalagens para bebidas.

Possui propriedades termoplásticas, isto é, pode ser


reprocessado diversas vezes pelo mesmo ou por outro
processo de transformação. Quando aquecidos a
temperaturas adequadas, esses plásticos amolecem,
fundem e podem ser novamente moldados.

As garrafas produzidas com este polímero só começaram a


ser fabricadas na década de 70, após cuidadosa revisão dos
aspectos de segurança e meio ambiente.
Química Técnica. A Química Transformadora 165

No começo dos anos 80, os Estados Unidos e o Canadá


iniciaram a colecta dessas garrafas, reciclando-as
inicialmente para fazer enchimento de almofadas. Com a
melhoria da qualidade do PET reciclado, surgiram
aplicações importantes, como tecidos, lâminas e garrafas
para produtos não alimentícios.

Mais tarde na década de 90, o governo americano autorizou


o uso deste material reciclado em embalagens de alimentos.

21.2. Materiais e Desempenho

Todos os substitutos comuns do vidro são plásticos, mas


antes de descrever suas propriedades químicas e físicas, é
preciso compreender a natureza geral e as características
dos plásticos.

Eles são feitos de combinações de polímeros e outros


materiais, como pigmentos e materiais de enchimento
(fillers). Os próprios polímeros, substâncias básicas dos
plásticos, são substâncias químicas. Na forma de longas
cadeias ou repetindo unidades ímpares, conhecidas como
monômeros.

Os polímeros ocorrem na natureza; e um exemplo comum


são as proteínas encontradas em animais e a celulose,
encontrada em plantas. Todavia, os usados pelo homem são
normalmente sintéticos e podem ser divididos em 2 grupos:

- polímeros sintéticos orgânicos - são usualmente baseados


em carbono e formam a maioria dos plásticos mais
conhecidos e as borrachas (que Parkes muito estudou).

 polímeros sintéticos inorgânicos - são exemplificados pelos


silicones (produto derivado da sílica).

A origem dos plásticos são as "resinas plásticas",


macromoléculas que provem do beneficiamento dos
subprodutos do petróleo.

21.3. Grupos Básicos de Plásticos

Existem dois grupos básicos de plásticos: termoplásticos e


termoestáveis. O que difere um grupo do outro é a "fluência"
[que significa um deslizamento relativo de cadeias
carbônicas sobre cadeias carbônicas, ocasionando alteração
da forma do material. O calor (e a pressão) são
Química Técnica. A Química Transformadora 166

fundamentais na ocorrência desse fenómeno, pois afrouxam


as cadeias carbónicas.

21.3.1. Termoplásticos: são, sintéticamente, substâncias


que amolecem ao receberem calor, voltando a enrijecer-se
com a diminuição da temperatura. Entre os termoplásticos
de nosso interesse estão o policarbonato e o acrílico
(polimetilmetacrilato).

21.3.2. Termostáveis: são, como sugere o próprio nome,


substâncias rígidas mesmo que submetidas a quaisquer
temperaturas (salvo aquela que destrói o material).
Possuem, portanto, fortes ligações químicas impedindo o
deslizamento da cadeia. É importante notar que,
inicialmente, os termos estáveis comportam-se como
termoplásticos; porém a reacção química inicial dá lugar a
estas fortes uniões transversais entre as cadeias
moleculares, fazendo com que o duro material resultante
não possa abrandar-se novamente.

21.4. Polimerização

A técnica de fabricação essencial na indústria é o processo


pelo qual as unidades básicas, os monômeros, são reunidas.
Há dois meios comuns de fazer isso, conduzindo a
estruturas moleculares intrinsecamente diferentes e,
portanto, a propriedades diferentes. A polimerização por
adição implica em ligar os monómeros juntos numa cadeia,
em geral pela aplicação de calor e pressão, na presença de
um catalisador. Os monómeros podem ser do mesmo tipo ou
de diferentes tipos, como em co-polimerização. A
polimerização por adição forma cadeias articuladas, com
vários graus de ramificação. Isso normalmente conduz a
materiais flexíveis, com a rigidez aumentando com o
comprimento das cadeias e a quantidade de ramificações.
Também produz, geralmente, propriedades "termoplásticas",
permitindo que o material seja amolecido sob calor. Os
materiais característicos são o polyvinil chloride (PVC) e o
polymethyl methacrylate (PMMA ou acrílico).

Polimerização por condensação implica uma reacção


química entre dois monómeros, levando a uma
reconstituição de sua estrutura molecular e à eliminação de
um subproduto como água, com uma estrutura resultante,
frequentemente mais interligada do que a produzida pela
polimerização de adição.
Química Técnica. A Química Transformadora 167

A interligação cruzada das estruturas poliméricas


proporciona grande rigidez, mas com menos capacidade de
ser processada por "calor" ou "fusão".

