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ISCED-LUANDA
Junho de 2022
INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS DA EDUCAÇÃO DE LUANDA
ISCED-LUANDA
Trabalho de Projecto
Mestrado em Metodologia de Ensino de Línguas (Decreto
Executivo n.º 98/20, de 3 de Março)
Área de especialização em Metodologia de Ensino da
Língua Portuguesa no Ensino Secundário
Junho de 2022
DEDICATÓRIA
Aos meus pais, Mateus Zua e Feliciana Alfredo, e à minha esposa, Marinela Bunga, por
me terem apoiado, incondicionalmente, durante a frequência do Mestrado.
ii
AGRADECIMENTOS
Este projecto contou com o apoio de várias entidades. Seria longa a citação, mas não
posso deixar de agradecer àqueles que muito deram para a realização do mesmo.
Aos Professores Doutores Abreu Paxe, Adelina de Kadingi, Afonso Miguel, Isaac Paxe,
Manuel Afonso, Manuel Muanza, Teresa Camacho e Vitorino Reis (ISCED-Luanda),
Anne-Marie Fontaine, António da Silva, Fernando Azevedo, Flávia Vieira, Gabriela
Barbosa, Joana Casanova, José Brandão, José Morgado, Leandro Almeida, Maria de
Lourdes, Micaela Ramon e Sílvia Monteiro (UMinho), pela forma sábia como
orientaram as unidades curriculares, pois aprendi muito;
Muito obrigado!
iii
APOIO FINANCEIRO
iv
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE
v
RESUMO
vi
ABSTRACT
This document was prepared within the scope of the “Project Work”, 2nd year UC of
the Master's in Portuguese Language Teaching Methodology in Secondary Education
and is presented as the culmination of all the activities developed during the Master's.
The same is also an indispensable requirement for obtaining the Master's degree.
The “Project Work” consisted in the elaboration of a Curriculum and Manual for the
UC on “Didactics of the Portuguese Language”, given in the 2nd year of the Degree in
Portuguese Language Teaching at ISCED-Huíla (initial teacher training); some topics
contained in them resulted from the experimentation made in the classes of the same
CU at the host institution.
The Curriculum is presented as a support material for the planning and teaching of
classes in this UC and is intended for the teachers in charge of its teaching and the
Manual as a useful pedagogical resource for the acquisition, consolidation, expansion
and systematization of learning, also supporting the teacher in teaching.
This document made it possible to create opportunities for the master's student to
improve curricular development skills and become a reflective trainer, open to
innovation, capable of training reflective teachers and open to innovation.
vii
ÍNDICE GERAL p.
DEDICATÓRIA ............................................................................................................. ii
AGRADECIMENTOS .................................................................................................. iii
APOIO FINANCEIRO ................................................................................................. iv
DECLARAÇÃO DE INTEGRIDADE ......................................................................... v
RESUMO........................................................................................................................ vi
ABSTRACT .................................................................................................................. vii
LISTA DE SIGLAS E DE ABREVIATURAS ............................................................. x
INTRODUÇÃO GERAL ............................................................................................... 1
PARTE I – CURRÍCULO DA UC DE “DIDÁCTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA” ............................................................................................................ 4
1. Breve introdução ao Currículo ................................................................................ 4
2. Programa.... ............................................................................................................. 5
2.1. Objectivos gerais da UC de “Didáctica da Língua Portuguesa” ............................. 5
2.1.1. Objectivos gerais instrutivos ................................................................................... 5
2.1.2. Objectivos gerais educativos ................................................................................... 5
2.2. Resultados de aprendizagem (RA) .......................................................................... 5
2.3. Conteúdos................................................................................................................ 6
2.3.1. Fundamentação da escolha das unidades temáticas ................................................ 9
2.4. Metodologia de ensino e materiais de apoio ......................................................... 21
2.5. Avaliação…........................................................................................................... 22
2.5.1. Tipos de avaliação a praticar ................................................................................. 22
BIBLIOGRAFIA BÁSICA .......................................................................................... 24
PARTE II – MANUAL PARA A UC DE “DIDÁCTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA” .......................................................................................................... 25
1. Breve introdução ao Manual ................................................................................. 25
2. Unidade temática: Estatutos da língua portuguesa no contexto angolano ............ 25
3. Proposta de didactização da unidade temática “Estatutos da língua portuguesa no
contexto angolano” ......................................................................................................... 30
3.1. Considerações finais à proposta: ........................................................................... 33
CONCLUSÕES GERAIS ............................................................................................ 34
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ....................................................................... 36
viii
ÍNDICE DE QUADROS
Quadro n.º 1 - Síntese das unidades temáticas da UC e dos conteúdos de cada
unidade…………………….. .......................................................................................... 7
Quadro n.º 2 - Plano temático ..................................................................................... 12
Quadro n.º 3 – Autobiografia linguística .................................................................... 31
ix
LISTA DE SIGLAS E DE ABREVIATURAS
Art. – Artigo
Cont. – Continuação
EP – Estágio Profissional
L2 – Língua Segunda
LE – Língua Estrangeira
LP – Língua Portuguesa
RA - Resultados de aprendizagem
UC – Unidade Curricular
x
INTRODUÇÃO GERAL
Apesar dos vários estatutos e do facto de ser a língua veicular em Angola, o seu ensino
ainda apresenta vários desafios, pois a falta de professores (bem) formados em ensino
da língua portuguesa (como língua materna e/ou língua segunda, pois o ensino como
língua materna, em contextos onde devia ser ensino como língua segunda, e vice-versa,
acarreta distintas implicações didácticas) muito tem contribuído para a continuidade do
padrão “tradicional” de aula de Português, que precisa de ser alterado.
