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Didáctica Geral:

Aprender a Ensinar
Ensino à Distância

Universidade Pedagógica
Rua Comandante Augusto Cardoso n 135
Direitos de autor
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. No caso de reprodução deve ser mantida
a referência à Universidade Pedagógica e aos Autores do módulo.

Universidade Pedagógica

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Agradecimentos
À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na
produção dos Módulos.

Ao Instituto Nadional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em


todo o processo.
Ficha Técnica

Autor: Daniel Daniel Nivagara

Desenho Instrucional: Vitorino Guila

Revisão Linguística: Orlando Bahule

Maquetização: Fátima Alberto Nhantumbo

Edição: Anilda Ibrahimo Khan


Didáctica Geral : Aprender a ensinar i

Índice

Visão geral 1
Bem-Vindo ao Módulo “Didáctica Geral: Aprendendo a ensinar” .................................. 1
Objectivos do curso .......................................................................................................... 1
Quem deve estudar este Módulo....................................................................................... 2
Como está estruturado este Módulo.................................................................................. 3
Ícones de actividade.......................................................................................................... 4
Acerca dos ícones .......................................................................................... 4
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 5
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 6
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 6
Avaliação .......................................................................................................................... 7

UNIDADE 1 9
DIDACTICA – CONCEPTUALIZAÇÃO E RELAÇÃO COM OUTRAS CIÊNCIAS . 9
Introdução................................................................................................................ 9

Lição 1 10
DIDACTICA: ORIGEM ETIMOLOGICA E CONCEITO ........................................... 10
Introdução.............................................................................................................. 10
Sumário........................................................................................................................... 13
Exercícios........................................................................................................................ 15

Lição 2 19
Capacidades didacticas essenciais do professor ............................................................. 19
Introdução.............................................................................................................. 19
Sumário........................................................................................................................... 25
Exercícios........................................................................................................................ 26

Lição 3 27
DIDÁCTICA: SUAS RELAÇÕES COM A PEDAGOGIA E OUTRAS CIENCIAS .. 27
Introdução.............................................................................................................. 27
Sumário........................................................................................................................... 31
Exercícios........................................................................................................................ 32

Unidade 2 34
PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM .......................................................... 34
Introdução.............................................................................................................. 34
ii Índice

Lição 4 36
ORIGENS E DESENVOLVIMENTO HISTÓRICO DO PEA ..................................... 36
Introdução.............................................................................................................. 36
Sumário........................................................................................................................... 40
Exercícios........................................................................................................................ 41

Lição 5 42
CARACTERÍSTICAS DO PEA..................................................................................... 42
Introdução.............................................................................................................. 42
Sumário........................................................................................................................... 45
Exercícios........................................................................................................................ 46

Lição 6 47
CARÁCTER EDUCATIVO DO PEA ........................................................................... 47
Introdução.............................................................................................................. 47
Sumário........................................................................................................................... 50
Exercícios........................................................................................................................ 51

Lição 7 52
O PEA DESENVOLVE A PERSONALIDADE E TEM CARÁCTER DIALÉCTICO 52
Introdução.............................................................................................................. 52
Sumário........................................................................................................................... 55
Exercícios........................................................................................................................ 56

Lição 8 57
CARÁCTER SISTEMÁTICO E PLANIFICADO DO PEA E AS SUAS
REGULARIDADES....................................................................................................... 57
Introdução.............................................................................................................. 57
Sumário........................................................................................................................... 60
Exercícios........................................................................................................................ 61

Lição 9 62
RELAÇÃO DIALÉCTICA FUNDAMENTAL DO PEA.............................................. 62
Introdução.............................................................................................................. 62
Sumário........................................................................................................................... 66
Exercícios........................................................................................................................ 72

Unidade 3 74
ESTRUTURA E DINAMICA DO PROCESSO DE ENSINO E APRENDIZAGEM .. 74
Introdução.............................................................................................................. 74
Didáctica Geral : Aprender a ensinar iii

Lição 10 76
FUNÇÃO DIDÁCTICA “INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO“ ..................................... 76
Introdução.............................................................................................................. 76
Sumário........................................................................................................................... 80
Exercícios........................................................................................................................ 81

Lição 11 82
INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO: TAREFAS DO PROFESSOR PARA CONSEGUIR
A MOTIVAÇÃO INICIAL ............................................................................................ 82
Introdução.............................................................................................................. 82
Sumário........................................................................................................................... 85
Exercícios........................................................................................................................ 86

Lição 12 87
INTRODUÇAO E MOTIVAÇÃO: MOTIVAÇÃO CONTINUA E FINAL ................ 87
Introdução.............................................................................................................. 87
Sumário........................................................................................................................... 92
Exercícios........................................................................................................................ 93

Lição 13 94
FUNÇAO DIDACTICA MEDIACAO E ASSIMILACAO........................................... 94
Introdução.............................................................................................................. 94
Sumário........................................................................................................................... 97
Exercícios........................................................................................................................ 98

Lição 14 99
PRINCIPIOS E AS FONTES DO SABER NA FD M+A.............................................. 99
Introdução.............................................................................................................. 99
Sumário......................................................................................................................... 104
Exercícios...................................................................................................................... 105

Lição 15 106
FUNCAO DIDACTICA DOMINIO E CONSOLIDACAO ........................................ 106
Introdução............................................................................................................ 106
Sumário......................................................................................................................... 110
Exercícios...................................................................................................................... 111

Lição 16 112
FD “D+C”: FORMAS METODICAS PARA O DOMINIO E Consolidação ............. 112
Introdução............................................................................................................ 112
iv Índice

Sumário......................................................................................................................... 120
Exercícios...................................................................................................................... 121

Lição 17 122
FUNÇÃO DIDACTICA CONTROLE E AVALIAÇÃO ............................................ 122
Introdução............................................................................................................ 122
Sumário......................................................................................................................... 125
Exercícios...................................................................................................................... 126

Lição 18 127
TIPOS E FUNÇÕES DE AVALIAÇÃO...................................................................... 127
Introdução............................................................................................................ 127
Sumário......................................................................................................................... 132
Exercícios...................................................................................................................... 133

Lição 19 134
TÉCNICAS/INSTRUMENTOS OU MEIOS DE AVALIAÇÃO................................ 134
Introdução............................................................................................................ 134
Sumário......................................................................................................................... 139
Exercícios...................................................................................................................... 140

Lição 20 141
UTILIZACÃO DOS RESULTADOS DE AVALIACÃO DA APRENDIZAGEM.... 141
Introdução............................................................................................................ 141
Sumário......................................................................................................................... 145
Exercícios...................................................................................................................... 146

Lição 21 147
UTILIZACÃO DOS RESULTADOS DE AVALIACÃO DA APRENDIZAGEM
(Continuação)................................................................................................................ 147
Introdução............................................................................................................ 147
Sumário......................................................................................................................... 151
Exercícios...................................................................................................................... 153

Unidade 4 155
MÉTODOS E TÉCNICAS DE ENSINO-APRENDIZAGEM .................................... 155
Introdução............................................................................................................ 155

Lição 22 157
CONCEITO DE MÉTODO DE ENSINO E APRENDIZAGEM................................ 157
Introdução............................................................................................................ 157
Didáctica Geral : Aprender a ensinar v

Sumário......................................................................................................................... 161
Exercícios...................................................................................................................... 163

Lição 23 164
CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM................ 164
Introdução............................................................................................................ 164
Sumário......................................................................................................................... 170
Exercícios...................................................................................................................... 171

Lição 24 172
CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
(CONTINUAÇÃO) ...................................................................................................... 172
Introdução............................................................................................................ 172
Sumário......................................................................................................................... 178
Exercícios...................................................................................................................... 179

Lição 25 180
CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM
(CONCLUSÃO) ........................................................................................................... 180
Introdução............................................................................................................ 180
Sumário......................................................................................................................... 187
Exercícios...................................................................................................................... 188

Unidade 5 189
MEIOS DE ENSINO E APRENDIZAGEM ............................................................... 189
Introdução............................................................................................................ 189

Lição 26 190
CONCEITO, FINALIDADES E CRITÉRIOS DE UTILIZAÇÃO DOS MEIOS DE
ENSINO-APRENDIZAGEM....................................................................................... 190
Introdução............................................................................................................ 190
Sumário......................................................................................................................... 194
Exercícios...................................................................................................................... 195

Lição 27 196
CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS DE ENSINO-APRENDIZAGEM.......................... 196
Introdução............................................................................................................ 196
Sumário......................................................................................................................... 199
Exercícios...................................................................................................................... 201

Unidade 6 202
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM .......................... 202
Introdução............................................................................................................ 202
vi Índice

Lição 28 203
FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO-APRENDIZAGEM E A
IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO ENTRE ELAS............................................... 203
Introdução............................................................................................................ 203
Sumário......................................................................................................................... 208
Exercícios...................................................................................................................... 209

Lição 29 210
CONCLUSÃO DAS FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO ENSINO-
APRENDIZAGEM E A IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO ENTRE ELAS....... 210
Introdução............................................................................................................ 210
Exercícios...................................................................................................................... 216

Unidade 7 217
PLANIFICAÇÃO DO PROCESO DE ENSINO E APRENDIZAGEM ..................... 217
Introdução............................................................................................................ 217

Lição 30 218
CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA PLANIFICAÇÃO DO PEA.............................. 218
Introdução............................................................................................................ 218
Sumário......................................................................................................................... 221
Exercícios...................................................................................................................... 223

Lição 31 224
IMPORTÂNCIA DA PLANIFICAÇÃO DO PEA (Conclusão).................................. 224
Introdução............................................................................................................ 224
Sumário......................................................................................................................... 229
Exercícios...................................................................................................................... 231

Lição 32 232
NIVEIS DE PLANIFICAÇÃO DO PEA ..................................................................... 232
Introdução............................................................................................................ 232
Sumário......................................................................................................................... 236
Exercícios...................................................................................................................... 237

Lição 33 238
COMPONENTES DE PLANIFICAÇÃO DO PEA..................................................... 238
Introdução............................................................................................................ 238
Didáctica Geral : Aprender a ensinar vii

Sumário......................................................................................................................... 243
Exercícios...................................................................................................................... 244

Lição 34 245
COMPONENTES DE PLANIFICAÇÃO DO PEA (Conclusão) ................................ 245
Introdução............................................................................................................ 245
Sumário......................................................................................................................... 248
Exercícios...................................................................................................................... 249
BIBLIOGRAFIA .......................................................................................................... 250
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 1

Visão geral

Bem-Vindo ao Módulo “Didáctica


Geral: Aprendendo a ensinar”
A Didáctica Geral é uma das disciplinas que, nos sistemas de
formação de professores, se coloca ao centro da formação pedagogica
do professor contribuindo significativamente para desenvolver a
compreensão da prática de realização do processo de ensino e
aprendizagem que favoreça um ensino activo e, ainda, desenvolver a
capacidade de reflexão do professor sobre o processo de ensino e
aprendizagem e sobre a sua prática, de modo a poder melhorá-los.

E assim se espera que este modulo traga uma contribuição valiosa na


formação de todos que desajam ser professor e, porque não, guia de
acutaliazação do pensamento e pratica pedagogica dos que jà são
professores e tem, desse modo, a nobre tarefa de fazer com que os
saber, saber-fazer e saber ser e estar da humanidade seja apropriados
pelos alunos, servidno assim de base para o desenvolvimento das
suas personalidades à medida da demanda social, cultural, politica e
economica dos paises de formação de homens e mulheres com
competências significativas para fazer face ao progresso e harmonia
da humanidade, a começar pela das instituições e individuos.

Objectivos do curso

Quando terminar o estudo de Didactica Geral: aprendendo a ensinar


será capaz de:

 Identificar a especificidade (objecto) e as relações da Didactica


com as outras ciências
Objectivos
2 Visão geral

 Realizar um processo de ensino-aprendizagem centrado sobre o


aluno

 Praticar, na sua actividade docente, a unidade dialéctica entre as


diferentes funções didacticas

 Explicar as razões que justificam a necessidade de realização, na


sua integralidade, das funções didacticas

 Utilizar métodos e técnicas de ensino que estimulem a


participaçao activa dos alunos

 Variar os meios de ensino, conforme os objectivos, métodos,


conteudos e as particularidades dos alunos

 Organizar o ensino de modo variado, responsabilisando os alunos


para a realização de multiplas actividades na sala de aulas ou fora
dela capazes de estimular a sua aprendizagem independente e
criadora

 Planificar as aulas, obedecendo os principios, componentes e


etapas necessarias para a planificação do PEA.

Quem deve estudar este Módulo

Este Módulo destina-se à formação de professores em exercício que


possuem a 12a classe ou equivalente e inscritos no Curso à Distância,
fornecido pela Universidade Pedagógica.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 3

Como está estruturado este


Módulo

Todos os módulos dos cursos produzidos pela CEAD-Centro de


Educação Aberta e a Distância da Universidade Pedagogica encontram-se
estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os aspectos-


chave que você precisa conhecer para completar o estudo.
Recomendamos vivamente que leia esta secção com atenção antes de
começar o seu estudo.

Conteúdo do módulo

O modulo está estruturado em unidades. Cada unidade inclui uma


introdução, objectivos da unidade, conteúdo da unidade incluindo
actividades de aprendizagem, um sumario da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais, apresentamos uma lista


de recursos adicionais para você explorer. Estes recursos podem inclui
uma lista bibliografica indicada no fim do modulo e, ao longo do modulo,
existem alguns textos complementares para aprofundar determinados
assuntos especificos.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no final de cada


unidade. Sempre que necessário, utilize folhas individuais para
desenvolver as tarefas, poiando-se nas matérias que precedem cada uma
delas.
4 Visão geral

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer comentários


sobre a estrutura e o conteúdo do curso / módulo. Os seus comentários
serão úteis para nos ajudar a avaliar e melhorar este modulo.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual você irá encontrar uma série de ícones nas
margens das folhas. Estes ícones servem para identificar diferentes partes
do processo de aprendizagem. Podem indicar uma parcela específica do
texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos, conhecidos por
adrinka. Estes símbolos têm origem no povo Ashante de África
Ocidental, datam do século 17 e ainda se usam hoje em dia.

Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser enviados - para


efeitos de testagem deste modelo, reproduziram-se os ícones adrinka, mas
foi-lhes dada uma sombra amarela para os distinguir dos originais).

Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir, cada


um com uma descrição do seu significado e da forma como nós
interpretámos esse significado para representar as várias actividades ao
longo deste curso / módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”
(excelência/
autenticidade)

Avaliação /
Actividade Auto-avaliação Teste Exemplo /
Estudo de caso
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 5

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
vida”
Debate Actividade de
grupo Tome Nota! Objectivos

[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

(fortitude /
Leitura preparação) Terminologia Dica
Reflexão

Habilidades de estudo

Caro estudante!

Para frequentar com sucesso este módulo terá que buscar através de uma
leitura cuidadosa das fontes de consulta a maior parte da informação
ligada ao assunto abordado. Para o efeito, no fim de cada unidade
apresenta-se uma sugestão de livros para leitura complementar.

Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, o estudante deve


certificar-se de ter compreendido a questão colocada;

É importante questionar se as informações colhidas na literatura são


relevantes para a abordagem do assunto ou resolução de problemas;

Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das ideias


apresentadas no texto.

Desejamos-lhe muitos sucessos!


6 Visão geral

Precisa de apoio?

Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer estudo. Em caso


de dúvida numa matéria tente consultar os manuais sugeridos no fim da
lição e disponíveis nos centros de ensino a distância (EAD) mais
próximos. Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure
estudar os exemplos semelhantes apresentados no manual. Se a dúvida
persistir, consulte a orientação que aperece no fim dos exercícios. Se a
dúvida persistir, veja a resolução do exercício.

Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que está à sua
disposição no centro de EAD mais próximo.

Não se esqueça de consultar também colegas da escola que tenham feito


o curso de introdução à estatística, vizinhos e até estudantes de
universidades que vivam na sua zona e tenham ou estejam a fazer
cadeiras relacionadas com Didáctica Geral.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)

Ao longo deste módulo irá encontrar várias tarefas que acompanham o


seu estudo. Tente sempre solucioná-las. Consulte a resolução para
confrontar o seu método e a solução apresentada. O estudante deve
promover o hábito de pesquisa e a capacidade de selecção de fontes de
informação, tanto na internet como em livros. Consulte manuais
disponíveis e referenciados no fim de cada lição para obter mais
informações acerca do conteúdo que esteja a estudar. Se usar livros de
outros autores ou parte deles na elaboração de algum trabalho deverá citá-
los e indicar estes livros na bibliografia. Não se esqueça que usar um
conteúdo, livro ou parte do livro em algum trabalho, sem referenciá-lo é
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 7

plágio e pode ser penalizado por isso. As citações e referências são uma
forma de reconhecimento e respeito pelo pensamento de outros. Estamos
cientes de que o estimado estudante não gostaria de ver uma ideia sua ser
usada sem que fosse referenciado, não é?

Na medida de possível, procurar alargar competências relacionadas com


o conhecimento científico, as quais exigem um desenvolvimento de
competências, como auto-controle da sua aprendizagem.

As tarefas colocadas nas actividades de avaliação e de auto-avaliação


deverão ser realizadas num caderno à parte ou em folha de formato A4.

O estudante deve produzir documentos sobre as tarefas realizadas


em suporte diverso, nomeadamente, usando as novas tecnologias e
enviá-los ao respectivo Departamento quer através da internet, quer dos
serviços de Correios de Moçambique

Avaliação

O Módulo de Didáctica Geral terá dois testes e um exame final que


deverá ser feito no Centro de Recursos mais próximo, ou em local a ser
indicado pela administração do curso. O calendário das avaliações será
também apresentado oportunamente.

A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu desempenho nas lições,


mas também estimular-lhe a rever alguns aspectos e a seguir em frente.

Durante o estudo deste módulo o estudante será avaliado com base na


realização de actividades e tarefas de auto-avaliação previstas em cada
Unidade, dois testes escritos, um exame.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 9

UNIDADE 1

DIDACTICA –
CONCEPTUALIZAÇÃO E
RELAÇÃO COM OUTRAS
CIÊNCIAS

Introdução

Caro estudante, ao iniciar esta unidade entra para o modulo de Didactica


Geral, por isso vamos começar por apresentar e discutir o conceito de
didactica, a sua origem etimologica e a importancia que tem o estudo
desta disciplina para o trabalho do professor na escola e na sala de aulas.
Face a isso, esta unidade esta estruturada em 3 liçoes, nas quais temos
como conteudos, os seguintes:

Didactica: Conceito e Origem etimologica

Relaçao da didactica com a Pedagogia e outros ciencias

A partir deste conteudos, esperamos, caro estudante, que daremos inicio


ao estudo desta disciplina e despertar em si o interesse de prosseguir
investigando ainda mais os assuntos nele integrados assim como outros,
com vista a melhorar progressivamente a sua actividade docente.

Ao completer esta unidade , você será capaz de:

 Identificar a origem etimologica da palavra “Didactica”.

Objectivos  Explicar a relação entre a Didactica e outras ciencias.

 Demonstrar a importancia da Didactica para o trabalho quotidiano do


professor.
10 Lição 1

Lição 1

DIDACTICA: ORIGEM
ETIMOLOGICA E CONCEITO

Introdução

Regra geral, as palavras e conceitos possuem uma origem etimologica


propria, a partir da qual se pode começar a identificar “o sentido” dessa
palavra, mesmo que nao expressem de forma clara o significado do
conceito tal como entendemos actualmente no respectivo campo
disciplinar. Nesta ordem de ideias, nao quisemos começar a estudar este
modulo sem termos que partir disso: vermos a origem e o conceito de
Didactica.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Identificar a origem etimologica da palavra “Didactica”.

Objectivos  Explicar as limitações da explicação etimologica para o


entendimento actual da actividade do professor.

 Definir a didactica, em tanto que area disciplinar.

 Diferenciar a especificadade da Didactica Geral, no conjunto das


Didacticas especificas.

Origem etimologica da Didactica

A a palavra Didactica deriva-se da palavra grega didactos, que significa


“instrução”. Quer dizer, visto deste modo, a Didactica desenvolveu-se
como a teoria de instrução. Em sua Didactica Magna, Coménio (veja no
fim da unidade texto complementar sobre vida e obra de Coménio)
qualifica Didactica como a “arte de instruir”.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 11

Etimologicamente, a Didactica é a teoria de instruçao. Na sua opinião,


seria suficiente qualificarmos a actividade do professor apenas como
“instrução”?

Actividade 1

Como acabou de ver, ao falarmos de instrução, no processo de formação


humana, estamos nos posicionando principalmente do lado do
desenvolvimento no individuo do:

• saber (conhecimentos)

• saber fazer (capacidades e habilidades).

Quer dizer, deixamos de parte o saber ser (atitudes, valores, convicções),


assm como o saber estar (comportamentos e habitos) que são também
importantes para se conseguir o desenvolvimento integral do homem.

Alias, quando falamos da Didactica, um aspecto que merece o nosso


maior apreço é o de que o processo didactico se refere a actividade do
professor e, neste sentido, o ensino (e aprendizagem) tem lugar, na sua
maxima intensidade e expressão, na sala de aulas, razão pela qual a
Didactica também se designa de “teoria de ensino”; assim, através dos
seus objectivos de formação, o ensino deve incorporar a instrução (saber,
saber fazer), tal como a educação (saber ser e estar).

Conceito de Didactica

Então, reconhecendo esta limitação epistemologica, como podemos


definir a Didactica hoje?

1. Antes de responder a questão acima, procure diga “onde ouviu,


pela primeira vez, ouvir falar desta palavra?

2. Em suas proprias palavras, apresente o conceito de didactica.


Actividade 2

Estamos a imaginar que são multiplas as situações em que os estudantes


deste modulo terão ouvido pela primeira vez falar do termo “didactica”:
12 Lição 1

na escola, na instituição de formação de professores, na conversa entre


professores ou trabalhadores da educação, etc.

Para estes diferentes casos, pode compreender que a didactica é uma


ciencia dimensionada para o humano, que se propoe a ajudar e educar o
homem, necessitando por isso se fundamentar nos principios da
educação. Por isso, onde quer que se procure falar e/ou definir a didactica
a sua essência reside na questão de ensino e formação, no mesmo sentido
como deve estar a conceptualização que acabou de apresentar em relação
a didactica.

Olhando para outros autores que procuraram apresentar um conceito de


didactica chegamos a conclusao de haver varias definições. Por exemplo,
Libaneo (1994: 25/6) diz que a Didactica investiga os fundamentos,
condições e modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe
converter os objectivos socio politicos e pedagogicos em objetivos de
ensino, seleccionar conteudos e métodos em funçao desses objectvos,
estabelecer os vinculos entre o ensino e aprendizagem, tendo em vista o
desenvolvimento das capaciddes mentais dos alunos. E se definimos a
acção educativa pelo seu caracter intencional, também a acçao docente
se caracteriza como direcção consciente e intencional do ensino, tendo
em vista a instrução e educaçao dos individuos, capacitando-os para o
dominio de instrumentos cognitivos e operativos de assimuilaçao da
experiência social culturalmente organizada.

Por seu turno, Sant’Anna e Menegolla (2000: 25) numa longa dissertação
e com algum sentido de ironia faz notar que:

a A Didactica não pode ser entendida simplesmente como um rol de


principios, de teorias de ensino ou teorias de aprendizagem. Nao
pode ser concebida como ciencia que somente estabelece uma série
de métodos e técnicas de ensino a ser apresentada como solução
para todos os problemas no processo ensino-aprendizagem.

b A didactica não é apenas a rigido e inflexivel planificação do


ensino, a listagem quantitativa de objectivos_que não passam de
um rol de intenções e utopias inuteis, desvirtuados pela irrealidade,
não é um rol de conteudos chamados minimos, por vezes
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 13

insignificantes, por sugestões de recursos materiais e humanos, que


vão desde o mais simples cartaz até os mais sofisticados meios de
engenharia educacional.

c A didactica não pode ser vista como a orientadora infalivel dos


fantasticos métodos e técnicas de avaliação, que pretendem medir o
conhecimento dos aalunos e que capacitam o professor a decidir,
“cientificamente”, da atribuição de uma nota que reprova ou
promove. A didactica, nos processos de avaliação, não deve
somente estabelecer formulas para medir e quantificar o
conhecimento através de um instruental que, por vezes, não passa
de algumas perguntnhas com respostas de multiplas escolha.

d A didactica não visa apenas a métodos, técnicas e meios rigidos e


estaticos. Não se constitui somente por um conjunto de principios
que, se aplicados, dariam resultados imediatos e claramenete
observaveis e mensuraveis.

e A didactica nao é uma pura mecanização e manipulação de


métodos e técnicas de ensino que, por vezes, são empregados
sutilmente a serviço de ideologias. Ela deve se pôr ao serviço do
educando como uma totalidade pessoal, que compreende os
dominos cognitivo (saber), psicomotor (saber fazer) e afectivo
(saber ser e estar).

Sumário

Depois de (re)vistos estes aspectos vê-se que cada um deles aponta uma
parte da actividade didactica, mas que isoladamente não representam o
“verdadeiro acto didactico”, eis porque os autores acima concluem que
“a didactica objectiva resultados, aprendizagens, mudanças
significativas de comportamento”; “a didactica deve ser uma disciplina
altamente questionadora da realidade educacional, da escola, do
professor, do ensino, das disciplinas e conteudos, das metodologias, da
14 Lição 1

aprendizagem, da realidade cultural, da politica educacional. Ela não é


uma disciplina com verdades prontas e acabadas, mas uma disciplina
que busca, que investiga o universo da educação. Ela quer saber
desencadear novos processos”.

Em todo o caso, para todos os autores, emerge a ideia de que o “objecto


de estudo da didactica é o processo de ensino e aprendizagem” em suas
relações com finalidades educativas. O que significa que o ensno é “uma
pratica humana que compromete moralmente quem a realiza”, assim
como é uma pratica social, uma vez que “responde a necessidades,
funçéoes e determinações que estão para além das intenções e previsões
dos actores directos da mesma. Além disso, a didactica implica processos
de relação e cmunicação intencional, portanto, intercâmbios de
significados que caracterizam a relação entre professor e alunos e destes
entre si. E é dentro desta relação que se faz a regulação e equilibrio entre
a actividade do professor e a do aluno, no sentido em que as acções do
professor devem ser no sentido de desencadear processos fisicos e
cognitivos necessarios para a aprendizagem do aluno. Logo, a didactica
pode ser definida como “a capacidade de tomar decisões acertadas sobre
o que e como ensinar, considerando quem são os nossos alunos e por que
o fazemos; considerando ainda quando e onde e com que se ensina”.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 15

Exercícios

Assinale com V ou F conforme sejam verdadeiras ou falsas as afirmações


abaixo indicadas :

a. A actividade professor consiste em instruir os alunos


Auto-avaliação 1
b. A actividade do professor consiste em educar os alunos

c. A actividade do profesor consiste em instruir e simultaneamente


educar os alunos

d. A didactica não se fundamentar nos principios da educação para


poder formar o homem

e. A capacidade de tomar decisões sobre o que ensinar e como


ensinar é multifacetada

f. A didactica questiona e investiga os processos nos quais decorre


o ensino e aprendizagem

Texto Complementar: Vida e Obra de Jan Amos Komensky (Fonte:


"http://pt.wikipedia.org/wiki/Comenius", consultado no dia 10/09/06)

Jan Amos Komenský (em português Comenius ou Comênio) (1592,


1670) foi um professor, cientista e escritor checo, considerado o fundador
da Didáctica Moderna.

Propôs um sistema articulado de ensino, reconhecendo o igual direito de


todos os homens ao saber. O maior educador e pedagogo do século XVII
produziu obra fecunda e sistemática, cujo principal livro é a DIDÁTICA
MAGNA. São suas propostas:

• A educação realista e permanente;

• Método pedagógico rápido, económico e sem fadiga;

• Ensinamento a partir de experiências quotidianas;

• Conhecimento de todas as ciências e de todas as artes;

• ensino unificado.
16 Lição 1

Dados biográficos

Comenius nasceu em 28 de março de 1592, na cidade de Uherský Brod


(ou Nivnitz), na Morávia, Europa central, região que pertencia ao antigo
Reino da Boémia e hoje integra a República Checa. Viveu e estudou na
Alemanha e na Polónia. Iniciador da didáctica moderna.

Sua importância decorre de ser o autor da Didática Magna, sendo o


primeiro educador, no Ocidente, a interessar-se na relação
ensino/aprendizagem, levando em conta haver diferença entre o ensinar e
o aprender.

Era de família eslava e protestante. A família seguia a seita dos Irmãos


Morávios, inspirados nas ideias do reformista boémio Jan Huss
estreitamente ligado às Sagradas Escrituras e defensores de uma vida
humilde, simples e sem ostentações. Tal educação rígida e piedosa
influenciou o espírito de Comenius e o despertou para os estudos
teológicos.

Perdeu pais e irmãs aos 12 anos, sendo educado sem carinho por uma
família de seguidores da seita dos Morávios. Sua educação não fugiu aos
padrões da época: saber ler, escrever e contar, ensinamentos aprendidos
em ambiente rígido, sombrio, onde a figura do professor dominava, as
crianças sendo tratadas como pequenos adultos, os conteúdos escolares
infalíveis e inquestionáveis. A rispidez no trato e a prática da palmatória
eram elementos básicos. Assim, o rigor da escola e a falta de carinho
marcaram a vida do órfão Comenius a ponto de inspirar, certamente, os
princípios de uma didáctica revolucionária para o século XVII. Na
Universidade Calvinista de Herbron, na Alemanha, cursou Teologia e
adquiriu boa formação cultural e vasta cultura enciclopédica. Tornou-se
pastor, tendo, ainda estudante, começado a escrever: "Problemata
Miscelânea" e "Syloge Questiorum Controversum" foram as primeiras
obras.

Em Heidelberg, na Alemanha, foi aprimorar seus estudos de astronomia e


matemática. Voltou à Moravia e se estabeleceu em Prerov, no magistério,
ansioso para pôr em prática suas ideias pedagógicas. Modificaria
radicalmente a forma de ensinar artes e ciências na sua escola,
destacando-se como professor.

Pastor e reformador

Ordenado pastor da seita dos Morávios em 1616, aos 26 anos, mudou


para Fulnek, capital da Morávia, onde se casou e teve filhos. Mas era
região conturbada por rebelião nascida de disputas entre católicos e
protestantes, estopim da Guerra dos Trinta anos. Os exércitos espanhóis,
em 1621, invadiram e incendiaram Fulnek quase extinguindo a
população. Comenius perdeu a família - mulher e dois filhos - na
epidemia de peste que brotou, e perdeu sua biblioteca e seus escritos.

Mudou-se para Polônia em 1628, como a maioria dos Irmãos Morávios,


fugindo da perseguição e se estabeleceu em Lezno, onde retomou
actividades de pastor e professor. Dedicou-se a escritos religiosos para
ajudar a levantar o ânimo de seus irmãos de seita. Sua fama crescia e
ganhou simpatizantes na Inglaterra, onde permaneceu quase um ano.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 17

Visitou o reino da Suécia, contratado para promover a reforma do ensino,


permanecendo seis anos. Ali se encontrou com René Descartes, que lá
vivia sob a proteção da rainha Cristina.

Preocupado com um dos grandes problemas epistemológicos de seu


tempo - o método - publicou em 1627 a Didactica Tcheca, traduzida em
1631 para o latim como Didática Magna, sua grande obra.

Em 1648, doente e desprestigiado entre os seus, estabeleceu-se em


Amsterdã, na Holanda, onde se casou de novo em 1649 e retornou a seu
trabalho como educador e reformador social. Prestigiado pelas
autoridades, viu publicadas todas suas obras pedagógicas, muitas já
famosas.

Comenius morreu a 15 de Novembro de 1670 em Amsterdã, famoso e


prestigiado, tendo sempre lutado pela fraternidade entre os povos e as
igrejas. Foi enterrado em Naarden, onde foi construído um mausoléu. Em
1956, a Conferência Internacional da UNESCO em Nova Delhi (India)
decidiu a publicação de todas as suas obras pelo organismo e e o apontou
como um dos primeiros propagadores das ideias que inspiraram - quase
300 anos depois - a fundação da UNESCO.

Pedagogia de Comênio

Defendia sua pedagogia com a máxima: "Ensinar tudo a todos" que


sintetizaria os princípios e fundamentos que permitiriam ao homem
colocar-se no mundo como autor. Objectivando a aproximação do
homem a Deus, seu objectivo central era tornar os homens bons cristãos -
sábios no pensamento, dotados de fé, capazes de praticar acções virtuosas
estendendo-se a todos: ricos, pobres, mulheres, portadores de
deficiências. A didáctica é, ao mesmo tempo, processo e tratado: é tanto o
ato de ensinar quanto a arte de ensinar.

Salientava a importância da educação formal de crianças pequenas e


preconizou a criação de escolas maternais, pois teriam, desde cedo, a
oportunidade de adquirir as noções elementares do que deveriam
aprofundar mais tarde. A educação deveria começar pelos sentidos, pois
as experiências sensoriais obtidas por meio dos objectos seriam
internalizadas e, mais tarde, interpretadas pela razão. Compreensão,
retenção e práticas consistiam a base de seu método didáctico e, por eles
se chegaria às três qualidades: erudição, virtude e religião,
correspondendo às três faculdades necessárias - intelecto, vontade e
memória.

Fundamentos naturais do método de Comenius: - o fim é o mesmo:


sabedoria, moral e perfeição; - todos são dotados da mesma natureza
humana, apesar de terem inteligências diversas; - a diversidade das
inteligências é tão somente um excesso ou deficiência da harmonia
natural; - o melhor momento para remediar excessos e deficiências
acontece quando as inteligências são novas.

O método tem como preceitos: - tudo o que se deve saber deve ser
ensinado; - qualquer coisa que se ensine deverá ser ensinada em sua
aplicação prática, uso definido; - deve ensinar-se de maneira directa e
clara; - ensinar a verdadeira natureza das coisas, partindo de suas causas;
- explicar primeiro os princípios gerais; - ensinar as coisas em seu devido
tempo;
18 Lição 1

A obra de Comenius é um paradigma do saber sobre a educação da


infância e juventude, utilizando, para isso, um local privilegiado: a
escola. Já a Didática Magna apresenta as características fundamentais da
escola moderna: - a construção da infância moderna como forma de
pedagogização dessa infância por meio da escolaridade formal (até então,
as crianças eram tratadas como pequenos adultos); - uma aliança entre a
família e a escola, por meio da qual a criança vai se soltando da
influência da órbita familiar para a órbita escolar; - uma forma de
organização da transmissão dos saberes, baseada no método de instrução
simultânea, agrupando-se os alunos; e - a construção de um lugar de
educador, de mestre, reservado aos adultos portadores de saberes
legítimos.

Bibliografia

Deixou mais de 200 obras entre as quais:

• Labirinto do Mundo (1623)

• Didáctica checa (1627)

• Guia da Escola Materna (1630)

• Porta Aberta das Línguas (1631)

• Didacta Magna (versão latina da Didactica checa) (1631)

• Novíssimo Método das Línguas (1647)

• Mundo Ilustrado (1651)

• Opera didactica omnia ab anno 1627 ad 1657 (1657)

• Consulta Universal Sobre o Melhoramento dos Negócios


Humanos (1657)

• O Anjo da Paz (1667)

• A Única Coisa Necessária (1668)


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 19

Lição 2

Capacidades didacticas
essenciais do professor

Introdução

Na lição anterior terminamos com a ideia de que a didactica pode ser


definida como “a capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e
como ensinar, considerando quem são os nossos alunos e por que o
fazemos; considerando ainda quando e onde e com que se ensina. Na
verdade, o dominio da didactica pelo professor ajuda-o a ter consciência e
dominio dos pressupostos a ter em conta para que se realize o ensino
capaz de mobilizar a actividade do aluno para a aprendizagem. Mas o que
significa essa capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e
como ensinar, a qual, neste caso, inclui o que designamos de capacidades
didacticas essenciais do professor?

A presente lição vai precisamente responder a esta questão e, ao


completa-la, você será capaz de:

 Explicar a importância de :

 Tomar decisões baseando-se em soluções possiveis diante de


cada situação de ensino particular para optar pela mais segura e
Objectivos real

 Ensinar os alunos a ler criticamente a sociedade, o trabalho, a


vida, a realidade

 Definir os resultados a serem alcançados no ensino

 Ajustar os métodos e os conteudos as particulaidades dos


alunos
20 Lição 2

 Seleccionar o que ensinar (o conteudo) em função da sua relevância


para formaçao da pessoa na sua integralidade abrangendo os
dominios cognitivo, psicomotor e afectivo

A capacidade de tomar decisões acertadas sobre o que e como ensinar


inclui capacitades didacticas essenciais, envolvendo, dentre outros
aspectos, o seguinte:

a. Capacidade de tomar decisões

b. O que ensinar

c. Falar e ler

d. Aprender a escrever

e. Aprender a contar

f. Porque ensinar

g. Como ensinar

h. Quando ensinar

Actividade 3 i. Com que ensinar

j. Onde ensinar, senão na escola?

k. O professor que ensina

Explique o signifiado de cada um destes aspectos sob ponto de vista do


que o professor deve ser capaz entanto que acto didactico?

É interessante que você apresentou suas ideias sobre os aspectos acima


indicados, mesmo sem termos como sendo de grande importância a
ordem. O mais essencial são as conclusões a que chegou no sentido em
que, para cada um destes aspectos, a capacidade do professor consiste no
seguinte:

a Capacidade de tomar decisões. A habilidade de tomar decisões é


saber escolher as melhores alternativas, se decidir por aquilo que é
elhor para si e para os outros, para o agora e para o futuro. Tomar
decisões é uma das grandes hablidades que toda a pessoa deveria
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 21

posuir em grau altamente desenvolvido. O professor que sabe


tomar decisões nao se prende de forma categorica a uma so
alternativa. Ele busca muitas soluções possiveis, e, apos uma
analise profunda e criteriosa, vai optar pela mais segura e real.

b O que ensinar. Eis a grande questão que os professores enfrentam


no momento em que pretendem ensinar a alguém que està ali para
aprender, mas que não tem visão clara do que é necessàrio
aprender. Escolher o que ensinar é, muitas vezes, uma atitude
critica do professor. O que deve ser ensinado para que o
aprendizado seja util à vida? É preciso seleccionar conteudos que
transformem e acompanhem a vida da criança. Conteudos que
sejam significativos e que surjam da propria realidade em que a
criança vive, que não sejam puras abstrações. Devemos deixar a
vida jorrar nos programas, nos conteudos, nos métodos utilizados,
no clima de trabalho, nas pessoas presentes. Ensinar não é so
ministrar conteudos que sejam assimilados pelos alunos. Todo
conteudo deve ser educativo e formador de personalidades. A
dimensão da pessoa não se limita ao intelectual, a pessoa também é
emoção, sentimentos e habilidades, dai deve o ensino se ocupar da
formação da pessoa como totalidade.

c Falar e ler: Uma das primeiras necessidades da pessoa é se


comunicar, falar, entender e se fazer entender. Saber dizer o que
pensa, com firmeza e espirito critico e se comunicar através da
escrita. Aprender a falar,ler e escrever passam a ser osrudumentos
da historia do ensino, que ainda nao foram superados por outras
necessidades mais importantes. Aprender a ler, para interpretar, de
forma critica e segura, os embustes da propaganda, que cria
necessidades incassaveis. Ler criticamente a sociedade, o mundo, o
trabalho, a vida, a realidae. Ler a vida na escola, na rua, em casa,
na vida social, no desporto, na religiao.

d Aprender a escrever. A escrita é a comunicação gràfica. Com a


escrita a pessoa pode registar ideias, pensamentos, conhecimentos.
Por que nao ensinar à que provavelmente abandonarà a escola a dar
22 Lição 2

um recado por escrito, a escrever um bilhete aos pais, aos amigos


e, futuramente, uma cartinha ao namorado ou namorada, a elaborar
um requerimento, a preencher um cheque? A aprendizagem da
escrita é um acto educativo e de afirmaçãopessoal, livrando da
vegonha de nao saber registar o pensamento de forma clara.

e Aprender a contar. Assim como o falar e escrever, contar é uma


necessidade bàsica. A matemàtica é uma ciencia imbricada no
cotidiano. O numero nao é uma abstração, mas concretização da
realidade. Sao infinitas as situações em que se necessita da
matemàtica para a solução de inumeros problemas. Grande parte da
vida é regida pela matematica. Para contar os anos da vida usa-se a
matematica. A todo o momento todo mundo se pergunta: quanto é
possivel; quanto posso faze; quanto é necessario; quanto ganhei;
quanto perdi. E diz: isso é demais; isso é pouco; està faltando; està
sobrando; é muito caro; é mais barato; por este preço nao é
possivel; os juros estão muito altos; é melhor comprar là e não
aqui; isso deve ser somado, subtraido, dividido, multiplicado....

f Porque ensinar. Ensinamos, mas não sabemos claramente porque


ensinamos; o aluno quer aprender, mas não sabe bem para quê.
Ensinar por ensinar, aprender por aprender parecem ser propostas
pedagogicamente inconscientes. Ensina-se para difundir a cultura,
para converter a ignorância em sabedoria, para adquirir muitos e
sàbios conhecimentos. Toda a acção educativa visa sempre
propositos definidos. Qualquer actividade eve ser dirigida e
orientada em função daquilo que se quer alcançar. As acções
docente e discente devem agir em função dos objectivos que
devem ser alcançados. O primeiro passo a ser dado na acção
educativa é a definição dos resultados e propositos que se quer
alcançar: os objectivo determinam as prioridades, indicam o que se
pretende e como se pretende alguma coisa.

g Como ensinar. Muitos professores afirmam: foi assim que me


ensinaram, portanto, é assim que ensino. Se sempre foi assim,
porque fazer diferente? Diferentemente desse raciocinio, temos que
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 23

defender que o professor deve ser capaz de seleccionar


adequadamente o método didàctico e organizar todos os
procedimentos e técnicas, visando propiciar aos alunos a melhor
aprendizagem. No ensino, sempre se estabelecem certas
prioruidades. Para atingi-las, traçam-se estratégias que dirigem
toda a acção. Os procedimentos didacticos devem estar
intimamente relacionados com os objectivos do ensino, com os
conteudos a serem ensinados e com as caracteristicas e habilidades
dos alunos. O melhor procedimento é aquele que atende às
caracteristicas individuais ou grupais.

h Quando ensinar. A habilidade de tomar decisões acertadas sobre


quando ensinar parece ser uma proposição sem muito significado.
Ensina-se a partir do momento em que a criança ingressa na escola,
tendo como referencia a idade e não tanto a maturidade ntelectual,
psicologica e motora. Ano apos ano, segundo uma escla
cronologica, vão se ensinando as mais diversas disciplinas e
conteudos, povoar a mente da criança com conhecimento, normas,
regras, principios e formulas que um dia podem ser uteis, como
tambémpodem ser inuteis. Mas quando a criança està preparada
para aprender determinados conteudos e realizar determinadas
tarefas e actividades escolares? Qual a maturidade intelectual e
psicologica para entender e analisar determinados conteudos e
ideias? A questao é saber quando a criança està pronta e apta a
aprender. Serà que a criança, se não souber um conteudo hoje, não
poderà aprendê-lo futuramente na escola ou fora dela? Serà que a
sociedade, os pais e a escola não querem forçar a criança a
aprender coisas que não são do seu interesse e inatingiveis devido à
falta de certas habilidades?

i Com que ensinar. Os meios e recursos para ensinar auxiliam o


professor e aluno no processo de ensino-aprendizagem. Para
Gagné, “ os recursos ou meios para o ensino referem-se aos varios
tipos de componentes do ambiente de aprendizagem que dão rigem
à estimulação para o aluno”. Quem planifica o ensino deve partir
de uma analise dos objectivos, dos conteudos, dos procedimentos e
24 Lição 2

de todas as possibilidades humanas e materiais que o ambiente


escolar pode oferecer em termos de meios a empregar no processo
de ensino e aprendizagem. Os objectivos de ensino não são so
determinam os conteudos e procedimentos, como também os
recursos e meios de ensino, pois deles depende, em parte, a
consecução daqueles. O ensino fundamenta-se na estimulação, que
é favorecida por recursos didacticos que facilitam a aprendizagem.
Esses meios despertam o interesse e provocam a discussão e
debates, desencadeando perguntas e gerando ideias.

j Onde ensinar, senão na escola? A escola sempre foi o habitat do


ensino. Sempre se afirmou que é na escola que se deve aprender. A
escola, ironicamente, se tornou o santuàrio do saber. O aluno,
contaminado pela ignorância, tenta nela ingressar para, depois, sair
santificado pela auréola do saber. A escola é uma das muitas
condições para se aprender, mas não a unica, pois a criança adquire
maior quantidade de conhecimentos fora da escola: a verdade é que
em todo lugar se pode aprender; assim como todas s pessoas
podem ensinar de uma ou de outra forma. Parece, neste sentido,
claro percebermos que a escola participa no desenvolvimento do
saber enquanto instituição e nela o processo é planificado e
sistemàtico. Eis porque, quando falamos de escola como local do
ensino, é pertinente colocarmo-nos questões tais como: como se
estruturam administrativamente nossas escolas? Quais as condições
das escolas, das salas de aulas, seu mobiliario, sua biblioteca, seu
laboratorio, suas salas especializadas e seu instrumental bàsico
para que se possa ensinar? Sabemos que hà escolas que não têm
livros, mapas, giz, etc. São questões sobre as quais a didactica deve
reflectir.

k O professor que ensina. Deve-se encarar o “mestre” não apenas


como explicador de matérias, mas como educador apto a
desempenhar sua complexa função de estiular, orientar e controlar
com habilidade o processo educativo e a aprendizagem dos seus
alunos, com vistas a um real e positivo rendimento para os
individuos e para a sociedade. O professor se compromete em
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 25

defender e testemunhar a verdade e a vida dos outros. Segundo


Gusdorf, do professor se exige “que não se limite a apresentar-se
como homem de um determinado saber, mas como testemunha da
verdade e afirmador dos valores”. A responsabilidade principal do
professor é com a verdade. A verdade e o saber não são dados de
modo definitivo e acabado. Devem ser procurados. Por isso o
professor não é aquele que nos dà a verdade feita e pronta, porque
ele não é aquele que nos dà a verdade feita e pronta, porque ele não
é apenas um reprodutor ou repetidor da verdade. Ele é o que abre
uma perspectiva sobre a verdade, o exemplo de um caminho para o
verdadeiro que ele designa. Porque a verdade é sobretudo o
caminho da verdade.

