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Organização e Gestão Escolar

Ensino à Distância

Universidade Pedagógica
Rua Comandante Augusto Cardoso n˚ 135
Direitos de autor
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. No caso de
reprodução deve ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos
Autores do módulo.
Agradecimentos

À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do


Template usado na produção dos Módulos.
Ao Instituto Nadional de Educação a Distância (INED) pela orientação e apoio
prestados.
Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo
apoio prestado em todo o processo.

Universidade Pedagógica

Rua Comandante Augusto Cardoso, nº 135


Telefone: 21-320860/2
Telefone: 21 – 306720

Fax: +258 21-322113


Ficha Técnica

Autores: - Rasmi
- Jacinto Salvador Cuco
Colaboradora: Lurdes Rodrigues da Silva
Desenho Instrucional: Suzete Buque

Revisão Linguistica: Alice Sengo

Maquetização: Fátima Alberto Nhantumbo

Edição: Anilda Ibrahimo Khan


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância i

Índice

Visão geral 1
Bem-Vindo ao Módulo de Organização e Gestão Escolar............................1
Objectivos do curso.......................................................................................2
Quem deveria estudar este módulo...............................................................2
Como está estruturado este módulo...............................................................3
Ícones de actividade......................................................................................4
Acerca dos ícones..........................................................................4
Habilidades de estudo.................................................................................5
Precisa de apoio?...........................................................................................6
Tarefas (avaliação e auto-avaliação).............................................................7
Avaliação.......................................................................................................7

Unidade I 9
Organização Escolar......................................................................................9
Introdução..............................................................................................9

Lição 1 10
Organização Escolar e Suas Especificidades..............................................10
Introdução............................................................................................10
Sumário.......................................................................................................13

Lição 2 15
Tipos de Organizações Escolares; a Missão e Objectivos da Organização
Escolar.........................................................................................................15
Introdução............................................................................................15
Sumário.......................................................................................................19
Exercícios....................................................................................................20

Unidade II 22
Escola como Sistema Social........................................................................22
Introdução............................................................................................22

Lição 1 23
Sistema Social Escolar................................................................................23
Introdução............................................................................................23
ii Índice

Sumário.......................................................................................................26
Exercícios....................................................................................................27

Unidade III 29
Estrutura e Funcionamento de uma Escola.................................................29
Introdução............................................................................................29

Lição 1 31
Estrutura e Funcionamento de uma Escola.................................................31
Introdução............................................................................................31
Sumário.......................................................................................................33

Lição 2 35
Elementos da Direcção de uma Escola........................................................35
Introdução............................................................................................35
Sumário.......................................................................................................39
Exercícios....................................................................................................41

Unidade IV 43
Gestão Escolar e Suas Vertentes.................................................................43
Introdução............................................................................................43

Lição 1 44
Administração e Gestão Escolar..................................................................44
Introdução............................................................................................44
Sumário.......................................................................................................47

Lição 2 49
Vertentes da Gestão Escolar........................................................................49
Introdução............................................................................................49
Sumário.......................................................................................................52

Lição 3 53
Gestão Financeira........................................................................................53
Introdução............................................................................................53
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância iii

Sumário.......................................................................................................59

Lição 4 61
Gestão de Espaços.......................................................................................61
Introdução............................................................................................61
Sumário.......................................................................................................63
Exercícios....................................................................................................65

Unidade V 67
Teorias e Estilos de Liderança.....................................................................67
Introdução............................................................................................67

Lição No 1 69
Liderança.....................................................................................................69
Introdução............................................................................................69
Sumário.......................................................................................................72

Lição No 2 74
Estilos e Teorias de Liderança.....................................................................74
Introdução............................................................................................74
Sumário.......................................................................................................80
Exercícios....................................................................................................82

Unidade VI 86
Comunicação em Administração.................................................................86
Introdução............................................................................................86

Lição 1 87
O Processo da Comunicação.......................................................................87
Introdução............................................................................................87
Sumário.......................................................................................................92

Lição 2 93
Vias de Comunicação Formal e Informal....................................................93
Introdução............................................................................................93
iv Índice

Sumário.......................................................................................................96
Exercícios....................................................Error! Bookmark not defined.

Unidade VII 100


Gestão de Conflitos...................................................................................100
Introdução..........................................................................................100

Lição 1 101
Conflitos nas Organizações.......................................................................101
Introdução..........................................................................................101
Sumário.....................................................................................................105

Lição 2 107
Técnicas para Gerir Conflitos....................................................................107
Introdução..........................................................................................107
Sumário.....................................................................................................109
Exercícios..................................................................................................111

Unidade VIII 113


Poder e Autoridade....................................................................................113
Introdução..........................................................................................113

Lição 1 114
Poder..........................................................................................................114
Introdução..........................................................................................114
Sumário.....................................................................................................118

Lição 2 120
Autoridade.................................................................................................120
Introdução..........................................................................................120
Sumário.....................................................................................................122
Exercícios..................................................................................................124

Unidade IX 126
O Processo Decisório................................................................................126
Introdução..........................................................................................126
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância v

Lição 1 127
O Processo Decisório................................................................................127
Introdução..........................................................................................127
Sumário.....................................................................................................130
Exercícios..................................................................................................132
Bibliografia................................................................................................134
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 1

Visão geral

Bem-Vindo ao Módulo de Organização e Gestão


Escolar

A disciplina de Organização e Gestão Escolar pretende


iniciar e dotá-lo de conhecimentos chaves concernentes à
administração escolar, partindo da abordagem da escola
como organização, passando pelo estudo do sistema
escolar e da estrutura organizacional escolar, sem se
descurar do papel do administrador ou director como líder
para o sucesso da organização. Com isso, pretende-se que
você, como gestor, controle os recursos humanos,
materiais e financeiros da instituição onde estiver
enquadrado de forma eficiente.

Quanto aos conteúdos, os mesmos consistirão em


unidades desenvolvidas em redor dos seguintes temas:

 Organização Escolar;

 Escola como Organização Social;

 Estrutura do Funcionamento da Escola;

 Gestão Escolar e suas Vertentes;

 Teorias e Estilos de Liderança;

 Comunicação em Administração;

 Gestão de Conflitos;
2 Visão geral

 Poder e Autoridade;

 Processo Decisório; e

 Documentos Normativos (Anexos).

Deste Manual, constarão bibliografias de cada unidade


sobre as quais se farão comentários com vista a auxiliá-lo
a reflectir e consolidar os seus conteúdos. Do Manual
constarão ainda várias actividades didácticas centradas na
sua auto-aprendizagem.

Objectivos do curso

Quando terminar o estudo de Organização e Gestão Escolar você será


capaz de:

 Conhecer o sistema escolar, sua organização e


administração, na perspectiva de melhor compreender
o funcionamento dos estabelecimentos de educação e
de ensino;
Objectivos
 Conhecer os diversos órgãos e respectivas
competências, nos diferentes níveis da organização da
escola;
 Identificar situações de utilização eficaz dos recursos
da escola e da comunidade envolvente;
 Utilizar os conhecimentos, habilidades e atitudes como
gestor na administração da educação;
 Aplicar as diferentes funções da administração nas
vertentes da organização escolar; e
 Aplicar o estilo de liderança adequado à sua
organização.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 3

Quem deveria estudar este módulo

Este Módulo foi concebido para todos aqueles que


tenham concluído a 12a classe do Ensino Secundário
Geral (SGE) ou equivalente e se tenham inscrito no
Curso à Distância fornecido pela Universidade
Pedagógica.
4 Visão geral

Como está estruturado este módulo

Todos os módulos dos cursos produzidos pelo CEAD-


Centro de Educação Aberta e à Distância da Universidade
Pedagógica encontram-se estruturados da seguinte maneira:
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 5

Páginas introdutórias
 Um índice completo.
Uma visão geral detalhada do curso / módulo,
resumindo os aspectos-chave que você precisa conhecer
para completar o estudo. Recomendamos vivamente que
leia esta secção com atenção antes de começar o seu
estudo

Conteúdo do curso / módulo


O curso está estruturado em unidades. Cada unidade
incluirá uma introdução, objectivos, conteúdo, incluindo
actividades de aprendizagem, um sumário e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.
O módulo de Organização e Gestão Escolar é constituído
por 9 Unidades Temáticas.
 Cada unidade apresenta:

 Uma introdução, que dá uma orientação geral


sobre o aspecto central de estudo;

 Os objectivos gerais;

 A bibliografia a ser consultada.

 Um conjunto de lições, variáveis de unidade para


unidade. Cada lição possui, por sua vez:

 Uma introdução;

 As horas necessárias para o estudo de cada


lição;

 Os objectivos;

 Os conteúdos, onde é apresentada a matéria


essencial da lição;
6 Visão geral

 Um sumário, onde você pode encontrar os


eixos centrais de cada lição;
Actividades, onde você pode testar a compreensão da
lição.

Outros recursos
Se você está interessado em aprender mais, preste atenção
a lista de recursos adicionais para explorá-los. Estes
recursos podem incluir livros, artigos ou sites na Internet.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação


As tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no
final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se
folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim
como instruções para as completar. Estes elementos
encontram-se no fim de cada unidade, logo após os
exercícios.

Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer
comentários sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os
seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e
melhorar este módulo.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual você irá encontrar uma série de


ícones nas margens das folhas. Estes ícones servem para
identificar diferentes partes do processo de aprendizagem.
Podem indicar uma parcela específica do texto, uma nova
actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 7

Acerca dos ícones


Os ícones usados neste manual são símbolos africanos,
conhecidos por adrinka. Estes símbolos têm origem no
povo Ashante de África Ocidental, datam do século 17 e
ainda se usam hoje em dia.
Os ícones incluídos neste manual são... (ícones a ser
enviados - para efeitos de testagem deste modelo,
reproduziram-se os ícones adrinka, mas foi-lhes dada uma
sombra amarela para os distinguir dos originais).
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a
seguir, cada um com uma descrição do seu significado e
da forma como nós interpretámos esse significado para
representar as várias actividades ao longo deste curso /
módulo.

Comprometi Resistência, “Qualidade “Aprender


mento/ perseverança do trabalho” através da
perseverança (excelência/ experiência ”
autenticidad
e)
Auto-
Actividade avaliação Avaliação / Exemplo /
Teste Estudo de
caso

Paz/harmoni Unidade/rela Vigilância / “Eu mudo ou


a ções preocupação transformo a
humanas minha vida ”
Debate Actividade de Tome Nota! Objectivos
grupo
8 Visão geral

“Pronto a “Nó da Apoio /


[Ajuda-me] enfrentar as sabedoria ” encorajame
deixa-me vicissitudes nto
ajudar-te” da vida ”

(fortitude / Terminologia Dica


Leitura preparação)

Reflexão

Habilidades de estudo

Caro estudante!

Para frequentar com sucesso este módulo terá que buscar


através de uma leitura cuidadosa das fontes de consulta a
maior parte da informação ligada ao assunto abordado.
Para o efeito, no fim de cada unidade apresenta-se uma
sugestão de livros para leitura complementar.

Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, o


estudante deve certificar-se de ter compreendido a
questão colocada.

É importante questionar se as informações colhidas na


literatura são relevantes para a abordagem do assunto ou
resolução de problemas.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 9

Sempre que possível, deve fazer uma sistematização das


ideias apresentadas no texto.

Desejamos-lhe muitos sucessos!

Precisa de apoio?

Dúvidas e problemas são comuns ao longo de qualquer


estudo. Em caso de dúvida numa matéria tente consultar
os manuais sugeridos no fim da lição e disponíveis nos
Centros de Ensino à Distância (CEAD) mais próximos.
Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício, procure
estudar os exemplos semelhantes apresentados no
manual. Se a dúvida persistir, consulte a orientação que
aperece no fim dos exercícios. Se a dúvida persistir, veja
a resolução do exercício.

Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que


está à sua disposição no CEAD mais próximo.

Não se esqueça de consultar também colegas da escola


que tenham feito o curso de introdução à estatística,
vizinhos e até estudantes de universidades que vivam na
sua zona e tenham ou estejam a fazer cadeiras
relacionadas com Organização e Gestão Escolar.
10 Visão geral

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

Ao longo deste módulo irá encontrar várias tarefas que


acompanham o seu estudo. Tente sempre solucioná-las.
Consulte a resolução para confrontar o seu método e a
solução apresentada. O estudante deve promover o hábito
de pesquisa e a capacidade de selecção de fontes de
informação, tanto na internet como em livros. Consulte
manuais disponíveis e referenciados no fim de cada lição
para obter mais informações acerca do conteúdo que
esteja a estudar. Se usar livros de outros autores ou parte
deles na elaboração de algum trabalho deverá citá-los e
indicar estes livros na bibliografia. Não se esqueça que
usar um conteúdo, livro ou parte do livro em algum
trabalho, sem referenciá-lo é plágio e pode ser penalizado
por isso. As citações e referências são uma forma de
reconhecimento e respeito pelo pensamento de outros.
Estamos cientes de que o estimado estudante não gostaria
de ver uma ideia sua ser usada sem que fosse
referenciado, não é?

Na medida de possível, procurar alargar competências


relacionadas com o conhecimento científico, as quais
exigem um desenvolvimento de competências, como
auto-controlo da sua aprendizagem.

As tarefas colocadas nas actividades de avaliação e de


auto-avaliação deverão ser realizadas num caderno à
parte ou em folha de formato A4.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 11

O estudante deve produzir documentos sobre as


tarefas realizadas em suporte diverso, nomeadamente,
usando as novas tecnologias e enviá-los ao respectivo
Departamento quer através da internet, quer através dos
serviços dos Correios de Moçambique.

Avaliação

O Módulo de Organização e Gestão Escolar terá dois


testes e um exame final que deverá ser feito no Centro
de Recursos mais próximo, ou em local a ser indicado
pela Administração do Curso. O calendário das
avaliações será também apresentado oportunamente.

A avaliação visa não só nos informar sobre o seu


desempenho nas lições, mas também lhe estimular a rever
alguns aspectos e a seguir em frente.

Durante o estudo deste módulo o estudante será avaliado


com base na realização de actividades e tarefas de auto-
avaliação previstas em cada Unidade, dois testes escritos
e um exame.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 13

Unidade I

Organização Escolar

Introdução
Vamos iniciar o estudo da primeira unidade da disciplina
de Organização e Gestão Escolar. Nesta unidade você vai
conhecer a organização escolar, sua importância,
particularidades e as missões e objectivos da mesma.

A unidade será composta por duas lições. A duração das


duas lições da unidade será de 5 horas.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

 Possuir conhecimentos básicos sobre o conceito de


Objectivos Gerais organização escolar, as suas características e os seus
fins.

14 Visão geral

Lição 1

Organização Escolar e Suas Especificidades

Introdução
Nesta lição você vai estudar a organização escolar e suas
especificidades. A lição terá a duração de 2 horas e 30
minutos.

Ao completar esta lição você será capaz de:

 Definir o conceito de organização escolar;


Objectivos
específicos  Explicar a importância da organização escolar; e
 Descrever as especificidades da organização escolar.

   Organização escolar, organização formal e


informal.   

Terminologia

1.1. Conceito de Organização Escolar

Todos nós fazemos parte ou somos membros de alguma


organização: uma escola, uma equipa de desporto, um
grupo de música, uma organização religiosa, uma
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 15

empresa, etc. Tais agremiações são genericamente


chamadas de organizações.

Então, o que é uma organização?

Megginson, et al. (1998) define organização como o


conjunto de duas ou mais pessoas trabalhando juntas, de
modo estruturado e coordenado para alcançar os
objectivos da organização.

Assim, a escola é uma organização, uma unidade social


com identidade própria, articulada num sistema (Baptista,
2003). Isto significa que, sendo a escola um sistema
social, as relações que se mantêm entre as partes nela
intervenientes estão sujeitas a normas e tais normas
definem o comportamento adequado para cada um dos
papéis que cada membro da escola deve desempenhar em
cada situação. Cada membro da organização escolar tem
a sua tarefa específica e deve cumpri-la de acordo com as
regras da escola. Se o indivíduo não cumpre ou viola
essas regras é sancionado.

Agora que você já tem a noção do que é a organização


escolar, a seguir vamos tratar da importância da mesma.

Pegue num papel e caneta e aponte pelo menos dois


aspectos importantes da organização escolar.

Actividade
16 Visão geral

1.2. Importância da Organização Escolar

Como qualquer organização, a organização escolar é


importante porque:

a) Serve a sociedade – procurando inculcar no aluno


conhecimentos, valores e padrões de
comportamento culturalmente aceitáveis, com o
objectivo de formar pessoas úteis que respondam
às necessidades da sociedade (Chambel et al,
1997).

b) Preserva o conhecimento – transmitindo aos


estudantes conhecimentos registados de factos
ocorridos no passado. Tais registos servem de base
de conhecimento sobre a qual podemos construir
ou adquirir mais aprendizagem e chegar a maiores
resultados (Chambel et al., 1997).

c) Proporciona carreira – ela não só proporciona aos


seus membros uma fonte de sobrevivência e,
dependendo do estilo e eficácia de seus
administradores, pode proporcionar a satisfação e
auto-estima pessoal, como também oferece
carreiras compensadoras (Chambel et al., 1997).

Agora que você já conhece a importância da organização


para as pessoas e certamente para si próprio, a seguir
vamos mostrar as especificidades da organização escolar.

1.3. Particularidades da Organização Escolar


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 17

Nesta lição você aprendeu que a escola é uma


organização social como qualquer outra. Nela existem
participantes que estão sujeitos às normas e tais normas
definem o comportamento adequado aos papéis de cada
participante. Brito (1994, p.6), defende que a organização
escolar possui características distintas das demais
organizações.Quais seriam, na sua opinião, as
particularidades da organização escolar? Pegue num
papel e caneta e aponte pelo menos 3 características que
tornam a organização escolar diferente das outras.

Como já dissemos anteriormente, Brito (1994, p.6),


defende que a organização escolar possui características
distintas das demais organizações. Eis as características
por ele apontadas:

- “A escola é uma organização cujo produto a obter é o


sucesso escolar e educativo do aluno;

- O aluno é a matéria-prima, o produto e ao mesmo


tempo cliente da escola;

- O aluno é também trabalhador da escola – sendo o


homem um ser em permanente auto-construção, na
empresa-escola, para obtermos o produto final
“Homens formados”, os alunos terão de fazer parte
estrutural do grupo dos trabalhadores;

- Os trabalhadores serão os professores, funcionários


auxiliares e administrativos e o próprio aluno;
18 Visão geral

- A comunidade a ser servida pelo produto é o cliente


da escola – se considerarmos que o produto da
organização escolar deverá ser “Homens formados”,
então o conceito de cliente não se restringe ao aluno,
mas abarcará a sociedade em que esse “produto” se
irá integrar;

- A escola é a organização mais complexa e difícil de


gerir, dado que o produto a obter é difícil de
qualificar, quantificar, pesar e medir para determinar
a sua qualidade. Por exemplo, o nosso amigo sabe
que o aluno que reprova num exame nem sempre é
aquele que sabe menos; e

- Para esta complexa organização são necessários


trabalhadores extremamente especializados em
múltiplas áreas do saber, nomeadamente: Língua
Materna, Matemática, História, Línguas Estrangeiras,
Ciências, Pedagogia, Filosofia da Educação,
Sociologia da Educação, Psicologia, etc.”

As características particulares da organização escolar


apresentadas por Brito (1994), são semelhantes às da sua
lista?

Sumário

Nesta lição você aprendeu que a escola é uma


organização onde existem pessoas a interagirem segundo
normas específicas que permitem o seu bom
funcionamento. Cada participante da escola tem o seu
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 19

papel e deve cumprí-lo para não ser sancionado. Você


ainda aprendeu que a organização escolar beneficia aos
indivíduos e à sociedade. Mais ainda, você aprendeu que
a organização escolar possui características distintas das
outras organizações. Uma das características que a
tornam diferente doutras organizações é a complexidade e
dificuldade de gerir e medir o seu produto (aluno
formado) porque o produto a obter (o aluno formado) é
difícil de qualificar, quantificar, pesar e medir para
determinar a sua qualidade.

Tendo acabado de estudar a Organização Escolar e suas


especificidades, vamos ver o que você aprendeu nesta
lição. Queremos que você resuma o que acabou de
Actividade
estudar. Você deve descrever o que você entende por
Organização Escolar e apontar pelo menos duas
características que tornam esta organização diferente das
outras.
20 Visão geral

Lição 2

Tipos de Organizações Escolares; a Missão e


Objectivos da Organização Escolar

Introdução
Na primeira lição você aprendeu que a organização
escolar possui algumas características que a tornam
diferente das outras organizações. Nesta lição você vai
estudar os tipos de organizações escolares, sua missão e
os objectivos da mesma.

A lição terá a duração de 2 horas e 30 minutos.


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 21

Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Identificar os tipos de organizações escolares; e


Objectivos
específicos  Descrever a missão e os objectivos da organização
escolar.

Organização formal e informal, missão da escola.

Terminologia

Você sabia que existem diferentes tipos de organizações


escolares? Pense nos tipos de organizações escolares que
conhece.

1.4. Tipos de Organizações Escolares

Existem dois tipos de organizações escolares: Formais e


informais. Primeiro vamos falar das organizações
escolares formais.

1.4.1. Organizações Escolares Formais

Tal como as outras organizações, as organizações


escolares formais são criadas explicitamente com fins
determinados (Chiavenato, 2006). Por exemplo, a igreja ou
mesquita trata especificamente da vida espiritual dos seus
membros; a fábrica de brinquedos produz apenas
brinquedos e, finalmente, as instituições da educação
22 Visão geral

produzem professores, médicos, advogados, engenheiros,


economistas, etc.

