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Para inverter o problema, os professores não se devem limitar ao ensino das regras do
funcionamento da língua (Gramática Tradicional), devem sim ensinar, de forma
integrada a gramática tradicional bem como a gramática descritiva e reflexiva. Para tal,
o professor de português deve ter a capacidade de seleccionar conteúdos e/ou
actividades que estimulem o desenvolvimento de habilidades de leitura tais como os
resumos, as resenhas e os debates.
O grande desafio que fica é como os professores de língua portuguesa conciliam estas
duas áreas de conhecimento sem criar separações entre a língua e literatura, ou então,
evitar questões em que os professores de português só privilegiam o ensino da língua
(através da Gramática Tradicional), e, nas aulas de literatura, estes orientam os alunos a
fazerem simples leituras sem nenhuma orientação prévia. Em muitos casos, textos com
liames literários são conscientemente ignorados pelo professor, passando-se ao aluno a
ideia de que “poesia é difícil”.
Este fenómeno que cai sobre a literatura nas escolas, já se reflecte na actual sociedade
que se está a criar – uma sociedade de estudantes e académicos com um défice de
conhecimento em diversas áreas do saber tais como social, política e cultural. Muitos
debates sobre a qualidade de ensino em Moçambique apontam o problema a estender-se
também para o nível superior, ou seja, cidadãos com Licenciatura, mas com problemas
de competências básicas, como uma boa oratória e escrita, lacunas que o ensino da
literatura podia proporcionar no âmbito da promoção do letramento. Para a melhoria do
ensino da literatura, será necessário observar os seguintes passos:
Sem desprezar o cânone para preservar a herança cultural das comunidades, a selecção
do texto a ser ensinado deve respeitar não só a contemporaneidade como a actualidade;
procurar diversificar os textos, respeitando a tendência do mais fácil ao complexo, pois
sabemos que há textos de leitura complexa que, se começarmos com eles numa aula, os
alunos podem ficar desmotivados, aliás, é mais fácil ensinar o aluno partindo do
conhecido para o desconhecido; criar dinamismo nos textos evitando trazer textos
enfadonhos, ou seja, só aqueles que o aluno já ouviu falar. Para tal, o professor deve
procurar trazer o conhecido e o desconhecido.
Não basta mandar por mandar os alunos ler um texto. O professor deve, antes de nada,
em casa, ler individualmente a obra ou o texto escolhido de forma a perceber o que
poderá criar entusiasmo nos seus alunos.