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NUTRIÇÃO EM OBSTETRÍCIA:
FERTILIDADE, GESTAÇÃO E
PUERPÉRIO
1ª edição
Brasília/DF, 2023.
Elaboração
Luciana Tocci Belpiede
Produção
Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração
Ficha catalográfica elaborada pela Bibliotecária Marjorie Gonçalves Andersen Trindade, CRB-1/2704
B452n
127 p.
Recurso online: e-book
Modo de acesso: world wide web
ISBN 978-65-89227-61-8
CDU 612.39
SUMÁRIO
APRESENTAÇÃO.......................................................................................................................................4
INTRODUÇÃO...........................................................................................................................................7
UNIDADE I
NUTRIÇÃO E FERTILIDADE.....................................................................................................................................................9
CAPÍTULO 1
ENDOCRINOLOGIA DO CICLO OVARIANO......................................................................................................... 10
CAPÍTULO 2
ASPECTOS NUTRICIONAIS DA FERTILIDADE E DO PERÍODO PRÉ-GESTACIONAL.......................... 21
UNIDADE II
GESTAÇÃO................................................................................................................................................................................... 26
CAPÍTULO 1
PLACENTA............................................................................................................................................................................ 26
CAPÍTULO 2
AJUSTES FISIOLÓGICOS MATERNOS..................................................................................................................... 35
CAPÍTULO 3
ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NO PRÉ-NATAL.................................................................................................... 39
UNIDADE II
PRÉ-NATAL.................................................................................................................................................................................. 50
CAPÍTULO 1
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO........................................................................................ 50
CAPÍTULO 2
SUPLEMENTAÇÃO NA GESTAÇÃO........................................................................................................................... 69
CAPÍTULO 3
ALIMENTAÇÃO NA GESTAÇÃO.................................................................................................................................. 73
UNIDADE IV
INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO................................................................................................ 83
CAPÍTULO 1
PRINCIPAIS INTERCORRÊNCIAS NA GESTAÇÃO............................................................................................... 83
UNIDADE V
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO..................................................................................................................................................... 96
CAPÍTULO 1
ENDOCRINOLOGIA DO PARTO E CARACTERÍSTICAS DO PUERPÉRIO................................................... 96
CAPÍTULO 2
ALEITAMENTO MATERNO.......................................................................................................................................... 103
CAPÍTULO 3
NUTRIÇÃO DA LACTANTE.......................................................................................................................................... 110
REFERÊNCIAS...................................................................................................................................... 124
ANEXOS................................................................................................................................................ 127
APRESENTAÇÃO
Caro aluno
Conselho Editorial
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ORGANIZAÇÃO DO CADERNO
DE ESTUDOS E PESQUISA
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto
antes mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para
o autor conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma
pausa e reflita sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em
seu raciocínio. É importante que ele verifique seus conhecimentos, suas
experiências e seus sentimentos. As reflexões são o ponto de partida para
a construção de suas conclusões.
Atenção
Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para
a síntese/conclusão do assunto abordado.
6
Organização do Caderno de Estudos e Pesquisa
Saiba mais
Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/
conclusões sobre o assunto abordado.
Sintetizando
Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando
o entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.
7
INTRODUÇÃO
Ainda, existem diversos fatores que, muitas vezes, impedem a prática do aleitamento
materno e, por isso, a atuação dos profissionais de saúde é de extrema importância na
orientação e preparo da mãe para sua escolha de amamentar ou não o bebê.
Objetivos
» Abordar aspectos fisiológicos da gestação, parto e lactação.
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NUTRIÇÃO E
FERTILIDADE
UNIDADE I
Antes de iniciar essa unidade vamos rever, rapidamente, alguns conceitos relacionados
ao sistema reprodutor feminino e masculino. Como revisão geral é importante
compreendermos que existem duas principais estruturas relacionadas ao processo
reprodutivo: as gônadas e os gametas.
Ainda, o sistema reprodutor feminino também é composto pelo trato genital, constituído
por tubas uterinas, útero e vagina e possui características funcionais e estruturais
peculiares que são identificadas em cada uma das fases de vida da mulher: fase fetal,
infantil, juvenil, adulta reprodutiva, climatério e senectude.
Neste momento a atenção será voltada para a fase adulta reprodutiva, a qual é
caracterizada por alterações que ocorrem de forma cíclica, conhecidas como ciclo
menstrual. Nesta fase, os ciclos tem periodicidade constante e possuem duração de,
aproximadamente, 28 dias, com objetivo de preparar o organismo da mulher para
a gestação.
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CAPÍTULO 1
ENDOCRINOLOGIA DO CICLO OVARIANO
Existe também certa comunicação anatômica e funcional entre os ovários e o útero. Esta
comunicação ocorre por meio das tubas uterinas que auxiliam na captação do oócito
após a ovulação.
Ainda, no útero, percebemos a presença de uma camada mais interna, a qual é conhecida
como endométrio e uma camada muscular que auxilia na contratilidade do órgão.
Existe, também, intensa irrigação sanguínea, que decorre da presença da artéria uterina.
Acompanhe estes detalhes na figura a seguir:
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NUTRIÇÃO E FERTILIDADE | UNIDADE i
A secreção de GnRH estimula a de FSH e LH, o que estimula a secreção dos hormônios
ovarianos.
11
UNIDADE i | NUTRIÇÃO E FERTILIDADE
Estas células possuem receptores para FSH e estradiol e são estimuladas por
estes hormônios, o que induz o desenvolvimento e a “transformação” das células
pré-granulares em células granulares cuboides e, também, de uma camada de
glicoproteínas formada entre estas células e o oócito (zona pelúcida). Neste estágio,
as células granulares cuboides ainda exibem maior expressão de receptores para FSH
e estradiol.
12
NUTRIÇÃO E FERTILIDADE | UNIDADE i
O corpo lúteo é formado pelas células granulosas que não deixaram o ovário
durante a ovulação. Neste momento estas células passam a ser chamadas de
células granulosas luteínas e sofrem o processo de luteinização, que culmina com
a formação do corpo lúteo.
13
UNIDADE i | NUTRIÇÃO E FERTILIDADE
14
NUTRIÇÃO E FERTILIDADE | UNIDADE i
Fertilização
As tubas uterinas são estruturas musculares, que possuem prolongamentos distais
próximos ao ovário (uma de cada lado). São divididas em quatro porções: infundíbulo
(fímbrias), ampola, istmo e segmento intrauterino.
A principal função das tubas uterinas é a captura do complexo cumulus + zona pelúcida
+ oócito durante a ovulação e do transporte deste complexo até o local de fertilização
(junção ampola-istmo).
A partir daí, o transporte é otimizado tanto pelos cílios, quanto pelas contrações
peristálticas das tubas.
Existem células secretórias que produzem muco rico em proteínas e que é conduzido
ao longo da tuba uterina até o útero. Chegando próximo ao local de fertilização, a
movimentação do complexo diminui.
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UNIDADE i | NUTRIÇÃO E FERTILIDADE
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NUTRIÇÃO E FERTILIDADE | UNIDADE i
Implantação e placentação
A união do gameta masculino com o feminino, que caracteriza a fecundação,
reconstitui, então, uma célula diploide (com 46 cromossomos), a qual passa a ser
denominada de zigoto.
As células das camadas mais externas da mórula são altamente adesivas entre si e
começam a transportar fluidos para dentro da massa embrionária.
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UNIDADE i | NUTRIÇÃO E FERTILIDADE
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NUTRIÇÃO E FERTILIDADE | UNIDADE i
Estas trocas envolvem difusão (para o transporte de gases), transporte facilitado (para
o transporte de glicose por meio de proteínas transportadoras de glicose – GLUT),
transporte ativo (para o transporte de aminoácidos por meio de transportadores
específicos) e pinocitose/transcitose. O mesoderma começa a dar origem a vasos
sanguíneos embrionários.
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UNIDADE i | NUTRIÇÃO E FERTILIDADE
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CAPÍTULO 2
ASPECTOS NUTRICIONAIS DA FERTILIDADE E DO
PERÍODO PRÉ-GESTACIONAL
Nesse sentido, existem muitos fatores dietéticos que possuem importante relação com
a fertilidade feminina. Dentre eles, destacam-se as vitaminas do complexo B, zinco,
vitamina E, selênio, vitamina C, ferro, ômega-3, colesterol, entre outros. Tais nutrientes
possuem ação conjunta, interagindo entre si e, portanto, o excesso ou deficiência de
qualquer um deles poderá interferir em outro o que, possivelmente, aumentará as
chances para infertilidade.
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UNIDADE i | NUTRIÇÃO E FERTILIDADE
O zinco parece ser o nutriente que está mais associado à infertilidade masculina, já que
sua deficiência afeta tanto a motilidade quanto a função dos espermatozoides, bem
como a natureza química do sêmen.
Evidências científicas mostram que a ingestão adequada de zinco e folato (ácido fólico) se
associa tanto à fertilidade masculina, quanto feminina. Em homens, ambos os nutrientes
parecem otimizar o aumento na concentração de esperma, sendo o zinco bastante
influente na melhora de sua motilidade e morfologia. Em mulheres, a suplementação
nutricional com L-arginina, extrato de chá verde, vitaminas (incluindo folato e ferro) e
minerais (incluindo zinco) induziu maior taxa de gravidez.
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NUTRIÇÃO E FERTILIDADE | UNIDADE i
A vitamina C, também antioxidante, pode ser indicada para mulheres com anormalidades
no funcionamento da fase lútea. Existem evidências de que essa vitamina induz melhora
nos níveis hormonais e aumento de fertilidade.
