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Avaliação Nutricional

Brasília-DF.
Elaboração

Leila Barreto Corsi

Atualização e ampliação

Susiane Gusi Boin e Oliveira

Produção

Equipe Técnica de Avaliação, Revisão Linguística e Editoração


Sumário

APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5

ORGANIZAÇÃO DO CADERNO DE ESTUDOS E PESQUISA..................................................................... 6

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8

UNIDADE I
INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL............................................................................................... 11

CAPÍTULO 1
PRONTUÁRIOS......................................................................................................................... 12

CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL SUBJETIVA GLOBAL.......................................................................... 15

CAPÍTULO 3

SEMIOLOGIA NUTRICIONAL..................................................................................................... 18

UNIDADE II
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL.................................................................... 24

CAPÍTULO 1
ANTROPOMETRIA.................................................................................................................... 25

CAPÍTULO 2
BIOIMPEDÂNCIA ELÉTRICA (BIA) .............................................................................................. 45

CAPÍTULO 3
MÉTODOS INDIRETOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL...................................... 48

UNIDADE III
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS................................................................................................................. 54

CAPÍTULO 1
EXAMES BIOQUÍMICOS NA AVALIAÇÃO DAS FUNÇÕES ORGÂNICAS........................................ 55

CAPÍTULO 2
PROTEÍNAS PLASMÁTICAS, AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E RESPOSTA INFLAMATÓRIA..................... 69

CAPÍTULO 3
BIOMARCADORES DE MICRONUTRIENTES NA AVALIAÇÃO NUTRICIONAL.................................. 75
UNIDADE IV
CONSUMO ALIMENTAR......................................................................................................................... 88

CAPÍTULO 1
RECORDATÓRIO DE 24 HORAS............................................................................................... 88

CAPÍTULO 2
QUESTIONÁRIO DE FREQUÊNCIA ALIMENTAR ........................................................................... 91

CAPÍTULO 3
HISTÓRIA ALIMENTAR E REGISTRO ALIMENTAR ESTIMADO ......................................................... 93

UNIDADE V
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA................................................................. 96

CAPÍTULO 1
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE CRIANÇAS E ADOLESCENTES..................................................... 96

CAPÍTULO 2
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE ADULTOS................................................................................. 111

CAPÍTULO 3
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DE GESTANTES.............................................................................. 118

CAPÍTULO 4
AVALIAÇÃO NUTRICIONAL DOS IDOSOS................................................................................ 123

PARA (NÃO) FINALIZAR.................................................................................................................... 129

REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 130

ANEXOS......................................................................................................................................... 146
Apresentação

Caro aluno

A proposta editorial deste Caderno de Estudos e Pesquisa reúne elementos que se


entendem necessários para o desenvolvimento do estudo com segurança e qualidade.
Caracteriza-se pela atualidade, dinâmica e pertinência de seu conteúdo, bem como pela
interatividade e modernidade de sua estrutura formal, adequadas à metodologia da
Educação a Distância – EaD.

Pretende-se, com este material, levá-lo à reflexão e à compreensão da pluralidade


dos conhecimentos a serem oferecidos, possibilitando-lhe ampliar conceitos
específicos da área e atuar de forma competente e conscienciosa, como convém
ao profissional que busca a formação continuada para vencer os desafios que a
evolução científico-tecnológica impõe ao mundo contemporâneo.

Elaborou-se a presente publicação com a intenção de torná-la subsídio valioso, de modo


a facilitar sua caminhada na trajetória a ser percorrida tanto na vida pessoal quanto na
profissional. Utilize-a como instrumento para seu sucesso na carreira.

Conselho Editorial

5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa

Para facilitar seu estudo, os conteúdos são organizados em unidades, subdivididas em


capítulos, de forma didática, objetiva e coerente. Eles serão abordados por meio de textos
básicos, com questões para reflexão, entre outros recursos editoriais que visam tornar
sua leitura mais agradável. Ao final, serão indicadas, também, fontes de consulta para
aprofundar seus estudos com leituras e pesquisas complementares.

A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.

Provocação

Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.

Para refletir

Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.

Sugestão de estudo complementar

Sugestões de leituras adicionais, filmes e sites para aprofundamento do estudo,


discussões em fóruns ou encontros presenciais quando for o caso.

Atenção

Chamadas para alertar detalhes/tópicos importantes que contribuam para a


síntese/conclusão do assunto abordado.

6
Saiba mais

Informações complementares para elucidar a construção das sínteses/conclusões


sobre o assunto abordado.

Sintetizando

Trecho que busca resumir informações relevantes do conteúdo, facilitando o


entendimento pelo aluno sobre trechos mais complexos.

Para (não) finalizar

Texto integrador, ao final do módulo, que motiva o aluno a continuar a aprendizagem


ou estimula ponderações complementares sobre o módulo estudado.

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Introdução
A avaliação nutricional é o ponto de partida para a intervenção nutricional, visando
a recuperação e(ou) manutenção do estado de saúde de seu cliente. É por meio
desta avaliação que serão determinados os passos para elaborar o plano terapêutico
e acompanhar de maneira clara a adesão e o desenvolvimento do tratamento
escolhido.

Não se pode determinar o estado nutricional de um indivíduo por um único


parâmetro, por isso empregamos quantas avaliações forem necessárias e quantas
estiverem ao nosso alcance para determinar com a maior precisão possível o
diagnóstico nutricional.

A avaliação nutricional engloba métodos objetivos e subjetivos. Como métodos


objetivos, a determinação da composição corporal, os parâmetros bioquímicos e
o consumo alimentar, e como métodos subjetivos, o exame físico e a Avaliação
Nutricional Subjetiva Global (ANSG), além da história clínica e nutricional do
cliente.

Este caderno de estudos não pretende esgotar o assunto nem abordá-lo em


todas as suas variantes, mas, sim, apresentar os métodos mais utilizados de
avaliação e estimular o interesse para outras possibilidades.

A avaliação nutricional é função exclusiva do nutricionista. Assim, cabe


ao profissional nutricionista explorá-la em todas as suas vertentes, a fim
de alcançar o melhor resultado, contribuindo com a conduta terapêutica
que será adotada.

Realizá-la de maneira competente valoriza sua aplicação e, também, o


trabalho do profissional, que pode mensurar o sucesso do tratamento.

Assim, o treinamento incansável torna-se fundamental para que o


profissional se torne apto a realizar uma avaliação nutricional correta e
eficiente.

8
Objetivos
» Expor e explicar os métodos e técnicas mais utilizados na avaliação do
estado nutricional.

» Orientar sobre os melhores métodos de avaliação nutricional em cada


fase da vida e de acordo com a condição de saúde do indivíduo.

» Capacitar o nutricionista para a realização do diagnóstico nutricional


de acordo com as características do serviço e necessidades do
tratamento.

» Promover o aprofundamento e a discussão do assunto em busca de


novos conhecimentos.

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10
INICIANDO A AVALIAÇÃO UNIDADE I
NUTRICIONAL

Antes de iniciar as mensurações de medidas antropométricas, perguntar


ao cliente/paciente quais são suas preferências alimentares ou avaliar seu
consumo dietético, algumas práticas são importantes, e, às vezes, elas são
mais silenciosas. O registro da consulta nutricional, com todas as descrições
necessárias, é ação primordial para a documentação do atendimento, trazendo
segurança ao profissional, registrando suas ações e condutas, expondo para
outros profissionais quais são os cuidados nutricionais atuais e oferecendo ao
cliente/paciente cuidado e segurança.

Para o início do atendimento, existem as ferramentas de triagem de risco


nutricional. Em alguns serviços, a triagem é realizada com o objetivo de
determinar qual o tipo de atenção que o cliente/paciente necessita do Serviço
de Nutrição. Dentre as ferramentas, têm-se a Avaliação Nutricional Subjetiva
Global (ANSG). Durante a triagem do risco nutricional, algumas observações
simples podem garantir o sucesso da avaliação, como a escuta da queixa e
verificação de sinais e sintomas que o paciente apresenta (exame físico).

A ANSG é um dos métodos subjetivos utilizados na avaliação nutricional.


Outro método subjetivo muito utilizado, que deve seguir uma metodologia
específica para que sua aplicação tenha bons resultados, é o exame físico. O
exame físico, ou semiologia nutricional, é a análise dos sinais e sintomas que o
paciente apresenta e que podem estar relacionados a desordens nutricionais.
Este exame difere dos exames clínicos realizados na ANSG e deve ser descrito
em formulário próprio.

Esses dois métodos subjetivos de avaliação nutricional – ANSG e exame


clínico – determinam, de forma simples, fácil, rápida e com baixo custo, quais
as primeiras ações que se deve ter na atenção nutricional e norteiam quais
instrumentos e métodos podem ser utilizados para um diagnóstico nutricional
correto.

11
CAPÍTULO 1
Prontuários

O Conselho Federal de Medicina, no Art 1 o da Resolução CFM n o 1.638/2002,


define prontuário como:

Documento único, constituído de um conjunto de informações, sinais


e imagens registrados, gerados a partir de fatos, acontecimentos e
situações sobre a saúde do paciente e a assistência a ele prestada, de
caráter legal, sigiloso e científico, que possibilita a comunicação entre
membros da equipe multiprofissional e a continuidade da assistência
prestada ao indivíduo. (CONSELHO FEREDERAL DE MEDICINA,
2002)

Por ter caráter sigiloso, as informações contidas em um prontuário não podem


ser reveladas a ninguém, salvo sob autorização escrita do paciente. Suas
informações são protegidas pelo segredo profissional.

Nele devem ficar registrados todos os atendimentos prestados, orientações,


prescrições, faltas em atendimento e todo tipo de contato do profissional com
o paciente (por exemplo, no caso de atendimento ambulatorial/consultório, em
que muitas vezes acontece o contato telefônico ou por e-mail).

O prontuário deve ser composto minimamente dos seguintes itens:

» identificação do paciente;

» folha de anamnese;

» exame físico/avaliação;

» guias e relatórios de encaminhamento;

» folhas de prescrição;

» exames;

» folha de termo de consentimento livre e esclarecido (quando


necessário).

Dada a importância do prontuário, as seguintes regras devem ser observadas


em seu preenchimento:

12
INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I

» Escrita a caneta (evitando cores claras).

» É proibido o uso de corretivo (em caso de erro, deve-se anular a


anotação passando-se um risco e escrevendo “sem efeito” ao lado).

» Evitar o uso de siglas e abreviações, especialmente as de uso restrito


de profissões específicas ou aquelas pouco conhecidas.

» Letra legível.

» Atenção a regras gramaticais.

» Não deixar espaços ou folhas em branco (caso ocorra, anular o espaço


ou a folha com um risco).

» Sempre carimbar e assinar as evoluções/prescrições.

Ao se fazer uma anotação no prontuário, deve-se inserir o dia e a hora do


atendimento, começando a evolução pela identificação do cliente/paciente,
seguido de anamnese alimentar, avaliação antropométrica, exames complementares
solicitados e resultados, diagnóstico nutricional e prescrição da terapia
nutricional indicada, sempre assinando e carimbando a evolução (nome do
profissional completo, profissão e número de registro no conselho de classe).

Um prontuário corretamente preenchido traz benefícios ao paciente, pois


todos os profissionais têm acesso às informações necessárias; à equipe,
pois fortalece a relação multiprofissional; e ao profissional em si, que tem
registrado todos os serviços e atendimentos prestados ao indivíduo.

Algumas resoluções do Conselho Federal de Nutricionistas (CFN) orientam e


auxiliam na prática da evolução no prontuário, assim como na realização das
prescrições dietéticas (nutricionais).

Dentre as resoluções, têm-se a Resolução CFN n o 594, de 17 de dezembro de


2017, que dispõe sobre o registro das informações clínicas e administrativas
do paciente, a cargo do nutricionista, relativas à assistência nutricional, em
prontuário físico (papel) ou eletrônico do paciente.

Tem-se, também, a Resolução CFN n o 600, de 25 de fevereiro de 2018, que


teve parte do seu texto retificado em 23 de maio de 2018 e, portanto, para
conhecimento e consulta correta do material, sua retificação também deve
ser verificada. Esta resolução dispõe sobre a definição das áreas de atuação
do nutricionista e suas atribuições, indica parâmetros numéricos mínimos de

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UNIDADE I │ INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

referência, por área de atuação, para a efetividade dos serviços prestados à


sociedade e dá outras providências. Nela, é possível encontrar as atribuições
do nutricionista da área clínica, que contemplam, entre outras atribuições,
a necessidade da evolução no prontuário, que deve conter, no mínimo,
a prescrição dietética e evolução nutricional de acordo com os protocolos
estabelecidos pelo próprio serviço de alimentação e nutrição.

O Conselho Regional de Nutricionistas – 3 a Região (CRN-3) publicou, em abril


de 2008, um parecer para o nutricionista com atuação em consultório, e nele
está descrito que devem constar na evolução nutricional do prontuário os
seguintes dados: identificação do cliente; anamnese alimentar; avaliação
antropométrica; exames complementares solicitados e seus resultados;
diagnóstico nutricional; e prescrição da terapia nutricional indicada.

Em 15 junho de 2020, foi publicada, no Diário Oficial da União, a Resolução


n o 656, que dispõe sobre a prescrição dietética e de suplementos alimentares
pelo nutricionista. Com esta Resolução, é possível conhecer e compreender
quais são os compostos que o nutricionista pode prescrever, em qual
forma de administração e dosagem. Essa abordagem é importante neste
capítulo, uma vez que toda prescrição deve estar descrita no prontuário do
cliente/paciente, com o objetivo de documentar as condutas, dessa forma,
orientando para a sequência de atendimentos e conhecimento de outros
profissionais que trabalham com o mesmo cliente/paciente.

Para acesso às Resoluções do CFN, basta acessar o site da instituição e


buscar pelo número da resolução. Abaixo estão as URL das resoluções
citadas no texto.

Para acessar e conhecer a Resolução CFN n o 594, de 17 de dezembro


de 2017, basta clicar em https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/
resolucoes/Res_594_2017.htm.

Para estudo da Resolução CFN n o 600, de 25 de fevereiro de 2018, basta


clicar em https://www.cfn.org.br/wp-content/uploads/resolucoes/
Res_600_2018.htm.

A Resolução n o 656, de 15 de junho de 2020, está disponível para acesso


no endereço eletrônico https://www.in.gov.br/en/web/dou/-/resolucao-n-
656-de-15-de-junho-de-2020-262145306.

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CAPÍTULO 2
Avaliação Nutricional Subjetiva Global

A Avaliação Nutricional Subjetiva Global (ANSG), ou Avaliação Subjetiva


Global do estado nutricional, foi desenvolvida para ser utilizada na avaliação
do estado nutricional de pacientes hospitalizados, a fim de identificar
aqueles em risco nutricional. É composta de história clínica(mudança de
peso, ingestão alimentar, sintomas gastrintestinais e capacidade funcional) e
exame físico.

Sua aplicação é rápida, não invasiva e de baixo custo. Entretanto, o


profissional deve estar bem treinado para identificar os sinais do exame
físico que serão usados na pontuação. Profissionais com pouca experiência
podem confundir os parâmetros, já que é ele em que determina qual
pontuação atribuir a cada item da ANSG.

Pacientes que estão acamados há um longo período podem ter uma avaliação
errônea quanto à perda de peso, já que o quadro destes pacientes pode estar
estável no momento da avaliação.

Das ANSG já elaboradas, a mais conhecida é a proposta por Detsky et al.


(1987) (Figura 1). Ela foi a primeira proposta de ANSG, desenhada e aplicada,
inicialmente, com o objetivo de avaliar pacientes cirúrgicos. Posteriormente,
ela foi aplicada a outros tipos de pacientes, e, hoje, ela é utilizada no ambiente
hospitalar para o paciente internado.

Outros autores realizaram e validaram novas propostas de ANSG específicas


para uma determinada população de diferente faixa etária, ou com alguma
condição específica. Na Unidade V deste material será possível explorar um
pouco mais de exemplos de ANSG.

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UNIDADE I │ INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Figura 1. Exemplo de Avaliação Nutricional Subjetiva Global e seu preenchimento.

Como preencher a ANSG: Em cada um dos espaços se avalia a condição do paciente, de


acordo com a experiência e avaliação do profissional.
Determine com um X para seleção nos espaços em branco e coloque valor numérico onde
indicado por #. Ao final, a ANSG será finalizada com a classificação do estado nutricional
do paciente.

Nome: __________________________________________________ Data: ____________


A. História Clínica
1. Alteração no peso.
Perda total nos últimos 6 meses:
total = #__________kg; % perda de peso = # __________
Alteração nas últimas duas semanas:
_______ aumento ______ sem alteração ______ diminuição.
2. Alteração na ingestão alimentar:
______sem alteração
______alterada, sendo:
______dieta sólida sub-ótima ______dieta líquida completa ______líquida hipocalórica
______inanição
3. Sintomas gastrintestinais (que persistem por mais de 2 semanas)
______nenhum
______náusea
______vômitos
______diarreia
______anorexia
4. Capacidade funcional
______sem disfunção (capacidade completa)
______disfunção ______duração = #______semanas
______tipo:
______trabalho sub-ótimo ______ambulatório ______acamado
5. Doença e sua relação com necessidades nutricionais
Diagnóstico primário (especificar): ________________________________________________
Demanda metabólica (estresse):
______sem estresse
______baixo estresse ______estresse moderado ______estresse elevado
B. Exame Físico (para cada categoria especificar: 0 = normal, 1+ = leve, 2+ = moderada,
3+ = grave.
#______ perda de gordura subcutânea (tríceps e tórax)
#______perda muscular (quadríceps e deltóide)
#______edema tornozelo
#______edema sacral
#______ascite
C. Avaliação Nutricional Subjetiva Global (relacione uma)
______ A = bem nutrido
______ B = moderadamente (ou suspeita de ser = risco) desnutrido
______ C = gravemente desnutrido
Lembrando que:
A: Bem nutrido, sem alterações significativas no preenchimento das questões acima.
B: Desnutrição leve / moderada, com alterações leves ou moderadas nos critérios
avaliados acima. Pode ser chamado ou considerado também como suspeita de
desnutrição ou risco nutricional.
C: Desnutrição grave, com alterações ou depleções graves no critério avaliado.

Fonte: Adaptado de Destsky et al. 1987; e Cuppari, 2005.

Para execução do exame físico da ANSG, são avaliados alguns critérios


específicos, como a perda de gordura subcutânea, perda de massa muscular,
edema de tornozelo, sacral e ascite. Na Tabela 1 está descrito como realizar as
avaliações.

16
INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I

Tabela 1. Critérios de avaliação do exame físico para ANSG.

Alteração moderada
Local de avaliação Observação Sem alteração Alteração leve
a grave
Gordura Subcutânea
Círculos escuros, depressão,
Abaixo dos olhos --- Depósito de gordura visível --- pele solta flácida, “olhos
fundos”
Cuidado para não prender o
Pouco espaço de gordura
Região do tríceps e do músculo ao pinçar o local;
Tecido adiposo abundante --- entre os dedos ou os dedos
bíceps movimentar a pele entre os
praticamente se tocam
dedos
Massa muscular
Observar de frente, olhar dos É possível observar o
Têmporas Depressão leve Depressão
dois lados músculo bem definido
Em homem não está
Observar se o osso está visível; em mulher pode Osso levemente
Clavícula Osso protuberante
proeminente estar visível, mas não proeminente
proeminente
O paciente deve posicionar Formato arredondado na
Ombro em forma quadrada
os braços ao lado do curva da junção do ombro Acrômio levemente
Ombros (formando um ângulo reto),
corpo; procurar por ossos com o pescoço e do ombro protuberante
com ossos proeminentes
proeminentes com o braço
Procurar por ossos
Ossos proeminentes, visíveis;
proeminentes; o paciente deve Ossos não proeminentes, Depressões leves
depressão entre a escápula,
Escápula estar com o braço esticado sem depressões ou ossos levemente
as costelas, o ombro e a
para frente e a mão encostada significantes proeminentes
coluna vertebral
em superfície sólida
Observar no dorso da mão o
Músculo proeminente, pode Com pequena Área entre o dedo indicador
músculo entre o polegar e o
Músculo interósseo estar levemente achatado depressão ou e o polegar achatado ou
indicador quando esses dedos
(sobretudo nas mulheres) levemente achatada com depressão
estão unidos
Joelho (a parte inferior
O paciente deve estar sentado
do corpo é menos Músculos proeminentes,
com os pés apoiados em uma --- Ossos proeminentes
sensível às alterações ossos não protuberantes
superfície sólida
nutricionais)
Parte interna da coxa com
Pinçar e sentir o volume do Parte interna da coxa depressão7
Quadríceps Sem depressão
músculo com leve depressão

Edema / Ascite
Em pacientes com mobilidade,
Tentar identificar outras
observar o tornozelo e Sem sinais de retenção de Edema leve a
causas não relacionadas Edema aparente significante
naqueles com atividade muito líquidos moderado
com a desnutrição
leve observar o sacro
Fonte: Adaptado de Baxter Subjective Global Assessmnet, Training Packet, 1995; apud Cuppari, 2005.

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CAPÍTULO 3
Semiologia Nutricional

A semiologia nutricional consiste na avaliação do grupo de sinais e sintomas que o


indivíduo apresenta que pode estar relacionado com uma nutrição inadequada.

Como sintoma, é considerada qualquer alteração da percepção normal que uma


pessoa tem de seu próprio corpo. É a queixa relatada pelo paciente, que só ele
consegue perceber (como dor e sede excessiva). Já como sinal, é considerada
qualquer alteração percebida ou medida por outra pessoa, geralmente um
profissional de saúde (febre, edema).

O método é simples e se baseia no exame clínico dos tecidos epiteliais


externos, como pele, olhos, boca, cabelos, unha e mucosas. O exame clínico é
um método de baixo custo, não requer equipamentos específicos, entretanto
necessita de avaliador treinado e com constante supervisão para reconhecer os
sinais clínicos das alterações nutricionais. Usualmente, deve estar associado
a outros métodos de avaliação do estado nutricional para confirmação
das hipóteses diagnósticas, como os inquéritos alimentares, avaliação da
composição corporal e exames bioquímicos.

Existem algumas características particulares do método:

1. o exame deve ser realizado em lugar claro, de preferência com luz natural;

2. o avaliador não quantifica o resultado, somente sinaliza se o sintoma está


ausente ou presente;

3. o exame é realizado no sentido da cabeça aos pés;

4. maior sensibilidade nos casos mais graves de desnutrição.

Seguem, abaixo, os sinais e sintomas de desordens nutricionais, separados


por localização do exame físico:

Cabelo

» Sinal de perda do brilho, cabelo ralo, fino, despigmentado, sinal de


bandeira, fácil de arrancar, podem estar relacionados a desnutrição,
especialmente Kwashiorkor.

» Alopecia: relacionado a toxicidade de vitamina A, carência de biotina,


ácido pantotênico e zinco.

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INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I

Face

» Dermatite seborreica (anormalidades na pele, principalmente nas


regiões nasolabiais): relacionada a carência de riboflavina e piridoxina.

» Face edemaciada (face em lua cheia), com bochechas flácidas,


maxilar inferior caído: desnutrição Kwashiorkor.

» Atrofia de musculatura temporal (região das têmporas): relacionada


ao catabolismo muscular intenso, como desnutrição e câncer.

» Palidez: associada a anemias devido a carências nutricionais,


principalmente ferro, vitamina B9 e vitamina B12.

Olhos

» Conjuntiva pálida: associada a anemias devido a carências


nutricionais, principalmente ferro, vitamina B9 e vitamina B12.

» Cegueira noturna (dificuldade de adaptação visual ao escuro):


relacionada a carência de vitamina A.

» Xerose da conjuntiva (perda de brilho e transparência com


espessamento e endurecimento da conjuntiva): relacionada a
carência de vitamina A.

» Manchas de Bitot (depósito de material espumoso, resultante do


acúmulo de células epiteliais descamadas, fosfolipídios e bacilos
saprófitas): relacionadas a carência de vitamina A.

» Xeroftalmia (enrugamento, ressecamento e espessamento da


córnea devido a queratinização das células epiteliais da conjuntiva):
relacionada a carência da vitamina A.

» Queratinização da córnea: relacionada a carência de vitamina A.

» Ulceração da córnea (processo irreversível que causa cegueira):


relacionada a deficiência de vitamina A.

» Xantelasma (pequenas bolsas amareladas ao redor dos olhos): sinal


relacionado a hiperlipidemia.

» Exoftalmia: relacionada ao hipertireoidismo.

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UNIDADE I │ INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Lábios

» Estomatite angular (lesões róseas ou brancas nos cantos da boca):


sinal relacionado a carência de riboflavina e vitamina B6.

» Queilose (lesões avermelhadas ou edema dos lábios e boca):


relacionada a carência de riboflavina e vitamina B6.

» Erosões na boca e fissura labiais: relacionadas a carência de


piridoxina.

Língua

» Glossite (descamação dolorosa da língua com vermelhidão, secura e


atrofia): relacionada a deficiência de riboflavina, vitamina B6 e
vitamina B12.

» Atrofia papilar: relacionada a carência de ferro.

» Língua lisa: relacionada a deficiência de vitamina B9.

Gengiva

» Gengivas esponjosas, com sangramento ou retraídas: sinais


relacionados a carência de vitamina C.

Dentes

» Presença de esmalte manchado, cáries, dentes faltando: sinais


relacionados a deficiência de flúor.

» Presença de cárie (sem outros sinais): relacionada a excesso de açúcar.

Glândulas

» Hipertrofia (aumento do tamanho) da glândula tireoide e


paratireoide – também chamado de bócio: relacionada com a
carência de iodo e inanição.

Pele

» Hiperqueratose folicular (espessamento da camada mais externa


da epiderme associada a uma presença anormal de queratina):
relacionada a carência de vitamina A.

» Dermatite seborreica, com anormalidades presentes principalmente


na pele ao redor do ânus e vulva: relacionada a carência de riboflavina.

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INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I

» Dermatite seborreica na pele em geral: relacionada a carência de


vitamina B6.

» Dermatose pelagra (pigmentação edematosa avermelhada nas


áreas de exposição ao sol, com um padrão típico de distribuição):
relacionada a carência de niacina e triptofano.

» Presença de eczema: relacionada a carência de vitamina B6.

» Presença de petéquias: relacionada a carência de vitamina C.

» Palidez: associada a anemias devido a carências nutricionais,


principalmente ferro, vitamina B9 e vitamina B12.

