Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
40 Ano
MÓDULO ÚNICO
12 UNIDADES
Fax:23 32 64 06
E-mail:ced@ucm.ac.mz
Website: www.ucm.ac.mz
Agradecimentos
Índice
Visão geral 3
Bem vindo ao estudo da Planificação Regional Do Uso Da Terra E Desenvolvimento ... 3
Objectivos da disciplina................................................................................................. 4
Quem deveria estudar este módulo ................................................................................ 4
Como está estruturado este módulo................................................................................ 5
Ícones de actividade ...................................................................................................... 6
Habilidades de estudo .................................................................................................... 6
Precisa de apoio? ........................................................................................................... 7
Tarefas (avaliação e auto-avaliação) .............................................................................. 7
Avaliação ...................................................................................................................... 8
Visão geral
Esta cadeira visa trazer conhecimentos sobre a planificação no seu todo com relação
uso da terra e seu respectivo desenvolvimento.
As competências que se pretendem que o estudante desenvolva são relativas à
análise da complexidade do processo de Planificação Regional do uso da Terra,
participando em equipas de trabalho que realizam actividades nessa área. Sendo
assim, o estudante:
Revela domínio da teorização de Planificação Regional do uso da Terra,
aplicando os saberes em diferentes contextos;
Desenvolve atitude crítica na análise de processos e técnicas de Planificação
Regional do uso da Terra, propondo formas de intervenção;
Participa em equipas que realizam estudos de âmbito de Planificação
Regional do uso da Terra, visando a promoção do desenvolvimento das
comunidades e a melhorias da qualidade de vida em Moçambique;
Identifica as melhores formas de Planificação Regional do uso da Terra para
cada contexto tendo em conta as potencialidades dos recursos existentes para
a promoção do desenvolvimento das comunidades baseando-se no
desenvolvimento sustentável.
Desenvolve atitude crítica na análise de processos e técnicas de Planificação
de Projectos de Desenvolvimento I, propondo formas de intervenção;
4
Objectivos da disciplina
Este Módulo foi concebido para todos aqueles estudantes que queiram se formar em
Gestão Ambiental e que estão a frequentar o curso de Licenciatura em Gestão
Ambiental, no Centro de Ensino a Distância - UCM. Estendese a todos que
queiram consolidar os seus conhecimentos sobre a Planificação Regional Do Uso Da
Terra E Desenvolvimento.
5
Outros recursos
Comentários e sugestões
Ícones de actividade
Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas.
Estes ícones servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem.
Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma
mudança de actividade, etc.
Habilidades de estudo
Precisa de apoio?
Caro estudante, temos a certeza que por uma ou por outra situação, o material
impresso, lhe pode suscitar alguma dúvida (falta de clareza, alguns erros de natureza
frásica, prováveis erros ortográficos, falta de clareza conteudística, etc). Nestes casos,
contacte o tutor, via telefone, escreva uma carta participando a situação e se estiver
próximo do tutor, contacteo pessoalmente.
Os tutores têm por obrigação, monitorar a sua aprendizagem, dai o estudante ter a
oportunidade de interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito os
mecanismos apresentados acima.
Os contactos só se podem efectuar, nos dias úteis e nas horas normais de expediente.
O estudo em grupo com os colegas é uma forma a ter em conta, busque apoio com
os colegas, discutam juntos, apoiemse mutuamente, reflictam sobre estratégias de
superação, mas produza de forma independente o seu próprio saber e desenvolva
suas competências.
Para cada tarefa serão estabelecidos prazos de entrega, e o não cumprimento dos
prazos de entrega, implica a não classificação do estudante.
Avaliação
Nesta cadeira o estudante deverá realizar 2 (dois) trabalhos, 1 (um) teste e 1 (exame).
Introdução
Tem havido uma revolução na administração desde da década de 1980,
principalmente porque o resultado da sua aplicação produz um efeito cascata,
partindo da alta administração de uma organização, atingindo seus fornecedores,
além de todos os seus níveis internos e, de alguma forma, seus concorrentes.
Posteriormente, no meio da década de 1990, surge a preocupação com o ambiente,
tendo no planeamento um de seus requisitos para desenvolvimento de sistemas de
gestão ambiental.
Nesta unidade iremos definir e caracterizar o Planeamento/planificação Ambiental e
descrever uma metodologia para sua elaboração, far-se-á menção aos conceitos, a
importância, aos princípios da planificação bem como, a função da terra.
Conceitos
A terra, ou mais especificamente, o conceito de terra, pode ser interpretada de
diferentes formas, conforme o enfoque adoptado. Uma definição tradicional
considera uma unidade de terra como “uma área da superfície terrestre cujas
características abrangem todos os atributos estáveis ou de ciclo previsível da
biosfera, verticalmente acima ou abaixo desta área, incluindo a atmosfera, o solo e a
11
Importância da terra
A terra, incluindo atributos como água, solo, litologia e vegetação, pode ser
considerada talvez como o principal recurso disponível para o desenvolvimento
económico em regiões tropicais, (Monteiro, 2000). Porem, a terra é um recurso
finito, enquanto os recursos naturais que ela sustenta podem variar com o tempo e de
acordo com as condições de gestão e os usos a eles atribuídos
Geralmente onde não há adequado planeamento do uso da terra ou sua execução não
segue o planificado, ocorre degradação exacerbada do solo e dos demais recursos
naturais. Como consequência muitas vezes há miséria em regiões onde houve
esgotamento dos recursos naturais.
Características do Planeamento
Algumas características de um plano são implícitas, mas devem estar bem definidas
e ser do conhecimento de quem participar da sua elaboração, outras estarão
explícitas em algum capítulo do plano; as principais são:
Grau de complexidade – Refere-se ao nível de detalhamento (estratégico,
táctico ou operacional) e inter-relações necessárias paras e atingir os
objectivos do planeamento. Tem relação com os níveis e áreas
organizacionais atingidos;
Qualidade – Refere-se à qualidade que se pretende atingir quanto ao
propósito do planeamento. Diz respeito, principalmente, à identidade das
organizações ou ao objecto do planeamento; refere-se também às relações
internas e externas das organizações;
Quantidade – Refere-se à quantidade que se pretende realizar ou produzir.
Relaciona-se, principalmente, aos recursos e processos para a execução do
planeamento.
