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Instituto de Formação dos Professores de Quelimane

Tema:
Influência da Língua local como auxílio na leitura e escrita no ensino
primário, caso Escola primária 1º e 2º Grau de Mutomeia concretamente na 3ª
classe no ano 2019-2021

Quelimane, Outubro de 2022


Instituto de Formação dos Professores de Quelimane

Nome do Gestor: José Inácio de Castro

Tema:
Influência da Língua local como auxílio na leitura e escrita no ensino
primário, caso Escola primária 1º e 2º Grau de Mutomeia concretamente na 3ª
classe no ano 2019-2021

Pesquisa a ser entregue ao


departamento de Formação de
professores em exercício de
Quelimane

Quelimane, Outubro de 2022


Índice
Lista de Abreviaturas ................................................................................................................... iii
Resumo ......................................................................................................................................... iii
1. Introdução ............................................................................................................................. 1
1.1. Delimitação do tema...................................................................................................... 2
1.2. Justificativa ................................................................................................................... 2
1.3. Problematização ............................................................................................................ 3
1.4. Hipóteses ....................................................................................................................... 3
1.5. Objectivos ..................................................................................................................... 4
1.5.1. Objectivo geral .......................................................................................................... 4
1.5.2. Objectivos específicos ............................................................................................... 4
Capítulo II: Fundamentação Teórica ............................................................................................. 5
2.1. Conceitos ........................................................................................................................... 5
2.2. Educação ....................................................................................................................... 5
2.3. Escola ............................................................................................................................ 5
2.4. O professor .................................................................................................................... 5
2.5. Linguagem..................................................................................................................... 5
2.6. Língua ........................................................................................................................... 5
2.7. Língua Materna (L1) ..................................................................................................... 6
2.8. Língua Segunda (L2)..................................................................................................... 6
2.9. Insucesso Escolar .......................................................................................................... 6
2.10. Benefícios do uso da LM no Processo de ensino e Aprendizagem ........................... 6
2.11. Influência da Língua Materna na aprendizagem do aluno ........................................ 7
2.12. Origem das Línguas Moçambicanas no Currículo do Ensino Básico ........................... 9
2.13. Características do ensino da língua Materna no processo de ensino e aprendizagem.
……………………………………………………………………………………………………………………………11
Capítulo III: Metodologias do Trabalho...................................................................................... 12
3.1. Metodologia ..................................................................................................................... 12
3.2. Tipos de pesquisa quanto a abordagem ............................................................................ 12
3.3. Quanto aos objectivos .......................................................................................................... 12
3.4. Quanto aos procedimentos ............................................................................................... 12
3.5. Técnicas de Coleta de Dados ........................................................................................... 13
3.5.1. Entrevista....................................................................................................................... 13
3.5.2. Observação .................................................................................................................... 13

i
3.6. Questionário ..................................................................................................................... 14
3.7. Universo e Amostra.......................................................................................................... 14
3.8. Amostra ............................................................................................................................ 14
4. Cronograma ......................................................................................................................... 15
5. Orçamento ........................................................................................................................... 16
6. Referência bibliográfica ...................................................................................................... 17

ii
Lista de Abreviaturas
LP- Língua Portuguesa

LM- Língua Materna

PEA- Processo de Ensino e Aprendizagem

iii
Resumo
O presente trabalho de pesquisa apresenta, como tema: “Influência da Língua local como
auxílio na leitura e escrita no ensino primário, caso Escola primária 1º e 2º Grau de
Mutomeia concretamente na 3ª classe no ano 2019-2021. Entretanto, pretende-se com este
trabalho, analisar o uso da língua local como auxílio no processo de ensino e Aprendizagem
na língua portuguesa no ensino primário da escola primária 1º e 2º Grau de Mutomeia
concretamente na 3ª classe.
A língua portuguesa em Milange, é usada numa sociedade caracterizada por uma forte
estratificação linguística. Ou seja, ela partilha o mesmo espaço sociológico e linguístico
com outros idiomas geneticamente distintos, entre eles (Elomue, Cichewa), o que a torna
um distrito multilingue. Por isso, esta situação sociolinguística coloca um sério desafio
ao ensino em geral, e ao ensino da língua portuguesa em particular. Desafios estes
relacionados com a competência linguística e comunicativa dos alunos, que por sua vez,
notamos no período de escolaridade do ensino primário, os alunos apresentam
dificuldades na oralidade e escrita em língua portuguesa, factor que influencia
significativamente no seu insucesso escolar

iii
1. Introdução

O presente trabalho apresenta, como tema: “Influência da Língua local como


auxílio na leitura e escrita no ensino primário, caso Escola primária 1º e 2º Grau de
Mutomeia concretamente na 3ª classe no ano 2019-2021,

Entretanto, pretende-se com este trabalho, analisar o uso da língua local como
auxílio no processo de ensino e Aprendizagem na língua portuguesa no ensino primário da
escola primária 1º e 2º Grau de Mutomeia.

