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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

Centro de Ensino à Distância


Manual do Curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa
Linguística Descritiva do Português I

Código: P0185
Módulo único

24 unidades
Direitos de autor (copyright)
Este manual é propriedade da Universidade Católica de Moçambique, Centro de
Ensino à Distância (CED) e contém reservados todos os direitos. É proibida a

duplicação ou reprodução deste manual, no seu todo ou em partes, sob quaisquer


formas ou por quaisquer meios (electrónicos, mecânico, gravação, fotocópia ou
outros), sem permissão expressa de entidade editora (Universidade Católica de
Moçambique-Centro de Ensino à Distância). O não cumprimento desta advertência é
passivel a processos judiciais.

Elaborado Por: dr. Lourenço Covane,

Licenciado em ensino da Língua Portuguesa pela UP.


Colaborador do Curso de Licenciatura em ensino da Língua Portuguesa no Centro
de Ensino à Distância (CED) da Universidade Católica de Moçambique – UCM.
Universidade Católica de Moçambique
Centro de Ensino à Distância-CED

Rua Correia de Brito No 613-Ponta-Gêa

Moçambique-Beira
Telefone: 23 32 64 05
Cel: 82 50 18 44 0

Fax:23 32 64 06
E-mail:ced@ucm.ac.mz

Website: www.ucm.ac.mz

Agradecimentos
A Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à Distância e o autor do
presente manual, dr. Lourenço Covane, agradecem a colaboração dos seguintes
indivíduos e instituições:

Pela Coordenação e edição do Trabalho: dr. Armando Artur (Coordenador do


Curso de Licenciatura em Ensino da
Língua Portuguesa);

dr. Cardoso Augusto Nhambirre


Pela Revisão Linguística: (Docente na UP).

Pela Revisão do Módulo: dr. Andrade Henrique (Docente na UP).


Centro de Ensino à Distância i

Índice
Visão geral 5
Bem-vindo à Linguística Descritiva do Português I...................................................5
Objectivos da cadeira.....................................................................................................5
Quem deveria estudar este módulo.............................................................................6
Como está estruturado este módulo?.........................................................................6
Ícones de actividade.......................................................................................................7
Habilidades de estudo....................................................................................................7
Precisa de apoio?...........................................................................................................8
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)...........................................................................8
Avaliação..........................................................................................................................9

Unidade 01: O Estudo da Fonética do Português 10


Introdução 10
Sumário..........................................................................................................................14
Exercícios.......................................................................................................................15

Unidade 02: Classificação Articulatória dos Sons de Português 16


Introdução 16
Sumário..........................................................................................................................18
Exercícios.......................................................................................................................18

Unidade 03: Traços distintivos 19


Introdução 19
Sumário..........................................................................................................................23
Exercícios.......................................................................................................................24

Unidade 04: Transcrição Fonética 25


Introdução 25
Sumário..........................................................................................................................27
Exercícios.......................................................................................................................27

Unidade 05: Os segmentos e traços 29


Introdução 29
Centro de Ensino à Distância ii

Sumário..........................................................................................................................30
Exercícios.......................................................................................................................30

Unidade 06: Fonologia estrutural do sistema fonológico 31


Introdução 31
Sumário..........................................................................................................................32
Exercícios.......................................................................................................................33

Unidade 07: Conceito de Palavra 34


Introdução 34
Sumário..........................................................................................................................36
Exercícios.......................................................................................................................36

Unidade 08: Composição das Palavras 37


Introdução 37
Sumário..........................................................................................................................38
Exercícios.......................................................................................................................39

Unidade 09: Estrutura interna das palavras 40


Introdução 40
Sumário..........................................................................................................................42
Exercícios.......................................................................................................................42

Unidade 10: Restrições sobre a estrutura interna das palavras 44


Introdução 44
Sumário..........................................................................................................................48
Exercícios.......................................................................................................................49

Unidade 11: Radicais e sufixos avaliativos de flexão e de derivação 50


Introdução 50
Sumário..........................................................................................................................52
Exercícios.......................................................................................................................53

Unidade 12: Morfologia: Processo de Formação de Palavras 54


Introdução 54
Sumário..........................................................................................................................55
Exercícios.......................................................................................................................56

Unidade 13: Relações entre Fonologia e Morfologia do Português 57


Introdução 57
Centro de Ensino à Distância iii

Sumário..........................................................................................................................61
Exercícios.......................................................................................................................61

Unidade 14: Regras morfológicas de formação de palavras 62


Introdução 62
Sumário..........................................................................................................................63
Exercícios.......................................................................................................................63

Unidade 15: A Prosódia 65


Introdução 65
Sumário..........................................................................................................................67
Exercícios.......................................................................................................................67

Unidade 16: Relação entre a Prosódia e a Sintaxe 69


Introdução 69
Sumário..........................................................................................................................71
Exercícios.......................................................................................................................71

Unidade17: Tom, entoação e acento 72


Introdução 72
Sumário..........................................................................................................................73
Exercícios.......................................................................................................................74

Unidade 18: Relações entre segmentos 75


Introdução 75
Sumário..........................................................................................................................78
Exercícios.......................................................................................................................78

Unidade 19: O Léxico 80


Introdução 80
Sumário..........................................................................................................................81
Exercícios.......................................................................................................................81

Unidade 20: Propriedades das Unidades Lexicais 82


Introdução 82
Centro de Ensino à Distância iv

Sumário..........................................................................................................................85
Exercícios.......................................................................................................................85

Unidade 21: Introdução à sintaxe do Português 86


Introdução 86
Sumário..........................................................................................................................87
Exercícios.......................................................................................................................87

Unidade 22: Domínio da Sintaxe: Relações gramaticais e processos de


concordância 88
Introdução 88
Sumário..........................................................................................................................89
Exercícios.......................................................................................................................89

Unidade 23: Frases simples e complexas 90


Introdução 90
Sumário..........................................................................................................................91
Exercícios.......................................................................................................................91

Unidade 24: Orações adjectivas: Relativas restritivas e apositivas 93


Introdução 93
Sumário..........................................................................................................................94
Exercícios.......................................................................................................................94
Centro de Ensino à Distância 5

Visão geral

Bem-vindo à Linguística Descritiva do


Português I

Caro Estudante, tem em suas mãos o módulo da cadeira de


Linguística Descritiva do Português I. A sua abordagem
centrar-se-á no estudo da Fonética, Fonologia e na
Morfologia e Introdução à Sintaxe do Português, numa
perspectiva em que será privilegiado o desenvolvimento
das capacidades dos estudantes na descrição e análise dos
fenómenos linguísticos do Português nestes domínios e na
comparação da variedade padrão europeu (PE) com a
emergente em Moçambique.

Objectivos da cadeira

Quando terminar o estudo de Linguística Descritiva do


Português I, o estudante (cursante) será capaz de:

Objectivos
 Adquirir bases teóricas sólidas que lhes permitam o
desenvolver as suas capacidades na pesquisa dos
fenómenos de variação linguística do Português,
nomeadamente o Português falado em Moçambique, sem,
contudo, descurar os aspectos da sua formação como
professor de português;

 Utilizar a Língua Portuguesa com correcção, tendo em


atenção a variação linguística nos discursos orais e escritos
dos aprendentes.
Centro de Ensino à Distância 6

Quem deveria estudar este módulo

Este módulo foi concebido para todos aqueles Estudantes


candidatos ao Curso de Licenciatura em Ensino da Língua
Portuguesa, que devido a sua situação laboral, não têm a
oportunidade de poder estar num sistema de ensino
totalmente presencial. Espera-se que os futuros professores
de Português possam ensinar esta língua com correcção,
tendo em atenção a variação linguística nos discursos orais
e escritos dos aprendentes.

Como está estruturado este módulo?

Todos os manuais das cadeiras dos cursos oferecidos pela


Universidade Católica de Moçambique-Centro de Ensino à
Distância (UCM-CED) encontram-se estruturados da
seguinte maneira:

Páginas introdutórias

Um índice completo.

Uma visão geral detalhada da cadeira, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para
completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia
esta secção com atenção antes de começar o seu estudo.
Conteúdo da cadeira
A cadeira está estruturada em unidades de aprendizagem.
Cada unidade incluirá, o tema, uma introdução , objectivos
da unidade, conteúdo da unidade incluindo actividades de
aprendizagem , um sumário da unidade e uma ou mais
actividades para auto-avaliação.
Centro de Ensino à Distância 7

Outros recursos
Para quem esteja interessado em aprender mais,
apresentamos uma lista de recursos adicionais para você
explorar. Estes recursos podem incluir livros, artigos ou sites
na internet.
Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação
Tarefas de avaliação para esta cadeira, encontram-se no
final de cada unidade. Sempre que necessário, dão-se
folhas individuais para desenvolver as tarefas, assim como
instruções para as completar. Estes elementos encontram-
se no final do manual.
Comentários e sugestões
Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer
comentários sobre a estrutura e o conteúdo da cadeira. Os
seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e
melhorar este manual.

Ícones de actividade

Ao longo deste manual irá encontrar uma série de ícones


nas margens das folhas. Estes ícones servem para
identificar diferentes partes do processo de aprendizagem.
Podem indicar uma parcela específica de texto, uma nova
actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Habilidades de estudo

Caro estudante, procure reservar no mínimo 2 (duas) horas


de estudo por dia e use ao máximo o tempo disponível nos
finais de semana. Lembre-se que é necessário elaborar um
plano de estudo individual, que inclui, a data, o dia, a hora,
o que estudar, como estudar e com quem estudar (sozinho,
com colegas, outros).
Centro de Ensino à Distância 8

Lembre-se que o teu sucesso depende da sua entrega,


você é o responsável pela sua própria aprendizagem e
cabe a se planificar, organizar, gerir, controlar e avaliar o
seu próprio progresso.

Evite plágio.

Precisa de apoio?

Caro estudante:

Os tutores têm por obrigação monitorar a sua


aprendizagem, dai o estudante ter a oportunidade de
interagir objectivamente com o tutor, usando para o efeito
os mecanismos apresentados acima.

Todos os tutores têm por obrigação facilitar a interação. Em


caso de problemas específicos, ele deve ser o primeiro a
ser contactado, numa fase posterior contacte o coordenador
do curso e se o problema for da natureza geral, contacte a
direcção do CED, pelo número 825018440.

Os contactos so se podem efectuar nos dias úteis e nas


horas normais de expediente.

Tarefas (avaliação e auto-avaliação)

O estudante deve realizar todas as tarefas (exercícios),


contudo nem todas deverão ser entregues, mas é
importante que sejam realizadas. Só deverão ser entregues
os exercícios que forem indicados pelo Tutor. Isto, antes do
período presencial.

Podem ser utilizadas diferentes fontes e materiais de


pesquisa, contudo os mesmos devem ser devidamente
referenciados, respeitando os direitos do autor.
Centro de Ensino à Distância 9

Avaliação

A avaliação da cadeira será controlada da seguinte


maneira:

 Três (3) Trabalhos realizados pelos estudantes,


sendo divididos em três sessões presenciais de
acordo com a programação do Centro.
 Dois (2) Testes escritos em presença e um (1)
exame no fim do ano.

Unidade 01: O Estudo da Fonética do Português

Introdução

A fonética é uma disciplina que se ocupa dos sons da fala e


de como são percebidos. Na presente unidade
pretendemos levar o caro estudante a perceber os
Centro de Ensino à Distância 10

objectivos da fonética e as condições de pertinência da


fonética, tal como ela é modernamente praticada.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir o conceito de fonética;

Objectivos  Distinguir as áreas da fonéntica;

 Relacionar a fonética com a fonologia e sintaxe.

A fala é a manifestação sensível da linguagem por


excelência. Comparada com outras formas de
comunicação, nomeadamente a comunicação gestual e a
escrita, a comunicação pela fala é sem dúvida a mais
rápida, a que menor esforço exige da nossa parte, sendo
globalmente, a mais eficaz.