P 1ª Planificar X X
D 2ª Executar X
C 3ª Avaliar X X
A 4ª Corrigir X X
Fonte: (adaptado de Floriano, 2004)
A planificação é a 1ª etapa do PDCA e inclui a identificação e levantamento de
informações no método Deming e que foram separadas aqui para fazer o cruzamento
com as etapas do processo decisório. Durante a planificação são realizadas, também,
previsões de como serão executadas as outras três fases (Do, Control, Act) que
devem constar de qualquer plano que pretenda ser completo.
2) Análise de situação
Reconhecimento da situação: A primeira análise a fazer é definir se o assunto
merece ou deve ser objecto de planeamento. Procure responder às seguintes
perguntas: Existem normas que obrigam, ou a legislação exige que o assunto seja
objecto de planeamento? A gestão sobre o assunto exige? As directrizes da
organização exigem? Não há alternativas para o planeamento, por exemplo: uma
instrução normativa de um órgão ou outro documento que substitua um plano para o
assunto? O assunto é tão importante que deve ser objecto de planeamento? O
impacto ambiental é significativo? Se o planeamento não for realizado, as
17
consequências podem ser grandes o suficiente para que a alternativa de não realizá-
lo seja rejeitada?
Afinal, é realmente, necessário realizar o planeamento? Se a resposta para esta
última pergunta for “sim”, então responda a próxima questão da análise de situação,
caso contrário, o assunto acaba aqui.
3) Análise de problemas
Identificação das causas potenciais das mudanças: Uma das ferramentas mais
utilizadas para encontrar causas potenciais é o diagrama de causa e efeito. Ao ser
comparado com as mudanças ocorridas, é possível determinar as principais causas
dos problemas. O indicador das causas potenciais é o momento em houve mudança
frente à especificação do problema. Se as mudanças aconteceram no mesmo instante
em que alguma causa possível entrou em acção e esta causa não é eliminada frente
às especificações do problema, então temos uma causa potencial.
Teste das causas – A verificação das causas pode ser factual através dos dados
disponíveis; real através de testes ou exames de laboratório; ou de resultados, através
da implantação de medidas correctivas e verificando o resultado.
4) Análise De Decisão
Directrizes para decisão: São as restrições que fazemos, ou seja, são os pré-
requisitos que utilizamos na escolha das alternativas para a decisão que temos de
tomar. Podem ser:
devem ser multiplicados por uma nota atribuída para cada alternativa com relação ao
atendimento ou não de cada directriz.
Avaliação dos riscos potenciais das decisões: Os riscos de qualquer decisão dizem
respeito à possibilidade de acontecer algo errado em função da decisão tomada e da
gravidade no caso de acontecer. Pode-se utilizar uma escala de risco de 0 a 10,
correspondente às probabilidades de 0% a 100% de acontecer algo errado com
relação à decisão tomada, o que deve se basear em dados históricos e na experiência
das pessoas envolvidas. A gravidade, ou importância do fato adverso, caso ocorra, é
calculado em relação ao todo considerado, procurando-se valorizá-lo
financeiramente. Uma ocorrência adversa será tanto maior, quanto maior o prejuízo
causado em relação ao todo;
6) Elaboração do plano
Sumário
Exercícios
1. Qual a importância da terra?
Introdução
Moçambique tem uma constituição, que rege regras e princípios á sociedade para que
possam conviver em harmonia. Nesta unidade iremos falar das políticas existentes que
pautam pelo uso e aproveitamento de terra em Moçambique, no tocante aos seus
princípios, prós e contra.
Princípios da PNT
Manutenção da terra como propriedade do Estado, princípio consagrado na
Constituição da República;
Garantia de acesso e uso da terra à população, bem como aos investidores.
Neste contexto, reconhecem-se os direitos costumeiros de acesso e gestão
das terras das populações rurais residentes, promovendo justiça social e
económica no campo;
Garantia do direito de acesso e uso da terra pela mulher;
Promoção do investimento privado nacional e estrangeiro, sem prejudicar a
população residente e assegurando benefícios esta e para o erário público
nacional;
Participação activa dos nacionais com parceiros em empreendimentos
privados;
Definição e regulamentação de princípios básicos orientadores para a
transferência dos direitos de uso e aproveitamento da terra, entre cidadãos ou
empresas nacionais, sempre que tiverem sido feitos investimentos no terreno;
Uso sustentável dos recursos naturais de forma a garantir a qualidade de vida
para as presentes e futuras gerações, assegurando que as zonas de protecção
total e parcial mantenham a qualidade ambiental e os fins especiais para que
foram constituídas. Incluem-se aqui zonas costeiras, zonas de alta
biodiversidade e faixas de terrenos ao longo das águas interiores.
Estes princípios norteadores e os objectivos da PNT são resumidos na seguinte
declaração:
29
Sumário
A PNT e um conjunto de ferramentas legais que regem pelo uso da terra. Estas
ferramentas estabelecem os mecanismos pelos quais os recursos naturais podem ser
explorados duma maneira equitativa e sustentável. A falta de transparência na
atribuição de DUAT, deficiência da legislatura em beneficio as populações locais,
uso irracional da terra e deficiente conhecimento e aplicação da lei por parte da
função publica mostram ser principais lacunas e contradições desta politica.
Exercícios
Introdução
O zoneamento é o planeamento da ocupação espacial de forma ordenada e de acordo
com suas características e potencialidades, para se proceder a classificação de áreas
para ocupação e para monitoramento das acções antrópicas. em determinadas
situações, são considerados como instrumentos do planeamento, pois é um produto
que subsidia a elaboração de normas além de fornecer melhores critérios à gestão do
território. Desta maneira, nesta unidade iremos falar dos diferentes tipos de
zoneamento e sua aplicação no planeamento.
Zoneamento vem sendo utilizado desde quando as sociedades foram formadas, pois
os homens sentiram a necessidade de “esquadrinhar” seus territórios para distribuir
suas actividades de maneira organizada (Del Prette & Matteo, 2006).
Importancia do zoneamento
Tipos De Zoneamento
1) Zoneamento Urbano
3) Zoneamento Ambiental
4) Zoneamento Geoambiental
É um tipo de zoneamento voltado para os elementos e aspectos naturais do meio
físico e biótico, de forma a se obter zonas que apresentam as potencialidades de
suporte do meio físico de acordo com os condicionadores naturais, em função dos
modificadores socioeconômicos. Estas informações permitem a adequação das
necessidades socioeconômicas às possibilidades físicas e ecológicas da região,
resultando na ocupação ordenada e sustentável do território. Ohara et al (2003) em
um zoneamento geoambiental para determinar a aptidão física da implantação de
obras viárias, concluiu que o zoneamento geoambiental mostrou-se bastante
34
7) Zoneamento Linguístico
Este zoneamento aplica-se na identificação e distinção das diversas línguas falantes
em determinada região e culmina com elaboração de atlas linguísticos regionais.