» Cicatrização deficiente: pode estar relacionada a carências


nutricionais, como deficiência de vitamina A, vitamina C, zinco e
proteínas.

» Descamação da pele: relacionada a carência de ácidos graxos


essenciais, zinco, vitamina A, piridoxina e riboflavina.

» Xantomas: relacionados com a presença de hiperlipidemia.

» Pele com secura excessiva, escamação e rachaduras: excesso de


vitamina A.

» Pigmentação amarelada nas palmas das mãos e plantas dos pés:


relacionada com excesso de betacaroteno.

» Presença de acantose nigricans - hiperqueratose (excesso de


queratina) e hiperpigmentação com aspecto mais aveludado que
comumente afeta regiões de dobras como pescoço, axila e virilhas:
relacionada a obesidade, resistência a insulina, distúrbios da tireoide,
distúrbios metabólicos e cânceres gastrintestinais.

Unhas

» Unha coiloníquea (forma de colher), quebradiça, rugosa: relacionada


a carência de ferro.

» Presença de manchas brancas: relacionada a carência de zinco.

» Onicólise (descolamento da unha a partir da ponta - distal - ou dos lados;


existe a separação do corpo da unha do leite ungueal): relacionada ao
hiperparatireoidismo.

21
UNIDADE I │ INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL

Tecido subcutâneo

» Edema: relacionado a deficiência de proteína, tiamina, Kwashiorkor e


excesso de sódio.

» Gordura abaixo do normal, com perda acentuada em região de bíceps,


tríceps e subescapular: desnutrição.

» Gordura acima do normal, presença de abdômen globoso: obesidade.

Sistema musculoesquelético

» Desgaste muscular com atrofia da musculatura bicipital, tricipital e


músculo adutor do polegar: associado a desnutrição.

» Alargamento epifisário (aumento das extremidades dos ossos):


relacionado a hipervitaminose A (usualmente a hipervitaminose A é
medicamentosa).

» Craniotabes (ossos do crâneo finos e frágeis no lactente): relacionado a


carência de vitamina D.

» Hemorragias musculares e/ou dérmicas: podem estar relacionadas a


carência grave de vitamina C.

» Dores articulares: podem estar relacionadas a hipervitaminose A


(usualmente a hipervitaminose A é medicamentosa).

» Frouxidão das panturrilhas: associado a desnutrição e deficiência de


tiamina.

» Rosário raquítico: associado a carência de vitamina D.

» Fratura em idosos: associada a deficiência de cálcio, fósforo e vitamina D.

» Pernas curvas ou com os joelhos em X: relacionadas com a deficiência de


vitamina D.

» Falha ou retardo no crescimento: relacionados a desnutrição, carência de


vitamina A, vitamina D, zinco, cálcio, fósforo, ferro e proteínas.

» Fraqueza muscular: relacionada a carência de ferro (anemia).

Sistema gastrintestinal

» Hepatoesplenomegalia: relacionado a desnutrição.

» Hepatomegalia: associado a intoxicação por vitamina A (usualmente a


intoxicação é medicamentosa) e a desnutrição.

» Esplenomegalia: associado a carência de vitamina B12.

22
INICIANDO A AVALIAÇÃO NUTRICIONAL │ UNIDADE I

» Náusea, perda de apetite, dor abdominal e diarreia: podem estar


associados a intoxicação por vitamina D (usualmente a intoxicação é
medicamentosa).

» Náusea e perda de apetite: podem estar relacionadas a intoxicação


por vitamina A (usualmente é medicamentosa).

» Anorexia e geofagia: relacionadas à carência de ferro.

Sistema cardiovascular

» Aumento do coração, taquicardia, alteração da pressão arterial:


podem estar relacionados com a deficiência de tiamina, sódio e
potássio.

» Taquicardia: associado a carência de vitamina B12.

Sistema nervoso:

» Síndrome do Beribéri (com neurite crônica periférica, encefalopatia de


Wernick e psicose de Korskoff): associada a deficiência de tiamina.

» Demência na pelagra: associada a deficiência de niacina e triptofano.

» Irritabilidade: associada a deficiência de vitamina B6.

» Apoplexia convulsiva: associada a vitamina B6.

» Defeito na formação do tubo neural: associado a deficiência de vitamina


B9 na gestação.

» Depressão, doenças neurodegenerativas: associadas a carência de


vitamina B9 e vitamina B12.

» Alterações neuromotoras: deficiência de ácido pantotênico.

» Alterações neuromusculares: podem estar associadas a carência de


magnésio.

» Apatia, adinamia, irritabilidade: relacionadas a carência de ferro.

» Sensações parestésicas em membros inferiores e mãos e dificuldade de


locomoção: associados a carência de vitamina B9.

» Distúrbio de sono, déficit de memória, alterações neurológicas:


relacionados com a carência das vitaminas B9 e B12.

23
MÉTODOS DE
AVALIAÇÃO DA UNIDADE II
COMPOSIÇÃO
CORPORAL

A determinação da composição corporal se torna importante para identificação


dos seus resultados e compreensão das alterações metabólicas e seu reflexo no
organismo, trazendo benefícios ou riscos à saúde.

Os principais componentes do organismo de um indivíduo podem ser


determinados por meio da análise de sua composição corporal, sendo a massa
magra a massa corpórea livre de gordura (proteínas, água intra e extra celular,
massa óssea) e a massa gorda, a gordura corporal. É possível realizar essa
avaliação por diversos métodos. A escolha do melhor método dependerá do
objetivo da avaliação da composição corporal, da população estudada e suas
características, do custo, dos equipamentos disponíveis, da facilidade de
execução e dotreinamento e acesso a técnica.

De forma direta, a avaliação da composição corporal consiste na dissecação


de cadáveres, não sendo possível essa avaliação na prática clínica. Os métodos
indiretos possuem um custo maior que os duplamente indiretos para a
sua execução. São exemplos de métodos indiretos: pesagem hidrostática,
plestimografia, densitometria por dupla emissão de raios-X (DEXA), tomografia
computadorizada (TC) e ressonância magnética (RNM). Como exemplos de
métodos duplamente indiretos, têm-se a bioimpedância e a antropometria,
sendo estes os mais utilizados pelo baixo custo, acesso e facilidade de aplicação
em diversas populações.

24
CAPÍTULO 1
Antropometria

A antropometria é a obtenção estática das medidas corporais de um indivíduo,


sendo utilizada para definir o tamanho corporal e seus constituintes. Fazem
parte da antropometria, as medidas de peso, estatura ou comprimento,
circunferências corporais e dobras cutâneas.

Por meio da antropometria pode-se estimar a composição corporal. Os


componentes corporais que podem normalmente causar alterações de peso são
os ossos, os músculos e as gorduras.

Peso

O peso se refere à medida usada para mensurar a massa corporal. A melhor


forma de obter essa medida é realizando-a em uma balança, ou seja, pesando
o indivíduo. No caso da impossibilidade desta realização, existem formas de se
estimar o peso corporal, seja em adultos ou em crianças.

Em alguns casos, podemos usar adaptações do peso corporal do indivíduo,


com um objetivo específico de avaliação, como é o caso dos pesos usual, ideal,
ajustado ou calórico.

Peso atual: usado sempre que for possível pesar o indivíduo. O peso atual deve
ser mensurado com a pessoa usando roupas mais leves possíveis (se possível,
a roupa de baixo), ser feito em balança calibrada (digital ou plataforma) e
aguardar a estabilização da medida para a realização da leitura.

Peso usual: peso normalmente apresentado pelo indivíduo. Na maioria das


vezes, essa informação é questionada pelo avaliador e respondida pelo paciente.
Usado para avaliar mudanças recentes de peso.

Peso ajustado: usado quando a adequação do peso (ver abaixo) for inferior
a 95% ou superior a 115%, para o cálculo das necessidades energéticas. Para o
cálculo da adequação do peso, é necessário determinar o peso ideal.

Peso ajustado = (peso ideal – peso atual) x 0,25 + peso ideal

25
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Peso ideal: o modo mais prático de defini-lo é usando o IMC médio da


população estudada (sendo usado IMC 22 para homens e 21 para mulheres). Há
outras formas de determinar o valor do IMC médio de um indivíduo, como
usando o valor do percentil 50 de uma curva de referência (50 th / mediana).

PI = IMC x A²

Em que: PI: Peso ideal (kg)

IMC: IMC ideal (kg/m 2)

A: altura (m)

Peso calórico: baseado nas necessidades hídricas do indivíduo, é


considerado seu peso metabolicamente ativo. Usado, principalmente na
pediatria, para cálculos de infusão intravenosa de glicose, fluídos, eletrólitos,
nutrição parenteral e dose de medicamentos. Para realização do cálculo, usa-se
a seguinte fórmula:

Tabela 2. Determinação das necessidades hídricas.

Faixa Etária Fórmula

De 2 a 10 Kg 100 ml/Kg

10 a 20 Kg 1.000 ml + 50 ml por Kg para cada Kg acima de 10 Kg

+ de 20 Kg 1.500 ml + 20 ml por Kg para cada kg acima de 20 kg

Acima de 50 Kg 3000 ml/dia

Fonte: Holliday and Segar, 1957.

Necessidades hídricas
Peso calórico (kg) =
100

Fórmulas para ajuste ou estimativa de peso

Estimativa de peso

A estimativa de peso é usada na impossibilidade de pesar o indivíduo. O peso


é estimado usando-se medidas alternativas propostas, como circunferência
da panturrilha, altura do joelho, circunferência do braço, dobra cutânea
subescapular, circunferência de braço, circunferência de abdômen.

26
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

Tabela 3. Fórmulas de estimativa de peso corporal.

Autor Fórmula
Chumlea et al. Mulheres: Peso corporal (kg) = (1,27 x CP) + (0,87 x AJ) + (0,98 x CB) + (0,4 x DCSE) – 62,35
Homens: Peso corporal (kg) = (0,98 x CP) + (1,16 x AJ) + (1,73 x CB) + (0,37 x DCSE) – 81,69
Rabito et al. Mulheres: Peso corporal (kg) = (0,5759 x CB) + (0,5263 x CA) + (1,2452 x CP) – (4,8689 x 2) - 32,9241
Homens: Peso corporal (kg) = (0,5759 x CB) + (0,5263 x CA) + (1,2452 x CP) – (4,8689 x 1) - 32,9241
Ross Laboratories Mulheres negras: Peso corporal (kg) = (1,24 x AJ) + (2,81 x CB) – 82,48
Mulheres brancas: Peso corporal (kg) = (1,01 x AJ) + (CB x 2,81) – 66,04
Homens negros: Peso corporal (kg) = (1,09 x AJ) + (3,14 x CB) – 83,72
Homens brancos: Peso corporal (kg) = (1,19 x AJ) + (CB x 3,21) – 86,82
Fonte: Adaptado de Melo et al, 2014.

Correção de peso para amputados

Para os pacientes amputados, utiliza-se o peso corrigido, obtido através de


fórmula específica, demonstrada na figura 2. O peso corrigido deve ser utilizado
para a realização da avaliação nutricional e para comparação com as referências
populacionais. Para o cálculo das necessidades nutricionais, necessidades
hídricas, peso calórico e dose de medicamentos, o peso atual deve ser utilizado.

Figura 2. Percentual de correção de peso para amputados.

Peso corrigido = peso atual x _100_


100 - % amputação

16%

Fonte: Osterkamp,1995.

Avaliações relacionadas ao peso corporal

Porcentagem de adequação do peso

A porcentagem da adequação do peso é usada para avaliar o quanto o peso atual do


indivíduo está adequado em relação ao peso ideal.

27
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Peso atual
Adequação de peso (%): x 100
peso ideal
A adequação do peso é classificada como:

Tabela 4. Classificação do estado nutricional segundo a porcentagem de adequação de peso corporal.

Adequação do Peso (%) Estado Nutricional


≤ 70 Desnutrição grave
70,1 – 80 Desnutrição moderada
80,1 – 90 Desnutrição leve
90,1 – 110 Eutrofia
110,01 – 120 Sobrepeso
> 120 Obesidade
Fonte: Blackburn, Thorton, 1979.

Porcentagem de perda de peso: usada quando a perda de peso é


involuntária, avaliando a gravidade desta perda, de acordo com a tabela 5:

(peso usual – peso atual)


Perda de peso (%) = = x 100
Peso usual

Tabela 5. Classificação do percentual de peso corporal.

Tempo Perda Significativa (%) Perda Grave (%)


1 semana 1–2 >2
1 mês 5 >5
3 meses 7,5 > 7,5
6 meses 10 > 10
Fonte: Blackburn, Bistrian, 1977.

Estatura

A estatura é sinônimo da altura e refere-se à medida longitudinal do indivíduo.


Já o termo comprimento é usado para esta medida quando tomada com o
indivíduo deitado, utilizada para crianças ou em indivíduos impossibilitados de
ficarem em pé.

Medida direta da estatura

A realização da estatura de forma direta ocorre quando esta é mensurada


por meio de estadiômetro, com escala em centímetros. O indivíduo deve
estar descalço, sem adereços na cabeça. O posicionamento deve ser ereto,
com os pés paralelos, o peso distribuído em ambos os pés e os braços devem
estar ao longo do corpo. O indivíduo deve encostar 5 pontos na superfície do

28
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

estadiômetro: calcanhares, panturrilhas, glúteos, escápula e região occipital.


O posicionamento da cabeça deve estar no plano de Frankfurt (a margem
inferior da abertura do orbital e a margem superior do condutor auditivo
externo estão em uma mesma linha horizontal).

Figura 3. Posicionamento para tomada direta de estatura.

Occipital Olhar no plano


encostado de Frankfurt

Escápulas
encostadas

Glúteos
encostados

Panturrilhas
encostadas

Calcanhares
encostados

Fonte: https://www.youtube.com/watch?v=0QaqKhWS4_A .

A realização do comprimento usualmente é utilizada para crianças de zero até


2 anos de idade, mesmo para aquelas que já sabem ficar em pé e/ou caminhar.
Para esta medida, deve-se utilizar o antropômetro ou a régua antropométrica
na posição horizontal, com a criança deitada, preferencialmente despida, sem
adereços e na presença de pais ou responsáveis. Colocar o aparelho apoiado em
uma superfície plana, firme e lisa. Deitar a criança no centro do antropômetro,
com as pernas relaxadas, com os olhos na direção vertical, as nádegas apoiadas
na superfície horizontal e as costas retas. Realizar a tomada da medida
movendo a parte móvel do antropômetro contra a planta dos pés, de modo a
tocar simultaneamente os calcanhares. Anotar o comprimento antes da criança
ser retirada da posição.

29
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Figura 4. Medida de comprimento.

Parte
Parte móvel
fixa

Fonte: E-Tec Brasil, 2020.

Medidas indiretas da estatura

A estatura pode ser estimada por meio de medidas alternativas ao comprimento


linear ou feita de forma indireta. As medidas mais comumente utilizadas
para as fórmulas são:

» Altura do joelho: indivíduo em posição sentada ou supinada,


com joelho e o tornozelo flexionados em 90º. A medida é feita
entre o calcanhar e a joelho, na altura do côndilo do fêmur.
Usualmente realizada com calibrador ou régua para medir
crianças.

» Homens: [64,19 – (0,04 x idade) + (2,02 x altura do joelho em cm)]

» Mulheres: [84,88 – (0,24 x idade) + (1,83 x altura do joelho em cm)]

Figura 5. Posicionamento para medida da altura do joelho.

Fonte: Martins, 2009 (a).

30
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

» Extensão dos braços ou envergadura: é a distância entre as pontas


dos dedos médios de cada mão, quando os braços estão estendidos
lateralmente no nível do ombro, formando um ângulo de 90º com o
corpo. A medida obtida refere-se à estimativa da estatura.

» Estatura recumbente: esta medida é realizada no leito plano ou


em outra superfície plana, na posição horizontal, onde posiciona-se o
indivíduo de barriga para cima e se realiza as marcas no lençol na
parte inferior do pé e acima da cabeça. Com fita métrica, se faz a
leitura da estatura do indivíduo.

» A semienvergadura é a distância entre a ponta do dedo médio de


uma mão, com o braço estendido lateralmente no nível do ombro,
formando um ângulo de 90º com o corpo, até o centro do tronco
(osso externo). Essa medida é usada em algumas fórmulas para
estimativa de estatura.

Na tabela 6, são apresentadas algumas fórmulas para a estimativa da estatura


em adultos e idosos.

Tabela 6. Fórmulas para estimativa de estatura corporal.

Autor Fórmula
Mitchel e Lipschitz Altura = semienvergadura x 2
WHO Altura = (0,73 x (2 x metade da envergadura dos braços)) + 0,43
Mulheres negras: Altura = 68,1 + (1,86 x AJ) – (0,06 x idade)
Chumlea
Mulheres brancas: Altura = 70,25 + (1,87 x AJ) – (0,06 x idade)
Homens negros: Altura = 73,42 + (1,79 x AJ)
Homens brancos: Altura = 71,85 + (1,88 x AJ)
Fonte: Adaptado de Melo et al., 2014.

Circunferências Corporais

As medidas de circunferências corporais auxiliam no entendimento da


composição corporal e da sua estrutura e são medidas complementares ao
peso e a estatura. Algumas delas estão associadas ao risco do desenvolvimento
de patologias, bem como de deficiências nutricionais.

Ponto médio do braço

O ponto médio do braço é usado para medida da circunferência do braço,


dobra cutânea do tríceps e dobra cutânea do bíceps. Sua medida deve ser feita
marcando o ponto médio entre o processo acromial da escápula e o olecrano da
ulna, com o braço flexionado, formando um ângulo de 90º.

31
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Circunferência do braço

Esta medida deve ser tomada após a marcação do ponto médio do braço, com
o braço estendido ao longo do corpo e a palma da mão voltada para a coxa.
A fita métrica deve ser ajustada em torno do braço, com atenção para não
apertar a fita, comprimindo a pele, não deixar folga e não deixar o dedo entre
a fita e o braço, alterando o valor real da medida.

Figura 6. Medida correta da circunferência do braço.

Fonte: http://repocursos.unasus.ufma.br/PPU/manejo_clinico_paciente_drc_modulo_basico/und2/ebook/17.html.

Circunferência de pescoço

A circunferência do pescoço, embora possa ser uma medida não muito


conhecida para a avaliação nutricional, vem sendo estudada desde a década
de 1990, e seu valor aumentado tem se relacionado com aumento da gordura
corporal, visceral e risco para doenças cardiovasculares.

Esta medida se refere ao ponto médio da altura do pescoço, na posição


horizontal, na altura da cartilagem cricotireóidea. Quando houver
proeminência no sexo masculino, a circunferência deve ser aferida abaixo da
mesma.

32
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

Figura 7. Circunferência de pescoço.

Ponto médio da
altura do pescoço

Fonte: Adaptado de Vasques et al., 2010.

Circunferência abdominal e circunferência de


quadril

As circunferências abdominal e de quadril são indicativos da distribuição da


gordura corporal, diferenciando-as em androide (obesidade superior, do tipo
“maçã”) e ginóide (obesidade inferior, do tipo “pera”).

A circunferência da cintura deve ser avaliada com o paciente em pé, ao final da


expiração, no ponto médio entre o último arco costal e a crista ilíaca.

Figura 8. Circunferência abdominal.

Fonte:Andhressa Araújo Fagundes et al., 2004.

A circunferência do quadril é mensurada com o paciente em pé, posicionado


com os pés juntos, e a tomada da medida será feita com fita métrica anelástica
circundando o quadril do indivíduo na região de maior perímetro entre a cintura
e a coxa.

33
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Figura 9. Circunferência de quadril.

Fonte:Andhressa Araújo Fagundes et al., 2004.

Circunferência medial da coxa


A circunferência medial da coxa é a circunferência da coxa mais utilizada
para a finalidade de avaliação nutricional. Ela deve ser realizada no ponto
médio, que fica entre a dobra inguinal e a borda proximal da patela. Após
marcar o ponto médio, passa-se a fita anelástica em torno da coxa neste
ponto e se realiza a leitura da medida.

Figura 10. Ponto médio da coxa.

Dobra inguinal

Ponto médio

Borda proximal
da patela

Fonte: Adaptado de Vasques et al., 2010.

34
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

Circunferência de Panturrilha

A medida da circunferência da panturrilha é tomada no perímetro máximo do


músculo da panturrilha do lado direito do corpo, horizontalmente, com uma
fita anelástica. Essa medida é utilizada para a estimativa de estatura e peso,
além de ser um indicador para a desnutrição ou risco de desnutrição.

Figura 11. Circunferência da panturrilha.

Fonte: Faria, 2011.

Dobras cutâneas

Também chamadas de pregas cutâneas. São utilizadas para estimar a gordura


corporal, assim, estimando, também, outros compartimentos da composição
corpórea. As dobras mais comuns são a do tríceps, bíceps, subescapular
e suprailíaca. Outras dobras também podem ser avaliadas, de acordo com a
população ou necessidade da avaliação do profissional, como axilar, peitoral,
abdominal, coxa, panturrilha.

As medidas devem ser efetuadas no hemicorpo direito, exceto quando houver


especificações diferentes na referência utilizada, como lado não dominante.

Instruções gerais:

» usar equipamento calibrado (adipômetro) e fita métrica inextensível


(também chamada de anelástica);

35
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

» seguir rigorosamente o ponto anatômico e as instruções do autor usado


como referência, para minimizar os erros inter e intra-avaliadores;

» avisar ao cliente/paciente o que será feito e quais procedimentos serão


adotados;

» a dobra é pinçada utilizando-se os dedos polegar e indicador;

» os dedos devem formar a prega a 1cm do ponto desejado e a medida


deve ser feita com o adipômetro, exatamente no local marcado;

» a leitura deve ser feita entre dois e três segundos;

» utiliza-se 3 medidas para verificar possíveis erros, caso a diferença


entre medidas seja maior que 5%, uma nova série de medidas deverá
ser realizada, utilizando-se o valor médio como referência;

» ao final da leitura, abrir o equipamento e soltar a prega, evitando beliscar


o cliente/paciente.

Dobra Cutânea Trícipital (DCT): realizada na marcação do ponto médio


do braço, em sua face posterior. O braço deve estar ao longo do corpo,
relaxado. Destaca-se a dobra do tecido muscular e faz-se a medição. Deve-se
atentar para pinçar apenas a dobra referente ao músculo tricipital, para não
superestimar a quantidade de gordura. Esta dobra apresenta forte correlação
com a gordura corporal total e o percentual de gordura total.

Figura 12. Medida da dobra cutânea do tríceps.

Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

36
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

Dobra Cutânea Bicipital (DCB): também realizada na marcação do ponto


médio, deve ser segurada verticalmente e aplica-se o medidor. Deve ser usada
juntamente com outras medidas para estimar a composição corporal.

Figura 13. Medida da dobra cutânea do bíceps.

Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

Dobra Cutânea Subescapular (DCSE): essa dobra é medida 2cm abaixo do


ângulo inferior da escápula, formando um ângulo de 45º entre esta e a coluna.
Braços e ombros devem estar relaxados.

Figura 14. Medida da dobra cutânea subescapular.

Fontehttps://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

37
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Dobra Cutânea Suprailíaca (DCSI): encontra-se essa dobra na linha média


axilar e acima da crista ilíaca. Deve ser medida na diagonal. O avaliado deve
afastar o braço para trás.

Figura 15. Medida da dobra cutânea suprailíaca.

Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

Dobra Cutânea Axilar Média: essa dobra é medida no ponto de intersecção


entre a linha axilar média e uma linha imaginária transversal na altura do
xifoide do esterno. A medida é realizada obliquamente ao eixo longitudinal.
Para facilitar a medida e leitura do valor, o braço do cliente/paciente deve estar
para trás.

Figura 16. Medida da dobra cutânea axilar média.

Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

Dobra Cutânea Torácica: Essa medida é realizada de forma diferente em


clientes/pacientes de sexo feminino e masculino.

38
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

Sexo masculino: trata-se da medida oblíqua em relação ao eixo longitudinal, no


ponto médio entre a linha axilar anterior e o mamilo.

Sexo feminino: medida oblíqua em relação ao eixo longitudinal, a um terço da


linha axilar anterior.

Figura 17. Medida da dobra cutânea torácica realizada no sexo masculino.

Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

Figura 18. Medida da dobra cutânea torácica realizada no sexo feminino.

.
Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

Dobra Cutânea Abdominal: essa medida de dobra cutânea é realizada a mais


ou menos dois centímetros da cicatriz umbilical. De modo prático, mede-se a
dobra aproximadamente a dois dedos de distância do umbigo. Ela é mensurada
ao eixo longitudinal na maioria dos protocolos. Já Lohman (1988) propõe a
medida da dobra cutânea abdominal de forma transversal.

39
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Figura 19. Medida da dobra cutânea abdominal no eixo longitudinal.

Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

Dobra Cutânea da Coxa: essa medida da dobra cutânea é realizada


paralelamente ao eixo longitudinal, usualmente no ponto médio da distância
entre a borda inguinal e borda superior da patela (ver Figura 10). Pode ser
medida também a um terço de distância entre esses pontos, como proposto no
protocolo de Guedes (1985).

Essa dobra é menos utilizada na prática clínica devido à dificuldade de sua


execução (pinçamento correto e desconforto para a leitura rápida do dado).
Para facilitar o procedimento do pinçamento da dobra cutânea, é melhor que
o cliente/paciente coloque a perna direita (a que será medida) para frente,
semiflexionando o joelho e mantendo o peso na perna esquerda. Dessa forma, o
músculo da perna direita não fica contraído, facilitando a execução da medida
e leitura do dado.

Figura 20. Medida da dobra cutânea da coxa.

Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

40
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

Dobra Cutânea da Panturrilha Medial: para a realização da dobra cutânea


da panturrilha medial, o cliente/paciente deverá estar sentado, com o joelho
dobrado a 90°, o tornozelo em posição anatômica e o pé sem apoio. Desta forma,
o músculo da panturrilha não fica contraído, facilitando a execução da medida
(pinçamento da dobra e leitura rápida do dado).

A dobra é pinçada no ponto de maior perímetro da perna, assim como é


realizado a circunferência de panturrilha. O polegar da mão esquerda (a mão
que se pinça a dobra) deve apoiar na borda medial da tíbia.

Figura 21. Medida da dobra cutânea da panturrilha medial.

Fonte: https://www.sanny.com.br/dobras-cutaneas.

Determinação do percentual de gordura corporal


com o uso das dobras cutâneas

Uma das formas para estimar o percentual de gordura corporal é com o uso das
dobras cutâneas.