A comunicação pela fala processa-se sem que os falantes


estejam conscientes dos complexos mecanismos que estão
subjacentes às actividades de ouvir e falar.

A transmissão de uma mensagem de um locutor para um


ouvinte, num acto de comunicação oral, passa por três
estádios sucessivos que envolvem: os mecanismos de
produção da fala, as ondas sonoras e os mecanismos da
percepção.

Pela sua complexidade, a cadeia da fala é objecto de


estudo de várias áreas de investigação, entre as quais se
encontra a Fonética, que se ocupa do estudo dos sons da
fala, da sua produção à percepção.

Tradicionalmente, o estudo da Fonética subdivide-se em


três áreas:
Centro de Ensino à Distância 11

Fonética articulatória – que estuda o modo como os


articuladores se movimentam para a produção dos sons da
fala;

Fonética acústica – que estuda as propriedades físicas


dos sons da fala;

Fonética perceptiva – que estuda o modo como os sons


da fala são ouvidos e interpretados.

Esta unidade, serão apenas considerada a fonética


articulatória, tal como o tema anuncia.

Em primeiro lugar, são identificados os órgãos essenciais


para a produção da fala: os pulmões, a laringe e o tracto
vocal. Cada um destes órgãos encontra-se numa parte
distinta do aparelho fonador que se divide em: cavidades
subglotais, laringe e cavidades supraglotais.

A fonética articulatória estuda o modo como os sons da


fala são produzidos, tendo em conta a posição e o
movimento dos articuladores. Está directamente
relacionada com a anatomia e a fisiologia dos órgãos vocais
intervenientes na produção de fala.

Antes de se falar sobre a articulação dos sons de fala é


preciso explicitar algumas noções sobre a anatomia da fala,
nomeadamente identificar quais sãos os órgãos que estão
envolvidos na produção dos sons.

Do ponto de vista anatómico, não existem órgãos cuja única


função seja a produção da fala. Na verdade, para a
produção de fala utilizamos órgãos que desempenham
funções de importância vital na sobrevivência humana,
como a respiração e a alimentação.

Do ponto vista de articulação e em termos genéricos,


podemos apontar três órgãos essenciais à produção da
Centro de Ensino à Distância 12

fala: os pulmões, fonte de energia que coloca em


movimento as partículas as partículas do ar; a laringe, onde
se localizam as cordas vocais que constituem uma das
fontes sonoras do aparelho fonador; e o tracto vocal, zona
de modulação do fluxo de ar que tem como resultado a
realização de diferentes sons.

Classificação articulatória dos sons

Falaremos aqui de duas partes: classificação articulatória


das vogais: são eles: aposição do dorso e da raiz da língua
(língua dimensiona a altura das vogais – altas, médias,
baixas – e o respectivo ponto de articulação – anterior,
central, posterior) e a posição dos lábios (arredondado/não-
arredondado).

Em português europeu, existem também vogais nasais.


Estas vogais são diferentes das orais, na medida em que o
fluxo de ar, no seu percurso para o exterior, passa quer
pela cavidade oral quer pala cavidade nasal, provocando
ressonância nasal.

Classificação das vogais orais e nasais fonéticas do Português europeu


padrão

Anterior ou Central Posterior ou


palatal velar
Alta [i] [ĩ] [Ə] [u]
Centro de Ensino à Distância 13

[e] [ê] [α][] [o] [õ]


Média
Baixa [ε] [a] [ɐ ]

Classificação das consoantes que engloba: o modo de


articulação (oclusivas, fricativas, laterais, vibrantes), o ponto
de articulação (bilabial, labiodental, dental, alveolar, palatal,
velar, uvular), a nasalidade (oral/nasal) e o estado das
coradas vocais (vozeado/não-vozeado).

As consoantes, ao contrário das vogais e das semivogais,


são produzidas com constrições significativas à passagem
do fluxo de ar no tracto vocal. Estas, causadas pelo
movimento dos articuladores, podem impedir
completamente a passagem do fluxo de ar, provocando a
produção de ruído.

Para a caracterização adequada da produção articulatória


de uma consoante temos que considerar os seguintes
parâmetros:

Ponto de articulação;

Modo de articulação.

O ponto de articulação, tal como o próprio nome indica,


refere-se à localização da constrição no tracto vocal. Esta
localização depende do articulador activo e do articulador
passivo envolvidos.

A classificação do ponto de articulação das consoantes do


PE padrão, pode ser: labiodental; dental; alveolar;
palatal; velar; uvular.

O modo de articulação descreve a forma como o fluxo de ar


é expelido para o exterior, isto é, qual o tipo de perturbação
que é introduzido à passagem do fluxo de ar no tracto
vocal. As consoantes do PE dividem-se em quatro grandes
Centro de Ensino à Distância 14

categorias que corresponde a tantas formas de perturbação


da passagem do ar no tracto vocal:

Oclusivas: constrição total à passagem do fluxo de ar, por


exemplo: [p, t, k, d, g];

Fricativas: constrição parcial à passagem do fluxo de ar,


suficiente para provocar ruído, por exemplo: [f, s, ∫, v, z, З];

Laterais: constrição central à passagem do ar, obrigando o


ar a passar pelos lados do dorso da língua, por exemplo: [l,
λ];

Vibrantes: constrição parcial que provoca a vibração da


língua, por exemplo: [r, R].

Sumário

A fonética é uma disciplina que se ocupa dos sons da fala e


de como são percebidos.

A fonética articulatória estuda o modo como os sons da fala


são produzidos, tendo em conta a posição e o movimento
dos articuladores. Está directamente relacionada com a
anatomia e a fisiologia dos órgãos vocais intervenientes na
produção de fala.

Exercícios

1. Assinale com V (Verdadeiro) ou F (Falso) as


seguintes afirmações e proponha a correcção para
as afirmações falsas.
Centro de Ensino à Distância 15

a. Na produção da consoante [t] verifica-se uma


obstrução total da passagem do fluxo do ar.

b. As consoantes labiodentais são produzidas com a


aproximação do lábio superior ao sector anterior da
arcada dentária superior.

c. Na produção das consoantes [m, n] o véu palatino


afasta-se da parede da faringe e impede o ar de
passar para as cavidades nasais, provocando assim
um efeito de ressonância característico destas
consoantes.

d. As consoantes nasais são foneticamente realizadas


com vibração das cordas vocais, isto é, vozeadas.

e. Ao produzir uma consoante lateral, a língua move-se


para um dos lados do tracto oral, deixando o ar
passar livremente.

f. Os articuladores que intervêm na produção de uma


consoante bilabial impede completamente a
passagem do ar para o exterior.

2. Descreva a produção articulatória das seguintes


vogais:

a. [u]

b. [a]

c. [e]

d. [õ]
Centro de Ensino à Distância 16

Unidade 02: Classificação Articulatória dos Sons de Português

Introdução

Nesta unidade, consideraremos as estruturas articulatórias


humanas como intervenientes da classificação dos sons.
Ocupar-nos-emos, assim, da recapitulação à classificação
das vogais, semivogais e consoantes.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Analisar a articulação e conhecer a constituição do


aparelho fonador;
Objectivos
 Compreender os processos articulatórios que estão
na base da classificação tradicional das consoantes
e das vogais.

A classificação do ponto de articulação das consoantes do


PE padrão, pode ser: labiodental; dental; alveolar;
palatal; velar; uvular.

O modo de articulação descreve a forma como o fluxo de


ar é expelido para o exterior, isto é, qual o tipo de
perturbação que é introduzido à passagem do fluxo de ar no
tracto vocal. As consoantes do PE dividem-se em quatro
grandes categorias que corresponde a tantas formas de
perturbação da passagem do ar no tracto vocal:

Oclusivas: constrição total à passagem do fluxo de ar, por


exemplo: [p, t, k, d, g];

Fricativas: constrição parcial à passagem do fluxo de ar,


suficiente para provocar ruído, por exemplo: [f, s, ∫, v, z, З];
Centro de Ensino à Distância 17

Laterais: constrição central à passagem do ar, obrigando o


ar a passar pelos lados do dorso da língua, por exemplo: [l,
λ];

Vibrantes: constrição parcial que proca a vibração da língua,


por exemplo: [r, R].

modo oclusiva Fric. Lat. Vibr.


ponto oral nasal

Bilabial Vozeado B m
Não vozeado P
Labiodental Vozeado v
Não vozeado f
Dental Vozeado D z
Não vozeado T s
Alveolar Vozeado n l r
Não vozeado
Palatal Vozeado ŋ З λ
Não vozeado ∫
Velar Vozeado G
Não vozeado K
Uvular Vozeado R
Não vozeado

A análise da articulação dos sons apoia-se basicamente na


informação de natureza cinestésica sobre as estruturas
articulatórias que intervêm na sua produção. Este tipo de
análise, que pode ser controlada pelo próprio falante, está
na origem da classificação tradicional dos sons utilizados,
ainda hoje, para os referir globalmente e para os integrar
em grandes classes: Os órgãos vocais; Parâmetro
classificatórios das consoantes, ponto de articulação e a
articulação das vogais e das semivogais.
Centro de Ensino à Distância 18

Sumário

Tradicionalmente, distinguem-se dois grandes parâmetros


classificatórios os específicos e as consoantes: o modo de
passagem do ar pelo tracto vocal (o modo de articulação)
e a região do tracto vocal em que se situa a maior
constrição imposta pelos articuladores no canal bucal (o
ponto de articulação).

Exercícios

1. Defina a fonética articulatória, distinguindo-a da fonética


perceptiva.
2. Indique os órgãos essenciais à produção de fala, sob
ponto de vista da articulação.
3. Do ponto de vista da produção da fala, caracterize
sucintamente as diferentes partes do aparelho fonador,
referindo-se à relevância de cada uma.
4. Diga onde se localizam-se, no aparelho fonador, as
cordas vocais.
5. O que é a glote? Para que serve?
6. Em que posição das cordas vocais estão reunidas as
condições para que ocorra vibração suficiente para
produzir um som vozeado?
7. Diferencie ponto e modo de articulação.
8. Identifique os processos de ventilação utilizados na
produção da fala.
Centro de Ensino à Distância 19

Unidade 03: Traços distintivos

Introdução

Esta unidade diz respeito às bases fonéticas da fonologia.


Nela serão tratadas as principais teorias fonéticas que
visam a compreensão da noção dos traços fonéticos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Definir o traço distintivo; traço redundante;

Objectivos  Conhecer os princípios reguladores das propriedades


dos sons e das alterações que ocorrem nas
diferentes línguas do mundo.

Os segmentos fonológicos são unidades complexas, tal


como os sons, e têm propriedades identificadoras que são
denominadas traços distintivos. Estes traços funcionam de
modo binário, com o valor [+] que indica a sua presença, e
o valor [-] que indica a sua ausência. A classe universal de
traços distintivos foi primeiramente proposta por Jackobson,
Fant e Halle.

A teoria de traço distintivo é normalmente aceite e está


implícita e explicitamente presente em todas as tentativas
de descrição quer das oposições fonológicas no interior de
uma dada língua, quer das diferenças e semelhanças entre
duas ou mais línguas. Pode dizer-se que a teoria dos traços
distintivos nasceu com a Escola de Praga e da constatação
da existência de propriedades pertinentes de sons.
Centro de Ensino à Distância 20

Traços relacionados com o modo articulação (consoantes)

Oclusivas
[p, b, t, k, g] [-contínuas, -soantes]

Fricativas
[f, v, s, z, ∫, З] [+contínuas, +soantes]

Líquidas
(Laterais e vibrantes)
[l, λ, r, R] [+soantes, -nasais]

Nasais
[m,n,ŋ] [+soantes, +nasais]

Traços relacionados com o ponto de articulação

Labiais e labio-dentais
[p,b,f,v,m] [+anteriores, -coronais]

Dentais e alveolares
[t,d,s,z,n,l,r] [+anteriores, -coronais]

Pré-palatais e palatais
[∫,З, λ, ŋ, i] [-anteriores, -recuadas]

Velares e uvulares
[k, g, R] [+recuadas]
Centro de Ensino à Distância 21

Ponto de articulação (vogais e semi-vogais)


Palatais
[i, e, ε,j] [-recuadas,
-arredondadas]

Central
[a] [+recuada, -arredondada]

Velares
[ , o,u,w] [+recuadas, arredondadas]

Os traços que podem predizer-se a partir de outros, ou


pelas razões indicadas, são traços predizíveis que
denominamos traços redundantes.

