Você está na página 1de 182

Saúde Pública: SUS e

as Políticas Públicas

Brasília-DF.
Elaboração

Luciana Raposo dos Santos Fernandes

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 4

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 5

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 7

UNIDADE I
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL................................................................................................. 9

CAPÍTULO 1
EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL........................... 9

UNIDADE II
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO.................................. 75

CAPÍTULO 1
O INÍCIO: A PREVENÇÃO DE DOENÇAS.................................................................................. 76

UNIDADE III
SAÚDE PÚBLICA.................................................................................................................................. 122

CAPÍTULO 1
INTERVENÇÃO EM SAÚDE PÚBLICA........................................................................................ 123

UNIDADE IV
O DIREITO À SAÚDE............................................................................................................................ 137

CAPÍTULO 1
O SISTEMA DE SAÚDE NO BRASIL .......................................................................................... 137

UNIDADE V
O QUE É SUS?.................................................................................................................................... 144

CAPÍTULO 1
SISTEMA ÚNICO DE SAÚDE DO BRASIL: PRINCÍPIOS E DIRETRIZES ............................................ 144

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 165

REFERÊNCIAS ................................................................................................................................ 167


Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como
pela interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia
da Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da


pluralidade dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar
conceitos específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa,
como convém ao profissional que busca a formação continuada para vencer os
desafios que a evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de


modo a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal
quanto na profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

4
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização


dos Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e
reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio.
É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus
sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para a construção de suas
conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

5
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a


aprendizagem ou estimula ponderações complementares sobre o módulo
estudado.

6
Introdução

A saúde pública está voltada para a prevenção. Quando existe uma doença que se torna
uma ameaça para a saúde da poulação em geral, por exemplo. Ou para desenvolver
estratégias destinadas ao bem-estar e qualidade de vida, assim atuando para
prolongar a vida e promover a saúde. Os objetivos são alcançados por meio de esforços
organizados e escolhas informadas da sociedade, organizações públicas e privadas,
comunidades e indivíduos.

As ações em saúde pública se baseiam na análise da saúde em uma amostra de pessoas


ou dos habitantes de diversos países e não apenas na visão de um indivíduo.

A saúde pública inclui partes como epidemiologia, bioestatística, serviços de saúde,


saúde ambiental, social, comportamental e ocupacional.

A intervenção de saúde pública impede, em vez de tratar uma doença, atua através
da vigilância de casos e promove comportamentos saudáveis, como lavar as mãos,
fomenta programas de vacinação e distribuição de preservativos. Nos surtos de uma
doença infecciosa, o tratamento de uma doença pode ser vital para preveni-la e evitar
uma pandemia.

A maioria dos países tem suas próprias agências governamentais de saúde pública
para responder a problemas de saúde na população em geral. Muitas doenças são
evitáveis ​​por meio de métodos simples e não médicos – como o ato supracitado de
lavar as mãos e para isso, muitos países precisam investir em campanhas educacionais
nos meios de comunicação para que a população seja instruída acerca de hábitos de
higiene simples, mas efizazes para salvar vidas e impedir a proliferação de doenças.

A saúde pública desempenha um papel importante nos esforços de prevenção de


doenças no mundo, especialmente nos países em desenvolvimento, por meio de
sistemas locais de saúde e de organizações não governamentais internacionais. Em
países em desenvolvimento, em situações de conflitos como guerra, dentre outros
aspectos que colocam a vida dos seres humanos em risco, pode não haver profissionais
de saúde treinados ou recursos monetários suficientes para fornecer um nível básico
de assistência médica e prevenção de doenças.

7
Objetivos
» Apresentar a história da saúde pública.

» Resgatar o significado da reforma sanitária do movimento pró-saúde em


sua força social, política e inovadora.

» Apresentar a implementação das diretrizes constitucionais.

» Compreender o SUS como um sistema público que passa a fornecer


acesso à saúde para a população antes excluída.

8
HISTÓRIA DA SAÚDE UNIDADE I
PÚBLICA NO BRASIL
A História da Saúde Pública no Brasil tem sido marcada por sucessivas reorganizações
administrativas e edições de muitas normas. Da instalação da colônia até a década
de 1930, as ações eram desenvolvidas sem significativa organização institucional. A
partir daí, iniciou-se uma série de transformações, ou melhor, foram criados e extintos
diversos órgãos de prevenção e controle de doenças, culminando, em 1991, com a
criação da Fundação Nacional de Saúde.

No que concerne à saúde preventiva, ao longo de toda a existência, o Brasil enfrentou


diversas dificuldades institucionais e administrativas decorrentes do limitado
desenvolvimento científico, tecnológico e industrial, bem como pela expansão da
assistência médica, atrelada à lógica do mercado. Mas, também, principalmente, pelo
lento processo de formação de uma consciência dos direitos de cidadania.

CAPÍTULO 1
Evolução histórica da organização do
sistema de saúde no Brasil

Períodos históricos

Do Descobrimento ao Império (1500-1889)

Nosso país teve uma colonização totalmente exploratória, chegaram à nossa terra
pessoas com diversos intuitos, a maioria nem sempre engajada em estabelecer uma
moradia ou implamentar uma nação. A população nativa que foi dissimada é prova
disso. O que poderia acontecer a essa população nativa tendo contato com pessoas
provindas do meio urbano, afinal, naquela época, Portugal já estava urbanizada
em relação ao que não tinhamos de urbanização no Brasil. Consequentemente,
nesse perído de 1500 até 1889, predominaram as doenças pestilenciais. As doenças
pestilenciais são consideradas de fácil transmissão e de fácil transmissão pela falta de

9
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

saneamento básico. Falta de saneamento por aglomerados populacionais também.


Nesse momento, não existia o conhecimento do modo de transmissão de muitas
doenças, assim, quando acontecia uma epidemia, muitas pessoas morriam, pois não
existia uma maneira de controle definida. Hoje, quando aparece uma nova doença,
em praticamente um mês temos um formato de como irá se trabalhar com o processo
saúde/doença. Mas, nesse primeiro momento do nosso recorte histórico, não havia
essa possibilidade.

As doenças pestilenciais, como peste bulbônica, gripe, variola, febre amarela,


dizimavam populações e elas tinham esse poder de ceifar vidas em grande quantidade,
porque não havia esse poder de controle e tão pouco medidas de promoção da saúde,
prevenção ou saneamento, e as populações viviam aglomeradas – ou seja todos os
aspectos favoreciam à transmissão fácil e rápida. Lembrando que, em 1808, a família
real portuguesa chega ao Brasil, a capital da República muda de Salvador para o Rio
de Janeiro e acontece o momento da limpeza da nova capital. Onde as pessoas são
retiradas do centro do Rio e são colocadas nas regiões periféricas – esse processo foi
chamado de limpeza. A população de baixa renda é retirada do centro da cidade para
acomodar a família real. Isso fez com que as periferias surgissem com maior força
e as pessoas residentes nas periferias – em função da má condição de estrutura –
adoecessem mais. O cenário econômico era agrario extrativista, ou seja, tirar da terra
para exportar: os navios chegavam, atracavam e com eles vinham doenças de outros
locais. Por isso as doenças pestilenciais predominaram nesse período, pois vinham
doenças de fora e também saiam doenças daqui. A situação atingiu tal gravidade que
em determinado momento os navios não queriam mais atracar em nossos portos,
porque ficamos taxados como um país doente. E aquele que aqui atracasse sairia
levando inúmeras moléstias.

Não havia um modelo de saúde, mas existiam ofertas pontuais: os boticários (aqueles
antigos “farmacêuticos” que tinham autorização para confeccionar determinadas
fórmulas – lembrando que eles não eram farmacêuticos como os que existem hoje,
por isso o uso de aspas –; os curandeiros, fruto da cultura indígena nativa; a medicina
liberal (até 1800 no Brasil havia quatro médicos formados) extremamente cara e de
acesso para poucos, além do alto preço dos medicamenros que vinham de Portugal
e do Oriente e os saberes curativos dos indigenas e dos jesuítas. Então, essa era a
forma de acesso à saúde. Para aquele que não tinha recurso, havia o curandeiro e os
jesuítas. Para os que tinham condições econômicas, o acesso à assistência médica e aos
medicamentos. Era o suficiente? Logicamente que não, muitas pessoas morreram.

10
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

Se em 2014, na atualidade, após a Copa do Mundo no Brasil, foi introduzido em


nosso país o Zika vírus. Imaginem naquela época em que não havia qualquer
medida de promoção ou prevenção de saúde.

República Velha (1889-1930)

Nessa época, a economia já esta centralizada na Região Sudeste. Saímos de uma


economia da Região Nordeste (região da cana de ácuçar) e passa a existir um
movimento econômico mais forte no Rio de Janeiro, São Paulo e Minas Gerais e a
decadência do extrativismo da cana de áçucar, por conta da concorrencia com o áçucar
dos Assores (o áçucar da beterraba). Além das doenças pestilenciais, já estavam sendo
agregadas as doenças transmissíveis, que são aquelas que podem ser transmitidas de
um indivíduo para o outro através de vetores, causando grandes epidemias. Esse fato
se deve aos movimentos de imigração e migração. Se o Nordeste passa a não oferecer
mais oportunidades de emprego, a migração para o Sudeste aumenta e com a chegada
dessas pessoas sem recursos aos grandes centros sem um local adequado para morar.
Até porque, não havia uma estrutura de saneamento básico e a aglomeração de pessoas
fez com que as doenças fossem transmitidas com muita facilidade. Nesse período,
as doenças mais predominantes eram: febra amarela (transmitida pelo mosquito);
variola (hoje temos o selo de erradicação da doença); a tuberculose (já eramos para ter
erradicado, mas ainda temos uma grande prevalência de casos de turbecusole após o
advento do HIV); sífilis (DST com uma prevalência grande) e as endemias rurais (por
conta da migração da população da zona rural migrar para zona urbana em busca de
melhores condições de vida e de trabalho, porque a economia estava se firmando em
locais onde havia portos – como Rio de Janeiro e Santos, então a população rural teve
a tendência a passar para a zona mais litorânea). As endemias rurais são: doença de
chagas, peste bubonica, esquistossomose.

Organização do setor de saúde

» Acesso da população: a medicina liberal para os que tinham


condições e os hospitais filantrópicos, por exemplo as Santas Casas de
Misericórdia, para a população menos abastada. E os trabalhadores
eram atendidos pela Caixa de Aposentadorias e Pensões (CAPS) da
empresa a qual faziam parte. Então, existiam três acessos à saúde, sendo
que nenhum deles era ofertado pelo Estado. Todos eram atrelados à
condição financeira do indivíduo, à filantropia ou à empresa.

11
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Ideologia liberal: o Estado deveria atuar somente em situações nas


quais o indivíduo sozinho ou a iniciativa privada não pudesse fazê-lo.
Essa é a explicação do porquê a saúde, antes da Constituição de 1988,
era 100% excludente. A saúde excludente é aquela que não é para todos.
Para que possamos ter um sistema como o que existe na atualidade no
Brasil, é preciso ultrapassar inúmeras barreiras, inclusive a da separação
entre saúde pública, previdenciária e privada. Naquela época, quem
tinha condições financeiras tinha acesso ao médico; quem trabalhava
tinha o auxílio da Caixa e quem não trabalhava ficava à mercê dos
hospitais filantrópicos. Não estamos desqualificando o atendimento
dos hospitais filantrópicos ou das Santas Casas de Misericórdia, mas
sinalizando que não era um serviço de saúde fornecido pelo Estado,
como ocorre hoje por obrigação.

Não era o conjunto de problemas de saúde e carência da população que


passavam a ser o objeto de atenção do Estado, mas tudo aquilo que se
refere a interesses específicos da economia exportadora.

Fluxograma 1. Prioridades no contexto de saúde na República Velha.

A insalubridade dos portos leva Para manter a atração e


ao investimento em saneamento retenção da força de trabalho

Fonte: própria autora, s/d.

O cenário político e econômico apresenta a instalação do modo de produção


capitalista, surgindo as primeiras indúsrias. Mas, ainda assim, o modelo predomiante
era o agrário-exportador (café, borracha). As indústrias são fomentadas pelo capital
estrangeiro. As condições de trabalho (sem carga horária definida, condições de
luminosidade, alimentação, ausência de itens de proteção no trabalho, não havia
faixa etária de trabalho – não se pensava na mão de obra, apenas no lucro) moradia
e bem-estar da população operária eram péssimas, surgem os primeiros movimentos
operários (greves de 1917 e 1919). Há um embrião da legislação trabalhista e
previdenciária social (criação dos CAPS – Caixas de Aposentadoria e Pensões, pela
Lei Eloy Chaves, 1923). A primeira CAPS foi a dos Ferroviários e a segunda foi a dos
marítimos (mais adiante veremos que o Presidente Getúlio Vargas substituirá as
CAPS pelas IAPS – Instituto de Aposentadoria e Pensões), há intervenção do Estado

12
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

e a organização do serviço de saúde pública e campanhas sanitárias. Os serviços eram


definidos pela necessidade econômica.

As campanhas sanitárias foram instituídas como uma forma de diminuição do


risco das pessoas serem acometidas pelas doenças transmissíveis, tais como
sífilis, tuberculose, hanseníase, entre outras. Não por conta da população, mas
ainda por interesse econômico.

Não havia um critério do Estado em pensar no povo – como apresentamos


no conceito de política pública anteriormente. Então, não existia uma política
pública, não existia um modelo assitencial, existiam ações pontuais voltadas
para algumas situações com o interesse econômico. Haja vista que se o
trabalhador morre, perde-se a mão de obra; se a população adoece, o Estado
terá que prestar cuidados. E há o agravante da visão do país no exterior como
um local infestado de patologias, então, nenhum navio vai querer atracar
em nossos postos. Então, nesse momento ocorre também o saneamento
do Porto de Santos, em São Paulo, que teve como intuito melhorar a saúde
dos trabalhadores, não acarretando em prejuízos finaceiros ao nosso modelo
exportador e pensando no bem-estar e crescimento das indústrias (o capital).
Não foi uma ação movida pelo humanismo em relação a melhores condições de
trabalho para os seres humanos que ali estavam. Nunca se tratou de bondade
do Estado em relação à população, mas sim formas de controlar possíveis
perdas financeiras ao contexto político e econômico daquele momento.

Lei Eloy Chaves

Organização das CAPS (Caixas de Aposentadorias e Pensões).

» 1923 – CAPS do Ferroviários.

» 1926 – CAPS dos Portuários e Marítimos.

Esse foi o marco inicial da Previdência Social no Brasil

13
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Fluxograma 2. Benefícios das CAPS para o trabalhador

Por instituição ou empresa

Aposentadorias e pensões por empresas

Serviços funerários, socorro médico para a família e


CAPS

medicamentos por preço especial

Assistência para o acidente de trabalho

Financiamento e gestão: trabalhador e empregador

Assistência médica aos trabalhadores

Fonte: própria autora, s/d.

Fatos marcantes

» Epidemia de febre amarela na capital da República.

» O Dr. Oswaldo Cruz assume o Departamento Federal de Saúde Pública


– que fazia parte do Ministério da Justiça, pois ainda não havia o
Ministério da Saúde – onde fez uso de ações arbitrárias.

» A erradicação da febra amarela ocorreu por meio de Medidas


Capanhistas, Vacinação Obrigatória (Lei no 1261/1904) que desencadeou
a Revolta da Vacina.

Como fora dado livre poder de decisão ao Dr. Oswaldo Cruz, mediante a
gravidade da situação, o médico mesmo com toda sua inteligência e ciente
da porporção de pessoas que seriam atingidas e viriam a óbito, fez uso do
poder policial e da força bruta para conter a epidemia de febre amarela. E
ele conseguiu. Só que de uma forma abusiva: adentrando casas, queimando
roupas, colchões, vacinando as pessoas contra a sua vontade. Essas ações
culminaram com a Revolta da Vacina. Se hoje há pessoas que deixam de vacinar

14
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

seus filhos, vamos imaginar esse cenário há 115 anos atrás, mais precisamente
em 1904, quando a polícia e equipes de saúde invadiam casas e seguravam
pessoas para aplicar uma vacina. Mas mesmo com todas essas medidas
discutíveis do ponto de vista dos direitos individuais o Dr. Oswaldo Cruz obteve
sucesso na erradicação da nossa conhecida fêmea do mosquito aedes aegypti.

Era Vargas (1930-1964)

Temos uma intensificação das lutas dos trabalhadores pelos seus direitos de assistência
médica e um governo que se concentra e se esforça para aumentar o controle da
população, mas ao mesmo tempo oferecendo mais cuidados que possam garantir os
direitos básicos do trabalhador (através de leis).

Assim, em 1932, as Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPS) foram substituídas


pelos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPS), deixando de ser gerenciados pelas
empresas e passando a ser controlados por entidades sindicais. A Constituição Federal
de 1934 garantia ainda a assistência médica, a licença-maternidade e jornadas de
trabalho de 8 (oito) horas.

Nesse período, houve grandes evoluções e conquistas para o trabalhador brasileiro e


que, sem dúvida alguma, proporcionaram uma condição melhor de cuidado e atenção
à saúde.

Autoritarismo (1964-1985)

Após o golpe de Estado, instala-se o Regime Militar, as características desse período


foram:

» 1965 – Criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS).

» O Governo compra serviços assistenciais do setor privado.

» Modelo assistencial hospitalocêntrico (tudo girava em torno do


hospital).

» A Medicina Curativa ainda persiste.

» Modelo Médico-Centrado.

As instituições que existiam não davam conta. Então, mais uma vez, nos deparamos
com uma demanda grande e uma oferta insuficiente. Nesse momento surge a famosa
expressão “fila do INPS”, as filas ocorriam, pois as pessoas não tinham acesso à saúde.

15
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Ainda era muito difícil conseguir o atendimento. Nesse período, o Estado tentou
terceirizar o cuidado da saúde, contudo, quem se beneficiou não foi a população e sim
as empresas de saúde particulares, os planos de saúde e grandes hospitais particulares,
por conta dos recursos financeiros que chegavam até eles, porém, não eram repassados
de maneira adequada para tratar a saúde do coletivo. Podemos dizer que foi um
período de pouca atenção à saúde pública no Brasil.

Destacamos nesse período:

» SINPAS: em 1977 é criado o Sistema Nacional de Assistência e


Previdência Social e dentro dele o Instituto Nacional de Assistência
Médica da Predidência Social (INAMPS), que era um órgão
governamental prestador de assistência médica, basicamente à custa
de compra de serviços médico-hospitalares e especializados do setor
privado. Esse método não funcionou muito bem, como já mencionamos.

Só no processo de transição no fim do período do Regime Militar, anos 1980, começa a


surgir uma mudança na visão em relação à atenção à saúde coletiva no Brasil.

» Em 1982: Programa de Ações Integradas de Saúde (PAIS) onde a


ênfase passou a ser a atenção primária, observem:

› Dava particular ênfase na atenção primária, sendo a rede ambulatorial


pensada como a porta de entrada do sistema.

› Visava à integração das instituições públicas de saúde, mantidas pelas


diferentes esferas de governo, em rede regionlizada e hierarquizada.

Um dos grandes princípios do SUS já havia sido colocado em prática, que era a ideia
de descentralização da administração dos recursos e também uma simplificação dos
mecanismos de pagamento dos serviços prestados por terceiros e seu efetivo controle
e racionalização do uso de procedimentos de custo elevado, com o estabelecimento de
critérios racionais para todos os procedimentos. O sistema anterior de pagamentos ao
setor privado estava falido, não apresentou eficiência, pois pagava-se muito da parte
do Governo e recebia-se pouco da parte do setor privado. Desse modo, a população era
prejudicada.

Nova República (1985-1988)

Nesse período, ocorre a 8a Conferência Nacional de Saúde, que foi marcante, pois
consagrou uma proposta e uma concepção ampliada da saúde tendo a visão – que
já havia desde Oswaldo Cruz – de ter o Estado como o responsável pela saúde das
16
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

pessoas. Nesse período, se consagra a saúde como um direito universal e um dever do


Estado. Isso é o que chamamos de política universal da saúde, que é a política que o
Brasil e outros países da Europa, como Inglaterra e França, por exemplo, adotam. Nos
Estados Unidos, não há a atenção universal à saúde, o cuidado é individualizado – a
saúde pública e coletiva é precária se a pessoa não tiver condições de pagar por um
serviço privado ela não está coberta.

» Em 1987: surge o SUDS (Sistemas Unificados e Descentralizados


de Saúde), que já trazia em sua essência algumas diretrizes que
constituiriam a base da saúde pública no Brasil, tais como:

› universalização e equidade no acesso aos serviços de saúde;

› integralidade dos cuidados assistenciais;

› descentralização das ações de saúde;

› implementação de distritos sanitários.

Nesse momento, o governo federal começou a repassar recursos para os Estados


e Municípios ampliarem suas redes de serviços, e vai formando o embrião do que
posteriormente nos chamaríamos de SUS (Sistema Único de Saúde).

Como já mencionamos, mas sempre vale frisar, que foi em 1988 que tivemos o grande
marco da saúde pública na Brasil com a nova Constituição.

» Em 1988 – Constituição Cidadã:

› Estabelece a saúde como um direito de todos e dever do Estado.

› As necessidades individuais e coletivas são consideradas de interesse


público e o atendimento um dever do Estado. A assistência médica-
sanitária integral passa a ter caráter universal e se destina a assegurar
a todos o acesso aos serviços.

› O custeio do sistema deverá ser essencialmente proveniente de


recursos governamentais da União, estados e Minicípios (BRASIL,
1988).

Pós-Constituinte (1989-até os dias atuais)

» 1990: a criação do Sistema Único de Saúde (SUS) se deu por meio da


Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990, que dispõe sobre as condições

17
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o


funcionamento dos serviços correspondentes.

» 1991: Comissão de Intergestores Tripartice (CIT)

› Ministério da Saúde, das secretarias estaduais de saúde e das


secretarias municipais de saúde.

› Acompanhamento da implantação e operacionalização da


implementação do recém-criado SUS.

Fluxograma 3. A importância da análise do contexto.

Cenário
Perfil
político e
epidemiológico
econômico

Organização do
Setor de Saúde

Fonte: própria autora, s/d.

Antes da Constituição Federal de 1988 e do SUS, não havia um modelo de saúde. O


que havia eram ações direcionadas ao capital, destinadas a uma massa, pois existia
um prejuízo econômico; não se pensava na população e sim na perda financeira, de
mão de obra, perda de potencial exportador, esse contexto vai estar alinhado com os
períodos históricos.

Contexto Histórico: aspectos pertinentes

Em 519 anos a saúde no Brasil passou por uma série de transissões como pudemos
perceber. É importante entendermos que há 500 anos atrás o Brasil era povoado por
índios que que não estavam adaptados a uma série de doenças que vieram da Europa
junto com os colonizadores portugueses. O que trouxe um processo de saúde e doença
já diferenciado desde aquela época. Com a chegada da família real em 1808 chegaram
também os cursos universitários, dentre eles os cursos de Medicina, fazendo com

18
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

que os médicos que estavam no Brasil não necessariamente viessem de fora e sim
começassem a passar por formação no Brasil.

Nessa época, apenas quem tinha mais recursos financeiros conseguia ter acesso aos
médicos e aos serviços de saúde. É importnte lembrarmos que as Santas Casas de
Misericórdia exerciam um papel fundamental em nosso país com a ideia de cariade e a
vinculação com a religião católica.

A Santa Casa de Misericórdia é uma instituição de caridade portuguesa fundada


em Lisboa, em 1498, pela Rainha D. Leonor de Portugal.

A Santa Casa de Misericórdia sempre se declarou como uma irmandade católica


que trabalha através de 14 Obras de Misericórdia, sete de natureza espiritual:
ensinar os humildes, dar bons conselhos, punir os que cometem erros, consolar
os tristes, perdoar as ofensas, sofrer pacientemente, orar pelos vivos e pelos
mortos; e sete de natureza corpórea: visitar os doentes e presos, libertar cativos,
vestir os nus, alimentar os famintos e sedentos, abrigar viajantes e enterrar os
mortos. É considerada a ONG mais antiga do mundo, se não a primeira. Hoje
ainda é supervisionada pela Igreja Católica ou pelo Estado.

A União das Misericórdias Portuguesas (UMP) fornece informações adicionais


sobre as Santas Casas de Misericórdias em Portugal e no mundo. Atualmente,
existem 388 Santas Casas de Misericórdia ativas em Portugal e mais de 2.100
organizações semelhantes no Brasil. Presentes em 14 dos 27 estados brasileiros,
as Santas Casas e Hospitais Filantrópicos no Brasil somam cerca de 2.100
entidades e são responsáveis por grande parte dos leitos hospitalares e das
internações realizadas pelo Sistema Único de Saúde (UMP, 2019).

D. Pedro II, em 1822, começa a trabalhar um viés voltado para as mudanças urbanas
e nesse contexto nós encontramos pavimentação, iluminação e a prática comum
que permanece até os dias atuais, a de higienização, onde pessoas em situação de
vulnerabilidade social maior saem dos grandes centros forçadamente e começam a
ocupar a região periférica das cidades. A partir desse ponto, começa a construção das
chamadas favelas e as periferias no Brasil.

No início do século XX, de 1900 a 1922, as questões epidemiológicas e sanitárias


perpassam por todo o país. É importante termos em mente que em meados do século
passado as doenças transmissíveis são as mais comuns e a transição do tipo de doença
influencia na forma como a saúde vai percorrendo o Brasil, tanto que naquela época
temos ações muito fortes direcionadas para as áreas portuárias e muitas ações de
incentivo à vacinação. Como expoente dessa época, podemos citar o sanitarista

19
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Oswaldo Cruz que preconizava a luta pela vacinação, sendo alvo de muita polêmica
por conta disso; pois algumas vacinas eram obrigatórias. Fato que gerou revolta da
população contra o médico.

Oswaldo Gonçalves Cruz, mais conhecido como Oswaldo Cruz (nasceu em 5


de agosto de 1872 em São Luís do Paraitinga - SP e faleceu em 11 de fevereiro
de 1917, em Petrópolis - RJ), brasileiro, médico, bacteriologista pioneiro,
epidemiologista e diretor de saúde pública e fundador do Instituto Oswaldo
Cruz. Mais conhecido como sanitarista. Ocupou a quinta cadeira da Academia
Brasileira de Letras, de 1912 até a sua morte em 1917 (NANCY, 1996).

Oswaldo Cruz encontrou o porto de Santos assolado por uma epidemia de peste
bubônica que ameaçava chegar ao Rio de Janeiro e se comprometeu imediatamente
no combate a essa doença. O prefeito do Rio de Janeiro autorizou a construção de
uma fábrica de soro contra a doença, desenvolvida no Instituto Pasteur, por Alexandre
Yersin e colaboradores. Ele pediu à instituição um cientista que pudesse trazer para
o Brasil esse conhecimento. O Instituto Pasteur respondeu que tal pessoa já estava
disponível no Brasil: Dr. Oswaldo Cruz.

Em 25 de maio de 1900, foi criado o Instituto Federal de Terapia Soro, destinado


à produção de soros, e foram criadas vacinas contra a peste bubônica, com o barão
Pedro Afonso como diretor geral e o jovem bacteriologista Oswaldo Cruz como diretor
técnico. O novo instituto foi instalado na antiga fazenda de Manguinhos, na costa oeste
da Baía de Guanabara. Em 1902, ele aceitou o cargo de diretor-geral do instituto e logo
ampliou o escopo de suas atividades, agora não mais restrito à produção de SERA, mas
também dedicado à pesquisa básica e aplicada e à construção de recursos humanos.
No ano seguinte, foi nomeado diretor-geral de Saúde Pública, cargo correspondente ao
atual ministro da Saúde do Brasil.

Utilizando o Instituto Federal de Terapia Soro como base técnico-científica, embarcou


na rápida sucessão de importantes campanhas de saneamento. Seu primeiro desafio
foi uma série de endemias da febre amarela, que renderam ao Rio de Janeiro a sinistra
reputação de “túmulo dos estrangeiros”. Entre 1897 e 1906, 4.000 imigrantes europeus
morreram da doença. Oswaldo Cruz seguiu a nova técnica de erradicar mosquitos e
seus locais de reprodução, fumigar casas e isolamento dos doentes. Houve oposição de
muitos à campanha, incluindo médicos, militares e pobres, mas a campanha foi bem
sucedida. Oswaldo Cruz foi inicialmente bem-sucedido na campanha sanitária contra
a peste bubônica, para qual ele usou:

» notificação obrigatória de casos;

20
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» isolamento dos doentes;

» tratamento com os soros produzidos em Manguinhos;

» extermínio dos ratos que povoam a cidade.

Controvérsia sobre vacinação contra varíola

O Dr. Oswaldo Cruz não foi bem-sucedido na implementação de uma ampla


vacinação contra a varíola, devido à resistência popular. Em 1904, uma epidemia de
varíola estava ameaçando a capital do país, o Rio de Janeiro. Nos primeiros cinco
meses do ano, mais de 1.800 pessoas foram hospitalizadas. Uma lei que impunha
a vacinação contra a varíola de crianças existia desde 1837, mas nunca foi posta em
prática. Portanto, em 9 de junho de 1904, seguindo uma proposta de Oswaldo Cruz, o
governo apresentou um projeto de lei ao Congresso solicitando o restabelecimento da
vacinação obrigatória contra a varíola. As disposições extremamente rígidas e severas
desse instrumento aterrorizavam as pessoas. A oposição popular contra Oswaldo
Cruz aumentou acentuadamente e os jornais da oposição iniciaram uma violenta
campanha contra o médico e o governo federal. Membros do parlamento e sindicatos
protestaram. Uma liga antivacinação foi organizada.

Em 10 de novembro, a Revolta da Vacina explodiu no Rio de Janeiro. Confrontos


violentos com a polícia se seguiram, com greves, barricadas e tiroteios nas ruas,
enquanto a população se levantava em protesto contra o governo. Em 14 de novembro,
a Academia Militar aderiu à revolta, mas os cadetes se dispersaram após um tiroteio
intenso. O governo declarou estado de sítio. Em 16 de novembro, a revolta foi
controlada e a vacinação obrigatória foi suspensa (NEEDELL, 1987).

Em 1908, uma violenta epidemia de varíola fez as pessoas correrem em massa para
as unidades de vacinação. Cerca de 9.000 pessoas morreram. Oswaldo Cruz teve seu
mérito reconhecido. Mas, pensamos que ele com certeza não via mérito na morte de
9.000 pessoas, fato que poderia ter sido evitado se a população estivesse aberta a
informação do especialista (HOCHMAN, 2009).

A Revolta da Vacina

A Revolta da Vacina foi um período de desordem civil ocorrido na capital do Brasil –


Estado do Rio de Janeiro entre os dias 10 a 18 de novembro de 1904.

21
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Antecedentes da Revolta

No início do século XX, a cidade do Rio de Janeiro, então capital do Brasil, embora
elogiada por seus belos palácios e mansões, sofria com sérias inadequações na sua
infraestrutura básica. Tais problemas incluíam sistemas insuficientes de água e esgoto,
coleta irregular de lixo, loteamentos insalubres e excesso de população. Obviamente
muitas doenças proliferaram nesse ambiente extremamente adequado à disseminação
de patógenos, incluindo tuberculose, sarampo, tifo e hanseníase. Epidemias de febre
amarela, varíola e peste bubônica ocorreram de forma intermitente. A febre amarela
foi a mais grave, matando cerca de 60.000 residentes no Rio de Janeiro entre os anos
de 1850 e 1908. Embora os períodos de descanso dessa doença em particular também
tenham ocorrido, eles foram quase invariavelmente marcados por surtos menores de
outras doenças. A partir de 1902, o presidente Rodrigues Alves lançou uma iniciativa
para sanear, modernizar e embelezar a cidade. Ele deu poderes plenos ao prefeito da
cidade, Pereira Passos, e ao diretor-geral de saúde pública Dr. Oswaldo Cruz, para
executar melhorias no saneamento público (NEEDELL, 1987).

O prefeito deu início a um extenso programa de reforma urbana, popularmente


denominado ‘Bota Abaixo’, em referência à demolição de prédios – tanto comerciais
quanto residenciais mais antigos – com a subsequente conversão dos espaços em
imponentes avenidas, jardins, casas de luxo e empresas. Isso resultou no deslocamento
de milhares de pessoas vulneráveis financeiramente e da classe trabalhadora para os
bairros periféricos, naturalmente levando-os a ficarem ressentidos com o governo da
cidade e desconfiando do que poderia ser exigido deles em um futuro próximo. Por
sua parte, o Dr. Cruz criou as ‘Brigadas Mata Mosquitos’, grupos de trabalhadores
do serviço sanitário que entraram nas casas para exterminar os mosquitos que
transmitiam a febre amarela. A campanha também distribuiu veneno para combater
os ratos, a fim de deter a proliferação da peste bubônica e exigiu manuseio,
armazenamento e coleta de lixo adequados.

A Revolta da Vacina

Para erradicar a varíola, como vimos no início do capítulo, o Congresso aprovou a


Lei de Vacinação obrigatória – a pedido do Dr. Oswaldo Cruz – em 31 de outubro de
1904, autorizando os trabalhadores da brigada sanitária, acompanhados pela polícia, a
entrar nas residências e aplicar a vacina à força.

A população do Rio de Janeiro estava confusa e descontente a essa altura. Muitos


moradores perderam a residência para os novos empreendimentos, enquanto outros
tiveram suas casas invadidas por agentes de saúde e policiais. Artigos na imprensa

22
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

criticaram a ação do governo e falaram de possíveis riscos da vacina. Além disso,


havia rumores de que a vacina teria de ser aplicada nas “partes íntimas” do corpo (ou
pelo menos que as mulheres teriam que se despir para serem vacinadas), provocando
ainda mais indignação entre as subclasses conservadoras e ajudando a precipitar a
rebelião que se seguiu. Muitos contingentes intelectuais dentro da sociedade brasileira
também se opunham à lei, incluindo a Igreja Positivista, associações médicas e grande
parte do Congresso Nacional. Embora a maioria dessas objeções tenha se originado
das violações percebidas da prática sobre os direitos individuais, a vacinação ainda
era considerada um assunto válido de debate entre a comunidade científica global da
época (MEADE, 1986).

Em 5 de novembro, a oposição criou a Liga Contra a Vacina Obrigatória. Formada


por uma coalizão de políticos republicanos radicais, facções ideológicas dentro do
exército e jornalistas, esse grupo posteriormente começou a recrutar sindicalistas em
grandes reuniões realizadas no Centro de Classes Operárias. A violência finalmente
começou quando alguns jovens participantes de uma dessas reuniões discutiram com
um policial e foram prontamente presos. Testemunhas desse incidente furiosamente
sitiaram a delegacia de polícia para a qual os homens foram levados, e continuaram a
lutar com oficiais da cavalaria trazidos para dispersar a multidão (MEADE, 1986).

Os amotinados saquearam lojas, derrubaram e queimaram bondes, fizeram


barricadas, retiraram trilhos, quebraram postes de iluminação pública e atacaram
tropas federais com pedras, destroços, facas e armas de fogo. Operários de fábricas
se revoltaram em seus próprios locais de trabalho nos arredores da cidade, enquanto
os moradores da cidade empobrecidos e expulsos tentaram assegurar o controle
sobre o coração da cidade. O ímpeto das forças da oposição atingiu seu auge em 14
de novembro, quando cadetes da Escola Militar da Praia Vermelha se revoltaram
contra o presidente Alves por sua rejeição aos termos que lhes foram apresentados
em um ultimato mal disfarçado do General Olímpio da Silveira. A marcha de Silveira
no palácio presidencial foi frustrada, no entanto, quando seus possíveis aliados na
academia de Realengo foram presos antes que pudessem se mobilizar. Em resposta,
o governo suspendeu a vacinação obrigatória e declarou estado de sítio. Suas forças
expulsaram com sucesso os rebeldes de suas fortalezas a partir de 15 de novembro,
e concluíram em 18 de novembro, após um período de combates próximos no bairro
predominantemente afro-brasileiro. A rebelião foi contida, deixando 30 mortos e 110
feridos (NEEDELL, 1987).

Apesar de sua queda relativamente rápida, a revolta convenceu o prefeito e


seu gabinete a abandonar o programa de vacinação forçada por um tempo. No
entanto, essa concessão foi demonstrada como superficial, uma vez que a política

23
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

foi restabelecida vários anos depois. Quaisquer frustrações populares ou ideais


progressistas que o movimento antivacinação e seus aliados possam ter expressado
foram completamente afastados com a reimposição da autoridade legal, enquanto
os processos de desenvolvimento econômico desigual e gentrificação – ou seja,
processo de transformação de centros urbanos por meio da mudança dos grupos
sociais ali existentes, onde sai a comunidade de baixa renda e entram moradores
das camadas mais ricas – continuaram a acelerar após a insurreição. Os sindicatos
foram severamente marginalizados, cada vez mais rejeitados pelas elites políticas e
profissionais da classe média como uma reação não sofisticada contra a modernização.
Além disso, o poder econômico desses trabalhadores brasileiros nativos diminuiu
ainda mais à medida que cada vez grandes quantidades de trabalhadores estrangeiros
chegavam ao Rio de Janeiro anualmente. O senador Lauro Sodré, um proeminente
crítico da vacinação obrigatória e que colaborou com Silveira para se estabelecer como
novo presidente do Brasil, desfrutou, em seguida, de um status de figura de destaque
entre a oposição a Rodrigues Alves (MEADE, 1986).

As punições dadas aos participantes do conflito civil variaram significativamente em


função do status político, social e econômico. Cadetes sobreviventes da Escola Militar
da Praia Vermelha obtiveram anistia apesar de cometer o que equivalia à traição,
junto com Sodré e membros proeminentes da Igreja Positivista. Os pobres da revolta
foram menos afortunados, já que centenas foram deportados para as instalações da
Ilha das Cobras e para a região fronteiriça do Acre. Aqueles transportados para este
último território distante foram embarcados a bordo de barcos-pacotes costeiros,
onde foi alegado que enfrentavam condições comparáveis àquelas anteriormente
experimentadas por escravos nos navios negreiros.

A Ilha das Cobras é uma ilha localizada na Baía de Guanabara, na cidade e


estado do Rio de Janeiro, Brasil. Está a leste do bairro Guanabara. É o lar da base
do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro da Marinha do Brasil.

Infelizmente, para o Rio de Janeiro, a cidade sofreu surtos de varíola adicionais após
a cessação do programa de vacinação obrigatória. O golpe final que levou à reversão
até mesmo desta concessão em 1909 foi uma epidemia particularmente brutal no ano
anterior, que matou 9.000 moradores. A comunidade médica internacional em geral
considerou os esforços de Cruz no caso com considerável simpatia. Em 1907, o 14o
Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim concedeu-lhe a medalha
de ouro. O Instituto Serum-Terapêutico Federal, no qual Cruz trabalhava, também foi
renomeado para Instituto Oswaldo Cruz, em sua homenagem (HOCHMAN, 2009).

24
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

Polêmicas à parte, nos anos de 1920 surgem as chamadas caixas de aposentadoria e


pensão que representam pactuações entre empregado e empregador que fazem com
que, de certa forma, esses empregados tivessem acesso a algum recurso de cunho
previdenciário e de saúde. Esse evento teve um fortalecimento, criando-se – no período
em que Getúlio Vargas foi presidente do Brasil – os Institutos de Aposentadoria
e Pensão que são autarquias em nível federal e mais forte, pois os CAPs até então
abrangiam um grupo pequeno de usuários. Sendo assim, a partir do momento em que
se torna IAPs, mais pessoas passam a ter acesso. Porém, fica evidente que quem tem
acesso às ações de saúde são as pessoas que estão relacionadas com a força de trabalho;
então esse movimento ocorre por que era necessário que as pessoas estivessem com a
produtividade em alta, fazendo assim com que houvesse um retorno para o Governo.
Observe a relação dos Instituto de Aposentadoria e Pensões abaixo:

O presidente Getúlio Vargas substitui os CAPS pelos IAPS:


» 1933: IAPM – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Marítimos.
» 1934: IAPC – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Comerciários.
» 1934: IAPB – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Bancários.
» 1936: IAPI – Instituto de Aposentadoria e Pensões dos Industriários.
» 1938: IPASE – Instituto de Pensões e Assistência dos Servidores do
Estado.

Mas é importante percebermos que isso enaltece as desigualdades sociais em saúde.


Pois quem tinha um emprego tinha acesso à saúde; quem não possuía um emprego
acabava não tendo esse acesso. Então, a tendência natural foi um distanciamento entre
o trabalhador e a pessoa que não possuía um trabalho naquela época. A esses últimos
era destinado o atendimento em saúde através das Santas Casas de Misericórdia que
não conseguiam atender a todas as pessoas em estado de vulnerabilidade no Brasil.

Em 1934 temos um direito que é a licença maternidade ou licença gestante.

Em 1943 temos a consolidação das leis trabalhistas, que trazem alguns direitos
também voltados para a área da saúde, mas ainda vinculados a esse viés de
produtividade. E muitos movimentos começam a acontecer no Brasil, um burburinho
com as Conferências Nacionais de Saúde.

1941 – 1a Conferência Nacional de Saúde

Aborda a defesa sanitária da população, assistência social aos indivíduos e às famílias


e proteção da maternidade, da infância e da adolescência – concepção curativa e não

25
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

preventiva. Estudo das bases da organização de um programa nacional de saúde e


de um programa nacional de proteção da infância. Estudo e definição do sistema
de organização e de administração sanitária e assistencial, em âmbito estadual e
municipal. Coordenação e intensificação das campanhas nacionais contra a hanseníase
e a tuberculose e avaliação da situação das cidades e vilas de todo o país quanto à
montagem e funcionamento dos serviços de águas e esgotos.

1950 – 2a Conferência Nacional de Saúde

Estabelecimento de legislação referente à higiene e segurança do trabalho e à prestação


de assistência médica e sanitária preventiva para trabalhadores e gestantes. Não há
registros formais dessa Conferência.

1963 – 3a Conferência Nacional de Saúde

Primeira conferência após a criação do Ministério da Saúde. Tem como proposta


o modelo de descentralização da saúde, com a definição das atribuições pelos
governos federal, estadual e municipal no campo das atividades médico-sanitárias e
a descentralização executiva dos serviços, com a efetiva participação dos municípios
na solução dos problemas de saúde pública. Temas abordados: situação sanitária da
população brasileira; distribuição das atividades médico-sanitárias nos níveis federal,
estadual e municipal; municipalização dos serviços de saúde. Fixação de um plano
nacional de saúde.

1967 – 4a Conferência Nacional de Saúde

Recursos humanos para as atividades de saúde.

Recursos humanos necessários às demandas de saúde no país. O profissional de


saúde que o Brasil necessita. Responsabilidade do Ministério da Saúde na formação
e aperfeiçoamento dos profissionais de saúde e do pessoal de ensino médio e auxiliar.
Responsabilidade das universidades e escolas superiores no desenvolvimento de uma
política de saúde.

1975 – 5a Conferência Nacional de Saúde

Política Nacional de Saúde.

Constituição do sistema Nacional de Saúde, com a elaboração de uma política nacional


de saúde. Programa Nacional de Saúde Materno-Infantil; Sistema de Vigilância

26
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

Epidemiológica; Programa de controle das grandes endemias; extensão das ações de


saúde às populações rurais.

1977 – 6a Conferência Nacional de Saúde

Controle de grandes endemias e interiorização dos serviços de saúde.

Ainda com uma concepção assistencialista e curativa, foram discutidas a situação de


controle das grandes endemias, a operacionalização dos diplomas legais básicos em
matéria de saúde, a interiorização dos serviços de saúde e a Política Nacional de Saúde.

1980 – 7a Conferência Nacional de Saúde

Extensão das ações de saúde por meio dos serviços básicos.

Implantação e desenvolvimento do Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde


(PREV-SAÚDE).

Atenção Primária à Saúde se refere aos cuidados essenciais de saúde baseados


em métodos e tecnologias cientificamente e socialmente aceitáveis, que
tornam a atenção universal à saúde acessível a todos os indivíduos e famílias
de uma comunidade. É através de sua plena participação e a um custo que a
comunidade e o país podem se dar ao luxo de manter em todas as fases de seu
desenvolvimento, no espírito de autoconfiança e autodeterminação. Em outras
palavras, a Atenção Primária à Saúde é uma abordagem para a saúde além
do sistema tradicional de atenção à saúde que se concentra na política social
produtora de equidade em saúde (WHITE, 2015).

A APS inclui todas as áreas que desempenham um papel na saúde, como o


acesso a serviços de saúde, meio ambiente e estilo de vida. Assim, medidas de
cuidados de saúde primários e de saúde pública, tomadas em conjunto, podem
ser consideradas como as pedras angulares dos sistemas universais de saúde.
A Organização Mundial da Saúde (OMS) elabora os objetivos da APS, definidos
por três categorias principais:

» Empoderamento de pessoas e comunidades.

» Políticas e ações multissetoriais.

» Atenção primária e funções essenciais de saúde pública como o


núcleo dos serviços integrados de saúde.

27
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Com base nessas definições, a APS não só pode ajudar um indivíduo após ser
diagnosticado com uma doença ou distúrbio, mas também prevenir ativamente
tais questões, compreendendo o indivíduo como um todo. Esse modelo ideal
de atenção à saúde foi adotado na declaração da Conferência Internacional
sobre Atenção Primária à Saúde realizada em Alma Ata, no Cazaquistão em
1978 (conhecida como “Declaração de Alma Ata”), e tornou-se um conceito
central do objetivo da Organização Mundial da Saúde (WHO, 2011).

A Conferência de Alma-Ata mobilizou um “movimento de atenção primária à


saúde” de profissionais e instituições, governos e organizações da sociedade
civil, pesquisadores e organizações de base que se empenharam em combater
as desigualdades em saúde, política, social e economicamente inaceitáveis em
todos os países. Houve muitos fatores que inspiraram a APS (CUETO, 2004). Um
exemplo proeminente é o dos Médicos Descalços da China.

Nas décadas de 1970 e 1980 temos um movimento bastante conhecido, que deu
origem e ajudou a formalizar o SUS que temos hoje, a Reforma Sanitária. A Reforma
Sanitária é um movimento que foi consolidado e constituído por intelectuais, técnicos
em saúde, partidos políticos, movimentos sociais e também associações – por exemplo
a ABRASCO (Associação Brasileira de Pós-Graduação em Saúde Coletiva) e a UERJ
(Universidade do Estado do Rio de Janeiro – começaram a pensar a saúde com
um olhar mais social, não tão biologicista, não tão voltado para questões clínicas e
assistenciais das doenças. A saúde passa a ser vista com um olhar mais amplo – é o
que chamamos de conceito ampliado de saúde.

Toda essa ação gera um movimento que é discutido na 8a Conferência Nacional


de Saúde (1986), uma importante ação formalizada que traz subsídios para que
finalmente se conseguisse colocar na Constituição Federal de 1988 a frase do Artigo
196 “A saúde é um direito de todos e dever do Estado”. Então, a Constituição Federal
traz, do artigo 196 ao artigo 200, vários tópicos voltados para a saúde, apresenta
algumas questões relacionadas aos princípios que temos hoje no SUS; mas o SUS
propriamente dito nós entendemos que foi formalizado como um sistema a partir das
Leis Orgânicas da Saúde, onde encontramos a Lei no 8.080/1990, que traz a promoção,
a prevenção, o tratamento da saúde, o modo de gestão do SUS e os princípios do SUS.
E na Lei no 8.142/1990 traz o financiamento do SUS e uma importante colocação que é
a participação social. A lei apresenta de modo bem descritivo de que forma acontecem
os conselhos de saúde e as conferências de saúde que são instrumentos de suma
importância para garantir a transparência, a participação e o acesso da população
perante as políticas de saúde que vão acontecer no Brasil.

28
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

1986 - 8a Conferência Nacional de Saúde

Reforma sanitária – criação de uma ação institucional correspondente ao conceito


ampliado de saúde – promoção, proteção e recuperação.

