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Manual de Curso de licenciatura em Gestão

Ambiental – 3o ano

Biogeografia e
Biodiversidade
G0139

Universidade Católica de Moçambique


Centro de Ensino a Distância
Biogeografia e Biodiversidade G0139 i

Direitos de autor (copyright)


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Biogeografia e Biodiversidade G0139 ii

Agradecimentos

A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e a autora do presente


manual, Dra. Telma Vasco Armando, gostariam de agradecer a colaboração dos seguintes indivíduos e
instituições na elaboração deste manual:

Pela maquetização e revisão final ............................................

Elaborado Por: Dra. Telma Vasco Armando

Coordenação, Maquetização e Revisão Final:


Biogeografia e Biodiversidade G0139 iii

Índice
Visão geral 1
(avaliação e auto-avaliação)
Avaliação Bem-vindo a Ecossistemas e Biodiversidade ...................................................... 1
Objectivo do curso..................................................................................................................1
Quem deveria estudar este módulo..................................................................................2
Como está estruturado este módulo..................................................................................2
Ícones de actividade.........................................................................................................3
Habilidades de estudo.......................................................................................................3
Precisa de apoio?...............................................................................................................4
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)......................................................................................5
Avaliação................................................................................................................................6

Unidade I 7
Introdução
Introdução a Ecossistemas da Terra e Biodiversidade ........................................................ 7
Conceitos Básicos……………..……………………………………………....................…..…….7
Base da Biogeografia..............................................................................................................8
Objecto de estudo....................................................................................................................9
Impotância da Biogeografia e Biodiversidade.........................................................................9
Principais conbeitos de Biogografia e Biodiversidade.............................................................9
Sumário.... ...........................................................................................................................124
Exercicios………………………………………………………………………………...............…13

Unidade II 15
Ramos da Biogeografia e Biodiversidade
Introdução ....................................................................................................................... 15
Subdivisões da Biogeografia e Biodiversidade......................................................................15
Sumário………………………………………………………….............................………………18
Exercicos...... .........................................................................................................................19
Biogeografia e Biodiversidade G0139 iv

Unidade III 2015


Factores da Distribuicao da Biodiversidade
Introdução………………………………………………………………...…………………….……20
Teoria da Deriva dos continentes e das Placas Tectonicas................................................. 20
Alteração das condições climáticas Globais..........................................................................22
A diferença na distribuição da energia solar no globo terrestre............................................23
Sumário........ .........................................................................................................................24
Exercícios...... ........................................................................................................................25

Unidade IV 26
Interdisciplinaridade e Metodpos de Estudo da Bi0geografia e Biodiversidade
Introdução .... .........................................................................................................................26
Relação da Biogeografia com outras ciências.......................................................................26
Metodologia de estudo......................................................................................................... 27
Sumário...... ...........................................................................................................................30
Exercícios..... .........................................................................................................................30

Unidade V 31
Historia da Biogeografia e Biodiversidade
Introdução ....................................................................................................................... 31
Períodos históricos da Biogeografia e Biodiveridade......................................................31
Sumário........................................................................................................................... 34
Exercícios…………………………………………………………………………………………....35

Unidade VI 36
Bioreinos
Introducao………………………………………………………………………………………....…36
Caracterizacao dos Bioreinos...............................................................................................37
Sumário........................................................................................................................... 39
Exercícios........................................................................................................................ 39
Biogeografia e Biodiversidade G0139 v

Unidade VII 40
Especiacao
Introdução ....................................................................................................................... 40
Processo de especiacao........................................................................................................40
Extincao...........................................................................................................................47
Sumário......................................................................................................................... 104
Exercícios........................................................................................................................ 48

Unidade VIII 50
Mecanismos de formacao de Novas especies
Introdução ....................................................................................................................... 50
Mecanismos fundamentais conduzem à especiação........................................................50
Isolamento Geografico...........................................................................................................51
Isolamento Ecologico.......................................................................................................52
Especiacao e modelos de evolucao..................................................................................56
Sumário........................................................................................................................... 58
Exercícios........................................................................................................................ 59

Unidade IX 60
Claudistica
Introdução ....................................................................................................................... 60
Sistematica Filogenetica ou Claudistica................................................................................60
Principios fundamentais da claudistica...............................................................................62
Critério da objectividade...................................................................................................66
Sumário........................................................................................................................... 66
Exercícios........................................................................................................................ 67

Unidade X 68
Filogenetica e Sistematica
Introdução ....................................................................................................................... 68
Classificacao Filogenetica....................................................................................................68
Biogeografia e Biodiversidade G0139 vi

Caracteristicas da Classificacao Filogenetica.................................................................70


Metodos de Classificacao filogenetica.............................................................................71
Historico..........................................................................................................................72
Tipos de Classificacao Filogeneticas...............................................................................74
Limitacoes das classificacoes filogenéticas......................................................................76
Sumário........................................................................................................................... 78
Exercícios........................................................................................................................ 79

Unidade XI 80
Teorias da Biosfera
Introdução ....................................................................................................................... 80
A teoria da biosfera de Wladimir Vernadsky.......................................................................80
A teoria da Biosfera de Gaia.............................................................................................83
Propriedades da Biosfera..................................................................................................91
Sumário........................................................................................................................ ...91
Exercícios........................................................................................................................ 92

Unidade XII 93
Ecozona
Introdução ....................................................................................................................... 93
Caracteristicas dos Ecozones............................................................................................95
Classificao das ecozonas segundo Wallace......................................................................96
O WWF Biogeografica Reinos..............................................................................................98
Agrupamentos de ecozonas..............................................................................................99
Sumário..............................................................................................................................99
Exercícios...................................................................................................................... 100

Unidade XIII 101


As classificacaoes Biogeograficas
Introdução ..................................................................................................................... 101
Fitogeografia, corologia ou geobotânica .....................................................................................101

Metodos da Fitogeografia..............................................................................................101
Biogeografia e Biodiversidade G0139 vii

Principais biomas do Mundo..........................................................................................102


Regiao fitogografica de Mocambique............................................................................104
Regiões Fitogeográfica Do Globo...................................................................................104
Sumário......................................................................................................................... 106
Exercícios...................................................................................................................... 107

Unidade XIV 108


Area de Distribuicao das especies
Introdução ..................................................................................................................... 108
A área de distribuição das especies..................................................................................109
Factores da distribucao dos seres.....................................................................................111
Sumário............................................................................................................... ...........115
Exercícios.......................................................................................................... .............116

Unidade XV 116
Teorias Biogeograficas
Introdução ..................................................................................................................... 116
Teoria da Vincariacia...........................................................................................................116
Teoria dos Refúgios.............................................................................................................117
Biogeografia insular ...........................................................................................................120
Sumário......................................................................................................................17520
Exercícios...................................................................................................................17521

Unidade XVI 122


Ecobiogeografia
Introdução ..................................................................................................................... 122
Ecobiologeografia, ecologia e riqueza de espécies.......................................................123
Factores que determinam a distribuição de organismos em larga escala.........................123
Características ecológicas e a diversificação de plantas nos trópicos............................125
Sumário......................................................................................................................... 129
Exercícios...................................................................................................................... 129
Biogeografia e Biodiversidade G0139 viii

Unidade XVII 130


Dispersao e as extincoes
Introdução.. ................................................................................................................17130
Dispersao Biologica...........................................................................................................130
Variacao na Dispersao dentro de populacoes..................................................................131
Forcas evolutivas actuando na dispersao........................................................................135
Sumário......................................................................................................................... 136
Exercícios...................................................................................................................... 137

Unidade XVIII___________________________________________________________138
Ecologia das paisagens
Introdução........... ........................................................................................................... 138
Paisagem.............................................................................................................................139
Evolução da teoria...............................................................................................................140
Relacao com a teoria ecologica........................................................................................141
Aplicação da ecologia de paisagem.................................................................................146
Sumário......................................................................................................................... 148
Exercícios...................................................................................................................... 148

Unidade XIX 148


Biogeografia de ilhas e de Areas protegidas
Introdução….…………………………………...…………..……………..…………....…………148
Biogeografia insular..........................................................................................................148
Equilíbrio de uma ilha......................................................................................................151
Critérios para a criação de Unidades de Conservacao.................................................153
A teoria de biogeografia de ilhas.......................................................................................154
Análise Global de Lacunas .............................................................................................160
Sumário......................................................................................................................... 161
Exercícios...................................................................................................................... 162
Biogeografia e Biodiversidade G0139 ix

Unidade XX 163
Padroes de Distribuicao da cobertura vegetal nas regiao Neotropical
Introdução .......................................................................................................................... 163
África – Aspectos Naturais Clima e Vegetação ......................................................................164
Região afro-tropical ou Região tiópica......................................................................................167
Sumário.............................................................................................................................. 168
Exercícios........................................................................................................................... 168

Unidade XXI 170

Biogeografia e Conservacao Ambiental


Introdução ...........................................................................................................................170
Área protegida.........................................................................................................................170
Área protegida na legislação.................................................................................................172
Área de conservação na legislação moçambicana..............................................................173
Sumário...............................................................................................................................178
Exercícios................................................................................................................... .........178

Unidade XXII 179

Unidades de conservacao eplanos de maneio


Introdução.............. ............................................................................................................. 179
Plano de Maneio Florestal Sustentável...................................................................................179
Área protegida na legislação....................................................................................................172
Manejo florestal comunitário.....................................................................................................180
Maneio Comunitario em Africa..................................................................................................188
Sumário.............................................................................................................................. 190
Exercícios.................................................................................................................................190

Bibliografia 192
Biogeografia e Biodiversidade G0139 1

Visão geral

Bem-vindo a Biogeografia e Biodiversidade

A cadeira de Biogeografia e Biodiversidade é uma das que fornecem ao


estudante os conteúdos necessários que o possibilitam uma análise da
complexidade distribuicao da biodiversidade e a interacao entre o Homem
e a natureza. Assim, o estudante terá domínio da teorização de
Biogeografia e Biodiversidade, aplicando os saberes em diferentes
contextos; participará em equipas que realizam estudos de âmbito de
Gestão Ambiental visando a promoção do desenvolvimento das
comunidades e a melhoria da qualidade de vida em Moçambique aliando
isso a preservação ambiental; irá conceber e executar projectos
identificacao e localizacao geográfica da Biodiveridade e posterior
protecção e conservação, identificar as espécies e factores que influem na
distribuicao das mesma atravez disso desenhar projectos de
desenvolvimento das comunidades que visem a exploracao sustentável
da Biodiversidade.

Objectivos do curso

Com a disciplina de Biogeografia e Biodiversidade, o estudante deve:


Conhecer os conceitos e teorias para a compreensão da diversidade e
espacialização dos seres vivos.
Objectivos Despertar a suas curiosidade pelas complexas interrelações que se
estabelecem entre os seres vivos e como se pode interpretar a sua
geografia.
Dominar, um instrumental técnico e analítico específico para construir as
explicações e representações da distribuição dos seres vivos.
Discutir e compreender o caráter interdisciplinar da Biogeografia.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 2

Quem deveria estudar este módulo


Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram
ser gestores ambientais, que estão a frequentar o curso de Licenciatura
em Gestão Ambiental, Planificação e Desenvolvimento Comunitário, do
Centro de Ensino a Distância. Estendese a todos que queiram
consolidar os seus conhecimentos sobre os Ecossistemas e
Biodiversidade.

Como está estruturado este módulo


Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:
Páginas introdutórias
Um índice completo.
Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os
aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso/módulo
O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma
introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou
mais actividades para auto-avaliação.
Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista
de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 3

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada
unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários
sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / módulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África Ocidental,
datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é, os
bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por isso
é importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para que
possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:
Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente
de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins-de-semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
Biogeografia e Biodiversidade G0139 4

música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um intervalo


de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?
É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.
Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações,
porque, devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança,
começa a ter-se dificuldades de concentração e de memorização para
organizar toda a informação estudada. Para isso torna-se necessário que:
Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta,
deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo será
dedicado ao estudo e a outras actividades.
É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma
necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso:
A colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes,
pode também utilizar a margem para colocar comentários seus
relacionados com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é
imediatamente a seguir à compreensão do texto e não depois de uma
primeira leitura; Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo
significado desconhece;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 5

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.
Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de
problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de
expediente.
As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante,
tem a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período
pode apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque
apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam
sobre estratégias de superação, mas produza de forma independente o
seu próprio saber e desenvolva suas competências.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)


O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não
cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.
Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser
dirigidos ao tutor\docentes.
Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os
mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.
O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)
palavras de um autor, sem o citar é considerado plágio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a
realização dos trabalhos.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 6

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,


concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média
de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar 3 (três) trabalhos, 2 (dois) testes


e 1 (exame).

Algumas actividades práticas, relatórios e reflexões serão utilizados como


ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação
das referências utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.

Os objectivos e critérios de avaliação estão indicados no manual.


Consulte-os.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 7

Unidade I
Introdução a Biogeografia e Biodiversidade
Conceitos
Objecto de estudo
Importância

Introdução

Nesta unidade iremos discutir os aspectos introdutórios da Biogeografia e


Biodiversidade seu conceito, Objectivo de estudo e importância.

Para o estudo de qualquer ciência é necessários que iniciemos logo de


antemão com os conhecimentos de base de modo que o estudante da
disciplina saiba o que lhe espera.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir Biogeografia;
 Definir Biodiversidade;
 Relacionar Biogeografia e Bodiversidade;
Objectivos  Identificar a importancia de estudo de Biogeografia e
Biodiversidade bem como a sua aplicação.

Conceito

A Biogeografia, como um ramo da ciência geográfica, tem como


objectivo estudar as interacções entre a sociedade humana e a natureza,
a organização e os processos espaciais. Existem várias definições de
Biogeografia, dada por diversos autores. Que passaremos a citar algumas
como exemplo.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 8

Biogeografia: é o ramo da geografia que se dedica ao estudo das


relações entre os seres vivos e estes com o meio físico que os rodeia bem
como os factores que interferem na sua distribuição.

A Biogeografia, é a ciência que estuda a distribuição geográfica dos


seres vivos no espaço através do tempo, procurando entender padrões de
organização espacial e processos que resultaram em tais padrões. É uma
ciência multidisciplinar que relaciona informações de diversas ciências
como geografia, biologia, climatologia, geologia, ecologia e evolução. É
descritiva na primeira etapa e interpretativa na etapa seguinte. Os
métodos biogeográficos históricos podem ser utilizados como ferramentas
para a escolha de áreas com o propósito da conservação.

De acordo com Emanuel De Martonne (1954) "A Biogeografia é o estudo


da repartição dos seres vivos na superfície da Terra e a análise de suas
causas".

A definição de Biogeografia dada por Brown em 1998 é a seguinte


"Biogeografia é a ciência que se preocupa em documentar e compreender
os padrões espaciais da Biodiversidade".

Já Troppmair (2002) define que "Biogeografia estuda as interacções, a


organização e os processos espaciais, dando ênfase aos seres vivos
(biocenoses) que habitam determinado local (Biotopo)".

Base da Biogeografia

A base da Biogeografia são os conceitos de evolução das espécies, e


em que diferentes condições ecológicas criam pressões selectivas
diferentes. Estas pressões levam a que haja alguma coincidência entre as
transições ecológicas e os limites de distribuição de espécies
aparentadas. Esta disciplina científica originou em grande parte a partir do
trabalho de Alfred Russel Wallace no Arquipélago Malaio. Wallace
descreveu muitas espécies deste arquipélago e notou que a norte de uma
determinada zona, as espécies eram relacionadas com espécies do
Biogeografia e Biodiversidade G0139 9

continente asiático enquanto a sul dessa linha estreita, as espécies eram


mais relacionadas com as espécies australianas. Esta linha foi baptizada
de Linha de Wallace em honra do seu descobridor.

Com base nestes critérios, a Terra foi dividida em várias regiões


Biogeografia. Estas grandes regiões têm características comuns, mas
podem ainda ser subdividas, para efeitos de estudo e de conservação em
unidades menores, normalmente ao nível do ecossistema.

Objecto de estudo

O campo de estudo da Biogeografia, centra-se na biosfera, a qual se tem


entendido como parte biologicamente habitada da litosfera, da atmosfera
e da hidrosfera, que é a sede das interacções recíprocas e onde se
manifesta o grande fenómeno da vida (objecto físico).

Objecto teórico: os factores que determinam a distribuição dos seres


vivos, ou seja, da biodiversidade.

Impotância da Biogeografia e Biodiversidade

Relevância do estudo da Biogeografia permite responder questoes como


as seguintes:

O que permite que uma espécie vive onde está, e o que inibe a povoar
outras áreas?

Qual é o parente mais próximo de uma espécie e onde podem ser


encontradas? Onde viveram as ancestrais?
Como os eventos históricos influenciam na distribuição de uma espécie?

Principais conbeitos de Biogografia e Biodiversidade

O habitat é o lugar na natureza onde uma espécie vive. Por exemplo, o


habitat do panda são as florestas de bambu das regiões montanhosas na
China e no Vietnã.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 10

Nicho ecológico
O nicho é um conjunto de condições em que o indivíduo (ou uma
população) vive e se reproduz. Pode se dizer ainda que o nicho é o "modo
de vida" de um organismo na natureza. E esse modo de vida inclui tanto
os fatores físicos - como a humidade, a temperatura, etc - quanto os
fatores biológicos - como o alimento e os seres que se alimentam desse
indivíduo.
Por exemplo: O nicho da gazela, inclui o que ele come, os seres que se
alimentam dela, os organismos que vivem juntos ou próximo dela, e assim
por diante. No caso de uma planta, o nicho inclui os sais minerais que ela
retira do solo, a parte do solo de onde os retira, a relação com as outras
espécies, etc.

População
Indivíduos de uma mesma espécie que vivem em determinada região
formam uma população. Por exemplo: os hipopotamos encontrados nos
rios formam uma população; os Crocodilos também podem ser
encontradas nos rios, mas fazem parte de outra população, já que são de
outra espécie.

Comunidade
No mar existem diversos animais e vários tipos de plantas. E há também
seres muito pequenos - tão pequenos que só podem ser vistos com
aparelhos especiais como os microscópios, que possuem lentes especiais
que ampliam a imagem dos seres observados.
Se colocarmos uma gota da água do mar no microscópio, veremos um
número imenso desses pequenos seres vivos.
Num jardim por exemplo, podemos encontrar uma infinidade de seres
vivos como: relva, roseiras, minhocas, borboletas, formigas, caracóis,
lagatixas, etc.
Todos os seres vivos de determinado lugar e que mantêm relações entre
si formam uma comunidade.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 11

Ecossistema
É o conjunto dos relacionamentos que a fauna, flora,
microorganismos (fatores bióticos) e o ambiente, composto pelos
elementos solo, água e atmosfera (fatores abióticos) mantém entre si.
Todos os elementos que compõem o ecossistema se relacionam com
equilíbrio e harmonia e estão ligados entre si. A alteração de um único
elemento causa modificações em todo o sistema podendo ocorrer a perda
do equilíbrio existente.
Por exemplo, uma grande área com mata nativa de determinada região
for substituída pelo cultivo de um único tipo de vegetal, pode-se
comprometer a cadeia alimentar dos animais que se alimentam de
plantas, bem como daqueles que se alimentam destes animais.
A delimitação do ecossistema depende do nível de detalhamento do
estudo. Por exemplo, se quisermos estudar o ecossistema de um canteiro
do jardim ou do ecossistema presente dentro de uma planta como a
bromélia.

Biosfera
Ainda não temos conhecimento da existência de outro lugar no Universo,
além da Terra, onde exista vida.
A vida na Terra é possível porque a luz do Sol chega até aqui. Graças a
sua posição em relação ao Sol, o nosso planeta recebe uma quantidade
de energia solar que permite a existência da água em estado líquido, e
não apenas em estado sólido (gelo) ou gasoso (vapor).
A água é essencial aos organismos vivos. A presença de água possibilita
a vida das plantas e de outros seres capazes de produzir alimento a partir
da energia solar e permite também, indiretamente, a sobrevivência de
todos os outros seres vivos que se alimentam de plantas ou animais. Pela
fotossíntese que há a absorção de água e gás carbônico e liberação de
oxigênio, a energia do Sol é transformada em um tipo de energia presente
nos açúcares, que pode então ser aproveitada por seres que realizam
esse processo e por outros seres a eles relacionados na busca por
alimento.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 12

A Terra pode ser dividida assim:


Litosfera - a parte sólida formada a partir das rochas;
Hidrosfera - conjunto total de água do planeta (seus rios, lagos,
oceanos);
Atmosfera - a camada de ar que envolve o planeta;
Biosfera - as regiões habitadas do planeta.
Biosfera é o conjunto de todos os ecossistemas da Terra. É um conceito
da Ecologia, relacionado com os conceitos de litosfera, hidrosfera e
atmosfera. Incluem-se na biosfera todos os organismos vivos que vivem
no planeta, embora o conceito seja geralmente alargado para incluir
também os seus habitats.

A biosfera inclui todos os ecossistemas que estão presentes desde as


altas montanhas (até 10.000 m de altura) até o fundo do mar (até cerca de
10.000 m de profundidade).
Nesse diferentes locais, as condições ambientais também variam. Assim,
a seleção natural actua de modo diversificado sobre os seres vivos em
cada região. Sob grandes profundidades no mar, por exemplo, só
sobrevivem seres adaptados à grande pressão que a água exerce sobre
eles e a baixa (ou ausente) luminosidade. Já nas grandes altitudes
montanhosas, sobrevivem seres adaptados a baixas temperaturas e ao ar
rarefeito.
Na biosfera, portanto, o ar, a água, o solo, a luz são fatores diretamente
relacionados à vida.

Sumario
Existem varios conceitos de Biogeografia e Biodiversidade mas que em todos
os conceitos apresentados existem aspectos em que os mesmos convergem e
de forma geral ela pode ser definida como um ramo da ciência geográfica que
estuda as interacções entre a sociedade humana e a natureza, a organização e
os processos espaciais.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 13

Os seu estudos baseiam-se nos conceitos de evolução das espécies, que


defendem que diferentes condições ecológicas criam pressões selectivas
diferentes que levam a uma coincidência entre a distribuicao espacial das
especis parecidas.

A disciplina surgiu do trabalho de Alfred Russel Wallace no Arquipélago Malaio


que descreveu espécies deste arquipélago e notou que a norte de uma
determinada zona, as espécies eram relacionadas com espécies do continente
asiático enquanto a sul dessa linha estreita, as espécies eram mais relacionadas
com as espécies australianas. Esta linha foi baptizada de Linha de Wallace.

A disciplina tem como objecto de estudo os factores que determinam a


distribuição dos seres vivos, ou seja, da biodiversidade. O seu estudo é
importante pois permite conhecer os factores que condicionam a localizacao
geográfica dos seres vivos, origem das espécies, etc possibilitande uma maior e
melhor gestão da biodiverisdade. E para tal é essencial que se tenha um domínio
em relacao aos conceitos da Bioogeografia como habitat, nicho ecológico,
população, comunidade, ecossistema e biosfera.

Exercícios

1. De o conceito de Biogeografia e Biodiversidade


2. Identifique o objecto de estudo da Biogeografia e Biodiversidade
3. Diferencie comunidede de populacao
4. Diferencie Biosfera de Ecossitema

Entregar os exercícios: 1 e 4 desta unidade, trabalho com código T- G-


0139
Biogeografia e Biodiversidade G0139 15

Unidade II

Ramos da Biogeografia e Biodiversidade

Introdução

Nesta unidade iremos analisar a s subdivisões da Biogeografia e


Biodiversidade, ou seja, os seus ramos no sentido de compreender
melhor as suas particularidades para melhor compreencao da mesma.

Busca-se trazes as diverentes abordagens doa diferentes aultores para se


fazer uma analise dos aspectos divergentes e principalmente
convergentes destas abordagens.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos

 Identificar ramos da Biogeografia e Biodiversidade;


 Carcaterizar os ramos da Biogeografia e Biodiversidade;
 Diferenciar os ramos da Biogeografia segundo cada autor.

Subdivisões da Biogeografia e Biodiversidade

A Biogeografia e Biodiversidade é uma subdivisão da Geografia Física.


Por sua vez, a Biogeografia se subdivide em dois grandes subgrupos:

Fitogeografia (estuda a distribuição geográfica dos seres vegetais).


Zoogeografia (que é o estudo da distribuição geográfica dos animais).
Biogeografia e Biodiversidade G0139 16

Dependendo do enfoque da pesquisa e das formulações de questões


essa subdivisão pode ainda sofrer outros desdobramentos. Estas
subdivisões podem ser negativas, pois um pesquisador pode-se
especializar em apenas um dos subgrupos da Biogeografia e
Biodiverisdade, perdendo a visão de conjunto, inclusive seu
relacionamento com a sociedade humana.
A Biogeografia e Biodiversidade é uma ciência bastante complexa e vale
destacar que se diferencia de outras ciências, como a Biologia, a Botânica
e a Ecologia, por ter sempre seu enfoque voltado para a
questão espacial, o seja do espaço.

a) Fitogeografia

A fitogeografia é um ramo da Biogeografia responsável por estudar a


origem, distribuição, adaptação e associação das plantas de acordo com
a localização geográfica e sua evolução.
Abrange conhecimentos relacionados à taxonomia1, climatologia,
ecologia, morfologia e fisiologia para considerar qual a interferência do
meio nas formações vegetais. Análise que chegou a ser esboçada ainda
antes de Humboldt por Lineu em "Flora lapponica", de 1737. Porém foi a
obra de Humboldt que marcou o início do estudo das plantas com relação
a sua localização geográfica, sendo Humboldt por isso, considerado o pai
da fitogeografia.

b) Zoogeografia

É o ramo das Ciências Naturais que estuda a distribuição global das


espécies animais. Para alcançar seu objectivo, os cientistas têm de
recorrer aos Conhecimentos na área de geologia, paleontologia, ecologia
e evolução.

1 Ciência da identificação, classificação e nomenclatura dos seres vivos.


Biogeografia e Biodiversidade G0139 17

De modo geral, a distribuição dos animais que hoje observamos está


intimamente relacionada a eventos que ocorreram no passado. Nesse
sentido, a paleontologia e a geologia são essenciais.

A paleontologia contribui no sentido de dizer onde viviam as espécies


mais aparentadas com o grupo cuja distribuição estudamos, através do
estudo do registo fossilífero.
A geologia, concentrando-se no estudo das rochas, traz informações
sobre dois fenómenos determinantes na dinâmica das populações
animais: a deriva continental e as variações climáticas.

Uma outra subdivisão da Biogeografia que importa mencionar é a de


Furon (1961), que a subdivide em:
a) Biogeografia estática, cujo objecto pode limitar-se ao estudo e repartição
das espécies vegetais actuais e as condições ecológicas desta repartição;
b) Biogeografia histórica ou Paleobiogeografia, que estuda a repartição e
ecologia dos seres vivos no decorrer dos tempos geológicos;
c) Biogeografia dinâmica, que estuda as origens da população actual, suas
causas geográficas e biológicas.

Ainda uma outra divisão ou ramos da Biogeorafia e Biodiversidade


a) Biogeografia Ecológica
Estuda como os processos ecológicos que ocorrem a curto prazo atuam
sobre o padrão de distribuição dos organismos;
Analisa a distribuição dos seres vivos em função de suas adaptações às
condições atuais do meio.

b) Biogeografia Histórica
Estuda como os processos ecológicos que ocorrem a longo prazo atuam
sobre o padrão de distribuição dos organismos;
Explica a distribuição dos seres vivos em função de fatores históricos.

Em termos de conteúdos não se difere da divisão anterior.


Biogeografia e Biodiversidade G0139 18

Sumário

Existem várias subdivisões da Biogeografia e diversidade dependendo do critério


ausado e de cada autor para efectura a tal divisão, no geral podemos dizer que é
uma subdivisão da Geografia Física. Por sua vez se subdivide em dois grandes
subgrupos:
Fitogeografia, que estuda a distribuição geográfica dos seres vegetais.
Zoogeografia que é o estudo da distribuição geográfica dos animais.
Alem da divisão anterior encontarmos uma outra subdivisão que é dada por
Furon (1961), que a subdivide em:
a) Biogeografia estática, cujo objecto pode limitar-se ao estudo e repartição das
espécies vegetais actuais e as condições ecológicas desta repartição;
b) Biogeografia histórica ou Paleobiogeografia, que estuda a repartição e
ecologia dos seres vivos no decorrer dos tempos geológicos;
c) Biogeografia dinâmica, que estuda as origens da população actual, suas
causas geográficas e biológicas.

Embora distintos, os ramos da biogeografia e biofdiverisdade separados por


estudar as especiesvegetais e animais e estudam a distribuicao das mesmas em
diferentes períodos de tempo (passado geológico e presente).

Exercícios

1. Identificar ramos da Biogeografia e Biodiversidade


2. Quais os ramos da Biogeografia e Buiodiversidade?
3. Caracterize a subdivisao da Biogeografia segundo Furon.

Entregar o exercício: 2 e 3 desta unidade, trabalho com código T- G- 0139


Biogeografia e Biodiversidade G0139 19

Unidade III

Factores da Distribuicao da Biodiversidade

Introdução

Nesta unidade iremos abordar alguns factores que acredita-se terem


ditado a actual distribuicao dos organismos vivos, ou seja, a
biodiversidade ao longo da superfície terrestre. Busca-se explicar como
cada uma destes factores pode ter influenciado para existência de
determinadas espécies nos lugares onde elas se contram actualmente,
justificando por exemplo algumas semelhanças entre espécies que
habitam hoje lugares distintos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

Objectivos
 Identificar os factores que influenciaram na distribuicao da
biodiversidade actual;
 Explicar de que forma cada um dos factores actuou;
 Relacionar os diferentes factores.

Teoria da Deriva dos continentes e das Placas Tectonicas

Segundo a teoria da tectónica de placas, toda a crosta terrestre é


composta de placas que ao longo dos tempos se deslocam produzindo a
chamada deriva continental. Assim, as várias massas de terra e os
oceanos que hoje conhecemos, no passado estavam organizados de
Biogeografia e Biodiversidade G0139 20

outra forma. Há 400 milhões de anos, por exemplo, havia apenas


dois super-continentes: a Gondwana, formada pela actual América do
Sul, Austrália, África, Antárctida e Índia; e a Laurásia, formada pela actual
América do Norte, Europa e Ásia (vede figura 1).

Fig. 1 Deriva continetal (Pangea)

Fonte: http://www.not1.com.br/deriva-continental-pangea.jpg

Passados mais 150 milhões de anos, todos os continentes encontravam-


se unidos numa única massa, a Pangea. Dessa forma, os continentes
sempre foram (e estão) movendo-se lentamente, adquirindo diversas
conformações (vide figura 2).
Fig.2 Deriva dos continentes em diferentes eras geologicas

Fonte: http://www.not1.com.br/deriva-continental-eras-geologicas.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 21

Toda a evolução dos animais ocorreu paralelamente ao movimento dos


continentes, por isso estão intimamente relacionadas. A ocorrência na
Austrália de praticamente apenas mamíferos marsupiais2, deve-se ao fato
de que o aparecimento destes mamíferos ter ocorrido numa época em
que a Austrália já encontrava-se separada dos demais continentes.

Assim, poucos mamíferos dispunham de características que lhes


permitissem atravessar oceanos e alcançar aquele continente distante. A
explicação para as semelhanças da fauna da África e da América do Sul
também está na deriva continental (vide figura 3). Durante a maior parte
da história da Terra, esses dois continentes estiveram interligados,
portanto, grande parte da evolução de seus grupos animais ocorreu
conjuntamente.
Fig. 3 Expansao das espécies

Fonte: http://www.not.com.br/expancao-das-especies.jpg

Alteração das condições climáticas Globais


Como foi mencionado, fenómenos climáticos também podem influenciar
a distribuição dos animais. Referimo-nos a alterações climáticas globais.
Em certos períodos da história da Terra ocorreu, por exemplo, um intenso
resfriamento, as chamadas Eras Glaciais ou Glaciações.

2 Por exmplo a Coala


Biogeografia e Biodiversidade G0139 22

Um dos efeitos dessas Glaciações, além da extinção de várias espécies, é


a redução do nível do mar (regressões marinhas), obrigando os
organismos dos espaços ocupados pelas águas a se deslocarem para
outros lugares onde as condições obrigam-lhes a terem que se adequar
as novas realidades e assim foram-se novas espécies ao nível do globo
terrestre.

A diferença na distribuição da energia solar no globo terrestre.

A Energia solar é a principal fonte para a dinâmica que ocorre na


geosfera, quando nos deslocamos do equador para as regiões polares a
incidência das radiações solares diminui e consequentemente temos a
diminuição da temperatura, das chuvas e dos seres vivos.

A existência de espécies com características distintas e capacidades


diferentes de resistir a temperaturas faz com que quando nos deslocamos
do equador aos pólos encontramos espécies diferentes.
Não apenas fenómenos globais interferem na distribuição dos animais no
planeta, características das espécies e do meio ambiente local ou regional
também são determinantes para estabelecer sua ocorrência.

Esses são aspectos estudados pela ecologia e pela evolução: a


competição, a especiação, o isolamento geográfico, a dispersão, etc. Não
é difícil perceber, por um lado, que alguns organismos jamais seriam
capazes de sobreviver em outros ecossistemas pois ao longo de sua
evolução foram seleccionadas características que os tornaram altamente
adaptados para um tipo de habitat. Animais que vivem no deserto, por
exemplo, têm de suportar altas temperaturas diurnas e sobreviver com
pequenas quantidades de água, sempre evitando a perda do fluido.
Tamanha transformação na fisiologia e no desenvolvimento do ser
depende de um longo processo de selecção natural, portanto, poucos
animais possuem características que lhes possibilitem sobreviver.
Em suma, podemos concluir que inúmeros factores são determinantes no
estabelecimento da distribuição das espécies animais e não é uma tarefa
fácil desvendar as causas por trás dessa distribuição.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 23

Sumário

Teoria da Deriva dos continentes e das Placas Tectonicas

Segundo esta teoria, toda a crosta terrestre é composta de placas que ao longo
dos tempos se deslocam produzindo a chamada deriva continental. Assim, havia
apenas dois super-continentes: a Gondwana e a Laurásia. Dessa forma, os
continentes sempre estão a mover-se lentamente.
Toda a evolução dos animais ocorreu paralelamente ao movimento dos
continentes.
A explicação para as semelhanças da fauna da África e da América do Sul
também está na deriva continental. Esses dois continentes estiveram
interligados.

Alteração das condições climáticas Globais

As alterações climáticas globais como as Glaciações podem influenciar muitos


no desenvolvimento das especies.
As glaciacoes além de provocarem extinção de várias espécies, reduzem o nível
do mar obrigando os organismos dos espaços ocupados pelas águas a se
deslocarem para outros lugares onde as condições obrigam-lhes a terem que se
adequar as novas realidades e assim foram-se novas espécies ao nível do globo
terrestre.

A diferença na distribuição da energia solar no globo terrestre.

A Energia solar é distribuída de forma desigual, sendo maior no equador que nos
pólos o que vai implicar uma diferenciacao na ocorrência das espécies nessas
areas.

Osoutros factores locais como a competição, a especiação, o isolamento


geográfico, a dispersão, etc. Influencia na difrerenciacao das espécies na
superfície terrestre que esta relacionada a um processo longo de selecção
natural.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 24

Exercicios

1. Quais os factores que influenciaram na distribuicao da biodiversidade


actual;
2. Explica de que forma cada um dos factores actuou.
3. Relaciona a accao dos diferentes factores na dispersao das especies.

Entregar o exercício: 2 e 3 desta unidade, trabalho com código T- G- 0139


Biogeografia e Biodiversidade G0139 25

Unidade IV
Interdisciplinaridade
Métodos de estudo da Biogeografia

Introdução
Nesta unidade iremos abordar sobre a relacao da Biogeografia e
Biodiversidade com outras ciências, tendo em conta que nenhuma ciência
é autosuficiente, apoiando-se nos conhecimentos das outras para fazer as
suas abordagens e para o seu estudo ela empre determinados métodos
que iremos mencionar.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

1. Identificar as ciências que tem maior afinidade com Biogeografia e


Buodiversidade;
Objectivos
2. Explicar como cada ciência se relaciona com Biogeografia e
Biodiversidade;
3. Identicar os medos usados no estudo da Biogeogafia e Biodiversidade.

Relação da Biogeografia com outras ciências

A Biogeografia como todos os outros ramos da ciência, utiliza explicações


de outros campos de estudo. Esta intimamente ligada a Ecologia, Biologia
e a Geografia, sendo que nesta ultima relaciona-se directamente com
outros ramos da geografia física.

Outras ciências que ela se relaciona são:

A Geologia, quando busca informacao relacionada com a historia


Biogeografia e Biodiversidade G0139 26

geológica da terra, origem e evolucao da terra para perceber os factores


que ditaram a existência das espécies no passados;

A Pedologia com dados relacionados com as características e


propriedades dossolos que condicionam a ocorrência das espécies numa
deternimada região;

A Climatologia quando aborda questoes ligadas ascondicoes climáticas


do passado e presnte e como estas influem na vida das espécies,
existindo umas que necessitam de muita e outras de poucas quantidades
da rediacao solar o que vai contribuir para a sua diferenciacao na
localizacao geográfica;

A Botânica que estuda as plantas seu crescimento, reproducao e


metabolismo que são essenciais no estudo dabiogeografia, conhecer as
especificidades de cada espécie de plantas para melhor compreender a
sua adapataco ao meio;

A Zoologia que estuda os animais, suas características fisionomicas e


morfológicas, constituído uma informacao importante para os estudos
biogeograficos;
A Genética que trás conteúdos como evolucao e transmissão das
características bilogicas de uma geracao para outras, argumento muito
usado nas explicacoes dos conteúdos biogeograficos.

Metodologia de estudo

Método

São procedimentos e técnicas utilizadas para a obtenção de dados sobre


o estado dos ecossistemas.

Os métodos são vários, dependendo dos objectivos a alcançar e das


tecnologias disponíveis.

Eles se subdividem em dois grupos:

- Métodos quantitativos;

- Métodos qualitativos.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 27

Métodos quantitativos

Envolvem o uso de modelos matemáticos e estatísticos para o estudo dos


ecossistemas.

Caracterizam-se pela preocupação com a precisão. Envolvem por


exemplo estimativas do tamanho das populações de animais e plantas;
envolvem estatística acerca de frequência de animais numa determinada
região, envolvem cálculos de produtividade dos ecossistemas, entre
outras necessidades de dados.

Os métodos quantitativos geralmente são produzidos em estacões de


experimentação em laboratórios de Biologia, em parques nacionais, onde
é possível realizar observações sistemáticas acerca dos seres vivos e do
seu comportamento.

Métodos qualitativos

São aqueles que envolvem apenas a descrição de fenómenos sem


precisão.

São realizados em estudos envolvendo consultas bibliográficas, em


trabalhos de campo de observação directa, a utilização de mapas para
descrever a prestação de um meio, as entrevistas a informadores chaves.

Na prática, os métodos são sempre empregues em conjugação, ou seja,


eles complementam-se um do outro. Um estudo utilizando métodos
qualitativos pode fazer o uso de ilustrações quantitativas; enquanto que os
métodos quantitativos podem começar com avaliações preliminares
qualitativas ou seja, descritivas.

