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Especialização em Saúde Mental e

Terapias Cognitivas
Disciplina: Saúde Mental e
Psicofarmacologia
Profª. MsC. Waleska Barros
Psicologa Clínica
Formação e especialização em Terapia-cognitivo-
comportamental e Tanatologia, especialista em
docência do ensino superior
Especializanda em suicidologia

23 DE OUTUBRO DE 2021
Modelo do Adoecimento Mental: combinação de múltiplos
fatores de risco
• Então...o adoecimento
mental depende dos
seguintes fatores:
Vulnerabilidade
biológica;
Vulnerabilidade
psicológica;
Fatores ambientais.
Introdução a psicofarmacologia
• A utilização, pelo homem de produtos vegetais, animais e
minerais tanto para a saúde, como para rituais religiosos o
culturais.
• Muitos deles hoje são denominados de substâncias
psicoativas, psicotrópicos ou psicofármacos, tendo ação direta
no sistema nervoso central (SNC).
• E os transtornos mentais em geral foram considerados pela
Medicina somente no século XIX, com a atuação asilar dos
alienistas, e em 1892, a obra de Kraepelin sobre a influência
de alguns medicamentos em determinados fenômenos
psíquicos elementares lança a farmacopsicologia e apresenta
estudos sobre a morfina, chá, álcool, cloraldeído e paraldeído.
• Na década de 1950 surge a
psicofarmacologia e apresenta os
antipsicóticos chamados de clorpromazina,
e daí em diante surge os ansiolíticos,
antidepressivos e os estabilizadores de
humor, hipnótico, estimulantes e outros.
• Os chamados de psicofármacos ou drogas
psicoterapêuticas tornaram-se, com o tempo
um domínio médico, e os psicólogos não
são autorizados legalmente a prescreverem
medicamento, embora alguns o façam com
os chamados florais de bach.
• Alguns PSICOTRÓPICOS são utilizadas
demasiadamente e sem o controle médico,
como é o caso dos hipnótico (soníferos) e
os sedativos (calmantes).
Mas o que são os psicotrópicos?
Psicotrópicos são substâncias químicas, naturais
ou sintéticas, que são capazes de modificar de
vários modos a atividade mental, excitando,
deprimindo ou provocando uma ação
perturbadora no psiquismo.
Recebem várias denominações: psicotrópicas,
neurotrópicas, psicoativas, frenotrópicas, etc.
Classificação
Há várias formas de classificar os psicotrópicos.
As drogas são classificadas de acordo com a capacidade
de deprimir (psicolépticas), excitar (psicoanalépticas), ou
desviar a atividade mental (psicodislépticas).
Psicolépticos: neurolépticos, hipnóticos, tranquilizantes;
Psicoanalépticos: estimulantes da vigília, estimulantes do
humor;
Psicodislépticos: agentes alucinógenos ou
despersonalizantes.
Classificação dos grupos
 Psicolépticos: reduzem a vigília, diminuem a capacidade cognitiva e
enfraquecem as tensões emocionais e a ansiedade. Agem, portanto,
deprimindo globalmente as funções sensitivas e motoras (antipsicóticos,
hipnóticos e ansiolíticos.
 Psicoanalépticos: reduzem a depressão, elevam o ânimo, ativam a
vigília, melhoram os processos cognitivos (antidepressivos e psico-
estimulantes).
 Psicodislépticos: drogas que produzem fenômenos psicopatológicos
nas esferas da sensopercepção, do pensamento e do comportamento
motor, não revelando interesse terapêutico (euforizantes, desinibidores,
alucinógenos e despersonalizantes).
Para-psicotrópicos: anti-epilépticos e antiparkinsoniano,
visam controlar sintomas provenientes de disfunções
neuro-anatômicas e neuro-fisiológicas.
1Lítio, não considerado um psicotrópico verdadeiro,
paradoxalmente é o único preventivo real em Psiquiatria,
agindo como normalizador.
Anti-alcoólicos: sem atividade comprovada a nível de
SNC, exercem efeitos indiretos, mediante
condicionamento aversivos a etílicos.
• O preconceito em relação aos transtornos mentais, aos
psicofármacos e aos profissionais da saúde mental, e por
vezes mais exacerbado entre os próprios colegas de saúde, o
que pode inviabilizar um encaminhamento claro e desprovido
de estigmas, assim como um tratamento interdisciplinar
adequado.
• A prática da psicofarmacologia clínica exige habilitação e
capacitação de diagnosticador e psicoterapeuta, além de
conhecimento da farmacodinâmIca, farmacocinética, posologia,
tempo de uso, efeitos colaterais, interações medicamentosas,
contraindicações da droga selecionada, embasados na história
de vida do paciente, seu estado geral e planejamento do
tratamento.
• O paciente e a família devem está cientes de todos estes
aspectos e propósitos.
Portanto...
• A importância de se conhecer a
psicofarmacologia se deve ao fato de uma
melhor possibilidade de entender os transtornos
de ordem mental, seu funcionamento do ponto
de vista biológico, mecanismos das doenças e da
ação dos fármacos compreendendo tanto os
efeitos desejados quanto os colaterais das
medicações que os pacientes possam fazer uso.
Farmacocinética
O que o organismo faz ?
• Trata das etapas que o medicamento sofre no organismo
desde a administração até a sua eliminação. Ele é um
estudo da cinética da droga, o que você faz com o
fármaco no organismo.
• Portanto, contempla processos biológicos envolvidos no
transporte dos medicamentos desde o local de
administração (exemplo: trato gastrointestinal) até o local
de ação (exemplo: SNC) e sua remoção deste local de
ação e eliminação do organismo.
• Conhecer os conceitos da farmacocinética é muito
importante, pois é importante compreender a
individualização e ajuste do esquema terapêutico, tais
como a frequência de administração, estimando-se o
tempo mínimo para a droga atingir o nível plasmático
adequado e para ser eliminada do organismo, a
compreensão das particularidades do tratamento de
grupos especiais de pacientes, de várias interações
medicamentosas, empregando aquelas úteis na
terapêutica e evitando as prejudiciais ao paciente.
Farmacologia
Farmacodinâmica:
Efeitos do
medicamento

