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Universidade Católica De Moçambique

Instituto de Educação à Distância

Licenciatura em Ensino de História

O Impacto do Método Expositivo no Processo de Ensino e Aprendizagem


na disciplina de História na Escola Secundária Eduardo Mondlane de
Gurúè, nos anos de 2020 e 2021

Nome da Estudante: Albertina Culpa António

Gurúè, Fevereiro de 2024


Universidade Católica De Moçambique
Instituto de Educação à Distância

Licenciatura em Ensino de História

O Impacto do Método Expositivo no Processo de Ensino e Aprendizagem


na disciplina de História na Escola Secundária Eduardo Mondlane de
Gurúè, nos anos de 2020 e 2021

Monografia Científica Apresentada à


Universidade Católica de Moçambique,
Instituto de Educação à Distância como
Requisito para a Obtenção do Grau
Académico de Licenciada em Ensino de
História

Supervisor:

Nome da estudante: Albertina Culpa António

Gurúè, Fevereiro de 2024


Índice
Declaração........................................................................................................................V
Dedicatória......................................................................................................................VI
Agradecimentos.............................................................................................................VII
Gráficos........................................................................................................................VIII
Resumo............................................................................................................................IX
Abstract.............................................................................................................................X
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO......................................................................................11
1.1. Introdução.................................................................................................................11
1.2. Problemática.............................................................................................................13
1.3. Delimitação do tema.................................................................................................13
1.4. Objectivos de pesquisa.............................................................................................14
1.4.1. Objectivo geral......................................................................................................14
1.4.2. Objectivos específicos...........................................................................................14
1.5. Hipóteses de pesquisa...............................................................................................14
1.6. Justificativa e relevância do tema.............................................................................14
CAPÍTULO III: METODOLOGIAS..............................................................................27
3.1. Natureza do estudo...................................................................................................27
3.2. Métodos e técnicas de recolha de dados...................................................................28
3.3. Técnicas de tratamento de dados..............................................................................29
3.4. População e amostragem..........................................................................................30
3.5. Princípios éticos do processo de investigação..........................................................30
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS.31
4.1. Acerca da preferência de algum método durante as aulas do professor...................31
4.2. Acerca das razões da escolha de um determinado método.......................................32
4.3. Acerca da possibilidade de leccionação com recurso apenas no método expositivo33
4.4. Acerca do tipo de aula em que se dá primazia ao método expositivo......................34
4.5 Acerca do impacto na assimilação da matéria pelos alunos em aulas
predominantemente expositivas......................................................................................35
4.6. Acerca da continuidade do não do uso do método expositivo nas aulas..................36
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES..........................................................37
5.1. Conclusões................................................................................................................37
5.2 Sugestões...................................................................................................................39
Referências bibliográficas...............................................................................................40
Declaração

Declaro que este trabalho é da minha autoria, e resulta da minha investigação, sob
orientação do meu supervisor. Declaro ainda que esta é a primeira vez que o submeto para
obter um grau académico numa instituição educacional e todas as fontes encontram
devidamente citadas no texto e nas referências no final do trabalho.

Gurúè, aos ________ de ______________de 2024

_____________________________________
/Albertina Culpa António/

V
Dedicatória

Dedico este trabalho a minha família que de forma afável e incansável sempre torceu
pelos meus estudos e foi a fonte que alicerçou o meu empenho e dedicação.

VI
Agradecimentos

Para a materialização deste trabalho, foram muitos os que deram o seu contributo
inestimável. Portanto, foi um empreendimento que contou com a ajuda de muitos.

O meu primeiro agradecimento é a Deus por ter-me acompanhado nesta caminhada.


Sem essa ajuda divina, eu não teria chegado tão longe.

Agradeço do fundo do meu coração a minha família que soube interpretar as minhas
recorrentes ausências para as sessões de tutoria e todas as actividades relacionadas. Sem
o seu apoio, teria sido muito difícil colher estes frutos.

Um agradecimento especial vai para o meu Supervisor, por ter aceitado monitorar este
trabalho e pelo acompanhamento sábio e meticuloso que caracterizaram o período de
sua elaboração.

Agradeço a direcção da Escola Secundária Geral Eduardo Mondlane de Gurúè, por me


ter permitido fazer a pesquisa que resultou na elaboração deste trabalho. Portanto, fui
bem acolhida e busquei todas as informações necessárias para o meu trabalho.

Agradeço aos docentes da Universidade Católica de Moçambique, que sobejamente


carregados de conhecimento, souberam transmiti-lo com profissionalismo, para que
hoje nas vésperas do final do meu curso, tivesse a sensação de ter tido a melhor
formação possível.

O meu agradecimento estende-se a todos os meus colegas do curso de Ensino de


História e amigos, que de certa forma também foram importantes para a minha
formação.

A todos, muito obrigada!

VII
Gráficos

Gráfico 1: Preferência de algum método durante as


aulas………………………………………………………………………..……….…..31

Gráfico 2: Razões da preferência de um determinado método………………….


………………………………………………………….…..32

Gráfico 3: Possibilidade de leccionar com recurso apenas ao método


expositivo………………………………………………………………………….…..33

Gráfico 4: O tipo de aula em que se prioriza o método


expositivo…………………………………………………………….…….……….…34

Gráfico 5: Impacto na assimilação do conhecimento pelos alunos em aulas


expositivas……………………………………………………………………………..35

Gráfico 6: Continuidade do uso do método expositivo nas


aulas……………………………………………………………………………………36

VIII
Resumo

Nos dias que correm, a necessidade de levar a cabo a actividade educativa virada para
resultados está ainda em voga, pois não existe melhor prémio para o professor ver os
seus alunos dominando os conteúdos por si ministrados. Entretanto, quando se fala dos
métodos a serem usados pelo professor na sala de aulas, não raras vezes é citado o
método expositivo, seja por bons ou por maus motivos. Mas o que não deve ficar
despercebido é que este método continua e provavelmente continuará a ser usado pelo
professor, mesmo num tempo em que se defende muito o uso de métodos activos,
centrados no aluno. A presente pesquisa trouxe resultados que de certa forma ajudam a
sustentar esse facto, o do uso continuado do método expositivo, e as motivações são
várias, dentre elas as salas numerosas e a escassez de material didáctico por parte dos
alunos. Portanto, se o método expositivo deve continuar a ser usado, ele deve ser
adequado à realidade dos nossos tempos, ou seja, deve se pautar por uma exposição que
também dê oportunidade ao aluno de dar o seu contributo durante as aulas.

Palavras-chave: Processo de ensino e aprendizagem; Método expositivo, ensino de


História.

IX
Abstract

Nowadays, the learning process related to good results is still discussed, because there is
not the best prize for a teacher seeing his pupils dominating skilful the contents of a
certain subject. Although, when we talk about teaching methods used in the classroom,
the exposition is mentioned many times, for good and bad reasons. But we must realise
that this method will continue to be used for days to come, even in a time that people
talk about active methods centralised in pupils. The present research produced results
that help to sustained the fact that the exposition continue to be used, and the reasons
are many, such the numerous classrooms and the lack of didactic material for the pupils.
Hence, the exposition must continue to be used in the classrooms, but the teachers must
adapt the method to allow that the pupils contribute during the lessons.

Keywords: Teaching and learning process, Expositive method, teaching History

X
CAPÍTULO 1. INTRODUÇÃO

1.1. Introdução

A presente pesquisa se relaciona com o impacto do método expositivo no processo de


ensino e aprendizagem na disciplina de História, o mesmo enquadra-se no rol dos
contributos que se pretendem dar para a melhoria da qualidade das aulas leccionadas em
sala de aulas, sabido que está que os métodos de ensino são basilares para atingir esse
objectivo essencial.
Nos tempos atuais faz-se necessário um repensar imediato na forma de ministrar as aulas
na disciplina de História, discutir e analisar os métodos a fim de se obter uma qualidade de

ensino em todos os níveis, onde o aluno possa desenvolver seu raciocínio e sua capacidade

critica imprescindíveis na formação do “cidadão critico”, e no desenvolvimento intelectual

do aluno, de modo que consiga ampliar capacidades de observar, descrever, identificar

semelhanças e diferenças entre acontecimentos actuais e mais distantes no tempo, além de

estabelecer relações entre presente e passado.