Métodos de estudos da Biodiversidade (animais e Vegetais)

a) Método cartográfico – refere-se ao uso de mapas para o estudo da


área de distribuição das espécies. Com base no método cartográfico,
podemos determinar qual das espécies é mais abundante. Podemos
calcular a densidade relativa e bruta da população. Por exemplo podemos
calcular qual é a densidade dos cajueiros num distrito.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 28

Podemos comparar a densidade das espécies com os seus factores


abióticos e esclarecer as causas da abundância ou raridade das espécies.
Podemos levantar questões relacionadas com a influência do clima, do
relevo, da geologia e alimentação na abundância das espécies, na
densidade populacional.

b) Método de captura e recaptura – é utilizado nas espécies animais.


Neste método, captura-se um animal, é lhe colocado um sinal ou um
censor e é acompanhada a trajectória desse mesmo animal. Por exemplo,
é usado para acompanhar a migração sensorial das aves e dos
mamíferos pelo território.

c) Método de contagem directa / recenseamento de plantas e animais – é


a determinação de quantidades das espécies por contagem directa.
Consiste em caminhar e contar as arvores, ervas, arbustos, etc.

d) Método de contagem indirecta – neste método ao em vez de contar as


espécies directamente, elas são estimadas a partir da observação dos
seus vestígios/ sinais no terreno. Os pássaros podem ser estimados a
partir da contagem dos seus ninhos. Alguns são avaliados a partir dos
seus excrementos. Outros são estimados a partir dos buracos ou tocas
que fazem no solo, outras são estimadas através do seu canto.

e) Modelos matemáticos – consistem no uso de formas matemáticas que


a partir de evidências sobre a presença de um determinado número de
animais determinar o número de animais numa área.

Existe fórmula para determinar a quantidade dos elefantes a partir do


peso das suas fezes. Determina-se a idade dos elefantes e o seu número.
As fórmulas matemáticas baseiam-se em métodos estatísticos que
permitem a partir de observados pontuais generalizar os dados para áreas
grandes. Por exemplo, quantos insectos predadores encontram-se numa
plantação de laranjeiras.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 29

Sumário

A Biogeografia como todos os outros ramos da ciência, utiliza explicações de


outros campos de estudo. Esta intimamente ligada a Ecologia, Biologia e a
Geografia, sendo que nesta ultima relaciona-se directamente com outros ramos
da geografia física. Outras ciências que ela se relaciona são: Geologia,
Pedologia, Climatologia, Botânica, Zoologia, Genética entre outras.
Para efectuar os seus estudos dependendo dos objectivos e recursos
disponíveis que podem ser quantitativos ou qualitativos.

Os métodos quantitativos envolvem o uso de modelos matemáticos e


estatísticos e caracterizam-se pela preocupação com a precisão. Enquanto os
métodos qualitativos envolvem apenas a descrição de fenómenos sem
precisão.

Na prática, os métodos são sempre empregues em conjugação, ou seja, eles


complementam-se um do outro.

Exercícios

1. Quais as ciências que tem maior afinidade com Biogeografia e


Biodiversidade.
2. Atraves de exemplos concretos explicar como cada ciência se
relaciona com Biogeografia e Biodiversidade.
3. Para saber o numero de ratos existrentes numa machamba, que
metodo iria usar? Justifica a tua resposta.

Entregar os exercícios: 1 desta unidade, trabalho com código T- G- 0139


Biogeografia e Biodiversidade G0139 30

Unidade V

História da Biogeografia e Biodiversidade


A biogeografia pré-darwinista
Wallace, Darwin e a Biogeografia moderna
Biogeografia Histórica, Ecológica e Cultural

Introdução

Sobre a história da biogeografia existem varias fases em que esta se


caracteriza, mas cadas por eventos específicos dos quais iremos
mencionar nesta unidade destacando as ideias de pensadores como o
Wallace, Darwin, esntre outros.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os principais pensadores que contribuíram para a contrucao


doconhecimento Biogeografico
 Caracterizar as fases que marcaram a história da Biogeografia
Objectivos
 Relacionar as diferentes fases da história da Biogeografia

Períodos históricos da Biogeografia e Biodiveridade

A história da Biogeografia pode ser dividida em 3 períodos, marcados pelas diferentes


concepcoes que cada um tinha:

1. Período Clássico – compreendeu 100 anos (1760- 1860) – período dos viajantes
naturalistas e do predomínio das descrições florísticas e faunísticas das grandes
regiões mundiais.
No Brasil, as missões dos viajantes naturalistas deixaram importante registro de nossa
fauna e flora.
As obras de: Spix e Martius (1817-1820) Langsdorff (1822-1829) e o trabalho de
Biogeografia e Biodiversidade G0139 31

pintores como Rugendas, Ender, Pohl, Florence, e muitos outros.

Periodo Wallaceano
Wallace vinha da classe operária na Grã-Bretanha, onde nasceu em 1823 (vide fig.4).
Sua viagem à floresta amazônica, no Brasil, entre 1848 e 1852, com 25 anos, foi
possível porque, com seu amigo Henry Bates, vendia animais, plantas e outros objectos
de história natural que coletava ali para colecionadores na Europa.

Quando Wallace voltava do Brasil (1852) o navio em que ele viajava pegou fogo (Em 6
de agosto, na lat. 30○ 30´ N., long. 52○ W). Ele sobreviveu, mas perdeu seu caderno
de notas e uma grande quantidade de espécies de animais e vegetais, que ele tinha
colectado durante 04 anos.
Apesar disto, em 1853, ele publicou o livro Viagem pelos rios Amazonas e Negro, no
qual ele relata seus dias no Brasil.

Fig. 4 Alfred Russel Wallace (1823-1913)

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/thumb/3/3f/Alfred_Russel_Wallace.jpg

Em 1854, quando tinha pouco mais de 30 anospartiu para o arquipélago Malaio. Tinha
na cabeça a pergunta para a qual não tinha encontrado resposta em sua viagem ao
Brasil: Como as espécies de animais evoluem?

Nos 6 anos seguinte respondeu a questão ao formular o princípio da seleção natural,


fez muitas descobertas fundamentais em Giologia,
Geologia, e Geografia.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 32

Wallace se impressionou com a mudança brusca nas Famílias de animais entre Bali e
Lombok, embora as duas ilhas sejam muito próximas.

Na primeira ilha Bali, as espécies de animais eram muito parecidas com as de Java,
Sumatra e Malásia. Os animais encontrados em Lombok, por sua vez, eram parecidos
com os de Nova Guiné e Austrália.

O canal que existe entre Bali e Lombok é uma divisão – como se fosse um muro
invisível – entre duas grandes regiões zoogeográficas, a oriental e a australiana.

Explicação Wallace- inicialmente uma esteve longe da outra e, com o passar de


milhares e milhares de anos, deslocaram-se de lugar.

Linha de Wallace: Linha imaginária entre Bali e Lombok, Bornéu e Celebes e as


Filipinas e as Molucas que separa a fauna asiática da fauna australiana, marcando
assim a fronteira dos reinos biogeográficos oriental e australiano (vide fig. 5).

Fig. 5 Linha Wallace

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/linha-de-wallace.jpg

Linha de Weber: Linha imaginária traçada ao longo da plataforma da Australo-


Papuásia separando as ilhas que têm a maioria dos animais orientais daquelas que
possuem a maioria dos animais da Austrália. Linha de equilíbrio faunístico por vezes
preferida à de Wallace para dividir as duas regiões.

As ideias de Wallace e Weber convergem – se na respresentacao da figura que se


segue.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 33

Fig. 6 Limites da região Australiana segundo Wallace e Weber

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/limites-regiao/Alfred_Wallace.jpg

Período Moderno, inicia em 1960, e em parte foi influenciado pelo desenvolvimento


da Teoria da Tectônica de Placas, pelo desenvolvimento da Genética, pela
exploração de novos caminhos na pesquisa em Biogeografia Ecológica e pelos
mecanismos que limitam a distribuição da vida.

A concepção moderna de Biogeografia baseia-se na premissa de que “a evolução da


vida ocorreu concomitantemente à evolução geográfica da Terra”.

Teoria da Tectonica de Placas

Teoria que postula que a crosta terrestre, a litosfera - Crosta e a parte superior do
Manto, até cerca de 100 km de profundidade – está quebrada em um determinado
número de placas rígidas (vide figura 7) que se deslocam com movimentos horizontais.
As placas deslizam ou colidem uma contra as outras a uma velocidade variável de 1 a
10 cm/ano. Nas regiões onde elas se chocam ou se atritam, crescem os esforços de
deformação nas rochas e, periodicamente nesses pontos, contecem os grandes
terremotos. Justamente nos limites das placas tectônicas, ao longo de faixas estreitas e
contínuas, é que se concentra a maior parte da sismicidade de toda a Terra.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 34

Fig. 7 Placas tectonicas

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/placas-tectonicas.jpg

Snider-Pellegrini e Wegener utilizaram evidências paleontológicas para suportar a teoria


de que os continentes estiveram unidos no início de Mesozóico.

Sumário
A história da Biogeografia pode ser dividida em 3 períodos, marcados pelas
diferentes concepcoes que cada um tinha:
1. Período Clássico: compreendeu 100 anos baseava-se nas descrições
florísticas e faunísticas das grandes regiões mundiais.
2. Periodo Wallaceano: publicou o livro Viagem pelos rios Amazonas e Negro,
no qual ele relata seus dias no Brasil (amazonas), tinha como principal
preocupacao saber como as espécies de animais evoluem?

Wallace se impressionou com a mudança brusca nas Famílias de animais entre


Bali e Lombok, embora as duas ilhas sejam muito próximas. Explicou do
seguinte modo, que inicialmente uma esteve longe da outra e, com o passar de
milhares e milhares de anos, deslocaram-se de lugar.
Criou-se a linha de Wallace: Linha imaginária entre Bali e Lombok, Bornéu e
Celebes e as Filipinas e as Molucas que separa a fauna asiática da fauna
australiana, marcando assim a fronteira dos reinos biogeográficos oriental e
Biogeografia e Biodiversidade G0139 35

australiano e a linha de Weber: Linha imaginária traçada ao longo da plataforma


da Australo-Papuásia. Linha de equilíbrio faunístico por vezes preferida à de
Wallace para dividir as duas regiões.

4. Período Moderno (1960), foi influenciado pelo desenvolvimento da Teoria da


Tectônica de Placas, Genética, Biogeografia Ecológica e mecanismos que
limitam a distribuição da vida.

A concepção moderna de Biogeografia baseia-se na premissa de que “a


evolução da vida ocorreu concomitantemente à evolução geográfica da Terra”.

Exercícios

1. Identifica os principais pensadores que contribuíram para a historia da


Biogeografia
2. Caracterize as fases que marcaram a história da Biogeografia
3. Relacionar as diferentes fases da história da Biogeografia

Entregar os exercícios: 2 e 3 desta unidade, trabalho com código T- G-


0139
Biogeografia e Biodiversidade G0139 36

Unidade VI

Biorreinos

Introdução

Os diferentes enfoque da Biogeografia e Biodiverisidade levaram a


discussão de Bioreinos, como sendo ares em que existemuma certa
concordância em termos de distribuicao espavial dos organismos vivos
masrcados por uma certa homogeneidade deste elementos naturais,
podendo deta forma serem delimitadas áreas comdeterminadas
especificidades.

Nesta unidade, iremos abordar sobre estas áreas (biorreinos), fazendo


uma relacao com s factores que ditaram a ocorrência destas áreas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Dar o conceito de biorreinos;

Objectivos  Identificar os biorreinos;

 Caracterizar os biorreinos.

Alguns autores realizaram divisões espaciais da Biosfera, do ponto de vista evolutivo


das espécies, ou seja, tendo em conta a evolucao das especies:

• De Candolle – 1855;
• Slater – 1857;
Biogeografia e Biodiversidade G0139 37

• Wallace - 1876;
• Engler - 1879 e 1882, e outros.

Pelos autores citados. Mesmo havendo certas divergências entre autores nas
delimitações dos biorreinos, existe uma certa unanimidade na hierarquia dos mesmos:
• Reino; região; província, área e distrito.

Schmithuesen – 1961, com base em Engler, Drude e Diels, apresenta 6 Reinos;


Mueller – 1973 delimita 5 Reinos florísticos;
Udvardy – 1975 delimita 8 reinos faunísticos.
Recentemente (1980) Mueller estabeleceu uma classificação global:
Os Biorreinos, subdividos em várias regiões

BIORREINOS

A distribuição os seres vivos, não é coincidente em todos os ocntinentes, mas há em


grandes espaços, certa concordância, formando os reinos florísticos e faunísticos, hoje
associados em Biorreinos (vide figura 8).

Fig. 8 Biorreinos Faunísticos

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/bioreinos-faunisticos.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 38

Segundo a rencete divisão dos bioreinos podemos encontrar cinco reinos (vide fig. 9):
Neotropical (novos trópicos)
Neártico e Paleártico = Holártico
Paleotropical (antigo trópico)
Australiano
Antártico
Fig. 9 Divisão da terra em biorreinos floristicos

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia0bioreinos-floristicos.jpg

Capense
Os limites estão bem definidos entre os reinos e regiões, quando há acidentes
geográficos (fig. 10), bem marcantes como cadeias de montanhas; desertos e mares
que constituem uma série de barreiras à expansão da flora e da fauna.
Fig. 10 Capense

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/capense.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 39

Em outras áreas há faixas de transição passando-se gradativamente de um reino para


outro. Estas faixas de transição, onde podemos encontrar espécies dos reinos, alguns
autores consideram como reinos ou regiões independentes.
Vários dos reinos atuais, em épocas passadas, eram ligados por pontes
intercontinentais, que são explicadas pela Teoria de Wegner - Deriva dos Continentes,
Biogeografia histórica, ecologia e riqueza de espécies.

Sumario

Alguns autores realizaram divisões espaciais da Biosfera, do ponto de vista


evolutivo das espécies, tendo em conta a evolucao das espécies.

Existem certas divergências na divisão dos biorreinos, por outro lado existe
tambem uma certa unanimidade na hierarquia dos mesmos

Segundo a rencete divisão dos bioreinos podemos encontrar cinco reinos:


o Neotropical (novos trópicos)
o Neártico e Paleártico = Holártico
o Paleotropical (antigo trópico)
o Australiano
o Antártico

Em outras áreas há faixas de transição passando-se gradativamente de um reino


para outro.

Exercícios

1. Dar o conceito de biorreinos;


2. Definir campense
3. Identificar os biorreinos;
4. Caracterizar os biorreinos.

Entregar os exercícios: 2 e 3 desta unidade, trabalho com código T- G-


0139
Biogeografia e Biodiversidade G0139 40

Unidade VII

Especiação

Introdução
A especiacao é o tema que a seguir iremos abordar nesta unidade
temática, irá se cingir no conceito de especiacao, o processo de
especiacao, ou seja, como ocorre a especiacao e os difrentes tipos de
especiacao que resultam na formacao de novas espécies com o mesmo
ancestral.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir especiacao;

Objectivos  Identificar os factores que influenciam na especiacao;

 Caracterizar os diferentes tipos de especiacao.

Processo de especiacao

Desde a origem do mundo novas espécies foram surgindo e algumas


especies extinguiram. Mas tem questoes que intrigaram sempre alguns
pensadores, o facto de surgirem novas espécies. Sendo assim levanta-se
sempre a questao: como surgem as novas espécies?

A resposta a esta pergunta esta associada a um processo que se


denomina de especiação, que iremos abordar a seguir.

Antes de respondermos esta questao iremos esclarecer alguns conceitos


que nos facilitarão a percepacao do tema como é o caso de conceito de
espécie.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 41

Especies são grupos de populações que vivem e um determinado nicho


ecológico, e que se cruzam entre si (vide figura seguinte)

Fig. 11 Representacao de diferentes especies

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/moz-faun.jpg

A especiação é um processo genético, na qual diferentes tipos de


organismos se originam, a partir de uma população ancestral (vide
esquema 1)

Por exemplo seria o cruzamento do jumento com á égua, resultando


assim a mula que é um híbrido3 estéril.

Esquema 1. Formacao de nova especie

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/evolucao2.jpg

3Híbrido designa um cruzamento genético entre duas espécies vegetais


ou animais distintas, que geralmente não podem ter descendência devido aos
seus genes incompatíveis.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 42

A especiacao também pode ser entendida como um processo em que


duas ou mais espécies contemporâneas evoluem a partir de uma única
ancestral.

Processo de Especiacao

A especiação ocorre quando uma espécie se isola geograficamente,


alterando assim o seu nicho ecológico e fazendo com que a mesma sofra
mutações com o passar do século. Um exemplo ocorreu com os
chamados “Tentilhões de Darwin”, na ilha de Galápagos, na qual houve á
reprodução de mais de uma dúzia de espécies (veide figura 11).

Fig. 11 Especializacao dos “tentilhões de Darwin”

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/Darwin’s finches.jpg

O processo de especiação une á macroevolução e a microevolução,


na qual, tem-se o “efeito fundador” ou “efeito garrafão” que diz que
quando um determinado ambiente é invadido por alguns organismos de
mesma espécie, haverá á multiplicação dos mesmos, como se pode
perceber na figura abaixo:
Biogeografia e Biodiversidade G0139 43

Fig. 12 Efeito fundador ou garrafão de especiacao

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/especiacao-8.jpg

O processo de especiação está representado na figura á seguir:

Fig. 13 Exemplo de processo de especiacao

Fonte: http://1.bp.blogspot.com/fig01+(1).GIF

Do ponto de vista geográfico, o processo de especiação, pode ocorrer de


3 formas distintas: Especiação Alopátrica (Peripátrica), Simpátrica e
Parapátrica.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 44

Fig. 14 Tipos de especiacao

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/speciation-modes-edit.pt.svg.png

Especiação Alopátrica (alo-além, pátrica-pátria):

É o processo que ocorre quando duas ou mais espécies ficam isoladas


umas das outras, devido á ocorrência de uma cadeia montanhosa, por
exemplo. E que após algum tempo depois que desaparece essa cadeia
de montanhas, essas espécies voltam a se reencontrar, mas não trocando
genes entre si, como se pode perceber na figura abaixo:

Fig. 15 Especiacao alopatrica

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/espegeo.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 45

Especiação alopatrica peripátrica

Também na especiação alopátrica, tem a chamada especiação


peripátrica, o qual se caracteriza por esta apresentar um número pequeno
de grupos, assim nesse tipo de especiação predomina o chamado "efeito
fundador". Exemplo o que acontece nas ilhas. Veja a imagem seguinte:

Fig. 16 Especiacao alopatrica peritatrica

Antes Durante Depois

Fonte: http://4.bp.blogspot.com/8-010.jpg

Pode-se dizer que o modo mais simples em um modelo de especiação é a


especiação alopátrica. Este tipo de especiação compreende cerca de 70%
dos casos conhecidos (Brooks & McLennan, 1991), mas outros autores
entendem que pode chegar aos 90%.

Especiação Simpátrica:(sim-mesma pátrica-pátria)

Nesta especiação dois grupos de populações ocupam á mesmas área


geográfica. Exemplo disso são os insectos que se tornam dependentes
das plantas hospedeiras dentro de uma mesma área. Na área geográfica,
localizada nos Estados Unidos, tem-se a especiação simpátrica que
ocorre numa população de rãs (vide figura 17).
Biogeografia e Biodiversidade G0139 46

Fig. 17 Especicao simpatrica

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/img-espec6.gif

A especiação seria simpátrica se uma barreira biológica ao


intercruzamento se originasse dentro dos limites de uma população
panmítica, sem nenhuma segregação espacial das espécies incipientes. A
maioria dos modelos existentes para este tipo de especiação é muito
controvertida; a única exceção é a da especiação instantânea por
poliploidia que ocorre em muitos grupos de plantas. Se um híbrido entre
duas espécies diplóides torna-se tetraplóide, este será isolado
reprodutivamente, pois a progênese tripõide resultante do
retrocruzamento terá uma elevada proporção de gametas inviáveis. Isto
ocorre em muitos grupos de plantas e alguns grupos de animais.

Se uma simples mutação ou alteração cromossômica (como a poliploidia)


confere um isolamento reprodutico completo em um passo apenas, a
reprodução não terá sucesso, a não ser que haja um endocruzamento
(autofertilização ou cruzamento entre irmãos que também podem carregar
a nova mutação). Em animais, o endocruzamento não é comum, mas
ocorre em grupos de Chalcidoidea (himenópteros parasitas).

Um outro processo é o que ocorre entre híbridos. Em organismos


sexualmente reprodutivos, a origem de espécie por hibridação de duas
Biogeografia e Biodiversidade G0139 47

espécies parentais é usualmente simpátrica. Compare com a especiação


alopátrica.
Uma boa discussão sobre especiação simpátrica é sobre especiação
simpátrica ecológica. Este mecanismo é baseado na segregação de
habitat.

Especiação Parapátrica: (para- junto de, pátrica- pátria)

É o processo pelo qual há o surgimento de novas espécies em áreas


diferentes á da espécie ancestral e não existe isolamento geográfico (vide
fig. 18).

A especiação parapátrica tem sido considerada, pela maioria dos autores,


como apenas um caso particular de especiação alopátrica. Entretanto,
são encontradas algumas diferenças.

Fig. 18 Especiacao parapatrica

Fonte: http://3.bp.blogspot.com/8-014.jpg

Especiaciacao estasipatrica

Tem relação com modificações cromossomais. O espontâneo rearranjo


cromossomal começa em uma espécie ancestral com baixa mobilidade.
Esta mutação cromossômica pode ser por translocação, fusão ou inversão
Biogeografia e Biodiversidade G0139 48

pericêntrica. O resultado deve ser totalmente viável em condição


homozigõtica mas de reduzida variabilidade em condição heterozigótica.

Extincao

Embora todos os organismos vivos representem uma contínua linhagem


evolucionária que se estende há bilhões de anos, um fato real é a
extinção de espécies. Isto pode ser facilmente visto pelo exame dos
registros fósseis. Muitos grupos importantes que foram dominantes em
uma certa era foram eliminados ou tiveram suas populações
drasticamente reduzidas até a extinção. Na maioria dos casos foram
substituídos por grupos mais adaptaos naquele momento. Alguns autores
estimam que 88% a 96% de espécies marinhas foram extintas durante o
final do Permiano, há cerca de 250 milhões de anos.

Muitos casos de substituilção de um grupo por outro podem ser atribuído,


em grande parte, à competição com outros grupos. Um exemplo são os
multituberculados, um grupo primitivo de mamíferos, que radiaram no
início do Cenozóico e atingiram a maior diversidade no paleoceno, há
cerca de 60 milhões de anos. No decorrer de 20 milhões de anos, eles
tornaram-se virtualmente desaparecidos e foram substituídos pelas
espécies de Rodentia (ratos, camundongos, etc.).

Tem havido um contínuo debate se esta recíproca mudança na


diversidade pode ser atribuída à competição. Alguns tipos de
multituberculados tinham similaridade morfológica extraordinária (como
inferido de dentes e ossos) e talvez tenham similaridade ecológica com
alguns grupos de Rodentia.

Sumario

Especies são grupos de populações que vivem e um determinado nicho


ecológico, e que se cruzam entre si.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 49

A especiação é um processo genético, na qual diferentes tipos de organismos


se originam, a partir de uma população ancestral.

A especiação ocorre quando uma espécie se isola geograficamente, alterando


assim o seu nicho ecológico e fazendo com que a mesma sofra mutações com o
passar do século. Do ponto de vista geográfico, o processo de especiação, pode
ocorrer de 3 formas distintas: Especiação Alopátrica (Peripátrica), Simpátrica e
Parapátrica.
Especiação Alopátrica: ocorre quando duas ou mais espécies ficam isoladas
umas das outras, devido á uma cadeia montanhosa, por exemplo e após algum
tempo desaparece e essas espécies voltam a se reencontrar, mas não trocando
genes entre si.
Especiação alopatrica peripátrica: predomina o "efeito fundador". Especiação
Simpátrica:
Dois grupos de populações ocupam á mesmas área geográfica. Especiação
Parapátrica: Surgimento de novas espécies em áreas diferentes á da espécie
ancestral e não existe isolamento geográfico
Especiaciacao estasipatrica: Tem relação com modificações cromossomais.

Exercícios

1. O que é especiacao?
2. Quais os factores que influenciam na especiacao e como eles actuam?
3. Caracterize os diferentes tipos de especiacao.
4. Defina extincao
5. Quais os factores que influem na extincao das especies.

Entregar os exercícios: 2 e 3 desta unidade, trabalho com código T- G-


0139
Biogeografia e Biodiversidade G0139 50

Unidade VIII
Mecanismos de Formacao de novas
especies

Introdução

O processo de especiacao abordado na unidade temática anterior tem


como resultado a formacao de novas espécies é sobre este tema que nos
propomos a abordar nesta unidade, a formacao de novas espécies,
olhando para os mecanismos que influem na formacao de novas
espécies.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Esplicar os mecanismos de formacaque conduzem a formacao de novas


especies;
Objectivos
 Identificar os os factores que influem na formacao de novas especies;

Ao longo dos tempos novas espécies têm surgido, enquanto outras se têm extinguido.
Com isso surge uma questao: como se formam as novas espécies, ou seja, como se
multiplicam as espécies?

Mecanismos fundamentais conduzem à especiação

Para que se formem novas espécies há uma interacao de vários mecanismo dentre
esles destacam-se as diferentes especiacoes que podem ser resumidas em:
Especiação geográfica ou alopátrica – surgimento de barreiras geográficas entre
populações;
Biogeografia e Biodiversidade G0139 51

Especiação simpátrica – factores intrínsecos á população conduzem ao isolamento


genético.
Estes processos são muito graduais, pelo que podem surgir dúvidas quanto á
classificação dos organismos na natureza em espécies completamente separadas ou
apenas em populações com reduzido fluxo genético entre si.

A especiação alopátrica pode ocorrer por diversos modos, entre eles, isolamento
geográfico, ecológico ou por barreira de híbridos:

Isolamento Geografico
Na área ocupada por uma dada espécie podem ocorrer alterações ambientais em parte
do meio, originando habitats com diferentes condições. Estas alterações podem ser
devidas a florestações, formação ou dragagem de pântanos, períodos de seca, etc.
Nesta situação, os organismos podem iniciar uma divergência devida a adaptação aos
diferentes nichos ecológicos que irão surgir.

Especiação alopátrica
Este tipo de especiação alopátrica pode ser descrito por uma sequência de etapas:

Duas populações da mesma espécie apresentam frequências genéticas ligeiramente


diferentes, apesar de partilharem o mesmo fundo genético;
Surgimento de uma barreira geográfica natural ou artificial (rios, montanhas, estradas,
variações de temperatura, etc.) impede a troca de genes entre as duas populações;
Por acumulação de mutações e por adaptação a condições ambientais diferentes, o
fundo genético de cada grupo de indivíduos vai-se alterando;
Os respectivos fundos genéticos divergem, levando a uma incapacidade de cruzamento
entre os indivíduos das duas populações – mecanismos isoladores - mesmo se a
barreira geográfica desaparecer;
Populações formam duas espécies distintas.

Especiação geográfica
Por exemplo uma situação que ocorreu na ilha do Porto Santo, para onde, no século
XV, foram levados ratos vindos do continente europeu.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 52

Dado que não tinham predadores ou competidores, proliferaram rapidamente. No


século XIX já eram nitidamente diferentes dos ratos europeus (na cor, tamanho, e
hábitos pois eram essencialmente nocturnos). Postos novamente em contacto, os ratos
de Porto Santo e os seus ancestrais europeus não se cruzaram, pelo que em apenas
400 anos se tinha formado uma nova espécie de ratos.

No entanto, deve-se salientar que se o tempo de separação não tiver sido


suficientemente longo e/ou as diferenças acumuladas ainda permitirem a mistura parcial
dos dois fundos genéticos (geralmente apenas na zona de contacto entre os habitats
das duas populações), poderão formar-se subespécies, uma etapa intermédia no
percurso da especiação.

Caso não tenham ocorrido grandes alterações e as populações postas em contacto


possam reproduzir-se livremente, o fluxo genético será restabelecido e não existirá mais
do que uma única espécie.

Um caso particular da especiação geográfica é a radiação adaptativa. Nesta situação,


formam-se num curto espaço de tempo várias espécies, a partir de uma espécie
ancestral, devendo-se ao facto de os nichos ecológicos ocupados pelas espécies
descendentes serem muito mais variados que os das espécie ancestral.

Exemplos clássicos de radiação adaptativa são a colonização do meio terrestre pelas


plantas ou pelos vertebrados, a diversificação dos marsupiais na Austrália, bem como o
caso dos tentilhões das ilhas Galápagos, estudados por Darwin. Os arquipélagos são
locais ideais para a ocorrência de radiação adaptativa, dado que as diversas ilhas
fornecem habitats variados, isolados pelo mar.

Isolamento Ecologico

Duas populações (A e B), geralmente consideradas subespécies, podem cruzar-se com


uma baixa taxa de fertilidade, na zona de contacto entre os habitats que ocupam.
Os híbridos AB resultantes do cruzamento, por sua vez com baixa fertilidade, formam
uma barreira ao normal fluxo de genes entre as duas populações:
Biogeografia e Biodiversidade G0139 53

A cruza livremente com AB e AB com B, mas a presença de AB impede o cruzamento


directo de A com B.
Com o tempo, os híbridos podem até desaparecer, talvez devido a uma selecção
natural negativa mas as populações A e B serão incapazes de se reproduzir,
pertencendo a espécies separadas.

Não se sabe quanto tempo é necessário para a produção de uma espécie, pois se é
possível obter isolamento reprodutor numa geração (poliplóidia), também é possível que
espécies isoladas por mais de 20 M.a. se mantenham morfologicamente semelhantes e
produzam descendentes férteis (como o caso dos plátanos americano e europeu, que
em laboratório mantêm fecundidade total).

Barreira de Hibridos
Dentro de uma espécie existem dois tipos de variabilidade:
Variabilidade interindividual e variabilidade interpopulacional.

Dentro de uma mesma população qualquer característica apresenta uma distribuição


normal, sendo mais baixas as frequências dos indivíduos com fenótipos extremos e
mais elevadas as dos indivíduos com o fenótipo correspondente ao ponto de ajuste
para essa característica. Por outro lado, as diferentes condições geográficas originam
diferentes populações da mesma espécie, com diferenças nas frequências genéticas –
variabilidade geográfica.

O meio ambiente pode variar grandemente, mesmo em zonas contíguas (clima, solo,
luz solar, água, etc.) logo as populações estão sujeitas a diferentes pressões selectivas.
Quando esta variação é gradual diz-se clinal.

Tendo estes aspectos em mente, uma raça geográfica ou subespécie pode ser definida
como populações mendelianas com o mesmo fundo genético (pertencem á mesma
espécie) que apresentem diferenças nas frequências relativas dos vários alelos.
São populações estabelecidas em diferentes áreas pois se vivessem na mesma zona o
cruzamento entre elas originaria uma única população, com frequências genéticas
homogéneas.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 54

Deduz-se daqui que é a separação que conduz á formação de subespécies,


consideradas uma etapa intermédia na especiação.

Identificacao de espécies

Com base na definição biológica de espécie, as populações são espécies isoladas se


não forem interfecundáveis.
Deste modo, fazendo a análise experimental da fertilidade entre amostras de duas
populações e construindo um polígono de compatibilidade pode descriminar-se as
seguintes situações:
Compatibilidade máxima – as populações são férteis entre si logo formam uma única
espécie;
Compatibilidade nula – as populações são duas espécies diferentes;
Compatibilidade intermédia – existe uma diminuição da frequência de híbridos logo as
populações estão a divergir, formando subespécies.

Subespecies ou raças Geograficas


Este processo de especiação ocorre em populações que habitam a mesma zona logo
nunca ocorre um isolamento geográfico. Este mecanismo de especiação pode resultar
de dois tipos de fenómenos:

Especiacao Simpatrica
Selecção disruptiva – este tipo de selecção exerce forte pressão sobre os indivíduos,
favorecendo os genótipos extremos, podendo originar um polimorfismo equilibrado ou
duas espécies diferentes, se levado ao extremo. Não está devidamente comprovado
que este fenómeno funcione na natureza;

Seleccao disruptiva
Poliplóidia – duas espécies simpátricas (vivendo no mesmo local) podem originar,
instantaneamente, uma nova espécie por poliplóidia.

Uma célula ou um organismo poliplóide apresenta um número múltiplo do conjunto


cromossómico original da espécie que lhe deu origem (4n, 5n, etc.) e surge,
Biogeografia e Biodiversidade G0139 55

geralmente, por erros na mitose4 ou meiose5. Geralmente, este fenómeno ocorre


quando não ocorre citocinese após a replicação do DNA e a separação dos
cromatídeos, obtendo-se uma célula com um núcleo maior e com um número anormal
de cromossomas. Igualmente comum é a formação dos gâmetas não ser precedida da
meiose, não ocorrer disjunção dos homólogos, o que origina gâmetas diplóides.
A autofecundação de um organismo com esta anormalidade leva ao surgimento de um
poliplóide. Esta situação é frequente em plantas.

Existem dois tipos de organismos poliplóides:


Autopoliplóide - indivíduo cujos progenitores eram da mesma espécie, sendo a
poliplóidia o resultado de um erro na divisão celular do zigoto6;

Alopoliplóide - indivíduo cujos progenitores eram de espécies diferentes, resultando a


poliplóidia de uma duplicação cromossómica no híbrido. Esta situação parece dar
origem a indivíduos particularmente bem sucedidos, talvez porque os alopoliplóides
possam combinar as melhores características das duas espécies progenitoras.
Os híbridos de duas espécies animais são geralmente estéreis pois os gâmetas não
são viáveis por dificuldades de emparelhamento cromossómico na meiose. No entanto,
alguns animais e muitas plantas formam híbridos férteis.

Como este Fenomeno acontece?

O cientista russo Karpechenko realizou diversas experiências com plantas, tentando


reunir características com interesse económico de diversos organismos numa única
espécie. Uma das experiências que realizou visava obter uma planta com a raiz
comestível do rabanete e as folhas da couve.

Tanto a couve como o rabanete apresentam um número diplóide de 18. Após o

4 Mitose é o processo pelo qual as células eucarióticas dividem


seus cromossomos entre duas células menores do corpo. É uma das fases do
processo de divisão celular ou fase mitótica do ciclo celular.
5 Meiose é o nome dado ao processo de divisão celular através do qual uma
célula tem o seu número de cromossomos reduzido pela metade.
6 Zigoto (ou ovo, nos animais) é a célula diploide resultante da união
dos núcleos haploides de duas células eucarióticas mutuamente compatíveis.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 56

cruzamento (que não correu bem, pois obteve uma planta com a raiz da couve e as
folhas do rabanete…), Karpechenko verificou que o híbrido resultante também
apresentava 2n=18 mas era estéril.
No entanto, alguns híbridos apresentavam 2n=36 e esses eram todos férteis. A
explicação para este facto reside na poliplóidia: no híbrido os cromossomas não
emparelha na meiose logo este é estéril.

Mas se existir uma duplicação do total dos cromossomas (após a replicação do DNA
não ocorre a disjunção cromossómica) o híbrido irá apresentar dois conjuntos
completos de cromossomas, permitindo o emparelhamento. O híbrido tetraplóide
produz, assim, gâmetas 2n viáveis.

Assim, Karpechenko criou uma nova espécie, o híbrido fértil da couve e do rabanete.
O Triticale é outro híbrido fértil produzido pelo Homem, um poliplóide do trigo e do
centeio, que apresenta o vigor do centeio e o grão do trigo. Actualmente, muitas das
plantas cultivadas são poliplóides, como batatas, bananas, cana-de-açúcar e café, bem
como, calcula-se, cerca de 47% das angiospérmicas.

Os organismos poliplóides são geralmente maiores, mais fortes e com maior


capacidade de adaptação a novas condições que os organismos diplóides pois
apresentam uma grande resistência a doenças genéticas e a mutações devido á
redundância genética, o que lhes permite “fugir” um pouco às pressões de selecção.

Ao fim de muitas gerações de acumulação de alterações, estes seres deixam de


apresentar genes duplicados mas sim um novo conjunto de características, originando
uma diploidização. Esta situação explica o enorme sucesso adaptativo dos organismos
poliplóides na natureza.

Este fenómeno da poliplóidia não parece apresentar grandes problemas em plantas,


pois dado que estas podem reproduzir-se ao longo de incontáveis gerações apenas
vegetativamente (assexuadamente), os indivíduos estéreis podem manter-se até que a
poliplóidia ocorra espontaneamente.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 57

Poloiplodia nosaminais superiores

Um preconceito que se deve descartar é o facto de que não será possível a ocorrência
de reprodução assexuada em vertebrados pois tal existe e permite a poliplóidia. Claro
que o fenómeno não é geral, não se conhecendo reprodução clonal na maioria das
espécies.

No entanto, após ultrapassada esta dificuldade, existem outras possibilidades, além da


anteriormente explicada, para o surgimento do poliplóide.
Uma delas está esquematizada em seguida:
Espécie A + Espécie B = híbrido AB
Por reprodução clonal ou ginogénese o híbrido AB pode tornar-se triplóide ABB, ainda
assexuadamente, este pode tornar-se tetraplóide AABB fértil, após a reprodução entre
espécies diferentes o híbrido diplóide é estéril, apenas podendo manter-se por
reprodução assexuada.

Este tipo de reprodução faz-se a partir de uma fêmea, cujos óvulos funcionam como
ovos, dando origem a clones de si própria. Este processo é anómalo em vertebrados,
não se conhecendo exactamente o mecanismo que o desencadeia. Por vezes o
estímulo para esse processo é a entrada de um espermatozóide, numa copulação que
não será seguida de uma fecundação pois o espermatozóide será rejeitado e destruído.
Ao longo das gerações, esses clones exclusivamente femininos manter-se-ão deste
modo, coexistindo com a população normal diplóide, até que um dos espermatozóides,
por outra anomalia no processo, seja admitido originando um híbrido triplóide ainda
estéril.

Se tal fenómeno acontecer novamente, poderá formar-se o híbrido tetraplóide, o qual,


se as duplicações tiverem sido as correctas, será fértil, passando a reproduzir-se
sexuadamente.

Relacionando os mecanismos que conduzem á especiação com a evolução dos


organismos, obtêm-se quatro situações distintas:
Biogeografia e Biodiversidade G0139 58

Evolução divergente – ocorre quando duas populações se separam e acumulam


diferenças que impossibilitam o cruzamento entre elas, originando novas espécies;
Radiação adaptativa – a partir de uma espécie inicial, verifica-se uma ocupação de
grande número de habitats e o surgimento de numerosas espécies quase
simultaneamente;
Evolução convergente – populações com origem diferente e sem qualquer
parentesco, sujeitas a pressões selectivas semelhantes, vão desenvolver estruturas e
modelos de vida semelhantes;
Evolução paralela – espécies distintas, mas com um antepassado comum, podem,
independentemente, permanecer semelhantes devido ao mesmo tipo de pressões
selectivas.