Saúde como um direito inirente à cidadania e à personalidade. Reformulação do


sistema Nacional de Saúde e Financiamento do setor de saúde.

Grande marco na história das conferências nacionais, teve a participação da população


nas discussões. Suas propostas foram contempladas tanto no texto da Constituição
Federal de 1988, como nas leis orgânicas da saúde, no 8.080/1990 e no 8.142/1990.
Os delegados, impulsionados pelo movimento da Reforma Sanitária, propuseram a
criação de uma ação institucional correspondente ao conceito ampliado de saúde, que
envolve promoção, proteção e recuperação.

Falar da história da saúde em nosso país é, como podemos constatar, algo complexo.
A dicotomia entre o público e o privado foram cunhados no inconsciente coletivo da
população de forma a perceberem os serviços de saúde pública com menosprezo, como
uma espécie de esmola dada aos que não possuem um plano de saúde. Quando na
realidade uma das maiores contribuições que um país pode ofertar a seus habitantes
são políticas púbicas de qualidade. Falar sobre a ineficácia do SUS requer que
compreendamos aquilo que tínhamos, o que não tínhamos e o que temos atualmente.
Sem esse arcabouço contextual histórico, todo o esforço para compreender nosso
Sistema Único de Saúde será em vão. Dessa forma, sempre precisamos entender o
contexto no qual nosso país foi desenvolvido, para então entender os demais setores
que o compõe, dentre eles a saúde.

Uma pergunta: “é fácil julgar uma situação ou alguém sem antes conhecer?”.
Pois é o que acontece com relação ao SUS. Esse é o questionamento inicial:
como entender o SUS se não sabemos como era antes dele? Isso vale para o
exemplo, como podemos criticar alguém, falar mal sem conhecer ou julgar uma
situação isolada sem compreender a formação desse indivíduo?

Partimos desse pressuposto para lembrar que o SUS é uma construção histórica, um
sistema único e para todos. E desde a sua criação, mesmo não parecendo pelo que a
mídia nos apresenta todos os dias, o que a política não partidária ou partidária quer
incutir como ideologia: o SUS como uma grande derrota. Ao compararmos o que
temos hoje em relação ao passado, conseguiremos visualizar uma evolução histórica
muito interessante até chegar ao Sistema de Saúde para Todos.

29
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

Contexlualizando o SUS: como estamos hoje?


1. Muita demanda para pouca oferta de serviços de saúde, fato que vai
gerar filas e espera.

2. Falta de leitos hospitalares decorrente da ineficácia para a promoção


e prevenção da saúde.

3. Escassez de recursos financeiros, mesmo havendo leis que


determinem percentuais e formas de financiamento, ainda temos
cortes no financimento do SUS.

4. Insatisfação tanto dos profissionais pela estrutura de trabalho, e da


população por conta da forma como o serviço é ofertado.

5. Baixos valores pagos pelo SUS para procedimentos médico-


hospitalares, porque o SUS tem uma tabela nacional fixa (Lei no
8.080/1990).

6. Aumento na incidência e ressurgimento de doenças, vamos utilizar


como exemplo a transmissão de três doenças: dengue, zika e
chikungunya – e nas zonas onde há o vírus circulando – também a
febre amarela. Todas essas doenças são transmitidas pela fêmea do
mosquito aedes aegypti.

Esse é o nosso cenário hoje. Mas e antes? Será que era melhor? Era pior?

Como analisar e compreender a complexa realidade da saúde pública no Brasil?

Se estamos diante dessa realidade é porque houve uma contextualização que


aconteceu e favoreceu o determinante e condicionante para a realidade atual. O marco
principal que revolucionou o quadro da saúde surgiu com a Constituição Federal de
1988, ano em que o SUS foi institucionalizado e a saúde foi colocada pela primeira
vez como pauta de discussão política. A Constituição Federal de 1988 foi a primeira a
contemplar a nação com cinco artigos exclusivamente voltados para a saúde.

Essa complexa realidade que temos no setor de saúde no Brasil – e quando nos
referimos a saúde pensamos prioritariamente no SUS – foi construída através do
tempo, como vimos ao longo do capítulo, nada ocorreu de forma aleatória. Fatos
aconteceram para que se chegasse ao cenário atual.

30
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

Conceitos e formas de denominar políticas


públicas.
Expressão da postura do poder público em face dos problemas da
sociedade.

O poder público tem que delinear políticas públicas que tenham um retorno
e que tenham como resolver os problemas da sociedade. Essa é uma política
pública onde conseguimos perceber o problema da comunidade e elaborar
ações, objetivos e metas para sanar esses problemas ou minimizá-los.

Organização da ação do Estado para atendimento de uma demanda


específica da sociedade.

Exemplificando, temos o SUS como uma política maior de saúde, mas temos
outras políticas, como a Política Nacional de Saúde da Mulher – esse é um
exemplo de que pode haver uma política específica para uma determinada
demanda da sociedade. Poderíamos citar também a Política Nacional de
Saúde do Idoso e a Política Nacional da Saúde da Criança, pois pegam grupos
específicos, aquela linha do cuidado para criar uma política pública. E essas
políticas geralmente são intersetoriais. Elas não atuam somente com o sistema
de saúde, irão fazer ações com outros setores para que se consiga organizar a
política pública.

Programas de ação do governo, que devem visar à realização de objetivos


definidos, expressando a seleção de prioridades, a reserva de meios
necessários à sua consecução e o intervalo de tempo em que se espera
para atingir os resultados.

Não adianta querer trabalhar fazendo política pública sem priorizar, para que
possamos ter um resultado adequado e alcançar um objetivo, há necessidade
de um diagnóstico situacional (observar o que acontece, qual é o perfil etc.)
e a partir desse ponto: traçar objetivos, metas e ações. Devemos priorizar os
problemas que vão ser alvo das ações que estão sendo propostas, levando os
meios necessários para atingir os resultados esperados. Ou seja, trabalhamos
com prazos.

Devem ser a expressão pura e genuína do interesse geral da sociedade.

Quando se fala em SUS e legislação do SUS, vamos sair do mundo real. O


contexto literário é o solicitado, especialmente, aqueles alunos que prestam

31
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

concursos públicos. Então, para fins de concurso o aluno que se prende ao fato
real corre um grande risco de cair em pegadinhas de provas. Pois muitas bancas
já colocam questões com situações reais para que o candidato, ao elaborar um
pensamento crítico, derrape. A prova para o concurso público quer o que está
na teoria. Então, em se tratando de questões de provas para concursos públicos,
abstraiam-se da realidade e atenham-se à legislação.

O movimento antivacinação na atualmente: estamos


regredindo?

Com tantas informações disponíveis na palma de nossas mãos, chega a ser quase
inacreditável que em pleno século XXI haja algum tipo de receio às vacinas.

A hesitação da vacina, a relutância ou a recusa em vacinar-se ou em vacinar os


filhos é identificada pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como uma das dez
principais ameaças à saúde no mundo em 2019. Os argumentos contra a vacinação são
contrariados por um consenso científico esmagador sobre a segurança e a eficácia das
vacinas (GEORGIOU, 2019).

De acordo com um estudo realizado por Olive e colaboradores (2018) e publicado


na revista PLOS ONE com o título “O estado do movimento antivacina nos Estados
Unidos: um exame focado de isenções não médicas em estados e municípios” –
em inglês The state of the antivaccine movement in the United States: A focused
examination of nonmedical exemptions in states and counties –, um número crescente
de pessoas em muitos estados dos Estados Unidos agora tem opiniões antivacinação.
Desde 2009, a “crença filosófica” antivacinação aumentou em 12 dos 18 estados que
atualmente permitem esta política: Arkansas, Arizona, Idaho, Maine, Minnesota,
Dakota do Norte, Ohio, Oklahoma, Oregon, Pensilvânia, Texas e Utah.

Outros países com notáveis ​​movimentos antivacinação incluem a Austrália, onde cerca
de 40.000 crianças não são vacinadas por causa das objeções de seus pais, e a Itália,
que introduziu novas regras em 2018, suspendendo as vacinas obrigatórias exigidas
para as crianças serem admitidas na escola.

Segundo a OMS, a humanidade fez avanços significativos nas últimas décadas quando
se trata de saúde global: a expectativa de vida aumentou em muitas partes do mundo,
a pólio está à beira da erradicação e 6 milhões a menos de crianças menores de 5 anos
morreram em 2016, em comparação com 1990.

32
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

Mas, apesar dessas conquistas, ainda persistem problemas de saúde globais


significativos, que vão desde a prevalência de doenças mortais não transmissíveis até
os efeitos prejudiciais da poluição ambiental.

A hesitação em vacinar resulta de debates públicos em torno das questões médicas,


éticas e legais relacionadas às vacinas. Ele existe desde a invenção da vacinação
e antecede a cunhagem dos termos “vacina” e “vacinação” por quase 80 anos. As
hipóteses específicas levantadas pelos defensores da vacinação foram alteradas ao
longo do tempo. A vacinação com hesitação geralmente resulta em surtos de doenças e
mortes por doenças evitáveis por vacinação (WALLACE, 2009).

Apesar da esmagadora evidência científica de que as vacinas são uma ferramenta


segura e eficaz para a prevenção de doenças infantis, uma minoria significativa da
população dos EUA permanece cética em relação à prática, como evidenciado pela
persistência do movimento antivacinação, chamado pelos norte-americanos de anti-
vax movement.

A evidência científica para a eficácia de campanhas de vacinação em larga escala está


bem estabelecida. Campanhas de vacinação ajudaram a erradicar a varíola, que uma
vez matou até uma entre sete crianças na Europa, e a quase erradicar a pólio. Como um
exemplo mais modesto, as infecções causadas por Haemophilus influenzae (Hib), uma
das principais causas de meningite bacteriana e outras doenças graves em crianças,
diminuíram em mais de 99% nos EUA desde a introdução de uma vacina em 1988.
Estima-se que a vacinação completa – do nascimento até a adolescência – de todas as
crianças americanas nascidas em um determinado ano salvaria 33.000 vidas e evitaria
14 milhões de infecções.

Alguns argumentam que essas reduções nas doenças infecciosas são o resultado de
melhores condições de saneamento e higiene (ao contrário da eficácia da vacinação), ou
que essas doenças já estavam em declínio antes da introdução de vacinas específicas.
Essas alegações não condizem com dados científicos. A incidência de doenças
evitáveis por vacinação tendia a flutuar ao longo do tempo até a introdução de vacinas
específicas, quando a incidência caiu para quase zero. Outros críticos argumentam que
a imunidade concedida pelas vacinas é apenas temporária e requer impulsionadores,
enquanto aqueles que sobrevivem à doença se tornam permanentemente imunes.

A vacinação incompleta aumenta o risco de doenças para toda a população, incluindo


aqueles que foram vacinados, porque reduz a imunidade. Por exemplo, a vacina contra
o sarampo é administrada a crianças com idades entre 9 e 12 meses e a janela curta
entre o desaparecimento do anticorpo materno (antes do qual a vacina frequentemente
falha na soroconversão) e infecção natural significa que crianças vacinadas ainda são

33
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

vulneráveis. A imunidade diminui essa vulnerabilidade se todas as crianças forem


vacinadas. O aumento da imunidade da população durante um surto ou risco de surto
é talvez a justificativa mais aceita para a vacinação em massa. Quando uma nova vacina
é introduzida, a vacinação em massa ajuda a aumentar a cobertura rapidamente. Se
um número suficiente de pessoas for vacinado, a imunidade populacional entrará em
vigor, diminuindo o risco para pessoas que não podem receber vacinas por serem muito
jovens ou idosas, imunocomprometidas ou terem alergias severas aos componentes da
vacina. O resultado para pessoas com sistemas imunológicos comprometidos que são
infectados é pior do que o da população em geral (HEYMANN; AYLWARD, 2006).

A Cronologia da Saúde no Brasil

1521
» D. Manoel baixa o Regimento do Físico-Mor e do Cirurgião-Mor do
Reino, instituindo os Comissários-Delegados nas Províncias, inclusive
no Brasil.
1550
» Em Portugal, os almotacéis eram encarregados da saúde do povo, com
o papel de verificar os gêneros alimentícios e destruir os que estavam
em más condições. Ao Brasil-Colônia eram extensivas a legislação e as
práticas vigentes em Portugal.
1744
» No reinado de D. João V, foi reiterada, ao então Vice-Rei do Brasil,
Conde de Galvêas, determinação relativa às atribuições dos Comissários-
Delegados, que instruía sobre a obrigatoriedade de aceitar a Delegação
de Físico-Mor.
1782
» Por lei da Rainha D. Maria I, foi reformada a organização estabelecida,
sendo instituída a Junta do Protomedicato, formada por sete deputados,
com atribuições semelhantes às do Físico-Mor. A fiscalização foi
enfatizada.
1808
» Criação da primeira organização nacional de saúde pública no Brasil.
E em 27 de fevereiro foi criado o cargo de Provedor-Mor de Saúde da
Corte e do Estado do Brasil, embrião do Serviço de Saúde dos Portos,
com delegados nos estados.

34
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Alvará sobre regimentos e jurisdição do Físico-Mor e Cirurgião-Mor e


seus delegados (Alvará de 23/11/1808).
1828
» Após a Independência, foi promulgada, em 30 de agosto, a lei de
Municipalização dos Serviços de Saúde, que conferiu às Juntas
Municipais, então criadas, as funções exercidas anteriormente pelo
Físico-Mor, Cirurgião-Mor e seus Delegados. No mesmo ano, ocorreu
a criação da Inspeção de Saúde Pública do Porto do Rio de Janeiro,
subordinada ao Senado da Câmara, sendo em 1833, duplicado o número
dos integrantes.
1837
» Ficou estabelecida a imunização compulsória das crianças contra a
varíola.
1846
» Obedecendo o mesmo critério de luta contra as epidemias, foi organizado
o Instituto Vacínico do Império.
» Mandou executar o regulamento do Instituto Vacínico do Império
(Decreto no 464, de 17/8/1846).
Segunda metade do século XIX
» A Revolução Industrial determinou uma profunda repercussão na
estrutura social da humanidade e sobre a saúde pública. Além disso,
a revolução trouxe consequências graves, pois as populações foram
deslocadas das pequenas comunidades rurais e trazidas em massa para
os centros urbanos em formação, o que criou condições propícias aos
graves surtos de doenças epidêmicas.
1850
» Autorizou o governo a despender recursos para medidas tendentes a
obstar a propagação da epidemia reinante, e nos socorros dos enfermos,
necessitados, e a empregar, para esse fim, as sobras da receita, e na
falta destes emitir apólices, ou fazer outra qualquer operação de crédito
(Decreto no 533, de 25/4/1850).
» Concedeu ao Ministério do Império um crédito extraordinário de
duzentos contos para ser exclusivamente despendido no começo de
trabalhos para melhorar o estado sanitário da capital e de outras
províncias do império (Decreto no 598, de 14/9/1850).

35
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Até esse ano, as atividades de Saúde Pública estavam limitadas a:


delegação das atribuições sanitárias às juntas municipais; controle de
navios e saúde dos portos e autoridades vacinadoras contra a varíola.
» A tuberculose, conhecida havia séculos, encontrou novas condições
de circulação, capaz de amplificar de tal modo a sua ocorrência e a
sua letalidade, passando a ser uma das principais causas de morte, e
atingindo especialmente os jovens nas idades mais produtivas.
1851
» Regulamentação da lei que criou a Junta Central de Higiene Pública,
subordinada ao Ministro do Império.
» Abriu ao Ministério do Império um crédito extraordinário para despesas
com providências sanitárias tendentes a atalhar o progresso da febre
amarela a prevenir o seu reaparecimento e a socorrer os enfermos
necessitados (Decreto no 752, de 8/1/1851).
» Mandou executar o regulamento do registro dos nascimentos e óbitos
(Decreto no 798, de 18/6/1851).
» Abriu ao Ministério do Império um crédito extraordinário para as
despesas com a epidemia da bexiga, na província do Pará e em outras
(Decreto no 826, de 26/9/1851).
» Mandou executar o regimento da junta de Higiene Pública (Decreto no
828, de 29/9/1851).
» Abriu ao Ministério do Império um crédito extraordinário para as
despesas com a junta de Higiene Pública naquele exercício (Decreto no
835, de 3/10/1851).
1878
» Tornou-se obrigatória a desinfecção terminal dos casos de morte por
doenças contagiosas, a critério da autoridade sanitária.
» Tratou de providências sobre a desinfecção das casas e estabelecimentos
públicos ou particulares (Decreto no 7.027, de 6/9/1878).
1897
» Nesse ano, os serviços relacionados com a saúde pública estavam na
jurisdição do Ministério da Justiça e Negócios Interiores, compreendidos
na Diretoria Geral de Saúde Pública.

36
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

Primeiras décadas do século XX


» Surgiu a implantação da administração científica, por meio da utilização
da estatística como instrumento de mensuração dos fenômenos sociais.
» Epidemias de doenças transmissíveis, em particular a febre amarela e a
malária, produziram um impacto dramático de mortalidade nas cidades
e nos principais canteiros de obras localizados nos países periféricos,
causando prejuízo ao comércio e dificultando a expansão do capitalismo.
A solução, na época, veio sob a forma de incentivo público às pesquisas
biomédicas, sobretudo aquelas dirigidas às doenças tropicais e à
formação de equipes de trabalho organizadas em moldes militares,
capazes de intervir com disciplina e eficácia quando necessário. Estavam
criadas as campanhas sanitárias. O sucesso dessas campanhas sanitárias
destacou-se tanto por seus resultados no controle de processos
epidêmicos, como pelo exemplo de articulação entre o conhecimento
científico, a competência técnica e a organização do processo de trabalho
em saúde.
1900
» Foi criado, em 25 de maio de 1900, o Instituto Soroterápico Federal,
com o objetivo de fabricar soros e vacinas contra a peste.
1902
» Conhecido como Túmulo dos Estrangeiros, o Rio de Janeiro do início
do século 20 era considerado um desafio ao desenvolvimento do país.
O Presidente Rodrigues Alves, ciente da importância de ter uma capital
moderna, estabeleceu como prioridade o saneamento e a reforma
urbana da cidade. Para isso, convidou o engenheiro Pereira Passos
para a Prefeitura e o sanitarista Oswaldo Cruz para a Diretoria-Geral de
Saúde Pública, o que iria inaugurar a nova era para a higiene nacional.
Ampliou as atividades do Instituto Soroterápico Federal, que não mais
se restringiu à fabricação de soros, mas passou a dedicar-se também à
pesquisa básica e qualificação de recursos humanos.
1903
» Oswaldo Cruz foi nomeado Diretor-Geral de Saúde Pública, cargo que
corresponde atualmente ao de Ministro da Saúde. Utilizando o Instituto
Soroterápico Federal como base de apoio técnico-científico, deflagrou
suas memoráveis campanhas de saneamento. Seu primeiro adversário

37
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

foi a febre amarela, que angariara para o Rio a reputação de Túmulo dos
Estrangeiros e que matou, de 1897 a 1906, quatro mil imigrantes.
» Oswaldo Cruz estruturou a campanha contra a febre amarela em moldes
militares, dividindo a cidade em dez distritos sanitários, cada qual
chefiado por um delegado de saúde. Seu primeiro passo foi extinguir a
dualidade na direção dos serviços de higiene. Para isso, estabeleceu uma
conjugação de esforços entre os setores federais e a Prefeitura, com a
incorporação à Diretoria-Geral de Saúde Pública do pessoal médico e de
limpeza pública da municipalidade.
» A polícia sanitária adotava medidas rigorosas para o combate ao mal
amarílico, inclusive multando e intimando proprietários de imóveis
insalubres a demoli-los ou reformá-los. As brigadas mata-mosquitos
percorriam a cidade, limpando calhas e telhados, exigindo providências
para proteção de caixas d’água, colocando petróleo em ralos e bueiros e
acabando com depósitos de larvas e mosquitos.
» Nas áreas de foco, expurgavam as casas, pela queima de enxofre e piretro
e providenciavam o isolamento domiciliar dos doentes ou sua remoção
para o Hospital São Sebastião.
» Oswaldo Cruz baseou o combate à febre amarela no êxito da campanha
realizada pelos americanos em Havana e em algumas experiências
realizadas no Brasil, que comprovavam o acerto da teoria do médico
cubano Carlos Finlay, de que o transmissor da doença era um mosquito:
o Aedes aegypti, na época conhecido como Stegomyia fasciata ou Culex
aegypti.
» Em uma época em que ainda se acreditava que a maior parte das
doenças era provocada pelos ares pestilenciais, a ideia de se pagar a
rapagões para caçar mosquitos, como dizia uma revista de então, só
poderia provocar o riso. O jovem pesquisador bem que tentou alterar a
opinião pública, fazendo publicar seus “Conselhos ao Povo”, uma série
de folhetos educativos. Mas enfrentava a oposição de grande parte da
classe médica, que não acreditava na teoria de Finlay.
» Oswaldo Cruz não foi poupado: charges diárias na imprensa, canções
com letras maliciosas, quadrinhas, mas o riso logo se transformou
em indignação, devido ao rigor com que eram aplicadas as medidas
sanitárias, especialmente a remoção dos doentes e a entrada nas casas
para o expurgo, mesmo sem autorização dos proprietários.

38
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Em seguida, Oswaldo Cruz iniciou sua luta contra a peste bubônica. A


campanha previa a notificação compulsória dos casos, isolamento e
aplicação do soro fabricado em Manguinhos nos doentes, vacinação
nas áreas mais problemáticas, como a zona portuária, bem como
desratização da cidade. A associação entre ratos e mosquitos era
irresistível. E a decisão da Saúde Pública de pagar por cada roedor
capturado, dando origem aos inúmeros compradores de gabirus que
percorriam a cidade, só agravou a situação. Mas, em poucos meses, a
incidência de peste bubônica diminuiu com o extermínio dos ratos, cujas
pulgas transmitiam a doença.
1904
» Instituiu a Reforma Oswaldo Cruz, que criou o Serviço de Profilaxia
da Febre Amarela e a Inspetoria de Isolamento e Desinfecção (com
responsabilidade de combate à malária e à peste no Rio de Janeiro)
(Decreto Legislativo no 1.151, de 5/1/1904).
» Tornou obrigatória, em toda a República, a vacinação e a revacinação
contra a varíola (Decreto no 1.261, de 31/10/1904).
» Na reforma de Oswaldo Cruz, foi criada a Diretoria-Geral de Saúde
Pública, a qual se destinava a atender os problemas de saúde da capital
do país e prosseguir na defesa sanitária dos portos brasileiros.
» Em 1904, uma epidemia de varíola assolou a capital. Somente nos
cinco primeiros meses, 1.800 pessoas foram internadas no Hospital
São Sebastião. Embora uma lei prevendo imunização compulsória
das crianças contra a doença estivesse em vigor desde 1837, ela nunca
fora cumprida. Assim, em 29 de junho de 1904, o Governo enviou ao
Congresso um projeto reinstaurando a obrigatoriedade de vacinação
antivariólica.
» Suas cláusulas previam vacinação antes dos seis meses de idade e para
todos os militares, revacinação de sete em sete anos e exigência de
atestado de imunização para candidatos a quaisquer cargos ou funções
públicas, para quem quisesse se casar, viajar ou matricular-se em uma
escola. Davam ainda à polícia sanitária poderes para convidar todos os
moradores de uma área de foco a se imunizarem. Quem se recusasse
seria submetido à observação médica em local apropriado, pagando as
despesas de estadia.
» O projeto estipulava ainda punições e multas para médicos que
emitissem atestados falsos de vacinação e revacinação, obrigava

39
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

diretores de colégio a obedecerem às disposições sobre imunização


dos estudantes e instituía a comunicação de todos os registros de
nascimento.
» Estas medidas draconianas estarreceram a população e a oposição a
Oswaldo Cruz atingiu seu ápice. Os jornais lançaram violenta campanha
contra a medida. Parlamentares e associações de trabalhadores
protestaram e foi organizada a Liga Contra a Vacinação Obrigatória.
No dia 13 de novembro, estourou a Revolta da Vacina. Choques com
a polícia, greves, barricadas, quebra-quebra, tiroteios nas ruas, a
população se levantou contra o governo.
» No dia 14, a Escola Militar da Praia Vermelha aderiu à rebelião, mas após
intenso tiroteio, os cadetes foram dispersados. No bairro da Saúde, no
Porto Arthur carioca, os protestos continuaram. Finalmente, o Governo
decretou estado de sítio e, no dia 16, conseguiu derrotar o levante, mas
suspendeu a obrigatoriedade da vacina.
1907
» Criação do Instituto de Patologia Experimental de Manguinhos (atual
Instituto Oswaldo Cruz), onde foram estabelecidas normas e estratégias
para o controle dos mosquitos, vetores da febre amarela (Decreto no
1.802, de 12/12/1907).
» A febre amarela estava erradicada do Rio de Janeiro. Em setembro de
1907, no IV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim,
Oswaldo Cruz recebeu a medalha de ouro pelo trabalho de saneamento
do Rio de Janeiro.
1908
» O Instituto Soroterápico Federal foi rebatizado como Instituto Oswaldo
Cruz.
» Em 1908, uma violenta epidemia de varíola levou a população em massa
aos postos de vacinação.
» Oswaldo Cruz reformou o Código Sanitário e reestruturou todos os
órgãos de saúde e higiene do país.
1909
» Em 1909, Oswaldo Cruz deixou a Diretoria-Geral de Saúde Pública,
passando a dedicar-se apenas ao Instituto de Manguinhos, que fora
rebatizado com o seu nome. Do Instituto, lançou importantes expedições

40
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

científicas, que possibilitaram maior conhecimento sobre a realidade


sanitária do interior do país e contribuíram para a ocupação da região.
Erradicou a febre amarela no Pará e realizou a campanha de saneamento
na Amazônia, que permitiu o término das obras da Estrada de Ferro
Madeira-Mamoré, cuja construção havia sido interrompida pelo grande
número de mortes entre os operários. O sanitarista recomendou uma
série de medidas drásticas a serem implantadas, sem demora. Os
cuidados sanitários começariam antes do operário chegar à ferrovia,
com o engajamento de pessoal em áreas não palustres, exame médico
minucioso e fornecimento de quinino durante a viagem. Recomendou
ainda exames periódicos nos empregados, fornecimento diário de
quinino, desconto dos dias em que o trabalhador não ingerisse o
medicamento e gratificação para o operário que passasse três meses sem
sofrer nenhum acesso de malária. Finalmente, aconselhou a construção
de galpões telados para alojamento do pessoal, fornecimento de água
fervida, uso de calçados e locais determinados para a defecação.
» Também em 1909, Carlos Chagas descobriu a doença, provocada pelo
Tripanosoma cruzi, que então passou a se chamar doença de Chagas. O
primeiro caso identificado por Carlos Chagas, foi o da menina Berenice,
de dois anos, moradora do município de Lassance - MG, local onde o
pesquisador se instalou para combater a malária entre os trabalhadores
da Estrada de Ferro Central do Brasil.
1913
» Em 1913, Oswaldo Cruz foi eleito para a Academia Brasileira de Letras.
Em 1915, por motivo de saúde, abandonou a direção do Instituto Oswaldo
Cruz e mudou-se para Petrópolis. Em 18 de agosto de 1916, assumiu a
prefeitura daquela cidade, traçando vasto plano de urbanização, que não
pôde ver implantado. Sofrendo de crise de insuficiência renal, morreu
na manhã de 11 de fevereiro de 1917, com apenas 44 anos de idade.
1914
» A Inspetoria de Isolamento e Desinfecção foi transformada em
Inspetoria de Serviços de Profilaxia.
1917
» Carlos Chagas assumiu a direção do Instituto Oswaldo Cruz, em 14 de
fevereiro de 1917.

41
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

1918
» Foi criado o Serviço da Quinina Oficial, profilático da malária, inicial
a dos medicamentos do estado, necessários ao saneamento no Brasil
(Decreto no 13.000, de 1/5/1918).
» Foram iniciadas as atividades do Serviço de Profilaxia Rural,
subordinado à Inspetoria de Serviços de Profilaxia (Decreto no 13.001,
de 1/5/1918).
1920
» Novo marco importante da evolução sanitária brasileira com a reforma
de Carlos Chagas que, reorganizando os Serviços de Saúde Pública, criou
o Departamento Nacional de Saúde Pública. A regulamentação desse
diploma legal sofreu substituição e modificações até a publicação do
Decreto em 1923, que vigorou como Regulamento Sanitário Federal, por
muitos anos.
» Regulamentou o Decreto no 3.987, de 2 de janeiro de 1920, que criou
o Departamento Nacional de Saúde Pública (Decreto no 14.189, de
26/5/1920).

» Aprovou o regulamento para o Departamento Nacional de Saúde


Pública, em substituição do que acompanhou o Decreto no 14.189, de 26
de maio de 1920 (Decreto no 14.354, de 15/9/1920).

1921
» Instituiu a Reforma Carlos Chagas, que ampliou as atividades de
cooperação com estados, por meio da Diretoria de Saneamento e Profilaxia
Rural (Decreto no 15.003, de 15/9/1921).
1930
» Criação do Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública (Decreto
no 19.402, de 14/11/1930).
» Os serviços relacionados com a saúde pública foram transferidos para o
novo Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública.
» Reativado o Serviço de Profilaxia de Febre Amarela, em função da epidemia
de 1927-1928, no Rio de Janeiro, e da dispersão do mosquito transmissor.
1931
» Em março de 1931, o sanitarista João de Barros Barreto assumiu a diretoria
do Serviço Sanitário Estadual de São Paulo. Na gestão desse médico, foi

42
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

formada a Secretaria Estadual de Educação e Saúde Pública, embora


o Decreto que ordenou a sua criação tenha sido um dos últimos atos do
dirigente anterior. Vale lembrar que já em 14 de novembro de 1930, com
o Decreto no 19.402, o Governo Federal havia criado o Ministério dos
Negócios da Educação e Saúde Pública.
1932
» Convênio com a Fundação Rockefeller, para intensificação das atividades
de controle da febre amarela, encerrado em 1939, com a extinção do
Serviço de Profilaxia da Febre Amarela.
» No Brasil surgiram o ensino e a pesquisa científica no campo da
administração, com a criação do Instituto de Organização Racional
do Trabalho (Idort). Na década de 1930, outro passo importante na
racionalização da Administração Pública foi a criação do Departamento
Administrativo do Serviço Público (Dasp).
1936
» A comissão chefiada por Evandro Chagas chegou ao Pará, instalando-se na
localidade de Piratuba, município de Abaetetuba. Liderando uma equipe
de médicos e farmacêuticos, Evandro Chagas constatou que a Amazônia
era um campo vasto para pesquisas nas áreas médica e científica. O
cientista sugeriu ao governador paraense na época, José da Gama Malcher,
a criação de um instituto de pesquisa para ampliar os estudos de doenças
regionais, como malária, leishmaniose, filariose. Nasceu, então, em 11 de
novembro de 1936, o Instituto de Patologia Experimental do Norte (Ipen)
atual Instituto Evandro Chagas (IEC).
1939
» Criação do Serviço de Malária do Nordeste (SMN) para intensificar o
combate ao Anopheles gambiae, introduzido em Natal - RN, em 1930.
Foi estabelecido, com essa finalidade, novo convênio com a Fundação
Rockefeller. O SMN existiu até 1941, quando foi erradicado o mosquito
(Decreto no 1.042, de 11/1/1939).
1940
» As atividades relativas à proteção da maternidade, da infância e da
adolescência, anteriormente sob a responsabilidade do Departamento
Nacional de Saúde Pública, passaram para o Departamento Nacional da
Criança, com a transformação da Divisão de Amparo à Maternidade e à
Infância daquele Departamento (em 1948, o DNCr foi reorganizado).

43
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Em dezembro de 1940, o Ipen passou a se chamar Instituto Evandro


Chagas (IEC), em homenagem ao cientista, morto prematuramente num
acidente aéreo.
1941
» Nesse período, foi processada nova reforma da Saúde Pública Federal,
orientada por Barros Barreto. A estrutura criada manteve as linhas gerais
durante vários anos, apesar dos cortes sofridos em várias oportunidades.
» Reorganizou o Departamento Nacional de Saúde, do Ministério dos
Negócios da Educação e Saúde Pública, define sua competência,
composição e criou: a Divisão de Organização Sanitária; Divisão de
Organização Hospitalar; Instituto Oswaldo Cruz; Serviço Nacional de
Lepra; Serviço Nacional de Tuberculose; Serviço Nacional de Febre
Amarela; Serviço Nacional de Malária; Serviço Nacional de Peste; Serviço
Nacional de Doenças Mentais; Serviço Nacional de Educação Sanitária;
Serviço Nacional de Fiscalização de Medicina; Serviço de Saúde dos Portos;
Serviço Federal de Águas e Esgotos; Serviço Federal de Bioestatística; e
Sete Delegacias Federais de Saúde, e deu outras providências. (Decreto Lei
no 3.171, de 2/4/1941).
1942
» Autorizou ao então Ministério da Educação e Saúde, organizar o Serviço
Especial de Saúde Pública (Sesp), em cooperação com o Institute of
Interamerican Affairs, do Governo Americano (Decreto Lei no 4.275,
17/4/1942).
» Assinado convênio básico, que estabelecia o desenvolvimento de atividades
de saneamento, profilaxia da malária e assistência médico-sanitária às
populações da Amazônia, onde se extraía a borracha necessária ao esforço
de guerra.
» Em 31 de julho de 1942, o Instituto Evandro Chagas (IEC), fundado em
10 de novembro de 1936 sob a denominação de Instituto de Patologia
Experimental do Norte, passou a integrar o Sesp, na condição de
laboratório central.
» A ampliação do convênio básico levou o Sesp a atuar no Vale do Rio Doce,
prestando assistência aos trabalhadores na reconstrução da estrada de
ferro Vitória-Minas.
» I Conferência Nacional de Saúde.

44
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

1943
» Criação da Campanha Contra a Bouba.
» Implantação dos Postos Experimentais de Combate à Esquistossomose
(Catende/PE) e ao Tracoma (Jacarezinho/PR).
1944
» Criação do Serviço Nacional de Helmintoses (em especial a
esquistossomose e a ancilostomose).
» Novo convênio com o governo americano assegurou o funcionamento do
Sesp até 1948.
1948
» Instalado o Centro de Estudos do Instituto Oswaldo Cruz, em Bambuí -
MG, que desenvolveu os primeiros estudos para o controle da doença de
Chagas.
» Criação do primeiro Conselho de Saúde, considerado por William
Wech o marco inicial da Saúde Pública moderna. A saúde do povo era
integralmente reconhecida como importante função administrativa de
governo. Quanto melhores as condições de saúde da população, tanto
maiores seriam as possibilidades econômicas de um país.
1949
» Novos convênios permitiram a expansão do Sesp para outras regiões do
país.
1951
» Decisão da Assembleia Mundial da Saúde em promover o controle da
varíola em todo o mundo.
1953
» Criação do Ministério da Saúde, regulamentado pelo Decreto no 34.596, de
16 de novembro de 1953 (Lei no 1.920, de 25/7/1953).
» Tornou obrigatória a iodação do sal de cozinha destinado ao consumo
alimentar nas regiões bocígenas do país (Lei no 1.944, de 14/8/1953).
1954
» Estabeleceu normas gerais sobre a defesa e proteção da saúde. Art.1o É
dever do Estado, bem como da família, defender e proteger a saúde do
indivíduo (Lei no 2.312, de 3/9/1954).

45
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

1956
» Criou o Departamento Nacional de Endemias Rurais (DENERu),
que incorporou os programas existentes, sob a responsabilidade do
Departamento Nacional de Saúde (febre amarela, malária e peste) e da
Divisão de Organização Sanitária (bouba, esquistossomose e tracoma),
órgãos do novo Ministério da Saúde (Lei no 2.743, de 6/3/1956).
» Delimitação da área bocígena no Brasil e regulamenta o uso do sal iodetado
(Decreto no 39.814, de 17/8/1956).
1958
» Criação do Grupo de Trabalho para a Erradicação da Malária (Gtem).
1960
» Transforma o Sesp em Fundação Serviço Especial de Saúde Pública
(Fsesp), vinculada ao Ministério da Saúde (Lei no 3.750, de 11/4/1960).
1961
» Início da produção, no Brasil, da vacina liofilizada contra a varíola, em
substituição à tradicional, em forma de linfa, pouco estável.
» Realização das primeiras campanhas com a vacina oral contra a
poliomielite: projetos experimentais em Petrópolis - RJ e Santo André -
SP.
» Introdução da técnica de diagnóstico laboratorial da poliomielite, no
Instituto Oswaldo Cruz (IOC).
» Regulamentação do Código Nacional de Saúde, Lei no 2.312, de 3 de
setembro de 1954, estabelecendo as Normas Gerais sobre Defesa e
Proteção da Saúde (Decreto no 49.974-A, de 21/1/1961).
1962
» Instituição da Campanha Nacional contra a Varíola, coordenada pelo
Departamento Nacional de Saúde, com a organização de operações de
vacinação em diversos estados, mediante mobilização de recursos locais.
» Primeiro ensaio para administração da vacina BCG intradérmica, no
Brasil.
1965
» Criação da Campanha de Erradicação da Malária (CEM), independente do
DENERu (Lei no 4.709, de 28/6/1965).

46
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

1966
» Criação da Campanha de Erradicação da Varíola (CEV), também
subordinada diretamente ao Ministério da Saúde, dirigida por pessoal dos
quadros da Fundação Sesp (Decreto no 59.153, de 31/8/1966).
1969
» O Sesp passou a denominar-se Fundação de Serviços de Saúde Pública –
Fsesp (Decreto Lei no 904, de 1/10/1969).
» Organizado, pela Fundação Sesp, o sistema de notificação de algumas
doenças transmissíveis, prioritariamente aquelas passíveis de controle por
meio de programas de vacinação.
» Criação, pela Fundação Sesp, do Boletim Epidemiológico.
1970
» Reorganizou administrativamente o Ministério da Saúde, criando a
Superintendência de Campanhas de Saúde Pública (Sucam), subordinada
à Secretaria de Saúde Pública e incorporando o DENERu, a CEM e a CEV
(Decreto no 66.623, de 22/5/1970).
» Criação da Divisão Nacional de Epidemiologia e Estatística da Saúde
(Dnees), no Departamento de Profilaxia e Controle de Doenças.
» Instalação das unidades de Vigilância Epidemiológica da Varíola, em
âmbito estadual.
» Instituída a Fundação Oswaldo Cruz, congregando inicialmente o então
Instituto Oswaldo Cruz, a Fundação de Recursos Humanos para a Saúde
(posteriormente Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp) e o Instituto
Fernandes Figueira. As demais unidades que hoje compõem a Fiocruz
foram incorporadas ao longo dos anos.
» Nas décadas de 1950 e 1960, o Instituto Oswaldo Cruz defendeu o
movimento para a criação do Ministério da Ciência e a transferência
do setor de pesquisas para o novo órgão. No entanto, o Ministério da
Saúde priorizou a produção de vacinas. Essa polêmica culminou no
Massacre de Manguinhos, em 1970, com a cassação dos direitos políticos
e aposentadoria de dez renomados pesquisadores da Instituição. Em 1985,
eles foram reintegrados.
1971
» Instituído o Plano Nacional de Controle da Poliomielite, importante
marco para as atividades de vacinação do país. Projeto piloto no estado

47
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

do Espírito Santo, que incluiu estudo para avaliar a resposta sorológica à


vacina e para introduzir a metodologia de campanhas estaduais realizadas
em um só dia.
» Criação da Central de Medicamentos (Ceme) e início da organização do
sistema de produção e distribuição de medicamentos essenciais, inclusive
produtos imunobiológicos.
1975
» Aprovou o Estatuto da Fsesp, que vigorou até 1991 (Decreto no 76.165, de
27/8/1975).
» Dispôs sobre a organização das ações de vigilância epidemiológica, e
o Programa Nacional de Imunizações. Estabeleceu normas relativas à
notificação compulsória de doenças (Lei no 6.259, de 30/10/1975).
» Realização da Campanha Nacional de Vacinação contra a Meningite
Meningocócica (Camem).
» Início da implantação, em todo país, do sistema de registro de doses de
vacinas aplicadas.
1976
» Regulamentou a Lei no 6.259/1975. Dispôs sobre a organização das Ações
de Vigilância Epidemiológica, e o Programa Nacional de Imunizações.
Estabeleceu normas relativas à notificação compulsória de doenças
(Decreto no 78.231, de 12/8/1976).
» Extinguiu a exigência de atestado de vacinação contra a varíola (Decreto no
78.248, de 16/8/1976).
» Aprovou o Programa de Interiorização das Ações de Saúde e Saneamento
no Nordeste (Decreto no 78.307, de 24/8/1976).
» Implantação do Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM).
» Estabelecimento das doenças de notificação compulsória (Portaria GM/
MS no 314, de 27/8/1976).
» Implantação do sistema nacional de vigilância de casos suspeitos de
poliomielite, com apoio de laboratórios de diagnóstico, o que permitiu
definir o perfil epidemiológico da doença no país.
» Criou a Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde (Snabs) e a
Secretaria Nacional de Programas Especiais de Saúde (Snpes) (Decreto no
79.056, de 30/12/1976).

48
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Campanha de Vacinação Contra a Meningite Meningocócica (Sucam e


Fsesp).
1977
» Aprovação do modelo da Caderneta de Vacinação (Portaria GM/MS no 85,
de 4/4/1977).
» Ocorrência dos últimos casos de varíola registrados no mundo.
» Publicação do Manual de Vigilância Epidemiológica e Imunizações Normas
e Instruções.
» Instituiu o Sistema Nacional de Laboratórios de Saúde Pública (Portaria
GM/MS no 280, de 21/7/1977).
» Aprovação da meta de imunizar todas as crianças no mundo até 1990, pela
Organização Mundial de Saúde (OMS).
» Definição das vacinas obrigatórias para os menores de um ano, em todo
território nacional (Portaria Ministerial no 452, de 1977).
1978
» Elevação dos percentuais de cobertura vacinal, que em 1975 eram de 20%,
para 40% em média.
» Participação de técnicos brasileiros no 1o Curso Internacional de Rede de
Frio, patrocinado pela Opas.
1979
» Certificação, pela OMS, da erradicação global da varíola.
» Implantação, pela Fiocruz, do concentrado viral para diluição da vacina
contra sarampo.
» Criação da Comissão Interministerial para o PNI (Portaria Interministerial
MS/MPAS no 1, de 9/5/1979).
» Publicação e distribuição, pela Fundação Sesp, do documento “O
Refrigerador na Conservação de Vacinas”.
» Dispôs sobre a intensificação e expansão de serviços básicos de saúde e
saneamento; aprovou o Programa de Interiorização das Ações de Saúde
e Saneamento (Piass) para o período 1980-1985 (Decreto no 84.219, de
14/11/1979).

49
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

1980
» Extinção da obrigatoriedade da vacinação contra a varíola (Portaria GM/
MS no 55, de 29/1/1980).
» Lançado o Plano de Ação Contra a Poliomielite, estabelecendo os dias
nacionais de vacinação.
» Demonstração do impacto epidemiológico dos dias nacionais de vacinação
contra a poliomielite realizados em 14 de junho e 16 de agosto, pela drástica
redução da incidência da doença, em todas as regiões do país.
» Constituição do Grupo Interministerial de Coordenação incumbido
de elaborar o Plano de Ação de Controle da Poliomielite, promover e
coordenar o seu desenvolvimento em âmbito nacional (Portaria GM/MS no
106, de 3/3/1980).
» Institucionalização da rede de apoio laboratorial ao diagnóstico da
poliomielite, coordenada pela Fiocruz.
1981
» Executado o Plano de Ação Contra o Sarampo, por intermédio de
campanhas estaduais de vacinação (adoção da estratégia de campanha
para a vacina contra o sarampo, mantida por alguns estados em 1982 e
1983).
» Constituído o Grupo de Trabalho para o Controle da Qualidade de
Imunobiológicos (GT/CQI) (Portaria GM/MS no 163, de 15/7/1981).
» Transferência formal à Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde
(Snabs), do Ministério da Saúde, da coordenação dos Programas Nacionais
de Imunizações e de Vigilância Epidemiológica, que havia sido delegada à
Fsesp, em 1974.
» Inauguração do Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde
(INCQS), da Fiocruz.
» Reconhecidos como Laboratórios Nacionais de Saúde Pública, em apoio ao
Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, aqueles com competência
para tanto, atuando sob a supervisão da Divisão Nacional de Laboratórios
de Saúde Pública, da Secretaria Nacional de Ações Básicas de Saúde, bem
como definição de suas competências, as unidades credenciadas para as
atividades e respectivas áreas de abrangência (Portaria GM/MS no 217, de
17/9/1981).

50
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

1982
» Dinamizado o sistema de informações sobre a mortalidade, com a
publicação do primeiro anuário de dados.
» Estabelecidas Normas Técnicas para o Sistema de Vigilância
Epidemiológica.
» Mudança do esquema de vacinação contra o sarampo, recomendando dose
única, a partir dos nove meses de idade.
» Publicação e distribuição do documento Bases Técnicas para Programas
de Controle da Poliomielite, consolidação de toda a orientação normativa
sobre o assunto.
» Realização do Encontro Nacional de Controle de Doenças e do 1o Curso
Nacional sobre Rede de Frio.
1983
» A estratégia de dias nacionais de vacinação passa a ser recomendada pela
Opas e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), sendo
adotada por outros países latino-americanos.
» Início da realização, pelo INCQS, do controle de qualidade dos
imunobiológicos distribuídos pelo PNI.
» Criação do Comitê Interorgânico de Controle de Doenças Transmissíveis,
coordenado pela Snabs e integrado por representantes da Fsesp, da
Fiocruz, da Sucam, do Instituto Nacional de Alimentação e Nutrição
(Inan), entre outros.
» Realização do Treinamento Básico em Vigilância Epidemiológica (Tbve),
nas cinco macrorregiões do país.
1984
» Realizados dois dias nacionais de multivacinação, com a aplicação seletiva
das vacinas DPT e contra o sarampo, em 24 unidades federadas.
» Introdução, em alguns estados, da estratégia de multivacinação utilizando
a mobilização para os dias nacionais de vacinação contra a poliomielite.
» Definição da Snabs como unidade orçamentária responsável pelo
suprimento de imunobiológicos para o PNI. A aquisição dos produtos
passou da Ceme para a Fiocruz, mediante convênio com a Snabs.
» Implantação do Sistema de Aquisição, Distribuição, Controle de Qualidade
e Desenvolvimento Tecnológico de Imunobiológicos para o PNI.

51
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Publicação e distribuição da primeira edição do Manual de Vacinação do


PNI.
» Publicação e distribuição de cartilhas sobre Vigilância das Doenças
Imunopreveníveis (nos 1 e 2), destinadas ao pessoal auxiliar de saúde.
1985
» Instituído o Programa de Controle de Acidentes Ofídicos.
» A vacinação com a BCG passou a ser responsabilidade do PNI.
» Início do Programa Pólio Plus, do Rotary Internacional, para promover a
imunização infantil.
» Criação da Central Nacional de Armazenagem e Distribuição de
Imunobiológicos (Cenadi), na Fiocruz.
» Elaboração da proposta de Política Nacional de Imunobiológicos e do
Programa de Autossuficiência Nacional em Imunobiológicos (Pasni).
» Aprovação, pela Conferência Sanitária Pan-Americana, de proposta para
erradicar a transmissão de poliovírus selvagem no continente.
» Criação do Subsistema Nacional de Controle de Doenças Transmissíveis.
» Realização, em âmbito nacional, do Curso Básico de Vigilância
Epidemiológica (Cbve), do Curso Intensivo de Vigilância Epidemiológica
(Cive) e do Curso de Aperfeiçoamento para Epidemiologistas.
» Avaliação da capacitação de recursos humanos com o Cbve e o Cive, pela
Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz).
» Publicação e distribuição da primeira edição do Guia de Vigilância
Epidemiológica.
1986
» Aprovou o Plano de Ação para a Erradicação da Poliomielite no Brasil
(Resolução Ciplan no 4, de 6/2/1986).
» Introdução do Dia Nordestino de Vacinação Contra a Poliomielite.
» Criação do personagem símbolo da erradicação da poliomielite, o Zé
Gotinha , e publicação do documento A marca de um compromisso.
» Publicação e distribuição da primeira edição do Manual de Procedimentos
para Vacinação.

