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Geologia Geral G0135

Moçambique - Beira
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Website: www.ucm.ac.mz

Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique - Centro de Ensino à Distância e os autores do presente
manual, António dos Anjos & Romeu Pinheiro Uanicela, gostariam de agradecer a colaboração
dos seguintes indivíduos e instituições na elaboração deste manual:
i

Índice
Visão geral 5
Geologia Geral G0135

Bem vindo a Geologia Geral G0135 .............................................................................. 5


Objectivos do curso ....................................................................................................... 6
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 7
Como está estruturado este módulo................................................................................ 7
Ícones de actividade ...................................................................................................... 8
Habilidades de estudo .................................................................................................... 8
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 9
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) ............................................................................ 10
Avaliação .................................................................................................................... 10

Unidade I 11

Introdução a Geologia: Conceitos e objectivos.............................................................


11
Introdução .......................................................................................................... 11
Exercícios.................................................................................................................... 17

Unidade II 19

O Papel do Geólogo .................................................................................................... 19


Introdução .......................................................................................................... 19
Exercícios.................................................................................................................... 24

Unidade III 25

Equipamentos e Instrumentos usados em Geologia ......................................................


25
Introdução .......................................................................................................... 25
Exercícios.................................................................................................................... 31

Unidade IV 32

Estrutura e Composição da Terra ................................................................................. 32


Introdução .......................................................................................................... 32
Exercícios.................................................................................................................... 39

Unidade V 40

Origem da Terra e o conhecimento do seu interior .......................................................


40
Introdução .......................................................................................................... 40
Exercícios.................................................................................................................... 47
Unidade VI 48

Tectónica de Placas ..................................................................................................... 48


Introdução .......................................................................................................... 48
Geologia Geral G0135

ii Índice

Exercícios.................................................................................................................... 58

Unidade VII 59

Sistematização dos dados sobre a Tectónica ................................................................


59
Introdução .......................................................................................................... 59
Exercícios.................................................................................................................... 65

Unidade VIII 66

O Movimento das Placas ............................................................................................. 66


Introdução .......................................................................................................... 66
Exercícios.................................................................................................................... 72

Unidade IX 73

Mineralogia ................................................................................................................. 73
Introdução .......................................................................................................... 73
Exercícios.................................................................................................................... 76

Unidade X 77

Propriedades dos minerais ........................................................................................... 77


Introdução .......................................................................................................... 77
Exercícios.................................................................................................................... 83

Unidade XI 84

Principais grupos dos minerais .................................................................................... 84


Introdução .......................................................................................................... 84
Exercícios.................................................................................................................... 86

Unidade XII 87
Rochas ........................................................................................................................ 87
Introdução .......................................................................................................... 87
Exercícios.................................................................................................................... 93

Unidade XIII 94

Rochas Sedimentares e Metamórficas ..........................................................................


94
Introdução .......................................................................................................... 94
Exercícios.................................................................................................................. 101

Unidade XIV 102

Os Fósseis e a Paleontologia ......................................................................................


102 Introdução ........................................................................................................
102

iii

Exercícios.................................................................................................................. 110

Unidade XV 111

Importância dos Fósseis: combustíveis Fósseis ..........................................................


111
Introdução ........................................................................................................ 111
Exercícios.................................................................................................................. 115

Unidade XVI 116

Geodinâmica Interna: vulcanismo ..............................................................................


116
Introdução ........................................................................................................ 116
Exercícios.................................................................................................................. 122

Unidade XVII 123


Geologia Geral G0135

Manifestações secundárias do vulcanismo e sua importância .....................................


123
Introdução ........................................................................................................ 123
Exercícios.................................................................................................................. 128

Unidade XVIII 129

Distribuição Geográfica dos Vulcões .........................................................................


129
Introdução ........................................................................................................ 129
Exercícios.................................................................................................................. 134

Unidade XIX 135

Sismos ....................................................................................................................... 135


Introdução ........................................................................................................ 135
Exercícios.................................................................................................................. 140

Unidade XX 141

Distribuição Geográfica dos Sismos ..........................................................................


141
Introdução ........................................................................................................ 141
Exercícios.................................................................................................................. 149

Unidade XXI 150

Previsão Sísmica ....................................................................................................... 150


Introdução ........................................................................................................ 150
Exercícios.................................................................................................................. 154

Unidade XXII 155

Geodinâmica Externa: agentes atmosféricos .............................................................. 155


Introdução ........................................................................................................ 155
iv Índice
Exercícios.................................................................................................................. 159

Unidade XXIII 160

Águas Subterrâneas ................................................................................................... 160


Introdução ........................................................................................................ 160
Exercícios.................................................................................................................. 165

Unidade XIV 166

Meteorização e Ciclo Geoquímico .............................................................................


166
Introdução ........................................................................................................ 166
Exercícios.................................................................................................................. 181
Geologia Geral G0135 5

Visão geral
Bem vindo a Geologia
Geral G0135
Geologia é a ciência que estuda a Terra. Parece muito amplo, não?

E realmente é, trata-se de uma das mais abrangentes ciências


naturais. Os geólogos estudam a composição, a estrutura e a
evolução do Globo Terrestre, bem como os processos que
ocorrem no seu interior e na superfície. Para a compreensão de
disso tudo é necessário ao profissional um bom conhecimento de
física, química, biologia e matemática.

De facto, existem muito mais coisas entre o céu e a Terra do que


pode supor a nossa vã filosofia. São depósitos minerais, bacias
petrolíferas, fracturas e falhas geológicas, lençóis freáticos,
fósseis, poluição, cidades, seres vivos, entre outras.

Já deve ter dado para notar que a geologia não envolve apenas o
estudo das rochas como muitos pensam. Seu conhecimento é de
básico interesse científico, e é utilizado a serviço da humanidade.
Os geólogos são capazes de identificar reservas minerais que
possam ser extraídas, identificar zonas estáveis geologicamente
falando sendo ideais para construções civis, e prever desastres
naturais - como terramotos - que são associados as forças
geodinâmicas.

Esta disciplina visa apresentar o Planeta Terra como um


megassistema dinâmico e aberto, explorando as suas
características externas e internas e a interacção entre os
diferentes processos geológicos que contribuem para a formação
das rochas e a modelação do relevo. É favorecida uma abordagem
interdisciplinar aos processos geológicos, suportada no modelo da
Tectónica Global. Enfatizam-se os aspectos de intercepção da
dinâmica da Terra com o Ambiente – riscos e recursos naturais.
Objectivos do curso
Quando terminar o estudo de Geologia Geral G0135 será capaz de:

• Compreender a Terra como um planeta


dinâmico.
• Reconhecer que a maioria dos processos
geológicos pode
ser compreendida no contexto da Teoria da Tectónica de

Objectivos Placas.
 Reconhecer a idade da Terra no contexto do sistema solar
e a evolução que a superfície do planeta e as suas
estruturas têm sofrido, integrando a génese e a evolução da
Vida.
 Conhecer os processos fundamentais da dinâmica interna e
externa do planeta, sustentados pelo calor interno da Terra
e do sol, respectivamente

 Reconhecer que as formas de relevo á superfície do


planeta resultam da interacção entre processos da
dinâmica interna (construtores) e processos da dinâmica
externa
(destruidores).
 Reconhecer a importância vital para o Homem do
conhecimento e monitorização dos riscos naturais –
sismos, vulcões, deslizamentos de terras, inundações, etc.

 Reconhecer a importância do conhecimento geológico na


tomada consciente de decisões que podem ter impacto
sobre o Ambiente.

 Identificar os tipos litológicos fundamentais das rochas


ígneas, sedimentares e metamórficas, com base em critérios
macroscópicos
Geologia Geral G0135 7

Quem deveria estudar


este módulo
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram ser
professores da disciplina de Geografia, que estão a frequentar o curso de
Licenciatura em Ensino de Geografia, do Centro de Ensino a Distância na
UCM. Estendese a todos que queiram consolidar os seus conhecimentos
sobre a Climatogeografia.

Como está estruturado


este módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade Católica de
Moçambique - Centro de Ensino a Distância encontram-se estruturados
da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do curso / módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do curso / módulo

O curso está estruturado em unidades. Cada unidade incluirá uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um summary da unidade e uma ou
mais actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorar. Estes recursos podem incluir
livros, artigos ou sites na internet.
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, dão-se folhas individuais para
desenvolver as tarefas, assim como instruções para as completar. Estes
elementos encontram-se no final do módulo.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este curso / modulo.

Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens
das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes do
processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica de
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo
Durante a formação, para facilitar a aprendizagem e alcançar melhores
resultados, implicará empenho, dedicação e disciplina no estudo. Isto é,
os bons resultados apenas se conseguem com estratégias eficazes e por
isso é importante saber como estudar. Apresento algumas sugestões para
que possa maximizar o tempo dedicado aos estudos:

Antes de organizar os seus momentos de estudo reflicta sobre o ambiente


de estudo que seria ideal para si: Estudo melhor em
casa/biblioteca/café/outro lugar? Estudo melhor à noite/de manhã/de
tarde/fins de semana/ao longo da semana? Estudo melhor com
música/num sítio sossegado/num sítio barulhento? Preciso de um
intervalo de 30 em 30 minutos/de hora a hora/de duas em duas horas/sem
interrupção?

É impossível estudar numa noite tudo o que devia ter sido estudado
durante um determinado período de tempo; Deve estudar cada ponto da
matéria em profundidade e passar só ao seguinte quando achar que já
domina bem o anterior. É preferível saber bem algumas partes da matéria
do que saber pouco sobre muitas partes.

Deve evitar-se estudar muitas horas seguidas antes das avaliações,


porque, devido à falta de tempo e consequentes ansiedade e insegurança,
começa a ter-se dificuldades de concentração e de memorização para
Geologia Geral G0135 9

organizar toda a informação estudada. Para isso torna-se necessário que:


Organize na sua agenda um horário onde define a que horas e que
matérias deve estudar durante a semana; Face ao tempo livre que resta,
deve decidir como o utilizar produtivamente, decidindo quanto tempo
será dedicado ao estudo e a outras actividades.

É importante identificar as ideias principais de um texto, pois será uma


necessidade para o estudo das diversas matérias que compõem o curso: A
colocação de notas nas margens pode ajudar a estruturar a matéria de
modo que seja mais fácil identificar as partes que está a estudar e Pode
escrever conclusões, exemplos, vantagens, definições, datas, nomes, pode
também utilizar a margem para colocar comentários seus relacionados
com o que está a ler; a melhor altura para sublinhar é imediatamente a
seguir à compreensão do texto e não depois de uma primeira leitura;
Utilizar o dicionário sempre que surja um conceito cujo significado
desconhece;

Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o
material impresso, lhe pode suscitar alguma duvida (falta de clareza,
alguns erros de natureza frásica, prováveis erros ortográficos, falta de
clareza conteudística, etc). Nestes casos, contacte o tutor, via telefone,
escreva uma carta participando a situação e se estiver próximo do tutor,
contacteo pessoalmente.

Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o


estudante ter a oportunidade de interagir objectivamente com o tutor,
usando para o efeito os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interacção, em caso de


problemas específicos ele deve ser o primeiro a ser contactado, numa fase
posterior contacte o coordenador do curso e se o problema for de natureza
geral. Contacte a direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de


expediente.

As sessões presenciais são um momento em que você caro estudante, tem


a oportunidade de interagir com todo o staff do CED, neste período pode
apresentar duvidas, tratar questões administrativas, entre outras.

O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque


apoio com os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente,
reflictam sobre estratégias de superação, mas produza de forma
independente o seu próprio saber e desenvolva suas competências.
Tarefas (avaliação e
autoavaliação)
O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios, actividades e
autoavaliação), contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. As tarefas devem ser entregues antes do
período presencial.

Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não


cumprimento dos prazos de entrega, implica a não classificação do
estudante.

Os trabalhos devem ser entregues ao CED e os mesmos devem ser


dirigidos ao tutor\docentes.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de pesquisa, contudo os


mesmos devem ser devidamente referenciados, respeitando os direitos do
autor.

O plagiarismo deve ser evitado, a transcrição fiel de mais de 8 (oito)


palavras de um autor, sem o citar é considerado plagio. A honestidade,
humildade científica e o respeito pelos direitos autoriais devem marcar a
realização dos trabalhos.

Avaliação
Você será avaliado durante o estudo independente (80% do curso) e o
período presencial (20%). A avaliação do estudante é regulamentada com
base no chamado regulamento de avaliação.

Os trabalhos de campo por ti desenvolvidos, durante o estudo individual,


concorrem para os 25% do cálculo da média de frequência da cadeira.

Os exames são realizados no final da cadeira e durante as sessões


presenciais, eles representam 60%, o que adicionado aos 40% da média
de frequência, determinam a nota final com a qual o estudante conclui a
cadeira.

A nota de 10 (dez) valores é a nota mínima de conclusão da cadeira.

Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e


1 (exame).

Algumas actividades praticas, relatórios e reflexões serão utilizados como


ferramentas de avaliação formativa.

Durante a realização das avaliações, os estudantes devem ter em


consideração a apresentação, a coerência textual, o grau de cientificidade,
Geologia Geral G0135 11

a forma de conclusão dos assuntos, as recomendações, a identificação das


referencias utilizadas, o respeito pelos direitos do autor, entre outros.

Unidade I
Introdução a Geologia:
Conceitos e objectivos

Introdução
A presente unidade justifica-se na medida que define a área ou o
objecto de estudo da cadeira e põe ao corrente os aspectos que os
estudantes irão se debruçar nessa cadeira de modo a facilitar o
processo de aprendizagem por parte do estudante.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

• Dar o conceito de Geologia;


• Identificar o objecto de
estudo da geologia;

• Identificar e explicar os objectivos da geologia;


Objectivos
• Descrever a história da geologia

Conceitos:

A Geologia é a ciência que estuda a crusta terrestre, a matéria que


a compõe, sua estrutura e textura, sua formação e as alterações
que ocorreram desde sua origem. Esta ciência natural, através das
ciências exactas e básicas (Matemática, Física e Química) e de
todas as suas ferramentas, investiga o meio natural do planeta,
interagindo inclusive com a Biologia em vários aspectos.
Geologia e Biologia são as ciências naturais que permitem
conhecer o nosso habitat e, por consequência, agir de modo
responsável nas actividades humanas de ocupar, utilizar e
controlar os materiais e os fenómenos naturais.

A Geologia tem um papel marcante e decisivo na qualidade da


ocupação e aproveitamento dos recursos naturais, que
compreendem desde os solos onde se planta e se constrói, até os
recursos energéticos e matérias-primas industriais. O
desconhecimento quantitativo e qualitativo da dinâmica terrestre
tem resultado em prejuízos muitas vezes irreparáveis para a
natureza em geral e para a espécie humana em particular.

Hoje, já se sabe muito mais sobre o funcionamento do Planeta do


que 30 anos atrás. Este progresso no conhecimento deve ser
divulgado e assimilado, sendo a compreensão do ciclo natural
terrestre fundamental para a valorização das relações entre o ser
humano e a natureza e para a adopção de uma postura mais crítica
e mais consciente frente aos mecanismos de desenvolvimento da
sociedade.

O Objecto de Estudo da Geologia

Podemos definir Geologia como a ciência cujo objecto de estudo


é a Terra: sua origem, seus materiais, suas transformações e sua
história. Estas transformações produzem materiais ou fenómenos
naturais com influência directa ou indirecta em nossas vidas. É
preciso saber aproveitar adequadamente as características da
natureza, bem como prever e conviver com os fenómenos
catastróficos que são sinais da dinâmica do planeta.
Geologia Geral G0135 13

Os objectivos da geologia

• Estudar as características do interior e da superfície da


Terra, em várias escalas;

• Compreender os processos físicos, químicos e


físicoquímicos que levaram o planeta a ser tal como o
observamos;
• Definir a maneira adequada (não destrutiva) de utilizar os
materiais e fenómenos geológicos como fonte de
matériaprima e energia para melhoria da qualidade de vida
da sociedade;
• Resolver os problemas ambientais causados anteriormente
e estabelecimento de critérios para evitar danos futuros ao
meio ambiente, nas várias actividades humanas;

Outras profissões encontram-se aptas para trabalhar com meio


ambiente, como a biologia, geografia e algumas engenharias, mas
o curso de geologia proporciona uma formação que possibilita um
entendimento mais abrangente e detalhado da dinâmica ambiental
do Planeta Terra, o que torna o geólogo imprescindível na
constituição de equipes de projectos ambientais.

Durante o curso de geologia, o aluno passa a entender como a


Terra funciona, desde os movimentos e processos oriundos do
interior do planeta, que dão mobilidade às placas tectónicas,
formando rochas, vulcões, montanhas e oceanos, até os processos
que ocorrem na superfície como a acção dos rios, dos ventos, dos
mares e das geleiras.

O curso proporciona ainda a evolução do raciocínio dentro de


uma visão tridimensional do ambiente e, principalmente, do
subsolo. Em função deste conhecimento, o geólogo é o único
profissional capacitado para trabalhar com água subterrânea, cuja
exploração racional e protecção vem se tornando um dos aspectos
mais importantes para a sobrevivência e bem estar da humanidade
nestes últimos anos, afinal, não vivemos sem água mais do que
algumas horas.

Além de conhecer o fundo os processos que ocorrem no interior e


na superfície da Terra, saber como as rochas se formam e
enxergar o meio ambiente em três dimensões, o geólogo tem
ainda noção da evolução do tempo nos processos ambientais,
expresso pelo tempo geológico. Desta forma, o geólogo encontra-
se capacitado para entender melhor a dinâmica do meio ambiente.

História da Geologia

A história da terra é muito longa. Uma história que se desenrola


há cerca de 4.600 milhões de anos e que o homem vem a escrever
há cerca de 5 mil anos. Na Geologia os caminhos da história
raramente são direitos.

É próprio de uma falsa ciência nunca descobrir o que é falso,


nunca reconhecer a necessidade de renunciar seja ao que for,
nunca mudar de linguagem. Não esquecendo que a história da
verdade, e só da verdade, é uma noção contraditória. Aquilo que
hoje é impossível amanhã é do censo comum.

Foi opinião geral que a Terra teve sempre o mesmo aspecto desde
a sua origem. As montanhas, os vales, as planícies, os rios e os
mares que nos rodeiam não sofrem alterações visíveis durante a
nossa existência. Desde sempre que o homem observa e usa a
natureza e faz especulações sobre ela. Observou em muitas
rochas a presença de impressões (fósseis) com a forma de
conchas, ossos de animais e folhas de plantas. Ao longo de
muitos séculos aquelas impressões excitaram a curiosidade e
estimularam a imaginação, tendo originado inúmeras explicações.
Assim foram consideradas como criações de espíritos maus ou
bons sendo designadas como "cobras de pedra", "pedras de
trovão", "pedras mágicas" e "pedras de sapo", ou como resultado
Geologia Geral G0135 15

da acção das radiações do Sol ou das estrelas; outros, preferiram


olhá-las como facécias do reino mineral imitando formas de
plantas e de animais existentes na natureza; outros, ainda,
consideraram-nas restos das primeiras tentativas do Criador, que
teria rejeitado os esforços primitivos quando, com o
aperfeiçoamento da prática, adquiriu proficiência suficiente para
criar as formas de vida actuais.

Pitágoras (580-500 a.C.) teve a verdadeira intuição acerca da


natureza das referidas impressões (fósseis). Contudo, ainda no
século XVII, Plot admitia que as marcas (impressões - fósseis)
observadas nas rochas seriam o resultado de propriedade inerente
à Terra a qual originaria as marcas como ornamento das regiões
ocultas do Globo, da mesma maneira que as flores são o
ornamento da superfície. Mesmo no século XIX, um decreto
teológico de Oxford afirmava que o Diabo tinha colocado aquelas
impressões (fósseis ) nas rochas para enganar e embaraçar a
humanidade.

Foi Leonardo da Vinci (1452-1519), que realizou estudos


importantes nos domínios da Geometria, Biologia, Geologia,
Astronomia e Anatomia, quem esclareceu o problema das
impressões (fósseis). O método utilizado por Leonardo da Vinci
nas suas observações e deduções foi de importância fundamental
para o estudo da história da Terra, tendo, deste modo, resolvido o
problema do significado dos fósseis. Pese este facto as
discordâncias, as rivalidades e as ideias dominantes da
sociedade, em cada época, dentro da comunidade científica
sempre foram obstáculos ao avanço da ciência. Veja-se Plot,
século XVII, e o decreto teológico de Oxford, século XIX.

Nicolau Steno (1638-1686), foi um dos primeiros investigadores a


redescobrir a verdadeira natureza dos fósseis.

Georges Cuvier (1769-1832) prestou muitas e importantes


contribuições à História Natural, no que se refere a espécies
extintas e à reconstituição de alguns fósseis dando-lhe o aspecto
que teriam quando eram vivos. Foi defensor de uma versão da
história da Terra, segundo a qual uma sucessão de catástrofes
teria exterminado as primitivas formas de vida, sendo a última
destas catástrofes o Dilúvio descrito na Bíblia.
Johann Gottlob Lehman e Christian Fuchsel, dois naturalistas
do século XVIII, mostraram que o contraste morfológico
observado na Turíngia, centro da Alemanha, resultou de os
fenómenos responsáveis pela formação das montanhas do Harz
serem diferentes dos que originaram as planícies da Turíngia; isto
é, a história geológica da região foi condicionada por dois
episódios distintos. Lehmann evidenciou a sequência de
fenómenos da história da Terra gravados nas sucessivas camadas
rochosas.

James Hutton (1726-1797), considerado o fundador da geologia


moderna, fazendo uso da observação de campo dos fenómenos
actuais deduziu que as mesmas leis físicas actuais que os
condicionam terão sido as mesmas que actuaram no passado.
Formulou, deste modo, o princípio do Uniformitarismo: o
presente é a chave da interpretação do passado. Mais tarde,
Charles Lyell (1797-1875), ampliou este princípio aplicando-o a
novas situações geológicas, traduzindo-se em novos progressos
das ciências geológicas. De facto, as rochas formam-se na
natureza actual, obedecendo às mesmas leis que presidiram à sua
formação há centenas de milhões de anos.

Para finalizar esta história, que já vai longa para os objectivos que
me proponho, não posso deixar de referir o nome de William
Smith (1769-1839), que enunciou dois princípios fundamentais da
estratigrafia, a lei "da sobreposição dos estratos" e a "das camadas
identificadas pelos fósseis". Durante quase cinquenta anos,
percorreu a Inglaterra elaborando o primeiro mapa geológico
daquele país.
Geologia Geral G0135 17

Exercícios
1. Elabore um conceito seu para a geologia

2. Qual a diferença entre geografia e geologia?

3. O que diz a lei da sobreposição de estratos enunciada pelo William


Smith?
Geologia Geral G0135 19

Unidade II
O Papel do Geólogo

Introdução
O conhecimento do papel e das actividades dos geólogos é
importante para os estudantes pois possibilita o conhecimento
dessas áreas ampliando o horizonte dos mesmos na aplicação da
geologia.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever o papel do geólogo;


 Descrever os sectores de actividade dos geólogos; Objectivos

A Profissão do Geólogo

O geólogo tem actuação profissional marcante na sociedade


moderna, devido a crescente demanda por recursos naturais (água,
recursos minerais, petróleo e gás entre outros) e a necessidade de
conservar o equilíbrio da Terra. É o profissional com melhor visão
das interacções do ser humano com meio ambiente, pois detém o
conhecimento especializado para lidar com a magnitude dos
processos geológicos e caracterizar as suas causas e
consequências.

O geólogo tem papel estratégico na prevenção de acidentes


naturais, actua nos estudos de potencialidade de uso e ocupação do
meio físico (áreas agrícolas e urbanas) e na remediação de
contaminações tanto do solo como da água subterrânea.
A profissão do geólogo inclui ainda as actividades ligadas à
investigação científica, que permitem obter informações sobre a
evolução da Terra, sua composição, estrutura e origem.

Demandas recentes da sociedade trouxeram novos desafios para a


profissão, exigindo uma formação multidisciplinar; de um lado
conhecimento técnico em física, matemática, química, biologia e
computação, e, de outro, uma visão crítica e integrada em campos
como da economia, planeamento e até estruturas sociais.

Diferentemente de outras profissões, em que a actividade é


realizada em escritórios ou outros recintos fechados, o geólogo
divide seu tempo entre as pesquisas da natureza e o trabalho de
laboratório e escritório.

Em Moçambique, apesar de sua grande extensão territorial e


riqueza em recursos minerais, o conhecimento geológico é
restrito. Além disso, o número de profissionais na área é
insuficiente comparativamente com o de outras nações.

Portanto, o mercado de trabalho é promissor em função da


demanda por um profissional que compreenda os processos
geológicos de tal forma a propor soluções coerentes para a
sociedade, em harmonia com o meio ambiente. O mercado é
constituído por empresas petrolíferas, de perfuração de poços
artesianos, de engenharia civil e ambiental, de mineração e
empresas estatais, além de instituições de ensino, como professor
e pesquisador.

Sectores de trabalho do geólogo

O geólogo pode trabalhar só em escritórios ou laboratórios, mas


normalmente sua actividade alterna períodos no campo com
períodos no escritório, o que permite uma saudável mudança de
rotina. O trabalho de campo é mais cansativo, mas propicia um
contacto íntimo e agradável com a natureza.
Geologia Geral G0135 21

Um dos seus principais trabalhos é o mapeamento geológico,


actividade típica dessa profissão. Nele, o geólogo percorre a área a
ser mapeada, geralmente de carro, mas também a pé (quando há
locais de difícil acesso, quando a área a ser mapeada é pequena ou
quando o trabalho é de muito detalhe).

À medida que percorre essa área, ele vai descrevendo as rochas


que encontra, colectando amostras e fazendo suas anotações na
caderneta de campo. No final do trabalho, o geólogo elabora o
mapa geológico, onde estão representados os diferentes tipos de
rocha e as relações entre eles, documento este muito útil para
diversas finalidades, até mesmo fora da Geologia.

Na posse de um mapa geológico, o geólogo pode definir as áreas


mais favoráveis para fazer pesquisa mineral, ou seja, para
procurar um bem mineral em particular. Se ele quiser encontrar
carvão, por exemplo, vai pesquisar onde há rochas sedimentares,
nunca em rochas ígneas ou metamórficas.

Outro trabalho importante é em Hidrogeologia, sector em que o


geólogo faz pesquisa para encontrar água subterrânea. Como as
águas superficiais são cada vez mais poluídas e, em certas regiões
(como o Nordeste do Brasil), muito escassas, é importante abrir
poços tubulares para aproveitar a água do subsolo.

Nas minas, o trabalho do geólogo também é importante, porque,


embora o minério já tenha sido ali encontrado, é preciso definir
bem seu volume e sua distribuição. À medida que ele vai sendo
extraído, podem surgir locais onde se esperava que ele existisse
mas não existe, ou, ao contrário, pode aparecer em locais onde não
se esperava.

Essa pesquisa de detalhe é, portanto, importante para orientar a


lavra.

A área de Geotécnica é um amplo campo de trabalho para o


geólogo, pois inclui a construção de estradas, túneis, viadutos,
barragens, edifícios, etc. Aí, é importante o trabalho do geólogo
junto com o engenheiro civil, porque ele vai dizer se o solo é
adequado à construção daquelas obras e o que deve ser feito para
garantir a estabilidade das construções.

No Sensoriamento Remoto, os geólogos utilizam recursos como


fotografias aéreas, imagens de satélite e de radar para mapeamento
geológico, de solos, de vegetação, de áreas cultivadas, etc.