Pois se reconhece que a educação é um processo pelo qual a sociedade prepara os


seus membros profissionais para garantir a sua continuidade do bom funcionamento de
trabalho e o seu desenvolvimento profissional. Trata-se de um processo dinâmico que
busca, continuamente, as melhores estratégias para responder aos novos desafios da
continuidade, transformação e o desenvolvimento que a sociedade impõe.

A língua portuguesa em Milange, é usada numa sociedade caracterizada por uma


forte estratificação linguística. Ou seja, ela partilha o mesmo espaço sociológico e
linguístico com outros idiomas geneticamente distintos, entre eles (Elomue, Cichewa), o
que a torna um distrito multilingue. Por isso, esta situação sociolinguística coloca um
sério desafio ao ensino em geral, e ao ensino da língua portuguesa em particular. Desafios
estes relacionados com a competência linguística e comunicativa dos alunos, que por sua
vez, notamos no período de escolaridade do ensino primário, os alunos apresentam
dificuldades na oralidade e escrita em língua portuguesa, factor que influencia
significativamente no seu insucesso escolar, concretamente na 3ª classe que é no final do 1º
ciclo.

Perante a diversidade linguística e complexidade comunicativa, presente na sala de


aula, o professor, sente necessidade de raciocinar, prever, imaginar e tomar decisões mais
acertadas, para que sua acção alcance os objectivos esperados.

Sob o ponto de vista organizacional, este trabalho apresenta três capítulos: No


primeiro a introdução na qual apresentamos uma contextualização geral do trabalho,
assim como a delimitação do tema, a justificativa, a problematização, as hipóteses e os
objectivos que norteiam este estudo; No segundo, tratamos sobre a fundamentação
teórica, onde abordamos sobre as pesquisas feitas por vários autores relacionados com o
tema em estudo, isto é, conceitos, definições, fundamentos, tratados em confo rmidade
com o tema do trabalho; no terceiro capítulo, aborda sobre as metodologias, onde,
destacamos o tipo de pesquisa, método de abordagem, técnica e instrumento de recolha

1
de dados, e definimos a amostra que permitiu a materialização do objectivo pré-definido, a
cronograma de actividades, orçamento e a referência bibliográfica.

1.1.Delimitação do tema

O presente trabalho, aborda sobre um estudo intitulado: “Influência da Língua


local como auxílio na leitura e escrita no ensino primário, caso Escola primária 1º e 2º
Grau de Mutomeia no ano 2019-2021, concretamente na 3ª classe.

Do ponto de vista espacial o projecto de pesquisa será desenvolvido no distrito de


Milange, província da Zambézia, em particular na localidade de Chitambo,
concretamente na Escola Primária 1º e 2º Grau de Mutomeia.

1.2. Justificativa

No distrito de Milange, o ensino é ministrado na língua oficial portuguesa, desde


a escrita, tanto como a oralidade, de acordo com a delimitação do trabalho em estudo, a
escola está inserida numa comunidade suburbana. Desde o seu primeiro ano de
funcionamento, a escola é frequentada por alunos que residem na localidade de Chitambo,
em que numa primeira fase a L1 (Primeira língua) não é a língua portuguesa, os alunos
comunicam-se em línguas Estrangeira (Cichewa) no seu quotidiano. Muitos alunos, têm o
português como L2 (Segunda Língua), que só é usada na escola, no processo de ensino e
aprendizagem, factor este que leva, os alunos a apresentarem dificuldades na percepção
da matéria, influenciando assim no fraco aproveitamento por parte deles, caso 3ª classe

Entende-se que as comunidades suburbanas são constituídas por diversos grupos


etnolinguísticos, heterogéneos, assim sendo, as línguas nacionais, servem como recurso
para a compreensão de certos conteúdos ou para ultrapassagem, de alguns impasses
cognitivos que forem difíceis de solucionar/entender na língua oficial.

Portanto, o que nos motivou para a escolha deste tema, foi a intenção de fazermos
um estudo aprofundado sobre o impacto do uso da língua materna como auxílio no
processo de ensino e aprendizagem em língua portuguesa, visto que muitos alunos
apresentam dificuldades na compreensão da matéria ministrada e LP, factor que resulta
no fraco aproveitamento pedagógico dos alunos na EPC 1º e 2º Grau de Mutomeia
concretamente na 3ª classe.