Sumário

As situações didacticas, ou seja, aquelas em que se presume que ocorra o


ensino aprendizagem, devido a sua complexidade requerem do professor
tomar decisões em funçao da realidade do que se vivência na aula
concreta, mas também tendo em conta as particularidades dos alunos, os
meios de ensino, o conteudo, os objectivos. Ao mesmo tempo que o
professor deve ser alguém que se questiona sobre os propositos e alcance
da sua actividade, o acto didactico recomenda que se questione sobre
onde decorre o processo de ensino-aprendizagem, ao mesmo tempo que o
professor deve ser aquele que não se limita apenas a dar verdades feitas e
prontas, mas sim abre uma perspectiva sobre a verdade, mostrando aos
alunos o caminho para chegar a essa verdade.
26 Lição 2

Exercícios

Assinale com V ou F conforme sejam verdadeiras ou falsas as


afirmações abaixo indicadas :

a. Quem planifica o ensino deve partir de uma analise dos


Auto-avaliação 2
objectivos, dos conteudos, dos procedimentos e de todas as
possibilidades humanas e materiais que o ambiente escolar pode
oferecer em termos de meios a empregar no processo de ensino e
aprendizagem

b. O professor se compromete em defender e testemunhar a verdade


e a vida dos outros

c. A didactica e o professor, em particular, não devem reflectir


reflectir sobre as condições em que decorre o PEA, o importante
é que os alunos aprendam.

d. Num determinado nivel de escolaridade pode-se ensinar todo o


tipo de conteudo aos alunos, desde que se tenham meios de
ensino adequados e um professor competente sob ponto de vista
metodologico

e. O conteudo de ensino deve ser aproveitado pelo pelo professor


nas suas potencilaidades educativas e instrutivas, não devendo,
por isso, o professor se limitar em fazer com que os alunos
assimilem esse conteudo.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 27

Lição 3

DIDÁCTICA: SUAS RELAÇÕES


COM A PEDAGOGIA E OUTRAS
CIENCIAS

Introdução

A didáctica é uma ciência pedagogica, sendo por isso que mantem


relação com a pedagogia. Mas também vemos que devido a
complexidade do proceso de ensino e aprendizagem, de um lado, e, por
outro, tendo em conta ao caracter interdisciplinar de quase todos os ramos
de saber, a didactica mantem relações com outras ciências.

De facto, a actuação do professor com proposito de ensinar, exige deste


um agir tendo em conta não somente habilidades didacticas, mas também
pedagogicas e um certo sentido psicologico, sociologico, bilogico,
filosofico, etc, devendo, neste sentido, o profesor se municiar de
conhecimentos destas disciplinas: o agir didactico é ao mesmo tempo
pedagogico, biologico, sociologico, filosofico, etc.

Ao nos propormos nesta lição discutirmos esta questão de relação da


didactica com outras disciplinas, esperamos que ao completa-la, você
será capaz de:

Objectivos • Explicar a contribuição das outras ciências (pedagogia, psicologia,


biologia, sociologia, filosofia) para a actividade didactica do
professor

• Redefinir o campo especifico de investigação da didactica, tendo


em conta as especificidades de objecto de estudo das outras
ciências com as quais tem elação

• Diferenciar o objecto de estudo da Didactica Geral daquele das


28 Lição 3

Didacticas especificas.

1. De que forma a didactica se relaciona com a pedagogica e outras


ciências?

2. Qual é o objecto especifico da didactica dentro da investigação


Actividade 3 pedagogica?

3. Diferencie a Didactica Geral das Didacticas Especificas.

Respondendo a primeira questão, concerteza que deve ter pensado que a


dependência da Didactica em relação à Pedagogia se verifica na
impossibilidade de se especificar objectivos da instrução, das matérias e
dos métodos, fora de uma concepção de mundo, de uma opção
metodologica geral e uma concepção de praxis pedagogica, uma vez
que essas tarefas pertencem ao campo do pedagogico. É verdade que a
finalidade imediata do processo didactico é o ensino de determinadas
matérias e de habilidades cognitivas conexas; todavia, por se tratar de
matérias ou temas de ensino, implicando, portanto, dimensão formativa,
a eles se sobrepõem objectivos e tarefas mais amplos determinados
social e pedagogicamente. Dai considerar-se a didactica como disciplina
de intersecção entre a teoria educacional e as metodologias especificas
das matérias que se esclarecem e se particularizam sob caracteristicas
comuns, basicas, da actividade pedagogica e, em particular, do processo
de ensino e aprendizagem.

Em outras palavras, a didactica opera a interligação entre a teoria e


pratica. Ela engloba um conjunto de conhecimentos que entrelaçam
contribuições de diferentes esferas cientificas (teoria da educação, teoria
do conhecimento, psicologia, sociologia, etc), junto com requisitos de
operacionalização.

Noutros termos, a Pedagogia investiga a natureza das finalidades da


educação como processo social, no seio de uma determinada sociedade,
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 29

bem como as metodologias apropriadas para a formação dos individuos,


tendo em vista o seu desenvolvimento humano para tarefas na vida em
sociedade. Quando falamos das finalidades da educação no seio de uma
determinada sociedade, queremos dizer que o entendimento dos
objectivos, conteudos e métodos da educação se modifica conforme as
concepções de homem e da sociedade que, em cada contexto economico
e socal de um momento da historia humana, caracterizam o modo de
pensar, o modo de agir e os interesses dasclasses e grupos sociais.
Portanto, a Pedagogia é sempre uma concepção da direcçao do processo
educativo subordinada a uma concepção politico-social.

Sendo a educação escolar uma actividade social que, através de


instituições proprias, visa a assimilação dos conhecimentos e experiencias
humanas acumuladas no decorrer da historia, tendo em vista a formação
dos individuos enquanto seres sociais, cabe à Pedagogia intervir nesse
processo de assmilação, orientando-o para finalidades sociais e politicas e
criando um conjunto de condiões metodologicas e organizativas para
viablizà-lo no âmbito da escola. Neste sentido, a Didactica assegura o
fazer pedagogico na escola, na sua dimensão politico-social e técnica; é,
por isso, uma disciplina eminentemente pedagogica.

Chegados a este ponto, estamos certos também que foi facil relembrar a
tarefa e o objecto especificos da didactica. A didactica é, pois, uma das
disciplinas da Pedagogia que estuda o processo de ensino através dos
seus componentes-os conteudos escolares, o ensino e a aprendizagem-
para, com o embasamento numa teoria da educação, formular directrizes
orientadoras da actividade profissional dos professores.

Definindo-se como mediação escolar dos objectivos e conteudos do


ensino, a Didactica investiga as condições e formas que vigoram no
ensino e, ao mesmo tempo, os factores reais (sociais, politicos, culturais,
psicossociais) condicionantes das relações entre a docência e a
aprendizagem. Ou seja, destacando a instrução e o ensino como
elementos primordiais do processo pedagogico escolar, traduz objectivos
sociais e políticos em objectivos de ensino, selecciona e organiza os
conteúdos e métodos e, ao estabelecer as conexões entre ensino e
aprendizagem, indica princípios e directrizes que irão regular a acção
didáctica.
30 Lição 3

Pedagogia

Outras
disciplinas:
Filosofia,
Didacticas Didactica Sociolofia,
especificas Geral Biologia e
Filosofia

Psicologia

Conforme o esquema acima, a Didáctica Geral estabelece relação com as


Didácticas especiais ou seja, Metodologias de Ensino de Disciplinas
especificas (ex.: Matemática, Línguas, etc.). De facto, as Metodologias
das diferentes disciplinas analisam as questões de ensino de uma
determinada disciplina, enquanto que a Didáctica Geral tem um objecto
de natureza geral: se abstrai das particularidades das distintas disciplinas
e generaliza as manifestações e leis especiais do ensino e aprendizagem
nas diferentes disciplinas e formas de ensino.

Assim, as Didácticas ou Metodologias especificas são uma base


importante para a Didáctica Geral, e esta, por sua vez, generaliza os
resultados de estudo sobre o ensino das disciplinas especificas.

Finalmente, no que diz respeito as outras disciplinas, constatamos que a


relação da Didáctica Geral com estas disciplinas se explica da seguinte
maneira:
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 31

a A Psicologia indica à Didáctica as oportunidades que melhor


favorecem a expansão/desenvolvimento da personalidade bem
como os processos que melhor garantem a efectivação da
aprendizagem.

b A Biologia orienta sobre o desenvolvimento físico e os índices de


fadiga dos alunos.

c A Sociologia indica as formas de trabalho que permitem


desenvolver a solidariedade, a liderança, a responsabilidade.

d A Filosofia actua na integração das demais ciências que servem de


base à Didáctica, coordenando-as numa visão que tem por fim
explicar o educando como um ser completo que necessita de
atendimento adequado, personalizado, de forma que se possam
efectivar os propósitos da educação.

Sumário

A complexidade do trabalho do professor está na sua capacidade de poder


planificar, realizar e avaliar o processo de ensino-aprendizagem, com
garantia de que os seus alunos aprendam, desenvolvam saber, saber fazer
e saber ser/estar. Igualmente vemos que esta complexidade se refere, em
parte, ao facto de que o professor deve ensinar a partir de uma concepção
da direcção do processo educativo subordinada a uma concepção
político-social, agindo, portanto, como pedagogo; e ao mesmo tempo o
professor deve:

• Respeitar a individualidade dos seus alunos e as condições


melhor favorecem a expansão/desenvolvimento da personalidade
bem como os processos que melhor garantem a efectivação da
aprendizagem

• Orientar-se sobre o desenvolvimento físico e os índices de fadiga


dos alunos e, a partir disso, por exemplo, conceder aos alunos
32 Lição 3

intervalos depois de um período significativo de trabalho para


permitir o repouso dos estudantes, programar actividades em
função das capacidades de resistência física dos alunos, etc.

• Criar formas de trabalho na sala de aulas e na escola que


permitem desenvolver a solidariedade, a liderança, a
responsabilidade nos alunos, tendo em conta o caracter social da
sua actividade e da natureza dos alunos e dele mesmo.

• Visionar o educando como um ser completo que necessita de


atendimento adequado, personalizado, de forma que se possam
efectivar os propósitos da educação

Exercícios

Agrupe em dois conjuntos as afirmações que se seguem, segundo sejam


verdadeiras ou falsas:

a. O professor competente requer um sentido e tacto pedagógico,


Auto-avaliação 3
didáctico, psicológico, filosófico;

b. Ao considerar importante que os alunos tenham necessidade e


direito a pausa ao longo do trabalho, revela do professor a
consideração da psicologia

c. A filosofia instiga o professor a visualizar o aluno como um todo,


a procurar ensina-lo conforme as metas que se pretendem em
termos do tipo de personalidade a desenvolver

d. A didáctica geral generaliza os resultados de estudo sobre o


ensino das disciplinas especificas

e. Se quiser olhar para a contribuição das diversas disciplinas no seu


acto didáctico, o professor jamais cumprira a sua tarefa; por isso,
o melhor é planificar bem as suas aulas e ensinar
convenientemente, porque desta forma qualquer aluno irá
aprender.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 33

Respostas aos Exercícios de Auto-avaliação

Ordem Afirmações Afirmações falsas


verdadeiras

Auto-Avaliação 1 c), e) e f) a), b) e d)

Auto-Avaliação 2 a), b) e e) c) e d)

Auto-Avaliação 3 a), b), c) e d) a)


34 Unidade 2

Unidade 2

PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM

Introdução

Bem vido a segunda unidade da disciplina de Didáctica Geral. Esta


unidade está programada para ( ) horas de estudo, dentro das quais irá
aprender sobre a origem e desenvolvimento histórico do processo de
ensino-aprendizagem e, em seguida, apresentam-se as características do
processo de ensino-aprendizagem a ser analisadas tendo em conta a sua
prática e a da sua escola quanto a realização do PEA.

Igualmente nesta unidade, antes de aprender a interacção entre as


categorias didácticas, terá oportunidade de discutir a relação dialéctica
fundamental no PEA. Em função disso que acabamos de dizer, esta
unidade comporta quatro secções, nomeadamente:

 Origens e desenvolvimento histórico do PEA

 Características do PEA

 A relação professor-alunos: a relação dialéctica fundamental do PEA

Em cada uma das sessões são propostas actividades a realizar


individualmente, podendo também discutir com os seus colegas do curso.
Porque a realização destas actividades é fundamental para a sua
aprendizagem, faça o favor de ler e relê-las cuidadosamente para
compreender a essência do que lhe é pedido: Nossa esperança é que
encare estas actividades como condição essencial para a sua
aprendizagem e desenvolvimento das suas competências pedagógico-
didácticas, requeridas para um ensino moderno, centrado no aprendiz.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 35

No fim da unidade, encontrará um exercício de auto-avaliação, cujas


respostas colocamos no fim do módulo para servirem de instrumento de
apoio para o seu autocontrole das respostas dadas por si às questões
colocadas no exercício de auto-avaliação. Por isso, primeiro resolva
sozinho os exercícios e só depois é que pode consultar as respostas dadas
no fim do módulo, de forma que no caso dos exercícios em que não
acertou a resposta aconselhamos-lhe a reler o exercício, estudar a matéria
correspondente na unidade e, certificar-se dos seus erros, a fim de
aprender a resolver correctamente o exercício.

Ao completar esta unidade , você será capaz de:

 Distinguir as principais características do processo de ensino-


aprendizagem
Objectivos
 Reflectir sobre a realização das características do PEA na sua própria
prática docente e a dos seus colegas da escola

 Aplicar na sua prática docente a interacção dialéctica entre as


categorias didácticas

 Justificar a necessidade de realização de um processo de ensino e


aprendizagem centrado nos alunos, com todas as suas implicações
psicopedagógicas-didácticas

 Construir seu ponto de vista sobre as implicações psicopedagógico-


didácticas referidas na alínea anterior na pratica quotidiana do
professor.
36 Lição 4

Lição 4

ORIGENS E DESENVOLVIMENTO
HISTÓRICO DO PEA

Introdução

Educação versus processo de ensino-aprendizagem, eis o binómio que


nos colocamos quando imaginamos a actividade do professor. E nesta
ordem de ideias, se é verdade que se compreende que um professor ao
ensinar deve também educar, resta saber se o processo de ensino-
aprendizagem existiu sempre, ou vem depois de alguns passos de
desenvolvimento da educação, logo que esta se tornou numa necessidade
com a sedentarização e o surgimento do modo de vida social dos homens.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Comparar as caracteristicas da educação na sociedade primitiva com


as da educação na sociedade de divisão de trabalho
Objectivos
 Identificar as particulariridades de uma educação com caracter
intencional

 Explicar a problematica fundamental da didactica

 Relacionar o desenvolvimento do patrimonio socio-cultural e técnico-


cientifico com o surgimento do processo de ensino-aprendizagem

Já ouviu falar varias vezes do termo “educação” e terá tido a ocasião de


se questionar sobre o seu conceito e significado no desenvolvimento da
sociedade.

Na sociedade primitiva (de caçadores e recolectores) todos os adultos


educavam todas as crianças directamente no processo mesmo da vida e
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 37

do trabalho e do trabalho junto com os adultos. Mas a medida que o


trabalho se desenvolvia, começa a haver excedentes de produção e, assim,
aparece a divisão de trabalho e, consequentemente, a especialização do
trabalho: por exemplo, o ferreiro faz a enxada para o agricultor e recebia
parte da sua produção.

Na sequência disso, aumenta o património sócio cultural e técnico-


científico da humanidade e torna-se cada vez mais complicado todos os
adultos «ensinarem tudo à todas as crianças». Assim, surgem pessoas
especializadas em educação das crianças e criam-se situações específicas
de educação; e, neste sentido, surge o processo de ensino-aprendizagem
como processo organizado e intencional para a educação das crianças

Compare a educação na sociedade primitiva com a que é realizada na


sociedade em que surge a divisão do trabalho
Actividade 1

Exacto, na sociedade primitiva a educação tinha um carácter informal,


todos ensinavam a todas as crianças, enquanto que com a especialização
do trabalho, surgem pessoas e situações específicas em que se realiza a
educação, o que caracteriza o processo de ensino e aprendizagem. Mais
precisamente, podemos distinguir a educação da sociedade primitiva e a
da sociedade em que surge a especialização do trabalho da seguinte
forma:

Características da educação

Na sociedade Primitiva Na sociedade de divisão de


trabalho

A educação é organizada, razão pela


qual toma o carácter de processo de
ensino-aprendizagem, o que
implica:
A educação/formação do homem
dependia dos seguintes factores:

Carácter intencional do PEA

A simples imitação aos adultos


38 Lição 4

(por isso, era espontânea)


Colocação prévia de objectivos e
tarefas de ensino
A transmissão oral

Elaboração de conteúdos e métodos


A influência do meio
de ensino/educação
Os exercícios no próprio processo
Designação de homens especiais
de trabalho
(alunos e professores/educadores
com características próprias)

Estabelecimento da duração e de
locais especiais para a realização do
PEA

Estabelecimento do controlo
(avaliação) sobre o processo da sua
realização-

A educação é organizada, razão pela


qual toma o carácter de processo de
ensino-aprendizagem, o que
implica:
A educação/formação do homem
dependia dos seguintes factores:

Carácter intencional do PEA

A simples imitação aos adultos


Colocação prévia de objectivos e
(por isso, era espontânea)
tarefas de ensino

A transmissão oral
Elaboração de conteúdos e métodos
de ensino/educação
A influência do meio

Designação de homens especiais


Os exercícios no próprio processo
(alunos e professores/educadores
de trabalho
com características próprias)

Estabelecimento da duração e de
locais especiais para a realização do
PEA
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 39

Estabelecimento do controlo
(avaliação) sobre o processo da sua
realização-

Ora, como vê o aumento progressivo do património sócio-cultural e


técnico-científico já não mais permitia que «todos ensinassem à todos»,
razão pela qual concluímos que o PEA tem como sua origem a
contradição entre o património sócio-cultural e técnico científico da
sociedade cada vez mais crescente e as possibilidades limitadas do
homem de transmiti-lo directamente, usando exclusivamente o próprio
processo de vida e trabalho quotidianos.

Assim, a problemática fundamental da didáctica é a tentativa permanente


de resolver esta contradição, isto é «transformar o processo histórico de
desenvolvimento de experiências sociais, culturais e científicas em
processos individuais de educação, instrução e formação». Deste modo, o
aluno/educando individualmente recapitula à sua maneira o processo
histórico de assimilação das experiências da sociedade, o que pressupõe a
aprendizagem efectiva graças ao PEA

Analise cuidadosamente a sua experiência docente e diga em que medida


corresponde aos aspectos que caracterizam a educação surgida com a
divisão social do trabalho

Actividade 2

De facto, como deve ter se apercebido, na sua experiência docente, assim


como doutros professores da sua escola, a educação que se realiza
comporta um carácter intencional, daí que:

a A actividade docente é, com base nos planos curriculares, nos


manuais escolares (do professor e dos alunos) e doutros planos, o
professor planifica o ensino, como forma de educação dos alunos,
traduzindo-se em planos de unidades e de aulas e, por conseguinte,
esse processo educativo assume o carácter intencional.

b Na planificação em alusão no ponto anterior, o professor define


previamente os objectivos que deverão se traduzir em resultados de
40 Lição 4

aprendizagem graças à interacção professor-alunos em situação


concreta do PEA.

c Os conteúdos mediados no PEA são sistematizados


previamente e, em conjunto com os objectivos, meios,
características do professor e dos alunos, condicionam a escolha
das actividades (reflectidas nos métodos de ensino-aprendizagem)
mais adequadas à necessidade de garantia da assimilação activa
desses conteúdos nas suas potencialidades educativas e instrutivas.

d O professor e os alunos constituem os actores principais do PEA e,


em tanto que elementos especiais, apresentam características
próprias, não somente pela sua condição de professor e aluno, mas
também tendo em conta a formação, nível de escolaridade, idade,
sexo, situação social, etc. E todas estas particularidades merecem o
seu atendimento, devendo o ensino se ajustar a elas.

e O PEA realiza-se em locais e mediante duração especiais,


acordados como condição para a prossecução dos objectivos do
PEA, no interesse da facilitação da actividade do professor e dos
alunos.

Sumário

Desde que o homem vive em sociedade foi acumulando saberes sociais,


culturais, técnicos e cientificos que serviam de base a educação das novas
gerações, no sentido de asseguar a sua continuidade e genearalização ao
longo do tempo e das gerações. Trata-se de umprocesso que, no principio,
era realizado de forma espontanea e envolvendo à todos, graças a pouca
diferenciação dos agentes « educadores », dai a celebre ideia de que
« todos ensinavam a todos ».

Com o aumento desse patrimonio socio-cultural e técnico-cientifico, nem


todos são capazes de ensinar « tudo » e começa a haver diferenciação dos
homens, em parte, pelo tipo de saberes desenvolvido. Isso ocasiona a
especialização e jà nem todos podem ensinar tudo, ao mesmo tempo que
surgem individuos cuja função especifica é de educar « ensinar »,
fazendo com que o ensino seja uma actividade intencional ,
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 41

contrariamente ao momento em que « todos ensinavam tudo » onde a


educação tinha um caracter espontâneo.

Exercícios

Das afirmações seguintes assinale com V e F, conforme sejam


respectivamente verdadeiras ou falas:

a. Existe processo de ensino-aprendizagem desde a sociedade


Auto-avaliação 1
primitiva com a educação das novas gerações.

b. Tendo em conta a problematica fundamental da didactica, em


cada momento da aula os alunos devem sentir que estão a
progredir continuamente na sua aprendizagem

c. O carácter intencional do PEA obriga o professor a planificá-lo


cuidadosamente, incluindo, entre outros aspectos, os métodos a
usar, os meios, a avaliação a realizar antes, durante e ao fim do
PEA…..

d. Devido ao carácter intencional do PEA, o professor não se deve


autorizar a realizar e agir diante dos alunos fora do que está
planificado para essa aula
42 Lição 5

Lição 5

CARACTERÍSTICAS DO PEA

Introdução

Os aspectos referidos acima a quando da abordagem sobre a “Origem e


desenvolvimento histórico do PEA” nos permitem perceber as
particularidades do PEA que o distinguem doutas formas de organização
da educação, por isso, para podermos desenvolvê-los ainda mais, vamos a
seguir falar sobre as características do PEA.

Ao falarmos das características do PEA espera-se não somente menciona-


las, mas também explica-las com o propósito de cada um reflectir como
tê-las em conta na realização do PEA. O tema “características do PEA”
está subdividido em ....lições, sendo esta primeira naquela em que, por ser
a inicial, vamos poder mencionar todas as características do PEA e
discutirmos mais especificamente a primeira característica, ou seja, a de
“o PEA tem caracter social”.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Identificar as caras acteristicas do PEA

Objectivos  Ter as primeiras ideias sobre o significado de cada uma das


características do PEA

 Explicar porque se diz que o PEA tem carácter social

O processo de ensino-aprendizagem é uma actividade particular que se


distingue pelas suas características próprias. Assim, dentre outras
características, podemos dizer que o PEA apresenta as seguintes
características:

 Caracter social
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 43

 Carácter educativo

 O PEA desenvolve a personalidade

 O PEA é um processo dinâmico de desenvolvimento, isto é,


dialéctico

 O PEA tem carácter sistemático e planificado

 O PEA é regido por leis que se exprimem em regularidades

DIALÉCTICA

A dialéctica não é mais do que a ciência das leis gerais do


movimento e da evolução da natureza, da sociedade e do
Terminologia pensamento." (Engels). Prosseguindo, este autor sentencia o
seguinte : A grande ideia cardinal é que o mundo não pode
conceber-se como um conjunto de objectos terminados e
acabados, senão como um conjunto de processos, em que as
coisas que parecem estàveis passam por uma série de reflexos
mentais em nossas cabeças, os conceitos passam por uma série
ininterrupta de mudanças, por um processo de génese e
caducidade.

São seis (6) as características do PEA que acabámos de mencionar.


Agora, tente, sozinho ou em grupo explicar em que consiste o PEA em
Actividade 3 conformidade com cada uma destas características apontadas.

Você acabou de explicar as características do PEA. Por isso, debruçando-


se sobre cada das características, esperamos que tenha sido capaz de,
referindo-se ao Carácter Social do PEA, compreender que se atribui esta
característica ao PEA porque este processo:
44 Lição 5

 Apareceu/surgiu com o desenvolvimento/aumento constante do


património sócio-cultural e técnico-científico da sociedade;

 É a sociedade que o organiza, determinando os objectivos,


motivos, conteúdos, meios e métodos do PEA;

 É a sociedade que o organiza, determinando os objectivos,


motivos, conteúdos, meios e métodos do PEA;

 Os actores principais (professor e alunos) interagem como seres


sociais.

A partir desta característica, devemos enfatizar a ideia de que quando


falamos do PEA é muito importante reflectirmos sobre o sentido da
actividade docente, quer dizer:

 Os aspectos didácticos devem estar subordinados à definição de


propósitos educativos válidos (socialmente) para orientar nosso
trabalho;

 Os objectivos que nos propomos alcançar junto aos alunos são o


elemento fundamental em nosso trabalho lectivo e quando
realmente nos propomos ser educadores;

 Diferentes nações tem concepções diferentes das coisas e, sendo


assim, a ideia de educação não é a mesma e, consequentemente,
os propósitos de educação e do PEA também não são os mesmos,
havendo, inclusive, possibilidade de adaptações no interior da
mesma nação em função das características dos alunos
(sobretudo no que diz respeito ao nível de progresso e
dificuldades de aprendizagem), do contexto social e regional
onde se localiza a escola, etc.: o PEA é um processo
contextualizado cuja finalidade é conseguir a partir do nível de
partida dos alunos, chegar à uma verdadeira aprendizagem destes
com o apoio do trabalho didáctico do professor.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 45

Analisando a sua experiência docente e a dos seus colegas, diga quais são
os aspectos sociais inerentes a localização da sua escola tem sido
Actividade 4 valorizados ou condicionantes na realização do PEA

De certeza que chegou a conclusão de que os aspectos sociais que


condicionam o trabalho do professor na escola são vários, mas neste caso
esperamos que tenha conseguido analisar a questão no sentido de obter
respostas ou comentários sobre:

 Até que ponto os aspectos sociais condicionam a escola,


formulação e/ou reformulação dos objectivos de ensino?

 De que maneira os métodos de ensino que utiliza são


condicionados pela interacção entre professor e alunos?

 Como é que a disponibilidade e/ou ausência de meios de ensino


no contexto social e geográfico em que trabalha (ensina)
condiciona a qualidade e ritmo do PEA que orienta?

 Quais são os valores sócio-culturais que têm sido integrados no


trabalho educativo da sua escola para garantir maior relevância
do PEA?

 Será que na interacção entre professor-alunos e alunos-alunos,


esta tem sido feita como envolvendo actores sociais,
nomeadamente considerando aspectos tais como a cooperação, a
solidariedade, a compreensão, ajuda e respeito mútuos, etc.?

Sumário

O PEA surge como resultado do desenvolvimento da sociedade, alias,


uma constatação que estamos a fazer desde o ponto em que discutimos
sobre a origem e desenvolvimento histórico do PEA, ao concluirmos que
46 Lição 5

o desenvolvimento constante e progressivo do património socio-cultural e


técnico-científico é que terá estado na origem do PEA.

Também acabamos de ver que o caracter social do PEA se reflecte, por


conseguinte, nos objectivos, meios ....de ensino que são socialmente
determinado. E ao fazermos esta constatação, surge-nos a ideia de que o
PEA em toda sua planificação, realização e avaliação deve referir-se a um
contexto social preciso, reflectindo-se nele e agindo para transformai-lo e
desenvolver: esta é a razão social do PEA

Exercícios

Das afirmações que se seguem, identifique as que são falsas :

a. O trabalho educativo do professor deve ser feito com base em


valores culturais universais, mas também com referência aos
Auto-avaliação 2
valores locais para tornar esse trabalho educativo mais relevante
ao contexto social em que realiza essa acção educativa.

b. Quem ensina Quimica, Fisica e outras ciências naturais não tem


nenhuma possibilidade de que o conteudo do seu ensino reflicta
as questões locais da sociedade em que se encontra e, por
conseguinte, das caracteristicas sococulturais dos seus alunos;

c. Tendo um curriculo planificado centralmente para todo o pais,


resta ao professor fazer as adaptações locais em função das
caracteristicas socio-culturais dos seus alunos, sem perder a
essência e as exigências globais do curriculo ;
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 47

Lição 6

CARÁCTER EDUCATIVO DO PEA

Introdução

Na lição anterior acabamos (você e nós) de explicar o carácter social do


PEA. Agora falemos da característica seguinte: O PEA TEM
CARÁCTER EDUCATIVO.

A reclamação de que a escola, através dos professores e, particularmente,


do processo de ensino-aprendizagem deve não somente ensinar, mas
também educar atravessa fronteiras, atingindo todos os sistemas de
educação e, igualmente, se coloca desde a tempos atrás até aos nossos
dias: é uma questão actual e de todas as nações.

De facto, o professor competente ensina para formar e educar os seus


alunos e, sendo, assim ao completar esta lição, você será capaz de:

 Diferenciar instrução da educação


Objectivos
 Identificar os objectivos da educação e da instrução

 Explicar, com base em exemplos concretos, como na pratica o


professor pode conseguir a unidade entre educaçao e instrução.

Para mostrar o carácter educativo comecemos por rever os conceitos de


educação e de instrução
48 Lição 6

Actividade 5 Diga, por palavras suas, a diferença entre instrução e educação.

No âmbito do processo de formação do homem, os termos educação e


instrução são inseparáveis. De facto, a instrução é a
transmissão/mediação de conhecimentos, capacidades, habilidades;
podemos também defini-la como sendo o processo e o resultado da
assimilação de conhecimentos sistemáticos, assim como das acções e
procedimentos inerentes a eles. Por seu turno, a educação, pela sua
característica fundamental, é o desenvolvimento/formação de
comportamento, atitude e convicções; isto é, a formação de traços/sinais
da personalidade.

Assim, é impossível, no verdadeiro sentido, educar sem instruir e vice-


versa, daí que, como se reflecte na figura abaixo, a educação e a instrução
estão intrinsecamente unidos e se relacionam dialecticamente no PEA,
apesar de que o alcance dos objectivos da educação é resultado mais que
o ensino, é resultado de todo o conjunto de influências que actuam sobre
o aluno/educando.

Objectivos do PEA

Instrução
Educação

Saber Saber-estar
Saber-fazer Saber-ser

 Conhecimentos  Maneiras de
 Capacidades  Atitudes comportame
 Reconhecimentos nto
 Habilidades  Convicções
 Hábitos
Fig: Os objectivos do PEA
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 49

Através da figura acima vemos que a instrução tem como enfoque


principal o objectivo de desenvolver nos alunos o saber e o saber fazer,
enquanto que quando falamos da educação se tem em vista o
desenvolvimento do saber ser e estar. Mas como vemos na figura, ao
realizarmos a educação, ao mesmo tempo se instrui (quem poderia ser
bem educado diante de pessoas idosas se não pudesse lembrar, enunciar,
as regras principais de comportamento que se espera desse indivíduo
diante dessa situação?); o mesmo vemos que ao instruir (ex.: para
condução de uma viatura) o indivíduo deve ser educado para o respeito
das normas (neste caso, de trânsito rodoviário), sem as quais a condução
automobilística se transformaria num autentico problema para a
circulação e bem estar das pessoas.

Reconhecendo a relação dialéctica entre educação e instrução, explique


como, na prática, um professor pode conseguir realizar a unidade entre
Actividade 6 educação e instrução no PEA.

Se discutiu a questão acima, sozinho ou em grupo, deve ter chegado a


conclusão de que, de facto, é preciso unir a educação e a instrução, ou
seja, instruir e educar simultaneamente no PEA; mas apesar disso,
levanta-se a questão de saber somo fazer isso. Para o seu esclarecimento,
eis, por exemplo, algumas formas práticas para assegurar a unidade entre
instrução e educação no PEA:

Aproveitamento das potencialidades educativas do conteúdo a ser


mediado: todo conteúdo de ensino tem, em maior ou menor grau,
potencialidades educativas. Ex.: Com a história da luta de libertação
nacional em Moçambique, pode-se educar para o patriotismo, a unidade
Exemplo nacional, etc.

A personalidade do professor: existe uma tendência natural de as pessoas


crescerem, desenvolverem atitudes e convicções tomando os outros como
modelo/exemplo, sobretudo àqueles com que têm respeito e admiração.
Por isso, principalmente na escola primária, os alunos/educandos podem
se educar pelo exemplo do professor;
50 Lição 6

Ordenamento e aproveitamento das relações entre o professor/educador


e o(s) alunos/educandos, entre os alunos/educandos . Na escola as
relações entre os actores (professores e alunos) podem constituir em si
mesmas relações com carácter moral : ex. : respeito mútuo, solidariedade,
cooperação, etc. Quer dizer, promovendo determinado tipo de relações
com carácter educativo, estaremos a desenvolver no aluno/educando não
só determinado tipo de relações, mas também o exercício no
procedimento correcto ; por isso , pelas relações na escola, é possível,
desenvolver nos alunos o que é bom/admissível e o que é mau/interdito
sob o ponto de vista moral, cívico, ambiental, de higiene corporal, etc. ;

Definição dos objectivos : para cada plano de aula o professor define uma
série de objectivos, sendo por isso que deve ter o cuidado de incluir nele
objectivos instrucionais (i.e., da área de saber e saber-fazer), assim como
educacionais (da área do saber-ser e saber-estar).

Sumário

O professor ao ensinar seus alunos desenvolve neles atitudes, convicções,


hábitos, para além de leva-los a assimilação de conhecimentos e
desenvolvimento de capacidades e habilidades. Este é o propósito
educativo e instrutivo do PEA, o que faz com que tenhamos como
recomendação fundamental que o professor, de qualquer disciplina e com
base em qualquer que seja o conteúdo, deve assumir como sua obrigação
profissional educar aos alunos, não se limitando apenas a mediação de
conteúdos para serem assimilados simplesmente como conhecimentos.

Para o efeito, o professor deverá fazer recurso das potencialidades


educativas do conteúdo e, na base deste, ao planificar as suas aulas
incorporar objectivos educativos (do saber ser e estar, ou seja, do domínio
afectivo) e instrutivos (do saber e saber fazer, isto é, respectivamente dos
domínios cognitivo e psicomotor).
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 51

Exercícios

Indique, dentre as opções seguintes, aquelas que recomendaria a um


professor como estratégia pedagogica:

a. Ensinar aos alunos um conjunto de conhecimentos para que estes


Auto-avaliação 3
possam estar habilitados de resolver as questões do exame,
mesmo que isso ponha em causa a preocupação de educar
convenientemente os alunos

b. Considerar a educação inseparavel da instrução

c. Aproveitar-se de todas as potencialidades e condições para


educar os alunos, conforme as boas praticas sociais e exigências
de desenvolvimento da personalidade de cada um dos alunos

d. Não agir nem dizer coisa alguma que ponha em causa a educação
das crianças

e. Preocupar-se com a educação dos alunos, mesmo que isso não


signifique para o professor apresentar-se como sendo unico
modelo em termos do saber ser e estar para os alunos

f. Quando se trata de Matemática, Quimica e muitas outras


disciplinas, o acento deve ser posto na instrução dos alunos , para
que o educar fique a responsabilidade de disciplinas como
« educação moral e civica, educação patriotica e/ou politica…. »

.
52 Lição 7

Lição 7

O PEA DESENVOLVE A
PERSONALIDADE E TEM
CARÁCTER DIALÉCTICO

Introdução

Bravo para você, cursante deste modulo, que conseguiu identificar vários
aspectos da sua experiência docente e/ou como aluno/formado que tem a
ver com o carácter social e educativo do PEA que se realiza junto dos
alunos. E se de facto se passa desta maneira, também não lhe espanta se
dissermos que, na procura doutros aspectos que se afiguram melhor
enquadrá-los noutras características do PEA, a conclusão que se chega é
que o PEA desenvolve a personalidade e é um processo dinâmico de
desenvolvimento, isto é, dialéctico.

Por esta razão, vamos nos debruçar sobre estas duas características do
PEA, esperando que ao completar esta lição, você será capaz de:

 Redifinir o conceito de”personalidade”.


Objectivos
 Relacionar a actividade escolar e o desenvolvimento da personalidade
do aluno

 Explicar, com base em exemplos, como a contradição é força motriz


do desenvolvimento da personalidade dos alunos

 Evitar que a contradição entre as tarefas que propõe e as


possibilidades cognitivas dos alunos resulta de tal natureza que apesar
de recorrer a todo o potencial cognitivo os alunos não são capazes de
resolver a contradição

 Justifificar de que maneira « o PEA desenvolve a personalidade » e


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 53

« tem carácter dialéctico ».

1. Porque dissemos que o PEA desenvolve a personalidade?

Actividade 7 2. Explique o carácter dialéctico do PEA.

Estamos em crer que, tal como acontece connosco, chegou a idêntica


conclusão de que o PEA desenvolve a personalidade; e afirmamos isso
com toda convicção.

E qual é a explicação para tanta afirmação categórica de que o PEA


desenvolve a personalidade? Cremos que é fácil percebermos que quando
falamos de personalidade, trata-se de um termo com múltiplas definições,
podendo serem retidas as seguintes:

 Pessoa com as suas capacidades e propriedades intelectuais,


produtivas, políticas, estéticas e emocionais determinadas pela
sociedade (onde se incluem todas as instituições), mas com a
participação do seu cunho individual, sendo por isso única;

 Uma determinada pessoa que se distingue na sociedade pelas


suas qualidades e traços.

Premissas :
 A personalidade desenvolve-se na actividade e nas relações ;

 A actividade principal durante a infância e a juventude é a


actividade escolar, isto é, a participação no PEA.

LOGO, no período escolar a personalidade desenvolve-se principalmente


no PEA; o PEA é de grande importância para a maneira como a
personalidade vai-se desenvolver, para as facetas da personalidade que
são desenvolvidas e para a direcção em que ela se desenvolve através da
actividade de aprendizagem.
54 Lição 7

Por exemplo: Através da matemática os alunos desenvolvem habilidades


de contar, calcular e resolver problemas matemáticos da sua vida
quotidiana (ex.: fazer trocos, dividir porções de múltiplas coisas entre
amigos...); e, de tal maneira, vemos que cada disciplina desenvolve no
aluno uma série de saber, saber fazer e saber ser /estar. E indo ao fundo
Exemplo da questão, e por esta mesma lógica, compreende-se porque, em certa
medida, alunos tendo professores, currículos, ambientes escolares e
educativos diferentes, acabam tendo traços e qualidades da personalidade
marcados pelas circunstâncias em que estão/estiveram.

Por outro lado, a afirmação segundo a qual o PEA é um processo


dinâmico de desenvolvimento , isto é , dialéctico, se justifica se
atendermos ao facto de que o PEA tem como força propulsora
contradições, por exemplo, ao nível do aluno. Porque quando falamos de
dialéctica referimo-nos a teoria das leis do movimento e desenvolvimento
da natureza, da sociedade e da consciência que tem como ponto de
partida o facto de que todos os fenómenos estão relacionados e
interdependentes. E isto ocorre não sem contradição. Neste caso,
contradição não é uma coisa negativa, destrutiva, consequência de falha e
de erros como se pensa na linguagem do dia-a-dia. ; a contradição é a
força motriz do desenvolvimento da natureza, da sociedade e da
consciência.

Assim, também no PEA ocorrem contradições a nível dos alunos, como


por exemplo:

 Entre os conhecimentos adquiridos pelos alunos e os novos a


adquirir;

Exemplo  Entre o nível do conteúdo do ensino e as possibilidades reais dos


alunos para a sua assimilação;

 Entre os conhecimentos teóricos e a capacidade de aplica-los na


prática;
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 55

 Entre os conhecimentos e os comportamentos correspondentes


manifestos ou a manifestar ;

 Entre a vontade e a capacidade ; etc.

Entretanto, as contradições que se apresentam no PEA constituem força


motriz quando estas têm sentido para os alunos e se fazem conscientes da
necessidade de solucionar a tarefa.

Por exemplo, se a contradição entre a tarefa proposta e as possibilidades


cognitivas dos alunos resulta de tal natureza que apesar de recorrer a todo
o potencial cognitivo os alunos não estão em condição de resolver as
tarefas, tal contradição ao invés de constituir força motriz do PEA,
converte-se num entrave para a actividade intelectual do aluno. Ao
Exemplo
contrário, o estudante/aluno terá possibilidades de assimilar a contradição
e de encontrar o método de solução. Isto quer dizer que na colocação de
contradições no PEA, deve haver uma correcta proporção entre os dois
lados da contradição.

Sumário

A vida social sempre originou a necessidade de educação aos membros


desta mesma sociedade, tal como vimos anteriormente. Também vimos
que devido ao crescimento aumento do patrimonio socio cultural e
técnico-cientifico da humanidade surgem pessoas e lugares
especificamemente designados para a educação no sentido formal e
intencional, o que originou o PEA.

O propósito do PEA é desenvolver nos alunos o saber, saber fazer e saber


ser e estar, que constituem a base/conteudo da formação da
personalidade. Quer dizer, o PEA desenvolve a personalidade graças a
actividade escolar a que os alunos são envolvidos durante a sua carreira
estudantil.

Entretanto, nesse processo a aprendizagem ocorre não sem contradição ;


alias, ascontradições são a força motriz de desenvlvimento, devendo por
56 Lição 7

isso serem colocadas, através das tarefas escolares, em niveis de


exigência que se adequam às particularidades individuais dos alunos: nem
muito abaixo para que não estimulem a actividade do aluno, nem muito
acima para que nao constituam um factor de bloqueio cognitivo,
psicomotor e afectivo.

Exercícios

Diga se as afirmações que se seguem são verdadeiras ou falsas :

a. O PEA desenvolve a personalidade, portanto, nada mais resta aos


pais como trabalho educativo com os seus filhos
Auto-avaliação 4
b. O desenvolvimento da personalidade pelo PEA depende
sobretudo da qualidade e quantidade de actividades à que o aluno
é submetido

c. Nem todas as contradições e, por conseguinte, as tarefas que se


possam colocar aos alunos são força motriz para o
desenvolvimento destes

d. Primeiro, compreender o nivel cognitvo, psicomotor e afectivo


dos alunos e, depois, colocar em função disso actividades/tarefas
apropriadas para o seu desenvolvimento
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 57

Lição 8

CARÁCTER SISTEMÁTICO E
PLANIFICADO DO PEA E AS
SUAS REGULARIDADES

Introdução

Em nossas escolas, tanto no ensino primário, secundário geral e técnico


profissionais, o ensino deve ser minuciosamente planificado. Isso começa
desde o nivel central que planifica os curricula e outros materiais de
apoio para o trabalho do professor na escola e na sala de aulas e, este,
por sua vez realiza a sua actividade devendo obedecer algumas
regularidades que, por assim dizer, se transformam em leis devido ao seu
caracter de “obrigatoriedade” profissional que se coloca à todos
professores desejosos de alcançar a qualidade do ensino.

