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Brasília-DF.
Elaboração
Beatriz Machado
Produção
APRESENTAÇÃO.................................................................................................................................. 5
INTRODUÇÃO.................................................................................................................................... 8
UNIDADE I
HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS............................................................................................ 11
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS: HOWARD GARDNER.............................................. 13
CAPÍTULO 2
CONCEITO DE INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS................................................................................ 20
CAPÍTULO 3
OS FUNDAMENTOS NEUROBIOLÓGICOS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS.................................. 27
UNIDADE II
CAPÍTULO 1
HISTÓRICO DO MINDFULNESS............................................................................................... 38
CAPÍTULO 2
MINDFULNESS: NO SISTEMA DE SAÚDE, NA ESCOLA E NAS EMPRESAS..................................... 45
CAPÍTULO 3
MUDANÇAS NOS PROFISSIONAIS QUE PRATICAM MINDFULNESS............................................. 51
UNIDADE III
AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS....................................................................... 57
CAPÍTULO 1
A NEUROPSICOLOGIA DO MINDFULNESS: O FUNCIONAMENTO DO CÉREBRO DURANTE AS
PRÁTICAS................................................................................................................................ 59
CAPÍTULO 2
MINDFULNESS E OS BENEFÍCIOS: DOENÇAS, EFEITOS NA PSICOLOGIA CIENTÍFICA E NA
PSICOTERAPIA......................................................................................................................... 66
CAPÍTULO 3
A UTILIZAÇÃO PERMANENTE DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS E O MINDFULNESS: MUDANÇA NO
ESTILO DE VIDA....................................................................................................................... 72
UNIDADE IV
AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O
MINDFULNESS................................................................................................................................... 78
CAPÍTULO 1
A CIÊNCIA CONTEMPLATIVA: PARADIGMA CIENTÍFICO EMERGENTE NO FINAL DO SÉCULO XX. 79
CAPÍTULO 2
ATIVIDADES PRÁTICAS QUE FORTALECEM AS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA
EMOCIONAL E PRÁTICAS DA PSICOLOGIA POSITIVA................................................................. 85
CAPÍTULO 3
ATIVIDADES PRÁTICAS DE MINDFULNESS PARA O DIA A DIA: NAS ESCOLAS, NA CLÍNICA E NO
TRABALHO............................................................................................................................... 92
REFERÊNCIAS................................................................................................................................. 102
Apresentação
Caro aluno
Conselho Editorial
5
Organização do Caderno
de Estudos e Pesquisa
A seguir, apresentamos uma breve descrição dos ícones utilizados na organização dos
Cadernos de Estudos e Pesquisa.
Provocação
Textos que buscam instigar o aluno a refletir sobre determinado assunto antes
mesmo de iniciar sua leitura ou após algum trecho pertinente para o autor
conteudista.
Para refletir
Questões inseridas no decorrer do estudo a fim de que o aluno faça uma pausa e reflita
sobre o conteúdo estudado ou temas que o ajudem em seu raciocínio. É importante
que ele verifique seus conhecimentos, suas experiências e seus sentimentos. As
reflexões são o ponto de partida para a construção de suas conclusões.
Atenção
6
Saiba mais
Sintetizando
7
Introdução
Nesta disciplina, serão abordados temas relevantes para a área das inteligências
múltiplas e do mindfulness como propostas para lidar com a formação de profissionais
voltados para a saúde, a educação, a sociedade e as organizações. Tais profissionais
devem ter como objetivo a compreensão das pessoas e de si mesmo por meio da visão
das Inteligências Múltiplas, em que esta possa ser abarcada como uma ferramenta do
fortalecimento das relações interpessoais ou intrapessoais, ou seja, intensificando as
relações entre as pessoas. Tal proposta conduz na melhoria do aspecto emocional das
pessoas. Já o mindfulness, de acordo com Vandenberghe (2006, p. 2), “traz a atenção
plena – concentração no momento atual, intencional e sem julgamento”. Entretanto,
falar sobre tais conceitos requer que sejam retomadas as propostas de cada um deles.
Além disso, conhecer a base neuropsicológica de cada uma permite maior domínio das
ferramentas que tenham o subsídio de tais conceitos. Dessa maneira, este material terá
os seguintes tópicos: histórico das inteligências múltiplas; histórico do mindfulness;
mudanças cerebrais a partir do mindfulness; mindfulness e os benefícios: doenças,
efeitos na psicologia científica e psicoterapia; utilização permanente das inteligências
múltiplas e o mindfulness: mudança no estilo de vida; inteligências múltiplas e a
inteligência emocional: visão integrada e as práticas das inteligências múltiplas;
inteligência emocional; psicologia positiva; e mindfulness.
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Objetivos
» Conhecer os principais conceitos de inteligência múltipla, mindfulness,
inteligência emocional e psicologia positiva.
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HISTÓRICO DAS
INTELIGÊNCIAS UNIDADE I
MÚLTIPLAS
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
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CAPÍTULO 1
Histórico das inteligências múltiplas:
Howard Gardner
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
livro, Frames of Mind, de 1983, que o projetou da noite para o dia nos
Estados Unidos. O assunto foi aprofundado em outro campeão de
vendas, Inteligências Múltiplas: Teoria na Prática, publicado em 1993.
Nos escritos sobre educação que se seguiram, enfatizou a importância
de trabalhar a formação ética simultaneamente ao desenvolvimento
das inteligências.
Fonte: <https://escolaeducacao.com.br/howard-gardner/>.