52
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» O Brasil, como membro do Conselho Diretivo da Opas, aprovou a


Resolução no 31, que propôs a erradicação da transmissão do poliovírus
selvagem nas Américas.
» Criação do grupo técnico incumbido de coordenar as atividades pertinentes
à erradicação da poliomielite no país, o GT/Pólio.
» Realização, no Rio de Janeiro, do 1o Curso Internacional de Vigilância
Epidemiológica para Erradicação da Poliomielite nas Américas, promovido
pela Opas/OMS.
» Elaboração do Plano de Ação para o Programa de Erradicação da
Poliomielite e sua aprovação em âmbito interministerial.
» Início da edição do Informe Semanal do Programa de Erradicação da
Poliomielite.
» VIII Conferência Nacional de Saúde, marco para as bases da criação do
Sistema Único de Saúde.
1987
» Dispôs sobre a criação do Programa de Desenvolvimento de Sistemas
Unificados e Descentralizados de Saúde (Suds) nos estados (Decreto no
94.657, de 20/7/1987).
» Realização de inquérito de cobertura em municípios com alta incidência de
poliomielite.
» Ampliação da marca-símbolo da erradicação da poliomielite, o Zé Gotinha,
para todo o PNI e publicação do documento A marca: desenvolvimento e
uso.
1988
» Constituição Federal, de 5 de outubro de 1988.
» Arts. 196 a 200 Seção II Da Saúde.
1989
» Ocorrência do último caso de poliomielite no Brasil.
» Elaboração do documento: PNI 15 anos, uma análise crítica.
» Início do controle da hepatite B, com a realização de vacinação na
Amazônia Ocidental.

53
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

1990
» Transferiu as atribuições, o acervo e os recursos orçamentários da
Sucam para a Fsesp, que passou a denominar-se Fundação Nacional de
Saúde (FNS) (Medida Provisória no 151, de 15/3/1990).

» Autorizou o Poder Executivo a instituir a Fundação Nacional de Saúde


(FNS), mediante incorporação da Fsesp e Sucam (Lei no 8.029, de
12/4/1990).

» Transferiu da Snpes para a Sucam o Programa de Controle da Hanseníase


e outras dermatoses (Portaria GM/MS no 873, de 27/6/1990).

» Instituiu o SUS, definindo seus objetivos, competências e atribuições;


princípios e diretrizes; organização, direção e gestão. Criou o subsistema
de atenção à saúde indígena; regulou a prestação de serviços privados
de assistência à saúde; definiu políticas de recursos humanos;
financiamento; gestão financeira; planejamento e orçamento (Lei no
8.080, de 19/9/1990).

» Transferiu para a FNS: da Snabs, o Programa Nacional de Imunizações


PNI, o Plano de Ação para Erradicação da Poliomielite, o Programa
Nacional de Zoonoses, o Sistema de Vigilância Epidemiológica, o
Sistema de Informações sobre Mortalidade e o Sistema de Laboratórios
de Saúde Pública; e da Snpes, a Pneumologia Sanitária e a Dermatologia
Sanitária (Portaria GM/MS no 1.331, 5/11/1990).

» Incorporou à Fundação Nacional de Saúde (FNS) as atividades de


informática do SUS, desenvolvidas pela Empresa de Processamento de
Dados da Previdência Social (Dataprev) (Lei no 8.101, de 6/12/1990).

» Gestão participativa no SUS; forma de alocação dos recursos oriundos


do Fundo Nacional de Saúde (Lei no 8.142, de 28/12/1990).

» Evolução das coberturas de vacinação para índices em torno de 90%.

» Início da elaboração do dossiê sobre coberturas vacinais para


sensibilização de governadores, prefeitos e outras lideranças, com o
apoio do Unicef.

» Criação, pela Opas/OMS, da Comissão Internacional para Certificação


da Erradicação da Poliomielite nas Américas.

54
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

1991
» Transferiu para a FNS todas as atividades do Programa de
Autossuficiência Nacional em Imunobiológicos (Pasni), da extinta
SNABS (Portaria GM/MS no 46, de 17/1/1991).
» Encarregou a Fsesp da coordenação dos projetos destinados à promoção,
proteção e recuperação da saúde do índio (Decreto no 23, de 4/2/1991).
» Aprovou o Projeto de Saúde Yanomami (Portaria Interministerial MS/
MJ no 316, de 11/4/1991).
» Intensificação da vacinação de recém-nascidos com a BCG-ID, nas
maternidades de grande porte.
» Introdução da vacinação contra a febre amarela na rotina dos serviços
permanentes de vacinação, nas áreas endêmicas.
» Implementação e ampliação da vacinação contra a hepatite B, na
Amazônia Ocidental.
» Instituiu a Fundação Nacional de Saúde (FNS) (Decreto no 100, de
16/4/1991).
» Aprovou a Estrutura Regimental do Ministério da Saúde (Decreto no
109, de 2/5/1991).
» Criação do Comitê Técnico Assessor de Imunizações (Portaria GM/MS
no 389, de 6/5/1991).
» Início do Plano de Eliminação do Tétano Neonatal, com vacinação de
mulheres em idade fértil, nos municípios de risco.
» Publicação e distribuição do documento “Como Organizar a Vacinação
no Município”, produzido pelo Instituto Brasileiro de Administração
Municipal (Ibam) e pelo Unicef.
» O Programa Nacional de Imunizações (PNI) recebe o Prêmio Criança
e Paz 1991, outorgado pelo Unicef, como programa que se destacou na
defesa e na promoção dos direitos da criança e do adolescente.
» Realização de concurso para homenagear municípios do Nordeste que
alcançaram coberturas iguais ou superiores a 80%, promovido pelo
Unicef e pelo Ibam.
1992
» Implantação do Plano Nacional de Eliminação do Sarampo, com a
realização de campanha nacional de vacinação em menores de 15 anos.

55
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Implantação da vacina contra a hepatite B, para grupos de alto risco de


infecção pelo vírus HB, em todo país.
» Início da implantação do Sistema de Vigilância de Eventos Adversos à
Vacinação.
» Redefinição dos instrumentos para coleta das informações do PNI, com
desmembramento por idade e inclusão dos códigos do SIA/SUS.
» Transferência da Cenadi, da Fiocruz para a FNS. A Fundação assumiu a
responsabilidade pela aquisição e o controle dos imunobiológicos.
» Edição do Informe Epidemiológico do SUS, pelo Cenepi/FNS/MS.
1993
» Reestruturação do Sistema de Informação do PNI, com padronização de
formulários.
» Início da instalação dos Centros de Referência para Imunobiológicos
Especiais (CRIE), no Ceará, em São Paulo, no Paraná e no Distrito
Federal.
» Publicação e distribuição do documento “A Criança, a Vacina e
o Município”, produzido pelo Conselho Nacional de Secretários
Municipais de Saúde (Conasems), a Conferência Nacional dos Bispos
do Brasil (CNBB), a Sociedade Brasileira de Pediatria SBP, o Grupo de
Defesa dos Direitos da Criança, o Programa Nacional de Imunizações
(PNI), a Organização Pan-Americana de Saúde OPAS e o Fundo das
Nações Unidas para a Infância (Unicef).
» Definiu a descentralização das ações e serviços de saúde da Fundação
Nacional de Saúde (FNS), como prioridade político-institucional
(Portaria FNS no 1.883, de 16/12/1993).
1994
» Aprovou o Regimento Interno dos Órgãos que compõem a Estrutura
Regimental da Fundação Nacional de Saúde (Portaria GM/MS no 1.835,
de 1/11/1994).
» Obtenção, pelo Brasil, do Certificado Internacional de Erradicação da
Transmissão Autóctone do Poliovírus Selvagem.
» A vacinação contra a febre amarela passou a ser responsabilidade do
PNI.

56
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Instalação de CRIE em Mato Grosso do Sul, Santa Catarina, Rio de


Janeiro, Minas Gerais e Pará.
» Revisão, atualização e ampliação do Guia Nacional de Vigilância
Epidemiológica (1a edição).
1995
» Aprovou os códigos das unidades organizacionais integrantes da
estrutura regimental da Fundação Nacional de Saúde (publicado no
Boletim de Serviço do MS no 7 de 17/2/1995, p. 3) (Portaria GM/MS no
163, de 15/2/1995).
» Implantação do Subsistema de Controle de Estoque e Distribuição de
Imunobiológicos (EDI).
» Lançamento do Projeto para Redução da Mortalidade na Infância
(PRMI), integrante do Programa Comunidade Solidária.
» Inclusão das metas do PNI nas ações relevantes do setor saúde,
acompanhadas pela Presidência da República.
1996
» Realização de campanha nacional de vacinação contra a hepatite B,
envolvendo escolares e odontólogos; esses últimos em parceria com o
Conselho Nacional de Odontologia.
» Implantação de CRIE em mais três unidades federadas: Bahia, Espírito
Santo e Pernambuco.
1997
» Dispôs sobre a transferência da Escola de Enfermagem de Manaus,
unidade organizacional da Fundação Nacional de Saúde, para a
Fundação Universidade do Amazonas (Lei no 9.484, de 27/8/1997).
» Implantação da vacina monovalente contra a rubéola no pós-aborto e no
pós-parto.
» Ampliação do número de CRIE, com a instalação no Rio Grande do Sul,
Piauí, Amazonas, Mato Grosso, Amazonas e Paraíba.
» Descentralização do suporte técnico ao sistema SI-PNI, nas unidades
federadas.
» Introdução de nova sistemática na aquisição de imunobiológicos
mediante integração ao Fundo Rotatório da Opas/OMS.

57
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Autorizou o Poder Executivo a transformar o Departamento de


Informática do Sistema Único de Saúde (Datasus) da Fundação Nacional
de Saúde, em Subsecretaria de Informática do Sistema Único de Saúde
(Datasus), vinculando-a à Secretaria-Executiva do Ministério da Saúde
(Artigo 52 da Medida Provisória no 1.549-32, de 11/7/1997).
» Conclusão e publicação das Normas de Produção e Controle de
Qualidade das Vacinas Bacterianas, de Soros e da Vacina Antirrábica de
uso humano (Portaria GM/MS no 661, de 22/12/1997).
1998
» Transferiu da Fundação Nacional de Saúde para a Secretaria de Políticas
de Saúde, do Ministério da Saúde, a coordenação das ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde relacionadas à pneumologia sanitária,
subordinando técnica e administrativamente ao Centro de Referência
Professor Hélio Fraga (CRPHF), situado no Rio de Janeiro. Extinguiu a
Coordenação de Informações e Análise da Situação de Saúde (Ciass), do
(Cenepi) (Portaria GM/MS no 3.635, de 18/9/1998).
» Transferiu da Fundação Nacional de Saúde para a Secretaria de Políticas
de Saúde, do Ministério da Saúde, a coordenação das ações de promoção,
proteção e recuperação da saúde relacionadas à Dermatologia Sanitária
(Portaria GM/MS no 3.637, de 18/9/1998).
» Revogou as Portarias GM/MS no 3.635 e no 3.637, de 18 de setembro de
1998 (Portaria GM/MS no 3.911, de 30/10/1998).
» Determinou a transferência das seguintes unidades operacionais da
Fundação Nacional de Saúde: I. Unidades de assistência à saúde:
unidades mistas, centros e postos de saúde até dia 31/12/1998. II.
Oficinas de saneamento, até 31/12/1998. Determinou a transferência
das atividades de epidemiologia, ainda existentes, das Coordenações
Regionais da Fundação Nacional de Saúde para as Secretarias Estaduais
de Saúde (Portaria GM/MS no 3.843, de 5/11/1998).
» Implantação, na rotina, da vacina contra o Haemophilus influenzae tipo
B, para menores de um ano, em todo o país.
» A aquisição, armazenamento e distribuição das vacinas contra a raiva
de uso humano e de uso canino, e do soro antirrábico passam a ser
responsabilidade do PNI.
» Instalação de CRIE em Goiás, totalizando 24 Centros e abrangendo 80%
das unidades federadas.

58
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Informatização do Sistema de Vigilância de Eventos Adversos Pós-


Vacinação.
» Inclusão de metas do PNI no Projeto de Estruturação da Vigilância em
Saúde (Vigisus), da FNS, financiado pelo Banco Mundial.
» Responsabilização direta dos municípios pela execução da vacinação,
na rede de serviços, a partir da sua habilitação às condições de Gestão
estabelecidas pela NOB/96: Gestão Plena de Atenção Básica e Gestão
Plena do Sistema Municipal.
» Instituiu o Núcleo Estadual de São Paulo, em consequência, extinguiu
a Coordenação Regional de São Paulo (Portaria FNS no 538, de
17/12/1998).
1999
» Instituiu e formalizou a distribuição de competências dos órgãos do
MS quanto ao Sistema Nacional de Informações em Saúde. Designou
a FNS/Cenepi como gestora dos Sistemas: Sistema de Informações de
Mortalidade (SIM), Sistema de Informações de Nascidos Vivos (Sinasc),
Sistema de Informações de Agravos de Notificação (Sinan) e Sistema de
Avaliação do Programa de Imunizações API (Portaria GM/MS no 130, de
12/2/1999).
» As atividades de vigilância epidemiológica, especialmente de dengue,
febre amarela, malária, leishmaniose, esquistossomose, doença
de Chagas, peste, bócio, oncocercose e outras, executadas pelo
Departamento de Operações (Deope), passaram a integrar ao Centro
Nacional de Epidemiologia (Cenepi). Subordinou também ao Cenepi
o Centro de Referência Professor Hélio Fraga (CRPHF), a Central
Nacional de Armazenagem e Distribuição de Imunobiológicos (Cenadi)
e o Instituto Evandro Chagas (IEC) (Portaria FNS no 125, de 18/2/1999).
» Reestruturou a Unidade de Gerência de Projetos (UGP), na fase
execução do Projeto de Estruturação do Sistema Nacional de Vigilância
em Saúde (Vigisus) (Portaria FNS no 298, de 9/4/1999).
» Extinguiu a Coordenação Regional da Fundação Nacional de Saúde no
Distrito Federal, e deu outras providências (Portaria FNS no 299, de
13/4/1999).
» Estabeleceu a Base Deliberativa e a Base Operacional do Comitê Central
de Planejamento (Coplan), da Fundação Nacional de Saúde (Instrução
Normativa Funasa no 1, de 27/5/1999).

59
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Aprovou o Plano de Ação da Fundação Nacional de Saúde para o Biênio


1999/2000 (Instrução Normativa Funasa no 2, de 27/5/1999).
» Transferiu da Fundação Nacional do Índio (Funai) para a Fundação
Nacional de Saúde pessoal, patrimônio e orçamento vinculados às ações
de atenção à saúde indígena (Art. 28-B Medida Provisória no 1.911-8, de
29/7/1999).
» Subordinou administrativamente à Funasa os servidores ocupantes de
cargos redistribuídos da Funai para a Funasa, que exerciam atividades
relacionadas com a saúde dos povos indígenas (Portaria Conjunta
Funasa/Funai no 1, de 25/8/1999).
» Dispôs sobre as condições para prestação de assistência à saúde dos
povos indígenas no âmbito do SUS. Estabeleceu as condições de
assistência à saúde dos povos indígenas pela Funasa (Decreto no 3.156,
de 27/8/1999).
» Criou o Subsistema de Atenção à Saúde Indígena (Lei no 9.836, de
23/9/1999).
» Criou os Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEI). Estabeleceu
competências para os DSEI. Instituiu estrutura e organização dos DSEI
(Portaria Funasa no 852, de 30/9/1999).
» Regulamentou a NOB/SUS no 1/1996 no que se refere às competências
dos três níveis de governo na área de epidemiologia e controle de
doenças. Definiu a sistemática de financiamento (Portaria GM/MS no
1.399, de 15/12/1999).
2000
» Definida a missão da Funasa: Ser uma agência de excelência em
promoção e proteção à saúde, mediante ações integradas de educação
e prevenção e controle de doenças e outros agravos, bem como em
atendimento integral à saúde dos povos indígenas, com vistas à melhoria
da qualidade de vida da população.
» Estabeleceu os critérios e procedimentos para aplicação de recursos
financeiros (Portaria Funasa no 176, de 28/3/2000).
» Instituiu a Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa) -
com representante da Funasa (Portaria GM/MS no 398, de 12/4/2000).
» Instituiu a Comissão Nacional de Erradicação do Sarampo e Controle da
Rubéola, de caráter consultivo (Portaria Funasa no 257, de 4/5/2000).

60
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Aprovou o estatuto e o quadro demonstrativo dos cargos em comissão


e das funções gratificadas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
(Decreto no 3.450, de 9/5/2000).
» Aprovou os códigos e denominações das unidades organizacionais
integrantes do estatuto da Funasa. Delegou competência ao Presidente
da Funasa para aprovação do respectivo Regimento Interno (Portaria
GM/MS no 511, de 24/5/2000).
» Aprovou a estrutura regimental e o quadro demonstrativo dos cargos
em comissão e das funções gratificadas do MS (Decreto no 3.496, de
1/6/2000).
» Regulamentou os procedimentos de certificação de municípios, estados
e do Distrito Federal para a gestão das ações de epidemiologia e controle
de doenças (Instrução Normativa Funasa no 2, de 5/6/2000).
» Criou o Comitê Técnico para Acompanhamento do Plano de
Intensificação das Ações de Controle da Malária (Portaria Funasa no
355, de 14/7/2000).
» Estabeleceu os procedimentos relacionados à cessão de servidores a
estados, Distrito Federal e municípios, que executam ações na área de
epidemiologia e controle de doenças (Instrução Normativa Funasa no 3,
de 17/7/2000).
» Estabeleceu os procedimentos relacionados à cessão de bens móveis e
imóveis utilizados nas atividades de epidemiologia e controle de doenças
(Instrução Normativa Funasa no 4, de 17/7/2000).
» Convocou a 11a Conferência Nacional de Saúde (Decreto s/no, de
28/7/2000).
» Aprovou o Regimento Interno da Funasa (Portaria Funasa no 410, de
10/8/2000).
» Instituiu o Núcleo de Resposta Rápida em Emergências Epidemiológicas
(Nurep), da Funasa (Portaria Funasa no 473, de 31/8/2000).
» Alterou os artigos 34, 35, 156, 160, 167 e 198 da Constituição Federal e
acrescentou artigo ao Ato das Disposições Constitucionais Transitórias,
para assegurar os recursos mínimos para o financiamento das ações
e serviços públicos de saúde (Emenda Constitucional no 29, de
13/9/2000).

61
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Instituiu os Comitês Regionais de Planejamento (Coreplan) (Portaria


Funasa no 584, de 7/11/2000).
» Alterou a redação de dispositivos da Portaria Funasa no 410, de
10.8.2000 (Portaria Funasa no 608, de 23/11/2000).
» Estabeleceu os procedimentos e as responsabilidades relativos ao
Controle e Vigilância da Qualidade da Água para Consumo Humano e
seu padrão de potabilidade (Portaria GM/MS no 1.469, de 29/12/2000).
2001
» Aprovou a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-SUS
1/2001) que ampliou a responsabilidade dos municípios na atenção
básica; definiu o processo de regionalização da assistência; criou
mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do SUS
e procedeu à atualização dos critérios de habilitação de estados e
municípios (Portaria GM/MS no 95, de 26/1/2001).
» Constituiu o Comitê de Condução da Implantação do Cartão Nacional
de Saúde no âmbito do Ministério da Saúde, com vistas a garantir a
articulação das diferentes áreas do Ministério da Saúde com interfaces
e/ou responsabilidades no projeto, com representante da Funasa
(Portaria GM/MS no 217, de 15/2/2001).
» Estabeleceu ação integrada do Ministério da Saúde e do Ministério
do Desenvolvimento Agrário, no Plano de Intensificação das Ações
de Controle da Malária na Amazônia Legal (Piacm) (Portaria
Interministerial MS/MDA no 279, de 8/3/2001).
» Implantou a Agenda Nacional de Saúde. Estabelece os eixos prioritários
de intervenção para o ano 2001, sendo instrumento de orientação
estratégica da Política de Saúde no Brasil. Definiu responsabilidades
(Portaria GM/MS no 393, de 29/3/2001).
» Promoveu alterações na composição e competências do Coplan (Portaria
Funasa no 304, de 25/5/2001).
» Ampliou, para o exercício de 2001, a aplicação dos critérios de
elegibilidade para projetos destinados ao atendimento de municípios
enquadrados nos critérios do Projeto Alvorada (Portaria Funasa no 447,
de 31/7/2001).
» Criou o Comitê Técnico para acompanhamento dos Planos de
Intensificação das Ações de Controle da Malária e da Dengue na
Amazônia Legal (Portaria Funasa no 530, de 20/9/2001).

62
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Regulamentou a Portaria GM/MS no 1.399/99, no que se refere às


competências da União, estados, municípios e DF na área de Vigilância
Ambiental em Saúde (Instrução Normativa Funasa no 1, de 25/9/2001).
» Definiu a relação de doenças de notificação compulsória em todo o
território nacional (Portaria GM/MS no 1.943, de 18/10/2001).
» Adotou a vacinação obrigatória de trabalhadores das áreas portuárias,
aeroportuárias, de terminais e passagens de fronteira (Portaria GM/MS
no 1.986, de 25/10/2001).
» Estabeleceu os critérios para a suspensão de transferência de recursos
do Piso de Atenção Básica (PAB) e o cancelamento da certificação para
gestão das ações de epidemiologia e controle de doenças, na falta de
alimentação de dados do Sinasc, por mais de 60 dias (Portaria Funasa no
627, de 5/12/2001).
» Estabeleceu procedimentos para a elaboração, implementação
e acompanhamento da Programação Pactuada Integrada de
Epidemiologia e Controle de Doenças (PPI-ECD) (Instrução Normativa
Funasa no 2, de 6/12/2001).
» Dispensou a exigência da apresentação do Programa de Educação em
Saúde e Mobilização Social (Pesms) de que trata a Portaria Funasa no
176/2000, quando da celebração de convênios que tenham por objetivo
a realização de ações de saneamento básico em áreas indígenas (Portaria
Funasa no 633, de 6/12/2001).
» Dispôs sobre a criação da Comissão Permanente de Saúde Ambiental, do
Conselho Nacional de Saúde (Portaria GM/MS no 2.253, de 11/12/2001).
2002
» Aprovou os critérios e procedimentos para a aplicação de recursos
financeiros destinados a: 1.1. saneamento, 1.2. saúde indígena, 1.3.
vigilância ambiental, 1.4. educação em saúde, 1.5. pesquisa (Portaria
Funasa no 1, de 2/1/2002).
» Dispôs sobre a organização do Sistema Nacional de Laboratórios de
Saúde Pública (Sislab). Designou a Funasa como o gestor da Rede
Nacional de Laboratórios de Vigilância Epidemiológica e Rede Nacional
de Laboratórios de Vigilância Ambiental (Portaria GM/MS no 15, de
3/1/2002).
» Incluiu as ações de epidemiologia e controle de doenças na gestão da
atenção básica de saúde (Portaria GM/MS no 44, de 3/1/2002).

63
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Aprovou o Manual de Procedimentos de Segurança em Controle de


Vetores; Anexo do Capítulo VIII, do Manual de Gestão de Insumos
Estratégicos (Portaria Funasa no 10, de 15/1/2002).
» Aprovou a Política Nacional de Atenção à Saúde dos Povos Indígenas
(Portaria GM/MS no 254, de 31/1/2002).
» Instituiu, no âmbito do SUS, o Programa Nacional para a Prevenção e
o Controle das Hepatites Virais, a ser desenvolvido pelos três níveis de
gestão. Definiu as competências e atribuições relativas à implantação/
gestão do Programa Nacional para a Prevenção e o Controle das
Hepatites Virais em cada nível de direção do SUS; estabeleceu
níveis assistenciais; delegou à Funasa a coordenação do Sistema
Epidemiológico das Hepatites Virais; e o uso de imunobiológicos para a
prevenção das hepatites virais, e deu outras providências (Portaria GM/
MS no 263, de 5/2/2002).
» Instituiu o Grupo Assessor para Assuntos Internacionais em Saúde e
Fronteira com a finalidade de apresentar ao Ministro da Saúde sugestões
para implementar e regular no âmbito desta pasta, acordos, tratados,
convenções, protocolos e outros instrumentos de direito internacional
público, pertinentes a saúde e fronteira (Portaria GM/MS no 335, de
19/2/2002).
» Instituiu, no âmbito do Ministério da Saúde, a Comissão de
Biossegurança em Saúde (Portaria GM/MS no 343, de 19/2/2002).
» Aprovou a Norma Operacional de Assistência à Saúde (NOAS-SUS
01/2002) que ampliou as responsabilidades dos municípios na Atenção
Básica; estabelece o processo de regionalização como estratégia de
hierarquização dos serviços de saúde e de busca de maior equidade; cria
mecanismos para o fortalecimento da capacidade de gestão do Sistema
Único de Saúde e procede a atualização dos critérios de habilitação de
estados e municípios (Portaria GM/MS no 373, de 27/2/2002).
» Aprovou a estrutura organizacional do Projeto Vigisus (estruturação
do sistema nacional de vigilância em saúde). Adequou a estrutura
organizacional da Unidade de Gerencia de Projeto (UGP), do Projeto
Vigisus (Portaria Funasa no 57, de 12/3/2002).
» Constituiu a Comissão Permanente de Saúde Ambiental, no âmbito do
Ministério da Saúde, com representante da Funasa (Portaria GM/MS no
573, de 20/3/2002).

64
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Acrescentou capítulo e artigo à Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990,


que dispôs sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação
da saúde, a organização e o funcionamento correspondentes;
regulamentou a assistência domiciliar no âmbito do SUS, e deu outras
providências (Lei no 10.424, de 15/4/2002).
» Alterou os artigos 19 e 20 da Portaria GM/MS no 1.399, de 15 de
dezembro de 1999, no que se refere aos critérios para a suspensão do
repasse de recursos correspondentes aos convênios celebrados, aplicação
das sansões e demais procedimentos correspondentes (Portaria GM/MS
no 1.147, de 20/6/2002).
» Instituiu o Dia Nacional da Mobilização contra a Dengue (Portaria GM/
MS no 1.346, de 24/7/2002).
» Institui o Programa Nacional de Controle da Dengue (Portaria GM/MS
no 1.347, de 24/7/2002).
» Instituiu o Cartão Nacional de Saúde - Cartão SUS (Portaria GM/MS no
1.560, de 29/8/2002).
» Instituiu o Subsistema Nacional de Vigilância das Doenças e Agravos
não Transmissíveis (Sidant) (Instrução Normativa Funasa no 1, de
5/9/2002).
» Instituiu o Comitê Nacional de Mobilização Contra a Dengue (Portaria
Funasa no 408, de 12/9/2002).
» Organizou por doença de interesse para a saúde pública as sub-redes
de diagnóstico e vigilância laboratorial no país, integrantes da Rede
Nacional de Laboratórios de Vigilância Epidemiológica (Portaria Funasa
no 409, de 12/9/2002).
» Regulamentou o funcionamento dos Centros de Referência para
Imunobiológicos Especiais (CRIE) (Instrução Normativa Funasa no 2, de
24/9/2002).
» Definiu os procedimentos para celebração de convênios de natureza
financeira pela Fundação Nacional de Saúde, nos casos que especifica,
implanta o Sistema de Convênios (Siscon) (Portaria Funasa no 443, de
3/10/2002).
» Instituiu a Rede Interagencial de Informações para a Saúde (Ripsa)
(Portaria GM/MS no 1.919, de 22/10/2002).

65
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Estabeleceu proposta de Plano de Contingência de Abrangência


Nacional, a ser executado de forma compartilhada pelas secretarias
estaduais e municipais de saúde para a organização da assistência aos
pacientes com dengue, conforme as diretrizes apresentadas no anexo
desta portaria (Portaria GM/MS no 2.124, de 25/11/2002).
» Definiu o parâmetro que caracteriza situação de iminente perigo à saúde
pública pela presença do mosquito transmissor da Dengue (Portaria
Funasa no 559, de 4/12/2002).
» Dispôs sobre o Atestado de Aptidão Sanitária para os novos projetos
de assentamentos do Incra e para licenciamento ambiental de
empreendimentos, nas regiões endêmicas da Malária (Portaria Funasa
no 662, de 27/12/2002).
» Instituiu o Programa Nacional de Prevenção e Controle da Malária
(Portaria Funasa no 663, de 27/12/2002).
» Criou o Programa de Promoção da Alimentação Saudável em
Comunidades Indígenas (PPACI), objetivando promover a segurança
alimentar e nutricional, de forma sustentável, e consolidar as ações de
alimentação e nutrição no âmbito da atenção básica à saúde prestada às
populações indígenas, com enfoque na promoção da saúde e prevenção
de doenças (Portaria GM/MS no 2.405, de 27/12/2002).
» Lançamento da Cápsula do Tempo: em dezembro de 2002, foi instalada
no Museu da Funasa a cápsula do tempo “A Epidemiologia nas
Américas”, em comemoração ao centenário da criação da Organização
Pan-Americana da Saúde (Opas), da Fundação Nacional de Saúde
(Funasa). A cápsula deverá ser aberta em 2052.
2003
» Definida a nova missão da Funasa: Promover a inclusão social por meio
de ações de saneamento ambiental e de ações de atenção integral à
saúde dos povos indígenas, com excelência na gestão e em consonância
com o SUS.
» Convocou a 12a Conferência Nacional de Saúde.
» Alterou o art. 4o do Estatuto da Fundação Nacional de Saúde (Funasa),
aprovado pelo Decreto no 3.450 de 9/5/2000, e deu outras providências
(Decreto no 4615/2003, de 18/3/2003).
» Aprovou os critérios e procedimentos básicos para aplicação de recursos
financeiros (Portaria no 225/2003, de 14/5/2003).

66
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos


em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da Saúde
(Decreto no 4.726, de 9/6/2003).
» Aprovou o Estatuto e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão
e das Funções Gratificadas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), e
deu outras providências (Decreto no 4.727, de 9/6/2003).
» Instituiu o Prêmio de Incentivo em Ciência e Tecnologia para o SUS
com os objetivos de promover as pesquisas científico-tecnológicas que
atendam às necessidades do Sistema Único de Saúde (SUS); reconhecer
e premiar os méritos dos pesquisadores responsáveis pela condução
de pesquisas básicas e aplicadas com elevado potencial de utilização
pelo SUS; e divulgar nacional e internacionalmente os resultados dos
trabalhos premiados e selecionados; com representante da Funasa
(Portaria GM/MS no 1.419, de 24/7/2003).
» Definiu que a 12a Conferência Nacional de Saúde seja denominada
Conferência Sergio Arouca 12a CNS (Portaria GM/MS no 1.721, de
2/9/2003).
» Aprovou o Regimento Interno da Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
(Portaria GM/MS no 1.776, de 8/9/2003).
» Criou o Comitê Interministerial da Inclusão Social de Catadores de Lixo
(Decreto s/n, de 11/9/2003).
» Constituiu o Comitê Nacional de Mobilização contra a Dengue, com
representante da Funasa (Portaria GM/MS no 2.001, de 17/10/2003).
» Instituiu o Programa Nacional para Prevenção e Controle das Hepatites
Virais, o Comitê Técnico de Acompanhamento e Assessoramento do
Programa, com representante da Funasa (Portaria GM/MS no 2.080, de
31/10/2003).
» Realizada a 12a Conferência Nacional de Saúde (7 a 11/12/2003).
2004
» Constituiu no âmbito do Ministério Saúde, Comitê Técnico de Saúde da
População Negra, com representante da Funasa (Portaria GM/MS no 10,
de 7/1/2004).
» Dispôs sobre a Criação do Comitê Consultivo da Política de Atenção à
Saúde dos Povos Indígenas, vinculado à Funasa (Portaria GM/MS no 69,
de 20/1/2004).

67
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Aprovou as Diretrizes da Gestão da Política Nacional de Atenção à Saúde


Indígena (Portaria GM/MS no 70, de 20/1/2004).
» Criou Grupo de Trabalho para coordenar a formulação do Plano
Nacional de Saúde Indígena (Portaria Funasa no 67, de 8/2/2004).
» Instituiu a Política Nacional de Educação Permanente em Saúde
como estratégia do Sistema Único de Saúde para a formação e o
desenvolvimento de trabalhadores para o setor, com representantes da
Funasa (Portaria GM/MS no 198, de 13/2/2004).
» Aprovou os Critérios e os Procedimentos Básicos para Aplicação de
Recursos Financeiros (Portaria Funasa no 106, de 4/3/2004).
» Criou Grupo de Trabalho para formulação de uma Política de Assistência
Farmacêutica para os Povos Indígenas (Portaria Conjunta no 1/SCTIE/
MS/Funasa, de 17/3/2004).
» Instituiu, em todo território nacional, os calendários de vacinação, com
representantes da Funasa (Portaria GM/MS no 597, de 8/4/2004).
» Criou o Grupo da Terra com a finalidade de acompanhar a implantação
da Política de Saúde da População do Campo, com representantes da
Funasa (Portaria GM/MS no 719, de 16/4/2004).
» Criou o Projeto de Saneamento Ambiental em Regiões Metropolitanas
(Portaria Interministerial GM/MCIDADES/MS no 165, de 20/4/2004).
» Estabeleceu normas e procedimentos para concessão e aplicação
de Suprimento de Fundos Especial, para atender às especificidades
decorrentes da assistência à saúde indígena (Portaria GM/MS no 747, de
22/4/2004).
» Instituiu o Comitê Gestor do Fundo Setorial de Saúde, com a finalidade
de administrar a aplicação dos recursos repassados ao Fundo Nacional
de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT), para financiar
atividades de pesquisa científica e desenvolvimento tecnológico do setor
saúde, com representante da Funasa (Portaria GM/MCT no 175, de
23/4/2004).
» Dispôs sobre a criação do Comitê Técnico para a formulação de
proposta da Política Nacional de Saúde da População de Gays, Lésbicas,
Transgêneros e Bissexuais (GLTB), com representantes da Funasa
(Portaria GM/MS no 880, de 13/5/2004).

68
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Regulamentou a NOB SUS 01/96 no que se refere às competências da


União, Estados, Municípios e Distrito Federal, na área de Vigilância em
Saúde, define a sistemática de financiamento. No artigo 30 a Funasa
estabelecerá, com a participação da SVS, critérios e limites para o
pagamento da indenização de campo dos seus agentes de controle de
endemias (Portaria GM/MS no 1.172, de 15/6/2004).
» Instituiu o Comitê Científico do II Seminário Internacional de
Engenharia de Saúde Pública para seleção dos trabalhos da II Mostra
de Experiências Bem-Sucedidas Nacionais e Internacionais e da II
Mostra de Estudos e Pesquisas da Funasa (Portaria Funasa no 397, de
18/8/2004).
2005
» Instituiu a Comissão Nacional de Monitoramento e Avaliação da
Implementação do Pacto Nacional pela Redução da Mortalidade
Materna e Neonatal, com representantes da Funasa (Portaria GM/MS no
427, de 22/3/2005).
» Convocou a 4a Conferência Nacional de Saúde Indígena (Portaria GM/
MS no 963, de 23/6/2005).
» Instituiu a Criação do Selo Hospital Amigo do Índio e do Comitê
de Certificação e Avaliação do Selo Hospital Amigo do Índio, com
representante do Desai/Funasa (Portaria GM/MS no 1.062, de
4/7/2005).
» Instituiu incentivo financeiro adicional vinculado à atuação dos Agentes
Indígenas de Saúde (AIS) e dos Agentes Indígenas de Saneamento
(Aisan) (Portaria GM/MS no 1.076, de 4/7/2005).
» Qualificou os municípios a receberem mensalmente os incentivos de
atenção básica aos povos indígenas, destinados às ações e procedimentos
de Assistência Básica de Saúde (Portaria GM/MS no 1.081, de 4/7/2005).
» Instituiu o Comitê Permanente e a Câmara Técnica de Implementação
e Acompanhamento das Ações para integração do Sistema Integrado de
Saúde das Fronteiras (SIS) Fronteiras, com representantes da Funasa
(Portaria GM/MS no 1.121, de 1/11/2005).
» Determinou a adesão do Ministério da Saúde ao Programa Nacional de
Gestão Pública e Desburocratização (Gespública), com representante da
Funasa (Portaria GM/MS no 2.459, de 12/12/2005).

69
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Instituiu Comissão para Elaboração para Política de Gestão Tecnológica,


no âmbito do Sistema Único de Saúde (CPGT), com representantes da
Funasa (Portaria GM/MS no 2.510, de 19/12/2005).
2006
» Definiu a nova missão: Realizar ações de saneamento ambiental em
todos os municípios brasileiros e de atenção integral à saúde indígena,
promovendo a saúde pública e a inclusão social, com excelência na
gestão, em consonância com o SUS e com as metas de desenvolvimento
do milênio.
» Aprovou os Critérios e os Procedimentos Básicos para Aplicação de
Recursos Financeiros (Portaria GM/MS no 151, de 20/2/2006).
» Convocou a Conferência Nacional dos Povos Indígenas.
» Instituiu, no âmbito do Ministério da Justiça, a Comissão Nacional de
Política Indigenista (CNPI), com representantes da Funasa.
» Instituiu o Fórum Permanente de Presidentes dos Conselhos Distritais
de Saúde Indígena (Portaria GM/MS no 644, de 27/3/2006).
» Instituiu o Certificado Hospital Amigo do Índio, a ser oferecido aos
estabelecimentos de saúde que fazem parte da rede do Sistema Único de
Saúde (SUS), com representante do Desai/Funasa (Portaria GM/MS no
645, de 27/3/2006).
» Instituiu o Prêmio 1a Mostra Nacional de Produção em Saúde
Indígena/2006 (Portaria GM/MS no 646, de 27/3/2006).
» Aprovou a Política Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a
revisão de diretrizes e normas para organização da Atenção Básica
para o Programa de Saúde da Família (PSF) e o Programa Agentes
Comunitários (Pacs) (Portaria GM/MS no 648, de 28/3/2006).
» Instituiu o Comitê Nacional de Avaliação e Desempenho do Sistema
de Saúde, com representantes da Funasa (Portaria GM/MS no 665, de
29/03/2006).
» Instituiu o Fórum Permanente Mercosul para o Trabalho em Saúde, com
representante da Funasa (Portaria GM/MS no 929, de 2/5/2006).
» Instituiu o Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional para os
Distritos Especiais Indígenas (Sisvan-Indigena) (Portaria Funasa no
984, de 6/7/2006).

70
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

» Instituiu a Sala de Situação em Saúde, com representante da Funasa


(Portaria GM/MS no 2.398, de 6/10/2006).
2007
» Estabeleceu as diretrizes nacionais para o saneamento básico; altera
as Leis nos 6.766, de 19 de dezembro de 1979, 8.036, de 11 de maio de
1990, 8.666, de 21 de junho de 1993, 8.987, de 13 de fevereiro de 1995;
e revoga a Lei no 6.528, de 11 de maio de 1978; e dá outras providências
(Lei no 11.445, de 5/1/2007).
» Estabelecidas diretrizes e critérios técnicos para a definição de
priorização das obras de saneamento em áreas indígenas que deverão
ser considerados no planejamento das Coordenações Regionais e dos
Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Portaria Funasa no 135, de
28/2/2007).
» Convocou a 13a Conferência Nacional de Saúde.
» Instituiu Comitê Gestor da Política Nacional de Promoção da Saúde, com
representante da Funasa (Portaria GM/MS no 1.409, de 13/6/2007).
» Aprovou a estruturação da Comissão Intersetorial de Saúde Indígena
(CISI), com um representante da Funasa (Resolução MS/CNS no 380, de
14/6/2007).
» Aprovou os Critérios e os Procedimentos Básicos para Aplicação de
Recursos Orçamentários e Financeiros (Portaria Funasa no 723, de
24/7/2007).
» Dispôs sobre as responsabilidades na prestação da atenção à saúde
dos povos indígenas, no Ministério da Saúde, e regulamentação dos
Incentivos de Atenção Básica e Especializada aos Povos Indígenas
(Portaria GM/MS no 2.656, de 17/10/2007).
» Estabeleceu diretrizes gerais para a Política de Atenção Integral à
Saúde Mental das Populações Indígenas e cria o Comitê Gestor, com
representantes da Funasa (Portaria GM/MS no 2.759, de 25/10/2007).
» Estabeleceu critérios de priorização de obras de saneamento em áreas
indígenas e manutenção das obras implantadas (Portaria Funasa no
1.541, de 17/12/2007).
» Lançamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC),
instituído pelo Governo Federal, na área de saneamento, é implementado
pela Funasa, em municípios com população até 50 mil habitantes.

71
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

2008
» Instituiu o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas (Lei no 11.696, de
12/6/2008).
» Criou a Comissão de Estudo para elaboração de uma Política de
Recursos Humanos para o Subsistema de Saúde Indígena (Portaria GM/
MS no 1.235, de 19/6/2008).
» Incluiu na Tabela de Estabelecimentos do Sistema do Cadastro Nacional
dos Estabelecimentos de Saúde (SCNES) o tipo de estabelecimento 72 –
Unidade de Atenção à Saúde Indígena e seus subtipos (Portaria SAS/MS
no 475, de 1/9/2008).
2009
» Instituiu o Biênio Brasileiro do Saneamento 2009-2010 e instituiu o
Grupo de Trabalho Interinstitucional para coordenar a elaboração do
Plano Nacional de Saneamento Básico, com representante da Funasa
(Decreto no 6.942, de 1/8/2009).
» Instituiu no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS), a Política
Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (Portaria GM/MS no
1.944, de 27/8/2009).
» Instituiu a Estratégia Brasileirinhas e Brasileirinhos Saudáveis e
cria o Comitê Técnico-Consultivo para a sua implementação, com
representante da Funasa (Portaria GM/MS no 2395, de 7/10/2009).
» Instituiu, no âmbito do Grupo de Trabalho para Assuntos Internacionais
em Saúde e Ambiente, o Subgrupo relativo à internalização e
implementação do Protocolo de Cartagena sobre Biossegurança no que
se refere ao setor saúde, com representante da Funasa (Portaria GM/MS
no 2.592, de 16/10/2009).
2010
» Instituiu, em todo o território nacional, o Calendário de Vacinação para
os Povos Indígenas (Portaria GM/MS no 1.946, de 19/7/2010).
» Instituiu o Grupo Temático de Cooperação Internacional em Saúde (GT-
CIS) no âmbito do Ministério da Saúde, com representante da Funasa
(Portaria GM/MS no 2.356, de 17/8/2010).
» Alterou a competência da Funasa, que passa a ser entidade de promoção
e proteção à saúde a que compete fomentar soluções de saneamento
para prevenção e controle de doenças e formular e implementar ações

72
HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL │ UNIDADE I

de promoção e proteção à saúde relacionadas com as ações estabelecidas


pelo Subsistema Nacional de Vigilância em Saúde Ambiental (Lei no
12.314, de 19/8/2010).
» Aprovou o Estatuto e o Quadro Demonstrativo dos Cargos em Comissão
e das Funções Gratificadas da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), e
dá outras providências (Decreto no 7.335, de 19/10/2010).
» Aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos
em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da Saúde. No
artigo 5o ficam transferidos, da Fundação Nacional de Saúde (Funasa)
para o Ministério da Saúde, os bens permanentes ativos compreendendo
móveis, imóveis, intangíveis e semoventes, acervo documental e
equipamentos destinados à promoção, proteção e recuperação da saúde
dos povos indígenas, incluindo os relacionados às ações de saneamento
ambiental em terras indígenas.
» Criou a Secretaria Especial de Saúde Indígena (Decreto no 7.336, de
19/10/2010).
» Instituiu o Programa Pró-Catador, denomina Comitê Interministerial
para Inclusão Social e Econômica dos Catadores de Materiais
Reutilizáveis e Recicláveis. O Comitê Interministerial da Inclusão Social
de Catadores de Lixo, criado pelo decreto de 11 de setembro de 2003,
dispõe sobre sua organização e funcionamento, e dá outras providências
(Decreto no 7.405, de 23/12/2010).
2011
» Instituiu o Grupo de Trabalho com o objetivo de coordenar as ações
relativas à transferência dos bens permanentes ativos da Fundação
Nacional de Saúde (Funasa) para o Ministério da Saúde, compreendendo
os bens móveis, imóveis, intangíveis e semoventes, acervo documental e
equipamentos destinados à promoção, proteção e recuperação da saúde
dos povos indígenas, incluindo os relacionados às ações de saneamento
ambiental em terras indígenas (Portaria GM/MS no 215, de 9/2/2011).
» Estabelecidas as diretrizes, competências e atribuições do Programa
Nacional de Apoio ao Controle da Qualidade da Água para Consumo
Humano (Portaria Funasa no 177, de 21/3/2011).
» Instituiu, no âmbito do Ministério da Saúde, o Fórum Permanente de
Comunicação Social da Saúde, com representante da Funasa (Portaria
GM/MS no 1.639, de 14/7/2011).

73
UNIDADE I │ HISTÓRIA DA SAÚDE PÚBLICA NO BRASIL

» Aprovou a Estrutura Regimental e o Quadro Demonstrativo dos Cargos


em Comissão e das Funções Gratificadas do Ministério da Saúde. No
artigo 6o, Ministério da Saúde e a Funasa deverão efetivar a transição da
gestão do Subsistema de Atenção à Saúde Indígena para o Ministério da
Saúde até o dia 31 de dezembro de 2011 (Decreto no 7.530, de 21/7/2011).

74
DISSEMINAÇÃO
DE DOENÇAS
ATRAVÉS DA ÁGUA UNIDADE II
E COMIDA: BREVE
HISTÓRICO
A saúde pública tem raízes na antiguidade. Desde o início, a civilização humana
reconheceu que a água poluída e a falta de eliminação adequada de resíduos
disseminam doenças transmissíveis. As primeiras religiões tentaram regular o
comportamento relacionado à saúde, desde os tipos de comida ingeridos até os
comportamentos, como beber álcool ou ter relações sexuais. Os governos colocaram
a responsabilidade sobre os líderes no desenvolvimento de políticas e programas de
saúde pública, a fim de obter alguma compreensão das causas das doenças, garantir a
estabilidade social e a prosperidade, e manter a ordem.

Os chineses desenvolveram a prática da variolação após uma epidemia de varíola


por volta de 1000 a.C. A prática da vacinação não se tornou prevalente até a década
de 1820. Durante a Morte Negra do século 14 na Europa, a queima de partes das
cidades resultou em benefícios, uma vez que destruiu as infestações de roedores. O
desenvolvimento da quarentena no período medieval restringiu os efeitos de outras
doenças infecciosas.

Mais tarde, eles começaram a construção de esgotos, a coleta regular de lixo,


incineração ou descarte, fornecendo água limpa e drenando água parada para evitar a
criação de mosquitos. A Revolução Industrial inicialmente causou a disseminação de
doenças por meio de grandes conurbações em torno de casas de trabalho e fábricas.

75
CAPÍTULO 1
O início: a prevenção de doenças

Uma doença, ou condição médica, é um estado insalubre em que algo ruim acontece
com o corpo ou a mente. Doenças podem causar dor, levar partes do corpo a pararem
de funcionar da maneira correta e culminar com a morte.

A palavra doença às vezes é usada para incluir:

» partes do corpo sendo feridas;

» partes do corpo ou órgãos que não apresentam suas funções habituais


conservadas;

» problemas médicos ou síndromes;

» infecções por micro-organismos;

» presença dos chamados sintomas;

» formas incomuns no funcionamento de partes, órgãos ou todo o corpo.

O corpo é uma estrutura que pode ser ferida, acometida por alguma patologia
e perecer (morrer em função desses ferimentos ou inúmeras patologias). Suas
funções são paradas pela morte. Há necessidade de músculos e articulações
para o movimento ocorrer adequadamente.