Farmacocinética:
Absorção
Distribuição
Metabolismo
Excreção
Etapas principais
 Absorção – vai da escolha da via de administração (oral,
intravenosa, intramuscular, sublingual, dentre outras) até a
chegada na corrente sanguínea. A absorção compreende a
movimentação do fármaco de seu local de administração para
a corrente sanguínea.
 A metabolização ou efeito de primeira passagem é o processo
da metabolização do fármaco pelo intestino delgado , sendo
transportado até o fígado pela circulação portal, e nesta etapa,
as drogas podem ser metabolizadas na parede do intestino por
meio dos microrganismos intestinais.
Vias de administração
Oral: via de administração mais usada, conveniente - auto-
administração, mais segura, sua absorção lenta - ineficaz em
emergência, ocorre uma variabilidade individual, podem surgir
irritação gástrica e o efeito de primeira passagem;
 Sublingual (via enteral): tem alto fluxo sanguíneo, sua
absorção mais é rápida que a oral e também evita o efeito de
primeira passagem;
Retal (via enteral): pode ocorrer vômito e irritação gástrica (IG)
e em geral é realizado em pacientes agitados, inconscientes;
 Intravenosa (via parenteral): tem início do efeito rápido,
ocorre um controle da concentração plasmática e uma
infusão constante, mas é inadequada para solução não
aquosas, além de ser irreversível - ação mais rápida,
maior risco de efeitos adversos;
 Subcutânea (via parenteral): tem uma absorção lenta e
inadequada para soluções pouco solúveis em água;
Mucosas: nasal, vaginal;
Pele - dérmica (ação local,
tópica);
Transdérmica: adesivos, e
por fim;
Inalação: pulmões;
Intratecal ou via
subaracnóidea, é uma via de
administração que consiste na
injeção de substâncias no
canal raquideano, exemplo a
quimioterapia.
Enteral: oral, sublingual e
retal.
• Absorção de drogas e o transporte para a corrente
sanguínea depende de fatores que influenciam a
velocidade de absorção, que são eles:
Via de administração;
Circulação no local da administração;
Dose da droga;
Formulação da droga;
Propriedades físicoquímicas da droga (ácido ou base);
Estado físico (tamanho da partícula, estado físico vs líquido);
Tipo de transporte, e;
Ligação a proteínas.
 Distribuição: é a etapa em que a droga é distribuída no
corpo através da circulação chegando aos locais onde vai
atuar, sendo primeiro aos órgãos mais vascularizados
(SNC, Pulmões, coração) e depois aos tecidos menos
irrigados (tecido adiposo).
A maioria dos psicotrópicos apresenta elevada
porcentagem de ligação e concentração com as proteínas
plasmáticas no sangue que são necessárias para formar a
fração ligada do medicamento.
• A distribuição depende de:
Quantidade de fármaco encontrada nos tecidos;
Psicofármacos devem passar pela barreira
hematoencefálico (sangue/cérebro, ou seja, é a
estrutura que protege o SNC de substâncias
químicas presentes no sangue, permitindo ao
mesmo tempo a função metabólica do cérebro);
Fatores que afetam a distribuição como;
tamanho do órgão, fluxo sanguíneo, ligação a
proteína plasmática e as barreiras anatômicas
(hematoencefálica).
Biodisponibilidada:
é a quantidade da
droga na corrente
sanguínea.
 Metabolização ou biotransformação: é o processo pelo qual a
droga é alterada e dividida em substâncias menores (metabólitos)
que são geralmente inativos e a maior parte dessa biotransformação
ocorre no fígado, sofrendo reações químicas que a convertem em um
composto mais hidrossolúvel para posterior excreção.
Apresenta três fases:
 Fase 1: metabolismo oxidativo, reducional, acetilação, metilação ou
hidrólise, responsável pela exposição ou introdução de grupamento
funcional;
 Fase 2: ocorre a conjugação através de uma ligação covalente com
determinadas substâncias, formando conjugados altamente polares e
inativos, que são rapidamente excretados pelos rins;
 Fase 3: ocorre principalmente no fígado, através de um complexo
enzimático conhecido como citocromo P450 (CYP) sendo
dependente da função hepática e do fluxo sanguíneo hepático.
 Excreção: após a biotransformação, que origina substâncias
mais polares a excreção renal assume papel importante
dessas substâncias fazendo a remoção dos compostos do
organismo para o meio externo.
Pode ocorrer via urina, fezes, bile, saliva, lágrimas, suor, leite
Trata-se da última fase da eliminação da droga do organismo e
sofre importante influência da função renal, do estado de
hidratação do PH urinário, dentre outros fatores.
Portanto, os dois órgãos principais na eliminação é o fígado e
os rins.
Farmacodinâmica
o que a droga faz com o organismo?
• Tem por objetivo o estudo dos efeitos fisiológicos dos
medicamentos no organismo, seus mecanismos de ação,
relação entre concentração do medicamento e os efeitos
desejados e indesejados além de fatores que interferem no
efeito das medicações (alimentação, uso de álcool).
• Dois conceitos importantes são a afinidade (capacidade da
droga se ligar ao seu alvo) e atividade intrínseca (é a
capacidade de uma vez ligado, a droga promover uma ação
dentro da célula).
Farmacodinâmica
Potência: é a quantidade de medicação
necessária para o efeito terapêutico;

Eficácia clínica: é a resposta clínica máxima


com o uso do medicamento;

Índice terapêutico:
 É a medida relativa da toxicidade ou
segurança do fármaco
 É se for baixo, exige monitoramento da
concentração
 Resposta idiossincrásica: é bastante imprevisível,
independente da dose;

Tolerância: é a redução da resposta com o passar do tempo;

Dependência:
É a necessidade de manter o uso da droga para evitar
sintomas de retirada (sintomas novos)

Sintomas de retirada/síndrome de abstinência.