A vida das organizações formais é mais longa do que a dos


seus actores, não interessando quem sai e quem entra.

As organizações Escolares formais, tal como as outras


organizações formais, regem-se por estatutos e
regulamentos próprios. Elas têm também a sua estrutura
organizacional representada em organograma (Megginson
et al., 1998). Por exemplo, as escolas e universidades têm
estatutos e organogramas. Estes documentos facilitam o
trabalho, a todos os níveis, já que cada um sabe o que
fazer.

As organizações formais providenciam recursos de


informação acerca dos êxitos e produzem dispositivos de
controlo para prevenir lapsos humanos normais.

Agora que você já sabe que os tipos de organizações


escolares formais se regem por estatutos e que são criados
com fins explícitos, a seguir você vai estudar as
organizações escolares informais.

1.4.2. Organizações Escolares Informais

As organizações escolares informais, tal como as outras


organizações informais, constituem-se desordenadamente,
são mal estruturadas e normalmente crescem
espontaneamente.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 23

Os membros das organizações informais, incluindo as


organizações escolares informais, incorporam-se tanto de
forma consciente, como inconsciente, não sendo fácil
determinar o momento exacto em que alguém se torna seu
membro.

A natureza das relações entre os membros destas


organizações e os seus objectivos não está especificada.

As organizações escolares informais, tal como as outras


organizações informais, não são oficialmente
reconhecidas, sendo, por isso, difícil reconhecê-las. Elas
podem converter-se em formais, quando definirem as suas
relações e seus objectivos.

A organização informal resulta das relações sociais


decorrentes de um processo natural dos seres humanos em
busca de uma associação espontânea com vista à satisfação
daquelas necessidades não atendidas pela organização
formal.

O conjunto das relações informais cria condições extra-


legais de funcionamento do sistema, baseadas em laços
que se desenvolvem entre vários membros no desempenho
de suas funções. Ex.: aulas de alfabetização.

Tendo acabado de aprender os tipos de organizações


escolares, agora você vai estudar a missão e os objectivos
da organização escolar.
24 Visão geral

1.5. Missão e Objectivos da Organização Escolar

1.5.1. Missão da Organização Escolar

A missão de uma escola pode ser entendida como a


filosofia da escola; aquele sistema de princípios que
orientam a vida de uma escola. Assim, a missão é um
propósito que deve ser alcançado através de actividades
de uma instituição.

De acordo com Pimenta et al. (1999), a missão da escola


coincide em boa parte com as funções da educação e
poderíamos resumi-las do seguinte modo:

- Proporcionar conhecimentos e desenvolver


capacidades que permitam aos indivíduos adquirir
as competências básicas necessárias à sua vida de
adultos e sua integração na sociedade;

- Transmitir a cultura, modelos de comportamentos e


normas sociais de convivência a novas gerações
para que estas as integrem e se integrem na
sociedade;

- Preparar e dotar o indivíduo de conhecimentos para


que seja um cidadão independente, crítico, criativo,
responsável e participativo, disposto a exercer os
seus direitos e deveres como membro de uma
sociedade democrática e pluralista e seja capaz de
assumir uma atitude favorável à educação
permanente e à formação contínua; e
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 25

- Conferir estatuto social, através de um processo de


diferenciação, selecção e hierarquização,
construída com base numa avaliação das
capacidades expressas e das competências
adquiridas e desenvolvidas pelo aluno e
objectivada numa certificação escolar, isto é, na
atribuição de um diploma.

Da mesma forma, Brito (1994, p.9) defende que a escola


tem por missão “desenvolver global e equilibradamente o
aluno nos aspectos intelectual, sócio-educativo,
psicomotor e cultural, com vista à sua correcta integração
na comunidade.”

Agora que você já conhece a missão da organização


escolar, diga quais são os objectivos da mesma?
Resumidamente, descreva os objectivos da organização
escolar. Não leia o ponto 1.5.2. “Objectivos da
organização escolar” antes de responder a esta questão.

1.5.2. Objectivos da Organização Escolar

Os objectivos da Escola fazem com que ela seja diferente


doutras organizações. Segundo o Secretariado da
Commonwealth (1993), eis os principais objectivos de
uma escola:

1. Produzir a educação para a cidadania. Isto inclui:

- Proporcionar o desenvolvimento integral e


harmonioso da personalidade;
26 Visão geral

- Inculcar na criança, no estudante padrões


aceitáveis de comportamentos tais como lealdade,
respeito, disciplina e responsabilidade;

- Educar o aluno para o espírito de unidade, respeito


e amor ao próximo e a pátria; e

- Desenvolver a sensibilidade estética, a capacidade


artística e o amor pelo belo.

2. Educar para o desenvolvimento económico e social.


Aqui se inclui o seguinte:

- Erradicar o analfabetismo de modo a


proporcionar a todo o cidadão o acesso ao
conhecimento científico e desenvolvimento pleno
das suas capacidades;

- Educar o aluno para o respeito e preservação do


ambiente e do ecossistema; e

- Proporcionar uma formação básica nas áreas de


comunicação, ciência, ambiental e cultural.

3. Educar para as práticas ocupacionais. Significa:

- Desenvolver no estudante o interesse pelos


exercícios físicos, desporto e recreação; e

- Desenvolver no estudante hábitos de higiene,


nutrição e cuidados sanitários.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 27

Resumindo, o objectivo da organização escolar é de


formar pessoas que sejam úteis à sociedade.

Sumário

Nesta lição você aprendeu que existem dois tipos de


organizações escolares: formais e informais. Ela possui
missões e objectivos. Seu principal objectivo é de formar
pessoas que sejam úteis à sociedade, ou seja, ela ocupa-se
dos meninos e jovens para que aprendam os
comportamentos adequados, segundo os modelos
vigentes, para se integrarem como membros úteis à
sociedade.

Tendo acabado de estudar os Tipos de Organizações


Escolares, a missão e os objectivos da mesma, vamos ver
o que você aprendeu nesta lição. Queremos que você
Actividade
descreva, resumidamente, o que acabou de aprender. No
seu resumo, você deve incluir os tipos de organizações
escolares, a missão da organização escolar segundo Brito
(1994) e pelo menos dois objectivos da Organização
Escolar.

Recomendamos também que você veja a missão e os


objectivos da sua escola.
28 Visão geral

Exercícios
1. Dê exemplos de duas organizações formais e
informais que conhece.
Auto-avaliação
2. Um grupo de jovens professores abriu uma escola
primária. Porém, diferentemente das outras escolas,
a escola destes jovens não tinha um director. Todos
os professores tinham o mesmo estatuto e tomavam
decisões relativas aos assuntos escolares. Depois de
três meses, a escola começou a ter sérios problemas
de gestão.

a) O que causou a tal desordem na administração


desta escola?

b) O que você faria para solucionar o problema


desta escola? Porquê?
Respostas:
Unidade I
1. Resposta aberta – O aluno pode utilizar o exemplo
de várias organizações formais (Escola Primária 3
de Fevereiro e Federação Internacional de Futebol
Amador - FIFA) e informais (grupo de assaltantes,
Conselheiras das zonas rurais).
2. a) Em qualquer organização, as partes nela
intervenientes devem ter papéis claramente
definidos segundo as normas da organização. Cada
participante da organização deve ter a sua tarefa e
deve cumprí-la. A falta de definição dos papéis
para cada professor no nosso estudo de caso é que
originou o tal caos na escola. Eu haveria de
organizar a escola, definindo claramente os papéis
de cada professor.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 29

Você também pode ler o ponto 1.1 “Conceito de


organização escolar”(p. 8) para ajudá-lo na
resposta.
BAPTISTA, I. Ética e Organização Escolar. 2003.
Retirado no dia 05 de Fevereiro de 2007, de
http://www.apagina.pt/arquivo/Artigo.asp?ID=2337.
Leitura
BRITO, C. Gestão Escolar Participativa – Na escola
somos todos gestores. Lisboa, Texto Editora, 1994.

CHAMBEL, M. J et al . Psicossociologia 11 ano. Lisboa,


Texto Editora, 1997.

CHIAVENATO, I. Administração de Recursos Humanos:


Fundamentos Básicos. 6ª Edição. São Paulo, Editora
Atlas, 2006.

CHIAVENATO, I. Introdução à Teoria Geral da


Administração. 7ª Edição. Rio de Janeiro, Editora
Campus/Elsevier, 2003.

MEGGINSON, et al. Administração: Conceitos e


Aplicaçoes. 4a Edição. Brasil, Editora Harbra Ltda,1998.

PIMENTA, M. et al. Dimensões de formação na


educação. Fundação Calouste Gulbenkian, 1999.

SECRETARIADO da COMMONWEALTH. Modulo


Um: Auto-desenvolvimento para Gestores Educacionais.
Maputo: Ministério da Educação, 1993.
30 Visão geral

Unidade II

Escola como Sistema Social

Introdução
Agora você reconhece que a escola é uma organização,
uma unidade social com identidade própria e não apenas
um local onde se transmite o saber. Ela é uma
organização específica, necessariamente articulada num
sistema.

Neste sentido e tendo em conta os fins da organização


escolar, a sua responsabilidade social obriga-nos a
assumir com seriedade a reflexão em torno dos “meios”
que garantem o seu funcionamento. Não basta invocar
valores como dignidade, liberdade, solidariedade e
justiça, como se de simples slogans se tratasse. Não basta
advogar o ideal de uma escola humanista e democrática, é
necessário também cuidar da qualidade ética das
mediações institucionais que garantem a sua viabilização.

Esta unidade será composta por uma única lição. A


duração da única lição da unidade será de 2 horas e 30
minutos.

Ao completar a unidade, você será capaz de:


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 31

Objectivos Gerais  Conhecer os aspectos - chave que tornam a escola um


sistema social; e
 Identificar as unidades e respectivos papéis do sistema
social escolar.    

Lição 1

Sistema Social Escolar

Introdução
Nesta lição você vai estudar a escola como um sistema
social.
A lição terá a duração de 2 horas e 30 minutos.
Ao completer esta lição, você será capaz de:

 Analisar a escola como uma organização social;


Objectivos
específicos  Definir sistema Social; e
 Descrever as unidades do sistema escolar e os seus
respectivos papéis.
32 Visão geral

Sistema, Sistema social, Escola como um sistema social,


Papéis.

Terminologia

2.1. Conceito de Sistema

Já ouviu falar de sistema? O que entende por sistema?

Segundo Martins (1999), Sistema é um conjunto de


elementos, partes ou órgãos dinamicamente relacionados
e interdependentes, desenvolvendo uma actividade ou
função para atingir certos objectivos.

O sistema funciona como um todo organizado


logicamente e integrado. De acordo com Teixeira (1998),
o funcionamento de um sistema pressupõe a existência
de:

Entradas – recursos que vão permitir o funcionamento do


sistema.

No sistema escolar as entradas são constituídas pelos


ingressos dos alunos, as influências da comunidade, o
material didáctico, os recursos financeiros,os
professores, etc.

Processamento – transformação das entradas para


obtenção do produto desejado, de acordo com os
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 33

objectivos desejados. No sistema escolar o processamento


dá-se através do ensino-aprendizagem.

Saídas, resultados ou outputs - produto final. No caso


da escola, é o aluno formado ou graduado.

Retroacção ou “feedback” – tem em vista controlar o


funcionamento do próprio sistema, informando se os
objectivos estão ou não a ser cumpridos. No sistema
escolar a avaliação, a inspecção e a supervisão é que nos
dão o “feedback”.

Entropia – tendência de desintegração, desorganização


ou deterioração.

Tendo acabado de adquirir a noção de sistema e do seu


funcionamento, a seguir você vai estudar os tipos de
sistemas. Quais os tipos de sistema que conhece?

2.2- Tipos de Sistemas

Segundo Hatch (1997), os sistemas podem ser abertos ou


fechados.

Os sistemas são fechados, quando têm poucas entradas e


saídas. Ex: sistemas mecânicos.

Ou abertos, quando têm muitas entradas e saídas. Ex:


Escolas, Empresas, etc.

Cada sistema é constituído por vários subsistemas e é


parte integrante de um sistema maior. A escola, por
34 Visão geral

exemplo, é um sistema com vários subsistemas, sectores


e faz parte de outro sistema, a comunidade que a integra.

Agora que você conhece a definição de sistema e os tipos


de sistemas, o que é, então, um sistema social escolar?

2.3. Sistema Social Escolar

De acordo com Martínez e Lahore (1981), a escola é


considerada como um sistema social pelas seguintes
razões:

1a Nela existe um processo de interacção entre os


indivíduos;

2a Existem regras ou normas que regem a conduta dos


sujeitos intervenientes na escola;

3a As regras ou normas estão adequadas aos papéis que


cada sujeito interveniente na escola deve
desempenhar; e

4a Tais regras referem-se aos objectivos que se


pretendem na escola.

Por outras palavras, num sistema social as relações que se


mantêm entre as partes estão sujeitas a normas, tais
normas definem o comportamento adequado para cada
um dos papéis ou ‘roles’ em cada situação. Se o
indivíduo não cumpre ou viola essas regras é sancionado.
No sistema social escolar o aluno deve acompanhar as
aulas e prestar provas de avaliação (com resultado
positivo); se isto não acontecer, o aluno reprova.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 35

Tendo aprendido como funciona o sistema social escolar,


a seguir você vai estudar as unidades do sistema social.

2.4. Unidades do Sistema Social

A relação entre os diferentes actores de um sistema social


estabelece-se através dos papéis desempenhados por cada
um deles. Por exemplo, na escola temos um indivíduo a
quem cabe a responsabilidade de transmitir
conhecimentos, esclarecer qualquer dúvida, avaliar. Este
indivíduo, perante a escola e a sociedade, age a partir do
papel de professor, e é julgado segundo a eficácia do seu
desempenho, de acordo com as normas. Por seu turno,
existem os alunos que são um grupo de indivíduos que
têm como obrigação acompanhar as aulas, apresentar suas
dúvidas, prestar provas de avaliação, etc.

Portanto, existe uma série de comportamentos que se


esperam tanto do professor, como do aluno. Os termos
estatuto e papel descrevem esse tipo de comportamento
que é esperado do indivíduo. O estatuto é a posição que
ocupamos na hierarquia de prestígio da sociedade. O
estatuto cria uma obrigação de agir da maneira que a
sociedade espera. E papel é o comportamento que se
espera de nós devido ao estatuto particular que temos.

Agora que você já reconhece as unidades do sistema


social, quais seriam as funções das unidades na
instituição escolar?

2.5. Os Papéis na Instituição Escolar


36 Visão geral

Num sistema social os indivíduos desempenham papéis

sujeitos a regras, portanto, têm deveres e obrigações, e

podem ser sancionados segundo sua maior ou menor

eficácia ao executá-los.

O desempenho de certo papel chega a exigir vários papéis


complementares. Na escola, para o processo de ensino e
aprendizagem necessitamos de um professor e de alunos,
mas estes para desempenharem perfeitamente os seus
papéis, é necessária a existência de outros papéis, como o
papel do Director da escola, do Adjunto-Pedagógico, do
pessoal de apoio, etc. Esses papéis devem estar
claramente designados e diferenciados (Martínez e
Lahore, 1981).

Você já havia pensado que cada participante da escola


desempenha um papel complementar para que a escola
consiga atingir os seus objectivos? Pense como o seu
papel contribui para o funcionamento eficiente da escola.

Sumário

Nesta lição você acabou de aprender que a escola como


um todo desempenha a função de integração,
desenvolvendo actividades integrativas destinadas a
manter a coesão social por meio de transmissão de
valores, conhecimentos e actividades próprias da
sociedade e cultura a que pertence. Esta função está
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 37

relacionada com a manutenção de boas relações entre as


demais unidades do sistema global. Quem não cumpre
com a sua função ou papel dentro deste sistema é
sancionado.

Tendo acabado de estudar o Sistema Social Escolar, agora


vamos ver o que você aprendeu nesta lição. Queremos
que você descreva, de forma resumida, o que acabou de
aprender. No seu resumo você deve dizer o que entende
Actividade por sistema, indicar os tipos de sistema e descrever o
sistema social escolar, incluindo os papéis que cada
participante deve desempenhar.

Exercícios
1. O que entende por sistema social? Dê ex
sistema social que conhece.
Auto-avaliação
2. Que papel desempenha cada unidade
social por si apresentado?

Respostas
1. Você deve englobar o seguinte na sua
resposta:
- Em todos os sistemas sociais existem
indivíduos que interagem;
- Nos sistemas sociais existem normas que
ditam a conduta dos seus participantes;
38 Visão geral

- As regras, nesses sistemas, estão sujeitas aos


papéis que cada participante deve
desempenhar, e
- As ditas regras referem-se aos objectivos que
a escola pretende alcançar.
O exemplo a apresentar sobre o sistema social
conhecido depende do aluno, ou melhor, de
si. Poderá, por exemplo, basear-se no
sistema social escolar.
Veja o ponto 2.3. “Sistema Social Escolar” (p.
22), para ajudá-lo nesta resposta.
2. A resposta depende do exemplo de sistema
social que você utilizou na resposta 1. Você
deve descrever o papel de cada participante.
Se você utilizou o sistema social escolar,
nele temos os professores, os alunos e os
funcionários. Você deve descrever a função
de cada um desses participantes na escola.
Utilize o ponto 2.5. “Os Papéis na
Instituição Escolar” (p. 24) para ajudá-lo
na resposta.

MARTINEZ, J. e Lahore, C. Planjeamento Escolar. 2ª


Edição. São Paulo, Saraiva, 1981.

Leitura MARTINS, J. Administração escolar: Uma abordagem


critica do processo administrativo em educação. 2ª
Edição. São Paul, Editora ATLAS S.A. 1999.

TEIXEIRA, S. Gestão das Organizações. Lisboa,


McGraw-Hill, 1998.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 39

Unidade III

Estrutura e Funcionamento de uma Escola

Introdução
Depois de termos abordado a escola como organização
social, nesta unidade vamos debruçar-nos sobre a
estrutura de funcionamento de uma escola.

Esta unidade terá duas lições. A duração das duas lições


da unidade será de 5 horas e 20 minutos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Analisar o funcionamento da escola;


Objectivos gerais
 Compreender a estrutura dos organogramas; e
 Explicar as funções dos elementos da direcção de uma
escola.
40 Visão geral
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 41

Lição 1

Estrutura e Funcionamento de uma Escola

Introdução
Nesta lição você vai estudar a estrutura e o
Funcionamento de uma escola. Aqui você vai aprender
como funciona a escola e estudará o modelo de
organograma de uma escola.

A lição terá a duração de 2 horas e 40 minutos.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Descrever a estrutura e o funcionamento de uma


Objectivos escola; e
específicos
 Desenhar o organograma de uma escola.

Estrutura da escola, organograma.

Terminologia

O funcionamento de uma organização escolar é fruto de


um compromisso entre a estrutura formal e as interacções
42 Visão geral

que se produzem no seu seio, nomeadamente, entre


grupos com interesses distintos.

Os estudos centrados nas características organizacionais


das escolas tendem a construir-se com base em três
grandes áreas: estrutura física da escola, estrutura
administrativa e a estrutura social da escola.

I. A Estrutura Física da escola - Dimensão da escola,


recursos materiais, número de turmas, edifício escolar,
organização dos espaços, etc.

II. A Estrutura Administrativa da Escola - Gestão,


direcção, controlo, inspecção, tomada de decisão,
pessoal docente, pessoal auxiliar, participação das
comunidades, relação com as autoridades centrais e
locais, etc.

III. A estrutura Social da Escola - Relação entre alunos,


professores e funcionários, responsabilização e
participação dos pais, democracia interna, cultura
organizacional da escola, clima social, etc. (Brito,
1994).

Tendo aprendido a estrutura física, administrativa e social


da escola, a seguir você vai observar um modelo de
organograma de uma escola.

3.1. Modelo de Organograma de uma Escola


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 43

De certeza que você já ouviu falar de organograma. O


que é organograma?
Para representar a estrutura da organização, utiliza-se o
organograma. O organograma é a representação
abreviada da estrutura da organização (Bilhim, 2000).
Segundo Bilhim (2000), o organograma representa:
- os órgãos da organização;
- as funções de cada órgão de forma genérica;
- as relações de interdependência entre os referidos
órgãos;
- os níveis administrativos que compõem a
organização; e
- os níveis hierárquicos.

Agora que você já conhece o que é o organograma, a


seguir vamos apresentá-lo o modelo de organograma de
uma escola.

Conselho de
Director da
escola
Modelo escola
de Organograma de uma Escola

Chefe de
Adjunto
secretaria
Pedagógico

Coordenador do Coordenador do
1ºciclo 2ºciclo Gestão
Gestão dos
recursos
recursos
Delegados de
Delegados de disciplina materiais e
humanos
classe
financeiros
44 Visão geral

Agora que você já viu o organograma de uma escola,


tenta descrever as funções de cada elemento do
organograma acima exposto. Recomendamos que não leia
a lição 2.
Actividade

Sumário

Nesta lição você aprendeu a desenhar o organograma de


uma escola. Você também estudou que as características
organizacionais das escolas tendem a construir-se com base em três
grandes áreas: a estrutura física da escola, a estrutura administrativa e a
estrutura social da escola.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 45

Tendo acabado de estudar a “Estrutura e Funcionamento


de uma Escola”, agora vamos ver o que você aprendeu
Actividade
nesta lição. Queremos que você realize as seguintes
actividades: descreva as três estruturas que permitem o
funcionamento da organização escolar; desenhe o
organograma da sua escola.

