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09/11/2023

Avaliação dos Transtornos mentais:


Entrevista e Exame do Estado Mental

Profa. Ana Valéria Lopes Lemos


Espc. Em Psicoterapia Cognitivo-comportamental; Espc. em Psicologia nas Emergências e Desastres; Espc. Em
Avaliação Psicológica; Espc. em Psicologia da Saúde e em Psicologia Clínica – Conselho Federal de Psicologia
Mestranda em Salud Mental Comunitaria – Universidad de Barcelona
Mestranda em Psicologia – PUC-MG

A ENTREVISTA

•Formular uma impressão do diagnóstico do


paciente;
•Informações documentadas para o prontuário;
•Algumas vezes terapêutica.

Tipos de entrevista

Quanto à FORMA, as entrevistas podem ser divididas em:

•Abertas
•Semi-estruturadas
•Estruturadas

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Tipos de entrevista

Estruturadas, Diretivas ou Fechadas: privilegiam a objetividade – as perguntas são quase


sempre fechadas ou delimitadas por opções previamente determinadas, e buscam
respostas específicas a questões específicas.
Perguntas programadas, já planejadas e em sua sequência, não altera as perguntas -
questionário, mas permite a observação da linguagem não verbal;

Por possibilitar o tratamento quantitativo dos dados,


este tipo de entrevista torna-se o mais adequado para o
desenvolvimento de levantamentos sociais e dados
epidemiológicos.

Tipos de entrevista
Semi-estruturadas ou semidirigida: o paciente pode iniciar falando, sendo que o
entrevistador intervém buscando maiores esclarecimentos.
O entrevistador tem clareza de seus objetivos, de que tipo de informação é necessária
para atingi-los, de como essa informação deve ser obtida (perguntas sugeridas ou
padronizadas), quando ou em que sequência, em que condições deve ser investigada
(relevância) e como deve ser considerada (utilização de critérios de avaliação).
São de grande utilidade em settings onde é necessária ou desejável a padronização de
procedimentos e registro de dados, como nas clínicas sociais, na saúde pública, na
psicologia hospitalar...

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• Tipos de entrevista

•De livre estruturação, não-diretiva ou aberta: o entrevistador tem ampla liberdade para
perguntas e para intervenções , o cliente fala livremente sobre seus problemas e
sentimentos.
•Pode partir de uma pergunta mais generalista e seguir sendo construída ao longo do seu
desenvolvimento.
•Apesar de não demandar um roteiro de perguntas pronto, durante uma entrevista livre é
importante ter em mente os temas que se pretende abordar.
•Isso é necessário em um processo psicodiagnóstico em que temos um foco, e, dessa
maneira, a ideia é que a entrevista possa envolver questões que se mostrem relevantes
para a compreensão do caso e a determinação das próximas etapas do processo.

EM RESUMO

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ENTREVISTA DE LIVRE ESTRUTURAÇÃO, SEMIESTRUTURADA E ESTRUTURADA

Livre estruturação Semiestruturada Estruturada


Características da Aberta Flexível Fechada
entrevista Não existem Existe um roteiro com As perguntas são
perguntas algumas perguntas pré-formuladas,
Pré formuladas. Pré determinadas assim com as
alternativas de resposta

Aplicabilidade Bastante utilizadas. Bastante utilizadas. Menos utilizadas.


no psicodiagnóstico

HUTZ, C. S. et al. (Org.). Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2016

ENTREVISTA DE LIVRE ESTRUTURAÇÃO, SEMIESTRUTURADA E ESTRUTURADA

LIVRE ESTRUTURAÇÃO SEMIESTRUTURADA ESTRUTURADA

Postura do avaliador O avaliador deve ter O avaliador deve ir além Deve seguir o roteiro
em mente os temas a ser das questões pré de forma fiel. Novas
abordados, pois, em elaboradas. Novas questões não serão
alguns momentos, ele questões podem emergir acrescentadas e as já
deverá direcionar a a partir das existentes não podem ser
entrevista. respostas do paciente. modificadas.

Postura do O paciente é livre O paciente responde às Não há espaço


paciente para trazer as questões de acordo com a para respostas
informações que ordem trazida pelo diferentes das opções pré-
achar pertinentes na avaliador, mas suas formuladas.
ordem que desejar. respostas podem
gerar novos
questionamentos.

