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ISCED - UÍGE
DEPARTAMENTO DE ENSINO E INVESTIGAÇÃO
DE LETRAS MODERNAS E CIÊNCIAS SOCIAIS
SECÇÃO DE ENSINO DE LÍNGUA PORTUGUESA
POR
Uíge, 2023
MOISÉS KUDIMUENA DOMINGOS BUNGA
Uíge, 2023
Índice
Folha de aprovação.....................................................................................................iii
Declarações ............................................................................................................... iv
iii
Dedicatória .................................................................................................................. v
Agradecimentos ......................................................................................................... vi
Epígrafe ..................................................................................................................... vii
Resumo .....................................................................................................................viii
Abstract ...................................................................................................................... ix
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 1
CAPÍTULO I - FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: O USO DO TEXTO LITERÁRIO
COMO RECURSO DIDÁCTICO NAS AULAS DE LÍNGUA PORTUGUESA
1.1 – O acto de ler na formação social do indivíduo .................................................... 6
1. 2 – Conceptualização da literatura ........................................................................ 12
1.3 - Contraste entre o texto literário e o texto não-literário ...................................... 16
1. 4 - Perspectiva histórica do uso de textos literários no ensino de línguas ............ 18
1.5 - A necessidade de recuperar o uso de texto literário na sala de aulas .............. 20
1.6 - A importância do uso de texto literário nas aulas de línguas ............................ 22
1. 7 – O processo de trabalho com o texto literário na sala de aulas ........................ 26
1.8 - Gêneros literários como veículos do diálogo na aula ....................................... 31
1.8.1 O lírico .............................................................................................................. 32
1.8.2 O dramático ...................................................................................................... 33
1.8.3 O narrativo........................................................................................................ 34
1.9 - Propostas da didactização do texto literário na aula de Língua Portuguesa ..... 35
1.9.1 A poesia ........................................................................................................... 35
1.9.2 O teatro ............................................................................................................ 37
1.9.3 O texto narrativo ............................................................................................... 38
CAPÍTULO II - METODOLOGIA APLICADA
2.1- Tipo de pesquisa ................................................................................................ 42
2.2- População e amostra ......................................................................................... 43
2.3- Variáveis ............................................................................................................ 43
2.3.1- Variável independente..................................................................................... 43
2.3.2- Variáveis dependentes .................................................................................... 44
2.4- Métodos e técnicas de recolha de dados ........................................................... 44
CAPÍTULO III - APRESENTAÇÃO E INTERPRETAÇÃO DOS RESULTADOS
3.1- Análise e interpretação dos dados ..................................................................... 47
3.1.1 Interpretações dos dados recolhidos no inquérito dirigido aos ......................... 48
3.1.2 Interpretações dos dados recolhidos no inquérito dirigido aos ......................... 49
Conclusões................................................................................................................ 52
Sugestões: ................................................................................................................ 54
BIBLIOGRAFIA ......................................................................................................... 55
ANEXOS ................................................................................................................... 57
FOLHA DE APROVAÇÃO
Membros do júri
____________________________________________
___________________________________________
___________________________________________
iii
Declarações
Eu, Moisés Kudimuena Domingos Bunga, declaro por minha honra que este
trabalho foi elaborado fazendo uso dos meus conhecimentos, da bibliografia que
esteve ao meu alcance e das orientações do meu tutor.
O candidato
_______________________________
O tutor
__________________________
iv
Dedicatória
Dedico este trabalho à minha querida mãe, Rita Domingos Bunga, exemplo de
sabedoria, força e resiliência.
v
Agradecimentos
À Deus Todo-Poderoso pelo fôlego da vida e por ter me dado o poder além do
normal para terminar este trabalho, que por sinal, foi árduo.
Ao colectivo docente do ISCED-UÍGE, em especial aos docentes do
Departamento de Letras Modernas e Ciências Sociais pelo cumprimento eficiente do
seu papel enquanto mediadores dos conhecimentos.
Ao meu Tutor, Mestre Miguel Simão, pelo apoio incondicional na elaboração
deste trabalho!
Ao meu feérico colega, Lucoqui João Pedro e os demais, pelo suporte
edificante durante a nossa trajectória acadêmica!
Às minhas mães, Rita Domingos Bunga e Guida Domingos Bunga, pelo
optimismo e coração brando, nunca deixaram de acreditar em mim e no futuro melhor
para nós. Aos meus queridos irmãos, Domingos António, David Domingos Bunga,
Maria António Quisengo, Nsimba Domingos Jaime e Nzuzi Domingos pelas vossas
orações fervorosas ao meu favor!
Aos meus queridos filhos, Elizabeth Kudimuena Francisco e Aristides
Kudimuena Francisco, apesar de sentirem o sopro da vossa inocência nisso, eu
gratifico-me pela vossa existência oportuna. Aos sobrinhos Carlota, David, António,
Moisés, Constância, os gêmeos (Jackson e Mabanza) e a querida Ritinha.
Gratidão extensiva ao meu elo Mariana Teca Francisco, mentor Samuel Cool
Kid, patriarca Augusto Quifuti, grande conselheiro Mambupunino Zarack, Gabriel
Pedro, Mvemba Cristiano, Fernanda Simão Moisés, Sofia Cardoso, eterno professor
José Simão, intercessor Kolberg Fausto, Bengui Monteiro, eterno filho Makana,Pedro
Kiala,Moisés Kiala, Gabriel Pedro, Gabriel Carlos Moyo, professor Henriques Pinto,
magnânimo Dr. Eduardo David Ndombele,professor Paiva Sebastião, professor
Luzaiadio Venâncio Simão António, inesquecível Mestre Arnaldo Binda Augusto,
Domingos António Adolfo, Inácio Belga, Fisso Majamo Cusso,Bruno
Hernani,Fernando Paulo António, Paulina Inácio Malamba, ,Alberto Quindanda,
Marcelina Miguel, professor Hamilton, literatos Eduardo Nkanga Pedro e Noé Cagina,
professor Afonso Botelho, Zola Alfredo e mãe Cristina, a todos agradeço por me darem
a mão sempre que precisasse e provaram que nunca estive sozinho nesta luta, a
minha mente transborda da vossa presença espiritual até hoje.
