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Manual de Física

Moderna
Ensino à Distância

Universidade Pedagógica

Rua Comandante Augusto Cardoso nº 135


Direitos de autor
Este módulo não pode ser reproduzido para fins comerciais. Caso haja necessidade
de reprodução deverá ser mantida a referência à Universidade Pedagógica e aos
seus Autores.

Universidade Pedagógica
Rua Comandante Augusto Cardoso, no 135
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Telefone: 21 – 306720

Fax: +258 21-322113


Moçambique
Agradecimentos
À COMMONWEALTH of LEARNING (COL) pela disponibilização do Template usado na
produção dos Módulos

Ao Instituto Nacional de Educação à Distância (INED) pela orientação e apoio prestados.

À intermón-Oxfarm pelo financiamento para a produção deste Módulo.

Ao CEAD pela coordenação e operacionalização de todo o processo de Produção do módulo.

Ao Magnífico Reitor, Directores de Faculdade e Chefes de Departamento pelo apoio prestado em


todo o processo.
Ficha Técnica

Autores: Alberto Marcos Halar & Maria Lúcia Fernandes

Desenho Instrucional: Custódio Lúrio Ualane

Revisão Linguística:

Maquetização: Aurélio Armando Pires Ribeiro

Ilustração: Valdinácio Florêncio Paulo


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 1

Índice
Visão geral 1
Bem - vindo ao estudo do módulo de Física Moderna ..................................................... 1
Introdução ................................................................................................................ 2
Objectivos do curso .......................................................................................................... 4
Quem deverá estudar este Módulo.................................................................................... 5
Como está estruturado este Módulo.................................................................................. 5
Ícones de actividade .......................................................................................................... 6
Acerca dos ícones....................................................................................... 7
Habilidades de estudo ....................................................................................................... 8
Precisa de apoio? .............................................................................................................. 8
Tarefas (avaliação e auto-avaliação)................................................................................. 9
Avaliação ........................................................................................................................ 10

Unidade I 11
Átomos e fotões .............................................................................................................. 11
Introdução .................................................................................................... 11
Objectivos da Unidade. ................................................................................................... 11

Lição nº 1 12
Massa e impulso do fotão ............................................................................................... 12
Introdução .................................................................................................... 12
Exercícios........................................................................................................................ 20
Chave de correcção ......................................................................................................... 21

Lição nº 2. 22
Radiação do Corpo Negro............................................................................................... 22
Exercicios........................................................................................................................ 31
Chave de Correcção ........................................................................................................ 32

Lição nº 3 33
Colisões entre fotões e electrões ..................................................................................... 33
Introdução .................................................................................................... 33
Efeito Fotoeléctrico ...................................................................................... 34
Exercícios........................................................................................................................ 46
Chave de Correcção ........................................................................................................ 47
Auto-avaliação ................................................................................................................ 48
Chave de correcção ......................................................................................................... 49

Unidade II 50
Emissao e absorção da luz .............................................................................................. 50
Objectivos da Unidade. ................................................................................................... 51

Lição nº 1 52
Espectros ......................................................................................................................... 52
Exercicios........................................................................................................................ 64
Chave de correcção ......................................................................................................... 65

Lição nº 2 66
Fenómeno de luminiscência............................................................................................ 66
Introdução .................................................................................................... 66
Exercícios........................................................................................................................ 79
Chave de correcção ......................................................................................................... 79

Lição nº 3 80
Séries espectrais e níveis de energia do átomo de hidrogénio ........................................ 80
Exercícios........................................................................................................................ 88
Chave de correcção ......................................................................................................... 89

Lição nº 4 91
Espectros dos átomos alcalinos....................................................................................... 91
Exercícios........................................................................................................................ 96
Chave de correcção ......................................................................................................... 97

Lição nº 5 97
Comportamento dos átomos em interacções especiais ................................................... 97
Interacções com fotões ................................................................................. 99
Aplicações do LASER ............................................................................... 106
Exercícios...................................................................................................................... 106
Chave de correcção ....................................................................................................... 108

Unidade III 109


Modelos atómicos ......................................................................................................... 109
Introdução .................................................................................................. 109
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 3

Objectivos da Unidade .................................................................................................. 110

Lição nº 1 111
Modelos atómicos e limitações da Física clássica em relação ao átomo ...................... 111
Modelo atómico de Rutherfod ................................................................... 113
Exercícios...................................................................................................................... 132
Chave de correcção ....................................................................................................... 133

Lição nº 2 134
Condições quânticas estabelecidas por Bohr e Sommerfeld ........................................ 134
Exercícios...................................................................................................................... 141
Chave de correcção ....................................................................................................... 142

Lição nº 3 143
Princípio de incerteza.................................................................................................... 143
Equação de SChrodinger............................................................................ 149
Interpretação da função de onda  ........................................................... 151
Exercícios...................................................................................................................... 155
Chave de correcção ....................................................................................................... 156

Lição nº 4 157
Raios – X ...................................................................................................................... 157
Introdução .......................................................................................................... 157
Descoberta dos Raios – X .......................................................................... 158
Tipos de Espectros de raios -X .................................................................. 161
Exercicios...................................................................................................................... 167
Chave de correcção ....................................................................................................... 168

Lição nº 5 169
Núcleos e partículas elementares .................................................................................. 169
Partículas elementares e sua classificação ................................................. 170
Classificação das partículas elementares ................................................... 172
Estrutura Interna do Átomo ....................................................................... 175
A Descoberta do Núcleo Atómico ............................................................. 176
Estrutura da Nuvem Electrónica ................................................................ 177
Exercícios...................................................................................................................... 180
Chave de correcção ....................................................................................................... 181
Exercícios...................................................................................................................... 181
Chave de correcção ....................................................................................................... 183
Bibliografia Básica ....................................................................................................... 185
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 1

Visão geral
Bem - vindo ao estudo do módulo
de Física Moderna
Caro estudante! O estudo da Física Moderna, que você vai
iniciar, tem em vista a criação de uma base sólida para o
Curso de Física em geral. Neste Módulo de Física Moderna,
os conceitos de “átomo”, “Função de onda” e “níveis de
energia” são fundamentais para o estudo de muitos
fenómenos atómicos da natureza.
Com o estudo deste Módulo, você estará habilitado a iniciar
e desenvolver o curso de Física com facilidade e segurança.
2 Manual de Física Moderna

Introdução

Fig 1. Mapa de conceitos sobre as possíveis visas de


aprendizagem na cadeira de Fisica Moderna

O Curso de Física Moderna é constituído por duas grandes


áreas da Física, nomeadamente a Física Atómica e a Física
Nuclear.

Os temas deste Módulo são abordados de forma a integrar


tanto quanto possível as descrições Newtonianas,
concretamente as descrições relativista e quântica da
natureza.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 3

A Física Moderna constitui, essencialmente a Física


desenvolvida no início do século XX, precisamente nas 3
primeiras décadas. Do ponto de vista teórico, todo o
conhecimento produzido neste período pode ser resumido
em duas linhas:

 A teoria de relatividade proposta por Albert Einstein;


 A teoria quântica iniciada por Max Plank.

Do ponto de vista prático, este conhecimento resultou


virtualmente em toda a tecnologia do final do século. Isto
significa que a física moderna é incorporada à tecnologia.

No final do século XIX, concretamente na última década,


dois temas de pesquisa despertaram grande interesse:

a) A tentativa de conciliar a mecânica Newtoniana e a


termodinâmica,
b) As Descargas eléctricas nos gases rarefeitos.

Max Plank interessou-se e debruçou se sobre o primeiro


tema: tentativa de conciliar a mecânica Newtoniana e a
termodinâmica. Mais tarde, o mesmo cientista viria a

desenvolver a famosa fórmula de energia E  hf na qual h é

uma constante chamada constante de Plank,


numericamente igual a 6,55 x 10-34js.Mais tarde este valor foi
estabelecido experimentalmente por Millikan como igual a
6,57 x 10-34js com um erro relativo menor que 50 %.

Pelo segundo tema, interessaram-se e debruçaram-se os


cientistas Wilhelm Roentgen, 1895 na descoberta dos raios
x; Henri Becquerel e Mary Curie (1896 – 1998) na
descoberta de radioactividade, (1898, ano de descoberta por
Mary); John Joseph Thomson, 1897 na descoberta do
electron. Ao lado de Plank, estas três descobertas
desencadearam o processo que originou a Física Moderna.
4 Manual de Física Moderna

Em 1905, Einstein usou as ideias de Plank para explicar o


efeito fotoeléctrico. Entre 1908 e 1911, Ernest Rutherford
realizou os famosos experimentos que permitiram sugerir
que o átomo era constituído por um núcleo de carga positiva
rodeado por electrões ocupando um espaço várias ordens
de grandeza superior ao ocupado pelo núcleo. POR volta de
1913, Nielz Bohr propôs um modelo atómico que leva o seu
nome e que foi capaz de explicar as séries espectroscópicas
do hidrogénio. Contudo, este modelo leva uma pequena
desvantagem dado satisfazer apenas o átomo de hidrogénio.

Em 1926, Erwin Schrodinger trouxe uma alternativa razoável


ao desenvolver uma equação que levou o seu nome. Sua
equação, surgiu como consequência de alguns resultados
experimentais (Efeito fotoeléctrico e efeito comptom)

Em 1924, pouco antes do desenvolvimento da equação de


schrodinger, Louis De Broglie propôs a dualidade partícula-
onda, isto é, dependendo das circunstâncias, um electrão ou
outra partícula, pode-se comportar como partícula ou como
onda.

Salienta-se que a descoberta dos raios x e o modelo de Bohr


foram de fundamental importância para o estabelecimento
da tabela periódica como hoje a conhecemos.

Objectivos do curso
No fim deste Módulo, você deve ser capaz de:
1) Apresentar uma introdução equilibrada dos
assuntos assim como a sua discussão com detalhe
suficiente que permita obter bases sólidas sobre os
fenómenos mais importantes da Física Clássica e

Objectivos Moderna;
2) investigar em diversas áreas da Física moderna;
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 5

3) Apresentar a Física Moderna de maneira lógica e


coerente;
4) Explicar conceitos básicos da mecânica quântica,
de modelos e estrutura da matéria, de questões da
teoria de física e da Física das partículas
elementares.

Quem deverá estudar este Módulo


Este Módulo foi concebido para a formação de professores
em exercício que tenham feito a décima segunda classe ou
o equivalente e que pretendendo continuar com o ensino de
Física se tenham matriculado no curso de Ensino à Distância
fornecido pela Universidade Pedagógica.

Como está estruturado este


Módulo
Todos os módulos dos cursos produzidos pela Universidade
Pedagógica encontram-se estruturados da seguinte maneira:

Páginas introdutórias

 Um índice completo.

 Uma visão geral detalhada do módulo, resumindo os


aspectos-chave que você precisa conhecer para
completar o estudo. Recomendamos vivamente que leia
esta secção com atenção antes de começar o seu estudo.
6 Manual de Física Moderna

Conteúdos do módulo

O módulo está estruturado em unidades e lições. Cada


unidade incluirá uma introdução, objectivos e conteúdos
da unidade, incluindo actividades de aprendizagem, um
sumário da unidade e uma ou mais actividades para auto-
avaliação.

Outros recursos

Para quem esteja interessado em aprender mais,


apresentamos uma lista de bibliografia no fim do Módulo.

Tarefas de avaliação e/ou Auto-avaliação

Tarefas de avaliação para este módulo encontram-se no


final de cada lição. Sempre que necessário, dão-se
instruções para as completar.

Comentários e sugestões

Esta é a sua oportunidade para nos dar sugestões e fazer


comentários sobre a estrutura e o conteúdo do módulo. Os
seus comentários serão úteis para nos ajudar a avaliar e
melhorar este módulo.

Feedback

Você encontrará no fim de cada exercício de auto-


avaliação, algumas respostas que lhe vão dar uma
orientação para verificar se está no caminho certo ou não.
Procure sempre resolver os exercícios e só depois compare
as suas respostas com as soluções apresentadas.

Ícones de actividade
Ao longo deste Módulo irá encontrar uma série de ícones
nas margens das folhas. Estes ícones servem para
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 7

identificar diferentes partes do processo de aprendizagem.


Podem indicar uma parcela específica do texto, uma nova
actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.

Acerca dos ícones


Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a
seguir, cada um com uma descrição do seu significado e da
forma como nós interpretámos esse significado para

representar as várias actividades ao longo deste Módulo.

Comprometimento/ Resistência, “Qualidade do “Aprender através


perseverança perseverança trabalho” da experiência”
(excelência/
autenticidade)

Avaliação /
Actividade Auto-avaliação Teste Exemplo /
Estudo de caso

Paz/harmonia Unidade/relações Vigilância / “Eu mudo ou


humanas preocupação transformo a minha
vida”
Debate Actividade de
grupo Tome Nota! Objectivos

[Ajuda-me] deixa- “Pronto a enfrentar “Nó da sabedoria” Apoio /


me ajudar-te” as vicissitudes da encorajamento
vida”

(fortitude /
Leitura preparação) Terminologia Dica
Reflexão
8 Manual de Física Moderna

Habilidades de estudo
Caro estudante!
Para frequentar com sucesso este Módulo terá que buscar
através de uma leitura cuidadosa das fontes de consulta a
maior parte da informação ligada ao assunto abordado em
cada uma das unidades apresentadas. Para o efeito, no fim
de cada unidade apresenta-se uma sugestão de livros para
leitura complementar.
Antes de resolver qualquer tarefa ou problema, você deve
certificar- se de ter compreendido a questão colocada;
É importante questionar se as informações colhidas na
literatura são relevantes para a abordagem do assunto ou
resolução de problemas; sempre que possível, deve fazer
uma sistematização das ideias apresentadas no texto.
O grupo de Física Moderna deseja – te muitos sucessos!

Precisa de apoio?
É evidente que dúvidas e problemas são comuns ao longo
de qualquer estudo. Neste contexto, em caso de dúvida
numa matéria tente consultar os manuais sugeridos no fim
da lição e disponíveis nos centros de recurso (CR) mais
próximos. Se tiver dúvidas na resolução de algum exercício,
procure estudar os exemplos semelhantes apresentados no
manual. Se a dúvida persistir, consulte a orientação que
aperece no fim dos exercícios. Se a dúvida persistir, veja a
resolução do exercício.
Sempre que julgar pertinente, pode consultar o tutor que
está à sua disposição no CR mais próximo.
Não se esqueça de consultar também colegas da escola que
tenham feito a cadeira de Física Moderna, vizinhos e até
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 9

estudantes de outras universidades que vivam na sua zona


e que tenham ou estejam a fazer cadeiras relacionadas com
a Física Moderna.

Tarefas (avaliação e auto-


avaliação)
Ao longo deste Módulo irá encontrar várias tarefas que
acompanham o seu estudo. Tente sempre solucioná-las.
Consulte a resolução para confrontar o seu método e a
solução apresentada. Você deve promover o hábito de
pesquisa e a capacidade de selecção de fontes de
informação, tanto na internet como em livros devendo
apenas apresentar o devido cuidado na pesquisa de tais
informações. Consulte Manuais disponíveis e referenciados
no fim de cada lição para obter mais informações acerca do
conteúdo que esteja a estudar. Se usar livros de outros
autores ou parte deles na elaboração de algum trabalho
deverá citá-los e indicar estes livros na bibliografia. Não se
esqueça que usar um conteúdo, livro ou parte do livro em
algum trabalho, sem referenciá-lo é plágio e pode ser
penalizado por isso. As citações e referências são uma
forma de reconhecimento e respeito pelo pensamento de
outros. Estamos cientes de que o estimado estudante não
gostaria de ver uma ideia sua ser usada sem que fosse
referenciado, não acha?
Na medida de possível, procurar alargar competências
relacionadas com o conhecimento científico, as quais
exigem um desenvolvimento de competências, como auto-
controle da sua aprendizagem.
10 Manual de Física Moderna

As tarefas colocadas nas actividades de avaliação e de auto-


avaliação deverão ser realizadas num caderno à parte ou
em folha de formato A4.

Avaliação
O Módulo de Física Moderna terá dois Testes e um Exame
final escrito.
Note que o Exame referenciado deverá ser feito no Centro
de Recursos mais próximo, ou em local a ser indicado pela
administração do curso. O calendário das avaliações será
também apresentado oportunamente.
A avaliação visa não só informar-nos sobre o seu
desempenho nas lições, mas também estimular-lhe a rever
alguns aspectos e a seguir em frente.
Durante o estudo deste Módulo você será avaliado com
base na realização de actividades e tarefas de auto-
avaliação previstas em cada Unidade, dois Testes escritos, e
um Exame também escrito.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 11

Unidade I
Átomos e fotões
Introdução
Esta unidade, por sinal a primeira do módulo, é composta de três
lições, com um tempo de estudo de 120min para cada. A Unidade
visa proporcionar – lhe um conhecimento sólido sobre os
fenómenos atómicos e a interacção entre fotões e partículas sub
atómicas. Constam desta unidade, alguns exercícios com a
respectiva chave de correcção que servirão de base para a sua
auto-avaliação em relação a matéria ministrada. Procure resolver
os exercícios até chegar à solução indicada na chave pré
elaborada.

Objectivos da Unidade.
Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:
 Descrever fenómenos atómicos com muita
precisão;
 Discutir os fenóminos fotoeléctrico e de compton;

Objectivos  Aplicar as leis de Planck na discussão da


radiação do corpo negro,
12 Manual de Física Moderna

Lição nº 1
Massa e impulso do fotão
Esta lição vai exigir de si uma concentração de cerca de
120 minutos para o estudo

Introdução
A teoria clássica da luz, especialmente na forma da teoria
ondulatória de MaxweIl-Lorentz e da sua interacção com
corpos eléctricos fornece um grande reportório de
conhecimento para descrever muitos dos fenómenos ópticos
com elevada exactidão.

Até inícios do séc.xx, a Física Clássica parecia tão completa


com o sucesso alcançado através de suas pedras basilares:-
Leis de Newton, leis de Maxuel do electromagnetismo e as
leis da Termodinâmica.

Esta lição parcela – se em três áreas básicas (resumo


histórico das principais realizações, descoberta do fotão,
massa e impulso do fotão) e debruça – se essencialmente
sobre as aspectos básicos dos átomos e fotões, como é o
caso da descoberta do fotão, sua massa e impulso, pressão
exercida pelos raios luminosos, fenómenos ópticos e a
relação entre a descoberta e as teorias que as
acompanham.

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:


 Descrever de forma analitica os fenómenos ópticos.
 Aplicar o conceito de fotão no tratamento de
fenóminos ópticos;
Objectivos
 Discutir os conceitos de massa e impulso do fotão.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 13

Fotão, trabalho de extração, Limite vermelho.

Terminologia

I. Resumo histórico
Porque a história das principais etapas da Física é
importante para a percepção de conteúdos, fenómenos e
conceitos da própria Física, apresenta-se abaixo duas
tabelas que exprimem um resumo especial, pondo em
interacção o tipo de raios descobertos e o alvo aplicado na
descoberta do fenómeno correspondente, sem no entanto
deixar de fora os legítimos cientistas e o ano da efectivação
do fenómeno.

Pesquisador Ano Raios Alvo Descoberta

Rutherford 1911 Partículas Folha Núcleo atómico


alfa delgada de
ouro

Laure 1912 Raio-X Cristal Propriedades


ondulatórias do raio-X.

Estrutura do cristal

Thompson 1923 Raio-X Grafite Propriedades


corpuscular do raio-X

Davisson 1926 Electrões Cristal Propriedades


Germer ondulatórias dos
electrões

1954 Electrões Protões Estrutura dos protões


14 Manual de Física Moderna

NB. Chama-se atenção à ordem em que os fenómenos e


suas descobertas se deixam apresentar. De uma forma
geral, não obedecem a nenhuma ordem cronológica porque
as teorias surgiram depois das descobertas dos fenómenos.
Tome Nota
Exemplo: O fenómeno dos raios x foi o primeiro a ser
descoberto em 1895 mas seu entendimento só foi possível
depois da descoberta do modelo de Bohr em 1913.

Pesquisador Período de Fenómeno descoberto


descoberta

Wilhelm 1895 Raios - x


Rontgen

Henry (1896 -1998) Radioactividade


Becquerel e Mary (1898)
Mary Curie

John Joseph 1897 Electrão


Tomson

Max K Plank 1900 Teoria quântica


(Distribuição de energia
no corpo negro)

Hertz 1887 Efeito fotoeléctrico

Ernest Ruther (1908 – 1911) Constituição do átomo


Ford

Nielz Bohr 1913 Estrutura do átomo


(modelo de Bohr)

Louis De Broglie 1924 Dualidade particular -


onda
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 15
Erwin 1926 Equação de
Schrodinger Schrodinger

Arthur Honley 1922 Efeito compton


Compton

II. Descoberta do Fotão

A teoria de MaxweIl-Lorentz e da sua interacção com corpos


eléctricos fornece uma grande informação para a descrição
de muitos fenómenos ópticos com elevada exactidão.

Esta teoria explica com elevada exactidão fenómenos


como a Refracção, Dispersão, Polarização, Actividade
óptica, Propagação das ondas de rádio, Efeito de Faraday,
etc.

Apesar de explicar com muitos detalhes os fenómenos


acima, a teoria de MaxweIl-Lorentz leva uma pequena
desvantagem na sequência de não poder explicar a emissão
e absorção da luz. Em causa estão as seguintes questões:

 Porquê é que a emissão se dá numa dada frequência


nítida?

 Onde deve situar-se a tal frequência?

As tentativas de explicação do modelo atómico de Thomson


apontavam para a existência de linhas espectrais, mas que
forneciam valores totalmente falsos no que se refere à sua
localização.

Corpos incandescentes que emitiam um espectro contínuo


pareciam obedecer às leis clássicas como a lei de Wien e de
Stefan-Boltzman, mas a forma da distribuição espectral da
energia não obedecia à física clássica quanto mais exactas
fossem as medições.
16 Manual de Física Moderna

III. Massa e Impulso do Fotão

Pressão exercida pelos raios luminosos

Um fotão possui a energia ( hf ) e move-se no vácuo com a


velocidade da luz ( c ). Portanto não pode tratar-se duma
verdadeira partícula (pois segundo a teoria relativista cada
corpo deveria a esta velocidade c possuir uma massa
infinita).

Afinal o que inviabiliza que ele alcance a velocidade c ?

A única saída deste problema é associar a um fotão uma


massa de repouso igual a zero. Assim, o fotão iria adquirir à
velocidade da luz, um valor finito. Nestas condições ocorrem
algumas modificações para a energia cinética e o impulso.

Assim, a energia cinética ( E c ) e o impulso ( p ) podem ser

definidos pelas relações seguintes:

1 2 2 Ek
1) v  c  Ek  mv ; p  mv.  p 
2 v

m0 c 2 m0v m
2) vc E  mc 2 ;P   mv  A  0 e
A A m
c E m0c 2 c2 m vE Ev E
f  ,    c  p  0 2  2 , Sendo v  c  p 
 p mv v m0c c c

hf h
E  hf , log o p  
c 

Assim sendo, podemos explicar a pressão exercida pelos


raios luminosos com base nas teorias quântica e clássica.

Caro estudante!

Agora vamos estudar cada uma das teorias que podem


ajudar a explicar a pressão exercida pelos raios luminosos.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 17

a) Teoria Clássica

- A onda incide sobre um dado material com uma certa


condutibilidade  sendo a sua densidade de corrente
J  E.
  
- O campo B  E (e assim em relação a J ), de modo que
J  B    E  B , a densidade que actua sobre o material, seja
máximo.

V
Densidade da força de Lorentz A 
L

 
- Esta força actua perpendicularmente a E e B e à
propagação da onda.

- A densidade da força obtém-se pela multiplicação da força


com o volume F  V

F V F  A L F
P     L . Deste modo obtemos a pressão
A V A V V

1 I
de radiação dada por Pradiacao     E  dx    E  B 
0
 C

Até início do século XX, a Física Clássica não conseguiu


explicar uma série de fenómenos. Suas dificuldades
tornaram-se explícitas diante de fenómenos tais como: -
Radiação do corpo negro, Efeito fotoeléctrico, efeito
Compton, etc. Daí a necessidade de introdução de uma
nova teoria, a teoria quântica.

Demonstrar que Wk  (m  m0 )c 2 se reduz a

1
Wk  m0 v 2 quando v é muito pequeno em relação a c
2
Exemplo de
Aplicação (velocidade da luz).
18 Manual de Física Moderna

Solução:

Ek  (m  mo )c 2  (
m0 v 2  12
 mo )c 2  mo c 2 [(1  )  1)]
v2 c2
1
c2

Para facilitar a resolução deste exercício, vamos fazer


uma substituição

2 v 2  12
Seja b   v . Substituindo b em (1  2 ) ,
c2 c
1
ficamos com (1  b) 2 . Desenvolvemos pelo Binómio
de Newton a expressão dada.