HUTZ, C. S. et al. (Org.). Psicodiagnóstico. Porto Alegre: Artmed, 2016

A ENTREVISTA INICIAL, DE ANAMNESE


E A ENTREVISTA DIAGNÓSTICA

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Entrevista Inicial

o Prioriza o estabelecimento do rapport, o levantamento da queixa, contrato de


trabalho e enquadre
• “É crucial na formação das primeiras impressões pelo cliente” (Lazarus, 1979)
• Já abrange informações da anamnese e de descrição do estado mental
• É uma etapa semi-estruturada e pode ocorrer de 1 a 2 sessões
• É Importante (1) uma escuta ativa; (2) não interromper o seu cliente durante a fala;
(3) não tentar adivinhar os sentimentos do cliente; (4) manter expressões faciais
suaves e empáticas

Hutz et al (2016); Morrison (2016)

Entrevista Inicial
•“Como eu posso lhe ajudar?”
•“Estou aqui para buscar lhe ajudar e compreender o que você tem para me falar!”
•“Até as emoções, os pensamentos e os comportamentos que sejam difíceis para você
falar sobre eles!
•“Como isso acontece no seu dia a dia...?” (não se pergunta por quê?)
•“O que você quis me dizer foi que...” (parafrasear a ideia)
•“Isso parece lhe incomodar ou causar bastante desconforto!” (dar feedback)
•“O que você me contou é que...” (sumariar ou fazer resumo)

Hutz et al (2016); Morrison (2016)

Entrevista Inicial - Riscos a serem evitados

1) Escrever tudo que é falado pelo cliente e interromper a interação visual;


2) Inferir com poucos dados, pressupor fatos, fazer poucas investigações antes de concluir;
3) Dar conselhos precipitados; dar soluções prontas; fazer julgamentos morais sobre
atitudes do cliente ou de outra pessoa;
4) Dificuldade de falar com cliente sobre assuntos íntimos, financeiros, religiosos...
5) Atrasar-se para a entrevista e/ou justificar excessivamente problemas durante a
entrevista;
6) Inquietação, movimentos bruscos, “tomar a fala do cliente”, “usar exemplos próprios”
(...)

Silvares & Gongora (2015)

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Entrevista de Anamnese

o É uma etapa semi-estruturada e pode ocorrer de 1 a 2 sessões


o Histórico de vida (história familiar, escolar, profissional, relacionamentos íntimos,
social, religiosa...)
o Atenção às ênfases ou às evitações para tratar sobre alguns assuntos
o Buscar relações com a queixa inicial
o Buscar identificar consequências da queixa nestas áreas da vida do cliente
o Histórico de crises e superações (escolares, familiares, profissionais e etc)

Hutz et al (2016); Morrison (2016)

Entrevista de Anamnese
o Histórico clínico
o Início da queixa? Quando piora/melhora? Autopercepção sobre a queixa?
o Descrição dos sintomas (frequência, duração, prejuízos causados, contexto,
sentimento do cliente sobre os sintomas, estressores e precipitadores dos sintomas)
o Estratégias utilizadas para enfrentamento de crise da crise atual
o Histórico de doenças físicas, traumas físicos e emocionais, tratamentos realizados
(medicamentoso, psicoterapêutico e outros)
o Histórico do uso de SPAs e automedicação

Hutz et al (2016); Morrison (2016)

Entrevista Diagnóstica
o Pode ser semi-estruturada, estruturada ou ambos os formatos;
o Destina-se à formulação da hipótese diagnóstica, classificação nosológica,
compreensão psicodinâmica e mapeamento das áreas forças e fraquezas do
cliente;
o Irá orientar a escolha dos instrumentos para mensurar a intensidade dos
sintomas e dos prejuízos funcionais.