1 De acordo com Rodrigues et al. (2019, p.1), Gardner estudou “veteranos de guerra americanos o que eles tinham preservado
apesar das sequelas de combate, ele notou que por mais que as pessoas estivessem perdas físicas e intelectuais, por causa
de lesões cerebrais, elas preservaram muitas capacidades intactas, e por meio dessas capacidades era possível estimular as
possibilidades de realização nas áreas afetadas”
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
Segundo Rodrigues et al. (2019, p. 4), o primeiro conceito proposto pelo relatório de
Intelligence: Knowns and Unknowns, em 1995, foi:
uma capacidade mental bastante geral que, entre outras coisas, envolve
a habilidade de raciocinar, planejar, resolver problemas, pensar de
forma abstrata, compreender ideias complexas, aprender rápido e
aprender com a experiência. Não é uma mera aprendizagem literária,
uma habilidade estritamente acadêmica ou um talento para sair se bem
em provas. Ao contrário disso, o conceito refere se a uma capacidade
mais ampla e mais profunda de compreensão do mundo à sua volta ‘
pegar no ar’, ‘pegar’ o sentido das coisas ou ‘perceber’ uma coisa”
Além de Gardner, outros estudiosos, tais como Alfred Binet e Jean Piaget,
estudaram profundamente a questão da inteligência, e diferentes filósofos,
cientistas, estudiosos nos diversos períodos históricos que buscaram entender e
estudar a inteligência humana.
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Durante bem mais de dois mil anos, pelo menos desde a ascensão da
cidade estado grega, um determinado conjunto de idéias dominou
as discussões sobre a condição humana em nossa civilização. Esta
coletânea de idéias enfatiza a existência e a importância de poderes
mentais – capacidades que foram diferentemente denominadas como
racionalidade, inteligência ou desenvolvimento da mente. [...]
Conforme Gardner (1994, p. 5), no auge da Idade Média “Dante propôs sua concepção de
que a função adequada da raça humana, considerada no total, é efetivar continuamente
a inteira capacidade possível para o intelecto, principalmente em especulação, então,
através de sua extensão e para este fim, secundariamente a ação”. Mesmo na Idade
Média, período no qual a ciência foi encoberta pela religião, ainda se manteve a
preocupação com o intelecto.
A inteligência, ao longo dos tempos, vem sendo a busca pela essência da humanidade,
pois é por meio dessa capacidade que o homem conhece a si mesmo e ao outro, bem
como compreende o seu meio ambiente e o transforma para produzir condições para
a sua sobrevivência no mundo. Portanto, o conhecimento é a base do domínio da
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
A teoria de Gardner sobre inteligência se difere das demais em outro ponto, que é
sobre a base biológica. Segundo Rodrigues et al. (2019), a teoria das inteligências
múltiplas tem como base o entendimento neurobiológico, genético e, quanto ao
desenvolvimento da pessoa, pode acontecer de forma diferente em decorrência
da diferença nos estímulos recebidos, cada inteligência pode acontecer de forma
diferente das demais. Além disso, a inteligência está relacionada com a cultura na
qual o indivíduo está inserido e com a importância dada por essas culturas. Tem-se,
ainda, a organização vertical das faculdades mentais.
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
Fonte: <https://image.shutterstock.com/image-vector/left-right-human-brain-concept-600w-671483350.jpg>.
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CAPÍTULO 2
Conceito de inteligências múltiplas
O viver bem nos dias atuais está relacionado com as interações entre as pessoas, o seu
meio ambiente; assim, será alcançada a melhoria das pessoas e da cultura na qual está
inserida.
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
Na visão de Gardner (1994), consta na natureza das inteligências que cada uma deve
operar segundo os seus próprios procedimentos e tenha as adequadas bases biológicas.
Portanto, cada uma das inteligências específicas opera de acordo com a suas regras
específicas.
Sobre a valoração das inteligências, Gardner se posiciona afirmando que elas não são
pensadas em termos valorativos, bem como não necessariamente serão utilizadas para
fins construtivos, mas podem ser colocadas para a aplicação em objetivos obscuros ou
nefastos.
2 As informações utilizadas por Gardner a respeito da parte biológica, genética e neurobiológica serão esclarecidas no cap. 3 – O
Funcionamento Biológico, Genético e Neurobiológico na proposta de Howard Gardner - dessa apostila que serão identificados
e explicados.
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Assim, além dos pré-requisitos existem os critérios ou sinais que estão relacionados
com a inteligência na proposta do pesquisador. Os critérios norteadores para Gardner
(1994), Antunes (1998) e Rodrigues et al. (2019) sobre inteligência são:
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
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CAPÍTULO 3
Os fundamentos neurobiológicos das
inteligências múltiplas
Uma das bases da proposta das inteligências múltiplas está relacionada com a
biologia, a genética e a neurobiologia. Para entender melhor o funcionamento da
inteligência proposta por Gardner, é necessário entender o suporte biológico da
inteligência que ele estudou ao elaborar a sua teoria.
Gardner (1994) irá ter como foco dois conceitos provenientes da biologia e das
ciências do cérebro: flexibilidade do desenvolvimento humano e identidade ou
natureza das capacidades intelectuais.
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
Então, além dos genes e do cérebro, tem-se a interação entre a pessoa e o meio
ambiente. Esse meio entendido como cultural irá também constituir um fator que
influenciará na inteligência da pessoa.
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
De acordo com Gardner (1994, p. 30) “A noção de plasticidade não pode ser
considerada à parte do ritmo de uma manipulação ou intervenção específicos
e da natureza da competência comportamental envolvida”. A plasticidade tem
limites na sua atuação no organismo.