Por esse motivo, os ISCED e outras instituições superiores pedagógicas têm procurado
formar continuamente os seus docentes em matéria de leccionação de unidades
curriculares ligadas à metodologia de ensino da língua portuguesa nos cursos de
Licenciatura (formação inicial) em Ensino da Língua Portuguesa, apesar de, no Instituto
Superior de Ciências de Educação da Huíla (ISCED-Huíla), por exemplo, durante os
quatro anos curriculares, existir apenas esta UC teórico-prática no plano curricular,
carecendo de mais, pelo menos uma, para que os avanços teóricos no domínio da
metodologia de ensino da LP sejam abordados de forma mais detalhada, pois a língua
1
configura-se como um produto social vivo e dinâmico e o seu ensino deve acompanhar
esse dinamismo e vivacidade.
Durante o ano lectivo, esta UC tem como função “contribuir para um ensino e uma
aprendizagem da língua cada vez melhores e mais adequados ao mundo complexo,
dinâmico e mutante em que vivemos” (Figueiredo, 2004, p. 15). Desta forma, este
documento pretende acompanhar a complexidade e o dinamismo ligados aos avanços
teóricos nos domínios da metodologia de ensino da língua portuguesa, tal como destaca
o Art. 6.º do Decreto Presidencial n.º 193/18, de 10 de Agosto (Normas Curriculares
Gerais para os Cursos de Graduação do Subsistema do Ensino Superior).
O presente documento conta com a seguinte estrutura: uma Introdução Geral e duas
partes, sendo que a primeira apresenta uma proposta de currículo para a UC de
“Didáctica da Língua Portuguesa”, composta por (i) uma breve introdução ao Currículo
(ii) e o programa de ensino; a segunda parte apresenta uma proposta de manual para a
mesma UC, com (i) uma breve introdução ao Manual e (ii) a apresentação de uma
unidade temática com uma proposta de didactização. No fim, são apresentadas as
conclusões e as referências bibliográficas.
2
Qualificação Profissional Docente do Professor de Disciplina do Ensino Secundário
(Decreto Presidencial n.º 273/20 de 21 de Outubro – Regime Jurídico de Formação
Inicial de Educadores de Infância, de Professores do Ensino Primário e de Professores
do Ensino Secundário), o perfil de saída e as competências e habilidades previstas no
Plano Curricular do Curso.
3
PARTE I – CURRÍCULO DA UC DE “DIDÁCTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA”
É uma UC anual, com uma carga horária de quatro (4) horas de contacto semanais (45
minutos cada) – duas vezes por semana, perfazendo um total aproximado de cinquenta e
seis (56) horas, no I semestre, e sessenta e quatro (64), no II1. Tem como objecto os
pressupostos e metodologias de ensino da língua portuguesa no Ensino Secundário,
procurando preparar os futuros professores de LP, proporcionando-lhes uma formação
pedagógico-didáctica adequada às características dos alunos e do contexto, dando aos
mesmos bases teórico-práticas para o exercício da profissão com zelo e
profissionalismo.
1
Os cálculos relativos às horas totais de contacto foram feitos tendo em conta o Calendário do Ano Académico 2021/2022.
4
2. Programa
2.1. Objectivos gerais da UC de “Didáctica da Língua Portuguesa”
Apresentam-se, a seguir, os objectivos gerais que norteiam a UC, no âmbito do curso de
Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa, cujas abordagens nas unidades temáticas
procuram alcançá-los.
2
Os objectivos gerais instrutivos são aqueles centrados no desenvolvimento de saberes relevantes na área da “Didáctica da Língua
Portuguesa” e os educativos são aqueles centrados no desenvolvimento de saberes transversais.
5
transformadora, alicerçada no diálogo, na emancipação, na indagação crítica, na
participação e na democracia; iii. tornar-se reflexivos, capazes de reflectir sobre a sua
própria prática e a dos outros, abertos à inclusão, à mudança, à inovação e à descoberta;
iv. elaborar materiais didácticos contextualizados para as suas próprias práticas
educativas; v. conhecer e usar adequadamente os documentos e materiais didácticos de
Língua Portuguesa do Ensino Secundário (currículos, programas, manuais, decretos e
leis que norteiam a prática educativa no Ensino Secundário); vi. desenvolver estratégias
pedagógicas diferenciadas e com ferramentas igualmente diferenciadas; vii. usar
adequadamente os vários suportes disponíveis para o processo de ensino-aprendizagem,
principalmente os tecnológicos; viii. planificar sequências didácticas adaptadas ao
contexto, ao público-alvo e aos objectivos de aprendizagem; ix. seleccionar conteúdos
adequados aos objectivos traçados; x. desenvolver e aplicar metodologias e
instrumentos de avaliação; xi. encarar a supervisão como uma actividade de apoio,
orientação e regulação da prática docente.
2.3. Conteúdos
A sequência das unidades e os conteúdos são, até certo ponto, impositivas, visto que o
tratamento de uma unidade e/ou conteúdo condicionará a compreensão do outro, mas a
sequência dos conteúdos da unidade III não é impositiva; a sua prossecução dependerá
do professor que os leccionará, portanto, a habilidade e coerência do docente serão
decisivas.
6
Quadro n.º 1 - Síntese das unidades temáticas da UC e dos conteúdos de cada unidade temática
I SEMESTRE
I – ESTATUTO(S) DA LÍNGUA i. Conceitos de língua materna e não materna: língua materna, segunda e estrangeira; ii. Estatuto(s) do português 6
PORTUGUESA NO CONTEXTO em Angola.
ANGOLANO
II – METODOLOGIA(S) DE i. Metodologia(s) de ensino das línguas: objectivos; ii. Metodologia das línguas materna e não materna: percurso 8
ENSINO DAS LÍNGUAS histórico; iii. Metodologia da língua materna/segunda: finalidades, especificidades e princípios metodológicos.
III – METODOLOGIA(S) DE i. Definição de aula de Português; ii. Metodologia de ensino do oral; iii. Metodologia de ensino da leitura; iv. 50
ENSINO DA LÍNGUA Metodologia de ensino da escrita; v. Metodologia de ensino da gramática.
