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Junho de 2022
João Indembi Xavier
Trabalho de Projecto
Junho de 2022
Direitos de autor e condições de utilização do trabalho por terceiros
Este é um trabalho académico que pode ser utilizado por terceiros desde que respeitadas as
regras e boas práticas internacionalmente aceites, no que concerne aos direitos de autor e
direitos conexos. Assim, o presente trabalho pode ser utilizado nos termos previstos na licença
abaixo indicada. Caso o utilizador necessite de permissão para poder fazer um uso do trabalho em
condições não previstas no licenciamento indicado, deverá contactar o autor.
Licença concedida aos utilizadores deste trabalho
Atribuição
CC BY
https://creativecommons.org/licenses/by/4.0/
Dedicatória
À Sófia Nsundi André (em memória) e Salomão Diamantino Mulato (em memória), eternos
colegas deste mestrado, que prematuramente partiram para “a outra vida”, ficarão para sempre
na minha vida, pois a marcaram com profundas lições de resistência, resiliência e persistência.
Ao meu pai António Xavier (em memória) por ter partilhado com o mundo os seus dons e
talentos, e ter me deixado como continuador de sua missão “a de facilitar a vida do próximo.”
Às mulheres da minha vida, Mariana Massanga (avó), Ana Ngueve (mãe) e Rita Caetano
(noiva), pelo muito amor com que me amam.
A mim mesmo, por não ter desistido, pela ousadia e pela coragem com que até aqui me ajudou
o Senhor.
iii
Agradecimentos
Este trabalho foi realizado com o apoio institucional e financeiro da Unidade Técnica e de
Gestão do Programa Nacional de Formação de Quadros - UTG/ PNFQ e ao Instituto Nacional
de Gestão de Bolsas de Estudos – INAGBE, o qual também muito agradeço.
iv
Declaração de Integridade
Declaro ter actuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e confirmo
que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização indevida ou falsificação
de informações ou resultados em nenhuma das etapas conducente à sua elaboração. Mais
declaro que conheço e que respeitei o Regulamento do ISCED-Benguela.
v
Resumo
In compliance with the provisions of the Executive Order no. 93/20, of 28 February, this
handbook is aimed at students in the initial training of Primary School teachers, integrating and
developing the thematic units foreseen in the Curricular Unit of Methodology of Teaching of
the Portuguese Language in Primary School. It was developed to support the students' learning
(during classes and beyond), favouring the acquisition, consolidation, expansion and
systematisation of learning, and also to support the teacher in the teaching of the course. The
manual aims to equip the future teacher with professional skills and abilities which enable
him/her to adequately exercise the teaching profession, mainly with regard to curriculum
management and learning in the subject of Portuguese Language in Primary Education. It was
elaborated with reference to the current theoretical perspectives of curriculum development,
teacher training and general and specific didactics of the language, as well as to the contents of
the curricular norms that regulate the teaching of the Portuguese language in Angola, having its
elaboration also been influenced by the reflections constructed during the Supervised Internship
simultaneously developed by the MA student.
It includes three thematic units, Unit I: Initiation to Reading and Writing; Unit II: Textual
Comprehension and Production and Unit III: Grammar Teaching. In Unit I: it explores the
fundamental or central knowledge to be taken into account in the process of initiation to
Reading and Writing, systematised in the following topics: (i) Alphabetic Writing System; (ii)
Skills facilitating the initial learning of reading and writing; (iii) Initial teaching of reading and
writing; (iv) Teaching Spelling. In Unit II: the knowledge related to comprehension and text
production and the explicit teaching of these two dimensions in primary education is addressed,
the unit is structured by the following themes: (i) Text: Typology and genres; (ii) Text
comprehension; (iii) Text production. Unit III is reserved for the teaching of grammar and
comprises a single topic, from implicit grammar to explicit knowledge and normative grammar.
In this topic there is an interesting discussion on grammar teaching - purposes, reasons and
procedures, where the teaching of grammar through discovery (the grammar laboratory) is
highlighted. Finally, there is space for a necessary and pertinent reflection on the theme
'Literature for childhood (the literary text) as a didactic instrument of the Portuguese language
in Primary Education. This theme is fundamental in the initial training of teachers for Primary
Education in Angola, and is also one of the key principles of the portuguese language didactics
in Primary Education, defended in the curriculum that sustains this manual.
vii
Índice
viii
3.2 Procedimentos pedagógicos de ensino da gramática ............................................... 145
3.2.1 Ensino da gramática pela descoberta: laboratório gramatical .......................... 152
Reflexão necessária: A literatura para infância (o texto literário) como instrumento da didáctica
da língua portuguesa no Ensino Primário .............................................................................. 159
Soluções de actividades .......................................................................................................... 163
Referências Bibliográficas ..................................................................................................... 170
ix
Lista de abreviaturas e siglas
Cf.: Conferir
i.e.: isto é
LM: Língua Materna
LMN: Língua não Materna
LP: Língua Portuguesa
L2: Língua Segunda
SAE: Sistema Alfabético de Escrita
UC: Unidade Curricular
Lista de figuras
Lista de tabelas
x
Nota para o estudante
Caro estudante,
com este manual não pretendemos fornecer-lhe receitas ou fórmulas mágicas, mas sim partilhar
algum conhecimento teórico fundamental e, sobretudo, estimulá-lo a construir conhecimento
profissional sólido sobre (e para) a Didáctica da Língua Portuguesa no Ensino Primário.
Procuramos que comece esse processo de onde está e com o que sabe e tem, de tal forma que
venha a ser capaz de desenvolver uma prática docente reflexiva, crítica e inovadora, que se
adequa a realidade dos seus alunos, aos seus constrangimentos e problemas. O que aqui vai
encontrar são ferramentas, e não soluções, instrumentos, e não obras acabadas, ingredientes e
não receitas, pelo que contamos consigo para aperfeiçoar e completar a obra que aqui se inicia.
Os conteúdos aqui apresentados são somente parte dos ‘fundamentos’ sobre os quais pode
construir sua prática, pois você é o cientista e o artista da prática (Schön, 1992; Alarcão, 1996).
O manual foi desenvolvido numa perspectiva socio-construtivista, de maneira a permitir a sua
participação activa na construção das suas aprendizagens, que se almejam significativas (Weisz,
2002).
xi
Introdução
Objectivos instrutivos:
Objectivos educativos
13
• Reconhecer a importância da Literatura para a infância no ensino da Língua Portuguesa
no Ensino Primário.
• Desenvolver capacidades/competências teórico-práticas para a concepção, elaboração,
avaliação e análise crítica de materiais didácticos, incluindo programas e manuais
escolares, para o ensino da Língua Portuguesa no Ensino Primário, adequados às
necessidades concretas da sala de aula e ao enquadramento curricular angolano.
• Conteúdos
• Resultados de aprendizagem
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• Actividades de aprendizagem a realizar antes, durante e após o desenvolvimento dos
conteúdos
• Actividades de auto-avaliação
• Leituras recomendadas
Significa o (excerto de) texto, esquema, figura, caso, tarefa, etc. se destina a ser
analisado e discutido em grande grupo (turma).
* Significa que no final do manual consta a solução ou uma pista para solucionar a actividade.
15
Unidade I: Iniciação à Leitura e à Escrita
16
1.1 Sistema Alfabético de Escrita - SAE
Actividades de Aprendizagem:
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte a
elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as a luz do que aprendeu.
1. O que é a escrita e para que serve? 2. O que é um sistema de escrita? 3. O que sabe sobre os
sistemas de escrita dos diversos povos? São todos iguais? 4. Qual é o sistema de escrita utilizado
na língua portuguesa? 5. O que sabe sobre os sistemas de escrita alfabéticos? O que são? Qual
a sua principal característica?
O Princípio alfabético
A linguagem escrita que usamos constituiu um código que representa (de forma
visual) os segmentos mais pequenos da linguagem oral, ou seja, as letras
constituem um sistema de notação dos fonemas (sons da fala). A escrita
‘representa’/’desenha’ essas unidades do oral e essas unidades são representadas por letras com
valor sonoro convencional (Silva, 2004) dentro de uma comunidade linguística.
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Ex: Pense na palavra escrita <pata>: Qual o primeiro som da palavra? Como se
representa/escreve esse som? Pense noutras palavras que se iniciam pelo mesmo
som... como se representa na escrita? A relação som-letra é convencional, sempre
igual?
Quer isto dizer que o sistema de escrita que usamos é baseado no princípio
alfabético, de acordo com o qual as letras representam os sons da fala (Baptista,
Viana, & Barbeiro, 2011). Essas letras podem assumir a forma de 1 grafema ou 1
dígrafo (Duarte, 2000).
O Sistema Alfabético de Escrita da língua portuguesa não é assim tão simples! Isto
porque encontramos relações complexas que se estabelecem entre os sons do
Língua portuguesa e a sua representação ortográfica, relação biunívoca e não
biunívoca:
18
Exemplos:
Propriedades do SAE que as crianças da 1.ª classe têm de compreender bem para
aprenderem a ler a escrever (Morais, 2013)
1
i.e., são convencionadas
19
7. Nem todas as letras podem ocupar certas posições no interior das palavras e nem todas
as letras podem vir juntas de quaisquer outras;
8. As letras notam ou substituem a pauta sonora das palavras que pronunciamos e nunca
levam em conta as características físicas ou funcionais dos referentes que substituem;
9. Além de letras, na escrita de palavras usam-se, também, algumas marcas (acentos
gráficos) que podem modificar a tonicidade ou o som das letras ou sílabas onde
aparecem.
10. As sílabas podem variar quanto às combinações entre consoantes e vogais (CV, CCV,
CVV, CVC, V, VC, VCC, CCVCC…), mas a estrutura predominante na língua
portuguesa é a sílaba CV (consoante-vogal), e todas as sílabas da língua portuguesa
contêm, ao menos, uma vogal;
11. A linearidade (letras escrevem-se umas ao lado das outras, e não dispersas na página);
12. A direccionalidade (letras escrevem-se da esquerda para a direita, de cima para baixo);
13. A existência de espaços em branco, que sinalizam a escrita de diferentes palavras.
Dito de outra forma, o SAE tem implicações pedagógicas que se refletem na necessidade de o
professor do ensino primário priorizar no trabalho com seus os alunos o desenvolvimento da
oralidade (linguagem oral), da consciência linguística e a promoção da literacia emergente,
20
competências tidas como facilitadoras da aprendizagem (inicial) da leitura e da escrita (descritas
no tema a seguir).
1. Dicas para ajudar os alunos a compreender o sistema alfabético de escrita. Acessar aqui:
https://drive.google.com/file/d/16qQAXHkNcDtDrzAkRkK-u-NjhaHT8iaK/view?usp=sharing
21
1.2 Competências facilitadoras da aprendizagem inicial da leitura e da escrita
2. Depois de teres analisado o esquema diga o que são e quais são as competências facilitadoras
da aprendizagem inicial da leitura e da escrita? *
Actividades de Aprendizagem:
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte a
elas depois do desenvolvimento do tema, revendo-as a luz do que aprendeu.
1. Como caracteriza a realidade sociolinguística de Angola?
2. Faça uma caracterização sociolinguística da localidade onde vive, ou outra a sua
escolha, indicando:
a) Línguas faladas;
b) Língua maioritária (língua mais falada);
c) Contexto de uso dessas línguas;
d) Estatuto que ocupam.
23
3. Que implicações tem a situação sociolinguística de Angola no ensino da língua
portuguesa no Ensino Primário?
24
• Língua de ensino/escolarização: língua em que o ensino das diversas disciplinas é
feito, sendo, ela própria, objecto de estudo (uma disciplina a estudar, neste caso, a
Língua Portuguesa) (Soares, 2016).
• Bilinguismo: Conhecimento linguístico de duas línguas, construído em contextos muito
variáveis (Almeida & Flores, 2013, cit. por Pereira, 2022).
• Translanguaging é o acto através do qual os bilingues acedem às diferentes
características linguísticas de duas línguas consideradas como autónomas, tendo em
vista a maximização do seu potencial comunicativo (Pereira, 2022).
• Plurilinguismo: O Quadro Europeu Comum de Referência para as Línguas define-o
como a capacidade de “utilizar as línguas para comunicar na interacção cultural, na qual
o indivíduo, na sua qualidade de actor social, possui proficiência em várias línguas, em
diferentes níveis, bem como experiência de várias culturas” (Conselho da Europa, 2001,
p. 168, cit. por Pereira, 2022).
Esta diversidade linguística de Angola tem sérias implicações no ensino da língua portuguesa
e na aprendizagem inicial da leitura e da escrita pelas crianças, umas destas implicações, é o
facto de os conhecimentos que a criança (cujo a língua portuguesa não constitui LM) já possui
sobre a sua Língua Materna constitui a base sobre a qual a criança terá de construir as novas
aprendizagens relacionadas a Língua Portuguesa, na dimensão oral e escrita, isto é, (i) há
implicações na aprendizagem da linguagem escrita, porque esta precisa de uma boa língua
portuguesa oral, portanto, esta terá de ser bem desenvolvida; (ii) há implicações no
desenvolvimento da língua portuguesa como a língua oral, porque esta terá de se desenvolver
com base na língua materna.
Por isso mesmo, é importante que se identifique(m) a(s) língua(s) em presença na sala de aula,
pois o papel da(s) língua(s) materna(s) na aprendizagem da língua portuguesa é da maior
importância (Soares, 2016).
Teste de diagnóstico de Português Língua Não Materna para alunos da 1.ª e 2.ª classe. Acessar aqui:
https://drive.google.com/file/d/1QQF0LtbrcaabwmoIT66zICtAUj7mm6Ht/view?usp=sharing
26
as novas aprendizgens que construiu respondendo as seguintes questões: 1- O textos
que sabia? 2- O que aprendeu? 3- Como aprendeu? 4- O que gostaria de autênticos.
aprender melhor?
Actividade para realizar em grupo:
1. Tendo em conta a situação sociolinguístico de Angola, como
caracteriza algumas salas de aulas do ensino primário angolano?
a. É um contexto monolingue ou multilingue?
b. Qual o possível estatuto dessa(s) língua(s)? LM, LNM?
c. Qual o estatuto da LP?
2. Que papel desempenham as outras línguas faladas (Línguas de Angola)
por muitas crianças angolanas na aprendizagem da língua portuguesa?
Justifique.
Leituras Recomendadas
Almeida, L. &. (2013). Bilinguismo. Aquisição de Língua Materna e Não Materna. Questões
Gerais e Dados do Português (pp. 275 -304).
Calossa, B. V. (2021). Português Língua Matena e Não Materna em Angola: Implicações
Didácticas e Políticas. Em A. A. Timbane, D. P. Sassuco, & M. U. (Organizadores),
O português de/em Angola: peculiaridades linguísticas e a diversidade no ensino (pp.
142-159). São Paulo: Opcão Editora.
García, O. (2014). Educação, multilinguismo e translanguaging no seéculo XXI. Em M. A.
Moreira, & K. Zeichner, Filhos de um Deus menor: diversidade linguística e justiça
social na formação de professores (1ª ed., Vol. 1, pp. 53-76). Ramada: Pedago.
Gaspar, S. I. (2015). A Língua Portuguesa em Angola: Contributos para uma metodologia
de Língua Segunda (Dissertação de Mestrado, pp. 3-56). Lisboa: Universidade Nova
Lisboa.
Skutnabb-Kangas, T. (2014). Educação através da língua dominante ou educação multilingue
baseada na língua materna: Direitos Humanos Linguísticos e justiça social. Em M. A.
