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UNIDADE III

Profª Mestra Ana Carolina Peck


Conteúdo Programático
3.1 Abordagem Centrada na Pessoa: Rogers
3.2 Abraham Maslow e a Teoria das
Necessidades
3.3 A Personologia de Henry Murray
A Personalidade na
Abordagem Centrada na
Pessoa
Carl Rogers (1902-1987), psicólogo norte-americano, é
precursor da psicologia humanista. Nasceu em Oak Park,
Illinois, em 8 de janeiro de 1902, o filho do meio de uma
família grande e unida, em que o trabalho duro e um
cristianismo protestante extremamente conservador
(beirando o fundamentalismo) eram quase igualmente
reverenciados.

Depois de formar-se na Universidade de Wisconsin em


1924, ele frequentou o Union Theological Seminary na
cidade de Nova York, onde foi exposto a um ponto de vista
liberal e filosófico referente à religião. Transferindo-se
para o Teachers College da Universidade de Colúmbia.
Em 1940, Rogers aceitou um convite para ser professor de
psicologia na Universidade Estadual de Ohio. Essa mudança de um
ambiente clínico para um ambiente acadêmico foi estimulante
para Rogers. Em 1945, Rogers foi para a Universidade de Chicago
como professor de psicologia e secretário-executivo do Counseling
Center.

Aí, ele elaborou seu método de psicoterapia centrada no cliente,


formulou uma teoria da personalidade e realizou pesquisas sobre
psicoterapia. Rogers morreu em 4 de fevereiro de 1987, de ataque
cardíaco, após uma operação de fratura de bacia.

Aos olhos do mundo psicológico, Carl Rogers é identificado com o


método de psicoterapia que ele criou e desenvolveu.

Essa terapia é chamada de não diretiva ou centrada no cliente.


Ao contrário de outros psicólogos que partiam do pressuposto
da existência de uma neurose básica, Rogers defendia uma
ideia positivista, de que o núcleo da personalidade humana
tendia à saúde e ao bem-estar. Esta conclusão não era,
entretanto, uma ideia pré-concebida, mas uma conclusão de
um meticuloso processo de investigação científica ao longo de
sua atuação profissional.
Para Rogers, a personalidade é um contínuo estado de fluxo,
em contínua mutação. Assim, uma personalidade saudável é
aquela que pode confiar em sua própria experiência e aceitar o
fato de que as outras pessoas são diferentes. Existe uma
tendência inata para a autorrealização, porém os sujeitos estão
sob influência do ambiente social.
Quando as pessoas agem livremente, estão abertas para
experimentar e realizar a nossa natureza básica como animais
sociais positivos. Entretanto, em alguns casos as pessoas
podem se comportar de maneira irracional, antissocial,
destruindo o próprio self e o self dos outros. Desta forma, estão
sendo neuróticos e não agindo como seres humanos
plenamente desenvolvidos
A teoria de Rogers também tem algo em comum com a
psicologia existencial. Ela é basicamente
fenomenológica, no sentido de que Rogers enfatizou as
experiências das pessoas, seus sentimentos e valores e
tudo o que está contido na expressão “vida interior”. A
teoria de Rogers da personalidade originou-se de suas
experiências no relacionamento terapêutico com
pacientes.

Embora Rogers não parecesse enfatizar os constructos


estruturais, preferindo dedicar sua atenção à mudança e
ao desenvolvimento da personalidade, dois desses
constructos são de importância fundamental para a sua
teoria e podem inclusive ser considerados como a base
sobre a qual repousa toda a teoria: o organismo e o self.
O organismo, psicologicamente concebido, é o foco de
toda a experiência.

A experiência inclui tudo o que está acontecendo dentro do organismo


em qualquer momento dado e que está potencialmente disponível para
a consciência. Essa totalidade de experiência constitui o campo
fenomenal. O campo fenomenal é a estrutura de referência do
indivíduo que só pode ser conhecida pelo próprio indivíduo.

O campo fenomenal, devemos observar, não é idêntico ao campo da


consciência: A consciência é a simbolização de algumas das nossas
experiências. Assim, o campo fenomenal, em qualquer momento dado,
é constituído por experiências conscientes (simbolizadas) e
inconscientes (não-simbolizadas). Mas o organismo pode discriminar
e reagir a uma experiência não-simbolizada.
Também chamado de “Campo Fenomenal”.