A flexibilidade torna o organismo mais apto para obter uma melhor adaptação ao
meio ambiente, entretanto existem condições e limites para que a flexibilização
aconteça nos organismos no início da vida. Os princípios gerais da plasticidade no
começo da vida dá o entendimento das situações nas quais ela acontece.
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
Experiência Precoce
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
entretanto, depois desse período, há uma poda no número dessas células, o que
acarreta a redução da flexibilidade dos organismos na aprendizagem para a
adaptação ao meio ambiente.
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
Para o entendimento do sistema nervoso, Gardner irá encontrar, nos estudos voltados
para a estrutura organizacional, dois níveis separados: uma estrutura de granulação
fina ou molecular e uma estrutura ampla ou molar. Os conhecimentos dessas estruturas
são relevantes para a identidade das funções intelectuais humanas.
Os níveis molares e moleculares do cérebro irão dar suporte para a teoria de Gardner
(1994) para identificar os locais e quais as funções das regiões cerebrais. Dessa forma,
tem-se:
» Nível molar: são as áreas maiores do córtex cerebral, é o nível que trata
de regiões examinadas a olho nu. As descobertas indicam que as duas
metades do cérebro não têm a mesma função. O menos reconhecido é
que a especificidade do funcionamento cognitivo pode ser ligada muito
mais precisamente a regiões mais refinadas do córtex cerebral.
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UNIDADE I │ HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS
3 Segundo Gardner (1994, p.42), “Usando o jargão, se considera que o equipamento ou ‘hardware’ é considerado irrelevante
para a parte operativa ou “software”, que preparações ‘molhadas’ são inadequadas para comportamento ‘seco’”.
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HISTÓRICO DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS │ UNIDADE I
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HISTÓRICO DO UNIDADE II
MINDFULNESS
A unidade pretende mostrar a importância do mindfulness no fortalecimento da
atenção plena e, por conseguinte, possibilitar o funcionamento psicológico saudável.
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HISTÓRICO DO MINDFULNESS │ UNIDADE II
Figura 3. Mindfulness.
Fonte: <https://image.shutterstock.com/image-photo/mindfulness-concept-mindful-living-text-600w-750083887.jpg>.
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CAPÍTULO 1
Histórico do Mindfulness
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HISTÓRICO DO MINDFULNESS │ UNIDADE II
Essa condição de vida, seguida por vários anos, conduz as pessoas a terem doenças
físicas e mentais, como estresse, ansiedade e depressão, os chamados transtornos
mentais. Além disso, aumenta-se a frequência das doenças cardíacas, pele,
gastrointestinais, entre outras.
Na década de 1970, John Zabat-Zinn4 traz a prática da atenção plena (conceito que
será discutido no capítulo 2) para a sua atividade profissional médica no Centro
de Redução do Estresse do Massachusetts Medical Center. A meditação de plena
atenção pode induzir estados profundos de relaxamento, às vezes melhorando
diretamente os sintomas físicos e ajudando os pacientes a levarem uma vida sadia e
satisfatória” (KABT-ZINN apud GOLEMAN, 1997, p. 223).
A meditação, que tem raiz na psicologia oriental (budista), entra para a prática
da medicina e psicologia ocidental por meio de Zabat-Zinn e de Ellen Langer,
professora de psicologia na Universidade de Harvard, ou seja, na prática da
psicologia há a integração entre a tradição ocidental e a oriental.
4 Jon Zabat-Zinn traz da sua experiência pessoal da meditação, quando trouxe as práticas budistas para a medicina
comportamental (VANDENDERGHE; ASSUNÇÃO, 2009, p. 128).
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UNIDADE II │ HISTÓRICO DO MINDFULNESS
Mindfulness, de acordo com “os ensinamentos orientais, é uma perspectiva que consiste
em (i) prestar atenção, (ii) intencionalmente, (iii) no momento atual, (iv) sem julgar e
(v) na vivência enquanto está desabrocha” (KABAT-ZINN apud VANDENDERGHE;
ASSUNÇÃO, 2009, p. 129); é a posição contrária ao piloto automático estudado por
Langer.
Assim, para se deixar a vida como se estivesse no piloto automático, é estar atento ao
que acontece no presente, com abertura e aceitação; e isso é possível praticando as
diversas práticas de mindfulness.
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HISTÓRICO DO MINDFULNESS │ UNIDADE II
Psicologia Budista
Psicologia Ocidental
Item/Psicologia Meditação de Insight
(Psicodinâmica e Comportamental)
Mindfulness (vipassana)
Aliviar o Sofrimento Buda -> sofrimento mental (Quatro Nobres Sofrimento: pensamentos, sentimentos, percepção, intenções e
Verdades) comportamento
Sintomas O sintoma tratado é o sofrimento, que é
inevitável para todos os seres humanos. Foco da psicoterapia incluem tantos estados subjetivos desagradáveis,
tais como ansiedade, depressão, padrões de comportamento
O sofrimento é o resultado da natureza de desadaptativo. E a expressão de um transtorno subjacente a ser
nossa relação com as realidades existenciais diagnosticado e tratado.
da vida.
Etiologia Compartilha com os ocidentais a observação
A etiologia complexa dos transtornos psicológicos envolve fatores
biológicos, psicológicos e sociológicos. As tradições psicodinâmica e
de que manter uma variedade de crenças
comportamental concluíram que grande parte do sofrimento humano
centrais distorcidas leva ao sofrimento
é causada por distorções nos pensamentos, nos sentimentos e no
(resultado do condicionamento)
comportamento (Resultado do Condicionamento).
Prognóstico O prognóstico na literatura budista é
O prognóstico varia de acordo com o transtorno que está sendo tratado.
radicalmente otimista.