Na eliminação das redundâncias verificamos, portanto,


podemos dizer:

(a) O valor de um traço oposto a um que esteja indicado


com o sinal [+] (p.ex. [+alto] implica [-baixo];

(b) O valor de um traço implicado por outro em termos


das características articulatórias dos sons (p.ex. um
segmento [+soante] é sempre [+vozeado];

(c) O valor de um traço, num certo sistema fonológico,


quando esse valor está sempre associado ao mesmo valor
outro traço (p.ex. em português, uma vogal [+arredondada]
é sempre [+recuada] em português não ser [+arredondada],
como sucede com /a/. Nestas circunstâncias é necessário
indicar os dois traços, porque ambos são pertinentes;

(d) O valor de um traço em resultado de características


da pronúncia da vogal ou da consoante a identificar (p.ex.
as vogais habitualmente [-anteriores] e [-coronais] porque
Centro de Ensino à Distância 22

estes traços implicam uma obstrução a que esses


segmentos não estão sujeitos);

(e) O valor negativo de um traço em consequência de


identificar segmentos menos frequentes nas línguas do
mundo (p.ex. os traços [nasal] e [lateral] quando não não
indicados explicitamente têm sempre o valor [-]).

Traços distintivos e traços redundantes

A representação fonológica e a representação fonética não


diferem apenas no valor que é atribuído aos traços: os traços
fonológicos são encarados como unidades classificatórias que
permitem identificar os segmentos e definir as classes
naturais com que operam as regras fonológicas, enquanto os
traços fonéticos são encarados como o conjunto de
componentes que são actualizados quando os segmentos são
realizados. Por outras palavras, enquanto na representação
fonológica apenas são considerados os traços que têm uma
função distintiva, na representação fonética são especificados
os valores atribuídos a todos os traços que permitem
descrever a configuração do tracto vocal correspondente à
realização de cada segmento numa dada língua e num dado
contexto. Como nenhuma língua utiliza todos os contrastes
universalmente possíveis, nem todas as propriedades são
distintivas. Há, por conseguinte, muitas propriedades
redundantes, isto é, predizíveis com base num conjunto de
princípio.

Alguns destes princípios são universais e determinam as


combinações de traços que são obrigatórias (por exemplo, os
segmentos laterais são obrigatoriamente coronais), os que
são impossíveis (por exemplo, um segmento não pode ser
simultaneamente [+alto] e [+baixo] e ainda os que ocorrem na
Centro de Ensino à Distância 23

maioria das línguas e, por isso, fazem parte de um conjunto


de segmentos (por exemplo, os segmentos [os segmentos
[+silábicos] são normalmente [+soantes] e [+vozeados]

Sumário

Os traços distintivos têm por principal função permitir a


identificação dos segmentos, e cabe ao linguista encontrar
o menor número possível de oposições distintivas que
permitam a identificação dos segmentes no interior das
diferentes línguas.
Centro de Ensino à Distância 24

Exercícios

1. O que entende por traços distintivos?

2. Que são unidades fonológicas?

3. O que são traços redundantes?

4. Os segmentos de cada par nas colunas A e B diferem no


valor no valor de um traço. Indique de que traço e qual o
seu valor para cada segmento.

/b/ /m/

/t/ /d/

/i/ /u/

/f/ /s/

5. Cada grupo que se segue é constituído por membros de


uma classe natural de sons que partilham uma ou mais
propriedades, e por um som que não é membro dessa
classe.

5.1 Elimine o segmento que não faz parte.

5.2 Caracterize a classe com traços distintivos

a. [k, x, n, g]

b. [f, s, ∫, v, p, z, З]
Centro de Ensino à Distância 25

Unidade 04: Transcrição Fonética

Introdução

A transcrição fonética é um instrumento criado para registar


factos observados em enunciados de forma consistente e
sistemática. Numa primeira abordagem podemos dizer que
a transcrição fonética de um enunciado é representação
simbólica que pretende captar tantos aspectos da
realização sonora desse enunciado quantos possível. Hoje,
o registo e a reprodução fiéis dos sinais da fala podem-se
obter com os instrumentos adequados. Porém, a
transcrição continua a ser instrumento fundamental de
aproximação dos factos da fala para o linguista.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Apreender os conceitos gerais de transcrição


fonética;
Objectivos
 Compreender as características específicas da
transcrição fonética;

 Treinar a transcrição fonética de frases do


português europeu padrão.

A transcrição fonética resulta, assim, de uma operação de


abstracção sobre a realidade. Essa abstracção, que é
simultaneamente uma interpretação do próprio transcritor,
não se efectua da mesma forma sobre uma língua
conhecida ou sobre uma língua desconhecida.
Centro de Ensino à Distância 26

Por outro lado, a transcrição fonética pode abstrair de certo


tipo de propriedades do sinal fónico, nomeadamente o que
designa como traços prosódicos, ou seja o tom (da voz), a
entoação e a intensidade.

A transcrição fonética larga, tal como a própria designação


sugere, refere-se a uma representação mais distante do
contínuo sonoro, ou seja, com menor detalhe de realização
fonética. Este tipo de transcrição privilegia a representação
de características fonéticas de sons fonologicamente
distintos.

Quanto à transcrição fonética estreita ou fina, refere-se a


uma transcrição mais próxima do contínuo sonoro, ou seja,
mais rigorosa e fiel aos detalhes fonéticas.

As transcrições fonéticas figuram entre parêntesis rectos,


[ ], entre barras oblíquas / /.

Tipo de Frase
representação
Ortografia As alunas da escola tocaram as bolas
Trans. larga [a∫ alú na∫ da Ə∫kóla tokárw na∫ bóla∫]
Trans. Fina [azalú naЗdaƏ∫kólatokárwnaЗbóla∫]
Centro de Ensino à Distância 27

Grafemas sons palavras


<a, A> [a] Arte, sapato
[α] Ametista, farelo
<b, B> [b] Batata, cabide
<c, C> [k] Faca, caruma
<e, E> [e] Caneta
[Ə] Pedal
[ε] Canela
[i] E
<j, J> [З] Janela, poejos

Sumário

A transcrição fonética é um instrumento criado para registar


factos observados em enunciados de forma consistente e
sistemática.

Exercícios

1. Escreva o símbolo fonético para o primeiro som de


cada palavra, em função da sua produção no PE:
a. Seda
b. Chapéu
c. Teatro
d. Cadeira
e. Janela
2. Apresente a transcrição fonética de cada uma das
seguintes palavras, em função da sua produção no
PE.
a. Banhos
b. Raposa
c. Malmequer
d. Palheta
e. Cigarra
Centro de Ensino à Distância 28

3. Detecte os erros nas transcrições fonéticas das


seguintes palavras:
a. Computador [konputadór]
b. Porta [pórta]
c. Girafa [ giráfa]
Centro de Ensino à Distância 29

Unidade 05: Os segmentos e traços

Introdução

Além dos traços indicados para as vogais e semivogais,


mais alguns são necessários para a classificação das
consoantes. Nesta unidade, ocupar-nos-emos dos traços
que dizem respeito às constrições, aos relacionados com o
modo de articulação, bem como aos relacionados com o
ponto de articulação.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer os traços distintivos necessários para identificar as


consoantes.
Objectivos

Traços relacionados com a posição do corpo da língua

Estes traços dizem respeito a constrições (ou obstruções) da passagem


do ar causadas pelos movimentos da língua, as quais podem:

a. Localizar-se à frente da região palatal, [ant],

b. Resultar da elevação da coroa da língua, [cor], ou

c. Estender-se ao longo de uma certa distância, [dist], (neste


caso não obstrução mas apenas constrição).

Tendo em conta que estes traços se relacionam com as referidas


constrições, elas têm sempre valor [-] para as vogais e semi-vogais,
visto que esses segmentos caracterizam exactamente pela passagem
livre do ar.
Centro de Ensino à Distância 30

anterior [ant]

coronal [cor]

distribuído [dist]

no que toca ao modo e ponto de articulação, indicamos a sua


classificação tradicional no módulo, que você teve a ocasião de
aprender.

Sumário

No PE, todas as vogais podem ocorrer em sílaba átona.

Exercícios

U 1. O que são traços distintivos?


V 2. Apresente os traços distintivos entre as vogais [i] e
[u].
Centro de Ensino à Distância 31

Unidade 06: Fonologia estrutural do sistema fonológico

Introdução

Esta unidade interessa a si compreender, primeiro, as


particularidades do fonema, sendo unidade mínima da
linguagem, e a partir disso vai compreender também sua
identificação através de: traços redundantes e traços
distintivos e a distribuição complementar e finalmente a
exemplificação de fonemas do português e das línguas
Bantu.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Inventariar as unidades fonológicas (os fonemas) e


demonstrar a sua importância para a diferenciação
Objectivos
entre os significados das palavras;

 Identificar as restrições que ocorrem nas sequências


de fonemas de uma língua.

Há, no entanto, muitas maneiras de conceptualizar as


unidades fonológicas, de acordo com a perspectiva de
cada autor, porém nos convém adiantar o seguinte,
numa sequência sonora correspondente a uma palavra
podem identificar-se unidades que, substituídas por
outras, provocam alteração de significado. Estas
unidades são denominadas fonemas.

A identificação dos diferentes fonemas de uma língua


faz-se, assim, por comparação entre palavras que se
Centro de Ensino à Distância 32

encontram em oposição distintiva porque, ao diferirem


apenas num som, diferem também no significado. Pelo
facto de os fonemas serem elementos fonológicos que
distinguem palavras denominam-se unidades distintivas
e representam-se convencionalmente entre barras
oblíquas (//). Os pares de palavras que servem para
determinar estas unidades são os pares mínimos.

Um conjunto de fonemas que possuem propriedades


comuns como as consoantes denominam-se classe
natural. A classe natural das consoantes pode ainda
dividir-se, por exemplo, nas classes naturais das
consoantes oclusivas (/b, d, g, p, t, k/).

Neste modelo, cada elemento fonológico tem


correspondência numa realização do nível fonético, ou
seja, a relação estabelecida entre fonema e a sua
realização fonética é biunívoca. As realizações fonéticas
dos fonemas sãos os fones. Por exemplo, o fonema /b/
realiza-se [b]. os fones que correspondem a um mesmo
fonema denominam-se variantes ou alofones.

Sumário

A fonologia é uma área da linguística que estuda os


sistemas de sons das línguas que têm correspondência no
conhecimento intuitivo e mental que os falantes possuem
da sua língua.
Centro de Ensino à Distância 33

Exercícios

1. Faça uma ficha de leitura sobre o tema em estudo


nesta unidade.

a) Que entende por pares mínimos?


b) Defina lacunas acidentais
c) Que entende por traço distintivo? Exemplifique.
d) Defina fonema, fone e alofone
2. Faça a transcrição fonética das seguintes palavras
agrupadas em pares. Diga quais dos pares
constituem pares mínimos:
a) Catar/matar; cave/clave; casta/lasca e
gente/quente.

3. Partindo do nível fonético do português, apresente


dois pares de palavras que contenham alofones do
mesmo fonema. Justifique que os exemplos
dados referindo-se à distribuição complemetar.

4. Define traço redundante.


5. Defina e exemplifique uma classe natural.
Centro de Ensino à Distância 34

Unidade 07: Conceito de Palavra

Introdução

Uma das questões prévias e essenciais que se coloca à


morfologia é a da definição do próprio conceito de palavra.
Nesta unidade, portanto, dedicaremos particular atenção à
definição da palavra, bem como aos tipos de palavras e, à
identificação das principais características das categorias
morfológicas radical, prefixo e sufixo.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer o conceito da palavra e as questões que a


sua definição coloca;
Objectivos
 Distinguir a frase simples da complexa.