Abarca tudo o que ocorre no organismo em qualquer momento, e que


está potencialmente disponível para a consciência. O campo da
experiência é único para cada indivíduo, é um mundo particular e
individual que pode ou não corresponder à realidade objetiva.
Uma porção do campo fenomenal gradualmente se
diferencia.

O self, evidentemente, é um dos constructos centrais na teoria de


Rogers, e ele explicou de forma interessante como isso aconteceu: o
self era um elemento importante na experiência do cliente, e que em
um sentido curioso sua meta era se tornar esse “self real”. Além do
self como ele é (a estrutura do self), existe um self ideal, que é aquilo
que a pessoa gostaria de ser.

Para Rogers, Self é o autoconceito que a pessoa tem de si mesma, que


é baseada em experiências passadas, estímulos presentes e
expectativas futuras. Self é o contínuo processo de reconhecimento.
Rogers enfatiza muito as possibilidades de mudança e a flexibilidade
que são conceitos que fundamentam sua teoria e sua crença de que as
pessoas são capazes de crescimento, mudança e desenvolvimento
pessoal.
Neste sentido, a personalidade saudável é aquela que está mais plenamente
consciente do self contínuo. A ideia de “funcionamento ótimo” preconizada
por Rogers é sinônimo das noções de adaptação psicológica perfeita, da
maturidade e da abertura total à experiência. Todas essas características tem
caráter de um processo dinâmico
Self ideal pode ser conceituado como o conjunto de
.
características que o indivíduo gostaria de ter, isto é, uma
visão ideal de si mesmo.

A extensão da diferença entre o Self e o Self ideal é um


indicador de desconforto, insatisfação e dificuldades
neuróticas, por isso o self ideal pode se tornar um obstáculo ao
desenvolvimento pessoal.

A aceitação de si mesmo como se é na realidade, e não como se


quer ser, é um sinal de saúde mental. Esta aceitação de si
mesmo não implica em resignação, mas sim como meio de
estar mais próximo da realidade, pois é somente a partir do
reconhecimento de suas características reais é possível buscar
meios eficazes para o desenvolvimento.
A importância básica dos conceitos estruturais para a teoria de
Rogers, organismo e self, fica. clara em sua discussão sobre
congruência e incongruência.

Quando as experiências simbolizadas que constituem o self espelham


fielmente as experiências do organismo, dizemos que a pessoa é
ajustada, madura e funciona de modo completo. Essa pessoa aceita
toda a variedade de experiências organísmicas sem ameaça ou
ansiedade. Ela é capaz de pensar realisticamente.

Congruência é definida como o grau de exatidão entre a experiência


da comunicação e a tomada de consciência. Ela se relaciona às
discrepâncias entre experienciar e tomar consciência. Um alto grau
da congruência significa que a comunicação (o que se está
expressando), a experiência (o que está ocorrendo em nosso campo) e
a tomada de consciência (o que se está percebendo) são todas
semelhantes. Nossas observações e as de um observador externo
seriam consistentes.
. e o organismo faz com que os
A incongruência entre o self
.
indivíduos se sintam ameaçados e ansiosos. Eles se comportam
defensivamente, e seu pensamento se torna limitado e rígido. A
incongruência ocorre quando há diferenças entre a tomada de
consciência, a experiência e a comunicação desta. É definida não só
como inabilidade de perceber com precisão mas também como
inabilidade ou incapacidade de comunicação precisa.

Quando a incongruência está entre a tomada de consciência e a


experiência, é chamada repressão. A pessoa simplesmente não tem
consciência do que está fazendo. A maioria das psicoterapias
trabalha sobre este sintoma de incongruência ajudando as pessoas a
se tomarem mais conscientes de suas ações, pensamentos e atitudes
na medida em que estes as afetam e aos outros.
.
.
Na teoria de Rogers, estão implícitas duas outras manifestações de
congruência-incongruência. Uma delas é a congruência ou a falta
dela entre a realidade subjetiva (o campo fenomenal) e a realidade
externa (o mundo conforme ele é).

