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Psicofarmacologia

para Iniciantes
Curso de Inverno
Prof:Ms. Felipe Tameirão

Julho de 2023
• “Estamos hoje mergulhados no medicamento.
Ele está onipresente no campo e vem
abalando a Clínica. Define ideais de eficácia,
transforma as instituições médicas. É objeto
de demandas neuróticas, de exigências
psicóticas e de usos perversos. Será ele nosso
mestre?”
• Eric Laurent, 2003.
O lugar do
medicamento na
organização subjetiva e
social contemporâneas
Não há uso de
medicamento, sem
investimento libidinal.

Epidemia em Saúde Mental


x
Função subjetiva do medicamento.
Farmacologia
• O impulso para o nascimento da
farmacologia ocorreu no século
XVIII e foi no final do XIX que essa
ciência teve seu desenvolvimento
incrementado com as novas
tecnologias disponíveis.
Nascimento da
Psicofarmacologia
• Somente nos anos 50 surge a conhecida
psicofarmacologia, com um antipsicótico chamado
clopromazina e sua utilização no tratamento da
agitação severa e da psicose, o uso de drogas torna-se
o principal elemento do tratamento psiquiátrico.
• Desde 1958, quando surge o haloperidol, varias drogas
antipsicóticas vêm sendo sistematizadas.
• Introduz-se o uso da imipramina e dos inibidores da
monoamino-oxidase (IMAO) no tratamento da
depressão.
• Em 1960 surgem o clordizepóxido para combater a
ansiedade; e os anticonvulsivantes, em particular a
carbamazepina e o ácido valpróico, que também são
eficazes no tratamento dos transtornos bipolares.
Fundamentos da
Neurotransmissão
Sinapse
Fundamentos da
Neurotransmissão
• A farmacodinâmica tem como objetivo
essencial o estudo dos efeitos
Farmacodinâmica e o bioquímicos, comportamentais e
mecanismo de ação fisiológicos dos fármacos.

dos medicamentos
• Cada classe de medicamento possui um
psicotrópicos mecanismo de ação específico para
atingir seu objetivo terapêutico.
PRINCIPAIS
NEUROTRANSMISSORES
DO SNC

• As drogas psicoativas utilizadas na prática clínica


atuam principalmente sobre a serotonina (5-HT), a
noradrenalina (NA), a dopamina (DA), a
acetilcolina (ACh), o glutamato e o ácido gama-
aminobutírico (GABA).
• Esses são considerados neurotransmissores
clássicos, porque foram os primeiros a serem
descobertos, além disso, ocorreram avanços que os
tornaram alvo em relação às drogas psicoativas.
Mecanismos de ação dos
Antidepressivos

• A teoria mais aceita para elucidar a etiologia do transtorno


depressivo maior é a monoaminérgica. Sugere que a
depressão está relacionada com uma deficiência na
quantidade ou na função da serotonina (5-HT), noradrenalina
(NA) e dopamina (DA) corticais e límbicas.
Classes dos Antidepressivos
• Os antidepressivos atualmente disponíveis compreendem
uma notável variedade de tipos químicos. Dentre as classes
mais importantes, temos: Inibidores seletivos da recaptação
de serotonina; Antidepressivos tricíclicos; Inibidores da
recaptação de serotonina-norepinefrina
Inibidores seletivos da
recaptação de serotonina

• Os inibidores seletivos da recaptação


de serotonina (ISRSs) representam
uma classe quimicamente diversa de
agentes cuja principal ação consiste
na inibição do transportador de
serotonina (SERT), o que gera
acúmulo deste neurotransmissor na
fenda sináptica, aumentando sua
disponibilidade.
• REPRESENTANTES: Fluoxetina,
sertralina, citalopram, paroxetina,
fluvoxamina e escitalopram.
Antidepressivos tricíclicos

• Os antidepressivos tricíclicos (ADTs) eram a classe dominante de


antidepressivos até a introdução dos ISRSs nas décadas de 1980
e 1990. Todos apresentam um núcleo iminodibenzil (tricíclico)
em sua composição.
• Os ADTs são usados principalmente na depressão que não
responde aos antidepressivos de uso mais comum, como os
ISRSs ou os IRSNs. Sua perda de popularidade advém, em grande
parte, de seu menor perfil de tolerabilidade em comparação com
agentes mais recentes, da dificuldade de seu uso e de sua
letalidade em superdosagem.
• REPRESENTANTES: Imipramina, desipramina, amitriptilina,
doxepina, nortriptilina, protriptilina, clomipramina e
trimipramina.
Indicações para os antidepressivos