Algumas pessoas estudam o corpo humano. Eles olham para onde é diferente
ou igual aos corpos de outros animais. Esses animais podem estar vivos hoje.
Ou podem ser animais extintos como outros hominídeos (hominídeos são
primatas que são próximos aos humanos, os Neandertais e Homo erectus eram
hominídeos). Algumas pessoas estudam como o corpo humano funciona e vive
em seu ambiente. Algumas pessoas estudam o que as pessoas pensam sobre
seu corpo. Os artistas estudam como desenhar ou pintar o corpo humano.

Diferentes campos de estudo olham para o corpo humano:

Biologia é um campo da ciência que estuda seres vivos, observando como o


corpo humano funciona. Estuda o processo de evolução do corpo humano,

76
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

bem como o que a genética faz em prol do corpo humano. Como subáreas de
destaque podemos apontar:

» A anatomia estuda as partes do corpo e como elas funcionam juntas.

» A ecologia estuda o meio ambiente, incluindo como os humanos o


afetam.

Antropologia física é um campo da ciência que compara os humanos a outros


hominídeos, além de estudar todos os outros corpos hominídeos, observando
como humanos e chimpanzés são iguais ou diferentes.

Psicologia é uma ciência que pesquisa como as pessoas pensam, sentem e se


comportam. O cérebro faz parte do corpo. Como pensamos e sentimos vem do
cérebro. Então, os psicólogos estudam o corpo. Eles estudam como o cérebro
nos permite ser quem somos.

Religião também fala sobre o corpo. Algumas religiões veem o corpo como o
lugar onde a alma vive. Outras entendem o corpo como um templo. Isso porque
um templo é um local sagrado. Assim, a visão de muitas religiões é a de que o
Espírito Superior deve ser adorado dentro de cada pessoa. Algumas religiões
pensam que o corpo é feito de chacras que nos conectam ao Universo.

Medicina vê o corpo como uma máquina. Os médicos querem consertar


problemas com o corpo. Eles estudam como consertar os problemas, chamados
doenças. Vários sistemas de órgãos dão ao corpo a capacidade de viver e
fornecer o bem-estar para estar hábitos a realizar metas, por exemplo.

O corpo humano é como o de outros animais. O esqueleto, músculos e outras


partes são muito parecidos com os de outros primatas. Nosso corpo é também
como outros mamíferos e um pouco como outros vertebrados. As diferenças de
DNA seguem um padrão similar.

Os humanos têm um longo período de desenvolvimento após o nascimento. Sua vida


depende menos do instinto do que a de outros animais e mais do aprendizado. Os
seres humanos também nascem com cérebros não tão bem desenvolvidos como os de
outros mamíferos. Isso contribui para uma infância incomumente longa, e isso torna
a vida familiar importante. Há uma boa razão para isso: se os cérebros fossem mais
desenvolvidos, seriam maiores, e isso tornaria o parto mais difícil. No nascimento, a
cabeça do bebê precisa atravessar o canal do parto, uma passagem pela pélvis da mãe.

77
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

Muitos animais usam sinais e sons para se comunicar uns com os outros. Mas os
humanos têm um sistema complexo chamado linguagem que lhes permite expressar
ideias usando palavras. Os humanos têm a capacidade de ter ideias abstratas e
comunicá-las a outras pessoas. A linguagem humana pode expressar coisas que
não estão presentes ou falar sobre eventos que não estão acontecendo no momento
presente (POE, 2011). Objetos podem estar em outro lugar e os eventos também podem
ter ocorrido em outro lugar ou tempo (COLLINS, 1976). Nenhum animal conhecido
tem um sistema de comunicação tão elaborado quanto a linguagem humana. Através
do uso de palavras o ser humano se comunica com os outros, criando comunidades
complexas com: com leis, tradições e costumes.

Os humanos gostam de entender o mundo ao seu redor. Eles tentam explicar as coisas
através do mito, da ciência e da filosofia.

Esse “querer entender as coisas” ajudou muitos os humanos a fazer importantes


descobertas. Assim, somos a única espécie que vive conhecida por fazer fogueiras,
cozinhar sua comida e usar roupas. Os humanos usam mais tecnologia do que qualquer
outro animal na Terra. Os humanos apreciam o riso, a beleza, a arte, literatura e
música. Os humanos usam a educação e o ensino para transmitir habilidades, ideias e
costumes às próximas gerações.

Os tipos de corpo humano podem ser muito diferentes uns dos outros. A altura,
o peso de uma pessoa adulta vária por diversos motivos como sua etnia, sua
genética, a existência ou não de alguma patologia, o gênero.

O cabelo humano cresce nas axilas, nos genitais, pernas, braços e no topo da
cabeça em adultos de ambos os sexos. O cabelo geralmente cresce na face da
maioria dos machos adultos e no peito e nas costas de muitos machos adultos.
Nas crianças humanas de ambos os sexos, o cabelo longo cresce apenas no
topo da cabeça. Embora pareça que os humanos têm menos pelos do que a
maioria dos primatas, eles na verdade não têm. O humano médio tem mais
folículos pilosos, de onde o pelo cresce, do que a maioria dos chimpanzés
(WADE, 2003). O cabelo humano pode ser preto, marrom, vermelho ou loiro
(ROGERS et al., 2004). Os seres humanos modernos também podem ter seus
cabelos em muitas cores diferentes usando corante. Quando os seres humanos
envelhecem, o cabelo pode ficar cinza ou mesmo branco.

A cor da pele humana também varia muito. Pessoas que nascem em áreas
tropicais, por exemplo, têm a pele mais escura. O pigmento escuro (melanina)
na pele as protege contra os raios ultravioletas da luz solar. Os danos causados ​​

78
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

pelos raios UV podem causar neoplasia (câncer) de pele em algumas pessoas.


Desse modo, em áreas mais ensolaradas, a seleção natural favorece a cor da
pele mais escura (HARDING, 2000; (JABLONSKI; CHAPLIN, 2000). Observamos
que o bronzeamento solar não tem nada a ver com esse problema, porque é
apenas um processo temporário que não é herdado, entretanto, a pele deve ser
protegida dos raios com bloqueadores solares, roupas de praia com tecnologia
que evita que os raios solares afetem a derme, cabelos, olhos; em fim nosso
corpo deve ser devidamente protegido. Em climas mais frios, a vantagem
da pele clara é o fato dela irradiar menos calor. Portanto, em áreas menos
ensolaradas, a seleção natural favorece à cor da pele mais clara (ROBIN, 1991).

O homem humano precisa em média de 7 a 8 horas de sono ininterruptas por


dia e em um ambiente totalmente escuro. As pessoas que dormem menos que
isso geralmente não são tão saudáveis. Já uma criança precisa dormir mais e ter
um sono tranquilo – em média de 9 a 12 horas.

Uma doença pode ser causada por inúmeros fatores, desde um vírus, passando por um
acidente até um estado mental que afete o equilíbrio do organismo.

Às vezes, os germes entram no nosso corpo através da comida, água ou ar. Uma pessoa
pode ser infectada por agentes infecciosos, como bactérias, vírus ou fungos. A doença
também pode ser causada pela ingestão de alimentos ruins ou antigos. Existem
pequenos germes em alimentos antigos que podem causar doenças. Às vezes, os
germes produzem substâncias químicas ou toxinas que causam a doença.

Uma das causas mais comuns de doenças é falta de saneamento básico e ausência de
água potável.

A escassez de água é a falta de recursos de água doce para atender à demanda por
água. Ela afeta todos os continentes e foi listada em 2019 pelo Fórum Econômico
Mundial como um dos maiores riscos globais em termos de impacto potencial na
próxima década. Manifesta-se pela satisfação parcial ou sem satisfação da demanda
expressa, competição econômica pela quantidade ou qualidade da água, disputas
entre usuários, esgotamento irreversível das águas subterrâneas e impactos
negativos no meio ambiente (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF
THE UNITED NATIONS, 2012). Um terço da população mundial (2 bilhões de
pessoas) vive em condições de escassez severa de água pelo menos um mês do
ano. (WORLD ECONOMIC FORUM, 2017). Meio bilhão de pessoas no mundo
enfrentam escassez severa de água durante todo o ano (HOEKSTRA; MEKONNEN,
2016). Metade das maiores cidades do mundo sofrem escassez de água (WORLD
ECONOMIC FORUM, 2017).

79
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

Coping with water scarcity An action framework for agriculture and food
security.

Disponível em: http://www.fao.org/3/i3015e/i3015e.pdf.

Four billion people facing severe water scarcity.

Disponível em: https://advances.sciencemag.org/content/advances/2/2/e150


0323.full.pdf.

How do we prevent today’s water crisis becoming tomorrow’s catastrophe?

Disponível em: https://www.weforum.org/agenda/2017/03/building-freshwa


ter-resilience-to-anticipate-and-address-water-crises/.

Global Water Shortage Risk Is Worse Than Scientists Thought.

Disponível em: https://www.huffpostbrasil.com/entry/water-scarcity-study_


n_56c1ebc5e4b0b40245c72f5e.

Apenas 0,014% de toda a água na Terra é fresca e facilmente acessível. O restante


da água no planeta, ou seja 97%, é salgada e pouco menos de 3% é de difícil acesso.
Tecnicamente, há uma quantidade suficiente de água doce em escala global. No
entanto, devido à distribuição desigual (exacerbada pelas mudanças climáticas),
algumas regiões geográficas são muito úmidas ou muito secas, além de um aumento
acentuado na demanda global de água doce nas últimas décadas impulsionada pela
indústria, a humanidade está enfrentando uma crise de água. A demanda deve superar
a oferta em 40% em 2030, se as tendências atuais continuarem (WORLD ECONOMIC
FORUM, 2017).

Water Bron Van Ontwikkeling, Macht en Conflict.

Disponível em: http://www.ncdo.nl/sites/default/files/Globaliseringsreeks%20


3%20Water.pdf.

A essência da escassez global de água é o desajuste geográfico e temporal entre


a demanda de água doce e a sua disponibilidade (POSTEL et al., 1996; SAVENIJE,
2000). A crescente população mundial, a melhoria dos padrões de vida, a mudança
nos padrões de consumo e a expansão da agricultura irrigada são as principais forças
impulsionadoras da crescente demanda global por água (ERCIN et al., 2014). As
mudanças climáticas, tais como padrões climáticos alterados (incluindo secas ou

80
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

inundações), desmatamento, aumento da poluição, gases de efeito estufa e desperdício


de água podem causar um suprimento insuficiente.

Em nível global, e anualmente, há disponibilidade de água doce suficiente para


atender a essa demanda, mas as variações espaciais e temporais da demanda e
da disponibilidade de água são grandes, levando à escassez de água (física) em
várias partes do mundo durante os períodos específicos da demanda (HOEKSTRA;
MEKONNEN, 2016). Todas as causas de escassez de água estão relacionadas à
interferência humana no ciclo da água. A escassez varia ao longo do tempo como
resultado da variabilidade hidrológica natural, mas varia ainda mais em função da
política econômica predominante, planejamento e abordagens de gestão. Espera-
se que a escassez se intensifique com a maioria das formas de desenvolvimento
econômico, mas, se corretamente identificadas, muitas de suas causas podem ser
previstas, evitadas ou mitigadas (FOOD AND AGRICULTURE ORGANIZATION OF
THE UNITED NATIONS, 2012).

Alguns países já provaram que é possível dissociar o uso da água do crescimento


econômico. Por exemplo, na Austrália, o consumo de água diminuiu em 40%
entre 2001 e 2009, enquanto a economia cresceu mais de 30%.

Half the World to Face Severe Water Stress by 2030 unless Water Use is
“Decoupled” from Economic Growth, Says International Resource Panel.

Disponível em: https://www.unenvironment.org/news-and-stories/press-


release/half-world-face-severe-water-stress-2030-unless-water-use-decoupled.

O Painel Internacional de Recursos da ONU afirma que os governos tendem a


investir pesadamente em soluções largamente ineficientes: megaprojetos como
barragens, canais, aquedutos, oleodutos e reservatórios de água, que geralmente
não são ambientalmente sustentáveis nem economicamente viáveis. A maneira mais
econômica de desvincular o uso da água do crescimento econômico, segundo o painel
científico, é que os governos criem planos holísticos de gestão da água que levem
em conta todo o ciclo da água: da fonte à distribuição, uso econômico, tratamento,
reciclagem, reutilização e retorno ao meio ambiente.

O Painel Internacional de Recursos é um painel de especialistas que visa ajudar


as nações a usar os recursos naturais de forma sustentável, sem comprometer
o crescimento econômico e as necessidades humanas. Fornece aconselhamento
científico independente e aconselhamento especializado em diversas áreas, incluindo:

» O volume de reservas de matérias-primas selecionadas e a eficiência


com que esses recursos estão sendo usados.

81
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

» Os impactos ambientais ao longo do ciclo de vida de produtos e serviços


criados e consumidos em todo o mundo.

» Opções para atender às necessidades humanas e econômicas com menos


ou menos recursos.

O Secretariado do IRP (International Resource Panel) é mantido pelo Programa das


Nações Unidas para o Meio Ambiente (UN Environment) através de seu escritório em
Paris, França.

O Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), um programa


das Nações Unidas, coordena as atividades ambientais da organização
e auxilia os países em desenvolvimento na implementação de políticas
e práticas ambientalmente saudáveis. Foi fundado por Maurice Strong,
seu primeiro diretor, como resultado da Conferência das Nações Unidas
sobre o Meio Ambiente Humano (Conferência de Estocolmo), em junho
de 1972, e tem responsabilidade geral pelos problemas ambientais entre
as agências das Nações Unidas; no entanto, palestras internacionais sobre
questões especializadas, como abordar a mudança climática ou combater a
desertificação, são supervisionadas por outras organizações da ONU, como a
Secretaria da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima e
a Convenção das Nações Unidas para o Combate à Desertificação. As atividades
do PNUMA abrangem uma ampla gama de questões relacionadas à atmosfera,
ecossistemas marinhos e terrestres, governança ambiental e economia verde.
Desempenha um papel significativo no desenvolvimento de convenções
ambientais internacionais, promovendo a ciência e a informação ambiental e
ilustrando a forma como essas podem ser implementadas em conjunto com a
política, trabalhando no desenvolvimento e implementação de políticas com
governos nacionais, instituições regionais em conjunto com organizações não
ambientais e organizações não governamentais (ONGs). O PNUMA também tem
atuado no financiamento e implementação de projetos de desenvolvimento
relacionados ao meio ambiente.

O PNUMA frequentemente usa o nome alternativo UN Environment.

A UN Environment auxiliou na formulação de diretrizes e tratados sobre


questões como o comércio internacional de produtos químicos potencialmente
perigosos, a poluição atmosférica transfronteiriça e a contaminação de
hidrovias internacionais. Documentos relevantes, incluindo artigos científicos,
estão disponíveis através do Repositório de Documentos do PNUMA.

82
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

A Organização Meteorológica Mundial e o Ambiente da ONU estabeleceram


o Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) em 1988. O
Meio Ambiente da ONU é também uma das várias Agências Implementadoras
do Fundo Global para o Meio Ambiente (GEF) e do Fundo Multilateral para a
Implementação do Protocolo de Montreal. é também membro do Grupo de
Desenvolvimento das Nações Unidas. O International Cyanide Management
Code, um programa de boas práticas para o uso de produtos químicos
nas operações de mineração de ouro, foi desenvolvido sob a égide da UN
Environment.

O Grupo de Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas (UNSDG) reúne os


fundos, programas, agências especializadas, departamentos e escritórios da ONU que
desempenham um papel no desenvolvimento.

O UNSDG é convocado de três a quatro vezes por ano sob a presidência do Presidente
da UNSDG, é composto por representantes seniores, de preferência ao nível do
Secretário-Geral Adjunto/Diretor-Geral Adjunto, designados pelos chefes executivos
das entidades membros do UNSDG. Representantes do UNSDG são encarregados
por seus chefes executivos de tomar decisões em seu nome. Normalmente, há um
representante de cada entidade membro da UNSDG que pode ser acompanhado por
um especialista organizacional para apresentação e discussão substantivas.

A tomada de decisão baseia-se no consenso entre os membros do UNSDG e é


vinculativa nos mecanismos de trabalho do UNSDG.

Entidades UNSDG (2019), traduzidas para o português são:

» FAO: Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura.

» AIEA: Agência Internacional de Energia Atômica.

» OACI: Organização Internacional da Aviação Civil.

» FIDA: Fundo Internacional para o Desenvolvimento Agrícola.

» OIT: Organização Internacional do Trabalho.

» OMI: Organização Marítima Internacional.

» OIM: Organização Internacional para a Migração.

» ITC: International Trade Center.

» UIT: União Internacional de Telecomunicações.

83
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

» OCHA: Gabinete de Coordenação dos Assuntos Humanitários.

» OHCHR: Gabinete do Alto Comissário para os Direitos Humanos.

» UNAIDS: Programa Conjunto das Nações Unidas sobre HIV/AIDS.

» UNCTAD: Conferência das Nações Unidas sobre Comércio e


Desenvolvimento.

» ONU DESA: Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais das


Nações Unidas.

» PNUD - UNCDF - UNV: Programa de Desenvolvimento das Nações


Unidas Fundo de Desenvolvimento de Capital das Nações Unidas
Voluntários das Nações Unidas.

» DPA da ONU: Departamento de Assuntos Políticos das Nações Unidas.

» UN ECA: Comissão Econômica das Nações Unidas para África.

» UNECE: Comissão Econômica das Nações Unidas para a Europa.

» ONU CEPAL: Comissão Econômica das Nações Unidas para a América


Latina e o Caribe.

» PNUMA: Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente.

» UN ESCAP: Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a


Ásia e o Pacífico.

» UNESCO: Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e


a Cultura.

» UN ESCWA: Comissão Econômica e Social das Nações Unidas para a


Ásia Ocidental.

» UNFPA: Fundo de População das Nações Unidas.

» Habitat das Nações Unidas: Programa das Nações Unidas para os


Assentamentos Humanos.

» ACNUR: Alto Comissariado das Nações Unidas para Refugiados.

» UNICEF: Fundo das Nações Unidas para a Infância.

84
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

» UNIDO: Organização das Nações Unidas para o Desenvolvimento


Industrial.

» UNISDR: Escritório das Nações Unidas para Redução de Risco de


Desastres.

» UNODC: Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime.

» UNOPS: Escritório das Nações Unidas para Serviços de Projetos.

» UN PBSO: Gabinete de Apoio à Consolidação da Paz das Nações Unidas.

» UNRWA: Agência de Ajuda e Trabalho das Nações Unidas para


Refugiados da Palestina no Oriente Próximo.

» ONU Mulheres: Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de


Gênero e o Empoderamento das Mulheres.

» UNWTO: Organização Mundial de Turismo das Nações Unidas.

» UPU: União Postal Universal.

» PAM: Programa Alimentar Mundial.

» OMS: Organização Mundial da Saúde.

» OMPI: Organização Mundial da Propriedade Intelectual.

» OMM: Organização Meteorológica Mundial.

O Direito Humano à Água e ao Saneamento – Human Right to Water and Sanitation


(HRWS) – foi reconhecido como um direito humano pela Assembleia Geral das
Nações Unidas em 28 de julho de 2010 (UNITED NATIONS, 2018).

O Direito Humano à Água e ao Saneamento foi reconhecido internacionalmente


por meio de tratados referentes aos direitos humanos, declarações, dentre outras
publicações. Alguns tratados classificam o direito humano à água para além da
resolução da Assembleia Geral no Artigo 11.1 do Pacto Internacional sobre Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais, tornando-o obrigatório sob o direito internacional.
Outros tratados que explicitamente reconhecem o Direito Humano à Água e ao
Saneamento incluem a Convenção de 1979 sobre a Eliminação de Todas as Formas
de Discriminação Contra a Mulher (CEDAW) e a Convenção sobre os Direitos da
Criança (CRC), de 1989 como marcos no debate pela igualdade ao acesso à água limpa.
As primeiras resoluções sobre o HRWS foram aprovadas pela Assembleia Geral da

85
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

ONU e pelo Conselho de Direitos Humanos da ONU em 2010. Eles reconheceram


que havia um direito humano ao saneamento ligado ao direito humano à água, uma
vez que a falta de saneamento reduz a qualidade da água a jusante (maré-baixa), de
modo que as discussões subsequentes continuaram enfatizando ambos os direitos
juntos. Uma resolução revisada da ONU em 2015 destacou que os dois direitos eram
separados, mas iguais (HUMAN RIGHTS COUNCIL RESOLUTION, 2010; GENERAL
ASSEMBLY RESOLUTION 64/292, 2010).

A definição mais clara do direito humano à água foi emitida pelo Comitê de Direitos
Econômicos, Sociais e Culturais das Nações Unidas no Comentário Geral 15, redigido
em 2002 (CESCR, 2002). Era uma interpretação não vinculativa que o acesso
à água era uma condição para o gozo do direito a um padrão de vida adequado,
indissoluvelmente relacionado ao direito ao mais alto padrão atingível de saúde e,
portanto, um direito humano. O Comitê de Direitos Econômicos, Sociais e Culturais
das Nações Unidas declara que o direito humano à água dá a todos a água suficiente,
segura, aceitável, fisicamente acessível para uso pessoal e doméstico. O HRWS
obriga os governos a garantir que as pessoas possam desfrutar de água e saneamento
limpos, disponíveis, aceitáveis e acessíveis. O PIDESC exige que os países signatários
alcancem e respeitem progressivamente todos os direitos humanos, incluindo os de
água e saneamento. Eles devem trabalhar de maneira rápida e eficiente para aumentar
o acesso e melhorar o serviço. Todos os estados ratificaram uma convenção de direitos
humanos ou uma declaração política que reconhece o HRWS.

A comercialização da água é oferecida como uma resposta à sua crescente escassez,


que resultou devido à população mundial triplicar, enquanto a demanda por água
aumentou seis vezes. O ambientalismo de mercado usa os mercados como solução
para problemas ambientais, como degradação ambiental e uso ineficiente de recursos.
Os defensores do ambientalismo de mercado acreditam que o gerenciamento da
água como um bem econômico pelas empresas privadas será mais eficaz do que a
responsabilidade política dos cidadãos por meio de seus representantes. Os oponentes
acreditam que a consequência de a água ser um direito humano exclui o envolvimento
do setor privado e exige que a água seja dada a todas as pessoas, porque é essencial
à vida. O acesso à água como um direito humano é usado por algumas ONGs como
meio de combater os esforços de privatização. Um direito humano à água geralmente
se apoia em duas justificativas: a não substituibilidade da água potável (essencial
para a vida) e o fato de que muitos outros direitos humanos que são explicitamente
reconhecidos nas Convenções da ONU baseiam-se na disponibilidade de água (por
exemplo, o direito à alimentação).

86
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

As doenças transmitidas pela água podem ter um impacto significativo na


economia, local e internacionalmente. As pessoas que são infectadas por
uma doença transmitida pela água são geralmente confrontadas com custos
relacionados e não raramente com um enorme encargo financeiro. Esse é
especialmente o caso em países menos desenvolvidos. As perdas financeiras
são principalmente causadas por, elevados custos de tratamento médico e
medicação, custos de transporte, alimentação especial e muitas vezes significa
perder a atividade laboral informal. Muitas famílias devem até vender suas
terras para pagar por tratamento em um hospital apropriado. Em média, uma
família gasta cerca de 10% da renda mensal das famílias por pessoa infectada
(SCHNABEL, 2009).

O Programa de Monitorização Conjunta da OMS/UNICEF para o Abastecimento


de Água e Saneamento informou que 663 milhões de pessoas não tinham acesso
a fontes melhoradas de água potável e que mais de 2,4 mil milhões de pessoas não
tinham acesso a serviços de saneamento básico em 2015. O acesso à água limpa é um
grande problema para muitas partes do mundo. Fontes aceitáveis incluem conexões
domésticas, fontanários públicos, furos de água, poços cavados protegidos, nascentes
protegidas e coleções de águas pluviais”. Embora 9% da população mundial não tenha
acesso à água, há “regiões particularmente atrasadas, como a África Subsaariana. A
ONU enfatiza ainda que “cerca de 1,5 milhão de crianças com menos de cinco anos
morrem a cada ano e 443 milhões de dias letivos são perdidos devido a doenças
relacionadas à água e ao saneamento (UN NEW CENTER, 2010, 2014).

Os vírus são uma das principais causas de doenças humanas relacionadas


à água. As doenças transmitidas pela água são causadas por contaminação
por urina e fezes humanas e de animais que contêm micro-organismos
patogênicos. Um indivíduo pode ser infectado pelo contato ou consumo da
água contaminada. Os vírus afetam todos os organismos vivos, desde plantas
celulares, bactérias e animais até as mais altas formas de plantas e animais,
incluindo os seres humanos. Os vírus podem interagir com o hospedeiro por
meio de vários métodos e mecanismos; alguns vírus podem ser específicos
do hospedeiro (HIV) e alguns podem ser menos específicos do hospedeiro
(influenza). Vírus diferentes podem ter diferentes rotas de transmissão; por
exemplo, o HIV é transferido diretamente por fluidos corporais contaminados
de um hospedeiro infectado para o tecido ou para a corrente sanguínea de
um novo hospedeiro, enquanto a gripe é transmitida pelo ar e transmitida
pela inalação de ar contaminado contendo partículas virais por um novo
hospedeiro. Os vírus entéricos infectam principalmente o trato intestinal por

87
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

meio da ingestão de alimentos e água contaminados com vírus de origem fecal.


Alguns vírus podem ser transmitidos através das três rotas de transmissão. A
virologia da água começou há cerca de meio século quando cientistas tentaram
detectar o vírus da pólio em amostras de água. Desde então, outros vírus
patogênicos responsáveis pela gastroenterite, hepatite e muitas outras cepas
de vírus substituíram os enterovírus como o principal objetivo da detecção no
meio aquático (BOSCH, 2007).

A virologia da água nasceu depois que um grande surto de hepatite transmitido


pela água foi confirmado em Nova Délhi entre dezembro de 1955 e janeiro de
1956 (BOSCH, 1998). Os vírus podem causar mortalidade humana maciça. O
vírus da varíola matou cerca de 10 a 15 milhões de seres humanos por ano até
1967 (BOSCH, 2007). A varíola foi finalmente eliminada em 1977 pela extinção
do vírus através da vacinação, e o impacto de vírus como a gripe, a poliomielite
e o sarampo são controlados principalmente pela vacinação (BOSCH, 1998).

Apesar dos avanços na vacinação e prevenção de doenças virais, estima-se que


na década de 1980 uma criança morreu aproximadamente a cada seis segundos
de diarreia confirmada pela Organização Mundial de Saúde – OMS. Muitos
casos de hepatite A e/ou E, ambos são vírus entéricos tipicamente transmitidos
por comida e água. Exemplos extremos incluem o surto de 300.000 casos de
hepatite A e 25.000 casos de gastroenterite em 1988, em Xangai, causados por
moluscos colhidos de um estuário poluído por esgoto. Em 1991, um surto de
79.000 casos de hepatite E em Kanpur foi atribuído à água poluída (POTASMAN,
2002).

Um surto de Hepatite E no Sudão do Sul matou 88 pessoas. A organização


Médicos Sem Fronteiras (MSF) disse que trataram quase 4.000 pacientes desde
que o surto foi identificado em julho de 2012. Nesse surto, a hepatite E, que
causa infecções no fígado, foi propagada pela ingestão de água contaminada
com fezes.

A água contaminada por esgoto contém muitos vírus, mais de cem espécies são
relatadas e podem levar a doenças que afetam os seres humanos. Por exemplo,
hepatite, gastroenterite, meningite, febre, erupção cutânea e conjuntivite podem se
espalhar por água contaminada. Mais vírus estão sendo descobertos na água por causa
de novos métodos de detecção e caracterização, embora apenas alguns desses vírus
sejam patógenos humanos (BOSCH, 1998).

88
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

Tabela 1. Vírus presentes na água

Família Gênero Espécie Nome comum Doença causada


Adenovírus Mastadenovírus Mastadenovírus humano A a G Adenovirus Infecção por adenovírus, faringite,
conjuntivite, febre
Astrovírus Mastadenovírus Astrovirus humano Astrovirus Gastroenterite, diarreia
Calicivirus Norovirus Vírus Norwalk Norovirus, bug de vômito Gastroenterite, febre
de inverno
Coronaviridae Coronavirinae SARS coronavirus SARS-CoV Síndrome respiratória aguda grave,
gastroenterite, doença respiratória
Coronaviridae Torovirus Torovirus humano Torovirus Gastroenterite
Hepeviridae Orthohepevirus Orthohepevirus A Vírus da hepatite E, HEV Hepatite E
Picornavirus Enterovirus Enterovirus A Coxsackie A virus Doença da mão, pé e boca, paralisia,
meningite, febre, doença respiratória,
miocardite, anomalias cardíacas
Picornavirus Enterovirus Enterovirus B Echovirus Meningite, febre, doença respiratória,
corrimento, gastroenterite
Picornavirus Enterovirus Enterovirus C Poliovirus Polio
Picornavirus Hepatovirus Hepatovirus A Vírus da hepatite A, HAV Hepatite A
Polyomaviridade Polyomavirus JC vírus JC virus Leucoencefalopatia multifocal
progressiva
Reovirus Rotavirus Rotavirus A, B, & C Rotavirus Gastroenterite

Fonte: própria autora, s/d.

Observe a descrição desses aspectos a seguir.

Compreendendo a Tabela 1

Família
Os adenovírus (membros da família Adenoviridae) são vírus de tamanho médio
(90-100 nm), sem envelope (sem uma bicamada lipídica externa) com um núcleo
capsídeo icosaédrica contendo um genoma de DNA de cadeia dupla. Seu nome
deriva de seu isolamento inicial de adenoides humanos em 1953. Eles têm uma
ampla gama de hospedeiros vertebrados; em humanos, descobriu-se que mais de 50
sorotipos adenovirais distintos causam uma ampla gama de doenças, desde infecções
respiratórias leves em crianças pequenas (conhecidas como resfriados comuns) até
doenças de múltiplos órgãos que ameaçam a vida em pessoas com sistema imunológico
debilitado.

Os astrovírus são um tipo de vírus que foi descoberto pela primeira vez em 1975
usando microscópios eletrônicos após um surto de diarreia em humanos. Para além
dos humanos, os astrovírus foram agora isolados de numerosas espécies de animais
mamíferos (e são classificados como género Mammoastrovirus) e de espécies de
aves tais como patos, galinhas e perus (classificado como género Avastrovirus). Os
astrovírus têm um diâmetro de 28 a 35 nm, vírus icosaédricos que apresentam uma
89
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

estrutura de superfície característica de cinco ou seis pontos nas estrelas quando vistos
por microscopia eletrônica. Juntamente com os Picornaviridae e os Caliciviridae, os
Astroviridae compreendem uma terceira família de vírus sem envelope, cujo genoma é
composto de RNA de fita simples de sentido positivo. O astrovírus tem um genoma de
RNA de sentido positivo, de cadeia simples, não segmentado, dentro de um capsídeo
icosaédrico não envelopado. Astrovírus humanos têm sido mostrados em numerosos
estudos como uma importante causa de gastroenterite em crianças pequenas em todo
o mundo (BROWN et al., 2008; MADELEY; COSGROVE, 1975; MATSUI et al., 2001).

Os Caliciviridae são uma família de vírus, membros da Classe IV do esquema de


Baltimore. Eles são RNA de fita simples de sentido positivo que não é segmentado.
As doenças associadas a essa família incluem o calicivírus felino (doença respiratória),
o vírus da doença hemorrágica do coelho (hemorragias frequentemente fatais) e o
grupo de vírus Norwalk (gastroenterite). Os calicivírus infectam naturalmente os
vertebrados e foram encontrados em vários organismos, como humanos, gado, porcos,
gatos, galinhas, répteis, golfinhos e anfíbios. Os calicivírus têm uma construção
simples e não são envelopados. Os calicivírus não são muito bem estudados porque,
até recentemente, eles não podiam ser cultivados em cultura e nenhum modelo animal
adequado foi encontrado. No entanto, a recente aplicação de modernas tecnologias
genômicas levou a um maior entendimento da família de vírus. Um isolado recente
de macacos rhesus – o vírus Tulane – pode ser cultivado em cultura, e este sistema
promete aumentar a compreensão desses vírus. O nome calicivírus é derivado da
palavra grega cálice que significa taça ou cálice, devido a muitas cepas que têm
depressões em forma de taça visíveis.

Coronaviridae é uma família de vírus de RNA de filamento único, de sentido positivo


e envelopados. Os coronavírus são transmitidos por via fecal-oral ou por aerossóis de
secreções respiratórias. Os coronavírus infectam uma ampla variedade de mamíferos
e aves e ocorrem em todo o mundo. Embora a maioria das doenças seja leve, algumas
vezes elas podem causar situações mais graves em humanos, como, por exemplo, a
infecção do trato respiratório, conhecida como Síndrome Respiratória Aguda Grave
(SARS). Eles também podem causar infecções entéricas em bebês muito jovens e, em
raras situações, síndromes neurológicas.

Hepeviridae é uma família de vírus. Humanos, porcos, javalis, ovelhas, vacas, camelos,
macacos, alguns roedores, morcegos e galinhas servem como hospedeiros naturais.
Existem cinco espécies nessa família, divididas entre dois gêneros. Doenças associadas
a essa família incluem: hepatite; alta taxa de mortalidade durante a gravidez; e o vírus
da hepatite E aviária é a causa da síndrome de hepatite-esplenomegalia (HS) entre

90
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

galinhas. O ortohepevírus costumava ser conhecido como Hepevírus. O vírus que


causa a hepatite E pertence ao gênero Orthohepevirus.

Um picornavírus é um vírus pertencente à família Picornaviridae, uma família de


vírus da ordem dos Picornavirales. Vertebrados, incluindo humanos, servem como
hospedeiros naturais. Os picornavírus são vírus sem envelope, que representam uma
grande família de pequenos vírus citoplasmáticos de RNA de cadeia mais (~ 7,5kb)
com um capsídeo icosaédrico de 30 nm. Seu genoma não possui uma membrana
lipídica. Os picornavírus são encontrados em mamíferos e aves. Atualmente, existem
80 espécies nessa família, divididas em 35 gêneros. Exemplos notáveis ​​ são os
gêneros Enterovirus (incluindo Rhinovirus e Poliovirus), Aphthovirus, Cardiovirus
e Hepatovirus. Os vírus dessa família podem causar várias doenças, como paralisia,
meningite, hepatite e poliomielite. Os picornavírus estão na classe Baltimore IV. Seu
RNA genômico de cadeia simples (+) é o que funciona como mRNA após a entrada
na célula e todo o mRNA viral sintetizado é de polaridade genômica. O mRNA
codifica RNA polimerase dependente de RNA. Esta polimerase faz complementar
menos as cadeias de RNA, então as usa como modelos para produzir mais cadeias
positivas. Assim, uma visão geral das etapas da replicação de picornavírus está em
ordem: anexo, entrada, tradução, transcrição/replicação do genoma (um e o mesmo
processo), montagem e saída. O nome tem uma etimologia dupla. Primeiro, picorna-
é um acrônimo para poliovírus, insensibilidade ao éter, coxsackievírus, vírus órfão,
rinovírus e ácido ribonucleico. Em segundo lugar, pico-, que significa extremamente
pequeno, combina com o RNA para descrever esses vírus de RNA muito pequeno.

Polyomaviridae é uma família de vírus cujos hospedeiros naturais são primariamente


mamíferos e aves. A partir do mais recente lançamento da taxonomia (2018) pelo
Comitê Internacional sobre Taxonomia de Vírus, havia 89 espécies reconhecidas
nessa família contidas em quatro gêneros, assim como 9 espécies que não podiam
ser atribuídas a um gênero. Desses, 13 espécies são conhecidas por infectar humanos.
A maioria desses vírus, como o vírus BK e o vírus JC, é muito comum e tipicamente
assintomático na maioria das populações humanas estudadas. Entretanto, alguns
poliomavírus estão associados a doenças humanas, particularmente em indivíduos
imunocomprometidos. O vírus BK está associado à nefropatia em transplantes renais
e em pacientes transplantados de órgãos não renais, vírus JC com leucoencefalopatia
multifocal progressiva, e vírus de células de Merkel. Alguns membros da família
são oncovírus, o que significa que podem causar tumores; eles frequentemente
persistem como infecções latentes em um hospedeiro sem causar doença, mas podem
produzir tumores em um hospedeiro de uma espécie diferente, ou em indivíduos com
sistemas imunes ineficazes. A família foi descoberta pela primeira vez devido às suas
propriedades oncogênicas; alguns membros da família, mais proeminentemente o

91
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

poliomavírus murino, foram extensivamente estudados em laboratório para entender


o mecanismo pelo qual eles induzem a carcinogênese. O nome polioma refere-se à
capacidade do vírus de produzir múltiplos (poli-) tumores (-oma).

Reoviridae é uma família de vírus. Eles têm uma ampla gama de hospedeiros,
incluindo vertebrados, invertebrados, plantas, protistas e fungos. Eles são únicos,
pois não possuem envelopes lipídicos e empacotam seus genomas de segmentos
discretos de RNA de fita dupla dentro de capsídeos de múltiplas camadas. A falta
de um envelope lipídico permitiu que estruturas tridimensionais desses grandes
vírus complexos (diâmetro, –60–100 nm) fossem obtidas. Existem atualmente 87
espécies nessa família, divididas em 30 gêneros. Os reovírus podem afetar o sistema
gastrointestinal (como o rotavírus) e o trato respiratório. O nome “Reo-“ é derivado de
vírus órfãos entéricos respiratórios. O termo “vírus órfão” refere-se ao facto de alguns
desses vírus terem sido observados não associados a qualquer doença conhecida.
Embora os vírus da família Reoviridae tenham sido identificados mais recentemente
com várias doenças, o nome original ainda é usado (PATTON, 2008).

A infecção por reovírus ocorre frequentemente em humanos, mas a maioria dos casos
é leve ou subclínica. Rotavírus, no entanto, podem causar diarreia severa e distúrbios
intestinais em crianças, e estudos laboratoriais em camundongos têm implicado
o Orthoreovirus na expressão da doença celíaca em indivíduos predispostos. O
vírus pode ser facilmente detectado nas fezes e também pode ser recuperado das
secreções faríngeas ou nasais, urina, líquido cefalorraquidiano e sangue. Apesar
da facilidade de encontrar Reovirus em amostras clínicas, o seu papel na doença ou
tratamento humano ainda é incerto. Alguns vírus dessa família, como o Phytoreovirus
e Oryzavirus, infectam plantas. A maioria dos reovírus infectantes de plantas é
transmitida entre plantas por insetos vetores. Os vírus se replicam tanto na planta
quanto no inseto, geralmente causando doença na planta, mas pouco ou nenhum dano
ao inseto infectado (DENNEHY, 2015; GRIMWOOD; LAMBERT, 2009).

Gênero
Mastadenovírus é um gênero de vírus da família Adenoviridae. Humanos, mamíferos
e vertebrados servem como hospedeiros naturais. Existem atualmente 25 espécies
nesse gênero, incluindo o tipo de espécie humana mastadenovírus C. O gênero como
um todo inclui muitas causas muito comuns de infecção humana, estimadas como
responsáveis por
​​ 2-5% de todas as infecções respiratórias, bem como gastrointestinais
e infecções oculares. Os sintomas geralmente são leves. Tropismos específicos
incluem: sorotipos 3, 5 e 7; infecções do trato respiratório inferior, sorotipos 8, 19 e 37;

92
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

ceratoconjuntivite epidêmica, sorotipos 4 e 7; doença respiratória aguda, sorotipos 40


e 41; gastroenterite, sorotipo 14: pode causar doença potencialmente fatal, infecções
por adenovírus. O adenovírus canino 1 (CAdV-1) pode levar à morte em cachorros, ou
encefalite em outras espécies carnívoras.

O norovírus, por vezes referido como o vírus do vômito de inverno, é a causa mais
comum de gastroenterite. A infecção é caracterizada por diarreia, vômito e dor de
estômago. O sangue geralmente não está presente. Febre ou dores de cabeça também
podem ocorrer. Isso geralmente se desenvolve de 12 a 48 horas após a exposição. A
recuperação ocorre tipicamente dentro de 1 a 3 dias. As complicações podem incluir
desidratação. O vírus geralmente é transmitido pela via fecal-oral. Isso pode ser por
comida ou água contaminada ou contato de pessoa a pessoa. Também pode se espalhar
através de superfícies contaminadas ou através do ar. Os fatores de risco incluem
preparação de alimentos insalubres e compartilhamento de perto. O diagnóstico
geralmente é baseado nos sintomas. Testes confirmatórios podem ser feitos para fins
de saúde pública (BRUNETTE, 2017).

A prevenção envolve lavagem adequada das mãos e desinfecção de superfícies


contaminadas. Os desinfetantes para as mãos à base de álcool são menos eficazes.
Uma vacina não existe. Não há tratamento específico. Esforços envolvem cuidados
de suporte, como beber líquidos suficientes ou fluidos intravenosos. As soluções de
reidratação oral são os líquidos preferidos para beber, embora outras bebidas sem
cafeína ou álcool possam ajudar. O norovírus resulta em cerca de 685 milhões de
casos de doença e 200.000 mortes globalmente por ano. É comum tanto no mundo
desenvolvido quanto no mundo em desenvolvimento. Os menores de cinco anos são
mais afetados e, nesse grupo, resultam em cerca de 50.000 mortes nos países em
desenvolvimento. A doença ocorre mais comumente nos meses de inverno. Ocorre
frequentemente em surtos, especialmente entre aqueles que vivem em áreas próximas
(CONLY; JOHNSTON, 2003).

Orthocoronavirinae é uma das duas subfamílias da família Coronaviridae. É


subdividido nos gêneros Alphacoronavirus, Betacoronavirus, Gammacoronavirus e
Deltacoronavirus. Esses incluem genogrupos filogeneticamente compactos de RNA
de filamento único, de sentido positivo, envelopados e com um núcleo capsídeo de
simetria helicoidal. O tamanho genômico dos coronavírus varia de aproximadamente
26 a 32 quilobases, extraordinariamente grande para um vírus de RNA. Seus números
estão crescendo rapidamente com vários novos coronavírus sendo descobertos
recentemente, incluindo o coronavírus respiratório do Oriente Médio MERS-CoV,
descoberto em 2012 (THIEL, 2007).

93
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

Torovirus é um gênero de vírus da ordem Nidovirales, pertencente à família


Tobaniviridae, na subfamília Torovirinae. Eles infectam principalmente vertebrados,
especialmente bovinos, suínos e equinos. Atualmente, existem três espécies neste
gênero, incluindo a espécie/tipo equine torovírus. As doenças associadas a esse gênero
incluem: gastroenterite, que comumente se apresenta em mamíferos, mas raramente
em humanos. O torovírus é o único gênero na subfamília monotípica Torovirinae.
O torovírus também é um taxon monotípico, contendo apenas um subgênero, o
Renitovirus (DE GROOT et al., 2011; GLASS et al., 2001).

Orthohepevirus é um gênero de vírus atribuído à família Hepeviridae. O ortohepévírus


é um gênero viral bastante isolado, no qual os vírions são caracterizados por cápsides
redondas, não envelopadas e isométricas, com um diâmetro de 27-34 nm. A espécie-
tipo é o Orthohepevirus A, mais comumente conhecido como vírus da hepatite E. A
hepatite E foi isolada pela primeira vez em 1990. Acreditava-se que ela estava restrita
a humanos até 1997, quando foi isolada de porcos. O primeiro isolamento das aves foi
em 2001 (HAQSHENAS et al., 2001; MENG et al., 1997).

O Enterovirus é um género de vírus de ARN de cadeia simples de sentido positivo


associado a várias doenças humanas e de mamíferos. Os enterovírus são nomeados
por sua via de transmissão através do intestino. Estudos sorológicos distinguiram 71
sorotipos de enterovírus humanos com base em testes de neutralização de anticorpos.
Variantes antigénicas adicionais foram definidas dentro de vários dos serotipos com
base na neutralização cruzada reduzida ou não recíproca entre variantes. Com base
em sua patogênese em humanos e animais, os enterovírus foram originalmente
classificados em quatro grupos, poliovírus, vírus Coxsackie A (CA), vírus Coxsackie B
(CB) e ecovírus, mas logo percebeu-se que havia sobreposições significativas com as
propriedades biológicas dos vírus nos diferentes grupos. Os enterovírus isolados mais
recentemente são nomeados com um sistema de números consecutivos: EV68, EV69,
EV70, EV71 (OBERSTE et al., 1999). De acordo com informações do site Centers for
Disease Control and Prevention, os enterovírus afetam milhões de pessoas em todo o
mundo todos os anos e são frequentemente encontrados nas secreções respiratórias
(por exemplo, saliva, expectoração ou muco nasal) e nas fezes de uma pessoa
infectada. Historicamente, a poliomielite foi a doença mais significativa causada por
um enterovírus, nomeadamente o poliovírus. Existem 64 enterovírus não pólio que
podem causar doenças em humanos: 23 vírus Coxsackie A, 6 vírus Coxsackie B, 28
ecovovírus e 5 outros enterovírus.

Centers for Disease Control and Prevention

Non-Polio Enterovirus

Disponível em: https://www.cdc.gov/non-polio-enterovirus/about/index.html.

94
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

O poliovírus, bem como o coxsackie e o echovirus, são disseminados pela via fecal-
oral.

Disseminação pela via fecal-oral

A via fecal-oral (também chamada de rota oral-fecal ou via orofecal) descreve uma
rota particular de transmissão de uma doença em que patógenos em partículas fecais
passam de uma pessoa para a boca de outra pessoa. As principais causas de transmissão
de doenças fecais-orais incluem falta de saneamento adequado (levando à defecação a
céu aberto) e más práticas de higiene. Se o solo ou corpos de água estiverem poluídos
com material fecal, os seres humanos podem ser infectados com doenças transmitidas
pela água ou doenças transmitidas pelo solo. A contaminação fecal dos alimentos é
outra forma de transmissão fecal-oral. Lavar as mãos adequadamente após trocar
a fralda de um bebê ou depois de realizar a higiene anal pode evitar que a doença
transmitida por alimentos se espalhe. Os fatores comuns na rota fecal-oral podem ser
resumidos em cinco: dedos, moscas, campos, fluidos e comida. O analingus, a prática
sexual de lamber ou inserir a língua no ânus de um parceiro é outro caminho. As
doenças causadas pela transmissão fecal-oral incluem diarreia, febre tifoide, cólera,
poliomielite e hepatite.

As fundações para o “diagrama-F” que está sendo usado hoje foram estabelecidas
em uma publicação pela OMS em 1958 (WAGNER; LANOIX, 1958). Essa publicação
explicou as rotas de transmissão e as barreiras à transmissão de doenças a partir do
ponto focal das fezes humanas.

WHO – WORLD HEALTH ORGANIZATION

Monografia: Excreta disposal for rural areas and small communities (WAGNER &
LANOIX, 1958).

Disponível em: https://apps.who.int/iris/bitstream/handle/10665/41687/WHO_


MONO_39_(part1).pdf?sequence=1.

Foram feitas modificações ao longo da história para obter diagramas F de aparência


moderna. Esses diagramas são usados em muitas publicações de saneamento. Eles
são montados de uma forma que as vias de transmissão fecal-oral são mostradas para
ocorrer via água, mãos, artrópodes e solo. Para facilitar a lembrança, as palavras que
começam com a letra “F” são usadas para cada um desses caminhos, ou seja, fluidos,
dedos, moscas, alimentos, campos, fomites (objetos e superfícies domésticas). Em vez

95
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

de se concentrar apenas nas fezes humanas, as fezes dos animais também devem ser
incluídas no diagrama F (PENAKALAPATI et al., 2017).