1
(1  b) 2
1

1 ( 1 )( 3 ) 2 2
 ( )b  2 2 b  ...  1  1 v  3 v 4  ...
2 2! 2 c 2 8 c4

E portanto, Ek  mo c 2 [

v 2  12
(1  2
)  1)]  m o c 2 (
c
1 v2 3 v4 1 3 v4
[(1    ...)  1]  m0 v  mo 4  ...
2

2 c2 8 c4 2 8 c

Se v é muito pequeno comparado com c, os termos


1
posteriores a m0 v 2 podem ser desprezados e disto
2
1
resultaria Wk  m0 v 2
2
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 19

b) Teoria Quântica

Luz Como onda:

 Maxuel predisse que as ondas criadas por uma carga


oscilante deviam ter um comportamento idêntico ao
das ondas luminosas.
 Hertz foi capaz de demonstrar que tais ondas existiam
usando um circuito oscilante aberto.

Ondas Electromagnéticas:

Hertz foi capaz de detectar as ondas transmitidas


numa distância de até várias centenas de metros.
Ele determinou que a onda deslocava-se a uma
velocidade c, e tinha um comprimento de onda
relacionado com a sua frequência por c = λ.f e que
podiam se reflectir, refractar, polarizar-se, sofrer
interferência e foi capaz de confirmar que luz era uma
forma de radiação electromagnética.
Em 1896, Zeeman descobriu que a frequência da luz
emitida por um gás luminescente podia ser alterada
por um campo magnético forte - fazendo, assim uma
clara ligação entre luz e ondas electromagnéticas.
h  h
Se o impulso do quantum p   e for dado
c 
mc
h  E
m 2
 2 - Equação de equivalência Energia -
c c
Massa
Fotões não possuem massa de repouso m0  0 o que

significa que os fotões são uma forma de energia de


radiação.
I
Pradiacao  
C
20 Manual de Física Moderna

Exercícios
1. Porque com base na teoria de relatividade os fotões
não podem possuir massa de repouso?

Explique justificando com expressões matemáticas.

Auto-avaliação
2. a) Considerando m, a massa do eléctron em (kg), e (c) a
sua carga e v a velocidade (m/s) em uma órbita de raio r (m)
em redor do núcleo de carga  e(C), deduza a expressão do
raio das órbitas electrónicas.

b) Da energia (E) do eléctron em uma órbita do raio r,

3. Determine a massa de um eletron animado de uma


velocidade igual à metade da velocidade da luz.

4. Determine a massa m e a velocidade v dos eléctrons que


têm uma energia cinética de 1,5 MeV.

5. Determine a energia necessária para comunicar a um


eléctron uma velocidade 0,9 vezes a da luz, partindo do
repouso.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 21

Chave de correcção
1. Com base na teoria de relatividade os fotões não podem
possuir massa em repouso porque são uma forma de
energia. A partir da expressão

Feedback mo v2
m  mo  m 1 
v2 c2
1
c2

E considerando que a velocidade da luz no vácuo é v  c .

Você terá mo  0

Poderá também partir da relação:

E 2  p 2 c 2  m0 c 4 para chegar a m 0  0
2

1 n2h2
rn 
2.a) Solução:
k 4m 2e2
2 2 me 4
2. b) En   k 2

n2h2
(è a energia do eléctron na e - nésima órbita).

30
3. m  1,05.10 kg

4. m  35,8.1031 kg; v  2,9.108 m / s

5. Ek  6,63x105 eV
22 Manual de Física Moderna

Lição nº 2.
Radiação do Corpo Negro

Esta Lição vai exigir de si uma concentração de cerca de


120 minutos para o estudo

Introdução
De um certo ponto de vista, as teorias quânticas tiveram
origens na adopção de métodos estatísticos para o estudo
de sistemas físicos, quando Max Olanck, em 1900, deduziu
uma expressão que descrevia o comportamento da radiação
de corpo negro. Desde 1895 quando iniciou suas pesquisas
nesse domínio, Planck procurou concentrar – se nos
osciladores elementares (átomos radiantes). Entre 1854 e
1859, os precursores da espectroscopia, Bunsem e
Kirchhoff, tinham estabelecido que a pesar de os poderes de
absorsão ( a ) ,e de emissão ( I ) de um corpo radiador
dependerem de sua natureza e da temperatura,, a razão

( I )  , para um determinado comprimento de onda (  ) só


a
depende da temperatura. Esta discussão permitiu provar que
I
( )  de um corpo qualquer é igual a I  (T ) do corpo negro.
a
Esta lição é basicamente sobre a radiação do corpo negro,
os seus princípios e as suas leis básicas.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 23

Ao completar esta lição, você deve ser capaz de:


 Distinguir as diferentes leis que regem o
funcionamento do corpo negro;
Objectivos
 Aplicar as formulações de Planck e Einstein para uma
melhor explicação da distribuição de energia num
corpo;
 Reconhecer a questão básica dentro do corpo negro;
 Descrever as curvas de deslocamento de Wien;
 Interpretar as curvas de deslocamento de Wien.

Nesta nova lição, será introduzida uma nova terminologia


tais como:
Radiador, emissividade, absorção, cavidade.
Terminologia

Radiação do corpo negro

Quando a luz incide sobre um corpo opaco uma parte é


absorvida e outra parte é reflectida.
Se um corpo está em equilíbrio térmico com a sua
vizinhança, então a taxa de emissão da radiação deve ser
igual à taxa de absorção.
Um corpo negro é definido como sendo aquele que absorve
toda a radiação nele incidente e, portanto, parece negro.
Um pequeno orifício aberto na parede duma cavidade é um
exemplo de corpo negro.
24 Manual de Física Moderna

Distribuição espectral:

Medições da intensidade de radiação J(λ,T) ou J(f,T) – que é


a potência emitida por unidade de área, por unidade de
comprimento de onda (ou de frequência) a uma dada
temperatura – para o corpo negro à diferentes temperaturas
podem originar curvas (espectros de radiação).

Constatações:

1. O máximo da distribuição espectral desloca-se para


comprimentos de onda menores à medida que a
temperatura do corpo negro aumenta.
2. A potência total emitida aumenta com o aumento da
temperatura.

A primeira observação é comumente chamada lei de


deslocamento de Wien:

- O comprimento de onda para o qual a distribuição


apresenta um máximo varia inversamente com a
temperatura:

1
λ max  T  λ max .T  b
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 25

Onde b é a constante de Wien e b = 2,898 x 10-3 m.K e


λmax é o comprimento de onda que corresponde ao máximo
da distribuição espectral à uma dada temperatura.

A 2a observação pode ser quantificada através da integração


de J(λ , T) para todos os comprimentos de onda (para
encontrar a potência por unidade de área a uma dada
Temperatura):

 f
R T    J  , T .d ou R  f    J  f , T .df
Tot Tot
0 0

Fórmula da lei de Stefan-Boltzmann

Josef Stefan determinou, experimentalmente, em 1879, e


Boltzmann demonstrou teoricamente muitos anos mais tarde
que R (T) está relacionado com a T por: R (T) = a . σ.T4

Onde σ = 5,6705.10-8 W.K-4.m-2 é a constante de Stefan-


Boltzmann; a- é um coeficiente e se chama emissividade.
Para o corpo negro a = 1 => R (T) = σ.T4, mas para
qualquer outro material a < 1.

Ex: As paredes dum forno para a fundição de metais, estão


a uma temperatura de 1600 oC. Determine o comprimento
de onda que corresponde à máxima intensidade da potência
emitida por unidade de área.

b 2,898x103 k
maxT  b  max   [ m  m]  1550nm .
T 1873 k

DENSIDADE ESPECTRAL DE ENERGIA:

O problema do corpo negro era como explicar a variação da


intensidade com o λ a medida que a T do corpo negro varia.
É conveniente considerar a energia por unidade de volume
por unidade de λ ou f dentro da cavidade do corpo negro, u
(λ , T). Esta função está relacionada à potência radiada por
26 Manual de Física Moderna

unidade de área, por unidade de comprimento de onda por:

J (λ , T) = u (λ , T). c/4. Onde c é a velocidade da luz no

vácuo.

De acordo com a teoria clássica, a energia média por modo


de oscilação é kT.

A teoria clássica, portanto, prediz para a função distribuição


espectral: k .T .8
u     Lei de Rayleigh Jeans
 4

Esta lei concorda, para λ muito grandes, com a distribuição


espectral determinada experimentalmente.

Contudo, contradiz os resultados experimentais para λ→0,


pois ela diz que u(λ)→∞, enquanto que dos resultados
experimentais, u(λ)→0. Este resultado é conhecido como a
catástrofe do ultravioleta.

HIPÓTESE DE PLANCK:

 Em 1900, Max Planck anuncia que podia deduzir uma


função u(λ) (fazendo algumas suposições estranhas)
que concordaria com os dados experimentais; como
resultado obteve:

8. .h.c..5
u    hc
 Lei de PLanck
e  .kT
1 Onde h é a
constante de Planck.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 27

Da lei de Planck

u    0 quando   0, u    8 .k .T .4  0 quando   

Para chegar a esse resultado, Planck teve que fazer duas


importantes modificações da teoria clássica:

1. Os osciladores podem somente possuir certas


energias, discretas e determinadas por:

En  n.h. f , onde n  no int eiro, f  frequencia e h  6,6261034 J .s

2. Os osciladores podem emitir ou absorver energia em


múltiplos discretos do quantum fundamental de energia,
dado por: E  h. f

Teoria corpuscular da luz (dualidade onda – partícula)

A nova visão neste contexto foi trazida por Planck ao


introduzir o “Quantum de energia” ( hf ) para a radiação do
corpo negro.
28 Manual de Física Moderna

O futuro desenvolvimento viria em pouco tempo mostrar que


se tratava duma grandeza que aparecia em vários
fenómenos.

A descoberta de Hallwachs permaneceu no mundo dos


Puzzles sobre o efeito fotoeléctrico: porquê é que os
electrões emitidos dependiam somente da frequência da luz
emitida mas a sua intensidade era determinada pela
intensidade da luz (A visão clássica acreditava tanto no
efeito da teoria clássica da luz para explicar a energia
electrónica quando relacionada com a intensidade da luz).

Einstein desenvolveu uma nova visão para explicar o


fenómeno ao introduzir a noção de que seria necessário
disponibilizar um “quantum de energia” ( hv ) de luz para
extrair os electrões, facto que levou a formulação da
equação de Einstein, que se veio a desenvolver
experimentalmente.

W  hf  W0 h  6,626.1034 JS

A energia da luz não se encontra distribuída continuamente


na frente de ondas: a luz é uma espécie de corpúsculos da
luz ou fotões concentrados.

Por outro lado a ideia do modelo ondulatório não pode ser


banida; nota-se que o quatum de energia dos fotões é ( hv ),
portanto determinada pela frequência de algo que oscila.
Portanto a luz deve ser descrita por um modelo duplo
(dualidade da luz) por “verdadeiros corpúsculos” e por
“electrões ou fotões” como também por ondas (os dois
modelos são complementares entre si).

Para os micro objectos usa – se para a sua descrição a


equação de Schrodinger que na sua forma mais geral tem o
seguinte aspecto:
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 29

  2
 ( x, y , z , t )  (    Epot( x, y, z )) ( x, y, z, t )
i t 2m
Operador de Hamilton

O movimento depende das coordenadas e do tempo

A solução desta equação é a função de onda 


Neste modelo usamos a equação de Schrodinger porque
é ela que descreve completamente o movimento da
partícula em função das propriedades dos micro objectos
( o dualismo onda partícula).

No caso estacionário, a equação toma o seguinte


aspecto:

2   
(   Epot(r )) (r )  E (r ) em que uma parte
2m
depende da coordenada e outra apenas do tempo.
   (r)e iwt

Tanto num como noutro caso falamos do espaço


tridimensional.

Podemos ainda usar a condição de globalização


(normalização)

w   |  (r , t ) | 2 dv  1 . Esta condição é adicionada a que

diz que  deve ser contínua.

Estime a temperatura da superfície do sol tomando em


consideração a seguinte informação:

Exmplo de raio do sol é dado por Rs  7.0 *10 m. A distância média


8
O
Aplicação
Terra – sol é R  1.5 * 10 m . A potência por unidade de
11

área (a todas as frequências) do sol é medida na terra sendo

1400w / m 2 . Assuma que o sol é um corpo negro.


30 Manual de Física Moderna

Solução:

Para um corpo negro, a 1

etotal ( RS )  T 4 , Onde etotal ( RS ) é respeitante a potência


total por unidade de área na superfície do sol. Porque o
problema dá a potência total por unidade de área na terra
etotal (R) , procuramos uma conexão entre etotal (R) e etotal ( RS ) ,
o que vem da conservação de energia.

R2
etotal ( RS ) * 4RS  etotal ( R) * 4R 2  etotal ( RS )  etotal ( R) 
2

R2S
pelo Stefan  Boltzman temos
1 1
 e ( R) * R   (1400w / m 2 )(1.5 * 1011 m) 2  4
2 4
T   total 2    5.6 *108 w / m 2 k 4 )(7.0 *108 m) 2   5800k
 RS   
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 31

Exercicios
1. Uma fonte pontual irradia com uma potência de 1 mw, em
todas as direcções uma onda electromagnética. Quantos
Objectivos fotões serão emitidos por segundo num ângulo sólido
  10 6 ST . Para uma emissão radiofónica em ondas de
  3 pm

2. As paredes de um forno para a fundição de metais estão


a uma temperatura de 1600 º C.

- Determine o comprimento de onda que corresponde à


máxima intensidade da potência emitida por unidade de
área.

- Use b igual a 2,898 x 10-3mk

3. Estime a temperatura da superfície do sol tomando em


consideração a seguinte informação: O raio do sol é dado

por Rs  7.0 *108 m. A distância média Terra – sol é

R  1.5 * 1011 m . A potência por unidade de área ( a todas as


frequências) do sol é medida na terra sendo 1400w / m 2 .
Assuma que o sol é um corpo negro.
32 Manual de Física Moderna

Chave de Correcção
1. n f  1,2.1015

Feedback
2. Use a fórmula λmax.T = b e terá o resultado λmax= 1550
nm.

3. Para um corpo negro, a  1

etotal ( RS )  T 4 , Onde etotal ( RS ) é respeitante a

potência total por unidade de área na superfície do


sol. Porque o problema dá a potência total por
unidade de área na terra etotal (R) , procuremos uma

conexão entre etotal (R) e etotal ( RS ) , o que vem da

conservação de energia.

1
 e ( R) * R  2 4
T   total   5800k
  R S
2

Manual de Física Moderna Ensino à Distância 33

Lição nº 3
Colisões entre fotões e electrões

Esta lição vai exigir de si uma concentração de cerca de


120 minutos para o estudo

Introdução
Fora da fissão e da fusão de partículas não elementares,
(processo nuclear que consiste na captura electrónica), onde
– se produz um par formado por um fotão e um electrão nas
proximidades do núcleo, em colisões em altas energias,
podem ocorrer os procesos de criação ou aniquilamento de
partículas. Se as partículas que participam do processo
forem as mesmas antes e depois da colisão, a colisão é dita
elástica. Do ponto de vista relactivistico, a lei de
conservação de energia em colisões de partículas em altas
energias, ou seja, que interragem apenas a curtíssimas
distâncias, decorre da lei de conservação do momento. A
interacção entre as partículas e a matéria pode ocorrer de
diversas formas: Partícula carregada com a matéria, um dos
casos típicos é a ionização. (câmara de Wilson, contador de
Geiger-Muler, câmara de bolhas), os fotões e a matéria. De
uma forma explícita, este processo decorre sob a forma do

efeito fotoeléctrico (Extracção de electrões da superfície do


metal através de fotões e sob a forma do efeito Compton
que é a dispersão de fotões causada por electrões. Nesta
lição serão discutidos os efeitos Compton e Fotoeléctrico
bem como os seus princípios básicos.
34 Manual de Física Moderna

Ao terminar esta Lição, você será capaz de:


 Explicar os processos de interacção entre fotões e átomos;
 Distinguir o efeito Compton do fotoeléctrico;
 Resolver problemas de espalhamento após uma colisão
Objectivos entre matéria e fotões;
 Descrever os aspectos básicos tanto do efeito fotoeléctrico
como do Compton.

Nesta nova Lição será aplicada uma nova terminologia


como:
Limite vermelho, fotocátodo, fotoelectrões,
Terminologia
fotocorrente

Efeito Fotoeléctrico
O efeito fotoeléctrico foi descoberto por Hertz em 1887
quando confirmou a teoria das ondas electromagnéticas da
luz de Maxwell.

É uma das várias formas em que os electrões podem ser


emitidos pelos materiais.

Os electrões podem abandonar a superfície do material, por


um dos seguintes métodos:

 Emissão termiónica- os electrões ganham energia


suficiente, para escapar, a partir da energia térmica
fornecida ao material.
 Emissão secundária- os electrões ganham energia
suficiente, para escapar, através da transferência de
energia das partículas que se movem à grande
velocidade (a partir do exterior) durante o choque
entre estes e o mateial.
 Emissão do campo - os electrões são arrancados
para fora do material por um campo eléctrico externo
forte aplicado ao material.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 35

 Efeito fotoeléctrico- os electrões se escapam da


superfície do material graças a energia transferida
para eles, a partir da luz que incide sobre o material.

Chama-se efeito Fotoeléctrico ao fenómeno da emissão dos


electrões por uma substância sob a acção exercida pela luz.

Os electrões libertados da superfície do material no decorrer


desse fenómeno, chamam-se foto electrões.

Nos metais, os electrões estão fracamente ligados. Por isso


espera-se que a luz ceda aos electrões uma energia cinética
extra, suficiente para que eles abandonem o metal.

A energia mínima necessária para permitir aos electrões


vencer a atracção dos respectivos materiais (energia de
ligação) chama-se função trabalho Φ.

Esquema de montagem para o estudo do efeito fotoeléctrico:

Resultados experimentais:

1. A energia cinética dos foto electrões é independente


da intensidade da luz; isto é, uma tensão retardadora
aplicada (-uo) é suficiente para parar todos os foto
electrões, qualquer que seja a intensidade da luz.
2. Para um dado material, a energia cinética máxima
dos foto electrões depende somente da f da luz; isto
36 Manual de Física Moderna

é, para luz de f diferentes, diferentes tensões


retardadoras (-uo) são necessárias para parar os
electrões mais energéticos.
3. Quanto menor for a função trabalho Φ do material
emissor, tanto menor é a frequência limite f o da luz
que pode injectar foto electrões.
4. Quando os foto electrões são produzidos, o seu no é
directamente proporcional à intensidade da luz
incidente; isto é, a foto corrente máxima é
proporcional à intensidade da luz.

Os foto electrões são emitidos quase instantaneamente (≤


3.10-9 s) independentemente da intensidade da luz incidente;
i. é, ausência de lapso de tempo entre a incidência da luz e a
emissão dos foto electrões.

Como é que a Física clássica explica esses resultados? Que


dificuldades encontra?

1. A teoria clássica prediz que a quantidade da energia total


na onda luminosa aumenta com o aumento da intensidade
da luz. Então, classicamente os electrões deveriam ter mais
energia cinética se a intensidade da luz fosse aumentada.

Contudo, o resultado 1 diz-nos que uma tensão


retardadora (-uo) é suficiente para parar todos os foto
electrões, para uma dada luz de frequência f, qualquer que
seja a sua intensidade.

2. Dado que a energia cinética máxima depende da


frequência f e não da intensidade da luz incidente, a teoria
clássica, também, não pode explicar o resultado 2.

A existência da frequência limite ou limite vermelho, de


acordo com o resultado 3, não tem explicação na teoria
clássica, nem a dependência linear entre a frequência da luz
e a Ecmax. Pois, de acordo com a teoria clássica, o efeito
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 37

fotoeléctrico devia ocorrer para luz de qualquer f, desde que


a intensidade da luz fosse suficiente.

4. A Teoria Clássica explica o resultado 4.


5. A Teoria clássica poderia predizer que para luz
menos intensa, muito tempo seria necessário antes
que os electrões obtenham energia suficiente para
escapar. O que contradiz o resultado 5.

Explicação de Einstein (explicação quântica):

o Einstein considerou que a quantização da energia por


Planck no problema do corpo negro era uma
característica universal da luz.
o Ele propôs que a energia luminosa percorre o espaço
concentrada em pacotes chamados quanta (fotões),
cada um dos quais com energia E  hf
38 Manual de Física Moderna

 O foto electrão é emitido a partir do metal quando ele


absorve toda a energia do fotão.

Portanto, Ec max  hf    hf  Ec max  

Assim, o potencial retardador deve ser dado por:

1
e.uo  m.vmax  h. f  
2

 A fo (f limite da luz incidente) necessária para


 c  hc
remover o foto electrão é dada por: f o     o 
h o h 
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 39

 Millikan, em 1916, fez medições cuidadosas de


Ecmax como função da f, mostrando que existia uma
relação linear e foi capaz de deduzir h a partir das
medições.
40 Manual de Física Moderna

1. No fenómeno fotoeléctrico, a energia incidente sobre um


fotão é de 2,5eV. Sabe se que para a extracção do electrão
na superfície do metal é necessária uma tensão de 0,5eV
Determine:

A energia cinética máxima ganha pelo electrão.


Exemplo de A tensão necessária para o efeito.
Aplicação
E = 2,5 eV
Eo = 0,5 eV

Reduzir eV em joules
1eV = 1,6 , 10 -19j
2,5 eV = 2,5x 1,6.10-19 j = 4.10-19 j

a) E  Eo  Ec . E c  4.1019  0,8.1019  3,2.1019 j


Ec
b) E c  eU . U   2V
e

Aplicações Práticas do Efeito fotoeléctrico

Indicamos nesta secção a possibilidade de utilizar as


células fotoelétricas para registar e medir os fluxos
luminosos. Na actualiudade as células fotoeléctricas são
também empregues para outros fins, como é o caso de
sinalização luminosa, televisão, sinal sonoro, etc.

EFEITO COMPTON
A compreensão e a ideia sobre fotões ficarão ainda
esclarecidas a partir de um efeito ainda muito raro descrito
pelo Efeito Compton (1922):

Somente em 1892 é que o físico americano Arthur Honley


Compton (1892-1962) explicou esta diminuição da
frequência.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 41

1. Na dispersão há uma interacção entre os fotões e os


electrões do corpo; os quais fornecem nesse
processo a sua energia E  hv , pelo que os electrões
possuem uma energia reduzida E '  hv ' .
2. Esta redução de energia pode ser calculada a partir
da equação de energia e do impulso e assim
confirmar a relação entre o impulso e o comprimento
 h
de onda.  p  
 

Esquema de montagem para o estudo

Representação esquemática do efeito Compton

Chama-se efeito Compton à variação do comprimento de


onda dos raios-x no decorrer da sua dispersão pela
substância que possui átomos ligeiros.
Compton e seus colegas de trabalho estudaram o
espalhamento dos raios-x a partir de electrões.
Classicamente a frequência da radiação espalhada deveria
depender do intervalo de tempo em que o electrão ficou
exposto à radiação e da intensidade da radiação. Compton
descobriu que a variação na frequência da radiação era
independente da intensidade da intensidade e do intervalo
de tempo de exposição.

Portanto, a Física clássica não explica o efeito Compton.


42 Manual de Física Moderna

Explicação Quântica:

A teoria quântica considera o efeito Compton como o


resultado da colisão de um fotão com um electrão
livre (ou quase livre). O fotão transfere uma parte da
sua energia para o electrão, bem como uma parte do
seu momento linear em conformidade com os
princípios de conservação de energia e do momento
linear.

A variação no comprimento de onda da radiação dispersa é



dada por:   '    2c .sen2  c .1  cos 
2

' ... Comprimento de onda da radiação difusa ou dispersa


sob o ângulo  ;

 ... Comprimento de onda da radiação monocromática;


h
 ... Variação que depende apenas de  e C 
me .c

.1  cos 
h
é o comprimento de Compton, então,    
me .c
Uma radiação monocromática dos Raios-x é dispersa pela
substância (matéria) de forma contrária à luz visível,
acompanhada de um aumento do seu comprimento de onda.

A variação do comprimento de onda da luz dispersa é tanto


maior, quanto maior for o ângulo de dispersão  .

Onde me é a massa de repouso do electrão. Compton


explica o aumento do  como um fenómeno ou processo
resultante das colisões entre um fotão dos raios-x e um
electrão da matéria.

Este processo é caracterizado completamente pela


conservação de energia e do impulso conhecido o ângulo  .
Podemos considerar que o electrão esteja inicialmente em
repouso antes do choque. A sua energia e impulso são
retirados do fotão:
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 43

h   '  Energia cinética do fotão ou energia dos fotões


E  hf .Neste contexto, os electrões perdem a sua energia

E '  h. f ' .