O ômega-3 apresenta ação direta com desequilíbrios hormonais. Sua ação mais
conhecida é na melhora da sensibilidade à insulina. A resistência à insulina pode
comprometer a fertilidade, já que o aumento na concentração plasmática desse
hormônio pode alterar a secreção de andrógenos, induzir a síndrome de ovários
policísticos, desregular o ciclo menstrual e, além disso, induzir o surgimento de pelos,
manchas e acne.
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UNIDADE i | NUTRIÇÃO E FERTILIDADE
Assim, para a melhora da fertilidade, tanto feminina quanto masculina, deve-se evitar
o consumo de gorduras trans e otimizar o consumo de gorduras vegetais insaturadas,
presentes, por exemplo, no abacate e em peixes e que melhoram a sensibilidade à
insulina e reduzem a atividade inflamatória.
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NUTRIÇÃO E FERTILIDADE | UNIDADE i
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GESTAÇÃO UNIDADE II
Todas estas alterações se fazem necessárias para que o organismo da gestante regule
suas atividades e garanta um adequado resultado gestacional e, além disso, atendem
não apenas ao período gestacional, mas também ao preparo do trabalho de parto e
lactação.
CAPÍTULO 1
PLACENTA
A placenta é um órgão transitório que funciona como uma interface entre o organismo
materno e o fetal. É resultante da camada do endométrio que sofreu modificações ao
longo da implantação do blastocisto: a decídua.
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
É uma estrutura que envolve íntima relação entre vasos maternos e fetais, conforme
demonstrado anteriormente (figura 10), no entanto, o sangue de um e outro não se
misturam, pois existe uma membrana placentária capaz de realizar esta separação.
Esta membrana é conhecida por “barreira placentária” e é ela quem funciona como local
de transporte para trocas de substâncias entre mãe e feto. Ao longo da gestação, a
espessura desta barreira vai diminuindo, e passa a ser menos seletiva com as substâncias
por ela transfundidas.
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
Para essa regra, a única exceção é a imunoglobulina G (IgG), a qual tem capacidade de
ser transportada ao feto por meio do processo de pinocitose, garantindo uma forma
de proteção materna contra doenças.
Endocrinologia da gestação
Conforme já discutimos ao longo deste Material de Apoio, muitos hormônios são
específicos da gestação, sendo a incapacidade do organismo em secretá-los decorrente
de deficiência nutricional, uma das maiores causas de aborto.
Ainda, são estes hormônios que induzem as diversas alterações do período, sendo
grande parte deles secretados pela própria placenta, em determinado momento
da gestação.
Estrógenos
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
Conforme detalhado na figura a seguir (figura 11), o córtex adrenal fetal pode produzir
andrógenos que, a partir da ação da enzima aromatase, são imediatamente convertidos
em DHEA nas células do sinciciotrofoblasto podendo, posteriormente, originar
estrógenos (em especial a estrona e o estriol).
Ainda, o cótex adrenal fetal pode produzir DHEAS (forma inativa do andrógeno DHEA), o
qual poderá seguir por dois caminhos: 1) Ser convertido em DHEA no sinciciotrofoblasto
e posteriormente, originar estrona e estriol; ou 2) Ser hidroxilado no fígado fetal
originando 16-hidroxil-DHEAS, o qual, no sinciciotrofoblasto, poderá ser convertido e
originar estriol.
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
Progestágenos
Durante esta transição (lúteo-placentar) o corpo lúteo vai regredindo aos poucos e, após
cerca de três meses de gestação, mesmo com a amputação do corpo lúteo, a placenta
é capaz de continuar/manter a produção de progesterona.
Além disso, promove um efeito relaxante em músculos lisos (estômago, pulmões, fígado,
rins, intestinos, vasos sanguíneos). A progesterona, também inibe as contrações uterinas
promovendo adequado desenvolvimento embrionário por permitir que o útero gravídeo
permaneça quiescente.
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
É da mesma família que os hormônios hipofisários LH, FSH e TSH e possui maior
semelhança ao LH podendo interagir com seu receptor específico. Sua meia-vida é
de, aproximadamente 24 a 30 horas e, por isso, se acumula forma rápida e gradativa
na circulação sanguínea, atingindo valores máximos no terceiro mês de gestação.
A partir de então, sua concentração vai se reduzindo até se estabilizar no último
trimestre (figura 12).
Uma das principais funções do hCG é manter o corpo lúteo funcionante no 1o trimestre,
visto que neste período, a placenta ainda não está bem desenvolvida para assumir a
síntese de progesterona.
O hPL começa a ser produzido mais tardiamente que o hCG, próximo a 3a semana
de gestação. Seus níveis séricos aumentam progressivamente ao longo da gestação
e está relacionado ao crescimento da placenta (quanto maior a placenta maior a
secreção do hormônio).
Seu principal objetivo é disponibilizar substratos energéticos para o feto. Assim, algumas
alterações metabólicas que ocorrem na gestante, provavelmente são resultantes do
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
Tendo em vista as principais ações deste hormônio, o mesmo vem sendo intimamente
associado à diabetogênese gestacional, em que o hPL induz o aumento de glicose
circulante, com o intuito de fornecê-la ao feto e, portanto, inibir a absorção e utilização
deste substrato pelos tecidos maternos.
É ruim haver muita lipólise, pois pode acarretar na secreção de corpos cetônicos, os
quais podem ser direcionados ao feto e o cérebro fetal não entra em adaptação. Muitas
gestantes podem adquirir diabetes mellitus gestacional ou diabetes mellitus tipo II, mas
poucas continuam diabéticas (figura 15).
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
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CAPÍTULO 2
AJUSTES FISIOLÓGICOS MATERNOS
Assim, neste período, há aumento do volume plasmático total (VPT) em que, a mulher
não grávida possui cerca de 2.600 mL de VPT.
O que ocorre é que, próximo a 32a semana gestacional o VPT aumenta, aproximadamente,
50% do volume inicial e, ao final da gestação, cessa-se esse aumento, o qual foi
responsável por alterações no sistema cardiovascular materno.
Neste aumento, há maior quantidade de líquidos, mas o ideal seria que estivesse
acompanhado do aumento de células. Acompanhe a seguir.
Eritrócitos
Leucócitos
Composição plasmática
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
das arteríolas renais, havendo excreção de albumina e outras proteínas. Para que haja
síntese de albumina, o organismo materno deve manter o fígado saudável e funcionante
e as fontes dietéticas devem ser adequadas, fornecendo os aminoácidos essenciais.
Com esse aumento de perfusão, ocorre vasodilatação periférica, o que, para as gestantes
que não tiveram histórico ou familiares com hipertensão, pode levar a queda deste
parâmetro (de modo geral, há redução de cerca de 3 a 4 mmHg na pressão sistólica e
de 10 a 15 mmHg na diastólica).
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
Essas características induzem uma respiração mais profunda e rápida, o que aperfeiçoa
as trocas gasosas e implica na redução da pressão parcial de gás carbônico e aumento
na de oxigênio, sendo as necessidades do feto devidamente supridas.
Função renal
Desde os períodos mais iniciais da gestação, há aumento de frequência de micção, o
que se justifica não apenas por alterações hormonais, mas por alterações físicas, tais
como o contato uterino na bexiga.
Esse aumento da taxa de filtração glomerular ocorre desde o segundo mês de gestação
e tem por objetivo facilitar a depuração de ácido úrico, ureia e creatinina. Ainda, são
perdidos outros nutrientes pela urina, tais como iodo, folato, aminoácidos e glicose.
A glicosúria é bastante comum durante a gestação, devido ao aumento da filtração
glomerular.
Função gastrointestinal
Durante a gestação, muitas alterações ocorrem no sistema gastrointestinal que acabam
por afetar o estado nutricional materno. Nas fases mais iniciais (1o trimestre) pode
haver náuseas, enjoos e vômitos, mais característicos do período da manhã o que leva
a redução na ingestão alimentar.
Nesse sentido, é possível existir aversão por algum alimento que, anteriormente à
gestação era consumido e apreciado. Não existem evidências de que os desejos e
aversões desse período reflitam qualquer necessidade fisiológica.
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
Apesar de não ser frequente, existem casos em que a gestante apresenta compulsão
por substâncias um tanto quanto estranhas e inadequadas.
A vesícula biliar também fica hipotônica e promove menor liberação da bile, o que se
conhece por estase biliar. Essa característica pode relacionar-se a certa intolerância a
alimentos mais gordurosos pelas gestantes.
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CAPÍTULO 3
ASSISTÊNCIA NUTRICIONAL NO PRÉ-NATAL
Na primeira consulta com a gestante, é ideal que o nutricionista tente observar o maior
número de informações possíveis sobre a gestante e que já deixe todos os próximos
encontros agendados, além do possível tema a ser abordado para cada encontro.
» Uso de medicamentos.
» Anamnese clínica: é ideal que para essa anamnese a paciente fique apenas com
roupas íntimas para que o nutricionista possa observar adequadamente a saúde
das unhas, pele, cabelo, pés, sinais de disbiose, manchas, edemas, avaliação dos
mamilos e outros.
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
Assim, o acompanhamento nutricional nesse período deve ser composto por exame físico
e anamnese, estimativa de idade gestacional e da data provável do parto, avaliação de
exames e riscos, acompanhamento do crescimento fetal e avaliação do estado nutricional
visando atuar preventivamente influenciando para um prognóstico positivo de gestação.
Além disso, deve-se realizar a anamnese alimentar da paciente, para investigar seus
principais erros alimentares que possam ser prejudiciais à sua saúde e a do feto. Uma
ferramenta bastante utilizada para esse fim é o recordatório de 24 horas.