Na Geoquímica, o geólogo planeja (e, às vezes, executa) a colecta


de amostras de solo, rocha, água e sedimentos de corrente (areias
do fundo dos rios), e determina onde esse material deve ser
colectado. Na posse dessas amostras, ele as manda para o
laboratório para determinar que percentagem possui do elemento
químico que está procurando ou para ver quais elementos
químicos são nelas mais abundantes. Com isso, obtém dados que
permitem dizer, com maior ou menor certeza, se há, na área
estudada, uma jazida.

Na Geofísica, os geólogos e físicos medem propriedades como o


magnetismo, densidade, propriedades eléctricas ou radioactividade
das rochas para detectar presença de minérios, principalmente de
minerais metálicos (ferro, manganês, cobre, chumbo, zinco, ouro,
molibdénio etc.).

A Geologia Marinha é uma área de trabalho relativamente nova.


Esse ramo da Geologia estuda as variações do nível do mar e o
relevo do assoalho oceânico.

A sondagem não é um ramo da Geologia, mas é um método de


pesquisa que exige conhecimento bem especializado. Ela
compreende a perfuração de poços com diâmetros variam entre
2,5 e 75 cm, e profundidades que podem ir bem além de 1.000 m
(estas comuns na pesquisa de petróleo), para colecta de amostras
do subsolo ou para extracção de água, petróleo ou gás.
Geologia Geral G0135 23

Uma área de trabalho nova e muito ampla que se abriu para os


geólogos é a Geologia Ambiental. Trabalhando com técnicos de
outras profissões, os geólogos actuam na prevenção de enchentes,
escorregamentos de terra e erosão; na escolha de locais para
instalação de depósitos de lixo, cemitérios, aeroportos, núcleos
residenciais, fábricas, etc.; na detecção e delimitação de áreas
poluídas no subsolo; na delimitação de áreas de preservação
ambiental, como parques, nichos ecológicos, florestas, nascentes
de rios, locais de interesse arqueológico, etc.; na delimitação
também de áreas impróprias para a construção, como encostas de
alta declividade e áreas de solo instável; no planeamento da
expansão urbana; na solução de conflitos causados pela mineração
em áreas urbanas (pedreiras, por exemplo); na elaboração de
planos directores municipais; etc. É, portanto, um vasto campo de
actuação que está se abrindo.

Dentro da pesquisa mineral, a pesquisa do petróleo é uma área


muito especializada, que exige intenso treinamento. É atendida
por empresas como a Petrobrás e, ao contrário da Geologia
Ambiental, oferece oportunidades em áreas mais restritas do país.

Geólogos que preferem ficar na cidade podem trabalhar em


laboratórios, descrevendo amostras de rocha ao microscópio;
ministrando aulas em universidades; fazendo estudos de
Economia Mineral; etc.

A crescente participação da Informática nos trabalhos de Geologia


tem exigido a presença dos geólogos também no sector de
geoprocessamento, que inclui tanto trabalho com dados
estatísticos como o tratamento de imagens de satélite.

Após um bom tempo de experiência profissional, é normal que


alguns geólogos assumam cargos de chefia na empresa ou órgão
em que trabalham e passem a exercer suas actividades apenas em
escritório, ou com idas ao campo somente para visitar as áreas de
actuação das equipes que gerenciam.
Exercícios

1. Explique o papel do geólogo na sociedade moderna.

2. Seria necessário um geólogo nas obras de reconstrução da


ponte

sobre o rio Zambeze, por exemplo? Explique porque?

3. Em que é que a área do sensoriamento remoto pode ajudar a


geologia?

Unidade III
Equipamentos e Instrumentos
usados em Geologia

Introdução
A unidade visa dotar o aluno de conhecimentos relativamente aos
diversos instrumentos usados pelos geólogos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


Geologia Geral G0135 25

 Indicar e descrever os equipamentos usados pelo


geólogo no
campo;

Objectivos
 Descrever as áreas de estudo da geologia.

O principal instrumento de trabalho do geólogo é o martelo de


geólogo. Ele é um símbolo da profissão. Trata-se de um martelo
diferente, próprio para quebrar rochas e minerais. Com cabo
revestido de náilon para permitir que seja seguro com firmeza, é
fabricado com uma liga metálica especial de alta resistência, que
sofre desgaste, mas sem soltar lascas ao ser usado. O martelo de
geólogo é inquebrável em uso normal e é formado por uma peça
só, não sendo separado do cabo.

Outro instrumento que o geólogo sempre leva para o campo é a


bússola, usada não apenas para se orientar, mas também para
medir a direcção e inclinação (mergulho) de camadas, veios e
fracturas. A bússola de geólogo possui um clinômetro, dispositivo
para medir inclinações e que permite também, através de um
cálculo trigonométrico simples, determinar a altura de um murro,
edifício, etc.

A caderneta de campo é fundamental para o geólogo. Nela, ele


anota tudo que vê de importante, marca as distâncias percorridas,
descreve paisagens, rochas, minerais e fósseis, a direcção e o
mergulho das camadas, desenha afloramentos, regista as hipóteses
de trabalho, etc.

Os mapas topográficos são também indispensáveis quando se vai


fazer um mapa geológico. Neles, o geólogo anota os pontos
visitados, as estradas percorridas e representa com diferentes
cores, os locais correspondentes às diferentes rochas que
encontrou. No trabalho de pesquisa mineral, o geólogo pode ir
para o campo com um mapa geológico já pronto, para detalhar
melhor as informações que ele contém.

As fotografias aéreas são extremamente úteis antes do trabalho


de campo e durante sua execução. No escritório, elas são usadas
para separar os diferentes tipos de rocha (com base nas variações
de cor e textura), que podem ou não ser bem identificados nessa
fase. Depois, no campo, faz-se uma verificação, visitando alguns
Geologia Geral G0135 27

locais para confirmar se a separação feita no escritório está


correcta. Elas servem, além disso, para o geólogo se orientar,
localizar estradas, vilas, rios, morros, etc.

Máquina fotográfica é também importante, porque uma foto


pode dar informações que nem o melhor desenhista poderia
colocar na caderneta de campo e um número de dados muito
maior do que a melhor descrição escrita

Uma lupa de dez aumentos (às vezes, usa-se também a de vinte) é


igualmente importante para identificar minerais que aparecem na
forma de grãos muito pequenos. Ela costuma ser amarrada num
cordão e levada no pescoço, porque é pequena e usada com
frequência.

Esse equipamento todo e, às vezes, amostras de rocha, são


carregados numa mochila, outro equipamento importante para o
geólogo. Dependendo do tipo de pesquisa de campo, pode ser
necessário também um cintilômetro, aparelho que mede a
radioactividade natural das rochas e que serve tanto para separar
seus diferentes tipos como para procurar minérios radioactivos. Se
a área a ser pesquisada tem uma extensão muito grande, usa-se um
cintilômetro transportado por avião, que lê e regista a
radioactividade de modo automático.
O magnetismo serve para as mesmas finalidades que o
cintilômetro, mas mede o magnetismo das rochas, não a
radioactividade. Também ele pode ser portátil ou
aerotransportado. Como equipamento útil, mas nem sempre
necessário, podem ser citados também ácido clorídrico (para
identificar minerais como a calcita e rochas como o mármore e o
calcário), canivete (para testar a dureza de minerais), fita adesiva
(para identificar as amostras de rocha colectadas), cantil, estojo
de primeiros socorros, óculos de protecção, réguas, ímã e
outros. Outros materiais e objectos podem se mostrar necessários,
dependendo da região e das preferências individuais do geólogo.

Em regiões de difícil acesso, como a Amazónia ou desertos, é


importante o uso de rádio transmissor-receptor, soro anti-
ofídico e GPS. O GPS é um aparelho que capta sinais de satélites
que estão em órbita em torno da Terra e informa as coordenadas
do local onde se está. Ele é extremamente útil para regiões de
mata fechada, desertos ou áreas com poucas estradas. Também é
importante quando os mapas da região onde se está trabalhando
são muito antigos e desactualizados.

Outro Equipamento usado pelos géologo é o para medição de


desvios de furos (figura seguinte)
Geologia Geral G0135 29

Áreas de estudo da Geologia

Geofísica - reconhece as propriedades físicas da Terra. Por


exemplo, estudando o campo magnético terrestre intensidade,
configuração e variação), o fluxo de calor interno da Terra, o
movimento das ondas sísmicas, que estão associadas aos
terramotos. A geofísica combina geologia com física para
solucionar problemas como encontrar reservas de gás, óleo,
metais, água...

Geoquímica - trata da química do planeta. E actualmente pode ser


dividida em geoquímica sedimentar, geoquímica orgânica, o novo
campo da geoquímica ambiental, e muitos outros. O grande
interesse da geoquímica está na origem e evolução das principais
classes de rochas e minerais. O geoquímico estuda
especificamente os elementos da natureza - por exemplo, os ciclos
geoquímicos do carbono, nitrogénio, fósforo e enxofre;
distribuição e abundância de isótopos na natureza e a exploração
geoquímica, também chamada de prospecção geoquímica, que é
aplicada para a exploração mineral.

Petrologia - trata da origem, estrutura, ocorrência, e da história das


rochas ígneas, metamórficas e sedimentares. Os petrólogos
estudam as mudanças que ocorrem nas rochas e são capazes de
fazer um detalhado mapeamento mostrando os tipos de rochas
existentes em uma área.

Mineralogia - trata dos minerais encontrados na crosta terrestre, e


até mesmo os encontrados ou originados fora dela. A
cristalografia estuda a forma externa e a estrutura interna dos
cristais naturais ou sintéticos. Há quem considere a mineralogia a
arte de identificar os minerais baseando-se nas suas propriedades
físicas e químicas. A mineralogia económica focaliza os processos
responsáveis pela formação dos minerais, especialmente os de uso
comercial.
Geologia Estrutural - estuda actualmente as distorções das rochas
em geral. Usualmente comparando as formas obtidas e as
classificando. Essas distorções podem ser vistas tanto
macroscopicamente quanto microscopicamente. Os geólogos
estruturais são capacitados para localizar armadilhas estruturais
que podem conter petróleo.

Sedimentologia - refere-se ao estudo dos depósitos sedimentares e


das suas origens. Os sedimentólogos estudam inúmeras feições
apresentadas nas rochas que podem indicar os ambientes que
existiam no local no passado e assim entender os ambientes
actuais.

Paleontologia - estuda a vida pré-histórica, tratando doo estudo de


fósseis de animais e plantas micro e macroscópicos. Os fósseis são
importantes indicadores das condições de vida existentes no
passado geológico, preservados por meios naturais na crosta
terrestre.

Geomorfologia - trabalha com a evolução das feições observadas


na superfície da Terra, identificando os principais agentes
formadores dessas feições e caracterizando a progressão da acção
de agentes como o vento, gelo, água... que afectam bastante o
relevo terrestre.

Geologia Económica - envolve a aplicação de princípios


geológicos para o estudo do solo, rochas, água subterrânea para
saber como devem influir no planeamento e construção de
estruturas de engenharia.

Hidrogeologia - trata do gerenciamento de recursos hídricos,


localização de lençóis freáticos e a construção de poços.

Geologia Ambiental - esse é um campo relativamente novo


responsável pela colecta e análise de dados geológicos para evitar
ou solucionar problemas oriundos intervenção humana no meio
ambiente. Um dos seus ramos é o da Geologia Urbana, que trata
dos impactos, geralmente caóticos, gerados sobre o meio
Geologia Geral G0135 31

ambiente, quando o incontrolável crescimento das cidades agride


o ambiente ocasionando catástrofes que afectam directamente a
qualidade de vida da população. Actualmente o geólogo ambiental
tem trabalhado bastante na elaboração de RIMAS (Relatórios de
Impacto Ambiental), exigidos antes da execução de grandes obras.

Exercícios

1. Explique a importância das fotografias aéreas para um

geólogo

2. Quais são as principais áreas de estudo do geólogo


3. Descreva a aplicação da Geologia estrutural

Unidade IV
Estrutura e Composição da
Terra

Introdução
O conhecimento da actual forma exterior da terra e seus
constituintes é quase impossível sem o conhecimento da estrutura
interna da terra.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer a estrutura interna da terra


 Definir a composição interna da terra Objectivos
 Explicar a origem do interior da terra
 Conhecer o sistema químico dinâmico da Terra

O Sistema Químico Dinâmico da Terra

A terra sólida que fica ao nosso alcance, as rochas superficiais e os


solos delas derivadas por desgaste físico e químico, é constituída
por minerais, ou seja, compostos químicos inorgânicos. Os
elementos destes compostos já se achavam presentes à época da
formação da terra, há cerca de 4,5 bilhões de anos atrás.

A composição do interior terrestre possivelmente é similar na sua


parte mais externa (a crusta e o manto; Figura 1) a algumas das
rochas presentes na superfície, embora os minerais alí presentes
sejam diferentes.

A Terra-laboratório

Imagine um edifício com vários laboratórios. No piso térreo, são


realizadas experiências sob condições de pressão e temperatura
compatíveis com aquelas da superfície terrestre. Investigam-se
aqui os efeitos da atmosfera oxidante, da água da chuva
Geologia Geral G0135 33

(geralmente, levemente ácida) e dos organismos sobre os minerais


e rochas que se encontram expostos na superfície da terra. São
enfocados diferentes aspectos em cada caso, em reposta às
seguintes questões: qual o destino dos elementos químicos, usados
como nutrientes pelas plantas, durante a decomposição das rochas
e dois minerais? Ou ainda, os elementos químicos que poluem o
meio-ambiente em consequência da actividade industrial
descontrolada são fixados em quais produtos formados na
superfície?; Em que ponto do espaço e do tempo estes compostos
superficiais se formam?

No primeiro subsolo, em equipamentos diferentes, porém


igualmente especiais, pesquisa-se o comportamento de óxidos de
magnésio, alumínio, cálcio, sílico, ferro e outros elementos
químicos sob temperaturas de até pouco menor que 2.000°C, e
pressões de até umas centenas de milhares de vezes superior à
pressão atmosférica, que é de 1 kg.cm-2, aproximadamente.

Pesquisa-se, também, o comportamento de silicatos de magnésio,


alumínio, cálcio e ferro. Novamente, busca-se saber quais os
minerais estáveis sob cada condição de pressão e temperatura,
quando teve início o processo de fusão das misturas de minerais
investigadas.

Finalmente, no segundo subsolo, as experiências são realizadas


em equipamentos, sob condições de temperatura de milhares de
graus centígrados e de pressão da ordem de milhões de vezes
superior à da pressão atmosférica. Estuda-se aqui o
comportamento de ligas metálicas, de ferro e níquel, na presença
de pequenas quantidades de enxofre, oxigénio, e outros elementos
químicos. Verifica-se, também, as condições de início de fusão
das misturas, e a natureza dos compostos químicos produzidos em
cada experiência.

Em suma, neste edifício, os cientistas tentam simular os diferentes


sistemas químicos que compõem a Terra, de acordo com sua
estruturação em uma fina crosta superficial, um manto espesso e
núcleo (Fig. 1). No piso térreo, simulam-se as reacções movidas
predominantemente pela energia solar. No primeiro subsolo, as
experiências objectivam estudar o manto e a crosta terrestre. No
segundo subsolo, estudam-se os fenómenos que podem estar
acontecendo na camada menos acessível do planeta, o núcleo.
Nestas duas últimas camadas, a energia que movimenta os
processos é fundamentalmente o calor interno do planeta.

Como surgiu a estrutura interna da Terra

Considera-se que o planeta Terra tenha se formado no interior de


uma nebulosa solar quente (composta por gases e sólidos na forma
de poeira) a partir de componentes químicos mais refratários, que
se condensaram em temperaturas muito altas. Assim, os elementos
químicos mais abundantes do planeta são bastante restritos, a
saber: ferro (que pode existir como metal, como óxido, ou silicato,
ou sulfeto), oxigénio (geralmente, combinado com outros
elementos, especialmente com o sílicio), silício, magnésio
(geralmente como óxido ou silicato), níquel (como liga junto ao
ferro, silicato junto ao magnésio, ou sulfeto junto ao ferro),
enxofre (nos sulfetos), cálcio (como óxido ou silicato) e alumínio
(como óxido ou silicato). Estes oito elementos, juntos, compõem
cerca de 90% da massa do nosso planeta.

Durante o processo de formação da Terra, os condensados e as


partículas de poeira colidem e unem-se, umas às outras. As massas
dos aglomerados e as velocidades das colisões crescem
rapidamente. Em contrapartida, o número de corpos presentes
decresce. Surgem primeiro grande número de corpos
planetesimais, muito menores que a Lua. Depois de múltiplas
colisões, surgem os protoplanetas, com dimensões parecidas com
a da Lua. A energia das colisões leva ao aquecimento dos corpos,
e isto promoveu a fusão, pelo menos parcial, dos componentes de
menor ponto de fusão: o ferro metálico e sulfetos de ferro e níquel
líquidos, os quais, por serem mais densos, acumulam-se no centro
Geologia Geral G0135 35

do planeta, enquanto os outros materiais mais leves concentram-se


ao redor deste núcleo, no manto espesso, e na crosta. Esta
separação chamase de diferenciação primária.

Para onde foram os elementos químicos durante a


diferenciação primária? E o que aconteceu depois?

Com a estrutura precoce do planeta formou-se o núcleo metálico e


o manto e a crosta silicáticos. O ferro participa de todas as
“camadas”, enquanto magnésio, silício e oxigénio (por exemplo)
participam essencialmente do manto e da crosta. Elementos de
grande interesse económico, como o níquel, ouro e elementos do
grupo de platina, apresentam grande afinidade química com ligas
de ferro ou os sulfetos. Tais elementos podem ter sido
concentrados no núcleo no momento da diferenciação primária, e
desse modo são escassos nas outras camadas. De outra parte,
elementos alcalinos, tais como o sódio e potássio, concentram-se
em minerais silicáticos de maior facilidade de fusão, e tendem a
concentrar-se na crosta terrestre.

Após a diferenciação primária, o material do manto e da crosta


sofre reciclagem e reprocessamento em decorrência da convecção
que, durante o resfriamento, promove a transferência de calor do
interior da Terra para a superfície. As transferências de calor são
acompanhadas pelo transporte de material em direcção à
superfície.

Em profundidades moderadas no interior da Terra, ocorrem


processos de fusão parcial. Alguns elementos (tais como magnésio
e níquel) tendem a ficar na parte refratária, não fundida, enquanto
outros elementos tendem a se concentrar no fundido (a exemplo
dos elementos alcalinos, como sódio e potássio).

Os líquidos produzidos (ou seja, os magmas) migram e


consolidam-se como componentes da crosta terrestre. Como
compensação do processo de ascensão do material quente e menos
denso, ocorre descida de material mais frio e mais denso que
retorna ao interior da Terra parte dos componentes materiais da
crosta e do manto superior raso. Os movimentos tridimensionais
de ascensão e descida de matéria rochosa podem abranger toda a
extensão do manto, como deve ocorrer, por exemplo, em baixo
das ilhas Havai no meio do Oceano Pacífico, ou podem envolver
apenas a parte do manto raso, como deve acontecer em baixo do
Oceano Atlântico.

Os movimentos de fluxo térmico e materiais verticais são


acompanhados por movimentos laterais que movimentam as
placas litosféricas, que constituem os diversos segmentos da crosta
da Terra (Fig. 2). Esta diferenciação secundária começou logo
após a diferenciação primária da Terra, e continua até hoje.

Com base em características físico-químicas, a Terra pode ser


dividida em três zonas principais
Geologia Geral G0135 37

A região mais superficial é chamada crusta. Esta zona tem uma


espessura de 30-40 km sob os continentes (ou ainda mais sob as
zonas montanhosas) e, em zonas oceânicas, apresenta uma
espessura inferior a 10 km. Sob a crusta, ocorre uma zona de
maior densidade denominada de manto. O limite entre a crusta e o
manto é conhecido por Descontinuidade de Mohorovicic (ou
Moho e até mesmo M).

A crusta é sub-dividida em duas zonas (figura seguinte), com base


em diferenças na espessura, densidade e composição. A crusta
continental é a mais superficial, de composição granítica e de
menor densidade; a crusta oceânica (que cobre aproximadamente
61% da superfície terrestre) localiza-se inferiormente à continental
e possui composições mais básicas e com maior densidade. A
separação entre estas zonas é denominada Descontinuidade de
Conrad e apenas é identificada por estudos sísmicos. No fundo das
bacias oceânicas, a crusta continental está ausente. Apesar da
maior extensão e da maior densidade da crusta oceânica, esta
representa apenas 1/3 da massa da crusta continental pois esta é
bastante mais espessa.

O manto é dividido em duas camadas - manto superior e inferior -


considerando-se a superfície de separação entre estas camadas a
uma profundidade de cerca de 700 km. O manto é uma zona sólida
e forma 83% do volume da Terra e cerca de 68% da sua massa. A
região que engloba profundidades até 100-150 km é também
denominada de litosfera. Esta engloba a totalidade da crusta,
oceânica e continental, assim como uma parte superior do manto e
é caracterizada por ser constituída por material resistente à
deformação mecânica. A litosfera parece flutuar sobre uma zona
relativamente quente, plástica e pouco resistente chamada
astenosfera. Esta flutuação pode justificar o facto das bacias
oceânicas (constituídas por crusta oceânica e densa) se
encontrarem deprimidas relativamente aos continentes
(constituídos por crusta continental menos densa). A
profundidades de 2890-2900 km situase o limite com a terceira
zona, o núcleo; este limite é conhecido como Descontinuidade de
Gutemberg ou Descontinuidade de Wiechert-Gutemberg. O
núcleo é líquido pelo menos na parte mais externa. A parte mais
interna, situada entre 5150-6371 km a partir da superfície da
Terra, é sólido com densidades de 13 g/cm3.
Geologia Geral G0135 39

Exercícios

1. Identifique as principais camadas do interior da terra e

caracterize-as
2. .Relacione a temperatura com a profundidade

Unidade V
Origem da Terra e o
conhecimento do seu
interior

Introdução
O conhecimento da actual forma exterior da terra e seus
constituintes é quase impossível sem o conhecimento da estrutura
interna da terra.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever a origem da terra

 Explicar a essência da teoria da deriva continental


Objectivos
A origem da Terra

Provavelmente a Terra começou com uma poeira cósmica que


mantinha em movimento correntes de convecção em seu interior ,
quando, por volta de 3000ºC, determinadas substâncias
começaram a se liqüefazer. Primeiro o ferro liqüefeito começou a
formar o núcleo, por ser mais pesado, depois vieram o silício,
óxidos metálicos, dando origem ao manto.

Quando a temperatura da Terra diminuiu, também a radiação do


calor para o espaço foi reduzida. Entre 1500ºC e 800ºC começou a
solidificação da crusta. A atmosfera formou-se pouco a pouco e no
início compunha-se de vapor de água, amoníaco e óxido de
carbono. A água dos actuais oceanos estava concentrada em parte
na atmosfera e em parte ainda no interior das rochas. Nesta fase
temos então, uma Terra constituída exclusivamente por rochas
denominadas ígneas ou magmáticas. Com a crosta sólida e a
atmosfera continuando seu resfriamento, a maior mudança
ocorreria a cerca de 374ºC, quando o vapor da atmosfera se
condensaria formando chuvas, iniciando pelas regiões mais frias
do globo.

Este deve ter sido o primeiro momento em que caiu água sobre a
crusta, desgastando-a e acumulando-se, em seguida, nas primeiras
depressões, formando os primeiros mares. Nesta etapa começam
também a se formar as rochas sedimentares. A acção da água que
caia e corria sobre as rochas ígneas, previamente formadas,
reduzia em fragmentos de diversos tamanhos, que eram
transportados e depositados junto com as lamas mais finas nas
depressões preenchidas pelas águas. Esse material, mais tarde
consolidado, constituiria as primeiras rochas sedimentares. Com a
crusta solidificada e as rochas quentes logo abaixo, surgem outros
fenômenos. A partir de 70km até 700km em direção ao centro da
Terra o manto ainda continua esfriando. Isto causa uma constante
modificação do volume e um conseqüente enrugamento da crusta.
Tal enrugamento produz fraturamentos e dobramentos das rochas
Geologia Geral G0135 41

da crusta. Ainda pelas fraturas, o magma sobe até a superfície


originando os vulcões. As variações de temperatura das diferentes
camadas do planeta são as responsáveis pela instabilidade da
crusta e mesmo pelo movimento dos continentes.

Resumindo, estima-se que a formação do Sistema Solar teve início


há 6,0 bilhões de anos (B.a.), quando uma enorme nuvem de gás
vagava pelo Universo começou a se contrair. A poeira e os gases
dessa nuvem se aglutinaram pela força da gravidade e, há
aproximadamente 4,5 B.a., formaram várias esferas que giravam
em torno de uma esfera maior de gás incandescente, que deu
origem ao sol. As esferas menores formaram os planetas, dentre os
quais a Terra. Logo, o nosso planeta formou-se há cerca de 4,5 B.a
atrás, a partir da agregação de parte da poeira constituinte da
nuvem originária de todo o Sistema Solar. Pequenos fragmentos
de silicatos e metais atraíram-se inicialmente e pedaços maiores
foram aumentando a massa e, conseqüentemente, a gravidade do
pequeno planeta. Inicialmente a matéria original que formou o
planeta era fria mas, devido à atração gravitacional e à
desintegração dos elementos radioativos, desenvolveu- se um forte
calor interno. A partir daí, o planeta começou a sofrer
diferenciação interna por densidade onde os elementos químicos
mais pesados como ferro e níquel concentram-se no seu centro
formando um núcleo metálico e um manto com silicatos, com
perdas de água e de gases que formaram a atmosfera. Por fim
solidificou-se uma fina camada de rochas denominada de Crosta.

O calor gerado no interior de nosso planeta pelo decaimento


radioativo de elementos químicos como tório, urânio e potássio,
originando outros elementos químicos, é a fonte de energia
responsável por todos os eventos tectônicos assistidos na crosta do
Planeta Terra.

Estudando a propagação das ondas registradas nos sismógrafos


espalhados pelo mundo inteiro, pode-se até certo ponto, inferir
muitas características do interior da Terra. As ondas sísmicas
mudam de velocidade e de direção de propagação com a variação
das características do meio atravessado (Fig.1), sendo assim, as
informações sobre a velocidade das ondas sísmicas no interior da
Terra, geradas a cada terremoto, permitiram reconhecer três
camadas principais: Crosta, Manto e Núcleo (externo e interno).

Comparação com meteoritos

Pressupondo-se que os meteoritos tiveram a mesma origem e


evolução dos outros corpos do Sistema Solar, pode-se comparar
seus diferentes tipos com as diferentes camadas internas da Terra:

- condritos - meteoritos provenientes da fragmentação de


corpos pequenos, que não sofreram diferenciação. Não existem
materiais geológicos, ou seja, terrestres, semelhantes aos
condritos.

- sideritos - meteoritos compostos por ferro metálico com


cerca de 8% de níquel. Provenientes da fragmentação de corpos
maiores, como a Terra, que sofreram a diferenciação interna.
Considera se que a sua composição química seja a mesma do
núcleo terrestre.

- acondritos – meteorito que também sofreu diferenciação


interna como a terra e são compostos principalmente por silicatos
e quantidade variável de ferro e ainda outros tipos. Pela sua
densidade e composição, faz-se a correlação com a composição do
manto.

