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PRÁTICA INTEGRATIVA I

Documentário no YouTube: “Jogo de Cena”

Cada relato me fez refletir como as pessoas passam por situações tão
complicadas, se decepcionam, sonham alto e tem suas ambições. Trouxe-
me um sentimento de igualdade mesmo cada relato sendo bem distinto.

→ A palavra “entrevista” vem das palavras “entre” e “vista” que está


diretamente relacionado com “o ato de perceber realizado entre duas
pessoas”;
→ A entrevista é uma interação social, na qual, o entrevistador buscará
informações a respeito do que está investigando de acordo com o que
o entrevistado sabe, crer, faz, sente etc;
→ Existem vantagens e desvantagens em entrevistas. As vantagens, por
exemplo, são: poder se aprofundar no tema da pesquisa, podem
classificar e quantificar, não é necessário que o entrevistado saiba ler
e escrever, há uma maior flexibilidade no decorrer da entrevista nas
perguntas e respostas, o entrevistador pode captar expressões
corporais, tonalidade da voz. Já as desvantagens podem estar
relacionadas a falta de interesse do entrevistado, o mesmo pode não
saber do assunto, a influência que o entrevistador tem sobre o
entrevistado, às vezes o entrevistador pode colocar suas opiniões em
cima da resposta do entrevistado, gerando assim um desconforto para
o mesmo
→ É necessário que em um contato inicial o entrevistador seja bastante
receptivo, explique a finalidade da entrevista, a instituição ou
organização pela qual está desenvolvendo a pesquisa, quem está
patrocinando e deixar claro que a entrevista tem caráter inicial
exploratório, de acordo com a ética, permanecendo no anonimato
nome dos entrevistados. Deixando, assim, o entrevistado bem a
vontade, sem pressão ou nervosismo;

Entrevista é um processo bidirecional (no mínimo duas pessoas) de


interação com propósito previamente fixado pelo entrevistador, procurando
agir conforme seu conhecimento
Bledger; define a entrevista como um campo de investigação da
personalidade humana, não é só escutar a pessoa é absorver sua totalidade

Gill; compreende a entrevista como uma forma de diálogo assimétrico, pois


os papeis são diferenciados. Tem-se o objetivo de coletar dados e
conhecimentos.

O entrevistador deve conquistar um clima de confiança (rapport) e


desenvolver empatia com o entrevistado.

É desejável que o entrevistador utilize técnicas de encorajamento verbais


e/ou não-verbais que contribuam para que o entrevistado fique mais à
vontade e confiante para falar.

O entrevistador não pode julgar as respostas do entrevistado.

Uma das características da entrevista semiestruturada é a utilização de um


roteiro previamente elaborado pelo pesquisador. Ao utilizar este tipo de
instrumento de pesquisa, o pesquisador compreende que: há, no roteiro, o
foco em um assunto, mas isto não impede que perguntas complementares
inerentes às circunstâncias momentâneas à entrevista sejam realizadas

A entrevista em profundidade não tem como objetivo testar hipóteses ou


dar um tratamento estatístico ao fenômeno. porque Por ser uma técnica de
pesquisa qualitativa, tem como objetivo compreender, de forma
aprofundada, as percepções dos entrevistados acerca de um dado
fenômeno.

Ao entrevistar, o pesquisador tem a possibilidade de conhecer significados


atribuídos pelo entrevistado acerca de sentimentos, valores, atitudes e
comportamentos humanos.
Objetivos na prática psicológica

1. Diagnóstico; conhecer e escutar a pessoa para dar um diagnóstico do


que ele precisa. O local pode ser clínica, escola, hospital etc.
Entender para orientar terapeuticamente futuramente
2. Psicoterápica. Procura colocar em prática estratégias de intervenção
psicológica. Procura acompanhar o paciente, esclarecer suas
dificuldades, tentando ajudá-lo a solucionar seus problemas.
Processo clínico de ajudar a lidar com os problemas e questões do
paciente.
3. Encaminhamento; indicar para algo, indicar o tratamento. Não será
conduzido pelo entrevistador. Exemplo; uma entrevista com os pais
para encaminhar o filho para um fonoaudiólogo.
4. Seleção; o entrevistador deverá ter um conhecimento do currículo do
entrevistado, do perfil do cargo, entrevista de emprego para a
empresa processo seletivo.
5. De desligamento; uma alta de um paciente, necessidade de trabalhar
em um problema ainda pendente. Feedback de um funcionário de
uma empresa após seu desligamento.
6. De pesquisa; técnica mais rica de adquirir conhecimento. – Investiga
temas em áreas das mais diversas ciências, somente se realiza a partir
da assinatura do entrevistado ou paciente.