41
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

É sabido que a dobra cutânea tricipital e a dobra cutânea subescapular


possuem uma boa correlação com a quantidade de gordura corporal total, ou
seja, usualmente, quando elas estão acima dos valores considerados adequados,
a quantidade de gordura corporal total também está. Entretanto, existem
equações e referências que estimam de forma mais adequada a quantidade de
gordura corporal.

Primeiramente, os valores das dobras cutâneas são somados ou colocados


em equações específicas, chamadas de equações de predição de gordura
corporal. Com esses valores, chega-se a uma estimativa do percentual de
gordura corporal total. Somente após estimados esses valores é que se irá
classificar, por meio das referências, se o percentual de gordura está dentro
do considerado adequado, ou não, para aquela população.

As equações mais comumente utilizadas são: Katch & Mcardle (1973), Durnin
& Womersley (1974), Jackson & Pollock (1978), Jackson, Pollock e Ward
(1980), Guedes (1985), Slaughter et al – para indivíduos de 7 a 18 anos (1988),
Petroski (1995), Peterson, Czerwinski e Siervogel(2003).

E como referência são:, Jackson e Pollock (1978), Jackson, Pollock e Ward


(1980), Guedes (1985), Faulkner (1968), Lohman (1992).

Esses são apenas alguns exemplos das equações e protocolos de referência que
existem. Para um melhor atendimento nutricional, deve-se buscar a referência
que melhor se encaixa para o indivíduo avaliado ou a população estudada.

Indicadores antropométricos pelas medidas do


braço

Percentual de adequação da circunferência de braço

O percentual de adequação da circunferência do braço (CB) é utilizado para


avaliar grau de catabolismo ou excesso nutricional do indivíduo. Quando
esta medida está aumentada, não é possível distinguir se o aumento é
proveniente de massa muscular ou massa gordurosa e, portanto, seu uso
deve ser com critério e cautela.

CB obtida (cm)
% Adequação da CB = x 100
CB percentil 50 (50 th)

42
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

Tabela 7. Classificação do percentual de adequação da circunferência de braço.

Desnutrição Desnutrição Desnutrição


Eutrofia Sobrepeso Obesidade
Grave Moderada Leve
Adequação da CB < 70% 70 – 80% 80 – 90% 90 – 110% 110 – 120% > 120%
Fonte: Blackburn, Thornton, 1979.

Circunferência muscular do braço

A circunferência muscular do braço (CMB) é uma medida indireta, derivada


da circunferência do braço (CB) e da dobra cutânea tricipital (DCT).
A CMB mensura a quantidade e a taxa de variação da massa muscular
esquelética. Essa medida possui boa correlação com a massa muscular
corpórea e sua depleção indica, na maioria das vezes, a existência de
processo catabólico corporal, que leva a depleção muscular, como no
caso da desnutrição.

Com base no proposto por Lohman (1981), a CMB é derivada do cálculo :

CMB = CB – (DCT x 0,314)

CMB obtida (cm)


Adequação da CMB (%) = x 100
percentil 50* da CMB

Tabela 8. Classificação do percentual de adequação da circunferência muscular do braço.

Desnutrição Grave Desnutrição Moderada Desnutrição Leve Eutrofia

Adequação da CB < 70% 70 – 80% 80 – 90% > 90%


Fonte: Blackburn e Thornton, 1979.

Índice de massa corporal (IMC)

O IMC é um dos índices mais utilizados para avaliação nutricional, tanto em


indivíduos como em populações. Seu cálculo é feito por meio da fórmula:

IMC= Peso (kg) / altura (m)²

Sua utilização em indivíduos deve estar associada a outros indicadores


para estabelecer um diagnóstico nutricional correto. Como não distingue a
composição corporal (massa gordurosa e massa magra, entre elas a muscular),
ao utilizar apenas o IMC, é possível classificar com sobrepeso ou obesidade
indivíduos que apresentam um aumento de peso em massa magra.

43
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

O IMC é o índice de avaliação do estado nutricional que pode ser usado em todas as
faixas etárias, de recém-nascidos a idosos. Este índice tem como características
o fácil acesso, a execução simples, o baixo custo e a boa correlação com
comorbidades. Por essas características, o IMC é um indicador antropométrico
amplamente utilizado na prática clínica e em estudos populacionais.

Na prática clínica, após determinar a classificação do IMC, essas classificações


podem ser comparadas ao longo da vida de um indivíduo, avaliando-se a
evolução do estado nutricional individual. Em estudos populacionais, é
possível se classificar e comparar as diferentes faixas etárias por meio do
mesmo indicador antropométrico, não havendo interferência na avaliação e
validação dos dados.

44
CAPÍTULO 2
Bioimpedância Elétrica (BIA)

A bioimpedância elétrica é um método rápido, não invasivo e bem aceito para


avaliação da composição corporal de um indivíduo. Seu princípio se baseia na
condutividade elétrica através dos componentes corporais, com a colocação
de eletrodos nos pés e nas mãos do indivíduo. Os valores de condutividade
são utilizados em fórmulas e transformados em informações, tanto sobre
a quantidade e porcentagem de gordura corporal e massa muscular, como
hidratação do corpo. Deve-se atentar para as orientações do fabricante do
aparelho para colocação dos elétrodos. A verificação da referência adotada pelo
fabricante também é importante para descrição em trabalhos ou comparações
com outras medições.

A bioimpedância, por meio dos valores obtidos de resistência, reactância e


ângulo de fase, é capaz de estimar e detalhar os componentes corpóreos de
massa magra e massa gorda, entretanto nem todos os aparelhos realizam essa
medição detalhada. Dentre os compartimentos básicos, têm-se a massa magra
(livre de gordura), a massa gorda e o percentual de água corporal. Para modelos
mais completos, é possível também mensurar:

» ângulo de fase corporal total e segmentar;

» água intra e extracelular;

» água corporal total;

» índice de edema corporal e segmentar;

» percentual de proteínas e minerais;

» conteúdo mineral ósseo;

» massa muscular esquelética;

» massa magra de cada segmento corporal;

» massa de gordura;

» estimativa de gordura segmentar;

» índice de gordura corporal;

45
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

» percentual de gordura corporal;

» índice de massa livre de gordura;

» impedância e reactância de cada segmento corporal.

É importante destacar aqui que a bioimpedância não tem sido utilizada somente
para a determinação da composição corporal. A informação do ângulo de fase
tem sido relacionada como fator prognóstico em algumas patologias, como no
caso de doenças renais.

Por haver diferenças entre os aparelhos, a utilização do mesmo equipamento


nas avaliações de bioimpedância garante melhor resultado do acompanhamento
ao longo do tempo, sem o risco de diferenças entre equipamentos.

Atualmente, no mercado, existem aparelhos de bioimpedância que realizam


as medidas com o indivíduo em posição supina, ou outros que são acoplados
em balanças, e as medidas são feitas com o indivíduo em pé. É orientado que
as bioimpedâncias acopladas em balança sejam tetrapolares, ou seja, que a
corrente elétrica passe pelos eletrodos das mãos e dos pés.

Algumas recomendações são essenciais para garantir o resultado confiável da


avaliação da composição corporal por bioimpedância. Por exemplo, a ingestão
de cafeína e álcool pode causar desidratação e subestimar os valores de massa
muscular em até 5 kg; enquanto a prática de exercícios físicos em intensidade
alta ou moderada pode superestimar a quantidade de massa muscular em
até 12 kg. Exercícios em baixa intensidade não alteram os valores do exame.

Orientações gerais para a realização da bioimpedância:

» suspender o uso de medicamentos diuréticos 7 dias antes do teste (exceto


por orientação médica);

» estar em jejum de pelo menos 4 horas;

» estar em abstinência alcoólica por 24 a 48 horas;

» evitar o consumo de cafeína 24 horas antes do teste;

» estar fora do período pré-menstrual;

» não ter praticado atividade física intensa nas últimas 24 horas;

» urinar pelo menos 30 minutos antes da medida;

46
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

» permanecer de 5 a 10 minutos de repouso absoluto, em posição de


decúbito dorsal, antes de efetuar a medida;

» contraindicação absoluta para a realização do teste: portadores de


marca passo e gestantes.

Figura 22. Exame de bioimpedância elétrica tetrapolar realizado com eletrodos em pés e mãos, com o indivíduo

em posição supina.

Fonte: Graton, 2017.

47
CAPÍTULO 3
Métodos indiretos de avaliação da
composição corporal

Os métodos indiretos para a avaliação da composição corporal são usados


com menor frequência do que os métodos duplamente indiretos, por suas
características, entre as principais, se destacam:

» técnicas que possuem um custo mais elevado;

» necessidade de aparelho, local específico e pessoal treinado;

» maior tempo para a sua execução;

» necessidade de preparo para a realização dos exames, na maioria das


vezes;

» nem todas as técnicas são aplicáveis a qualquer faixa etária,


dependendo do exame, da faixa etária, da condição fisiológica ou
patológica, é necessário sedação;

» exames e técnicas mais utilizados em estudos populacionais, devido ao


custo elevado e dificuldade de acesso;

» os exames indiretos para a avalição da composição corporal têm


a vantagem, em relação às dobras cutâneas corporais, de
apresentarem maior acurácia para a determinação do tecido
adiposo, principalmente em obesos. Nos pacientes obesos,
principalmente com obesidade III, existe a dificuldade em
demarcar o local anatômico da dobra cutânea, a dificuldade em
separar o tecido adiposo do tecido muscular e a limitação máxima
de abertura do adipômetro.

Neste capítulo, serão abordados os métodos indiretos de avaliação da


composição corporal mais conhecidos e utilizados na prática clínica.

Pesagem hidrostática
Este exame se baseia na densidade corporal, portanto o seu resultado é
determinado pela razão entre o peso do indivíduo no ar e o peso do indivíduo
na água (submerso). Simplificando, o resultado = peso no ar/peso na água.

48
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

A pesagem hidrostática possui precisão elevada, porém ela pode sofrer


interferências relacionadas ao momento da pesagem e estado individual,
como o estágio do ciclo menstrual, horário do dia, atividade física e uso de
fármacos. É um procedimento demorado, com necessidade de adaptação ao
meio líquido (indivíduo fica submerso na água), pode ser desconfortável
para obesos e para algumas faixas etárias.

Figura 23. Pesagem hidrostática.

Fonte: https://www.unomaha.edu/news/2016/12/underwater-weigh-holiday-sale.php. Acesso em: 29 jun. 2020.

Plestimografia
A plestimografia é um método para a avaliação da composição corporal
baseado na medida do volume corporal a partir do deslocamento do ar.
O indivíduo entra em uma câmara de fibra de vidro que possui sensores
acopladas a ela e a um computador que mensura a alteração e deslocamento
do ar. É um método caro, com capacidade máxima para indivíduos com
250kg, pode apresentar erros para a determinação de massa livre de gordura
em obesos, pois estes apresentam maior quantidade de água extracelular.
É rápido e indolor.

Figura 24. Exame de plestimografia.

Fonte: Silva, 2016.

49
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Antigamente, não era possível realizar esse exame em crianças pequenas.


Hoje, já existem câmaras específicas até para bebês.

Figura 25. Exame de plestimografia para bebês.

Fonte: https://teprel.pt/produto/cosmed-pea-pod/. Acesso em: 29 jun. 2020.

Dual-Energy X-ray Absorptiometry (DEXA) –


Abosorciometria de Raio X de Dupla Energia
O exame de DEXA é considerado como exame referência para a avaliação da
composição corporal em indivíduos obesos. Também é considerado o exame
de referência para a avaliação da obesidade sarcopênica (aumento de massa
gordurosa associado a sarcopenia – diminuição acentuada da massa muscular).

Na avaliação da massa óssea, o DEXA é considerado como padrão ouro pela


Organização Mundial de Saúde, para a avaliação da osteoporose.

Em estudos, foi possível observar que os valores do DEXA se correlacionavam


fortemente com o tecido adiposo visceral e abdominal, entretanto existe um
limite do aparelho em relação ao peso corporal do indivíduo, sendo possível a
avaliação de pessoas com até 204 kg em algumas marcas.

Dentre as vantagens deste exame, existe uma menor emissão de radiação para
a realização e é mais acessível que a Tomografia Computadorizada (TC) e a
Ressonância Magnética (RNM).

50
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

Figura 26. Exame de Dual-Energy X-ray Absorptiometry (DEXA).

Fonte: Silva, 2016.

Ultrassonografia (US)

A US funciona a partir da conversão de energia elétrica em ondas sonoras que


passam através do tecido adiposo, muscular e ósseo, determinando, assim, a
espessura dos tecidos. Este método possui boa correlação com os resultados
da pesagem hidrostática e DEXA. Em relação as suas desvantagens, apresenta
elevado custo e dificuldade técnica.

Figura 27. Exame de ultrassonagrafia para a avaliação da composição corporal.

Fonte: Silva, 2016.

Ressonância Magnética (RNM) e Tomografia


Computadorizada (TC)

A RNM é um exame que, por meio de ondas de frequência de rádio, quantifica


a massa gordurosa total e subcutânea. Tem como vantagem a não utilização de
radiação iônica, apresentação de imagens em 3D e apresenta boa correlação
com a pesagem hidrostática. Suas desvantagens incluem custo elevado e
dificuldade técnica.

51
UNIDADE II │ MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL

Figura 28. Exame de ressonância magnética.

Fonte: Teixeira; Porto, 2020.

A TC parte do princípio da mensuração e atenuação da emissão dos raios X nos


diferentes tecidos. Seu resultado é apresentado em imagens bidimensionais,
em corte transversal do corpo. Dentre as desvantagens do método estão o
alto custo, necessidade de pessoal treinado, exposição à radiação (atenção às
crianças e gestantes).

Figura 29. Foto do tomógrafo médico - exame de Tomografia Computadorizada.

Fonte: Centro de tecnologia da informação Renato Archer, 2020.

52
MÉTODOS DE AVALIAÇÃO DA COMPOSIÇÃO CORPORAL │ UNIDADE II

Interactância de raios infravermelhos

Essa técnica consiste na suposição de que as medidas de interactância


podem estimar a composição corporal a partir da densidade óptica, que é
inversamente proporcional ao percentual de gordura corporal. Essa técnica
é rápida, não invasiva, depende da prática do avaliador e da distribuição de
gordura do cliente/paciente que está sendo avaliado.

Existe a recomendação de combinação de outras técnicas para a avaliação


da composição corporal quando se trata da avaliação de indivíduos com
obesidade.

Vimos as principais técnicas de avaliação da composição corporal


utilizadas. Mas, levando em conta a grande dimensão do nosso
país e as diferenças de acesso aos serviços de saúde, pense: como
avaliar indivíduos sem o auxílio de um equipamento caro, ou sem a
bioimpedância, ou até mesmo sem o adipômetro? Essas avaliações são
válidas?

53
PARÂMETROS UNIDADE III
BIOQUÍMICOS

A avaliação bioquímica é mais uma ferramenta de avaliação nutricional,


que deve se somar às outras na busca de um resultado fidedigno do estado
nutricional do indivíduo. Além de serem usados na avaliação inicial, os dados
bioquímicos são importantes no monitoramento e na análise da eficácia da
terapêutica nutricional escolhida.

O Conselho Federal de Nutricionistas (CFN), por meio da Resolução n o


306/2003, estabelece as diretrizes para a solicitação de exames pelo
nutricionista (anexo 1):

Art 1o Compete ao nutricionista a solicitação de exames laboratoriais


necessários à avaliação, à prescrição e à evolução nutricional do
cliente-paciente.

Art 2o O nutricionista, ao solicitar exames laboratoriais, deve avaliar


adequadamente os critérios técnicos e científicos de sua conduta,
estando ciente de sua responsabilidade frente aos questionamentos
técnicos decorrentes.

São inúmeros os exames que podem ser solicitados. Neste capítulo, serão
abordados os mais comuns, sendo eles subdivididos por avaliação da função
orgânica. Ao final, será apresentado um quadro resumindo a interpretação dos
resultados quando alterados.

54
CAPÍTULO 1
Exames bioquímicos na avaliação das
funções orgânicas

Hemograma
O hemograma é o exame de sangue e nele estão contidas diversas informações:

» Contagem das células brancas – leucócitos.

» Contagem das células vermelhas – eritrócitos ou hemácias.

» Contagem das plaquetas.

» Contagem dos reticulócitos.

» Dosagem de hemoglobina e hematócrito.

» Dosagem de índices hematiméticos: VCM, HCM, CHCM, RDW.

» Contagem diferencial dos leucócitos: neutrófilos, eosinófilos, basófilos,


linfócitos, monócitos.

» Alterações morfológicas da série vermelha e branca.

Nesta sessão serão explicados, com maiores detalhes, os exames referentes à


série vermelha (eritrograma).

Conforme o momento de vida do ser humano, existe a modificação nos locais de


formação das células sanguíneas. Nos embriões os principais locais de formação
são o baço e o fígado; nos recém-nascidos, toda a medula óssea (com o avanço
da idade, a maior parte da medula perde tal função); e nos adultos, a medula
óssea dos ossos pélvicos, esterno, costelas, clavícula e extremidades de ossos
longos.

A formação das células sanguíneas se dá pelo estímulo de um hormônio


chamado eritropoietina, que atua na medula óssea para a síntese de
eritroblastos e posterior produção dos eritrócitos ou hemácias.

55
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Os eritrócitos ou hemácias são células de forma discoide, bicôncava, anucleada,


ricas em hemoglobina. Sua meia vida é em torno de 120 dias e sua unidade de
contagem é em milhões/mm3.

Hemoglobina (Hb)

A hemoglobina é um pigmento carreador de oxigênio dos eritrócitos, formado


pelo próprio eritrócito em desenvolvimento na medula óssea. É uma proteína
conjugada, contendo quatro grupos heme e globulina, com a propriedade de
oxigenação reversível. A hemoglobina equivale a 34% do peso da hemácia.

Sua dosagem - Hb (g/dl) - informa a quantidade de hemoglobina por decilitro


de sangue.

Hematócrito (Ht)

O hematócrito é a medida do percentual dos glóbulos vermelhos no volume


total de sangue. Sua unidade de medida é a porcentagem (%).

Índices hematimétricos

Correspondem aos valores de VCM, HCM, CHCM, RDW, que são determinados
para auxiliar na análise de todas as características da hemácia.

» VCM: volume corpuscular médio – índice que avalia o tamanho/volume


da hemácia.

» HCM: hemoglobina corpuscular média. Este índice informa sobre


o valor médio da quantidade de hemoglobina (peso) que existe no
interior da hemácia. Seu valor é obtido pela relação entre a dosagem
de hemoglobina (g/dl) com a contagem das hemácias (em mm3). É
considerado o índice mais fiel para identificação das hipocromias.

» CHCM: concentração de hemoglobina corpuscular média. Este índice


correlaciona a concentração de hemoglobina dentro de uma hemácia
(g/dl). O valor é derivado do seguinte cálculo:

» Cálculo: HCM / VCM.

» RDW: Red cell Distribution Width – coeficiente de variação do volume


eritrocitário – RDW-CV%. Este é o índice de variação do tamanho

56
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

das hemácias, que avalia quanto os eritrócitos variaram em


tamanho, a partir do volume corpuscular médio (VCM). Isto tem
importância uma vez que, sendo o VCM o resultado de uma média,
ele pode apresentar um valor numérico que não reflete o tamanho
real do total da população eritrocitária que foi analisada.

Nas anemias microcíticas, como no caso da anemia ferropriva ou na deficiência


de cobre, existe uma diminuição no tamanho da hemácia (medido pelo VCM) e
pode haver variação no tamanho também (aumento do RDW).

A microcitose é determinada pelo valor de VCM abaixo da normalidade. Já a


macrocitose é determinada pelo valor do VCM acima da normalidade.

O RDW reflete a variação do tamanho da hemácia. Exemplificando, o


entendimento fica mais fácil. Por exemplo, se a anemia é microcítica e apresenta
um RDW com valor aumentado, significa que existem hemácias com variação de
tamanho, ou seja, pequenas (células microcíticas), como também com tamanhos
normais ou aumentados. Agora, se na anemia microcítica, o RDW apresentar
valor normal, significa que não existe variação no tamanho das hemácias, ou
seja, todas são iguais (pequenas).

Os valores de hemoglobina e o hematócrito são exames que vão determinar


se a produção de hemácias e/ou hemoglobina estão normais, aumentadas ou
diminuídas. Determinam, portanto, se existe a anemia.

Os valores de HCM e CHCM são índices que relacionam a quantidade de


hemoglobina com o tamanho e número de hemácias, tornando possível avaliar
a existência de hiper ou hipocromia. Nas anemias hipocrômicas, esses índices
estão abaixo do valor de referência e nas hipercrômicas, estão acima.

Tabela 9. Valores de referência para eritrograma em várias idades.

Idade Hemácias Hb (g/dl) Ht (%) VCM (fL) HCM (pg) RDW (%)
(milhões/
mm3)
RN 4,1 – 6,7 15,0 – 24,0 44 – 70 102 – 115 33 - 39 13,0 – 18,0
1-23 m 3,8 – 5,4 10,5 – 14,0 32 – 42 72 – 88 24 – 30 11,5 – 16,0
2-9a 4,0 – 5,3 11,5 – 14,5 33 – 43 76 – 90 25 – 31 11,5 – 15,0
10 -17 a M 4,2 – 5,6 12,5 – 16,1 36 – 47 78 – 95 26 – 32 11,5 – 14,0
10 – 17 a F 4,1 – 5,3 12,0 – 15,0 35 – 45 78 – 95 26 - 32 11,5 – 14,0
> 18 a M 4,7 – 6,0 13,5 – 18,0 42 – 52 78 – 100 27 – 31 11,5 – 14,0
> 18 a F 4,2 – 5,4 12,5 – 16,0 37 - 47 78 – 100 27 - 31 11,5 – 14,0
Fonte: Clinical Laboratories of Children´s Hospital of Buffalo apud Wallach, 2009.

57
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Os valores expressos no leucograma, assim como a contagem de plaquetas, são


importantes para a avaliação nutricional, principalmente para avaliar alguns
micronutrientes específicos, entretanto estas alterações estarão descritas no
decorrer desta unidade.

Alteração nos parâmetros na avaliação nutricional


de anemias

A anemia é caracterizada pela redução da massa eritrocitária, resultando


em menor capacidade de transporte de oxigênio para atender as demandas
teciduais. Existem anemias causadas pela carência de micronutrientes, sendo
a ferropriva e as megaloblásticas por carência de B12 ou carência de B9 as
mais comuns.

Diagnóstico laboratorial da anemia ferropriva:

» Associação da concentração de hemoglobina (Hb) e dos índices


hematimétricos (VCM e HCM) abaixo da referência ou do RDW
acima de 14%.

» VCM define a microcitose (está abaixo do valor de referência).

» HCM e CHCM definem a hipocromia (está abaixo do valor de


referência).

» RDW está elevado: pois na anemia ferropriva existe uma


heterogeneidade do tamanho da hemácia, resultando em anemia
microcítica com RDW elevado.

» Ferritina (reserva orgânica): baixa.

» Dosagem de ferro sérico: baixo.

» Capacidade de ligação de ferro: aumentado.

Anemia megaloblástica pela carência de vitamina B12:

» Presença de hemácias imaturas, volume aumentado, número reduzido


na corrente sanguínea.

58
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

» Mais incidente em descendentes de africanos e europeus.

» Níveis baixos de hemoglobina.

» Oligocitemia (baixa quantidade de hemácias).

» Macrócitos.

» Anisocitose acentuada (variação no tamanho das hemácias).

» Poiquilocitose acentuada (formato anormal das hemácias).

» Presença de eritroblastos e corpos de Howell-Jolly.

» VCM acima de 100 fl no início. Quadro clínico evidente, VCM acima de


110 fl.

» Níveis de vitamina B12 no soro são diminuídos – entre 100 e 110 pg/ml
(normal entre 200 e 900).

Anemia megaloblástica pela carência de vitamina B9:

» Nível do folato abaixo do normal.

» Hemograma – anemia macrocítica e alteração do núcleo dos neutrófilos.

» Pode haver neutropenia, plaquetopenia e polissegmentação dos


neutrófilos.

» Fazer a dosagem sérica de B12 para verificar se existe a carência associada.

» Diminuição dos níveis de B9 levam ao aumento da homocisteína.

Eletrólitos

Os principais eletrólitos avaliados nos exames bioquímicos são sódio,


potássio, cálcio e magnésio, sendo estes imprescindíveis para a realização
das funções celulares e manutenção da homeostase do organismo.

59
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

» Sódio (Na): principal cátion extracelular e exerce influência


importante na osmolaridade plasmática.

» Potássio (K): íon principalmente intracelular. Importante para


o potencial de ação das membranas (indispensável na contração
muscular, inclusive do músculo cardíaco).

» Magnésio (Mg): íon principalmente intracelular, associado a absorção


gastrintestinal e a excreção renal. Participa como cofator de diversos
processos metabólicos e de obtenção de energia celular.

» Cálcio (Ca) total plasmático: a maioria (99%) do cálcio corpóreo


é encontrado nos ossos. O restante está no plasma, sob a forma:
livres (ionizados), ligados a fosfatos e bicarbonatos e ligados a
proteínas plasmáticas, em sua maioria a albumina. Na solicitação
do exame de Ca total ou apenas Ca, o resultado reflete a soma do
cálcio livre no plasma, assim como o ligado às proteínas.

» Cálcio ionizado ou cálcio iônico: é a dosagem do íon de cálcio livre


circulante no sangue. Esse exame é importante porque reflete a
concentração de cálcio plasmático independente das proteínas
transportadoras de cálcio (como albumina) circulantes. Se houver
deficiência ou qualquer outra desordem com as proteínas
orgânicas, o resultado do valor da concentração de cálcio
plasmático não será alterado.

Glicemia e homeostase da glicose

Glicemia de jejum

Exame que mensura a concentração de glicose plasmática. Seu valor


isolado ou combinado com outros exames pode predizer fator de risco
ou diagnosticar algumas condições patológicas, como resistência a
insulina, síndrome metabólica e diabetes. O valor normal de referência
é ≤ 99 mg/dL com 8 horas de jejum.

60
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

Tabela 10. Valores de referência para glicemia de jejum.

Exame Valor de referência Interpretação


< 100 mg/dL Adequado
Glicemia de jejum (8 horas de jejum) 100 – 126 mg/dL Pré-diabetes (glicemia de jejum alterada em 2 medidas em dias diferentes)
> 126 mg/dL Diabetes mellitus (glicemia repetida em 2 ocasiões diferentes)
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2019.