Sumário
Zoneamento exige uma série de entendimentos prévios. Sua aplicação ou utilização
em relação a um determinado espaço geográfico exige método, reflexão e
estratégias próprias. Não existe qualquer possibilidade de dar à questão um
tratamento empírico ou endereçar a ela uma abordagem linear. Desta maneira, os
princípios de um verdadeiro zoneamento não têm condições de serem aplicados a
todo e qualquer tipo de região geográfica e social. Por sua vez, quando aplicável a
uma determinada área ou espaço, requer uma multidisciplinaridade plena, pelo
facto de pretender identificar as potencialidades específicas ou preferenciais de
cada um dos subespaços ou subáreas do território em estudo.
Exercícios
1. Fale da importância de se fazer o zoneamento de uma região.
2. Qual o enquadramento de cada um dos tipos de zoneamento que estudaste?
3. Quando ocorre o erro conceitual e como ultrapassa-lo?
37
Introdução
A presente unidade tem como objectivo fazer uma análise da importância do
Zoneamento Ecológico Económico (ZEE) como instrumento a ser utilizado na
planificação ambiental. Isso significa especificamente sublinhar a sua função de
ordenação da ocupação do solo no sentido de evitar ou, pelo menos, contribuir para
as acções correctivas e preventivas contra possíveis problemas ambientais,
proporcionando o desenvolvimento sustentável.
Contudo, a sustentabilidade ambiental abrange o campo das políticas públicas
estratégicas, capazes de actuar adequadamente no presente e de planejar o futuro.
Nesse sentido, entendemos que o ZEE envolve além do aspecto técnico, o aspecto
político do planeamento ambiental, colocando em relevo a participação democrática
com responsabilidades entre as administrações públicas e sociedade civil.
É ligado à concepção de desenvolvimento sustentável que se pode definir o ZEE
como sendo um instrumento de organização do território a ser obrigatoriamente
utilizado na implantação de planos, de obras e actividades públicas e privadas. Desse
modo, ele estabelece medidas e padrões de protecção ambiental destinados a
assegurar a qualidade ambiental dos recursos hídricos e do solo e a conservação da
biodiversidade, garantindo o desenvolvimento sustentável e a melhoria das
condições de vida da população (BRASIL, 2002).
Contudo, o ZEE está relacionado com um dos objectivos do planeamento ambiental
que consiste em identificar as fragilidades e as potencialidades do local de estudo
favorecendo a natureza. Tal meta visa principalmente à recuperação daquilo que foi
degradado na natureza e assim preservar e conservar o cenário ecológico existente.
38
Princípios do ZEE
Participativo: Os actores sociais devem intervir durante as diversas fases dos
trabalhos, desde a concepção até a gestão, com vistas à construção de seus
interesses próprios e colectivos, para que o ZEE seja autêntico, legítimo e
realizável;
Equitativo: Igualdade de oportunidade de desenvolvimento para todos os grupos
sociais e para as diferentes regiões;
Sustentável: O uso dos recursos naturais e do meio ambiente deve ser
equilibrado, buscando a satisfação das necessidades presentes sem comprometer
os recursos para as próximas gerações;
Holístico: Abordagem interdisciplinar para a integração de factores e processos,
considerando a estrutura e a dinâmica ambiental e económica, bem como o
factor histórico evolutivo do património biológico e natural.
Sistémico: Visão sistémica que propicie a análise de causa e efeito,
permitindo estabelecer as relações de interdependência entre os subsistemas
físico-biótico e sócio-económico.
Metodologia Do ZEE
Considerando os objectivos do ZEE e os seus princípios norteadores, as directrizes
metodológicas para elaboração do Zoneamento Ecológico-Económico são divididas
em quatro etapas principais, a saber: planeamento, diagnóstico, prognóstico e
subsídios à implementação, cada qual com suas subdivisões.
41
se com a individualização das unidades de paisagem; cada uma delas, será definida
com as principais características, contemplando assim, a coordenação dos blocos que
a legenda estrutura.
Sumário
É de considerar o ZEE como fundamental a sustentabilidade dos recursos naturais,
permitindo a sua utilização sem exaustão. Nesse contexto, considera-se o
Zoneamento Ecológico Económico (ZEE) como um instrumento necessário a
planificação ambiental, contribuindo não só para assegurar a qualidade ambiental
dos recursos naturais como também para a ocupação ordenada do território. Dessa
forma, pode-se concluir que o uso do ZEE no planeamento ambiental contribui
enormemente para mitigar a degradação dos recursos naturais, favorecendo o bem-
estar da população. A cartografia é uma ferramenta fundamental para
concretização do ZEE, consiste basicamente em etapas sucessivas de raciocínio
analíticos que consideram a vegetação e sua dinâmica, vegetacao real e as
respectivas tendências evolutivas no espaço produzido pelas relações sociais; e
culmina com um raciocínio de síntese que confirma a delimitação de conjuntos
espaciais, que são agrupamentos de lugares caracterizados por agrupamentos de
atributos (unidades de paisagem) que se mostram traçados sobre um mapa com o
apoio da base topográfica.
Exercícios
1. Caracterize o ZEE.
2. Fale da importância do ZEE como instrumento de planeamento.
3. De que forma o ZEE instrumentaliza-se para o planeamento?
4. Como o ZEE contribui para a sustentabilidade dos recursos naturais?
5. Qual a etapa primordial na realização do ZEE?
46
Introdução
A terra, incluindo atributos como água, solo, litologia e vegetação, pode ser
considerada talvez como o principal recurso disponível para o desenvolvimento
económico em regiões tropicais. No planeamento do uso do solo, os diversos
atributos da terra são analisados e avaliados com vistas a um uso óptimo e
sustentável. As principais informações requeridas sobre esses atributos são a sua
distribuição espacial, os padrões (forma e arranjo das unidades de recursos) e o tipo
de recurso. A análise dos padrões actuais de uso do solo e dos factores económicos e
sociais que afectam o uso do solo também é importante no processo de planeamento.
Diversas metodologias e procedimentos vêm sendo desenvolvidos e aplicados na
análise dos recursos naturais, permitindo diversos níveis de enfoque, de acordo com
as necessidades dos responsáveis pela tomada de decisões. Em geral, estes métodos
possibilitam comparar diversas alternativas de uso dos recursos naturais com base na
análise de diferentes cenários, advindos da adopção de cada uma das possíveis
alternativas.
