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Sistema Semiótico
Curso de licenciatura em ensino de Português com habilitações em Inglês.
Universidade Rovuma
Montepuez
2021
Sifate Paulo
Sistema Semiótico
Universidade Rovuma
Montepuez
2021
Ficha de Leitura
Nome do Estudante: Sifate Paulo Curso: Licenciatura em ensino do Português
Nível: 4 com habilitações em ensino do Inglês
Cadeira: Estudos Literários I
Docente: MA Cristiano Adalberto Paipo
Mavangu
Referencias Bibliográficas
SILVA, Victor Manuel de Aguiar e, Teoria da literatura, 8ª ed, Livraria Almeida Coimbra,
1988
Conteúdo
Sistema Semiótico Literário
1. Conceito do termo “Semiótico”
“A Semiótica é a ciência que tem por objecto de investigação todas as linguagens possíveis,
ou seja, que tem por objectivo o exame dos modos de constituição de todo e qualquer
fenómeno de produção de significação e de sentido.”
SANTAELLA, L. (1983 p21). “Semiótica é a ciência dos signos e dos processos
significativos (semiose) na natureza e o” gregosemeîon, que significa ‘signo’, e sêma, que
pode ser traduzido por ‘sinal’ ou ‘signo’.” Enquanto actividade interpretativa do
entendimento e da significação ligado ao signo e aos seus instrumentos, como escreve, no
seu tempo, João de S. Tomas, a semiótica é uma área do saber muito antiga e, por isso
mesmo, conviveu, em épocas e circunstâncias diversas, como outros saberes, nomeadamente
como a logica, a filosofia, as gramáticas, hermenêuticas, a teologia ou a própria tradução.
A obra literária, como o próprio lexema “obra” denota constitui o resultado de um fazer, de
um produzir que, sendo embora também um processo de expressão, é necessária e
primordialmente um processo de significação e comunicação.
Uma experiencia como a anterior, comprova a pertinência da teoria proposta por alguns
semioticistas sobre a natureza típica e explicitamente heterogénea das mensagens artísticas.
Como Emilio Garroni demonstra, não existe nenhuma linguagem especifico-simples ou
homogénea, nem existe, consequentemente, “uma manifestação semiótica artística no verbal
que possa ser considerada totalmente concreta – pura o homogénea. Qualquer mensagem,
mesmo altamente especializada ou formalizada, resulta sempre da interacção de modelos
semióticos heterogéneos, podendo ser decomposta e analisada segundo vários níveis, cada
um dos quais dependente de códigos diversos.
A homogeneidade de uma determinada manifestação semiótica procede apenas de uma
construção analítica formal aplicada ao estudo dessa manifestação ou do respectivo modelo
semiótico. Por exemplo que a forma semiótico linguístico se apresenta como homogéneo não
pelo facto de a própria linguagem verbal ser homogénea.
Toda linguagem artística, por conseguinte é típica e explicitamente heterogénea, já que
resulta da combinação, da interacção sistemática de múltiplos códigos. A sua especificidade
deve ser assim substancialmente definida a partir das inter-relações combinatórias de vários
códigos, se bem que, com Christian Metz observou, a teoria de Garroni sobre a
heterogeneidade típica e explicita das linguagens artísticas, exista outro nível de
manifestação desta especificidade, pós que alguns códigos são específicos de uma
determinada linguagem ou de um determinado grupo de linguagem (o que de modo nenhum,
alias, contradita o principio de que todas as linguagem artísticas são típica e explicitamente
heterogéneas).
No simpósio sobre os sistemas semióticos organizados, em 1962, pela escola das ciências de
Moscovo, é proposto e difundido um conceito fulcral no desenvolvimento da semiótica
soviética: o conceito de sistema modelizante do mundo. As teses apresentadas neste
colóquio, estabelece como objecto de estudo da semiótica os modelos do mundo que o
homem constrói.
LOTMAN escreveu «por sistema modelizante», como o conjunto estruturado dos elementos
e das normas; porem o sistema encontra se em relação de analogia com o conjunto dos
objectos no plano de conhecimento, da tomada de consciência e da actividade normativa.
De acordo com LOTMAN, define o sistema modelizante em conformidade com a concepção
Saussuriana de langue permitem ao homem a organização estrutural, com funções
gnosiológicas, comunicativas e pragmáticas, do mundo circundantes os realiza estruturados
em signos e como signos, podendo o modelo do mundo assim construído ser considerado
numa prespectiva cibernética como da cultura. Por isso, um sistema modelizante pode ser
considerado como uma língua.
Segundo LOTMAN define a cultura como a memória não hereditária de uma comunidade,
como o conjunto da informação não genética e dos meios necessários para a sua organização,
preservação e a sua transmissão: a cultura é também um complexo de mecanismo de
elaboração e de comunicação ou um complexo mecanismo de codificação, descodificarão e
transcodificação.
A cultura é um gerador de estrutural que por processo de determinados sistemas de
prescrições e regras cria uma criosfera, isto é, um conjunto de fenómenos e de valores que,
tal como a biosfera proporciona condições para a aparição e desenvolvimento da vida
orgânica, tornam possível a vida de relação do homem, conferindo o sentido em todos os
planos.
O sistema semiótico literário apresenta assim um exclusivo sistema modelizante secundário
representando uma langue, na acepção semiótica do termo, que não coincide com a língua
natural e que também não se identifica como um estrato estilístico-funcional desta mesma
língua. Construindo se sobre a língua natural, só podendo existir e desenvolver se em
indissolúvel interacção com a expressão e o conteúdo da língua natural, na literatura tem um
sistema seu de signos e de regras para sintaxe de tais signos, sistema que lhe é próprio e que
lhe serve para transmitir comunicações peculiares, não transmissíveis com outros meios.
Enquanto sistema modelizante secundário, a literatura é codificada pluralmente 1: Codifica-
se numa determinada língua natural, através de textos concretos e específicos, 2: Utiliza
outros códigos: Fónico-ritmicos − Métricos − Estilísticos − Retóricos − Técnico-
compositivos -Axiológicos -semântico pragmáticos. A importância da intertextualidade,
determinada pela existência de um corpus literário histórico organiza-se e desenvolve-se em
classes específicas de textos: Os géneros literários (as três formas estéticas fundamentais:
lírica, narrativa, dramática).
O objecto da Poética não é o texto, mas o arquitexto, isto é, o conjunto de categorias gerais
ou transcendentes.
O texto literário é sempre codificado pluralmente: e codificado numa determinada língua
natural, de acordo com as normas que regulam esse sistema semiótico, e é codificado em
conformidade com outro sistema semiótico, com outros códigos actuantes na cultura da
colectividade em que se integra o seu autor/emissor esta pluricodificação gera um texto de
informação altamente concentrada e quanto mais difícil for a estruturação de um texto, em
função dos códigos que se empenhem-se, combinam, se interfluenciam na sua organização,
tanto menor será a predizibilidade da sua informação e, por conseguinte, tanto mais rica esta
se revelará.