A abordagem do tema e a área sobre o qual o estudo incide, baseia-se no resultado


de uma reflexão vivida durante o período de leccionação em que verificamos a falta de
percepção da matéria ministrada em língua portuguesa por parte dos alunos. É de realçar
2
ainda, que a razão pela qual nos levou a abordar este tema, foi pelo facto de constatarmos
que muitas vezes os professores não têm a consciência de que para cumprirem com os
seus objectivos de transmitir a matéria aos alunos, têm antes de mais conhecer a língua
materna do aluno, para recorrer a mesma, caso não haja percepção em língua portuguesa. E
no âmbito sociolinguístico, estaremos a valorizar a língua materna do aluno, os seus
papéis culturais, e a sua importância na educação formal.

1.3.Problematização

Este trabalho tem como principal problema a fraca percepção/assimilação da


matéria por parte dos alunos no decorrer do processo de Ensino e aprendizagem em língua
Portuguesa. A partir do estudo feito durante a lecionação, na Escola Primária 1º e 2º Grau
de Mutomeia, identificaram dificuldades na percepção da matéria por parte dos alunos e,
por sua vez, os professores encarram dificuldades no seu trabalho e no alcance dos
objectivos por si elaborados, factor este que causa fraco aproveitamento escolar nos
alunos (insucesso escolar) no caso da 3ª classe.

Partindo deste pressuposto, a pergunta de partida constitui-se o fio condutor de


qualquer investigação. Neste sentido, desenvolvemos este projecto com o objectivo de
respondermos a seguinte questão: De que forma o professor se deixa auxiliar das
línguas maternas para melhor compreensão da matéria por parte dos seus alunos, nas
aulas ministradas em língua portuguesa?

1.4. Hipóteses

Uma vez formulado o problema, com a certeza de ser cientificamente válido,


propomos uma resposta " suposta, provável e provisoria ", isto é uma Hipótese.

No âmbito de dar resposta à nossa pergunta de partida, avançamos as seguintes


hipóteses:

➢ O não uso da língua Materna nas aulas ministradas em LP,


contribui para a fraca percepção dos conteúdos ministrados aos alunos da Escola
Primária 1º e 2º Grau de Mutomeia e consequentemente ao insucesso escolar dos
mesmos;
➢ A fraca promoção do uso das línguas maternas na planificação de
actividades docentes, por parte da escola, contribui para a fraca percepção da
matéria por parte dos alunos da Escola Primária 1º e 2º Grau de Mutomeia.

3
➢ A falta de conhecimento, nos professores, sobre diferentes formas do
uso da língua materna como auxílio no P.E.A, faz com que os seus alunos não
percebam a matéria.

1.5.Objectivos

Segundo Marconi e Lakatos (2003), dizem que “toda a pesquisa deve ter um
objectivo determinado para saber o que se vai procurar e o que se pretende alcançar. Para
a presente monografia, elaboramos dois tipos de objectivos, sendo um geral e restantes
específicos”.

1.5.1. Objectivo geral


➢ Analisar o uso da língua local como auxílio no processo de ensino e
aprendizagem em Língua Portuguesa na Escola Primária 1º e 2º Grau de
Mutomeia.
1.5.2. Objectivos específicos
➢ Identificar as causas da fraca percepção da matéria por parte dos alunos
nas aulas ministradas em língua portuguesa no p.e.a na Escola Primária 1º
e 2º Grau de Mutomeia;
➢ Descrever as características sociolinguísticas dos alunos e dos professores; ➢
Explicar a pertinência do uso da Língua Materna no processo de ensino e
aprendizagem em língua portuguesa, face ao desempenho dos alunos.

4
Capítulo II: Fundamentação Teórica
Neste capítulo abordar-se-ão os fundamentos teóricos para dar sustento ao
trabalho, cujo tema p:“O uso língua materna como auxílio no processo de ensino e de
aprendizagem em Língua Portuguesa, face ao desempenho escolar dos alunos”.

2.1.Conceitos
2.2.Educação

Segundo Libâneo (2012), afirma que “p um processo de desenvolvimento


unilateral da personalidade envolvendo a formação de qualidades humanas físicas,
morais, intelectuais e estéticas tendo em vista a orientação da actividade humana na sua
relação com o meio social, num determinado contexto de relações sociais”.

