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RELATÓRIO PSICOLÓGICO

1.0 Identificação
1.1 Autor (as):

Tamires Araújo Silva, acadêmica do 10º período do curso de Psicologia


sob registro de matrícula número ESGR212680.
Mayara Sanazário Neves – Psicóloga e professora no Colegiado do
Curso de Psicologia do Centro Universitário São Camilo registrado no CRP/16
sob número 4827.

1.2 Interessado:

Bianca da Silva Mirres, 13 anos, solteira, residente em Cachoeiro de


Itapemirim, Paraíso, ES, estudante.

1.3 Assunto:

Este relatório visa informar sobre o atendimento psicológico realizado


entre os dias 11 de agosto ao dia 29 de novembro de 2022 da paciente acima
descrito.

2.0 Descrição da demanda:

A demanda da elaboração do presente relatório é decorrente do


encaminhamento da escola da paciente em questão, a queixa apresentada é
referente a crises de ansiedade da mesma no ambiente escolar, sua
responsável, Sra. Marilza (avó), relata que a menor tem se isolado, a paciente
descreve ter constantemente sentimento de tristeza, e pensamentos suicidas.
E ainda para o cumprimento do requisito para a conclusão do estágio em

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Atendimento Clínico II, onde será avaliado a habilidade bem como os
conhecimentos para construção de documentos tais como este.

3.0 Procedimento:

Inicialmente nos atendimentos foram utilizados o método de Associação


Livre, que para Laplanche & Pontalis, a associação livre é o “método que
consiste em exprimir indiscriminadamente todos os pensamentos que ocorrem
ao espírito, quer a partir de um elemento dado (palavra, número, imagem de
um sonho, qualquer representação), quer de forma espontânea”. Fora
trabalhado também com a linguagem pré-verbal, com o intuito de estabelecer a
transferência. Discorreremos um pouco dessa narrativa.
Com relação a seus pais, BS traz não ter contato/vínculo com seu pai, já
com sua mãe, a paciente relata não morar com a mesma por escolha própria,
diz que ao nascer sua genitora a deixou sob os cuidados da Sra. Marilza (avó
materna), e desde então BS optou por continuar a morar com a avó.
Em relação aos atendimentos, pode-se observar certa rigidez da
adolescente nos encontros. Tanto a responsável, quanto a menor, deixaram
bem claro no primeiro dia de atendimento, que estavam ali por ser uma
demanda da escola, o que acabou ocasionando uma visita do Conselho Tutelar
na casa da menor, e por medidas do CT foi instruído a avó a realizar a procura
do atendimento com o critério de possível retirada da guarda da adolescente.
Na maioria, se não todos, os encontros foram encontrados dificuldades para o
atendimento, bem como o atraso da paciente, a falta de um responsável
acompanhando a menor, visto que fora solicitado diversas vezes, até mesmo
entrado em contato via telefone para a avó solicitando sua presença no
atendimento.
De acordo com Brito (2020) o envolvimento da família na psicoterapia
infantil é fundamental. O desenvolvimento humano implica um caminho de uma
dependência inicial do ambiente para um maior grau de auto independência.
No processo de construção da subjetividade infantil, percebe-se que a família
promove a saúde de seus familiares e também é facilitadora de vivências
dolorosas. Assim, as questões emocionais suscitadas por uma criança podem