Muitas são as formas de se trabalhar os conteúdos escolares pelos professores, porém,
mesmo com tantos recursos disponíveis para os profissionais da educação, observa-se que
o ensinamento de tais conteúdos se limita em aulas expositivas, e ainda, em alguns casos,

sem a intenção de proporcionar para o aluno uma forma crítica de saber.


Assim, observa-se que a perspectiva tradicional de ensino é ainda muita viva no ambiente
escolar, algumas características desta pedagogia são importantes na metodologia do

ensino, como por exemplo, a exposição do conteúdo de forma oral pelo profissional, que é

indispensável. O que o docente deve tomar cuidado no ensino de história é de não cair no

contexto desta perspectiva, desenvolvendo o acto de repetição dos factos, e somente cantá-
los.
Portanto, actualmente os docentes podem contar com uso de vários métodos para despertar
o interesse dos alunos, a motivação como parte essencial para uma aula produtiva, e

transformar uma metodologia tradicional como as aulas expositivas em algo realmente

interessante e prazeroso, aliar às práticas de ensino tradicional a elementos que promovam

11
o desenvolvimento do pensamento crítico reflexivo dos alunos, permitindo através de uma

visão real do mundo, detectar os problemas que o assolam e ao mesmo tempo, dotá-los de

ferramentas capazes de compreender a realidade histórico-social.


Assim, a presente pesquisa teve como objectivo realizar através de discussão bibliográfica
e questionário que foi respondido pelos professores da escola seleccionada para o estudo,
ao qual possibilitou conhecer de que forma os professores actuam em sala de aula, e quais

as dificuldades encontradas por estes em suas aulas, mostrou-se necessário o

desenvolvimento desta pesquisa, a qual se baseou em reflexões, que permitiram conhecer e


superar os aspectos peculiares que cercam essa temática.
Em termos de estrutura, o trabalho está organizado em 5 (cinco) capítulos estruturados da
seguinte forma:
O primeiro capítulo está relacionado com a introdução do trabalho, onde para além de
fazermos uma abordagem introdutória do tema, encontramos outros elementos tais como a
problemática, a delimitação do tema, os objectivos, as hipóteses de pesquisa, a justificativa
e relevância do tema.
O segundo capítulo relaciona-se com a revisão da literatura, no qual trazemos as
contribuições de vários autores que abordam acerca do método expositivo, isso para o
melhor entendimento daquilo que foi a pesquisa efectuada no campo.
O terceiro capítulo aborda as questões metodológicas da pesquisa, portanto, trata-se da
parte técnica que norteou a realização da presente pesquisa, pois trazemos elementos como
a natureza da pesquisa, os métodos e técnicas de recolha de dados, as técnicas de
tratamento de dados, a população e amostragem e os princípios éticos da investigação.
O quarto capitulo te a ver com a apresentação, analise e interpretação de dados, é onde
trazemos os resultados da pesquisa realizada na Escola Secundária Geral Eduardo
Mondlane por meio de um questionário previamente elaborado.
O quinto e último capítulo se relaciona as principais conclusões da pesquisa, para além das
sugestões que achamos que podem contribuir para melhorar o processo de ensino e
aprendizagem, particularmente quando estivermos a escolher os métodos de ensino para
uma determinada aula.

12
1.2. Problemática
No processo de ensino e aprendizagem, o método constitui um dos aspectos mais
importantes. Os métodos e técnicas de ensino constituem partes essenciais da metodologia
didáctica de que se vale o professor, para conduzir o educando a integrar, no seu
comportamento, conhecimentos, técnicas, habilidades, hábitos e atitudes que enriquecem a
sua personalidade.
Os métodos didácticos como procedimentos de ensino que são acções, processos ou
comportamentos planejados pelo professor para colocar o aluno em contacto directo com
coisas, factos ou fenómenos, que possibilitem modificar sua conduta em função dos
objectivos previstos. Para que o método didáctico conduza o aluno a uma aprendizagem
efectiva, é necessário que este seja adequado a sua estrutura psicológica e a estrutura lógica
de um determinado conteúdo programático.
Assim, o método expositivo é uma das formas de organizar a actividade docente de modo
que a aprendizagem do aluno se efective. Sua característica essencial consiste na
comunicação verbal por parte do professor em forma de narração ou de demonstração Este
método, entretanto, não entra em conflito com os princípios da escola activa, como pensou-
se durante algum tempo, pois, como e encarado actualmente, ele envolve também a
participação do aluno, através de perguntas, respostas e colocações.
Portanto, diante do exposto, surge a seguinte questão de partida:
 Que impacto tem o método expositivo no processo de ensino e aprendizagem na
disciplina de História?

1.3. Delimitação do tema


A delimitação da pesquisa é a definição do campo concreto que interessa ao investigador.
Portanto trata-se de determinar o que se pretende alcançar numa determinada pesquisa.
Segundo VILELA (2009), não basta:

Definir as coordenadas do espaço e do tempo para um certo estudo, é necessário


que se observe as outras possibilidades exigidas pelo estudo. Assim, é preciso que
o pesquisador tenha uma ampla visão ou informação acerca do tema, para evitar

13
que haja uma informação acumulada e excessiva que representa um inconveniente
para uma pesquisa (p. 77).

Portanto, a presente pesquisa efetuou-se na Cidade de Gurúè, concretamente na Escola


Secundária Geral Eduardo Mondlane.

1.4. Objectivos de pesquisa


Para a concretização da presente pesquisa, teve-se como objectivos os seguintes:

1.4.1. Objectivo geral


Analisar o impacto do uso do método expositivo no processo de ensino e aprendizagem na
disciplina de História.

1.4.2. Objectivos específicos


 Definir método de ensino na perspectiva de vários autores;
 Mencionar as vantagens do método expositivo no processo de ensino e
aprendizagem;
 Mencionar as principais limitações do método expositivo no processo de ensino e
aprendizagem.

1.5. Hipóteses de pesquisa

Para a presente pesquisa que se concretizou em forma de uma monografia, partiu-se das
seguintes hipóteses:

 O método expositivo continua a ser amplamente usado no processo de ensino e


aprendizagem da disciplina de História, tornando a aprendizagem dos alunos
prazerosa e significativa;
 O método expositivo continua a ser um dos métodos mais adoptados pelos
professores, particularmente em cenários de aprendizagem caracterizados por
escassez de tempo e turmas numerosas.

14
1.6. Justificativa e relevância do tema
Os métodos didácticos por um lado concretizam os objectivos previamente estabelecidos,
por outro lado, permitem ao aluno adquirir conhecimentos e habilidades satisfatórios e
aplicáveis na sua vida. Neste caso, a sua falta durante o processo de ensino e
aprendizagem, não permitirá desenvolver um conhecimento significativo, que facilite uma
compreensão e interpretação dos fenómenos.
Decorre que uma aprendizagem efectiva só pode existir na medida em que contarmos com
o uso dos métodos didácticos apropriados para cada matéria. Estes, quando utilizados
adequadamente pelo professor, aumentam o grau de aquisição de conhecimento durante o
processo de ensino e aprendizagem. Atendendo a todas as consequências que o professor
fornece ao aluno, analisa-se a possibilidade de utilizar métodos didácticos como um
contributo para a melhoria da qualidade de ensino.

Entretanto, quando se arrolam os métodos que auxiliam no processo de aquisição de


conhecimentos por parte dos alunos, está o método expositivo, amplamente difundido
desde os primórdios da educação e fazendo parte dos chamados métodos tradicionais, pois
a exposição sempre esteve presente no processo.

O método expositivo, por muitos considerado ultrapassado, continua a dar uma valiosa
contribuição no processo de ensino e aprendizagem, apesar dos vários desafios do ensino
actual e das especificidades dos alunos. Assim, a aula expositiva se torna pertinente
quando o professor se depara com determinados conteúdos, que por vezes são complexos
de ministrar com recurso aos métodos centrados nos alunos.