É ideal que a anamnese alimentar seja o mais específica possível podendo, até mesmo,
questionar quanto à marca utilizada para determinado alimento para identificar qualquer
interferência em seu estado nutricional. A seguir, os itens a serem observados:
» Funcionamento intestinal.
» Ingestão de água.
» Avaliação nutricional.
É ideal que esse acompanhamento seja iniciado assim que houve suspeita de gestação,
consolidando, então, o primeiro atendimento/consulta.
A partir daí, indica-se que, até a 36a semana de gestação, o espaçamento das consultas
seja com intervalos de quatro semanas e, a partir de então, devendo ser semanal ou
quinzenal até o parto.
Pode-se fornecer algumas orientações gerais para gestantes que não apresentam
intercorrência nesse primeiro encontro. O nutricionista deverá explicar, detalhadamente,
cada uma delas. Acompanhe a seguir:
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
Quando a gestação for de maior risco, no geral, os intervalos entre as consultas são
menores.
Após o parto, o acompanhamento deverá seguir esse mesmo ritmo, sendo recomendado
o mínimo de uma consulta a cada bimestre.
A idade gestacional, expressa em semanas ou dias, deve ser estimada a partir do primeiro
dia data da última menstruação.
Existem alguns métodos estabelecidos e sugeridos pelo Ministério da Saúde para cálculo
da idade gestacional e da data de previsão do parto. Acompanhe a seguir:
41
UNIDADE ii | GESTAÇÃO
7 dias + 5= 12 (dia)
» No caso de não ser possível o cálculo por nenhuma das formas acima, quando não
se conhece nem a data e nem o período da última menstruação, a idade gestacional
deve ser calculada a partir da altura uterina e ultrassonografia obstétrica.
Como nem sempre é possível identificar o peso corporal anterior ao período gestacional
por avaliação antropométrica, o que seria o ideal, pode-se trabalhar com o peso referido
pela gestante ou, ainda, identificar essa medida no 1o trimestre de gestação.
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
O cálculo de ganho de peso deve ser realizado a partir do peso da paciente antes da
gestação (avaliado por antropometria ou referido pela paciente) e, a partir de então, o
IMC pré-gestacional deverá ser obtido para que o nutricionista possa identificar se a
gestante iniciou o período com baixo peso corporal, eutrofia ou sobrepeso e obesidade,
conforme descrito abaixo:
Tabela 1. Ganho de peso total para o período gestacional, de acordo com a classificação de
IMC pré-gestacional.
Esse cálculo é realizado pelo nomograma de Rosso (1985), o qual estabelece uma linha
diagonal entre o peso pré-gestacional e a estatura da paciente (figura 17).
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
Tabela 2. Ganho de peso semanal para o período gestacional, a partir do segundo trimestre,
de acordo com a classificação de IMC pré-gestacional.
Esse ganho semanal, nem sempre, é ideal divulgar/mencionar para a paciente, pois
pode gerar certo desconforto ou ansiedade. Mas serve de objetivo e direção para o
nutricionista que a acompanha.
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
Tabela 3. Ganho de peso semanal para o período gestacional, de acordo com a classificação
de IMC pré-gestacional.
IMC pré-gestacional Ganho de peso total Ganho de peso semana Ganho de peso total
(kg/m2) no 1o trimestre (kg) no 2o e 3o trimestre (kg) na gestação (kg)
<19,8 (Baixo peso) 2,3 0,5 12,5 a 18,0
19,8 a 26,0 (Eutrofia) 1,6 0,4 11,5 a 16,0
26,1 a 29,0 (Sobrepeso) 0,9 0,3 7,0 a 11,5
>29,0 (Obesidade) -- 0,3 7,0
Fonte: Adaptado de Vitolo, 2003.
Neste sentido, gestantes classificadas de baixo peso deverão ganhar entre 11,5 e 18,0 kg ao
longo de toda a gestação, sendo que no 1o trimestre, o ganho médio dessa paciente, deverá
ser de 2,3 kg e de 0,5 kg (ou 500 g) por semana entre o 2o e 3o trimestres de gestação.
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
Avaliação bioquímica
Devido aos ajustes fisiológicos característicos do período gestacional, há interferência
nos valores normais de muitas variáveis bioquímicas. Por isso, foram estipulados valores
referenciais específicos para gestantes.
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UNIDADE ii | GESTAÇÃO
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GESTAÇÃO | UNIDADE ii
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PRÉ-NATAL UNIDADE II
CAPÍTULO 1
RECOMENDAÇÕES NUTRICIONAIS NA GESTAÇÃO
Nos períodos mais iniciais da gestação, existe certa redução de apetite o que é revertido
nos trimestres seguintes, em que há maior facilidade de a ingestão se manter acima
do habitual.
50
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
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UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Tabela 5. Dietary References Intake (DRIs): Recommended Dietary Allowances and Adequate
Intakes, Elements.
Cálcio
1.300,0 1.300,0 1.000,0 1.000,0 1.200,0 1.200,0 1.300,0 1.000,0 1.000,0 1.300,0 1.000,0 1.000,0
(mg/dia)
Cromo
21,0 24,0 25,0 25,0 20,0 20,0 29,0 30,0 30,0 44,0 45,0 45,0
(µg/dia)
Cobre
700,0 890,0 900,0 900,0 900,0 900,0 1.000,0 1.000,0 1.000,0 1.300,0 1.300,0 1.300,0
(µg/dia)
Flúor
2,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0 3,0
(mg/dia)
Iodo
120,0 150,0 150,0 150,0 150,0 150,0 220,0 220,0 220,0 290,0 290,0 290,0
(µg/dia)
Magnésio
240,0 360,0 310,0 320,0 320,0 320,0 400,0 350,0 360,0 360,0 310,0 320,0
(mg/dia)
Manganês
1,6 1,6 1,8 1,8 1,8 1,8 2,0 2,0 2,0 2,6 2,6 2,6
(mg/dia)
Molibidênio
34,0 43,0 45,0 45,0 45,0 45,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0 50,0
(µg/dia)
Fósforo
1.250,0 1.250,0 700,0 700,0 700,0 700,0 1.250,0 700,0 700,0 1.250,0 700,0 700,0
(mg/dia)
Selênio
40,0 55,0 55,0 55,0 55,0 55,0 60,0 60,0 60,0 70,0 70,0 70,0
(µg/dia)
Zinco
8,0 9,0 8,0 8,0 8,0 8,0 12,0 11,0 11,0 13,0 12,0 12,0
(mg/dia)
Potássio
4,5 4,7 4,7 4,7 4,7 4,7 4,7 4,7 4,7 5,1 5,1 5,1
(g/dia)
Sódio
1,5 1,5 1,5 1,5 1,3 1,2 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5 1,5
(g/dia)
Cloro
2,3 2,3 2,3 2,3 2,0 1,8 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3
(g/dia)
Tabela 6. Dietary References Intake (DRIs): Recommended Dietary Allowances and Adequate
Intakes, Vitamins.
Vitamina A
600,0 700,0 700,0 700,0 700,0 700,0 750,0 770,0 770,0 1.200,0 1.300,0 1.300,0
(µg/dia)
Vitamina C
45,0 65,0 75,0 75,0 75,0 75,0 80,0 85,0 85,0 115,0 120,0 120,0
(mg/dia)
Vitamina D
15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 20,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0
(µg/dia)
Vitamina E
11,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 15,0 19,0 19,0 19,0
(mg/dia)
Vitamina K
60,0 75,0 90,0 90,0 90,0 90,0 75,0 90,0 90,0 75,0 90,0 90,0
(µg/dia)
52
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
Tiamina
0,9 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 1,4 1,4 1,4 1,4 1,4 1,4
(mg/dia)
Riboflavina
0,9 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 1,4 1,4 1,4 1,6 1,6 1,6
(mg/dia)
Niacina
12,0 14,0 14,0 14,0 14,0 14,0 18,0 18,0 18,0 17,0 17,0 17,0
(mg/dia)
Vitamina B6
1,0 1,2 1,3 1,3 1,5 1,5 1,9 1,9 1,9 2,0 2,0 2,0
(mg/dia)
Folato
300,0 400,0 400,0 400,0 400,0 400,0 600,0 600,0 600,0 500,0 500,0 500,0
(µg/dia)
Vitamina B12
1,8 2,4 2,4 2,4 2,4 2,4 2,6 2,6 2,6 2,8 2,8 2,8
(µg/dia)
Ácido
Pantotênico 4,0 5,0 5,0 5,0 5,0 5,0 6,0 6,0 6,0 7,0 7,0 7,0
(mg/dia)
Biotina
20,0 25,0 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0 30,0 35,0 35,0 35,0
(µg/dia)
Colina
375,0 400,0 425,0 425,0 425,0 425,0 450,0 450,0 450,0 550,0 550,0 550,0
(mg/dia)
Tabela 7. Dietary References Intake (DRIs): Tolerable Upper Intake Levels, Vitamins.