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estar intimamente relacionadas à dinâmica familiar, pois a criança está
intimamente ligada ao meio do qual participa.
No decorrer das consultas, foram tentadas formas de atividades, como
desenho, jogos de cartas (baralho), com o intuito de auxiliar com que a
paciente participasse mais do atendimento, que trouxesse suas demandas
próprias e encontrasse no espaço da clínica, um local confortável para
trabalhar o que estivesse atravessando a mesma, entretanto a menor
apresentou resistência. No último encontro possível realizado, no dia 26 de
outubro do ano em curso, a abordagem utilizada para iniciar o atendimento fora
um pouco diferente. Ao questionada sobre o que gostaria de trazer para a
consulta, a menor relata que gostaria de ter ficado em casa, em seguida fora
perguntado o que gostaria de fazer naquele momento, já que apresentou não
querer estar ali, e BSM relata querer permanecer no consultório porém ficar
quieta, ao ser atendido seu desejo do momento, a paciente iniciou, quando se
sentiu confortável, trazer a demanda que gostaria de trabalhar.
Brito também nos traz que durante uma atividade divertida, são diversos
os aspectos que caracterizam o ser e o estado de cada criança, suas emoções,
dificuldades, experiências, formas de se relacionar com o mundo, seu
desenvolvimento físico, mental e emocional. A utilização de recursos lúdicos
visa facilitar o processo de desenvolvimento da criança, começando pela
compreensão das características multidimensionais do desenvolvimento e
como processos que ocorrem nas relações. Desde esse último encontro a
paciente não retornou para os atendimentos.

4.0 Análise:

Com base no que paciente B apresenta nos atendimentos, é perceptível


que a falta de vínculo com seus genitores afeta suas relações interpessoais,
sem se permitir conhecer e confiar em outras pessoas. Ao perceber, a
possibilidade de ser magoada afasta qualquer possibilidade de criar conexão
com outras pessoas. A menor diz que sua única amiga e pessoa confiável é a
avó, que nunca a abandonou. Pode-se observar questões de abandono
parental de Bianca, seu separou de sua mãe, quando descobriu a gravidez e
não quis contato com a paciente, já sua genitora optou por ir morar com o atual

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parceiro, entregando a filha para que sua mãe (avó de Bianca), cuidasse da
mesma. Desde então sua referência de mãe/pai/família é a avó.
Por não ter contato com o pai, e apesar de vê a mãe constantemente,
mora com a avó, a paciente relata ter sofrido situações desagradáveis na
escola, dando a entender ter sofrido bullying dos colegas, porém não quis
trazer para os atendimentos o sofrimento vivido. No ambiente escolar, a
paciente relatou episódios de crise de ansiedade, entretanto, não colaborou
para que o assunto fosse mais bem discutido nos atendimentos.
A paciente apresenta também, questões de autoaceitação, autoestima.
B por diversas vezes, trouxe discursos em que não se achava bonita, ou
gostava do próprio corpo.

5.0 Conclusão

Conclui-se que a partir do que foi relatado pela paciente através do


método de associação livre e atividades lúdicas complementares, que é
necessário ser trabalhado a questão de confiança em si própria, relações
interpessoais, bem como as crises de ansiedade que a mesma, relatou ter
vivenciado na escola.
Este documento não poderá ser utilizado para fins diferentes do
apontado no item de identificação. O mesmo possui caráter sigiloso, trata-se de
um documento extrajudicial e, sendo assim, não me responsabilizo pelo uso
indevido dos dados presentes por parte do paciente ou outrem após a entrega
durante a entrevista devolutiva.

6.0 Encaminhamento:

Paciente encaminhada para dar continuidade ao tratamento clínico no


CEPROSS no primeiro semestre do ano de 2023.

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7.0 Referências:

Laplanche, J. & Pontalis, J. -B. Vocabulário da Psicanálise. São Paulo: Martins


Fontes (1967/2004)

Martins, BC.; Silva, WR.; Maroco, J.; Campos, JADB.: Escala de Depressão,
Ansiedade e Estresse: propriedades psicométricas e prevalência das
afetividades. J. bras. psiquiatr. 68 (1) - 2019.
Brito, CRA.: A Psicoterapia Infantil no Setting Clínico: Uma Revisão Sistemática
de Literatura. Universidade de Fortaleza: Contextos Clínicos, v. 13, n. 2,
mai./ago. 2020.

Cachoeiro de Itapemirim – ES, 29 de Novembro de 2022.

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Tamires Araujo Silva
Matrícula – ES212680

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Mayara Sanazário Neves
Professora / Supervisora
Psicóloga CRP 16/4827

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