2.3.Escola

De acordo com (Libâneo, 2012), afirma que “a escola é um espaço de reprodução de


estruturas sociais e de transferência de capitais de uma geração para outra, é nela que o
legado económico da família se transforma em capital cultural”.

2.4. O professor

Para Antunes (2001: p.253), afirma que “o professor é alguém que ajuda os seus
alunos a encontrar, organizar e gerir o seu saber; alguém que continua a ser um aprendiz,
um questionador incansável que nunca toma uma opinião ou perspectiva como última e
absoluta”.

2.5.Linguagem

Para Gallisson e Coste (1983, p.445), afirma que “Linguagem é meio de


comunicação utilizado por uma comunidade humana ou animal para transmitir
mensagen”.

2.6.Língua

Na perspectiva de Gonçalves e Stroud (2000), afirma que “Língua é um sistema


organizado de sons vocais de que nos servimos para expressar ideias e comunicar com os
falantes conhecedores do mesmo código”.

5
2.7.Língua Materna (L1)

Os estudiosos Gonçalves e Stroud (2000: ibid), definem a L1 como sendo “a


primeira língua que a criança aprende no meio familiar de lugar de origem paterna”.

Entretanto, Gallisson (1985: op.cit) afirma que “a L1 é o primeiro instrumento de


comunicação desde há mais tenra idade e a utilizada no país de origem do sujeito falante”.

2.8.Língua Segunda (L2)

Ainda na perspectiva de Gonçalves e Stroud (2000: ibid), enfatiza que “L2 é a


língua não materna que o indivíduo aprende após a primeira língua e que exerce uma
influência relevante no falante.”

2.9.Insucesso Escolar

Silva e Sá (2003:28-30), consideram sucesso e insucesso escolar como sendo


“crenças pessoais que advêm de uma motivação mantida pelos efeitos do meio, positivos
ou negativos”.

Para Dias, H. (2002:71) habitualmente, o insucesso escolar é definido como falta de


conhecimentos, habilidades e competências em certas áreas.

2.10. Benefícios do uso da LM no Processo de ensino e Aprendizagem.

O uso da LM em sala de aula é considerado por muitos estudiosos como benéfico


para a aprendizagem de LP.

Autores como Auerbach (1993) e Harbord (1992) acreditam que o uso da LM


facilita a aprendizagem de LE e, por isso, defendem o uso da LM em sala de aula de
língua portuguesa.

Auerbach (1993, apud Rodrigues, 2012, p.90) afirma que “o uso da LM pode
reduzir as barreiras afectivas e aliviar o choque cultural e, consequentemente, contribuir
para a aquisição de LP”.

A LM também ajuda a superar as dificuldades da aprendizagem de vocabulário e


estruturas e tornaria os alunos mais confiantes. Além disso, permitir a exploração de
ideias na LM melhora a escrita dos alunos.

6
Segundo Harbord (1992, apud Rodrigues, 2012, p.90) através da LM, nós
aprenderemos a pensar, a comunicar e podemos adquirir também o conhecimento
intuitivo da gramática universal.

Colaborando com esta ideia, Deller (2003, apud Rodrigues 2012, p.90) afirma que a
LM deveria ser usada como um recurso para notar diferenças e similaridades entre as duas
línguas; paraencorajar espontaneidade e fluência, para ter um efeito benéfico sobre as
dinâmicas de grupo e receber um retorno significativo dos alunos.

Segundo Duff (1989, apud Rodrigues, p.90) argumenta que a tradução ajuda a
melhor compreender a influência de uma língua sobre a outra.

O incentivo ao uso da LM durante as aulas de LP também tem sido preconizado por


razões mais pragmáticas, como a economia de tempo.

2.11. Influência da Língua Materna na aprendizagem do aluno

Um indivíduo nos primeiros meses de vida é capaz de construir um conjunto de


informações acerca do mundo externo pois a maior parte dos seus sentidos funciona a
partir do nascimento.

Segundo Ferrari (2011 p.114), afirma que “recém-nascido consegue segmentar os


sons de qualquer língua nas unidades básicas dessa língua, tornando-se rapidamente apto
para todas as línguas, contudo, permanece limitado aos sons da comunidade linguística
em que vive”.

Ao aprender a capacidade de responder a qualquer linguagem, a criança vai


ganhando, em troca uma crescente aptidão para diferenciar os sons e as cadeias sonoras da
língua que ouve no dia-a-dia, terminando a primeira infância, com a aquisição da
linguagem, cerca dos dez anos de idade.