A Teoria da Deriva Continental

A teoria que os continentes não estiveram sempre nas suas


posições actuais, foi conjecturada muito antes do século vinte; este
modelo foi sugerido, pela primeira vez, em 1596 por um
Geologia Geral G0135 43

fabricante holandês, Abraham Ortelius. Ortelius sugeriu de que as


Américas "foram rasgadas e afastadas da Europa e África por
terremotos e inundações " e acrescentou: " os vestígios da ruptura
revelam-se, se alguém trouxer para a sua frente um mapa do
mundo e observar com cuidado as costas dos três continentes."A
ideia de Ortelius foi retomada no século dezanove. Entretanto, só
em 1912 é que a idéia do movimento dos continentes foi
seriamente considerada como uma teoria científica designada por
Deriva dos Continentes, escrita em dois artigos publicados por um
meteorologista alemão chamado Alfred Lothar Wegener.
Argumentou que, há cerca de 200 milhões de anos, havia um
supercontinente - Pangéia= Pangea - que começou a fraturar-se.

Alexander Du Toit, professor de geologia na Universidade de


Joanesburgo e um dos defensores mais acérrimos das idéias de
Wegener, propôs que a Pangéia, primeiro, se dividiu em dois
grandes continentes, a Laurásia no hemisfério norte e a Gondwana
no hemisfério sul. Laurásia e Gondwana continuaram então a
fraturar-se, ao longo dos tempos, dando origem aos vários
continentes que existem hoje.

A teoria de Wegener foi apoiada em parte por aquilo que lhe


pareceu ser o ajuste notável dos continentes americanos e
africanos do sul, argumento utilizado por Abraham Ortelius três
séculos antes. Wegener também estava intrigado com as
ocorrências de estruturas geológicas pouco comuns e dos fósseis
de plantas e animais encontrados na América do Sul e África, que
estão separados actualmente pelo Oceano Atlântico. Deduziu que
era fisicamente impossível para a maioria daqueles organismos ter
nadado ou ter sido transportado através de um oceano tão vasto.
Para ele, a presença de espécies fósseis idênticas ao longo das
costas litorais de África e América do Sul eram a evidência que
faltava para demonstrar que, uma vez, os dois continentes
estiveram ligados.
A figura representa o ajuste, atual, da linha de costa do
continente da América do Sul com o continente de África. Com a
cor roxa representam-se as estruturas geológicas e rochas tipo
perfeitamente idênticas. Repare-se na continuidade, nos dois
continentes, das manchas roxas.
Segundo Wegener, a Deriva dos Continentes após a fraturação da
Pangéia explicava não só as ocorrências fósseis, mas também as
evidências de mudanças dramáticas do clima em alguns
continentes. Por exemplo, a descoberta de fósseis de plantas
tropicais (na formação de depósitos de carvão) na Antárctida
conduziu à conclusão que este continente, atualmente coberto de
gelo, já esteve situada perto do equador, com um clima temperado
onde a vegetação luxuriante poderia desenvolver-se. Do mesmo
modo que os fósseis característicos de fetos (Glossopteris)
descobertos em regiões agora polares, e a ocorrência de depósitos
glaciários em regiões áridas de África, tal como o Vaal River
Valley na África do sul, foram argumentos factuais invocados a
favor da teoria da Deriva dos Continentes.

A teoria da Deriva Continental transformar-se-ia na "bomba" que


explodiu na comunidade científica da época, de tal modo fez
surgir uma nova maneira de ver a Terra. Contudo, apesar das
evidências, a proposta de Wegener não foi tão bem recebida, pela
comunidade científica, como se possa pensar, embora estivesse,
em grande parte, de acordo com a informação científica
disponível, naquele tempo. Uma fraqueza fatal na teoria de
Wegener era o fato de não poder responder satisfatoriamente à
Geologia Geral G0135 45

pergunta mais importante levantada pelos seus críticos: que tipo


de forças podia ser tão forte para mover massas de rocha contínua
tão grandes ao longo de tais distâncias tão grandes?

Wegener sugeriu que os continentes se separavam através do


fundo do oceano, mas Harold Jeffreys, um geofísico inglês
notável, contra-argumentou, de modo científico, que era
fisicamente impossível para uma massa de rocha contínua tão
grande separar-se através do fundo oceânico sem se fragmentar na
totalidade. Entretanto, após a morte de Wegener, em 1930, novas
evidências a partir da exploração dos fundos oceânicos, bem como
outros estudos geológicos e geofísicos reacenderam o interesse
pela teoria de Wegener, conduzindo finalmente ao
desenvolvimento da teoria da Tectónica de Placas.

A Tectónica de Placas provou ser tão importante para as ciências


de terra como a descoberta da estrutura do átomo foi para a Física
e Química, assim como a Teoria da Evolução foi para as Ciências
da Vida. Embora, actualmente, a teoria da Tectónica de Placas
seja aceite pela comunidade científica, existem várias vertentes da
teoria que continuam a serem debatidas.
A contestação da teoria

A teoria de Wegener foi muito contestada nos anos seguintes à sua


morte, com o principal ponto negativo sendo o facto de que as
massas continentais não poderiam se movimentar pelos oceanos
da maneira proposta sem se fragmentar inteiramente, o que foi
argumentado por Harold Jeffreys, um renomado sismólogo inglês.

No início da década de 1950, porém, as idéias de Wegener foram


retomadas, face a novas observações e descobertas científicas,
ligadas especialmente aos oceanos. Um novo debate surgiu sobre
as provocativas idéias de Wegener e suas implicações.

Exercícios
1. Explique a relação terra e meteoritos

2. Quais os argumentos da deriva continental?

3. Porque é que a teoria de Wegener foi contestada?


Geologia Geral G0135 47

Unidade VI
Tectónica de Placas

Introdução
A configuração actual dos continentes é resultado de movimentos
tectónicos, daí a necessidade de conhecimentos dos seus
mecanismos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Relacionar a deriva continental e a tectónica de placas;



Explicar a essência da tectónica de placas Objectivos

Identificar os principais mecanismos de movimento tectónico

A teoria proposta por Wegner foi sobretudo atacada por não


conseguir explicar como se podem mover os continentes ao longo
de tantos quilómetros. Durante cerca de 30 anos esta teoria quase
que foi abandonada devido ao cepticismo em seu redor, e só nos
anos 60 inicia-se o renascimento destas ideias, transformadas
agora numa nova teoria baptizada com nome de "tectónica de
placas". Nesta teoria o que se move é a litosfera, isto é, os
primeiros 100 km e o seu movimento é possível devido à
existência das camadas viscosas da astenosfera. A separação dos
continentes é levada a cabo pela criação de nova crusta oceânica
que vai ocupando o espaço que fica entre os continentes que se
separam. Devido ao facto de nesta teoria se formar nova crusta
oceânica na separação dos continentes, de início denominou-se
esta teoria por "alastramento oceânico".

A teoria de Wegener começou a ser aceite mais amplamente


apenas no início dos anos 60 do século passado, em razão do
mapeamento do fundo oceânico, de descobertas das fossas
abissais, de estudos detalhados de paleomagnetismo das rochas
oceânicas, entre outras. Esses estudos tornaram-se possíveis em
razão de descobertas que dependiam de tecnologias avançadas,
principalmente pela utilização de submarinos durante a Segunda
Guerra mundial.

Quando Wegener propôs suas idéias, muito pouco era conhecido


da estrutura das bacias oceânicas. Alguns geólogos suspeitavam
que o assoalho oceânico era composto principalmente de basalto
(sima, que consiste principalmente de silício e magnésio), baseado
apenas em pequenas amostragem feitas em algumas partes dos
oceanos. Entretanto, eram bem conhecidas as rochas continentais,
compostas grandemente de silício e alumínio (sial). O
conhecimento das cordilheiras oceânicas era também bastante
precário e apenas a do Atlântico era conhecida.

Com o desenvolvimento principalmente, dos sonares, foram


descobertos vulcões submarinos com os cumes achatados ou
afilados, com cerca de 3000 a 4000 m de altitude, inteiramente
submersos. Esses cumes achatados foram denominados “Guyots ”
enquanto que os afilados, de “Seamount ” (Brown & Gibson
1983). Essas estruturas teriam sido ilhas de origem vulcânica que,
formadas acima da superfície do oceanos, foram desgastadas pela
acção das ondas e erosão eólicas, acabando por formar os
“Guyots”.

Além destas descobertas, outras foram feitas, como as placas oceânicas de


origem basáltica, de espessura fina cobertas por sedimentos, sobre a
astenosfera. Esta última é a camada superficial do Manto, sendo a parte
inferior denominada de Mesosfera. A astenosfera é mais densa que a placa
Geologia Geral G0135 49

continental e oceânica, porém menos densa do que a mesosfera, sendo de


consistência mais rígida do que a astenosfera (Leinz et al. 1975, Brown &
Gibson 1983, Salgado-Labouriau 1994).

Com estas informações disponíveis, foi elaborada uma teoria para


a movimentação dos continentes, na qual estão envolvidas a
formação das placas oceânicas e os geossinclismos. Esta teoria,
denominada de “expansão do assoalho oceânico ” foi formulada
por Dietz em 1961 (Brown & Gibson 1983). Nessa teoria à
medida em que ocorrem explosões vulcânicas nas dorsais
oceânicas, vão-se formando os “Seamount ” e “Guyots ” sobre a
placa oceânica, a qual desliza sobre a astenosfera . A junção de
duas placas oceânicas forma um vale, originando as dorsais
oceânicas. Estas dorsais estão espalhadas por todos os oceanos e
somam em torno de 70 mil km. A junção de uma placa oceânica
com uma continental forma as fendas oceânicas, com
profundidade média de 10 km.

Como as placas continentais são mais espessas e menos densas do


que as oceânicas, estas são incorporadas ao manto, provocando
nas placas continentais instabilidades geológicas. As principais
são as formações vulcânicas, terremotos , tremores de terra e
formações orogênicas, denominadas de geossinclismos. A
incorporação das placas oceânicas ao manto obedece ao princípio
de convecção , isto é, à medida em que a placa desloca-se de seu
ponto de origem , sofre esfriamento, tornando-se mais densa até
encontrar-se com as placas continentais, onde se formam as
fendas. Sendo mais densa, esta desce e incorpora-se ao manto.
Estas fendas são denominadas de zonas de subducção.

Outro facto importante é a datação das placas oceânicas. A maior


parte das placas conhecidas tem idade que gira em torno de 170
milhões de anos. Isto significa que são bem mais jovens que as
placas continentais – os crátons - que giram em torno de 1 bilhão
de anos, áreas geologicamente muito estáveis (Brown & Gibson
1983, Salgado-Labouriau 1994).
Em algumas regiões, ocorre o encontro de duas placas oceânicas,
formando arcos de ilhas oceânicas, além de áreas de
geossinclismos intenso (Aleutas, Caribe, Japão, Marianas); o
encontro de placas oceânicas e uma continental (por ex., Nazca e
Sul Americana), pode ser responsável por uma forte orogenia,
como a formação dos Andes; o encontro de duas placas
continentais (Índia e Ásia), foi responsável, por exemplo, pela
formação do Himalaia e Planalto do Tibete.

O processo descrito acima determina que no manto há convecção,


princípio de aquecimento e esfriamento, isto é, existe um ciclo. O
material do manto aquecido sobe nas regiões das cordilheiras
oceânicas, formando ilhas vulcânicas, que deslizam sobre a
astenosfera (camada superior do manto) no sentido horizontal. Ao
chegar nas regiões das fendas, choca-se com material da crosta e
desce, sendo reincorporadas ao manto. Herman Hess, geólogo da
Marinha dos Estados Unidos da América, nos anos 40-50, foi o
primeiro a propor o movimento do assoalho dos oceanos, com
base nos princípios da tectônica de placas, isto é, no crescimento,
movimento e destruição da crosta

Com a teoria da expansão do assoalho oceânico mais bem


fundamentada, principalmente com dados de paleomagnetismo - o
estudo das orientações dos cristais de rochas no tempo de sua
formação e estudos de padrões ao redor do mundo , foi possível
mostrar as idades e origens das placas. Deste modo, a teoria da
deriva continental passou a ter uma grande corroboração e
aceitação. Com ela, é possível ter uma explicação para a maioria
dos padrões de distribuição e grupos de organismos no planeta.

Actualmente, as evidências mais citadas corroborando a tectônica


de placas são:

1. Cristas Mesoceânicas ou Dorsais oceânicas.


Geologia Geral G0135 51

2. Dados de paleomagnetismo, com orientação para os pólos e


paralelas nos dois lados das dorsais.

3. A falha de San Andrews na Califórnia.

4. O Rift Valley na Costa Leste Africana.

5. A distribuição disjunta de Mesosaurus spp. na América do Sul e


África.

6. A distribuição disjunta de Glossopteris spp . (América do Sul,


África, Índia, Austrália, Antártica).

7. Distribuição da flora de coníferas no Leste da América do Norte


e Oeste da Europa.

8. A distribuição disjunta de Archeopteris spp. na Rússia, Irlanda,


Canadá e Estados Unidos .

Mas como a teoria da Deriva Continental começou a ser utilizada


em estudos da Biogeografia? Bem, é necessário entender que não
é a disponibilidade da teoria de placas que gera a explicação para
os casos de distribuição disjunta. Como será visto, é a existência
de padrões de disjunção iguais em vários grupos a existência de
um padrão geral que indica que o mais provável é que haja uma
causa única no ambiente que gera um mesmo padrão para muitos
grupos. Uma vez que as semelhanças de flora e fauna
intercontinental já eram conhecidos; o aparecimento de uma teoria
sólida de tectônica faz com que surja uma explicação razoável
para esse padrão já conhecido.

Com a aceitação da deriva continental, os primeiros estudos,


incluindo os de Wegener, partiram da premissa que havia um
supercontinente - a Pangéia - que sofreu um ruptura em dois
grandes supercontinentes: um no Hemisfério Norte, denominado
Laurásia, compreendendo América do Norte , Groenlândia,
Europa e Ásia, exceto a Índia e outro no Hemisfério Sul,
denominado Gondwana , formado pela América do Sul, África,
Madagáscar,
Índia, Austrália, Antártica e algumas ilhas como a Nova Zelândia,
Nova Caledônia, etc. Após algum tempo, observou-se que, no
entanto, havia grupos taxonômicos com relações de parentesco
bem definidas que não enquadravam-se exatamente nesse padrão,
principalmente com relação ao Hemisfério Norte.

A Gondwana, ao que tudo indica, foi um supercontinente desde


600 milhões de anos até a sua ruptura, em torno de 100 milhões de
anos, porém, com posições diferentes daquelas do Mesozóico
(Scotese & Barrett 1991). Segundo Scotese (1998), a Gondwana
era parte de um supercontinente denominado de Pannotia.

Durante o Paleozóico, segundo Scotese & McKerrow (1991),


alguns pequenos continentes eram adjacentes à Gondwana, como
Yucatã (México), Flórida, Avalonia, Sul e Centro da Europa,
Ciméria, Tibet e Sudeste da Ásia. O Polo Sul encontrava-se no
Norte da África durante o Cambriano. A Gondwana moveu-se
rapidamente, sendo que o Polo Sul, no final do Siluriano, estava
no Brasil e no sul da Argentina no final do Devoniano, no
sudeste da África no Carbonífero e, no início do Permiano,
próximo do centro da Antártica.

O período Ordoviciano foi caracterizado, pela existência de várias


bacias oceânicas e um grande Oceano – o Pantalássico . A
Laurentia , Báltica , Sibéria e Gondwana estavam próximas e se
dispersaram. Entre a Báltica e a Laurentia, havia o oceano Iapetus
(Scotese 1998). Nesse período, devido a um derretimento da
camada de gelo no Sul do Gondwana (Norte e Centro da África e
Bacia Amazônica ), houve um esfriamento dos oceanos,
provocando uma extinção de organismos de água quente que
viviam próximos ao Equador .
Geologia Geral G0135 53

No Siluriano, ocorre a colisão da Laurentia com a Báltica,


fechando o oceano Iapetus , formando as Caledônias na
Escandinávia , norte da Grã-Bretanha e Groenlândia . No leste da
América do Norte, forma-se o norte das Apalachianas. Já o norte e
sul da China, derivam da Indo-Austrália e migram para o Norte.

No final do Paleozóico, muitos dos paleocontinentes colidiram,


formando a Pangéia, que se estende de Pólo a Pólo, margeado a
leste pelo Oceano Paleo-Tethys e a oeste pelo Oceano
Pantalássico . Contudo, a leste, há vários continentes que não
estavam unidos à Pangéia, como a China ao norte e a sul, a
Ciméria (parte da Turquia, Irã, Afeganistão, Tibet, Indochina e
Malaya). Estes continentes também migraram para o norte,
colidindo com a Sibéria. Este último, ao colidir com a Báltica,
formou os Montes Urais.

No Mesozóico, ocorreu a formação de um grande continente, a


Pangéia . Porém a parte norte, como foi visto acima, foi formado
pela colisão de vários continentes. Estes incluem a Laurentia,
Báltica, Avalônia, Europa Central e Sul, Sibéria, Casaquistânia,
China, Tarim e Ciméria. Vejamos sua relação com a geografia
atual.

A Laurentia inclui o noroeste da Irlanda, Escócia, Groelândia,


norte do Alasca e a península de Chukotskiy (Scotese &
McKerrow 1991). De acordo com Cocks & Fortey (1991) e Crick
(1991), os ambientes cratônicos dessa área são caracterizados pela
ocorrência de faunas endêmicas de trilobitas (Bathyuridae), e
gêneros de braquiópodes. Outro fato importante são as colisões
ocorridas com a Báltica, no final do Siluriano, e com a Avalônia,
ocorrendo perda na identidade de sua fauna durante o Siluriano e
Devoniano . No final do Carbonífero e Permiano, a Laurentia
tornou-se parte da Pangéia (Scotese & McKerrow 1991).

A Báltica (maior parte do norte da Europa), é caracterizada por


um grupo distinto de trilobitas asaphidíeos (Cocks & Fortey
1991). A Avalônia inclui Ardennes da Bélgica e norte da França,
Inglaterra, Walles, Sudeste da Irlanda, Península de Avalon , Nova
Escócia, sul da Nova Brunswick e parte da costa da Nova
Inglaterra .

A Europa Central e Sul estende-se as regiões adjacentes com o


norte da África, Ibérica, França, Alemanha e Bohemia. A Sibéria é
limitada a oeste pela metade norte dos Urais e Zona Irtych Crush,
ao sul pelo Arco Mongólico Sul e nordeste pelo cinturão das
dobras de Verhayansk. A Cazaquistânia é uma extensão do
Continente Sibérico Paleozóico. China e Tarim correspondem a
três continentes do Paleozóico, o norte e o sul da China e Tarim.
Finalmente a Ciméria inclui a Turquia, Irã, Tibet, Shan-Thai,
Malaya e a Indochina.

Portanto, o uso do termo Laurásia não reflete a real história deste


supercontinente, mas apenas sua condição no final do triássico. O
leste da Ásia, por exemplo, é composto por vários fragmentos que
se uniram desde o Paleozóico até o Mesozóico. A plataforma
Siberiana suturou-se com a Europa. E vidências desse evento são
o geossinclismo formando os Montes Urais, Tarim e Tibet,
durante o Jurássico. Ainda outras plataformas são o bloco a
Península de Sunda (Indochina , Malásia , Sumatra e Borneo), o
bloco Japonês, o bloco Kolyma, o nordeste da Sibéria . A
Groenlândia estava unida com a América do Norte.

Actualmente, a Eurásia compreende todos os continentes que


estão no Hemisfério Norte , exceto a América do Norte e a
Groenlândia. O subcontinente da Índia, incluindo o Sri Lanka, que
originalmente fazia parte da Gondwana, foi ligado a Eurásia no
Eoceno inferior, há cerca de 53 milhões de anos, resultando no
erguimento do Himalaia e o Planalto do Tibet na sutura com esta
placa, a parte oceânica, isto é, a placa oceânica foi consumida
nesta união. Essa colisão foi acompanhada por uma série de outras
colisões que fecharam o Mar de Tethys. Essas colisões
basicamente foram a Espanha com a França (Pireneus), a Itália,
Geologia Geral G0135 55

França com a Suíça (Alpes), a Grécia e Turquia com os Balcãs


(Hellenide e Dinaride), a Arábia com Irã (Zagros) e a colisão mais
jovem, Austrália com a Indonésia. Pode-se dizer, hoje em dia, que
a Eurásia é o início da formação de um Supercontinente,
semelhante a Pangéia.

As evidências levam a crer que o supercontinente da Gondwana,


por sua vez, parece ter sido uma placa única, razoavelmente
estável desde os registos do Pré-cambriano até meados do
Mesozóico. Esta região compreende hoje, a América do Sul,
África, Madagascar, Arábia, Índia , Austrália , Tasmânia , Nova
Guiné , Nova Zelândia, Nova Caledônia e Antártica . Segundo
Scotese & Mckerrow (1991) e Scotese (1998), a região da Flórida,
Yucatã do México, norte e sul da China e outros fizeram parte do
Gondwana do Précambriano até meados do Paleozóico.

Wegener correctamente identificou as maiores regiões da


Gondwana e como elas se moveram. No entanto, suas datações
estavam muito erradas. Mesmo nos tempos actuais, não temos
uma apurada reconstrução de todas as quebras pela falta de
informações adequadas nos oceanos do sul.

O início da quebra está datado para o Jurássico Superior, com


cerca de 150 milhões de anos. Três aspectos são notáveis nessa
quebra, segundo Brown & Gibson (1983):

1. África e América do Sul estavam conectadas apenas pelo


centro. Esta conexão era de posição equatorial no Jurássico e essas
mesmas regiões mantém-se hoje em dia;

2. O ponto da Antárctica que hoje em dia é o Pólo Sul, estava a


50º S latitude no Jurássico;

3. Em redor da Antárctica, as massas continentais estavam


reunidas, mas sempre separadas por mar.
A maioria dos cientistas concorda que a abertura do Atlântico Sul
começou no Cretáceo Inferior, cerca de 127 milhões de anos atrás.
Até no mínimo 115 milhões de anos, os continentes estavam
reunidos na linha equatorial. A deriva foi lenta inicialmente, tanto
que apenas no Eoceno (53 milhões de anos) ela foi completamente
terminada. A velocidade da deriva foi de 1,2 a 2 cm por ano, cerca
de 40 km por cada milhão de anos. A velocidade de deslocamento
da placa Indiana, no entanto, foi surpreendente, de 10 a 12 cm por
ano. A Índia desagregou-se do leste do continente africano,
deslocando-se no sentido nordeste há 90-80 milhões de anos,
chocando-se com o continente asiático por volta de 55 a 53
milhões de anos, iniciando a orogenia do Himalaia. Portanto, a
velocidade de deslocamento foi rápida, em torno de 180 km por
milhões de anos. Sri Lanka é uma parte da Placa Indiana.

Como é bem conhecido, a parte sul da América do Sul e a


Antárctica estiveram conectadas durante o Cretáceo. A distância
entre a Terra do Fogo e as ilhas da Antárctica foi gradativamente
alargando-se para sul no Eoceno. A separação total ocorreu em
meados do Terciário, a cerca de 49 milhões de anos. A Nova
Zelândia estava ligada à Antárctica, tendo-se separado há 80
milhões de anos, seguindo rumo ao norte. Á medida em que
ocorreu a expansão do Mar da Tasmânia, aumentou a distância
entre o sudeste Australiano com a Nova Zelândia, sendo
primeiramente uma grande ilha, mas depois tendo-se subdividido
em duas ou mais unidades, diferentes em tamanho e forma das
duas ilhas actuais.

A Austrália, Nova Guiné e Tasmânia fazem parte de uma única


placa. Sua união (a parte sudeste) com a Antárctica foi perdida no
Mesozóico (150 milhões de anos), ficando unida na parte noroeste
até a 53 milhões de anos. A Tasmânia e Nova Guiné, hoje
separadas da Austrália pelos estreitos de Bass e Torres,
respectivamente, tiveram conexões com a Austrália nos períodos
em que ocorreram rebaixamentos do nível do mar. O sudeste da
América do Norte (Laurentia) esteve conectado com a parte
Geologia Geral G0135 57

noroeste da América do Sul desde o final do Carbonífero (veja as


informações acima). No Mesozóico, com o início da quebra da
Pangéia, ocorreu o isolamento dos dois Continentes. Somente no
Plioceno (4 milhões de anos atrás), com a elevação do Istmo do
Panamá, voltaram a fusionar-se. A fusão deu-se pela formação de
arco de ilhas e o deslocamento de duas placas: Cocos e Caribe.

Essa é uma história interessante, uma vez que houve uma fusão,
posterior isolamento e novamente uma fusão. No entanto, durante
a quebra da Pangéia, houve várias oportunidades geográficas que
permitiram muitas trocas de organismos entre América do Norte e
do Sul. No Cretáceo, por exemplo, a parte oeste do México esteve
muito próxima da América do Sul, enquanto sua parte norte fazia
a ligação com a América do Norte. Com a expansão do Mar do
Caribe, houve a formação de ilhas que derivaram para o sudeste,
formando a placa do Caribe, que formaram as Grandes Antilhas.
Esse movimento deu início à formação da placa de Cocos, que
juntamente com a placa Pacífica Norte e placa de Nazca,
empurraram a nordeste e sudeste uma série de ilhas, formando o
que é actualmente a América do Sul.

Todos esses eventos de deslocamento das placas propiciaram


grandes modificações geográficas, como elevações de terras,
afundamentos, entradas de mares continentais e mudanças
climáticas, essas últimas, de acordo com posição longitudinal e
latitudinal, entre outras.

Exercícios
1. Descreva a teoria de placas tectónica

2. Porquê é que as placas se movimentam?


Unidade VII
Sistematização dos dados
sobre a Tectónica

Introdução
A configuração actual dos continentes é resultado de movimentos
tectónicos, daí a necessidade de conhecimentos dos seus
mecanismos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a origem da tectónica global



Descrever a formação da litosfera
Objectivos

Caracterizar a subdução e relacionar com as formas de relevo
criadas

Teoria Tectónica Global

• Esta teoria começou por volta de 1960 e ganhou


rapidamente o apoio da geologia, pois explica muitos dos
problemas de formação, topografia e estrutura da crusta
terrestre.

• Os estudos de perfis de reflexão de ondas sísmicas


mostram que à crusta terrestre dos continentes têm uma
Geologia Geral G0135 59

espessura de 34-40 km (60-70 km nas altas montanhas),


porém é mais delgada debaixo do mar, com cerca de 6 km.

• A crusta continental e a crusta oceânica, juntas com a parte


superior do manto terrestre são denominadas de Litosfera.

• A litosfera, que é rígida, apóia se sobre uma camada mais


viscosa (plástica) que se denomina Astenosfera, composta
de material mais ou menos fundido.

• Abaixo está a Mesosfera, que é rígida. A combinação das


duas camadas rígidas com uma camada plástica entre elas
resulta em um sistema instável.

• A necessidade de conhecer o relevo do fundo do mar


durante a segunda guerra mundial, para a movimentação
dos submarinos, pos a descoberta a existência de cadeias
de montanhas submersas.

• Estudos detalhados destas montanhas submarinhas


começaram, a partir de 1947, com o uso de instrumentos
recém inventados, o SONAR (Sound Navigation Ranging).

• Depois de 1960 ficou evidente que as cadeias de


montanhas submarinas formam uma cordilheira muito
longa que se curva e se ramifica por todos os oceanos com
uma extensão total de uns 73.000 km.

• Suas montanhas se elevam até cerca de 3.000 m por cima


do nível médio do fundo oceânico.