Obrigadão!
vi
Epígrafe
“Educar verdadeiramente, não é ensinar factos novos ou enumerar as
fórmulas prontas, mas sim preparar a mente para pensar”, Albert Einstein (2021).
vii
Resumo
O presente trabalho tem como objectivo, evidenciar como os textos literários
podem vir a ser ferramentas didácticas imprescindíveis no processo do ensino-
aprendizagem da Lingua Portuguesa, tornando possível a aquisição do domínio sobre
os mecanismos do funcionamento da língua e ampliação das capacidades
intelectuais, uma vez que os textos literários nos tornam mais compreensivos,
reflexivos, críticos e abertos para novos olhares. Além disso, o estudo dos textos
literários pode mudar nossa personalidade em vários aspectos e melhora as nossas
habilidades de interpretação de diferentes tipos de textos. Aguça também a nossa
cognição para compreensão de ideias e organização de pensamento. Tomamos como
base teórica alguns autores como Antunes (2004), Mona Mpanzu (2021), Rio e Leite
(2004) etc. O nosso estudo foi feito no Liceu de Buengas com os alunos da 12ª classe,
nas turmas A e B na Opção de Ciências Humanas, temos como amostra de (60)
indivíduos, incluindo professores e alunos. Notamos que o texto literário, está cada
vez mais ausente na sala de aulas, por isso, incentivamos os professores, a tomarem
como recurso didáctico o texto literário nas suas aulas, optando pela transposição
didáctica. Percebemos que ao trabalhar com os textos literários, como: poético,
dramático e narrativo, os mesmos poderão servir de suporte para o desempenho
linguístico da parte dos alunos. Finalmente, neste estudo, também objectivamos
propor sugestões e algumas estratégias para a didactização do texto literário nas
aulas de Língua Portuguesa, visando uma melhor prática docente e,
consequentemente, um aprendizado mais satisfatório.
viii
Abstract
The present work aims to highlight how literary texts can become essential
teaching tools in the teaching-learning process of the Portuguese language, making it
possible to acquire mastery over mechanisms of language functioning and expand
intellectual capacities, one that literary texts make us more understanding, reflective,
critical and open to new perspectives. In addition, the study of literary texts can change
our personality in several aspects and improve our skills in interpreting different types
of texts. It also sharpens our cognition and for understanding ideas and organizing
thought. We take as a theoretical basis some authors such as Antunes (2004), Mona
Mpanzu (2021), Rio and Leite (2004) etc. Our study was carried out at the Liceu de
Buengas with students of 12 class, in classes A and B in the Option of Human
Sciences, we have as a sample of 60 individuals, including teachers and students. We
noticed that the literary text is increasingly absent in the classroom, so we encourage
teachers to take the literary text in their classes as a teaching resource, opting for
didactic transposition. We realized that when working with literary texts, such as:
poetic, dramatic and narrative, they can serve as support for the students' linguistic
performance. Finally, in this study, we also aim to propose suggestions and some
strategies for the didacticization of the literary text in Portuguese language classes,
aiming at a better teaching practice and, consequently, a more satisfactory learning.
Keywords: Didacticization, literary text, didactic transposition, portuguese language.
ix
INTRODUÇÃO
Geralmente, propõe-se que os estudantes sejam sujeitos autônomos,
capazes de pensar de maneira independente por exercitar sua criatividade,
organizar as suas ideias, elaborar argumentos sólidos que sustentam uma
opinião, criar hipóteses, investigar causas, resolver problemas, formular soluções
e conviver activamente na sociedade. No âmbito da concretização de todas essas
acções, e o desenvolvimento das capacidades cognitivas e intelectuais, os textos
literários desempenham um papel fundamental visto que, nos tornam mais
compreensivos, reflexivos, críticos e abertos para novos olhares e mudam a nossa
personalidade em vários aspectos. Além disso, os textos literários têm contribuído
para o exercício da imaginação ao transportar o leitor para um outro lugar, onde
terá oportunidade de vivenciar novas emoções e situações. Como relembra
COELHO: N.N. (1991: 25).
Na verdade, desde as origens, a literatura aparece ligada a essa
função essencial, actuar sobre as mentes, onde se decidem as
vontades ou acções; e sobre os espíritos, onde se expandem as
emoções, paixões, desejos, sentimentos de toda ordem… No encontro
com a literatura (ou com a arte em geral) os homens têm a
oportunidade de ampliar transformar ou enriquecer sua própria
experiencia de vida, em um grau de intensidade igualada por nenhuma
actividade.
1
Formulação do problema
Toda e qualquer pesquisa é focada sobre um problema relacionado ao tema,
ou seja, uma questão associada ao tema com importância real, e que ainda não tenha
sido devidamente respondida pela literatura existente. O problema orienta a pesquisa,
que tem como objectivo contribuir para o seu esclarecimento.