Vitamina A
1.700,0 2.800,0 3.000,0 3.000,0 3.000,0 3.000,0 2.800,0 3.000,0 3.000,0 2.800,0 3.000,0 3.000,0
(µg/dia)
Vitamina C
1.200,0 1.800,0 2.000,0 2.000,0 2.000,0 2.000,0 1.800,0 2.000,0 2.000,0 1.800,0 2.000,0 2.000,0
(mg/dia)
Vitamina D
100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0 100,0
(µg/dia)
Vitamina E
600,0 800,0 1.000,0 1.000,0 1.000,0 1.000,0 800,0 1.000,0 1.000,0 800,0 1.000,0 1.000,0
(mg/dia)
Vitamina K
ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
(µg/dia)
Tiamina
ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
(mg/dia)
Riboflavina
ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
(mg/dia)
Niacina
20,0 30,0 35,0 35,0 35,0 35,0 30,0 35,0 35,0 30,0 35,0 35,0
(mg/dia)
Vitamina B6
60,0 80,0 100,0 100,0 100,0 100,0 80,0 100,0 100,0 80,0 100,0 100,0
(mg/dia)
Folato
600,0 800,0 1.000,0 1.000,0 1.000,0 1.000,0 800,0 1.000,0 1.000,0 800,0 1.000,0 1.000,0
(µg/di)
Vitamina B12
ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
(µg/dia)
Ácido
Pantotênico ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
(mg/dia)
53
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Biotina
ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
(µg/dia)
Colina
2,0 3,0 3,5 3,5 3,5 3,5 3,0 3,5 3,5 3,0 3,5 3,5
(g/dia)
Carotenóides ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
Tabela 8. Dietary References Intake (DRIs): Recommended Dietary Allowance and Adequate
Intake, Total Water and Macronutrients.
Total de água
2,1 2,3 2,7 2,7 2,7 2,7 3,0 3,0 3,0 3,8 3,8 3,8
(L/dia)
Carboidratos
130,0 130,0 130,0 130,0 130,0 130,0 175,0 175,0 175,0 210,0 210,0 210,0
(g/dia)
Total de Fibras
26,0 26,0 25,0 25,0 21,0 21,0 28,0 28,0 28,0 29,0 29,0 29,0
(g/dia)
Gordura
ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
(g/dia)
Ácido Linoléico
10,0 11,0 12,0 12,0 11,0 11,0 13,0 13,0 13,0 13,0 13,0 13,0
(g/dia)
Ácido
α-linolênico 1,0 1,1 1,1 1,1 1,1 1,1 1,4 1,4 1,4 1,3 1,3 1,3
(g/dia)
Proteínas
34,0 46,0 46,0 46,0 46,0 46,0 71,0 71,0 71,0 71,0 71,0 71,0
(g/dia)
Fonte: Adaptado de Food and nutrition board – Institute of medicine (http://iom.nationalacademies.org/
About-IOM/Leadership-Staff/IOM-Staff-Leadership-Boards/Food-and-Nutrition-Board.aspx). Obs.: ND =
Não determinado.
Tabela 9. Dietary References Intake (DRIs): Tolerable Upper Intake Levels, Elements.
Boro
11,0 17,0 20,0 20,0 20,0 20,0 17,0 20,0 20,0 17,0 20,0 20,0
(mg/dia)
Cálcio
3.000,0 3.000,0 2.500,0 2.500,0 2.500,0 2.500,0 3.00,0 2.500,0 2.500,0 3.000,0 2.500,0 2.500,0
(mg/dia)
Cromo
ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND ND
(µg/dia)
Cobre
5.000,0 8.000,0 10.000,0 10.000,0 10.000,0 10.000,0 8.000,0 10.000,0 10.000,0 8.000,0 10.000,0 10.000,0
(µg/dia)
Flúor
10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0 10,0
(mg/dia)
Iodo
600,0 900,0 1.100,0 1.100,0 1.100,0 1.100,0 900,0 1.100,0 1.100,0 900,0 1.100,0 1.100,0
(µg/dia)
Ferro
40,0 45,0 45,0 45,0 45,0 45,0 45,0 45,0 45,0 45,0 45,0 45,0
(mg/dia)
Magnésio
350,0 350,0 350,0 350,0 350,0 350,0 350,0 350,0 350,0 350,0 350,0 350,0
(mg/dia)
Manganês
6,0 9,0 11,0 11,0 11,0 11,0 9,0 11,0 11,0 9,0 11,0 11,0
(mg/dia)
54
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
Molibidênio
1.100,0 1.700,0 2.000,0 2.000,0 2.000,0 2.000,0 1.700,0 2.000,0 2.000,0 1.700,0 2.000,0 2.000,0
(µg/dia)
Fósforo
4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 4,0 3,5 3,5 3,5 4,0 4,0 4,0
(g/dia)
Selênio
280,0 400,0 400,0 400,0 400,0 400,0 400,0 400,0 400,0 400,0 400,0 400,0
(µg/dia)
Zinco
23,0 34,0 40,0 40,0 40,0 40,0 34,0 40,0 40,0 34,0 40,0 40,0
(mg/dia)
Sódio
2,2 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3 2,3
(g/dia)
Cloro
3,4 3,6 3,6 3,6 3,6 3,6 3,6 3,6 3,6 3,6 3,6 3,6
(g/dia)
Energia
Durante a gestação, o metabolismo materno aumenta cerca de 15%.
Nesse sentido, as primeiras recomendações da OMS eram para um adicional de 150 kcal/
dia durante o 1o trimestre de gestação e de 350 kcal/dia para o 2o trimestre de gestação.
55
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Ainda, desde 2004, existem algumas recomendações para adicionais que levam em
consideração a idade gestacional e, mesmo por meio dessas recomendações, as
gestantes com sobrepeso ou obesidade são isentas desse adicional.
É normal ocorrer redução na prática física no início da gestação, mas, mesmo assim, é
necessário que exista uma recomendação adicional.
Em alguns momentos, tais como nos casos de baixo peso ou diabetes gestacional e
hipertensão, pode ser necessário utilizar o peso ideal para cálculo do VET, desde que não
seja para fins de redução de peso corporal (o que não deve ocorrer durante a gestação).
Nos casos de peso ideal, em algumas ocasiões não se trabalha com adicional calórico,
mas não existe uma regra. Essa evolução deverá ser avaliada de uma consulta para outra.
Proteínas
As necessidades nutricionais de proteínas estão aumentadas durante todo o período
gestacional, visto que esse nutriente possui papel fundamental na composição e
formação da placenta, membrana, líquido amniótico e crescimento dos tecidos maternos.
Existem relatos de que, na segunda metade da gestação, o aumento desse estoque é de,
aproximadamente, 50%, período esse marcado por maior crescimento fetal, expansão
do volume sanguíneo e aumento dos anexos fetais.
56
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
Assim, a necessidade diária de proteína está aumentada para 60 g e, pelo menos 50%
do consumo deve ser de proteína de alto valor biológico.
Carboidratos
Quanto às recomendações de carboidratos, não há alterações ou mudanças quantitativas.
No entanto, é necessário orientar a gestante quanto ao tipo de carboidrato a ser
consumido: preferir os carboidratos complexos.
Esse é o principal nutriente utilizado como fonte de energia para o feto e se mantém
armazenado sob a forma de glicogênio, conforme já discutido no tópico sobre o
“Lactogênio placentar humano”.
Lipídeos
Assim como no caso dos carboidratos, não há mudanças quantitativas para esse nutriente.
O cérebro depende de alimentos ricos em ácidos graxos para seu crescimento, função e
estrutura e esses nutrientes devem representar cerca de 30% das calorias diárias da gestante.
É ideal que haja estímulo para ingestão de gorduras adequadas, por exemplo, a do
abacate ou do ovo (as poli-insaturadas) e que sejam evitadas as gorduras prejudiciais
e isso deverá ser amplamente orientado em todas as consultas nutricionais.
57
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Micronutrientes
As recomendações de micronutrientes devem seguir as DRIs, conforme descrito
anteriormente. O consumo inadequado de vitaminas e minerais pode levar a resultados
prejudiciais para a saúde tanto materna quanto fetal.
Essa característica decorre das necessidades aumentadas para energia e proteína, sendo
necessário elevação na ingestão de determinadas vitaminas que atuam como cofator
para o metabolismo dos macronutrientes.
Ferro
Uma das deficiências nutricionais mais comuns, no mundo, é a de ferro que é a causa
nutricional da anemia. Os efeitos desta deficiência nos resultados da gestação são os
mais preocupantes.
58
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
Nesse sentido, há redução nas reservas maternas de ferro, visto que o feto a utiliza
para garantir seu próprio armazenamento; para lhe garantir suficiente suprimento aos
primeiros três a seis meses após nascimento. Isso ocorre mesmo quando a mãe está
anêmica ou desnutrida, o que agrava ainda mais o quadro materno.
Existem algumas evidências que apontam que, mesmo que haja estímulo e aumento
da absorção de ferro durante a gestação, é ideal induzir um estoque pré-concepcional
entre 300 e 500 mg desse mineral.
As refeições da gestante devem incluir fatores que promovam a absorção do ferro, tais
como o ácido ascórbico e o fator nutricional MFP, o qual está presente nas carnes, aves
e peixes.
Ainda, é ideal que seja evitada ingestão de alimentos compostos por substâncias que
impedem a absorção desse mineral, pelo menos nas grandes refeições, como é o caso
do cálcio, fitatos e componentes fenólicos.
Cálcio
59
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
A recomendação de ingestão diária pode ser atingida pelo consumo, por exemplo, de
dois copos de leite integral, um de iogurte e 30 g de queijo.
Outros alimentos que também são fontes do mineral, mas que possuem reduzida
biodisponibilidade são: feijões, vegetais (couve, agrião, mostarda e brócolis), sardinha,
tahine, ostras e alguns alimentos a base de soja, tais como o tofu.
60
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
Zinco
Sua deficiência leva à mobilização de zinco materno para o feto, o que diminui os níveis
tanto maternos quanto fetais.
As principais fontes alimentares de zinco são as carnes, peixes e aves, cereais integrais,
nozes, fígado, ostras e mariscos, queijos, semente de abóbora, ovos e leguminosas.
Iodo
61
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Magnésio
Adicionalmente, não só sua deficiência, mas também seu excesso está relacionado com
malformação do feto.
