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Identificação do paciente

Paciente do sexo feminino J.AC. de 5, anos, natural de Malanje município de


Malanje bairro Cangambo, residente na cidade de Malanje. Atualmente estuda a pre
classe na escola 11 de novembro, vivi com os seus pais e tem três irmão

Queixa Principal

Sua mãe (EA) buscou atendimento no hospital geral de Malanje relatando brigas
constantes com o pai, que, segundo ela, se irritava com o comportamento e com as notas
escolares da menina, relatou que também acha que a garota tenha “manias estranhas” e
sente que ela é “antissocial”.

Histórico da doença actual

EA diz que a menina demorou para começar as tentativas de fala (começou a


vocalizar aos 2 anos), mas não teve muito atraso para engatinhar ou andar. Ainda disse
que a filha nunca gostava de visitas, e quando as visitas tentavam interagir com ela não
reagia. Quando a garota completou 3 anos, seu marido começou a levar a menina para
área de lazer do prédio, mas disse que a menina era “tímida demais” e não parecia ter
afinidade com as outras crianças, isolava-se e fazia xixi nas calças além de não
compartilhar seus brinquedos.

Os avós, cansados de ouvir as histórias relatadas pelos pais, levaram a menina em


um pediatra. O médico fez o exame físico da menina em caminhou a um psicólogo. No
retorno, disse que a menina tinha problema de ansiedade e seria importante acompanhar
o caso. Os pais, ao ouvir o relato, não se satisfizeram com o diagnóstico e decidiram não
deixar os avós levarem a neta em nenhuma consulta.

O casal contou essa história para uma amiga, que falou que seu filho também não gostava
de outras crianças por perto e não era muito independente e que eles não deveriam se
preocupar com a situação, que se resolveria quando a menina fosse mais velha. Então o
casal achou que não havia necessidade de procurar outra ajuda, até porque a menina,
apesar de apresentar problema de ansiedade, tinha conseguido “se virar” até o momento.

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Logo, matricularam a menina na escola, na tentativa de melhorar a socialização.
Não obtendo sucesso, conversaram com a professora da escola, que mostrou resultados
não satisfatórios da menina, mas relatou muita dificuldade nas outras disciplinas, no
convívio com os colegas falta de comunicação com a professora, dificuldades de
expressar mesmo através de gestos, não aceitava comer na escola e fazia xixi nas calças.
Os pais tentaram repreendê-la e até mesmo tirar seus brinquedos favoritos, mas tudo só
gerou mais timidez na menina. A professora recebeu novamente os pais e indicou um
hospital de psiquiatria para tentativa de um diagnóstico e terapêutica para JAC.

Antecedentes familiares e sociais

A mãe de JAC é dona de casa, , nasceu e vivi em malanje, relata não ter tempo para
acompanhamento médico ou exames, porque tem uma vida muito corrida. Diz estar muito
preocupada com a filha e com as brigas familiares ficando mais constantes e, por conta
disso, está vivendo um momento de angústia, mas tem medo de contar para os familiares
e estes pensarem coisas ruins sobre ela.

O esposo (DVC.) trabalhava como taxicista, mas por causa da pandemia, ficou
desempregado e atua como entregador de aplicativos, não consegue ficar muito tempo
em casa, mas sempre cobra muito da filha nas questões de escola, pois sonha que a menina
tenha uma “vida melhor”. Ele acredita que JAC seja desatenta e preguiçosa, porque na
família dele ninguém teve problemas na escola.

Além disso, a mãe disse que a família é bem caseira, principalmente porque a filha
não demostrava gostar de sair de casa ou fazer atividades ao ar livre; sua maior companhia
é uma amiga que mora na mesma rua que o casal reside. Os avós da menina visitavam
mensalmente a família, mas agora estão afastados devido ao problema que tiveram por
levar a menina na consulta com o pediatra.

Exame físico

J.A.C. se mostra muito reservada e mesmo quando seu nome é citado durante a
consulta, não tenta se impor na conversa. Ao ser questionada, não responde. Não
demonstra alteração de fisionomia quando questionado sobre as brigas familiares ou
quando recebeu um beijo de sua psicóloga. Grande parte do tempo ficou passando a mão

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no brinquedo que carregava consigo (a mãe diz ser um comportamento constante) e não
se interessou pelos brinquedos que estavam no consultório.

Suspeitas diagnósticas

• Transtorno do Espectro Autista

• Deficiência intelectual

• Transtorno de déficit de atenção/hiperatividade

• Mutismo

Diagnóstico diferencial

A fim de diagnosticar o paciente de maneira apropriada é necessário que sejam


feitas avaliação do comportamento da criança em diferentes situações por meio do relato
dos pais e professores. Além disso, podem ser aplicados questionários a criança como o
questionário de mutismo seletivo ou questionário de fala na escola, que permitem avaliar
as características deste transtorno.

No caso apresentado, a menina apresenta transtorno de ansiedade, com dificuldade


de interação com as outras crianças e pouca/nenhuma abertura social, falta de
comunicação com os professores, dificuldade de se expressar, mesmo através de gestos,
timidez excessiva, isolamento social, dificuldade de ir ao banheiro em ambientes não
familiares, fazendo xixi nas calças ou de comer na escola. Não apresenta bons resultados
escolares, não apresenta marcha alterada, não possui falta de foco e sim desinteresse em
atividades que não são de sua escolha ou não fazem parte de sua rotina. Não existe relato
de delírios ou alucinações.

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CONCLUSÃO

Após as condutas clínicas, realização do diagnóstico diferencial e encontros com a


família (dessas vezes incluindo o pai da garota), foram passadas informações sobre o
mutismo. O pai da menina mostrou maior resistência em relação ao diagnóstico, mas se
mostrou interessado em rever seu comportamento e acompanhar a filha, quando possível,
nas idas ao psicólogo e que farão parte do tratamento.

Além disso, o casal também se comprometeu a inscrever a filha para iniciar o


tratamento com a musicoterapia.

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