Segundo Hardbord (1992, apud Rodrigues,p.90), afirma que “uso da língua


materna em sala de aula de língua portuguesa é uma das estratégias preferidas pelos
alunos. Ele explica que no momento em que tiver oportunidade, o aluno ira traduzir algo,
mesmo que o professor não o encoraje a isso”.

Segundo Atkinson (2003), afirma que “um outro papel da LM é permitir que os
alunos digam aquilo que realmente querem dizer para que, posteriormente, o professor
possa ajuda-los a achar o meio adequado de dizer o mesmo na língua alvo”.

7
Entretanto à luz dos pressupostos acima citados, podemos concluir que a
interacção entre a criança e os pais possibilita o desenvolvimento de uma primeira
linguagem, com bases sócio afectivas, muito eficazes no acto de comunicação, e
posteriormente as formulações de frases em língua materna já existentes na estrutura
cognitiva da criança, são importantes porque dão à criança, a oportunidade de comparar
uma estrutura no seu repertório linguístico, com outras sintacticamente novas.

Portanto, estudos sobre a aquisição da linguagem mostram que o ambiente


linguístico da criança, geralmente a experiência de ouvir uma língua falada é suficiente,
para levar a criança a falar essa língua.

Os pais nem sempre se apercebem do papel fundamental que desempenham como


professores da língua; contudo, são eles que proporcionam os modelos adequados à
progressiva aquisição da linguagem dos filhos. Todas as línguas naturais do homem
apresentam características que dependem da cultura, hábitos e costumes de cada País.

Deste modo, a língua materna é considerada um importante factor de entidade


nacional e cultural.

Neste caso em Moçambique, temos como língua oficial a Língua Portuguesa, por
termos sido colonizados pelos Portugueses.

Gonçalves e Diniz (2004, p.1) falando sobre a dinâmica da língua portuguesa, em


relação a línguas bantu no ensino primário explicam que:

“Quase totalidade das nossas crianças, quando entram para a escola, não fala
Português e, naturalmente, não lê e não escreve. Esta é a situação típica do meio rural,
onde prevalece o uso das línguas locais, as línguas bantu, e onde o português é
praticamente uma língua “estrangeira”: p aprendido e usado na sala de aula, sobretudo
através do contacto com o professor e com os livros escolares, sendo pouco frequentes as
situações de comunicação em que é falado em ambiente natural. No seu dia a dia, em casa
com a família e nas brincadeiras com os amigos, as crianças comunicam na sua língua
materna”. (Gonçalves e Diniz 2004, p.1)

É importante salientar que para além da Língua Portuguesa, Moçambique possui


várias línguas nacionais que variam de região para região, o que condicionará que todo o
cidadão moçambicano possua uma Língua Materna que é falada na Província de origem
de seus pais.

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Assim, a Língua Materna poderá ter uma influência pertinente no
desenvolvimento linguístico do cidadão e, consequentemente na sua aprendizagem da
leitura e escrita.

2.12. Origem das Línguas Moçambicanas no Currículo do Ensino Básico

Sendo um dos objectivos do ensino básico "Desenvolver a capacidade de


comunicar claramente em língua moçambicana e/ou em língua portuguesa, tanto na
escrita como na oralidade", para responder ao mesmo, o governo moçambicano
introduziu as línguas moçambicanas no Ensino Básico, em algumas escolas, respeitando
três (3) modalidades, nomeadamente: Programa de educação bilingue: línguas
moçambicanas/ Português L2; Programa de ensino monolingue em Português L2 com
recurso às línguas locais; Programa de ensino monolingue em Português e línguas locais
como disciplinas.

O abandono escolar e as reprovações em "massa" constituem alguns motivos que


contribuíram para que as línguas moçambicanas fossem incluídas no Currículo Nacional do
Ensino Básico, sobretudo nas zonas rurais, isto como forma de responder a realidade
sociolinguística do país, em que a maior parte da população tem o contacto com a língua
portuguesa apenas no contexto de sala de aula.

Situação esta que acaba por condicionar o progresso e motivação do aluno para a
aprendizagem, nos primeiros anos de escolaridade.

Na transformação curricular do Ensino Básico, promovida pelo INDE, que


culminou com a introdução do Novo Currículo do Ensino Básico em 2004, são sugeridas
muitas inovações para este subsistema de ensino. Uma das inovações que mais se destaca é a
introdução das línguas moçambicanas no Ensino Básico.

Assim, relativamente a este assunto, Basílio (2006:80), afirma que “duas razões
estão na origem da introdução das línguas moçambicanas, a primeira justifica-se pelo
facto de muitas crianças usarem o Português como segunda língua e, a outra no facto de as
crianças não saberem ler e escrever as línguas moçambicanas”.