• Além do transtorno depressivo maior, esses fármacos atuam de forma significativamente importante em
outras condições de saúde, como:
• Transtornos de ansiedade;
• Controle da dor crônica (principalmente os tricíclicos, como a amitriptilina);
• Transtorno disfórico pré-menstrual (como os ISRS);
• Cessação do tabagismo (bupropiona);
• Transtornos alimentares (fluoxetina e bupropiona, por exemplo)
• Enurese noturna em crianças
• Problemas no desempenho sexual (algumas vezes causados pelos próprios antidepressivos, como ISRS e
sanados com a troca de classe).
Antispsicóticos
• Os antipsicóticos típicos ou de primeira geração como a clorpromazina que foi introduzida na clínica em 1952,
tem capacidade para causar efeitos colaterais extrapiramidais.
• Mas já os fármacos de segunda geração (clozapina), são reconhecidos como antipsicóticos atípicos, e
apresentam menos efeitos colaterais extrapiramidais em relação aos antipsicóticos típicos (SANARMED, 2021).
• Sintomas extrapiramidais (SEP) incluem distonias agudas, acatisia, parkinsonismo e discinesia tardia (DT).
Estes são efeitos adversos graves, às vezes debilitantes e estigmatizantes, e requerem farmacoterapia
adicional. Sintomas extrapiramidais desenvolvem-se em duas fases.
• Os SEP geralmente se desenvolvem no início do tratamento com antipsicóticos ou quando a dose é
aumentada. Os SEP de início tardio geralmente ocorrem após tratamento prolongado e apresentam-se como
discinesia tardia (DT).
• As manifestações motoras incluem acatisia (inquietação e estimulação), distonia aguda (posturas anormais
sustentadas e espasmos musculares, especialmente da cabeça ou pescoço) e parkinsonismo (tremor, rigidez
muscular esquelética e/ou bradicinesia) (DIVAC et al. 2014).
• Os antipsicóticos típicos e atípicos realizam
o bloqueio pós-sináptico dos receptores
cerebrais D2 da dopamina. Esse bloqueio
atinge tratos dopaminérgicos, como o
mesolímbico, mesocortical, nigroestriatal e
túbero infundibular, causando ações
terapêuticas e reações adversas
(SANARMED, 2021).
• A eficácia dos antipsicóticos atípicos é
semelhante aos típicos, porém com menos
efeitos extrapiramidais facilitando a adesão
pelo paciente. Além disso, são mais
efetivos no tratamento dos sintomas
“negativos” da esquizofrenia (SOARES,
2018).
Fundamentos....ainda
• As dosagens terapêuticas são as doses quantificadas para prevenir ou
aliviar sintomas, podendo ser utilizadas continuamente com o
acompanhamento de um profissional de saúde. É importante ficar
atento aos efeitos colaterais que podem se fazer presentes.

• As dosagens terapêuticas fazem parte da medicina alopática e dos


compostos naturais, que normalmente podem ser usados com
moderação. Os usuários que ultrapassam os limites no uso das
substâncias podem sofrer graves efeitos, intoxicar o organismo e ter
danos permanentes em sua saúde.
Dose de manutenção

• Esse tipo de dosagem é administrado regularmente,


com intervalos, para a manutenção das substâncias
em quantidade adequada no organismo e a obtenção
do efeito terapêutico. Esse intervalo é pequeno,
sendo que a quantidade utilizada é padronizada para
que haja um equilíbrio na saúde e sejam evitados os
efeitos colaterais indesejados em um tratamento
preventivo.
Dose mínima

• Uma dose mínima é aquela que produz eficácia e resultado


terapêutico visível nos usuários. Mas é preciso ter ciência de que cada
organismo metaboliza e elimina as substâncias em quantidades
distintas em razão da utilização de outras medicações, do estado de
saúde, da idade, da constituição genética, entre outros fatores. As
taxas de eliminação variam com tempo
Dose
Máxima
• A dose máxima é o limite da
quantia do princípio ativo que
pode ser introduzida em uma
cápsula, comprimido, ampola ou
volume de líquido a ser ingerido
por vez. Caso a limitação seja
desrespeitada, o usuário poderá
sofrer com as consequências dos
efeitos tóxicos. Em virtude disso,
é interessante contar com um
monitoramento e com esquemas
posológicos preestabelecidos.
Concluindo
 Alguns psicotrópicos são usados demasiadamente,
por vezes, sem uma devida indicação e controle
médico, como é o caso dos hipnóticos e os
ansiolíticos, popularmente conhecidos como
soníferos e calmantes, respectivamente.
 A prática de psicofarmacologia clínica exige
habilitação e capacitação de diagnosticador e
psicoterapeuta, além de conhecimento da
farmacodinâmica, farmacocinética, posologia
(Indicação da(s) dose(s) em que deve(m) ser
aplicado(s) medicamento), tempo de uso, efeitos
colaterais, interações medicamentosas e contra-
indicações da droga selecionada, embasados na
história de vida do paciente, seu estado geral e
planejamento do tratamento.
 O paciente e a família devem estar cientes de todos
estes aspectos e propósitos.

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