Resposta: No início da lição apresentam-se as três


estruturas que permitem o funcionamento da organização
escolar, nomeadamente: física, social e administrativa.
Reveja a lição e faça a descrição de cada estrutura.
Desenhe o organograma da sua escola copiando o modelo
dado.
46 Visão geral

Lição 2

Elementos da Direcção de uma Escola

Introdução
Na lição 1 você aprendeu como funciona a escola e viu o
modelo de organograma de uma escola. Nesta segunda
lição você vai estudar os elementos da direcção da escola
e suas respectivas funções.
A lição terá a duração de 2 horas e 40 minutos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Identificar e Indicar os elementos básicos da


Objectivos específicos direcção de uma escola; e
 Descrever as funções dos elementos da direcção da
escola.

Direcção da Escola

Terminologia

3.2. Elementos da Direcção da escola

Os elementos que fazem parte da direcção de qualquer


escola são: O Director, o Director Adjunto-Pedagógico, o
Chefe da Secretaria, os Delegados das classes ou
disciplinas, Directores de Turma, Conselho de Escola,
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 47

Professores e Chefe de Internato (nas escolas onde exista)


(MEC, 2005; Secretariado da Commonwealth, 1993).

Quais são as funções desempenhadas por cada elemento


da direcção da escola? A seguir vamos descrever as
funções de cada elemento da direcção de uma escola.

3.3. Funções dos Principais Elementos da Direcção da


Escola

O Director

O Director é o chefe da escola. Ele é o líder responsável


pelo bom funcionamento da escola, pelo cumprimento
das normas, pela realização dos objectivos, pela execução
das actividades e pelo controlo da disciplina. É ele quem
detém a informação fundamental para a tomada de
decisão e pode utilizá-la para influenciar o funcionamento
dos outros órgãos (Secretariado da Commonwealth,
1993).

N.B. O Director de uma escola não é uma categoria


profissional, mas sim um cargo que ele exerce enquanto
for considerado competente aos olhos de quem o nomeou.
Ele é nomeado pelo Director Provincial da Educação, sob
proposta do Director Distrital. Sendo Director, ele
beneficia de redução do serviço lectivo e duma
remuneração suplementar inerente ao seu cargo
(Regulamento Geral das Escolas do Ensino básico, 2003).
48 Visão geral

O secretariado da Commonwealth (1993), defende que as


funções do director da escola (como gestor) são as
seguintes:

- Administrativo-financeiras – garante o
funcionamento quotidiano da escola, respeitando as
normas da administração de acordo com os
objectivos e planos definidos pelo conselho de
escola e outros órgãos colegiais.

Ele é o responsável pela execução das tarefas necessárias


no campo da administração da escola nos aspectos da
organização escolar (definir metas e objectivos, planear,
organizar, controlar, decidir e chefiar o pessoal).
Compete-lhe ainda assegurar a gestão dos recursos
humanos, materiais e financeiros, executando, entre
outras tarefas, as seguintes funções: exercer a autoridade
hierárquica sobre todo o pessoal, autorizar as despesas
previstas no orçamento, supervisionar o trabalho dos
professores e restante pessoal, garantir o bom
funcionamento dos serviços, zelar pela manutenção das
instalações, organizar os horários e distribuir serviço
docente e não docente.

- Pedagógicas – o Director intervém na organização


e gestão do currículo (conforme a margem de
autonomia que detém) na orientação das
actividades de ensino-aprendizagem, nos processos
de avaliação dos alunos, na execução de medidas
educativas específicas (combate ao insucesso
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 49

escolar, experiências pedagógicas, inovações e


reforma), na manutenção da disciplina e no
acompanhamento escolar dos alunos.

No exercício destas competências, preside à maioria dos


órgãos colegiais, por exemplo, o colectivo de direcção e o
conselho pedagógico e nomeia os professores para
diferentes cargos de gestão intermédia.

- Relações internas – as suas funções exercem-se


através da animação de grupos e equipas de
trabalho, na liderança institucional, na gestão de
conflitos, no desenvolvimento do pessoal docente e
não docente, na condução de reuniões e na difusão
da informação.

- Relações externas – o Director representa a


escola, oficialmente, assegura as relações com os
pais, com a administração, com outras escolas, com
outros serviços comunitários e com empresas e
associações culturais.

O Director Adjunto-Pedagógico

Ele desempenha as seguinte funções:


- Organização – orienta e controla a formação das
turmas e a elaboração dos horários das turmas e
dos professores; procede à distribuição dos
professores pelas turmas, disciplinas e classes, de
acordo com as orientações superiormente
definidas; garante o enquadramento e a integração
50 Visão geral

de novos professores e dos recém formados;


assegura a distribuição e o controlo do material
escolar básico.

- Coordenação – orienta e controla a planificação e


o desenvolvimento do processo de ensino-
aprendizagem ao nível escolar, promove a troca de
experiências pedagógico-didácticas com
professores de outras escolas;

- Supervisão – garante a aplicação do currículo


aprovado pelo Ministro da Educação, identifica as
insuficiências científicas e pedagógico-didácticas
dos professores e auxilia na supervisão das
mesmas, propõe cursos de capacitação sempre que
se revelam necessários, orienta o processo de
elaboração de provas de avaliação periódicas, de
acordo com o sistema em vigor e controla os
respectivos resultados, orienta e controla o
processo de sistematização e registo da informação
estatística necessária, de acordo com as normas
definidas superiormente (Secretariado da
Commonwealth, 1993).

O Chefe da Secretaria

Segundo o Secretariado da Commonwealth (1993), eis as


principais tarefas do chefe da secretaria:

- Tarefas administrativas – organiza e mantém


actualizada a colectânea da legislação de interesse
para o desenvolvimento das actividades escolares;
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 51

organiza e executa o processo de recepção, registo,


emissão e envio de correspondência; assegura a
dactilografia, reprodução e arquivo de todos os
documentos da escola; zela pela manutenção,
limpeza das instalações e pela conservação do
material didáctico de uso comum; garante o
abastecimento regular da escola em artigos e bens
de consumo.

- Tarefas pessoais – assegura a organização e


controlo dos processos individuais dos professores,
alunos e restantes trabalhadores; executa os
aspectos burocráticos inerentes à contração e
admissão de pessoal; mantém o controlo de todos
os registos relativos à situação laboral do pessoal;
controla a assiduidade e pontualidade do pessoal.

- Tarefas financeiras – prepara e apresenta o


projecto do orçamento anual da escola, seguindo
orientações superiores; garante a execução do
orçamento e receita da escola, prepara e apresenta
periodicamente o processo de contas de acordo
com as normas em vigor; zela pelo cumprimento
dos prazos de processamento e de pagamento dos
salários na escola; gere a conta bancária da escola,
fazendo depósitos e levantamentos e assinando os
respectivos cheques com o Director da escola.

O conselho da Escola

Normalmente fazem parte dela vários membros da


comunidade escolar, nomeadamente, o Director e um
conjunto de pessoas eleitas representando os seguintes
52 Visão geral

grupos: pais ou encarregados de educação, comunidade,


alunos, professores e funcionários da área administrativa
(MEC, 2005a MEC; 2005b).

O Conselho de Escola tem por objectivo ajustar as


directrizes e metas estabelecidas a nível central e local à
realidade da escola e garantir a gestão democrática,
solidária e co-responsável (MEC, 2005b).

O presidente do conselho da escola é eleito na primeira


sessão (MEC, 2005, p.48; Regulamento Geral das Escolas
do Ensino Básico, 2003).

O Director de Turma

Normalmente é o Director da escola quem nomeia o


Director de turma entre os professores da turma., devendo
entre outras atribuições fazer o acompanhamento da
situação de cada aluno, promover as reuniões com os
pais, planear as actividades da turma e fazer aplicar as
orientações e decisões das estruturas superiores e
proceder à escrituração das pautas e outros documentos
inerentes ao aproveitamento da turma (Secretariado da
Commonwealth, 1993; Regulamento Geral das Escolas
do Ensino Básico, 2003).

Grupo de Disciplina ou Classe

Através dos grupos de disciplina ou classe, os professores


, no âmbito da sua autonomia didáctica, coordenam o
ensino de determinada disciplina ou classe (programação,
métodos, materiais didácticos, avaliação dos alunos, etc.)
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 53

Sumário

Os elementos básicos da direcção de uma escola são o


Director, o Adjunto-pedagógico, o Chefe da Secretaria, O
Conselho de Escola, os Delegados das classes ou
disciplinas, Directores de Turma, Professores e Chefe de
Internato. Cada elemento da direcção da escola
desempenha função ou funções necessárias para alcançar
os objectivos da escola.
54 Visão geral

Tendo acabado de estudar “Os Elementos da Direcção de


uma Escola”, agora vamos ver o que você aprendeu nesta
Actividade
lição. Queremos que você responda as seguintes questões:

1. Diga quais são os elementos da direcção da sua escola.

2. Resumidamente descreva as funções que cada


elemento da direcção da sua escola desempenha.

Respostas:

1. Para responder a esta questão veja o ponto


3.2”Elementos da Direcção de uma Escola”, e diga
apenas os elementos que fazem parte da sua escola.

2. você deve descrever, com base na sua experiência, as


funções que cada elemento da sua escola desempenha.
Pode apoiar-se no ponto 3.3. “Funções dos Principais
Elementos da Direcção de uma Escola” para
clarificação das funções de cada elemento da direcção
de uma escola.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 55

Exercícios
56 Visão geral

1. Com base no exemplo do organograma de uma

Auto-avaliação escola apresentado na primeira lição, elabore o


organograma da sua própria escola.

2. O Ministério da Educação e Cultura, como forma de


garantir o direito de “acesso da criança à escola”
determina que nenhuma criança em idade escolar
fique de fora. Entretanto, uma dada escola primária
possui um número excessivo de candidatos à
primeira classe, enfrentando, desta forma, o
problema de vagas para o ingresso.
a) Imagine-se como o Director desta escola.
Quais seriam as suas propostas para solucionar
este problema?
b) Tomaria a decisão sozinho ou consultaria o
conselho de escola?
c) Desenhe o organograma dos membros do
conselho de escola

3. A Escola Primária de Inhangoma tinha problemas de


carteiras para os seus alunos. O director da escola
decidiu que deveria solicitar aos pais a contribuição
de 20 MT (no prazo de 2 semanas) para a compra
das carteiras. Quando os pais tomaram conhecimento
desta decisão, recusaram-se a contribuir, alegando
terem pouco tempo para arranjar o dinheiro.

a) Se você fosse director desta escola, o que faria


para convencer os pais da necessidade de
contribuir esse valor?

b) Procuraria outra solução para este problema?


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 57

Respostas:
1. Utilize o modelo de organograma do
ponto 3.1 “Modelo de Organograma de uma
escola” (p. 28) para ajudá-lo a elaborar o
organograma da sua escola. Você deve englobar
os elementos básicos da direcção da sua escola.
2. a) Resposta aberta – no entanto, como
director, você deve procurar encontrar
propostas alternativas viáveis. Por exemplo,
você pode propor a construção de mais salas de
aulas para poder admitir mais alunos, ou pode
propor a transferência dos alunos para a escola
mais próxima.
b) Resposta aberta – porém, como director você
deveria consultar o Conselho da sua escola
para em conjunto encontrarem a solução, em
vez de procurar propostas para solucionar o
problema sozinho.
c) Primeiro deve conhecer os membros do
conselho de escola que são: O director da
escola, os representantes dos pais ou
encarregados de educação, os representantes
da comunidade, dos alunos, do pessoal
administrativo e dos professores. A partir
daqui é só desenhar o organograma.
3. a) A resposta é aberta, depende muito das
habilidades do gestor.
b) Convocaria o conselho de escola e este se
encarregaria de convencer os pais da
importância da contribuição dos mesmos
para a compra de carteiras que iriam
beneficiar os seus filhos.
58 Visão geral

BILHIM, J. Ciência da Administração. Lisboa,


Universidade Aberta, 2000.

Leitura Ministério da Educação e Cultura Conselhos de Turma.


In: Agenda do Professor 2005. Maputo, MEC, 2005a.

Ministério da Educação e Cultura. Manual de Apoio ao


Conselho de Escola. Maputo, MEC, 2005b.

Regulamento Geral das Escolas do Ensino Básico.


Moçambique, MINED, 2003.

SECRETARIADO da COMMONWEALTH. Módulo


Um: Auto-desenvolvimento para Gestores Educacionais.
Maputo, Ministério da Educação, 1993.

Unidade IV

Gestão Escolar e Suas Vertentes

Introdução
Depois de termos abordado a estrutura e funcionamento
de uma escola, nesta unidade vamos debruçar-nos sobre a
gestão escolar e suas vertentes.

Esta unidade terá 4 lições. A duração das quatro lições


desta unidade será de 10 horas e 15 minutos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 59

Objectivos gerais  Mostrar a diferença entre os conceitos de


Administração e Gestão escolar; e
 Explicar as funções da Gestão Escolar; e
 Identificar as vertentes da Gestão Escolar.

Lição 1

Administração e Gestão Escolar

Introdução
Nesta lição você vai estudar os conceitos de
Administração e Gestão escolar.

A lição terá a duração de 2 horas e 30 minutos.


Ao completar esta lição, você será capaz de:
60 Visão geral

Objectivos  Distinguir os conceitos de Administração e Gestão


específicos escolar; e
 Enumerar e descrever as funções da Gestão Escolar.

Gestão e administração escolar, funções da gestão


escolar.

Terminologia

4.1. Conceitos de Administração e Gestão Escolar

Páre um instante e pense no que julga ser a diferença (se é


que existe) entre a administração e gestão.

Algumas pessoas empregam o termo gestão para


significar administração. Será que estas pessoas estão
certas? A seguir procuraremos abordar estes dois
conceitos.

A administração tem a ver com a planificação, a


concepção, a iniciativa de actividades, a disponibilidade
de recursos e o controlo de actividades e dos resultados.

- A administração é a formulação, controlo e


acompanhamento de políticas numa organização
(Bilhim, 2000; Chiavenato, 2003; Megginson, et
al., 1998). Ela é feita no topo de uma organização.
Por exemplo, na educação a administração é feita
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 61

pelo Ministério da Educação e Cultura que tem à


cabeça o Ministro.

A gestão, por seu turno, compreende a implementação


de políticas, procedimentos, regras e regulamentos,
conforme definidos pela administração (Bilhim, 2000).
Por exemplo, a gestão de uma escola é feita pelo director
da mesma.

Sendo o gestor alguém pertencente à organização e a


quem compete a execução das tarefas confiadas à gestão,
torna-se agora mais fácil encontrar um conceito que o
identifique.

Segundo o conceito clássico, desenvolvido por Henri


Fayol (1949), o gestor é definido pelas suas funções no
interior da organização. Assim, o gestor é a pessoa a
quem compete a interpretação dos objectivos propostos
pela organização e actua, através do planeamento, da
organização, da liderança ou direcção e do controlo, por
forma a atingir os objectivos organizacionais. Assim, o
gestor é alguém que desenvolve os planos estratégicos e
operacionais que julga mais eficazes para atingir os
objectivos organizacionais propostos, concebe as
estruturas e estabelece as regras, políticas e
procedimentos mais adequados aos planos
desenvolvidos, implementa e coordena a execução dos
planos (Secretariado da Commonwealth, 1993).

 Gestão é uma expressão que ganhou corpo no contexto


educacional, acompanhando uma mudança de paradigma
62 Visão geral

no encaminhamento das questões desta área. Em linhas


gerais, é caracterizada pelo reconhecimento da
importância da participação consciente e esclarecida das
pessoas nas decisões sobre a orientação e planeamento de
seu trabalho (Lück et al., 2005).

O conceito de gestão está associado ao fortalecimento da


democratização do processo pedagógico, à participação
responsável de todos nas decisões necessárias e na sua
efectivação mediante um compromisso colectivo com
resultados educacionais cada vez mais efectivos e
significativos (Lück et al., 2005; Martins, 1999).

Tendo acabado de abordar os dois conceitos, será que


ainda tem dúvidas de que gestão e administração não
significam a mesma coisa?

De certeza que você não tem nenhuma dúvida de que


gestão e administração são dois termos distintos que se
aplicam para designar o que fazem indivíduos na direcção
de uma instituição a diversos níveis. A administração é
feita pela autoridade máxima de uma instituição ao
definir o que deve ser feito, alocar recursos humanos,
materiais e financeiros para o efeito. Por exemplo, o
Ministério da Educação e Cultura define quantas escolas
devem ser construídas, recruta professores, define o que
eles devem ensinar na sala de aulas, etc.

A gestão de uma escola é feita pelo director da mesma.


Ele/ela recebe os professores ou pede a sua alocação a
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 63

fim de atender a procura da escola pela população.


Depois, ele cria condições para que o definido pelo
Ministério possa ser feito na sua escola conforme o
recomendado. Ele elabora os horários para os professores,
compra material com o dinheiro alocado pelo Ministério,
aplica diversos regulamentos que recebe do Ministério,
etc. Porém, o Director da escola, como gestor, não se
deve esquecer de ajustar as directrizes e metas
superiormente definidas à realidade da sua escola.

Tendo acabado de estudar os conceitos de gestão e


administração escolar, agora você vai conhecer as
funções da Gestão Escolar. Quais seriam, na sua opinião,
as funções da gestão escolar? Faça uma lista,
enumerando-as.

4.2. Funções da Gestão Escolar

Segundo o Secretariado da Commonwealth (1993), as


funções da gestão escolar consistem em:

- Garantir a formulação de políticas, objectivos e


métodos que permitam a escola o alcance dos
objectivos;

- Aplicar as políticas e os métodos de trabalho,


visando formar pessoas úteis à sociedade;

- Assegurar a existência de recursos humanos,


materiais e curriculares para a aprendizagem;
64 Visão geral

- Coordenar as actividades da escola para que ela


funcione com eficácia e eficiência; e

- Influenciar e estimular os recursos humanos para


trabalharem com afinco.

Sumário

A administração é feita no topo da hierarquia


organizacional. Ela é a formulação, o controlo e
acompanhamento de políticas nas organizações. A gestão,
por seu turno, compreende a implementação de políticas,
regras e procedimentos definidas superiormente.

A gestão escolar está associada à participação de todos os


membros envolventes na comunidade escolar nos
assuntos que dizem respeito à sua escola.

A gestão escolar tem várias funções. Uma das suas


funções é garantir a formulação de políticas e toda a série
de práticas que permitam o alcance dos objectivos
escolares.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 65

Tendo acabado de estudar “Administração e Gestão


Escolar”, agora vamos ver o que você aprendeu nesta
Actividade
lição. Queremos que você responda as seguintes questões:

1. a) Existe alguma diferença entre os termos


Administração e Gestão?

b) Se sim, qual é a diferença?

2. Indique duas funções da Gestão Escolar.

Respostas:

1. Sim, existe uma diferença entre administração e


gestão. A administração é feita no topo da
hierarquia organizacional. Ela é a formulação, o
controlo e acompanhamento de políticas nas
organizações. A gestão, por seu turno, compreende
a implementação de políticas, regras e
procedimentos definidas superiormente.

2. Veja o ponto 4.2. “Funções da Gestão Escolar”, e


escolha apenas duas funções da gestão escolar.
66 Visão geral

Lição 2

Vertentes da Gestão Escolar

Introdução
Na primeira aula desta unidade, você aprendeu não só a
diferenciar os conceitos de administração e gestão
escolar, como também as funções da organização escolar.
Nesta segunda lição você vai estudar as vertentes da
gestão escolar.

A lição terá a duração de 2 horas e 30 minutos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Identificar as vertentes Pedagógica e Administrativa da


Objectivos gestão escolar; e
específicos
 Descrever as funções das vertentes pedagógica e
administrativa da gestão escolar.

Vertentes da gestão escolar

Terminologia

4.3. Vertentes da Gestão Escolar


As vertentes da gestão escolar são: gestão pedagógica,
gestão administrativa (recursos humanos, materiais e
financeiros), e gestão de espaços.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 67

Que funções desempenham cada uma das vertentes acima


mencionadas na gestão da sua escola? Descreva a função
de cada vertente da gestão escolar tendo em conta a sua
experiência.

4.3.1. Gestão Pedagógica .


Esta é a área mais importante da gestão escolar. Ela
enquadra todas as actividades, projectos, recursos e
serviços relacionados com o ensino e a educação. Brito
(1994, p.21), defende que os gestores devem realizar as
seguintes acções: “tratamento da reflexão ou
enquadramento de questões como relações interpessoais,
métodos de ensino, processo de ensino-aprendizagem,
actividades curriculares e extra-curriculares; a gestão de
apoio acrescido, problemas disciplinares; as actividades
consequentes da “gestão do aluno”, nomeadamente,
Direcção de Turma, avaliação escolar e também todas as
actividades relativas à melhoria da qualidade de ensino
que passem pela formação docente, formalizados no
projecto educativo, no plano anual de actividades e em
regulamentos próprios elaborados pela escola.”

Tendo acabado de estudar as funções da gestão


pedagógica, a seguir vamos abordar a gestão
administrativa.

4.3.2. Gestão Administrativa

Você sabia que a gestão administrativa compreende


fundamentalmente a gestão dos recursos humanos,
68 Visão geral

materiais e financeiros? Se não sabia disso retenha esta


informação agora.

Segundo Brito (1994), os gestores escolares deverão


preocupar-se com as seguintes actividades
administrativas:

- “Diversificar as tarefas entre todos os funcionários


administrativos, promovendo uma rotatividade
periódica e constante dos serviços entre os
trabalhadores;

- Promover acções periódicas e diversificadas de


formação profissional, relações interpessoais e
atendimento público;

- Valorizar os serviços administrativos pela


introdução de competências que visem a satisfação
dos funcionários e pelo reconhecimento de serviços
públicos prestados;

- Delimitar bem as áreas de actuação dos serviços


em consonância com os órgãos da escola e entre
áreas de serviço administrativo;

- Definir, com clareza, as competências e


dependências das áreas de serviço administrativo e
sua relação entre funcionários e utentes da escola; e

- Modernizar as condições físicas e materiais,


racionalizando as actividades correntes da
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 69

administração, pela introdução de meios


informáticos e respectivas acções de formação”.