Justificativa
Observa-se que, os alunos no Liceu de Buengas em Nova Esperança não são
sujeitos autônomos da sua aprendizagem, consequentemente, eles não conseguem
organizar as suas ideias, articular melhor seus conhecimentos ou elaborar
argumentos sólidos que sustentam uma opinião e expor um ponto de vista para
solução de um problema. Além disso, eles têm pouco domínio sobre os mecanismos
do funcionamento da língua. Por outro lado, é irrefutável, o facto de que os professores
de Língua Portuguesa no Liceu, têm conhecimentos profissionais satisfatórios sobre
a transposição didáctica do texto literário nas suas aulas que, potencialmente, lhes
permitiriam realizar um bom trabalho de remediação das dificuldades inerentes à
problemática, mas estes não consideram o uso de recursos didácticos, disponíveis,
como o texto literário para estimular o desenvolvimento das capacidades intelectuais
e cognitivas, bem como o domínio linguístico nos seus alunos. Por estes motivos,
surgiu o interesse em aprofundar este estudo, que objectiva incentivar os professores
a tomarem como recurso didáctico, o texto literário nas aulas e propor sugestões e
algumas estratégias para a didactização desta tipologia textual.
2
Delimitação
Objectivos
É verdade que numa investigação ou pesquisa, o objectivo "constitui um
enunciado declarativo indicando, consequentemente, a intenção do pesquisador no
decurso do estudo" (Freixo, 2011). Do conjunto dos objectivos deve estabelecer-se
uma diferenciação entre os objectivos gerais e específicos, pois, " tanto os objectivos
gerais como os específicos permitem o acesso gradual e progressivo aos resultados
finais" (Baptista e Sousa, 2011). Assim sendo, para este estudo definiu-se os
seguintes objectivos:
Geral:
Específicos:
Questões de pesquisa
Sabemos que uma pergunta de pesquisa é a declaração de uma indagação
específica que o pesquisador deseja responder para abordar o problema de pesquisa.
As perguntas de pesquisa orientam os tipos de dados a serem colectados e o tipo de
estudo a ser desenvolvido. E as perguntas derivadas de pesquisa “decorrem
directamente do objectivo e especificam os aspectos a estudar” (Fortin, 2009, p. 101).
3
Para orientar o estudo a fazer acerca da temática, levantou-se as seguintes
perguntas:
1 - Será que os professores estimulam a participação dos alunos em sala de
aula?
2 - Será que os professores fazem perguntas que incitam a reflexão crítica dos
alunos?
3 - Será que os professores usam o texto literário como ferramenta didáctica?
Hipóteses
Segundo Baptista e Sousa (2011, p. 26), "as hipóteses são uma resposta
prévia ao problema proposto e, habitualmente, são desenvolvidos com base em
estudos anteriormente realizados de acordo com tema escolhido", pelo que a "
hipótese deve justificar o trabalho da parte empírica da investigação".
4
CAPÍTULO I
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
5
1.1 – O acto de ler na formação social do indivíduo
Dentro do ensino da língua portuguesa, como língua materna e não materna,
a sociedade actual tem vindo, progressivamente, valorizar a leitura como forma de
aceder à informação, ao conhecimento e ao lazer. Mas ler, antes de tudo, é descobrir
e expandir novos horizontes e a leitura tem que ser entendida como um acto de prazer
e ser incentivada pelos pais, professores e meios de comunicação.
Isso faz com que o gosto pela leitura seja inserido naturalmente no cotidiano e
jamais como uma obrigação porque observa-se que a leitura é feita na maioria das
vezes pela obrigatoriedade nas escolas e essa leitura escolar está distante da
realidade das experiências pessoais dos estudantes, o que acaba fazendo com que
muitos deixem a leitura de lado, no entanto, a escola precisa efectivamente incentivar
os alunos a lerem; pois dessa maneira eles verão o mundo de uma forma diferente,
transformando-os em cidadãos mais críticos e conscientes. Afinal, não precisamos de
um aluno que apenas lê por ser obrigado na escola mas, sim queremos um leitor para
a vida toda, conforme Braga e Silvestre, ressaltam:
Fischer (2006, p. 11), outro autor, traz uma concepção significativa sobre leitura,
atendo-se ao texto escrito, ao afirmar que leitura é a capacidade de se extrair sentido
de símbolos escritos ou impressos, em que o leitor emprega os símbolos para orientar
a recuperação de informações de sua memória, criando, assim, uma interpretação
possível da mensagem do escritor, havendo um momento de decodificação, imediata
ou simultaneamente ampliado pelo significado da leitura.
7
De acordo com Koch e Elias (2008), a leitura está além de apenas ocupar um
importante espaço na vida do leitor porque o acto de ler constitui-se da junção entre
os sujeitos sociáveis com a linguagem sociocognitiva, o que lhes possibilita um
contacto eficaz com elementos significativos do texto. Sendo assim, o leitor é posto
em contacto directo com as palavras, de maneira peculiar, percebendo o elevado grau
de sentido que elas preservam; pode-se conceber que a leitura decorre do
entendimento entre sujeito, língua, texto e sentido, adotados na respectiva sequência,
e assegura a representação do pensamento, promovendo a captação mental do leitor
de maneira absoluta. A leitura é crucial para a aprendizagem do ser humano. É por meio dela
que podemos enriquecer o nosso vocabulário, obter conhecimentos, dinamizar o
raciocínio e a interpretação. Muitas pessoas dizem não ter paciência para ler um livro,
isso acontece por falta de hábito, pois se a leitura fosse um hábito, as pessoas
saberiam apreciar boas obras para ler. Contudo, não podemos nos ater à satisfação das
preferências de leitura. Precisamos, sobretudo, provocar novos interesses, de modo
a multiplicar as práticas leitoras e diversificar os materiais à disposição do público. O
acto de ler significa diálogo com o texto, descoberta de sentidos não-ditos e
alargamentos dos horizontes do leitor para realidades ainda não visitadas. Por isso,
quanto mais contacto com o universo dos livros, tanto maior será a chance de termos
leitores competentes e capazes:
8
❖ Reconhecer a estrutura que o texto apresenta, preenchendo as posições
tematicamente vazias, segundo sua maturidade de leitura e de mundo;
❖ Ser capaz de dialogar com os novos textos, posicionando-se crítica e
criativamente diante deles, por meio do processo de compreensão, interpretação e
aplicação;
❖ Trocar impressões e informações com outros leitores, posicionando-se
com respeito aos textos lidos, fornecendo indicações de leitura e acatando os novos
dados recebidos;
❖ Integrar-se a grupos de leitores, participando activamente de práticas de
leitura oral e expressão dos conteúdos lidos em diferentes linguagens;
❖ Conhecer e posicionar-se diante da crítica (especializada ou
espontânea) dos livros e outros materiais escolhidos para leitura;
❖ Ser recepctivo a novos textos, que não confirmem seu horizonte de
expectativas, sendo capaz de alargar seu gosto pela leitura e seu leque de
preferências, a partir do conhecimento do movimento literário ao seu redor e da
tradição;
❖ Ampliar seu horizonte de expectativas, através de leituras desafiadoras
para sua condição actual;
❖ E dar-se conta, por meio da conscientização, do que acontece no
processo de leitura, de seu crescimento enquanto leitor e ser humano.