Esta inovação é importante porque as línguas assumem duas tarefas:


comunicação e de transformação de aspecto culturais a que pertence.

Por isso, os sistemas educacionais privilegiam, no ensino, as línguas maternas pois


elas são patrimónios culturais da comunidade, e Moçambique não é excepção.
9
De acordo com Programa do Ensino Básico - 3º Ciclo (2001:150-152), As razões
que justificam a utilização de línguas moçambicanas no Ensino Básico são as de natureza:

➢ Linguístico e pedagógicas: onde o aluno ao entrar pela primeira vez na


escola já tem as competências básicas na sua língua materna. Os
programas bilingues justificam-se do ponto de vista do professor, este tem
autoconfiança para conduzir o processo de ensino e aprendizagem numa
língua em que é falante nativo e os alunos podem entender.
➢ Culturais e de Identidade: num processo de ensino e aprendizagem, a não
observância da relação língua/cultura, podem provocar uma
descontinuidade entre os valores que a criança leva para a escola e os
valores adquiridos na mesma.

Portanto, a opção pelo uso da língua materna (fases iniciais de aprendizagem) que
representam a cultura doméstica familiar, os valores tradicionais e a experiência dos
professores em paralelo com a língua portuguesa, é a ideal.

➢ Língua como direito: aprendizagem inicial na língua materna é, também,


vista como um direito do indivíduo, neste caso particular, da criança. Para
a educação, se o indivíduo não tem a possibilidade de comunicar na sua
língua, está, então, excluído do PEA.

Nesse sentido, consideramos a LM como a língua de referência, em um contexto


monolingue, ela funciona como a identidade do aprendente e constitui o seu modo de
representação.

Assim sendo, a língua pode ser um factor de exclusão social em determinados


contextos, senão vejamos, no caso de Moçambique em que a maior parte da população
não fala o Português, e vão depara-se com a língua no contexto escolar, ai, a criança vai
encontrar muitas dificuldades de enquadramento na escola, o que pode concorrer para as
desistências e reprovações acima da média.

Por isso, a introdução da educação bilingue vai minimizar, de certa forma, estas
situações

10
2.13. Características do ensino da língua Materna no processo de ensino e
aprendizagem.

Cada um de nós adquiriu espontaneamente a língua que ouviu desde os primeiros


dias de vida, língua do nosso meio familiar, estamos tratando da língua materna. Sua
aquisição intuitiva e espontânea, sem mestre, é evidência de que nascemos
predeterminados a aprender qualquer língua, desde que estejamos expostos à fala
daqueles que nos cercam, experimentando juntos os mesmos modos de viver.

Assim sendo a língua materna, tanto como qualquer língua, apresenta suas
características no processo de ensino e aprendizagem.

De acordo com (Matusov, 2009, p. 3), ensino de línguas no presente caracteriza-


se, assim, por três grandes linhas de acção:

➢ A primeira é a abordagem comunicativa, como proposta unificada de


ensino, por uma série de estratégias diversificadas que buscam atender as
condições de aprendizagem do aluno, a realidade do professor e o contexto
em que tudo isso ocorre, variando sempre de um lugar para outro.
➢ A segunda linha de acção diz respeito à integração da aprendizagem das
línguas com o seu entorno, levando em consideração a realidade social do
aluno; com a proposta prática de que a melhor maneira de integrar o aluno
ao seu meio, desenvolvendo a cidadania, é pela implantação da pedagogia
de projectos.
➢ Finalmente, a pedagogia dialógica permite ao professor construir com o
aluno o conhecimento linguístico que historicamente valoriza o próprio
contexto em que vivem.

Assim sendo procurou-se caracterizar o ensino da língua materna por três grandes
linhas em que a primeira, trata-se da abordagem comunicativa, e unificada do ensino, por
estratégias que buscam compreender as condições de aprendizagem do aluno, a realidade
e que contexto isso ocorre; a segunda linha de acção aborda acerca da integração da
aprendizagem das línguas, com base a a realidade social do aluno, de modo desenvolver
a sua cidadania, e por final caracteriza-se pela pedagogia dialógica, nesta caso o professor
e aluno constroem o conhecimento linguístico, que por sua vez este valoriza o próprio
contexto em que vivem.

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Capítulo III: Metodologias do Trabalho
Neste capítulo apresentar-se-ão os aspectos metodológicos que nos facilitarão na
materialização do trabalho. E, de forma clara, trataremos sobre aspectos como tipos de
pesquisa (quanto ao objectivo, quanto a abordagem do problema e quanto aos
procedimentos), técnicas e instrumento de recolha de dados, métodos de abordagem e
amostra que nos ajudaram na realização e concretização da monografia.

