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ASSOCIAÇÃO DE ENSINO E CULTURA PIO DÉCIMO

CURSO DE GRADUAÇÃO EM PSICOLOGIA

SABRINA SILVA SABINO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO EM PSICOLOGIA II: Ênfase em escolar

ARACAJU-SE
2023
SABRINA SILVA SABINO

RELATÓRIO DE ESTÁGIO BÁSICO EM PSICOLOGIA II: Ênfase em escolar

Trabalho apresentado ao curso de psicologia sob orientação da


Professora Me. Aline Andrade Rabelo. Como um dos pré-
requisitos para conclusão da disciplina Estágio Básico em
Psicologia II

ARACAJU-SE
2023
SUMÁRIO

1 INRODUÇÃO....................................................................................................................3

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO............................................................................................4

2.1 História da Psicologia Escolar e Educacional.................................................................4

2.2 A relação entre Psicologia e Educação no Brasil: uma breve história.........................5

2.3 A trajetória da psicologia escolar no Brasil....................................................................7

2.4 Inclusão Escolar No Brasil..............................................................................................11

2.5 Medicalização E Patologização Da Educação...............................................................14

2.6 Psicologia Escolar e Análise Institucional.....................................................................15

3 ANÁLISE SITUACIONAL............................................................................................16

4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.............................................18

5 ANÁLISE CRÍTICA DO ESTÁGIO.............................................................................24

6 CONCLUSÃO..................................................................................................................26

REFERÊNCIAS......................................................................................................................28

APÊNDICE..............................................................................................................................30
3

1 INRODUÇÃO
O estágio básico II em psicologia escolar consiste em proporcionar aos estudantes a
oportunidade de experimentar e compreender as atividades do psicólogo escolar, na prática,
bem como elaborar um plano de intervenção, proporcionando ao estagiário uma experiência
de atuação. Neste relatório, consta as observações do estágio supervisionado da discente
Sabrina Silva Sabino, de matrícula (201910925), sob a orientação da professora M.a Aline
Andrade Rabelo CRP -19/709, e da Psicóloga da Instituição Escolar Gleyde Selma Schapke
CRP -19/ 02505.

As experiências de estágio ocorreram no Centro Educacional Professor José Sebastião


dos Santos – CEPJSS, nos meses de março, abril e maio. A duração total do estágio foi de 140
horas, 60 horas na escola, onde foi realizado o estágio com carga horária de 10 horas
semanais, das 7:00h às 12:00h, nas segundas-feiras e quintas-feiras, e 80 horas de aulas aos
sábados, das 08:00h às 11:30h, na Faculdade Pio Décimo.

O estágio de básico II, em psicologia escolar, teve como objetivo proporcionar a


integração da teoria e da prática psicológica no âmbito educacional, proporcionando aos
estudantes experiências que até então só eram contempladas no campo teórico da psicologia
escolar, com foco na perspectiva da psicologia social, psicologia Sócio-Histórica e psicologia
institucional. As atividades foram desenvolvidas em aulas de supervisão de estágio, que
ocorreram todos os sábados, com discussões teóricas, mediante artigos científicos sobre a
psicologia escolar, e o compartilhamento das experiências vividas em campo.

As observações na escola eram registradas em agendas para auxiliar os diários de


campo, que, por sua vez, deveriam ser elaborados todas as semanas e enviados para o e-mail
da professora responsável pela supervisão do estágio. Ao longo do estágio, foi elaborado um
plano de intervenção sobre o bullying nas escolas, aplicado nas salas de aula do ensino
fundamental, 5.º ano A, 5.º ano B, 6.º ano A e 6.º ano B, com crianças entre 10 e 13 anos. O
motivo pelo qual abordamos o bullying na sala de aula é porque sabemos que a ausência de
intervenções sobre bullying no ambiente escolar pode acarretar consequências negativas
tanto para os alunos como para a escola e a comunidade em geral. Consequências, estas,
relacionadas a prejuízos na saúde mental e desempenho escolar dos educandos. Além de
prejuízos para a segurança escolar e para a comunidade.
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Diante disso, o projeto de intervenção sobre bullying na escola teve como objetivo
criar um ambiente escolar mais seguro e saudável, no qual os alunos se sintam respeitados e
protegidos contra o bullying. Promovendo uma cultura de respeito e convivência saudável
entre os alunos, com ações efetivas de prevenção e combate ao bullying e apoio às vítimas.
O relatório final de estágio básico II, em psicologia escolar, é indispensável para o
processo de formação do aluno. Nele estão descritas as atividades realizadas durante o estágio
e as reflexões críticas sobre as experiências vividas. Além disso, é um registo do aprendizado,
permitindo que o estagiário documente e reflita sobre o que aprendeu durante o estágio.
Ele contém dados sobre as atividades realizadas, os desafios enfrentados, as estratégias
utilizadas para superar esses obstáculos e as lições aprendidas. Ele também é usado pelos
supervisores para avaliar o desempenho do estagiário e a capacidade do estagiário de aplicar
conceitos teóricos, na prática. O relatório final, também pode ser útil para a Psicologia
Escolar, oferecendo uma perspectiva valiosa sobre as práticas e políticas da escola. Por fim,
ele pode auxiliar a identificar áreas nas quais a escola precisa melhorar e fornecer sugestões
para intervenções futuras.

2 REFERÊNCIAL TEÓRICO
2.1 História da Psicologia Escolar e Educacional

História, responsabilidades e perspectivas da Psicologia Escolar e Educacional


implicam discutir três pontos fundamentais de sua posição como campo de estudo conectado a
uma área de atuação prática na sociedade. A Psicologia Educacional é um dos principais focos
da relação entre a Psicologia e a Educação, um dos pilares científicos da educação e da prática
pedagógica. Já a segunda área é a Psicologia Escolar, sendo uma área de atuação profissional
que se concentra no processo de escolarização e tem como foco a escola e as relações que
surgem nesse espaço (ANTUNES, 2008, p. 469).

Como aponta Antunes (2008), a Psicologia Escolar e Educacional tem raízes em


épocas anteriores, como a Grécia Antiga, que apresentou teorias do conhecimento, ideias
psicológicas e propostas educacionais sistematizadas. Essas ideias foram estudadas por
pensadores como Protágoras, Pitágoras, Sócrates, Platão e Aristóteles, dentre outros. Na Idade
média, a filosofia, a teologia, a educação, a pedagogia e as ideias psicológicas estavam
intimamente interligadas. A modernidade tornou essa relação mais complexa, o que permitiu
estudos amplos até hoje.
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2.2 A relação entre Psicologia e Educação no Brasil: uma breve história.

Segundo Antunes (2008), é possível identificar a existência da Psicologia Escolar e


Educacional na história do Brasil desde o período colonial, uma vez que as preocupações com
a educação e a pedagogia já incluíam reflexões sobre o fenômeno psicológico. Nos seus
estudos realizados nos anos 1986 e 1990, Massimi (2008, p. 71), analisou obras produzidas
durante o período colonial em diversas áreas, como filosofia, moral, educação e medicina, e
identificou a presença de temas relacionados à vida psíquica, como aprendizagem,
desenvolvimento, função da família, motivação, papel dos jogos, controle e manipulação do
comportamento, formação da personalidade e educação dos indígenas e da mulher.
Posteriormente, esses temas se tornaram objetos de estudo ou campos de atuação da
psicologia.

Antunes (2008) ressalta que, apesar de a maioria dos escritos do período colonial
refletir os interesses metropolitanos e as desigualdades da dominação colonial, algumas obras
apresentavam contradições e defendiam posições contrárias aos ideais da metrópole, como a
defesa da educação feminina. Além disso, muitas dessas obras tratavam de temas que seriam
próprios da psicologia e tratavam-nos, originalmente, antecipando formulações que seriam
incorporadas pela psicologia no século XX.

Durante o século XIX, houve uma grande produção de ideias psicológicas sobre
educação em diversas áreas do conhecimento, embora de forma mais institucionalizada. No
campo da pedagogia, as escolas normais, criadas a partir da década de 1830, se tornaram
espaços de discussão sobre a criança e seu processo educativo, abordando temas como
aprendizagem, desenvolvimento e ensino. Ao longo do século, a preocupação com a
psicologia educacional tornou-se mais sistemática e frequente, e no final do século houve a
incorporação de conteúdos que mais tarde seriam considerados objetos próprios dessa área,
com interesse particular em temas como aprendizagem, desenvolvimento e inteligência
(ANTUNES, 2008, p. 470).

Antunes (2008) aponta que a reforma Benjamin Constant, que ocorreu em 1890, teve
um grande impacto na educação, ao transformar a disciplina de filosofia em psicologia e
lógica. Isso resultou, posteriormente, no desenvolvimento das disciplinas de pedagogia e
psicologia para o ensino normal. Apesar do ideário escolarnovista ter sido apenas uma
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introdução superficial e sem um sistema definido naquela época, teve um papel relevante
como fundamento científico da pedagogia, sendo que esse ideário se tornou dominante no
pensamento pedagógico nos anos seguintes.

Nos últimos anos do século XIX e nos primeiros anos do século XX, houve grandes
mudanças na sociedade brasileira. Os ideais liberais fortaleceram-se, o desejo de ser moderno
se intensificou e houve uma luta contra a hegemonia do modelo agrícola-exportador, para
acelerar o processo de industrialização. Esses pensamentos traziam com eles um novo projeto
de sociedade, que requeria uma mudança radical tanto da estrutura quanto da superestrutura
social. Para chegar a esse objetivo, seria necessário criar um tipo de ser humano, e caberia à
educação assumir a responsabilidade por essa formação (ANTUNES, 2008, p. 471).

Nesse período, o debate sobre educação ganhou relevância no Brasil, com a defesa da
educação para a grande maioria da população e uma maior sistematização das ideias
pedagógicas, com uma maior influência dos princípios da Escola Nova. As escolas normais
passaram a ser o principal centro de difusão dessas novas ideias, baseadas nos princípios
escolanovistas, para formar os novos professores. As escolas normais passaram a produzir
obras e a se preocupar com a produção de conhecimento, através dos então inaugurados
laboratórios de psicologia. Esses fatores foram os fundamentos para as reformas estaduais de
ensino promovidas nos anos 1920, e foram ainda mais acentuados por essas reformas
(ANTUNES, 2008, p. 471).

Ainda nesse contexto, Antunes (2008) afirma que a psicologia se tornou,


gradualmente, uma área específica de estudo no Brasil, deixando de ser produzida como parte
de outras áreas do saber. A psicologia foi reconhecida como uma ciência independente, o que
permitiu a disseminação dos conhecimentos produzidos na Europa e nos Estados Unidos.
Contudo, o autor deixa claro que existe uma ligação interdependente entre psicologia e
educação, sobretudo através da pedagogia, que envolve a articulação entre os saberes teóricos
e a prática pedagógica.

Pode-se afirmar que o processo pelo qual a psicologia conquistou sua


autonomia como área de saber e o incremento do debate educacional e
pedagógico nas primeiras décadas do século XX estão intimamente
relacionados, de tal maneira que é possível afirmar que psicologia e
educação são, historicamente, no Brasil, mutuamente constituintes uma da
outra (ANTUNES, 2008, p. 471).
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Antunes (2008), finaliza dizendo que nesse momento, foi possível consolidar a ligação entre
psicologia e educação, fornecendo as bases para a penetração e consolidação daquilo que já
estava sendo desenvolvido nos Estados Unidos e Europa sob a denominação de psicologia
educacional.

2.3 A trajetória da psicologia escolar no Brasil

No século XIX, a psicologia escolar teve um de seus primeiros movimentos nos


Estados Unidos, com as contribuições de Stanley Hall. Ele publicou um artigo em 1882
intitulado "O conteúdo da mente das crianças quando ingressam na escola" e foi um dos
fundadores de clínicas e revistas dedicadas à divulgação de pesquisas relacionadas
principalmente às áreas da psicométrica e da psicologia experimental, Pfromm Netto (2001,
apud ARAÚJO e BARBOSA, 2010, p. 394).

Já na Europa, de acordo com Gomes (2004, p. 63), a psicologia escolar desenvolvida


na França se destacou, com ênfase na intervenção psicológica para alunos com necessidades
escolares especiais e nos trabalhos de Alfred Binet. Binet tinha como um dos objetivos
principais o desenvolvimento de instrumentos psicométricos capazes de avaliar a inteligência
humana.

Tanto a psicologia escolar norte-americana quanto a francesa se estabeleceram como


as principais fontes de influência na área em todo o mundo, incluindo o Brasil. Sobre isso,
Campos e Jucá (2006, apud ARAÚJO e BARBOSA, 2010, p. 394) afirma que no Brasil, a
psicologia escolar se caracterizou menos como uma ciência experimental voltada para a
pesquisa básica e produção de conhecimento, e mais como um campo de aplicação na
medicina e na educação. O foco estava na realização de trabalho técnico e na implementação
das teorias desenvolvidas em países como os Estados Unidos e Europa.

Segundo Cruces (2006), no período de 1889 a 1930, conhecido como República


Velha, houve uma grande utilização de instrumentos psicológicos para medir e classificar
indivíduos em instituições médicas e educacionais no Brasil. Isso demonstra a influência da
psicologia norte-americana, principalmente em relação ao trabalho dos psicólogos junto às
instituições escolares. (apud ARAÚJO e BARBOSA, 2010, p. 394).

