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CENTRO UNIVERSITÁRIO DE CIÊNCIAS E TECNOLOGIA DO MARANHÃO-

UNIFACEMA
BACHARELADO EM PSICOLOGIA, 3 ° PERÍODO
PROFESSOR (A): ANA VALÉRIA LOPES LEMOS
DISCIPLINA: FUNDAMENTOS DE PSICOPATOLOGIA E
PSICOFARMACOLOGIA

DÉBORA MELLISSA COSTA LIMA

RESUMO:
PSICOFARMACOLOGIA – IMPORTÂNCIA, MEDICAMENTOS E QUESTÕES
DE ÉTICA

CAXIAS-MA
21/09/2023

DÉBORA MELLISSA COSTA LIMA

RESUMO:
PSICOFARMACOLOGIA – IMPORTÂNCIA, MEDICAMENTOS E QUESTÕES
DE ÉTICA

Resumo sobre a psicofarmacologia, qual a sua


importância, uso de medicamentos e suas questões
de ética

Professor (A): Ana Valéria Lopes Lemos


Disciplina: Fundamentos De Psicopatologia E
Psicofarmacologia

CAXIAS-MA
21/09/2023
Psicofarmacologia – importância, medicamentos e questões de ética

A psicofarmacologia pode ser definida como uma área de pesquisa que foca em estudos
sobre medicações de efeito psicotrópico, ou seja, que atuam diretamente no sistema
nervoso central sendo essas substâncias com potencial de alterar o funcionamento das
conexões neurais. Essas medicações são chamadas de psicofármacos que são drogas
que modificam nossa função cerebral e psíquica, induzindo alterações no comportamento
mental, podendo atuar como: depressoras de SNC, estimulantes do SNC ou drogas
perturbadoras do SNC. Esses tipos de medicação devem ser administrada e regulada
pelo psiquiatra mas é evidente que o terapeuta entenda e acompanhe o paciente durante
esse tratamento por isso é de extrema importância que o psicólogo entenda de
psicofarmacologia buscando saber quais os efeitos colaterais mais comuns de um
determinado medicamento, quais os fatores podem influenciar seus efeitos e como ajudar
e entender o paciente que está passando por esse tratamento.
Os psicofármacos hoje são divididos sendo classificados de acordo com seus efeitos,
tanto colaterais como benéficos ao tratamento, e para que tipo de transtorno mental ele é
indicado. Eles são divididos em:

 Antipsicóticos: Também chamado de neurolépticos, ele bloqueia os receptores


de dopamina, inibindo também as funções psicomotoras e atenuam os distúrbios
psicóticos (delírio e alucinação). Dividido em típicos (sedativos e incisivos) e
atípicos (melhor eficácia e menos efeitos colaterais). Seus efeitos colaterais
variam desde a afetação do sistema autonômico até o oftalmológico.
 Ansiolíticos: Possui efeitos tranquilizantes ou sedativos. Geralmente ajudam
nos transtornos relacionados a ansiedade (TAG, TEPT, transtorno do pânico, etc).
Devem ser usados por um curto período de tempo pois causam dependência ou
tolerância em doses altas. Seus efeitos colaterais são a tontura, sonolência,
problemas de concentração, etc.
 Antidepressivos: São usados geralmente usados para tratar transtornos de
humor (depressão, transtorno afetivo bipolar, etc). Aumentam a disponibilidade de
neurotransmissores como dopamina, serotonina ou a noradrenalina. Não gera
uma melhora imediata já que seu tempo de resposta é mais lento. Seus efeitos
colaterais são náusea, insônia, ganho ou perca do peso, diminuição da libido, etc.
 Estabilizadores de Humor: Usados para tratar transtornos que passam por
grandes oscilações de humor que incluem episódios depressivos e episódios
maníacos. Eles estabilizam essas oscilações e podem ser combinados com
outros psicofármacos como, por exemplo, antidepressivos para potencializar o
tratamento. Há alguns tipos como o lítio, anticonvulsivantes ou o antipsicóticos
atípicos. Os efeitos colaterais podem ser tremores, sonolência, tontura, etc.
O melhor conhecimento da divisão dos psicofármacos e dos seus efeitos hoje em dia só
pode ser possíveis graças aos avanços feitos na psicofarmacologia. A medicalização
surgiu na segunda metade do século XX e foi impulsionada pelos avanços no diagnóstico
clinico, aliando-se ao avanço da tecnologia, avanços dos exames médicos, descobertas
de medicamentos e seus efeitos, entre outros.
No final da década de 40, foi quando os primeiros fármacos foram utilizados para serem
usados no tratamento psiquiátrico. Foi nessa época que foram observados os efeitos
antipsicóticos da clorpromazina e nos anos seguintes houve o início do uso de
ansiolíticos e benzodiazepínicos e no fim da década de 50 já haviam observado os
efeitos de diversos antidepressivos, ansiolíticos, antipsicóticos, ansiolíticos e os
estabilizadores de humor, que antes eram chamados de “antimania”. Ao longo desse
tempo foi sendo descobertos um grande arsenal de fármacos para uso terapêutico e a
importância deles no tratamento psiquiátrico. Houve também modelos de experimentos
como testes em animais para observar seus efeitos colaterais. O avanço da bioquímica
também teve um papel fundamental pois expandiu ainda mais a compreensão sobre o
mecanismo de ação dos psicofármacos. Hoje, nas pesquisas mais modernas, são feitos
testes neurais, de membranas, marcadores de imagens e muitas outras para entender
melhor os efeitos desse tipo de medicamento. Algumas descobertas interessantes são
que através da observação do fluxo sanguíneo neural ou metabolismo da glicose de
alguns pacientes foi possível ter uma melhor avaliação dos efeitos das ativações dos
receptores induzidos pelos psicofármacos e como isso influencia o comportamento dos
pacientes.
Apesar dos avanços, não é possível deixar de perceber os debates sobre ética e a
responsabilidade que tanto a psiquiatria como a psicologia deve ter sobre o uso de
psicofármacos. A história da ética do uso de psicofármacos é complexa e abrange várias
décadas de evolução na prática médica e na compreensão dos transtornos mentais.
Após as descobertas das décadas de 40 e 50, o uso de psicofármacos foi aumentando e
na década de 60 já era comumente usados no tratamento dos transtornos mentais mas
isso começou a levantar preocupações sobre a medicalização excessiva com isso foi
possível perceber a dependência que esses fármacos além dos efeitos colaterais que
eram causados em uso de dosagens fortes. No avanço da medicina e das descobertas
de novos medicamentos têm trazido muitos benefícios a humanidade, é possível
diagnosticar doenças com mais precisão e rapidez. Considera-se hoje em dia que todos
os medicamentos devam ser utilizados para o fim a que se destinam, de forma segura e
eficaz, com supervisão de profissionais capacitados e para tratar casos em que
realmente a medicação for indicada. Agora, não podemos ignorar que há também o uso
inadequado desses medicamentos na psicofarmacologia, quando usados como
instrumento para ocultar o sofrimento e uso de escapatória das dores emocionais dos
pacientes.
A partir do final da década de 70 até a de 90 houve uma evolução ética nos campos da
psiquiatria e da psicologia afim de melhorar as abordagens dadas aos pacientes sendo
amplamente discutidas. Ao mesmo tempo, o desenvolvimento de novos medicamentos,
como os inibidores seletivos da recaptação de serotonina (ISRS), para transtornos de
ansiedade e depressão, levou a um uso mais responsável de psicofármacos. Em 2001,
houve um amplo debate da Comissão Ética em Pesquisa (Conep) junto com vários
profissionais da área e pacientes que passaram pelo tratamento medicamentoso
trazendo três pontos que até hoje são discutidos: a autonomia dos pacientes, o efeito
placebo e o fim do estigmatização. Acerca da autonomia do paciente psiquiátrico,