PORTUGUESA
II SEMESTRE
IV – PLANIFICAÇÃO E OFICINAS i. Tipos de planificação (a longo, a médio e a curto prazo) e sua importância; ii. A formulação de objectivos; iii. A 32
7
DE ELABORAÇÃO DE selecção e avaliação de materiais didácticos: alguma contextualização; v. Discurso argumentativo: proposta de
MATERIAIS DIDÁCTICOS COM trabalho com o vídeo; vi. A imagem como estratégia de pesquisa: proposta de trabalho com imagem; vii. Relações
RECURSO A NOVAS inter-semióticas entre a poesia e outras formas de arte ; viii. Textos multimodais na aula de Português; ix. O uso de
TECNOLOGIAS ferramentas tecnológicas na aula de Português: o QR Code, o Kahoot, o Questionário Google e o Edpuzzle.
V – AVALIAÇÃO i. Tipos de avaliação e suas funções: diagnóstica, formativa e sumativa; ii. Instrumentos de avaliação na aula de 6
Português.
VI – SUPERVISÃO PEDAGÓGICA i. A Supervisão Pedagógica; ii. A Prática Pedagógica I e II; iii. O Estágio Pedagógico de Licenciatura. 10
NO PROCESSO DE ENSINO-
APRENDIZAGEM
8
2.3.1. Fundamentação da escolha das unidades temáticas
A unidade III é o cerne da UC, porquanto, através dela, os futuros professores serão
capacitados com conhecimentos em volta do ensino da oralidade, da leitura, da escrita e
da gramática, cujo objectivo, tal como salienta Silva (2016), é desenvolver a
competência linguístico-comunicativa dos alunos/utentes da língua, pois a aula de
Português, como destaca Fonseca & Fonseca (1997, p. 153),
9
é sempre aula de língua, de linguagem, de comunicação. Visará, pois, o
desenvolvimento e a estruturação da competência comunicativa do aluno que o
tornará apto a usar melhor a sua língua - usar melhor não apenas como
aperfeiçoamento de tipo estrutural, de correcção de estruturas e aquisição de
estruturas novas, mas também e sobretudo como obtenção de sucesso na
adequação do acto verbal às situações de comunicação.
Durante a planificação, o professor não deve considerar o manual escolar como o único
material didáctico, podendo recorrer a outros e/ou elaborar um, tendo em conta o
contexto de leccionação e a dinâmica social, recorrendo às novas ferramentas
tecnológicas, se possível, porquanto, como afirma Custódio (2009), os professores têm a
liberdade de produzir materiais originais, de acordo com as particularidades das turmas
em que trabalham, dos alunos, dos conteúdos e das competências que pretendem
desenvolver. Para tanto, a unidade IV procura capacitar os futuros professores em
matérias sobre planificação e uso de novas ferramentas tecnológicas no ensino da LP,
pois o processo de ensino-aprendizagem da língua deve acompanhar também a evolução
da ciência e usá-la em prol do seu melhoramento.
10
processo, pois, através dela, o professor tem conhecimento sobre como o processo se
desenvolve, ajudando-o na tomada de decisões.
11
Quadro n.º 2 - Plano temático
T P TP
ESTATUTO(S) DA Conceitos de língua - Definir os conceitos de língua materna, - Leitura do artigo “Língua materna/língua segunda”, de Nagalasso 4
LÍNGUA materna e não segunda e estrangeira; - Reflectir sobre a M. Musanji (s/d) (extra-aula); - Discussão em volta da leitura feita; -
PORTUGUESA NO materna: língua importância dos conceitos de língua Elaboração de autobiografias linguísticas; - Identificação da ordem de
CONTEXTO materna, segunda e materna, segunda e estrangeira na vida aquisição/aprendizagem da(s) língua(s) que o(s) estudante(s)
ANGOLANO estrangeira profissional do professor de português em conhece(m), com base na autobiografia elaborada; - Resolução de
Angola casos sobre o estatuto que a LP tem para os indivíduos apresentados
nos casos – trabalho em grupo.
Estatuto(s) do - Identificar os contextos de utilização - Leitura do conteúdo contido no Manual sobre “O(s) estatuto(s) do 2
português em Angola do português em Angola; - Conhecer português em Angola (extra-aula); -Debate sobre os estatutos do
o(s) estatuto(s) do português em português em Angola; - Síntese oral do professor; - Elaboração de um
Angola, de acordo com os contextos de actividade no portefólio de leituras e actividades individuais (extra-
aula): Leitura dos capítulos 7 e 8 do ebook “O português de/em
utilização; - Compreender as
Angola: Peculiaridades linguísticas e a diversidade no ensino”, de
implicações dos estatutos do português
Timbane, Sassuco & Undolo: Capítulo 7: i. em Angola, o português é
para a organização dos processos de
língua materna, segunda ou estrangeira? Justifique a sua resposta com
ensino-aprendizagem deste idioma, em base na leitura feita; ii. o que sugere o autor para o ensino do
Angola. português em Angola? Capítulo 8: i. que razões têm levado o
português a tornar-se língua hegemónica em Angola? ii. que
12
sugestões apresenta o autor para o seu ensino?
METODOLOGIA(S) Metodologia (s) de - Conceituar metodologia das línguas; - - Leitura do capítulo “Didáctica da Língua”, de Carlos Reis & José 2
DE ENSINO DAS ensino das línguas: Definir o âmbito e os fundamentos da Víctor Adragão (extra-aula); - Discussão em volta da leitura sobre a
LÍNGUAS Objectivos metodologia das línguas; metodologia de ensino de línguas (em pares e, a seguir, grupos).
Metodologia de - Identificar as potencialidades das novas - Leitura do texto “Didácticas das línguas estrangeiras/segundas”, de 2 2
ensino das línguas tendências e as perspectivas tradicionais na Ngalasso Mussanji e do ponto 3 da obra “O ensino da gramática do
materna e não metodologia de ensino das línguas; - português como língua estrangeira: Algumas propostas”, de Lola
materna: percurso Reflectir sobre as metodologias de ensino Xavier (extra-aula); - Preenchimento, em grupos, de tabela-síntese
histórico. das línguas; sobre as características das metodologias de ensino das línguas
materna e não materna.
