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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE LUANDA

ISCED-LUANDA

Dorivaldo Alfredo Zua

Currículo e Manual da Unidade


Curricular de “Didáctica da
Língua Portuguesa”

Junho de 2022
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE LUANDA
ISCED-LUANDA

Dorivaldo Alfredo Zua

Currículo e Manual da Unidade


Curricular de “Didáctica da
Língua Portuguesa”

Trabalho de Projecto
Mestrado em Metodologia de Ensino de Línguas (Decreto
Executivo n.º 98/20, de 3 de Março)
Área de especialização em Metodologia de Ensino da
Língua Portuguesa no Ensino Secundário

Trabalho realizado sob orientação do(a)


Professor Doutor Afonso Miguel
Professora Doutora Micaela Ramon

Junho de 2022
DEDICATÓRIA

Aos meus pais, Mateus Zua e Feliciana Alfredo, e à minha esposa, Marinela Bunga, por
me terem apoiado, incondicionalmente, durante a frequência do Mestrado.

ii
AGRADECIMENTOS

Este projecto contou com o apoio de várias entidades. Seria longa a citação, mas não
posso deixar de agradecer àqueles que muito deram para a realização do mesmo.

À Coordenação do Mestrado em Metodologia de Ensino da Língua Portuguesa no


Ensino Secundário, em especial ao Professor Doutor Mbiavanga Fernando, pela forma
bastante humana como coordenou o Mestrado;

Ao ISCED-Huíla, por me ter escolhido para a frequência do Mestrado;

Aos Professores Doutores Abreu Paxe, Adelina de Kadingi, Afonso Miguel, Isaac Paxe,
Manuel Afonso, Manuel Muanza, Teresa Camacho e Vitorino Reis (ISCED-Luanda),
Anne-Marie Fontaine, António da Silva, Fernando Azevedo, Flávia Vieira, Gabriela
Barbosa, Joana Casanova, José Brandão, José Morgado, Leandro Almeida, Maria de
Lourdes, Micaela Ramon e Sílvia Monteiro (UMinho), pela forma sábia como
orientaram as unidades curriculares, pois aprendi muito;

Aos meus estimados supervisores, Professor Doutor Afonso Miguel e Professora


Doutora Micaela Ramon, e à professora titular da UC e responsável pela orientação de
estágios na instituição de acolhimento, Carla Black, MsC., pela orientação científica,
disponibilidade, paciência, confiança e amizade prestadas; sem eles não seria possível;

Ao Professor Doutor Leandro Almeida, Presidente do Instituto de Educação da


Universidade do Minho, pela forma humana e pela atenção prestada durante a estada
dos mestrandos angolanos em Braga-Portugal;

Aos meus colegas do Mestrado em Metodologia de Ensino da Língua Portuguesa no


Ensino Secundário, pelo apoio, companheirismo e amizade, em especial ao Helder
António, ao Paciência Hifindaka, ao Tomé Sábala e ao Isaías Tchipilica, pela amizade e
por dividirem comigo, com muito prazer, os apartamentos em Luanda e Braga.

Muito obrigado!

iii
APOIO FINANCEIRO

O projecto do qual resultou o presente documento teve apoio financeiro da Unidade


Técnica e de Gestão do Programa Nacional de Formação de Quadros (UTG/ PNFQ).

iv
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE

Declaro ter actuado com integridade na elaboração do presente trabalho académico e


confirmo que não recorri à prática de plágio nem a qualquer forma de utilização
indevida ou falsificação de informações ou resultados em nenhuma das etapas
conducente à sua elaboração. Mais declaro que conheço e que respeitei o Código de
Conduta Ética do ISCED de Luanda.

v
RESUMO

O presente documento foi elaborado no âmbito do “Trabalho de Projecto”, UC do 2.º


ano do Mestrado em Metodologia de Ensino da Língua Portuguesa no Ensino
Secundário e apresenta-se como o culminar de todas as actividades desenvolvidas
durante o Mestrado. O mesmo é também um requisito indispensável para a obtenção do
grau de Mestre.

O “Trabalho de Projecto” consistiu na elaboração de um Currículo e Manual da UC de


“Didáctica da Língua Portuguesa”, ministrada no 2.º ano do curso de Licenciatura em
Ensino da Língua Portuguesa no ISCED-Huíla (formação inicial de professores); alguns
tópicos neles constantes resultaram da experimentação feita nas aulas da mesma UC na
instituição de acolhimento.

O Currículo apresenta-se como um material de apoio à planificação e leccionação das


aulas nesta UC e destina-se aos professores encarregues da sua leccionação e o Manual
como um recurso pedagógico útil para a aquisição, consolidação, expansão e
sistematização de aprendizagens, apoiando também o docente na leccionação.

Este documento possibilitou a criação de oportunidades para que o mestrando


aperfeiçoasse competências de desenvolvimento curricular e se tornasse um formador
reflexivo e aberto à inovação, capaz de formar professores reflexivos e abertos à
inovação.

Palavras-chave: unidade curricular, formação inicial de professores, didactização,


estatutos da língua portuguesa.

vi
ABSTRACT

This document was prepared within the scope of the “Project Work”, 2nd year UC of
the Master's in Portuguese Language Teaching Methodology in Secondary Education
and is presented as the culmination of all the activities developed during the Master's.
The same is also an indispensable requirement for obtaining the Master's degree.

The “Project Work” consisted in the elaboration of a Curriculum and Manual for the
UC on “Didactics of the Portuguese Language”, given in the 2nd year of the Degree in
Portuguese Language Teaching at ISCED-Huíla (initial teacher training); some topics
contained in them resulted from the experimentation made in the classes of the same
CU at the host institution.

The Curriculum is presented as a support material for the planning and teaching of
classes in this UC and is intended for the teachers in charge of its teaching and the
Manual as a useful pedagogical resource for the acquisition, consolidation, expansion
and systematization of learning, also supporting the teacher in teaching.

This document made it possible to create opportunities for the master's student to
improve curricular development skills and become a reflective trainer, open to
innovation, capable of training reflective teachers and open to innovation.

Key-words: curricular unit, initial teacher training, didacticization, Portuguese language


statutes.

vii
ÍNDICE GERAL p.
DEDICATÓRIA ............................................................................................................. ii
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. iii
APOIO FINANCEIRO ................................................................................................. iv
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ......................................................................... v
RESUMO........................................................................................................................ vi
ABSTRACT .................................................................................................................. vii
LISTA DE SIGLAS E DE ABREVIATURAS ............................................................. x
INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................... 1
PARTE I – CURRÍCULO DA UC DE “DIDÁCTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA” ............................................................................................................ 4
1. Breve introdução ao Currículo ................................................................................ 4
2. Programa.... ............................................................................................................. 5
2.1. Objectivos gerais da UC de “Didáctica da Língua Portuguesa” ............................. 5
2.1.1. Objectivos gerais instrutivos ................................................................................... 5
2.1.2. Objectivos gerais educativos ................................................................................... 5
2.2. Resultados de aprendizagem (RA) .......................................................................... 5
2.3. Conteúdos................................................................................................................ 6
2.3.1. Fundamentação da escolha das unidades temáticas ................................................ 9
2.4. Metodologia de ensino e materiais de apoio ......................................................... 21
2.5. Avaliação…........................................................................................................... 22
2.5.1. Tipos de avaliação a praticar ................................................................................. 22
BIBLIOGRAFIA BÁSICA .......................................................................................... 24
PARTE II – MANUAL PARA A UC DE “DIDÁCTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA” .......................................................................................................... 25
1. Breve introdução ao Manual ................................................................................. 25
2. Unidade temática: Estatutos da língua portuguesa no contexto angolano ............ 25
3. Proposta de didactização da unidade temática “Estatutos da língua portuguesa no
contexto angolano” ......................................................................................................... 30
3.1. Considerações finais à proposta: ........................................................................... 33
CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................................ 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 36

viii
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro n.º 1 - Síntese das unidades temáticas da UC e dos conteúdos de cada
unidade…………………….. .......................................................................................... 7
Quadro n.º 2 - Plano temático ..................................................................................... 12
Quadro n.º 3 – Autobiografia linguística .................................................................... 31

ix
LISTA DE SIGLAS E DE ABREVIATURAS

Art. – Artigo

Cont. – Continuação

CRA – Constituição da República de Angola

EP – Estágio Profissional

ISCED-Huíla – Instituto Superior de Ciências de Educação da Huíla

ISCED-Luanda – Instituto Superior de Ciências da Educação de Luanda

L2 – Língua Segunda

LE – Língua Estrangeira

LM/L1 – Língua Materna

LP – Língua Portuguesa

RA - Resultados de aprendizagem

UC – Unidade Curricular

UMinho – Universidade do Minho

x
INTRODUÇÃO GERAL

O presente documento foi elaborado no âmbito da unidade curricular (UC) “Trabalho de


Projecto”, integrada no 2.º ano do plano de estudos do Mestrado em Metodologia de
Ensino de Línguas, área de especialização em Metodologia de Ensino da Língua
Portuguesa no Ensino Secundário (Decreto Executivo 98/20, de 3 de Março, e
Regulamento de Organização e Funcionamento do Curso de Mestrado em Metodologia
de Ensino de Línguas), ministrado pelo Instituto Superior de Ciências da Educação de
Luanda (ISCED-Luanda), em parceria com a Universidade do Minho (UMinho),
Portugal. A sua elaboração apresenta-se como requisito indispensável para a conclusão
do curso.