Tratamento Combinação de introspecção e mudanças
Combinação de introspecção e mudanças comportamentais.
comportamentais.
Insight e a Insight é tanto o veículo como a meta Na TCC, o insight em si é o foco menor, embora compartilhe com a
Descoberta da de ambas as práticas (mindfulness e meditação de insight e com a terapia psicodinâmica o propósito de
Verdade psicodinâmica) aliviar o controle de ideias mantidas de forma irrefletida.
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UNIDADE II │ HISTÓRICO DO MINDFULNESS
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HISTÓRICO DO MINDFULNESS │ UNIDADE II
O mindfulness é uma prática que permite aos seus praticantes a sua mudança de
visão das vivências à medida que proporciona o bem-estar físico, mas também o
entendimento da vida e das reações que se tem diante dela. A aceitação está relacionada
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UNIDADE II │ HISTÓRICO DO MINDFULNESS
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/mother-daughter-yoga-home-1033938349>.
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CAPÍTULO 2
Mindfulness: no sistema de saúde, na
escola e nas empresas
Um dos países que está utilizando as TBMs é o Reino Unido, onde as MBCT
(Mindfulness-Based Cognitive Therapy) são aplicadas em pacientes com histórico
de dois ou mais episódios de depressão grave e com riscos de recaídas. A MBCT
é recomendada nos guias clínicos baseados em evidências científicas (National
Institute for Clinical Excellence, NICE), sendo que a sua implementação no
sistema de saúde é prioridade.
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UNIDADE II │ HISTÓRICO DO MINDFULNESS
O serviço no Reino Unido vem sendo ofertado, porém ainda não existem pesquisas
em longo prazo sobre os efeitos das TBMs no sistema de saúde.
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HISTÓRICO DO MINDFULNESS │ UNIDADE II
Essas reações viraram rotina na vida das pessoas, o que significa a manutenção dos
quadros de doenças e pouco tempo para o lazer, o descanso e a interação com pessoas
e familiares.
Todo esse quadro está sendo mantido pela forma como são dados os conteúdos
nas escolas, ou seja, privilegiando os conteúdos acadêmicos e não considerando as
práticas que possam ajudar os alunos a potencializarem seu desenvolvimento pessoal
e social, ou seja, ajudar a incrementar a felicidade ou um estado de bem-estar.
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UNIDADE II │ HISTÓRICO DO MINDFULNESS
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HISTÓRICO DO MINDFULNESS │ UNIDADE II
Nessa proposta, tem-se a gestão da qualidade de vida, a qual tem como um dos
objetivos melhorar tanto as relações humanas no trabalho quanto as condições do
ambiente de trabalho. Dessa forma, “torna-se importante estimular o bem-estar e a
integração harmoniosa entre as pessoas e suas equipes são fatores que proporcionam
impacto positivo no trabalho e na imagem da organização, gerando maior qualidade
de vida no trabalho” (LIMONGI-FRANÇA apud MARKUS; LISBOA, 2019, p. 4).
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UNIDADE II │ HISTÓRICO DO MINDFULNESS
Nesse sentido, “um paralelo entre reflexão e mindfulness vem sendo considerado
um pré-requisito para uma reflexão em ação, ou seja, um estado da mente ou
modo de prática que permite ao indivíduo refletir sobre suas ações no momento
que acontecem” (JORDAN et al. apud MARKUS; LISBOA, 2019, p. 5). Para que
haja novas criações, é importante que se tenha a experiência, e isso denota
tempo para refletir e vivenciar o momento para ter novas construções de
conhecimento.
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CAPÍTULO 3
Mudanças nos profissionais que
praticam Mindfulness
Essa síndrome tem uma prevalência entre 20% e 35% dos profissionais da saúde.
Esse dado nos indica a necessidade de aprofundar os estudos a respeito das formas de
tratamento desses profissionais além dos medicamentos.
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UNIDADE II │ HISTÓRICO DO MINDFULNESS
A síndrome é considerada uma doença, por isso está presente no CID 10,
e não no DSM V (Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos
Mentais). Ela impossibilita a pessoa a desenvolver adequadamente o seu
trabalho. No caso dos profissionais que atuam diretamente com pessoas,
torna-os impossibilitados de terem a empatia com os seus pacientes,
dificultando a atenção plena nos atendimentos.
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HISTÓRICO DO MINDFULNESS │ UNIDADE II
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UNIDADE II │ HISTÓRICO DO MINDFULNESS
Assim, logo abaixo são indicadas sugestões de atividades de mindfulness sugeridas por
Gárcia-Campayo e Santed (apud MARTÍ et al., 2016), Williams e Penman (2015):
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HISTÓRICO DO MINDFULNESS │ UNIDADE II
As práticas citadas são sugestões para serem utilizadas no dia a dia profissional;
gastam pouco tempo e podem ser implementadas no cotidiano dos atendimentos sem
interferência nas atividades da clínica.
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UNIDADE II │ HISTÓRICO DO MINDFULNESS
Fonte: <https://definicao.net/significado-de-flor-de-lotus/>.
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AS MUDANÇAS
CEREBRAIS UNIDADE III
A PARTIR DO
MINDFULNESS
A unidade tem como objetivo mostrar como o mindfulness atua no cérebro de
quem pratica a atenção plena, tendo como foco o funcionamento do cérebro
durante a meditação de insight. Será mostrado também como o sistema de luta/
fuga funciona para compreender como as pessoas têm o cérebro alterado na
situação de estresse e ansiedade.
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UNIDADE III │ AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS
Fonte: <https://www.mindful.org/the-mindfulness-of-breathing-exercise-with-neuroscientist-amishi-jha>.
