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INTERVENÇÕES

PSICANALÍTICAS
Profa. Ma. Raíssa Almoedo
Planejamento (cap.
10)
Já vimos: (alguns) conceitos
fundamentais em Psicanálise; Avaliação
(entrevista inicial, etc.)
Vamos ver: Planejamento de Psicoterapia
de orientação analítica(Cap. 10 – POA
fundamentos teóricos e clínicos);
O contrato (Cap. 11 – POA fundamentos
teóricos e clínicos)

Link para download do livro:


https://docero.com.br/doc/xv88v5
EIZIRIK, Cláudio Laks; DE AGUIAR, Rogério Wolf;
SCHESTATSKY, Sidnei S. Psicoterapia de Orientação
Analítica: fundamentos teóricos e clínicos. Artmed
Editora, 2015.
“Assim como o direito pode ser exercido sem justiça, a saúde mental pode ser
praticada de forma insalubre” (Dunker e Neto, 2010)
Planejamento em POA
◦ Início da psicoterapia  fortes emoções (emoções e ansiedades paranoides)
◦ O processo da dupla (com suas diferentes funções)  investimentos e custos (de diferentes ordens)
◦ Ambos sofrem exigências narcisistas
◦ Paciente  reconhecer seus problemas e limitações (incapacidade)
◦ Terapeuta  Limites e alcance do método e sua própria capacidade
◦ Jogo de forças colocado em ação pelo tratamento (Freud)  complexidade do campo que se cria;
◦ Como Iankilevich (autora do capítulo) explica a questão das ansiedades paranoides?
◦ (A dupla ainda não se conhece bem, ainda não desenvolveu a confiança na capacidade de ligação e de trabalho)
◦ Resistências internas fortes! (maiores do que a confiança x desconfiança do paciente)
Planejamento em POA

◦ Um longo caminho será percorrido até o objetivo inicial ser atingido  ajudar o paciente a viver melhor,
não permanecer aprisionado ao problema;
◦ Forças inconscientes sempre estarão atravessando esse processo;
◦ Planejamento  orienta a mente do terapeuta ao longo do processo
◦ Uma psicoterapia de bons resultados leva à alta, à separação;
◦ Planejamento não é estático! Mas um ponto de referência! (que precisa ser repensado ao longo de
todo o processo);
O Processo psicoterápico

AJUDAR O PACIENTE A VIVER AJUDÁ-LO A SAIR DO AMPLIAR OS RECURSOS


MELHOR APRISIONAMENTO MENTAIS PARA VIVER AS
(APRISIONADO AO PROBLEMA EXPERIÊNCIAS EMOCIONAIS DE
-MANIFESTAÇÃO DO CONFLITO SUA VIDA.
ICS -QUE DESIGNA COMO
CAUSADOR DO SOFRIMENTO)
Planejamento em POA
◦ O objetivo dessa psicoterapia (de orientação analítica) é a “Resolução do conflito, o desenvolvimento
de novas formas de adaptação e a reintegração e o amadurecimento da personalidade em qualquer grau
possível para o paciente” (Dewald).
◦ Para Freud, os objetivos do tratamento psicanalítico (análise)  Em termos descritivos, trata-se de levar
o paciente à capacidade de agir e aproveitar da existência; em termos metapsicológicos, de fortalecer o
ego para que esse tenha maior autonomia em relação às pressões advindas do id e do superego
(Fulgencio, 2018).
As psicopatologias e a visão Freudiana
◦ De modo geral, pode-se considerar que as psicopatologias são, para Freud, um tipo de constrição, uma
limitação interna (psicológica, derivada de conflitos internos), que rouba do indivíduo, insistentemente,
recursos importantes para que ele possa estar no mundo e se relacionar consigo e com os outros.
◦ Ao se referir às psicopatologias como funcionamento que drena os recursos existenciais dos
indivíduos, Freud (1911-1913/2001a) diz que “nada na vida é tão caro quanto a doença e… a
burrice” (p. 133), talvez considerando também a burrice com um tipo de manifestação neurótica. Para
ele, a psicanálise seria, fundamentalmente, um tratamento que visa poupar o doente dessa despesa
psíquica (Freud, 1923/2001b).

