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SERVIÇO DE PSICOLOGIA APLICADA – SPA

RELATÓRIO DE DEVOLUÇÃO DE ATANDIMENTO


DADOS DO PACIENTE
Nome: Camila S. da Costa Idade: 22 Sexo: fem.

RELATÓRIO CLÍNICO
Data das sessões: 18/05/2023

Relatório:
18/05/2023
Na primeira sessão a paciente chegou 30 minutos antes do horário, bem-
vestida, porém de chinelos e aparentemente má higiene bucal, cabelos presos e
unhas mal cuidadas. Chegou ao SPA levada pela mãe que alegou um surto e
internação na ala psiquiátrica do Hospital Pedro ll.
A mão pergunta se pode acompanhar a sessão, não se aborrece com a minha
negativa. Ao adentrar na sala peço que se sente e me apresento, já explicando como
funciona a terapia e sobre o sigilo profissional, alegando que ali é um local neutro,
próprio para que ela não se sinta julgada, mas acolhida em suas necessidades
psicológicas. Ela sorri.
Dou início à entrevista, perguntando se ela estava ali porque sua mãe à levou,
se sabia o que fazia ali e se era da sua vontade fazer acompanhamento psicológico,
então percebo-a um pouco letárgica, de fala lenta e poucas palavras. Apenas expõe
que precisa de terapia porque “melhora a cabeça” e que ela passa mal quando a
“diabetes sobe”, que não sabe o que acontece porque acorda no hospital e não é
relatado à ela sobre os momentos e atos que antecederam sua hospitalização.
Quando questionada sobre a família, diz que mora com a mãe e o padrasto, que ele
a deixa com raiva por ele monopolizar a tv até tarde e que aos queixar-se com a mãe
“vira uma confusão danada”. E questionada sobre as coisas que a deixavam triste ou
aborrecida, ela de forma breve e com sorriso no rosto responde: - Nada. Resolvi
então perguntar sobre o que a deixa feliz e prontamente diz: - Ir na rua e ficar na
praça com minhas amigas, mas minha mãe não deixa, então eu fujo. E novamente
sorri, de forma espontânea, sem sentir culpa ou peso sobre a desobediência. Pedi
então que em casa ela fizesse uma lista das coisas que a deixavam com sentimentos
de felicidade e de tristeza.

22/05/2023
Na segunda sessão a paciente já chegou com sorriso, bem limpa, inclusive as
unhas e os dentes. E ao entrar na sala, puxa prontamente um caderno e me mostra
as coisas que escreveu dizendo: - Fiz a tarefa de casa. Comecei perguntando se ela
havia pensado um pouco sobre as palavras escritas e ela balança a cabeça que sim,
ao ver o caderno vejo as palavras de felicidade: ir na casa da tia, pizza, ir na praça,
comer e nenhuma de tristeza. Percebi ali a dificuldade em expressar palavras e
ações mais maduras que corroborassem com sua idade de 22 anos. Pouco falamos,
e ela ficava fixada olhando para mim, sorridente em todo o tempo, sem desenvolver
qualquer narrativa que demonstrasse momentos de tristeza e me respondia que nada
na vida dela a deixava triste, sempre monossilábica. A única vez que falou
espontaneamente foi quando ouviu a voz de sua mãe na recepção e disparou: -
Minha mãe já está falando de mim. Daqui dá pra ouvir a voz dela. E ficou inquieta
depois disto. E perguntada sobre a relação dela com a mãe, ela respondeu: - normal.
Decidi direcionar mais especificamente, perguntando como era do dia dela e o que
fazia, e ela discorre rapidamente que acorda, toma café, almoça, lancha e janta. E
que fica no quarto mexendo no telefone. Questionada sobre o que mexia no telefone,
ela relata que conversa com um rapaz, que o está conhecendo, mas que ele ainda
não foi na casa dela mas que eles já se encontraram e pela primeira vez ela foi um
pouco mais específica. Então continua e diz que já foi casada (morou junto), e que o
casamento acabou porque toda vez que ela passava mal, ele ligava para a mãe dela.
Ela o deixou alegando que ele não sabia cuidar dela quando passava mal da
diabetes. E diz que descobriu que tinha diabetes já “grande”, que este casamento
ocorreu quando ela tinha 16 ou 17 anos. Que precisa de insulina 2x ao dia injetável,
mas que a glicemia sempre está fora de controle. Que faz dieta, mas as vezes come
coisas que não pode e por isso a mãe não a deixa sair. Combinamos de que ela
tentaria fazer dieta durante a semana e que anotaria a glicemia todos os dias para
acompanhar a melhora, pois ela não passaria mal se controlasse. (ficar desorientada)