3.1. Metodologia
BARRETO e HONORATA (1998:54), Metodologia é um conjunto detalhado e
sequencial de métodos e técnicas científicas a serem executadas ao longo da pesquisa, de
tal modo que se consiga atingir os objectivos inicialmente propostos e, ao mesmo tempo
atender aos critérios de menor custo, maior rapidez, eficácia, e mas confiabilidade da
informação.

3.2. Tipos de pesquisa quanto a abordagem


Quanto a abordagem usar-se-á uma pesquisa qualitativa pois, far-se-á análise,
descrição e interpretação dos dados sem uso de medidas estatísticas.

Segundo Nichols (1991), “na abordagem qualitativa o pesquisador mantpm o


contacto com o objecto no seu ambiente normal, interpreta o fenómeno e atribui o
significado”.

Ou seja, esta pesquisa configura-se qualitativa na medida em que colhemos e


analisamos opiniões metodológicas de professores e outros intervenientes para o ensino de
PL com base na língua materna dos alunos.

3.3. Quanto aos objectivos.


Trata-se de uma pesquisa exploratória, que tem como objectivo proporcionar
maior familiaridade com o problema, convicta a torná-lo mais explícito ou a construir
hipóteses.

3.4. Quanto aos procedimentos


Quanto aos procedimentos, usar-se-á a pesquisa bibliográfica e estudo de caso. A
principal vantagem do estudo bibliográfico reside no facto de permitir ao investigador a
cobertura de uma gama de fenómenos muito mais ampla do que aquela que poderia
pesquisar directamente.

12
Este método ajudará para o confronto de algumas obras, assim como artigos da
internet que abordam assuntos relacionado ao nosso tema, Pois qualquer trabalho
científico inicia-se com uma pesquisa bibliográfica, que permite ao pesquisador conhecer o
que já se estudou sobre o assunto.

Quanto ao estudo do caso, o objectivo é de analisar o uso da língua Materna como


auxílio no processo de ensino e aprendizagem em Língua Portuguesa, na Escola Primária
1º e 2º Grau de Mutomeia e identificar as causas da fraca percepção da matéria, este
método vai nos possibilitar o conhecimento aprofundado de uma realidade particular.

3.5. Técnicas de Coleta de Dados


Segundo Lakatos & Marconi (1992), “os mptodos de procedimentos constituem
etapas mais concretas da investigação, com finalidade mais restrita em termos de
explicação geral dos fenómenos menos abstractos”. p.106

Para a recolha de dados usaremos o instrumento de pesquisa de campo como: a


Entrevista, o Inquérito e a observação.

3.5.1. Entrevista
“A definição de entrevista se refere ao acto de duas pessoas colocarem-se de frente
objectivando a extracção de informações acerca de um tema que uma delas poderá
oferecer e que é de interesse da outra, tal processo se dá por intermédio de uma
conversação de finalidade profissional” (LAKATOS; MARCONI, 2003).

Basearemo-nos na entrevista semi-estruturadas, sendo um modelo de entrevistas


intermédio. Estas entrevistas serão feitas a partir de um guião que é construído a partir das
questões de pesquisa. Esta será a técnica que permitirá a colecta de informação dos
professores sobre as formas do uso da língua materna na sala de aulas.

3.5.2. Observação
De acordo com LAKATOS e MARCONI (2003, P. 107), “a observação utiliza os
sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade, não consiste apenas em ver e
ouvir, mas tambpm em examinar factos e fenómenos que se desejam estudar.”

A observação directa cingiu-se essencialmente a lecionação as aulas no local de


estudo. A observação decorreu nas salas de aula da 4ª classe durante aulas de Língua
Portuguesa, Matemática e ciências naturais com o intuito de registar o comportamento a
nível da oralidade, da leitura e da expressão escrita dos alunos.

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3.6. Questionário
GIL (1999:128), considera como sendo “a tpcnica de investigação composta por
um número mais ou menos elevado de questões apresentadas por escrito às pessoas, tendo
por objectivo o conhecimento de opiniões, crenças, sentimentos, interesses, expectativas,
situações vivenciadas, etc.”.

Esta técnica foi escolhida porque possibilitara atingir grande número de pessoas,
mesmo que estejam dispersas numa área geográfica muito extensa, já que o questionário
pode ser enviado pelo correio; permite que as pessoas o respondam no momento em que
julgarem mais conveniente. O questionário serra dirigido aos professores da escola.