De acordo com Pfromm Netto (2001), no início da psicologia escolar no Brasil, foi
evidenciado o caráter clínico e terapêutico das intervenções realizadas. Um exemplo disso é o
livro de Franco, intitulado "Noções de pedagogia experimental", publicado em 1915. Além de
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trazer reflexões sobre as capacidades mentais elementares, o livro apresentava definições de


retardatários escolares e comentários sobre a educação especial de deficientes visuais e
auditivos, em linha com os estudos de Binet (apud ARAÚJO e BARBOSA, 2010, p. 394).

Também no início do século XX, Clemente Quaglio conduziu uma pesquisa sobre
deficiência mental em escolares, utilizando um instrumento de medição da inteligência
desenvolvido por Binet e Simon. Laboratórios de psicologia em todo o país realizaram
diversas pesquisas, com foco na medição do desenvolvimento mental, aprendizagem e
maturidade para leitura e escrita por meio de testes, Gomes (2004, apud ARAÚJO e
BARBOSA, 2010, p. 394).

Araújo e Barbosa (2010, p. 394) aponta que a Seção de Higiene Mental Escolar, que
estava subordinada ao Departamento de Educação do Estado de São Paulo, realizou outros
trabalhos relacionados à psicologia escolar, contemplando o ensino de deficientes mentais e a
assistência às "crianças-problema", mantendo o interesse por temas relacionados às
dificuldades de aprendizagem. Ainda de acordo com Araújo e Barbosa (2010, p. 394)
enquanto houve uma prevalência da abordagem clínica e classificatória no manejo dos
problemas de aprendizagem, também foram consideradas outras perspectivas que buscavam
entender como intuitivas entre o indivíduo e seu ambiente social.

Assim, durante a primeira metade do século XX, a abordagem predominante na


psicologia escolar era caracterizada pela ênfase em estratégias remediativas para lidar com
questões de desenvolvimento e aprendizagem. (ARAÚJO E BARBOSA, 2010, p. 395)

Ainda na perspectiva da história da psicologia escolar no brasil, de acordo com Lima


(2005), para compreender o papel dos psicólogos na educação atual e considerar outras
formas de atuação além das que são comumente utilizadas, é necessário olhar para a história
da psicologia como uma ciência e como ela respondeu ao chamado da educação ao longo do
tempo.

Para sermos capazes de implementar práticas educacionais conscientes e equitativas,


que considerem as desigualdades sociais e seus efeitos na escolarização das crianças e jovens,
é necessário ter um entendimento profundo de nossa posição no mundo, levando em conta
nosso contexto histórico e social. (LIMA, 2005).

Lima (2005), dividiu o texto em quatro modelos, baseados em posturas de atendimento


psicológico nos contextos educacionais escolares. São eles: o modelo psicométrico; o modelo
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clínico; o modelo preventivo; e por último, o modelo compensatório. Mas, ele alerta que não
devemos usá-los como se fossem sendo substituídos um pelo outra. Coll (2000, apud LIMA,
2005, p. 18) afirma que ainda atualmente, há resquícios desses modelos presentes no trabalho
de psicólogos e pedagogos responsáveis por desenvolver políticas educacionais.

O modelo psicométrico tem início a partir dos estudos de Wilhelm Wundt, quando a
psicologia se torna uma disciplina científica em 1879. Wundt, médico e fisiologista, tinha um
interesse particular em estudar a relação entre a mente e o corpo e desenvolver pesquisas
sobre os processos mentais que compõem a consciência. Yazlle (1990, apud LIMA, 2005)

Wundt foi precedido por Galton, (1869) com a criação de instrumentos de medida de
inteligência e personalidade, usados para sustentar a ideia de que algumas pessoas eram
naturalmente mais capazes do que outras, o que justificava a diferença entre as classes sociais.
Essa abordagem desconsiderava fatores socioeconômicos e políticos, e atribuía a desigualdade
social a supostas diferenças naturais entre as pessoas.

Binet desenvolveu a primeira escala métrica de inteligência infantil na França em


1905, e sua introdução no laboratório de pedagogia experimental foi um marco fundamental
na formação do primeiro método em psicologia escolar, que ainda é usado hoje em dia: a
psicometria. (LIMA, 2005).

Como pontua Patto (1984, apud LIMA, 2005) O propósito da escala métrica de
inteligência criada por Binet era criar ferramentas que permitissem selecionar, adaptar,
orientar e classificar crianças que precisassem de educação escolar especial, tanto como
consideradas normais quanto que apresentassem algum tipo de anormalidade ou deficiência.

Ainda de acordo com Patto (1984, apud LIMA, 2005) no Brasil, a primeira função
desempenhada pelos psicólogos junto aos sistemas de ensino foi a medição de habilidades e a
classificação de crianças em relação à sua capacidade de aprendizado e progresso nos
diferentes níveis escolares.

No que se refere ao modelo clínico, no início do século XX, houve um rápido


crescimento nas produções da Psicologia e os estudos de Sigmund Freud sobre a psicanálise
trouxeram uma mudança na visão sobre a origem das diferenças individuais. Através do
desenvolvimento de uma teoria que teve a influência do indivíduo na relação com sua família
como determinante da personalidade, questionou-se a visão predominante do inatismo,
mostrando como a formação da personalidade ocorre ao longo do processo de
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desenvolvimento e como isso influencia a maneira como o indivíduo se relaciona com o


mundo (LIMA, 2005, p.19)

Lima (2005) também afirma que no Brasil, a psicanálise foi orientada por médicos,
que foram os pioneiros na produção de conhecimentos psicológicos no país. Nas faculdades
do Rio de Janeiro e da Bahia, foi adotado um modelo clínico de psicologia escolar, inspirado
na medicina, com o propósito de realizar psicodiagnósticos e tratamentos em crianças que
apresentavam dificuldades de aprendizagem.

Por fim, Lima (2005) fala sobre relevância em destacar que, mesmo com a adoção da
teoria psicanalítica como base teórica para compreender os problemas de aprendizagem, ainda
se preserva o uso de critérios de normalidade para classificar crianças. O que se tornou
diferente é que as crianças previamente rotuladas como anormais passaram a ser denominadas
como "crianças problema".

Já o modelo preventivo, segundo Lima (2005), com a introdução da psicanálise, e com


ela as explicações que associavam os problemas de aprendizagem às influências ambientais,
especialmente aos desajustes familiares. Ocorreu um processo de biologização do
comportamento, que tendia a patologizar esses problemas. Essas mudanças criaram um
ambiente propício para o desenvolvimento da prática psicológica de psicoterapia e orientação
familiar como abordagens para lidar com os problemas de aprendizagem e a estigmatização
de rótulos.

Segundo Yazlle (1997), essa situação ocorreu em um contexto socioideológico que se


caracterizou pelo período Pós-Primeira Guerra Mundial, no qual a sociedade brasileira, antes
predominantemente rural e aristocrática, estava passando por um processo de industrialização
como parte de um projeto de modernização social. A maioria da população não tinha acesso à
educação formal e, consequentemente, não possuía a qualificação necessária para o mercado
de trabalho em desenvolvimento (apud LIMA, 2005, p. 20).

Lima (2005) evidencia que na década de 1920 e 1930, surgiu o Movimento de Higiene
Mental, que tinha como objetivo prevenir desajustamentos infantis por meio de orientação,
assistência, pesquisa e ensino de técnicos especializados. Esse movimento acreditava que os
profissionais de Psicologia deveriam antecipar-se aos problemas e cuidar do bem-estar social
e individual da nação. Era considerado essencial qualificar as crianças para atender ao ideal de
industrialização do Estado Novo.
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Há muitas instituições de ensino no Brasil, que de acordo com Lima (2005), ainda
usam práticas psicoeducacionais ao qual têm sido alvo de críticas por diversos autores, de
forma direta ou indireta. Essas práticas podem ser observadas nos Serviços de Orientação
Educacional e Psicologia Escolar, por meio de atendimentos individuais aos alunos em
relação a questões do cotidiano escolar, encaminhamentos de crianças com problemas de
aprendizagem para psicopedagogos, entre outros exemplos.

Para finalizar, Patto (1984) afirma que existem exemplos de práticas que mostram uma
abordagem clínica no ambiente escolar, com uma perspectiva adaptacionista, na qual o
problema é atribuído ao aluno ou, em casos mais sutis, o foco é deslocado para o professor.
Essa abordagem é uma herança da psicologia praticada no início do século XX, quando a
escola, seus métodos e objetivos não eram questionados como variáveis que poderiam
contribuir para problemas de aprendizagem e ajustamento dos alunos (apud LIMA, 2005, p.
20).

Concernente ao modelo compensatório, Souza (1997), aponta que no Brasil, a partir da


década de 1970, foram inspiradas as ideias vindas dos Estados Unidos, que compuseram a
Teoria da Carência Cultural. Essa teoria surgiu como resposta à necessidade de lidar com a
tensão causada pelos movimentos de reivindicação das minorias raciais. Ela consistia em uma
série de estudos que buscavam explicar a diferença de desempenho escolar observada entre
crianças de diferentes níveis socioeconômicos (apud LIMA, 2005, p. 20).

Conforme esse conjunto de ideias, Lima (2005), pontua que a Teoria da Carência
Cultural argumenta que crianças de baixa renda não possuem as mesmas habilidades de
aprendizado que as de classes sociais mais privilegiadas. Portanto, acreditou-se que elas
precisam de recursos educacionais diferenciados dos oferecidos a outros grupos. Essas
crianças são expostas a ambientes que resultam em deficiências nutricionais, perceptivo-
motoras, cognitivas, emocionais e de linguagem. Além disso, a desestruturação familiar em
que vivem não é capaz de fornecer uma base sólida para o desenvolvimento saudável da
criança.

Mas, ao levar em conta as diferenças culturais, a psicologia experimentou uma


tentativa de considerar os aspectos sociais dos "problemas de aprendizagem". No entanto,
havia ainda uma falta de consideração das dimensões ideológicas presentes na teoria
predominante na época, o que resultou na falta de mudanças significativas na postura da
Psicologia escolar (LIMA, 2005, p. 21).
12

2.4 Inclusão Escolar No Brasil

De acordo com Gomes e Souza (2011), a educação brasileira começou a se engajar nas
discussões sobre inclusão escolar a partir de 1990. Esse período coincidiu com a realização da
Conferência Mundial sobre Educação para Todos e estabeleceu prioridades para a educação
nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil.

Ainda segundo Gomes e Souza (2011), em 1993, o Plano Decenal da Educação para
Todos estabeleceu diretrizes e metas a serem alcançadas. Dessa forma, o governo brasileiro
tomou diversas iniciativas, como a descentralização da administração de verbas, a criação de
um currículo básico nacional, o desenvolvimento da educação à distância e a implementação
de uma avaliação nacional das escolas. Essas ações tinham como objetivo alinhar a educação
brasileira às tendências globais de assegurar acesso e qualidade na educação para todos.

No entanto, alguns alinhamentos internacionais ganharam destaque ao abordar


especificamente a proposta de inclusão escolar de alunos com necessidades especiais. Um
desses significados é a Declaração de Salamanca, que enfatiza a relevância de uma sociedade
inclusiva como um processo indispensável para a manutenção de um Estado Democrático.
Dessa forma, o Brasil visa compartilhar esse princípio ao implementar ações educacionais
inclusivas, as quais se refletem nas Novas Leis de Diretrizes e Bases da Educação (GOMES E
SOUZA, 2011, p. 186).

Gomes e Souza (2011) pontua que, no âmbito nacional, houve uma discussão sobre a
proposta de educação inclusiva após a aprovação, em 1993, e a promulgação, em 1996, da
Nova Lei de Diretrizes e Bases da Educação. O Artigo 3o (incisos I, II e IV) da Nova Lei de
Diretrizes e Bases da Educação deixa claro que os princípios fundamentais da Educação
devem ser baseados na igualdade de condições de acesso e permanência, no respeito à
liberdade e na garantia da tolerância. Essas premissas são fundamentais para assegurar uma
educação inclusiva e justa, que promova a participação de todos os estudantes, respeitando
suas diferenças individuais.

Essa compreensão é afirmada por meio da legislação, mais especificamente pelo


Decreto n.º 6.571, promulgado em 17 de setembro de 2008. Esse decreto representa um
avanço nas discussões sobre inclusão escolar ao estabelecer regulamentações relacionadas à
oferta de atendimentos especializados para estudantes em processo de inclusão devido a
13

deficiências, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação


(GOMES E SOUZA, 2011, p. 186).

Segundo Gomes e Souza (2011), um dos objetivos pela nova regulamentação nacional
é assegurar condições de acesso, permanência e participação dos alunos com necessidades
educacionais especiais no ensino regular. Isso é alcançado por meio da transversalidade das
ações da educação especial, ou seja, integrando e articulando os serviços e recursos
educacionais necessários para a inclusão desses alunos.

No entanto, ainda de acordo com Gomes e Souza (2011), existem diversos obstáculos
que dificultam a inclusão de alunos com necessidades especiais nas escolas. Estudos
internacionais mostraram que, dentre vários aspectos analisados, há um consenso em relação a
alguns deles, como a falta de capacitação profissional adequada, a falta de recursos e
materiais adequados, as barreiras arquitetônicas e físicas, além das barreiras atitudinais que
permeiam as práticas pedagógicas em relação à inclusão.