9
leituras geralmente se aprendem por aí, na chamada escola da vida: a
leitura do voo das arribações que indicam a seca? Como sabe quem lê
Vidas secas de Graciliano Ramos? Independentemente da
aprendizagem formal e perfaz na interacção quotidiana com o mundo
das coisas e dos outros”. LAJOLO, S. (1994: 7); “A leitura é,
basicamente, o ato de perceber e atribuir significados através de uma
conjunção de factores pessoais com o momento e o lugar, com as
circunstâncias. Ler é interpretar uma percepção sob as influências de
um determinado contexto. Esse processo leva o indivíduo a uma
compreensão particular da realidade. (Ibidem: 1992: 22);
10
Todo indivíduo, pertencente a qualquer classe social e pode ser motivado para
a leitura, desde que se identifique com essa ação, porque através do livro, o homem
pode ser capaz de dar significado a si mesmo e ao mundo que o cerca, a final,
mediante a leitura descobre-se novos horizontes, massificamos conhecimentos,
satisfazemos a nossa curiosidade, buscamos respostas das nossas inquietações e
mais familiarizados nos tornamos com os critérios da ortografia; podemos dizer que o
pior analfabeto é aquele que sabe ler, mas não lê.
A leitura ajudo o aluno no enriquecimento do vocabulário e na aquisição das
regras gramaticais permitem que ele desenvolvam as habilidades quanto a produção
de textos próprios com originalidade, coerência, coesão, correcção, clareza e
segurança.
Na mesma linha observa, Ferreiro e Teberosky (1991:46):
11
Assim, as interpretações da criança na apropriação da leitura representam, de
fato, o prenúncio de um conhecimento futuro; decorrendo daí a importância de se
considerar as experiências que os alunos possuem como imprescindíveis.
1. 2 – Conceptualização da literatura
A literatura é um conceito que se estabeleceu como tal a partir do século XVII,
até então literatura era entendida como tudo aquilo que congregava o conhecimento,
sem separação entre o que era criação e o que era ciência. É preciso entender que a
literatura, desde sempre, esteve associada à civilização, conhecimento e arte para
civilizar. A partir do momento em que a literatura passa a designar os textos criativos,
seja poesia ou prosa, há associação com arte e com a humanização.
Isto nos faz entender que só existe uma recriação no imitado. Pela
complexidade do conceito, o poético, teórico e crítico Pound, acrescentou dizendo que
a literatura é uma linguagem carregada de significado até o grau máximo possível
(POUND 2006: 32), e o Afrânio Coutinho, em suas “Notas de Teoria Literária”, deu a
sua grande contribuição: «A literatura, como toda a arte, é uma transfiguração do real,
é a realidade recriada, através do espirito do artista e retransmitida através da língua
para as formas, que são os géneros, com os quais ela toma corpo e nova realidade»
(COUTINHO, C. (1978, p.9-10). E o seu conterrâneo, Cândido, A. (1972, p.53),afirma:
12
Faz muito tempo em que o homem estuda a arte por ele mesmo produzido, a
questão sobre conceituação da literatura tem sido assunto de muitos debates. Desde
o processo de evolução cultural do homem, muito se tem discutido a respeito do
assunto aqui abordado. Sabe-se, pois, que, em cada época literária são atribuídas à
literatura uma natureza e funções diferenciadas, harmónicas com a veracidade
cultural e, portanto, social, da época. Algumas pesquisas realizadas no projecto de
iniciação científica, levaram ao estudo de conceitos e funções atribuídos à literatura
por teóricos do século XX, uma vez que são esses conceitos aceites mais
grandemente que aqueles formulados por teóricos de outras épocas.
Em linhas gerais, diríamos que a Literatura é uma arte que tem como matéria-
prima a palavra. Por isso, ela trabalha com os sentidos, os sons e o poder de sugestão
das palavras. No entanto, não existe uma definição de Literatura, como também não
existe uma definição de arte. O que há são reflexões a respeito do que seria a
Literatura, mas jamais uma conclusão definitiva. O escritor francês Jean-Paul Sartre
(1905-1980), por exemplo, em seu livro, “Que é a Literatura? ” demonstra a falta de
definição do termo: “E como os críticos me condenam em nome da Literatura, sem
dizer jamais o que entendem por isso, a melhor resposta que cabe dar-lhes é examinar
a arte de escrever, sem preconceitos” SARTRE (1905-1980).
Dessa forma, Sartre nos indica que a Literatura é a arte de escrever. E isso
dialoga com o nosso conceito inicial, isto é, a Literatura como arte da palavra.
Portanto, a arte de escrever está associada ao trabalho artístico com a palavra, a qual
ultrapassa os limites da denotação para assumir outros sentidos, de forma imaginativa
e sugestiva.