4.3.2.1. Gestão de Recursos Humanos

Brito (1994) argumenta que o “fundamental numa escola


assim como numa empresa é que os seus recursos
humanos agrupados em serviços, órgãos de gestão ou de
apoio, associações ou turmas, independentemente dos
seus antecedentes, capacidades e interesses pessoais,
sejam coordenados na procura de metas comuns.”

Quanto melhor forem articulados os recursos, a escola


poderá enfrentar os desafios e oportunidades que se lhe
colocam com mais facilidades.

A gestão dos recursos humanos tem por função melhorar


os recursos humanos em si e melhorar o funcionamento
dos serviços, órgãos ou associações (Brito, 1994).

4.3.2.2. Gestão de Recursos Materiais

A escola deve angariar recursos de qualidade e em


quantidade necessária ao funcionamento eficiente da
mesma (Brito, 1994). Numa escola, os recursos materiais
podem classificar-se em fixos e móveis, podendo ambos
ser de longa duração ou de curta duração (Brito, 1994).
Os materiais de longa duração (fixos ou móveis) são os
que requerem inventariação, como as maquinarias,
equipamento audiovisual, ferramentas eléctricas,
mobiliário escolar, prateleiras, electrodomésticos,
computadores. Os recursos materiais de curta duração são
70 Visão geral

os que têm duração limitada e correspondem a todos os


artigos de uso corrente e de durabilidade reduzida (Brito,
1994). Tais artigos podem ser apagadores, giz e outros.

A existência dos recursos materiais deve ser proporcional


às necessidades de utilização na escola.

Sumário

Agora você já sabe identificar as vertentes pedagógica e


administrativa (que inclui a gestão administrativa de
recursos humanos e materiais) da gestão escolar. Cada
vertente possui as suas funções específicas. A gestão
pedagógica enquadra todas as actividades, projectos,
recursos e serviços relacionados com o ensino e a
educação, enquanto a gestão administrativa trata
fundamentalmente da gestão dos recursos humanos,
materiais e financeiros.

Tendo acabado de estudar as “Vertentes da Gestão


Escolar”, agora vamos ver o que você aprendeu nesta
lição. Queremos que você descreva, resumidamente, o
Actividade
que acabou de aprender. No seu resumo, você deve
indicar quais são as vertentes da gestão escolar e ainda
deve descrever as funções de cada vertente.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 71

Lição 3

Gestão Financeira

Introdução
Nesta terceira lição da Unidade IV, você vai estudar a
gestão financeira e todos os aspectos relacionados com as
fontes dos fundos escolares e a elaboração do orçamento
escolar. A gestão financeira faz parte da vertente da
gestão escolar designada gestão administrativa..

A lição terá a duração de 2 horas e 45 minutos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Identificar diferentes fontes possíveis de fundos da


Objectivos escola;
específicos
 Compreender e aplicar os conhecimentos e
habilidades apropriadas para mobilizar fundos para
sua escola;
 Descrever a natureza e funções da elaboração do
orçamento da escola; e
 Projectar e gerir o seu próprio orçamento escolar.
72 Visão geral

Fundos escolares, orçamento escolar

Terminologia

4.3.2.2.1. As Fontes dos Fundos Escolares

Para qualquer escola poder funcionar efectivamente, deve


ter fundos. Em muitos países, a educação nas escolas é
financiada pelo governo, mas em outros as escolas são
principalmente dependentes de fundos adquiridos doutras
fontes.

Quais são as fontes dos fundos escolares que você


conhece?

Segundo o Secretariado da Commonwealth (1993), as


fontes dos fundos escolares podem classificar-se em três
categorias principais, a saber: pais, governo e grupos da
comunidade.

Pais

Em muitos países (desenvolvidos e em vias de


desenvolvimento) os pais podem contribuir
financeiramente para a aquisição de vários recursos
necessários ao funcionamento eficaz das escolas. As
contribuições dos pais podem tornar-se necessárias
devido à falta de possibilidades por parte do governo em
satisfazer as necessidades financeiras básicas da escola.

A lista sobre a contribuição dos país inclui, segundo o


Secretariado da Commonwealth (1993), o seguinte:
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 73

 Pagamento das propinas do ensino oficial;


 Pagamento das contribuições da Associação de
Pais e Professores(APP);
 Pagamento duma quota específica para um projecto
de construção de casas para professores e outras
construções necessárias à escola;
 Contribuição dos pais com o seu tempo e
habilidades para uma série de actividades desde o
trabalho de construção até a prática de desporto;
 Pagamento a professores por aulas extras, treinos,
deveres especiais e assistência médica geral;
 Pagamento para recursos, tais como, textos de
apoio, cadernos, materiais para escrever, uniforme
escolar, carteiras, cadeiras, biblioteca e
contribuições de desporto
 Pagamento para assistência das crianças, podendo
ser em dinheiro para transporte, refeições
escolares e para caução.

Faça uma lista sobre os tipos de contribuição dos pais


na sua escola.

O Governo

O governo assiste as escolas financeiramente de várias


formas (Secretariado da Commonwealth, 1993). Tais
formas incluem:

- Pagamento de bolsas de estudo para escolas;


74 Visão geral

- Pagamento de salários de professores;

- Assistência às escolas para estabelecer projectos


que gerem dinheiro dando assistência técnica,
incluindo materiais e equipamento;

- Financiamento de construção e reabilitação de


planta da escola; e

- Contribuição indirecta para cada escola, tendo em


vista a formação de professores, preparação de
programas e materiais e provendo inspectores.

Nota: o governo também pode nomear as autoridades


locais com a finalidade de angariar fundos para a escola.

Autoridades locais

As autoridades locais são responsáveis pela educação


primária em vários países. “Estas têm a competência para
decidir pela abertura e localização das escolas e para
providenciar as estruturas físicas, equipamento das salas
de aulas e escritórios para as escolas. Os fundos são
gerados pelos rendimentos angariados localmente. As
autoridades locais muitas vezes enfrentam dificuldades
em certificar se todos os impostos locais são pagos por
completo e a tempo, porque têm falta de pessoal treinado
e porque os contribuintes podem não dar ao Governo
local a mesma consideração que dão ao central.”
(Secretáriado da Commonwealth, 1993, p.6).

Grupos da comunidade
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 75

“Os grupos da comunidade estão muitas vezes entre as


fontes chave de fundos para as escolas. Eles são
mobilizados para realizar actividades definidas pelos
líderes de comunidade, tais como, chefes locais. Existem
muitas escolas, nos países em desenvolvimento, que
foram construídas por grupos de comunidade“
(Secretariado da Commonwealth, 1993, p.6). As
actividades por eles desenvolvidas incluem:

 Mobilização dos grupos comunitários em


projectos de desenvolvimento;
 Angariação de fundos para escolas individuais na
área;
 Envolvimento de grupos da comunidade e antigos
estudantes em projectos de auto ajuda com o
propósito de gerar fundos; e
 Colecta de impostos de educação aos membros da
comunidade.

Tendo acabado de estudar as fontes dos fundos escolares,


agora você vai aprender a elaborar o orçamento escolar,
conhecer as funções e propósitos do mesmo.

4.3.2.3.2. O Orçamento Escolar

Depois de identificar possíveis fontes de fundos, o


director da escola, como planificador financeiro, tem que
elaborar um plano para assegurar a utilização eficaz dos
recursos escolares. Para o plano ser expresso como um
orçamento da escola, o director necessita de ter algum
conhecimento e experiência em projecto e administração
76 Visão geral

de orçamento. Então, o que é o orçamento escolar? A


seguir vamos abordar este conceito.

4.3.2.3.2.1. Conceito de Orçamento Escolar

“Orçamento é um processo de preparação e de previsão


de um rendimento antecipado e da utilização proposta.
Por outras palavras, é um processo de preparar o resumo
de programas de uma escola, reflectindo os rendimentos
e gastos esperados. Este resumo é o orçamento escolar
pelo qual se orienta o director nas várias actividades
escolares com vista a alcançar os objectivos da escola”
(Secretariado da Commonwealth, 1993, p.12).

1. “Os recursos podem ser recebidos do governo,


geralmente fixados para duração do ano fiscal.”

2. “Os recursos podem ser recebidos directamente da


província, do distrito e/ou de vários grupos de
comunidades. Os fundos neste caso são flutuantes e
muitas vezes não seguros. De qualquer maneira, sendo
você um planificador e director financeiro deve tomar
um papel activo do que passivo na determinação e
mobilização de recursos financeiros. Desta maneira,
você estará mais apto para assegurar a implementação
eficaz de programas da sua escola. Assim, as maiores
tarefas como um planificador consistem em certificar
que:

- Entende plenamente a situação financeira em que o


seu plano ocorre; e
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 77

- Os seus recursos planificados estão disponíveis


quando necessários e são efectiva e correctamente
utilizados para alcançar os objectivos e missão da
escola” (Secretariado da Commonwealth, 1993).

Agora que você já sabe o que é o orçamento escolar,


quais seriam os passos necessários para a sua elaboração?

4.3.2.3.2.2. Passos na Elaboração do Orçamento


Escolar

Em resumo, o Secretariado da Commonwealth (1993),


aponta os seguintes passos para se efectuar o orçamento:

Passo1: Identificação de programas, projectos ou


actividades que deseja completar no período do
orçamento.

Passo 2: Identificação de recursos em termos de mão-de-


obra, materiais e tempo.

Passo 3: Custos dos recursos - esta é a mais importante


actividade no orçamento visto que o orçamento é
basicamente um sumário financeiro.

Passo 4: Apresentação do orçamento por guias


orçamentais formuladas pelo governo ou agências
financiadoras de fundos públicos .

Passo 5: Obtenção da aprovação do orçamento pelas


autoridades.
78 Visão geral

Você já aprendeu os passos para a elaboração do


orçamento escolar. A seguir vai estudar as funções do
orçamento Escolar. Na sua opinião, quais são as funções
do orçamento escolar?

4.3.2.3.2.3. Funções e Propósitos do Orçamento


Escolar

O orçamento é um processo que consiste no relato de


gastos de fundos, de uma maneira sistemática, para o
alcance duma missão e objectivos escolares planeados. O
orçamento tem três funções fundamentais:

1. Providenciar uma visão de custo no tempo para a


implementação de programas escolares; é,
portanto, o instrumento principal da planificação
escolar.

2. Servir como instrumento para a delegação da


autoridade. O orçamento da escola é projectado
para mostrar que pessoas particulares são
responsáveis por programas específicos.

Nota: Quando um orçamento é aprovado pelas


autoridades a delegação de funções é aprovada
automaticamente.

3. Ser um instrumento para o controlo e avaliação da


execução.

As provisões do orçamento são o guia para avaliar o valor


do gasto em qualquer actividade. Se o orçamento for
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 79

convenientemente projectado, ele também poderá


fornecer-lhe informações para lhe assistir na função de
controlo e avaliação. Estas informações seriam:

 Estimativa da despesa;
 Resultados;
 Custos.

Agora que já conhece as funções do orçamento escolar,


diga quais são os propósitos do mesmo.

4.3.2.3.2.3.2. Propósitos do Orçamento Escolar

Na visão do secretariado da Commonwealth (1993), o


orçamento de uma escola é uma previsão de
acontecimentos financeiros futuros em que se mostram o
rendimento antecipado, as despesas e a posição financeira
duma escola.

Os propósitos do orçamento são, na perspectiva do


Secretariado da Commonwealth (1993), os seguintes:

- Mostrar que resultados serão alcançados se os


planos financeiros actuais forem realizados, isto é,
descobrir as áreas que requerem acção e atenção; e

- Avaliar o desempenho financeiro escolar,


utilizando-se o orçamento escolar para o controlo
das operações, rendimentos, custos e das pessoas
responsáveis pelas operações, respectivos
rendimentos e gastos.
80 Visão geral

Sumário

Nesta lição você estudou a gestão financeira, onde


aprendeu a identificar as fontes dos fundos escolares e a
elaborar o orçamento. Os orçamentos são guias para
avaliar o valor do gasto em qualquer actividade. Se o
orçamento for convenientemente projectado, ele também
poderá fornecer-lhe informações como a estimativa da
despesa, resultados e custos.

Tendo acabado de estudar “Gestão Financeira”, agora vamos ver o que


você aprendeu nesta lição. Queremos que você responda às seguintes
questões:
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 81

1. Aponte as fontes dos fundos escolares apresentados na


lição.
Actividade
2. Quais são as fontes dos fundos da sua escola?

3. a) O que é um orçamento?

b) Já alguma vez elaborou orçamento? Se


sim, porquê o fez?

c)Quais foram os passos usados para elaborar o tal


orçamento?

Respostas:

1. As fontes dos fundos escolares apresentados na lição


são: pais, governo e grupos da comunidade. A partir
daqui diga quais são as fontes dos fundos da sua
escola.

2. Essa resposta varia de escola para escola. Veja quais


são as fontes dos fundos da sua escola, que podem ser
algumas das estudadas nesta lição.

3. O orçamento é um processo de preparar uma previsão


dum rendimento antecipado e da utilização proposta.
Por outras palavras, é um processo de preparar o
resumo de programas duma escola reflectindo os
rendimentos e gastos esperados. Depois responda se já
elaborou algum. Se sim, diga quais foram os passos
que utilizou para elaborar o seu orçamento.
82 Visão geral

Lição 4

Gestão de Espaços

Introdução
Nesta terceira lição da Unidade IV, você vai estudar a
gestão financeira e todos os aspectos relacionados com as
fontes dos fundos escolares e a elaboração do orçamento
escolar. A gestão financeira faz parte da vertente da
gestão escolar designada gestão administrativa..

A lição terá a duração de 2 horas e 30 minutos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir gestão de espaço; e


Objectivos
 Gerir o espaço da sua escola (Gestão de Espaço) de
forma eficaz

Gestão de espaços

Terminologia

4.3.3. Gestão de Espaços


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 83

Nas lições passadas, você estudou as vertentes


pedagógica e administrativa da gestão escolar. Nesta
lição, você vai estudar a gestão de espaços.

O que é a gestão de espaços?

A gestão de espaços tem a ver com a forma eficiente de


gerir os espaços de qualquer instituição.

Agora que você já sabe o que é gestão de espaços, de que


forma você faz a gestão de espaços da sua escola?
Elabore uma lista mostrando como você faz a gestão de
espaços da sua escola.

Na gestão de espaços, o Director da Escola deverá,


segundo Brito (1994, p.99), proceder da seguinte forma:

- “Utilizar os espaços na perspectiva do utilizador e


sob um prisma exigente e crítico de quem pretende
satisfação no atendimento e no usufruto dos
espaços e serviços. O Director deve anotar todos os
problemas e resolvê-los, prioritariamente, em
função do número de utilizadores e da amplitude
dos problemas;

- Proporcionar a todos os utentes dos espaços


registos críticos, opiniões e reclamações de forma e
acesso simples e imediato;

- Diversificar a vocação dos espaços, mediante a sua


utilização, localização e qualidade intrínseca;
84 Visão geral

- Incrementar os espaços de apoio ao ensino e os


espaços de descanso, recreio e lazer;

- Manter os espaços limpos, organizados e pintados,


permanentemente, implicando ou
responsabilizando os respectivos utentes para o
efeito;

- Pintar, anualmente, toda a escola com uma cor


facilmente retocável (ex: branco), utilizando a
“mão-de-obra da casa”, paga por serviços prestados
em horário pós-laboral, como serviços esporádicos;

- Anular todos os espaços que constituam fonte de


degradação do edifício escolar, pavimentando-os
ou ajardinando-os;

- Promover a articulação dos espaços consoante os


serviços e funções a que se destinam e às
afinidades entre estes;

- Identificar de forma bem visível todos os espaços


da escola com letras ou números grandes. Não se
devem identificar espaços destinados a arquivos,
casas fortes, e espaços de armazém de equipamento
e material didáctico de custos elevados, por uma
questão de segurança;

- Reciclar espaços, inovando a forma de utilizar. Por


exemplo, alterar o sistema tradicional de
atendimento do bar por uma opção self-service,
alterar os espaços da biblioteca, na perspectiva de
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 85

uma mediateca escolar, ou substituir a função de


uma sala como armazém de móveis destruídos por
um museu dedicado ao patrono da escola;

- Concentrar serviços afins de apoio aos alunos em


determinada zona do edifício escolar, para evitar
desperdícios de tempo aos estudantes;

- Promover, sempre que possível, a polivalência dos


espaços colectivos; e

- Tornar específicas todas as salas de aula,


enriquecendo-as como veículos permanentes de
mensagens didácticas, pedagógicas ou científicas,
como centros de recursos específicos onde existam
todos os meios gráficos, áudio, vídeo e
informáticos de apoio à acção lectiva.”

Tendo acabado de aprender as formas de gerir o espaço


das escolas, eficientemente, você encontrou aspectos
comuns com a lista que você elaborou sobre como você
faz a gestão de espaços na sua escola?

Sumário

Nesta lição você aprendeu como gerir o espaço da sua


escola de uma forma simples e eficiente. Uma das formas
mais simples e eficientes de gerir o espaço da sua escola é
reciclar os espaços, inovando a forma de utilizá-los.
86 Visão geral

Tendo acabado de estudar “Gestão de Espaços”, agora


vamos ver o que você aprendeu nesta lição. Queremos
Actividade
que você responda às seguintes questões:

1. O que entende por gestão de espaços?

2. Das formas de gerir o espaço que aprendeu, quais as


que você utilizaria se fosse director de uma escola?

Respostas:

1. A gestão de espaços tem a ver com a forma eficiente


de gerir os espaços de qualquer instituição.

2. Brito (1994), apresenta várias formas de gerir o espaço


escolar eficientemente. Veja a página 55 e escolha
apenas as que você utilizaria para gerir a sua escola.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 87

Exercícios
1. Identifique e analise o funcionamento das várias
vertentes da gestão escolar no seu estabelecimento
de ensino.
Auto-avaliação
2. Explique porque é que os pais contribuem para o
financiamento da sua escola.
3. Os pais na escola estão ou não geralmente
dispostos a ajudar financeiramente?
a) Será sempre o mesmo grupo de pais que
ajuda?
b) O que é que você faz na sua escola para
encorajar muitos pais a ajudarem?
4. O governo permite angariar fundos para a sua
escola? Em que limites?
5. Se é permitido fazer a recolha de fundos, faça a
lista dos programas que gerem dinheiro na sua
escola.
6. Como é que as autoridades locais apoiam o
financiamento da escola? Identifique diferentes
formas através das quais as autoridades locais dão
assistência financeira à sua escola.
7. Avalie os grupos comunitários da sua área e
identifique diferentes formas em que eles
contribuem financeiramente para sua escola.
8. Será que o orçamento é realmente necessário na
escola? Justifique.

Respostas:
1. As vertentes são pedagógica, administrativa e
de espaço. Veja e descreva como se efectua a
gestão destas vertentes na sua escola.
88 Visão geral

2. Resposta aberta - ela vai depender de cada


escola. Podemos utilizar o exemplo de escolas
em que os pais contribuem financeiramente
devido à falta de recursos financeiros da escola.
3. a) Resposta aberta – depende muito da
mentalidade dos pais. Por exemplo, podemos
ter o mesmo grupo de pais a ajudar
financeiramente a escola porque o
funcionamento da escola garante o estudo dos
seus filhos. Por outro lado, podemos ter a
contribuição de diferentes grupos de pais e não
os mesmos.
b) Resposta aberta – porém, focalize a sua
atitude como mobilizador.
4. Resposta aberta – há, no entanto, casos em que
o governo, vendo a sua incapacidade financeira
autoriza os pais a contribuírem financeiramente
para a sobrevivência da escola
5. Resposta aberta – Se são permitidos, a lista
pode ser, por exemplo, venda de trabalhos
artísticos dos alunos, cantina escolar,
machamba escolar, concursos de sorteios.
6. Resposta aberta – pode-se também sensibilizar
a população sobre a importância da
contribuição destas para o bom funcionamento
das escolas, podendo, estas, também contribuir
com valores monetários que puderem.
7. Resposta aberta - procure os grupos
comunitários do seu bairro ou distrito.
8. Sim. Orçamento é necessário porque relata o
gasto dos fundos da escola de uma forma
sistemática para ajudar o alcance da missão e
objectivos planeados. Veja o ponto
4.3.2.3.2.3.1. “Funções do Orçamento
Escolar” (p. 50) para ajudá-lo na resposta.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 89

BRITO, C. Gestão Escolar Participativa – Na escola


somos todos gestores. Lisboa, Texto Editora, 1994.
Leitura
MARTINS, J. Administração escolar: Uma abordagem
critica do processo administrativo em educação. 2ª
Edição. São Paulo, Editora ATLAS S.A. 1999.

SECRETARIADO da COMMONWEALTH. Módulo


Um: Auto-desenvolvimento para Gestores Educacionais.
Maputo, Ministério da Educação, 1993.

Unidade V

Teorias e Estilos de Liderança

Introdução
Depois de termos abordado nas secções passadas, temas
como organização escolar, escola como sistema social,
estrutura de funcionamento da escola, gestão escolar e
suas vertentes, nesta unidade falaremos sobre liderança.
90 Visão geral

O tema liderança é muito amplo e abrange áreas diversas,


das quais podemos citar duas: o pessoal e o profissional.