• Amostras tiradas desta cordilheira (que foi denominada


Dorsal Oceânica) mostram que ela é muito jovem, sendo
composta de rochas basálticas e cortada por falhas
transversais, e contêm numerosos vulcões ativos, muitos
deles com suas crateras acima do nível do mar.
• A parte mais conhecida da cordilheira submarina é a do
oceano Atlântico. Ela se estende de norte a sul pela parte
central do mar e é denominada Dorsal do Atlântico Médio.
• Mostrou-se que suas montanhas têm alturas entre 1800 e
3000 m e que ao longo de toda a sua extensão há um vale
estreito e íngreme por onde emergem lavas.

• A Dorsal Atlântica é cortada transversalmente por falhas


paralelas entre si.

• Em 1962 todas as informações foram reunidas por H.H.


Hess em um artigo sobre a história das bacias oceânicas
("The History of Ocean Basins") que despertou o interesse
de alguns cientistas.

• A conseqüência imediata destas descobertas foi o fato


novo de que está sendo criada uma nova crosta basáltica ao
longo de todo o vale central da cordilheira submarina.

• Esta crosta recém-formada é gradualmente empurrada para


ambos os lados da dorsal criando, em grande quantidade,
novas áreas de fundo de mar.

• Estes fatos formam um novo conceito, expressado em


1961 por R.S. Dietz, como a Teoria da Expansão do Fundo
do Oceano.

• Esta nova teoria preparou o terreno para a confirmação da


teoria de Wegener.

• A Teoria da Deriva Continental passou a ser chamada de


Teoria de Expansão do Fundo Oceânico, depois Teoria de
Tectônica de Placas e finalmente de Teoria Tectônica
Global.
Geologia Geral G0135 61

Formação da Litosfera

• Actualmente fazem-se observações directas da litosfera


usando submersíveis especiais e perfurações nas partes
mais profundas do oceano.

• As observações do fundo do oceano mostraram que as


cadeias de montanhas submarinas são um sistema
orográfico centralizado em falhas tectônicas que à medida
que se abrem vão se enchendo de magma vindo do manto
terrestre.

• Este magma esfria rapidamente em contacto com a água do


mar e se transforma em lava basáltica.

• Ao chegarem à superfície as lavas ficam acima da litosfera


da crosta oceânica porque estão quentes e por isto, menos
densas.

• Aí elas se esfriam, espessam e escorrem de forma contínua


para fora da fractura, em ambos os lados do vale central,
ao longo das Dorsais Oceânicas.

• A datação por paleomagnetismo, e por radiometria das


rochas oceânicas foi uma surpresa. Pensava-se que as
rochas do fundo do mar fossem as mais antigas do nosso
planeta.

• Entretanto, as rochas junto ás dorsais oceânicas são


recentes e vão ficando mais antigas á medida que se
afastam da zona de expansão.

• Por mais que se tenha buscado, não se encontrou uma


rocha do fundo do mar que tivesse mais de 170 milhões de
anos.

• Nem sequer no Oceano Pacífico, que deve ter existido


desde o início da formação dos mares.
Zonas de Subducção

• Grande quantidade de material de litosfera está sendo


formado em ambos os lados das fraturas da cordilheira
submarina e o fundo oceânico está se expandindo, o que
resulta em que: 1. ou a Terra está se expandindo; 2. ou
parte da litosfera está sendo consumida de alguma
maneira.

• Estudos recentes mostram que a litosfera está afundando


para dentro do manto (astenosfera) nas zonas de fossas
oceânicas.

• Estes locais são chamados zonas de subducção e se


encontram de baixo dos sistemas de fossas oceânicas,
como às do oeste do oceano Pacifico.

• As zonas de subducção representam os locais onde a


litosfera está sendo absorvida pelo manto.

• Somente a litosfera oceânica desliza para dentro da


astenosfera. A crosta continental não se afunda para dentro
do manto porque tem uma espessura muito grande e menor
densidade que o manto.

• Quando há uma colisão entre duas partes da litosfera, os


continentes se dobram e se comprimem formando
montanhas.

• Para se entender a subducção é necessário considerar o


regime térmico da Terra. A temperatura aumenta
rapidamente com a profundidade, chegando a 1200 oC a
500 km de profundidade.

• Os minerais do manto começam a fundir a partir de


1200oC (peridotito é o principal componente). Sob o
oceano há material mais ou menos fundido numa
Geologia Geral G0135 63

profundidade de cerca de 80 km e debaixo dos continentes


a uns 100 km.

• A astenosfera é mais mole mas é muito mais densa que a


rígida litosfera. Desta maneira as placas da litosfera
flutuam sobre o magma da astenosfera.

• Nas zonas de formação de litosfera (Dorsais Oceânicas)


ela está muito mais quente. Á medida que mais litosfera é
criada, a anterior é empurrada para fora (expansão do
fundo oceânico) e começa a esfriar, primeiro na superfície
da crosta oceânica e depois, no seu interior.

• Desta forma, acredita-se que a crosta oceânica deve se


tornar mais fria e, portanto, mais densa, à medida que se
afasta da zona de formação.

• Datações radiométricas e de paleomagnetismo mostram


que este processo é lento e leva milhões de anos.

• Pensa-se que entre 170 e 200 M.a. a litosfera já está tão


densa que começa a mergulhar na astenosfera.

• Isto traria como conseqüência a formação de uma zona de


subducção e explicaria o fato de que não exista crosta
oceânica mais antiga do que 200 M.a.

Placas tectónicas

A litosfera não é contínua. Ela é formada de fragmentos com


zonas de estiramento nas cordilheiras submarinas e zonas de
subducção nas fossas oceânicas, onde é absorvida pelo manto. A
estes fragmentos de litosfera se denominam placas tectônícas.
Atualmente há sete placas muito grandes (Africana,
IndoAustraliana, Sul-Americana, Norte-Americana, Eurásia,
Antártica e Pacífica). Vinte placas pequenas (Nazca, Cocos, do
Caribe, Filipina, Arábica, etc.) e provavelmente devem ser
descobertas mais algumas pequenas placas. Existem três tipos de
limites de contato entre duas placas:

1. Limites Divergentes (onde se forma litosfera resultante da


ressurgência do material da astenosfera);

2. Limites Convergentes (quando duas placas se chocam uma


contra a outra);

3. Limites Transformantes (quando uma placa desliza junto á


outra sem criar nem destruir litosfera).

Exercícios

1. O que é subdução?

2. Relacionar os diferentes limites de contacto de


placa com as formas de relevo resultante

Unidade VIII
O Movimento das Placas

Introdução
A configuração actual dos continentes é resultado de movimentos
tectónicos, daí a necessidade de conhecimentos dos seus
mecanismos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


Geologia Geral G0135 65

 Descrever o movimento de placas tectónicas;

 Explicar o ciclo das placas tectónicas Objectivos


 Descrever a teoria da terra em expansão

Os Movimentos das Placas Tectónicas

• Cada placa se move independentemente, como uma


unidade coerente. Actualmente elas têm uma velocidade
entre 2 e 10 cm por ano, e em alguns lugares chegam a 18
cm/ano.

• As de maior velocidade estão associadas ao oceano


Pacífico e as mais lentas, ao Atlântico. O deslocamento
dos continentes é um subproduto do movimento das
placas.

• O comportamento das placas nos limites de contato explica


muito dos processos geológicos como vulcões, terremotos,
tremores e formação de arcos de ilhas.

• Uma placa oceânica pode chocar-se com uma placa


continental e formar-se uma zona de subducção no contato
entre elas, dando origem a uma alta montanha. Este é o
caso do litoral oeste da América do Sul, no qual a crusta
oceânica do Pacífico (placa de Nazca) está mergulhando
debaixo da placa da América do Sul e levantando os Andes
desde o final do Terciário.

• Duas placas continentais podem colidir como a Índia que


está empurrando a Ásia. Neste caso nenhuma se afunda e
ambas se deformam pela colisão dando origem a altas
montanhas, como o Himalaia.
• Hoje acredita se que o movimento das placas tectônicas
seja devido a correntes de convecção térmica na
astenosfera.

• Primeiro pensou-se que se formaria uma grande célula de


corrente convectiva entre as zonas de subducção. Portanto
cada célula seria do tamanho da placa.

• Hoje acredita se que as células convectivas sejam muito


menores. Seja como for, as correntes de convecção térmica
"empurram" as placas.

• Os detalhes deste mecanismo ainda não estão bem


esclarecidos, mas não há mais dúvida de que foi
descoberto o mecanismo pelo qual as placas se movem e
que resultou na deriva dos continentes.

• No futuro os continentes ocuparão posições diferentes das


de hoje e as distâncias entre eles serão outras. Se as placas
continuarem nas direções em que se movem hoje, dentro
de 50 M.a. a América do Norte estará mais longe da
Europa; as Américas do Sul e do Norte mais próximas pois
a América Central será comprimida e deformada.

• Entretanto o sentido do movimento de uma placa pode


mudar, e já mudou no passado, sem que ainda se saiba o
que poderia causar esta mudança. Assim não se pode ainda
confiar nos mapas de projeção sobre o futuro.

• Acredita-se que uma das maneiras de mudança na direcção


do movimento de um continente ocorre quando dois
continentes colidem.

• Como ambos não podem submergir (por serem mais leves


que o manto e mais espessos) eles acabam entrando em
equilíbrio.
Geologia Geral G0135 67

• Aí duas situações podem ocorrer:

1. ou eles se fundem em um só e a placa se fratura em


outro ponto, como ocorreu quando a Sibéria colidiu
com a Europa e a cicatriz da fusão são os Urais;

2. ou eles mudam de direção do movimento de suas


placas; acredita-se que isto ocorreu entre América
do Norte e África.

O Ciclo das Placas Tectônicas

• As placas de litosfera do fundo dos oceanos formam-se nas


dorsais da cordilheira submarina vão se tornando mais
densas á medida que se afastam das Dorsais, mergulham
nas zonas de subducção, e são tragadas pelo manto nas
fossas oceânicas.

• Além da parte mediana das dorsais submarinas, a parte


mais profunda do manto está conectada com a superfície
da litosfera por fendas por onde escapam gases e pelos
vulcões. Desta maneira as placas oceânicas são recicladas
continuamente.

• Os sedimentos, dos mares antigos, só restam os antigos


fundos que se levantaram por movimentos tectônicos ou
colisão de placas.

• Os sedimentos acumulados no fundo dos oceanos são


submergidos e metamorfoseados ou fundidos na parte mais
profunda da astenosfera.

• Rochas ígneas, metamórficas e sedimentares são


levantadas na formação de montanhas e são expostas à
atmosfera e hidrosfera onde elas são intemperizadas e
erodidas.
• Os produtos do intemperismo e da erosão são carregados
pelos rios e depositados no fundo dos oceanos.

• Finalmente, eles são submergidos no manto nas regiões de


subducção e o cicio se fecha. Este ciclo se renova
aproximadamente a cada 200 milhões de anos.

• O chão dos oceanos é reciclado e as bordas continentais


são erodidas, dobradas, aumentadas e modificadas ao
longo da história da Terra.

• Porém, nos continentes existem áreas geologicamente


estáveis, constituídas por uma crosta rígida que foi pouco
deformada por um período prolongado.

• Estas áreas são denominadas crátons e o seu estudo dá


valiosas informações quanto a história geológica dos
continentes.

A Teoria da Terra em Expansão

• Em 1933, Hilgenherg apresentou a hipótese de que as


áreas continentais formaram no passado uma couraça
continua em volta da Terra.

• Esta couraça, pela expansão da Terra se fraturaria


ocasionando a dispersão dos continentes. As fraturas
seriam enchidas por material saído do manto através dos
vulcões e formaria o fundo do mar.

• Este fundo do mar portanto, estaria sendo aumentado ao


longo dos tempos. A deriva dos continentes seria feita pela
expansão do planeta e a formação dos mares separando-os.

• O astrônomo J.K.E. Halm, em 1935, baseando-se na teoria


de expansão estimou que a densidade média da Terra
Geologia Geral G0135 69

original seria de 9,13 (a atual é em média 5,51) e que teria


um raio de 5.430 km em vez dos 6.376 km atuais.

• Segundo Halm o mar vermelho e o Golfo de Adem se


formaram ao longo de uma fratura muito grande.

• Esta fratura (rift) só ficou sendo conhecida cerca de 20


anos depois.

• O uso de equipamento eletrônico de alta precisão e as


perfurações para obter testemunhos de sondagem da crosta
oceânica tem dado informações que indicam não somente
a expansão do fundo oceânico e o movimento das placas
tectônicas, como parecem indicar que o planeta está em
expansão.

• Estas pesquisas estão agora em andamento. O problema


maior está em mostrar que houve expansão contínua no
passado e que o que se observa hoje não é simplesmente
uma pulsação de volume.

• Segundo Owen, a subducção da nova litosfera gerada nas


Dorsais Oceânicas, não pode explicar, sozinha, os
movimentos dos continentes.

Teoria da tectónica de placas

a) A litosfera encontra-se dividida em placas que se


movimentam sob uma camada com características
plásticas (Astenosfera)
b) Correntes de convecção do manto:
c) Motor que gera as correntes: calor interno da Terra

Tipos de limites:
a) Convergentes: há destruição de litosfera. Localizam-se,
geralmente, em zonas de fossas onde se verifica a destruição
da placa litosférica, que mergulha. Por esta razão, esta zona é
também chamada zona de subducção. As fossas estão
localizadas nas zonas de transição da crosta continental para a
crosta oceânica ou então em zonas de crosta oceânica. Pode
ainda verificar-se a convergência de áreas continentais de
placas, como aconteceu quando a placa da Índia chocou com o
Sul da Ásia.

b) Divergentes: há formação de litosfera. Situam-se nas dorsais


oceânicas e são zonas onde é gerada crosta oceânica. As
dorsais oceânicas são extensas cadeias de montanhas
geralmente com um vale central – rifte, cuja profundidade
varia entre -1800 e -2000 m, com largura aproximada de 40
km e com paredes em degrau e cortadas por falhas
transversais. Nas dorsais oceânicas de alastramento rápido,
como no Pacífico, não existe o vale central.
Geologia Geral G0135 71

c) Conservativos: não há destruição nem criação de litosfera.


Situam-se em determinadas falhas, chamadas falhas
transformantes. Estas falhas cortam transversalmente as
dorsais oceânicas e ao longo delas não se verifica destruição
nem alastramento, mas apenas deslizamento de uma placa em
relação à outra

Exercícios
1. Fale do ciclo das placas tectónicas;

2. De que factores estarão associados os movimentos

das placas tectónicas;

3. Qual é a essência da teoria da terra em expansão.

Unidade IX
Mineralogia

Introdução
A presente unidade justifica se na medida que descreve o processo
de formação das rochas existentes na terra bem como mostra
alguns conceitos que ajudam o estudante a compreender a
natureza.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Descrever a mineralogia descritiva

Descrever os grupos químicos e elementos nativos; Objectivos

Classificar os sulfuretos e silicatos

Mineralogia Descritiva

Ao falar se da mineralogia descritiva, importa referir as seguintes


classes dos minerais:

• Elementos nativos: encontram – se como minerais sob


forma não combinada, ocorrem de forma nativa e podem
ser subdivididos em metais, semi – metais e não metais;
• Sulfetos: a fórmula geral dos sulfetos pode ser expressa
como XmZn, na qual o X representa o elemento metálico e
o Z o elemento não metálico;
• Óxidos e Hidróxidos: óxidos formam um grupo de
minerais caracterizados por combinação de oxigénio com
um ou mais metais. Hidróxidos são caracterizados pela
presença de grupos OH ou moléculas de água, o que causa
o aparecimento de ligações químicas muito mais fracas
que as dos óxidos.
• Halogenetos: são minerais em que um elemento do grupo
dos halogeneos(CI-, Br-, F- e I) é o único ânion, ou o ânion
principal;
• Fosfatos, Arseniatos, Vanadatos: os minerais dessa classe
são caracterizados pela presença de unidades tetraédricas
de (PO4), (AsO4) e (VO4), onde os elementos P, As e V
podem substituir – se mutuamente.
Geologia Geral G0135 73

Grupos Químicos

· Silicatos – grupo dos minerais mais abundantes na crosta;


combinação de Si e O.

· Carbonatos – minerais comuns na crosta e formadores de


calcários e mármores

· Óxidos – O2- se liga a cátions de outros elementos,


principalmente a ions metálicos

· Sulfetos – S2- ligado a cátions metálicos

· Sulfatos – ânion (SO 4)2 - (organizados em tetraedros com


perda de 6 elétrons)

Elementos Nativos

Fazem parte dos elementos nativos: ouro, prata, diamante,


grafite.

Ouro, o mais nobre dos metais é um dos elementos


encontrados na natureza, sem combinações, estadual, ou seja
nativa. Desde os tempos antigos, tem sido um símbolo de luxo
e poder.

Nativo de Prata é um mineral com brilho metálico e prateado.


Diamante: Geologicamente, o diamante é cristalizado de carbono.
É uma forma muito sóbria da definição de um minério de valor
económico
Grafite: como o diamante, o grafite é carbono puro, mas com uma
cristalização totalmente diferente, o que torna um presente muito
diferente. É um mineral cinza escuro ou preto.

Silicatos

Dizer-se que um mineral é um silicato, indica que pertence a um


vasto conjunto que tem, como elementos constantes e
característicos, silício e oxigénio, sendo as diferentes espécies que
o integram definidas em função dos restantes elementos que as
compõem e do modo como se arranjam entre si. Alumínio e
potássio na ortoclase, ferro e magnésio na olivina, alumínio e
berílio no berilo, espécie mineral cuja variedade azul celeste,
transparente, ganha valor de gema como água-marinha e que, com
uma pitada de crómio e ou de vanádio, gera a variedade de cor
verde, tida por pedra preciosa e conhecida por esmeralda. O rubi,
vermelho, e as safiras, azuis e de outras cores, são variedades do
mineral corindo, um óxido de alumínio, o mesmo metal da
moderna civilização que se extrai industrialmente dos bauxitos,
um tipo particular de solo tropical formado por alteração de certas
rochas, sob condições climáticas de extrema humidade e calor. O
resíduo que aí fica desta profunda alteração é essencialmente
formado por hidróxidos de alumínio, conhecidos dos estudiosos e
que têm nome: gibbsite, diásporo e bohemite, três minerais
diferentes, mas com idêntico conteúdo químico (oxigénio,
hidrogénio e alumínio
Geologia Geral G0135 75

Sulfuretos

Os sulfuretos, como os já referidos e muitos outros, geram-se em


meios redutores, pobres de oxigénio livre. Pelo contrário, na
presença deste gás atmosférico, isto é, nos níveis mais superficiais
da crosta têm origem óxidos, como a hematite, e outros minerais
oxigenados reunidos entre os carbonatos, os sulfatos, os fosfatos
ou os nitratos. Mas há outros óxidos primários que nada têm a ver
com o ambiente supergénico, como o quartzo (óxido de silício) e a
magnetite (de ferro), a cassiterite (de estanho) e a cromite (de
crómio), gerados em corpos rochosos da profundidade

Exercícios
1. Fale da mineralogia descritiva;

2. O que entende por elemento nativo? dê exemplos;

3. Diferencie os silicatos dos sulfuretos.

Unidade X
Propriedades dos minerais

Introdução
A presente unidade justifica-se na medida que descreve as
propriedades dos minerais.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:


 Descrever as propriedades físicas dos minerais

Descrever as propriedades químicas dos minerais Objectivos

Descrever as propriedades ópticas dos minerais

Propriedades Físicas dos Minerais

Os minerais apresentam propriedades físicas, químicas e ópticas


que permitem a sua caracterização e identificação.

As propriedades físicas dos minerais por serem de uso fácil e


imediato e observáveis em amostra de mão, são as mais utilizadas
para uma primeira identificação. O conhecimento destas
propriedades e a maneira prática de as investigar é fundamental na
identificação de minerais, conjuntamente com a utilização de
tabelas ou chaves dicotómicas.

a) Clivagem

Propriedade que alguns minerais têm de se fragmentarem segundo


determinadas superfícies planas e paralelas. A estas superfícies
planas chama-se plano de clivagem. Como bons exemplos de
minerais com boa clivagem temos:

A moscovite apresentando uma única direcção de clivagem -


clivagem basal.

• A calcite apresentando três direcções de clivagem - clivagem


romboédrica.

• A galena apresentando uma clivagem cúbica.


Geologia Geral G0135 77

b) Fractura

Designa-se por fractura a maneira como certos minerais partem,


esta rotura não tem direcções ou planos definidos e distinguem-se
facilmente dos planos de clivagem.

c) Dureza

A dureza é a resistência que o mineral oferece a ser riscado por


outro mineral ou objecto alternativo. A dureza depende do tipo de
ligações químicas presentes no mineral, ou seja, quanto mais
fortes forem estas ligações maior dureza terá o mineral. Poderá ser
avaliada comparando-a com a de certos minerais-padrão. A escala
de dureza mais vulgar constituída por minerais-padrão, é a escala
de Mohs, constituída por 10 graus correspondentes às durezas
relativas de 10 minerais, ordenados por ordem crescente de
dureza. Cada um dos minerais desta escala risca o anterior, de
dureza inferior, e é riscado pelo seguinte na escala, portanto de
dureza superior.

Quando se vai riscar um mineral mais duro com outro menos


duro, este vai desgastar-se sobre o mais duro, à semelhança de
quando se escreve com giz no quadro preto ou quando se escreve
com o lápis no papel.

Poderão também utilizarem-se objectos de dureza conhecida, para


evitar o desgaste constante dos minerais, sendo os mais comuns:
Unha, Prego (cobre), Canivete (aço) e Vidro.

d) Brilho

O brilho dos minerais é o modo como estes reflectem a luz


incidente nas suas superfícies, de preferência as não alteradas.
e) Cor

A cor dos minerais é a característica mais fácil de observar, e pode


ser muito importante, quando é típica de um mineral, mas há o
caso de minerais que podem apresentar várias cores. Resulta da
absorção de algumas radiações da luz branca que incide sobre o
mineral.

f) Diafaneidade

Diafaneidade ou transparência é a maior ou menor permeabilidade


à luz dos minerais, ou seja a quantidade de luz que deixam
atravessar.

g) Sabor e Cheiro

Para certos minerais estas propriedades são bons elementos de


diagnóstico. São por exemplo os casos de:

Halite - Sabor salgado

Silvite - Sabor amargo

Arsenopirite - Cheiro a alho

Enxofre - Cheiro a ovos pobres

h) Magnetismo

Certos minerais são fortemente atraídos pelo íman como a


magnetite e a pirrotite, outros não são atraídos ou são muito pouco
atraídos. Para diagnosticar esta propriedade utiliza-se um íman ou
uma bússola.
Geologia Geral G0135 79

i) Radioactividade

Alguns minerais possuem propriedades radioactivas. São exemplo


os minerais de urânio. Esta propriedade pode evidenciar-se
utilizando contadores de partículas - contador Geiger.

K) Fluorescência

A luz ultravioleta é invisível para os seres humanos, porque as


suas ondas são muito curtas e não detectadas pelos nossos olhos.
Mas alguns minerais emitem luz quando expostos a luz
ultravioleta, dizem-se que são minerais fluorescentes. Estes
minerais absorvem a luz ultravioleta e reflectem-na em ondas mais
longas estas detectados pelos nossos olhos. Exemplo mais comum
é da fluorite, mineral que dá o nome a propriedade.

Propriedades Químicas dos Minerais

Estas propriedades são estudadas em laboratórios mineralógicos


utilizando variadas técnicas desde as clássicas até às técnicas mais
sofisticadas, como difracção de raios X ou microssonda
electrónica.

A tabela seguinte apresenta as principais classes em que, estão


agrupados os minerais
Elementos nativos são os minerais que ocorrem na natureza
em estado puro, não combinado - como o
ouro, prata, cobre, enxofre, diamante,
grafite.
Sulfuretos minerais metálicos de que são exemplo a
pirite, calcopirite, galena, blenda.
Óxidos e hidróxidos
minerais comuns, sobretudo nos ambientes
mais superficiais da Terra, de que fazem
parte entre muitos outros a hematite,
goethite, pirolusite e magnetite.
Halóides Classe restrita que reúne os halogenetos
naturais como a halite, silvite, fluorite.
Carbonatos, nitratos e calcite, dolomite, malaquite, rodocrosite.
boratos
Silicatos são os minerais mais abundantes da crosta
terrestre e são próprios das rochas
endógenas (magmáticas e metamórficas)
embora apareçam em rochas sedimentares.
Como exemplos, olivina, turmalina,
piroxenas, anfíbolas, biotite,
moscovite,quartzo e feldspatos.

Propriedades Ópticas dos Minerais

O estudo e observação das propriedades ópticas dos minerais é


muito importante mas também muito complexo, pois só assim,
podemos estudar minerais que formam as rochas mesmo quando
são tão pequenos que não se vêem a olho nu. Para se poderem
observar as rochas e os minerais ao microscópio petrográfico é
necessário cortá-los em lâminas delgadas muito finas com 0,03
mm de espessura para a luz transmitida do microscópio os poder
atravessar.

Observação de Minerais ao Microscópio Petrográfico os minerais


podem ser observados ao microscópio de duas formas que diferem
pelas modificações que a luz sofre na travessia:

A) Luz Paralela ou nicóis paralelos - Os minerais são iluminados


por feixe paralelo de luz

B) Luz polarizada ou nicóis cruzados - A iluminação dos


minerais é igual à da observação em luz paralela, só que se sujeita
a luz emergente da lâmina a uma nova polarização - Analisador.
Geologia Geral G0135 81

A observação em luz paralela é indicada para na observação de


propriedades ópticas vulgares, tais como:

a) Diafaneidade - Os minerais negros são opacos (não deixam


atravessar a luz, os restantes são transparentes ou traslúcidos.

b) Hábito - dá-se o nome de hábito de um cristal ao seu aspecto


geral.

c) Clivagem - presença de uma ou mais séries de linhas paralelas


que cortam o mineral.

d) Cor - cor que o mineral apresenta em luz transmitida.

e) Pleocroísmo - variação de cor do mineral com a orientação da


iluminação em luz polarizada ou seja rodando a platina.

Exercícios
1. Enumere as principais propriedades físicas dos
minerais.