• A farmacodinâmica pode ser então considerada como o estudo
das ações biológicas de um fármaco sobre o sistema vivo,
incluindo a ação terapêutica e os efeitos adversos.
• Mas antes da compreensão do funcionamento de um
psicofármaco é ter em mente alguns conceitos básicos
referentes ao funcionamento neuronal tais como as sinapses
nervosas, os mecanismos de transmissão química,
neurotransmissores (NT) e neuromoduladores.
• Assim posto, o estudo das principais doenças mentais e seus
tratamentos poderão ser melhor compreendidos e aplicados na
prática clínica diária.
• As sinapses nervosas são divididas em químicas (comunicação entre
neurônios feita por mediadores químicos chamados neurotransmissores)
ou elétricas (por passagem de íons através de junções comunicantes). Os
neurotransmissores são sintetizados e armazenados pelos próprios
neurônicos dentro de vesículas e por meio de exocitose são liberados nos
terminais axônicos para a fenda sináptica e atuam nos receptores proteicos
pós-sinápticos permitindo a comunicação.

• Sendo assim quando o potencial de ação chega no terminal pré-sináptico


os canais de Cálcio Voltagem Dependentes se abrem permitindo a difusão
de Cálcio para o interior do terminal e esse aumento de Cálcio estimula a
exocitose dos neurotransmissores para a fenda sináptica e os NT ligam-se
de maneira reversível aos receptores da membrana pós-sináptica
causando mudanças na permeabilidade iônica celular. Essa interação
provoca uma mudança na condutância iônica da membrana celular pós-
sináptica e um fluxo de íons que pode levar a despolarização (entrada de
cátions) ou hiperpolarização (entrada de ânions ou saída de cátions).
• Após esse evento o sistema receptor precisa voltar ao seu estado de
repouso para aguardar novas mensagens e os mediadores químicos
precisam ser inativados por mecanismos tais quais a difusão lateral,
degradação enzimática ou receptação pela membrana pré-sináptica
por vias de proteínas especializadas de transporte (essa maneira
apresentando gasto energético) e lembrando que acetilcolina é o único
neurotransmissor que não sofre receptação.

• Geralmente um neurônio produz apenas um tipo de NT (excitatório ou


inibitorio) mas alguns secretam também os chamados
neuromoduladores, os quais tem por função regular o nível de
excitabilidade da membrana pós-sináptica (facilitam ou dificultam a
deflagração do potencial de ação).

• Um NT pode ter vários subtipos de receptores pós-sinápticos e por isso


bastante especifico sendo importante na fabricação de medicamentos.
• A síntese de neurotransmissores ocorre através de sistemas
enzimáticos presentes nos terminais axônicos ou corpo celular
a partir de aminioácidos.

• O NT GABA é sintetizado a partir do glutamato; Acetilcolina a


partir de Colina; Serotonina a partir de Triptofano e as
Catecolaminas (Dopamina, Adrenalina, Noradrenalina) a partir
de Tirosina.