Vitamina B2 (Riboflavina)
Vitamina B6 (Piridoxina)
62
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
Os principais alimentos fontes dessa vitamina são os cereais integrais, batata, fígado,
carne de porco, frango e leguminosas.
Vitamina B12
O oferecimento de altas doses de folato a gestantes com deficiência de B12 pode auxiliar
na reversão da anemia. Entretanto, as intercorrências neurológicas não são solucionadas
e isso pode mascarar essa deficiência.
As gestantes que não consomem carnes são os maiores alvos de preocupação para a
deficiência dessa vitamina, já que as maiores fontes são carnes, ovos, leite e derivados,
vísceras, embutidos e frutos do mar (produtos animais).
Assim, torna-se importante a utilização de leite de soja enriquecido com vitaminas, além
da indicação de suplementos.
63
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Ainda, as doenças crônicas, tais como diabetes, hipertensão arterial, câncer e doenças
cardiovasculares apresentam correlação positiva com a existência de estresse oxidativo,
sendo, portanto, de suma importância à manutenção de agentes antioxidantes.
Os principais alimentos fontes dessa vitamina são: frutas (laranja, goiaba, acerola,
morango, manga, mamão, kiwi, abacaxi), vegetais, tais como a couve-flor e folhosos.
Vitamina D (Calciferol)
Vitamina E (Tocoferol)
As principais fontes alimentares recomendadas são: óleos vegetais (milho, soja e girassol),
leite de vaca, salmão, abacate e damasco.
Vitamina K
64
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
65
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
A suplementação de ácido fólico também pode estar associada à de vitamina B12 o que
parece reduzir em 90% os casos de defeitos no tubo neural. Dentre os tipos de defeitos
no tubo neural, destaca-se a espinha bífida, anencefalia e encefalocele e malformações.
Nos graus menos graves, há curvatura da coluna vertebral, pé torto, fraqueza muscular,
perdas motoras e sensitivas, luxação de quadris e prejuízos mentais. Nos casos em que
os fetos não vão a óbitos, há necessidade de intervenções cirúrgicas. Acompanhe a
imagem a seguir:
Nesse sentido, o consumo adequado de ácido fólico deve ocorrer antes do fechamento
do tubo neural, no período entre o 26o e 27o dia de vida intrauterina. Existem evidências
66
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
Recomenda-se que a ingestão de folato não ultrapasse 1 mg/dia, pois isso levará ao
diagnóstico de deficiência da vitamina B12, o que pode ser altamente prejudicial ao
feto em relação a biodisponibilidade de folato.
É interessante estar atento aos medicamentos à base de ácido fólico (Folacin, Folin,
Endofolin e Folital) os quais apresentam níveis aproximados de 5 mg desse nutriente,
o que ultrapassa a recomendação máxima de ingestão.
Os alimentos fontes de ácido fólico são: fígado de boi, lentilhas, espinafre, grão-de-bico,
feijão branco, germe de trigo, levedo de cerveja, beterraba, aspargos, vegetais verde-
escuros, brócolis, repolho cru, abacate e alimentos e cereais enriquecidos.
Vitamina A
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UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
É indicado o cuidado com uso abusivo de cremes cutâneos que contenham ácido
retinoico e derivados. O excesso dessa vitamina é tão prejudicial quanto sua deficiência
e, portanto, a indicação de suplementação deve ser muito bem avaliada e, na dúvida,
o ideal é não suplementar.
Os principais alimentos fontes desse nutriente são: fígado de boi, óleo de fígado de
bacalhau, óleo de peixe, ovos, queijo e manteiga, leite integral, azeite de dendê, abóbora,
cenoura, manga, couve e agrião.
68
CAPÍTULO 2
SUPLEMENTAÇÃO NA GESTAÇÃO
Ômega-3
Os ácidos graxos ômega-3 possuem importante função estrutural e celular, essencial para
o crescimento e desenvolvimento. São dois principais derivados: ácido eicosapentaenoico
(EPA) e ácido decosahexaenoico (DHA).
Nesse sentido, existem duas principais fases de desenvolvimento críticos que requerem
esse nutriente: a fase fetal e a fase do nascimento até o completo desenvolvimento do
cérebro e da retina (cerca de 2 anos de idade).
Probióticos
Os probióticos são micro-organismos capazes de modificar a composição da microbiota
do trato gastrointestinal, produzindo efeitos benéficos para a saúde, os quais são
dependentes das cepas utilizadas para suplementação.
69
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Cada cepa deve ser indicada na concentração de 108 UFC/dia ou 1010 UFC/dia. Os mais
importantes e utilizadas são:
» Lactobacillus acidophilus;
» Lactobacillus bulgáricos;
» Lactobacillus lactis;
» Lactobacillus plantarum;
» Enterococcus faecium;
» Enterococcus fecalis;
» Bifidobacterium bifidum;
» Bifidobacterium longum;
» Bifidobacterium infantis.
Exemplo:
70
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
Prebióticos
Os prebióticos são carboidratos complexos e não digeríveis (semelhantes às fibras
alimentares), visto que são resistentes à ação das enzimas digestivas e, quando atingem
a região do cólon, exercem efeito benéfico na microflora colônica.
Colágeno hidrolisado
As estrias surgem em cerca de 70% das gestantes, a partir do 25a semana gestacional.
Decorrem de características peculiares da pele, herança genética e ganho acentuado
de peso em curto tempo.
Vitaminas e minerais
Conforme já antecipado nos itens anteriores, durante o período gestacional, há aumento
da necessidade de vitaminas e minerais, principalmente entre o 2o e 3o trimestre.
Nesse período, de modo geral, há aumento de apetite e isso, muitas vezes, torna a
suplementação de vitaminas e minerais desnecessária.
71
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
O monitoramento dos adequados níveis desses nutrientes pode ser solicitado por
exames bioquímicos (hemograma completo, B12, 25-hidroxi-vitaminaD, cromo sérico,
vitamina A, ácido fólico e mineralograma).
72
CAPÍTULO 3
ALIMENTAÇÃO NA GESTAÇÃO
» O consumo de bebida alcóolica deve ser restrito por todo o período gestacional.
73
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Sacarina
São poucos os estudos que comprovam ou não o risco de intercorrências fetais por
consumo da sacarina durante a gestação. Dessa maneira, é indicado que se evite o uso
desse edulcorante e durante o período de gestação e amamentação.
Aspartame
Além disso, o consumo desse edulcorante relaciona-se com aumento nos níveis de
aspartato e fenilalanina no leite materno e, portanto, não é aconselhável seu consumo
durante a gestação e amamentação.
Ciclamato
No entanto, não existem citações sobre sua relação com a má formação e problemas
comportamentais no feto, quando exposto a essa substância.
Sucralose
A FDA (Food and Drug Administration) considera que esse tipo de edulcorante não
fornece risco para câncer, problemas neurológicos ou reprodutivos para humanos.
74
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
No entanto, ainda não existem dados conclusivos sobre seu consumo durante a gestação
e amamentação.
Steviosídeo
Ainda existe muita controvérsia sobre possíveis riscos e, portanto, considera-se adequado
que a gestante não consuma esse tipo de edulcorante.
Acessulfame-K
Ainda não existem estudos que comprovem a presença ou não de seu risco e, portanto,
considera-se adequado que a gestante não consuma esse tipo de edulcorante.
Cafeína
A cafeína atravessa facilmente a barreira placentária e sua ingestão excessiva durante a
gestação pode ser teratogênica. Ainda, pode induzir maior risco de abortos espontâneos
e de baixo peso ao nascer.
Bebida alcoólica
O consumo de bebidas alcoólicas deve ser evitado durante todo o período gestacional.
Esse hábito é considerado um grave problema de saúde pública, bastante relacionado
à intercorrências fetais.
No bebê, o álcool afeta os olhos, nariz, coração, sistema nervoso central, atraso no
crescimento e retardo mental, o que caracteriza a síndrome alcoólica fetal. Acompanhe
a figura a seguir:
75
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Xenobióticos:
Quadro 7.
76
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
Bifenis policlorados
Pesticidas clorinados
Pesticidas organofosforados
Náuseas e vômitos
As orientações para essa paciente devem envolver não apenas um suporte nutricional
adequado, mas componentes psicológicos relacionados com objetivo de minimizar as
sensações de angústias e tensões.
Quando esses sintomas surgem no período matinal, pode-se orientar a paciente a não
escovar os dentes logo que acordar e aguardar para realização da primeira refeição.
77
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Pirose
A pirose ou azia acomete cerca de 30 a 50% das gestantes e, de modo geral, pode
ser decorrente do refluxo gastroesofágico, hipotonia do esfíncter esofagiano inferior
e menor taxa de esvaziamento gástrico o que, em especial, é caracterizado pela ação
da progesterona no relaxamento de músculos lisos, além da maior pressão exercida,
fisicamente, pelo crescimento fetal uterino, no estômago.
Esse sintoma está presente, principalmente, após as refeições, com maior frequência
no 2o trimestre. Entretanto, a azia pode retornar no final da gestação, também, devido
à pressão uterina que provoca deslocamento do estômago e esôfago.
Sensação de plenitude
78
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
A dieta deve ser bem fracionada e realizada em menor volume e deve respeitar a
tolerância da gestante. De maneira geral, há necessidade de aumento na densidade
calórica e, muitas vezes, necessidade de utilização de complementos nutricionais em
demandas calóricas aumentadas.
É comum que esse sintoma seja minimizado com a modificação da consistência da dieta.
Por exemplo, a dieta pastosa, nos períodos de jantar e ceia, são bastante aceitas, pela
maior facilidade de digestão. Além disso, é interessante que a gestante utilize roupas
confortáveis e que não se deite logo após as refeições.