Hutz et al (2016);
Gorenstein et al (2016); Tavares (2000)

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Entrevista Diagnóstica
Avaliação dos principais transtornos mentais com
Entrevista Clínica Estruturada para os
pessoas a partir dos 18 anos, de acordo com a DSM-5
Transtornos do DSM-5 (SCID-5)

Avaliação dos principais transtornos mentais com


Mini International Neuropsychiatric
pessoas a partir dos 18 anos, de acordo com a DSM-IV
Interview (MINI 5.0.0)

Schedule for Affective Disorders and Avaliação dos principais transtornos mentais com
Schizophrenia for School-Aged Children (K- pessoas a partir dos 6 aos 18 anos, de acordo com a
SADS-PL 1.0) DSM-IV

Hutz et al (2016);
Gorenstein et al (2016); Tavares (2000)

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Entrevista Diagnóstica

Avaliação dos principais transtornos mentais com


Composite International Diagnostic
pessoas a partir dos 18 anos, de acordo com a DSM-IV
Interview (CIDI 3.0)

Entrevista Diagnóstica para Avaliação dos transtornos de personalidade com


Transtornos da Personalidade pessoas em idade acima de 18 anos, de acordo com a
(E-TRAP) DSM-5

Hutz et al (2016);
Gorenstein et al (2016); Tavares (2000)

Instrumento de Diagnóstico em Psicopatologia


o São de fácil aplicação e correção, podem ser de autorrelato ou de heterorrelato, não
tem controle de tempo para aplicação e são aplicados individualmente, com condições
controladas de aplicação (luz, ruídos...);
o Podem ser de rastreio (screening) ou de mensuração dos sintomas de uma dada
condição clínica;
o Permitem acompanhar o resultado de tratamentos, realizar análise de sintomas
resistentes ao tratamento e auxiliar no diagnóstico diferencial.
o OBS: O maior erro para o raciocínio clínico do profissional é acreditar que o
instrumento irá lhe fornecer o diagnóstico do caso!
Hutz et al (2016)
Gorenstein, Yuan-Pang & Hungerbüler (2015)

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ATENÇÃO

• Deve-se avaliar as condições do


cliente no dia da aplicação do
instrumento, sua motivação e
engajamento para aplicação
padronizada.

Avaliação dos Transtornos mentais:


Avaliação Psicopatológica e Exame do Estado
Mental

Avaliação psicopatológica
A avaliação começa antes mesmo do início da entrevista
◦ Observação da expressão facial do paciente, trajes, movimentos,
maneira de se apresentar

O esforço inicial do entrevistador deve ser o de criar um


ambiente em que o paciente sinta- se à vontade para expor
suas dificuldades.
OBS.: Levar em consideração o contexto – ambulatório,
enfermaria, consultório...

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Avaliação psicopatológica

•O início da entrevista deve ser pouco diretiva, permitindo a livre expressão do paciente,
com interferência mínima do entrevistador;

•Após a exposição inicial, o entrevistador deve adotar um papel mais ativo, conduzindo a
entrevista, com tato, para cobrir todos os aspectos da anamnese.

Avaliação psicopatológica

•Antes de finalizar a entrevista, o entrevistador deve abrir um espaço para comentários


adicionais do paciente, esclarecer suas dúvidas;

•Quando necessário, entrevistas adicionais e consultas a outras fontes de informação


devem ser conduzidas, como a parentes ou conhecidos, sempre com o prévio
conhecimento e anuência do paciente.

Avaliação psicopatológica
•Identificação do paciente e dos informantes
•Queixa principal
•História da moléstia atual
•Antecedentes
•História pessoal
•Personalidade pré-mórbida
•História familiar
•História social
•Exame do estado mental
•Impressão diagnóstica
•Plano de tratamento e manejo

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Identificação

Nome
Idade
Gênero
Etnia
Estado civil
Ocupação
Procedência
Religião
Os informantes (paciente, acompanhante, registros psiquiátricos pregressos)

Queixa principal

Queixa do paciente em suas próprias palavras:


◦ “Eu fico com raiva e tenho vontade de agredir as pessoas”

Palavras adicionais se queixa relativamente vaga;

Observar quem encaminhou, de quem foi a iniciativa de buscar


ajuda e com que objetivo.