Nesta unidade iremos falar das condições para o levantamento do meio físico em
relação aos recursos naturais, dando ênfase aos seus critérios primordiais.
Conceito
47
Sumário
A terra, incluindo atributos como água, solo, litologia e vegetação, pode ser
considerada talvez como o principal recurso disponível para o desenvolvimento
económico em regiões tropicais. Contudo, os levantamentos de solos podem atender
a instituições de assistência técnica, de planeamento e de execução de projectos,
para fins de estudos de viabilidade técnica de projetos de irrigação e drenagem,
avaliação de aptidão agrícola, zoneamentos diversos, extrapolação de resultados de
pesquisas, indenização de áreas inundadas por represas hidrelétricas, subsídio ao
estudo de impactos ambientais e seleção de áreas experimentais. Podem também
fornecer subsídios para elaboração de estudos da capacidade de uso da terra, de
cartas morfopedológicas e de estudos geoambientais.
Exercícios
1. Quala importância do levantamento do meio físico para o planeamento
territorial?
2. Quais os factores que condicionam o meio físico?
3. Explica em linhas gerais como se procede para a o levantamento do meio
físico.
4. Fale das unidades taxonómicas.
54
Introdução
A amostragem é todo o processo de recolha de uma parte, geralmente pequena, dos
elementos que constituem um dado conjunto. Da análise dessa parte pretende obter-
se informações para todo o conjunto. Pode-se considerar que, em relacao ao
ambiente, a agua e o solo levantam algumas preocupacoes essenciais,
nomeadamente no que diz respeito a limitacao dos recursos e as consequencias dessa
limitação para as actividades humanas, bem como a manutenção da qualidade da
àgua perante as condições do aumento da procura.
Nesta unidade iremos falar das etapas e critérios levadas em consideração para a
colecta de amostras de solo e seus resíduos.
Amostragem Do Solo
A amostragem do solo é a primeira e principal etapa de um programa de avaliação
da fertilidade do solo. Assim, uma amostragem inadequada do solo resulta em uma
análise inexacta e em uma interpretação e recomendação equivocadas, podendo
causar graves prejuízos económicos e danos ao meio ambiente.
Uma amostragem criteriosa requer a observação não só do tipo de uso do solo, mas
também de princípios relacionados com a selecção da área para amostragem e com a
colecta das amostras.
55
Para que a amostra do solo seja representativa, a área amostrada deve ser a mais
homogénea possível. Assim, a propriedade ou a área a ser amostrada deverá ser
subdividida em glebas ou talhões homogéneos. Nesta subdivisão ou estratificação,
levam-se em conta a vegetação, a posição topográfica (topo do morro, meia encosta,
baixada, etc.), as características perceptíveis do solo (cor, textura, condição de
drenagem, etc.) e o histórico da área.
Diante o exposto, ressalta-se que os limites de uma gleba de terra para amostragem
não devem ser definidos pela área (hectares), mas, sim, pelas características já
enumeradas, que determinam sua homogeneidade Sugere-se, no entanto, para maior
eficiência, não amostrar glebas superiores a 10 ha. Deste modo, glebas muito
grandes, mesmo que homogéneas, devem ser divididas em sub-glebas com áreas de
até 10 ha.
Na amostragem de solos para a análise química, trabalha-se com amostras simples e
amostras compostas. Amostra simples é o volume de solo colectado em um ponto
da gleba e a amostra composta é a mistura homogénea das várias amostras simples
colectadas na gleba, sendo parte representativa desta, aquela que será submetida à
análise química.
Para que a amostra composta seja representativa da gleba, devem ser colectadas de
20 a 30 amostras simples por gleba. Maior número de amostras simples (30) deve
ser colectado em glebas sujeitas à maior heterogeneidade do solo, como pode
ocorrer em solos de baixada (aluviais), em solos muito argilosos, em solos sob
pastagens ou, então, em solos intensamente cultivados.
Outro aspecto fundamental é a distribuição espacial das amostras simples na gleba.
As amostras simples devem ser uniformemente distribuídas por toda a gleba, o que é
obtido realizando a colecta ao longo de um caminhamento em zigzag pela gleba.
Maior eficiência de distribuição dos pontos de colecta é obtida em glebas menores
que 10 ha, por isto recomenda-se a subdivisão das glebas muito grandes.
É importante que as amostras simples colectadas em uma gleba tenham o mesmo
volume de solo. Isto se consegue padronizando a área e a profundidade de colecta da
amostra simples. Obtém-se boa padronização, utilizando os instrumentos
56
Amostragem de água
A colecta de água deve ser feita de acordo com o objectivo principal do
monitoramento, priorizando a segurança dos executores da tarefa. A colecta deve ser
programada, preferencialmente, para o período da manhã, quando a temperatura do
ar é mais baixa e há menor probabilidade de distorção dos resultados. Na definição
dos parâmetros, da quantidade de estações e da periodicidade do monitoramento, as
diferenças regionais, geográficas, sociais e econômicas, as tensões exercidas sobre o
reservatório e o orçamento disponível devem ser considerados. As acções
decorrentes do uso e ocupação do solo, na bacia de drenagem dos reservatórios, são
fatores determinantes das condições do ecossistema.
Dependendo do tipo de coleta os materiais para a colecta podem sofrer pequenas
variacoes. Os frascos de coleta devem ser resistentes, de vidro borosilicato (V), de
vidro borosilicato ambar (VB) ou polietileno (P). Devem ser quimicamente inertes e
permitir uma perfeita vedacao. De preferencia as tampas devem ser do tipo auto-
lacraveis, permitindo assim uma maior confiabilidade na amostra. Todos os frascos
devem ser escrupulosamente limpos, conforme descritos nos procedimentos
operacionais padroes de cada tipo de analise. Os frascos devem ser
preferencialmente de boca larga, para facilitar a coleta e sua limpeza e resistentes a
autoclavacao, naqueles destinados a analises microbiologicas.
Em casos onde houver necessidade deve ser utilizado frasco de oxigenio dissolvido,
que devem ser de vidro borosilicato com tampa esmerilhada e estreita (pontiaguda),
com selo de agua.
Os meios de transportes para as amostras e os horários disponíveis devem estar
anotados e cadastrados. A equipe deve assegurar o mínimo possível de variações no
transporte das amostras até o local de análise. De acordo com o objectivo do
monitoramento, as amostras podem ser classificadas como:
Contínuas ou permanentes: normalmente colectadas pela manhã, após uma
caracterização prévia do reservatório monitorado, com definição da periodicidade e
do tamanho da rede de amostragem, conforme a necessidade da região e a
importância estratégica da usina;
59
Inventário ambiental
É a descrição detalhada das características ambientais da área sobre a qual se está
planeando; visa obter informações relevantes sobre a área em foco, organizar as
informações obtidas e permitir, com base na análise das informações, identificar as
principais aptidões para a área analisada.