Hemoglobina glicada

O exame de hemoglobina glicada é conhecido também como teste de


HbA1c ou A1c. Ele é realizado para avaliar se a glicemia do indivíduo se
mantém dentro da normalidade ou está alterando ao longo do período.
Em indivíduos que mantém níveis de glicose acima do adequado por um
período muito longo (por deficiências metabólicas ou hormonais), há
uma maior taxa de ligação da glicose com a hemoglobina (glicação), o
que oferece riscos a saúde.

Tabela 11. Valores de referência para hemoglobina glicada.

Exame Valor de referência Interpretação


< 5,7% Adequado
HbA1c (%) ≥ 5,7 e < 6,5% Pré-diabetes
≥ 6,5 % Diabetes mellitus
Fonte: Sociedade Brasileira de Diabetes, 2019

Avaliação da função renal e catabolismo proteico

Ureia

A ureia é sintetizada no fígado, sendo o produto final do metabolismo proteico.


O exame de ureia sérica ou plasmática é usado para a avaliação da função renal,
bem como para a avaliação do catabolismo proteico. Situações de catabolismo
intenso com grande perda de massa muscular podem representar um aumento
expressivo nas concentrações de ureia plasmáticas.

Creatinina sérica

A creatinina é formada pela hidrólise de creatina e da fosfocreatina no músculo


esquelético, assim como pela ingestão de carnes (sob a forma de creatina e
creatinina).

A dosagem da creatinina sérica é considerada um exame mais específico


e sensível para o diagnóstico da insuficiência renal do que a de ureia.
Entretanto, o r e s u l t a d o d o e x a m e d e c r e a t i n i n a a p r e s e n t a - s e a l t e r a d o

61
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

quando já existe uma perda considerável da função orgânica do rim,


chegando a perda de 50% da função renal.

A redução da concentração sérica pode ser usada como índice de redução de


massa muscular esquelética.

Urina de 24 horas

Determinação de proteínas na urina de 24 horas

A verificação de proteínas na urina de 24 horas é utilizada para avaliação


da função renal, assim como no acompanhamento e tratamento das
glomerulopatias, possuindo um valor diagnóstico e prognóstico.

Este exame apresenta algumas dificuldades, principalmente em sua coleta,


que estão ligadas a aderência do paciente a uma coleta adequada e ao manuseio
desse material em laboratório.

Nos últimos anos, com o objetivo de facilitar a coleta do exame de proteinúria


(proteína na urina), tem-se realizado o exame da relação proteína/creatinina
(Relação P/C), na amostra isolada de urina, com resultados confiáveis.

Índice creatinina altura (ICA(%))


O índice de creatinina altura é um exame que utiliza os dados da dosagem
de creatinina no exame de urina de 24 horas. Seu resultado reflete o
hipercatabolismo ou desnutrição existente, baseando-se no fato que 98% da
creatinina corpórea está localizada nos músculos. Sua interpretação pode
sofrer interferências como idade, estresse, conteúdo proteico da dieta e
função renal. Esse exame, como parte da avaliação do estado nutricional, não
é fidedigno em pacientes com doenças renais e/ou uso de diuréticos.
creatinina urinária de 24h (mg) medida
ICA(%) = creatinina urinária ideal (mg) para estatura X 100
(olhar na tabela)

Tabela 12. Classificação do índice de creatinina/altura.

ICA(%) Classificação nutricional


> 90% Adequado
80 – 90% Depleção leve
60 – 80% Depleção moderada
< 60% Depleção grave
Fonte: Kamimura et al., 2002 apud Sampaio et al. 2012.

62
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

A tabela 13 apresenta os dados de excreção de creatinina esperado em 24 horas


segundo altura, sexo e idade.

Tabela 13. Excreção de creatinina esperada (mg/dia) segundo a idade.


Altura (cm) 20 – 29 anos 30 – 39 anos 40 – 49 anos 50 – 59 anos 60 – 69 anos 70 – 79 anos 80 – 89 anos
Homens
146 1258 1169 1079 985 896 807 716
148 1284 1193 1102 1005 915 824 733
150 1380 1215 1123 1025 932 839 747
152 1334 1240 1145 1045 951 856 762
154 1358 1262 1166 1064 968 872 775
156 1390 1291 1193 1089 990 892 793
158 1423 1322 1222 1115 1014 913 812
160 1452 1349 1240 1132 1035 932 829
162 1481 1376 1271 1160 1055 950 845
164 1510 1403 1296 1183 1076 969 862
166 1536 1427 1318 1203 1094 986 877
168 1565 1454 1343 1226 1115 1004 893
170 1598 1485 1372 1252 1139 1026 912
172 1632 1516 1401 1278 1163 1047 932
174 1666 1548 1430 1305 1167 1069 951
176 1699 1579 1458 1331 1211 1090 970
178 1738 1615 1491 1361 1238 1115 992
180 1781 1655 1529 1395 1269 1143 1017
182 1819 1690 1561 1425 1296 1167 1038
184 1855 1724 1592 1450 1322 1190 1059
186 1894 1759 1625 1483 1349 1215 1081
188 1932 1795 1658 1513 1377 1240 1113
190 1968 1829 1689 1542 1402 1263 1123
Mulheres
140 858 804 754 700 651 597 548
142 877 822 771 716 666 610 560
144 898 841 790 733 682 625 573
146 917 859 806 749 696 638 586
148 940 881 827 768 713 654 600
150 964 903 848 787 732 671 615
152 984 922 865 803 747 685 628
154 1003 940 882 819 761 698 640
156 1026 961 902 838 779 714 655
158 1049 983 922 856 796 730 670
160 1073 1006 944 877 815 747 686
162 1100 1031 966 899 835 766 703
164 1125 1064 990 919 854 783 719
166 1148 1076 1010 938 871 799 733
168 1173 1099 1032 958 890 817 749
170 1199 1124 1055 980 911 835 766
172 1224 1147 1077 1000 929 853 782
174 1253 1174 1102 1023 951 872 800
176 1280 1199 1126 1045 972 891 817
178 1304 1223 1147 1065 990 908 833
180 1331 1248 1171 1087 1011 927 850
Fonte: Imbembo e Walser, 1984 apud Martins, 2009 (b)

63
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Exames para avaliação da função hepática e


pancreática

A explicação de algumas terminologias é necessária, pois serão usadas nesta


parte do conteúdo:

» Hepatite: inflamação das células do fígado, qualquer que seja sua origem.

» Colecistite: inflamação da vesícula biliar.

» Colelitíase: presença de cálculos na vesícula biliar.

» Colangite: inflamação das vias biliares, secundária a obstrução,


geralmente por cálculos, mas podendo ocorrer também por estenoses
ou neoplasias.

» Colestase: diminuição ou interrupção do fluxo biliar.

» Pancreatite: processo inflamatório pancreático, de etiologia variada.

Alanina Aminotransferase – ALT (TGP)

A ALT é uma enzima necessária para a síntese proteica hepática dependente


de vitamina B6 (cofator para atividade enzimática plena). É encontrada em
maior concentração no fígado e está também presente no plasma e em baixas
concentrações em outros tecidos. A ALT é liberada no sangue em grande
quantidade quando há dano à membrana do hepatócito, sendo um exame
específico para dano hepatocelular, como nos casos das hepatites e cirroses.

Aspartato aminotransferase - AST (TGO)

A AST é uma enzima necessária para a produção de aminoácidos funcionais


para a síntese proteica no fígado. É encontrada em menores concentrações no
plasma e em altas concentrações em outros tecidos além do fígado: coração,
músculo esquelético, rins e cérebro, sendo mais abundante no músculo
cardíaco.

A AST também é dependente de vitamina B6 como cofator para atividade


enzimática plena. Ela se apresenta aumentada, assim como a ALT, quando
há dano hepatocelular como nas hepatites, e o aumento da AST é muito maior
que o aumento da ALT quando existe doença em ductos hepatobiliares
(como colecistite, colangite, colelitíase, colestase) ou infarto do miocárdio.

64
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

Fosfatase Alcalina – ALP ou FA

A fosfatase alcalina é uma enzima amplamente distribuída ao longo das


superfícies membranosas das células metabolicamente ativas (com rápida
divisão celular): ossos, fígado, intestino, rins, leucócitos e plaquetas.

Ela se apresenta muito aumentada durante a gestação, cirrose biliar, cirrose,


doenças caracterizadas por inflamação, regeneração e obstrução dos pequenos
ductos biliares intra-hepáticos; se apresenta aumentada nas doenças
hepáticas, obstrução de ductos extra-hepáticos, neoplasias com dano hepático
e em doenças ósseas, como osteomalácia e raquitismo.

Crianças maiores de 10 anos de idade e em estirão de crescimento pré-puberal


podem ter 3 a 4 vezes o valor de referência para adulto, devido a necessidade do
rápido desenvolvimento/crescimento.

Gama-glutamil-transferase - Gama-GT – GGT

A Gama-GT é uma enzima presente no fígado e em menor concentração nos rins,


pâncreas, cérebro e próstata. Apresenta-se aumentada na ingestão de álcool,
dano hepatocelular (hepatites), neoplasias – metástases hepáticas, colestase e
icterícia obstrutiva.

Possui um aumento em menor proporção na pancreatite, sendo que sempre


está aumentada na pancreatite aguda e, na pancreatite crônica, ela se apresenta
aumentada quando há inflamação de vias biliares ou inflamação ativa.

Bilirrubinas

A bilirrubina é um pigmento derivado da degradação da hemoglobina, que tem


como função a formação da bile, que irá atuar no duodeno para emulsificação
de gorduras.

O exame de concentração sérica de bilirrubinas é utilizado para avaliação da


função hepática/biliar e da causa da presença de icterícia.

A concentração de bilirrubina total é a soma das parcelas de bilirrubina


indireta (não-conjugada) e bilirrubina direta (conjugada). O aumento de uma
parcela ou de outra (bilirrubina direta ou indireta) irá nortear o dano no
sistema hepático apresentado. O nível da bilirrubina total pode ser aumentado
com a disfunção dos hepatócitos, obstrução de ductos ou da vesícula biliar

65
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

e na pancreatite. Abaixo, segue um esquema simplificado da formação e


conjugação da bilirrubina (figura 30).

Figura 30. Esquema da formação e conjugação da bilirrubina.

Formação da bilirrubina
Baço

Macrófago “digere” as membranas das


hemácias

Globinas – aas são reutilizados


Fígado

Grupo Heme + Ferro


Conjugação da
Bilirrubina
Biliverdina BI + albumina

=
Bilirrubina Indireta (não conjugada)

Bilirrubina Direta
(conjugada)

BD – vesícula biliar

Fonte: Própria autora, s.d.

Ácido Úrico

O ácido úrico é o produto do metabolismo das purinas. Seu acúmulo pode


agravar distúrbios metabólicos e levar a inflamação nas articulações com dor,
pois existe um depósito do metabólito nesta região. A realização deste exame
é indicada na artrite gotosa, nefropatias, algumas neoplasias, obesidade e
diabetes.

Lipoproteínas

As lipoproteínas possuem a função do transporte de lipídeos pelo plasma.


Formadas por uma parte proteica (apolipoproteinas) e lipídeos (ácidos
graxos, colesterol e triglicérides).

» VLDL, IDL, LDL: lipoproteínas hepáticas que transportam lipídeos


para os tecidos.

» VLDL: rica em triglicérides (TG) - tendo a apolipoproteína B100 como


principal parte proteica.

66
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

» LDL: resíduo de TG, rica em colesterol - possui uma única


apolipoproteína B100.

» HDL: formada no fígado, intestino e circulação. Função de transporte


de colesterol dos tecidos para o fígado – possui apolipoproteinas do
tipo AI e AII.

» Colesterol total (exame bioquímico): soma das frações VLDL, IDL,


LDL e HDL.

» No exame laboratorial: CT = LDL-C + HDL + TG/5. Para não existir


essa equação matemática, no exame solicitar dosagem de colesterol
total.

» Triglicérides séricos (TG) – 80% no VLDL e 15% no LDL.

Classificação das hiperlipidemias

» Hipercolesterolemia isolada: aumento isolado do LDL-C.

» Hipertrigliceridemia isolada: aumento isolado do TG.

» Hiperlipidemia mista: valor aumentado de LDL-C e TG.

» HDL-C baixo: redução isolada do HDL-C ou em associação a elevação


do LDL-C ou TG.

» Em crianças e adolescentes recomenda-se a determinação do perfil


lipídico quando:

› Avós, pais, irmãos, primos de primeiro grau apresentam


dislipidemia grave ou manifestação aterosclerótica prematura.

› Sinais e sintomas clínicos de dislipidemia.

› Presença de fatores de risco.

› Acometimento por outras doenças, como hipotireoidismo, síndrome


nefrótica, imunodeficiência.

› Uso de medicamentos que induzem o aumento do colesterol.

67
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Tabela 14. Valores referenciais do perfil lipídico para adultos com mais de 20 anos, conforme avaliação de risco

cardiovascular.

Lipídeos Com jejum (mg/dL) Sem jejum (mg/dL) Categoria referencial


Colesterol total < 190 < 190 Desejável
HDL- c (homens) > 40 > 40 Desejável
HDL - c (mulheres) > 50 > 50 Desejável
Triglicerídeos < 150 < 175 Desejável
Categoria do risco cardiovascular para valor de
referência
< 130 < 130 Para indivíduos com baixo risco cardiovascular
< 100 < 100 Para indivíduos com risco cardiovascular intermediário
LDL - c
< 70 < 70 Para indivíduos com alto risco cardiovascular
< 50 < 50 Para indivíduos com muito alto risco cardiovascular
< 160 < 160 Para indivíduos com baixo risco cardiovascular
< 130 < 130 Para indivíduos com risco cardiovascular intermediário
Não HDL- c
< 100 < 100 Para indivíduos com alto risco cardiovascular
< 80 < 80 Para indivíduos com muito alto risco cardiovascular
Fonte: Faludi et al, 2017.

Tabela 15. Valores referenciais do perfil lipídico para crianças e adolescentes.

Lipídeos Com jejum (mg/dL) Sem jejum (mg/dL)


Colesterol total < 170 < 170
HDL- c > 45 > 45
Triglicerídeos (0 - 9 anos) < 75 < 85
Triglicerídeos (10 - 19 anos) < 90 < 100
LDL - c < 110 < 100
Fonte: Faludi et al, 2017.

68
CAPÍTULO 2
Proteínas plasmáticas, avaliação
nutricional e resposta inflamatória

As proteínas séricas possuem, em sua maioria, a função de transportes de


substâncias, pelo plasma, para os tecidos periféricos. A síntese de proteínas
transportadoras plasmáticas ocorre, principalmente, no fígado.

Na presença de lesão tecidual grave, infecção ou inflamação existe uma


modificação na produção de proteínas no fígado para “combater” o “agente
agressor”. Essa modificação na síntese proteica prioriza a produção de algumas
proteínas enquanto diminui a de outras (figura 31). As proteínas que são
priorizadas são chamadas de proteínas positivas de fase aguda. Dentre essas
proteínas, uma das mais conhecidas e utilizadas como marcador de resposta
inflamatória é a PC-R (proteína C reativa). Outras proteínas positivas de
fase aguda são: proteína amiloide A sérica–SAA, proteína amiloide P sérica –
SAP, fatores do sistema complemento e do sistema de coagulação.

Figura 31. Esquema da priorização da síntese proteica na resposta inflamatória.

Lesão tecidual grave


Infecção
Inflamação

Ativação dos
leucócitos

Age nos hepatócitos


Aumento da síntese
estimulando o RNAm
Liberação de de proteínas de fase
- modificação na
citocinas aguda (PC-R)
síntese protéica
inflamatórias

Fonte: Própria autora, s.d.

As proteínas que diminuem na presença de agressão grave (lesão tecidual,


infecção, inflamação) são chamadas de proteínas negativas de fase aguda e,

69
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

entre elas, estão algumas utilizadas para a avaliação do estado nutricional:


pré-albumina, albumina, transferrina, proteína carreadora de retinol.

PC-R: Proteína C-Reativa de Alta Sensibilidade


A dosagem de PC-R é utilizada como marcador inespecífico de inflamação
sistêmica. A dosagem estará aumentada em casos de alteração ou inflamação
aguda, infecção (mais aumentada nas bacterianas do que nas virais), meningite,
doenças reumáticas, artrites, vasculites, doenças inflamatórias graves, doença
de Crohn, colite ulcerativa, infarto agudo do miocárdio, isquemia, tumores
malignos, queimaduras, traumatismos graves.

Após cirurgias, a PC-R usualmente apresenta-se elevada de 4 a 6 horas, atingindo


um pico entre 48-72h. Após 72h (3 dias), inicia o declínio de sua elevação. Seu
valor de referência é menor que 0,8mg/L.

Por esse motivo, sugere-se, para a avaliação nutricional, a realização


dos exames das proteínas plasmáticas antes da cirurgia e, se necessário,
acompanhamento após o terceiro dia de pós-operatório.

Valores próximos a 1mg/L, embora baixos, podem representar infecção ou


inflamação subclínica. Quando possível, o exame deve ser repetido em 3 ou 4
semanas.

Para a utilização de proteínas plasmáticas (albumina, pré-albumina,


transferrina e proteína carreadora de retinol) na avaliação nutricional,
sugere-se a mensuração também da PCR, com o objetivo de averiguar
se a diminuição das proteínas plasmáticas seria por uma inflamação no
organismo, ou se realmente existiria a diminuição da produção devido a
carência nutricional.

Conforme já foi exposto, a PCR elevada sem causas inflamatórias, infecciosas


ou imunes aponta em direção a uma resposta inflamatória aumentada, ou
seja, a uma inflamação sistêmica. A PCR pode estar aumentada em casos de
diabetes, hiperlipidemias graves e doenças ateroscleróticas, além disso, seu
aumento tem sido associado a um maior risco de doenças cardiovasculares.
A Sociedade Brasileira de Cardiologia coloca a seguinte classificação para
o risco de doenças cardiovasculares.

70
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

Tabela 16. Dosagem de PCR para o risco de doenças cardiovasculares.

Classificação do risco Valor da PCR (mg/L)


Baixo risco < 1 mg/L.
Médio Risco entre 1 e 2 mg/L.
Alto risco > 2 mg/L
Muito alto risco ≥ 10mg/L
Fonte: Faludi et al, 2017.

Hemoglobina e hematócrito
A hemoglobina e o hematócrito podem estar reduzidos na desnutrição devido
a privação de substrato para formação de hemácias (proteínas, ferro, cobre e
vitaminas do complexo B). Usualmente essa queda está associada a um baixo
número de eritrócitos, caracterizando uma anemia normocítica e normocrômica,
pois índices hematimétricos (HCM, CHCM, VCM, RDW) apresentam-se dentro
do valor de referência – proporcionalmente todos caem.

Tabela 17. Valores de referência para avaliação de anemia normocítica e normocrômica.

Idade Hemácias (milhões/mm3) Hb (g/dl) Ht (%) VCM (fL) HCM (pg) RDW (%)
RN 4,1 – 6,7 15,0 – 24,0 44 – 70 102 – 115 33 - 39 13,0 – 18,0
1-23 m 3,8 – 5,4 10,5 – 14,0 32 – 42 72 – 88 24 – 30 11,5 – 16,0
2-9a 4,0 – 5,3 11,5 – 14,5 33 – 43 76 – 90 25 – 31 11,5 – 15,0
10 -17 a M 4,2 – 5,6 12,5 – 16,1 36 – 47 78 – 95 26 – 32 11,5 – 14,0
10 – 17 a F 4,1 – 5,3 12,0 – 15,0 35 – 45 78 – 95 26 - 32 11,5 – 14,0
> 18 a M 4,7 – 6,0 13,5 – 18,0 42 – 52 78 – 100 27 – 31 11,5 – 14,0
> 18 a F 4,2 – 5,4 12,5 – 16,0 37 - 47 78 – 100 27 - 31 11,5 – 14,0
Fonte: Clinical Laboratories of Children´s Hospital of Buffalo apud Wallach, 2009.

Contagem total de linfócitos


Com a presença do déficit nutricional e da desnutrição, existe um decréscimo
da imunidade celular e humoral. A contagem total de linfócitos é um exame
derivado de um cálculo e possui valor limitado para avaliação do estado
nutricional, pois pode alterar em qualquer situação de comprometimento da
imunidade, como em infecções, inflamações sistêmicas, medicamentos que
interferem na resposta imune, neoplasias, entre outros.
% linfócitos X leucócitos
CTL =
100
Para a interpretação do resultado, de acordo com Riella e Martins (2001):

» Depleção leve: entre 1200 e 1500 cel/mm3.

» Depleção moderada: entre 1200 e 800 cel/mm3.

» Depleção grave: abaixo de 800 cel/mm3.

71
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Proteínas totais e frações

O exame de proteínas totais e suas frações tem como objetivo a avaliação das
hipoproteinemias, sendo analisado a relação da produção de globulinas e
albumina.

As globulinas totais analisadas são: frações alfa-1, alfa-2, beta ou gamaglobulina.

Usualmente, os valores estão diminuídos nos quadros de deficiências


nutricionais, como má absorção e desnutrição energético proteica, diminuição
ou inefetividade da síntese proteica (hepatopatias), aumento das perdas
proteicas (síndrome nefrótica) e aumento do estresse metabólico como em
cirurgia, trauma, infecção, irradiação.

Albumina

A albumina é uma proteína sintetizada pelo fígado (hepatócitos) que possui


função de transporte de substâncias (BI, AGL, cálcio, hormônios da tireóide)
e de manter a pressão oncótica do plasma.

A albumina é considerada um importante parâmetro bioquímico, de baixo


custo e fácil acesso, por ser um exame em que o resultado reflete a possibilidade
de se avaliar o estado nutricional, além de ser um índice de prognóstico em
diversas doenças, como as renais e as hepáticas.

Sua meia-vida é longa, de 18 a 20 dias, o que torna sua mensuração não


efetiva na avaliação dos déficits nutricionais mais agudos. Nos casos em
que a desnutrição energético proteica (DEP) ou déficit proteico ocorre por
um maior período de tempo, percebe-se diminuição de sua concentração
plasmática.

É importante, sempre que o paciente apresente algum quadro de doença


infamatória, a mensuração da PC-R, com o objetivo de validar o dado da
albumina.

Valores de referência:

» Recém-nascido pré-termo: 2,5 – 4,5 g/dL.

» Recém-nascido termo: 2,5 – 5,0 g/dL.

» 1 – 3 meses de idade: 3,0 – 4,2 g/dL.

72
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

» 3 – 12 meses de idade: 2,7 – 5,0 g/dL.

» Maiores que 1 ano de idade: 3,5 - 5 g/dL.

Tabela 18. Classificação da depleção de albumina plasmática.

Gravidade Dosagem sérica de albumina (g/dL)


Depleção leve 3,0 – 3,49
Depleção moderada 2,4 – 2,9
Depleção grave <2,4
Fonte: Blackburn e Torton, 1979 apud Sampaio et al.2012.

Pré-albumina

A pré-albumina é um dos exames mais amplamente realizados para a


complementação da avaliação do estado nutricional, pois possui custo razoável
e meia vida mais curta que a albumina, portanto demonstra de forma mais
precoce o déficit nutricional agudo. Sua meiavida é de 2 a 3 dias.

É a proteína transportadora da tiroxina – T4, formando o complexo transtirretina,


que, junto com a proteína carregadora de retinol (RBP), forma um complexo
capaz de proteger o hormônio e o retinol, carregando-os para os tecidos que
necessitam deles.

Assim como a albumina, para uso na avaliação nutricional, sugere-se dosar


também a PC-R, validando seu valor na deficiência.

O valor de referência para a dosagem de pré-albumina sérica é de 20 a 50


mg/dL. Valores abaixo da referência sugerem estado nutricional inadequado, sendo
considerado depleção moderada quando valores séricos de pré-albumina estão
entre 10,7 a 16 mg/dL, e depleção grave, valor inferior a 10,7 mg/dL.

Transferrina

A transferrina é a proteína que realiza o transporte do ferro. Sua meia-vida


é em torno de uma semana (7 a 10 dias) e é utilizada para a avaliação
da deficiência proteica ou de ferro na avaliação nutricional. Nos casos de
desnutrição ou deficiência da oferta proteica, ocorre sua diminuição no
plasma, enquanto, em resposta à deficiência de ferro, ocorre o aumento de
sua concentração. Por este motivo, o uso na avaliação do estado nutricional
deve ser criterioso, ou em conjunto com outros parâmetros, para a avaliação
do estado nutricional.

73
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

O valor de referência para a dosagem de transferrina sérica é de 180 a 260


mg/dL. Sua depleção moderada é considerada entre 100 a 150 mg/dL; e
grave quando abaixo de 100mg/dL.

Proteína carreadora de retinol (RBP)

A RBP é uma proteína plasmática que realiza o transporte de vitamina A para


os tecidos por meio do complexo RBP-retinol-transtirretina, com o objetivo de
proteger o retinol. A RBP é sintetizada no fígado e excretada pelos rins, e sua
síntese é dependente de zinco.

Sua meia-vida é em torno de 12 horas, sendo, assim, considerada um indicador


sensível da desnutrição. Não existe uma ampla utilização de sua mensuração,
entretanto é uma forma efetiva de avaliar a faixa de crescimento de prematuros
ou desnutrição aguda.

O valor de normalidade para a RBP é de 30 a 40 μg/mL. Valores aumentados


estão associados a doença renal (diminuição da excreção), enquanto sua
diminuição está associada a piora do estado nutricional, disfunção hepática,
infecção e carência de zinco ou de vitamina A.

74
CAPÍTULO 3
Biomarcadores de micronutrientes na
avaliação nutricional

O estudo dos biomarcadores nutricionais surgiu da necessidade de entendimento


da relação entre a ingestão de micronutrientes e a determinação do estado
nutricional, de forma a manter o organismo saudável.

Biomarcadores não são apenas dosagens de micronutrientes específicos. Eles


são capazes de refletir variações nos conteúdos corporais e a própria interação
com o meio externo, como o processo de absorção, excreção dos nutrientes e
metabólitos. De uma forma simplista, pode-se dizer que seria um indicador
bioquímico da ingestão alimentar ou do estado nutricional necessário para
determinar a existência, ou não, de uma determinada condição orgânica ou
patológica.

Por exemplo, são biomarcadores do estado nutricional as proteínas plasmáticas


(albumina, pré-albuminas, transferrina), o colesterol total, os triglicérides e a
dosagem de micronutrientes, entre outros; da anemia, o hemograma, a ferritina,
a saturação de transferrina, a dosagem sérica de B9 e B12, entre outros; de
doenças como a pancreatite crônica, TNFα, pré-albumina, proteína carreadora
de retinol, osteocalcina, vitaminas A,D,E.