ESPALHAMENTO DE
COMPTON
Impulso do fotão após a dispersão


 h 
m e'  v '
c
Impulso do fotão antes da dispersão

Impulso do electrão após a dispersão

Representação esquemática do espalhamento de Compton

DEDUÇÃO- IMAGEM QUÂNTICA DO EFEITO DE


ação do efeito Compton antes e depois da dispersão
COMPTON: DEDUÇÃO

Pela lei de conservação de energia do sistema:

E f  me .c 2  Ef  Ee
Pela lei de conservação dom momento linear:
      ox : p f  pf . cos  pe . cos

Pantes  Pdepois  p f  pe  pf  pe  
oy : o   pf .sen  pe .sen

Elimine o Φ para obter:


44 Manual de Física Moderna

pe  pf  p f  2. p. p. cos


2 2 2

Aqui considera-se que o momento do fotão é dado


pela fórmula relativista:
E h. f h
pf   
c c 
Substituindo nas equações:
 h. f    h. f 
2 2
h2
Ee  h. f  h. f   me .c 2 e pe       . f . f . cos
2
2.
 c   c  c2
Pode-se eliminar a energia total do electrão E e o
momento linear do electrão pe através da substituição
na fórmula: Ee  pe .c  me .c
22 2 4 2

.1  cos 
h
E finalmente obtém-se:    
me .c

Conservação do impulso no Efeito Compton

O cálculo embora elementar é muito complicado. Afinal o


fenómeno devia ser observado à luz da relatividade.
Podemos discutir o fenómeno observando algumas
restrições.

A pequena mudança do comprimento de onda


correspondente à maior parte dos casos. Assim os vectores
hv' hv
e são praticamente iguais.
c c

Raios x com energia de 300 Kev foram sujeitos a um


espalhamento de Compton a partir de um alvo. Se os raios
espalhados são detectados numa direcção de 30º em
relação aos raios incidentes. Determine:

Exemplo de a) A variação do comprimento da radiação para este ângulo.


Aplicação b) A energia dos raios -x espalhados.
c) A energia cinética do electrão de recuo.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 45

h h
a )   (1  cos )    '    (1  cos 30o ) 
me c me c
6,626 x 1034 js
  (1  0,866)   
9,11.1031 kg x 3 x 108 ms 1
kgm 2 s 1
0,242x10 11
x 0,134 1
   0,0324x1011 m  3,24x104 nm
kgms
c 3 x108 34
b) E  hf  h '  6,626x10 js x
' '
ms 1
 ?
c c
Re corde  se que '    0    h , pois, E  hf0  h ; Nisto,
E 0
3 x 108 ms 1
'  0,0324 x10 -11 m  6,626x1034 js x
3x105 x1,6 x1019 j
3 x 108 ms 1
 0,0324 x10 -11 m  6,626x1034 kgm 2s -1 x 
3 x105 x1,6 x1019 kgm2 s 2
-12
0,324 x10 -12 m  4,14x1012 m  4,47 x 10 , Portanto
c 34 3 x108
E h
'
 6,626x10 js x ms  4,45 x10 -12 j  2,78 x 105 ev
' -12
4,47 x 10 m
c) Ec  ?
A energia cinética do electrão de recuo pode ser facilmente
calculada a partir do princípio de conservação de energia do
sistema que diz que:

E  me c 2  E '  E c  E c  ( E  me c 2 )  E '  E c 
 4,8 x10 14 j  9,11 x 10 31 kg x 9 x 1016 m 2 s  2  2,78 x 105 ev 
E c  4,8 x10 14 j  9,11 x 10 31 kg x 9 x 1016 m 2 s  2  2,78 x 105 ej 
ev
 13 x 10 -14 j 19
 2,78 x 105 ev  22kev
1,6 x10 j
46 Manual de Física Moderna

Exercícios
1. Em que é que o efeito Compton difere do efeito
fotoeléctrico.

2. Determinar a diferença de potencial que se deve aplicar


para deter os fotoeletrões emitidos por uma superfície de
Auto-avaliação níquel sob acção de luz ultra violeta de 2000Å de
comprimento de onda. O limite de energia do níquel vale
5,01 eV.

3. No fenómeno fotoeléctrico, a energia incidente sobre um


fotão é de 2,5eV. Sabe se que para a extracção do electrão
na superfície do metal é necessária uma tensão de 0,5eV
Determine:

a) A energia cinética máxima ganha pelo electrão.


b) A tensão necessária para o efeito.

4. Raios -x do comprimento de onda de 0,200 nm são


espalhados a partir de um bloco de carbono. Se a radiação
espalhada é detectada numa direcção que forma um ângulo
de 90º em relação ao feixe incidente, determine:

a) O desvio de Compton 

b) A energia cinética empotida ao electrão do recuo

5. Fotões do comprimento de onda igual a 0,024 Å incidem


sobre electrões livres.

a) Determinar o comprimento de onda de um fotão que é


espalhado de 30 º a partir da direcção incidente.

b) Qual seria o comprimento de onda se o ângulo de


espalhamento fosse de 120º.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 47

Chave de Correcção
1. Atente aos aspectos básicos tanto do efeito
fotoeléctrico quanto do efeito Compton.

O efeito fotoeléctrico consiste na emissão de


Feedback
electrões da superfície de um metal por acção de luz
enquanto efeito compton tem a ver com a interacção
entre fotões e matéria levando a variação do
comprimento de onda da radiação difusa.

2. U  5,01V .

a) E c  3,2.1019 j
3.
b) U  2V

a)   0,242x1011 m
4.
b) Ec c  513,6 kev

5.
a)    5,64x1012 m

b)    6,04x10 12 m
48 Manual de Física Moderna

Auto-avaliação
1. Explique o efeito fotoeléctrico (interno e
externo), indicando com detalhes as devidas
interpretações.
Auto-avaliação

2. Se o efeito fotoeléctrico é observado para um


certo metal, você pode concluir que o efeito
poderá ser observado num outro metal sob as
mesmas condições. Explique.

3. Que aspectos do efeito fotoeléctrico não podem


ser explicados através da teoria clássica da luz.

4. Determine a diferença do potencial que


devemos aplicar a um microscópio electrónico
para que o comprimento de onda associada aos
eléctrons seja de 0,5 Å.

5. No fenómeno fotoeléctrico, a energia incidente


sobre um fotão é de 2,5eV. Sabe se que para a
extracção do electrão na superfície do metal é
necessária uma tensão de 0,5eV Determine:

a) A energia cinética máxima ganha pelo


electrão.

b) A tensão necessária para o efeito.


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 49

Chave de correcção

1. Caro estudante, precisa saber para esta


questão que o efeito fotoeléctrico externo
ocorre com a emissão de electrões da
Feedback superficie livre de um metal e o interno ocorre
sem emissão de electrões. Desenvolva as suas
ideas partindo deste pressuposto.

2. Tome em consideração a diferença nas


frequências limites de duas ou mais superficies
metálicas diferentes e discuta a sua questão.
Assuma a partida que de maneira nenhuma
podem ocorrer sob as mesmas condições em
duas superfícies diferentes.

3. Alguns dos aspectos do efeito fotoeléctrico


que não podem ser explicados pela teoria
clássica são:

a) Independência entre a energia cinética


dos foto electrões emitidos e a
intensidade da luz;

b) a existência da frequência limite,

c) a relação de proporcionalidade entre o


número de electrões produzidos e a
intensidade da luz incidente, etc.

4. E c  601eV  V  601V

5. Primeiro reduza eV em joules


1eV = 1,6 *10 -19j
2,5 eV = 2,5x 1,6.10-19 j = 4.10-19 j
a) E c  3,2.1019 j
b) U  2V
50 Manual de Física Moderna

Unidade II
Emissao e absorção da luz

Introdução.

Depois de ter falado de átomos e fotões na primeira unidade,


você irá fazer nesta nova, o desenvolvimento da
espectroscopia. Esta unidade é composta por cinco licções e
exige de si 11.20h de estudo, sendo 2.30 h para a primeira
licção, 2.00h para a segunda, 120min para a terceira, 3,00h
para a quarta e 2,30h para a quinta e última licção. A
Unidade visa proporcionar – lhe um conhecimento sólido
sobre os tipos de espectros, as séries espectrais e níveis de
energia do átomo de hidrogénio, fenómenos de absorção e
de emissão da luz, assim como a análise espectral. Avança
igualmente o princípio de funcionamento de um LASER e
mostra o comportamento dos átomos em interacções
especiais.
Constam desta unidade, alguns exemplos, exercícios com a
respectiva chave de corecção que servirão de base para a
sua auto avaliação em relação a matéria ministrada. Procure
resolver os exercícios até chegar à solução indicada na
chave pré elaborada.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 51

Objectivos da Unidade.
Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:

 Reconhecer os diversificados tipos de espectros


emitidos por várias substâncias, Identificar as
diferentes zonas do espectro electromagnético,
Objectivos
 Distinguir o espectro do átomo de hidrogénio do dos iões
semelhantes ao átomo de hidrogénio;

 Identificar as partes principais de um LASER


 Constuir o esquema dos termos de frequência e de
energia para o átomo de hidrogénio.
52 Manual de Física Moderna

Lição nº 1
Espectros

Esta lição vai exigir de si uma concentração de cerca de


2.30h para o estudo.

Introdução

Muitas das ideias sobre a estrutura atómica e molecular que


surgiram no início do século XX, estavam, de certo modo,
intimamente ligadas ao desenvolvimento da investigação da
radiação emitida pela matéria sólida ou gasosa, graças ao
trabalho pioneiro dos Alemães Robert Wilhelm Bunsen e
Gustav Kirchhoff, a partir da invenção do espectrógrafo
óptico e do desenvolvimento do que se convencionou
chamar de espectroscopia, entre 1855 e 1863.

No fim desta lição, você será capaz de:

 Identificar as diferentes zonas do espectro


electromagnético,
Objectivos  Identificar os níveis de energia dos átomos,

 Explicar o princípio de funcionamento da experiência de


Franck Hertz

 Identificar os níveis de energia do átomo de hidrogénio e


iões a ele semelhantes,

 Reconhecer as fórmulas de série dos átomos.


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 53

Nesta lição será introduzida uma nova terminologia como:


Espectroscopia, Séries espectrais, espectro de emissão e de
absorção
Terminologia

Espectroscopia é a área da física moderna que se ocupa


pela identificação análise e tratamento de espectros.

Chamam-se espectros a um registo fotográfico ou repartição


visível da luz mostrando a variação de alguma propriedade
de um determinado tipo de radiação ou de um sistema de
partículas de uma determinada magnitude.

É prático também definir-se espectros como sendo a


redistribuição da luz segundo os comprimentos de onda e
frequência.

Por exemplo: variação da intensidade da radiação


electromagnética ou do som com a frequência, ou a variação
do número de partículas num feixe em função da energia
cinética.

Tipos de espectros

Os espectros dividem-se em dois tipos fundamentais: os


espectros de emissão e os espectros de absorção

 Espectros de emissão

Os espectros de emissão são obtidos pela decomposição


das radiações de um corpo luminoso.
54 Manual de Física Moderna

Classificação de espectros de emissão:

O exame visual e a análise das fotografias dos espectros


tornam evidente a classificação de espectros de emissão em
três grupos fundamentais:

 Espectros contínuos
 Espectros descontínuos de riscas brilhantes
 Espectros de faixas

Caro estudante, veja como se caracteriza cada espectro


grupo de espectro de emissão:

 Espectros descontínuos de riscas brilhantes

Os espectros descontínuos de riscas brilhantes são


constituídos por um determinado número de riscas ou faixas
de diferentes cores nitidamente separadas por zonas
escuras.

Os espectros descontínuos são produzidos por gases


monoatómicos excitados e por vapores incandescentes.

O exemplo de gases monoatómicos excitados é o caso de


He , Na .

Os espectros descontínuos de riscas brilhantes de gases e


vapores podem ser facilmente obtidos por aquecimento à
chama de um maçarico.

Portanto, pelo que se descreve acima, você pode chegar à


conclusão de que os espectros descontínuos de Riscas são
produzidos pelas radiações emitidas pelos átomos de
elementos químicos que permanecem incoerentes, isto é,
desligados das moléculas.

O estudo deste tipo de espectros, permite esclarecer a


estrutura das camadas electrónicas dos átomos dos
diferentes elementos químicos, o que tornou possível provar
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 55

que cada elemento químico produz um espectro descontínuo


próprio, diferente do de outras substâncias.

 Espectros de Faixas

Uma substância absorve preferencialmente toda a luz que


ela seja capaz de emitir.

Se uma substância emite luz verde, então poderá também


absorver luz verde e vice-versa.

As substâncias transparentes absorvem uma parte das


radiações luminosas que nelas incidem. Por isso, o espectro
obtido depois de tais substâncias serem atravessadas pela
luz branca faz desaparecer certas cores, observando-se a
presença de riscas ou mesmo faixas escuras de absorção.

As faixas escuras de absorção são constituídas por um


conjunto de linhas muito próximas umas às outras.

Há três maneiras de reconhecimento de espectros

 Através do prisma óptico


 Através do sistema de fendas
 Através da rede cristalina

Espectro da radiação electromagnética

As ondas electromagnéticas podem por conveniência ser


classificadas de acordo com a sua fonte principal e com o
seu efeito ao interagir com a matéria. Esta classificação não
possui limites bem definidos à medida que distintas fontes
podem produzir ondas cujos intervalos de frequência se
sobrepõem. Resumindo, temos:
56 Manual de Física Moderna

i) Ondas de rádio - Frequência: tem comprimentos


de ondas que vão de alguns km a 0,3m. O
intervalo de frequências vai desde alguns Hz até
109 Hz . São geradas por dispositivos electrónicos,
principalmente por circuitos oscilantes. São
utilizadas em sistemas de televisão, de rádio e na
criação de imagens através da ressonância
electromagnética nuclear (NMRI, Nuclear
Magnétic Ressonance Imaging).
ii) Microondas: De comprimentos de ondas que vão
de 0,3m a 10 3 m . As frequências correspondentes vão
desde 109 Hz até 3 x1011 Hz . Os microondas são usados
em sistemas de radar e em outros sistemas de
comunicação, na análise de detalhes muito pequenos da
estrutura atómica e molecular e são geradas através de
dispositivos electrónicos. A região destas ondas é
também designada de UHF (Ultra Hihg Frequency, ultra
elevada frequência em relação à rádio – frequência.
iii) Espectro infravermelho: Este contempla os
comprimentos de ondas de 10 3 m até 7,8 x10 7 m .

O intervalo de frequência é de 3 x1011 Hz até


4 x1014 Hz . Esta região do espectro, subdivide – se
em três sub zonas: O infravermelho distante,
com comprimentos de onda variando entre 10 3 a
3x105 m; O infravermelho médio, cujos

comprimentos variam entre 3 x10 3 a 3x106 m; e


o infravermelho próximo cujos comprimentos se
estendem até 7,8 x107 m. Estas ondas que tem
uma forte aplicação na indústria, na astronomia e
na medicina, são produzidas por moléculas e
corpos aquecidos.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 57

iv) Espectro visível: Trata – se de uma banda


estreita de comprimentos de onda aos quais a
nossa retina é sensível. Seus comprimentos de
onda se estendem de 7,8 x107 m. a 3,8 x107 m.

com frequências que variam entre 4 x1014 Hz e


8 x1014 Hz . Esta luz é produzida por átomos e
moléculas como resultados de ajustes internos no
movimento dos seus componentes, principalmente
os eléctrons.

Para uma pessoa normal, as sensações diferentes que a luz


produz no olho (cores), dependem da frequência ou do
comprimento da onda electromagnéticas e correspondem
aos seguintes intervalos:

Ordem Cor  (m) f (Hz)

1 Violeta 3,90  4,55x107 7,69  6,59x1014

2 Azul 4,55  4,92x107 6,59  6,10x1014

3 Verde 4,92  5,77 x107 6,10  5,20x1014

4 Amarelo 5,77  5,97x107 5,20  5,03x1014

5 Alaranjado 5,97  6,22x107 5,03  4,82x1014

6 Vermelho 6,22  7,80x107 4,82  3,84x1014

De salientar que a sensibilidade do olho depende também


do comprimento de onda da luz, sendo máxima para
comprimentos de cerca de 5,6 x10 7 m . Assim, visão é o
resultado dos sinais transmitidos ao cérebro através dos
elementos presentes numa membrana chamada retina que
58 Manual de Física Moderna

se encontra na parte posterior do olho. Tais elementos são


os cones e os bastonetes.

Os bastonetes são capazes de actuar com iluminação muito


fraca como numa sala escurecida e são menos sensíveis a
luz. A visão devida a estes elementos chama – se
escotópica.

Os cones são activados pela presença de luz intensa, como


a do dia. São sensíveis a cor.

Sensibilidade
relativa

Sensibilidade do olho para a visão fotópica e para a visão escotópica

v) Raios ultravioletas: Trata – se de uma zona que


abrange os comprimentos de onda 3,8 x107 m a

6 x10 10 m .Com frequências desde 8 x1014 Hz a


3 x1017 Hz aproximadamente. São produzidos por
átomos e moléculas excitados, bem como por
descargas eléctricas.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 59

Quadro resumo de classificação dos espectros

De uma forma resumida, os espectros tem a seguinte


classificação:

Classificação Designação Características

Quanto ao tipo Espectro de dispersão - Dá-se facilmente


de ou espectro quando a luz incide
decomposição prismático num prisma.
da luz. - A luz vermelha é
fracamente
dispersa que a
radiação violeta. A
mudança de
dispersão não é
Espectro de difracção linearmente
proporcional ao  .

- Dá-se por pares


segundo uma
ordem. A radiação
vermelha é
fortemente
difractado do que a
violeta.

A mudança de
direcção é
proporcional ao  .

Segundo a Espectro continuo - Consiste em


aparência do Espectro de linhas
espectro aparentemente
linhas/riscas
distanciadas
Exemplos gases a baixa
60 Manual de Física Moderna

pressão. As linhas desordenadamente


encontram-se a umas das outras.
distâncias deferentes. VERDE

Hidrogénio, Hélio, Néon,


vapores de rádio,
vapores de mercúrio.

Espectro de faixas É composto por um


grande número de
São constituídos por um
linhas ordenadas
conjunto de faixas
por grupos
luminosas separadas
por intervalos escuros –
as faixas são
constituídas por uma
série de riscas.

Segundo a Espectro de emissão Dá-se quando a


acção da substância emite
Obtido pela
substância/molé luz
decomposição da
cula que produz radiação de um campo
o espectro luminoso podem ser
contínuos, descontínuos
de riscas brilhantes e
espectros de faixa.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 61
Algumas representações espectrais.

Análise Espectral

Diz – se análise espectral, ao procedimento pelo qual a partir


do espectro da constituição ou da decomposição, seja do
62 Manual de Física Moderna

estado sólido, liquido ou gasoso, são identificados e


desafinados.

Decomposição da luz branca através de um prisma óptico.

Todo o elemento químico possui um espectro de emissão


próprio, pelo que a partir do espectro pode-se saber sobre
quais elementos químicos que encontram a sua composição.

Aplicações da análise spectral

Particularidades Conhecimentos Aplicação


do espectro

Posição das Permitem a -Investigação


riscas/linhas determinação do tipo química
de constituição ou -Industria
composição da química
matéria.
-medicina

Intensidade das Determinação da -Agricultura


riscas massa constituinte da -Astronomia
substância

Largura das Permite definir a -Na investigação


linhas/riscas presença de gases a física
alta pressão e a alta -Astronomia
temperatura.
Lâmpadas a
vapor de sódio
na iluminação de
estradas.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 63
 
A teoria electrónica clássica diz que: um campo E  B
alternado de onda luminosa que se propaga num meio
dieléctrico produz oscilações forçadas de cargas ligadas
(electrões e iões).

Os iões têm uma massa maior  oscilações proporcionais a


baixas frequências (Infravermelhos 0,01  3,9mHz )

Os electrões têm uma massa menor  oscilações


proporcionais a altas-frequências UV  7,7  600mHz , mas
existem ondas luminosas secundárias da mesma frequência.

São coerentes pois d moleculas  luz  produzem

inferências.

Meio homogéneo  meio heterogéneo

 

Ocorre uma onda refractada (   f ) ocorre a difusão da luz

2. Absorção de luz

É a diminuição de energia da onda luminosa no decorrer da


sua propagação dentro da substancia. A uma transformação
da energia da onda em energia interna da substância ou em
energia da radiação secundaria que possui uma composição
espectral e os sentidos de propagação distintos (foto
luminescência) a absorção pode originar: aquecimento da
substancia, a excitação e ionização dos átomos ou
moléculas e reacções fotoquímicas.

J  J 0 .ex (Lei de De Broglier)

J / J 0 ... Valor da intensidade da luz quando entra e sai.

x ... Espessura da camada

 ... Índice de absorção do meio.


64 Manual de Física Moderna

3. Difusão da luz é o fenómeno de transformação da


direcção da luz pela substância, afiguram-se como radiações
luminosas impróprias, isto é, confinadas pelas oscilações
forcadas dentro dos átomos sob acção exercida pela luz
incidente.

4. Dispersão normal da luz - é a variação da velocidade de


c dn
fase    a dispersão é definida à
n d

Exercicios
1. Faça um esquema de classificação de espectros.

2. Que tipo de espectros são emitidos por:


Auto-avaliação

a) Gases monoatómicos
b) Gases moleculares
c) Líquidos e sólidos incandescentes

3. Explique o significado dos seguintes conceitos:

a) Linha espectral
b) Espectro linear
c) Espectro acanalado
d) Espectro continuo
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 65

Chave de correcção

1. Saiba que os espectros podem ser de emissão e de


aborção. Agora cabe ao estudante desenvolver cada um
dos tipos. Exemplo: os Espectros de emissão podem se
Feedback classificar em contínuos, descontínuos de riscas brilhantes
e de faixas.

2. Que tipo de espectros são emitidos por:


a) Gases monoatómicos _ espectros lineares
b) Gases moleculares _ espectros acanalados
c) Líquidos e sólidos incandescentes__ espectros
contínuos

3.
a) Linha spectral. É toda a risca ou linha que uma substância
emite quando é atravessada pela luz.
b). Espectro linear: Atente à questão anterior (2) e relacione
os conceitos de espectro, linear e a substância
responsável pela sua emissão.
c) Espectro acanalado: Recorde – se que espectro
acanalado é o produzido por gazes moleculares. Complete
a sua resposta.
d) Espectro contínuo: Defina referindo – se às
substâncias produtoras deste tipo de espectro.
66 Manual de Física Moderna

Lição nº 2
Fenómeno de luminiscência

Esta Lição vai exigir de si uma concentração de


cerca de 2.00h para o estudo

Introdução
A emissão de luz pelas substâncias pode ser obtida por
diferentes métodos. Um deles seria por excitação de um gás
por elevação da sua temperatura até um valor bem alto, o
que provocaria a emissão da luz por choques entre os
átomos e moléculas. Outros processos têm a designação
geral de luminiscência no qual a energia cinética térmica não
é essencial para o mecanismo de excitação.

Um exemplo claro disto é a chamada electroluminiscência


que envolve descargas em gases a partir da qual foram
descobertos os raios catódicos em 1869.

Nesta Lição serão abordados com detalhes os fenómenos


de luminiscência, fluorescência, emissão  e a experiência
de Franck Hertz.

No fim desta Lição, você será capaz de:

 Justificar a razão da formação de riscas brilhantes em


algumas substâncias químicas quando aquecidas;

Objectivos  Explicar a experiência de Franck Hertz;


 Explicar a essência do efeito Mosboner.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 67

Nesta Lição, será usada uma nova terminologia como


luminiscência, fluorescência, fosforescência.
Terminologia

Fenómeno de luminescência

Diz – se luminiscência ao fenómeno de emissão da luz por


corpos a uma temperatura ( T ) superior a radiação térmica.

1. A luminescência que deixa de se emitir quando cessa a


acção do excitador da radiação luminescente tem o nome de
fluorescência.

2. A luminescência que continua a existir muito tempo após


cessada a acção que exerce o excitador da radiação chama-
se fosforescência.

O fenómeno de fosforescência deve-se as transições do


átomos, da molécula ou iões excitados para o seu estado
normal na ordem de 108 s .

Experiência de Franck – Hertz

Em 1914 Franck, fez uma investigação pela primeira vez


com uma experiência que ficou baptizado com o seu próprio
nome.

A experiência de Frank-Hertz é uma experiência que prova-


nos que a absorção e emissão da luz dá-se através de
quantuns de energia. A figura a baixo é ilustrativa desta
experiência, cujos resultados se encontram descritos abaixo.
68 Manual de Física Moderna

– Esquema da experiência de Franck-Hertz

Também se pode fazer a descrição da experiência de


Franck Hertz a partir da figura

A experiência consistiu em encher um tubo com vapor de


mercúrio.