• A neurotransmissão pode ser afetada por substancia exógenas


(fármacos, drogas ou toxinas) de forma a se ligar
especificamente a um determinado receptor e mimetizar os
efeitos do NT natural (esta substancia é chamada de Agonista)
ou bloqueando o receptor sendo chamado de Antagonista.
Pontos importantes a saber sobre os
medicamentos
Drogas agonistas: mesma ação
biológica, ou seja, exercem efeito
similar ao mediador endógeno,
produzindo uma alteração na
conformação do receptor e
consequentemente alterações
intracelulares;
Drogas agonistas inversos: se ligam
aos receptores e exercem efeitos
contrários àqueles mediados pelo
neurotransmissor;
Drogas antagonistas: efeito contrário, ou seja, ligam-se
ao receptor, não produzem alterações conformacionais
nestes, mas impedem a ligação do agonista ou mediador
endógeno;
Atividade intrínseca: é a capacidade de produzir
resposta biológica uma vez ligado ao receptor;
Biodisponibilidade: é a taxa e extensão com que a
porção terapêutica é absorvida e se torna disponível para
o local de ação da droga, ou seja, a fração da droga que
atinge a circulação sistêmica sem modificações;
Bioequivalentes: dois medicamentos são considerados
bioequivalentes quando demonstram que, sob a mesma forma
farmacêutica, contendo idêntica composição qualitativa e
quantitativa do princípio ativo, e sob o mesmo desenho
experimental, apresentam biodisponibilidade comparável;
Medicamento similar: aquele que contém o mesmo princípio
ativo na mesma concentração, forma farmacêutica, via de
administração, posologia e indicação terapêutica do outro
medicamento, podendo diferir quanto as características do
tamanho ou forma do produto, recipiente, veículos, etc;
 Medicamento genérico: medicamento similar a um produto de
referência, que pretende ser intercambiável ou seja substituível com
este;
 Medicamento de referência: é um medicamento inovador registrado
no órgão federal responsável pela vigilância sanitária e
comercializado no país, cuja a eficácia, segurança e qualidade foram
comprovadas cientificamente junto ao órgão federal (DE MARCA);
 Meia-vida: é o tempo necessário para que a metade da
concentração da droga seja eliminada do organismo, ou seja, que a
concentração plasmática da droga caia para a metade;
 Pró-droga; fármaco que se torna ativo apenas após sofrer
biotransformação, como por exemplo, o clorazepato é transformado
no N-desmetildiazepam, que é a substânca farmacologicamente
ativa;
Efeito placebo: resposta a uma substancia ou procedimento
sem qualquer efeito terapêutico. O placebo é mais eficaz
quando: a pílula for maior, colorida em vez de branca, de sabor
amargo, arder, custar caro, difícil de achar e ter lançamento
recente;
Efeitos tóxicos: decorrem de concentrações superiores às
terapêuticas, devido ao uso de doses excessivas
(superdosagem absoluta) ou à deficiência na eliminação
(superdosagem relativa);
Efeitos colaterais: ocorrem com níveis terapêuticos,
geralmente em órgão ou sistema diversos do alvo terapêutico.
Situação mais frequente é uma irritação gastrointestinal
produzida por doses usuais de muitos fármacos.
Efeitos idiossincrásicos: são reações adversas raras,
inesperadas e inexplicadas. As manifestações são
qualitativamente diferentes dos efeitos habituais dos
fármacos;
Efeito nocebo: presença de efeitos colaterais ou piora
da condição clínica após a administração de placebo,
mas ¼ dos indivíduos recebendo placebo referem efeitos
adversos e esses efeitos colaterais mais comuns:
sonolência, fadiga, queixas gastrointestinais, dores de
cabeça;
Homeopáticos: utilizam substâncias causadoras dos
mesmos sintomas da doença, em dose baixa, estimulando
o próprio organismo a se recuperar da doença;
Fitoterápicos: obtidos a partir de partes de plantas ou
plantas inteiras;
 Alopáticos: substância química age diretamente sobre o
organismo, provocando um efeito sobre a doença ou o
sintoma que se quer combater e pode ser industrializado
ou manipulado.
Objetivo terapêutico de um
psicofármaco
• Atingir concentrações da droga no local de ação
(tecido alvo)…
• Que sejam suficientemente altas para produzir o
efeito pretendido …
• sem produzir reações adversas.
O psicofármaco e os transtornos
mentais
• O uso de psicofármacos no tratamento dos transtornos
mentais, a partir dos anos 50, mudou radicalmente a falta de
perspectivas que até então prevalecia no campo da psiquiatria
e da saúde mental, provocando uma ampla reformulação das
concepções e práticas vigentes, de tal forma que na atualidade,
conhecer os medicamentos existentes, as evidências que
embasam seu uso, são essenciais para um efetivo trabalho
nestas áreas, mesmo para aqueles profissionais que se
dedicam preferentemente à prática psicoterápica.
• A decisão de utilizar ou não um psicofármaco depende antes
de tudo do diagnóstico que o paciente apresenta, incluindo
eventuais comorbidades.
• Para muitos transtornos os medicamentos são o tratamento
preferencial, como na esquizofrenia, no transtorno bipolar,
em depressões graves ou no controle de ataques de pânico.
• Em outros, como nas fobias específicas, transtornos de
personalidade, problemas situacionais as psicoterapias
podem ser a primeira opção.
• E em muitas situações o ideal talvez seja, sem dúvida, a
combinação de ambos os métodos.
• Nas situações práticas o clínico procurará escolher, dentre as
drogas que pesquisas bem conduzidas verificaram ser
eficazes para o transtorno que o paciente apresenta, a mais
apropriada, levando em conta, além do diagnóstico, o perfil
dos sintomas, a resposta em usos anteriores, a idade, a
presença de problemas físicos, outras drogas em uso com as
quais a nova droga possa interagir, etc..
• Uma vez escolhida a droga, definidos os sintomas alvo, o
clínico fará um plano de tratamento que envolve a fase aguda,
a manutenção e as medidas para prevenção de recaídas.
• Deverá ainda ter em mente as doses que irá utilizar em
cada uma destas fases, o tempo necessário e os
critérios nos quais se baseará para concluir sobre a
efetividade ou não da droga, bem como a opção de
associar ou não outras estratégias terapêuticas.
• Com estas decisões e alternativas em mente irá expor
seu plano ao paciente e muitas vezes também aos
familiares, com o objetivo preliminar de obter sua
adesão.
• A maioria das pessoas tem dúvidas e receios em relação ao
uso de medicamentos, especialmente se for por longo
prazo.

• Ao esboçar o plano de tratamento é importante dispor de


algum tempo para dar informações sobre a natureza do
transtorno, o racional para o uso dos medicamentos, as
evidências de sua eficácia, o que se espera com seu uso,
o tempo necessário para se observar o efeito, os possíveis
efeitos colaterais e as medidas que podem ser adotadas
para reduzi-los.
• Dissipar tais dúvidas, além de fortalecer a relação com o
paciente (e a aliança de trabalho) é indispensável para a
adesão e para evitar interrupções precoces.

• Os principais psicofármacos em uso na atualidade:


ansiolíticos e hipnóticos, antidepressivos, antipsicóticos
ou neurolépticos e estabilizadores do humor.
• Finalizamos os
psicofármacos agora
vamos para
psicopatologia e os
medicamentos.
Psicopatologia
O que é comportamento anormal?
• É possível que você conheça alguém que esteja sofrendo
de um grau de dificuldades maior que a média.
• Você considera o aparente desespero de uma pessoa pode
ser sintoma de um transtorno psicológico?
• Poderia essa pessoa ser ou estar psicologicamente
perturbada?
• Consideraria lhe dar um diagnóstico?
• E se alguém que você conhecesse não estivesse apenas
deprimido, mas também parecesse pronto a se ferir?
• Em que ponto você traça a linha entre uma pessoa que
tem um transtorno psicológico e alguém com sofrimento
existencial?
• É mesmo necessário dar algum diagnóstico, afinal de
contas?
Questões sobre normalidade e anormalidade, como
essas, são fundamentais para nosso entendimento dos
transtornos psicológicos.
• Você talvez em algum dia tenha ficado incomumente deprimido,
temeroso ou ansioso, ou talvez o sofrimento emocional tenha estado
a um passo de você: seu pai luta contra o alcoolismo, sua mãe foi
hospitalizada por depressão grave, uma irmã com transtorno
alimentar ou um irmão com algum medo irracional.
• Se não encontrou um transtorno psicológico em sua família imediata,
você tem muita probabilidade de encontrá-lo em sua família
extensiva e em seu círculo de amigos.
• Você pode não ter conhecido o diagnóstico psiquiátrico formal para o
problema, bem como não ter entendido sua natureza ou sua causa,
mas sabia que alguma coisa estava errada e reconhecia a
necessidade de ajuda profissional.
• Até serem forçadas a encarar esses problemas, a maioria das
pessoas acredita que "coisas ruins" acontecem apenas aos
outros. Outras pessoas sofrem acidentes de automóvel,
sucumbem ao câncer ou ficam gravemente deprimidas.

