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 Carl Rogers e a Abordagem Centrada na Pessoa

 Abraham Maslow e a Psicologia da Auto-Atualização

Professor: Renato Faria


 O enfoque da psicanálise no inconsciente e seu determinismo,
determinismo e o enfoque
na observação apenas do comportamento pelo behaviorismo, foram as
críticas mais fortes dos novos movimentos de Psicologia surgidos no meio
do século XX. Na verdade o humanismo não é uma escola de pensamento,
mas sim um aglomerado de diversas correntes teóricas. Em comum elas têm
o enfoque “humanizador” do aparelho psíquico, em outras palavras elas
focalizam no homem como detentor de liberdade, escolha, sempre no
presente. Traz da filosofia fenomenológica existencial um extenso gabarito
de ideias.
 Inicialmente se desenvolve paralelamente, sem se oporem.
 A psicanálise queria reestruturar o psiquismo.
 Behaviorismo mudança de comportamento.

 Determinismo em ambos (inconsciente x ambiental).

 A psicanálise colocou o inconsciente tão grande que dominava o ser


humano.
 Behaviorismo força tão grande no condicionamento deixou a
subjetividade de fora.
 Humanismo: Não tem determinismo. Nem internos (inconscientes), nem
externos (ambiente): O ser humano pode ser no máximo influenciado, mas
não determinado.

 Sua principal característica é sua liberdade, sua autoconsciência, sua


autonomia (criar suas próprias leis de funcionamento).

 Considera que uma parte do sofrimento psíquico é desconhecida, mas pode


se tornar conhecido; considera que parte dos comportamentos são
aprendidos por condicionamento, mas não todos. Considera que sua principal
característica humana é sua autoconsciência - é ela que vai dar a liberdade
(de escolher). Liberdade de escolher e ser dono do seu destino (a partir de
algumas influências existentes).
 O movimento que desembocou no estabelecimento da Psicologia Humanista
teve seu início no ambiente acadêmico norte-americano do pós-guerra. Os
líderes do movimento humanista levantaram suas vozes contra a imagem de
homem e de método científico defendidas pelo Behaviorismo - dominante
no campo da Psicologia experimental – e contra a imagem de homem e de
método terapêutico da Psicanálise - dominantes no campo da psicoterapia.

 Como afirma De Carvalho (1990), a oposição ao Behaviorismo foi a


posição que, pelo caminho da negação, mais contribuiu para o
estabelecimento conceitual da Psicologia Humanista.
 “Esta escola de Psicologia concebe o homem como uma máquina complexa,
com seu sistema fechado de funções parciais e regularidade estática. O
Homem está construído sobre uma organização hierárquica de estímulo-
resposta, que leva a padrões previsíveis de hábitos, e reforço é a palavra
chave para o desenvolvimento da personalidade”
Frick (1973), em sua obra Psicologia Humanística(p. 17).
 Mas a Psicologia Humanista não se constituiu somente como uma reação
ao Behaviorismo, mas também como uma reação à Psicanálise, que era
considerada por esta determinista, reducionista e dogmática. O foco das
críticas dos psicólogos humanistas era de novo a imagem de Homem, desta
vez, a admitida pela Psicanálise. Segundo eles, a visão da natureza humana
em Freud era pessimista, fatalista e excessivamente centrada no lado negro
do ser humano.
CONCEPÇÃO DE HOMEM
Freud Rogers Skinner
Para ele o homem é um ser dividido O homem é um ser subjetivo e Sua visão de homem é objetiva. Todo
entre seus desejos e pulsões (de vida experiência cada acontecimento de ser é produto do meio em que vive.
e morte). forma única e pessoal. O homem não tem liberdade de
Obra marcada por um certo Tem plena confiança na capacidade escolha, ele dá significado às coisas
ceticismo, sendo a natureza humana de desenvolvimento do homem, de de acordo com que lhe é ensinado
determinada por forças irracionais. seu crescimento, de se compreender, pela comunidade verbal. As
e resolver seus próprios problemas, contingências ambientais
Acreditava que a sociedade desde que haja no seu ambiente determinam o comportamento do
civilizada estava ameaçada pela condições favoráveis para que isso indivíduo, e se baseiam em três
desintegração, devido à hostilidade ocorra. aspectos:
primária dos homens entre si, e a
Acredita que o homem tem uma •O histórico filogenético
cultura devendo recorrer a todo
capacidade realizadora que ele •O histórico ontogenético
reforço possível a fim de erigir uma
chamou de Tendência Atualizante,
barreira contra o instinto. que o capacita ao crescimento.
•O ambiente
Para ele, o homem é possuidor de um O homem é possuidor de uma As alterações no comportamento se
conflito permanente e antagônico, motivação que pode levá-lo em dão através do Reforçamento
existente em seu interior, no qual o várias direções, de várias formas. Positivo, Negativo ou da Punição. O
Ego tenta ser o mediador para Essa motivação só não deve ser comportamento operante significa a
abafada, para não distorcer o seu alteração das contingências a fim de
encontrar o equilíbrio.
crescimento. modificar o homem.
 Teve precursores importantes como Abraham Maslow, Anthony Sutich,
Gordon Allport, Kurt Goldstein, Bugental, Carl Rogers, Rollo May,
Moust. akas, Murphy e Murray.

 Carl Rogers, psicólogo e educador norte-americano , fundador da


Abordagem Centrada na Pessoa (ACP) um dos grandes expoentes da
Psicologia Humanista.
Cinco postulados. Bugental em Humanistic Psychology (1963) :

 (a) uma pessoa é mais que a soma de suas partes;

 (b) Nós somos afetados por nossas relações com outras pessoas;

 (c) O ser humano é consciente;

 (d) O ser humano possui livre-arbítrio;

 (e) O ser humano tem intencionalidade.


A Psicologia Humanista NÃO É uma importação para os Estados
Unidos do Existencialismo Europeu.

Leitura do texto: História da Psicologia Humanista - (Fragmento


enviado por e-mail).

 Livro J.P. Sartre


 Rogers em uma palestra nos EUA descreve, pela primeira vez, suas
novas ideias sobre terapia. Muito aplaudido e muito vaiado. Contribuição
original.
I. Esta nova abordagem coloca um peso maior sobre o impulso individual em
direção ao crescimento, à saúde e ao ajustamento. A terapia é uma questão de
libertar o cliente para um crescimento e desenvolvimento normais.
II. Esta terapia dá muito mais ênfase ao aspecto afetivo de uma situação do que
aos aspectos intelectuais.
III.Esta nova terapia dá muito mais ênfase à situação imediata do que ao passado
do indivíduo. (O passado não é importante. Só importa enquanto vivenciado –
enquanto influencia o presente. Não é a explicação racional, mas a
compreensão emocional da situação vivida).
IV. Esta abordagem enfatiza o relacionamento terapêutico em si mesmo como uma
experiência de crescimento.
 Além disso, Roger apresenta um Modelo de aconselhamento que tem
conteúdo consistente para se tornar uma psicoterapia. (Proibição da
Psicoterapia ao psicólogo: Brasil 60 e 70 // EUA 30 e 40).

 Rogers foi o precursor da INTERVENÇÃO na área do aconselhamento


psicológico e define o papel do conselheiro como um facilitador do
crescimento e desenvolvimento pessoal com vista a maior independência e
integração dos clientes. Nessa contextualização do aconselhamento, é o
conjunto de atitudes do conselheiro que permite ao cliente uma experiência
de crescimento em direção à maturidade.
 Aconselhamento e Orientação surgiram nas instituições educacionais
(problema de aprendizagem) porque psicólogos não faziam terapia (era
função dos médicos). Na própria área do Aconselhamento, Rogers já
apresentou conteúdo para uma certa revolução. Ele deslocou três eixos
principais. Aconselhamento em 30 e 40 nos EUA seguia o modelo da
Teoria do Traço e Fator:

1. Diretivo. Foco no Problema.


2. Avaliação. Detectar o problema com medições. Aplicação de testes de
inteligência, objetivos
3. Solução do problema
1. Roger muda o eixo do problema para a pessoal que tem o problema. O
problema é secundário. A pessoa que tem o problema é primário.
2. Muda o eixo da avaliação (da medição) para a relação.
3. Muda o eixo da solução do problema para o processo de mudança. Inaugura o
aconselhamento NÃO DIRETIVO. Focado na pessoa, na relação e no
processo de crescimento.

 Com isso inaugura um ponto de vista diferente. Aconselhamento não diretivo.