A outra é o grau de correspondência entre o self e o self ideal. Se a


discrepância entre o self e o self ideal for grande, a pessoa fica
insatisfeita e desajustada.

Como se desenvolve a incongruência e como o self e o organismo


podem ficar mais congruentes eram as maiores preocupações de
Rogers
Esta tendência atualizante. configura um dos pressupostos
.
principais da teoria rogeriana, que sugere que há um impulso
inato dentro de cada ser humano voltado para o
desenvolvimento pleno de suas potencialidades.

É este impulso que conduz todo o organismo a desenvolver-se, tornar-


se autônomo, amadurecer a tendência a expressar-se e ser responsável
por ativar todas as capacidades do organismo, na medida em que tal
ativação valoriza o organismo ou o self.

Rogers compreende o impulso em direção à saúde como força motriz


numa pessoa que está funcionando de modo livre, não paralisada por
eventos passados ou por crenças correntes que mantinham
incongruência.
.
Os obstáculos ao crescimento. aparecem na infância e são
aspectos normais do desenvolvimento.
Quando a criança começa a tomar consciência do self, desenvolve
uma necessidade de amor ou “consideração positiva”. Esta
necessidade é universal e existe em todo ser humano.
A criança considera o amor algo tão importante que acaba por ser
conduzida, não pela característica agradável ou desagradável dos
seus comportamentos, mas pela promessa de afeto que elas
encerram. Sendo assim, as crianças tendem agir de forma a
assegurar amor ou aprovação.
Comportamentos ou atitudes que negam algum aspecto do Self são
denominados na teoria rogeriana como “condições de valor” e são
obstáculos básicos à precisão de percepção e à tomada de
consciência realista, constituindo um impedimento para o
indivíduo viver plenamente no presente e estar aberto às
experiências da vida. Quando uma experiência relativa ao eu é
procurada ou evitada unicamente porque é percebida como mais
ou menos digna de consideração de si, diz Rogers que o indivíduo
adquiriu um modo de avaliação condicional.
.
.
As condições de valor criam uma discrepância entre o Self e o
auto-conceito. Para mantermos uma condição de valor temos que
negar determinados aspectos de nós mesmos.

Por exemplo, se falaram “Você deve amar seu irmãozinho recém-


nascido, senão mamãe não gosta mais de você”, a mensagem é a
de que você deve negar ou reprimir seus sentimentos negativos
genuínos em relação a ele. Se você conseguir esconder sua
vontade maldosa, seu desejo de machucá-lo e seu ciúme normal,
sua mãe continuará a amá-lo. Se a pessoa admitir que tem tais
sentimentos, se arriscará a perder o amor. Uma solução que cria
uma condição de valor é rejeitar tais sentimentos sempre que
ocorram, bloqueando-os de sua consciência. Agora a pessoa pode
reagir de formas tais como: “Eu realmente amo meu irmãozinho,
apesar das vezes em que o abraço tanto até ele gritar” ou, “Meu pé
escorregou sob o seu, eis porque ele tropeçou”.
.
.
Quando a criança amadurece, o problema persiste. O
crescimento é impedido porque a pessoa nega impulsos
diferentes do auto-conceito artificialmente “bom”. Para
sustentar a falsa auto-imagem a pessoa continua a distorcer
experiências, quanto maior a distorção maior a probabilidade
de erros e da criação de novos problemas.

Os comportamentos, os erros e a confusão que resultam dão


manifestações de distorções iniciais mais fundamentais. E a
situação realimenta-se a si mesma. Cada experiência de
incongruência entre o Self e a realidade aumenta a
vulnerabilidade, a qual, por sua vez, ocasiona o aumento de
defesas, interceptando experiências e criando novas ocasiões
de incongruência.
.
.

Como já antes mencionado, Rogers confere aos


relacionamentos sociais importância central.