• Espero que essa disciplina os ajudem a ir além dessa


síndrome "da outra pessoa: Os transtornos psicológicos são
parte da experiência humana, afetando a vida - direta ou
indiretamente - de cada indivíduo. À medida que ler sobre
esses transtornos e sobre as pessoas que sofrem com eles,
descobrirá que a maioria tem tratamento e muitos podem ser
prevenidos.
O impacto social dos transtornos
psicológicos
• Indivíduos com transtornos psicológicos com frequência
enfrentam situações nas quais as pessoas que lhes são
próximas não têm certeza de como responder aos seus
sintomas.
• Pior ainda, experimentam efeitos emocionais e sociais
profundos e duradouros mesmo após os sintomas serem
controlados e retomarem suas vidas anteriores. Também
devem enfrentar a dor pessoal associada com o próprio
transtorno. Pense nesses pacientes e sua infelicidade.
• As atitudes sociais em
• Parece haver alguma coisa
relação a pessoas com em relação a um transtorno
transtornos psicológicos psicológico que faz os
variam de desconforto a indivíduos quererem se
preconceito evidente. afastar dele o máximo
possível.
• A linguagem, o humor e os
• O resultado desses
estereótipos retratam os estereótipos é a
transtornos psicológicos em discriminação social, que
uma luz negativa, e as apenas serve para complicar
pessoas com frequência ainda mais as vidas das
pessoas afligidas.
temem que esses pacientes
sejam violentos e perigosos.
• O termo psicopatologia foi criado por Jeremy Benthan, em 1817.
Psyché significa alma; páthos, sofrimento ou doença; e lógos, estudo
ou ciência. No entanto, Esquirol e Griesinger, com seus trabalhos
publicados, respectivamente, na França (em 1837) e na Alemanha
(em 1845), é que são considerados os criadores da psicopatologia.

• A psicopatologia é uma disciplina científica que estuda a doença


mental em seus vários aspectos: suas causas, as alterações
estruturais e funcionais relacionadas, os métodos de investigação e
suas formas de manifestação (sinais e sintomas). Comportamento,
cognição e experiências subjetivas anormais constituem as formas
de manifestação das doenças mentais.

• Mas como tratar essas inúmeras psicopatologias? A resposta será


dada a partir da ligação com a aula de psicofarmacologia.
Ansiedade e os ansiolíticos
• A ansiedade e a insônia são sintomas muito comuns na
vida das pessoas. Podem representar respostas normais
às pressões do cotidiano, ou eventualmente
manifestações de transtornos psiquiátricos que exigem
tratamento específico.
• A ansiedade deve ser considerada uma resposta normal
diante de situações de perigo real, nas quais constitui um
sinal de alarme, e portanto num mecanismo essencial
para a defesa e a sobrevivência do indivíduo e da
própria espécie.
• Ela também costuma ocorrer em situações de insucesso,
perda de posição social, perda de entes queridos, ou em
situações que geram expectativas de desamparo, abandono
ou de punição ou que possuem tal significado para o indivíduo.