Metodologia de - Identificar as especificidades e princípios - Leitura dos textos “Finalidades do ensino do português” e 2
ensino da língua metodológicos da metodologia de ensino da “Objectivos da didáctica da língua”, de Carlos Reis & José Víctor
materna/segunda: língua materna; Adragão; - Discussão em volta da leitura dos textos; - Síntese oral
finalidades, dos alunos.
especificidades e
princípios
metodológicos
METODOLOGIA(S) Definição de aula de - Definir a aula de Português; - Identificar - Análise do poema “Aula de Português”, de Carlos Drummond de 4
DE ENSINO DA Português as características da aula de Português; - Andrade; - Leitura do texto “Para a definição da aula de Português,
LÍNGUA Reconhecer as características da aula de de Fonseca & Fonseca (1977, pp. 153-156) (intra-aula); - Análise, em
PORTUGUESA Português nas directrizes do Plano de grupos, dos três pontos da aula de Português apresentados pelos
Estudo dos Subsistemas de Ensino sob autores; - Reconhecimento, em grupo, das características da aula de
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Tutela do Ministério da Educação português nas directrizes do Plano de Estudo dos Subsistemas de
Secundário (I e II ciclos). Ensino sob Tutela do Ministério da Educação Secundário (I e II
ciclos), no que à disciplina de LP diz respeito; - Portefólio de leituras
complementares e actividades individuais (extra-aula): Leitura do
artigo de Isabel Duarte (2001) “O português, na escola, hoje” e
apresentação do resumo e pontos de vista sobre a leitura feita.
Metodologia de - Revelar conhecimentos sobre o conceito - Leitura do texto “Prática de leitura na escola”, de João Warderley 2 2
ensino da leitura. de leitura; - Reflectir sobre o ensino da Geraldi (1999) (extra-aula); - Discussão sobre o texto e sobre os
leitura através da história recente; - avanços teóricos no domínio da leitura em sala de aula; -
Leitura: das
Identificar, em grupos, os objectivos dos Identificação, em grupos, dos objectivos ligados à leitura nos
perspectivas actuais
programas de Língua Portuguesa referentes programas de Língua Portuguesa do Ensino Secundário.
às práticas de sala de
à leitura;
aula.
Metodologia de - Diferenciar texto literário do não literário - Apresentação, pelos estudantes, de estratégias de trabalho com o 1 7
ensino da leitura:
em contexto de ensino; - Reflectir sobre as texto em sala de aula; - Feedback pelo professor; - Exposição oral do
Estratégias de
trabalho com o texto atitudes didácticas perante o texto; - professor sobre o tema; - Análise, em grupos, das actividades de
(literário e não
Identificar as fases didácticas do trabalho leitura presentes nos manuais de Língua Portuguesa do Ensino
literário) em sala de
aula; com o texto; - Desenvolver estratégias de Secundário (cada grupo poderá analisar uma actividade do Manual); -
trabalho com o texto (literário e não Apresentação de um modelo de sequência didáctica, pelo professor; -
literário) em sala de aula; - Analisar as Elaboração, em grupo, de sequências didácticas/planos de aula com
actividades de leitura presentes nos manuais actividades de leitura, usando texto literário ou não literário; -
de Língua Portuguesa do Ensino Apresentação das sequências elaboradas.
Secundário; - Conceber práticas de ensino e
de avaliação da leitura sustentadas em
14
perspectivas actuais sobre o ensino da
leitura no Ensino Secundário;
Metodologia de Discutir/desenvolver estratégias para a - Exposição oral do professor sobre educação literária; - Debate sobre 4 4
ensino da leitura:
formação de leitores literários tendo em a formação de leitores literários no contexto angolano, de forma
Estratégias de
Formação de conta o contexto escolar angolano. geral, e no contexto huilano, em particular; - Elaboração de um
Leitores Literários
cânone literário escolar (deverá constar no portefólio de leituras e
actividades individuais); - Elaboração de propostas de actividades
para a formação de leitores literários a partir do cânone elaborado; -
Apresentação das propostas elaboradas; - Portefólio de leituras:
leitura do prefácio da obra “Dos leitores que temos aos leitores que
queremos”, de Iolanda Ribeiro & Fernanda Viana, e apresentação dos
pontos de vista da autora do prefácio sobre a formação de leitores.
Metodologia de - Analisar e conceber práticas de avaliação - Apresentação, pelo professor, de alguns princípios e propostas para 4
ensino da leitura:
da leitura adequadas aos objectivos dos a avaliação da leitura; - Discussão em volta das propostas
princípios e
propostas para a programas do Ensino Secundário e apresentadas pelo professor; - Elaboração, em grupo, de algumas
avaliação da leitura
sustentadas em perspectivas actuais sobre a propostas para a avaliação da leitura no Ensino Secundário.
leitura no Ensino Secundário.
Metodologia de - Reflectir sobre a língua oral e o seu - Leitura do texto “Géneros orais na escola”, de Marianne Cavalcante 2 2
ensino do oral.
ensino; - Saber fazer desenvolver as & Cristina Teixeira (2007) (extra-aula); - Debate sobre a presença do
O oral na escola:
Posições competências orais nos alunos; - Identificar, oral nas aulas de Língua Portuguesa (objectivos, que oral? Como?); -
nos programas do Ensino Secundário, Identificação, nos programas do Ensino Secundário, objectivos de
objectivos de ensino ligados ao oral. ensino ligados ao oral.
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Metodologia de - Promover acções pedagógicas - Debate sobre as actividades do oral a desenvolver em contexto de 4
ensino do oral:
teoricamente sustentadas conducentes ao sala de aula; - Elaboração, em grupos, de sequências
Estratégias de
trabalho com o oral desenvolvimento de competências de didácticas/planos de aula, com actividades que desenvolvam as
na sala de aula
recepção e produção oral. competências orais dos alunos (usando diversos suportes – vídeos,
áudios, imagens, desenhos…); - Apresentação das sequências
elaboradas.