Sendo assim, Neto (2000 apud GOMES E SOUZA, 2011, p. 189), indica que os
professores e outros profissionais da educação enfrentam desafios na construção de novas
representações do aluno com necessidades especiais e expressam sentimentos ambíguos em
relação ao processo de inclusão. E ainda, de acordo com a pesquisa realizada por Tessaro
(2004), os resultados sugerem que os professores não apenas possuem uma compreensão
insatisfatória da inclusão, o que dificulta a formação de novas representações, mas também
demonstram atitudes e sentimentos negativos em relação aos alunos com necessidades
especiais (apud GOMES E SOUZA, 2011, p. 189) Portanto, o processo de inclusão escolar
demanda compreensão dos indivíduos e na estrutura da escola, levantando questionamentos
sobre os controles sutis de exclusão aos quais os alunos parecem ser destinados diariamente
(GOMES E SOUZA, 2011, p.189)

Mesmo com todos os obstáculos e dificuldades para a inclusão dessa população,


Gomes e Souza (2011, p. 186), adverte que “não podemos desconsiderar que os amparos
legais vêm possibilitando gradativamente a inclusão de alunos com necessidades especiais no
ensino regular”. Contudo, de acordo com Costa (2014), a conquista de direitos não é
suficiente por si só, uma vez que o direito não regula completamente o âmbito social. Embora
o direito possa estabelecer normas e regras de conduta, não pode determinar a natureza
intrínseca das relações sociais. Nesse contexto, o que realmente importa é a ética. Ou seja,
14

enquanto o direito oferece um arcabouço jurídico para orientar comportamentos e garantir


direitos, a ética abrange princípios morais e valores que influenciam os humanas.

2.5 Medicalização E Patologização Da Educação

Segundo Garrido e Moysés (2011), medicalizar implica em abordar questões sociais


em termos médicos e atribuir sua origem à biologia. Além disso, implica na crença de que a
intervenção médica tem o poder de controlar a vida e a morte (apud SCARIN E SOUZA,
2020, p.2).

Temos também em Guarido (2011) que Medicalizar um fenômeno teve,


tradicionalmente, o sentido geral de reduzir os problemas sóciopolíticos a
questões individuais. Além disso, se o objeto da Medicina foi, até certo
momento histórico, quase que exclusivamente a investigação sobre as
doenças, suas causas e suas terapêuticas, medicalizar um fenômeno ou
acontecimento, teve por consequência patologizá-lo. (apud, SCARIN E
SOUZA, 2020, p.2).

Souza (2010), ao abordar o uso de medicamentos na educação, sugere que o aumento


na prescrição de Metilfenidato reflete uma necessidade de reflexão e revisão das escolas sobre
suas relações de ensino e aprendizagem. A pesquisadora argumenta que é essencial questionar
que tipo de escola estamos oferecendo às crianças e adolescentes. Ela salienta que a análise
das dificuldades na escolarização não deve se restringir à necessidade de medicamentos, mas
sim à compreensão das diversas condições nas quais alguns comportamentos ocorreram,
sobretudo diante dos desafios enfrentados pelo sistema educacional no Brasil (apud SCARIN
E SOUZA, 2020, p.2)

Scarin e Souza (2020) afirmam que uma das principais dificuldades é compreender o
fenômeno chamado dificuldade de aprendizagem. Esse termo é usado há muito tempo,
possivelmente com diferentes denominações. Por tanto, a questão é o psicodiagnóstico e o
conceito de sujeito psicológico que sustentamos através dessa abordagem. Qual subjetividade
é considerada? Se considerarmos a ontogênese, quem é o sujeito dessa definição de
dificuldade de aprendizado?

Sousa (2007) conclui que, ao afirmarmos que as dificuldades escolares são causadas
pelo psiquismo (problemas emocionais) ou pela deficiência intelectual (deficiência mental), é
importante salientar que, na maioria das vezes, as crianças não apresentam essas condições, o
15

sistema educacional não tem como participar e/ou contribuir para essas dificuldades. A escola
negligencia sua responsabilidade na produção do fracasso por meio das relações protegidas na
educação, dificultando propor ações que possam mudar as dinâmicas escolares (apud
SCARIN E SOUZA, 2020, p.2)

2.6 Psicologia Escolar e Análise Institucional

Na Análise Institucional, o termo "instituído" refere-se ao conjunto de forças que


operam nas instituições visando à produção e manutenção da permanência. O instituído
representa o status quo, ou seja, aquilo que está estabelecido e até mesmo naturalizado dentro
dessas instituições (LOURAU, 1993; BAREMBLITT, 2002 apud PFEIL E ZAMORA, 2021,
p. 2) Foucault (2002) aponta que “o instituído se constitui a partir de jogos de verdades
sempre articulados a estratégias de saber-poder, que fixam determinadas regras pensadas
como incontestáveis, separando o legítimo do ilegítimo, o normal do anormal, o certo do
errado, etc.”

Segundo Baremblitt (2002), na Análise Institucional, as instituições, como entidades


abstratas, têm a função de regular a vida ao se materializarem em objetos concretos, como as
organizações. São agrupamentos de formas materiais que concretizam as opções protegidas
pelas organizações. No qual, são constituídas por unidades menores, como estabelecimentos,
onde os agentes humanos executam práticas e operam dispositivos técnicos que reproduzem
lógica institucional (apud PFEIL E ZAMORA, 2021, p. 2).

Pfeil e Zamora (2021) aponta que a escola é considerada, sob essa perspectiva, um
estabelecimento, com uma base concreta, incluindo o prédio e os equipamentos usados. A
escola é administrada por professores, gestores e funcionários, que utilizam técnicas e
métodos específicos para operar o estabelecimento. O objetivo desse funcionamento é
reproduzir a lógica das instituições de educação, ou seja, seguir as leis, normas e diretrizes
que determinam como um indivíduo deve ser socializado e instruído para se integrar à
sociedade. Essas leis, normas e pautas orientam o processo educacional e definem os
objetivos e conteúdo dos alunos.

De acordo com Candau (2011), o que está estabelecido em relação à educação escolar
foi elaborado com base na matriz político-social e epistemológica da modernidade, visando
buscar o que é comum, homogêneo e universal. Dentro dessa lógica, um modelo foi
instituído, que não considera os diversos modos de existência, desvalorizados como
16

experiências coletivas e normas fixas e abrangentes. Esse sistema educacional tende a impor
uma visão única e padronizada de educação, deixando pouco espaço para a diversidade e as
particularidades dos alunos (apud PFEIL E ZAMORA, 2021, p. 3).

Foucault (2009) aponta que no decorrer dos séculos XVIII e XIX, as


disciplinas assumem o caráter de fórmulas gerais de dominação, dando
origem às sociedades disciplinares. Sob a justificativa de segurança,
dispositivos disciplinares são acionados, operando uma constante divisão
entre o que é normal e o que é anormal, a qual todo indivíduo é submetido.
Esses são dispositivos que vão se constituir a partir da composição de
técnicas de controle e correção dos considerados anormais, desenvolvidas no
interior de “instituições de sequestro” como escola, fábrica, prisão, hospital
etc. (apud PFEIL E ZAMORA, 2021, p. 3).

Em outras palavras, as instituições usam estratégias e métodos para maximizar o uso


do tempo dos indivíduos, exercendo controle sobre seus corpos. Isso implica em transformar o
corpo em uma força de trabalho e o tempo em tempo dedicado ao trabalho.

3 ANÁLISE SITUACIONAL
O Centro Educacional Professor José Sebastião dos Santos (CEPJSS), é uma escola de
educação infantil, ensino fundamental e médio, localizada na Av. Augusto Franco, Bairro-
Ponto Novo, Aracaju – SE. O público atendido pela instituição, são crianças do ensino
infantil, crianças do ensino fundamental e adolescentes do ensino médio. A escola conta,
também, com uma equipe multiprofissional que inclui, professoras(es), coordenadoras(es),
psicopedagogas (os), uma diretora e uma psicóloga.

A instituição oferece diversos serviços, dentre eles o programa semi-integrado, voltado


para os alunos aprimorar um novo idioma e participar de estudo dirigido focado nas
dificuldades específicas de cada educando. além de incluir o projeto robótica (ciência que
estuda as tecnologias associadas a concepção e construção de robôs) com conteúdo específico
e o acompanhamento próximo de uma equipe qualificada.

Oferece também, serviços esportivos nas seguintes modalidades: futsal, handebol,


natação, judô, luta olímpica, atletismo, voleibol, xadrez, karatê e dança. Ademais, muitos
eventos temáticos são promovidos na instituição, dentre eles: semana da criança, gincana
junina, semana da pátria, ação de programa bilíngue, projetos de desenvolvimento sustentável,
jogos internos, reunião família e escola, dentre outros.
17

Referente a estrutura física da escola, a mesma possui: duas entradas; três andares
onde estão localizadas as salas de aula; uma quadra esportiva; uma cantina; uma área de
recreação exclusiva para as crianças no meio do pátio e uma piscina para aulas de natação. A
sala da psicóloga fica localizada no último andar e conta com um sofá de espera, uma mesa
grande na qual as estagiárias (os) ficam reunidas e uma salinha fechada onde ela faz o
acolhimento dos alunos e suas respectivas demandas.

No que tange a dinâmica da escola, trata-se se uma escola particular de bairro com
uma mensalidade acessível para alunos de classe média, e a escola busca oferecer os
benefícios característicos de uma escola particular.

Dentre as características dos serviços ofertados pela instituição podemos citar: mais
liberdade para criar seu próprio currículo em comparação com as escolas públicas; turmas
menores, permitindo que os professores deem mais atenção individual aos alunos; mais
recursos do que as escolas públicas, incluindo instalações e equipamentos mais modernos e
acesso a tecnologias de ponta; enfoque na qualidade, oferecendo uma educação de alta
qualidade e personalizada; investimento em programas extracurriculares e atividades que
promovem o desenvolvimento acadêmico; além de oferecer um ambiente escolar mais
estruturado e disciplinado, com regras e expectativas mais rígidas em relação ao
comportamento dos alunos.

Mesmo sendo uma escola particular com todas as qualidades elencadas acima, o fato
de ser uma escola de bairro que agrega educandos de classe média, a instituição de ensino está
rodeada de demandas que não são muito diferentes das demandas encontradas em escolas
públicas. Sendo assim, os problemas que atravessam a escola concernentes aos alunos, tem
suas origens nas questões sociais, econômicas, educacionais, familiares e individuais.

Durante todas as observações e vivências de estágio, muitas crianças e adolescentes se


apresentavam na sala da psicóloga com alguma problemática relacionada com as questões
citadas acima, mas o que chamou muita atenção foi os casos de violência referente ao
bullying, tanto violência física quanto violência verbal. Além do mais, foi observado que a
escola não investe em educação sobre bullying, nem para os professores e nem para os alunos,
uma educação que deveria ser contínua e parte integrante do currículo escolar.

Outrossim, não existem eventos e campanhas para sensibilizar a comunidade escolar


sobre o problema do bullying e assim engajá-los na prevenção e combate a essa prática. A
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única intervenção oferecida pela escola não passa de uma conversa da psicóloga com os
agressores e com as vítimas logo após o corrido.

Sabemos que a ausência de intervenções sobre bullying no ambiente escolar pode


acarretar consequências negativas tanto para os alunos como para a escola e a comunidade em
geral. Consequências, estas, relacionadas a prejuízos na saúde mental e desempenho escolar
dos educandos. Além de prejuízos para a segurança escolar e para a comunidade.

Diante disso, o projeto de intervenção sobre bullying na escola terá como objetivo
criar um ambiente escolar mais seguro e saudável, no qual os alunos se sintam respeitados e
protegidos contra o bullying. Para mais, será promovido uma cultura de respeito e
convivência saudável entre os alunos, com ações efetivas de prevenção e combate ao bullying
e apoio às vítimas.

4 DESCRIÇÃO DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

16/03/2023 Reunião de pais na sala da psicóloga


Houve uma reunião de pais, cujo objetivo era discutir os problemas de
desenvolvimento motor e fala de uma criança de 4 anos que estava cursando o ensino infantil.
Logo que os pais chegaram, pareciam tranquilos, a mãe parecia assustada no começo, mas
ficou calma depois. O pai, permaneceu bem tranquilo e atento ao que a psicóloga
perguntava. A psicóloga iniciou uma sequência de perguntas, tais como: a idade deles,
ocupação, se existe algum diagnóstico de autismo entre os familiares, etc. Segundo as
respostas, o pai tem 38 anos, a mãe 37, ambos trabalham e, segundo o pai, um primo 2ª dele
foi recentemente diagnosticado com autismo. A psicóloga prosseguiu com as perguntas e
perguntou a mãe: - Depois de tanto tempo para ter um filho, como foi essa gravidez para
você?" A mãe respondeu: - Tive muita dificuldade, pois entrei em depressão até conseguir
aceitar a gravidez, mas o parto foi tranquilo." A psicóloga e a psicopedagoga, após o
interrogatório, explicaram aos pais que o filho estava atrasado em relação aos pares, e que o
problema na fala era bem visível e um fonoaudiólogo era muito necessário. A psicopedagoga
continuou dando dicas aos pais para que eles pudessem, em casa, reforçar o ensino de maneira
divertida com a criança, de modo a auxiliá-la no desenvolvimento motor e da linguagem. 