Um fomite é qualquer objeto inanimado que, quando contaminado ou


exposto a agentes infecciosos, como bactérias patogênicas, vírus ou fungos,
pode transferir a doença para um novo hospedeiro. Em humanos, as células
da pele, cabelo, peças de vestuário e roupas de cama são fontes comuns
de contaminação de fomites. Esses associam-se particularmente com
infecções hospitalares, pois são possíveis rotas de patógenos entre pacientes.
Estetoscópios e jalecos são dois desses fomites associados aos prestadores
de cuidados de saúde. Equipamentos hospitalares básicos, como tubos de
gotejamento IV, cateteres e equipamentos de suporte à vida, também podem
ser portadores, quando os patógenos formam biofilmes nas superfícies. A
esterilização cuidadosa de tais objetos evita infecção cruzada (ABAD et al.,
1994).

Além de objetos em ambientes hospitalares, outros fomites comuns para os


humanos são maçanetas, interruptores de luz, corrimãos, botões de elevador,
controles remotos, canetas e outros itens que são frequentemente tocados por
pessoas diferentes e que raramente são limpos. Superfícies lisas (não porosas)
como maçanetas de porta transmitem bactérias e vírus com mais eficiência
do que materiais porosos como papel-moeda porque materiais porosos,
especialmente fibrosos, absorvem e aprisionam o contágio, dificultando a
contração por meio de simples toque. Fomites incluem vestes sujas, toalhas,
lençóis, lenços, copos, colheres, lápis, seringas e curativos cirúrgicos (ABAD et
al., 1994; WAGNER; LANOIX, 1958).

As barreiras de saneamento e higiene, quando colocadas corretamente,


impedem a transmissão de uma infecção através de mãos, água e comida.
O diagrama F pode ser usado para mostrar como o saneamento adequado
(em particular, banheiros, higiene, lavagem das mãos) pode atuar como uma
barreira eficaz para interromper a transmissão de doenças através de vias
fecais-orais (POPE et al., 2002).

Fomites desempenham um papel notável no filme Contagion (2011), do diretor


Steven Soderbergh, sobre uma pandemia. Assista ao trailer em: https://www.
youtube.com/watch?v=4sYSyuuLk5g.

96
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

Transmissão

O processo de transmissão pode ser simples ou envolver vários passos. Alguns


exemplos de rotas de transmissão fecal-oral incluem:

» A água que entrou em contato com fezes (por exemplo, devido à poluição
da água subterrânea das latrinas) e não é tratada adequadamente antes
de beber.

» Agitando a mão de alguém que foi contaminada pelas fezes, trocando


fraldas de uma criança, trabalhando no jardim ou lidando com gado ou
animais domésticos.

» Alimento que foi preparado na presença de matéria fecal.

» Vetores de doenças, como moscas domésticas, espalhando contaminação


por descarte fecal inadequado, como defecação a céu aberto.

» Lavagem deficiente ou ausente das mãos após o uso do vaso sanitário ou


manuseio de fezes (como troca de fraldas).

» Limpeza pobre ou ausente de qualquer coisa que tenha estado em


contato com fezes.

» Práticas sexuais que podem envolver contato oral com fezes, como
anilingus, coprofilia ou “boca a boca”.

» Comer fezes, em crianças ou em um transtorno mental chamado


coprofagia.

» Comer terra/solo (geofagia.)

Uma abordagem para mudar o comportamento das pessoas e impedir a defecação


a céu aberto é a abordagem de saneamento total liderada pela comunidade. Nesse
processo são feitas demonstrações ao vivo de moscas que se deslocam das fezes
humanas frescas para a comida que será consumida. Isso pode engajar os aldeões para
a ação (KAL; CHAMBERS, 2008).

A lista abaixo mostra as principais doenças que podem ser passadas pela via fecal-oral.
Eles são agrupados pelo tipo de patógeno envolvido na transmissão da doença.

» Bactérias:

› Vibrio cholerae (cólera);

97
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

› Clostridium difficile (enterocolite pseudomembranosa);

› Shigella (shigelose/disenteria bacilar);

› Salmonella typhii (febre tifoide);

› Vibrio parahaemolyticus;

› Escherichia coli;

› Campylobacter.

» Vírus:

› Hepatite A;

› Hepatite E;

› Enterovírus;

› Gastroenterite aguda por norovírus;

› Poliovírus (poliomielite);

› Rotavírus - A maioria desses patógenos causa gastroenterite.

» Protozoários:

› Entameba histolytica (amebíase);

› Giardia (giardíase);

› Cryptosporidium (criptosporidiose);

› Toxoplasma gondii (toxoplasmose).

» Helmintos:

› pregos de fita;

› ascaridíase e outras helmintíases transmitidas pelo solo.

As doenças transmitidas pela água são doenças causadas por micro-


organismos patogênicos que são mais comumente transmitidos em água doce
contaminada. Esse é um tipo particular de transmissão fecal-oral.

98
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

Doenças transmitidas pela água são condições causadas por micro-organismos


patogênicos que são transmitidos na água. A doença pode se espalhar durante
o banho, a lavagem ou a ingestão de água ou a ingestão de alimentos expostos
à água contaminada. Embora a diarreia e o vômito sejam os sintomas mais
comumente relatados de doenças transmitidas pela água, outros sintomas
podem incluir problemas de pele, ouvidos, respiratórios ou oculares.

Várias formas de doenças diarreicas transmitidas pela água são os exemplos


mais proeminentes e afetam as crianças nos países em desenvolvimento de
forma mais dramática. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, as
doenças transmitidas pela água são responsáveis por cerca de 3,6% de doenças
globais por ano de vida ajustado à incapacidade e causam cerca de 1,5 milhões
de mortes humanas anualmente. A Organização Mundial de Saúde estima
que 58% desse ônus, ou 842.000 mortes por ano, são atribuíveis à falta de
abastecimento seguro de água potável, saneamento e higiene (WHO, 2014).

As doenças tropicais negligenciadas também contêm muitas doenças


transmitidas pela via fecal-oral.

Fezes humanas: doenças e condições

Dependendo do indivíduo e das circunstâncias, os seres humanos podem defecar


várias vezes ao dia, todos os dias ou uma vez a cada dois ou três dias. O endurecimento
extenso que interrompe essa rotina por vários dias ou mais é chamado constipação.

A aparência da matéria fecal humana varia de acordo com a dieta e a saúde.


Normalmente é semissólido, com um revestimento de muco. Uma combinação de bílis
e bilirrubina, que vem de glóbulos vermelhos mortos, dá às fezes a cor marrom típica.

Após o mecônio, as primeiras fezes expelidas, as fezes de um recém-nascido contêm


apenas bile, o que lhe confere uma coloração amarelo-esverdeada. Os bebês que
amamentam expelem matéria macia, amarelada e não muito malcheirosa; mas uma
vez que o bebê começa a comer e o corpo começa a expelir a bilirrubina dos glóbulos
vermelhos mortos, sua matéria adquire a cor marrom familiar.

Em diferentes momentos da sua vida, os seres humanos expelirão fezes de diferentes


cores e texturas. Um bolo fecal que passa rapidamente pelos intestinos parecerá
esverdeado. A falta de bilirrubina fará com que as fezes pareçam com argila. A
diarreia é a condição de ter três ou mais evacuações por dia, soltas ou líquidas. Essa
condição pode ser um sintoma de lesão, doença ou doença transmitida por alimentos
e geralmente é acompanhada por dor abdominal. Existem outras condições que

99
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

envolvem alguns, mas não todos os sintomas de diarreia, e assim a definição médica
formal envolve a defecação de mais de 200 gramas por dia (embora a pesagem formal
das fezes para determinar um diagnóstico nunca seja realmente realizada). Ocorre
quando o fluido insuficiente é absorvido pelo cólon. Como parte do processo de
digestão, ou devido à ingestão de líquidos, os alimentos são misturados com grandes
quantidades de água. Assim, o alimento digerido é essencialmente líquido antes de
atingir o cólon. O cólon absorve água, deixando o material restante como um bolo
semissólido. Se o cólon estiver danificado ou inflamado, a absorção é inibida e as fezes
aquosas acontecem (BISHOP, 2009).

A diarreia é mais comumente causada por uma miríade de infecções virais, mas
também é frequentemente o resultado de toxinas bacterianas e, às vezes, até mesmo de
infecções. Em condições sanitárias de vida e com ampla disponibilidade de alimentos
e água, um paciente normalmente saudável recupera-se das infecções virais comuns
em poucos dias e no máximo uma semana. No entanto, para indivíduos doentes ou
desnutridos, a diarreia pode levar a uma desidratação grave e pode colocar a vida em
risco sem tratamento.

A maioria dos poliomavírus não infecta seres humanos. Dos poliomavírus


catalogados a partir de 2017, um total de 14 eram conhecidos com hospedeiros
humanos. Muitos poliomavírus humanos são muito comuns e são assintomáticos. No
entanto, alguns poliomavírus estão associados a doenças humanas, particularmente
em indivíduos imunocomprometidos (TAGLIAPIETRA et al., 2019). Todos os
poliomavírus causam infecções muito comuns na infância e em adultos jovens. A
maioria dessas infecções parece causar pouco ou nenhum sintoma. Esses vírus são
provavelmente persistentes ao longo da vida entre quase todos os adultos. Doenças
causadas por infecções pelo poliomavírus humano são mais comuns entre pessoas
imunocomprometidas; associações de doenças incluem o vírus BK com nefropatia
em transplante renal e pacientes não transplantados de órgãos sólidos (JAMBOTI,
2016; KUPPACHI et al., 2016).

O rotavírus é um gênero de vírus de RNA de cadeia dupla da família Reoviridae.


Os rotavírus são a causa mais comum de doença diarreica entre bebês e crianças
pequenas. Existe alta probabilidade de que as crianças do mundo sejam infectadas
com um rotavírus pelo menos uma vez até os cinco anos de idade. A imunidade se
desenvolve a cada infecção, de modo que as infecções subsequentes são menos graves;
adultos raramente são afetados. Existem nove espécies do gênero, denominadas
A, B, C, D, E, F, G, H e I. O rotavírus A, a espécie mais comum, causa mais de 90%
das infecções por rotavírus em humanos (BERNSTEIN, 2009; DENNEHY, 2015;
GRIMWOOD; LAMBERT, 2009). O vírus é transmitido pela via fecal-oral. Ele infecta

100
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

e danifica as células que revestem o intestino delgado e causa gastroenterite (que é


frequentemente chamada de gripe estomacal, apesar de não ter relação com a gripe).
Embora o rotavírus tenha sido descoberto em 1973 por Ruth Bishop e seus colegas
por imagens de micrografia eletrônica e responsável por aproximadamente um terço
das hospitalizações por diarreia grave em bebês e crianças, sua importância tem sido
historicamente subestimada dentro da comunidade de saúde pública, particularmente
nos países em desenvolvimento. Além de seu impacto na saúde humana, o rotavírus
também infecta animais e é um patógeno da pecuária (BISHOP, 2009; WHO, 2015;
SIMPSON et al., 2007).

Enterite rotaviral geralmente é uma doença de fácil manejo na infância, mas


em 2013, os rotavírus causaram 37% das mortes de crianças por diarreia
e 215.000 mortes em todo o mundo, e dois milhões ficaram gravemente
doentes. A maioria dessas mortes ocorreu em países em desenvolvimento.
Nos Estados Unidos, antes do início do programa de vacinação contra
rotavírus nos anos 2000, o rotavírus causou cerca de 2,7 milhões de casos
de gastroenterite grave em crianças, totalizando 60.000 hospitalizações e 37
mortes a cada ano. Após a introdução da vacina contra o rotavírus nos Estados
Unidos, as taxas de hospitalização caíram significativamente. Campanhas
de saúde pública para combater o rotavírus focam na reidratação oral para
crianças infectadas e na vacinação para prevenir a doença. A incidência e a
gravidade das infecções por rotavírus diminuíram significativamente nos
países que adicionaram a vacina contra o rotavírus às suas políticas rotineiras
de imunização infantil (DIGGLE, 2007; FISCHER et al., 2007; GIAQUINTO et al.,
2011; JIANG et al., 2010; LESHEM et al., 2014; PARASHAR et al., 2016; TATE et al.
2011; BURTON et al., 2016; WHO, 2008).

Os rotavírus são transmitidos pela via oral, via contato com mãos, superfícies e objetos
contaminados, e possivelmente pela via respiratória (BUTZ et al., 1993; DENNEHY,
2000). A diarreia viral é altamente contagiosa. As fezes de uma pessoa infectada
podem conter mais de 10 trilhões de partículas infecciosas por grama (BISHOP,
1996); menos de 100 delas são necessárias para transmitir a infecção a outra pessoa
(GRIMWOOD; LAMBERT, 2009).

Os rotavírus são estáveis no


​​ ambiente e foram encontrados em amostras de estuários
em níveis de até 1-5 partículas infecciosas por galão norte-americano. Os vírus
sobrevivem entre 9 e 19 dias (CHALAPATI et al., 1984). Medidas sanitárias adequadas
para eliminar bactérias e parasitas parecem ser ineficazes no controle do rotavírus, já
que a incidência de infecção por rotavírus em países com altos e baixos padrões de
saúde é semelhante (DENNEHY, 2000).

101
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

Enterite rotaviral é uma doença de leve a grave caracterizada por náuseas, vômitos,
diarreia aquosa e febre baixa. Depois que a criança é infectada pelo vírus, há
um período de incubação de cerca de dois dias antes que os sintomas apareçam
(HOCHWALD; KIVELA, 1999). O período da doença é agudo. Os sintomas geralmente
começam com vômitos, seguidos por quatro a oito dias de diarreia abundante. A
desidratação é mais comum na infecção por rotavírus do que na maioria das causadas
por patógenos bacterianos, e é a causa mais comum de morte relacionada à infecção
por rotavírus (MALDONADO; YOLKEN, 1990).

As infecções por rotavírus A podem ocorrer ao longo da vida: a primeira geralmente


produz sintomas, mas as infecções subsequentes são geralmente leves ou
assintomáticas, (GLASS et al., 2006; BISHOP, 1996) já que o sistema imunológico
fornece alguma proteção (OFFIT, 2001). Consequentemente, as taxas de infecção
sintomática são maiores em crianças com menos de dois anos de idade e diminuem
progressivamente até os 45 anos de idade (RAMSAY; BROWN, 2000). Os sintomas
mais graves tendem a ocorrer em crianças de seis meses a dois anos de idade, idosos
e imunodeficientes. Devido à imunidade adquirida na infância, a maioria dos adultos
não é suscetível ao rotavírus. Gastroenterite em adultos geralmente tem outra
causa além do rotavírus, mas infecções assintomáticas em adultos podem manter a
transmissão da infecção na comunidade (ANDERSON; WEBER, 2004).

Há algumas evidências que sugerem o status do secretor do grupo sanguíneo e as


bactérias predominantes no intestino podem ter impacto na suscetibilidade à infecção
por rotavírus (RODRÍGUEZ-DIAZ, 2017). Os rotavírus são altamente contagiosos
e não podem ser tratados com antibióticos ou outras drogas. Como o saneamento
melhorado não diminui a prevalência da doença rotaviral, e a taxa de hospitalizações
permanece alta, apesar do uso de medicamentos para reidratação oral, a principal
intervenção de saúde pública é a vacinação (BERNSTEIN, 2009).

Doenças transmitidas por alimentos

Coloquialmente chamadas de intoxicações alimentares, são qualquer doença


resultante da deterioração de alimentos contaminados, bactérias patogênicas, vírus ou
parasitas que contaminam alimentos, assim como toxinas como cogumelos venenosos
e várias espécies de feijões que não foram fervidos por pelo menos 10 minutos.

Os sintomas variam dependendo da causa. Algumas generalizações podem ser feitas,


por exemplo: o período de incubação que varia de horas a dias, dependendo da causa
e da quantidade de consumo. O período de incubação tende a levar o indivíduo a não
associar os sintomas ao item consumido e, assim, fazer com que atribua os sintomas

102
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

à gastroenterite, por exemplo. Os sintomas geralmente incluem vômito, febre, dores e


obviamente a diarreia. Os episódios de vômito podem ser repetidos com um intervalo
prolongado, porque mesmo se o alimento infectado fosse eliminado do estômago no
primeiro turno, micróbios, como bactérias (se aplicável), podem passar pelo estômago
até o intestino e começar a se multiplicar. Alguns tipos de micróbios permanecem no
intestino, alguns produzem uma toxina que é absorvida pela corrente sanguínea e
outros podem invadir diretamente tecidos corporais mais profundos.

A doença transmitida por alimentos geralmente surge do manuseio inadequado,


preparação ou armazenamento de alimentos. Boas práticas de higiene antes, durante
e depois da preparação dos alimentos podem reduzir as chances de contrair uma
doença. Existe um consenso na comunidade de saúde pública de que a lavagem
regular das mãos é uma das defesas mais eficazes contra a propagação de doenças
transmitidas por alimentos. A ação de monitorar alimentos para garantir que não
causarão doenças transmitidas por alimentos é conhecida como segurança alimentar.
A doença transmitida por alimentos também pode ser causada por uma grande
variedade de toxinas que afetam o meio ambiente. Além disso, as doenças transmitidas
por alimentos podem ser causadas por pesticidas e substâncias tóxicas naturais, como
cogumelos venenosos ou peixes como o baiacu, que possuem a tetrodotoxina (TTX).

A tetrodotoxina (TTX) é uma neurotoxina potente. Seu nome deriva de


Tetraodontiformes, uma ordem que inclui baiacu, porco-espinho, peixe-
lua oceânico e peixe-porco, essas espécies carregam a toxina. Embora a
tetrodotoxina tenha sido descoberta nesses peixes e encontrada em vários
outros animais aquáticos (por exemplo, em polvos de anéis azuis, tritões de
casca dura e caramujos lunares), ela é produzida por certas bactérias infecciosas
ou simbióticas como pseudoalteromonas, pseudomonas e vibrio (CHAU et al.,
2011; LAGO, et al., 2015).

A tetrodotoxina é um bloqueador dos canais de sódio. Inibe sua ação nos


neurônios, ligando-se aos canais de sódio dependentes de voltagem nas
membranas das células nervosas e bloqueando a passagem de íons de sódio
(responsáveis pela fase de aumento de um potencial de ação) para o neurônio.
Isso impede que o sistema nervoso carregue mensagens e, assim, os músculos
se flexionem em resposta à estimulação nervosa (BANE et al., 2014).

As bactérias são a causa mais comum de doenças transmitidas pelos alimentos.

103
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

Bactérias (bactérias nominais comuns, bactérias singulares) são um tipo de


célula biológica. Elas constituem um grande domínio de micro-organismos
procarióticos. Normalmente, com alguns micrômetros de comprimento, as
bactérias possuem várias formas, variando entre esferas, bastões e espirais.
As bactérias estavam entre as primeiras formas de vida a aparecer na Terra e
estão presentes na maioria dos habitats, tais como o solo, a água, as fontes
termais ácidas, os resíduos radioativos e as partes profundas da crosta terrestre.
Bactérias também vivem em relações simbióticas e parasitárias com plantas
e animais. A maioria das bactérias não foi caracterizada, e apenas cerca de
27% dos filos bacterianos possuem espécies que podem ser cultivadas em
laboratório (especificamente filos incomensuráveis, conhecidos como phyla
candidatos, constituem 103 de aproximadamente 142 filos conhecidos).
O estudo das bactérias é conhecido como bacteriologia, um ramo da
microbiologia (FREDRICKSON et al., 2004).

Praticamente toda a vida animal na Terra depende de bactérias para sua


sobrevivência, pois apenas bactérias e alguns archaea possuem os genes e
enzimas necessários para sintetizar a vitamina B12, também conhecida como
cobalamina, e fornecê-la através da cadeia alimentar. A vitamina B12 é uma
vitamina solúvel em água que está envolvida no metabolismo de todas as
células do corpo humano (DUDEK et al., 2017).

O maior número existe na flora intestinal e um grande número na pele. A


grande maioria das bactérias no corpo é inofensiva pelos efeitos protetores do
sistema imunológico, embora muitas sejam benéficas, particularmente na flora
intestinal. No entanto, várias espécies de bactérias são patogênicas e causam
doenças infecciosas, incluindo cólera, sífilis, antraz, lepra e peste bubônica.
As doenças bacterianas fatais mais comuns são as infecções respiratórias,
com apenas a tuberculose matando cerca de 2 milhões de pessoas por
ano, principalmente na África Subsaariana. Nos países desenvolvidos, os
antibióticos são usados para tratar infecções bacterianas e também são
usados na agricultura, tornando a resistência aos antibióticos um problema
crescente. Na indústria, as bactérias são importantes no tratamento de esgotos
e na decomposição de derrames de petróleo, na produção de queijo e iogurte
por meio da fermentação, na recuperação de ouro, paládio, cobre e outros
metais no setor de mineração, bem como na biotecnologia e a fabricação de
antibióticos e outros produtos químicos (DUDEK et al., 2017; FREDRICKSON et
al., 2004; ISHIGE et al., 2005; SEARS, 2005).

104
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

De acordo com Humphrey et al. (2007), podemos dividir os patógenos em 3 grupos:

1. Os patógenos bacterianos mais comuns são:

› Campylobacter jejuni – que pode levar à síndrome de Guillain-Barré


secundária e periodontite.

› Clostridium perfringens – o “germe da cafeteria”.

› Salmonella – a infecção por S. typhimurium é causada pelo consumo


de ovos ou aves que não são adequadamente cozidos ou por outros
patógenos interativos entre humanos e animais.

› Escherichia coli O157 – H7 enterohemorrágica (EHEC) que pode


causar síndrome hemolítico-urêmica.

2. Outros patógenos bacterianos comuns são:

› Bacillus cereus.

› Escherichia coli, outras propriedades de virulência, como


enteroinvasivas (EIEC), enteropatogênicas (EPEC), enterotoxigênicas
(ETEC), enteroagregativas (EAEC ou EAgEC).

› Listeria monocytogenes.

› Shigella.

› Staphylococcus aureus.

› Enterite estafilocócica.

› Streptococcus.

› Vibrio cholerae, incluindo O1 e não-O1.

› Vibrio parahaemolyticus.

› Vibrio vulnificus.

› Yersinia enterocolitica e Yersinia pseudotuberculosis.

3. Agentes bacterianos menos comuns:

› Brucella spp.

› Corynebacterium ulcerans.

› Coxiella burnetii ou febre Q.

› Plesiomonas shigelloides.

105
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

Prevenção de intoxicação alimentar bacteriana

A prevenção é principalmente o papel do estado, através da definição de regras rígidas


de higiene e serviços públicos de pesquisa veterinária de produtos de origem animal
na cadeia alimentar, da agricultura para a indústria de transformação e entrega (lojas
e restaurantes). Esse regulamento inclui:

» Rastreabilidade: em um produto final, deve ser possível conhecer a


origem dos ingredientes (origem da fazenda, identificação da colheita
ou do animal) e onde e quando foi processado; a origem da doença
pode assim ser rastreada e resolvida (e possivelmente penalizada), e
os produtos finais podem ser removidos da venda se um problema for
detectado.

» Aplicação de procedimentos de higiene: como a Análise de


Perigos e Pontos Críticos de Controle uma abordagem sistemática e
preventiva da segurança alimentar contra riscos biológicos, químicos
e físicos em processos de produção que podem tornar o produto
acabado inseguro e concebe medidas para reduzir esses riscos a um
nível seguro. Dessa maneira, o HACCP tenta evitar riscos em vez de
tentar inspecionar os produtos acabados quanto aos efeitos desses
perigos; e a “cadeia de frio”. O termo cadeia fria denota de uma série
de ações e equipamentos aplicados para manter um produto dentro de
uma faixa específica de baixa temperatura, desde a colheita/produção
até o consumo. Uma cadeia de frio é uma cadeia de fornecimento
com temperatura controlada, é uma série ininterrupta de atividades
refrigeradas de produção, armazenamento e distribuição, juntamente
com equipamentos e logística associados, que mantêm uma faixa
desejada de baixa temperatura. Ela é usada para preservar, estender e
garantir a vida útil de produtos, como produtos agrícolas frescos, frutos
do mar, alimentos congelados, produtos químicos e medicamentos.
Tais produtos, durante o transporte e quando em armazenamento
transitório, são às vezes chamados de carga fria. Ao contrário de outros
bens ou mercadorias, os produtos da cadeia de frio são perecíveis e
sempre a caminho do uso final ou destino, mesmo quando mantidos
temporariamente em armazéns frigoríficos e, portanto, comumente
chamados de carga durante todo o seu ciclo logístico (SMYRLIS, 2013).

» Poder de controle e de aplicação da lei de veterinários.

106
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

A infecção pode resultar em uma ampla variedade de sintomas, incluindo:


doença respiratória leve (resfriado comum), doenças da mão e da boca,
conjuntivite hemorrágica aguda, meningite asséptica, miocardite, doença
semelhante à sepse neonatal grave, paralisia flácida aguda, e a mielite flácida
aguda relacionada.

Algumas doenças mortais, como a malária em partes tropicais do mundo,


são transmitidas por um mosquito. Os animais que espalham doenças são
chamados de vetores. Existem muitos vetores, incluindo caracóis, carrapatos e
pulgas.

Algumas pessoas nascem com “doenças genéticas”. Estas são doenças devido
a um erro ou mutação no DNA de uma pessoa. Um exemplo de uma mutação
é câncer. Viver ou trabalhar em um ambiente insalubre também pode ser uma
causa de doenças. Doenças são mais comuns em pessoas idosas.

Doenças causadas

Infecções por adenovírus

Infecções por adenovírus mais comumente causam doenças do sistema respiratório,


no entanto, dependendo do sorotipo infeccioso, eles também podem causar várias
outras doenças e apresentações.

Além do envolvimento respiratório, doenças e apresentações de adenovírus incluem


gastroenterite, conjuntivite, cistite e doença exantema. Os sintomas da doença
respiratória causada pela infecção por adenovírus variam da síndrome do resfriado
comum a pneumonia, crupe e bronquite. Pacientes com sistema imunológico
comprometido são especialmente suscetíveis a complicações graves da infecção por
adenovírus. A doença respiratória aguda, reconhecida pela primeira vez entre recrutas
militares durante a Segunda Guerra Mundial, pode ser causada por infecções por
adenovírus em condições de superlotação e estresse (WADELL et al., 1987).

A febre faringoconjuntival é uma apresentação específica da infecção por adenovírus,


manifestada como:

» febre alta que dura de 4 a 5 dias;

» faringite (dor de garganta);

107
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

» conjuntivite (olhos inflamados, geralmente sem formação de pus como o


olho rosa);

» aumento dos gânglios linfáticos do pescoço;

» dor de cabeça, mal-estar e fraqueza;

» período de incubação de 5-9 dias.

Geralmente ocorre na faixa etária de 5 a 18 anos. É frequentemente encontrado em


acampamentos de verão e durante a primavera e o outono nas escolas. No Japão, a
doença é comumente referida como “febre da piscina”, uma vez que muitas vezes é
transmitida em piscinas públicas.

Diagnóstico

A detecção de antígeno, o ensaio de reação em cadeia da polimerase, o isolamento


do vírus e a sorologia podem ser usados ​​para identificar infecções por adenovírus. A
tipagem de adenovírus é geralmente realizada por inibição de hemaglutinação e/ou
neutralização com antissoros tipo específicos. Como o adenovírus pode ser excretado
por períodos prolongados, a presença de vírus não significa necessariamente que
esteja associada à doença.

Prevenção

Vacinas de adenovírus seguras e eficazes foram desenvolvidas para os sorotipos


de adenovírus 4 e 7, mas estavam disponíveis apenas para prevenir a DRA entre
os recrutas militares dos EUA, e a produção parou em 1996. A atenção estrita às
boas práticas de controle de infecção é eficaz para interromper a transmissão em
hospitais de doenças associadas a adenovírus, como a ceratoconjuntivite epidêmica.
A manutenção de níveis adequados de cloração é necessária para prevenir surtos
associados à piscina de conjuntivite por adenovírus (GRAY, 2006; GOSWAMI et al.,
2000).

Tratamento

A maioria das infecções é leve e não requer tratamento ou apenas tratamento


sintomático. Como não há terapia específica contra vírus, a doença grave do adenovírus
pode ser tratada apenas pelo tratamento dos sintomas e complicações da infecção.
As mortes são extremamente raras, mas foram relatadas (CENTERS FOR DISEASE
CONTROL AND PREVENTION, 2001).

108
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

Prognóstico

O adenovírus pode causar pneumonia necrotizante grave, na qual a totalidade ou


parte de um pulmão aumenta radiograficamente a translucência, que é denominada
Síndrome de Swyer-James. A pneumonia por adenovírus grave também pode resultar
em bronquiolite obliterante, um processo inflamatório subagudo no qual as pequenas
vias aéreas são substituídas por tecido cicatricial, resultando em redução do volume
pulmonar e da complacência pulmonar (KLIEGMAN; KLIEGMAN, 2006).

A síndrome respiratória aguda grave

A síndrome respiratória aguda grave (SARS) é uma doença respiratória viral de origem
zoonótica causada pelo coronavírus SARS (SARS-CoV). Entre novembro de 2002 e
julho de 2003, um surto de SARS no sul da China causou um total de 8.098 casos,
resultando em 774 mortes registradas em 37 países, com a maioria dos casos na China
e Hong Kong (9,6% de fatalidade). De acordo com a Organização Mundial da Saúde
(WHO, 2008), nenhum caso de SARS foi relatado em todo o mundo desde 2004. No
final de 2017, cientistas chineses rastrearam o vírus através do cruzamento de civetas
em morcegos-ferradura na província de Yunnan (NHS, 2014; SMITH, 2006).

Os sintomas iniciais são parecidos com os da gripe e podem incluir febre, dores
musculares, sintomas de letargia, tosse, dor de garganta e outros sintomas
inespecíficos. O único sintoma comum a todos os pacientes parece ser uma febre acima
de 38° C. A SARS pode eventualmente levar à falta de ar e pneumonia, podendo ser
uma pneumonia viral direta ou pneumonia bacteriana secundária. O período médio de
incubação da SRA é de 4 a 6 dias (WHO, 2003).

A principal via de transmissão para SARS é o contato das membranas mucosas com
gotículas respiratórias ou fomites. Embora a diarreia seja comum em pessoas com
SARS, a via fecal-oral não parece ser um modo comum de transmissão (WHO, 2003).

Diagnóstico

Há suspeita de SARS em um paciente que apresente um dos sintomas a seguir:

» Febre de 38° C ou superior.

Ou uma história de:

» Contato (sexual ou casual) com alguém com um diagnóstico de SARS


nos últimos 10 dias.

109
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

» Viajem para qualquer uma das regiões identificadas pela Organização


Mundial da Saúde (OMS) como áreas com transmissão local recente da
SARS (as regiões afetadas em 10 de maio de 2003 eram partes da China,
Hong Kong, Cingapura e da cidade de Geraldton, Ontário, Canadá).

Para que o diagnóstico seja considerado uma hipótese provável, uma radiografia
do tórax deve ser positiva para pneumonia atípica ou síndrome do desconforto
respiratório.

A OMS acrescentou a categoria de “SARS confirmada por laboratório” a pacientes


que são considerados “prováveis”, mas que ainda não tiveram alterações positivas de
radiografia de tórax, mas que testaram positivo para SARS com base em um dos testes
aprovados (ELISA, imunofluorescência ou PCR) (CHAN et al., 2004).

Quando se trata da radiografia do tórax, a aparência da SARS nem sempre é uniforme,


mas geralmente aparece como uma anormalidade com infiltrados irregulares (LU et
al., 2003).

Prevenção

Não há vacina para a SARS. O isolamento e a quarentena continuam sendo os meios


mais eficazes para impedir a disseminação da SARS. Outras medidas preventivas
incluem:

» Lavar as mãos.

» Desinfetar superfícies para fômites.

» Vestir uma máscara cirúrgica.

» Evitar o contato com fluidos corporais.

» Lavar os itens pessoais de alguém com SARS em água quente com sabão
(talheres, pratos, roupas de cama etc.).

» Manter as crianças com sintomas em casa, fora da escola.

» Fazer uso de medidas simples de higiene.

» Isolar-se tanto quanto possível para minimizar as chances de


transmissão do vírus

110
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

Muitas intervenções de saúde pública foram feitas para tentar controlar a propagação
da doença, que é espalhada principalmente por meio de gotículas respiratórias no ar.
Essas intervenções incluíram a detecção precoce da doença; isolamento de pessoas que
estão infectadas; precauções de gota e contato; e o uso de equipamento de proteção
individual (EPI), incluindo máscaras e batas de isolamento. Também foi implementado
um processo de triagem nos aeroportos para monitorar as viagens aéreas de e para
os países afetados. Embora nenhum caso tenha sido identificado desde 2004, o CDC
ainda está trabalhando para fazer recomendações e recomendações federais e locais
de resposta rápida em caso de reaparecimento do vírus. A SARS é mais infecciosa em
pacientes gravemente doentes, o que geralmente ocorre durante a segunda semana da
doença. Esse período infeccioso atrasado significava que a quarentena era altamente
eficaz; pessoas que foram isoladas antes do quinto dia de sua doença raramente
transmitiram a doença a outras pessoas (CHAN-YEUNG; XU, 2003).

Tratamento

Os antibióticos são ineficazes, pois a SARS é uma doença viral. O tratamento da SARS
é principalmente de suporte com antipiréticos, oxigênio suplementar e ventilação
mecânica (caso necessário). Medicamentos antivirais são usados, assim como elevadas
doses de esteroides para reduzir o inchaço nos pulmões.

Pessoas com SARS devem ser isoladas, preferencialmente em salas de pressão


negativa, com precauções completas para a equipe de saúde em qualquer contato
necessário com esses pacientes, para limitar as chances do pessoal médico ficar
infectado com a SARS.

Alguns dos danos mais sérios causados ​​pela SARS ocorrem em função do próprio
sistema imunológico do corpo reagir no que é conhecido como tempestade de citocinas
(PERLMAN; DANDEKAR, 2005).

A síndrome de liberação de citocinas é uma forma de resposta inflamatória


sistêmica que surge como uma complicação a algumas doenças ou infecções,
e também é um efeito adverso de alguns fármacos a base de anticorpos
monoclonais, bem como terapias adotivas de células T. Casos graves têm sido
chamados de tempestades de citocinas (LEE et al., 2014).

A partir de 2017, não há cura ou vacina protetora para a SARS que se demonstrou
ser segura e eficaz em seres humanos (JIANG et al., 2013). A identificação e
desenvolvimento de novas vacinas e medicamentos para tratar a SARS é uma
prioridade para os governos e agências de saúde pública em todo o mundo. A

111
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

MassBiologics, uma organização sem fins lucrativos envolvida na descoberta,


desenvolvimento e fabricação de terapias biológicas, está cooperando com
pesquisadores do NIH e do CDC no desenvolvimento de uma terapia de anticorpos
monoclonais que demonstrou eficácia em modelos animais (ROBERTS et al., 2006).

Prognóstico

Vários relatos advindos da China informam sobre pacientes com SARS recuperados
que apresentam sequelas severas de longo prazo. As doenças mais típicas incluem,
entre outras: fibrose pulmonar, osteoporose e necrose femoral, que levaram à perda
completa da capacidade de trabalho ou mesmo a capacidade de autocuidado. Como
resultado de procedimentos de quarentena, alguns dos pacientes pós-SARS foram
documentados sofrendo de transtorno de estresse pós-traumático (TEPT) e transtorno
depressivo maior (HAWRYLUCK et al., 2004; LEE, 2014).

Hepatite E

A hepatite E é uma inflamação do fígado causada pela infecção pelo vírus da hepatite
E (HEV). É um dos cinco vírus conhecidos da hepatite humana: A, B, C, D e E. O
HEV é um vírus icosaédrico de RNA de sentido único, de fita única, sem envelope.
Ela é disseminada principalmente pela via fecal-oral devido à contaminação fecal do
suprimento de água ou alimentos. A infecção com esse vírus foi documentada pela
primeira vez em 1955, durante um surto em Nova Delhi, na Índia (SUBRAT, 2013).
Segundo Li et al. (2015), uma vacina preventiva (HEV 239) foi aprovada para uso na
China.

Sinais e sintomas

» Infecção aguda: o período de incubação do HEV varia de três a oito


semanas. Uma curta fase prodrômica é seguida por sintomas que duram
de dias a semanas. Esses podem incluir icterícia, fadiga e náusea. A fase
sintomática coincide com níveis elevados de transaminases hepáticas.
O RNA viral torna-se detectável nas fezes e no soro sanguíneo durante
o período de incubação. Os anticorpos séricos IgM e IgG contra o HEV
aparecem pouco antes do início dos sintomas clínicos. A recuperação
leva à eliminação do vírus do sangue, enquanto o vírus pode persistir
nas fezes por muito mais tempo. A recuperação também é marcada pelo
desaparecimento de anticorpos IgM e aumento dos níveis de anticorpos
IgG (HOOFNAGLE et al., 2012).

112
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

» Infecção crônica: embora geralmente seja uma doença aguda, em


indivíduos imunocomprometidos – particularmente em pacientes com
transplante de órgãos sólidos – a hepatite E pode causar uma infecção
crônica. Isso pode ocasionalmente causar fibrose hepática e cirrose
(BONNET et al., 2012; BEHRENDT et al., 2014).

De acordo com Bazerbachi et al. (2016), a infecção por HEV pode


levar a problemas em outros órgãos. Agumas das condições clínicas
provenientes da infecção pode ser tênue, entretanto há várias condições
neurológicas e sanguíneas severas, tais como:

› pancreatite aguda;

› síndrome de Guillain-Barré (fraqueza aguda dos membros devido


ao envolvimento dos nervos) e amiotrofia nevrálgica (fraqueza dos
braços e dos ombros);

› anemia hemolítica em pessoas com deficiência hereditária do fator de


risco glicose-6-fosfato desidrogenase (deficiência de G6PD);

› glomerulonefrite com síndrome nefrótica e/ou crioglobulinemia;

› crioglobulinemia mista, em que os anticorpos na corrente sanguínea


reagem inadequadamente em baixas temperaturas;

› trombocitopenia grave (baixa contagem de plaquetas no sangue), que


confere um risco de sangramento perigoso.

» Infecção na gravidez: as mulheres grávidas mostram um curso de


infecção mais grave do que outras populações. Taxas de mortalidade
de 20% a 25% e insuficiência hepática foram relatadas em surtos de
genótipo 1 HEV em países em desenvolvimento. Além dos sinais de uma
infecção aguda, os desfechos maternos e fetais adversos podem incluir
parto prematuro, morte fetal e neonatal intrauterina (KUMAR et al.,
2004; PATRA et al., 2007).

Os mecanismos patológicos e biológicos por trás dos resultados adversos das infecções
na gravidez permanecem pouco claros. O aumento da replicação viral e a influência
das alterações hormonais no sistema imunológico têm sido discutidos nos últimos
tempos (PÉREZ-GRACIA et al., 2017). Além disso, estudos mostrando evidências
de replicação viral na placenta ou relatando o ciclo completo de vida viral em células

113
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

derivadas de placenta in vitro implicam a placenta humana como um local de


replicação extra-hepática (BOSE et al., 2014).

Classificação

Apenas um sorotipo do vírus é conhecido e a classificação é baseada nas sequências


nucleotídicas do genoma. O genótipo 1 foi classificado em cinco subtipos, o genótipo
2 em dois subtipos pg 10 e os genótipos 3 e 4 foram divididos em dez e sete subtipos,
respectivamente (PÉREZ-GRACIA et al., 2015; BOYER et al., 2012).

Distribuição

» O genótipo 1 foi isolado de países tropicais e subtropicais na Ásia e na


África (SONG, 2010).

» O genótipo 2 foi isolado do México, Nigéria e Chade (PELOSI;


CLARKE, 2008).

» O genótipo 3 foi isolado em quase todo o mundo, incluindo Ásia,


Europa, Oceania e América do Norte e do Sul (WHO, 2012).

» O genótipo 4 parece ser limitado

Transmissão

A hepatite E é disseminada no sudeste da Ásia, norte e centro da África, Índia


e América Central. É disseminada principalmente pela via fecal-oral devido à
contaminação fecal dos suprimentos de água ou alimentos. A transmissão de pessoa
para pessoa é incomum. O período de incubação após a exposição ao HEV varia de três
a oito semanas, com uma média de 40 dias (LIU, 2010).

Surtos de hepatite E epidêmica ocorrem mais comumente após fortes chuvas e


monções devido à interrupção do fornecimento de água. Grandes surtos ocorreram
em Nova Delhi, Índia (30.000 casos em 1955-1956), Birmânia (20.000 casos em
1976-1977), Caxemira, Índia (52.000 casos em 1978), Kanpur, Índia. (79.000 casos
em 1991), e China (100.000 casos entre 1986 e 1988) (BITTON, 2005; COWIE et al.,
2005; GRIFFITHS et al., 2010; HUBÁLEK; RUDOLF, 2010; KHUROO, 2011).

A infecção por hepatite E parece ser mais comum em pessoas em hemodiálise,


embora fatores de risco específicos para transmissão não sejam claros (HAFFAR;
BAZERBACHI, 2017).

114
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

Diagnóstico

Apenas um teste de laboratório que confirme os anticorpos presentes para o RNA do


HEV ou HEV pode ser confiável como conclusivo para diagnosticar a infecção viral.

Prevenção

» Saneamento: é a medida mais importante na prevenção da hepatite


E, que consiste no descarte adequado de resíduos humanos, em
padrões mais elevados para o abastecimento público de água, melhores
procedimentos de higiene pessoal e preparação de alimentos sanitários.
Assim, as estratégias de prevenção para essa doença são semelhantes às
de muitas outras que afligem as nações em desenvolvimento.

» Vacina: uma baseada em proteínas virais recombinantes foi


desenvolvida na década de 1990 e testada em uma população de alto
risco (no Nepal) em 2001 (SHRESTHA et al., 2007). A vacina pareceu
ser eficaz e segura, mas o desenvolvimento foi interrompido por falta de
lucratividade, uma vez que a hepatite E é rara em países desenvolvidos.
Nenhuma vacina contra hepatite E é licenciada para uso nos Estados
Unidos (PARKS, 2012).

Embora outros estudos de vacinas contra o vírus da hepatite C tenham


sido bem-sucedidos, essas vacinas ainda não foram produzidas ou
disponibilizadas para populações suscetíveis. A única exceção é a
China. Depois de mais de um ano de análise e inspeção pela Food and
Drug Administration (FDA) da China, uma vacina contra hepatite E
desenvolvida por cientistas chineses estava disponível no final de 2012.
A vacina – chamada HEV 239 pela sua desenvolvedora Xiamen Innovax
Biotech – foi aprovada para a prevenção da hepatite E em 2012 pelo
Ministério da Ciência e Tecnologia da China, após um teste controlado
em mais de 100.000 pessoas da província de Jiangsu, onde nenhum dos
vacinados foi infectado durante um período de 12 meses, comparado
a 15 no grupo placebo. Os primeiros lotes de vacinas deixaram a
fábrica da Innovax no final de outubro de 2012, para serem vendidos a
distribuidores chineses (LABRIQUE et al., 2012; PARK, 2012).

Devido à falta de evidências, a Organização Mundial de Saúde, a partir


de 2015, não fez uma recomendação sobre o uso rotineiro da vacina
HEV 239. As autoridades de cada país podem, no entanto, decidir usar a
vacina com base na epidemiologia local (WHO, 2015).

115
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

Doença da mão, pé e boca (HFMD)

A doença da mão, pé e boca (HFMD) é uma infecção comum causada por um grupo
de vírus. Geralmente começa com febre e mal-estar geral. Isto é seguido um ou
dois dias depois por manchas planas descoloridas ou inchaços que podem empolar,
nas mãos, pés e boca e ocasionalmente nádegas e virilha. Os sinais e sintomas
normalmente aparecem de 3 a 6 dias após a exposição ao vírus. A erupção geralmente
se resolve sozinha em cerca de uma semana. A perda das unhas pode ocorrer algumas
semanas depois, mas ela irá regredir com o tempo. Os vírus que causam HFMD são
transmitidos pelo contato pessoal próximo, pela tosse e pelas fezes de uma pessoa
infectada. Objetos contaminados também podem espalhar a doença. O vírus Coxsackie
A16 é a causa mais comum e o enterovírus 71 é a segunda causa mais comum. Outras
formas de vírus Coxsackie e enterovírus também podem ser responsáveis. Algumas
pessoas podem carregar e transmitir o vírus apesar de não apresentarem os sintomas
da doença. Outros animais não estão envolvidos. O diagnóstico muitas vezes pode ser
feito com base nos sintomas. Ocasionalmente, uma amostra – proveniente da garganta
ou fezes – pode ser testada para o vírus (KAMINSKA et al., 2013; OOI et al., 2010;
HOY et al., 2012; LONGO, 2012).

O HFMD ocorre em todas as áreas do mundo. Frequentemente ocorre em pequenos


surtos em creches ou escolas. Grandes surtos estão ocorrendo na Ásia desde 1997.
Geralmente ocorre durante os meses de primavera, verão e outono. Normalmente,
ocorre em crianças com menos de cinco anos de idade, mas pode ocorrer
ocasionalmente em adultos (KAMINSKA et al., 2013).

Poliomielite

A poliomielite, também chamada de paralisia infantil, é uma doença infecciosa


causada pelo poliovírus. Em cerca de 0,5% dos casos, há fraqueza muscular que
resulta na incapacidade de se mover. Isso pode ocorrer de algumas horas a alguns
dias. A fraqueza geralmente envolve as pernas, mas pode envolver menos os músculos
da cabeça, pescoço e diafragma. Muitas pessoas se recuperam totalmente. Naqueles
com fraqueza muscular, cerca de 2 a 5% das crianças e 15 a 30% dos adultos morrem.
Outros 25% das pessoas têm sintomas menores, como febre e dor de garganta, e até
5% têm dor de cabeça, rigidez de nuca e dores nos braços e nas pernas. Essas pessoas
geralmente voltam ao normal dentro de uma ou duas semanas. Em até 70% das
infecções, não há sintomas. Anos após a recuperação, pode ocorrer síndrome pós-
poliomielite, com um lento desenvolvimento de fraqueza muscular similar àquela que
a pessoa teve durante a infecção inicial (HAMBORSKY et al., 2015).

116
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

O poliovírus geralmente é transmitido de pessoa para pessoa por meio de matéria


fecal infectada que entra na boca. Também pode ser transmitido por comida ou
água contendo fezes humanas e menos comumente de saliva infectada. As pessoas
infectadas podem transmitir a doença por até seis semanas, mesmo que não haja
sintomas. A doença pode ser diagnosticada encontrando o vírus nas fezes ou
detectando anticorpos contra ele no sangue. A doença só ocorre naturalmente em
humanos. A doença é evitável com a vacina contra a poliomielite, no entanto, múltiplas
doses são necessárias para que seja eficaz. Os Centros de Controle e Prevenção de
Doenças dos EUA recomendam reforços de vacinação contra a poliomielite para
viajantes e aqueles que vivem em países onde a doença está ocorrendo. Uma vez
infectado, não há tratamento específico. Em 2018, houve 33 casos de poliomielite
selvagem e 104 casos de poliomielite derivados da vacina. Isso está abaixo de 350.000
casos selvagens em 1988. Em 2018, a doença selvagem foi disseminada apenas entre
pessoas no Afeganistão e no Paquistão (HAMBORSKY et al., 2015).

A poliomielite existe há milhares de anos, com representações da doença na arte


antiga. A doença foi reconhecida pela primeira vez como condição distinta pelo
médico inglês Michael Underwood, em 1789, e o vírus que a causa foi identificado
pela primeira vez em 1908 pelo imunologista austríaco Karl Landsteiner (THOMAS;
FREDERICK, 1999). Os principais surtos começaram a ocorrer no final do século 19
na Europa e nos Estados Unidos. No século 20, tornou-se uma das doenças infantis
mais preocupantes nessas áreas (WHEELER et al., 2009). A primeira vacina contra
a poliomielite foi desenvolvida na década de 1950 por Jonas Salk (AYLWARD, 2006).
Em 2013, a Organização Mundial da Saúde esperava que os esforços de vacinação e
a detecção precoce de casos resultassem na erradicação global da doença até 2018
(WHO, 2013).