Psicoterapia reflexiva ou centrada no cliente. Psicoterapia experiencial ou
Centrada na Pessoa (Já com contribuições do A. Maslow, Eugene Gentlin,
John Wood...)

 Quando Rogers estava criando uma forma de trabalhar com as pessoas, ele
também estava criando uma Abordagem. Uma nova forma de ABORDAR o
fenômeno.
 O núcleo da personalidade humana é considerada como sendo de
natureza fundamentalmente positiva, racional e realista.
 O ser humano é perspectivado como tendo uma tendência inata para
desenvolver as suas próprias potencialidades. A sua capacidade de
desenvolvimento, ou de auto-direção, apresenta duas dimensões que
interagem uma com a outra e simultaneamente com o meio ambiente
social: a tendência atualizante e o sistema de auto-regulação (que
veremos mais adiante).
 Deu-se conta de que o paciente era detentor de seu tratamento, portanto
não era passivo, como passa a idéia de paciente, denominando então este
como cliente. Era a terapia centrada no cliente (ou na pessoa) Seus
métodos foram usados nos mais vastos campos do conhecimento humano,
como nas aulas centradas nos alunos, etc. Apresentou três conceitos, que
seriam agregados posteriormente para toda a Psicologia. Estes eram a
congruência ou autenticidade (ser o que se sente, sem mentir para si e para
os outros), a empatia ou compreensão empática (capacidade de sentir o que
o outro quer dizer, e de entender seu sentimento), e a aceitação
incondicional (aceitar o outro como este é, em seus defeitos, angústias,
etc.).
 É centrada na pessoa e não no comportamento, enfatiza a condição de
liberdade contra a pretensão determinista. Visa a compreensão e o
bem-estar da pessoa não o controle. Segundo esta concepção, a
psicologia não seria a ciência do comportamento, seria a ciência
da pessoa.
 Caracteriza-se também, por uma contínua crença nas
responsabilidades do indivíduo e na sua capacidade de prever que
passos o levarão à um confronto mais decisivo com sua realidade.
Segundo esta teoria, o indivíduo é o único que tem potencialidade de
saber a totalidade da dinâmica de seu comportamento e das suas
percepções da realidade e de descobrir comportamentos mais
apropriados para si.
 “Só mais tarde é que me apercebi completamente - que é o
próprio cliente que sabe aquilo de que sofre, qual a direção a
tomar, quais problemas são cruciais, que experiências foram
profundamente recalcadas. Comecei a compreender que, para
fazer algo mais do que demonstrar minha própria clarividência e
sabedoria, o melhor era deixar ao cliente a direção do movimento
no processo terapêutico” (1987, p 23-24)
 Ser o que se é, ser si mesmo é Tornar-se Pessoa. Ser o que se é, é ser
autenticamente Pessoa, mais rigorosamente é tornar-se pessoa, já que
isso, como a própria expressão o indica, implica um processo fluido
contínuo, um permanente dinamismo e nunca um permanecer estático.
Ser pessoa é ser processo. Nesse sentido, ser pessoa não é um objetivo
que se atinja e no qual se repouse estaticamente.
 Ser pessoa é ser continuamente devir, é ir-se fazendo e construindo sem
que nunca possamos dar como acabada a construção. O destino do
homem é este: Tornar-se pessoa, fazer-se, fazer-se em cada momento, ser
movimento e processo.
 “Por que uma criança aprende a andar? Ela tenta erguer-
se, cai e machuca a cabeça. [...] Não existe grande
recompensa enquanto ela não conseguir realmente realizar
seu intento, e apesar de tudo, a criança está disposta a
suportar a dor [...] Para mim, isso é uma indicação de que
existe uma verdadeira força de atração para a
possibilidade de crescimento continuar.” (Rogers, In:
Frick, W. Psicologia Humanista, p. 118)
Páginas 222 à 226
Teorias da Personalidade
James Fadiman
I. Empatia ou Compreensão Empática

II. Congruência ou Autenticidade

III. Aceitação Incondicional ou Consideração Positiva Incondicional


 A aceitação incondicional consiste numa postura ou atitude de
consideração irrestrita; numa atitude de abstenção de julgamentos, o que
implica na não aprovação ou desaprovação do terapeuta, ou mesmo na
oposição a qualquer elemento expresso, verbal ou não-verbal, direta ou
indiretamente, pela pessoa do cliente.

 A expressão “Aceitação Positiva Incondicional” foi a primeira a ser


utilizada por Rogers. Posteriormente, devido ao caráter específico da
palavra “aceitação” e pela confusão de interpretação advinda de suas
conotações éticas e morais, foi substituída pela expressão “Consideração
Positiva Incondicional”.
 Uma das condições necessárias e suficientes descritas por Rogers, como
facilitadores do processo terapêutico e interpessoal. Consiste em aceitar o que o
próprio indivíduo oferece de si mesmo, tal como ele percebe e/ou se manifesta.
Aceitar é acolher o que se oferece, sem necessidade de concordância, nem
discordância. Consiste num interesse genuíno e não possessivo pelo cliente, ou
seja, o terapeuta “deseja que o cliente expresse o sentimento que está ocorrendo no
momento, qualquer que ele seja-confusão, ressentimento, medo, raiva, coragem,
amor ou orgulho (...) O terapeuta tem uma consideração integral e não condicional
pelo cliente” (Rogers,1983:39).

 A consideração positiva normalmente está associada a sentimentos e atitudes de


calor, acolhida, simpatia, respeito e aceitação. No processo terapêutico é
imprescindível a aceitação do terapeuta para que o cliente vivencie a liberdade
experiencial.
 Conceitualmente é a capacidade de se colocar no lugar do outro e perceber do
ponto de vista dele, “como os nuances subjetivos e os valores pessoais inerentes”.
Consiste na imersão do mundo privado do Outro, “como se fosse” este outro. É a
tentativa de compreender o significado pessoal do outro.
 Etimologicamente, o termo empatia provém de empathés, que por sua vez deriva
de en páscho, que significa “sentir – em”, “sentir – desde - dentro”. Implica numa
extrema sensibilidade, momento a momento, até os significados sentidos e
mutáveis que fluem na outra pessoa. Em um sentido poético é habitar
temporariamente a vida do outro, delicadamente, sem causar-lhe prejuízos
(Holanda, 1993).
 Na Abordagem Centrada na Pessoa, costuma-se utilizar a expressão compreensão
empática, em vez de simplesmente “empatia”, devido a sua conotação mais
ampla.
 Texto: As atitudes Facilitadoras para o Processo de
Mudança

 Vídeo Consideração Empática.


 Segundo Rogers a autenticidade ou congruência é uma condição que estabelece
que “o terapeuta deveria ser, nos limites desta relação, uma pessoa integrada,
genuína e congruente. Isto significa que, na relação, ele está sendo livre e
profundamente ele mesmo, com sua experiência real precisamente representada
em sua conscientização de si mesmo. É o oposto de se apresentar uma ‘fachada’,
quer ele tenha ou não conhecimento disso” (Rogers, 1957: 161).