Os termoplásticos, que são produzidos com polimerização


por adição ou por condensação, amolecem sob a aplicação
de calor.

Os plásticos termoestáveis - "thermosetting" (que se


estabilizam pelo calor) - são sempre produzidos com
polimerização por condensação, estabilizados e solidificados
quando aquecidos, e não podem ser amolecidos de novo
sob calor, como já foi explicado anteriormente.

21.5. Propriedades físicas gerais

As propriedades físicas dos plásticos são geralmente


semelhantes. São em geral "leves", com pesos específicos
variando entre 0,9 e 1,6 (comparados a 2,5 do vidro). O peso
específico dos materiais transparentes, normalmente, é a
metade daquele do vidro.

São em geral combustíveis, têm baixa condutividade


térmica, um coeficiente de expansão térmica elevado e
elevado calor específico. Entretanto, em relação aos
plásticos, a generalização é impossível. É frequente nos
surpreenderem suas propriedades, que são intrínsecas à
sua utilidade. Significativamente, quase todos os plásticos
têm um estado natural translúcido, mas, no uso corrente,
apenas uns poucos funcionam como substitutos para o
vidro.

21.6. Química e fabricação

A fabricação dos plásticos, geralmente, compreende dois


processos distintos:

- A confecção do polímero, um assunto essencialmente


ligado à química controlada do processo;

- A moldagem dos materiais de polímeros, não raro por outra


companhia, talvez em um país diferente daquele onde foi
realizado o processo primário de fabricação.

O próprio processo primário, em que se realiza a


polimerização, demanda inevitavelmente complexas técnicas
de fabricação, envolvendo o cuidadoso controle de reações
químicas sob condições controladas de temperatura e
pressão.
Química Técnica. A Química Transformadora 168

Há cinco materiais em uso para o suprimento de membranas


transparentes ou translúcidas em construções e veículos:

- Acrílico (polymethyl methcrylate ou PMMA)

- Policarbonato (PC)

- PVC (polyvinyl chloride)

- Poliestireno (polystyrene)

- Óxido de polifenol.

Desses, o ACRÍLICO e o POLICARBONATO são os dois


principais complementos do vidro para vidraças.

A química e o processo primário de fabricação dos dois são


muito diversos. Porém, acrílico, PVC e poliestireno têm em
comum o fato de serem todos plásticos "vinil" (baseados no
radical do vinil - CH2CH). Todos os vinis são termoplásticos
e formados por polimerização de etileno, C2H4, na forma
encadeada.

Os diversos vinis são produzidos substituindo um ou mais


átomos de hidrogénio por outro elemento ou composto, para
obter diferentes propriedades e características de
desempenho.

Exercícios
1. Caracterize os plásticos?
2. Caracterize as diferentes composições dos plásticos?
3. Quais as propriedades químicas dos plásticos?
Auto-avaliação 4. Discuta o termo polimerização.
Química Técnica. A Química Transformadora 169

o
Unidade n .22-Q0072
Tema: RECICLAGEM

Introdução
Nesta unidade, abordar-se sobre a reciclagem, de onde se
abordam os conceitos, inerentes ao processo, entre outros
aspectos Seja bem-vindo!
Ao completar esta unidade você será capaz de:

 Consolidar o conceito sobre a reciclagem;


 Distinguir distintos tipos de reciclagem.
Objectivos
 Reconhecer a relevância do processo de reciclagem.

22.1. Conceito

Reciclagem é um conjunto de técnicas que tem por


finalidade aproveitar os detritos e reutiliza-los no ciclo de
produção de que saíram. E o resultado de uma série de
actividades, pela qual materiais que se tornariam lixo, ou
estão no lixo, são desviados, colectados, separados e
processados para serem usados como matéria-prima na
manufactura de novos produtos.

Reciclagem é um termo originalmente utilizado para indicar o


reaproveitamento (ou a reutilização) de um polímero no
mesmo processo em que, por alguma razão foi rejeitado.

Reciclar outro termo usado, é na verdade fazer a reciclagem.

O retorno da matéria-prima ao ciclo de produção é


denominado reciclagem, embora o termo já venha sendo
utilizado popularmente para designar o conjunto de
operações envolvidas.

O vocábulo surgiu na década de 1970, quando as


preocupações ambientais passaram a ser tratadas com
maior rigor, especialmente após o primeiro choque do
petróleo, quando reciclar ganhou importância estratégica.
Química Técnica. A Química Transformadora 170

As indústrias recicladoras são também chamadas


secundárias, por processarem matéria-prima de
recuperação. Na maior parte dos processos, o produto
reciclado é completamente diferente do produto inicial.