Metodologia de - Conceituar a escrita no plano didáctico; - Leitura das pp. 78-90 (Pedagogia da Escrita) da obra “Didáctica do 2
ensino da escrita: A
Adquirir as bases teóricas que permitam Português Língua Materna: Dos Programas de Ensino às Teorias, das
promoção da escrita
na escola ultrapassar o empirismo tacteante que Teorias às Práticas”, de Olívia Figueiredo (2005) (extra-aula); -
caracteriza ainda hoje o ensino da escrita Debate em volta do conceito de escrita apresentado na obra.
em contexto escolar;
Metodologia de - Identificar as fases do desenvolvimento da - Síntese oral do professor sobre o tema; - Discussão sobre o 2
ensino da escrita: O
capacidade de escrita; - Identificar os desenvolvimento da capacidade de escrever e o processo cognitivo da
desenvolvimento da
capacidade de processos cognitivos inerentes à escrita; - escrita.
escrever
Diferenciar escrita em desenvolvimento e
Escrever: processo escrita desenvolvida; - Reflectir sobre as
cognitivo
implicações do processo cognitivo para a
didáctica da escrita
Metodologia de - Operacionalizar princípios estruturadores Síntese do professor sobre o tema; - Elaboração, em grupos, de 2 4
ensino da escrita:
da didáctica da escrita em estratégias sequências didácticas com actividades de escrita; - Apresentação das
Sequência didáctica
para o ensino da sustentadas na teoria e nos dados da sequências elaboradas.
escrita
16
investigação
Metodologia de - Conhecer as concepções e práticas sobre o - Leitura do texto “O ensino da gramática do português como língua 4
ensino da gramática:
ensino da gramática; - Reflectir sobre o estrangeira: algumas propostas (pp. 411-416), de Lola Xavier (extra-
Fundamentos do
ensino da gramática ensino da gramática na aula de língua aula); - Discussão em volta da aula de Português centrada na
na escola
portuguesa; gramática;
Metodologia de - Identificar os princípios e etapas da - Leitura do artigo “A configuração do ensino da gramática nos novos 2 6
ensino da gramática:
aprendizagem da gramática pela manuais de Português do 9.º ano”, de António Carvalho da Silva; -
Proposta didáctica
para o ensino da descoberta; - Desenvolver uma consciência Discussão em torno da leitura; - Levantamento e análise-crítica, em
gramática – o
crítica sobre as actividades linguísticas grupos, de actividades de ensino da gramática nos manuais de Língua
método da
descoberta (reconhecimento, produção e explicitação); Portuguesa do Ensino Secundário (um manual para cada grupo); -
- Identificar, nos manuais do Ensino Elaboração de sequências didácticas com actividades de ensino da
Secundários, actividades de ensino da gramática, tendo em conta o método de aprendizagem pela
gramática; - Planificar actividades que descoberta. - Apresentação das sequências didácticas elaboradas.
visem o ensino da gramática
PLANIFICAÇÃO E Planificação: sua - Compreender a importância da - Leitura do capítulo 5 da obra “Metodologia da Língua Portuguesa”, 2
importância.
OFICINAS DE planificação no processo de ensino- de Fernando Azevedo (extra-aula); - Síntese oral dos alunos e do
MATERIAIS aprendizagem; - Reflectir sobre os factores professor sobre o tema;
DIDÁCTICOS COM que interferem na planificação do processo
RECURSO A de ensino-aprendizagem da LP;
NOVAS Planificação: - Compreender a importância da definição - Leitura do capítulo 4 da obra “Metodologia da Língua Portuguesa”, 2
TECNOLOGIAS formulação de
de objectivos em educação; - Identificar as de Fernando Azevedo (extra-aula); - Síntese oral dos alunos e do
objectivos
regras gerais na formulação de objectivos professor sobre o tema; - Elaboração, em grupos, de objectivos para
(gerais e específicos); - Reflectir sobre os um ano lectivo, para uma unidade temática e para uma aula de
objectivos a privilegiar no processo de
17
ensino-aprendizagem da língua portuguesa; Língua Portuguesa.
Planificação: a - Identificar os diferentes tipos de - Elaboração, em grupos, de planos/sequências a longo, médio e curto 1 5
longo, médio e curto
planificação; - Elaborar planificações a prazo.
prazo.
longo, médio e curto prazo.
A selecção e - Reflectir sobre os aspectos a ter em conta - Identificação, em pares, de alguns aspectos considerados 2
avaliação de
na selecção e avaliação de materiais fundamentais na selecção e avaliação de um material didáctico para a
materiais didácticos:
alguma didácticos para a aula de Língua aula de Língua Portuguesa; - Resposta a algumas questões a ter em
contextualização
Portuguesa. conta na selecção e avaliação de materiais didácticos para as aulas de
Língua Portuguesa.
Discurso - Conceber actividades de ensino- - Apresentação, pelo professor, de uma proposta para o trabalho com 4
argumentativo:
aprendizagem da Língua Portuguesa usando o vídeo na aula de Língua Portuguesa; - Elaboração, em grupos, de
Proposta de trabalho
com o vídeo o vídeo. actividades usando o vídeo.
A imagem como - Conceber actividades de ensino- - Apresentação, pelo professor, de uma proposta para o trabalho com 4
estratégia de
aprendizagem da língua portuguesa usando a imagem como estratégia de pesquisa na aula de Língua Portuguesa
pesquisa: Proposta de
trabalho com a imagem como estratégia de pesquisa. (acesso à imagem a partir do QR Code); - Elaboração, em grupos, de
imagem
actividades usando a imagem como estratégia de pesquisa.
