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Entrevista clínica

por Marcelo Tavares


Psicodiagnóstico Adulto V – Jurema Alcides
Pontifícia Universidade Católica de Goiás
Departamento de Psicologia
Psicodiagnóstico Adulto

Geísa Marques
Lídia Rodrigues

Profa. Daniela
A Entrevista Clínica

Não é uma técnica única.

 Os objetivos de cada tipo de entrevista


determinam suas estratégias, seus alcances e
seus limites.
Definindo a Entrevista Clínica
 É, em psicologia, um conjunto de técnicas de
investigação, de tempo delimitado, dirigido, por um
entrevistador treinado, que utiliza conhecimentos
psicológicos, em uma relação profissional, com o
objetivo de descrever e avaliar aspectos pessoais,
relacionais ou sistêmicos, em um processo que visa
a fazer recomendações, encaminhamentos ou
propor algum tipo de intervenção em benefício das
pessoas entrevistadas.
A Investigação
Possibilita alcançar os objetivos primordiais da
entrevista, que são descrever e avaliar, o que
pressupõe o levantamento de informações, a
partir das quais se torna possível relacionar
eventos e experiências, fazer inferências,
estabelecer conclusões e tomar decisões.
Entrevista como Parte de um Processo

Entrevista

Processo de Avaliação

Encaminhamento

Sessão
Entrevista ≠ Psicoterapia

 Devido aspectos psicoterapêuticos intrínsecos a


entrevista muitas vezes é confundida com psicoterapia.

 A entrevista é um processo de avaliação complexo e o


único capaz de adaptar-se à diversidade de situações
clínicas relevantes e de fazer explicitar particularidades
que escapam a outros procedimentos, principalmente
aos padronizados.
Entrevista Clínica Dirigida
É dirigida tendo o intuito de alcançar os objetivos.

O entrevistador precisa estar preparado para lidar


com o direcionamento que o sujeito parece querer dar
à entrevista, de forma a otimizar o encontro entre a
demanda do sujeito e os objetivos da tarefa.

O entrevistador deve estar atento aos processos no


outro, e a sua intervenção deve orientar o sujeito a
aprofundar o contato com sua própria experiência.
Estruturação
Toda entrevista tem alguma forma de
estruturação na medida em que a
atividade do entrevistador direciona a
entrevista no sentido de alcançar seus
objetivos.
O Entrevistador

Precisa reconhecer a desigualdade intrínseca na


relação, que lhe dará uma posição privilegiada.

Tem a necessidade de conhecer e compreender


algo de natureza psicológica, para poder fazer
alguma intervenção.

Precisa ter treinamento especializado diante da


complexidade dos procedimentos específicos de
cada tipo de entrevista clínica.
Treinamento
 Tem o intuito de antecipar e evitar essas situações e
procura apresentar e discutir vários aspectos práticos dos
procedimentos.

 Porém será a qualidade da formação clínica e a


sensibilidade do avaliador para os aspectos relacionais que
o assistirão nos momentos mais difíceis e inesperados.

 Além do treinamento formal nos cursos de graduação e


especialização, a prática supervisionada é reconhecida
como melhor estratégia para a consolidação da
aprendizagem.
Delimitação de Tempo
 Tem a função de explicitar as diferenças de objetivos dos
dois procedimentos e dos papeis diferenciados do
profissional nas duas situações.

 Essadelimitação define o setting e fortalece o encontro


terapêutico, que pode ser consolidado como conclusão da
entrevista inicial.

 Não requer necessariamente um único encontro, mas não há


contrato de continuidade como no processo terapêutico,
embora, frequentemente, a entrevista clínica resulte em um
contrato terapêutico.
Tipos de Entrevista Clínica

Segundo a Forma X Segundo o Objetivo


Tipos de Entrevista
Classificação quanto ao aspecto formal:
Estruturadas
Semi-estruturada
Livre de Estruturação
Tipos de Entrevista
Estruturada:

Usualmente se destina ao levantamento


de informações definidas pelas
necessidades de um projeto.

Privilegiam a objetividade.
Tipos de Entrevista
Semi-estruturada e Livre de
Estruturação:

Visa conhecer o sujeito em profundidade.

Depende do espaço que o procedimento


deixa para as manifestações individuais e
requer habilidades e conhecimentos
específicos.

Toda entrevista supõe, na verdade, alguma


forma de estruturação.
Tipos de entrevista
 Entrevista Triagem
• Objetivo principal é avaliar a demanda do sujeito e fazer um
encaminhamento;

• Geralmente utilizada em serviços de saúde pública ou em


clínicas sociais devido contínua procura de serviços
psicológicos;

• Fundamental para avaliar a gravidade da crise para o


encaminhamento para um procedimento medicamentoso.

• O profissional que atua sozinho também faz a triagem e pode


encaminhar aqueles que não julgar adequado atender,
conforme sua especialidade.
Tipos de entrevista
Entrevista para Anamnese (história do examinando)
 Objetivo principal é o levantamento de detalhado da história de
desenvolvimento da pessoa, principalmente na infância;

 Pode ser facilmente estruturada cronologicamente

 Aprender fazer entrevista de anamnese facilita a apreciação de


questões desenvolvimentais por parte do clínico.