Para o efeito, nesta lição discutimos as duas ultimas caracteristicas do


PEA do conjunto daquelas que mencionamos anteriormente; trata-se das
seguintes características:

 Carácter sistemático e planificado do PEA

 PEA é regido por leis que se exprimem em regularidades

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Identificar os aspectos que fazem o PEA ser uma actividade


sistematica e planificada
Objectivos
 Ter necessidade de planificar continua e sistematicamente as
suas aulas

 Aplicar as chamadas relações didácticas legítimas (que são reiteradas,


essenciais, estáveis e internas) existentes nas ciências pedagogicas.
58 Lição 8

1. Em que consiste o carácter sistemático e planificado do PEA?

Actividade 8 2. Dê exemplos de regularidades essenciais do PEA que levam a


concluir que o PEA é regido por leis

Muito bem! Você disse que sempre que pretende ensinar, planifica as
suas aulas, não se guia pura e exclusivamente pela improvisação, e isso é
feito de forma sistemática, não somente porque é contínuo, mas também
olhando a sua aula como “parte de um todo”, trabalho pedagógico que se
desenvolve ou está sendo desenvolvido (pelo ministério da educação,
pela escola, ....) no âmbito dos esforços para conseguir que os alunos
aprendam.

Em seguida, quando falamos do carácter sistemático e planificado do


PEA isto significa que este processo:

 Tem objectivos

 Tem programas com conteúdos estruturados

 Decorre num ano lectivo estruturado (com horários e outras


actividades planificadas)

 Os alunos estão distribuídos por classes na base de um critério


especificado (ex: critério idade, talento no caso de sistemas de
ensino diferenciado, etc).

 As actividades a realizar na sala de aula são previstas com


antecedência, em função das caracteristicas dos alunos e do
professor, da mateira a ensinar, dos objectivos, dos
meios/condições materiais e humanos existentes, etc.

Finalmente, ao dissermos que o PEA é regido por leis que se


exprimem em regularidades, primeiro, assumimos que a lei expressa as
relações gerais, necessárias, essenciais, reiteradas e relativamente
constantes do mundo real. Assim, nas ciências pedagógicas existem as
chamadas relações didácticas legítimas (que são reiteradas, essenciais,
estáveis e internas).
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 59

Por exemplo, Klingberg destaca a existência das relações didácticas


legítimas:

 Relação entre objectivo-conteúdo-método-meios no PEA;

 Relação entre educação e instrução;


Exemplo
 Relação entre teoria e prática;

 Relação entre condução didáctica e autoactividade;

 Relação entre ensino e aprendizagem;

 Relação entre homogeneidade e diferenciação;

 Relação entre processos de conhecimento e de exercitação;

 Relação entre processos de continuidade e de consolidação;

Por sua vez Babanskii reconhece a existência das seguintes leis :

 Lei da condicionalidade social do PEA;

 Lei da unidade entre o ensino e aprendizagem no PEA;

 Lei da unidade ensino e desenvolvimento da personalidade;

 Lei da unidade entre planificação, a orientação e a avaliação;dos


alunos em um ciclo do PEA.

Concerteza, você deve ter dito para consigo mesmo: “essas leis dizem, na
sua essência, respeito às caracteristicas do PEA que anteriormente
acabamos de ver”. Sim, estamos também de acordo consigo, por isso ao
caracterizarmos o PEA queremos não apenas termos o conhecimento e
podermos explicara o sentido de cada uma delas, mas sim assumirmos
que estamos a dizer para connosco mesmo, como profissionais de
educação, que é preciso assegurar que o PEA que realizamos não
simplesmente se pareça com as caracteristicas deste, mas assim seja com
a integralidade das caracteristicas essenciais que ditam a particularidade
da actividade de ensinar e fazer aprender os alunos.
60 Lição 8

Sumário

O ensino é uma actividade intencional, jà o dissemos e temos que dizê-lo


sempre. Por isso a sua realização pressupõe uma planifcação antempada,
evitando-se que ocorra pura e simplesmente sob os designios da
improvisação. Neste sentido o professor conta com uma variada e
difersificada documentação de apoio a começar dos programas e manuais
do professor e dos alunos, passando pelo resto da bibliografia que posa
existir a tratar sobre os aspectos da aula em causa ; de igual modo, as
caracteristicas pessoais, dos seus alunos e da escola em que se encontra
devem ser tidos em conta, visto que, como veremos mais adiante ultima
unidade deste modulo, o plano de aula deve estar adequado à realidade.

Durante esta planificação e, inclusive, na realização do PEA o professor


deve esforçar cumprir com as restantes caracteristicas do PEA, fazendo
destas exigências para o seu trabalho e regularidades obrigatorias a
preencher na avaliação de todo o processo de ensino de ensino-
aprendizagem.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 61

Exercícios

Estando presente numa conversa entre dois professores da mesma


escola, na qual um deles sugere ao outro as recomendações abaixo,
retire as que considera inadequadas :
Auto-avaliação 5
a. Aula dada, aula planificada

b. Planificar em função dos alunos, isso seria possivel se não se


exigesse o cumprimento do programa

c. O livro do professor e dos alunos são os unicos instrumentos para


planificar a aula

d. No ensino existem relações didacticas que devem ser cumpridas


com regulaidade, devendo assumir o caracter de lei
62 Lição 9

Lição 9

RELAÇÃO DIALÉCTICA
FUNDAMENTAL DO PEA

Introdução

O professor ao planificar suas aulas, apresenta-se-lhe um dilema de ter


que cumprir o programa, de progredir ao mesmo passo que os seus
colegas, professores doutras turmas, de modo a que seus alunos não
sejam surprendidos com perguntas de avaliação geral que o professor
ainda não teve a oportunidade de os abordar; e isso pesa igualmente na
avaliação do professor pelos seus superiores: o atraso no cumprimento do
programa pode ser interpretado como inercia e mau desempenho
pedaggico do professor. Quer dizer, o professor tem, diante de si, o
programa (conteudo), objectivos, meios, métodos.....de ensino, para além
do aluno. Como deve relacionar-se com estes elementos todos (aluno,
conteudos, objectivos, meios e métodos)? Com qual deles se deve operar
a relação fundamental.

No PEA a relação dialéctica fundamental é a relação entre ensino


(ensinar) e aprendizagem (aprender). Posto isto, a questão que se levanta
sempre é saber se o professor deve agir predominantemente em função do
que ele sabe, dos seus objectivos... ou em função dos alunos, mesmo
reconhecendo que esta ultima posição não nega a anterior.

Fique, então com espirito aberto para discutir esta questão nesta aula, ao
fim da qual, você será capaz de:

 Explicar porque o ensino deve ser realizado em função do aluno

 Descrever as tarefas do professor e do aluno na relação dialéctica entre


Objectivos
eles
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 63

 Identificar as razões que podem ocasionar a desproporção entre o


ensinado e o aprendido pelos alunos numa aula

 Realizar um ensino em que se atinjam as contradições de :

 O docente de levar os discentes a já não precisar dele , quer dizer,


à independência ;

 O discente a querer agir por sí próprio, quer dizer,


independentemente, mas a depender da ajuda do docente.

1. Tente imaginar as suas aulas, a sua experiência como aluno


ou professor e, na base disso, a que conclusão chega: é ou
Actividade 8 não o aluno o elemento principal na relação entre professor
e aluno? Porquê?

Concordamos plenamente consigo ao concluir que o professor existe em


função dos alunos porque este tende a garantir a continuidade e
desenvolvimento da geração futura, tendo em conta as particularidades
dos alunos, pois a aprendizagem é algo intrínseco, que se passa no
interior do individuo, levando em conta suas capacidades, suas aptidões,
seu desenvolvimento neuropsiquíco e, ainda, seus interesses, motivações
e suas necessidades. Por isto mesmo, de nada serve ao professor
desenvolver aulas interessantes e bem planificadas se elas não atenderem
ao “estado” do aluno. E não havendo aprendizagem, não houve ensino,
por maiores e melhores sejam ou tenham sido os esforços do professor.

Deste modo, no PEA aluno e professor são necessários, mas o professor


só existe em função dos alunos, daí que o aluno seja o mais importante no
PEA. Vejamos então algumas das actividades do professor e do aluno no
âmbito da relação dialéctica entre eles.
64 Lição 9

Aprender
Ensinar
Conduzir a

Conduzir
Mediar
Orientar

O professor se O professor intervém O professor propõe Assimilar,


intromete entre de forma discreta, sem uma determinada desenvolver
os objectivos, bloquear as direcção às qualidades de
fins visados e experiências e as actividades dos alunos aprendizagem :
o aluno aptidões da criança ; para responder as
necessidades, Receptiva
O professor abre motivações,
possibilidades de o capacidades, aptidões, Reprodutiva
aluno dirigir (ele isto é, tendo em conta
próprio) o seu o nível actual de Produtiva
pensamento, isto é, conhecimento
(=estado actual) para Criadora
definição de tarefas
chegar ao nível
que o aluno deve próximo, envolvendo- Aprender a
fazer. o na elaboração dos aprender=aprender
novos conhecimentos. comme aprender

• Personalidade formada, que adquiriu/assimilou Personalidade em formação:


a cultura da sociedade e possui conhecimentos
suficientes, habilidades, hábitos, atitudes e • Busca uma nova determinação
convicções ; • Busca assimilar/adquirir novos
• Dá direcção ao PEA; medeia entre a cultura conhecimentos, habilidades,
elaborada e o aluno; auxilia a aluno na hábitos, atitudes e convicções.
elevação cultural.

Fig. Relação entre ensinar e aprender


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 65

Entretanto, nota-se que de tudo quanto se ensina, apenas uma parte


é verdadeiramente aprendida (veja figura abaixo) :

ENSINADO

APRENDIDO

Vendo a figura acima, ficamos com a ideia de que muitas vezes o ensino
é tão pouco eficiente em termos de esforço docente/aproveitamento
discente. Por isso, na sua opinião, quais são as razões que explicam tal
facto?
Actividade 9

Sim, fazendo uma auto-análise da nossa própria experiência docente e,


sobretudo, observando os nossos colegas, seus alunos e, inclusive, os
nossos próprios alunos podemos concluir que as razões para este facto
podem dever-se aos factores que intervém no PEA, nomeadamente :

No aluno No Conteúdo No professor

 Motivações  Estrutura :  Situação estimuladora


componentes e ambiental
 Conhecimentos relações
prévios (pré-  Comunicação verbal das
requisitos)  Tipos de instruções
aprendizagem
 Relação com o requeridas  Informação ao aluno
professor sobre os seus progressos
 Ordem de
 Atitude com a apresentação.  Relação com o aluno
disciplina.
 Atitude com a matéria
ensinada.

Fig. Alguns factores que intervêm no PEA


66 Lição 9

As três figuras indicadas anteriormente nesta unidade procuram-nos


mostrar a relação dialéctica, isto é, de dependência reciproca entre
ensinar e aprender, entre o professor e o aluno. Por isso, com base nelas
e de tudo que dissemos, conclui-se que:

1. Existe uma relação intrínseca entre ensinar e aprender ; não há ensino


se não haver aprendizagem; o ensino existe para motivar a
aprendizagem, orienta-la, dirigi-la; ele é o factor de estimulação
intelectual. Assim, para haver ensino e aprendizagem é preciso :

 Uma comunhão de propósitos e identificação de objectivos entre


o professor e o aluno ;

 Um constante equilíbrio entre o aluno, a matéria , os objectivos


do ensino e as técnicas/métodos de ensino.

2. Na relação entre ensino (ensinar) e aprendizagem (aprender),


registam-se as seguintes contradições :

 O docente de levar os discentes a já não precisar dele , quer dizer,


à independência ;

 O discente a querer agir por si próprio, quer dizer,


independentemente, mas a depender da ajuda do docente.

Sumário

Mesmo o professor planifique e realize “correctamente” as suas aulas, se


não houver aprendizagem, então dissemos que não houve ensino. Esta
afirmação nos sugere que qualquer preparação de uma aula, assim como a
sua realização deve ser feita tomando em conta a realidade do aluno: seus
interesses, motivações, progressos, dificuldades....levando-o a ter uma
atitude positiva para com o professor e a disciplina em causa, como
condição para conseguir-se a activação do aluno para a realização das
actividades principais que determinarão o progresso deste aluno na sua
aprendizagem.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 67

O que estamos a dizer é que, por exemplo, se o professor nota que os seus
alunos precisam de muito mais tempo para exercitar um conceito ou uma
operação, talvez seja melhor fazer desta maneira em vez de continuar
com a matéria com vista ao simples cumprimento da matéria, mas ao
mesmo tempo poderá ser que, em certa matéria, não haja necessidade de
gastar todo o tempo previsto no programa para os alunos aprenderem-na
devido a nível baixo de complexidade em função do aluno “real” que está
diante do professor: é uma questão de ponderação, colocando sempre o
aluno no centro do processo, como critério fundamental para decidir
sobre as actividades a realizar, o tempo a acordar, as estratégias a adoptar,
a avaliação a realizar, etc.; mas sempre com o propósito final de que
todos e cada um dos alunos atinja o seu nível mais elevado de
aprendizagem em conformidade com as suas potencialidades cognitivas,
afectivas e psicomotoras.

1. A relação professor-aluno, como dissemos, é a relação


dialéctica fundamental no PEA. Por isso, leia os textos que se
seguem e comente para si mesmo e/ou diante dos seus colegas
as seguintes afirmações:
Actividade 10

a. O professor é um «ser formado» e o aluno «imaturo», por


isso o primeiro já não precisa mais de aprender e o segundo
nada tem a ensinar ao professor

b. Na relação professor-aluno, assume grande importância o


dialogo e a afectividade.

Texto 1

No dicionário, o aluno vem antes do professor. Na vida, em geral, vemos


o professor ter mais importância do que o aluno. Alguns educadores se
queixam de que actualmente só se fala dos direitos das crianças e
adolescentes, esquecendo-se os direitos dos professores- Outros lembram
que os alunos também têm deveres, e que os direitos dos professores são
como os de qualquer outra categoria profissional que deseja e merece ser
valorizada, e portanto devem ser reivindicados junto à Justiça de
Trabalho, e não nos «confrontos» em sala de aula.
68 Lição 9

Pensando um pouco mais filosoficamente, o professor e aluno são dois


lados da mesma moeda: o conhecimento.

Devemos primeiro buscar entender o que é «aluno» e o que é


«professor». Se partimos da premissa de que para ensinar alguma coisa,
antes é preciso aprender, então o aluno está no inicio de tudo. Nascemos
alunos, crescemos alunos, morremos alunos. Para os que crêem, Adão foi
o primeiro aluno, Eva a segunda, e a serpente a primeira professora (será
que vem daí a tradição de se dar maçãs aos mestres?!?). O mesmo Adão
pode ser considerado o primeiro professor de Deus, ao ensiná-lo que
aquela perfeição toda que Ele planeava não seria nada fácil de alcançar.
Se até Deus é aluno de sua criação, a pergunta está respondida?

Não podemos nos limitar a cosmogonias teológicas, se queremos


expandir os significados da pergunta. Justamente por não ter "gabarito" é
que é bom respondê-la de vários ângulos. Vejam só: descontando-se a
teologia, a dedução natural nos leva, inexplicavelmente, ao aluno como
início de tudo. Mas o pensamento circular oriental nos ensina que todo
início é também fim, e que todo aprendizado é também ensinamento. Se o
"aluno-essencial" aprende, alguém ou alguma coisa o ensina.
Considerando que a Vida pode ser personificada, com o nome que for
(Natureza, Existência, Experiência, Interacção com o Meio), esta sim, é a
primeira Mestra de todos nós. A Vida nasceu primeiro, portanto o
Professor nasceu primeiro. Mas se esta abstracção não for aceita, e
considerarmos que "só valem", como alunos e professores, os seres
humanos, então somos mesmo alunos. E professores. Se a Vida nos
ensina tudo, e quem vivemos somos nós, então somos nós nossos
próprios professores.
Pode-se também argumentar que "ser aluno" é um estado permanente,
que não depende da presença do "professor".

E «ser professor» é um estado nobre dos que dividem seus achados,


dispensando a contínua reinvenção da roda. Sejamos, portanto, alunos e
professores. É nascer e aprender consigo mesmo: nossos instrumentos de
aprendizado estão a postos- visão, tacto, paladar, olfacto, de cara temos
uma série de disciplinas para o curso intensivo que é viver. Mesmo sem
saber, o primeiro Aluno carrega consigo o primeiro professor.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 69

Eternamente seremos aprendizes, independentemente das titulações


adquiridas. Ser professor, ser aluno, é uma atitude de vida. Se o professor
mantiver ao longo da vida essa chama acesa do saber na sua alma, não
para se vangloriar dos seus feitos, mas compartilhar, para interagir com o
mundo, sendo aquele que duvida, que aceita o erro, a dúvida, e busca
sempre, ele será eternamente aluno e não alguém que se fossilizou, nas
suas «certezas». A curiosidade do aluno é o lugar do germinar do
conhecimento. O professor alimenta o seu eterno aluno interior, quando é
capaz de valorizar esse saber que brota no caos da ignorância de todos
nós, por admitir que na sua alma coexistem o saber e a dúvida. O
professor está sempre em busca.

Há quem pense que existe uma relação de dependência entre as duas


partes: professor sem aluno não é professor, aluno sem professor não é
aluno.

Texto 2

As relações humanas, embora complexas, são peças fundamentais na


realização comportamental e profissional de um indivíduo. Desta forma, a
análise dos relacionamentos entre professor/aluno envolve interesses e
intenções, sendo esta interacção o expoente das consequências, pois a
educação é uma das fontes mais importantes do desenvolvimento
comportamental e agregação de valores nos membros da espécie humana.
Neste sentido, a interacção estabelecida caracteriza-se pela selecção de
conteúdos, organização, sistematização didáctica para facilitar o
aprendizado dos alunos e exposição onde o professor demonstrará seus
conteúdos. No entanto este paradigma deve ser quebrado, é preciso não
limitar este estudo em relação comportamento do professor com
resultados do aluno; devendo introduzir os processos construtivos como
mediadores para superar as limitações do paradigma processo-produto.
Segundo GADOTTI (1999: 2), o educador para pôr em prática o diálogo,
não deve colocar-se na posição de detentor do saber, deve antes, colocar-
se na posição de quem não sabe tudo, reconhecendo que mesmo um
analfabeto é portador do conhecimento mais importante: o da vida. Desta
maneira, o aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente
competente pelas atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O
70 Lição 9

prazer pelo aprender não é uma actividade que surge espontaneamente


nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprem com satisfação, sendo
em alguns casos encarada como obrigação.

Para que isto possa ser melhor cultivado, o professor deve despertar a
curiosidade dos alunos, acompanhando suas acções no desenvolver das
actividades. O professor não deve preocupar-se somente com o
conhecimento através da absorção de informações, mas também pelo
processo de construção da cidadania do aluno. Apesar de tal, para que
isto ocorra, é necessária a consciencialização do professor de que seu
papel é de facilitador de aprendizagem, aberto às novas experiências,
procurando compreender, numa relação empática, também os sentimentos
e os problemas de seus alunos e tentar levá-los à auto-realização.

De modo concreto, não podemos pensar que a construção do


conhecimento é entendida como individual. O conhecimento é produto da
actividade e do conhecimento humano marcado social e culturalmente. O
papel do professor consiste em agir como intermediário entre os
conteúdos da aprendizagem e a actividade construtiva para assimilação.
O trabalho do professor em sala de aula, seu relacionamento com os
alunos é expresso pela relação que ele tem com a sociedade e com
cultura. ABREU & MASETTO (1990: 115), afirma que “é o modo de
agir do professor em sala de aula, mais do que suas características de
personalidade que colabora para uma adequada aprendizagem dos alunos;
fundamenta-se numa determinada concepção do papel do professor, que
por sua vez reflecte valores e padrões da sociedade”. Segundo FREIRE
(1996: 96), “o bom professor é o que consegue, enquanto fala, trazer o
aluno até a intimidade do movimento do seu pensamento. Sua aula é
assim um desafio e não uma cantiga de ninar. Seus alunos cansam, não
dormem. Cansam porque acompanham as idas e vindas de seu
pensamento, surpreendem suas pausas, suas dúvidas, suas incertezas”.
Ainda segundo o autor, “o professor autoritário, o professor licencioso, o
professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o
professor amoroso da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre
com raiva do mundo e das pessoas, frio, burocrático, racionalista,
nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca”. Apesar da
importância da existência de afectividade, confiança, empatia e respeito
entre professores e alunos para que se desenvolva a leitura, a escrita, a
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 71

reflexão, a aprendizagem e a pesquisa autónoma; por outro, SIQUEIRA


(2005: 01), afirma que os educadores não podem permitir que tais
sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de professor.
Assim, situações diferenciadas adoptadas com um determinado aluno
(como melhorar a nota deste, para que ele não fique de recuperação),
apenas norteadas pelo factor amizade ou empatia, não deveriam fazer
parte das atitudes de um “formador de opiniões”. Logo, a relação entre
professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima estabelecido pelo
professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de
ouvir, reflectir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação
das pontes entre o seu conhecimento e o deles. Indica também, que o
professor, educador da era industrial deve buscar educar para as
mudanças, para a autonomia, para a liberdade possível numa abordagem
global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a formação de um
cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.
72 Lição 9

Exercícios

Aos seus colegas, aos professores das nossas escolas, você recomendaria
ou não o seguinte :

a. Cumprir linearmente o programa , antes que seja sancionado pela


Auto-avaliação 6
administração da escola

b. Parar, progredir, repetir a materia tendo em conta as dificuldades


e progressos dos alunos na aprendizagem

c. Agir sobretudo como facilitador da aprendizagem e não como


simples transmissor de conteudos de aprendizagem

d. Cultivar-se menos, desde que se preocupe mais em cultivar os


alunos

e. Considerar os alunos como sujeitos da sua aprendizagem,


portadores de sentimentos e emoções

f. Desenvolver, na aula, um clima afectuoso que favoreça ao aluno


a aceitaçao do professor e do que ele ensina

Respostas aos exercícios de auto-avaliação

1. Casos de afirmações verdadeiras e falsas

Ordem Afirmações Afirmações falsas


verdadeiras

Auto-avaliação 1 b) e c) a) e d)

Auto-avaliação 2 b)

Auto-avaliação 4 b), c) e d) a)
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 73

2. Opções que iria recomendar a um professor como estratégia


pedagógica (Auto-avaliação 3): b), c), d) e e)

3. Considerações inadequadas (Auto-avaliação 5): b) e c)

4. O que recomendaria e o que não recomendaria (Auto-avaliação 6):

• O que recomendaria: b), c), e) e f)

• O que não recomendaria: a) e d)


74 Unidade 3

Unidade 3

ESTRUTURA E DINAMICA DO
PROCESSO DE ENSINO E
APRENDIZAGEM

Introdução

A educação especialmente organizada realiza-se, nas escola, sobretudo


através das aulas que em si, constituem um conjunto de meios e
condições pelos quais o professor dirige e estimula o processo de ensino
em função da actividade própria do aluno no processo de aprendizagem
escolar, ou seja, a assimilaça consciente e activa dos conteúdos. Por
outras palavras, o processo de ensino, através das aulas, possibilita o
encontro entre os alunos e a matéria de ensino, preparada didacticamente
no plano de ensino e nos planos de aula. A realização de uma aula ou
conjunto de aulas requer uma estruturação didactica, isto é, etapas ou
passos mais ou menos constantes que estabelecem a sequência do ensino
de acordo com a matéria ensinada, caracteristicas do grupo de alunos e de
cada aluno e situações didacticas especificas; é neste sentido que nesta
unidade vamos discutir sobre a estrutura da aula, como forma de
organização do processo de ensino e aprendizagem.

As diferentes etapas serão apresentadas sucessivamente e, ao mesmo


tempo, chamaremos atenção sobre a interligação existente entre elas.
Trata-se das etapas, também chamadas funções didácticas, seguintes:

 Função Didáctica de Introdução e Motivação

 Função Didáctica de Mediação e Assimilação

 Função Didáctica de Domínio e Consolidação

 Função Didáctica de Controle e Assimilação


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 75

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

• Explicar porque a indicação das funções didácticas não significa


seguir uma sequência rígida no PEA
Objectivos
• Caracterizar cada uma das funções didácticas

• Estabelecer a relação entre as funções didácticas indicando os


elementos de uma função didáctica que estejam presentes noutras
76 Lição 10

Lição 10

FUNÇÃO DIDÁCTICA
“INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO“

Introdução

A Função didáctica “Introdução e Motivação” aparece, em termos de


estrutura da aula, como sendo a primeira, mas que em termos reais da sua
aplicação na aula ocorre em simultâneo com as outras funções didácticas
ou, se quisermos, incorpora elementos doutras funções didácticas; eis
porque, ao iniciarmos o tratamento das funções didácticas vamos
começar pela relação existente entre todas as funções didácticas, se bem
que ao longo da abordagem de cada uma delas você poderá ir
compreendendo melhor esta relação ao encontrar elementos, em cada
uma delas, que fazem crer se tratar doutras funções didácticas.

Ainda nesta lição, apresentaremos o essencial sobre a importância da


motivação no PEA, deixando os outros pontos (Tarefas do professor na
FD I+M e Tipos de motivação: inicial, continua e final) para as aulas
seguintes.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 77

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Demonstrar através de exemplos concretos a tese de que o


cumprimento das funções didacticas faz-se de forma interligada e
Objectivos não puramente sequencial

 Explicar as razões por que ao iniciar uma aula, assim como ao


longo dela, é importante a motivação dos alunos como condição
para a aprendizagem destes

As funções didacticas sao etapas ou fases do PEA que, na sua essencia,


realizam-se nao rigidamente de forma sequenciadas, mas sim interligada.
Comente

Actividade 11

Sim, caro cursante! De certeza que ja deu ou assistiu aulas e deve ter
ficado com a impressão de que a indicação das etapas ou funções
didacticas nao significa que todas devem seguir um esquema rigido. A
opção por qual etapa é mais adequada iniciar a aula ou conjugação de
varios passos numa mesma aula ou conjunto de aulas depende dos
objectivos e conteudos da matéria, das caracteristicas dos alunos, dos
recursos didacticos disponiveis, das informações obtidas na avaliação
diagnostica, etc.

Por exemplo, ao iniciar uma aula sobre “As caracteristicas dos rios de
Moçambique”, por causa da relação que esse conteudo tem com o
“Relevo e o Clima de Moçambique”, o professor poderà fazer uma breve
revisao destes conteudos e, neste sentido, pode se entender como sendo
Introdução e Motivação por cumprir a função e (re)activação do pré-
Exemplo
requisitos, mas ao mesmo tempo pode ser uma consolidaçao (envolve
repetiçao, exercitação ou sistematizaço do (jà) aprendido), assim como
avaliação por ajudar a verificar o nivel de compreensão e aprendizagem
que os aluns tiveram nestas matérias (relevo e clima de Moçambique).
78 Lição 10

Por isso, a estruturação da aula por parte do professor é um processo que


implica criatividade e flexibilidade, isto é, perspicacia de saber o que
fazer frente a situaçoes didacticas especificas, cujo rumo nem sempre é
previsivel.

Devemos entender, portanto, as funções didacticas como tarefas do PEA


relativamente constantes e comuns a todas as matérias, considerando-se
que nao hà entre elas uma sequência necessariamente fixa, e que dentro
de uma etapa se realizam simultaneamente outras. Elas estão em
interacção reciproca, tal como se pretende ilustrar na figura abaixo.

Introdução e Motivação

Controle e Avaliação Mediação e Assimilação

Dominio e Consolidação

Como pode imaginar, a função didactica Introdução e Motivação


teoricamente é a primeira funçao didactica, aquela que faz iniciar a aula,
mas que, como vimos anteriormente, pode estar associada a outras
funções didacticas. Para este caso, o importante é o professor reconhecer
a importancia da motivação no PEA e, de seguida, procurar encontrar as
formas praticas para conseguir a motivação dos alunos nesse PEA.

Qual é a importânca da motivação dos alunos no PEA?

Actividade 12
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 79

Já pensou sobre a questão acima ? Estamos em crer que você encontrou


muitas razões que justificam a importânca de motivaão dos alunos no
processo de ensino e aprendizagem ou mais concretamente na aula.
Dentre estas razões, você deve ter chegado a conclusão de que :

• Todo o objecto de aprendizagem necessita de uma orientação, uma


atitude para com ela, ou seja, uma boa vontade e disposição para
enfrentá-lo;

• Diariamente os alunos enfrentam duas, três ou mais disciplnas com


particularidades e exigências diferentes, eles devem “adaptar” sua
mente a cada aula e devem prestar toda a atenção e interesse ao
objecto que nesse momento està em discussão, exigindo por isso
grandes esforços fisicos e psiquicos. Portanto, ao começo de uma
aula o professor deveria estar consciente do volume das exigências
e que regularmente não poderia esperar que ao inicio da aula os
alunos se dedicassem unica e exclusivamente ao novo objecto:
“ajudar o aluno nessa transformação ou adapatçéao e mobilizar
todas as suas forças para o novo ojecto, é o proposito da funçao
didactica “introduçao e motivação”.

• No inicio da aula, a preparação dos alunos visa criar condições de


estudo: mobilização da atenção para criar uma atitude favorável ao
estudo, organização do ambiente, suscitamento do interesse e
ligação da matéria nova em relação à anterior.

• A aprendizagem é algo intrínseco, que se passa no interior do


indivíduo, levando em conta suas capacidades, suas aptidões, seu
desenvolvimento neuropsiquico e, ainda, seus interesses e suas
necessidades.

• Alunos motivados ficam conscientes do que estudam e isso


estimula a actividade cognitiva deles e faz com que eleve o seu
papel educativo e formativo.

• O ensino sera tanto mais efectivo na medida em conseguir fixar na


mentalidade dos alunos o proposito do trabalho futuro e trace o
caminho para desenvolver estes propositos: a assimilação
80 Lição 10

consciente do material de estudo situarà as possibilidades para sua


acessibilidade.

Pela importancia que a motivação tem no processo de ensino e


aprendizagem, Libaneo (1990:181/2) afirma o seguinte:

 Acho que não se deve iniciar uma aula abruptamente, mas com um papo
inicial para que os alunos se descontraiam. Se é uma aula de Analise
Sintatia, ao invés de chegar ao quadro-negro e colocar, de chofre, a teoria e
os exemplos, a gente começa conversando, pede à classe para formar uma
frase. É necessario partir de um ponto em que os alunos participem, para
nao ficarem naquela atitude passiva

 Cada aula minha tem muito a ver com a aula anterior, mostro onde
paramos, pergunto aos alunos se a gente segue em frente ou nao. Eu gosto
de situar os alunos naquilo que foi visto antes e que serà visto hoje.

Sumário

O professor que não se preocupa pela motivação dos seus alunos corre o
risco de não ser capaz de mobilizar a actividade destes ; e com alunos não
suficientemente activados, o professor arrisca-se de desenvolver aulas
monotonas, aquelas em que ele assume papel principal de « transmissor »
da materia, mesmo sem que os alunos esteja a « adquirir » e menos ainda
a assimilar, interligando o novo com o jà existente na sua estrutura
cognitiva. Estarà, neste sentido, a desenvolver uma « aprendizagem »
passiva, do tipo « acumulação » de conhecimentos « adquiridos » sem
aprimoramento da sua significação na estrutura mental do aluno.

Este é que é um dos desafios do professor ao iniciar uma aula e nao so :


conseguir a motivaçao dos alunos. Ao proceder deste modo, lembre-se, o
professor farà também mediante acções que contribuirão para, por
exemplo, assegurar o dominio e consolidaçao da materia anterior, avaliar
as aprendizagens jà realizada e, ainda, mediante a exercitação e repetição
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 81

(por exemplo) o professor poderà levar os alunos a aprenderem um novo


procedimento, um novo conceito, uma nova operação : é a interligaçao
das funções didacticas que està em questão.

Exercícios

Seleccione, dentre as estratégias a seguir, aquelas que darão bom sentido


a actividade de um professor :

a. Iniciar a aula cumprimentando os alunos


Auto-avaliação 1
b. Preocupar-se em desenvolver nos alunos uma aprendizagem
consciente e activa, através da motivaçao dos alunos

c. Os propositos do trabalho didactico, em principio, devem ser


apenas do dominio do professor

d. O professor deve forçar os alunos a aprender qualquer que seja o


conteudo, o importante é que esteja previsto no programa

e. A aula deve partir de um ponto em que os alunos participem, para


nao ficarem naquela atitude passiva
82 Lição 11

Lição 11

INTRODUÇÃO E MOTIVAÇÃO:
TAREFAS DO PROFESSOR PARA
CONSEGUIR A MOTIVAÇÃO
INICIAL

Introdução

Na aula passada procuramos desenvolver um enetendimento comum


sobre a importância da motivação no PEA e, sobretudo, para a
aprendizagem dos alunos, tendo em conta a natureza de que a
aprendizagem dos alunos deve ser consciente e activa, integrando os
novos conhecimentos na estrutura mental do aluno. Fizemos isso antes de
apresentarmos a relação dialéctica entre as funções didacticas de que
falamos nesta unidade.

E na sequência disso que, devido a grande imprtância da motivação no


PEA, iremos nos debruçar sobre as tarefas didacticas que o prifessor deve
realizar para conseguir a motivação dos alunos, particularmente a inicial,
dado que para a motivação continua e final falaremos na proxima aula.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Recapitular o objectivo principal da actividade do professor na FD “


I+M”
Objectivos
 Explicar as tarefas do professor para conseguir a motivação no PEA

Conseguir, enquanto professor, que os alunos queiram aprender o que


devem aprender, isto é, sintam a necessidade de aprendizagem do
conteudo em questão
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 83

Explique as tarefas que podem ser realizadas pelo professor para


conseguir a conseguir a mobilização psiquica e fisica dos alunos para a
aprendizagem do (não) novo conteudo?

Actividade 13

Antes de ver as tarefas do professor para conseguir a motivação dos


alunos, você compreendeu que na FD I+M o objectivo principal consiste
em conseguir a mobilização psiquica e fisica dos alunos para a
aprendizagem do (não) novo conteudo. Para o efeito devem, por
exemplo, serem realizadas as seguintes tarefas:

a. Averiguar, através de perguntas, se os conhecimentos anteriores


estão efectivamente disponíveis e prontos para o conhecimento
novo. Aqui o empenho do professor está em estimular o
raciocínio dos alunos, instiga-los a emitir opiniões próprias sobre
o que aprenderam, fazê-los ligar os conteúdos a coisas ou eventos
do quotidiano. A correcção de trabalhos de casa pode tornar-se
importante factor de reforço e consolidação. As vezes haverá
necessidade de uma breve revisão (recapitulação) da matéria, ou a
rectificação de conceitos ou habilidades insuficientemente
assimilados. Como se vê, a preparação dos alunos é uma
actividade de sondagem das condições escolares prévias (ou pré-
requisitos) dos alunos para enfrentarem o assunto novo. Nesta
fase, é necessario levar os alunos para a area fronteiriça entre o
saber, saber fazer e saber ser/estar e a area do não saber, não
saber fazer e não saber ser/estar porque esta é a area de
aprendizagem, visto que a aprendizagem consiste numa sintese
entre o novo conteudo e o jà assimilado.

b. Estabelecer a ligaçao entre noções que os alunos jà possuem com


à matéria nova, bem como estabelecer vinculos entre a pratica
84 Lição 11

cotidiana e o assunto. Para isso, o melhor procedimento é


apresentar a materia como um problema a ser resolvido, embora
nem todos os assuntos se prestem a isso. Mediante perguntas,
trocas de experiências, colocação de possiveis soluções,
estabelecimento de relações causa- efeito, os problemas atinentes
ao tema vão-se encaminhando para se tornarem também
problemas para os alunos em suas vidas praticas. Com isso vao
sendo apontados conhecimentos que são necessarios dominar e as
actividades de aprendizagem correspondentes. O professor farà,
entao, a colocação didactica dos objectivos, uma vez que é o
estudo da nova materia que possibilitarà o encontro de soluções.

 Uma professora de Historia, citada por Libaneo (ib: 183), para


mostrar a importancia da ligação da materia com a pratica
cotidiana na motivaçao dos alunos, escreve o seguinte: “Por
mais teorico que seja um trabalho na sala de aula, os alunos
conseguem acompanhar, colaborar, interessar-se, desde que
entendam duas perspectivas: a utilidade do conhecimento e o
exercicio mental decorrente desse conhecimento. Atràs desse
exercicio tem uma vivência, uma experiência, um conhecimento.
Eu acredito que, mesmo aquelas matérias mais teoricas
conseguem atrair os alunos, se a gente consegue fazê-los sentir a
importância do exercicio de relaçao, e compreenderem que
aquele conhecimento é util, embora não de imediato”

c. Criar ou obter uma atmosfera propicia para a aprendizagem. Para


isso é necessario:

• Dar informações sobre o conteudo da aula

• Orientar para os objectivos em vista

• Provocar a curiosidade

• Assegurar ordem e disciplina no sentido positivo, ou


seja, sem recurso ao medo, ao castigo, ....mas sim com
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 85

base na persuação e envolvimento dos alunos na aula que


(vai) iniciar (iniciou).

d. Conseguir o interesse e a atenção dos alunos: se os alunos não


estão interessados, não estão atentos, então, não hà aprendizagem.

Portanto, para uma efectiva motivação dos alunos no PEA, é


fundamental:

• A orientação para obectivos concretos atingiveis pelos alunos,


que se encontrem na zona de desenvolvimento proximo1

• A conexão dos motivos da sociedade (representados pelo


professor), da turma e da cada aluno individualmente.

Sumário

Através da motivação o professor cria ou activa nos alunos os impulsos


para a sua actividade e o seu comportamento no processo de ensino e
aprendizagem. Isto é, conseguir que os alunos queiram aprender o que
devem aprender, isto é, sintam a necessidade de aprendizagem do
conteudo em questão. Portanto, as exigências do professor devem tornar-
se em exigências dos proprios alunos, de maneira que estejam a
esforçarem-se a participar activamente. O professor tem que colocar as
exigências que constituem mesmo um desafio e exigem empenho dos
alunos, senão não consegue actividade por parte dos alunos, isto é, não
consegue aprendizagem.

1
Veja Vigotski (Desenvolver mais sobre zona de desenvolvimento proximo)
86 Lição 11

Exercícios

Identifique as afirmações que são verdadeiras e as falas :

a. O professor deve colocar exigências acima do nivel de


capacidade dos alunos para que estes se sintam estimulados a
Auto-avaliação 2
mobilizar todo o potencial cognitivo

b. O interesse e atenção dos alunos deve ser conseguido mesmo


com recurso à força, senão os alunos não aprendem

c. O professor deve sentir sempre a necessidade de ensinar, ter


vontade de que os seus alunos aprendam, porque desta forma
mesmo que os alunos não queiram aprender, acabarão por tomar
nota do essencial que o professor dinâmico irà tratar na aula

d. Perguntas de recapitulação, sistematização da maateria anterior,


antes de iniciar uma aula com tema novo ajuda os alunos a
reactivarem os seus pré-requisitos necessarios para a
aprendizagem da nova materia

e. A perspicàcia do professor não està apenas em ser capaz de


ensinar, mas de fazer aprender os alunos partindo das sua
proprias experiências, do seu passado e presente, do que são
capazes de fazer…
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 87

Lição 12

INTRODUÇAO E MOTIVAÇÃO:
MOTIVAÇÃO CONTINUA E FINAL

Introdução

Antes da aula iniciar a motivação inicial põe os alunos em condições de


poderem querer aprender, ou seja, dispostos para realizarem as
actividades requeridas nesse PEA e, ao mesmo tempo, gradualmente o
professor trabalha para manter essa motivação ao longo de todo o PEA,
dai a pertinência da motivação continua. Mas os alunos devem também
ser/estar preparados, motivados, para as tarefas ou actividades seguintes
parecidas ou semelhantes a estas.

Neste ultimo caso falamos da funçao da motivação final, objecto desta


aula, juntamente com a motivação continua.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Explicar o efeito da motivaçao continua na actividade


neurofisiologica do aluno
Objectivos
 Estabelecer a relação entre a actividade neurofisiologica e a
capacidade de recepção de informações no aluno

 Realizar tarefas apropriadas para conseguir a motivaçao continua e


final no PEA

 Identificar as premissas que fundamentam a motivação final no PEA

 Explicar porque atingir os objectivos de uma tarefa constitui estratégia


principal para conseguir a motivação final
88 Lição 12

1. Depois de a aula iniciar, com as tarefas acima indicadas, o


professor consegue a motivação inicial, ou seja, aquela que põe
o PEA em movimento, cria condições para a prendizagem
realizar-se, mas a motivação deve continuar viva, eficaz,
Actividade 14
durante todo o PEA (falamos aqui da motivação contnua)

a. Explique como um professor pode assegurar a motivação


continua dos seus alunos?

Terminou de realizar a actividade recomendada ? Supomos que sim, e


neste sentido pode ter constatado que o fundamento para a motivação
continua constitui a necessidade de manter a actividade do aluno e o nivel
optimal de aprendizagem, tendo em conta ao facto de que, segundo o
grafico abaixo:

• A variação do nivel da actividade neurofisiologica oscila entre o


sono e o nivel optimal de recepção de informações.

• Investigações demonstram que quando os alunos estao motivados,


a frequência cardiaca, a tensão arteriale o gasto do oxigénio estao
mais altos, isto é, o nivel da actividade neurofisiologica é mais
alto.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 89

Prrolongamento do nivel optimal

Capacidade de recepção de informação


Nivel optimal devido a motivação continua

Cada vez cansaço

Mais despertado crescente

Sono Sono

Actividade neurofisilogica

Através deste grafico, podemos concluir que:

• Através da motivação continua o optimo da actividade


neurofisiologica (nivel optimal) para a recepção de informações é
mantido por maior espaço de tempo.

• Investigações provaram que com boa motivação de aprendizagem,


o grau de retenção é maior.

Olhando, então, as premissas acima enunciadas, caro cursante, pode


facilmente concluir que para conseguir a motivaçao continua, o professor
deve, por exemplo:

a. Colocar objectivos imediatos ou parciais derivados dos objectivos


gerais ou afastados. Porque deste modo os alunos percebem
durante o processo que estão a conseguir avançar, respectivamene
que se devem esforçar mais; e esta é a dialéctica entre os
objectivos imediatos, médios e afastados.
90 Lição 12

OBJECTIVO

(final, imediato)

I+M Objectivo parcial 1 2 3

Uma das regras, nesta tarefa, é verificar continuamente os objectivos em


vista e uma das maneiras para isso consiste em olhar para atràs e para a
frente através de resumos parciais e da colocaçao seguinte de novos
objectivos parciais e assim sucessivamente até conseguir alcançar o
objectivo final, imediato ou afastado.

b. Dar estimulos motivadores adicionais, principalmente nas fases de


maior dependência, sugerindo-se, neste sentido:

 Informar sobre o decorrer da aprendizagem (através, por exemplo,


de chamadas orais) porque quando o aluno sabe està a fazer mal
ou bem aumenta a sua motivação.

 Ajudar no raciocinio e/ou solução de problemas no momento


oportuno: ajuda antecipada provoca a inactvidade do aluno e
ajuda tardia faz com que o aluno jà não consiga aprender; tudo
isto porque quando a ajuda é demasiado cedo, diminui o nivel da
actividade neurofisiologica, isto é, motivação baixa, e quando é
demasiado tarde, tem como consequência o cansaço, isto é,
motivaçao enfraquecida, eis porque se pode dizer que nesta
estratégia, é necessaria uma grande sensibilidade do professor
para determinar o mopento oportuno, necessario, para dar aos
alunos, no geral e individualmente, a ajuda que precisam.

c. Aproveitar-se das potencialidades do proprio conteudo. Visto que


o professor tem um programa a cumprir, ele deve agir sempre de
maneira a serem atractivos e interessantes os conteudos para os
alunos. Para tal, é necessario (por parte do professo):

• Dominio dos conteudos.


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 91

• Dominio dos métodos de ensino

• Iniciativa criadora ao longo da aula

• Conhecer os alunos

d. Desenvolver nos alunos a habitualização dos motivos de


aprendizagem, isto é, criar atitudes de aprender: a atitude de aprender
é uma motivaçã continua

1. Vimos antes que a motivação inicial tem a função de pôr o PEA em


movimento, a motivação continua mantém esse movimento. Qual é
então a função da motivação final? E que estratégias o professor
pode utilizar para consegui-la nos seus alunos?
Actividade 15

É verdade sim, caro cursante, que a função da motivação final, tal como
dissemos na introdução desta aula, consiste em preparar, criar disposição
nos alunos para as tarefas e actividades de ensino e aprendizagem
seguintes parecidas ou semelhantes, como por exemplo, da mesma
disciplina, unidade ou mesmo de um mesmo curso. A motivaçao final faz
com que, terminada uma aula, o aluno queira ter, com o mesmo professor
ou actividades referentes a mesma disciplina, aulas subsequentes.