Os relacionamentos mais precoces podem ser congruentes ou servir


como foco de condições de valor, enquanto os relacionamentos
posteriores podem restaurar a congruência ou mesmo retardá-la. É
através da interação com o outro que o indivíduo pode descobrir,
encobrir, experienciar ou encontrar seu self real de forma direta,
posto que é a partir da relação com o outro que nossa personalidade
se manifesta. Dessa forma, para Rogers, os relacionamentos
oferecem a melhor oportunidade de estar “funcionando por inteiro”.
TEORIA DAS
NECESSIDADES
A famosa teoria das necessidades foi desenvolvida e apresentada
pelo psicólogo norte-americano Abraham Maslow, uma das mais
marcantes autoridades da chamada Psicologia Humanista, área
dedicada ao estudo do comportamento humano e das forças que o
influenciam.

As primeiras observações de Maslow foram feitas com macacos.


O psicólogo percebeu que estes animais alteravam radicalmente o
seu comportamento de acordo com determinadas necessidades
fisiológicas. Aqueles que não recebiam comida, por exemplo,
eram muito mais agressivos, mas se tornavam dóceis logo após
saciarem sua fome.
A Pirâmide de Maslow ou Teoria da Hierarquia das
Necessidades Humanas é um conceito da Psicologia
que se tornou uma das dinâmicas mais difundidas da
gestão de Recursos Humanos.

Ela se baseia no princípio de que as necessidades


humanas apresentam uma relação hierárquica capaz
de direcionar a motivação dos indivíduos para
diferentes tipos de satisfação.
Segundo Maslow, o homem é motivado
segundo suas necessidades que se
manifestam em graus de importância
onde as fisiológicas são as necessidades
iniciais e as de realização pessoal são as
necessidades finais.

Cada necessidade humana influencia na


motivação e na realização do indivíduo
que o faz prosseguir para outras
necessidades que marcam uma pirâmide
hierárquica
São aquelas que se encontram como base para a
pirâmide, segundo Maslow, representam as
necessidades relacionadas ao organismo, como
alimentação, sono, abrigo, água, excreção e
outros.
São aquelas que aparecem após o suprimento
das necessidades fisiológicas. São representadas
por necessidades de segurança e estabilidade,
como proteção contra a violência, proteção para
saúde, recursos financeiros e outros.
São aquelas que somente aparecerão após as
necessidades de segurança serem supridas. São
necessidades sociais: amizades, socialização,
aceitação em novos grupos, intimidade sexual e
outros.
São aquelas que ocorrem depois que as
necessidades sociais são supridas. São
necessidades de status e estima: autoconfiança,
reconhecimento, conquista, respeito dos outros,
confiança.
São aquelas que que se encontram no topo da
pirâmide hierárquica são: moralidade,
criatividade, espontaneidade,
autodesenvolvimento, prestígio.
O ser humano busca sempre melhorias para sua vida.
Dessa forma, quando uma necessidade é suprida aparece
outra em seu lugar; tais necessidades são representadas na
pirâmide hierárquica. Quando as necessidades humanas
não são supridas sobrevêm sentimentos de frustração,
agressividade, nervosismo, insônia, desinteresse,
passividade, baixa autoestima, pessimismo, resistência a
novidades, insegurança e outros. Tais sentimentos
negativos podem ser recompensados por outros tipos de
realizações.

De acordo com a teoria de Maslow, a satisfação das


necessidades citadas em um andar da pirâmide instiga o
indivíduo a sentir as necessidades da camada superior com
mais intensidade.

Por outro lado, basta que uma das necessidades da camada


inferior não esteja sendo atendida para que,
instantaneamente, as motivações do indivíduo se voltem
para ela.
Hierarquicamente, portanto, temos as necessidades
fisiológicas como a nossa carência mais forte,
seguida pela autopreservação, socialização,
autoestima e autorrealização.