Tipos de entrevista
Informal, livre não estruturada; parece uma simples conversa, mas
não é, pois, tem um objetivo previamente estabelecido, mas não tem
roteiro. Busca uma visão geral do problema pesquisado bem como a
identificação de alguns aspectos da forma de ser do outro. Muita
usada na clínica
Entrevista focalizada semi-estruturada ou semi-dirigida; vai ser
usada na aula de prática integrativa. Tem certa liberdade, mas tem
um roteiro que não é rígido, mas sim, flexível. Tem-se a
possibilidade de voltar temas, acrescentar temas a partir das
respostas etc.
Entrevista estruturada fechada; roteiro pré-estabelecido, relação fixa
de perguntas, ordem de redação invariável. Usadas em censos
Entrevista dirigida: tem perguntas pré-formuladas e se desenvolve
através delas, tendo o mínimo de desvios do assunto em questão
deixando o entrevistado não muito a vontade.

Recomendações
● Não transforma a entrevista em uma conversa social
● Entrevistador não deve completar as frases do entrevistado
● Não fazer perguntas fechadas, que induzam o entrevistado
a responder só sim ou não
● Não interromper o fluxo de pensamento
● Aceitação completa. SEM JULGAMENTO
● Pausa e silêncios são necessárias para o fluxo de
pensamento do entrevistado, porém o entrevistador poderá
contornar a situação
● É importante que o psicólogo dê um direcionamento inicial
para que daí haja um desenvolvimento na entrevista com
base no que é buscado

"Essencialmente uma técnica, ou método, para estabelecer ou descobrir que


existem perspectivas, ou pontos de vista sobre os fatos, alem daqueles da
pessoa que inicia a entrevista". Robert Farr sobre entrevista qualitativa.
Livro Pesquisa qualitativa com texto, imagem e som. Martin W. Bauer e
George Gaskell

"Parte de certos questionamentos básicos, apoiados em teorias e hipóteses


que interessam à pesquisa, e que, em seguida, oferecem amplo campo de
interrogativas, fruto de novas hipóteses que vão surgindo à medida que se
recebem as respostas do informante". Triviños sobre entrevista semi-aberta
no livro entrevista em profundidade do Jorge Duarte

Trabalho de Prática Integrativa I

Entrevista com neuropsicóloga e psicóloga jurídica

Introdução

Este relatório apresenta os resultados das respectivas entrevistas sobre as


áreas da Psicologia Jurídica e Neuropsicologia, feitas pelas alunas Yasmin
Frota e Victória Albuquerque, destinadas a cadeira de Prática Integrativa I
do curso de psicologia da Universidade de Fortaleza (Unifor). Dentre os
objetivos da disciplina estão: explorar mais a área de atuação de desejo do
aluno e facilitar um contato prévio com um profissional visando aquisição
de conhecimento através de coleta de dados em entrevistas semiabertas,
assumir postura ética durante a entrevista, analisar dados empíricos
fundamentados no referencial teórico da psicologia e produzir um relatório
de estágio.

O objetivo das autoras é focado em conhecer melhor a atuação profissional


das áreas da psicologia jurídica e da neuropsicologia, visto seu interesse a
partir do entendimento de que a psicologia jurídica é uma pratica a qual “a
dinâmica das questões abordadas pelo psicólogo e a constante tensão
gerada na relação entre Psicologia e Direito tem trazido uma nova demanda
de desafios - exigindo uma reflexão constante frente a prática profissional.”
(ROVINSKI, 2009) e que a neuropsicologia “é um corpus de conhecimento
– nos sentidos de sua construção e de sua aplicação – constituído de
interfaces entre diversas áreas, como a psicologia, as neurociências, a
medicina e, mais particularmente, a neurologia e a psiquiatria.” (SANTOS,
2015). Portanto, as autoras dessa pesquisa buscam aprofundar seus
conhecimentos acerca das áreas apresentadas por meio da entrevista de
seus profissionais, pois consideram que seja um auxílio de fundamental
importância para sua trajetória acadêmica.