13
Muitas têm sido as tentativas de definir Literatura. É possível, por
exemplo, defini-la como a escrita “imaginativa”, no sentido de ficção –
escrita esta que não é literalmente verídica. Mas se reflectirmos, ainda
que brevemente, sobre aquilo que comumente se considera literatura,
veremos que tal definição não procede. EAGLETON, T. (2003:4).
14
A arte que se realiza como “obra-prima” – sim, porque podemos até mensurar
a arte por meio de uma visão mais condescendente àquilo que julgamos bem
elaborado e belo –, segundo Robert Cumming, é caracterizada da seguinte forma:
15
Sem intuição de fechar a conceituação de literatura, nem tão pouco contrapô-
la com escrituras, mas encontrar pressupostos para um estudo sobre a natureza e a
função da mesma. Marin, A. (2016:13), dá o seu parecer acerca da literatura:
16
temas, as mesmas ideias e encontrar as mesmas imagens fortes e símbolos
importantes em suas obras. Eles também compartilham estratégias comuns formais,
com um estilo, uma maneira de se expressar e desenvolvendo novos meios técnicos
para transmitir sua mensagem.
Uma simples lista de compras, por exemplo, não é considerada literária porque
geralmente não é um reflexo de preocupações estéticas especificas. Os textos
literários são baseados na imaginação do escritor/artista e, portanto, são subjectivos.
Com a função de entreter o leitor, esse tipo de texto está intimamente relacionado com
a arte. Por ser um texto artístico, não tem compromisso com a objectividade e com a
transparência das ideias (a título de exemplos, fábulas, novelas, contos, poemas,
crônicas são textos literários).
17
Linguagem Subjectiva e conotativa. Denotativa.
18
de sala limitavam-se ao uso do livro e de textos. Verificava-se um foco de
concentração na lingua em estudo não havendo espaço para atividade de
interpretação e compreensão de textos. Posteriormente com a implementação dos
métodos Direto e audiolingual, a literatura deixou de constar nas aulas de LE pois, era
considerada redundante para aprendizagem da lingua (ibidem).
19
Os usos artísticos e criativos da língua são tão importantes por si
mesmos como ponto de vista educativo. (...) a produção, a recepção e
a representação de textos literários, p.ex.: ler e escrever textos (contos,
novelas, romances, poesia, etc.); representar em/assistir a recitais,
peças, ópera, etc. (QECR, p.88/89).
20
Lazar (2004), defende que os textos literários são formas contextualizadas de
como o aluno pode aprender a agir ou se comportar numa situação específica, sendo
indivíduo e membro de uma determinada sociedade. Além disso, o autor verifica que
o uso da literatura no ensino de lingua, é muito útil, pois o professor poderia
proporcionar aos alunos uma maior criatividade para a escrita, maior estímulo para
leitura, mais interesse para a participação oral e a implementação de actividades mais
motivadoras.
21
parte das suas lembranças presentes e futuras. Como afirma o Coutinho (1978),
“Pondo desde o início, o aluno em contacto directo com o texto literário, fazê-lo adquirir
a familiaridade com a língua e a coisa literária, levando-o a adquirir o gosto da
literatura, ajusta compreensão de seu valor e significado. ”
23
O texto literário reúne em si características particulares capazes de
proporcionar aos alunos um contacto diferente com a língua e a linguagem. A língua,
pode ser vista não apenas como uma forma de comunicar, mas também como uma
forma de facultar o conhecimento e o desenvolvimento do pensamento. Usar o texto
literário nas aulas de línguas pode tornar-se uma ocasião repleta de oportunidades de
ampliar esse pensamento. Para tal, é importante encontrar as formas mais
interessantes de implementar o texto literário na sala de aulas, pois, antes de tudo,
consideramos que a literatura compreende um lado de prazer que deve ser fomentado
em prol dos alunos. Outrossim, é importante o uso do texto literário nas aulas de
línguas bem como a sua exploração com participação dos alunos para que possa ser
desenvolvida a interação e a troca de ideias.
24
1. Universalidade: todas as linguas conhecidas têm literatura e os temas
veiculados através dela como amor, a morte, a separação, natureza, etc. são
comuns a todas as culturas.
2. Não-trivialidade: ao contrário de outros recursos de ensino de línguas que
banalizam textos ou experiências, a literatura não as banaliza ou diminui.
Oferece um input verdadeiro e autêntico.
3. Relevância pessoal: ideias, eventos e outras coisas expressas em literatura
podem ser experimentados pelos alunos ou podem ser imaginados, portanto,
eles são capazes de encontrar relevância entre eles e suas vidas pessoais.
4. Variedade: existe uma grande variedade de linguagem e assuntos tratados em
literatura. Os alunos podem desfrutar de uma seleção não-monótona e versátil
de textos literários.
5. Interesse: a Literatura é, por natureza intrinsecamente apelativa pois, aborda
assuntos familiares de uma forma atraente e interessante.
6. Economia e poder sugestivo: uma das características distintivas da literatura
é o significado evocativo de algumas palavras e frases. Literatura vai além do
que é dito e ideias podem ser expressas com poucas palavras.
7. Ambiguidade: a Literatura permite diferentes interpretações. É raro que dois
leitores façam uma leitura idêntica de um mesmo texto.
25
Portanto, o uso estético que os textos literários apresentam da língua, pode ser
um importante estimulo para o desenvolvimento das capacidades cognitivas dos
alunos e para o seu enriquecimento e crescimento como indivíduos ou membros de
uma sociedade, pelo elevar do aspecto cultural, pela ampliação do leque vocabular,
por fomentar a reflexão e desenvolver o espírito crítico e pelo encorajamento da
tolerância pelas diferenças culturais.
26
por ser um meio de difusão cultural e através dele o aluno entra em contacto com a
cultura da língua que se propõe aprender.