23/03/2023 Reunião de pais na sala da psicóloga


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Caso Yasmim. Quando cheguei na sala da psicóloga, ela estava em reunião com uma
mãe. A psicopedagoga estava lá. O caso, era de uma aluna que estava apresentando problemas
de aprendizagem, além de dormir muito durante as aulas. A mãe disse que a filha não se
importa em fazer as tarefas de casa e, quando ela tenta fazer com ela, a garota acaba
deixando-a estressada, pois não quer fazer de jeito nenhum. Por conta disse, a mãe diz que
tem uma moça que a ajuda, auxiliando a criança com as tarefas de casa. A psicóloga
perguntou se a menina usava algum medicamento, mas a mãe afirmou que não. Então, ela leu
um laudo psicológico no qual dizia que a criança tinha um déficit em algumas funções
cognitivas e, provavelmente, poderia ter um autismo leve. Em seguida, a manina é chamada
para a sala e questionada por não querer fazer as tarefas da casa, e dormir durante as
aulas. Nessa posição, a mãe e a criança sentaram-se de frente para a psicóloga, e a
psicopedagoga sentou-se ao lado da psicóloga. A menina parecia assustada, mas solta uma
frase descontextualizada, dizendo: eu gosto do meu cabelo liso, e a psicopedagoga afirma que
o seu cabelo é mais bonito liso. A psicopedagoga faz uma prova com a criança, mas fica claro
que ela não consegue prestar atenção. Enquanto a psicopedagoga falava, a menina ficava com
um olhar vago. Então, a psicopedagoga disse que a menina esqueceu tudo o que havia
aprendido no semestre anterior e, por isso, seria incapaz de fazer aquela prova. Sugeriu que a
garota tivesse TOD por desafiar a mãe. Por fim, a reunião foi encerrada e a garota voltou para
a sala de aula. A psicopedagoga faz um comentário para a psicóloga logo depois, dizendo que
acha melhor a menina deixar a escola e ir para uma instituição pública, pois vai reprovar.

27/03/2023 Reunião de pais na sala da psicóloga


Caso Samuel, (maternal) a psicóloga ler o relatório da criança para a mãe, em resumo
eles tem ótimas funções cognitivas, e acompanha o aprendizado da sala. Porém, o garoto
possui oscilação de humor, chora todos os dias ao entrar na sala. Há dois anos que ele chora
ao ser deixado na sala. Por causa disso, a psicóloga suspeita de ansiedade de separação. A
mãe já tentou colocá-lo para praticar alguma arte marcial, mas ele não se interessa, o garoto é
bastante apegado a ela. A psicóloga questiona a mãe sobre a sua gestação. A mulher afirma
ter tido uma gestação tranquila, mas o parto foi conturbado, a criança foi intubada duas vezes
com insuficiência respiratória. Ela continua dizendo que, com 1 ano, ele foi internado na
urgência com crise de asma e que, também, fez 6 meses de tratamento na pandemia. Ela relata
que, por um tempo, ele teve ataques de convulsão e precisou tomar corticoide. A psicóloga
explica que o menino se comporta assim devido aos problemas que teve que enfrentar depois
do nascimento, pois, por ser um menino mais frágil, a mãe o superprotegeu.
20

30/03/2023 Reunião de pais na sala da psicóloga


Caso Sophia, a amenina tem um bom ritmo de aprendizagem, mas é agressiva e possui
problemas emocionais, inquieta e autoritária. A mãe conta que ela não consegue ouvir um não
e logo se joga no chão e começa a chorar. Além disso, a psicopedagoga relata que a menina
foge da sala de aula para ir à sala da ex professora da série passada. Sendo assim, a psicóloga
pergunta para a mãe como foi a gravidez e o parto dela. Então, a mãe diz que teve problemas
no parto, pois durante a gravidez ela teve muito estresse. Com relação a dinâmica familiar, a
menina passa mais tempo com a mãe, e seu pai é policial. A psicóloga falou sobre a
possibilidade de a menina ter TDAH. Em seguida, a psicóloga questiona a mãe sobre o fato de
a criança ter dito que, uma vez, a mãe havia batido no rosto dela. Mas, a mãe diz que isso
nunca aconteceu e que a menina adora fantasiar coisas que nunca aconteceram. Ela diz que a
menina a estressa, pois vive assim ultimamente, muito estressada com tudo, mas nunca chega
a agredi-la. Por um instante, o clima ficou tenso na sala e a mãe ficou bem constrangida.

10/04/2023 Reunião de alunos (as) na sala da psicóloga


Caso Matheus Vinicius: O garoto foi chamado a sala da psicóloga por problema de
mau comportamento. Ele chega e se senta à frente da psicóloga, que logo começa a fazer
perguntas ao menino sobre sua dinâmica familiar. Ele parece estar entediado, um pouco
tímido e com um olhar muito triste. Sobre sua família, o aluno segue respondendo às
perguntas da psicóloga. Ele tem 11 anos, pais divorciados, mora com o pai e três tias, além da
avó e do avô paterno. O menino passa os finais de semana com a mãe e o padrasto, tem um
meio-irmão. Ele relata que era um bebê quando os pais se separaram, mas diz que se sente
bem com a família em que mora. Ele diz que deseja passar mais tempo com sua mãe. O
garoto faz reforço escolar à tarde, gosta de estudar e tirar boas notas.

13/04/2023 Reunião de alunos (as) na sala da psicóloga


Caso Rebeca, a garota apresenta estar com dificuldades de aprendizagem, a menina
tem diagnostico de autismo leve. Ela foi chamada na sala da psicóloga, para conversa com
mesma e com a psicopedagoga sobre o seu problema. A psicopedagoga começa a ler para ela
seu boletim, e diz que ela possui muitas notas baixas, e que se continuar desta maneira ela vai
reprovar. Então, a garota explica que não consegue entender o conteúdo, nem quando tenta
estudar em casa por vídeo aula, a sua maior dificuldade é em matemática. Com isso, a
psicopedagoga reclama com a menina porque ela não tira suas dúvidas em sala de aula, e
ainda por cima fica o tempo todo no celular ou desenhado e por conta disso, não consegue
prestar atenção na aula. A psicóloga pede para a menina sair um instante e chama seu
21

professor de matemática para saber dos comportamentos da menina em sala de aula. O


professor diz que a menina tem algum transtorno, fala de falta de interesse, diz que chama
atenção da garota porque ela fica muito no celular, e diz também, que ela não tira dúvidas.
Quando o professor sai da sala a menina é chamada de volta, a psicopedagoga começa a
conversa com ela, e diz: olha falamos com seu professor e ele disse a mesma coisa que
estávamos falando com você antes. Em seguida ela culpa a menina por não prestar atenção
nas aulas – tem que ter interesse, disse a psicopedagoga. Em seguida, ela continua dizendo
que ela é uma garota inteligente só tem que mudar. A menina diz que não se acha inteligente e
que só passou de ano em sua antiga escola, porque os professores tiveram pena dela. A garota
está fazendo o 3º ano do ensino médio, e é nova na instituição. A psicopedagoga pergunta a
mesma se o pai dela não pode pagar um reforço escolar para ela, mas a menina fala que seu
pai mal estar pagando o colégio quem dirá um reforço. Ele segue dizendo que seu pai não se
importa com ela, que sua mãe não fala com ela direito dentro de casa (os pais são separados e
ela mora com a mãe). A menina relata tudo isso, enquanto chora. Sendo assim, a
psicopedagoga segue dizendo que ela precisa melhorar, que ela tem que prestar atenção nas
aulas pois os professores se sentem muito mal em dar aulas enquanto a turma não está
prestando atenção, o professor se sente desvalorizado. Para finalizar, a psicopedagoga diz que
se ela não melhorar precisará fazer provas adaptadas, recomendadas pela neuropsicóloga dela.

24/04/2023 1º dia de intervenção 5º A.


Chegamos à sala para apresentar o tema, eu e minha dupla. A psicóloga também
esteve conosco para supervisionar e acompanhar. Ela sentou-se na cadeira do fundo e ficou
nos observando. A professora foi bastante atenciosa comigo, desconectou o seu notebook do
projetor para que eu pudesse colocar o meu e abrir o slide para iniciar a apresentação, mas,
infelizmente, houve um problema. Ao tentar conectar o meu notebook ao projetor, não deu
certo. Ficamos tentando conectar e a imagem não aparecia. Enquanto isso, os alunos ficaram
um pouco agitados e começaram a conversar paralelamente, e a psicóloga nos olhava com ar
de impaciência, eu me sentia sob pressão, minha dupla também ficou abalada. Em seguida, a
psicóloga foi até nós e questionou se tínhamos um plano B, pois era necessário que
tivéssemos, porque a turma estava muito agitada. Ou seja, ela queria que apresentássemos
sem o slide. Essa cobrança afetou ainda mais a situação, pois eu não conseguia pensar em
uma solução com clareza. Foi então que tive a ideia de conectar o projetor ao notebook da
professora e abrir o slide nele. Deu certo e começamos a apresentação, as crianças ficaram
quietinhas e prestando atenção. Quando perguntado se eles sabiam o que era bullying, uns 2
22

alunos responderam: é xingar, bater, etc. Depois, foi perguntado se eles já sofreram bullying,
apenas uns 2 alunos disseram que já tinham sofrido. Durante as explicações muitos alunos
participaram, tiveram perguntas do tipo: - se eu falar para a minha amiga que o laço de fulana
é feio, isso é bullying? Foi explicado a criança que sim, que fofocas também é um tipo de
bullying. Ou seja, no geral foram bem participativos, e demostram ter um pouco de
conhecimento a respeito do assunto. Não foi possível verificar se entenderam bem o assunto,
porque o contratempo impediu as perguntas finais, o tempo estava muito curto, só
conseguimos passar 1 vídeo e fazer 1 pergunta sobre o tipo de bullying apresentado, no qual
eles acertaram.

27/04/2023 2 º dia de intervenção 6º ano B e 6º A


Segundo dia de intervenção, 6º ano B, chegamos à sala. Nos deparamos com a
professora de geografia que já se encontrava lá, mas que sabia que ia ceder sua aula para a
gente apresentar sobre bullying. A coordenadora dos 6º anos, já havia avisado a mesma. A
professora foi bem receptiva e atenciosa conosco e desta vez, a psicóloga ainda não havia
chegado. Tratava-se de uma turma mais agitada e com práticas de bullying, bastante visíveis.
Iniciamos a apresentação, e questionamos a turma se eles conheciam o que era bullying.
Muitos disseram ser maltratar o outro, xingar, bater, etc. Perguntamos quem já sofreu
bullying, e alguns relatarão suas experiências, mas o que nos chamou bastante a atenção foi
um garoto, que relatou sofrer bullying em sua escola antiga. O garoto relata que um aluno
colocou a cabeça dele no vaso sanitário. Ele disse que voltou para a sala de aula muito triste e
que sua professora percebeu sua desanimação. Então, ela perguntou a ele se havia acontecido
algo e ele relatou o que havia acontecido. O garoto que cometeu o ato violento foi chamado
pela direção e expulso da escola. Ao longo da apresentação, o garoto demonstrava ter bastante
familiaridade com o tema, explicava as formas e tipos de bullying assertivamente, sem sequer
ser questionado. Além disso, foi possível observar que, quando se discutiu as consequências
do bullying como uma possível causa de transtornos alimentares, as meninas eram as
primeiras a demonstrar interesse nesse tema como uma forma de identificação. Isso ocorreu
na turma anterior também. Foram exibidos os vídeos sobre os diversos tipos de bullying. As
crianças se agitaram um pouco na tentativa de responder às perguntas que vinham logo depois
de cada vídeo, visando identificar se elas compreenderam o tema.  Entretanto, algo nos
chamou bastante a atenção, quando passamos um vídeo sobre cyberbullying no qual se dizia
que foi criada uma comunidade virtual para uma aluna com a foto dela no perfil e o nome de
usuário “orelhas de abano”. Imediatamente, os alunos começaram a rir, como se fosse tudo
23

engraçado. Apesar de termos repetido que o bullying não é uma brincadeira, parecia que o
bullying estava muito naturalizado entre eles. No decorrer de outro vídeo que travava sobre
violência física, eles demostraram revolta e vontade de revidar as agressões. Se ouvia alguns
falarem: — ah, eu dava um murro nele. Ah, eu revidava, levanta, levanta, bate nele. Em outro
vídeo sobre bullying voltado a xingamentos e insultos, tinha um garoto negro na cena, e eles
identificaram como racismo. Finalizamos a apresentação, pedimos a professora para tirar uma
foto nossa com a turma, na hora da foto, uma menina elogiou os slides.

No terceiro horário, fomos para a sala do 6.º ano A. Uma turma mais quieta e
tranquila. A professora também foi bastante atenciosa e receptiva, era a professora de
português. Ela também estava ciente de que íamos apresentar sobre bullying. Ela foi até a
outra sala e pegou o projetor, montou tudo para a gente. Por fim, ela ficou no fundo da sala
observando e assistindo à apresentação. Quando questionados se já sofreram bullying, um
menino relatou sofrer bullying por ser baixo e magro, outro disse sofrer bullying por ser órfão
de mãe, o chamavam de "sem mãe". Uma garota disse sofrer bullying há muito tempo e, por
isso, fazia acompanhamento psicológico, pois o bullying a levou à depressão. Ela conta que
sempre foi chamada de baleia na escola, e que, além de sofrer bullying na escola, também
sofria bullying no condomínio em que morava. Ela estava sentada na frente e, durante toda a
apresentação, participou. A garota tinha um olhar muito triste, e aparentava ter baixa
autoestima. Ao longo da apresentação, eles ficaram quietos, a maioria estava prestando
atenção, mas alguns alunos que estavam sentados no fundo da sala à direita, ficavam de
cabeça baixa, ou desenhando e não olhavam para a frente. Essa turma, inclusive, foi a que
menos interagiu conosco. Para finalizar, conseguimos passar 3 vídeos, pois o tempo já estava
acabando, a maioria da turma, conseguiu identificar os tipos de bullying.  Pedimos a
professora para tirar foto, e ela gentilmente tirou e em seguida elogiou a apresentação, e nos
desejou boa sorte com a nossa futura profissão.