O atendimento desta variante de motivação no PEA tem como premissas,


as seguintes:

a. A conclusão como sucesso de uma tarefa, acção/actividade ou


trabalho, traz consigo:

• Um sentimento de exito e alivio da tensão psiquica que o trabalho


exigia.

• Uma relação positiva paracom a tarefa cumprida, isto é, uma


motivação final que, em geral, dà uma maior prontidão em
cumprir tarefas semelhantes.

b. Quando a tarefa não é concluida cm exito, hà varias possibilidades:


92 Lição 12

• Alunos com estrutura psiquica (temperamento) forte, com


atitudes positivas, aceitam o desafio, sentem-se estimulados a
vencer a barreira.

• Alunos com estrutura psiquica fraca, com atitudes negativas,


ficam desanimados.

• Insucessos em série resultam em motivações finais negativas, isto


é, em desanimo em quase todos os alunos.

Assim, as duas premissas enunciadas anteriormente nos permitem


concluir que a melhor estratégia para a motivação final dos alunos é
atingir o objectivo de uma tarefa, de uma aula: atingir o objectivo de uma
tarefa/actividade tem uma função motivadora. Por isso, dada a suma
importância dos objectivos na actividade do professor e dos alunos, eles
devem ser recordados e verificados em todas as etapas do ensino. Esse
cuidado aauxilia a avaliação permanente do PEA, assim como evita a
dispersão, impedindo que aspectos secundarios tomem conta do essencial
no desenvolviemento do plano da aula, da unidade, etc.

Sumário

Os alunos precisam de ser activados logo desde o principio da aula;


igualmente devem permanecer activos, motivados ao decurso da aula em
causa para garantir a manutenção do nivel optimal por muito mais tempo,
fazendo permanecer a capacidade de recepção, assimilação do conteudo,
ao mesmo tempo que farà com que os alunos se investam nas actividades
em virtude de estarem “despertados”, com “alto nivel de actividade
neurofisiologica”. É uma questão de principio didactico, mas também de
garantia de que o professor não estarà a agir para com individuos
« amorfos », « inactivos » e « incessiveis » as actividades que estão sendo
desenvolvidas na aula.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 93

De igual modo, surge, a partir do que vimos nesta aula, o imperativo de


que as aulas sejam realizadas de tal forma que todos e cada um dos
alunos atinja os objectivos preconizados, isto é, sinta que està a aprender,
a progredir, visto que isso serà condição para que encontrem energia
psiquica necessaria para as aprendizagem seguintes, partindo duma
relação/atitude positiva para com as materias/disciplinas (e respectivo
professor) em que os alunos atingiram niveis satisfatrios de
aprendizagem.

Exercícios

Escolhe, dentre os conselhos que se seguem, aqueles que darias um


professor :

a. Fazer com que, através dos exercícios realizados e da atitude do


Auto-avaliação 3
professor, os alunos percebam que eles são « burros » nesta
disciplina, por isso precisam de se esforçar mais

b. Conseguir que os alunos sintam constantemente que estão a


progredir, a ter domínio sobre a matéria e a serem capazes de
resolver exercícios cada vez mais complexos

c. Progredir no tratamento da matéria, voltando de vez em quando


no que se disse anteriormente para estabelecer dar a entender ao
aluno que está a evoluir progressivamente

d. Chamar a atenção para os pontos essenciais da aula, da matéria,


que constituem a base para a compreensão do que se segue nessa
unidade.

e. Fazer dos erros dos alunos motivo de gozação para que percebam
que são fracos

f. Evitar informar aos alunos seus erros para não se sentirem


humilhados, devendo por isso informar-lhes apenas dos seus
progressos
94 Lição 13

Lição 13

FUNÇAO DIDACTICA MEDIACAO


E ASSIMILACAO

Introdução

Esta é a aula com a qual iniciamos a falar sobre a FD “M+A” e, assim,


importa discutirmos sobre o propósito desta função didáctica, os seus
aspectos particulares (nomeadamente a “mediação” e a “assimilação”) e
as considerações importantes que se devem ter para a sua realização.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar o principal propósito da FD “M+A”

 Identificar a especificidade da “mediação” e da “assimilação” a FD


Objectivos “M+A”

 Ter em conta considerações importantes para tornar efectiva a


“mediação e assimilação” do novo conteúdo

1. Explique o propósito principal da FD « M+A » .

2. A FD « M+A » compreende dois aspectos, Mediação e


Assimilação. Em que consiste cada um deles ?
Actividade 16
3. Quais são as considerações importantes que se devem ter em
conta para tornar efectiva a “mediação e assimilação” do novo
conteúdo ?

As etapas ou funções didácticas, dissemos antes, estão estreitamente


relacionados, de modo que, neste caso, podemos dizer que o tratamento
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 95

da matéria nova começa inclusive na Função Didáctica Introdução e


Motivação. Mas na Função Didáctica mediação e Assimilação há o
propósito de maior sistematização, envolvendo o nexo transmissão-
mediação/assimilação activa dos conhecimentos. Nesta etapa se realiza a
percepção dos objectos e fenómenos ligados ao tema, a formação de
conceitos, o desenvolvimento de capacidades cognitivas de observação,
imaginação e raciocínio dos alunos.

Quer dizer, depois de preparação dos alunos para a aprendizagem, isto é,


criada a atmosfera propicia, conseguido o interesse e atenção e feita a
reactivação do nível inicial dos alunos, o professor passa para a etapa na
qual se realiza uma parte fundamental da aprendizagem propriamente
dita, ou seja, para a etapa em que o professor medeia um novo conteúdo
e, na sequência disso, os alunos assimilam novos conceitos, teorias,
princípios, etc., contribuindo para o desenvolvimento neles de um novo
saber, novo saber fazer e novo saber ser e estar.

Também importa clarificar que, pela sua designação, a Função Didáctica


Mediação e Assimilação compreende, de um lado a actividade do
professor (mediação do novo conteúdo) e do aluno (assimilação do novo
conteúdo), comportando os seguintes aspectos retratados no esquema
abaixo:

Aspectos da FD “Mediaçao
e Assimilação”

Mediação: Assimilação:

• Estruturação e organização • Acção dos processos da cognição


logica e didactica do mediante assimilação activa e
conteudo, compreendendo: desenvolvimento do saber, saber
fazer e saber ser e estar, devendo
o Exposição do professor se assegurar a iniciativa, a
assimilação consciente e o
o A actividade relativamente desenvlvimento de
independente dos alunos potencialidades intelectuais do
aluno
o A elaboração conjunta

Fig. Aspectos da FD M+ A
96 Lição 13

Através desta figura e relembrando o que discutimos na FD I+M,


sobretudo em termos de reactivação do nível inicial, podemos entender o
processo de mediação/assimilação como um caminho que vai do não
saber para o saber, admitindo-se que o ensino consiste no domínio do
saber sistematizado e não de qualquer saber; Entretanto, não existe o não
saber absoluto, pois os alunos são portadores de conhecimentos e
experiências, seja da sua pratica quotidiana, seja aqueles obtidos no
processo de aprendizagem escolar. Portanto, para a realização desta FD, o
professor deve ter em conta algumas considerações:

 Qual é o nível (de pré-requisitos) dos alunos (depois da


reactivação)?

 Quais são os objectivos a atingir?

 Quais são os conteúdos através dos quais os objectivos devem ser


atingidos?

 Quais os métodos através dos quais os conteúdos devem ser


mediados e os objectivos atingidos?

 Que meios de ensino serão mais adequados aos alunos, aos


objectivos definidos, ao conteúdo, aos métodos escolhidos e às
características do professor, de maneira a atingir uma assimilação
activa por parte dos alunos?

Através destas questões pretende-se chamar particular atenção ao facto de


que na FD M+A o professor não deve concentrar a sua atenção
exclusivamente para o conteúdo que está a ser mediado, mas também
sobre todas as outras categorias didácticas em ralação dialéctica (aluno,
professor, métodos e meios de ensino-aprendizagem, objectivos), de
modo a tornar efectiva a aprendizagem dos alunos; e, analisando a
interligação entre estas categorias, na FD M+A, o professor determinará
se os métodos de ensino adoptados/ ou a adoptar estão mais virados para:

• A assimilação de novos conhecimentos (saber)

• O desenvolvimento de habilidades, métodos, hábitos e técnicas de


trabalho (saber fazer)
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 97

• O desenvolvimento de atitudes, convicções e comportamento (saber


ser e estar)

• Ou a interligação ou conexão entre esses processos parciais.

Ora, vista a questão nos termos que se está a dizer, conclui-se que uma
das considerações básicas para o professor decidir os métodos de ensino e
aprendizagem a empregar é “quais são as actividades dos alunos
necessários para atingir a assimilação de um determinado conteúdo nas
suas potencialidades cognitivas, instrutivas e educativas”.

E porque o PEA é uma sequência lógico-didáctica de actividades


planificadas e sistematizadas do professor e dos alunos, podemos e
devemos fazer essa pergunta, também, da seguinte maneira: “quais as
actividades do professor necessárias para desencadear as devidas
actividades dos alunos em relação aos objectivos e conteúdos?”; e como
resultado desta questão, vê-se que a qualidade das actividades do
professor determina em larga medida a qualidade das actividades dos
alunos.

Sumário

A função didáctica “Mediação e Assimilação” entra no centro da


actividade do professor dos alunos depois da reactivação do nível inicial e
de mobilizada a energia psíquica dos alunos para a actividade dos alunos,
eis porque, eis porque deve ser entendida como sendo naquela em que,
em grande medida, se desenvolve a personalidade do aluno por ser nela
em que os alunos assimilam e desenvolvem novo saber, saber fazer e
saber ser e estar.

Entretanto, para que esta função alcance os seus objectivos é importante,


do lado do professor, se ter em conta determinadas considerações,
particularmente a interligação entre as categorias didácticas em acção
num PEA (objectivos, meios, conteúdos, métodos, aluno e professor) e,
sobretudo, questionar-se sobre e realizar actividades necessárias para
desencadear as devidas actividades dos alunos em relação aos
objectivos e conteúdos.
98 Lição 13

Exercícios

Seleccione apenas as afirmações verdadeiras das que se seguem:

a. Na FD M+A existem elementos doutras FDs, mas seu propósito


fundamental é garantir que os alunos assimilem novo saber, saber
Auto-avaliação 4
fazer e saber ser e estar

b. Na FD « M+A », quando não devidamente realizada, pode o


professor « mediar » e os alunos não « assimilarem” a matéria.
Falamos neste caso de “não verdadeira » mediação

c. Pode o professor mediar um conteúdo, independente dos meios e


métodos

d. O professor, sim, deve agir, mas uma verdadeira actividade deste


deve mobilizar a actividade dos alunos necessária para
assimilarem o novo conteúdo nas suas propriedades educativas e
instrutivas
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 99

Lição 14

PRINCIPIOS E AS FONTES DO
SABER NA FD M+A

Introdução

Que princípios se deve respeitar para se ter uma “Mediação e


Assimilação » capaz de corresponder com os propósitos desta função
didáctica ? Esta é uma preocupação eminentemente didáctica e de
fundamental importância se atendermos que não basta apenas a
actividade do professor para que haja a correspondente actividade do
aluno.

O interesse desta aula reside, pois, em pormos a disposição do professor


certos condicionalismos importantes a ter em conta para que a « M+A »
se traduza em momento de aprendizagem dos alunos, sabendo de
antemão que podem ser utilizadas fontes directas e indirectas para a
mediação do saber.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar os princípios da FD “M+A”

Objectivos  Identificar as condições que tornam mais firme a assimilação do


conteúdo pelos alunos na FD M+A

 Mencionar as fontes de saber que se podem utilizar na FD « M+A »

 Explicar as vantagens e limitações das fontes de saber na FD


« M+A »

 Combinar, na sua acção docente, varias fontes de saber para garantir


100 Lição 14

mais efectividade e eficiência na aprendizagem dos alunos

1. Quais são os princípios que se devem seguir para que, de facto,


os alunos aprendam na FD « M+A » ? Explique-as

2. Mencione as condições que podem fazer com que o trabalho


Actividade 17 metódico com os conteúdos novos na FD M+A tenha uma grande
influência na firmeza da assimilação pelos alunos ?

3. Identifique as fontes de saber a utilizar para realização da FD


« M+A », sem se esquecer de explicar as suas vantagens e
limitações

4. Diga porque é importante combinar diferentes fontes de saber na


FD « M+A ».

Você está perfeitamente certo ao lembrar que o trabalho metódico do


professor, essencialmente nesta FD deve favorecer que os alunos,
efectivamente, aprendam. Eis porque, para o efeito, se deduzem dois
princípios fundamentais da FD M+A:

Primeiro principio: Conforme a figura abaixo, a selecção e o emprego


de métodos de ensino e aprendizagem, seus técnicas e variações são
determinados basicamente pelas interligações didácticas entre o nível
inicial dos alunos, os objectivos a atingir e os conteúdos a mediar. No
uso dos métodos de ensino-aprendizagem para a mediação do conteúdo, o
professor demonstra sua capacidade criadora, antes de tudo, explorando
exactamente a relação objectivo-conteúdo-nível inicial dos alunos-
métodos compreendendo suas potencialidades pedagógicas e suas
particularidades lógicas, e adaptando e acomodando o método, no mais
exacto e flexibilidade possível, à situação didáctico-pedagógica de uma
determinada aula (ou de uma determinada etapa de aula). Esta exploração
cuidadosa das possibilidades de um método para atingir todas as
potencialidades pedagógicas de um conteúdo, mas também de todas as
possibilidades metódicas que traz consigo uma determinada matéria, é o
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 101

que se designa por “flexibilidade” do método de ensino e, por isso, o


trabalho metódico do professor deve ser flexível, multifacetado, variável
e criador.

Objectivo

Conteudo Nivel inicial do


aluno

Método

Fig. As interligações a considerar na escolha e utilização de métodos de


ensino na FD M+A

Doravante, pensamos que caro cursante percebe porque o trabalho


metódico do professor na FD M+A não deve ser reprodutivo, limitado
apenas ao conteúdo da aula: ele busca a unidade de todas as categorias
didácticas com o propósito de alcançar maior e melhor aprendizagem dos
alunos. E mais, o trabalho metódico com os conteúdos novos na FD M+A
tem uma grande influência na firmeza da assimilação pelos alunos. Ela é
mais firme quando:

• Os alunos sabem o que está a ser tratado.

• Os alunos podem aplicar os conhecimentos já adquiridos aos


conteúdos novos.

• O procedimento metódico está bem estruturado e faz sentido para


os alunos.

• Se dá valor a exactidão na linguagem e nos métodos de trabalho.


102 Lição 14

• O ensino cativa os alunos e exige o empenho das suas


capacidades.

• Se analisa regularmente o que já foi alcançado em termos de


aprendizagem dos alunos

Segundo Principio: Na FD M+A o professor deve se concentrar no


essencial, isto é, assegurar que os alunos dominem o fundamental exigido
pelo programa e necessário para a aprendizagem do conteúdo seguinte.
Isto exige a concentração dos esforços metódicos nos pontos onde o
professor espera os progressos decisivos nos seus alunos; por exemplo:

• O conhecimento fulcral

• A compreensão dum conceito básico

• O significado de uma nova técnica de trabalho cientifico.

AS FONTES DO SABER NA FD M+A

Em relação as fontes de saber o que deve ter concluído? De certeza que


concorda com a ideia de que os conhecimentos (saber) de todo o homem
são tomados de duas fontes: a experiência directa (através da observação/
contacto com a realidade) e a indirecta (através de representações
linguisticas: palavras, modelos, meios gráficos, etc.). Também no PEA, e
particularmente na FD M+A, o saber pode ser mediado através de fontes
directas e/ou indirectas.

FONTES DIRECTAS compreendem observações, experiências,


excursões. Deste modo, os alunos chegam a passar da observação de
processos, objectos e fenómenos, da analise de suas ideias e suas
experiências, à ideias correctas e fundamentadas cientificamente e à
conceitos exactos; estas fontes têm as suas vantagens e desvantagens(ou
limitações):

VANTAGENS

• Tornam o PEA concreto, perto da realidade e da vida

• Tornam o PEA visualizado, palpável.


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 103

• O PEA torna-se fácil de fixar

LIMITAÇÕES

 Deslocações (por exemplo, quando se fala de montes Namuli, não


se pode ir até lá a partir de qualquer ponto da terra somente para
efeitos de observação no âmbito do estudo da geografia,
particularmente do relevo de Moçambique).

 Tempo: não seria possível experimentar, observar, tudo por falta


de tempo.

 A pura e exclusiva experimentação e observação não garante a


sistematização requerida dos conhecimentos.

 Limitações morais, principalmente quando se trata de seres vivos,


em geral, e de seres humanos, em particular: não se deve decepar
um homem vivo, por exemplo, apenas por razões de estudo.

FONTES INDIRECTAS consistem na exposição oral do professor,


utilização de textos do livro do aluno ou do atlas geográfico, mapas,
cartazes, esquemas, modelos ex.: do globo terrestre), etc. A partir das
fontes indirectas os alunos partem de conceitos já elaborados, de
representações verbais do professor ou do livro de textos alunos
reproduzem mentalmente, isto é, no sua consciência, o objecto ou
fenómeno em estudo e chegam, assim, a novas ideias, conhecimentos,
conceitos e compreensão.

• Por causa das limitações da via directa, predomina no PEA a via


indirecta, visto que é tarefa do PEA mediar aos alunos a
experiência generalizada e sistematizada da humanidade. No
PEA a linguagem desempenha um grande papel, mas também
devemos reconhecer que o ensino se desenvolve com mais êxitos
se utiliza as possibilidades de interligação entre as duas vias e as
experiências dos próprios alunos. E onde o professor não ode
empregar a via/fonte directa, deve se esforçar em aproveitar o
tesouro de experiências de seus alunos e os conhecimentos
existentes para desenvolver os novos.
104 Lição 14

Sumário

Querendo ensinar, temos como base informativa um conteúdo a mediar,


mas sempre partindo de actividades cuidadosamente escolhidas e
desenvolvidas pelo professor junto dos seus alunos, em função dos
métodos, meios e objectivos de ensino. E neste âmbito que surge a
necessidade de interligação destes elementos e, igualmente, a
concentração no essencial para que os alunos possam reter os pontos de
referência mais significativos em termos de determinar o que eles
precisam para se reconhecerem como tendo aprendido e aptos para
aprendizagens subsequentes, uma vez que o ensino é sistemático e, assim,
uma nova matéria tem sempre relação com a anterior.

Estas matérias, ao que acabamos de ver, para a sua mediação o professor


poderá utilizar fontes directas e indirectas ; é uma questão de ver a
natureza do conteúdo a mediar, e, acima de tudo, pensando nos
inconvenientes que uma e outra fonte do saber tem, aliviá-los através da
sua combinação e, dessa forma, aproveitar as potencialidades (vantagens)
que as duas fontes de saber têm.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 105

Exercícios

1. Retire do conjunto das afirmações seguintes à que não


corresponde a verdade :

a. O trabalho metódico do professor deve ser flexível e criativo,


Auto-avaliação 5
conforme a relação objectivo-conteúdo-nível inicial dos
alunos-métodos

b. Durante a mediação do novo, os alunos devem estar em


condições de aplicar o saber já existente nas suas estruturas
mentais para perceber o novo

c. Numa aula, com tema especifico, o professor pode falar e


comentar sobre varias coisas, mas seu esforço metódico deve
estar concentrado sobre o essencial, sobre o conhecimento
fulcral, determinante do progresso do aluno na sua
aprendizagem

d. Por falta de meios, mas também porque é preciso cumprir


como o programa, convém apenas utilizar as fontes
indirectas para a mediação do saber.
106 Lição 15

Lição 15

FUNCAO DIDACTICA DOMINIO E


CONSOLIDACAO

Introdução

Depois da realização da função didáctica “mediação e assimilação”,


assim como ao longo deste processo, considera-se importante envolver na
actividade do professor e os alunos acções com vista a conseguir nos
alunos o domínio e consolidação da matéria; veremos, mais adiante, que
correr na apresentação das novas matérias apenas para cumprir o
programa não é satisfatório no PEA, eis porque, nesta função didáctica,
falaremos de dois aspectos principais:

• As razões que justificam a necessidade de realização da função


didáctica “domínio e consolidação”.

• As acções didácticas para a realização do “domínio e


consolidação”

Destes dois aspectos, iremos tratar o primeiro nesta lição e outro numa
lição mais prolongada que se irá desenvolver imediatamente à seguir.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

• Justificar a necessidade da Função Didáctica “Domínio e


Consolidação” como parte integrante da actividade do professor no
Objectivos
tratamento da matéria de ensino.

• Estabelecer as diferenças entre a consolidação reprodutiva, de


generalização e criativa

• Demonstrar a importância e as possibilidades de realização do


“domínio e consolidação” nas diferentes funções didácticas.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 107

1. Porquê o trabalho do professor não deve limitar-se apenas na


progressão linear no tratamento do novo conteúdo através da
“mediação e assimilação”, devendo por isso incorporar também a
consolidação da matéria?
Actividade 18
2. De que forma o “Domínio e Consolidação” pode ser realizado
noutras funções didácticas?

Se olharmos para o PEA como tendo o objectivo de conseguir que os


alunos, efectivamente, aprendam, vemos que o trabalho com a nova
matéria não se deve reduzir a simples exposição e explicação dessa
matéria e coloca-la a disposição dos alunos. Mas deve, ao mesmo tempo,
ir tratando de conseguir o aprimoramento desse (já não) novo saber nos
alunos, visto que o trabalho docente consiste em prover as condições de
assimilação e compreensão da matéria, incluindo já exercícios e
actividades práticas para solidificar a compreensão. Entretanto, o
processo de ensino não para por ai. É preciso que os conhecimentos
sejam organizados, aprimorados e fixados na mente dos alunos, a fim de
que estejam disponíveis para orientá-los nas situações concretas de estudo
e de vida. Do mesmo modo, em paralelo com os conhecimentos e através
deles, é preciso aprimorar a formação de habilidades e hábitos para a
utilização independente e criadora dos conhecimentos.

Trata-se, assim, do que justifica a necessidade de se ter no PEA uma


etapa, uma FD essencialmente destinada ao domínio, consolidação e
fixação da matéria. Alias, os conteúdos só são realmente dominados,
assimilados, apropriados, quando se atingiu a capacidade de operar com
eles nas varias tarefas de aplicação teórica e pratica; e para tal, são
necessárias na continuidade do trabalho com os conteúdos novos, etapas,
fases ou componentes do PEA que tem por objectivo directo a
consolidação e o domínio dos conteúdos: no PEA é preciso proceder-se a
uma constante consolidação dos resultados da aprendizagem.
108 Lição 15

Esta constante consolidação dos resultados requer que o professor veja o


PEA como unidade de todas as funções didácticas. Muitos professores
são habilidosos na “Introdução e Motivação”, outros podem expor o novo
conteúdo de modo impressionante e estimular os alunos para a
autoactividade criadora. Mas nem todos estes professores tem habilidades
para terminar o processo de ensino-aprendizagem: não só é interessante a
motivação, a exposição do problema e do conteúdo que desperta o
entusiasmo e a viva conversação na sala de aulas. Integram o PEA
também a repetição e sistematização planificadas, a pratica intensiva e a
aplicação variada dos conhecimentos e habilidades.

O professor que só adianta, no sentido de que se limita apenas no


tratamento da matéria nova, não adianta realmente, porque no ensino só
se progride rapidamente quando se está consciente de que o “esquecido”
faz parte dos processos psíquicos normais do homem, contra o qual, o
professor, deve lutar prudentemente, sem ilusões, mas com energia
necessária e optimismo pedagógico fundamentado: a mediação da nova
matéria deve realizar-se de modo que seja eficaz para a transmissão de
potencialidades de fixação imanente (mediante relances, sistematizações,
repetições e aplicações imanentes); ademais, as operações didácticas com
o objectivo directo de fixação, de consolidação didáctica (repetições,
exercícios, controle de rendimentos) devem estar relacionadas
adequadamente com a mediação da nova matéria, por exemplo, durante
as aulas em que predomina a função didáctica “mediação e assimilação”,
se devem repetir os aspectos e generalizações mais importantes e se
presta especial atenção aos conhecimentos que os alunos devem
memorizar (nomes, fichas, regras, formulas, etc.) e a matéria a memorizar
deve ser destacada nas mais diversas formas (esquemas, desenhos,
diagramas, etc.), ao mesmo tempo que se assegura o exercício para o
reconhecimento e sinalização do essencial, sublinhando o mais
importante. Por essa razão, as tarefas de recordação e sistematização, os
exercícios devem prover o aluno oportunidades de estabelecer relações
entre o estudado e situações novas, comparar os conhecimentos obtidos
com os factos da vida real, apresentar problemas ou questões
diferentemente de como foram tratados no livro, pôr em pratica
habilidades e hábitos decorrentes do estudo da matéria.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 109

A consolidação, neste sentido, pode dar-se em qualquer etapa do processo


didáctico: antes de iniciar matéria nova, recorda-se, sistematiza-se, são
realizados exercícios em relação a matéria anterior; no estudo do novo
conteúdo, ocorre paralelamente às actividades de assimilação e
compreensão. Mas constitui também, um momento determinado do
processo didáctico, quando é posterior à assimilação inicial e
compreensão da matéria.

1. O “Domínio e Consolidação” pode ser, pelo menos de três tipos:


reprodutiva, generalizadora e criativa.

a. Em que consiste a diferença entre estes três tipos de


Actividade 19 realização do “Domínio e Consolidação”?

A consolidação, conforme ilustra a figura abaixo, pode ser reprodutiva,


de generalização e criativa. Estes três tipos, conforme já deve ter
analisado, se diferenciam no seguinte :

Consolidação generalizadora:

• Inclui a aplicação de conhecimentos para situações novas,


apos a sua sistematização;

• Implica a integação de conhecimentos de forma que os


alunos estabeleçam a relação entre os conceitos, analisem os
factos e fenomenos variados sob varios pontos de vista,
façam a ligaçao dos conhecimentos com novas situações e
factos da pratica social

Variações da Consolidação

Consolidação reprodutiva: Consolidação criativa:

• Tem caracter de • Refere-se à tarefas que


exercitaçao, isto é, apos levam ao aprimoramento
compreender a matéria do pensamento
os alunos reproduzem independente e criativo,
conhecimentos, na forma de trabalho
aplicando-os a uma independente dos alunos
situaçao conhecida sobre a base das
consolidações anteriores
110 Lição 15

Fig.: Variações da Consolidação no PEA

Sumário

Para o professor e principalmente para os alunos não tem nenhum valor


didáctico adiantar continuamente com a matéria sem que esta seja
consolidada pelos alunos; o ensino e o saber são úteis quando os alunos
atingirem a capacidade de operarem com o aprendizado em situações
concretas da vida quotidiana: aprende-se para a vida. Para o efeito, a
progressão no tratamento da matéria nova deve prever momentos
especificamente destinados a levar os alunos a terem domínio sobre o
aprendido; é uma questão de opção e estratégia pedagógica: não vale a
pena apenas adiantar na matéria, sob pena de que os alunos apenas
tenham pequenas recordações do que viram sem poderem pôr em pratica
e, muito menos, aproveitar-se do aprendido para as aprendizagens
posteriores.

Entretanto, quando falamos de consolidação, é importante chamarmos a


atenção ao de que é preciso evitar que esta seja apenas reprodutiva, mas
sim privilegie a consolidação generalizadora e criativa.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 111

Exercícios

Indique as alineas com as quais concorda :

a. A consolidação pode e deve dar-se em qualquer etapa do PEA

Auto-avaliação 6 b. O PEA é um sistema de vai e vêm na abordagem da matéria,


permitindo aos alunos ver a relação entre as varias partes dos
conteúdos do programa de uma disciplina

c. A repetição e sistematização planificadas, a pratica intensiva e a


aplicação variada dos conhecimentos e habilidades integram
obrigatoriamente o PEA nas suas diversas fases.

d. Quando após compreender a matéria os alunos reproduzem


conhecimentos, aplicando-os a uma situação conhecida, chama-
se a isso de consolidação criativa.
112 Lição 16

Lição 16

FD “D+C”: FORMAS METODICAS


PARA O DOMINIO E Consolidação

Introdução

Anteriormente ficou assente a questão sobre a importância do « domínio


e consolidação » como uma das fases do PEA e, dessa maneira,
procuramos mostrar que para além de constituir apenas uma fase, o
« domínio e consolidação » representa actividades a possíveis de serem
realizadas em qualquer outra função didáctica ; trata-se, neste ultimo
caso, da consolidação imanente, indirecta.

A particularidade da FD « D+C », tal como acontece com as outras


revela-se no seu propósito, mas também no caracter das formas metódicas
especificas que lhe dão corpo : a repetição, a sistematização, a
exercitação e a aplicação constituem o suporte metodológico através das
quais se torna realidade o « domínio e consolidação » da matéria.
Esperamos, pois, fazer menção sobre elas e, assim, ao completar esta
lição, você será capaz de:

• Indicar os componentes da FD « D+C »

Objectivos • Explicar as formas metódicas para a realização do “domínio e


consolidação” da matéria.

• Realizar directa ou indirectamente cada uma das formas


metódicas da FD “D+C”, com o propósito de levar os alunos a
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 113

terem a sua disposição o saber para a vida

1. A repetição, a sistematização, a exercitação e aplicação


constituem acções praticas a partir das quais se realiza o
“domínio e consolidação”.

Actividade 19 a. Qual é a importância e em que consiste cada uma destas formas?

Para o professor realizar, com os seus alunos, a FD “D+C” precisa de


certas acções nesse sentido, nomeadamente a repetição, a
sistematização, a exercitação e aplicação. Estas acções, enquanto
formas metódicas para a realização do “domínio e consolidação” ocorrem
em todas as etapas do PEA, mas aqui trata-se duma etapa em que o
objectivo directo é a consolidação e domínio dos conteúdos.

Repetir e resumir Sistematizar e


integrar
Novas
qualidades
Consolidar o saber, saber do saber,
fazer saber ser/estar saber fazer
e saber
ser/estar
Aplicar
Exercitar

Fig. Componentes da Função Didáctica Domínio e Consolidação

Passemos de seguida a apresentá-las em separado cada um destes


elementos, conforme você deve ter discutido:
114 Lição 16

REPETIÇÃO

O trabalho com a matéria nova fica concluído quando os alunos tiverem


assimilado de forma duradoira e solida os conhecimentos e capacidades,
quando estão disponíveis e prontos para serem aplicados nas situações da
vida quotidiana.

Quando falamos da função didáctica “Introdução e Motivação”,


assinalamos que seu fim é assegurar um nível inicial didáctico e
psicológico a partir da qual se pode alcançar o nível final, ao que se
aspira, ou utilizar a repetição dirigida com o objectivo de alcançar
aqueles conhecimentos e noções prévias necessárias para assimilar o
novo conteúdo.

Nesta passagem do PEA, o professor habilidoso do ponto de vista


metódico soluciona varias tarefas:

• Mediante a repetição reafirma os conhecimentos e capacidades


fundamentais

• Mediante as repetições controla o nível da situação inicial dos


alunos

• Mediante as repetições o professor obtém uma base para avaliar a


cada aluno (através do controlo escrito, frontal dos rendimentos)
ou a todo o grupo.

Entretanto, muitos professores omitem as repetições porque temem


“perder muito tempo”. Mas isto é um erro; precisamente o contrario é o
correcto: o “segredo” para ganhar tempo na aula consiste em repetir
regularmente e variando o método”, “os maiores melhores didactas
(professores) parece que não fazem outra coisa que repetir, e em
realidade com isto progridem rapidamente”. Com certeza, estes últimos
progridem na aprendizagem dos alunos, porque ficam com os conteúdos
bem consolidadas e, por sua vez, estes servem de pré-requisito para a
aprendizagem do conteúdo seguinte, evitando deste modo tempo
prolongado de explicações a alunos que não percebem por falta de pré-
requisitos.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 115

Logo, a repetição acompanha o processo de ensino em todas as suas


fases, havendo assim uma diferença entre a repetição directa e indirecta (
imanente). A repetição directa tem por objecto um controle dos
rendimentos através de resumos durante a aula, de sistematização e das
próprias aulas de exercitação ou de repetição.

A repetição imanente é aquela actividade de fixação que ocorre “de


passagem”, uma repetição que normalmente os alunos não estão
consciente. Isto acontece ligando o velho com o novo e o novo com o
velho, recua-se constantemente ao velho, estimulando aos alunos para a
reprodução, na conversação durante a aula ou na solucionar tarefas, seus
velhos conhecimentos e capacidades e aplica-los em certos aspectos. A
repetição imanente é um ponto permanente entre o velho e o novo. Aqui
se fundem duas funções didácticas em uma só acção didáctica; a fixação
do velho e o apoio ao processo de assimilação dentro do trabalho com a
matéria nova.

O que deve ser repetido? Esta questão surge porque as vezes os


professores fazem ou querem fazer a revisão de toda a matéria, ou seja,
de todas as generalizações sucessivamente; neste caso é difícil ao aluno
vencer toda esta quantidade da matéria ; e mais, pode não diferenciar-se o
essencial do não essencial. As repetições mais amplas devem ser
reservadas para aulas de repetição. E nestas aulas se devem repetir os
factos e generalizações mais importantes e que se prestam atenção
especial aos conhecimentos que os alunos devem memorizar (nomes,
regras, formulas, etc.). A matéria para memorizar deve ser destacada em
diversas formas (esquemas, desenhos, diagramas, utilizando tintas
coloridas). Quando se realiza a repetição total ou parcial mediante o livro
de textos da administração os alunos devem exercitar-se no
reconhecimento e sinalização do essencial, sublinhando o mais
importante.

Em termos de condições para a efectividade da repetição, temos três


principais: regularidade, sistematização em estrutura e riqueza/variedade
nas formas de repetição.
116 Lição 16

Variedade nas formas de repetição:


Condições para a
repetição
• O professor deve sempre buscar novas vias com maiores possibilidades de êxito

• A forma e técnica de repetição que são aplicadas em cada caso dependem de


varios factores: objectivo da aula, dos conhecimentos e capacidades dos aalunos
e da hablidade métodica do professor: por exemplo, a repetiçao introdutoria
pode realizar-se mediante uma exposição do aluno, uma demonstração, um
pequeno trabalho escrito de repetiçao, uma conversação de uma observação

• Um método muito eficaz consiste em utilizar a repetição empregando meios


ilustrativos o mais frequentemente possivel: o que o aluno disse deve
demonstra-lo, se possivel, com modelos, etc

Condições para a
repetição

Sistematizaçao na estrutura das


Regularidade da repetição:
repetições:
• O que se pratica hoje e logo se
• Os alunos devem ser
deixa de fazer durante dias ou
dirigidos das formas
semanas, antes de memorizar ou
elementares de repetição
de reafirmar os conhecimentos,
até as tarefas mais dificeis;
nunca atingirà uma
sistematizaçao dos
conhecimentos, muito menos • A repetição deveria partir
poderà educar os alunos na dos novos pontos de vista:
aprendizagem consciente aqui os alunos sao
motivados a agrupar
novamente seus
conhecimentos, vê-los em
outras relações e, em certo
modo, aplica-los.

Fig.: Condições para a repetição


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 117

SISTEMATIZAR-INTEGRAR

Sistematizar é integrar e estruturar logicamente, através de gráficos


quadros ou tabelas, dando a visão de conjunto os conhecimentos,
experiências, as habilidades, etc., aprendidos. Nesse sentido, sistematizar
é continuar o processo cognitivo pela integração dos conhecimentos em
sistemas científicos e, ao mesmo tempo, capacitar os alunos a pensar e
agir de maneira organizada e sistemática.

EXERCITAÇÃO

Em didáctica a “exercitação” se refere a repetição de acções com o


objectivo de desenvolver capacidades e habilidades. Todos os processos
físicos e psíquicos, ou seja, todas as capacidades e habilidades do homem
necessitam de exercitação para a sua formação, aperfeiçoamento e
fixação: observar, analisar, concluir, aplicar, aprender, perceber, etc.,
inclusive o próprio exercitar deve ser exercitado, treinado. Exercícios
fazem os alunos penetrar mais profundamente na matéria. Assim, a
exercitação é a execução repetida de actividades (desenvolvimento de
acções) com o objectivo do seu continuo aperfeiçoamento e a
mecanização parcial das habilidades e hábitos. Para além de ter
importância na formação de capacidades, a exercitação tem,
indirectamente, como objectivo a fixação e aprofundamento de
conhecimentos: a exercitação está em estreita relação com a repetição, e
ambas criam condições importantes para a aplicação dos conhecimentos e
capacidades.

FORMAS DE EXERCITAÇÃO

Tal como ilustra a figura seguinte e conforme sucede com a repetição, a


exercitação na aula pode ser directa ou indirecta
118 Lição 16

Exercitação directa:

• Realiza objectivos especiais de exercitaçao, digamos de


determinadas habilidades e capacidades

• Por exemplo, muitas situaçoes “autenticas” de exercitaçao no


ensno de matematica, de linguas, assim como o ensino de
ginastica, da musica, do desenho, etc

Formas de exercitação

Exercitação imanente ou indirecta:

• A situaçao de exercitação nao se manifesta em primeiro


plano, està escondida, coberta por outros processos que se
desenvolvem na aula

• Nem sempre os alunos tem consciência da situaçao de


exercitação: determinados processos de exercitaçao se desenvolvem
paralelamente, quer dizer, em certa medida continuam se
desenvolvendo determinas habilidades, cappacidades e costumes
sem nos darmos conta de estar a exercità-los

Fig.: Formas de exercitação

APLICAÇÃO

A aplicação é o “coração” do processo de ensino e aprendizagem e a


etapa superior do aumento e desenvolvimento de capacidades através da
resolução de problemas e tarefas em situações análogas e novas.

A aplicação representa, em certa medida, a ponte para a pratica


profissional, visto que desenvolve as capacidades que devem
possibilitar ao aluno o poder de aproveitar a teoria e posteriormente
pôr seus conhecimentos no trabalho produtivo. Dai resulta a grande
importância da aplicaçao para realizar o principio da unidade entre a
teoria e a pratica.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 119

A função didáctica mais importante da aplicação é o desenvolvimento da


capacidade para trabalhar livremente com os conhecimentos e
capacidades; e, ainda, com a aplicação se atinge uma reafirmação e uma
profunda consciencialização dos conhecimentos. Por isso, podemos
concluir que a aplicação se destaca no PEA pelas seguintes
características:

 Os conhecimentos e as capacidades tem que ser actualizados e


transformados em novas relações ou situações

 Os conhecimentos e capacidades, em relação, tem que ser


manejados independentemente

 Mediante a aplicação se estabelece uma união directa ou indirecta


entre a teoria e a pratica

Aplicações Directas Directas

• Trabalho do jardim escolar, realização de experiências e de


excursões, aplicação dos conhecimentos teoricos na produçao, etc

Exemplos de aplicações no PEA

Indirectas

• Trata-se de aplicações que estabelecem uma relação indirecta


com a pratica: tais aplicações jogam um papel importante,
porexemplo, no ensino da matématica, e também a aplicação de
conhecimentos geograficos e historicos em novas circunstancias
e situações
120 Lição 16

Sumário

Aula dada, aula consolidada. Parece-nos ser este um bom principio e


atitude didáctica por parte do professor. Mais, não deve tratar-se apenas
da consolidação de uma aula inteira, senão que partes, acções,
procedimentos, conceitos, operações….importantes que o professor
considera necessários serem apropriados pelos alunos. Neste caso, o
professor habilidoso não deverá se contentar apenas em « transmitir »
umas tantas noções, seguindo o programa, ele deve a cada passo repetir,
sistematizar, exercitar e a realizar exercícios de aplicação junto dos seus
alunos, devendo avançar a cada momento que se verificam níveis
satisfatórios de domínio e consolidação da matéria.

Tudo é uma questão de prudência : avançar uma tantas lições e depois


parar para as actividades de domínio e consolidação ? Realizar estas
actividades ao mesmo tempo que se avança com a matéria ? Um e outro
caso é possível, depende da natureza dos conteúdos, mas a maior
precaução deve ser a de « não deixar que uma matéria não devidamente
consolidada se transforme em dificuldade de aprendizagem das matérias
seguintes ».
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 121

Exercícios

Coloque V nas afirmações verdadeiras e F nas falsas :

a. Se passamos a repetir a matéria vai faltar tempo para cumprir


com o programa
Auto-avaliação 7

b. As repetições e aplicações imanentes realizam-se em outras


funções didácticas com propósito fundamental que não seja o de
levar a consolidação da matéria

c. Com a aplicação se consegue o desenvolvimento da capacidade


para trabalhar livremente com os conhecimentos e capacidades,
mas isso só é possível ser conseguido ao fim dos estudos, por isso
pouco adianta reservar tempo nas aulas para a avaliação

d. A exercitação é a execução repetida de actividades


(desenvolvimento de acções) com o objectivo do seu continuo
aperfeiçoamento e a mecanização parcial das habilidades e
hábitos

e. Sistematizar é capacitar os alunos a pensar e agir de maneira


organizada e sistemática.

f. Os quadros, tabelas, gráficos, esquemas….representado pequenos


resumos da matéria servem como meios poderosos para a
sistematização da matéria

g. A repetição pouco serve para motivar os alunos, muito menos


para avalia-los.
122 Lição 17

Lição 17

FUNÇÃO DIDACTICA CONTROLE


E AVALIAÇÃO

Introdução

Controle e avaliação acompanha todo o processo de ensino e


aprendizagem e forma, ao mesmo tempo, a conclusão das unidades de
ensino (ou unidades temáticas). No geral, podemos distinguir:

 Controle e avaliação directos, isto é, especificamente nas fases da


FD C+A

 Controle e avaliação contínuos ou imanentes, isto é, em todas as


outras funções didácticas.

Nesta primeira aula sobre a FD “C+A”, vamos nos ocupar sobre o


conceito, objecto e características básicas da avaliação; e, nas aulas
seguintes trataremos doutros aspectos, tais como os tipos e funções da
avaliação, os instrumentos de avaliação e a utilização dos resultados de
avaliação.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir o conceito de “avaliação” do ensino

Objectivos  Identificar aspectos que demonstrem a importância da avaliação no


PEA

 Mencionar o objecto de avaliação e, na base disso, estabelecer a


relação entre os objectivos do PEA e a avaliação

 Realizar uma avaliação do PEA que sirva simultaneamente como


meio didáctico e pedagógico
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 123

1. Defina avaliação.

2. Que aspectos poderem ser enunciados para justificar a


importância da avaliação?
Actividade 20
3. O que se avalia no PEA?

4. A avaliação se caracteriza por ser “meio didáctico “ e “meio


pedagógico”. O que isso significa?

Definir a avaliação, eis a questão a partir da qual acabou de reflectir e, se


CONCEITO DE tivesse consultado bibliografia da área pedagógica de certeza teria visto
AVALIAÇÃO que na literatura pedagógica existem muitos conceitos sobre avaliação;
mas de modo geral ela pressupõe classificar os alunos, determinar em que
medida cada um dos objectivos foi atingido e a qualidade dos métodos e
meios de ensino e dos próprios professores, seleccionar os alunos, etc.
Porém, de toda a maneira a avaliação é uma tarefa didáctica necessária e
permanente do trabalho docente, que deve acompanhar passo a passo o
PEA. Através dela os resultados que vão sendo obtidos no decorrer do
trabalho conjunto do professor e dos alunos são comparados com os
objectivos propostos, afim de constatar progressos, dificuldades e
reorientar o trabalho para as correcções necessárias. Deste modo,
podemos afirmar que a avaliação é uma reflexão sobre o nível de
qualidade do trabalho escolar tanto do professor como dos alunos.
Portanto, avaliar é:

a. A perceber–se do rendimento aproveitamento escolar dos alunos


e traduzi-lo em dados qualitativos e quantitativos.

b. A perceber se da incorrecção ou correcção do trabalho


desenvolvido pelo professor para ver si é ou não necessário uma
revisão do PEA.
124 Lição 17

Como pode ver, graças a avaliação é possível saber se a


aprendizagem está a efectuar se conforme o previsto ou não. E em
caso negativo, a realimentação fornecida pela avaliação permitirá saber se
o facto deve – se :

• A inadequação dos objectivos.

• A deficiências individuais que possam ou não ser superadas.

• A deficiências individuais relacionadas com pré – requisitos de


aprendizagem.

• A inadequação da orientação do PEA por parte do professor devido


aos métodos e meios de ensino ou outros factores.

Ao falarmos de objecto de avaliação pretendemos saber o que se avalia.