Na área pessoal, tratamos a questão como sendo uma


virtude em nosso carácter porque o tema é forte e ao
mesmo tempo traz consigo valores bastante positivos. Se
visualizarmos um líder, teremos a visão de uma pessoa
que possui algumas características, tais como: confiança,
solidez, sensatez, sobriedade, ético, inspirador,
potencializador, etc. (Robbins et al., 1994).

Na área profissional, dentro das organizações, a história


não é diferente no tocante às qualidades pessoais dos
líderes. A estrutura de uma organização exige que se
adoptem grupos, secções ou departamentos ou qualquer
divisão que distribua as tarefas dos mais variados tipos, a
serem executadas por diversas pessoas em suas
respectivas categorias.

Estes "funcionários" compõem, cada um, uma peça de


engrenagem para funcionamento total da organização a
que se deparam com os mais variados tipos de situações à
que estão submetidos no seu quotidiano. De acordo com o
grau de instrução, elas não conseguem sair de algumas
situações que não conhecem ou às quais não estão
preparadas. Neste movimento é que entra o trabalho de
uma liderança porque temos nele uma directriz para
encontrar orientações e soluções para qualquer situação.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 91

Esta unidade terá 2 lições. A duração das duas lições da


unidade será de 5 horas e 30 minutos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Abordar os estilos e teorias de liderança; e

Objectivos gerais  Explicar os aspectos básicos relacionados com a


liderança.
 Conhecer as características de um líder eficaz.
92 Visão geral

Lição No 1

Liderança

Introdução
Nesta lição você vai estudar a liderança e as
características de um líder eficaz.

A lição terá a duração de 2 horas e 45 minutos.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Definir o conceito de liderança;


Objectivos
 Apontar as características de um líder eficaz; e
 Identificar o Director da escola como líder.

Liderança, Líder eficaz

Terminologia

5.1. Conceito de Liderança

De certeza que você já ouviu falar de liderança. O que é


liderança?
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 93

De acordo com Megginson (1998), a liderança é um


processo através do qual um indivíduo influencia outros
membros do grupo, tendo em vista o alcance de metas
organizacionais.

Apresentando uma definição quase semelhante a de


Megginson(1998), Chiavenato (1999), define a liderança
como sendo um processo de exercer influência sobre um
indivíduo ou grupo de indivíduos nos esforços para a
realização de um objectivo em determinada situação.

Agora que já sabe o que é liderança, quais seriam as


características de um líder eficaz? Pegue num papel e
caneta e elabore uma lista contendo as características que
um líder eficaz deve possuir.

5.2. Características de um Líder Eficaz

Robbins et al., (1994) defende que as características


abaixo descriminadas tornam um líder eficaz:

- Ter autoconfiança;

- Conseguir que o trabalho seja correctamente


executado;

- Demonstrar interesse pessoal pelos problemas dos


seus subordinados;

- Desenvolver um bom trabalho de equipa;

- Fazer com que os outros o percebam como um bom


companheiro;
94 Visão geral

- Inspirar confiança nos subordinados;

- Ser bondoso, mas sem aparentar fraqueza;

- Liderar e não comandar;

- Ser capaz de resolver e enfrentar corajosamente os


problemas;

- Resolver os problemas que lhe são apresentados


pelos subordinados, mesmo os que aparentam ser
mesquinhos;

- Repreender de maneira adequada;

- Ter coragem e força de vontade;

- Possuir uma mente flexível; e

- Ter conhecimentos, ética e integridade.

Tendo aprendido o conceito de liderança e as


características de um líder eficaz, agora você vai estudar o
director da escola como líder.

Agora páre, pense um pouco e descreva a liderança do


director da sua escola.

5.3. O Director da Escola como Líder

O Director de uma escola, seja ela pública ou privada, foi-


lhe conferido poder legal para administrá-la. Martins
(1999, p.169), argumenta que o Director, “em seu
relacionamento com os subordinados, poderá dar ordens,
submetendo a vontade dos mesmos ao seu poder de
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 95

decisão; ou poderá fazer sugestões que influenciem a


decisão do subordinado. Quando utiliza o poder de
decisão, o director está procedendo como chefe e, quando
influencia na decisão do subordinado, está procedendo
como líder.” Por exemplo, quando o director comunica ao
grupo de professores de Matemática que eles devem dar
aulas extras aos seus alunos para recuperar as notas, ele
estará procedendo como chefe e quando ele conversa com
o grupo de professores de Matemática e sugere que os
alunos de Matemática deveriam ter aulas extras para
recuperarem as notas e pergunta sobre o que eles acharam
sobre a sua sugestão, ele estará procedendo como líder.

O Director possui autoridade para comandar e, na óptica


de Fayol (1949, citado por Martins, 1999), ele deve
delegá-la aos indivíduos que irão comandar sectores
menores, utilizando também a autoridade ou como chefes
ou líderes nos seus espaços de actuação.

Sendo a escola uma instituição onde os objectivos


dependem da actuação específica de cada um dos
componentes que actuam no processo escolar, o director
deve agir como verdadeiro líder, não tomando a decisão
pelo subordinado, mas influenciando a decisão deste,
sugerindo e respeitando a capacidade e iniciativa dos
especialistas da educação, dos docentes e do pessoal
administrativo.

Contudo, apesar do Director agir como líder, ele deve


continuar a realizar os trabalhos de supervisão das
96 Visão geral

actividades burocráticas e pedagógicas diárias da sua


escola.

Na perspectiva de Martins (1999), a supervisão burocrática


tem a ver com a verificação do cumprimento dos preceitos
de legislação do ensino. Assim, o mesmo autor defende
que o director deverá acompanhar o desenvolvimento
diário das seguintes actividades:

- Acompanhar o desenvolvimento dos planos de


ensino dos docentes, observar os diários de classe,
prontuários de alunos e toda a escrituração da
secretaria para o cumprimento do calendário escolar
e o atendimento às solicitações da delegacia de
ensino.

- No que diz respeito à supervisão ao nível


pedagógico, Martins (1999) aponta que o director da
escola deve acompanhar a acção pedagógica dos
docentes relativamente ao seguinte:

- Metodologias utilizadas, relacionamento professor -


aluno e processo de avaliação.

O Adjunto-Pedagógico pode ajudar o Director da Escola


nestas tarefas.

Sumário

Nesta lição você estudou que liderança é a capacidade


que um indivíduo tem de influenciar os membros do
grupo com vista a atingir objectivos específicos. Você
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 97

também aprendeu que para ser um líder eficaz é


necessário possuir um leque de características, dentre
elas: ter autoconfiança, inspirar confiança nos outros,
desenvolver bom trabalho de equipa, ter coragem e força
de vontade, saber repreender, possuir uma mente flexível,
ter conhecimentos, ética e integridade.

Tendo acabado de estudar “Liderança”, agora vamos ver


o que você aprendeu nesta lição. Queremos que você
responda às seguintes questões:
Actividade
1. Diga o que é liderança e aponte quatro
características de um líder eficaz.

2. Descreva como o director de escola deve proceder


como líder.

Respostas:

1. Liderança é um processo através do qual um


indivíduo influencia outros membros do grupo,
tendo em vista o alcance de metas organizacionais.
Veja o ponto 5.2. “Características de um Líder
Eficaz” , e escolha apenas quatro características.

O director de escola como líder deve liderar e não


comandar. Ele também deve delegar funções aos
outros. Veja o ponto 5.3. “O Director da Escola como
Líder” , para ajudá-lo na resposta.
98 Visão geral

Lição No 2

Estilos e Teorias de Liderança

Introdução
Nesta segunda lição, vamos estudar os mais conhecidos
estilos e teorias de liderança.

A lição terá a duração de 2 horas e 45 minutos.


Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Identificar e criticar os estilos de liderança;

Objectivos  Descrever as teorias de liderança; e


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 99

 Reconhecer o papel da liderança colaborativa para


promover a mudança social.

Estilos de liderança, Teorias de liderança.

Terminologia

5.4. Estilos de Liderança

Reflicta e compare os estilos de liderança de dois


directores que você conhece.

Segundo Megginson et al. (1998), existem muitas formas


de classificar os líderes ou estilos de liderança, sendo dois
estilos os mais importantes, nomeadamente:

1. Classificação segundo a abordagem usada; e

2. Classificação segundo a orientação para conseguir


que o trabalho seja feito.

Primeiro vamos falar da classificação dos líderes


segundo a abordagem usada.

1. Classificação segundo a abordagem usada

Aqui, os líderes podem ser classificados como sendo


autocráticos, democráticos ou participativos e líderes de
tipo laissez-faire ou líderes da rédea solta.

a) Líder autocrático - é também chamado de


autoritário. O líder autocrático é o condutor que
define o que deve ser feito e como deve ser feito.
100 Visão geral

Este acredita que a sua opinião é sempre a mais


correcta e acredita também serem seus
subordinados pouco merecedores de confiança.
Fica nítido que a atenção principal deste líder está
voltada para as tarefas e não para as relações
humanas de seu grupo. Ele baseia seu poder
geralmente na posição (cargo) que ocupa
(Megginson et al., 1998). No caso da escola, por
exemplo, o Director que não consulte os outros
para tomar decisões respeitantes aos assuntos
escolares é um líder autocrático. Valerien e Dias
(1993), também defendem que numa situação
autocrática, o Director da escola exige obediência,
recusa qualquer discussão, determina o caminho a
seguir e toma isoladamente as decisões.

b) Líder democrático ou participativo - busca


compartilhar suas decisões e actividades com os
outros membros do grupo. Podemos dizer que ele
possui outra visão do ser humano e de si. Este
acredita que não é o dono da verdade e que todos
possuem condições de agir com autonomia e
responsabilidade. Sua atenção está voltada
principalmente para as relações interpessoais e vê
seu poder baseado na credibilidade que o grupo lhe
atribui (Megginson et al., 1998). O director de
escola que consulta os professores, o conselho de
escola e o pessoal administrativo para juntos
tomarem decisões a nível da escola é considerado
de democrático.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 101

c) Líder de tipo laissez-faire – é frouxo e permissivo


e deixa os seguidores fazerem o que querem
(Megginson et al., 1998). Pode-se pensar nesta
abordagem como a do Director que exerce um
controlo mínimo e deixa aos elementos do grupo
muita liberdade. O seu papel consiste em fornecer
informações, em ocupar-se com os problemas
administrativos e em tentar resolver as
dificuldades escolares inesperadas (Valerien e
Dias, 1993).

Você aprendeu que quanto a abordagem usada, os líderes


podem ser autocráticos, democráticos e laissez-faire. A
seguir vamos classificar os líderes segundo a orientação
para o trabalho.

2. Classificação segundo Orientação para o trabalho

Aqui, o líder pode ser os orientado para a tarefa ou para a


produção ou pode ser um líder orientado para pessoas ou
empregados.

c) Líder orientado para a tarefa ou para a


produção – este líder ou director de escola
focaliza o trabalho a ser feito, dando ênfase ao
planeamento, programação e processamento do
trabalho e exercendo controlo cerrado de qualidade
(Megginson et al., 1998).Pode-se dar como
exemplo, o director de escola que passa a vida a
controlar os prazos de entrega dos trabalhos dos
seus funcionários.
102 Visão geral

d) Líder orientado para pessoas ou empregados –


este líder ou Director de escola focaliza o bem-
estar e os sentimentos dos seus seguidores ou
membros da escola, “tem confiança em si e uma
forte necessidade de desenvolver e dar poder aos
membros do grupo” (Megginson et al., 1998). Por
exemplo, o director de escola que investe muito
tempo no relacionamento com os seus
funcionários, conversando com eles e mostrando
que se preocupa com eles.

Agora que você já conhece os estilos que os líderes


podem adoptar, a seguir iremos falar das teorias de
liderança.

5.5. Teorias de Liderança

Você conhece alguma teoria de liderança? Aponte pelo


menos duas teorias de liderança que você conhece.

Existem várias teorias de liderança, sendo as mais


conhecidas: as teoria dos traços (ou “trait theories”), as
teorias do Comportamento (ou “Behavioural Theories”) e
as teorias de Contingência-Situação (ou “Contingency
theories”).

Vamos em seguida apresentar cada uma das teorias acima


referidas. Primeiro vamos abordar a teoria dos traços.

1. A Teoria dos Traços ou “trait Theories”

A teoria dos traços procurava encontrar traços de


personalidade social, físico ou intelectual que diferenciava
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 103

os líderes daqueles que não eram líderes (Megginson e tal.,


1998; Robbins e tal., 1994).

A trait theory foi inicialmente designada de “Great man


theory” por Thomas Carlyle em 1841 quando argumentou
que todos os grandes líderes possuíam certas
características comuns ou atributos físicos. Nos 100 anos
seguintes até 1940, os cientistas procuraram uma enorme
lista de traços, atributos e características que eles
acreditavam que contribuíam para tornar uma pessoa num
bom líder (Robbins, et al., 1994). Contudo, a teoria falhou
por não encontrar traços de liderança comuns a todos os
líderes (Megginson et al., 1998; Robbin et al., 1994).

Tendo acabado de ser abordada a teoria dos traços, a


seguir vamos abordar a teoria dos comportamentos.

2. A teoria dos comportamentos ou “Behavioral


Theories”

Esta teoria argumenta que os líderes possuem certos


comportamentos que os diferenciam daqueles que não são
líderes. Estas teorias defendem que os líderes podem ser
feitos. Isto abriu possibilidades de usar as pesquisas sobre
os comportamentos dos líderes para descobrir os seus
comportamentos específicos e depois desenhar programas
que ensinem tais padrões comportamentais aos indivíduos
que se desejem tornar líderes (Robbins et al., 1994).

Assim, muitas pesquisas foram feitas para padronizar os


comportamentos dos líderes. Dentre as pesquisas
104 Visão geral

destacam-se os trabalhos de Douglas McGregor,


RensisLinkert, Robert Blake e Jane Mouton (Megginson et
al., 1998). Aqui só vamos abordar as Teorias X e Y de
Douglas McGregor.

Porém, as teorias comportamentais são inadequadas para


explicar o que significa liderança eficaz em todas as
situações (Megginson et al., 1998).

A Teorias X e Y de Douglas McGregor

Já ouviu falar da Teoria X e Y de McGregor? Se sim, em


que contexto?

Douglas McGregor defende que as estratégias de liderança


são influenciadas pelos pressupostos do líder a respeito da
natureza humana. Assim, McGregor resumiu dois
pressupostos diferentes feitos pelos administradores das
indústrias, nomeadamente: os pressupostos da Teoria X e
os pressupostos da Teoria Y.

Os pressupostos da Teoria X

Megginson et al. (1998:380), argumenta que de acordo


com os pressupostos desta teoria, os administradores
acreditam que:

1. “O ser humano comum tem aversão ao trabalho e o


evitará ao máximo”.

2. “Por causa desta característica, a maioria das


pessoas deve ser coagida, controlada, dirigida ou
ameaçada com punição para ser levada a fazer o
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 105

esforço necessário para atingir os objectivos


organizacionais”.

3. “O ser humano médio prefere ser dirigido, quer


evitar responsabilidade, tem relativamente pouca
ambição e deseja acima de tudo segurança”.

Os pressupostos da Teoria Y

Segundo Megginson et al (1998: 380), os administradores


que aceitam os pressupostos da teoria Y acreditam nas
seguintes suposições:

1. “O dispêndio de esforço físico e mental no trabalho


é tão normal como a diversão ou o descanso, e o ser
humano médio, nas condições adequadas, aprende
não só a aceitar, mas a procurar responsabilidade”.

2. “As pessoas irão exercer autodirecção e


autocontrolo para atingir os objectivos definidos”.

3. “A capacidade de usar alto grau de imaginação,


engenhosidade e criatividade na resolução dos
problemas organizaconais está amplamente
distribuída pela população, e o potencial intelectual
do ser humano só é utilizado parcialmente dentro
das condições da vida industrial moderna”.

O director de escola que apoie os pressupostos da teoria X


irá preferir um estilo autocrático, enquanto o Director de
escola que apoie os pressupostos da teoria Y preferirá um
estilo mais participativo.
106 Visão geral

O director de escola que apoie os pressupostos da teoria X


irá preferir um estilo autocrático, enquanto o Director de
escola que apoie os pressupostos da teoria Y preferirá um
estilo mais participativo.

Você acabou de estudar as teorias dos traços e dos


comportamentos. A seguir vamos abordar a Teoria de
Contingência-situação.

3. A Teorias de Contingência – Situação ou


“Contingency Theories”

Estas teorias prescrevem que o estilo de liderança a ser


usado depende de vários factores como a situação, a
pessoa, a tarefa, a organização, e outras variáveis
ambientais (Megginson et al., 1998).

Nas teorias de contingência as situações mais populares


são o contínuo de liderança de Tannenbaum e Schmidt e a
teoria de ciclo de vida de Hersey e Blanchard. Aqui
trataremos apenas do contínuo de liderança de
Tannenbaum e Schmidt.

O Contínuo de Liderança de Tannenbaum e Schmidt –


Segundo Megginson et al. (1998), o conceito baseia-se na
lei de situação de Mary Parker Follet que declara que
existem vários caminhos alternativos que os
administradores podem seguir ao lidar com pessoas. A lei
de situação de Mary Parker Follet preconiza que há vários
caminhos alternativos que os administradores devem
seguir ao lidar com pessoas, e, portanto, ao tomar decisões
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 107

de liderança os administradores devem levar em conta as


forças em si mesmos, nos subordinados e na situação.

Comentário

Embora não haja consenso entre os estudiosos a respeito


da liderança eficaz e das múltiplas variáveis que nela
intervêm, todos concordam num ponto central: sua
importância para o desenvolvimento e a sobrevivência
das empresas produtoras de bens ou serviços, sejam elas
públicas ou privadas.

A história, que é a grande mestra da humanidade, tem


demonstrado que a utilização abusiva e inadequada do
poder contextual através da coerção, autoritarismo e
distribuição de recompensas manipulativas que oprimem
e despersonalizam os seres humanos, começam a criar
reacções negativas (individuais e colectivas) em vários
sectores da sociedade, particularmente nas organizações.

A liderança empresarial precisa obter lealdade, alcançar


comprometimento e merecer respeito pois, só assim
poderá exercer actos influenciais que integrem os
indivíduos ao redor de objectivos comuns e acções
colectivas.

Sumário

Nesta lição você aprendeu que os líderes são classificados


segundo a abordagem usada e segundo a orientação para
conseguir que o trabalho seja feito. Quanto à abordagem
108 Visão geral

usada, os líderes podem ser autocráticos, democráticos e


do tipo laissez-faire. Quanto à orientação para conseguir
que o trabalho seja feito, os líderes podem ser orientados
para a tarefa ou produção e orientados para as pessoas ou
empregados. As teorias de liderança mais conhecidas são
as Teorias de Traço, Comportamentais e as de
Contingência-Situação. Na Teoria de comportamento há
que destacar as teorias X e Y de Douglas MacGregor.

A liderança ideal é algo difícil de ser definida, tendo em


vista que um estilo adoptado por um líder pode ser
extremamente eficaz em determinada situação e, num
outro momento, o mesmo estilo poderá ser totalmente
inadequado. Por exemplo, um líder de presença marcante,
de idéias definidas, o tipo conhecido como
“personalidade forte”, pode ser um agente impulsionador
para uma equipe composta de pessoas mais dependentes e
que possuem uma tarefa a ser cumprida num curto espaço
de tempo. Por outro lado, este estilo de liderança poderia
causar a desmotivação em pessoas mais maduras, que se
realizam ao efectuar suas actividades com autonomia.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 109

Tendo acabado de estudar “Teorias e Estilos de


Liderança”, vamos ver o que você aprendeu nesta lição.
Actividade
Queremos que você responda às seguintes questões:

1. Existem muitas formas de classificar os líderes ou


estilos de liderança, sendo dois estilos os mais
importantes, nomeadamente: Classificação segundo
a abordagem usada e classificação segundo a
orientação para conseguir que o trabalho seja feito.

a) Classifique os líderes segundo a abordagem


usada e orientação para conseguir que o
trabalho seja feito.

2. Faça um resumo das três teorias de liderança


estudadas nesta lição.

Respostas:

1. a) Segundo a abordagem usada, os líderes


classificam-se em: autocráticos, democráticos e
laissez-faire. Quanto à orientação para conseguir
que o trabalho seja feito, os líderes classificam-se
em Líder orientado para a tarefa ou para a produção
e Líder orientado para pessoas ou empregados.