Moreira, & K. Zeichner, Filhos de um Deus menor: diversidade linguística e justiça
social na formação de professores (1ª ed., Vol. 1, pp. 27-52). Ramada: Pedago.
Soares, L. V. (2016). Diversidade linguística e cultural na Escola. Em A. Costa, F. Botelho,
L. Solla, & L. Soares, Manual de Língua Portuguesa para Professores do Ensino
Primário (pp. 3-24). Angola: Ministério da Educação - República de Angola - PAT.
27
1.2.1.2 Dimensões e factores de desenvolvimento da linguagem oral
Actividades de Aprendizagem
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte a
elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as a luz do que aprendeu.
1. Por que razão a linguagem oral é considerada uma competência facilitadora da
aprendizagem inicial da leitura e da escrita?
2. Que dimensões e factores estão implicados no desenvolvimento da linguagem oral?
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1. Conhecimento a) Inclui o conhecimento dos sons da fala. Ex.: a criança ser capaz de
lexical perceber que as palavras são constituídas por sílabas (pra-to), por
unidades intrassilábicas (pr.a-t.o) e por unidade sonoras menores, os
fonemas ou sons [p.r.a.t.u]
2. Conhecimento b) conhecimento das palavras da língua. Ex.: quando a criança sabe que
fonológico a palavra <mesa> é uma palavra que faz parte da sua língua, conhece a
sua forma fónica ([´mezɐ]), a classe a que pertence (a classe dos nomes)
e seu significado (móvel formado por uma placa horizontal (tampo)
assente sobre bases verticais (pernas), sobre o qual se podem colocar
objectos, dispor os alimentos, às refeições ou realizar várias
actividades).
3. Conhecimento c) conhecimento sobre a formação/estrutura e flexão das palavras. Ex.:
morfológico A criança sabe que pães é o plural de pão; que boneca é o feminino de
boneco; e que, ao se acrescentar o prefixo in à palavra feliz, forma-se
uma nova palavra infeliz.
4. Conhecimento d) conhecimento do significado das palavras, das frases e do discurso.
sintáctico Ex.: A crianças sabe que se usa o plural quando queremos nos referir à
mais de um objecto.
5. Conhecimento e) conhecimento de regras e de convenções de uso da língua. Ex.: A
semântico criança sabe que a frase “por favor, para!” significa que o locutor fez um
pedido e que o Director da Escola deve ser tratado por “Senhor
Director”.
6. Conhecimento f) conhecimento das regras de organização das palavras em frases
pragmático (gramatical e agramatical). Ex.: A criança é capaz de reconhecer que a
frase “O João come o peixe” é gramatical, e que a frase “o peixe João.
come O” é agramatical.
Responda aqui: 1=____; 2=____; 3=____; 4=____; 5=____; 6=____.
29
criança como um aprendiz linguístico natural, espontâneo e activo, já que grande parte da
responsabilidade do processo de aquisição e desenvolvimento da linguagem recai sobre a
própria criança: com base nas orientações naturais, cada criança constrói, de uma forma
inconsciente, o seu conhecimento linguístico (Pereira, 2021), isto é, nesse processo, não existe
reflexão intencional sobre a linguagem: o conhecimento linguístico é usado e desenvolvido sem
se pensar nele.
Apesar de ser uma capacidade natural, nenhuma língua oral se desenvolve por si
só, sendo imprescindível a existência de um mecanismo social de apoio ao desenvolvimento da
linguagem, constituído pelas experiências de comunicação, isto é, pela interacção activa e
significativa com outros falantes (adultos e crianças), que assim se constituem como modelos
de uso que fornecem ‘o alimento’ para o seu desenvolvimento natural.
Sendo a capacidade natural das crianças para aprender língua (em condições “normais”) à
partida igual para todas, são os factores sociais que determinam a forma/o modo de crescimento
da linguagem, isto é, o como a criança progride. Nesse processo social, ou seja, nessa
aprendizagem com os outros, o papel do adulto é o de estímulo e de apoio, levando as crianças
para além do que conseguiriam compreender/dizer sozinhas (criação de ZDP da linguagem) 2.
A natureza do apoio social é crítica para esse desenvolvimento, já que, nas situações de
comunicação, criança e adulto constroem colaborativamente aquilo que a criança quer dizer,
sendo a língua adquirida de forma inconsciente pelas crianças durante essa interacção que
quanto mais rica, melhor o desenvolvimento linguístico.
2
Ao se referir a “Zona de Desenvolvimento Potencial” (ZDP), Vygotsky pretende enfatizar que as interacções comunicativas adulto/criança
são essenciais, quer para o desenvolvimento da linguagem, quer para a expansão da aprendizagem, em geral, pela criança. (Sim-Sim, Silva, &
Nunes, 2008).
3
Período crítico ou período maturacional é o período limitado (± até 7 anos), durante o qual a língua ou línguas se adquirem de forma espontânea
(inconsciente), atingindo competências ‘nativas’, de forma rápida e relativamente independente de outras capacidades cognitivas.
30
Para melhor compreensão do papel da criança e do adulto no desenvolvimento da
linguagem oral, em grupo, analise e comente os seguintes diálogos4:
1. Atitude do adulto ao conversar com a criança: estratégias para desenvolver a linguagem oral.
Acessar aqui:
https://drive.google.com/file/d/1ijZi7e3fJv3HQhZNq0WZBl8SYEiH2zVT/view?usp=sharing
2. Exemplos de actividades e estratégias para desenvolver a linguagem oral. Acessar aqui:
https://drive.google.com/file/d/1roQIrmDgeFmg0l2M5WgpQzBDkbaBXjWM/view?usp=sharing
Actividade de auto-avaliação Recursos
Após o desenvolvimento dos conteúdos: - Manual
Volte às suas respostas às perguntas feitas antes do desenvolvimento escolar e
do tema, com base nos conteúdos abordados, analise-as e reflita sobre programa
as novas aprendizgens que construiu respondendo as seguintes de Língua
questões: 1- O que sabia? 2- O que aprendeu? 3- Como aprendeu? 4- O que Portuguesa
gostaria de aprender melhor? do ensino
4
Exemplos retirados de (Sim-Sim, Silva, & Nunes, 2008, p. 12)
5
Idade em meses.
31
Em grupo realize a seguinte actividade: primário
1. Escolha um manual escolar de Língua Portuguesa do ensino (1.ª ou 2.ª
primário e o seu respectivo programa (1ª ou 2ª classe) e identifique classe);
neles, 5 objectivos e 5 actividades que mobilizam/promovem/valorizam o - Textos de
desenvolvimento da oralidade/linguagem oral. apoio.
2. Faça uma apreciação crítica sobre os resultados obtidos.
Leituras Recomendadas
Gonçalves, F., Guerreiro, P., & Freitas, M. J. (2011). O conhecimento da Língua: Percursos
de Desenvolvimento (pp. 9-54). Lisboa: Ministério da Educação: Direcção-Geral de
Inovação e Desenvolvimento Curricular - PNEP.
Sim-Sim, I., Silva, A. C., & Nunes, C. (2008). Linguagem e Comunicação no Jardim-de-
Infância: Textos de Apoio para Educadores de Infância (pp. 7-46). Lisboa:
DGIDC/PNEP.
Viana, F. L., & Ribeiro, I. (2017). Falar, ler e escrever. Propostas integradoras para jardim
de infância (2ª ed. pp. 44-77). Maia: Lusoinfo Multimédia.
32
1.2.1.3 Princípios da pedagogia da língua portuguesa (materna e não materna)
Actividades de Aprendizagem
Responda à seguinte questão, e anote a sua resposta de tal forma que volte a ela
depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-a a luz do que aprendeu.
1. Quais são os princípios da pedagogia da língua portuguesa (língua materna e não
materna)?
Desenvolvimento dos conteúdos
34
e LNM; iv. Estimular a transliteracia, lendo e escrevendo histórias e produzindo textos escritos
nas LM e LNM.
35
v. Regular a velocidade da conversa: dar tempo para a criança compreender e pensar
o que quer dizer e como quer dizer... (deixar tentar!) antes de reformular ou
avaliar. Não resolver a comunicação pelas crianças;
vi. Multiplicar a forma como a informação verbal nova é apresentada
(multimodalidade): integrar várias fontes sensoriais de informação para que a
criança tenha diferentes apoios para perceber bem a mensagem verbal (ex: visual,
sonoro, gestual, cores – gráficos, imagens, mapas, gravações, vídeos);
vii. Elaborar as intervenções das crianças/feedback (... High support / reforçar o
apoio/crítico para a aprendizagem): clarificar, confirmar, questionar mais,
modelizar a forma de usar a linguagem, explicitar e expandir o pensamento e a
linguagem das crianças, devolver formas correctas, não corrigir ostensivamente.
viii. Individualizar a interacção (o mais possível).
f) Dar instruções simples e precisas;
g) Realizar ensino explícito (Ex.: da linguagem nova a aprender);
h) Rever linguagem nova aprendida/ promover a auto-avaliação:
i) Monitorizar avanços e aprendizagens (avaliar para a aprendizagem).
36
alto nível, que impliquem tarefas do seu interesse e dialogadas com os pares mais capazes, isto
é, situações em que as crianças constroem aprendizagens e comunicam essas aprendizagens.
Uma implicação deste princípio é a de que as crianças aprendem língua quando desafiadas a
construir sentidos em qualquer área curricular. Aprende-se língua construindo sentidos.
3. Teste de diagnóstico de Português Língua Não Materna para alunos da 1.ª e 2.ª classe. Acessar
aqui: https://drive.google.com/file/d/1QQF0LtbrcaabwmoIT66zICtAUj7mm6Ht/view?usp=sharing
4. Exemplo de boas práticas para desenvolver a linguagem oral em contextos em que a língua
portuguesa é LNM (actividades, ficha sociolinguística, ficha de diagnóstico, portefólio do aluno).
Acessar aqui:
https://drive.google.com/drive/folders/1mGZHsJeT9vgDqS80Qf5zdwIL25gbpy7N?usp=sharing
Actividade de auto-avaliação Recursos
Após o desenvolvimento dos conteúdos: Registo do
Volte às suas respostas às perguntas feitas antes do desenvolvimento estudante;
do tema, com base nos conteúdos abordados, analise-as e reflita sobre textos
as novas aprendizgens que construiu respondendo as seguintes autênticos.
questões: 1- O que sabia? 2- O que aprendeu? 3- Como aprendeu? 4- O que
gostaria de aprender melhor?
Em grupo, escolha um dos princípios da pedagogia da língua
portuguesa (língua materna e não materna), e proponha três tipos de
actividades ou estratégias pedagógicas que podem ser adoptadas
pelo professor para a sua concretização ou operacionalização.
Leituras Recomendadas
Azevedo, F. J. (2010). Metodologia da Língua Portuguesa. Luanda: Plural Editores - Grupo
Porto Editora. pp. 11-14
Pereira, Í. S. (2020). Boas Conversas: A Leitura partilhada como área de investigação (pp.
50-59). Entreler. Revista Digital 0.
Pereira, Í. S. (2020). Imaginando a didática língua portuguesa na Educação Pré-Escolar e
no 1.º Ciclo do Ensino Básico (pp. 11-24). E-book pedagógico. Braga: Centro de
Investigação em Educação (CIEd) Instituto da Educação, Universidade do Minho.
Pereira, Í. S. (2021a). Metodologia da Iniciação à Leitura e à Escrita: O Ensino da Língua
Portuguesa oral - Para um entendimento da metodologia das línguas maternas e não
maternas em Angola: Estratégias pedagógicas centrais (pp. 1-13). Mestrado em
Ensino Primário Especialização: Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa
(ISCED Benguela - IE, UMinho, Braga). Manuscritos de apoio às aulas.
37
Sim-Sim, I., Silva, A. C., & Nunes, C. (2008). Linguagem e Comunicação no Jardim-de-
Infância: Textos de Apoio para Educadores de Infância (pp. 29-46). Lisboa: DGIDC-
PNEP.
Solla, L. (2016). Oralidade: ensino, aprendizagem e avaliação. Em A. Costa, F. Botelho, L.
Solla, & L. V. Soares, Manual de Língua Portuguesa para Professores do Ensino
Primário (pp. 27-56). Luanda: Ministério da Educação-PAT/Angola.
38
1.2.2 Consciência Linguística
Actividades de Aprendizagem
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte a
elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as a luz do que aprendeu.
1. O que entende por consciência linguística?
2. Que importância tem a consciência linguística na aprendizagem inicial da leitura e da
escrita?
3. Para si, que diferença existe entre a consciência fonológica e a consciência de palavra?
4. Que princípios pedagógicos devem ser tidos em conta para o desenvolvimento da
consciência linguística (fonológica e de palavra)?
39
Consciência Linguística
40
Consciência fonológica6
Capacidade de prestar atenção consciente e deliberada às unidades sonoras (e não
ao significado) das palavras e de reflectir sobre essas unidades. Manifesta-se na
capacidade de rimar, identificar (classificar), reconstruir, segmentar e manipular
(apagar e substituir) sílabas, unidades intrassilábicas e fonemas/sons. A consciência fonológica
possui três dimensões principais (ver figura 4): consciência silábica, consciência intrassilábica
e consciência fonémica
6
Os estudos indicam que as crianças (de classes iniciais) conseguem apresentar um relativo sucesso em tarefas silábicas (ou conseguem-no
facilmente após um mínimo de instrução, já que as sílabas são unidades perceptivas salientes) e falham sistematicamente em tarefas que
implicam os segmentos fonémicos. A dificuldade destas últimas tarefas decorre do facto de os fonemas serem entidades abstractas, já que são
co-articulados (ou seja: não existem fronteiras explícitas entre os fonemas quando são pronunciados dentro das palavras) (Sim-Sim, Silva, &
Nunes, 2008). Por esta razão é a consciência fonémica a última a ser adquirida no processo de desenvolvimento da consciência fonológica.
Ex.: facilmente a criança será capaz de discriminar a presença de duas sílabas na palavra <bata>, mas terá muita dificuldade em discriminar a
presença de dois fonemas na palavra <pá> [p] e [a].
41
O treino da consciência fonológica implica ajudar as crianças a:7
2. Diz quais os «bocadinhos pequeninos» do nome da figura que aparece em cada quadradinho»
3. Vou-te dizer uma palavra aos bocados: ca/va/lo. Tenta adivinhar que palavra é que eu disse.
4. Diz-me o primeiro bocado da palavra «galinha». Agora diz-me o que fica da palavra se não
disseres esse bocado.
5. Vamos fazer um jogo. Se eu disser «ma» e a seguir disser «caco», fica o nome de um animal.
Qual é o animal?
Consciência de palavra
7
Adaptado de Silva (2022)
42
É Capacidade de prestar atenção às palavras orais e de reflectir sobre elas. No
momento de iniciar a aprendizagem formal da linguagem escrita, as crianças (i)
conhecem muitas palavras; (ii) parecem ter mais facilidade em pensar nas palavras
que nos sons, (iii) mas isso não significa que tenham uma consciência clara e correcta do que é
uma palavra e das suas propriedades. Nesse período uma palavra pode ser usada sem que seja
notada pela criança. Assim sendo, de acordo com Silva (2022), a consciência de palavra
manifesta-se na: (i) consciência ou reflexão sobre o carácter arbitrário da realização fonológica
da palavra: no início da escolaridade, as crianças revelam esta incapacidade. Ex. Para a criança
palavra grande é: “armário, porque tem muitas coisas lá dentro”; Palavra pequena: “pintainho
ou formiga”; (ii) consciência ou reflexão sobre a palavra enquanto unidade da fala: as crianças
mostram uma incapacidade inicial para segmentar as palavras de uma frase, segmentando antes
unidades de sentido. Os elementos gramaticais (preposições, artigos, conjunções) e mesmo
verbos podem ficar de fora; Ex. João/foi/à escola ou João/escola ao invés de
o/João/foi/à/escola.