Em Angola, a língua portuguesa tem o estatuto de língua oficial (Art. 19.º da


Constituição da República de Angola (CRA, 2010) e de discurso pedagógico (Art. 16.º
da Lei n.º 32/20 – Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino); é disciplina escolar
(Planos de Estudo dos Subsistemas de Ensino sob Tutela do Ministério da Educação), é
língua veicular e, cada vez mais, vai-se tornando a língua materna de um número
considerável de indivíduos, a par de ser a língua segunda de um número ainda
significativo de cidadãos angolanos.

Apesar dos vários estatutos e do facto de ser a língua veicular em Angola, o seu ensino
ainda apresenta vários desafios, pois a falta de professores (bem) formados em ensino
da língua portuguesa (como língua materna e/ou língua segunda, pois o ensino como
língua materna, em contextos onde devia ser ensino como língua segunda, e vice-versa,
acarreta distintas implicações didácticas) muito tem contribuído para a continuidade do
padrão “tradicional” de aula de Português, que precisa de ser alterado.

Por esse motivo, os ISCED e outras instituições superiores pedagógicas têm procurado
formar continuamente os seus docentes em matéria de leccionação de unidades
curriculares ligadas à metodologia de ensino da língua portuguesa nos cursos de
Licenciatura (formação inicial) em Ensino da Língua Portuguesa, apesar de, no Instituto
Superior de Ciências de Educação da Huíla (ISCED-Huíla), por exemplo, durante os
quatro anos curriculares, existir apenas esta UC teórico-prática no plano curricular,
carecendo de mais, pelo menos uma, para que os avanços teóricos no domínio da
metodologia de ensino da LP sejam abordados de forma mais detalhada, pois a língua

1
configura-se como um produto social vivo e dinâmico e o seu ensino deve acompanhar
esse dinamismo e vivacidade.

A “Didáctica da Língua Portuguesa”, UC ministrada no 2.º ano do curso de Licenciatura


em Ensino da Língua Portuguesa, no ISCED-Huíla, configura-se como uma UC
fundamental na tomada de consciência dos estudantes que a frequentam sobre a
importância da língua e do seu ensino adequado, porquanto o seu domínio garante a
participação directa do cidadão na vida pública, nos seus grupos e na vida do país.

A UC é de suma importância no plano curricular do curso, pois dota os futuros


professores de conhecimentos e competências que os tornam especialistas em ensino,
desenvolvendo nos alunos “competências que lhes permitem tomar parte fluente, eficaz
e criticamente nos vários eventos textuais e discursivos que caracterizam sociedades e
economias semióticas e contemporâneas” (Freebody & Luke, 2003, p. 53).

Durante o ano lectivo, esta UC tem como função “contribuir para um ensino e uma
aprendizagem da língua cada vez melhores e mais adequados ao mundo complexo,
dinâmico e mutante em que vivemos” (Figueiredo, 2004, p. 15). Desta forma, este
documento pretende acompanhar a complexidade e o dinamismo ligados aos avanços
teóricos nos domínios da metodologia de ensino da língua portuguesa, tal como destaca
o Art. 6.º do Decreto Presidencial n.º 193/18, de 10 de Agosto (Normas Curriculares
Gerais para os Cursos de Graduação do Subsistema do Ensino Superior).

O presente documento conta com a seguinte estrutura: uma Introdução Geral e duas
partes, sendo que a primeira apresenta uma proposta de currículo para a UC de
“Didáctica da Língua Portuguesa”, composta por (i) uma breve introdução ao Currículo
(ii) e o programa de ensino; a segunda parte apresenta uma proposta de manual para a
mesma UC, com (i) uma breve introdução ao Manual e (ii) a apresentação de uma
unidade temática com uma proposta de didactização. No fim, são apresentadas as
conclusões e as referências bibliográficas.

O Currículo e o Manual foram elaborados tendo em conta os princípios específicos da


organização curricular (Art. 4.º do Decreto Presidencial n.º 193/18 de 10 de Agosto -
Normas Curriculares Gerais para os Cursos de Graduação do Subsistema do Ensino
Superior); o Perfil do Professor do Ensino Secundário (Art. 18.º do Decreto Presidencial
n.º 160/18 de 3 de Julho – Estatuto da Carreira dos Agentes da Educação), o Perfil de

2
Qualificação Profissional Docente do Professor de Disciplina do Ensino Secundário
(Decreto Presidencial n.º 273/20 de 21 de Outubro – Regime Jurídico de Formação
Inicial de Educadores de Infância, de Professores do Ensino Primário e de Professores
do Ensino Secundário), o perfil de saída e as competências e habilidades previstas no
Plano Curricular do Curso.

3
PARTE I – CURRÍCULO DA UC DE “DIDÁCTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA”

1. Breve introdução ao Currículo

O presente Currículo destina-se à UC de “Didáctica da Língua Portuguesa”, ministrada


no 2.º ano de formação inicial de professores, no curso de Licenciatura em Ensino da
Língua Portuguesa, no ISCED-Huíla.

É uma UC anual, com uma carga horária de quatro (4) horas de contacto semanais (45
minutos cada) – duas vezes por semana, perfazendo um total aproximado de cinquenta e
seis (56) horas, no I semestre, e sessenta e quatro (64), no II1. Tem como objecto os
pressupostos e metodologias de ensino da língua portuguesa no Ensino Secundário,
procurando preparar os futuros professores de LP, proporcionando-lhes uma formação
pedagógico-didáctica adequada às características dos alunos e do contexto, dando aos
mesmos bases teórico-práticas para o exercício da profissão com zelo e
profissionalismo.

A UC é de extrema importância, pois, no plano curricular do curso, é a única teórico-


prática que dota os futuros profissionais de conhecimentos e capacidades para apoiar a
aprendizagem dos alunos em língua portuguesa, melhorando as suas competências de
leitura, de escrita e de fala. Portanto, é uma UC que procura especializar os professores
de LP no processo de ensino-aprendizagem da mesma, promovendo uma educação
transformadora, assente no diálogo, na emancipação e na indagação crítica.

Este Currículo apresenta-se como um material de apoio à planificação e leccionação das


aulas nesta UC e destina-se aos professores encarregues da sua leccionação.

Alguns elementos contidos no presente Currículo resultam da experimentação feita nas


aulas de “Didáctica da Língua Portuguesa”, ministradas durante o “Estágio
Profissional”, realizado na instituição de acolhimento (ISCED-Huíla).

1
Os cálculos relativos às horas totais de contacto foram feitos tendo em conta o Calendário do Ano Académico 2021/2022.

4
2. Programa
2.1. Objectivos gerais da UC de “Didáctica da Língua Portuguesa”
Apresentam-se, a seguir, os objectivos gerais que norteiam a UC, no âmbito do curso de
Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa, cujas abordagens nas unidades temáticas
procuram alcançá-los.

O presente Currículo apresenta os objectivos gerais da UC divididos em instrutivos e


educativos2.

2.1.1. Objectivos gerais instrutivos

i. Preparar os futuros professores para o ensino da língua portuguesa no Ensino


Secundário, proporcionando-lhes uma formação científica e pedagógico-didáctica
adequada às características dos alunos e do contexto; ii. promover uma formação
centrada nos avanços teórico-práticos nos domínios da(s) metodologia(s) de ensino da
língua portuguesa; iii. desenvolver, no futuro profissional, uma postura reflexiva ante o
processo de ensino-aprendizagem da língua portuguesa no Ensino Secundário.

2.1.2. Objectivos gerais educativos

i. Desenvolver nos professores em formação inicial conhecimentos, competências,


atitudes e valores que orientam a sua prática educativa; ii. promover uma educação
transformadora, centrada no diálogo, na democracia, na indagação crítica, na
emancipação, na intervenção crítica e na participação; iii. conhecer os normativos que
regem a prática educativa em Angola, de forma geral, e os normativos que regem a
actividade docente no Ensino Secundário, de forma particular; iv. desenvolver no
professor em formação inicial a abertura à inclusão, à mudança, à inovação e à
descoberta.

2.2. Resultados de aprendizagem (RA)

Com a UC de “Didáctica da Língua Portuguesa”, espera-se que os futuros professores


de Língua Portuguesa, no fim do ano lectivo, sejam capazes de: i. desenvolver a sua
prática educativa com base nos avanços teórico-práticos nos domínios da(s)
metodologia(s) de ensino da língua portuguesa; ii. promover uma educação

2
Os objectivos gerais instrutivos são aqueles centrados no desenvolvimento de saberes relevantes na área da “Didáctica da Língua
Portuguesa” e os educativos são aqueles centrados no desenvolvimento de saberes transversais.

5
transformadora, alicerçada no diálogo, na emancipação, na indagação crítica, na
participação e na democracia; iii. tornar-se reflexivos, capazes de reflectir sobre a sua
própria prática e a dos outros, abertos à inclusão, à mudança, à inovação e à descoberta;
iv. elaborar materiais didácticos contextualizados para as suas próprias práticas
educativas; v. conhecer e usar adequadamente os documentos e materiais didácticos de
Língua Portuguesa do Ensino Secundário (currículos, programas, manuais, decretos e
leis que norteiam a prática educativa no Ensino Secundário); vi. desenvolver estratégias
pedagógicas diferenciadas e com ferramentas igualmente diferenciadas; vii. usar
adequadamente os vários suportes disponíveis para o processo de ensino-aprendizagem,
principalmente os tecnológicos; viii. planificar sequências didácticas adaptadas ao
contexto, ao público-alvo e aos objectivos de aprendizagem; ix. seleccionar conteúdos
adequados aos objectivos traçados; x. desenvolver e aplicar metodologias e
instrumentos de avaliação; xi. encarar a supervisão como uma actividade de apoio,
orientação e regulação da prática docente.