Nas aulas, o professor de língua portuguesa, pode usar o texto literário para
actividades de compreensão leitora e de conteúdos gramaticais ou lexicais, porém,
sem deixar de explorar também as características que o fazem literatura. Devemos ter
em mente que o texto pode ser adequado ao seu grupo de alunos, não só em relação
à idade como também o conhecimento, conforme salienta Mona Mpanzu (2021): “ O
impacto do texto deverá ser estudado de acordo com o nível escolar de alunos na
formulação de julgamentos estéticos, éticos e emocionais, em como na construção de
interpretações. ”
Leite (1988) expõe uma significação para o texto literário: “O texto literário (...)
não só exprime a capacidade de criação e o espirito lúdico de todo ser humano, pois
todos nós somos potencialmente contadores de histórias, mas também é a
manifestação daquilo que é mais natural em nós: a comunicação” (LEITE 1988, p.12).
27
O texto literário não mostra apenas factos, mas a complexidade de
pensamentos que circundam e permeiam esses factos, diferenciando o homem de
cada época e de cada lugar, envolvido em seus processos históricos sociais. Portanto,
a linguagem literária é capaz de deixar lacunas que são preenchidas quando o leitor
interage com o texto, unindo à leitura suas experiências anteriores, aproveitando-se
da plurissignificação do texto literário, construindo sua visão de mundo, com todo o
arsenal de significações que se possa embutir a partir da sua leitura, assim pode haver
uma revisão de conceitos e do papel que o indivíduo exerce em sua realidade.
Segundo Rocco (1992), “o ensino de literatura deve ser conduzido de tal forma
que se perceba do que nossos alunos são capazes em termos sociais, afectivos e
mentais e apartir disso possamos definir as escolhas e o nível cada aprendizagem
que queremos. ” Para Larrosa (2000), lemos para descobrir o que o texto “pensa”,
então, quando lemos estamos sendo habilitados a pensar.
28
professor incentivar a participação dos alunos na escolha dos textos a serem
estudados e trabalhados para o entrosamento com a obra literária e o aluno deve ser
incentivado a explorar sua criatividade, sendo capaz de gerir uma escrita que o
represente diante de si mesmo e o mundo. De facto, o professor deve oferecer aos
alunos a oportunidade de ler textos realmente significativos do ponto de vista de suas
aspirações, conhecimentos prévios e paulatinamente, introduzirá nos alunos uma
literatura que seja mais aprofundada e abrangente, que desperte prazer, sem
prescindir de um objectivo prático imediato.
Aguiar e Bordini (1988), confirmam que a leitura de textos literários também tem
finalidade de emocionar, divertir e garantir a aquisição de um mundo imaginário
gratuito, como se fosse um jogo lúdico. Por isso, é imprescindível que o professor
prepare o seu trabalho para ensinar literatura nas aulas de português, respeitando um
princípio básico: o professor também deve ser leitor literário. Ele deve ler previamente
as obras e textos literários que solicitar para os seus alunos. Se o professor não lê,
dificilmente conhecerá algumas teorias literárias que norteiam o seu trabalho e não
terá subsídios para abordar literatura em suas aulas. Realmente, as teorias literárias
são instrumentos que devem ser bem manuseados pelos educadores com a finalidade
de aprenderem melhor a literatura e poderem repassar e construir conceitos e valores
junto aos seus alunos de forma produtiva.
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aprendizagem de acordo com as expectativas da turma. De alguma maneira, o
professor precisa, no processo de trabalho com o texto literário, mostrar ao aluno o
seu próprio prazer em ser leitor, em estar em contacto com as obras literárias.
30
seja criativo e original nas suas ideias, mas espera-se que o aluno mantenha-se no
nível das interpretações ditas “autorizadas” do texto. Sobre isso, é muito propícia uma
fala de Eco (2003):
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Na obra, ” Leitura e Exploração do texto literário nas aulas de línguas”
(2021), Mona Mpanzu, apresenta específidades de três géneros literários clássicos,
que por sinal, são ideais para servir como veículo de diálogo na aula de língua
portuguesa: a poesia, teatro e narrativa.
1.8.1 O lírico
A poesia faz parte do universo humano e permite uma abertura para outra
apreensão do mundo, uma outra luz sobrea o quotidiano. A poesia pode permitir que
os alunos sintam e expressem uma variedade de emoções e sentimentos de uma
maneira incomum, enquanto lidam com a língua com precisão. De facto, a forma é a
primeira coisa na poesia que a torna uma arte à parte. O poeta exercita a prática
controlada da língua. Nos poemas, já que poucas palavras são usadas para a
mensagem comunicada, cada palavra é importante. Sendo, assim, várias técnicas são
usadas para aumentar seu poder evocativo: sons, rimas, imagens, contrastes,
justaposições. A língua é uma surpresa, o que aumenta a força da memória. A
repetição de palavras, versos, grupos de versos também tem efeitos na memória: mas
diferentemente do que aconteceu durante a repetição de exercícios estruturais, a
palavra ou o grupo de palavras repetidas, têm cada vez uma nova ressonância,
associando assim a forma com sentido. Finalmente, a estrutura do poema, sua
32
organização espacial, o uso de sons, ortografia e sintaxe levam os alunos a trabalhar
a língua enquanto tentam comunicar uma mensagem que os envolve profundamente.
1.8.2 O dramático
O teatro também chamado “ género dramático” constitui um dos três géneros
literários, ao lado do género lírico e épico. O género dramático, como próprio nome
indica, abarca os textos literários feitos com o intuito de serem encenados ou
dramatizados. Aliás, a palavra deriva do grego e significa “acção”. Desde a
Antiguidade o género dramático, originário na Grécia. Eram textos teatrais encenados
essencialmente como culto aos deuses, os quais eram representados nas festas
religiosas.