43
2. Pinta a imagem cujo nome é a palavra que completa a frase.
44
Actividade de auto-avaliação Recursos
Após o desenvolvimento dos conteúdos: Registo do
Volte às suas respostas às perguntas feitas antes do desenvolvimento estudante;
do tema, com base nos conteúdos abordados, analise-as e reflita sobre textos;
as novas aprendizgens que construiu respondendo as seguintes manuais e
questões: programas
1- O que sabia? 2- O que aprendeu? 3- Como aprendeu? 4- O que gostaria de escolares
aprender melhor? de língua
Actividade para realizar em grupo: portuguesa
1. Identifique no manual de língua portuguesa e no seu respectivo do ensino
programa (1ª ou 2ª classe), actividades que promovem o primário.
desenvolvimento da consciência linguística (fonológica e de palavra).
2. Faz uma apreciação crítica sobre os resultados que obteve.
Leituras Recomendadas
Duarte, I. (2000). O Conhecimento Fonológico. Em Instrumentos de Análise (pp. 209-284).
Lisboa: Universidade Aberta.
Duarte, I. (2008). O conhecimento da língua: desenvolver a consciência linguística. Lisboa:
Ministério da educação: Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento
Curricular - PNEP. pp. 17-28; 35-38
Duarte, I. (2011). O conhecimento da língua: Desenvolvimento da consciência lexical.
Lisboa: Ministério da Educação: Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento
Curricular - PNEP. pp. 9-56
Freitas, M. J., Alves, D., & Costa, T. (2007). O conhecimento da língua: desenvolver a
consciência fonológica. Lisboa: Ministério da Educação: Direcçao Geral de Inovação
e de Desenvolvimento Curricular - PNEP. pp. 9-82
Silva, C. V. (2022). Consciência linguística, consciência fonológica e de palavra: Princípios
pedagógicos e análise de tarefas de promoção de consciência linguística. Projecto de
Desenvolvimento Curricular de Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa no
Ensino Primário I. Manuscritos de Apoio as aulas.
Sim-Sim, I., Silva, A. C., & Nunes, C. (2008). Linguagem e Comunicação no Jardim-de-
Infância: Textos de Apoio para Educadores de Infância. Lisboa: Ministério da
Educação: Direcção Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular - PNEP. pp.
47-68
45
1.2.3 Literacia emergente
Actividades de Aprendizagem
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte a
elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as a luz do que aprendeu.
1. O que entende por literacia emergente?
2. Que importância tem a literacia emergente na aprendizagem inicial da leitura e da
escrita?
• Literacia Emergente
46
oralidade? 4. Como são construídos esses conhecimentos? 6. Por que razão a literacia
emergente é importante para a aprendizagem da leitura e da escrita?
Texto
Tanto a investigação como a prática mostram que as crianças desenvolvem, antes mesmo da
escolaridade formal, diferentes ideias, hipóteses e conhecimentos sobre a linguagem escrita,
pelo que é fundamental não só percebê-los e estimulá-los, mas também considerá-los aquando
da escolarização formal. Por exemplo, se uma das hipóteses construída pela criança é a de que
nomes de animais, de pessoas ou de objectos grandes devem ser escritos com mais letras do
que nomes de referentes que considera pequenos, é importante que, aquando da iniciação
formal, a criança seja desafiada a desconstruir esta hipótese e a descobrir que a escrita não
representa propriedades dos referentes, mas, sim, da linguagem falada. Estes diferentes
conhecimentos sobre a linguagem escrita desenvolvidos pelas crianças mesmo antes de,
formalmente, estes lhes serem ensinados (também designados de ‘literacia emergente’),
decorrem do facto de as crianças interagirem, mesmo em contextos informais, com outras
crianças e adultos que utilizam a escrita, e de serem aprendizes activos, que constroem
conhecimentos sobre o mundo, à medida que exploram o meio envolvente e reflectem sobre as
suas explorações. Neste sentido, as interacções com a escrita, mediadas por adultos e outras
crianças, têm um grande impacto no desenvolvimento das concepções e dos conhecimentos de
que as crianças se apropriam sobre a linguagem escrita (Mata, 2008; Viana & Parente, 2019).
Não se trata de ensino formal, mas sim de aprendizagem tácita feita com e através das
interacções com os outros durante a vivência de situações práticas de contacto com o escrito (e
também pela observação da actuação modelar do professor...). Todavia, se a criança não
experienciar um contacto frequente com práticas de escrita, não construirá estes tipos de
conhecimentos!
Figura 5: Conhecimentos sobre escrita de uma
Ao revelar a existência desses conhecimentos criança de 4 anos (Fonte: Pereira, s/d)
47
a criança se aperceba da mensagem a ela associada, sendo, contudo, evidentes as suas tentativas
de reprodução da mesma através de garatujas e/ou formas tipo letra. Posteriormente, as crianças
vão-se apercebendo de que a escrita tem uma mensagem e de que existe um conjunto de
convenções a ela associadas. Todavia, este não é um processo de maturação natural: as crianças
necessitam de treino e prática. Gradualmente, quando lhes são dadas oportunidades e quando
são estimuladas e desafiadas, vão mesmo reproduzir algumas dessas convenções (por exemplo,
letras correctas e orientação das letras e da escrita) e passam a utilizar a escrita (mesmo que
nem sempre de modo formal) nas suas mais diversas funções, dando-lhe valor e utilidade. Deste
modo, quando falamos de comportamentos (conhecimentos, competências, interesses das
crianças) emergentes de escrita, referimo-nos a Comportamentos reveladores de que as crianças
já têm conhecimentos sobre a leitura e sobre a escrita. Por exemplo, quando uma criança de 4
anos considera que para escrever nomes de objectos grandes precisa de mais letras do que para
escrever nomes de objectos pequenos, ela encontrou uma resposta equilibradora para o desafio
cognitivo com que se confrontou, apesar de ainda não ter percebido as ligações entre a escrita
e a linguagem oral (cf. Figura 6) (Mata, 2008, pp. 9-12). Antes de iniciar o ensino formal, a
maior parte das crianças já possui alguns conhecimentos sobre leitura e sobre escrita, tais como:
1. situações, funções e suportes da linguagem escrita: (i) sabem para que serve ler e escrever
(ler para estar informado; escrever uma carta ao “papá natal” à pedir o presente de natal); (ii)
onde se pode ler e escrever (papel/caderno, livro, telemóvel, quadro…); 2. propriedades formais
da linguagem escrita: (i) algumas características da linguagem escrita (direccionalidade da
escrita esquerda-direita, cima-baixo; posição e orientação da letras e a presença de grupos de
letras separadas por espaços; a diversidade de letras e o seu reaparecimento em combinações
diferentes); (ii) diferenciam desenho e escrita e, inclusivamente, podem «legendar» os seus
desenhos e trabalhos usando sequências de letras ou de pseudoletras, afirmando que sabem
escrever; (iii) a estruturas dos livros (capa, folhas, páginas) e o respectivo manuseamento (como
se pega no livro ou na folha de papel escrita, como se viram as folhas, onde se começa a ler). 3
Aspectos conceptuais da linguagem escrita (ligação com a oralidade: (i) relacionam (ou não) a
linguagem escrita com a linguagem oral. Todas estas descobertas estão fortemente dependentes
da cultura literacia da família e do jardim-de-infância e influenciam à vontade para aprender a
ler (Sim-Sim, 2009; Silva et al., 2016, cit. por Viana & Ribeiro, 2017).
As “ideias” sobre a escrita que as crianças vão construindo dependem, em grande medida, do
meio em que vivem. Em meios desfavorecidos, nomeadamente em termos culturais, para além
da reduzida acessibilidade a materiais de leitura e de escrita e de poucas ou limitadas
48
experiências de contacto com a linguagem escrita, regista-se, por vezes, um frágil domínio da
linguagem oral. Esta conjugação de fatores é altamente comprometedora da aprendizagem da
leitura e da escrita (Viana & Ribeiro, 2017).
Está solidamente demonstrado que quanto mais as crianças sabem sobre leitura e escrita antes
de formalmente serem ensinadas a decifrar, maior será o sucesso na aprendizagem posterior da
leitura (Sim-Sim, 2009), assim, é importante que o professor conheça o que as crianças que vão
aprender a ler e a escrever já sabem sobre leitura e escrita, a fim de poder organizar o ensino
em função do domínio que as crianças têm desses conhecimentos (Baptista, Viana, & Barbeiro,
2011).
49
1. Na figura 78 estão Figura 6: Exemplos das conceptualizações das crianças acerca do
que se lê
organizadas as respostas
de quatro crianças ainda
não leitoras ao pedido para lerem o
que estava escrito no cartão (que
continha a imagem de um coelho e
uma cenoura e um texto por baixo).
As suas respostas revelam diferentes
conceptualizações sobre o que é ler.
Quais são? Justifique a sua resposta
usando excertos da figura..
Ferreiro e Teberosky (1991, cit. por Mata, 2008) propõem uma divisão em três
grandes níveis evolutivos (com sequência de fases identificadas dentro desses níveis)
das conceptualizações da criança acerca do que se escreve: Fase da indiferenciação; 1.º Nível:
Fase da pré-escrita; 2.º Nível: Fase pré-silábica; 3.º Nível: Fase silábica; Fase silábica com
fonetização; Fase silábico-alfabética; Fase alfabética (que precede a Fase ortográfica).
8
Fonte: Mata (2008)
50
b) variação qualitativa interna na sequência de letras, isto é, para
serem palavras, as letras (ou pseudo-letras) incluídas nestas
sequências lineares deverão ser diferentes entre si.
II. Critérios que permitam representar diferenças de significados
(relativo/entre palavras): a) variação da posição das letras usadas
(garantindo assim que escritos diferentes tenham letras
diferentes; b) utilização do tamanho e do número das letras em
associação às propriedades físicas do referente/ da coisa. Por
exemplo, mais letras para os nomes dos pais porque (os pais) são
maiores e/ou mais velhos; mais letras para objectos grandes; mais
letras para mais do que um objecto etc., dentro dos limites
mínimos e máximos para o número de letras a utilizar.
3.º Fase Nesta fase a criança compreende que as diferenças das
Nível silábica realizações gráficas têm correspondência com as dimensões
sonoras das palavras, isto é, que afinal o número de letras não tem
a ver com o tamanho dos objectos, mas com o tempo que a
palavra demora a ser dita: palavras longas precisam de muitas
letras; palavras curtas, de menos letras, ao escrever a criança
efectua correspondência gráfica com a sílaba, usando para cada
sílaba uma letra ou uma pseudo-letra.
Fase Inicia-se a correspondência letra/som: as letras correspondem a
silábica uma sílaba ou fonema, mas já não são escolhidas aleatoriamente,
com correspondendo muitas vezes a sons percebidos nas
fonetização sílabas/palavras: Deste modo, começa a aliar-se a
percepção/identificação de sons ao conhecimento de letras.
Fase Nesta fase a criança percebe que as sílabas são constituídas por
silábico- mais de um som. Assim, a criança já é capaz de escrever palavras
alfabética em que as sílabas aparecem representadas por mais de um
caracter e respeitando os seus aspectos fonéticos, isto é, na escrita
da criança algumas letras representam sílabas inteiras, mas outras
representam as unidades menores (fonemas, ou unidades
intrassilábicas).
51
Fase Uma escrita em que todos os fonemas das palavras estão
alfabética praticamente representados, embora não conseguindo lidar ainda
com as irregularidades da ortografia. A criança percebe que as
palavras são constituídas por sons, que as letras representam
esses sons, a que precisa de atender para escrever, que a
semelhança de sons implica semelhança de letras, e que sons
diferentes exigem letras diferentes.
52
Em grupo, observe e analise criteriosamente as figuras abaixo, e responda à
seguinte questão: Em que fase de conceptualizações acerca da escrita se encontra
cada uma das crianças? Justifique.
53
Princípios pedagógicos de desenvolvimento da literacia emergente
54
12. Exemplos de actividades e estratégias para desenvolver as competências facilitadoras da leitura e escrita.
Acessar aqui:
https://drive.google.com/file/d/129MCornusAlc4QcRqfXGyOyhn6nltWYZ/view?usp=sharing
Actividade de auto-avaliação Recursos
Após o desenvolvimento dos conteúdos: - Manual
Volte às suas respostas às perguntas feitas antes do desenvolvimento escolar e
do tema, com base nos conteúdos abordados, analise-as e reflita sobre programa
as novas aprendizgens que construiu respondendo as seguintes de Língua
questões: Portuguesa
1- O que sabia? 2- O que aprendeu? 3- Como aprendeu? 4- O que gostaria de do ensino
aprender melhor? primário
Em grupo, realize a seguinte actividade: (1.ª ou 2.ª
1. Como futuro professor do ensino primário, planifique uma classe);
actividade, devidamente fundamentada, que utilizaria para - Textos de
desenvolver a literacia emergente nos seus alunos. apoio.
Nota: Não se esqueça de clarificar a classe, os objectivos de aprendizagem, os
recursos didácticos e as estratégias pedagógicas a utilizar.
Leituras Recomendadas
Duarte, I. (2000). O Conhecimento Fonológico. Em Instrumentos de Análise (pp. 209-284).
Lisboa: Universidade Aberta.
Duarte, I. (2008). O conhecimento da língua: desenvolver a consciência linguística (pp. 17-
28; 35-38). Lisboa: Ministério da educação: Direcção-Geral de Inovação e de
Desenvolvimento Curricular - PNEP.
Duarte, I. (2011). O conhecimento da língua: Desenvolvimento da consciência lexical (pp.
9-56). Lisboa: Ministério da Educação: Direcção-Geral de Inovação e de
Desenvolvimento Curricular - PNEP.
Freitas, M. J., Alves, D., & Costa, T. (2007). O conhecimento da língua: desenvolver a
consciência fonológica (pp. 9-82). Lisboa: Ministério da Educação: Direcçao Geral
de Inovação e de Desenvolvimento Curricular - PNEP.
Silva, C. V. (2022). Consciência linguística, consciência fonológica e de palavra: Princípios
pedagógicos e análise de tarefas de promoção de consciência linguística. Projecto de
Desenvolvimento Curricular de Metodologia de Ensino de Língua Portuguesa no
Ensino Primário I. Manuscritos de Apoio as aulas.
Sim-Sim, I., Silva, A. C., & Nunes, C. (2008). Linguagem e Comunicação no Jardim-de-
Infância: Textos de Apoio para Educadores de Infância (pp. 47-68). Lisboa:
Ministério da Educação: Direcção Geral de Inovação e de Desenvolvimento
Curricular - PNEP.
55
1.3 Ensino inicial da leitura e da escrita
Resultados de Aprendizagem:
• Compreender os processos de identificação de palavras escritas.
• Distinguir e caracterizar os métodos de ensino inicial da leitura e da escrita;
• Compreender a relação entre os processos de identificação de palavras escritas e os
métodos de ensino inicial da leitura e da escrita;
• Compreender os princípios pedagógicos de ensino inicial da leitura e da escrita;
• Desenvolver capacidades/competências para conceber e analisar criticamente
tarefas/actividades ou propostas pedagógicas de ensino inicial da leitura e da escrita.
Recursos: Textos, excertos textuais, esquema, casos, fichas de trabalho.
Actividades de Aprendizagem
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte a
elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as a luz do que aprendeu.