Relações inter- - Identificar inter-relações entre a poesia e - Síntese oral dos alunos e do professor sobre o tema; - Elaboração, 1 3
semióticas entre a
outras formar de arte; - Conceber em grupos, de actividades usando a poesia e outra forma de arte;
poesia e outras
formas de arte actividades de ensino-aprendizagem da
língua portuguesa usando um texto poético
e outra forma de arte;
Textos multimodais - Definir textos multimodais; - Reflectir - Exposição oral do professor sobre o tema; - Reflexão oral dos 1 3
na aula de Português
18
sobre a importância do uso de textos alunos sobre a importância do uso de textos multimodais na aula de
multimodais na aula de LP. LP; - Elaboração, em grupos, de actividades usando textos
multimodais originais ou adaptados.
O uso de ferramentas - Reflectir sobre a importância do uso de - Debate sobre a importância do uso das ferramentas tecnológicas na 1 3
tecnológicas na aula
ferramentas tecnológicas na aula de aula de Português; - Utilização de algumas ferramentas tecnológicas;
de Português: o QR
Code, o Kahoot, o Português; - Manusear algumas ferramentas - Elaboração de actividades de ensino-aprendizagem do português
Questionário Google
tecnológicas para a aula de português; - usando algumas ferramentas tecnológicas.
e o Edpuzzle.
Conceber actividades de ensino-
aprendizagem do Português usando
algumas ferramentas tecnológicas.
V – A AVALIAÇÃO Avaliação: Tipos - - Compreender a importância da avaliação - Leitura do capítulo 8 da obra “Metodologia da Língua Portuguesa” 2
diagnóstica,
no processo de ensino-aprendizagem; - (pp. 128-129), de Fernando Azevedo (extra-aula) - Identificação, em
formativa e sumativa
Identificar os tipos de avaliação; - Reflectir grupos, dos tipos de avaliação; - Elaboração do portefólio de leituras
sobre a importância de cada tipo de e actividades individuais: Reflectir, no portefólio, sobre a importância
avaliação. de cada tipo de avaliação no processo de ensino-aprendizagem.
Instrumentos de - Conhecer alguns instrumentos de - Leitura do capítulo 8 da obra “Metodologia da Língua Portuguesa” 2 2
avaliação na aula de
avaliação na aula de LP; - Elaborar alguns (pp. 140-154), de Fernando Azevedo (extra-aula); - Debate em volta
Português
instrumentos de avaliação para a aula de da leitura feita. - Elaboração, em grupos, de instrumentos de
LP. avaliação para a aula de LP
VI – A Supervisão - Reflectir sobre a importância da - Leitura da obra “Supervisão e Avaliação do Desempenho Docente” 4
Pedagógica
SUPERVISÃO supervisão pedagógica no processo de (pp. 11-18), de Flávia Vieira & Maria Alfredo Moreira. - Análise
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PEDAGÓGICA NO formação inicial de professores; - Analisar crítica do professor e dos alunos sobre o tema.
PROCESSO DE o papel dos intervenientes no processo de
ENSINO- supervisão pedagógica; -
APRENDIZAGEM Conhecer/reconhecer as estratégias de
supervisão e os documentos a serem
produzidos.
Prática Pedagógica I - Conhecer as orientações da Prática - Leitura dos documentos institucionais que regem a Prática 2
e II
Pedagógica I e II; Pedagógica I e II (ISCED-Huíla) (extra-aula); - Apresentação, pelo
professor, das principais orientações da Prática Pedagógica; -
Discussão em volta das orientações apresentadas.
O Estágio Conhecer as orientações do Estágio - Leitura dos documentos institucionais que regem o Estágio 4
Pedagógico de
Pedagógico de Licenciatura Pedagógico de Licenciatura (ISCED-Huíla); - Apresentação, pelo
Licenciatura
professor, das principais orientações sobre o Estágio Pedagógico de
Licenciatura; - Discussão em volta das orientações apresentadas.
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2.4. Metodologia de ensino e materiais de apoio
Ensinar e aprender não são conceitos cujas acepções mantenham entre si relações de
implicação biunívocas. Aprender não é uma consequência directa ou imediata do acto
de ensinar. Do mesmo modo, ensinar não acarreta necessariamente que aquele a quem
se ensina aprenda (Azevedo, 2010).
Deverão ser realizadas, na mesma UC, em contexto de sala de aula e fora dela, leituras,
pesquisas, planificações a longo prazo (plano anual), a médio prazo (plano de unidade)
e a curto prazo (sequências didácticas/planos de aulas), análise crítica de situações
concretas ligadas à língua e ao seu ensino no contexto angolano e de documentos que
orientam a prática educativa em Angola, portefólio de leituras e actividades individuais
desenvolvidas, apresentação e demonstração de estratégias e instrumentos, exercícios e
experiências práticas que permitam a sua implementação/reflexão na formação do
professor.
Os trabalhos práticos poderão ser feitos nas aulas, ou fora delas, individualmente, em
pares ou em grupos, em dependência, quer do tipo de trabalho, quer da opção do
professor e dos perfis dos alunos, embora se recomende a preferência pelo trabalho em
grupo por ser mais económico e por estimular a colaboração, a democracia e a inclusão.
O trabalho em grupo é também uma forma de trabalho que estimula a cooperação, a
interajuda e a partilha de saberes, de competências e de experiências.
Para a realização das actividades da UC, serão utilizados recursos como textos escritos,
registos áudio e vídeo, conteúdos digitais, ferramentas tecnológicas, documentos
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orientadores da prática educativa em Angola, entre outros. Assim, o professor deverá
fomentar uma visão transformadora de educação, assente na indagação crítica, na
intervenção crítica, na democraticidade, na dialogicidade, na participação e na
emancipação dos alunos, futuros professores.
2.5. Avaliação
Avaliar consiste em atribuir um valor (ou um sentido) a uma situação real, à luz de uma
situação desejada. Nesta perspectiva, avaliar comporta sempre uma intenção de
mudança e de alteração de comportamentos. É pela avaliação, ao identificar
propriedades ou informações acerca de algo ou de um objecto, que podem ser tomadas
decisões relativas a esse objecto. Deste modo, a avaliação é uma dimensão intrínseca
dos processos de ensino e de aprendizagem. Naturalmente, o conceito de avaliação
correlaciona-se intimamente quer com as finalidades do ensino e da aprendizagem
definidos a nível macro-global, quer com os modelos de aprendizagem implementados
na prática pedagógica (Azevedo, 2010).