3.7. Universo e Amostra


De acordo com Leite (2004), Universo, também denominada por população da
pesquisa, é formada por todos os elementos, - pessoas, animais ou objectos, que compõem o
todo que vai ser pesquisado.

Neste caso para a nossa pesquisa, o universo foram alunos e professores da 5ª


classe do curso diurno, da EPC 1º e 2º Grau de Mutomeia.

3.8. Amostra
A amostra é o subconjunto do universo ou da população, por meio do qual se
estabelecem ou se estimulam as características desse universo ou população (Gil,
2002:90).

Para a efectivação da pesquisa usaremos a amostra aleatória também chamada de


aleatória simples.

Para que o sorteio possa ser realizado, é necessário que os elementos da população
estejam identificados. Estes elementos são representativos, ou seja, com uma margem de
erro igual ou superior a 5% como sustenta Markoni & Lakatos (2003:44).

Elementos Universo Amostra Percentagem Técnicas de recolha


de dados
Professores 5 5 100% Entrevista e
Inquérito
Alunos da 4ª classe 150 50 33% Inquérito
Total 200 55

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4. Cronograma

nº Actividades Período de execução 2022 2023


de pesquisas Outu Nov Des Jan Fev Mar abril
1 Levantamento
de dados da
pesquisa
2 Elaboração do
projecto
3 Colecta de
dados e
tratamentos
4 Interpretação
dos resultados
5 Discussão dos
resultados
6 Entrega do
relatório final
7 Defesa da
Monografia
Fonte: Autor 2022

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5. Orçamento

O orçamento de uma pesquisa, consiste numa resposta a questão quanto? “O orçamento


distribui os gastos por vários, itens, que devem necessariamente ser separados (Marconi &
Lakatos, 1999).

nº de Material Quantidade Custos obs.


ordem Perco unitário Total
1 Resma 2 resmas 120,00 MT 240, 00 MT
2 Esferográfica 1 caixa 250,00 MT 250, 00 MT
3 Borrachas 5 borrachas 15, 00 MT 75, 00 MT
4 Lápis 2 lapis 10, 00 MT 20, 00 MT
5 Blocos de notas 1 bloco 100,00 MT 100, 00 MT
6 Afiador 2 afiadores 15, 00 MT 30, 00 MT
7 Flash 1 flash 1500, 00 MT 1500, 00 MT
8 Transporte Transporte 30, 00 MTx3 meses 2700, 00 MT 3 meses
Total _____________ ____________ ________________ 4915, 00 MT
Fonte: Autor 2022

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6. Referência bibliográfica
1. Afonso, N. (2005). Investigação naturalista em educação. Porto
2. Antunes, P. S/a. Sebenta de Psicologia: Aprendizagem e Memória,
Motivação, Inteligência, Personalidade. São Paulo,
3. ATKINSON. A língua materna na sala de aula: um Recurso
negligenciado! Revista Internacional de Linguística Aplicada v 3 .2003
4. Basílio, S. (2006). Os saberes locais e o Novo Currículo do Ensino Básico
(Tese de Mestrado - Educação e currículo). São Paulo
5. Barreto, Viera. (1998). Manual de Sobrevivência na Selva Académica.
Objecto directo: Rio de Janeiro
6. Dias, H. (2002). As Desigualdades Sociolinguísticas e o Insucesso
Escolar, Em direcção a Uma Prática Linguística Escolar Libertados,
Maputo
7. Fonseca, J. J. S. (2002). Metodologia da pesquisa científica. São Paulo
8. Gil, A. C. (2002). Como elaborar projecto de pesquisa. São Paulo
9. Goncalves, P. (2004). Português no ensino primário: estratégias e
exercícios. Maputo
10. Leite, F. (2004). Metodologia científica: iniciação à pesquisa científica,
métodos e técnicas de pesquisa, metodologia da pesquisa e do trabalho
científico. São Paulo
11. Libânio, J. C. (2012). Proposta Didáctica e Concepções de Escola. São
Paulo
12. Lakatos, E. M.; Marconi, M. A. (1996). Fundamentos de metodologia
científica. São Paulo
13. . Programa do Ensino Básico - 3o Ciclo, Maputo, INDE, 2003 22. SILVA,
A. e SÁ, I., Saber Estudar e Estudar para Saber, 2ª Ed., Porto: Porto
Editora, 2003.
14. Stroud, C. (2001). A Construção de Um Banco de “Erros”, Moçambique:
Maputo

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