Nela, entre o filamento que contém electrões e a grelha


estabeleceu se uma ddp. Pelo cátodo os electrões são
acelerados em direcção ao ânodo uma vez que a grelha tem
um potencial mais positivo. Pelo ânodo, os electrões são
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 69

encaminhados a grelha. Fez – se uma análise da relação


entre a tensão e a corrente.

Se mais electrões alcançarem o ânodo teremos maior


intensidade e se menos electrões alcançarem o ânodo
registaremos menor intensidade.

O resultado encontrado pode – se explicar através do gráfico


abaixo

Explicação da experiência de Frank-Hertz

Os electrões chocam no seu percurso em direcção da grelha


com os átomos de mercúrio.

A transferência (troca) de energia entre os electrões e os


átomos de mercúrio dá-se somente quando o modulo da
energia correspondente a 4,9eV , os valores mínimos da

intensidade da corrente obtém-se quando os electrões


perdem quase completamente a sua energia cinética total
1
Ek  mv 2  e.U e assim não podendo vencer o campo
2

eléctrico ( E ) entre a grelha e o ânodo. Isso significa que os
70 Manual de Física Moderna

átomos de mercúrio só admitem um determinado “quantum


de energia”.

A energia absorvida é posteriormente emitida na forma de


porcoes de quantos de energia (ou energia descreta).

Experimentalmente observa-se uma linha espectral com a


E
frequência f  .
h

Quando a corrente cai, observa – se um acender junto dos


tubos de vidro devido aos electrões emitidos pelo vapor de
mercúrio.

Esta radiação emitida tem um comprimento   253,7nm , o


que corresponde a uma energia de 4,9ev.

Explicação dos resultados encontrados

Quanto maior for a quantidade de carga, maior será a


energia e quanto menor for o número de quantidade de
electrões, menor será a energia, ou seja, aumentando a ddp
de 0 até 9 entre o cátodo e a grelha, aumentamos a energia
cinética dos electrões saídos saídos do cátodo e estes.

Numa válvula electrónica torna-se necessário instalar um


terceiro eléctrodo, que recebe o nome de grelha.

A grelha coloca-se entre o cátodo e o ânodo com o fim de


controlar a grandeza da corrente eléctrica no interior da
válvula. Geralmente a grelha encontra-se muito próxima do
cátodo para que mesmo a baixas tensões possa-se criar um
campo muito intenso entre a grelha e o cátodo. Isso é de
grande importância para o comportamento da corrente
anódica da válvula.

A grelha tem geralmente a forma de uma hélice metálica. O


ânodo é constituído por uma superfície cilíndrica
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 71

Os electrões emitidos pelo cátodo são acelerados entre o


cátodo c e o ânodo  A no tubo contendo vapor de
mercúrio devido as colisões inelasticas com os átomos de
mercúrio sofrem uma dispersão.

Exemplo:

Para o valor de energia de 4,9.eV para o mercúrio podemos


Exemplo de calcular a frequência e o comprimento da linha espectral.
Aplicação
Solução

m
E  4,9.eV , h  6,63.1034 j.s , c  3.10 8
s
E 4,9eV
a) f   f  34
 f  1,19 *1015 s 1
h 6,63 *10 js

c 3.108 m / s
b)       251,7nm
f 1,19.1015 s 1

Esta linha espectral localiza-se na zona UV (ultravioleta) e


foi realmente verificada por Franck Hertz, isto é, a prova da
existência de estados de quantums na nuvem electrónica do
átomo.

Excitação Caracterização Exemplos

Técnica Produzida por Nas chamas


elevadas
temperaturas e
desenvolveu-se por
colisões de átomos
velozes do grau das
moléculas.

Através da luz A radiação da luz de Aparecimento de


altas-frequências de espectros de
72 Manual de Física Moderna

modo que os absorção, aparece


átomos/moléculas quando uma dada
ao retroceder ao substancia absorve
estado fundamental uma parte da radiação
emitem eles próprios da luz branca
uma luz. (linhas/faixas negras)
no espectro contínuo

Através da E produzida por - Condução eléctrica


energia cinética colisões, por em gases;
dos electrões electrões acelerados - Ionização por colisão;

- Contadores.

- Experiência de
FRANK HERTZ

Esta é causa da emissão e absorção da luz.

Tabela indicadora de algumas técnicas para a observação

de riscas espectrais e características básicas

Retrocesso na emissão -  : Efeito Mossbaner

É um fenómeno no qual os raios gama emitidos, apresentam


uma linha de espessura muito mais fina do que a usual.

O fenómeno é limitado a certo tipo de sólidos para os quais


a “energia de recuo” associada a emissão dos raios gama é
associada ao sólido como um todo. É observado facilmente
em radiações de 14.4keV do ferro 57. Este fenómeno é
usado para investigar a intensidade das ligações atómicas e
na testagem de teorias do Éter.

Um sistema (átomo ou núcleo) pode realizar uma transição


espontânea do estado excitado para seu estado
fundamental. O tempo  durante o qual a quantidade dos
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 73

átomos que estão no estado excitado, diminui e vezes,


chama-se vida média do estado excitado. Para os átomos
  10 8  10 9 s

A possibilidade das transições espontâneas indica que os


estados excitados não se podem considerar como os
estacionários rigorosamente. Por isso a energia do estado
excitado não se determina certamente e o nível excitado tem
uma certa largura  que está relacionada com vida média
pelo principio de incerteza: t  E   ; t   ;
E        




h
Quando um átomo emite um fotão o seu impulso terá de

ser compensado por um outro impulso de reacção no
choque adquirido pelo átomo.

Na região U.V Na região da radiação - 

Não se observa o fenómeno Esta radiação é emitida por


(é muito pequena). átomos ou núcleos
excitados: o valor típico de
energia. 1M EV  1,6.1013 J e

o impulso correspondente
hf w m
p   10  21 kg.
c c s

Este impulso esta em


condições de imprimir na
elevada velocidade ao
núcleo.
74 Manual de Física Moderna

A energia adquirida pelo núcleo é


p2 E2 h 2 2
Enucleo     , isto é:
2M 2Mc 2 2Mc 2

 h
 A grandeza Mc 2 é da ordem de G ev razão
 2Mc 2
pela qual a dispersão da frequência -  não é assim tão

nítida. (na ordem de 10 3 ).

A realidade mostra que as linhas -  são tão nítidas com uma


frequência nítida:

1. Para que um outro átomo possa absorver um quanto, a


sua frequência teria de encontrar-se na linha de observação
idêntica à linhas de emissão, aquela que ser idêntica sem a
existência de retrocesso. A desafinação (falta de
sintonização) da frequência é suficiente para fazer com que
a ressonância para a observação não se realize.

Desta maneira foi medido que a frequência dum quantu de


linha diminui por um factor 5.1015 quando este se move na
atmosfera do campo gravitacional numa distancia de 45m
para cima. (Pound /Rebka 1969).

2. Perde a energia h. .5.10 15 . Esta é a energia que uma


h
massa de um quantu precisa para elevar no campo
c2
gravitacional H = 45m.

h
g .H  h .4,9.10 1 j
c2

A energia do estado fundamental é um valor determinado


pois o estado fundamental é estacionário. (    ;   ),

onde  é a largura do nível excitado Δ do outro núcleo. A


 1
largura da linha espectral 0   0  108  s 1
 
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 75

Avaliemos os valores , 0 e . As vidas médias dos átomos


nos estados excitados comuns, dos quais as transições são
permitidas,   10-810-9s.

Por exemplo, H no estado 2p1/2 é  = 1,6*10-9s.

Junto com os estados excitados comuns nos átomos podem


existir os estados meta estáveis com vida médias grandes.
Por exemplo, os estados de 2 S1/2 do átomo de H, cuja  =
0,14s. Tal vida média grande está relacionada com as regras
de selecção que estão a proibir as transições do nível 2 S1/2.
Uma transição mais provável neste caso é 2 S 1/2  1 S1/2
com emissão de 2 fotões que é um evento muito raro.

Avaliemos na base da formula as largura das linhas e dos


níveis energéticos para os estados normais (comuns),
achamos que  10-8.

1
0  ;

 0,66  10 15 eV  s
0  10  s
8 1
   0,7  10 7 eV
 10 8

Movimento térmico dos átomos resulta o alargamento das


linhas espectrais, chamado alar-to de Dopler. No momento

de emissão dum fotão o átomo tem impulso P 0 é energia
p 02  
cinética . O fotão emitido tem o impulso P   k 
2M a c


(k  ). A energia de recuo do átomo
c
2
 
 
 P0   k  

Er    
P02

k  ( P0   k ) 

 
; P r  P 0  P
2M a 2M a 2M a Ma

 
E   k  . Podemos substituir k por e também
c c
notemos que a velocidade do átomo antes de emissão do
76 Manual de Física Moderna

P0 ( ) 2 v0
fotão é v0  . Neste caso E r     cos ,
Ma 2M a c 2 c
 
onde  é ângulo entre os vectores P 0 e K , isto é ângulo
entre sentido do movimento do átomo e sentido de emissão
do fotão.

Pela lei de conservação de energia E nm    E r ou

   0  E r

Para luz visível E p  1011 E isto é muito pequena, por isso

acha-se que  0  E nm , desprezando Er no caso dos

átomos.

No domínio dos átomos o fenómeno de ressonância é


facilmente observável. Suponhamos que Ef e Ee são
energias dos estados fundamentais excitados. É possível
levar o átomo do estado fundamental para estado excitado.
Bombardeando-o com fotões de energia   Ee  E f . O

fenómeno de ressonância atómica para observado pela


primeira vez por Wood, que irradiando átomo de vapor de
sódio com radiação D (amarela) do sódio, verificou que esse
átomo emitiram, em todas as direcções, fotões de radiação
D (amarela).

Avaliemos os valores da última fórmula. A energia do fotão


com λ = 5*10-7m (fotão óptico) é

2c 2  0,66  1015 eV  s  3  108 m / s


    2eV .
 5  107 m

A energia cinética do átomo pode ser avaliada com Ec  kT.


A temperatura do ambiente (T300), temos Ec  0,03 eV.

Daqui segue que a energia cinética do movimento de


translação dos átomos à temperatura do ambiente é
pequena em comparação com E .
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 77

Avaliemos agora Er  1011 E

2
 

 P0   k   
2
   k 
Er     0 
P p k

2M a 2M a Ma 2M a

Ate 1958 os cientistas acharam que o processo inverso à


transição  dos núcleos – a observação por ressonância dos
quantos  pelos núcleos, é impossível observar pela razão
seguinte.

Consideremos 2 núcleos idênticos que estão em repouso,


um deles está no estado principal e outro no estado excitado
com a energia de excitação Δ Mc2, onde M é massa do
núcleo. Suponhamos que o núcleo excitado se transmita
para estado fundamental, emitindo um quantum  com
 
impulso P . O núcleo recua e adquire um impulso — Pr .

A energia Δ da transição nuclear é dividida entre o quantum


 e o núcleo que recua assim que Δ  E + Er ; E Δ + Er

Pr 2 P2 P2  2
  CP  ; P  Pr  Er  r   
2M 2 M 2 M 2 MC 2

Daqui segue que para ∆ ≤ MC2 cumpre-se a igualdade


  2
P com uma certa precisão será E  CP   
C 2MC 2

Vê-se que a energia do quantum  é deslocada em relação à


 2
energia da transição nuclear Δ por valo de .
2MC 2

Portanto o quantum  pode ser absorvido por outro núcleo só


 2
no caso, se for  , onde  é a largura do nível
2MC 2
excitado Δ do outro núcleo. Para os núcleos livres a
condição da observação de ressonância sempre viola-se.
Mostremos isto num exemplo.
78 Manual de Física Moderna

Primeiro nível excitado Δ do núcleo de 57


Fe 26 é

aproximadamente igual a 14 Kev. A vida media deste nível


tem ordem de 10-7s, donde principio de incerteza dâ para a
espessura deste nível.

 3  2
   10 eV , isto é  ,
 2MC 2

Na emissão dum quantum  por núcleo de Fe 26


57
com Δ  14

Kev a energia E é deslocada por valor de


 2  2 -3, isto é 
2
E r    E r    , 10  ,
2MC 2 2MC 2 2MC 2

Então, a condição da transição por ressonância de energia


de núcleo para o outro por via de emissão dum quantum 
pelo núcleo excitado e absorção deste quantum por outro
núcleo que estava no estado fundamental, fica muito violado.

Tais violações encontram-se para todos os núcleos livres,


por isso achava-se que absorção dos  por ressonância
pelos núcleos é impossível em geral.

Entretanto esta conclusão é errada para os núcleos não


livrem, que estão num meio. Assim, se o núcleo estiver num
cristal, existe uma certa probabilidade da emissão do
quantum  pelo núcleo, mas recua não só núcleo, mas todo
cristal. Uma vez que a massa do cristal é muito maior que a
dum núcleo separado, a energia Er do cristal parcial
praticamente é zero. Uma vez que /Δ é muito pequena
por meio de efeito de Moss, pode-se medir as energias com
E
uma precisão relativa muito alta:  1015  1017
E

Uma aplicação importante do efeito de Moss, encontra-se na


investigação das influências das causadas electrónicas
sobre os núcleos atómicos.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 79

Exercícios
1. a) Explique porque é que na experiência de Franck-Hertz,
quando a ddp  4,9V o choque processa-se sem
transferência de energia entre os átomos de Hg e os

Auto-avaliação electrões.

b) Diga que tipo de choque se processa neste caso entre os


átomos de Hg e os electrões.

2. Que conclusões básicas se podem tirar da experiência de


Franck - Hertz

Chave de correcção
1. a) A partir da discução da experiência de Franck – Hertz
certamente que você nota que quando a ddp  4,9V , a
energia trazida não é suficiente para excitar os átomos de
Hg para o primeiro estado de excitação.
Feedback
b) Obtenha a sua resposta entre choques elásticos e
inelásticos.

2) Duas conclusões básicas se podem tirar da experiência


de Franck Hertz:

C1: Os átomos aceitam certos valores discretos de energia


cinética dos electrões quando esta é menor que a energia
de ionização. Avance a outra conclusão desta experiência.
80 Manual de Física Moderna

Lição nº 3
Séries espectrais e níveis de
energia do átomo de hidrogénio

Esta nova lição vai exigir de si uma concentração de


cerca de 120min para o estudo

Introdução

Se os átomos de um gás de hidrogénio tivessem apenas um


eléctron, haveria emissão de luz de apenas uma frequência.
Interessa neste capítulo saber como explicar as diversas
linhas do espectro de hidrogénio descrito pela fórmula de
Balmer. Um gás, quando excitado por colisões ao ser
atravessado por uma corrente, emite radiação. O espectro
desta radiação emitida não é contínuo, mas sim, discreto,
contendo apenas alguns comprimentos de onda. Este
espectro de emissão é característica do elemento no estado
de vapor que está sendo excitado, de forma que a análise do
espectro de emissão fornece informações sobre a
composição química de uma cedrta substância ou mistura
de gases. Tal espectro tem origem na excitação da nuvem
elect´rnica ao redor do núcleo. Os electrões que absorvem
energia saem de seus níveis fundamentais e vão para outros
níveis de energia maior, ficando aí por um curtíssimo
intervalo de tempo. Quando decaem novamente ao estado
fundamental emitindo fótons cuja energia é igual a diferença
de energias dos dois estados de transição. O espectro
caracteriza – se por um conjunto de linhas que são
características de um certo elemento químico.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 81

J.J. Balmer foi o primeiro a encontrar em 1885 uma


expressão empírica para a série de linhas emitidas pelo
hidrogénio, na tentativa de encontrar uma relação entre os
comprimentos de onda emitidos pelos átomos. Neste
período a linha de maior comprimento de onda era de
o
6.583 A .

No final desta lição, você será capaz de:

 Definir claramente uma série espectral;


 Identifique as fórmulas de série para o átomo de
Objectivos hidrogénio e iões semelhantes;
 Distinguir o espectro do átomo de hidrogénio do dos
iões semelhantes ao átomo de hidrogénio;
 Representar esquematicamente os termos de
frequência e de energia para o átomo de hidrogénio.

Nesta lição será usada uma nova terminologia como

Fórmulas de série, linhas de série, número quântico.


Terminologia

Fórmulas de série e representação dos termos de


espectros lineares

Dá – se o nome de linhas de série ao conjunto das Fórmulas


de série com as mesmas características.

Do ultravioleta ao infravermelho existe uma fórmula empírica


para encontrar as linhas espectrais.

R R
f   , onde R é a constante de Rydberg.
n1  a  n1  b 2
2

Para o átomo de hidrogénio esta constante é numericamente


82 Manual de Física Moderna

igual a 3,28688x1015 s 1 . É uma constante universal mas com


pequenas variações; a e b são constantes típicas da
substância. n1 - número quântico. Número de fixação da
série, n - número quântico principal (número natural) e

n2 - número quântico que Indica o número de possibilidades


dentro da mesma série.

Átomos com um electrão de iluminação

Os electrões da última camada são chamados de electrões


de iluminação.

No sistema de um electrão temos por exemplo o átomo de


hidrogénio e iões a ele semelhantes.

Fazem parte todos os átomos que em determinadas


circunstâncias perdem todos os iões e ficam com um
electrão

Ex ( He  , Li  , Be  , B 4 , C 5 , O 7 )

Átomos alcalinos (lítio, césio, sódio, potássio, rubídio,


frâncio) tem na nuvem electrónica um electrão acima de
camadas completamente preenchidas.

Espectros e estados energéticos do átomo de hidrogénio e


de iões semelhantes ao átomo de hidrogénio

As fórmulas de série para o átomo de hidrogénio

O átomo de hidrogénio possui o espectro mais simples de


todos os átomos. Os comprimentos de onda e as
frequências podem ser determinados com ajuda de
aparelhos próprios. O seu espectro é linear. As frequências
R R
podem ser obtidas a partir da fórmula f  
n1  a  n1  b 2
2

com a simplificação de a  b  0 . Através desta relação, até


hoje foi possível conhecer mais de 30 linhas.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 83

A primeira série encontrada foi a conhecida série de Balmer


(1885). Esta série constitui a zona composta pelas linhas
espectrais do átomo de hidrogénio na zona visível do
espectro. Para a determinação das várias frequências é
1 1
válida a fórmula f  const( 2
 2 ) com n2  3,4,5,6. Mais
2 n2
tarde houve mais séries para outras regiões espectrais
(Ultravioleta a infravermelho) com uma certa semelhança à
série de Balmer.

Estas séries podem ser observadas com ajuda do átomo de


hidrogénio e suas frequências descritas por

1 1
f  R( 2
 2 )  Tn1  Tn2 . A diferença entre várias séries
n1 n2

reside na colocação de vários números para n1 .No conjunto,


encontramos 5 séries nomeadamente conhecidas por:
Séries de Lyman, Balmer, Pashen, Brackett e a de Pfund.

Valores de Fórmula da série

Nome n1 e n2 Localização no espectro


da série das o.e.m
n1 n2 1 1
f  R( 2  2 )
n1 n2

Lyman 1 2,3,... 1 1 Ultravioleta


f  R( 2
 2)
1 n2

Balmer 2 3,4,... 1 1 Até n2  6 na zona de


f  R( 2
 2)
2 n2
luz visível

Vermelho,verde,azul,viol
eta

3 4 5 6
84 Manual de Física Moderna

Pashen 3 4,5,... 1 1
f  R( 2
 2)
3 n2

Brackett 4 5,6,... 1 1 Infravermelho


f  R( 2
 2)
4 n2

Pfund 5 6,7,..., 1 1
f  R( 2
 2)
5 n2

As quatro primeiras linhas da série de Balmer são


simbolizadas por H (n1  2, n2  3), H  (n1  2, n2  4)

H (n1  2, n2  5), H , (n1  2, n2  6) , que representam riscas

espectrais constituindo a série de Balmer

Das fórmulas de série acima pode se concluir que:

min  f max  Emax ;n2  

max  f min  Emin ;n2   H H H ,

Esquema dos termos de frequência e de energia para o


átomo de hidrogénio
Cada substância tem o seu espectro característico diferente
do de outras substâncias, o que mostra que o espectro tem
ligação com o interior da substância.

A energia do fotão emitido é E f  hf .Quando o átomo emite

um fotão, liberta certa energia para fora. Esta energia pode


hR hR
ser expressa por E f  hf  2
 2  hTn1  hTn2  wn1  wn 2 .
n1 n2
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 85

hR
wn     hTn é o termo de energia e Tn é o termo de
n2
frequência.

O átomo no estado livre possui um determinado valor de


energia e esta energia no interior do átomo é quantizada.

Esquema dos termos energéticos para o átomo de


hidrogénio.

Os átomos de hidrogénio encontram – se normalmente no


estado de energia mínima (estado fundamental ou básico),
absorvendo determinadas quantidades de energia. Esses
Exemplo de
Aplicação átomos passam aos estados estacionários de excitação.
hR
n2  2,3,4,5,... Eion 
n2

Para o estado básico,


 hR 6,626x1034 js.3,286.1015 s 1
Eion    13,6eV
n2 1

Esta é a energia necessária para ionizar o átomo de


hidrogénio.
86 Manual de Física Moderna

No interior do átomo de hidrogénio, nem todo o estado


energético é possível. O átomo pode emitir e absorver
determinados valores de energia passando de um estado
para o outro. No interior do átomo, a energia não varia
continuamente mas tem valores discretos bem definidos.

O processo de emissão de radiação acontece quando um


electrão passa de um estado de energia mais elevado para
outro mais baixo libertando uma energia que é igual a
diferença entre os dois níveis. O ponto de chegada é
definido pelo estado n  1, cada nível com sua frequência
específica. O processo de absorção ocorre quando um
electrão passa de um estado mais baixo para um mais
elevado.

O estado fundamental ou básico é caracterizado por


w1  13,6ev cujo módulo corresponde a energia mínima
necessária para ionizar o átomo de hidrogénio, isto é, a
energia que se deve fornecer ao electrão para passar ao
outro estado fora do átomo de modo a ficar com energia
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 87

zero. Os outros estados são chamados de estados


excitados.

Espectros dos iões semelhantes ao átomo de hidrogénio

Neste grupo consideram – se todos os iões com um electrão


na nuvem electrónica He  , Li   , Be    , B 4  , C 5  , O 7 

Perdem todos os iões ficando na nuvem electrónica com


apenas um electrão.

As frequências das linhas espectrais podem ser calculadas a


1 1
partir de f  z 2 R( 2
 2 ) com n2  n1
n1 n2

O hélio emitia dois espectros, um dos quais era semelhante


ao do átomo de hidrogénio

1 1
f  4 R( 2
 2 ).
n1 n2

RHe   3,28823x1015 s 1 , RH  3,28688x1015 s 1 .

Estes iões semelhantes ao átomo de hidrogénio, no seu


núcleo não têm apenas um electrão, daí a existência de z na
fórmula
88 Manual de Física Moderna

Exercícios
1. Discuta as propriedades características dos espectros
lineares com base no espectro do átomo de
hidrogénio (lei de séries, limites das séries na
Auto-avaliação
emissão e absorção, fórmula geral da série)
2. Que entende por ião semelhante ao átomo de
hidrogénio e qual é a sua fórmula de série.
3. Calcule os valores de energia wn (n  1,2,3,4, e ) para

o átomo de hidrogénio e represente – os num


esquema de níveis energéticos.
4. Marque no esquema de níveis de energia do átomo
de hidrogénio os seguintes processos:
a) Absorção, emissão de luz e ionização do átomo.
5. Um electrão com energia cinética wcin  6,4ev é

captado por um ião H  .Desenhe no esquema de


níveis de energia, o nível energético do sistema
electrão –ião - H  antes da captação do electrão e na
transição para o estado básico. Determine a
frequência e o comprimento de onda emitidos.
6. Desenhe no esquema do exercício anterior, os níveis
energéticos do exercício anterior correspondentes ao
ião semelhante ao átomo de hidrogénio. O ião He 
para n =1 e n =2.
7. Que energia deve possuir um fotão para levar um
átomo de hidrogénio ao estado fundamental
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 89

Chave de correcção
1. Encontre primeiro as propriedades dos espectros lineares
tomando como base o espectro do átomo de hidrogénio.
Depois identifique a fórmula de ´serie para este átomo.
Feedback Seria bom que partisse da fórmula geral e depois opere a
simplificação a  b  0 , tomando n2  n1 . A) Num passo
posterior você já pode indicar as cinco séries existentes e
os limites de aplicação de cada série.