Constipação intestinal
Esse sintoma acomete cerca de 10 a 40% das gestantes e, no caso de haver histórico de
constipação, no período gestacional, há maior probabilidade desse sintoma ser agravado.
Nesse sentido, a prescrição dietética para essas gestantes deve estimular a ingestão de
alimentos ricos em fibras alimentares (por exemplo, as frutas laxativas: mamão e ameixa);
preferir frutas com bagaço; vegetais folhosos crus; frutas secas nos lanches; estimular a
ingestão de líquidos nos intervalos entre as refeições e estimular consumo de alimentos
integrais: uso de farelo de trigo ou aveia (no máximo, 2 colheres de sopa/dia).
É importante enfatizar que alimentos integrais e farelos devem ser consumidos nos
intervalos entre as grandes refeições e com líquidos.
Deve-se atentar ao consumo de alimentos industrializados que, mesmo que sejam ricos
em fibras, devem ser utilizados com cautela devido à presença de edulcorantes e maior
aporte calórico.
79
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Hemorroidas
Para amenizar esse sintoma, as orientações são compatíveis com as relacionadas para
a constipação intestinal, além de ser de extrema importância a utilização de água e
sabão neutro durante a higiene perianal, ao invés de utilização de papel higiênico e é
importante o acompanhamento médico para maiores orientações.
Câimbra
O potássio não possui tanta influência nesse sintoma, em período gestacional, a não ser
que a gestante faça uso de algum medicamento que interfira nos níveis desse nutriente.
Existem relatos de que uma das maiores causas de câimbras nas gestantes é a deficiência
de magnésio.
Ainda, outros nutrientes podem auxiliar nesse sintoma, tais como: ômega-3, vitamina
E, selênio, bioflavonoides, vitaminas do complexo B e, também, a hidratação adequada
(sempre estimulando o consumo fracionado e em pequenos volumes).
Edema
80
PRÉ-NATAL | UNIDADE ii
São incentivados, também, o uso de meias elásticas; hábito de elevar as pernas sempre
que possível; o uso de sapatos confortáveis e o adequado ganho de peso corporal.
Picamalácia
A gestante pode ser orientada a procurar algum alimento de sua preferência, capaz
de substituir essa substância e que evite o contato com a substância que lhe desperta
esse desejo compulsivo.
Essa prática deve ser incentivada para que a picamalácia não interfira na ingestão
de alimentos fontes de nutrientes, sendo importante reforçar para a gestante
que essas substâncias podem induzir contaminações e infecções e, até mesmo,
deficiências/carências nutricionais.
Cefaleia
A gestante que apresenta esse sintoma deverá ser orientada a evitar alimentos
estimulantes, tais como a cafeína (café, refrigerantes, chá mate), açúcar e alimentos
condimentados, estimular a ingestão hídrica (fracionada e em menor volume) e investigar
possível influência do consumo excessivo de leite, o que pode causar esse desconforto.
81
UNIDADE ii | PRÉ-NATAL
Sialorreia ou ptialismo
Esse sintoma é caracterizado por aumento da secreção salivar o que, em muitos casos,
passa desapercebido pelas gestantes.
Sangramento da gengiva
Esse sintoma pode estar associado a possíveis deficiências nutricionais, tais como das
vitaminas A, B, C, D, zinco e magnésio; a presença de placas bacterianas; estado de
imunossupressão e aumento nos níveis hormonais (progesterona).
Como conduta nutricional, deve-se evitar alimentos com açúcar refinado, estimular a
ingestão de alimentos fontes de vitamina C e identificar possíveis deficiências nutricionais
para corrigi-las.
Acne
É ideal orientar que a gestante evite o consumo exagerado de gorduras, açúcar simples
e leite de vaca; aumente o consumo de alimentos fontes de fibras, vitaminas e minerais
e que realize hidratação adequada.
82
INTERCORRÊNCIAS
RELACIONADAS À UNIDADE IV
GESTAÇÃO
CAPÍTULO 1
PRINCIPAIS INTERCORRÊNCIAS NA GESTAÇÃO
De modo geral, as gestantes com maior risco para as complicações, são as obesas. Na
mãe, pode haver maior risco para diabetes mellitus e hipertensão e, no feto, pode haver
macrossomia, malformação e mortalidade perinatal.
Mesmo que haja baixo peso na concepção, o retorno do estado nutricional ao longo
da gestação pode reduzir o risco para recém-nascidos de baixo peso, restrição de
crescimento intrauterino e complicações por ganho de peso excessivo.
Deve-se investigar quais são as possíveis causas para o ganho de peso insuficiente:
sinais e sintomas relacionados ao sistema digestório (náuseas e vômitos); renda familiar;
83
UNIDADE iv | INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO
A conduta dietoterápica mais apropriada para esses casos deve envolver o cálculo
da dieta baseado no peso ideal para a idade gestacional; estímulo para aumentar o
fracionamento das refeições e realizá-las em pequeno volume; estimular a ingestão
de líquidos entre as refeições; estimular a ingestão de alimentos fontes de vitamina C
nas grandes refeições; caso seja necessário, aumentar a densidade calórica da dieta e
investigar e corrigir erros alimentares.
A dieta deverá ser ajustada a cada consulta, de acordo com a evolução do estado
nutricional e a aceitação da gestante.
Na segunda metade, esses hormônios induzem ainda mais esse efeito (anabólico) e
provocam aumento da fome nos períodos de jejum.
No entanto, a mobilização de gordura ocorre nos períodos de jejum, para que a glicose
e aminoácidos possam ser oferecidos ao feto.
Ainda, evidências apontam que filhos de mães obesas apresentam maior risco para
desenvolvimento de defeitos cardíacos, quando comparados aos de mãe de baixo
peso, além de maior relação com a ocorrência de espinha bífida, encefalocele e outras
anormalidades. Pode haver, também, maior risco de recém-nascido macrossômico.
84
INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO | UNIDADE iv
Ainda, estudos mostram que a associação entre obesidade e diabetes mellitus materna
podem atuar, de maneira sinérgica, no desenvolvimento de anomalias congênitas, em
especial, defeitos craniofaciais e de músculo esquelético.
O objetivo é de tentar fazer com que a gestante consiga controlar seu apetite, sem
grandes dificuldades para, então, monitorar seu ganho de peso corporal.
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UNIDADE iv | INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO
O DHEG ocorre quando há três sinais e sintomas que são característicos. São eles:
pressão arterial superior a 140/90 mmHg, edema e proteinúria (> 0,3g/ 24 h). Nesse
caso, o edema é de cunho patológico, apresentando como principal diferença do edema
fisiológico, sua rápida evolução.
Ainda, essa síndrome pode ser uma das principais causas de indicações para interrupção
prematura da gestação e, quando não acompanhada e tratada, pode evoluir para danos
no sistema nervoso central, rins, coração e olhos da gestante, além de afetar o feto.
De modo geral, os fatores de risco para ocorrência desse distúrbio são: histórico
familiar de hipertensão arterial; obesidade; gestação gemelar (conforme estudaremos
mais adiante); diabetes mellitus gestacional; gestação com mais de 30 anos de idade;
entre outros.
A DHEG ocorre em 6% das gestantes e representa um quadro clínico que pode ser
dividido em dois principais estágios: pré-eclâmpsia e eclampsia. Ambos os estágios são
caracterizados por hipertensão arterial, edema e proteinúria, no entanto, na eclampsia
há quadro convulsivo e, eventualmente, o coma.
86
INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO | UNIDADE iv
Caso a gestante não realize a ingestão de produtos lácteos e seja portadora da DHEG,
é importante pensar na suplementação desse mineral.
Anemia ferropriva
Existem muitos casos de gestantes que apresentam anemia, o que, comumente, é
decorrente da falta de ferro. Esse fato é agravado pela maior suscetibilidade às perdas
de ferro características da fase reprodutiva da mulher: menstruação e maior demanda
de ferro durante a gestação.
87
UNIDADE iv | INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO
A suplementação ocorre entre 60 e 120 mg/dia de ferro elementar em duas doses diárias.
De modo geral, a suplementação de cobre (2 mg) e zinco (15 mg) é indicada quando a
suplementação de ferro excede 60 mg. Isso evita que a absorção desses outros minerais
não seja prejudicada.
É ideal que a ferritina sérica materna seja rotineiramente monitorada para confirmar
a correta suplementação. Existem evidências de que a suplementação tanto de ferro
quanto de folato, reduzem a ocorrência de anemias.
A DMG pode acometer cerca de 14% das gestantes, sendo o período gestacional um
importante fator de risco para o desenvolvimento dessa doença, principalmente, devido
a alterações hormonais características.
Os principais fatores de risco para o DMG são: idade superior a 25 anos; baixa estatura
(< 1,50 m); antecedentes familiares; hipertensão; estoque excessivo de gordura
abdominal; ganho de peso excessivo; antecedentes obstétricos (macrossomia, por
exemplo), entre outros.
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INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO | UNIDADE iv
Em contrapartida, para algumas gestantes que apresentam fator de risco para DMG,
a produção de insulina não é suficiente para a manutenção de níveis glicêmicos
adequados, levando à hiperglicemia.
Para que o feto consiga utilizar a glicose transferida pela mãe, ele sintetiza sua própria
insulina a partir da 12a semana gestacional e, nesse sentido, a normalização dos níveis
glicêmicos maternos é de extrema importância para que o feto não apresente excesso
desse nutriente.
O fato de haver maior necessidade de glicose pelo feto influencia nos parâmetros
glicêmicos maternos. A glicemia de jejum é comumente reduzida e existe tendência de
hipoglicemia ao longo do período gestacional.