Portanto, há amplamente ideias que apoiam que na realidade de ensino moçambicano, o


método expositivo ainda continuará a ser utilizado pelos professores dos vários
subsistemas de ensino, em face dos vários desafios impostos pelo nosso ensino, que vão
desde a falta de domínio dos conteúdos por parte dos alunos, passando pelas turmas que
não oferecem o conforto de trabalhar com recurso a métodos mais envolventes, até as
questões relacionadas com a escassez de tempo em disciplinas como a História, pois não
raras vezes, os professores desta disciplina se queixam de tempo insuficiente para abordar
uma vasta gama de conteúdos programados.

15
CAPÍTULO II: REVISÃO DA LITERATURA
Neste capítulo, fez-se com recurso a várias fontes disponíveis e consultadas a revisão da
literatura, trazendo-se à pesquisa as várias contribuições de autores em torno do impacto do
método expositivo e seu contributo para o ensino em geral, e o de História em particular.
Portanto, ao longo do capítulo, foi notória a apresentação de ideias que corroboram com o
cerne da temática, em cuja proposta e desenvolvimento se tornou pertinente, na medida em
que a pesquisa pretende contribuir para o melhor entendimento do que possa se ter em
relação a relevância do uso do método expositivo no processo de ensino e aprendizagem
nos dias que correm.

2.1. Alguns conceitos


2.1.1. O sentido de método e técnica
O método indica aspectos gerais da acção não específica, e a técnica indica o modo de agir,
objectivamente, para se alcançar um objectivo.
A técnica é mais restrita a forma de apresentação imediata da forma. A técnica de ensino
significa certos recursos a maneira de utiliza-los a efectivação da aprendizagem do
educando

Como refere PILETTI (2004):

O significado etimológico da palavra método (methodus em latim) é o caminho a


seguir para alcançar um fim. Para o nosso objectivo podemos conceituar método
como sendo um roteiro geral para actividade. Portanto método é um caminho que
leva até certo ponto, sem ser o veículo de chegada, que é a técnica. (p. 102)

Na óptica de LAKATOS (2005) “método é um meio usado para alcançar certos objectivos.
Assim podemos falar de método de ensino e aprendizagem como meio de levar o aluno
adquirir os conhecimentos, hábitos, habilidades”. (p. 134)

16
Para LIBÂNEO (1990) “método é o caminho para atingir um objectivo. Assim métodos
são meios adequados para atingir um determinado objectivo nas actividades do ensino”. (p.
150)

SANTANNA (2005), afirma que “o método de ensino é um modo de conduzir a


aprendizagem, buscando o desenvolvimento integral do educando, através de uma
organização precisa de procedimentos que favoreçam a consecução dos propósitos
estabelecidos”. (p. 43)

Ainda em relação ao conceito de método de ensino, NÉRICI (1989) refere que:


Método de ensino ou didáctico é o conjunto de procedimentos lógica e
psicologicamente ordenados, de que se vale o professor, para levar o educando a
elaborar conhecimentos, a adquirir técnicas ou habilidades e a incorporar atitudes e
ideais. (p. 121)
Portanto, e com base nos conceitos ora expostos, os métodos de ensino são acções do
professor pelas quais se organizam as actividades de ensino e dos alunos para atingir
objectivos do trabalho docente em relação a um conteúdo específico.
2.2. A classificação das variantes metódicas
No processo de ensino e aprendizagem, o professor é a pessoa que selecciona e organiza
vários métodos de ensino e vários procedimentos didácticos em função das características
de cada matéria. NIVAGARA (2002: 170), considera a existências de três variantes
metódicas básicas, nomeadamente:
• Método expositivo
• Elaboração conjunta
• Trabalho independente

2.2.1. A caracterização do método expositivo


De acordo com RONCA & ESCOBAR (1980):
A aula expositiva consiste numa relação verbal utilizada pelos professores com objectivo
de transmitir determinadas informações a seus alunos. Este método didáctico caracteriza-se
essencialmente pela dominância da comunicação verbal, em que a participação do
professor e marcante. Esta participação apresenta-se em diferentes graus estando em dois
extremos, nomeadamente a exposição dogmática e a exposição dialogada. (p. 86)

17
Este mesmo autor caracteriza a exposição dogmática como a que se apoia no princípio de
que aquilo que o professor diz é verdade, cabendo ao aluno absorvê-lo sem qualquer
questionamento. Por sua vez, a exposição dialogada caracteriza-se pela participação
efectiva dos alunos, que questionam, expõem os seus pontos de vista, exemplificam as
colocações do professor.
NÉRICI (1989) chama a exposição dialogada de “aberta, pois a mensagem do professor é
mais pretexto para desencadear a participação da classe, podendo haver assim contestação,
pesquisa e discussão, sempre que oportuno e necessário”. (p. 64)

2.2.2. A combinação do método expositivo com outros métodos


O método expositivo está incluído entre os métodos centrados no professor. O método
expositivo puro é denominado por MARQUÊS (1977) de “conferência, na qual o professor
apresenta um corpo de ideias de acordo com princípios de organização lógica do assunto
em exposição”. (p. 131)
Da combinação do método expositivo com o método de laboratório origina-se a
demonstração, que consiste em mostrar como se faz, parece ser um método insubstituível,
em várias instâncias do desenvolvimento de habilidades específicas e de formação de
atitudes.
Da combinação do método expositivo com a discussão, surge como exemplo o método de
sala de aula, em que os professores falam um pouco, conversam outro pouco, procurando
estabelecer interacções verbais com os alunos, perguntam e propõem exercícios.
Da combinação do método expositivo com o método da descoberta origina o método do
debate, que consiste na táctica do professor de aguilhoar a capacidade de argumentação do
aluno, convidando-o a reflexão de tal modo que ele descubra conceitos, princípios e
relações significativas.
A combinação do método expositivo com métodos tecnológicos resulta o método de
multimeios, que consiste na utilização de meios audiovisuais como retroprojector e filmes.
Portanto, como refere VILARINHO (1979):
Todas as formas de combinação do método expositivo com outros métodos são incluídas
na forma de exposição dialogada ou aberta, que deu, ao método expositivo puro
tradicional, uma nova roupagem. Nesta nova feição do método, o aluno não mantem-se
numa atitude puramente receptiva, mas questiona e participa. Além disso, a utilização da

18
moderna tecnologia educacional permite ao professor complementar as informações e
manter a atenção do aluno. (p. 78)

2.3. O método expositivo e a comunicação verbal


Segundo SALDANHA (1975):
Todo o processo educativo envolve um processo de comunicação,
pois a aprendizagem do aluno se realiza numa situação de interacção
social, em que o professor organiza as condições externas para que a
comunicação se verifique. Neste processo interactivo, o professor é o
codificador e o aluno é o receptor e descodificador. O professor
organiza suas mensagens para transmitir informações aos alunos. O
significado de seu enunciado é, pois, modificar o estado actual do
aluno pela nova informação. (p. 52)

O método expositivo caracteriza-se essencialmente pela transmissão de informações de


forma oral onde a mensagem é estruturada utilizando signos digitais linguísticos e expressa
através da fala. Através da exposição oral, o professor estrutura em forma de mensagem
conteúdos de sua vida mental: representações, conceitos e operações do pensamento.
Para que a comunicação se verifique, é necessário que o aluno atribua significados aos
conteúdos expressos. Ele interpreta a mensagem, transforma-a em representações,
conceitos e operações de pensamento, semelhantes as da fonte. Assim, as informações são
incorporadas ao repertório do receptor.
Portanto, quando o professor estrutura sua mensagem, esta reflecte não só o nível de
conhecimentos do emissor como suas habilidades comunicadoras. Se a fonte preocupa-se
apenas em demonstrar que sabe, sem levar em conta o receptor e seu repertorio próprio,
bem como o contexto sociocultural em que este se encontra, certamente a comunicação
será prejudicada, e logo, a aprendizagem deficiente.