OBJECTO DE
AVALIACÃO E, nesse caso, é evidente que a avaliação dirige–se essencialmente ao
progresso nos resultados de aprendizagem demonstrados ao longo e ao
fim do ano lectivo. Quer dizer os aspectos a avaliar têm por base os
objectivos traçados pelo professor que exprimem os fins que devem ser
atingidos no PEA, e estes objectivos devem ser elaborados em função do
seguinte :

a. O nível médio de conhecimentos, habilidades, capacidades, atitudes,


convicções e maneiras de comportamento (quer dizer, o saber, o saber
fazer e ser/estar)que são o ponto de partida dos alunos.

b. O nível médio de conhecimentos, habilidades, capacidades, atitudes,


convicções e maneiras de comportamento são o ponto de chegada no
final para os alunos serem considerados aptos.

Finalmente, olhando para a quarta e ultima questão que lhe foi colocada
CARACTERISTICAS acima, primeiro importa reafirmarmos que, de facto, o controle e
BASICAS DO avaliação da aprendizagem dos alunos caracteriza-se por ser
CONTROLE E
simultaneamente meio didáctico e meio pedagógico. E o que isso
AVALIAÇÃO
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 125

significa? Você concordará connosco ao afirmarmos que a avaliação é


um meio didáctico e pedagógico por causa das suas finalidades. Assim, a
avaliação é:

1. Meio didáctico, isto é, de condução do PEA pelo professor para:

• Comparar o decorrer e os resultados da aprendizagem com os


objectivos pretendidos

• Avaliar o nível de aprendizagem atingido

• Analisar problemas e possibilidades de desenvolvimento

• Decidir sobre a continuação do processo

2. Meio pedagógico, isto é, de educação dos alunos para:

• Consolidar saber, saber fazer e saber ser/estar

• Desenvolver as capacidades de expressão linguistica

• Desenvolver a capacidade de auto-avaliação

• Desenvolver a autoconfiança

• Influencia a auto-avaliaçao

• Desenvolve a capacidade de autocorecçao.

Sumário

A avaliação é como a “bússola” do professor para orientar o PEA rumo


aos objectivos propostos. Ela indica ao professor e aos alunos o estagio
de desenvolvimento dos alunos em termos da aprendizagem, mostrando
os progressos e dificuldades de todos e da cada um dos alunos, afim de,
na sequência disso, providenciar-se a reorientação necessária aos alunos e
a todo o PEA: se é para repetir, corrigir uma noção mal assimilada ou
progredir. Quer dizer, com a avaliação, professor e alunos podem ver « a
que distância » se encontram das metas estabelecidas. é nesta ordem de
126 Lição 17

ideias que a base para a avaliação são os objectivos definidos no âmbito


desse PEA.

Exercícios

Qual das posições abaixo não recomendarias a nenhum professor por


ferirem o bom senso da razão de ser da avaliação no PEA:

a. Os alunos que não estudam, pagam na avaliação porque ai o


Auto-avaliação 8
professor vai mostrar quem sabe e quem não sabe: cada um
receberá o tributo do seu desempenho como premiação ou como
castigo em função do seu rendimento.

b. A avaliação serve para ver se a aprendizagem está a decorrer


conforme o previsto ou não.

c. Durante a avaliação não é a pessoa, aluno concreto, que está em


causa, mas sim o que ele aprendeu, as suas dificuldades e
progressos

d. Com a avaliação todos os alunos deveriam se sentir estimulados a


empreender mais esforços na aprendizagem

e. Quem estuda, passa, de contrario, reprova : tudo é uma questão


de responsabilidade de cada aluno.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 127

Lição 18

TIPOS E FUNÇÕES DE
AVALIAÇÃO

Introdução

Corroborando com autores como Cortesão e Torres (1990), Nérici (1989)


Piletti (1990), Libâneo (1992) e outros, podemos destinguir três tipos de
avaliação no PEA, nomeadamente avaliação diagnostica, formativa ou
continua e sumativa. Vamos ver, nesta aula, o conceito de cada um destes
tipos de avaliação, as suas funções, os momentos do PEA em que se
devem realizar e as formas da sua realização.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Caracterizar avaliação diagnostica, formativa e sumativa, indicando o


momento em que se realizam e os seus objectivos/funções
Objectivos
 Realizar continuamente a avaliação diagnóstica, formativa e
sumativa como instrumentos para (re)orientação do PEA

 Evitar realizar unicamente a avaliação sumativa

 Mencionar as formas através das quais se pode realizar a avaliação


diagnostica, formativa e sumativa.
128 Lição 18

1. No PEA podem e devem ser realizadas continuamente a


avaliação diagnostica, formativa e sumativa.

a. Indique o momento e os objectivos de avaliação diagnostica,


Actividade 21 formativa e sumativa.

A avaliação diagnóstica realiza–se no início do curso, do ano lectivo, do


AVALIAÇÃO
DIAGNOSTICA semestre, da unidade ou dum novo tema. No esquema abaixo, podemos
observar o que este tipo de avaliação pretende verificar e qual é a
utilidade que se pode fazer com os resultados deste tipo de avaliação:

Avaliacão diagnóstica

Identifica alunos com Constata deficiências


padrao aceitável de Constata
em termos de pré-
conhecimentos particularidades
requisitos
dos alunos

Encaminha os que Propõe actividades Individualiz


têm padrão aceitável com vista a a o ensino
para novas superacão de
aprendizagens deficiĉncias

Fonte : Piletti (1990)

Pode concluir–se então que a avaliação diagonóstica tem como objectivo


verificar o domínio de pré–requisitos necessários para aprendizagens
posteriores (= nível dos alunos). Estes pré–requisitos constituem o ponto
de partida para estabelecer uma estratégia do PEA adequada para os
alunos, de forma que o professor possa ajudar a todos os seus alunos a
terem o domínio do saber, saber fazer e saber ser/estar correspondentes à
objectivos considerados fundamentais. Deste modo é possível que se
faça:

• Organização de aulas de recuperação.

• Simplificação dos conteúdos programáticos que serão estudados,


reduzindo–os ao essencial.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 129

• Acompanhamento contínuo dos alunos individualmente ou em grupo.

• Elaboração constante de trabalho pelos alunos e sua correcção regular


pelo professor.

• Testagem regular dos progressos e resultados de aprendizagem.

Portanto, avaliação diagonóstica tem uma função formativa, pois tem


como finalidade, através de conhecimento do nível inicial dos alunos,
elevarmos a aprendizagem pela aquisição dos objectivos educacionais
propostos .

AVALIAÇÃO
CONTINUA OU
FORMATIVA Este tipo de avaliação realiza–se continuamente ao longo das aulas.
Também tem uma função formativa, uma vez que dá a conhecer ao
professor e ao aluno se os objectivos estão a ser alcançados, identifica os
obstáculos que estão a comprometer a aprendizagem, a razão de ser
desses obstáculos, permitindo assim estabelecer estratégias que ajudem os
alunos e os professores a ultrapassar as dificuldades detectadas.
Esquematicamente, temos :

Avaliacão
contínua/formativa

Função Controladora

Informa se os Identifica obstàculos


objectivos estão ou que estão a Localiza deficiências
nao a ser alcançados comprometer a
aprendizagem

REPLANIFICAÇÃO

Fonte : Piletti (1990)


130 Lição 18

Esta actividade (avaliação contínua) vai revelar problemas de


aprendizagem colectivos (da turma) ou individuais. Por exemplo, o facto
de uma noção não ter sido adquirida por grande número de alunos na
turma pode significar que ela é difícil ou que o professor não actua de
forma adequada.

Consequentemente, há um diagnóstico do PEA, e em caso de os


resultados serem negativos, a replanificação consiste em :

• Rever os objectivos traçados e os conteúdos por parte do professor.

• Rever os métodos e os meios de ensino e aprendizagem utilizados na


aula.

• Alongar o tempo previsto inicialmente de modo a fazer compreender


os conteúdos eficazmente.

• Acompanhar de perto o trabalho dos alunos ou exigir mais esforço


com vista a compreensão da matéria.

AVALIAÇÃO
SUMATIVA
No fim de uma determinada etapa de aprendizagem (unidade, trimestre,
semestre, ano ou curso) chegou o momento de se medir a distância a que
o aluno ficou das metas pré–estabelecidas, ou seja, avaliar se os
objectivos traçados foram ou não alcançados pelos alunos. Esta distância
é quantificada, isto é, classificada. A função desta avaliação é, pois,
emitir um juízo de valor final.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 131

Avaliação sumativa

Função classificatória

Classificação final

Unidade Trimestre Semestre Curso/ano

Fonte : Piletti (1990)

Mas classificar pressupõe que haja um critério de como fazer uma


comparação com o que está a ser classificado num determinado quadro de
referência, e no nosso caso temos a escala de valores, de notas, surgindo
daí as classificações de Muito Bom, Bom, Suficiente, Mediocre e Mau.

Contudo, a avaliação sumativa para além de função de classificar pode


também assumir a função formativa e orientadora do percurso de
aprendizagem na medida em que será um instrumento de balanço que
permitirá:

I. Ajudar o professor a :

• Decidir da possibilidade de passar ou não para uma nova unidade


didáctica.

• Medir a posição de cada aluno, tendo em conta os objectivos


estabelecidos na planificação e toda a evolução que o aluno foi
evidenciando.

• Decidir da possibilidade de os alunos transitarem para o ano


seguinte, apoiando-se também, como é óbvio, em todas as
informações recebidas sobre aluno.

• Constatar se porventura houve falha no seu próprio trabalho,


identificar as causas, afim de as ultrapassar posteriormente.
132 Lição 18

II. Ajudar o aluno a :

• Realizar um esforço de síntese, isto é, de descoberta das relações


entre as diferentes partes do programa do ensino.

• Criar certos hábitos de trabalho independente.

• Consciencializar o grau de consecução dos objectivos atingidos


após um período de trabalho.

Sumário

A avaliação acompanha todo o PEA; alias, juntamente com a planificação


e a realização do PEA, constituem o ciclo docente, ou seja, o ciclo de
actividades fundamentais do professor: planificar, realizar e avaliar o
PEA. E não se trata de uma avaliação « fim » em sim mesma, mas de
uma avaliação que inicia com o processo para o diagnostico das
particularidades individuais dos alunos e da turma, para ajustar as
actividades ao aluno e, depois, a medida que se vai realizando o PEA o
professor e o aluno requerem uma informação sobre como está a decorrer
a aprendizagem para reorientação da actividade do ensino tendo em conta
o ritmo da aula e da aprendizagem dos alunos. E, finalmente, após a
conclusão de uma unidade, semestre, curso…faz-se a avaliação sumativa
para classificação dos alunos.

O importante, em nosso entender, é que a avaliação, contrariamente ao


que fazem muitos professores, não deve servir apenas para « dar notas »
aos alunos, classifica-los, mas sim como um instrumento valioso para
condução do PEA. Para o efeito, se impõe ao professor a realização não
apenas da avaliação sumativa, mas cada vez mais da avaliação
diagnóstica e formativa.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 133

Exercícios

Indique as proposições verdadeiras, dentre as que se seguem :

a. Quando se realiza a avaliação diagnostica temos em vista aferir o


nível inicial dos alunos para a aprendizagem do novo conteúdo.
Auto-avaliação 9
b. Depois de realizada a avaliação diagnostica, quando se verificar
que os alunos não têm os pré-requistos, o professor deve
reprogramar a recuperação dos alunos antes de avançar com a
nova matéria

c. A recuperação dos alunos pode acontecer tanto no inicio de uma


aula com nova matéria ou numa aula inteira especificamente
reservada para o efeito

d. Quando se fazem recuperações, é útil aproveitarem-se as formas


metódicas para a realização da função didáctica « domínio e
consolidação »

e. A avaliação formativa não pode ser realizável nas nossas escolas


por causa do numero elevado de alunos e da extensão dos
programas

f. O que é mesmo importante é que cada um dos alunos perceba,


através da avaliação, os seus progressos e as suas dificuldades
para, à partir dai, esforçar-se no que for necessário.
134 Lição 19

Lição 19

TÉCNICAS/INSTRUMENTOS OU
MEIOS DE AVALIAÇÃO

Introdução
A verificação e a qualificação (= avaliação) dos resultados de
aprendizagem no início, durante e no final das unidades didácticas (ou de
determinada etapa de aprendizagem qualquer), visam sempre diagnosticar
e superar dificuldades, corrigir falhas e estimular os alunos para que
continuem dedicando–se aos estudos. Sendo uma das funções de
avaliação determinar o quanto e em que nível de qualidade estão sendo
atingidos os objectivos, são necessários instrumentos e procedimentos de
avaliação adequados.

Nesta lição falaremos destes instrumentos, desde provas escritas, orais,


passando pelas suas variações e incluindo a avaliação através da
observação do comportamento do aluno. Ao completar esta lição, você
será capaz de:

 Dar exemplos de formas (instrumentos) que se podem utilizar para


avaliar os alunos no inicio, durante e no final de uma aula ou unidade.
Objectivos
 Explicar a finalidade das provas/testes orais, escritas e prático-orais

 Utilizar a observação do comportamento e do desempenho do aluno


nas discussões como instrumentos complementares para a avaliação
do aluno

 Ter em conta as considerações necessárias para a correcta utilização


das provas orais, escritas e prático-orais.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 135

1. Apresente exemplos concretos de como o professor pode avaliar


os alunos no inicio duma unidade, durante uma aula e ao final de
uma etapa de aprendizagem (unidade, trimestre, semestre, ano,
etc.)
Actividade 22
2. Com que finalidade se utilizam as provas orais, escritas e pratico
orais?

3. Que considerações se devem ter para melhor utilização das


provas orais, escritas e prático-orias?

Você está certo nesta sua reflexão. Alias, todos temos observado que é
possível e recomendável avaliar os alunos no inicio de uma unidade, no
desenvolvimento duma aula, assim como no fim de uma etapa de
aprendizagem, utilizando uma série de instrumentos.

Por exemplo, no início de uma unidade didáctica deve–se fazer a


sondagem das condições prévias dos alunos, por meio de revisão da
matéria anterior, correcção de trabalhos de casa, testes rápidos, discussão
dirigida, conversão didáctica, etc. Durante o desenvolvimento da aula
acompanha–se o rendimento dos alunos por meio de exercícios, estudo
dirigido, trabalhos em grupo, observação de comportamento, conversas
informais, recordação da matéria, etc. No final da etapa duma
aprendizagem (unidade, trimestre, semestre, ano) são aplicadas provas ou
testes de aproveitamento (Libaneo, 1992).

Entretanto, se olharmos de modo geral a pratica de ensino de nossos


professores, a técnica comummente usada para avaliar são as
provas/testes, as quais, de acordo com o autor citado podem ser :

i. Provas orais

Realizam–se na base de diálogo entre o professor e o(s) aluno (s). Assim,


para a realização duma prova oral é preciso considerar as seguintes
indicações indispensáveis :

• É preciso criar condições favoráveis ao aluno para que se


sinta a vontade.
136 Lição 19

• Antes de iniciar a prova propriamente dita, o professor deve


entabular uma conversa amigável com o aluno para que este se
sinta a vontade.

• Feita a pergunta, deve–se dar tempo para que esta seja objecto de
reflexão. Não se deve, caso não venha logo a resposta, passar
imediatamente a outra.

• O professor deve fazer perguntas claras, precisas, na ordem


directa e formuladas de maneira pensada.

• De início, deveria o professor formular uma ou duas perguntas


fáceis para depois ir formulando as de nível exigido.

• É necessário que o professor, em caderno a parte formule, por


escrito, as perguntas fundamentais do assunto, de modo a
satisfazer o exposto no quarto ponto anterior.

ii. Provas escritas

Em nossas escolas as provas escritas são usadas em forma de ACS, ACP,


ACP e exame final da classe/ano, caso haja. Contudo, podem ser usadas
em qualquer aula ou no início da seguinte para o professor certificar-se
sobre o que o aluno aprendeu e, então, saber que rumo dar aos trabalhos
da nova aula: se é para repetir, rectificar ou prosseguir, dependendo da
situação vivida no momento quanto ao saber, saber fazer e saber
ser/estar nos alunos. Por conseguinte, as provas escritas frequentemente
utilizadas são a ACS, ACP, ACF e exame final, dependendo ainda delas a
atribuição de notas ou classificações, as quais vão determinar a aprovação
ou reprovação do aluno.

As provas orais assim como escritas podem constar de dissertações ou de


questões objectivos.

a. Dissertação : nestas ao aluno lhe é exigido que exponha um assunto


ou parte do mesmo, coordenando-o e argumentando. O tema de
dissertação para os alunos do EP1 deve, preferencialmente, ser um
assunto tratado na turma, preciso e não longo demais ; é vantajoso
quando procura avaliar qualidades de redacção, conhecimentos
gramaticais, clareza de ideias, originalidade, capacidade de
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 137

fazer relações entre factos, ideias e coisas, influência de ideias e a


coerência das mesmas.

Um exemplo bastante valioso da aplicação da dissertação no ensino


primário são as redacções ou composições, que a mando de bons
princípios a sua avaliação deve incidir sobre qualidades atrás
referenciadas e não, por exemplo, o local de passagem de férias, no caso
de uma redacção sobre as férias escolares no início do ano lectivo ou
semestre. E quando desejamos avaliar conhecimentos ou habilidades
podemos ter os seguintes exemplos de questões dissertativas:

• Explicar o que acontece com o peixe quando ele é retirado da


água.

• Comparar características de vegetação e do clima em


Moçambique.

b. As questões objectivas cobrem toda a matéria. A sua importância


reside no facto de um grupo de perguntas curtas pode verificar melhor
o conhecimento do aluno sobre o assunto do que uma dissertação
sobre o mesmo.

Porém, a elaboração das questões objectivas, assim como as de


dissertação, necessitam de tempo e cuidado. Recomenda-se ao professor
que, a medida que vai dando aulas vá anotando os elementos mais
significativos e que melhor se prestem a uma verificação desta natureza,
de maneira a não ficar um trabalho volumoso e cansativo ao serem
elaborados em pouco tempo, com o risco ainda de não obedecer as
recomendações quanto a redacção de questões objectivas : e deste modo,
o professor vai formulando uma série de perguntas de maneira que
possa formar um arquivo de questões.

Recomendações quanto a redacção de questões objectivas :

• As questões precisam ser redigidas de maneira clara, evitando-se


ambiguidade e subentendidos .

• Na redacção de questões objectivas, usar termos que expressem a


problemática em questão e sejam do conhecimento dos alunos.
138 Lição 19

• Redigir as questões de maneira a não induzir para a resposta, mas


tão só expressar a situação problemática.

• Não redigir questões em cadeia, em que a resposta de uma


questão vá influir na resposta da seguinte : é preciso que cada
questão expresse uma situação independente.

• Não redigir questões para as quais se ajustam mais de uma


resposta.

iii. Provas práticas ou prático-orias

Neste tipo de provas o aluno é posto diante duma situação problemática


que deverá ser resolvida por uma experiência, uma realização material,
um reconhecimento de elementos industriais, naturais ou químicos, ou
ainda, pelo uso de aparelhos, mapas ou tabelas.

As provas prático-orais, além de ajudarem no aperceber-se do


conhecimento teórico, demonstram habilidades, segurança e domínio de
técnicas, bem como o manejo dos instrumentos especializados utilizados
(ex. : mapas, tabelas, etc.).

Na avaliação sumativa, como em outros tipos de avaliação, verificando-se


que as provas (testes) são incompletas, usam-se como complemento
outros meios de avaliação, nomeadamente:

1. Observação do comportamento do aluno em relação a :

a. Hábitos de estudo

b. Relacionamento com adultos, colegas e professor

c. Cumprimento de tarefas escolares nos prazos definidos

d. Atitude positiva ou negativa com relação aos trabalhos escolares

e. Capacidade de cooperação

f. Aproveitamento do tempo

g. Ordem nos cadernos e material escolar


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 139

h. Facilidade de expressão

i. Facilidade de assimilação (ou de domínio) da matéria….

2. Desempenho do aluno em discussões, conversas e


comentários

Sumário
Quando se decide avaliar os alunos, o professor tem, normalmente,
utilizado como recurso as provas ou testes, as quais podem ser escritas,
orais ou prático-orais. Olhando para os comentários que deixamos ficar
anteriormente, conclui-se que seria utopia querer compreender a
totalidade do ser em desenvolvimento (aluno) utilizando apenas um tipo
de instrumentos de avaliação, visto que cada um deles comporta
finalidades que, querendo aproveita-los eficazmente, se complementam
com as doutros instrumentos. Portanto, é mister de dizer que o professor
deveria avaliar os seus alunos com base neste conjunto de instrumentos e
não recorrendo à apenas um deles como teimam alguns de avaliar os seus
alunos, por exemplo, somente através das provas escritas.

Para além da complementaridade entre as provas/testes (orais, escritas e


prático-orais), o avaliador de alunos deve enriquecer a sua informação de
conhecimento sobre eles observando o comportamento deles e a maneira
como implicam nas discussões e comentários à volta de assuntos
programáticos durante e fora das aulas.
140 Lição 19

Exercícios

Exclua da lista de conselhos a dar à um professor as que considera


inapropriadas sob ponto de vista didactico :

Auto-avaliação 10 a. Nas provas escritas o aluno é posto diante duma situação


problemática que deverá ser resolvida por uma experiência, uma
realização material, um reconhecimento de elementos industriais,
naturais ou químicos, ou ainda, pelo uso de aparelhos, mapas ou
tabelas.

b. A medida que o professor vai dando aulas deve ir anotando os


elementos mais significativos e que melhor se prestem a uma
verificação por questões objectivas ou dissertativas, de maneira a
não ficar um trabalho volumoso e cansativo ao serem elaborados
em pouco tempo, com o risco ainda de não obedecer as
recomendações quanto a redação destas questões.

c. Numa avaliação as questões dissertativas são vantajosas quando


procuram avaliar qualidades de redação, conhecimentos
gramaticais, clareza de ideias, originalidade, capacidade de fazer
relações entre factos, ideias e coisas, influência de ideias e a
coerência das mesmas.

d. Por ser dificil demais avaliar no inicio duma unidade e ao londo


do desenvolvimento de uma aula e, ainda, por não haver
instrumentos fiaveis nestas fases, é mesmo preferivel avaliar no
fim de cada etapa de aprendizagem para apenas atribuir nota aos
alunos.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 141

Lição 20

UTILIZACÃO DOS RESULTADOS


DE AVALIACÃO DA
APRENDIZAGEM

Introdução
Como deve ter ficado claro, os resultados de avaliação não são e nem
devem ser um fim em si mesmos, o que equivale a dizer que são obtidos
para o seu uso posterior. Deste modo, mormente, são utilizados conforme
foi referenciado em cada um dos tipos de avaliação atrás mencionados,
como também, de modo genérico, além doutras utilidades, podemos aqui
destacar a utilização dos resultados de avaliação para :

a. Análise da eficiência interna do sistema educativo.

b. Ainda, como nos diz Lemos (1990) para:

i. Orientação e aconselhamento dos alunos

ii. Selecção e modificação das metodologias.

iii. Avaliação dos programas, previsão dos resultados futuros e na


investigação

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Utilizar os resultados da avaliação para a melhoria da qualidade de


ensino e sua adequação às condições e ritmo de aprendizagem dos
alunos
Objectivos  Identificar, com base nos resultados de avaliação, os alunos e
disciplinas que registam mais dificuldades de aprendiagem

 Ter a necessidade de procurar as razões das dificuldades de


aprendizagem, quando estas surgem em certos alunos e disciplinas
142 Lição 20

 Criar condições e/ou dar oportunidades de recuperação aos


alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem, antes de
avançar para novas aprendizagens sem o dominio de pré-
requistos por parte dos alunos

Explique como é que os resultados de avaliação, como dissemos, podem


ser utilizados para orientação e aconselhamento dos alunos, assim como
para a recuperaçao destes.

Actividade 23

Deu para você reflectir? Esperemos que a sua experiência como professor
e/ou como aluno tenha lhe servido de suporte para esta reflexão tal como
procuramos também fazer. De facto, quando nos questionamos sobre em

ORIENTAÇÃO E que consiste cada uma das formas de utilização dos resultados de
ACONSELHAMENTO avaliação que acabamos de mencionar, vemos que o professor deve
DOS ALUNOS
ser um orientador. Neste sentido, os resultados de avaliação são,
sem dúvida, o indicador mais obvio da situação escolar do aluno e
das acções a desenvolver por este e pelos pais, professores e escola,
em geral, no sentido de melhorar e de evitar insucessos previsíveis
em tempo útil.

Caso típico é o relativo as informações aos pais, apóis o primeiro


momento definido de avaliação (ex : depois de duas ACS e uma ACP), o
que pode corresponder, por exemplo, a um bimestre ou trimestre. O mais
importante não é informar aos pais os resultados objectivos dos filhos,
mas sim do que poderá ser feito por eles no sentido destes resultados
poderem vir a melhorar ao longo do ano. Nomeadamente no que respeita
aos alunos que demonstrem especiais dificuldades nesta ou naquela
disciplina, sugestões sobre tempos de estudo, métodos de trabalho,
realização de trabalhos de casa, devem ser dadas de forma específica, não
só aos alunos, mas também aos respectivos pais, como forma de les
responsabilizar perante a actividade escolar dos seus alunos no fim do
ano escolar. Sendo claro que não se podem obrigar compulsivamente os
pais a ir `a escola, podem, no entanto, fazer-se chegar a estes informações
detalhadas sobre a aprendizagem dos seus filhos, não sendo
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 143

necessariamente preciso prestar informação continuada aos pais de todos


os alunos, pela dificuldade que isso acarreta, mas devem seleccionar-se
os alunos com mais dificulades, para os quais teremos essa atitude.

Em consequência disso, da análise períodica do coorte avaliativo, é


preciso que o professor ou conjunto de professores reflitam sobre :

a. Quais são os alunos que têm mais dificuldades e em que


disciplinas ?

b. Em que disciplina(s) os alunos têm mais dificuldades ?

c. Quais são as razões das dificuldades de aprendizagem tanto


individuais, como colectivos dos alunos ?

Em seguida, em relação à recuperaçãao e enriquecimento dos alunos,


RECUPERÇÃO E pensamos que a ideia surge mesmo da reflexão que o professor ou
ENRIQUECIMENTO instituição escolar possa fazer sobre os alunos e disciplinas que têm mais
DOS ALUNOS
dificuldades e as razões de tais dificuldades ; porque desta reflexao não
bastarà apenas saber, mas sim agir para recuperar e enriquecer os alunos
com dificuldades.

Cad vez mais tem se provado a estreita correlação entre o primeiro e o


último resultado dos alunos no mesmo ano escolar. Isto é, a maioria dos
alunos que têm classificação insuficiente ou negativa no início do ano,
numa disciplina, vêm a ter insucesso na mesma, mesmo no final do ano.
A confirmar-se isso, torna-se pertinente colocar as seguintes questões :

a. Os alunos não têm capacidade de recuperar na sua aprendizagem ?

b. O professor «marca» o insucesso dos alunos no início do ano ?

c. Ou o professor não cria condições e não dá oportunidade `a


recuperação dos alunos ?

Como é lógico, crê-se que a última hipótese é a mais verdadeira. Nem


todos os alunos obtêm bons resultados de aprendizagem no início do ano.
No entanto, muitas vezes o professor continua calma e paulatinamente
«dando o programa», sem ter em atenção tal facto, provocando
naturalmente o cada vez maior «afastamento para baixo» daqueles
alunos.
144 Lição 20

Se é verdade que o objectivo do professor é levar cada um dos alunos a


aprender o máximo possível, é igualmente verdade que a sua obrigação é
pôr todos os alunos a aprender o máximo, dependendo, claro, das
particularidades individuais destes. O professor deve realizar acções de
recuperação dos alunos com maus resultados, assim que obtêm dados de
avaliação da aprendizagem. A este próposito, Neves e Graça (1987 :
24/5), considerando que, provavelmente, estes alunos obtêm maus
resultados por falta de pré-requisitos (i.é, do saber, saber fazer e saber
ser/estar necessários e anteriores a qualquer aprendizagem), afirmam que
quando no PEA se ignoram os pré-requisitos resulta em:

a. Ou em enfado dos alunos por estarem a ser ensinados algo de baíxo


nível em relação aos seus pré-requisitos.

b. Ou os alunos se sentem frustrados porque nao têm os pré-requistos


necessários para começarem a aprender as habilidades requeridas, não
podendo assim aprender.

Parafraseando os autores em referência, para o professor atender aos pré-


requisitos, deve:

a. Identificar quais os pré-requisitos necesários para tornar


compreensível o novo tema.

b. Verificar, antes de iniciar o PEA (duma aula, unidade, programa,


etc), se os pré-requisitos são já do domínio dos alunos ou não. E no
caso negativo propõe actividades de recuperação e enriquecimento
dos alunos, e no caso positivo, planeia o estudo do novo tema de
modo que todos os conceitos novos (em suma, todo o conteúdo
novo) se relacionem com os precedentes.

Porém, Lemos (1990 :73) sustenta que muitas vezes os professores


queixam-se que não têm tempo para acções de recuperação porque têm
que continuar a «dar o programa». Mas «dar o programa» a quem ? A
progressão a toa pelo programa sem recuperação de atrasos dos alunos
provoca atrasos cada vez maiores e progressivamente irrecuperáveis.
Quer dizer, na sua planificação deve prever espaços para actividades de
recuperação, porque sabe que inevitavelmente elas terão lugar.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 145

Sumário
O professor deve agir não apenas mediador do saber, mas também como
orientador da aprendizagem dos alunos; isso significa que no caso em que
alunos demonstrem especiais dificuldades nesta ou naquela disciplina, o
professor deveria estar em altura de dar sugestões sobre tempos de
estudo, métodos de trabalho, realização de trabalhos de casa; estas
sugestões, claro, devem ser dadas de forma específica (aluno por aluno,
tendo em conta a natureza das suas dificuldades), não só aos alunos, mas
também aos respectivos pais, como forma de les responsabilizar perante a
actividade escolar dos seus alunos no fim do ano escolar.

Ao proceder desta forma quer dizer que o professor terà chegado a


conclusão sobre quais são as disciplinas e alunos que apresentam mais
dificuldades, incluindo a natureza destas mesmas dificuldades ; e
valendo-se disso, o professor não somente estaràa em condições de dar
orientação aos alunos como também planificaràa actividades
personalizadas para a recuperação e enriquecimento destes alunos, em
vez de “avançar à toa” com o programa: vemos, portanto, que o
desempenho do professor serà medido no equilibrio entre a recuperação e
enriqueciemento dos alunos e o cumprimento do programa.
146 Lição 20

Exercícios

Assinale com V ou F as afirmações a seguir, conforme sejam na sua


opinião verdadeiras ou falsas:

Auto-avaliação 11 a. Os resultados de avaliação são, sem dúvida, o indicador mais


obvio da situação escolar do aluno e das acções a desenvolver por
este e pelos pais, professores e escola, em geral, no sentido de
melhorar e de evitar insucessos previsíveis em tempo útil

b. As acções a desenvolver pelos alunos e pelos pais na sequência


da avaaliação, deverão ser sugeridas pelo professor, como parte
da sua responsabilidade didactica

c. Planear acções de recuperação aos alunos e disciplinas em que se


revelam muitas dificuldades de aprendizagem põe em causa o
cumprimento do programa, razão pela qual isso deve ser deixado
apenas a responsabilidade de cada aluno

d. Quando o professor continua calma e paulatinamente «dando o


programa», sem ter em atenção a necessidade de recuperação dos
alunos com dificuldades acaba provocando naturalmente o cada
vez maior «afastamento para baixo» daqueles alunos.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 147

Lição 21

UTILIZACÃO DOS RESULTADOS


DE AVALIACÃO DA
APRENDIZAGEM (Continuação)

Introdução
A lição anterior introduziu-nos no aspecto respeitante a utilização dos
resultados de avaliação como instrumento para melhorar a qualidade de
ensino, particularmente a superação das dificuldades de aprendizagem
dos alunos. Falamos anteriormente da orientação e recuperção dos alunos.
Queremos, neste sentido, continuar nesta aula a falar do mesmo assunto,
particularmente vendo outras formas através das quais se utilizam os
resultados de aprendizagem, particularmente:

 A modificação dos métodos de ensino

 Avaliação de programas e investigação

 Analise da eficiência interna do sistema

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Utilizar os resultados da avaliação para a melhoria da qualidade de


ensino e sua adequação às condições e ritmo de aprendizagem dos
Objectivos
alunos

 Face aos resultados de avaliação, questionar-se como foram atingidos


e sobre a actuação anterior, presente e seguinte do professor face aos
mesmos

 Modificar os métodos de ensino face aos resultaados de avaliação,


quando assim se justifica para melhorar a aprendizagem dos aluno

 Tomar os resultados estatisticos da avaliaçao para questionar-se sobre


148 Lição 21

o que o passado, presente e futuro institucional da sua escola

Explique como é que os resultados de avaliação, como dissemos,


podem ser utilizados para:

 Modificaçao dos métodos de ensino


Actividade 24
 Avaliação de programas e investigação

 Analise da eficiência interna do sistema

Os resultados de aprendizagem nos alunos, quiça, são um bom indicador

MODIFICAÇÃO da capacidade profissional do professor, apesar de isso não significar


DE METODOS DE forçosamente que o professor cujos alunos obtiveram más classificações
ENSINO seja, inequivocamente, especificamente, um «mau professor». Mas são
um verdadeiro indicador, particularmente, o índice médio de insucesso
(nacional, regional ou da escola por turmas) e do nível médio das
classificações da turma por disciplinas, no caso destas estarem a ser
leccionadas por professores diferentes. Portanto, deve constituir
preocupação quando, por exemplo, resultados negativos num professor
ultrapassam claramente os resultados obtidos por outros professores ou
escolas no mesmo nível.

Entretanto, o verdadeiro problema não está nos resultados em sí


mesmos, mas na forma como foram atingidos e na actuação anterior,
presente e seguinte do professor face aos mesmos.

Quando os resultados obtidos não se enquadram nos níveis esperados e


desejáveis, o professor, no dizer de Lemos (op. cit : 74), deve :

a. Reanalisar os instrumentos de avaliação utilizados e tentar


verificar se os mesmos estão verdadeiramente adequados,
procurrar erros ou omissões, rever todo o sistema de avaliação, de
modo a certificar-se da existêencia ou não de falhas.

b. Caso não se verifiquem falhas nem nos instrumentos nem no


sistema de avaliação, fazer a revisão de como decorreram as
actividades de ensino-aprendizagem, comparando cada uma com
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 149

os resultados obtidos pelos alunos na avaliação dos objectivos


que lhe dizem respeito.

c. Reanalisar os objectivos fixados, tendo em conta os resultados


anteriores dos alunos, a organização desses objectivos e a sua
sequência e as capacidades e conhecimentos que neles estao
inclusos.

Em cada uma dessas fases, como afirma o autor citado, quando o


professor encontrar erros ou falhas deve planear as acções necessárias
para as colmatar. Por exemplo :

a. Voltar a testar os objectivos em causa, quando se verifica erros no


respectivo instrumento de avaliação.

b. Voltar a realizar essas actividades de aprendizagem, quando se


verifica uma boa avaliação, mas um erro prévio do ensino.

c. Incluir na planificação da unidade seguinte objectivos da anterior


que estavam mal enquadrados, ou cujas actividades de ensino-
aprendizagem foram mal formuladas.

d. Suprimir objectivos quando se tenha verificado a sua inutilidade


em termos de aprendizagem.

Também outras accões podem ser levadas a cabo, dependendo da


situação concreta verificada no momento. No entanto, Lemos nos adverte
no sentido de que devem respeitar-se duas regras indispensáaveis,
nomeadamente:

a. A avaliação do ensino deve ser constante, de modo a que os


eventuais erros cometidos possam ir sendo remediados ao longo
do tempo, assegurando um caminho de aprendizagem
progressivamente mais seguro. Isto permitirá que o professor
possa chegar ao fim do ano sem hesitações e que a aprendizagem
possa ter tido, realmente, a maior produtividade possível.

b. Erros do professor nunca devem repercutir-se na avaliação dos


alunos. O professor nunca deve fazer «pagar» aos alunos erros
que não são da responsabilidade deles, mas de sí próprio.
150 Lição 21

AVALIAÇÃO DE
PROGRAMAS E
INVESTIGAÇÃO
O processo de avaliação de que temos vindo a falar consiste, portanto, em
três partes fundamentais:

a. Recolhem-se os dados para verificar a quantidade e qualidade da


aprendizagem dos alunos.

b. Tratam-se os dados para verificar a quantidade e qualidade da


aprendizagem.

c. Julgam-se os resultados em função dos níveis considerados


desejáveis para induzir modificações futuras de modo a melhorá-
los.

Entretanto, como nos aconselha Lemos (op cit : 76), não basta saber o
nível de insucesso de uma determiniada disciplina, turma, classe, escola
(quando se sabe !), mas é necessário investigar as razões do mesmo e
actuar sobre aquelas em que é possível introduzir modificações visando
melhoramento.

Em nossas escolas, após o fim de actividades lectivas, ouvem-se, por


vezes, os professores dizer que lhes foi marcado serviço de estatística.
Isto é dito com ar de quem tem, contra sua vontade, de ir desempenhar
mais uma tarefa burocrática que nada lhes diz respeito. Ora, tal trabalho,
não deve ser de modo nenhum somente um trabalho de estatística, mas
sim um trabalho de investigação, visando a avaliação institucional e
programática do ano ou período lectivo findo. Saber quantos e quais (se
necessário) os alunos que tiveram insucesso e em que disciplinas, quais
os níveis de insucesso e em que disciplinas, quais os níveis de sucesso de
cada disciplina, quais os resultados de cada professor, quais os níveis de
cumprimento de programas e as suas razões, qual é a taxa de abandono
(de desistência), de promoção, de aprovação, de reprovação, etc, não
serve somente para «saber». Serve para planear a introdução de mudanças
que melhorem os resultados, tendo-se sempre em referência os dados
passados e presentes, de modo a aproveitarem-se os aspectos positivos e
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 151

evitarem-se os negativos destes períodos, com o intuito de, como


dissemos, potenciar a melhoria dos resultados de aprendizagem futuros.

O objectivo de qualquer organização social tem que ser a melhoria


constante do serviço que presta. Na educaçao é uma obrigação
absolutamente prioritária. Porém, não diremos que se passe para um
sistema em que cada professor seja um professor-investigador, mas que,
pelo menos, cada organismo, cada escola, avalie, no fim de cada ano ou
período escolar (ex : trimestre, semestre, etc) o trabalho realizado.

ANÁLISE DA Quando falamos da eficiência interna ou rendimento interno do sistema


EFICIÊNCIA
INTERNA DO educativo referimo-nos a capacidade deste de graduar maior número de
SISTEMA alunos entrados no sistema educativo numa ano T, num período de tempo
o mais curto possível com recursos financeiros e humanos mínimos.
Assim, um sistema é tanto mais eficiente quanto maior fôr a taxa de
promoção e menor forem as taxas de desistência e de repetição.
(UNESCO, 1985)

Para quantificar e/ou analisar o rendimento interno do sistema educativo


utilizamos como indicadores as taxas de promoção, de repetição e de
desistência (abandono), as quais mostram como os alunos progridem no
sistema escolar ; e com estas taxas é possível constituir um organigrama,
representando o fluxo teórico dos alunos no sistema educativo e, pelos
objectivos e tempo limitado desta aula, não vamos nos debruçar acerca
deste assunto.

Sumário
Obter resultados de avaliação é importante porque desta maneira nos
damos conta do rendimento da actividade do professor e dos alunos face
ao ensino e aprendizagem de uma certa disciplina, unidade ou materia,
mas pelo que vimos os resulatos não são um fim em si mesmo; para além
dos resultados interessa vermos como é que eles forma atingidos, que
acções foram realizadas para que os resultados fossem estes e não outros
(piores ou melhores). Ao colocarmos nesta pespectiva estamos a
cosiderar que diante dos resultados obtidos é preciso questionarmos sobre
152 Lição 21

os métodos utilizados, modificà-los no que fôr oportuno, porque eles


traduzem, concerteza, os esforços tanto do professor como do aluno.

E mais do que isso, face aos resultados de avaliação é necessário


investigar as razões dos mesmos e actuar sobre aquelas em que é possível
introduzir modificações visando melhoramento: a tendência no PEA tem
que ser cada vez mais assegurar que maior numero, senao todos, atinjam
os objectivos de aprendizagem fixados, razao pela qual os obstàculos que
eventualmente tenham interferidos nos resultados anteriores devem ser
removidos.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 153

Exercícios

Exclua da lista seguinte as afirmações falsas:

a. Os resultados de avaliaçao reflectem em grande medida os


métodos de ensino utilizados pelo professor.
Auto-avaliação 12

b. Em vez de procurar as razões de insucesso dos alunos neles


mesmos, vejamos primeiro como os métodos de ensino utilizados
se adequam a eles para promover neles actividade necesaria para
o seu sucesso na aprendizagem

c. Quando se tem os resultados de avaliaçao, importa ficarmos


(in)satisfeitos face a eles, mas com a forma como eles foram
atingidos e, dessa forma, empreender modificações nos métodos
de ensino quando necessàrio ou nos instrumentos de avaliaçao.

d. Um sistema escolar é tanto mais eficiente quanto maior forem as


taxa de promoção , de desistência e de repetição

e. Saber quantos e quais (se necessário) os alunos que tiveram


insucesso e em que disciplinas, quais os níveis de insucesso e em
que disciplinas, quais os níveis de sucesso de cada disciplina,
quais os resultados de cada professor, quais os níveis de
cumprimento de programas e as suas razões, qual é a taxa de
abandono (de desistência), de promoção, de aprovação, de
reprovação, etc, não serve somente para «saber». Serve para
planear a introdução de mudanças que melhorem os resultados,
tendo-se sempre em referência os dados passados e presentes, de
modo a aproveitarem-se os aspectos positivos e evitarem-se os
negativos destes períodos, com o intuito de, como dissemos,
potenciar a melhoria dos resultados de aprendizagem futuros.

Respostas aos exercícios de Auto-avaliação

Auto-avaliação 1: Estratégias que darão bom sentido a actividade do


professor: a), b) e e)
154 Lição 21

Auto-avaliação 2: Afirmações veradeiras {d) e e)}, Afirmações falsas {a),


b) e c)}

Auto-avaliação 3: Conselhos que daria a um professor: b), c) e d)

Auto-avaliação 4: Afirmações verdadeiras: a), b) e d)

Auto-avaliação 5: Afirmações que não correspondem a verdade: d)

Auto-avaliação 6: Alíneas com as quais concorda: a), b) e c)

Auto-avaliação 7: Afirmações verdadeiras {b), d), e) e f)}, Afirmações


falsas {a), c) e g)}

Auto-avaliação 8: Posições que não recomendaria: a) e e)

Auto-avaliação 9: Proposições verdadeiras: a), b), c), d) e f)

Auto-avaliação 10: Conselhos inapropriados: a) e d)

Auto-avaliação 11: Afirmações verdadeiras {a), b) e d)}, Afirmações


falsas {c) }

Auto-avaliação 12: Afirmações falsas: d)


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 155

Unidade 4

MÉTODOS E TÉCNICAS DE
ENSINO-APRENDIZAGEM

Introdução

Bem vindo a esta quarta unidade do módulo de Didáctica Geral. A nossa


intenção nesta unidade é, primeiro discutirmos sobre os conceitos de
método e de técnica de ensino-aprendizagem, para de seguida
apresentarmos uma classificação dos métodos de ensino-aprendizagem,
na esperança de que desta forma o você possa compreender o imperactivo
de uso variado e multifacetado dos métodos de ensino-aprendizagem com
o propósito de optimizar a aprendizagem dos alunos. Assim, esta unidade
compreende dois pontos, nomeadamente:

 Conceito de Método e de Técnica de Ensino-aprendizagem

 Classificação dos Métodos de Ensino-aprendizagem

Ao completer esta unidade , você será capaz de:

 Estabelecer a diferença entre Métodos e Técnicas de Ensino-


Aprendizagem.
Objectivos
 Enunciar, através de exemplos, as variedades na definição de Métodos
de Ensino-Aprendizagem.

 Explicar porque o método de ensino-aprendizagem é importante para a


direcção da actividade cognitiva dos alunos.

 Explicar, através de exemplos, como as técnicas de ensino-


aprendizagem contribuem para o método desempenhar a sua função
formativa.
156 Unidade 4

 Indicar, de acordo com as diferentes formas de classificação, os tipos


de métodos de ensino-aprendizagem existentes

 Caracterizar os tipos de métodos de ensino-aprendizagem

 Identificar as situações em que melhor podem ser utilizados os


diferentes métodos de ensino-aprendizagem na sala de aula.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 157

Lição 22

CONCEITO DE MÉTODO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM

Introdução
Antes de mais nada importa referir que, etimologicamente, método quer
dizer « caminho para chegar a um fim ». Representa a maneira de
conduzir o pensamento ou acções para alcançar um objectivo. É, também
forma de disciplinar o pensamento e as acções para obter maior eficiência
no que se deseja realizar.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Definir « métodos » e « métodos de ensino-aprendizagem »

 Diferenciar métodos de técnicas de ensino-aprendizagem


Objectivos  Com base em exemplos, explicar como as técnicas de ensino-
aprendizagem apoiam os métodos de ensino-aprendizagem.