1. O que entende por leitura? 2. O que leitor faz para ler (identificar/reconhecer palavras
escritas)? 3. Que métodos conhece para o ensino inicial da leitura e da escrita?
- O excerto que acabou de ler descreve ou vai ao acordo do que experimentou ao ler as
palavras das colunas A e B? Justifique.
9 Quase porque se sabe que, mesmo quando está perante palavras escritas muito familiares, o leitor faz algum tipo de análise
dos seus constituintes (cf. Figura 7, linha laranja tracejada), muito embora saibamos que essa análise pode ser incompleta, o
que leva a que, por vezes, não detetemos erros nessas palavras.
10 Conjunto de palavras às palavras orais da língua, já conhecidas pelo leitor.
57
Figura 7: Processos de identificação das palavras escritas (Rodrigues, Araújo, &
Mendes, 2010)
62
• A _______________ou ____________ conecta _____________ e
________________a forma __________________ da __________________ à
sua representação interna (significado), ainda que haja alguma
___________________É a via usada pelos ___________________, com grande
experiência de ______________e que apenas “num olhar” reconhecem de
______________ a__________________;
• A ___________________________ permite chegar à forma ______________ das
palavras através dos mecanismos de ____________ grafema/fonema
(decodificação) e, dessa forma, ao seu ________________. Esta via permite ler
____________________e palavras para as quais ainda não se tem um
__________________________consistente que possibilite a sua ____________
pela_________________.
Estas duas vias não são alternativas independentes e exclusivas, mas sim
estratégias complementares do processo de identificação das palavras escritas
ou em situações de leitura (Sim-Sim, 2009), por isso mesmo um leitor fluente (um bom
leitor) tem de ter as duas vias plenamente desenvolvidas (modelo misto) via directa ou
lexical e via indirecta ou sublexical. Portanto, o modelo misto considera que o leitor
utiliza, simultânea e interactivamente, capacidades de ordem superior (compreensão) e
capacidades de ordem inferior (decifração).
2. Leia e analise o texto a seguir e responda: Com o que concorda? Com o que discorda?
Porquê?
Não existe um melhor método para se ensinar a ler. O que na verdade se coloca
em causa é a forma como as estratégias ou vias de identificação das palavras
escritas são ensinadas ao aluno aprendiz de leitor, sendo que o melhor método
passa a ser aquele que permite que o aluno aprenda de facto a usar ambas as vias
para ler. Devido ao facto de o processamento de fonemas ocorrer abaixo do nível
de atenção consciente, i.e., usam-se, mas não temos consciência deles, as crianças
11
Metodologia em que prevalece actividades de ensino explícito da correspondência som/letra;
12
Metodologia em que prevalece a apresentação da palavra como um todo, desvalorizando a correspondência som/letra.
64
devem ser/têm de ser ensinadas (porque não o vão fazer sozinhas nem
espontaneamente) a prestar atenção a esses fonemas (desenvolver a sua
consciência fonémica) para aprenderem a ler num sistema de escrita alfabético).
Assim sendo, a prática em ouvir/identificar unidades de som da língua oral,
aprender as correspondências entre essas unidades e os signos gráficos que as
representam (letras ou conjuntos de letras) e imaginar como as unidades de
relacionam para formar palavras são os elementos essenciais de um ensino de
leitura eficaz, já a lógica da letra para o som (fónica visual) pode bloquear a
compreensão “de onde vem esse som”, i.e., a compreensão de que os sons são a
base do código/sistema de notação.
3. Defende-se que existe uma relação intrínseca entre os métodos usados no ensino da
leitura e a promoção do desenvolvimento da consciência linguística (fonológica e de
palavra). Como explicaria esta relação para os seus colegas?
13
Isto é importante: ensinar a ler é ensinar regras de leitura. Com a excepção da letra x, existem regras de leitura para todas as outras
letras.
65
Em grupo, analise a ficha de trabalho a seguir, retirada do manual de Língua
Portuguesa da 1ª Classe14, e responda de forma fundamentada ou justificada
às seguintes questões:
14
Chamuhongo, A., & Carvalho, F. V. (2018). Língua Portuguesa 1.ª Classe. Luanda: Editora Moderna. pp. 42
66
13. Estratégias para promover os processos de identificação de palavras escritas. Acessar aqui:
67
https://drive.google.com/file/d/1MmJuQ_a8JmOcArSOLSsxgE3Z6V8SvSIz/view?usp=sharing
1. Exemplos de actividades e estratégias criação de práticas autênticas de construção de
sentidos. Acessar aqui:
https://drive.google.com/file/d/1QtzmeuoQgKUnQ47xO3unJMYzvJwdP3_X/view?usp=sharing
2. Uma explicação sobre o melhor método de ensino da leitura. Acessar aqui:
3. https://drive.google.com/file/d/1STSTNQPAGjPrELzyWH3RNZdJdGyJJ1cX/view?usp=sharing.
4. Dicas e estratégias para o ensino inicial da leitura. Acessar aqui:
5. https://drive.google.com/file/d/1OxSDKneCIt9PJc-7O-WNyuj_KAS7MIPn/view?usp=sharing
6. Estratégias e procedimentos para o ensino das letras. Acessar aqui:
7. https://drive.google.com/file/d/1TEgBPIoRB6_jXp65hL2SKxROsIRh9hs8/view?usp=sharing
8. Boas práticas de ensino de algumas letras e dígrafos. Acessar aqui:
9. https://drive.google.com/drive/folders/1wed17AQFL8lRD1Umol1ubsuEsQWVSh6-?usp=sharing
Actividade de auto-avaliação Recursos
Após o desenvolvimento dos conteúdos: - Respostas
Volte às suas respostas às perguntas feitas antes do as
desenvolvimento do tema, com base nos conteúdos abordados, perguntas
analise-as e reflita sobre as novas aprendizagens que construiu iniciais;
respondendo as seguintes questões: 1- O que sabia? 2- O que aprendeu? - Textos de
3- Como aprendeu? 4- O que gostaria de aprender melhor? apoio.
Tarefas para realizar em grupo: exercícios
1. Analise as actividades de ensino da leitura do manual de para
Língua Portuguesa da 1ª classe e responda: de modo geral a) analisar
Que via de leitura é mais promovida ou treinada? b) Que método de
ensino da leitura é privilegiado? c) Os exercícios asseguram o ensino da
correspondência som - letra? d) Que princípios pedagógicos de ensino
inicial da leitura e da escrita se podem constatar nos exercícios?
2. Faça uma análise crítica aos resultados obtidos.
3. De entre as fichas de trabalho analisadas, escolha uma e proponha a
sua reformulação.
Obs: forma de organização do trabalho
Grupo 1. pp. 23-43; grupo 2. pp 44-64; grupo 3. pp. 65-85; grupo 4. pp.
86-108
Leituras Recomendadas
68
Botelho, F. (2016). Leitura: ensino, aprendizagem e avaliação. Em A. Costa, F.
Botelho, L. Solla, & L. V. Soares, Manual de Língua Portuguesa para
Professores do Ensino Primário (pp. 57-81). Luanda: Ministério da Educação-
PAT/República de Angola.
Castro, S. L. (22 de Setembro de 2020). As características dos processos de
decodificação e codificação numa fase inicial da aprendizagem. LER: Leitura-
Escrita-Recursos. (A. Lobo, Ed. pp. 1-4). Obtido em 14 de Janeiro de 2022, de
https://ler.pnl2027.gov.pt/texto/caracteristicas-dos-processos-de-
decodificacao-e-codificacao-numa-fase-inicial-da-aprendizagem
Pereira, Í. S. (2020). Imaginando a didática língua portuguesa na Educação Pré-
Escolar e no 1.º Ciclo do Ensino Básico (pp. 80-100). Braga: Centro de
Investigação em Educação (CIEd) Instituto da Educação, Universidade do
Minho.
Morais, J. (2012). Criar leitores: 0 ensino da leitura - para professores e encarregados
de educação (pp. 19-24; 35-46; 69-82). Porto: Livpsic.
Rodrigues, A. M., Araújo, M. d., & Mendes, T. M. (2010). O processo de identificação
de palavras escritas. Em Í. S. Pereira, O ensino do português no 1.º ciclo do
ensino básico: Construção de saberes profissionais no contexto do PNEP e do
novo programa de português (Vol. 2, pp. 19-38). Braga: Instituto de Educação
da Universidade do Minho-Serviço de Publicações.
Sim-Sim, I. (2009). O ensino da leitura: a decifração (pp. 9-18; 25-70). Lisboa:
Ministério da Educação: Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento
Curricular - PNEP.
Viana, F. L. (2009). O Ensino da Leitura: a avaliação (pp. 9-21). Lisboa: Ministério
da Educação: Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular -
PNEP.
69
1.4 Ensino da ortografia
70
Recursos:Textos, excertos textuais, esquema, casos, fichas de trabalho.
Actividades de Aprendizagem:
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte
a elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as a luz do que
aprendeu.
1. Para si, que é a ortografia? 2. Que dimensões da linguagem oral são representadas no
sistema de escrita ortográfico da língua portuguesa, e quais os principais símbolos
gráficos usados na representação ortográfica desta língua? 3. Que vias são usadas para
aceder a ortografia? 4. Que está base dos erros ortográficos em língua portuguesa? 5. Que
tipos de erros ortográficos conhece? 6. Que estratégias pedagógicas deve o professor
adaptar (o que fazer) antes e depois de surgir o erro ortográfico? 7. Para si, que
importância tem o ensino explícito da ortografia?
O que é a ortografia?
15
Para o caso de Angola esta base de referência é um dialecto do Português Europeu, regido pelo acordo ortográfico da língua
portuguesa de 1945.
71
Dimensões da linguagem oral representadas no sistema de escrita ortográfico do
português
De acordo com Baptista, Viana e Barbeiro (2011) e Ramos (2022), para escrever
de acordo com as convenções da ortografia, há duas vias. Leia os textos abaixo
e preencha os espaços em branco com a via de acesso à escrita ortográfica correcta. *
16
Só para a pontuação.
72
Em grupo, analise e comente os casos abaixo, tendo em conta as seguintes
questões: 1. Quais são as incorrecções ortográficas (erros) que aparecem nas
frases? Apresente a sua forma correcta. 2. Que razões explicam estas
incorrecções? Serão as mesmas ou diferentes? 4. Quais são as possíveis razões destas
incorrecções? 5. Que implicações têm no ensino explícito da ortografia?
A criança escreve:
Em grupo:
17
No contexto angolano, estas razões são agravadas ao nível da oralidade por causa da diversidade sociolinguística.
18Cf. O tema sistema alfabético de escrita - SAE
19Para além desta regra, pode ser mobilizada na aprendizagem a regra acentual (o ditongo final [ɐ̃w̃] é escrito com a
grafia <am> quando pertence a uma sílaba átona, enquanto as formas verbais com grafia <ão> correspondem a sílabas
tónicas).
73
3. Esta primeira razão mostra duas coisas sobre a complexidade da escrita
ortográfica: (i) Confirma a existência de duas vias de acesso à escrita ortográfica,
conforme visto mais acima; (ii). A pedagogia da ortografia tem de incluir trabalho
intencional de ambas as vias. Comente estas afirmações.
Em grupo:
1. Analise e comente o seguinte esquema, se possível apresente exemplos:
2. Esta segunda razão mostra duas coisas sobre a complexidade da escrita ortográfica: (i)
existe uma enormíssima variedade da oralidade que tem de ser “metida no colete de forças
74
da ortografia única”; (ii) pedagogia da ortografia tem de incluir trabalho intencional a este
nível... Comente esta afirmação.
20
Cf. O tema competências facilitadoras da aprendizagem inicial da leitura e da escrita
75
o Descoberta/Aprendizagem das regras ortográficas. Ex.: amaram/amarão;
antes de <p> ou <b>, a letra <m> acompanha a vogal para a nasalizar; [u]
corresponde sempre a <u> em sílaba tónica e nunca em sílaba átona.
21
Adaptada a partir de Barbeiro (2007).
76
• Incorrecções por inobservância da unidade gráfica da palavra: a) junção de
palavras Ex.: *seirem/se irem; b) separação de elementos da mesma palavra
Ex.: de pois/depois; c) utilização de hífen Ex.: *guarda chuva/guarda-chuva,
*da-mos/damos
• dificuldades na transcrição entre o sistema fonológico e o sistema ortográfico.
Ex.: *aito/apito;
• Incorrecções por razões de pontuação22; Ex.: usar letra maiúscula logo após o
ponto final.
O professor precisa diagnosticar (=conhecer) o erro para o poder remediar
(pedagogia remediativa). Sabe-se que há erros de natureza muito diversa: é
preciso distinguir para poder agir, da mesma forma que tem de se diagnosticar
uma doença para saber como a tratar. 1. Comente esta afirmação. 2. O que professor deve
fazer quando o erro aparece? 3. Sugira três estratégias pedagógicas (remediativas) que o
professor pode adoptar para remediar erros de diferente natureza.
22No fundo, esta tipologia de incorrecção na é tida essencialmente como ortográfica, Barbeiro (2007) não a apresenta
na sua lista de incorrecções ortográficas, mas a mesma é aqui enunciada, dado o facto de que em muitos casos há
incorrecções de pontuação que afectam a escrita correcta das palavras. Ex.: usar letra maiúscula logo após o ponto.
77
Em grupo, realize a seguinte actividade:
1. Leia e analise criticamente o seguinte excerto e diga com o que concorda,
com o que discorda e porquê.
2. Análise o texto abaixo, escrito por uma criança e: a) Identifique, analise e classifique
em tipologias as incorrecções ortográficas presentes na escrita da criança; b) Proponha
estratégias de intervenção pedagógica preventiva e remediativa.
23
Adaptado de (Morais, 2007)
78
iv. Copiaram o texto correctamente;
v. Assinalaram os seus erros num ficheiro de erros.
https://drive.google.com/file/d/18VqcgrKyWdyChGcVjdNh8_SK8qJY9goV/view?usp=sharing
3. Estratégias pedagógicas para o ensino explícito da ortografia. Acessar aqui:
https://drive.google.com/file/d/1cZ0gKr01ooYYE0LA3cdxcJn-RAUmZHJ4/view?usp=sharing
79
Em grupo, análise as tarefas de intervenção pedagógica preventiva ntico
e indique que via de acesso à ortografia é treinada. s,
taref
Ficha de trabalho do grupo 1, acessar aqui:
as,
https://docs.google.com/document/d/1AhMdpFeb12N07gru3f-
M93cFH9rRGD3K/edit?usp=sharing&ouid=108071643750690264475&rtpof
=true&sd=true
Ficha de trabalho do grupo 2, acessar aqui:
https://docs.google.com/document/d/1HLKn1hmSedejiR2yTxnIbAwNnTzu7
FCF/edit?usp=sharing&ouid=108071643750690264475&rtpof=true&sd=true
Ficha de trabalho do grupo 3, acessar aqui: :
https://docs.google.com/document/d/1F2VGbVMb4RYS4YF8izgmTcME3_L
NnoCG/edit?usp=sharing&ouid=108071643750690264475&rtpof=true&sd=t
rue
Ficha de trabalho do grupo 4, acessar aqui:
https://docs.google.com/document/d/1VemfR4-
C9ZQSMzckF7V7O6YWxu40kORT/edit?usp=sharing&ouid=108071643750
690264475&rtpof=true&sd=true
Leituras Recomendadas
Baptista, M. A., Viana, F. L., & Barbeiro, L. F. (2011). O Ensino da Escrita: Dimensões
Gráfica e Ortográfica (pp. 9-10; 49-104). Lisboa: Ministério da Educação:
Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular - PNEP.