História da doença atual

História concisa da doença


Início dos sintomas
◦ Episódios, natureza do surgimento, precipitação
◦ Ordem cronológica

Abuso de álcool ou drogas


Grau de incapacidade
Influência da doença na vida pessoal ou familiar
Tratamentos

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Antecedentes

História da doença psiquiátrica História médica geral


Idade da 1a avaliação • Estado de saúde atual e pregresso
• Doenças existentes
Hospitalizações • Tratamentos, medicamentos e suas
Número de episódios e duração dosagens
• Lesões encefálicas, cefaléias,
Tratamentos
convulsões e outras doenças do SNC
Álcool e drogas

História pessoal

História pré-natal/nascimento
◦ Informações sobre a gestação, o parto e as condições do nascimento (peso, anóxia, icterícia, dist
metabólico)

Infância e desenvolvimento
◦ Descrever as condições de saúde; sono, alimentação; aquisições de habilidades, incluindo
desenvolvimento motor, linguagem e controle esfincteriano; a vida escolar, a idade de início da
aprendizagem, o ajustamento, o temperamento, medos, o relacionamento e interação social

História pessoal

Adolescência
◦ Descrever os interesses, as aquisições quanto à vida escolar, a profissionalização ou trabalho; as
interações e o relacionamento com familiares e colegas; a sexualidade incluindo a menarca, namoro, a 1ª
relação sexual; o uso de drogas ou álcool

Idade adulta
◦ Descrever as situações e as atitudes frente ao trabalho, a vida familiar e conjugal, a sexualidade, os
relacionamentos e a situação sócio-econômica

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Personalidade pré-mórbida
•Conjunto de atitudes e padrões habituais de comportamento do indivíduo, independente da sua situação de
doença
• Preocupações excessivas com ordem, limpeza, pontualidade, o estado de humor habitual, a capacidade de expressar
os sentimentos, o nível de desconfiança e competitividade, a capacidade para executar planos e projetos e a maneira
como reage quando se sente pressionado

•Observar mudanças de personalidade com a doença

História familiar

•Idade, ocupação e escolaridade dos parentes em primeiro grau


•Nível de interação entre os integrantes da família
•Doenças mentais na família
•Questionar transtornos específicos
• Alcoolismo, criminalidade, tentativa de suicídio, uso de medicações, tratamento psicológico

História social

Resumo da situação atual


Localização da moradia
Membros da família residentes na mesma moradia
Hábitos

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Exame do Estado Mental


(EEM)

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Exame do Estado Mental (EEM)

o É a pesquisa sistemática de sinais e sintomas de alterações


do funcionamento mental atual do cliente;
o É multidisciplinar e dura em média 40/50 minutos;
o Não há normas quantitativas e fornece dados qualitativos e
mais “grossos”, enquanto os testes mostram dados mais
“refinados”;
o Fontes de informações:
1. Observação 2. Anamnese
3. Relato de familiares 4. Fontes colaterais

Hutz et al (2016); Dalgalarrondo (2018)

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Exame do Estado Mental (EEM)

o Bastante útil quando o nível geral do paciente está muito baixo


para submeter-se aos procedimentos e testes estruturados;
o Iniciando a avaliação pelo EEM, o profissional poderá ser
alertado das funções que precisarão de maiores averiguações;
o É também útil para mostrar idiossincrasias ou problemas
emocionais que precisarão de atenção especial (ex. Luto).

Hutz et al (2016); Dalgalarrondo (2018)

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Exame do Estado Mental (EEM)

o Pode ser feito em casos de:


✓ Pacientes com funcionamento gravemente rebaixado;
✓ Pacientes acamados;
✓ Pacientes com déficits sensoriais (cegos e surdos) ou motores
(amputados);
✓ Pacientes com nível de consciência rebaixado, deprimido ou
flutuante;
✓ Pacientes em estado psicótico;
✓ Usuários dependentes químicos em estado de abstinência;
✓ Pacientes intoxicados por SPAs;
✓ Vítimas de traumatismo craniano gravemente feridos e durante
as 8 primeira semanas após o retorno da consciência.