Isso implica dizer, por exemplo, que uma pessoa


cujas necessidades fisiológicas não estejam sendo
atendidas, não dará muita importância a qualquer
outro tipo enquanto não suprir essas carências.
A Personologia
Henry Murray foi um psicólogo norte-americano, nascido
em 1893 e falecido em 1988, formou-se na Escola de
Medicina e Cirurgia de Colúmbia em 1919, tendo-se
doutorado em Bioquímica na Universidade de Cambridge,
na Inglaterra, em 1927. Foi neste ano que contactou com a
corrente psicanalítica, concretamente com Carl Jung, em
Zurique. Regressa aos Estados Unidos, ocupando o lugar
de professor de Psicologia na Universidade de Harvard,
passando, em 1928, a dirigir a clínica psicológica dessa
instituição. A partir daí dedica-se sobretudo ao estudo da
personalidade. Nas suas pesquisas recorre a vários
métodos: clínico, experimental, histórico e psicanalítico.
A Personologia é a teoria elaborada por Henry Murray
(1893-1988) numa abordagem que inclui forças
conscientes e inconscientes; a influência do passado,
presente e futuro e o impacto dos fatores fisiológicos e
sociológicos. Ele se desviou tanto da psicanálise ortodoxa
que o suas teorias e estudos devem ser classificados junto
aos neofreudianos.
Duas caraterísticas distintas do seu sistema são uma
abordagem sofisticada das necessidades humanas e a
fonte de dados na qual ele baseou a sua teoria. A lista de
necessidades que propôs ainda é amplamente utilizada na
pesquisa e avaliação da personalidade e no tratamento
clínico.

Seus dados são oriundos de pessoas que não estavam


fazendo psicoterapia, além de serem extraídos de
procedimentos laboratoriais de base mais empírica e não
de estudos de caso.
Para ele, a personalidade, na questão entre o
livre-arbítrio e o determinismo, é
determinada pelas necessidades e pelo
ambiente, conferindo um certo livre-arbítrio
na capacidade de mudar e crescer.
Cada pessoa é diferente, mas também
existem semelhanças na personalidade de
todas as pessoas. As pessoas são moldadas
pelos atributos herdados e pelo ambiente,
cada um dos dois com mais ou menos o
mesmo grau de influência.
Murray criticou a psicologia que projetasse
uma imagem negativa e humilhante dos
seres humanos e argumentava que, com os
vastos poderes de criar, imaginar e
raciocinar, todas as pessoas são capazes de
solucionar qualquer problema.
Também reconhecia a marca das
experiências da infância no comportamento
atual, não vendo as pessoas como cativas do
passado. Para ele os complexos da infância
afetam inconscientemente o
desenvolvimento, mas a personalidade
também é determinada pelos eventos
presentes e pelas aspirações para o futuro.
Todos os seres humanos possuem a
capacidade de crescer e desenvolver, e esse
crescimento é uma parte natural da condição
humana; pode-se mudar por meio das
capacidades racionais e criativas e também
remodelar a sociedade.
O primeiro princípio é o de que a personalidade está enraizada no
cérebro. A fisiologia cerebral da pessoa controla todos os aspectos
da personalidade. Tudo aquilo de que a personalidade depende está
no cérebro, inclusive sentimentos, lembranças conscientes e
inconscientes, crenças, atitudes, temores e valores.

O segundo princípio envolve a ideia de redução de tensão: é o


Os princípios da personologia: o processo de agir para reduzir tensão que é satisfatório e não o
cérebro, a redução de tensão, o alcance de uma condição livre de toda tensão. Uma existência sem
tensões é uma fonte de angustia. Por isso, precisa-se de excitação,
desenvolvimento da personalidade,
atividade e movimento e tudo isso envolve um aumento de tensão.
a personalidade muda e evolui, e a
Para ele o estado ideal da natureza humana envolve sempre ter
singularidade de cada pessoa. um certo grau de tensão para reduzir. A redução de pressão está
relacionada com as metas que não são consideradas como estado
livre de tensão, mas a satisfação derivada da ação que reduz a
tensão.
O terceiro princípio é que a personalidade de um individuo
continua se desenvolvendo ao longo dos anos e é composta
de todos os eventos que ocorrem no decorrer da sua vida.
Portanto, o estudo do passado de uma pessoa é de grande
importância.

O quarto princípio envolve a teoria de que a personalidade


muda e evolui, não sendo fixa ou estática.

O quinto princípio enfatiza a singularidade de cada pessoa


e ao mesmo tempo reconhece as similaridades entre todos.
Segundo ele, um ser humano nunca é igual a outro, é
parecido com algumas pessoas e com todas.
O id é o depósito de todas as tendências impulsivas, inatas,
fornecendo energia e rumo para o comportamento e se preocupa com
a emoção.