2. Os iões semelhantes ao átomo de hidrogénio têm uma


característica especial. Eles perdem todos os electrões
ficando na nuvem electrónica com apenas um. Partindo
deste pressuposto, extraia a definição do conceito.

hR
3. Fazendo o uso da relação Wn   faça o cálculo das
n2
energias Wn para os valores
wn (n  1,2,3,4, e )
.Representando graficamente os
resultados obtidos, terá uma situação seguinte:
90 Manual de Física Moderna

4. Resultados representados na figura acima

5. Antes da captação o electrão se encontrava no nível n = 2.


Verifique matematicamente. .

f  0,46x1015 s 1

  6,57x1010 m

6. Representado na tabela a cima.

19
7. E  16,3x10 j
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 91

Lição nº 4

Espectros dos átomos alcalinos

Esta nova Lição vai exigir de si uma concentração de


cerca de 3.00h para o estudo

Introdução

Os átomos alcalinos possuem um comportamento químico


semelhante devido a sua constituição electrónica de que em
todos eles se encontre um electrão acima das camadas
completamente preenchidas. Os alcalinos são formadores
de bases e tem valência igual a um. A partir das linhas
espectrais descobriu- se a estrutura interna dos átomos e de
análises espectroscópicas feitas notou – se que nos níveis
energéticos destes átomos existem constantes chamadas s,
p,d,f dispostas uma ao lado da outra, que levam à formação
de quatro sequências de termos com a designação s,p,d,f,
que por sua vez originam quatro séries fundamentais:
primária, primeira secundária, segunda secundária e a de
Bergman conforme serão desenvolvidas ao longo desta
Lição. Esta Lição faz uma abordagem sumária sobre os
átomos alcalinos e suas fórmulas de série, esquemas de
níveis de energia e os espectros emitidos por este tipo de
átomos.
92 Manual de Física Moderna

No final desta lição você será capaz de:

 Reconhecer as quatro séries básicas dos átomos


alcalinos;
Objectivos  Aplicar correctamente as fórmulas de série para os
átomos alcalinos;
 Representar esquematicamente as transições entre
estados de diferentes momentos angulares.

Nesta Lição será aplicada uma nova terminologia como


emissão induzida, emissão expontânea, passagens
opticamente proibidas.
Terminologia

Fazem parte dos alcalinos os átomos de lítio, césio, sódio,


potássio, rubídio, frâncio, etc. Numa camada completamente
preenchida os electrões se encontram fortemente ligados ao
núcleo exigindo muita energia para a sua libertação do que
para os electrões afastados do núcleo. Os electrões
fracamente ligados ao núcleo são chamados de electrões de
valência, pois determinam a valência e são chamados de
electrões de iluminação porque são responsáveis pelo
espectro de emissão e de absorção.

Fórmulas de série dos átomos alcalinos

Para os átomos alcalinos usamos sempre a fórmula geral


R R
f [  ]
n1  a  n1  b 2
2

Na Prática encontramos 4 séries de linhas espectrais:


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 93

R R
Série Principal: f  [  ] , n2  2,3,4,...
1  s  n2  p 2
2

R R
II série secundária f  [  ] n  3,4,...
2  p  n2  s 2 2
2

R R
Primeira série Secundária f  [  ] n  3,4,...
2  p  n2  d 2 2
2

R R
Série de Bergman: f  [  ] n  4,5,.6,...
3  d  n2  f 2 2
2

S,p,d,f são constantes características do átomo alcalino ou


factores de correcção pelo facto de não terem influência de
apenas camadas preenchidas mas também do núcleo. Os
factores de correcção aumentam com o aumento do número
atómico (número de ordem), contudo, para uma mesma
substância, os valores das constantes vão diminuindo. Ex:
S Li  0,4, PLi  0,01

SCs  0,87, PCs  0,3 .

R é a constante de Ridberg nos átomos alcalinos. Cada


alcalino tem o seu valor das constantes.

Para os alcalinos pesados, d e f são diferentes de zero.

Das quatro fórmulas de série dos alcalinos seguem as


fórmulas encontradas para o átomo de hidrogénio
nomeadamente quando s,p,d,f são iguais a zero. Neste
caso, a série principal dos alcalinos transforma – se em série
de Lyman, as duas secundárias dão lugar a série de Balmer,
a de Bergman passa para a de Pashen.

Os valores diferentes de zero de s,p,d,f observados nos


átomos alcalinos, caracterizam a perturbação do electrão de
iluminação pelos electrões do cerne atómico. Esta
perturbação é no caso do lítio com 2 electrões do cerne a
94 Manual de Física Moderna

mais pequena e no caso de césio com 54 electrões do cerne


a maior de todas.

A partir das linhas espectrais descobriu - se a estrutura


interna do átomo. Destas constatações, nota – se que nos
níveis energéticos existem constantes chamadas s, p,d,f
dispostas uma ao lado da outra, possibilitando a existência
de quatro sequências de termos com a designação s,p,d,f.

Rh Rh
wn   ; wn,l 
n 2
(n  al , n ) 2

Esquema de energia

Através de energia de ionização fixa – se primeiro, o nível de


energia, mais baixo

n1 é o nível de energia mais baixo que um electrão pode


tomar.

A série principal resulta da passagem de 1s para os


diferentes níveis p. (1s)  n2 p, n 2  2,3,4,...
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 95

A 1ª série secundária resulta da passagem de 2p para os


diferentes níveis d. (2 p)  n2d , n 2  3,4,5,....

2ª série secundária resulta da passagem de 2p para os


diferentes níveis s. (2 p)  n2 s, n 2  2,3,4,...

A série de Bergman resulta da passagem de 3d para os


diferentes níveis f (3d )  n2 f , n 2  4,5,...

Na segunda série secundária, n2  n1 porque o nível 2s está


pouco acima de 2p, por isso pode haver passagem de 2s
para 2p.

Dentro da mesma coluna a passagem obedece o nível mais


baixo dessa série.

Nos metais alcalinos, nem todas as passagens que se


apresentam a primeira vista como possíveis acontecem.
Assim, em condições normais não acontecem passagens no
interior dos níveis s,p,d e f. Também não acontecem
passagens de s para d, ou de s para f ou ainda de p para f.

As passagens acima referenciadas são chamadas de


passagens opticamente proibidas, dado que, sem que haja
perturbação no meio exterior, normalmente não acontecem.

De notar que em relação a passagem 3d para 1s há uma


probabilidade mas é desfavorável do que de 3d para 2p.
96 Manual de Física Moderna

Exercícios
1. Discuta a fórmula de série dos átomos alcalinos tendo
como base a fórmula de série do átomo de
hidrogénio.

Auto-avaliação
2. Quais são as principais diferenças e semelhanças
entre as duas fórmulas de série em discussão no
exercício anterior.

3. Discuta a possibilidade de obtensão das séries de


Balmer, Pashen, Lyman a partir da fórmula de série
para átomos alcalinos.

4. Desenhe no seu caderno de exercícios e discuta


esquematicamente as transições entre estados de
diferentes momentos angulares.

5. Que entende por passagens opticamente proibidas?


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 97

Chave de correcção
1. Recorde se que a fórmula de série para o átomo de
hidrogénio vem da fórmula geral dos átomos alcalinos
com algumas simplificações das constantes
características. Para responder a esta questão você
precisa de encontrar o conceito tanto do átomo de
Feedback
hidrogénio como dos átomos alcalinos.

2. As constantes características p,s,d, f, que indicam a


perturbação do electrão dentro do átomo são
essenciais para si nesta questão. Saiba também da
existência de quatro séries (Principal, I e II
secundárias e a de Bergman), Pense na hipótese de
simplificar as constantes características. Que séries
tería?

3. A partir do conhecimento do exercício anterior é


possível esboçar o esquema pedido. Já tem todos os
dados. Esboce e discuta.

4. Você sabe que em condições normais não acontecem


passagens no interior dos níveis s,p,d e f. Também
não acontecem passagens de s para d, ou de s para f
ou ainda de p para f. Use esta informação para dizer o
que entende por passagens opticamente proibidas.

Lição nº 5
Comportamento dos átomos em
interacções especiais
98 Manual de Física Moderna

Esta lição vai exigir de si uma concentração de cerca de


2.30h para o estudo.

Introdução

O conceito de emissão induzida introduzido por Einstein,


antecipa em cerca de 50 anos a explicação para a operação
do dispositivo que revolucionou a indústria electrónica do
século XX, a fonte LASER ( Light amplification by stimulated
emission of radiation), que produz radiação com
electromagnética com elevado grau de coerência, quase
monocromática e direccional. Por possuir pequeníssimas
divergências espectral e angular, a luz proveniente de uma
fonte de LASER aproxima se de uma onda plana.

Os primeiros dispositivos de geração de radiações


monocromáticas foram construídos em 1953 pelo norte-
americano Charles Townes e colaboradores, na faixa de
microondas (   24GHz ), dispositivos denominados MASER
devido a expressão microwave amplification by stimulated
emission of radiation, a partir da inversão de população entre
dois níveis de energia de amónia (NH3).

A questão básica de Towes consistia em usar osciladores


atómicos e moleculares já condicionados pela Natureza.

No final desta lição, você será capaz de:

 Descrever o comportamento dos átomos em


Objectivos interacções especiais;
 Desenvolva a sigla LASER do ponto de vista da
Fisica.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 99

 Indicar a composição de um LASER,


 Apontar as principais aplicações do LASER.

Nesta lição será aplicada uma nova terminologia, em língua


inglesa, cuja tradução inserimos entre parênteses, como

Terminologia Amplification (amplificacao), lightwave (onda luminosa),


radiation (radiação), emission (emissao), microwave (micro
onda)

Interacções com fotões


A emissão de radiações, de iões, electrões de certos
estados acompanhados de fotões sem influência do exterior
chama – se emissão espontânea.

Representando os átomos por (A) e os fotões por (  ),


podemos desenvolver a seguinte equação de radiação para
o fenómeno de absorção:

A    A Onde A representa o átomo no estado excitado.

Para o caso da ionização, temos: A  A   e 

Da relação do equilíbrio energético é válido que


hf  Wionização  Wcin do electrão livre.

No processo de excitação há dois tipos de estados: Estado


normal e o estado meta estável. A diferença entre os dois
está no tempo de vida em cada um dos estados.

Para o estado normal,   10 8 s variando de átomo para


átomo.

Para o meta estável a duração do tempo médio de vida é de


cerca de 1s.
100 Manual de Física Moderna

Supondo que A    A represente um estado de excitação


normal, então, este pode retomar o estado básico ou pode
ficar pendurado ou para o estado muito acima do
considerado básico. Este estado de reacção é descrito pela

reacção A   A   (emissão espontânea)


,

A , está entre o estado básico e o estado excitado. Se A e

A , forem idênticos, então A   A  


,
representa uma

reacção inversa a A    A

O outro caso diferente deste é quando temos um grande


número de átomos no primeiro estado de excitação (emissão
induzida W2 . Designando a energia do estado básico por W1 ,

então a energia de excitação será W2 - W1 . Se W2 for um

estado meta estável (   108 s ), então, a probabilidade do


átomo passar ao estado básico através da emissão é muito
reduzida. Fazendo incidir um segundo fotão com
hf  W3  W2 , e supondo que não existe W3 tal que

W3  W2  W2 - W1 , fica claro que a radiação não poderá nunca

elevar a átomo para o estado W3

W3

Primeiro estado de excitação


W2
hf  w2 ow1átomo
Neste caso, a única utilidade dos fotões é retornar
W1 Estado básico
ao estado básico.

Emissão induzida é a provocada pela incidência de um


feixe de fotões com frequência adequada.

Esquematicamente o processo pode ser descrito através da


seguinte equação da reacção: A    A    
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 101

Absorção

Emissão espontânea Emissão


induzida

W2 1º estado de excitação

hf  W2  W1
W1
Estado básico

A absorção ocorre quando através de uma incidência o


átomo passa do estado básico para o estado excitado.

a) A    A

Quando o átomo está no estado de excitação e pretende


voltar ao estado básico, há duas possibilidades:

1. O átomo no estado excitado emite radiação


(emissão espontânea)

a) O processo b ocorre num estado normal

2. Para o átomo voltar ao seu estado básico é


necessário irradiar uma radiação (emissão induzida)
a) A +   A     . Este processo ocorre num
estado meta estável

Para que o processo c ocorra, a frequência dos fotões


W2  W1
incidentes deve ser igual a f 
h

O fotão incidente e o emitido depois do choque deslocam –


se obedecendo a paralelidade, ou seja, na mesma direcção.
No processo, há uma coerência entre os feixes incidentes e
os emitidos.
102 Manual de Física Moderna

O princípio do LASER

Emissão da luz coerente através de emissão induzida de


fotões
O desenvolvimento da sigla LASER resulta em

Lightwave amplification by simulated emission of radiation, o


que em Português vem a significar (Amplificação da luz
através da emissão induzida de radiações)

Para a operacionalidade deste princípio é necessário


verificar algumas condições:

 Garantir que na experiência, o número de transições


induzidas seja maior que o das espontâneas. Para tal os
átomos excitados devem estar num estado meta estável
 Irradiar a frequência de ressonância para o nível mais
baixo; os átomos excitados terão uma grande
probabilidade de passar a W2 através de indução.

 W2 deve ser de excitação normal. Tecnicamente, realiza


– a experiência de tal maneiras que se tenham poucos
electrões em W2 ou mesmo manter o nível desocupado
de modo que os electrões se percam através de
absorção.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 103

Esquema energético dos átomos através dos quais se obtém


o estado acima descrito
A emissão espontânea pode ser acelerada por
arrefecimento.
O processo principal é a indução que ocorre entre W3 e W2
104 Manual de Física Moderna

Fontes de luz baseadas neste processo foram fabricadas em


1960 simultaneamente em alguns Países (União Soviética,
E.U.A) Este tipo de fontes é chamado de LASER.

Existem vários materiais que podem ser usados como


LASER, alguns dos quais só funcionam depois de sofrer
certos efeitos externos (Bombardeamento). Para tal temos a
seguinte tabela:

Material Dotação Temperatura Comprimento do


de trabalho (K) LASER ( nm)

Al 2 O3 (Rubídio) Cr 3 300; 77 694,3

Vidro Nd 3 300 1060

CaWO4 Nd 3 300 1064,6

CaF2 Dy 2 77 2360

Partes principais de um Laser


Rubídio é um objecto artificialmente dopado de crómio.
Possui uma cor avermelhada.

A produção do LASER é feita pelos impulsos provocados


pelas faíscas da lâmpada.

Para da zona activa, temos a zona de excitação ( espelho de


faísca).

O raio formado sai depois pelo espelho meio translúcido.


Todo o envolcro é feito por um material reflector de modo
que todo o material que inside seja enviado para a zona
central. O envolcro todo é um ressonador
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 105

No caso de bobina, temos ainda temos duas margens de


frequências nas quais podemos dar impulsos para a zona de
absorção. Depois em função de dois meta estáveis de
  694,3nm e   692,9nm podemos ter o LASER.

O LASER produzido tem a forma de um marcador (vareta).

O I significa impulso e k é uma constante.

As temperaturas de trabalho em graus célcius estão na


ordem dos 27 graus. A potência de um LASER alcança
numa superfície de radiação de 10 4 m 2 uma potência de
10w.

O ângulo de abertura é bastante reduzido e alcança


1
rad, o que significa que para uma distância de um Km
1000
( 10 3 m ) temos um alargamento de feixe de 1m.

Logo, trata – se de um feixe muito concentrado e com


sistemas ópticos consegue – se uma focalização maior.

Qual seria a ampliação de um raio LASER em 10m?

Em 10m o raio LASER amplia – se em 1cm.

Exemplo de Em 1000m o raio Sofre uma ampliação de 1m.


Aplicação
Para 10m teriamos:

1000m.............1m

10m ..................x

10 1
x  m
1000 100

O LASER concentra grandes energias num feixe bastante


estreito.
106 Manual de Física Moderna

Aplicações do LASER
 A comprovação da variação de comprimentos de
10 13 m
 Localização de satélites até uma exactidão de  1,6m .

 Indústria de tratamentos de materiais: Soldagens


minuciosas, perfurações (  de 1 m )

 Utilizado nas montagens de estruturas (soldas)


 Biologia e medicina – junção de tecidos. Em fase
experimental está o tratamento do cancro e de
dentes.
 Fusões nucleares.
 Transmissão de informação (nuns tubos ópticos
podem – se desenvolver 10.000 conversações sem
interferência).

Exercícios
1. Explique como a energia das bandas de metais,
semicondutores e isoladores responde pelas
seguintes propriedades ópticas gerais:
Auto-avaliação

a) Metais são opacos para luz visível.


b) Semicondutores são opacos para luz visível mas
transparentes para infraredes.
c) Muitos isoladores como o diamante são
transparentes para luz visível.

2. Discuta as diferenças entre a estrutura das bandas de


metais, isoladores e semicondutores. Como é que o
modelo da estrutura das bandas lhe possibilita a
compreensão das propriedades eléctricas destes
metais?
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 107

3. Na tabela abaixo estão representados os valores dos


trabalhos de extracção ( wext ) para alguns metais.

Calcule o limiar fotoeléctrico ( f o ) correspondente e

indique em que zona espectral ela se situa


(Infravermelho, Zona visível do espectro, raios – x,
ultra – violeta)

Metal Li Na K Cs w Pd Pt

wex ( ev 2,4 2,1 2,0 0.7 4,5 5,0 6,3


)

4. Um quanta de luz  (  1,24 pm) é disparado da superfície


da terra contra o campo gravitacional. Qual é o valor da
variação relativa da frequência aos 30 m de altura.

m
108 Manual de Física Moderna

Chave de correcção
1. A teoria das bandas oferece muita informação precisa
sobre os pedidos que lhe são formulados. Veja as
propriedades gerais dos semicondutores, isoladores e
Feedback metais condutores.

2. A resposta da questão número 1 é condição necessária e


suficiente para a segunda.

wext
3. Use a fórmula wext  hf 0  f 0  e preencha a tabela
h
tendo:

Metal Li Na K Cs w Pd Pt

wex ( 2,4 2,1 2,0 0.7 4,5 5,0 6,3


ev )

fo ( 5,81 5,1 4,84 1,69 1,09 1,21 1,52 x1015


x1 x1014 x1014 x1015 x1015
Hz ) x1014
014

Zona Visíve Vis Visíve Infraver Ultraviol Ultra Ultravioleta


espect l ível l melha eta vio
ral
leta

4. f 9,8 x30
 2
 3,266x1015
f (3x10)
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 109

Unidade III
Modelos atómicos
Introdução

Depois dos fenómenos de emissão e absorção analisados


na segunda unidade, você terá terá agora a chance de
discutir os modelos atómicos. Esta nova unidade compõe –
se de cinco licções com um tempo de estudo de 120 min
para cada licção. Nesta secção, estão preparados para si: O
conceito do núcleo e partículas elementares, a descoberta
do núcleo, dos raios – x e sua aplicação e para que você
melhor discuta o comportamento do micro objecto, verá
também a equação de Schrodiger.

O conceito de modelo teve sua origem na própria filosofia de


Tales de Mileto, que buscava entender a Natureza de
maneira racional, exigindo ainda que a simplicidade
estivesse contida em tal entendimento. De já em diante
reservamos para sí este desafio.
110 Manual de Física Moderna

Objectivos da Unidade
Ao completar esta unidade, você deve ser capaz de:

 Explicar as limitações e os avanços de cada um dos


modelos atómicos descritos neste módulo;
Objectivos  Indicar as condições quânticas estabelecidas por
Bohr e Sommerfeid;

 Descrever a experiência de Davisson e Germen.

 Explicar o princípio de produção dos raios –X;

 Descrever a experiência de difracção dos raios –X e


dos electrões.

 Deduzir a equação de Schrodinger;


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 111

Lição nº 1
Modelos atómicos e limitações da
Física clássica em relação ao
átomo

Para esta Lição exige-se uma concentração de cerca de


120min

Introdução

Caro estudante, vai já arrancar nesta nova unidade o estudo


de modelos atómicos. Note que o tratamento e percepção
dos modelos atómicos são muito importantes e
indispensáveis para o entendimento da física atómica.

Note que em relação ao átomo, no início do século XX foi


estabelecido que: o átomo é um sistema composto por
electrões e protões (o núcleo contém neutrões também),

a quantidade das cargas negativas e positivas no átomo é a


mesma e o átomo é um sistema neutro,

o tamanho do átomo é de ordem de 10-8cm.

Foram elaborados vários modelos do átomo, por exemplo no


modelo de Thompson foi admitido que os electrões estão
mergulhados no meio de uma substância positiva que
constitui o átomo.

Nesta Lição, você irá discutir os modelos atómicos de


Thompson, RatherFord, Summerfeld e de Bohr, modelos
que ditaram o desenvolvimento da Física Moderna. Para o
112 Manual de Física Moderna

seu tratamento, reserva – se lhe um tempo de cerca de


3.00h

No fim desta unidade, você será capaz de:

 Identificar os diferentes tipos de modelos atómicos;

 Explicar as limitações de cada um dos modelos atómicos;

Objectivos  Identificar as condições quânticas estabelecidas por Bohr


e Summerfeld; Explicar a constituição do átomo de
hidrogénio segundo Bohr;

 Explicar os postulados de Bohr.

Postulado, modelo atómico, condições quânticas, Função de


onda, níveis permitidos.

Terminologia

I. Modelo de Thompson (pudim de passas)

Consiste numa massa de cargas positivas onde se


encontram localizados os electrões como se fossem “uvas
secas”. Os electrões não têm a capacidade de desviar as
partículas  pesadas.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 113

Modelo atómico de Rutherfod


O modelo relaciona – se com a realidade e desenvolve – se
pela experimentação, reflexão intelectual, e elaboração
(idealização)

Rutherford, em 1911 realizou uma experiência de


espalhamento das partículas  ( He 2 ) bombardeadas contra
uma folha delgada de ouro, onde observou efectivamente
que algumas partículas eram deflectidas.

Partículas radioactivas   possuem uma grande massa e


uma carga superior a carga eléctrica do átomo. São
 
partículas He 2   . Rutherford esperava ao bombardear
em certos elementos da matéria que estas partículas não
sofressem algum desvio, por exemplo ao atravessar uma
folha delgada de ouro. Mas a experiência trouxe resultados
inesperados → a décima milionésima partícula sofria um
desvio de 90°.
114 Manual de Física Moderna

Em 1911 publicou um artigo intitulado “The Scatlening of


alpha and Beta particules by matherial estruture of the
atom”

Resultados experimentais

As partículas alfa bombardeadas sobre uma folha delgada


de ouro eram mais deflectidas a medida que se
aproximavam do núcleo; o que pressupunha a existência da
maior concentração da massa naquele lugar. A esta zona
onde presumivelmente se verificava a maior concentração
de massa, foi chamada de núcleo. O ângulo de desvio θ da
trajectória da partícula α obtêm-se:

Sendo , onde r0 é a menor distância de que a

partícula α se pode aproximar do núcleo e corresponde à


distância para a qual toda a energia cinética da partícula α
transforma-se em energia potencial (neste ponto vα=0).

A fracção do número das partículas α incidentes que se


desviam de um ângulo φ, ou seja, a probabilidade N(φ) de
que uma partícula α seja desviada de um ângulo φ.

(1) , onde

ρ – o número dos átomos por unidade de volume do alvo;

d – espessura da lâmina do alvo;

r – a distância entre o ponto de incidência da partícula α


e o ponto onde as partículas são detectadas depois de
deviadas de um ângulo φ; Ze – carga do núcleo;

2e – carga da partícula α.

A partir dos resultados experimentais da experiência de


espalhamento, e pela preocupação de explicar os resultados
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 115

de Geiger e Marsden, RutherFord propôs em 1911 um


modelo que consistia em um núcleo central com carga  Ze
envolto por uma distribuição uniforme de carga  Ze em uma
esfera de raio a.

Modelo de átomo segundo Ruther Ford

O núcleo atómico introduzido neste modelo teria um raio na


ordem dos 104 menor que o raio atómico e seria responsável
pelos espalhamentos a grandes ângulos desde que a
partícula incidente passasse perto para experimentar uma
força apreciável.

A força de atracção de Coulomb e a centrípeta é que se


responsabilizam pela manutenção do movimento circular.

Então, para Rutherford, um átomo, de dimensões


aproximadamente iguais a 10-8cm é um sistema composto,
constituído por um núcleo central (RN~10-12/10-13cm), no
interior do qual se encontra uma carga positiva Ze e quase
toda a massa do átomo (com excepção da massa resultante
dos electrões). O átomo é electricamente neutro, em torno
do núcleo deverão existir Z electrões, animados de
movimento circular. Se faz Ze a carga positiva do núcleo (em
repouso), para a trajectória circular do electrão em torno do

núcleo temos que a força Coulombiana é que


116 Manual de Física Moderna

actua sobre o electrão. Por outro lado, para um movimento

circular do electrão a força centrípeta é ,

donde

. Para velocidade: . Para o

raio de órbita do electrão obtemos: r

O potencial eléctrico a uma distância r da carga pontual

+Ze é , de onde para a energia potencial do

electrão, situado no campo dum núcleo, obtemos:

Este electrão produz uma energia cinética dada por :

A energia total do electrão que descreve uma órbita


crcular de raio r será:

Tendo em conta que v=ωr; ω – frequência circular

O sinal negativo da expressão indica que a energia decresce


quando o electrão aproxima-se do núcleo e tende para o
zero quando r→∞.