2.4. O método expositivo e a comunicação não-verbal


Quando o ser humano se comunica, usa a linguagem verbal como meio de expressão de
suas ideias, atitudes e valores. Sendo o homem ser que actua no mundo através de sua
presença corporal, todas as suas ideias, atitudes e valores manifestam-se em posturas
corporais envolvendo movimentos, gestos, tom de voz e até funções como a respiração.
O professor, ao comunicar aos alunos um conteúdo, deve ter presente que, além deste, ele
comunica através de sua expressão corporal, aspectos afectivos tais como a sua segurança

19
na matéria, o seu entusiasmo pelo assunto, o seu interesse pela aprendizagem dos alunos,
assim como seus sentimentos em relação aos ouvintes.
Assim, como refere CHERRY (1971):
O falar, como meio de comunicação, não se pode divorciar a rigor, do restante da
actividade comunicativa do Homem. As operações dos órgãos de formação e do ouvido
constituem parte integral do funcionamento de todo o organismo e do cérebro. Quando
ouvimos uma pessoa falar, vemo-la também usualmente e aos seus gestos e expressões
faciais: comunicamo-nos num complexo meio ambiente físico contra um plano de fundo
social e cultural determinado. (p. 136)

2.5. A preparação da aula expositiva


Neste item, serão apresentadas sugestões, que poderão ser úteis na preparação de uma aula
expositiva.

2.5.1. A definição dos objectivos


De acordo com GOMEZ (1996):
O primeiro passo na preparação de uma aula com o método expositivo é a determinação
clara e precisa de seus objectivos. O professor deverá estabelecer com clareza o que espera
que os alunos aprendam. Ao formular estes objectivos, assinala que o professor deve ter
presente os objectivos gerais de sua disciplina. (p. 66)
Assim, seguindo o esquema taxionómico dos objectivos educacionais de Bloom, o autor
sugere que, antes de cada aula, o professor deveria formular as seguintes questões:
• Que conhecimentos básicos os alunos terão de conhecer?
• Que conhecimentos metodológicos?
• Até que ponto o professor espera que os alunos extrapolem em seu pensamento, a
partir do que lhes será dito, de modo a determinar implicações, consequências e efeitos?
• Que atitudes e valores o professor quer induzir em seus alunos?

2.5.2. A selecção de conteúdos


Como refere BEARD (1974), definidos os objectivos, o professor deve seleccionar o
conteúdo, atendendo aos diversos aspectos relacionados a seguir:
a) A aula expositiva não deve ser demasiado densa de conteúdos, nem apresentar excessiva
profusão de detalhes. Estudos empíricos em teoria de aprendizagem comprovam que a
apresentação excessiva de material provoca interferência que afecta a memorização;

20
b) O conteúdo de uma aula não deve ser demasiadamente abstracto, os principiantes
necessitam de uma maneira especial, ilustrações e aplicações que relacionem a
experiências prévias;
c) - Ao seleccionar o conteúdo, o professor deve ter em vista o nível de conhecimento dos
alunos e o seu grau de desenvolvimento mental. As operações mentais, os acontecimentos
e as sequências que o aluno deve acompanhar não devem exigir dele mais mobilidade
mental do que e possível ao seu estágio de desenvolvimento. (p. 29)

2.5.3. A escolha dos meios auxiliares


CROMBERG (1980) afirma que:
O professor poderá utilizar meios audiovisuais que completarão o assunto, facilitando a
compreensão da exposição verbal. A adequada utilização dos meios audiovisuais vai
depender do conteúdo desenvolvido na aula expositiva., se o assunto envolve uma
sequência de ideias encadeadas e não apresenta aspectos que excedam a necessária
comunicação verbal, textos e palavras expressas oralmente são suficientes para provocar a
aprendizagem. (p. 60)
Por fim, o autor classifica os conteúdos de aprendizagem em concretos e abstractos, em
que ele indica quais os meios audiovisuais mais adequados a cada tipo.

2.5.4. A organização do conteúdo


Tal como refere GAGE (1975):
O planeamento da aula expositiva requer uma série de cuidados por parte do professor.
Como ponto de partida, ele deve ter sólidos conhecimentos, baseados em revisão de
literatura, sobre o assunto a ser desenvolvido. O professor pode organizar o material em
um esquema, escrever sua aula palavra por palavra e prever a utilização de meios
audiovisuais de vários tipos. Assim, a forma de o professor organizar os seus apontamentos
é estritamente individual. Alguns professores preferem fichas, outros folhas separadas,
outros utilizam cadernos. (p. 54)
Portanto, qualquer que seja a sua forma individual de acção, é importante que o professor,
ao dar a sua aula, tenha a mão completa documentação sobre o tema. A aula expositiva
deve possuir uma estrutura adequada, isto é, deve ter uma introdução, um corpo e uma
conclusão, tendo cada uma destas partes funções específicas. Ao organizar os conteúdos, o
professor deve ter em mente esta estrutura e distribuir os assuntos e meios, conforme as
diferentes fases da aula.
21
2.6. A apresentação da aula expositiva
NÉRICI (1970), apresenta o seguinte esquema par a apresentação da aula expositiva:
• Introdução motivadora;
• Desenvolvimento lógico do tema repartido em tópicos significativos;
• Realização de exercícios, interrogatórios e pequenas discussões, intercaladamente,
sempre que oportuno;
• Efectivação de uma síntese integradora de todos os itens apresentados e, sempre
que possível, com a cooperação dos educandos;
• Conclusões, quando for o caso, tiradas sempre com a participação da classe. (p. 70)
Estas cinco fases podem ser resumidas em três que são: a introdução, o desenvolvimento
ou corpo da exposição e a conclusão, tendo cada uma delas uma variedade de funções.

2.7. As potencialidades e vantagens do método expositivo


O método expositivo alicerçado nos pressupostos de uma pedagogia tradicional de ensino
defende uma educação centrada no professor, o qual tem como função a transmissão de
conhecimentos, sendo portanto o único responsável pelo sucesso escolar dos seus alunos.
Os alunos, agentes passivos no processo de ensino aprendizagem, limitam-se a receber a
informação, uma vez que o conteúdo já é apresentado para o educando na sua forma final.
Na perspectiva de FERRO (1999):
A forte adesão que ainda se faz sentir relativamente ao método expositivo pode ser
explicada pelas inúmeras vantagens que este apresenta, que começam logo na preparação e
planificação da aula, pois por se tratar de uma aula mais simples e sem grandes recursos
didácticos de apoio, a sua preparação é muito mais rápida, o que resulta numa poupança de
tempo aos professores. (p. 39)
Numa época em que uma das principais críticas dos professores relativamente aos
currículos escolares são a sua extensão, queixando-se da falta de tempo para concluir o
programa, o método expositivo pode ser a solução, uma vez que permite a transmissão de
grandes quantidades de informação num menor período de tempo, podendo inclusive ir
além do estipulado no programa.
De acordo com MITHÁ (2012):
O método expositivo torna também a gestão de conteúdos bem mais objectiva e linear.
Poupa tempo. Torna mais raro o álibi da falta de tempo para cumprir programas. Gerindo
os programas desta maneira é fácil acelerar na leccionação quando é necessário. Além do
22
mais, o docente tem mais possibilidades de ir além dos conteúdos específicos sem grandes
prejuízos. É o que permite reforçar, em sala de aula, a dimensão de mistério, de fascínio,
de sedução, de habilidade de comunicar. (p. 60)
Um outro aspecto positivo do método expositivo é que ele favorece igualmente os alunos
que aprendem mais ouvindo do que lendo ou realizando qualquer outro tipo de actividades;
bem como aqueles que se sentem frequentemente intimidados com a possibilidade de
serem solicitados a intervir na aula e, ao contrário, quando percebem que se trata de uma
aula de carácter expositivo relaxam e os seus níveis de atenção e concentração aumentam.
A questão do número de alunos por turma, apresenta-se como outra grande vantagem do
método expositivo, que permite a leccionação de um qualquer tema para uma grande
plateia, ao contrário da utilização de outros métodos de ensino mais interactivos que
requerem um menor número de alunos por sala, de modo a que seja viável a participação
de todos.
Uma outra vantagem associada ao uso do método expositivo é a diminuição da
indisciplina, pois segundo MITHÁ (2012):
O uso da palavra pelos alunos é suspenso de modo drástico sempre que o docente
considera necessário. Os estudantes são forçados ao registo escrito de dúvidas. Serão
apenas esclarecidas num momento seguinte. Evitam-se atitudes de crianças e adolescentes
exibicionistas, mestres no bloqueio do discurso dos docentes. Às vezes apenas um ou dois
em turmas inteiras, mas mais do que suficientes para perturbar o trabalho de todos os
outros. (p. 69).
Portanto, defendido por uns e criticado por outros, parece evidente que o método
expositivo depende essencialmente da personalidade/capacidade do professor, uma vez que
está associado à comunicação unidireccional em sala de aula (professor/aluno), que é
muito mais valorizada do que a comunicação multidireccional (aluno/aluno,
aluno/professor). Daí que um dos grandes desafios para os professores que cultivam este
método de ensino seja resgatar a dignidade da sua condição de docente, reforçando a sua
posição de superioridade face aos seus alunos, aumentando os níveis de exigência e
reforçando o peso institucional do dom da palavra, a começar na sala de aula.