2. Veja as três teorias estudadas nesta lição e faça o


seu resumo contendo apenas os pontos-chave de
cada teoria. Leia o ponto 5.5. “Teorias de
Liderança” .
110 Visão geral

Exercícios
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 111

1. Ao longo das suas actividades já ouviu falar de


liderança. Em poucas palavras defina o conceito de
Auto-avaliação liderança.
2. Com base na sua experiência, diga se existe uma
liderança ideal. Justifique a sua resposta.
3. Um elemento de seu corpo docente, de
personalidade forte e que se sente seu rival, reúne à
sua volta outros docentes muito activos, que lhe
criam muitas dificuldades. O que você faz? Para
responder a cada alínea, tome uma decisão pessoal
a respeito das medidas que achar convenientes e
depois indique essa decisão como Autocrática,
Democrática ou Laissez-faire.
c) Transfere-o para outra escola?
d) Desmantela a rede de professores, mudando os
seus turnos ou de classe?
4. Você convoca uma reunião de professores com o
fim de debater certos problemas da escola (por
exemplo, certas questões controversas relacionadas
com o comportamento dos alunos). A reunião
degenera em discussões e torna-se um campo de
batalha entre grupos rivais. O que você faz? Para
responder a cada alínea, tome uma decisão pessoal
a respeito das medidas que achar convenientes e
depois indique essa decisão como Autocrática,
Democrática ou Laissez-faire.
a) Dá a cada um a oportunidade de justificar suas
opiniões?
b) Põe os mais agitados fora da sala?
c) Elege uma comissão para estudar a fundo o
problema?
5. Um de seus professores persuade-o de que certas
normas da Secretaria provocaram uma onda de
descontentamento que afecta o trabalho da escola.
O que você faz? Para responder a cada alínea, tome
uma decisão pessoal a respeito das medidas que
achar convenientes e depois indique essa decisão
112 Visão geral

Respostas:

1. Liderança é a capacidade de exercer influência


sobre um indivíduo ou grupo de indivíduos nos
esforços para a realização de um objectivo em
determinada situação (Chiavenato, 1999). Veja
outros conceitos ponto 5.1. “Conceito de
Liderança” (p. 59)
2. Resposta aberta. Porém, utilize o comentário da
unidade V para ter uma idéia da resposta
aproximada.
3. a) Resposta aberta - depende da sua decisão:
se o transfere para a outra escola, a sua decisão
é autocrática; se não o transfere, a sua decisão
é laissez-faire.
b) Resposta aberta – se desmantela a rede, a sua
decisão é autocrática, se não o faz é laissez-
faire.
4. a) Resposta aberta - se sim, a sua decisão é
democrática; se não dá a oportunidade de se
justificarem, é autoritária.
b) Resposta aberta - se os põe fora, a sua
decisão é autocrática; se não os põe fora, é
laissez-faire.
c) Resposta abertas – se elege uma comissão
para estudar o caso, a sua decisão é
democrata; se não o faz, é autoritária ou
laissez-faire.
5. a) Resposta aberta – se aconselha, a sua decisão é
democrática; se não o faz, é laissez-faire.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 113

b) Resposta aberta – se sim, a sua decisão seria


democrática; se não, seria laissez-faire.

MARTINS, J. Administração escolar: Uma abordagem


critica do processo administrativo em educação. 2ª
Edição. São Paulo: Editora ATLAS S.A, 1999.
Leitura
MEGGINSON, et al. Administração: Conceitos e
Aplicações. 4ª Edição. São Paulo, Editora Harbra.,
1998.

ROBBINS, et al. Leadership in Organisational


behaviour: Concepts, Controversies and applications.
Sydney: Prentice Hall, 1994.

VALERIEN, J, e DIAS, J. A. Gestão da Escola


Fundamental. 4ª Edição. São Paulo, Editora Cortez,
1993.
114 Visão geral

Unidade VI

Comunicação em Administração

Introdução
Após termos estudado as teorias e estilos de liderança,
nesta unidade vamos abordar o tema Comunicação em
Administração.

Esta unidade terá 2 lições. A duração das duas lições será


de 5 horas e 30 minutos.

Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Reter a importância da comunicação para proporcionar


Objectivos gerais um bom ambiente de trabalho e relações humanas na
organização escolar.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 115

Lição 1

O Processo da Comunicação

Introdução
Nesta lição você vai estudar o processo da comunicação.

A lição terá a duração de 2 horas e 45 minutos.

Ao completar a lição, você será capaz de:

 Definir Comunicação; e
Objectivos
 Descrever como se processa a comunicação.

Comunicação, processo de comunicação, vias de


comunicação formal e informal, eficácia da comunicação.

Terminologia

6.1. Conceito de Comunicação

O que é Comunicação?

Megginson et al., (1998, p.320), define comunicação como


o “processo de transferir significado de uma pessoa para a
outra na forma de idéias ou informação. Usa a cadeia de
compreensão que liga os membros de várias unidades de
uma organização em níveis e áreas diferentes.” Por
exemplo, quando X transmite uma informação a Y ele/ela
está a se comunicar.
116 Visão geral

Numa escola, a comunicação pode incluir, de entre outros


actos, dar informação acerca das actividades,
acontecimentos, tarefas que afectam os alunos, professores
ou funcionários administrativos, troca de opiniões e ideias,
etc. (Secretariado da Commonwealth, 1993).

Você já sabe o que é comunicação. Agora interessa-nos


saber como é que ela se processa. Páre e pense um pouco
sobre o processo de comunicação. Elabore uma lista
contendo os elementos que fazem parte do processo de
comunicação. Não veja o ponto 6.2. “O Processo de
Comunicação”, antes de responder a questão.

6.2. O Processo de Comunicação

O processo de comunicação, segundo Megginson et al.,


(1998), pode ser resumido conforme ilustrado no quadro
abaixo:

O emissor e o receptor representam as partes envolvidas


na comunicação (quem emite e quem recebe a
mensagem).  

Outros dois elementos - a mensagem e o meio -


representam as principais ferramentas de comunicação: o
que se diz e de que forma o receptor tem acesso à
informação. 

Codificação, decodificação, reposta e feedback são os


elementos que dizem respeito ao processo de
comunicação em si. E o último elemento – ruído –
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 117

corresponde a todos os factores que possam interferir na


mensagem que se pretende transmitir. 

A seguir vamos discutir mais profundamente os


principais elementos desta cadeia: 

Emissor / Receptor 

O emissor é a pessoa (ou organização) que quer


comunicar algo, quem emite a mensagem. 

O emissor precisa saber que público quer atingir e que


reacções pretende gerar neste público. Desta forma, o
primeiro passo para desenvolvermos um sistema de
comunicação eficiente é eleger o público para o qual esta
comunicação será dirigida, ou seja, quem é o receptor. 

Peguemos como exemplo os conselheiros da organização.


Podemos pensar em nos comunicar com eles várias vezes
ao longo de um ano, com vários objectivos diferentes: 

  Divulgar a nova campanha de arrecadação de


fundos para a escola;

  Convidar pais para participarem num evento na


escola;

 Solicitar auxílio para a venda de convites para este


mesmo evento;

 Agradecer por terem doado recursos para a


organização;
118 Visão geral

 Pedir que indiquem pessoas ou empresas para


quem podemos fazer uma solicitação; e

 Entre tantos outros objectivos. 

Se pensarmos que isso pode se repetir para cada um dos


inúmeros grupos de pessoas com os quais temos contacto,
logo perceberemos que o sistema de comunicação de uma
organização é bastante complexo e precisa de ser
planeado com atenção e antecedência. 

Definir a quem vai ser destinada a comunicação e qual a


reação que esperamos desencadear neste público irá
interferir directamente no processo de codificação da
mensagem. 

Codificação / Decodificação 

Toda a simbologia utilizada durante o processo de


comunicação precisa ser estudada criteriosamente. Parte
da informação que será recebida pelo receptor está
relacionada à forma como o texto é redigido, às fotos e
figuras utilizadas na comunicação, à música usada em
uma propaganda e a outros códigos. 

A escolha dos “códigos” mais adequados para cada


público e para cada reacção que se deseja gerar é de
fundamental importância para o sucesso da comunicação. 

Segundo (Megginson et al, 1998), para que uma


mensagem seja efectiva, o processo de decodificação
(entendimento dos códigos utilizados) precisa ser
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 119

coerente com as experiências passadas do receptor e com


as suas expectativas. 

As pessoas são bombardeadas com cerca de 1.600


mensagens comerciais por dia, dentre as quais 80 são
percebidas conscientemente e apenas 12 provocam
alguma reacção. É o que chamamos de atenção selectiva. 

Outro problema da comunicação é o que chamamos de


retenção selectiva: as pessoas guardam na memória
apenas uma pequena fracção das mensagens que chegam
até elas. 

O grande desafio, então, é chamar a atenção das pessoas


que nos interessam, garantir que a nossa mensagem seja
uma das poucas das quais esta pessoa se irá lembrar e
ainda conseguir provocar nesta pessoa uma reacção que
corresponda ao nosso desejo. 

Não é um processo fácil! 

O nível de interesse que o receptor tem pelo assunto,


obviamente, irá afectar a sua percepção e a retenção da
mensagem. O índice de lembrança entre o público que se
interessa por um determinado assunto será, sem dúvida,
maior do que o que podemos conseguir entre pessoas que
desconhecem um determinado tema ou não têm especial
interesse por ele. 

Desta forma, escolher para quem comunicar (receptor),


como comunicar (mensagem e codificação) e, finalmente,
120 Visão geral

como conseguir ter acesso a esta pessoa (mídia) são


decisões chave no processo de comunicação. 

Mensagem 

O que vamos dizer, que informações queremos transmitir


às pessoas. E, indo um pouco além, que imagem
queremos que tenham da nossa organização? Que
reacções queremos que tenham? Que atitudes esperamos
que tomem? 

A forma como codificamos a mensagem pode influir


muito no resultado da comunicação (resposta ou
feedback). A compreensão da mensagem pode ficar
prejudicada se ela não levar em conta todo o sistema de
crenças e valores do receptor. É o que chamamos de
distorção selectiva.  

Os receptores vão ouvir apenas o que se ajusta às suas


expectativas e às suas crenças. Eles podem “alterar” a
mensagem durante o processo de decodificação,
ignorando informações importantes que não estão de
acordo com o seu sistema de crenças e/ou “acrescentar”
informações que possuem de outras fontes e que também
alteram o conteúdo da mensagem que queríamos
transmitir. 

Quanto mais simples, clara e directa for a mensagem,


maior a probabilidade de que o receptor a compreenda
correctamente, sem distorcer a informação recebida. 

Mídia 
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 121

Os meios de comunicação devem ser escolhidos de


acordo com as características do público que se deseja
atingir. Além disso, cada meio de comunicação tem
características próprias, desempenhando um papel
diferente no processo de comunicação. 

Quando desenvolvemos um plano de comunicação,


devemos ter em mente que uma mesma pessoa poderá
receber o impacto de vários mídias diferentes e que o
processo de comunicação com esta pessoa será o
somatório de todos estes impactos.  

Tomemos, por exemplo, uma pessoa que recebeu um


convite directo de sua organização para participar num
evento a favor de uma causa. Ela pode até ter tido
simpatia pela causa, mas não tomou nenhuma atitude.
Alguns dias depois, ela vê uma publicidade na TV desta
mesma organização, buscando novos associados. Mais
uma vez, percebe conscientemente os esforços que estão
sendo feitos, mas não reage. Se alguns dias depois
receber um convite de um amigo para ir a um evento, é
muito provável que desta vez a reacção apareça. 

Isso significa que, muitas vezes, é preciso que a pessoa


seja abordada várias vezes, em momentos diferentes, por
meios diferentes, antes que tome uma atitude em relação
à sua organização. A reacção que desejamos pode ser o
resultado disso tudo e não de um evento isolado. 
122 Visão geral

Muitas vezes, perdemos os estímulos devido aos


resultados negativos iniciais, mas é preciso sermos
persistentes e acreditar no plano que foi formulado. 

É claro que não devemos deixar de realizar os ajustes que


forem necessários para melhorar os resultados de cada
acção isolada, mas não podemos perder de vista que,
muitas vezes, são necessários vários estímulos para que
uma pessoa tenha a reação que queremos. 

Como qualquer investimento, a comunicação tem um


tempo de maturação e os resultados podem demorar um
pouco a aparecer (Megginson et al., 1998). 

Sumário

Nesta lição você estudou que a comunicação é um


processo de troca de informação ou ideias de uma pessoa
para a outra. Você aprendeu ainda como se processa a
comunicação. Para que a comunicação se processe, são
necessários os seguintes elementos: emissor, receptor,
mensagem, entre outros.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 123

Tendo acabado de estudar o “O Processo de


Comunicação”, agora vamos ver o que você aprendeu
Actividade
nesta lição. Queremos que você faça um breve resumo
sobre o que acabou de aprender. No seu resumo, defina
comunicação e descreva como esta se processa.
124 Visão geral

Lição 2

Vias de Comunicação Formal e Informal

Introdução
Na primeira lição desta unidade, você aprendeu a definir a
comunicação e a descrever como se efectua o processo
comunicativo. Nesta lição você vai estudar as vias de
comunicação formal e informal presentes em qualquer
organização.

A lição terá a duração de 2 horas e 45 minutos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Descrever as vias de comunicação formal e informal e


Objectivos o papel de comunicação informal; e
 Fazer uso dos meios para aumentar a eficácia da
comunicação.

Vias de comunicação formal e informal; eficácia da


comunicação.

Terminologia

6.3. Vias de Comunicação nas Organizações


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 125

Que vias de comunicação você utiliza para se comunicar


na sua escola? Pense nesse aspecto antes de avançar.

Em todas as organizações existem vias de comunicação


formais e informais. A seguir vamos abordar com mais
detalhe as vias de comunicação formais e informais.

6.3.1. Vias de comunicação formal

As vias de comunicação formal são, segundo Megginson


et al., (1998), os caminhos prescritos pela organização
através dos quais o fluxo de mensagens se processa. Para
o mesmo autor, as três vias básicas são a descendente,
ascendente e a lateral ou horizontal.

Comunicação descendente – é aquela que segue a via de


comando formal da organização do alto nível até ao nível
mais baixo. Normalmente, tende a seguir e a reflectir a
relação autoridade - responsabilidade expressa no
organograma, através de afixação de avisos e
comunicados; jornal da empresa; panfletos e
“handbooks”; relatório anual, etc. (Megginson et al.,
1998).Por exemplo, um comunicado dando a conhecer
aos funcionários da escola, a nomeação de um novo
chefe da Secretaria.

Comunicação ascendente – é aquela que reflecte o


feedback de dados ou informações dos níveis mais baixos
para os mais altos da administração. Eles incluem
relatórios de desempenho, indicando resultados,
progresso ou problemas; pedidos de ajuda, de informação
ou de recursos; expressão de atitudes, sentimentos e
126 Visão geral

queixas que influenciam o desempenho directa ou


indirectamente; e, ideias e sugestões para a melhoria e
resolução de problemas. Exemplos: Sistema de sugestões
e caixa de sugestões; questionários; processo de
reclamação; e reuniões especiais (Megginson et al.,
1998). Por exemplo, o relatório elaborado por um
professor sobre o desempenho dos estudantes na sua
disciplina.

Comunicação lateral ou horizontal – esta comunicação


é essencialmente usada para coordenação e envolve
colegas do mesmo grupo de trabalho e departamentos de
mesmo nível. Por exemplo, esta comunicação pode
ocorrer na escola, quando os professores de História e
Geografia trocam experiências acerca das aulas e outros
assuntos.

6.3.2. Via de Comunicação Informal e seus Papéis ou


Finalidades

Segundo Megginson et al. (1998), a comunicação


informal é aquela que foge dos canais formais da
organização.

A comunicação informal tem várias finalidades e, na


óptica de óptica de Megginson et al. (1998), tais
finalidades incluem:
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 127

1. “Satisfazer as necessidades pessoais, como a de


interagir com os outros”;

2. “Contrabalançar os efeitos do tédio ou da monotonia”;

3. “Tentar influenciar o comportamento dos outros”; e

4. “Ser uma fonte de informação relacionada ao trabalho,


que não está disponível pelos canais formais.”

O tipo de comunicação informal mais conhecido é o


boato. Um boato se for bem compreendido e usado, pode
ajudar a administração a atingir as suas metas.

Nota: Os gestores (incluindo os directores das escolas)


não devem menosprezar este tipo de comunicação e nem
tentar eliminá-lo visto que é quase impossível. Desta
forma, aconselha-se que os mesmos tirem o máximo
proveito disso para as suas actividades na organização.
Por exemplo, a partir da comunicação informal, o gestor
pode identificar as preocupações, os interesses, assuntos
relevantes, etc. dos seus colaboradores (Megginson, et al.,
1998).

Agora que já conhece as vias de comunicação presentes


nas organizações, quais seriam os meios para aumentar a
eficácia da mesma?

6.4. Meios para Aumentar a Eficácia da Comunicação.

Megginson et al. (1998), apontam as seguintes medidas


para aumentar a eficácia da comunicação:
128 Visão geral

- Ter consciência da necessidade da comunicação


eficaz;

- Criar um ambiente que estimule o “feedback”; e

- Ser um ouvinte mais eficaz.

Você costuma utilizar os meios acima apontados para


aumentar a eficácia da comunicação com os seus colegas
na escola?

Sumário

Nesta lição você estudou as vias de comunicação


presentes nas organizações. As vias de comunicação
presentes nas organizações podem ser formais
(descendentes, ascendentes e horizontais) e informais
(por exemplo o boato). Para aumentar a eficácia da
comunicação é necessário ter consciência da necessidade
de uma comunicação eficaz, criar um ambiente que
estimule “feedback” e ser um ouvinte eficaz.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 129

Tendo acabado de estudar as “Vias de Comunicação


Formal e Informal nas Organizações”, vamos ver o que
Actividade
você aprendeu nesta lição. Queremos que você responda
às seguintes questões:

1. Diga e descreva cada uma das vias de comunicação


formais presentes na organização.

2. Defina vias de comunicação informais e diga quais são


as suas finalidades.

3. Aponte as medidas para aumentar a eficácia da


comunicação.

Respostas:

1. As vias de comunicação formal são: ascendentes,


descendentes e laterais. Veja o ponto 6.3.1. “Vias de
comunicação formal”(p. 84) para ajudá-lo na
descrição de cada via de comunicação formal.

2. A comunicação informal é aquela que foge dos


canais formais da organização. Ela tem várias
finalidades. Veja as suas finalidades segundo
Megginson et al. (1998). A matéria está no ponto
6.3.2. Via de Comunicação Informal e seus Papéis
ou Finalidades (p.84).

3. Megginson et al. (1998), apresentam três medidas para


aumentar a eficácia da comunicação. Veja o ponto
6.4. “Meios para Aumentar a Eficácia da
Comunicação” (p.85).
130 Visão geral
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 131

1. Apresente os meios de comunicação


informais presentes na sua organização.
2. Existe o boato na sua escola? Ele contr
Auto-avaliação
gestão efectiva e eficiente da sua escola o
a gestão da mesma?
3. o Dr. Mário viu um anúncio num distrito
solicitavam candidatos para directores
Parte dos requisitos exigidos para o po
abaixo. O que você pensa que isto ter
professor acerca do trabalho e das
requeridas?
Anúncio:
Professor experiente, com formação p
docente, com 10 anos de experiência, dois
como responsável de um órgão de direcçã
escola ou como Adjunto do Director.
Requisitos:
- Capaz de se comunicar eficazment
trabalhadores de diversos níveis da ad
da escola;
- Deve possuir muita experiência e/ou fo
apresentação oral e escrita com co
habilidades de escrita;
- Capaz de preparar relatórios escolares
propostas de melhoramento, de neg
vender novas idéias;
- Capaz de cultivar e manter boas r
trabalho com professores, alunos, pais
da educação e com o público;
- Capaz de organizar encontros de aná
132 Visão geral

Respostas:
1. Para responder a esta pergunta veja o ponto
6.3 “Vias de Comunicação nas
Organizações” (p. 80).
2. O Boato existe em todas as organizações.
Dependendo da situação ele pode ser
positivo ou negativo.
3. A lição a tirar deste estudo de caso é a
importância do director ter boas técnicas de
comunicação. De facto, as habilidades de
comunicação podem ser consideradas como
essenciais para o desenvolvimento
profissional.
4. Exemplo de Convocatória

Convocatória

Convocam-se a todos os membros do conselho


da escola para participarem numa reunião a ter
lugar no dia______ de _____ de ______ pelas
___ horas, na sala ______ da
Escola Primária ______________, com a
seguinte agenda de trabalho:
1. Análise e aprovação do plano anual do
regulamento interno da escola; e
2. Diversos.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 133

Local, aos _____ de _______ de


__________.

O Presidente do Conselho de Escola

MEGGINSON, et al. Administração: Conceitos e


Aplicaçoes. 4ª Edição. São Paulo, Editora Harbra, 1998.

Leitura
134 Visão geral

Unidade VII

Gestão de Conflitos

Introdução
Toda a história da humanidade foi e é marcada por uma
série de conflitos: políticos, económicos, sociais,
religiosos, etc. O conflito é uma realidade sempre
presente nas relações humanas e nas relações de trabalho.
Os conflitos originam-se na diversidade de pontos de
vista entre pessoas, na pluralidade de interesses,
necessidades e expectativas, na diferença entre as formas
de agir e de pensar de cada um dos envolvidos.

Os espaços onde ocorrem maior número de conflitos


entre pessoas, são os ambientes de convivência diária.
Mas para iniciarmos um tema e abordagem tão delicado
como este, em primeiro lugar, há que compreender o
conceito de conflito.

A unidade tem 2 lições. A duração das duas lições desta


unidade será de 5 horas e 30 minutos.
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:

Ao completer esta unidade, você será capaz de :


 conhecer os aspectos básicos relacionados com a
Objectivos gerais gestão de conflitos.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 135

Lição 1

Conflitos nas Organizações

Introdução
Nesta lição você vai estudar o conflito nas organizações.
A lição terá a duração de 2 horas e 45 minutos.
Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Analisar o conflito nas organizações em geral, e na


Objectivos organização escolar, em particular;
específicos
 Identificar e descrever as causas antecedentes e
desencadeantes do conflito; e
 Analisar alguns tipos de conflitos que ocorrem na
organização escolar.

Conflito, tipos de conflito.

Terminologia

7.1. Conceito de Conflito


O que é um conflito?

Conflito é um desacordo aberto entre duas pessoas ou


grupos de pessoas que têm valores e objectivos
diferentes.
136 Visão geral

Por outras palavras, o conflito é um processo no qual um


esforço é propositadamente feito por A para destruir o
esforço de B, com recurso a qualquer forma de bloqueio,
e resulta na frustração de B, no que diz respeito à
prossecução das suas metas e ao desenvolvimento dos
seus interesses.