 A partir do cnceito de métodos de ensino-aprendiagem, explicar a


relação entre a actividade do professor e a dos alunos.

1. Anteriormente definimos o conceito de método sob ponto de


vista etimológico. Agora, pede-se para, em suas palavras
apresentar o conceito de método de ensino aprendizagem.

Actividade 25 2. Em que consiste a diferença entre método e técnica de ensino


aprendizagem?
158 Lição 22

Em primeiro lugar, estaremos de acordo consigo se tiver dito que em


relação ao conceito de métodos de ensino, existem distintas definições
sobre ele. Alguns autores partem essencialmente da actividade do
professor, outros integram a actividade do professor e dos alunos ; alguns
o definem como uma via para alcançar os objectivos de ensino, outros
como um conjunto de procedimentos metodológicos. Vejamos os
exemplos seguintes :

Os métodos de ensino devem definir-se como as formas de organizar a


actividade cognitiva dos alunos, que assegura o domínio dos
conhecimentos, dos métodos do conhecimento e da actividade prática,
assim como a educação do aluno no processo docente.(Skatkin)

Método de ensino é o modo de gestão da rede de relações que se


estabelecem entre o formador, o formando e o saber no seio de uma
situação de formação (Pinheirio e Ramos)

Método de ensino é um modo de conduzir a aprendizagem, buscando o


desenvolvimento integral do educando, através de uma organização
precisa de procedimentos que favoreceçam a consecução dos propósitos
estabelecidos. (Sant’anna e Manegolla). E, nesse sentido, Risk, citado
por Sant’anna e Manegolla, refere que os procedimentos de ensino são
conjuntos de actividades unificadas, relacionadas com os meios de ajuda
para a obtenção dos resultados pretendidos. Em realidade, representam
modos de organizar as experiências de aprendizagem durante os
períodos de aula.

Método de ensino ou didáctico é o conjunto de procedimentos lógica e


psicologicamente ordenados, de que se vale o professor, para levar o
educando a elaborar conhecimentos, a adquirir técnicas ou habilidades e
a incorporar atitudes e ideais. (Nérici)

Métodos de ensino são um conjunto de acções, passos, condições


externas e procedimentos utilizados intencionalmente pelo professor
para dirigir e estimular o processo de ensino em função da aprendizagem
dos alunos. Ou seja, são as acções do professor pelas quais se organizam
as actividades de ensino e dos alunos para atingir objectivos do trabalho
docente em relação a um conteúdo específico. Eles regulam as formas de
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 159

interacção entre o ensino e aprendizagem, entre o professor e os alunos,


cujo resultado é a assimilação consciente dos conhecimentos e o
desenvolvimento das capacidades cognitivas e operativas dos alunos.
(Libâneo)

Das definições anteriores sobre o conceito de método de ensino-


aprendizagem, de que maneira se pode analisar a relação entre a
actividade do professor e a dos alunos?

Actividade 26

Concerteza você deve ter percebido que, de facto, a designação «métodos


de ensino-aprendizagem e não apenas de ensino» traduz fortemente a
ideia de que, enquanto formas de orientação da actividade do professor,
os métodos de ensino-aprendizagem condicionam a actividade dos
alunos, eis porque, é justo chamarmos de métodos de ensino-
aprendizagem; e mesmo se a designação fosse apenas métodos de ensino,
tal como é designado por outros autores, se considerarmos que o ensino é
uma actividade finalizada cujo resultado é a aprendizagem dos alunos, é
óbvio pensarmos que das definições anteriores se pode analisar que o
conceito de método de ensino não considera só o professor como quem
organiza a actividade cognitiva do estudante, mas também que este actua
para a assimilação do conhecimento. Também se pode observar que o
método de ensino supõe que tanto o professor, assim como o aluno
trabalham para alcançar os objectivos que se tem determinado. Por isso, o
método de ensino é decisivo para a direcção da actividade cognitiva do
estudante e, nele, há que considerar a relação entre a actividade
dirigente do professor e a assimilação activa, consciente, independente
e criadora dos estudantes.É neste sentido que na actualidade existem
duas tendências de desenvolvimento fundamental sobre esta tématica. Por
uma parte se investigam métodos que alcancem uma direcção eficaz do
processo de aprendizagem pelo professor e, por outra parte, se investigam
métodos que conduzem a elevar a independência e o nível de criação
cognitiva dos estudantes.
160 Lição 22

O professor não pode substituir os estudantes na aprendizagem, a personalidade se forma na


própria actividade ; no processo de ensino o professor planifica, dirige e controla
constantentemente a actividade dos alunos. Uma condição não contradiz a outra e nele o método
desempenha uma função essencial.

Todo o professor ou formador deve Dai que Não basta perfeccionar planos
ser consciente de que elevar a de estudo, programas, livros,
qualidade do ensino significa, entre textos ou outros materias
outros aspectos importantes, a docentes ; também é
busca de novos Entretanto
métodos que importante a elevação da
conduzam a eliminação do tipo de qualidade do trabalho do
ensino que promove a professor e para isso ocupa
aprendizagem dogmática e um lugar de destaque o
reprodutivo, o que impede, aperfeiçoamento dos métodos
portanto, descobrir suas de ensino.
caractéristicas essenciais, suas
regularidades, os nexos com outros
e sua aplicação criadora.

O método deve ter :


i) Lógica para que seus passos tenham
sequência
ii) Estruturação psicológica para que se adapte
as formas da estrutura mental do educando,
em função da sua idade e maturidade, isto é,
para melhor se adaptar às particularidades e
as possibilidades do aluno.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 161

De facto, a par do conceito de método, na actividade docente tenta-se


estabelecer uma diferenciação entre o método e técnica de ensino. No
entanto, não é fácil estabelecer fronteiras bem definidas entre estas duas
componentes essenciais da formação. Na literatura sobre o assunto não
encontramos unanimidade. Alguns autores consideram como método o
que outros reduzem à simples técnica, sendo o contrário igualmente
verdadeiro.

Assim, tendo em conta o carácter necessariamente elástico e permeável


da actividade pedagógica, talvez não seja muito conveniente estabelecer
fonteiras rigidas ; é necessário, todavia, definir conceitos que
consideramos essenciais e igualmente compreender a relação entre
método e técnica.

A técnica de ensino ou pedagógica é o conjunto de atitudes ,


procedimentos e actuações que o professor/formador adopta para utilizar
correctamente os diversos instrumentos de formação de que dispõe : a
palavra, o gesto, a imagem, o texto, o audiovisual, a informática, etc.
Deste modo, a utilização correcta de diferentes técnicas pedagógicas
contribui para que o método desempenhe, de facto, a sua função de
gestão da situação de formação.

Exemplo, se, ao fazer uma exposição de determinado assunto, o formador


não é conhecedor das técnicas de exposição oral ou não as emprega de
forma correcta, é evidente que o método utilizado–o expositivo–não pode
cumprir a sua função e deste modo a relação de formação é claramente
Exemplo prejudicada

Sumário
A par dos objectivos e conteudos de ensino determinados, o sua mediação
preconisa uma série de actividades dignificativas tanto do professor como
do aluno, sendo estas ultimas, muitas vezes, resultante da estimulação que
162 Lição 22

tiverem sido feitas graças ao dinamismo da actividade do professor. Nesta


ordem de ideias, coloca-se como exigência crucial a busca de novos
métodos que conduzam a eliminação do tipo de ensino que promove a
aprendizagem dogmática e reprodutivo, o que impede, portanto, descobrir
suas caractéristicas essenciais, suas regularidades, os nexos com outros
momentos e tematicas (conteudos de ensino: anteriores e posteriores) e
sua aplicação criadora em situações da vida real.

O desafio é, pois, que na utilização dos métodos de ensino se tenham em


conta as particularidades dos alunos e, ao mesmo tempo, utilizar uma
variedade de técnicas apropriadas que possam dar funcionalidade aos
métodos escolhidos: nenhum método funciona por si so, sem referência à
diversas técnicas de ensino.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 163

Exercícios

A seguir se apresenta uma lista de abordagem sobre os métodos de ensino


aprendizagem, da qual se pede que diga quais são as afirmações com as
quais concorda e com as que não concorda :
Auto-avaliação 1
a. Ao designarmos métodos de ensino-aprendizagem, dà-se a ideia
de que as actividade de ensino condicionam fortemente as de
aprendizagem

b. O trabalho do professor de planificação das aulas, desde que seja


excelente, os métodos que for a utilizar pouco importa para a
qualidade da aprendizagem

c. Na questao sobre os métodos de ensino-aprendizagem, teemos


que ver a actividade do professor e dos alunos como sendo
interdependentes.

d. A aplicação de cada método de ensino-aprendizagem faz-se


mediante o recurso de varias técnicas de ensino, aplicaveis
também noutros métodos de ensino.

e. Quando uma técnica de ensino nao é apropriada aos alunos,


conteudos, etc, também o método correspondente não estarà em
condições de promover aprendizagem de qualidade nos alunos

f. A utilização correcta de diferentes técnicas pedagógicas contribui


para que o método desempenhe, de facto, a sua função de gestão
da situação de formação
164 Lição 23

Lição 23

CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS


DE ENSINO E APRENDIZAGEM

Introdução
Perante uma turma, mas sobretudo durante a fase de planificação da aula,
provavelmente o professor se pergunta sobre que métodos utilizar. Para
responder a esta questão importa, pois, do lado professor ter um
inventario geral sobre as possibilidades de métodos que se podem utilizar
no PEA.

De certeza que esta seria também uma questão que você iria se colocar.
De facto, não pretendemos que, para cada situação, lhe darmos indicações
sobre o(s) métodos que deveria utilizar, senão alistarmos as variedades
destes métodos, conforme os diferentes tipos de classificação de métodos
de ensino-aprendizagem que temos a disposição na literatura pedagogica.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Mencionar as diferentes classificações de métodos de ensino-


aprendizagem

 Identificar os métodos de ensino-aprendizagem propostos por cada um


Objectivos dos tipos de classificação

 Caracterizar os diferentes métodos de ensino aprendizagem

 Utilizar os varios métodos de ensino-aprendizagem, reconhecendo as


suas vantagens e limitações, sob ponto de vista didactico
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 165

1. Quais são os tipos de métodos de ensino-aprendizagem que


conhece?

Actividade 27

É difícil dizer com precisão os tipos de métodos de ensino-aprendizagem.


Provavelmente esta é a conclusão a que chegou. Isso é verdade na medida
em que é impossível de identificar uma classificação de métodos de
ensino aceite por todos. Por isso é importante estudar as distintas
classificações com o objectivo de o professor/formador aprofundar seus
conhecimentos teóricos para, a partir deles, enriquecer a sua prática
pedagógica. Das classificações de métodos de que podemos fazer
referência, temos o caso, por exemplo, das 4 delas que a seguir se
apresentam:

Classificação segundo as vias lógicas de obtenção do conhecimento:

 Métodos indutivos

 Métodos dedutivos

Exemplo  Métodos analítico – sintético

Classificação segundo as fontes de obtenção dos conhecimentos :

 Métodos orais (os que se centram na palavra como fonte


essencial de aquisição de conhecimentos. Ex : conversação,
exposição, conto, narração, etc)

 Métodos de percepção sensorial (os que se centram nas fontes


visuais. Ex : ilustração, demonstração, etc)

 Métodos práticos (os que se fundamentam no uso de exercícios


escritos e gráficos, nos trabalhos em laboratórios, nos ateliers,
etc)

Classificação tendo em conta aspectos que realçam as posições do


professor, do aluno, da disciplina e organização escolar (De Nérici):

a. Métodos quanto à forma de raciocínio :


166 Lição 23

Método dedutivo

 O professor procede do geral para o particular;


 O professor apresenta conceitos ou princípios, definições ou afirmações, dos
quais se extraem conclusões ou consequências ;
 Permite tirar consequências, prever o que pode acontecer, ver a riqueza de um
princípio ou de uma afirmação.

Método indutivo

 O assunto é estudado por meio de casos particulares, sugerindo – se que se


descubra o princípio geral que os rege ;
 Começa com a apresentação de elementos que originam generalizações por parte
dos alunos com ou sem ajuda do professor
 Basea – se na experiência, na observação, nos factos.

Método analógico, comparativo ou transdutisco

 Utiliza –se quando os dados particulares apresentados permitem comparações que


levam a concluir por semelhança
 O pensamento procede do particular para o particular. Por isso, este método pode
conduzir o aluno a analogias entre o reino vegetal e mesmo animal, com relação à
vida humana.

b. Métodos quanto a coordenação da matéria

Método lógico

 Os dados ou factos são apresentados em ordem de antecedência e consequência ;


 A estruturação da matéria, dos factos ou elementos é do menos para o mais
complexo, ou da origem à actualidade
 Principalmente faz a ordenação partido da(s) causa(s) para o(s) efeito(s).

Método Psicológico
 A ordem dos elementos segue – se mais segundo os interesses, necessidades e
experiências dos alunos ;
 Segue mais a motivação do momento do que um esquema rígido previamente
estabelecido;
 Atende a idade evolutiva dos alunos ao invés de determinações da lógica do
adulto
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 167

c. Métodos quanto a relação do professor com o aluno

Método individual
 Destina–se a educação de um só aluno/formando ;
 Trata–se do caso em que um professor está para um aluno ;
 É recomendável em casos de recuperação para alunos que, por qualquer motivo,
tenham–se atrasado nos seus estudos. Também pode ser usado em casos de
alunos excepcionais, que requerem um tratamento individualizado

Método recíproco
 É o que se usa quando o professor encaminha alunos a ensinar colegas ;
 Este método é devido a Lancaster (daí que é também chamado método
lancasteriano) que, impressionado com o número de alunos e a escassez de
professores, imaginou preparar monitores

Métodos de ensino colectivos


 Dirigem –se ao mesmo tempo e sob as mesmas condições para todos os educandos ;
 De modo geral, o professor actua com base no aluno médio
 As tarefas a serem desenvolvidas individualmente sao as mesmas para todos os
alunos. Considera – se que todos os alunos podem marchar no mesmo ritmo ;
 Exemplos destes métodos : método expositivo, de arguição, de leitura, etc.

Métodos de ensino individualizado

 Procuram ajustar o ensino a realidade de cada aluno, o que é vantajoso no sentido de que :
• O aluno passa a ser o centro da acção educativa
• O ensino é adequado realmente as condições pessoais dos alunos
• O aluno trabalha com o máximo de liberdade, mas com senso de responsabilidade
• Possibilita a motivação, o que favorece o crescimento pessoal
• Propicia o desenvolvimennto da criatividade.
 Entretanto:
• Não favorece a sociabilização do aluno, quando o aluno trabalha sozinho;
• Não oferece situações de estudo compatíveis com a realidade
• É mais caro
 Dos exemplos destes métodos temos : método montessori, Plano Dalton , Técnica
Winnetka, Ensino por unidades de Morrison, Módulos instrucionais ou ensino programado,
etc
168 Lição 23

Métodos de ensino socializado–individualizado

 Procura encarar o aluno em seus aspectos fundamentais, i.é, comme individuo e


membro duma comunidade ou de um grupo ;
 Visa alcançar as vantagens do ensino individualizado e as do ensino em grupo ;
 Habilita o aluno a cooperar com seus semelhantes e prepara – lo para enfrentar, sozinho,
situações reais que a vida lhe oferece ;
 Durante o estudo de uma unidade oferece – se ao aluno oportunidade de trabalho
individual de trabalho em grupo ;

 Uma tarefa pode ser enfrentada em grupo e, a seguir, individualmente, para formar
cidadão consciente, que toma suas decisões com base no seu raciocínio.

d. Métodos quanto a concretização do ensino

Método simbólico ou verbalístico

 Todos os trabalhos da aula são executados através da palavra, o que causa


imediatamente desinteresse dos alunos nos trabalhos da classe, mas economiza
o tempo

Método intuitivo
 A aula é efectuada com auxilio de concretizações, à vista das coisas tratadas ou
de seus substitutos imediatos ;
 Exemplos dos elementos intuitivos que podem ser usados são : contacto directo
com a coisa estudada, experiências, trabalhos em oficinas, visitas e excursões,
recursos audiovisuais (cartazes, modelos, esquemas, quadros, projecções fixas
ou móveis,etc)

e. Métodos quanto a sistematização da matéria

Métodos de sistematização

 O esquema da aula não permite flexibilidade alguma, através


dos seus itens logicamente entrosados, não dando
RÍGIDA oportunidade de esponeidade alguma ao assunto da aula.

 O esquema da aula permite certa flexibilidade para


melhor adaptação as condições reais da turma
 Permite o desenvolvimento do programa segundo um
SEMI - RÍGIDA conjunto de circunstâncias
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 169

Método ocasional

 Aproveita a motivação do momento, bem como acontecimentos


relevantes do meio;
 As sugestões dos alunos e as ocorrências do momento orientam os
assuntos do momento
 Acarrecta falta de continuidade e profundidade ao ensino.

f. Métodos quanto a actividade dos alunos

Método Passivo

 Enfatiza a actividade do professor, ficando os alunos em atitude passiva ;


 Suas formas de realização podem ser os ditados, a exposição oral, lições do
livros, perguntas e respostas, etc

Métodos activos

 A aula decorre com a participação dos alunos;


 Se desenvolve à base da realização da aula por parte do aluno, em que o
professor torna–se um orientador, um incentivador e não um transmissor do
saber, um ensinador.

g. Métodos quanto à aceitação do que é ensinado

Método dogmático

 O aluno supõe sempre que o que o professor estiver ensinando é a verdade


absoluta

Método heurístico
 Consiste em o professor interessar o aluno a compreender antes de fixar,
implicando justificativas lógicas e teóricas que podem ser apresentadas pelo
professor ou pesquisadas pelo aluno

h. Métodos quanto a abordagem do tema

Método analítico

 Implica a análise, a separação de um todo em suas partes ou em seus


elementos constitutivos;
 Basea-se na concepção de que, para compreender um fenómeno , é preciso
conhecer–lhe as partes que o constituem.
170 Lição 23

Método sintético

 Implica a síntese, a união de elementos para formar um todo;


 Postula que para compreender um objecto ou fenómeno , é preciso realizar
um trabalho de associação das partes até chegar–se ao objecto ou fenómeno

Sumário
A classificação dos métodos que fizemos referência nesta lição nos
mostra claramente que os diferentes métodos de ensino, na sua utilização,
dão enfâses particulares, as quais se encontram, sempre, diametralmente
opostas. Por exemplo, quanto a aceitação do conteudo, encontramos que,
de um lado o professor pode interessar ao aluno a compreender antes de
fixar, implicando justificativas lógicas e teóricas que podem ser
apresentadas pelo professor ou pesquisadas pelo aluno, ou, de contrario o
aluno supõe sempre que o que o professor estiver ensinando é a verdade
absoluta. Esta oposição, que podemos encontrar no resto das perspectivas
de doutras formas de abordagem dos métodos de ensino (ex : quanto a
abordagem do tema, à actividade dos alunos, à sistematizaçao da matéria,
à concretização do ensino, etc), é indicativo de que, no ensino, temos
vàrias possibilidades de actuação do professor diante dos alunos.

O dilema que surge, entretanto, é o de julgar estas varias possibilidades


de actuação do professor, sabendo-se que, por exemplo, ao longo duma
aula, com tema determinado, pode haver momentos mais adequados para
estimular maior actividade, participaçao dos alunos (através de palavras,
actos, discussões, etc), enquanto noutros o professor « pega a mão » e
«trilha os caminhos » que os alunos devem seguir para se darem conta de
algumas noções, principios ou mesmo aplicações.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 171

Exercícios

Indique a alinea que corresponderia mais a uma caracterizaçao do método


Passivo :
a. Ocorre separação de um todo em suas partes ou em seus
elementos constitutivos;
Auto-avaliação 2
b. Os alunos são sujeitos da sua aprendizagem

c. O professor incita os alunos a descobrirem a relação entre o que


aprenderam anteriormente e o conteudo da aula em questão

d. As sugestões dos alunos e as ocorrências do momento orientam


os assuntos do momento
e. O esquema da aula permite certa flexibilidade para melhor
adaptação as condições reais da turma

f. A aula é efectuada com auxilio de concretizações, à vista das


coisas tratadas ou de seus substitutos imediatos

g. A aula ocorre fundamentalmente em forma de ditados, de


exposição oral, de lições do livros, de perguntas e respostas, etc
172 Lição 24

Lição 24

CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS


DE ENSINO E APRENDIZAGEM
(CONTINUAÇÃO)

Introdução
Para além das classificações de métodos de ensino que acabamos de
aprender na aula anterior, exite a segundo o tipo de inteirações entre o
professor e o aluno (De Klingberg), a qual considera existirem três
variantes metódicas bàsicas:

 Método expositivo

 Elaboração conjunta

 Trabalho independente

Vendo esta classificação de Klingberg, lembremos a questão colocada


sobre «porque a classificação de métodos de ensino-aprendizagem tem
sido a mais utilizada pelos professores, particularmente em
Moçambique». E em jeito de resposta, e analisando todas as outras
classificações anteriores, pode observar que esta classificação de
Klingberg tem sido largamente utilizada em virtude de nela poderem–se
incluir o resto dos métodos e técnicas de ensino indicados pelos outros
autores, mas também parece–nos ser de fácil uso no processo de ensino–
aprendizagem. Por outro lado, devemos notar que a utilização dos
métodos de ensino no PEA não ocorre nem deve ser de forma que se
utiliza preferencial e exclusivamente um determinado método de ensino ;
a combinação e a alternância dos métodos de ensino é uma das
estratégias pedagógicas importantes na utilização dos métodos de ensino.
Ela enriquece o conjunto das relações entre o professor e o
aluno/formando, para além de quebrar uma possível sensação de
monotonia.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 173

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Caracterizar a variantes métodica bàsica « exposição »

 Identificar as potencialidades e limitações (perigos) da « exposição »


Objectivos  Explicar as formas de utilizaçao da « exposição »

 Mencionar os momentos/situações mais apropriado(a)s para se fazer


recurso à « exposição »

 Recorrer à toda variedade d e formas da « exposição » para realizar


um ensino dinâmico e variavél.

1. A classificação de Klingberg, sendo a mais utilizada pelos professores,


com base em entrevistas a estes professores, diga, para o caso da
« exposição »:
Actividade 28
a. Quais são as suas características, potencialidades e
perigos/inconvenientes?

b. Quando é que se utiliza?

c. Que orientações darias aos professores para melhor optimizar


esta variante metódica?

d. Quais são e como se caracterizam as formas da sua realização?

Imaginamos que já conversou com os professores da sua escola ou


doutras escolas, provavelmente já os observou em algumas ocasiões, mas
também reflectiu sobre a sua própria experiência pessoal na actividade
docente. Por essa razão, pode concordar connosco se, no esforço de
caracterização de cada uma das variantes metódicas referidas
anteriormente vermos o essencial que as caracteriza nos seguintes
termos :

1. Método de ensino expositivo

Caracteristicas : Caracteriza – se por uma maior actividade visível do


professor e por uma atitude de aprendizagem receptiva por parte dos
alunos : o professor [ou aluno(s)] expõe a matéria e os alunos « recebem-
na». Isto acontece quando se sabe que as « exposições » do professor só
174 Lição 24

são « recebidas » pelos alunos se o professor conseguir estimular a


actividade independente destes.

Quando se aplica

 Quando se deseja transmitir muita matéria de modo sistématico e


em tempo relativamente curto ;

 Quando à partir da matéria a tratar não é possível ou há muito


poucas possibilidades de conduzir directamente os alunos aos
factos e fenómenos que se desejam transmitir. Quer dizer, quando
os conteúdos só podem ser medeados indirectamente ;

 Quando os conteúdos são muito complexos/abstactos ;

 Quando os alunos não têm bases suficientes em termos de pré –


requisitos.

Potencialidades

 Tem potencialidades educativo – emocionais, quer dizer , tem


grande possibilidades de poder tornar efectiva a força educativa
da palavra do professor ;

 Desenvolvimento nos alunos da capacidade de concentração e da


actividade mental na aprendizagem receptiva ;

 Mediação racional e eficiente dos conteúdos. O aumento


impetuoso dos conhecimentos científicos conduz à uma
acumulação cada vez maior do saber humano e, assim, sem a
capacidade de assimilação receptiva (mas também activa) de
grandes campos de matéria, o indivíduo não poderia vencer a
confrontação com este cenário.

Perigos/inconveniências

 Perda de atenção/concentração, resultando em baixa qualiadade


de aprendizagem

 Sobrecarregamento da memória de curta duração devido à :

 Demasiada informação
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 175

 Passos de raciocínio demasiado grandes (obrigando a recorrência


à de longa duração, perdendo–se deste modo o fio da exposição

 Aprendizagem limitada ao nível reprodutivo ;

 Maior perigo : comodismo do professor, ou seja, menos esforço


na preparação das aulas, resultando na acumulação de todos os
factores negativos no PEA

Algumas orientações gerais

 Dar indicações prévias, orientando a atenção para os pontos


essenciais da exposição ;

 Controlar continuamente a atençao e concentração dos alunos ;

 Dosear bem a quantidade da informação

 Conseguir a atenção involuntária inserindo elementos


interessantes, emotivos, motivadores;

 Fazer perguntas de controle durante a exposição;

 Fazer repetir/resumir o essencial no fim da exposição;

 Usar a matéria em actividades de aprendizagem subsequentes.

Formas de realização

Primeiro, é preciso notar que somente podem ser esgotadas todas as


possibilidades que oferece o método de ensino expositivo quando o
professor explora convenientemente todas ou a maior parte das formas ou
possibilidades de aplicação deste método, as quais são as seguintes : a
exemplificação, a demonstração, a ilustração e a exposição.

Forma i) : A exemplicação

A exemplificação consiste em o professor exemplificar determinadas


actividades, acções e modos de conduta. No ensino elementar é
inquestionável a importância da exemplificação. Podemos encontra–la
quando o professor, a maneira de exemplo, diz algo previamente para que
os alunos o repitam, quando faz uma leitura prévia em voz alta, quando
176 Lição 24

escreve, quando canta para que os alunos o repitam, quando faz os


exercícios de ginástica para que os alunos observem e depois o realizem,
quando faz desenho prévio, etc. Muitas dificuldades métodicas são
vencidas deste modo, sem ter que falar muito. Em cada exemplificação
vai implícita a exortação à imitação, o convite a repetir uma actividade
dada.

No ensino puramente especializado (como a formação de professores, por


exemplo) não se pode renunciar a exemplificação da actividade docente.
Precisamente, os alunos de maior idade têm uma necessidade de orientar
a sua actividade de acordo com exemplos observados. Isso não se aplica
somente na estreita esfera das habilidades, mas também nos rendimentos
elementares e morais mais complexos. No fundo, toda a actividade do
professor está regida pela lei do exemplo e do exemplar: parte da sua
activiadade e da sua conduta têm força exemplificadora, é um dos
impulsos mais efectivos para o rendimento e a conduta dos alunos.

Forma ii) : A ilustração e a demonstração

A ilustração e a demonstração servem, principalmente, como


representação de factos, de fenómenos e de processos. A exemplificação
é também uma forma de representação, mas enquanto nela o
desenvolvimento de capacidades e de habilidades está em primeiro lugar,
a ilustração e a demonstração são, antes de tudo, meios representativos
para a assimilação de conhecimentos.

A ilustração é adequada quando representa graficamente determinado


estado de coisas, através dos mais variados meios de ensino e
aprendizagem estáticos ; Ex : gráficos, mapas, esquemas, modelos, etc.

Por sua parte, a demonstração representa processos. Ela faz a


representação de processos originais com relação a realidade (em
excursões, visitas a sectores de produção mediante a demonstração de
actividades, etc) e, por outra parte, a reconstrução de determinados
processos na aula (na demonstração de ensaios e experimentos, na
projecção de peliculas, etc). E, para que seja pedagogicamente mais
eficaz, deve–se dar (se possível) aos participantes (estudantes, neste caso)
a oportunidade de praticar, idealmente no fim de cada passo da
demonstração, reforçando os aspectos positivos e dando ajuda se eles não
fizerem como na demonstração.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 177

Em suma, diferenciamos a ilustração de fenómenos estáticos, da


demonstração de fenómenos processuais, porque as exigências cognitivas
que se fazem aos alunos nesse sentido são diferentes.

Forma iii) : Exposição oral

A exposição oral é a principal forma do método expositivo, sobretudo


nos lugares onde não é possível levar os alunos directamente aos
fenómenos em sua forma original ou representativa através da
exemplificação ou da demonstração. Para que ela seja produtiva, o
formador deve conhecer e dominar as técnicas da exposição–o domínio
da voz e do gesto, organização dos materiais de suporte e de gestão do
tempo, etc. Podemos considerar um conjunto de regras, ou melhor, de
conselhos, que cada um pode adaptar ao seu estilo pessoal :

 O discurso escrito e o discurso oral são difzerentes e, por


consequência, o formador não pode numa aula ler um texto que
antecipadamente escreveu. Convém, portanto, não ler notas
escritas, mas apenas percorrer algumas palavras – chave ;

 Convém ser–se afirmativo, simples e preciso. O melhor estilo é


aquele que é composto por frases positivas curtas, simples e
independentes. O excesso de frases negativas provoca uma maior
dificuldade de compreensão ;

 As imagens e os exemplos ajudam a compreensão e a retenção,


obrigam a um esforço de descrição e favorecem as pessoas com
boa memoria visual ;

 O olhar, a voz, a postura – é necessário olhar os formandos nos


olhos, sem, no entanto, os fixar, para sentirem o reflexo da
segurança. O tremor da voz trai qualquer exposição e quando nos
apercebemos do tremor, este tende a acentuar–se. O ritmo da voz
também é importante, havendo toda conveniência em introduzir
alguns silêncios entre as frases. Uma boa postura facilita uma
melhor ventilação dos pulmões e toda a nossa energia se deve
concentrar no que dizemos, não se devendo perder em aspectos
secundários.
178 Lição 24

 Sendo esta variante ser, por vezes, predominante nos formadores,


não é aconselhável a sua utilização muito frequente e por longos
períodos de tempo, sob pena de a passividade dos formandos vir
a atingir níveis demasiado elevados.

Sumário
O método expositivo, visto sob ponto de actividade do professor e do
aluno, concede maior espaço de tempo de actividade ao professor, eis
porque poderia ser classificado como tendo muita probabiliade de
desenvolver uma aprendizagem passiva nos alunos. Entretanto, quando
bem utilizado, reactivados os pré-requisitos dos alunos, através do
método expositivo (particularmente através da ilustração, demonstração
e, mesmo, da exposição oral) é possivel possenguir mobilizar a actividade
mental dos alunos, chamando atenção para a interligação do quê veem e
ouvem com as aprendizagens anteriores, com situações da vida real e a
sua aplicação concreta na vida real.

Neste caso, como veremos nas aulas anteriores, se quisermos que a


exposição seja mesmo util para a promoção da aprendizagem activa dos
alunos, estamos em crer que, para além do professor, os alunos também
podem participar (individualmente ou em grupos) com pequenas
exposições, ilustrações e demonstrações que, de igual modo, servirão
para testemunhar o nivel de compreensão dos alunos dos assuntos que
estao sendo tratados na aula.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 179

Exercícios

Qual das afirmações abaixo caracteriza uma aula em que predomina o


método expositivo é:

a. Maior actividade visivel do professor


Auto-avaliação 3
b. Participaçao dos alunos predominantemente limitada a tomada de
notas, respostas à perguntas do professor quando solicitados,
recurso a linguagem verbal (escrita e oral) para mediação e
assimilação do saber

c. O olhar do professor fixa-se no conteudo a ensinar, nos


procedimentos do professor, pondo o aluno por detràs do ritmo do
professoressor

d. Requerido para tratamento de assuntos complexos, que


constituem novidade para os alunos

e. Fadiga mental dos alunos, sobretudo quando a exposição é


demasiadamente longa e sem recurso a ilustrações,
exemplificações e demonstrações

f. Possibilidade de avançar muito rapidamente com a matéria

g. Limitação das oportunidades de participação dos alunos na aula,


quer através de perguntas-respostas, discussões-debates, quer de
manipulação de objectos e apreciação de elementos reais que
podem representar o saber que se pretende mediar

h. Proceder a demonstração nas apenas nas aulas de repetição, de


consolidação da matéria.
180 Lição 25

Lição 25

CLASSIFICAÇÃO DOS MÉTODOS


DE ENSINO E APRENDIZAGEM
(CONCLUSÃO)

Introdução
Na aula passada foi apresentada a variante métodica bàsica « exposição »,
faltando outras, nomeadamente o trabalho independente e a elaboraçao
conjuta. O essencial desta duas outras variantes métodicas bàsicas é,
como fizemos com a exposiçao, discutirmos sobre as suas caracteristicas,
as situações em que se aplica, as vantagens e limitações e, finalmente, as
formas especificas que podemos utilizar.

Neste sentido, os objectivos que se colocam para esta aula correspondem


exactamente uma continuidade da aula passada, devendo, entretanto, nos
concentrarmos sobre a variante métodiica bàsica « trabalho
independente », eis porque ao completer esta lição, você será capaz de:

 Caracterizar a variante métodica bàsica «trabalho independente»

Objectivos  Identificar as potencialidades e limitações (perigos) da «trabalho


independente»

 Explicar as formas de utilizaçao da «trabalho independente»

 Mencionar os momentos/situações mais apropriado(a)s para se fazer


recurso à «trabalho independente»

 Recorrer à toda variedade d e formas da «trabalho independente» para


realizar um ensino dinâmico e variavél.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 181

1. A classificação de Klingberg, sendo a mais utilizada pelos professores,


com base em entrevistas a estes professores, diga, para o caso do
« trabalho independente e elaboração conjunta »:
Actividade 28
a. Quais são as suas características, potencialidades e
perigos/inconvenientes?

b. Quando é que se utiliza?

c. Que orientações darias aos professores para melhor optimizar esta


variante metódica?

d. Quais são e como se caracterizam as formas da sua realização?

Evidentemente que depois de ter caracterizado a « exposiçao », deve lhe


ser facil de encontrar as carcteristicas do « trabalho independente », assim
como outras questões que lhe foram colocadas nesta actividade. De facto,
queremos concordar consigo, em termos de respostas, quando afima o
seguinte em relaçao à cada uma das questões :

1. Trabalho independente

a. Caraceristicas : O método de trabalho independente caracteriza–se


por uma maior actividade visível dos alunos, individualmente ou em
grupo. É por isso que a autoactividade e a independência experimentam
aqui sua máxima expressão, uma vez que o método de trabalho
independente consiste de tarefas, dirigidas e orientadas pelo professor,
para que os alunos as resolvam de modo relativamente independente e
criador. Jessipow cita duas caracteristicas do trabalho independente dos
alunos:

 É uma tarefa posta pelo professor dentro dum tempo razoável


para que os alunos possam soluciona–la ;

 É uma necessidade resultante da tarefa que têm o(s) aluno(s) de


buscar e tomar as melhores vias para sua solução, pondo em
tensão suas forças.
182 Lição 25

b. Quando se utiliza

 Quando os alunos têm bases de conhecimentos, habilidades e


comportamentos ;

 Quando há diferenças de aproveitamento (o professor pode dar


mais apoio aos mais fracos e/ou os elementos mais fracos do
grupo são apoiados pelos outros) ;

 Há tempo disponível ;

 Quando os alunos podem coordenar correctamente a tarefa e o(s)


método(s) de solução, aplicar os conhecimentos e capacidades
que possuem e resolver a tarefa que lhes foi posta.

c. Potencialidades

 Eleva os rendimentos de aprendizagem nos alunos, levando a um


maior desenvolvimento das habilidades de aprendizagem e a uma
aprendizagem mais eficaz ;

 Aumenta a efectividade do processo de assimilação, uma vez que


o trabalho independente conduz, por regra geral, a uma
assimilação mais consciente, profunda e duradoira ;

 A atitude instável de alguns alunos diante da aprendizagem se


estabiliza quando tem que resolver verdadeiras tarefas ;

 Desenvolvimento da independência na aprendizagem, isto é, da


auto–aprendizagem;

 Possibilita trabalho diferenciado dos alunos, com ou sem apoio


do professor. Razão pela qual o trabalho independente pode
possibilitar aproximar os rendimentos dos « alunos fracos » aos
dos « alunos fortes » ;

 Quando em grupo, permite o desenvolvimento de atitudes e


comportamentos de trabalho em equipe com os colegas;

 Permite sistematizar e consolidar conhecimentos, habilidades e


hábitos.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 183

d. Perigos

 Falta de contrôle do tempo, por exemplo para avaliação/discussão


com todos ;

 Tarefas demasiado defíceis ou fáceis ;

 Orientação insuficiente para a execução das tarefas ou exercícios

 Falta de materiais/meios para o cumprimento da tarefa.

e. Algumas orientações

 Planificar o trabalho independente, pressupondo :

o avaliar o tempo

o dar orientações claras

o proporcionar materiais/meios necessários

o verificar qual parte do tema ou da unidade da matéria é mais


apropriada para o trabalho independente dos alunos

o ter em conta sobre « como tem lugar a colocação e


distribuição das tarefas pelos alunos” (ex: fases de aulas,
distribuição das tarefas pelos diferentes alunos, formação de
grupos de trabalho independente, etc)

 Acompanhar de perto o trabalho, tanto o individual, como o em


grupo ;

 Aproveitar o resultado das tarefas (de um aluno ou grupo) para


toda a turma;

 Dar tarefas claras, compreensíveis e adequadas, à altura dos


conhecimentos e capacidades de raciocínio dos alunos.

f. Algumas formas de realização

Forma i) : Estudo dirigido individual ou em grupo. Ele se cumpre


basicamente por meio de duas funções : a realização de exercícios e
tarefas de reprodução de conhecimentos e habilidades que se seguem à
184 Lição 25

explicação do professor ; e a elaboração de novos conhecimentos a partir


de questões sobre problemas diferentes daqueles resolvidos na turma.

Forma ii) : Fichas didácticas, a pesquisa escolar (resposta à questões


com consulta a livros ou enciclopédias) e a instrução programada. As
fichas didácticas englobam fichas de noções, de exercícios e de
correcção. Cada tema estudado recebe uma numeração de acordo com a
sequência do programa. Os alunos vão estudando os conteúdos,
resolvendo os exercícios e comparando as suas respostas com as quais
estão contidas nas fichas de correcção.

2. Elaboração conjunta

a. Caracteristicas. A elaboração conjunta consiste numa interacção


activa entre o professor e os alunos visando a obtenção de novos
conhecimentos, habilidades, atitudes e convicções, bem como a
fixação e consolidação de conhecimentos e convicções já
adquiridos. Quer dizer, nesta variante métodica existe um maior
equilibrio da actividade visível do mediador/professor/formador e
dos alunos.

b. Quando se utiliza

 Na aplicação de conhecimentos/capacidades/habilidades para


se chegar à novas compreensões, conclusões, conceitos e
juizos ;

 Quando os alunos dispõem de um determinado material de


factos, de conhecimentos elementares, ou seja, quando estes
têm os pré–requisitos ;

 Para aproveitar as experiências/vivências dos alunos ;

 Há tempo disponível ( ?)

c. Potencialidades

 Enriquecimento da aprendizagem pelas contribuições de muitos

 Desenvolvimento da capacidade de formulação e argumentação;


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 185

 Desenvolvimento da capacidade de formar opiniões e pontos de


vista;

 Desenvolvimento do respeito pelas opiniões dos outros;

 Controle imediato do nível de assimilação/aprendizagem dos


alunos.

d. Perigos

 A aprendizagem “perde–se » na conversa quando não há uma


orientação muito boa ;

 Os alunos não contribuem por se sentirem avaliados (e terem


medo de errar/falhar) ;

 Maior dificuldade de desenvolvimento orgânico e sistemático do


PEA

e. Algumas orientações gerais

 Ter em conta certas condições prévias : a incorporação pelos


alunos dos objectivos a atingir, o domínio de conhecimentos
básicos ou a disponibilidade pelos alunos de conhecimentos e
experiências que, mesmo não sistematizados, são pontos de
partida para o trabalho de elaboração conjunta ;

 Criar uma atmosfera em que os alunos se sintam estimulados


para responderem/contribuírem/participarem na discussão;

 Fazer com que todos participem;

 Deixar o aluno terminar de falar;

 Aproveitar respostas incorrectas para a discussão, fazendo com


que os colegas participem na discussão;

 O aluno deve ficar a saber o que estava certo e/ou errado na sua
contribuição;

 Não corrigir todos os detalhes incorrectos


186 Lição 25

f. Formas de realização

Forma i) : Diálogo : * perguntas do professor:

 Elaborativas

 Evolutivas

 (Re)activadoras

* perguntas dos alunos

Forma ii): Discussão

Forma iii): Debate

Forma iv) : Painel, mesa redonda (=descussão entre peritos, com


assistência)

Forma v) : Forum (= respostas de peritos à perguntas da « plateia »)

Forma iv): Workshop, « oficina », semimário, etc.

A forma mais típica do método de elaboração conjunta é a conversação


didáctca. As vezes, denomina–se também aula dialógada, mas a
conversação é algo mais. Não consiste meramente em respostas dos
alunos às perguntas do professor, numa conversa « fechada » em que os
alunos pensem e falem o que o professor já pensou e falou, como uma
aula de catecismo. A conversação didáctica é “aberta” e o resultado que
dela decorre supõe a contribuição conjunta do professor e dos alunos. O
professor traz conhecimentos e experiências mais ricos e organizados ;
com o auxílio do professor, a conversação visa levar os alunos a se
aproximarem gradativamente da organização lógica dos conhecimentos e
a dominarem métodos de elaborar as suas ideias de maneira
independente.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 187

Sumário
O trabalho independente e a elaboração conjunta completam, juntamente
com a exposição, o ciclo das funções didacticas. Dizemos o ciclo porque,
na verdade, a sua utilização não significa especificamente que teriamos
que recomendar uma delas em separada para cada aula ou conjunto de
aulas, senão que deve ser articulando essas variantes métodicas bàsicas e
as respectivas formas de realização, de modo que, numa aula, poderemos
ter momentos em que se utiliza esta ou aquela variante métodica bàsica,
esta ou aquela forma de realização das diferentes variantes métodicas
bàsicas. É precisamente nesta artyiculação que reside a capacidadae
criadora do professor e a de utilizar os métodos de ensino e aprendizagem
de forma fléxivel e dinâmica, tornando a aula viva.

Alias, como podemos nos aperceber, a escolha desta ou doutra variante


métodica bàsica ou das suas formas de utilização tem substancialmente a
ver com as paarticularidades dos alunos (seus pré-requisitos), com os
conteudos, com as caracteristicas do professor (exemplo, que determinarà
sua maior ou menor habilidade na utilizaçao das variantes métodicas
basicas), assim como dos meios de ensino. Estas em presença duma
verdaaeira situação em que se recomenda fortemente ao professor a
inventar situações que correspondam a diferentes actividades dos alunos,
conforme permite cada forma de utilizaçéao das variantes métodicas
bàsicas, e assim tornar a aula num processo que interessa aos alunos pela
variações de actividades e situações vivenciadas na sala de aula : o uso
combinado das variantes métodicas bàsicas facilita exactamente esta
possibilidade de desenvolvimento dinàmico e variàvel das situaações e
experiências de aaprendizagem dos alunos.
188 Lição 25

Exercícios

Dos aspectos que seguem, diga os que se referem a variante métodica


basica “trabalho independente” e a “elaboração conjunta”:

a. Equilibrio da actividade visivel na sala, entre o professor e os


Auto-avaliação 4 alunos

b. Convesação didactica

c. Realização de exercicios na sala de aulas ou fora dela


individualmente ou em grupos

d. Precaver-se sobre como e em que momento colocar a tarefa a ser


resolvida pelo aluno

e. Envolver maior numero possivel, senão todos os alunos, na


discussão dos varios assuntos da aula

f. Relançar as duvidas, perguntas e erros de cada aluno para obter


contribuições dos outros alunos

g. Providencia mais oportunidades aos alunos para que cada um (ou


grupo de alunos) aprenda ao seu ritmo

Respostas aos exercícios de Auto-avaliação

Auto-avaliação 1 : Afirmações com as quais concorda { a), c), d), e) e f)},


Afirmações com as quais não concorda { b) }

Auto-avaliação 2 : Alíneas que correspondem mais à uma caracterização


do método expositivo : a) e g)

Auto-avaliação 3 : Afirmações que caracterizam uma aula em que


predomina o método expositivo : Todas

Auto-avaliação 4 : Trabalho indepedente { c), d) e g) }, Elaboração


conjunta { a), b), e) e f) }
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 189

Unidade 5

MEIOS DE ENSINO E
APRENDIZAGEM

Introdução
Qualquer ensino, mesmo o mais tradicional que seja, apoia-se em meios
ou recursos; alias, esta é uma particularidade inerente a todas actividades
humanas que, para a sua realização, um minimo de recursos materiais e
humanos (para além de financeiros, em certos casos) se torna
indispensavel.