Os biomarcadores nutricionais mais utilizados nos estudos são: as proteínas


plasmáticas, que já foram detalhadas anteriormente; biomarcadores de carência
de ferro, zinco, cobre e selênio; vitaminas A, D, E, C, B6, B9 e B12.

Os valores de referência, embora indicados nos exames bioquímicos quando


solicitados, ainda não possuem pontos de corte definidos para a maioria dos
micronutrientes na literatura, sendo sempre indicada a análise criteriosa no
momento da interpretação dos biomarcadores.

Ferro
O ferro é um elemento essencial ao nosso organismo, pois ele participa
ativamente de várias funções orgânicas, nutricionais e metabólicas, entretanto
tanto a sua carência como seu excesso podem resultar em processos deletérios.
Como exemplos, sua carência leva a anemia ferropriva e suas consequências,

75
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

alterações de ciclos enzimáticos celulares, alteração no metabolismo da


tireoide; e seu excesso resulta no aumento do estresse oxidativo. Dessa forma,
a sua absorção na mucosa intestinal deve ser muito bem regulada, assim como
seu transporte, armazenamento e utilização. Para avaliação do ferro orgânico
podem ser utilizados os seguintes exames

» Ferro sérico: a transferrina transporta o ferro no plasma


sanguíneo e, para a determinação do ferro circulante, é necessário
dissociar, no exame, o ferro da transferrina. Embora seja um
biomarcador muito utilizado, ele sofre diversas influências em
processos inflamatórios agudos e crônicos, portanto, seus valores
devem ser usados de forma crítica e combinada com outros
parâmetros. Têm-se como valores de referência: homens entre 75
e 175 μg/dL e mulheres entre 65 e 165 μg/dL.

» Capacidade total de ligação de ferro (CTLF): Na deficiência


de ferro, a produção da transferrina aumenta, assim como aumenta
a CTLF à transferrina. Em processos inflamatórios também existe a
diminuição da síntese de transferrina, assim como a diminuição da
CTLF. Valores de normalidade de CTLF estão entre 45 e 70 μmol/L
(250 a 390 μg/dL). A CTLF e o exame de ferro sérico possuem
baixa especificidade e sensibilidade e, portanto, a relação das duas
medidas é mais utilizada. Essa relação é chamada de saturação de
transferrina.

» Saturação de transferrina: a saturação de transferrina é a relação


entre as medidas de ferro sérico e CTLF (FeS/CTLF), e a medida usada
para expressar essa relação é a porcentagem (%). Considera-se como
normalidade valores entre 16 e 50%., Valores menores que 16%
demonstram um déficit de ferro na formação das hemácias. Na
literatura ainda é possível encontrar dados controversos sobre os
valores indicativos de carência de ferro utilizando este exame.

» Ferritina sérica: biomarcador usado para avaliar reservas


corporais de ferro. Para homens, valores de 15 a 300 μg/L são
considerados dentro da normalidade, para mulheres, de 15 a 200
μg/L e, em crianças menores de 15 anos, valores abaixo de 12μg/L
são considerados indicativos de carência de ferro.

» Zinco protoporfirina(ZPP) eritrocitária: na redução da


biodisponibilidade de ferro, no momento da formação do grupo
heme da hemoglobina, existe um aumento da biodisponibilidade de
76
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

protoporfirina livre dentro da célula. O zinco substitui o ferro em


uma das ligações do anel da protoporfirina, permanecendo dentro do
eritrócito, formando a ZPP. Dessa forma, com uma pequena amostra
de sangue, é possível avaliar a diminuição da biodisponibilidade de
ferro no momento de síntese do eritrócito. ZPP acima de 60 μmol/
mol de heme caracteriza deficiência de ferro, variando de 40 a 70
μmol/mol de heme.

Tabela 19. Alterações bioquímicas na deficiência de ferro.

Depleção da reserva de Depleção de ferro sem Depleção de ferro com


Biomarcador
ferro anemia anemia
Hemoglobina normal normal diminuído
VCM normal normal diminuído
HCM normal normal diminuído
RDW normal normal aumentado
Ferro sérico normal diminuído diminuído
Ferritina diminuído diminuído diminuído
CTLF normal aumentado aumentado
Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Pediatria, 2016.

Zinco
O zinco é um metal essencial à vida, que sofre diversas intercorrências em sua
biodisponibilidade, como menor absorção na presença de ferro e fitatos. Em
amostras populacionais ou individualmente, na necessidade de aferir o estado
nutricional em relação ao zinco, sugere-se a utilização dos biomarcadores de
zinco plasmático. Para conhecimento, é possível, em estudos mais específicos, a
mensuração do zinco associado a proteínas orgânicas, além do zinco plasmático,
como no caso:

» Dosagem de zinco plasmático: 70 -110 μg/dL.

» Dosagem de zinco eritrocitário: 40 – 44 μg/g de Hb.

Cobre
O cobre é um elemento essencial no organismo humano, participando como
componente na síntese e atividade plena de diversas enzimas celulares,
responsáveis por diferentes reações em diferentes tecidos-alvo. Sua carência
leva a defeitos na produção de tecido conjuntivo, acarretando consequências
vasculares, problemas ósseos, anemias associadas à má utilização de ferro e
disfunções no sistema nervoso central.

77
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Como biomarcadores mais comuns do cobre, observa-se:

» Concentração sérica de cobre: a concentração sérica de cobre


é um indicador da deficiência deste metal, entretanto, devido a
mecanismos de homeostase, esse biomarcador não necessariamente
reflete a ingestão alimentar de cobre. O cobre sérico se encontra
muito baixo na sua carência, sendo o limite mínimo da normalidade
10 μmol/L, variando de 64 a 160μg/dL.

» Concentração de ceruloplasmina: a ceruloplasmina é uma


proteína de transporte de cobre no sangue, que transporta de 60 a
95% do cobre sérico, e a mudança em suas concentrações refletem
a carência deste metal. A concentração de ceruloplasmina diminui
em níveis de carência e aumenta rapidamente quando tratada.
Considera-se deficiência de cobre quando abaixo de 180mg/dL.
Assim como o cobre sérico, a concentração de ceruloplasmina não
reflete, necessariamente, a ingestão alimentar de cobre.

» Concentração plaquetária de cobre e atividade plaquetária


de citocromo oxidase: estes biomarcadores são mais sensíveis a
baixa ingestão de cobre do que as concentrações séricas de cobre e de
ceruloplasmina. Os valores diminuem grandemente quando existe
uma ingestão em torno de 570μg/dia de cobre, e, por este motivo,
a concentração plaquetária de cobre e a atividade plaquetária de
citocromo oxidase têm sido apontadas para a realização de estudos
e/ou avaliação individual.

» Atividade eritrocitária de superóxido dismutase (SOD),


cobre urinário, atividade de lisil oxidase (LO), peptidil
glicina α-amidato monoxigenase (PAM) e diamino-oxidase
(DAO): são exames que podem ser realizados para avaliação da
deficiência de cobre, porém não possuem valores de normalidade
muito bem definidos, tendo sua aplicação em estudos ou situações
que existe o controle da ingestão de cobre diário.

Selênio

No nosso organismo, em torno de 25 selenoproteínas com atividades biológicas


possuem o selênio em sua composição. A selenoproteína mais abundante
no organismo é a selenoproteína P (representa em torno de 50% do selênio

78
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

plasmático) e a glutationa peroxidase (representa de 10 a 30% desse elemento


circulante), dependendo do estado nutricional individual.

Os exames mais utilizados para a avaliação de selênio são:

» Concentração de selênio plasmático: não é considerado um


biomarcador ideal do selênio no organismo por sofrer interferências, mas
é o mais amplamente utilizado. Normalmente é utilizado após terapia
com a suplementação do mineral. Valores de normalidade na ordem
de 60 e 120 μg/L.

» Selênio nos eritrócitos: a mensuração de selênios nos eritrócitos


é tida como uma medida mais sensível que a determinação do selênio
plasmático. Estudos sobre suas dosagens e respostas fisiológicas ainda
estão sendo conduzidos, mas têm-se determinado como adequado
valores em torno de 100/ng/g de Hb.

» Selênio no sangue total: não é considerado um bom biomarcador


por sua baixa especificidade em relação ao estado nutricional.

» Selênio urinário: Os valores de selênio urinário, ou seja, a excreção


de selênio, só são válidos quando associados aos dados de ingestão
deste mineral. Valores de selênio urinário dentro da normalidade: 30
a 40μg/L.

» Selenoproteína P: a determinação da concentração plasmática


da selenoproteína P é considerada um bom biomarcador do estado
nutricional de selênio, entretanto seus valores de normalidade ainda
não estão bem estabelecidos.

» Glutationa peroxidase (GPx): a GPx tem sido considerada um


importante biomarcador do estado nutricional do selênio. A atividade
da GPx1 e da GPx4 plaquetária demonstra, com certa exatidão, o
estado nutricional de selênio, havendo apenas a interferência que
a atividade da GPx1 atinge um platô em concentrações baixas de
selênio plasmático (100ng/ml).

Vitamina A
A vitamina A é um elemento essencial ao organismo humano e deve ser consumida
por meio da dieta, uma vez que o corpo não é capaz de produzi-la. Dentre as
formas dietéticas mais comuns estão o retinol, retinol palmitato, α e β-caroteno
e β criptoxantina. A sua deficiência inclui a xeroftalmia, o aumento do risco de
doenças infecciosas, principalmente em crianças em idade pré-escolar.

79
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

A dosagem direta de vitamina A só pode ser realizada por meio de biópsia


hepática, portanto dosagens indiretas são mais indicadas e utilizadas.

Os exames mais utilizados para a avaliação do estado nutricional de vitamina


A são:

» Concentração sérica de retinol: é um dos indicadores


bioquímicos mais utilizados na avaliação da vitamina A no estado
nutricional, embora possua baixa sensibilidade. Concentrações
séricas baixas são consideradas quando retinol sérico está abaixo
de 20 μg/dL.

» Proteína carreadora de retinol (RBP): A mensuração desta


proteína é extremamente útil para a avaliação da carência de
vitamina A, entretanto sua utilização como ferramenta de avaliação
na população não é ampla, devido aos diferentes pontos de corte
estabelecidos por diferentes autores na literatura para a determinação
de carência. Pode-se considerar o valor de normalidade entre 30 e 40
μg/mL.

Vitamina D
Sobre a vitamina D, antes de se estabelecer o método utilizado e os valores de
referências para a determinação de sua carência, é importante considerar as
implicações individuais e de saúde púbica e as consequências funcionais desta.

Para conseguir mensurar toda a fonte de vitamina D disponível (fonte


alimentar e endógena), a melhor medida é a concentração da 25(OH)D no
plasma. Normalmente, indivíduos com deficiência de vitamina D possuem
níveis baixos de 25(OH)D, 1,25(OH) 2 D e concentrações elevadas de fosfatase
alcalina e PTH.

Abaixo seguem os nomes das dosagens mais utilizadas na avaliação da


vitamina D:

» 25(OH)D: com o exame de dosagem da concentração da 25(OH)


D no plasma, é possível avaliar toda a vitamina D disponível (fonte
alimentar e endógena). Valores de referência na concentração
plasmática:

› Toxicidade de vitamina D: > 200 nmol/L.

› Desejável: >30 nmol/L.

80
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

› Baixa: < 25 nmol/L.

› Deficiente: 12 nmol/L.

» Paratormônio (PTH): esse hormônio tem a sua concentração


inversamente proporcional a dosagem de 25(OH)D.

» 1,25(OH)2D: a 1,25(OH)2D: é o metabólito ativo da vitamina D.


Sua mensuração indica a concentração da vitamina D ativa no plasma
sanguíneo. Rotineiramente, este é o exame mais solicitado para a
avaliação da vitamina D. Valor de referência desejável na concentração
plasmática: 48 a 100 pmol/L.7

» Fosfatase alcalina: a concentração sérica de fosfatase alcalina é


solicitada juntamente com os exames de 25(OH)D, 1,25(OH) 2D e
PTH. Seu valor está acima do valor de referência na carência leve
de vitamina D e muito acima do valor de referência na carência
acentuada desta vitamina.

Tabela 20. Alterações bioquímicas nos estágios de deficiência de vitamina D.

Deficiência Cálcio Fósforo Fosfatase Alterações


PTH 25-OH-D 1,25-OH2D
de Vit. D plasmático plasmático alcalina radiológicas
Leve Normal ou ↓ Normal ou ↓ ↑ ↑ ↓ Normal Osteopenia
Alterações
Moderada Normal ou ↓ ↓ ↑↑ ↑↑ ↓↓ ↑ raquíticas
moderadas
Normal ou ↓ Alterações
Grave ↓↓ ↓↓ ↑↑↑ ↑↑↑ ↓↓↓
ou ↑ raquíticas graves
Fonte: Adaptado de Sociedade Brasileira de Pediatria, 2016.

Vitamina E
A vitamina E se refere a oito compostos naturais, produzidos pelas plantas,
pertencentes à família de tocoferóis. Sua forma mais importante e bioativa
é o α-tocoferol. Para a avaliação do estado nutricional da vitamina E, a
concentração de α-tocoferol é a mais utilizada. Como o tocoferol é transportado
pelas lipoproteínas no plasma, o mais comum é expressar sua unidade por mol
de colesterol ou mg de lipídeos plasmáticos totais.

Valores de referência na concentração de α-tocoferol no soro/plasma:

» Aceitável: >16,2 μmol/L ou > 7 μg/ml.

» Baixa: 11,6 – 16,2 μmol/L ou 5 - 7 μg/ml.

» Deficiente:<11,6 μmol/L ou < 5 μg/ml.

81
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Valor referência α-tocoferol plasma/lípides totais plasma (μg/mg) aceitável: >


0,8 x 104.

Valor referência α-tocoferol plasma/razão colesterol plasma (μg/mg) aceitável: >


2,22 x 10 3.

Valores referência α-tocoferol soro/ tocoferol soro (μmol/L) aceitável: > 11,6.

Vitamina C
A vitamina C foi conhecida, primeiramente, por prevenir a doença escorbuto,
mas hoje em dia já se sabe que a vitamina C participa de diversos processos
biológicos, como ação antioxidante, cofator de enzimas, biossíntese de colágeno,
fazendo parte da hidroxilação da prolina e lisina, cofator para síntese de ATP,
conversão de colesterol em ácidos biliares, regeneração do α-tocoferol.

A forma ativa da vitamina C é o ascorbato. Dentre os exames utilizados para


a avaliação nutricional da vitamina C, a dosagem do ascorbato no sangue é a
mais utilizada, sendo considerado valores abaixo de 0,2mg/100 mL depleção
do ascorbato corpóreo. A dosagem de ascorbato no sangue reflete a ingestão
dietética e sua quantidade nos leucócitos, mas as reservas corporais podem
estar adequadas.

Vitamina B9 (ácido fólico)


O ácido fólico é uma vitamina hidrossolúvel e sua forma ativa no organismo
é o ácido tetrahidrofólico (THF). O THF participa de várias reações de
transferência de carbono, que sintetizam nucleotídeos essenciais que
participarão da síntese de RNA e DNA. A função orgânica da vitamina B9
está intimamente ligada a vitamina B12, que também participa de reações de
transferência de carbono. Os sinais de deficiência de B9 e B12 são parecidos,
já que o metabolismo das duas vitaminas está intimamente ligado.

Para avaliação bioquímica do folato, dois exames são mais comuns: concentração
de folato sérico e concentração de folato eritrocitário. O folato sérico reflete o
consumo recente de folato, enquanto o folato eritrocitário reflete os estoques
nos tecidos durante um período mais longo. Valores de referência:

» Concentração de folato sérico: adequado quando maior de 14


nmol/L.

» Concentração de folato eritrocitário: adequado quando maior


de 360 nmol/L.

82
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

Vitamina B12 (cobalamina)


A vitamina B12 é um elemento essencial, hidrossolúvel, que contém uma
molécula orgânica complexa ligada a um outro composto essencial (cobalto).
A vitamina B12 é chamada também de cobalamina e pode ser encontrada sob
a forma de metilcobalamina (predominante no soro), hidroxicobalamina,
aquacobalamina, cianocobalamina e deoxiadenosilcobalamina (predominante
no citosol celular).

A B12 é um cofator essencial para a enzima metilmalonil-CoA mutase, que


participa no metabolismo lipídico, e para a enzima metionina sintetase, que
controla a síntese de ácidos nucléicos e reações de metilação no organismo. A
carência desta vitamina pode levar a neuropatias e a anemia megaloblástica,
como também ao aumento de níveis de homocisteína (fator de risco para doenças
ateromatosas).

Para a avaliação da deficiência de vitamina B12, utiliza-se a concentração da


cobalamina sérica. É considerada a deficiência quando o valor é menor que 150
pg/mL. Alguns autores discutem que, para a determinação da deficiência de
vitamina B12, é necessário exames complementares, que mensurem sua ação
metabólica/intracelular.

Para avaliação da deficiência da cobalamina intracelular existem técnicas mais


acuradas, como a dosagem do ácido metilmalônico e homocisteína. Os valores
de referência para homocisteína dependem de fatores como sexo e idade, sendo
para homens (abaixo de 60 anos de idade) de 8 a 14 μmol/L e para mulheres
(abaixo de 60 anos de idade) de 6 a 12 μmol/L.

Outros biomarcadores nutricionais menos utilizados

Tiamina (vitamina B1)

Para a avaliação do estado nutricional em relação a tiamina, o exame mais


utilizado é a excreção de dose teste, na qual se administra uma dose de 5 mg de
tiamina via parenteral (19nmol) e se avalia a excreção. A excreção em indivíduos
sem carência é superior a 300 nmol e a de indivíduos deficientes é menor que
75 nmol.

Riboflavina (vitamina B2)

Para a avaliação do estado nutricional em relação à riboflavina é utilizado a


excreção urinária após dose teste ou a excreção urinária basal desta vitamina.

83
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Piridoxina (vitamina B6)

Para a avaliação do estado nutricional em relação à piridoxina é utilizada a


mensuração da concentração plasmática de piridoxina ou a concentração
plasmática de piridoxal fosfato. A dosagem de piridoxal fosfato altera em
alguns momentos fisiológicos, como: aumento da fosfatase alcalina, gestação,
em resposta ao exercício moderadamente intenso.

A excreção urinária de piridoxina está diminuída quando o indivíduo possui


deficiência, entretanto esse exame é de difícil interpretação, não sendo muito
utilizado.

Niacina

Para a avaliação da carência de niacina, realiza-se a medida da excreção urinária


do composto N1-metilnicotinamida, sendo considerada deficiência de niacina
quando o valor é < 1,3 micromol/mmol de creatinina.

Outra medida utilizada é a excreção urinária de N-metil-2-piridona-5-


carboxamida, sendo considerado deficiência quando < 3,0 micromol/mmol de
creatinina.

A razão destes dois metabólitos (N-metil-2-piridona-5-carboxamida / N1-


metilnicotinamida) é constante em indivíduos sem carência (valores entre 1,3 e
4). Valores < 1,0 indicam depleção das reservas de niacina (deficiência).

Biotina

Para a avaliação da deficiência de biotina, pode-se utilizar o exame de


concentração plasmática de biotina, excreção urinária de biotina e excreção
urinária ácido-3-hidroxi-isovalérico (3-HIA). Todos esses exames citados são
bons indicadores do estado nutricional de biotina.

Ácido Pantotênico

No momento não há testes funcionais fidedignos para a avaliação nutricional


em relação ao ácido pantotênico.

A diminuição da acetilação do ácido p-aminobenzoico é um índice de


depleção da vitamina, porém não serve para avaliar a adequação nutricional
do indivíduo. Já a excreção urinária de ácido pantotênico reflete a ingestão
desta vitamina, porém existe uma grande margem de variação individual.

84
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

Tabela 21. Resumo das principais alterações nos exames bioquímicos citados na unidade.

Exame Aumentado em: Diminuído em:


Desnutrição
Desidratação Absorção diminuída
Albumina
Infusão endovenosa de albumina Necessidade aumentada
Perda excessiva (edema, ascite etc.)
Desnutrição
Pré-Albumina Insuficiência renal
Doenças hepáticas
Doenças hepáticas
Proteína ligadora de retinol RBP Insuficiência renal Carência de vitamina A e zinco
Desnutrição
DM
Hipoglicemia de jejum
Intolerância à glicose
Glicemia de jejum Deficiências hormonais
Estresse físico
Hiperinsulinismo
Síndrome de Cushing
Média de hiperglicemia nos últimos 3
Hemoglobina glicosilada
meses
Aumento da produção do pigmento
Anemia megaloblástica
Talassemia
Bilirrubinas totais Cirrose biliar -------
Sepse
Coledocolitíase
Pancreatite
Doenças hemolíticas
Eritropoiese inefetiva
BI ou não conjugada -------
Doenças de Gilbert
Hemólise
Obstrução dos ductos biliares (intra e extra-
BD ou conjugada hepáticos) -------
Infiltrações e lesões expansivas no fígado
Hepatite
ALT (TGP) -------
Cirrose
Hepatite
Colecistite
Colelitíase
AST (TGO) -------
Colestase
Colangite
Infarto agudo do miocárdio
Hepatites
Cirrose hepática e biliar
Obstrução de ductos biliares intra-hepáticos
FA (fosfatase alcalina) Osteomalácia -------
Raquitismo
Gestação
Estirão de crescimento

85
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

Exame Aumentado em: Diminuído em:


Ingestão de álcool
Hepatite
Neoplasia (fígado)
GGT (Gama GT) -------
Colestase
Icterícia obstrutiva
Pancreatite aguda
Sobrecarga de ferro
Inflamação
Ferritina Depleção dos estoques de ferro
Câncer
Doença hepática
Hemossiderose por sobrecarga de ferro Anemia ferropênica
Formação diminuída de eritrócitos Anemias normocrômicas
Ferro sérico
Destruição aumentada de eritrócitos Anemia perniciosa
Dano hepático agudo Menstruação
Doença renal Anemias ferropênicas
Eritrograma
Tumores Talassemias
Infecções
Doenças hematológicas
Doenças autoimunes
Desnutrição
Leucograma Neoplasias
Radiação
Trauma
Trauma
Exercício físico
Hiperlipidemia
Hipotireoidismo Dano hepático
Colesterol total
Gravidez Anemia crônica
Hepatopatia com colestase
Situação de estresse
Exercício vigoroso
Obesidade
Consumo de álcool
Colesterol HDL Tabagismo
Hiperalfalipoproteinemia
Doença hepática
Hipobetalipoproteinemia
Cirurgias e grandes traumas
Hipercolesterolemia
DM
Insuficiência renal crônica
Colesterol LDL Desnutrição
Dieta hiperlipídica
Pancreatite
Hipotireoidismo
DM
Desnutrição
Triglicérides Pancreatite
Perda de peso recente
Dieta hiperlipídica
Uso de diurético
Acidose Vômitos
Potássio Insuficiência renal Diarreia
Queimados Laxativos
Anorexia nervosa

86
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

Exame Aumentado em: Diminuído em:


Hipervolemia Aumento de hormônio antidiurético
Febre Intoxicação hídrica
Sódio
Grandes queimados Diarreia
Diuréticos Vômitos
Má absorção
Uso de antiácidos Diarréias
Uso de enemas Vômitos
Magnésio Nutrição parenteral total Glomerulonefrite
Coma diabético Alcoolismo
Hipotireoidismo Desnutrição
Grandes queimados
Insuficiência renal aguda ou crônica
Catabolismo proteico aumentado Dieta hipoproteica
Ureia Neoplasias Desnutrição
Úlcera gástrica Doença celíaca
Aumento da ingestão proteica
Insuficiência Renal
Gota Doença celíaca
Dieta hiperproteica Dieta pobre em purinas
Ácido Úrico
Alcoolismo Uremia
DM Acidose metabólica
HAS
Deficiência de ácido fólico
Leucemia
Má absorção
Vitamina B12 Doença hepática
Doença de Crohn
Anticonvulsivantes
Dieta vegetariana
Dieta vegetariana Alcoolismo
Transfusão de sangue Anorexia nervosa
Ácido Fólico
Anemia perniciosa Doença crônica
Deficiência de ferro (falsa elevação) Uso de metotrexato, fenitoína, inibidores de bomba de prótons
Deficiência grave de vitamina D
Osteomalácia
Raquitismo
Vitamina D Toxicidade por vit. D
Tuberculose
Má absorção
Doença hepática grave
Fonte: própria autora, s.d.

87
CONSUMO UNIDADE IV
ALIMENTAR

A alimentação do indivíduo faz parte dos seus primeiros contatos com o meio
externo. É através dela que são supridas todas as necessidades orgânicas. Para
uns, esse ato vem juntamente com imensas sensações de bem-estar e alegria,
enquanto, para outros, é permeado de ansiedade e de dificuldade em trazer o
alimento para si. A história de vida, a forma como foi estabelecida a relação com
o alimento, as crenças, a cultura, a família, as condições sociais e econômicas,
ou seja, tudo o que experienciamos faz com que cada um se alimente de uma
forma e tenha um gosto particular pelos alimentos, preparações e rituais com a
alimentação.

A avaliação do consumo alimentar é fundamental para determinar necessidades,


falhas, carências e excessos da alimentação do indivíduo. Por essa avaliação,
pode-se descobrir detalhes que são omitidos durante a entrevista ou esquecidos
pelo cliente.

Por ser um método que depende da memória e(ou) colaboração do indivíduo,


há possibilidade de erro, tanto subestimando, quanto superestimando o
consumo alimentar.

Deve-se atentar para não influenciar as respostas ou constranger o indivíduo


no momento da entrevista, estimulando apenas que ele busque, na memória, as
informações solicitadas, dependendo do método escolhido.

CAPÍTULO 1
Recordatório de 24 horas
No recordatório de 24 horas (R24h), são coletados dados sobre a dieta
atual do indivíduo, por meio de uma entrevista pessoal conduzida por um
avaliador treinado, que poderá ser realizada presencialmente ou conduzida
a distância, por telefone ou chamada de vídeo. É possível, ainda, que o
entrevistado responda seu próprio R24h. Neste método, é necessário

88
CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE IV

contar com a memória do entrevistado, que deverá se lembrar de tudo o que


ingeriu (alimentos e bebidas) nas últimas 24 horas ou no dia anterior. O
registro é feito em medidas caseiras, sendo útil usar fotos que representem
estas porções ou mesmo os utensílios, evitando erros de nomenclatura ou
de tamanho.