O id contém os impulsos primitivos, amorais e sensuais descritos por


Freud, mas no sistema personológico também engloba impulsos
inatos que a sociedade considera aceitáveis e desejáveis. O id contém
as tendências para empatia, imitação e identificação, para formas de
amor além das sensuais e a tendência de a pessoa dominar o seu
ambiente. A força ou intensidade do id varia de pessoa para pessoa.
O ego é o regente racional da personalidade, aquele que tenta modificar ou adiar
os impulsos inaceitáveis do id, ponderando, decidindo e determinando
conscientemente o rumo do comportamento, sendo, assim, mais ativo na
determinação do comportamento. por não ser um simples servo do id, o ego
conscientemente planeja atitudes, opera não só para reprimir os prazeres do id,
mas também para favorecer o prazer organizando e dirigindo a expressão de
impulsos aceitáveis do id.

Ele também é o árbitro entre o id e o superego, podendo favorecer um dos dois. O


ego também pode integrar esses dois aspectos da personalidade para que o que se
queira fazer (id) fique em harmonia com o que a sociedade acha que se deve
fazer (superego). Um ego forte pode mediar efetivamente entre o id e o superego,
mas um ego fraco transforma a personalidade em um campo de batalha.
O superego é a internalização dos valores e das normas culturais, regras segundo
as quais se avalia e se julga o comportamento pessoal e dos outros. A essência do
superego é imposta às crianças desde pequenas pelos pais e por outras figuras
com autoridade. Outros podem moldá-lo e incluem um grupo de amigos, a
literatura e a mitologia de uma determinada cultura. O superego não está
rigidamente cristalizado aos cinco anos, mas continua se desenvolvendo a vida
toda, refletindo a maior complexidade e sofisticação das experiências que se dão
até o envelhecimento. Ele se desenvolve junto com o ideal do ego que fornece as
metas de longo prazo que se deve buscar.

O ideal do ego é um componente do superego que contém os comportamentos


morais e ideais que a pessoa deve buscar, representando aquilo que se pode
tornar da melhor forma e sendo a soma das ambições e aspirações humanas.
Utiliza o conceito de necessidades para explicar a motivação e o
rumo do comportamento. A motivação é o ponto mais importante
do trabalho e refere-se sempre a algo dentro do organismo. Uma
necessidade envolve uma força psicoquímica no cérebro que
organiza e direciona a capacidade intelectual e a perspectiva.

As necessidades podem surgir de processos internos como fome


ou sede, ou de eventos no ambiente. Elas elevam o nível de tensão;
o organismo tenta reduzir essa tensão agindo para satisfazer as
necessidades. Assim, elas energizam e dirigem o comportamento.
As necessidades ativam o comportamento na direção certa
para satisfazê-las. Por isso, o autor preparou um elenco de
vinte necessidades que nem todas as pessoas possuem, mas que
ao longo da vida podem ser sentidas ou algumas que nunca se
sentirá.

Algumas delas dão sustentação a outras e algumas se opõem


umas as outras. São elas: afiliação, agressão, autonomia,
autodefesa, deferência, defesa física, defesa psíquica,
discernimento, divertimento, domínio, exibição, humilhação,
neutralização, ordem, realização, rejeição, segurança,
sensibilidade, sexo e solidariedade.
As necessidades primárias surgem dos processos físicos
internos e incluem as necessidades de sobrevivência, como
comida, água, ar e defesa física, e de sexo.

As necessidades secundárias ou psicogênicas provêm


indiretamente das primárias, não tendo origem determinável
no corpo. Elas são assim chamadas porque se desenvolvem a
partir das primárias e preocupam-se com a satisfação
emocional incluindo a maioria das necessidades gerais.
As necessidades reativas envolvem uma resposta a algo
específico do ambiente e são estimuladas apenas quando o dito
objeto aparece, como a necessidade de defesa física que surge
só quando há ameaça presente. Assim, envolvem uma resposta
a um objeto específico.