Último dia de intervenção 04/05/2023 5º ano B


Tentei fazer as perguntas iniciais sobre o que era bullying e se os mesmos já sofreram,
muitos responderam: é xingar o outro, e bater no outro, o bullying pode ser verbal ou físico, o
bullying pode ser falar mal do colega. Outros relataram ter sofrido bullying por ser gordo,
outros por serem magros, outros por serem baixos, outros por serem altos, falaram sobre
terem apelidos como perna-longa, Mônica (da turma da Mônica) outro que disse sofrer
bullying por ser negro, então diziam que ele era branco, etc. Enquanto isso, chegou o
professor com o projetor, mas não tinha o netbook, tive que sair para a outra sala e pegar o
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netbook da outra professora. Voltei para a sala e as crianças estavam conversando muito e
fazendo muita zoada. Minha dupla e a professora ficaram tentando colocar a senha de acesso
no netbook, mas não estava entrando. Então, minha dupla foi até a sala da outra professora
para pegar a senha. Enquanto isso, perdemos muito tempo. Quando realmente conseguimos
conectar o netbook e colocar o slide, só faltava 16 min para a gente dar o conteúdo. Tive que
falar de forma rápida, é só conseguimos passar 2 vídeos no final.

5 ANÁLISE CRÍTICA DO ESTÁGIO


As experiências realizadas em campo, permitiram registar acontecimentos recorrentes
na área da educação. Dentre eles, o bullying, foco da nossa intervenção. Além disso, foi
possível notar o caráter clínico e biologizante atribuídos aos “problemas de aprendizagem” e
dos “problemas comportamentais". Tendo em vista que esses eventos são históricos e estão
diretamente ligados à forma como a psicologia escolar se constituiu, enquanto ciência, no
Brasil. 

É notório que, na grande maioria dos relatos das atividades desenvolvidas, há


tentativas, de patologizar qualquer problema relacionado ao desempenho escolar dos alunos.
Acredita-se que, se os alunos não estão aprendendo ou enfrentando problemas
comportamentais, isso pode estar ligado diretamente aos transtornos de aprendizagem,
dislexia, autismo, TDAH, TOD, dentre outros.

A partir daí, encaminhamentos para neurologista, fonoaudióloga (o), psicóloga (o) e


psiquiatra são sugeridos por parte da psicóloga ou da psicopedagoga da instituição. Dessa
maneira, as crianças e adolescentes são “diagnosticados”, trazendo consigo estigmas e rótulos
ao serem consideradas doentes e incapazes, "alunos problemas". Logo, esses estudantes
começam a enfrentar todo tipo de discriminação no ambiente escolar.
É importante refletir sobre o paradoxo que existe na instituição educacional em
questão, pois, ao mesmo tempo, em que há um esforço nas tentativas de diagnosticar os
estudantes, a escola não adquiriu as medidas necessárias da lei de inclusão. Não existem os
recursos e os materiais coniventes às necessidades dos alunos, além da falta de capacitação
adequada das práticas pedagógicas fundamentais para impedir que, sobretudo os professores,
tomem atitudes negativas em relação aos alunos com necessidades especiais, a chamada
exclusão velada. A única medida adotada pela escola, são as provas adaptadas.
25

É crucial compreender o que está por trás dos discursos que sustentam as práticas
educacionais, para entender a participação da escola, diante do fracasso escolar. As
instituições de ensino seguem uma lógica que atende às necessidades socioeconômica,
política e ideológica presentes na contemporaneidade.
A complexa relação de saber/poder está presente em cada uma dessas esferas.
São elas que determinam e estabelecem as normas e os parâmetros do que é normal e
anormal, do que é certo e do que é errado em uma sociedade. Quem detém o saber/poder nas
escolas são os professores, gestores e funcionários. Dessa maneira, devem transformar os seus
alunos, através da disciplina e das normas previamente estabelecidas, em seres homogêneos,
tentando eliminar qualquer tipo de individualidade, diversidade e particularidades dos
estudantes. Ou seja, uma imposição de visão única e padronizada de educação, sem tolerar
nenhum tipo de diferença que ameace a norma. É preciso criar corpos doces, disciplinados,
que se adéquem perfeitamente ao nosso sistema econômico capitalista e, dessa forma, o
indivíduo estará preparado para ser inserido na sociedade.    
Quando os alunos não se adaptam às normas ou simplesmente não as aceitam, o
problema é da ordem individual, logo, o problema é o sujeito. Dessa forma, esse aluno deve
ser diagnosticado com uma certa patologia de ordem mental e medicalizado, por ser mais fácil
controlar e disciplinar crianças e adolescentes entorpecidos. É nessas perspectivas que o nosso
sistema educacional é pautado e orientado.
Algumas observações sobre as intervenções referente ao bullying devem ser
pontuadas. Esses momentos de convivência em sala de aula nos fizeram perceber o quanto
essa forma de violência está presente no cotidiano escolar e o quanto ela continua
naturalizada. A Escola tem evitado atuar de forma mais efetiva sobre esse problema tão grave
que é o bullying. Além disso, não houve um apoio adequado dos gestores da escola para a
intervenção e por diversas vezes, ficamos desamparadas e sem poder transmitir todos os
conteúdos previstos.
Em geral, os estudantes não demonstraram ter um profundo conhecimento sobre o
tema, mas muitos já foram, ou ainda são, vítimas dessas práticas. E, mesmo assim, a escola
pouco investe em atividades de conscientização. Ficou claro que não foi somente os alunos
que demonstraram ter pouco conhecimento a respeito do assunto, mas também os professores,
coordenadores e outros agentes do ambiente educacional. Dessa forma, os estudantes que vem
sofrendo bullying, não tem encontrado apoio adequado na escola, agravando ainda mais o
problema.
26

6 CONCLUSÃO
O plano de intervenção tinha como objetivo identificar as concepções de bullying, as
formas e os tipos de bullying mais frequentes na escola, bem como os alunos mais vulneráveis
a esse tipo de prática. No entanto, foi possível notar que a maioria dos alunos, percebia o
bullying de forma direta, relacionada à violência física, à violência verbal etc.
Os tipos de bullying mais frequentes na escola, relatados pelos alunos, foram os de
insultos e xingamentos, sobretudo no que diz respeito a colocar apelidos. Os alunos mais
vulnerais a essa prática eram os que aparentavam baixa autoestima ou tinham alguma
característica diferente dos outros. Em relação à tentativa de conscientizar os estudantes sobre
esse tipo de comportamento, através da transmissão de vídeos curtos, envolvendo situações de
bullying, alguns alunos demonstram sensibilidade, mas a maioria não.
Essa percepção se deu porque, durante a transmissão do vídeo sobre cyberbullying,
que envolve um apelido sobre uma característica física de uma criança, os alunos emitiam
comportamentos de achar a situação cômica. Além disso, durante a transmissão do vídeo
sobre violência física, eles faziam comentários, sobre revidar as agressões. Isso quer dizer que
o bullying está tão naturalizado entre eles, que sensibilizá-los se torna uma tarefa muito
difícil. 
O objetivo de ensinar os alunos a reconhecerem os tipos de bullying foi,
aparentemente, alcançado, uma vez que as perguntas feitas no final de cada vídeo, sobre os
tipos de bullying foram respondidas corretamente. Isso considerando as salas em que
conseguíamos passar todos os vídeos e fazer todas as perguntas, que não foram todas. 
A parte mais difícil foi ensinar os alunos a lidarem com situações de bullying. Pois, os
ensinamentos e a preparação para lidar com esse tipo de violência devem vir primeiro de casa,
27

ou seja, os pais devem assumir esse papel. Além disso, a escola precisa investir em atividades
de conscientização sobre esse tema e em políticas educacionais antibullying. Os agentes
escolares devem estar preparados para proteger e auxiliar os estudantes que são vítimas desses
atos. Sendo assim, a única coisa que estava à nossa disposição era aconselhar os mesmos a
não se calarem quando estiverem passando por situações de bullying. Que procurem a ajuda
de adultos responsáveis por eles, como professores ou outros funcionários da escola, ou até
mesmo em casa. Buscar alguém em quem eles confiem para relatar o que estão passando. 
O projeto teve diversas dificuldades para ser concretizado, como, por exemplo, ter que
alterar o plano de intervenção diversas vezes, pois não havia horários disponíveis na carga
horária deles para que trabalhássemos a temática por mais dias. O objetivo, inicialmente, era
trabalhar em duas turmas, com 3 dias cada uma. Seria aplicado um questionário no primeiro
dia, no segundo passaríamos um curta-metragem e, no último dia, os alunos confeccionariam
cartazes sobre o tema, que seriam colados em várias partes da escola para alcançar mais
pessoas.
No entanto, devido à falta de disponibilidade de tempo e ao assunto não ser uma
prioridade na perspectiva dos agentes da escola, tivemos que modificar as estratégias para
atender ao horário que nos foi concedido. Mas isso não foi o bastante, pois a falta de apoio e
organização de um dos responsáveis pelas turmas causou diversos problemas e 50 minutos
muitas vezes se transformaram em 30 ou 15 minutos disponíveis. Além disso, nosso projeto
foi restringido a poucas salas de aula, sendo que o bullying é um problema que deve ser
levado ao conhecimento de toda a comunidade escolar e, se estender para a família dos
alunos.
Dado que há uma certa limitação nas atividades dos estagiários, devido à pouca
duração do estágio, seria cabível que os próximos estagiários, que desejassem trabalhar com
essa temática, pudessem tentar alcançar outros públicos, além dos alunos. Criando uma
verdadeira rede de apoio no combate a esta prática entorno dos estudantes.
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REFERÊNCIAS

ANTUNES, M.A.M. Psicologia Escolar e Educacional: história, compromisso e perspectivas.


Revista Semestral da Associação Brasileira de Psicologia Escolar e Educacional
(ABRAPEE). São Paulo, vol. 12, n. 2, p. 469-475, 2008. Disponível em: <
https://bit.ly/encurtador-23>. Acesso em: 20 maio. 2023

BARBOSA, R. M., & Marinho-Araújo, C.M. Psicologia Escolar no Brasil:


considerações e reflexões históricas. Estudos de Psicologia. Campinas, v. 27, n.3, p.393-
402, 2010. Disponível em: https://bit.ly/encurtador-21 Acesso em: 20 maio. 2023

Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Departamento de Ações


Programáticas Estratégicas. Diálogo (bio)político sobre alguns desafios da construção da
Rede de Cuidados à Saúde da Pessoa com Deficiência do SUS / Ministério da Saúde,
Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas. –
Brasília: Ministério da Saúde, 2014.
29

GOMES, W. B. Avaliação psicológica no Brasil: tests de Medeiros e Albuquerque. Avaliação


Psicológica, Porto Alegre, v.3 n.1, p. 59-68, 2004. Disponível em: https://bit.ly/encurtador-
20 . Acesso em: 20 maio. 2023

LIMA, A. O. M. N. de. Breve histórico da psicologia escolar no brasil. Psicologia


Argumento, Curitiba, v. 23, n. 42 p. 17-23, 2005. Disponível em: < https://bit.ly/encurtador-
24>. Acesso em: 13 maio. 2023

MASSIMI, M. Estudos históricos acerca da psicologia brasileira. In FREITAS, RH., org.


História da psicologia: pesquisa, formação, ensino [online]. Rio de Janeiro: Centro Edelstein
de Pesquisas Sociais, 2008. pp. 69-83. ISBN: 978-85-99662-83-0. Available from SciELO
Books. <http://books.scielo.org>

PFEIL, F. M.C.; ZAMORA. M. H. R. N. Psicologia Escolar e Persistências Do Colonialismo


No Cotidiano Educacional. Psicologia Escolar e Educacional. Rio de Janeiro, v. 25, p.1-8,
2021. Acesso em:< http://dx.doi.org//10.1590/2175-35392021221972>. 20 maio. 2023

SCARIN, A. C. C. F.; SOUZA. M. P. R. de. Medicalização E Patologização Da Educação:


Desafios À Psicologia Escolar e Educacional. Psicologia Escolar e Educacional. São Paulo,
v. 24, p. 1-8, 2020. Acesso em:< https://bit.ly/encurtador-25>. 20 maio. 2023
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APÊNDICE

DIÁRIOS DE CAMPO DO ESTÁGIO

I ESTAGIÁRIO

1 NOME: Sabrina Silva Sabino

2 MATRÍCULA: 201910925 3 TURNO: Noite

4 MÊS/ANO: 03/2023

5 PROFESSOR SUPERVISOR: Aline Andrade Rabelo

6 PERÍODO DO ESTÁGIO: 9 CH SEMANAL: 10horas

8 MODALIDADE DE ESTÁGIO: BÁSICO ( x )


10 ÊNFASE: Escolar
ESPECÍFICO ( )

II RESUMO DAS ATIVIDADES

16/03, o primeiro dia do estágio básico II. Assim que entrei na sala da psicóloga, me deparei com ela
e a psicopedagoga juntas a mesa tomando café. Disse a elas que trazia comigo um projeto de
intervenção, e de que precisava da opinião das mesmas sobre o tema escolhido. A psicóloga, após a
apresentação do projeto, reagiu dizendo ser um tema excelente para ser trabalhado, e a psicopedagoga
ofereceu sua turma do 5º ano para aplicá-lo. Após isso, houve uma reunião de pais, cujo objetivo era
discutir os problemas de desenvolvimento motor e fala de uma criança de 4 anos que estava cursando
o ensino infantil. Logo que os pais chegaram, pareciam tranquilos, a mãe parecia assustada no
31

começo, mas ficou calma depois. O pai, permaneceu bem tranquilo e atento ao que a psicóloga
perguntava. A psicóloga iniciou uma sequência de perguntas, tais como: a idade deles, ocupação, se
existe algum diagnóstico de autismo entre os familiares, etc. Segundo as respostas, o pai tem 38 anos,
a mãe 37, ambos trabalham e, segundo o pai, um primo 2ª dele foi recentemente diagnosticado com
autismo. A psicóloga prosseguiu com as perguntas e perguntou a mãe: - Depois de tanto tempo para
ter um filho, como foi essa gravidez para você?" A mãe respondeu: - Tive muita dificuldade, pois
entrei em depressão até conseguir aceitar a gravidez, mas o parto foi tranquilo." A psicóloga e a
psicopedagoga, após o interrogatório, explicaram aos pais que o filho estava atrasado em relação aos
pares, e que o problema na fala era bem visível e um fonoaudiólogo era muito necessário. A
psicopedagoga continuou dando dicas aos pais para que eles pudessem, em casa, reforçar o ensino de
maneira divertida com a criança, de modo a auxiliá-la no desenvolvimento motor e da linguagem. 