Barbeiro, L. (2007). Aprendizagem da ortografia: princípios, dificuldades e problemas
(pp. 30-34; 41-122). Porto: ASA Editores, S.A.
Leite, K. M. (2007). (Orto)grafia e revisão textual: os impasses da correção. Em A. d.
Silva, A. G. Morais, & K. L. Melo, Ortografia na sala de aula (pp. 109-124).
Belo Horizonte: Autêntica.
Lopes, A. M., Carvalho, J. M., & Machado, M. J. (2010). Ortografia: sons, fotografias
mentais e dialectos. Em Í. S. Pereira, O ensino do português no 1.º ciclo do
ensino básico: Construção de saberes profissionais no contexto do PNEP e do
novo programa de português (volume 2) (pp. 39-58). Braga: Instituto de
Educação da Universidade do Minho - Serviço de Publicações.
80
Melo, K. L. (2007). Refletindo sobre a ortografia na sala de aula. Em A. d. Silva, A. G.
Morais, & K. L. Melo, Ortografia na sala de aula (pp. 77-94). Belo Horizonte:
Autêntica.
Morais, A. G. (2007). A norma ortográfica do português: o que é? para que serve? como
está organizada? Em A. d. Silva, A. G. Morais, & K. L. Melo, Ortografia na
sala de aula (pp. 11-28). Belo Horizonte: Autêntica.
Rego, L. L. (2007). O aprendizado da norma ortográfica. Em A. d. Silva, A. G. Morais,
& K. L. Melo, Ortografia na sala de aula (pp. 29-44). Belo Horizonte:
Autêntica.
81
Unidade II: Compreensão e Produção Textual
82
2.1 Texto: Tipologia e géneros.
Actividades de Aprendizagem:
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte
a elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as à luz do que
aprendeu:
1. O que é um texto? 2. Que propriedades ou características tem um texto, para que seja
considerado texto e não um conjunto de frases? 3. O que entende por tipos e géneros
textuais? Exemplifique. Como se relacionam entre si? 4. Que importância atribui à
aprendizagem de tipos e géneros textuais?
83
O texto está sempre presente em uma aula de Língua Portuguesa no Ensino
Primário como suporte de ensino e aprendizagem dos mais variados domínios
de aprendizagem da Língua. Além disso, está transversalmente presente em
todos os restantes domínios curriculares. Por conseguinte, o texto é um instrumento
essencial na aprendizagem escolar. Logo pergunta-se, o que é o texto?
Propriedades da textualidade
84
e do receptor (alocutário). Esta propriedade relaciona, assim, um texto concreto com a
memória textual colectiva, a memória de um grupo ou de um indivíduo específico
Leia e analise o excerto e diga com o que concorda, com o que discorda, e
porquê.
24
As tipologias textuais são também designadas de modos de organização do discurso ou sequências textuais. “A expressão modo de
organização do discurso é utilizada para designar uma espécie de sequência teoricamente definida pela natureza linguística de sua
composição (aspectos lexicais, sintácticos, tempos verbais, relações lógicas) e pela função que desempenha no conjunto que é o texto”
(Pereira, Pinilla, & Costa, 2006, p. 31) Já uma sequência textual é um fragmento de texto dotado de alguma autonomia no âmbito do
texto em que se insere, e constituído por segmentos prototípicos correspondentes a diferentes fases que são inerentes a essa sequência
(Silva, 2012).
25 In Chamuhongo, A., & Carvalho, F. V. (2018). Língua Portuguesa 2.ª Classe. Luanda: Editora Moderna.
86
Era um verdadeiro anão. O seu fato era de
fazenda verde, as botas de coiro castanho.
À roda da cintura trazia um cinturão com
um punhal de prata e na cabeça um gorro
verde como o seu fato e enfeitado com
uma pena de pássaro.26
A malária é uma doença parasitária
infecciosa transmitida pela picada da
fêmea do mosquito Anopheles e causada
por protozoários parasitários do género
Plasmodium. A malária é endémica em
vários países tropicais, sendo
potencialmente fatal se não tratada
atempadamente.27
Os problemas de trânsito actuais de
qualquer grande cidade são motivos de
vários transtornos a seus cidadãos. Na
cidade de Luanda, isso não é diferente e
assume contornos dramáticos, em meio às
obras por que passa a metrópole. Os
engarrafamentos se dão em escala
gigantesca, paralisando veículos, a
produção e a vida das pessoas.28
- Bibliotecário: Bom dia, jovem!
– Usuário: Bom dia. Preciso de ajuda para
encontrar um livro.
– Bibliotecário: sobre qual assunto?
– Usuário: verbos, quero resolver uma
tarefa de Língua Portuguesa.
87
– Bibliotecário: para isso você precisa de
uma gramática.
– Usuário: sim, é isto mesmo, preciso de
uma gramática.
Pudim de leite moça29
Ingredientes:
1 lata de leite moça
2 ovos
1 lata de água (a mesma de onde saiu o
leite moça)
Modo de fazer:
Bate o leite com os ovos. Acrescenta-lhe a
água e volta a bater. Barra a forma de
pudim com caramelo (açúcar derretido).
Deita o líquido na forma untada e vai a
cozer em banho-maria
29 In. Mesquita, H., & Gama, M. (2018). Língua Portuguesa 6.ª Classe. Luanda: Editora Moderna.
88
Em grupo, realize as seguintes actividades:
89
realização de uma tarefa. Predominam sequências
do tipo instrucional ou injuntivo.
Género textual caracterizado pela a existência de
um emissor (remetente) e um receptor
(destinatário), com fim de compartilhar
informações de interesse comum ou individual. Na
carta pode predominar todos tipos de sequências.
91
2.2 Compreensão textual
Actividades de Aprendizagem:
92
1. O que compreendeu? √
1.1. Escolha uma ou duas passagens que compreendeu bem. Como fez para compreender?
(anote)
2. O que não compreendeu? X
2.1. O que fez para resolver esses problemas? (anote)
2.2. O que ficou por compreender? XX
93
94
95
Desenvolvimento dos conteúdos
2. Tendo em conta o que experienciou ao ler o texto Paracetamol (e não só), o que entende
por compreensão textual?
3. A experiência leitora do texto Paracetamol permite concluir que a compreensão textual
se caracteriza por um processo cognitivo bastante complexo, em função: (i) do seu
caracter socioculturalmente situado; (ii) da exigência colocada ao leitor do ponto de vista
linguístico (ex.: vocabulário, género/tipo texto; expressões técnicas e científicas), do
conhecimento enciclopédico (e cultural, específico/técnico-científico) e procedimental
(ex.: inferir a intenção do autor), etc...
Comente esta afirmação. Na sua opinião, que outros factores podem facilitar e/ou
dificultar o processo de compreensão textual?
Em grupo:
96
97
Níveis de compreensão
A compreensão da leitura integra diferentes níveis de construção de
significados, que possuem exigências distintas e que convocam processos
também distintos. Do ponto de vista didáctico, é consensual a consideração de quatro
níveis de compreensão (Viana & Ribeiro, 2020b): a compreensão literal, a compreensão
inferencial, a reorganização da informação e a compreensão crítica.
Texto
Uma boa ideia
Hoje, caiu mais um dente à Luísa. Depois de o lavar, ela foi pô-lo debaixo da
almofada. No dia seguinte, no lugar do dente ia estar uma moeda de um euro. Já
tinha cinco euros numa caixa, deixados pela fada dos dentes.
O irmão, que tem 3 anos, bem puxava os dentes, mas eles não saíam. Como
também queria ter moedas, teve uma ideia. Pegou num garfo e foi pô-lo debaixo
da almofada.
Corina de Sousa, texto inédito, maio de 2018.
30
Adaptado de Viana & Ribeiro (2020b)
98
Perguntas de compreensão do texto
i Qual foi a ideia que o irmão da Luísa teve?
ii Por que razão o irmão da Luísa puxava os dentes?
iii Quantos dentes já tinham saído à Luísa?
iv Por que razão o irmão da Luísa terá posto um garfo debaixo da almofada
e não outra coisa qualquer?
v Achas que o irmão da Luísa era um menino inteligente? Porquê?
3. Volte ao texto Paracetamol e dê exemplos dos diferentes níveis de compreensão a que
recorreu para construir os significados do texto (use extractos do texto para sustentar os
seus exemplos).
Procure no texto e esquema abaixo algumas respostas a estas duas perguntas: (i)
o que é compreender um texto? (ii) O que envolve?
A compreensão pode ser vista como o processo de uso das experiências prévias e das
pistas do autor para construir um conjunto de significados que são úteis para o indivíduo
que está a ler num contexto sociocultural específico. Este processo envolve o
entendimento e a memória selectiva de ideias Figura 9: Modelo actual de compreensão
textual (Giasson, 1993, p. 21)
em períodos escritos, a inferência de relações
entre orações e períodos, a organização dessas
ideias noutras que as organizam e a realização
de inferências não necessariamente pretendidas
pelo autor. Estes processos trabalham
conjuntamente e podem ser controlados e
ajustados pelo leitor sempre que requerido
pelos seus objectivos de leitura (processos
metacognitivos) e pela situação de compreensão (Cf. Figura 9).
99
Figura 10: Processos de compreensão: o modelo de Irwin (2007) (Fonte: Pereira., 2022b)
Processos Elaborativos: estes processos são os que permitem aos leitores ir para além
do texto, efectuar inferências não efectuadas pelo autor, questionar e criticar o texto, isto
é, os processos elaborativos são activados aquando da construção de significados
100
permitidos, mas não exigidos, pelo texto. Envolvem subprocessos como (i) antecipação
de significados; (ii) mobilização de conhecimentos e experiências pessoais; (iii) formação
de imagens mentais (visualização mental); (iii) reacção afectiva; e (iv) o raciocínio ou
apreciação crítica subprocessos: (i) a identificação das ideias principais; (ii) o resumo; e
(iii) a compreensão da estrutura textual (Giasson, 1993; Pereira, 2022b);
Actividade 1.
1. Marcação das unidades de sentido (/O urso de peluche / queria /fugir do pequeno baú
/ de onde/ os meninos da casa/ se esqueceram de /o tirar/ vinte anos antes. Vs O urso de /
peluche queria fugir do pequeno/ baú de onde/ os meninos /da casa…)
2. Frases desordenadas.
3. Onde está o joker? Consiste em levar os alunos a encontrar uma palavra/ sintagma
intrusa numa frase ou frase intrusa num texto
Actividade 2.
1. Substituição de todos os termos anafóricos pelos seus antecedentes. “O Professor,
irritado, ameaçou abandonar o ensaio, voando para junto da Sementinha, que continuava
embalada pelos dois chapins. Muito baixinho, para que os outros não a ouvissem, a
Sementinha sussurrou-lhe…”
2. Completar com o pronome correcto:
101
“Na semana passada, a mulher do Sr. Silva, Lídia, teve um acidente. O filho mais novo,
António, estava em casa quando isso aconteceu. _____ tinha-se empoleirado num banco
para tirar a lata das bolachas que _____ pedira. Talvez devido ao encerado, o banco
escorregou e _____ caiu, torcendo o pé. Quando o _____ chegou do trabalho, estava
muito aflito.”
3. Exercícios de ligação: os alunos têm de assinalar que palavras são co-referentes: “Por
volta de 1859, 100.000 ocidentais tinham alcançado Pikes Peak nas Rochosas. Tinham
tido conhecimento desta montanha através de um velho índio. Muitos tinham deixado, na
costa, as suas famílias ou todos os seus bens. Alguns queriam enriquecer.”
Actividade 3
1. De manhã constatámos que diversas árvores tinham sido arrancadas pela raiz e que
outras estavam sem ramos. O que é que provocou esta situação?
2. Saímos do carro, tiramos as nossas coisas, o Roberto pegos no guarda-chuva.
Como está o tempo?
3. Logo que a lâmpada do pórtico se apagou, a escuridão foi total.
Em que momento se passa a cena?
Actividade 4
1. Dá um título ao texto.
2. Escolhe uma frase que melhor indica o assunto do texto.
3. Escolhe o melhor resumo para o texto.
Actividade 5
Completa a tabela com informações do texto:
Os planetas do Sistema Solar
Mais perto do Maior que a Tem uma lua Tem anéis
sol do que da terra
terra
Terra
Júpiter
Marte
Mercúrio
Neptuno
Platão
Saturno
102
Urânio
Vénus
Actividade 6
1. Diz tudo o que sabes acerca das abelhas antes de ler o texto.
2. Se fosses esta personagem, como te sentirias?
3. Terias agido de forma diferente se tivesses entrado na história?
4. Desenha a casa da personagem da história.
5. Será que esta notícia diz toda a verdade? Procura outra notícia noutro jornal e compara.
Identifica diferenças e semelhanças.
Actividade 7
1. Rodeia as palavras novas no texto.
2. Sublinha as partes mais importantes.
103
Barrera, S. D. (2019). Níveis de compreensão da leitura: Pressupostos teóricos e
implicações pedagógicas. Em S. R. Guimaraes, & F. V. Paula, Compreensao
da leitura: processos cognitivos e estrategias de ensino (Vol. II, pp. 53-68). São
Paulo: Vetor.
Giasson, J. (1993). A compreensão na Leitura (pp. 15-44; 59-216). Porto: Edições Asa.
Roazzi, A., Hodges, L., & Nobre, A. (2019). Compreensao de textos e seus processos:
para uma didatica da compreensao. Em S. R. Guimaraes, & F. V. Paula,
Compreensão da leitura: Processos cognitivos e estratégia de ensino (pp. 17-
40). São Paulo: Vetor.
Sim-Sim, I. (2007). O que os professores precisam de saber sobre o processo de
compreensão da leitura. Em I. Sim-Sim, O Ensino da Leitura: A Compreensão
de textos (pp. 7-14). Lisboa: Ministério da Educação/Direcção-Geral de
Inovação e de Desenvolvimento Curricular/PNEP.
Viana, F. L., & Ribeiro, I. (2020a). Como a capacidade linguística, o conhecimento
geral, as estruturas cognitivas e afetivas do leitor influenciam a compreensão
da leitura (pp. 1-4). Leitura-Escrita-Recursos.
Viana, F. L., & Ribeiro, I. (2020b). Compreensão da leitura (pp. 1-10). LER: Leitura-
Escrita-Recursos.
104
2.2.1 Ensino da compreensão de texto
Actividades de Aprendizagem:
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte
a elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as à luz do que
aprendeu:
1. Em que consiste o ensino da compreensão textual? Como se realiza? Que estratégias
pode o leitor utilizar no processo de compreensão textual? Que princípios pedagógicos o
professor deve ter em conta no ensino da compreensão? Qual é a importância do ensino
explícito da compreensão?
Desenvolvimento dos conteúdos
105
Em grupo:
1. Leia e analise atentamente o seguinte (excerto de) texto, e responda: a)
Qual a ideia principal que está a ser transmitida? Justifique.
31
Actividade adaptada de (Pereira Í. S., 2022b)
106
Leia e analise o seguinte excerto e diga: com o que concorda, com o que
discorda, e porquê.
107
Analise, em grupo, a proposta de compreensão apresentada abaixo e responda
às seguintes questões:32
a) Que níveis de compreensão são solicitados no trabalho proposto?
Justifique.
b) Que processos e subprocessos de compreensão são activados/ praticados?
Justifique.
c) Qual a sua opinião sobre esta prática/actividade de compreensão? Justifique.
Obs.: Ao justificar as suas respostas recorra a exemplos concretos da actividade de
compreensão proposta.