Visto esse interesse, as alunas acompanharam aulas ministradas pela


professora Roberta Maria, que através de rodas de conversas, as quais os
participantes discutiam sobre a metodologias para entrevistas e
apresentavam seus interesses dentro da Psicologia, slides explicativos sobre
os diferentes tipos de entrevista e dicas da própria professora. Além disso, a
leitura de materiais sobre técnicas de entrevista, tanto encontrados por
pesquisas feitas no Google Acadêmico quanto na apostila da universidade,
ajudaram na desenvoltura de métodos e como se portar eticamente.

A preparação para a entrevista se deu por um estudo dirigido, guiado pela


professora, pontuando os objetivos e formulando um roteiro de perguntas
baseado nos interesses das autoras, que, depois das entrevistas, começaram
a escrita de seu relatório. O preparo também se deu pelo estudo do tipo de
pesquisa que seria feito, que foi a qualitativa, a qual se define como um
método que busca apresentar os diferentes pontos de vista que existem,
além do da pessoa que iniciou a conversa, sobre determinado assunto
(BAUER, 2015) e da entrevista semiaberta que se caracteriza por começar
com algumas questões básicas, tem como suporte as teorias e hipóteses que
interessam à pesquisa e, em seguida, fornece uma ampla gama de
indagações, e os resultados das novas hipóteses são aceitos como respostas
dos provedores de informação (DUARTE, 2008).

Sobre as áreas de interesse das alunas pode-se destacar que a


neuropsicologia se caracteriza pelo estudo do funcionamento cognitivo do
cérebro e como este influência o comportamento humano. Tendo o objetivo
de explicar como processos naturais, tais como maturação física e
mecanismos sensoriais, conectam-se com processos culturais produzindo
funções psicológicas complexas (LURIA, 1992). Seu modo de atuação
consiste em testes neuropsicólogos pré-encaminhados, com áreas de
atuação mais comuns em clínicas e hospitais.

Já a psicologia jurídica se caracteriza como um ramo de contribuição das


normas jurídicas, colaborando com sua efetivação e aplicação (PINHEIRO,
2017). Tendo como objetivo acompanhamento e tratamento de indivíduos
em contextos de trabalho, família, prisão etc., através de métodos
psicológicos e penais.

Resultados e Discussões

As laudas a seguir apresentam os resultados das entrevistas realizadas pelas


alunas com o fito de aprender sobre a atuação profissional acerca dos
campos da psicologia jurídica e neuropsicologia. Assim, foram coletadas
informações importantes tendo como base o roteiro de perguntas feito
previamente pelas autoras.

No decorrer da entrevista, logo a após neuropsicóloga informar com


detalhes ricos a sua trajetória acadêmica, foi questionada a respeito dos
espaços institucionais em que um especializado na área poderia atuar, logo
recebendo como resposta: “O neuropsicólogo pode atuar onde é mais
comum, no consultório clínico, no processo de avaliação neuropsicológico

ou no processo de intervenção”. A fala tem fundamentos fidedignos, pois,


pesquisas em

artigos sobre o assunto realizadas pelas autoras constam as atuações de um


neuropsicólogo em clínicas (avaliação, reabilitação e pesquisa),
consultórios privados e atendimentos domiciliares (reabilitação) (RIVERO,
2007). Ademais, a profissional acrescentou: “a ocupação de
neuropsicólogos na área educacional, nas faculdades, na disciplina de
neurociências, testes e pós-graduação”.

Assim, mas uma vez se concretizando uma vez que no mesmo artigo é dito
que um neuropsicólogo pode atuar em instituições acadêmicas na área de
pesquisa e na docência (RIVERO, 2007). Nesse sentido, conclui-se que a
neuropsicologia é uma área multidisciplinar em ascensão, na qual pode-se
esperar uma maior ocupação de setores tanto em hospitais, clínicas e
espaços acadêmicos.