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CAPÍTULO 1
A Neuropsicologia do Mindfulness: o
funcionamento do cérebro durante as
práticas
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UNIDADE III │ AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS
A meditação e o estresse
A pessoa que pratica a meditação desenvolve a sensação de bem-estar e prazer, isso
devido à possibilidade que a meditação proporciona de entrar em uma sensação
do contato com o transcendente. Essa sensação deixa o indivíduo com vontade de
repetir a experiência, pois quer sentir novamente a mesma sensação. Essa prática
constante da meditação provoca alterações na personalidade da pessoa.
Segundo Dalgalarrondo (apud LEÃO, 2019, p. 7), entrar em contato com seu
eu próprio é denominado como um estado de transe dito estático, “que pode
ser induzido por treinamento místico e religioso, ocorrendo geralmente como a
sensação de fusão do eu com o universo”. Seguindo essa linha de pensamento da
psiquiatria, pode-se dizer que a meditação é um Estado Alterado de Consciência
(EAC) provocado pela própria pessoa e que busca uma interação além da
consciência do dia a dia, segundo Leão (2019).
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AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS │ UNIDADE III
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UNIDADE III │ AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS
A ansiedade é a resposta do organismo da pessoa que está sob intenso estresse por conta
do ambiente ou por causa de si mesma. A percepção da pessoa está alterada com relação
ao seu entendimento da realidade, aumentando a velocidade do pensamento, o que
dificulta a compreensão correta dos fatos do ambiente e a faz perder a sua capacidade
de discernir corretamente o que é um evento sem estresse ou com estresse.
A Neurobiologia do Mindfulness
Para entender a neurobiologia do mindfulness, é necessário retomar um conceito
utilizado por Gardner (1994), que é o da neuroplasticidade. A neuroplasticidade refere-
se à alteração do funcionamento do cérebro e, para que isso aconteça, é necessário
que sejam realizadas atividades numa determina frequência para que haja alteração
na estrutura cerebral e consequentemente no comportamento da pessoa que fez uso
contínuo de alguma atividade que promovesse o comportamento em questão.
Dessa forma, conforme Germer et al. (2016), quando a pessoa repete várias vezes o
comportamento de trazer a atenção de volta para o momento presente durante a
meditação, a sequência da atividade cerebral correspondente altera de forma gradual,
assim o padrão é codificado de maneira diferente de comportamentos aleatórios. Dessa
maneira, a estrutura do cérebro muda, e o novo padrão agora direciona o comportamento.
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AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS │ UNIDADE III
8 Estudar meditação é difícil devido às várias formas de meditações existentes, portanto serão relatados os resultados
consistentes que surgiram em Germer et al. (2016).
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UNIDADE III │ AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS
Além dessa região, existe outra também ativada durante a meditação, a insula
anterior (INS):
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AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS │ UNIDADE III
Os estudos atuais por meio dos exames realizados comprovam que a meditação tem
papel importante na alteração do funcionamento cerebral diante da concentração,
reorganização das experiências de vida, sensibilidade a dor e consciência do próprio
corpo. As alterações estudadas pela neurociência confirmam o que aproximadamente
há 2 mil anos a humanidade já entendia: que a meditação produz uma vasta gama de
benefícios para o corpo e a mente.
Equilíbrio
Sua vida
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-vector/cute-brain-heart-meditation-logic-feel-733212286>.
65
CAPÍTULO 2
Mindfulness e os benefícios: doenças,
efeitos na psicologia científica e na
psicoterapia
Neste capítulo, serão estudados os benefícios obtidos pelo mindfulness nos casos
de doenças e os resultados das curas. A meditação ao longo dos séculos foi utilizada
para trazer a cura de diversas doenças que afligiam as pessoas, melhorando a
qualidade de vida.
As doenças e o Mindfulness
Ao falar sobre o mindfulness e as patologias, é importante colocar que, em 1984,
nos Estados Unidos (EUA), o Instituto Nacional de Saúde recomendou a meditação
(além da redução de sal e uma dieta alimentar), antes da prescrição de remédios,
como tratamento inicial para a hipertensão moderada. Essa recomendação foi
resultado dos amplos estudos que tiveram início na década de 1970 nos EUA sobre
os efeitos da meditação nas pessoas que usam a meditação como antídoto contra
o estresse e outras doenças físicas e mentais.
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AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS │ UNIDADE III
Várias pesquisas demonstram que “se utiliza mindfulness e meditação para tratar
patologias psiquiátricas, como as recaídas na depressão, diversas formas de ansiedade
ou em prevenção de recaídas em adicções (KHOURY et al., 2013)” (CIFRE; SOLER,
2016, p. 85). Os estudos conduzem ao resultado de que o mindfulness pode funcionar
como proteção em situações estressantes, pois é adequado na promoção da melhor
resposta a estímulos emocionais negativos.
As pesquisas indicam que a redução dos efeitos acima citados tem diferenças na
prática da meditação e relaxamento, os quais são coisas diferentes. De acordo com
Goleman (1998, p. 16), “Meditação é o esforço para reexercitar a atenção”. É isso que
dá à meditação os efeitos incomparáveis de obtenção de conhecimentos, aumento da
concentração e capacidade de relacionar-se com empatia. A meditação é, porém, mais
usada como uma técnica rápida e fácil de relaxamento.
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UNIDADE III │ AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS
Entretanto, há outras situações nas quais a meditação pode não ser apropriada para
um paciente.
Portanto, nem todas as doenças mentais estão sujeitas à aplicação das técnicas de
meditação e relaxamento. Linehan (2010) vem estudando os quadros de transtornos
da personalidade borderline (TPB), tendo utilizado positivamente a meditação e o
relaxamento nas suas práticas.