 Esta condição, conforme assinala Rogers não se encaixa em perspectiva de


perfeição, mas tão somente no sentido de que a pessoa seja ela mesma, no
momento exato da relação. Inclui qualquer forma de ser, enquanto esta forma seja
verdadeira. Implica num certo sentido, numa consideração do presente imediato de
sua experiência, ou seja, na consciência de sua própria vivência, de seu próprio
vivido.
 A autenticidade é muitas vezes definida como “transparência” do
psicoterapeuta (Rogers, 1983) em sua relação ao seu cliente, no
instante da relação, na direção de que não haja ocultamento de
sentimentos ou vivências que digam respeito ao momento da
relação. Este ponto é importante de ser frisado, visto que, não se
trata de total abertura de sentimentos do psicoterapeuta, mas de
abertura à sua vivência imediata com seu cliente.
 Esta talvez seja a mais complexa das “condições necessárias e
suficientes”, dado que envolve diretamente a pessoa do terapeuta. A
importância desta atitude pode ser constada em qualquer tipo de
trabalho.
 Uma premissa fundamental de Rogers é o pressuposto de que as pessoas
usam sua experiência para se definir.
 Em seu principal trabalho teórico, Rogers define uma série de conceitos a
partir das quais delineia teorias da personalidade e modelos de terapia,
mudanças de personalidade e relações interpessoais. Os construtos básicos
aqui apresentados estabelecem uma estrutura através da qual as pessoas
podem construir e modificar suas opiniões a respeito de si mesmas
 Dentro do campo de experiência está o Self. O Self não é uma entidade
estável, imutável, entretanto, observado num dado momento, parece ser
estável. Isto se dá porque congelamos uma secção da experiência a fim de
observá-la. Rogers concluiu que a idéia do eu não representa uma
acumulação de inumeráveis aprendizagens e condicionamentos efetuados
na mesma direção.
 Rogers usa o termo para se referir ao contínuo processo de reconhecimento.
É esta diferença, esta ênfase na mudança e na flexibilidade, que fundamenta
sua teoria e sua crença de que as pessoas são capazes de crescimento,
mudança e desenvolvimento pessoal. O Self ou auto-conceito é a visão
que uma pessoa tem de si própria, baseada em experiências passadas,
estimulações presentes e expectativas futuras.
 Self Ideal é o conjunto das características que o indivíduo mais gostaria
de poder reclamar como descritivas de si mesmo. Assim como o Self,
ele é uma estrutura móvel e variável, que passa por redefinição
constante. A extensão da diferença entre o Self e o Self Ideal é um
indicador de desconforto, insatisfação e dificuldades neuróticas.
Aceitar-se como se é na realidade, e não como se quer ser, é um sinal de
saúde mental. Aceitar-se não é resignar-se ou abdicar de si mesmo. É
uma forma de estar mais perto da realidade e de seu estado atual
 Um trecho da história de um caso pode esclarecê-lo. Um estudante estava planejando
desligar-se da faculdade. Havia sido o melhor aluno no ginásio e o primeiro no
colegial e estava indo muito bem na faculdade. Estava desistindo, explicava, porque
havia recebido um "C" num curso. Sua imagem de ter sido sempre o melhor estava
em perigo. A única seqüência de ações que ele vislumbrava era escapar, deixar o
mundo acadêmico, rejeitar a discrepância entre seu desempenho atual e sua visão
ideal de si próprio. Disse que iria trabalhar para ser o "melhor" de alguma outra
forma.
 Para proteger sua auto-imagem ideal ele desejava cortar pela raiz sua carreira
acadêmica. Ele deixou a escola, viajou pelo mundo e, por vários anos, teve uma
grande quantidade de empregos originais. Quando foi visto novamente era capaz de
discutir a possibilidade de que talvez não fosse necessário ser o melhor desde o
começo, mas tinha ainda grandes dificuldades em explorar qualquer atividade na
qual pudesse experimentar fracasso.
 Congruência é definida como o grau de exatidão entre a experiência
da comunicação e a tomada de consciência. Ela se relaciona às
discrepâncias entre experienciar e tomar consciência. Um alto grau
da congruência significa que a comunicação (o que se está
expressando), a experiência (o que está ocorrendo em nosso campo)
e a tomada de consciência (o que se está percebendo) são todas
semelhantes. Nossas observações e as de um observador externo
seriam consistentes.
 Crianças pequenas exibem alta congruência. Expressam seus sentimentos
logo que seja possível com o seu ser total. Quando uma criança tem fome
ela toda está com fome, neste exato momento! Quando uma criança sente
amor ou raiva, ela expressa plenamente essas emoções. Isto pode justificar
a rapidez com que a criança substitui um estado emocional por outro. A
expressão total de seus sentimentos permite que elas liquidem a bagagem
emocional que não foi expressa em experiências anteriores.
 A incongruência ocorre quando há diferenças entre a tomada de consciência, a

experiência e a comunicação desta. As pessoas que parecem estar com raiva (punhos
cerrados, tom de voz elevado, praguejando) e que replicam que de forma alguma
estão com raiva, se interpeladas, ou as pessoas que dizem estar passando por um
período maravilhoso mas que se mostram entediadas, isoladas ou facilmente doentes,
estão revelando incongruência. É definida não só como inabilidade de perceber com
precisão mas também como inabilidade ou incapacidade de comunicação precisa.
 Quando a incongruência está entre a tomada de consciência e a experiência, é

chamada repressão.
 A pessoa simplesmente não tem consciência do que está fazendo. A maioria das

psicoterapias trabalha sobre este sintoma de incongruência ajudando as pessoas a se


tomarem mais conscientes de suas ações, pensamentos e atitudes na medida em que
estes as afetam e aos outros.
 A incongruência é visível em observações como, por exemplo, "não sou capaz de

tomar decisões", "não sei o que quero", "nunca serei capaz de persistir em algo",
A confusão aparece quando você não é capaz de escolher dentre os diferentes
estímulos aos quais se acha exposto. Considere o caso de um cliente que relata:
"Minha mãe pede-me que cuide dela, é o mínimo que posso fazer. Minha
namorada recomenda que eu me mantenha firme para não ser puxado de todo
lado. Penso que sou muito bom para minha mãe, mais do que ela merece. Às
vezes a odeio, às vezes a amo. Às vezes é bom estar com ela, às vezes ela me
diminui.“
 O cliente está assediado por estímulos diferentes. Cada um deles é válido e

conduz a ações válidas por algum tempo. É difícil diferenciar, dentre estes
estímulos, aqueles que são genuínos daqueles que são impostos. 0 problema pode
estar em reconhecê-los como diferentes e ser capaz de trabalhar sobre
sentimentos diferentes em momentos diferentes. A ambivalência não é Iara ou
anormal; não ser capaz de reconhecê-la ou enfrentá-la pode ser uma causa de
ansiedade.
 Há um aspecto básico da natureza humana que leva uma pessoa em direção a uma
maior congruência e a um funcionamento realista. Além disso, este impulso não é
limitado aos seres humanos; é parte do processo de todas as coisas vivas. É este
impulso que é evidente em toda vida humana e orgânica, expandir-se, estender-se,
tornar-se autônomo, desenvolver-se, amadurecer a tendência a expressar e ativar
todas as capacidades do organismo na medida em que tal ativação valoriza o
organismo ou o Self.

 Rogers sugere que em cada um de nós há um impulso inerente em direção a


sermos competentes e capazes quanto o que estamos aptos a ser biologicamente.
 Rogers (1961/2009): (...) o indivíduo traz dentro de si a capacidade e a tendência,

latente se não evidente, para caminhar rumo à maturidade. Em um clima


psicológico adequado, essa tendência é liberada, tornando-se real ao invés de
potencial... Seja chamando a isto uma tendência ao crescimento, uma propensão
rumo à auto-realização ou uma tendência direcionada para frente, esta constitui a
mola principal da vida, e é, em última análise, a tendência de que toda a
psicoterapia depende (p. 40)
 Assumindo a tendência à atualização como postulado central de sua teoria,

Rogers direciona sua visão de homem e de mundo à confiança na capacidade de


autorregulação do indivíduo. Coloca suas crenças na força interior do cliente,
acreditando que a vontade positiva na direção do crescimento resultaria em sua
mudança terapêutica, mesmo em casos de severas desordens psiquiátricas (Van
Blarikom, 2008).
As forças positivas em direção à saúde e ao crescimento são naturais e inerentes ao
organismo. Baseado em sua própria experiência clínica, Rogers conclui que os
indivíduos têm a capacidade de experienciar e de se tomarem conscientes de seus
desajustamentos. Isto é, você pode experienciar as incoerências entre seu
autoconceito e suas experiências reais. Esta capacidade que reside em nós é
associada a uma tendência subjacente à modificação do auto-conceito, no sentido de
estar realmente de acordo com a realidade. Rogers postula, portanto, um movimento
natural para a resolução e distante do conflito. Vê o ajustamento não como um
estado estático, mas como um processo no qual novas aprendizagens e novas
experiências são cuidadosamente assimiladas.
 Rogers está convencido de que estas tendências em direção à saúde são

facilitadas por qualquer relação interpessoal na qual um dos membros esteja


livre o bastante da incongruência para estar em contato com seu próprio centro
de auto-correção. A maior tarefa da terapia é estabelecer tal relacionamento
genuíno. Aceitar-se a si mesmo é um pré-requisito para uma aceitação mais
fácil e genuína dos outros. Em compensação, ser aceito por outro conduz a uma
vontade cada vez maior de aceitar-se a si próprio. Este ciclo de auto-correção e
auto-incentivo é a forma principal pela qual se minimiza nos obstáculos ao
crescimento psicológico.
“O Indivíduo tem dentro de si a capacidade, ao
menos latente, de compreender aos fatores de
sua vida que lhe causam infelicidade e dor, e
reorganizar-se de forma a superar tais fatores”
– Rogers, 1952.
Tendência Atualizante ou Auto-
Atualização.
 Rogers sugere que os obstáculos aparecem na infância e são aspectos normais do
desenvolvimento. O que a criança aprende em um estágio como benéfico deve ser reavaliado nos
estágios posteriores: Motivos que predominam na primeira infância mais tarde podem inibir o
desenvolvimento da personalidade.