2.3. Conteúdos

Os conteúdos sugeridos serão trabalhados dentro do tempo destinado à UC. No entanto,


a distribuição da carga horária pelas unidades temáticas deve ser vista como uma
sugestão, ficando a sua operacionalização dependente de diversos factores que se
entrecruzam no processo de ensino-aprendizagem ao longo de um ano lectivo.

A sequência das unidades e os conteúdos são, até certo ponto, impositivas, visto que o
tratamento de uma unidade e/ou conteúdo condicionará a compreensão do outro, mas a
sequência dos conteúdos da unidade III não é impositiva; a sua prossecução dependerá
do professor que os leccionará, portanto, a habilidade e coerência do docente serão
decisivas.

A escolha e o ordenamento das unidades e respectivos conteúdos foram feitos


cuidadosamente e tendo em conta o processo de ensino-aprendizagem da língua
portuguesa no contexto angolano.

6
Quadro n.º 1 - Síntese das unidades temáticas da UC e dos conteúdos de cada unidade temática

UNIDADES TEMÁTICAS CONTEÚDOS HORAS DE


CONTACTO

I SEMESTRE

I – ESTATUTO(S) DA LÍNGUA i. Conceitos de língua materna e não materna: língua materna, segunda e estrangeira; ii. Estatuto(s) do português 6
PORTUGUESA NO CONTEXTO em Angola.
ANGOLANO

II – METODOLOGIA(S) DE i. Metodologia(s) de ensino das línguas: objectivos; ii. Metodologia das línguas materna e não materna: percurso 8
ENSINO DAS LÍNGUAS histórico; iii. Metodologia da língua materna/segunda: finalidades, especificidades e princípios metodológicos.

III – METODOLOGIA(S) DE i. Definição de aula de Português; ii. Metodologia de ensino do oral; iii. Metodologia de ensino da leitura; iv. 50
ENSINO DA LÍNGUA Metodologia de ensino da escrita; v. Metodologia de ensino da gramática.
PORTUGUESA

II SEMESTRE

III – METODOLOGIA (S) DE Metodologia de ensino da gramática. 8


ENSINO DA LÍNGUA
PORTUGUESA (cont.)

IV – PLANIFICAÇÃO E OFICINAS i. Tipos de planificação (a longo, a médio e a curto prazo) e sua importância; ii. A formulação de objectivos; iii. A 32

7
DE ELABORAÇÃO DE selecção e avaliação de materiais didácticos: alguma contextualização; v. Discurso argumentativo: proposta de
MATERIAIS DIDÁCTICOS COM trabalho com o vídeo; vi. A imagem como estratégia de pesquisa: proposta de trabalho com imagem; vii. Relações
RECURSO A NOVAS inter-semióticas entre a poesia e outras formas de arte ; viii. Textos multimodais na aula de Português; ix. O uso de
TECNOLOGIAS ferramentas tecnológicas na aula de Português: o QR Code, o Kahoot, o Questionário Google e o Edpuzzle.

V – AVALIAÇÃO i. Tipos de avaliação e suas funções: diagnóstica, formativa e sumativa; ii. Instrumentos de avaliação na aula de 6
Português.

VI – SUPERVISÃO PEDAGÓGICA i. A Supervisão Pedagógica; ii. A Prática Pedagógica I e II; iii. O Estágio Pedagógico de Licenciatura. 10
NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM

8
2.3.1. Fundamentação da escolha das unidades temáticas

A situação linguística de Angola, tal como a da maioria dos países africanos,


caracteriza-se por uma grande heterogeneidade. Diferente das línguas africanas faladas
em Angola, o português é a que apresenta maior difusão territorial, pois tem um carácter
multifuncional, quer dizer, é utilizada como língua intranacional e internacional
(Miguel, 2014), o que leva todo o cidadão escolarizado a dominá-la para a satisfação
das suas necessidades comunicativas.

De acordo com Adriano (2015, p. 37), “Angola é um país linguisticamente


caracterizado como plurilingue a nível social e essencialmente bilingue, a nível
individual”, sendo que alguns indivíduos têm o português como língua materna e outros
como língua segunda. Assim, a unidade I foi inserida nos conteúdos programáticos por
ser a que dota o futuro professor de LP de conhecimentos que o ajudam a compreender
os conceitos de língua materna, segunda e estrangeira, bastante importantes no contexto
angolano, ajudando-o a compreender o estatuto do português no contexto angolano, pois
o ensino do português em Angola requer que quem ensina conheça os vários estatutos
desta língua.

A função da metodologia de ensino das línguas é “contribuir para um ensino e uma


aprendizagem da língua cada vez melhores e mais adequados ao mundo complexo,
dinâmico e mutante em que vivemos” (Figueiredo, 2004, p. 15). Deste facto, resulta a
necessidade de uma metodologia da língua portuguesa orientada de modos que os
alunos adquiram uma competência linguístico-comunicativa; por isso, a unidade II
procura dotar o futuro professor de conhecimentos sobre metodologias de ensino das
línguas, de forma geral, e sobre metodologia do ensino da língua materna/segunda, de
forma particular, pois para se estudar a(s) metodologia(s) de ensino da língua
portuguesa é importante conhecer as metodologias, de forma geral, de modos a
contextualizá-las.

A unidade III é o cerne da UC, porquanto, através dela, os futuros professores serão
capacitados com conhecimentos em volta do ensino da oralidade, da leitura, da escrita e
da gramática, cujo objectivo, tal como salienta Silva (2016), é desenvolver a
competência linguístico-comunicativa dos alunos/utentes da língua, pois a aula de
Português, como destaca Fonseca & Fonseca (1997, p. 153),

9
é sempre aula de língua, de linguagem, de comunicação. Visará, pois, o
desenvolvimento e a estruturação da competência comunicativa do aluno que o
tornará apto a usar melhor a sua língua - usar melhor não apenas como
aperfeiçoamento de tipo estrutural, de correcção de estruturas e aquisição de
estruturas novas, mas também e sobretudo como obtenção de sucesso na
adequação do acto verbal às situações de comunicação.

Assim, para o desenvolvimento da competência linguístico-comunicativa, os


conhecimentos sobre o ensino da oralidade, da leitura, da escrita e da gramática são
imprescindíveis.

Planificar é uma tarefa essencial e antecipa a realização de qualquer actividade


educativa, visto que permite ao professor traçar os objectivos e as competências a
alcançar, escolhendo os meios didácticos e as metodologias de trabalho mais adequados
aos conteúdos curriculares a trabalhar com os alunos, tendo em conta o programa e as
orientações curriculares (Azevedo, 2010).

Durante a planificação, o professor não deve considerar o manual escolar como o único
material didáctico, podendo recorrer a outros e/ou elaborar um, tendo em conta o
contexto de leccionação e a dinâmica social, recorrendo às novas ferramentas
tecnológicas, se possível, porquanto, como afirma Custódio (2009), os professores têm a
liberdade de produzir materiais originais, de acordo com as particularidades das turmas
em que trabalham, dos alunos, dos conteúdos e das competências que pretendem
desenvolver. Para tanto, a unidade IV procura capacitar os futuros professores em
matérias sobre planificação e uso de novas ferramentas tecnológicas no ensino da LP,
pois o processo de ensino-aprendizagem da língua deve acompanhar também a evolução
da ciência e usá-la em prol do seu melhoramento.

No processo de ensino-aprendizagem, avaliar consiste em atribuir um valor, um sentido


a uma situação real, à luz de uma situação desejada e comporta sempre uma intenção de
mudança e de alteração de comportamentos (quer do professor, quer do aluno). É por
intermédio da avaliação, ao identificar propriedades ou informações acerca de algo ou
de um objecto, que podem ser tomadas decisões relativas a esse objecto (Azevedo,
2010). Assim, a avaliação é uma dimensão inerente ao processo de ensino-
aprendizagem e, por isso, a unidade V, “Avaliação”, pretende despertar nos futuros
professores de Língua Portuguesa a consciência sobre a importância da avaliação nesse

10
processo, pois, através dela, o professor tem conhecimento sobre como o processo se
desenvolve, ajudando-o na tomada de decisões.

A supervisão é uma actividade de apoio, orientação e regulação da prática educativa


(Alarcão & Roldão, 2009), por isso, ela deve estar presente, principalmente, no processo
de formação inicial de professores. Por este motivo, a última, a unidade VI, pretende
capacitar os futuros professores em matérias de supervisão, pois ensinar não é
suficiente, é importante auto-supervisionar/supervisionar também o ensino, de modos a
convocar ou ajudar a convocar conhecimentos adquiridos relevantes para a
compreensão do mundo real e a desenvolver conhecimentos, técnicas, atitudes e
identidades profissionais (Alarcão, 2021).

