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NÚMERO:

ESTUDO DE CASO
PÓS-GRADUAÇÃO APROVAÇÃO:
DIREÇÃO ACADÊMICA

ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E TERAPIAS Código de Turma


CURSO: COGNITIVAS

A A FAMÍLIA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA


DISCIPLINA: CH:
SAÚDE MENTAL
PROFESSOR (A): CAMILLA DE MELO SILVA

DESCRIÇÃO DO CASE ANALÍTICO


Durante uma sala de espera para a consulta de rotina com o psiquiatra, uma usuária (Berê) do CAPS
AD e sua mãe (Maria), que naquele momento estava enquanto sua acompanhante, iniciam uma
discussão. Ao lado delas, está uma psicóloga e pesquisadora que estava no serviço realizando algumas
atividades de pesquisa. A mãe afirma estar cansada de acompanhar a filha, pois esta parece não
“querer nada com a vida”.
Maria: Não dá mais, E. Você pensa que é brincadeira? Vir pra o CAPS pra ficar esperando médico
como se eu não tivesse nada pra fazer?
Berê: Mãe, eu tenho culpa? Todo mundo espera.
Maria: É, mas todo mundo tem pelo menos um retorno. Há quantos anos eu venho pra cá? Há
quantos anos tu tá nessa vida?
Berê: Pronto… agora deu. Toda vez é isso…
Maria: Toda é vez é isso mesmo, Berê. Eu tô cansada. Pensa que num cansa não? Eu sou uma idosa.
Eu tenho que me cuidar. Tu vem pra cá. Tu é adulta. Era pra pelo menos querer alguma coisa.
Berê: Mãe, a senhora não entende…
Maria: Não entende o que? Não tem o que entender não. Eu já fiz de tudo e tu nada. Já arrumei casa
e tu nem pra ajeitar. (Voltando-se para a psicóloga) Olhe, eu arrumei casa pra Berê, levava comida,
ajeitava. Ela sem jeito nenhum e só pensando em bebedeira…
Maria continua falando. Diz que Berê já passou por relações que terminaram muito mal. Sua mãe diz
que a filha já colocou fogo na casa de uma ex, assim como já esteve presa. Berê diz que “a senhora
sabe que eu sou assim. Que eu fico nervosa”. A usuária fala que prefere ficar sozinha sem ninguém
pra lhe aperrear. A mãe, de imediato, pergunta: “então por que vocÊ me aperreia?”. Berê brinca
dizendo: “porque eu te amo”. A mãe passa a falar sobre esse amor. Diz que cansa e que se sente
sobrecarregada. Fala que a filha já deveria ter tomado um rumo na vida e que ela uma hora precisa
acordar.
Berê afirma que a mãe “fica assim”, mas que ela só tá com raiva por ter que ir ao CAPS AD. Nesse
momento, Maria diz que não é porque ela é assim “ou assado”. Diz que fica irritada por precisar ir ao
serviço acompanhar uma pessoa que não quer ser cuidada. Diz que há anos a filha frequenta o CAPS
AD, mas “nunca melhorou”. “Teve até um momento ou outro que ficou mais tranquila, mas depois
volta de novo pra esse vício (remetendo-se ao uso de álcool). Tem pra quê?”. Berê fica com a cabeça
baixa e chora. A mãe segue em seu desabafo.
Diz que não entende como uma pessoa consegue viver dessa maneira. Conta que logo cedo, ao
acordar, Berê já vai para um bar que tem perto de casa e começa a beber. Fica por ali e não cuida da
casa. Maria menciona o apartamento que preparou para a filha morar, mas que “ela abandona tudo”,
afirma. “Deixa tudo fechado, comida estragando”. Diz que não tem sentido ela estar no CAPS AD, se a
filha nem para uma consulta consegue ir sem beber - mencionando que Berê está bêbada na sala de
espera.
Nesse momento, a enfermeira que estava acompanhando as consultas com o psiquiatra, se aproxima.
NÚMERO:
ESTUDO DE CASO
PÓS-GRADUAÇÃO APROVAÇÃO:
DIREÇÃO ACADÊMICA

ESPECIALIZAÇÃO EM SAÚDE MENTAL E TERAPIAS Código de Turma


CURSO: COGNITIVAS

A A FAMÍLIA NO PROCESSO DE CONSTRUÇÃO DA


DISCIPLINA: CH:
SAÚDE MENTAL
PROFESSOR (A): CAMILLA DE MELO SILVA

A mãe de Berê pergunta que horas elas serão atendidas e a profissional lhe diz que o psiquiatra estava
em reunião, mas já irá descer. Maria diz para a enfermeira que não irá mais acompanhar a filha, pois
ela é uma mulher adulta e precisa responder por si. A enfermeira diz que entende a mãe da usuária,
mas afirma que é importante esse acompanhamento não somente às consultas, mas porque o vínculo
da família com o serviço e com o processo de cuidado de Berê é importante. A mãe da usuária diz que
não quer saber e que ela não irá mais fazer isto. Diz que já participou de grupos, mas que não quer
mais, pois os grupos não a ajudam e os profissionais apenas pedem paciência. Maria afirma estar
cansada de ter paciência e que não adianta participar de um grupo se ela não é ouvida – “é tudo
sobre eles e nada sobre nós... quem cuida de nós?”. A profissional tenta dialogar, mas a mãe de Berê
se mostra irredutível.

DESCRIÇÃO DO PROBLEMA
Além da situação de discussão entre a usuária e a sua mãe – algo que se mostra como sendo comum,
tendo em vista que a mãe parece estar cansada da repetição – pode-se identificar a insatisfação da
mãe com relação às atividades voltadas para familiares de usuários do CAPS AD. Apesar da insistência
da profissional, Maria parece ter claro que os grupos voltados para familiares não estão voltados
também para o acolhimento das pessoas cuidadoras.

PROPOSIÇÕES DE RESOLUÇÃO (Resumo)


Propõe-se a construção de propostas de atividades voltadas para familiares que estejam em
consonância com suas demandas. Para tal, faz-se necessário um mapeamento das questões que mais
afligem as pessoas cuidadoras e acompanhantes dos usuários dos serviços de saúde mental.

OBSERVAÇÕES

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