 Quando a criança começa a tomar consciência do Self, desenvolve uma necessidade de amor ou
de consideração positiva. Esta necessidade é universal, considerando-se que ela existe em todo
ser humano e que se faz sentir de uma maneira contínua e penetrante. A teoria não se preocupa em
saber se é uma necessidade inata ou adquirida. Uma vez que as crianças não separam suas ações
de seu ser total, reagem à aprovação de uma ação como se fosse aprovação de si mesmas. Da
mesma forma, reagem à punição de um ato como se estivessem sendo desaprovadas em geral.
 Comportamentos ou atitudes que negam algum aspecto do Self são chamados de
condições de valor. Quando uma experiência relativa ao eu é procurada ou evitada
unicamente porque é percebida como mais ou menos digna de consideração de si,
diz Rogers que o indivíduo adquiriu um modo de avaliação condicional. Condições
de valor são os obstáculos básicos à exatidão da percepção e à tomada de
consciência realista.

 Acumulamos certas condições, atitudes ou ações cujo cumprimento sentimos


necessário para permanecermos dignos. Na medida em que essas atitudes e ações
são idealizadas, elas constituem áreas de incongruência pessoal. De forma extrema,
as condições de valor são caracterizadas pela crença de que "preciso ser respeitado
ou amado por todos aqueles com quem estabeleço contato".
 As condições de valor criam uma discrepância entre o Self e o auto-conceito. Para

mantermos uma condição de valor temos que negar determinados aspectos de nós
mesmos. Por exemplo, se falaram "Você deve amar seu irmãozinho recém-nascido, senão
mamãe não gosta mais de você", a mensagem é a de que você deve negar ou reprimir seus
sentimentos negativos genuínos em relação a ele. Se você conseguir esconder sua vontade
maldosa, seu desejo de machucá-lo e seu ciúme normal, sua mãe continuará a amá-lo. Se
a pessoa admitir que tem tais sentimentos, se arriscará a perder o amor. Uma solução que
cria uma condição de valor é rejeitar tais sentimentos sempre que ocorram, bloqueando-os
de sua consciência. Agora a pessoa pode reagir de formas tais como: "Eu realmente amo
meu irmãozinho, apesar das vezes em que o abraço tanto até ele gritar" ou "Meu pé
escorregou sob o seu, eis porque ele tropeçou”.
 Posso ainda lembrar-me da enorme alegria demonstrada por meu irmão mais velho quando
lhe foi dada uma oportunidade de bater em mim por algo que fiz. Minha mãe, meu irmão e
eu ficamos todos assustados com sua violência. Ao recordar o incidente, meu irmão
lembrou-se de que ele não estava especialmente bravo comigo, mas que havia
compreendido que aquela era uma rara ocasião e queria descarregar toda a maldade
possível enquanto tinha permissão. Admitir tais sentimentos e permitir-lhes alguma
expressão e, quando ocorrem é mais saudável, segundo Rogers, do que rejeitá-los ou
aliená-los. (ler página 231 – Fadiman)

 Para sustentar a falsa auto-imagem a pessoa continua a distorcer experiências, quanto


maior a distorção maior a probabilidade de erros e da criação de novos problemas. Os
comportamentos, os erros e a confusão que resultam dão manifestações de distorções
iniciais mais fundamentais. E a situação realimenta-se a si mesma. Cada experiência de
incongruência entre o Self e a realidade aumenta a vulnerabilidade, a qual, por sua vez,
ocasiona o aumento de defesas, interceptando experiências e criando novas ocasiões de
incongruência.
 O valor dos relacionamentos é de interesse central nas obras de Rogers. Os
relacionamentos mais precoces podem ser congruentes ou podem servir como foco
de condições de valor. Relações posteriores são capazes de restaurar a congruência
ou retardá-la.
 Rogers acredita que a interação com o outro capacita um indivíduo a descobrir,
encobrir, experienciar ou encontrar seu Self real de forma direta. Nossa
personalidade torna-se visível a nós através do relacionamento com os outros.
 Através dos relacionamentos, as necessidades organísmicas básicas do indivíduo
podem ser satisfeitas. A esperança desta satisfação faz com que as pessoas
invistam uma quantidade de energia incrível em relacionamentos, até mesmo
naqueles que não parecem ser saudáveis ou satisfatórios.
 O casamento é um relacionamento não usual. É potencialmente de longo prazo,
intensivo, e carrega dentro de si a possibilidade de manutenção do crescimento e
do desenvolvimento. Rogers acredita que o casamento siga as mesmas leis gerais
que mantém a verdade dos grupos de encontro, da terapia ou de outros
relacionamentos. Os melhores casamentos ocorrem com parceiros que são
congruentes consigo mesmos, que têm poucas condições de valor como
empecilho e que são capazes de genuína aceitação dos outros. Quando o
casamento é usado para manter uma incongruência ou para reforçar tendências
defensivas existentes, é menos satisfatório e é menos provável que se mantenha.
 As conclusões de Rogers sobre qualquer relação íntima a longo prazo, tal como o
casamento, são focalizadas sobre quatro elementos básicos:

 Dedicação e Compromisso contínuo

 Expressão de sentimentos, Comunicação

 Não-aceitação de papéis específicos

 Capacidade de compartilhar a vida íntima ou Tomar-se um Self separado

 Ele resume cada elemento como uma promessa, um acordo sobre o ideal de um
relacionamento contínuo, benéfico e significativo .

Páginas 232 a 234


 O indivíduo saudável toma consciência de suas emoções, sejam ou não expressas.
Sentimentos negados à consciência distorcem a percepção e a reação às experiências que
os desencadearam.

 Um caso específico é sentir ansiedade sem tomar conhecimento da causa. A ansiedade


aparece quando uma experiência que ocorreu, se admitida na consciência, poderia ameaçar
a auto-imagem. Estas reações defensivas são uma forma do organismo manter crenças e
comportamentos incongruentes. Uma pessoa pode agir com base nestas subcepções sem
tomar consciência do por quê está agindo assim. Por exemplo, um homem pode sentir-se
desconfortável ao ver homossexuais declarados. A informação que tem de si mesmo
incluiria o desconforto, mas não mencionaria sua causa. Ele não poderia admitir seu
próprio interesse, sua identidade sexual não resolvida, ou talvez as expectativas e medos
que tem a respeito de sua própria sexualidade. Distorcendo suas percepções ele pode, em
compensação, reagir com hostilidade aberta a homossexuais, tratando-os como uma eterna
ameaça ao invés de admitir seu conflito interno.
 Rogers não segrega o intelecto de outras funções. Ele valoriza-o como um tipo
de instrumento que pode ser usado de modo efetivo na integração de
experiências. Mostra-se cético em relação a sistemas educacionais que dão
ênfase exagerada a desempenhos intelectuais e desvalorizam os aspectos
intuitivos e emocionais do funcionamento total.
 Em particular, Rogers pensa que cursos de graduação em campos diversos são
exigentes, pouco significativos e desanimadores. A pressão para a produção de
trabalhos limitados e pouco originais, associada aos papéis passivos e
dependentes atribuídos aos estudantes de graduação, na realidade sufocam ou
retardam suas capacidades criativas e produtivas.
 Se o intelecto, como outras funções, ao operar de forma livre, tende a dirigir o
organismo à tomada de consciência mais congruente, então forçar o intelecto
por vias específicas pode não ser benéfico
 Embora Rogers encare o Self como o foco da experiência, ele está mais interessado
na percepção, na tomada de consciência e na experiência do que num construto
hipotético, o Self.
 A pessoa de funcionamento integral tem diversas características distintas, a
primeira das quais é uma abertura à experiência. Há pouco ou nenhum uso das
"subcepções", estes primeiros sinais de alerta que restringem a percepção
consciente. A pessoa está continuamente afastando-se de suas defesas na direção
da experiência direta. A pessoa está mais aberta a seus sentimentos de receio, de
desânimo e de desgosto. Fica igualmente mais aberto aos seus sentimentos de
coragem, de ternura e de fervor. Torna-se mais capaz de viver completamente a
experiência do seu organismo, em vez de a impedir de atingir a consciência.
 Uma segunda característica é viver no presente, realizar-se completamente cada
momento. Este engajamento contínuo e direto com a realidade permite dizer que o
eu (Self) e a personalidade emergem da experiência, em vez de dizer que a
experiência foi traduzida ou deformada para se ajustar a uma estrutura
preconcebida do eu. Uma pessoa é capaz de reestruturar suas respostas à medida
que a experiência permite ou sugere novas possibilidades.
 Uma característica final é a confiança nas exigências internas e no julgamento
intuitivo, uma confiança sempre crescente na capacidade de tomar decisões.
 Isto se assemelha ao comportamento de um gato que é jogado ao chão de uma
determinada altura. O gato não considera a velocidade do vento, o momentum
angular ou o tamanho da queda. Ainda assim, tudo isto está sendo levado em conta
em sua resposta total.
 0 gato não reflete sobre quem poderia tê-lo empurrado, quais teriam sido seus
motivos ou o que pode acontecer no futuro. O gato lida com a situação imediata, o
problema mais gritante. Roda em meio ao ar e aterriza em pé, ajustando na mesma
hora a sua postura pua enfrentar o próximo evento.
 A pessoa de funcionamento integral é livre para responder e experienciar suas
respostas às situações. Esta é a essência do que Rogers chama de viver uma vida
plena. Tal pessoa estará comprometida num contínuo processo de atualização.
 Rogers foi um terapeuta praticante durante toda sua carreira profissional. Sua teoria
da personalidade emerge de seus métodos e idéias sobre terapia e é integrada a eles.
Rogers faz uma citação de uma palestra onde, pela primeira vez, descreveu suas
novas idéias sobre terapia:

I. Esta nova abordagem coloca um peso maior sobre o impulso individual em direção
ao crescimento, à saúde e ao ajustamento. A terapia é uma questão de libertar o
cliente para um crescimento e desenvolvimento normais.
II. Esta terapia dá muito mais ênfase ao aspecto afetivo de uma situação do que aos
aspectos intelectuais.
III. Esta nova terapia dá muito mais ênfase à situação imediata do que ao passado do
indivíduo.
IV. Esta abordagem enfatiza o relacionamento terapêutico em si mesmo como uma
experiência de crescimento.
 Rogers usa a palavra "cliente" ao invés do termo tradicional "paciente". Um paciente
é em geral alguém que está doente, precisa de ajuda e vai ser ajudado por profissionais
formados. Um cliente é alguém que deseja um serviço e que pensa não poder realizá-lo
sozinho. O cliente, portanto, embora possa ter muitos problemas, é ainda visto como
uma pessoa inerentemente capaz de entender sua própria situação. Há uma igualdade
implícita no modela do cliente, que não está presente no relacionamento médico-
paciente.

 A terapia atende a uma pessoa ao revelar seu próprio dilema com um mínimo de
intrusão por parte do terapeuta. Rogers define a psicoterapia como a liberação de
capacidades já presentes em estado latente. Isto é, implica que o cliente possua,
potencialmente, a competência necessária à solução de seus problemas.
 O primeiro conceito pelo qual o método desenvolvido por Rogers ficou conhecido
refere-se à expressão “não - direção” (ou método “não – diretivo”). Trata-se de uma
noção que causou significante impacto nas concepções psicológicas no momento de
sua proposição, dando origem a toda uma discussão em torno da própria definição do
método psicoterápico (com suas variantes e aplicativos, como o Aconselhamento Não
Diretivo ou “Ensino Não-Diretivo”. Embora esta noção tenha se tornado central no
seu pensamento, Rogers assinala que esta não é a ideia fundamental de sua
psicoterapia.
 Durante uma boa parte da evolução de suas ideias, o conceito central foi o de não
direção, ou seja, a abstenção de intervenções que pudessem vir a se interpor ao
processo do cliente.
 “A não-diretividade é, antes de tudo, uma atitude em face do cliente. É uma
atitude pela qual o terapeuta se recusa a tender a imprimir ao cliente uma
direção qualquer, em um plano qualquer, recusa-se a pensar que o cliente
deve pensar sentir ou agir de maneira determinada.
 Exemplo: BICICLETA TERAPÊUTICA
 Tais opiniões se opõem diretamente à concepção da terapia como uma
manipulação, por especialista, de um organismo mais ou menos passivo. A
terapia é apontada como dirigida pelo cliente ou centrada no cliente, uma vez que
é quem assume toda direção que for necessária.

 A terapia centrada no cliente e a modificação de comportamento têm algumas


semelhanças: ambas ouvem as idéias do cliente sobre suas dificuldades e ambas
aceitam o cliente como capaz de compreender seus próprios problemas.
Entretanto, na terapia centrada no cliente, a pessoa continua a dirigir e modificar
as metas da terapia e iniciar as mudanças comportamentais (ou outras) que
deseja que ocorram. Na modificação de comportamento, os novos
comportamentos são escolhidos pelo terapeuta. Rogers sente de modo intenso
que tais "intervenções do especialista", qualquer que seja a sua natureza, são em
última instância prejudiciais ao crescimento da pessoa.
 O cliente tem a chave de sua recuperação mas o terapeuta deveria ter determinadas
qualidades pessoais que ajudam o cliente a aprender como usar tais chaves. Estes
poderes dentro do cliente, tornar-se-ão efetivos se o terapeuta puder estabelecer com
o cliente um relacionamento de aceitação e compreensão suficientemente caloroso.
Antes do terapeuta ser qualquer coisa para o cliente, ele deve ser autêntico, genuíno,
e não estar desempenhando um papel, especialmente o de um terapeuta, quando está
com o cliente. Isto envolve a vontade de ser e expressar com minhas próprias
palavras e meus comportamentos, os diversos sentimentos e atitudes que existem em
mim. Isto significa que se precisa, na medida do possível, perceber os próprios
sentimentos, ao invés de apresentar uma fachada externa de uma atitude enquanto na
verdade mantém se outra.
 Num outro nível, o terapeuta centrado no cliente proporciona uma relação de ajuda
enquanto aceita e é capaz de manter uma consideração positiva incondicional. Rogers a
define como uma preocupação que não é possessiva, que não exige qualquer favor
pessoal. É simplesmente uma atmosfera que demonstra, "eu preocupo-me", e não "eu
preocupo-me consigo se se comportar desta ou daquela maneira". Não é uma avaliação
positiva porque toda avaliação é uma forma de julgamento moral. A avaliação tende a
restringir o comportamento respeitando algumas coisas e punindo outras; a
consideração positiva incondicional permite à pessoa ser realmente o que é, não
importando o que possa ser.
 Para fazer isto, um terapeuta centrado no cliente deve ser sempre capaz de ver o centro
auto-atualizador do cliente e não os comportamentos destrutivos, prejudiciais e
ofensivos. Se puder reter uma consciência da essência positiva do indivíduo poder-se-á
ser autêntico com tal pessoa, ao invés de ficar aborrecido, irritado ou bravo com
expressões particulares de sua personalidade.
 A aceitação pode ser uma mera tolerância, uma postura não julgadora que pode ou
não incluir uma real compreensão. Esta aceitação é inadequada. A consideração
positiva incondicional deve incluir também uma compreensão empática, captar o
mundo particular do cliente como se fosse o seu próprio mundo, mas sem nunca
esquecer esse caráter de "como se". Esta nova dimensão permite ao cliente maior
liberdade para explorar sentimentos internos. O cliente está certo de que o
terapeuta fará mais do que aceitá-lo, pois está engajado de maneira ativa na
tentativa de sentir as mesmas situações dentro de si próprio.
 O critério final para um bom terapeuta é que ele deve possuir a habilidade para
comunicar esta compreensão ao cliente. O cliente precisa saber que o terapeuta é
autêntico, preocupa-se, ouve e compreende de fato.
 Desde que esta ponte entre terapeuta e cliente seja estabelecida, o cliente pode
começar a trabalhar a sério.
I. O individuo vem procurar ajuda.
II. A situação de ajuda será definida.
III. O facilitador estimula a livre expressão dos sentimentos em relação ao problema.

IV. O facilitador aceita, reconhece e clarifica os sentimentos negativos.

V. A expressão receosa e hesitante dos impulsos positivos promovem a maturidade.


VI. O facilitador aceita e reconhece os sentimentos positivos do individuo, com
compreensão, apreensão e aceitação de si.
VII. Ajuda no esclarecimento de possíveis decisões, linhas de ação e ações positivas.

VIII. Aprofundamento da auto-compreensão.

IX. Confiança na ação dirigida para maior independência do indivíduo.

X. Decrescente necessidade de ajuda do indivíduo e término do vínculo


terapêutico.
 Esta série sugerida de eventos demonstra o interesse de Rogers em que o cliente
determine seu próprio caminho com esforços de encorajamento e apoio por parte
do terapeuta.