Transmissão

A poliomielite é altamente contagiosa pelas vias fecal-oral (fonte intestinal) e oral-


oral (orofaríngea). Em áreas endêmicas, os poliovírus selvagens podem infectar
praticamente toda a população humana. É sazonal em climas temperados, com
pico de transmissão ocorrendo no verão e no outono. Essas diferenças sazonais são
muito menos pronunciadas em áreas tropicais. O tempo entre a primeira exposição
e os primeiros sintomas, conhecido como período de incubação, geralmente é
de 6 a 20 dias, com um intervalo máximo de 3 a 35 dias. As partículas de vírus são
excretadas nas fezes por várias semanas após a infecção inicial. A doença é transmitida
primariamente pela via fecal-oral, pela ingestão de alimentos ou água contaminados.
Ocasionalmente, é transmitida por via oral-oral, um modo especialmente visível em
áreas com bom saneamento e higiene. A pólio é mais infecciosa entre 7 e 10 dias antes

117
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

e depois do aparecimento dos sintomas, mas a transmissão é possível desde que o vírus
permaneça na saliva ou nas fezes (PARKER, 1998; KEN et al., 2005; RACANIELLO,
2006; OHRI et al., 1999).

Fatores que aumentam o risco de infecção por pólio ou afetam a gravidade da doença
incluem imunodeficiência, desnutrição, atividade física imediatamente após o início
da paralisia, lesão do músculo esquelético devido à injeção de vacinas ou agentes
terapêuticos e gravidez. Embora o vírus possa atravessar a barreira materno-fetal
durante a gravidez, o feto não parece ser afetado pela infecção materna ou pela
vacinação contra pólio. Os anticorpos maternos também atravessam a placenta,
proporcionando imunidade passiva que protege a criança da infecção da pólio durante
os primeiros meses de vida (CHANDRA, 1975; DAVIS et al., 1977; HORSTMANN,
1950; GROMEIER; WIMMER, 1998).

Como precaução contra a infecção, as piscinas públicas eram frequentemente fechadas


nas áreas afetadas durante as epidemias de poliomielite.

Hepatite A

A hepatite A é uma doença infecciosa do fígado causada pelo Hepatovírus A (HAV).


Muitos casos têm poucos ou nenhum sintoma, especialmente nos jovens. O tempo
entre a infecção e os sintomas, naqueles que os desenvolvem, é entre duas e seis
semanas. Quando os sintomas ocorrem, eles geralmente duram oito semanas e podem
incluir náuseas, vômitos, diarreia, icterícia, febre e dor abdominal. Cerca de 10 a 15%
das pessoas apresentam recidiva dos sintomas durante os seis meses após a infecção
inicial. Insuficiência hepática aguda pode ocorrer raramente, sendo mais comum em
idosos (MATHENY; KINGERY, 2012; CONNOR, 2005; RYAN; RAY, 2004).

Geralmente é transmitida pela ingestão de alimentos ou água contaminada com


fezes infectadas. Mariscos que não foram suficientemente cozidos são uma fonte
relativamente comum. Também pode se espalhar pelo contato próximo com uma
pessoa infecciosa. Embora muitas vezes as crianças não apresentem sintomas quando
infectadas, elas ainda são capazes de infectar outras pessoas. Depois de uma única
infecção, a pessoa fica imune pelo resto de sua vida. O diagnóstico requer exames de
sangue, pois os sintomas são semelhantes aos de várias outras doenças. É um dos
cinco conhecidos vírus da hepatite: A, B, C, D e E (BELLOU et al., 2013).

A vacina contra hepatite A é eficaz para a prevenção. Alguns países recomendam


rotineiramente para crianças e pessoas de maior risco que não tenham sido
previamente vacinadas. Parece ser eficaz para a vida. Outras medidas preventivas

118
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

incluem lavar as mãos e cozinhar adequadamente os alimentos. Não há tratamento


específico disponível, com repouso e medicação para náusea ou diarreia, conforme
a necessidade. As infecções geralmente se resolvem completamente e sem doença
hepática contínua. O tratamento da insuficiência hepática aguda, se ocorrer, ocorre no
transplante de fígado (IRVING et al., 2012; MATHENY; KINGERY, 2012).

Globalmente, cerca de 1,4 milhão de casos sintomáticos ocorrem a cada ano e cerca de
114 milhões de infecções (sintomáticas e assintomáticas). É mais comum em regiões do
mundo com falta de saneamento e pouca água segura. No mundo em desenvolvimento,
cerca de 90% das crianças foram infectadas aos 10 anos de idade, portanto, são
imunes à idade adulta. Ocorre frequentemente em surtos em países moderadamente
desenvolvidos, onde as crianças não são expostas quando jovens e a vacinação não é
generalizada. A hepatite A aguda resultou em 11.200 mortes em 2015. Dia Mundial da
Hepatite ocorre a cada ano em 28 de julho para conscientizar a hepatite viral (GBD-
2015, 2016; MATHENY; KINGERY, 2012; WHO, 2013).

Sintomas

Os primeiros sintomas da infecção por hepatite A podem ser confundidos com gripe,
mas alguns pacientes, especialmente crianças, não apresentam sintomas. Os sintomas
geralmente aparecem de 2 a 6 semanas (o período de incubação) após a infecção
inicial. Cerca de 90% das crianças não apresentam sintomas. O tempo entre a infecção
e os sintomas, naqueles que os desenvolvem, é entre 2 e 6 semanas, com uma média
de 28 dias (CONNOR, 2005).

O risco de infecção sintomática está diretamente relacionado com a idade, com mais
de 80% dos adultos com sintomas compatíveis com hepatite viral aguda e a maioria
das crianças com infecções assintomáticas ou não reconhecidas (CIOCCA, 2000).

Os sintomas geralmente duram menos de 2 meses, embora algumas pessoas possam


ficar doentes por até 6 meses:

» fadiga;

» febre;

» náusea;

» perda de apetite;

» icterícia, amarelecimento da pele ou do branco dos olhos devido à


hiperbilirrubinemia;

119
UNIDADE II │ DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO

» a bile é removida da corrente sanguínea e excretada na urina, dando-lhe


uma cor âmbar escura;

» diarreia;

» fezes aquólicas;

» desconforto abdominal.

Transmissão

O vírus se espalha pela via fecal-oral e as infecções geralmente ocorrem em condições


de falta de saneamento e superlotação. A hepatite A pode ser transmitida pela via
parenteral, mas muito raramente pelo sangue e produtos sanguíneos. Surtos de origem
alimentar são comuns, a ingestão de frutos do mar cultivados em águas poluídas está
associada a um alto risco de infecção. Cerca de 40% de todas as hepatites virais agudas
são causadas pelo VHA. Indivíduos infectados são infecciosos antes do início dos
sintomas, aproximadamente 10 dias após a infecção. O vírus é resistente a detergente,
ácido (pH 1), solventes (por exemplo, éter, clorofórmio), secagem e temperaturas
até 60° C. Pode sobreviver por meses em água doce e salgada. Os surtos de origem
comum (por exemplo, água, restaurante) são típicos. A infecção é comum em crianças
em países em desenvolvimento, atingindo 100% de incidência, mas após a infecção,
resulta em imunidade vitalícia. O HAV pode ser inativado pelo tratamento com cloro
(água potável), formalina (0,35%, 37° C, 72 horas), ácido peracético (2%, 4 horas),
beta-propiolactona (0,25%, 1 hora) e radiação UV (2 μW/cm2/min) (BRUNDAGE;
FITZPATRICK, 2006; LEES, 2000; MURRAY et al., 2005).

Nos países em desenvolvimento e em regiões com padrões de higiene precários,


as taxas de infecção por esse vírus são altas e a doença geralmente é contraída na
primeira infância. À medida que a renda aumenta e o acesso à água potável aumenta,
a incidência de HAV diminui. Nos países desenvolvidos, porém, a infecção é contraída
principalmente por adultos jovens suscetíveis, a maioria dos quais infectados pelo
vírus durante viagens a países com alta incidência da doença ou por contato com
pessoas infectadas. Os seres humanos são o único reservatório natural do vírus.
Nenhum inseto conhecido ou outros vetores animais podem transmitir o vírus. Um
estado crônico de HAV não foi relatado (STEFFEN, 2005; JACOBSEN; KOOPMAN,
2005; CONNOR, 2005).

Prevenção

» vacinação;

120
DISSEMINAÇÃO DE DOENÇAS ATRAVÉS DA ÁGUA E COMIDA: BREVE HISTÓRICO │ UNIDADE II

» saneamento;

» higiene.

Leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP)

A leucoencefalopatia multifocal progressiva (LMP) é uma doença viral rara e muitas


vezes fatal, caracterizada por dano progressivo (-patia) ou inflamação da substância
branca (leucocitária) do cérebro (-encephalo) em múltiplos locais (multifocal). É
causada pelo vírus JC, que normalmente está presente e é mantido sob controle pelo
sistema imunológico. O vírus JC é inofensivo, exceto em casos de sistema imunológico
enfraquecido. Em geral, a PML tem uma taxa de mortalidade de 30 a 50% nos
primeiros meses, e aqueles que sobrevivem podem ficar com graus variados de
deficiências neurológicas.

A causa da LMP é um tipo de poliomavírus chamado vírus JC (JCV), após as iniciais


da pessoa de cujo tecido o vírus foi cultivado com sucesso pela primeira vez. O Estudo
de Kean et al. (2009) indica que de 39 a 58% da população geral são soropositivos
para anticorpos JCV, indicando infecção atual ou anterior com o vírus. A pesquisa de
Shackelton e colaboradores (2006) coloca a porcentagem em 70 a 90% da população
geral. O JCV provoca infecção persistente assintomática em cerca de um terço da
população adulta, com base na disseminação viral para a urina a partir do local da
infecção assintomática no rim. O vírus causa doença apenas quando o sistema
imunológico está severamente enfraquecido.

A qualidade da água potável é assegurada por meio de uma estrutura de planos


de segurança da água que garante o descarte seguro de resíduos humanos,
para que os suprimentos de água potável não sejam contaminados. Melhorar o
abastecimento de água, o saneamento, a higiene e a gestão de nossos recursos
hídricos poderia prevenir dez por cento do total de doenças globais. Metade
dos leitos hospitalares ocupados no mundo está relacionada à falta de água
potável. A insegurança da água leva a 88% dos casos globais de diarreia e
90% das mortes por doenças diarreicas em crianças menores de cinco anos de
idade. A maioria dessas mortes ocorre em países em desenvolvimento devido
à pobreza e ao alto custo da água potável. Aproximadamente 1,1 bilhão de
pessoas não têm acesso a água melhorada e 2,4 bilhões de pessoas não têm
acesso a instalações de saneamento. Essa situação leva a 2 milhões de mortes
evitáveis a cada ano.

121
SAÚDE PÚBLICA UNIDADE III
A saúde pública promove e protege a saúde das pessoas e das comunidades onde
vivem, aprendem, trabalham e brincam.

Enquanto um médico trata pessoas doentes, nós, que trabalhamos em saúde pública,
tentamos impedir que as pessoas fiquem doentes ou feridas em primeiro lugar. Nós
também promovemos o bem-estar, incentivando comportamentos saudáveis.

Da realização de pesquisas científicas à educação sobre saúde, as pessoas no campo


da saúde pública trabalham para assegurar as condições em que as pessoas podem ser
saudáveis. Isso pode significar vacinar crianças e adultos para prevenir a propagação
da doença. Ou educar as pessoas sobre os riscos do álcool e do tabaco. A saúde
pública estabelece padrões de segurança para proteger os trabalhadores e desenvolve
programas de nutrição escolar para garantir que as crianças tenham acesso a alimentos
saudáveis.

A saúde pública trabalha para rastrear surtos de doenças, prevenir lesões e esclarecer
por que alguns de nós têm maior probabilidade de sofrer de problemas de saúde do
que outros. As muitas facetas da saúde pública incluem falar de leis que promovem o
ar interno sem fumaça e os cintos de segurança , espalhando a palavra sobre maneiras
de se manter saudável e dando soluções para os problemas baseadas na ciência.

122
CAPÍTULO 1
Intervenção em Saúde Pública

O foco de uma intervenção de saúde pública é prevenir e gerenciar doenças, lesões


e outras condições de saúde através da vigilância de casos e da promoção de
comportamentos, comunidades e ambientes saudáveis. Muitas doenças são evitáveis​​
por meio de métodos simples, não médicos. Por exemplo, a pesquisa mostrou que
o simples ato de lavar as mãos com sabonete pode prevenir a propagação de muitas
doenças contagiosas. Em outros casos, o tratamento de uma doença ou o controle
de um agente patogênico podem ser vitais para impedir sua disseminação a outras
pessoas, seja durante um surto de doença infecciosa ou por contaminação de alimentos
ou de suprimentos de água. Programas de comunicação de saúde pública, programas
de vacinação e distribuição de preservativos são exemplos de medidas preventivas
comuns de saúde pública. Medidas como essas contribuíram muito para a saúde das
populações e o aumento da expectativa de vida.

A saúde pública desempenha um papel importante nos esforços de prevenção de


doenças, tanto no mundo em desenvolvimento quanto nos países desenvolvidos, por
meio de sistemas locais de saúde e organizações não governamentais. A Organização
Mundial da Saúde (OMS) é a agência internacional que coordena e atua em questões
de saúde pública global. A maioria dos países tem sua própria agência governamental
de saúde pública, com responsabilidade pelos problemas de saúde domésticos.

A maioria dos governos reconhece a importância dos programas de saúde pública na


redução da incidência de doenças, deficiências e efeitos do envelhecimento e outras
condições de saúde física e mental. No entanto, a saúde pública geralmente recebe
significativamente menos recursos do governo em comparação com o medicamento.
Os programas de saúde pública que fornecem vacinas fizeram avanços na promoção da
saúde, incluindo a erradicação da varíola, uma doença que atormentou a humanidade
por milhares de anos.

A Organização Mundial da Saúde (OMS) identifica as principais funções dos


programas de saúde pública, incluindo (WHO, 2014-2019):

» Fornecer liderança em questões críticas para a saúde e envolvimento em


parcerias onde é necessária uma ação conjunta.

» Moldar uma agenda de pesquisa e estimular a geração, tradução e


disseminação de conhecimento valioso.

123
UNIDADE III │ SAÚDE PÚBLICA

» Estabelecer normas e padrões, e promover e monitorar sua


implementação.

» Articular opções políticas éticas e baseadas em evidências.

» Monitorar a situação da saúde e avaliar as tendências da saúde.

Em particular, os programas de vigilância da saúde pública podem:

» Servir como um sistema de alerta precoce para emergências de saúde


pública iminentes.

» Documentar o impacto de uma intervenção ou acompanhar o progresso


em direção a metas especificadas.

» Monitorar e esclarecer a epidemiologia dos problemas de saúde, definir


prioridades e informar políticas e estratégias de saúde.

» Diagnosticar, investigar e monitorar problemas de saúde e riscos à saúde


da comunidade.

A vigilância da saúde pública levou à identificação e priorização de muitos problemas


de saúde pública que o mundo enfrenta hoje, incluindo HIV/AIDS, diabetes, doenças
transmitidas pela água, zoonoses e resistência a antibióticos, levando ao ressurgimento
de doenças infecciosas como a tuberculose. A resistência aos antibióticos, também
conhecida como resistência a drogas, foi o tema do Dia Mundial da Saúde, em 2011.
Embora a priorização de questões urgentes de saúde pública seja importante, Laurie
Garrett (2007) argumenta que quando a ajuda externa é canalizada para programas
específicos de doenças, a importância da saúde pública em geral é desconsiderada.
Acredita-se que esse problema de saúde pública crie uma falta de recursos para
combater outras doenças existentes em um determinado país.

Por exemplo, a OMS relata que pelo menos 220 milhões de pessoas em todo o mundo
sofrem de diabetes. Sua incidência está aumentando rapidamente, e é esperado que
o número de mortes por diabetes dobre até o ano de 2030 (WHO, 2011). A revista
médica The Lancet, de junho de 2010, aponta que o fato do diabetes tipo 2, um
distúrbio evitável, ter atingido uma proporção epidêmica é uma questão delicada, pois
expõe a falha da saúde pública. O risco de diabetes tipo 2 está intimamente ligado ao
crescente problema da obesidade. As estimativas da OMS até junho de 2016 destacam
que, globalmente, cerca de 1,9 mil milhões de adultos e 41 milhões de crianças com
menos de cinco anos apresentem excesso de peso em 2014 (WHO, 2016). Os Estados
Unidos são o principal país, com 30,6% de sua população sendo obesa. O México

124
SAÚDE PÚBLICA │ UNIDADE III

segue atrás com 24,2% e o Reino Unido com 23%. Uma vez considerado o problema
em países desenvolvidos, passou-se a observar a ascensão desse problema de saúde
nos países em desenvolvimento, especialmente em áreas urbanas. Muitos programas
de saúde pública dedicam cada vez mais atenção e recursos à questão da obesidade,
com objetivos de abordar as causas subjacentes, incluindo dieta saudável e exercícios
físicos.

Alguns programas e políticas associadas à promoção e prevenção da saúde pública


podem ser controversos. Um exemplo disso são os programas com foco na prevenção
da transmissão do HIV por meio de campanhas de sexo seguro e programas de troca
de agulhas. Outro é o controle do tabagismo. Mudar o comportamento de fumar requer
estratégias de longo prazo, ao contrário da luta contra as doenças transmissíveis,
que geralmente leva um período mais curto para que os efeitos sejam observados.
Muitos países implementaram iniciativas importantes para reduzir o tabagismo,
como o aumento da tributação e a proibição de fumar em alguns ou todos os locais
públicos. Os proponentes argumentam apresentando evidências de que o tabagismo
é um dos principais assassinos e que, portanto, os governos têm o dever de reduzir a
taxa de mortalidade, tanto limitando o tabagismo passivo quanto fornecendo menos
oportunidades para as pessoas fumarem. Logicamente essa postura gera críticas e
há pessoas que apoiam o tabagismo como uma liberdade de escolha, afirmando que
essas medidas prejudicam a responsabilidade pessoal, e alegam temer que o estado
possa ser encorajado a remover mais e mais opções em nome de uma melhor saúde da
população em geral.

Simultaneamente, embora as doenças transmissíveis tenham historicamente


sido consideradas prioritárias, como uma meta de saúde global, as doenças não
transmissíveis e os fatores de risco subjacentes relacionados ao comportamento estão
na parte inferior. De acordo com a Organização das Nações Unidas, que realizou sua
primeira Cúpula Extraordinária da Assembleia Geral sobre a questão das doenças não
transmissíveis em setembro de 2011, isso está mudando (UNITED NATIONS, 2010).

Muitos problemas de saúde são devidos a comportamentos pessoais desadaptativos.


Do ponto de vista da psicologia evolucionista, o consumo excessivo de novas
substâncias nocivas deve-se à ativação de um sistema de recompensa evoluído
para substâncias como drogas, tabaco, álcool, sal refinado, gordura e carboidratos.
Novas tecnologias, como o transporte moderno, também reduzem a atividade física.
Pesquisas descobriram que o comportamento é mais efetivamente mudado, levando-
se em conta as motivações evolutivas, em vez de apenas apresentar informações sobre
os efeitos à saúde. A indústria de marketing sabe há muito tempo da importância de
associar produtos com alto status e atratividade a outros. Os filmes estão sendo cada

125
UNIDADE III │ SAÚDE PÚBLICA

vez mais reconhecidos como uma ferramenta de saúde pública. De fato, festivais de
cinema e competições foram criados para promover especificamente filmes sobre
saúde. Por outro lado, argumentou-se que enfatizar os efeitos nocivos e indesejáveis​​
do tabagismo em outras pessoas e impor proibições de fumar em lugares públicos tem
sido particularmente eficaz na redução do tabagismo (BOTCHWAY; HOANG, 2016).

Além de procurar melhorar a saúde da população por meio da implementação de


intervenções específicas ao nível da população, a saúde pública contribui para a
assistência médica, identificando e avaliando as necessidades da população para os
serviços de saúde (GILLAM et al., 2007), incluindo:

» Avaliar os serviços atuais e avaliar se estão atingindo os objetivos do


sistema de saúde.

» Verificar os requisitos expressos pelos profissionais de saúde, pelo


público e outras partes interessadas.

» Identificando as intervenções mais apropriadas.

» Considerando o efeito sobre os recursos para as intervenções propostas


e avaliando sua relação custo-eficácia.

» Apoiar a tomada de decisões na área da saúde e planejar serviços de


saúde, incluindo quaisquer mudanças necessárias.

» Informar, educar e capacitar as pessoas sobre problemas de saúde.

Para melhorar a saúde pública, uma estratégia importante é promover a medicina


moderna e a neutralidade científica para impulsionar a política e a campanha de
saúde pública, recomendadas por Birn e Solórzano (1999). Eles argumentam que a
política de saúde pública não pode se preocupar apenas com política ou economia.
As preocupações políticas podem levar as autoridades do governo a esconder o
número real de pessoas afetadas por doenças em suas regiões, como vantagem para
as próximas eleições. Portanto, a neutralidade científica na formulação de políticas
de saúde pública é crítica, pode garantir que as necessidades de tratamento sejam
atendidas, independentemente das condições políticas e econômicas.

A história da saúde pública mostra claramente o esforço global para melhorar os


cuidados de saúde para todos. No entanto, na medicina moderna, a mudança real,
mensurável não foi claramente vista, e os críticos argumentam que essa falta de
melhoria é devido a métodos ineficazes que estão sendo implementados. Como
argumentado por Paul E. Farmer et al. (2006), as intervenções estruturais podem

126
SAÚDE PÚBLICA │ UNIDADE III

ter um grande impacto, e ainda há vários problemas sobre essa estratégia que ainda
precisa ser incorporada ao sistema de saúde. Uma das principais razões que ele sugere
pode ser o fato de que os médicos não são adequadamente treinados para realizar
intervenções estruturais, o que significa que os profissionais de saúde do nível do
solo não podem implementar essas melhorias. Embora as intervenções estruturais
não possam ser a única área para melhoria, a falta de coordenação entre os fatores
socioeconômicos e de saúde para os pobres pode ser contraproducente e acabar
causando maior desigualdade entre os serviços de saúde recebidos pelos ricos e
pelos pobres. A menos que os cuidados de saúde deixem de ser tratados como uma
mercadoria, a saúde pública global acabará por não ser alcançada. Sendo assim, sem
mudar a forma como os cuidados de saúde são prestados àqueles que têm menos
acesso a eles, objetivo da saúde pública não pode ser alcançado.

Outra razão pela qual mudanças mensuráveis podem não ser percebidas na saúde
pública é porque as próprias agências podem não estar medindo a eficácia de seus
programas. Perrault et al. (2017) analisaram mais de 4.000 objetivos publicados
dos Planos de Melhoramento da Saúde Comunitária de 280 agências de saúde
locais credenciadas e não credenciadas nos EUA e descobriram que a maioria
dos objetivos – cerca de dois terços – estava focada em alcançar os resultados da
agência (por exemplo, desenvolvimento de planos de comunicação, instalação de
calçadas, disseminação de dados para a comunidade). Apenas cerca de um terço se
concentrava em buscar mudanças mensuráveis nas populações que eles servem (ou
seja, mudar o conhecimento, as atitudes e os comportamentos das pessoas). O que
essa pesquisa mostra é que, se as agências estão focadas apenas em realizar tarefas (ou
seja, produtos) e não têm foco em medir mudanças reais em suas populações com as
atividades que realizam, não deve ser surpreendente quando mudanças mensuráveis
não são relatadas. Perrault et al. (2017) defendem que os órgãos de saúde pública
trabalhem com aqueles na disciplina de Comunicação de Saúde para elaborar objetivos
que sejam resultados mensuráveis e ajudem as agências a desenvolver ferramentas
e métodos para rastrear mudanças mais proximais em suas populações-alvo (por
exemplo, conhecimento e atitude) que podem ser influenciados pelas atividades que as
agências estão realizando.

A comunicação em saúde é o estudo e a prática da comunicação de informações


promocionais de saúde, como em campanhas de saúde pública, educação em saúde
e entre médico e paciente. O objetivo da disseminação de informações de saúde é
influenciar as escolhas de saúde pessoal, melhorando a alfabetização em saúde.

Como a comunicação de saúde eficaz deve ser adaptada para o público e a situação, a
pesquisa em comunicação de saúde busca refinar as estratégias de comunicação para

127
UNIDADE III │ SAÚDE PÚBLICA

informar as pessoas sobre formas de melhorar a saúde ou evitar riscos específicos a


ela. Academicamente, a comunicação em saúde é uma disciplina dentro dos estudos
de comunicação.

A comunicação em saúde pública procura:

» Aumentar o conhecimento do público e a consciência de um problema


de saúde.

» Influenciar comportamentos e atitudes em relação a um problema de


saúde.

» Demonstrar práticas saudáveis.

» Demonstrar os benefícios das mudanças de comportamento nos


resultados da saúde pública.

» Defender uma posição sobre uma questão ou política de saúde.

» Aumentar demanda ou suporte para serviços de saúde.

» Argumentar contra equívocos sobre a saúde.

A pesquisa da comunicação em saúde pública envolve o desenvolvimento de


mensagens eficazes sobre saúde, a disseminação de informações relacionadas à
saúde por meio de mídia impressa e eletrônica, e o papel das relações interpessoais
nas comunidades de saúde. No centro de toda a comunicação está a ideia de saúde e
a ênfase da saúde. O objetivo da pesquisa em comunicação em saúde é identificar e
fornecer estratégias de comunicação melhores e mais eficazes que melhorem a saúde
geral da sociedade.

Há muitas finalidades e razões pelas quais a pesquisa em comunicação em saúde é


importante e como ela melhora a área da saúde. Os programas de treinamento de
profissionais de saúde podem ser adaptados e desenvolvidos com base em pesquisas
de comunicação em saúde. Devido à existência de uma cultura diversificada que
compõe o grupo de pacientes dentro do campo da assistência médica, a comunicação
com outras culturas foi ensinada e tem sido focada nas aulas de treinamento em
saúde. Pesquisas sugerem que a comunicação verbal e não verbal entre profissionais
de saúde e pacientes pode levar a melhores resultados nos pacientes. De acordo com
Stacks e Salween, alguns serviços de saúde, como hospitais, fornecem materiais
de treinamento e educação aos pacientes. O objetivo dos hospitais ao fazer isso é
permitir que os pacientes tenham um melhor resultado devido a melhores habilidades
de comunicação. Ao longo dos anos, tem havido muita pesquisa sobre comunicação
em saúde. Por exemplo, os pesquisadores querem saber se as pessoas se tornam

128
SAÚDE PÚBLICA │ UNIDADE III

mais efetivamente motivadas por uma mensagem positiva versus uma mensagem
negativa. Pesquisadores examinam ideias como: pessoas são mais motivadas por
ideias de riqueza e segurança ou uma ideia de doença e morte. Os pesquisadores estão
examinando quais dimensões dos incentivos persuasivos são mais influentes: saúde
física versus econômica versus psicológica versus moral versus social.

Impacto da Campanha de Saúde


Após pesquisas terem sido conduzidas e analisadas sobre os efeitos da comunicação
em saúde, pode-se concluir que uma campanha de comunicação em saúde que requer
uma mudança de comportamento causa a mudança de comportamento desejada em
cerca de 7 anos.

O determinante na avaliação da eficácia de uma campanha de saúde é o grau de


recepção da audiência, a qualidade da mensagem, e a quantidade de vezes que essa é
apresentada nos canais de disseminação e no ambiente de comunicação mais amplo.
É possível que uma audiência possa ser mais receptiva a algumas mensagens do que
outras. O canal de mídia e como a mensagem é alcançada pelo público pode afetar a
eficácia da campanha de saúde.

Hoje não lidamos mais com os contra-ataques de comerciais de álcool e


tabaco. O anúncio desses itens era frequentemente feito para ser glamouroso e
contradizer o que foi dito na campanha de saúde. Isso levava a audiência a uma
confusão acerca das mensagens passadas na comunicação de saúde, fazendo
tal esforço parecer inútil.

Campanhas de Comunicação em Saúde são indiscutivelmente o método mais utilizado


e eficaz para disseminar mensagens de saúde pública, especialmente no apoio à
prevenção de doenças (por exemplo, câncer, HIV/AIDS) e na promoção geral da saúde
e bem-estar (por exemplo, planejamento familiar e saúde reprodutiva). O Instituto de
Medicina argumenta que as campanhas de comunicação em saúde tendem a organizar
sua mensagem para um público diversificado em uma das três maneiras:

» Atendendo ao denominador comum dentro do público.

» Criando uma mensagem central e depois fazendo alterações sistemáticas


para alcançar melhor um determinado segmento de público, mantendo
a mesma mensagem central.

» Criando mensagens distintas para diferentes segmentos de público.

129
UNIDADE III │ SAÚDE PÚBLICA

Tanto os Centros para Controle e Prevenção de Doenças quanto os acadêmicos de


comunicação em saúde enfatizam a importância do planejamento estratégico ao
longo de uma campanha. Isso inclui uma variedade de etapas para garantir que uma
mensagem bem desenvolvida seja comunicada:

» Reveja informações básicas para definir qual é o problema e quem é


afetado pelo problema.

» Estabeleça objetivos de comunicação e proponha um plano para atender


ao resultado desejado.

» Analise o público-alvo determinando interesses, atitudes,


comportamentos, benefícios e barreiras.

» Selecione canais e materiais para comunicação em relação ao que


efetivamente alcançará o público.

» Desenvolva e teste conceitos de mensagem para determinar a


compreensão, aceitação e reação à mensagem.

» Implemente a comunicação com o público selecionado e monitore as


exposições e reações à mensagem.

» Avalie o resultado, a eficácia e o impacto da campanha, observando se


mudanças precisam ser feitas.

Mídia de entretenimento

Usar a indústria do entretenimento como plataforma para defender a informação e


a educação em saúde é uma estratégia de comunicação que se tornou cada vez mais
popular. A estratégia mais utilizada é que os profissionais de comunicação em saúde
criem parcerias com criadores de enredos para que as informações de saúde pública
possam ser incorporadas dentro do enredo de um programa de televisão. Os Centros
de Controle e Prevenção de Doenças formaram uma forte parceria com Hollywood,
Saúde e Sociedade, na Universidade do Sul da Califórnia Norman Lear Center
para continuar a produzir novas histórias na televisão e nos estúdios de cinema
que ajudarão a promover a informação sobre saúde pública. Alguns dos recursos
fornecidos com essa parceria incluem “folhas de dicas” abrangentes para fornecer aos
redatores informações de fácil acesso e confiáveis sobre problemas de saúde, além de
reuniões e painéis para discutir novas informações e recursos. Alguns dos exemplos
mais notáveis ​​deste método de comunicação nos últimos anos foram com os filmes
“Contágio” e “Eu Sou a Lenda” na compreensão da propagação da doença, série da
130
SAÚDE PÚBLICA │ UNIDADE III

NBC “Parenthood” na síndrome de Asperger, e com a série 90210 da CW e espalhando


a consciência do câncer. Mais recentemente, festivais de cinema e competições focadas
especificamente em filmes de saúde foram organizados pela Associação Americana
de Saúde Pública, pelo Festival Internacional de Cinema de Saúde, pela Iniciativa de
Cinema de Saúde Global da Royal Society of Medicine e da Public Health Film Society.

Escritores e roteiristas têm uma motivação maior para continuar a incorporar


informações de saúde pública em seus textos com a criação do Sentinel for Health
Awards, em 2000, que homenageia enredos que promovem efetivamente tópicos
de saúde e conscientização do público sobre questões de saúde pública. Pesquisas
conduzidas por Porter Novelli (uma empresa de relações públicas, parte do
Omnicom Group, com 100 escritórios em 60 países) em 2001 relataram muitas
estatísticas interessantes sobre a eficácia dessa estratégia, como a de que mais da
metade dos telespectadores de horário nobre e diurno relataram ter aprendido algo
sobre promoção de saúde ou prevenção de doenças em um programa de TV. Entre
esses dados, os grupos minoritários estão significativamente representados, com
bem mais da metade dos afro-americanos e hispânicos, afirmando que tomaram
alguma forma de ação preventiva depois de ouvir sobre um problema de saúde na
TV, ou que um enredo de TV os ajudou a fornecer informações vitais sobre saúde
para um amigo ou familiar.

Marketing direto

A defesa da mídia usa ferramentas estratégicas de mídia de massa combinadas com


uma organização generalizada a fim de defender políticas públicas saudáveis ​​ou
estilos de vida. Isso pode incluir o uso de mensagens de texto e e-mail para espalhar
mensagens de pessoa para pessoa e usar locais de redes sociais para promover
informações de saúde para um público amplo. À medida que as tecnologias se
expandem, as plataformas de comunicação em saúde, por meio da defesa da mídia,
sem dúvida também se expandirão.

Comunicação interpessoal

A comunicação em saúde depende de fortes comunicações interpessoais para


influenciar decisões e comportamentos de saúde. O mais importante desses
relacionamentos é a conexão e a interação entre um indivíduo e seu provedor de
serviços de saúde (por exemplo, médico, terapeuta, farmacêutico) e o sistema de
apoio social de um indivíduo (família, amigos, comunidade). Essas conexões podem
influenciar positivamente a decisão do indivíduo de fazer escolhas saudáveis. Os

131
UNIDADE III │ SAÚDE PÚBLICA

pacientes são mais propensos a ouvir quando se sentem emocionalmente envolvidos


com a situação. Se eles sentem que entendem o que está sendo dito, eles são mais
propensos a tomar decisões objetivas com base nas informações ouvidas.

A comunicação em saúde tornou-se essencial para promover a saúde pública geral


em uma miríade de situações. Uma das aplicações mais importantes da comunicação
de risco em saúde tem sido feita em todos os principais eventos ambientais (por
exemplo, furacões, enchentes, tornados), abordando as questões e necessidades do
público afetado de forma rápida e eficiente, mantendo a proteção da saúde pública
e a vanguarda de sua mensagem. Profissionais de comunicação em saúde estão
constantemente trabalhando para melhorar esse tipo de comunicação de risco, a fim
de serem preparados em caso de emergência.

Outra aplicação cada vez mais importante da comunicação em saúde tem sido atingir
os alunos na comunidade universitária. O National College Health Assessment
mediu que 92,5% dos estudantes universitários relataram estar em boa, muito boa ou
excelente saúde. No entanto, os estudantes universitários parecem combater sérios
problemas com estresse, depressão, abuso de substâncias e uma falta geral de nutrição
em comparação com outras faixas etárias e audiências. Profissionais de comunicação
em saúde estão se empenhando ativamente por novas maneiras de atingir esse público
em risco, a fim de elevar os padrões de saúde pública no ambiente universitário e
promover um estilo de vida mais saudável entre os estudantes (BAXTER et al., 2008).

Há muitos desafios na comunicação de informações sobre a saúde aos indivíduos.


Algumas das questões mais importantes têm a ver com a lacuna entre a alfabetização
individual em saúde e os profissionais e instituições de saúde, bem como as falhas na
comunicação de informações sobre saúde através da mídia de massa.

Lacuna de alfabetização-comunicação

Um problema que a comunicação em saúde procura abordar é a lacuna que se formou


entre a alfabetização em saúde e o uso da comunicação em saúde. Embora o objetivo
seja o de que a comunicação em saúde conduza efetivamente à conscientização
em questões de saúde pública, entraves como o uso de termos técnicos, mensagens
malformadas e muitas vezes uma lacuna educacional geral criaram uma disparidade.
Especificamente, entre a população idosa para ilustrar uma audiência comum que é
deixada em desvantagem devido a essa questão. Os adultos mais velhos compreendem
uma faixa etária que geralmente sofre com as condições de saúde crônicas em
comparação com outras faixas etárias, no entanto, esse grupo tem dificuldade
em compreender materiais de saúde escritos, compreendendo cuidados de saúde

132
SAÚDE PÚBLICA │ UNIDADE III

e políticas e, em geral, não compreendem o jargão médico. Tais deficiências de


comunicação de saúde podem levar ao aumento das hospitalizações, a incapacidade
de responder e gerenciar uma doença ou condição médica e um estado de saúde
geralmente em declínio.

A comunicação de massa é usada para promover mudanças benéficas no


comportamento entre os membros das populações. Uma das principais críticas
ao uso da mídia de massa como método de comunicação em saúde é a infeliz
capacidade de mensagens falsas e mal informadas se espalharem rapidamente
pelos meios de comunicação de massa, antes que elas tenham a chance de serem
disputadas por profissionais. Essa questão pode gerar pânico injustificado entre
aqueles que recebem as mensagens e é um problema, à medida que a tecnologia
continua avançando. Um exemplo disso pode ser observado na contínua
desconfiança das vacinas devido à publicação de numerosas mensagens que
erroneamente ligam a vacinação infantil contra sarampo, caxumba e rubéola
com o desenvolvimento e o início do Transtorno do Espectro Autista (TEA). A
velocidade com que essa mensagem se espalhou devido às novas tecnologias de
redes sociais fez com que muitos pais desconfiassem das vacinas e, portanto,
deixassem levar seus filhos para serem vacinados. Embora esse pânico tenha sido
ferozmente rotulado de fictício, muitos ainda guardam suspeitas sobre vacinações
e as recusam, o que causou preocupação imediata na área da saúde pública.

A seguir, são apresentados alguns dos principais eventos no desenvolvimento da


comunicação em saúde como uma disciplina formal desde a década de 1970.

» 1975: Associação Internacional de Comunicação estabelece o Grupo


de Interesse de Comunicação Terapêutica (que mais tarde se tornou a
Divisão de “Comunicação de Saúde”).

» 1979: A Academia Americana de Médicos e Pacientes (mais tarde


renomeada como Academia Americana de Comunicação em Saúde) foi
criada para promover padrões de pesquisa, educação e profissionais na
comunicação paciente-clínico.

» 1984: Livros de comunicação em saúde começam a aparecer.

» 1985: Associação Nacional de Comunicação forma a Comissão


de Comunicação de Saúde, que mais tarde se tornou a Divisão de
Comunicação de Saúde.

133
UNIDADE III │ SAÚDE PÚBLICA

» 1989: Primeiro jornal revisado por pares dedicado à comunicação em


saúde, Comunicação em Saúde. Seguido em 1996 pelo Journal of Health
Communication.

» 1995: Os cursos de graduação e pós-graduação em comunicação em


saúde começam a ser oferecidos. Tufts University School of Medicine
oferece o primeiro Mestrado em Comunicação em Saúde, juntamente
com Emerson College.

» 1998: O Grupo de Trabalho de Comunicação em Saúde da Associação


Americana de Saúde Pública foi criado para examinar o papel da
comunicação em saúde na promoção da saúde pública.

» 1999: O Instituto Nacional do Câncer (Institutos Nacionais de Saúde)


estabelece o Departamento de Pesquisa em Comunicação e Informática
em Saúde (HCIRB) em seu Programa de Pesquisa Comportamental,
Divisão de Prevenção e Controle do Câncer. O Instituto Nacional do
Câncer identifica a comunicação em saúde como uma oportunidade
extraordinária de pesquisa para promover a prevenção e o controle do
câncer.

» 1999: O Instituto Nacional do Câncer estabelece o programa de pesquisa


sobre Intervenção na Comunicação em Saúde, financiando sete projetos
de pesquisa plurianuais para estudar estratégias inovadoras para a
comunicação de informações sobre o câncer a diversas populações.

» 1999: O jornal da pesquisa médica do Internet é estabelecido para


estudar a saúde e os cuidados médicos na idade do Internet.

» 2002: O Instituto Nacional do Câncer estabelece o levantamento


nacional representativo da pesquisa de tendências nacionais de
informações sobre saúde (HINTS) sobre a busca, aquisição e uso de
informações de saúde do consumidor para avaliar o progresso na
comunicação do câncer e orientar a intervenção na comunicação de
saúde.

» 2003: O Instituto Nacional do Câncer anunciou o estabelecimento de


quatro Centros Nacionais de Excelência em Pesquisa de Comunicação
sobre o Câncer (CECCRs), oferecendo financiamento de cinco anos para
centros de pesquisa da Universidade da Pensilvânia, da Universidade
de Wisconsin, da Universidade de Michigan e da Universidade de Saint

134
SAÚDE PÚBLICA │ UNIDADE III

Louis. O programa CECCR foi projetado para fazer grandes avanços na


pesquisa e aplicação de comunicação em saúde, bem como para treinar a
próxima geração de especialistas em comunicação em saúde.

» 2004: O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estabelece


o Centro Nacional de Marketing em Saúde (NCHM) para promover e
conduzir pesquisas de marketing e comunicação em saúde para apoiar
os esforços nacionais de promoção da saúde.

» 2004: A Coalizão para a Comunicação em Saúde (CHC) é estabelecida


como um grupo de trabalho interorganizacional cuja missão é fortalecer
a identidade e avançar no campo da comunicação em saúde. O CHC
representa as Divisões de Comunicação de Saúde da ACI e da NCA e o
Grupo de Trabalho de Comunicação de Saúde da APHA.

» 2007: O primeiro doutorado dedicado ao programa em Saúde


e Comunicação Estratégica é oferecido pelo Departamento de
Comunicação da George Mason University.

» 2008: O Instituto Nacional do Câncer anunciou a re-emissão dos


Centros Nacionais de Excelência em Pesquisa sobre Comunicação do
Câncer (CECCRs). Eles forneceram cinco anos de financiamento para
cinco centros de pesquisa (na Universidade da Pensilvânia, Universidade
de Wisconsin, Universidade de Michigan, Universidade de Washington,
St. Louis e Kaiser Permanente, Colorado. O novo programa CECCR foi
projetado para continuar avançando no avanço, pesquisa e aplicação de
comunicação em saúde, bem como para capacitar a próxima geração de
acadêmicos em comunicação em saúde.

» 2009: Primeiros esforços sérios feitos pela Health Controls Systems


da Home Controls para educar os consumidores sobre a tecnologia
doméstica acessível e discreta, permitindo que o envelhecimento
permaneça em casa por meses ou anos a mais do que nunca.

» 2009: A Sociedade para Medicina Participativa (SPM) é estabelecida


para promover a medicina participativa por e entre pacientes,
cuidadores e suas equipes médicas e promover a transparência clínica
entre pacientes e seus médicos através da troca de informações, através
de conferências, bem como através da distribuição de correspondência
e outros materiais escritos. O SPM publica o Journal of Participatory
Medicine.

135
UNIDADE III │ SAÚDE PÚBLICA

» 2009: O Centro Murrow de Mídia e Promoção da Saúde é estabelecido


na Washington State University.

» 2014: O Centro de Comunicação de Saúde é estabelecido no Moody


College of Communication da Universidade do Texas, em Austin.

» 2014: A Sociedade de Cinema de Saúde Pública (PHFS), uma instituição


de caridade independente é criada para promover conversas entre a
saúde e comunidades artísticas sobre mensagens de saúde pública em
filme, e promover transparência no retrato de mensagens de saúde
para o público geral através de festivais de cinema, filme internacional
competições, bem como através da distribuição de correspondência e
pesquisa revisada.

136
O DIREITO À SAÚDE UNIDADE IV
A saúde no Brasil é um direito constitucional e é fornecida por instituições privadas
e governamentais. O ministro da Saúde administra a Política Nacional de Saúde. A
atenção primária à saúde continua sendo responsabilidade do governo federal,
cujos elementos (como a operação dos hospitais) são supervisionados por estados
individuais. A saúde pública é oferecida a todos os brasileiros e estrangeiros,
residentes permanentes ou não em território nacional, por meio do Sistema Único de
Saúde (SUS). O SUS é universal e gratuito para todos.

CAPÍTULO 1
O Sistema de Saúde no Brasil

Políticas e planos nacionais de saúde


A política nacional de saúde baseia-se na Constituição Federal de 1988, que estabelece
os princípios e diretrizes para a prestação de cuidados de saúde no país por meio do
Sistema Único de Saúde (SUS). De acordo com a Constituição Federal, as atividades
do governo federal devem basear-se em planos plurianuais aprovados pelo congresso
nacional por períodos de quatro anos. Os objetivos essenciais para o setor saúde foram
a melhoria da situação geral de saúde, com ênfase na redução da mortalidade infantil,
e reorganização político-institucional do setor, com vistas a potencializar a capacidade
operativa do SUS. O plano reforça os objetivos anteriores e prioriza medidas para
garantir o acesso às atividades e serviços, melhorar o atendimento e consolidar a
descentralização da gestão do SUS.

As atuais disposições legais que regem o funcionamento do sistema de saúde,


instituído em 1996, buscam transferir a responsabilidade pela administração do SUS
aos governos municipais, com cooperação técnica e financeira do governo federal e
dos estados. Outra iniciativa de regionalização é a criação de consórcios de saúde, que
reúnem os recursos de vários municípios vizinhos. Um instrumento vital de apoio à
regionalização é o projeto de fortalecimento e reorganização do SUS.
137
UNIDADE IV │ O DIREITO À SAÚDE

Procedimentos para o registro, controle e rotulagem de alimentos são estabelecidos


sob a legislação federal, que atribui responsabilidades específicas aos setores de
saúde e agricultura. No setor de saúde, as atividades de inspeção sanitária foram
descentralizadas para os governos estadual e municipal. A política ambiental deriva de
legislação específica e da Constituição de 1988.

A principal estratégia para o fortalecimento da atenção básica é o Programa Saúde


da Família, introduzido pelas secretarias municipais de saúde em colaboração com
os estados e o Ministério da Saúde Pública. O governo federal fornece apoio técnico
e transfere fundos para o Piso de Atenção Básica. As atividades de prevenção e
controle de doenças seguem diretrizes estabelecidas por especialistas técnicos do
Ministério da Saúde Pública. O Centro Nacional de Epidemiologia (CENEPI), órgão
da Fundação Nacional de Saúde (Funasa), coordena o Sistema Nacional De Vigilância
Epidemiológica, que fornece informações e análises sobre a situação sanitária nacional
(OCKÉ-REIS, 2009b).

Em 2014, havia 6.706 hospitais no Brasil. Mais de 50% dos hospitais são encontrados
em 5 estados: São Paulo, Minas Gerais, Bahia, Rio de Janeiro e Paraná.

Em todo o país, 78% dos hospitais praticam medicina geral, enquanto 16% são
especializados e 6% fornecem apenas atendimento ambulatorial. Em 2012, 66% dos
hospitais do país, 70% de seus 485 mil leitos hospitalares e 87% de seus 723 hospitais
especializados pertenciam ao setor privado. Na área de apoio diagnóstico e terapia,
95% dos 7.318 estabelecimentos também eram privados e 73% dos 41.000 centros de
atendimento ambulatorial eram operados pelo público (BRASIL, 2014; OCKÉ-REIS,
2009b).

Ministério da Saúde – Rede Assistencial

Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0204.

A infraestrutura do hospital público exigia que os hospitais fossem distribuídos por


um território de 8.516 milhões de quilômetros quadrados (3.288 milhões de milhas
quadradas). Como tal, a infraestrutura do hospital público depende de uma vasta rede
de pequenos hospitais. Mais de 55% dos hospitais públicos têm menos de 50 leitos
(OCKÉ-REIS, 2009b, 2011).

Os leitos hospitalares do setor público foram distribuídos da seguinte forma: cirurgia


(21%), clínica médica (30%), pediatria (17%), obstetrícia (14%), psiquiatria (11%) e
outras áreas (7%). No mesmo ano, 43% dos leitos hospitalares públicos e metade das
internações hospitalares ocorreram em estabelecimentos municipais.

138
O DIREITO À SAÚDE │ UNIDADE IV

Desde 1999, o Ministério da Saúde Pública vem realizando um projeto de vigilância


sanitária na Amazônia que inclui vigilância sanitária epidemiológica e ambiental,
saúde indígena e controle de doenças. Com US$ 600 milhões de um empréstimo
do Banco Mundial, estão sendo feitos esforços para melhorar a infraestrutura
operacional, o treinamento de recursos humanos e estudos de pesquisa. Estima-se que
25% da população esteja coberta por pelo menos uma forma de seguro de saúde; 75%
dos planos de seguro são oferecidos por operadores comerciais e empresas com planos
autogeridos (OCKÉ-REIS, 2011).