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Quadro n.º 2 - Plano temático

Temas Conteúdos RA Actividades Horas totais


de contacto

T P TP

ESTATUTO(S) DA Conceitos de língua - Definir os conceitos de língua materna, - Leitura do artigo “Língua materna/língua segunda”, de Nagalasso 4
LÍNGUA materna e não segunda e estrangeira; - Reflectir sobre a M. Musanji (s/d) (extra-aula); - Discussão em volta da leitura feita; -
PORTUGUESA NO materna: língua importância dos conceitos de língua Elaboração de autobiografias linguísticas; - Identificação da ordem de
CONTEXTO materna, segunda e materna, segunda e estrangeira na vida aquisição/aprendizagem da(s) língua(s) que o(s) estudante(s)
ANGOLANO estrangeira profissional do professor de português em conhece(m), com base na autobiografia elaborada; - Resolução de
Angola casos sobre o estatuto que a LP tem para os indivíduos apresentados
nos casos – trabalho em grupo.

Estatuto(s) do - Identificar os contextos de utilização - Leitura do conteúdo contido no Manual sobre “O(s) estatuto(s) do 2
português em Angola do português em Angola; - Conhecer português em Angola (extra-aula); -Debate sobre os estatutos do
o(s) estatuto(s) do português em português em Angola; - Síntese oral do professor; - Elaboração de um
Angola, de acordo com os contextos de actividade no portefólio de leituras e actividades individuais (extra-
aula): Leitura dos capítulos 7 e 8 do ebook “O português de/em
utilização; - Compreender as
Angola: Peculiaridades linguísticas e a diversidade no ensino”, de
implicações dos estatutos do português
Timbane, Sassuco & Undolo: Capítulo 7: i. em Angola, o português é
para a organização dos processos de
língua materna, segunda ou estrangeira? Justifique a sua resposta com
ensino-aprendizagem deste idioma, em base na leitura feita; ii. o que sugere o autor para o ensino do
Angola. português em Angola? Capítulo 8: i. que razões têm levado o
português a tornar-se língua hegemónica em Angola? ii. que

12
sugestões apresenta o autor para o seu ensino?

METODOLOGIA(S) Metodologia (s) de - Conceituar metodologia das línguas; - - Leitura do capítulo “Didáctica da Língua”, de Carlos Reis & José 2
DE ENSINO DAS ensino das línguas: Definir o âmbito e os fundamentos da Víctor Adragão (extra-aula); - Discussão em volta da leitura sobre a
LÍNGUAS Objectivos metodologia das línguas; metodologia de ensino de línguas (em pares e, a seguir, grupos).

Metodologia de - Identificar as potencialidades das novas - Leitura do texto “Didácticas das línguas estrangeiras/segundas”, de 2 2
ensino das línguas tendências e as perspectivas tradicionais na Ngalasso Mussanji e do ponto 3 da obra “O ensino da gramática do
materna e não metodologia de ensino das línguas; - português como língua estrangeira: Algumas propostas”, de Lola
materna: percurso Reflectir sobre as metodologias de ensino Xavier (extra-aula); - Preenchimento, em grupos, de tabela-síntese
histórico. das línguas; sobre as características das metodologias de ensino das línguas
materna e não materna.

Metodologia de - Identificar as especificidades e princípios - Leitura dos textos “Finalidades do ensino do português” e 2
ensino da língua metodológicos da metodologia de ensino da “Objectivos da didáctica da língua”, de Carlos Reis & José Víctor
materna/segunda: língua materna; Adragão; - Discussão em volta da leitura dos textos; - Síntese oral
finalidades, dos alunos.
especificidades e
princípios
metodológicos

METODOLOGIA(S) Definição de aula de - Definir a aula de Português; - Identificar - Análise do poema “Aula de Português”, de Carlos Drummond de 4
DE ENSINO DA Português as características da aula de Português; - Andrade; - Leitura do texto “Para a definição da aula de Português,
LÍNGUA Reconhecer as características da aula de de Fonseca & Fonseca (1977, pp. 153-156) (intra-aula); - Análise, em
PORTUGUESA Português nas directrizes do Plano de grupos, dos três pontos da aula de Português apresentados pelos
Estudo dos Subsistemas de Ensino sob autores; - Reconhecimento, em grupo, das características da aula de

13
Tutela do Ministério da Educação português nas directrizes do Plano de Estudo dos Subsistemas de
Secundário (I e II ciclos). Ensino sob Tutela do Ministério da Educação Secundário (I e II
ciclos), no que à disciplina de LP diz respeito; - Portefólio de leituras
complementares e actividades individuais (extra-aula): Leitura do
artigo de Isabel Duarte (2001) “O português, na escola, hoje” e
apresentação do resumo e pontos de vista sobre a leitura feita.

Metodologia de - Revelar conhecimentos sobre o conceito - Leitura do texto “Prática de leitura na escola”, de João Warderley 2 2
ensino da leitura. de leitura; - Reflectir sobre o ensino da Geraldi (1999) (extra-aula); - Discussão sobre o texto e sobre os
leitura através da história recente; - avanços teóricos no domínio da leitura em sala de aula; -
Leitura: das
Identificar, em grupos, os objectivos dos Identificação, em grupos, dos objectivos ligados à leitura nos
perspectivas actuais
programas de Língua Portuguesa referentes programas de Língua Portuguesa do Ensino Secundário.
às práticas de sala de
à leitura;
aula.

Metodologia de - Diferenciar texto literário do não literário - Apresentação, pelos estudantes, de estratégias de trabalho com o 1 7
ensino da leitura:
em contexto de ensino; - Reflectir sobre as texto em sala de aula; - Feedback pelo professor; - Exposição oral do
Estratégias de
trabalho com o texto atitudes didácticas perante o texto; - professor sobre o tema; - Análise, em grupos, das actividades de
(literário e não
Identificar as fases didácticas do trabalho leitura presentes nos manuais de Língua Portuguesa do Ensino
literário) em sala de
aula; com o texto; - Desenvolver estratégias de Secundário (cada grupo poderá analisar uma actividade do Manual); -
trabalho com o texto (literário e não Apresentação de um modelo de sequência didáctica, pelo professor; -
literário) em sala de aula; - Analisar as Elaboração, em grupo, de sequências didácticas/planos de aula com
actividades de leitura presentes nos manuais actividades de leitura, usando texto literário ou não literário; -
de Língua Portuguesa do Ensino Apresentação das sequências elaboradas.
Secundário; - Conceber práticas de ensino e
de avaliação da leitura sustentadas em

14
perspectivas actuais sobre o ensino da
leitura no Ensino Secundário;

Metodologia de Discutir/desenvolver estratégias para a - Exposição oral do professor sobre educação literária; - Debate sobre 4 4
ensino da leitura:
formação de leitores literários tendo em a formação de leitores literários no contexto angolano, de forma
Estratégias de
Formação de conta o contexto escolar angolano. geral, e no contexto huilano, em particular; - Elaboração de um
Leitores Literários
cânone literário escolar (deverá constar no portefólio de leituras e
actividades individuais); - Elaboração de propostas de actividades
para a formação de leitores literários a partir do cânone elaborado; -
Apresentação das propostas elaboradas; - Portefólio de leituras:
leitura do prefácio da obra “Dos leitores que temos aos leitores que
queremos”, de Iolanda Ribeiro & Fernanda Viana, e apresentação dos
pontos de vista da autora do prefácio sobre a formação de leitores.

Metodologia de - Analisar e conceber práticas de avaliação - Apresentação, pelo professor, de alguns princípios e propostas para 4
ensino da leitura:
da leitura adequadas aos objectivos dos a avaliação da leitura; - Discussão em volta das propostas
princípios e
propostas para a programas do Ensino Secundário e apresentadas pelo professor; - Elaboração, em grupo, de algumas
avaliação da leitura
sustentadas em perspectivas actuais sobre a propostas para a avaliação da leitura no Ensino Secundário.
leitura no Ensino Secundário.

Metodologia de - Reflectir sobre a língua oral e o seu - Leitura do texto “Géneros orais na escola”, de Marianne Cavalcante 2 2
ensino do oral.
ensino; - Saber fazer desenvolver as & Cristina Teixeira (2007) (extra-aula); - Debate sobre a presença do
O oral na escola:
Posições competências orais nos alunos; - Identificar, oral nas aulas de Língua Portuguesa (objectivos, que oral? Como?); -
nos programas do Ensino Secundário, Identificação, nos programas do Ensino Secundário, objectivos de
objectivos de ensino ligados ao oral. ensino ligados ao oral.

15
Metodologia de - Promover acções pedagógicas - Debate sobre as actividades do oral a desenvolver em contexto de 4
ensino do oral:
teoricamente sustentadas conducentes ao sala de aula; - Elaboração, em grupos, de sequências
Estratégias de
trabalho com o oral desenvolvimento de competências de didácticas/planos de aula, com actividades que desenvolvam as
na sala de aula
recepção e produção oral. competências orais dos alunos (usando diversos suportes – vídeos,
áudios, imagens, desenhos…); - Apresentação das sequências
elaboradas.