 Enquanto que alguns aspectos da terapia Rogeria podem ser facilmente aprendidos
e são de fato usados por muitos terapeutas, as características pessoais que um
terapeuta eficiente deve manter são extremamente difíceis de compreender,
experienciar e praticar. A capacidade de estar verdadeiramente presente para um
outro ser humano-empático com a dor dessa pessoa, confiante em seu crescimento
e capaz de lhe comunicar tudo isto – é uma exigência pessoal quase esmagadora.
" Por aprendizagem significativa entendo uma aprendizagem que é mais
do que uma acumulação de fatos. É uma aprendizagem que provoca
uma modificação, quer seja no comportamento do indivíduo, na
orientação futura que escolhe ou nas suas atitudes e personalidade. É
uma aprendizagem penetrante, que não se limita a um aumento de
conhecimentos, mas que penetra profundamente todas as parcelas da
sua existência."

Rogers, em Tornar-se Pessoa.


Esta é a última parte da Conferência A Evolução da Psicoterapia, realizada por
Carl Rogers e Ruth Sanford realizada em dezembro de 1985, em Phoenix,
Arizona. Nesta parte, Rogers demonstra a Terapia Centrada no Cliente em
uma entrevista com uma cliente voluntária da platéia. O evento completo foi
composto por uma conferência, seguida por uma sessão de perguntas da
platéia e terminando com esta demonstração com um cliente voluntário
Este vídeo mostra uma entrevista conduzida por Carl Rogers com um homem
chamado Richie, em um Workshop realizado no Living Now Institute. O
jovem cliente fala de seu medo de “ser um perdedor”, querendo correr mais
riscos, experienciando mais confiança em si próprio. Rogers e Richie, depois,
comentam como foi o processo. Um grupo de expectadores participa fazendo
perguntas
Páginas 241 à 245

Teorias da Personalidade
James Fadiman
 Em uma palestra, em 1966, Rogers descreveu sua posição: “Não tenho muito
prestígio na própria Psicologia e isto não me importa, Mas na educação, na indústria,
em dinâmica de grupo e trabalho social, na filosofia da ciência e na psicologia e na
teologia pastorais e em outros campos, minhas idéias penetraram e tiveram uma
influência tal que não poderia sequer imaginar” (Rogers, 1970, P.507).

 Os críticos concentram-se na sua visão da condição humana, vendo-a como menos


universal do que Rogers sugere. Muitos escritores comentam que basear a terapia e a
aprendizagem na capacidade inata para auto-atualização é ser irremediavelmente
ingênuo (Thorne, 1957; Ellis, 1959).
 Outro nível de crítica é que sua teoria não pode ser rigorosamente
comprovada.
 Um possível ponto fraco na posição de Rogers é o fato dele não delinear
quaisquer razões que justifiquem que a tendência ao crescimento é inata;
apenas o afirma como pressuposto básico, fundamentando-o em suas
próprias observações.
 Para Rogers, o teste de validade de sua posição não depende da elegância
teórica, mas da utilidade geral. A pesquisa continua, os trabalhos de Rogers
são cada vez mais considerados, sua popularidade dentro da psicologia
clínica continua a crescer e suas obras são lidas por um número cada vez
maior de pessoas a cada ano que passa.
Páginas 246 à 252
Teorias da Personalidade
James Fadiman
Páginas 252 à 255
Teorias da Personalidade
James Fadiman
"Se eu deixar de interferir nas pessoas,
elas se encarregam de si mesmas.

Se eu deixar de comandar as pessoas,


elas se comportam por si mesmas.

Se eu deixar de pregar as pessoas,


elas se aperfeiçoam por si mesmas.

Se eu deixar de me impor as pessoas,


elas se tornam elas mesmas"
LAO-TSÉ
(Citação de Carl Rogers resumindo o princípio da Abordagem
Centrada na Pessoa)
Pessoa
 Acredito que uma pessoa somente pode aceitar o inaceitável em si mesma quando está em
um relacionamento íntimo no qual experimenta aceitação.

 Carl Rogers
 ESTIMATIVA: Respostas que expressam certa opinião relativa ao mérito, à
utilidade, a exatidão, ao funcionamento, etc., daquilo que disse o cliente. De
uma maneira ou de outra - mais ou menos delicada, ou mias ou menos
franca - ele indica como poderia ou deveria agir o cliente.

 INTERPRETATIVA: resposta que visa algum modo instruir o cliente a seu


próprio respeito, a fazê-lo tomar consciência de alguma coisa, a demonstra-
lhe uma coisa ou outra. De uma maneira direta ou indireta ela visa a indicar
como o cliente poderia ou deveria representar para si mesmo a situação.

 TRANQUILIZADORA: resposta que visa a tranquilizar o cliente aliviar


sua angústia, apaziguá-lo. De uma forma ou de outra ela pressupõe que o
sentimento do cliente não é justificando; que o problema não existe ou que
é tão sério como ele o vê.
 EXPLORADORA: Resposta que visa a obter dados suplementares,
verificar ou aprofundar a discussão. O terapeuta sugere que o cliente
poderia ou deveria examinar mais de perto um ou outro aspecto do
problema (isto é, ele explica que o problema é mais complexo do que o
cliente imagina).

 COMPREENSIVA: Resposta que visa a compreender do interior, a


apreender o tom afetivo, pessoal, da comunicação: que revela a
preocupação do terapeuta em compreender corretamente a significação
vivida, o que o cliente lhe diz e a natureza do sentimento verdadeiramente
experimenta. (Esta categoria corresponde pois, à empatia).

 A finalidade principal deste exercício, é ilustrar, por meio do contraste,


uma característica simples mas fundamental da abordagem Rogeriana: que
a atividade do facilitador deve permanecer sempre no campo da acolhida, e
não da iniciativa, isto é, o papel do facilitador é acompanhar, não guiar.
Humanismo - Transpessoal
 Maslow censurava a psicologia por sua "concepção pessimista, negativa e limitada"
do ser humano.
 Segundo ele, a psicologia detivera-se mais nas fragilidades do que nas forças
humanas, explorava mais minuciosamente os pecados enquanto negligenciara as
virtudes.
 A psicologia vira a vida em termos de um indivíduo tentando desesperadamente
evitar a dor em vez de agir ativamente para obter prazer e felicidade.
 A psicologia "restringiu-se voluntariamente apenas à metade de sua legítima
jurisdição, e à pior metade, à metade mais sombria". Maslow tentou suprir a outra
metade do quadro, a metade melhor e mais favorável, e oferecer um retrato da
pessoa completa.
 Forte influência de outras abordagens, principalmente da GESTALT.
 Em primeiro lugar, e o mais importante de tudo, está a sólida crença de que o homem
tem uma natureza essencial própria, o esqueleto de uma estrutura psicológica que pode
ser tratada e discutida analogamente com sua estrutura física, de que ele tem
necessidades, capacidades e tendências geneticamente baseadas, algumas das quais são
características de toda a espécie humana, atravessando todas as linhas culturais, e
algumas das quais são exclusivas do indivíduo. Essas necessidades são aparentemente
boas ou neutras e vez de más.
 Segundo, está envolvida a concepção de que o desenvolvimento plenamente sadio,
normal e desejável consiste em realizar a sua natureza, em cumprir todas essas
potencialidades e em desenvolver-se até a maturidade ao longo das linhas ditadas por
sua natureza essencial oculta, encoberta e vagamente vislumbrada, desenvolvendo-se a
partir do interior ao invés de ser moldado pelo exterior.
 Terceiro agora vemos claramente que a psicopatologia em geral resulta da negação,
frustração ou da distorção da natureza essencial do homem. Por essa concepção, o que é
bom? Tudo o que conduz a esse desenvolvimento desejável na direção da realização da
natureza interior do homem.
 O que é mau ou anormal? Tudo o que frustra, bloqueia ou
nega a natureza essencial do homem.
 O que é psicopatológico? Tudo o que perturba, frustra ou
distorce o curso da auto-realização.
 O que é psicoterapia ou qualquer tipo de terapia? Qualquer
meio que ajude a pessoa a voltar ao caminho da auto-realização
e do desenvolvimento ao longo das linhas ditadas por sua
natureza interior.
 Quando os humanos são miseráveis ou neuróticos, é porque o ambiente os tornou
assim, por meio da ignorância e da patologia social, ou porque eles distorceram seu
pensamento.
 Maslow acreditava que muitas pessoas temem e resistem a tornarem-se seres
humanos completos. (auto-realizados).
 A destrutividade e a violência, por exemplo, não são inatas nos seres humanos. Eles
se tornam destrutivos quando sua natureza interior é distorcida, negada ou frustrada.
 Maslow distinguia entre a violência patológica e a agressão sadia que luta contra a
injustiça, o preconceito e outros males sociais.
 A neurose é um fracasso do crescimento pessoal. Isto é, a neurose significa que a
pessoa "não conseguiu ser o que poderia ter sido, e diríamos, inclusive, o que deveria
ter sido, biologicamente falando, sito é, se ela tivesse crescido e se desenvolvido sem
nenhum impedimento".
 Se todos nós temos o impulso de realizar o nosso potencial, o que interfere nisso?
Por que não estamos todos nos auto-realizando? Tal posição levou Maslow a
examinar honestamente o relacionamento entre os seres humanos e a sociedade.
 Uma vez que chamamos de doente o homem que está basicamente frustrado e
impedido;
 Uma vez que essa frustração básica só é possível por forças fora do indivíduo;

 A doença no indivíduo só pode vir de uma doença na sociedade.