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Aspectos Gerais
No Exame do Estado Mental (EEM)

o Aparência geral
o Atividade psicomotora e comportamento
o Atitudes frente ao examinador
o Comunicação com o examinador
o Sentimentos despertados no examinador

Hutz et al (2016); Dalgalarrondo (2018)

Indicadores das funções mais comprometidas

Consciência
✓ Síndromes Cerebrais Orgânicas
Atenção ✓ Demências
Sensopercepção ✓ Traumatismos
✓ Delirium
Orientação
✓ Intoxicações
Linguagem

Memória ✓ Demência
Inteligência ✓ Deficiência Intelectual

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Indicadores das funções mais comprometidas

Afeto e Humor ✓ Esquizofrenia e psicoses


✓ Transtornos Humor
Pensamento ✓ Transtornos de Ansiedade
Juízo Crítico ✓ Transtornos Alimentares
Conduta ✓ Parafilias
✓ Demais Transtornos

Exame do estado mental

Aparência
◦ Cuidados pessoais, higiene, expressão facial;
◦ Presença de deformidades e peculiaridades físicas;
◦ Tipo e adequação do vestuário;
◦ Idade compativel com aparência.

Exame do estado mental

Psicomotricidade
◦ Comportamento da atividade motora
◦ a velocidade e intensidade da mobilidade geral na marcha, quando sentado e na
gesticulação

◦ Agitação ou retardo, tremores, acatisia, maneirismos, tiques

◦ Sinais de catatonia

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Exame do estado mental

Atitude

◦ Cooperativa
◦ Reservada
◦ Irritada
◦ Evasiva
◦ Desconfiada
◦ Indiferente
◦ Negativista

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Consciência
Definição Estado de lucidez e alerta que a pessoa encontra-se
Obnubilação, confusão, estupor e coma ↓ Hiperalerta
Alterações

• Observação das reações comportamentais e verbais
Semiotécnica
• Escala de Glasgow
↓ - Delirium, SCO, epilepsia, Intoxicações por álcool e
outras SPAs, estados psicóticos graves, transtornos
Principais condições
dissociativos (transe), estado hipnótico, estupor catatônico
clínicas
↑ - Estresse pós-traumático, transtornos de ansiedade,
abstinência de SPAs

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Atenção
Definição A direção da consciência (vigilância, concentração e tenacidade)

Alterações Distratibilidade, Aprosexia e Hipoprosexia ↓ Hiperprosexia↑

Semiotécnica • Observação das reações comportamentais aos “S” ambientais


(Vigilância) • Perguntar sobre sons do ambiente? (ar cond. Ligado ou desligado)

• Olhar os objetos ao redor e depois os listá-los


• Teste de Subtração de Série de Sete (TSSS) = 100 -7 (por 5 x)
Semiotécnica
• Soletrar a palavra “Mundo” ao contrário
(Concentração)
• Repetição de dígitos em ordem direta (2-5; 3-6-9)
• Observar se o cliente mantém o foco do assunto durante o diálogo
Semiotécnica • Solicitar que bata na mesa quando falar a letra “A” durante sequencia aleatória
(Tenacidade) de letras (anotar erros por omissão e por execução)
↓ - Mania, depressão, transtornos de ansiedade, delirium, esquizofrenia,
Principais intoxicação por álcool e SPAs, epilepsia, deficiência intelectual e demência
condições clínicas ↑ - TDAH (poucos casos ocorre hiperfoco) e TOC (em alguns casos)

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Sensopercepção
Processo de discriminação sensorial, qualificação e interpretação dos “S”
Definição
ambientais (visual, auditivo, vestibular...)
Alucinação (visual, auditiva, olfativa, gustativa, tátil, vestibular,
cinestésica e háptica), alucinose e pseudo-alucinação
Alterações
Despersonalização e desrealização
Agnosias, anestesia, hiperestesia, hipoestesia
• Observar se o cliente fala sozinho com alguém, tem mudanças bruscas
no olhar;
Semiotécnica • Já teve a experiência de ver imagens, ouvir sons ou sentir gostos,
cheiros ou impressões na pele que as pessoas acreditavam não ser
reais?