O Brasil está entre os maiores mercados consumidores de medicamentos,


respondendo por 3,5% do mercado mundial. Para ampliar o acesso da população às
drogas, foram oferecidos incentivos para a comercialização de produtos genéricos,
que custam em média 40% menos do que os produtos de marca. Em 2000, havia 14
indústrias autorizadas a produzir medicamentos genéricos e cerca de 200 genéricos
registrados estavam sendo produzidos em 601 formas diferentes. Em 1998, foi
aprovada a Política Nacional de Medicamentos, cujo objetivo é garantir a segurança,
a eficácia e a qualidade dos medicamentos, bem como a promoção do uso racional e
acesso da população a produtos essenciais. A responsabilidade pela produção nacional
de imunobiológicos é confiada a laboratórios públicos que têm tradição de longa
data na produção de vacinas e soros para uso em programas oficiais. O Ministério
da Saúde investiu cerca de US$ 120 milhões no desenvolvimento da capacidade
desses laboratórios. Em 2000, o fornecimento de produtos foi suficiente para suprir
a necessidade de soros heterólogos, como os usados nas vacinas contra tuberculose,
sarampo, difteria, tétano, coqueluche, febre amarela e raiva. Em 1999, o controle de
qualidade do sangue transfundido era composto por 26 centros coordenadores e por
44 centros regionais (OCKÉ-REIS, 2009b, 2011).

Em 1999, o país contava com 237.000 médicos, 145.000 dentistas, 77.000 enfermeiros,
26.000 nutricionistas e 56.000 veterinários. A proporção média nacional foi de 14
médicos por 10.000 habitantes. Em 1999, dos 665 mil cargos profissionais, 65% eram
ocupados por médicos, seguidos por enfermeiros (11%), dentistas (8%), farmacêuticos,
bioquímicos (3,2%), fisioterapeutas (2,8%) e por outros profissionais (10%). Estima-
se que 1,4 milhão de empregos no setor da saúde são ocupados por pessoal técnico e
auxiliar (BRASIL, 2014; PÓVOA; ANDRADE, 2006).

Em 2009, pela primeira vez, mais novas licenças médicas foram dadas para mulheres
do que para homens. A partir de 2010, o país tinha 364.757 médicos. Em 2011, havia
1,95 médicos para cada mil brasileiros, com maiores concentrações no Sul, Sudeste
e Centro-Oeste do que no Norte e Nordeste do Brasil. Para cada 1.000 usuários de
planos de saúde privados, havia 7,6 postos de trabalho ocupados por médicos e, para

139
UNIDADE IV │ O DIREITO À SAÚDE

cada mil usuários do Sistema Único de Saúde, havia 1,95 postos de trabalho ocupados
por médicos, perfazendo uma média de 3,33 postos de trabalho ocupados por médicos
para cada mil brasileiros. Quanto à distribuição de médicos entre especialidades
médicas e atenção básica, 55,09% de todos os médicos brasileiros eram especialistas
(OCKÉ-REIS, 2009b; PÓVOA; ANDRADE, 2006).

Em 1998, o gasto nacional com saúde foi de US$ 62 bilhões, o que correspondeu a
quase 7,9% do PIB. Desse total, os gastos públicos representaram 41,2% e os gastos
privados, 58,8%. Em termos per capita, os gastos públicos são estimados em US$ 158
e os gastos privados em US$ 225 (MACHADO, 1997; OCKÉ-REIS, 2009b).

Projetos de cooperação técnica são realizados com diferentes países, assim como com
o Banco Mundial e a UNESCO, entre muitos outros. As fundações internacionais
também fornecem financiamento direto para projetos ou indivíduos. O Brasil também
está envolvido em um intenso intercâmbio com os países do Mercosul, com o objetivo
de estabelecer normas comuns de saúde.

A Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura


(UNESCO) é uma agência especializada das Nações Unidas (ONU) sediada
em Paris. Seu propósito declarado é contribuir para a paz e a segurança,
promovendo a colaboração internacional em educação, ciências e cultura para
aumentar o respeito universal pela justiça, o estado de direito e os direitos
humanos, juntamente com a liberdade fundamental proclamada na Carta
das Nações Unidas. É o sucessor do Comitê Internacional sobre Cooperação
Intelectual da Liga das Nações. A UNESCO tem 193 estados membros e 11
membros associados. A maioria de seus escritórios de campo cobrem três ou
mais países. Escritórios nacionais e regionais também existem.

A UNESCO persegue seus objetivos por meio de cinco grandes programas:


educação, ciências naturais, ciências sociais/humanas, cultura e comunicação/
informação. Os projetos patrocinados pela UNESCO incluem alfabetização,
programas técnicos e de treinamento de professores, programas científicos
internacionais, promoção de mídia independente e liberdade de imprensa,
projetos de história regional e cultural, promoção da diversidade cultural,
traduções de literatura mundial e acordos de cooperação internacional,
além de proteger o patrimônio cultural e natural do mundo (Patrimônio da
Humanidade), preservar os direitos humanos, e tentar colmatar o fosso digital
mundial. É também membro do Grupo de Desenvolvimento das Nações Unidas.

140
O DIREITO À SAÚDE │ UNIDADE IV

O objetivo da UNESCO é contribuir para a construção da paz, a erradicação da


pobreza, o desenvolvimento sustentável e o diálogo intercultural por meio da
educação, das ciências, da cultura, da comunicação e da informação. Outras
prioridades da organização incluem a obtenção de educação para todos de
qualidade e a aprendizagem ao longo da vida, abordando desafios sociais e
éticos emergentes, promovendo a diversidade cultural, uma cultura de paz e
construindo sociedades do conhecimento inclusivas através da informação
e comunicação. As metas e objetivos gerais da comunidade internacional –
conforme estabelecidos nas metas de desenvolvimento internacionalmente
acordadas, incluindo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio (ODMs) –
sustentam todas as estratégias e atividades da UNESCO.

O serviço médico de emergência brasileiro é chamado localmente de SAMU (Serviço


de Atendimento Móvel de Urgência). A medicina de emergência (EM) não é um campo
novo no Brasil. Em 2002, o Ministério da Saúde delineou um documento, a Portaria
no 2.048, que conclamou todo o sistema de saúde a melhorar os atendimentos de
emergência para atender ao crescente número de vítimas de acidentes de trânsito e
violência, além da superlotação de departamentos de emergência (DEs) resultantes
de uma infraestrutura sobrecarregada de atenção primária. O documento delineia
os padrões de atendimento de pessoal, equipamentos, medicamentos e serviços
apropriados tanto para o atendimento pré-hospitalar quanto para o hospital. Descreve
ainda explicitamente as áreas de conhecimento que um provedor de emergência deve
dominar para prestar cuidados adequados. No entanto, essas recomendações não
têm mecanismo de fiscalização e, como resultado, os serviços de emergência no Brasil
ainda não possuem um padrão consistente de atendimento.

Medicina de emergência é a especialidade médica relacionada com o cuidado


de doenças ou lesões que requerem atenção médica imediata. Médicos de
emergência cuidam de pacientes não programados e indiferenciados de todas
as idades. Como provedores de primeira linha, sua principal responsabilidade
é iniciar a ressuscitação e a estabilização, e iniciar investigações e intervenções
para diagnosticar e tratar doenças na fase aguda. Os médicos de emergência
geralmente praticam, nos departamentos de emergência do hospital,
configurações pré-hospitalares por meio de serviços médicos de emergência
e unidades de terapia intensiva, mas também podem trabalhar em ambientes
de atenção primária, como clínicas de atendimento de urgência. As
subespecializações da medicina de emergência incluem medicina de desastres,
toxicologia médica, ultrassonografia, medicina de terapia intensiva, medicina
hiperbárica, medicina esportiva, cuidados paliativos ou medicina aeroespacial.

141
UNIDADE IV │ O DIREITO À SAÚDE

Os serviços médicos de emergência pré-hospitalares utilizam uma combinação de


ambulâncias básicas, equipadas por técnicos e unidades avançadas, com médicos a
bordo. Não existe um número de telefone universal para chamadas de emergência, e o
médico do centro de despacho determina se a chamada merece ou não um transporte
de emergência. Médicos pré-hospitalares têm treinamento variável em atendimento
de emergência, com formação variando de medicina interna, obstetrícia à cirurgia.

Da mesma forma que os primeiros anos de EM nos Estados Unidos, os médicos


dos departamentos de emergência no Brasil vêm de diferentes especialidades,
muitos deles tendo assumido o trabalho como uma forma de renda suplementar ou
como resultado da prática clínica privada malsucedida. Como 50% dos graduados
em faculdades de medicina no Brasil não recebem vagas de residência, esses novos
médicos com treinamento clínico mínimo procuram trabalho em departamentos de
emergência. Em hospitais terciários maiores, o DE é dividido nas principais áreas de
especialidade, medicina interna, cirurgia, psiquiatria, pediatria e pessoal dos médicos
correspondentes. Ainda assim, atrasos significativos no atendimento podem ocorrer
quando os pacientes são inadequadamente triados ou quando a comunicação entre as
áreas é inadequada. Nos centros de cuidados não terciários, que compõem a maioria
dos hospitais do país, os médicos do departamento de emergência são em grande
parte subtreinados, mal pagos e sobrecarregados por suas condições de trabalho. Isso
comprometeu o atendimento ao paciente e criou uma necessidade incrível de melhoria
no sistema de atendimento de emergência.

Um plano atual em ação no Brasil é o plano CATCH (Comissão para o Avanço da


Tecnologia para Comunicações e Saúde). O financiamento é fornecido pela OMS, pela
UIT e por países voluntários e benfeitores para projetos existentes e futuros. Esse
programa CATCH aprova os melhores avanços para acomodar as questões de saúde do
Brasil.

O que os profissionais de saúde pública


fazem?
Como profissional de saúde pública, você será treinado para executar um ou
mais desses dez serviços essenciais:

» Monitorar o status de integridade de uma comunidade para


identificar possíveis problemas.

» Diagnosticar e investigar problemas de saúde e riscos na comunidade.

142
O DIREITO À SAÚDE │ UNIDADE IV

» Informar, educar e empoderar as pessoas sobre questões de saúde,


particularmente os menos favorecidos e aqueles em risco.

» Mobilizar parcerias comunitárias para identificar e resolver problemas


de saúde.

» Desenvolver políticas e planos que apoiem os esforços de saúde


individual e comunitária.

» Impor leis e regulamentos que protejam a saúde e garantam a


segurança.

» Vincular pessoas a serviços de saúde pessoais necessários e garantir


a prestação de serviços de saúde quando não estiverem disponíveis.

» Garantir uma força de trabalho competente em saúde pública e


pessoal de saúde.

» Avaliar a eficácia, a acessibilidade e a qualidade dos serviços de saúde


pessoais e de base populacional.

» Pesquisar novos insights e soluções inovadoras para problemas de


saúde.

143
O QUE É SUS? UNIDADE V
O Sistema Único de Saúde (SUS) é o sistema de saúde pública do Brasil. O SUS,
criado em 1989, é o maior (em número de beneficiários/usuários: praticamente 100%
da população brasileira; 220 milhões de pessoas) geograficamente (3,3 milhões de
quilômetros quadrados de terra contígua) por rede afiliada/número de centros de
tratamento (mais de 50.000 clínicas) não discriminatório, administrada pelo governo
e sistema de saúde pública no mundo (OCKÉ-REIS, 2009a).

Desde 1988, passou por muitas revisões e reorganizações com o objetivo de melhor
organizar seu escopo, atingir e descentralizar sua hierarquia. O sistema é totalmente
gratuito, para qualquer pessoa, incluindo estrangeiros.

CAPÍTULO 1
Sistema Único de Saúde do Brasil:
princípios e diretrizes

Após a queda da ditadura militar que governou o país por 20 anos, a Constituição
Brasileira de 1988 buscou garantir mais direitos e liberdades à população e estabeleceu
muitos objetivos de desenvolvimento social. Entre esses, a melhoria dos cuidados de
saúde foi definida como prioritária (CONSTITUIÇÃO FEDERAL DO BRASIL, 1988).

Constituição Federal (Artigos 196 a 200)

Seção II

DA SAÚDE

Art. 196. A saúde é direito de todos e dever do Estado, garantido


mediante políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco
de doença e de outros agravos e ao acesso universal e igualitário às
ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação.

Art. 197. São de relevância pública as ações e serviços de saúde,


cabendo ao Poder Público dispor, nos termos da lei, sobre sua

144
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

regulamentação, fiscalização e controle, devendo sua execução ser feita


diretamente ou através de terceiros e, também, por pessoa física ou
jurídica de direito privado.

Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede


regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único,
organizado de acordo com as seguintes diretrizes:

I - descentralização, com direção única em cada esfera de governo;

II - atendimento integral, com prioridade para as atividades


preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais;

III - participação da comunidade.

§ 1o O sistema único de saúde será financiado, nos termos do art.


195, com recursos do orçamento da seguridade social, da União, dos
Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, além de outras fontes.
(Parágrafo único renumerado para § 1o pela Emenda Constitucional no
29, de 2000)

§ 2o A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios aplicarão,


anualmente, em ações e serviços públicos de saúde recursos mínimos
derivados da aplicação de percentuais calculados sobre: (Incluído pela
Emenda Constitucional no 29, de 2000)

I - no caso da União, na forma definida nos termos da lei complementar


prevista no § 3o; (Incluído pela Emenda Constitucional no 29, de 2000)

II - no caso dos Estados e do Distrito Federal, o produto da arrecadação


dos impostos a que se refere o art. 155 e dos recursos de que tratam os
arts. 157 e 159, inciso I, alínea a, e inciso II, deduzidas as parcelas que
forem transferidas aos respectivos Municípios; (Incluído pela Emenda
Constitucional no 29, de 2000)

III - no caso dos Municípios e do Distrito Federal, o produto da


arrecadação dos impostos a que se refere o art. 156 e dos recursos de
que tratam os arts. 158 e 159, inciso I, alínea b e § 3o. (Incluído pela
Emenda Constitucional no 29, de 2000)

§ 3o Lei complementar, que será reavaliada pelo menos a cada cinco


anos, estabelecerá: (Incluído pela Emenda Constitucional no 29, de
2000)

145
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

I - os percentuais de que trata o § 2o; (Incluído pela Emenda


Constitucional no 29, de 2000)

II - os critérios de rateio dos recursos da União vinculados à saúde


destinados aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios, e
dos Estados destinados a seus respectivos Municípios, objetivando
a progressiva redução das disparidades regionais; (Incluído pela
Emenda Constitucional no 29, de 2000)

III - as normas de fiscalização, avaliação e controle das despesas com


saúde nas esferas federal, estadual, distrital e municipal; (Incluído pela
Emenda Constitucional no 29, de 2000)

IV - as normas de cálculo do montante a ser aplicado pela União.


(Incluído pela Emenda Constitucional no 29, de 2000)

§ 4o Os gestores locais do sistema único de saúde poderão admitir


agentes comunitários de saúde e agentes de combate às endemias
por meio de processo seletivo público, de acordo com a natureza e
complexidade de suas atribuições e requisitos específicos para sua
atuação. (Incluído pela Emenda Constitucional no 51, de 2006)

§ 5o Lei federal disporá sobre o regime jurídico e a regulamentação


das atividades de agente comunitário de saúde e agente de combate às
endemias. (Incluído pela Emenda Constitucional no 51, de 2006) (Vide
Medida provisória no 297. de 2006) Regulamento

§ 6o Além das hipóteses previstas no § 1o do art. 41 e no § 4o do art. 169


da Constituição Federal, o servidor que exerça funções equivalentes às
de agente comunitário de saúde ou de agente de combate às endemias
poderá perder o cargo em caso de descumprimento dos requisitos
específicos, fixados em lei, para o seu exercício. (Incluído pela Emenda
Constitucional no 51, de 2006)

Art. 199. A assistência à saúde é livre à iniciativa privada.

§ 1o As instituições privadas poderão participar de forma complementar


do sistema único de saúde, segundo diretrizes deste, mediante
contrato de direito público ou convênio, tendo preferência as entidades
filantrópicas e as sem fins lucrativos.

§ 2o É vedada a destinação de recursos públicos para auxílios ou


subvenções às instituições privadas com fins lucrativos.

146
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

§ 3o É vedada a participação direta ou indireta de empresas ou capitais


estrangeiros na assistência à saúde no País, salvo nos casos previstos
em lei.

§ 4o A lei disporá sobre as condições e os requisitos que facilitem


a remoção de órgãos, tecidos e substâncias humanas para fins de
transplante, pesquisa e tratamento, bem como a coleta, processamento
e transfusão de sangue e seus derivados, sendo vedado todo tipo de
comercialização.

Art. 200. Ao sistema único de saúde compete, além de outras


atribuições, nos termos da lei:

I - controlar e fiscalizar procedimentos, produtos e substâncias de


interesse para a saúde e participar da produção de medicamentos,
equipamentos, imunobiológicos, hemoderivados e outros insumos;

II - executar as ações de vigilância sanitária e epidemiológica, bem


como as de saúde do trabalhador;

III - ordenar a formação de recursos humanos na área de saúde;

IV - participar da formulação da política e da execução das ações de


saneamento básico;

V - incrementar em sua área de atuação o desenvolvimento científico e


tecnológico;

VI - fiscalizar e inspecionar alimentos, compreendido o controle de seu


teor nutricional, bem como bebidas e águas para consumo humano;

VII - participar do controle e fiscalização da produção, transporte,


guarda e utilização de substâncias e produtos psicoativos, tóxicos e
radioativos;

VIII - colaborar na proteção do meio ambiente, nele compreendido o


do trabalho.

Dois anos depois, em 19 de setembro de 1990, os objetivos fixados na Constituição


foram consolidados pela Lei no 8.080, cujos artigos criaram o SUS e definiram sua
atuação. Antes disso, apenas as pessoas que contribuíam com a segurança social
podiam receber cuidados de saúde. A criação do SUS foi importante no sentido de que
mais de 80% da população brasileira depende dele para receber tratamento médico. O
Brasil oferece assistência médica de dois níveis, mas quase 25% da população paga por
seguro privado (UGÁ et al., 2008).

147
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

Lei no 8.080, de 19 de setembro de 1990.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l8080.htm.

ABC do SUS: doutrinas e princípios.

Disponível em: http://www.pbh.gov.br/smsa/bibliografia/abc_do_sus_doutr


nas_e_principios.pdf.

A Lei no 8.080 e a Constituição Federal de 1988 trazem em sua redação os princípios


do SUS e para facilitar o entendimento vamos dividir o assunto em dois blocos.

Fluxograma 4. Princípios Doutrinários e Organizativos.

Princípios
Princípios Organizativos
Doutrinários
Hierarquização
Universalidade
Regionalização
Equidade Descentralização
Integralidade
Participação social

Fonte: acervo pessoal, s/d.

Princípios doutrinários são aqueles que regem todas as ações do SUS,


independentemente do nível de complexidade. Fazem parte desse princípio:

» Universalidade: visa garantir com que todas as pessoas da nação


tenham acesso à saúde, fazendo com que o Estado deva garantir esse
acesso a essas pessoas – independente de gênero, etnia, religião,
de estar inserido no mercado de trabalho ou não, dentre outros
fatores. É um aspecto do princípio doutrinário que, diferentemente
do que historicamente o Brasil possuía – onde apenas os indivíduos
que trabalhavam tinham acesso à saúde –, faz com que agora todos
tenham acesso à saúde independentemente de qualquer tipo de critério
restritivo.

» Equidade: visa combater as desigualdades em saúde no país. Apesar de


todos terem direito à saúde, nem todos possuem as mesmas condições
de acesso ao serviço de saúde. Desse modo uma forma de fazer com que
essa desigualdade diminua é tratando de maneira desigual os desiguais.
No caso da equidade, um exemplo que podemos fornecer para auxiliar
148
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

a compreensão é o daquela pessoa que tem direito a saúde, mas é


acamada e não consegue ir até o posto de saúde. Uma ação que vai fazer
com que essa pessoa tenha as mesmas condições de acessar o serviço
de saúde tanto quanto outra pessoa que consegue chegar até o posto,
propriamente dito, são as atividades de atenção domiciliar. Então,
isso foi feito para que pessoas que tenham algum tipo de dificuldade/
impedimento e por isso permanecem em casa, mas têm os mesmos
direitos que os demais usuários do serviço de saúde pública, possam
ter o acesso a esse serviço. Estamos tratando o acesso dessa pessoa de
maneira desigual, fazendo com que ela consiga se aproximar das demais
pessoas que conseguem ter acesso ao serviço de saúde.

» Integralidade: entende o usuário do SUS como um todo. Assim, visa


desmistificar a patologia como um simples problema e entender quais
são as complexidades que estão por trás da doença, visando levar ao
usuário do SUS promoção, prevenção e tratamento. E não somente o
tratamento como anteriormente ocorria no modelo do SUS.

Dentre os princípios organizativos, temos:

» Hierarquização: organizar os serviços de saúde por níveis de


complexidade. No Brasil e em outros países, três níveis são comuns:
a atenção básica ou primária a saúde; a média complexidade que
comporta as especialidades (como centros especializados de fisioterapia,
radiologia, os CAPS) e a alta complexidade que normalmente se
concentra nos hospitais. Assim, na base temos cerca de 80% das
demandas, no sistema intermediário algo em torno de 15% e no topo 5%.
É muito interessante percebermos que o nível tecnológico exigido fica
mais complexo à medida que sobe ao topo da pirâmide. Quando vamos
a um hospital e vemos uma fila, com uma série de problemáticas que
são relativamente básicas, entendemos que a atenção básica à saúde não
está funcionando adequadamente naquela região. Idealmente quando os
postos de saúde estão funcionando, há uma drenagem bastante intensa,
fazendo com que no hospital chegue apenas o que realmente é uma
situação hospitalar. Esse é um viés muito importante quando pensamos
em saúde, considerando que com a base da pirâmide de 80% voltada
para atenção primária, a principal estratégia de saúde no Brasil está
concentrada na atenção primária de saúde que é hoje a estratégia da
saúde da família.

149
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

» Regionalização: visa articular todos os serviços de saúde de uma


determinada região considerando o contexto naquela região. Apesar de
termos algumas métricas e alguns indicadores do Ministério da Saúde,
cada realidade municipal é diferente e quando vai ser instalado qualquer
tipo atendimento de saúde novo é importante considerar o que já existe
naquela região.

» Descentralização: visa fazer com que cada ente federativo tenha um


nível de responsabilidade diferente e pensando nessa questão mais
contextual é trabalhada a autonomia dos municípios. O município
independente da macro região brasileira da qual estamos falando
vai ter autonomia para pensar de que forma que a saúde será tratada
dentro daquele contexto. Logicamente que por não ter tantos recursos
o município fica mais preso à questão da atenção básica/atenção
primária à saúde, tendo algumas ações geralmente voltadas para a
média complexidade. Mas, pensando na atenção básica, por exemplo,
o município irá planejar de que forma a estratégia de atenção saúde da
família vai funcionar dentro do município. Exemplificando: Quantas
equipes de estratégia serão necessárias? Quantas equipes do núcleo
de apoio ao núcleo da família devem existir para que possa existir um
alcance desejado dentro daquela população? Isso tudo será planejado
e apresentado ao Ministério da Saúde para que fique mais próximo da
realidade daquela região.

» Participação social: está fixada na Constituição Federal de 1988 e


na Lei Orgânica no 8080, de 1990, e traz duas ferramentas importantes
para que possamos debater, controlar e ter a transparência desejada nas
ações de saúde. Dentre essas duas ações, encontramos as conferências
de saúde e os conselhos de saúde. Tantos as conferências quanto
os conselhos acontecem do micro para o macro. Ou seja, pensando
no conselho de saúde, deve existir um conselho local de saúde que
geralmente atua dentro do posto de saúde (inclusive, devemos pontuar
que alguns não possuem o conselho, mas a população pode requisitar
e fazer com que haja esse espaço para debater os problemas de saúde
local). Os conselhos municipais de saúde, conselho estadual e conselho
federal. E as conferências seguem o mesmo formato: municipais,
que podem ser macrorregionais quando os municípios são pequenos,
entretanto, essa característica não invalida seu direito à organização
para estabelecer o debate de um determinada temática, por exemplo,
as conferências estaduais e as conferências nacionais. Quando existem

150
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

algumas situações para discussão do micro para o macro são realizadas


algumas ações e processos para que cheguem as verdadeiras demandas
da população até o Conselho Nacional para que seja deliberado o que
realmente é bom para a população. A grande crítica nesse ponto é o que
percebemos hoje e que de certa forma está desestruturando um pouco
o SUS são as inúmeras ações que são realizadas de maneira impositiva
sem considerar essa abertura de participação social que está prevista
na Constituição Federal (1988). Então, dentro desse viés, temos a
Reforma da Política Nacional de Atenção Básica – que não considerou
a participação social idealmente como deveria e outras ações, como, por
exemplo, o próprio teto dos gastos públicos. É responsabilidade nossa
entender que fazemos parte dessas decisões e que se alguma coisa está
ruim na saúde, em parte pode ser pela omissão da população. Para isso,
o coletivo deve ocupar os espaços sociais e fazer com que a sua voz seja
ouvida em prol da saúde de todos.

» Os objetivos do SUS são, pela lei de sua criação (Lei no 8.080, de 19 de


setembro de 1990), definidos como (SANTOS, 2007):

› A identificação e publicação de fatores determinantes e condicionantes


para a saúde humana.

› A formulação da política de saúde.

› Assistência às pessoas através de ações de promoção, proteção


e recuperação da saúde, com a realização integrada de ações
assistenciais e atividades preventivas.

› Saneamento e vigilância da saúde pública.

O saneamento refere-se às condições de saúde pública relacionadas à água


potável e ao tratamento e disposição adequados de resíduos humanos e
esgoto. Evitar o contato humano com fezes é parte do saneamento, assim como
lavar as mãos com sabão. Os sistemas de saneamento visam proteger a saúde
humana, proporcionando um ambiente limpo que interromperá a transmissão
de doenças, especialmente por meio da via fecal-oral. Por exemplo, a diarreia,
uma das principais causas de desnutrição e atraso no crescimento em crianças,
pode ser reduzida por meio do saneamento. Existem muitas outras doenças
que são facilmente transmitidas em comunidades que têm baixos níveis de
saneamento, como ascaridíase (um tipo de infecção intestinal ou helmintíase),
cólera, hepatite, poliomielite, esquistossomose, tracoma, para citar apenas

151
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

alguns. Existe uma gama de tecnologias e abordagens de saneamento. Alguns


exemplos são saneamento total liderado pela comunidade, saneamento em
contêineres, saneamento ecológico, saneamento de emergência, saneamento
ambiental, saneamento no local e saneamento sustentável. Um sistema
de saneamento inclui a captura, armazenamento, transporte, tratamento
e eliminação ou reutilização de excrementos humanos e águas residuais.
As atividades de reutilização dentro do sistema de saneamento podem
se concentrar nos nutrientes, água, energia ou matéria orgânica contida
nas excretas e nas águas residuais. Isso é chamado de cadeia de valor de
saneamento ou economia de saneamento.

Vários “níveis” de saneamento estão sendo usados para


​​ comparar os níveis
de serviço de saneamento dentro de países ou entre países. A escada de
saneamento definida pelo Programa Conjunto de Monitoramento em 2016
começa na defecação a céu aberto e sobe com os termos ‘não melhorado’,
‘limitado’, ‘básico’, com o nível mais alto sendo ‘gerenciado com segurança’. Isto é
particularmente aplicável aos países em desenvolvimento.

A vigilância da saúde pública (também vigilância epidemiológica, vigilância


clínica ou vigilância sindrômica) é, segundo a Organização Mundial da Saúde
(OMS), a coleta, análise e interpretação contínuas e sistemáticas dos dados
relacionados à saúde necessários para o planejamento, implementação e
avaliação prática de saúde pública. A vigilância da saúde pública pode ser
usada como um sistema de alerta precoce para emergências de saúde pública;
documentar o impacto de uma intervenção, ou rastrear o progresso em direção
a objetivos específicos; e monitorar e esclarecer a epidemiologia de problemas
de saúde, para permitir a definição de prioridades e para informar a política e as
estratégias de saúde pública. Os sistemas de vigilância da saúde pública podem
ser passivos ou ativos. Um sistema de vigilância passiva consiste no relato
regular e contínuo de doenças e condições por todas as unidades de saúde
de um determinado território. Um sistema de vigilância ativa é aquele em
que as unidades de saúde são visitadas e os provedores de cuidados de saúde
e registros médicos são revisados para
​​ identificar uma doença ou condição
específica. Os sistemas de vigilância passiva consomem menos tempo e são
menos dispendiosos, mas sob risco de subnotificação de algumas doenças. Os
sistemas de vigilância ativa são mais apropriados para epidemias ou quando
uma doença é alvo de eliminação.

152
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

» Vigilância epidemiológica.

Epidemiologia é o estudo e análise da distribuição (quem, quando e onde),


padrões e determinantes das condições de saúde e doença em populações
definidas. É a pedra angular da saúde pública e molda as decisões políticas
e a prática baseada em evidências, identificando os fatores de risco para
doenças e metas para a saúde preventiva. Os epidemiologistas ajudam no
desenho do estudo, na coleta e na análise estatística dos dados, alteram a
interpretação e a disseminação dos resultados (incluindo a revisão por pares
e a revisão sistemática ocasional). A epidemiologia ajudou a desenvolver a
metodologia usada em pesquisa clínica, estudos de saúde pública e, em menor
escala, pesquisa básica em ciências biológicas. As principais áreas de estudo
epidemiológico incluem causação de doenças, transmissão, investigação de
surtos, vigilância de doenças, epidemiologia ambiental, epidemiologia forense,
epidemiologia ocupacional, triagem, biomonitoramento e comparações de
efeitos de tratamento, como em ensaios clínicos. Os epidemiologistas confiam
em outras disciplinas científicas, como a biologia, para entender melhor os
processos de doença, estatísticas para fazer uso eficiente dos dados e tirar
conclusões apropriadas, ciências sociais para entender melhor as causas
próximas e distais, e engenharia para avaliação da exposição.

» Segurança e saúde ocupacional.

Segurança e saúde ocupacional ou saúde e segurança no trabalho, é um campo


multidisciplinar preocupado com a segurança, saúde e pessoas no trabalho.
Esses termos também se referem aos objetivos desse campo. Os objetivos dos
programas de segurança e saúde ocupacional incluem promover um ambiente
de trabalho seguro e saudável. A segurança e saúde ocupacional também
podem proteger colegas de trabalho, membros da família, empregadores,
clientes e muitos outros que possam ser afetados pelo ambiente de trabalho.

» Assistência terapêutica integral, incluindo farmacêutica.

» Organização da formação de recursos humanos em saúde.

Os recursos humanos em saúde (RHS) – também conhecidos como recursos


humanos para a saúde (RHS) ou força de trabalho em saúde – são definidos
como todas as pessoas envolvidas em ações cuja intenção principal é melhorar
a saúde, de acordo com o World Health Report 2006, da Organização Mundial
da Saúde. Os recursos humanos para a saúde são identificados como um dos

153
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

principais alicerces de um sistema de saúde. Eles incluem médicos, profissionais


de enfermagem, parteiras, dentistas, profissionais de saúde, trabalhadores
comunitários de saúde, trabalhadores sociais de saúde e outros profissionais
de saúde, bem como pessoal de apoio e gestão de saúde – aqueles que não
podem prestar serviços diretamente, mas são essenciais para uma saúde eficaz,
funcionamento do sistema, incluindo gerentes de serviços de saúde, registros
médicos e técnicos de informação em saúde, economistas da saúde, gerentes
da cadeia de suprimento de saúde, secretários médicos, entre outros.

O campo dos recursos humanos em saúde lida com questões como


planejamento, desenvolvimento, desempenho, gestão, retenção, informação e
pesquisa sobre recursos humanos para o setor de saúde. Nos últimos anos, a
conscientização do papel crítico dos RHS no fortalecimento do desempenho do
sistema de saúde e na melhoria dos resultados da saúde da população colocou
a força de trabalho da saúde no topo da agenda de saúde global.

» Vigilância e orientação nutricional.

» Colaboração com a proteção do meio ambiente, incluindo ambiente de


trabalho.

» Formulação de políticas sobre drogas, equipamentos, imunobiológicos e


outros recursos de interesse para a saúde humana e participação em sua
produção.

» O controle e fiscalização de serviços, produtos e substâncias de interesse


para a saúde humana.

» A fiscalização e fiscalização de alimentos, água e bebidas para consumo


humano.

» A participação no controle e fiscalização da produção, transporte,


segurança e utilização de substâncias e produtos radioativos, tóxicos e
psicoativos.

» Desenvolvimentos científicos e tecnológicos em sua área de atuação.

» A formulação e execução da política nacional de sangue e seus derivados.

154
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

Políticas Públicas

Ações que impactaram na melhoria das condições de saúde da população:

» Expansão do acesso ao pré-natal, reduzindo a morbidade e mortalidade


por doenças evitáveis pela vacinação e mortalidade por doenças
transmissíveis, diminuição do risco de morte prematura no primeiro
ano de vida e morte materna, tendência a reduzir os fatores de risco para
doenças não transmissíveis.

» Taxa de mortalidade geral: 6,2 mortes por 1.000 habitantes (2014),


principalmente devido a doenças cardiovasculares (46,2 por 100 mil
habitantes), infarto agudo do miocárdio (39,7), pneumonias (31,8),
diabetes mellitus (26,7) e homicídios (28,1).

» O objetivo da mortalidade para crianças menores de 5 anos do Milênio


Objetivos de Desenvolvimento (ODM) foram alcançados em 2012 (17,9
mortes por 1.000 nascidos vivos).

» Doenças prevenidas pela vacinação: erradicação da poliomielite,


eliminação da rubéola em 2015, interrupção e manutenção da
interrupção da circulação do vírus do sarampo, difteria, tétano, tosse
convulsa e diarreia por rotavírus e de meningite e pneumonias devido a
meningococos e pneumococos.

» Dengue: encontrada em todos os estados do país, com 4 estereótipos


virais. Casos denunciados: 1.649,008 (2014).

» Doenças arbovirais: em 2014 ocorreu a introdução do vírus da febre


Chikungunya, e em 2015 o Zika vírus, que são arbovírus transmitidos
pelo Aedes aegypti, foi detectado o vetor está sendo enfrentado com a
estratégia de Gestão Integrada de Vetores.

» Febre amarela: desde 1942 não há registro de febre amarela urbana, mas
o ciclo selvagem da transmissão, causando surtos isolados e letalidade
de 50% aproximadamente.

» Doenças negligenciadas: certificação internacional de interrupção


da transmissão de Chagas Triatoma infestans (2006); leishmaniose
presente em 21 estados; prevalência de hanseníase de 1,27 por 10 mil
habitantes, novos casos detectados de 31.064 e taxa de detecção de 15,32
por 100 mil habitantes (2014); oncocercose na área Yanomami com

155
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

22 mil pessoas em risco; a esquistossomose é endêmica em 9 estados;


elevada carga de tuberculose entre os 22 países prioritários da a OMS
(2014).

» HIV/AIDS: o país recomenda o início imediato da terapia antirretroviral


para as pessoas que vivem com o HIV, independentemente do CD4.

» Doenças não transmissíveis (DNTs): 39,3% da população adulta sofre de


pelo menos uma.

» Prevalência: hipertensão (21,4%), depressão (7,6%), artrite (6,4%),


diabetes (6,2%) e incapacitação (45,6 milhões de pessoas).

Políticas e Sistemas de Saúde no Brasil

O Sistema Único de Saúde (SUS) está estabelecido na Constituição brasileira e


busca atender aos princípios de universalidade e equidade, sob as diretrizes da
descentralização com um único comando, regionalização e garantia da participação
social.

A Cobertura do SUS

O SUS é um sistema universal de cobertura de saúde. Tratamentos de alta


complexidade (como neoplasias e transplantes) e os serviços de imunização são 100%
públicos. O sistema é usado exclusivamente por 78,8% da população brasileira. O
restante da população utiliza o sistema de cuidados privados e 70% das hospitalizações
no setor privado de saúde são financiadas pelo setor público.

» A atenção primária: implementada pela estratégia de saúde da


família. No período de 2000 a 2015, o atendimento pelas equipes de
saúde da família aumentou de 17,43% para 63,72%.

» O Programa Mais Médicos: atingiu 70% da população em 2017.

» O acesso a medicamentos e vacinas essenciais: implementado


pelos medicamentos (1998); assistência farmacêutica (2004); políticas
nacionais e através do Programa Nacional de Imunização fomentou
a qualidade de vida e o bem-estar, além do acesso a serviços de saúde
pública.

» Promoção da saúde: Academia da Saúde e Promoção da


Alimentação Adequada e Saudável (PAAS), entre outros programas,

156
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

são implementados para garantir capacidade e sustentabilidade na


promoção da saúde na vida cotidiana e na prática.

» Cuidado indígena: incluído na política de saúde do SUS para


populações indígenas.

» Programa Mais Médicos: contribui para aumentar o acesso da


população à atenção primária à saúde.

Cooperação para a Saúde

Ações para fortalecer a capacidade nacional e integrar políticas públicas à


implementação de estratégias e ações de acesso e cobertura universal de saúde,
atenção primária, vigilância, promoção, recursos humanos e determinantes sociais.
Essas ações são baseadas na promoção de gênero e igualdade étnica, superando as
desigualdades em saúde e gestão do conhecimento, colaborando com a cooperação e
trabalho em rede.

» Contribuição para a resposta a surtos e epidemias.

» Alinhamento aos objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para


atingir as metas e cumprimento de compromissos do país.

» Iniciativa do Laboratório de Inovação: estudos para identificação,


análise e disseminação das melhores práticas e mais inovadoras de
atenção e gestão da saúde nos setores público e privado.

» Contribuição Voluntária Nacional (CNV): 90% da cooperação técnica


no Brasil é financiada pela NVC por meio de acordos assinados com as
autoridades nacionais e outras instituições públicas no Brasil.

Agenda estratégica de cooperação da OMS para o país


(2018–2022)

Prioridades estratégias

1. Promover a saúde e o bem-estar das pessoas

› Determinantes sociais, econômicos e ambientais.

› Desenvolvimento sustentável relacionado à saúde.

› Envelhecimento e saúde.

157
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

› Gênero e etnia.

› Nutrição.

› Respostas a surtos e crises.

› Doenças evitáveis pela vacinação.

› Equidade.

› Promoção da saúde.

› Saúde ambiental e do trabalhador.

› Desenvolvimento sustentável e mudança climática.

› Gestão de emergências e desastres.

2. Expandir acesso e cobertura universal para a forma de saúde


abrangente e equitativo, com ênfase em cuidados primários

› Acesso universal e cobertura em saúde.

› Fortalecimento do modelo assistencial (redes de atenção à saúde,


humanização, qualidade, segurança etc.).

› Melhoria do modelo de financiamento do Sistema Único de Saúde


(SUS).

› Fortalecimento da capacidade de gestão do SUS nas três esferas de


governo.

› Participação e diálogo social para a saúde.

› Gestão do conhecimento em saúde.

3. Desenvolver capacidades humanas em saúde qualificada

› Acesso universal e cobertura em saúde.

› Formação e gestão de recursos humanos em saúde.

4. Promover o acesso e uso racional de medicamentos e outros


suprimentos de saúde

› Expansão do acesso a medicamentos essenciais e produtos de


qualidade e eficazes.

158
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

› Políticas nacionais de acesso, qualidade e uso racional de


medicamentos e outras tecnologias em saúde.

› Políticas nacionais de sangue, hemoderivados e transplantes.

› Regulamentação sanitária de medicamentos e outras tecnologias em


saúde.

› Complexo industrial e inovação em saúde.

› Avaliação, incorporação e gestão de tecnologias em saúde.

› Política de pesquisa em saúde e aplicação de evidências científicas em


políticas e práticas.

5. Prevenir e controlar doenças fatores crônicos não


transmissíveis de risco e promover a saúde

› Doenças não comunicáveis.

› Vigilância sanitária.

› Doenças e condições crônicas e seus respectivos fatores de risco e


proteção.

› Proteção contra acidentes e violência.

› Determinantes e promoção da saúde.

› Sistemas de informação em saúde.

6. Controle de doenças comunicáveis, com ênfase em


desacompanhado

› Alerta e resposta a surtos e epidemias.

› Implementação do Regulamento Sanitário Internacional – 2005.

› Vigilância, prevenção e controle de doenças transmitidas por vetores.

› Vigilância, prevenção e controle de doenças e zoonoses autônomas.

› Preparação, monitoramento e resposta a emergências e desastres.

159
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

A expectativa de vida da população brasileira aumentou de 71,16 anos em 1998 para


76,2 anos em 2016, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Os dados indicam um progresso significativo em comparação com 55,5 anos em 1940.
Segundo o IBGE, o Brasil precisará de algum tempo para alcançar Japão, Hong Kong
(China), Suíça, Islândia, Austrália, França e Itália, onde a expectativa média de vida
já passa de 81 anos. A pesquisa mostrou que o Brasil alcançaria esse nível até 2030
(IBGE, 2008).

Projeções demográficas preveem a continuação desse processo, estimando uma


expectativa de vida no Brasil em torno de 77,4 anos, em 2020. O declínio da
mortalidade em idades mais jovens e o aumento da longevidade, aliado ao declínio da
fecundidade e ao acentuado aumento das doenças crônicas degenerativas, causaram
um rápido processo de transição demográfica e epidemiológica, impondo uma nova
agenda de saúde pública diante da complexidade do novo padrão de morbidade
(ROMERO et al., 2005).

Expectativa de vida saudável no Brasil: uma aplicação do método de Sullivan.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-


311X2005000700002.

A saúde infantil é uma questão central na agenda de políticas públicas dos países em
desenvolvimento. Várias políticas voltadas para a melhoria da saúde infantil foram
implementadas ao longo dos anos, com graus variados de sucesso. No Brasil, essas
políticas levaram a um declínio significativo nas taxas de mortalidade infantil nos
últimos 30 anos. Apesar dessa melhora, no entanto, as taxas de mortalidade ainda são
elevadas pelos padrões internacionais e há variação substancial entre os municípios
brasileiros, o que sugere que políticas diferenciadas devem ser elaboradas. Por
exemplo, a mortalidade entre crianças indígenas em 2000 foi mais do que o triplo da
população em geral, destacando a importância de políticas de saúde adaptadas para
abordar as disparidades nos resultados de saúde para os povos indígenas do Brasil.
Saneamento, educação e renda per capita são os fatores explicativos mais importantes
da saúde infantil precária no Brasil.

Além disso, os achados etnográficos das taxas de mortalidade infantil (IMR) no


Nordeste do Brasil não são precisos, porque o governo tende a ignorar as taxas de
mortalidade infantil nas áreas rurais. Essas questões tendem a ser imprecisas devido a
uma enorme quantidade de subnotificações e nos leva a questionar a validade cultural
e a solidez contextual dessas estatísticas de mortalidade. No entanto, existe uma
solução para essa questão e os cientistas ressaltam que dados culturais de qualidade

160
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

em nível local podem servir para elaborar com precisão o método alternativo e
apropriado para medir a mortalidade infantil no Brasil. A fim de não negligenciar
as taxas de mortalidade infantil, também é enfatizado que é necessário que haja um
foco em uma etnografia da experiência, uma visão que atinja o âmago do sofrimento
humano à medida que ele flui da vida e experiências cotidianas. Por exemplo, deve-
se chegar à carne, ao sangue e às almas da morte infantil nas famílias pobres dos
brasileiros, a fim de entender e conviver com aqueles que têm que sofrer suas trágicas
consequências. Os métodos de coleta de dados de mortalidade também precisam
respeitar os costumes de morte locais e devem ser implementados em locais onde a
morte é vivenciada através de uma lente cultural diferente.

A obesidade no Brasil é uma preocupação crescente com a saúde, 52,6% dos


homens e 44,7% das mulheres no Brasil estão acima do peso, 35% dos brasileiros
são obesos (MALAFAIA, 2012; GLICKHOUSE, 2012). O governo brasileiro emitiu
diretrizes de nutrição que chamaram a atenção de especialistas em saúde pública
por sua simplicidade e sua posição crítica em relação à indústria de alimentos
(BARTON, 2014).

Guia alimentar para a população brasileira.

Disponível em: https://www.foodpolitics.com/wp-content/uploads/Brazils-


Dietary-Guidelines_2014.pdf.

As diretrizes estão resumidas no final do documento da seguinte forma:

1. Prepare refeições usando alimentos frescos.

2. Use óleos, gorduras e sal sempre com moderação.

3. Limite o consumo de alimentos e bebidas industrializados (prontos para


consumo).

4. Faça refeições regulares e preste atenção à sua comida, não seja


multitarefas. Encontre um lugar confortável para comer. Evite
ambientes barulhentos e estressantes.

5. Coma com os outros sempre que possível.

6. Compre alimentos em lojas e mercados que oferecem uma variedade de


alimentos frescos. Evite aqueles que vendem principalmente produtos
prontos para consumo.

161
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

7. Desenvolva, pratique, compartilhe e aproveite suas habilidades na


preparação de alimentos e na culinária.

8. Decida como sua família irá compartilhar as responsabilidades


culinárias e dedique tempo suficiente para refeições de apoio à saúde.

9. Quando jantar fora, escolha restaurantes que servem pratos feitos na


hora. Evite cadeias de fast food.

10. Seja crítico em relação à publicidade da indústria de alimentos.

Situação de crise na saúde

Uma crise na saúde pública é uma situação difícil, um sistema complexo que afeta os
seres humanos em uma ou mais áreas geográficas. Podem partir de uma determinada
localidade para abranger todo o planeta. As crises de saúde geralmente têm impactos
significativos na saúde da comunidade, na perda de vidas e na economia. Elas podem
resultar em doenças, processos industriais ou políticas inadequadas. Sua gravidade é
frequentemente medida pelo número de pessoas afetadas por sua extensão geográfica,
ou pela doença ou morte do processo patogênico que origina.

Prevenção e controle de situações de crise na saúde

Usando os sistemas de aviso de saúde. Um sistema de saúde que atenda às


necessidades da população é obrigado a refinar os instrumentos para assegurar uma
preparação adequada antes de sua eclosão.

Transparência das instituições públicas ou privadas. A percepção da crise


pode escapar do controle de especialistas ou instituições de saúde, e ser determinada
pelas partes interessadas para fornecer soluções propagadas ou preocupadas. Isso
requer um difícil equilíbrio da necessidade de articular respostas claras e medos pouco
fundados.

Política de informação adequada. A irracionalidade surge quando a informação é


distorcida ou oculta. Enfrentar uma crise de saúde envolve: o respeito pela sociedade,
a coordenação das organizações e uma instituição com peso científico para as pessoas
e para a mídia, que atuou como porta-voz em situações de risco à saúde pública, para
obter a confiança dos cidadãos. A capacidade técnica dos profissionais de saúde é mais
comprovada do que os funcionários públicos, o que sugere uma maior participação do
primeiro e melhor formação do segundo.

162
O QUE É SUS? │ UNIDADE V

Avalie a crise anterior ou outras experiências. As crises são desafios que


devem ser aprendidos com os erros e os sucessos, uma vez que servem para acionar
os dispositivos e melhorar a resposta a outras crises. É importante realizar análises
de respostas anteriores, riscos de auditoria e vulnerabilidade, pesquisas, testes e
exercícios para se preparar contra futuras crises.

O primeiro passo é reduzir o impacto da doença e da morte e em segundo evitar a


fratura social, preparando planos de contingência. A preparação é fundamental para
a crise porque permite uma resposta forte, organizada e cientificamente baseada.
Os planos de ação devem atender o profissional com bastante antecedência e
adequadamente treinados, e os políticos devem ser consistentes em suas ações e
coordenar todos os recursos disponíveis. É essencial investir em recursos de saúde
pública para preparar medidas preventivas e reduzir as desigualdades na saúde, a fim
de minimizar o impacto das crises de saúde, pois geralmente as pessoas mais pobres
são as que mais sofrem.