Certamente que você já presenciou algum tipo de


conflito. Quais foram as causas do mesmo?

7.2. Causas Antecedentes e Desencadeantes do


Conflito

De acordo com Chiavenato (1994), existem basicamente


três condições antecedentes dos conflitos:

1. Diferenciação de grupos ou de actividades - O


crescimento da empresa leva a que cada grupo se
especialize cada vez mais na busca da eficiência. Nesta
especialização, cada grupo realiza tarefas diferentes,
relaciona-se com diferentes partes do ambiente e começa
desenvolver maneiras diferentes de pensar e agir: tem sua
própria linguagem, modo de trabalhar em equipe e
objectivos a atingir. Surge deste modo a diferenciação,
que se caracteriza pela existência de objectivos e
interesses diferentes dos demais grupos na empresa.

2. Recursos compartilhados – Os recursos empresariais


(salários, espaço, máquinas, equipamentos, etc.) são
geralmente escassos ou limitados. Se um grupo pretende
aumentar a quantidade de seus recursos, um outro grupo
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 137

terá de perdê-los, ou abrir mão de uma parcela dos seus.


Isso contribui para a percepção de que alguns grupos têm
objectivos e interesses diferentes e talvez incompatíveis.

3. Actividades interdependentes – Isto surge quando um


grupo, para desempenhar as suas actividades depende de
outro grupo. Todos os grupos duma organização são
interdependentes de alguma maneira, mesmo que
levemente. Neste contexto, surgem as oportunidades para
que um grupo auxilie ou prejudique o trabalho dos
demais.

Uma vez analisadas as três condições antecedentes dos


conflitos importa referir que o conflito só surge quando
há percepção da incompatibilidade de objectivos e da
oportunidade de interferência nas acções por uma das
partes e esta passa a desenvolver sentimentos de conflito
com relação a outra parte e se engaja em comportamento
de conflito. A acção de uma das partes conduz a reacção
da outra.

Então, que tipos de conflitos poderiam ocorrer numa


organização escolar?

7.3. Tipos de Conflitos na Escola

Os tipos de conflitos mais frequentes nas escolas, assim

como noutras organizações, são:

1. Conflito da personalidade ou intra-pessoal


138 Visão geral

De acordo com Guetzels e Guba (1958, pp.150-165), a


personalidade é definida como uma organização
dinâmica, dentro do indivíduo, das disposições
necessárias que possam governar as suas reacções perante
o meio ambiente.

Este tipo de conflito ocorre:

 Quando o ambiente é percebido pelo indivíduo de


forma a trazer disposições inadequadas para a sua
orientação perante factos objectivos.
 Isto acontece com professores jovens e
principiantes que encaram dificuldades de
reconciliar a crença pessoal de que os estudantes
terão de atingir níveis elevados de desempenho e
manter com eles relações amistosas,
principalmente fora da sala de aulas.
 Acontece também com um director que precisa de
reprimir professores com um desempenho
insatisfatório e manter com eles relações amistosas.
 Quando um gestor tiver que tomar uma decisão que
implica escolhas entre valores pois é necessário ir-
se ao "melhor".
 Justificar perante um professor de educação física,
ou de música, ou ainda de actividades laborais o
uso de suas horas lectivas na recuperação dos
alunos numa disciplina básica.

2. Conflito interpessoal
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 139

É o tipo mais comum e mais visível devido ao facto das


permutações e combinações de potenciais conflitos
envolvendo professores, estudantes, administradores e
pais, serem muitas.

Envolvendo estudantes, estes conflitos chegam a ser


banais por se tratar de pequenas disputas ou simples
insultos entre adolescentes. Outros conflitos podem ter
uma longa história e envolverem diferenças fundamentais
sobre prioridades, actividades a desenvolver ou diferentes
associações dentro da escola.

Este conflito pode derivar de fora da escola, o que poderá


levar o director da escola a ficar desapontado, por
exemplo, ao descobrir que não há colaboração entre dois
professores por terem tido rivalidades de vária ordem fora
da escola.

3. Conflito indivíduo/instituição

Segundo Guetzels e Guba (1957, pp.423-41), estes


conflitos surgem como resultado da interacção entre o
indivíduo e a instituição, tendo em conta os papéis, as
expectativas e as regras estabelecidas dentro do sistema
social.

Este conflito pode também ter como base as diferenças


nas orientações individuais e profissionais, o que pode ser
visto quando há tentativa legítima do director lutar para
fazer valer as leis ou regulamentos, e os demais actores
140 Visão geral

da escola entenderem tratar-se de standartização


desnecessária.

4. Conflito intra-organizacional

Surgem entre vários grupos dentro da escola ou do


sistema escolar, envolvendo membros de um determinado
grupo formal, como uma secção ou um departamento.

Pode ocorrer também entre duas ou mais unidades


(departamentos, repartições) como resultado de esforços
desenvolvidos por cada uma delas para fazer o melhor
possível, ou quando as actividades de uma dependerem
das acções doutra.

5. Conflito Escola/Comunidade

Surgem normalmente quando a comunidade não concorda


com certo tipo de educação ou valores veiculados pela
escola, como por exemplo: educação sexual,
desagregação, direitos dos estudantes e outros.

Este tipo de conflito normalmente envolve os


funcionários da educação, que querendo defender as suas
acções ou políticas novas, se confrontam com as
comunidades.

Depois de analisados alguns tipos de conflitos, vejamos à


título exemplificativo principais técnicas para gerir
conflitos.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 141

Sumário

Nesta lição você acabou de estudar que o conflito ocorre quando duas
pessoas ou grupos entram em desacordo por terem valores e objectivos
diferentes. Os tipos de conflitos comuns nas escolas são: conflito de
personalidade/intrapessoal, conflito interpessoal, conflito indivíduo/
instituição, conflito intra-organizacional, e conflito escola comunidade.
142 Visão geral

Tendo acabado de estudar “O Conflito nas


Organizações”, vamos ver o que você aprendeu nesta
Actividade
lição. Queremos que você responda as seguintes questões:

1. Diga o que é conflito e quais são as causas


antecedentes e a desencadeantes dos mesmos?

2. Aponte os tipos de conflitos mais frequentes na


organização escolar.

Respostas:

1. Conflito é um desacordo aberto entre duas pessoas


ou grupos de pessoas que tem valores e objectivos
diferentes. As causas antecedentes e
desencadeantes do conflito são: diferenciação de
grupos ou de actividades, recursos compartilhados,
actividades interdependentes.

2. Os tipos de conflitos mais frequentes na


organização escolar são: conflito da personalidade
ou intra-pessoal, conflito interpessoal, conflito
indivíduo/instituição, conflito intra-organizacional,
conflito escola/comunidade.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 143

Lição 2

Técnicas para Gerir Conflitos

Introdução
Depois de ter aprendido o conceito de conflito e as causas
que o desencadeam, agora você vai estudar as técnicas de
gestão de conflitos.

A lição terá a duração de 2 horas e 45 minutos.


Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Aplicar as principais técnicas para gerir conflitos; e


Objectivos
específicos  Descrever a utilidade do conflito nas organizações.

Técnicas de gestão de conflito, valor do conflito

Terminologia

7. 4. Principais Técnicas para Gerir Conflitos


144 Visão geral

O que você faz para gerir conflitos? Utiliza alguma

técnica para gerir conflitos quando está perante algum?

Segundo Robbins & Coulter (1998, p. 399), para gerir

conflitos, o gestor deve, essencialmente: ter cuidado ao

seleccionar o conflito a gerir, avaliar as partes em disputa,

compreender a causa do conflito e estar atento às opções.

1. Ter cuidado ao seleccionar o conflito que se pretende

gerir – este passo parte do pressuposto que nem todo

conflito justifica a atenção do gestor ou administrador;

uns porque não valem a pena e outros porque, logo a

partida se percebe que é impossível administrá-los.

Apesar de aparentar cobardia, para alguns conflitos,

evitar é a resposta mais apropriada. Ex: antagonismos

profundamente enraizados, quando uma ou ambas as

partes desejam prolongar o conflito, ou quando as

emoções estão muito altas.

O bom administrador não é o que pode resolver todos

os conflitos de maneira eficaz, pois alguns não valem a

pena, outros estão fora de sua área de influência,

outros ainda são funcionais.


Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 145

2. Avaliar os lados em conflito - Para gerir um conflito é

importante que se conheçam os dois lados

conflituantes, conhecer os interesses representados de

cada lado, saber quais são os valores, personalidade,

sentimentos e recursos de cada.

3. Localizar a origem do conflito - A resolução de um

conflito é determinada, em grande parte, pelo

conhecimento das suas causas.

4. Conhecer as opções - Existem opções básicas de


resolução de conflitos. Cada uma tem suas vantagens e
desvantagens e nenhuma opção é ideal para todas as
situações.

Agora que você já conhece as técnicas para gerir


conflitos, a seguir você vai aprender o valor que os
conflitos tem para as organizações.

7.5. O Valor do Conflito

Existem três visões no que dizem respeito ao valor do


conflito numa organização:

A visão tradicional, a das Relações humanas e a


Interaccionista.

A visão tradicional (desde a Revolução Industrial até


aos anos 1940)
146 Visão geral

Os conflitos são resultado de falhas na comunicação, falta


de abertura e confiança entre as pessoas e um fracasso
dos administradores em atender às necessidades e
aspirações dos funcionários. Esta visão defende que todo
o conflito é maléfico, portanto dever-se-ia evitá-lo. Uma
vez que o conflito deve ser evitado, deve-se prestar
atenção naquilo que o gera e corrigir o mau
funcionamento para melhorar o desempenho do grupo e
da organização.

Visão das Relações Humanas (1940-1970)

A visão das relações Humanas defende que o Conflito é


algo natural que ocorre nos grupos e nas organizações,
sendo portanto, algo inevitável. Sendo inevitável não só
deve ser aceite, como também deve ser racionalizado. Ele
não pode ser eliminado pois, em alguns casos, é benéfico
para o desempenho do grupo.

Visão Interaccionista

A visão Interaccionista encoraja o conflito por acreditar


que um grupo harmonioso, pacífico, tranquilo e
cooperativo facilmente se torna estático, apático e não
responde às necessidades de mudança e inovação. Esta
visão encoraja os líderes a manter um nível mínimo de
constante conflito no grupo para mantê-lo viável,
autocrático e criativo.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 147

Sumário

O conflito soluciona-se pela negociação. Negociar é a


arte de compreender a pluralidade de opiniões e encontrar
soluções de maneira a que todos saiam ganhando. Em
sala de aula, os conflitos são inerentes à própria natureza
das actividades e, principalmente da convivência diária.
A escola é uma organização social. Conflitos sempre
geram tensão que precisam ser administradas. Situações
de conflito trazem sempre uma mensagem que nem
sempre é decodificada, por isso, os professores, devemos
tentar ler nas entrelinhas. A Gestão de conflitos refere-se
ao gerenciamento de problemas disciplinares e
comportamentais e das relações intra e interpessoais. A
Gestão de conflitos refere-se ao gerenciamento de
problemas disciplinares e comportamentais e das relações
intra e interpessoais.

A gestão do conflito em sala de aula deve ter sempre


valor educativo. O professor-gestor do conflito deve
aproveitar o momento para trabalhar a percepção de
direitos e deveres e também do limite – “o meu espaço
termina quando começa o do outro”. E é importante que o
estudante receba em sua formação a noção de respeito ao
outro, às opiniões do outro, de saber ouvir, de tolerar e
saber como aplicar esses conceitos no dia-a-dia para seu
crescimento como ser integral. A escola é o lugar onde
devemos aprender a tomar decisões conjuntas, a formar
regras, analisar e entender a cultura. Educação é saber
conviver.
148 Visão geral

Isso não quer dizer que é importante tentarmos excluir os


conflitos. Os conflitos fazem parte da vida. Devemos sim,
tirar proveito e transformá-los em ricos momentos de
aprendizagem.
Existem conteúdos que não podem ser teorizados em sala
de aula. Por exemplo: afectividade, solidariedade e
sensibilidade. Esses conceitos devem e tem de ser vividos
e presenciados. O crescimento sadio deve ser baseado na
racionalidade e na afectividade, em igual valor: crie um
ambiente instigante; incite os alunos a discutir ou avaliar
o que estão aprendendo; promova acções que tornam o
aluno solidário.

Tendo acabado de estudar as “Técnicas para Gerir


Conflitos”, agora vamos ver o que você aprendeu nesta
lição. Queremos que você faça um breve resumo sobre o
Actividade
que acabou de aprender. No seu resumo você deve
descrever as principais técnicas para gerir conflitos e
também deve explicar o valor de conflitos para as
organizações segundo as três visões estudadas nesta lição.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 149

Exercícios
1. Identifique uma situação de conflito com a qual esteja
familiarizado.
Auto-avaliação
2. Faça uma lista das situações conflituosas com que
você teve de lidar nos últimos 2 meses.

3. Que valor tem o conflito para a sua organização ou


escola?

4. Uma mãe informou ao director da escola que a sua


filha está grávida e que um dos professores da sua
escola é o suspeito de ser o responsável pela gravidez.

a) Você como director, como iria resolver este


problema?

b) Expulsaria o professor ou não?

Respostas:
150 Visão geral

1. Resposta aberta - por exemplo, pode ser


conflito entre alunos no dia-a-dia.
2. Resposta aberta - enumere as situações de
conflitos com que você teve que lidar nos
últimos meses.
3. O conflito é importante. Para ajudá-lo na
resposta, veja se a sua escola adoptou uma
das três visões sobre o valor do conflito,
nomeadamente, a tradicional, das relações
humanas e interaccionista. Veja o ponto 7.5.
“ O Valor do Conflito” (p. 92).
4. As respostas a) e b) a este caso requerem
muitas consultas acerca dos regulamentos
relativos à disciplina escolar dos alunos e
sobre o código de conduta dos professores,
os dispositivos legais sobre a paternidade e
maternidade fora do casamento. Atenção terá
que ser dada aos papéis sociais e culturais, o
estatuto do professor, os pais, a menina
estudante e o director e a reconciliação de
diferentes percepções sobre as quais as
decisões mais apropriadas e aceitáveis a
tomar sobre o problema. Lembre-se porém
que nenhuma decisão é definitiva. Todas as
decisões estão sujeitas a uma contínua
reavaliação.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 151

CAMPBEL et al. Introduction to educational


administration. 6ª edição, USA, Charles E Merril, 1983.
Leitura
GUETZELS, J. & GUBA, E. Social behaviour and the
administrative process. School Review 65. New York,
1957.

CHIAVENATO, I. Gerenciando Pessoas. 3ª Edição. São


Paulo: Makron Books, 1994.

ROBBINNS, S. P Fundamentos do Comportamento


Organizacional. 7ª Edição. São Paulo, Prentice Hall,
2004.

ROBBINNS, S. P. e Coulter, M. Administração. 5ª


Edição. São Paulo, Prentice Hall, 1998.
152 Visão geral

Unidade VIII

Poder e Autoridade

Introdução
Nesta unidade vamos tratar sobre um tema complexo que
é o Poder e a Autoridade.

Por ser um tema muito vasto, poderemos começar


primeiro por tratar o conceito de poder, as fontes e
tipologias do poder e o uso do poder nas instituições.

O poder é um conceito considerado mais abrangente do


que autoridade. Este resulta, muitas vezes, de relações
sociais que se estabelecem entre os indivíduos e implica
trocas recíprocas. Por exemplo, um supervisor tem poder,
em parte, porque os subordinados dependem dele para
promoções e recompensas salariais; por outro lado, os
subordinados podem ter algum poder sobre o superior se
a avaliação do seu desempenho estiver ligado aos
funcionários, isto é, depende, do trabalho deles.

Esta unidade terá 2 lições que totalizam 5 horas e 30


minutos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Explorar os aspectos básicos relacionados com o poder


Objectivos gerais e a autoridade.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 153

Lição 1

Poder

Introdução
Nesta lição, você vai estudar os aspectos relacionados
com poder.

A lição terá a duração de 2 horas e 45 minutos.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definiro conceito de poder;


Objectivos
 Reconhecer a importância do poder e sua aplicação nas
instituições;
 Descrever a relação entre poder e autoridade;
 Identificar as fontes e tipologias de poder; e
 Analisar o uso de poder nas instituições.
154 Visão geral

Poder, fontes e tipologias de poder, uso de poder nas


instituições.
Terminologia

8.1. Definição de Poder

O que é poder?

O poder é a capacidade de exercer influência nos


indivíduos, grupos, acontecimentos e decisões
(Megginson et al., 1998).

A influência é evidenciada pela mudança no


comportamento de alguém em resultado das acções de
outra.

Para que a autoridade formalmente atribuída a uma


pessoa consiga exercer influência sobre outras, é
necessário que aquela pessoa tenha algum tipo de poder
(Hampton, 1992, p. 331; Teixeira, 1998, p.112).

Quais as fontes de poder que conhece? Mencione pelo


menos duas fontes de poder.

8.2. As Fontes e as Diferentes Tipologias de Poder

Segundo Jonh French e Bertram Raven, citados por


Robbins (2004), existem cinco fontes ou bases de poder:
legitimidade, recompensa, coerção, talento e referência.

Poder Coercivo – A base deste tipo de poder é o medo.


O superior tem capacidade de punir ou recomendar
sanções a outros. É o tipo de poder usado pelos gestores
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 155

quando conseguem que os seus subordinados tenham


determinado comportamento por receio de serem
castigados.

No poder coercivo, o gestor tem capacidade de atribuir


tarefas desagradáveis, realizar promoções e outras
vantagens, embaraçar ou irritar os subordinados.

Poder de recompensa – Resulta da capacidade de uma


determinada pessoa, um superior, poder recompensar os
outros. Assim, o indivíduo se submete à vontade ou
orientações de outra porque isso lhe traz algum benefício.
Por exemplo, um indivíduo que tenha controlo sob os
sistemas de retribuição (salários, bónus, atribuição de
funções desejadas pelos trabalhadores) pode usá-lo para
induzir os outros a acatarem as suas ordens ou
orientações.

Nota: O poder coercivo e o poder de recompensa


constituem os dois lados de uma mesma moeda. Quando
se pode tirar algo de valor positivo ou inflingir algo de
valor negativo a alguém, exerce-se o poder coercivo.
Quando se fornece algo de valor positivo ou se remove
algo de negativo de alguém, exerce-se o poder de
recompensa. Por exemplo, quando o director da escola
embaraça um funcionário, mostrando e criticando com
frequência os seus pontos fracos em frente dos seus
colegas de trabalho, ele está utilizando o poder coercivo,
pois estará a mostrar o valor negativo do seu funcionário.
Por outro lado, quando o director da escola atribui um
156 Visão geral

cargo ao seu funcionário por se ter destacado em alguma


actividade ele estará utilizando o poder de recompensa.

Poder Legítimo – Deriva da posição formal de


autoridade em que o indivíduo se pode encontrar dentro
da organização.

As posições de autoridade incluem tanto o poder coercivo


como o poder de recompensa. O poder legítimo, contudo,
é mais amplo que os anteriores, pois este inclui a
aceitação, pelos componentes da organização, da
autoridade inerente a um cargo. Ex: Quando um director
de uma escola, o presidente de um banco ou o capitão de
um batalhão fala (tendo em conta que seu discurso está
dentro do espectro da autoridade que é própria dos
respectivos postos) os professores, gerentes e tenentes
escutam e geralmente obedecem. Este tipo de poder é
independente da forma como o cargo é desempenhado.

Poder de referência – Resulta do facto da pessoa estar


associada a uma imagem altamente favorável, o que faz
com que os outros nela acreditem e admirem as suas
idéias. O gerente possui traços ou qualidades com os
quais os subordinados desejam se identificar. Este tipo de
poder associa-se muitas vezes aos grandes líderes, heróis
militares como resultado da admiração pelo outro e do
desejo de se parecer com ele.

Poder de talento, também conhecido por técnico ou


ainda por competência – Este tipo de poder consiste na
influência que se exerce como resultado da perícia, da
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 157

habilidade ou do conhecimento. Os gerentes cujos


subordinados os encaram como tendo conhecimentos que
podem ajudá-los a satisfazer as suas necessidades têm
poder de talento. Quando os subordinados constatam que
o seu superior possui conhecimento e habilidade que
podem contribuir para sua eficiência e seu progresso,
aumenta-se a tendência de cumprir com as ordens que
reflectem essa experiência.

Agora que você já conhece as fontes e tipologias de


poder, a seguir vai estudar o uso de poder nas instituições.

8.3. O Uso do Poder nas Instituições

No dia-a-dia, é frequente as pessoas acharem que o


conceito de poder limita-se ao poder legítimo, pois este é
normalmente associado ao poder de qualquer gestor. Mas
analisando os tipos de poder, podemos verificar que o
conceito do mesmo ultrapassa o de simples poder
legítimo. O ideal é que o poder total de um gestor seja a
soma algébrica dos diferentes tipos de poder e que ele
exerça cada um, ou conjugando alguns de acordo com as
circunstâncias (Teixeira 1998, p.114). Contudo, sabemos
que isso não é uma tarefa fácil.

Poder total = P. legítimo  P.de recompensa  P.


coercivo  P.de competência  P. de referência

Fonte: Componentes do poder total. Teixeira (1998,


p.114)
158 Visão geral

O poder que os gestores exercem com mais frequência é o


poder coercivo. Este pode existir sem que exista o poder
legítimo. Porém, é o mais perigoso e recomenda-se que
este seja usado com muito cuidado, pois de contrário não
só pode influenciar a eficácia do gestor como pode
conduzir a conflitos.