especificamente em relação à participação em pesquisa, deve ser a do direito de recusa.
O motivo desse debate era de que não se trata de assumir que todo paciente que
necessita de medicação psiquiátrica tenha que ser subtraído da possibilidade de se
autodeterminar, mas também não é possível afirmar que toda e qualquer tentativa de
proteção dirigida a essa população seja tomada como um injustificável, ou seja, a
autonomia dos pacientes era ter a escolha de aceitar o tratamento com o uso da
medicação. Era comum relatos de pacientes pressionados a aceitar o tratamento, muitas
vezes sem nem serem comunicados qual eram os seus efeitos, e até contra a sua própria
vontade, levantando questões de consentimento informado e liberdade de escolha. Esse
tópico também se relaciona com a ética envolvida a disponibilidade de alternativas de
tratamento. Se os medicamentos fosse a única opção oferecida, pode ser considerado
antiético, especialmente quando novas abordagens terapêuticas eram desenvolvidas não
somente com o propósito de curar o paciente mas dele ter a própria autonomia e
conhecimento do seu próprio transtorno aprendendo a lidar com os sintomas.
O efeito placebo era muito explorado na psiquiatria, principalmente nos antigos modelos
manicomiais, e considerado antiético ainda no fim da década de 90. Era uma estratégia
que ocorria quando um paciente experimentaria “melhoras” no seus sintomas após
receber tratamento que não possui nenhuma propriedade farmocólogica ativa,
simplesmente porque acredita que o tratamento é eficaz. Isso ocorria pois invés dos
profissionais buscarem a melhoria do paciente, usavam apenas para dar uma falsa ideia
de melhora sem dar nenhum tratamento eficaz e muitas das vezes sem o conhecimento
dos próprios pacientes, mais uma vez afetando a autonomia, já que essa prática clínica
requer informar aos envolvidos sobre os efeitos placebos e discutir expectativas e
preocupações.
A estigmatização dos pacientes com transtornos mentais é algo discutido muito antes do
início do uso de psicofármacos. A área da psicopatologia também discute bastante sobre
como não devemos de jeito algum estigmatizar um paciente e rotular ele pelo seu
transtorno, muitas vezes retirando a própria humanidade do paciente. Essa
estigmatização pode ocorrer em diversas esferas da sociedade, incluindo no contexto da
saúde, no local de trabalho, nas relações pessoais, até mesmo na mídia e também ocorre
naqueles que fazem o uso de psicofármacos. A estigmatização na área
psicofarmacológica refere-se à discriminação, preconceito e esterótipos negativos
associadps ao uso de medicamentos psicotrópicos no tratamento de transtornos mentais.
Isso pode afetar indivíduos que precisam desse tratamento, bem como a percepção
pública desses medicamentos e da saúde mental em geral. Aqui estão algumas das
maneiras pelas quais essa estigmatização pode se manifestar na área
psicofarmacológica: Estigma em relação ao tratamento medicamentoso, estigma em
relação da dependência, em relação aos efeitos colaterais, autoestigmatização do próprio
paciente e o estigma ligado a buscar ajuda. Hoje em dia, há maneiras de combater essa
estigmatização educando o público, promover conscientização e buscar partilhar esses
conhecimentos entre os pacientes e os próprios profissionais de saúde.
Em resumo, as discussões éticas em andamento relacionadas a psicofarmacologia e o
uso de psicofármacos na área da saúde mental abrange uma série de questões com o
objetivo de garantir que o uso desses medicamentos seja feito de maneira ética e em
benefício aos pacientes. É importante que todos que atuam nessa área saibam sobre
esses tópicos apresentados para melhor abordagem e que continuem pesquisas para o
melhor entendimento dos psicofármacos e dar avanços para a área da
psicofarmacologia.
REFERÊNCIAS:
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e semiologia dos transtornos mentais – 3. ed.
– Porto Alegre: Artmed, 2019.
SADOCK, Benjamin James; SADOCK, Virginia Alcott. Compêndio de psiquiatria: ciência
do comportamento e psiquiatria clínica. 9. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.
SCHAZTZBERG, Alan F; DEBATTISTA, Charles. Manual de Psicofarmacologia Clínica.
8. Ed. – Porto Alegre: Artmed, 2017.
PALÁCIOS, Marisa; Aspectos éticos da pesquisa com medicamentos psiquiátricos.
Coleção do Instituto de Estudos em Saúde Coletiva. p. 2045 à 2049. Em 2019. Disponível
em: https://www.scielo.br/j/csc/a/fK9bbqBgJbKnzwhcVcrbn9p/?format=pdf&lang=pt.
DA SILVA XAVIER, Mariana; GOMES TERRA, Marlene; MOSTARDEIRO, Souza. O
Significado da utilização de psicofármacos para indivíduos com transtorno mental em
acompanhamento ambulatorial. p. 324 à 329. Em abril de 2014. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/ean/a/r7TqTRzDWv4knhmCRH6PXMf/?format=pdf&lang=pt.
RERAT, Cristopher; WANNMACHER, Lenita. Uso Racional de Medicamentos: temas
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PSICOLOGIA, Conselho Federal de. XV Plenário Gestão 2011-2013. Campanha “Não à
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MELO, G. A; CUNHA, A. O diagnóstico diferencial e o processo de desmedicalização:
práticas de acolhimento psicológico a pacientes psicóticos em tratamento. p. 1 à 12. Em
janeiro de 2009. Disponível em: https://www.psicologia.pt/artigos/textos/A0462.pdf

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