22.2. Materiais recicláveis

Materiais recicláveis são aqueles que após sofrerem uma


transformação física ou química podem ser reutilizados no
mercado, seja sob a forma original ou como matéria-prima
de outros materiais para finalidades diversas.

Para reciclar um material é necessário que haja um


processo de seleção prévia, isto é, a separação do lixo
comum em papel, plástico, vidro, metal, orgânico e não
recicláveis. Um processo de seleção muito conhecido
atualmente é a coleta seletiva, que nada mais é do que um
recolhimento de lixo feito seletivamente.

Após a separação dos resíduos, é preciso fazer uma nova


triagem em subtipos de materiais para que estes tenham
interesse comercial, como por exemplo, os plásticos são
separados em plástico duro ou plástico mole, os metais em
latão ou alumínio. Assim, todos os materiais recicláveis são
selecionados geralmente por usinas de triagem que após
este procedimento, compactam os materiais para facilitar o
transporte e vendem para indústrias de reciclagem.

22.2.1 Exemplo de Alguns Materiais Recicláveis

a) PAPEL

Aparas de papel, jornais, revistas, caixas, papelão, papel de


fax, formulários de computador, folhas de caderno,
cartolinas, cartões, rascunhos escritos, envelopes,
fotocópias, folhetos, impressos em geral.

Cuidados

Devem estar secos, limpos (sem gordura, restos de comida,


graxa), de preferência não amassados. As caixas de
papelão devem estar desmontadas por uma questão de
otimização do espaço no armazenamento.
Química Técnica. A Química Transformadora 171

b) PLÁSTICO

Tampas, potes de alimentos (margarina), frascos, utilidades


domésticas, embalagens de refrigerante, garrafas de água
mineral, recipientes para produtos de higiene e limpeza,
PVC, tubos e conexões, sacos plásticos em geral, peças de
brinquedos, engradados de bebidas, baldes. Embalagens
Tetra Pak podem ser separadas juntamente com o plástico.

Cuidados

Potes e frascos limpos e sem resíduos para evitar animais


transmissores de doenças próximas ao local de
armazenamento.

c) METAIS

Latas de alumínio (ex. latas de bebidas), latas de aço (ex.


latas de óleo, sardinha, molho de tomate), tampas,
ferragens, canos, esquadrias e molduras de quadros…

Cuidados

Devem estar limpos e sempre que possível reduzidos a um


menor volume (amassados).

d) VIDROS

Tampas, potes, frascos, garrafas de bebidas, copos,


embalagens.

Cuidados

Devem estar limpos e sem resíduos. Podem estar inteiros ou


quebrados. Se quebrados devem ser embalados em papel
grosso (jornal ou craft).

e) ORGÂNICO

Restos de comida em geral, cascas de frutas, casca de


ovo,sacos de chá e café, folhas, caules, flores, aparas de
madeira, cinzas.

O que fazer com o lixo orgânico


Química Técnica. A Química Transformadora 172

A princípio todo o lixo orgânico é enviado juntamente com o


não reciclável, para aterros sanitários, lixões ou usinas de
incineração. Mas existe outra finalidade para estes resíduos
que é a compostagem. Para realizar a compostagem deve-
se evitar: Gorduras, carne peixe e frutos do mar, cinzas em
grande quantidade.

22.2. Tipos de reciclagem

A reciclagem é o reaproveitamento dos materiais como


matéria-prima para um novo produto. Muitos materiais
podem ser reciclados e os exemplos mais comuns são o
papel, o vidro, o metal e o plástico. As maiores vantagens da
reciclagem são a minimização da utilização de fontes
naturais, muitas vezes não renováveis; e a minimização da
quantidade de resíduos que necessita tratamento final, como
aterramento, ou incineração.

22.3 Os vários tipos de reciclagem


 Reciclagem de aço,
 Reciclagem de alumínio;
 Reciclagem de papel;
 Reciclagem de pacotes de plástico;
 Reciclagem de embalagens longa vida.
Química Técnica. A Química Transformadora 173

Exercícios
1. Descreva todas as fases de tratamento de material
reciclável.
2. Faça uma exposição (Herbário) com material
reciclável.
Auto-avaliação
3. Qual é a relevância do processo de reciclagem.
Química Técnica. A Química Transformadora 174

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

1. MULHAUPT, R; Chimia, 1997, 51,76


2. VARGAS, M., Por uma Filosofia da Tecnologia, Editora
Alfa – Omega, Sao Paulo, 1994, p.225
3. GAMA, R., A tecnologia e o trabalho na história, Editora
Nobel/EDUSP, São Paulo, 1986, p.30
4. WGENBRETH, O., Erzmetall, 1994, 47, 702
5. KALLINICH, G., Die BASF 1966, 16, 136.
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