Metodologia de - Conceituar a escrita no plano didáctico; - Leitura das pp. 78-90 (Pedagogia da Escrita) da obra “Didáctica do 2
ensino da escrita: A
Adquirir as bases teóricas que permitam Português Língua Materna: Dos Programas de Ensino às Teorias, das
promoção da escrita
na escola ultrapassar o empirismo tacteante que Teorias às Práticas”, de Olívia Figueiredo (2005) (extra-aula); -
caracteriza ainda hoje o ensino da escrita Debate em volta do conceito de escrita apresentado na obra.
em contexto escolar;

Metodologia de - Identificar as fases do desenvolvimento da - Síntese oral do professor sobre o tema; - Discussão sobre o 2
ensino da escrita: O
capacidade de escrita; - Identificar os desenvolvimento da capacidade de escrever e o processo cognitivo da
desenvolvimento da
capacidade de processos cognitivos inerentes à escrita; - escrita.
escrever
Diferenciar escrita em desenvolvimento e
Escrever: processo escrita desenvolvida; - Reflectir sobre as
cognitivo
implicações do processo cognitivo para a
didáctica da escrita

Metodologia de - Operacionalizar princípios estruturadores Síntese do professor sobre o tema; - Elaboração, em grupos, de 2 4
ensino da escrita:
da didáctica da escrita em estratégias sequências didácticas com actividades de escrita; - Apresentação das
Sequência didáctica
para o ensino da sustentadas na teoria e nos dados da sequências elaboradas.
escrita

16
investigação
Metodologia de - Conhecer as concepções e práticas sobre o - Leitura do texto “O ensino da gramática do português como língua 4
ensino da gramática:
ensino da gramática; - Reflectir sobre o estrangeira: algumas propostas (pp. 411-416), de Lola Xavier (extra-
Fundamentos do
ensino da gramática ensino da gramática na aula de língua aula); - Discussão em volta da aula de Português centrada na
na escola
portuguesa; gramática;

Metodologia de - Identificar os princípios e etapas da - Leitura do artigo “A configuração do ensino da gramática nos novos 2 6
ensino da gramática:
aprendizagem da gramática pela manuais de Português do 9.º ano”, de António Carvalho da Silva; -
Proposta didáctica
para o ensino da descoberta; - Desenvolver uma consciência Discussão em torno da leitura; - Levantamento e análise-crítica, em
gramática – o
crítica sobre as actividades linguísticas grupos, de actividades de ensino da gramática nos manuais de Língua
método da
descoberta (reconhecimento, produção e explicitação); Portuguesa do Ensino Secundário (um manual para cada grupo); -
- Identificar, nos manuais do Ensino Elaboração de sequências didácticas com actividades de ensino da
Secundários, actividades de ensino da gramática, tendo em conta o método de aprendizagem pela
gramática; - Planificar actividades que descoberta. - Apresentação das sequências didácticas elaboradas.
visem o ensino da gramática
PLANIFICAÇÃO E Planificação: sua - Compreender a importância da - Leitura do capítulo 5 da obra “Metodologia da Língua Portuguesa”, 2
importância.
OFICINAS DE planificação no processo de ensino- de Fernando Azevedo (extra-aula); - Síntese oral dos alunos e do
MATERIAIS aprendizagem; - Reflectir sobre os factores professor sobre o tema;
DIDÁCTICOS COM que interferem na planificação do processo
RECURSO A de ensino-aprendizagem da LP;
NOVAS Planificação: - Compreender a importância da definição - Leitura do capítulo 4 da obra “Metodologia da Língua Portuguesa”, 2
TECNOLOGIAS formulação de
de objectivos em educação; - Identificar as de Fernando Azevedo (extra-aula); - Síntese oral dos alunos e do
objectivos
regras gerais na formulação de objectivos professor sobre o tema; - Elaboração, em grupos, de objectivos para
(gerais e específicos); - Reflectir sobre os um ano lectivo, para uma unidade temática e para uma aula de
objectivos a privilegiar no processo de

17
ensino-aprendizagem da língua portuguesa; Língua Portuguesa.

Planificação: a - Identificar os diferentes tipos de - Elaboração, em grupos, de planos/sequências a longo, médio e curto 1 5
longo, médio e curto
planificação; - Elaborar planificações a prazo.
prazo.
longo, médio e curto prazo.
A selecção e - Reflectir sobre os aspectos a ter em conta - Identificação, em pares, de alguns aspectos considerados 2
avaliação de
na selecção e avaliação de materiais fundamentais na selecção e avaliação de um material didáctico para a
materiais didácticos:
alguma didácticos para a aula de Língua aula de Língua Portuguesa; - Resposta a algumas questões a ter em
contextualização
Portuguesa. conta na selecção e avaliação de materiais didácticos para as aulas de
Língua Portuguesa.

Discurso - Conceber actividades de ensino- - Apresentação, pelo professor, de uma proposta para o trabalho com 4
argumentativo:
aprendizagem da Língua Portuguesa usando o vídeo na aula de Língua Portuguesa; - Elaboração, em grupos, de
Proposta de trabalho
com o vídeo o vídeo. actividades usando o vídeo.

A imagem como - Conceber actividades de ensino- - Apresentação, pelo professor, de uma proposta para o trabalho com 4
estratégia de
aprendizagem da língua portuguesa usando a imagem como estratégia de pesquisa na aula de Língua Portuguesa
pesquisa: Proposta de
trabalho com a imagem como estratégia de pesquisa. (acesso à imagem a partir do QR Code); - Elaboração, em grupos, de
imagem
actividades usando a imagem como estratégia de pesquisa.

Relações inter- - Identificar inter-relações entre a poesia e - Síntese oral dos alunos e do professor sobre o tema; - Elaboração, 1 3
semióticas entre a
outras formar de arte; - Conceber em grupos, de actividades usando a poesia e outra forma de arte;
poesia e outras
formas de arte actividades de ensino-aprendizagem da
língua portuguesa usando um texto poético
e outra forma de arte;
Textos multimodais - Definir textos multimodais; - Reflectir - Exposição oral do professor sobre o tema; - Reflexão oral dos 1 3
na aula de Português

18
sobre a importância do uso de textos alunos sobre a importância do uso de textos multimodais na aula de
multimodais na aula de LP. LP; - Elaboração, em grupos, de actividades usando textos
multimodais originais ou adaptados.

O uso de ferramentas - Reflectir sobre a importância do uso de - Debate sobre a importância do uso das ferramentas tecnológicas na 1 3
tecnológicas na aula
ferramentas tecnológicas na aula de aula de Português; - Utilização de algumas ferramentas tecnológicas;
de Português: o QR
Code, o Kahoot, o Português; - Manusear algumas ferramentas - Elaboração de actividades de ensino-aprendizagem do português
Questionário Google
tecnológicas para a aula de português; - usando algumas ferramentas tecnológicas.
e o Edpuzzle.
Conceber actividades de ensino-
aprendizagem do Português usando
algumas ferramentas tecnológicas.
V – A AVALIAÇÃO Avaliação: Tipos - - Compreender a importância da avaliação - Leitura do capítulo 8 da obra “Metodologia da Língua Portuguesa” 2
diagnóstica,
no processo de ensino-aprendizagem; - (pp. 128-129), de Fernando Azevedo (extra-aula) - Identificação, em
formativa e sumativa
Identificar os tipos de avaliação; - Reflectir grupos, dos tipos de avaliação; - Elaboração do portefólio de leituras
sobre a importância de cada tipo de e actividades individuais: Reflectir, no portefólio, sobre a importância
avaliação. de cada tipo de avaliação no processo de ensino-aprendizagem.

Instrumentos de - Conhecer alguns instrumentos de - Leitura do capítulo 8 da obra “Metodologia da Língua Portuguesa” 2 2
avaliação na aula de
avaliação na aula de LP; - Elaborar alguns (pp. 140-154), de Fernando Azevedo (extra-aula); - Debate em volta
Português
instrumentos de avaliação para a aula de da leitura feita. - Elaboração, em grupos, de instrumentos de
LP. avaliação para a aula de LP

VI – A Supervisão - Reflectir sobre a importância da - Leitura da obra “Supervisão e Avaliação do Desempenho Docente” 4
Pedagógica
SUPERVISÃO supervisão pedagógica no processo de (pp. 11-18), de Flávia Vieira & Maria Alfredo Moreira. - Análise

19
PEDAGÓGICA NO formação inicial de professores; - Analisar crítica do professor e dos alunos sobre o tema.
PROCESSO DE o papel dos intervenientes no processo de
ENSINO- supervisão pedagógica; -
APRENDIZAGEM Conhecer/reconhecer as estratégias de
supervisão e os documentos a serem
produzidos.
Prática Pedagógica I - Conhecer as orientações da Prática - Leitura dos documentos institucionais que regem a Prática 2
e II
Pedagógica I e II; Pedagógica I e II (ISCED-Huíla) (extra-aula); - Apresentação, pelo
professor, das principais orientações da Prática Pedagógica; -
Discussão em volta das orientações apresentadas.

O Estágio Conhecer as orientações do Estágio - Leitura dos documentos institucionais que regem o Estágio 4
Pedagógico de
Pedagógico de Licenciatura Pedagógico de Licenciatura (ISCED-Huíla); - Apresentação, pelo
Licenciatura
professor, das principais orientações sobre o Estágio Pedagógico de
Licenciatura; - Discussão em volta das orientações apresentadas.

20
2.4. Metodologia de ensino e materiais de apoio

Ensinar e aprender não são conceitos cujas acepções mantenham entre si relações de
implicação biunívocas. Aprender não é uma consequência directa ou imediata do acto
de ensinar. Do mesmo modo, ensinar não acarreta necessariamente que aquele a quem
se ensina aprenda (Azevedo, 2010).