A aplicação deste método em dias imediatamente posteriores aos finais de


semana, festas ou feriados, pode resultar em uma amostra “falsa”, pois não
representa a ingestão habitual do indivíduo.

Em indivíduos com dificuldade de entendimento do processo, como crianças


novas, idosos ou qualquer pessoa com alguma limitação, torna-se essencial a
presença de um acompanhante que conheça sua alimentação e esteve com o
entrevistado nas últimas 24h.

O R24 pode ser usado para a avaliação da ingestão alimentar em atendimentos


ambulatórias, em indivíduos internados, para se conhecer a ingestão alimentar
durante o período de internação, e em estudos populacionais que visam
determinar a ingestão dietética (energia, macro e micronutrientes, compostos
bioativos). Embora não seja o melhor método para a avaliação de hábitos
alimentares, ele acaba sendo muito usado em estudos por sua facilidade
de coleta e baixo tempo para a realização da entrevista, não cansando o
entrevistado, mantendo ele atento e ativo durante o atendimento.

Possui como vantagens:

» baixo custo;

» não altera a dieta usual;

» fácil e de rápida aplicação;

» pode ser usado repetidamente, gerando uma estimativa do padrão


alimentar;

» o questionamento e o preenchimento feitos pelo profissional permitem


que este método seja aplicado em indivíduos de baixa renda ou não
alfabetizados.

Suas desvantagens são:

» depende da memória e da colaboração do entrevistado;

» há possibilidade de indução das respostas, se o entrevistador não for


bem-treinado;

89
UNIDADE IV │ CONSUMO ALIMENTAR

» pode ocorrer subestimação ou superestimação da ingestão;

» lanches, balas e bebidas tendem a ser esquecidos.

Figura 32. Exemplo de impresso para a aplicação do R24h.

Nome: Data:
Refeição Horário Alimento Medidas caseira

Nome: Data:
Refeição Horário Alimento Medidas caseira

Fonte: Própria autora, s.d.

90
CAPÍTULO 2
Questionário de frequência alimentar

O questionário de frequência do consumo alimentar (QFCA) é um dos métodos


de avaliação mais utilizados em estudos epidemiológicos, em que se associa o
consumo alimentar com doenças crônicas. Seu uso não é comum em hospitais,
devido à característica pontual de avaliação nutricional, mas é muito útil
em acompanhamentos ambulatoriais. O QFCA pode fornecer informações
qualitativas, quantitativas ou semiquantitativas, dependendo de seu desenho e
objetivo. Veja os exemplos a seguir.

No QFCA qualitativo, não se estabelece o tamanho da porção, levando-se em


consideração apenas quantas vezes determinado alimento é consumido.

Figura 33. Exemplo de impresso para a elaboração do QFCA qualitativo.

Alimento Frequência de Consumo


Nunca 1x/dia + 1x/dia 1x/sem 2 - 4x/sem 1x/mês 1x/ 2 m
Leite
Pão
Fruta
Fonte: Adaptado de Fisberg, et al, 2005

No QFCA semiquantitativo, a porção já vem estabelecida no próprio questionário,


adicionando uma medida quantitativa ao questionário.

Figura 34. Exemplo de impresso para a elaboração do QFCA semiquantitativo.

Alimento Frequência de Consumo


Nunca < 1/mês 1-3/Mês 1/semana 2-4/semana 1/dia >1/dia
Pão francês
(1 unidade)
Leite
(1 copo)
Filé de frango
(1 bife)
Fonte: Adaptado de Fisberg, et al, 2005.

Já no questionário quantitativo, espera-se um detalhamento da porção e do


número de vezes que o entrevistado consumiu determinado alimento.

91
UNIDADE IV │ CONSUMO ALIMENTAR

Neste caso, ter como material de consulta utensílios domésticos e álbuns


fotográficos de porções auxilia na determinação da porção e torna os dados
mais fidedignos.

Figura 35. Exemplo de impresso para a elaboração do QFCA quantitativo.

Sua Porção
Alimento Quantas vezes você consome Consumo por: Porção Média
P M G
1 2 3 4 5 Dia Sem Mês Ano
Pão francês 1 unidade
Maçã 1 unidade
Carne bovina 1 bife
Fonte: Adaptado de Fisberg et al, 2005.

A lista de alimentos que constitui este instrumento deve ser baseada em


alimentos comuns à população estudada ou fontes específicas de um nutriente,
se estes forem o objetivo da pesquisa. Já em ambiente ambulatorial, o ideal é
que a lista seja variada sem, entretanto, alongar-se muito, para evitar o cansaço
e a dispersão da atenção do entrevistado.

Quanto mais detalhes possuir um QFCA, maior deverá ser o treinamento do


entrevistador e melhor a explicação dada ao entrevistado. Os QFCA podem
ser preenchidos pelo próprio entrevistado, desde que este se sinta seguro e
tenha entendido o funcionamento do instrumento.

Vale lembrar que todo QFCA novo deve ser validado antes do seu uso (veja
o tópico “para saber mais”).

92
CAPÍTULO 3
História alimentar e registro alimentar
estimado

História alimentar
A história alimentar é um método de avaliação do consumo alimentar a respeito
do consumo atual e habitual do indivíduo. Segundo Fisberg et al. (2005, p.7),

ele consiste de uma extensa entrevista com o propósito de gerar informações


sobre hábitos alimentares atuais e passados. São coletadas informações sobre
o número de refeições, apetite, preferências alimentares, uso de suplementos
nutricionais, o R24h com mais detalhes sobre padrões de consumo, tamanho
de porções, frequência de consumo dos alimentos e variações sazonais;
informações adicionais são obtidas: fumo, prática de exercício físicos entre
outras.

O método apresenta, como vantagens, a avaliação da dieta usual, eliminação


das variações diárias, consideração da variação sazonal, e pode ser usado
em estudos longitudinais. Como desvantagens, apresenta a necessidade de
avaliadores treinados, uma maior variabilidade na coleta de informações, uma
vez que a entrevista é longa e vários dados devem ser coletados, alto custo e
tempo grande para execução.

Técnicas para prender a atenção do entrevistado, assim como para mantê-lo


colaborativo são necessárias neste tipo de avaliação do consumo alimentar.
Demonstrar a importância dos dados que estão sendo coletados, assim como a
empatia durante o atendimento são primordiais.

Registro alimentar estimado

O registro alimentar, ou diário alimentar, é outra ferramenta muito utilizada


no atendimento ambulatorial para avaliação do consumo alimentar. Neste
método, o cliente deve anotar tudo o que comer durante o dia, incluindo
horários e porções caseiras. O ideal é que esse registro seja feito por pelo
menos 3 dias, incluindo 1 dia do final de semana.

93
UNIDADE IV │ CONSUMO ALIMENTAR

Este método tem como vantagem a anotação dos alimentos no momento do


consumo, não dependendo da memória e minimizando erros. Entretanto,
o consumo pode ser alterado, já que o indivíduo sabe que esse registro será
avaliado e pode optar por alimentos que julgar mais “saudáveis”, alterando
seu consumo habitual.

O registro alimentar pode ser acrescido de informações pertinentes à


alimentação, como o humor nas diversas refeições do dia, prática de atividade
física diária, vontades e sentimentos que estiveram presentes durante o
período. É importante NÃO determinar previamente as refeições que estarão
no registro alimentar, dessa forma não se sugestionará o preenchimento do
formulário pelo entrevistado/cliente/paciente.

Para estabelecer o melhor método de avaliação, deve-se levar em consideração


o objetivo final, a população atendida e o tempo para avaliação desse
consumo. Detalhando um pouco mais, dentre os fatores que devem ser
levados em consideração para a escolha do método de inquérito alimentar
estão: avaliação se o atendimento é de nível ambulatorial ou internação, nível
socioeconômico do indivíduo, finalidade da avaliação do consumo alimentar,
tempo disponível do paciente, avaliação do objetivo da aplicação do inquérito
alimentar (mapear alguma doença ou acompanhamento/seguimento do
indivíduo).

Figura 36. Exemplo de impresso para a elaboração do registro alimentar.

Nome:
Data: Dia da semana:
Prática de atividade física ( ) S ( ) N Descrição:

Refeição Horário Alimento Medidas caseiras Humor ou sentimento no momento da refeição

Fonte: Própria autora, s.d.

94
CONSUMO ALIMENTAR │ UNIDADE IV

Você já se deparou com um inquérito alimentar impossível de


calcular? Imagine um trabalho muito bem desenhado para a
avaliação do consumo alimentar de uma determinada população.
No momento da coleta, tudo parece per feito, até que chega o
momento de calcular os dados coletados da ingestão alimentar.
Faltam medidas, especificações dos alimentos, informações de
receitas e ingredientes. Uma forma de evitar esses erros é praticando
a coleta dos inquéritos alimentares. Se possível, colete informações
por meio dos instrumentos apresentados e depois tente calcular
o valor nutricional dos dados recolhidos, identificando as falhas e
as dificuldades. Com este treino, você terá chance de melhorar seu
desempenho e aper feiçoar sua técnica antes de aplicá-las em seus
clientes/pacientes.

95
AVALIAÇÕES
NUTRICIONAIS NAS UNIDADE V
DIFERENTES FASES
DE VIDA

CAPÍTULO 1
Avaliação nutricional de crianças e
adolescentes

A avaliação de crianças e adolescentes é realizada de acordo com as


recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do Ministério
da Saúde (MS).

Para as crianças, as medidas corporais mais comumente utilizadas são peso


e estatura e, para as crianças menores (até 2 anos de idade), são incluídas
também as circunferências cefálica e torácica.

Nas crianças, os índices e indicadores antropométricos utilizados são peso


por idade, estatura por idade, peso por estatura e IMC por idade. Já os
adolescentes são avaliados por IMC por idade e estatura por idade.

Existem outras medidas na avaliação antropométrica para esta população,


como dobras cutâneas e circunferências corporais, mas são menos utilizados
na prática clínica, embora forneçam dados adicionais importantes para a
avaliação do estado nutricional atual das crianças e dos adolescentes. Quando
possível de serem realizadas por avaliador treinado, devem ser feitas.

Avaliação antropométrica

A seguir serão abordadas algumas medidas e técnicas antropométricas


usadas na avaliação da criança e do adolescente.

96
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Peso

O peso é a medida mais tradicional utilizada para avaliação de crianças.


Para a aferição de crianças de 0 a 2 anos utiliza-se balança pediátrica, com
a criança completamente despida e na presença dos pais ou responsável.
Deve-se retirar, inclusive, a fralda, que molhada pode representar até 20%
do peso da criança.

Para pessoas maiores de 2 anos, utiliza-se a balança antropométrica (tipo


plataforma) ou digital e mede-se utilizando a técnica descrita no Capítulo 1
da Unidade 2.

Comprimento e estatura

Para a medida do comprimento deve-se utilizar o antropômetro ou régua


antropométrica em crianças de zero a 2 anos de idade. A criança deve estar
completamente despida, sem adereços e na presença de pais ou responsáveis.
Colocar o aparelho apoiado em uma superfície plana, firme e lisa. Deitar a
criança no centro do antropômetro, com as pernas relaxadas, com os olhos na
direção vertical e as nádegas apoiadas na superfície horizontal, com as costas
retas. Realizar a tomada da medida movendo a parte móvel do antropômetro
contra a planta dos pés de modo a tocar simultaneamente os calcanhares.
Anotar o comprimento antes da criança ser retirada da posição.

Para crianças de 2 a 10 anos de idade, realiza-se a estatura e, para isso, é


utilizado o estadiômetro ou antropômetro vertical. Neste caso, a criança deve
estar descalça e sem adereços na cabeça, sempre na presença de pais ou
responsáveis.

Esta técnica também está descrita no Capítulo 1 da Unidade II, com figura
explicativa (Figura 4).

Medidas segmentares e estimativa de estatura

Stevenson (1995) publicou um trabalho validando fórmulas com o uso de


medidas segmentares para estimar a estaturas de crianças com paralisia
cerebral, de 2 a 12 anos de idade. Devido a trabalhos escassos na literatura, na
prática clínica, utiliza-se estas fórmulas para estimar a estatura de pacientes
infantis por medida segmentar, na impossibilidade de mensuração por outra
técnica.

97
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Tabela 22. Estimativa de estatura para crianças e adolescentes (2 a 12 anos) com paralisia cerebral.

Medida do segmento Estatura estimada (cm) Desvio-padrão (cm)


Comprimento do joelho (CJ) E= (2,69 X CJ) + 24,2 ± 1,1
Comprimento de tíbia (CT) E= (3,26 X CT) + 30,8 ± 1,4
Comprimento superior do braço (CSB) E= (4,35 X CSB) + 24,2 ± 1,7
Fonte: Stevenson, 1995.

Altura do joelho

A altura do joelho é realizada conforme técnica descrita anteriormente, de


preferência do lado direito do corpo, com a perna flexionada em um ângulo de
90°. Abaixo segue a figura exemplificando a tomada da medida.

Figura 37. Mensuração da altura do joelho.

Fonte: Bell et al, 2012.

Comprimento da tíbia

O comprimento da tíbia é uma medida pouco utilizada em adultos. Para a sua


realização, é necessário o uso de fita métrica anelástica ou um antropômetro
com as hastes pequenas. É tomada a medida estendendo a fita da borda
superomedial da tíbia (na região do joelho) até a borda medial maleolar
inferior (parte interna do tornozelo). Abaixo, seguem as figura 38 e 39,
para a exemplificação.

98
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Figura 38. Mensuração do comprimento de tíbia.

Fonte: Bell et al., 2012.

Figura 39. Mensuração do comprimento de tíbia.

Fonte: Bell et al., 2012.

99
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Comprimento do braço

O comprimento do braço é a medida da distância entre o acrômio e a cabeça do


rádio. De preferência, essa medida deve ser realizada com a criança em pé ou
sentada, com o braço flexionado em um ângulo de 90°.

Figura 40. Mensuração do comprimento de braço.

Fonte: Bell et al., 2012.

Dobra Cutânea Tricipital (DCT)

Para a mensuração da DCT, é demarcado o ponto médio entre o acrômio e o


olecrano, com auxílio de fita métrica milimetrada. O valor pode ser interpretado
de acordo com as curvas de percentis de Frisancho (1990), sendo considerado,
segundo o percentil: desnutrição < p5 th, eutrofia, entre p5-95 th e excesso de
peso >p95 th (conforme tabela 31 no Capítulo 2 desta Unidade).
100
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Circunferência do Braço (CB)

A CB deve ser medida com fita métrica milimetrada, após encontrar o ponto
médio entre o acrômio e o olécrano. Seu valor pode ser interpretado de acordo
com as curvas de percentis de Frisancho (1990), sendo considerado, segundo
o percentil: desnutrição < p5 th, eutrofia, entre p5-95 th e excesso de peso >p95 th
(conforme tabela 30 no Capítulo 2 desta Unidade).

Circunferência Muscular do Braço (CMB)

Derivou-se o valor da CMB por meio do cálculo dos valores da CB e da DCT,


utilizando a seguinte equação: CMB=CB-(0,314 x DCT). Para sua interpretação,
utiliza-se as curvas de percentis de Frisancho (1981 ), sendo considerado,
segundo o percentil: desnutrição < p5 th, eutrofia, entre p5-95 th e excesso de
peso >p95 th (conforme tabela 32 no Capítulo 2 desta Unidade).

Perímetro cefálico

O perímetro cefálico é medido passando-se a fita métrica pela glabela e a


parte mais saliente do occipital. O perímetro deve ser realizado de forma
prioritária nos três primeiros anos de vida da criança, pois esta medida reflete
o desenvolvimento cerebral e é a última medida a ser comprometida no estado
de carência.

Os valores esperados são:

» Recém-nascido: 34 a 35 cm.

» 6 meses: 42 a 44 cm.

» 1 ano: 45 a 47 cm.

Sendo o crescimento esperado:

» 1° trimestre: 2 cm/mês.

» 2° trimestre: 1 cm/mês.

» 3° trimestre: 0,5 cm/mês.

» 1 a 3 anos de idade: 0,25 cm/mês.

» Até 6 anos de idade: 1 cm/ano.

101
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Indices e indicadores antropométricos

Peso / Idade (P/I)

O índice peso/idade é o mais tradicional e largamente utilizado indicador do


estado nutricional, é constituído a partir da relação do peso observado ou o
peso de referência por idade e sexo. Este índice reflete a distribuição do peso
corporal em relação à idade cronológica da criança, e, em sua avaliação, não
se diferencia a natureza do problema. Este índice é mais utilizado para avaliar
déficits ou mudanças ponderais recentes.

Este índice apresenta algumas limitações, por exemplo: às vezes a idade é


desconhecida e, por não relacionar altura, não reflete o verdadeiro crescimento
(crescimento linear), não possibilitando diagnóstico da natureza da desnutrição.
Mais comumente utilizado em crianças até 2 anos de idade.

Cálculo do escore z
peso observado (paciente) – peso esperado (mediana) para idade (escore z = 0)
Escore z =
desvio padrão *

Peso/Estatura (P/E)

Este índice expressa a proporcionalidade ou harmonia das dimensões do corpo


ou harmonia do processo de crescimento, ou seja, reflete a distribuição do peso
corporal em relação à altura. O ganho de peso insuficiente em relação à altura ou
a perda de peso resultam de um processo recente e severo, associado de forma
aguda e/ou doença grave. É utilizado para a classificação do estado nutricional
por antropometria em crianças até 5 anos de idade.

Cálculo do escore z
peso observado (paciente) – peso esperado (mediana) para estatura/comprimento
Escore z =
desvio padrão *

Estatura / Idade ou Comprimento / Idade (E/I)

Este índice reflete o crescimento linear. O ganho insuficiente de altura


em relação à idade é resultado de condições de saúde e/ou nutricionais
inadequadas por um período de tempo prolongado ou associado a um processo
contínuo, que vem ocorrendo há algum tempo.

102
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Para realização deste índice, é necessário saber a idade correta da criança,


que muitas vezes é desconhecida.

O índice comprimento/ idade deve ser realizado até a criança completar 2 anos
de idade. A partir desta idade é utilizado o índice estatura/idade.

Cálculo do escore
Estatura/comprimento observado (paciente) – estatura/comp. esperado
Escore z = (mediana) para idade
desvio padrão *

IMC/ idade

Este índice também expressa a proporcionalidade ou harmonia das


dimensões do corpo ou harmonia do processo de crescimento, ou seja,
reflete a distribuição do peso corporal em relação à altura e à idade.
Este índice pode ser utilizado em todas as faixas etárias, sendo mais
recomendando para os maiores de 5 anos de idade. A utilização do IMC em
todas as faixas etárias é importante, uma vez que é possível acompanhar
o crescimento do indivíduo ao longo do tempo sem modificar o método
(índice) de avaliação.

Cálculo do escore z

IMC calculado (paciente) – IMC esperado (mediana)/idade


Escore z =
desvio padrão *

* Desvio padrão

O cálculo do desvio padrão é feito a partir da diferença dos valores observados


de +ou – 1 dp para a mediana 0 dp.

Observar se o dado coletado está acima ou abaixo da mediana.

Se abaixo do valor mediana, calcular: (valor da mediana) – (valor de –1 desvio


padrão)

Se acima do valor da mediana, calcular: (valor de + 1 desvio padrão) – (valor


da mediana)

103
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Construção das curvas de crescimento


A OMS lançou, em 2006, as novas Curvas para Avaliação do Crescimento da
Criança de 0 a 5 anos. Estas curvas foram construídas a partir de um estudo
mundial, com a participação de países das principais regiões geográficas do
mundo, entre eles o Brasil (Pelotas, RS).

As novas curvas de crescimento constituem um importante


instrumento técnico para medir, monitorar e avaliar o crescimento
de todas as crianças de 0 a 5 anos, independentemente da
origem étnica, situação socioeconômica ou tipo de alimentação.
Desnutrição, sobrepeso, obesidade e condições associadas ao
crescimento e à nutrição podem ser detectadas e encaminhadas
precocemente na criança. Com a utilização dessas novas curvas,
pais, profissionais de saúde e gestores de políticas públicas tomarão
conhecimento dos padrões do que constitui uma boa nutrição,
saúde e desenvolvimento infantil.

Fonte: Brasil, Ministério da Saúde. Acesso em: 1 ago. 2020.

Para utilização dessas curvas, são necessários a tomada de peso, a estatura, o


cálculo do IMC, além da idade da criança.

A avaliação das curvas de crescimento é feita a partir do traçado da linha gerada


após a marcação das medidas obtidas nas consultas.

» Curva ascendente: apresenta crescimento satisfatório. Entretanto,


não deve estar acima do recomendado, quando a criança
apresentará excesso de peso.

» Horizontal: parada no crescimento da criança. É um sinal de alerta


que deve ser investigado, buscando suas causas.

» Descendente: perda de peso ou parada no ganho de peso. Avaliar os


fatores de risco que estão gerando essa situação, buscando a melhor
intervenção para a recuperação de um crescimento adequado.

As curvas para avaliação antropométrica de crianças e adolescentes da


Organização Mundial de Saúde encontram-se disponíveis no site da Sociedade
Brasileira de Pediatria: https://www.sbp.com.br/departamentos-cientificos/
endocrinologia/graficos-de-crescimento/. Nesta página também é possível
encontrar as curvas de crescimento para nascidos prematuros, para crianças
com Síndrome de Down e com Síndrome de Turner.

104
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Classificação do estado nutricional segundo a Organização Mundial de Saúde


(OMS) 2006, 2007.

Tabela 23. Indicadores para a classificação de indivíduos de 0 até 18 anos 11 meses e 29 dias.

Indicadores Idade de acompanhamento


Peso / idade 0 a 10 anos de idade
Peso / estatura 0 a 5 anos de idade
IMC / idade 0 a 19 anos de idade
Altura / idade 0 a 19 anos de idade
Fonte: WHO 2006,2007.

Tabela 24. Classificação do estado nutricional para crianças de 0 a 5 anos de idade segundo a OMS.

Estatura para idade


Valores Críticos Diagnóstico nutricional
< percentil 0,1 < escore-z -3 Muito baixa estatura para idade
≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ escore-z – 3 e < escore-z -2 Baixa estatura para idade
≥ percentil 3 ≥ escore-z -2 Estatura adequada para idade
Peso para idade
Valores Críticos Diagnóstico nutricional
< percentil 0,1 < escore-z -3 Muito baixo peso para idade
≥ percentil 0,1 e ≤ percentil 3 ≥ escore-z – 3 e < escore-z -2 Baixo peso para idade
≥ percentil 3 e ≤ percentil 97 ≥ escore-z – 2 e ≤ escore-z +2 Peso adequado para idade
> percentil 97 > escore-z +2 Peso elevado para idade
Peso para estatura
Valores Críticos Diagnóstico nutricional
< percentil 0,1 < escore-z -3 Magreza acentuada
≥ percentil 0,1 e ≤ percentil 3 ≥ escore-z – 3 e < escore-z -2 Magreza
≥ percentil 3 e ≤ percentil 85 ≥ escore-z – 2 e ≤ escore-z +1 Eutrofia
> percentil 85 ≤ percentil 97 > escore-z +1 ≤ escore-z + 2 Risco de sobrepeso
> percentil 97 ≤ percentil 99 > escore-z +2 ≤ escore-z + 3 Sobrepeso
> percentil 99 > escore-z +3 Obesidade
IMC para idade
Valores Críticos Diagnóstico nutricional
< percentil 0,1 < escore-z -3 Magreza acentuada
≥ percentil 0,1 e ≤ percentil 3 ≥ escore-z – 3 e < escore-z -2 Magreza
≥ percentil 3 e ≤ percentil 85 ≥ escore-z – 2 e ≤ escore-z +1 Eutrofia
> percentil 85 ≤ percentil 97 > escore-z +1 ≤ escore-z + 2 Risco de sobrepeso
> percentil 97 ≤ percentil 99,9 > escore-z +2 ≤ escore-z + 3 Sobrepeso
> percentil 99,9 > escore-z +3 Obesidade
Fonte: Brasil, 2008; WHO, 2006.

105
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Para crianças de 0 a 5 anos de idade, está disponível, nas curvas da


OMS (2006), os dados de alguns indicadores antropométricos
além do P/I, P/E, E/I e IMC/I. É possível classificar a CB, DCT, DCSE e
perímetro cefálico por percentil e escore z. Nesta URL https://www.
who.int/childgrowth/standards/en/ estão disponíveis todas as curvas
para baixar.

Tabela 25. Classificação do estado nutricional para crianças de 5 a 10 anos de idade segundo a OMS.

Estatura para idade


Valores Críticos Diagnóstico nutricional
< percentil 0,1 < escore-z -3 Muito baixa estatura para idade
≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ escore-z – 3 e < escore-z -2 Baixa estatura para idade
≥ percentil 3 ≥ escore-z -2 Estatura adequada para idade
Peso para idade
Valores Críticos Diagnóstico nutricional
< percentil 0,1 < escore-z -3 Muito baixo peso para idade
≥ percentil 0,1 e ≤ percentil 3 ≥ escore-z – 3 e < escore-z -2 Baixo peso para idade
≥ percentil 3 e ≤ percentil 97 ≥ escore-z – 2 e ≤ escore-z +2 Peso adequado para idade
> percentil 97 > escore-z +2 Peso elevado para idade
IMC para idade
Valores Críticos Diagnóstico nutricional
< percentil 0,1 < escore-z -3 Magreza acentuada
≥ percentil 0,1 e ≤ percentil 3 ≥ escore-z – 3 e < escore-z -2 Magreza
≥ percentil 3 e ≤ percentil 85 ≥ escore-z – 2 e ≤ escore-z +1 Eutrofia
> percentil 85 ≤ percentil 97 > escore-z +1 ≤ escore-z + 2 Sobrepeso
> percentil 97 ≤ percentil 99,9 > escore-z +2 ≤ escore-z + 3 Obesidade
> percentil 99,9 > escore-z +3 Obesidade grave
Fonte: Brasil, 2008; WHO, 2007.

Tabela 26. Classificação do estado nutricional para crianças de 10 a 19 anos de idade segundo a OMS.