Especiacao e modelos de evolucao

O isolamento entre populações consiste num conjunto de mecanismos que impedem ou


dificultam a troca de genes entre indivíduos. O isolamento é uma condição necessária à
especiação bem como para a manutenção do estatuto de espécie.
O isolamento reprodutor pode ser de dois tipos:

Isolamento externo, extrínseco ou geográfico – acidentes geográfico e/ou condições


climatéricas, por exemplo, impedem a troca de genes;
Isolamento interno, intrínseco ou biológico – causas biológicas, inerentes aos
próprios organismos impede a troca de genes, mesmo em simpatria.

Tipos de Isolamento
Se uma dada região do território de uma espécie é imprópria para a sobrevivência
desses organismos, constitui uma barreira extrínseca, seja ela um rio, uma montanha,
um deserto, etc.

Obviamente estas barreiras variam com as espécies pois enquanto um rio pode ser
uma importante barreira para uma população de ratos, por exemplo, não o será para
uma população de aves.
Estas barreiras impedem o contacto físico entre populações. As condições climatéricas
Biogeografia e Biodiversidade G0139 59

também podem ser barreiras importantes para os organismos.


Apesar destes factos, o isolamento geográfico não é condição suficiente para a
especiação, é necessária a separação entre os fundos genéticos das populações
isoladas.
Por este motivo, apenas quando a barreira geográfica é ultrapassada se pode concluir
se existiu especiação:

Duas espécies diferentes – as populações não podem trocar genes pois existem
mecanismos isoladores intrínsecos. As duas populações podem ser simpátricas, entrar
em competição (e até uma delas extinguir-se) ou habitarem zonas distintas e serem
alopátricas;
Uma única espécie – as populações voltam a trocar genes entre si e formam um único
fundo genético, não houve isolamento reprodutor. A troca de genes pode ser tão livre
que se tornem uma só população (uma espécie única) ou a troca de genes pode ocorrer
apenas na zona de contacto, originando híbridos (duas subespécies).

Isolamento Geografico
Este tipo de barreira explica a coexistência de duas espécies no mesmo local e tempo,
sem que se cruzem. Resulta de diferenças genéticas entre duas populações e é
necessário à multiplicação de espécies.

Existem dois tipos de isolamento biológico:


Isolamento biologico
Mecanismos isoladores pré-acasalamento – também designados mecanismos
isoladores pré-zigóticos, evitam o cruzamento entre indivíduos de espécies diferentes e
a consequente formação do zigoto. Podem ser divididos em:

Isolamento ecológico – ocorre quando os organismos apresentam uma diferente


relação com o meio (vivem em habitats diferentes, ainda que na mesma área) e com
outros seres (organismos vivem nas árvores e outros no chão, uns são activos de dia e
outros de noite, etc.);
Isolamento temporal – também designado por isolamento sazonal, neste caso os
organismos vive no mesmo habitat, mas em épocas diferentes ou apresentam épocas
Biogeografia e Biodiversidade G0139 60

de reprodução diferentes. Pode existir interfecundidade gamética mas na natureza


nunca existe possibilidade de reprodução;

Isolamento comportamental – existe principalmente nos vertebrados, em particular


nas aves, embora também seja conhecido em insectos. Quando este tipo de
mecanismo isolador actua o cortejamento sexual, exibições e sinais de reconhecimento
entre indivíduos da mesma espécie não existem, o que impede a atracção sexual entre
as populações;

Isolamento mecânico – diferenças morfológicas e fisiológicas das genitálias impedem


a reunião dos gâmetas. Este mecanismo é particularmente importante em artrópodes,
com genitálias rígidas e exosqueleto, mas também existe em gastrópodes e anelídeos
hermafroditas.

Mecanismos isoladores pré-acasalamento


Mecanismos isoladores pós-acasalamento - também designados mecanismos
isoladores pós-zigóticos, evitam a formação e desenvolvimento do descendente,
dificultam a formação do híbrido ou a sua reprodução. Podem ser:

Isolamento gamético – existe troca de gâmetas mas a célula masculina não atinge a
feminina, devido a reacções imunitárias ou por falta de reconhecimento químico entre
gâmetas. Este processo existe em moscas Drosophila e é muito comum em peixes,
devido ao facto de os gâmetas se unirem na água;

Isolamento por inviabilidade dos híbridos – também designado isolamento zigótico,


neste caso existe fecundação mas a incompatibilidade genética impede o
desenvolvimento normal do embrião, processo muito comum em peixes com
fecundação externa, pois facilmente os gâmetas se misturam;

Isolamento por esterilidade dos híbridos – também conhecido por isolamento pós-
zigótico, neste caso o embrião desenvolve-se mas não atinge a idade adulta ou, se
atinge a idade adulta, é estéril ou é eliminado por selecção. Por vezes o sex-ratio dos
híbridos não permite a formação da geração seguinte;
Biogeografia e Biodiversidade G0139 61

Isolamento por inviabilidade dos híbridos de 2ª geração – formam-se híbridos


férteis mas nos descendentes destes (híbridos de 2ª geração) os embriões abortam,
são muito débeis ou estéreis.

Por vezes a classificação dos mecanismos isoladores distinguia entre mecanismo pré- e
pós-copulatórios mas tal classificação foi abandonada pois não só a maioria dos
organismos não realiza cópula, como a exigência de copulação é, ela própria, um
mecanismo isolador.

Na natureza estes mecanismos isoladores actuam em conjunto e em sequência, não


em separado, sendo o comportamental ou etológico o primeiro a actuar. Por este
motivo, a maioria das vezes a formação de híbridos não tem qualquer valor evolutivo.

Uma demonstração convincente da evolução da constituição cromossómica em


populações foi feita através de estudos em Drosophila.
As diversas espécies de Drosophila estudadas apresentam 3, 4, 5 e 6 pares de
cromossomas, os quais teriam derivado de uma espécie ancestral comum, com 5 pares
de cromossomas em forma de bastonete e um par em forma de ponto.

Uma hipótese explicativa da origem de Drosophila montana considera que teria existido
uma inversão pericentrica no cromossoma 2 da espécie ancestral. Este facto não
reduziria o número de cromossomas mas impossibilitaria o seu emparelhamento
correcto, criando um isolamento reprodutor – esterilidade cromossómica.

Em D. littoralis teria ocorrido uma translocação entre os cromossomas 3 e 4 da espécie


ancestral, reduzindo o número de cromossomas e impedindo, uma vez mais o
emparelhamento.

Estas alterações cromossómicas modificam o arranjo dos genes de tal modo, que deixa
de existir homologia. Os híbridos resultantes do cruzamento entre indivíduos com o
genótipo ancestral e indivíduos com o novo genótipo são estéreis.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 62

Sumario

Os mecanismos que conduzem à especiação são vários entre os quis


destacamos a especiação geográfica ou alopátrica e especiação simpátrica.

Estes processos são graduais, e podem surgir dúvidas quanto á classificação


dos organismos na natureza em espécies completamente separadas ou apenas
em populações com reduzido fluxo genético entre si.

A especiação alopátrica pode ocorrer por diversos modos, entre eles, isolamento
geográfico, ecológico ou por barreira de híbridos

Quanto a identificacao de espécies, as populações são espécies isoladas se


não forem interfecundáveis e pode descriminar-se as seguintes situações:
Compatibilidade máxima; Compatibilidade nula, Compatibilidade
intermédia e Subespecies ou raças Geograficas que ocorre em populações
que habitam a mesma zona logo nunca ocorre um isolamento geográfico e pode
resultar de dois tipos de fenómenos: Especiacao Simpatrica e Seleccao
disruptiva (Poliplóidia).
A poliplóidia pode ser dividida em: Autopoliplóide - indivíduo cujos progenitores
eram da mesma espécie e Alopoliplóide - indivíduo cujos progenitores eram de
espécies diferentes. Este fenome acontece nas planatas e nos animais sendo
mais simples nas plantas que nos animais.

Exercícios

1. Esplicar os mecanismos de que conduzem a formacao de novas


especies?
2. Identificar os os factores que influem na formacao de novas especies;

3. Caracterizar cada tipo de especiacao


4. Explicar como ocorre a identificacao das epseciesIdentificacao de
espécies
5. Relacionar a especiacao e modelos de evolucao

Entregar os exercícios: 2 e 3 desta unidade, trabalho com código T- G-


0139
Biogeografia e Biodiversidade G0139 63

Unidade IX
Claudistica

Introdução

Claudista é uma escola de clasificacao biológica das espécies, sendo a


base fundamental a evolucao.

Tendo os seus princípios, métodos para realizar-se a classificacao da


biodiversidade. Ela ira buscar trazer o seu historial e os pensadores que
contribuíram para a contrucao desta aras de saber e sua importância nos
estudos daBuogeografia e principalmente da Biodiversidade.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Dar o conceito de Claudista;

Objectivos  Identificar os fundamentos claudistas

 Efectuar a classificacao dos seres vivos;

A Cladística

Também conhecida como sistemática filogenética, é uma escola de classificação


biológica que classifica hierarquicamente as espécies em grupos ou táxons baseada
puramente no princípio filogenético, um método evolutivo que classifica todos os seres
vivos baseando-se unicamente em suas relações evolutivas.

Segundo os fundamentos da cladística, formulados em grande parte


pelo entomólogo Willi Hennig (vide fig. 19), uma classificação deve sempre expressar a
relação evolutiva das espécies, não importando se elas são semelhantes ou se diferem
drasticamente. Segundo esta escola, em uma classificação cada grupo deve ser
Biogeografia e Biodiversidade G0139 64

obrigatoriamente Monofilético, ou seja, possuir todos os descendentes do ancestral


comum e mais antigo do grupo e nada mais.

De modo que grupos parafiléticos7 e polifiléticos8 não são permitidos na classificação.

O método hennigiano é explícito e diretamente conectado à ideia de que o mundo


natural ordena-se sob uma estrutura hierárquica resultante do processo evolutivo. Não
obstante, as classificações filogenéticas são sistemas que permitem não só o
armazenamento da informação biológica, levantada para a sua construção, como
também a recuperação dessa informação - os grupos monofiléticos representam
padrões hierárquicos que carregam consigo a informação sobre a evolução das
características das linhagens biológicas consideradas, o que não ocorre nos grupos
parafiléticos e polifiléticos, dos quais pode ser depreendida apenas parte da informação
usada na construção da classificação.

O monofiletismo é fundamental para a sistemática filogenética e é ele que garante o


sucesso do método no que tange à identificação da afinidade natural (evolutiva) entre
grupos biológicos.

Fig 19 Willi Hennig (1972)

7 Parafilético é um táxon que inclui um grupo de descendentes de


um ancestral comum em que estão incluídos vários descendentes desse
ancestral porém não todos eles.
8 Polifilético a um grupo que não inclui o ancestral comum de todos os
indíviduos.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 65

Fonte:http://pt.wikpedia.org/wiki/ficheiro:willi-henning2.jpg

Usada pelos investigadores há mais de 50 anos, somente nos últimos vinte anos
tornou-se popular e utilizada de forma quase universal. Este atraso na difusão das
ideias básicas da cladística foi causado principalmente pelas dificuldades em torno da
língua alemã, que tinha pouca representatividade no cenário científico da época,
gerando um intervalo de 15 anos entre a criação e o reconhecimento da Sistemática
Filogenética, e que só foi quebrado em 1966, com a publicação de “Phylogenetic
Systematics”, uma nova versão do livro de 1950, feita por Willi Hennig e contando uma
escrita de leitura mais simples e de mais fácil assimilação. Redigido originalmente em
alemão, e traduzida posteriormente para o inglês, foi a partir desta obra que o trabalho
de Hennig passou a ganhar maiores dimensões. Principalmente nos últimos 10 anos
onde pode se notar um vertiginoso aumento no número de trabalhos e livros enfocados
na sistemática filogenética, bem como a grande aceitação de sua estrutura teórica por
novas gerações de biólogos, indicando a grande influência que este método possui.

Embora a teoria da evolução não seja obra de Hennig. Foi devido ao seu método de
análise das relações de parentesco baseada em padrões evolutivos que os métodos
mais antigos e laboriosos, baseados apenas em reuniões de semelhanças em vez de
conhecimentos sobre os processos evolutivos, puderam ser repensados.

A cladística de Hennig forneceu os meios para integrar a grande quantidade de


conhecimento descritivo sobre os organismos, gerando uma visão unificada sobre
a diversidade biológica. Zoologia e botânica, sobre o enfoque filogenético, ganharam
um dinamismo jamais visto antes. Sobre essa abordagem novos elementos passaram a
ser incorporados em discussões sobre evolução e o conhecimento filogenético passou
a ser um elemento integrador na formação dos profissionais das áreas biológicas.

Principios fundamentais da claudistica

A Cladística se assenta no princípio fundamental de que os organismos devem ser


classificados de acordo com as suas relações evolutivas, ou seja, as espécies devem
ser classificadas de acordo com o quão recente é o seu ancestral comum. De
forma que duas espécies que possuem um ancestral comum mais recente serão
Biogeografia e Biodiversidade G0139 66

agrupadas em um mesmo grupo, de grau mais baixo do que o de duas espécies que
possuem um ancestral comum mais distante. Quanto mais distante for o ancestral
comum a duas espécies, maior será a distância entre os seus respectivos táxons. Este
processo é feito utilizando tanto espécies vivas quanto fósseis de forma continua, até
que todas as espécies estejam contidas em um único grupo, contendo todos os
descendentes do mais distante ancestral comum á vida.

O princípio mais importante da Cladistica é que todos os táxons de uma filogenia


devem ser monofiléticos. Partindo deste pressuposto os táxons, para a cladistica,
jamais podem ser inventados, pois correspondem a entidades históricas que foram, ou
ainda precisam ser, descobertas. Toda a estrutura de uma classificação deve refletir de
maneira precisa e inequívoca, o conhecimento disponível sobre as relações de
parentesco entre os táxons incluídos na classificação. Ou seja, deve ser possível para
qualquer leitor, apenas utilizando a classificação, recuperar a informação sobre as
supostas relações de parentesco entre os táxons. Embora não haja uma única maneira
de criar classificações estritamente filogenéticas, o fato de que as classificações devam
representar inequivocamente as relações de parentesco entre os táxons é um fato
incontestável para qualquer filogeneticistas, vide esquemas seguinte.

Esquema 2. Cladograma

Fonte: http://pt.wikpwdia.org/wiki/ficheiro:idendical-caldograms.svg

Dois exemplos de cladogramas. Onde (A+B) formam um clado e (A+B+C) formam outro
clado, que contém o clado (A+B)

O resultado final de uma análise cladística é obtido na forma de árvore ou cladograma,


um dendograma que expressa hipóteses de relações filogenéticas entre táxons de
determinado grupo. Uma análise cladística pode ser baseada em tantas informações
Biogeografia e Biodiversidade G0139 67

quanto o investigador quiser utilizar. A sistemática moderna é geralmente baseada em


uma variedade de informações, incluindo seqüências de DNA (dados moleculares),
dados bioquímicos e dados morfológicos.

Em um cladograma todos os organismos são colocados sobre as extremidades


terminais dos ramos, e cada nó interior é idealmente binário, gerando dois táxons
terminais. Os dois táxons de cada ramo são chamados taxa irmãs ou grupos irmão.
Cada subárvore, independentemente de quantos elementos ela contenha, é
chamada clado. Todos os organismos de um grupo natural estão contidos em um clado
que compartilha um ancestral comum (não compartilhado com nenhum outro
organismo do diagrama). Cada subtipo é definido em um número de características que
aparecem nos seus membros, mas não em outras formas que não divergiu. Estas
características de identificação do clado são chamados sinapomorfias (caracteres
derivados compartilhados). Por exemplo, as asas anteriores endurecidas (élitros) são
uma sinapomorfia de besouros.

Fig. 20 Apomorfias e plesiomorfias

Fonte: http://pt.wikpwdia.org/wiki/ficheiro:extant-tetrapoda.jpg

A pata pentadáctila é um estado ancestral de todos os tetrápodes. A principal


característica da cladística é que esta utiliza apenas caracteres apomórficos em suas
análises (caracteres derivados e "diferentes da condição ancestral"). Na terminologia
cladística quando um caracter derivado é compartilhado por mais de um grupo ele é
denominado Sinapomofia (do Grego syn = junto) e caracteres derivados que ocorrem
Biogeografia e Biodiversidade G0139 68

em um único grupo são denominado autapomorfias e geralmente não são utilizados


para determinar a relação filogenética dos grupos. Os organismos vivos também
possuem Caracteres ancestrais, caracteres primitivos que herdaram sem modificações
de seus ancestrais. E que são denominados plesiomorfias. Plesiomorfias que são
compartilhadas por mais de um grupo de organismos são chamadas de Simplesiomorfia
(sim possui o mesmo significado que o radical sin, ou seja, "em conjunto").

Segundo o método de classificação cladístico, estados primitivos de caracteres,


ou plesiomorfia, não podem ser usados para definir táxons. Pois não são confiáveis
para determinar relações filogenéticas dentro dos grupos. Por exemplo; Se um
sistemata estiver inferindo a filogenia de cão, cavalo e rã e escolhesse como caráter
para classifica-los o número de dígitos dos apêndices locomotores. Utilizando este
caracter a rã e o cão ficam mais aparentadas estre sí na filogenia, com cinco dígitos em
cada apêndice, do que com o cavalo, com apenas um. O caráter "apêndices com cinco
dígitos" é comum a todos ostetrápodes (anfíbios, répteis, aves e mamíferos), mas foi
perdido nos cavalos, que reduziram seu número de dígitos de cinco para um. De forma
que compartilhar o caracter "apêndices com cinco dígitos" não evidencia que cães e rãs
possuem um ancestral comum mais recente do que cada um deles tem com um cavalo.

Na verdade o cão e o cavalo são mamíferos e possuem um ancestral comum mais


recente do que cada um deles tem com a rã, um anfíbio. Isso ilustra claramente como
um caracter primitivo não é confiável para definir relações filogenéticas dentro de
grupos. Ao contrário das plesiomorfia, as apomorfias são indicadores de relações
filogenéticas confiáveis, por se tratar de características que evoluíram dentro do grupo
de espécies sob estudo, após o ancestral comum.

Por exemplo se no exemplo anterior fosse utilizado Rã, cavalo e peixe, a pata
pentadactila não seria uma condição ancestral, pois não estaria no ancestral comum
aos três grupos. Ela evoluiu dentro do grupo que esta sendo analisado e informa algo
sobre a filogenia. Ela informa que o cão e a rã possuem um ancestral comum mais
recente do que cada um deles tem com o peixe.

Inferindo a "polaridade" de um caracter


Biogeografia e Biodiversidade G0139 69

Uma das dificuldades da análise cladística é identificar qual é efetivamente o estado de


um carácter, ou a sua "polaridade" (se ele é plesiomorfico ou apomorfico). Este impasse
pode ser resolvido de duas formas principais:

Inferindo diretamente, por dados paleontológicos sobre o estado primitivo, ou usando na


análise "um grupo externo" ("outgroup"), um grupo próximo ao grupo estudado, mas
ainda assim claramente distinto dele. Por exemplo; Os amniotas são um grupo
conhecido particularmente por possuirem uma membrana proveniente do ovo,
o âmnion, durante o seu desenvolvimento. Os amniota são um grupo monofilético, ou
seja, todos os elementos do grupo compartilham um ancestral comum. Se um
investigador quisesse saber se a condição oviparidade é acestral ou derivada dentro do
grupo dos amniotas. O métodos do grupo externo o permitiria concluir isto utilizando um
grupo que seja parente próximo dos amniotas, mas não é amniota. Um bom exemplo
seriam as salamandras, rãs e peixes, que são parentes próximos dosamniotas, mas
não são amniotas. Quase todas estas espécies externas ao grupo são ovíparas.Logo, a
conclusão que se obtém utilizando o método do grupo externo é a de que a oviparidade
é ancestral em amniotas.

Os Registro fóssil (ver fig. 21) e a comparação com o grupo externo, não são as únicas
formas de determinar a "polaridade" de um caracter. Existem também várias outras
técnicas, como por exemplo; técnicas que utilizam o desenvolvimento embrionário,
técnicas que utilizam genes parálagos e etc.. mas sem dúvida, estas são as técnicas
mais utilizadas para definir a polaridade de caracteres, atualmente.

Fig. 21 Fóssil em âmbar de um Coleóptero

Fonte: http://pt.wikpwdia.org/wiki/ficheiro:extant-tetrapoda.jpg

Há algumas décadas, a maioria dos filogeneticista, entre eles o próprio Willi Heninge,
Biogeografia e Biodiversidade G0139 70

não acreditavam que fosse possível reunir dados que permitissem concluir
satisfatoriamente que uma espécie extinta fosse, de facto, ancestral. Atualmente, ao
menos alguns autores admitem, que de posse de uma reconstrução filogenética, dados
acumulados sobre fósseis em estratos geológicos e uma reconstrução biogeográfica
dos grupos envolvidos, talvez fosse possível apresentar uma hipótese consistente
indicando que uma determinada espécie extinta seja ancestral de um grupo monofilético
conhecido. Ainda que se admitam hipóteses desse tipo (que seriam refutadas com a
primeira autapomorfia encontrada na espécie extinta),é evidente que são necessários
muitos dados acurados para a elaboração deste tipo de construção. Por outro lado é
importante notar que o acúmulo de informações bastante detalhadas
de fósseis em âmbar do cretáceo e do terciário pode mudar um pouco este quadro.

Várias peças em âmbar permitem verificar não apenas detalhes damorfologia (e,
portanto posicionar estas espécies com mais segurança em filogenias com grupos
recentes), como também dados indiretos de comportamento e da biologia destes
indivíduos (itens alimentares, parasitas, comensais, transporte de larvas em formigas
etc). Isso conferiu um posicionamento filogenético muito mais seguro e causou uma
revolução na paleontologia tradicional.

Critério da objectividade

Uma forma de definir qual é o melhor método de classificação é testando se ele


é objectivo ou não. Uma classificação objetiva é a que representa uma propriedade
natural real e livre de ambiguidades.

A classificação objetiva pode ser comparada com uma classificação subjetiva.


Representada por alguma propriedade escolhida arbitrariamente pelo taxonomista.

Por exemplo, um taxonomista poderia decidir agrupar as espécies de acordo com o dia
da semana que eles as descobri, algumas na segunda, outras na terça e etc... Este é
um exemplo de um critério de classificação subjectivo; ele não possui embasamento
teórico para justificar a sua utilização em vez da de outro. Um critério subjectivo não
apresenta nenhuma propriedade inerente e exclusiva apenas aos indivíduos do grupo.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 71

Nenhuma característica dos indivíduos da segunda-feira, é suficiente para distingui-los


dos indivíduos da terça, quarta, quinta e sexta-feiras. Não há nada nestes indivíduos
que permita a diferentes pessoas racionais, trabalhando de forma independente, chegar
ao mesmo resultado que o taxonomista que as agrupou.

A cladistica tem a vantagem da objectividade. A hierarquia filogenética existe


independente dos métodos que usamos para descobri-la. E é única e inequívoca
quanto á forma. Quando há discordância entre diferentes técnicas para inferir relações
filogenéticas, sempre há uma fonte externa ao qual o sistemata pode recorrer. Se não
for possível para um sistemata descobrir a filogenia de um ou outro grupo com os dados
que ele possui, ainda sim é possível assumir que tal relação exista, mesmo que ele
ainda não a tenha descoberto. Com o uso de sistemas de classificação subjetivos, tal
afirmativa não é verdadeira. Não existe nenhuma hierarquia natural e única, análoga á
hierarquia filogenética.

Sumario

A sistemática filogenética, é uma escola de classificação biológica que


classifica hierarquicamente as espécies em grupos ou táxons baseada no
princípio filogenético, um método evolutivo que classifica todos os seres vivos
baseando-se em suas relações evolutivas.

Segundo os fundamentos da cladística, formulados por Willi Hennig, uma


classificação deve sempre expressar a relação evolutiva das espécies, não
importando se elas são semelhantes ou se diferem drasticamente.

O método hennigiano é explícito e directamente ligado à ideia de que o mundo


natural ordena-se sob uma estrutura hierárquica resultante do processo
evolutivo. Assim, as classificações filogenéticas são sistemas que permitem o
armazenamento da informação biológica levantada para a sua construção e a
recuperação dessa informacao.

Os Principios da claudistica se assenta no facto dos organismos classificarem-


se de acordo com as suas relações evolutivas; o princípio mais importante diz
que todos os táxons de uma filogenia devem ser monofiléticos. Partindo
deste pressuposto os táxons, jamais podem ser inventados, pois correspondem
a entidades históricas que foram, ou ainda precisam ser, descobertas.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 72

O resultado final de uma análise cladística é obtido na forma de árvore


ou cladograma, um dendograma que expressa hipóteses de relações
filogenéticas entre táxons de determinado grupo definido atravez de critério da
objectividade que constitui uma forma de representar uma propriedade natural
real e livre de ambiguidades.

Exercícios

1. Dar o conceito de Claudista.


2. Quais os fundamentos claudistas?
3. Atravez de um exemplo de uma especie cncreta efectue a sua
classificacao.
4. Comente sobre o criterio de objectividade.

Entregar os exercícios: 2 e 3 desta unidade, trabalho com código T- G-


0139
Biogeografia e Biodiversidade G0139 73

Unidade X

Filogenética e sistemática

Introdução

A filogenética faz o estudos dos seres vivoscom o ituido de lhes agrupar


em taxons, que vão depoender da sua historia evolutiva assente no
método claudista e no claudiograma como abordamos na unidade
temática anterior.

Nesta unidade vamos aprofundar mais o tema, trazendo as alassificacoes


feitas com base no método claudista resultando na classificacao
sistemática e filogenetica

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Relacionar a sistemática e a filogenetica


Objectivos  Cracterizar os métodos da sistemática

 Classificar os seres segundo a filogenetica

Classificacao Filogenetica

Classificações filogenéticas pretendem traduzir a posição de cada organismo em


relação aos seus antepassados, bem como as relações genéticas entre os diferentes
organismos atuais; é representada pela Arvore da vida (vide o equema seguinte).
Biogeografia e Biodiversidade G0139 74

Esquema. 3 Exemplo de árvore filogenética, a Árvore filogenética da Vida

Fonte:http://www.portalsaofrancisco.com.br/evolucao-dos-seres-vivos/evidencias-da-evolucao-
3.php

O mundo vivo é constituído por uma enorme variedade de organismos. Para estudar e
compreender tamanha variedade (Biodiversidade), foi necessário agrupar os
organismos de acordo com as suas características comuns, ou seja, classificá-los. A
sede de classificar os seres vivos é partilhada por cientistas e não cientistas. Uma
característica inerente ao ser humano é a tendência de reunir em grupos os objetos ou
seres que apresentam características semelhantes.

Classificações são sistemas de nomes organizados para mostrar as relações entre as


entidades nomeadas. Os nomes derivam seu significado a partir da intenção das
pessoas que estão tentando se comunicar.
Classificações biológicas são usadas para transmitir idéias de relações entre os
organismos. Dessa forma, classificações filogenéticas são classificações biológicas que
atendam o mínimo critério de ser um sistema de nomes que implicam relações que são
logicamente consistentes com a árvore filogenética a referente classificação. Qualquer
classificação filogenética é capaz de informar ao leitor o conhecimento atual sobre as
relações de parentesco entre os membros de um grupo.

Deve-se adoptar uma única classificação que possa servir como sistema geral de
referência. Um sistema classificativo viável tem de compreender uma hierarquia em que
grupos são totalmente integrados dentro de grupos compósitos mais amplos, sem que
Biogeografia e Biodiversidade G0139 75

haja sobreposição.
A espécie humana, por exemplo, é membro da ordem dos primatas, que está contida na
classe dos mamíferos, etc. As classificações filogenéticas se mostram mais úteis para
esses propósitos. Quando se toma apenas uma única característica para fazer uma
classificação, constróem-se táxons que podem não refletir a evolução dos de mais
caracteres. Por outro lado, uma vez que os caracteres se originam dentro da filogênese,
todos os caracteres em princípio podem ser compreendidos com o conhecimento da
filogenia dos grupos.

Algumas Caracteristicas da Classificacao Filogenetica

As diferenças entre classificações filogenéticas dos mesmos organismos podem vir de


duas fontes. Em primeiro lugar, classificações filogenéticas podem ser diferentes
porque eles adoptam convenções diferentes para relações mostrando, por exemplo,
uma classificação que nomeia cada ramo, em comparação com uma classificação que
usa uma convenção listagem. Segundo, eles podem ser diferentes, porque a filogenia
de referência é diferente.

Quando uma espécie se ramifica durante a evolução, geralmente forma duas espécies
descendentes, chamadas espécies irmãs, as quais são classificadas juntas na
classificação filogenética (ou cladística). A hierarquia filogenética existe
independentemente dos métodos que usamos para descobri-la, e é única e inequívoca
quanto a forma.
A principal evidência para relações filogenéticas provém de um tipo especial de
característica, chamadas homologias derivadas. Os caracteres podem ser
distinguidos em homoplasias (caráter compartilhado por duas ou mais espécies que não
estava no ancestral comum a elas) e homologias (caráter compartilhados por duas ou
mais espécies que estava presente no ancestral comum a elas) e estas em homologias
derivadas e ancestrais. Apenas as homologias derivadas indicam relações filogenéticas
e a classificação cladística é baseada em caracteres homólogos derivados, e não em
homoplasias e homologias ancestrais. Uma homologia que está presente no ancestral
comum de todo o grupo de espécies sob estudos é um homologia ancestral. Por outro
lado, uma homologia derivada são características que evoluíram dentro do grupo de
espécies sob estudo, após o ancestral comum e informa-nos algo sobre a filogenia,
Biogeografia e Biodiversidade G0139 76

sendo então evidências confiáveis. A homologia ancestral é inútil para a determinação


de uma relação filogenética dentro do grupo, podendo levar a confusões.

Metodos de Classificacao

Em biologia, são usados principalmente dois métodos para classificar as espécies em


grupos: os métodos fenéticos e os métodos filogenéticos.

No princípio fenético nada é preciso saber sobre evolução para se classificar as


espécies, já que este método agrupa as espécies com base na sua semelhança quanto
a atributos fenéticos observáveis . Esse esquema de classificação depende da análise
de similaridade.

O princípio filogenético, entretanto, como dito acima, é evolutivo. Sendo assim,


apenas as entidades que têm relações evolutivas podem ser classificadas
filogeneticamente. O princípio filogenético classifica as espécies de acordo com a
recentidade com que elas compartilham um ancestral comum. Quanto mais distante for
o ancestral comum a duas espécies, maior será a distância entre as classificações de
seus respectivos agrupamentos.

Historico

No tempo de Aristóteles, um dos primeiros naturalistas a considerar a classificação dos


animais, eram conhecidas cerca de mil espécies, das quais 450 eram animais.

Com os Descobrimentos (século XVII) houve um enorme aumento do número de


espécies conhecidas. A partir daí, com a facilidade de contato, livros, museus, jardins
botânicos, no século XIX já eram conhecidas 1.293.000 espécies e atualmente estima-
se em cerca de 10.000.000, das quais apenas 15% se encontram devidamente
descritas.
A partir de 1920, com a descoberta da teoria da hereditariedade cromossômica, os
microscópios eletrônicos, etc., surge a sistemática, uma nova ciência, que faz a
classificação usando todos os novos dados, não se limitando à morfologia. Sendo
assim, o esforço de denominar e classificar as espécies é chamado sistemática.

Nos anos 60 passou a recorrer-se, também, à bioquímica para determinar as relações


filogenéticas, sendo, atualmente, a genética molecular uma das principais bases da
Biogeografia e Biodiversidade G0139 77

classificação de organismos.

O objetivo principal da moderna taxonomia é produzir um sistema de classificações que


relacione as espécies semelhantes e originárias de um ancestral comum.

O sistema de classificação biológica amplamente usado hoje deriva de um sistema


desenvolvido pelo biólogo sueco Carolus Linnaeus tem sido usado desde meados do
século XVIII.
O sistema de Linnaeus, referido como nomenclatura binomial, permite a cientistas ao
redor do mundo referir de forma não-ambígua aos mesmos organismos pelos mesmos
nomes. Carolus Linnaeus em 1758 publicou “Systema Naturae”, um depósito de
informações e sistema geral de referências. Possuía dois sistemas de classificação: o
Sistema de táxons, onde o agrupamento de táxons era com base em semelhanças
compartilhadas; e o Sistema de categorias que indica o nível hierárquico em que certos
táxons são classificados. Nível hierárquico é uma estrutura sistemática para
classificações biológicas formada por uma sequência de classes (ou conjuntos) em
níveis diferentes, em que cada classe exceto a mais baixa inclui uma ou mais classes
subordinadas.

Foi deixada para o entomologista alemão Willi Hennig para codificar a distinção
fundamental entre monofilético e grupos parafiléticos e, assim, distinguir claramente
entre grupos sociais artificial (aqueles polifilético e parafilético) e natural (aqueles
monofilético). Uma contribuição de imensa importância de Henning foi a elaboração de
um método de reconstrução de parentesco entre espécies e grupos de espécies.
Henning diz que todos os táxons da classificação devem ser monofiléticos e todas as
informações entre grupos-imãos devem estar expressas. A classificação filogenética é
defendida por Hennig.

Antes da Segunda Guerra Mundial, Hennig começou a desenvolver o que viria a ser
conhecido como sistemática filogenética. Hennig absorveu a influência dos
trabalhadores, tais como Haeckel, Zimmerman, e Neaf, e em verdade, ele não foi o
primeiro a defender muitas das idéias que formam agora a base para a abordagem
sistemática.
De acordo com a análise de Richter e Meier (1994) , o monofiletismo estrito era central
Biogeografia e Biodiversidade G0139 78

para Hennig (1950), mas também realizou uma cuidadosa distinção entre apomorfia e
plesiomorfia, enquanto o termo parafilia não foi adotado até um manuscrito de 1960.

Willmann (2003) fornece uma outra análise do histórico contexto das idéias que levaram
à Hennig o desenvolvimento do que hoje conhecemos como sistemática filogenética.
Nem todas as idéias de Hennig desempenham um papel central em como a disciplina é
praticada hoje. Ele, no entanto, delineava um programa coerente de filosofia sistemática
e da investigação e o seu trabalho foi fundamental para o sucesso final da disciplina.
Sua primeira síntese, Grundzüeiner Theorie der Phylogenetischen Systematik,
descreveu os objetivos básicos, e sua posterior em Inglês – Phylogenetic
systematics continha cinco idéias básicas que começou uma grande revolução em
sistemática:

1. As relações que fornecem a coesão dos organismos vivos e extintos são


relacionamentos genealógicos (descendência).

2. Essas relações existem para os indivíduos dentro de populações, populações dentro


espécies e entre espécies próprias.

3. Todos os outros tipos de relações (por exemplo, ecologia, similaridade) têm


relevância máxima quando compreendida dentro do contexto de descendência
genealógica.

4. A descendência genealógica entre as espécies pode ser recuperado procurando


caracteres específicos (inovações evolucionárias, sinapomorfias) que documentam
essas relações. Além disso, nem todas as semelhanças que surgem através
descendência são igualmente aplicáveis a descobrir relações particulares, alguns são
aplicáveis a um nível de investigação, enquanto outros são aplicáveis em diferentes
níveis de investigação.
5. Das muitas maneiras possíveis de sistema de classificação de organismos, a melhor
referência geral é aquele que reflete exatamente as relações genealógicas das
espécies classificadas.

Tipos de Classificacao Filogeneticas

No sistema de classificações filogenéticas todos os táxons devem corresponder a


grupos monofiléticos, ou seja, os taxa contenha um ancestral e todos os descendentes
Biogeografia e Biodiversidade G0139 79

desse ancestral e nenhum outro organismo. Isso confere um significado muito particular
a essas classificações. Quando os táxons são monofiléticos, eles correspondem a
entidades históricas que são descobertas, e não inventadas. A partir daí o sistemata
tem a tarefa de obter cladogramas e se cria um sistema de nomes que reflita a filogenia
em todos os níveis4 .

Há duas maneiras diferentes de representar o conhecimento das relações de


parentesco em classificações filogenéticas: por Subordinação e por Sequenciação.

Fig. 22 Alguns níveis da estrutura hierárquica da classificação usada em biologia

Fonte:http://pt.wikipedia.org/wiki.ficheiro:biological-classification-l-pengo-vflip-pt.svg
Subordinação

Nesse método, grupos de níveis hierárquicos subordinados diferentes possuem


sempre categorias taxonômicas de nível menor que aquela do grupo mais abrangente.
Todos os grupos monofiléticos do cladograma têm um nome próprio e estão
representados na classificação. Além disso, táxons-irmãos possuem a mesma categoria
taxonômica.

A primeira das vantagens do método de subordinação é que todos os táxons do


cladograma recebem um nome próprio. Além disso, ao menos dentro de grupos
sucessivamente inclusivos, as categorias taxonômicas são usadas de maneira
comparável, isto é, grupos irmãos têm a mesma categoria.

A subordinação, por outro lado, tem desvantagens consideráveis.

A primeira delas é que a classificação de grupos muito grandes exige um número


imenso de novas categorias para que todos os níveis da filogenia sejam representados.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 80

A segunda desvantagem é que a descoberta de novos táxons terminais não apenas


gera a necessidade de introduzir também novos táxons inclusivos, como também faz
com que todas as categorias associadas aos táxons subordinados abaixo desse nível
sejam modificadas.

A terceira é que o método resulta em grande número de nomes redundantes.


Finalmente, o método de subordinação não soluciona o problema da ausência de
significado das categorias lineanas, que continuam sendo utilizadas.

Sequenciação

No método de sequenciação, diversamente, alguns grupos monofiléticos que incluem


táxons terminais sucessivos em uma filogenia permanecem sem denominação e ramos
laterais sucessivos são associados à mesma categoria taxonômica. Ou seja, em um
ramo de um cladograma com uma série de eventos, quando há ramos menores (“ramos
laterais”) em níveis sucessivos, cada um dos sucessivos ramos laterais recebem a
mesma categoria taxonômica.

Dentre as vantagens a que se destaca é que com um número relativamente pequeno


de categorias e de nome de táxons, se possa fazer a classificação de grupos muito
grandes. Além desta, se verifica também outras vantagens como: o número de nomes
redundantes é relativamente menor; é possível conservar a maior parte dos nomes e
categorias associadas das classificações tradicionais, o que implica em uma economia
de esforço de memorização de novas classificações; o pequeno número de novas
categorias necessárias; e a introdução de novos ramos em uma filogenia demanda um
número pequeno de alterações em uma classificação por sequenciação pré existente.

Porém, no método de sequenciação também são observadas desvantagens que são


as seguintes:

(1) As categorias taxonômicas continuam não tendo significado evolutivo;

(2) A mesma categoria não é aplicada a grupos-irmãos e, para os táxons de um mesmo


grupo, ela pode ser aplicada a níveis muito distintos;

(3) Sem o uso de outros recursos, um número grande de táxons inclusivos permanece
sem nome nas classificações, criando transtornos para nos referirmos a ele; e

(4) Não é possível, sem lançar mão de artifícios, indicar na classificação que há
Biogeografia e Biodiversidade G0139 81

politomias na filogenia.