2. A que grupo de propriedades dos minerais

pertencem as seguintes propriedades: pleocroísmo, dureza


e cor.
Unidade XI
Principais grupos dos minerais

Introdução
A presente unidade justifica-se na medida que descreve os
principais grupos dos minerais.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar os elementos nativos


 Caracterizar outros grandes grupos de minerais como:
Objectivos sulfuretos, hologenetos, óxidos e hidróxidos,
nitratos
carbonetos, cromatos, fosfatos e silicatos

• Elementos nativos: encontram – se como minerais sob


forma não combinada, ocorrem de forma nativa e podem
ser subdivididos em metais, semi – metais e não metais;
• Sulfetos: a fórmula geral dos sulfetos pode ser expressa
como XmZn, na qual o X representa o elemento metálico e
o Z o elemento não metálico;
• Óxidos e Hidróxidos: óxidos formam um grupo de
minerais caracterizados por combinação de oxigénio com
um ou mais metais. Hidróxidos são caracterizados pela
presença de grupos OH ou moléculas de água, o que causa
o aparecimento de ligações químicas muito mais fracas
que as dos óxidos.
Geologia Geral G0135 83

• Halogenetos: são minerais em que um elemento do grupo


dos halogéneos (CI-, Br-, F- e I) é o único ânion, ou o
ânion principal;
• Fosfatos, Arseniatos, Vanadatos: os minerais dessa classe
são caracterizados pela presença de unidades tetraédricas
de (PO4), (AsO4) e (VO4), onde os elementos P, As e V
podem substituir – se mutuamente.
• Silicatos – pertencem a um vasto conjunto que tem, como
elementos constantes e característicos, silício e oxigénio,
sendo as diferentes espécies que o integram definidas em
função dos restantes elementos que as compõem e do
modo como se arranjam entre si. Alumínio e potássio na
ortoclase, ferro e magnésio na olivina, alumínio e berílio
no berilo, espécie mineral cuja variedade azul celeste,
transparente, ganha valor de gema como água-marinha e
que, com uma pitada de crómio e ou de vanádio, gera a
variedade de cor verde, tida por pedra preciosa e conhecida
por esmeralda. O rubi, vermelho, e as safiras, azuis e de
outras cores, são variedades do mineral corindo, um óxido
de alumínio, o mesmo metal da moderna civilização que se
extrai industrialmente dos bauxitos, um tipo particular de
solo tropical formado por alteração de certas rochas, sob
condições climáticas de extrema humidade e calor. O
resíduo que aí fica desta profunda alteração é
essencialmente formado por hidróxidos de alumínio,
conhecidos dos estudiosos e que têm nome: gibbsite,
diásporo e bohemite, três minerais diferentes, mas com
idêntico conteúdo químico (oxigénio, hidrogénio e
alumínio
• Os sulfuretos, como os já referidos e muitos outros,
geramse em meios redutores, pobres de oxigénio livre.
Pelo contrário, na presença deste gás atmosférico, isto é,
nos níveis mais superficiais da crosta têm origem óxidos,
como a hematite, e outros minerais oxigenados reunidos
entre os carbonatos, os sulfatos, os fosfatos ou os nitratos.
Mas há outros óxidos primários que nada têm a ver com o
ambiente supergénico, como o quartzo (óxido de silício) e
a magnetite (de ferro), a cassiterite (de estanho) e a cromite
(de crómio), gerados em corpos rochosos da profundidade

Exercícios
1. Faça a distinção entre os silicatos e os sulfuretos

2. A que grupo de minerais pertence os seguintes minerais:


quartzo, magnetite.
Geologia Geral G0135 85

Unidade XII
Rochas

Introdução
A presente unidade justifica-se na medida que descreve o processo
de formação das rochas existentes na terra bem como mostra
alguns conceitos que ajudam o estudante a compreender a
natureza.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir rocha;

 Classificar as rochas quanto a sua origem;

Objectivos  Descrever o ciclo geológico.

Conceito de Rocha

Rocha é um agrupamento de minerais, ou apenas um mineral


consolidado. É geralmente estudada por geólogos e geógrafos. Os
geólogos procuram pesquisar mais intimamente sua composição
química, sistema de cristalização, textura e estrutura. Enquanto
que os geógrafos estudam o comportamento das rochas quando
estas são submetidas aos diversos tipos de erosão.
Classificação das Rochas

As rochas que compõem a superfície terrestre podem apresentar


diferentes aspectos, os quais estão ligados a determinados factores
como: composição química, origem, textura, estrutura, declive,
cobertura vegetal, tempo geológico, tipo de clima, etc. Esses
factores interferem nas diferenciações que as rochas superficiais
possam apresentar.

Especialistas como geólogos mineralogistas, geógrafos e


engenheiros classificaram as rochas baseados principalmente em
sua origem, composição química, textura e estrutura.

Quanto à origem, classificam-se em eruptivas, sedimentares e


metamórficas. A composição química das rochas é um assunto
muito complexo. Contudo, tomando-se como referência sua acidez
(% de sílica), podem ser classificadas em ácidas, básicas, neutras e
ultrabásicas. Com relação à condição da estrutura cristalina,
podem ser divididas em holocristalina, holoialina, criptocristalina
e hipocristalina. Quanto à textura, podem ser granular, porfiróide
(microlítica e microgranular) e vítrea.

A análise da composição química das rochas exige intensas


pesquisas e representa sua composição mineralógica e a natureza
do magma original. Os engenheiros construtores de estradas
classificam as rochas sucintamente em três grupos: rocha branda,
rocha semibranda e rocha dura, especificando mais ainda em
certos casos, em rocha duríssima e rocha lamelar. Porém, essa
classificação não é válida cientificamente por não considerar a
gênese, composição química, textura e estrutura do material.

Profissionais da área utilizam-se do recurso de fotografia aérea na


identificação dos diferentes tipos de rochas que aparecem na
superfície terrestre. Para esse estudo, é utilizado um equipamento
simples chamado estereoscópio, o qual permite a sobreposição das
imagens fotográficas. Desse modo, pode-se identificar através das
formas dos elementos e dos diferentes tons de cinza mostrado nas
Geologia Geral G0135 87

fotos preto e branco, as mudanças de solo e, com isso, os tipos de


rochas que se apresentam nesse local.

Fotografias coloridas oferecem maior riqueza de detalhes na


identificação dos tipos de rochas que possam ocorrer numa
determinada área, permitindo com isso a construção de um mapa
geológico mais completo.

Ciclo das rochas

As rochas são corpos sólidos formados através da agregação de


materiais minerais, podendo tais corpos, em sua formação, serem
formados de um tipo ou de vários tipos de minerais. Na verdade,
todas as rochas originaram-se em estado ígneo, sob elevadas
temperaturas. No exterior da crosta terrestre, as rochas em estado
ígneo são ejectadas através dos vulcões. Tal material resfria,
formando corpos sólidos de formas variáveis. No entanto, as
rochas sofrem processos contínuos de desgaste, através de
condições diversas, como as intempéries. O tipo de rocha formado
a partir de agentes de desgaste consiste nas chamadas rochas
sedimentares.
As rochas terrestres não constituem massas estáticas. Elas fazem
parte de um planeta cheio de dinâmica (variações de temperatura e
pressão, abalos sísmicos e movimentos tectónicos). Da mesma
forma, as actividades de intemperismo causam constantes
alterações sobre as rochas.

As rochas ígneas superficiais da Terra (A) sofrem constante


intemperismo, e lentamente reduzem-se em fragmentos (B),
incluindo tanto os detritos sólidos da rocha original como os
novos minerais formados durante o intemperismo. Os agentes de
transporte redistribuem o material fragmentado sobre a superfície,
depositando-o como sedimentos, que se transformam em rochas
sedimentares (C). Estas, por aumento de pressão e temperatura
geram as rochas metamórficas (D). Aumentando a pressão e a
temperatura até determinado ponto, ocorrerá fusão parcial e
novamente a possibilidade de formação de uma nova rocha ígnea
(E), dando-se início a um novo ciclo.
Geologia Geral G0135 89

Rochas Ígneas ou Magmáticas

Rocha ígnea, magmática ou eruptiva é a que resultou da


consolidação devida a resfriamento de magma derretido ou
semiderretido. O processo de solidificação é complexo e nele
podem distinguir-se a fase ortomagmática, a fase
pegmatíticapneumatolítica e a fase hidrotermal. Estas rochas são
compostas de feldspato (59,5%), quartzo (12%), piroxênios e
anfibolitos (16,8%), micas (3,8%) e minerais acessorios (7%).
Ocupam cerca de 25% da superfície terrestre e 90% do volume
terrestre, devido ao processo de gênese.

Ao solidificar, dependendo das condições - principalmente da


pressão e temperatura -, o magma pode originar uma grande
variedade de rochas, que se dividem em grandes grupos:
plutônicas, vulcânicas e, segundo alguns autores, filonianas;

Rochas ígneas plutônicas, intrusivas ou abissais

São formadas a partir do resfriamento do magma no interior da


crosta, nas partes profundas da litosfera, sem contacto com a
superfície. Elas só apareceram à superfície depois de removido o
material sedimentar ou metamórfico que a recobria. Em geral, o
resfriamento é lento e ocorre a cristalização de todos os seus
minerais. Normalmente as rochas plutônicas ou intrusivas
apresentam uma estrutura maciça. A sua estrutura mais corrente é
granular, isto é, os minerais apresentam-se equidimensionais
ligados entre si. A classificação detalhada das rochas magmáticas
requer um estudo microscópico da mesma. Em linhas gerais,
podem considerar-se as seguintes famílias de rochas magmáticas,
entre as quais existe toda uma série de rochas intermédias:

• Família do granito: o granito é uma mistura de quartzo,


feldspato e micas, além de outros minerais, que se podem
encontrar em menores proporções e que recebem a
denominação de acessórios. Estes podem ser turmalinas,
plagioclases, topázio, e outros mais. O granito é uma rocha
ácida e pouco densa que aparece abundantemente em
grandes massas, formando regiões inteiras ou as zonas
centrais de muitos acidentes montanhosos. O equivalente
vulcânico do granito é o riolito;

• Família do sienito: tem como minerais essenciais os


feldspatos alcalinos, especialmente a ortoclase, aos quais
se associa a hornblenda, a augite e a biotite. Não
apresentam nem moscovite nem quartzo. São rochas
neutras. O
equivalente vulcânico do sienito é o traquito;

• Família do diorito: tem como minerais essenciais os


feldsfatos calcossódicos ácidos - oligoclase e andesina. A
estes associam-se, em geral, a hornblenda, a augite e a
biotite. O equivalente vulcânico do diorito é o andesito.

• Família do gabro: são rochas escuras, verdes ou negras,


bastante densas e sem quartzo, pelo que são rochas básicas.
Os seus minerais essenciais são os feldsfatos básicos -
labradorite e anortite -, acompanhados, geralmente, por
diálage, biotite, augite e olivina. O equivalente vulcânico
do gabro é o basalto;

• Família do peridotito: são rochas constituídas por


anfíbolas e piroxenas e, sobretudo, por olivina. São rochas
ultrabásicas muito densas e escuras. O magma que as
originou formou-se em grande profundidade, muitas vezes
na parte superior do manto. Os peridotitos são rochas
muito alteráveis por efeito dos agentes meteóricos,
transformandose em serpentinitos, que são utilizados como
pedras ornamentais, muito apreciada pela sua cor verde
escura.
Geologia Geral G0135 91

Rochas ígneas vulcânicas, extrusivas ou efusivas

São formadas a partir do resfriamento do material expelido pelas


erupções vulcânicas actuais ou antigas. A consolidação do
magma, então, acontece na superfície da crosta ou próximo a ela.
O resfriamento é rápido, o que faz a que estas rochas, por vezes,
apresentem material vítreo. Essas rochas têm textura microlítica
ou vidrosa (vítrea). Há uma grande diversidade de rochas
vulcânicas que se agrupam em alguns tipos gerais: siólitos,
traquitos, andesitos e basaltos, entre os quais existe uma série de
rochas intermédias, do mesmo modo que nas rochas plutônicas;

Rochas filonianas

São as rochas que alguns autores consideram, de certo modo, fazer


a transição entre as rochas vulcânicas e as rochas plutónicas. Sem
atingir a superfície, aproximam-se muito dela e podem preencher
as fissuras da crosta terrestre. Umas formam-se por resfriamento
do magma numa fissura, outras formam o recheio das fissuras e
fracturas, devido à presença de soluções hidrotermais (de águas
térmicas) que aí precitam os minerais. Todas as rochas filonianas
se encontram em relação directa com o magma, isto é, com rochas
intrusivas. São exemplo de rochas filonianas os aplitos, os
pegmatitos e as lamprófiros.

Exercícios
1. Defina rocha

2.As rochas na natureza cumpre um ciclo. Explique

detalhadamente este fenómeno


Unidade XIII
Rochas Sedimentares e
Metamórficas

Introdução
A presente unidade justifica-se na medida que descreve o processo
de formação das rochas existentes na terra bem como mostra
alguns conceitos que ajudam o estudante a compreender a
natureza.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

• Descrever as rochas sedimentares


• Caracterizar rochas sedimentares

Objectivos

Características das Rochas Sedimentares

As rochas sedimentares são um dos três principais grupos de


rochas (os outros dois sendo as rochas ígneas e as metamórficas) e
formam-se por três processos principais:

• pela deposição (sedimentação) das partículas originadas


pela erosão de outras rochas (conhecidas como rochas
sedimentares clásticas);

• pela deposição dos materiais de origem biogénica; e 

pela precipitação de substâncias em solução.


Geologia Geral G0135 93

Subdivisão das Rochas metamórficas

As rochas sedimentares podem ser divididas em:

Clásticas - Formadas a partir da desagregação de rochas


préexistentes. A composição destes sedimentos reflecte os
processos de intemperismo e a geologia da área da fonte. ex.
arenitos.

Orgânicas - Formadas pela acumulação de restos derivados de


animais ou vegetais, como o carvão mineral.

Químicas - Formadas através da precipitação de substâncias que


se encontram em dissolução nas águas. ex. calcáreos (CaCO3)

Residuais - Resultantes de solos endurecidos por precipitação de


hidróxidos de ferro e alumínio ou outros compostos.

Características das Rochas Metamórficas

Em geologia, chamam-se rochas metamórficas àquelas que são


formadas por transformações físicas e químicas sofridas por outras
rochas, quando submetidas ao calor e à pressão do interior da
Terra, num processo denominado metamorfismo.

As rochas metamórficas são o produto da transformação de


qualquer tipo de rocha levada a um ambiente onde as condições
físicas (pressão, temperatura) são muito distintas daquelas onde a
rocha se formou. Nestes ambientes, os minerais podem se tornar
instáveis e reagir formando outros minerais, estáveis nas
condições vigentes. Não apenas as rochas sedimentares ou ígneas
podem sofrer metamorfismo, as próprias rochas metamórficas
também podem, gerando uma nova rocha metamorfizada com
diferente composição química e/ou física da rocha inicial.

Como os minerais são estáveis em campos definidos de pressão e


temperatura, a identificação de minerais das rochas metamórficas
permite reconhecer as condições físicas em que ocorreu o
metamorfismo. O estudo das rochas metamórficas permite a
identificação de grandes eventos geotectônicos ocorridos no
passado, fundamentais para o entendimento da actual
configuração dos continentes.

As cadeias de montanhas (ex. Andes, Alpes, Himalaias) são


grandes enrugamentos da crosta terrestre, causados pelas colisões
de placas tectónicas. As elevadas pressões e temperaturas
existentes no interior das cadeias de montanhas são o principal
mecanismo formador de rochas metamórficas. O metamorfismo
pode ocorrer também ao longo de planos de deslocamentos de
grandes blocos de rocha (alta pressão) ou nas imediações de
grandes volumes de magmas, devido à dissipação de calor (alta
temperatura).

Agentes do Metamorfismo

Minerais deformados e alinhados exemplo: mármore, quartzito e


ardósia

Embora não nos seja possível assistir à gênese de rochas


metamórficas, visto ocorrer a grandes profundidades,
conseguimos facilmente através de variados estudos concluir que
a temperatura e a pressão são os principais factores de
metamorfismo. No entanto estes dois factores encontram-se
intimamente ligados a outras condicionantes como é o caso dos
fluidos de circulação, a intensidade de aquecimento e o tempo
durante o qual a rocha se encontra submetida a esses factores.

Desta forma ocorre o metamorfismo, ou seja, as rochas apesar de


se manterem no estado sólido sofrem alterações um pouco
profundas que incluem modificações tanto a nível químico como a
nível estrutural. A rocha sofre ainda alterações na textura. Todos
estes agentes atacam em conjunto apesar de existirem diferentes
ambientes metamórficos. O metamorfismo pode ser baixo, médio
Geologia Geral G0135 95

e de alto grau. De seguida falaremos acerca de cada um dos


agentes do metamorfismo.

Temperatura

A temperatura aumenta com a profundidade, mas para além disso


quando ocorre uma intrusão magmática, o calor vai sobreaquecer
as rochas encaixantes, calor proveniente desse magma. Assim as
rochas ficarão submetidas a temperaturas que provocarão diversas
alterações, embora essas temperaturas não sejam suficientes para
fundir as rochas. Portanto, a temperatura favorecerá reacções
químicas entre minerais aumentando assim a vulnerabilidade das
rochas que serão sujeitas a pressões. Normalmente no
metamorfismo o efeito da pressão combina-se com o da
temperatura.

Pressão

Como o processo designado por metamorfismo que ocorre no


interior da terra, as rochas encontram-se a diferentes
profundidades, e, desta forma, sujeitas a pressões variadas. A
maior parte das pressões são devidas ao peso das camadas
superiores designando-se por isso pressões litostáticas. Estas
pressões podem-se sentir facilmente a profundidades
relativamente pequenas. Existem ainda outras pressões orientadas
que se relacionam directamente com compressões provenientes
dos movimentos laterais das placas litosféricas. A orientação e
deformação de muitos minerais existentes nas rochas
metamórficas evidencia a influência deste tipo de pressão como
podemos verificar nas seguintes figuras (macro e microscópicas
respectivamente).

Fluidos de circulação

Nos intervalos das rochas predominam diversos fluidos quer no


estado gasoso quer no estado líquido, de acordo com as diferentes
condições de pressão e temperatura. A água é um dos fluidos mais
importantes que transporta várias substâncias em solução, e, para
além de ser dissolvente de quase todas as substâncias, este fluído
provoca diversas reacções químicas. Pode ocorrer, ainda, a
migração de materiais, através da água, que irão contribuir, assim,
para alterações químicas e até mesmo mineralógicas.

As reacções metamórficas serão assim muito lentas devido ao


baixo volume de fluidos intersticiais. Com o aumento, quer da
temperatura quer da pressão, os intervalos da rocha vão
diminuindo consequentemente e os fluidos serão lentamente
expulsos. Assim, os minerais hidratados, como é o caso dos
minerais de argila tornam-se mais instáveis e com a perda de água
transformam-se normalmente em minerais anidros, como é o caso
de feldspatos e piroxénos. Devido a esta condicionante, as rochas
de alto grau de metamorfismo abrangem muito poucos minerais
hidratados, sendo estes muito mais frequentes nas rochas de baixo
metamorfismo. A água influencia ainda o ponto de fusão dos
materiais, podendo assim ocorrer fusão a temperaturas muito mais
baixas do que as indispensáveis em ambientes meio secos.

Tempo

O tempo é um factor bastante importante para a formação deste


tipo de rochas. Não se pode dizer exactamente quanto tempo
demora uma rocha metamórfica a formar-se para diversas
condições de temperatura e de pressão. Contudo diversas
experiências laboratoriais mostram que a altas pressões e a altas
temperaturas, durante um período de tempo de alguns milhares ou
mesmo milhões de anos, se produzem cristais de dimensões
elevadas. Há ainda que referir que se pensa que as rochas
metamórficas são o produto de um longo metamorfismo a alta
pressão e a alta temperatura quando apresentam um aspecto
granular grosseiro e que as rochas de grão fino serão
eventualmente o produto de baixas temperaturas e pressões.
Geologia Geral G0135 97

O Metamorfismo

o processamento, sem alterar o estado da estrutura ou composição


química de uma rocha ou mineral, quando ele é submetido a
condições de temperatura e pressão diferentes do aumento ou
receber uma injecção de fluidos. Ao mudar a física, passando o
material rochoso que está sendo removido do equilíbrio e tenderá,
como obtido para a energia de transição, a evoluir para um estado
diferente, em equilíbrio com as novas condições. é chamado de
rocha metamórfica resultante desta transformação.

Tipos de Metamorfismo

a) Metamorfismo de contacto: Também conhecido como


metamorfismo térmico, ocorre quando a transformação das rochas
é principalmente devido às altas temperaturas a que são
submetidos. Isso ocorre quando o magma invade um corpo
rochoso e alta temperatura metamorfoseados as rochas
hospedeiras, formando uma auréola de contacto.

b) Metamorfismo regional: Ela é produzida pelo efeito


simultâneo do aumento da pressão e temperatura por longos
períodos de tempo em grandes áreas da crosta terrestre, com alta
actividade tectónica, tais como limites de placas litosféricas, que
também influenciam a presença de fluidos nas rochas para ser
metamorfoseado, e as tensões provocadas pelo movimento das
placas tectónicas. Normalmente, o crescimento de cristais durante
o metamorfismo regional é acompanhado por uma deformação
provocada por causas tectónicas.

c) Metamorfismo dinâmico: O factor dominante no


metamorfismo dinâmico (ou dinamometamorfismo) é a pressão,
causada pelo movimento entre os blocos ou gerados pela acção de
falhas. As rochas que são gerados neste processo são chamados de
lacunas ou falhas cataclastitas, caracterizada pela presença de
músicas abrangidos por esta matriz, produzido pela moagem.

d) Metamorfismo de enterramento: Esboço de uma bacia


sedimentar com sedimentos grossos. Nas áreas mais profundo há
um metamorfismo de soterramento.

Isso ocorre devido ao aumento da temperatura e da pressão vivida


pelos sedimentos 10000-12000 metros de profundidade na crosta.
Geologia Geral G0135 99

e) Metamorfismo de choque: é formado quando as condições de


pressão são muito elevadas, tais como impactos de meteoritos. Os
átomos de silício são vermelho, oxigénio e cinza. Também
conhecido como metamorfismo de impacto, ocorre pelo efeito das
ondas de choque produzida pelo impacto de meteoritos, explosões
nucleares ou ensaios de laboratório.

Exercícios
1. Descreva rochas sedimentares

2. Classifique as rochas sedimentares

3. Explique o processo de metamorfismo

Unidade XIV
Os Fósseis e a Paleontologia

Introdução
O conhecimento dos fosseis e da paleontologia no geral contribui
para o conhecimento do passado

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir fósseis
 Descrever os processos de formação dos fósseis Objectivos

O que são Fosseis?

Fósseis (do latim fossilis) são os restos materiais de antigos


organismos ou as manifestações da sua actividade, que ficaram
mais ou menos bem conservados nas rochas ou em outros fósseis.

Entende-se por:

1. Restos materiais – evidências de partes do organismo como


ossos, dentes, troncos, chifres, ou o corpo inteiro em casos
excepcionais;

2. Manifestações de actividade são de dois


tipos – a)vestígios orgânicos, como estruturas
reprodutoras (ovos, sementes, esporos, pólenes, etc.),
excrementos (cuprólitos) e restos de construções orgânicas;
b) rastos, designados por icnofósseis ou icnitos, como pegadas ou

impressões de outras partes do corpo (dentadas, por exemplo),


pistas, galerias abertas em rochas, esqueletos ou troncos, etc.
Geologia Geral G0135 101

Para que se forme um fóssil é necessário que as evidências sofram


uma série de transformações químicas e físicas ao longo de um
período de tempo. Assim, só se consideram fósseis os vestígios
orgânicos com mais de 13.000 anos (idade aproximada da última
glaciação do Quaternário – o Würm).

Paleontologia

(Fóssil: principal objeto de estudo da Paleontologia)

A paleontologia é a ciência que estuda os animais e vegetais que


viveram n passado, através dos fósseis. A paleontologia busca
informações nos fósseis, tais como: idade de fóssil, condições de
vida e morte do ser fossilizado, características, influências
ambientais, entre outras.

Esta ciência dispõe de diversas técnicas e recursos para obter


informações importantes sobre o fóssil. Uma das técnicas mais
importantes é a do carbono 14, que identifica com muita precisão
a idade do fóssil.

A paleontologia foi criada em 1812 pelo naturalista francês


George Couvier, um grande pesquisador de animais extintos.

A Paleontologia pretende conhecer do modo mais completo


possível os seres vivos que antecederam os actuais: o seu modo de
vida, as condições ambientais e bióticas nas quais se
desenvolveram, as causas da morte ou da sua extinção, e as
possíveis relações evolutivas entre eles.

A Paleontologia está intimamente ligada à História da Vida e da


Terra – tanto no âmbito da Biologia e Evolução, como no da
Geologia. Esta ciência é uma matéria complexa que recorre a
todas as ciências; ocupando uma posição intermédia entre a
Biologia e a Geologia, envolve também vastos conhecimentos de
Matemática, Física e Química.

De salientar por fim que se trata de uma ciência histórica, pois


investiga e interpreta a sucessão dos acontecimentos relacionados
com os seres vivos ao longo dos tempos geológicos.

COMO SE FORMAM OS FÓSSEIS?

De um modo geral, os organismos são completamente destruídos


após a morte e num determinado espaço de tempo, processo este
que se designa por decomposição. Estes são decompostos pela
acção combinada de:

• organismos decompositores (geralmente microorganismos);


• agentes físicos (alterações de pressão e temperatura) e
• agentes químicos (dissoluções, oxidações, entre outros).

Por vezes, os restos orgânicos ficam rapidamente envolvidos num


material protector que os preserva do contacto com a atmosfera,
da água do mar e da acção dos decompositores.

Este processo é raro (acontece em menos de 1% das situações),


complexo e geralmente só as partes duras (troncos, conchas,
carapaças, ossos e dentes) fossilizam.

Na fossilização os compostos orgânicos que constituem o


organismo morto são substituídos por outros mais estáveis nas
novas condições. Estes podem ser calcite, sílica, pirite, carbono,
entre outros.

A fossilização é um processo muito lento e complexo!


Geologia Geral G0135 103

Recapitulando, são muito convenientes duas condições:

• Que o organismo possua partes duras!

• Que ocorra um enterramento rápido por sedimentos finos


que interrompa a decomposição

De acordo com as condições do ser vivo e do meio, podem ocorrer


diversos tipos de fossilização. Podemos classificar,
simplificadamente, estes processos em três grupos:

• Moldagem - as partes duras dos organismos acabam por


desaparecer deixando nas rochas as suas marcas
(impressões).

• Mineralização - os materiais originais que compõem o ser


vivo são substituídos por outros mais estáveis.

• Conservação - o material original do ser vivo conserva-se


parcial ou totalmente nas rochas ou em outros materiais.
Em alguns casos excepcionais conservam-se organismos
completos. Estas situações ocorrem quando os seres ficam
incluídos em materiais que os preservam do contacto com o
ambiente (em especial dos microorganismos). São exemplos
destes materiais o petróleo, a resina (âmbar) e o gelo (neve).

De acordo com a natureza do organismo, o lugar em que vivia e os


processos de fossilização pelos quais passou, existem três tipos de
fósseis:

1. Fósseis Inalterados:

Quando não houveram modificações na natureza química e


mineralógica dos constituintes da matéria orgânica.

No registo paleontológico, fósseis inalterados são encontrados


preferencialmente em determinados ambientes que permitiram um
isolamento muito rápido do organismo. Exemplos:

a) No gelo, encontram-se enormes mamutes, que conservaram


olhos, peles e músculos.
Geologia Geral G0135 105

b) No âmbar (resina vegetal fóssil), encontram-se insectos,


vegetais, etc..., preservados sem alterações.

c) No betume (derivado do petróleo formado em bacias, pela


vaporização das substâncias voláteis), encontram-se uma grande
quantidade de ossos de vertebrados (EUA) e até de partes moles
dos organismos (Alemanha).

d) Nas cavernas (o ambiente seco e frio não permite a


existência de bactérias), preservaram-se grandes quantidades de
vertebrados

e) As turfeiras (ambientes redutores - portanto não apresentam


bactérias), permitem encontrar óptimas preservações, até de
estruturas celulares.

f) O calcário (sedimento químico) é excelente para


fossilizações. Nos famosos calcários de Solnhofen (Alemanha)
(imagem apresentada no topo da página), podem ser encontrados
impressões de medusas, insectos e a primeira ave.

Também são considerados casos de fossilização inalterada,


aquelas partes duras dos organismos que, por sua natureza
química resistem aos processos de fossilização, como os
compostos por calcita e sílica.

Duas situações são consideradas como sendo de preservação


inalterada (Mendes, 1977):

• Permineralização: ocorre quando os espaços vazios


naturais das conchas, ossos e outras estruturas porosas ou
os espaços vazios deixados pelo desaparecimento das
partes moles, são preenchidos pelas substâncias químicas
de águas de infiltração. A composição química do
organismo original não é afectada.
• Incrustação: ocorre quando o organismo, sem sofrer
alterações em seus constituintes originais, é envolvido por
uma camada (espessura variável) de outros minerais.