No caso do ensino trata-se sobretudo de meios que se devem utilizar para


despertar a motivar a actividade dos alunos, ao mesmo tempo que
poderão representar forma através da qual os conteudos sao representados
e concretizados, tornando-os reais e palpaveis, proximos dos alunos.
Portanto, sao estes meios de ensino que iremos tratar nesta unidade, ao
fim da qual você será capaz de:

 Definir meios de ensino-aprendizagem

 Explicar a finalidade com que se usam os meios de ensino-


aprendizagem
Objectivos
 Usar critérios apropriados para determinar os meios de ensino-
aprendizagem mais apropriados para uma aula

 Classificar os meios de ensino-aprendizagem

 Explicar a importância do uso dos meios de ensino-aprendizagem


190 Lição 26

Lição 26

CONCEITO, FINALIDADES E
CRITÉRIOS DE UTILIZAÇÃO DOS
MEIOS DE ENSINO-
APRENDIZAGEM

Introdução
Dissemos anterormente que em qualquer situação de ensino-
aprendizagem se usam meios ou recursos didacticos. Trata-se de uma
variada gama de dispositivos materiais e humanos, naturais e artificiais,
que o professor utiliza para facilitar o seu trabalho didactico. Quer dizer,
os meios de ensino sao usados com determinados fins pedagogicos, os
quais iremos ver nesta aula, mas antes de mais falaremos do conceito e,
finalmente, os critérios a ter em conta na utilização dos meios de ensino-
apendizagem.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Definir meios de ensino-aprendizagem

 Explicar como os meios de ensino-aprendizagem ajudam a tornar mais


intuitivo o ensino
Objectivos
 Enumerar as finalidades do uso dos meios de ensino-aprendizagem

 Utilizar os meios de ensino-aprendizagem para enriquecer a


experiência dos alunos na sala de aula e fora dela

 Explicar os critérios que se devem ter para o correcto uso dos meios
de ensino-aprendizagem
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 191

1. Existem varios tipos de meios de ensino-aprendizagem que o


professor e alunos utilizam para optimizar a actividade do
professor e dos alunos.
Actividade 30
a. A partir da sua experiência, defina meios de ensino-
aprendizagem.

b. Explique para quê, ou seja, quais sao as finalidades para as


quais se usam os meios de ensino aprendizagem.

c. Elabore uma lista, a mais exaustiva possivel de critérios


importantes a ter em conta, pelo professor, na utilização dos
meios de ensino-aprendizagem.

CONCEITO

Você teve, essencialmente três questões. Por isso, é evidente que as


respostas para as alineas b) e c) estao dependentes do conhecimento que
tivermos sobre o conceito de meios de ensino. Pensamos que você jà
reflectiu o suficiente sobre a materia e, sobretudo, orientando-se na sua
experiência, quer como aluno, quer (provavelmente) como professor de
qualquer disciplina e classe que seja, você chegou a conclusão de que os
« meios ou recursos de ensino (também podendo ser designados recursos
didacticos) são todos os meios e recursos materiais e humanos utilizados
pelo professor e pelos alunos para a organização e condução métodica do
processo de ensino e aprendizagem ». O ideal seria que toda
aprendizagem se efectuasse em situação real de vida. Não sendo isso
possivel, os materiais/meios ou recursos de ensino tem por fim substituir
a realidade, representando-a da melhor forma possivel, de maneira a
faciltar a sua intuição por parte do aluno.

Por outras palavras, os recursos de ensino são componentes do ambiente


da aprendizagem que dão origem à estimulação para o aluno. Esses
componenets podem ser o professor, os livros, os mapas, os objectos
fisicos, as fotografias, as fitas gravadas, as gravuras, os filmes, os
recursos da comunidade, os recursos naturais e assim por diante.

O material didactico é uma exigência daquilo que està sendo estudado por
meio de palavras, a fim de tornà-lo concreto e intuitivo.
192 Lição 26

FINALIDADES DO USO DOS MEIOS


DE ENSINO-APRENDIZAGEM

A partir deste conceito de « meios de ensino-aprendizagem », como


anteviamos anteriormente, facilmente podemos chegar a conclusão de
que os meios de ensino-aprendizagem são usados com vista a
determinadas finalidades, dentre as quais, você deve ter mencionado as
seguintes:

 Aproximar o aluno da realidade do que se quer ensinar, dando-


lhe noção mais exacta dos factos e fenomenos estudados

 Motivar e despertar o interesse dos alunos na aula

 Facilitar a percepção e compreensão dos factos e conceitos

 Concretizar e ilustrar o que està sendo exposto verbalmente (isto


é, visualizar ou concretizar os conteudos da aprendizagem)

 Aproximar o aluno da realidade

 Desenvolver acapacidade de obsevação

 Desenvolver a experimentação concreta

 Economizar esforos para levar os alunos à compreensão de factos


e conceitos

 Auxiliar a fixação da aprendizagem pela impressão mais viva e


sugestiva que o material pode provocar
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 193

 Dar oportunidade de manifestação de aptidões e desenvolvimento


de habilidades com o manuseio ou construção de aparelhos por
parte dos alunos.

Em resumo, pode dizer-se que, na escola actual, o material didactico,


mais do que ilustrar, tem por fim levar o aluno a trabalhar, a investigar, a
decobrir e a construir. Assume, assim, aspecto funcional e dinâmico,
propiciando oportunidade de enriquecer a experiência do aluno,
aproximando-o da realidade e oferendo-lhe oportunidade de actuaçao.

Entretanto, para que o material didactico seja realmente auxiliar eficiente


do ensino, deve obedecer as seguintes condições:

 Ser adequado ao assunto da aula

 Ser de fàcil apreensão e manejo

 Estar em perfeito estado de funcioamento quando,


principalmente, se trata de aparelhos.

E, por outro lado, a utilização dos recursos de ensino deve ter em conta
alguns critérios e principios, nomeadamente:

 Ao seleccionar um recurso de ensino deve-se ter em vista os


objectivos a serem alcançados. Nunca se deve utilizar um recurso
de ensino so porque està na moda

 Nunca se deve utilizar um recurso que não seja conhecido


suficientemente de forma a poder empregar correctamente

 A eficàcia dos recursos dependerà da interacção entre eles e os


alunos. Por isso, devemos estimular nos alunos certos
comportamentos que aumentam a sua receptividade, tais como a
atenção, a percepção, o interesse, a sua participação activa, etc.
194 Lição 26

 As condições ambientais podem facilitar ou, ao contràrio,


dificultar a utilização de certos recurso. A inexistência de
tomadas de energia eléctrica, por exemplo, exclui a possibilidade
de utilização de retroprojector, projector de slides ou de filmes.

 O tempo disponivel é outro elemento importante que deve ser


considerado. A preparação e utilização dos recursos exige
determinado tempo e, muitas vezes, o professor não dispõe desse
tempo. Então deverà buscar outras alternativas, tais como:
utilizar recursos que exigem menos tempo, solicitar a ajuda dos
alunos para preparar os recursos, solicitar a ajuda de outros
profissionais, etc.

Sumário
Um ensino activo, participativo requer inevitavelemente o uso de meios
de ensino-aprendizagem. Serà com base nestes meios que o professor
facilmente guiarà as experimentação, a observação e a manipulação dos
alunos, podendo, estes, descrever os factos e fenmenos representados
pelos meios deensino-aprendizagem . De facto, eles constituem um
grande suporte para a actividade do professor, no sentido de, através da
intuiçao, dos orgao de sentido, aproxima-se o aluno a realidade do que se
pretende aprender, visto que estes meios representam sempre um
conteudo especifico.

Com este procedimento, de uso de meios de ensino, os alunos estarao em


condições de estar cada vez mais despertos e aptos para a aprendizagem.
Entrentanto, resta, para um aproveitamento integral dos meios de ensino,
reconhecermos que eles nao se utilizam e nem devem ser utilizados com
finalidade em si mesmos, senao virados para à aprendizagem dos alunos,
eis porque, o professor precisa de ter dominio exaustivo sobre a
finalidade com que usa os meios, recorrendo, ao mesmo tempo, à
principios e critérios fundamentados sob ponto de vista didactico.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 195

Exercícios

Estando diante da conversa entre dois professores, cujo professor A


aconselha o B nos termos que se seguem, assinale apenas aqueles que
considera possuirem afirmações correctas:

Auto-avaliação 1 a. Os meios de ensino estimulam a actividade dos alunos

b. A eficàia dos meios de ensino na sala de aula està


condicionada a capacidade de mobilizar a atençao,
observação, manipulação dos alunos.

c. Para cada aula, todos os meios de ensino são vàlidos, é só


uma questão do professor ver o(s) que està(ao) proximos,
evitando assim « dar » aulas sem auxilio de quaisquer
que sejam os meios de ensino

d. A palavra do professor, o professor ele mesmo, nunca


pode ser um meio de ensino a explorar ; por isso, antes
de cada aula que cada professor faça o esforço de olhar
ao seu exterior, aos recursos materiais disponiveis

e. Meios modernos, aqueles que atraem mais a curiosidade


dos alunos por causa da novidade que inspiram são muito
mais funcionais que os conhecidos, mesmo que o
professor não tenha dominio suficiente sobre o
funcionamento daqueles

f. Um ensino em que se faz uso diversicado de meios,


desde que sejam adequados e utilizados eficazmente,
facilitam a fixação do conteudo pelos alunos
196 Lição 27

Lição 27

CLASSIFICAÇÃO DOS MEIOS DE


ENSINO-APRENDIZAGEM

Introdução
A insistência que possamos fazer sobre o uso correcto dos meios de
ensino requer o conhecimento dos varios tipos de meios existentes. Neste
sentido, vamos estudar, nesta aula, a classificaçao dos meios de ensino-
aprendizagem, mas também iremos particularizar os meios audio-visuais
de modo a podermos salientar a grande importância que tem, comparando
com os outros meios : simplesmente visuais ou os que fazem recurso
apenas a audiçao.

Ao fim desta liçao, você serà capaz de :

 Identificar os diferentes tipos de meios de ensino que se podem


utilizar no PEA
Objectivos
 Explicar a importância dos meios de ensino audio-visuais

1. Quais são os meios de ensino de que servem os professores para


orientar o PEA ?

2. Dos meios que conhece, encontra algumas razões especiais que


Actividade 31 demonstram uma importância particular dos meios audio-
visuais ?
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 197

Concerteza, concordamos consigo no sentido em que afirma de que


existem muitas classificações de meios de ensino-aprendizagem e, de
igual modo, constata-se que cada disciplina exige também seu material
especifico, como ilustrações e gravuras, filmes, mapas e globo terrestre,
discos e fitas, livros, enciclopedias, dicionarios, revistas, àlbum seriado,
manuais e livrs didacticos, etc, ao mesmo tempo que temos equipamentos
ou meios de ensino gerais necessàrios para todas as disciplinas (exemplo,
carteiras ou mesasz qudro-negro, projector de slides ou filmes, gravador,
flanelografo etc).

Tradicionalmente os meios de ensino são classificados em visuais


(projecções, cartazes, gravuras), auditivos (radio, gravações) e
audiovisuais (cinema, televisão), apesar de se reconhecer que, na pratica,
as expressões verbais, sonoras e visuais se complementam, fazedo com
que os recursos/meios visuais, auditivos e audiovisuais muitas vezes
sejam funcionais quando se utilizam de forma complementar.

Uma outra classificação de meios de ensino considera existirem:

• Professor
Meios/recursos humanos • Alunos
• Pessoal escolar
• Comunidade

Natural (àgua, folha, pedra, etc)


• Do ambiente
Escolar (quadro, giz, carteiras, etc)

Meios/recursos

materiais Bibliotecas, industrias, lojas


• Da comunidade repartições publicas, etc

Para além da classificação acima, uma outra que podemos registar


apresenta as seguintes categorias de meios de ensino-aprendizagem:

Categoria/tipo Exemplos
198 Lição 27

Meios simples de trabalho Cadernos, lapis, esferograficas, régua,


escantilhão, compasso, giz, apagador, etc

Moveis e equipamento Carteiras e mesa do professor,


geral das salas de aula armarios/estantes, etc

Partes de seres vivos ou na sua totalidade,


vivos ou mortos, exemplos minerologicos,
Objectos matérias primas, etc
originais/naturais

Reproduções ou imitações Modelos didacicos: modelo do sistema solar,


tridimensionais maquinas simplificadas

Aparelhos de demonstração e medição,


màquinas e ferramentas de produção, estojos
Aparelhos e aparelhagens de dissecação, microscopios, aparelhos em
para experiências e vidro (tubos de ensaio, pipetas, provetas,
produção buretas, alambiques, etc)

Meios visuais, auditivos e Veja a classificação anterior


audio-visuais

IMPORTANCIA DOS MEIOS AUDIOVISUAIS

Os meios de ensino que acabamos de apresentar, podemos destacar


aqueles cuja acçao se faz mediante o uso da visão (meios visuais), da
audição (meios auditivos) e, finalmente, aqueles que estimulam
simultaneamente a visão e a audição (meios audiovisuais), coloborando
para aproximar a aprendizagem de situações reais.

Quanto a utilização dos meios audiovisuais na sala de aula, devemos ter


presente que o homem toma conheciento do mundo exterior através de
cinco sentidos. Pesquisas revelam que aprendemos:

• 1% através do gosto
• 1.5% através do tacto
• 3.5% através do olfacto
• 11% através do ouvido
• 83% através da vista

E retemos:

• 10% do que lemos


• 20% do que escutamos
• 30% do que vemos
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 199

• 50 do que vemos e escutamos


• 70% do que ouvimos e logo discutimos
• 90% do que ouvimos e logo realizamos

A partir destes dados concluimos que os cinco sentidos não têm a mesma
importância para a aprendizagem. Concluimos também que a percepção
através de um sentido isolado é menos eficaz do que a percepção através
de dois ou mais sentidos. Por isso é importante utilizar métodos de ensino
que utilizem simultaneamente os meios orais e visuais. Para reforçar essa
importância dos recursos audiovisuais, apresentamos os dados do quadro
abaixo que nos ilustram de que se retêm mais informações/dados por
muito mais tempo se tiverem sido assimilados através de métodos de
ensino que combimem a estimulação da visão e da audição dos alunos.

Dados retidos depois Dados retidos


de três horas depois de três
Método de ensino dias

Somente oral 70% 10%

Somente visual 72% 20%

Visual e oral simultaneamente 85% 65%

De facto, a partir destes dados surge a ideia de que o professor, para


tornar a aula mais dinâmica e com maiores potencialidades de atingir os
objectivos, deve combinar os meios auditivos com os visuais, evitando,
quanto possivel, utiliza-los separadamente.

Sumário
O meios de ensino constituem recursos de que se dispõe o professor para
a mediaço do saber aos seus alunos. O importante, nos parece evidente, é
que eles são tão diversicados pela sua natureza, assim como pela função
que podem desempenhar numa ou noutra aula, com este ou aquele
conteudo, razão pela qual devem ser cuidadosamente seleccionados e
preparados antes da sua utilização pelo professor e pelos alunos.
200 Lição 27

Nesta preparação, um aspecto marcadamente importante é que se exige


do profesor certacriatividade e imaginação : os meios de ensino nem
sempre estão pronto, pré-existentes e utilizàveis como foram
produzidos. O professor competente, neste caso, tendo um determinado
conteudo, assume o compromisso de adequar e, inclusive, produzir meios
através de objectos naturais, em virtude de que reconhece a importância
que estes meios têm na facilitação da sua actividade e do aluno,
contrariamente a uma situação em que o trabalho se podesse basear
apenas na palavra do professor.

E um remarque que devemos salientar é o referente às potencialidades de


meios audio-visuais . Como podemos ver, na aprendizagem , para a
activação do aluno, temos que mobilizar vàrios orgãos de sentido, o que é
potencialmente viàvel quendo se faz recurso à diversos meios de ensino,
orais (auditivos), visuais e mesmo os que requerem o tacto, para além da
observação.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 201

Exercícios

Um professor de certa escola pensa utilizar meios de ensino para a sua


aula. No momento de planificação dessa aula, emergem-lhe uma série de
questões sobre meios de ensino e, dessa forma, fica confuso pela
Auto-avaliação 2
multiplicidade de ideias que lhe aparecem se estar certo sobre quais
constituem verdade e as que são falsas. De entre estas ideias, algumas se
seguem abaixo, e se pede para apoiar o professor identicando as que são
verdadeiras:

a. é o profesor que està muito mais interessado em utilizar meios de


ensino para transmitir de forma brilhante o conteudo, ajudà-lo na
memorização de algumas palavras (ou conceitos), etc

b. Os meios de ensino a utilizar, mesmo que sejam modernos, se


não ajudarem o aluno a aprender nao vale a pena utiliza-los

c. Estes meios que pouco se sabe como funcionam, posso


experimentar com os alunos : talvez eles saibam operar com eles

d. Como a escola não têm meios de ensino para este conteudo,


convém ser mais criativo, juntar alguns objectos naturais para
constituir meios que possam ajudar na melhor mediação do
conteúdo

e. Somente os meios confecciandos industrialmente têm maior


poder instrutivo e educativo que os localmente existentes à volta
da escola (ex : àrvores, pessoas, monumentos, objectos diversos,
etc).

Respostas aos exercícios de auto-avaliação

Auto-avaliação 1 : Afirmações correctas { a), b) e f) }

Auto-avaliação 2 : Ideias verdadeiras { b) e d) }


202 Unidade 6

Unidade 6

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO
ENSINO-APRENDIZAGEM

Introdução

No ensino se notam diferentes estruturas e formas de organização da aula.


O professor e os alunos, assim como os alunos entre si, trabalham juntos,
mas de diferentes maneiras para assegurar que cada aluno aprenda bem e
também para que a aula em geral alcance os objectivos instrutivos e
educativos fixados no plano de ensino. As estruturas e formas mais
conhecidas de organização do ensinosão a aprendizagem frontal e
individual. Para enriquecer didacticamente o ensino, os professores
aplicam também o ensino-aprendizagem por grupo, em pares e em
secções. São estas formas de que falaremos nesta unidade, a qual està
dividida em .....aulas, nomeadamente:

a. Caracteristicas das diferentes formas de organização do


ensino-aprendizagem

b. Importância da combinação entre as diferentes formas


de organização do ensino

Ao completer esta unidade, você será capaz de:

 Identificar as diferentes formas de organização do ensino-


aprendizagem.
Objectivos
 Explicar a importância da combinação entre as diferentes
formas de organização do ensino
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 203

Lição 28

FORMAS DE ORGANIZAÇÃO DO
ENSINO-APRENDIZAGEM E A
IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO
ENTRE ELAS

Introdução
Tradicionalmente o ensino realiza-se sob a forma frontal e colectivo: os
alunos são postos em sala de aula, o professor se posiciona à frente deles
e, por sua vez, os alunos um atràs do outro escutam (atentamente?) o
professor em face deles, à quem também observam os seus gestos e
movimentos dentro da sala.

A par desta situação resta-nos fazer a questão sobre quais são as outras
formas de organização do ensino. Por isso, ao completer esta lição, você
será capaz de:

 Reelaborar o conceito de aula

 Caracterizar o ensino frontal e colectivo


Objectivos  Identificar as outras formas de organização do ensino

 Explicar as diferenças entre o ensino frontal e as outras formas de


ensino


Face a estes objectivos da presente aula, antes de mais, importa lembrar


que aula, entanto que periodo de tempo variavel destinado ao estudo de
um tema ou execução de uma tarefa, em função de uma unidade de
enssino, nela o professor orienta o ensino visando a aprendizagem dos
204 Lição 28

alunos em função de determinados objectivos. A aula representa o


momento efectivo da execução ou da efectivação do plano de ensino.

Quer dizer, a aula é a forma predominante de organização do ensino. É na


aula que organizamos e criamos as situações docente, isto é, as condições
e meios necessarios para que os alunos assimileem activamente
conhecimentos, habilidaes e desenvolvam suas capacidades cognitivas.

Por sua vez, se pensamos sobre como as aulas são organizadas, e se


olharmos para a maioria da experiência dos professores, verifica-se que
no ensino predomina o ensino frontal, mas muitos professores tratam de
aplicar outras formas de organização do ensino, particularmente das
aulas. Por isso, antes de seguir para continuarmos a falar destas formas de
organização, realize a actividade seguinte:

1. Como se caracteriza o ensino frontal, geralmente utilzado pelos


professores?

2. Quais são as outras formas de organização do ensino?


Actividade 32
3. Caracterize estas outras formas que se referiu no numero anterior

De facto, como tem visto tanto na sua experiência como a dos outros
professores, o ensino frontal é um procedimento de indole colectivo sob
direcção directa do professor. Este se dirige a toda a turma e recolhe
todas as reacções (informações) dos alunos. E isso é bastante diferente
como acontece noutras formas de organizaçao do ensino que deve ter
acabado de identificar, nomeadamente o ensino-aprendizagem:

• Individual,
• Em grupo,
• Aos pares,
• Por secções,
• Excursão,
• Organização do trabalho dos alunos em casa
• Organização de turmas complementares com alunos com baixo
aproveitamento escolar

Certamente que são muitas formas de organização do ensino-


aprendizagem possiveis de serem aplicados com os alunos, claro, tendo
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 205

em conta o seu nivel de escolaridade, as suas caracteristaicas, os


objectivos de ensino e outras categorias didacticas. Por isso, certamente
que nem todas as formas o professor utiliza-os numa mesma aula, mas
que, desde jà, recomendamos a sua utilização de forma variada e
combinada, não so para dar maior dinamismo ao processo de ensino-
aprendizagem, mas também por outras razões que iremos discutir na aula
seguinte. Mas antes demais, voltemos a caracterizaçao que fez de cada
uma destas formas de organizaçao do ensino.

É verdade, concordamos consigo, quando diz que com o ensino-


aprendizagem individual, os alunos têm que resolver sozinhos tarefas,
problemas, etc. No ensino individual se pode aplicar que todos os alunos
tenham a mesma tarefa, e também é possivel que haja alunos que tenham
tarefas distintas dos demais. Mas têm em comum que o professor trata no
sentido que cada aluno trabalhe por si.

Contrariamente a isso, no ensino-aprenizagem em grupo a turma é


dividida temporariamente em grupos e um pequeno grupo resolvem em
conjunto uma tarefa, o professor tratano sentido que dentro dos grupos se
atinjam acções colectivas de aprendizagem, se exorta aos alunos para que
cheguem à um acordo na tarefa, a discutir a via de solução, etc. Diversos
critérios podem ser usados para dividir os alunos em pequenos grupos:

• Pelo resultado de um sociograma, isto é, colocandojuntos aqueles


alunos que manifestam afinidade e simpatia mutua.

• Por homogeneidade, segundo o nivel de rendimento escolar

• Por heterogeneidade deliberada

• Por ordem de chamada ou de localização (os primeiros 5 formam o


grupoa “A”, os 5 seguintes o grupo “B”, etc.)

• Quando se deseja quebrar “cliques” ou “panelinhas” basta contar o


numero total de alunos (N), dividir pelo numero de alunos que se
deseja colocar em cada grupo (n). Isto dà o numero de grupos (X).
206 Lição 28

Ai se pede aos alunos numerar de 1 a X, convidando-se depois


todos os numeros 1 a juntarem-se em um grupo, os numeros 2 em
outro, e assim em diante.

Para o ensino-aprendizagem em grupos, pode utilizar-se o ensino-


aprendizagem aos pares, também designado diade. Neste caso são
somente os alunos que trabalham juntos na solução de uma tarefa, na
pratica de um texto, etc. Pode-se considerar a aprendizagem em pares
como uma forma preliminar do ensino-aprendizagem em grupos, jà que
este se baseia também em um trabalho conjunto directo, se bem que neste
caso fala-se de um grupo que aprende quando somente se trata de dois
alunos. Consiste simplesmente em pedir aos alunos que formem pares,
isto é, minigrupinhos de duas pessoas (“diade”) para discutir o assunto,
resolver exercicios ou problemas.

Neste caso, se a metade da turma (grupão) ainda constitui um numero


elevado de grupinos, pode-se sortear quais deles terão a oportunidade de
apresentar suas perguntas, sugestões ou conclusões. E, para todos os
casos de trabalho em grupo, uma turma grande de varios alunos é
dividida em varios grupos pequenos, visando aumentar a participação
individual dos alunos. É grande a variedade de formas de trabalho em
grupos pequenos, pois pode-se variar o tamanho, as funções dos
membros, as etapas do trabalho, etc. Vejamos, por exemplo, algumas
variedades:

a. Grupos simples, com tarefa unica

Os alunos se dividem em grupos (exemplo, de 3 à 5) e o professsor


escreve no quadro-negro uma pergunta ou proposição que todos os
grupos devem discutir durante um periodo de temo X. Cada grupo
nomeia um coordenador e um relator, se assim o desejar. Terminado o
tempo de discussão, os grupos se reunem em grupão, e os relatores de
cada grupinho apresentam suas conclusões. Estas podem ou não ser
resumidas no quadro-negro. O exercicio pode terminar com uma
discussão em plenàrio.

b. Grupos simples, com tarefas diversas.


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 207

Cada grupo recebe uma questão ou tema diferente para discutir. O resto,
igual ao que se disse anteriormente na modalidade a).

c. Grupo simples, com funções diversificadas

Neste caso o tema designado a cada grupo pode ser o mesmo, mas a
forma de encarar seu estudo pode virar. Cada grupo vai trabalhar com
uma funçãzo especifica. O professor prepara um tema bastante omplexo,
ou escolhe um capitulo de um texto que trate do tema escolhido, e
distribui aos alunos copias mimoografadas. Em seguida divide os alunos
em grupos explicando claramente que cada grupo terà uma forma
diferente de trabalhar o tema ou texto. Por exemplo:

Grupo A: Reconhecimento do texto

Os alunos destacam os pontos-chave, ou ideias princiais, os argumentos


de base; verifica a estrutura ou organiazação do texto e apresenta as
conclusões da analise.

Grupo B: Relacionamento

O grupo estuda o trabalho mas se preocupa essencialmente em


estabelecer relações entre o que é apresentado pelo autor e as
experiências prévias de cada componente do gruo. Hà um retorno ao jà
aprendido, jà assimilado, na revalorização de experiências e vivências
anteriores e na valorização das experiências novas interpretadas.

Grupo C: Enriquecimento

O trabalho em pauta constitui para o grupo um ponto de partida para


novas buscas, enraizadas sempre no texto; impõe uma responsabilidade
inovadora. O texto vai tornar-se ponte que conduz a novos caminhos; serà
uma encruzalhada a desafiar as opçõs de cada componente do grupo.

Grupo D: Julgamento e Sintese

As tarefas do grupo de julgamento e sintese exigem maior


amadurecimento e ponderação dos alunos. Os outros grupos se armam e
se preparam previamente, enquanto este conhece bem o tema inicial,
relacona-o, enriquece-o para o confronto final com as interpretações,
relacionamento e enriquecimento dos grupos que o antecedem.
208 Lição 28

Uma forma utilizada, raras vezes, é o ensino e aprendizagem por secções.


Nesta forma de organização do ensino e aprendizagem, muito apropriada
para a realização de um ensino diferenciado, a turma é temporariamente
dividida em secções: por exemplo, se divide a turma em três secções,
uma secção trabalha sem a orientação do professor, uma segunda recebe
uma breve orientação e se exorta para o trabalho individual e, finalmente,
o professor se ocupa directamente se uma terceira secção a qual dà uma
explicaçao prolongada.

No ensino-aprendizagem por secções, para alguns alunos, se passa como


no ensio frontal, enquanto para outros em forma de ensino-aprendizagem
individual. Por isso, estas caracteristicas demonstam que nas distintas
formas de organização do ensino-aprendizagem (frontal, individual, em
grupo, em pares ou em secções) hà distintas formas de cooperação no
ensino, quer dizer:

• Um determinado modo de cooperação do professor com os alunos;


• Um determinado modo de cooperação dos alunos entre si.

As formas de cooperação se diferenciam de acordo com o modo em que o


professor se dirige à turma (em sua totalidade, em grupo,
individualmente, etc), e segundo a forma em que organiza a cooperação
entre os alunos (trabalho individual, em silêncio, colectivo, em pares, em
grupos, etc).

Sumário
O ensino frontal e colectivo, onde o professor se coloca em face dos
aluno, não é a unica altenativa de organização do ensino. Outras
formas, tais como, o ensino –aprendizagem Individual, em grupo, aos
pares, por secções, excursão, organização do trabalho dos alunos em
casa e organização de turmas complementares com alunos com baixo
aproveitamento escolar, são outras possibilidades que ajudam o
professor a tornar o seu ensino dinâmico e variavel.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 209

A excepção da excursão, organização do trabalho dos alunos em casa


e organização de turmas complementares com alunos com baixo
aproveitamento escolar, fizemos referência nesta aula aos aspectos
que caracterizam cada uma destas formas alternativas ao ensino
frontal, realçando sobretudo como na pratica podem ser utilizadas
pelo professor e alunos. Isto constitui, assim, um convite ao caro
cursante para experimentar outras formas de organização do ensino
que acabamos de ver (e outras vamos nos debruçar delas na proxima
aula), para além do ensino frontal : o desafio, pois, està lançado e
esperamos que se descubra, em cada uma das formas de organização
do ensino, como um facilitador das condições de aprendizagem dos
alunos.

Exercícios

Das afirmações que se seguem, diga quais não caracterizam um ensino


frontal :

a. A primeira secção trabalha sem a orientação do professor, uma


Auto-avaliação 1 segunda recebe uma breve orientação e se exorta para o trabalho
individual e, finalmente, o professor se ocupa directamente se
uma terceira secção a qual dà uma explicaçao prolongada

b. Minigrupinhos de dois alunos trabalham sobre um assunto,


resolvem exercicios ou problemas.

c. Uma turma grande de varios alunos é dividida em varios grupos


pequenos, visando aumentar a participação individual dos alunos

d. Os alunos, individualmente, resolvem tarefas/exercicios,


problemas, etc, e, por sua vez, o professor dà apoio a cada aluno
em função das suas dificuldades e progressos.
210 Lição 29

Lição 29

CONCLUSÃO DAS FORMAS DE


ORGANIZAÇÃO DO ENSINO-
APRENDIZAGEM E A
IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO
ENTRE ELAS

Introdução
Esta aula conclusiva das formas de organização do ensino vai abordar
sobre as três formas de que jà fizemos menção, nomeadamente a
excursão, a organização do trabalho dos alunos em casa e as turmas
complementares com alunos com baixo aproveitamento escolar. E, ao fim
de contas, à cada passo desta aula, continuando como o que se viu na aula
anterior, perceberemos a importância da combinação entre as diferentes
formas de organização do ensino, a qual, para sua sistematização ficarà
exposta no fim desta aula.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Caracterizar a exursão, a organização do trabalho dos alunos em casa


e as turmas complementares com alunos com baixo aproveitamento
escolar
Objectivos
 Identificar tipos de actividades que podem servir para a organização
do trabalho dos alunos em casa

 Realizar as medidas que garantam a correcção e revisão dos trabalhos


de casa

 Explicar as razões que podem justificar a necessidade de as turmas


complementares com alunos com baixo aproveitamento escolar

 Argumentar a favor da combinação das diferentes formas de


Didáctica Geral : Aprender a ensinar 211

organização do ensino-aprendizagem

Como dissemos anteriormente, restava-nos de insistir que o ensino-


aprendizagem pode ser organizado em forma de: i) excursão, ii)
organização do trabalho dos alunos em casa e iii) turmas complementares
com alunos com baixo aproveitamento escolar.

1. Caracterize o ensino organizado sob a forma de:


a. Excursão
b. Trabalho dos alunos em casa
Actividade 33 c. Turmas complementares com alunos com baixo
aproveitamento escolar

Excursão

Estamos em crer que as formas de organizaçao do ensino, as quais você


foi solicitado de caracterizar têm sido utilizados por professores que
conhece ou conheceu ao longo da sua trajectoria escolar. Por isso, terà
observado que a excursão é um tipo de organização do processo de
ensino e aprendizagem que consiste em visitas a industrias, museus,
campos de produção, etc. Durante a excursão, conjuntamente com as
observações, se utilizam diversos métodos/técnicas: narrações, palestras,
demonstrações, exemplificações, etc. A excursão à natureza exige do
professor e alunos uma preparação. Cada excursão se efectua com
determinados objectivos e ao mesmo tempo se relaciona com um ou outro
tema estudado. O trabalho dos alunos durante a excursão se generaliza e
se conclui nas aulas seguintes ou em aulas extracurriculares.

E o como se organiza o ensino através dos trabalhos de casa?

Organização do trabalho de casa

As tarefas de casa estão intimamente ligadas ao trabalho realizado


durante as aulas na sala. O exito do mesmo depende de como foram
orientadas a aula e a tarefa de casa. As tarefas para casa podem se dividir
em: orais, escritas e praticas.
212 Lição 29

As tarefas orais podem ser diversas: estudo do material por meio de texto,
aprender um verso ou prosa, a expressão musical, etc. As tarefas escritas
compreendem o realização de exercicios escritos, solução de problemas,
redação de composições, etc. Finalmente, as tarefas praticas podem
consistir na comprovação de experiências, observações, preparação de
peças, modelos, murais, maquetes, laminas, etc.

Um dos problemas mais importantes na organização do trabaalho para


casa dos alunos é o seu volume. Os alunos de diferentes graus devem
empregar diferentes periodos de tempo para a realização de trabalhos
para casa. Nesse aspecto, é importante elaborar tarefas para casa cujo
conteudo e volume, em sua planificação, corresponde a todo o tema que
se estudou nesse dia. Deste modo, as tarefas serão diversas e
constituiriam parte organica do material do docente ja estudado na aula. E
neste ordenamento pode combinar-se correctamente o estudo do material
teorico com exercicios praticos.

O cumprimento exitoso das tarefas para casa para os alunos depende


principalmente da qualidade do professor. Este, antes de tudo, deve
compreender que os alunos não podem realizar as tarefas com exito se
não sabem como faze-las: a tarefa se assimila quando existe uma plena
compreensao por parte dos alunos, do material em uma situação de calma
e tranquilidade.

Posteriormente, cada tarefa deve ser de uma ou outra forma revista e


corrigida pelo professor. E o melhor é o professor rever e corrigir a tarefa
de todos os alunos e realizar com eles a reafirmação da forma mais
precisa, para que nao caiam no erro dos trabalhos de alguns alunos. E,
desta forma, os alunos se acostumam de cumprir diariamente suas tarefas.
Aqui é necessario um sistema de medidas, tendo em conta que os alunos
estudam regularmente:

• Se lhes têm sido dados instruções precisas e têm aprendido a trabalhar


independentemente

• Se existe um sistema de controle preciso para o trabalho deles

• Se observam estritamente uma rigorosa ordem do dia, na qual as


tarefas para casa ocupam um tempo determinado
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 213

• Se se ensinam os alunos para que independentemente resolvam


qualquer dificuldade que podem encontrar. É necessario assinalar que
o caracterr e a metodologia das tarefas para casa em muitos casos vão
depender da metodologia do trabalho do professor na sala de aulas.

Turmas complementares com alunos de baixo aproveitamento


escolar.

As vezes, incluindo quando se temuma organização correcta do trabalho


docente, na turma existem alguns alunos atrasados e com baixo
rendimento escolar. Este fenomeno sucede por varias razões:

• Enfermidades prolongadas por parte dos alunos

• Falta de consideração das particularidades individuais dos alunos


por parte do professor

• Quando os alunos não fazem a real valorização das dificuldades


de uma ou outra disciplina e, assim, vão ficando para tràs e
outros se dedicam apenas a sua disciplina predilecta e abandonam
as outras.

Os atrasos, as repetências provocam muitos danos nos alunos porque


perde a fé nas suas forças e com frequência quer abandonnar os estudos.
O desaproveitamento e a repetição de anos tras consigo uma grande perca
recursos para o Estado. Por isso, superar o atraso e o não aproveitamento
é um dever muito importante do professor e uma das medidas é o trabalho
complementar com os esses alunos.

Antes de começar as aulas de turmas complementares é importante saber


as causas e o caracter do atraso dos alunos, para desta forma buscar os
métodos e precisar seu volume.

É muito efectivo o trabalho complementar preventivo. Tanto mais cedo o


professor observa o atraso, deve tratar rapidamente de ajudar o aluno. É
necessario fazer que trabalhe sob controle do professor, dos
companheiros, estabelecer o controle do seu trabalho pelos pais, etc.
Também é muito conveniente e util para o aluno fraco, colocar lhe como
companheiro de um aluno forte no estudo para que este o ajude.
214 Lição 29

IMPORTÂNCIA DA COMBINAÇÃO ENTRE AS FORMAS DE


ORGANIZAÇÃO DO ENSINO

Você lembra-se de cada uma das formas de organização do ensino que


acabamos de falar ? De certeza que sim ! Então você vê que com o
intercâmbio do ensino-aprendizagem frontal, individual e em grupos, se
pode atingir uma activação dos alunos capaz de repercurtir-se
favoravelmente no avanço do ensino.Esta importância pode ser vista em
diferentes planos ou perspectivas:

a. O intercâmbio das formas de organização do ensino-aprendizagem


està relacionado com mudanças no tipo fundaental de procedimento
métodico. O ensino-aprendizagem frontal pode corresponder ao
método expositivo ou de elaboração conjunta, enquanto que o
ensino-aprendizagem por pares ou grupos corresponde mais ao
método de ensino independente. E, nos métodos bàsicos também
muda a actividade dos alunos: no procedimento frontal os alunos
estão activos de um modo receptivo e dirigido e no esino-
aprendizagem individual, o trabalho individual individual dos alunos
com responsabilidade individual e, finalmente, o ensino-
aprendizagem por grupos é o trabalho independente dos alunos com
responsabilidade colectiva.

b. O intercâmbio das formas de organização do ensino-aprendizagem


possibilita que se possam alcançar efeitos especificos na aquisição e
assimilação de conhecimentos, no desenvolvimento de faculdades,
capacidades, habilidades, habitos, métodos e procedimentos do
trabalho intelectual. Este efeito tem sua explicação, entre outras
coisas, no facto de que a forma de organização do ensino em questão
se repercurte na situaçao dos alunos enquanto aprendentes: a
estrutura de organizaçao do ensino representa uma condição especial
para a actividade intelectual dos alunos; por exemplo, existe uma
diferença entre a forma de aprendizagem na situação colectiva e
independente de uma tarefa em grupo e aquisição receptiva de
conhecimentos no ensino frontal expositiva. Cada forma de
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 215

organização do ensino possui certo “valor proprio” para a educação


intelectual dos alunos. O intercâmbio das formas de organização do
ensino tem uma influencia favoràvel sobre a independência dos
alunos, a mobilidade intelectual, a consciencia, exactidão,
originalidade e sobre outras caracteristicas qualitativas da actividade
mental.

c. Com as diferentes formas de organizaçao do ensino-aprendizagem


se oferecem também possibilidades especiais para corresponder ao
principio da unidade de uniformidade e diferenciaçao nas condições
do processo de aprendizagem: investigações tem demonstrado que o
intercâmbio entre as formas de organização do ensino tem resultados
na aprendizagem muito mais positivos que o ensino somente em
modo frontal: para equilibrar as indesejaveis diferenças de
rendimento, para dedicar-se em separado a um aluno ou grupo de
alunos, para fixar tarefas individuais a um aluno ou a um grupoe
alunos, para utilizar de modo diferente os meios de trabalho
didactico, etc, se ampliarà essencialmente se s utilizem todas as
formas de organização do ensino-aprendizagem.

Conclusão: Um intercâmbio métodico bem mediado entre as formas de


organizaçao do ensino produz notàveis efeitos de activação e
difereenciação, e que com a aplicação consciente destas formas de
organização do ensino pode se contribuir para a intensificação da
assimilação de conhecimentos, do desenvolvimento das faculdades e
capacidades. A aplicação adequada das formas de organização do ensino
é um aspecto importante de estruturaçao variada do ensino do ponto de
vista métodico; é por isso que cada professor deveria tratar que no seu
ensino exista uma proporção equilibrada entre a o ensino-aprendizagem
frontal, individual, em grupos, aos pares e por secções. Na eleição das
formas de organização do ensino-aprendizagem se deve partir do caso
concreto as relações legitimas que existem entre o objectivo
correspondente, a matéria, as condições especais e o método ou sua
organização e variações.
216 Lição 29

Exercícios

Assinale com V ou F, as afirmações que se seguem, conforme seja


respectivamente verdadeiras ou falsas :

Auto-avaliação 2 b. A aplicação adequada e combinada das formas de


organização do ensino é um aspecto importante de
estruturaçao variada do ensino do ponto de vista
métodico

c. Antes de começar as aulas de turmas complementares é


importante saber as causas e o caracter do atraso dos
alunos, para desta forma buscar os métodos e precisar seu
volume

d. Um professor, nas condições de trabalho em


Moçambique, nunca pode ser encorajado a organizar
turmas de aulas complementares : o professor nunca terà
tempo.

e. Partindo de objectivos concretos e sempre em relação


com um ou varios temas da sua disciplina, o professor
precisa de organizar excursões para potenciar as fontes
directas do saber

Respostas aos exercícios de auto-avaliação

Auto-avaliação 1 : Afirmações que caracterizam o ensino frontal :


Nenhuma

Auto-avaliação 2 : Afirmações verdadeiras { a), b) e d) }, Afirmações


falsas { c }
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 217

Unidade 7

PLANIFICAÇÃO DO PROCESO DE
ENSINO E APRENDIZAGEM

Introdução
O processo de ensino e aprendizagem é uma actividade intencional e,
nesta condição, requer uma planificação, a começar pelo nivel central, da
escola e da aula. Neste sentido, a planificação do ensino-aprendizagem
assume caracter de obrigatoriedade para o professsor: o plano de ensino
determina os objectivos a que se pretende chegar e o conteudo a mediar e,
ademais, algumas caracteristicas fundamentais da estruturação didactico-
metodologica e organização do ensino. É essencialmente uma concepão
de direcção didactica do ensino. É, pois, pela importância que a
planificação do PEA tem que iremos nos debruçar sobre ela, focalizando
os seguintes aspectos:

a. Conceito e importância da planificação do PEA

b. Niveis de planificação do PEA

c. Componentes de planificação do PEA

d. Etapas de planificação do PEA

Ao completer esta unidade, você será capaz de:

 Enumerar as etapas de planificação do PEA

 Explicar em que consiste a planificação do PEA


Objectivos  Apresentar razões que justifiquem a importância da planificação do
PEA

 Identificar os elementos de planificação do PEA


218 Lição 30

Lição 30

CONCEITO E IMPORTÂNCIA DA
PLANIFICAÇÃO DO PEA

Introdução
Uma aula implica a relação professor e aluno, além doutras categorias
didacticas que se interrelacionam igualmente nesse momento; de facto,
nela estão envolvidos varios elementos como os objectivos, tanto da
sociedade como do aluno, os métodos e técncas de ensino, os meios de
ensino, as condições da sala de aulas, o meio social e cultural em que
decorre a leccionação, as condições de ordem politica e economica do
pais.

A conjugação destes elementos todos, orientados para o fim de conseguir-


se a aprendizagem dos alunos, requer do sector da educação uma
planificação, ao mesmo tempo que o professor deve também ter seu
plano de aula, de ensino.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar em que consiste “planificação PEA”

 Justificar a importância da planificação das aulas por parte do


Objectivos professor

 Explicar em que consiste a flexibilidade do(s) plano de aula(s)


elaborado(s) pelo professor.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 219

1. Em que consiste o plano de aula?


2. Qual é a importância, para o professor, de planificar as suas aulas

Actividade 34

A planificação é uma pratica corente em todas as actividades humanas,


especificamente as que são realizadas intencionalmente. Por isso terà sido
facil para você concluir que o plano de aula (ou seja, a planificação do
PEA ) é a previsão mais objectiva possivel de todas as actividades
escolares para a efectivação do processo de ensino e aprendizagem que
conduz o aluno a alcançar os objectivos previstos; e, neste sentido, a
planificação do ensino é uma actividade que consiste em traduzir em
termos mais concretos e operacionais o que o professor e os alunos farão
na aula para conduzir os alunos a alcançaar os objectivos educacionais
propostos.

A planificação do PEA é uma tarefa docente que inclui tanto a previsão


das actividades didacticas em termos da sua organizaçao e coordenação
em face dos objectivos propostos, quanto a sua revisão e adequaçao no
decorrer do processo de ensino. A planificaçao é um meio para se
programar as acções docentes, mas é também um momento de pesquisa e
reflexão intimamente ligado a avaliação.