III PONTO DE VISTA DO ESTAGIÁRIO

Ao conduzir a reunião através da entrevista psicológica com os pais da criança, a psicóloga permitiu
obter alguns dados sobre o aluno, o que facilitou a identificação de possíveis motivos para as
dificuldades apresentadas pela criança. A questão que mais chamou a atenção foi quando a mãe
comentou sobre sua depressão durante a gravidez. Ao fazer uma pesquisa bibliográfica, foi possível
constatar que, de acordo com Dantas et al. (2021), a depressão durante a gestação e após o
nascimento pode ter consequências negativas na saúde mental e emocional da mãe e do bebê a longo
prazo. Esses efeitos podem incluir problemas de comportamento e emoção, como um apego reduzido
entre mãe e filho, atrasos no desenvolvimento cognitivo e emocional, irritabilidade e respostas
aumentadas ao estresse. O atraso cognitivo e emocional impede a criança de aprender e se
desenvolver. Porém, esses problemas podem estar relacionados a outras possíveis causas, como
aponta Papalia e Feldman, (2013) “Problemas de audição e anormalidades da cabeça e da face podem
estar associados com atrasos de fala e linguagem, assim como nascimento prematuro, histórico
familiar, fatores socioeconômicos e outros atrasos do desenvolvimento”. Sendo assim, é necessário
que a criança seja avaliada por um fonoaudiólogo, neurologista e psicólogo para uma investigação
mais completa das causas do atraso no seu desenvolvimento motor e da fala.

IV- OBSERVAÇÕES

DANTAS et al. Riscos ao desenvolvimento fetal associados a depressão na gravidez: Uma breve
revisão. Research, Society and Development. MA, v. 10, n. 8, p. 1- 6, 2021. Disponível
em:<file:///C:/Users/Bina%20S%20S/Downloads/17130-Article-222346-1-10-20210716%20(2).pdf>
Acesso: 26 mar 2023
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PAPALIA, D.E.; FELDMAN, R.D. Desenvolvimento Humano. 12ª edição. Porto Alegre:
ABDR,2013.

I ESTAGIÁRIO

1 NOME: Sabrina Silva Sabino

2 MATRÍCULA: 201910925 3 TURNO: Noite

4 MÊS/ANO: 03/2023

5 PROFESSOR SUPERVISOR: Aline Andrade Rabelo

6 PERÍODO DO ESTÁGIO: 9 CH SEMANAL: horas

8 MODALIDADE DE ESTÁGIO: BÁSICO ( x )


10 ÊNFASE: Escolar
ESPECÍFICO ( )

II RESUMO DAS ATIVIDADES

20/03, A psicóloga estava ocupada e as duas reuniões com os pais que estavam marcadas para esse
dia, não ocorreram. Pois, os pais não compareceram. Então, a psicóloga sugeriu que fossemos passear
e conhecer mais a escola.

23/03 Caso Yasmim. Quando cheguei na sala da psicóloga, ela estava em reunião com uma mãe. A
psicopedagoga estava lá. O caso, era de uma aluna que estava apresentando problemas de
aprendizagem, além de dormir muito durante as aulas. A mãe disse que a filha não se importa em
fazer as tarefas de casa e, quando ela tenta fazer com ela, a garota acaba deixando-a estressada, pois
não quer fazer de jeito nenhum. Por conta disse, a mãe diz que tem uma moça que a ajuda, auxiliando
a criança com as tarefas de casa. A psicóloga perguntou se a menina usava algum medicamento, mas
a mãe afirmou que não. Então, ela leu um laudo psicológico no qual dizia que a criança tinha um
déficit em algumas funções cognitivas e, provavelmente, poderia ter um autismo leve. Em seguida, a
manina é chamada para a sala e questionada por não querer fazer as tarefas da casa, e dormir durante
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as aulas. Nessa posição, a mãe e a criança sentaram-se de frente para a psicóloga, e a psicopedagoga


sentou-se ao lado da psicóloga. A menina parecia assustada, mas solta uma frase descontextualizada,
dizendo: eu gosto do meu cabelo liso, e a psicopedagoga afirma que o seu cabelo é mais bonito liso.

A psicopedagoga faz uma prova com a criança, mas fica claro que ela não consegue prestar atenção.
Enquanto a psicopedagoga falava, a menina ficava com um olhar vago. A psicopedagoga disse que a
menina esqueceu tudo o que havia aprendido no semestre anterior e, por isso, seria incapaz de fazer
aquela prova. Sugeriu que a garota tivesse TOD por desafiar a mãe. A reunião foi encerrada e a
garota voltou para a sala de aula. A psicopedagoga faz um comentário para a psicóloga logo depois,
dizendo que acha melhor a menina deixar a escola e ir para uma instituição pública, pois vai reprovar.

III PONTO DE VISTA DO ESTAGIÁRIO

Ao questionar se a garota tomava algum tipo de medicamento, a psicóloga tentou encontrar uma
explicação para o sono durante as aulas. Ela também tentou entender o porquê de a criança ter
problemas de aprendizagem ao ler o laudo psicológico. Quando chamada a sala da psicóloga, e se ver
diante da mãe, da psicóloga e da psicopedagoga, a menina se sentiu constrangida e tentou mudar de
assunto falando sobre os cabelos. O fato de tentar fazer a prova com a criança e ela não conseguir
prestar atenção, deixou a psicopedagoga impaciente, o que fez com que ela deixasse de ajudar a
menina com a prova. A psicopedagoga, aparentemente, perdeu a esperança de que a criança teria
alguma aprendizagem ao longo do semestre, o que justifica sua fala sobre a menina mudar de escola.

IV- OBSERVAÇÕES

A investigação do problema de aprendizagem e do sono durante as aulas que dizem respeito à criança
não poderia se limitar a uma leitura de laudo, ou se a criança usa ou não medicamentos. Pois isso
significa, desconsiderar outros fatores que podem estar relacionados a essa problemática, como, por
exemplo, um fator fundamental, problemas familiares. Dessa forma, seria possível fazer uma
investigação mais aprofundada sobre a dinâmica familiar da garota, pois ela poderia estar enfrentando
algum problema no seu lar, algo que poderia ser explorado com mais profundidade pela psicóloga.

Em nenhum momento a criança demonstrou ter autismo, mesmo que leve. O seu comportamento em
relação à dificuldade de aprendizado estava mais ligado à falta de atenção, a criança se distraía
facilmente. Outro ponto relevante, a ser mencionado, é a crença que a garota tem de que os seus
cabelos ficam mais bonitos quando estão lisos. É sabido quando essa ideia pode estar relacionada
com os padrões de beleza que a sociedade impõe. Dessa forma, a psicopedagoga não poderia ter
reforçado esse pensamento, mas sim elogiado o cabelo dela como ele é, e questionado o motivo desse
34

pensamento. 

O comentário de que seria melhor a menina ir para uma escola pública, pois ela seria reprovada, não
foi muito apropriado. Os objetivos de uma instituição de ensino não devem se limitar a obtenção de
boas notas e passar de ano. Todos os alunos enfrentam diversos problemas, tanto do exterior da
escola quanto do interior, e esses problemas precisam ser compreendidos para se encontrar possíveis
soluções para ajudar os estudantes nesses processos. Não é porque alguns alunos não atingem as
metas escolares estabelecidas, que eles devem abandonar ou mudar de escola. 

I ESTAGIÁRIO

1 NOME: Sabrina Silva Sabino

2 MATRÍCULA: 201910925 3 TURNO: Noite

4 MÊS/ANO: 03/2023

5 PROFESSOR SUPERVISOR: Aline Andrade Rabelo

6 PERÍODO DO ESTÁGIO: 9 CH SEMANAL: 10horas

8 MODALIDADE DE ESTÁGIO: BÁSICO ( x )


10 ÊNFASE: Escolar
ESPECÍFICO ( )

II RESUMO DAS ATIVIDADES

Dia 27/03 Caso Samuel, (maternal) a psicóloga ler o relatório da criança para a mãe, em resumo eles
tem ótimas funções cognitivas, e acompanha o aprendizado da sala. Porém, o garoto possui oscilação
de humor, chora todos os dias ao entrar na sala. Há dois anos que ele chora ao ser deixado na sala.
Por causa disso, a psicóloga suspeita de ansiedade de separação. A mãe já tentou colocá-lo para
praticar alguma arte marcial, mas ele não se interessa, o garoto é bastante apegado a ela. A psicóloga
questiona a mãe sobre a sua gestação. A mulher afirma ter tido uma gestação tranquila, mas o parto
foi conturbado, a criança foi intubada duas vezes com insuficiência respiratória. Ela continua dizendo
que, com 1 ano, ele foi internado na urgência com crise de asma e que, também, fez 6 meses de
tratamento na pandemia. Ela relata que, por um tempo, ele teve ataques de convulsão e precisou
tomar corticoide. A psicóloga explica que o menino se comporta assim devido aos problemas que
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teve que enfrentar depois do nascimento, pois, por ser um menino mais frágil, a mãe o superprotegeu.

Dia 30/03 Caso Sophia, a amenina tem um bom ritmo de aprendizagem, mas é agressiva e possui
problemas emocionais, inquieta e autoritária. A mãe conta que ela não consegue ouvir um não e logo
se joga no chão e começa a chorar. Além disso, a psicopedagoga relata que a menina foge da sala de
aula para ir à sala da ex professora da série passada. A psicóloga pergunta para a mãe como foi a
gravidez e o parto dela. A mãe diz que teve problemas no parto, pois durante a gravidez ela teve
muito estresse. Com relação a dinâmica familiar, a menina passa mais tempo com a mãe, e seu pai é
policial. A psicóloga falou sobre a possibilidade de a menina ter TDAH. Em seguida, a psicóloga
questiona a mãe sobre o fato de a criança ter dito que, uma vez, a mãe havia batido no rosto dela.
Mas, a mãe diz que isso nunca aconteceu e que a menina adora fantasiar coisas que nunca
aconteceram. Ela diz que a menina a estressa, pois vive assim ultimamente, muito estressada com
tudo, mas nunca chega a agredi-la. Por um instante, o clima ficou tenso na sala e a mãe ficou bem
constrangida.

III PONTO DE VISTA DO ESTAGIÁRIO

(Samuel) A psicóloga começou o diálogo com a mãe sobre a experiência da maternidade, a gestação,
o bebê e os primeiros meses de vida, o que foi crucial para compreender os possíveis motivos que
poderiam estar ligados ao problema do aluno. Os problemas de saúde, com as internações, fizeram
com que a mãe se preocupasse excessivamente com o filho, sempre tentando protegê-lo. Logo, a
criança tem um grande apego por ela. Contudo, seria necessário, também, que a psicóloga explicasse
para a mãe outros aspectos relacionados a essa problemática, como, por exemplo, explicar que a
mudança da criança de residência para a escola pode afetar tanto o psicológico dela quanto da
família, sobretudo da mãe. E que a mudança para um novo lugar, com novas rotinas e pessoas
desconhecidas, pode ser uma grande demanda social e emocional para a criança, uma vez que ela
precisa se adaptar a essa nova situação. Por conta disso, para lidar com novas situações a criança usa
estratégias de enfrentamento, como o choro, sendo a principal forma de expressão do bebê. Ela
também poderia sugerir maneiras de trabalhar com os pais, como pedir que estejam presentes no
início da adaptação e, conforme o tempo de permanência do filho na escola for aumentando, eles se
ausentariam de forma gradual, conforme as condições demonstradas pelo aluno. Por fim, mostrar que
a escola também pode fazer o seu papel, permitindo que no início, a adaptação seja efetuada num
horário reduzido, duas horas diárias e conforme o bebê se adapta, o tempo de permanência na escola
vai aumentando progressivamente.
36

(Sophia) Ao ser questionada sobre a gestação e o parto, a mãe responde à psicóloga que teve
problemas no parto, pois se sentia muito estressada durante toda a gestação. É importante salientar o
estresse, sendo algo que se repete constantemente na história dessa mãe. Ela conta que, atualmente,
também vive estressada. É relevante refletir sobre a família da criança. O pai é policial, podendo ser
uma figura autoritária e agressiva. A mãe, que sofre com o estresse, também pode perder a paciência
com a criança, chegando a bater nela, algo que já foi relatado pela garota, quando ela diz que mãe
bateu em seu rosto.