Texto
Era uma vez uma borracha que quase deixou, por assim dizer, de apagar. Ela que dantes
apagava tão bem! Risco de lápis, risco de tinta, nada lhe escapava. E agora aquele
cansaço, sem saber porquê. De que seria?
A borracha foi ao médico. (...).
- Mas a senhora apagou imenso, ao que sei – disse-lhe o médico. – Uma vida inteira a
apagar esgota qualquer um.
- Não aprendi a fazer outra coisa... – respondeu-lhe muito queixosa a borracha.
- Pois agora descanse que está com um esgotamento. Precisa de férias – recomendou-lhe
o médico. – A senhora está num risco muito grande. (...) Resguarde-se. É um aviso. Senão,
apaga-se de vez!
Que horror! Para que tal não aconteça, a borracha repousa agora na minha secretária, a
ver os riscos que eu vou traçando no papel. E, para não perder o treino, lá lhe consinto
que apague um pontinho aqui, um pontinho ali. Vão ver que qualquer dia já está boa outra
vez.
A. Torrado, in Da Rua do Contador à Rua do Ouvidor
Ficha de trabalho
1. No início do texto ficaste a conhecer a borrachinha. Como era ela? Assinala a(s)
resposta(s) mais ajustada(s).
. muito activa ___
. gulosa ___
. responsável ___
. trapalhona ___
32
Actividade adaptada de Pereira (2021a).
108
- Explica as tuas escolhas.
2. Responde agora às seguintes perguntas.
2.1. A borrachinha teve um problema. Qual foi?
2.2. O que quis o autor dizer com a expressão: “apaga-se de vez”?
2.3. O que decidiu fazer para resolver o seu problema?
2.4. Qual foi a solução?
2.5. A solução encontrada deu resultado? Por que pensas isso?
3. Usa as tuas respostas à pergunta 2 e escreve o texto que escutaste.
4. Dá um título a esta história.
5. Conheces alguém que se tenha sentido como esta borracha? E tu, já alguma vez te
sentiste muito cansado? Se sim, como se resolveu essa situação?
6. O que de importante nos ensina esta pequena história?
7. Houve alguma coisa que não compreendeste? Se sim, tenta resolver essa dificuldade
com um colega.
Leia e analise o (excerto de) texto e preencha os espaços vazios com as seguintes
palavras/expressões: compreensão; ensino explícito; informação;
desenvolvimento; leitura; auto-monitorização; capacidades metacognitivas;
compreensão; estratégias; objectivo texto. *
Leia e analise o seguinte excerto e diga com o que concorda, com o que descorda e porquê.
111
• Dificuldade na compreensão de uma • Quando não compreenderam o
palavra sentido de uma palavra
a) nova a) ler o que está perto da
b) conhecida, mas que não faz palavra-problema
sentido naquele contexto b) levantar hipóteses sobre esta
• Dificuldade na compreensão de uma palavra a partir do contexto
frase c) observar os elementos
a) não se encontra o seu sentido morfológicos
b) só se encontra um sentido muito d) servir-se do dicionário
vago (físico/digital)
c) encontram-se vários sentidos e) pedir ajuda a alguém
d) o seu sentido contraria os • Quando o problema é relativo à ideia
conhecimentos prévios a) ignorar e continuar a ler,
• Dificuldade em compreender a relação talvez esta informação não
existente entre duas ou mais frases seja importante
a) o sentido de uma contraria o de b) suspender a avaliação: talvez
outra mais tarde se venha a
b) não se encontra qualquer relação clarificar
entre elas c) formular uma hipótese, a ser
c) encontram-se várias relações testada à medida que se
possíveis avança na leitura
• Dificuldade em compreender o texto d) reler a(s) frase(s), tentando
a) não se compreende a razão de outra hipótese
certos episódios/passagens e) reler o contexto anterior,
b) não se compreendem as voltar atrás, ler o título, as
motivações das personagens ilustrações
c) não se alcança a razão profunda f) recorrer a uma fonte externa,
do texto porque simplesmente não faz
sentido.
113
Paula (Orgs.), Compreensao da leitura: processos cognitivos e estrategias de
ensino (Vol. II, pp. 157-174). São Paulo: Vetor.
Pereira, Í. S. (2020). Boas Conversas: A Leitura partilhada como área de investigação
(pp. 50-59). Entreler. Revista Digital 0.
Viana, F. L., & Ribeiro, I. (2020). A autorregulação da compreensão durante a leitura
e o ensino explícito de estratégias (pp. 1-3). LER: Leitura-Escrita-Recursos.
Viana, F. L., Ribeiro, l., Santos, S., & Cadime, I. (2019). Ensinar a compreender:
perspectivas e propostas. Em S. R. Guimaraes, & F. V. Paula (Orgs.),
Compreensao da leitura: processos cognitivos e estrategias de ensino (Vol. II,
pp. 175-197). São Paulo: Vetor.
114
2.2.2 Ensino da compreensão de vocabulário novo
Actividades de Aprendizagem:
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte
a elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as a luz do que
aprendeu.
1. Que importância tem o domínio do vocabulário na compreensão do texto? 2. Que
importância tem o ensino do vocabulário no ensino da compreensão, fundamentalmente
no ensino primário? 3. Que estratégias pode o professor utilizar para ensinar o
vocabulário?
Desenvolvimento dos conteúdos
115
visto antes, o ensino do vocabulário é incontornável/necessário e crítico no ensino da
compreensão durante o ensino primário (Pereira, 2022b). Comente esta afirmação. *
Algumas estratégias de descoberta do significado de palavras novas, que devem ser alvo
do ensino explícito por parte do professor, caracterizam-se por partir do contexto para
descobrir o significado da palavra (a-c), outras seguem o caminho inverso, partindo da
análise da palavra para o contexto (d-f), como listadas abaixo:
Diferentemente dos objectivos anteriores, que têm uma natureza procedimental, este
objectivo é de natureza atitudinal, já que o que se pretende é que os alunos desenvolvam
o gosto pelo conhecimento lexical. À partida, a sua consecução não exige estratégias
específicas, podendo realizar-se através das acima listadas e outras que o professor
determine.
Actividade33
Texto
Atum
O termo vulgar "atum" diz respeito a várias espécies que têm em comum o facto de
pertencerem ao género Thunnus, pertencente à família Scombridæ, da qual também
fazem parte a vulgaríssima cavala (Scomber japonicus) e a
sarda (S. scombrus).
33
Actividade adaptada de (Pereira Í. S., 2022b)
117
dimensões são atingidas principalmente pelos mais velhos, quando ultrapassam os 15
anos de idade (a idade máxima registada é de 24 anos).
Adaptado
1. Sabes o que significa a palavra migrações? Repara nas definições que encontras abaixo,
retiradas de um dicionário, e, de acordo com o contexto, assinala a correcta.
a) adj que faz milagres, milagroso; s m aquele que faz milagres ou que a si mesmo
atribui essa faculdade.
b) s.f. acto de migrar; ida de um país para outro; viagens periódicas que fazem certas
espécies de animais.
c) adj. que acontece ou aparece com intervalos regulares.
118
2. Elaborar rotas das migrações do atum. Localizar os mares por onde passa.
a) s.f. parte da biologia que estuda as relações dos seres vivos com o ambiente.
b) adj. que rodeia os corpos por todos os lados; s.m. meio social em que se vive;
conjunto de coisas que nos cercam.
c) s.m. sistema ecológico; conjunto formado por um meio ambiente e os seres vivos
que, em relacionamento mútuo normal, ocupam esse meio.
4. Repara na palavra “desova”. Que outra palavra se pode encontrar dentro desta?
4.1. Identifica o prefixo da palavra e pensa noutras palavras que também têm esse prefixo.
[alternativa: dar um conjunto dessas outras palavras]
4.2. Que significado tem esse prefixo nessas palavras? Assinala com um X o que
considerares correcto.
a) aproximação.
b) separação, acção contrária.
c) dificuldade.
5.1. De que outras pistas te podes servir para tentar descobrir o significado?
119
Volte às suas respostas às perguntas feitas antes do estudantes;
desenvolvimento do tema, com base nos conteúdos abordados, textos
analise-as e reflita sobre as novas aprendizgens que construiu autênticos,
respondendo as seguintes questões: 1- O que sabia? 2- O que aprendeu? tarefas.
3- Como aprendeu? 4- O que gostaria de aprender melhor?
Em grupo, analise as propostas de compreensão de um texto
num manual do ensino primário. E responda:
1. A proposta prevê o ensino do vocabulário? Se sim, que
estratégias de são visadas? 2. Proponha a sua reformulação.
Leituras Recomendadas
Duarte, I. (2011). O conhecimento da língua: Desenvolvimento da consciência lexical.
Lisboa: Ministério da Educação: Direcção-Geral de Inovação e de
Desenvolvimento Curricular - PNEP. pp. 9-12; 57-74; 93-98
Giasson, J. (1993). A compreensão na Leitura (pp. 253-282). Porto: Edições Asa.
Guimarães, S. R., Minatel, M. Q., & Oliveira, T. G. (2019). O processo de ensino-
aprendizagem da compreensão leitora: O papel do vocabulário e das habilidades
morfológicas. Em S. R. Guimarães, & F. Paula, Compreensão da leitura:
Processo cognitivos e estratégia de ensino (Vol. II, pp. 107-134). São Paulo:
Vetor.
120
2.3 A produção de texto
Conteúdos:
Actividades de Aprendizagem
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte
a elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as à luz do que
aprendeu:
O que entende por produção textual? Que conhecimentos e competências o aluno deve
possuir/desenvolver para produzir um texto? Que processos estão implicados na produção
textual?
Desenvolvimento dos conteúdos
121
A produção do texto escrito constitui um processo complexo que requer a
mobilização de diversas competências, e, dada a funcionalidade e relevância
académica e social da comunicação escrita, o ensino da produção de texto deve
ser iniciado logo nos primeiros anos de escolarização (Ribeiro, 2022).
Complexidade e relevância académica e social são as principais razões por que a
escola deve ensinar a produzir textos (no modo oral e no modo escrito), tornando
os alunos capazes de produzir textos que lhes dêem acesso às múltiplas funções
que a escrita desempenha na sociedade. Isso implica que o trabalho a realizar
deverá incidir sobre as competências a serem activadas para a produção textual, e
deverá combinar a aquisição de competências específicas a aplicar pelo aluno no
momento da produção textual (Barbeiro & Pereira, 2007).
34
Cf. Tema ensino da ortografia
122
2. Leia e analise o seguinte texto escrito por um aluno da 3ª classe e responda: i. Que
conhecimentos e competências necessários à produção textual precisa o aluno de
desenvolver? Justifique com exemplos do texto.
Em grupo:
Etapa da
produção Características
textual
123
Consiste na reapreciação do resultado da textualização antes da versão
final do texto. Implica correcções e reformulações, com o objectivo de
clarificar algum aspecto de conteúdo, desenvolvendo algum ponto ou
eliminando informação irrelevante e repetições, e /ou de corrigir a forma.
Neta etapa, o aluno, enquanto avalia o seu próprio trabalho, desenvolve a
sua consciência sobre o processo de escrita, o que ocorre igualmente
quando o professor realiza o ensino explícito (Ribeiro, 2022). Pode ser
feita: (i) imediatamente pelo próprio aluno ou diferida no tempo
(distanciada); (ii) por pares (turma ou colega de carteira), que pode ser
directa ou indirecta, supervisionada pelo professor; (iii) através de uma
lista de itens de verificação, a lista pode ser dada pelo professor ou
construída com os alunos.
Nesta fase, as ideias planificadas tornam-se texto – ganham textualidade,
isto é, as ideias aparecem organizadas em períodos e parágrafos mediante
o emprego de estratégias linguísticas que asseguram a coesão e a coerência
de um enunciado verbal, que objectiva a comunicação (Ramos, 2022;
Ribeiro, 2022). Implica explicitação do conteúdo, formulação linguística,
articulação linguística (Barbeiro & Pereira, 2007), alem disso, nesta etapa
dá-se, de uma forma mais profunda, a activação das competências
compositiva, ortográfica e gráfica.
Esta etapa consiste na definição conteúdo do texto (tema, assunto, etc),
finalidades e destinatários ou leitores eventuais, género do texto adequado
(carta, notícia, conto, poesia…). Exige a activação do conteúdo
relacionado com o tema proposto e da selecção e organização da
informação em ligação à estrutura do texto, de forma programar a própria
realização da tarefa e a se ultrapassar a tendência para a mera acumulação
de ideias (Barbeiro & Pereira, 2007; Pereira & Azevedo, 2005; Ribeiro,
2022).
124
2. Analise a seguinte ficha de trabalho, e faça uma apreciação da mesma à luz do estudado
nesta temática.
125
126
Actividade de auto-avaliação Recursos
Após o desenvolvimento dos conteúdos: Registos
Volte às suas respostas às perguntas feitas antes do dos
desenvolvimento do tema, com base nos conteúdos abordados, estudantes;
analise-as e reflita sobre as novas aprendizgens que construiu textos
respondendo as seguintes questões: 1- O que sabia? 2- O que aprendeu? autênticos,
3- Como aprendeu? 4- O que gostaria de aprender melhor? tarefas.
Actividades para realizar em grupo
1. Analise o manual de Língua Portuguesa e seu respectivo
programa, e identifique: objectivos e actividades
relacionados a produção textual.
2. Faça uma apreciação crítica sobre os resultados obtidos, a luz do que
foi abordado ao longo do desenvolvimento do tema. Que conclui? Qual a
sua opinião?
3. Escolha umas das actividades e faça apreciação crítica da mesma. Obs.:
Modo de organização do trabalho
Grupo 1 – Programa e manual da 2.ª Classe;
Grupo 2 – Programa e manual da 3.ª Classe;
Grupo 4 – Programa e manual da 4.ª Classe;
Grupo 5 – Programa e manual da 5.ª Classe;
Grupo 6 – Programa e manual da 6.ª Classe.
Leituras Recomendadas
Baptista, M. A., Viana, F. L., & Barbeiro, L. F. (2011). O Ensino da Escrita:
Dimensões Gráfica e Ortográfica (pp. 9-10; 49-104). Lisboa: Ministério da
Educação: Direcção-Geral de Inovação e de Desenvolvimento Curricular -
PNEP.
Barbeiro, L. F., & Pereira, L. Á. (2007). Ensino da Escrita: A Dimensão Textual (pp.
7-30). Lisboa: Ministério da Educação: Direcção-Geral de Inovação e de
Desenvolvimento Curricular - PNEP.
Pereira, L. Á., & Azevedo, F. (2005). Como abordar a escrita no 1º ciclo do Ensino
Básico (pp. 32-55). Porto: Areal Editores.
127
2.3.1 O ensino (explícito) da produção textual: procedimentos pedagógicos
Conteúdos:
Actividades de Aprendizagem:
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte
a elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as à luz do que
aprendeu:
Como ensinar (explicitamente) a produção textual? / Que estratégias pedagógicas usar?
Desenvolvimento dos conteúdos
129
• Ciclo de Escrita35
O Ciclo de escrita possibilita a aprendizagem sistematizada das fases do
processo de escrita (planificação, textualização e revisão). Desenvolve-se ao
longo de várias fases: mobilização do conhecimento prévio, recolha e selecção da
informação, organização da informação em função da instrução de escrita, redacção do
texto solicitado e correspondente revisão de acordo com as funções atribuídas ao texto
produzido (Barbeiro & Pereira, 2007). Cf. Figura 11.