Por outro lado, o poder legítimo constitui o principal


poder de um gestor, em resultado da sua posição na
organização. Assim, aquela relação mostra como o seu
poder total pode ser aumentado ou diminuído pelo poder
de recompensar, de punir, de competência e de referência.
Por exemplo, um gestor cujo poder legítimo é reduzido
pode ter um poder total superior por causa da sua
competência na sua área de trabalho. Por outro lado, um
gestor com bastante poder legítimo pode ter um poder
total inferior por falta de conhecimento da sua função.

As diferenças de poder entre as pessoas ou grupos que


interagem no meio organizacional conduzem, por vezes, à
redução da sua eficácia. Assim, é importante que os
gestores estejam atentos a essas diferenças. Teixeira
(1998, pp.113-114), considera três causas fundamentais
que levam a essas diferenças de poder:

- A percepção da possibilidade de substituição -


quando as actividades de um indivíduo ou grupo
podem facilmente ser desempenhadas por outros,
então aquele grupo ou pessoa é considerado
substituível. Quanto menor for o grau de
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 159

possibilidade de substituição, maior é o poder do


grupo ou indivíduo, e vice-versa.

- A capacidade de lidar com a incerteza - a


capacidade de lidar com as incertezas do ambiente
é geralmente maior nos quadros ou técnicos sénior
que nos de formação inferior, e, como tal, isso dá
àqueles maior poder na organização.

- Controlo de recursos - quanto maior for o número


de pessoas e os recursos financeiros que um grupo
ou indivíduo controla, maior é o poder na
organização. Por essa razão, muitas vezes a própria
divisão dos recursos cria conflitos nas
organizações, precisamente pela idéia de poder que
lhe está subjacente.

Sumário

O poder é a capacidade de exercer influência. Com isso,


quem detém o poder muda o comportamento e as atitudes
das outras pessoas. E a influência provoca uma mudança
no comportamento ou na atitude de outra pessoa. Por
exemplo, uma pessoa que trabalha duro pode influenciar
as outras e aumentar a produtividade.

O poder e a luta por ele, que por vezes se desenvolve nas


organizações, são aspectos importantes no estudo da
gestão dessas mesmas organizações. Estudos efectuados
160 Visão geral

têm concluído que o gestor mais eficaz e eficiente tem


uma necessidade de ter e de usar o poder acima da média
das pessoas.

Tendo acabado de estudar “O Poder”, vamos ver o que


você aprendeu nesta lição. Queremos que você responda
às seguintes questões:
Actividade
1. O que é poder?

2. Enumere os tipos de poder, não se esquecendo de


apontar a fonte dos mesmos.

3. Aponte as causas fundamentais que levam à


diferença de poder.
Respostas:
1. Poder é a capacidade de exercer influência nos
indivíduos, grupos, acontecimentos e decisões. Os
tipos de poder são: Recompensa, legítimo,
coersivo, referência e competência. Veja as fontes
de cada tipo de poder no ponto 8.2. “As Fontes e
as Diferentes Tipologias de Poder” (p.101).

3. As causas fundamentais que levam a diferença de


poder são: A percepção da possibilidade de
substituição, a capacidade de lidar com a incerteza e
controlo de recursos.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 161

Lição 2

Autoridade

Introdução

Na lição anterior você estudou Poder, suas fontes,


tipologias e seu uso nas instituições. Nesta lição você vai
estudar Autoridade.

A lição terá a duração de 2 horas e 45 minutos.


Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Definir autoridade;
Objectivos
162 Visão geral

 Identificar as diferentes formas de autoridade; e


 Descrever a relação entre Autoridade e Liberdade.

Autoridade, liberdade

Terminologia

8.4.1. Conceito de Autoridade

Vimos que poder é um conceito considerado mais


abrangente do que autoridade. Este resulta, muitas vezes,
de relações sociais que se estabelecem entre os indivíduos
e implica trocas recíprocas.

Então o que seria Autoridade?

Autoridade é o direito de decidir, de dirigir outros na


execução das tarefas ou desempenho de certos deveres,
tendo em vista a prossecução dos objectivos (Megginson
et al., 1998).

Os seres humanos trabalham para satisfazer as suas


necessidades, mas nem todas as pessoas conseguem
alcançar os seus objetivos, tornando-se, assim,
insatisfeitas.

Os trabalhadores estão à procura de motivações


profissionais como: a aprendizagem em novos serviços,
fazendo com que os funcionários consigam adquirir mais
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 163

conhecimentos, novos interesses com o novo objecto de


trabalho; os métodos de trabalho.

Para que não haja desordem nas instituições, é necessário


um controle sobre os funcionários, ou seja, autoridade.

Quais seriam as formas de autoridade?

8.5. Formas de Autoridade

 Autoridade Tradicional: só fundamentada através


de tradições, onde as pessoas aceitam e por isso
obedecem;

 Autoridade Carismática: a autoridade e o poder


dão-se devido às características pessoais
carismáticas do líder, não tendo este nenhum poder
formal.

 Autoridade Burocrática: fundamenta-se nas leis e


normas escritas, orientando a vida da empresa,
como por exemplo, os funcionários aceitem as
ordens dos superiores assim como estão
determinadas nas leis e normas da empresa.

Agora que você já conhece as formas de autoridade, a


seguir você vai estudar a relação entre Autoridade e
Liberdade.

8.6. Autoridade e Liberdade

Uma organização humana, ou seja, uma Escola tem a


necessidade de ser direccionada por alguém (Director)
164 Visão geral

para influir nas actividades dos grupos com vista a atingir


as metas da Escola. Porém, neste processo, a autoridade
deve estar relacionada com a liberdade.

Isso significa que todos os indivíduos que fazem parte


deste grupo devem seguir as normas e os padrões da
Escola, onde cada indivíduo sabe qual é o seu limite,
portanto, ele se auto-policia.

Devemos ressaltar que a autoridade está correlacionada


com a liberdade e que sempre deve estar presente no
trabalho em equipe, porque as pessoas quando trabalham
em grupos, unem a capacidade intelectual de cada um,
actuando de maneira responsável, participativa e
cooperativa, a fim de afirmar suas próprias idéias com
criatividade, solucionando os problemas que afectam na
produção de bens e serviços da empresa.

Sumário

A melhor forma de autoridade é a democrática, porque


todos podem dar a sua opinião, gerando contentamento e
satisfação. Há vários factores que contribuem para a
satisfação no trabalho. Tais factores podem ser
higiênicos, que se referem às condições que rodeiam as
pessoas, englobando as condições físicas e ambientais do
trabalho; o salário; os benefícios sociais; o clima das
relações entre a direcção e os funcionários; o
reconhecimento; a responsabilidade; a promoção e
segurança. Tudo isso faz com que a Escola atinja alto
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 165

índice de produtividade, conseguindo obter um


rendimento maior, pois consegue satisfazer as
necessidades e objetivos da comunidade escolar.

A Autoridade é um tipo de poder que se baseia no


reconhecimento da legitimidade, ou na legalidade da
tentativa de exercer influência. Os indivíduos ou grupos
que tentam exercer influência são percebidos como tendo
o direito de fazê-lo dentro de limites reconhecidos, um
direito que decorre de sua posição formal numa
organização.

Tendo acabado de estudar “Autoridade”, vamos ver o que


você aprendeu nesta lição. Queremos que você responda
às seguintes questões: Diga o que é autoridade e enumere
Actividade
as formas de autoridade apresentadas nesta lição.

Respostas: Autoridade é o direito de decidir, de dirigir


outros na execução das tarefas ou desempenho de certos
deveres, tendo em vista a prossecução dos objectivos. As
formas de autoridade são: tradicional, burocrática e
carismática.
166 Visão geral

Exercícios
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 167

1. “A pessoa pode ter autoridade formal sobre alguém


e não ter poder”. Comente a afirmação.
Auto-avaliação

2. Qual é a relação existente entre o Poder e


Autoridade?

3. Faça uma lista de fontes de poder que pode utilizar


no seu papel de director de escola. Compare a sua
lista com as fontes de poder estudadas nesta
unidade.

4. O professor da primeira classe da Escola Primária


de Charre ficou gravemente doente. Aquela escola
não tinha ninguém para substituí-lo. O director
distrital de Mutarara orientou aos directores da
Escola Primária de Charre e de Mutarara para
arranjarem um substituto para o professor doente.
Porém, nenhum professor da Escola de Mutarara
quis aceitar, alegando motivos de vária ordem.
Você, como director da Escola de Mutarara, o que
faria?

a) Escolheria um professor e o obrigaria a ir, sob o


uso de ameaças e punições. Quais as
desvantagens desta atitude?

b) Escolheria um professor e diria que ele seria


monetariamente recompensado pela atitude
nobre. Qual a vantagem desta atitude?

Respostas:
168 Visão geral

1. Primeiro, devem-se definir os dois conceitos


e depois disso explicar porque uma pessoa
pode ter autoridade formal sobre a outra e,
no entanto, não ter poder. Rever todas as
lições da unidade VIII para ajudá-lo a
comentar esta afirmação.
2. Relação de interdependência. Para que a
autoridade formal atribuída a alguém exerça
alguma influência sobre a outra, é
necessário que aquela pessoa tenha algum
tipo de poder.
3. Para elaborar a sua lista de fontes de poder
que você pode utilizar como director da
escola, escolha as fontes de poder abaixo
apresentadas: coercivo, recompensa,
legítimo, referência, talento. Veja o ponto
8.2. “As fontes e diferentes tipologias de
poder” (p. 98).
4. ) Escolha da alternativa a) – o director faz o
uso do poder coercivo, pois o diretor consegue
que os seus subordinados tenham
comportamento determinado com o receio de
serem castigados. Neste caso, o professor
escolhido iria trabalhar na Escola Primária de
Charre com receio de ser punido.
A escolha da alternativa b) – o director faz uso
poder de recompensa. O professor haveria de se
submeter à vontade do director porque isso lhe
traria algum beneficio monetário.
A desvantagem da escolha da alternativa a) - é
que ela pode influenciar a eficácia do gestor e
pode conduzir a conflitos.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 169

ROBBINS, S. Fundamentos do Comportamento


Organizacional. 7ª Edição. São Paulo, Prentice Hall,
Leitura
2004.

CARDOSO, L. Gestão Estratega das Organizações : ao


encontro do 3º milênio. Lisboa, Editorial Vervo, 1997.

HAMPTON, D. Administração Contemporânea: Teoria,


prática e casos. São Paulo: McGraw-Hill, 1992.

MEGGINSON, et al. Administração: Conceitos e


Aplicaçoes. 4ª Edição. São Paulo, Editora Harbra, 1998.

TEIXEIRA, S. Gestão das Organizações. Lisboa,


McGraw-Hill, 1998.
170 Visão geral

Unidade IX

O Processo Decisório

Introdução
Ao completer esta unidade / lição, você será capaz de:
As decisões são uma parte essencial da vida dentro e fora
do local de trabalho. Por exemplo, na organização escolar
os que tomam decisões são aqueles que são responsáveis
por fazer uma apreciação - por vezes uma apreciação
crucial – entre duas ou mais alternativas.

O processo de tomada de decisões é extremamente


comum para administradores. Eles podem reunir um
conjunto de decisões simples ou complexas, programadas
ou não-programadas e, assim, podemos conceituá-lo,
indicar o modelo racional da tomada de decisão e explicar
a importância da eficácia na tomada de decisões.

A unidade será composta por uma única lição. A duração


da única lição da unidade será de 2 horas e 55 minutos.

Ao completar esta unidade, você será capaz de:

 Explicar o processo de tomada de decisão; e


Objectivos gerais
 Enumerar os principais factores que contribuem para a
sua prática eficaz.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 171

Lição 1

O Processo Decisório

Introdução
Nesta lição você vai estudar o processo decisório na
organização escolar.

A lição terá a duração de 3 horas.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Descrever os passos para tomar decisões de forma


Objectivos eficaz e sua importância para a organização;
 Descrever o modelo racional de tomada de decisão; e
 Explicar o melhoramento da eficácia na Tomada de
Decisão.
172 Visão geral

Decisão, Tomada de Decisão.

Terminologia

9.1. Conceito

Certamente que ao longo da sua vida você já tomou


muitas decisões. O que é decisão e tomada de decisão?

Decisão é a avaliação ou a escolha entre as alternativas e


surge num número infinito de situações, desde a
resolução do problema à implementação de um rumo de
acção (Secretariado da Commonwealth, 1993).

Agora que já sabe o que é decisão, o que você entende


por tomada de decisão?

Tomada de Decisão é o processo de identificar um


problema específico e seleccionar, de entre as várias
alternativas possíveis, somente uma linha de acção para
resolvê-lo (Megginson et al., 1998). Assim, espera-se que
os directores de escola como gestores do pessoal sejam
capazes de tomar decisões.

Certamente que você já teve que tomar muitas decisões.


Quais foram os passos que você utilizou para tomar as
suas decisões? Páre um instante e reflicta sobre isso.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 173

A seguir vamos abordar os passos necessários para tomar


uma decisão.

9.2. Modelo Racional de Tomada de Decisão

Tomar uma decisão constitui um processo que implica a


adopção de um pensamento metódico. O primeiro passo
ao tomar uma decisão é priorizar os objectivos. Uma
análise da situação vai revelar todas aquelas opções que
são impossíveis ou impraticáveis de implementar,
deixando um leque controlável de alternativas para uma
avaliação mais pormenorizada. Nesta fase, as
desvantagens de cada rumo de acção devem ser
cuidadosamente avaliadas, mantendo como prioritário o
objectivo principal. Por fim, pode delinear-se um plano
para mostrar a decisão que vai levar a cabo.

Esse é o modelo adoptado pelas organizações em que


pesam opções e calculam os níveis de risco óptimos para
tomada de decisão. Assim, será possível optar pelo
caminho que tenha maior chance de sucesso.

Tal processo reúne, segundo Megginson, et al. (1998), os


seguintes estágios, a saber:

1. Examinar a situação – consiste em definir o


problema, identificar os objetivos da decisão e
diagnosticar as causas;
2. Criar alternativas – poderá ser definido através de
um processo de brainstorm (tempestade de idéias)
individuais ou grupais;
174 Visão geral

3. Avaliar as alternativas e selecionar a melhor –


verificar as condições de exequibilidade das
alternativas, isto é, verificar se realmente esta é a
alternativa satisfatória, avaliando também as
possíveis consequências para toda a organização.
4. Implementar e monitorar a decisão - encontrada
a melhor alternativa, é preciso implementá-la e
avaliar, periodicamente, os resultados, para que seja
possível fazer as correcções necessárias antes que
os objetivos esperados sejam desviados.

Depois de analisados os estágios para a tomada de


decisão, que aspectos devemos evitar para uma tomada de
decisão eficaz?

9.3 - A Eficácia na Tomada de Decisão

A fim de tomar decisões eficazes, os administradores


devem saber reconhecer e superar os problemas surgidos
na organização. Os administradores devem evitar:

a) Abstenção relaxada – deixar de tomar decisões


quando sabe que as consequências não serão muito
grandes;
b) Mudança relaxada – tomar uma decisão quando
percebe que a sua inatividade trará greves prejuízos;
c) Abstenção defensiva – procurar meio de escapar
quando não consegue encontrar solução boa baseada
em experiências passadas;
d) Pânico – entrar em pânico quando se sentem
pressionados pelo problema e pelo tempo para
resolução.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 175

Como Você pode superar esses Problemas?

Para superar esses problemas, é preciso que o


administrador ou director estabeleça prioridades, obtenha
informações relevantes, prossiga metódica e
cuidadosamente e tenha consciência heurística da
possibilidade de desvios tendenciosos.

9.4. A Tomada de Decisão na Escola

Pense um pouco sobre como é que você e os seus colegas


tomam as decisões relacionadas com os assuntos
escolares nas vossas escolas.

A seguir, veja o que se espera da tomada de decisão na


escola.

“A tomada de decisões pode abranger vários níveis de


participação e muito depende da natureza da decisão a
tomar e da área a que diz respeito, do estilo de liderança e
da predisposição das pessoas em participar. Os
argumentos a favor de uma maior participação na tomada
de decisões incluem o sentido de posse por parte daqueles
que são envolvidos na implementação das decisões e a
possível redução do conflito. Porém, lembre-se que todas
as decisões não são definitivas. Elas estão sujeitas a uma
contínua revisão com vista a resolver problemas na vida
escolar” (Secretariado da Commonwealth, 1993, p.57).
Da mesma forma, Lück, De Freitas, Girling e Keith
(2005), apontam que o processo decisório da escola deve
ser participativo, em que várias acções relacionadas com
176 Visão geral

o problema são executadas para a tomada de decisão


eficaz. Tais acções incluem, segundo Lück, et al. (2005),
o seguinte:

- Definir o problema e os objectivos do grupo;

- Solicitar os factos, idéias ou opiniões dos


participantes;

- Clarificar idéias confusas;

- Propor factos, idéias ou opiniões para a solução


desejada;

- Apresentar exemplos; e

- Determinar o momento em que a conclusão ou


consenso foi alcançado.

Sumário

Nesta lição você aprendeu que a tomada de decisão é um


processo racional que obedece os seguintes estágios: criar
alternativas, avaliar as alternativas e seleccionar a melhor,
implementar e monitorar a decisão. Sabemos que toda a
racionalidade é limitada. Toda a decisão por mais lógica
que seja sofre restrições de informação e capacidades.

Os princípios heurísticos, entretanto, aumentam a


confiabilidade das decisões, pois utilizam métodos
empíricos para a obtenção das respostas desejadas.

Quanto a isso, poderemos encontrar três métodos


heurísitcos para a tomada de decisão:
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 177

Disponibilidade – consiste em reconhecer a possibilidade


de um acontecimento comparando-o com aqueles que
estão dispostos em nossa memória;

Representatividade – quando comparamos a


probabilidade de um acontecimento, com categorias
semelhantes pré-existentes; e

Ancorando e ajustando – escolhendo-se um valor


aleatório inicial e ajustando esses valores para chegar a
uma decisão final.

Tendo acabado de estudar “O Processo Decisório”, agora


vamos ver o que você aprendeu nesta lição. Queremos
que você faça um breve resumo sobre o que acabou de
Actividade
aprender. No seu resumo, você deve definir o processo de
tomada de decisão, descrever o modelo racional de
tomada de decisão e apontar as formas de aumentar a
eficácia da tomada de decisão.
178 Visão geral

Exercícios
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 179

1. Quais os estágios característicos de um modelo


racional de tomada de decisão ?
Auto-avaliação
2. Como se pode melhorar a eficácia de tomada de
decisão?
3. Diga quem pode estar envolvido e porquê na tomada
de decisão de transformar uma sala de aulas num
centro de apoio para alunos, professores e
trabalhadores.
4. Elabore uma pequena lista de factores que julga que
podem afectar negativamente a tomada de decisões.
5. O que é, na sua opinião, uma boa prática de tomada
de decisões?
6. A senhora Irene, uma professora, foi ter com o
senhor Jorge, o director da sua escola, para pedir
autorização para se ausentar por três dias. A sua
empregada havia deixado de trabalhar
repentinamente e ela não tinha ninguém para cuidar
do seu filho de 3 meses. Ela queria, no espaço de
três dias, procurar uma nova empregada. O senhor
director José respondeu que andar à procura de uma
empregada não era assunto que dizia respeito à
escola. Ele disse ainda que a professora Irene
deveria fazer outros arranjos para conseguir uma
empregada sem afectar o seu trabalho na escola. Ele
recusou-se terminantemente a dispensá-la, alegando
ainda que a escola já tinha falta de professores e que
a qualquer momento o director distrital poderia
visitar a escola e ele não gostaria que nenhuma
turma fosse encontrada sem professor. Contudo, nos
três dias seguintes, a professora Irene não foi
trabalhar.
a) A professora Irene deve ser processada
disciplinarmente por se ter ausentado sem
autorização?
b) Que efeitos pode isso ter na relação entre o
director e os outros professores que têm
crianças?
c) O director tomou a decisão certa ou não? O
180 Visão geral

Respostas:

1. Os estágios de tomada de decisão são:


examinar a situação, criar alternativas, avaliar
as alternativas e seleccionar a melhor,
implementar e monitorar a decisão. Veja o
ponto 9.2.” Modelo Racional de Tomada de
Decisão” (p.109).
2. É preciso que você estabeleça prioridades,
obtenha informações relevantes, prossiga
metódica e cuidadosamente e tenha
consciência heurística da possibilidade de
desvios tendenciosos. Veja o ponto 9.3. “A
Tomada de Decisão na Escola” (p.110).
3. Resposta aberta - porém, o conselho de escola
é quem deveria tomar a dianteira neste caso.
4. Veja o ponto 9.3. “A eficácia na tomada de
decisão” (p.110).
5. Boa prática de tomada de decisão é aquela que
abrange vários níveis de participação. Veja o
ponto 9.4. “A tomada de decisão na escola”
(p.110).
6. As alíneas a), b) e c) trazem um caso difícil e
provavelmente não haja nenhuma resposta
correcta; mas você deve se ter lembrado, a
partir deste caso, de exemplos de relações
humanas deficientes, de situações de falta de
liderança de um director; também poderá ter
tomado consciência da necessidade que se
tem de trabalhar em conjunto e partilhar
relações.
Organização e Gestão Escolar Ensino à Distância 181

LUCK, H., FREITAS, K., GIRLING, R., e KEITH, S. A


escola participativa: o trabalho do gestor escolar. São
Leitura
Paulo, Editora Vozes, 2005.

MEGGINSON, et al. Administração: Conceitos e


Aplicaçoes. 4ª Edição. São Paulo, Editora Harbra., 1998.

SECRETARIADO da COMMOWEALTH. Módulo


Dois: Princípios de Administração da Educação.
Maputo, Ministério da Educação, 1993.

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