Nesse contexto, a entrevista segue-se para a pergunta: quais são as


dificuldades e os desafios que você encontra na prática profissional de
neuropsicólogos? Logo, destaca-se o trecho da resposta, “as dificuldades
muitas vezes vêm um pouco do reconhecimento do trabalho. Uma visão
errônea de que a neuropsicologia é só aplicar teste e pronto, não levar em
consideração essa interpretação do funcionamento cognitivo como histórico
clínico do paciente.” Nesse delineamento teórico, salienta-se que somente
em 2004 o Conselho Federal de Psicologia reconheceu a neuropsicologia
como uma especialidade dentro da área. (Resolução CPF Nº 002/2004).
Assim, sendo uma prática de trabalho ainda emergente, que, ainda não
dispõe de conhecimentos literários na língua portuguesa, pois a maior parte
é em inglês. Infelizmente, ainda é um conhecimento bem fragmentado.
Adicionalmente, destaca-se destaca da fala da presidente da SBNp
(Sociedade Brasileira de Neuropsicologia)

Também enfrentamos desafios por falta de


conhecimento sobre o berço científico dessa
Neurociência. O que é uma disputa
inadequada entre as diversas áreas
profissionais, que buscam uma reserva de
mercado da Neuropsicologia. O que é
totalmente inadequado, uma vez que essa
ciência é por raiz uma disciplina
multidisciplinar.

Em síntese, a resposta da profissional condiz perfeitamente com o contexto


da neuropsicologia inserida no Brasil, como também atesta um enfoque
maior para o desenvolvimento da prática em território nacional. Uma vez
que saúde mental, sendo um tema relativamente novo no contexto hodierno
para ser posto em pauta, precisa ganhar cada vez mais notoriedade e a
neuropsicologia se destaca nesse ramo tanto quanto a psicologia clínica.

Em seguida, em pesquisas feitas previamente pelas alunas, obtiveram a


informação que o trabalho de um neuropsicólogo é comporto de parceiras.
Atuando como auxiliar na tomada de decisões de profissionais de outras
áreas, fornecendo dados que contribuam para as escolhas de tratamento
medicamentoso e cirúrgico. (RIVERO, 2007). Portanto, o jeito correto para
uma intervenção neuropsicológica se da pela interação ou encaminhamento
de profissionais de outros ramos.

A título de confirmação, ao ser perguntada sobre os profissionais com


quem tem parceria a neuropsicologa ressalta, “Eu tenho parceira com
neuropediatra, psiquiatra da infância e da adolescência, neurologistas,
geriatras, outros psicólogos que atuam na neuropsicologia”. Contudo, não
para por ai, com a neuropsicologia estando presente no auxilio do
tratamento cognitivo do individuo, o trabalho é muito requisitado no
trabalho infantil, por exemplo, no diagnóstico de TDAH (Transtorno de
déficit de atenção com hiperatividade).

Assim, a entrevistada acrescentou “[...] fonoaudiólogos, e as próprias


escolas que muitas vezes solicitam a avaliação”. Por esse viés, as parcerias
que um neuropsicólogo tem está intrinsecamente ligado com a sua
clientela. Já que os profissionais em cooperação com o neuropsicólogo
estão distribuídos desde a infância até a terceira idade. Não obstante, a
reposta seguida da pergunta “com qual clientela você trabalha?” foi “,
avalio crianças desde os três anos, avalio adolescente adulto e idoso.” Em
suma, a multidisciplinaridade e a falta de restrições sobre o período da vida
para ingressar em uma avaliação neuropsicológica são aspectos importantes
para compor uma sociedade que preza o bem estar.

Acerca da entrevista feita com uma profissional da psicologia jurídica, as


entrevistadoras questionaram como é a atuação nessa área e a entrevistada
respondeu que “A psicologia jurídica em si, de uma maneira geral, ela
trabalha muito com acompanhamentotambém. A psicologia jurídica, ou
melhor, a psicologia forense, ela, digamos é mais os psicólogos do fórum,
normalmente assim fazem entrevistas, acompanham processos ne,
acompanham advogados, acompanham juiz e a jurídica, que é o nosso caso,
ela é mais depois do processo [...] Temos a psicologia criminológica, que é
aquela de investigações, que é mais com a justiça mesmo, não é nem com
as varas, aquela que faz investigações, que vai realmente pros lugares, a
perícia que a gente chama”.

De fato, pode-se concordar com a fala da psicóloga visto que esse ramo da
psicologia está presente nos setores da justiça atuando diretamente com
juízes e advogados, dentro do sistema de leis e julgamentos, e no setor de
investigações, trabalhando com perícias e prisioneiros, fazendo
diagnósticos, estudos sobre o crime e auxilio à vítimas e opressores. Além
dos setores citados na fala da profissional, a psicologia jurídica também e
encontra no âmbito dos direitos da família, de crianças e adolescentes e
civil do trabalhador (FRANÇA,2004).