Em grupo:
35
O ciclo de escrita tem início em desempenho de funções, o que tem que ver com o aspecto ‘acção sobre o contexto dos escritos.
130
organização da informação: agrupar os elementos seleccionados por categorias; criar
esquemas ou mapas de ideias; estabelecer o plano de texto (Ribeiro, 2022).
2. Volte à ficha de trabalho que visa desafiar os alunos a escrever um relatório (ficha de
trabalho analisada no tema ‘A produção textual’) e diga se a mesma favorece o ensino
explícito das etapas da produção textual. Justifique.
3. E se os alunos que vão escrever o relatório não conhecessem este género textual. como
se poderia fazer?
• Sequência Didáctica
131
Figura 12: Estrutura de uma sequência didáctica (Barbeiro & Pereira, 2007, p. 38)
• que o aluno, ao confrontar o texto por ele produzido com outros do mesmo
género textual, elaborados por bons escritores, se aperceba das suas falhas e,
por consequência, da utilidade do trabalho que vai ser realizado, nos diversos
módulos, ao nível das competências envolvidas no género textual em causa.
• Módulos: são constituídos por várias actividades ou exercícios, que facultam aos
alunos os conhecimentos explícitos necessários para a produção de um
determinado género textual. Os módulos regem-se por dois princípios:
132
• Produção final: texto produzido pelos alunos, após a realização dos módulos.
Pode ocorrer o regresso à produção inicial e o seu aperfeiçoamento, o que é
normal. A produção deste texto final permite:
A produção final é que deve ser objecto de avaliação sumativa (embora deva ter em conta
o percurso efectuado pelo aluno).
• Caderno de escrita
Constitui uma prática de incentivo à produção textual por iniciativa própria, de forma a
se desenvolver uma relação positiva e pessoal com a escrita. O aluno escreve o que quiser,
como, onde e quando quiser. É recomendável que a produção do aluno seja partilhada e
apreciada pela turma, favorecendo a detecção de problemas de escrita e o exercício de
revisão (Barbeiro & Pereira, 2007; Ribeiro, 2022). Estimular a escrita por prazer! (Cf.
Figura 13).
Figura 13: Abordagem sequencial para o uso do caderno de escrita (Barbeiro & Pereira,
2007, p. 44)
133
Objectivo - Cinco aulas de 1 hora cada.
Recursos da aula:
- Aprender a escrever uma entrevista;
- Exemplos do género textual entrevista
- Realizar pequenas entrevistas;
(revistas, jornais, folhas impressas);
- Organizar um texto baseado nos dados
- Quadro ou cartazes;
colectados durante a entrevista para
- Folha de papel impressa;
escrever uma entrevista
Público-alvo: Alunos da 5ª e 6ª classe.
Duração das actividades:
Sequência didáctica – género textual entrevista
Etapas Actividades a desenvolver-modo de organização das actividades
• Explicar aos alunos que conhecerão um género de texto muito importante
que serve para colectar dados, a entrevista;
• Dizer aos alunos que durante cinco aulas vão entrevistar o director local do
Apresentação Instituto de Desenvolvimento florestal e alguns funcionários deste
da situação organismo sobre “A importância económica das plantas” (tema a ser
abordado nas aulas de ciências da natureza, e que como produção final a
turma deverá elaborar uma pequena revista contendo um ou mais textos
produzidos durante as entrevistas;
• Por meio de cartazes ou recursos multimídia, apresente-se aos alunos uma
pequena entrevista retirada de um jornal, revista ou da internet. Se possível,
apresente-se também entrevistas veiculadas na televisão ou no rádio;
• Posteriormente, questiona-se os alunos: conhecem esse género de texto?
onde podem encontrá-lo? Sobre o que ou quem falava o texto? O que contém
esse género textual?
• Em seguida, formam-se grupos de no máximo três alunos (o grupo
Produção
trabalhará junto até o final da sequência didáctica) e distribui-se para cada
inicial
grupo um exemplo de entrevista.
• Pede-se aos alunos para anotarem as características que perceberam no
género textual. (Ex: perguntas e respostas/ tipo de texto dialogal, pontuação,
tipo de linguagem, etc.).
• Verifica-se com toda a turma as características percebidas nos exemplos de
entrevistas analisados e regista-se no quadro ou em um cartaz para que sejam
visualizadas durante toda a produção. Se necessário, o(a) professor(a)
134
acrescenta as características que não foram citadas (título, apresentação,
perguntas e respostas), levando-os a perceberem-nas no texto em mãos.
• O professor relembra as características registadas após a análise dos textos,
entregando novamente os exemplos trabalhados para os grupos de três
alunos.
Módulo 1 • O professor ajuda os alunos a formular e organizar as perguntas a serem
feitas nas entrevistas, e diz aos alunos como deverão se proceder.
• No dia marcado, realiza-se a entrevista, que será gravada e depois transcrita
pelos próprios alunos.
• Orienta-se os grupos quanto à necessidade de a produção textual obedecer
às características do género trabalhado, i.e., que a entrevista deverá
Módulo 2 conter título, apresentação, perguntas e respostas, organização.
• Ao final das produções, pede-se que cada grupo leia a entrevista realizada.
• Recolhe-se as entrevistas e faz-se a correcção das mesmas.
• Devolve-se as folhas corrigidas para que se façam as adequações apontadas.
• Organizam-se as entrevistas para a publicação.
• Cria-se com a turma a capa para a revista na qual serão publicadas todas as
Produção
produções.
Final
• Em seguida, o(a) professor(a) compila os trabalhos na revista e disponibiliza
a produção textual para toda a escola em um cartaz ou mural com a
identificação da turma.
136
questões: 1- O que sabia? 2- O que aprendeu? 3- Como aprendeu? 4- O que autênticos,
gostaria de aprender melhor? tarefas.
1. Em grupo, elabore uma sequência didáctica para ensinar os
alunos a escrever um género textual a sua escolha.
Leituras Recomendadas
Barbeiro, L. F., & Pereira, L. Á. (2007). Ensino da Escrita: A Dimensão Textual (pp. 31-
50). Lisboa: Ministério da Educação/Direcção-Geral de Inovação e de
Desenvolvimento Curricular/PNEP.
Pereira, L. Á., & Azevedo, F. (2005). Como abordar a escrita no 1º ciclo do Ensino Básico
(pp. 56-102). Porto: Areal Editores.
Spinillo, A. G., & Correa, J. (org.) (2019). A escrita de textos por crian<;as: Iimites,
possibilidades e implicações educacionais (1ª ed., Vols. A criança, a leitura e a
escrita; v. 3 pp. 43-104; 151-192). São Paulo: Vetor.
137
Unidade III: Ensino da Gramática
138
3.1 Da gramática implícita ao conhecimento explícito, passando pela gramática
normativa
Resultados de Aprendizagem:
• Distinguir e compreender os múltiplos sentidos (tipos) da gramática: implícita,
explícita e normativa;
• Diferenciar o conhecimento explícito do conhecimento implícito da língua;
• Compreender os fundamentos do ensino da gramática, indicando as razões e as
finalidades a atingir com esse ensino;
• Desenvolver capacidades/competências para conceber e analisar criticamente
tarefas/actividades ou propostas pedagógicas para ensino (explícito) da gramática.
Recursos: (Excertos de) textos; casos; esquema; exemplos autênticos (textos/exemplos
produzidos pelos próprios estudantes e ou pelo professor) …
Actividades de Aprendizagem:
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte a
elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as à luz do que aprendeu:
1. Para si, o que é a gramática? 2. Porque deve ser ensinada na escola? 3. Com que finalidades?
Desenvolvimento dos conteúdos
Em grupo:
140
em situações concretas de uso oral e escrito da língua (por exemplo, informar, persuadir,
exprimir um desejo ou um ponto de vista) (Duarte, 2008, p. 17).
b)
Figura 14: A transição do conhecimento implícito para o conhecimento explícito da língua (Silva & Silva, 2022).
141
Razões para o ensino da gramática (Duarte, 2008)
Em grupo, leia e comente os (excertos de) textos abaixo. Procure ilustrar com
exemplos.
• Para se atingir um nível elevado de desempenho nas competências ouvir, falar,
ler e escrever, é necessário um conhecimento da língua extenso e profundo que, em
grande medida tem de ser explícito;
• Parte substancial das aprendizagens escolares faz-se através da leitura e uma parte muito
significativa da avaliação exige textos escritos; sendo o conhecimento explícito um
factor de sucesso na aprendizagem da leitura e da escrita, ele favorece, indirectamente,
o sucesso escolar;
• A escola tem um papel decisivo (i) no alargamento do conhecimento implícito da língua
da criança, (ii) na aprendizagem da leitura e da escrita e (iii) no desenvolvimento da sua
consciência linguística até estádios superiores de conhecimento explícito.
Objectivos para o ensino da gramática
142
Actividade de auto-avaliação Recursos
Após o desenvolvimento dos conteúdos Registos
Volte às suas respostas às perguntas feitas antes do desenvolvimento dos
do tema, com base nos conteúdos abordados, analise-as e reflita sobre estudantes;
as novas aprendizgens que construiu respondendo as seguintes textos
questões: 1- O que sabia? 2- O que aprendeu? 3- Como aprendeu? 4- O que autênticos,
gostaria de aprender melhor? tarefas.
Em grupo, análise um programa de Língua Portuguesa do ensino
primário (programas de 2019) e responda às seguintes questões:
1. Qual é a concepção de gramática dominante? 2. Que
razões/objectivos sustentam o ensino da gramática neste nível de ensino/classe?
4. Faça uma apreciação aos resultados obtidos.
Obs.: Modo de organização do trabalho
grupo 1 – Programa da 1.ª Classe; grupo 2 – Programa da 2.ª Classe; grupo 3 –
Programa da 3.ª Classe; grupo 4 – Programa da 4.ª Classe; grupo 5 – Programa
da 5.ª Classe; grupo 6 – Programa da 6.ª Classe.
Leituras Recomendadas
Costa, A. L. (2016). Gramática: ensino, aprendizagem e avaliação. Em A. Costa, F. Botelho,
L. Solla, & L. Soares, Manual de Língua Portuguesa para Professores do Ensino
Primário (pp. 111-141). Luanda: Ministério da Educação - República de Angola
(PAT).
Costa, J. (2008). Estudar Gramática: (des)interesse e (in)utilidade (pp. 23-29). Cadernos do
Externato Cooperativo da Benedita(1).
Costa, J., Cabral, A. C., Santiago, A., & Viegas, F. (2011). Conhecimento explícito da língua:
guião de implementação do programa de português do ensino básico (pp. 6-23).
Lisboa: Ministério da Educação: Direção-geral de Inovação e de Desenvolvimento
Curricular.
Duarte, I. (1998). Algumas boas razões para ensinar gramática. Em A Língua Mãe e a Paixão
de aprender - 2º encontro de professores de português; homenagem a Eugénio de
Andrade (pp. 110-123). Porto: Areal Editores.
143
Duarte, I. (2008). O conhecimento da língua: desenvolver a consciência linguística (pp. 9-
16). Lisboa: ME-DGIDC/PNEP.
Pereira, J. C., Pereira, J. R., & Pereira, Í. S. (2010). A promoção do conhecimento explícito
da língua no contexto do PNEP: Renovação de conceções e práticas pedagógicas. Em
Í. S. Pereira, O ensino do português no 1.º ciclo do ensino básico: Construção de
saberes profissionais no contexto do PNEP e do novo programa de português (pp.
179-218). Braga: Instituto de Educação da Universidade do Minho - Serviço de
Publicações.
Silva, A. C. (2008). Contextualização do ensino da gramática na escola. Em A. C. Silva,
Configurações do Ensino da Gramática em manuais escolares de português:
Funções, organização, conteúdos, pedagogias. (pp. 45-132). Braga: Centro de
Investigação em Educação do Instituto de Educação e Psicologia da Universidade do
Minho.
Silva, C. V. (2008). O valor do conhecimento gramatical no ensino-aprendizagem da língua
(pp. 89-106). Saber (e) Educar(13).
144
3.2 Procedimentos pedagógicos de ensino da gramática
Resultados de Aprendizagem:
• Distinguir modelo tradicional do modelo indutivo de ensino da gramática;
• Reconhecer as vantagens do ensino da gramática pelo modelo indutivo (ensino pela
descoberta);
• Identificar e compreender os princípios para o ensino da gramática;
• Distinguir as modalidades de ensino da gramática;
• Reconhecer a importância de cada uma das modalidades de ensino da gramática;
• Desenvolver capacidades/competências para conceber e analisar criticamente
tarefas/actividades ou propostas pedagógicas para ensino da gramática.
Recursos: (Excertos de) textos; casos; exemplos autênticos (textos/exemplos produzidos pelos
próprios estudantes e ou pelo professor) …
Actividades de Aprendizagem:
Responda às seguintes questões, e anote as suas respostas de tal forma que volte a
elas depois do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-as à luz do que aprendeu:
1. Descreva o modo como aprendeu/lhe foi ensinada a gramática. 2. Na 4ª classe, como
ensinaria/ensina o que é o adjectivo?
Nota: ao responder estas questões, procure descrever a estrutura de uma aula de gramática.
Desenvolvimento dos conteúdos
145
A abordagem metodológica segue um ensino A abordagem metodológica segue um ensino
dedutivo: indutivo:
• apresentação de regras, definições ou • perspectiva-se a construção progressiva
conceitos (para memorizar); dos saberes linguísticos pelos alunos (do
• as produções exemplares, na sua maioria conhecimento implícito/intuitivo para o
são retiradas de produções literárias e dos conhecimento explícito);
manuais escolares ou gramáticas; • é compatível com o modelo sócio-
• realização de exercícios de aplicação ou construtivista da aprendizagem.
avaliação do conhecimento linguístico
conforme aprendido em sala de aula.
Porquê se ensina assim? Porquê se ensina assim?
Influência do movimento behaviorista – Porque a língua é interna e não externa
Skinner (estímulo-resposta) na concepção do (inatismo de Chomsky); porque o aluno é
ensino como processo transmissivo e da capaz de descobrir com ajuda de andaimes,
aprendizagem como memorização. A ZDP (construtivismo de Piaget sócio-
exposição pelo professor tem lugar central. construtivismo de Vygostky) as regras
implicadas no uso correcto da língua,
assumindo assim um papel activo na
construção do conhecimento.
O que se ensina? O que se ensina?
Fixação das regras gramaticais, isto é, A explicitação do conhecimento implícito da
solicita-se/espera-se a memorização de língua.
regras presentes em compêndios ou
gramáticas escolares de feição prescritiva ou
normativa;
Que recursos utiliza? Que recursos utiliza?
Centra-se nos fragmentos frásicos de textos Centra-se nas/partes das produções
literários como modelos de uso correcto da linguísticas dos alunos do que produzem e
língua. compreendem. Isto é, parte do que o aluno já
sabe.
Para quê se ensina assim (seguindo o modelo Para quê se ensina assim (seguindo o modelo
dedutivo)? dedutivo)?
Para manter a normatividade, o correcto. Na
146
abordagem tradicional da gramática, as Para dotar os falantes de um conhecimento
produções linguísticas dos alunos são vistas sobre “a sua própria língua”, ajudando-os a
pelo prisma certo/errado. Destaca-se a “perceber/tomar consciência” da existência
supremacia da norma e o combate acirrado de uma capacidade que usam
aos desvios linguísticos/erros ou produções inconscientemente para comunicar. Com este
que desvirtuam a norma padrão. ensino, os alunos são levados a descobrir e a
compreender como funciona a língua que “já
têm na sua cabeça”
(metalinguagem/metacognição).