Paralelamente, mobiliza-se mais ácidos graxos do tecido adiposo para manter a oferta
energética da gestante e, em casos extremos, pode haver maior produção de corpos
cetônicos e desenvolve-se a cetose.
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UNIDADE iv | INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO
As refeições devem ser fracionadas e não é indicado pular nenhuma delas, para que se
evite a hipoglicemia. Os carboidratos não devem ser restritos à paciente, já que indicam
a principal fonte energética para o crescimento fetal.
Nesse sentido, é ideal que a ingestão de, pelo menos, 160 g de carboidratos e 1800 Kcal
sejam mantidas, evitando a cetose. Preferir os carboidratos complexos e evitar excesso de
sacarose, frutose e glicose, sem ultrapassar 10 a 15% do total de carboidratos ingeridos.
Quando presente e não controlada pode aumento o risco para parto prematuro; ruptura
prematura de membranas amnióticas; restrição de crescimento intrauterino; paralisia
cerebral/retardo mental; óbito perinatal, entre outros.
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INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO | UNIDADE iv
Existem algumas evidências científicas que apontam relação positiva entre consumo de
dietas ricas em carboidratos e crescimento fúngico. Isso ocorre, pois esses alimentos
induzem a modificação do pH do meio, tornando-o propício para a redução de bactérias
essenciais e benéficas e facilitando o crescimento de microrganismos patogênicos.
Depressão pós-parto
O pós-parto é considerando importante fator de risco psiquiátrico para a mulher.
Cerca de 10 a 20% das mulheres apresentam depressão nesse período e, por isso, é
considerado um importante problema de saúde pública.
Essa intercorrência pode surgir a partir da 4a semana após o parto e pode persistir até
o 6o mês. Seus principais sintomas são: desânimo; alterações de sono; pensamentos
suicidas; sentimentos de culpa; redução de apetite e libido; peso de responsabilidade,
entre outros.
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UNIDADE iv | INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO
Adaptações dietéticas
» A seguir você verá uma descrição hipotética do cardápio de uma paciente.
Quadro 8.
REFEIÇÃO COMPONENTES
Suco de laranja (em pó)
Desjejum Pão francês
Queijo prato
Barra de cereal
Colação Bolacha água e sal
Requeijão light
Arroz
Feijão
Almoço Filé de peixe empanado
Batata cozida
Salada de tomate
Gestação na adolescência
A gestação na adolescência é considerada um importante fator de risco e deve ser
acompanhada por intervenções nutricionais desde o início do pré-natal.
92
INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO | UNIDADE iv
Nesse sentido, quanto mais jovem a gestante, menos tempo ela teve para adquirir suas
reservas de nutrientes que serão de extrema importância ao seu próprio crescimento e
às necessidades da gestação.
Nesse período (adolescência), os nutrientes mais preocupantes são: ferro, zinco, cálcio,
ácido fólico e as vitaminas B6 e vitamina A que, na maioria dos casos, encontram-se
abaixo das recomendações ou, até mesmo, deficientes.
93
UNIDADE iv | INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO
Assim, nesse caso, o fator de risco idade não pode ser modificado, no entanto, os demais
fatores de risco associados a possíveis intercorrências no período gestacional, devem
ser avaliados: baixo peso, obesidade, deficiências nutricionais, tabagismo, consumo de
bebidas alcoólicas, entre outros.
Gestação gemelar
Na gestação gemelar há aumento aproximado de 50 a 60% do volume sanguíneo, com
redução de hemoglobina, glicose, albumina, proteína e vitaminas hidrossolúveis.
Há, então, maior risco para anemia e pré-eclâmpsia, além do deslocamento prévio da
placenta, hemorragia, parto prematuro e outros.
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INTERCORRÊNCIAS RELACIONADAS À GESTAÇÃO | UNIDADE iv
Nutrientes Recomendações
Energia 36 kcal/kg peso + 500/600 kcal/bebê
20% OU
Proteínas 1 g/kg peso + 16 g/dia (1o trimestre) e 1 g/kg peso + 12 g/dia
(a partir do 2o trimestre)
Carboidrato 40%
Lipídeos 40%
95
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO UNIDADE V
CAPÍTULO 1
ENDOCRINOLOGIA DO PARTO E CARACTERÍSTICAS
DO PUERPÉRIO
O parto é o processo durante o qual ocorre expulsão do feto, placenta e anexos fetais,
do interior da cavidade uterina.
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NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
É possível observar na figura a seguir (figuras 23) que, conforme o crescimento fetal há
estímulo para dilatação do colo do útero e redução do espessamento dessa estrutura, o
que facilita a cada momento, a saída do feto e anexos para efetivamente se caracterizar
o parto.
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UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
A fase 2 é caracterizada por contrações uterinas mais intensas estimuladas pela ocitocina.
É o momento em que ocorre a saída do feto e dura, aproximadamente, 1 hora.
98
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
99
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
100
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
Puerpério
O puerpério é o período de seis semanas após o parto, em que o organismo retorna
progressivamente à condição pré-gestacional.
Assim, como há uma série de ajustes nos mecanismos homeostáticos, pode haver
instalação de estados depressivos transitórios ou persistentes ou, ainda, desenvolvimento
de doenças autoimunes, o que dependerá da suscetibilidade da mulher.
101
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
amamentando, retornam com o ciclo menstrual normal até o final de seis semanas
pós-parto (puerpério).
102
CAPÍTULO 2
ALEITAMENTO MATERNO
A cada idade gestacional, o colostro e o leite materno maduro sofrem adaptações, com
objetivo, então, de priorizar o lactente.
Não há outro tipo de alimento ou qualquer leite industrializado que seja capaz de
oferecer o mesmo que o leite materno e, ainda, ser um fator protetor contra infecções.
Assim, é necessário que se entenda o contexto no qual a mãe está inserida e que,
principalmente, os profissionais de saúde ofereçam oportunidade para se esclarecer
dúvidas, trocar ideias e experiências, além de enfatizar que o aleitamento materno deve
ser uma escolha e, NUNCA uma obrigação.
A Organização Mundial de Saúde (OMS), juntamente do Fundo das Nações Unidas para
Infância (UNICEF) preconizam dez importantes passos para o sucesso na amamentação.
Acompanhe a seguir:
1. Deve existir uma norma escrita sobre aleitamento materno e a mesma ser
rotineiramente transmitida a toda equipe de cuidados de saúde.
103
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
4. As mães deverão ser auxiliadas para iniciar a amamentação na primeira meia hora
após parto.
5. Deve-se mostrar às mães como amamentar e como manter a lactação mesmo que
tenham de ser separadas dos filhos.
7. Deve-se permitir que mãe e bebê permaneçam juntos 24 horas por dia.
10. Encorajar a criação de grupos de apoio à amamentação, para onde as mães devem
ser encaminhadas por ocasião da alta hospitalar.
http://www.leitematerno.org/index.html.
http://www.unicef.org/programme/breastfeeding/baby.htm.
Faça um resumo do que mais lhe chamar atenção e do que mais lhe servir para a
prática do dia a dia.
Endocrinologia da lactação
No período de amamentação, ocorre a lactogênese que é o processo pelo qual as
glândulas mamárias se preparam para esse momento.
104
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
As células alveolares realizam a síntese dos constituintes do leite, que são: as proteínas
caseína e lactoalbumina que se apresentam em concentração de 0,9 g/dl no leite
humano; a lactose como principal carboidrato, que está presente em cerca de 7g/dl;
lipídeos, principalmente triglicerídeos, em concentração de cerca de 4 g/dl; água e
eletrólitos, tais como sódio, cloro, potássio, magnésio e fosfatos e oligoelementos, como
ferro, cobre, zinco e vitaminas lipossolúveis e do complexo B.
A composição do leite humano pode variar de acordo com o estado nutricional materno
e, além disso, nos primeiros 2 a 4 dias da lactogênese, o que é gerado não é leite, mas
105
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
sim uma secreção mais amarelada que recebe o nome de colostro e que possui muita
proteína em sua composição.
A cada mamada, existe um reflexo que estimula a secreção de prolactina. Esse reflexo
é decorrente dos estímulos relacionados à sucção do mamilo. Esses estímulos reduzem
a secreção de dopamina, a qual, conforme já mencionado, é um fator inibitório da
secreção de prolactina.
Ao final da gestação, componentes das células alveolares são secretados para a luz dos
ductos por ação da prolactina e, inicialmente, conforme já mencionado, há liberação
de colostro.
106
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
Ainda, existem relatos de que só o fato de a mãe ouvir o choro da criança ou vê-la,
estimula a secreção de ocitocina com intuito de induzir a ejeção de leite.
107
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
O colostro é a secreção ejetada nos primeiros sete dias após o parto; em seguida, entre
o 8o e o 14o dia, há secreção do chamado leite de transição e, por fim, após o 15o dia,
há secreção do leite maduro.
108
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
Esses fatores de defesa apresentam atividade contra agentes infecciosos, possuem efeito
bacteriostático e bactericida, inibem a replicação e atividade viral, inibem proteases e,
ainda, estimulam o crescimento celular na mucosa intestinal.
109
CAPÍTULO 3
NUTRIÇÃO DA LACTANTE
Estado nutricional
Ao longo do período gestacional a mãe realiza estoque energético para o
desenvolvimento e crescimento fetal e preparo da fase de lactação, que é o período de
maior necessidade nutricional de todo o ciclo reprodutivo.
Não existe um consenso muito claro sobre quais parâmetros mais importantes para
avaliação antropométrica nessa fase da vida, mas um dos indicadores mais utilizados é
o peso corporal e, ainda, o Índice de Massa Corporal (IMC).