De acordo com Azevedo (2010), para serem eficazes e originarem a compreensão, a


organização e reestruturação do conhecimento, isto é, a aprendizagem, os processos de
ensino exigem um conjunto coerente e articulado de procedimentos, técnicas e métodos,
à luz dos quais o professor concretizará a relação pedagógica. Portanto, o professor, ao
ensinar, deve ser capaz de criar condições de aprendizagem.

Na UC de “Didáctica da Língua Portuguesa”, o professor deverá optar por uma


metodologia assente na pesquisa teórica e na articulação teoria-prática, através, por
exemplo, da realização de actividades que levem os futuros profissionais a reflectirem
sobre a prática docente, da análise crítica dos documentos que regem a prática educativa
no contexto angolano, do debate e da aprendizagem reflexiva e colaborativa.

Deverão ser realizadas, na mesma UC, em contexto de sala de aula e fora dela, leituras,
pesquisas, planificações a longo prazo (plano anual), a médio prazo (plano de unidade)
e a curto prazo (sequências didácticas/planos de aulas), análise crítica de situações
concretas ligadas à língua e ao seu ensino no contexto angolano e de documentos que
orientam a prática educativa em Angola, portefólio de leituras e actividades individuais
desenvolvidas, apresentação e demonstração de estratégias e instrumentos, exercícios e
experiências práticas que permitam a sua implementação/reflexão na formação do
professor.

Os trabalhos práticos poderão ser feitos nas aulas, ou fora delas, individualmente, em
pares ou em grupos, em dependência, quer do tipo de trabalho, quer da opção do
professor e dos perfis dos alunos, embora se recomende a preferência pelo trabalho em
grupo por ser mais económico e por estimular a colaboração, a democracia e a inclusão.
O trabalho em grupo é também uma forma de trabalho que estimula a cooperação, a
interajuda e a partilha de saberes, de competências e de experiências.

Para a realização das actividades da UC, serão utilizados recursos como textos escritos,
registos áudio e vídeo, conteúdos digitais, ferramentas tecnológicas, documentos

21
orientadores da prática educativa em Angola, entre outros. Assim, o professor deverá
fomentar uma visão transformadora de educação, assente na indagação crítica, na
intervenção crítica, na democraticidade, na dialogicidade, na participação e na
emancipação dos alunos, futuros professores.

2.5. Avaliação

Avaliar consiste em atribuir um valor (ou um sentido) a uma situação real, à luz de uma
situação desejada. Nesta perspectiva, avaliar comporta sempre uma intenção de
mudança e de alteração de comportamentos. É pela avaliação, ao identificar
propriedades ou informações acerca de algo ou de um objecto, que podem ser tomadas
decisões relativas a esse objecto. Deste modo, a avaliação é uma dimensão intrínseca
dos processos de ensino e de aprendizagem. Naturalmente, o conceito de avaliação
correlaciona-se intimamente quer com as finalidades do ensino e da aprendizagem
definidos a nível macro-global, quer com os modelos de aprendizagem implementados
na prática pedagógica (Azevedo, 2010).

2.5.1. Tipos de avaliação a praticar

Durante o processo educativo, serão praticados os seguintes tipos de avaliação:


diagnóstica, formativa e sumativa. A avaliação diagnóstica far-se-á sentir no início das
actividades da UC, de uma nova unidade e sempre que o professor achar conveniente,
uma vez que esta avaliação orientará o professor sobre o nível de conhecimento dos
seus alunos e, por isso, sobre o ponto em que ele pode e deve começar a desenvolver os
conteúdos programáticos e sobre as estratégias supostamente mais adequadas e
rentáveis; a avaliação formativa visará o aperfeiçoamento do processo de ensino-
aprendizagem e será praticada sempre que o professor achar conveniente, nas aulas
teóricas, práticas e teórico-práticas, nas actividades individuais, em pares ou em grupos;
a avaliação sumativa será praticada durante as provas escritas, auto-avaliação e
portefólio de leituras e actividades individuais (versão final).

Para a avaliação das aprendizagens realizadas no âmbito da UC, serão tidos em conta os
seguintes instrumentos e actividades: provas escritas, portefólio de leituras e actividades
individuais, trabalhos em pares, em grupo, hetero-avaliação e auto-avaliação da
participação nas aulas.

22
Na avaliação das aprendizagens, serão considerados quatro elementos: i. provas escritas
(duas): 50%; ii. portefólio de leituras e actividades individuais e participação nas
actividades: 20%, trabalhos em grupo: 20%; iii. auto-avaliação: 10%.

No fim do ano lectivo, será realizado um exame escrito e a nota desse será somada à
nota obtida por meio dos restantes elementos e dividida por dois.

Antes de qualquer avaliação, o professor deverá facultar aos alunos, com clareza,
precisão e fundamento, os critérios de correcção/avaliação e deverá também
disponibilizar a possibilidade de os alunos autocorrigirem as suas falhas.

Participarão do processo de avaliação do docente da UC os próprios alunos, através da


auto-avaliação e da hetero-avaliação.

As provas escritas serão corrigidas e os resultados discutidos com os alunos; o


portefólio de leituras e actividades individuais, por ser um documento em construção,
será enviado ao professor sempre que o aluno inserir uma leitura feita ou realizar uma
actividade; a seguir, o professor dará retorno sobre o portefólio ao aluno; os trabalhos
em grupos serão avaliados em duas componentes: a escrita e a apresentação. A
avaliação da componente escrita será da responsabilidade do professor e a avaliação da
componente da apresentação será da responsabilidade dos alunos que não fazem parte
do grupo, sob orientação do professor. O retorno será dado logo a seguir à apresentação
dos trabalhos. A auto-avaliação da participação nas aulas será feita no fim das
actividades da UC, através de uma grelha elaborada para o efeito.

23
BIBLIOGRAFIA BÁSICA

Azevedo, F. J. F. de (2010). Metodologia da Língua Portuguesa. Porto: Plural Editores.

Figueiredo, O. (2005). Didáctica do Português Língua Materna. Dos Programas de


Ensino às Teorias, das Teorias às Práticas. Porto: Edições ASA. (pp. 78-90).

Reis, C. & Adragão, J. V. (1992). Didáctica do Português. Lisboa: Universidade


Aberta.

Silva, A. C. da (2016). A Configuração do Ensino da Gramática nos Novos Manuais de


Português do 9.º ano. Universidade do Minho: Revista do Centro de Estudos
Humanísticos. Série Ciência da Linguagem. N.º 30/1.

Spinassé, K. (2006). Os Conceitos de Língua Materna, Língua Segunda e Língua


Estrangeira e os Falantes de Línguas Alóctones Minoritárias no Sul do Brasil. Revista
Contingentia, 1, 1-8.

Vieira, F. & Moreira, M. F. (2011). Supervisão e Avaliação do Desempenho Docente.


Disponível em http://www.ccap.min-edu.pt/pub.htm

24
PARTE II – MANUAL PARA A UC DE “DIDÁCTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA”

1. Breve introdução ao Manual

O presente Manual, tal como o Currículo, foi elaborado no âmbito da UC de “Trabalho


de Projecto”, integrada no 2.º ano do plano de estudos do Mestrado em Metodologia de
Ensino de Línguas, área de especialização em Metodologia de Ensino da Língua
Portuguesa no Ensino Secundário, e destina-se aos estudantes de “Didáctica da Língua
Portuguesa”, do 2.º ano do curso de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa. A
sua elaboração objectiva apoiar as aprendizagens dos estudantes durante as aulas e em
regime de trabalho autónomo.

Nesse Manual, será apresentada uma contextualização teórica e uma proposta de


didactização da unidade I do Currículo de “Didáctica da Língua Portuguesa” –
Estatuto(s) da língua portuguesa no contexto angolano. A escolha da mesma justifica-se
pelo facto de ser uma unidade de contextualização sobre o português em Angola e seus
estatutos, visto que Angola é um país plurilingue e a aquisição/aprendizagem do
português pode ocorrer nos primeiros anos de vida (língua materna) ou após a
aprendizagem de uma língua africana (língua segunda) e, portanto, é importante que o
futuro professor de Língua Portuguesa conheça os estatutos do português no contexto
angolano para, a seguir, adequar o seu ensino.

São objectivos dessa unidade temática os seguintes: i. definir os conceitos de língua


materna, segunda e estrangeira; ii. identificar os contextos de utilização do português
em Angola; iii. conhecer os estatutos do português em Angola, de acordo com os
contextos de utilização; iv. compreender as implicações dos estatutos do português para
a organização dos processos de ensino-aprendizagem deste idioma, em Angola.

O manual apresenta-se como um recurso pedagógico útil para a aquisição, consolidação,


expansão e sistematização de aprendizagens, apoiando também o docente na
leccionação.

2. Unidade temática: Estatuto(s) da língua portuguesa no contexto angolano

A presente unidade temática pretende discutir, com os futuros professores de língua


portuguesa em Angola, os conceitos de língua materna, segunda e estrangeira, levando-

25
os a reflectir sobre as implicações pedagógico-didácticas de tais classificações, pois
conhecimentos sobre os estatutos do português muito podem ajudar o professor na
tomada decisões sobre a(s) metodologia(s) a usar para o seu ensino, em função também
dos contextos específicos. Na proposta de currículo, a presente unidade temática é a
primeira.