1.8.3 O narrativo
Denota-se o texto narrativo como aquele que visa contar uma história mediante
a sequência de factos. O autor narra os acontecimentos mostrando para o leitor quem
são os envolvidos (personagens) e qual é o contexto abordado (tempo e espaço). A
construção da narração é formada por começo, meio e fim. Numa linguagem mais
técnica, esse tipo de texto possui uma introdução, desenvolvimento, clímax e
conclusão. Ao introduzir uma redação narrativa, o autor precisa pensar na construção
e caracterização dos mais diversos aspectos, como: enredo, tempo, espaço, narrador,
personagens e discurso (os chamados elementos da narração).
34
estende sua leitura inscrevendo-a numa estrutura maior, e assim, constrói seu próprio
contexto cultural de referência.
1.9.1 A poesia
O trabalho com poesia parte do professor, pois, se o mesmo não tiver o hábito
de ler poemas e não se sensibilizar, dificilmente conseguirá despertar esse interesse
nos seus alunos, afirma Cunha (1986). “Se o professor não se sensibilizar com o
poema, dificilmente conseguirá emocionar seus alunos”. O processo da aprendizagem
da poesia pelos alunos, pode ficar prejudicial ou de difícil interpretação, caso não haja
o entendimento e a compreensão do poema. Assim uma forma para melhorar a
aprendizagem é a aproximação constante da poesia, como também o conhecimento
prévio, o conhecimento do texto e de mundo.
35
rodeados de poesia”, ou seja, poesia é tudo que nos cerca. Nos emociona quando
tocamos, ouvimos ou provamos poesia, é a nossa inspiração para viver a vida. Com
isso, não buscamos transformar os alunos em grandes poetas, até porque é preciso
ter dom para esta arte, mas, sim, propomos que os alunos não percam a poesia já
que nasce neles desde quando as mães brincavam de cantiga de roda, advinhas,
trava línguas etc.
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conforme afirma Pinheiro (2002): “ Improvisar um mural, onde os alunos,
durante uma semana, um mês, ou o ano todo colocam os versos de que
mais gostam. (...) de qualquer época ou autor, são procedimentos que vão
criando um ambiente (...) em que o prazer de lê-la passa a tomar forma”.
• Convidar os alunos a explorar vários campos semânticos;
• Levar os alunos a procurar as categorias gramaticais e analisar os efeitos
produzidos para obter mini-produções pessoais e também uma oralização,
o prazer de declamar o poema;
• Finalmente, o ponto culminante das propostas para a didactização do texto
literário, é o subsídio do Mona Mpanzu (2021) sobre como trabalhar a língua
tendo como suporte o texto literário-poético:
Sensibilizar os alunos sobre a diferença de natureza da
lingua: o poema, pela economia de palavras gramaticais
que apresenta, esquiva a funcionalidade da lingua. Pedir
aos alunos que a restabeleçam implica um trabalho de
reflexão sobre a língua. Mas também é possível propor o
uso de prefixos, sufixos e morfema para fabricar palavras,
trabalhar sobre contrastes, oposições, conotações
positivas ou negativas que podem variar segundo as
culturas (Mona Mpanzu 2021).
1.9.2 O teatro
• O jogo deve consistir em interpretar, por um grupo, uma peça teatral em frente
do resto da turma que assume o papel de Director Técnico e intervém nesse
sentido;
• Praticar as várias interpretações durante um trabalho de compreensão do
texto, para chegar a uma representação teatral que satisfaça todo grupo;
• A actividade deve envolver os alunos usando a capacidade de argumentar,
discutir e defender um ponto de vista;
• Os directores técnicos devem convidados a levar em conta as indicações
cénicas ou didascálicas de maneira natural;
37
• Uma alternância constante entre o texto e a sua organização, por um lado, e o
jogo cénico por outro, é essencial para o sucesso da tarefa, levando a uma
identificação das especificidades formais do género;
• No momento da interacção, o professor é retirado. Ele faz as anotações e pode
propor as micro-tarefas necessárias para um trabalho de precisão que a análise
dessas anotações destacará.
• Após esse tipo de tarefa, ver a peça interpretada pelos actores profissionais e
aderir a uma outra possível interpretação, que possa servir de base para
discutir as escolhas do Director Técnico em relação às expectativas,
entendimentos e descobertas dos alunos. Assim eles terão uma visão do
interior do texto dramático, o que lhes permitirá se expressar conscientemente
e de certa forma ajuda-los a desenvolver as competências como: a
comunicativa, expressão oral, expressão e compreensão escritas bem como
torna-los capazes de descodificar as reinvenções lexicais encontradas do texto
dramático.
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• Fazer inferência ao título e mostrar que as palavras ganham sentido de acordo
com o contexto e esse título pode dar origem a interpretações muito diferentes,
apenas o contexto o ilumina;
• Ler o texto e identificar o narrador, as personagens, a acção, o espaço e o
tempo (ex: O professor pode correlacionar as classes de palavras com as
categorias da narrativa).
• Dar como tarefa, por exemplo, escrever um artigo para o jornal local que relata
um evento. O texto possibilitará medir a diferença entre o texto informativo e o
texto literário numa abordagem comparativa;
• Destacar os elementos constituintes da história;
• Ensinar a estrutura do texto na sua construção;
• Usar o texto para ajudar os alunos a terem domínio sobre os mecanismos do
funcionamento da língua, que abrange a escrita e a fala;
• E exercitar com os alunos a interpretação da história, conforme enfatiza Mona
Mpanzu (2021):
“ Imaginação e a criatividade dos alunos serão solicitadas. As micro-tarefas de
identificação podem ser propostas de acordo com as necessidades de
organização (...) das frases e palavras-chave (...). ”
39
• Solicitar aos alunos que sublinhem os verbos utilizados;
Em linhas gerais, neste capítulo, fizemos um breve paralelo do acto de ler por
ser importante na formação social do indivíduo. Apresentamos também fundamentos
e diferentes concepções sobre a Literatura como um todo, o que permite ter uma visão
ampla do seu contexto e importância bem como o contraste entre o texto literário e o
não-literário. Além disso, foram explicados os três gêneros literários clássicos (lírico,
dramático e narrativo) como veículos de diálogo na aula e apresentamos algumas
propostas didácticas do uso e tratamento do texto literário nas aulas de Língua
Portuguesa, proporcionando aos alunos a aquisição das competências necessárias
para o seu desenvolvimento intelectual e cognitivo como: a competência leitora, a
expressão e compressão orais, a expressão e compreensão escritas, a capacidade
interpretativa, a competência comunicativa e linguística.