Wiley em 1979, sugeriu uma solução para saber quando uma sequência de nomes de
táxons representa ramos laterais sucessivos ou uma politomia, propondo que se
acrescentasse a expressão “sedis mutabilis” ao nome de cada táxon da politomia.
Ambas as classificações são logicamente consistente e totalmente informativas da
árvore, e só existem duas regras para classificação filogenética a ser denominado:

1. Taxa classificados sem qualificação são grupos ou espécies monofiléticos .

2. A classificação deve ser logicamente consistente com a filogenia, e as convenções


adotadas devem revelar as relações genealógicas entre os grupos e espécies
classificados.

A existência de vantagens e desvantagens nos procedimentos de sequenciação e


subordinação não modifica sua função mais importante: os dois procedimentos
preenchem os requisitos fundamentais das classificações filogenéticas, de transmitir ao
leitor o conhecimento da diversidade biológica junto com a informação filogenética.
Considerando as dificuldades envolvidas, talvez as classificações biológicas sejam um
dos mais bem sucedidos sistemas de classificação já produzidos pelos seres humanos.
Muitas das limitações citadas acima não são próprias de classificações filogenéticas,
mas do próprio sistema lineano de categorias.

Limitacoes das classificacoes filogenéticas

Quando se obtém uma filogenia para um grupo, é necessário transformá-la, para fins de
comunicação, em uma classificação que a reflita de modo integral. Este é um dos
pontos mais importantes para a sistemática filogenética e também um dos pontos de
maior disputa entre as escolas de sistemática.

As razões da escolha da filogenia como base da classificação já foram discutidas por


vários autores nos últimos anos, sendo a principal argumentação a de que todos os
tipos de relações entre os organismos podem ser representados e compreendidos por
meio do parentesco, o que justamente a torna capaz de servir como um "sistema geral
de referência". Nenhum outro tipo particular de relação tem esta propriedade.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 82

O sistema hierárquico lineano tem limitações que não permitem que a classificação
expresse por si só, de modo claro, aspectos mais complexos das relações de
parentesco.

Os vários tipos de classificações por subordinação têm sido menos utilizados nos
últimos anos, principalmente por provocarem um incremento muito grande no número
de categorias e de nomes supérfluos, tornando-as de memorização e comunicação
difíceis. A classificação que utiliza os métodos de sequenciação e de subordinação
conjugados tem sido aceita por muitos autores como a mais apropriada para os fins a
que se propõe. Contudo, o próprio método de sequenciação tem limitações que,
adicionadas aquelas intrínsecas ao sistema lineano, precisam ser superadas.

A incorporação de fósseis na classificação, junto com as espécies recentes

Uma das dificuldades na construção de um sistema único de classificação, refletindo


todo o conhecimento disponível sobre a diversidade, são os fósseis. Fósseis
correspondem a organismos que viveram em tempo anterior ao recente e que tiveram
partes preservadas ou deixaram indícios que são identificados atualmente. Esse fósseis
são descritos da mesma forma que os grupos recentes. Propôs-se a utilização do
prefixo "plésion" para fóssil, e "incertae sedis" para a inclusão de grupos (atuais ou
fósseis) de posição incerta dentro da filogenia de um grupo maior. Patterson & Rosen
(1977), foram quem propuseram a utilização do nome incertae sedis, a fim de evitar que
ao incluir um grupo em um táxon maior haja uma distorção nas relações de parentesco
que a classificação filogenética expressa.

Incorporação da espécie ancestral na classificação

A disputa entre as escolas filogenética e evolucionista sobre a viabilidade de


reconhecer o ancestral deixou de ser tão acirrada quanto o foi até o início da década
passada, quando os filogeneticistas rejeitavam a metologia de análise gradista e viam
com extremo pessimismo esta possibilidade.

A discussão que sucedeu esta, sobre como incorporar a espécie ancestral na


classificação, é um indício de que a intransigência inicial deixou de existir, embora
poucos tenham admitido explicitamente este fato. Muitos autores se mostraram cépticos
quanto à possibilidade de classificar espécies ancestrais e recentes conjuntamente.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 83

Contudo Wiley (1979) demonstrou que isso é exequível na subordinação com o uso de
artifícios; este autor, contudo, concordou com Nelson (1974) que o método da
seqüenciação não comporta a inclusão da espécie ancestral. O uso do "grupo + ", é
uma alternativa que permite solucionar este problema.

Incerteza no cladograma quanto à proximidade de três ou mais ramos entre si

Na classificação por seqüenciação três nomes seguidos que correspondam no


cladograma a uma tricotomia podem ser tomados como uma simples seqüência, onde o
primeiro seria o grupo-irmão dos outros dois, a menos que haja uma indicação explícita
(o que não ocorre na subordinação). Wiley propõe que três ou mais táxons de uma
politomia sejam acompanhados de " sedis mutabilis " (como já dito acima) indicando
que qualquer deles poderá, com um estudo mais profundo e com a obtenção de novos
dados, ser identificado como o grupo-irmão do restante. Isto é, que a seqüência
apresentada não corresponde necessariamente à sequência de divisões e é
modificável.

Na classificação por sequenciação um número considerável de grupos


monofiléticos fica sem nome

Quando a sequência dos nomes dos táxons correspondentes aos ramos laterais de
uma filogenia é listada no método da sequenciação, os grupos-irmãos dos sucessivos
ramos laterais- ou grupos inclusivos - ficam sem nome. As vezes, esses grupos não são
de maior relevância. Contudo, numa discussão detalhada da filogenia, analisando cada
nível de universalidade, fica muito difícil referir-se a eles e eventualmente alguns táxons
podem corresponder a grupos de grande importância evolutiva, taxonômica e /ou
biogeográfica: em qualquer caso a ausência de nomes é por muitos motivos
desinteressantes.

Sumario
Classificações filogenéticas pretendem traduzir a posição de cada organismo
em relação aos seus antepassados, bem como as relações genéticas entre os
diferentes organismos actuais; é representada pela Arvore da vida. Para estudar
e compreender tamanha Biodiversidade foi necessário agrupar os organismos de
Biogeografia e Biodiversidade G0139 84

acordo com as suas características comuns, ou seja, classificá-los. Deve-se


adoptar uma única classificação que possa servir como sistema geral de
referência.
A Classificacao Filogenetica caracteriza-se pelaadopcao de convencoes
diferentes para relações e sendo assim podem ter resultados diferentes porque
a filogenia de referência é diferente.
Existem alguns metodos de Classificacao que resumem-se em fenéticos que
depende da análise de similaridade e os métodos filogenéticos que classifica as
espécies de acordo com a recentidade com que elas compartilham um ancestral
comum.
Quanto ao seu histórico teve como percursos o Aristóteles mas que com a
descoberta de mais espécies houve a necessidade de se criar um sistema mais
coeso de classificacao que surge com a moderna taxonomia que produz um
sistema de classificações que relacione as espécies semelhantes e originárias
de um ancestral comum. Hoje, o sistema usado deriva de um sistema
desenvolvido pelo Carolus Linnaeus que se refere a nomenclatura binomial,
onde Willi Hennig da cpontinuidade para codificar a distinção entre monofilético
e grupos parafiléticos e, assim, distinguir claramente entre grupos sociais
artificial e natural.
Assim, ecointramos dois tipos de classificacao Filogeneticas, por
Subordinação e por Sequenciação.

Exercícios

1. Relacionar a sistemática e a filogenetica


2. Cracterizar os métodos da sistemática

3. Identificar as classificações filogenéticas

4. Identificar as caracteristicas da classificacao filogenetica

5. Caracterizar os metodos de classificacao filogenetica

6. Identificar os tipos de Classificacao Filogeneticas

7. Quais as limitacoes das classificacoes filogenéticas

Entregar os exercícios: 2 e 3 desta unidade, trabalho com código T- G-


0139
Biogeografia e Biodiversidade G0139 85

Unidade XI
Teoria da biosfera:
Teoria de Wladimir Vernadsky
Teoria de Gaia

Introdução

A biosfera é a esfera (a parte da terra) onde é possível a ocorrencia de


vida, sendo assim ela possiu os seus mecanismos que possibilitam a
ocorrência da vida independentemente na intervencao humana.

Assim, nesta unidade irá se abordar sobre algumas ideias de alguns


pensadores como Wladimir Vernadsky e Levelock que buscavam
comprender o funcionamento da Biosfera.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Dar o conceito de biosfera;


Objectivos  Descrever a ideia central das teorias da biosfera;

 Diferenciar as duas principais teorias

 Caracterizar as propriedades da biosfera

A teoria da biosfera de Wladimir Vernadsky

E. Suess (1831-1914), geólogo austríaco, inventa a palavra “biosfera” no final do século


XIX. Wladimir Vernadsky (1863-1945), mineralogista russo, pai da ecologia global
holista, define o conceito numa perspectiva mais ampla e complexa. O conceito de
“biosfera” impõe-se a partir de então.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 86

Biosfera - é uma compreensão da vida terrestre concebida como totalidade.

Vernadsky abre uma nova pesquisa: a “geo - química global”, designada como a
química e a história da crosta terrestre. A tradição ângulo - saxónica estava mais
ancorada em conceitos geo - botânicos e Vernadsky introduz uma visão ecológica da
terra. Ele ajudou a fazer da ecologia uma ciência da terra. No início, essa visão ficou
restrita à área russa. Alfred Lotka introduz a “ecologia global” nos Estados Unidos e no
ocidente.

O início dessa perspectiva está na “pedologia” (Bodenkunde em alemão), isto é, a


ciência do solo. Ela mostra a importância das propriedades físicas e químicas do solo e
de sua situação climática. Um autor importante para essa perspectiva foi o especialista
russo em solos, Dokouchaev, com quem Vernadsky trabalhou, estudando o rico solo
da Ucrânia.

Vernadsky é mais de formação mineralogista. A mineralogia, para ele, é o estudo dos


fenómenos químicos que acontecem na crosta terrestre, seguindo processos e
reacções físicas e químicas. Com isso, ele consegue juntar a mineralogia e a
pedologia.

Em 1926, Vernadsky publicou a célebre obra “A biosfera” (republicada em inglês: The


Biosfere, Oracle (Ariz.): Synergetic Press, 1986), cuja intenção era chamar atenção dos
naturalistas, geólogos e sobretudo biólogos da importância do estudo quantitativo da
vida em suas relações indissolúveis com os fenómenos químicos do planeta. A
obra consta de duas partes: I. A biosfera no cosmo; II. O domínio da vida.

Vernadsky define a biosfera, como a região única da casca terrestre, ocupada pela vida,
que não é um fenómeno exterior ou acidental na superfície terrestre. A vida está ligada
por um laço estreito à estrutura da própria crosta terrestre e faz parte de seu
mecanismo...A vida e toda matéria vivente podem ser concebidas como um conjunto
indivisível no mecanismo da biosfera.

A propriedade da vida é sua ubiquidade (está em toda terra), sua fabulosa capacidade
Biogeografia e Biodiversidade G0139 87

de ocupar qualquer espaço livre. Essa difusão e multiplicação da vida são


manifestações terrestres da energia geo - química da vida na biosfera. O antrópodes,
ácaros e térmitas são a massa principal de matéria animal, vivendo sobre a terra; sua
capacidade de reprodução pode em pouco tempo ocupar toda a superfície da biosfera.
O caso das bactérias é ainda mais singular. A sua energia geo - química manifesta-se
pela rapidez de sua difusão e multiplicação. Multiplicam-se em progressão geométrica.
Mas a vida como um todo multiplica-se nas dimensões finitas do planeta e nos limites
impostos por sua constituição e seu ambiente.

Vernadsky vê a biosfera como um mecanismo cósmico harmonioso, desprovido de azar


ou de acaso. Biosfera é o domínio da crosta terrestre, ocupada por transformadores que
mudam as radiações cósmicas em energia terrestre activa. Essas transformações
acompanham a migração de todos elementos químicos através da matéria vivente e
sua emigração para fora dela.

Os elementos da biosfera distribuem-se em três grupos:


1) A matéria vivente é o conjunto das espécies vivas (99 % são autotróficas e 1% são
heterotróficas).
2) A matérias biógena que compreende os combustíveis fósseis, a turfa dos pântanos,
o húmus proveniente da matéria viva.
3) A matéria bioinerte que são a água, as rochas sedimentares e a parte baixa da
atmosfera indissociáveis da história da vida.

Vernadsky já apontava, naquele tempo, para o papel protector da “camada de ozónio”.


Ela serve de limite superior da biosfera. O oxigénio forma-se na biosfera por processos
bio - químicos que desaparecerão com a extinção da vida. Vernadsky defende que esse
mecanismo é inalterável em todas as eras geológicas. Ele resume as leis que regem
esses processos em dois princípios:

1) A migração biógena dos elementos químicos na biosfera tende à sua manifestação


mais completa.
2) A evolução das espécies, atingindo a criação de novas formas vitais estáveis, deve
mover-se no sentido do aumento da migração biógena dos átomos na biosfera. Por
exemplo, no início da era paleozóica houve uma aceleração da migração biógena do
cálcio para a emergência dos vertebrados. Assim, o surgimento da vegetação terrestre
Biogeografia e Biodiversidade G0139 88

significou a migração do oxigénio, hidrogénio e carbono.

A irrupção do homem civilizado significou uma ruptura no processo de migração


biógena. A face da terra mudou substancialmente. A era dessa transformação apenas
começou. O surgimento do ser humano foi sendo preparado por todas as eras
anteriores. O ser humano está ligado ao bloco da vida junto com todos os seres vivos.
Está ligado a esse bloco pela nutrição. Toda construção social é movida por essa
necessidade. O ser humano é um animal heterotrófico cuja acção geológica tornou-se
imensa no curso do tempo. Com o surgimento da agricultura a natureza virgem foi
aniquilada. Introduziram-se novos compostos químicos desconhecidos e novas formas
de vida. Isso cria uma situação inquietante, agravada pela distribuição injusta das
riquezas.

Vernadsky prega uma mudança nas formas de alimentação e na utilização das fontes
de energia por parte do ser humano. A realização dessa utopia social é de grande
urgência. Ele prega a utilização da energia solar e a transformação do ser humano em
animal autotrófico, consumindo apenas sínteses alimentares. Isso terá repercussões
imensas. Será a expressão de um processo que dura milhões anos. Para Vernadsky,
essa nova utopia será possível pela ciência.

A teoria da Biosfera de Gaia

Lovelock, químico, médico e inventor, é uma figura bizarra e carismática. Adorado por
muitos ambientalistas, é também um defensor tenaz do uso da energia nuclear, que
considera “verde”. Tomado como exemplo por muitos grupos New Age, sempre teve
uma postura marcadamente materialista. Ele se define um “cientista independente”.
Trabalhou décadas em sua mansão - laboratório, na Inglaterra, como uma espécie de
pesquisador freelancer, prestando consultorias para institutos de pesquisa científico-
tecnológica de diversos países. Mais de trinta anos atrás, integrando uma equipe da
NASA que projectava detectores para a busca de vida extra-terrestre, formulou a ideia
que iria transformá-lo em um dos mais contestados e famosos cientistas de sua
geração.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 89

Gaia quer ser um conceito ainda mais amplo que biosfera, importante para
compreender o destino da terra como planeta vivente. A terra é entendida como uma
gigantesca máquina termo - química. A proposta explicativa de James Lovelock está
principalmente em duas de suas obras: Gaia: New Look at Life on Earth (New York:
Oxford University Press, 1979) e The Ages of Gaia (New York: Norton, 1988). Essa
última obra está traduzida ao português: As eras de Gaia: A biografia da nossa terra
viva (S. Paulo: Campus, 1991).

A hipótese “gaia” de james lovelock


Desenvolvida ao longo da década de 1960 por Lovelock e pela bióloga Lynn Margulis,
Gaia deriva seu nome do grego “Gaea”, divindade grega que representava a Terra e
prefixo que também dá o nome à disciplina da geologia, por exemplo. A hipótese afirma
que os seres vivos, além de se adaptarem ao meio ambiente (graças às mutações e à
selecção darwiniana), também podem modificar alguns aspectos do mundo não vivo,
como temperatura, composição química da atmosfera, estrutura dos solos. Nesta
formulação cautelosa, a teoria é hoje aceita pela maioria dos cientistas. Mas Gaia
afirma também que a biosfera (o conjunto dos ecossistemas) e a geosfera (solos,
atmosfera, oceanos e.t.c) são interligados e evoluem de forma conjunta, por meio de
complexos sistemas de retroalimentação. O conjunto da geo - biosfera agiria como um
sistema capaz de se auto-organizar de maneira de manter as condições melhores para
existência da vida. “Como se a Terra”, diz Lovelock, “fosse um único, grande
organismo vivo”. A afirmação causou assombro e polémica, vide figura seguinte.
Figura 21. Representacao de gaia

Fonte:http://bp.blogspot.com/gaia.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 90

“A linguagem dos primeiros trabalhos nos quais Lovelock apresentava a hipótese era
poética, romântica, mas pouco rigorosa”, comenta Marina de Lima Tavares, doutoranda
em educação da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). “Essas descrições da
Terra como sendo ‘viva’, como um organismo, foram mal explicadas e causaram mal
entendidos na comunidade científica”.

Tavares, que trabalha sobre a hipótese há vários anos e integra um grupo de pesquisa
da Universidade Federal da Bahia (UFBA) sobre história, filosofia e ensino das ciências
biológicas, afirma que o próprio Lovelock admitiu os defeitos em suas formulações
iniciais e, nos anos seguintes, refinou e reformulou sua teoria, com a ajuda de Margulis.
“A biosfera não foi mais descrita como responsável, sozinha, por manter activamente a
homeostase do planeta, mas como interagindo com factores geológicos e geoquímicos.
Isso trouxe maior credibilidade à ideia”.

Para exemplificar e testar sua hipótese, Lovelock e seus colaboradores desenvolveram


um modelo matemático que mostrava como podem funcionar tais mecanismos de
retroalimentação. Criaram um mundo virtual, muito simplificado, que chamaram de
Daisyworld, ‘mundo das margaridas’. Era um planeta habitado por duas espécies de
flores, uma branca e uma escura.

A simulação de Daisyworld no computador mostrou que esse ecossistema simples


podia funcionar como um termostato, mantendo a temperatura do planeta dentro de
limites aceitáveis para a vida. Quando o Sol emite pouco calor, a selecção natural
favorece as margaridas escuras, que absorvem melhor a radiação e ficam mais
quentes. Mas quando o Sol emite mais energia, as margaridas brancas são favorecidas.

A competição entre as duas espécies ajuda o planeta a se manter em equilíbrio


(homeostase): quando a temperatura aumenta, o grande número de margaridas
brancas reflecte a luz do sol e contribui para resfriar o planeta, enquanto quando
a temperatura desce demais as margaridas escuras predominam e, absorvendo
mais luz, contribuem para o aquecimento do planeta.

Obviamente, na Terra os mecanismos de retroalimentação são muito mais complexos,


Biogeografia e Biodiversidade G0139 91

mas funcionam de maneira parecida. Por exemplo, quando o nível de dióxido de


carbono aumenta na atmosfera, as plantas tendem a crescer mais, absorvendo em seu
corpo o carbono em excesso e contribuindo em manter o clima e a composição da
atmosfera em certos limites estáveis.

A Terra, em certa medida, pode reagir às mudanças se auto-regulando. “O modelo das


margaridas”, comenta Tavares, “mostrou quanto a biosfera pode ser importante na
dinâmica global de um planeta. Isso é muito mais importante de que afirmar que ‘a
Terra é viva’. Lovelock não foi o primeiro em formular essa ideia, mas enfatizou a
importância de ver como os seres vivos não somente se adaptam mas também
modificam as condições do planeta. O ponto de força de Gaia é justamente apontar
para esta interacção, pouco analisada, entre os solos, os oceanos e a biosfera por meio
de sistemas cibernéticos de retroalimentação. Muito mais importante do que definir a
Terra como 'viva' ou não viva é tentar analisar os mecanismos que contribuem em auto-
regular a composição química da atmosfera e o clima do planeta”.

Para Carlos José Esteves Gondim, professor da Universidade Federal Rural da


Amazónia (UFRA) e presidente do Grupo de Acção Ecológica Novos Curupiras, não é à
toa que tais ideias foram desenvolvidas no início da década de 1970, quando a reflexão
sobre equilíbrio ambiental estava se tornando mais e mais importante. “É bom lembrar”,
comenta o pesquisador e ambientalista, “que foi em 1972 a primeira Conferência
Mundial de Meio Ambiente, em Estocolmo: certamente uma das primeiras visões do
ambiente global. Um pouco antes, foi lançado o famoso livro Limites do Crescimento,
por cientistas Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), sinalizando também que
os recursos naturais são limitados”.

No trabalho de geólogos e climatologistas, Lovelock buscou indícios de provas


empíricas para sua hipótese. Algumas algas oceânicas que compõem o fitoplâncton,
por exemplo, produzem substâncias gasosas (como o sulfeto de dimetila, ou DMS) que
podem interferir na formação das nuvens. As algas têm uma dinâmica parecida com as
margaridas imaginadas no Daisyworld.

De acordo com Lovelock, quando há poucas algas no oceano, pouco DMS é emitido na
Biogeografia e Biodiversidade G0139 92

atmosfera e a formação de nuvens é menor. Isso provoca uma elevada irradiação do


Sol na superfície do mar, o que causa aquecimento e também favorece o crescimento
das algas. Mas quando as algas aumentam, também aumenta a emissão do DMS e
aumenta a cobertura de nuvens que reflectem a luz solar, causando uma diminuição da
temperatura. Chegando menos irradiação na superfície do oceano, também as algas
diminuem, criando assim um sistema de auto-regulação que talvez possa contribuir
para estabilizar ao mesmo tempo o clima e a quantidade de algas.

Esses indícios, porém, não convenceram todos os cientistas a considerar Gaia mais do
que uma metáfora bizarra. Para muitos biólogos, não há dúvida de que os seres vivos,
além de se adaptar ao meio ambiente a seu redor, podem modificá-lo. Mas isso não
significa que a Terra evolua como um todo ou que possa ter mecanismos de auto-
regulação efectivos.

A crítica não foi direccionada somente à metáfora poética de uma Terra vista como
hiper-organismo, mas também ao conteúdo específico da hipótese Gaia.
Particularmente, a ideia de que a vida buscaria condições adequadas por seu próprio
desenvolvimento foi considerada fascinante mas pouco baseada em fatos e nos dados
empíricos. Richard Dawkins, por exemplo, célebre pelos usos que fez em seus livros da
metáfora dos genes “egoístas”, odiou a metáfora do colega freelancer. Como é
possível, perguntou, que um sistema complexo, feito de milhões de espécies diferentes,
busque construir e manter condições "adequadas" para a vida? Existem tais condições,
sendo que cada organismo luta sozinho para sua adaptação e precisa de clima e
recursos diferentes? Pode existir altruísmo na evolução darwiniana?

Os opositores de Gaia acham que não existe algo como um “bem comum” na natureza,
explica Tavares, “e que então é muito difícil imaginar a existência de sistemas de auto-
regulação do clima ou da composição química de partes da geosfera. Não existiriam, de
acordo com eles, condições comuns favoráveis à vida como um todo”, comenta
Tavares.

No entretanto, se a hipótese Gaia encontrou grandes dificuldades para se tornar uma


teoria científica, seu poder como metáfora inspiradora ou como símbolo de uma visão
Biogeografia e Biodiversidade G0139 93

orgânica e não reducionista de nosso planeta foi, sem dúvida, extraordinário. A ideia de
que a Terra pode buscar seus próprios equilíbrios, mas que também pode adoecer, foi
aproveitada por muitos ambientalistas para advogar políticas sérias de desenvolvimento
sustentável. E, de acordo com alguns, na didáctica da ciência e na educação ambiental
Gaia pode ser um instrumento útil para imaginar as relações complexas que ligam seres
vivos e sistemas não vivos em nosso planeta.

Para Gondim, Gaia, nesse sentido, não pode ser considerada uma moda passageira.
Muito pelo contrário, essa visão orgânica da Terra está sendo incorporada à teoria
ecológica por muitos pesquisadores, pode ajudar em explicar fenómenos anormais
como secas em latitudes húmidas ou tempestades de gelo nas estações de verão
europeu e também é de auxílio para quem como ele, trabalha com pesquisa - acção na
área ambiental. “É um conceito de interferência no ambiente em que a geração de
conhecimento segue junto com a sua imediata aplicação”, comenta.

“Assim, minhas ideias estão embasadas num olhar acurado e permanente do ambiente
ao redor, perto ou longe. A grande força de Gaia está no retorno do pensar inteiro, na
fuga deliberada da especialização, da compartimentalização do universo”. Além disso,
continua o ambientalista, a ideia da Terra como um ser vivo provoca nas pessoas a
consciência sobre o ambiente.

Tem uma frase ambientalista, cunhada tempos atrás, que diz “Pensar globalmente, agir
localmente”. Esse pensar inteiro, global, remete para o organismo vivo Gaia. E isso é
sensibilização ambiental, é educação ambiental, ou, melhor educação sócio - ambiental.

Para Tavares, pode ser prematuro afirmar cientificamente que “a Terra é viva”, mas ao
mesmo tempo, algumas metáforas de Lovelock podem ser úteis na didáctica.

A fala do Lovelock é muito poética, o que facilitou a popularização de sua teoria mas, ao
mesmo tempo, dificultou sua análise séria por parte da comunidade científica. No
entretanto, com relação ao ensino da biologia, conclui a pesquisadora, “Gaia tem muito
a contribuir. Por exemplo, para explicar os ciclos bio - geo - químicos. Lovelock trabalha
contra a fragmentação disciplinar. Na sala de aula, sua hipótese pode ajudar em
Biogeografia e Biodiversidade G0139 94

mostrar a importância de uma visão mais geral e de uma abordagem interdisciplinar no


estudo do planeta”.

A hipótese de Lovelock é uma proposta original de uma auto-regulação da terra e da


vida que ela carrega. O conjunto da terra e da vida formam um sistema que tem a
faculdade de manter a superfície terrestre num estado propício para prossecução da
vida na terra. Lovelock afirma que a “terra é um ser vivente”. Ele foi buscar na mitologia
grega o nome da deusa Gaia, para designar essa entidade viva. A sua hipótese não é
mitologia, mas ciência. Como climatologista, Lovelock chegou a essa teoria a partir dos
seus estudos científicos sobre os diferentes climas da terra.

A afirmação central é que a própria vida contribui para conservar as condições para a
vida no planeta terra. Ela interage constantemente com o meio – ambiente físico-
químico, formando com ele um ser vivente. Gaia é uma entidade complexa,
compreendendo a biosfera terrestre, os oceanos e a terra. O conjunto forma um sistema
cibernético de feedback, que procura o ambiente físico e químico óptimo para a vida
sobre o planeta. A preservação das condições relativamente constantes para um
controle activo da vida pode ser descrita pelo termo homeostasia.

A teoria de Gaia é uma alternativa à sabedoria convencional que vê a terra como um


planeta morto, feito de rochas, oceanos e atmosfera inanimados e meramente habitado
pela vida. Ao contrário, a terra é um verdadeiro sistema, abrangendo toda a vida e todo
seu meio ambiente, estreitamente acoplados de modo a formar uma entidade auto-
reguladora.

Na primeira obra, Lovelock fala de “biota”, como conjunto da vida terrestre, e biosfera,
como o conjunto do ambiente da vida. Gaia é mais extenso que biosfera, entendida
como parte do planeta onde existe vida, porque inclui a totalidade da atmosfera, rochas
e oceano.

Para Lovelock, a terra e a vida que ela carrega são um sistema que possui a faculdade
de regular sua temperatura e a composição de sua superfície, mantendo-os propícios à
existência de seres vivos.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 95

Trata-se de um processo activo, tributário, sem contrapartida, da radiação solar. Gaia é


um sistema auto-organizado e auto-regulado no qual a vida microbiana joga um papel
fundamental. As miríades de micro - organismos que povoam toda a crosta terrestre
são os principais responsáveis pelas condições favoráveis à vida. Eles regulam a
temperatura e a composição da atmosfera da terra, a salinidade dos mares, as
condições do solo. As pesquisas da microbiologista Lynn Margulis ajudaram ao
climatologista Lovelock entender e fundamentar a sua teoria.

A hipótese Gaia suscita interesse, mas também objecções principalmente por assinalar
uma teleologia à terra, dando ao mundo uma capacidade de previsão e um sentido de
projecto do qual não existe prova. A essa objecção, Lovelock responde que ela esquece
algumas observações tangíveis: o fato da crosta terrestre, os oceanos e o ar não
serem dados brutos. Eles são directamente produzidos pelos seres vivos ou
modificados por sua presença. Para responder aos seus objectores, Lovelock cria um
modelo de explicação, comprovado em computador: a "parábola das flores margaridas".

Ele imagina um planeta floral, habitado por duas espécies de margaridas, uma clara e a
outra escura, cujo ambiente é reduzido apenas à uma variável, a temperatura. Debaixo
de 5º e acima de 40º, elas não sobrevivem. O planeta floreal é clareado por uma estrela
cuja luminosidade aumenta com a idade como no caso do sol. Na baixa temperatura, as
margaridas escuras são favorecidas e absorvem mais radiação e crescem. Assim elas
aumentam e fazem subir a temperatura localmente e depois regionalmente. Isso abre
espaço para que apareçam as margaridas brancas, enquanto que as negras emigram
para regiões mais frias, levando igualmente a um processo de aquecimento e assim
sucessivamente. Trata-se de uma retroacção positiva.

Com esse modelo, Lovelock quer explicar a possibilidade de regulação do ambiente por
uma biocenose. Ele coloca-se a pergunta: Será que a evolução do ecossistema do
“planeta das margaridas” levaria a auto-regulação do clima? Essa parábola introduz
uma novidade na ecologia, a retroacção, que permite internalizar variáveis do ambiente.
Essas variáveis são susceptíveis de modificação pelo comportamento da biocenose.
Esses mecanismos auto - reguladores são típicos da teoria dos sistemas e da
cibernética. Nesse sentido não existe uma determinação teleológica.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 96

Para Lovelock, a hipótese gaia introduz um conceito de terra no qual:


1) A vida é um fenómeno planetário;
2) Não pode existir uma ocupação parcial dum planeta por organismos vivos;
3) A visão de Darwin é modificada, porque é necessário acrescentar que o organismo
afecta seu ambiente;
4) Tomando as espécies e seu ambiente físico num conjunto único, podemos construir
modelos ecológicos que são matematicamente estáveis.
Outro ponto controverso da teoria de Lovelock é o mecanismo de estabilização do teor
atmosférico de oxigénio ao redor de 21%. Desde que existe vida na terra esse teor
permaneceu estável, porque acima de 25% provocaria incêndios, eliminando a vida, e
abaixo de 15%, a asfixia dos seres vivos aeróbicos. Existe, segundo Lovelock, uma
auto-regulação homeostática da própria vida no planeta que possibilita essa taxa
permanente.

Propriedades da Biosfera
Auto reguladora
A Biosfera naturalmente regula o fluxo de energia que entra e que sai na relação dentre
os organismos existem níveis médios envolta dos quais a variação deste ronda.

Auto depuradora (recicladora, purificadora)

A Biosfera recente a influencia dos factores externos podendo ganhar características


alheias a fisionomia original dos organismos, nas relações que estes organismos têm
com tempo elas conseguem voltar a retomar as características originais.

É flexível e complexa
Os organismos que compõem a biosfera relacionam-se entre si num sistema complexo,
a modificação ou eliminação de um destes organismos implica reacções imediatas da
biosfera no seu todo.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 97

Sumario
A teoria da biosfera de Wladimir Vernadsk
Vernadsky, pai da ecologia global holista, define o conceito numa perspectiva mais
ampla e complexa, abre uma nova pesquisa: a “geo - química global”. Em 1926,
Vernadsky publicou a obra “A biosfera” cuja intenção era chamar atenção dos
naturalistas, geólogos e sobretudo biólogos da importância do estudo quantitativo da vida
em suas relações indissolúveis com os fenómenos químicos do planeta.

Vernadsky define a biosfera, como a região única da casca terrestre, ocupada pela vida,
que não é um fenómeno exterior ou acidental na superfície terrestre. A propriedade da
vida é sua ubiquidade, sua capacidade de ocupar qualquer espaço livre. Ele vê a
biosfera como um mecanismo cósmico harmonioso.

Para vernadsk os elementos da biosfera distribuem-se em três grupos: a matéria vivente,


a matéria e a matéria bioinerte. E funcionam nem processo de migração biógena dos
elementos químicos e a evolução das espécies e propunha a mudança nas formas de
alimentação e na utilização das fontes de energia por parte do ser humano como forma a
minimizar o impacto antropico no meio ambiente.
A teoria da Biosfera de Gaia

James Lovelock, propunha o termo Gaia como mais amplo que biosfera para
compreender a terra como planeta vivente. A terra é entendida como uma gigantesca
máquina termo - química

A hipótese afirma que os seres vivos, além de se adaptarem ao meio ambiente também
podem modificar alguns aspectos do mundo não vivo.

Gaia afirma também que a biosfera e a geosfera são interligadas e evoluem de forma
conjunta, por meio de complexos sistemas de retroalimentação. O conjunto da geo -
biosfera agiria como um sistema capaz de se auto-organizar de maneira de manter as
condições melhores para existência da vida. “Como se a Terra”, diz Lovelock, “fosse um
único, grande organismo vivo”.

Se a hipótese Gaia encontrou grandes dificuldades para se tornar uma teoria científica,
seu poder como metáfora inspiradora ou como símbolo de uma visão orgânica e não
reducionista de nosso planeta foi extraordinário. A ideia de que a Terra pode buscar seus
próprios equilíbrios, mas que também pode adoecer, foi aproveitada por muitos
ambientalistas para advogar políticas sérias de desenvolvimento sustentável.

Assim, com base nas ideias das terios anteriores conclui-se que a biosfera apresenta
propriedades como a auto regulacao, flexibilidade e complexidade e auto depuracao.

Exercícios

1. Defina biosfera.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 98

2. Descreva a ideia central de cada uma das teorias da biosfera.


3. Diferencie as duas principais teorias.
4. Porque é que a ideia da teoria de gaia em um dado momento cria
assombro.
5. Caracterize as propriedades da biosfera

Entregar os exercícios: 2 e 3 desta unidade, trabalho com código T- G-


0139
Biogeografia e Biodiversidade G0139 99

Unidade XII

Ecozona
Caracteristicas dos ecozonas
A classificação de Wallace
O WWF biogeográfica reinos
Os agrupamentos de ecozonas

Introdução

Na presente unidade irá se abordar sobre as Ecozona, zonas ecologicas


mundias que surgiram no evoluir do planeta, onde cada regiao vai
adquirindo caracteristias proprias de acordo com as condicoes ecologicas
da mesma, sendo assim, ira-se dar uma visao global das ecozones, ira se
trazer algumas classificaoes das ecozones segundo diferentes autores
analisando as suas diferencas e semelhancas.
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir ecozona
 Caracterizar as ecozonas
 Diferencias as ecozonas
 Classificar as ecozonas segundo os diferentes autores

Ecozona

Objectivos Uma ecozona ou ecozone é a maior divisão de escala da superfície da Terra com base
na evolução histórica e padrões de distribuição de plantas e animais.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 100

Os ecozones representar grandes áreas da superfície da Terra, onde as plantas e os


animais desenvolveram em relativo isolamento por longos períodos e foram fisicamente
separados uns dos outros por certas características geológicas, tais como oceanos,
vastos desertos, montanhas ou serras, que formavam barreiras à migração de plantas e
animais. Os ecozones correspondem a reinos florais de botânica e zoologia regiões
zoogeográficas de mamíferos.

Caracteristicas dos Ecozones


Os ecozones são caracterizados pela história evolutiva das plantas e animais que contêm.
Como tal, eles são distintos de bioma, também conhecido como os principais tipos de
habitats, que são divisões da superfície do solo realizados sobre a base do estilo de vida,
ou uma adaptação das plantas e dos animais às condições clima, solo e outras condições.
Bioma semelhante caracterizada por vegetação clímax.

Cada ecozone pode incluir um número de diferentes biomas. A floresta tropical na


América Central, por exemplo, pode ser semelhante a um na Nova Guiné em estrutura e
tipo de vegetação, clima, solos, etc., Mas essas florestas são habitadas por animais e
plantas com diferentes histórias evolutivas.
Os padrões de distribuição de plantas e animais nas ecozones do mundo foram formados
pelo processo de placas tectônicas, que redistribuiu as massas da superfície da Terra,
como a história geológica.

Ecozone o termo, como usado aqui, é um desenvolvimento relativamente recente, e


outros termos, incluindo reino, domínio e região, são usados por outras autoridades para
designar o mesmo significado. Em algumas obras mais antigas usam o continente prazo,
levando à confusão com os continentes geográficas/geológicas. J. Schultz usa o termo
"ecozone" para se referir ao seu sistema de classificação de bioma.

Esse sistema de classificação biogeográfica e ecológica da área de terra foi proposto por
Miklos Udvardy em 1975, com base em classificações anteriores de Sclater e Wallace,
com a finalidade de auxiliar na preservação do meio ambiente. Ecozones sistema mais
utilizado hoje é o desenvolvido pelo WWF. Discutimos se os biomas são mais adequados
para esta finalidade.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 101

Classificao de Wallace

Em 1872, Alfred Russel Wallace Inglês como zoógrafo de renome, naturalista, explorador,
geógrafo, antropólogo e biólogo, a pedido de muitos amigos, incluindo Darwin, Philip
Sclater, e Alfred Newton começaram a investigação para uma revisão geral da distribuição
geográfica animal.

Ele foi incapaz de avançar em primeiro lugar, porque os sistemas de classificação de


muitos tipos de animais alterados com frequência. Wallace voltou a trabalhar a sério em
1874, após a publicação de muitas novas obras na classificação. Estendendo o sistema
desenvolvido por aves Sclater que dividem a Terra em seis regiões geográficas distintas
para descrever a distribuição das espécies que cobrem mamíferos, répteis e insetos,
Wallace criou a base para as regiões zoogeográficas ainda em uso hoje. Em seguida,
analisados todos os factores conhecidos que poderiam influenciar a distribuição
geográfica atual e passado de animais em cada região geográfica, incluindo os efeitos do
aparecimento e desaparecimento de pontes de terra e também os efeitos de períodos de
aumento da glaciação.

Ele forneceu mapas que mostram estes factores, tais como a elevação das montanhas,
nas profundezas dos oceanos e do caráter da vegetação regionais, afetando a distribuição
dos animais. Também catalogado todas as famílias conhecidas e gêneros listados
animais superiores e distribuição geográfica conhecida. O texto está organizado de modo
que era fácil para um viajante saber o que os animais estão em um determinado local. O
resultado deste trabalho foi publicado em dois volumes em 1876 sob o título de A
distribuição geográfica dos animais, e servem como o texto definitivo sobre a zoogeografia
dos próximos 80 anos.

Em 1880, Wallace publicou o livro como uma continuação de seu trabalho anterior, Island
Life estudar a distribuição de espécies animais e vegetais nas ilhas.