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AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS │ UNIDADE III
Assim, com base nos estudos realizados que comprovam a relação entre
meditação e aspectos psicológicos positivos, alguns autores indicam a utilização
da prática como uma técnica útil para os tratamentos psicoterápicos (MENEZES;
DELL’AGLIO, 2009).
Meditação e psicoterapia
As práticas da meditação começaram a ser utilizadas nas psicoterapias a
partir da década de 80 com a recomendação do Instituto Nacional de Saúde
(EUA) para a aplicação nos casos iniciais de hipertensão moderada.
Essa ideia mantém-se pelas pesquisas realizadas nos anos 2000, as quais indicam
a meditação na psicoterapia, pois ambas as práticas buscam a eliminação
das barreiras do ego para que as potencialidades humanas surjam. Ambas as
técnicas podem ser concebidas como tentativas de desfazer condicionamentos
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UNIDADE III │ AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS
Para a aplicação das técnicas de mindfulness, deve-se conversar com o paciente sobre
a adequação da utilização na sua rotina de vida, pois é a realização diária e permanente
que fará surtir melhores resultados.
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AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS │ UNIDADE III
GOLEMAN, Daniel. Equilíbrio Mente/Corpo: como usar sua mente para uma
saúde melhor. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/man-big-balloon-fly-on-his-631461530>.
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CAPÍTULO 3
A utilização permanente das
inteligências múltiplas e o mindfulness:
mudança no estilo de vida
Nas últimas duas décadas, as pessoas viram o mundo sofrer os efeitos devastadores
do clima, as diversas crises econômicas mundiais, a rápida evolução da tecnologia, as
mudanças nos ritmos de vida dos cidadãos. O mundo virou um cenário de grandes
embates relacionados a crises políticas, étnicas, econômicas, ambientais, sociais.
A proposta de Gardner sobre as inteligências múltiplas passa a ser discutida por ele
mesmo para subsidiar propostas educacionais, que irão propor o desenvolvimento das
inteligências múltiplas em sala de aula, direcionando para a habilidade de cada aluno,
enquanto, nas propostas de mindfulness, a escola deve contemplar nos seus currículos
espaços para a formação dos valores humanos e das diversas práticas do mindfulness.
Essa necessidade de atividades contemplativas é reforçada pelas pesquisas nas quais
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AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS │ UNIDADE III
As duas propostas estão convergindo para a utilização permanente das questões que
envolvam o mindfulness e as inteligências múltiplas reforçadas pela proposta da
inteligência emocional focada nas inteligências interpessoal e intrapessoal. Os objetivos
das propostas estão em fortalecer a qualidade de vida das pessoas, reforçando a
necessidade do desenvolvimento próprio e fortalecimento do bem-estar, considerando
as relações pessoais e o meio ambiente.
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UNIDADE III │ AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS
Destarte, a proposta torna-se viável na prática diária das pessoas, pois permite que
haja a alteração na maneira de compreender a realidade e uma consciência maior
sobre o papel de cada um no mundo. Essa forma de entendimento trará mudanças
significativas na redução do estresse, na diminuição dos pensamentos imediatos,
na consideração pelas diversas étnicas e religiões, no aumento das atividades
que respeitem o meio ambiente e diminua o consumo desenfreado que acontece
atualmente.
9 O Programa MBSR teve início na década de 1970 no Hospital Geral da Universidade de Massachusetts (EUA).
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AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS │ UNIDADE III
praticadas nos demais dias durante as oito semanas, por uma hora. Na sexta
semana, é realizado um retiro silencioso de sete horas.
Esses dois programas são referência pelos resultados obtidos e pelo tempo de
duração, entretanto há outros espalhados pelo mundo que vêm tendo resultados
positivos junto aos seus participantes. Dessa maneira, com base nos programas é
possível inferir que a utilização das práticas mindfulness podem trazer benefícios
duradouros para os seus participantes. Além disso, as pesquisas realizadas com
monges budistas também reforçam o resultado das práticas.
10 O MBCT foi criado pelo professor de Oxford Mark Willian e seus colegas Zindel Segal e John Teasdale. Mais informações
podem ser encontradas no site da universidade de Oxford (em inglês): <http://oxfordmindfulness.org/>.
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UNIDADE III │ AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS
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AS MUDANÇAS CEREBRAIS A PARTIR DO MINDFULNESS │ UNIDADE III
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AS PRÁTICAS DAS
INTELIGÊNCIAS
MÚLTIPLAS,
INTELIGÊNCIA UNIDADE IV
EMOCIONAL,
PSICOLOGIA
POSITIVA E O
MINDFULNESS
A unidade tem como objetivo oferecer suporte para a aplicação das diversas práticas
que envolvem inteligências múltiplas, inteligência emocional, psicologia positiva
e mindfulness. Todas essas teorias estão integradas com os resultados obtidos das
neurociências.
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CAPÍTULO 1
A ciência contemplativa: paradigma
científico emergente no final do século
XX
O capítulo tem por objetivo expor as ideias principais da ciência contemplativa que
dá suporte para as práticas nas diversas áreas do saber, neurociência, psicologia,
meditação, mindfulness. Portanto, dá alguns norteamentos sobre essa nova proposta
de ciência, educação e práticas meditativas.
O autor fundou o Santa Barbara Institute for Consciousness Studies em 2003, a fim de
integrar estudos científicos e contemplativos da consciência.
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UNIDADE IV │ AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
Figura 9. Mudanças no cérebro após meditação podem ser vistas por ressonância magnética, atividade normal
(esquerda) e durante a meditação (direita). As cores mais quentes, amarelo, vermelho, representam maior
atividade cerebral.