De modo geral, as mães apresentam perda gradual de peso nos primeiros seis meses
do pós-parto, o que ocorre entre 0,6 e 0,8 kg/mês e que são considerados fisiológicos
e, portanto, não proporcionam risco nutricional.
Vale ressaltar que, existe variedade entre mudanças de peso corporal materno em
diferentes populações e, uma parcela de lactantes podem, ainda, manter ou ganhar
peso durante esse período.
Energia
Na gestação, há armazenamento de 2 a 4 kg de gordura corporal, o que pode ser
recrutado e mobilizado como fonte de energia durante o período de lactação.
Para a produção de leite materno, nos primeiros quatro meses após o parto, há demanda
energética equivalente ao período total da gestação, período este marcado pela
duplicação do peso corporal do lactente (entre 4 e 6 meses de vida).
110
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
Vale lembrar que, a produção do leite materno está intimamente relacionada à frequência
de mamadas do lactente e, portanto, os bebês que se alimentam do leite materno com
maior frequência, induzem maior produção de leite.
Proteína
Segundo as DRIs para lactantes a recomendação de proteínas deve seguir um adicional
diário de 25 g.
111
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
Carboidratos
A recomendação diária de carboidratos é de, no máximo, 210 g. Essa quantidade parece
proporcionar as calorias suficientes para um volume de leite adequado e prevenir a
presença de corpos cetônicos plasmáticos, além de manter níveis adequados de glicose
ao longo do período de lactação.
Lipídeos
É importante ressaltar que, a quantidade e tipo de gordura presentes na dieta materna
refletem diretamente a composição da gordura do leite.
É possível perceber que não existem DRIs para lipídeos durante a lactação, no entanto,
recomenda-se que a gordura forneça cerca de 20 a 35% das calorias totais necessárias
nesse período.
É de extrema importância que a dieta materna seja composta por ácidos graxos
poli-insaturados de cadeia longa, já que são elementos importantes para retina do
feto/recém-nascido/lactente, além de auxiliarem no desenvolvimento cerebral.
Essa importância pode ser notada por meio das DRIs para ômega-3 (1,3 g/dia) e ômega-6
(13 g/dia) no período de lactação.
Vitaminas e minerais
A necessidade de vitaminas e minerais ao longo da lactação está relacionada à
quantidade de cada nutriente utilizada para produção diária do leite materno.
112
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
Para a nutriz, os nutrientes considerados críticos são: vitamina D, ácido fólico, ferro, cobre
e zinco, os quais possuem maior impacto para a mãe, já que a ingestão ou estoque
materno possuem pouco impacto na composição do leite.
Quanto ao ácido fólico, existem algumas evidências de que mulheres saudáveis podem
apresentar deficiência desse nutriente no período de pós-parto, mas não estão claros
os mecanismos pelos quais esse evento ocorre, sendo aparentemente relacionado
à lactação. No entanto, essa redução pode ser revertida pela suplementação de
300 µg/dia de folato.
A suplementação de ferro para a nutriz pode ser realizada com ferro elementar, em
dose de 60 mg/dia até o 3o mês após o parto.
Alimentação da lactante
Conforme estudado anteriormente, na lactação há maior necessidade de energia,
proteínas e vitaminas, o que é decorrente da produção do leite materno.
113
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
É importante que a dieta da lactante seja composta por alimentos regionais e que sejam
inseridos de 2 a 3 l de líquidos diários para garantir a produção adequada de leite.
O momento ideal de alimentar o bebê reflete alguns sinais de fome, tais como os
exemplificados a seguir:
» quando chupa ou morde algum objeto que está em contato com a boca, até
mesmo as mãos e dedos.
Quando o bebê chora mais alto, curva as costas e apresenta certa dificuldade de pegar
as mamas é sinal tardio de fome. Nesses casos, antes de ser amamentado é necessário
que seja segurado e acalmado.
É importante comentar que, nem todos os bebês apresentam o mesmo perfil. Alguns
são mais calmos e esperam pela mamada e, quando não notados, acabam dormindo.
Entretanto, esses bebês devem ser bem observados, já que essa prática pode causar
sua alimentação insuficiente.
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NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
Para as primeira mamadas (primeiros dias) pode ser necessária a apresentação da mama
por meio da conhecida “mão em C”. Essa prática é muito importante no auxílio do bebê
para uma boa pega e é ideal para apoiar as mamas volumosas e cheias ao longo da
mamada, o que facilita que a pega seja mantida.
115
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
O mamilo, ao tocar nos lábios ou na comissura labial (canto da boca) do bebê, ativa
o reflexo de busca ou procura. O bebê, então, vira o rosto em direção às mamas, abre
a boca e posiciona a língua para baixo e para frente e leva o mamilo ao encontro do
palato, o que estimula o reflexo de sucção.
116
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
O reflexo da deglutição do bebê ocorre quando a parte de trás de sua boca se enche
de leite e, então, os reflexos de procura, bem como o de sucção e deglutição ocorrem
de maneira automática (isso em bebês saudáveis).
A escolha de amamentar sob livre demanda e exclusivamente indica que não existe
tempo e horário fixo para o bebê mamar. Nesse caso, a amamentação dependerá da
pega do mamilo, voracidade do bebê, condições da mama, além do leite retirado e
outros fatores.
Durante as mamadas, o bebê suga, deglute e respira e realiza algumas pausas para
descanso. É ideal que a mãe observe se essas pausas são muito prolongadas e, caso
sejam, deve-se estimular que ele retorne à sucção por meio de toques nas orelhas ou
pés do bebê.
Ainda, indica-se que haja alternância entre uma mama e outra, para que o bebê se
familiarize com ambas as mamas.
https://www.youtube.com/watch?v=8a5vH3tt6xM.
https://www.youtube.com/watch?v=xYNJMZQYook.
https://www.youtube.com/watch?v=57XpotptRCI.
https://www.youtube.com/watch?v=bPH_JGoQWrI.
117
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
Deitada
Decúbito dorsal
Decúbito lateral
Nessa posição, é interessante que se coloque um suporte nas costas da mãe e que
uma ou as duas pernas fiquem flexionadas. A cabeça pode ser apoiada no braço, no
travesseiro ou na cabeceira da cama.
A mãe pode ser posicionada em decúbito lateral direito e oferecer a mama esquerda,
ou vice-versa. O decúbito lateral é recomendado quando a mãe necessita de repouso
ou quando não pode se movimentar; na amamentação noturna; no parto cesárea e por
opção materna (figura 38).
Em pé
Algumas mães preferem amamentar em pé, mas essa posição não é aconselhável
imediatamente ao pós-parto, visto que há possibilidade de hipotensão. Pode ser
realizada quando a nutriz necessita exercer alguma atividade, nos primeiros dias quando
houve episiorrafia e por opção materna (figura 39).
Sentada
Para essa posição, não é necessário cadeiras ou poltronas especiais. Basta que as costas e
pés estejam apoiados e que o corpo fique ligeiramente inclinado para frente (figura 40).
118
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
119
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
Tradicional
Não é ideal que a cabeça do bebê fique próxima à axila materna, o que dificulta a pega
da mama (figura 40).
É recomendado para bebês pequenos e/ou doentes, já que a mãe possui um bom
controle da cabeça e corpo do bebê, o que pode ser útil durante o aprendizado da
amamentação.
É adequado observar que a cabeça do bebê não seja segurada com muita firmeza
impedindo a movimentação durante a mamada.
120
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
A cabeça do bebê deve ficar apoiada na mão da mãe; o antebraço apoia o corpo do bebê
e a barriga de bebê fica encostada na mãe. O braço que segura o bebê é do mesmo
lado da mama que é oferecida.
Pode ser recomendada quando há trauma mamilar; quando a nutriz não possui condição
física em determinado membro; em casos de mastite; ingurgitamento mamilar; bebês
gemelares; para ensinar o bebê a mamar em um lado que não é acostumado; por opção
materna, ou outros.
Posição cavaleiro
Nessa posição, a mãe poderá ficar com as pernas cruzadas no caso de o bebê ser muito
pequeno ou, ainda, utilizar uma almofada ou travesseiro na coxa como apoio do bebê,
o qual deve estar com as pernas abertas.
A cabeça do bebê deve estar segura e apoiada pela mão em posição em C (figuras 42
e 43) ou apoiada no antebraço da nutriz (figura 44). Caso as mamas sejam volumosas
ou muito cheias, é ideal segurar a mama em posição de C para sustentá-la e auxiliar na
pega (conforme já discutido).
Para bebês mais sonolentos, a pega deve ser facilitada pela mãe mantendo a mama
segura com a “mão em C” e tocar no queixo do bebê para estimulá-lo, quando
necessário (figura 45).
121
UNIDADE v | NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO
Recomenda-se essa posição nos casos de prematuridade; bebê sonolento; bebê com
síndrome de Down, lábio leporino, fenda palatina, obstrução nasal, refluxo gástrico;
mamas volumosas e opção materna.
122
NUTRIÇÃO E PUERPÉRIO | UNIDADE v
123
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ANEXOS
ANEXO 7: “Directly quantitated dietary (n-3) fatty acid intakes of pregnant canadian women are
lower than current dietary recommendations”.
ANEXO 8: “Coenzyme Q10 prevents accelerated cardiac aging in in a rat model of poor maternal
nutrition and accelerated post natal growth”.
ANEXO 10: “Association between maternal folate concentrations during pregnancy and insulin
resistance in Indian children”.
ANEXO 11: “Perinatal bisphenol A exposure and adult glucose homeostasis: identifying critical
windows of exposure”.
ANEXO 12: “Guideline: Optimal serum and red blood cell folate concentrations in women of
reproductive age for prevention of neural tube defects”.
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