O levantamento dos dados parte da premissa básica que tudo está correlacionado; as
informações sobre um problema podem estar desconectadas das preocupações
principais sobre a área de planejamento; É importante obter uma visão sinótica da
área de planeamento;
O inventário finalizado serve como linha de base para a avaliação dos planos e
programas implantados, considerando elementos naturais, culturais, visuais e
estéticos.
Fatores relevantes para o inventário podem ser pré-determinados por exigências
locais. É importante saber qual a finalidade do inventário, porém em geral os
inventários são desenvolvidos para dar aos tomadores de decisão uma visão ampla e
detalhada da área.
Os factores relevantes no inventário a se ter em conta sao: habitats dentro ou
próximos da área de planejamento; Recursos culturais; Principais tipos de uso do
solo e atividades relacionadas; Modelo de posse de áreas e recursos e
responsabilidade sobre o gerenciamento; Recursos históricos, pré-históricos e
arqueológicos.
Os fatores ambientais sujeitos a inventário são:
Elementos naturais:
– Fisiografia: inclinação drenagem e características únicas;
– Geologia: formações rochosas, falhas, fraturas e outras características;
– Solo: tipo, composição permeabilidade e potencial de erosão;
61
significância da área, permita que possam ser delineadas as principais aplicações que
irão direcionar os usos futuros.
Sumário
A amostragem do solo é a primeira e principal etapa de um programa de avaliação
da fertilidade do solo. Enquanto que a colecta de água deve ser feita de acordo com
o objectivo principal do monitoramento, priorizando a segurança dos executores da
tarefa. A colecta deve ser programada, preferencialmente, para o período da
manhã, quando a temperatura do ar é mais baixa e há menor probabilidade de
distorção dos resultados. O inventário finalizado serve como linha de base para a
avaliação dos planos e programas implantados, considerando elementos naturais,
culturais, visuais e estéticos.
Exercícios
1. Qual a relevância de fazer-se a colecta de amostra do solo e agua?
2. Explica resumidamente o processo de colecta de amostra de agua.
3. Qual a etapa primordial na colecta de amostra de solo?
4. Fale dos factores releventes no inventario ambiental.
5. Explique a relação entre a análise dos residuos do solo o inventário
ambiental.
63
Introdução
A cobertura vegetal sofrem várias modificações quer sejam naturais ou artificiais, e
estas modificações produzem os mais variados impactos no meio ambiente.
Nesta unidade iremos falar dos tipos e classes do uso da terra com enfoque para os
principais sistemas usados, os princípios seguidos e os requisitos observados.
Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:
Uma fase dicotómica na qual oito classes genéricas de cobertura da terra são
definidas:
1) Áreas de cultivo e maneio;
70
Sumário
Um sistema de classificacao de uso e cobertura vegetal deve ser compreensível,
científico, aplicável e flexível. A internacionalmente são reconhecidos quatro com
quatro sistemas para sua classificaçãoo nomeadamente: USGS – EUA (1976-1992)
conta conta com nove níveis e é orientado para a cobertura e não ao uso de terra;
IBGE – Brasil (2006) adequada para mapear a diversidade territorial e conta com
três níveis; Corine – União Européia (1992)conta com três níveis e articula em
escala macro com área de mapeamento não inferior a 25ha; e FAO (2000, 2005)
assegura uma alta mapeabilidade e conta com oito classes.
71
Exercícios
1. Fale da importância do uso e cobertura da terra.
2. Quais são os sistemas de classificação de tipo de uso e cobertura da terra que
conheces?
3. Quais os princípios do modelo de classificação IBGE?
4. Explique como actuam os níveis do sistema de classificação Corine Land
cover.
5. Diferencie ao detalhe os quatro sistemas de classificação tipo de uso e
cobertura da terra.
72
Introdução
Nesta unidade iremos falar dos factores que limitam a elaboração e concretização do
planeamento de uso de terra.
Pode usar-se ainda o cubo der referencia, para permitir um avaliação simultânea de
três dimensões ou quesitos (custo, prazo e risco politico). A interpretação dos
resultados pode ser realizada a partir das combinações de viabilidade para todos os
73
a) Textura do solo: A textura do solo é definida pela proporção relativa das classes
de tamanho de partículas de um solo. A Sociedade Brasileira de Ciência do Solo
define quatro classes de tamanho de partículas menores do que 2 m, usadas para
a definição da classe de textura dos solos:
Solo Profundidade
Muito mal drenado: a água é removida do solo tão lentamente que o lençol
freático permanece a superfície ou próximo dela durante a maior parte do
ano. Solos com drenagem dessa classe usualmente ocupam áreas planas ou
depressões, onde frequentemente há estagnação.
e) Pedregosidade: refere-se à proporção relativa de calhaus (2-20cm de
diâmetro) e matacões (20-100cm de diâmetro) sobre a superfície e/ou massa
do solo, sendo utilizadas as seguintes classes de pedregosidade:
Não pedregosa: quando não há ocorrência de calhaus e/ou matacões na
superfície e/ou da massa do solo, ou a ocorrência é insignificante e não
interfere na aração do solo, ou é significante, sendo, porém, facilmente
removível;
Ligeiramente pedregosa: ocorrência de calhaus e/ou matacões espaçamente
distribuídos, ocupando 0,01-0,1% da massa e/ou da superfície do terreno
(distanciando-se de 10-30m), podendo interferir na aração, sendo, entretanto,
perfeitamente viáveis os cultivos entre as pedras;
Moderadamente pedregosa: ocorrência de calhaus e/ou matacões ocupando
0,1 a 3% da massa do solo e/ou superfície do terreno (distanciando-se de 1,5
a 10m), tornando impraticáveis os cultivos entre as pedras, podendo,
entretanto, seus solos serem utilizados no cultivo de forragens e pastagens
naturais melhoradas, se outras características forem favoráveis;
Pedregosa: ocorrência de calhaus e/ou matacões ocupando 3 a 15% da
massa do solo e/ou superfície do terreno (distanciando-se por 0,75 a 1,5m),
tornando impraticável o uso da maquinaria, com excepção de maquinas leves
e implementos agrícolas manuais. Solos nessa classe de pedregosidade
podem ser utilizados como áreas de preservação da flora e fauna;
Muito pedregosa: ocorrência de calhaus e/ou matacões ocupando 15 a 50%
da massa do solo e/ou superfície do terreno (distanciando-se por menos de
0,7m), tornando completamente inviável o uso de qualquer tipo de
maquinaria ou implemento agrícola manual. Solos nessa classe são viáveis
somente para florestas nativas.