Conceitos de língua materna e não materna: língua materna, segunda e


estrangeira

Em Angola, um número considerável de pessoas fala a língua portuguesa, que é a língua


oficial, de discurso pedagógico, disciplina escolar e veicular. A par do português, outras
línguas africanas são também faladas, mas é o português que apresenta maior difusão,
principalmente nas zonas urbanas, onde, para a maioria dos cidadãos angolanos (Cf.
dados do Censo Populacional, 2014), é língua materna ou segunda.

Em contextos plurilingues, como é o caso do angolano, o conhecimento dos conceitos


de língua materna, segunda e estrangeira é importante na vida profissional do professor
de LP, pois ajuda a definir a metodologia a utilizar para o seu ensino (metodologia de
ensino do português língua materna ou segunda).

A língua materna (LM ou L1) é considerada, na maior parte dos casos, como sendo
aquela adquirida, não necessariamente aprendida, num contexto familiar (Tabilo, 2011).
É “a língua em que, aproximadamente até aos cinco anos de idade, a criança estabelece
a sua primeira gramática, que depois vai reestruturando e desenvolvendo em direcção à
gramática dos adultos da comunidade em que está inserida” (Leiria, 2005, p. 10),
permitindo-lhe relacionar-se linguisticamente com os restantes membros da sua
comunidade.

A aquisição da LM é uma componente da formação do conhecimento de mundo do


indivíduo, porquanto junto com a competência linguística, adquirem-se também os
valores pessoais e sociais. Assim, a LM determina, em geral, a origem do indivíduo e é
usada, na maioria das vezes, no quotidiano (Spinassé, 2006).

A LM é a língua que adquirida em primeiro lugar e em casa, por influência dos pais
(não sendo necessariamente a língua da mãe) e é, também, frequentemente, a língua da
comunidade onde o indivíduo que a adquire está inserido. No entanto, outros aspectos

26
linguísticos e não-linguísticos estão associados à definição, tais como: “a língua dos
pais pode não ser a língua da comunidade e, ao aprender as duas, o indivíduo passa a ter
mais de uma L1” (Spinassé, 2006, 5).

CASO PRÁTICO:
Uma criança que nasce no município da Matala, província da Huíla, filha de pais que têm o
nhaneka como língua materna e falam com frequência em casa e na creche, com a educadora
e com os colegas, fala português, claramente terá o nhaneka e o português como línguas
maternas.

De acordo com Ramon (2021), a identificação da língua materna está geralmente


associada aos seguintes critérios: i. afectivo (língua falada pelos progenitores); ii.
geográfico (língua falada no país onde o indivíduo nasce); iii. autodesignação (língua
relativamente a qual aquele que fala se sente parte da comunidade que a fala); iv.
primazia (primeira língua adquirida e falada); v. proficiência (em geral, língua que é
melhor dominada); vi. associação (língua que identifica a origem étnica de quem a fala),
ou seja, a identificação da LM só é possível se forem combinados aspectos como

a língua da mãe, a língua do pai, a língua dos outros familiares, a


língua da comunidade, a língua adquirida em primeiro lugar, a língua
com a qual se estabelece uma relação afectiva, a língua do dia-a-dia, a
língua predominante na sociedade, a de melhor status para o
indivíduo, a que ele melhor domina e a língua com a qual ele se sente
mais à vontade (Spinassé, 2006, p. 5).

No contexto angolano, a identificação da LM pode representar problemas, pois é um


contexto multilingue e multicultural e os indivíduos podem adquirir duas LM ao mesmo
tempo ou de forma seguida, tal como acontece no caso prático apresentado acima.

Língua segunda (L2) é aquela aprendida longo a seguir à aquisição da LM e usada


dentro das fronteiras territoriais em que ela tem um estatuto reconhecido. É a língua
usada pelos sistemas administrativo, judicial e educativo do território. Em Angola, por
exemplo, o português é a língua segunda de alguns indivíduos.

27
CASO PRÁTICO:
Um indivíduo que vive no município de Balombo, província de Benguela, não frequentou a
escola até aos sete anos e, portanto, só fala a língua da sua comunidade (umbundu); muda-
se para a capital da província (Benguela) para frequentar a escola e, com isso, tem que
aprender a língua portuguesa para melhor se comunicar com os professores, os colegas, os
vizinhos e os amigos. Para esse indivíduo, o português é língua segunda.

Para a definição da L2, dois critérios são importantes: i. cronológico (língua adicional,
aprendida em fase posterior à aquisição da LM); ii. institucional (língua oficial no
território) (Ramon, 2021).

Língua estrangeira (LE) é a língua diferente daquela que é falada pelos membros de
uma comunidade linguística. Por extensão, num país geralmente plurilingue, como é o
caso de Angola, esta expressão engloba toda a língua que não pertence ao património
cultural do Estado-nação, independentemente do facto de a mesma ser ou não praticada
pelos cidadãos deste Estado (Musanji, s/a). Portanto, é a língua aprendida e usada em
territórios onde não goza de nenhum estatuto sociopolítico.

CASO PRÁTICO:
Um indivíduo angolano tem o kimbundu como língua materna e o português como língua
segunda, mas vê-se na necessidade de aprender o francês (porque é uma disciplina escolar,
porque quer ler textos literários ou científicos nessa língua ou porque pretende ir à França a
passeio). Para esse indivíduo, o francês é língua estrangeira.

Assim, o processo de ensino do português, no contexto angolano, não pode ser encarado
da mesma forma em todo o país, pois os contextos e os alunos que aprendem ditarão a
metodologia a ser usada pelo professor – metodologia de ensino do português língua
materna e/ou segunda.

Nota: Apesar dos conceitos apresentados, a diferenciação, na prática, não é absoluta,


portanto, cada caso poderá ser analisado como um caso, principalmente em contextos
plurilingues.

SUGESTÃO DE LEITURA:
Spinassé, K. (2006). Os Conceitos de Língua Materna, Língua Segunda e Língua
Estrangeira e os Falantes de Línguas Alóctones Minoritárias no Sul do Brasil. Revista
Contingentia, 1. pp. 4-7. Disponível em
https://seer.ufrgs.br/index.php/contingentia/article/view/3837/2144

Tabilo, L. (2011). O Ensino do Português como Língua Estrangeira por Professores


não Nativos. Dissertação de Mestrando. pp. 11-13. Disponível em
https://run.unl.pt/bitstream/10362/7160/1/O%20ENSINO%20DO%20PORTUGU%C3
%8AS%20COMO%20L%C3%8DNGUA%20ESTRANGEIRA%20POR%20PROFES
SORES%20N%C3%83O%20NATIVOS%20-%20L%C3%ADa%20Tabilo.pdf

28
Estatuto(s) do português em Angola

O português, em Angola, foi a língua oficial da Angola colonizada, é a língua oficial da


Angola independente (Mingas, 1998) e, com o tempo, tornou-se uma língua importante.
Actualmente, para além do estatuto de língua oficial (Art. 19.º da Constituição da
República de Angola (CRA 2010), é a língua do discurso pedagógico (Art. 16.º da Lei
n.º 32/20 – Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino); é disciplina escolar (Planos
de Estudo dos Subsistemas de Ensino sob Tutela do Ministério da Educação) e é língua
veicular.

A par do português, outras línguas africanas são faladas em Angola (umbundu,


kimbundu, nhaneka…), o que torna o país plurilingue, mas é o português que goza, tal
como vimos acima, de estatutos privilegiados, tornando-se assim a língua hegemónica
no território angolano.

A nível individual, o português, em Angola, goza do estatuto de LM e LS, do mesmo


modo que o kikongo, o kimbundu ou o umbundu e, cada vez mais, vai-se tornando a
língua materna de um número considerável de indivíduos.

Tendencialmente, nas zonas urbanas, o português é a LM da maior parte dos indivíduos,


principalmente dos jovens, e nas zonas rurais, com a implementação das escolas, é a L2
de um número considerável de cidadãos e vai, cada vez mais, sendo também a LM.

Nota: As situações acima expostas muito podem contribuir para a definição da


metodologia a usar no processo de ensino da língua portuguesa em Angola. Portanto, o
português, tendo em conta o contexto, poderá ser ensinado como LM ou como L2.

SUGESTÃO DE LEITURA:
Calossa, B. V. (2021). Português Língua Materna e não Materna em Angola:
Implicações Didácticas e Políticas. Em Timbane, A. A., Sassuco, D. P. & Undolo, M.
(Org.). O Português de/em Angola: Peculiaridades Linguísticas e a Diversidade no
Ensino. São Paulo: Opção Editora.

Mingas, A. A. (1988). Português em Angola – Reflexões. Macau: VIII Encontro das


Universidades de Língua Portuguesa.
Zua, D. A. (2021). A Influência da Guerra Civil Angolana na Hegemonia do
Português no Século XXI. Em Timbane, A. A., Sassuco, D. P. & Undolo, M. (Org.). O
Português de/em Angola: Peculiaridades Linguísticas e a Diversidade no Ensino. São
Paulo: Opção Editora.

29
3. Proposta de didactização da unidade temática “Estatuto(s) da língua
portuguesa no contexto angolano”

Conteúdos: Conceitos de língua materna e não materna: língua materna, segunda e


estrangeira; estatuto(s) do português em Angola.

Resultados de aprendizagem: i. definir os conceitos de língua materna, segunda e


estrangeira; ii. identificar os contextos de utilização do português em Angola; iii.
conhecer o(s) estatuto(s) do português em Angola, de acordo com os contextos de
utilização; iv. compreender as implicações do(s) estatuto(s) do português para a
organização dos processos de ensino-aprendizagem deste idioma, em Angola.