TODA ENTREVISTA CLÍNICA


COMPORTA ELEMENTOS
DIAGNÓSTICOS
Implica descrever, avaliar, relacionar e inferir,
tendo em vista a modificação daquela
condição.
Tipos de entrevista
Entrevista diagnóstica
Aspectos sindrômicos Aspectos Psicodinâmicos

Visa: descrição de sinais e Visa: descrição e compreensão da


sintomas para a classificação de experiência ou do modo particular do
um quadro ou síndrome. funcionamento do sujeito, tendo em
vista uma abordagem teórica.

 Visam à modificação daquela condição em beneficio ao sujeito;


 Devem ser complementares, operando dentro de uma mesma estratégia de
entrevista.

Sinais
Amplia o domínio sobre a situação, ajudando a
Aspectos Sintomas
compreender o sujeito e sua condição, sendo
dinâmico
s
e
síndrome
capaz de ajudá-lo de maneira eficaz.
Tipos de entrevista
Entrevistas sistêmica
 Para avaliar casais e famílias estão se tornando cada vez mais
importantes;
 Podem focalizar a avaliação da estrutura ou da história relacional
ou familiar, além de avaliar também aspectos importantes da rede
social de pessoas e famílias.

Entrevistas de devolução
 Tem finalidade de: comunicar ao sujeito o resultado da avaliação;
 Permitir ao sujeito expressar seus pensamentos e sentimento em
relação às conclusões e recomendações do avaliador, e, avaliar a
reação do sujeito a elas.

Ajudar o sujeito a compreender as conclusões e recomendação


Remover distorções ou fantasias negativas em relação as suas
necessidade
Competências do avaliador
Entrevistador Entrevistado = Entrevista Sucesso
O entrevistador deve ser capaz de:
1. Estar presente e ouvi-lo sem a interferência de questões
pessoais;
 Deve estar com suas necessidades pessoais suficientemente
atendidas, sendo capaz de isolar outras preocupações e focalizar
sua atenção no paciente. Ouvir o outro de forma diferenciada
 Dessa forma a escuta diferenciada, que por si só é considerada um
dos elementos terapêuticos.

2. Ajuda o paciente a se sentir à vontade e desenvolver uma


aliança de trabalho;
 Percepção de estar recebendo apoio e o sentimento de estarem
trabalhando juntos
Competências do avaliador
3. Facilitar a expressão dos motivos que levaram
a pessoa a buscar ajuda

 Nem sempre é fácil, geralmente os reais motivos não são


conhecidos, há resistências que podem dificultar;

 Para se expressar o cliente deve se sentir seguro para arriscar-se,


pois poderá haver ganhos ou perdas significativas. A entrevista
tem o potencial de modificar a maneira como percebe a si mesmo,
seu futuro pessoa e suas relações significativas;

 O tipo de escuta e atenção que lhe dará segurança para enfrentar


essas situações.
Competências do avaliador
4. Buscar esclarecer colocações vagas ou incompletas e
gentilmente, confrontar esquivas e contradições;
 Confrontação é uma técnica dirigida a tomada de consciência e
requer certa capacidade de tolerar a ansiedade. Deve-se criar um
contexto de apoio para o sujeito enfrentar esses momentos de
insight.
 Ao esclarecer colocações vagas ou incompletas o entrevistador
tem a oportunidade de desenvolver uma ideia mais clara sobre o
assunto, além de ajudar o sujeito na ampliação de sua percepção.

6. Tolerar ansiedade e falar abertamente sobre temas difíceis,


potencial de evocar emoções;
 É preciso desenvolver confiança em sua própria capacidade de
suportar tais momentos com naturalidade e poder dar apoio ao
outro que passa pela experiência.
 Temas como tabus.
Competências do avaliador
7. Reconhecer defesas e modos de estruturação do paciente,
transferências;
 Reconhecer as dinâmicas e modos de interagir do sujeito, pode
dirigir o modo de proceder na entrevista de maneira mais eficiente;
 Reconhecendo os aspectos desse modo de ser e funcionar do
sujeito o entrevistador poderá se antecipar a situações de
transferência e evitar contratransferência.
 Atenção a observação do comportamento, da comunicação verbal
e do material latente são essenciais.

8. Compreender seus processos contratransferênciais;


 Reconhecer como os processos mentais e afetivos são mobilizados
em si mesmo e ser capaz de relacionar esse processo ao que se
passa na relação imediata com o sujeito fornece uma via de
compreensão da experiência do outro.
Competências do avaliador
9. Assumir a iniciativa em momentos de impasse;
 Significa mobilizar recursos pessoais diante de situações difíceis e
inesperadas. Usar a criatividade para dar resposta eficaz no
momento.

Não sei se estarei


aqui semana que
vem

É preciso lidar de forma direta e decisiva


A exploração cuidados da fala, pode evitar um
desfecho autodestrutivo
Competências do avaliador
10. Domínio da técnica;
 É pelo domínio da técnica que o entrevistador deixa de se
preocupar com a execução e se concentra no paciente, no que ele
apresenta e na sua relação.
 Com a prática e a experiência o sujeito e a relação passam a se
destacar e aspectos mecânico da técnica tornam-se secundários.

“Torna-se evidente um integração natural dos


aspectos técnicos e a valorização da relação com o
sujeito. Assim, a entrevista flui, e a atuação
refinada do profissional transforma a técnica em
arte”.
Obrigada!

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