A questão da definição da palavra é bastante complexa e


tem suscitado debates e variadas propostas de linguistas
com opções teóricas diversas, sem que haja, até agora,
uma resposta consensual. Na impossibilidade de basear
uma definição na intuição dos falantes, a análise linguística
deve enunciar critérios formais para a definição de palavra,
motivados pelas suas diferentes componentes: fonológicas,
morfológica, sintáctica e semântica.

Assim, em sintaxe, as palavras são unidades que ocupam


posições determinadas pelas estruturas, designadas
posições Xº. Onde X é uma variável que cobre a totalidade
das categorias sintácticas (adjectivo, nome, preposição,
Centro de Ensino à Distância 35

verbo, etc.), e º um indicador de que essa é uma posição de


núcleo de uma categoria sintagmática. As categorias
sintagmáticas identificam unidades sintácticas construídas
por sequências de palavras, uma das quais constitui o seu
núcleo. As categorias sintagmáticas como sintagma
adjectival (SADJ), sintagma nominal (SN), sintagma
preposicional (SPREP) e sintagma verbal (SV) têm como
núcleo, respectivamente, um adjectivo, um nome, uma
preposição e um verbo.

As palavras são átomos sintácticos, ou seja, são entidades


sintacticamente opacas, no sentido em que a sintaxe não
tem acesso a qualquer informação sobre a sua estrutura
interna.

Exemplo, a frase “ a, Maria, preparou, um, belo, discurso,


de, despedida” são unidades que ocupam posições Xº, ou
seja, que qualquer uma destas, do ponto de vista da análise
sintáctica, é uma palavra.

Em semântica, a definição da palavra é ainda mais


complexa. Consideraremos, aqui, que a palavra se
relaciona com o valor referencial inerente a uma sequência,
por oposição a outras sequências que não têm qualquer
valor referencial, mas são operadores de vária ordem.
Considerando, de novo, a frase “a, Maria, preparou, um,
belo, discurso, de, despedida”, Maria, preparou, belo,
discurso e despedida são palavras e a, um e de são
operadores.

Em morfologia, a definição de palavra recorre ao critério


sintáctico de identificação de uma sequência que ocupa
uma posição Xº, em critérios morfológicos de análise da sua
estrutura interna.
Centro de Ensino à Distância 36

Sumário

A definição de palavra em morfologia recorre ao critério


sintáctico de identificação de uma sequência que ocupa
numa posição Xº, e em critério morfológico de análise da
sua estrutura interna.

Exercícios

1. Apresente o conceito da palavra sob ponto de vista


semântico e sintáctico.

2. Relacione o conceito da palavra sob ponto de vista


morfológico com o semântico.
Centro de Ensino à Distância 37

Unidade 08: Composição das Palavras

Introdução

Depois de termos feito, na unidade anterior, uma discussão


acerca do conceito da palavra, nesta, procuraremos
abordar a questão da distinção entre a frase simples e a
complexa.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar frases simples e palavras complexas;

Objectivos  Identificar os constituintes de palavra, nos termos


das categorias morfológicas radical, prefixo e
sufixo.

O objectivo específico da morfologia consiste no


conhecimento das palavras, enquanto unidades de análise
linguística, dos seus elementos constituintes e das relações
existentes entre os constituintes da palavra, ou seja, da sua
estrutura interna, bem como das relações existentes entre
as palavras.

A estrutura interna das palavras reflecte o modo como cada


uma delas foi construída, sendo possível identificar palavras
simples como café, ram + o e palavras complexas,
formadas a partir de outras já existentes, exemplo: ram +
ifica + ção, bom + a+ relóg + io.

Os constituintes da palavra são unidades que se associam


entre si, de acordo com as suas propriedade inerentes e
Centro de Ensino à Distância 38

com os princípios gerais da morfologia, e pertencem a


categorias, como: radical, prefixo e sufixo.

Alguns radicais podem constituir, por si só, uma palavra,


que é necessariamente uma palavra simples, como feliz.
Mas, de um modo geral, os radicais estão associados a
prefixos, como infeliz, ou a sufixos, como em felicidade.

As palavras simples podem ser formadas por um único


constituinte – o radical, ou por dois constituintes – um
radical e um sufixo realizado pelos morfemas a, o, ou e.
Café, pau, feliz, ramo são um exemplo de palavras
simples. Este é um tipo de palavras simples (nomes,
adjectivos) muito frequente em português. Porém,
cafezinho, paulada, infeliz, ramal, são palavras
complexas. Neste tipo de palavras é possível identificar,
pelo menos, dois constituintes – um radical, e um ou mais
afixos (que não são realizados, ou não apenas realizados.
pelo morfemas a, e ou o), ou um radical, ou uma palavra, e
outra palavra.

Sumário

As palavras simples podem ser formadas por um único


constituinte – o radical, ou por dois constituintes – um
radical e um sufixo realizado pelos morfemas, enquanto nas
palavras complexas é possível identificar, pelo menos, dois
constituintes – um radical, e um ou mais afixos ( que não
são realizados, ou não apenas realizados.
Centro de Ensino à Distância 39

Exercícios

1. Construa uma família de palavras a partir de cada


uma das seguintes formas: forma; chave; belo; plantar e
colher.

a) Identifique os constituintes de uma das palavras que


constituem as famílias que construiu e classifique – os
(radical, prefixo, sufixo, palavra)

2. Classifique morfologicamente essas mesmas


palavras.

a) Quanto à sua estrutura (palavras simples/palavras


complexas)

b) Quanto ao processo de formação de palavras


(derivação/composição).
Centro de Ensino à Distância 40

Unidade 09: Estrutura interna das palavras

Introdução

Nesta unidade, teremos a oportunidade de estudar algumas


condições sobre a estrutura interna da palavra, bem como
alguns instrumentos que regulam as relações entre os
constituintes da palavra e a palavra.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Representar adequadamente a estrutura interna das


palavras complexas derivadas;
Objectivos
 Identificar o constituinte com função de núcleo,
utilizando o conceito de núcleo relativizado, e o
constituinte com função de não núcleo.

A grande maioria das palavras não são unidades simples,


mas unidades que permitem uma análise em constituintes.
Torna-se, pois, impensável conhecer o modo como esses
constituintes se estruturam no domínio da palavra e o modo
como a estrutura deve ser representada.

A estrutura interna das palavras simples é formada por


único constituinte, ou por dois, quando está presente um
dos morfemas a, e ou o, mas a estrutura interna de uma
palavra complexa tem de dar conta da relação entre um
número virtualmente superior de constituintes. Por exemplo,
uma palavra como imortalidade, formada por quatro
Centro de Ensino à Distância 41

constituintes: i, mort, al,idade. A representação da sua


estrutura interna é, por hipótese, única, todavia é
necessário seleccioná-la de entre várias que são possíveis.

A estrutura interna da palavra deve ser analisada a partir de


cada associação de um afixo a uma base. Por
consequência, a estrutura interna das palavras complexas é
sempre uma estrutura binária de prefixo de base, ou de
base sufixo, o que permite formular uma forte restrição,
designada hipótese de ramificação binária.

Tomemos, como exemplo, uma palavra como imortalidade


formada por quatro constituintes: i, mort, al, idade. A sua
representação adequada é, por hipótese, uma única, mas é
necessário seleccioná-la as várias que são possíveis.

1.

i idade

mort al

2.

i mort al idade
Centro de Ensino à Distância 42

3.

I mort al idade

4.

i mort al idade

5.

i mort al idade

Sumário

Em termos gerais, a estrutura interna das palavras simples


é uma palavra não-ramificada ou bi-ramificada, enquanto
que a estrutura interna das palavras complexas é
virtualmente uma estrutura recursivamente bi-ramificada.
Centro de Ensino à Distância 43

Exercícios

1. Construa uma representação da estrutura interna


para cada uma das seguintes palavras, elaborando
um pequeno comentário, sempre que julgar
necessário.

a) Desculpabilização

b) Despenalização

c) Meia-lua

d) Abre-latas.
Centro de Ensino à Distância 44

Unidade 10: Restrições sobre a estrutura interna das palavras

Introdução

Com a unidade restrições sobre a estrutura interna das


palavras pretende-se que o caro estudante saiba que, de
uma forma geral, a selecção de uma representação baseia-
se em critérios gerais sobre a boa-formação das estruturas,
como a hipótese de ramificação binária, as
propriedades de combinação dos afixos e a hipótese de
ordenação de afixos. Trata-se, portanto, da recapitulação
da matéria estudada na unidade anterior.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Representar adequadamente a estrutura interna das


palavras complexas derivadas e compostas.
Objectivos

Hipótese de ramificação

A palavra imortalidade está claramente relacionada com as


palavras mortalidade, imortal, e morte. Mas a relação
existente entre elas não é constante. Entre imortalidade e
mortalidade há uma relação de presença/ausência,
enquanto entre imortalidade e morte não há uma relação
directa, mas uma relação mediada pela relação entre morte
e mortal, entre mortal e mortalidade e, finalmente, entre
Centro de Ensino à Distância 45

mortalidade e imortalidade.

Assim, a estrutura interna da palavra deve analisada a partir


de cada associação de um afixo a uma base.
Consequentemente, a estrutura interna das palavras
complexas é sempre uma estrutura binária de prefixo e
base (ramificação à esquerda), ou de base e sufixo
(ramificação à direita), o que permite formular uma forte
restrição, designada hipótese de ramificação binária.

Propriedades combinatórias dos afixos

As propriedades combinatórias dos afixos operam sobre um


conjunto variado de informações presentes nos afixos e nas
bases. No caso concreto da palavra que já vimos
analisando, o sufixo idade selecciona adjectivos.

6.

i mort al idade

verifique-se que nesta representação o sufixo idade não


está associado a al, tal como acontece em (1 ), o que
significa que aquela representação foi eliminada.

Hipótese sobre a ordenação de afixos

Os sufixos ista e ico podem co-ocorrer no interior de única


palavra, mas a ordem linear em ocorrem não é a mesma:
ista precede ico em palavras como: humor + íst(a) + ico,
mas ico precede ista em electr + ic(o) + ista.

Os sufixos ista e ico exemplificam a possibilidade de


estabelecer uma ordenação dos afixos em termos
Centro de Ensino à Distância 46

absolutos.

Composição

Os compostos são palavras com uma estrutura interna


complexa, resultantes de um processo de formação de
palavras, designado por composição, que consiste na
concatenação de duas ou mais palavras ou radicais:

(i) Bomba-relógio

(ii) Fim-de-semana

(iii) Luso-brasileiro

(iv) Afro-luso-brasileiro

As palavras compostas são sequências de palavras que se


distinguem de unidades sintácticas porque os seus
constituintes não funcionam como elementos
independentes relativamente a processos sintácticos.

Vejamos um exemplo:

O fim de semana passou muito depressa.

*Que fim é que passou depressa?

*O de semana.

O que é que passou depressa?

O fim de semana.

A descrição tradicional estabelece uma relação diacrónica


entre compostos e estruturas sintácticas correspondentes,
propondo uma tipologia que assenta na categoria sintáctica
de cada um dos seus elementos constituintes.

1. Substantivo + Preposição + substantivo


Centro de Ensino à Distância 47

Ex: moinho de vento

fim de semana

lua de mel

2. Substantivo + Substantivo

Ex: Andar-modelo tenente- coronel

Navio-escola

3. Substantivo + Adjectivo

Ex: Estrela-candente

4. Adjectivo + Substantivo

Ex: Livre –pensador

Alta roda

5. Adjectivo + Adjectivo

Ex: Surdo-mudo

Verbo + Substantivo

Ex: Quebra-mar

Tira-nódoas

A flexão de número nos compostos está intimamente ligado


à sua estrutura interna, o que, juntamente com a
interferência de factores relacionados com a mudança
linguística, a transformam num processo complexo.