 De entender

 De conhecer (saber)
O modelo de hierarquia de necessidades foi desenvolvido entre 1943 e 1954, e sua
primeira publicação extensiva ocorreu em 1954, no livro Motivação e
Personalidade. Nessa época, o modelo de hierarquia de necessidades era composto
de cinco níveis, esses que apresentamos aqui. Mais tarde, em seu livro Introdução à
Psicologia do Ser (1962), que acabou por se tornar o mais popular, Maslow já
apresentava uma noção mais ampliada das necessidades humanas e já incorporava
elementos do que seriam a semente do pensamento Transpessoal em Maslow, em
especial a noção de transcendência. Estudiosos da obra de Maslow posteriormente
refizeram a clássica pirâmide, que passou então a ter oito camadas:
.
 Maslow propôs uma teoria da motivação humana com base em uma hierarquia de
necessidades.
 Quanto mais baixo o nível de uma necessidade na hierarquia, mais preponderante ou
dominante é essa necessidade. Em outras palavras, quando várias necessidades estão
ativas, a necessidade mais inferior será a mais compelidora. À medida que as
necessidades são satisfeitas, emergem necessidades novas e superiores.
 Além disso, as necessidades dos níveis inferiores da hierarquia trazem uma
motivação de deficiência, porque são acionadas por um déficit ou falta na pessoa,
enquanto as necessidades nos níveis superiores trazem uma motivação de
crescimento, porque fazem a pessoa buscar metas e crescimento pessoais.
 Maslow considerava as necessidades de sua hierarquia como instintóides, ou
"instintos fracos". Isto é, nós herdamos os impulsos, mas aprendemos suas metas ou
seus modos de expressão.
 A gratificação sadia das necessidades não ocorre por meio de associações arbitrárias,
mas de tudo o que satisfaz de forma "intrinsecamente adequada". O nível mais baixo
na hierarquia de Maslow é o das necessidades fisiológicas.
 Elas incluem fome, sexo, sede e outras pulsões com base somática. Na extensão em
que as necessidades fisiológicas estejam insatisfeitas, elas passam a dominar a pessoa.
Tais necessidades são preemptivas, no sentido de que empurram todas as outras
necessidades para segundo plano.
 A ausência ou o desaparecimento de todas as outras necessidades em uma pessoa que
está dominada pela fome, por exemplo, alguém que é vítima de guerra ou de um
desastre natural, não é paradoxal; é conseqüência da preponderância das necessidades
fisiológicas.
 Essas necessidades correspondem em muitos aspectos aos instintos descritos por
Freud.
 À medida que as necessidades fisiológicas são gratificadas, emergem novas
necessidades.
 Conforme Maslow colocou, "um desejo satisfeito não é mais um desejo. O organismo
é dominado e o seu comportamento é organizado apenas por necessidades
insatisfeitas. Se a fome é saciada, ela deixa de ter importância na dinâmica atual do
indivíduo".
 O próximo conjunto de necessidades a emergir é o das necessidades de segurança.

 Elas incluem segurança, estabilidade, dependência, proteção, ausência de medo,


necessidade de estrutura, etc. Tais necessidades estão mais óbvias nos bebês e nas
crianças, como no medo que a criança pequena tem de estranhos.
 As necessidades de segurança estão grandemente satisfeitas para a maioria dos adultos
que vivem em uma sociedade hospitaleira. Tais necessidades só são vistas durante
desastres naturais ou sociais, ou no comportamento neurótico, como no transtorno
obsessivo-compulsivo.
 O terceiro conjunto de necessidades a emergir é o das necessidades de pertencimento e
amor. Elas representam a necessidades de amigos, família e de "relações afetuosas
com as pessoas em geral".
 Maslow atribuiu essas necessidades à "nossa tendência profundamente animal de
agrupar-se, congregar-se, reunir-se, pertencer a".
 A crescente urbanização e a despersonalização das gerações recentes podem estar
contribuindo para a frustração dessas necessidades.
 Maslow sugeriu que "a frustração dessas necessidades é o núcleo mais comumente
encontrado nos casos de desajustamento e de patologia mais graves". O quarto nível
inclui dois conjuntos de necessidades de estima, representando as nossas necessidades
de auto-estima e de estima dos outros.
 O primeiro conjunto inclui desejo de força, conquista, domínio e competência,
confiança e independência. O segundo conjunto inclui as necessidades de respeito e
estima dos outros, incorporando os desejos de fama, status, dominação, atenção e
dignidade.
 Essas necessidades conforme Maslow salientou, são semelhantes aos constructos
encontrados nas teorias de Adler, Horney, Allport e Rogers.
 As dinâmicas também são similares, como na sugestão de Maslow (semelhantes à de Adler)
de que a frustração das necessidades de auto-estima produz sentimento de inferioridade, o
que, por sua vez, dá origem a tendências compensatórias ou neuróticas.
 O nível mais alto de necessidades é o de auto-realização.

 Maslow afirmou que quando todas as quatro necessidades básicas, de deficiências, foram
satisfeitas, "logo se desenvolve um novo descontentamento e inquietude, a menos que o
indivíduo esteja fazendo aquilo que ele, individualmente, é talhado para fazer... O que um
homem pode ser, ele deve ser". Auto-realização se refere ao "desejo de tornarmo-nos cada
vez aquilo que somos idiossincraticamente, de tornamo-nos tudo aquilo que somos capazes
de tornar-nos".
 É importante reconhecer que a auto-realização não envolve uma deficiência ou a falta de
algum elemento externo; ela representa um "crescimento intrínseco daquilo que já está no
organismo... o desenvolvimento então vem de dentro e não de fora, e, paradoxalmente, o
maior motivo é atingir um estado de não-motivação e de ausência de esforço".
 Quando o ciclo motivacional não se realiza, sobrevém a frustração do indivíduo que
poderá assumir várias atitudes:

♦Comportamento ilógico ou sem normalidade;


♦Agressividade por não poder dar vazão à insatisfação contida;
♦Nervosismo, insônia, distúrbios circulatórios/digestivos;
♦Falta de interesse pelas tarefas ou objetivos;
♦Passividade, moral baixo, má vontade, pessimismo, resistência às modificações,
insegurança, não colaboração, etc.

Necessidade de Auto-Realização: “What humans can be, they must be: they must be
true to their own nature” (O que os humanos podem ser, eles devem ser: eles devem
ser fiéis à sua própria natureza) - MASLOW
 É definida por Maslow como sendo o uso e a exploração plenos de talentos,
capacidades e potencialidades. Nas palavras dele: Eu penso no homem que se auto-
atualiza não como um homem comum a quem alguma coisa foi acrescentada, mas sim
como o homem comum de quem nada foi tirado. O homem comum é um ser humano
completo com poderes e capacidades amortecidos e inibidos. Maslow aborda o
crescimento psicológico em termos de satisfação bem sucedida de necessidades mais
elevadas e satisfatórias. A busca de auto-atualização não pode começar até que o
indivíduo esteja livre da dominação de necessidades inferiores, tais como as de
segurança e estima.
 Auto-realização significa experienciar de modo pleno, intenso e desinteressado, com
plena concentração e total absorção. Em geral estamos alheios ao que acontece dentro
de nós e ao nosso redor.
 Se pensarmos na vida como um processo de escolhas, então a auto-realização significa
fazer de cada escolha uma opção para o crescimento. Escolher o crescimento é abrir-se
para experiências novas e desafiadoras, mas arriscar o novo e o desconhecido.
 Auto-realizar é aprender a sintonizar-se com sua própria natureza íntima. Isto significa
decidir sozinho se gosta de determinadas coisas, independente das idéias e opiniões dos
outros.
 A honestidade e o assumir responsabilidade de seus próprios atos são elementos
essenciais na auto-realização.
 Ao invés de, dar respostas calculadas para agradar outra pessoa ou dar a impressão de
sermos bons Maslow pensa que as respostas devem ser procuradas em nós mesmos.
 Auto-realização é também um processo contínuo de desenvolvimento das próprias
potencialidades. Isto significa usar suas habilidades e inteligência para trabalhar e fazer
bem, aquilo que queremos fazer.
 Um passo para além da auto-realização é reconhecer as próprias defesas e então
trabalhar para abandoná-las. Precisamos nos tornar mais conscientes das maneiras pelas
quais distorcemos nossa auto-imagem e a do mundo exterior através da repressão,
projeção e outros mecanismos de defesa.
 Experiências Culminantes  Experiências Platô