2.8. As críticas e limitações apontadas ao método expositivo

23
Se bem que é possível enumerar vantagens e/ou aspectos positivos ao método expositivo,
igualmente é possível elencar críticas e limitações a este método tão utilizado pelos
professores nas suas aulas.
Assim, como refere ANDRADE (2006), “a aula expositiva caracteriza-se pela autoridade
do professor diante do seu aluno, provocando sérios problemas de comunicação”. (p. 99)
Para MARCHETI (2001), “durante a narração de uma aula, uma palavra desconhecida
mencionada, um ritmo de fala maior do que o habitual, muitas ideias expostas ao mesmo
tempo, pode fazer com que a informação a ser transmitida não seja retida”. (p. 29).
Assim, mesmo que a aula expositiva possa ser empregada para se atingir uma gama de
objectivos educacionais, normalmente tem estado mais voltada à transmissão de
conhecimentos. Estas afirmações fazem referência a algumas das críticas frequentemente
apontadas ao método expositivo.
Segundo LEAL (2010), refere que:
Há unanimidade em se considerar que a grande desvantagem da utilização do método
expositivo é a escassa participação dos alunos na aula, em função da comunicação
unilateral (professor-aluno), característica deste método de ensino. Ou seja, os alunos têm
um papel passivo dentro da sala de aula limitando-se quase exclusivamente a ouvir a
matéria transmitida pelo professor, para posteriormente a reproduzir em testes escritos de
modo a garantir o seu sucesso escolar. (p. 39)
Assim, de acordo com a concepção de metodologias tradicionais de ensino, a
aprendizagem é vista como a aquisição de respostas adequadas, graças a um processo
mecânico de reforços positivos ou negativos. Os professores estão convencidos de que a
atitude que pretendem dos alunos (a boa resposta) pode determinar-se externamente,
recorrendo ao uso de prémio ou do castigo, isto é, às notas. Neste sentido, os alunos são
considerados passivos receptores.

Segundo FERRO (1999) refere que:


Neste caso, em geral, os professores não costumam identificar a sua actuação com a função
de educar, mas sim com a função de um perito que conhece a fundo a matéria que está a
ser objecto de estudo e que, devido à autoridade que este facto lhe confere, exerce um bom
controlo sobre a conduta dos alunos da turma. Neste caso, aprender consiste em fazer
cópias na memória daquilo que se recebe e, quanto ao conhecimento, ele é concebido como
uma réplica interna da informação externa. (p. 41)

24
Os professores frequentemente transmitem conhecimento e geralmente esperam que os
alunos identifiquem e copiem os campos de conhecimentos transmitidos. Questões
propostas pelo aluno e interacções aluno-aluno são atípicas.
O pensamento do estudante é desvalorizado em muitas salas de aula. Quando perguntam
aos estudantes, muitos professores procuram não capacitar ao aluno a pensar através de
complexas saídas, mas a descobrir se o aluno sabe a resposta certa. Consequentemente, os
estudantes rapidamente aprendem a não levantar suas mãos para responder uma pergunta
do professor, a não ser que tenham a certeza de já saber a desejada resposta.
Também SANTOS (2001) analisa a questão da passividade dos alunos na sala de aula
questionando:
O papel do professor é dar aulas, enquanto ele dá a sua aula, o aluno faz o quê? A
expressão “dar aula” é fruto da era do “mundo pronto”. Num contexto de mundo inacabado
e em constante mudança nós não temos nenhuma aula a «dar», mas sim a construir, junto
com aluno. O aluno precisa ser o personagem principal dessa novela chamada
aprendizagem. Já não tem mais sentido continuarmos a escrever, dirigir e actuar nessa
novela unilateral, na qual o personagem principal fica sentado no sofá, estático e passivo,
assistindo, na maioria das vezes, a cenas que ele não entende. (p. 61)
Por seu turno, BROOKS (1997) destaca que:
Outra das desvantagens inerente à utilização do método expositivo diz respeito à
uniformização dos alunos, isto é, considera-se que todos os alunos aprendem da
mesma forma, não tendo em consideração os seus conhecimentos prévios que
podem ajudar ou dificultar o acompanhamento do assunto em estudo.
Assim, quando o professor expõe a matéria fá-lo com um grau de dificuldade
médio para garantir que a maioria dos alunos da turma a compreendam, no entanto
como desconhece os conhecimentos prévios dos alunos acerca do tema, não
considera as suas diferenças individuais, habilidades e experiências. (p. 21)
Este desconhecimento, por parte do professor, pode originar sérios problemas: alguns
alunos podem não acompanhar ou compreender a matéria por considerarem a exposição do
professor muito complexa, enquanto outros podem desmotivar-se ou abstrair-se por
considerarem a exposição demasiado simples ou por já possuírem esses conhecimentos.
Tal como afirma FERRO (1999):
Estando o método expositivo inserido numa pedagogia tradicional de ensino, esta
metodologia de ensino não favorece o desenvolvimento de habilidades e competências

25
intelectuais que levem o educando a pensar sobre o que aprendeu. Portanto, as aulas
expositivas são as ideais para ensinar factos, definições e conceitos, não sendo as mais
indicadas quando se pretende que os alunos analisem, raciocinem, diagnostiquem
problemas e desenvolvam o espirito crítico. (p. 43)
No método expositivo o conteúdo a ser aprendido é apresentado ao aprendiz na sua forma
final e a tarefa da aprendizagem não envolve nenhuma descoberta independente por parte
do aluno. As aulas expositivas afastam-se de situações concretas, bem como não
proporcionam um ensino pela descoberta, já que os conteúdos são fornecidos aos alunos na
sua forma acabada leva a que os alunos esqueçam mais rapidamente os assuntos abordados
em sala de aula.
Finalmente, sendo as aulas expositivas muito dependentes do professor que transmite os
conhecimentos, faz com que este seja um dos principais responsáveis pelo sucesso ou
insucesso escolar dos seus alunos. Ou seja, os alunos estão condicionados pela capacidade
do expositor, pela sua habilidade em falar em público, pela forma como este motiva ou não
os seus alunos para a temática em estudo, pelo seu entusiasmo na leccionação.

26
CAPÍTULO III: METODOLOGIAS
Este capítulo integra a metodologia e descrição dos processos metodológicos utilizados no
decorrer da presente pesquisa. Assim, foi especificada a natureza do estudo e,
posteriormente, os métodos e técnicas de recolha de dados privilegiados para o tratamento
de informação do Relatório Final. Finalmente foi feita a caracterização dos princípios
éticos que guiaram a investigação.