Vejamos os casos típicos, em que a realização morfológica


do plural pode ocorrer apenas no primeiro constituinte, em
ambos os constituintes ou apenas no último:

O processo de flexão de número nos compostos não é, no


entanto, aleatório: a cada forma do singular corresponde,
regra geral, uma única forma do plural.
Centro de Ensino à Distância 48

1. Sing. Moinho de vento

Plu. Moinhos de vento

Sing. Andar-modelo

Plu. Andares-modelo

2. Sing. Tenente-coronel

Plu. Tenentes-coronéis

Sing. Nó-cego

Plu. Nós-cegos

Sing. Iivre-pensador

Plu. Livres-pensadores

Sing. Surdo-mudo

Plu. Surdos-mudos

3. Sing. Quebra-mar

Plu. Quebra-mares
Centro de Ensino à Distância 49

Sumário

Compostos são palavras com uma estrutura interna


complexa, resultantes de um processo de formação de
palavras, designado por composição, que consiste na
concatenação de duas ou mais palavras e/ou radicais.

Exercícios

1. Diferencie, em poucas palavras, a estrutura interna


das palavras simples e das complexas sob ponto de
vista de sua ramificação.

2. Avente uma regra de formação do plural no grupo de


palavras compostas indicadas na exposição tendo
em consideração os seus constituintes.
Centro de Ensino à Distância 50

Unidade 11: Radicais e sufixos avaliativos de flexão e de derivação

Introdução

Nesta unidade, que é a continuidade da abordagem sobre


as palavras simples e complexas, vamos abordar a matéria
sobre os tipos de radicais e sufixos, nomeadamente, os
sufixos avaliativos e os sufixos de flexão.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 caracterizar os afixos, quanto às propriedades


inerentes e combinatórias, identificando
Objectivos
subcategorias como a dos sufixos avaliativos e a dos
sufixos de flexão.

Os Radicais, à excepção dos casos em que são


coincidentes com a palavra, os radicais, tal como os afixos,
são morfemas presos, ou seja morfemas que só podem
ocorrer num enunciado quando se encontram associados a
outros morfemas. Os morfemas livres são, pelo contrário,
aqueles que podem ocorrer isoladamente.

Os afixos – prefixos, infixos ou sufixos – são sempre


morfemas presos, que se juntam a radicais ou a palavras
para formar palavras derivadas.

Entre os constituintes das palavras complexas encontramos


Centro de Ensino à Distância 51

radicais e afixos. Vejamos, (escol, norm e pen), de escola,


norma e pena são responsáveis pelo significado básico das
palavras, enquanto (a, ar/izar, ção, ar/er e re) são
responsáveis pela modificação desse significado básico e
pela especificação das propriedades gramaticais de cada
uma das palavras.

Os afixos localizam-se na periferia – designando-se prefixos


os que ocorrem à esquerda do radical e sufixos os que
ocorrem à sua direita – ou no interior dos radicais , sendo
designados infixos.

Os sufixos são responsáveis por uma alteração regular da


interpretação semântica das formas derivantes, que
habitualmente se indica através de uma paráfrase que
opera sobre uma variável, por exemplo:

[[X]ção] “ acção ou processo de X”

Planificação acção ou processo de


planificação

Os sufixos seleccionam as suas bases em função de outras


propriedades, por exemplo morfológicas, como o género. O
sufixo mente selecciona adjectivos cuja especificação de
género é [-masc], que é o valor comum aos adjectivos
femininos e invariáveis: [[antiga] Adj [+fem, -masc] mente] Adv
Os sufixos avaliativos (diminutivos, aumentativos e
pejorativos, entre outros) formam um subconjunto de
sufixos, uma vez que o seu comportamento é, em certos
casos, diferente do comportamento típico dos sufixos. Estes
sufixos não alteram a categoria sintáctica da base.

Os sufixos avaliativos não alteram a categoria sintáctica da


base. Vejamos os exemplos:

(i). dedo (Nome) dedinho (Nome)


Centro de Ensino à Distância 52

(ii). dedo (Nome) dedão (Nome)

Mas podem intervir na definição do valor de género nos


derivados:

(i). dedo [+ masc] dedão [+masc]

(ii) mala [+fem] malão [masc]

Em português, a informação de flexão é sempre realizada


por sufixos, porém as suas características são, tal como no
caso dos sufixos avaliativos, diferentes das características
típicas das restantes.

Os sufixos de flexão são sensíveis à categoria sintáctica


da base, mas nunca a alteram, contrariamente aos sufixos
de derivação. Exemplo:

Aluno (Nome) aluna (Nome)

Escritor(Nome) escritores (Nome)

Disse (verbo) disseram (verbo)

Os sufixos de flexão são igualmente sensíveis à


informação morfológica da base, como por exemplo, a
conjugação nos verbos. Na primeira conjugação, o sufixo do
conjuntivo presente é e, enquanto que nas segunda e
terceira conjugações, este mesmo paradigma de flexão
recorre ao sufixo a.

De um modo geral, os sufixos de flexão afectam a


interpretação semântica das palavras em que ocorrem, mas
apenas quanto às categorias quanto às categorias que
realizam, ou seja, quanto ao género, ao número, ao modo,
ao tempo, ao aspecto e à pessoa.
Centro de Ensino à Distância 53

Sumário

Os sufixos são responsáveis por uma alteração regular da


interpretação semântica das formas derivantes, que
habitualmente se indica através de uma paráfrase que
opera sobre uma variável.

Os sufixos de flexão são sensíveis à categoria sintáctica


da base, mas nunca a alteram, contrariamente aos sufixos
de derivação.

Exercícios

1. Distinga os sufixos avaliativos e os de flexão.

2. Defina radical.

3. Por que se diz que os afixos são sempre morfemas


presos?

4. Diferencie, exemplificando, os sufixos de flexão e os


de derivação.

5. Apresente, ilustrando, as propriedades semânticas


dos sufixos avaliativos.
Centro de Ensino à Distância 54

Unidade 12: Morfologia: Processo de Formação de Palavras

Introdução

Na verdade, quando se trata de estudar a língua, ou


quando dela se fala, o primeiro conceito que aparece é a
palavra. Esta tem sido referida como sendo a unidade
mínima de sentido ou seja, um signo linguístico, mas, é
lícito compreender que cada palavra também incluir outras
informações. A representação de uma palavra no dicionário
deverá dizer-nos se trata de um substantivo, um verbo, um
adjectivo, um advérbio, uma preposição, uma conjunção.
Isto é, deverá especificar qual é a categoria gramatical ou
classe sintáctica a que pertence...”

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar as unidades gramaticais mais elementares


(morfemas) de uma língua;
Objectivos
 Interpretar as regras morfológicas que determinam o modo
como os morfemas se combinam para formarem novas
palavras.

Ao tentar analisar, quer as palavras simples quer as complexas,


considera-se que trata da combinação particular de som e sentido, no
entanto, note-se que as palavras não constituem, numa língua, a
única unidade em que se estabelece este tipo de combinação. Não
são consideradas a unidade máxima desse tipo de relação
som/sentido, pois as frases e os sintagmas, sequências estruturadas
Centro de Ensino à Distância 55

de palavras, são unidades maiores, devem, então ser consideradas a


unidade mínima portadora de sentido, ou precisa-se de postular a
existência de unidade menor que a palavra, essa sim, a unidade
mínima significativa?

Baseados em observações, os linguistas estruturalistas dos anos 40


e 50 concluíram que as palavras são, em geral, constituídas por tais
unidades mais pequenas do que elas, a que denominaram
Morfemas.

O morfema é geralmente definido como a unidade mínima


significativa que tem uma forma física (fonológica) e um sentido, ou
função, no sistema gramatical.

Os morfemas classificam-se quanto à natureza da sua significação,


em morfemas lexicais e morfemas gramaticais, ou morfemas
funcionais, estes últimos têm como única função assinalar relações
gramaticais, como os morfemas de número ou de tempo, as
preposições ou o artigo, enquanto os primeiros têm contudo
semântico, como os que referem ao mundo objectivo ou subjectivo.

Os morfemas lexicais constituem uma classe aberta, são em


número ilimitado, sendo sempre possível criar novo verbo, nome
adjectivo ou advérbio, em contrapartida, os morfemas gramaticais
constituem o grupo limitado, uma classe fechada de unidades numa
dada língua.

Sumário

Baseados em observações, os linguistas estruturalistas


dos anos 40 e 50 concluíram que as palavras são, em
geral, constituídas por tais unidades mais pequenas do
que elas, a que denominaram Morfemas.
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Exercícios

1. Defina morfema.
2. Distinga Morfemas presos dos livres
3. Como se podem classificar os Morfemas
4. O que entende por línguas aglutinativas, funcionais,
infixantes, analíticas? Dê exemplo para cada.
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Unidade 13: Relações entre Fonologia e Morfologia do Português

Introdução

Na língua portuguesa, os morfemas de flexão são sempre


sufixos, ou seja estão sempre colocados a seguir ao radical
e com ele constituem uma palavra. Dado que a flexão se
concretiza em elementos fonológicos da língua, que nunca
ocorrem isolados mas sempre integrados nas palavras, a
flexão é um domínio privilegiado de relações íntimas entre
fonologia e morfologia.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Compreender as relações entre a fonologia e a


morfologia;
Objectivos
 Apreender as incidências de certas características da
formação da língua na constituição dos paradigmas
de número e género;

 Distinguir alternâncias regulares e não regulares das


formas de singular/plural e de masculino/feminino.

O estudo dos sistemas fonológicos das línguas exige


naturalmente um conhecimento desenvolvido das
características dos sons, sem que esse estudo se tornaria
uma mera construção teórica sem possibilidade de
verificação. A fonologia obriga portanto a um exercício de
abstracção a partir do nível do sonoro das línguas. No,
entanto, a interacção dos níveis fonológicos e morfológicos,
Centro de Ensino à Distância 58

permitem esclarecer questões ligadas à aprendizagem das


línguas e ao funcionamento da sua utilização.

O objectivo específico da morfologia consiste no


conhecimento das palavras, enquanto unidades de análise
linguística, dos seus constituintes da palavra, ou seja, da
sua estrutura interna, bem como das relações existentes
entre as palavras.

Ao interpretar uma frase uma frase, procedemos


necessariamente, entre outras operações, a uma de
segmentação e identificação das palavras que a constituem
operação em que intervém o nosso conhecimento dessas
unidades no sistema linguístico. Mas interpretação dessas
unidades é frequentemente composicional, ou seja,
baseada no reconhecimento dos seus elementos
constituintes.

A estrutura interna das palavras reflecte o modo como caca


uma delas foi construída, sendo possível palavras simples e
complexas.

A forma fonética que assumem os morfemas flexionais


resulta, por um lado, da aplicação das regras gerais da
fonologia, por exemplo, as regras do vocalismo átono, e por
outro permite apreender certas regularidades da própria
flexão que são explicáveis pelo funcionamento do sistema
fonológico.

Pode, isto, perceber a partir de certas regras aplicadas à


flexão de palavras, como atrás o dissemos. Por exemplo:

Flexão dos nomes e adjectivos

Os nomes e adjectivos flexiona em português em número e


género. Os morfemas que marcam estas categorias
gramaticais são fixos e não dependem de propriedades
Centro de Ensino à Distância 59

sintácticas nem em estratégia de discurso.

A flexão dos nomes e adjectivos será aplicada, sempre que


tal se julgue conveniente, a partir das regras fonológicas
que, actuando na língua portuguesa, provocaram a
diversidade de morfemas que hoje caracterizam a
expressão dessas categorias gramaticais.

Os nomes são obrigatoriamente integrados na categoria


gramatical de número e distribuídos por duas classes,
singular e plural, tendo o singular como referente uma
unidade (ou conjunto de unidades que formam um todo) e o
plural mais do que uma unidade.