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CAPÍTULO II
METODOLOGIA APLICADA
41
2.1- Tipo de pesquisa
42
2.2- População e amostra
População Amostra
10 0 50 70 5 0 20 35
2.3- Variáveis
[…] Uma variável pode ser considerada como uma classificação ou
medida; uma quantidade que varia; um conceito operacional, que
contém ou apresenta valores; aspecto, propriedade ou fator,
discernível em um objecto em estudo e passível de mensuração
(MARCONI e LAKATOS, 2003:137).
Portanto, nesta lógica de ideias, definimos para este trabalho as seguintes
variáveis:
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2.3.2- Variáveis dependentes
✓ Estáticidade no processo do ensino-aprendizagem;
✓ Falta de autonomia na aprendizagem e desempenho linguístico.
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recolhidos, aplicando várias operações de formas a representar a população.
O método estatístico foi importante para o cálculo dos dados obtidos na recolha
feita através do inquérito acima referido e serviu para a representação gráfica
e em tabelas da população e amostra.
45
CAPÍTULO III
46
3.1- Análise e interpretação dos dados
Depois de recolha e análise de dados, os resultados interpretados e calculados,
as suas percentagens, foram apresentadas em gráficos de sectores, de colunas
simples, de barras de percentagens, de quadro de resumos quantitativo e de
contagem de dados, para se assegurar se as hipóteses são aceites ou não;
recorremos as tabelas onde temos os resultados qualitativos e quantitativos, em
valores numéricos bem como as percentagens de cada parágrafo.
4 – Que noções tem sobre o uso do texto literário como recurso didáctico?
47
QUADRO Nº 5 - Inquérito dirigido aos alunos.
4 – De que modo os textos literários ajudam vocês nas aulas de língua Portuguesa?
2 – R: Nas provas que nos dão, os professores fazem perguntas onde pedem para
nós definir algumas palavras, classificar e dar exemplos...os professores de língua
portuguesa formulam as perguntas consoante a matéria dada ao longo das aulas.
Questão nº1
Os 5 professores inquiridos que correspondem a 100%, afirmaram que
estimulam a participação activa dos alunos promovendo-lhes leitura por intermédio da
motivação de histórias e situações sociais. A resposta dada aos professores a esta
questão, valida em parte a hipótese número 1.
48
Questão nº2
Questão nº3
Questão nº4
Questão nº1
Questão nº 2
49
Questão nº 3
Questão nº 4
5 5 5 5
50
QUADRO nº 9 Gráficos dos valores qualitativos dos professores inquiridos.
80%
60%
S. Afirmativa
40%
20%
0%
Questão nº 1 Questão nº 2 Questão nº 3 Questão nº 4
60 60 60 60
80%
60% S. Afirmativa
40%
20%
0%
Questão nº 1 Questão 2 Questão nº 3 Questão nº 4
51
Conclusões
Realizada a pesquisa sobre o tema: a didactização do texto literário nas aulas
de Língua Portuguesa e tendo validado as hipóteses, após a análise dos dados, desde
o primeiro ao terceiro capítulos, chegamos às seguintes conclusões:
É de enfatizar também que os textos literários, são ótimos recursos para ajudar
os alunos a desenvolver habilidades de refletir, expressar opiniões, discutir,
argumentar e interpretar diferentes tipos de textos; O seu uso no ensino do Português,
pode vir ser o diferencial na assimilação da língua, mas se lhe for dada a atenção
devida na elaboração e ministração da aula.
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Neste trabalho aplicamos a pesquisa descritiva, no Liceu de Buengas,
privilegiando o universo populacional de 120 indivíduos, tendo como amostra de (60),
incluindo professores e alunos da 12ª classe, período Diurno, nas turmas A e B na
Opção de Ciências Humanas.
53
Sugestões:
Sugerimos que nas aulas de Lingua Portuguesa, os professores não privilegiem
apenas o ensino da gramática e do léxico, totalmente isolados do texto literário. É
importante que o professor estabelece elo entre o aluno e o texto literário, porque o
texto em si só, é um espaço simbólico e faz recurso à lingua.
54
BIBLIOGRAFIA
ANTUNES, I. Aula de português: encontro & interação. 2.ed. São Paulo: Parábola
Editorial,2004.
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 22.ed.
São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1988.
LAJOLO, Marisa (Org.). A importância do ato de ler. São Paulo: Moderna, 2003.
55
MARCONI, de Andrade, Marina & LAKATOS, Maria, Eva: Fundamentos de
Metodologia Científica. 5ª Ed. Atlas S.A. São Paulo,2003.
LEITE, Ana Mafalda. Oralidades & Escritas nas literaturas africanas, Lisboa,
Colibri, 1998.
QUADRO Comum Europeu de Referência para as Línguas 2001.
56
ANEXOS
57
Mini Glossário de palavras-chaves
Didactização
Transposição didáctica
Texto literário
Língua Portuguesa
58
Lista de abreviaturas e siglas
LE ____________________________________________Língua estrangeira.
59
Liceu de Buengas em Nova Esperança
1
Alunos preenchendo inquéritos
2
3
4
1
2