77
Sumário
As alternativas podem ser identificadas de diferentes formas. Um dos métodos
para avaliação de viabilidade de execução de acções é a variação da estratégia de
planeamento baseado em cenários, que corresponde a uma análise das
combinações visando melhoria dos indicadores. A classe textural de um solo é uma
característica importante de um solo porque varia muito pouco ao longo do tempo.
Exercícios
79
Introdução
Os países com elevadas densidades populacionais e/ou necessidades de rentabilizar
economicamente o seu espaço, têm necessidade de gerir os recursos da terra com
especial atenção para a sua ocupação com actividades agrícolas ou outras (Sampaio,
2007).
Assim surge outro tipo de utilização das cartas pedológicas, o qual se liga às
questões respeitantes ao adequado uso da terra, sendo necessário desenvolver
estudos integrados das consequências do uso da terra em termos físicos, ambientais e
sociais. Nestes casos, é necessária a elaboração de outras cartas a partir das
pedológicas, onde os solos sejam agrupados segundo características que interessam a
objectivos pré-definidos (cartas de aptidão).
Nesta unidade iremos abordar temas relacionados a aptidão de solos para diferentes
usos, dando ênfase nas suas características, determinantes para avaliação de solos e
mapeamento da sua aptidão.
A fim de efectuar a interpretação dos recursos do uso da terra para fins agrícolas,
segue-se geralmente um esquema que propõe várias fases de trabalho. A fase de
preparação, inclui todo o trabalho de recolha: quer de cartografia e fotografia aérea;
quer de relatórios associados à cartografia, nos quais existe uma colecção de dados
dos solos nela constantes; quer ainda, de todos os dados que possam existir em
relação aos solos; clima; vegetação; etc, da zona.
Após esta avaliação concluída, devem formular-se propostas acerca dos sistemas
agrícolas mais convenientes, de forma a optimizar as produções. Para um melhor
82
Investigações preliminares
Objectivos
Elementos e premissas
Planeamento da avaliação
Interacção
Tipos de Uso da terra Unidades
Tipo principal de uso da Cartográficas de
terra ou tipo de utilização terra
da terra
Comparação do uso da
Requisitos do uso da terra com a terra Qualidades da
terra e limitações Combinações terra
Análise económica e social
Impacto no ambiente
CLASSIFICAÇÃO DA
APTIDÃO DA TERRA
Por outro lado, a aptidão a avaliar pode ser corrente ou actual e potencial.
Aptidão corrente ou actual: É aquela que se refere à terra nas condições presentes
ou actuais, sem grandes melhoramentos.
Aptidão potencial: É aquela que se refere à terra após a introdução de importantes
melhoramentos.
A avaliação da aptidão das terras, seja ela qualitativa, quantitativa física ou
económica, consiste na avaliação e agrupamento de áreas específicas (unidades
cartográficas de terra) em termos da sua aptidão para cada T.U.T. considerado no
estudo.
Níveis De Classificação
São reconhecidas quatro categorias ou níveis de classificação: ordens; classes;
subclasses e unidades. Estas categorias são consideradas separadamente para cada
TUT definido e, em relação a cada unidade cartográfica.
As ordens separam as terras em aptas (S) e não aptas (N).
As classes indicam o grau de aptidão, dentro da ordem de terras aptas e divide-se em
muito aptas (S1), moderadamente aptas (S2), marginalmente aptas (S3) e
condicionalmente aptas (Se): indicando terras aptas para determinado uso, apenas
condições especiais. Indicam ainda, em relação à ordem de terras inaptas, se essa
inaptidão é: temporária (N1), com hipótese de passar a apta após introdução de
melhoramentos e permanente (N2).
As subclasses indicam a natureza ou tipo de limitações.
85
Avaliação De Terras
Segundo Bohrer (2000), um outro método usado para classificar a aptidão do uso de
terras é o levantamento integrado dos recursos naturais podendo ser definido como
88
Sumário
Com a necessidade da rentabilidade do espaço territorial, surge outro tipo de
utilização das cartas pedológicas, o qual se liga às questões respeitantes ao
adequado uso da terra. A interpretação dos recursos existentes na terra obedece a
quatro fases nomeadamente, preparação, reconhecimento de campo, interpretação
dos da informação e por fim a conclusão e avaliação dos dados. O principal sistema
de classificação da aptidão da terra é aconselhado pela F.A.O, visto que o da
Classificação Segundo a Capacidade de Uso tem vindo a ser considerado
desactualizado e por isso, substituído pelo da FAO. A classificação segue quatro
principais categorias para sua concretização: a ordem, classe, subclasse e unidade.
Exercícios
1. Explique a importância da carta de aptidão de uso de terra.
2. Qual a relação da aptidão de terras e o planeamento?
3. Fale da avaliação de dados no levantamento de recursos existentes na terra.
4. Quais os princípios para classificação da aptidão da terra?
5. O que determina na avaliação da aptidão para terra condicionalmente aptas?
6. Qual a etapa determinante na avaliação da aptidão de terra?
89
Introdução
O planeamento do uso da terra é de suma importância para que o pleno
desenvolvimento de uma sociedade não as prejudique. Para tanto se faz
necessário, uma correcta utilização dos recursos naturais bem como um bom
aproveitamento das áreas de uso que implica na não destruição das áreas. O
uso inadequado do solo gera perdas significativas ao meio ambiente e
aumento de áreas de conflito.
Conceito de conflito
Pode ser fruto de uma disputa quanto a relações de poder, valores culturais,
riquezas ou recursos naturais ou ambientais. Até mesmo a luta quotidiana por
parte de indivíduos ou de grupos e a interacção entre eles com o objectivo de
satisfazer uma necessidade específica pode, às vezes, representar uma fonte
de tensão e conflito. Estas situações podem ser potenciais diferendos entre as
partes, diferendos patentes entre as partes, potencial de conflito entre as
partes, conflito latente entre as partes, conflito patente entre as partes e
conflito que descambou em violência entre as partes.