Se terà sido facil definirmos a planificação do ensino, não parece tão


simples falarmos da importância da planificação do ensino, sobretudo
com uma parte dos nossos professores que trabalham nas nossas escolas a
relativamente muito tempo; referimo-nos a aqueles “muito experientes”
que pensam ser dispensavel o plano de aula, como acontece também com
alguns recem formados ou contratados que não desenvolveram ainda nem
habito , nem suficiente capacidades para fazer a planificação das aulas.
220 Lição 30

Preste atenção a seguinte conversa entre professores (A, B , C, D e E),


extraida de Cortesão e Tores (1983:67):

A: Recuso-me a fazer planos. ...Mas...planificar, para quê? As aulas


constroem-se por si! As planificações limitam a minha liberdade de
Actividade 35 acção!

B: Muitas vezes acontece que os meus alunos não se interessam pelas


actividades que planificamos no inicio do ano.

C: Mas os planos fazem-se para se cumprirem! Portanto, hà que obriga-


los a fazerem o que foi previsto

D: Não hà duvida de que tudo tem de ser realizado como foi previsto.
Não se pode perder tempo com coisas que os alunos se lembram de
querer discutir!

E: Mas...Como é? Deve-se planificar ou não se deve planificar?

2. Através desta conversa, o que diria ao professor E? Deve-se planificar


ou não as aulas? Porquê?

Terà dito que se devem planificar as aulas? É mesmo esta posição que
defendemos. Sempre que se inicia um empreendimento complexo, tendo
em vista alcançar determinadas metas, torna-se importante fazer uma
previsão bàsica da acção a ser realizada, previsão essa que funcione como
um fio condutor susceptivel de orientar a acção. No complexo
empreendimento que é a educação, esta necessidade torna-se ainda mais
forte. Com efeito, na medida em que a acção educativa põe em causa o
presente e o futuro da criança, do adolescente e do jovem, pondo
consequentemente em causa a propria comunidade, não se pode permitir
que ela se desenrole ao sabor dos acasos da improvisão. Também não
pode ser estruturada na exclusividade do bom senso e da intuição de
quem a pratica. Com a planificação da aula, o professor determna os
objectivos a alcançar ao termino do processo de ensino-aprendizagem, os
conteudos a serem aprendidos, as actividades a serem realizadas pelo
profesor e aluno, a distribuição do tempo, etc, ou seja, a planificação
permite visualizar previamente a sequência de tudo o que vai ser
desenvlvido em dia lectivo. Assim, a planificaçao da aula é a
sistematização dee todas as actividades que se desenvolvem no periodo
de tempo em que o professor e aluno interagem numa dinâmica de ensino
e aprendizagem.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 221

A importância dada a planificação não significa que se nega que “as


melhores aulas surjam de repente, por causa de uma palavra, de uma
insignificância em que o professor não tinha pensado antes”. Uma aula
pode e muitas vezes deve “acontecer”, porque uma coisa é a aula inerte
no papel e outra é a aula viva, dinâmica, que a trama complexa de inter-
relações humanas, a diversidade de interesses e caracteristicas dos alunos
não permite ser um decalque do que està no papel. Estes alunos, aqueles
alunos, os factos que ocorrem no meio fazem as aulas acontecer....

Mas isto não significa de modo algum que nao tenha importância o tal
“fio condutor”, que existe numa planificação. Significa é que ele nao
pode ser um fio rigido, mas sim flexivel ao ponto de permitir ao professor
inserir novos elementos, mudar de rumo, se o exigirem as
necessidadese/ou interesses do momento se, de repente, se descobre uma
forma mais rica, mais original ou mais adequada de explorar determinado
assunto. Isso significa, de facto, que os planos podem tomar, na pratica,
no momento de execução, um sentido novo que as circunstâncias
provocarem. A planificação, que se tranasformou neste caso, em recurso
aparentemente não utilizado, funciona agora como um marco de
referência em relação ao qual se identifica o que de forma inesperada se
atingiu, evidenciando também o que, não deixando de ser importante, não
se conseguiu atingir.

A proposito desta questão de o plano de ensino concebido nem sempre


corresponder com o que se passa realmente na sala de aula, importa
salientar que este é um instrumento de acção, devendo servir como guia
de orientação, apresentar ordem sequencial, objectividade, coerência e
flexibilidade.

Sumário

A planificação do PEA por parte do professor afigura-se como uma etapa


necesaria se admitirmos que se trata de prever o conjunto de actividades
(do profesor e dos alunos) que estarão ao centro do PEA, incluindo o
222 Lição 30

conteudo, meios, selecionados tendo em conta os objectivos que se


pretendem atingir e as condições em que se irà realizar o PEA.

Ao falarmos da planificação das aulas, sobretudo da sua importância,


compreendemos porquê a aula não pode ser um improviso, cada aula
enquadra-se dentro dum universo do sistema de saberes que se pretendem
sejam propriedade dos alunos mediante o PEA, os quais estão
interligados e respondem à interesses curriculares. Estamos, portanto,
cientes que cada aula dada, signifca aula planificada, não que isso
signifique que o que vai acontecer na sala de aulas é uma simples
reprodução mecânica do plano. O plano de aula é um instrumento
flexivel, alias, o momento de aula é dinâmico por envolver uma relação
dialéctica entre alunos e destes para com o professor, o que suscita
reacções, interlações, à ajustar/equilibrar, de forma à que o PEA respeite
o ritmo do que se pasa efectivamente na sala de aula : dificldades de
aprendizagens dos alunos, perguntas e contribuições dos alunos, recursos
existentes na sala de aula antes não previstos mas que têm grande
potencialidade para a aprendizagem dos alunos, tempo (disponibilidade e
escassez), etc.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 223

Exercícios

Nas nossas escolas temos varios professores, cada um com seus hàbitos
particulares. Entretanto, a escola é uma organização, sobretudo entidade
responsavel por realizar o PEA, uma actividade com caracter sistematico
Auto-avaliação 1
e planificado como vimos na aula sobre as caracteristicas do PEA. Nesse
sentido, você concordaria ou não concordaria com o professor que:

a. As suas aulas ocorrem espontaneamente, ao curso do que


acontece na aula

b. É minuciosamente planificado ao ponto de nas suas aulas não se


tratam, nem se discutem assuntos, tarefas, problemas que não
estavam previstos no plano de lição

c. Orienta aulas atractivas, « movimentadas », cujo dinamismo é


sustentado por aquilo que se passa na sala, mas sem deixar à
parte seu plano de aula.
224 Lição 31

Lição 31

IMPORTÂNCIA DA
PLANIFICAÇÃO DO PEA
(Conclusão)

Introdução
Sem duvida se compreende a importância da planificação do PEA, mas
exactamente por causa desta importância, queremos nesta aula apresentar
outros elementos que possam firmar na pratica pedagogica dos
professores e nas suas reflexões teoricas sobre o ensino, mais elementos
para justificarmos a importância da planificação do PEA.

Nesta aboradegem partiremos das caracteristicas de um plano de ensino,


depois veremos a questão sobre o numero de lições que se devem
planificar duma vez e, finalmente queremos discutir consigo em que
medida a planificação não é « panaceia » de todos os problemas de
ensino.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Explicar o significado de cada uma das caracteristicas do plano de


aula

 Apresentar fundamentações que possam justificar a necessidade de se


Objectivos planificarem varias aulas e não apenas uma de cada vez

 Justificar em que medida o plano de aula de ser visto como algo


« flexivel ».
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 225

1. Para ser um bom plano de ensino, deve apresentar as seguintes


carateristicas: i) servir como guia de orientação, ii) apresentar
ordem sequencial, iii) apresentar objectividade, iv) apresentar
Actividade 36 coerência e v) apresentar flexibilidade.

a. Explique em que consiste cada uma destas caracteristicas.

Você estarà certo se tiver dito que o plano de ensino é um guia de


orintação porque nele estão estabelecidas as directrizes e os meios de
realização do trabalho docente. Como a função de planificaçao é orientar
a pratica, partindo das exigências da propria pratica, ele não pode ser um
documento rigido e absoluto, pois uma das caracteristicas do processo de
ensino é que està sempre em movimento, està sempre sofrendo
modificações face às condições reais.

Depois, dissemos que o plano deve apresentar ordem sequencial e


progressiva,visto que para alcançar os objectivos são necessarios varios
passos, de modo que a acção docente obedeça a uma sequência logica.
Não se quer dizer que, na pratica, os passos não possam ser invertidos.

Em relação a objectividade entendemos a correspondência do plano com


a realidade à que se vai aplicar. Não adianta fazer previsões fora das
possibilidades humanas e materiais da escola, fora das possibilidades dos
alunos. Por outro lado, é somente tendo conhecimento das limitações da
realidade que podemos tomar decisões para superação das condições
existentes.

Por seu turno, a coerência entre os objetivos gerais, objectivos


especificos, conteudos, métodos e avaliação. Coerência é a relaçao que
deve existir entre as ideias e a pratica. É também a ligação logica entre os
componentes do plano. Se dizemos nos objectivos gerais que a finalidade
do trabalho docente é ensinar os alunos a pensar, a desenvolver suas
capacidades intelectuais, a organização dos conteudos e métodos deve
reflectir esse proposito. Quando estabelecemos objectivos da matéria, a
cada objectivo devem corresponder conteudos e métodos compativeis.

Finalmente, a flexibilidae do plano sugere que no decorrer do ano lectivo


o professor està sempre organizando e reorganizando o seu trabalho. A
226 Lição 31

relação pedagogica està sempre sujeita a condições concretas, a realidade


e està sempre em movimento, de forma que o plano està sempre sujeito à
alterações.

1. Suponha que temos dois professores, um professor A que planifica


uma aula de cada vez e outro professor B que planifica um conjunto
de aulas, que comentarios (por ou contra) farias em relaçao ao
Actividade 37 procedimento destes professores?

A resposta a esta questão é um tanto quanto divergente, tal como vemos


essa diferenciação de praticas entre os professores A e B. Em todo o caso,
devemos partir da consideração de que a aula é um periodo de tempo
variavel. Dificilmente completamos numa so aula o desenvolvimento de
uma unidade ou topico de unidade, pois o processo de ensino e
aprendizagem se compões de uma sequência articulada de fases ou
funções didacticas, dentro das quais faz-se a preparaçaao e apresentaçao
de objectios, mediação de novos conteudos, realização de actividades,
consolidação (fixação, exercicios, recapitulaçao, sistematizaçao,
aplicaçao) e avaliação do ensino e aprendizagem.

Vendo neste sentido, compreende-se que devemos planear não uma aula,
mas um conjunto de aulas, visto que:

• Na preparação de aulas, o professor deve reler os objectivos


gerais da matéria e a sequência de conteudos do plano de ensino.
Não deve esquecer que cada topico novo é uma continuidae do
anterio: é necessario, assim, considerar o nivel de preparação
inicial dos alunos para a materia nova.

• O professor deve tomar o topico de unidade a ser desenvolvido e


desdobra-lo numa sequênia logica, na forma de conceitos,
problemas, ideias. Trata-se de organizar um conjunto de noções
bàsicas em torno de umaa ideia central, formando um significado
que possibilite ao aluno uma percepçao clara e coordenada do
assunto em questão. E ao mesmo tempo que são listadas noções,
conceitos, ideias e problemas, é feita a previsão do tempo
necessàrio.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 227

• Em relação a cada topico, o professor redigià um ou mais


objectivos especificos, tendo em conta os resultados esperados da
assimilação de conhecimentos e habilidades. A previsao do
tempo, nesta fase, ainda não é definitiva, pois poderà ser alterada
no momento de detalhar o desenvolvimento metodologico.

• É importante que o pofessor tenha sempre presente uma visão de


conjunto e da interrelação dos seus elemenos constituintes, de
modo a que cada situaçao de ensino e aprendizagem, que propõe,
constitua uma peça de um todo. Esta peça vai permitir que a
acção educativa se complete em resultadode uma dialéctica
constante entre aquilo que é preconizado no plano a longo prazo
para os alunos de forma mais geral e o que é mais adequado para
aqueles alunos naquele momento.

Também é importante sublinharmos que a alteração do tempo do plano


poderà dever-se ao detalhamento metodologico, mas também da
avaliação da propria aula. Sabemos que o exito dos alunos não depende
unicamente do professor e do seu método de trabalho, pois a situação
docente envolve muitos factores de natureza social, psicologica e o clima
geral da dinâmica da escola. Entretanto, o trabalho docente tem um peso
significativo ao proporcionar condições efectivas para o êxito escolar dos
alunos.

1. Acabamos de ver a importância de planificação do ensino, mas


com isso subsistem duas questões:
a. A planificação é uma panaceia que resolve todos os
problemas da educação?
Actividade 38
b. A planificação tem de ser encarada como uma proposta de
trabalho possivel ou como algo definitivo, rigido, de
cumprimento obrigatorio?

De facto, concordamos consigo quando refere que a planificação não é


uma panaceia de todos os problemas de educação, mais concretamente do
ensino: a PLANIFICAÇÃO, como ilustra a figura abaixo, é apenas uma
parte do que normalmente chamamos ciclo docente, visto que para além
228 Lição 31

dela temos a REALIZAÇÃO e a AVALIAÇÃO, razão pela qual mesmo


que o professor tenha uma planificação mais correcta possivel, se a
realizaçao e avaliação do processo de ensino-aprendizagem tiverem
problemas não poderà alcançar facilmente os objectivos que pretende.
Contudo, se feita com rigor e simultaneamente com a flexibilidade e a
abertura indispensàveis, ela assume uma importância vital na pratica
profissional de todos aqueles que se esforçam na construção de uma
escola empenhada numa comunicação clara entre os elementos
implicados na acção educativa, uma escola mais lucida e mais
humanaque actua com base na realidade dos seus alunos, uma escola
mais eficiente no aproveitamento do tempo e do espaço de que dispõe
para ajudar os seus alunos a “crescer”. Enfim, uma escola que quer estar
consciente do modo como decorrem as situações que ela desencadeia
e/ou se lhe deparam no dia-a-dia, situações essas sobre as quais deseja
agir a fim de, se necessario, as modificar.

Definição dos Analise das condições AVALIAÇÃO


objectivos (concretas)
PLANIFICAçÃO

Concretização dos objectivos

Analise da
Valorização e
Selacão e Selecção das formas de realização
classificação
ordenação dos organização e dos meios e das
dos resultados
conteudos dos métodos de ensino actividades

Actividades Mediação dos Organização das Apuramento dos


do professor conteudos actividads dos alunos, das resultados
REALIZAçÃO

relações sociais e das


condições materiais

Autoregulação das actividades, Produçção


da comunicação e das relações dos
Actividades Asimilação dos
sociais resultados
dos alunos conteudos
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 229

Por outro lado, quando nos referimos a esta modificação, se necessario,


das situações de ensino-aprendizagem, percebemos, a partida, que a
planificaçao não é uma coisa acabada, definitiva, mas sim um
instrumento que necessita de ser constantemente experimentado em face
da realidade com que se trabalha. Isto porque a interacção do grupo
turma(professor/aluno, aluno/aluno) é o alicerce sobre o qual assenta toda
a concretizaçao do processo de ensino-aprendizagem. Como tal, o que
acontece numa sala de aula é muito mais complexo do que os factos que
são colocados no papel. Uma situação de aprendizagem é dinâmica, com
consequências muitas vezes imprevisiveis, consequências essas que por
vezes constituem a parte mais importante dessa aprendizagem. É
indispensavel que o professor saiba interpretar e aproveitar cada
oportunidade que surge desse processo dinâmico, desligando-se de uma
forma livre e criadora do plano que previamente traçou. O plano funciona
como uma hipotese de trabalho, que como tal necessita de ser
experimentado. Em função do que ocorreu, ou està ocorrendo na
realidade, a hipotese pode ser reforçada ou reformulada. Mais, o plano de
aula é um fio condutor, o que significa que não deve ser rigido, mas sim
flexivel ao ponto de permitir ao professor inserir novos elementos, mudar
de rumo, se o exigirem as necessidades e/ou interesses do momento, se de
repente se descobre uma forma mais rica, mais original ou mais adequada
de explorar determinado assunto.

Sumário
E verdade sim que é importante fazermos a planificação do PEA, mas
para termos um bom plano requere-se que obedeça à determinadas
condições, nomeadamente: i) servir como guia de orientação, ii)
apresentar ordem sequencial, iii) apresentar objectividade, iv) apresentar
coerência e v) apresentar flexibilidade. Estas caracteristicas se impõe
sobretudo quando estamos a ser apelados para a necessidade de não
planificar apenas uma aula, mas varias, obedecendo a interligação que
estas representam.
230 Lição 31

Ao proceder desta forma (interligação de varios planos de aula), o plano


de aula deverà continuar sempre como uma proposta possivel, a ser
enriquecida pelos acontecimentos que irão decorrer na sala de aula e, ao
mesmo tempo, a sua qualidade depende não exclusivamente da sua boa
elaboração, mas também da sua implementação e avaliação. E é
precisamente nestes dois aspectos (implementação ou realização e
avaliação) que varios planos de aula (e mesmo um unico plano) precisarà
de ser revisto, de modo que isso traga a retro-alimentação a continuidade
do PEA em termos de saber se progredimos na matéria (a partir donde),
recuamos ou continuamos a insistir sobre determinados aspectos do plano
realizado: isso irà traduzir uma planificação do PEA em permanente
movimento e que serve, efectivamente, como guia de trabalho
permanente do professor.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 231

Exercícios

De entre as ideias seguintes, uma delas não é totalmente correcta.


Qual é?

a. O plano de aula é um fio condutor, o que significa que não deve


Auto-avaliação 2 ser rigido, mas sim flexivel ao ponto de permitir ao professor
inserir novos elementos, mudar de rumo, se o exigirem as
necessidades e/ou interesses do momento, se de repente se
descobre uma forma mais rica, mais original ou mais adequada
de explorar determinado assunto

b. É indispensavel que o professor saiba interpretar e aproveitar


cada oportunidade que surge do processo dinâmico de aula,
desligando-se de uma forma livre e criadora do plano que
previamente traçou.

c. Planificar varias aulas e não apenas uma permite ao professor ter


uma visão de conjunto e da interrelação dos seus elemenos
constituintes, de modo a que cada situaçao de ensino e
aprendizagem, que propõe, constitua uma peça de um todo.

d. A coerência do plano de ensino faz com que os métodos, por


exemplo, propostos para uma aula correspondam aos objectivos
pretendidos, no sentido em que estes levam (infalivelmente) ao
alcance daqueles

e. A função de planificaçao é orientar a pratica do ensino do


professor, por isso é correcto que um inspector que assiste a aula
dum professor avalie-o negativemente pelos aspectos ocorridos
na aula que não constam no plano, ou pela não realização integral
do plano de aula
232 Lição 32

Lição 32

NIVEIS DE PLANIFICAÇÃO DO
PEA

Introdução
A pratica do ensino do ensino mostra que o que acontece na escola cmo
experiências da aprendizagem faz parte do curriculo previsto para esse
nivel, classe ou tipo de ensino.

O professor, na sua planificação, desemepenha, nesse sentido, o papel de


quem operacionaliza e concretiza no terreno uma planificação
anteriormente feita à niveis acima dele. Isto, em parte orienta o professor,
mas ao mesmo tempo, como vimos anteriormente, nenhum plano do PEA
pode considerar-se uma prposição rigida, acabada, o que faz com que, da
sua parte, o professor planifique, à sua maneira, as suas aulas.

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Especificar o que se faz ao nivel de planificação central do PEA

 Explicar em que consiste a planificação ao nivel do professor


Objectivos
 Identificar os elementos constantes nos modelos de plano de aula que
normalmente são utilizados pelos professores

 Planificar, à nivel de uma escola, obedecendo um modelo de plano de


aulas apropriado e definido pelos elementos do grupo de disciplina, da
classe, etc.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 233

Conforme a figura a seguir, a planificação do processo de ensino-


aprendizagem se realiza em dois niveis fundamentais: central e do
professor, passando por um nivel intermediario, o da planificação pela
escola.

Programa de disciplina
Nivel de Planificação Central
Central
Programa do ano
(Planificação Curricular)

Unidade de ensino
Nivel de Planificação pelo
Nivel de Planificação Professor

A nivel central, a planificação curricular é feita para todos os niveis e


graus de ensino-aprendizagem (a nivel da naçao) e, na base disso,
procede-se a definição do perfil de saida do nivel/grau, curso, disciplina,
ano, etc a partir do qual se faz:

• A definição de objectivos, conteudos e métodos gerais


• A distribuição destes pelos anos (semestres, trimestres, etc) e pelas
unidades do PEA
• A elaboração dos programas detalhados por disciplina
• Com base nos programas detalhados, elabora-se o livro do aluno, o
manual do professor e outros meios de ensino-aprendizagem.

1. Depois da planificação central, em que vai consistir a planificação ao


nivel do professor?
2. Quais são os modelos existentes para a elaboração do plano de aula?

Actividade 39

Como podemos ver atravês da experiência de educaçao em Moçambique,


por exemplo, a planificação do professor começa, juntamente com outros
colegas, com a elaboração do plano anual da disciplina, geralmente
denominada “dosifcação”, na qual o grupo de disciplina faz a distribuição
das unidades de ensino em semanas, prevendo momentos de aula, de
234 Lição 32

avaliações, para além doutras que mereçam destaque na planificação


anual ou semestral. E, a seguir a isso, o professor individualmente
(principalmente) ou em grupo faz o plano de aula(s), ou seja, a previsão
do desenvolvimento do conteudo para uma aula ou conjunto de aulas,
tendo em conta um caractér bastante especifico em termos do tema
(conteudo), métodos e técnicas de ensino, objectivos, meios, isto é, das
condições concretas em que se realiza(rà) o ensino-aprendizagem.

Em termos de modelos para a planificação das aulas, convém realçar que


existem muitos, em função do autor que os propõe. Por isso, nos parece
marginal a discussão sobre qual é o melhor modelo, desde que se chegue
ao ponto de incluir os elementos que simbolizam a dinâmica do processo
de ensino-aprendizagem.

Assim, por uma questão meramente elucidativa, incluiremos a seguir


alguns modelos de plano de aula, deixando ao critério do professor, em
grupo de disciplina ou nivel da escola, e em função da disciplina que
lecciona adoptar este ou aquele modelo, ou ainda a combinação entre
eles.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 235

Modelo de Plano de aula 1

Escola..........................................................................................................................

Classe......................................Turma.....................................Ano lectivo..................

Tema......................................................................................Lição numero...............

Objectivos de ensino Conteudos Estratégias Material (meios Tempo


de ensino)

Objectivo Geral

..........................

..........................

..........................

..........................

Objectivos especificos

..........................

..........................

..........................

..........................

..........................
236 Lição 32

Modelo de Plano de aula 2

Escola..........................................................................................................................

Classe......................................Turma.....................................Ano lectivo..................

Tema......................................................................................Lição numero...............

Objectivos:

Objectivos Gerais................................................................................................................................

..........................................................................................................................................

...........................................................................................................................................

...........................................................................................................................................

Objectivos especificos.........................................................................................................................

...........................................................................................................................................

...........................................................................................................................................

...........................................................................................................................................

...........................................................................................................................................

Tempo Função Actividades Variantes Meios de


didactica métodicas ensino
Conteudos Do Professor Dos alunos

Sumário
A planificação do professor tem como base a planificação curricular que,
por sua, vez orienta a planificação a nivel da escola. Deste plano da
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 237

escola, que reflecte o curriculo, o professor se serve para planificar as


suas aulas.

A planificação das aulas, uma etapa essencial da actividade do professor


como podemos ver nas aulas anteriores, é realizada, regra geral,
obedecendo a determinados modelos. Em todo o caso, mesmo com esta
diversificação de modelos de planificação de aulas, parece haver algum
consenso de que ele comporta actividades do professor e dos alunos
(traduzindo os métodos « variantes métodicas bàsicas » de ensino à
utilizar), os meios de ensino, o tempo, o conteudo, os objectivos e as
funções didacticas (na sua integralidade, incluindo momentos de
introdução e motivação, mediação e assimilação, dominio e consolidação
e, finalmente, contrôle e avaliação).

Exercícios

Coloque V ou F as afirmações que são, respectivamente, verdadeiras


ou falsas:

Auto-avaliação 3 a. A planificação do nivel central é importante por orientar ao


professor sobre as experiências educativas que deverà organizar
para os seus alunos

b. Em função das condiçoes concretas, o professor, pode incorporar


ou enriquecer o curriculo para poder ajustar as condições da sua
escola e as particularidades dos seus alunos

c. O plano central, portanto, o curriculo deve ser cumprido


sequencialmente e de forma linear
238 Lição 33

Lição 33

COMPONENTES DE
PLANIFICAÇÃO DO PEA

Introdução
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de: A tentativa de
apresentação dos modelos de plano de lição jà foi um bom passo para
visualização dos componentes (ou elementos) que orientam a elaboração
da planificação do PEA e, quiça, em todos os niveis de planifiação do
PEA. Estes componentes, em parte, devem ser cuidadosamente
analisados, visto que qualquer plano de ensino para ser funcional deve,
por exemplo, ajustar-se aos alunos, aos conteudos, aos meios existentes e
outros componentes que a seguir iremos nos debruçar deles.

Ao completar esta lição, você serà capaze de:

 Idenificar os componentes que se devem ter para a planificação do


PEA

 Explicar, em que medida, é util se ter em conta cada um desses


Objectivos componentes.

1. Quais são os componentes a ter em conta para planificar o PEA

2. Porque é que cada um desses componentes é relevante para uma boa


Actividade 40 planificação do PEA?
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 239

COMPONENTES DE PLANIFICAÇÃO DO PEA

Acabou de reflectir ? De certeza que sim e não estará espantado se


dissermos que em toda a planificação do PEA, nos diversos níveis, se
definem os objectivos, seleccionam-se conteúdos a privilegiar,
identificam-se estratégias, estabelecem-se tempos de realização e se
prevêem actividades de avaliação. E no caso da planificação ao nível do
professor, tudo se passa com mais pormenor, pesando muito mais a
preocupação de adequar as propostas às características do contexto. E ao
realizar esta adequação o professor deve tomar decisões, as quais devem
preceder uma série de interrogações, tais como:

• Está adequada às características do meio em que estou a


trabalhar?
• Toma em consideração os recursos e as limitações que o meio e a
escola oferecem?
• Mobiliza todos os recursos humanos disponíveis (alunos,
professores, funcionários da escola e elementos da comunidade)?
• É possível de ser executado por professores com as
características dos que trabalham nesta escola?
• Toma em consideração as aprendizagens anteriores realizadas por
estes alunos?
• Irá desencadear uma aprendizagem progressiva?
• Toma em consideração as características da turma?

Considerando as interrogações atrás referidas, quando se faz uma


planificação terão de se tomar em linha de conta os seguintes
componentes:

a. O meio envolvente à escola

Só artificialmente se pode considerar a escola separada do meio. As


paredes da sala de aula são unicamente barreiras físicas, totalmente
permeáveis aos problemas, interesses e hábitos culturais da zona em que
ela está inserida. Se estes factores, aparentemente estranhos à turma, não
são considerados nas propostas de aprendizagens, corre-se o risco de não
interessarem ou de serem inacessíveis aos alunos. Os exemplos que se
dão, os exercícios que se vão propor, as motivações que se utilizam, a
240 Lição 33

linguagem que se usa, tudo tem de ser adequado ao meio. E,


evidentemente, esta adequação tem muito que ver com as limitações e
com os recursos quer materiais quer humanos que a escola e o meio
oferecem.

Com efeito, as condições em que se trabalha são por vezes tão fortemente
imitantes que será utópico não as tomar em consideração. E assim,
frequentemente o professor é forçado, por exemplo, a mudar de estratégia
porque não é mesmo possível concretiza-la com o material de que dispõe.
Mas considerar de forma realista as limitações a que se está sujeito não
significa que se adopte face a elas uma atitude de submissão; bem pelo
contrario, é fundamental que elas se encarem sempre como um desafio à
criatividade e iniciativa de cada um tal como é ilustrado pelo caso de um
professor de Português que, não tendo qualquer biblioteca na escola, nem
qualquer biblioteca de turma, e estando muito empenhado em
desenvolver o gosto pela leitura com seus alunos, faz com eles uma
recolha de contos tradicionais da região. Esses contos foram escritos
pelos alunos, por eles ilustrados e policopiados, constituindo um pequeno
embrião de uma colecção de textos à disposição de todos, talvez uma
“biblioteca” mais viva e mais útil que muitas outras.

b. Recursos/meios de ensino existentes

É importante conseguir o aproveitamento óptimo dos recursos existentes.


Desde o quadro preto à árvore do pátio da escola, à mão do professor que
pousa amigavelmente no ombro do aluno, às experiências vividas podem
contribuir para que as aprendizagens se tornem mais ricas e gratificantes.
O facto de a escola ter ou não maquina de projectar, filmes, slides,
retroprojector, ter laboratórios bem ou mal equipados, o facto de a região
ter ou não industrias, explorações mineiras, etc., abertas a uma
colaboração com a escola, ou ainda mercados ou feiras, artesanatos
característicos que se possam explorar, ira ser decisivo na escolha de
estratégias.

O mesmo também se aplica para o caso de recursos humanos. Por


exemplo, o facto de se saber que há alguém que pode dar sobre um
determinado assunto (exemplo, o inicio da luta armada de libertação de
Moçambique, etc.) um depoimento vivo e que se põe à disposição dos
alunos para contar a sua experiência e responder perguntas, pode alterar
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 241

completamente e enriquecer uma estratégia anteriormente pensada. Há


pois que contar com a riqueza de que são portadores os professores, os
alunos, os familiares dos alunos, bem como os elementos da comunidade.

Finalmente, pensando nos recursos, é importante que o professor pense


também que ele constitui um excelente recurso de ensino, pois tudo
depende do seu “empenhamento, das atitudes, da natureza e da qualidade
da relação pedagógica investida no processo educativo”. O professor ao
planear a sua acção tem, pois, de estar bem consciente dos seus aspectos
positivos e das suas limitações como pessoa e como profissional, a fim de
que possa delas tirar o maior partido possível. E é assim que no corpo
docente ou entre os funcionários se descobre que há musicólogos, poetas,
arqueólogos amadores, fotógrafos, agricultores, oleiros, marceneiros,
cozinheiros, etc. cujos saberes podem enriquecer as actividades escolares
de determinadas disciplinas (exemplo, ofícios, educação visual, educação
musical, desenho, etc.). E o mesmo se pode aplicar no caso dos
encarregados de educação que, dentre eles, se pode recorrer como
portador de alguma riqueza cultural, o que igualmente é bom sob ponto
de vista afectivo, que consiste em um filho ver que o que o pai ou a mãe
fazem é valorizado a ponto de eles serem chamados à escola para ajudar,
para ensinar como qualquer professor.

c. O aluno

Qualquer criança, adolescente ou jovem é portador de uma experiência de


vida, de um saber, cujo seu aproveitamento é um recurso económico e
eficaz (a compreensão de um determinado assunto é muitas vezes mais
fácil se esse assunto for tratado por um colega em vez do professor), e o
facto de permitir ao aluno trazer o contributo do seu próprio mundo ao
PEA permite-lhe sentir que é um dos protagonistas desse processo e fá-
lo-á sentir-se digno de crédito, confiante em si mesmo e nos outros.

Por outro lado, uma componente importante na planificação do PEA é a


sua adequação ao aluno. Realmente, para além da compreensão das
características próprias do nível etário do aluno e das características
médias da população escolar, certamente tidas na elaboração dos
programas, é fundamental que o professor conheça as características
pessoais do aluno.
242 Lição 33

Com efeito, se a verdadeira aprendizagem é sempre o produto da


actividade pessoal de cada um, então o papel do professor consiste em
tentar criar situações que favoreçam em cada aluno a mobilização óptima
de todos os seus recursos, particularmente dos seus pré-requistos. De
facto, é fundamental que o aluno domine os pré-requisitos daquela
unidade de ensino/aprendizagem, isto é, que domine aqueles
conhecimentos e possua aquelas capacidades sem as quais não é possível
realizar as aprendizagens subsequentes.

O aluno, como conjunto, agrupado em turma merece também ser


conhecido. Cada turma é um grupo dotado de uma dinâmica própria e é
necessário que o professor conheça essa dinâmica, os hábitos e o modo de
reagir da turma para planificar a sua acção, de forma a tirar o máximo
partido da turma como um recurso. A confrontação de pontos de vista
diferentes, o aceitar pôr-se em questão, o hábito de ouvir os outros, de
respeitar pontos de vista diferentes dos seus, de se exprimir claramente,
de ajudar e de ser ajudado, de lutar pelo que considera certo são, entre
outras, aprendizagens que o trabalho na turma pode proporcionar e que
permitem contribuir para o desenvolvimento cognitivo, social e afectivo
dos alunos.

O conhecimento do comportamento da turma irá ainda ter uma influência


decisiva no tipo de trabalho que se ira propor: a uma turma irrequieta será
preciso fazer propostas mais dinâmicas que canalizem aquela energia
excessiva para actividade produtiva. Para alunos excessivamente
competitiva será de insistir em propostas assentes no trabalho de grupo,
etc.

d. Conteúdos

Os conteúdos a ser ter em conta na planificação do PEA pelo professor já


vêm indicados, em linhas gerais, pelos programas de ensino que se baseia
nos esquemas conceptuais que os presidem e os temas organizadores.
Neste sentido, quando os professores duma mesma escola não trabalham
em conjunto sobre um mesmo programa pode haver diferenças de
interpretação. Isso é que faz com que na mesma escola diferentes
professores dêem as rubricas com ênfases diferentes e por ordens
diferentes. Este facto poderá aparentemente não ser importante, mas a
discrepância de situações em que inevitavelmente os alunos se
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 243

encontrarão ao enfrentarem os exames repercutiríeis, naturalmente, a


nível da classificação.

Neste sentido, o importante consiste em perceber que para além da


organização do conhecimento em si, com base nas suas regras, o
conteúdo abrange todas as experiências educativas do conhecimento,
devidamente seleccionadas e organizadas pela escola. E na selecção da
matéria deve-se ter em conta o valor funcional que mais se liga aos
problemas da actualidade e tenha valor social. A selecção deve ter em
conta os interesses regionais bem como as necessidades e fases do
desenvolvimento do aluno.

Sumário
O ambiente escolar. Esse sim, é um elemento fortemente a considerar
para a planificação do PEA. O professor, qualquer disciplina que seja,
não poderia dar aula indistintamente quer esteja nesta ou naquela escola,
neste ou naquele ponto do pais, sobretudo em função das condições de
que dispõe : é uma questão de pragmatismo e de adequação às condições
locais, para que, efectivamente o plano seja funcional sob o ponto de
conseguir levar os alunos a atingir os objectivos de aprendizagem que se
desejam.

Igualmente diríamos para o caso doutros componentes de que acabamos


de retratar : meios ou recursos de ensino, conteúdos e o aluno. E como
poderemos ver na ala que se segue, o exercício vai tem que ser sempre o
mesmo em relação a outros componentes, nomeadamente objectivos,
procedimentos (métodos) de ensino e a avaliação do plano de ensino.
244 Lição 33

Exercícios

Seleccione apenas as afirmações verdadeiras do conjunto das


seguintes frases:

a. Para além da organização do conhecimento em si, com base nas


Auto-avaliação 4 suas regras, o conteúdo abrange todas as experiências educativas
do conhecimento, devidamente seleccionadas e organizadas pela
escola (em grupo de professores da mesma disciplina ou classe)

b. Nenhum plano de aula teria espaço para acomodar os vários


aspectos do ambiente envolvente : o que interessa é que ele se
restrinja ao que consta no programa.

c. A verdadeira aprendizagem é sempre o produto da actividade


pessoal de cada um, razão pela qual o papel do professor consiste
em tentar criar situações que favoreçam em cada aluno a
mobilização óptima de todos os seus recursos, particularmente
dos seus pré-requistos

d. O que se disse na alínea anterior obriga o professor a planificar as


suas aulas em função das particularidades dos seus alunos

e. Se pudéssemos contar com a riqueza cultural das pessoas


existentes à volta da escola para servirem de meios de ensino,
isso iria atrasar ainda mais o cumprimento do programa
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 245

Lição 34

COMPONENTES DE
PLANIFICAÇÃO DO PEA
(Conclusão)

Introdução
Objectivos, procedimentos de ensino e avaliação constituem os últimos
componentes que nos resta falarmos deles. A abordagem que fazemos
nesta aula, enquadra-se no que fizemos na aula passada, ou seja, procurar
sobretudo ajudar a compreender a necessidade de tê-los em conta ao
longo do processo de planificação do PEA.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Explicar em que consiste os objectivos, os procedimentos de ensino e


a avaliação em tanto que componentes do processo de planificação do
PEA.
Objectivos
246 Lição 34

1. Em que consistem os objectivos, os procedimentos de ensino e a


avaliação em tanto que componentes da planificação do PEA?

Actividade 41

Caro cursante, pensamos que por tudo que temos discutido ao longo deste
módulo, falar dos objectivos, dos procedimentos e da avaliação como
componentes de planificação do PEA é bastante fácil para si. De facto,
indo na mesma ordem de apresentação destes componentes tal como
estão ordenados na questão que lhe foi colocada, de certeza que você
conclui seguinte :

i. Objectivos

Os objectivos consistem na descrição clara do que se pretende alcançar


como resultado da nossa actividade. Os objectivos nascem da própria
situação (comunidade, da família, da escola, da disciplina, do professor e,
principalmente, do aluno).

ii. Procedimentos de ensino

Trata-se de acções, processos ou comportamentos planeados pelo


professor para colocar o aluno em contacto directo com as coisas, factos e
fenómenos que possibilitem modificar sua conduta, em função dos
objectivos previstos. Eles se relacionam com os recursos didácticos,
teóricos e materiais que o professor tem de utilizar para alcançar os
objectivos de aprendizagem dos seus alunos: compreende métodos e
técnicas de ensino e de todos os recursos auxiliares usados para estimular
a aprendizagem do aluno.

iii. Avaliação

A avaliação se justifica como componente essencial do plano de ensino


pelo facto de ajudar na determinação do grau e quantidade de resultados
alcançados em relação aos objectivos definidos. Nesta ordem de ideais,
quando terminam os trabalhos previstos para o ano lectivo, para aquela
unidade de ensino ou para aquela lição, bem como as actividades que, por
se ter de atender a qualquer acontecimento inesperado substituíram ou
complementaram o que estava planificado, a próxima etapa é
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 247

avaliar o plano executado, referindo determinadas perspectivas: a sua


eficácia, o seu rendimento e optimização, a sua maximização.

Perspectiva de avaliação Algumas questões a Indicadores


colocar

Os resultados de uma acção educativa são as


modificações do saber, saber fazer e saber
ser: estar dos alunos, são as aprendizagens
que se espera tenham sido adquiridas. Para se
O plano....tem produzido concluir se elas se concretizaram, é
resultados? Quais são ou necessário verificar, através de testes, de
Eficácia foram esses resultados? diálogo e de observação directa, o que os
Estão eles em alunos possuem agora comparando com o
conformidade com os que possuíam à entrada: se a maioria dos
objectivos? alunos conseguiu adquirir as aprendizagens
previstas, então o plano foi eficaz. Pode
considerar-se 80 a 85%de êxito num dado
item, uma percentagem indicadora de que o
assunto está adquirido pela turma

Os resultados foram ou O rendimento e optimização podem ser


não obtidos de forma mais verificados através da análise da prátaica do
rentável? Isto é, o plano próprio ou de outros colegas: comparando
funcionou de maneira com o que sucedeu em acções planeadas de
“económica”?...Para dado modo diferente se pode ver se os resultados
resultado, tem havido justificam os esforços empreendidos, se não
Rendimento e esforços de redução do se investiu de mais para o que se conseguiu,
Optimização custo, de tempo, de se não se poderia chegar ao mesmo, de uma
energia (dos alunos, dos maneira mais fácil, por exemplo, lançando
professores, da mão de menos recursos ou gastando menos
colectividade...)? A tempo. Em suma, o rendimento e a
relação entre o conjunto optimização traduzem-se pelo dispêndio do
dos meios mobilizados e mínimo para obtenção do mais elevado
os resultados resultado
efectivamente obtidos é a
melhor possível?

Poderá apreciar-se a maximização


comparando os objectivos estabelecidos à
Os objectivos visados e as partida com os resultados a que se chegou,
estratégias utilizadas para comparando os efeitos obtidos neste plano
Maximização os alcançar foram os que com os efeitos obtidos com outros planos
permitiram chegar ao mais realizados pelo próprio professor ou por
elevado nível de outros professores. Quando, por exemplo, se
conhecimentos, ao maior estrutura uma aula pondo os alunos a
desenvolvimento das trabalhar em grupo pode conseguir-se que
personalidades, à melhor eles apreendam o conteúdo em questão,
preparação para a vida, à desenvolvendo simultaneamente algumas
melhor adaptação às capacidades. Com efeito, se conseguirmos
condições sociais e que os alunos, ao apreenderem determinado
culturais, etc. Ou ainda: conceito, desenvolvam ao mesmo tempo as
soube-se utilizar a situação suas capacidades cognitivas e psicomotoras e
248 Lição 34

para dela tirar o máximo ainda se enriqueçam sob o ponto de vista


de possibilidades? humano, então estamos no caminho da
maximização da actividade. É, pois, uma
questão de explorar ao máximo as
potencialidades da estratégia e dos materiais
adoptados.

Sumário
Nos modelos de plano de ala fez-se referência dos elementos que devem
constar nele. E nesta aula, assim como na anterior procuráramos
sistematizá-los, apresentando elementos que os caracterizam e, à partir
disso, o que justifica a sua pertinência como elementos importantes a ter
em conta em toda a planificação do PEA.

Em relação a esta aula particularmente, vemos o plano tem que ter


claramente o que se pretende alcançar em termos de aprendizagem como
resultado da actividade de ensino, a qual se realiza utilizando
procedimentos de ensino que, por sua vez, permitirão colocar o aluno em
contacto directo com as coisas, factos e fenómenos que possibilitem
modificar sua conduta, assimilar conceitos, esquemas de pensamento,
desenvolver habilidades, enfim, aprender, em função dos objectivos
previstos.

Exactamente, colocando o plano do ensino ao serviço da aprendizagem


dos alunos, visto que o ensino é uma actividade finalizada, após e ao
longo da realização do PEA (com plano de ensino apropriado), se faz a
avaliação do plano executado, referindo determinadas perspectivas: a sua
eficácia, o seu rendimento e optimização, a sua maximização.
Didáctica Geral : Aprender a ensinar 249

Exercícios

Veja se dentre as afirmações que se seguem existe alguma verdadeira:

a. O professor ao planificar uma aula, basta-lhe ter os conteúdos à


explicar posteriormente aos alunos, mesmo sem clareza do que se
Auto-avaliação 5
pretende que eles sejam capazes de fazer, na sequência dessa
aula, por isso colocar os objectivos no plano de lição é, as vezes,
dispensável.

b. No plano de lição os procedimentos de ensino compreendem


métodos e técnicas de ensino e de todos os recursos auxiliares
usados para estimular a aprendizagem do aluno.

c. A avaliação do plano do ensino ajuda a determinar o grau e


quantidade de resultados alcançados em relação aos objectivos
definidos

Respostas aos exercícios de auto-avaliação

Auto-avaliação 1: Não concordaria { a) e b) }, Concordaria { c) }

Auto-avaliação 2: Ideia que não é totalmente correcta { e) }

Auto-avaliação 3: Afirmações verdadeiras { a) e b) }, Afirmação falsa {


c) }

Auto-avaliação 4: Afirmações verdadeiras {a), c) e d) }

Auto-avaliação 5: Afirmações verdadeiras { b) e c) }


250 Lição 34

BIBLIOGRAFIA

BIBLIOGRAFIA UTILIZADA

1. CORTESÃO e TORRES. Avaliação Pedagógica II-Mudança na


Escola, Mudança na Avaliação ; Porto Editora, Porto, 1990

2. KLINGBERG, Lothar. Introducción a la didáctica general.


Editorial Pueblo y educación; Ciudad de la Habana, 1972.

3. LEMOS, V. O critério do Sucesso-Técnicas de Avaliação da


Aprendizagem ; 4 ediçao ; Texto editora, Portugal, 1990

4. LIBANEO, J . Didáctica ; Cortez editora ; SP, 1992

5. PILETTI, C. Didáctica ; Cortez editora ; SP, 1990

6. POUW, L. Conferências de Didáctica Geral ; ISP, Maputo, 1993

7. UNESCO. Carta escolar y microplanificacion de la educacion ;


Division de politicas y planeamento de la educacion ; IIPE ; Paris,
1985

8. VV. Pedagogia ; Editorial Pueblo y Educacional ; Habana, 1981

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