1. Fósseis Alterados:

Se a matéria orgânica que compõe o resto for parcial ou


totalmente dissolvida, cedendo seu lugar aos minerais
constituintes dos elementos onde foi sepultado, teremos o caso de
fossilização alterada. Esta modificação na estrutura dos
organismos ocorre durante a diagênese, podendo ser de dois tipos:

1. Substituição ou petrificação: caracteriza-se pela perda da


composição química original que é acompanhada da simultânea
deposição de alguma outra substância mineral no espaço vazio. A
microestrutura pode ser conservada ou não.

Tipos de processos de substituição (de acordo com as substâncias


químicas envolvidas):

a. Carbonatização ou calcificação: o agente fossilizador é


CACO3. Na forma de calcita ele é o mineral de maior
difusão e mobilidade nas rochas sedimentares.

b. Silicificação: a sílica (sob determinadas condições


geoquímicas do meio), dá lugar a soluções coloidais que
agem na fossilização. Um tronco de árvore pode ser
permineralizado por sílica, ou seja, os espaços vazios
(antes ocupados pela parte viva da célula - citoplasma e
núcleo) são preenchidos por ela. Sua forma mais estável é
a calcedônia.

c. Piritização: em meios carentes de oxigênio, pelo


desprendimento do ácido sulfídrico, o sulfeto de ferro tem
condições de se formar ou como pirita ou como marcasita,
atuando como fossilizador.
Geologia Geral G0135 107

2. Carbonização ou destilação: ocorre dentro da água. É o


processo mais comum de fossilização para restos vegetais,
artrópodes de água doce e graptolitos. Os elementos voláteis da
matéria orgânica (O, N e H), escapam e volatizam-se durante os
processos da digânese, promovendo no resto orgânico um
progressivo enriquecimento em carbono e a formação de uma
película carbonosa delgada.

Exercícios

1. Uma múmia é um fóssil? Justifique a sua resposta;

2. Defina a paleontologia;

3. Diferencie os fósseis alterados dos inalterados


Unidade XV
Importância dos Fósseis:
combustíveis Fósseis

Introdução
O conhecimento dos fósseis e da paleontologia no geral contribui
para o conhecimento do passado.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

• Descrever a importância dos fósseis;


• Indicar e descrever os combustíveis fósseis.

Objectivos

Importância dos fósseis

Os fósseis são uma importante ferramenta para os geólogos e


biólogos. Através do estudo dos fósseis os geólogos são capazes
de identificar o paleoambiente gerador das rochas sedimentares
bem como sua idade relativa, o movimento dos continentes, a
variação do clima da Terra etc.

A indústria do petróleo, em todo o mundo, utiliza-se também das


informações oferecidas pelos fósseis para encontrar óleo, gás
natural, etc. Por outro lado, os biólogos, que procuram entender
como surgiu a grande diversidade de organismos, utilizam os
fósseis nos seus estudos evolutivos. O entendimento dos processos
que controlaram a evolução e dispersão dos organismos por toda
Geologia Geral G0135 109

Terra são úteis para a compreensão de temas como o surgimento


da vida, surgimento de novas espécies, crises biológicas etc.

Combustíveis fósseis: Petróleo, Carvão e Gás Natural

A origem dos combustíveis fósseis

Existem três grandes tipos de combustíveis fósseis: o carvão, o


petróleo e o gás natural. Os três foram formados há milhões de
anos atrás na época dos dinossauros, daí o nome de combustível
fóssil.

Os combustíveis fósseis são resultado de um processo de


decomposição das plantas e dos animais

As plantas armazenam a energia recebida do sol transformando-a


no seu próprio alimento. A este processo chama-se fotossíntese.
Por sua vez, os animais comem as plantas para adquirirem
energia. Finalmente, as pessoas comem os animais e as plantas
para obter a energia necessária para trabalhar.

Quando as plantas, dinossauros e outras criaturas morreram, a


terra decompôs os seus corpos enterrados, camada por camada,
debaixo da terra. São necessários dois milhões de anos para que
estas camadas de matéria orgânica se transformem em pedra preta
e dura a que chamamos o carvão, num líquido negro: o petróleo,
ou ainda no gás natural.

Os combustíveis fósseis podem ser encontrados debaixo da terra


em muitos locais do nosso planeta. Portugal não é um desses
locais (não é um país rico em combustíveis fósseis).

Cada um dos combustíveis fósseis é extraído de diferente maneira.


O carvão retira-se de minas profundas através da escavação.

As companhias petrolíferas extraem o petróleo escavando poços


muito fundos. O petróleo é então bombeado e trazido para a
superfície terrestre (tal como o furo de água existente em algumas
das casas campestres). Normalmente são transportados em tanques
e barcos próprios até chegar á maioria dos países do mundo (é o
que acontece em Portugal, pois quase todo o petróleo é
exportado). O petróleo tem de ser transformado ou refinado
noutros produtos antes de ser usado.

Refinarias

O petróleo é armazenado em grandes tanques antes de ser


distribuído pelo mundo.

Existem muitos produtos que derivam do petróleo, como por


exemplo, os fertilizantes para as
quintas, as roupas que vestes, a
pasta de dentes, as garrafas e
canetas de plástico, etc. Quase
todos os plásticos têm origem no
petróleo.

Nas refinarias o petróleo bruto é separado em vários produtos pelo


aquecimento deste espesso combustível. Estes produtos são: a
gasolina, o gasóleo, o combustível dos aviões, os óleos, etc.

O Gás Natural

O gás natural é mais leve que o ar, sendo constituído


maioritariamente por metano. O metano é um composto químico
simples constituído por átomos de carbono e hidrogénio. A sua
fórmula química é o CH4. Este gás é altamente inflamável e
encontra-se em reservatórios subterrâneos perto do petróleo. Desta
forma é bombeado e transportado de forma semelhante á do
petróleo.
Geologia Geral G0135 111

O gás natural não tem odor nem pode ser visto, por isso, antes de
ser canalizado por tubos até aos tanques de armazenamento,
mistura-se um químico que lhe confere um forte odor parecido
com ovos podres. Assim, é facilmente identificada uma fuga de
gás.

O gás armazenado nos tais tanques é distribuído através de tubos


até ás nossas casas, fábricas e centrais eléctricas servindo de
combustível para produzir electricidade.

Preservação dos combustíveis fósseis

Os combustíveis fósseis demoram dois milhões de anos para se


formarem. Actualmente os humanos gastam desmesuradamente
recursos que se formaram á mais de 65 milhões de anos no tempo
dos dinossauros. Uma vez esgotados não é possível fabricá-los e
temos que esperar muito tempo para voltarem a existir. Assim, é
melhor preservá-los e poupá-los antes que esgotem. Eles não se
renovam nem se fabricam.

Em suma:

1- Os combustíveis fósseis estão em formação desde o tempo


dos dinossauros, quando as plantas e animais morreram. A sua
matéria orgânica decompôs-se gradualmente ao longo dos anos até
se transformar em carvão, petróleo e gás natural.
2- Os combustíveis fósseis encontram-se normalmente no
subsolo e são extraídos de minas (é o caso do carvão) ou como o
petróleo e gás natural retirados através de uma bomba de pressão
dos poços petrolíferos.
3- O petróleo é transportado por tubos largos ou em grandes
distâncias por navios petrolíferos para locais onde vai ser
transformado noutros produtos.
4- Muitos produtos como o plástico e fertilizantes derivam do
petróleo.

5- O gás natural pode ser encontrado perto do petróleo. 6- Este


gás é transportado por uma série de tubos até chegar ás nossas
casas, escolas e empresas.
7- Os combustíveis fósseis não são renováveis nem podem ser
fabricados, o melhor é a sua preservação.

Exercícios

1. Descreva a importância do petróleo e sua origem

2. O que são combustíveis fósseis


Geologia Geral G0135 113

Unidade XVI
Geodinâmica Interna:
vulcanismo

Introdução
O conhecimento do fenómeno vulcanismo ajuda nos a conhecer e
entender os fenómenos da dinâmica da terra

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir um vulcão e descrever sua origem


 Caracterizar o aparelho vulcânico;
Objectivos

Conceito de Vulcanismo

O vulcanismo consiste nos processos pelos quais o magma e os


gases a ele associados ascendem, a partir do interior da Terra , à
superfície da crusta terrestre incluindo a atmosfera.

O ramo da Geologia que se dedica ao estudo do Vulcanismo


designa-se por Vulcanologia. O termo que está na origem destas
palavras é Vulcão. É uma palavra de origem Latina, Vulcano o
deus do fogo. Entendemos por Vulcão uma abertura
(respiradouro) na superfície da crusta terrestre, através da qual se
dá a erupção do magma, dos gases e das cinzas associadas.
A Composição de um Vulcão

Do mesmo modo, a estrutura, geralmente com a forma cónica, que


é produzida pelas sucessivas emissões de materiais magmáticos, é
nomeada por Vulcão. Em termos gerais, a estrutura vulcânica que
forma um vulcão é designada por aparelho vulcânico.

Existem diferentes tipos (logo diferentes classificações) de


vulcões, resultando daí diferentes configurações dos aparelhos
vulcânicos, contudo estes são, normalmente, constituídos pelas
seguintes partes:

1) câmara magmática, local onde se encontra acumulado o


magma, normalmente situado em regiões profundas das crustas
continental e oceânica, atingindo, por vezes, a parte superior do
manto;

2) chaminé (principal) vulcânica, canal, fenda ou abertura que


liga a câmara magmática com o exterior das crustas, e por onde
ascendem os materiais vulcânicos;

3) cratera, abertura ou depressão mais ou menos circular, em


forma de um funil, localizada no topo da chaminé vulcânica;

4) cone vulcânico, elevação de forma cónica que se forma por


acumulação dos materiais expelidos do interior das crustas (lavas,
cinzas e fragmentos de rochas), durante a erupção vulcânica. Para
além da chaminé vulcânica, a maioria das vezes, existem outras
condutas, denominadas por filões. Também se podem formar
cones laterais, secundários ou adventícios ao cone vulcânico
principal.
Geologia Geral G0135 115

Um dos muitos aspectos característicos da morfologia vulcânica é


a existência de caldeiras que resultam do desaparecimento,
parcial ou total, do cone vulcânico. As caldeiras vulcânicas são
estruturas colapsadas por explosões, abatimentos ou agentes
erosivos. As caldeiras apresentam, geralmente, contornos mais ou
menos regulares circulares ou elípticos.

O magma é uma mistura complexa de silicatos, que se encontra


em fusão a temperaturas que variam, mais ou menos, entre os 800º
C e 1200º C. Consoante o teor em sílica, os magmas podem
dividir-se em: 1) ácidos, quando apresentam mais de 60% do teor
em sílica, 2) andesíticos, quando o teor em sílica está
compreendido entre 50% e 60%, e 3) básicos, quando o teor em
sílica é inferior a 50%. Existe uma estreita relação entre o teor em
sílica de um magma e a sua viscosidade. Assim, quanto maior for
o teor em sílica, mais baixa será a temperatura para o manter no
estado líquido e maior será a sua viscosidade. Deste modo, os
magmas ácidos são mais viscosos que os magmas básicos.
Também a fluidez de um magma aumenta com a temperatura, com
o teor de ferro e magnésio, e com a quantidade de água nele
contida. Sempre que o magma atinge a superfície das crustas,
liberta os gases nele contidos, passando a chamar-se lava.

De acordo com as características (teor em sílica, ferro, magnésio e


água, viscosidade, fluidez, temperatura) dos magmas, de uma
forma geral, podemos considerar três tipos de actividade
vulcânica (efusões lávicas):

1) efusiva, caracterizada pela emissão lenta de lavas, em forma


de escoadas, como se de "rios de lavas" se tratasse; os vulcões
com actividade efusiva são alimentados por magmas básicos e
fluidos;

2) explosiva, caracterizada pela projecção de consideráveis


massas de materiais sólidos e por uma violenta libertação de
gases; os magmas são, neste caso, ácidos e viscosos, os quais
originam lavas que raramente formam escoadas, mas antes
originam agulhas e cúpulas; e

3) mista, caracterizada pela alternância de explosões violentas e


emissão lenta de lavas.
Geologia Geral G0135 117

O Processo de Ocorrência de um Vulcão

Às erupções vulcânicas estão associados produtos de natureza


gasosa, líquida e sólida.

As erupções são precedidas, acompanhadas e seguidas por


abundantes emissões gasosas resultantes da desgaseificação do
magma que alimenta os vulcões. O gás expelido em maior
quantidade é o vapor de água, seguindo-se-lhe o anidrido
carbónico (dióxido de carbono), anidrido sulfuroso (dióxido de
enxofre), hidrogénio, monóxido de carbono, ácido clorídrico,
metano, argon, flúor e outros. As proporções relativas dos
diferentes gases variam consideravelmente com o tipo de magma
e, dentro do mesmo magma, ao longo do tempo.

Durante a actividade vulcânica explosiva, ocorre a formação de


quantidades variáveis de materiais sólidos que resultam de
pequenas porções (salpicos) de lava que arrefecem e solidificam
no ar ou na água. Estes materiais denominam-se genericamente
por piroclastos ou tefra. De entre estes, destacamos:

1) poeiras ou cinzas vulcânicas, são materiais muito finos, com


dimensões inferiores a quatro milímetros, facilmente transportados
pelo vento e originados pela pulverização das lavas; quando se
depositam na superfície terrestre dão origem a solos férteis,

2) bagacina ou «lapilli», são fragmentos de lava consolidada


com dimensões compreendidas entre 4 e 32 mm,

3) bombas, são fragmentos de aspecto esponjoso, provenientes


de lavas arrefecidas durante as erupções, apresentando formas
variáveis e podendo atingir dimensões entre os 32 mm e 0,5 m; os
fragmentos com dimensões entre 0,5 m e 1 m têm a designação de
blocos e

4) pedra-pomes, são fragmentos de aspecto vesicular, com


paredes muito finas, apresentando uma densidade inferior à da
água, tendo origem em lavas muito ricas em sílica; à acumulação
de pedra-pomes chama-se pomito.

Fotografia mostrando uma amostra de pedra-pomes. A dimensão da


barra (3 cm), colocada em baixo do lado direito, permite avaliar a
dimensão relativa da amostra

Além dos piroclastos, outros fragmentos sólidos podem ser


expelidos durante as erupções violentas. Estes fragmentos,
arrancados às paredes da chaminé, têm a designação de
ejectólitos.

As lavas, conforme a sua composição e o tipo de arrefecimento


(lento ou rápido) a que foram submetidas, podem apresentar à
superfície aspectos muito variados. Assim sendo, surgem:

1) lavas encordoadas ou «pahoehoe» (designação havaiana),


que se caracterizam pelo aspecto rugoso que apresentam; durante
a consolidação, surge, em primeiro lugar, uma fina crosta
superficial debaixo da qual a lava continua a fluir, enrugando-a e
dando-lhe a forma final de um encordoamento; são típicas de
erupções efusivas

2) lavas escoriáceas ou «aa» (designação havaiana),


caracterizamse por apresentarem uma superfície irregular, com
saliências ponteagudas; têm origem em lavas viscosas, com
elevada percentagem de gases, que solidificam rapidamente; são
típicas de erupções explosivas
Geologia Geral G0135 119

3) lavas em almofada ou «pillow-lavas», caracterizam-se pelo


seu aspecto tubular ou em rolos; são típicas dos derrames
submarinos, sendo o seu aspecto resultante do rápido
arrefecimento da lava em contacto com a água.

Exercícios
1. Qual a origem dum vulcão?

2. Estabeleça a diferença entre uma caldeira e uma cratera

Unidade XVII
Manifestações secundárias do
vulcanismo e sua importância

Introdução
O vulcanismo nem sempre termina ou se cinge em lançamento da
lava; há outras formas de vulcanismo importantes.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar as diferentes manifestações secundárias do vulcanismo;


 Descrever a importância do vulcanismo (aspectos positivos); Objectivos

As Principais Manifestações Vulcânicas

A energia calorífica libertada pela câmara magmática, origina a


libertação de materiais líquidos e gasosos existentes nas rochas
encaixantes. A esta actividade chama-se vulcanismo residual ou
secundário. Os fenómenos de vulcanismo secundário mais
comuns são os seguintes:

1) géiseres, são jactos intermitentes e periódicos de água e


vapor de água, a elevada temperatura,
Geologia Geral G0135 121

2) fontes ou nascentes termais, são emanações de água, vapor


de água e dióxido de carbono a elevada temperatura (cerca de 50
C); quando o calor libertado pelo magma em ascensão encontra
aquíferos (acumulação de águas em profundidade), transforma as
águas em águas termais ou juvenis; estas contêm sais minerais
em diferentes proporções o que possibilita o seu uso para fins
terapêuticos,

3) fumarolas, são emanações gasosas (vários compostos


gasosos) exaladas através de fissuras em zonas próximas de
vulcões activos; as fumarolas, com predomínio de gases
sulfurados (dióxido e trióxido de enxofre, ácido sulfídrico)
denominam-se sulfataras e podem produzir importantes depósitos
de enxofre; quando, para além do vapor de água, existe libertação
quase exclusiva de dióxido de carbono, as fumarolas designam-se
por mofetas.
Origem do Vulcão

Os vulcões ocorrem porque, como sabemos, a crosta da Terra está


dividida num mosaico de placas rígidas - placas tectónicas - que
se assemelham a um "puzzle" . Há 16 macroplacas. Já sabemos
que estas placas rígidas flutuam sobre uma camada menos rígida
(plástica) e superficial do manto superior a astenosfera. As placas
movem-se separando-se, placas divergentes, ou colidindo umas
com as outras, placas convergentes. A maioria dos vulcões ocorre
próximo dos limites das placas tectónicas. Quando as placas
colidem, uma placa desliza para baixo da outra. Esta é uma zona
de subducção. Quando a placa que mergulha atinge o manto, as
rochas que a constituem derretem e originam o magma que pode
mover-se para cima e causar uma erupção na superfície da terra,
resultando um vulcão. Em zonas do "rift" (cristas ou dorsais), as
placas divergem (afastam-se) uma da outra e o magma ascende à
superfície e causa uma erupção vulcânica. Alguns vulcões
ocorrem no meio das placas nas áreas chamadas "hotspots"
(pontos quentes) - lugares onde o magma se forma, no interior da
placa, e depois ascende à superfície terrestre originando um
vulcão.
Geologia Geral G0135 123

Modelo esquemático representativo da origem e ocorrência dos


vulcões à superfície da Terra

Mapa-mundi simplificado mostrando a distibuição dos "Pontos


Quentes" e os Limites entre Placas Tectónicas.

Importância do Vulcanismo

O vulcanismo é um dos fenômenos naturais mais importantes que


acontece na crosta terrestre e principalmente no fundo dos
oceanos, que cobrem 2/3 da superfície de nosso planeta; são
totalmente formados de lavas, onde também encontramos a mais
colossal cadeia montanhosa com cerca de 70000 Km de
comprimento, 1000
Geologia Geral

de largura e 3000 de altura a grande dorsal suboceânica, que é


formada por uma ininterrupta sucessão de vulcões.

Sua importância torna-se ainda mais visíveis quando levamos em


consideração que as lavas constituem o principal da crosta
terrestre, os movimentos das placas rígidas que esta crosta e
formada e que está estreitamente relacionada aos fenômenos
vulcânicos, participando tanto dos tremores de terra como do
fundo oceânico, da deriva dos continentes e na participação do
erguimento de montanhas.

O vulcanismo teve papel determinante nos primórdios da


formação geológica de nosso globo, além disso ele também é
responsável pelo aparecimento de novas terras e na subsistência
de milhares de pessoas que vivem e cultivam as ricas terras de
seus arredores. Sem a poeira e as cinzas vulcânicas , os solos
seriam bem mais pobres e menos férteis, e sem fumarolas
sulfurosas, existiriam menos jazidas metalíferas como as de
cobre, zinco, magnésio, chumbo, mercúrio e outros, das quais a
humanidade se aproveita.

Os vulcões provêem uma grande riquezas de recursos naturais.


Emissão de pedra vulcânica, suprimento de gás a vapor são fontes
de materiais industriais importantes e de substâncias químicas,
como púmice, ácido bórico, amônia, e gás carbônico, além do
enxofre. Na Islândia a maioria das casas em Reykjavik tem água
aquecida proveniente dos vulcões. Estufas são aquecidas da
mesma maneira podem prover legumes frescos e frutas tropicais
para esta ilha de clima sulbático. Também é explorado o vapor
geotermal como uma fonte de energia para a produção de
eletricidade na Itália, Nova Zelândia, Estados Unidos, México,
Japão e Rússia.

O estudo científico dos vulcões provê informação útil sobre os


processos de mudança da Terra. Apesar do constante perigo e do
destrutivo do vulcões, as pessoas continuam a viver próximas aos
G0135 125

mesmos devido à fertilidade do solo vulcânico. Elas também são


atraídas pela energia geotérmica, abundante nestas regiões, além
de fonte de turismo.

Exercícios
1. Qual a diferença entre géisers e fumarolas

2. Explique porque surge a actividade vulcânica?


Geologia Geral

Unidade XVIII
Distribuição Geográfica
dos Vulcões

Introdução
O conhecimento das zonas vulcânicas e importante na medida que
evidencia as zonas de maior perigo da crusta terrestre

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Indicar as zonas vulcânicas;


 Descrever os tipos de vulcanismo;
Objectivos

Distribuição Geográfica dos Vulcões

Os vulcões não estão distribuídos à superfície da Terra de forma


aleatória. A maioria está concentrada nas regiões limítrofes dos
continentes, ao longo das cadeias montanhosas, ou nos oceanos
ao longo das dorsais (ver mapa). Mais de metade dos vulcões
activos, acima do nível do mar, situam-se no Oceano Pacífico no
chamado "Anel de Fogo". O "Anel de Fogo" é uma faixa circum-
pacífica que se estende para norte ao longo das cordilheiras
norteamericanas, passa pelas ilhas Aleutas e prossegue para sul
passando pelo Japão, as Filipinas até à Nova Zelândia. Tal como
já dissemos as posições dos vulcões estão directamente
G0135 127

relacionadas com a Tectónica de Placas (zonas de subducção


(fossas), dorsais e riftes).

Contudo, alguns vulcões activos não estão associados aos limites


de placa, sendo estes vulcões designados por "intra-placa". Os
vulcões havaianos fornecem o melhor exemplo de uma corrente
vulcânica de "intra-placa", desenvolvida no interior da Placa
Pacífica que passa sobre "um ponto quente", relativamente
estacionário, o qual fornece o magma para alimentar os novos
vulcões activos.

A Islândia é a maior parcela de terra inteiramente de origem


vulcânica, formada por planaltos de lava expelida através de
fracturas (actividade vulcânica tipo fissura l) ou por grandes
vulcões de forma cónica (actividade vulcânica tipo central). O
complexo vulcânico da Islândia cobre uma área de,
aproximadamente, 100.000 quilómetros quadrados atingindo, em
certos locais, alturas de mais de 2 quilómetros acima do nível do
mar. A rocha vulcânica predominante é o basalto, já o dissemos.

Em virtude da sua posição em relação à Dorsal Médio-Atlântica


(ver mapa modelo) a Islândia está em contínua expansão, sendo
as duas metades estiradas pela expansão dos fundos oceânicos
onde assenta. As forças de tensão provocam o desenvolvimento
de fracturas crustais dispostas paralelamente ao eixo da crista
oceânica

Geologia Geral

que, por vezes, funcionam como condutas para as erupções


vulcânicas tipo fissural e central. As rochas mais antigas (cerca de
15 MA) da Islândia encontram-se nos extremos ocidental e
oriental, e na actualidade a actividade vulcânica limita-se,
praticamente, à parte central da ilha directamente situada sobre a
crista médioatlântica, razão porque esta ilha constitui um
laboratório para o estudo dos mecanismos físicos da expansão dos
fundos oceânicos.

Mapa modelo mostrando a dorsal ou crista médio-atlântica em


expansão e a localização da Islândia disposta ao longo da dorsal

Depois da análise deste Tema, bem como da Tectónica de Placas,


ficamos a saber que a maior parte das erupções vulcânicas
ocorrem ao longo dos limites das placas tectónicas. Com o actual
conhecimento de que dispomos dos mecanismos da Terra e seu
funcionamento, é possível fazer previsões acerca das
probabilidades de ocorrência das erupções vulcânicas. Mas ainda
G0135 129

não é possível prever a data exacta destes acontecimentos, bem


como a sua real dimensão, há muito que investigar pois, tal como
a Terra, o conhecimento é dinâmico. Para terminarmos este Tema
passamos a mostrar algumas fotografias elucidativas de alguns
aspectos do vulcanismo.

Tipos de Vulcões

As erupções vulcânicas são uma das manifestações mais patentes


do dinamismo do nosso planeta.

O tipo de erupção varia de vulcão para vulcão e, inclusivamente,


no mesmo vulcão durante todo o período da sua actividade. Os
materiais e a forma como são expelidos estão intimamente
relacionados. Neles se baseiam os critérios geralmente utilizados
na classificação dos vulcões.

Das diversas classificações, a mais utilizada, segundo Melendez e


Fuster (1984) é a de Lacroix que distingue os seguintes tipos
(representados esquematicamente, na figura 1): Tipo Havaiano,
Tipo Estromboliano, Tipo Vulcaniano e Tipo Peleano.

Tipo Havaiano: corresponde às erupções em que as lavas são


extremamente fluídas. Ao sair da cratera, a lava de constituição
basáltica escorre como se fosse água, dando origem a verdadeiras
cascatas quando se precipita por algum desnível, e a verdadeiras
torrentes de fogo quando corre pelas encostas inclinadas do
vulcão. Os gases não produzem explosões, pois a extraordinária
fluidez da lava deixa que se escapem com facilidade.

Como tipo, podem eleger-se os vulcões das ilhas Havaí, o Kilauea


e o Mauna Loa, no centro do Oceano Pacífico

Tipo Estromboliano: neste caso, as lavas são ainda bastante


fluídas, mas a extraordinária abundância de gases faz com que as
erupções sejam de grande violência, com abundantes projecções
sólidas, geralmente bombas largas e retorcidas nas extremidades.
As lavas escorrem por um dos lados do cone vulcânico, dando
lugar a torrentes de muito menor extensão e comprimento que as
do tipo precedente. O Stromboli, na Itália, é tomado como
exemplo clássico deste tipo eruptivo.

Geologia Geral

Tipo vulcaniano: erupção que, em 1888, fez o Vulcano (Itália),


caracterizou-se por uma imensa quantidade de projecções sólidas,
originadas por terríveis explosões. Estas pulverizam os materiais
que estavam a obstruir a chaminé do vulcão, os quais, finalmente
desfeitos, deram origem à grande abundância de cinzas que
formaram nuvens opacas e, muito densas, que se elevam a grande
altura. A causa das explosões é devida à extraordinária
viscosidade das lavas, as quais, como já foi referido, tendiam a
obstruir a chaminé. As correntes de lava são pouco frequentes e,
se existem, são de extensão superficial muito reduzida.

Tipo peleano: Quando o magma produz lavas de tão elevada


viscosidade, que obstruem o "canal de saída", pode dar-se o caso
de os materiais saírem em forma de "agulha" que, pouco a pouco,
e como a empurrões, vai crescendo. Nestas erupções, são
características as terríveis explosões laterais, que provocam
nuvens ardentes a elevadas temperaturas. Como tipo, pode citar-
se a erupção do Mont Pelé, na ilha Martinica.