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Sensopercepção
Já teve experiência de se sentir um estranho em relação a si mesmo,
Semiotécnica ou de não reconhecer você?
Já teve experiência de não reconhecer onde estava?
Alucinações: esquizofrenia; quadros psicóticos na depressão, TOC e
mania; uso de SPAS (alucinógenos, canabinóides e outros)
Principais Alucinose: alcoolismo, intoxicação por alucinógenos, epilepsia,
condições enxaqueca (escotomas cintilantes) e SCO
clínicas Despersonalização e desrealização: Transtorno de Pânico, demência,
ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e transtorno de
despersonalização

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Orientação
A capacidade de situar-se quanto a si mesmo e quanto ao ambiente é
Definição elemento básico da atividade mental e fundamental para a
sobrevivência do indivíduo
Alterações Desorientação
• Que dia é hoje? Dia da semana? O mês? O ano? Hora aproximada?
Semiotécnica • Onde estamos? Para onde fica a porta? Entrada do prédio? Rua?
• Qual seu nome? Sua profissão? Estado civil? Nome dos pais?
Demências, deficiência intelectual, delirium, epilepsia e SCO
Principais
Transtornos dissociativos (amnésia, fuga e identidade dissociativa)
condições
Esquizofrenia e psicoses
clínicas
Intoxicações por álcool e SPAs

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Memória
A capacidade de codificar, armazenar e evocar as experiências,
impressões e fatos que ocorrem em nossas vidas (imediata, curto prazo,
Definição
longo prazo, remota, sensorial, semântica, episódica e de trabalho)

Alterações Amnésia, paramnésias, hipermnésia, confabulação e outras


• Falar 3 palavras (pente, rua e azul) e solicitar após alguns segundos e
depois após alguns minutos (imediata e curto prazo)
• Quem sou eu? Qual meu nome? (curto prazo) Onde dormiu ontem a
Semiotécnica noite? O que jantou ontem? (longo prazo)
• Onde morava quando tinha 15 anos? Onde estudava com 10 anos?
Casou com quantos anos? Formou-se com quantos anos? (remota)
• Conta história fictícia e depois de alguns minutos pede que repita

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Memória
Delirium, demências e deficiência intelectual
Principais
Mania, depressão e esquizofrenia
condições
Transtornos dissociativos
clínicas
Transtorno de Estresse Pós-traumático

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Inteligência
Capacidade de entender, recuperar, mobilizar e integrar de maneira
Definição construtiva os aprendizados anteriores ao deparar-se com situações
novas
Alterações Atraso intelectual, declínio cognitivo e pseudodemência
• Identificar histórico escolar, reprovações, habilidades e déficits
• Teste de metáforas (“quem não tem cão caça com gato”, “uma
andorinha só não faz verão”, “quem não chora não mama”)
Semiotécnica • Questionar conceitos abstratos (Justiça, Paz, Sociedade, Leis, Deus,
Natureza...)
• Questionar soluções lógicas (o que fazer quando faltar luz em
casa?; qual a semelhança da laranja com a banana?)

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Inteligência
• Questionar conteúdos escolares (tempo de rotação da terra; translação do
sol, do que é feito o vidro?)
• Avaliar domínio conceitual (inclui linguagem receptiva e expressiva, leitura
e escrita, conceito de dinheiro, conceitos abstratos, raciocínio lógico)
Semiotécnica • Avaliar domínio social (inclui relações interpessoais, ações como assumir
responsabilidades, seguir regras e vulnerabilidade a ser enganado)
• Avaliar domínio prático (inclui atividades básicas e instrumentais de vida
diária)
• Demências, deficiência intelectual e pseudodemência
Principais • Esquizofrenia hebefrênica e residual
condições
clínicas • Atenção! Alterações do humor grave afetam as habilidades intelectuais
reversivelmente!

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Afeto e Humor
Afeto é o estado emocional transitório, mais objetivo e responsivo às
situações
Definição
Humor é o estado emocional mais duradouro, estável e subjetivo

Afeto (quantidade, curso e apropriação)


Alterações Humor (quantidade e qualidade)
• Observação das reações faciais e comportamentais
• Como você tem se sentido nos últimos dias?
• Como anda sua disposição emocional?
Semiotécnica • Como está sua libido? Seu sono e sua alimentação?
• Como está o seu desejo para viver? O que tem sentido? O que tem
pensado? O que tem planejado?