Estatura para idade


Valores Críticos Diagnóstico nutricional
< percentil 0,1 < escore-z -3 Muito baixa estatura para idade
≥ percentil 0,1 e < percentil 3 ≥ escore-z – 3 e < escore-z -2 Baixa estatura para idade
≥ percentil 3 ≥ escore-z -2 Estatura adequada para idade
IMC para idade
Valores Críticos Diagnóstico nutricional
< percentil 0,1 < escore-z -3 Magreza acentuada
≥ percentil 0,1 e ≤ percentil 3 ≥ escore-z – 3 e < escore-z -2 Magreza
≥ percentil 3 e ≤ percentil 85 ≥ escore-z – 2 e ≤ escore-z +1 Eutrofia
> percentil 85 ≤ percentil 97 > escore-z +1 ≤ escore-z + 2 Sobrepeso
> percentil 97 ≤ percentil 99,9 > escore-z +2 ≤ escore-z + 3 Obesidade
> percentil 99,9 > escore-z +3 Obesidade grave
Fonte: Brasil, 2008; WHO 2007.

106
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Para facilitar o cálculo dos dados nas curvas de crescimento, é possível


os baixar os programas WHO Anthro (para crianças de 0 a 5 anos de
idade) e WHO Anthro Plus (para crianças e adolescentes de 5 a 19 anos
de idade) direto do site da Organização Mundial de Saúde. A URL de
acesso para baixar o WHO Anthro é https://www.who.int/childgrowth/
software/en/. e a URL de acesso para baixar o WHO Anthro Plus é
https://www.who.int/growthref/tools/en/.

Avaliação da maturação sexual

Para a avaliação correta do estado nutricional do adolescente, é necessário


realizar a avaliação da maturação sexual por meio de exame clínico ou auto
avaliação por comparação com figuras ou imagens proposta por Tanner.

Na avaliação proposta por Tanner (1962), a caracterização dos estágios


púberes é realizada por meio do desenvolvimento das mamas (M) e pelos
pubianos (P) no sexo feminino, e da genitália (G) e pelos pubianos (P) no
masculino, assim é identificado o estágio de maturação em que o adolescente
se encontra.

A necessidade desta avaliação existe devido a relação entre os estágios


de maturação sexual com as alterações orgânicas importantes para a
avaliação do estado nutricional, como o estirão de crescimento, menarca e
desenvolvimento de massa muscular.

As etapas de maturação sexual são:

» Estágio 1: pré-puberal.

» Estágio 2: em torno de 11 anos de idade (variando de 9 a 13 anos).

» Estágio 3: em torno de 12 anos de idade (variando de 10 a 14 anos).

» Estágio 4: em torno de 13 anos de idade (variando de 10 a 15 anos).

» Estágio 5: adulto.

107
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Tabela 27. Estágios de maturação sexual propostos por Tanner.

Meninas
Mamas
M1 Fase pré-adolescência. Mama infantil com elevação da papila.
M2 Mama em fase de botão, broto mamário. Aumento inicial da glândula mamária com elevação da aréola e da papila, formando um pequeno
montículo saliente. Aumento do diâmetro da aréola com modificação da textura.
M3 Maior aumento da mama, sem separação dos contornos.
M4 Projeção da aréola e das papilas para formar montículo secundário por cima da mama.
M5 Mamas com aspecto adulto. O contorno areolar é novamente incorporado ao contorno da mama.
Pelos pubianos
P1 Fase pré-adolescência. Ausência de pelos pubianos. Pode haver uma leve penugem semelhante à observada na parede abdominal.
P2 Presença de pelos longos, macios, ligeiramente pigmentados, ao longo dos grandes lábios.
P3 Pelos mais escuros, encaracolados e grossos, espalhando-se esparsamente pela sínfise púbica.
P4 Pelos do tipo adulto, cobrindo mais densamente a região púbica, mas ainda sem atingir a face interna das coxas.
P5 Pelos do tipo adulto, cobrindo todo o púbis e a virilha.
Meninos
Genitália
G1 Fase pré-adolescência. Pênis, testículos e escroto de tamanho e proporções infantis.
G2 Aumento inicial do volume testicular (> 4 mL). A pele escrotal muda de textura e torna-se avermelhada. Aumento mínimo ou ausente do
pênis.
G3 Aumento do pênis em comprimento. Maior crescimento dos testículos e do escroto.
G4 Aumento do diâmetro do pênis e da glândula de crescimento dos testículos e do escroto. A pele do escroto escurece.
G5 Desenvolvimento completo da genitália, que assume tamanho e forma de adulto.
Pelos pubianos
P1 Fase pré-adolescência. Ausência de pelos pubianos. Pode haver uma leve penugem semelhante à observada na parede abdominal.
P2 Presença de pelos longos, macios e ligeiramente pigmentados na base do pênis.
P3 Pelos mais escuros, encaracolados e grossos, espalhando-se esparsamente pela sínfise púbica.
P4 Pelos do tipo adulto, cobrindo mais densamente a região púbica, mas ainda sem atingir a face interna das coxas.
P5 Pelos do tipo adulto, estendendo-se até a face interna das coxas.
Fonte: Tanner, 1966.

Avaliação bioquímica

Os exames bioquímicos solicitados às crianças e aos adolescentes são os mesmos


utilizados para a avaliação de adultos, com a diferença apenas nos valores de
referência.

Os exames mais comumente solicitados são: hemograma, colesterol total e


frações, triglicérides, hemoglobina glicosilada e glicemia. Em crianças com
desnutrição, torna-se importante avaliar as proteínas séricas, especialmente
a albumina e pré-albumina, assim como os biomarcadores de deficiência de
vitaminas A e D (importantes para a visão, formação do sistema nervoso central,
calcificação e crescimento) e investigação da anemia – exames que avaliam
ferro, estoque de ferro e vitaminas B9 e B12.

108
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Caso seja detectada alguma alteração, o nutricionista deve fazer a intervenção


nutricional necessária e encaminhar o cliente ao profissional mais adequado
para o acompanhamento conjunto do caso.

Avaliação Nutricional Subjetiva Global em crianças


e adolescentes

Para a realização da avaliação nutricional subjetiva global (ANSG) em crianças


e adolescentes, deve-se atentar à utilização de instrumentos específicos para
esta faixa etária, já que condições fisiológicas e parâmetros de exames físicos,
laboratoriais e antropométricos são diferentes dos adultos e idosos. Alguns
instrumentos já são validados para esta população e são necessários cuidados
ao escolher qual será utilizado.

Dentre as ferramentas mais conhecidas e aplicadas, têm-se a STRONGkids,


PYMS e STAMP(c). É importante ressaltar que quando o indivíduo possui
alguma patologia específica, antes de aplicar uma ANSG mais generalista, é
necessário a busca da existência do instrumento para aquela doença, como é o
caso de crianças com câncer e o uso da ferramenta SCAN.

A STRONGkids consiste em 4 itens, sendo eles: (1) avaliação clínica subjetiva,


(2) alto risco da doença, (3) ingestão alimentar e (4) perda de peso, e segue com
pontuação e classificação com escala do risco nutricional.

A PYMS (Paediatric Yorkhill Malnutrition Score) é uma ferramenta de triagem


pediátrica, validada para uso da enfermagem, com o objetivo de determinar o
grau de risco de desnutrição dos pacientes. Para isso, são avaliados critérios
de avaliação dietética e consumo alimentar, parâmetros antropométricos
e medidas da composição corporal. As crianças são classificadas com alto,
intermediário ou baixo risco de desnutrição. A sensibilidade desta ferramenta
é semelhante à da STAMP(c), outra ferramenta de ANSG que será comentada
a seguir.

A STAMP(c) (Screening Tool for the Assessment of Malnutrition in


Paediatrics) é uma ferramenta de triagem de risco nutricional específica para
crianças que pode ser usada por profissionais de saúde. Nesta ferramenta, são
triados dados sobre a doença, ingestão alimentar e dados antropométricos e
suas classificações antropométricas. As crianças são classificadas com alto,
médio ou baixo risco de desnutrição.

109
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Avaliação do consumo alimentar

A avaliação do consumo alimentar de crianças e adolescentes é feita com os


mesmos instrumentos utilizados para avaliação de adultos.

Até os 7 anos de idade, as informações referentes a ingestão alimentar da


criança são colhidas dos pais ou responsáveis. A partir desta idade, a criança
pode responder aos questionamentos, sendo necessário recorrer aos adultos
apenas em caso de dúvida ou lacuna no preenchimento. Os acompanhantes
da criança devem ser orientados a não interferir nas respostas, exceto se
questionados diretamente. Outro fator importante é o questionamento aos
responsáveis sobre a ingestão da criança e não sobre o que foi oferecido.
Muitas vezes, são referidos os alimentos e as porções que foram oferecidos à
criança, mas que não necessariamente foram consumidos.

Questionar a ingestão hídrica e o consumo de balas, salgados e doces é


extremamente importante, uma vez que esses dados são frequentemente
esquecidos.

As crianças a partir dos 7 anos costumam responder melhor aos recordatórios


de 24 horas ou dia habitual, por não serem tão extensos quanto o QFCA e por
serem identificados dentro da rotina (ex.: que horas acordou, qual foi o café da
manhã e assim por diante).

A avaliação da ingestão pode ser realizada, inclusive, com bebês, quando em


alimentação complementar. A mãe ou o responsável deve referir o horário das
refeições, o tipo de alimentação oferecida (papa de frutas, leite, papa salgada
etc.) e a porção caseira do alimento.

110
CAPÍTULO 2
Avaliação nutricional de adultos

Avaliação antropométrica no adulto

A avaliação nutricional de um indivíduo adulto segue as orientações dadas na


Unidade I do Capítulo 1.

As principais medidas e indicadores antropométricos utilizados são peso,


estatura, circunferência abdominal e dobras cutâneas corporais.

Índice de massa corporal (IMC)

O IMC de adultos deve ser classificado de acordo com os pontos de corte


estabelecidos pela Organização Mundial de Saúde (OMS).

Tabela 28. Classificação do estado nutricional pelo IMC.

IMC (kg/m²) Classificação


<16,0 Magreza Grau III
16,0 -16,9 Magreza Grau II
17,0-18,4 Magreza Grau I
18,5-24,9 Eutrófico
25,0-29,9 Sobrepeso
30,0-34,9 Obesidade Grau I
35,0-39,9 Obesidade Grau II
≥ 40,0 Obesidade Grau III
Fonte: Organização Mundial de Saúde - WHO, 1995 e 2000.

Um estudo realizado pela American Câncer Society com 750.000 homens e


mulheres, avaliou a relação do IMC com todas as causas de mortalidade,
evidenciando o grande risco de desenvolvimento de doenças crônicas não
transmissíveis com o aumento do IMC.

Uma outra maneira, é avaliar o IMC conjuntamente com a circunferência da


cintura, como mostra o quadro a seguir:

111
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Tabela 29. Avaliação da circunferência da cintura conjuntamente com o IMC.

Risco de doenças crônicas não transmissíveis –


circunferência da cintura
Fonte: Organização Mundial de Saúde - IMC –
WHO, 1995 e 2000. kg/m² Homem < 102cm Homem > 102cm
Mulher < 88cm Mulher >88cm
Desnutrido < 18,5 ----- -----
18,5 -
Eutrófico ----- -----
24,9
25,0 -
Sobrepeso Aumentado Alto
29,9
30,0 -
Obesidade I Alto Muito alto
34,9
Obesidade II 35,0 -39,9 Muito Alto Muito alto
Obesidade III > 40,0 Extremamente alto Extremamente alto
Fonte: NHBLBI Obesity Education Initiative, 2000.

Esta avaliação conjunta mostra a importância da utilização de diferentes dados


antropométricos para avaliação de um indivíduo.

Circunferência do braço

A adequação da circunferência do braço em adultos pode ser avaliada


localizando-se a medida encontrada na tabela de percentis de Frisancho
(1990). Para interpretação, utiliza-se as curvas de percentis de Frisancho,
sendo considerado: desnutrição < p5 th , eutrofia, entre p5-95 th e excesso de
peso >p95 th

Tabela 30. Referência dos valores de CB (cm) propostas por Frisancho, 1990.

Percentis Femininos Percentis Masculinos

Idade (anos) 5th 25th 50 th 75 th 95 th 5th 25th 50 th 75 th 95 th


1,0-1,9 13,6 14,8 15,7 16,4 17,8 14,2 15,2 16,0 16,9 18,2

2,0-2,9 14,2 15,4 16,1 17,0 18,5 14,3 15,5 16,3 17,1 18,6

3,0-3,9 14,4 15,7 16,6 17,4 19,0 15,0 16,0 16,8 17,6 19,0

4,0-4,9 14,8 16,1 17,0 18,0 19,5 15,1 16,2 17,1 18,0 19,3

5,0-5,9 15,2 16,5 17,5 18,5 21,0 15,5 16,6 17,5 18,5 20,5

6,0-6,9 15,7 17,0 17,8 19,0 22,0 15,8 17,0 18,0 19,1 22,8

7,0-7,9 16,4 17,5 18,6 20,1 23,3 16,1 17,6 18,7 20,0 22,9

112
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Percentis Femininos Percentis Masculinos

Idade (anos) 5th 25th 50 th 75 th 95 th 5th 25th 50 th 75 th 95 th


8,0-8,9 16,7 18,2 19,5 21,2 25,1 16,5 18,1 19,2 20,5 24,0

9,0-9,9 17,6 19,1 20,6 22,2 26,7 17,5 19,0 20,1 21,8 26,0

10,0-10,9 17,8 19,5 21,2 23,4 27,3 18,1 19,7 21,1 23,1 27,9

11,0-11,9 18,8 20,6 22,2 25,1 30,0 18,5 20,6 22,1 24,5 29,4

12,0-12,9 19,2 21,5 23,7 25,8 30,2 19,3 21,5 23,1 25,4 30,3

13,0-13,9 20,1 22,5 24,3 26,7 32,7 20,0 22,5 24,5 26,6 30,8

14,0-14,9 21,2 23,5 25,1 27,4 32,9 21,6 23,8 25,7 28,1 32,3

15,0-15,9 21,6 23,5 25,2 27,7 32,2 22,5 25,1 27,2 29,0 32,7

16,0-16,9 22,3 24,4 26,1 28,5 33,5 24,1 26,7 28,3 30,6 34,7

17,0-17,9 22,0 24,5 26,6 29,0 35,4 24,3 26,8 28,6 30,8 34,7

18,0-24,9 22,4 24,8 26,8 29,02 35,2 26,0 28,7 30,7 33,0 37,2

25,0-29,9 23,1 25,5 27,6 30,6 37,1 27,0 29,8 31,8 34,2 38,3

30,0-34,9 23,8 26,4 28,6 32,0 38,5 27,7 30,5 32,5 34,9 38,2
35,0-39,9 24,1 26,8 29,4 32,6 39,0 27,4 30,7 32,9 35,1 38,2

40,0-44,9 24,3 27,2 29,7 33,2 38,8 27,8 31,0 32,8 34,9 38,1

45,0-49,9 24,2 27,4 30,1 33,5 40,0 27,2 30,6 32,6 34,9 38,2

50,0-54,9 24,8 28,0 30,6 33,8 39,3 27,1 30,2 32,3 34,5 38,3
55,0-59,9 24,8 28,2 30,9 34,3 40,0 26,8 30,4 32,3 34,3 37,8

60,0-64,9 25,0 28,4 30,8 34,0 39,6 26,6 29,7 32,0 34,0 37,5

65,0-69,9 24,3 28,0 30,5 33,4 38,5 25,4 29,0 31,1 33,2 36,6

70,0-74,9 23,8 27,6 30,3 33,1 37,5 25,1 28,5 30,7 32,6 36,0

Fonte: Adaptada de Frisancho, 1990.

Dobras cutâneas

Tabela 31. Referência dos valores de DCT (mm) propostas por Frisancho (1990).

Percentis Femininos Percentis Masculinos


Idade (anos) 5th 25th 50 th 75 th 95 th 5th 25th 50 th 75 th 95 th
1,0-1,9 6,0 8,0 10,0 12,0 16,0 6,5 8,0 10,0 12,0 15,5
2,0-2,9 6,0 8,5 10,0 12,0 16,0 6,0 8,0 10,0 12,0 15,0
3,0-3,9 6,0 8,5 10,0 12,0 16,0 6,0 8,0 9,5 11,5 15,0
4,0-4,9 6,0 8,0 10,0 12,0 15,5 5,5 7,5 9,0 11,0 14,0
5,0-5,9 5,5 8,0 10,0 12,0 17,0 5,0 7,0 8,0 10,0 14,5

113
UNIDADE III │ PARÂMETROS BIOQUÍMICOS

6,0-6,9 6,0 8,0 10,0 12,0 17,0 5,0 6,5 8,0 10,0 16,0
7,0-7,9 6,0 8,0 10,5 12,5 19,0 4,5 6,0 8,0 10,5 16,0
8,0-8,9 6,0 8,5 11,0 14,5 22,5 5,0 7,0 8,5 11,0 19,0
9,0-9,9 6,5 9,0 12,0 16,0 25,0 5,0 6,5 9,0 12,5 20,0
10,0-10,9 7,0 9,0 12,5 17,5 27,0 5,0 7,5 10,0 14,0 24,0
11,0-11,9 7,0 10,0 13,0 18,0 29,0 5,0 7,5 10,0 16,0 27,0
12,0-12,9 7,0 11,0 14,0 18,5 27,5 4,5 7,5 10,5 14,5 27,5
13,0-13,9 7,0 11,0 15,0 20,0 30,0 4,5 7,0 9,0 13,0 25,0
14,0-14,9 8,0 11,5 16,0 21,0 32,0 4,0 6,0 8,5 12,5 23,5
15,0-15,9 8,0 12,0 16,5 20,5 32,5 5,0 6,0 7,5 11,0 23,5
16,0-16,9 10,5 14,0 18,0 23,0 32,5 4,0 6,0 8,0 12,0 23,0
17,0-17,9 9,0 13,0 18,0 24,0 34,5 4,0 6,0 7,0 11,0 19,5
18,0-24,9 9,0 14,0 18,5 24,5 36,0 4,0 6,5 10,0 14,5 23,5
25,0-29,9 10,0 15,0 20,0 26,5 38,0 4,0 7,0 11,0 15,5 25,0
30,0-34,9 10,5 17,0 22,5 29,5 41,5 4,5 8,0 12,0 16,5 25,0
35,0-39,9 11,0 18,0 23,5 30,0 41,0 4,5 8,5 12,0 16,0 24,5
40,0-44,9 12,0 19,0 24,5 30,5 41,0 5,0 8,0 12,0 16,0 26,0
45,0-49,9 12,0 19,5 25,5 32,0 42,5 5,0 8,0 12,0 16,0 25,0
50,0-54,9 12,0 20,5 25,5 32,0 42,0 5,0 8,0 11,5 15,0 25,0
55,0-59,9 12,0 20,5 26,0 32,0 42,5 5,0 8,0 11,5 15,0 25,0
60,0-64,9 12,5 20,5 26,0 32,0 42,5 5,0 8,0 11,5 15,5 24,0
65,0-69,9 12,0 19,0 25,5 30,0 40,0 4,5 8,0 11,0 15,0 23,5
70,0-74,9 11,0 18,0 24,0 29,5 38,5 4,5 8,0 11,0 15,0 23,0
Fonte: Adaptada de Frisancho, 1990.

As medidas de dobras cutâneas mais utilizadas em adultos são as do tríceps


(DCT), bíceps, subescapular (DCSE) e suprailíaca (consultar Capítulo
1 da Unidade I). Deve-se observar sempre os pontos de corte. A DCT e a
DCSE possuem boa relação com a gordura corporal total, então, mesmo
na impossibilidade de realizar as outras dobras, estas já retratam como o
paciente pode estar. Para avaliação das dobras cutâneas, sugere-se as curvas
de percentis de Frisancho, sendo considerado: desnutrição < p5 th , eutrofia,
entre p5-95 th e excesso de peso >p95 th .

Circunferência muscular do braço

Para os adultos, circunferência muscular do braço (CMB) é uma medida


importante, pois avalia, de forma indireta, a taxa de variação da massa
muscular esquelética. Seus valores devem ser interpretados segundo as curvas
de percentis de Frisancho, sendo considerado: desnutrição < p5 th , eutrofia,
entre p5-95 th e excesso de peso >p95 th .

114
PARÂMETROS BIOQUÍMICOS │ UNIDADE III

Tabela 32. Referência dos valores de CMB (cm) propostas por Frisancho (1981).

Percentis Femininos Percentis Masculinos


Idade (anos) 5th 25th 50 th 75 th 95 th 5th 25th 50 th 75 th 95 th
1 – 1,9 10,5 11,7 12,4 13,9 14,3 11,0 11,9 12,7 13,5 14,7
2 – 2,9 11,1 11,9 12,6 13,3 14,7 11,1 12,2 13,0 14,0 15,0
3 – 3,9 11,3 12,4 13,2 14,0 15,2 11,7 13,1 13,7 14,3 15,3
4 – 4,9 11,5 12,8 13,8 14,4 15,7 12,3 13,3 14,1 14,8 15,9
5 – 5,9 12,5 13,4 14,2 15,1 16,5 12,8 14,0 14,7 15,4 16,9
6 – 6,9 13,0 13,8 14,5 15,4 17,1 13,1 14,2 15,1 16,1 17,7
7 – 7,9 12,9 14,2 15,1 16,0 17,6 13,7 15,1 16,0 16,8 19,0
8 – 8,9 13,8 15,1 16,0 17,1 19,4 14,0 15,4 16,2 17,0 18,7
9 – 9,9 14,7 15,8 16,7 18,0 19,8 15,1 16,1 17,0 18,3 20,2
10 – 10,9 14,8 15,9 17,0 18,0 19,7 15,6 16,6 18,0 19,1 22,1
11 – 11,9 15,0 17,1 18,1 19,6 22,3 15,9 17,3 18,3 19,5 23,0
12 – 12,9 16,2 18,0 19,1 20,1 22,0 16,7 18,2 19,35 21,0 24,1
13 – 13,9 16,9 18,3 19,8 21,1 24,0 17,2 19,6 21,1 22,6 24,5
14 – 14,9 17,4 19,0 20,1 21,6 24,7 18,9 21,2 22,3 24,0 26,4
15 – 15,9 17,5 18,9 20,2 21,5 24,4 19,9 21,8 23,7 25,4 27,2
16 – 16,9 17,0 19,0 20,2 21,6 24,9 21,3 23,4 24,9 26,9 29,6
17 – 17,9 17,5 19,4 20,5 22,1 25,7 22,4 24,5 25,8 27,3 31,2
18 – 18,9 17,4 19,1 20,2 21,5 24,5 22,6 25,2 26,4 28,3 32,4
19 – 24,9 17,9 19,5 20,7 22,1 24,9 23,8 25,7 27,3 28,9 32,1
25 – 34,9 18,3 19,9 21,2 22,8 26,4 24,3 26,4 27,9 29,8 32,6
35 – 44,9 18,6 20,5 21,8 23,6 27,2 24,7 26,9 28,6 30,2 32,7
45 – 54,9 18,7 20,6 22,0 23,8 27,4 23,9 26,5 28,1 30,0 32,6
55 – 64,9 18,7 20,9 22,5 24,4 28,0 23,6 26,0 27,8 29,5 32,0
65 – 74,9 18,5 20,8 22,5 24,4 27,9 22,3 25,1 26,8 28,4 30,6

Fonte: Adaptada de Frisancho, 1981.

Área de Gordura do Braço (AGB)


A área de gordura do braço (AGB) também pode ser chamada de área gordurosa
do braço. Sua classificação está disponível para indivíduos em diversas faixas
etárias, entretanto sua utilização é mais comum em adultos e, em alguns casos,
em idosos também.

Essa medida é um pouco mais difícil de ser realizada. Ela é derivada


do cálculo da área do braço (AB) e da área muscular do braço (AMB). É
primordial lembrar que a unidade de medida da CB e CMB é em cm e a DCT
em mm, a AB e AMB em mm 2 e a AGB será em mm 2 . Para calcular a AGB
basta seguir os passos descritos abaixo.

1 o passo: colocar a CB em mm:].

CB em cm X 10 = CB em mm

115
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

2 o passo: determinar a área do braço.

AB (mm 2) = (π x CB 2) ÷ (4 x π 2); sendo π = 3,14 e CB em mm.

3 o passo: determinar a AMB.

[CB – (π x DCT)] 2
AMB (mm ) = 2

4 o passo: calcular a AGB.

AGB (mm2) = AB (mm2) – AMB (mm2)

Para a interpretação do resultado obtido considera-se: abaixo do adequado


(desnutrição) < p5 th, adequado (eutrofia) entre p5-95 th e acima do adequado
(excesso de peso) >p95 th.

Tabela 33. Referência dos valores de AGB (mm2) propostas por Frisancho (1981).

Percentis Femininos Percentis Masculinos


Idade (anos) 5th 25th 50 th 75 th 95 th 5th 25th 50 th 75 th 95 th
1 – 1,9 401 578 706 847 1140 452 590 741 895 1176
2 – 2,9 469 642 747 894 1173 434 578 737 871 1148
3 – 3,9 473 659 822 967 1158 464 590 736 868 1151
4 – 4,9 490 654 766 907 1236 428 598 722 859 1085
5 – 5,9 470 647 812 991 1536 446 582 713 914 1299
6 – 6,9 464 638 827 1009 1436 371 539 678 896 1519
7 – 7,9 491 706 920 1135 1644 423 574 758 1011 1511
8 – 8,9 527 769 1042 1383 2482 410 588 725 1003 1558
9 – 9,9 642 933 1219 1584 2524 485 635 859 1252 2081
10 – 10,9 616 842 1141 1608 3005 523 738 982 1376 2609
11 – 11,9 707 1015 1301 1942 3690 536 754 1148 1710 2574
12 – 12,9 782 1090 1511 2056 3369 554 874 1172 1558 3580
13 – 13,9 726 1219 1625 2374 4150 475 812 1096 1702 3322
14 – 14,9 981 1423 1818 2403 3765 453 786 1082 1608 3508
15 – 15,9 839 1396 1886 2544 4195 521 690 931 1423 3100
16 – 16,9 1126 1663 2006 2598 4236 542 844 1078 1746 3041
17 – 17,9 1042 1463 2104 2977 5159 598 827 1096 1636 2888
18 – 18,9 1003 1616 2104 2617 3733 560 860 1264 1947 3928
19 – 24,9 1046 1596 2166 2959 4896 594 963 1406 2231 3652
25 – 34,9 1173 1841 2548 3512 5560 675 1174 1752 2459 3786
35 – 44,9 1336 2158 2898 3932 5847 703 1310 1792 2463 3624
45 – 54,9 1459 2447 3244 4229 6140 749 1254 1741 2359 3928
55 – 64,9 1345 2520 3369 4360 6152 658 1166 1645 2236 3466
65 – 74,9 1363 2266 3063 3943 5530 573 1122 1621 2199 3327

Fonte: Adaptada de Frisancho, 1981.