◦ FULGENCIO, Leopoldo. The objective of psychoanalytical treatment for Freud and for Winnicott. Estilos da Clinica, v. 23,
n. 2, p. 344-361, 2018.
Planejamento em POA
◦ Planejamento é necessário  Para que a gente pense nas formas de atingir os objetivos evitando a
vagueidade e aleatoriedade.
◦ Capacidade diagnóstica  fator do processo psicoterápico
◦ Encontra-se muita literatura sobre outras abordagens psicoterápicas  incentivo para nossos estudos e
nossa busca pela qualificação constante do instrumento psicoterapêutico que utilizamos (A POA).
◦ Alcances e limitações  bons resultados (corretamente indicada e trabalhada).
◦ Bom aproveitamento da técnica  Planejamento se faz essencial!
◦ Como eu costumo falar (e Zimmerman de certa forma endossa isso): O empreendimento (do estudo,
pesquisa, ensino e prática) psicanalítico é pra vida toda!
Planejamento em POA
◦ Riscos de uma Psicoterapia sem fim  Desconhecimento dos problemas principais e conflitos básicos
(um cego conduzindo outro)
◦ Planejamento  diagnóstico, objetivos e manejo (elementos em contínua interação;
◦ Terapeuta vai executar tais elementos no estabelecimento e cumprimento do planejamento
terapêutico.
◦ É um esboço de linhas de trabalho a seguir!
◦ (alguma) Noção prognóstica é importante;
Ilustração clínica - 1
◦ Adulto jovem;
◦ Início de carreira;
◦ Conteúdo trazido na demanda: Muita dificuldade de relacionamento, sentimento constante de estar errado que
o impedia de utilizar seus conhecimentos; Desistia rápido dos relacionamentos com mulheres diante de
contrariedades;
◦ Precisava estar sempre com a razão e embora lhe parecesse “absurdo”, se sentia ofendido e desvalorizado se
não fosse assim  preferia o isolamento (mesmo com sofrimento);
◦ Buscou ajuda principalmente pela questão do isolamento mas não tinha certeza se poderia ser ajudado.
◦ Foi detectado um padrão de funcionamento coerente com a história de vida relatada;
◦ Padrão persistente, não de todo egodistônico (sentimento de inadequação a si)  foi sendo esboçado na
mente do terapeuta;
Ilustração clínica - 1
◦ O paciente tinha uma viagem de intercâmbio dali a três meses;
◦ Havia se empenhado para isso (classificado entre os primeiros lugares)  mas achava que não seria
possível ir  mesmo sabendo que iria (havia recebido a bolsa);
◦ Diagnóstico foi estabelecido mas o plano precisou incluir a viagem, o seu significado e a relação com o
quadro geral.
◦ Incluiu-se aí o exame de sua atual dificuldade em levar adiante o programa  se dar conta de sua
conduta (padrão)  motivá-lo a seguir o tratamento futuramente.
◦ Se não houvesse planejamento, o que aconteceria?
◦ Haveria a confirmação para o paciente da impossibilidade de ser ajudado  isolamento
Planejamento em POA
◦ Dupla Responsabilidade  ao atender um paciente que nos procura por estar sofrendo e para indicar o
tratamento mais efetivo.
◦ Uma psicoterapia não aborda apenas os problemas de uma pessoa , mas também sua dificuldade de
resolvê-los.
◦ O que os sintomas significam para aquela pessoa?
◦ A POA e a Psicanálise  métodos de atribuição de significado que procuram ampliar a mente com a
criação de modelo mentais que permitam pensar melhor determinada situação.
O caso de Rui, 21 anos
◦ A questão dos múltiplos diagnósticos (adequados ou não?);
◦ Ganho secundário;
◦ Padrões de dificuldades foram detectados...
◦ Compulsão à repetição - o paciente não se lembra de nada do que ele esqueceu e reprimiu, mas ele o atua. Ele o reproduz
não como memória, mas como uma ação; ele repete, sem saber, é claro, que está repetindo (Freud, SE, v. 12, p. 150).
◦ Diante do cenário que nos é apresentado: Haveria possibilidade de planejar uma POA com chances de bons resultados
pra ele? Por que POA?
◦ Os resultados da psicoterapia dependem do paciente, do terapeuta e da técnica, nesta incluída a RELAÇÃO entre