Wallace classifica as ilhas em três tipos diferentes:


Primeiro, as ilhas oceânicas, como as Ilhas Galápagos e Havaí formou metade dos
oceanos e nunca tinha sido parte de um grande continente. Estas ilhas são caracterizadas
Biogeografia e Biodiversidade G0139 102

por uma total falta de mamíferos terrestres e anfíbios, e seus habitantes são geralmente o
resultado acidental da colonização e evolução.

Wallace dividiu as restantes ilhas, que ele chamou continental, em duas classes com
base na sua ligação a um continente mais ou menos recentemente e discutimos como
essa diferença afetou a flora e fauna. Ele falou sobre como o isolamento afecta o
desenvolvimento e como isso pode levar para a preservação de algumas espécies de
animais, tais como lêmures em Madagascar, que são os restos de uma fauna continental,
uma muito difundida. Estudada em detalhe como as mudanças climáticas, incluindo os
períodos de maior glaciação, pode ter afetado a distribuição da flora e fauna nas ilhas, e
na primeira parte do livro discute as possíveis causas destas grandes épocas da gelo.

A classificação de Wallace permite a distinção de seis grandes regiões separadas por


barreiras naturais:
Complexo paleotropical
Região Afrotropical, com duas sub-regiões:
África sub-saariana e Madagascar
Indomalaya
Complexo australiano, dividido em duas grandes regiões:
Australasia
Região Oceânica
Holartic complexo, composto de duas regiões:
Paleártico
Região Nearctic
Região Neotropical
Antarctic Região
Biogeografia e Biodiversidade G0139 103

Fig. 22 Reinos floristico

Fonte:http://upload.wikimedia.org/wikipedia/Florenreiche.jpg

O WWF Biogeografica Reinos


Uma equipe de biólogos convocada pelo World Wildlife Fund (WWF) desenvolveu um
sistema de oito reinos biogeográficos como parte de seu projecto para definir o
ecossistema da Terra, com base na análise da biodiversidade regional, realizado pela
WWF, e que lhes permitiu fazer lista Global 200, o conjunto de ecorregiões prioritárias
para a conservação.

Estes ecozonas reinos biogeográficos ou confiar demais em domínios biogeográficos de


Pielou e Udvardy. O esquema WWF é mais ou menos semelhante ao sistema Udvardy, a
principal diferença é o layout da Australasia ecozone em relação à Antártica, Oceanic e
Indomalaya.

No sistema do WWF, o Australasia ecozona inclui a Austrália, Tasmânia, as ilhas de


Wallacea, Nova Guiné, a leste ilhas da Melanésia, Nova Caledônia e Nova Zelândia.
O Udvardy Austrália reino inclui apenas Austrália e Tasmânia e lugares do reino
Indomalaya Wallacea, Nova Guiné, Nova Caledónia e Melanésia leste do reino Oceanic e
Nova Zelândia no reino da Antártida.
A classificação WWF também é usada no contexto de lugares declarados Patrimônio da
Humanidade.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 104

WWF mais esquema ecozonas divide em 867 biomas, definido como uma área de terra
ou água contendo um conjunto geograficamente distinto de comunidades naturais que
compartilham a grande maioria das suas espécies e dinâmicas ecológicas, compartilhar
condições ambientais semelhantes e ecológicamante interagir tão crucial para a sua
sobrevivência a longo prazo.

Agrupamentos de ecozonas
O máximo de clustering impérios fauna ecozonas permite distinção de grandes áreas
biogeográficas para as várias eras glaciais e separações continentais. Ele define três
impérios da vida selvagem:
Arctogea ou Megagea, regiões agrupamento holártica, Afrotropical e Indo-Malaio.
Neogea equivalente à região Neotropical.
Notogea, constituída pelas regiões australianas, oceânico e da Antártida.

Sumário

Uma ecozona ou ecozone é a maior divisão de escala da superfície da Terra com base
na evolução histórica e padrões de distribuição de plantas e animais. Elas representam
grandes áreas da superfície da Terra, onde as plantas e os animais desenvolveram um
relativo isolamen to por longos períodos e foram fisicamente separados uns dos outros
por certas características geológicas. Cada ecozona pode incluir um número de
diferentes biomas

Wallace nos seus estudos da biodiveridade classifica as grandes regioes separadas por
barreiras naturais em: Complexo paleotropical composto pela Região Afrotropical, com
duas sub-regiões (África sub-saariana e Madagascar), Indomalaya; Complexo
australiano, dividido em duas grandes regiões (Australasia e a Região Oceânica);
Holartic complexo, composto de duas regiões (Paleártico e Região Nearctic); Região
Neotropical e Antarctic Região.

O WWF tambem elabora uma pesquisa em que faz a sua divisao das ecozonas
tendo desenvolvido um sistema de oito reinos biogeográficos. Alem destes
encontramos alguns agrupamentos de ecozonas que se resumem em tres:
Arctogea ou Megagea, Notogea e Neogea.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 105

Exercícios

1. Definir ecozona
2. Caracterizar as ecozonas
3. Diferencias as ecozonas
4. Classificar as ecozonas segundo Wallace e WWF

Entregar os exercícios: 2 desta unidade, trabalho com código T- G- 0139


Biogeografia e Biodiversidade G0139 106

Unidade XIII
As classificações Biogeográficas
As regiões biogeográficas
As regiões fitogeográficas

Introdução

As grandes regios biogeograficas correspondem aos grandes biomas da


superficie terrestre, é sob re estas regioes que a seguir nos propomos em
abordar, regioes estas que marcam a grande diverisdade de vida
existente no nosso planeta.

Cada uma destas regioes apresntam caracteristicas proprias relacionadas


a factores do meio que iremos mencionar.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir fitogeografia;
 Caracterizar as divisoes da fitogeografia;
Objectivos
 Descrever os metodos da fotogeografia.
 Identificar as principais regioes fitogeograficas do mundo e de Mocambique

Fitogeografia, corologia ou geobotânica é uma disciplina multidisciplinar que


versa sobre a distribuição geográfica dos vegetais e de comunidades nas diversas
regiões do globo conforme as zonas climáticas e factores que possibilitam a sua
adaptação, principalmente factores do meio físico.

A fitogeografia pode ser dividida em:

Fitogeografia florística que estuda a distribuição de um táxon específico em função


Biogeografia e Biodiversidade G0139 107

de sua história evolutiva e;

Fitogeografia ecológica que estuda a distribuição de comunidades de plantas ou


de um táxon em decorrência das condições atuais do ambiente..

Metodos da Fitogeografia
A fitogeografia atualmente adquiriu novos métodos de investigação utilizando-se
de técnicas de geoprocessamento e cartografiapara mostrar a dinâmica dos
vegetais e da cobertura vegetal no espaço geográfico. Seus estudos são
realizados principalmente por ecólogos, botânicos e geógrafos.

Factores de distribuicao das especies


A distribuição das plantas e de suas comunidades depende de vários fatores
como: luz, água, temperatura, solo, ventos e interações biológicas. A ação do
homem tem modificado as paisagens naturais do planeta desde tempos
imemoriais, influenciando a distribuição de organismos em toda parte da Terra.

Principais biomas do Mundo

De uma forma geral as comunidades, conhecidas como biomas, podem ser assim
descritas numa escala global: Floresta tropical húmida, floresta tropical decídua ou
seca, savana, matas secas espinhentas, matagais esclerófilos da zona
mediterrânea e de outras partes da Terra, floresta temperada decídua, floresta
temperada húmida, floresta temperada
mista de angiospermas e coníferas, floresta de coníferas, estepe, pradaria, ervas e
arbustos de deserto e a tundra. Dentro destes biomas e na interface deles com
outros biomas existem diferentes comunidades de transição e, possuem várias
denominações regionais. Existem também comunidades de transição entre os
grandes ambientes da biosfera, ou seja, entre o meio terrestre e o marinho,
há mangues, pauís, ervas e arbustos de dunas e restingas, etc.

Há climas secos, úmidos, alternadamente úmidos e secos, quentes, frios,


temperados e uma variedade de climas entre estes tipos. Os diferentes tipos de
clima têm reflexos na cobertura vegetal e influenciam na formação das folhas, na
espessura do tronco, na altura das plantas, na fisionomia da vegetação, etc.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 108

As plantas segundo o grau de humidade, formas da folha e sua dinâmica podem


ser classificadas em:

Higrófilas: plantas que vivem em ambiente aquático;


Xerófilas: plantas adaptadas à aridez;
Tropófilas: plantas adaptadas a uma estação seca e outra úmida;
Acicufoliadas: possuem folhas em forma de agulhas, como pinheiros. Quanto
menor a superfície das folhas, menos intensa é aTranspiração e maior a retenção
de água pela planta;
Latifoliadas: plantas de folhas largas, de regiões muito úmidas, com intensa
transpiração;
Caducifólias ou decíduas (folhas caducas): plantas que perdem suas folhas
durante as estações do ano.
Perenifólias: plantas que não perdem suas folhas durante as estações do ano.

Regiao fitogografica de Mocambique


Mosaico Regional de Tongoland-Pondoland
Mosaico Regional de Zanzibar-Inhambane
Centro de Embemismo Regional Zambeziano

Regiões Fitogeográfica Do Globo

Região Holártica

Compreende todo o hemisfério norte, incluindo a Europa, a Ásia e a América do


Norte . Biomas encontrados nesta região: Tundra, Taiga, Floresta Caducifólia,
Deserto e Campos de Latitude Média.

Tundra Vegetação rasteira, predominando musgos, líquens, ervas e arbustos e


pequenos arbustos. Clima normalmente bastante frio, com baixa umidade do ar
Solo apresenta “permafrost” com um curto período de degelo. Pobre em
nutrientes.

Taiga Faz limite sul com a tundra, sendo encontrada igualmente na Europa, Ásia e
América do Norte. Presença de pinheiros, abetos e larícios, vegetação adaptada
Biogeografia e Biodiversidade G0139 109

às regiões de inverno rigoroso e longo. Comportamento xerófilos: folhas pequenas


e duras reduzindo a transpiração. Solo permanece gelado todo o inverno. Região
com grande quantidade de lagos. Poucos animais são encontrados

Floresta Caducifólia, estão localizadas no Sul da Taiga, compreendendo a


Europa (Alemanha, Espanha, Inglaterra), Ásia, norte do Japão e parte da América
do Norte; Vegetação com folhas caducas. Principais árvores encontradas são
carvalhos e faias Clima ameno. Verões quentes e chuvosos Florestas homogêneas

Deserto, precipitações geralmente baixa, com grandes diferenças de temperatura;


Presença de plantas suculentas (cactos); Padrões de atividade das plantas
refletem suas orígens.

Campos de Latitude Média, distribuídos pelas regiões Holártica, Paleártica e


Neártica; Conhecidas como estepe, pampas ou pradarias; Vegetação xerófita,
herbácea e sub-lenhosa; Solos férteis

Região Paleotropical

Compreende as regiões tropicais da África (centro), parte da Índia e sudeste da


Ásia, ilhas do Oceano Pacifico. São característico desta região Floresta
Caducifólia e os Campos de Latitude Média ( Aqui designado como Savana).
Clima tropical, temperatura acima de 20ºC.

Floresta Caducifólia, localização bem definida, acima ou abaixo da linha do


Equador. Caracteriza-se pelas folhas que caem em condições ambientais
desfavoráveis. Extensas áreas de florestas de monções.

Campos De Latitude Média, caracteriza-se por vegetação rasteira e arvores de


peq. Porte e folhas reduzidas. Precipitação é alta no Verão; Vegetação
característica: gramíneas e leguminosas; Distrib. Espassa das arvores; Perdem
sua folha no começo da estação seca; Situam-se geralmente entre florestas
pluviais e desertos.

Região Neotropical

Localização: compreende a américa centra e américa do sul, com exceção do sul


do chile, patagônia e Ilha do fogo, englobando as terras situadas em dois trópicos
Biogeografia e Biodiversidade G0139 110

(Câncer e Capricórnio). Floresta formada por espécies megatermais e higrófilas.


Vegetação: até 50 metros, além de lianas, cipós e pouca vegetação rasteira. Solo
pobre: matéria orgânica é lixiviada. As famílias botânicas características da
região.

Região Australiana

Compreende a Austrália, Tasmânia, Ilhas Norfolk, Nova Zelândia, Nova Guiné,


Ilha Macquarie, Território da Papuásia, Ilhas Salomão, Ilhas Coco e Christmas.
As famílias características da região são principalmente: Mirtaceae,
Casuarinaceae e Proteaceae. Biomas: florestas, estepes e desertos.

Florestas Região costeira; arvores de grande porte. Vegetação com grande


polimorfismo – plasticidade. Grandes modificações adaptativas adquiridas para a
sobrevivência ao meio ambiente.

Camadas típicas de vegetação encontradas nas florestas tropicais.

Bioadaptações da floresta tropical, as copas das árvores crescem próximas


umas das outras no dossel, às vezes vazando por uma árvores emergente.

Bioadaptações da floresta tropical, comparadas com a maioria das outras


árvores do mundo, as das florestas tropicais são enormes. A foto mostra uma
árvore gigantesca crescendo no sudeste de Madagascar.

Região Antártica

Localiza-se ao redor do Pólo Sul, até as extremidades do Circulo-Polar, ao sul da


América Latina e separada dos demais continentes pelos Oceanos Pacíficos,
Atlântico e Índico. Existe apenas duas estações bem caracterizadas

Sumário
Fitogeografia, corologia ou geobotânica é uma disciplina multidisciplinar que versa
sobre a distribuição geográfica dos vegetais e de comunidades nas diversas regiões do
globo segundo as zonas climáticas e factores que possibilitam a sua adaptação,
principalmente factores do meio físico. Ela se encontra dividida em: Fitogeografia
florística e Fitogeografia ecológica; ela usa metodos modernos no seus estudos como
Biogeografia e Biodiversidade G0139 111

geoprocessamento e cartografia para mostrar a dinâmica dos vegetais e da cobertura


vegetal no espaço geográfico.

Segundo a fitogeografia encontramos os seguintes biomas do Mundo: Floresta tropical


húmida, floresta tropical decídua ou seca, savana, matas secas espinhentas, matagais
esclerófilos da zona mediterrânea e de outras partes da Terra, floresta temperada
decídua, floresta temperada húmida, floresta temperada
mista de angiospermas e coníferas, floresta de coníferas, estepe, pradaria, ervas e
arbustos de deserto e a tundra.

Dentro deste biomas maiores podemos encontrar regioes com caracteristicas mais
especificas, como é o caso das regioes fitogografica de Mocambique distinguidas
como: Mosaico Regional de Tongoland-Pondolan, Mosaico Regional de Zanzibar-
Inhambane e Centro de Embemismo Regional Zambeziano.

Sendo assim, estes biomas podem ser enquadrados nas ecozonas existentes a saber:
Região Holártica encontramos bionas como (Tundra, Taiga, Floresta Caducifólia,
Deserto e Campos de Latitude Média); Região Neotropical; Região Australiana
(florestas, estepes e desertos) e Região Antártica.

Exercícios

1. Definir fitogeografia.
2. Identifique e caracterize as divisoes da fitogeografia;
3. Descreva os metodos da fitogeografia.
4. Caracterizar as principais regioes fitogeograficas do mundo
5. Identificar as principais regioes fitogeograficas do mundo e de
Mocambique

Entregar os exercícios: 2 desta unidade, trabalho com código T- G- 0139


Biogeografia e Biodiversidade G0139 112

Unidade XIV

A área de distribuição das especies


O conceito de área de distribuição
A descrição da área de distribuição
A dinâmica da área de distribuição

Introdução

A distribucao dos organismos na superficie terrestre ocorre de diferentes


formas, nesta unidade iremos abordar sobre as formas ou seja, padroes
de distribuicao das especies, que se resumem em tres, aleatorio,
agregado e uniforme.

Varios factores concorrem para a forrmacao de um padrao na distriuicao


dos seres vivos, importa referir que a distribucao abordade nesta unidade
faz referencia apenas a distribuicao natural das especie, sem no entando
sofrer a intervencao humana.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Dar o conceito de dispersao;


 Identificar os tipos de dispersao;
Objectivos
 Diferenciar os tipos de dispersao;
 Carterizar os factores que influenciam a dispersao

A área de distribuição das especies


Biogeografia e Biodiversidade G0139 113

Revela a forma como se encontram distribuidas as especies ao longo da


superficie terreste, vide diagrama seguinte.

O diagrama abaixo apresenta os três tipos básicos de distribuição das


populações:

(1) uniforme/regular); (2) aleatória; (3) agregada.

Distribuição natural, área de distribuição, distribuição biogeográfica ou


simplesmente distribuição é a designação dada em Biologia e Ecologia à
área geográfica em que um determinado taxon ocorre naturalmente (isto é,
ocorre sem a directa intervenção humana). No interior da área de distribuição
natural designa-se por dispersão a variação em densidade local.

Uma das principais características de uma população é o padrão de


distribuição de seus indivíduos no espaço.Os três tipos básicos de distribuição
são: agregada, uniforme e aleatória.

A visão mais simples de um padrão espacial pode ser obtida adotando‐se uma
orientação a partir de individuo qualquer e realizar a seguinte pergunta: dada a
localização de um individuo, qual a probabilidade de que outro individuo esteja
próximo? (Krebs 1989).

Existem três possibilidades:

1. A probabilidade é alta: padrão agregado (Fig. 1 a)


2. A probabilidade é baixa: padrão aleatório (Fig. 1 b)
3. A probabilidade não é afetada: padrão uniforme (Fig. 1 c)
Caracteristicas da distribuição espacial:
Biogeografia e Biodiversidade G0139 114

(a) Agregada é aquela, onde todos os indivíduos tendem a se distribuir em


grupos;
(b) Aleatório, onde todos os indivíduos estão localizados um independente do
outro;
(c) Uniforme, onde os indivíduos apresentam‐se distribuídos regulamente no
espaço.

Factores da distribucao dos seres


A partir do momento em que um tipo de distribuição foi detectado, podemos
propor e testar hipóteses que expliquem quais os processos responsáveis pelo
padrão observado.

Hutchinson (1953) foi um dos primeiros ecólogos a reconhecer fatores gerais


que podem afetar a distribuição de uma população. Entre eles incluiu:
Fatores vetoriais provenientes do ambiente exterior ex. vento, corrente de
água, etc.
Fatores reprodutivos;
Fatores sociais comportamentais; ex. territorialismo;
Fatores devido a interações intraespecíficas ex. competição;
Fatores aleatórios resultantes de variação ao acaso dos fatores considerados;
Poderíamos incluir ainda os fatores relacionados a competição interespecífica
e da ação conjunta de muitos fatores, gerando um padrão aleatório.

Tecnicas para estimar o tipo de populacao


Diversas são as técnicas existentes para estimar o tipo de distribuição de uma
população. Uma das mais simples e intuitivas é a razão entre a variância (s2)
e a média ( x ) estimadas da distribuição de indivíduos em uma população.
O raciocínio por trás deste método é que se amostrarmos uma população
através de quadrates, por exemplo, observaremos que:

(1) Para uma população com distribuição agregada, alguns quadrats conterão
uma alta densidade, enquanto outros uma baixa densidade.
(2) Para uma população com distribuição uniforme, os quadrats deverão
Biogeografia e Biodiversidade G0139 115

conter um número semelhante de indivíduos.


(3) Para uma população com distribuição aleatória, os quadrats terão
densidades que variam em torno da média de indivíduos por quadrats.

Conceitos bases

Dispersão Espacial População – grupo de indivíduos que vivem na mesma


área no mesmo tempo.

Densidade populacional – numero de indivíduos por área ou volume.

Dispersão populacional – arranjo espacial de uma população numa área

Densidade e Dispersão Número de indivíduos

O padrão de dispersão de uma população é da mesma espécie como os


indivíduos se em alguma área espaçam dentro da especifica de amplitude
geográfica habitat de uma população.Densidade cru pode Os três padrões
básicos de ser útil se combinada dispersão são: com dados da Uniforme ou
distribuição agregada regular (dispersão) aleatória

Influenciada por fatores sociais e ambientais

A dispersão espacial dos indivíduos influencia a “densidade aparente”, ou a


densidade percebida pelo indivíduos da população Dispersão Espacial
Populacional

Dispersão Espacial Populacional Dispersão: O padrão de espaçamento


entre indivíduos dentro das fronteiras da população .

Dispersão Aleatória

As arvores de algumas espécies florestais temdistribuição aleatória dentro


de áreas de habitat apropriado. Por exemplo, as figueiras da Amazônia.
Essa distribuição aleatória pode ser causada pela dispersão de sementes
por morcegos.

Numa dispersão aleatória – A localização de cada indivíduo é independente


de outros indivíduos. Os indivíduos têm espaçamento aleatório no ambiente,
Biogeografia e Biodiversidade G0139 116

os indivíduos não interagem entre eles ou com as condições heterogêneos


do habitat o espaçamento não forma padrão previsível, ocorre somente na
ausência de atrações ou repulsões fortes dos indivíduos rara naturalmente
algumas árvores tropicais

A dispersão Aleatória Ocorre quando as condições ambientais são


uniformes e os indivíduos não são atraídos ou repelidos por outros
indivíduos, esse caso é excepcional e não é regra, exemplo: aranhas. Esse
padrão ocorre na ausência de atração ou repulsão forte entre os indivíduos.
É rara.

Dispersão Aleatória de Populações implica um número mínimo de interações


inter- específicas que impactam onde os indivíduos residem

Distribuição Agregada resulta da distribuição não homogênea de recursos


ou de interações sociais.

As vantagens das interações sociais – Os indivíduos se agregam em


manchas – Podem ser influenciadas pela disponibilidade de recursos e o
comportamento Num padrão agregado de dispersão os indivíduos se
agregam em manchas

Distribuição Agregada

Os indivíduos ocorrem em Para muitos animais, grupos dispersos. como os


lobos, viver em grupos melhora a Resposta a diferencias eficiência da caça,
de habitat ou micro- divide o trabalho de habitat, baixa proteger e cuidar da
dispersão, ou prole, e ajuda excluir outros indivíduos comportamento social
territoriais do território.

A dispersão agregada implica alguma força coesiva, como a procura de


indivíduos por outros indivíduos ou uma limitação dos indivíduos no habitat
vital.

As espécies se agregam por outras razões. Plantas frequentemente se


agregam porque as sementes caiam próxima a planta mãe ou porque as
sementes somente germinam em ambientes específicos. As sementes de
Biogeografia e Biodiversidade G0139 117

Impatiens capensis são pesadas e geralmente caiam próximo a planta mãe.


Essa espécie cresça em campos densos. As espécies podem se agregar
para segurança ou razões sociais. Abelhas Halictus sp. Preferem nidificar na
presença de outras abelhas, formando agregações de ninhos solitários, o
padrão de distribuição agregada é o mais comum. Ocorre quando os
indivíduos se agregam em manchas.

A agregação pode ocorrer porque algumas áreas do habitat tem maior


aptidão– salamandras., Plethodon sp. Se agrupam sob troncos caídos na
floresta– o lagarto noturno, Xantusia Se agrega em cactos caidos no deserto
de Mojave.

Distribuição Uniforme

Padrões de dispersão espacial: uniforme ou regular os indivíduos têm um


espaçamento mais regular do que aleatório,
usualmente resultada competição porrecursos ou docomportamentoterritoria

Ocorre por interações entre indivíduos da população.Territorialidade: O


lagarto do deserto Uta mantém uma distribuição regular por meio de brigas e
comportamento territorial Em muitos vertebrados e alguns invertebrados –
Territorialidade pode limitar a densidadeIntervenção humana: como o
espaçamento de culturas.

Territorialidade

O comportamento territorial compartilha oespaço e os recursos – Um


território é uma área que é usualmente fixo espacialmente ocupado por um
indivíduo defendido da ocupação de outros indivíduos da mesma espécie .

O tamanho do território varia com espécie, função do território, e os recursos


disponíveis – Os territórios são usados para alimentação, reprodução, e
criação de filhotes.

Territorialida de aves oceânicas as saúvas exibem territorialidade no


comportamento de nidificação e forrageio. Acinonyx jubatus é altamente
Biogeografia e Biodiversidade G0139 118

territorial – Usando a comunicação química para advertir outros das


fronteiras de seu território

A territorialidade pode funcionar para regular o crescimento populacional na


área vital: o território normal ocupado se á área total é defendida.

A territorialidade pode funcionar para regular o crescimento número de


machos territoriais populacional uvenis chocados a dependência de
densidade de melospiza por fêmea melodia (a) tamanho dos número de
fêmeas reprodutivas indivíduos não territoriais, (b) número de proles por
proporção de juvenis fêmea, (c) proporção dos que sobrevivem juvenis que
sobrevivem um ano número de adultos no outono.

Escala e Estrutura Espacial

Algumas populações exibem padrões de distribuição agregadas e


uniformes, mas em escalas diferentes

A escala é importante na descrição da distribuição espacial de uma


espécie.uma espécie pode ser agregada numa escala grande, mas com
distribuição uniforme numa escala menor. exemplo: vespas caçadoras,
sphex, que nidificam no chão são agregadas em áreas de substrato
apropriado, areia compacta. dentre dessas áreas, os ninhos são
distribuídos regularmente devido a interações agressivas.

O padrão de distribuição espacial é ‘sensível a escala’ em geral, se


examina a uma escala suficiente grande, as coisas se agregam mas se
examina a uma escala suficiente pequena se aproximam uniforme.
dentro dos habitats, dentro dos dentro da escala continental agregam
em territórios, manchas, as aves são agregadas manchas com os
comportamentos territórios em regiões, biomas e mais retorno são
‘agregados’ são uniformes habitats nos micro-habitats.

Grão grosso grão finogrão ambienal

O tamanho das manchas de habitat de um animal relativo a sua


capacidade de se movimentar para distancias grandes denomina-se
Biogeografia e Biodiversidade G0139 119

Grão grosso – se o animal tem pouca capacidade relativa ao tamanho


das manchas de habitat denomina-se Grão fino – se o animal tem uma
capacidade alta relativa ao tamanho das manchas de habitat
(Organismos podem usar varias manchas)

A escala é importante na determinação de como os organismos


respondem ao ambiente. Um habitat é de grão grosso se a escala da
variação no ambiente é grande comparada ao tamanho dos indivíduos.
Um habitat é de grão fino se a escala da variação no ambiente é
pequena comparada aos movimentos dos indivíduos. Para uma
borboleta, um campo florido seria de grão grosso mas para um zebra o
mesmo habitat seria de grão fino.

Sumário

Distribuição natural, área de distribuição, distribuição biogeográfica ou


simplesmente distribuição é a designação dada em Biologia e Ecologia à área
geográfica em que um determinado taxon ocorre naturalmente. Uma das principais
características de uma população é o padrão de distribuição de seus indivíduos no
espaço.Os três tipos básicos de distribuição são: Agregada é aquela, onde todos os
indivíduos tendem a se distribuir em grupos; Aleatório, onde todos os indivíduos estão
localizados um independente do outro e Uniforme, onde os indivíduos apresentam‐se
distribuídos regulamente no espaço.

As especies distribuem-se segundo determinados factores como os provenientes do


ambiente exterior, reprodutivos; sociais comportamentais; territorialismo; interações
intraespecíficas; variação ao acaso dos fatores considerados;
A distribuicao espacial leva-nos a territorialidade que constitui um comportamento
territorial de compartilha de espaço e os recursos . O padrão espacial varia com escala
Grão grosso grão finogrão ambienal. O tamanho das manchas de habitat de um animal
relativo a sua capacidade de se movimentar para distancias grandes denomina-se
Grão grosso – se o animal tem pouca capacidade relativa ao tamanho das manchas de
habitat denomina-se Grão fino – se o animal tem uma capacidade alta relativa ao
tamanho das manchas de habitat.

Exercícios

1. De o conceito de dispersao.
2. Identifica os tipos de dispersao.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 120

3. Diferenciar os tipos de dispersao.


4. Carteriza os factores que influenciam a dispersao.

Entregar os exercícios: 2 desta unidade, trabalho com código T- G- 0139


Biogeografia e Biodiversidade G0139 121
Biogeografia e Biodiversidade G0139 122

Unidade XV

Teorias biogeográficas
Teoria dos Refúgios morfoclimáticos
Teoria da Biogeografia de Ilhas

Introducao

A diferenciacao e didstribuicao dos organismos ao longo da superficie


terrestre é variavel e esta relacionado aos dfactores de dispersao da
populacao numa comunidade.

A dispersao e difrenciao das epecies ocorrem com determinando padrao,


cirando deta forma teorias de explicacao da diferenciacao das especies
em determinadas areas, tema que esta unidade irá abordar.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Idendificar as teorias biogeograficas.

 Caracterizar as teorias biogeograficas.

Objectivos

Teoria da Vincariacia
Vicariância ou efeito vicariante é o mecanismo evolutivo no qual ocorre uma
fragmentação de uma área biótica, separando populações de determinadas espécies. A
Biogeografia e Biodiversidade G0139 123

falta de fluxo gênico entre as duas sub-populações agora formadas fará com que elas
fiquem cada vez mais diferentes e, mantendo-se a barreira por tempo suficiente, levará
à especiação. Resumindo, vicariância é a quebra na distribuição de um táxon.

Uma das teorias biogeograficas explica o padrão de biodiversidade na floresta


amazônica, baseada em períodos de seca durante o Pleistoceno que causaram
isolamento geográfico com consequente aumento das especiações.

Em um trabalho publicado na revista Science em julho de 1969, o ornitólogo e


biogeógrafo alemão Jürgen Haffer propôs que a imensa variedade da avifauna
amazônica surgiu devido a vários períodos de seca durante o Pleistoceno e pós-
Pleistoceno, em que a Floresta Amazônica foi dividida em um número de pequenas
florestas. Estes fragmentos florestais estariam separados uns dos outros por áreas
abertas sem vegetação. Desta forma, as florestas restantes teriam servido como “áreas
de refúgio” para numerosas populações de animais florestais.

Durante o período de isolamento geográfico, essas populações foram sofrendo


especiação e originando diversas linhagens. Quando retornava o período húmido, as
regiões abertas voltavam a apresentar vegetação e os fragmentos florestais se
conectavam novamente, permitindo que aquelas populações estendessem sua
distribuição. Este processo teria se repetido diversas vezes durante o Quaternário,
levando a rápida diferenciação dos animais de floresta na Amazônia.

Praticamente ao mesmo tempo, em 1970, o zoólogo e compositor brasileiro, Paulo


Vanzolini chegava às mesmas conclusões que Haffer. Já era claro que o processo de
especiação podia ser iniciado por eventos de vicariância9, porém, na floresta amazônica
não parecia haver eventos que justificassem a diversidade de espécies. Questionando
se a continuidade genética poderia ser quebrada sem essa barreira fisiográfica,
Vanzolini propôs uma mudança no padrão geográfico que poderia explicar a distribuição
vicariante em ambientes contíguos. Através de seus estudos com répteis, Vanzolini
propôs que o clima amazônico pode variar entre semiárido e húmido. Quando uma
formação florestal cercada por áreas abertas estava no período da seca, a floresta sofria
uma retração e levava espécies florestais a um isolamento. Eventualmente, um desses

9 Vicariância ou efeito vicariante é o mecanismo evolutivo no qual ocorre uma


fragmentação de uma área biótica, separando populações de determinadas espécies.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 124

fragmentos florestais poderia vir a secar também, e os indivíduos contidos nessa região
poderiam se adaptar ao ambiente aberto. As populações que ficaram dentro do refúgio e
a que se diferenciou para viver fora da floresta passam então a
ser vicariantes ecológicas.

Teoria dos Refúgios

Haffer mostra que dados geomorfológicos da região norte da América do Sul, indicam
que durante o período Quaternário, condições climáticas secas prevaleceram repetidas
vezes na Amazônia, e estudos palinológicos revelaram que durante o Pleistoceno,
grandes regiões amazônicas sofreram mudanças em sua vegetação. Desta forma, a
continuidade da floresta amazônica encontrada atualmente aparenta ser uma condição
recente e temporária.

Segundo Haffer, a maioria das espécies amazônicas de floresta se originou de


pequenas populações que foram isoladas de suas populações parentais. Para propor
quais as possíveis localidades dos refúgios em que elas se originaram, o pesquisador
se baseou em dois critérios:

Os índices de precipitação anual encontrados atualmente, e

Os padrões de distribuição das aves amazônicas atuais.

Durante um período de seca, a umidade na Amazônia pode ter diminuído tanto por uma
redução nas chuvas quanto por um aumento na evaporação. Porém, durante essas
fases, as regiões que apresentassem precipitação máxima continuariam tendo umidade
suficiente para manter o crescimento e o desenvolvimento das florestas, enquanto as
regiões com menor precipitação secariam, fazendo com que a vegetação florestal
desaparecesse. Considerando que a maioria das características orográficas da região
não mudou muito desde o Pleistoceno, Haffer supõe que as áreas de maior precipitação
atuais devem coincidir com os refúgios florestais antigos.

O outro critério usado para delimitar os refúgios foi escolhido após a observação de que
os animais amazônicos pareciam não estender sua distribuição além do seu centro de
vida ou área de origem. Isso significa que certas regiões apresentam uma grande
variedade de espécies endêmicas quase isoladas, que não ultrapassam a delimitação
Biogeografia e Biodiversidade G0139 125

desta área, mesmo ela estando atualmente contígua a floresta. Isso pode significar que
um ancestral comum teve sua área de vida divida pela seca, e que cada população em
seu refugio, sofreu especiação, gerando uma alta diversidade. Com o uso dos critérios
descritos, Haffer delimitou 9 prováveis refúgios, são eles: Chocó, Nechí,Catatumbo,
Imerí, Napo, Leste Peruano, Madeira-Tapajós, Belém e Guiana.

Após o retorno do clima úmido, os fragmentos florestais tendem a ser reconectar,


fazendo com que as populações animais interajam com as espécies de outros refúgios.
Deste contado, chamando de zona de hibridação secundária, 3 situações possíveis são
dscritas por Haffer:

- Sobreposição geográfica: Ocorre quando o processo de especiação está completo,


resultando em simpatria. Nestes casos, mesmo podendo haver sobreposição de área de
distribuição, não há competição por nicho.

- Exclusão geográfica: Ocorre quando a especiação ainda não foi completamente


concluída. Apesar de haver um isolamento reprodutivo, as populações ainda ocupam o
mesmo nicho, causando competição. O resultado disso pode ser uma exclusão mútua
causada por competição.

- Hibridação: Ocorre quando ainda não há isolamento reprodutivo, e as populações se


misturam ao longo das zonas em que possuem contato. Esta situação pode levar à
fusão destas populações.

A maioria das espécies de aves analisadas não aumentava a sua área de distribuição,
e, se o faziam, espalhavam-se apenas para locais onde não houvesse competição
de nicho.

Assim, Haffer conclui seu trabalho propondo que a diversidade amazônica fora causada
por diversos fatores, mas principalmente pela repetida contração e expansão das
florestas, como resultado das variações climáticas durante o período Quaternário, o que
teria levado animais a um processo repetido de isolamento e reencontro.

Criticas

A teoria dos refúgios se deparou com uma série de críticas desde seu lançamento. Após
algumas décadas de estabilidade como melhor hipótese para se explicar os eventos de
Biogeografia e Biodiversidade G0139 126

especiação e diversidade que ocorre na Amazônia, Mark B. Bush & Paulo E. de Oliveira,
publicaram o artigo “The rise and fall of the Refugial Hypothesis of Amazonian
Speciation: a paleoecological Perspective”, em que utilizam uma série de dados para
críticar e tentar refutar a Teoria dos Refúgios.

As críticas se basearam em:

-Dados biogeográficos insuficientes;


-Processo de especiação: o processo pode não ter sido necessariamente uma alopatria,
considerando dados atuais de eventos de simpatria encontrados em algumas espécies;
-Padrões espaciais de especiação: As barreiras previstas não seriam o suficiente para
provocar os padrões apresentados, sendo que a mesma barreira pode apresentar
efeitos diferentes para espécies distintas;
-Várias espécies tiveram um processo de especiação continuo, sem aumento súbito de
espécies durante o quaternário;
-Outras barreiras devido a acontecimentos geológicos se mostraram barreiras
geográficas mais efetivas ;
-Tamanho das Áreas abertas insuficiente para provocar o evento;
- Clima tropical de eras glaciais e interglaciais não são tão simples (quente ou frio e
úmido ou seco), são mais complexos em com características diferentes, que tiveram
durações diferentes;
-Mudança de clima e temperatura, no qual os locais demonstram na época estarem
mais frias;
- A Amazônia é muito grande, e com clima heterogêneo, o que pode levar a dizer que
não tiveram os acontecimentos de seca e inundação ao mesmo tempo, mas ocorrido em
tempos diferentes, como os dados demonstram em alguns refúgios;
- Dados Paleoecológicos e molecular não corroboram a Teoria;

Biogeografia insular

Biogeografia insular é um campo de estudo da biogeografia que procura estabelecer e


explicar os factores que afectam a riqueza de espécies de uma determinada
comunidade isolada numa ilha.

Ilha é uma área de habitat rodeada por outras áreas com condições adversas às
espécies na ilha. Uma "ilha", neste caso, não é necessariamente uma porção de
Biogeografia e Biodiversidade G0139 127

território rodeado pelo oceano, mas também se refere a outras áreas isoladas
como montanhas rodeadas por desertos, lagos rodeados por terra seca
ou florestas fragmentadas rodeadas por paisagens alteradas pelo homem.

Este campo de estudo surgiu nos anos 60 pelos ecólogos Robert MacArthur e E.O.
Wilson, que criaram a teoria da biogeografia insular, teoria esta que tentava prever o
número de espécies que existiriam ou viriam a existir numa ilha recém-criada.

Sumário

As teorias biogeografias tentam explicar a existencia das especias


diferentes numa area geografica e temos exemplo da teoria da vicariância
ou efeito vicariante de se define como mecanismo evolutivo no qual ocorre uma
separacao de uma área biótica, separando populacoes de determinadas
especie. Com isso dificulta o fluxo genetico entre as duas sub-populações agora
formadas fará com que elas fiquem cada vez mais diferentes e, mantendo-se a
barreira por tempo suficiente, levará à especiacao. Para explicar estas teorias
basearam-se em estudos feitos na Amazonia e foi observavel tal fenomeno.

Teoria dos Refúgios

Segundo Haffer, a maioria das espécies amazônicas de floresta se originou de


pequenas populações que foram isoladas de suas populações parentais. Para
propor quais as possíveis localidades dos refúgios em que elas se originaram, o
pesquisador se baseou em dois critérios: os índices de precipitação anual
encontrados atualmente e os padrões de distribuição das aves amazônicas
atuais. A teoria do refugio sofreu algumas criticas entre as quais os dados
biogeográficos insuficientes.

Biogeografia insular é um campo de estudo da biogeografia que procura


estabelecer e explicar os factores que afectam a riqueza de espécies de uma
determinada comunidade isolada numa ilha (área de habitat rodeada por outras
áreas com condições adversas às espécies na ilha). Todas as teorias se
interelacionam de algum modo.