 Maslow quem cunhou o termo  Menos intensas, mas mais


“experiências culminantes” ou duradoras do que as de Pico.
“de pico”, aquelas que nos Maslow descobriu isso por
comprovam a tese de que: experiência pessoal. Após ter
“somos mais do que os tido um ataque cardíaco, ele
nossos corpos físicos, porque disse: “Se eu pudesse dizer a
somos mais do que matéria uma pessoa somente uma coisa,
física”, realidade esta só diria para ela viver cada dia
encontrada quando, deliberada
como se fosse o último de sua
ou ocasionalmente, fazemos a
“Vida”
descoberta do nosso
nível transpessoal.
São experiências integradoras e mais conscientes de nós mesmo e com o mundo,
que nos faz agir e sentir pessoas e tudo mais ao nosso redor de forma mais clara e
cuidadosa. São momentos poderosos, especiais, felizes na vida de todo indivíduo.
Maslow as define como uma generalização para os melhores momentos do ser
humano: são provocadas por intensos sentimentos de amor, exposição à arte ou à
música ou à vivência da beleza irresistível da natureza. São experiências que nos
comprovam a tese de que: “somos mais do que os nossos corpos físicos, porque
somos mais do que matéria física”, ou seja, sentimos “os horizontes ilimitados que
se descortinam” (Maslow, 1970 in Fadimam, 1986)
É uma experiência mais estável e duradoura, ao contrário da experiência
culminante. Pode ser considerada uma maneira nova e mais profunda de
encarar e vivenciar o mundo. Envolve uma gama de mudanças
fundamentais: atitude, a qual afeta o ponto de vista de alguém, e cria uma
nova apreciação e consciência intensificada do mundo. O próprio Maslow
as experienciou.
 METAMOTIVAÇÃO: que envolve o ato de maximizar o potencial
pessoal, em vez de um objetivo particular.

 METANECESSIDADES: estados de crescimento ou existência em


direção aos quais os auto-realizadores se desenvolvem.
 Refere-se à necessidade de crescimento e a um comportamento inspirado por valores, e
está presente comumente em pessoas auto-atualizadoras, as quais já estão
devidamente gratificadas em suas necessidades inferiores. A metamotivação é algo
devotório, que está fora de si próprio, e é o que faz os indivíduos serem fiéis para com
metas e ideais (Fadiman e Frager, 1986).
 Maslow diz que essas metanecessidades estão ligadas às necessidades básicas e à
frustração dessas metanecessidades. Podem ocasionar as metapatologias, que seria a
ausência de valores ou um sentido de realização na vida.
 Portanto, Maslow salienta “que um sentido de identidade, uma carreira meritória e o
compromisso com um sistema de valores são tão essenciais ao bem-estar psicológico
quanto à segurança, amor e auto-estima”(Fadiman e Frager, 1986, pg. 268).
 Podemos considerar as metanecessidades instintóides, ou seja, elas são
biologicamente necessárias e tão importante quanto as nossas necessidades básicas, e
são de extrema importância para se evitar doenças e viver a plena humanidade
(Lindzey, Campbell e Hall, 2000).
 Maslow sugere que nossas queixas e reclamações correspondem aos
níveis de necessidade que são frustradas. Ele argumenta que as
metaqueixas referem-se a frustrações de metanecessidades, e que as
mesmas são um indicativo de que tudo, na medida do possível, está indo
razoavelmente bem.
 Da mesma forma, Maslow acredita que essas metaqueixas nunca
deveriam se extinguir. Na verdade, deveríamos seguir para um nível mais
elevado de queixas, pois segundo ele, as queixas são uma boa medida da
quantidade e do grau de esclarecimento de um indivíduo ou de uma
comunidade e o quanto eles almejam a atualização (Fadiman e Frager,
1986).
 Além das necessidades denominadas conativas, que estão inseridas na
hierarquia das necessidades, Maslow sugere que também possuímos
necessidades cognitivas, que se inserem no nosso desejo de aprendermos e
compreendermos algo (Lindzey, Campbell e Hall, 2000).
 Dessa maneira, Maslow divide essas necessidades cognitivas em Cognição D e
Cognição S.
 Na primeira, os objetivos e necessidades são vistos com o único intuito de
preencher a necessidade que motiva. Em outras palavras, um indivíduo que está
com sede, tende a almejar e a procurar somente água. Já na Cognição S, não há
essa comparação ou avaliação, pois a atitude central da Cognição S é a
valorização daquilo que realmente é. Aquilo que é percebido é valorizado e
avaliado em e por si mesmo, não tendo nenhuma relevância para interesses
pessoais (Fadiman e Frager, 1986).
 Esse termo foi proposto por Maslow para designar uma comunidade de
indivíduos psicologicamente saudáveis e auto-atualizadores, onde todos
esses indivíduos estariam engajados no intuito de desenvolver aquilo que
lhes é dado inatamente, o seu potencial para o crescimento. Maslow chegou
também a usar práticas eupsiquianas na administração, onde esta
substituiria as práticas autoritárias em gerenciamento de empresas
(Fadiman e Frager, 1986)
 Descrito primariamente por Ruth Benedict, esse conceito refere-se ao grau
de cooperação e harmonia interpessoal em uma determinada sociedade.
Ruth Benedict dizia que há sinergia social, tanto na sociedade ou
comunidade, quanto na esfera individual, e acreditava que sob baixa
sinergia social, o sucesso de um membro causa perda ou fracasso do outro.

 Em uma comunidade sob elevada sinergia social, há uma cooperação


recíproca, atingindo o pico e satisfazendo todos os membros do grupo. Isso
também se aplica em indivíduos, nos quais “a identificação com outros
tende a promover uma alta sinergia individual”(Fadiman e Frager, 1986,
pg. 271).
 Maslow, ao desenvolver sua teoria, já acreditava que haveria de
desenvolver um novo campo da psicologia, que não se ocupasse
apenas da consciência ou inconsciência, e sim transcendesse as
capacidades e potencialidades humanas para o além-do-humano, ou
seja, uma abordagem psicológica que incluísse o estudo da religião,
investigações sobre a natureza, parapsicologia e estados alterados da
consciência. Ele já descrevia algumas dessas experiências em
conceitos como as experiências culminantes, valores do ser,
metanecessidades, entre outros, que elevam as experiências
humanas a estados não conscientes, além do físico (Fadiman e
Frager, 1986).
Páginas 273 a 276
Teorias da Personalidade
James Fadiman
 Maslow define o Self como a essência interior da pessoa ou sua natureza inerente –
seus próprios gostos, valores e objetivos. Compreender a própria natureza interna e
agir de acordo com ela é essencial para atualizar o Self.

 Maslow aborda a compreensão do Self através do estudo daqueles indivíduos que


estão em maior harmonia com suas próprias naturezas, daqueles que fornecem os
melhores exemplos de auto-expressão ou auto-atualização.

 No entanto, Maslow não discutiu explicitamente o Self como uma estrutura específica
da Personalidade.
 Maslow não se interessou muito pela terapia em si, se restringindo mais à área de
pesquisa e escrita.

 Todavia, Maslow se submeteu à psicanálise por muitos anos e, antônimo a esse tipo
de terapia, salientava que a relação entre terapeuta e cliente deveria ser semelhante à
relação de um irmão ou irmã mais velha, e que consiga ajudar o outro sem interferir
nas suas próprias crenças e subjetividades (Fadiman e Frager, 1986). - “Modelo
Taoísta” – Ajudar sem interferir.

 Para Maslow, a psicoterapia é eficaz primeiramente porque ela envolve um


relacionamento íntimo e confiante com outro ser humano.
Avaliação – Construções e Críticas

 Páginas 276 e 277

A Teoria em Primeira Mão – Caso


Clínico

 Páginas 277 a 279

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