Sabemos que o comportamento de muitas crianças pode estar ligado a uma repetição do que se vê em
casa, sobretudo dos pais. Preencher essas lacunas é necessário, para não reduzir as possíveis causas
dos maus comportamentos da criança apenas a problemas gestacionais e possíveis patologias. Não
podemos descartar a hipótese de um diagnóstico possível relacionado a algum tipo de transtorno, mas
não deve ser a primeira sugestão a dar aos pais. Pois, assim, as influências sociais e ambientais
acabam sendo deixadas de lado e acabamos entrando na armadilha de patologizar tudo.

IV- OBSERVAÇÕES

(Samuel) Foi possível observar que, depois das respostas obtidas pela mãe sobre seu processo de
gestação, a psicóloga se limitou a uma possível causa relacionada a ansiedade de separação. Sendo
que existe múltiplos fatores que podem estar envolvidos no comportamento da criança, como os que
foram citados acima. Além disso, auxiliar os pais a tentar intervir de forma assertiva no sofrimento da
criança, se faz necessário.

(Sophia) A psicóloga, depois das respostas da mãe sobre o seu processo de gestação, se limitou em
sugerir uma possível patologia relacionada aos problemas emocionais de agressividade, inquietação e
autoritarismo da criança. Dado que existem diversos fatores que podem estar envolvidos no
comportamento da aluna, como os citados acima. Além disso, ajudar os pais a intervirem no
sofrimento da criança é importante.

I ESTAGIÁRIO

1 NOME: Sabrina Silva Sabino

2 MATRÍCULA: 201910925 3 TURNO: Noite


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4 MÊS/ANO: 04/2023

5 PROFESSOR SUPERVISOR: Aline Andrade Rabelo

6 PERÍODO DO ESTÁGIO: 9 CH SEMANAL: 10horas

8 MODALIDADE DE ESTÁGIO: BÁSICO ( x )


10 ÊNFASE: Escolar
ESPECÍFICO ( )

II RESUMO DAS ATIVIDADES

Dia 10/04 Caso Matheus Vinicius: O garoto foi chamado a sala da psicóloga por problema de mau
comportamento. Ele chega e se senta à frente da psicóloga, que logo começa a fazer perguntas ao
menino sobre sua dinâmica familiar. Ele parece estar entediado, um pouco tímido e com um olhar
muito triste. Sobre sua família, o aluno segue respondendo às perguntas da psicóloga. Ele tem 11
anos, pais divorciados, mora com o pai e três tias, além da avó e do avô paterno. O menino passa os
finais de semana com a mãe e o padrasto, tem um meio-irmão. Ele relata que era um bebê quando os
pais se separaram, mas diz que se sente bem com a família em que mora. Ele diz que deseja passar
mais tempo com sua mãe. O garoto faz reforço escolar à tarde, gosta de estudar e tirar boas notas.

Dia 13/04, Caso Rebeca, a garota apresenta estar com dificuldades de aprendizagem, a menina tem
diagnostico de autismo leve. Ela foi chamada na sala da psicóloga, para conversa com mesma e com
a psicopedagoga sobre o seu problema. A psicopedagoga começa a ler para ela seu boletim, e diz que
ela possui muitas notas baixas, e que se continuar desta maneira ela vai reprovar. A garota explica
que não consegue entender o conteúdo, nem quando tenta estudar em casa por vídeo aula, a sua maior
dificuldade é em matemática. A psicopedagoga reclama com a menina porque ela não tira suas
dúvidas em sala de aula, e ainda por cima fica o tempo todo no celular ou desenhado e por conta
disso, não consegue prestar atenção na aula. A psicóloga pede para a menina sair um instante e
chama seu professor de matemática para saber dos comportamentos da menina em sala de aula. O
professor diz que a menina tem algum transtorno, fala de falta de interesse, diz que chama atenção da
garota porque ela fica muito no celular, e diz também, que ela não tira dúvidas. Quando o professor
sai da sala a menina é chamada de volta, a psicopedagoga começa a conversa com ela, e diz: olha
falamos com seu professor e ele disse a mesma coisa que estávamos falando com você antes. Em
seguida ela culpa a menina por não prestar atenção nas aulas – tem que ter interesse, disse a
psicopedagoga. Em seguida, ela continua dizendo que ela é uma garota inteligente só tem que mudar.
A menina diz que não se acha inteligente e que só passou de ano em sua antiga escola, porque os
professores tiveram pena dela. A garota está fazendo o 3º ano do ensino médio, e é nova na
instituição. A psicopedagoga pergunta a mesma se o pai dela não pode pagar um reforço escolar para
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ela, mas a menina fala que seu pai mal estar pagando o colégio quem dirá um reforço. Ele segue
dizendo que seu pai não se importa com ela, que sua mãe não fala com ela direito dentro de casa (os
pais são separados e ela mora com a mãe). A menina relata tudo isso, enquanto chora. A
psicopedagoga segue dizendo que ela precisa melhorar, que ela tem que prestar atenção nas aulas
pois os professores se sentem muito mal em dar aulas enquanto a turma não esta prestando atenção, o
professor se sente desvalorizado. Para finalizar, a psicopedagoga diz que se ela não melhorar
precisará fazer provas adaptadas, recomendadas pela neuropsicóloga dela.

III PONTO DE VISTA DO ESTAGIÁRIO

(Matheus Vinicius) Foi possível observar que ao falar sobre a mãe, o menino demonstrou sentir
muita falta dela, existe uma necessidade de passar mais tempo com a mãe. Neste sentindo seria
fundamental que a psicóloga procurasse conversa com essa mãe, explicar para ela sobre a
importância de estar mais presente na vida do filho.

(Rebeca) A forma como a reunião com a adolescente foi conduzida foi completamente insensível.
Ficou claro que a única preocupação da psicopedagoga e da psicóloga com o problema de
aprendizagem da garota estava apenas relacionada com as notas. Não que não seja relevante, mas o
foco deveria ser descobrir os motivos pelos quais a garota não consegue se concentrar nas aulas e se
distrair o tempo todo com outras atividades. O professor da garota, ao dizer que ela aparenta ter
algum transtorno, volta-se novamente para a questão da patologização do sujeito. Passam a ignorar os
fatores sociais e familiares que podem estar ligados a essa falta de interesse e problemas na
aprendizagem. A menina está enfrentando diversos problemas nesse sentido. Ela queixa-se
constantemente que o pai não se importa com ela, a mãe não conversa com ela em casa, se sente
incapaz, por isso diz que só passou de ano na outra escola porque tiveram “pena” dela. (enquanto
relatava, chorava muito). Aparentemente, ficar no celular ou desenhando durante aula, seja uma
tentativa de fuga da realidade. Apesar de todas essas falas, a psicopedagoga não se atentava a isso e
concentrava-se apenas em culpar a menina pelo problema. Ela repete o tempo todo que ela precisa se
esforçar, se não vai reprovar e não poderá fazer nada por ela.

IV- OBSERVAÇÕES

(Rebeca) O que mais me chamou a atenção foi o quanto tudo gira em torno de um bom desempenho
39

escolar. Se os alunos não estão conseguindo seguir o ritmo "normal" exigido, o problema está nele,
ou seja, na individualização do sujeito. Não se tem como objetivo identificar os fatores sociais,
económicos ou familiares, mas sim, procurar por possíveis patologias. Sem contar que a psicóloga
não mencionou em nenhum momento sobre conversa com a mãe da adolescente para compreender de
forma mais aprofundada o que está acontecendo com a ela e orientar a mãe sobre a possibilidade de
encaminhar a jovem para a psicoterapia.

I ESTAGIÁRIO

1 NOME: Sabrina Silva Sabino

2 MATRÍCULA: 201910925 3 TURNO: Noite

4 MÊS/ANO: 04/2023

5 PROFESSOR SUPERVISOR: Aline Andrade Rabelo

6 PERÍODO DO ESTÁGIO: 9 CH SEMANAL: 10horas

8 MODALIDADE DE ESTÁGIO: BÁSICO ( x )


10 ÊNFASE: Escolar
ESPECÍFICO ( )

II RESUMO DAS ATIVIDADES

Dia 20/04 foi o dia de mostrar o projeto final de intervenção para a psicóloga, a mesma analisou e
pediu que eu e minha dupla imprimisse 3 copias, uma para ela e as outras duas para as coordenadoras
do 5º e do 6º ano, que são o público-alvo de nossa intervenção. A psicóloga, nos apresentou as
coordenadoras, e falou sobre o projeto com as mesmas que logo, separam as datas em que vamos
poder aplicar a intervenção.

III PONTO DE VISTA DO ESTAGIÁRIO


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IV- OBSERVAÇÕES

I ESTAGIÁRIO

1 NOME: Sabrina Silva Sabino

2 MATRÍCULA: 201910925 3 TURNO: Noite

4 MÊS/ANO: 04/2023

5 PROFESSOR SUPERVISOR: Aline Andrade Rabelo

6 PERÍODO DO ESTÁGIO: 9 CH SEMANAL: 10horas

8 MODALIDADE DE ESTÁGIO: BÁSICO ( x )


10 ÊNFASE: Escolar
ESPECÍFICO ( )

II RESUMO DAS ATIVIDADES

Dia 24/04 1º dia de intervenção.


Sala do 5º ano A

Chegamos à sala para apresentar o tema, eu e minha dupla. A psicóloga também esteve conosco para
supervisionar e acompanhar. Ela sentou-se na cadeira do fundo e ficou nos observando. A professora
foi bastante atenciosa comigo, desconectou o seu notebook do projetor para que eu pudesse colocar o
meu e abrir o slide para iniciar a apresentação, mas, infelizmente, houve um problema. Ao tentar
conectar o meu notebook ao projetor, não deu certo. Ficamos tentando conectar e a imagem não
aparecia. Enquanto isso, os alunos ficaram um pouco agitados e começaram a conversar
41

paralelamente, e a psicóloga nos olhava com ar de impaciência, eu me sentia sob pressão, minha
dupla também ficou abalada. Em seguida, a psicóloga foi até nós e questionou se tínhamos um plano
B, pois era necessário que tivéssemos, porque a turma estava muito agitada. Ou seja, ela queria que
apresentássemos sem o slide. Essa cobrança afetou ainda mais a situação, pois eu não conseguia
pensar em uma solução com clareza. Foi então que tive a ideia de conectar o projetor ao notebook da
professora e abrir o slide nele. Deu certo e começamos a apresentação, as crianças ficaram quietinhas
e prestando atenção. Quando perguntado se eles sabiam o que era bullying, uns 2 alunos
responderam: é xingar, bater, etc. Como afirma Bezerra (2008, p. 22), os comportamentos de
bullying direto podem ser identificados quando as vítimas são alvo de agressões físicas, como chutes
e empurrões, ou verbalmente, mediante apelidos e ameaças. Essas formas de bullying são facilmente
observáveis no ambiente escolar, especialmente entre os meninos. Depois, foi perguntado se eles já
sofreram bullying, apenas uns 2 alunos disseram que já tinham sofrido. Durante as explicações
muitos alunos participaram, tiveram perguntas do tipo: - se eu falar para a minha amiga que o laço de
fulana é feio, isso é bullying? Foi explicado a criança que sim, que fofocas também é um tipo de
bullying. Ou seja, no geral foram bem participativos, e demostram ter um pouco de conhecimento a
respeito do assunto. Não foi possível verificar se entenderam bem o assunto, porque o contratempo
impediu as perguntas finais, o tempo estava muito curto, só conseguimos passar 1 vídeo e fazer 1
pergunta sobre o tipo de bullying apresentado, no qual eles acertaram.

III PONTO DE VISTA DO ESTAGIÁRIO


O modo como a professora nos recebeu e auxiliou, foi sensacional. Essa atitude deixou-nos mais à
vontade, nos proporcionando tranquilidade e segurança. No entanto, essas sensações não duraram
muito tempo, quando as coisas começaram a se complicar. Ao contrário da professora, a psicóloga foi
completamente insensível. Durante o contratempo com o projetor, ficamos apreensivas e ansiosas. Os
olhares e as cobranças que a psicóloga lançava sobre nós, faziam com que essa ansiedade só
aumentasse. O seu questionamento sobre o plano B, não seria adequado naquela situação, pois não
teria como apresentar eficientemente, sem as imagens e os vídeos do slide, que foram criados para
atrair a atenção das crianças. No entanto, a falta de conhecimento sobre o programa Canva, por parte
da psicóloga e da professora, agravaram a situação. Elas achavam que o slide estava num pendrive.
Se elas soubessem que o Canva é um programa que precisa de internet para funcionar, teriam
sugerido, então, usar o Netbook da professora. Enfim, o que nos chamou a atenção, foi que eles
ficaram bem calmos e prestando atenção logo que começamos a apresentar. Quando perguntamos se
42

eles tinham conhecimento sobre bullying, eles demonstraram um conhecimento mais ligado à forma
direta de bullying, como bater, xingar, etc. Quando perguntado de eles já sofreram Bullying, apenas
duas crianças quiseram relatar suas experiencias. Porém, outros alunos fizeram perguntas e
demonstraram uma certa curiosidade em aprender sobre a temática. Lamentavelmente, o problema
com o projetor nos fez perder tempo e não pudemos transmitir todos os vídeos que estavam
preparados e relacionados com as perguntas para saber se eles conseguiram compreender o assunto.
Quando questionados se já sofreram Bullying, somente duas crianças quiseram relatar suas
experiências. No entanto, outros estudantes fizeram perguntas e demonstraram certa curiosidade em
aprender sobre a temática. Infelizmente, o problema nos fez perder tempo e não pudemos transmitir
todos os vídeos que estavam preparados e relacionados com as perguntas finais para saber se eles
compreenderam o assunto. O único vídeo que conseguimos transmitir, nos trouxe uma breve
compreensão do que eles conseguiram assimilar. O questionamento sobre o vídeo passado foi
respondido pelos alunos. No geral, foi possível concluir que é uma sala de aula onde a prática de
bullying não é tão recorrente, os alunos são comportados e respeitosos. Sobre o conhecimento que
eles possuem, podemos dizer que é um conhecimento razoável.