3.1. Natureza do estudo

A presente pesquisa, tendo em consideração o objecto de estudo bem como a sua


finalidade, foi desenvolvida de acordo com uma metodologia de natureza mista. O método
misto corresponde a uma combinação de duas metodologias – a quantitativa (de carácter
empírico) e a qualitativa (de carácter construtivista interpretativo e empírico). O design é o
estudo de caso (BRYMAN, 1995, p. 21).

Para SHAFFER & SERLIN (2004)

As metodologias quantitativas e qualitativas são retratadas como paradigmas


distintos e incompatíveis. No entanto, os autores destacam a existência de estudos
onde ambas as técnicas são utilizadas sequencialmente ou paralelamente,
descrevendo como é que a análise quantitativa permite identificar sujeitos para um
estudo qualitativo, como é que entrevistas qualitativas podem fornecer elementos
adicionais a processos identificados através de análise quantitativa. (p. 12).

O mesmo é afirmado por CRESWELL (2007), que refere que estudos de natureza mista
são “uma abordagem de investigação que combina ou associa as formas qualitativa e
quantitativa”. Uma vez que se trata de abordagens com perfis opostos, as duas
metodologias juntas complementam-se na apresentação de resultados (p. 27).

27
Esta definição vai ao encontro das ideias de AIRES (2011), que destaca que:

A particularidade da investigação qualitativa se desenvolver de forma interactiva,


pois que a cada momento existe uma relação entre o modelo teórico, estratégias de
pesquisa, métodos de recolha e análise de informação, avaliação e apresentação de
resultados do objecto de pesquisa (p. 14).

Segundo SOUSA & BAPTISTA, (2011)

A investigação quantitativa apresenta como objectivo a identificação e a


apresentação de dados, indicadores e tendências observáveis. Este método de
investigação “mostra-se geralmente apropriado quando existe a possibilidade de
recolha de medidas quantificáveis de variáveis e inferências”. Na investigação
quantitativa, as variáveis, hipóteses e o projecto de investigação são previamente
definidos (p. 53).

3.2. Métodos e técnicas de recolha de dados


Em investigações de natureza mista é habitual recorrer a uma vasta diversidade de técnicas
de recolha de informação, como materiais empíricos, estudo de caso, experiência pessoal,
entrevista e observação. (AIRES, 2011, p. 13).
Neste estudo, as técnicas de recolha de dados foram escolhidas cautelosamente, de acordo
com a adequação à investigação, nomeadamente: conversas informais; análise documental;
questionários (aos professores no decurso do projecto de pesquisa); notas de campo ou
diário de bordo, onde se registaram as reacções e opiniões de professores no decorrer do
processo; e, por fim, uma entrevista semiestruturada (aplicada aos professores voluntários,
na investigação).
Relativamente à análise documental, esta permite, segundo AIRES (2011), apoiar os
métodos directos de recolha de informação e validar e contrastar a informação obtida (p.
42).

Neste seguimento, foi realizado um questionário aos professores ainda numa fase inicial. A
aplicação de questionários possibilitou recolher conhecimentos e comportamentos – neste
caso, foi fundamental para compreender os hábitos dos professores relativamente à
utilização dos métodos de ensino na sua actividade lectiva diária.

28
De acordo com SOUSA & BAPTISTA (2011)
Aplicar um questionário permite recolher uma amostra de “conhecimentos, valores,
atitudes e comportamentos”. O questionário foi do tipo misto, embora a maioria
das questões fossem de resposta fechada, o questionário também incluiu questões
de resposta aberta. (p. 91).
As notas de campo são um suplemento importante a outros métodos de recolha de dados.
As notas de campo poderão ser um passo para criar um diário de bordo, “que ajuda o
investigador a acompanhar o desenvolvimento do projecto e a visualizar como é que o
plano de investigação foi afectado pelos dados recolhidos”. As notas de campo serão
obtidas através de comentários feitos (oral ou digitalmente) pelos professores.

No que diz respeito à entrevista semiestruturada, esta pode ser definida como uma técnica
de recolha e obtenção de dados através de questões orientadoras: é, no fundo, uma
interacção social entre o entrevistador e o entrevistado. (BOGDAN & BIKLEN, 1994, p.
51)

Neste caso, foram realizadas entrevistas a todos os participantes, com o objectivo de


recolher informações sobre o processo da investigação. Os dados recolhidos através da
entrevista serviram para compreender se os professores se sentiram mais motivados para o
estudo.

Este é o tipo de técnica mais importante e mais comum ao estudar e compreender o ser
humano, pois que abarca o desenvolvimento de uma interacção que cria e capta
significados em que “as características pessoais do entrevistador e do entrevistado
influenciam decisivamente o curso da mesma”. A entrevista efectuada ao longo da
investigação foi estruturada num guião de entrevista.

3.3. Técnicas de tratamento de dados


Pelo seu carácter flexível e aberto, os estudos mistos produzem grandes quantidades de
informação – esta, necessita de, segundo Coutinho, ser “organizada e reduzida, de modo a
que possibilite a descrição e interpretação do fenómeno em estudo” (COUTINHO, 2019, p.
16).
A análise de conteúdo dos dados recolhidos oferece, de acordo com BARDIN (2013), um
conjunto de técnicas que permitem a “análise das comunicações, que utiliza procedimentos
sistemáticos e objectivos de descrição do conteúdo das mensagens” (p. 38).
29
Assim, a análise de conteúdo privilegiou três fases distintas, organizadas em três polos
cronológicos, nomeadamente: (i) pré-análise; (ii) exploração do material; e (iii) tratamento
dos resultados (inferência e interpretação).
A pré-análise caracterizou-se pela organização de material, escolha de documentos a
analisar e identificação de questões que guiaram o estudo – de modo a que se tivesse feito
uma estrutura mais concisa para desenvolver as etapas que se seguiram.
Quanto à fase de exploração do material, esta consistiu em operações de codificação,
resultantes num quadro teórico de referência. Por fim, no que concerne à fase de
tratamento dos resultados, inferência e interpretação, esta foi dedicada a analisar, validar e
tratar resultados, onde emergiram quadros que careceram de inferências e interpretações
sobre os objectivos definidos.

3.4. População e amostragem


A presente investigação foi realizada numa instituição de ensino público, situada na zona
urbana da cidade de Gurúè, no caso particular na Escola Secundária Geral Eduardo
Mondlane. É uma instituição cuja oferta educativa abarca o 1º e 2º Ciclos do Ensino
Secundário Geral.
A pesquisa envolveu a população de professores da Escola onde a pesquisa foi conduzida,
no caso particular a Escola Secundária Geral Eduardo Mondlane e, para que tal fosse
concretizado, participaram da pesquisa 15 (quinze) professores escolhidos aleatoriamente,
sendo: 10 (dez) do sexo masculino e 5 (cinco) do sexo feminino. É importante frisar que
participaram da pesquisa os professores que o quiseram, portanto de forma voluntária.

3.5. Princípios éticos do processo de investigação


No decorrer do processo e recolha de análise de dados para a presente investigação,
manter-se-á o anonimato e a confidencialidade de todas as informações que dizem respeito
à instituição onde decorreu a pesquisa e aos professores foi preservada a sua identidade.
Todos os intervenientes neste processo foram informados, previamente, da natureza e
objectivos da investigação, adoptando-se assim o princípio fundamental de respeito e
confidencialidade para com os envolvidos (Carta Ética, 2014).

30
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO
DE DADOS
Neste capítulo são apresentados e analisados os dados recolhidos através das técnicas
mencionadas anteriormente no presente trabalho. Para uma melhor compreensão da
realidade, foi distribuído um questionário aos professores da Escola Secundária Geral
Eduardo Mondlane de Gurúè, sobre o uso do método expositivo nas suas aulas e o impacto
do mesmo sobre os resultados da aprendizagem. O questionário envolveu cerca de 15
(quinze) professores da escola acima referenciada, conforme a amostragem enunciada no
capítulo anterior referente as metodologias. De referir que os professores abrangidos estão
distribuídos em várias classes e disciplinas, ou seja, leccionam várias classes. Assim,
priorizou-se a escolha aleatória dos professores, de modo a produzir resultados que
eventualmente possam ditar alguma variação do uso do método expositivo de acordo com
a classe por cada professor leccionada.
De seguida, são apresentados e analisados os dados colhidos no âmbito da presente
pesquisa.