Para a avaliação das aprendizagens realizadas no âmbito da UC, serão tidos em conta os
seguintes instrumentos e actividades: provas escritas, portefólio de leituras e actividades
individuais, trabalhos em pares, em grupo, hetero-avaliação e auto-avaliação da
participação nas aulas.
22
Na avaliação das aprendizagens, serão considerados quatro elementos: i. provas escritas
(duas): 50%; ii. portefólio de leituras e actividades individuais e participação nas
actividades: 20%, trabalhos em grupo: 20%; iii. auto-avaliação: 10%.
No fim do ano lectivo, será realizado um exame escrito e a nota desse será somada à
nota obtida por meio dos restantes elementos e dividida por dois.
Antes de qualquer avaliação, o professor deverá facultar aos alunos, com clareza,
precisão e fundamento, os critérios de correcção/avaliação e deverá também
disponibilizar a possibilidade de os alunos autocorrigirem as suas falhas.
23
BIBLIOGRAFIA BÁSICA
24
PARTE II – MANUAL PARA A UC DE “DIDÁCTICA DA LÍNGUA
PORTUGUESA”
25
os a reflectir sobre as implicações pedagógico-didácticas de tais classificações, pois
conhecimentos sobre os estatutos do português muito podem ajudar o professor na
tomada decisões sobre a(s) metodologia(s) a usar para o seu ensino, em função também
dos contextos específicos. Na proposta de currículo, a presente unidade temática é a
primeira.
A língua materna (LM ou L1) é considerada, na maior parte dos casos, como sendo
aquela adquirida, não necessariamente aprendida, num contexto familiar (Tabilo, 2011).
É “a língua em que, aproximadamente até aos cinco anos de idade, a criança estabelece
a sua primeira gramática, que depois vai reestruturando e desenvolvendo em direcção à
gramática dos adultos da comunidade em que está inserida” (Leiria, 2005, p. 10),
permitindo-lhe relacionar-se linguisticamente com os restantes membros da sua
comunidade.
A LM é a língua que adquirida em primeiro lugar e em casa, por influência dos pais
(não sendo necessariamente a língua da mãe) e é, também, frequentemente, a língua da
comunidade onde o indivíduo que a adquire está inserido. No entanto, outros aspectos
26
linguísticos e não-linguísticos estão associados à definição, tais como: “a língua dos
pais pode não ser a língua da comunidade e, ao aprender as duas, o indivíduo passa a ter
mais de uma L1” (Spinassé, 2006, 5).
CASO PRÁTICO:
Uma criança que nasce no município da Matala, província da Huíla, filha de pais que têm o
nhaneka como língua materna e falam com frequência em casa e na creche, com a educadora
e com os colegas, fala português, claramente terá o nhaneka e o português como línguas
maternas.
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CASO PRÁTICO:
Um indivíduo que vive no município de Balombo, província de Benguela, não frequentou a
escola até aos sete anos e, portanto, só fala a língua da sua comunidade (umbundu); muda-
se para a capital da província (Benguela) para frequentar a escola e, com isso, tem que
aprender a língua portuguesa para melhor se comunicar com os professores, os colegas, os
vizinhos e os amigos. Para esse indivíduo, o português é língua segunda.
Para a definição da L2, dois critérios são importantes: i. cronológico (língua adicional,
aprendida em fase posterior à aquisição da LM); ii. institucional (língua oficial no
território) (Ramon, 2021).
Língua estrangeira (LE) é a língua diferente daquela que é falada pelos membros de
uma comunidade linguística. Por extensão, num país geralmente plurilingue, como é o
caso de Angola, esta expressão engloba toda a língua que não pertence ao património
cultural do Estado-nação, independentemente do facto de a mesma ser ou não praticada
pelos cidadãos deste Estado (Musanji, s/a). Portanto, é a língua aprendida e usada em
territórios onde não goza de nenhum estatuto sociopolítico.
CASO PRÁTICO:
Um indivíduo angolano tem o kimbundu como língua materna e o português como língua
segunda, mas vê-se na necessidade de aprender o francês (porque é uma disciplina escolar,
porque quer ler textos literários ou científicos nessa língua ou porque pretende ir à França a
passeio). Para esse indivíduo, o francês é língua estrangeira.
Assim, o processo de ensino do português, no contexto angolano, não pode ser encarado
da mesma forma em todo o país, pois os contextos e os alunos que aprendem ditarão a
metodologia a ser usada pelo professor – metodologia de ensino do português língua
materna e/ou segunda.
SUGESTÃO DE LEITURA:
Spinassé, K. (2006). Os Conceitos de Língua Materna, Língua Segunda e Língua
Estrangeira e os Falantes de Línguas Alóctones Minoritárias no Sul do Brasil. Revista
Contingentia, 1. pp. 4-7. Disponível em
https://seer.ufrgs.br/index.php/contingentia/article/view/3837/2144
28
Estatuto(s) do português em Angola
SUGESTÃO DE LEITURA:
Calossa, B. V. (2021). Português Língua Materna e não Materna em Angola:
Implicações Didácticas e Políticas. Em Timbane, A. A., Sassuco, D. P. & Undolo, M.
(Org.). O Português de/em Angola: Peculiaridades Linguísticas e a Diversidade no
Ensino. São Paulo: Opção Editora.
29
3. Proposta de didactização da unidade temática “Estatuto(s) da língua
portuguesa no contexto angolano”
3
O estudante preencherá o espaço das línguas com as que fala; nos espaços “estatuto” e “competências”, preencherá usando um X
nos quadros adequados à sua realidade linguística.
30
Quadro n.º 3 – Autobiografia linguística4
Caso 1.