Para a análise dos morfemas de número, observam-se os


exemplos seguintes:

(i) Rosa/rosas ,

Jarro/jarros

(ii) Amor/amores

Português/portugueses

(iii) Som/sons

Homem/homens

Em (i) e (iii) encontram-se as alternâncias mais frequentes e


mais produtivas em português: Ø/s em (i) e (ii)( a
alternância m/n é apenas ortográfica), e Ø/s em (iii), com
palavras terminadas em r, s e z. Neste último caso pode
considerar-se que o morfema do plural é também apenas s,
tendo em atenção que e final, no singular, é suprimido por
estar antecedido das consoantes referidas

A flexão gramatical de género distribui-se por dois grupos,


Centro de Ensino à Distância 60

masculino e feminino, em que se integram obrigatoriamente


os nomes. Basicamente a categoria gramatical é atribuída
pelo especificador – determinante ou quantificador:

A cadeira / a cadeira grande

O vaso / o vaso grande

Os morfemas que marcam o género dos nomes e


adjectivos estão indicados necessariamente no léxico. De
outra maneira não seria possível determinar qual o que
compete a cada uma das unidades lexicais, visto que
podemos ter nomes masculinos terminados em o (aluno), a
(fantasma) ou e (elefante), e femininos terminados em a
(aluna), e (sede) e o (tribo).

As alternâncias de género como em homem/mulher; porco/


porca; teimoso/teimosa, são as mais frequentes e
produtivas em português

Observem-se agora os seguintes exemplos:

a) Leão / leoa

Irmão / irmã

b) Espertalhão / espertalhona

Em a) encontram-se alternâncias de género que


exemplificam a supressão do n latino intervocálico,
característica fonética da formação da língua portuguesa
que, neste caso tem consequências morfológicas.

A diversidade de terminações do feminino explica-se por em


irmão/irmã se ter deixado de pronunciar o n que estava
colocado entre as vogais finais dos étimos leoa e irmã,
enquanto em espertalhão/ espertalhona a mesma
consoante se ter mantido na terminação ona que se
encontra em palavras formadas dentro do português pela
adjunção desse afixo.
Centro de Ensino à Distância 61

Sumário

Os morfemas de flexão são sempre sufixos, ou seja estão


sempre colocados a seguir ao radical e com ele constituem
uma palavra.

Exercícios

1. Formule duas regras fonológicas que representem a


formação do plural dos nomes e adjectivos
terminados em L, indicando a vogal que antecede
essa consoante.

2. Procure explicar a alternância fácil/fáceis


Centro de Ensino à Distância 62

Unidade 14: Regras morfológicas de formação de palavras

Introdução

Está claro que existem vários processos de formação de


palavras. Sobre todos eles, estamos minimamente
familiarizados. As palavras podem juntar-se ao vocabulário
ou léxico de uma língua através de processos derivacionais.
Mas novas palavras podem também entrar numa língua de
muitas outras maneiras.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Interpretar as regras morfológicas inflexionais e a sua relação


com as regras da sintaxe;
Objectivos
 Exemplificar como as regras morfonémicas e as regras
fonológicas de uma língua determinam diferentes representações
de um morfema

A criação de novas palavras pode fazer-se por: processos


morfológicos.

1. Processos morfológicos: nestes enquadram-se:

(i) A derivação – que consiste em formar palavras pela


combinação de um radical ou tema verbal, com afixos
derivacionais. Por sua vez, a derivação pode ser:

a) Verbalização – quando permite formar verbos a partir de


adjectivos, nomes ou verbos.
Centro de Ensino à Distância 63

b) Nominalização – quando permite formar verbos a partir de


adjectivos, nomes ou verbos.

c) Adjectivalização – quando permite formar adjectivos a partir


nomes, adjectivos ou verbos.

d) Derivação regressiva – é caso particular da derivação que


consiste na nominalização sobre radicais verbais envolvendo a
supressão de afixos.

e) Parassíntese (ou circunflexão) consiste na formação de palavras por


recurso simultâneo a prefixação e sufixação. Porém, não é o mesmo
referir-se à derivação por prefixação e sufixação, pois, no primeiro
caso, não se pode de forma alguma suprimir um dos afixos. Vejamos,
em empobrecer (*pobrecer).

Sumário

Cada comunidade linguística consome, transforma e cria


novas palavras. Assim, há itens que desaparecem – os
arcaísmos, outros sofrem alterações e outros ainda são
criados por diversos processos – os neologismos. A criação
de novas palavras pode fazer-se por: processos
morfológicos e não morfológicos.

Exercícios

W 1. Faça uma ficha de leitura sobre os processos de


palavras.
a) Defina e refira-se à importância dos Acrónimos.
b) O que é uma regra morfemática.
c) O que é um alomorfe?
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3. Qual a relação entre os morfemas flexionais e


derivacionais e as regras de morfologia derivacional?
Centro de Ensino à Distância 65

Unidade 15: A Prosódia

Introdução

Na presente unidade, procederemos uma apresentação


geral das propriedades prosódicas, do modo da sua
associação à cada cadeia segmental e do papel que
desempenham na estruturação do enunciado.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Compreender a multiplicidade de funções das


propriedades prosódicas;
Objectivos
 Compreender a pertinência linguística das unidades
prosódicas para a explicação de certos fenómenos
fonéticos.

Os sons possuem propriedades que lhes são intrínsecas –


a intensidade (ou porção expiratória), o tom (ou altura) e a
duração (ou o tempo). Estas propriedades diferem dos
traços distintivos dado que todas elas são inerentes aos
sons ao passo que os traços distintivos podem ou não estar
presentes nos segmentos. No nível fonético, a intensidade
cria o acento, tornando uma das sílabas da palavra
proeminente em relação às outras. A altura de cada som é
o som. Uma sequência de segmentos com os respectivos
tons cria a entoação dessa sequência, quer se trate de uma
palavra ou de um grupo de palavras. A duração de cada
som funciona também em termos relativos dentro das
sequências fonéticas.
Centro de Ensino à Distância 66

Do ponto de vista fonológico, as línguas utilizam essas


propriedades com objectivos diversos: (i) para marcar os
limites das unidades (o acento pode indicar o fim ou o início
da palavra; a curva de entoação pode igualmente marcar os
limites de unidades prosódicas); (ii) para criar oposições
distintivas (nas línguas tonais, o tom de uma sílaba, por
contraste com os tons das que a rodeiam, pode opor
significados entre duas palavras cujos segmentos são
iguais tendo, assim, uma função distintiva); (iii) para
distinguir significados globais de construções frásicas ( a
entoação é usada frequentemente para diferenciar uma
interrogação de uma afirmação, por exemplo).

A prosódia estuda o modo como estas propriedades


funcionam nas línguas em geral e numa língua em
particular. O estudo dos aspectos prosódicos e a sua
relação com as sequências seguimentais – fonológicas ou
morfológicas, sintácticas, semânticas ou pragmáticas –
beneficiou da perspectiva da fonologia autossegmental,
tendo em atenção que essa perspectiva propõe que os
traços e as unidades prosódicas se situem em níveis
autónomos e que possam envolver constituintes mais
vastos do que o segmento.

Na realidade, quando o traço prosódico acento incide numa


sílaba, as restantes sílabas da palavra podem sofrer
alterações em consequência de serem não acentuadas. Por
outro lado, numa sequência de mais de que uma palavra,
existem proeminências de acento relacionadas
hierarquicamente (acento principalmente e acentos
secundários, matéria a aprofundar na unidade a seguir).
Centro de Ensino à Distância 67

Embora, nesta unidade, nos ocupemos fundamentalmente


das propriedades associadas a variações na evolução
temporal destes atributos, é importante notar que há outras
propriedades prosódicas, a nasalidade, por exemplo, é a
que caracteriza as consoantes nasais. Em certas línguas,
no entanto, a nasalidade pode tornar-se uma propriedade
da sílaba ou mesmo de toda a palavra. Também os
processos de harmonia vocálica podem ser considerados
prosódicos na medida em que determinam se uma dada
propriedade (altura, recuo, arredondamento, etc.)
associa-se obrigatoriamente a todos os segmentos
vocálicos de determinado domínio, normalmente a palavra.

Sumário

As propriedades que estão associadas aos segmentos e


que determinam a sua qualidade distinguem-se,
habitualmente, das propriedades prosódicas que estão
associadas a unidades mais vastas como a sílaba, a
palavra ou a frase. Como, neste caso, a maior parte das
propriedades prosódicas estão relacionadas com a
evolução no tempo da frequência fundamental, da duração
e da intensidade. O termo “prosódia” é, utilizado para
referir o conjunto de fenómenos que envolvem qualquer um
destes três atributos acústicos.

Exercícios

1. O que entende por prosódia?

2. Identifique as propriedades prosódicas dos sons.

3. Diferencie propriedades prosódicas de unidades


prosódicas.
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4. Explique a diferença entre o nível prosódico e o nível


segmental de uma língua.

5. Apresente argumentos que apoiem a afirmação de


que a fonologia autossegmental tem vantagem para a
análise das unidades prosódicas de uma língua.

6. Refira-se às vantagens das propriedades prosódicas


sob ponto de vista fonético e fonológico.
Centro de Ensino à Distância 69

Unidade 16: Relação entre a Prosódia e a Sintaxe

Introdução

Na presente unidade, iremos, fundamentalmente,


estabelecer relações entre a prosódia, uma componente da
fonética, com a sintaxe.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Compreender a natureza das relações entre a


prosódia e a estrutura sintáctica.
Objectivos

A estrutura prosódica do enunciado reflecte, de um modo


geral, a estrutura sintáctica, pois estes agrupamentos
sucessivos respeitam as fronteiras de frase e as fronteiras
de constituintes imediatos da frase. Note-se, no entanto,
que os constituintes com a função de tópico ou foco
formam, por si sós, um grupo prosódico. Também formam,
obrigatoriamente, grupos prosódicos todas as expressões
parentéticas, indigentemente destas corresponderem a um
sintagma nominal, a um sintagma adjectival ou a uma frase.

O enunciado pode ser realizado sem partições (ou rupturas)


sendo-lhe, nesse caso, atribuída uma única melodia. Mas,
se houver partição do enunciado, é respeitada a estrutura
prosódica. Vejamos os seguintes enunciados:

c. O saco tem alguns botões e umas pérolas.

d. O saco/ tem alguns botões e umas pérolas.

e. O saco/ tem alguns botões/ e umas pérolas.


Centro de Ensino à Distância 70

f. O saco tem/ alguns botões/ e umas pérolas.

g. O saco tem alguns botões/ e umas pérolas.

h. O saco/ tem/ alguns botões e umas pérolas.

Estas realizações são prosodicamente diferentes, uma vez


que a cada partição prosódica do enunciado corresponde a
uma ruptura melódica e uma ruptura rítmica que são
assinaladas por um movimento amplo fde FO e por um
maior alongamento da sílaba acentuada em posição final,
respectivamente.

Quando as unidades prosódicas se agrupam formam-se


grupos prosódicos, em, que um dos acentos ( o acento mais
à direita) é novamente mais proeminente do que os outros.
À sílaba tónica saliente, que é a mais longa do grupo, está
associada a marca entoacional mais proeminente, isto é, a
variação mais ampla da frequência fundamental.

Em termos gerias, observam-se grandes semelhanças entre


línguas, no que respeita ao tipo de informação que é
fornecida com base em propriedades prosódicas, à
importância dos princípios rítmicos para a estruturação do
enunciado, às estratégias para assegurar a coesão intra e
inter-frásica e, ainda’ à utilização da frequência
fundamental, da duração e da intensidade para assinalar
diferenças de modalidade, para marcar prosodicamente
tópicos e focos, assim como para assinalar diversos tipos
de fronteiras sintácticas.

É importante notar, contudo, que existem diferenças


importantes de língua para língua no que respeita ao modo
a frequência fundamental, a intensidade e a duração se
combinam entre si e se associam à cadeia de segmentos.

Estas diferenças de ordem prosódica, que podem também


Centro de Ensino à Distância 71

implicar diferenças de ordem segmental, são de tal modo


marcantes do comportamento linguístico dos falantes.