Exercícios
Biogeografia e Biodiversidade G0139 128

1. Idendifica as proncipais teorias da biogeografia e biodiversidade


2. Caracterizar as teorias biogeograficas
3. Defina vincariacia
4. Quais as criticas enfrentadas pelas teorias

Entregar o exercício desta unidade, trabalho com código T- G- 0139


Biogeografia e Biodiversidade G0139 129

Unidade XVI
Ecobiologeografia:
Estudo de processos

Introdução

A unidade que passa-se a estudar a seguir trata da ecobiologeografia,


uma juncao de tres areas de sabes nomeadamente a Ecologia, a biologia
e a Geografia, areas que interagem entre si na abordagem dos seus
conteudos, neste caso especifico na explicacao de formas de dispersao
da biodiversidade e suas capacidades de adapatacao a novos meios em
funcao do tempo.

Assim busca-se fazer o estudo com base em resultados de estudos


especificos das árvores de Florestas Tropicais Sazonalmente Secas
(Seasonally Dry Tropical Forests - SDTF), com base nestes resultados é
possivel generalizar o resultado em situacoes semelhantes.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever as características de uma SDTF;


 Explicar a divisao das especies vegetais numa area de SDTF;
 Identificar os factores que influenciam na distribuicao das
Objectivos especies numa SDTF.

Ecobiologeografia, ecologia e riqueza de espécies

Cada vez mais a tendência ao se estudar biogeografia é a integração com


outros campos de pesquisa.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 130

A ecologia é uma das compenentes que tem sido ignorada na


biogeografia histórica.

A biogeografia histórica pode contribuir para a ecologia principalmente em


dois pontos:

i) No estudo de padrões de riqueza de espécies em larga escala, já


que dispersão e/ou especiação in situ são os principais processos
responsáveis pelos padrões regionais de riqueza; e

ii) No estudo de ecologia de comunidades, já que a composição


local de espécies depende da composição regional que por sua vez
depende de processos biogeográficos em larga escala.

Factores que determinam a distribuição de organismos em larga


escala

As características ecológicas das espécies influenciam sua distribuição


em escala local. Se levarmos em conta que o padrão de distribuição em
larga escala é resultado da interação de processos ocorrendo em escalas
menores, então as características ecológicas das espécies tem sim
influência em padrões globais.

Mas, quais seriam esses processos?

Um dos mais importantes é a dispersão. Mais especificamente, duas


questões devem ser levadas em consideração: o processo de
conservação filogenética de nicho (phylogenetic niche conservatism), que
determina as características ambientais que os membros de um clado
toleram, para quais regiões eles são capazes de se dispersar e quais são
as barreiras encontradas para essa dispersão. Outra questão é a
evolução de nicho (niche evolution) que permite que uma espécie se
adapte em uma nova região climática ou condição biológica (vide figura
seguinte). Além disso, extinção e emigração também devem ser
abordados.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 131

Figura 23. Dispersao da biodiveridade

Fonte:http:3.bp.blogspot.com/biogeopng

Um bom exemplo para se entender a importância da integração entre


ecologia e biogeografia história é o estudo do gradiente latitudinal de
riqueza de espécies. Na figura ao lado, cada ponto representa uma
espécie.

No cenário (a) vemos uma abordagem puramente ecológica, com


correlações entre riqueza de espécies em escala local e regional e as
características ambientais que influenciam o padrão observado, sem levar
em consideração dispersão, especiação e extinção. É uma tentativa de se
responder o porquê do padrão de riqueza somente com informações
sobre quantas espécies estão presentes no tempo atual.

No cenário (b), as informações históricas são incorporadas, permitindo


uma análise mais robusta do porquê da distribuição atual das espécies.
Com a integração da biogeografia histórica, é fácil perceber que a maioria
dos clados teve origem nos trópicos, ou seja, mais tempo para se especiar
nas regiões tropicais. Mais área nos trópicos, há cerca de 30-40 milhões
Biogeografia e Biodiversidade G0139 132

de anos atrás, pode ter favorecido a especiação. Além disso, a


conservação de nicho pode ter contribuído para poucas espécies terem
sido capazes de desenvolver adaptações para regiões temperadas.

Em teoria, tudo funcionando muito bem. Mas, e na prática? Como


incorporar as características ecológicas nos modelos de biogeografia?
Nosso conhecimento é limitado no que diz respeito a quais espécies
ocorrem em um determinado local, quem dirá sobre a ecologia dessas
espécies. A solução seria então restringir a amplitude da quantidade de
espécies estudadas, focando grupos menores em uma escala espacial
mais ampla? Ou então partir para o campo para tentar cobrir as lacunas?
Quem sabe os dois juntos, de maneira integrada?

Características ecológicas e a diversificação de plantas nos trópicos


Um artigo publicado recentemente por Pennington et al. (2009) mostra a
aplicação de características ecológicas na explicação da história evolutiva
e biogeografia de árvores de Florestas Tropicais Sazonalmente Secas
(Seasonally Dry Tropical Forests - SDTF). Esses ambientes ocorrem em
regiões com pluviosidade anual média menor do que 1.800 mm e com um
período seco de 5 a 6 meses, com pluviosidade menor do que 100 mm.
Há uma grande variedade de fisionomias de acordo com a variação da
pluviosidade, entretanto a vegetação é predominantemente decídua
durante a estação seca, possui raras gramíneas e espécies com ausência
de adaptações ao fogo, diferentemente de áreas de savana que a
circundam (vide figura seguinte).
Biogeografia e Biodiversidade G0139 133

Fig. 24 Parque Estadual da Mata Seca (Minas Gerais) durante a estação


chuvosa e a estação seca.

Fonte:http://lh4.gghh.com/chuvasecagde.jpg

Estão distribuídos em manchas disjuntas pelos neotrópicos e os autores


acreditam que essa distribuição fragmentada persiste há tempo suficiente
para influenciar a diversificação de sua vegetação. É um ambiente com
alta diversidade beta, com grande variação taxonômica de acordo com a
distância entre as manchas de ocorrência, tanto para famílias quanto para
espécies. Além disso, Gentry (1995) propôs a hipótese do "gradiente
latitudinal reverso", já que, ao contrário de florestas húmidas, áreas com
maior riqueza estariam distantes do equador. Vide figura segunte.
Fig. 25 Dfistribuicao das SDTF no Brasil

Fonte:http://lh4.gghh.com/chuvasecagde.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 134

Levando em conta essas particularidades das SDTF aliado à estudos


filogenéticos, alguns aspectos surgiram para explicar a história evolutiva
desses ambientes:

1. Muitos dos clados estão confinados ou concentrados em SDTF,


evidenciando a hipótese da conservação filogenética de nicho. Isso indica
que a probabilidade de espécies de mata seca se dispersarem para outra
mancha distante é maior do que a probabilidade de uma espécie de um
bioma adjacente desenvolver adaptações necessárias para ocupar uma
área de SDTF.

2. Espécies endêmicas confinadas à uma certa área de SDTF são


monofiléticas e relativamente antigas, frequentemente datadas de antes
do Pleistoceno, sugerindo que espécies adaptadas à essas condições de
seca tendem a permanecer confinadas à esses ambientes através do
tempo evolutivo, ou seja, uma limitação de dispersão que resulta em
populações pequenas.

3. Espécies irmãs geralmente ocupam o mesmo núcleo de SDTF,


indicando alto grau de estrutura geográfica filogenética e alta limitação de
dispersão ao longo da história entre núcleos de SDTF. Explicações para
esse fato podem ser buscadas na teoria de biogeografia de ilhas, como a
grande distância entre as áreas ou pequeno tamanho de áreas.

Levando em conta essas características, Pennington et al. (2009) se


referem aos núcleos de SDTF como uma metacomunidade global e
hipotetizam que a estabilidade do bioma e a limitação de dispersão de
propágulos explicam o padrão de distribuição de espécies, a estrutura
genética da população e a estrutura geográfica filogenética de espécies
vegetais de SDTF. Além disso, a hipótese da conservação do nicho
explica a nítida separação da evolução desse bioma em relação aos
demais biomas neotropicias. Espécies com um ancestral não adaptado às
condições de seca teria pouca chance de se inserir nas matas secas.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 135

Dessa forma, esse é um exemplo como características ecológicas podem


sim influenciar a diversificação de plantas nos trópicos.

Sumário

Em reumo pode-se dizer que a actualmente exite a tendencia de se estudar a


ecologia em integração com outros campos de pesquisa. E a biogeografia
historica é uma grande aliada no sentido de padros de biodiversidade em grande
escala em que a dispersão e/ou especiação in situ são os principais processos
responsáveis pelos padrões regionais de riqueza; e a ecologia de comunidades.
Esta dirstibucao dos organismos em grande escala dependem de determinados
padroes e um dos mais importantes é a dispersão e tendo como exemplo a
SDTF que estão distribuídos em manchas disjuntas pelos neotrópicos e acredita-
se que essa distribuição fragmentada persiste há tempo suficiente para
influenciar a diversificação de sua vegetação. Assim, se referem aos núcleos de
SDTF como uma metacomunidade global e hipotetizam que a estabilidade do
bioma e a limitação de dispersão de propágulos explicam o padrão de
distribuição de espécies, a estrutura genética da população e a estrutura
geográfica filogenética de espécies vegetais de SDTF.

Exercícios

1. De o conceito de SDTF
2. Descreva as características de uma SDTF;
3. Qual a divisao das especies vegetais numa area de SDTF;
4. Identifica os factores que influenciam na distribuicao das especies numa
SDTF.

Entregar os exercícios: 1 e 2 desta unidade, trabalho com código T- G-


0139
Biogeografia e Biodiversidade G0139 136

Unidade XVII

A dispersão e as extinções
Fatores limitantes na distribuição dos
seres vivos

Introdução

Evidentemente, sobre uma população ela se encontra dispersa no


espaco, nesta unidade nos propomos a fazer uma abordagem sobre os
padroes por detras da dispesao das especies tendo em conta o sexo, a
idade, o tempo de dispersao assim como as forcas que estao por detras
desta dispersao.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir dispersao

Objectivos  Caracterizar os padroes de dispersao.

 Relacionar a dispersao quanto a idade, sexo e tempo.

Dispersao Biologica

Dispersão é o conjunto dos processos que possibilitam a fixação de


indivíduos de uma espécie num local diferente daquele onde viviam os
seus progenitores.

Todos os organismos na natureza são encontrados em determinados


locais por que eles se deslocaram até lá partindo de um centro de origem.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 137

É considerado natural que logo após o nascimento, seja de uma planta ou


de um animal, haja o deslocamento do recém-nascido para longe de seus
pais. Alguns animais podem se locomover apenas durante certo período
de sua vida, permanecendo sésseis no restante dela, outros tendem a
mudar de localização no espaço a qualquer momento. A distribuição de
cada táxon reflete a história do local de origem, da dispersão e da
extinção local, remontando assim a própria origem da vida.

Qualquer “conseqüência” evolutiva é, naturalmente, força selectiva


potencialmente importante favorecendo padrões específicos de dispersão
ou a tendência de se dispersar. A seleção natural geralmente favorece
aos indivíduos que se movem a curtas distâncias de seu local de
nascimento.

A escolha de um novo local provavelmente será mais vantajoso para ele,


já que permanecer no lugar onde nasceu poderá levar a problemas com
as mudanças ambientais onde a espécie estaria mais adaptada a
sobreviver e, a um aumento da competição intra-específica entre pais,
filhos e irmãos. Quando há um aumento da distancia entre o sítio natal e o
local de dispersão, a tendência é que a probabilidade de sobrevivência
diminua, devido a diferenças dos habitats.

Uma espécie que busca expandir sua distribuição com sucesso, precisa
ser capaz de se deslocar para novas áreas, resistir a condições
ambientais desfavoráveis durante essa passagem e por último conseguir
estabelecer populações viáveis em seu local de chegada.

Variacao na Dispersao dentro de populacoes

Polimorfismo de dispersao

Existem diversas formas de variação de dispersão dentro de uma mesma


espécie, são adaptações muitas vezes comportamentais e fisiológicas que
elas adquiriram. Como o caso da planta anual do deserto Gymnarrhena
micrantha (vide figura seguinte). Ela produz apenas de uma à três
Biogeografia e Biodiversidade G0139 138

sementes grandes (em aquênios10), a partir de flores que permanecem


fechadas a baixo da superfície do solo. Essas sementes germinam no
mesmo local da planta-mãe. Porém, essas mesmas plantas também
produzem sementes pequenas acima do solo, o que permite a dispersão
pelo vento. Em anos muito secos são produzidas apenas sementes
subterrâneas que não dispersam, já em anos mais húmidos, as plantas
crescem mais e produzem maior quantidade de sementes que dispersam.

Fig. 25 Planta anual do deserto Gymnarrhena micrantha

Fonte:http://www.wildflowers.co.il/images/merged/1072-.jpg

Relacao entre a dispersao e o sexo

Às vezes a necessidade de se dispersar pode ser diferente para machos


e para fêmeas. Entre as aves é comum que as fêmeas se dispersem, já
em mamíferos normalmente são os machos. Para as aves, a competição
pelo território é mais intensa entre os machos, eles teriam portanto mais a
ganhar através da filopatria. Já as fêmeas levam vantagem na escolha
de qual macho irá se acasalar. Em mamíferos, os machos (muitas
vezes polígamos) podem competir muito mais por uma fêmea, do que por
um território e, com isso, é possível áreas para se dispersar com um maior
número possível de fêmeas.

10 Aquênio, ou aquénio, é um tipo de fruto normalmente seco, com origem em


um ou mais carpelos, indeiscente, portando normalmente uma semente.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 139

Relacao entre a dispersao e a idade

Em grande parte das espécies a dispersão é natal, ou seja, dispersão


por juvenis antes que se reproduzam pela primeira vez. Em
muitos táxons é constitucional que a dispersão de sementes seja
tipicamente natal. Muitos invertebrados possuem um estágio adulto séssil
(reprodutiva) no qual as larvas são lançadas (idade pré-reprodutiva) para
a dispersão. Por outro lado, a maioria dos insetos possui um estágio séssil
e um estágio adulto apto à dispersão. Aves e mamíferos, uma vez
desmamados e independentes de sua mãe, possuem potencial para se
dispersarem pelo resto de suas vidas.

Padroes de Migracao

Salto de dispersao

Muitas espécies se estabeleceram em novos locais depois de terem


percorrido grandes distâncias, mesmo sendo um mecanismo raro de ser
observado na natureza, existem alguns bons exemplos dessas
colonizações terem acontecido em algumas ilhas, por exemplo, quando
uma erupção vulcânica destruiu quase toda a biodiversidade da ilha
Krakatau na indonésia, em 1883, mesmo após a erupção tanto ela quanto
as ilhas vizinhas de Verlaten foram cobertas por uma extensa camada de
cinzas. Após 50 anos do acontecido, pesquisadores que documentaram
a fauna e flora das ilhas mostraram que já havia se estabelecido uma
densa floresta tropical húmida na ilha de Krakatau, com 271 espécies de
plantas, 31 tipos de pássaros, e muitos invertebrados.

A principal hipótese para o aparecimento desses organismos é que eles


se dispersaram atravessando cerca de 50 à 80 km de mar que separa
essas ilhas das grandes ilhas de Java e de Sumatra. Além de casos como
esse em que as espécies tiveram que atravessar oceanos, também
existem evidencias de organismos que tiveram que atravessar distancias
tão longas, quanto essas através do continente.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 140

Difusão

Em comparação ao salto de dispersão, a difusão é uma forma muito mais


lenta de expansão da amplitude de distribuição de uma espécie, que
envolve não apenas indivíduos, mas também populações. Enquanto o
salto de dispersão é realizado por um ou apenas poucos indivíduos dentro
de um curto período de sua vida, a difusão acontece durante muitas
gerações, onde os indivíduos se dispersam de forma lenta e gradual
aumentando seu limite de distribuição.

Esses dois mecanismos também estão intimamente ligados, uma vez que
a difusão pode seguir o salto de dispersão de uma espécie em uma região
distante de habitat favorável, mas não colonizada.

Migração secular

É ainda mais lenta que a difusão, existe a migração secular, ela ocorre
muito vagarosamente (Pode durar centenas de gerações), possibilitando
as espécies evoluírem durante o processo de migração. Apesar de Hebert
Louis Mason ter introduzido o termo em 1954, o conceito de migração
secular é antigo. Durante o século dezoito, Buffon propôs a hipótese de
que muitas formas de vida se originaram da região norte do Velho e
do Novo Mundo. A partir daí elas migraram em direção ao sul e, uma vez
isoladas, começaram a se modificar, a tal ponto que as biotas dos trópicos
do Velho e do Novo Mundo compartilham muitas poucas formas de vida
(Lei de Buffon).

Migração diária e sazonal

A escala de tempo envolvida nesses processos pode ser de horas, dias,


meses, ou anos. Em alguns casos esses movimentos têm o efeito de
manter o organismo em um mesmo tipo de ambiente. Esse é o caso do
movimento de caranguejos na linha de costa: eles se movem com a
avanço e retaliação da maré. Outro exemplo são de algumas algas
planctônicas, elas descem até as profundezas durante a noite para
acumular fósforo e talvez outros nutrientes, durante o dia elas voltam à
superfície pra realizarem a fotossíntese.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 141

Muitos organismos realizam migrações sazonais, como muitos anfíbios,


que durante a primavera vivem num habitat aquático para se reproduzirem
e durante o restante do ano são mais terrestres.

Migração de somente uma via

Em algumas espécies migrantes, a viajem para um individuo é de


somente uma via. Na Europa, as borboletas Colias croceus, Vanessa
Atalanta e Vanessa cardui (vide figura seguinte) se reproduzem nas duas
extremidades de suas migrações. Os indivíduos, ao alcançarem a Grã
Bretanha no verão, se reproduzem e sua prole se desloca para o sul, no
outono, e se reproduzem na região do mediterrâneo, sendo que a prole
desses indivíduos volta para o norte no verão seguinte.

Figura 26. borboletas Colias croceus, Vanessa Atalanta e Vanessa cardui

Fonte: http://www.nature-Pictures.org/foto_DO_prezentacji/1.jpg

Migrações irregulares ou táticas

Esse tipo de migração tática é forçada por eventos como as


superpopulações, não apresentando nenhuma regularidade ou ciclo. É
um exemplo as migrações de gafanhotos em regiões áridas e semi-
áridas, causadores de devastações no ambiente, muitas vezes trazendo
também danos econômicos.

Forcas evolutivas actuando na dispersao


Endogamia e exogamia
Quando indivíduos aparentados se reproduzem, sua prole provavelmente
sofre uma “depressão endogâmica”, resultante especialmente da
Biogeografia e Biodiversidade G0139 142

expressão no fenótipo11 de alelos12 deletérios recessivos. Animais com


dispersão limitada, aumentam a probabilidade de endogamia13, desse
modo, a sua evitação é uma força que favorece a dispersão. Em alguns
casos porém, as espécies podem mostrar uma adaptação local a seu local
imediato de nascimento. Quando organismo adaptados a dispersarem
longas distâncias se cruzam, a prole poderá sofrer uma “depressão
exogâmica14”, com organismo adaptados a nenhuma habitat, essa seria
uma força atuando contra a dispersão.

Evitando a competição parental

Evitar a endogamia não é, de fato, a única força atuando a favor da


dispersão natal da prole. Isso pode ser favorecido uma vez que diminua o
resultado dos efeitos competitivos que ocorrem com os progenitores, pois
mesmo em habitats muito estáveis, todos os organismos irão estar
sofrendo uma forte pressão seletiva para se dispersar de sua
progênie.10 Há também estudos comprovando que a taxa de imigração
está ligada a densidade populacional, em algumas espécies quando a
densidade é baixa, a imigração tende a ser maior do que em densidades
altas. O caso mais freqüente é a taxa de imigração ser maior quando a
densidade populacional também aumentar.

Filopatria

A dispersão efetiva não é exatamente dependente da densidade, pois


existem também forças selectivas a favor da não dispersão, mostrando,
em vez disso a chamada filopatria, ou comportamento “caseiro”. Este
comportamento existe por haver certas vantagens de se permanecer no
ambiente familiar, como a cooperação entre os indivíduos da mesma

11 O fenótipo são as características observáveis ou caracteres de um organismo


ou população como, por exemplo: morfologia, desenvolvimento, propriedades
bioquímicas ou fisiológicas e comportamento.
12 Os alelos são as formas alternativas do mesmo gene.
13 Endogamia é um sistema em que os acasalamentos se dão entre indivíduos
aparentados, relacionados pela ascendência, ou seja, é a união de indivíduos mais
aparentados do que a média da população.
14 Exogamia casamento de um indivíduo com um membro de grupo estranho
àquele a que pertence.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 143

família ou, os indivíduos que dispersam podem encontrar uma “barreira


social” de agressões ou intolerância de grupos não aparentados.

Sumário
Dispersão é o conjunto dos processos que possibilitam a fixação de indivíduos
de uma espécie num local diferente daquele onde viviam os seus progenitores.
Essa dispercao varia dentro da populacao classificando-se como polimorfismo e
podem tamem vaiar segundo o sexo, tendo o caso das aves que é comum que
as fêmeas se dispersem e nos mamíferos normalmente são os machos
Em relacao a idade grande parte das espécies a dispersão é natal, ou seja,
dispersão por juvenis antes que se reproduzam pela primeira vez.
A dispersao esta relacionada a migracao que ocorre segundo certos padroes
como é o caso de salto de dispersao em que as especies percorrem grandes
distancias, a difusão é uma forma muito mais lenta de expansão da amplitude de
distribuição de uma espécie, que envolve não apenas indivíduos, mas
também populações. Enquanto a migração secular é ainda mais lenta que a
difusão, ela ocorre muito vagarosamente possibilitando as espécies evoluírem
durante o processo de migração; migração diária e sazonal, a escala de tempo
envolvida nesses processos pode ser de horas, dias, meses, ou anos. Em alguns
casos esses movimentos têm o efeito de manter o organismo em um mesmo tipo
de ambiente; migração de somente uma via quando a viajem para um individuo é
de somente uma via; migrações irregulares ou táticas é forçada por eventos
como as superpopulações, não apresentando nenhuma regularidade ou ciclo.
Associado a isso, existem forcas evolutivas que actuam na dispersao como a
endogamia que ocorre quando indivíduos aparentados se reproduzem e
exogamia quando organismo adaptados a dispersarem longas distâncias se
cruzam.

Exercícios

1. Definina dispersao
2. Caracterize os padroes de dispersao.
3. Explica como varia a dispersao dentro de populacoes
4. Estabeleca a relacao entre a dispersao e o sexo, idade e tempo
5. Quais os padroes de migracao

6. Caracterize as forcas evolutivas que actuam na dispersao


Biogeografia e Biodiversidade G0139 144

Unidade XVIII

Ecologia das paisagens

Introdução

A ecologia da paisagem, tras-nos uma abordagem sobre a a paisagem,


espacos geograficos com heterogeneidade quanto a sua biodiversidade.
A unidade vai nos abordar sobre a o conceito, historial, caracteristicas e
aplicacao de ecologia das paisagens.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir ecologia das paisagens


 Descrever o historial da Ecologia da paisagem
Objectivos
 Caracterizar a ecologia da paisagem
 Relacionar a ecologia da paisagem com a biogeografia

Ecologia da paisagem

Ecologia da paisagem é a ciência que estuda e procura melhorar o


relacionamento entre os processos ecológicos no ambiente e
ecossistemas particulares. Isto é feito dentro de uma variedade de
escalas de paisagem, desenvolvimento de padrões espaciais e níveis
organizacionais de pesquisas e políticas.

A ecologia da paisagem enfatiza a interação entre o modelo espacial e os


processos ecológicos, isto é, as causas e consequências da
heterogeneidade espacial através de uma série de escalas.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 145

Essencialmente ela combina a abordagem espacial do geógrafo com a


abordagem funcional do ecologista.

É uma ciência interdisciplinar, integrando biofísica e enfoques analíticos


com perspectivas humanísticas e holísticas através das ciências naturais
e sociais.

Paisagens são áreas geográficas espacialmente heterogêneas,


caracterizadas por diversas interações de ecossistemas, desde sistemas
aquáticos e terrestres relativamente naturais como as florestas, campos e
lagos, até ambientes dominados pelo homem, incluindo cenários urbanos
e agrícolas.

As principais características da ecologia das paisagens são sua ênfase no


relacionamento entre os padrões, processos e escalas e seu foco em
tópicos ambientais e ecológicos de grande escala. Isto exige a
cooperação entre as ciências biofísicas e socioeconômicas. Os principais
tópicos de pesquisa nesta área incluem fluxos ecológicos nos mosaicos
de paisagens, uso e mudança da cobertura do solo, a relação do padrão
das paisagens com os processos ecológicos, conservação da paisagem e
sustentabilidade.

Terminologia

O termo ecologia de paisagem(Landshaft ökologie) foi cunhado por Carl


Troll, um geógrafo alemão, em 1939 . Ele desenvolveu esta terminologia e
muitos conceitos primordiais da ecologia de paisagem como parte de seus
primeiros trabalhos, que consistiam em aplicar interpretação de fotografias
aéreas a estudos de interação entre o meio e a vegetação.

Heterogeneidade é a medida do quanto as partes de uma paisagem se


diferenciam de outra quanto à sua configuração espacial. A ecologia de
paisagem observa como esta estrutura espacial afecta a abundância dos
organismos no nível da paisagem, assim como o comportamento e o
funcionamento da paisagem como um todo. Isso inclui o estudo sobre a
Biogeografia e Biodiversidade G0139 146

influência do padrão, ou da ordem interna de uma paisagem no processo,


ou a contínua operação das funções dos organismos.

A ecologia de paisagem também inclui a geomorfologia aplicada ao


desenho e arquitetura das paisagens. Geomorfologia é o estudo de como
formações geológicas são responsáveis pela estrutura de uma paisagem.

Evolução da teoria

Uma teoria central da ecologia de paisagem originou-se de The Theory of


Island Biogeography, de MacArthur & Wilson. Tal trabalho considerou a
biodiversidade em ilhas como resultado da competição de forças
ocorrendo na colonização de uma unidade continental e
da extinção estocástica15. Os conceitos de biogeografia de ilhas foram
generalizados de ilhas físicas para partes abstratas de habitat pelo
modelo de metapopulação de Levin. Essa generalização permitiu o
crescimento da ecologia de paisagem provendo aos biólogos de
conservação uma nova ferramenta para explicar como a fragmentação do
habitat afecta a viabilidade das populações. Crescimentos recentes da
ecologia de paisagem devem muito ao desenvolvimento dos Sistemas de
Informação Geográfica (SIG) e a existência de dados sobre habitats em
grandes extensões (por exemplo, dados obtidos por sensoriamento
remoto).

Desenvolvimento como uma disciplina

A ecologia de paisagem se desenvolveu na Europa, através de


planejamentos históricos em paisagens humanas. Conceitos da teoria
geral da ecologia foram integrados na América do Norte. Enquanto a
teoria geral da ecologia e suas sub-disciplinas se focavam no estudo de
unidades de comunidade mais homogêneas e discretas, organizadas em
estrutura hierárquica (tipicamente como
ecossistemas, populações, espécies e comunidades), a ecologia de

15 Extincao estocastica: diminuicao drastica da populacao que leva a diminuicao


da variabilidade genetica tornando a populacao inviavel.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 147

paisagem foi construída considerando-se a heterogeneidade no espaço e


no tempo. Frequentemente inclui mudanças na paisagem causadas pelo
homem na teoria e na aplicação dos conceitos.

Por volta de 1980, a ecologia de paisagem era uma disciplina discreta e


estabelecida no meio acadêmico. Foi marcada pela organização
da Associação Internacional para a Ecologia de Paisagem (IALE) em
1982.

Publicações de livros sobre a paisagem definiram o escopo e os objetivos


da disciplina, incluindo Naveh e Lieberman and Forman and Godron
Forman escreveu que, apesar do estudo da "ecologia da configuração
espacial em escala humana" ter apenas uma década de idade, havia um
grande potencial para o desenvolvimento de teorias e aplicações da parte
conceitual.

Hoje, a teoria e aplicação da ecologia de paisagem continua se


desenvolvendo através da necessidade de aplicações inovadoras nas
paisagens em processo de mudança, e se utiliza de tecnologias
avançadas como o sensoriamento remoto, SIG, e modelos. Houve um
desenvolvimento associado de eficientes métodos quantitativos para
examinar a interação entre os padrões e os processos.

Um exemplo é a determinação da quantidade de carbono presente


no solo baseada no relevo da paisagem, utilizando mapas de SIG, tipos
de vegetação, e dados pluviométricos da região.

Relacao com a teoria ecologica

A teoria da ecologia de paisagem está ligeiramente fora do "domínio


preferido e clássico das disciplinas científicas" por causa das grandes e
heterogêneas áreas de estudo. Contudo, a teoria geral da ecologia é
central para a teoria da ecologia de paisagem em vários aspectos.

A ecologia de paisagem consiste em quatro princípios centrais:

i. O desenvolvimento e a dinâmica da heterogeneidade espacial,


Biogeografia e Biodiversidade G0139 148

ii. Interações e trocas de matéria e energia através de paisagens


heterogêneas,

iii. Influência da heterogeneidade espacial em processos bióticos e


abióticos,

iv. Gerenciamento da heterogeneidade espacial.

A principal diferença em relação aos estudos ecológicos tradicionais, que


frequentemente assumem que sistemas são espacialmente homogêneos,
é a consideração de padrões espaciais .

Escala e heterogeneidade

Composição incorporada, estrutura e função

Um dos conceitos centrais na ecologia de paisagem é a escala. Escala


representa o mundo real traduzido em um mapa, relacionando a distância
na imagem do mapa e a distância correspondente na Terra.

Escala é também a medida espacial ou temporal de um objeto ou


processo, ou a quantidade de resolução espacial. Componentes da escala
incluem composição, estrutura ,função e padrão, todos importantes
conceitos ecológicos. Aplicados à ecologia de paisagem, composição se
refere ao número de elementos discretos representados em uma
paisagem e sua abundância relativa.

Por exemplo, a quantidade de florestas ou pântanos, o tamanho das


bordas da floresta ou a densidade das ruas em uma área urbana podem
ser aspectos da composição da paisagem.

Estrutura é determinada pela composição, configuração espacial e


proporção de diferentes elementos na paisagem, enquanto função se
refere a como cada elemento na paisagem interage com os elementos
vizinhos em seu ciclo biológico. Padrão é o termo utilizado para o
conjunto de elementos que seguem uma ordem espacial de uma área
heterogênea de terreno.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 149

Uma paisagem com estrutura e padrão implica que


possui heterogeneidade espacial, ou distribuição aleatória de objetos
através da paisagem. Heterogeneidade é um elemento chave para a
ecologia de paisagem, que separa a disciplina de outros ramos da
ecologia.

Partes, Matriz e mosaico

Parte ou Mancha, é um termo fundamental para a ecologia de paisagem,


definido como uma área relativamente homogênea que se difere de seus
arredores.

Partes são as unidades básicas da paisagem que mudam e deslocam-se,


em um processo chamado dinâmica de partes. Partes possuem forma
definida e configuração espacial, e podem ser descritas com
posicionalmente por variáveis internas como números de indivíduos,
número de espécies de indivíduos, dados morfométricos, fisionômicos, ou
outras medidas similares.

Matriz é o "plano de fundo do sistema ecológico" de uma paisagem,


sendo o componente espacialmente mais representativo ou dominante,
podendo apresentar variável grau de conectividade.

Conectividade é a medida do quão conectado ou espacialmente


contínuo um corredor, rede ou matriz é. Por exemplo, uma paisagem
florestal (matriz) com menos buracos na cobertura florestal (partes
abertas), terá maior conectividade.

Corredores possuem importante função, sendo faixas de um elemento


particular da paisagem que diferencia-se do terreno adjacente em ambos
os lados. Uma rede é um sistema interconectado de corredores,
enquanto mosaico descreve o padrão das partes, corredores e matriz que
formam uma paisagem em seu todo.

Fronteiras e bordas
Biogeografia e Biodiversidade G0139 150

Partes da paisagem possuem fronteiras entre elas que podem ser bem
definidas ou confusas. A zona composta das bordas de ecossistemas ou
elementos da paisagem adjacentes é a fronteira.

Borda é a porção de um ecossistema ou elemento da paisagem próximo


de seu perímetro, onde influências das partes adjacentes podem causar
diferenças entre o interior da parte e sua margem. Este efeito de borda
inclui variações na composição ou abundância de espécies.

Por exemplo, quando uma paisagem é um mosaico de diferentes tipos


perceptíveis, como uma floresta adjacente a uma pradaria, a borda é
localizada onde os dois tipos se juntam. Em uma paisagem contínua em
gradiente, como uma floresta se abrindo em um bosque, a exata
localização da borda é confusa e algumas vezes determinada por um
gradiente local excedendo um dado limite, como o ponto onde a cobertura
das árvores cai abaixo de 35%.

Ecótones, ecóclinas e ecótipos

Um tipo de fronteira é a ecótone, ou a zona de transição natural entre


duas comunidades. Ecótones podem surgir naturalmente, como
uma restinga16, ou pode ser de origem antrópica, como um terreno
desmatado de uma floresta a ser utilizado para agricultura.

A comunidade ecotonal possui características em comum de cada


comunidade fronteiriça e, às vezes, contém espécies não encontradas
nas comunidades adjacentes. Exemplos clássicos de ecótones incluem
cercas, transições de florestas para marismas, florestas para campos, ou
interfaces terreno-aquáticas como zonas ribeirinhas em florestas.
Características de ecótones incluem a seletividade da flora e fauna,
mudanças fisionômicas, ocorrência de mosaico da comunidade espacial,
ocorrência de espécies exóticas, espécies ecotonais, efeito de massa
espacial, e riqueza de espécies maior ou menor do que algum dos lados
da ecótone.

16 A restinga é um espaço geográfico formado sempre por depósitos arenosos


paralelos à linha da costa, de forma geralmente alongada, produzido por
processos de sedimentação, onde se encontram diferentes comunidades que
recebem influência marinha, podendo ter cobertura vegetal em mosaico.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 151

Uma ecóclina é outro tipo de fronteira da paisagem, mas é uma mudança


gradual e contínua nas condições ambientais de um ecossistema ou
comunidade. Ecóclinas ajudam a explicar a distribuição e diversidade dos
organismos em uma paisagem porque certos organismos sobrevivem
melhor sob certas condições, o que muda ao conforme a ecóclina. Elas
contêm comunidades heterogêneas que são consideradas mais
ambientalmente estáveis do que aquelas nas ecótones.

Um ecótipo é um termo espacial que representa a menor unidade


ecologicamente distinguível no mapeamento e na classificação das
paisagens em uma dada escala. Relativamente homogêneos, são
unidades da paisagem espacialmente explícitas usadas para estratificar
paisagens em feições ecologicamente distintas. Eles são úteis para a
medição e o mapeamento da estrutura, função e mudança das paisagens
ao longo do tempo, e para examinar os efeitos do distúrbio e da
fragmentação.

Distúrbio e fragmentação

Distúrbio é um evento que altera significativamente o padrão de variação


na estrutura ou função de um sistema.

Fragmentação é a quebra de um habitat, ecossistema ou tipo de uso do


solo em parcelas menores. O distúrbio é geralmente considerado um
processo natural. A Fragmentação é causada por fatores antrópicos de
transformação do terreno, um importante processo nas paisagens
relacionado ao desenvolvimento e ocupação humanos.

Uma importante consequência do desmatamento repetido e aleatório (seja


por distúrbio natural ou atividade antrópica) é a possibilidade de quebra
da cobertura contínua em partes isoladas. Isto acontece quando a área
desmatada excede um nível crítico, o que significa que as paisagens
desmatadas exibem duas fases: conectada e desconectada.

Teoria da ecologia de paisagem

A teoria da ecologia de paisagem dá ênfase ao papel dos impactos


antrópicos nas estruturas e funções da paisagem. Também propõe meios
Biogeografia e Biodiversidade G0139 152

de restauração de paisagens degradadas. A ecologia de paisagem


explicitamente inclui o homem como entidade que causa mudanças
funcionais na paisagem.

A teoria da ecologia de paisagem inclui o princípio da estabilidade da


paisagem, que enfatiza a importância da heterogeneidade estrutural da
paisagem no desenvolvimento de resistência aos distúrbios, recuperação
de distúrbios e na promoção da estabilidade total do sistema. Este
princípio é uma grande contribuição para as teorias gerais da ecologia
que enfatizam a importância das relações entre os várias componentes da
paisagem. A integridade dos componentes da paisagem ajuda na
manutenção da resistência a ameaças externas, incluindo o
desenvolvimento e a transformação do solo pela atividade antrópica.

A análise da mudança do uso do solo incluiu uma forte abordagem


geográfica que levou à aceitação da idéia de propriedades multifuncionais
das paisagens. Existem ainda pedidos para que haja uma teoria mais
unificada da ecologia de paisagem por causa de diferenças nas opiniões
profissionais entre ecologistas e abordagem interdisciplinar do tema
(Bastian 2001).

Uma importante teoria relacionada é a teoria hierárquica, que explica


como sistemas de elementos funcionais diferentes operam quando
ligados em duas ou mais escalas. Por exemplo, uma paisagem florestal
pode ser hierarquicamente composta de bacias de drenagem, que por sua
vez são compostas de ecossistemas locais, estes compostos de árvores
individuais e intervalos. Desenvolvimentos teóricos recentes na ecologia
de paisagem enfatizaram a relação entre padrões e processos, bem como
o efeito que mudanças em escala espacial possuem no potencial de
extrapolar informações utilizando a escala. Muitos estudos sugerem que a
paisagem possui críticos limites nos quais processos ecológicos irão
mostrar mudanças dramáticas, como a completa transformação de uma
paisagem por uma espécie invasora com pequenas mudanças na
temperatura que favoreçam o habitat do invasor.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 153

Aplicação da ecologia de paisagem

Direções das pesquisas

Desenvolvimentos na ecologia de paisagem ilustram as importantes


relações entre padrões espaciais e processos ecológicos. Estes
desenvolvimentos incorporam métodos quantitativos que ligam padrões
espaciais e processos ecológicos em grandes escalas espaciais e
temporais. Esta ligação do tempo, espaço e mudança ambiental, além da
maior rapidez em diagnosticar possíveis problemas, podem ajudar
gerenciadores na aplicação de planos para resolver
problemas ambientais.

A crescente atenção dada nos últimos anos à dinâmica espacial enfatizou


a necessidade por novos métodos quantitativos que possam analisar
padrões, determinar a importância de processos espaciais explícitos, e
desenvolver modelos confiáveis. As técnicas de
análises multivariáveis são frequentemente utilizadas para examinar os
padrões de vegetação a nível de paisagem. Estudos usam técnicas de
estatística, como análise de cluster, análise de correspondência
canônica (CCA), ou análise de correspondência discreta (DCA), para
classificar a vegetação. Análise de gradiente é outro modo de determinar
a estrutura da vegetação ao longo de uma paisagem ou de ajudar a
delinear habitats pantanosos críticos para propósitos de conservação ou
mitigação (Choesin and Boerner 2002).