116
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Circunferência de cintura

A circunferência está relacionada ao maior risco de desenvolvimento de doenças


cardiovasculares e síndrome metabólica, portanto sua monitorização deve ser
constante.

Tabela 34. Classificação da Medida de Circunferência Abdominal.

Elevado Muito Elevado


Homem ≥ 94cm ≥ 102cm
Mulher ≥ 80 cm ≥88cm
Fonte: Organização Mundial da Saúde – WHO, 2000 e 2008.

Relação cintura quadril

A relação cintura quadril (RCQ) é a razão entre essas duas medidas, a qual
demonstra, quando aumentada, um risco maior para o desenvolvimento de
doenças cardiovasculares.

Circunferência da cintura (cm)


RCQ =
Circunferência do quadril (cm)

Tabela 35. Classificação do risco de morbidades para adultos segundo a RCQ.

Sexo Elevado
Homem ≥ 0,90cm
Mulher ≥ 0,85 cm
Fonte: Organização Mundial da Saúde – WHO, 2000 e 2008.

Velhos e Novos Males da Saúde no Brasil, de Carlos Augusto Monteiro.


Embora não seja um livro sobre avaliação nutricional, sua leitura nos dá
entendimento sobre a situação nutricional e alimentar do País, ampliando
o olhar do profissional que se reflete no atendimento individual.

Waist Circumference and Waist–Hip Ratio. Permite a discussão e um


entendimento melhor das evidências sobre circunferência da cintura
e doenças crônicas. Disponível em: https://www.who.int/nutrition/
publications/obesity/WHO_report_waistcircumference_and_waisthip_
ratio/en/.

117
CAPÍTULO 3
Avaliação nutricional de gestantes

A avaliação nutricional da gestante transcende a simples análise do seu peso


no dia do atendimento. Deve-se atentar às medidas antropométricas e sua
evolução, sinais clínicos, consumo alimentar e parâmetros bioquímicos
(quando possível de acesso).

Considerações sobre a avaliação


antropométrica, bioquímica e consumo
alimentar
A avaliação antropométrica da gestante é de grande importância para o
acompanhamento do ganho de peso na gestação, além de ser um indicador
de baixo peso ou obesidade gestacional. A detecção precoce do baixo peso
possibilita a recuperação do estado nutricional da gestante e reduz, assim, o
risco de recém-nascidos de baixo peso. Já o diagnóstico de obesidade permite
que o ganho de peso durante a gestação seja adequado, reduzindo o risco de
diabetes gestacional e hipertensão arterial.

Os parâmetros mais utilizados são peso atual e pré-gestacional e estatura,


servindo de base para o cálculo do IMC.

Atualmente, a avaliação das gestantes é feita por meio de uma curva de IMC
específica para esta situação (Anexo 1), proposta por Atalah et al. (1997)
e preconizada pelo Ministério da Saúde. Esta curva específica tem como
indicadores a idade gestacional e o IMC.

Avaliação

1. Calcular a Idade Gestacional (IG) por meio da data da última


menstruação (DUM), contando os dias a partir do primeiro dia.
Caso não se conheça a DUM, utilizar o dia 5 para DUM no início do
mês, dia 15 para DUM no meio do mês e dia 25 para DUM no final
do mês.

2. Calcular o IMC pré-gestacional e atual. Para gestantes que


desconhecem o peso pré-gestacional, utiliza-se o peso até a 13 a
semana de gestação.

118
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

3. Após o cálculo do IMC, marcá-lo na curva (Anexo 1), classificando seu


estado nutricional gestacional, sendo:

› BP: baixo peso

› A: adequado

› S: sobrepeso

› O: obesidade

4. Repetir a avaliação do IMC a cada consulta.

› A curva deve sempre ser ascendente. Curvas nulas (horizontal)


ou descendentes indicam déficit, sendo necessária a avaliação das
condutas adotadas e a adesão da gestante às orientações.

Tabela 36. Classificação do estado nutricional da gestante segundo IMC e idade gestacional.

Semana Baixo Peso (IMC kg/ Adequado Sobrepeso Obesidade


Gestacional m2)
(IMC kg/m2) (IMC kg/m2) (IMC kg/m2)
6 < 20,0 20,0 – 24,9 25,0 – 30,0 > 30,0
7 < 20,1 20,1 – 24,9 25,0 – 30,0 > 30,0
8 < 20,2 20,2 – 25,0 25,1 – 30,1 > 30,1
9 < 20,2 20,2 – 25,1 25,2 – 30,2 > 30,2
10 < 20,3 20,3 – 25,2 25,3 – 30,2 > 30,2
11 < 20,4 20,4 – 25,3 25,4 – 30,3 > 30,3
12 < 20,5 20,5 – 25,4 25,5 – 30,3 > 30,3
13 < 20,7 20,7 – 25,6 25,7 – 30,4 > 30,4
14 < 20,8 20,8 – 25,7 25,8 – 30,5 > 30,5
15 < 20,9 20,9 – 25,8 25,9 – 30,6 > 30,6
16 < 21,1 21,1 – 25,9 26,0 – 30,7 > 30,7
17 < 21,2 21,2 – 26,0 26,1 – 30,8 > 30,8
18 < 21,3 21,3 – 26,1 26,2 – 30,9 > 30,9
19 < 21,5 21,5 – 26,2 26,3 – 30,9 > 30,9
20 < 21,6 21,6 – 26,3 26,4 – 31,0 > 31,0
21 < 21,8 21,8 – 26,4 26,5 – 31,1 > 31,1
22 < 21,9 21,9 – 26,6 26,7 – 31,2 > 31,2
23 < 22,1 22,1 – 26,7 26,8 – 31,3 > 31,3
24 < 22,3 22,3 – 26,9 27,0 – 31,5 > 31,5
25 < 22,5 22,5 – 27,0 27,1 – 31,6 > 31,6
26 < 22,7 22,7 – 27,2 27,2 – 31,7 > 31,7
27 < 22,8 22,8 – 27,3 27,4 – 31,8 > 31,8
28 < 23,0 23,0 – 27,5 27,6 – 31,9 > 31,9
29 < 23,2 23,2 – 27,6 27,7 – 32,0 > 32,0
30 < 23,4 23,4 – 27,8 27,9 – 32,1 > 32,1
31 < 23,5 23,5 – 27,9 28,0 – 32,2 > 32,2

119
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

32 < 23,7 23,7 – 28,0 28,1 – 32,3 > 32,3


33 < 23,9 23,9 – 28,1 28,2 – 32,4 > 32,4
34 < 24,0 24,0 – 28,3 28,4 – 32,5 > 32,5
35 < 24,2 24,2 – 28,4 28,5 – 32,6 > 32,6
36 < 24,3 24,3 – 28,5 28,6 – 32,7 > 32,7
37 < 24,5 24,5 – 28,7 28,8 – 32,8 > 32,8
38 < 24,6 24,6 – 28,8 28,9 – 32,9 > 32,9
39 < 24,8 24,8 – 28,9 29,0 – 33,0 > 33,0
40 < 25,0 25,0 – 29,1 29,2 – 33,1 > 33,1
41 < 25,1 25,1 – 29,2 29,3 – 33,2 > 33,2
42 < 25,1 25,1 – 29,2 29,3 – 33,2 > 33,2
Fonte: Adaptado de Atalah et al. 1997

Estima-se que a média do ganho de peso durante a gestação seja em torno


de 12,0 kg, dos quais 3,5 kg representariam o peso do feto a termo, 3,0 kg
seriam referentes ao aumento uterino e das glândulas mamárias, do líquido
amniótico e da placenta, 0,5 a 1,0 kg seria referente à retenção de líquido
e 4,0 kg referentes ao depósito de tecido adiposo materno.

Para a avaliação da composição corporal é necessário que o método escolhido


não ofereça risco à saúde da gestante ou do bebê, nem traga algum desconforto
durante a sua realização. Pela antropometria, as avaliações de dobras cutâneas
e circunferências corporais estão desqualificadas (exceto as dos membros),
já que existe a modificação da composição e estrutura do corpo durante
a gestação. As circunferências e dobras dos membros podem e devem ser
utilizadas: CB, CMB, AGB, DCT e circunferência de panturrilha.

As medidas do braço, como a CB, CMB e DCT, possuem uma boa correlação
com o percentual de massa magra corporal total e com a gordura corporal,
sendo bons indicadores para o acompanhamento da gestante. Neste caso, as
técnicas de mensuração são as mesmas descritas no Capítulo 1 Unidade II.
Os valores de referência são os propostos por Frisancho, sendo considerado:
desnutrição < p5 th , eutrofia, entre p5-95 th e excesso de peso >p95 th .

Atalah et al. (1997), para a construção das curvas de IMC, avalia, durante toda
a gestação dos participantes do estudo, os parâmetros de CB, CMB, AMB,
AGB e estima a massa muscular e gordurosa com objetivo de acompanhar
a evolução do estado nutricional por outras medidas diferentes do peso.
A Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995) incentiva a avaliação e
acompanhamento da CB durante a gestação e discute que medidas inferiores
a 21-23 cm de CB possuem associação com o nascimento de bebês de baixo
peso.

120
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

O ganho de peso corporal por semana não tem sido tão utilizado na prática
clínica, sendo o gráfico de IMC mais utilizado para o acompanhamento da
evolução do estado nutricional, já que ele reflete a relação do peso e estatura.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (WHO, 1995), o ganho de peso para
gestantes eutróficas durante a gestação deve ser em torno de 400g/semana;
para gestantes em excesso de peso, em torno de 300g/semana e para as
desnutridas, em torno de 500g/semana. Existe, também, a recomendação
proposta pelo Ministério da Saúde, que utiliza as recomendações da WHO
(1995) para a sua elaboração.

Tabela 37. Ganho de peso recomendando (kg) durante a gestação, de acordo com o estado nutricional inicial

da gestante.

Estado nutricional inicial Ganho de peso (kg) total Ganho de peso (kg) Ganho de peso (kg) total na
(IMC) no 1o trimestre semanal médio no 2o e 3o gestação
trimestres
Baixo Peso (BP) 2,3 0,5 12,5 – 18,0
Adequado (A) 1,6 0,4 11,5 – 16,0
Sobrepeso (S) 0,9 0,3 7,0 – 11,5
Obesidade (O) --- 0,3 7,0
Fonte: Andhressa Araújo Fagundes et al., 2004.

Durante a avaliação da composição corporal da gestante, é muito importante a


avaliação de presença de edema. Se existe o edema, algumas questões devem
ser respondidas:

1. em qual parte / segmento do corpo ele se localiza?

2. é restrito aos membros inferiores ou está mais generalizado?

3. a presença causa dor ou é impeditiva de realizar funções normais


diárias?

Avaliando essas situações, é possível avaliar o agravo e risco que o edema traz
à saúde da gestante.

Para a avaliação dos exames bioquímicos da gestante, deve-se atentar aos valores
de referência, uma vez que eles modificam em relação à população adulta
devido às alterações hormonais, estruturais e metabólicas apresentadas
pelas mulheres grávidas. Deve-se ter maior atenção aos micronutrientes
essenciais que a carência pode causar dano ao feto, como o caso do ferro,
vitamina B9, vitamina B12, iodo, vitamina A, cálcio, fósforo, cobre, zinco,

121
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

entre outros. O acompanhamento deve ser feito de perto e a suplementação


pode ser uma alternativa nos casos de baixa ingestão.

Em relação ao consumo alimentar, deve-se escolher o inquérito alimentar


que melhor irá atender o objetivo da avaliação alimentar, sempre respeitando o
tempo de execução do método, treinamento do avaliador, possibilidade de
entendimento e condição socioeconômica do entrevistado, custo e local da
realização.

122
CAPÍTULO 4
Avaliação nutricional dos idosos

A avaliação nutricional de idosos envolve muitos desafios decorrentes


do próprio processo de envelhecimento. Essas alterações típicas do
envelhecimento englobam questões físicas (como mudança da composição
corporal) e mentais (como diminuição da memória). Para o nutricionista,
podemos destacar:

» hábitos alimentares arraigados, dificultando a reeducação alimentar;

» alterações de paladar (resultando em diminuição da ingestão);

» uso de inúmeras medicações, que podem causar falta de apetite, afetar


a absorção de nutrientes, sonolência, diarreia etc.;

» diminuição da memória e cognição;

» perda da dentição;

» diminuição da produção salivar;

» baixa interação familiar nas refeições.

Por isso, a avaliação do idoso deve abordar todas as modificações características,


além dos hábitos culturais e da renda.

Avaliação nutricional subjetiva global


Para a avaliação nutricional subjetiva de idosos, existe um inquérito
específico desenvolvido especialmente para a triagem do risco nutricional e
diagnóstico da desnutrição já instalada. A Mini Avaliação Nutricional (MNA)
foi desenvolvida para indivíduos com idade igual ou maior que 65 anos, com
duas partes, sendo a primeira uma triagem nutricional e a segunda uma
avaliação para os indivíduos que pontuaram risco nutricional alto na triagem.
A segunda parte é subdividida em 4 partes:

1. avaliação antropométrica (IMC, circunferência do braço,


circunferência da panturrilha e perda de peso);

2. avaliação global (perguntas relacionadas com o modo de vida,


medicação, mobilidade e problemas psicológicos);

123
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

3. avaliação dietética (perguntas relativas ao número de refeições,


ingestão de alimentos e líquidos e autonomia na alimentação); e

4. autoavaliação (a autopercepção da saúde e da condição nutricional).

Embora exista a MNA, que é mais específica para idosos, é possível realizar
a ANSG proposta por outros autores nesta população, seja na ausência da
possibilidade de aplicação da MNA ou com o objetivo de uniformizar/padronizar
a ANSG em um serviço de nutrição. O exemplo de formulário da MNA está
no Anexo 2 (disponível também em formato.pdf na URL: https://www.mna-
elderly.com/forms/MNA_portuguese.pdf).

Avaliação antropométrica
A avaliação antropométrica deve ser feita levando-se em consideração as
explicações realizadas no Capítulo 1 da Unidade II. As principais medidas
utilizadas na avaliação do idoso são peso, estatura, IMC, circunferência de
braço e da panturrilha, e a dobra cutânea tricipital. Outras medidas de
dobras, como a suprailíaca, subescapular e bíceps, são usadas para cálculo
de estimativa de peso, conforme fórmulas já estudadas na apostila (Tabela
3).

Índice de massa corporal (IMC)

O Índice de Massa Corporal possui uma classificação diferente para os idosos:

Tabela 38. Classificação do IMC para idosos.

Classificação IMC (kg/m²)


Desnutrido < 22,0
Eutrófico 22,0 – 27,0
Sobrepeso > 27,0
Fonte: Lipschitz, 1994; Brasil, 2014.

Circunferência de braço, circunferência muscular


do braço e prega cutânea tricipital
As técnicas de realização da circunferência de braço e prega cutânea tricipital
são as mesmas descritas no início da apostila, no Capítulo 1 da Unidade 1.

A adequação da circunferência do braço, circunferência muscular do braço e


prega cutânea triciptal em idosos pode ser avaliada localizando-se a medida
encontrada na tabela de percentis de NHANES III (1994). Para a interpretação
dos dados, são considerados como valores dentro da normalidade os valores
entre os percentis 10 th e 90 th. Abaixo do percentil 10 th, é evidenciado carência

124
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

(desnutrição ou risco nutricional) e acima do percentil 90 th, excesso (sobrepeso


ou obesidade).

Tabela 39. Distribuição percentilar do IMC, CB, PCT para idosos do sexo MASCULINO - Third National Health and

Nutrition Examination Survey - NHANES III (1988–1994).

Percentis
Variáveis e grupo de idade
10 15 25 50 75 85 90
IMC (kg/m2)
60 - 69 anos 21,9 23,1 24,4 27,1 30,0 31,7 32,8
70 – 79 anos 21,5 22,3 23,8 26,1 29,3 30,7 31,7
≥ 80 anos 19,8 21,1 22,4 25,0 27,1 28,7 29,5
CB (cm)
60 - 69 anos 28,4 29,2 30,6 32,7 35,3 36,2 37,0
70 – 79 anos 27,5 28,2 29,3 31,3 33,4 35,1 36,1
≥ 80 anos 25,5 26,2 27,3 29,5 31,5 32,6 33,3
PCT (mm)
60 - 69 anos 7,7 8,5 10,1 12,7 17,1 20,2 23,1
70 – 79 anos 7,3 7,9 9,0 12,4 16,0 18,8 20,6
≥ 80 anos 6,6 7,6 8,7 11,2 13,8 16,2 18,0
CMB (cm)
60 - 69 anos 24,9 25,6 26,7 28,4 30,0 30,9 31,4
70 – 79 anos 24.4 24,8 25,6 27,2 28,9 30,0 30,5
≥ 80 anos 23,2 23,2 24,0 25,7 27,5 28,2 28,8
Fonte: Adaptado de Kuczmarski, Kuczarisk, Najjar, 2000 apud Sampaio, 2004.

Tabela 40. Distribuição percentilar do IMC, CB, PCT para idosos do sexo FEMININO - Third National Health and

Nutrition Examination Survey - NHANES III (1988–1994).

Percentis
Variáveis e grupo de idade
10 15 25 50 75 85 90
IMC (kg/m2)
60 - 69 anos 20,9 21,8 23,5 26,6 30,8 33,6 35,7
70 – 79 anos 20,7 21,4 22,6 25,9 29,9 32,0 34,5
≥ 80 anos 19,3 20,3 21,7 25,0 28,4 30,0 31,4
CB (cm)
60 - 69 anos 26,2 26,9 28,3 31,2 34,3 36,5 38,3
70 – 79 anos 25,4 26,1 27,4 30,1 33,1 35,1 36,7
≥ 80 anos 23,0 23,8 25,5 28,4 31,5 33,2 34,0
PCT (mm)
60 - 69 anos 14,5 15,9 18,2 24,1 29,7 32,9 34,9
70 – 79 anos 12,5 14,0 16,4 21,8 27,7 30,6 32,1
≥ 80 anos 9,3 11,1 13,1 18,1 23,2 26,4 28,9
CMB (cm)
60 - 69 anos 20,6 21,1 21,9 23,5 25,4 26,6 27,4
70 – 79 anos 20,3 20,8 21,6 23,0 24,8 26,3 27,0
≥ 80 anos 19,3 20,0 20,9 22,6 24,5 25,4 26,0
Fonte: Adaptado de Kuczmarski, Kuczarisk, Najjar, 2000 apud Sampaio, 2004.

125
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Circunferência da panturrilha

Figura 41. Gráfico para o acompanhamento anual da circunferência da panturrilha de idosos.

> 35 CM:
31-34 CM: < 31 CM:
ACOMPANHAMENTO
ATENÇÃO AÇÃO
DE ROTINA

Fonte: Brasil, 2014

A circunferência da panturrilha é um indicador sensível de massa muscular


em idosos. Sua medida deve ser feita na maior circunferência da panturrilha,
com o indivíduo sentado ou em pé (neste caso, o joelho deve estar flexionado
em 90º, apoiado no solo ou com apoio). Esta medida não deve ser usada em
casos de edema em membros inferiores.
126
AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA │ UNIDADE V

Valores abaixo de 31cm são indicativos de redução da massa muscular


(sarcopenia) e estão associadas a maior risco de quedas, diminuição da
força muscular, dependência funcional e desnutrição.

O gráfico apresentado na figura 41 é utilizado pelo Ministério da Saúde para o


acompanhamento da circunferência da panturrilha anualmente. Para a
marcação no gráfico, basta marcar o tamanho da panturrilha e verificar a
cor, que corresponde a atenção que deve ser dada ao acompanhamento
nutricional do idoso. Na cor verde, mantém-se o acompanhamento de
rotina, na cor amarela, têm-se atenção ao estado nutricional do idoso,
pois pode haver risco de desnutrição, e na cor vermelha, deve existir ação
de intervenção.

Espessura do músculo adutor do polegar

O músculo adutor do polegar mantém-se preservado mesmo em indivíduos


acamados e, nesta região, não existe depósito de tecido adiposo. Desta forma,
não existe grandes interferências para a mensuração direta de sua espessura e
determinação de sua depleção.

Essa medida tem sido muito utilizada para a avaliação de indivíduos


acamados, hospitalizados, institucionalizados, principalmente idosos, pela
sua facilidade de mensuração e interpretação dos resultados.

A depleção do músculo adutor do polegar pode ocorrer devido a diminuição


da massa muscular da região induzida pela redução da atividade laborativa,
que ocorre com o menor uso das mãos, e devido a apatia que a própria
desnutrição causa.

Para medir o músculo adutor do polegar, colocar o indivíduo sentado (quando


possível) com a mão dominante repousada sobre o joelho (ou abdômen quando
acamado) com o cotovelo em um ângulo de 90°. Pinçar, com o adipômetro ou
paquímetro, o músculo adutor no vértice de um triângulo imaginário formado
pela extensão do polegar e indicador. Realizar 3 medidas e obter a média
entre elas.

É considerado como valor médio para a população do sexo feminino, 10,5


mm (± 2,3) e, para o sexo masculino, 12,5 mm (± 2,8).

127
UNIDADE V │ AVALIAÇÕES NUTRICIONAIS NAS DIFERENTES FASES DE VIDA

Avaliação bioquímica

Ao analisar os resultados de exames bioquímicos de idosos, deve-se levar em


consideração alterações possivelmente causadas por medicamentos, além de
se atentar às referências utilizadas, uma vez que a fase de vida que eles se
encontram se difere da fase adulta, e, portanto, alguns exames possuem seus
valores e interpretações modificados.

Nesta avaliação, ao analisar os exames, como por exemplo o colesterol


total, o profissional deve estar atento não apenas aos valores elevados,
que representam fatores de risco para doenças crônicas como as
cardiovasculares, diabetes e síndrome metabólica, mas também a valores
diminuídos (hipocolesterolemia), que indicam desnutrição. Exames que
indicam alterações do estado nutricional são importantes nesta fase da
vida e devem ser olhados com atenção. Entre os principais biomarcadores
sanguíneos para desnutrição em idosos, têm-se a albumina, hemoglobina,
colesterol total, contagem total de linfócitos, pré-albumina, proteína-C-
reativa, proteínas totais, transferrina, creatinina, triglicérides, hematócrito
e ferro sérico.

Consumo alimentar

A avaliação do consumo alimentar desta população pode ser feita diretamente


com o cliente, quando este tiver condições cognitivas para responder. Caso
contrário, as respostas poderão ser dadas pelos familiares ou cuidadores
profissionais.

Conhecer a história pregressa de ingestão alimentar do indivíduo nos dá


informações importantes sobre seu estado de saúde atual, incluindo carências
e excessos, que podem estar repercutindo em seu estado de saúde. A aplicação
dos inquéritos alimentares pode ser somada ao uso da Avaliação Nutricional
Subjetiva Global, que auxiliará nas informações sobre risco nutricional.

128
Para (não) Finalizar

Chegamos ao final da nossa jornada, porém este caderno de estudos não encerra
nosso estudo sobre avaliação nutricional, o assunto que é muito extenso.

Existem muitas outras formas de avaliação, embora menos comuns, mas não
menos importantes, e há, ainda, uma gama enorme de possibilidades a serem
estudadas.

O Brasil, embora tenha avançado muito em suas pesquisas, ainda utiliza, como
base de avaliação, estudos materiais de outros países, o que, obviamente, não
reflete nossa realidade. O treino e o estudo constante trarão a você não apenas
o conhecimento profundo do que já há, mas também as deficiências que ainda
existem nesta área, abrindo novas possibilidades de trabalho e estudo.

Lembre-se: a avaliação nutricional feita de maneira comprometida garante


dados fidedignos e colabora para bons resultados no tratamento do indivíduo.

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Tabela 1. Adaptado de CUPPARI, L. Nutrição Clínica do Adulto. 2. ed. Guias de


Medicina Ambulatorial e Hospitalar da UNIFESP. São Paulo: Manole, 2005.

Tabela 2. Adaptado de HOLLIDAY, M. A.; SEGAR, M. E. The maintenance need for


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Tabela 6. Adaptado de https://www.scielo.br/pdf/rbcdh/v16n4/1980-0037-


rbcdh-16-04-00475.pdf. Acesso em: 23 jun. 2020.

Tabela 7. C Adaptado de BLACKBURN, G. L.; THORNTON, P. A. Nutritional assessment


of the hospitalized patients. Medical Clinics of North America, v. 63, pp. 1103-115, 1979.

Tabela 8. Adaptado de BLACKBURN, G. L.; THORNTON, P. A. Nutritional assessment


of the hospitalized patients. Medical Clinics of North America, v. 63, pp. 1103-115, 1979.

Tabela 9. Adaptado de WALLACH, J. B. Interpretação de exames de laboratoriais /


Jacques Wallach. [tradução Antonio Francisco Dieb Paulo, Telma Lúcia de Azevedo
Hennemann; revisão técnica Mário Hiroyuki Hirata, Rosário Dominguez Crepo Hirata,
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Tabela 17. WALLACH, J. B. Interpretação de exames de laboratoriais / Jacques


Wallach. [tradução Antonio Francisco Dieb Paulo, Telma Lúcia de Azevedo
Hennemann; revisão técnica Mário Hiroyuki Hirata, Rosário Dominguez Crepo
Hirata, Adriana Augusto de Rezende]. 8ª edição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
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Tabela 18. Adaptado de http://books.scielo.org/id/ddxwv/pdf/sampaio-97885232187


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Nutrologia, 2016. p. 121.

Tabela 20. Adaptada de SOCIEDADE BRASILEIRA DE PEDIATRIA. Curso de


aprimoramento em nutrologia pediátrica: manual para profissionais da saúde.
Rio de Janeiro: Sociedade Brasileira de Pediatria, Departamento Científico de
Nutrologia, 2016.

Tabela 21. Elaborado pelo autor em 30 de jun. 2020.

Tabela 22. Adaptado de STEVENSON, R. D. Use of segmental measures to estimate


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Tabela 25. Adaptado de https://portaldeboaspraticas.iff.fiocruz.br/wp-content/


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pdf. Acesso em: 24 jun. 2020.

145
Anexos

Anexo 1. Gráfico para avaliação da evolução do IMC da gestante.

Fonte: Andhressa Araújo Fagundes et al., 2004.

146
ANEXOS

Anexo 2. Ficha da Mini Avaliação Nutricional.

147

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