Objetivos na Área da Saúde Pública até 2030

Para abordar os desafios atuais e futuros na abordagem de questões de saúde


no mundo, as Nações Unidas desenvolveram os Objetivos de Desenvolvimento
Sustentável, construindo os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio de 2000, a
serem concluídos até 2030. Essas metas, em sua totalidade, abrangem todo o espectro
de desenvolvimento entre as nações, no entanto, as metas abordam diretamente
as disparidades de saúde, principalmente nos países em desenvolvimento. Esses
objetivos abordam questões-chave na saúde pública global: pobreza, fome e segurança
alimentar, saúde, educação, igualdade de gênero, empoderamento das mulheres, água
e saneamento. As autoridades de saúde pública podem usar essas metas para definir
sua própria agenda e planejar iniciativas de menor escala para suas organizações.
Essas metas esperam diminuir o ônus das doenças e da desigualdade enfrentadas
pelos países em desenvolvimento e levar a um futuro mais saudável.

As ligações entre os vários objetivos de desenvolvimento sustentável e a saúde pública


são numerosas e bem estabelecidas:

» Viver abaixo da linha da pobreza é atribuído aos resultados de saúde


mais pobres e pode ser ainda pior para as pessoas que vivem em países
em desenvolvimento, onde a pobreza extrema é mais comum. Uma
criança nascida na pobreza tem o dobro de probabilidade de morrer
antes dos cinco anos, em comparação com uma criança de uma família
mais rica.

163
UNIDADE V │ O QUE É SUS?

» Os efeitos prejudiciais da fome e da desnutrição que surgem de desafios


sistêmicos com a segurança alimentar são enormes. A Organização
Mundial da Saúde estima que 12,9 por cento da população dos países em
desenvolvimento é subnutrida (UNITED NATIONS, 2015a).

» Os desafios de saúde no mundo em desenvolvimento são enormes, com


apenas metade das mulheres nos países em desenvolvimento recebendo
a quantidade recomendada de cuidados de saúde de que necessitam.

» Equidade educacional ainda não foi alcançada no mundo. Esforços de


saúde pública são impedidos por isso, como a falta de educação pode
levar a resultados de saúde mais pobres. Isso é demonstrado por filhos
de mães que não têm educação com uma taxa de sobrevivência menor
em comparação com crianças nascidas de mães com níveis de ensino
primário ou superior. Diferenças culturais no papel das mulheres variam
de país para país, muitas desigualdades de gênero são encontradas em
países em desenvolvimento. O combate a essas desigualdades mostrou
também levar a melhores resultados em saúde pública.

» Em estudos feitos pelo Banco Mundial sobre populações em países em


desenvolvimento, verificou-se que quando as mulheres tinham mais
controle sobre os recursos da família, as crianças se beneficiam com um
melhor acesso a alimentos, cuidados de saúde e educação.

» Recursos básicos de saneamento e acesso a fontes limpas de água são


um direito humano básico. No entanto, 1,8 bilhão de pessoas em todo o
mundo usam uma fonte de água potável contaminada por fezes fecais,
e 2,4 bilhões de pessoas não têm acesso a instalações de saneamento
básico, como banheiros ou latrinas. A falta desses recursos é o que
faz com que aproximadamente 1.000 crianças por dia morram de
doenças diarreicas que poderiam ter sido impedidas com uma melhor
infraestrutura de água e saneamento (UNITED NATIONS, 2015b).

164
Para (Não) Finalizar

O Sistema Único de Saúde nasceu na década de 1980, fruto da reivindicação social da


sociedade civil através de movimentos pela reforma sanitária, sendo institucionalizado
quando da promulgação da Constituição Nacional de 1988. É possível dizer que o SUS
tem como objetivo integrar e coordenar as ações de saúde nas três esferas do governo.
O artigo 4o da Lei no 8.080/1990 afirma que: o conjunto de ações e serviços de saúde,
prestados por órgãos e instituições públicas federais, estaduais e municipais, da
Administração direta e indireta e das fundações mantidas pelo Poder Público, constitui
o Sistema Único de Saúde (SUS). Em sua concepção, é importante apontar que o SUS
se trata de um sistema de serviços assistencialistas, mas que visa articular e coordenar
ações promocionais e de prevenção, como as de cura e reabilitação.

O SUS traz uma nova concepção de saúde agora ampliada, pois passa a considerar
também outros fatores que, direta ou indiretamente, estão associados ao se
pensar a saúde e qualidade de vida como aspectos econômicos, sociais, culturais e
biotecnológicos. Paralelamente, temos uma visão integrada das ações e dos serviços
de saúde. Logo, o caráter inovador estaria na criação de condições para a superação de
uma visão de saúde pública que se concentrava na doença.

São 3 os princípios doutrinários que conferem legitimidade ao SUS: a universalidade,


a integralidade e a equidade. A universalidade está ligada à garantia do direito à saúde
por todos os brasileiros, sem acepção ou discriminação, de acesso aos serviços de
saúde oferecidos pelo SUS. O significado deste princípio é extremamente relevante
para a consolidação da democracia, pois, a partir de então, não apenas as pessoas
com carteira assinada (ligadas à previdência) poderiam contar com tais serviços, mas
toda a população. Outro princípio fundamental é integralidade. Tal conceito parte
da ideia de que existem várias dimensões que são integradas envolvendo a saúde dos
indivíduos e das coletividades. Assim, o SUS procura ter ações contínuas no sentido da
promoção, da proteção, da cura e da reabilitação. Esse princípio orientou a expansão
e qualificação das ações e serviços do SUS que ofertam desde um elenco ampliado de
imunizações até os serviços de reabilitação física e mental, além das ações de promoção
da saúde de caráter nacional intersetorial.

Da mesma forma, a equidade como princípio complementar ao da igualdade significa


tratar as diferenças em busca da igualdade. Assim, esse princípio veio ao encontro
da questão do acesso aos serviços, acesso muitas vezes prejudicado por conta da

165
PARA (NÃO) FINALIZAR

desigualdade social entre os indivíduos. Nesse sentido, fala-se em prioridade no acesso


às ações e serviços de saúde por grupos sociais considerados mais vulneráveis do ponto
de vista socioeconômico. Ao constituir a saúde como “um direito de todos e dever do
Estado” implica enfrentar questões como a busca da população por serviços públicos
de saúde, tendo por referência a sua proximidade, enquanto para os serviços privados
a referência principal consiste em “ter direito”. Da mesma forma, e exatamente porque
essas questões remetem à tradição brasileira de direitos sociais vinculados a um
contrato compulsório de caráter contributivo, contrapostos a medidas assistencialistas
aos carentes, a equidade na universalização do direito à saúde está estreitamente
vinculada às mudanças das políticas de saúde no interior de um processo de alteração
da relação do Estado com a sociedade, o que vale dizer, da alteração do sistema de
poder no país.

Logo, o que se pode concluir é que a concepção de um sistema único de saúde e sua
institucionalização por meio da Constituição foram um dos maiores avanços na luta
pela construção de um país mais justo e menos desigual. Se ainda existem problemas
no atendimento público da saúde – e não são poucos, é inegável o fato de que, a
despeito disso, o SUS contribuiu para o fortalecimento da cidadania nacional, uma vez
que o direito ao atendimento à saúde é um importantíssimo direito social.

166
Referências

ABAD, F. X.; PINTÓ, R. M.; BOSCH, A. Survival of enteric viruses on environmental


fomites. In Applied and Environmental Microbiology, 1994, vol. 60, no 10, pp.
3704-10.

ANDERSON, E.J.; WEBER, S.G. Rotavirus infection in adults. In The Lancet


Infectious Diseases, 2004, vol. 4, no 2, pp. 91-9.

AYLWARD, R. Eradicating polio: today’s challenges and tomorrow’s legacy. In


Annals of Tropical Medicine and Parasitology, 2006, vol. 100, nos 5-6, pp. 401-
13.

BANE, V.; LEHANE, M.; DIKSHIT, M.; O’RIORDAN, A.; FUREY, A. Tetrodotoxin:
Chemistry, Toxicity, Source, Distribution and Detection. In Toxins, 2014, vol. 6, no 2,
pp. 693-755.

BARTON, Adriana. Brazil takes an unambiguous new approach to fighting fat. In The
Globe and Mail, 2014.

BAXTER, Leslie; EGBERT, Nichole; HO, Evelyn. Everyday Health Communication


Experiences of College Students. In Journal of American College Health, 2008,
vol. 56, no 4, pp. 427-435.

BAZERBACHI, F.; HAFFAR, S.; GANG, S.K.; LAKE, J.R. Extra-hepatic manifestations
associated with hepatitis E virus infection: a comprehensive review of the literature.
In Gastroenterology Report, 2016, vol. 4, no 1, pp. 1-15.

BEHRENDET, Patrick; STEINMANN, Eike; MANNS, Michael P.; WEDEMEYER,


Heiner. The impact of hepatitis E in the liver transplant setting. Journal of
Hepatology, 2014, vol. 61, no 6, pp. 1418-1429.

BELLOU, M.; KOKKINOS, P.; VANTARAKIS, A. Shellfish-borne viral outbreaks: a


systematic review. In Food Environ Virol., 2013, vol. 5, no 1, pp. 13-23.

BERNSTEIN, D.I. Rotavirus overview. In The Pediatric Infectious Disease


Journal, 2009, vol. 28, Suppl 3, pp. S50-3.

BIRN, A. E.; SOLÓRZANO, A. Public health policy paradoxes: Science and politics in
the Rockefeller Foundation’s hookworm campaign in Mexico in the 1920s. In Social
Science & Medicine, 1999, vol. 49, no 9, pp. 1197-1213.

167
REFERÊNCIAS

BISHOP, R. Discovery of rotavirus: Implications for child health. In Journal of


Gastroenterology and Hepatology, 2009, vol. 24, Suppl 3, pp. S81-5.

BISHOP, R.F. Natural history of human rotavirus infection. Archives of Virology,


1996, vol. 12. pp. 119–28.

BITTON, Gabriel. Wastewater Microbiology. USA: John Wiley & Sons, 2005.

BONNET, D.; KAMAR, N.; IZOPET, J.; ALRIC, L. L’hépatite virale E: Une maladie
émergente. In La Revue de Médecine Interne, 2012, vol. 33, no 6, pp. 328-334.

BOSCH, Albert. Human viruses in water. Amsterdam: Elsevier, 2007.

BOSCH, Albert. Human enteric viruses in the water environment: a minireview. Int
Microbiol, 1998, vol. 1, no 3, pp. 191-6.

BOSE, Purabi Deka; DAS, Bhudev Chandra; HAZAM, Rajib Kishore; KUMAR, Ashok;
MEDHI, Subhash; KAR, Premashis. Evidence of extrahepatic replication of hepatitis
E virus in human placenta. Journal of General Virology, 2014, vol. 95, no 6,
pp. 1266-1271.

BOTCHWAY, Stella; HOANG, Uy. Reflections on the United Kingdom’s first public
health film festival. Perspectives in Public Health, 2016, vol. 136, no 1, pp. 23-24.

BOYER, Thomas D.; MANNS, Michael Peter; SANYAL, Arun J.; ZAKIM, David.
Zakim and Boyer’s Hepatology: A Textbook of Liver Disease. Elsevier Health
Sciences, 2012.

BRASIL. Ministério de Saúde. Guia Alimentar Para a População Brasileira.


Brasília, 2014.

BRASIL. Ministério de Saúde. Informações de Saúde (TABNET). Rede Assistência


2008. Disponível em: http://www2.datasus.gov.br/DATASUS/index.php?area=0204.
Acesso: 18/6/2019.

BROWN, D.W.; GUNNING, K.B.; HENRY, D.M. A DNA Oligonucleotide Microarray


for Detecting Human Astrovirus Serotypes. Journal of Virological Methods,
2008, vol. 147, no 1, pp. 86-92.

BRUNDAGE, S.C.; FITZPATRICK, A.N. Hepatitis A. Am Fam Physician, 2006, vol.


73, no 12, pp. 2162-8.

BRUNETTE, G.W. CDC Yellow Book 2018: Health Information for International
Travel. Oxford University Press, 2017.

168
REFERÊNCIAS

BURTON, A.H.; TATE, J.E.; BOSCHI-PINTO, C.; PARASHAR, U.D. Global, Regional,
and National Estimates of Rotavirus Mortality in Children < 5 Years of Age, 2000-
2013. In Clinical Infectious Diseases, 2016, vol. 62, Suppl 2, pp. S96-S105.

BUTZ, A.M.; FOSARELLI, P.; DICK, J.; CUSACK, T.; YOLKEN, R. Prevalence of
rotavirus on high-risk fomites in day-care facilities. In Pediatrics, 1993, vol. 92, no 2,
pp. 202-5.

CENTERS FOR DISEASE CONTROL AND PREVENTION. Two fatal cases of


adenovirus-related illness in previously healthy young adults—Illinois, 2000. MMWR
Morb Mortal Wkly Rep, 2001, vol. 50, vol. 26, pp. 553-5.

CESCR- UN. Committee on Economic, Social and Cultural Rights. General


Comment no 15: The Right to Water (Arts. 11 and 12 of the Covenant), 20 January
2003, E/C.12/2002.

CHAN, Paul K.S.; TO, W.K.; NG, K.C.; LAM, R.K.Y.; NG, T.K.; CHAN, R.C.W.; WU, A.;
YU, W.C.; LEE, N.; HUI, D.S.C.; LAI, S.T.; HON, E.K.L.; LI, C.K.; SUNG, J.J.Y.; TAM,
J.S. Laboratory Diagnosis of SARS. Emerging Infectious Diseases, 2004, vol. 10,
no 5, pp. 825-31.

CHANDRA, R. Reduced secretory antibody response to live attenuated measles and


poliovirus vaccines in malnourished children. British Medical Journal, 1975, vol.
2, no 5971, pp. 583-85.

CHAN-YEUNG, M.; XU, R.H. SARS: epidemiology. Respirology, 2003, 8 Suppl, pp.
S9-14.

CHAU, R.; KALAITZIS, J.A.; NEILAN, B.A. On the origins and biosynthesis of
tetrodotoxin. In Aquatic Toxicology, 2011, vol. 104, no 1-2, pp. 61-72.

CIOCCA, M. Clinical course and consequences of hepatitis A infection. Vaccine,


2000, vol. 18, pp. 71-4.

COLLINS, Desmond. The human revolution: from ape to artist. New York:
Phaidon- Dutton, 1976.

CONLY, J.; JOHNSTON, B. Norwalk virus - Off and running. In The Canadian
Journal of Infectious Diseases, 2003, vol. 14, no 1, pp. 11-3.

CONNOR, B.A. Hepatitis A vaccine in the last-minute traveler. Am. J. Med., 2005,
vol. 118, Suppl 10A, pp. 58S–62S.

FAO. Coping with water scarcity. An action framework for agriculture and food
stress. 2012.

169
REFERÊNCIAS

COWIE, B.C.; ADAMOPOULOS, J.; CARTER, K.; KELLY. H. Hepatitis E Infections.


Victoria, Australia. Emerging Infectious Diseases, 2005, vol. 11, no 3, pp. 482-484.

CUETO, M. The ORIGINS of Primary Health Care and SELECTIVE Primary Health
Care. Am J Public Health, 2004, vol. 22, no 94, pp. 1864-1874.

DANIEL, T.M.; ROBBINS, F.C. Polio. 1. ed. Rochester, N.Y.: University of Rochester
Press, 1999.

DAVIS, L.; BODIAN, D.; PRICE, D.; BUTLER, I.; VICKERS, J. Chronic progressive
poliomyelitis secondary to vaccination of an immunodeficient child. New England
Journal of Medicine, 1977, vol. 297, no 5, pp. 241-45.

DE GROOT, R.J.; BAKER, S.C.; BARIC, R.; ENJUANES, L.; GORBALENYA, A.E.;
HOLMES, K.V.; PERLMAN, S.; POON, L.; ROTTIER, P.J.; TALBOT, P.J.; WOO, P.C.;
ZIEBUHR, J. Family Coronaviridae. In: KING, A.M.Q.; Lefkowitz, E.; ADAMS, M.J.;
CARSTENS, E.B. Ninth Report of the International Committee on Taxonomy
of Viruses. Oxford: Elsevier, 2011. pp. 806-828.

DENNEHY, P.H. Rotavirus Infection: A Disease of the Past? Infectious Disease


Clinics of North America, 2015, vol. 29, no 4, pp. 617-35.

_______. Transmission of rotavirus and other enteric pathogens in the home.


Pediatric Infectious Disease Journal, 2000, vol. 19, Suppl 10, pp. S103-5.

DIGGLE, L. Rotavirus diarrhea and future prospects for prevention. British Journal
of Nursing, 2007, vol. 16, no 16, pp. 970-4.

DUDEK, N.K.; SUN, C.L.; BURSTEIN, D. Novel Microbial Diversity and Functional
Potential in the Marine Mammal Oral Microbiome. Current Biology, 2017, vol. 27,
pp. 3752-3762.

ERCIN, A.E.; HOEKSTRA, A.Y. Water footprint scenarios for 2050: A global analysis.
Environment International, 2014, vol. 64, pp.71-82.

FARMER, P.E.; NIZEYE,B.; STULAC, S.; KESHAVJEE, S. Structural Violence and


Clinical Medicine. PLOS Medicine, 2006, vol. 3, no 10, p. e449.

FISCHER, T.K.; VIBOUD, C.; PARASHAR, U.; MALEK, M.; STEINER, C.; GLASS. R.;
SIMONSEN, L. (April 2007). Hospitalizations and deaths from diarrhea and rotavirus
among children < 5 years of age in the United States, 1993-2003. The Journal of
Infectious Diseases, 2007, vol. 195, no 8, pp. 1117-25.

FREDRICKSON, J.K.; ZACHARA, J.M.; BALKWILL, D.L.; KENNEDY, D.; LI,


S.M.; KOSTANDARITHES, H.M.; DALY, M.J.; ROMINE, M.F.; BROCKMAN, F.J.

170
REFERÊNCIAS

Geomicrobiology of high-level nuclear waste-contaminated vadose sediments at the


Hanford site, Washington state. Applied and Environmental Microbiology,
2004, vol. 70, no 7, pp. 4230-41.

FRYDENBERG, A; STARR, M. Hand, foot and mouth disease. Australian Family


Physician, vol. 32, no 8, pp. 594-5, 2003.

GARRETT, Laurie. The Challenge of Global Health. Foreign Affairs, 2007, vol. 86,
no 1, pp. 14-38.

GBD 2015 DISEASE AND INJURY INCIDENCE AND PREVALENCE


COLLABORATORS. Global, regional, and national incidence, prevalence, and years
lived with disability for 310 diseases and injuries, 1990-2015: a systematic analysis for
the Global Burden of Disease Study 2015. The Lancet, 2016, vol. 388, no 10053, pp.
1545-1602.

UN. General Assembly Declares Access to Clean Water and Sanitation Is a


Human Right. News Center. UN, 28 July 2010.

GEORGIOU, Aristos. The anti-vax movement has been listed by WHO as one of its top
10 health threats for 2019. Newsweek, 11, 2019.

GIAQUINTO, C.; DOMINIAK-FELDEN, G.; VAN DAMME, P.; MYINT, T.T.;


MALDONADO, Y.A.; SPOULOU, V.; MAST, T.C.; STAAT, M.A. Summary of
effectiveness and impact of rotavirus vaccination with the oral pentavalent rotavirus
vaccine: a systematic review of the experience in industrialized countries. Human
Vaccines, 2011, vol. 7, no 7, pp. 734-48.

GLASS, R.I.; BRESEE, J.; JIANG, B. et al. Gastroenteritis viruses: an overview.


Novartis Found. Symp., 2001, vol. 238, pp. 5-19, discussion 19–25.

GLASS, R.I.; PARASHAR, U.D.; BRESEE, J.S.; TURCIOS, R.; FISCHER, T.K.;
WIDDOWSON, M.A.; JIANG, B.; GENTSCH, J.R. Rotavirus vaccines: current
prospects and future challenges. The Lancet, 2006, vol. 368, no 9532, pp. 323-32.

GLICKHOUSE, Rachel. Supersized Brazil: Obesity a growing health threat. Christian


Science Monitor, July 30, 2012.

GOSWAMI, P.R.; GRAY, G.C.; MALASIG, M.D. Adult adenovirus infections: loss of
orphaned vaccines precipitates military respiratory disease epidemics. In Clin Infect
Dis., 2000, vol. 31, no 3, pp. 663-70.

GRAY, G.C. Adenovirus transmission—worthy of our attention. In J Infect Dis.,


2006, vol. 194, no 7, pp. 871-3.

171
REFERÊNCIAS

GRIFFITHS, Jeffrey; MAGUIRE, James H.; HEGGENHOUGEN, Kristian; QUAH,


Stella R. Public Health and Infectious Diseases. Elsevier, 2010.

GRIMWOOD, K.; LAMBERT, S.B. Rotavirus vaccines: opportunities and challenges.


Human Vaccines, 2009, vol. 5, no 2, pp. 57-69.

GROMEIER, M.; WIMMER, E. Mechanism of Injury-Provoked Poliomyelitis.


Journal of Virology, 1988, vol. 72, no 6, pp. 5056-60.

HAFFAR, Samir; BAZERBACHI, Fateh. Systematic review with meta-analysis:


the association between hepatitis E seroprevalence and haemodialysis. Aliment
Pharmacol Ther., 2017, vol. 46, no 9, pp. 790-799.

HAMBORSKY, J.; KROGER, A.; WOLFE, C. Epidemiology and Prevention of


Vaccine-Preventable Diseases. 13. ed. Washington DC: Public Health Foundation,
2015.

HAQSHENAS, G.; SHIVAPRASAD, H.L.; WOOLCOCK, P.R.; READ, D.H.; MENG,


X.J. Genetic identification and characterization of a novel virus related to human
hepatitis E virus from chickens with hepatitis-splenomegaly syndrome in the United
States. In J. Gen. Virol., 2001, vol. 82, no 10, pp. 2449-62.

HARDING, Rosalind M. Evidence for variable selective pressures at MC1R. American


Journal of Human Genetics, 2000, vol. 66, pp. 1351-1361.

HAWRYLUCK, Laura; GOLD, Wayne L; ROBINSON, Susan; POGORSKI, Stephen;


GALEA, Sandro; STYRA, Rima. SARS Control and Psychological Effects of Quarantine,
Toronto, Canada. Emerging Infectious Diseases, 2004, vol. 10, no 7, pp. 1206-12.

HEYMANN, D.L.; AYLWARD, R.B. Mass Vaccination: When and Why. Mass
Vaccination: Global Aspects – Progress and Obstacles. Current Topics in
Microbiology and Immunology, 2006, vol. 304, pp. 1-16.

HOCHMAN, Gilberto. Priority, Invisibility and Eradication: The History of Smallpox


and the Brazilian Public Health Agenda. Medical History, 2009, vol. 53, no 2, pp.
229-52.

HOCHWALD, C.; KIVELA, L. Rotavirus vaccine, live, oral, tetravalent (RotaShield).


Pediatric Nursing, 1999, vol. 25, no 2, pp. 203-207.

HOEKSTRA, A.Y.; MEKONNEN, M.M. Four billion people facing severe water
scarcity. Sci. Adv., 2016, vol. 2, p. e1500323.

HOOFNAGLE, J.H.; NELSON, K.E.; PURCELL, R.H. Hepatitis E. New England


Journal of Medicine, 2012, vol. 367, no 13, pp. 1237-1244.

172
REFERÊNCIAS

HORSTMANN, D. Acute poliomyelitis relation of physical activity at the time of onset


to the course of the disease. Journal of the American Medical Association,
1950, vol. 142, no 4, pp. 236-41.

HOY, N.Y.; LEUNG, A.K.; METELITSA, A.I.; ADAMS, S. New concepts in median nail
dystrophy, onychomycosis, and hand, foot and mouth disease nail pathology. ISRN
Dermatology, 2012, vol. 2012, Article ID 680163.

HUBÁLEK, Zdenek; RUDOLF, Ivo. Microbial Zoonoses and Sapronoses.


London: Springer, 2010.

HUMPHREY, T.; O’BRIEN, S.; MADSEN, M. Campylobacters as zoonotic pathogens:


a food production perspective. International Journal of Food Microbiology,
2007, vol. 117, no 3, pp. 237-57.

IRGRVING, G.J.; HOLDEN, J.; YANG, R.; POPE, D. Hepatitis A immunisation in


persons not previously exposed to hepatitis A. Cochrane Database Syst Rev.,
2012, vol. 7, no 7, CD009051.

ISHIGE, T.; HONDA, K.; SHIMIZU, S. Whole organism biocatalysis. Current


Opinion In Chemical Biology, 2005, vol. 9, no 2, pp. 174-80.

JABLONSKI, N.G.; CHAPLIN, G. The evolution of human skin coloration. Journal


of Human Evolution, 2000, vol. 39, pp. 57-106.

JACOBSEN, K.H.; KOOPMAN, J.S. The effects of socioeconomic development on


worldwide hepatitis A virus seroprevalence patterns. In Int J Epidemiol., 2005, vol.
34, no 3, pp. 600-9.

JAMBOTI, J.S. BK virus nephropathy in renal transplant recipients. Nephrology,


2016, vol. 21, no 8, pp. 647-54.

JIANG, B.; TATE, J.E.; PARASHAR, U.D.; PATEL, M.M. Performance of rotavirus
vaccines in developed and developing countries. Human Vaccines, 2010, vol. 6, no
7, pp. 532-42.

JIANG, Shibo; LU, Lu; DU, Lanying. Development of SARS vaccines and therapeutics
is still needed. Future Virology, 2013, vol. 8, no 1, pp. 1-2.

KAMINSKA, K; MARTINELLI, G; LUCCHINI, R; KAYA, G; MAINETTI, C.


Coxsackievirus A6 and Hand, Foot, and Mouth Disease: Three Case Reports of
Familial Child-to-Immunocompetent Adult Transmission and a Literature Review.
Case Reports in Dermatology, 2013, vol. 5, no 2, pp. 203-209.

173
REFERÊNCIAS

KEAN, Jaime M.; RAO, Suchitra; WANG, Michael; GARCEA, Robert L.; ATWOOD,
Walter J. Seroepidemiology of Human Polyomaviruses. PLoS Pathogens, 2009, vol.
5, no 3, p. e1000363.

KEW, O.; SUTTER, R.; GOURVILLE, E.; DOWDLE, W.; PALLANSCH, M. Vaccine-
derived polioviruses and the endgame strategy for global polio eradication. Annual
Review of Microbiology, 2005, vol. 59, pp. 587-635.

KHUROO, Mohammad Sultan. Discovery of hepatitis E: The epidemic non-A, non-B


hepatitis 30 years down the memory lane. Virus Research, 2011, vol. 161, no 1, pp.
3-14.

KLIEGMAN, R.; KLIEGMAN, R. M. Nelson essentials of pediatrics. St. Louis:


Elsevier Saunders, 2006.

KUMAR, A.; BENIWAL, M.; KAR, P.; SHARMA, J.B.; MURTHY, N.S. Wiley Online
Library. International Journal of Gynecology & Obstetrics, 2004, vol. 85, no 3,
pp. 240-244.

KUPPACHI, S.; KAUR, D.; HOLANDA, D.G.; THOMAS, C.P. BK polyoma virus
infection and renal disease in non-renal solid organ transplantation. Clinical Kidney
Journal, 2016, vol. 9, no 2, pp. 310-8.

LABRIQUE, Alain B.; SIKDER, Shegufta S.; KRAIN, Lisa J.; WEST, Keith P.;
CHRISTIAN, Parul; RASHID, Mahbubur; NELSON, Kenrad E. Hepatitis E, a Vaccine-
Preventable Cause of Maternal Deaths. Emerging Infectious Diseases, 2012, vol.
18, no 9, pp. 1401-1404.

LAGO, J.; RODRÍGUEZ, L.P.; BLANCO, L.; VIEITES, J.M.; CABADO, A.G.
Tetrodotoxin, an Extremely Potent Marine Neurotoxin: Distribution, Toxicity, Origin
and Therapeutical Uses. Marine Drugs, 2015, vol. 13, no 10, pp. 6384-406.

LEE, D.W.; GARDNER, R.; PORTER, D.L.; LOUIS, C.U.; AHMED, N.; JENSEN, M.;
GRUPP, S.A.; MACKALL, C.L. Current concepts in the diagnosis and management of
cytokine release syndrome. Blood, 2014, vol. 124, no 2, pp. 188-95.

LEES, D. Viruses and bivalve shellfish. Int. J. Food Microbiol., 2000, vol. 59, nos
1-2, pp. 81-116.

LESHEM, E.; MORITZ, R.E.; CURNS, A.T.; ZHOU, F.; TATE, J.E.; LOPMAN, B.A.;
PARASHAR, U.D. Rotavirus vaccines and health care utilization for diarrhea in the
United States (2007-2011). Pediatrics, 2014, vol. 134, no 1, pp. 15-23.

174
REFERÊNCIAS

LI, Shao-Wei; ZHAO, Qinjian; WU, Ting; CHEN, Shu; ZHANG, Jun; XIA, Ning-Shao.
The development of a recombinant hepatitis E vaccine HEV 239. Human Vaccines
& Immunotherapeutics, 2015, vol. 11, no 4, pp. 908-914.

LIU, Dongyou. Molecular Detection of Human Viral Pathogens. UK: CRC


Press, 2010.

LONGO, Dan L. Harrison’s Principles of Internal Medicine. 18. ed. New York:
McGraw-Hill, 2012.

LU, P.; ZHOU, B.; CHEN, X.; YUAN, M.; GOANG, X.; YANG, G.; LIU, J.; YUAN,
B.; ZHENG, G.; YANG, G.; WANG, H. Chest X-ray imaging of patients with SARS.
Chinese Medical Journal, 2003, vol. 116, no 7, pp. 972-5.

MACHADO, M. H. Os Médicos no Brasil: um retrato da realidade. Rio de


Janeiro: Editora Fiocruz, 1997

MADELEY, C.R.; COSGROVE, B.P. Letter: 28 nm particles in faeces in infantile


gastroenteritis. Lancet, 1975, vol. 2, no 7932, pp. 451-2.

MALAFAIA, Sandra. Excesso de Peso Atinge Quase Metade da População


Brasileira. ABESCO, 2012.

MALDONADO, Y.A.; YOLKEN, R.H. Rotavirus. Baillière’s Clinical


Gastroenterology, 1990, vol. 4, no 3, pp. 609-25.

MATHENY, S.C.; KINGERY, J.E. Hepatitis A. Am Fam Physician, 2012, vol. 86, no
11, pp. 1027-34.

MATSUI, S.M.; KIANG, D.; GINZTON, N.; CHEW, T.; GEIGENMÜLLER-GNIRKE,


U. Molecular biology of astroviruses: selected highlights. Novartis Found. Symp.,
2001, vol. 238, pp. 219-33.

MEADE, Teresa. Civilizing Rio de Janeiro: The Public Health Campaign and the Riot
of 1904. Journal of Social History, 1986, vol. 20, no 2, p. 314.

MENG, X.J.; PERCELL, R.H.; HALBUR, P.G.; LEHMAN, J.R.; WEBB, D.M.;
TSAREVA, T.S.; HAYNES, J.S.; THACKER, B.J.; EMERSON, S.U. A novel virus in
swine is closely related to the human hepatitis E virus. Proc. Natl. Acad. Sci., 1997,
vol. 94, no 18, pp. 9860–5.

MURRAY, P.R.; ROSENTHAL, K.S.; PFALLER, M.A. Medical Microbiology. 5. ed.


Elsevier Mosby, 2005.

175
REFERÊNCIAS

NEEDELL, Jeffrey D. The Revolta Contra Vacina of 1904: The Revolt Against
Modernization in Belle-Époque Rio de Janeiro. The Hispanic American
Historical Review, 1987, vol. 67, no 2, pp. 266-8.

NHS. SARS (severe acute respiratory syndrome). NHS Choices. United


Kingdom: National Health Service, 2014.

OBERSTE, M.S; MAHER, K.; KILPATRICK, D.R.; PALLANSCH, M.A. Molecular


evolution of the human enteroviruses: correlation of serotype with VP1 sequence and
application to picornavirus classification. Journal of Virology, 1999, vol. 73, no 3,
pp. 1941-8.

OCKÉ-REIS, C.O. SUS: O Desafio de ser Único. Valor Econômico, 2 set. 2009b.

OCKÉ-REIS, C.O.; SANTOS, F.P. Mensuração dos Gastos Tributários em


Saúde. Rio de Janeiro: IPEA, 2011.

OCKÉ-REIS, C.O.; SOPHIA, D.C. Uma crítica à privatização do sistema de saúde


brasileiro: pela constituição de um modelo de proteção social público de atenção à
saúde. Rev. Saúde em Debate, 2009a, vol. 33, no 81, pp. 72-79.

OFFIT, P.A. Gastroenteritis viruses. New York: Wiley, 2001.

OHRI, Linda K.; JONATHAN, G. Marquess. Polio: Will We Soon Vanquish an Old
Enemy? In Drug Benefit Trends, 1999, vol. 11, no 6, pp. 41-54.

OLIVE, J.K.; HOTEZ, P.J.; DAMANIA, A.; NOLAN, M.S. The state of the antivaccine
movement in the United States: A focused examination of nonmedical exemptions
in states and counties. Plos One, 2018. Disponível em: https://journals.plos.org/
plosmedicine/article?id=10.1371/journal.pmed.1002578. Acesso: 19/6/ 2019.

OOI, M.H.; WONG, S.C.; LEWTHWAITE, P.; CARDOSA, M.J.; SOLOMON, T. Clinical
features, diagnosis, and management of enterovirus 71. Lancet Neurology, 2010,
vol. 9, no 11, pp. 1097-1105.

PARASHAR, U.D; JOHNSON, H.; STEELE, A.D.; TATE, J.E. Health Impact of
Rotavirus Vaccination in Developing Countries: Progress and Way Forward. Clinical
Infectious Diseases, 2016, vol. 62, Suppl 2, pp. S91-5.

PARK, S.B. Hepatitis E vaccine debuts. Nature, vol. 491, no 7422, pp. 21-22, 2012.

PARKER, S.P. McGraw-Hill Concise Encyclopedia of Science & Technology.


New York: McGraw-Hill, 1998. p. 67.

176
REFERÊNCIAS

PATRA, Sharda; KUMAR, Ashish; TRIVEDI, Shubha Sagar; PURI, Manju; SARIN,
Shiv Kumar. Maternal and Fetal Outcomes in Pregnant Women with Acute Hepatitis E
Virus Infection. Annals of Internal Medicine, 2007, vol. 147, no 1, p. 28.

PATTON, J.T. Segmented Double-stranded RNA Viruses: Structure and


Molecular Biology. USA: Caister Academic Press, 2008.

PELOSI, E; CLARKE, I. Hepatitis E: a complex and global disease. Emerging Health


Threats Journal, 2008, vol. 1, p. e8.

PENAKALAPATI, G.; SWARTHOUT, J.; DELAHOY, M.J.; McALILEY, L.; WODNIK,


B.; LEVY, K.; FREEMAN, M. C. Exposure to Animal Feces and Human Health: A
Systematic Review and Proposed Research Priorities. Environmental Science &
Technology, 2017, vol. 51, no 20, pp. 11537-11552.

PÉREZ-GRACIA, María Teresa; GARCÍA, Mario; SUAY, Beatriz; MATEOS-


LINDMANN, María Luisa. Current Knowledge on Hepatitis E. Journal of Clinical
and Translational Hepatology, 2015, vol. 3, no 2, pp. 117-126.

PÉREZ-GRACIA, María Teresa; SUAY-GARCÍA, Beatriz; MATEOS-LINDEMANN,


María Luisa. Hepatitis E and pregnancy: current state. Reviews in Medical
Virology, 2017, vol. 27, no 3.

PERLMAN, Stanley; DANDEKAR, Ajai A. Immunopathogenesis of coronavirus


infections: Implications for SARS. Nature Reviews Immunology, 2005, vol. 5, no
12, pp. 917-27.

PERRAULT, Evan K.; INDERSTRODT-STEPHENS, Jill; HINTZ, Elizabeth A.


Tracking Success: Outputs Versus Outcomes – A Comparison of Accredited and Non-
Accredited Public Health Agencies Community Health Improvement Plan objectives.
Journal of Community Health, 2017, vol. 43, no 3, pp. 570-577.

POE, Marshall T. A history of communications: media and society from the


evolution of speech to the internet. Cambridge University Press, 2011.

POPE, T.W.; ENDER, P.T.; WOELK, W.K.; KOROSCIL, M.A.; KOROSCIL, T.M.
Bacterial contamination of paper currency. Southern Medical Journal, 2002, vol.
95, no 12, pp. 1408-10.

POSTEL, S.L.; DAILY, G.C.; EHRLICH, P.R. Ehrlich, Human appropriation of


renewable fresh water. Science, 1996, no 271, pp. 785-788.

POTASMAN, Israel; PAZ, Alona; ODEH, Majed. Infectious Outbreaks Associated


with Bivalve Shellfish Consumption: A Worldwide Perspective. Clinical Infectious
Diseases, 2002, vol. 35, no 8, pp. 921-928.

177
REFERÊNCIAS

PÓVOA, L.; ANDRADE, M. V. Distribuição geográfica dos médicos no Brasil: uma


análise a partir de um modelo de escolha locacional. Cad. Saúde Pública, Rio de
Janeiro, 2006, vol. 22, no 8, pp. 1555-1564.

RACANIELLO, V. One hundred years of poliovirus pathogenesis. Virology, 2006,


vol. 344, no 1, pp. 9-16.

RAMSAY, M.; BROWN, D. Epidemiology of Group A Rotaviruses: Surveillance and


Burden of Disease Studies. In: DESSELBERGER, U.; GRAY, J. (eds.). Rotaviruses:
Methods and Protocols. Methods in Molecular Medicine. 34. ed. Totowa, NJ:
Humana Press, 2000. pp. 217-38.

RAO, V.C.; SEIDEL, K.M.; GOYAL, S.M.; METCALF, T.G.; MELNICK, J.L. Isolation
of Enteroviruses from Water, Suspended Solids, and Sediments from Galveston Bay:
Survival of Poliovirus and Rotavirus Adsorbed to Sediments. Department of Virology
and Epidemiology, Baylor College of Medicine, Houston, Texas. Applied And
Environmental Microbiology, 1984, vol. 48, no 2, pp. 404-9.

ROBERTS, Anjeanette; THOMAS, William D.; GUARNER, Jeannette; LAMIRANDE,


Elaine W.; BABCOCK, Gregory J.; GREENOUGH, Thomas C.; VOGEL, Leatrice;
HAYES, Norman; SULLIVAN, JOHN, L.; ZAKI, Sherif; SUBBARAO, Kanta;
AMBROSINO, Donna M. Therapy with a Severe Acute Respiratory Syndrome–
Associated Coronavirus–Neutralizing Human Monoclonal Antibody Reduces Disease
Severity and Viral Burden in Golden Syrian Hamsters. The Journal of Infectious
Diseases, 2006, vol. 193, no 5, pp. 685-92.

ROBIN, Ashley. Biological perspectives on human pigmentation. Cambridge:


Cambridge University Press, 1991.

RODRÍGUEZ-DÍAZ, J.; GARCÍA-MANTRANA, I.; VILA-VICENT, S.; GOZALBO-


ROVIRA, R.; BUESA, J.; MONEDERO, V.; COLLADO, M.C. Relevance of secretor
status genotype and microbiota composition in susceptibility to rotavirus and
norovirus infections in humans. Scientific Reports, 2017, vol. 7, Article number
45559.

ROGERS, Alan R; IITIS, David; WOODING, Stephen. Genetic variation at the MC1R
locus and the time since loss of human body hair. Current Anthropology, 2004,
vol. 45, no 1, pp. 105-108.

ROMERO, Dalia Elena; LEITE, Iúri da Costa; SZWARCWALD, Célia Landmann


Szwarcwald. Expectativa de vida saudável no Brasil: uma aplicação do método
de Sullivan. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, 2005, vol. 21, suppl. 1.

178
REFERÊNCIAS

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0102-


311X2005000700002. Acesso: 23/6/2019.

RYAN, K.J.; RAY, C.G. Sherris Medical Microbiology. 4. ed. USA: McGraw Hill,
2004.

SANTOS, N. Desenvolvimento do SUS, rumos estratégicos e estratégias para


visualização dos rumos. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, 2007, vol. 12, no 2,
pp. 429-435.

SAVENIJE, H.H.G. Water scarcity indicators; the deception of the numbers. Physics
and Chemistry of the Earth, Part B: Hydrology, Oceans and Atmosphere,
2000, vol. 25, Issue 3, pp.199-204.

SCHNABEL, B. Drastic consequences of diarrhoeal disease. Health, 30 march 2009.


Disponível em: https://www.dandc.eu/en/article/drastic-consequences-diarrhoeal-
disease. Acesso: 15/6/2019.

SEARS, C.L. A dynamic partnership: celebrating our gut flora. Anaerobe, 2005, vol.
11, no 5, pp. 247-51.

SEFFEN, R. Changing travel-related global epidemiology of hepatitis A. Am. J. Med.,


2005, vol. 118, suppl 10A, pp. 46S-49S.

SHACKELTON, Laura A.; RAMBAUT, Andrew; PYBUS, Oliver G.; HOLMES, Edward
C. Virus evolution and its association with human populations. Journal of Virology,
2006, vol. 80, no 20, pp. 9928-9933.

SHRESTHA, M.P.; SCOTT, R.M.; JOSHI, D.M. Safety and efficacy of a recombinant
hepatitis E vaccine. N. Engl. J. Med., 2007, vol. 356, no 9, pp. 895-903.

SIMPSON, E.; WITTET, S.; BONILLA, J.; GAMAZINA, K.; COOLEY, L.; WINKLER,
J.L. Use of formative research in developing a knowledge translation approach to
rotavirus vaccine introduction in developing countries. BMC Public Health, 2007,
vol. 7, no 281.

SMITH, Richard D. Responding to global infectious disease outbreaks: Lessons


from SARS on the role of risk perception, communication and management. Social
Science & Medicine, 2006, vol. 63, no 12, pp. 3113-23.

SONG, Yoon-Jae. Studies of hepatitis E virus genotypes. The Indian Journal of


Medical Research, 2010, vol. 132, no 5, pp. 487-488.

STEPAN, N.L. Osvaldo Gonçalves Cruz. Encyclopedia of Latin American History


and Culture, vol. 2, p. 303. New York: Charles Scribner’s Sons, 1996.

179
REFERÊNCIAS

STEPHEN, Gillam; YATES, Jan; BADRINATH, Padmanabhan. Essential Public


Health: theory and practice. UK: Cambridge University Press, 2007.

SUBRAT, Kumar. Hepatitis E virus: the current scenario. International Journal of


Infectious Diseases, 2013, vol. 17, no 4, pp. e228-e233.

TAGLIAPIETRA, A.; ROTONDO, J.C.; BONONI, I.; MAZZONI, E.; MAGAGNOLI, F.;
MARITATI, M. Footprints of BK and JC polyomaviruses in specimens from females
affected by spontaneous abortion. Hum Reprod., 2019, vol. 34, no 3, pp. 433-440.

TATE, J.E.; CORTESE, M.M.; PAYNE, D.C.; CURNS, A.T.; YEN, C.; ESPOSITO,
D.H. Uptake, impact, and effectiveness of rotavirus vaccination in the United States:
review of the first 3 years of postlicensure data. The Pediatric Infectious Disease
Journal, 2011, vol. 30, Suppl 1, pp. S56–60.

TYPE 2 DIABETES—TIME TO CHANGE OUR APPROACH. The Lancet, 2010, vol.


375, no 9733, p. 2193.

THIEL, V. Coronaviruses: Molecular and Cellular Biology. 1. ed. Caister Academic


Press, 2007.

UGÁ, M.A.D.; SANTOS, I.S.; PORTO, S.M. O mix público-privado no sistema de


saúde brasileiro: financiamento, oferta e utilização de serviços de saúde. Cien Saude
Colet., 2008, vol. 13, no 5, pp. 1431-1440.

UNIÃO DAS MISERICÓRDIAS PORTUGUESAS (UMP). Disponível em: https://


www.ump.pt/Home/misericordias/misericordias-no-mundo/. Acesso em: 19/6/2019.

UNITED NATIONS DEVELOPMENT GROUP. About at the Global Level. 2017

______. Hunger and food security - United Nations Sustainable Development.


United Nations Sustainable Development. Retrieved 25. November, 2015a. Disponível
em: https://www.un.org/sustainabledevelopment/hunger/. Acesso em: 23/6/2019.

______. Water and Sanitation - United Nations Sustainable Development. United


Nations Sustainable Development. Retrieved 25 November 2015b. Disponível em:
https://www.un.org/sustainabledevelopment/water-and-sanitation/. Acesso em:
23/6/2019.

______. Press Conference on General Assembly Decision to Convene


Summit in September 2011 on Non-Communicable Diseases. New York,
2010.

______. Resolution no 64/292: The human right to water and sanitation. 2018.

180
REFERÊNCIAS

WADE, Nicholas. Why humans and their fur parted way. New York Times, August
19 2003.

WADELL, G.; WHELAN, J.; BOCK, G. Novel diarrhoea viruses. New York: Wiley,
1987.

WAGNER, E. G.; LANOIX, L. N. Excreta disposal for rural and small


communities. WHO, Geneva, Switzerland. p. 12, 1958.

WALLACE, A. An epidemic of fear: how panicked parents skipping shots endangers us


all. Wired, 2009.

WHEELER, Derek S.; WONG, Hector R.; SHANLEY, Thomas P. Science and
practice of pediatric critical care medicine. London: Springer, 2009.

WHITE, F. Primary health care and public health: foundations of universal health
systems. Med Princ Pract, 2015.

WHO. Hepatitis E vaccine: WHO position paper, May 2015. Releve


Epidemiologique Hebdomadaire, 2015, vol. 90, no 18, pp. 185-200.

______. Burden of disease and cost-effectiveness estimates. Genebra, 2014.

______. Global leaders support new six-year plan to deliver a polio-


free world by 2018. Disponível em: https://www.who.int/mediacentre/news/
releases/2013/polio_six_year_plan_20130425/en/. Acesso em: 18/6/2019.

______. Hepatitis A Fact sheet N°328. 2013. Disponível em: https://www.who.


int/en/news-room/fact-sheets/detail/hepatitis-a. Acesso em: 18/6/2019.

______. Hepatitis E Vaccine Working Group. Hepatitis E: epidemiology and disease


burden, 2012.

______. Summary of probable SARS cases with onset of illness from 1


November 2002 to 31 July 2003. Disponível em: https://www.who.int/csr/sars/
country/table2004_04_21/en/. Acesso em: 15/6/2019.

______. Consensus document on the epidemiology of severe acute


respiratory syndrome (SARS), 2003. Disponível em: https://apps.who.int/iris/
handle/10665/70863 Acesso em: 15/6/2019.

______. Global networks for surveillance of rotavirus gastroenteritis, 2001–2008.


Weekly Epidemiological Record, 2008, vol. 83, no 47, pp. 421-8.

______. Obesity and overweight Fact sheet no 311. s/d.

181
REFERÊNCIAS

______. The role of WHO in public health 2014-2019. Disponível em: https://
www.who.int/about/role/en/. Acesso em: 18/6/2019.

______. International Conference on Primary Health Care, Alma-Ata:


twenty-fifth anniversary. Report by the Secretariat. WHO. Retrieved 28 March,
2011.

______. Global Rotavirus Sentinel Hospital Surveillance Network. 2015.


Disponível em: https://www.who.int/immunization/monitoring_surveillance/
resources/WHO_Global_RV_Surv_Bulletin_Jan_2015_Final.pdf. Acesso em:
15/6/2019.

WORLD ECONOMIC FORUM. How do we prevent today’s water crisis


becoming tomorrow’s catastrophe? 2017.

182

Você também pode gostar