• Nestas circunstâncias, ela é uma emoção muito semelhante ao


medo e é útil para que pessoa a tome as medidas necessárias
diante do perigo real, como lutar, enfrentar, fugir ou evitar.
Dependendo da intensidade, do desconforto que provoca, da
interferência ou não nas atividades diárias ou no sono e da
duração, poderá ser considerada normal ou patológica.
• A ansiedade está presente na maioria dos transtornos
psiquiátricos, em muitos dos quais é um sintoma
secundário. Entretanto, nos chamados Transtornos de
Ansiedade, ela é a manifestação principal.
• O tratamento desses quadros, em particular, modificou-se
de forma radical nestes últimos 20 anos. Os
benzodiazepínicos (BDZ), que no passado eram os
medicamentos preferenciais para o seu tratamento vêm
cedendo progressivamente o lugar para os
antidepressivos.
• E o uso de psicoterapias mais tradicionais como a psicanálise e
as terapias de orientação analítica vêm cedendo lugar à terapia
cognitivo-comportamental (TCC). Dentre as drogas utilizadas
consideradas ansiolíticas destacam-se os BDZs e a buspirona.
• Recentemente foram lançadas algumas drogas novas para o
uso na insônia como o zolpidem, a zopiclona e o zaleplon.
• Os benzodiazepínicos constituem um grande grupo de drogas,
cujos primeiros representantes foram o clordiazepóxido
(Librium®) e o diazepam (Valium®), lançados no início da
década de 60. Quase todos os BDZ têm propriedades
farmacológicas semelhantes: todos eles possuem efeitos
sedativos, ansiolíticos e hipnóticos.
• São ainda relaxantes musculares, anticonvulsivantes,
produzem dependência e reações de abstinência. Têm poucos
efeitos sobre o aparelho cardio-circulatório e respiratório o que
explica sua larga margem de segurança.
• São utilizados ainda nos transtornos de ansiedade como o
transtorno do pânico (alprazolam, clonazepam, diazepam)
especialmente quando existe ansiedade antecipatória, em
geral associados aos inibidores seletivos da recaptação da
serotonina (ISRS) ou aos tricíclicos e à TCC.
• Os BDZs causam sedação, fadiga, perdas de memória,
sonolência, incoordenação motora, diminuição da
atenção, da concentração e dos reflexos, aumentando o
risco para acidentes de carro ou no trabalho e em
pessoas idosas estão associados a quedas e fraturas do
colo do fêmur.
• A síndrome de retirada ou de descontinuação é muito
semelhante a um quadro de ansiedade e caracteriza-se por
inquietude, nervosismo, taquicardia, insônia, agitação, ataque
de pânico, fraqueza, cefaléia, fadiga, dores musculares,
tremores, náuseas, vômitos, diarréia, cãibras, hipotensão,
palpitações, tonturas, hiper-reflexia, hipersensibilidade a
estímulos, fotofobia, perturbações sensoriais,
despersonalização, desrealização, disforia.
• Nos casos mais graves, podem ocorrer convulsões, confusão,
delirium e sintomas psicóticos. A duração é variável: os
sintomas físicos raramente ultrapassam sete dias
Recapitulando
 Ansiolíticos são drogas em geral sintéticas, atuam basicamente no alívio
ou eliminação da ansiedade, e em consequência , da tensão muscular e
emocional.
 São conhecidos como tranquilizantes, calmantes, psico-harmonizantes,
psico-sedativos, estabilizadores emocionais.
 Indicações:
 Distúrbios psíquicos em que predomine excitação/agitação;
 Associado a neurolépticos no tratamento de psicoses sintomáticas;
 Combinado a antidepressivo nos casos mais graves de depressão
ansiosa;
 Quadros de abstinências;
 Integrante de fórmulas para sonoterapia;
 Anticonvulsivantes.
Depressão e psicofármaco
• O termo depressão tem sido usado para descrever um estado
emocional normal ou um grupo de transtornos específicos.
• Sentimentos de tristeza ou infelicidade são comuns em
situações de perda, separações, insucessos, conflitos nas
relações interpessoais, fazem parte da experiência cotidiana e
caracterizam um estado emocional normal, não patológico.
• Um exemplo é o luto normal, no qual há tristeza e ansiedade,
mas normalmente não há culpa e auto acusações que
caracterizam os transtornos depressivos.
• Nestas situações podem ainda ocorrer disfunções cognitivas
passageiras: sentimentos de desamparo ou desesperança,
visão negativa de si mesmo, da realidade e do futuro, que em
geral desaparecem com o tempo, sem a necessidade de
ajuda especializada.
• No entanto, quando tais sintomas não desaparecem
espontaneamente, são desproporcionais à situação ou ao
evento que os desencadeou ou este inexiste, quando o
sofrimento é acentuado, comprometendo as rotinas diárias ou
as relações interpessoais, provavelmente o paciente é
portador de um dos diferentes transtornos depressivos.
• Nestes casos está indicado o tratamento, que envolve
usualmente a utilização de psicofármacos associados a
alguma modalidade de psicoterapia, como a terapia cognitivo-
comportamental (TCC) e a terapia interpessoal (TIP), cuja
eficácia, na depressão, tem sido estabelecida de forma mais
consistente.
• No tratamento de depressões leves ou moderadas, resultantes
de problemas situacionais, relacionados a eventos vitais ou em
resposta a estressores ambientais deve-se dar preferência ao
uso de alguma modalidade de psicoterapia: terapia
psicodinâmica, cognitiva, interpessoal, comportamental ou até
mesmo o simples apoio psicológico, associando-se,
eventualmente, por curto espaço de tempo um ansiolítico, se
houver ansiedade ou insônia associadas
• No tratamento de depressões leves ou moderadas, resultantes
de problemas situacionais, relacionados a eventos vitais ou em
resposta a estressores ambientais deve-se dar preferência ao
uso de alguma modalidade de psicoterapia: terapia
psicodinâmica, cognitiva, interpessoal, comportamental ou até
mesmo o simples apoio psicológico, associando-se,
eventualmente, por curto espaço de tempo um ansiolítico, se
houver ansiedade ou insônia associadas.
• Os pacientes com depressão devem também ser encorajados
a modificar seus hábitos: realizar atividades físicas regulares,
manter um tempo mínimo de sono diário (6 a 8 horas por
noite), ter uma boa alimentação, expor-se ao sol em horários
apropriados e evitar o uso de substâncias como anorexígenos,
álcool e tabaco.
• Os antidepressivos têm se constituído num importante recurso
terapêutico, especialmente em depressões de intensidade
moderada ou grave, nos quais a apresentação clínica e a
história pregressa sugerem a participação de fatores
biológicos.
1) Características melancólicas do quadro clínico: sintomas são
piores pela manhã, perda do apetite e do peso, diminuição da
energia, agitação ou retardo motor, insônia matinal, falta de
reatividade a estímulos prazerosos, culpa excessiva;
2) História pessoal de episódios depressivos recorrentes;
3)Transtornos bipolares ou episódios depressivos em
familiares;
4) Ausência de fatores de natureza emocional ou de eventos
vitais desencadeantes que justifiquem os sintomas.
• Os primeiros antidepressivos lançados no mercado no
final da década de 50 e ao longo da década de 60
pertencem ao grupo dos tricíclicos, e se caracterizam por
terem inúmeras ações neuroquímicas e por provocarem
muitas reações adversas.
• Os antidepressivos mais recentes atuam de forma mais
específica, apresentam menos efeitos colaterais e,
consequentemente, melhor tolerância.
• O perfil dos efeitos colaterais das distintas drogas pode
contrabalançar alguns dos sintomas associados aos quadros
depressivos: amitriptilina, mirtazapina podem ser preferidos
quando há insônia, embora ela tenda a melhorar com a
melhora do quadro depressivo; paroxetina, mirtazapina,
sertralina ou venlafaxina quando há ansiedade; amineptina e
bupropriona, reboxetina, quando há anergia acentuada; os
tricíclicos e a mirtazapina devem ser evitados em pacientes
com sobrepeso ou obesidade; tricíclicos e IMAO devem ser
evitados em pacientes com risco de suicídio, pois são
perigosos em overdose.
• Na depressão crônica ou distimia preferir a fluoxetina,
fluvoxamina, moclobemida, nefazodona, sertralina ou
paroxetina
• A resposta aos antidepressivos isolados, quando existem
sintomas psicóticos associados é pobre, sendo necessário o
acréscimo de antipsicóticos, que devem ser suspensos assim
que os sintomas desaparecerem. São quadros que apresentam
também boa resposta à eletroconvulsoterapia (ECT).