O solo é um recurso básico que suporta toda a cobertura vegetal, sem a qual
os seres vivos não poderiam existir. Quanto maior a variedade de solos que
uma nação possui, maiores serão as oportunidades de seu povo encontrar um
melhor padrão de vida, sendo importante que as maiores áreas sejam
ocupadas por solos adaptados às grandes produções de alimentos e matérias-
primas essenciais à habitação, vestiário, transporte e indústria, e que algumas
áreas possam ser disponibilizadas sob outras formas de uso, como a
91
Análise de conflito
Alternativas ao conflito
O conflito pode cumprir funções úteis, mas a um custo tão elevado que
muitas vezes se procura evitá-lo. Assim, o conflito também é evitado através
de processos de acomodação, deslocamento, super ordenação, compromisso,
assimilação e tolerância.
A acomodação é um processo que consiste em criar acordos temporários que
funcionam entre indivíduos ou grupos em conflitos. Ela se desenvolve
quando pessoas ou grupos julgam necessário agir em conjunto, apesar de
suas hostilidades e diferenças.
A acomodação pode ter vida curta ou perdurar séculos. Não se alcança
qualquer resolução da questão; cada grupo retém suas próprias metas e
pontos de vista, mas chega a um “acordo para discordar” sem lutar.
Sumário
O conflito de terra é definido pelo mau uso da terra, ou seja, o uso desordenado que
causam deterioração no ambiente. No entanto, para a análise de conflitos deve-se
ter em conta as causas raízes, causas imediatas e factores intervenientes
combinados a classificação visual da imagem, delimitação das Áreas de
preservação/conflito e análises de conflito de uso da terra. O conflito pode cumprir
funções úteis, mas a um custo tão elevado que muitas vezes se procura evitá-lo. Não
tendo alternativa, com o conflito instalado, segue-se negociação entre as partes
junto as autoridades comunitárias em última instância recorre-se a justiça civil.
Exercícios
1. Explique a importância de conflitos para o planeamento ambiental.
2. Quais os factores primordiais para a identificação de áreas de
conflitos?
3. Explica de que forma pode-se evitar ou diminuir o impacto dos
conflitos.
4. Quais os factores primordiais para a resolução de conflitos?
96
Introdução
O Planeamento Ambiental tem como principal enfoque as relações ser humano e o
meio ambiente, englobando aspectos naturais, sociais, económicas, culturais, entre
outras. Nesse sentido, o Planeamento Ambiental pode ser visto de forma integral,
interdisciplinar, porém atentando-se para as especificidades das relações sociedade e
natureza. Para obtenção dessa integração entre sociedade e natureza, há a
necessidade de uma participação mais efectiva de todos os envolvidos nesse
processo.
Deste modo, o Planeamento Ambiental Participativo torna-se um instrumento
necessário, pois pode promover a participação da comunidade local, buscando
respostas concretas à sociedade que vive e produz na região. O Planeamento
Participativo busca também motivar a comunidade, tendo em vista seu engajamento
no processo de desenvolvimento e implantação do plano ambiental, através de novas
alternativas e oportunidades capazes de ampliar sua qualidade de vida e conservar a
biodiversidade, além de propiciar a gestão dos conflitos existentes e potenciais.
Nesta unidade iremos falar da importância da participação da comunidade como
intervenientes na tomada de decisões e participação do género no planeamento.
A decisão sobre qual nível de participação deve ser atingido depende em grande
parte dos objectivos gerais estabelecidos no contexto específico. Porém, segundo
Holmes e Scoones (2000).Neste sentido, primeiro deve ser analisado se houve uma
decisão de consenso e se o resultado ficou palpável para os participantes. Ainda é
importante verificar se esse resultado foi suficientemente divulgado além do projecto
e se houve realmente repercussão política nas instâncias relevantes ou se
permaneceu em uma discussão isolada, alheia, da realidade política local.
Sumário
O Planeamento Ambiental tem como principal enfoque as relações ser humano e o
meio ambiente, nesse contexto, para obtenção dessa integração entre sociedade e
natureza, há a necessidade de uma participação mais efectiva de todos os
envolvidos nesse processo. A decisão sobre qual nível de participação deve ser
atingido depende em grande parte dos objectivos gerais estabelecidos no contexto
específico.
102
Exercícios
1. Contextualize sobre o planeamento participativo.
2. Em que condições aplica-se o planeamento participativo?
3. Qual o impacto da educação ambiental no planeamento ambiental?
4. De que forma a comunidade intervêm da tomada de decisão?
5. Qual o impacto da participação da comunidade na elaboração do plano
ambiental?
6. Qual o papel do género no planeamento ambiental participativo?
103
Introdução
O processo de desenvolvimento económico não ocorre de maneira igual e
simultânea em toda a parte. Pelo contrário, é um processo bastante irregular e uma
vez iniciado em determinados pontos possui a característica de fortalecer áreas mais
dinâmicas e que apresentam maior potencial de crescimento. Assim, a dinâmica
económica regional torna-se objecto de estudo bastante complexo, dadas as inter-
relações existentes dentro e entre diferentes localidades e sua importância para a
coesão da economia nacional. Nesta unidade iremos contextualizar acerca das
implicações das teorias de crescimento e desenvolvimento na economia.
Realizadas estas considerações, define-se que uma região, como unidade de análise,
é representada por um conjunto de pontos do espaço que tenham maior integração
entre si do que em relação ao resto do mundo. Contextualizando esta definição com
o conceito de urbano locus da produção diversificada e integrada do capitalismo,
pode-se definir uma região como um conjunto de centros urbanos dotados de um
determinado grau de integração em oposição ao resto do mundo (Lemos, 1988).
Várias são as teorias que buscam explicar a dinâmica regional, ou seja, o processo de
determinação da renda urbana que é a expressão e a causa do movimento do capital
no espaço, como aquelas desenvolvidas por Gunnar Myrdal, Albert Hirschman,
François Perroux, Jacques Boudeville e Douglass C. North. Estes teóricos
procuraram demonstrar que uma vez estabelecidas as vantagens ou desvantagens
comparativas dos espaços económicos, iniciam-se movimentos migratórios do
capital, cujos resultados expressar-se-ão em determinada dinâmica regional, isto é,
em relativo vigor ou estagnação do processo de acumulação em uma região. A
seguir serão expostas as principais ideias defendidas por estes teóricos, identificando
suas principais implicações de políticas económicas.
caracterizados por altos níveis de renda per capita e integração nacional e os países
“subdesenvolvidos”, caracterizados por baixos níveis de renda per capita e de
crescimento, como, por exemplo, os países da África e da América Latina.