O modelo de Rutherford, tem como base a experiência de


dispersão conhecida como experiência de dispersão de
Rutherford e sua análise se assenta na procura das
soluções de duas questões básicas:

a) A estabilidade do átomo de hidrogénio


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 117

b) o espectro discreto produzido pela mesma


substância

Reflexões básicas em volta do modelo:

Segundo as leis da electrodinâmica, qualquer carga eléctrica


em movimento acelerado irradia energia sob forma de onda
electromagnética.

Não há electrão algum que se move em volta do núcleo


numa trajectória fixa, pois que este ia perdendo parte da sua
energia através da emissão de radiação sob forma de onda
electromagnética; consequentemente iria aproximar – se
cada vés mais do núcleo e acabaria colidindo com este.

Desta maneira mostra – se que o modelo de Rutherford é


instável de acordo com as leis da electrodinâmica clássica
(macro física)

O modelo de RathuerFord que se assenta em concepções


da física clássica não é capaz de explicar a estabilidade do
átomo de hidrogénio, e tão pouco o aparecimento de um
espectro discreto.

1) A carga positiva do átomo encontra-se concentrada no


núcleo

2) Nas proximidades do núcleo a intensidade do campo


eléctrico é muito elevada

3) O núcleo do átomo é muitas vezes menor que o próprio


átomo (100 vezes menor)

Em resumo:

o modelo apresentado por Rutherford:


118 Manual de Física Moderna

Pode explicar Não pode explicar

- Átomos não são simples - Este modelo não coexiste


esferas, mas de natureza com a existência duma
complexa constituída por um estabilidade do átomo.
núcleo atómico e pela Contradição leis da
nuvem electrónica electrodinâmica clássica.

- O modelo atómico explica - Não pode explicar os


os resultados experimentais resultados da espectroscopia
de dispersão das partículas (emissão da luz)
 e . - Não explica as causas das
- Concordância do número ligações químicas.
atómico

A teoria de Rutherford não podia explicar a estabilidade


do átomo.

1) O electrão, que gira em volta do núcleo carregado


positivamente, à semelhança duma carga, deveria
emitir energia electromagnética sob forma de ondas
luminosas.
2) Ao emitir a luz, o electrão deveria perder uma pista
de sua energia;
3) Isso deveria conduzir à perturbação do equilíbrio do
electrão (devido a rotação) e a força de atraccão do
electrão pelo núcleo.
4) Para restabelecer o equilíbrio, o electrão teria de se
deslocar para mais perto ao núcleo.

Assim deste modo

5) Um electrão que emitisse energia electromagnética


de forma contínua, descreveria uma trajectória
espiras que o aproximaria do núcleo.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 119

6) Depois de esgotar a sua energia este (electrão)


deveria chocar com o núcleo isto é, o átomo deixaria
de existir.
7) Esta conclusão está em contradição com as
propriedades reais dos átomos que são estáveis e
podem existir sem serem distribuídos, de um
período de tempo extremamente longo.
8) O modelo de Rutherford leva a conclusão errada
sobre o comportamento dos espectros atómicos.
Espectro contínuo (sólido/líquidos) incandescente; Espectro
de riscas (de linhas);

Mas, se um electrão radiar a energia, sua energia própria há


de diminuir, quer dizer, há de diminuir r também. Isto é, a
órbita do electrão não será estável em função do tempo e
ele acaba por cair no núcleo. O cálculo do tempo de tal
queda conduz ao resultado seguinte:

Onde R é o raio do núcleo.

Se r~10-8cm, R~10-12cm t~10-9s – é o tempo de vida

do átomo pelo modelo de Rutherford. Então é impossível


admitir a estabilidade do átomo pelo modelo de
Rutherford.

Em 1912, Laure Bombardeou o alvo com raios – x e


observou as propriedades ondulatórias dos raios – x a partir
das quais desenvolveu a estrutura cristalina do átomo.

Em 1923, Compton fez a experiência com os raios – x e


grafite e concluiu sobre as propriedades corpusculares dos
raios – x.

Em 1926, Davisson com electrões bombardeou a estrutura


de cristal e descobriu que os electrões têm propriedades
ondulatórias.
120 Manual de Física Moderna

Na corrida, entraram também German e Thomson


mostrando a natureza ondulatória do electrão.

Em 1954, Hollfisher, com electrões bombardeou protões e


mostrou a estrutura destes.

Por volta de 1913, Bohr sugere um outro encontro para


satisfazer a situação da experiência marcando o fracasso de
RutherFord.

MODELO ATÓMICO DE BOHR


Os postulados de Bohr

Niels Bohr (prémio nobel de Física em 1922) desenvolveu


um modelo atómico mais adequado à realidade física por ter
aplicado a teoria quântica de Plank (h-constante de Plank)
ao modelo atómico de Rutherford.

O modelo de Bohr preconiza que os electrões orbitam em


volta do núcleo descrevendo trajectórias circulares.

p


r


r

Vector posição, p o momento linear da partícula.

Parafraseando Rutherford, Nielz Bohr diz que o movimento


rege – se de acordo com as leis da mecânica onde a força
de Coulomb e a força centrifuga mantém o equilíbrio.

ze2 me v 2
 . No entanto, Bohr apresenta algumas
40 r 2 r

exigências suplementares conhecidas como postulados de


Bohr. Para o efeito, Bohr baseia-se em três pressupostos
básicos (postulados):
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 121

1. O primeiro postulado de Bohr (postulado dos


estados estacionários)

Enuncia que no átomo existe um conjunto de estados


estacionários, permanecendo nos quais, o átomo não irradia
ondas electromagnéticas. Aos estados estacionários
correspondem órbitas estacionárias, onde se movem
aceleradamente os electrões, sem que se produzam as
emissões de luz.

2. O segundo postulado de Bohr (regra de


quantização do momento angular)

Enuncia: quando o átomo permanece num estado


estacionário, o electrão animado de movimento numa órbita
circular possui valores quantificados do momento do impulso
(momento angular), ou seja, as trajectórias livres de radiação
são de tal maneiras caracterizadas que o módulo do
momento rotacional dos electrões é um múltiplo inteiro de
h
 ,ou seja, de .
2

   h
L  r xp  rmev  n  n com n = 1,2,3
2

Onde: m = massa do electrão

v = velocidade do electrão

r = raio da K ésima órbita

O número inteiro K é igual no comprimento de onda de De


Broglier para o electrão.

A trajectória permitida corresponde a uma determinada


energia que de acordo com energia clássica é composta de
energia cinética e potencial.
122 Manual de Física Moderna

r  r
ze2 ze2 1
E p   Fdr   dr   e Ec  mev 2
 
40 r 2
40 r 2
2

Note que os postulados 1 e 2 não estão em harmonia nem


com a mecânica clássica, nem com a electrodinâmica:

O raio da trajectória permitida depende apenas do um


número quântico principal e é dado por

 0h2n2
rn  r0 n 2 
zmee 2

1
A energia global permitida é de En   E0
n2

z 2e 4 me z2
Eglob, n  E(m, n )  E pot , m   =   13,595ev
8h 2 2 0 n 2 n2

En 2  En1 13,595 1 1
f   ( 2 )
h h n1 n2

A equação de De Broglier que estabelece a dependência do


comprimento de onda relacionada com a partícula em
movimento e estabelece a relação com o impulso p.

h h
  Ondas deste tipo são chamadas Ondas de De
p mv

Broglie

Pode-se relacionar a fórmula de De Broglier com outra


fórmula:
 h    2 
p K    K Onde K  n é o vector de onda cujo
2 
2
módulo K chamado número de onda

h
  1,05  10 34 J  s
2
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 123

O número de onda é o número de comprimentos de onda



que cabem em 2 unidades de comprimento. Enquanto n é
o vector unitário traçado no sentido da propagação da onda.

O comprimento de onda de De Broglier para uma partícula


de massa m que possui a energia cinética E C é igual a:

E1  E 2 1 K  Z  e 2 1 1 h
f        r 
h 2 h  r2 r1  2m  E cin

Que cabem no comprimento de órbita circular

2  r 2  r  m  v Kq1 q 2 KZe 2
 K  U 
 h r r

Da totalidade dos possíveis orbitais em que não se


produzem emissões de luz (orbitais que não irradiam ondas
electromagnéticas) o movimento através dos electrões é
permitido somente naquelas orbitais em que estão
estabelecidas determinadas condições quânticas.

3. O terceiro postulado de Bohr (regra de frequências)

- Cada órbita permitida (orbita quântica) pertence ou


corresponde uma determinada energia do electrão.

- No decorrer da passagem do átomo de um estado


estacionário para outro, se emite ou se absorve um fotão.

- Emissão de um fotão: átomo passa de um estado de maior


energia para um estado de menor energia W n > Wm .

- Absorção de um fotão: processo inverso à emissão W n <

Wm .

- A energia do fotão: h  f  Wn  Wm .
124 Manual de Física Moderna

Os dois primeiros postulados garantem a estabilidade do


átomo pois informa que somente determinadas órbitas são
permitidas para o electrão, aquela em que os electrões não
emitem nenhuma radiação electromagnética. O terceiro
postulado mostra um facto demonstrado experimentalmente
de um átomo só pode emitir ou absorver somente riscas
espectrais de determinados comprimentos de onda.

O modelo mais simples do átomo diz que o átomo é


constituído por Z - partículas carregadas pelo núcleo atómico
e pelo electrão que se movem à volta do núcleo em
trajectórias circulares.

KZe 2 mv 2
F 
r r

Aspectos positivos do modelo de Bohr:

 O cálculo de energia discreta,


 Cálculo de energia de ionização,
 Cálculo exacto de frequências do átomo de
hidrogénio e iões semelhantes,
 Explicação de resultados experimentais com os
espectros do átomo de hidrogénio e iões a ele
semelhantes.

Problemas com o modelo de Bohr


 Não conseguiu predizer as intensidades, das linhas
espectrais, observadas
 Teve um sucesso limitado na predição dos
comprimentos de onda nos espectros de absorção e
emissão para átomos com muitos electrões.
 Não conseguiu oferecer uma equação horária para a
evolução do sistema atómico, a partir dum estado
inicial.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 125

 Super-enfatizou a natureza corpuscular da matéria e


não pôde explicar o recém-descoberto dualismo onda
-partícula da luz.
 Não conseguiu oferecer um método para quantizar
outros sistemas, especialmente os desprovidos de
movimento periódico.
 Não podia explicar a ligação de átomos nas
moléculas

Bohr reconhece que o seu modelo não é universal, isto é,


não é solução para todas as partículas mas é uma etapa de
um modelo global.

O Átomo de Hidrogénio segundo Bohr

Partindo do modelo de Bohr concluímos que os


electrões se deslocam em orbitas circulares;
Ao longo de tais trajectórias não existe nenhuma
radiação
Para calcular as trajectórias possíveis para o átomo de
hidrogénio, vamos considerar a força de Coulomb
necessária para que haja uma onda estacionária.
1 e 2 me .V 2
1) Fel  Fr  
40 r 2 r
2) O comprimento de onda de De-Broglie

h
2r  n ,   n = 1,2,3.... número quântico
P
principal

E depois de multiplicar com me .r 3

40
2
 h 
2
me 2 2 h
e r  n2    rn  n 
40  2  4 me .e 2
2
126 Manual de Física Moderna

Onde chamado raio de Bohr B1 (para n = 1) é definido

h 2 40
por r1  
4 2 me .e 2

me  9,1.1034 kg

r1  0,53.1010 m Este valor vale para a trajectória


mais perto do núcleo (estado fundamental).

Para as outras trajectórias vale:


rn  n 2 r1

Os electrões movem-se sem radiação a volta do


núcleo. Existem somente duas orbitas dispersas. A
força de Coloumb representa a força radial entre o
núcleo e o electrão.

Vamos mostrar que o modelo atómico de Bohr fornece a


descrição do espectro do átomo de hidrogénio aceitável.

Na base do exemplo de hidrogénio podemos calcular os


prognósticos e a teoria com os resultados experimentais.

Núcleo Energia Energia Aumento Aumento da Raio


quântico (em (em da energia energia em orbital
relação a relação em relação relação ao ( 1010 m )
E  0 ) a E1  0 ) ao nível estado
anterior fundamental

N En eV  En eV  EeV  EeV  rn

1 -13,6 0 0,53

2 -3,4 10,2 10,2 10,2 2,1

3 -1,51 12,09 1,89 12,09 4,8

4 -0,85 12,68 0,59 12,68 8,5

n 0 13,6 0 13,6 _______


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 127

Interpretação

 Cada nível ou termo de energia corresponde a onda


de de-Broglie;
 Como é que o electrão passa de um nível para o
outro?
 Para tal é necessária uma certa quantidade de
energia (absorvida ou fornecida)
correspondente exactamente à diferença de
energia dos dois níveis de energia;
 Uma possível forma dessa variação de energia
(salto quântico) é a emissão ou absorção dum
fotão de energia E  h  V .

 1 1 
E  h. f  Em  En  13,6eV  2  2  Onde m e n
n m 

definem os termos de energia. Em  En Simboliza a

passagem do n-ésimo nível para o m-ésimo nível.

Os átomos não podem absorver nem emitir fotões de


qualquer frequência (frequência...), mas simplesmente
aquela que corresponde a diferença de energia dos níveis.

O espectro e os níveis de energia do átomo de hidrogénio


foram interpretados pela primeira vez pelos postulados de
Bohr.

n =1 série de Lyman, n =2 serie de Balmer, n =3 seride


Paschen , n=4 serie de Bracket , n = 5 serie de Pfund

n =6 serie de Humphrey.

Vamos considerar inicialmente o estado fundamental do


átomo n = 1.

Neste estado o átomo só pode absorver energia;


A energia dos fotões é uma diferença de energia
10.2, 12.09eV... Corresponde à luz na forma UV.
128 Manual de Física Moderna

Depois de radiarmos o hidrogénio com a luz UV


vamos obter um espectro chamado espectro de
absorção.

Vamos para os estados n = 2, 3....

Para isso temos de fornecer ainda energia, pode ser


através de energia térmica (aquecimento do gás até
103k). Neste estado a energia é suposto que nas
colisões um electrão possa ocupar um estado
energético elevado para isso Ec  10,2eV menor que

10,2 eV as colisões são elásticas.


Passando pouco tempo (10-8s) os electrões retomam
ao seu estado natural e emitem energia na forma de
fotões. A energia destes fotões corresponde a
diferença dos níveis de energia do átomo. Assim as
linhas espectrais de emissão.
O átomo nesse estado pode absorver energia que
esteja acima da energia mínima. Temos assim um
espectro de absorção contínuo.

 1 1 
E  Em  En  13,6eV  2  2 
n m 
E 13,6eV  1 1 
f    2  2
h h n m 

13,6eV
fR  Frequência de Rydberg
h

m.e 4
f r  3,3.1015 Hz fr 
8 02 h 3

E1  13,6eV é a energia de ionização do átomo à


partir do estado fundamental.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 129

Estados discretos de energia

Como os electrões se movem em trajectórias de raios


determinados rn , os valores possíveis de energia podem

também ser discretos.

1 1 e2
Calculo: E  meV 2  
2 40 r

h 2 40
Tendo em consideração que: rn  n 2 
4 2 me .e 2

2
1 1 e2  e 2  4 2 me 1
En      En      2
2 40 rn  40  h2 n

A energia do electrão é a soma da energia potencial e


cinética. Obtém-se assim a energia En .

q1  q2 r ( Ze)(e) Z2 e
1) E pot  k    k 
r r r
1
2) Ec  mV 2
2
3) Fr  Fc ; mV 2  2 Ec

mV 2 kZe2 2 Ec kZe 2 kZe 2


4)  2   2  Ec  r
r r r r 2r 2

1 Ze 2
Ec  k   E pot  2 E c esta é uma
2 r
1
propriedade geral para F (r ) ~
r2

1 Ze 2 Ze 2
ET  Ec  E pot  k k 
2 r r
kZe 2  1 
ET     1
r 2 
130 Manual de Física Moderna

1 Ze 2 1 Ze 2 4 2  me  e 2
ET   k   k 2 2 
2 r 2 n h 40
2
 e 2  2 2  me 1 1
En      ; En  13,6eV . 2
 40  h n n

A energia En é chamada de níveis de energia ou termo de

energia.

O sinal negativo significa que deve-se fornecer energia ao


electrão para poder afastá-lo do átomo, pois este é atraído
pelas forças eléctricas (forças de Coulomb) para o núcleo.
O valor mais baixo de energia (energia no ponto zero ou
energia de localização) obtém-se para n  1 . Este estado é
designado por estado fundamental do átomo. E o estado da
maior energia possível corresponde ao electrão mais
próximo do núcleo. Um electrão, que não esteja ligado ao
núcleo possui energia potencial nula.

A energia de electrões no átomo não pode mudar-se de


maneira contínua, mas por saltos (sapo!) isto é,
discretamente.
Por isso não são possíveis no átomo qualquer estados
energéticos dos electrões mas sim apenas determinados –
chamadas “permitidos ”
Ou seja os estados energéticos no átomo são quantidades.
A transição realiza-se por “saltos”.
Bohr formula as teses básicas/postulados (afirmação aceite
sem provas)
O electrão pode girar em torno do núcleo apenas em
determinadas orbitas circulares não em qualquer orbita.
Estas órbitas obtiveram o nome de estacionárias;
Estando em movimento numa orbita estacionária, o electrão
não existe a energia electromagnética;
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 131

A radiação ocorre devido a uma transição por salto de uma


orbita estacionária para outra. Alem disso, emite-se ou
absorve-se um quantum de energia electromagnética com o
valor igual à diferença entre as energias dos estados inicial e
final o átomo.
132 Manual de Física Moderna

Exercícios
1. Aplicando a teoria de Bohr do átomo de
Hidrogénio, deduzir a expressão:

Auto-avaliação a) Do raio das órbitas electrónicas,

b) Da energia (E) do eléctron em uma órbita do raio r,

c) Da energia irradiada pelo átomo do hidrogénio


quando o eléctron passa de uma órbita para outra
mais interna

2. Determine a massa de um eletron animado de uma


velocidade igual a metade da velocidade da luz.

3. Determinar a energia necessária para comunicar a


um elétron uma velocidade 0,9 vezes a da luz,
partindo do repouso.

4. Demonstrar que Wk  (m  m0 )c 2 se reduz a

1
Wk  m0 v 2 quando v é muito pequeno em relação a c
2
(velocidade da luz).
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 133

Chave de correcção
 0h2n2 1 n2h2
1.a ) rn  r0 n 2  ou ainda r 
zmee 2 k 4m 2 e 2
n

2 2 me 4
Feedback b) E n  k 2 (Energia do eléctron na e –
n2h2

Nésima órbita.)

2 2 mc 4 1 1
c) w2  w1  k 2 3
( 2  2 )
h c n 1 n 2

2. m  1,05.1030 kg

3. E  6,63x105 eV
1
4. v  C , W k  m0 v 2
2
134 Manual de Física Moderna

Lição nº 2
Condições quânticas
estabelecidas por Bohr e
Sommerfeld

Esta licção vai exigir do estudante uma concentração de


cerca de 120 min

Introdução

Caro estudante,

Depois de fazer uma abordagem exaustiva sobre os


modelos atómicos, resta lhe agora fazer uma breve
abordagem sobre as condições quânticas estabelecidas por
Bohr e Sommerfeld.

Para a complementaridade do entendimento sobre os


modelos, é importante também um conhecimento profundo
sobre as condições quânticas.

Para o estudo desta Lição o estudante vai precisar de 3.00h.

No final desta lição você será capaz de:

 Indicar as condições quânticas estabelecidas por


Objectivos Bohr e Sommerfeid;
 Calcular os espectros do átomo de hidrogénio e
mesmo de alguns iões semelhantes com ajuda do
modelo de Bohr;
 Descrever a experiência de Davisson e Germen.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 135

Nesta nova lição será usada uma nova terminologia como:


Terminologia experiência de deflexão, velocidade de fase e de grupo.

Com ajuda do modelo de Bohr é possível calcular os


espectros do átomo de hidrogénio e mesmo de alguns iões
semelhantes, mas a observação das riscas espectrais da
série de Balmer, onde as riscas espectrais são constituídas
ainda por riscas ainda mais estreitas foi necessário ampliar o
modelo de Bohr.

Somerfeld ampliou o modelo de Bohr por considerar não só


as órbitas circulares mas também as órbitas elípticas para o
movimento dos electrões. As órbitas elípticas para o
movimento dos electrões. As órbitas elípticas obtém-se pela
aplicação da 1ª Lei de Kepler, é neste caso explícito que os
electrões se movem em trajectórias elípticas onde o centro é
ocupado pelo núcleo do átomo.

Lembramos que a série de Balmer refere-se a transições


para o primeiro estado de excitação ou seja, dos níveis
superiores para segundo nível energético dos níveis
superiores.

A experiência de Rutherford (experiência de deflexão)


mostra a existência dum núcleo atómico com a carga Z.e .

O número de carga Z é igual ao numero de ordem do


elemento na tabela periódica. A força de Coulomb entre o
núcleo atómico e as partículas α é a causa da deflexão.

1) A carga positiva do átomo encontrou-se concentrada


no núcleo;
2) Nas proximidades do núcleo a intensidade do campo
eléctrico é muito elevada;
136 Manual de Física Moderna

3) O núcleo do átomo é muitas vezes menor que o


próprio átomo (100 vezes)

Com as experiências de deflexão pode-se assim concluir


que a constituição atómica e molecular da matéria.

A teoria quântica permite ao cálculo e a explicação das


propriedades dos átomos e das moléculas.

A partir da teoria quântica pode-se deduzir a distribuição dos


electrões no átomo, a origem das linhas espectrais e a
origem das ligações químicas. As propriedades dos corpos
sólidos e líquidos podem ser explicadas à custa da
distribuição dos electrões. Portanto a teoria quântica é a
chave para a compreensão da matéria.

Hipótese de De Broglie:
Em 1923, Louis Victor De Broglie postulou que como a luz
possuía propriedades quer de partícula, quer de onda, talvez
a matéria - em particular, electrões pudesse também
apresentar ambas as características.
De Broglie propôs que as partículas deviam possuir uma
natureza ondulatória, baseando-se na observação de que
modos normais de vibração nos osciladores mecânicos
resultam numa relação inteira entre modos de vibração.

Explicação de De Broglie para a quantização no modelo


de Bohr

A medida que o electrão gira em torno do núcleo, como se


pode perceber que apenas certas energias do electrão são
permitidas?
Porque é que todos os átomos dum dado elemento possuem
precisamente as mesmas propriedades físicas
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 137

independentemente da variedade infinita de velocidades e


posições iniciais do electrão em cada átomo?
A grande reflexão de De Broglie foi de reconhecer que
apesar de esses serem problemas profundos para as teorias
corpusculares, teorias ondulatórias lidam com essas
questões por meio de interferência.
De Broglie reconhece que nas ondas estacionárias, apenas
comprimentos de ondas discretos são permitidos, enquanto
os outros desaparecem através de interferências destrutivas.
Por analogia, ele aplica esse raciocínio para ondas de
electrão dobrados em torno da circunferência.
A configuração residual das ondas estacionárias explica o
facto de todos os átomos do elemento possuírem
propriedades físicas idênticas e que os átomos se parecem
mais com cordas vibrantes possuindo modos discretos de
vibração do que uma miniatura do sistema solar.

O electrão no átomo

De Broglie propôs que estados estáveis no átomo de


hidrogénio aparecem como resultado duma configuração
duma onda estacionária.
Orbitas que não comportavam um número inteiro de
comprimentos de onda não seriam estáveis.
Ele propôs, então, que o comprimento de onda e a
frequência da onda associada a uma partícula que possui
um momento linear relativista p, energia total E seriam
dados por:

h E
 e f 
p h
n  2. .r
Se o electrão está numa órbita estável, então

Ou seja as órbitas permitidas surgem porque as ondas de


electrão interferem construtivamente quando um número
138 Manual de Física Moderna

inteiro de comprimentos de onda, exactamente se enquadra


na circunferência da órbita circular.

Mas o comprimento de onda é dado por

h h 2. .r h nh
  assim   me .v.r   me .v.r  n.
p me .v n me .v 2.

De Broglie chegou ao resultado proposto por Bohr para a


quantização do momento angular do electrão.

Experiência de Davisson e Germer


Realizada em 1927, esta experiência forneceu uma prova
directa de que electrões possuiam um comprimento de onda
Davisson e Germer procuravam informações sobre a
disposição dos átomos na superfície do Ni.
Acidentalmente, eles descobriram fortes efeitos de difracção.

Aparato de Davisson e Germer

C
EXPLICAÇÃO
A distância entre átomos na superfície era conhecida através
da experiência de difracção de raios-x.
Assumindo que os electrões possuíam um comprimento de
onda dado pela expressão de De Broglie, Davisson e
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 139

Germer foram capazes de explicar a rapida variação da


intensidade com o ângulo.
Era uma evidência concludente da hipótese de De Broglie
Outras experiências subsequentes confirmaram que as
ondas da matéria existiam para uma variedade de feixes de
partículas átomos de hidrogénio, átomos de hélio, neutrões e
protões.