• Na atualidade existe uma grande variedade de antidepressivos,


que são classificados em razão da sua estrutura química ou do
seu mecanismo de ação: tricíclicos e tetracíclicos, inibidores
seletivos da recaptação da serotonina (ISRS), inibidores da
monoamino-oxidase (IMAO), inibidores duplos, etc.
• Continuam sendo chamados de antidepressivos embora
estejam sendo utilizados cada vez mais em outros
transtornos como no transtorno do pânico, obsessivo-
compulsivo, de ansiedade generalizada, de estresse pós-
traumático, etc.

• Os efeitos colaterais mais comuns são boca seca,


constipação intestinal, retenção urinária, visão borrada,
taquicardia, queda de pressão, tonturas, sudorese,
sedação, ganho de peso, tremores.
Recapitulando
São drogas sintéticas de efeito psicanaléptico prioritário
sobre o humor e secundário, sobre a psicomotricidade,
aliviando a depressão manifestada clinicamente por
tristeza, apatia, ansiedade.
Indicados em especial para as depressões endógenas.
Antipsicóticos ou neurolépticos e os
psicotrópicos
• Os antipsicóticos ou neurolépticos passaram a ser utilizados
em psiquiatria a partir da descoberta casual de Delay e
Deniker, no início da década de 50, de que a clorpromazina,
além de produzir sedação, diminuía a intensidade de sintomas
psicóticos.

• Posteriormente foram introduzidos outros medicamentos


derivados da clorpromazina as fenotiazinas, as butirofenonas
(haloperidol) e mais modernamente diversas outras
substâncias: risperidona, olanzapina, ziprazidona, molindona,
quetiapina, clozapina, zuclopentixol, aripiprazol, entre outros.
• Os antipsicóticos ou neurolépticos são classificados em
tradicionais ou típicos, também chamados de primeira geração
e atípicos ou de sgunda geração.
• Os antipsicóticos são indicados na esquizofrenia (episódios
agudos, tratamento de manutenção, prevenção de recaídas),
nos transtornos delirantes, em episódios agudos de mania com
sintomas psicóticos ou agitação, no transtorno bipolar do humor,
na depressão psicótica em associação com antidepressivos,
em episódios psicóticos breves, em psicoses induzidas por
drogas, psicoses cerebrais orgânicas, controle da agitação e da
agressividade em pacientes com retardo mental ou demência,
transtorno de Tourette (haloperidol, pimozida, risperidona).
• Dentre os efeitos colaterais dos antipsicóticos destacam-se os
efeitos extrapiramidais:
Acatisia é a sensação subjetiva de inquietude motora,
ansiedade, incapacidade para relaxar, dificuldade de
permanecer imóvel e a necessidade de alternar entre estar
sentado ou de pé.
Distonias ou discinesias agudas são contraturas musculares
ou movimentos estereotipados de grupos musculares que
surgem minutos ou horas depois do início do uso de um
neuroléptico.
Distonias ou discinesia tardias são movimentos
estereotipados de grupos musculares, periorais, da língua, da
cabeça, do tronco ou dos membros, que surgem geralmente
depois do uso crônico de altas doses dos antipsicóticos.
• Os antipsicóticos tradicionais (potencialmente capazes de
provocar reações extrapiramidais e um maior número de outros
efeitos colaterais) podem constituir-se na primeira escolha para
o tratamento da de quadros psicóticos da fase aguda da
esquizofrenia, como coadjuvantes nos episódios maníacos do
transtorno bipolar do humor (TBH), por serem reconhecidamente
eficazes e seguros, e principalmente pelo seu menor custo,
quando este fator é decisivo.

• Entretanto os de baixa potência podem provocar tonturas,


sedação, constipação intestinal; os de alta potência sintomas
extrapiramidais aos quais são suscetíveis especialmente jovens
do sexo masculino.
• Os antipsicóticos atípicos em geral
não causam efeitos
extrapiramidais nas doses usuais,
são mais bem tolerados e na
atualidade vem sendo cada vez
mais preferidos como primeira
escolha: a risperidona quando há
sintomas positivos proeminentes,
hostilidade, agitação, obesidade,
tabagismo, hiperglicemia ou
diabetes; a olanzapina quando há
tendência a ocorrerem sintomas
extrapiramidais ou acatisia, ou a
clozapina quando ocorreu
discinesia tardia.
 Lítio: é utilizado no tratamento e na profilaxia de episódios agudos
tanto maníacos como depressivos do transtorno do humor bipolar, na
ciclotimia, como potencializador dos antidepressivos em pacientes
com depressão maior unipolar, que respondem parcialmente ou não
respondem aos antidepressivos, em episódios de agressividade e de
descontrole do comportamento.