2. Com que modelo identifica a forma como foi ensinado e ensina gramática? Justifique.
3. Qual a ideia defendida no seguinte excerto sobre o ensino gramatical? Justifique a sua
resposta.
Muitos estudos (Duarte, 1998, 2008; Silva, 2008, 2016; Rodrigues, Viegas, & Oliveira,
2021) defendem que o modelo tradicional de ensino da gramática não é o mais adequado
para se ensinar esta componente da língua, uma vez que o mesmo consagra um ensino
que faz recurso à memorização de saberes transmitidos, resultando numa aprendizagem
mecânica e repetitiva. Através desta prática, (i) o aluno não se torna capaz de estabelecer
e desenvolver relações entre conceitos (da língua) já adquiridos (conhecimento
implícito) e novos (conhecimento explícito), pelo que (ii) nunca chega a apropriar-se
efectivamente dos saberes e, como consequência, (iii) não desenvolve aprendizagens
significativas, (iv) não promove qualquer tipo de desenvolvimento de consciência
linguística, (v) nem promove uma utilização correcta da língua quer para comunicar de
forma adequada quer para organizar o pensamento, o que, previsivelmente, terá
implicações negativas no comportamento social do aluno.
147
frequentemente centrado em actividades repetitivas e de memorização, dê lugar a
práticas em que o aluno é chamado a intervir e é implicado no estudo da gramática, na
sequência de uma intervenção educativa centrada em metodologias de trabalho
diferenciadas e activas (Silva & Silva, 2022).
Cuidado na selecção e sequencialização dos conteúdos: neste processo deve-se ter em conta
uma série de aspectos:
149
os alunos os interiorizem e passem a usar, depende muito mais de um tipo de trabalho
ancorado em textos em que se use essa linguagem mais difícil, em que se usem
estruturas a aprender e, provavelmente, de uma maior intervenção do professor, que não
poderá tão facilmente deixar os alunos construir um saber explícito sobre estruturas e
usos da língua que não lhe são familiares (Pereira, Pereira, & Pereira, 2010).
Troque com um dos seus colegas as suas respostas às perguntas feitas antes do
desenvolvimento do tema. Análise as respostas do seu colega à luz do que foi discutido
e responda à seguinte questão:
1. Que modelo, princípio e modalidade de ensino da gramática foi experienciado pelo seu
colega? Justifique.
Obs: depois de responder à questão, partilhe a resposta com o seu colega, e se possível com a
turma também.
151
3.2.1 Ensino da gramática pela descoberta: laboratório gramatical
Resultados de Aprendizagem:
• Perceber as potencialidades do ensino da gramática pela descoberta na construção
significativa de saberes linguísticos pelos alunos;
• Apropriar-se das fases do ensino da gramática pela descoberta através da actividade-modelo
apresentada;
• Construir materiais didácticos que privilegiem o ensino da gramática através do laboratório
gramatical;
• Desenvolver capacidades/competências para conceber e analisar criticamente
tarefas/actividades ou propostas pedagógicas para ensino da gramática.
Recursos: (Excertos de) textos; casos; exemplos autênticos (textos/exemplos produzidos pelos
próprios estudantes e ou pelo professor) …
Actividades de Aprendizagem:
Responda à seguinte questão, e anote a sua resposta de tal forma que volte a ela depois
do desenvolvimento dos conteúdos, revendo-a à luz do que aprendeu:
1. Para si, como se operacionalizaria o ensino da gramática pela descoberta do conteúdo
adjectivo?
Desenvolvimento dos conteúdos
Em grupo,
152
1. Formular uma pergunta acerca de um conjunto de dados fornecidos ao aluno ou
apresentar um problema, por exemplo, partir de uma produção oral ou escrita da
classe;
3. Levar o aluno a formular hipóteses, a partir das suas intuições sobre a língua e da
observação já realizada;
36
A sequência de actividades que se apresenta constitui um percurso didáctico concebido como o primeiro passo para a descoberta dos
constituintes essenciais da frase, do GN e do GV, bem como das suas funções sintácticas. Os alunos são levados a observar os dados, a descrevê-
los e a sistematizar as suas descobertas. Importa referir que os exercícios aqui apresentados não se destinam, naturalmente, a ser apresentados
às crianças “de uma só vez” em sessões contínuas. Por outro lado, será sempre necessário que os alunos tenham oportunidade de treinar o que
aprenderam, através de outras actividades distribuídas ao longo do ano lectivo e até mesmo do ciclo de ensino. Os exercícios propostos
pressupõem que as crianças já conhecem e utilizam os seguintes termos gramaticais: nome, verbo, pronome pessoal, número, género e pessoa.
Serão introduzidos os termos grupo nominal, grupo verbal, sujeito, predicado e complemento directo. Adaptado de (Fernandes, 2010)
153
Laboratório gramatical
4ª classe
Etapa 1: “Será que as palavras das frases se combinam umas com as outras para formar
grupos?” É o que vamos descobrir com este trabalho.
a) O pai viajou.
b) O bebé adormeceu.
c) Aquele cão assustou-me.
d) Os meninos comeram tudo.
1.1. Divide as frases nas duas partes mais importantes. Escreve-as no quadro em baixo.
a)
b)
c)
d)
1.2. Para encontrarmos as duas partes mais importantes da frase, podemos fazer perguntas à
frase. Repara como é:
O pai viajou
Pergunta: Quem é que viajou?
O pai
Pergunta: O que é que o pai fez?
viajou
1.3. Faz este teste com as outras frases para ver se as dividiste correctamente?
1.4. Agora experimenta dividir as frases que se seguem. Aplica o teste para não te enganares.
Vamos chamar à 1ª parte Grupo 1 e à 2ª parte Grupo 2
a) Os cavalos fugiram.
b) O avião desapareceu.
c) O meu cão ladrou muito.
154
d) A Maria leu muito bem.
e) O Homem-Aranha lançou a teia.
f) Os alunos da 4ª classe visitaram o museu.
Grupo 1 Grupo 2
a)
b)
c)
d)
e)
f)
Etapa 2: Já descobriste que as frases se dividem em dois grupos. Agora vamos saber mais sobre
cada grupo.
1. Recorda as frases que dividiste e observa as palavras que estão sublinhadas em cada grupo:
Grupo 1 Grupo 2
a) Os cavalos Fugiram
b) O avião Desapareceu
c) O meu cão ladrou muito
d) A Maria leu muito bem
e) O Homem-Aranha lançou a teia
f) Os alunos da 4ª classe visitaram o museu
Grupo_________________________ Grupo________________________
3. Completa as frases:
155
palavras pertencem à classe dos ___________________, por isso este grupo chama-se
Grupo Nominal (GN).
• No grupo 2, as palavras principais são: _____________ , _____________,
_____________, _______________ , _____________, e ______________. Estas
palavras pertencem à classe dos ___________________, por isso este grupo chama-se
Grupo Verbal (GV).
4. Escreve, no sítio indicado do quadro (anterior) onde estão as frases, o nome correcto de cada
grupo.
a) Os cavalos Fugiram
b) O avião Desapareceu
c) O meu cão ladrou muito
d) A Maria leu muito bem
e) O Homem-Aranha lançou a teia
f) Os alunos da 4ª classe visitaram o museu
5.1. Verifica se podes substituir o Grupo Nominal por um dos seguintes pronomes pessoais:
ele, eles, ela, elas. Escreve as frases abaixo.
g) Fugiram
h) Desapareceu
i) ladrou muito
j) leu muito bem
k) lançou a teia
l) visitaram o museu
• Nas frases a), b), c), d), e), f), a palavra principal do Grupo Nominal é
um___________________.
• Nas frases g), h), i), j), l), m) a palavra principal do Grupo Nominal é
um___________________.
156
• Nas frases c), d), e), f) o Grupo Verbal tem um ______________ e outros grupos de
palavras.
• Nas frases a), b) o Grupo Verbal tem só um ______________.
157
Pereira, J. C., Pereira, J. R., & Pereira, Í. S. (2010). A promoção do conhecimento explícito da língua
no contexto do PNEP: Renovação de conceções e práticas pedagógicas. Em Í. S. Pereira, O
ensino do português no 1.º ciclo do ensino básico: Construção de saberes profissionais no
contexto do PNEP e do novo programa de português (pp. 179-218). Braga: Instituto de
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Silva, A. C. (2016). Sobre a metodologia do laboratório gramatical: apropriação num manual de
Português do 1.º ciclo (pp. 6-19). Exedra-Revista Científica: Entre a Investigação e as
Práticas em Didática do Português.
158
Reflexão necessária: A literatura para infância37 (o texto literário) como instrumento
da didáctica da língua portuguesa no Ensino Primário
Objectivos:
• Reconhecer a literatura para infância (o texto literário) como instrumento da didáctica da
língua portuguesa no ensino Primário;
• Reconhecer a importância da promoção da educação literária (na escola, na família e na
comunidade) na formação de leitores literários;
• Distinguir estratégias de animação de leitura e de promoção da educação literária (na escola,
na família e na comunidade).
Segundo Silva (2022), o texto literário representa uma unidade estética e, portanto,
subjectiva, devidamente estruturada, articulada e coerente, resultante de um
gesto/uma acção criativa e/ou da enunciação da linguagem literária. Com um carácter não
utilitário, possui características específicas que o diferenciam das demais manifestações
textuais ou linguísticas. Em termos sintéticos, estas singularidades são as seguintes:
Ainda de acordo com Silva (2022), o texto literário organiza-se nos seguintes principais modos
e géneros literários: a lírica, a narrativa e o drama.
Por sua vez, a literatura para infância compreende um sistema de signos conotados com
finalidade estética, cujas estruturas narrativo-poéticas requerem um leitor-modelo (criança ou
adulto) com hábitos de leitura e formas de compreensão/interpretação não necessariamente
37
Perspectiva-se que a Literatura para Infância constitua uma UC na grelha curricular da formação inicial de professores do Ensino Primário,
de formas a instrumentalizar os futuros professores de conhecimentos/capacidades para utilizar de forma adequada o texto literário nas aulas
de Língua Portuguesa e implementar estratégias metodológicas de animação da leitura e de promoção da educação literária e formação de
leitores literários.
159
iguais (Sánchez-Fortún, 2003, cit. por Silva, 2022). A mesma encerra três vertentes – estética,
lúdica e educativa – com as quais o leitor interage interpretativamente mediante a sua
competência leitora e a sua competência literária (Silva, 2022). Apesar do potencial receptor da
literatura para infância ser a criança, isto não impede que os adultos sejam também receptores
não privilegiados.
Ainda nesta mesma perspectiva, defende Azevedo (2022, p. 60) que “o contacto activo com
textos literários assegura ao sujeito um mais profícuo conhecimento dos mecanismos retórico-
pragmáticos de funcionamento da língua, expandindo a sua competência comunicativa. De
facto, proporcionando à criança, que inicia a escolaridade, um importante e significativo input
linguístico (avaliável quer em termos de vocabulário quer em termos de estruturas sintácticas),
os textos literários permitem igualmente o desenvolvimento de contextos para a partilha de
experiências, além de criarem oportunidades para usos reais e significativos da linguagem, (…)
capaz de potencializar a consecução do seu sucesso escolar e social futuros.”
160
Para a didactização do texto literário
A educação literária
Por esta razão, há toda uma necessidade de se promover não somente a utilização do texto
literário nas aulas de Língua Portuguesa no Ensino Primário, mas também a educação literária
e ou formação de leitores literários na escola, na família e na sociedade, para que os alunos se
161
tornem leitores (literários) competentes e autónomos – se tornem bons leitores literários. Ora,
neste processo de promoção do texto literário e da educação literária, os professores são
chamados a serem uma uma vez mais “os combatentes da linha da frente”, num contexto, como
o angolano, em que a literatura para infância é quase que inexistente e marginalizada, em que
maior parte das crianças/alunos conhecem é o livro de Língua Portuguesa como o único livro
de leitura.
Identifique um texto literário e construa uma estratégia de promoção que usaria com
uma turma de ensino primário.
Leituras Recomendadas
Sequeira, A. P., Botelho, F., Adragão, J. V., & Pereira, L. (2010). Metodologia de Ensino da
Língua Portuguesa. Ministério da Educação - República de Angola - Projecto de
Formação de Formadores de Professores para o Ensino Primário em Angola (PREPA).
pp. 13-105
162
Soluções de actividades
• Linguagem oral
o Dimensões e factores de desenvolvimento da linguagem oral
• Ensino da ortografia
* *1. Regras de representação biunívoca ou regras de representação directa (um som, uma letra);
2. Regras ortográficas de base: contextuais 3. Regras de base morfológica.
*** Ex.: a grafia do som /s/ com S, C, Z, SS, X, Ç: por ex. em seguro, cidade, assistir, auxílio,
açude, exceto, piscina).
**
164
cuidados. As vassouras d) um processo, com uma
dançaram muito.38 situação inicial (introdução),
complicação (ou conflito),
desenvolvimento (acções e
reacções), clímax e situação
final (ou desfecho);
e) uma avaliação final ou lição de
moral (explícita ou implícita);
38 In Chamuhongo, A., & Carvalho, F. V. (2018). Língua Portuguesa 2.ª Classe. Luanda: Editora Moderna.
40 Adaptado de Wikipédia. (2001). Malária. Obtido em 13 de Abril de 2022, de Wikipédia, a enciclopédia livre:
https://pt.wikipedia.org/wiki/Mal%C3%A1ria
41 Nascimento, A. U. (2000). Gêneros argumentativos. Obtido em 13 de Abril de 2022, de educação.português:
http://http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/generos-argumentativos.html
166
– Bibliotecário: sobre qual em que cada nova intervenção
assunto? decorre de contribuições
anteriores e é por elas
– Usuário: verbos, quero
condicionada;
resolver uma tarefa de
Língua Portuguesa. intervenções fáticas (de abertura e de
fechamento do diálogo) e
– Bibliotecário: para isso
intervenções transaccionais (que
você precisa de uma
constituem o corpo da interacção ou
gramática.
do diálogo).
42 In. Mesquita, H., & Gama, M. (2018). Língua Portuguesa 6.ª Classe. Luanda: Editora Moderna.
167
líquido na forma untada e
vai a cozer em banho-maria
• Compreensão textual
***
https://drive.google.com/file/d/1Sy2bjDl7egX69UX_JMRBU_VmmFwTI1__/view?usp=shari
ng
• Ensino da compreensão
a) Por um lado, a compreensão dos significados (literais ou não) da maior parte das
palavras de um texto é condição sine qua non para o compreender. Apesar de se saber
que (ler e) compreender um texto desenvolve o conhecimento do vocabulário, também
se sabe que conhecer o vocabulário ajuda a (ler e) compreender melhor. Ao intervir
pedagogicamente sobre o conhecimento do vocabulário, quer-se potenciar esse ciclo
virtuoso de aprendizagem;
b) Por outro, para os leitores menos experientes, como são os do ensino primário, a
existência de vocabulário desconhecido nos textos é, com toda a probabilidade,
frequente e espectável. A investigação revela que a limitação no vocabulário é um dos
factores que afecta a compreensão. Este facto é especialmente importante nos contextos
168
de língua segunda, como o angolano. Isto significa que a prática de leitura
pode não ser suficiente para ultrapassar as necessidades de conhecimento linguístico do
vocabulário, sendo necessário levar a cabo um tipo de ensino explícito que potencie a
capacidade de o aluno aumentar autonomamente o seu conhecimento lexical. O ensino
do vocabulário visa impedir esse ciclo vicioso de aprendizagem, com provável
consequência da motivação e predisposição para a actividade de compreensão.
• A produção textual
169
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