Em seguida, foi perguntado sobre os profissionais com quem um psicólogo


jurídico tem parceria e foi obtida a seguinte resposta “Sim, é um trabalho
bem multidisciplinar ne, eu vou falar de uma maneira geral, tem o juiz, nas
próprias varas e os psicólogos que trabalham na vara, tem o juiz, tem os
assistentes sociais, tem os advogados, tem o pessoal do administrativo
mesmo, então é bem diversificado dessa forma. Aí tem os profissionais lá
na coordenadoria que muitas vezes vem pra dar um apoio também, que são
outros profissionais tipo fisioterapeuta, educador social.” Coerente com a
fala da entrevistada, os estudos feitos pelas autoras confirmam que existe a
presença de juiz como mediador para o psicólogo, pois dependendo de sua
área pode agir como um perito oficial do caso, sendo auxiliado por um
assistente técnico, que seria outro psicólogo que irá acompanhar o perito
(FRANÇA,2004).

O psicólogo jurídico também trabalha com agentes de segurança no sistema


carcerário, recebendo auxílio para o tratamento dos presos e dando apoio
aos próprios agentes

(FRANÇA,2004), reforçando a fala da psicóloga, que afirma “A psicologia


também no âmbito jurídico ela passa também pelos presídios“. Os
advogados também possuem forte parceria com os psicólogos, atuando em
processos diversos, como em casos de direito da família, o qual o
advogado, acompanhado pelo assistente técnico, analisa sobre a disputa de
guarda, visitas, paternidade etc. No contexto criminal, ambas as áreas
trabalham junto com um juiz especializado e realizam estudos sobre o
crime, investigações e analises acerca da saúde mental do indivíduo
(FRANÇA,2004).

Com base no conhecimento sobre os campos de atuação da área, as


entrevistadoras questionaram com que clientela um psicólogo jurídico
trabalha, sendo respondido pela profissional “A clientela geral são pessoas
que estão respondendo a justiça ne, de uma maneira geral estão
respondendo a justiça ou que estão sendo investigadas, no caso da perícia
criminal, então basicamente é esse contato e as famílias ne, e as famílias
também, os filhos [...] Outra possibilidade é fazer um trabalho até mesmo
com as vítimas, por exemplo, a medida restaurativa ela faz um trabalho
com a vítima e com o ofensor, como uma reparação mesmo dos dois.”

A partir disso, as autoras relacionaram o público do profissional da área


com seus espaços institucionais de trabalho, sendo presente no âmbito
carcerário o trabalho com prisioneiros, que seriam as pessoas que estão
respondendo a justiça, nas varas da família e da infância, trabalhando com
crianças, adolescentes e suas famílias em casos de menores infratores e
jovens que foram vítimas de violências, processos de adoção,
desaparecimentos, paternidade etc. Existe também o trabalho com vítimas,
que seria a vitimologia, a qual o psicólogo auxilia pessoas vitimizadas,
como mulheres que sofreram violência doméstica ou familías que sofrerão
alguma opressão (FRANÇA, 2004).

Nesse contexto, depois de conversar sobre seus campos de atuação, as


alunas perguntaram a respeito das dificuldades e desafios enfrentados pela
psicologia jurídica, e a profissional respondeu “Pronto, deixa eu simular,
sobre o que você falou ne que tá crescendo muito, eu acho que cresce muito
porque a demanda cresce muito também, a nível mesmo de processos de
justiça, das pessoas ne assim, da própria necessidade , da condição de
subsistência que acaba fazendo alguma besteira ou mesmo um conflito
entre as pessoas, momentos assim de falta mesmo de consciência que acaba
fazendo alguma besteira. Então assim, é uma área que tá crescendo muito
porque a demanda tá crescendo muito também e a gente vê, por exemplo,
até agressões em família, feminicídios e etc. Então é uma área que
necessita crescer junto também”.

Depois de refletir sobre a fala da entrevistada, as autoras recorreram à um


estudo sobre a violência no Brasil e concordaram com a afirmação da
psicóloga, pois os índices de violência tiveram um aumento nos últimos
anos, tal crescimento se deve a questões como a grande desigualdade
socioeconômica no país, que existe com dois extremos: de um lado uma
demanda muito pobre da população e de outro uma pequena parcela de
indivíduos vivendo com riquezas (CHESNAIS, 1999). Esse fator influência
no âmbito jurídico quando se percebe que pessoas mais pobres tendem a
cometer mais delitos e agressões vistas suas necessidades, como ter o que
comer ou vestir.