O lítio deve ser evitado nos pacientes chamados de cicladores rápidos (4


ou mais episódios por ano), pois a resposta tem sido insatisfatória; em
pacientes com insuficiência renal, disfunção do nódulo sinusal, arritmias
ventriculares graves, e com insuficiência cardíaca congestiva. Pacientes
que apresentam vários episódios de mania, depressão seguida de
mania, mania grave, mania secundária, adolescentes com abuso de
drogas como comorbidade também respondem pobremente ao lítio.
Mania aguda e
hipomania: no tratamento
agudo e de manutenção
dos diferentes quadros
maníacos (mania clássica,
hipomania, ciclagem rápida)
inicia-se, em geral com um
dos estabilizadores do
humor de primeira linha
(lítio, ácido valpróico),
associado ou não
benzodiazepínicos ou
antipsicóticos.
• Os mais comuns são acne, aumento do apetite, edema,
fezes amolecidas, ganho de peso, gosto metálico,
leucocitose, náuseas, polidipsia, poliúria, tremores finos.
• É importante destacar que o lítio tem uma faixa de níveis
séricos terapêuticos bastante estreita, podendo
facilmente atingir níveis tóxicos (vômitos, dor abdominal,
ataxia, tonturas, tremores grosseiros, disartria, nistagmo,
letargia, fraqueza muscular, que podem evoluir para o
estupor, coma, queda acentuada de pressão, parada do
funcionamento renal e morte).
Acido valpróico, divalproato: é um anticonvulsivante
tradicionalmente utilizado na epilepsia: crises de ausência
simples ou complexas, e em outros tipos. Pode ser de
liberação gástrica (ácido valpróico) ou entérica
(divalproato), que é melhor tolerada. É tão eficaz quanto
o lítio no tratamento da mania e mais eficaz em
cicladores rápidos e mania disfórica.
Os efeitos colaterais mais comuns são: ataxia, aumento
do apetite, ganho de peso, desatenção, fadiga, náuseas
sonolência, sedação, diminuição dos reflexos, tremores,
tonturas
Recapitulando
 São substâncias químicas, em geral sintéticas, capazes de atuar
seletivamente sobre as células nervosas que regulam os processos
químicos no homem.
 Agem em todo o SNC: núcleos talâmicos, hipotálamo, vias aferentes
sensitivas, estruturas límbicas e sistema motor.
 Indicação:
 Tranquilização de pacientes com patologia mental em que há
predomínio de agitação psicomotora, agressividade, exaltação do
humor, etc;
 Redução ou eliminação das vivências psicóticas (alucinações e
delírios);
 Controle dos distúrbios compulsivos e da conduta;
 Ansiedade transtornos graves do pensamento.
Hipnóticos
 Considera-se hipnótica toda substância, natural ou sintética, capaz
de induzir sono próximo ao fisiológico, ou promovê-lo criando ciclos
artificiais.
 São conhecidos como soníferos, sedativos, indutores do sono,
noolépticos.
 A insônia:
 A caracterização da insônia inclui uma redução de horas de sono
como queixa diária, associada a sintomas funcionais de intensidade
variável.
 Comumente, os pacientes referem ansiedade, taquicardia, sudorese
e outras sensações, exacerbadas durante o dia e acrescidas de
irritabilidade, sonolência, dificuldade no raciocínio, distúrbios da
memória e queda do potencial físico.
Psicoestimulante
São drogas que estimulam a psicomotricidade, a vigília e,
secundariamente, o humor.
A maioria deriva de um núcleo comum: a cadeia fenilalanina,
cujo composto mais importante é a metilanfetamina.
Atualmente são utilizados como anorexígenos ou moderadores
de apetite nos obesos, sendo assim utilizados pelos
endocrinologistas também.
São considerados fármacos de dependência.
Como psico-estimulantes naturais, existe a cafeína e o
guaraná, embora com efeitos bem mais discretos.
Exemplos: anfetamínicos, alguns antipsicóticos e ansiolíticos.
Outros psicofármacos...
Psicodislépticos
São substâncias que retêm a capacidade de promover
disfunções psíquicas como efeito principal, mesmo em doses
baixas, suficientes para intoxicar.
Geralmente representados por princípios ativos naturais de
origem vegetal. Exmeplo: cocaína, álcool, cannabis, opiáceos
e vários alucinógenos.
Anti-parapsicotrópico
 Anti-epilépticos;
Anti-parkinsoniano.
Tratamentos não farmacológicos
Neuroestimulação
Eletroconvulsoterapia - ECT
 Surgiu na década de 30 (1938);
 Tratamento seguro, eficaz e indolor;
 Resposta positiva em 80-90% dos casos gerais e 50% nas
depressões resistentes a antidepressivos;
 Alvo de crítica e preconceito pela população leiga;
 Indução de convulsões por meio da passagem de corrente elétrica no
cérebro;
 Ação neurotrófica (neuroplasticidade);
 Ação de estimulação profunda (neurotransmissores/hormônios);
 Ação inibitória do SNC na tentativa de conter a convulsão
 Indicações:
 Casos graves com necessidade de resposta rápida
 Casos refratários ou contraindicação a outros tratamentos
 Risco de suicídio
 Mania aguda
 Psicoses (esquizofrenia)
 Catatonia
 Depressão grave
 Efeitos Adversos:
 Cognitivos:
 Desorientação ictal transitória ou convulsões
 Amnésia (geralmente transitória)
 Cefaleia
 Dor muscular
Realizada:
Centro cirúrgico;
Com monitorização (ECG, EEG);
Com anestesia (sedação, analgesia, relaxamento
muscular);
A convulsão dura cerca de 20 segundos;
Paciente recebe alta no mesmo dia;
O tratamento agudo: 3x/semana;
Manutenção: semanal, quinzenal, mensal...
Estimulação Magnética Transcraniana – EMT:
Corrente elétrica passa por uma bobina colocada sobre o
couro cabeludo e gera um campo magnético, que, por sua
vez, cria uma corrente elétrica nas áreas cerebrais
estimuladas, reforçando a atividade das monoaminas
nessas regiões.
Indicações:
Depressão;
Alucinações auditivas (esquizofrenia);
Zumbido;
TEPT.
DBS – Estimulação cerebral profunda:
Marcapasso” (gerador de pulsos) implantado na parede
torácica conectado diretamente ao cérebro envia pulsos
breves e repetidos ao cérebro, reforçando a atividade dos
neurotransmissores. Pode tratar epilepsia, Parkinson,
depressão refratária, síndrome de Tourette.
Referências
Combinando terapia cognitivo-comportamental e medicamentos: uma
abordagem baseada em evidências/Donna M. Sudak – Porto Alegre:
Artmed, 2012.
Integrando psicoterapia e psicofarmacologia: manual para
clínicos/Irismar R. Oliveira, Stephen M. Stahl, Thomas Schwartz - Porto
Alegre: Artmed, 2015.
Manual de farmacologia psiquiátrica de Kaplan & Sadock/ Benjamin J.
Sadok, Virginia A. Sadok, Norman Sussman – 5.ed. – Porto Alegre: Artmed,
2013.
Psicofarmacologia: bases neurocientíficas e aplicações
práticas/Stephen M. Stahl – 4. ed. – Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2014.
Psicofármacos: consulta rápida/ Aristides V. Cordioli, - 5. ed. Carolina B.
Gallois, Luciano Isolan - Porto Alegre: Artmed, 2015.
Gratidão pela atenção!!
E-mail:
waleskamsbarros@gmail.com
Até o próximo
encontro.

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