4.1. Acerca da preferência de algum método durante as aulas do


professor.
Para esta questão, todos os inquiridos, em número de 15 (quinze) responderam, sendo que
houve uma tendência de variação das respostas que são apresentadas no gráfico seguinte:
Gráfico 1: Preferência de algum método durante as aulas

31
8

7.5
6.5
5.5
4
4.5
3
3.5
2.5
1.5
0.5
Elaboração conjunta Expositivo Vários métodos
Series1 NaN NaN NaN
Series2 NaN NaN NaN
Series3 4 3 8

Fonte: A Autora (2024)

Diante do exposto no gráfico, nota-se de facto uma variação das respostas dos professores
inquiridos, uma vez que cerca de quatro (4) professores responderam que usam o método
de elaboração conjunta para a mediação das suas aulas, ainda outros três (3) responderam
que preferem o método expositivo para a transmissão dos conteúdos durante as suas aulas,
mas o maior número de inquiridos, cerca de oito (8) responderam que usam vários métodos
durante as aulas. Assim, os dados mostram que a maioria dos professores faz o uso dos
vários métodos na mesma aula, o que nos traz a conclusão de que na maioria dos casos, o
uso de vários métodos numa determinada aula tem relação com o momento ou o rumo que
uma aula pode ter, ou seja, o professor pode planificar usar um determinado método na sua
aula, mas que chegado o momento, percebe que a assimilação da matéria por parte dos
alunos não é positiva, daí que pode ser obrigado a adoptar um outro método que produza
resultados desejados para a sua aula.

4.2. Acerca das razões da escolha de um determinado método.


Com relação a esta questão, também foram inquiridos todos os 15 (quinze) professores,
dos quais foi possível compilar as suas respostas no gráfico seguinte:
Gráfico 2: Razões da preferência de um determinado método

32
5
5 4 4
4
3 2
2
1
0

Fonte: A Autora (2024)

De acordo com os dados do gráfico acima exposto, há que referenciar que a preferência de
um determinado método durante uma aula está ligada a vários aspectos. Assim, dos
inquiridos que preferem a exposição, cerca de dois (2) responderam que este método
facilita a assimilação dos conteúdos por parte dos alunos, ao passo que outros cinco (5)
inquiridos referiram que a escolha do método expositivo pende-se com a facilidade de
transmissão de conteúdos por si planificados. Com relação aos inquiridos que escolheram
os métodos activos, nomeadamente o método de elaboração conjunta e outros métodos,
cerca de quatro (4) responderam que nestes métodos o aluno assume o seu papel de centro
daa aprendizagem e igual número, neste caso outros quatro (4) responderam que nos
métodos activos o professor apenas serve como mediador dos conteúdos. Portanto, é
importante notar que de forma geral, os métodos usados pelo professor numa determinada
aula têm muita relação com o desenrolar da mesma aula, pois é possível que no decurso da
mesma, haja mudança de método consoante o que estiver a acontecer na interacção entre o
professor e os alunos.

4.3. Acerca da possibilidade de leccionação com recurso apenas no


método expositivo
A terceira questão analisada tem a ver com a possibilidade de um professor leccionar a sua
aula com recurso apenas no método expositivo ou na exposição. Para a questão em voga,
na qual todos os inquiridos responderam, foi possível compilar as respostas no gráfico
abaixo:

33
Gráfico 3: Possibilidade de leccionar com recurso apenas ao método
expositivo
14 13
12

10

4
2
2

0
1

Sim Não

Fonte: A Autora (2024)

Atinente a questão acima exposta, uma grande parte dos professores inquiridos, neste caso
treze (13) responderam que não é possível mediar os conteúdos usando apenas o método
expositivo, ao passo que apenas dois (2) responderam que é possível adoptar apenas a
exposição numa aula. Esse posicionamento dos inquiridos não foge do entendimento da
autora, pois usar um único método de ensino pode significar a condenação dos alunos a
não percepção de um determinado conteúdo, o que por si constitui um retrocesso do
processo de ensino e aprendizagem, uma vez que o objectivo principal de uma actividade
lectiva é levar os alunos a assimilação e/ou percepção da matéria mediada pelo professor.
Portanto, se partirmos do princípio de que uma aula pode ter vários momentos, é justo
dizer que cada momento pode exigir um determinado método de ensino.

4.4. Acerca do tipo de aula em que se dá primazia ao método expositivo


A questão seguinte estava relacionada com o tipo de aula em que os professores sentem a
necessidade de usar o método expositivo com mais frequência. E, inquiridos todos os
professores constantes da amostragem, foi possível trazer a seguinte tendência em termos
de respostas:

Gráfico 4: O tipo de aula em que se prioriza o método expositivo

34
8
7
7
6
5
4 4
4
3
2
1
0
1

Aula nova Aula de continuação Todas as aulas

Fonte: A Autora (2024)

Assim, de acordo com os dados apresentados no gráfico acima é possível notar que: sete
(7) professores inquiridos responderam que utilizam o método expositivo normalmente
numa aula nova, mas um outro grupo de inquiridos, neste caso cerca de quatro (4)
responderam que usam o método expositivo em aulas de continuação, e ainda outros quatro
(4) referiram que usam a exposição em todas as aulas. A tendência das respostas
normalmente mostra que os professores estão mais propensos ao uso da exposição quando
o assunto é apresentar uma nova lição, esta postura dos professores pode estar ligada ao
facto de que sempre que se introduz um novo tema, muitos dos alunos estão na condição
de autênticos desconhecedores da matéria, sendo que o professor se sente na obrigação
fazer uma breve exposição para contextualizar os seus alunos.

4.5 Acerca do impacto na assimilação da matéria pelos alunos em aulas


predominantemente expositivas
A quinta questão feita aos professores prendia-se com o impacto que as aulas
predominantemente expositivas têm nos alunos e, para tal, contou-se igualmente com os 15
(quinze) inquiridos. A seguir estão expostas as respostas:

Gráfico 5: Impacto na assimilação de conhecimentos pelos alunos nas


aulas expositivas

35
8
8
7
6 5
5
4
3 2
2
1
0
1

Positvo Negativo É difícil prever

Fonte: A Autora (2024)

Portanto, das respostas dos inquiridos foi possível notar que mais da metade, neste caso
oito (8) professores responderam que o método expositivo tem um impacto positivo na
assimilação da matéria por parte dos alunos, ao passo que outros cinco (5) referiram que o
método expositivo tem um impacto negativo no processo de assimilação dos
conhecimentos por parte dos alunos, houve ainda dois (2) inquiridos que responderam que
é difícil prever o impacto na assimilação dos conteúdos pelos alunos. Assim, a autora da
pesquisa entende que apesar do método expositivo ser considerado tradicional, ele continua
a ser usado e a produzir resultados positivos no processo de ensino e aprendizagem, pelo
que o seu uso poderá continuar nos próximos tempos.

36
4.6. Acerca da continuidade do não do uso do método expositivo nas
aulas
Uma última questão prendia-se com a necessidade da continuidade ou não do uso do
método expositivo. Para a questão em destaque, foi possível compilar as respostas dos
inquiridos no gráfico que se segue:

Gráfico 6: Continuidade do uso do método expositivo

8
8
7
6
5 4
4 3
3
2
1
0
1

Sim Não Não sei

Fonte: A Autora (2024)

Portanto, de acordo com os dados acima expostos, cerca de oito (8) inquiridos
responderam que o método expositivo deve continuar a ser utilizado nas aulas pelo facto de
ser mais prático, particularmente em turmas numerosas, outros quatro (4) afiançaram que o
método expositivo não deve continuar a fazer parte do processo de ensino e aprendizagem
por ser um método passivo e que secundariza o papel do aluno na sala de aulas, ainda
outros três (3) responderam que não sabem se o método deve ou não continuar a ser usado
nas aulas. Assim, o que deve ser vincado é que o método expositivo permanece tão
presente nas aulas, mesmo que hoje a tónica do processo de ensino e aprendizagem tenha-
se movido no sentido de colocar o aluno no centro do processo educativo. Ademais, o
importante é que o professor deve inovar mesmo que esteja a fazer uma exposição, o que
significa que pode haver uma intercalação da exposição com outros métodos, ou mesmo,
se o professor tiver que usar a exposição, que ela seja uma exposição dialogada, em que o
aluno tem a sua vez de intervir na aula.