Mudanças climáticas são outro grande componente na estrutura da


pesquisa atual na ecologia de paisagem. Ecótones, como uma unidade
básica nos estudos de paisagem, podem ser significativas para o
gerenciamento sob cenários de mudança climática, já que efeitos de
mudança provavelmente serão visto primeiramente em ecótones por
causa da instabilidade natural de um habitat de fronteiras.

Pesquisas nas regiões meridionais examinaram processos de ecologia de


paisagem, como a acumulação de neve, derretimento, erosão,
percolação, variação na hmidade do solo e regimes de temperatura
através de medições de longo tempo na Noruega. O estudo analisa
Biogeografia e Biodiversidade G0139 154

gradientes através do espaço e do tempo entre ecossistemas nas


montanhas centrais para determinar relações entre o padrão de
distribuição dos animais em seu meio. A observação do local onde os
animais vivem, e como a vegetação muda ao longo do tempo, poderá
prover informações sobre o gelo e a neve em longos períodos de tempo
na paisagem como um todo.

Outros estudos a nível de paisagem afirmam que o impacto humano


provavelmente é o principal determinante do padrão da paisagem em
grande parte do globo. Paisagens podem vir a ser substituídas por
medições de biodiversidade, porque composições de plantas e animais
são diferentes em exemplos tomados de locais com diferentes categorias
de paisagem. Taxa, ou diferentes espécies, podem "escapar" de um
habitat para outro, o que possui implicações para a ecologia de paisagem.
Conforme as práticas antrópicas de uso do solo se expandem e
continuam a aumentar a proporção de bordas nas paisagens, os efeitos
destes "vazamentos" de um habitat para outro através das bordas podem
se tornar mais significantes na conservação. Isto porque as espécies
podem ser conservadas através dos níveis de paisagem, se não em
níveis locais.

Relação com outras disciplinas

A ecologia de paisagem foi incorporada em uma variedade de


subdisciplinas ecológicas. Por exemplo, um recente desenvolvimento foi a
consideração mais explícita dos conceitos e princípios espaciais no
estudo de lagos, correntezas e pântanos no campo da limnologia de
paisagem. Adicionalmente, a ecologia de paisagem tem importantes
ligações a disciplinas de aplicação como aagricultura e a engenharia
florestal. Na agricultura, a ecologia de paisagem introduziu novas opções
para o gerenciamento de ameaças ambientais trazidas pela intensificação
das práticas agrícolas. A agricultura sempre foi um forte impacto humano
nos ecossistemas.

Na engenharia florestal, desde a extração de lenha e carvão vegetal até a


organização das paisagens para fins estéticos, os hábitos do consumismo
Biogeografia e Biodiversidade G0139 155

afetaram a conservação e o uso das paisagens florestais. A engenharia


florestal de paisagem possui métodos, conceitos e procedimentos
analíticos para a análise de tais questões. Finalmente, a ecologia de
paisagem foi citada como contribuidora para o desenvolvimento da
biologia da pesca como ciência biológica distinga, e é frequentemente
incorporada no planejamento da delineação de áreas alagadas
na hidrologia.

Sumário

Ecologia da paisagem é a ciência que estuda e procura melhorar o


relacionamento entre os processos ecológicos no ambiente e ecossistemas
particulares. Isto é feito dentro de uma variedade de escalas de paisagem,
desenvolvimento de padrões espaciais e níveis organizacionais de pesquisas e
políticas. Assim, Paisagens são áreas geográficas espacialmente heterogêneas,
caracterizadas por diversas interações de ecossistemas.
A ecologia da paisagem evolui com o desenvolvimento da disciplina, se
desenvolveu primeiro na Europa e seguindo dos EUA e em
1980 ja era uma disciplina discreta e estabelecida no meio acadêmico.
Relacionase com a teoria ecologica e coscicte em 4 principios centrados na
heterogeneidade do espaco geografico sendo este visto de varias escalas
A eologia da paisagem [pode ser aplicada em direccoes de pesquisa e relaciona-
se com varias outras disciplinas como agricultura e engenharia florestal.

Exercícios
1. Defina ecologia das paisagens
2. Defina Paisagem
3. Descreva o historial da Ecologia da paisagem
4. Caracterizar a ecologia da paisagem
5. Descrever a aplicacao da ecologia da paisagem
6. Relacionar a ecologia da paisagem com a biogeografia

Entregar o exercício 1 e 2 desta unidade.


Biogeografia e Biodiversidade G0139 156

Unidade XIX

Biogeografia de Ilhas e Áreas


protegidas

Introdução

As ilhas sao tidas como locais de manifestacao de grande diversidade de


vida, sendo assim, varios sao sos factores que ditam a intensa
diversidade biologica das especies nestas areas. No sentido de explicar
essa biodiverisdade sao identificadas algumas teorias, associado a essa
biodiversidade temos a identificacao e formacao de unidades de
conservacao, que para a sua formacao e preservacao sao aplicadas
algumas teorias relacionadas com as teorias insulares.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir ilha
 Dar o conceito de unidades de conservacao
 Explicar o processo de colonizacao das ilhas
 Carcaterizar os metodos de criacao de uma unidade de conservacao

Biogeografia insular

As ilhas, porções de terra menos extensas que os continentes e cercadas


de águas por todos os lados, servem de palco para o espetáculo de
intensas especiações por deriva genética.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 157

Em uma ilha pode ser encontrado um complexo de ecossistemas de


pequena extensão espacial com número de códigos genéticos restrito,
pois as trocas genéticas e ocorrência de colonização são potencialmente
reduzidas. Esse isolamento favorece o processo de especiação.

A biogeografia de ilhas constitui-se em um ramo da ciência biogeográfica


repleta de fortes emoções. Muitas das formas de vida mais
espalhafatosas do mundo ocorremem ilhas. Encontram-se nelas gigantes,
anões, exímios artistas da permutação e não-conformistas de todo tipo.
Essas criaturas improváveis habitam as zonas mais isoladas e remotas do
planeta e conferem uma definição biológica vivida a palavra exótico
(QUAMMEN, 2008).

O número de espécies em uma ilha equilibra os processos regionais


governando a imigração, enquanto que a extinção é governada pelos
processos locais.

Um exemplo de extinção em massa é a da ilha Cracatoa, no qual um


vulcão entrou em erupção e destruiu completamente a ilha, originando
uma ilha ao lado.

Colonizacao novamente da ilha de Cracatoa (vide a figura seguinte)

Figiura 27. Processo de colonizacao da ilha Cracatoa

Fonte: http://1.blogspot.com/biogeografia.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 158

As chegadas de espécies podem ser ocasionais como os insectos


voadores, sementes dispersas pelo vento, água marinha carregando
sementes etc. As aves contribuem muito para a chegada de espécies,
pois defecam e trazem consigo sementes de outras áreas. Jangadas
naturais servem para translocar uma espécie até a ilha, como por exemplo
uma árvore que cai no mar vinda de outra ilha distante, pode trazer
consigo alguns animais que chegariam até a outra ilha.

Para uma ilha ser completamente habitável por várias espécies, ela tem
também que ter água doce. A água doce só será disponibilizada quando
toda a ilha estiver com a vegetação densa e uma grande capacidade de
reter água das chuvas etc.

A diversidade de espécies na ilha nova só aumenta com a imigração de


outras ilhas ou com as massas continentais. As ilhas possuem os animais
dos continentes e esses animais que se estabelecem nas ilhas são
menores, sendo assim a seleção natural trabalha a favor dos menores
indivíduos. A capacidade suporte (área física e recursos) é pouca, por isso
os menores animais são favorecidos.

As espécies são levadas até ilhas distantes através dos continentes, onde
migram para ilhas vizinhas e em seguida conseguem chegar à ilha
distante pelas correntes marinhas ou jangadas naturais, aves etc.

Equilíbrio de uma ilha

Quanto maior o número de espécies numa ilha, menor é a taxa de


imigração. A ilha é colonizada pelo estabelecimento de vegetação e em
seguida pelos animais vindos do continente. Quando todas as espécies
continentais que puderem ocorrer na ilha estiverem presentes, a
imigração será zero (vide grafico seguinte).
Biogeografia e Biodiversidade G0139 159

Grafico 1. Relacao entre imigracao e o numero de polucao

Fonte: http://3.blogspot.com/imagem3.jpg

Áreas menores= riqueza menor, desde que estejam distantes do


continente. Se uma ilha menor está próxima ao continente a riqueza será
maior que a ilha distante que é grande. As espécies levarão maior tempo
para colonizar a outra ilha distante.

Grafico 1. Relacao entre proximidade da Ilha ao continente e a quantidade da


biodiverside

Fonte: http://3.blogspot.com/imagem2.jpg

Competição

Conforme o numero de espécies na ilha aumenta, a competição também


aumenta e a taxa de extinção consequentemente também
aumenta. Conforme maior competição local, maior será a substituição de
espécies. A composição de espécies na ilha muda de acordo com a
Biogeografia e Biodiversidade G0139 160

densidade da competição. Conforme a diversidade (riqueza e abundância)


aumenta, a diversidade de habitat e abundância de recursos decresce.

O estado estacionário

A teoria do equilíbrio da biogeografia de ilhas contrapõe a imigração e


extinção.

A extinção e imigração darão o equilíbrio nas espécies, onde quando


maior a taxa de imigração menor o número de extinção e vice-versa.

Relação espécie – área

Ilhas pequenas sustentam riquezas menores que ilhas grandes, quando


em clímax.

A riqueza aumenta com o tamanho da ilha e diminui quanto maior a


distância do continente ou da fonte de colonização (que pode ser uma ilha
vizinha de um continente).

Gráfico SS e Si – equilíbrio

A ilha menor atinge a capacidade suporte mais rápido porquê abrigará


mais espécies que a ilha maior, pois a mesma não tem recursos
suficientes para quantidades de espécies semelhantes a ilha maior.

Grau de isolamento

As ilhas mais próximas do continente tem mais espécies que as ilhas mais
distantes.

O equilíbrio da diversidade chega primeiro na ilha que está mais próxima


ao continente e depois na ilha mais longe.

Critérios para a criação de Unidades de Conservacao


Biogeografia e Biodiversidade G0139 161

Originalmente, as áreas destinadas a se tornarem parques nacionais, as


primeiras unidades conservação criadas no mundo ocidental, eram
aquelas que possuiam paisagens de beleza excepcional.
O exemplo dos primeiros parques nacionais norte-americanos criados –
Yellowstone, Yosemite, Grand Canyon, Rainier, Zion – ilustram bem esse
critério. Somente na década de 1940, com o estabelecimento do Parque
Nacional de Everglades, criado para proteger pântanos na Flórida, outros
critérios começaram ser levados em conta.

O desenvolvimento da teoria de biogeografia de ilhas, na década de 1960,


e sua posterior utilização na conservação, na década seguinte, inaugurou
uma nova era nos debates sobre os critérios de alocação e desenho de
reservas. Veja um resumo dessa teoria abaixo.
Logo após sua concepção, os ecólogos reconheceram sua aplicação
potencial para a conservação e em 1975, usando a teoria como base,
Jared Diamond propôs que as reservas naturais fossem consideradas
como ilhas com taxas de extinção previsíveis. Diamond também sugeriu
que as taxas de extinção poderiam decrescer se as áreas protegidas
fossem desenhadas segundo alguns princípios da teoria de biogeografia
de ilhas:
 Reservas grandes são preferíveis a reservas pequenas;
 Uma reserva é melhor do que várias de tamanho cumulativo
equivalente;
 Reservas próximas são preferíveis a reservas mais espaçadas;
 Reservas agrupadas em torno de um centro são melhores do que
aquelas dispostas em linha;
 Reservas circulares são preferíveis a reservas alongadas;
 Reservas conectadas por corredores são preferíveis a reservas
não conectadas.

A teoria de biogeografia de ilhas


A teoria de biogeografia de ilhas foi desenvolvida por MacArthur e
Biogeografia e Biodiversidade G0139 162

Wilson (1963 e 1967) para explicar como o número de espécies numa


ilha se mantém aproximadamente constante enquanto a composição
taxonômica desse conjunto de espécies muda ao longo do tempo. Eles
sugeriram que os organismos numa ilha estão em um equilíbrio dinâmico,
isto é, enquanto algumas espécies estão colonizando a ilha, outras estão
se extinguindo.

Segundo MacArthur e Wilson, a taxa de colonização depende da distância


entre a ilha e a fonte das espécies potenciais colonizadoras, logo ilhas
mais próximas da fonte possuem uma taxa mais alta de colonização. Já a
extinção depende do tamanho da ilha, ilhas menores possuem taxas mais
altas de extinção. Esses autores propuseram que a taxa de colonização e
a taxa de extinção, quando consideradas simultaneamente, fornecem um
número previsível de espécies em equilíbrio, mantido ao longo do tempo e
uma taxa de turnover (troca) das espécies também previsível e mantida
ao longo do tempo.

Desde sua proposição original, a teoria já passou por algumas


transformações que relacionaram a taxa de colonização também com o
tamanho da ilha e a taxa de extinção também com a distância da fonte
potencial de colonizadores, dado que a imigração de indivíduos de uma
espécie que já está presente na ilha pode retardar a extinção local da
espécie.

Criticas a Teoria
Essas sugestões foram imediatamente criticadas; alguns, por exemplo,
afirmavam que a teoria não justificava diretamente a preferência pelas
áreas grandes ao invés de diversas pequenas, além de que essa
sugestão de desenho seria pouco realista dadas as condições ecológicas
que diferenciariam os hábitats e consequentemente, a distribuição das
espécies que tem diferentes preferências alimentares e de interações com
o ambiente. Tais críticas, entre outras, deram início a uma contínua
Biogeografia e Biodiversidade G0139 163

controvérsia sobre o papel da teoria de biogeografia de ilhas no desenho


de áreas protegidas.

A sugestão de Diamond de que reservas grandes seriam melhores do que


reservas pequenas revelou-se altamente controversa. Duas outras de
suas sugestões – reservas circulares preferíveis a reservas alongadas e
reservas conectadas por corredores preferíveis a reservas não
conectadas – também causaram bastante discussão. O debate acerca do
tamanho preferencial das áreas protegidas ganhou até mesmo um
acrônimo: SLOSS (single large or several small - uma grande ou várias
pequenas) ou Projeto Dinâmica Biológica de Fragmentos Florestais –
PDBFF. Apesar do debate ainda prosseguir, alguns autores acreditam
que a ênfase que a teoria de biogegrafia de ilhas dá à diversidade de
espécies limita sua aplicação ao desenho de reservas, pois esse envolve
muitas outras considerações importantes como a raridade das espécies e
a representatividade dos habitats.

Desde então, foram desenvolvidos inúmeros métodos para seleção e


desenho de áreas prioritárias para a alocação de reservas, mas,
paralelamente, continuaram surgindo áreas protegidas fruto de
oportunismo. Actualmente, acredita-se que a representatividade que deve
haver em um conjunto de áreas protegidas, para assegurar a máxima
proteção possível da biodiversidade, é colocada em risco por esse
oportunismo, pois há recursos limitados para as reservas que acabam
sendo usados em áreas menos importantes. Os sistemas de unidades de
conservação possuem, em geral, uma amostra enviesada da
biodiversidade, dado que muitas reservas foram alocadas em locais
remotos ou simplesmente em áreas que não apresentavam nenhum outro
uso potencial.

Há uma percepção crescente de que as áreas protegidas têm maiores


possibilidades de desempenhar um papel fundamental na conservação da
biodiversidade se fizerem parte de um sistema representativo, ou seja um
Biogeografia e Biodiversidade G0139 164

sistema que contenha o maior número possível de exemplos de


elementos característicos da biodiversidade. Assim, os critérios
desenvolvidos nas últimas décadas consideram não apenas uma área
onde eventualmente seria alocada uma unidade de conservação, mas a
combinação entre diversas áreas para assegurar um conjunto
representativo de reservas.

Complementaridade, flexibilidade e raridade


Um método interessante desenvolvido na década de 1990, para a seleção
de novas áreas para a conservação da biodiversidade, considerando a
escala regional e a representatividade, baseia-se em três princípios:
complementaridade, flexibilidade e raridade.

A complementaridade refere-se à estratégia de se verificar, antes da


definição do local da unidade de conservação, o que as outras reservas
da região contêm visando a selecionar uma área cujas características
venham a complementar as já presentes nas outras unidades.Esse
princípio é importante pois na maioria das regiões, as parcelas que serão
destinadas à conservação são limitadas.

A flexibilidade diz respeito às várias formas de combinação de locais


para formar um conjunto representativo de áreas protegidas. A existência
dessas combinações permite que haja espaço para negociar e para, se
possível, evitar conflitos.

Por fim, a raridade trata da frequência em que os locais importantes para


a conservação da biodiversidade ocorrem em cada uma das combinações
que formam um conjunto representativo de reservas. A raridade mede a
contribuição potencial de um local para o objetivo de conservação e a
diminuição de opções, para a consecução de um conjunto representativo
de áreas protegidas, derivada da perda do local em questão.

Quando colocados em prática, esses princípios devem ser aplicados


levando-se em conta outros fatores como a viabilidade das populações
Biogeografia e Biodiversidade G0139 165

que serão abrangidas pelas reservas. O método também enfatiza que a


definição de representatividade não deve se limitar aos tipos de solo e de
vegetação e às populações das espécies, mas deve considerar as
dinâmicas temporais e espaciais que atuam sobre as paisagens e
populações.

Outros métodos foram desenvolvidos considerando outros elementos


além desses três princípios, como por exemplo, a diversidade
taxonômica, as ameaças à integridade da área, os custos e o uso da
terra na região. Embora muitos merecessem um exame mais
aprofundado, o que deve ser ressaltado é que a idéia de um planejamento
regional e a preocupação com a representatividade estão presentes em
todos eles.

O planeamento sistemático de conservação


Em 2000, surgiu o planeamento sistemático de conservação. Trata-se de
um arcabouço para o planeamento da seleção e do desenho de áreas
protegidas dividido em seis passos:

1. Mensuração e mapeamento da biodiversidade;


2. Identificação dos objetivos de conservação da região;
3. Revisão das reservas existentes;
4. Seleção de áreas protegidas adicionais;
5. Implementação das atividades de conservação; e
6. Manejo e monitoramento das reservas.

O primeiro desses estágios, a mensuração e mapeamento da


biodiversidade, esbarra no nosso limitado conhecimento da complexidade
da biodiversidade. Os sistemas biológicos são organizados de forma
hierárquica, desde o nível molecular até os ecossistemas, e seus níveis
de organização – indivíduos, populações, espécies, comunidades,
ecossistemas – são heterogêneos.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 166

Diante do desafio de lidar com tamanha complexidade, mas considerando


que mantê-la é o principal objetivo da conservação, resta utilizar os
conhecimentos já existentes e medir parcialmente a biodiversidade para
estimar a semelhança ou a diferença entre as áreas a serem analisadas
numa região. Um método que tem sido bastante utilizado é a designação
de um grupo de espécies, por exemplo plantas vasculares, vertebrados ou
borboletas, como indicador da biodiversidade na área. Apesar da
popularidade desse método alguns resultados sugerem que ele funciona
bem, entretanto outros apresentam algumas restrições, questiona-se a
sua efetividade de forma generalizada.

O uso de outros níveis hierárquicos de organização, como conjuntos de


espécies, tipos de habitats e ecossistemas, possuem menor precisão
biológica mas oferecem outras vantagens pois podem abarcar mais dos
processos ecológicos que contribuem para a manutenção das funções
dos ecossistemas e há maior disponibilidade de dados sobre eles. A
conclusão é que a decisão de que informação e que método utilizar para
estimar a biodiversidade da área depende de muitos fatores, inclusive da
disponibilidade de dados, sendo diferente em cada caso. Outras
informações, como a propriedade e posse das terras, estradas, rios e
ameaças à integridade da região, devem ser coletadas e consideradas
também.

O segundo passo, identificação dos objetivos de conservação da região,


consiste na tradução da representatividade e da persistência das reservas
em objetivos mais específicos e mesmo, se for possível, quantitativos.
Tais objetivos permitem avaliar as áreas protegidas já existentes e medir o
valor de conservação das áreas durante o processo de seleção das novas
reservas.

O terceiro passo está conectado ao quarto, ou seja, há necessidade de


se avaliar as reservas existentes para selecionar áreas protegidas
adicionais. Avaliar o quanto do objetivo de conservação já foi atingido
Biogeografia e Biodiversidade G0139 167

pelas unidades já existentes é imprescindível para definir o quanto falta e


qual a melhor estratégia para as novas áreas. Os métodos desenvolvidos
para tal objetivo são conhecidos como análise de lacunas de
representatividade.

O quarto estagioconsiste na seleção de áreas protegidas adicionais,


conta atualmente com uma ferramenta de decisão bastante eficaz. Trata-
se de algoritmos que podem ser utilizados para avaliar distintas situações,
como, por exemplo, a inclusão ou não de determinadas áreas, o custo de
aquisição e os custos de oportunidade de outros usos. Essa ferramenta
fornece uma base para a negociação, uma vez que permite a avaliação
concreta das diversas opções de alocação e desenho das futuras
unidades de conservação.

O quinto estágio, implementação das atividades de conservação, requer


um conjunto completamente diferente de atividades. Esse passo implica
na articulação de várias pessoas, agências, instituições e interesses
comerciais. Esse é o momento onde o propositor da criação, munido com
as diversas opções de alocação e desenho, fornecidas pelas ferramentas
técnicas, inicia a negociação, mapeamento e diminuição dos conflitos que
certamente surgirão nessa fase.

Por fim, restam as atividades de manejo e monitoramento das reservas.


Apesar dessa etapa não fazer parte do processo de seleção e desenho
das áreas, é, ainda assim, um estágio fundamental, pois é nessa fase que
os problemas surgem, muitas vezes derivados do processo de seleção e
desenho das áreas. Algumas considerações podem dirimir problemas na
gestão e manejo, como a delimitação da respeitando os limites naturais
das bacias hidrográficas, a manutenção das rotas de migração das
espécies, a negociação com os vizinhos e as iniciativas de envolvimento
das populações residentes nas circunvizinhanças.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 168

Esses métodos de planeamento sistemático, concebidos por


pesquisadores australianos, e a análise de lacunas, desenvolvida nos
Estados Unidos para identificar as lacunas no conjunto de reservas
naturais, representam marcos na história da seleção de locais para o
estabelecimento de novas áreas protegidas, iniciando uma era que
privilegia o planejamento sistemático da conservação da biodiversidade.

Há outras iniciativas e metodologias utilizadas por diferentes instituições,


uma delas, criada por pesquisadores do WWF (Fundo Mundial para a
Natureza) é um arcabouço global de planejamento de conservação de
biodiversidade baseado em ecorregiões, que seriam “áreas relativamente
extensas de terra e água que contêm conjuntos geograficamente distintos
de comunidades naturais, que compartilham a grande maioria de suas
espécies, dinâmicas e condições ambientais e funcionam juntas
efetivamente como uma unidade de conservação em escala continental e
global”. Outras organizações usam enfoques diferenciados, como os
“hotspots” empregados pela CI (Conservação Internacional), regiões que
abrigam uma grande diversidade de espécies endêmicas e que estão, ao
mesmo tempo, significativamente impactadas e alteradas pelas atividades
humanas, ou os centros globais de endemismo de aves, utilizados pela
Birdlife International.

Outro processo que vem sendo usado comumente para a definição de


áreas prioritárias é a consulta a especialistas em determinados grupos
taxonômicos. Estudos mostram que esse enfoque deve ser complementar
ao planejamento sistemático, pois considera determinados parâmetros,
como itens relacionados ao manejo e a implementação das áreas, que
não são aferidos pelo enfoque sistemático. Por outro lado, o uso de
especialistas possui um viés derivado do conhecimento desigual sobre as
regiões e os taxa. Saiba mais sobre esse processo na bibliografia abaixo
indicada.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 169

Análise Global de Lacunas


Essa análise teve como objetivo a avaliação do grau de adequação da
rede mundial de áreas protegidas com a finalidade de nortear sua
consolidação e futura expansão. Para sua realização, foram utilizadas as
seguintes bases de dados: a ‘World Database on Protected Areas’ (Base
de dados mundial sobre áreas protegidas) com mais de 100 mil registros;
e os mapas de distribuição de espécies, com 11.171 espécies, sendo
1.183 aves mundialmente ameaçadas; 4.734 mamíferos, dos quais 978
ameaçados; e 5.254 anfíbios, dos quais 1.467 ameaçados.

Para a avaliação das áreas, consideraram-se dois parâmetros: a raridade,


ou seja, o quanto a área em questão é insubstituível; e o grau de ameaça.
Locais considerados insubstituíveis e com excepcional grau de ameaça
foram identificados como prioritários.

Os resultados obtidos, que mostram que a rede mundial de áreas


protegidas está longe de atingir uma cobertura completa das espécies de
vertebrados, podem ser assim resumidos:

Não existem unidades de conservação nas áreas de distribuição de pelo


menos 1.310 espécies – das quais 831 em risco de extinção. Os anfíbios
são menos protegidos que as aves e os mamíferos;

As áreas identificadas como prioritárias para o estabelecimento de novas


unidades de conservação e para a consolidação das já existentes estão
localizadas em grande parte nas florestas tropicais e nas ilhas;

A ásia é o continente prioritário para a expansão de áreas protegidas;

Na África e na América do Sul, a prioridade é a consolidação das


unidades de conservação já existentes;
Biogeografia e Biodiversidade G0139 170

O total de áreas protegidas que cada país possui não é um indicador


preciso sobre o quanto deveria ainda ser protegido em unidades de
conservação. O estudo em questão aponta o endemismo como um
indicador mais adequado.

Sumário

Biogeografia insular

As ilhas sao porções de terra menos extensas que os continentes e cercadas de águas
por todos os lados, servem de palco para o espetáculo de intensas especiações por
deriva genética. A diversidade de espécies na ilha nova só aumenta com a imigração de
outras ilhas ou com as massas continentais.
Em relacao ao equilibrio de uma ilha quanto maior o número de espécies, menor é a taxa
de imigração; quando todas as espécies continentais que puderem ocorrer na ilha
estiverem presentes, a imigração será zero. As areas menores igualam a riqueza
menor, desde que estejam distantes do continente.

Associadas as ilhas temos outras areas de grande biodiverside que sao a sunidades de
conservacao, que para a suas criacao os criterios foram evoluindo com o tempo sendo o
primeiro dos parque nacionais que tinham que ter beleza exepcional mas que na
actualidade encontramos criterios como complementaridade, flexibilidade e raridade. Em
2000, surgiu o planeamento sistemático de conservação dividido em seis passos,
mensuração e mapeamento da biodiversidade; identificação dos objetivos de
conservação da região; revisão das reservas existentes; seleção de áreas protegidas
adicionais; coImplementação das atividades de conservação; e maneio e monitoramento
das reservas.

Exercícios

1. De o conceito de ilha
2. Definir unidades de conservacao
3. Explicar o processo de colonizacao das ilhas
4. Carcaterizar os metodos de criacao de uma unidade de
conservacao

Entregar o exercício 1 e 2 desta unidade.


Biogeografia e Biodiversidade G0139 171

Unidade XX

Padrões de distribuição da cobertura


vegetal na Região Neotropical

Introdução

Apos a abordagem sobre a dispersao das epseciae ao longo da superfie


terrestre, nesta unidade nos propomos em abordar esses padroes de
distribuicao da biodiversidade duma forma particularizada para a regiao
neo tropical, que é onde se localiza o continente Africano.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir regiao Neotropical


 Caracterizar a Regiao Neotropical.
Objectivos

África – Aspectos Naturais Clima e Vegetação

O Continente Africano é um dos mais extensos e diversos de nosso planeta, com


30.065.00 km² de área e população de 944,4 milhões de habitantes, segundo mais
populoso após a Ásia.

Aspectos Naturais – Geográficos e Geológicos

Possui particularidades como apresentar terras nos Quatro hemisférios (Norte e Sul,
Ocidente e Oriente), além de ser cortado por importantes linhas imaginárias (o Equador
Biogeografia e Biodiversidade G0139 172

– zero grau das latitudes, e Meridiano de Greenwich – zero grau para os fusos horários,
e ainda os Trópicos de Câncer ao norte e o de Capricórnio ao sul).

Seu litoral é maciço e pouco recortado, banhado pelo Mar Mediterrâneo, Oceano
Atlântico e Índico. Já o seu relevo é caracterizado por maioria de Planaltos, com
destaques para a Cadeia Montanhosa do Atlas (ao Noroeste), Maciço da Etiópia
(Nordeste), Cadeia do Cabo ou Drakensberg (na África do Sul), Planalto dos Grandes
Lagos (região que apresenta fossas tectônicas que deram origem a lagos pelo acumulo
de água, como o Lago Vitória, nascente do Nilo) e Planície do Congo (na região
central).

Devido sua formação geológica antiga a África é rica em minérios e pedras preciosas
como os Diamantes, Ouro, Manganês, Ferro entre outros.

Clima e Vegetação da África

O continente pode ser considerado “Espelhado” pois as zonas climáticas com seus
respectivos clima e vegetação se repetem ao longo das latitudes. Veja pelo mapa a
seguir que há um predomínio do tipo climático tropical, mas há as
variedades Mediterrâneo (ao norte e um pouco no sul também), Desértico (ao Norte e
parte do sul) onde localizam-se grandes desertos como o Saara, Equatorial (mais ao
centro na linha do Equador, nesta latitude as condições favorecem a formação de
grandes florestas) e no restante o clima é o Tropical típico (vide mapa seguinte).

Mapa 1. Regies climaticas de Africa

Fonte: http://www.not1.com.br/clima-do-contijnente-africano.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 173

A vegetação que é derivada das condições climáticas também varia uniformemente no


território, sendo que ao norte há o Maquis e Garrigue (Vegetação
Mediterrânea, característica de climas secos e quentes, vide figura 28), ao norte e parte
sudoeste há os Desertos, na transição deserto-floresta equatorial
estão presentes as Savanas e os Estepes (parte Tropical) e por fim a Floresta
Equatorial (que guarda grandes semelhanças com a Amazônia, afinal localiza-se numa
área com grande similaridade geográfica) vide o mapa 2.

Figura 28. o Maquis e Garrigue (Vegetação Mediterrânea)

Fonte:http://naturlink.sapo.pt/ResourcesUser/GaleriaFauna/Matos%20Mediterr%.jpg

Mapa 2. Distribuição da Vegetação e Biomas na África

Fonte: http://www.not1.com.br/vegetacao-africa-tipos.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 174

Desertos e Rios Importantes da África

Deserto do Saara – localizado na África Branca ou Saariana, com vegetação xerófita e


grandes amplitudes térmicas, a rede hídrica é pobre com rios intermitentes, exceto
o Rio Nilo que leva riqueza e vida para uma região quase inóspita do planeta. Este Rio
mantém seu regime de águas graças sua nascente localizada numa área mais úmida
(Lago Vitória), segue curso para o Norte e desemboca com foz em delta no Egito.

Deserto de Namib e Calaari – localizados no sul africano, possuem como fator de


desertificação uma Corrente Marítima, Benguela, que assim como a Humboldt
na América do Sul, não permite a evaporação das águas e consequente entrada de
umidade no território.

Salientam-se também os Rios Niger (em seu baixo curso, Biafra, destaca-se a
produção de Petróleo), o Congo (primeiro em volume de águas e segundo em
extensão, corta duas vezes o Equador e apresenta famosas cataratas) e Rio Zambeze.

Figura 29. Cataratas Vitória e Deserto do Saara

Fonte:http://naturlink.sapo.pt/ResourcesUser/desertodesahara/Matos%21.jpg

Região afro-tropical ou Região tiópica

É uma região biogeográfica separada da parte paleártica pelo deserto do Saara. Inclui
metade da península Arábica.

O deserto do Saara serve como barreira física impedindo que espécies cheguem até
outras localidades (África do Norte, Europa e Ásia), mantendo-se assim o continente
africano, ou boa parte que cabe a região afro-tropical, com características distintas das
demais regiões biogeográficas no quesito de fauna e flora.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 175

Porém é notório que certas espécies que se apresentem na região etiópica tenham-se
em demais biogeografias. Um bom exemplo e o caso da presença de elefantes na
região indo-malaio ou oriental, apesar das diferenças, pelo fato do elefante-africano ser
maior e não conter tantos pelos quanto seu primo asiático que, além disso, e menor e
sua orelha lembrando o formato do mapa da Índia. Isso serve como indicador de que
tiveram a mesma origem obviamente e hoje se encontram em pontos distintos da
biogeografia.

Há também características de felinos como a onça-pintada (Panthera onca) presente na


região neotropical, com o leopardo (Panthera pardus).

Para explicar tais incógnitas, a teoria da biogeografia teve que aceitar a lei de Alfred
Wegener: a deriva dos continentes.

Porém, a deriva continental não pode responder todas as perguntas como a de


espécies semelhantes e outros pontos geográficos, então surge outra hipótese mais
aceitável: a da migração.

Migrações podem ter feito por inúmeras espécies e permitindo em uma curta escala de
milhões de anos espécies se deslocarem e pelo fato de barreiras hoje existentes não
existir neste período, como no caso do deserto do Saara que surgiu há cerca de dez mil
anos devido a mudança do eixo de rotação da Terra em poucos graus.

Dentro desta região encontram-se importantes biomas, que sustentam uma grande
gama de biodiversidade como a floresta tropical africana, deserto (sul do Saara) e
as savanas que englobam grande parte desta região.

Sumário

África – Aspectos Naturais Clima e Vegetação


O Continente Africano é um dos mais extensos e diversos de nosso planeta, com
30.065.00 km² de área e população de 944,4 milhões de habitantes, segundo
mais populoso após a Ásia. Tem um clima do tipo tropical, mas há as
variedades como o mediterrâneo, desértico, equatorial. A vegetação esta
relacionada com as condições climáticas também varia uniformemente no
território, sendo que ao norte há o Maquis e Garrigue ao norte e parte sudoeste
há os Desertos, na transição deserto-floresta equatorial
Biogeografia e Biodiversidade G0139 176

estão presentes as Savanas e os Estepes e por fim a Floresta Equatorial.


Encontramos tambem uma variedade de Desertos sendo os mais importantes
o de Saara, Namib e Calaari.

A Região afro-tropical ou Região tiópica

É uma região biogeográfica separada da parte paleártica pelo deserto do Saara.


Inclui metade da península Arábica. O deserto serve de barreira física impedindo
que espécies cheguem até outras localidades . Porém é notório que certas
espécies que se apresentem na região etiópica assemelham-se em demais
biogeografias

Para explicar tais incógnitas, a teoria da biogeografia teve que aceitar a lei
de Alfred Wegener: a deriva dos continentes. Porém, a deriva continental não
pode responder todas as perguntas como a de espécies semelhantes e outros
pontos geográficos, então surge outra hipótese mais aceitável: a da migração.

Dentro desta região encontram-se importantes biomas, que sustentam uma


grande gama de biodiversidade

Exercícios
1. Defina regiao Neotropical
2. Caracterizar a Regiao Neotropical (seus aspectos fisico
geograficos)

Entregar o exercício desta unidade.


Biogeografia e Biodiversidade G0139 177

Unidade XXI

Biogeografia e Conservação Ambiental

Introdução

Agrande Biodiversidade que o nosso planeta apresenta que se encontra


distribuida ao longo da superficie terrestre por varias razoes como vimos
naas unidades anteriores, importa-nos agora aboradr sobre as medidas
que sao implementdadas para a preservacao desta biodiversidade que
em algumas areas tende a extiinguir, para isso, foram criadas areas de
preservacao ambiental, nesta unidade iresmos abordar sobre a
implementacao destas unidades de conservacao do ponto de vista de
varios paises ou regioes.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir areas de conservacao.


 Diferenciar parques e reservas
Objectivos
 Analisar as legislacoes de diferentes partes
 Caracterizar as areas de conservacao de Mocambique

Área protegida

Área protegida é um espaço geográfico claramente definido,


reconhecido, dedicado e gerido, através de meios legais ou outros
igualmente eficientes, com o fim de obter a conservação ao longo do
Biogeografia e Biodiversidade G0139 178

tempo da natureza com os serviços associados ao ecossistema e os


valores culturais.

Esta definição foi expressa pela primeira vez no workshop sobre


Categorias do 4º Congresso Mundial sobre Parques Nacionais e Áreas
Protegidas da IUCN em 1994, sob a forma:

Uma superfície de terra e/ou mar especialmente consagrada à protecção


e manutenção da diversidade biológica, assim como dos recursos
naturais epatrimónio cultural associados, e gerida através de meios
jurídicos, ou outros meios eficazes.

A definição engloba o universo das áreas protegidas, nela se


enquadrando todas as suas categorias.

Ao aplicar o sistema de categorias a um determinado local, o primeiro


passo deverá sempre ser o de verificar se este se enquadra nesta
definição, e o segundo o de verificar em que categoria melhor se insere.

No contexto regional africano foi criada a definição de Área de


Conservação, definida como qualquer área protegida designada e gerida
com o fim de obter um dado número de objectivos, sendo esses
objectivos definidos usando como referência as seis categorias da IUCN.

Os principais objectivos na gestão de uma área protegida são:

 Investigação científica
 Protecção de zonas florestais
 Preservação das espécies e da diversidade genética
 Manutenção dos serviços ambientais
 Protecção de características naturais e culturais específicas
 Turismo e recreação
 Educação
 Utilização sustentável dos recursos derivados
de ecossistemas naturais
Biogeografia e Biodiversidade G0139 179

 Manutenção dos atributos culturais tradicionais

Categorias

Parque Nacional de Snowdonia no País de Gales, um exemplo de


categoria tipo V.

Tendo em conta as diferentes combinações destes objectivos de gestão


principais e das prioridades associadas aos mesmos, podem se
estabelecer claramente as seguintes categorias de áreas de protecção:

 I - Protecção integral: Reserva Natural Estrita/Área Natural


Florestal
 II - Conservação de ecossistemas e turismo: Parque Nacional
 III - Conservação das características naturais: Monumento Natural
 IV - Conservação através de gestão activa: Área de gestão de
habitat/espécies
 V - Conservação de paisagens terrestres e marítimas e de recreio:
Paisagens Terrestres e Marinhas Protegidas

 VI - Utilização sustentável dos ecossistemas naturais: Área


Protegida com Gestão de Recursos

Área protegida na legislação portuguesa

A legislação portuguesa utiliza a designação Área Protegida, definida


como uma zona delimitada em que qualquer intervenção humana está
condicionada e sujeita a regulamentos específicos tendo em vista a sua
protecção ambiental ou outra.

Área protegida na legislação Brasileira

No Brasil, apesar de não serem definidas legalmente, áreas protegidas


podem ser caracterizadas como espaços territorialmente demarcados cuja
principal função é a conservação e/ou a preservação de recursos, naturais
Biogeografia e Biodiversidade G0139 180

e/ou culturais, a elas associados.2 Vários instrumentos legais estão


disponíveis para a sua criação.

A Lei Nº 9.985 de 18 de julho de 2000, que ampara legalmente o Sistema


Nacional de Unidades de Conservação da Natureza (SNUC), define 12
(doze) categorias complementares de Unidades de Conservação,
organizadas de acordo com os objetivos de manejo e tipos de uso das
áreas a serem protegidas.