Além da questão econômica, pode-se destacar o fator educacional como


outro reforçador de violência quando se olha para o nível de educação na
maioria das escolas públicas, as quais possuem falta de investimentos
governamentais suficientes e alta de apoio aos estudantes, que em sua
maioria, se colocam em ambientes violentos envolvendo tráficos e furtos
visto o contexto em que se encontram. Portanto, a psicologia jurídica
enfrenta o desafio de surgir junto com a criminalidade e se dificulta quanto
a sua valorização, que ainda está crescendo no âmbito do direito.

Visto esses fatores nota-se o objetivo central da psicologia dentro do


direito, que foi comentado pela profissional entrevistada “Eu acho que o
principal objetivo da psicologia jurídica é esse, o de poder estar se vendo,
poder permitir essa fala do outro, poder tá ali para escutar esse outro”.

Conclusão

Com base nos estudos e entrevistas realizadas pelas autoras acerca das
áreas da psicologia de seu interesse encontram-se aqui suas constatações
finais acerca dos desafios e suas reflexões. 
A respeito dos desafios encontrados ao longo da produção deste relatório,
ocorreram empecilhos a respeito da gravação do áudio da entrevista com a
neuropsicóloga, a qual foi perdida em decorrência da modalidade de
contato feito à distância. Felizmente, a profissional se disponibilizou para
participar de uma segunda entrevista com as alunas. Sendo essa muito mais
breve em relação à minutagem comparada à anterior, mas, igualmente rica
em informações.
Após a superação das dificuldades ocorridas na produção do trabalho, a
transcrição das entrevistas e informações acadêmicas apreendidas para
serem postas em perspectiva com as falas das profissionais nos resultados,
possibilitou as autoras de ampliarem seus panoramas sobre as profissões
obtendo uma visão mais rebuscada sobre a atuação delas.  Analisar temas
como as dificuldades e desafios que as áreas enfrentam, estimulou as
estudantes o suficiente para aumentar suas vontades de ingressarem nessas
profissões no futuro com o objetivo de encararem os obstáculos e
desconstruir possíveis preconceitos.

Acerca da entrevista e estudos feitos com a neuropsicologia, as alunas


aprenderam como a multidisciplinaridade e vasta gama de pessoas que
pode atender, sem limite de idade, é algo visível nesse ramo da psicologia
com muita densidade para ainda ser explorado. Contudo, para essa
realidade ser possível, é necessário uma desestigmatização a respeito da
profissão, juntamente com medidas facilitadoras para que ela se torne mais
conhecida.

Sobre a psicologia jurídica, as autoras tiveram a possibilidade de refletir


sobre o contexto em que esse ramo da psicologia se insere, aprendendo
acerca dos profissionais que trabalham nesse meio e em que espaços
institucionais se encontram. Dessa forma puderam concluir que essa área
da psicologia busca oferecer suporte ao indivíduo, mesmo que ele esteja
respondendo a justiça e sofrendo visões errôneas e maléficas da sociedade.

Em síntese, as entrevistas semiabertas feitas com as duas profissionais


foram muito enriquecedoras para as autoras, encerrando a disciplina de
práticas I de forma satisfatória. Adicionalmente, com o cunho de fomentar
ainda mais a pesquisa, as alunas possuem interesse em aprofundar seu
conhecimento sobre as duas áreas através da realização de entrevistas com
mais profissionais, para explorar a perspectiva que cada psicólogo tem de
sua área, e a realização de visitas aos seus espaços de atuação para a
observação da atuação profissional na prática.