Além disso, o autor destaca que também há disparidades de crescimento dentro dos
próprios países. A partir destas constatações ele realiza as seguintes generalizações:
Há um pequeno grupo de países em uma situação económica bastante
favorável e um grupo muito maior de países em uma situação
desfavorável;
Os países do primeiro grupo apresentam um padrão de desenvolvimento
económico contínuo e o oposto ocorre no segundo grupo;
Nas últimas décadas aumentaram as disparidades económicas entre os
dois grupos de países.
Contudo, a teoria económica não possuía instrumentos adequados para lidar com os
problemas das disparidades regionais, pois a hipótese do equilíbrio estável era
insuficiente para explicar a complexidade do sistema económico. A separação entre
factores económicos e não económicos limitava a análise, pois estes últimos podem
ser relevantes para a explicação do processo.
Assim, o autor desenvolveu uma teoria para explicar a dinâmica económica regional,
baseada em um processo de causação circular cumulativa (C.C. C), na qual o
sistema económico é algo eminentemente instável e desequilibrado. Que recorre à
noção de ciclo vicioso para explicar como um processo se torna circular e
cumulativo, no qual um factor negativo é ao mesmo tempo causa e efeito de outros
factores negativos.
O processo cumulativo pode ocorrer nas duas direcções, positiva e negativa, e o
mesmo, se não regulado tende a aumentar as disparidades entre regiões. O objectivo
da Teoria da Causação Circular Cumulativa é analisar as inter-relações causais de
um sistema social enquanto o mesmo se movimenta sobre a influência de questões
exógenas. Deve-se identificar os factores que influenciam o processo, quantificar
como os mesmos interagem e influenciam uns aos outros e como são influenciados
por factores exógenos, pois são justamente estes últimos que movem o sistema
continuadamente, ao mesmo tempo em que mudam a estrutura das forças dentro do
107
próprio sistema, o que justifica a intervenção pública. Quanto mais se conhece sobre
a forma de Interacção dos diferentes factores analisados, mais adequados serão os
esforços de políticas adoptados e maior será a probabilidade de maximizar os efeitos
da mesma.
Assim, um processo de C.C. C é válido para explicar uma infinidade de relações
sociais, como, por exemplo, a perda de uma indústria em determinada região. Os
efeitos imediatos desta perda são o desemprego e a diminuição da renda e da
demanda locais. Estes por sua vez provocam uma queda da renda e da demanda nas
demais actividades da região, o que já configura um processo de C.C. C em um ciclo
vicioso. Se não ocorrerem mudanças exógenas nesta localidade a mesma se tornará
cada vez menos atractiva, de tal forma que seus factores de produção, capital e
trabalho, migrarão em busca de novas oportunidades, provocando uma nova
diminuição da renda e da demanda locais. Este argumento também é válido para
mudanças iniciais positivas, como a implantação de uma nova indústria ou a
diminuição de impostos, que geram oportunidades de emprego, renda e demanda por
bens e serviços, aumentando a atractividade local, a possibilidade de explorar novas
actividades, a poupança e o investimento (economias externas). Por este motivo,
Myrdal destaca a importância de Estados Nacionais integrados e da organização
social, visto que intervenções públicas podem contrabalançar/ neutralizar a lei de
funcionamento do sistema de C.C.C, minimizando as disparidades entre as regiões.
Sumário
Várias são as teorias que buscam explicar a dinâmica regional, ou seja, o processo
de determinação da renda urbana que é a expressão e a causa do movimento do
capital no espaço. Estas teorias são baseadas em conceitos de polarização da
produção e em economias externas, evidenciavam a irregularidade do processo de
crescimento e, portanto, a necessidade de intervenção estatal. Demonstram que uma
vez estabelecidas vantagens ou desvantagens comparativas em determinados
espaços económicos, iniciam-se movimentos migratórios dos factores de produção,
que são expressos na expansão ou na estagnação destes espaços. No decorrer disso,
111
as desigualdades regionais são bem maiores nos países mais pobres decrescem nos
países ricos e crescem nos países pobres.
Exercícios
1. Explique a teoria de pólos de crescimento.
2. Com base no princípio da “causação circular” mostre por que existem,
grupos sociais pobres.
3. Como o princípio da “causação circular” explica a existência de regiões ricas
e pobres?
4. Por que os países mais ricos são os que apresentam menor desigualdade
regional?
5. Fale do impacto dessas teorias no crescimento e desenvolvimento regional.
112
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABERS, R. N. (2000), Inventing local democracy: Grassroots politics in Brazil.
London: Lynne Rienner Publishers, 267 p.
ACSELRAD, Henri (org.) (2013), Cartografia social, terra e território. Rio de
Janeiro, IPPUR/UFRJ.
BECKER, B. K.;EGLER, C. A. G. . (2006) Detalhamento da Metodologia para
Execução do Zoneamento Ecológico-Econômico pelos Estados da Amazônia Legal.
Brasília. SAE-Secretaria de Assuntos Estratégicos/ MMA-Ministério do Meio
Ambiente, 56-63pp.
BERTONI, J.; LOMBARDI NETO, F. (1990), Conservação do Solo. São Paulo:
Ícone,. 355 p.
BRASIL. Decreto nº 4.297/02, que instituiu o Zoneamento Ecológico Econômico
(ZEE). Brasília: DOU 2002.
CARPENTER, P.A. (1981), Land capability classification: a procedure. In.
Assessing Tropical Forest Lands, Their suitability for sustainable uses. Carpenter,
P.A. (Ed.). Tycool International. Dublin. pp. 18-33.
CARVALHO, M.S.; PINA, M. F.; SANTOS, S. (2000), Conceitos básicos de
Sistemas de Informação Geográfica e Cartografia aplicados à saúde. Brasília: OPAS,
17-21pp.
Claudio Belmonte De Athayde Bohrer, (2000), vegetação, paisagem E o
planejamento do uso da terra, universidade Federal Fluminense, vol 4, 103-110pp
DAINESE, R. C. (2001), Sensoriamento remoto e geoprocessamento aplicado ao
estudo temporaldo uso da terra e na comparação entre classificação não-
supervisionada e análise visual. Botucatu, Dissertação (Mestrado em
Agronomia/Energia na Agricultura) –Faculdade de Ciências Agronômicas,
Universidade Estadual Paulista, 186p.
DEL PRETTE, M. E.; MATTEO, K.C. (2006), Origens E Possibilidades Do
Zoneamento Ecológicoeconômico No Brasil. Caderno de Referência Subsídio ao
Debate. Brasília, Ministério do Meio Ambiente, 77p.
113