Além do SNUC e suas unidades de conservação, áreas podem ser


protegidas no Brasil também sob o Novo Código Florestal de 1965
(APPs e Reservas Legais), o Programa MaB (Reservas da Biosfera),
a Convenção sobre Zonas Úmidas (Sítios Ramsar), a Convenção do
Patrimônio Mundial (Sítios do Patrimônio Mundial Natural), o Estatuto do
Índio (Terras Indígenas) e o Decreto Federal Nº 4.887 (Territórios
Quilombolas). Muitas vezes, essas tipologias se sobrepõem (por exemplo,
todos os Sítios Ramsar brasileiros são também UCs).

As UCs, embora essencialmente diferentes dos Territórios de Ocupação


Tradicional (Terras Indígenas e Territórios Quilombolas), formam
conjuntamente com os mesmos as áreas protegidas objeto do Plano
Estratégico Nacional de Áreas Protegidas (PNAP), lançado em 2006.

Área de conservação na legislação moçambicana


As áreas de conservação são chamadas pela legislação moçambicana
de Área de Protecção Ambiental, estando definidas pelo artigo 13 da Lei
20/97 de 1 de Outubro.

Os principais parques e reservas de Moçambique

Parque Nacional do Limpopo


Área: 10.000Km2
Localização: Distrito de Massingir, Província de Gaza
Espécies protegidas
Elefantes, Rinocerontes, várias espécies de cabritos, búfalos
Biogeografia e Biodiversidade G0139 181

Atracções
Vegetação
10 paisagens podem ser encontradas: planícies arenosas; planicies
calcíticas com savana de arbustos de mopane; matas de mopane; savana
arborizada; planicies aluviais;

Fauna
49 espécies de peixes das quais três merecem estatuto especial de
conservação dois habitantes das lagoas sazonais e peixe de pulmões; 34
espécies de rãs; 116 espécies de repteis duas endémicas (lagarto das
areias com cauda azul e lagarto de Coaster de nariz em espátula; 505
espécies de aves; 147 espécies de mamíferos.

Turismo
A zona de Shingwedzi para o turismo baseado na fauna bravia; Margens
da Baragem de Massingir; Trilhos apeados

Parque Nacional das Quirimbas


Área: 7.500Km2
Localização: Arquipélago das QuirimbasProvíncia de Cabo Delgado
Espécies protegidas
Várias espécies marinhas e terrestres incluindo: tartaruga, dugongo,
baleia , tubarão, elefantes e outras espécies de grande porte.

Atracções
Vegetação
Floresta seca de mionbo; Mangal do Ibo; Recife de coral de franja; Banco
de São Lázaro com características únicas

Fáuna
A área do parque é atravessada por três rotas migratórias de elefantes,
existindo ainda leões, leopardos búfalos mabecos, palapalas, elandes,
Biogeografia e Biodiversidade G0139 182

aves de rapina(águias e flamingos), peixes do mangal, tartarugas


marinhas dugongos, etc.
Turismo
O recife de coral proporciona condições paras o mergulho e snorkelling.

Parque Nacional de Banhine


Área: 7.000Km2
Localização: Distrito de Chigubo, Província de Gaza
Espécies protegidas
Avestruz (Struthio camelis) e Girafa (Giraffa camelopardalis)- sem
informação actualizada da existência da Girafa.

Parque Nacional de Zinave


Área: 6.000Km2
Localização: Distrito de Mabote, Província de Inhambane
Espécies protegidas
Avestruz (Struthio camelis).

Parque Nacional de Gorongosa


Área: 3770Km2Km2
Localização: distritos de Gorongosa, Cheringoma e Muanza, a
sensivelmente 30 km da EN1, em Sofala na extremidade sul do Vale do
Grande Rift

Espécies mais comuns

Búfalo; Jágara; Porco do mato; Macaco cão; Civeta; Crocodilo; Elande;


Elefante; Geneta; Cabrito cinzento; Hipopótamo; Impala; Cudo; Leopardo;
Gondonga; Leão; Manguço; Inhala; Oribi; Porco Espinho; Cabrito
Vermelho; Chango; Pala – pala; Macaco Simango; Gato Serval; Facocero;
Piva; Boi – Cavalo; Zebra
Biogeografia e Biodiversidade G0139 183

Atracções

Vegetação

Planicies de inundação que dependem da hidrologia da Serra de


Gorongosa e do Planlto de Cheringoma;

Ricas pradarias que fornecem biomassa para as grandes manadas de

ungulados.

Fauna

O Parque Nacional da Gorongosa tinha o mair número de biodiverssidade


de fauna ( búfalos, elefantes, boi cavalos, hipopótamos, zebras,

inhacosos) por km2 de qualquer parque de África, o seu acampamento


principal Chitengo recebeu em 1973 cerca de 19.000 turistas.

Turismo

Guias formados para conduzir safaris por mais 100 km de trilhos


selvagens; Observação de passaros (olho carancudo, bico de lacre
cinzenta águia de ayre e furinha d asa curtana); Passeios na Serra da

gorongosa.

Parque Nacional do Arquipélago de Bazaruto


Área: 1.600Km2
Localização: Arquipélago de Bazaruto, Província de Inhambane

Espécies protegidas
O Parque de Bazaruto é o único inteiramente marinho e estabelecido para
proteger espécies de fauna marinha nomeadamente Dugongos,
Tartarugas marinhas e Golfinhos.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 184

Importa frisar que cerca de 150 Dugongos que ocorrem nesta área,
constituem a única população viável na costa oriental de África.

Reserva Nacional do Niassa


Área: 42.200Km2
Localização: Província de Niassa

Espécies protegidas
Esta constitui actualmente a área de conservação com maior efectivo de
fauna bravia de variadas espécies desde elefantes até lagartos

Reserva Nacional do Gilé


Área: 2.100Km2
Localização: distritos de Pebane e Gilé, Província da Zambézia

Espécies protegidas
Esta área foi criada para protecção de algumas espécies de fauna
incluindo o rinoceronte

Atracções
Vegetação
Floresta aberta que cobe maior parte da Reserva; Matagal; Floresta
fechada circundada pela floresta aberta; Vegetação ribeirinha; Planície de
savana;

Fauna:
Constituida por mamiferos:( 59 espécies ) dentre elas o elefante, leão e o
mabeco; Aves, cerca de 114 espécies; Primatas- macaco cão amarelo,
macaco de cara azul e gálagos; Musaranho- elefante; Lebre de rocha do
natal e dos arbustos; Carnívoros- Chacal listrado e de dorso preto, hiena
malhada, leopardo, leão; pangolim.

Potencial turístico
Biogeografia e Biodiversidade G0139 185

Paisagem virgem com aves, répteis e anfíbios; Safaris apeados; Safaris


de canoa pelos rios Mulela, Molocué e Malema; Os montes que rodeiam a
Reserva, ideias óptimas para desportos de escalar montanhas e asa
delta; A Reserva pode ter conexões turísticas com a linda praia de
Pebane, paisagem de Gurué, a praia de Moebasse e a Ilha de
Moçambique.

Reserva Especial de Marromeu


Área: 1.500Km2
Localização: Distrito de Marromeu, Província de Sofala

Espécies protegidas
Actualmente, de acordo com census efectuados, estima-se um efectivo de
cerca de 3.000 búfalos e 160 Inhacosos para além de uma indicação de
redução do efectivo das outras espécies, derivado por um lado da pressão
de caça furtiva mas por outro pensa-se que é o reflexo da interrupção do
ciclo de cheias no delta do Zambeze derivado do controle efectuado pela
Barragem de Cahora Bassa, provocando alterações do habitat.

Reserva Especial de Maputo


Área: 700Km2
Localização: Distrito de Matutuine, Província de Maputo

Espécies protegidas
Esta área, foi estabelecida essencialmente para proteger elefantes, tendo
beneficiado da introdução do rinoceronte branco em 1977

Reserva de Pomene
Área: 200Km2
Localização: Distrito de Massinga, Província de Inhambane

Espécies protegidas
Biogeografia e Biodiversidade G0139 186

Foi criada com o propósito de se proteger o Boi-Cavalo e outras espécies


que devia ser combinada com acções de introdução de espécies de
médio e pequeno porte como é o caso da vasta variedade de cabritos.
Atracções

Vegetação
Vegetação dunar,Savanas, Mangais e pântanos uma conbinação que
oferece um potencial ecoturistico enorme

Faúna
Facocerus( existem dúvidas em relação a sua existência);Macaco cão
Pontos turísticos
Farol de Pomene- construido no ponto mais alto da Reserva a 110 m de
altitude;Hotel velho- situado nas rochas da ponta da Barra falsa;View
lodge- com uma vista fantástica para o estuário;Pomene lodge- situado na
ponta norte da reserva onde o estuário junta-se ao oceano.

Fig. 30 Parques e reservas de Mocambique

Fonte:http://www.google.com/www.girafamania.com.br.africano_mocambique.jpg
Biogeografia e Biodiversidade G0139 187

Sumário

Área protegida é um espaço geográfico definido, reconhecido, dedicado e gerido,


através de meios legais ou outros igualmente eficientes, com o fim de obter a
conservação ao longo do tempo da natureza com os serviços associados ao ecossistema
e os valores culturais. Esta definição foi expressa pela primeira vez no workshop sobre
Categorias do 4º Congresso Mundial sobre Parques Nacionais e Áreas Protegidas
da IUCN em 1994. No contexto regional africano define-se a área de Conservação,
como qualquer área protegida designada e gerida com o fim de obter um dado número
de objectivos, sendo esses objectivos definidos usando como referência as seis
categorias da IUCN.
Na legislação portuguesa utiliza-se a designação Área Protegida, definida como uma
zona delimitada em que qualquer intervenção humana está condicionada e sujeita a
regulamentos específicos tendo em vista a sua protecção ambiental ou outra. No Brasil
áreas protegidas podem ser caracterizadas como espaços territorialmente demarcados
cuja principal função é a conservação e/ou a preservação de recursos, naturais e/ou
culturais, a elas associados. Na legislação moçambicana as áreas de conservação são
chamadas pela legislação moçambicana de Área de Protecção Ambiental, estando
definidas pelo artigo 13 da Lei 20/97 de 1 de Outubro. Temos como referencia os
principais parques e reservas de Moçambique como: Parque Nacional do Limpopo,
Parque Nacional das Quirimbas, Parque Nacional de Banhine, Parque Nacional de
Zinave, Parque Nacional de Gorongosa, Parque Nacional do Arquipélago de
Bazaruto, Reserva Nacional do Niassa, Reserva Nacional do Gilé, Reserva Especial
de Marromeu, Reserva Especial de Maputo e Reserva de Pomene.

Exercícios

1. Defina areas de conservacao.


2. De o conceito de Parques nacionais
3. Diferencie parques de reservas
4. Analise criticamente as legislacoes de Brasil, Portugal e
Mocambique.
5. Caracterize as areas de conservacao de Mocambique

Entregar o exercício 1e 2 desta unidade.


Biogeografia e Biodiversidade G0139 188

Unidade XXII

Unidades de Conservação e Planos de


Manejo
Plano de manejo comunitario

Introdução
Nesta unidade iremos abordar algumas formas de gestao das areas de
conservacao, ou seja o maneio das areas de conservacao.

Fazer a gestao destas areas é um desafio, pois em cada regiao tem as


suas particularidades, ou seja sua economia, social, cultura e suas
condicoes fisico geograficas o que vai ditar diferentes intervencoes para
cada situacao.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 189

Plano de Maneio Florestal Sustentável

O Plano de Maneio Florestal Sustentável (PMFS) é o conjunto de planejamentos e


Objectivos técnicas de colheita florestal, adaptadas às condições da floresta e aos
objetivos sociais e econômicos do seu aproveitamento.

O objetivo deste plano, exigido pela legislação florestal:


Orientar a produção madeireira da floresta,
Assegurar um melhor aproveitamento dos recursos,
Aumentar a rentabilidade da atividade, reduzir o impacto da exploração,
Diminuir os riscos de trabalho e promover a sustentabilidade.
O PMFS permite sintetizar o ambiente físico (clima, topografia, hidrografia,
geologia, solo), socioeconômico (população, economia, infra-estrutura) e
biológico (vegetação e fauna).

Metodologias de obtencao de dados:


Literatura
Trabalho de cartografia com zoneamento da floresta em áreas exploráveis
(identificação dos tipos florestais) e áreas não exploráveis (Áreas de
Preservação Permanentes, áreas inacessíveis à exploração, etc.)

Levantamento de campo
Com avaliação do potencial madeireiro, bem como das características da
topografia, hidrografia e infra-estrutura da área. O levantamento de campo
consiste num inventário amostral único, sistema de amostragem
estratificado baseado na tipologia florestal, com unidades de amostra
distribuídas aleatoriamente e uma taxa de sondagem de aproximadamente
0,01 a 0,02%.

O PMFS apresenta todas as características da exploração e do manejo


florestal: ciclo de corte, volume de produção, atividades pré-exploratórias,
exploratórias e pós-exploratórias, impactos ambientais e medidas
Biogeografia e Biodiversidade G0139 190

compensatórias. Esses dados permitem projetar a rede de estradas e delimitar


as Unidades de conservacao.

Manejo florestal comunitário

Durante séculos, as comunidades locais beneficiaram-se através do uso


sustentável das florestas. Porém, faz muitos anos que o controle
centralizado dos recursos naturais erode os direitos locais e causa
processos de desmatamento em grande escala. O atual desastre (produto
das atividades do Estado e das grandes empresas nas florestas) revela às
claras que é necessário mudar o curso dos acontecimentos, restituindo o
manejo das florestas às comunidades locais. O modelo industrial falhou
rotundamente em garantir a conservação das florestas, enquanto as
abordagens baseadas na comunidade revelam que a melhoria da base de
sustento dos povos e o uso sustentável das florestas são objetivos
compatíveis.

Para ajudar a divulgar essa mensagem, promoveu-se um esforço conjunto


tendente a compartilhar experiências de manejo florestal comunitário.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 191

A conservação das florestas do mundo requer a adoção de muitas


medidas que impliquem uma mudança de rumo em relação ao atual
modelo de destruição. Visto que tanto as causas diretas de degradação
das florestas como as indiretas foram devidamente identificadas, o
próximo passo consiste em adotar as medidas necessárias para a sua
remoção.

Ao mesmo tempo, exige a adoção de um novo modelo de manejo florestal


que garanta a sua conservação. Nesse sentido, é importante assinalar
que, na maior parte dos países do mundo, existem numerosos exemplos
em matéria de manejo adequado de florestas, através do qual é garantido
o uso ambientalmente sustentável das mesmas, fato que, ao mesmo
tempo, beneficia as comunidades locais. Esse tipo de manejo é designado
pelo nome genérico de “manejo florestal comunitário”, embora admita
diferentes modalidades, conforme a diversidade sócio-ambiental dos
lugares onde é implementado.

Em virtude disso, é evidente que, para garantir a conservação dos


remanentes de floresta do mundo e, inclusive, a recuperação de extensas
áreas degradadas, deve-se trabalhar em duas direções: de um lado,
suprimindo as causas diretas e indiretas de desmatamento e, de
outro, restituindo a responsabilidade pelo manejo das florestas às
comunidades que as habitam, por serem elas as maiores
interessadas na conservação do recurso.

Problemas externos e internos de Maneio Florestal

Teoricamente, pois, a solução para a crise das florestas está ao alcance


da mão. Não obstante, a experiência revela que, para que o manejo
florestal comunitário se torne real, é necessário resolver uma série de
problemas, tanto externos quanto no interior das comunidades.

Problemas externos
Biogeografia e Biodiversidade G0139 192

A solução da maior parte dos problemas externos é da competência dos


governos. Com efeito, são eles os que devem gerar as condições
essenciais para possibilitar esse tipo de manejo, fato que envolve uma
mudança radical do rumo seguido durante muitos anos.

Em primeiro lugar, significa dar garantia de posse das florestas às


comunidades. Essa mudança não é fácil para os governos, já que implica
uma transferência de poder, no que diz respeito ao uso dos recursos
florestais, ficando assim abalados tanto os interesses dos próprios órgãos
estatais (por exemplo, os Departamentos Florestais) quanto os das
empresas (nacionais e transnacionais) que atualmente se beneficiam
através de concessões outorgadas pelo Estado.

Embora a garantia da posse comunitária de terra seja uma condição


necessária, em geral, ela não é suficiente. O Estado deve, por sua vez,
remover uma série de barreiras que dificultam o manejo comunitário e, ao
mesmo tempo, fornecer todos os apoios necessários para sua
generalização. Essas medidas vão da simplificação dos expedientes
burocráticos e a diminuição das obrigações tributárias, até a pesquisa e o
apóio em matéria de marketing dos produtos florestais.

Problemas internos
As comunidades devem resolver adequadamente uma série de assuntos
fundamentais, como as questões organizativas e administrativas, para
garantir um manejo democrático, participativo e transparente dos recursos
administrados comunitariamente. Em muitos casos, exigirá a recuperação
do conhecimento tradicional, e/ou a adaptação dele à nova realidade,
como, também, a promoção da participação equitativa, em especial, na
tomada de decisões da comunidade como um todo, sendo que, em muitos
casos, isso implicará abordar a questão de gênero e o treinamento em
todos os níveis.

Paralelamente, as ONGs que acompanham esses processos deverão


definir claramente seu papel e se limitar a apoiar as comunidades,
Biogeografia e Biodiversidade G0139 193

evitando assumir uma função de gerenciamento que não corresponde e


que, em última instância, bem pouco faz pelo fortalecimento das
comunidades. Ao mesmo tempo, terão de reconhecer o caráter transitório
de sua assistência, procurando transferir seu conhecimento, o mais rápido
possível, às próprias comunidades, a fim de que elas possam se
independentizar da assistência externa e assumir todas as funções no
manejo da floresta.

Porém, talvez, o principal aspecto a ser apontado é que o manejo florestal


comunitário não é uma questão técnica, isso não implicando o não-
reconhecimento da relevância do técnico, mas, essencialmente, política.
Para que seja uma realidade, é portanto necessário se organizar,
coordenar esforços, compartilhar informação e promover campanhas, a
fim de que os governos adotem políticas que gerem as condições
necessárias para que o manejo das florestas torne às mãos das
comunidades. O manejo florestal comunitário não só é possível, mas
essencial.

Florestas para os povos que dependem das florestas

O mundo está perdendo as suas florestas. No planeta todo, são muitas as


pessoas sofrendo pelos processos destrutivos que as privam dos recursos
naturais que têm sido a base do seu sustento. O WRM, bem como outras
muitas organizações no mundo todo, há muito tempo vem denunciando
essa situação e apoiando os povos que lutam em defesa das suas
florestas e seus direitos.

A história da apropriação e do controle das florestas, primeiro pelas


potências colonialistas, e depois, pelos estados nacionais, sob a bandeira
do “ordenamento científico das florestas” ou silvicultura, tem sido uma
característica comum do manejo tecnocrata centralizado, que tem se
incrementado ao longo do século passado como conseqüência do avanço
do moderno estado-nação, o poder da tecnologia e a economia mundial,
Biogeografia e Biodiversidade G0139 194

resultando em última instância na venda maciça das florestas em


benefício dos interesses da indústria florestal. A silvicultura, tal como foi
imposta ao Sul pelo Norte, primeiro através do colonialismo e depois
através dos organismos para o desenvolvimento, e a Organização
Mundial para a Alimentação e a Agricultura das Nações Unidas (FAO),
tem falhas graves. Em primeiro lugar, por alocar as terras florestais
(territórios das comunidades locais) ao Estado, e em segundo lugar
porque depois entrega os direitos da exploração madeireira a grupos
privados. O resultado é uma aliança non-sancta entre esses protagonistas
poderosos, cujos interesses visam excluir as comunidades das florestas e
evitar o estabelecimento de restrições reais à exploração, que poderiam
limitar os lucros gerados em nome da sustentabilidade.

No caso dos países empobrecidos do Sul, a venda da madeira tem se


utilizado para pagar uma dívida que cresce em espiral. Essa dívida gera-
se a partir dos laços de dependência que cultivam os principais países do
Norte, atuando em representação das grandes empresas e defendendo
suas vantagens, apoiados pela intermediação das instituições financeiras
internacionais (FMI, Banco Mundial, etc.), ao mesmo tempo em que
geram quantiosas riquezas pessoais para uns poucos magnatas da
indústria madeireira. Esse processo originou uma série de fatores que
exercem uma enorme pressão sobre as florestas e os povos que as
habitam e delas dependem. Esses povos não têm acesso aos recursos
das florestas em igualdade de condições. As condições injustas do
comércio internacional têm determinado a depreciação dos bens básicos
(os principais produtos de exportação dos países do Sul) deslanchando
uma corrida sem fim pelo aumento da produtividade a expensas dos
ecossistemas. Nesse contexto, as nações poderosas impuseram aos
países empobrecidos, embora ricos em natureza, os “programas de
desenvolvimento” (juntamente com a infra-estrutura que os acompanha).
Dessa forma, as empresas se beneficiam duplamente: por um lado, com o
acesso fácil aos recursos naturais e, por outro, com os altos juros dos
empréstimos concedidos para levar adiante os programas que
Biogeografia e Biodiversidade G0139 195

consideram a natureza como um conjunto de mercadorias (minerais,


petróleo, recursos genéticos, madeira, terra para a expansão agrícola) a
serem exploradas para obter lucros no curto prazo. Esse processo,
descrito graficamente pelo escritor Eduardo Galeano em sua obra As
veias abertas da América Latina, aplica-se da mesma forma aos países do
Sul no mundo todo.

O resultado tem sido a degradação e a destruição das florestas, o


deslocamento dos povos, a perda das formas de sustento e das culturas
regionais. Diante dessa realidade, atualmente existe um interesse
crescente na procura de novas formas para preservar o que resta das
florestas no mundo.

O WRM tem manifestado a necessidade urgente de uma mudança na


relação atual com as florestas. Existem dois pontos de vista contrapostos:
um considera a floresta como terra a ser explorada, explotada, despejada
e ocupada, para ser semeada e cultivada de acordo com programas
comerciais de monoculturas em grande escala; o outro vê a floresta
como um ecossistema a ser utilizado em suas múltiplas dimensões, pelas
pessoas e para as pessoas, sem quebrar o necessário equilíbrio existente
entre toda a ampla gama dos seus componentes.

Fica claro que somente o segundo ponto de vista pode garantir a


conservação das florestas, e fica igualmente claro que os Povos
Indígenas e as outras comunidades tradicionais e locais são os únicos
que podem e desejam pô-lo em prática. Essas comunidades têm uma
longa tradição no uso sustentável das florestas através de regimes de
propriedade comunitária, nos quais o acesso à floresta e o uso dos seus
recursos estão regulados pela dependência recíproca, os valores
compartilhados de cooperação e associação e as leis tradicionais, com a
clara consciência de estarem fazendo uso de uma floresta emprestada
pelos seus filhos.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 196

Estamos cientes de que muitas experiências se desmantelaram, que


muito conhecimento se perdeu e que, em vários lugares, se esgotaram os
recursos naturais. Numerosas comunidades têm sofrido pressões
externas que as forçaram a abandonar as suas terras, destruíram suas
formas de sustento ou ficaram “contaminadas” com novas modas e
tendências de consumo; e isso tudo, em última instância, as separou da
sua rica cultura. No entanto, antes que seja tarde demais, a solução está
ao alcance das nossas mãos. Na realidade, tem estado ali o tempo todo.
Os políticos têm a oportunidade de provar a sua boa vontade cumprindo
as promessas de sustentabilidade por eles proclamada; é simplesmente
uma questão de prioridades: ficar ao serviço dos interesses dos povos
(por cima dos interesses transnacionais), apoiar e promover os antigos
sistemas de manejo comunitário que, durante séculos, permitiram às
comunidades que dependem das florestas realizar um manejo florestal
sustentável, para viver delas e ao mesmo tempo serem seus custódios.

A floresta: lar generoso e pródigo

Para os habitantes da floresta e para aqueles que dependem dela, a


floresta é seu grande armazém, aquele que os provê de alimentos (talos,
folhas, flores, frutos, nozes, cogumelos, minhocas, formigas, ovos de
aves, animais pequenos e peixes). É ali que eles acham também
materiais de construção e remédios, bem como lenha e matérias-primas,
tais como bambu, juncos, folhas, pastos, borracha, resina, cera e tinturas
para a fabricação de sogas, mantas e cestos para uso próprio, bem com
para troca ou venda nos povoados próximos. Por outro lado, a floresta é
um grande fornecedor de água; é a bacia hídrica que permite o
armazenamento e a distribuição equilibrada de água .

Por último, porém não menos importante, a floresta é para eles mais do
que um simples fornecedor de produtos. Ela é também o ponto de
encontro para suas celebrações sociais e culturais, o local onde eles
realizam as assembléias para tomar decisões e onde sepultam seus
mortos. Na floresta eles atingem uma profunda interconexão moral e
Biogeografia e Biodiversidade G0139 197

espiritual pela qual conseguem se reconhecer a si próprios como parte da


floresta.

Visão holística da floresta

A estreita ligação com a floresta está imbuída nas comunidades das


florestas e nas que delas dependem. Essas comunidades têm praticado
sempre uma “abordagem ecossistêmica” do manejo florestal. A tendência
atual de exploração das florestas, com sua abordagem reducionista, tem
separado as coisas e tem alterado o equilíbrio, provocando a crise atual
das florestas. Por esse motivo, uma visão holística é um elemento
necessário para uma experiência de manejo florestal comunitário. Ela tem
gerado um sistema de conhecimento amplo e profundo com seus
conceitos próprios, definições e práticas, permitindo o uso sustentável das
florestas por parte das comunidades das florestas e das que delas
dependem, ao longo de vários séculos. Isso é válido ainda hoje, quando
podemos encontrar exemplos de comunidades que conseguem conservar,
e inclusive às vezes restaurar, regiões florestais degradadas das quais
dependem, apesar das circunstâncias adversas.

A floresta é a base de sustento das comunidades das florestas e das que


delas dependem; por esse motivo, para essas comunidades, é uma
questão de sobrevivência se voltar para o manejo florestal, de forma a
garantir a perpetuidade da floresta. Caso contrário, as comunidades
estariam colocando em risco seu próprio futuro. Porém, quando ficam
enfrentadas a forças externas que distorcem o meio ambiente, elas são
obrigadas a procurar outros meios de sobrevivência que geralmente
implicam um manejo não sustentável dos escassos recursos naturais
deixados para trás pelas empresas florestais e outros grupos comerciais
voltados para o mercado que têm usurpado a mãe terra das
comunidades. A unidade foi quebrada desde fora, mas freqüentemente
acontece que as comunidades das florestas, e as que delas dependem,
acabam sendo assinaladas como culpáveis, mesmo sendo o elo mais
fraco da cadeia.

A posse para o manejo comunitário


Biogeografia e Biodiversidade G0139 198

Subjacente à forma de vida das comunidades das florestas e das que


delas dependem, acha-se o conceito de propriedade comum da floresta
para o seu uso, manejo e monitoramento. A comunidade não “possui” a
floresta; antes, ela é seu custódio, tendo, em conseqüência, direitos e
obrigações para com ela.
No entanto, para que as comunidades possam cumprir adequadamente
seu papel de custódios, devem ter assegurada a posse dos recursos da
floresta, e o seu uso deve estar garantido através de órgãos com poder de
governo, escolhidos por cada comunidade para serem verdadeiramente
representativos. Os estudos de caso confirmam que a falta de garantia
dos direitos sobre a terra e direitos de uso das comunidades é causa
fundamental do enfraquecimento dos sistemas locais de manejo florestal.
Pelo contrário, num contexto de conflito, a garantia dos direitos sobre a
terra, e dos direitos de uso, é a base da conservação das florestas e do
bem-estar dos habitantes locais que delas dependem.

Autonomia e soberania para o poder de decisão em escala local

O poder de decisão das comunidades baseia-se em suas próprias


instituições representativas, que representam legitimamente seus
interesses e que adotam diferentes formas conforme a cultura local, o
meio ambiente natural, e a organização de cada comunidade. Toda vez
que isso foi modificado para transferir o poder ao governo central
(nacional, estadual o provincial), o resultado foi a distorção da integridade
do ecossistema, com a conseqüente diminuição da sustentabilidade dos
recursos e o empobrecimento da comunidade.

Não existe um modelo único de manejo florestal comunitário, embora


todos apresentem como característica comum a necessária autonomia e
soberania de suas autoridades legítimas, para tomar as decisões
pertinentes sobre o controle, uso e manejo da base de recursos da
comunidade, visando satisfazer as necessidades dos seus membros.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 199

Desafios e expectativas
O manejo comunitário está ressurgindo como uma alternativa válida ao
atual modelo de uso industrial da floresta. Um grande número de pessoas
e organizações já estão trabalhando com vistas a realizar e consolidar
experiências bem-sucedidas, segundo as necessidades, os antecedentes
e a história do lugar.

Contudo, será necessário enfrentar numerosos desafios, sendo


necessário se questionar a respeito de vários assuntos. É possível que
casos isolados de manejo florestal comunitário possam sobreviver num
contexto onde aqueles que marcam o rumo são atores tão poderosos
quanto as trasnacionais, governos e instituições internacionais
responsáveis pela globalização de um modelo econômico de
desregulamentação e abertura de mercados? Estaremos suficientemente
alertas como para reconhecer a diferença entre casos legítimos e aqueles
que simplesmente são uma co-opção do modelo prevalente? Como
preservar o promissório modelo de manejo florestal comunitário de
interesses espúrios, tanto internos quanto externos?

A maior parte das comunidades da floresta, e aquelas que dela


dependem, não vivem mais nas condições de ecossistemas equilibrados
que tinham conseguido manter de tempos atrás. O desmatamento em
grande escala e os processos de degradação das florestas, o
esgotamento de seus recursos, com a conseguinte escassez para as
comunidades que as cercam, têm produzido mudanças na forma de vida.
Ao mesmo tempo, essas mudanças trouxeram novas necessidades e
fizeram surgir novos valores que podem implicar a perda do conhecimento
tradicional e a ruptura dos antigos laços e crenças que desde sempre
foram os pilares da coesão social e da continuidade cultural.

Por outro lado, há uma série de questões que devem ser abordadas pelas
comunidades para garantir sua coesão interna e sua fortaleza. Entre elas,
devemos mencionar a participação da mulher, que tem necessidades,
Biogeografia e Biodiversidade G0139 200

perspectivas e funções específicas. Sua participação ativa na tomada de


decisões e a distribuição eqüitativa dos benefícios entre homens e
mulheres são essenciais para garantir a sustentabilidade no longo prazo
do manejo florestal comunitário. Igualmente importante é a necessidade
de gerar as condições básicas para promover a participação ativa dos
jovens, que representam o futuro da comunidade.

Unindo esforços

Aqueles de nós comprometidos com o apóio às comunidades das


florestas e às que delas dependem, em sua luta por manter e recuperar
suas florestas, os que apoiamos e promovemos que elas recuperem o
controle do manejo florestal, devemos ter presente que existem muitos
obstáculos (tanto internos quanto externos, nacionais e internacionais) a
serem vencidos. É necessário ressaltar a importância de somar forças e
esforços e compartilhar experiências. Muitas organizações locais,
nacionais e internacionais (entre elas o WRM) têm lutado e têm feito
campanha durante muitos anos para conseguir uma mudança nessa
direção. Em maio do presente ano, várias organizações decidiram unir
esforços no Caucus para o Manejo Florestal Comunitário, visando
influenciar os processos mundiais e nacionais para criar condições que
permitam às comunidades locais o manejo das suas próprias florestas.
Esse é um primeiro passo na direção certa.

Hoje, resulta evidente que o modelo industrial leva à destruição da


floresta, enquanto o manejo comunitário permite o seu uso sustentável.
Os governos têm acordado (pelo menos no papel) que é necessário
conservar as florestas para preservar a saúde do Planeta. Agora é
chegado o momento de fazê-los cumprir os compromissos assumidos, e a
sociedade civil organizada (do nível local ao internacional) é protagonista
fundamental para garantir que fatos e discursos cantem em uníssono.
Nossa mensagem deve ser forte e clara: a responsabilidade pelo manejo
florestal deve voltar às mãos das comunidades das florestas e das que
Biogeografia e Biodiversidade G0139 201

delas dependem. Somente então, as florestas terão a possibilidade de


sobreviver.

Maneio Comunitario em Africa

Advertem-se tendências-chave entre a superabundância de primeiros


avanços do Manejo Florestal Participativo (MFP). Entre elas, o crescente
fortalecimento das comunidades locais e o surgimento dessas populações
como viveiros de manejadores de florestas por direito próprio. Tem sido
apontado que, em parte, isso é resultado de uma reivindicação local
cristalizada através da participação. Também surge pelo reconhecimento,
por parte das autoridades florestais, das elevadas e às vezes
desnecessárias quantias de dinheiro e tempo que demandam suas
funções, quer elas ajam diretamente ou apenas supervisionem as
comunidades.

Embora alguns programas tenham partido da idéia de compartilhar o


poder, a maior parte deles adotou essa posição em virtude do
aprendizado prático e, cada dia mais, por compreender o que funciona e o
que não funciona nos países vizinhos. Essa passagem evidencia-se na
natureza cambiante dos projetos da Nigéria, Etiópia, Malawi, Burquina e
Moçambique. É provável que continue sendo assim, na medida em que as
práticas de MFP continuem se aperfeiçoando. Isso bem pode incluir
programas de Zâmbia, Gana e Costa do Marfim, onde as comissões até
agora criadas têm uma função mais de consulta do que de compartilhar a
tomada de decisões, embora esses esforços sejam chamados de “manejo
florestal coletivo”.

Sem dúvida, o emblema dessa transição (e do MFP em geral) é “a floresta


comunitária”. Como dissemos, esse conceito se apresenta de modo mais
desenvolvido em Camarões, Gâmbia e Tanzânia, mas espalhou-se e,
cada dia mais, possui uma maior definição legal. Apesar da noção geral
Biogeografia e Biodiversidade G0139 202

de “floresta comunitária” ser bastante coerente no continente todo, o seu


desenvolvimento vem sendo condicionado por uma série de fatores.

Primeiro, embora a maior parte das comunidades defina a área de floresta


comunitária, em alguns países, existem restrições quanto ao tamanho
(Camarões).

Segundo, em quase todos os lugares, a declaração de “floresta


comunitária” vem acompanhada de avanços sócio-institucionais
importantes no nível da comunidade, sob a forma de órgãos constituídos
de diversos modos, cujo mandato é implementar o plano de manejo
florestal acordado ou desenhado pelos membros da comunidade.

Terceiro, embora a posse para a comunidade, comumente de natureza


tradicional e não registrada, esteja implícita, seu reconhecimento formal é
ainda pouco freqüente e/ou expresso em termos ambíguos. Uma exceção
importante é Gâmbia, onde a transferência formal da posse de terra faz
parte do conceito “floresta comunitária”.

Quarto, tanto em termos legais quanto de funcionamento, raras vezes a


comunidade consegue uma jurisdição totalmente autônoma.

A maior parte das “florestas comunitárias” só começa a existir com e


através da aprovação formal do Estado, e nos termos quase sempre
estabelecidos pelo próprio Estado; esse é o caso, inclusive, de Gâmbia.
Pelo contrário, em países como a Nigéria, Burquina, Togo, Malawi, Gana,
Benin e Moçambique, o reconhecimento da posse local é sujeito a um
controle rigoroso por parte do Estado, no que diz respeito à forma como
são realmente utilizadas as florestas. No entanto, as “florestas
comunitárias” significam um afastamento importante em relação às
práticas de manejo florestal do século XX e à classificação de floresta que
as acompanhou. Entre outras coisas, elas abrem a porta a um vasto
conjunto de florestas não governamentais atingidas como reservas.
Biogeografia e Biodiversidade G0139 203

Sumário

Plano de Maneio Florestal Sustentável


O Plano de Maneio Florestal Sustentável (PMFS) é o conjunto de planejamentos e
técnicas de colheita florestal, adaptadas às condições da floresta e aos objetivos sociais
e econômicos do seu aproveitamento qie tem como metodologias de obtencao de dados
oa bibliogracica e o levantamento de campo. O PMFS pode ser aplicado atraves de um
manejo florestal comunitário.

Durante séculos, as comunidades locais beneficiaram-se do uso sustentável das


florestas. Porém, faz muitos anos que o controle centralizado dos recursos naturais
erode os direitos locais e causa processos de desmatamento em grande escala. O atual
desastre (produto das atividades do Estado e das grandes empresas nas florestas)
revela às claras que é necessário mudar o curso dos acontecimentos, restituindo o
manejo das florestas às comunidades locais. O modelo industrial falhou rotundamente
em garantir a conservação das florestas, enquanto as abordagens baseadas na
comunidade revelam que a melhoria da base de sustento dos povos e o uso sustentável
das florestas são objetivos compatíveis.

Em virtude disso, é evidente que, para garantir a conservação dos remanentes de


floresta do mundo e, inclusive, a recuperação de extensas áreas degradadas, deve-se
trabalhar em duas direções: de um lado, suprimindo as causas diretas e indiretas de
desmatamento e, de outro, restituindo a responsabilidade pelo manejo das
florestas às comunidades que as habitam, por serem elas as maiores interessadas
na conservação do recurso.

Para a implementacao deste maneio existem problemas externos e internos


Estamos cientes de que numerosas comunidades têm sofrido pressões externas que as
forçaram a abandonar as suas terras, destruíram suas formas de sustento ou ficaram
“contaminadas” com novas modas e tendências de consumo; e isso tudo, em última
instância, as separou da sua cultura.

O manejo comunitário está ressurgindo como uma alternativa válida ao atual modelo de
uso industrial da floresta. Um grande número de pessoas e organizações já estão
trabalhando com vistas a realizar e consolidar experiências bem-sucedidas, segundo as
necessidades, os antecedentes e a história do lugar.

Desafios e expectativas

Temos o exemplo de maneio comunitario em Africa, embora alguns programas


tenham partido da idéia de compartilhar o poder, a maior parte deles adotou essa
posição em virtude do aprendizado prático e, cada dia mais, por compreender o que
Biogeografia e Biodiversidade G0139 204

funciona e o que não funciona nos países vizinhos. A maior parte das “florestas
comunitárias” só começa a existir com e através da aprovação formal do Estado, e nos
termos quase sempre estabelecidos pelo próprio Estado. Em países Moçambique, o
reconhecimento da posse local é sujeito a um controle rigoroso por parte do Estado, no
que diz respeito à forma como são realmente utilizadas as florestas. No entanto, as
“florestas comunitárias” significam um afastamento importante em relação às práticas de
manejo florestal do século XX e à classificação de floresta que as acompanhou. Entre
outras coisas, elas abrem a porta a um vasto conjunto de florestas não governamentais
atingidas como reservas.

Exercícios

1. O que é um plano de manejo.


2. Caracterize o plano de maneio comunitario.
3. Quais os problemas que influenciam negativamente nos planos de
maneio.
4. Descreva como é feito o maneio das florestas.

Entregar o exercício 1e 2 desta unidade.


Biogeografia e Biodiversidade G0139 205

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