terapeuta e paciente.
◦ Independentemente da acurácia dos diagnósticos  algo não foi atendido em sua busca;
◦ Por que POA? Padrão repetitivo de sua conduta e evidência de conflito inconsciente na raiz desta.
O caso de Rui, 21 anos
◦ Importância de seu conflito ics com o pai e com a posição infantil que se faz tão evidente;
◦ Motivação  não favorece encaminhamento para Psicanálise;
◦ Em uma POA seria possível levar em consideração esses aspectos  busca repetida por atendimento, padrão repetitivo
de abandono e insatisfação, pouca motivação);
◦ Estabelecer um foco  O que é central do conflito que pode ser o ponto de convergência das atenções do terapeuta.
(foco  Conflito atual)
◦ Estabelecimento desse foco é o passo inicial do planejamento  associado a exploração das defesas e ansiedades que
previnem o paciente dessa percepção;
◦ O Estabelecimento de um foco deve encontrar concordância no paciente para que seja efetivo;
◦ A concordância pode surgir desde o início do tratamento, após um período de discordância ou não mostre sinais dela
durante todo o tratamento.
O caso de Rui, 21 anos
◦ Reflexão sobre o que são bons resultados em POA (com que objetivos se trabalha);
◦ O aproveitamento de um paciente deveria ser formulado em termos da “resolução” de seus conflitos,
objetivo de todas as formas de psicoterapia (...)  respostas inadequadas x adequadas
◦ Máximo benefício terapêutico (POA) x Máximo conhecimento de si mesmo (Psicanálise)
◦ POA  alcances, limitações e Riscos  O planejamento deve levar isso em consideração.
◦ Planejamento deve estar próximo, alinhado às necessidades do paciente.
◦ Flexibilidade de reavaliar a hipótese diagnóstica inicial  alterar o planejamento inicial.
◦ É um processo dinâmico e deve ocorrer ao longo da psicoterapia;
Planejamento: Como?
◦ Modelo psicodinâmico implica num modelo de conflito psíquico;
◦ Impulsos, necessidades e desejos; ansiedades associadas a eles; mecanismos de defesa (ics) que geram
sintomas (defensivos e expressivos).
◦ (a doença mental deriva de conflitos intrapsíquicos relacionados a experiências infantis e que foram
resolvidos de modo inadequado; fator desencadeante  métodos para manter o equilíbrio (traços de
caráter – padrão de defesa) falham e os sintomas aparecem)
◦ Os sintomas revelam importantes elementos dos conflitos e dos meios pelos quais o ego tenta lidar com
eles e se manifestam nas relações atuais da vida do paciente e na sua relação com o terapeuta, com
repetições de relações do passado.
◦ Foco  ponto de urgência  tema principal em torno do qual convergem as interpretações do terapeuta;
Planejamento: Como?
◦ Avaliar as forças em ação na determinação e manutenção do problema do paciente para estudar de que
forma e utilizando que recursos (interpretações transferenciais e extratransferenciais, confrontações,
intervenções mais diretas ou questionamentos etc.) trabalhar com ele. (Táticas  conjunto de medidas
para executar o plano estratégico);
◦ Interpretações  momento oportuno (para evitar mais manobras defensivas);
◦ Tom utilizado na formulação da interpretação  se utilizar de humor ou não? (por exemplo); termos 
coerentes com o repertório do paciente.
◦ O que deve ser atingido para que possamos considerar a alta? (planejamento deve conter)
◦ Motivação para seguir buscando seus processos mentais  considerado um bom resultado.
◦ Precisamos aprender com os nosso pacientes para poder ajudá-los.
O paciente nos procura…
◦ “para que o ajudemos na vida dele, e não para
que organizemos a sua vida de acordo com
nossas concepções”.
◦ “Neutralidade possível”  foco nas
necessidades e valores do paciente.
◦ Meta  ajudar o paciente a responsabilizar-se
pelo que é seu, por meio do insight.
◦ Alta? “Como se o mundo vai continuar cheio
de problemas?”

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