ACTIVIDADES A SEREM REALIZADAS DURANTE AS AULAS

Antes da aula: Leitura do artigo “Língua estrangeira/língua segunda”, de Nagalasso M.


Musanji (s/d);

QR Code de acesso ao artigo.


Durante a aula

1. Como se definem língua materna, segunda e estrangeira?


1.1. Discuta com o colega ao lado, tendo em conta o artigo lido, e, de forma oral,
apresentem os conceitos à turma.
2. Elabore a sua autobiografia linguística seguindo o modelo apresentado pelo
professor3.

3
O estudante preencherá o espaço das línguas com as que fala; nos espaços “estatuto” e “competências”, preencherá usando um X
nos quadros adequados à sua realidade linguística.

30
Quadro n.º 3 – Autobiografia linguística4

Línguas Estatuto Competências


L1 L2 L3… Escrever Falar Ouvir Ler

3. De forma oral, apresente a sua autobiografia linguística e troque impressões com


os colegas e com o professor sobre a(s) língua(s) que fala e sobre a ordem de
aquisição/aprendizagem da(s) mesma(s);
4. Em grupo, analise os casos práticos sobre línguas materna, segunda e estrangeira
apresentados infra;

Caso 1.

Elenna tem 20 anos de idade e vive em Portugal desde os 14 anos. Veio da Moldávia
com os pais e ingressou na escola portuguesa sem saber uma palavra de português.
Agora domina a língua portuguesa na perfeição e deixa muita gente surpreendida
quando revela que é maldava e só adquiriu o português aos 14 anos. Agora está no
ensino superior português e afirma gostar muito mais de falar o português do que a
língua moldava, idioma que fala em casa com os pais.

Neste caso, o português é língua ____________________________________________

Caso 2.

Bárbara é alemã, tem 40 anos e vive há 15 anos em Portugal. Começou a aprender o


português no ensino superior na Alemanha, já na fase adulta. Domina muito bem o
português, no entanto, o seu sotaque denuncia a sua origem alemã. Mesmo depois de
viver em Portugal há mais de uma década, afirma ter dificuldades em algumas áreas
morfossintácticas, como por exemplo, o uso dos tempos verbais portugueses ou a ordem
das palavras na frase.

Neste caso, o português é língua____________________________________________

4
Quadro elaborado de acordo com modelo proposto por Ramon, M. (2021), em aula de Metodologia de Ensino da Língua
Portuguesa II, Universidade do Minho.

31
Caso 3.

Johann, de 22 anos, é austríaco, vive e estuda em Viena. Por ter interesse em ir trabalhar
no Brasil, decidiu estudar português na universidade. Está no terceiro semestre do seu
curso, frequentando o curso de Língua Portuguesa. Ainda não teve a oportunidade de
viajar para um país de LP. Porquanto, o único contacto que tem com esta língua limita-
se ao contexto de sala de aula.

Neste caso, o português é língua ___________________________________________

Caso 4.

Nassova Mbamba tem 10 anos, é angolana e vive em Cuilo Camboso, município de


Buengas, província do Uíge, uma das 18 províncias de Angola. A sua língua materna é
o kikongo. Entrou na escola este ano, onde começou a aprender português. Antes de
entrar para escola nunca tinha contactado com a LP. Já sabe o abecedário português,
algumas palavras e uma canção que a professora lhe ensinou.

Neste caso, o português é língua____________________________________________

Caso 5.

Áureo tem 6 anos, é angolano e vive no município do Lubango, bairro do Nambambe,


província da Huíla. Estuda na 1ª classe no colégio “O Sol” e tem aperfeiçoado o seu
domínio da L.P com a disciplina de L.P e outras ministradas em nesta língua.

Para além do português, não domina nenhuma outra língua.

Neste caso, o português é língua ____________________________________________

Flores, C. M. M. (2013). Português Língua não Materna: Discutindo Conceitos de uma Perspectiva Linguística. Em
Bizarro, R., Moreira, M. A. & Flores, C. (Coord.) (2013). Português Língua não Materna: Investigação e Ensino.
Lisboa: Lidel – Edições Técnicas, Lda. (Casos 1, 2 e 3)

4.1. Em grupos, identifique, nos casos apresentados, o estatuto que a LP tem para cada
um dos indivíduos referidos nos casos. Registem as respostas5.
5. Conseguem identificar um caso parecido com o de algum colega ou de alguém
que conheçam?
5.1. Se sim, qual?

5
Os casos serão copiados e distribuídos aos grupos.

32
6. Que estatuto(s) tem o português em Angola? Em um parágrafo, justifique a sua
resposta, fundamentando-a com exemplos práticos.
7. Que importância têm os conceitos de língua materna, segunda e estrangeira na
vida profissional do professor de LP em Angola? Discuta com o colega ao lado e
apresentem, de forma oral, a vossa posição à turma.

No fim da aula

8. Considera adequada a maneira como o português é ensinado no contexto


angolano? Porquê?
8.1. Discuta as questões com o seu grupo e apresentem os vossos argumentos à turma.
9. Elaboração de um actividade no portefólio de leituras e actividades individuais:
9.1. Leia os capítulos 7 e 8 do ebook “O português de/em Angola: peculiaridades
linguísticas e a diversidade no ensino”, de Timbane, Sassuco & Undolo e responda às
seguintes questões: Capítulo 7: i. em Angola, o português é língua materna, segunda ou
estrangeira? Justifique a sua resposta com base na leitura feita; ii. o que sugere o autor
para o ensino do português em Angola? Capítulo 8: i. que razões têm levado o
português a tornar-se língua hegemónica em Angola? ii. que sugestões apresenta o autor
para o seu ensino?

3.1. Considerações finais à proposta:

A presente proposta não é uma prescrição para o trabalho com a temática em causa. No
decorrer da planificação da temática ou durante as aulas, poderão surgir outras
possibilidades, dependendo do contexto e do entendimento do docente. A sua escolha
deve-se ao facto de, em muitos casos, o professor de LP em Angola não considerar os
estatutos do português no processo de ensino-aprendizagem da língua, usando, no
entanto, a mesma metodologia para ensinar LP a indivíduos que a têm como língua
materna ou segunda.

33
CONCLUSÕES GERAIS

O trabalho realizado reveste-se que grande importância porque pretende guiar a prática
docente e apoiar os estudantes de Didáctica da Língua Portuguesa, do 2.º ano do curso
de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa do Instituto Superior de Ciências de
Educação da Huíla.

A utilização a fazer do Currículo e do Manual apresentados é flexível, cabendo ao


professor tomar decisões em função do contexto de ensino e das particularidades dos
estudantes.

Por ser uma UC essencial no processo de formação de futuros professores de Língua


Portuguesa, seria importante ser ministrada em, pelo menos, dois anos lectivos, pois
abordar vários assuntos inerentes à didáctica do português em apenas um ano lectivo é
um risco para os futuros profissionais, apesar de existir, no Plano Curricular, as UC de
“Prática Pedagógica I e II”, nos 3.º e 4.º anos, respectivamente.

No geral, o “Estágio Profissional” (EP) foi realizado com êxito e muito contribuiu para
o desenvolvimento profissional e humano do mestrando, dotando-o de conhecimentos e
competências imprescindíveis para o desenvolvimento da actividade docente no Ensino
Superior.

Durante o EP, o mestrando procurou explorar todas as aprendizagens obtidas ao longo,


principalmente, do primeiro ano de formação, explorando os avanços nos domínios da
metodologia de ensino do português, o que levou os seus alunos a tomarem consciência
sobre o grande compromisso do professor de Língua Portuguesa na formação de
cidadãos capazes de participar nos vários eventos discursivos que caracterizam a
sociedade. Procurou também contribuir para o desenvolvimento profissional e humano
das estagiárias e dos professores tutores através da tomada de consciência sobre a
importância do professor de Língua Portuguesa, uma língua pluricêntrica e veículo
cultural, optando por uma visão transformadora de educação, assente no diálogo, na
democracia, na indagação crítica, na emancipação e na intervenção crítica.

No seminário, os mestrandos procuraram trabalhar com os professores tutores, com os


estagiários e com os professores de LP, de forma geral, aspectos teórico-práticos ligados
à metodologia de ensino da língua portuguesa e à supervisão.

34
O mestrando tem o conhecimento do que fez e do que ainda há a ser feito, pois, tal
como a língua, a educação é dinâmica e há que acompanhar esse dinamismo para não se
ficar ultrapassado.

Este projecto termina com a sensação de dever cumprido e com o compromisso do


mestrando de continuar a trabalhar em prol do melhoramento do processo de ensino-
aprendizagem da língua portuguesa em Angola.

35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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Implicações Didácticas e Políticas. Em Timbane, A. A., Sassuco, D. P. & Undolo, M.
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Xavier, L. G. (2021). O Ensino da Gramática do Português como Língua Estrangeira:


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Zua, D. A. (2021). A Influência da Guerra Civil Angolana na Hegemonia do Português


no Século XXI. Em Timbane, A. A., Sassuco, D. P. & Undolo, M. (Org.). O Português
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Opção Editora.

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Carla, M. F. (2021). Programa de Didáctica da Língua Portuguesa – 2021/2022.


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Decreto Presidencial n.º 273/20, de 21 de Outubro. Diário da República n.º 168 – I


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