Calcular o comprimento de onda dum electrão que possui


uma energia cinética igual a 54,0 eV.
h 1 2.e.V
Sabe  se que   e .me .v 2  e.V  me .v 2  2.e.V  v 2 
Exemplo de p 2 me
Aplicação
2.e.V h h h h
v . . Assim     
me p me .v 2.e.V 2.me .e.V
me .
me
h
Por tan to,    1,67 A 
2.me .e.V

Difracção de electrões de baixa energia

Tornou-se numa técnica importante para a determinação da


forma como os átomos se dispõem na superfície
O livre percurso médio curto dos electrões de baixa energia
nos sólidos significa que a difracção surge das camadas
atómicas do topo.
Cálculos quânticos mais elaborados são necessários para
relacionar as intensidades medidas e a disposição física dos
átomos na superfície.

Como uma onda pode representar uma partícula?

Grupos de ondas:

Uma partícula tem uma dimensão finita, assim a onda que a


apresenta deve, também, ser finita.
As ondas são representadas na forma de:
140 Manual de Física Moderna

 2.x 2. .t 
y  A. cos   onde f e  se relacionam por v f  . f
  T 
2
Contudo,   2f ( frequencia angular) e k  onde k  numero


de onda. Posto isto, y  A. cosk .x  .t  e v f   Velocidade
k
de fase

Velocidade de fase é a velocidade de um ponto da onda cuja


fase permanece constante (ex: crista ou vale)
Uma tal onda possui uma extensão infinita no espaço e no
tempo.
Contudo, se adicionarmos uma segunda onda com uma
frequência diferente, teremos o seguinte:
y  y1  y2  A. cosk1.x  1t   A. cosk 2 .x  2 .t 
a b ab
Usando a identidade cos a  cos b  2. cos . cos
2 2
k  k .x  2  1 .t . cos k2  k1 .x  2  1 .t
Temos y  2. A. cos 2 1
2 2
Essa equação pode ser interpretada como um vasto pacote
k  
senosoidal 2. A. cos .x  .t  limitando uma onda de
 2 2 
alta frequência dentro do pacote

cos
k2  k1 .x  1  2 .t
2
Isto é, a soma pode ser representada através do produto de
duas ondas, uma cujo número de onda é k2-k1 e a outra cujo
número de onda é k2+k1.

Velocidades de onda:

O pacote e sua onda, movem-se à velocidades diferentes.


Quer a velocidade da onda de alta frequência, quer a do
envelope são dados pelo quociente entre o coeficiente do
termo t e o coeficiente do termo x.
Para a componente de alta frequência a velocidade de fase

1   2 1
vf    v1
k1  k 2 k1
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 141

a componente lenta, o pacote ou grupo, se move a uma


velocidade chamada velocidade de grupo


vg 
k

Exercícios
1. a) Mostre que o comprimento de onda de De Broglie para um
electrão acelerado de resto por uma diferença de potencial V é
1
Auto-avaliação 12,27 Ve o
 ( 2
 1) 2 onde  é o comprimento de onda em A e
V 2me c
V em volts.

b) Calcule a percentagem do erro introduzido quando


12,27
 é usado em vés da real expressão
V
relactivística para 10MeV.

2. Uma partícula de massa m e carga q é acelerada


de resto por uma diferença de potencial V

a) Encontre o comprimento de Dibroglie


assumindo que a partícula é não relactivistica.

b) Calcular o comprimento de onda se a partícula


em jogo é um electrão e V  50V
142 Manual de Física Moderna

Chave de correcção
1
12,27 Ve
1. a) (Demonstração)   ( 2
 1) 2
V 2me c
b). 230%

Feedback
2.

h h
a )  
p 2mqV
0
b)  1.7 *10 10
m  1.7 A
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 143

Lição nº 3
Princípio de incerteza

Esta Lição vai exigir por parte do estudante uma


concentração de cerca de 120 min para o estudo

Introdução

O Principio de incerteza é um princípio básico que convida o


estudante a viver as limitações da mecânica e ou
electrodinâmica clássica na tentativa de explicar fenómenos
atómicos.

Nesta Lição vamos analisar o princípio de incerteza de


Heinzeberg e faremos uma abordage da equação de
Shrodinger. Werner Heisenberg, em 1927 mostra a
impossibilidade de uma medição simultânea tanto da
posição quanto do momento linear do electrão, em qualquer
instante de tempo com uma precisão ilimitada. Esta Lição
será estudada em 120 min

No fim desta Lição, você será capaz de:

 Anunciar o princípio de incerteza de Heinzenberg;


Objectivos  Assumir a incerteza como uma relação básica da Física
Moderna.

 Deduzir a equação de Schrodinger;


144 Manual de Física Moderna

Nesta Lição serão aplicados novos conceitos como: Relação


de incerteza, Função de onda.

Terminologia

INCERTEZA

Quando se faz uma análise de um pacote de ondas nota –


se que mínimos adjacentes no pacote são separados de tal
forma que
k .x
   k .x  2.
2

Alternativamente, se x se mantém constante e observarmos


a variável t, verificamos que .t  2.

Em geral, é verdadeiro que: k .x  1 e .t  1

Geralmente, um pacote de ondas contém uma distribuição


contínua de comprimentos de onda onde a derivada é
avaliada em ko, o número de onda central.

Velocidade de grupo e velocidade de fase:

d d k .v f  dv f
  k .v f  vg    vf  k.
Tem-se que dk dk ko dk ko

Se a velocidade de fase não varia com f nem com λ, então a


velocidade do grupo é igual a velocidade de fase. Temos
meio não-dispersivo.

Ex: ondas numa corda perfeitamente flexível, ondas sonoras


no ar e ondas electromagnéticas no vácuo.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 145

Se a velocidade de fase varia com k (e assim com λ) então a


radiação está a sofrer uma dispersão. Temos meio
dispersivo
Ex: Ondas de electrão, ondas na água, no arame não
perfeitamente flexível.
Se o movimento ondulatório está sofrendo uma dispersão,
então a velocidade de grupo pode ser menor que ou maior
do que a velocidade de fase, dependendo do sinal de
dv f
dk
De acordo com de Broglie, uma onda da matéria
Possui uma frequência f e um comprimento de onda λ dados
por: E h
f  e 
h p

Onde E e p são a energia e momento linear relativísticos da


partícula. h E E
v f  . f  . 
Assim, p h p
E a velocidade de fase pode ser expressa como função de p
e k.
dv f
Porque é diferente de zero, ondas da matéria sofrerão
dk
dispersão no vácuo.
Podemos encontrar a velocidade do grupo a partir da
Equação:
E p 2 .c 2  m 2 .c 4 p 2 .c 2 m 2 .c 4 m 2 .c 2
vf      c. 1  
p p p2 p2 p2
2
 m.c  h h.2
2
 mc 
 c. 1    ; Como p    .k  v f  c. 1   
 p   2. .  .k 
 dv  c c2
v g   v f  k . f   
 dk  ko  mc 
2 vf
1   

 o
.k
E  .m.c 2 c 2
Mas v f    onde v  velocidade da particula
p  .m.v v
c2 c2
Assim, v g   .v  v g  v
v f c2
146 Manual de Física Moderna

A velocidade de grupo do pacote de onda da matéria é igual


a velocidade da partícula.

PRINCÍPIO DE INCERTEZA DE HEISENBERG

O Principio de incerteza de Werner Heisenberg, 1927 mostra


a impossibilidade de uma medição simultânea tanto da
posição quanto do momento linear do electrão, em qualquer
instante de tempo com uma precisão ilimitada. Este facto
prova que o electrão não pode ser regido completamente
pelas concepções da mecânica clássica, abortando deste
modo o conceito de trajectória para a sua descrição e uma
consequente restrição do conceito de partícula. A medida
quantitativa desta limitação é estabelecida pelo princípio de
Heizenberg.

Experiência imaginativa

O feixe de luz é constituído por partículas cujo momento


h
linear é Po  . Na primeira interacção com o anteparo,
o
haverá um desvio de uma parte da luz, o que mostra que o
  
momento linear po fica também desviado. p  po
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 147

Tomando.x como a incerteza da medida da posição e


p x . a incerteza da medida do momento linear de um
electrão confinado a se movimentar ao longo do eixo x , o
princípio de incerteza afirma que p x .x  h

Quer dizer: Planeando uma experiência no sentido de fixar a


posição do eléctron com a maior precisão (muito x
pequeno)
constata – se que não é possível medir o momento linear
h
com precisão (tende a tomar valores muito elevados) e
refinando a experiência no sentido de melhorar a medida do
momento linear, perde – se a medida da localização da
partícula

O produto das incertezas não pode ser menor do que


devendo ser aproximadamente igual ou maior que a
constante de Plank.

Assim, a relação de incerteza de Heizenberg, pode ser


h
escrita na forma x.px  , ou seja p x .x 

4
2
Este princípio é consistente com a ideia de que para um
1
pacote de onda k .x 
2
Outra relação importante deste princípio envolve a incerteza
na medição de energia do pacote de onda ∆E, e o intervalo
de tempo gasto em fazer tal medição ∆t; com efeito,

E
Sabe  se que E  .  E  .   .    .

1 E 1 
Assim .t   .t   E.t 
2  2 2
A medida com que podemos conhecer a energia duma dada
partícula num intervalo de tempo t , tem uma incerteza
h
E  e para melhorar a precisão da sua medida tem que
t
se fornecer mais tempo, ou seja, é possível violar a lei de
conservação da energia tomando emprestada uma
148 Manual de Física Moderna

quantidade de energia desde que a devolva num intervalo de


h
tempo t 
E

6. Da relação de incerteza de Heisenberg, três


consequências básicas são formuladas: Um micro
objecto não pode ser simultaneamente atribuído
uma localização definida e um momento linear
exacto, ou seja, não são partículas no sentido macro
físico uma vês que a elas faltam propriedades de
partículas.

7. O conceito de trajectória perde o seu sentido na


física moderna dado pressupor uma localização
exacta e simultânea da localização e do momento
linear da partícula.
8. Da relação, p x .x  h . Fixando com exactidão ,x a
indeterminação da componente x do momento linear
será infinitamente grande.

Concluíndo: A incerteza de Heisenberg nada tem a ver com


a incerteza dos instrumentos de medição, tão pouco com o
grau das habilidades do medidor. Tem a ver com as
propriedades características das partículas pelo facto de não
serem completamente partículas nem completamente ondas.

Especialistas mediram para um electrão com uma energia de


12eV, uma velocidade de 2,05x106 m / s. Suponha que tais

Exemplo de tivessem medido esta velocidade com uma incerteza de


Aplicação 1,5%. Com que precisão você poderá medir:

a) Simultaneamente o momento linear do electrão.


b) A incerteza na posição da partícula
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 149

Resolução:

a) P  mv  (9,11x10 31 kg )(2,05x106 m s )  1,87 x10 24 kg m s

Como a incerteza do momento linear é de 1,5%, temos

P  2,8 x10 26 kg m


s

h 6,626x10 34 js
b) x    2,4 x10 8 m .
P 2,8 x10  24 kgm / s

Equação de SChrodinger
A equação de Schrodinger dá nos a probabilidade de
localizar os electrões na nuvem electrónica.

Schrodinger propôs a sua equação tomando em


consideração as propriedades dualistas das partículas. Ele
1  2
tomou como equação geral a seguinte:  
 2 t 2

 - Operador de Laplace que é aplicado a ,

 2  2  2
    .
x 2 y 2 z 2

 2  2 1  2
Num caso unidimensional    , nisto, 
x 2 x 2  2 t 2
onde  é a velocidade de fase. De salientar que esta
equação é válida para qualquer tipo de onda

Neste caso substituímos a velocidade de fase (  ) pela


velocidade de grupo (vg ) por se tratarem de partículas (onda
de De Broglie)   f , f 
E h
e  
h , então
h p mv
hf h2 f 2
 . 2  2 2
mv mv
150 Manual de Física Moderna

Uma partícula move se no interior de um campo qualquer de


mv 2
acordo com a lei de conservação de energia. E   E pot
2

2 E  E pot  mv 2 . Multiplicando ambos membros por m, temos

m(2E  E pot )  m2v 2 e introduzindo na relação verifica se

h2 f 2
2  .Esta última relação, introduzida na
2m( E  E pot )

Equação de Schrodinger para um caso unidimensional,


resulta
2m( E  E pot )  2 2m( E  E pot )  2
  , ou seja,   0.
h2 f 2 t 2 h2 f 2 t 2

 2
Para um caso unidimensional, como   , chegamos a
x 2
 2 2m( E  E pot )  2
  0 que é a equação de Schrodinger
x 2 h2 f 2 t 2
para um caso unidimensional.

A solução desta equação depende de r e do tempo.

Esta equação pode ser escrita de forma que uma parte


dependa das coordenadas e outra do tempo

 2
 (r , t )   (r )e it de onde se obtém    2e  it que
t 2

 2 it
introduzida em e multiplicando por  ( )e encontramos .
2m
2
(   E pot (r )) (r )  E pot (r )
2m

Equação de Scrondiger para o caso estacionário. Neste


caso a função depende das coordenadas.

No caso geral, a equação de Schrodinger tem a forma


h  2
 (r , t )  (   E pot (r )) (r , t )
i dt 2m
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 151

Interpretação da função de onda 


O quadrado do módulo de  multiplicado pelo elemento de
volume dV, é proporcional a probabilidade de existência ou
localização de uma partícula no volume dV.

 é uma função probabilística, ou seja, a resolução da


equação de Schrodinger, fornece – nos a probabilidade de
localização de uma dada partícula.

Para a clarificação, consideremos a seguinte experiência de


difracção de duas fendas.

Experiência de difracção de duas fendas

Fazemos passar os electrões por um sistema com duas


fendas.

1. Assiduidade (frequência) com símbolo H, ao longo de x


ne ( x)
é dada por H ( x)  ,número de electrões que
ne

alcançam o local x sobre o número total de electrões


lançados e que tenham passado pelas fendas.
2. Probabilidade ( W( x ) ) : Quando o número total de

electrões que passam pelo sistema é infinitamente


grande W( x )  Lim
ne ( x ) quando ne  
ne
152 Manual de Física Moderna

Explicação da experiência
1. Fechamos a fenda 2 e medimos a probabilidade de
localizar os electrões em cada lugar ao longo do eixo x
2. Repete – se medição fechando – se a fenda 1

Cada uma destas curvas significa que maior parte dos


electrões caem na zona central. Isto significa que lançando
um electrão, há maior probabilidade de cair na zona central.
A probabilidade vai diminuindo à medida que afastamos da
zona central

3. Medir a probabilidade com as duas fendas abertas ao


mesmo tempo temos os seguintes resultados:
b) O número de electrões registado em cada lugar x não
é igual a soma dos electrões que passam pelas
fendas 1 e 2 nos procedimentos primeiro e segundo
respectivamente.
c) O resultado é uma consequência de que não se pode
associar ao electrão uma trajectória definida, pois,
nesse caso seria de esperar o somatório das duas
probabilidades.
d) A probabilidade de localização dos electrões ao longo
do eixo x, é distribuída de tal maneira como uma
função de onda. Conhecendo esta onda, pode – se
fazer afirmações sobre a probabilidade de localizar
um electrão num determinado lugar.

Conclusões:

i) Podemos descrever o comportamento de uma partícula


através de uma onda, contudo, temos que interpretar
isto de forma estatística.
ii) A equação de schrodinger nada nos diz da localização
exacta da partícula, fazendo menção apenas a
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 153

probabilidade de encontrar a partícula num determinado


lugar.
iii) A função de onda  é uma função complexa com uma
parte real e outra imaginária.
iv)  em si não tem um significado físico, mas o quadrado

do seu módulo é igual ao produto    , isto é,

 (r , t )     .
2
O quadrado do módulo de  está

ligado com a probabilidade, de modo que

dW   (r , t ) dV
2

Interpretação da função de onda  O quadrado do módulo


de  multiplicado pelo elemento de volume dV, é
proporcional a probabilidade de existência ou localização de
uma partícula no volume dV.

 é uma função probabilística, ou seja, a resolução da


equação de Schrodinger, fornece – nos a probabilidade de
localização de uma dada partícula.

Para a clarificação, consideremos a seguinte experiência de


difracção de duas fendas.

A probabilidade num volume V qualquer será

W    (r , t ) dV
2

r
154 Manual de Física Moderna

Condição de normalização: W    (r , t )
2
dV  1
V 

Fazendo tender o volume ao infinito, a certeza da existência


da partícula no espaço considerado tende a crescer
significativamente.

A função de onda  deve ser contínua, unívoca e limitada.


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 155

Exercícios

1. Que conclusões básicas se podem tirar da


experiência de difração com fenda dupla?

2. A energia em eV medida para um eléctron é de


Auto-avaliação 12eV. Para este eléctron mediu – se uma
velocidade de 2,05x106 m / s. Se esta velocidade tiver
sido medida com uma incerteza de 1,5%. Calcule a
precisão com que se poderia medir:

a) A incerteza na posição da partícula

b) Simultaneamente o momento linear do


electrão.
156 Manual de Física Moderna

Chave de correcção
Analise os resultados da experiência de difração. Em cada
uma delas forma se um quadro difraccional. Na experiência
de fenda dupla encontramos caracteristicas proprias de
fenominos ondulatórios. Faca um juizo de ideias e de as
conclusoes ate ja estao iniciadas por esta formulacao
patente neste treixo.

2.a ) x  2,4 x10 8 m


b) P  1,87 x10  24 kg m  P  2,8 x10  26 kg m
s s
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 157

Lição nº 4
Raios – X

Esta lição exigirá do estudante uma concentração de


cerca de 120 minutos para o estudo.

Introdução
Nesta Lição apresentam – se evidências sobre tubos de
raios catódicos, e dos estudos dos novos fenómenos
descobertos com esses tubos, como será descrito aseguir. A
partir das conclusões dessas pesquisas, há confirmação
inequivoca de que o átomo possui uma sub estrutura, facto
que, no entanto, só foi compreendido no século XXI. Nas
investigações da estrutura e propriedades das camadas
electrónicas dos átomos complexos, no estudo da estrutura
das moléculas e, em particular, na das redes cristalinas dos
sólidos, desempenharam um grande papel os raios
descobertos por W. Roentgem em 1895 os chamados Raios-
X. Os ditos raios se produzem ao desaccelerar os electrões
rápidos duma substância, como resultado da transformação
da energia cinética destes em energia de radiação
electromagnética.

Os raios –X são obtidos através de dispositivos

eléctricos de vazio denominados tubos de Raio- X.

Para o estudo, esta Lição vai precisar de 3.00 horas.


158 Manual de Física Moderna

No final desta lição, você será capaz de:

 Explicar o princípio de produção dos raios –X;

 Estabelecer a diferença entre raios catódicos e os raios –


Objectivos X;

 Realizar experiências de difracção dos raios –X.

Nesta Lição, o estudante familiariar - se a com termos como


Terminologia Raios catódicos, espectro de travagem, Difracção, etc

Descoberta dos Raios – X


Os raios – X, descobertos pelo Alemão Wilhelm Roentgen
em 1895, constituíram uma das descobertas que resultaram
do estudo empírico envolvendo os tubos de raios catódicos.
Neste período os físicos já se perguntavam se os raios
catódicos se propagariam ou não fora dos tubos.

Foram descobertos por Wilhem Roentgen em 1895. Muito


cedo ele foi capaz de notar que os raios -x eram uma forma
de radiação electromagnética cujo comprimento de onda era
aproximadamente igual à distância entre os planos atómicos
nos cristais. Os raios x apareciam quando um feixe de
electrões de alta energia incidia num alvo metálico.

O dispositivo para a produção dos raios – X, geralmente


chamado por tubo dos raios – X, pode se também
representar como se segue:
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 159

Dispositivo para a produção dos Raios – X

Cátodo
Raios Catódicos

Vácuo
E

Ánodo

Filamento
Raios X

Tubo de Raio X

Estes tubos têm um corpo (E) de vidro ou metal no qual foi


feito o vácuo, a determinada distância um do outro se
encontra um câtodo (C1) e um ânodo (A) ligados a uma rede
de alta tensão. O câtodo serve de fonte de electrões e o
ânodo (anticâtodo), de fonte dos raios –X. Entre o câtodo e o
ânodo se cria um campo eléctrico intenso que accelera os
electrões até energias de 10 4  10 5 eV . Nos acceleradores
modernos se produzem raios -X ao desacclerar electrões
cujas energias são da ordem de 10 2 MeV . Os raios –X tem
um grande poder de penetração, podendo passar através de
muitos corpos opacos a luz visível, como por exemplo,
através do papel negro, da madeira, etc.
160 Manual de Física Moderna

Os raios -X são emitidos por electrões das camadas internas


dos átomos, enquanto os raios visíveis, os infravermelhos e
os ultravioletas são emitidos pelos electrões das camadas
exteriores dos átomos e das moléculas e por estas últimas
ao girar ou oscilar.

O campo dos raios –X de onda larga se sobrepõe ao dos


raios ultravioletas e entram na região em que são
inteiramente absorvidos pelas substância. Pelo contrário, os
raios – X de pequeno comprimento de onda, não são
absorvidos pela substância.

Naqueles processos que tem lugar dentro dos núcleos


atómicos, ou ao travar-se electrões mais rápidos, se
produzem os chamados raios  , os quais tem

comprimentos de onda iguais a 10 2 nm ou menores.

Os raios que se caracterizam por ter comprimentos de onda


muito pequenos são os que com maior evidência
manisfestam as suas propriedades corpusculares ao mesmo
tempo que as propriedades ondulatórias.

Para detectar os raios –X, invisíveis, se aproveitam algumas


das suas acções. Eles exercem uma acção fotoquímica
interna que faz enegrecer as películas fotográficas, têm um
grande poder de ionizar os gases e provocam a
luminiscência fluoresecente. Para medir a intensidade dos
raios –X são utilizados principalmente as suas acções
fotoquímicas e ionizantes.

Aplicaçoes dos Raios –X

Os raios –X tem numerosa aplicaçoes practicas muito


importantes. Por Exemplo, na medicina usam-se para
diagnosticar doença. Tambem, são amplamente aplicados
na investigaçao científica. Por exemplo, atraves destes foi
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 161

possivel determinar a estrura das moleculas de hemoglobina


que contem dezena de milhoes de unidades de atomos.

Uma das aplicaçoes dos raios –X e a radiolocalizaçao que e


o metodo de detectar falhas em peças fundidas, fendas no
scarris, verificaçao da qualidade da costura da soldagem.

Tipos de Espectros de raios -X


Radiação-X Branca

As experiências demosntraram que há dois tipos de raio –X.


O primeiro recebeu o nome de radiação X branca. Esta
radiação se caracteriza por ter espectro contínuo,
semelhante ao da luz branca. Os raios –X brancos
produzem-se pela desacelaracção dos electrões quando se
movem dentro duma substância. Por essa razao, são
tambem chamados raios –X de desacleracçao ou travagem.
Estes mesmos raios são emitidos pelos mesmos electroes
que se movem dentro da substância. Como já sabemos,
toda carga que se move acceleradamente ou retardamente
emite ondas electromagnecticas de espectro contínuo. O
espectro de raio –X e limitado, pela parte de comprimento de
onda pequena, por um comprimentop de onda minimo  min
denominado limite do espectro continuo
162 Manual de Física Moderna

Representação dos espectros continuos de raio –X do


volfrâmio com destintas diferenças potenciais entre os
electrodos do tubo

As experiências demosntraram que o comprimento de onda


minima  min (limite) e inversamente proporcional a enrgia

cinetica E c dos electroes que produzem os raios –X de

desaceleracçao.

Do ponto de vista quântico a existência de  min tem uma


explicaçao sensata. E evidente que a energia maxima
E max  h max do quantum X que surge a custa da energia do

electrao, não pode ser maior que a energia e.U , em que U e


o potencial do campo acelerador.

E max  h max

Passando da frequência para comprimento de onda se


obem:

c ch ch
 min   
 max E max eU

A fórmula, concorda perfeitamente com os dados


experimentais, esta fórmula foi no seu tempo um dos
métodos mais exactos para determinar experimentalmente a
constante de planck h .

O segundo tipo de raios X é o chamado característico.