Elenna tem 20 anos de idade e vive em Portugal desde os 14 anos. Veio da Moldávia
com os pais e ingressou na escola portuguesa sem saber uma palavra de português.
Agora domina a língua portuguesa na perfeição e deixa muita gente surpreendida
quando revela que é maldava e só adquiriu o português aos 14 anos. Agora está no
ensino superior português e afirma gostar muito mais de falar o português do que a
língua moldava, idioma que fala em casa com os pais.
Caso 2.
4
Quadro elaborado de acordo com modelo proposto por Ramon, M. (2021), em aula de Metodologia de Ensino da Língua
Portuguesa II, Universidade do Minho.
31
Caso 3.
Johann, de 22 anos, é austríaco, vive e estuda em Viena. Por ter interesse em ir trabalhar
no Brasil, decidiu estudar português na universidade. Está no terceiro semestre do seu
curso, frequentando o curso de Língua Portuguesa. Ainda não teve a oportunidade de
viajar para um país de LP. Porquanto, o único contacto que tem com esta língua limita-
se ao contexto de sala de aula.
Caso 4.
Caso 5.
Flores, C. M. M. (2013). Português Língua não Materna: Discutindo Conceitos de uma Perspectiva Linguística. Em
Bizarro, R., Moreira, M. A. & Flores, C. (Coord.) (2013). Português Língua não Materna: Investigação e Ensino.
Lisboa: Lidel – Edições Técnicas, Lda. (Casos 1, 2 e 3)
4.1. Em grupos, identifique, nos casos apresentados, o estatuto que a LP tem para cada
um dos indivíduos referidos nos casos. Registem as respostas5.
5. Conseguem identificar um caso parecido com o de algum colega ou de alguém
que conheçam?
5.1. Se sim, qual?
5
Os casos serão copiados e distribuídos aos grupos.
32
6. Que estatuto(s) tem o português em Angola? Em um parágrafo, justifique a sua
resposta, fundamentando-a com exemplos práticos.
7. Que importância têm os conceitos de língua materna, segunda e estrangeira na
vida profissional do professor de LP em Angola? Discuta com o colega ao lado e
apresentem, de forma oral, a vossa posição à turma.
No fim da aula
A presente proposta não é uma prescrição para o trabalho com a temática em causa. No
decorrer da planificação da temática ou durante as aulas, poderão surgir outras
possibilidades, dependendo do contexto e do entendimento do docente. A sua escolha
deve-se ao facto de, em muitos casos, o professor de LP em Angola não considerar os
estatutos do português no processo de ensino-aprendizagem da língua, usando, no
entanto, a mesma metodologia para ensinar LP a indivíduos que a têm como língua
materna ou segunda.
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CONCLUSÕES GERAIS
O trabalho realizado reveste-se que grande importância porque pretende guiar a prática
docente e apoiar os estudantes de Didáctica da Língua Portuguesa, do 2.º ano do curso
de Licenciatura em Ensino da Língua Portuguesa do Instituto Superior de Ciências de
Educação da Huíla.
No geral, o “Estágio Profissional” (EP) foi realizado com êxito e muito contribuiu para
o desenvolvimento profissional e humano do mestrando, dotando-o de conhecimentos e
competências imprescindíveis para o desenvolvimento da actividade docente no Ensino
Superior.
34
O mestrando tem o conhecimento do que fez e do que ainda há a ser feito, pois, tal
como a língua, a educação é dinâmica e há que acompanhar esse dinamismo para não se
ficar ultrapassado.
35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Calçada, M. T. (2009). Prefácio. Em Ribeiro, I. & Viana, F. L. (Orgs). Dos Leitores que
Temos aos Leitores que Queremos: Ideias e Projectos para Promover a Leitura.
Coimbra: Edições Almedina, S.A.
Duarte, I. M. (2001). O Português, na Escola, Hoje. Revista Noesis, n.º 59, pp. 24-26.
36
Flores, C. M. M. (2013). Português Língua não Materna: Discutindo Conceitos de uma
Perspectiva Linguística. Em Bizarro, R., Moreira, M. A. & Flores, C. (Coord.) (2013).
Português Língua não Materna: Investigação e Ensino. Lisboa: Lidel – Edições
Técnicas, Lda.
Freebody, P. & Luke, A. (2003). Alfabetização como Engajamento com Novas Formas
de Vida: O Modelo dos Quatro Papéis. s/e.
37
Silva, A. C. da (2016). A Configuração do Ensino da Gramática nos Novos Manuais de
Português do 9.º Ano. Diacrítica: Revista do Centro de Estudos Humanísticos, Série
Ciências da Linguagem, n.º 30/1, pp. 83-112.
38
Decreto Executivo n.º 98/20, de 3 de Março. Diário da República n.º 23 – I Série.
Ministério do Ensino Superior, Ciência, Tecnologia e Inovação. Luanda - Decreto de
Criação do Curso de Mestrado em Metodologia de Ensino de Línguas.
Decreto Presidencial n.º 193/18, de 10 de Agosto. Diário da República n.º 119 – I Série.
Presidente da República – Normas Curriculares Gerais para os Cursos de Graduação
do Subsistema do Ensino Superior.
INIDE (2019). Planos de Estudos dos Subsistemas de Ensino Sob Tutela do Ministério
da Educação. Luanda: Ministério da Educação.
Lei n.º 32/20, de 12 de Agosto de 2020. Diário da Repúblico n.º 123 – I Série.
Assembleia Nacional - Lei de Bases do Sistema de Educação e Ensino.
Magalhães, O. & Costa, F. (2012). Manual do Aluno 10ª Classe - Língua Portuguesa.
Luanda: Plural Editores.
39
Magalhães, O., Costa, F. & Silva, L. (2008). Manual do Aluno 12ª Classe - Língua
Portuguesa. Luanda: Plural Editores.
Magalhães, O., Costa, F. & Silva, L. (2015). Manual do Aluno 11ª Classe - Língua
Portuguesa. Luanda: Plural Editores.
40