As necessidades proativas são espontâneas, trazendo à tona o


comportamento adequado sempre que estimuladas,
independente do ambiente sem esperar um estímulo. Surgem
espontaneamente.
As características das necessidades: elas diferem em termos de
urgência com que impelem o comportamento, denominada de
prepotência de uma necessidade. Algumas são complementares
e podem ser satisfeitas por um comportamento ou conjunto de
comportamentos: fusão de necessidades.

O conceito de subsidiação se refere a uma situação na qual


uma necessidade é ativada para ajudar a satisfazer uma outra
necessidade. Assim, compreende a situação na qual uma
necessidade é ativada para ajudar a satisfazer uma outra
necessidade
A pressão é a influência dos eventos da infância que
podem afetar o desenvolvimento de necessidades
específicas e mais tarde podem ativar essas necessidades,
porque um objeto ou evento ambiental pressiona a pessoa
a agir de uma determinada maneira. É a influência do
ambiente e dos eventos passados na ativação atual de
uma necessidade.

O thema de unidade é a combinação da pressão (o


ambiente) e necessidade (a personalidade) que traz ordem
ao comportamento. Ele combina fatores pessoais
(necessidades) com fatores ambientais que pressionam ou
compelem o comportamento (pressões). É formado nas
primeiras experiências infantis e torna-se uma força
poderosa na determinação da personalidade. Inconsciente
na sua maior parte, ele relaciona as necessidades e
pressões num padrão que dá coerência, unidade, ordem e
singularidade ao comportamento.
A NATUREZA HUMANA

Murray introduz o conceito de redução de tensão que é


considerada como a satisfação derivada da ação que
reduz a tensão. Nesse ponto ele coloca a questão do
livre-arbítrio versus determinismo, considerando que a
personalidade é determinada pelas necessidades e pelo
ambiente, conferindo livre-arbítrio à capacidade de
mudar e crescer: cada pessoa é diferente, mas também
existem semelhanças na personalidade de todo ser
humano.

Ele defende que todos os seres humanos são moldados


pelos atributos herdados e pelo ambiente, com mais ou
menos grau de influência, aceitando-se o impacto das
forças físicas e dos estímulos ambientais físicos, sociais
e culturais.
Assim, a sua visão é otimista criticando a psicologia que
projeta uma imagem negativa e humilhante dos seres
humanos, argumentando que com os poderes amplos de
criar, imaginar e racionar, cada um é capaz de
solucionar qualquer problema que tenha que enfrentar.

Assinala que os complexos da infância afetam


inconscientemente o desenvolvimento, mas a
personalidade é também determinada pelos eventos
presentes e pelas aspirações para o futuro. A capacidade
de crescer e de se desenvolver é uma parte natural desse
crescimento da condição humana.
A NECESSIDADE DE REALIZAÇÃO

É uma necessidade forte em várias pessoas,


principalmente em situações estressantes e durante o
período de estresse se manifesta tanto nas crianças
como nos adultos.

A necessidade de realização é a necessidade de superar


obstáculos, atingir a excelência e viver bem em nível
elevado.

Pessoas com alta necessidade de realização têm com


mais frequência trabalhos de alto nível. Têm grande
expectativa de sucesso e relatam mais satisfação no
trabalho do que as pessoas que têm baixa necessidade de
realização.
As que têm alta necessidade de realização escolhem
trabalhos que dão responsabilidade pessoal, nos quais o
sucesso depende principalmente de seus próprios
esforços e ficam insatisfeitas com trabalhos nos quais o
sucesso depende de outras pessoas ou de fatores que
estejam fora de seu alcance.

Fatores culturais podem influenciar as necessidades de


realização de uma pessoa. Ela é afetada pelas práticas de
educação de crianças também.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

FEIST, J.; FEIST, G.; ROBERTS, T. Teorias da personalidade. Tradução:


Sandra Maria Mallmann da Rosa; revisão técnica: Maria Cecília de Vilhena
Moraes, Odette de Godoy Pinheiro. – 8ª ed., Porto Alegre: AMGH, 2015.

HALL, C.; LINDZEY, G.; CAMPBELL, J. Teorias da Personalidade. 4ª ed,


São Paulo: Artmed, 2007.

SCHULTZ, D. P.; SCHULTZ, S. E. Teorias da personalidade. 3º ed. São


Paulo: Cengage Learinig, 2015.

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