Erupções submarinas

São um caso particular de actividade vulcânica. São semelhantes


às que têm origem à superfície terrestre. No entanto, o mar
encarregase de destruir, com rapidez, os aspectos externos do
vulcão.

Muitos são os exemplos de erupções vulcânicas submarinas que


têm feito aparecer na superfície do mar pequenas ilhas , cuja
existência tem sido momentânea. Mas, isto não quer dizer que
G0135 131

não existam, na actualidade, ilhas de origem vulcânica submarina,


pois algumas das Canária, Açores, e muitas outras, são de origem
vulcânica, muito embora de grande antiguidade.

Exercícios

1. Explique a relação placas tectónicas e zonas vulcânicas

2. Estabeleça a diferença entre vulcão Estromboliano e Havaiano

Geologia Geral

Unidade XIX
Sismos

Introdução
O conhecimento do fenómeno sismo ou terramoto ajuda nos a
conhecer e entender os fenómenos da dinâmica da terra.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir sismo
 Descrever os factores de ocorrência dos sismos; Objectivos

Conceito de Sismos

São abalos naturais da crosta terrestre que ocorrem num período


de tempo restrito, em determinado local, e que se propagam em
todas as direcções (Ondas Sísmicas), dentro e à superfície da
crosta terrestre, sempre que a energia elástica (movimento ao
longo do plano de Falha) se liberta bruscamente nalgum ponto
(Foco ou Hipocentro). Ao ponto que, na mesma vertical do
hipocentro, se encontra à superfície terrestre dá-se o nome de
Epicentro, quase sempre rodeado pela região macrossísmica, que
abrange todos os pontos onde o abalo possa ser sentido pelo
Homem.
G0135 133

Vamos acrescentar um pouco mais ao desenvolvimento do


fenómeno sísmico. Qualquer material rígido, de acordo com as
leis físicas, quando submetido à acção de forças (pressões e
tensões) deforma-se até atingir o seu limite de elasticidade. Caso
a acção da força prossiga o material entra em ruptura, libertando
instantaneamente toda a energia que havia acumulado durante a
deformação elástica. Em termos gerais, é aquilo que se passa
quando a litosfera fica submetida a tensões. Sob o efeito das
tensões causadas, a maior parte das vezes, pelo movimento das
Placas Tectónicas, a litosfera acumula energia.

Logo que, em certas regiões, o limite de elasticidade é atingido,


dáse uma ou várias rupturas que se traduzem por falhas. A
energia bruscamente libertada ao longo destas falhas origina os
sismos. Se as tensões prosseguem, na mesma região, a energia
continua a acumular-se e a ruptura consequente far-se-á ao longo
dos planos de falha já existentes. As forças de fricção entre os
dois blocos de uma falha, bem como os deslocamentos dos blocos
ao longo do plano de falha, não actuam nem se fazem sentir de
maneira contínua e uniforme, mas por "impulsos" sucessivos,
originando cada "impulso" um sismo, as chamadas réplicas.
Numa dada região, os sismos repetem-se ao longo do plano de
falha, que por sua vez é um plano de fraqueza na litosfera.

Geologia Geral
Compreende-se então porque é que os sismos se manifestam
geralmente pelo abalo principal, logo no seu início. Só no
momento em que as tensões levaram as rochas rígidas e dotadas
de certa elasticidade ao "potencial de ruptura" é que esta se
produziu, oferecendo um duplo carácter de violência e
instantaneidade. Mas depois da ruptura inicial, verifica-se uma
série de rupturas secundárias, as quais correspondem ao
reajustamento progressivo das rochas fracturadas, originando
sismos de fraca intensidade as já referidas réplicas.

Acontece que, por vezes, antes do abalo principal observam-se


sismos de fraca intensidade denominados por abalos
premonitórios.
De notar que os sismos só se produzem em material rígido. Por
consequência, os sismos produzem-se sempre na litosfera, jamais
na astenosfera que é constituída por material plástico.

As ondas sísmicas propagam-se através dos corpos por


intermédio de movimentos ondulatórios, como qualquer onda,
dependendo a sua propagação das características físico-químicas
dos corpos atravessados. Dissemos que as ondas sísmicas
classificam-se em dois tipos principais: as ondas que se geram
nos focos sísmicos e se propagam no interior do globo,
designadas ondas interiores, volumétricas ou profundas (ondas P
e S), e as que são geradas com a chegada das ondas interiores à
superfície terrestre, designadas por ondas superficiais (ondas L e
R). No mesmo contexto referimos as ondas primárias,
longitudinais, de compressão ou simplesmente ondas P, ondas
transversais, de cisalhamento ou simplesmente ondas S, ondas de
Love ou ondas L e ondas de Rayleigh ou ondas R.

As ondas sísmicas são detectadas e registadas nas estações


sismográficas por aparelhos chamados sismógrafos. Os
sismógrafos mais antigos eram, essencialmente, constituídos por
um pêndulo (vertical ou horizontal) ao qual eram acoplados
diversos mecanismos de amplificação, de amortecimento e de
G0135 135

registo. Alguns destes sismógrafos ainda se encontram em pleno


funcionamento. Os sismógrafos mais modernos são do tipo
electromagnético. Os registos efectuados por estes aparelhos são
os sismogramas, cuja interpretação, reservada a especialistas,
consiste no reconhecimento e na leitura dos tempos de chegada
das ondas sísmicas, permitindo calcular a que distância se
encontra o epicentro de um determinado sismo, a chamada
distância epicentral. Deste modo, com os dados fornecidos por
três estações sismográficas é possível determinar a localização
exacta do epicentro de um sismo.

Composição estrutural de um sismo

• Antes do sismo principal: abalos premonitórios ou


preliminares
• Depois do sismo principal: réplicas
• Sismo Principal:
Geologia Geral
• O epicentro é a zona da superfície situada na vertical
em relação ao foco sísmico e que é afectada em
primeiro lugar pelos efeitos dos sismos
• O hipocentro ou foco é o local de origem de um sismo,
situado a profundidade variável (podendo ser profundo,
intermédio ou superficial)

Tipos dos sismos

1.Sismos naturais:
a)Sismos tectónicos: movimento ao longo de falhas
a)Sismos de colapso: um deslizamento de terras numa gruta
subterrânea ou à superfície pode provocar um microssismo
a)Sismos vulcânicos: a pressão existente dentro de uma câmara
magmática pode provocar sismos em regiões vulcânicas

2.Sismos artificiais: são aqueles criados pelo Homem. Provocam


sempre microssismos. Ex: explosões em pedreiras
G0135 137

Exercícios

1. Estabeleça a diferença entre epicentro e hipocentro

2. Qual a génese dos sismos?


Unidade XX
Distribuição Geográfica dos
Sismos

Introdução
O conhecimento das zonas sísmicas e importante na medida que
evidencia as zonas de maior perigo da crusta terrestre.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Indicar as principais regiões sísmicas do globo;



Relacionar sismos e tectónica de placas; Objectivos

Caracterizar a escala de intensidade sísmica

Distribuição Geográfica dos Sismos

Os sismos não apresentam uma distribuição aleatória à superfície


do planeta Terra, mas estão repartidos de acordo com um padrão
bem definido. Esta repartição ordenada encaixa perfeitamente na
Tectónica de Placas, particularmente, no que concerne aos limites
das zonas de subducção (fossas).

As regiões sísmicas encontram-se sobretudo nas fronteiras das


placas litosféricas. Existe uma sismicidade (termo que traduz a
frequência dos sismos numa dada região) difusa fora daqueles
Geologia Geral G0135 139

limites denominada sismicidade intraplacas. Já dissemos que a


maioria dos sismos observam-se nas fronteiras das placas, bem
como a maior parte da actividade vulcânica. Estes sismos são
denominados sismos tectónicos. Podemos dizer, sem cometer um
erro grosseiro, que os alinhamentos dos sismos indicam os limites
das placas tectónicas.

A distribuição geográfica das principais zonas sísmicas:

1) Zona do Círculo Circum-Pacífico - esta zona rodeia o


oceano Pacífico, abrangendo as costas do México e da Califórnia,
Golfo do
Alasca, Arquipélago das Aleutas, Península de Camechátca, as
Curilhas e a costa oriental do Japão, dividindo-se a partir daqui
em dois ramos: a) um que atravessa a Formosa e Filipinas; b) o
outro seguindo as Ilhas Polinésias ( Marianas e Carolinas
Ocidentais ). Os dois ramos unem-se na Nova Guiné, costeando,
seguidamente, o bloco firme da Austrália, seguindo até às ilhas
Fiji e Kermadec, Nova Zelândia até ao continente Antárctico.
Prossegue pela Cordilheira dos Andes, ao longo do litoral
ocidental da América do Sul, passando pelas ilhas de Páscoa e
Galápagos. O círculo fecha-se com um pequeno anel que passa
pelo Arquipélago das Caraíbas.

2) Zona de ondulação alpina da Europa e da Ásia - tem


início na África do Norte e na Espanha e estende-se, depois, com
largura crescente, até aos altos planaltos do Pamir ( NW dos
Himalaias no Tajiquistão ), descendo, em seguida, pela
Cordilheira Birman ( SE dos Himalaias ), passando à costa
ocidental da Indonésia, onde vai encontrar-se com o Círculo
Circum-Pacífico.
3) Zona da Dorsal Meso-Atlântica - zona sísmica que segue a
cadeia de montanhas submarinas ao longo de toda a dorsal
mesooceânica Atlântica. Passa pela Islândia e os Açores,
bifurcando-se a oeste de Portugal para alcançar a região
mediterrânica.

4) Zona compreendida entre a costa meridional da Arábia e


a ilha de Bouvet, no oceano Antárctico - zona sísmica análoga à
do Atlântico ( placas divergentes ), está relacionada com a cadeia
dos altos fundos que separa o oceano Índico em duas partes. Para
completar este inventário de geografia sísmica, assinalamos a
sismicidade do Grande Rift Africano, marcado pela sucessão dos
Grandes Lagos e das regiões vizinhas de fractura do Mar
Vermelho.

Nas dorsais meso-oceânicas (médio-oceânicas), bem como nas


falhas transformantes, originam-se numerosos sismos de
intensidade moderada. Estes produzem-se a uma profundidade,
abaixo do fundo oceânico, entre 1.000 a 2.000 metros e,
praticamente, não afectam o homem.

Nas zonas de subducção têm origem sismos superficiais


(profundidade do foco até 80 Km), muito embora, os sismos
superficiais ocorram particularmente ao longo das dorsais
mesooceânicas ( limites divergentes ), intermédios (profundidade
do foco entre 80 e 300 Km, concentrando-se, particularmente, nos
limites convergentes ) e profundos (profundidade do foco entre
300 e 700 Km, encontrando-se unicamente nos limites
convergentes). É aqui que se originam os terramotos mais
violentos e também os mais mortíferos, por causa da sua situação
geográfica, frequentemente, localizada em regiões de forte
densidade populacional (Chile, Japão, México).
Geologia Geral G0135 141

Ocorrências sísmicas mostradas segundo a profundidade da localização


do foco ou hipocentro.

Legenda: amarelo (superficiais) = profundidade do foco até 25


Km vermelho (intermédios) = profundidade do foco entre 26 e 75
Km negro (profundos) = profundidade do foco entre 76 e 660 Km

Os Efeitos dos Sismos

Alguns sismos são acompanhados de fenómenos secundários, tais


como ruídos sísmicos, alteração do caudal ou nível em fontes,
poços e águas subterrâneas, surgimento de fumarolas
vulcânicas...e formação de tsunamis ou maremotos.

Tsunami é uma palavra japonesa representada por dois


caracteres. O do topo lê-se "tsu" que significa "porto" e o da base
"nami" que significa "onda".

Os tsunamis são enormes vagas oceânicas que, quando se abatem


sobre as regiões costeiras, têm efeitos catastróficos. Estas vagas
chegam a atingir alturas superiores a 15 metros e, contrariamente
às ondas causadas pelo vento, envolvem toda a massa de água,
isto é, desde o fundo marinho à crista da onda. Constituem, pois,
verdadeiras "montanhas de água" deslocando-se a velocidades
que chegam a atingir 700 Km por hora. Frequentemente avançam
e recuam repetidamente sobre as regiões mais baixas com um
enorme poder destruidor, dando origem ao que é designado por
raz de maré. Os tsunamis podem ser provocados por
deslizamentos de terras nos fundos oceânicos, erupções
vulcânicas, explosões, queda de meteoritos e sismos.
Normalmente são provocados por abalos sísmicos com epicentro
no oceano, os quais causam variações bruscas dos fundos
oceânicos.

Os tsunamis podem percorrer grandes


distâncias a partir do epicentro do
sismo causador. Em 1960, um tsunami
do Pacífico (ver fotografia acima) com
origem a sul do Chile, após 7 horas
atingiu a costa do Havai, onde matou
61 pessoas; 22 horas após o sismo, o
tsunami já tinha percorrido 17.000 Km, atingindo a costa do Japão
em Hocaido, onde matou 180 pessoas.
Geologia Geral G0135 143

O Japão é uma das regiões do Pacífico mais afectadas pelos


tsunamis. Em 1896, um tsunami "engoliu" aldeias inteiras ao
longo de Sanriku, no Japão, tendo matado cerca de 26.000
pessoas.

Os efeitos dos tremores de terra, da maneira como se manifestam


aos sentidos do homem, têm sido classificados por ordem de
importância. As primeiras tentativas para a avaliação da
intensidade dos sismos foram feitas no século XVII, decorrentes
da necessidade de avaliar os abalos sísmicos no Sul de Itália. A
escala era rudimentar. Os sismos eram classificados em ligeiros,
moderados, fortes e muito fortes. Mais tarde desenvolveram-se
escalas mais pormenorizadas com 12 graus, como a Escala
Modificada de Intensidades de Mercalli, constituída por 12
graus de intensidades estabelecidos de acordo com um
questionáriopadrão, segundo a intensidade crescente do sismo

Graus de
intensidade
da Escala Designação Efeitos
Modificada
de Mercalli

I Imperceptível Não é sentido pelas pessoas. Pássaros


e outros animais podem manifestar
uma certa inquietude. Apenas
registado pelos sismógrafos.

II Fraco Sentido apenas por algumas pessoas


em repouso, particularmente as que se
encontram em andares superiores dos
edifícios. Objectos suspensos oscilam.

III Ligeiro Sentido apenas pelas pessoas que se


encontram em casa, assemelhando-se
a uma vibração provocada pela
passagem de um veículo pesado a
grande velocidade.

IV Moderado Abalo perceptível pela maioria das


pessoas, quer ao nível do solo quer
nos edifícios. Vibração de portas e
janelas, loiças nos armários e ranger
do soalho. Ligeiras oscilações de
alguns automóveis parados.

V Ligeiramente Sentido por toda a população. Os


forte objectos suspensos oscilam; móveis
podem deslocar-se; nas paredes e
tectos, podem surgir pequenas fendas;
estuques e cal podem cair das paredes

e tectos; paragem dos pêndulos dos


relógios.

VI Forte Sismo sentido por todas as pessoas,


que entram em pânico saindo
precipitadamente para a rua; os sinos
das igrejas tocam espontaneamente.

VII Muito forte As pessoas têm dificuldade em


permanecer em pé durante o abalo
principal. Nas construções surgem
fendas. Alterações nas nascentes.
Produzem-se ondas na superfície dos
tanques com água e as águas
turvamse. Sentido nos automóveis em
movimento.
VIII Destruidor Pânico na população. As construções
sólidas e com boas fundações sofrem
alguns danos, os outros sofrem danos
acentuados com desabamentos. Caem
chaminés de fabricas. Dão-se
derrocadas de terrenos. Surgem
fendas no solo. A condução dos
veículos pesados é perturbada.
Variação do nível da água nos poços.
Geologia Geral G0135 145

IX Ruinoso Desmoronamento de alguns edifícios.


Há danos consideráveis em
construções muito sólidas. Rotura de
canalizações subterrâneas. Queda de
pontes. Deformação das linhas férreas.
Largas fendas no solo.

X Desastroso Destruição da maior parte dos


edifícios. Forte movimentação de
terrenos. Desmoronamento de
estradas e barragens.
Transbordamento de água em canais,
lagos e rios.

XI Muito Destruição da quase totalidade dos


desastroso edifícios, mesmo os mais sólidos.
Caem pontes, diques e barragens.
Destruição da rede de canalizações e
das vias de comunicação. Formam-se
grandes fendas no terreno,
acompanhadas de desligamentos. Há
grandes escorregamentos de terrenos.
XII Catastrófico Destruição total da área afectada.
Profundas alterações nas montanhas,
vales, cursos de água, enfim de toda a
topografia.

O recurso à utilização das intensidades tem a vantagem de não


necessitar de medições realizadas com instrumentos, baseando-se
apenas na descrição dos efeitos produzidos. Tem ainda a
vantagem de se aplicar quer aos sismos actuais, quer também aos
sismos ocorridos no passado (sismicidade histórica). Contudo,
tem vários inconvenientes importantes, sendo, talvez, o mais
importante aquele que resulta da sua subjectividade. Face a esta
limitação, era natural que se procurasse criar uma nova grandeza
que fosse independente do factor subjectividade.
Esta nova grandeza é a magnitude. A magnitude está relacionada
com a quantidade de energia libertada durante um sismo. Em
1931, Wadati, cientista japonês concebeu uma escala para esta
grandeza, que foi posteriormente aperfeiçoada nos Estados
Unidos por Richter, pelo que ficou conhecida pela designação de
escala de Richter. O modo como se pretende determinar a
energia libertada pelo sismo assenta na medição da amplitude
máxima das ondas registadas nos sismogramas. Foram definidos
nove graus para a escala de Richter. O valor da magnitude
correspondente a cada grau, é dez vezes superior ao valor
anterior. Assim, por exemplo, a diferença entre a quantidade de
energia libertada num sismo de magnitude 4 e um outro de
magnitude 7, é de 30X30X30=27.000 vezes. Um determinado
sismo possui apenas uma só magnitude, mas é sentido com
intensidade diferente conforme a distância do local ao epicentro.

Exercícios
1. Haverá coincidência entre regiões sísmicas e vulcânicas?

Justifique.

2. Qual a diferença entre a escala de Ritcher e de Mercalli

3. Defina Tsunami
Geologia Geral G0135 147

Unidade XXI
Previsão Sísmica

Introdução
A previsão dos sismos seria um aspecto muito importante.
Cientistas diariamente estudam métodos para tal. Contudo não
tem sido fácil devido a própria natureza interna. É disto que os
estudantes devem perceber.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir previsão sísmica;

 Explicar os motivos de não previsão sísmica;


Objectivos

A Previsão dos Sismos é possível?

Ainda não é possível prever a hora e local exactos de


ocorrência de sismos. Como excepção, destaca-se o sismo de
Haicheng na China, em Fevereiro de 1975, cuja previsão foi
possível, por ter sido precedido por uma série de perturbações
na crosta terrestre, que foi monitorizada, permitindo a
evacuação ordeira das cidades e salvando a vida a milhares de
pessoas. No entanto, a crosta terrestre raramente dá aviso
antes de ocorrer uma ruptura. Por isso, não podemos estar à
espera de ser avisados com antecedência antes de ocorrer o
próximo sismo violento
.

Mesmo assim, na maioria dos casos, são observadas


diferenças no comportamento de vários animais (como cães,
gatos, peixes e cobras), antes da ocorrência de um sismo,
embora ainda não exista conhecimento científico sobre como
interpretar a diferença de comportamento dos animais
observada, já que pode ser causada por vários outros factores.
Contudo, as tribos aborígenas que habitam as ilhas Andaman e
Nicobar escaparam ilesas ao maremoto de 26 de Dezembro,
por conseguirem detectar os sinais de aviso dos animais,
incluindo aves e animais marinhos, dando tempo suficiente a
estas tribos para se abrigarem em locais seguros. Daí que
antropologistas estejam a tentar documentar este fenómeno, de
forma a criar uma base nacional de recursos para um sistema
de sinalização costeiro.

A probabilidade de determinados tipos de sismos atingirem


certas zonas num dado período de tempo é actualmente possível,
recorrendo a informação proveniente da sismicidade instrumental,
ou seja, dos registos de sismos reais ocorridos nas últimas
décadas; da sismicidade histórica, isto é, dos sismos dos quais há
relatos históricos (falhas que já tenham originado sismos no
passado provavelmente voltarão a fazê-lo no futuro) e do
conhecimento das falhas que podem originar os sismos e do
estudo da propagação das ondas na crosta terrestre.

O Homem não pode evitar a ocorrência de sismos, mas pode


mitigar os danos que causam, nomeadamente através da
promoção das seguintes acções de prevenção:

• identificar zonas de maior risco, evitando edificar em


locais impróprios; nas zonas costeiras, plantar e
Geologia Geral G0135 149

preservar corredores verdes da vegetação autóctone


(como os mangais na costa asiática) junto à costa.

• construir estruturas mais sólidas, com capacidade para


resistir a sismos fortes (o acréscimo de custo de um
edifício novo construído com qualidade relativamente a
outro com fraca resistência sísmica é de cerca de 2 a 3%,
na maioria dos casos);

• reforçar edifícios já existentes, para melhorar a sua


resistência sísmica, como se verificou na sequência do
sismo de 1998 nas ilhas do Faial e do Pico, em que
muitas habitações, ao serem reconstruídas, foram
reforçadas para resistirem a sismos futuros. Há
programas de reforço sísmico de construções também
noutros países, como na Califórnia e na Nova Zelândia;

• educar a população, nomeadamente no que respeita às


medidas de auto-protecção a tomar antes, durante e após
um sismo, conforme informação aqui e elaborar planos
de emergência, com o auxílio da Protecção Civil,. A
acção da Protecção Civil tem um papel complementar ao
da Engenharia Sísmica.

RESUMO
Os sismos podem ser provocados por:
- Movimentos ao longo de falhas geológicas existentes entre
diferentes placas tectónicas (sismicidade interplaca), o que
ocorre na maior parte dos casos;
- Movimentos de falhas existentes no interior das placas
tectónicas (sismicidade intraplaca);
- Actividade vulcânica e movimentos de material fundido em
profundidade;
- Deslocações superficiais de terreno, tais como abatimentos e
deslizamentos (mais raramente);
- Actividade humana (sismicidade induzida): grandes massas de
água em barragens, injecção ou extracção de fluidos da crosta
terrestre ou detonação de explosivos.

A duração de um sismo varia entre poucos a dezenas de


segundos, raramente ultrapassando um minuto. Após o sismo
principal, geralmente seguem-se reajustamentos do material
rochoso que dão origem a sismos mais fracos: as réplicas.

A acção sísmica pode provocar tremores de terra, liquefacção,


deslizamentos, incêndios (provocados por fugas de gás,
aquando da ruptura das redes de abastecimento), libertação e
derrame de materiais perigosos, maremotos e destruição de
estruturas urbanas, com potenciais perdas materiais e humanas.
Em Portugal Continental, a ocorrência de maremotos,
resultantes da actividade sísmica tem sido fundamentalmente
registada no Algarve, na Península de Setúbal e em Lisboa.

O tamanho de um sismo pode ser caracterizado por vários


parâmetros, sendo os mais utilizados a magnitude e a
intensidade. Cada sismo tem apenas um valor de magnitude,
mas produz uma distribuição de intensidades na área afectada.

A magnitude é um parâmetro instrumental que caracteriza o


tamanho relativo de um sismo e está directamente relacionada
com a energia libertada no foco. O seu cálculo baseia-se no
valor do movimento máximo do solo registado por um
sismógrafo.

A escala de magnitude sísmica mais utilizada é a magnitude


local – a escala de Richter, embora tenha uma gama limitada
de aplicabilidade e não meça satisfatoriamente o tamanho de
sismos maiores. A magnitude de momento é geralmente
utilizada para caracterizar o tamanho dos grandes sismos (de
magnitude superior a 7.0), embora seja mais difícil de calcular
que a de Richter. O sismo que abalou a costa sudoeste asiática a
26 de Dezembro de 2004 teve uma magnitude de momento de
Geologia Geral G0135 151

9.0, o quarto maior sismo desde 1900, altura em que se iniciou


o registo sismográfico.

Exercícios
1. Qual a diferença entre Magnitude e intensidade sísmica

2. Porque é difícil a previsão sísmica


Unidade XXII
Geodinâmica Externa:
agentes atmosféricos

Introdução
È importante que os estudantes tenham conhecimento dos diferentes
agentes da geodinâmica externa.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever as acções térmicas da geodinâmica externa;



Descrever as acções físicas da geodinâmica externa; Objectivos

Descrever as acções químicas da geodinâmica externa;


Descrever as acções eléctricas mecânicas da geodinâmica externa;

Diaclases

As diáclases são fissuras provocadas por fenómenos de torção,


tensão ou compressão experimentados pelas rochas, aquando dos
movimentos da crosta terrestre.

As diáclases diferem das falhas pelo facto de não haver


movimento significativo, um em relação ao outro, dos blocos
formados. Resultam da fractura devida aos esforços internos na
massa rochosa
Geologia Geral G0135 153

e poucos são os afloramentos que as não apresentam.

O diaclasamento é importante sob o ponto de vista


geomorfológico, já que pode controlar a forma de uma linha de
costa ou o sistema de drenagem de uma determinada área. A
distribuição das diáclases tem de ser cuidadosamente estudada nas
áreas onde se projecte construir barragens. A meteorização e a
decomposição das rochas nos planos de diáclase podem
ultrapassar em dezenas de metros a profundidade normal da
meteorização na superfície.

Os Agentes Atmosféricos

Na geodinâmica externa há que considerar em primeiro lugar os


fenómenos de alteração superficial

das rochas. As várias rochas que afloram à superfície da Terra


estão sujeitas a várias acções físicas e químicas, que levam à sua
alteração, à sua fracturação ao seu transporte e à sua deposição. É
a partir da decomposição e do transporte destes materiais, que se
formam à superfície, os solos. Os principais factores que
condicionam a formação dos solos são:

a) Erosão.

b) Transporte.

c) Sedimentação.

Estes fenómenos são muito importantes, porque é a partir da


erosão, transporte e sedimentação que a superfície da Terra sofre
modificações importantes, que nunca são estáveis, sempre em
evolução
As Acções térmicas

Conduzem à partição da rocha devido a variações importantes da


temperatura. Nas regiões tropicais as rochas de dia estão sujeitas
a temperaturas muito altas ao passo que de noite a temperatura
desce muito, atingindo-se temperaturas muito baixas. Estas
variações muito importantes da temperatura levam à fissuração,
fendilhamento ou partição da rocha, dando blocos de rocha que
são transportados mais facilmente pela acção das águas e dos
ventos. Em torno das rochas sujeitas a importantes variações de
temperatura formam-se auréolas de cascalhos, figura 1, que por
acção gravítica se depositam nas imediações das rochas.

As rochas são constituídas por minerais com diferentes


coeficientes de dilatação térmica. A variação da temperatura faz
com que as rochas sofram esforço intermitente que actuando ao
longo do tempo, faz com que os minerais sejam desagregados
com facilidade (tal como o arame que é dobrado e desdobrado,
parte). A rocha esfolia-se segundo as suas isotérmicas.

A figura que segue mostra: dilatações e contracções dos minerais duma


rocha quando submetidos a grandes variações de temperatura
(ex. no deserto), provocando a desagregação da rocha
Geologia Geral G0135 155

Acções químicas

O processo de meteorização química transforma os minerais das


rochas em novos produtos químicos e a sua acção é tanto mais
intensa e facilitada quanto maior for o estado de desagregação
física das rochas. Este tipo de meteorização é mais frequente em
regiões quentes e húmidas, nas quais a temperatura tem um papel
importante na velocidade e dinâmica das reacções químicas que
se efectuam.