Referências Bibliográficas

● BAUER, Martin W.; GASKELL, George. Pesquisa qualitativa


com texto, imagem e
● som. 13. ed. Rio de janeiro: Vozes, 2015.
● CHESNAIS, Jean Claude. A violência no Brasil: causas e
recomendações políticas
● para a sua prevenção. Ciência & Saúde Coletiva [online].
1999, v. 4, n. 1.
● DUARTE, Jorge; BARROS, Antonio. Métodos e técnicas de
pesquisa em
● comunicação. 2. ed. São Paulo: Atlatas S.A, 2008.
● FRANCA, Fátima. Reflexões sobre psicologia jurídica e seu
panorama no
● Brasil. Psicol. teor. prat.,  São Paulo ,  v. 6, n. 1, p. 73-80, jun. 
2004 .
● LURIA, Alexandre. A construção da mente. São Paulo: Ícone,
1992
● NEVES, Ursula. Neuropsicologia: avanços, desafios e
oportunidades. PEBMED,
● 2019.
● PEREIRA, Diogo Fagundes. Neuropsicologia, formação e
desafios. Cinergis, Santa
● Cruz do Sul, v. 18, n. 4, out. 2017.
● PINHEIRO, Carla. Psicologia jurídica. 3. ed. São Paulo: Saraiva,
2017.
● RIVERO, Thiago Strahler. Neuropsicologia: Como é e como se
faz? redePSI, 2007
● ROVINSKI, Sonia; CRUZ, Roberto. Psicologia jurídica:
Perspectivas teóricas e
● processos de intervenção. 1. ed. São Paulo: Vetor, 2009.
● SANTOS, Flávia; ANDRADE, Vivian; BUENO, Orlando.
Neuropsicologia hoje. 2.
● ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.

Apêndices

Apêndice 1: Transcrição da entrevista com a profissional da


neuropsicologia

1. Como foi sua trajetória acadêmica?

● Primeiro eu queria fazer medicina, mas acabei fazendo a


psicologia por segunda opção [...] comecei a gostar mais da
psicologia e não fiz mais o vestibular para medicina. Durante a
minha faculdade fui bolsista de educação científica da parte
educacional, mas sempre fui mais voltada para o Rh e a parte
clínica. Acabei fazendo estágio na área de Rh e no final da
faculdade eu já sabia que ia ser contratada por essa empresa que
estagiei boa parte (na faculdade), só que comecei a pesquisar a
parte de neuropsicologia depois que tive o interesse na entrevista
do caso de Herbert Vianna e aí depois fui para São Paulo, larguei
tudo aqui e fui fazer a pós em São Paulo.

2. Quais espaços institucionais um profissional dessa área pode atuar?

● Em instituição, um neuropsicólogo tem a abordagem tanto clínica


quanto educacional e de pesquisa. O neuropsicólogo pode atuar
onde é mais comum, no consultório clínico, no processo de
avaliação neuropsicológico ou no processo de intervenção. Têm
neuropsicólogos que fazem a parte da reabilitação
neuropsicológica então não seria mais o ponto de vista clínico. O
contexto hospitalar, alguns hospitais têm neuropsicólogos porque
é comum o processo de avaliação em casos de pacientes
internados, avaliações mais curtas, dentro dos hospitais têm
ambulatórios de neurologia, ambulatório de Alzheimer então
geralmente se tem um neuropsicólogo em um hospital então é
mais um trabalho dentro de instituição. Na área educacional, nas
faculdades, um neuropsicólogo pode atuar na disciplina de
neurociências, de testes e na pós-graduação em neuropsicologia
ou em pesquisa, estudos específicos relacionados a
neuropsicologia sem ter o dia a dia do consultório, é onde o
neuropsicólogo fica mais inserido nessa parte de pesquisa. Tem
também campo dentro da área forense, onde são solicitadas
algumas avaliações direcionadas para uma área mais psiquiátrica.

3. Com qual clientela você trabalha?

● Gosto de fazer avaliação neuropsicológica. Como meu


treinamento foi muito extenso, desde a infância até a vida adulta,
idosos, avalio crianças desde os três anos, avalio adolescente
adulto e idoso. Agora, dentro desse público geral o paciente que
tenho menos afinidade que acabo avaliando menos são os
pacientes de caso de dependência química. Mas no geral das
outras patologias desde atraso de desenvolvimento, TDH, atraso
de aprendizagem, diagnóstico de Alzheimer, faço avaliação com
casos de traumatismo craniano, AVC. Eu acabo pegando as três
fases da vida.
4. Quais são as dificuldades e os desafios que você encontra na sua prática
profissional?