Sumário

A estrutura prosódica do enunciado reflecte, de um modo


geral, a estrutura sintáctica, pois estes agrupamentos
sucessivos respeitam as fronteiras de frase e as fronteiras
de constituintes imediatos da frase.

Exercícios

1. Por suas palavras, diga que relações se estabelecem


entre a estrutura prosódica do enunciado e a estrutura
sintáctica.

2. Diferencie os termos frase, enunciado e proposição.

3. Diferencie unidades prosódicas e os grupos prosódicos.


Centro de Ensino à Distância 72

Unidade17: Tom, entoação e acento

Introdução

De uma maneira geral, o acento é comum a todas as


línguas e exerce, quer nas palavras em particular, quer nas
frases ou sintagmas em geral funções específicas inerentes
a cada língua. Nesta unidade incidiremos sobre as funções
do Acento, do Tom e da Entoação nas línguas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Distinguir línguas tonais das não tonais;


 Explicar a importância do acento dinâmico;
Objectivos
 Distinguir o Tom da Entoação.

Nesta unidade, você, estudante vai ter a ocasião de estudar


o acento da palavra em português. Em, português, o acento
resulta da combinação das propriedades de intensidade e
duração do som vocálico que, em determinado ponto da
sequência, apresentam valores relativamente mais
elevados e marcam uma sílaba mais forte ou proeminente
na palavra.

Quando duas ou mais sílabas se agrupam , uma delas é


obrigatoriamente mais proeminente do que a(s) outra(s).
Diz-se, então, que essa sílaba é portadora de acento.
Centro de Ensino à Distância 73

O acento é, de facto, um elemento estruturador. Na fala, tal


como na música, por exemplo, as batidas agrupam-se em
torno de acento criando unidades rítmicas básicas (ou
compassos).

O acento principal de palavra na língua portuguesa


apresenta maior possibilidade de generalização na classe
dos nominais do que nos verbos. Por este motivo, o acento
nos nomes e adjectivos e o acento nas formas verbais são
tratados separadamente.

Para além do acento principal, a palavra pode conter outros


pontos de proeminência, os acentos secundários. A
distribuição do acento principal faz-se no nível lexical visto
que tem em conta a estrutura interna da palavra. A
gramática tradicional apenas considera a existência de
acentos secundários nas palavras formadas com os sufixos
– zinho, - zito, -zão, -(z avaliativos). Do ponto de vista
prosódico considera-se a existência de acentos secundários
na palavra, ou seja, pontos de proeminência que estão
presentes na cadeia sonora mas não atingem a intensidade
do acento principal. Os acentos secundários reforçam o
poder informativo do acento principal e organizam a cadeia
fonética como um domínio rítmico.

No discurso oral, os acentos principal e secundários


apresentam-se como um princípio rítmico de alternância
acentual. Os acentos secundários ocorrem em intervalos
regulares, sempre em sílabas pré-tónicas, e podem marcar
a sílaba inicial da palavra ou marcar sílabas alternantes a
partir da tónica para a esquerda, até ao limite da palavra.
Centro de Ensino à Distância 74

Sumário

O acento principal incide obrigatoriamente num único ponto


da palavra prosódica e é atribuído lexicalmente, ou seja,
segundo regras da língua que se aplicam de igual modo em
todas as variedades. O acento secundário pode incidir em
mais do que um ponto da palavra e a sua intensidade é
menor do que a do acento principal, admitindo variação
decorrente de diversos factores.

Exercícios

2. Que entende por acento principal, primário, e


secundário na palavra?
3. Caracterize as línguas tonais e entoacionais e não
tonais.
4. Caracterize o tom, a entoação e o acento dinâmico.
5. Construa uma frase e indique nela o lugar de
ocorrência do acento.
6. Diga qual a diferença que considera existir entre
acento principal e acento secundário.
Centro de Ensino à Distância 75

Unidade 18: Relações entre segmentos

Introdução

Nesta unidade você, caro estudante terá a oportunidade de


reflectir sobre as regras fonológicas, sobretudo, no que diz
respeito à natureza das regras fonológicas; representação
fonémica e fonética; regras de assimilação, inserção e
eliminação de segmentos, regras de acréscimo de traços
redundantes, regras de movimento de traços ou de
segmentos

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Explicar a importância das regras fonológicas que


determinam a relação entre a representação fonémica e a
Objectivos
representação fonética.
 Compreender a relação entre segmentos de superfície e
segmentos subjacentes.

Para permitir que os propósitos da unidade sejam alcançados, faremos


referência à dois tipos processos, lexicais e pós-lexicais. Um processo
fonológico é um aspecto do funcionamento da fonologia de uma língua
que atinge, de forma sistemática, vários elementos que possuem algo
em comum. Os processos fonológicos podem incidir apenas sobre os
elementos do sistema fonológico ou podem estar relacionados com
Centro de Ensino à Distância 76

outros níveis da língua, nomeadamente com a morfologia.

Quando os processos fonológicos admitem excepções às regras gerais,


quando tomam em conta certas informações contidas nos itens lexicais
e, por outro lado, não estão sujeitos a variações ocasionais, considera-
se que são processos lexicais. Os outros processos situam-se num
nível mais superficial da gramática e são processos pós-lexicais. A
alteração que manifestam as vogais átonas se as comparamos com as
correspondentes tónicas é consequência de um processo fonológico
designado processo de vocalismo átono.

As Regras gerais do processo de vocalismo átono: neutralização,


elevação e recuo, nasalização.

Ao fazer o inventário dos elementos dos sistema fonológico, falamos


das neutralizações de sub-sistemas (p.e. as vogais [], [o], [u], ou [ε], [e],
[i], que em sílaba não acentuada, por regra, se reduzem,
respectivamente a [u] e a [Ə]. Essas neutralizações não se dão em
grupos heterogéneos de vogais, mas em grupos de vogais com
características comuns. Senão vejamos:

i. mar [á] marinho [α]

virar [á ] vira [α]

ii. festa [ε’], festinha [Ə] porta [] porteiro [u]

dedo [é] dedada [Ə] fogo [ó] fogueira [u]

Ferir [í] fere [Ə] furo [ú] furador [u]

iii. fita [í] fitinha [Ə]

As relações entre as vogais acentuadas e não acentuadas nas palavras


Centro de Ensino à Distância 77

acompanham as relações de significado entre essas mesmas palavras.

É evidente que os falantes não produzem primeiro a vogal acentual


para depois a substituir pela não acentuada. Vale para o efeito, a
hipótese de que ambas as vogais estão relacionadas com um mesmo
segmento abstracto, e que esse segmento é realizado, ou actualizado,
ou produzido de duas maneiras, conforme a sílaba em que está
incluído recebe ou não o acento na palavra.

Se falamos de segmento abstracto, estamos a referir-nos a um nível


subjacente à estrutura (ou nível) de superfície da língua.

Traços das classes principais

Estes traços distinguem-se as classes de vogais, semivogais e


consoantes. Note-se que o traço [silábico] é exclusivo das vogais por
serem elas os únicos elementos que podem ser núcleo de sílabas em
português. Os outros dois traços estão relacionados com a passagem
do ar no tracto vocal: sem vozeamento espontâneo, [consonântico], ou
com vozeamento espontâneo, [soante].

Como vimos, atrás, as vogais [ε], e [e] realizam-se como [Ə] em sílaba
tónica. Isto sugere que essas vogais têm traços comuns, já que
convergem numa única quando não recebem o acento. Feita a
classificação, notaremos que [ε], e [e] são as únicas [-rec] e também
[-alt]. Essa verificação permite-nos integrá-las na mesma classe e
justifica a relação existente entre elas.

O conjunto de segmentos que possuem traços comuns e têm


comportamentos inter-relacionados denomina-se habitualmente classe
natural. Uma classe natural define-se com menos traços do que os
necessários para definir cada segmento individualmente. Como [Ə] é
[+alt] e [+rec], teremos de indicar outro traço que ela possua em comum
Centro de Ensino à Distância 78

com [ε] e [e] para indicarmos, por meio de traços, a alteração


evidenciada na regra. Todas essas vogais são [-arr].

Os processos que não admitem excepções ou que apresentam alguma


variação dependente do registo de fala são designados processos pós-
lexicais e a sua actuação situa-se num nível superficial da língua. No PE,
são pós-lexicais os seguintes processos: velarização, palatização,
inserção, a dissimilação, a supressão.

Sumário

No português europeu, o processo de vocalismo átono


leva a uma redução bastante grande das vogais não
acentuadas quando sobre elas se aplicam as regras
gerais. Essa redução é dos principais factores de
distinção entre a variedade europeia e a brasileira, já que
nesta última a redução é muito menor.

Exercícios

X 1. Em que consiste a regra de assimilação?


Y 2. Apresente e exemplifique a metátese.

3.Defina, exemplificando, os conceitos de regra de reforço


do traço e de redução.

4. Distinga os processos lexicais dos pós-lexicais.

5. Ao fazermos o inventário dos elementos do sistema


fonológico, falámos em neutralizações de sub-sistemas que
em sílaba não acentuada, por regra geral, se reduzem,
respectivamente a [u] e a [ә]. Estas neutralizações não se
dão em grupos heterogéneos de vogais, mas em grupos de
Centro de Ensino à Distância 79

vogais com características comuns. Comente, dando


exemplos.

6. Apresente sob forma de regra a alteração /e/___[i] na


vogal da palavra ermida, tendo em conta os traços
distintivos das vogais e o contexto em que se dá a
alteração.

Unidade 19: O Léxico

Introdução

Com base no pressuposto de que o léxico é a componente


da gramática onde se localizam os fenómenos linguísticos,
como a formação de palavras, que a análise morfológica
procura explicitar, como vimos nas unidades anteriores, o
conceito de palavra, identificar os seus constituintes e
Centro de Ensino à Distância 80

conhecer a estrutura interna, vamos, nesta unidade, estudar


o modo como o léxico se organiza, partindo da distinção
entre unidades lexicais e condições e princípios
morfológicos.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Conhecer os conceitos de paradigma, classe aberta


e classe fechada, enquanto instrumentos de
Objectivos
estruturação do conjunto das unidades lexicais.

As unidades lexicais distribuem-se por paradigmas, que


podem ser classes abertas ou classes fechadas.

Paradigmas são classes, ou sistemas, ou ainda conjuntos


de unidades linguísticas que, entre si, estabelecem relações
paradigmáticas, ou seja, relações que se estabelecem num
determinado contexto.

No léxico, os paradigmas são constituídos por unidades e


definem-se a partir de uma dada relação lexical.

Em termos gerais, uma classe aberta é uma classe que


integra um determinado conjunto de elementos de uma
mesma categoria. Uma classe fechada, pelo contrário,
integra um conjunto finito de elementos de uma dada
categoria, sem que, em princípio, esse conjunto possa vir a
integrar novos elementos.

A classe dos nomes, por exemplo, é uma classe aberta. A


associação de um sufixo a um nome é suficiente para
fornecer a esta classe um novo elemento. A classe das
preposições é uma classe fechada. Não há mecanismos de
Centro de Ensino à Distância 81

criação de novas preposições, ainda que de um modo


assistemático e não previsível seja possível, por conversão,
atribuir a categoria preposição a uma palavra que pertence
a outra classe.

Sumário

No léxico, os paradigmas são constituídos por unidades


lexicais e definem-se a partir de uma dada relação lexical.

Exercícios

1. Define conceito de paradigma.

2. Diferencie, dando exemplos, classes abertas e


classes fechadas.

3. O que entende por relação lexical

Unidade 20: Propriedades das Unidades Lexicais

Introdução

Às unidades lexicais – palavras, radicais, ou afixos – está


associado um complexo de informações de vária natureza –
fonológicas, morfológicas, sintácticas e semânticas,
especificadas, em alguns casos, através de um conjunto de
traços, ou seja, pares de atributos e valores, e, noutros
casos, recorrendo a uma notação formal adequada. Nesta
Centro de Ensino à Distância 82

unidade trataremos de uma apresentação esquemática de


algumas das propriedades inerentes e combinatórias das
unidades lexicais.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Construir entradas lexicais, com as especificações


das informações fonológicas, sintácticas e
Objectivos
semânticas, devidamente formalizadas;

 Definir unidades lexicais.