Esta meteorização pode ocorrer de duas maneiras distintas: os


minerais são dissolvidos completamente, a exemplo da calcite ou
halite, e, posteriormente, podem precipitar formando os mesmos
minerais; os minerais são alterados, a exemplo dos feldspatos e
micas, e, posteriormente, formam novos minerais, especialmente,
minerais de argila.

A meteorização química das rochas inclui diversas reacções


químicas, tais como a dissolução, a hidratação/desidratação, a
hidrólise e a oxidação/redução. Estas reacções ocorrem mais
facilmente na presença da água e do ar atmosférico.

A figura que segue mostra: acções químicas do monumento de


calcário
A Acção mecânica

Da acção mecânica da água e do vento, que transportam detritos


que chocam com as rochas, acelerando o desgaste, ou, no caso da
água de escorrência, desloca os sedimentos mais finos formando
chaminés-de-fada.

A figura que segue é um exemplo da acção mecânica

Exercícios

1. Quais são os principais agentes da geodinâmica externa;

2. Fale das acções térmicas e químicas da geodinâmica externa?

Unidade XXIII
Geologia Geral G0135 157

Águas Subterrâneas

Introdução
O conhecimento das águas subterrâneas é importante para os
estudantes pois possibilita o conhecimento da acção geológica
dessas águas, que constitui um dos principais objectivos desta
cadeira.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Descrever as acções geológicas, físicas e químicas das águas


subterrâneas;
Objectivos
 Descrever o ciclo da água;

Águas subterrâneas

As acções geológicas das águas subterrâneas

Graças à acção geológica ao longo de milhões de anos, de uma


região desértica surgiram, sob grande parte do Sul e Sudeste
brasileiros e países vizinhos, áreas de arenito que retêm a água
da chuva e dos rios, formando um imenso reservatório.
Um imenso bloco rochoso submerso em grande parte do território
brasileiro, parecido com uma “esponja gigante” que absorve as
águas superficiais das chuvas. Assim se caracterizam os arenitos
da Formação Botucatu, que originaram um dos maiores aqüíferos
subterrâneos do mundo, o Guarani. Ao contrário do que muitos
imaginam, o Guarani não é um grande lençol d’água ou um curso
aquoso sob o solo, mas uma espessa camada arenítica encharcada
de água.

Denominado nos anos 90 aquífero Mercosul por abranger


territórios dos quatro países do bloco económico, o Guarani,
assim como outras águas subterrâneas em todo o mundo, vem
assumindo importância cada vez maior em razão da poluição das
águas superficiais de rios e lagos.

Acções físicas e químicas das águas subterrâneas

As acções físicas e químicas das águas subterrâneas não se


diferenciam das águas marinhas e fluviais. É vulgar observarem-se, na
Natureza, rochas com formas caprichosas e nós vamos tentar dar uma
explicação para a origem de algumas dessas formas nas rochas.

Erosão marinha de estratos ou camadas Erosão pluvial, fluvial e eólica


calcárias. de estratos de arenitos e
calcários.
Geologia Geral G0135 159

Para começarmos vamos olhar para o esquema da génese das rochas


sedimentares, apresentado à esquerda da página, e fazer uma análise
sucinta do mesmo. As rochas expostas à superfície da crosta terrestre
ficam sujeitas às acções físicas e químicas exercidas pelo contacto
com a atmosfera (temperatura e vento), hidrosfera (água) e biosfera
(seres vivos). A meteorização não é mais que o resultado das acções
físicas e químicas sobre as rochas. Como consequência, as rochas são
gradualmente alteradas e desagregadas. Assim, temos a desintegração
das rochas por meios mecânicos e a decomposição das mesmas por
meios químicos. Evidentemente, estes dois processos não actuam
separadamente mas, função das diferentes condições climáticas há um
que é predominante sobre o outro. A desagregação ou desintegração
acontece pela contracção e expansão provocadas pelas variações de
temperatura, facilitada pela existência de fendas, as diáclases,
resultantes quer das condições de arrefecimento das rochas ígneas,
quer do relaxamento da pressão durante a acção das forças tectónicas.
As diáclases enchem-se de água das chuvas e, sobretudo, à noite
quando se dá o abaixamento da temperatura, a água gela e aumenta de
volume, partindo as rochas por efeito da pressão. Quando a rocha é
porosa, a água penetra mais profundamente e o aumento de volume
por congelação da água provoca tensões internas capazes de a
fragmentar. Também, as variações de temperatura entre o dia e a
noite, implica que os distintos coeficientes de dilatação dos minerais
que formam as rochas se traduzam em tensões que tendem a aumentar
as fissuras e diáclases existentes. Os seres vivos, sobretudo, as raízes
de árvores que se desenvolvem nas fissuras, ao crescerem partem
grandes blocos com facilidade.

A decomposição das rochas por meios químicos envolve, quase


sempre, a presença de água que actua, particularmente, como
dissolvente. A decomposição por dissolução é desigual nas distintas
rochas, dependendo dos minerais que as constituem. O quartzo é
dificilmente solúvel, ao contrário da calcite que é muito solúvel em
águas ricas em CO2 (ver esquema de um modelado cársico na página
seguinte). A dissolução efectua-se tanto à superfície, pelas águas de
escorrência, como em profundidade pela acção das águas
subterrâneas, bem como próximo da superfície pelas águas de
infiltração. A água, ao realizar esta acção, actua ao mesmo tempo
como agente de transporte das substâncias dissolvidas.

Ciclo da Água

A água é a única substância que existe, em circunstâncias normais, em


todos os três estados da matéria (sólido, líquido e gasoso) na Natureza.
A coexistência destes três estados implica que existam transferências
contínuas de água de um estado para outro; esta sequência fechada de
fenómenos pelos quais a água passa do globo terrestre para a
atmosfera é designado por ciclo hidrológico.

Da superfície para a atmosfera

O ciclo da água inicia-se com a energia solar que incide na Terra.


A transferência da água da superfície terrestre para a atmosfera,
passando do estado líquido ao estado gasoso, processa-se através
da evaporação directa, por transpiração das plantas e dos animais
e por sublimação (passagem directa da água da fase sólida para a
de vapor). A vegetação tem um papel importante neste ciclo, pois
uma parte da água que cai é absorvida pelas raízes e acaba por
voltar à atmosfera pela transpiração ou pela simples e directa
evaporação. Durante esta alteração do seu estado físico absorve
calor, armazenando energia solar na molécula de vapor de água à
medida que sobe à atmosfera.

Dado a influência da energia solar no processo de evaporação, a


água evapora-se em particular durante os períodos mais quentes
do dia e em particular nas zonas mais quentes da Terra.

A evaporação é elevada nos oceanos que estão sob a influência


das altas subtropicais. Nos oceanos equatoriais, onde a
Geologia Geral G0135 161

precipitação é abundante, a evaporação é menos intensa. Nos


continentes, os locais onde a precipitação é mais elevada existem
florestas e onde a precipitação é mais baixa, existem desertos.

Em terra, em algumas partes dos continentes, a precipitação é


maior que a evaporação e em outras regiões ocorre o contrário,
contudo predomina a precipitação, sendo que os oceanos cobrem
o terreno evaporando mais água que recebem pela precipitação.

Da atmosfera de volta à superfície

O vapor de água é transportado pela circulação atmosférica e


condensa-se após percursos muito variáveis, que podem
ultrapassar 1000 km. Poderá regressar à superfície terrestre numa
das formas de precipitação (por exemplo, chuva, granizo ou
neve), como voltar à atmosfera mesmo antes de alcançar a
superfície terrestre (através de chuva miúda quente). Em
situações menos vulgares, poderá ainda transformar-se em neve e
cair em cima de uma montanha e permanecer lá 1000 anos. Toda
esta movimentação é influenciada pelo movimento de rotação da
Terra e das correntes atmosféricas.

A água que atinge o solo tem diferentes destinos. Parte é


devolvida à atmosfera através da evaporação, parte infiltra-se no
interior do solo, alimentando os lençóis freáticos. O restante,
escorre sobre a superfície em direcção às áreas de altitudes mais
baixas, alimentando directamente os lagos, riachos, rios, mares e
oceanos. A infiltração é assim importante, para regular a vazão
dos rios, distribuindo-a ao longo de todo o ano, evitando, assim,
os fluxos repentinos, que provocam inundações. Caindo sobre
uma superfície coberta com vegetação, parte da chuva fica retida
nas folhas A água interceptada evapora, voltando à atmosfera na
forma de vapor.

O ciclo hidrológico actua como um agente modelador da crosta


terrestre devido à erosão e ao transporte e deposição de
sedimentos por via hidráulica, condicionando a cobertura vegetal
e, de modo mais genérico, toda a vida na terra.

O ciclo hidrológico é, pois, um dos pilares fundamentais do


ambiente, assemelhando-se, no seu funcionamento, a um sistema
de destilação global. O aquecimento das regiões tropicais devido
à radiação solar provoca a evaporação contínua da água dos
oceanos, que é transportada sob a forma de vapor pela circulação
geral da atmosfera, para outras regiões. Durante a transferência,
parte do vapor de água condensa-se devido ao arrefecimento
formando nuvens que originam a precipitação. O retorno às
regiões de origem resulta da acção conjunta da infiltração e
escoamento superficial e subterrâneo proveniente dos rios e das
correntes marítimas.

Exercícios

1. Fale da acção geológica das águas subterrâneas;

2. Defina o ciclo hidrológico e faça um esquema que o representa.

Unidade XIV
Meteorização e Ciclo
Geoquímico

Introdução
O conhecimento da meteorização e ciclo geoquímico é
importante na medida que fornece ao estudantes algumas bases
Geologia Geral G0135 163

referentes as transformações químicas e físicas sofridas pelas


rochas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar os tipos de meteorização;



Descrever o ciclo geoquímico;
Objectivos

Diferenciar a energia solar das outras como nuclear e mecânica.

Meteorização

A maioria das rochas da litosfera é formada em profundidade, sob


o efeito de elevadas pressões e temperaturas. A sua ascensão
superficial, por erosão ou reajustamentos isostáticos da crusta,
provoca o seu contacto com factores externos, nomeadamente a
água, o oxigénio, temperaturas e pressões mais baixas,
provocando a sua alteração ou meteorização.
Tipos de meteorização

A meteorização pode ter uma origem física/mecânica, química ou


biológica e não implica qualquer transporte de material. A
meteorização mecânica corresponde à desagregação física de uma
rocha em fragmentos mais pequenos, semelhantes à rocha
original. Existem diversos tipos de meteorização mecânica:
Fragmentação (por expansão devida a descompressão),
Haloclastia, Crioclastia e Termoclastia.

Na meteorização química a estrutura interna dos minerais


constituintes das rochas sofre alterações, com a entrada ou
remoção de certos elementos químicos, dando origem à formação
de novos minerais mais estáveis sob as condições da superfície.
Os principais agentes dessa alteração química são a água, o
oxigénio e o dióxido de carbono, podendo a meteorização química
ocorrer através de quatro processos básicos de reacções químicas:
hidratação/desidratação, dissolução, hidrólise e oxidação.

Ciclo geoquímico

Como já foi referido, anteriormente, uma série de processos de


formação e destruição de minerais forma um ciclo geoquímico.

O ciclo geoquímico começou com a consolidação do magma e a


formação de rochas magmáticas ou ígneas. A acção de agentes
externos como causas intemperismo das rochas e à formação de
sedimentos consolidado (processos diagenéticos) são rochas
sedimentares. A acção da pressão e da temperatura sobre as
rochas sedimentares e rochas ígneas provoca uma série de
modificações mineralógicas que levam à formação de rochas
metamórficas. Sob certas condições, rochas metamórficas (e em
menor medida as rochas sedimentares) podem ser fundidos
(processos de anatexia) para formar magmas secundários. Note-se
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que, em determinados processos muito raso, há algum


envolvimento dos organismos vivos.
O ciclo geoquímico pode-se considerar três ambientes principais, cada
um produz diferentes tipos de rochas. Esses ambientes são:

Meio ambiente magmatismo ou ígneas, as rochas são formadas


como resultado da solidificação de magma e processos
complementares.
Ambientes metamórficas: Existem associações novo mineral
quando as mudanças em uma série de parâmetros físico-químicos
(temperatura, pressão, etc).

Ambiente sedimentar: são os processos de formação de rock


como um resultado da acção de agentes externos sobre as rochas
formadas no interior.

Energia do ciclo

A cada ano, o equivalente a energia da superfície da Terra a 60


bilhões de toneladas de petróleo, 15.000 vezes o actual consumo
de energia de toda a humanidade. Desse montante, metade é
absorvida e convertida em calor, 30% é reflectida para o espaço, e
um quinto serve para lançar os ciclos hidrológicos que
caracterizam o clima do nosso planeta. Apenas uma pequena
fracção da radiação solar (0,06%) é usada pelo mundo das plantas
para accionar um mecanismo de auto-alimentação (fotossíntese),
que dá origem à vida e aos combustíveis fósseis. A figura que
segue representa o fluxo de energia no mundo.
Figura1: Fluxo de energia no mundo

Energia mecânica potencial e Sinética

De todas as transformações e as mudanças experimentadas pelo


indivíduo, mais interessado na mecânica estão relacionadas com a
posição e / ou velocidade. Ambas as grandezas definidas no
âmbito da dinâmica newtoniana, o estado mecânico de um corpo,
então isso pode mudar, porque mudar a sua posição ou porque ela
muda sua velocidade. A forma de energia associada com as
mudanças no estado mecânico de um corpo ou uma partícula
material é chamado de energia mecânica.

Energia Potencial:

A energia potencial, portanto, é a energia possuída por um órgão ou


sistema em virtude de sua posição ou as suas próprias (todas as
posições). Assim, o estado mecânico de uma rocha que se eleva a uma
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dada altura não é a mesma que tinha no nível do solo, mudou sua
posição. Em uma mola que é esticada, as distâncias relativas entre os
aumentos de suas bobinas. Suas configurações de ter mudado o efeito do
alongamento. Em ambos os casos, o organismo leva, no estado final é
capaz de quebrar uma janela de embater no solo e na primavera pode ser
posto em movimento uma bola, inicialmente em repouso.

Energia cinética:

A forma de energia associada com as mudanças de velocidade é


chamada de energia cinética. Um corpo em movimento é capaz
de movimento, ou seja, para alterar a velocidade dos outros. A
energia cinética é, portanto, a energia mecânica um corpo possui
em virtude de seu movimento ou velocidade.

Conservação da energia mecânica:

Quando se considera apenas as transformações mecânicas, isto é,


mudanças de posição e velocidade de mudanças, a relação entre
as equações de trabalho e de conservação de energia se tornam de
facto, de modo que se um corpo não ceder ou fazer a energia
mecânica através da realização de trabalho, a soma da energia
cinética e potencial permanecerá constante. Isso é o que também
é evidente a partir da equação. Com efeito, sim.

Dissipação da energia mecânica:

Excepto em condições de espaço vazio (como no espaço exterior


à atmosfera terrestre), o corpo se mover na presença de forças de
atrito se opõem ao movimento e tendem, portanto, para pará-lo.
Essas forças também são chamados dissipativos porque restante
energia cinética dos corpos em movimento e se dissipou ou
desperdiçada na forma de calor.

Que forças que actuam sobre um corpo de fricção significa, do


ponto de vista energético em jogo, há uma contínua perda de
energia térmica. Nesses casos, a conservação de energia mecânica
e, eventualmente, verificadas pára todos os termos iniciais de
energia mecânica dissipativas.
No caso de um pêndulo real atrito da corda até o ponto de
suspensão e da esfera com o ar dissipa energia mecânica, de
modo que a cada oscilação da altura alcançada é decrescente e
depois de um tempo da área acaba de pé sobre o ponto mais
baixo, drenando bem como a sua energia potencial. Esta é a razão
pela qual é necessário "pôr em marcha acima" a um relógio de
pêndulo ou seja, para se comunicar por algum procedimento extra
de energia que permite que cada oscilação compensar as perdas
por atrito e manter em movimento para um intervalo de tempo
muito longo.

Energia de reacção

Cada substância contém uma certa quantidade de energia


(química) (veja Parte I, capítulo V). Os sítios mais sensíveis para
a armazenagem de energia são as ligações dentro da substância.
As ligações podem conter muita energia, por exemplo as ligações
activadas nas moléculas de ATP ou ADP. Outras substâncias
podem conter pouca energia; são as substâncias mais estáveis.·
Numa reacção química, os reagentes (com sua própria quantidade
de energia química) mudam para produtos (que têm outro
conteúdo de energia). Ou seja, durante a reacção química há
mudança de energia.

Há três possibilidades:

1. Os produtos contêm mais energia do que os reagentes

2. Os produtos contêm menor energia do que os reagentes

3. Os produtos contêm igual energia como os reagentes


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No caso 1, os produtos ganharam energia, o que somente é


possível quando o sistema das substâncias recebe energia de fora.
(ΔH > 0). No caso 2, os reagentes perdem energia, o que somente
é possível quando o sistema das substâncias perde energia para
fora (ΔH < 0) No caso 3, trata-se dum sistema químico em
equilíbrio (ΔH = 0).

Diagramas de energia

No caso de gasolina reagir com oxigénio (são duas substâncias


com bastante energia interna) formam-se os produtos água e
dióxido de carbono, duas substâncias com pouca energia interna.
Claro que, durante esta reacção, houve perda de energia química
ou interna, que não pode simplesmente desaparecer; aquela
energia liberta-se de outra forma: calor. A diferença entre a
energia química dos reagentes e produtos, é chamada ‘energia da
reacção’, com o símbolo ∆H. No caso de libertação de energia,
∆H apanha um valor negativo (o sistema perde energia e a
reacção é exotérmica). No caso de necessidade de energia, ∆H
tem sinal positivo: o sistema ganha energia e a reacção é
endotérmica.
Energia nuclear

A energia nuclear é a energia que é liberada de forma espontânea


ou artificial em reacções nucleares. No entanto, este termo
abrange outros significados, o uso de energia para outros fins,
como, por exemplo, poder aquisitivo, mecânica e térmica a partir
de reacções nucleares e respectiva aplicação, seja para fins
pacíficos ou bélicos. Assim, é comum referir-se à energia nuclear
não só como o resultado de uma reacção, mas como um conceito
mais amplo que inclui conhecimentos e técnicas que permitem a
utilização desta energia pelos seres humanos.
Estas reações ocorrem nos núcleos de determinados isótopos de
certos elementos químicos, sendo a mais famosa de fissão de
urânio-235 (235U), com funcionamento de reactores nucleares, e
os mais comuns na natureza, no âmbito do estrelas, a fusão de
duas trítio-deutério (2H, 3H). No entanto, para produzir este tipo
de reacções nucleares de energia de construção podem ser usados
muitos outros isótopos de elementos químicos diferentes, como o
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tório-232, plutônio-239, o estrôncio-90 ou o polônio-210 (232Th,


239Pu, 90Sr, 210Po, respectivamente).

Há várias disciplinas e técnicas básicas de utilização da energia


nuclear, que vão desde a geração de electricidade em usinas
nucleares até técnicas de análise de medicina arqueológicos
(Arqueometria nuclear), nuclear usado em hospitais, etc Os dois
mais investigados e trabalhados para obtenção de energia
utilizável a partir de uma enorme energia nuclear é a fissão
nuclear ea fusão nuclear. A energia nuclear pode ficar fora de
controle, levando a armas nucleares, reactores nucleares ou
controladas que produzem electricidade, energia mecânica ou
energia térmica. Os materiais utilizados como o projecto das
instalações são completamente diferentes em cada caso.
Outra técnica, utilizada principalmente na longa duração de
baterias para sistemas que exigem baixo consumo de energia, é o
uso de geradores termoelétricos de radioisótopos (RTG ou RTG
em Inglês), em que exploram as diferentes modalidades da
deterioração dos sistemas de geração de energia termopar do
calor transferido de uma fonte radioativa.
A energia liberada por estes processos nucleares geralmente
aparece na forma de partículas subatômicas em movimento. Estas
partículas, a vacilar na arte que o rodeia, produzindo calor. Essa
energia térmica é transformada em energia mecânica através de
motores de combustão externa, tais como turbinas a vapor. Esta
energia mecânica pode ser utilizada no transporte, como em
navios nucleares, ou para gerar electricidade em usinas nucleares.
As quatro figuras acima constituem exemplos de centros
nucleares

Energia calorífica ou conteúdo em calor da terra

O calor é uma palavra que usamos com muita frequência em


nossa cultura, mas raramente paramos para pensar que realmente
significa: "Porque estamos com calor? Por que sentimos o ar de
verão nos esmaga? A verdade é que sabemos muito pouco calor
ou energia térmica, ou seja, que estamos constantemente a utilizar
a energia ou um sentimento que parece ser um incêndio, um
fogão de aquecimento doméstico ou uma panela que é para
colocar o fogo, mas devemos distinguir dois conceitos muito
semelhantes, mas diferentes: Calor e Temperatura.·
A temperatura é a maneira que temos para identificar uma determinada
quantidade de calor·
Além deste, existem respostas a outras questões relativas à
expansão de sólidos e líquidos ou de transferência de calor
calorimetria.

1. Calor e Temperatura

Calor: O que é isso?


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O calor é a energia mecânica de moléculas que não precisam de afectar


a sua mobilidade e força de coesão.

2. Diferença entre a temperatura e o calor

Esses dois conceitos muitas vezes são confusos, mas são muito
diferentes: calor e temperatura. O calor é a energia, enquanto a
temperatura é a expressão que o calor pode ter; exemplo, duas
empresas diferentes recipientes cheios de água pode ter o mesmo
nível, mas de diferentes quantidades de água, algo acontece com a
temperatura, ele pode ter a mesma quantidade de temperatura,
mas de diferentes quantidades de calor: exemplo, enquanto as
duas embarcações podem ser cozidos na mesma temperatura que
tem mais água terá mais calor.

3. O termómetro

Os termómetros são construídos para medir com precisão a


temperatura e uma propriedade que é utilizado calor: dilatação.·
Como o nosso sentido do tato foi o nosso primeiro termómetro
não é muito preciso e pode ser facilmente enganado. Exemplo: Se
você tem três recipientes com água em temperaturas diferentes,
de modo menor para o maior da esquerda para a direita e inserir
um dedo de cada mão em cada um dos destinatários dos extremos
(frio e quente) introduzir a temperatura do recipiente médio de
um quadro frio e quente demais.

Os termómetros são construídos sobre essa propriedade, como o


mercúrio (metal líquido comumente utilizado na sua construção)
facilmente se expande para receber o calor do corpo.
Termómetros podem ser dimensionados em diferentes escalas, as
mais conhecidas são a Celsius, Fahrenheit e Kelvin (ou absoluta)
e verificar qual a temperatura do termómetro será de acordo com
esta escala graduada.

2 .- Expansão

Expansão

1) dos sólidos: dilatação linear

Se aquecermos uma haste de seu tamanho aumenta. Mas, quais os


fatores que afetam o crescimento em comprimento?

1,1 Dependência da temperatura

Se aplicarmos o mesmo uma barra de ferro de temperatura X


e então aumentar a temperatura para ver que o 2X de
expansão também dobrou, então podemos dizer que:

As variações de comprimento são directamente proporcionais


às variações de temperatura.

1,2 Unidade de comprimento)

Temos a mesma vara que se aumentar o seu tamanho para o


dobro, assim como atender a proporcionalidade das variações de
temperatura, mas por uma mudança de temperatura como o
volume duplica.

1.3) Equipamentos de Unidade·


Agora vamos usar uma vara de cobre. Está em conformidade com
as variações acima, mas também do comprimento da haste de
cobre experiências diferentes variações de barra de ferro.
2) Expansão dos Líquidos

2.1) A água não seguir as regras


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Experiência: para encher um recipiente com água e arrefecer a 0 º


C, mas sem a água se solidifique. Em seguida, aquecida e observar
o nível de água e midámoslo com um termômetro. Veja uma coisa
curiosa: de 0 ° C, a temperatura sobe a água expande-se, porém
diminui a 4 º C, quando retorna ao seu comportamento normal:
quanto maior o volume maior temperatura.

2.2) a densidade máxima da água

Em toda a experiência anterior da massa de água não mudou,


mas se o seu volume e densidade. Um menor volume e maior
densidade. Assim, a 4 º C, a temperatura da água mais densa.

2.3) O gelo é menos denso que a água

Ao chegar a 0 º C, a água está prestes a se solidificar e esfria ele se


transforma em gelo, e neste estado da massa de água ocupa um
volume maior, de modo que a densidade do gelo é menor para que
a frota na água.

3 .- A medição do calor: a calorimetria

A unidade básica da quantidade de calor é a caloria;

CALORIAS: Quantidade de calor emitido para 1 gr. de água


aumenta sua temperatura até 1 º C. Seu símbolo é a caloria e
quilocaloria (1000 calorias).

1) Calor específico

Se a mão sobre duas massas iguais de água e outros X 2X de


calorias, o segundo será o dobro da temperatura do que o
primeiro, isso acontece para todas as massas iguais de qualquer
substância.

Se duas massas da mesma substância, como a primeira instância é


uma quantidade X de temperatura ea quantidade segunda 2X de
temperatura média para o segundo foi dado duas vezes mais calor
que o primeiro.

ENTÃO: A quantidade de calor emitido, ou removidas, para


massas iguais das mesmas substâncias, são diretamente
proporcionais às variações de temperatura.

Considere dois recipientes de massas iguais de água são dadas a


cada um calor suficiente para tanto a experiência, o mesmo
aumento de temperatura. Observe que você precisa quantidades de
calor directamente proporcional à quantidade da massa de água
(isto se aplica a qualquer substância)

ENTÃO: A quantidade de calor emitido, ou removidas, as massas


diferentes da mesma substância para produzir a variação de
temperatura mesmo é directamente proporcional às massas.

Nas duas anteriores conclusões, se tivermos vários organismos da


mesma substância, mas diferentes massas (m, m ',''m) foram
entregues diferentes quantidades de calor (Q, Q',''q) aumenta a
produção de temperatura ( t, t ',''t) tal que as quantidades de calor
são proporcionais aos produtos de cada massa e seu aumento de
temperatura.

q: MXT = q ': m' xt '= q'':'' m''x t = calor específico de uma


substância (c).
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Esse valor representa a quantidade de calor que deve ser dada


a 1 gr. de uma substância para elevar sua temperatura até 1 º
C.

2) Quantidade de calor

A quantidade de calor que recebe ou dá um corpo é calculado


multiplicando-se o calor específico da massa e da variação de
temperatura é:

qc=xmxt

4 .- A transferência de calor

O calor passa do corpo de maior temperatura a temperatura mais


baixa. Se dois corpos estão à mesma temperatura, o calor não
passa de um para outro.

1) Métodos de transferência de calor

1,1 por convecção do ar)

Se atearam fogo a um recipiente, o líquido do fundo é aquecido,


sua densidade diminui e sobe, mais frio do que deslocando para
baixo a se aquecer, por isso ajuda a aquecer os fluidos mais
rapidamente.

1.2) a condução do ar

Se ela tem um bar em uma extremidade e outra mantém-se a uma


chama, vemos que o calor é transferido pela barra, sem
deslocamento de matéria.

1.3) A transmissão de radiação


O calor do sol vem através de ondas eletromagnéticas que se
propagam através do vácuo, todos os corpos calor radiante
transmitido independentemente da temperatura.

Exercícios

1. Fale dos principais tipos de meteorização;

2. Faça a distinção entre a energia mecânica Potencial e cinética.

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