29/05/2023
A paciente chegou e mostrou as anotações, é característico o sorriso sempre
no rosto, e dando seguimento, perguntei se ela compreende o que acontece se a
glicose dela sobe, ela diz que não.
Levei o baralho da autoeficácia e não surtiu muitos efeitos, pois ela sempre
respondia positivamente á tudo, demonstrando imaturidade para a idade de 22 anos,
se identificando apenas com a carta, “cuido da minha saúde”, respondendo que mais
ou menos. Perguntada sobre se havia algo que ela gostaria de falar da semana, ela
disse que gosta de ir à casa da tia e que comeu 1 dúzia de bananas com o tio. Que a
tia faz comida gostosa. E que marcou de ir ao cinema com o rapaz que conheceu
pela internet, que ele foi a casa dela e que estava tudo bem, que a mão e o padrasto
gostavam dele. Terminada a sessão ela estava bem tranquila.

05/06/2023
A paciente chegou no horário, comendo um biscoito torcida, perguntei se ela
podia comer, ela respondeu que não era doce, então a expliquei que carboidrato vira
açúcar após ser ingerido, que o biscoito faria a glicose dela subir, ela riu e disse que
sempre comeu, que ia parar de comer. Falou que quando saísse dali iria pra casa do
namorado. Não relatou muita coisa, apenas que o namorado tinha uma filha, mas
não sabia a idade, que ficava com ela no celular na casa dele, que ele trabalhava em
um hortifruti e que trazia frutas para ela todos os dias. Falou coisas que já havia
falado, sobre querer ir para a casa da tia. E ao final pedi que fizesse uma redação de
como estava a vida dela.

12/06/2023
A mãe da paciente me ligou e disse que Camila tinha médico e que naõ
conseguiria chegar à tempo, pois estava no Grafeé Guinle.

18/06/2023
A mãe da paciente me ligou, relatou que Camila estava rebelde, não queria
mais tomar banho, escovar os dentes e não havia feito a tarefa solicitada. Que estava
agressiva. Que o rapaz terminou o namoro. Disse que conversaria com ela
pessoalmente após conversar com a coordenação para uma devolutiva, pois as
sessões estariam se encerrando por causa das férias, e que retornaria no próximo
semestre.
Dia 19/06/2023 a mãe me ligou novamente e chorosa disse que “a Camila
está impossível”, “que não aguenta mais”, “que tem medo de ela fugir” “que está
agitada”, insistiu para que eu a atendesse e informei que não poderia. Então ela
discorreu sobre a Camila ser normal e que ficou assim depois que ela teve uma
hiperglicemia (800 mg/dl), ter adentrado na Cemeru dizendo precisar de atendimento
e que ela era da marinha, que após negativa, ela mesma ligou para a SAMU, que a
atendeu e identificando a desorientação a levou para o hospital Pedro ll, onde ficou
internada na ala psiquiátrica, tendo alta dias depois. E mesmo informada pelo médico
psiquiátrico que o problema dela não era neurológico, apenas controle da glicemia,
prescreveu Depakene, Haloperidol e Prometazina. Cujo os quais são ingeridos pela
Camila de forma inconsciente macerados em sua alimentação. Que não foi a outro
psiquiatra, mas que tem nutricionista marcado para o dia 02/06 no Graféé.

CONCLUSÃO
Em supervisão no dia 05/06/2023, a coordenadora/supervisora do estágio
Kelly, pediu cuidado para fazer o acolhimento, visto meus relatos de visível dano
cerebral por causa da hiperglicemia. Solicitou que fosse visto por mim uma forma de
ela ser acolhida pela nutrição na Estácio e conversar com a mãe sobre seu problema,
porém só após a mãe relatar que tipo de tratamento Camila faz no Graféé, se tem
exames, laudos ou relatórios do seu estado. E repassar para a supervisão. Não
houve tempo hábil para tal feito, mas a mãe foi orientada a aguardar o retorno e
procurar a clínica da família para inserir a necessidade de uma consulta neurológica
ou psiquiátrica no SISREG, para diagnóstico e tratamento efetivo.

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