37
CAPÍTULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES
5.1. Conclusões
A presente pesquisa mostrou que na prática educativa de ensinar, o conhecimento e a
metodologia de ensino são um suporte muito importante para a consecução dos objectivos
que aula após aula os professores preparam as suas aulas e tencionam alcançar os
objectivos por si definidos na sua planificação e, nisto, a disciplina de História não fica de
fora.
Assim, os resultados da pesquisa mostraram claramente que os professores têm noção dos
vários métodos de ensino e fazem o uso deles na sua prática lectiva diária. Sucede porém
que a preponderância de um determinado método está muito relacionada com o tipo de
alunos que cada professor encontra na sala de aulas, ou seja, é a resposta dos alunos aos
estímulos do professor que vai determinar o uso de um determinado método de ensino.
Frente a esta realidade a que assistimos, os professores são levados a reflectir acerca dos
métodos apropriados para o tipo de alunos, pois a finalidade do processo de ensino e
aprendizagem é produzir uma mudança de comportamento no aluno.

No questionário realizado aos professores, eles se mostraram conscientes da existência de


vários métodos de ensino, mas que o uso continuado ou privilegiado do método expositivo
tem exactamente a ver com a facilidade da transmissão dos conteúdos, particularmente
para alunos que têm pouca disponibilidade de recursos didácticos, para além de que as
salas numerosas normalmente exigem muito esforço e tempo ao professor quando este
pretende usar outros métodos. Portanto, diante das salas numerosas, da escassez de livros
e/ou material didáctico para os alunos, o professor acaba adoptando o método expositivo
para fazer chegar a mensagem aos seus alunos.
Entretanto, é importante frisar que as aulas expositivas de quaisquer disciplinas podem ser
convertidas em actividades centradas nos participantes, pois estas actividades produzem de
longe os melhores resultados da aprendizagem. Assim, quando o professor estiver a usar o
método expositivo, deverá optar pela variante de exposição dialogada, pois esta atribui ao
aluno algum papel na sala de aulas durante o processo de ensino e aprendizagem.

38
Há claramente uma necessidade de inovar no que ao uso do método expositivo diz
respeito, pois não sendo possível o abandono do mesmo nas aulas, há que torná-lo mais
atractivo para que os alunos não sejam meros receptores das informações transmitidas pelo
professor.
Portanto, o uso do método expositivo continuará a ser utilizado pelos professores, seja de
que disciplina for, o que tem ficar vincado é que é preciso adequar o método tanto ao tipo
de alunos, como a natureza da aula, o número de alunos por turma, bem como a
disponibilidade de recursos didácticos para um determinado tema.

39
5.2 Sugestões
Como não podia deixar de ser, há que avançar com algumas sugestões que podem tornar a
actividade lectiva dos professores da Escola Secundária Geral Eduardo Mondlane ainda
mais significativa. Assim, sugerimos o seguinte:

Que ao planificarem as suas aulas, os professores não se baseiem em apenas um método,


pois a mudança subtil do decurso da aula pode trazer embaraços ao professor, que pode
não conseguir prosseguir eficazmente com a sua actividade lectiva;

Se o professor se propuser a utilizar o método expositivo como o principal durante a sua


aula, que essa exposição seja dialogada, ou seja, que faca pausas para fazer pequenos
questionamentos aos alunos, isso poderá tornar a sua actividade mais proactiva;

Mesmo em salas numerosas como as que assistimos um pouco por todas as escolas, as
variantes metodológicas devem privilegiar sempre o aluno como o centro da
aprendizagem, porque no final da actividade é a mudança no cérebro do aluno que se
pretende;

Se pretende-se mudar o cenário de opção dos chamados métodos tradicionais, nos quais o
expositivo encabeça essa lista, é preciso que a escola crie condições de aprendizagem
adequadas, porque não é possível que o professor seja convidado a usar os chamados
métodos activos nas suas aulas, enquanto enfrenta um verdadeiro “batalhão” de alunos na
sala de aulas, para além de que a biblioteca da escola deve estar apetrechada de material
didáctico para que os professores possam optar por exemplo pelo método de trabalho
independente do aluno.

40
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41
Libâneo, José Carlos (1990). Adeus professor, adeus professora: novas exigências
educacionais e profissão docente. São Paulo, Brasil: Cortez.
Marcheti, Ana Paula do Carmo (2001). Aula expositiva, seminário e projecto no ensino de
engenharia. São Carlos, Brasil: Escola de Engenharia de São Carlos - USP.
Marquês, Fernandes (1977). Aula expositiva: o professor no centro das atenções. Lisboa,
Portugal: Educação & Sociedade.
Nérici, Imidio G (1989). Metodologia do ensino, uma introdução. São Paulo, Brasil. Atlas.
Piletti, Claudino (2004). Didáctica geral. 8. ed. São Paulo, Brasil: Ática
Ronca, António Carlos & ESCOBAR, Virgínia F (1980). Técnicas pedagógicas.
Petrópolis, Brasil: Vozes.
Saldanha, Louremi (1975). Planeamento e organização do Ensino. Porto Alegre, Brasil:
Globo.
Saldanha, V, M. (1975). Recursos Educacionais para o ensino: quando e porquê?
Petrópolis, Brasil: Autores Associados.
Santanna, Antónia (2005). Correntes teóricas sobre o discurso na sala de aula. Curitiba,
Brasil: Revista Educativa.
Santos, Maurício (2001). A Pedagogia: teorias e práticas da Antiguidade aos nossos dias.
Petrópolis, Brasil: Vozes.
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Vilarinho, Dermeval (1979). Escola e democracia: teorias da educação, curvatura da
vara, onze teses sobre educação e política. Campinas, Brasil: Cultura Editores.

42
ANEXOS
INQUÉRITO SOBRE O IMPACTO DO USO DO MÉTODO
EXPOSITIVO NO PROCESSO DE ENSINO-APRENDIZAGEM
No âmbito de uma pesquisa que estou levando a cabo, convido-o a responder este inquérito
atinente ao uso do método expositivo nas suas aulas no dia-a-dia. Importa referenciar que
os seus dados serão confidenciais e as suas respostas serão usadas unicamente para a minha
pesquisa.
Nome do professor:…………………………………………………………………….
Disciplina que lecciona:……………………..………………...; Classe:………………
1. Durante as suas aulas, qual é o seu método de ensino preferido?
Elaboração conjunta Expositivo Outros métodos

2. Por que razão prefere o método por si mencionado na pergunta anterior?


Facilita a assimilação dos conteúdos
Facilita a transmissão dos conteúdos
O aluno assume o seu papel de centro da aprendizagem
O professor apenas vira o mediador dos conteúdos

3. É possível leccionar as aulas tendo como base apenas o método expositivo ou na


exposição?
Sim…….. Não……...

4. Normalmente, qual é o tipo de aula em que dá primazia ao uso do método


expositivo?
Aula nova…. Aula de continuação…. Todas as aulas….

5. Qual tem sido o impacto na aquisição do conhecimento por parte dos alunos em
aulas onde o método expositivo é predominante?

É Positivo……. É Negativo…... É difícil prever…..

6. Numa altura em que a aprendizagem está centrada no aluno, acha que o método
expositivo deve continuar a ser usado na sala de aulas?

Sim………... Não……… Não sei…..

Muito obrigada pela sua colaboração!

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