A informação fonológica consiste na representação


fonológica da sequência e ainda na explicação do
comportamento fonológico idiossincrático dessa mesma
sequênia, como por exemplo, a que se relaciona com a
atribuição do acento em palavras.

A informação morfológica especifica o valor das


propriedades das categorias morfológicas, ou morfo-
sintáctico-semânticas, flexionais como por exemplo, número
e género, para outros verbos. Enquanto, informação
sintáctica especifica a categoria sintáctica, as sub-
categorias sintáctico-semânticas, a selecção de
complementos, ou sub-categorização e as restrições de
selecção de complementos.

As categorias sintácticas principais, reinterpretadas nos


termos dos traços sintácticos [± N] (nominal) e [± V] (vebal],
permitem obter a seguinte matriz:

Adjectivo Nome Preposição Verbo


(AdJ) (PREP)
(N) (V)
Centro de Ensino à Distância 83

+ + - -
N
V + - - +

Assim, a categoria sintáctica é especificada, para cada


entrada lexical, do seguinte modo:

1. final: [+N, +V]

Ex: esta é a minha decisão final.

Repare que final, neste caso, é um adjectivo, por isso


representa-se [+N, +V], conforme a tabela. Mas o mesmo
não acontece em:

2. final: [+N, -V], Este filme tem final assustador.

3. perder: [-N, +N]

Ex: perdi o meu caderno de Linguística Descritiva do


Português I.

As categorias sintáctico-semânticas incluem, por exemplo, a


distinção entre nomes próprios e nomes comuns e entre
nomes contáveis e massivos, e especificações como
[±humano] e [± animado]. Exemplo:

Maria: [+ humano]

Elefante: [-humano]

Paulo: [+ animado]

Relógio: [-animado]

A subcategorização especifica a categoria sintagmática dos


complementos seleccionados por uma unidade lexical. A
localização da unidade lexical que selecciona um
complemento, relativamente ao complemento seleccionado,
é indicada por um traço ( ___ ).

1. Amar: [___ SN]


Centro de Ensino à Distância 84

Ex: o Romeu amava a Julieta.

2. Gostar [__ SP]

Ex: o Pedro gostava da Maria.

Aos complementos seleccionados por unidade lexical é


associada a informação sobre a função que lhes está
associada. A um complemento está associada apenas uma
das funções temáticas que integram um conjunto finito e
universal, como a seguir se apresentam:

Tema, entidade sob o efeito de uma dada acção. Exemplo:


A Maria desmaiou.

Agente, entidade instigadora de uma dada acção. Exemplo:


A Maria comprou um livro/ O livro foi comprado pela Maria.

Experienciador, entidade que é sede de um dado processo


psicológico. Exemplo: A Maria ficou triste/ Esta notícia
entristeceu a Maria.

Beneficiário, entidade que beneficia de alguma acção.


Exemplo: O João recebeu um prémio.

Instrumento, meio que permite a concretização de algo.


Exemplo: A Maria cortou o pão com a faca.

Sumário

Representação esquemática de propriedades das


unidades lexicais

Livro: representação fonológica /livru/

Categoria sintáctica [+N, -V]


Centro de Ensino à Distância 85

Sub-categorias sintáctico-

semânticas [+comum]

[+contável]

[-humano]

[-animado]

[+masculino]

[+singular]

Exercícios

1. Construa as entradas lexicais correspondentes a


cada uma das seguintes palavras:

a) Seguro

b) Porto

c) Necessidade

d) dignificar

Unidade 21: Introdução à sintaxe do Português

Introdução

Com esta unidade pretendemos fazer uma introdução à


sintaxe do português. Este assunto será retomado e
desenvolvido nos anos subsequentes. Aqui e adiante,
vamos reflectir sobre noções básicas dos constituintes da
Centro de Ensino à Distância 86

frase; a ordem das palavras e os processos de


concordância sintáctica.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Identificar e compreender os conceitos de constituinte e


constituinte imediato.
Objectivos

Uma observação atenta das combinações livres de palavras que


constituem expressões legítimas da língua portuguesa mostra que as
mesmas não são totalmente livres, ou seja, existem condições de
diversa natureza que as restringem.

Porque os falantes possuem, intuitivamente, um conhecimento sobre a


estrutura das frases da sua língua, sabem, certamente, que as palavras
que nela ocorrem se organizam em pequenos grupos, que constituem
unidades sintácticas.

Sumário

A cada palavra ou combinação ou combinação de palavras


que funciona como unidade sintáctica chama-se
constituinte. Os constituintes que se combinam para
formar uma unidade sintáctica maior denominam-se
constituintes imediatos.
Centro de Ensino à Distância 87

Exercícios

1. Defina o conceito de sintaxe.

2. Elabore uma frase e procure indicar os constituintes.

3. O que são unidades lexicais?


Centro de Ensino à Distância 88

Unidade 22: Domínio da Sintaxe: Relações gramaticais e processos de


concordância

Introdução

Tal como anunciámos na unidade anterior, vamos aqui


tratar das relações gramaticais e processos de
concordância que regem o funcionamento da língua.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Compreender o conceito de relação gramatical e a tipologia de


funções sintácticas;
Objectivos
 Aplicar os testes de identificação de funções sintácticas.

Os constituintes de uma combinação de palavras mantêm entre si


determinadas relações gramaticais, ou seja, desempenham funções
sintátcticas na frase a que pertencem. Numa oração(ou frase simples),
SV( aexpressão que tem como constituinte central o verbo e que denota
uma propriedade ou relação, dinâmica ou não) tem a função sintáctica
de predicado e o SN ou a F constituinte imediato da frase(a expressão
nominal/frásica a que é atribuído tal predicado), tem a relação
gramatical de sujeito.

Quando um complemento seleccionado pelo verbo é de natureza


nominal ou frásica, a sua relação gramatical denomina-se objecto
directo (ou complemento directo) ao passo que os complementos
introduzidos pela preposição a que podem ser substituídos pela forma
dativa do pronome pessoal têm a relação gramatical de objecto
Centro de Ensino à Distância 89

indirecto (ou complemento indirecto).

As relações gramaticais têm um importante papel na interpretação


semânticas das frases. Com efeito, combinações das mesmas palavras
são interpretadas diferentemente quando as relações gramaticais são
diferentes; por outro lado, combinações das mesmas palavras palavras
com uma ordem diferente, mas idênticas relações gramaticais recebem
essencialmente a mesma interpretação. Mas as relações gramaticais
são também decisivas em processos de concordância, que se reflectem
na presença de afixos flexionais que transportam informação gramatical
idêntica (exemplo, de pessoa, de número, de género) em diferentes
palavras que ocorrem na mesma frase.

Sumário

As relações gramaticais desempenham um papel


determinante na interpretação semântica das frases e no
desencadeamento de processos de concordância.

Exercícios

1. Observe a seguinte frase: A minha mãe comprou um


peixe tropical.

a) Constrói frases novas, substituindo a palavra


comprou.
Centro de Ensino à Distância 90

Unidade 23: Frases simples e complexas

Introdução

Se reparou bem, nas unidades anteriores, utilizámos


intuitivamente o conceito de frase, sem nos preocuparmos
com a sua definição rigorosa, os modos como as frases se
combinam para formar unidades sintácticas mais
complexas. Nesta unidade, ocupar-nos-emos das
propriedades das frases simples e dos processos
sintácticos que permitem construir frases complexas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Distinguir frases simples das complexas;

Objectivos  Identificar frases complexas por coordenação

Todas as frases simples exprimem uma predição, isto é, atribuem uma


propriedade a uma ou mais entidades ou estabelecem uma relação
entre unidades. Vejamos:

a) Os rapazes estudaram muito.

b) Os rapazes comeram um bolo de arroz.

Numa frase simples, o elemento central da predicação é um verbo que


combina com os seus argumentos de acordo os padrões sintácticos da
língua. As predicações expressas por frases simples organizam-se,
Centro de Ensino à Distância 91

assim, sintacticamente, como domínios com o tempo gramatical em que


um SV, o predicado, é atribuído a um SN, o sujeito.

As frases podem combinar-se de modo a obter unidades mais


complexas – os linguistas chamam-lhes frases complexas e a tradição
luso-brasileira fala neste caso de período composto.

As línguas naturais dispõem essencialmente de dois processos de


construção de frases complexas: a coordenação e a subordinação.

Sumário

As frases complexas formadas por coordenação podem


ser ligadas por dois tipos de conectores ( isto é, de
elementos de ligação): pausas, representadas na escrita
através de vírgulas, e conjunções coordenativas. O
segundo processo de formação de frases complexas é o da
subordinação. O que caracteriza as estruturas
subordinadas é o facto de se tratar de estruturas de
encaixe, isto é, a subordinada é constituinte essencial ou
acessório de toda a frase superior.

Exercícios

1. Considere as seguintes frases complexas e


caracterize o tipo de coordenação presente em cada
uma delas.

a) O João telefonou, mas eu não falei com ele.

b) O João foi ao cinema e a Maria ao teatro ou o João e


a Maria foi ao cinema?

c) Cheguei, vi, e venci.


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2. Caracterize as frases subordinadas presentes em


cada um dos exemplos:

a) Quem tudo quer tudo perde.

b) As tentativas de solucionar o conflito têm sido


infrutíferas.

c) É difícil acreditar nela.


Centro de Ensino à Distância 93

Unidade 24: Orações adjectivas: Relativas restritivas e apositivas

Introdução

Este módulo fecha com as orações relativas, matéria que,


igualmente, será retomado e desenvolvido nos anos
subsequentes. Aqui, abordaremos, fundamentalmente, as
propriedades das relativas.

Ao completar esta unidade / lição, você será capaz de:

 Distinguir as relativas dos restantes tipos de subordinação;

Objectivos  Identificar as propriedades das relativas;

 Distinguir relativas restritivas das apositivas.

Em português e nas restantes línguas românicas, a oração relativa


ocorre adjacente à direita ao seu antecedente: ou seja, entre o
antecedente e a oração não pode ocorrer outro material lexical.

Às relativas que restringem a referência do seu antecedente chamam-


se relativas restritivas ( ou determinativas ou não apositivas), uma
vez que funcionam como modificadores restritivos. As relativas cujas
orações constituem uma espécie de parêntesis que contém informação
adicional sobre o antecedente, denominam-se apositivas ou
explicativas, uma vez que funcionam como modificadores apositivos.
Centro de Ensino à Distância 94

Sumário

Às relativas que restringem a referência do seu


antecedente chamam-se relativas restritivas ( ou
determinativas ou não apositivas), uma vez que
funcionam como modificadores restritivos. As
relativas cujas orações constituem uma espécie de
parêntesis que contém informação adicional sobre o
antecedente, denominam-se apositivas ou
explicativas, uma vez que funcionam como
modificadores apositivos.

Exercícios

1. Divida e classifique, em orações, as frases


seguintes:

a) o meu irmão, que é escultor, vive em nova Iorque.

b) A conferência que fui assistir ontem teve lugar no


ginásio da UCM.

c) O livro que comprei ontem foi muito caro.


Centro de Ensino à Distância 95

Bibliografia:

CAMPOS, M.H. & XAVIER, M.F. Sintaxe e Semântica do Português,


Universidade Aberta, 1991ª;

FARIA, I.H. et al. (org.). Introdução à Linguística Geral e Portuguesa.


Lisboa, Editorial, 1996;

MATEUS, M.H.M. Gramática da Língua Portuguesa., 5ª edição revista


e aumentada, Lisboa, Caminho, 2003;

MATEUS, M.H.M.et al. Gramática de Língua portuguesa, Lisboa,


Caminho, 1994;
Centro de Ensino à Distância 96

RAPOSO, E.P. Teoria da Gramática. A faculdade de Linguagem,


Lisboa, Caminho, 1992.

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