Portanto, quando a pessoa faz utilização das práticas contemplativas, consegue obter
o refinamento da consciência por meio da contemplação. Utilizando essa consciência
refinada, pode-se utilizar
Desse modo, partindo-se dos resultados obtidos por meio das pesquisas
neurocognitivas, as práticas contemplativas, sejam as técnicas budistas ou as
mais recentes dos programas científico-terapêuticas, conduzem a ativações
do sistema neuronal e a modificações qualitativas importantes das faculdades
cognitivas dos praticantes.
Educação contemplativa
Na educação, há a proposta da Pedagogia Contemplativa, a qual remonta a
inspiração das propostas de John Dewey e William James (EUA) no sentido de
se incluir a abordagem na primeira pessoa (eu) nas disciplinas científicas, nas
humanidades e nas artes. O movimento da pedagogia contemplativa tem início
na década de 1970 e vem aos poucos se fortalecendo com os resultados obtidos na
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UNIDADE IV │ AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS
Não é nova, por mais de 1000 anos e de diversas formas tem sido
praticada em tradições seculares, em escolas e mosteiros orientais
e ocidentais, bem como nas culturas aborígenes. Porém, como
referem Bai, Scott e Donald (2009), as ideias e forças dominantes na
cultura ocidental, de onde se destaca a ênfase na lógica aristotélica,
a revolução científica, a moderna revolução industrial e o culto da
eficiência, velocidade e produtividade, empurraram durante séculos o
contemplativo para o lado. Só no início deste novo milénio, pelas mãos
da própria ciência, os saberes e práticas contemplativas passaram a
ser reabilitados e a ganhar um interesse e valorização crescentes no
seio das mais diversas áreas do saber (medicina, física, psicologia,
sociologia, antropologia, filosofia, etc.) – diríamos mesmo que estão a
revolucionar a forma como se encara o ser humano e a forma como se
vive, ou melhor, viverá em sociedade.
De acordo com Oliveira e Antunes (2014, p. 56), além de ser uma prática diária,
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
56). Dessa maneira, verifica-se que os benefícios das práticas estão direcionados
com as mesmas habilidades que foram observadas na saúde, porém tendo influência
no processo ensino-aprendizagem.
Sobre as práticas aplicadas, houve uma diversidade, entretanto a atenção sempre foi
orientada para a experiência direta. Tais práticas podem acontecer
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UNIDADE IV │ AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS
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CAPÍTULO 2
Atividades práticas que fortalecem as
inteligências múltiplas, inteligência
emocional e práticas da psicologia
positiva
O presente capítulo tem como objetivo fornecer sugestões de atividades que possam
ser aplicadas nos diversos contextos nos quais os profissionais da psicologia nas
abordagens cognitivas comportamentais e positivas possam estar atuando.
As sugestões das práticas têm como referências os autores: Antunes (1998, 2001,
2003), Gardner (1995), Goleman (2004), Supera (2018) e Bernardes (2019)
e estão direcionadas para as atividades individuais e/ou grupais, podem ser
adaptadas para os diversos ambientes da atuação profissional dos psicólogos/
psicoterapeutas, nos contextos da clínica, escola e empresas.
» Uma sentença dita com as palavras fora de ordem e um estímulo para sua
estruturação léxica constitui um método valioso para uso em sala de aula
ou na prática clínica.
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UNIDADE IV │ AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
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UNIDADE IV │ AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS
» Numa folha de papel, escreva as situações nas quais mais sente: medo,
alegria, raiva, tristeza.
» Não queira ser sempre perfeito. Você não precisa estar certo e nem ser o
melhor em tudo o que faz.
» Evite julgar suas próprias emoções: todas as nossas emoções são válidas,
inclusive as negativas. Se julgarmos nossas emoções, iremos inibir nossa
capacidade de sentir plenamente, o que vai fazer com que seja mais difícil
aproveitar nossas emoções de maneira positiva. Todas as nossas emoções
são uma parte nova de informação útil que está conectada com algum
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
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UNIDADE IV │ AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS
no dia a dia é fazer uma espécie de diário. Não precisa ser uma carta
enorme. Poucas palavras bastam, porque é o gesto de parar para pensar
em você que importa. Ao escrever como se sente e como gostaria de se
sentir, você fomenta o autocuidado.
» Trace suas metas para o dia seguinte: como já relatei aqui, o simples ato
de fazer uma To Do List antes de dormir melhora a qualidade do sono
e diminui a ansiedade. Mas, além da lista de afazeres, recomenda-se
estabelecer um objetivo principal a ser cumprido, algo mais “macro”, que
vá dar o tom ao dia e trazer uma sensação de satisfação se for feito.
» Dia Pleno: escreva como seria o seu dia plenamente feliz. A que horas
você acordaria? Qual a primeira coisa que faria ao levantar? Quais seriam
as atividades da manhã, da tarde e da noite? Com quem estaria? Onde
estaria? Que roupa usaria? Como seria a sua alimentação? Que horas iria
dormir? Qual seria a sua ação diária? Como se sentiria em nível físico,
psíquico e espiritual? Como cuidaria de si mesmo?
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
Fonte: <https://www.grandespymes.com.ar/2018/11/03/el-sistema-de-aptitudes-de-la-inteligencia-emocional-enfoques-y-
propuesta/>.
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CAPÍTULO 3
Atividades práticas11 de mindfulness
para o dia a dia: nas escolas, na
clínica e no trabalho
Abaixo são citadas algumas sugestões de atividades mindfulness para serem aplicadas
em sala de aula com as crianças.