● A dificuldade e desafio ainda são um pouco os testes. Assim, hoje


já temos muitos instrumentos validados, tem pessoas estudando.
As dificuldades muitas vezes vêm um pouco do reconhecimento
do trabalho, uma visão errônea de que a neuropsicologia é só
aplicar teste e pronto, não levar em consideração essa
interpretação do funcionamento cognitivo como histórico clínico
do paciente e dentro desse contexto acaba que profissionais recém
formados acabam fazendo avaliações de uma forma não tão
correta que pode por vezes prejudicar o trabalho de quem faz
bem-feito de uma forma geral

5. Com que profissionais tem parceria?

● Eu tenho parceira com neuropediatra, psiquiatra da infância e da


adolescência, neurologistas, geriatras, outros psicólogos que
atuam na neuropsicologia, mas percebem a necessidade como
também fonoaudiólogos, terapeuta ocupacional e as próprias
escolas que muitas vezes solicitam a avaliação

6. Sugestões que poderiam dar para quem tem interesse em sua área?

● Quem tem interesse nessa área desde deve desde cedo já estuda
neurociências, fazer os minicursos que tem na área, se atualizar,
hoje se têm muito das mídias sociais, mas também não pegar só
por esse contexto por que o conteúdo de mídia social muitas
vezes fica superficial então é o estudar mesmo, muitas vezes se
aproximar do professor que já é da área e ir trilhando esse
caminho

Apêndice 2: Transcrição da entrevista com a profissional da psicologia


jurídica

1. Como é a atuação profissional na sua área?


● “A psicologia jurídica em si, de uma maneira geral, ela trabalha
muito com acompanhamento também. A psicologia jurídica, ou
melhor, a psicologia forense, ela, digamos é mais os psicólogos
do fórum, normalmente assim fazem entrevistas, acompanham
processos ne, acompanham advogados, acompanham juiz e a
jurídica, que é o nosso caso, ela é mais depois do processo [...] Os
juízes estão começando a absorver e credibilizar também esse
trabalho, principalmente o trabalho de grupos”

2. Em que espaços institucionais um profissional dessa área pode atuar?

● “Temos a psicologia criminológica, que é aquela de


investigações, que é mais com a justiça mesmo, não é nem com as
varas, aquela que faz investigações, que vai realmente pros
lugares, a perícia que a gente chama [...] A psicologia também no
âmbito jurídico ela passa também pelos presídios [...] . O
psicólogo lá da triagem, eles fazem mais a triagem mesmo,
também é um pouco um trabalho investigativo ne. A triagem as
pessoas chegam, os que vão ser presos, chegam, aí tem uma
entrevista psicológica, nessa entrevista psicológica vai saber
sobre condições de saúde, para saber se tem algum transtorno
mental, se precisa de remédio, de atendimento”

3. Com que clientela você trabalha?

● “A clientela geral são pessoas que estão respondendo a justiça ne,


de uma maneira geral estão respondendo a justiça ou que estão
sendo investigadas, no caso da perícia criminal, então
basicamente é esse contato e as famílias ne, e as famílias também,
os filhos [...] Outra possibilidade é fazer um trabalho até mesmo
com as vítimas, por exemplo, a medida restaurativa ela faz um
trabalho com a vítima e com o ofensor, como uma reparação
mesmo dos dois [...] Se vocês virem, o nosso público são pessoas
muito humildes”

4. Quais são as dificuldades e desafios que enfrenta em sua prática


profissional?

● Pronto, deixa eu simular, sobre o que você falou ne que tá


crescendo muito, eu acho que cresce muito porque a demanda
cresce muito também, a nível mesmo de processos de justiça, das
pessoas ne assim, da própria necessidade ne, da condição de
subsistência que acaba fazendo alguma besteira ou mesmo um
conflito entre as pessoas, momentos assim de falta mesmo de
consciência que acaba fazendo alguma besteira. Então assim, é
uma área que tá crescendo muito porque a demanda tá crescendo
muito também e a gente vê, por exemplo, até agressões em
família feminicídios e etc. Então é uma área que necessita crescer
junto também [...] Eu acho que o principal objetivo da psicologia
jurídica é esse, o de poder estar se vendo, poder permitir essa fala
do outro, poder tá ali para escutar esse outro”

5. Com que profissionais tem parceria?

● “Sim, é um trabalho bem multidisciplinar ne, eu vou falar de uma


maneira geral, tem o juiz, nas próprias varas e os psicólogos que
trabalham na vara, tem o juiz, tem os assistentes sociais, tem os
advogados, tem o pessoal do administrativo mesmo, então é bem
diversificado dessa forma. Aí tem os profissionais lá na
coordenadoria que muitas vezes vem pra dar um apoio também,
que são outros profissionais tipo fisioterapeuta, educador social.”

6. Que sugestões poderia dar para quem tem interesse em sua área?

● “Experiencie muito é uma coisa muito boa”

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