Receberam esta denominação porque caracterizam a
substância do anticâtodo (ânodo) do tubo de raios –X. Os
raios –X característicos têm espectros de riscas ou linhas. A
particularuidade destes espectrops consiste em que os
átomos de cada elemento químico, independentemente das
composições químicas em que se encontram, têm espectro
de riscas próprias, perfeitamente determinado, de raios
carcterísticos. Estes espectros de raios- X dos átomos
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 163

diferem essencialmente dos aspectos electrónicos ópticos


dos mesmos átomos. Os espectros ópticos dos átomos
dependem de si. Isto é, estão no estado livre ou formando
combinações químicas. Os espectros de riscas estão
determinados pelo comportamento dos electrões periféricos,
de avlência. Quando se formam as ligaçoes quimicas, os
estados dos electroes de valência mudam e isto influi no
espectro optico. O facto de que os espectros de riscas dos
raios –X sejam uma combinaçao quimica, indica a natureza
dos raios –X caracteristicos. É evidente que estes raios se
produzem nos processos que tem lugar nas camadas
electronicas profundas, ocupadas dos atomos que não
variam quando estes entram numa combinaçao quimica.

Nos espectros dec risca dos raios –X dos atomos dos


destintos elementos quimicos se observam grupos de riscas
(series de riscas espectrais) de um mesmo tipo que so
diferem entre si em que nos elementos mais pesados as
series de riscas analogas se deslocam ate a parte das ondas
mais curtas. Seguindo a ordem crescente dos comprimentos
de onda, as series dos rios –X caracteristicas se chamam,
respectivamente, K,L,M, N e assim sucessivamente. Nos
atomos com o numero atomico Z grande as camads
electronicas internas K, L, M, etc. estao totalmente cheias de
electroes. Se duma destas camadas se arranca um electrao,
passa para o sitio desocupado um electrao da outra camada
electronica afstada do nucleo. Esta transiçao leva a radiaçao
de um quantum de raio –X.

Se por exemplo, por acçao duma raduiaçao primaria dura,


ou por incidência de um electrao da sua camada K, para o
lugar desocupado por ele pode passar um electrao das
camadas imediatamente superiores, L.M,N ou outros. Ao
mesmo tempo serao emitidos quantuns de energi
164 Manual de Física Moderna

determinada e aparecem as riscas da serie K do espectro


do raio –X . Para arrancar um electrao da camada K, que e o
mais proximo do nucleo e na que os electroes experimentam
maior atracçao pelo nucleo, se requere gastar uma energia
de arranque denominada limite de excitaçao da serie K. A
energia do electrao ou do quantum primario incidente não
deve ser menor que o valor deste trabalho. Por exemplo,
para o mercurio (Z=80) o limite de excitaçao da serie K e
aproximadamente, de 82KeV.

Ao passar um electrao da camada L á camada K emite um


quantum de menor energia, a que corresponde a risca Kα,
cujo comprimento de onda e maior da serie K da radiaçao X
caracteristica do atomo dado. A risca Kβ corresponde a
transiçao do electrao desde a capa M a K; a risca K γ, a
transiçao desde a camada N a K. O conjunto de riscas K α, Kβ
e Kγ ou outras, forma a serie K.

As riscas das series L,M, etc. da radiaçao X caracteristica


são emitidas quando fica livre ou “vagado” o lugar para um
electrao na camada L,M,N e assim msucessivamente,
respectivamente. Por exemplo, se um electrao passa a
camada L desde de M, se produz a risca Lα; ao passar da
camada N, a risca Lβ e assim sucessivamente. Todas as
transiçoes que terminam na camada L formam a seri de
riscas L dos raios –X caracteristicos. A figura 1.9 representa
esquematicamente o surgimento das destintas series dos
raos –X caracteristicos.

BRAGG

W.L Bragg, W.H. Bragg e Max von Laue,


independentemente, decidiram usar cristais naturais para
criar imagens de difracção dos raios -x.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 165

Em 1912, W.L Bragg propôs um procedimento simples para

deduzir o espaçamento entre camadas atómicas sucessivas.

REFLEXÃO DE BRAGG:

Para que haja uma interferência construtiva, é necessário


que a diferença de marcha dos raios luminosos seja um
múltiplo inteiro do comprimento de onda:

AB  BC  n. , onde n  1, 2, 3.....e AB  BC  d .sen


Assim, 2.d.sen  n.
 Determinando o conjunto de planos que reflectiram os
raios -x é possível deduzir a estrutura dos cristais.
166 Manual de Física Moderna

Difracção dos raios-x

Quando os raios X incidem sobre um corpo são ondas


electromagnéticas situadas entre ( 10 7 e 10 10 m ) cujo efeito é
escurecimento duma placa fotográfica e produção de
ionização na matéria.

10 7 m  Raios duros e 10 10 m  raios suaves.

Menor comprimento de onda implica raios duros (penetram


mais), e maior comprimento de onda implica raios suavez

(penetram mais).

Fazendo incidir os raios X sobre um corpo dá-se uma


diminuição da frequência duma parte da radiação.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 167

Exercicios
1. Refira-se às aplicações básicas dos raios-x.

2. Raios -x de comprimento de onda de 0,200 nm são


Auto-avaliação
espalhados a partir de um bloco de carbono.

- Se a radiação espalhada é detectada numa direcção


que forma um ângulo de 90º em relação ao feixe
incidente, determine a energia cinética comunicada ao
electrão do recuo.

3. Raios x com energia de 300 Kev foram sujeitos a um


espalhamento de Compton a partir de um alvo.

- Se os raios espalhados são detectados numa


direcção de 30º em relação aos raios incidentes.
Determine a energia dos raios -x espalhados.
168 Manual de Física Moderna

Chave de correcção
1. Os raios x têm multilas aplicações: Na saúde, na
agricultura, na indústria, etc.

Feedback
2. E c  513,6 kev

3. E '  2,78 x 105 ev


Manual de Física Moderna Ensino à Distância 169

Lição nº 5
Núcleos e partículas elementares

Esta lição vai exigir do estudante


Concentração de cerca de 120 minutos de estudo

Introdução

Caro estudante, vai introduzir agora o estudo de uma


magnífica unidade; as partículas elementares.

O domínio desta unidade é deveras importante e


determinante para a explicação de muitos fenóminos
atómicos. É uma unidade que directa ou indirectamente
exige o conhecimento do conteúdo das aulas iniciais da
cadeira de óptica e ondas, o universo oscilante, explicado
através da teoria do Bing – Bang que teve lugar entre 10 e
20 mil milhões de anos atrás, trazendo a interdisciplinaridade
como uma arma muito importante para o desenvolvimento
deste Módulo em geral e desta unidade em particular.
Aponta – se para a teoria do Bing – Bang porque acredita –
se que é nela onde as partículas elementares se formaram,
concretamente na primeira fase que decorreu nos primeiros
104 s de uma explosão super densa.

Ao completar esta lição, você será capaz de:

 Identificar as diversas partículas elementares;

 Agrupar as partículas elementares de acordo com a


Objectivos
classe a que pertençam;

 Reconhecer a estrutura da nuvem electrónica.


170 Manual de Física Moderna

Nesta Lição serão aplicados novos conceitos como:

Leptões, fermiões, bariões, bosões, antipartículas, neutrinos,


Terminologia hiperões,

Partículas elementares e sua classificação


Consideremos as grandezas físicas que caracterizam as
partículas elementares. Estas caracteristicas são muitas que
até dificultam a sua classificação, as caracteristicas
principais são dados na tabela 1. Além destas como já
sabemos, existem outras de referir: paridade G, paridade
CP, paridade de carga, momento magnético, o raio médio
quadrático da distribuição da carga eléctrica, etc.

Vejamos que, m e spin J refletem propriedades inerciais e


gravitacionais das partículas elementares, o m também
determina a energia que tem as partículas elementares e o
m > 0 para todas partículas elementares.

Vidas médias (meia vida) das partículas elementares variam


em limites muito amplos. Até então existem 9 partículas
elementares estáveis, na qual o seu período de
semidesintegração é T 1  10,5 min , para outras partículas
2

T 1  10 6  10 24 s . O período de semidesintegração das


2

partículas elementares determina-se pelo modo de


decaimento em termos do tipo de interacção fundamental.
Se, por exemplo, o decaimento estiver relacionado com
interacção forte, a vida média é aproximadamente igual ao
tempo característico (tempo de passagem aproximadamente
à 10-24s). As partículas que decaem pelo modo
electromagnético vivem um período maior
(aproximadamente à 10-20 a 10-19 s. A final, as partículas que
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 171

se desintegram pelo modo fraco (por conta da interacção


fraca) têm uma meia vida   10 10 s e mais.

As características relacionadas com a estrutura interna das


partículas ainda não foram investigadas. Até então não
existe uma opinião certa sobre a questão, quais das
características são fundamentais na classificação das
partículas elementares pois, para cada caso concreto uma

característica qualquer torna-se principal e importante.

Exemplo 3.1.

A meia-vida de um dado isótopo radioativo é de 6,5 horas.


19
Se existirem inicialmente 48 x 10 átomos deste isótopo,
Exemplo de quantos átomos deste isótopo restarão após 26 horas?
Aplicação

SOLUÇÃO
19
Τ = 6,5 horas N0 = 48 10 átomos N = ? , t = 26
horas
τ = (0,693)/λ ⇒ λ= (0,69315)/τ = (0,69315)/6,5 =
-1
0,1067 h .
-λ t 19 -(0,1067) 26 19
N = N0 e = 48 10 e = 2,995 10 átomos
Ou seja, N = 6,25% dos átomos iniciais
172 Manual de Física Moderna

Exemplo 3.2.

Um certo elemento radiotivo tem uma meia-vida de 20 dias.


a) Qual é o tempo necessário para que ¾ dos átomos
Exemplo de inicialmente presentes se desintegrem?
Aplicação
b) Quanto vale a constante de desintegração e a vida
média?
SOLUÇÃO
-1
τ = 20 dias ⇒ λ . 20 = 0,693 ⇒ λ = (0,693)/20 = 0,0347 dias

a) . (3/4)N0 átomos desintegrando ⇒ ficaremos com N =


(1/4)N0
-λ.t
(1/4)N0 = N0 e ⇒ ln 0,25 = - 0,0347 t ⇒ t = (1,3863/0,0347)
= 40 dias
-1
b) λ = 0,0347 dias ⇒ T = (1/λ) = (1/0,0347) = 28,86 dias

Classificação das partículas elementares


1) Classificação pela vida média: partículas de
ressonância Bosões (J= inteiro) e Fermiões (J e Spin
=semi-inteiro);
2) As características mais importantes são as cargas
leptónica e bariónicas, pelo contrário, a carga
eléctrica na classificação moderna não é importante.
As Partículas elementares podem-se subdividir
segundo a tabela a baixo. Assim:
a) O Fotão não está sujeito às interacções fortes. É
Bóson (J=1). É quantum do campo electromagnético.
b) Os Léptons são relativamente leves, também não
estão sujeitos às interacções fortes, têm J semi-
inteiro, isto é, são Fermiões, L ou L1 ou L4 diferente
de zero.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 173

c) Mesões, estão a assistir nas interacções fortes, L=0,


B=0, têm J inteiro, isto é, são Bosões.
d) Bárions: B  0 , L=0, mais leves são P e n, são
Fermiões e consideram-se como quantos da
interacção forte.
e) Hadrões com estranhesa S  0 são estranhos.

Características fundamentais das partículas elementares

Spin
Mass Spin
Anti- isotopo,
Nome da Partí a Jp, Vida
partíc estranhe
partícula cula (MeV parida média
ula sa,
) de
charme

Fotão,
Estáv
quantum  0 1 -
el

Leptões (B=0, L=1, L`=0, L``=0)

Electrão,
e- e+ 0,511
positrão

1 Estáv
Neutrino   -
<3,5. 2 el
electrónic e ~ e
10-5
o

Leptões (B=0, L=0, L`=1, L``=0)

Mesão    106 ~10-6



1
Neutrino   -
 ~ 2 Estáv
de mesão  0,51
el

174 Manual de Física Moderna

Leptões (B=0, L=0, L`=0, L``=1)

Lépton τ   1807 10-12



1
Neutrino   -
 ~ <250 2 ?

τ

Mesões (B=0, L=0, L`=0, L``=0)

Píons
caregado   140 ~10-8
s
1, 0, 0

Pião
0 ~ 0 135 ~10-16
neutro

Káons
caregado k k 494 ~10-8
s 1

,1,0
0 2
Káons ~
k0 k0 498 ~10-9
neutros

2,4.
Mesão   549 0, 0, 0
10-19

Mesão D D D 1868 ?
1
,0,1
Mesão ~ 2
D0 D0 1863 ?
Do

Bariões (B=1, L=0, L`=0, L``=0)

Protão,

~ 1 1 Estáv
anti- P P 938,2   ,0,0
2 2 el
protão
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 175

Neutrão,
0,93.
anti- n n~ 939,6
103
neutrão

~ 2,5.1
Λº 0 1116 0, -1, 0
0-10

~
  1189 ~10-10
Hiperão,
~
0 0 1192 1, -1, 0 <10-14
anti-
hiperão ~
  1197 ~10-10

Ξº ~
0 1315 ~10-10
1
,2,0
~ 2
  1321 ~10-10

Estrutura Interna do Átomo


O átomo é a menor partícula constituinte da substância que
possui todas as propriedades químicas de um elemento
químico dado. O átomo encontra-se constituído por um
núcleo carregado de electrões positivos e pelos electrões
negativos que se movem dentro do campo eléctrico (do
nulceo) a carga eléctrica do núcleo Z e é igual a carga total de

todos electrões do átomo em que:

e ... É a carga do protão

Z ... O número ordinal do elemento químico

Z e ... Carga do núcleo

N ... Número de neutrões contidos no núcleo

N
 1... Núcleos ligeiros
Z
176 Manual de Física Moderna

N
 1,6 ... Átomos situados no final da tabela periódica
Z

A ... Número de nucleões dentro de um núcleo

A  N  Z ... Número de massa

A Descoberta do Núcleo Atómico


Núcleo atómico é a parte central do átomo em que se reúne
e concentra-se toda massa e a sua carga.

O núcleo atómico é constituído por partículas elementares,


protões (+) e neutrões sem carga.

Os núcleos com Z1  Z2 mas A1  A2 chamam-se isótopos

Os núcleos com A1  A2 mas Z1  Z 2 chamam-se isóbaros

Um núcleo qualquer designa-se A


Z X  símbolo do elemento
químico.

Na natureza existem aproximadamente 300 isótopos


estáveis e 1000 isótopos artificiais (radioactivos).

Dimensão dum núcleo

Ė Caracterizado pelo raio nuclear, (é uma grandeza


convencional) que se calcula a partir da expressão:
1
R  r0 A 3

Onde r0  1,3  1,7.1015 m

Densidade da substância nuclear

kg
 1017 e é constante para todos os núcleos, e é muitas
m3
vezes maior que outros materiais mais densos que se
conhecem.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 177

Momento do núcleo atómico

Tem o seu próprio momento de impulso (spin nuclear)


Lnuc  I ( I  1). ;   h
2 constante de Planck.

I ... é o numero quântico interno total de spin

Os núcleos com A par: I é um número inteiro (unidades  )


Estatística de Bose-Einstein;

Os núcleos com A impar: I é um semi-inteiro (em unidades


 ) Estatística de Fermi-Dirac.

As partículas nucleares possuem seus próprios momentos


magnéticos que determinam o momento magnético do
núcleo Pm , nuc  .

A distribuição da carga eléctrica dos protões dentro do


núcleo é geralmente assimétrica.

Estrutura da Nuvem Electrónica


Vamos observar os electrões na nuvem. As trajectórias dos
electrões correspondem as ondas, que circundam o núcleo
atómico.

Esta forma de onda é possível, porque  cresce com r.

Em estados especiais obtêm-se particularmente quando o


perímetro da trajectória circular é um múltiplo interno do
comprimento de onda. Neste caso produzem-se ondas
estacionarias num circulo, cuja osulação não se modifica no
decorrer do tempo.

De-Broglie conjunturou que estas ondas estacionarias à


volta do núcleo atómico poderiam explicar a estabilidade do
átomo. A amplitude duma onda estacionária num
determinado ponto do espaço é constante no tempo.
178 Manual de Física Moderna

Para ondas estacionárias a volta do núcleo atómico a um


perímetro da trajectória é um múltiplo do comprimento de
onda. A localização provável dos electrões é constante no
decorrer do tempo.

A contribuição de De-Broglie servia para explicar a visão sob


o modelo atómico

o Os electrões circulando numa trajectória à volta do


núcleo atómico deveriam emitir radiações
electromagnéticas.
o Sendo assim deveriam, devido à perca de energia,
colidir com o núcleo atómico.
o Todavia a distribuição dos electrões no átomo é
constante no tempo e não produz nenhuma radiação
de ondas electromagnéticas.
o Por exemplo num gás os átomos realizam milhões de
colisões por segundo. Cada uma dessas colisões
poderia trazer os electrões a circular numa nova
trajectória e assim modificar o raio do átomo.
o Todavia a distribuição de electrões no átomo não tem
sido modificada através de pequenas colisões, pois
as ondas estacionárias existem somente para
determinados raios da trajectória e energia. Assim fica
explicado porque é que os raios do átomo não se
modificam em qualquer colisão.

Ondas estacionárias correspondem a elevados níveis de


energia no átomo; assim que

h
2r  n , Sendo   e n =1, 2, 3...
P

O número n é chamado número quântico principal, enumera


os “termos de energia”. Assim podemos obter as condições
quânticas duma “onda estacionaria” .
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 179

h
r.P  n Esta é a condição quântica de uma onda
2
estacionária.

Esta condição quântica havia sido postulada pelo


dinamarquês Niels Bohr em 1913, no artigo científico “On the
Constituition of Atom and Molecules”. A hipótese de Bohr
neste trabalho foi a de que os electrões só poderiam mover-
se em trajectórias que satisfizessem as condições definidas
h
pela equação r.P  n
2

Assim foi possível calcular as linhas espectrais do hidrogénio


que apresentaram os mesmos resultados experimentais.

Mas a questão sobre porquê é que os electrões se movem


somente em trajectórias, que satisfaziam as condições
quânticas não obteve resposta em bohr.

Foi Louis de De-Boglie explicou o modelo atómico de Bohr


na base do pressuposto da existência de ondas
estacionárias de forma circular.

Na física clássica aprendemos um modelo simplificado do


átomo constituído pelo núcleo onde se encontra concentrada
toda a massa do átomo constituído por protões, neutrões e
um invólucro à volta do núcleo onde estão localizados os
electrões. Sobre a estrutura do invólucro dos electrões e do
estado dos electrões na chamada nuvem electrónica. O
número de electrões que envolvem o núcleo é igual ao
número Z de cargas positivas do núcleo de modo que o
átomo é electricamente neutro. Este modelo foi concebido
por J. J. Thompson (John Joseph Thompson).
180 Manual de Física Moderna

Exercícios
1. Calcule a massa molecular relativa do ácido sulfúrico,
H2SO4, sabendo que Ar (H) = 1,

Auto-avaliação
2. A meia-vida de um isótopo radioativo é de 140 dias.
Quantos dias seriam necessários para que a atividade
A de uma amostra deste isótopo caísse a um quarto
de sua taxa inicial de decaimento?
15
3. O oxigênio radioativo 8O tem uma meia-vida de
2,1 minutos.
a) Quanto vale a constante de decaimento
radioativo λ ?
b). Quantos átomos radioativos existem numa
amostra com uma atividade de 4 mCi ?
c). Qual o tempo necessário para que a atividade
seja reduzida por um fator 8?

4. Calcular a taxa de desintegração num organismo


vivo, por grama de carbono, admitindo que a razão
14 12 - 12
C/ C seja 1,3 x 10 .
ln 2 = 0.693

5. Um osso, contendo 200g de carbono, tem uma


atividade beta de 400 desintegrações por minuto.
Qual a idade do osso?
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 181

Chave de correcção
1. Mr (H2SO4) = 98

2. τ = 140 dias
-λ t 3
Use τ = (0.693)/λ e terá (1/4) = e de onde t = 0,280 10
Feedback
dias ou t = 280 dias .

-1 -1
3. a) λ = 0,693/126 s = 0,0055 s
10
b) N = 2,69 . 10 desintegrações

c. ⇒ t = (2,0974/0,0055) = 378,08 s
23 1
4. N = (6,02 10 )/12 = A = 1,499 10 desintegrações/min =
15 desintegrações/min.

5. Caro estudante, note que depois de n meias-vidas, A


n n
diminui por (1/2) . Assim, teremos (1/2) = (1/7,5) ∴ por
transformações elementares temos que a idade do osso =
16 700 anos.

Exercícios
1. Identifique, nos exemplos seguintes, o nome do elemento
e os respectivos valores de número de massa e número
atómico. Explicite em cada caso a constituição de um
14 55
Auto-avaliação átomo de cada espécie: a) C 6 , b) Fe 26

2. Faça o esquema de um átomo cujo número atómico é 17.


Consulte a tabela periódica e identifique o elemento.
182 Manual de Física Moderna

3. Considere que o elétron no átomo de hidrogênio “salte”


do nível de energia n = 3 para o estado fundamental
(nível n = 1). Baseando- se no diagrama de níveis para o
átomo de hidrogênio, responda:
a) Ao realizar esse “salto”, o elétron absorveu ou emitiu
energia? Qual o valor, em elétron=volt, dessa energia,
envolvida?
b) Qual o valor da energia, em Joule, e da freqüência do
fóton ao realizar essa transição de níveis?

226
4. Na desintegração do Ra é emitida uma partícula alfa.
Se essa partícula se chocar com uma tela de sulfeto de
zinco, produzir-se-á uma cintilação. Desse modo é
possível contar diretamente o número de partículas alfa
226
emitidas por segundo por um grama de Ra, tendo sido
determinado esse número por Hess e Lawson como
10
sendo igual a 3,72 x 10 . Use esses dados e o número
23
de Avogadro - 6,02 x 10 moléculas por mol - para
calcular a meia-vida do rádio.

5. A actividade de um certo fóssil diminui de 1530


desintegrações por minuto para 190 desintegrações por
minuto já com correção da radiação de fundo, durante o
processo de fossilização. Sendo a meia-vida do isótopo
14
radioativo do C de 5.760 anos, determine a idade do
fóssil.
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 183

Chave de correcção
1. As fórmulas se referem ao carbono e ferro
respectivamente para o primeiro e segundo
elementos. Agora complemente a sua resposta
Feedback indicando os valores de massa e de número
atomico.

2. Represente a massa por A e o numero atomico


por Z.

3. O preceituado em 1 é válido para a questão


número dois.
i. E = + 12,10 eV
ii. E = 12,10 eV,
iii. f = 2,92 . 1015 Hz
4. τ = 1 600 anos

10 10
5. t = (2,083/2,33) 10 min = 0,894 10 min = 1,7246
4
10 anos = 17 246 anos
184 Manual de Física Moderna

ÚLTIMAS PALAVRAS AOS ESTUDANTES

Caros estudantes!

Neste pouco tempo de convívio com vocês, quisemos


mostrar algumas facetas do que pode ser estudado em
Física. Muitos assuntos importantes amplamente descritos
em outros livros didáticos foram deixados nos módulos de
Física, mas de forma alguma podem ser esquecidos. Pelo
contrário, a união dos diferentes modos de abordar a Física
pode mostrar a vocês a abrangência e a importância dessa
matéria no cotidiano.
Diversos fenômenos observados na natureza podem ser
explicados através de leis e formulações elaboradas ao
longo dos séculos. Percebam a ligação entre a vida
cotidiana e a ciência, como é tudo fabuloso!
O conteúdo dos módulos apresentados são, muitas vezes,
complementares aos livros textos, que devem ser também
usados na recordação do que aprenderam nos anos do
segundo grau, para se prepararem para os exames de
ingresso no nível superior. Nos diversos ramos da Física,
muita coisa ainda precisa ser profundamente estudada. Uma
teoria só é sustentável se ela puder ser confirmada nos mais
diferentes casos existentes, considerando-se sempre os
limites de validade.
A continuidade do desenvolvimento científico e tecnológico
depende sempre de uma nova geração, da qual hoje vocês
fazem parte! Para chegar lá, épreciso estudar muito, pois se
de um lado já se tem muita coisa desvendada, por outro lado
temos um vasto conhecimento a adquirir. Não deixem nunca
de se aprimorar, de avançar nos conhecimentos, cada qual
na sua área de trabalho, qualquer que ela seja. Boa escolha,
bons estudos e boa sorte! Até breve,
Os Coordenadores da Disciplina
Manual de Física Moderna Ensino à Distância 185

Bibliografia Básica
o Alonso, M. & Finn, E. Física – Addison- Wesley Ibero
Americana. Espanha 1999.

o Tipler, P. Física V. 4 Óptica e Física moderna. Edição.


Guanabara Koogan, Rio de Janeiro 1995.

o Jdanov. Curso de Física Geral Editora Moscovo,


1989.

o Landau, L. Mecânica Quântica – Tomo 3.1 Editora


Mir Moscovo 1985.

o Landau, L. Mecânica Quântica – Tomo 3.2 Editora


Mir Moscovo 1985.

o Yavorsk, B. & Detlaf, A. Prontuário de Física Editora


Mir Moscovo 1985.

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