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Afeto e Humor
• Luto e crises emocionais
• Transtornos da personalidade
• Transtorno bipolar, transtorno depressivo persistente, transtorno
depressivo
Principais
• Transtorno de estresse pós-traumático
condições
• Transtornos de ansiedades
clínicas • Transtorno obsessivo-compulsivo
• Transtorno esquizoafetivo, esquizofrenia e outros psicóticos
• Parafilias
• Deficiência intelectual e demências

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Pensamento
Conjunto de funções integrativas relacionadas a capacidade de
associar conhecimentos novos e antigos, integrar estímulos externos
Definição
e internos, analisar, abstrair, julgar, concluir, sintetizar e criar

Forma/Produção: derreísta, psicótico e incoerente


Curso: inibição, prolixidade, perseveração, fuga de ideias, ecolalia,
Alterações aceleração, lentificação e bloqueio do pensamento
Conteúdo: pobreza de conteúdo, ideia supervalorizada, delírio,
pensamentos mágico, obsessivo e fóbico
Observação o curso do pensamento ao longo da entrevista
Semiotécnica
Pensamento é coerente? Bem compreensível? Respeita a realidade?

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Pensamento
Você sente que as pessoas querem lhe prejudicar? Ou que tem poderes
especiais? Ou que estão tentando influenciar você? Ou que conseguem ler sua
Semiotécnica mente? Ou que estão colocando ou roubando ideias da sua mente? Ou que as
coisas acontecem por sua causa?
Pobreza de conteúdo: delirium, deficiência intelectual, demência e psicose
Principais catatônica
Ideia supervalorizada: TB, transtornos de ansiedade, hipocondria, transtornos
condições alimentares, transtorno de personalidade
clínicas Delírio: esquizofrenia, demência e quadros psicóticos em outros transtornos,

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Juízo Crítico
Capacidade do indivíduo de autoavaliar-se, avaliar suas capacidades, limitações
Definição e potencialidades.
Envolve ainda a capacidade de insight do indivíduo.
Limitado, subestimado e superestimado
Alterações Risco de suicídio!
Como você avalia sua situação atual? E os seus problemas? Quais são as
Semiotécnica soluções para o seu caso? Quais são seus planos para o futuro?
Limitado: deficiência intelectual, demências, SCO, esquizofrenia e quadros
Principais psicóticos
condições Superestimado: mania
clínicas Subestimado: depressão, hipocondria, transtornos de ansiedade e outros

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Linguagem
Processo destinado à comunicação, exteriorização do pensamento e integração de
Definição
informações em um contexto (verbal ou escrito)
Alterações Produção, curso e conteúdo

Observação da articulação, produção e curso da linguagem


Solicitar ao cliente que escreva ou fale uma frase
Semiotécnica Solicitar que repita “Nem aqui, nem ali, nem lá”
Solicitar que nomeie objetos apresentados ao cliente (caneta, papel, copo...)
Solicitar que toque a sua orelha direita com a mão esquerda (compreensão)
Bradilalia, taquilalia, logorréia (verborreia ou verborragia), dislalia (omissão ou
Principais substituição), ecolalia, coprolalia, glossolalia e outros
condições clínicas Afasia (expressiva e receptiva)
Mutismo e mutismo seletivo

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

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Conduta
Definição Envolve a capacidade de regulação da volição e a atividade psicomotora

Alterações Quantitativas e qualitativas

Observação do comportamento
Questionar sobre a percepção e capacidade de controle do comportamento
Semiotécnica Solicitar realizar comandos (três ações, movimentos com os membros superiores e
inferiores)
Tiques motores e vocais (S. Tourette), compulsão, impulsividade e hiperatividade
Catatonia (negativismo, catalepsia, postura catatônica, estupor catatônico, excitação
Principais
catatônica, flexibilidade cérea)
condições clínicas Esquizofrenia, histeria, TDAH, TOC, TEA, transtornos de controle do impulso, mania e
outros

Cheniaux (2015); Dalgalarrondo (2018)

Trecho do documentário “Estamira” (2006, direção de Marcos Prado)

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HORA DE EXERCITAR

● Utilizando o roteiro de anamnese disponível no Canvas da turma,


proceder com a entrevista e com o exame do estado mental

REFERÊNCIAS:

CHENIAUX Junior, Elie. Manual de psicopatologia - 5. ed. - Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2015. Cap. 01

DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 3. ed.


– Porto Alegre : Artmed, 2019. Cap. 01

SADOCK, Benjamin James; SADOCK, Virginia Alcott. Compêndio de psiquiatria: ciência


do comportamento e psiquiatria clínica. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017. Cap. 05 e 06

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