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
» Música e tinta: coloque uma música clássica ou uma música que possa
despertar a calma nos alunos. Entregue tintas de várias cores e peça
para eles expressarem o que sentem no papel, com um pincel. Faça o
processamento da atividade e os convide a falar sobre as próprias emoções.
» Criatividade: dê uma canetinha para cada aluno e peça que eles observem
as marcas que têm no corpo, como pintas, verrugas, cicatrizes, marcas
de nascença, e que criem desenhos a partir de suas marcas. No final,
todos devem estar cheios de desenhos pelo corpo. Esse exercício ajuda a
desenvolver a observação, a criatividade e a concentração.
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UNIDADE IV │ AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS
nos acalmamos. Agora eles podem fazer a própria garrafa, e você pode
usar em momentos estratégicos, quando eles estiverem dispersos, bravos
ou tristes.
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
Carmody (apud GERMER et al., 2016, p. 140) sugere apresentar os exercícios como
treinamento da atenção, acreditando que essa expressão é mais aceitável para
muitas pessoas.
Para que a aplicação das práticas meditativas seja eficaz, é necessário que sejam
inseridas no atendimento de maneira adequada para o perfil do paciente e devem levar
em consideração a doença física ou mental apresentada.
Abaixo seguem algumas sugestões práticas13 das atividades de mindfulness que podem
ser utilizadas pelo psicoterapeuta14 e também pelos pacientes.
13 As atividades sugeridas na prática clínica estão inseridas nos três tipos de meditação: concentração, mindfulness per se e
compaixão.
14 É interessante que o terapeuta experimente antes as práticas para conhecer as sensações vivenciadas, bem como saber as
facilidades e dificuldades na realização das atividades.
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UNIDADE IV │ AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS
» Caminhando com atenção plena: peça para o seu paciente que caminhe
para frente e para trás sem se preocupar em estar sendo observado.
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
» Viva o presente: escolha uma coisa que você usa o tempo todo (a chaleira
da cozinha do escritório, por exemplo) e use como ponto focal para um
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UNIDADE IV │ AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS
Após as sugestões das atividades práticas de mindfulness para serem aplicadas nos
diversos ambientes das práticas terapêuticas pelos psicoterapeutas, é importante
acrescentar que, além dessas voltadas para o mindfulness, podem ser acrescentadas
atividades que estimulem o desenvolvimento das competências da inteligência
emocional que já foram citadas no capítulo 2 desta unidade.
Os estudos realizados para o fortalecimento das pessoas nas terapias da saúde física
e mental, por meio da utilização das estratégias de mindfulness contribuíram para a
melhoria na vida das pessoas. E, ao mesmo tempo, permitiram a construção de um
novo paradigma científico – ciência contemplativa. Entretanto, tal paradigma está
engatinhando, mas os estudos contam com a ajuda de métodos científicos e aparelhos
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
Fonte: <https://www.shutterstock.com/pt/image-photo/sunset-yoga-335742965>.
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Para (não) Finalizar
A integração irá permitir não apenas o desenvolvimento das pessoas que recebem
atendimentos, mas também dos profissionais que dela fazem uso.
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AS PRÁTICAS DAS INTELIGÊNCIAS MÚLTIPLAS, INTELIGÊNCIA EMOCIONAL, PSICOLOGIA POSITIVA E O MINDFULNESS │ UNIDADE IV
Os resultados obtidos das pesquisas científicas nos praticantes de longa data tiveram
a constatação das diferenças nas estruturas cerebrais que atuam nos pensamentos,
comportamentos e atitudes relacionados com a atenção plena, a capacidade de
julgamento e a percepção de formas diferentes de entendimento das situações
estressantes.
O resgate do ser humano no processo educacional torna-se cada vez mais forte nos dias
atuais, pois os números das doenças mentais, físicas e a falta de respeito com a natureza
vêm aumentando. A capacidade de recuperar a saúde mental e física das pessoas está
no aumento da utilização das práticas de mindfulness, no cotidiano e na educação.
Deve-se ter o entendimento das diferenças entre os ritmos e habilidades dos alunos,
respeitando as suas competências.
101
Referências
102
REFERÊNCIAS
CAMPOS, Danilo l.; KIHARA, Alexandre H.; PASCHON, Vera. Os Efeitos da Meditação
no Cérebro. Nanocell News, Vol. 1, N. 13, 24 de Jun. de 2014. Disponível em: <http://
dx.doi.org/10.15729/nanocellnews.2014.06.24.005>. Acesso em: 18 dez. 2019.
103
REFERÊNCIAS
GOLEMAN, Daniel. Equilíbrio Mente/Corpo: como usar sua mente para uma saúde
melhor. Rio de Janeiro: Campus, 1997.
KABAT-ZINN, Jon. A Mente Aberta: como viver intensamente cada momento de sua
vida através da meditação: um guia prático com reflexões e exercícios. Rio de Janeiro:
Objetiva, 2001.
104
REFERÊNCIAS
105
REFERÊNCIAS
PALUDO, Simone dos Santos; KOLLER, Sílvia Helena. Psicologia Positiva: uma nova
abordagem para antigas questões. Paidéia, 2007, 17(36), 9-20. Disponível em: http://
www.scielo.br/pdf/paideia/v17n36/v17n36a02.pdf>. Acesso em: 17 dez. 2019.
106
REFERÊNCIAS
SANTI, Alexandre. Meditação: Pare. Respire. E mude sua vida. São Paulo: Editora
Abril, 2018.
107
REFERÊNCIAS
WILLIAMS, Mark; PENMAN, Danny. Atenção Plena. Rio de Janeiro: Sextante, 2015.
108