IV- OBSERVAÇÕES
BEZERRA, Francineide Braga. As influências do bullying escolar frente aos processos de ensinar e
aprender nos anos finais do ensino fundamental. 2018. 74 f. Trabalho de Conclusão de Curso
(Licenciatura em Pedagogia) - Centro de Formação de Professores, Universidade Federal de Campina
Grande, Cajazeiras, Paraíba, Brasil, 2018. Disponível
em:http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/4690 Acesso em: 24 mar 2023.
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I ESTAGIÁRIO

1 NOME: Sabrina Silva Sabino

2 MATRÍCULA: 201910925 3 TURNO: Noite

4 MÊS/ANO: 04/2023

5 PROFESSOR SUPERVISOR: Aline Andrade Rabelo

6 PERÍODO DO ESTÁGIO: 9 CH SEMANAL: 10horas

8 MODALIDADE DE ESTÁGIO: BÁSICO ( x )


10 ÊNFASE: Escolar
ESPECÍFICO ( )

II RESUMO DAS ATIVIDADES

Dia 27/04

Segundo dia de intervenção, 6º ano B, chegamos à sala. Nos deparamos com a professora de
geografia que já se encontrava lá, mas que sabia que ia ceder sua aula para a gente apresentar sobre
bullying. A coordenadora dos 6º anos, já havia avisado a mesma. A professora foi bem receptiva e
atenciosa conosco e desta vez, a psicóloga ainda não havia chegado. Tratava-se de uma turma mais
agitada e com práticas de bullying, bastante visíveis. Iniciamos a apresentação, e questionamos a
turma se eles conheciam o que era bullying. Muitos disseram ser maltratar o outro, xingar, bater, etc.
Perguntamos quem já sofreu bullying, e alguns relatarão suas experiências, mas o que nos chamou
bastante a atenção foi um garoto, que relatou sofrer bullying em sua escola antiga. O garoto relata
que um aluno colocou a cabeça dele no vaso sanitário. Ele disse que voltou para a sala de aula muito
triste e que sua professora percebeu sua desanimação. Então, ela perguntou a ele se havia acontecido
algo e ele relatou o que havia acontecido. O garoto que cometeu o ato violento foi chamado pela
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direção e expulso da escola. Ao longo da apresentação, o garoto demonstrava ter bastante


familiaridade com o tema, explicava as formas e tipos de bullying assertivamente, sem sequer ser
questionado. Além disso, foi possível observar que, quando se discutiu as consequências do bullying
como uma possível causa de transtornos alimentares, as meninas eram as primeiras a demonstrar
interesse nesse tema como uma forma de identificação. Isso ocorreu na turma anterior também.
Foram exibidos os vídeos sobre os diversos tipos de bullying. As crianças se agitaram um pouco na
tentativa de responder às perguntas que vinham logo depois de cada vídeo, visando identificar se elas
compreenderam o tema.  Entretanto, algo nos chamou bastante a atenção, quando passamos um vídeo
sobre cyberbullying no qual se dizia que foi criada uma comunidade virtual para uma aluna com a
foto dela no perfil e o nome de usuário “orelhas de abano”. Imediatamente, os alunos começaram a
rir, como se fosse tudo engraçado. Apesar de termos repetido que o bullying não é uma brincadeira,
parecia que o bullying estava muito naturalizado entre eles. No decorrer de outro vídeo que travava
sobre violência física, eles demostraram revolta e vontade de revidar as agressões. Se ouvia alguns
falarem: — ah, eu dava um murro nele. Ah, eu revidava, levanta, levanta, bate nele. Em outro vídeo
sobre bullying voltado a xingamentos e insultos, tinha um garoto negro na cena, e eles identificaram
como racismo. Finalizamos a apresentação, pedimos a professora para tirar uma foto nossa com a
turma, na hora da foto, uma menina elogiou os slides.

No terceiro horário, fomos para a sala do 6.º ano A. Uma turma mais quieta e tranquila. A professora
também foi bastante atenciosa e receptiva, era a professora de português. Ela também estava ciente
de que íamos apresentar sobre bullying. Ela foi até a outra sala e pegou o projetor, montou tudo para
a gente. Por fim, ela ficou no fundo da sala observando e assistindo à apresentação. Quando
questionados se já sofreram bullying, um menino relatou sofrer bullying por ser baixo e magro, outro
disse sofrer bullying por ser órfão de mãe, o chamavam de "sem mãe". Uma garota disse sofrer
bullying há muito tempo e, por isso, fazia acompanhamento psicológico, pois o bullying a levou à
depressão. Ela conta que sempre foi chamada de baleia na escola, e que, além de sofrer bullying na
escola, também sofria bullying no condomínio em que morava. Ela estava sentada na frente e,
durante toda a apresentação, participou. A garota tinha um olhar muito triste, e aparentava ter baixa
autoestima. Ao longo da apresentação, eles ficaram quietos, a maioria estava prestando atenção, mas
alguns alunos que estavam sentados no fundo da sala à direita, ficavam de cabeça baixa, ou
desenhando e não olhavam para a frente. Essa turma, inclusive, foi a que menos interagiu conosco.
Para finalizar, conseguimos passar 3 vídeos, pois o tempo já estava acabando, a maioria da turma,
conseguiu identificar os tipos de bullying.  Pedimos a professora para tirar foto, e ela gentilmente
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tirou e em seguida elogiou a apresentação, e nos desejou boa sorte com a nossa futura profissão.

III PONTO DE VISTA DO ESTAGIÁRIO

6º ano B. O fato da coordenadora dos 6 º anos ter comunicado com antecedência a nossa intervenção
ao professora, facilitou muito o processo. Pois, mesmo se tratando de uma turma mais agitada,
estávamos com tempo e organização considerável para poder passar os conteúdos de forma mais
eficaz e completa. Além disso, não tinha ninguém nos pressionando, e a professora nos deixou bem à
vontade e tranquilas. A mesma ficou assistindo há apresentação, também. Novamente, ao serem
questionados sobre o que era o Bullying, as respostas foram relacionadas a forma direta dessa prática.
O relato do garoto que teve a cabeça colocada no vaso sanitário por outro aluno, nos chama a
atenção, pois sua primeira reação foi se fechar e não falar sobre o que ocorrera. Mas, a sensibilidade
da professora ao perceber sua tristeza e querer saber o que havia acontecido com ele, fez com que ele
confiasse em alguém para desabafar a situação com ela. E só dessa forma o problema foi resolvido.
Logo, percebemos a relevância de os educadores estarem atentos ao que acontece com seus alunos, a
ponto de perceberem quando um deles não está bem. Além disso, é relevante que os alunos, vítimas
de bullying, tenham adultos na escola, para socorrê-los e ajudarem os mesmos diante dessas práticas.
Foi constatado também, que o fato de ter sido uma vítima desse comportamento violento, o garoto
buscou conhecimento sobre o assunto, mas muitos não têm essa iniciativa por conta própria, por isso
é tão importante falar e conscientizar os alunos sobre esse tipo de violência. Ao serem apresentadas
as consequências do bullying na saúde mental, que envolvia transtornos alimentares, as reações das
meninas despertaram uma certa curiosidade. Aparentemente, o bullying como causa de transtornos
alimentares é uma realidade nas escolas. É importante mencionar, também, como as práticas do
bullying estão tão naturalizadas no cotidiano escolar. Embora tenham ouvido que o bullying não é
brincadeira e tem consequências graves, eles ainda acharam engraçado o fato da personagem do
vídeo, que estava passando por cyberbullying, ter sido chamada de orelha de abano em uma rede
social. As falas de agressão e de querer revidar o bullying, foi muito presente durante o vídeo sobre
bullying relacionado a agressão física. Outra questão relevante que merece ser mencionada é a reação
deles em relação a um vídeo que mostrava bullying, relacionado a insultos e xingamentos. Eles
perceberam que poderia ser racismo, uma vez que o garoto que estava sendo agredido nas cenas era
negro. Essa identificação foi gratificante, eles, de certa forma, conseguiram diferenciar o racismo do
bullying. Para finalizar as observações nessa sala, é importante comentar o elogio que recebemos
sobre o slide, o que nos faz perceber a relevância de se tratar de um assunto tão sério de forma lúdica
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e que desperta a atenção das crianças.

Em relação à intervenção no 6.º ano A, podemos dizer que o fato da professora já ter sido avisada
sobre a apresentação, nos auxiliar com o equipamento, e ser receptiva, nos ajudou bastante. Quando
questionados se já sofreram bullying, o caso da menina que tinha depressão por ser vítima dessas
práticas chama a atenção. Como assinala Silva (2010 apud, GOMES, 2022, p.4), o bullying tem se
espalhado pelas escolas, causando diversos problemas psicológicos, como estresse, depressão, baixa
autoestima, desempenho acadêmico deficiente, doenças psicossomáticas, transtornos e condições
psicopatológicas graves. A garota relata que sofre bullying também no local onde mora, reafirmando
o que Fante (2008 apud FRAGA E PAZ, 2022, p.35) aponta, que, apesar de o bullying ter sido
predominante nas escolas, é importante compreender que esse problema não se limita apenas ao
ambiente escolar, pois as consequências se estendem para toda a sociedade.

IV- OBSERVAÇÕES

PAZ F. M.; FRAGA, I. M.; As contribuições da Psicologia Escolar no enfrentamento ao bullying.


Revista Interdisciplinar de Extensão. Rio Grande do Sul, v. 6, n. 12, p. 34-47, 2022. Disponível em:
http://periodicos.pucminas.br/index.php/conecte-se/article/view/28728. Acesso em: 24 mar 2023.

GOMES F. V. F.; Ações de prevenção ao bullying escolar no ensino fundamental: um relato de


experiência em psicologia escolar/educacional. Research, Society and Development. Paraíba, v. 11,
n. 15, p. 1-14, 2022. Disponível em: < Ações de prevenção ao bullying escolar no ensino
fundamental.pdf>. Acesso em: 17 maio 2023.

I ESTAGIÁRIO

1 NOME: Sabrina Silva Sabino

2 MATRÍCULA: 201910925 3 TURNO: Noite

4 MÊS/ANO: 04/2023

5 PROFESSOR SUPERVISOR: Aline Andrade Rabelo

6 PERÍODO DO ESTÁGIO: 9 CH SEMANAL: 10horas


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8 MODALIDADE DE ESTÁGIO: BÁSICO ( x )


10 ÊNFASE: Escolar
ESPECÍFICO ( )

II RESUMO DAS ATIVIDADES

Último dia de intervenção 04/05

Cheguei na escola no horário combinado para a intervenção 8:00h da manhã. Mas, ao encontrar a
coordenadora do curso, a mesma que já tinha deixado certo a intenção nesta data, parecia não estar
lembrada da intervenção e nem que avisou a professora. Então, ela subiu até a sala da professora
comigo. Chegando lá, a coordenadora disse a professora que eu teria que passar uns 40 minutos na
sala e não disse que era uma aula sobre bullying. Então, tive que explicar. Perguntei se tinha projetor,
pois precisaria reproduzir o slide, mas a prof. disse que não, que o projetor ficava em outra sala. A
coordenadora foi até a outra sala para conferir se o projetor estava lá, mas, infelizmente, não estava.
Ele estava com outro professor que usaria o projetor em outra sala. Eu e a coordenadora fomos até o
professor que estava carregando o projetor até a sala e conversamos com ele. Disse-lhe que precisaria
do projetor e queria saber quando ele terminaria a aula. Ele respondeu que terminaria a aula às 9:30,
então perguntei à condenadora se poderíamos alterar o horário da intervenção para esse horário.
Então, ela disse que sim, mas que teria que ser rápido, pois o intervalo deles começaria às 10h. O
professor falou que assim que terminasse com o projetor, levaria até a sala. Sendo assim, eu e minha
dupla, que chegou logo depois, ficamos na sala da psicóloga. Quando deu o horário das 9:30 a gente
foi até a sala para iniciarmos a intervenção. Porém, o professor ainda não havia terminado com o
projetor, então fomos até a sala em que ele estava e ficamos esperando ele terminar. Mas, ele estava
demorando e o horário já estava avançado. Resolvemos voltar para sala e dar início mesmo sem o
projetor, mas as crianças estavam muito agitadas e não tínhamos imagens para prender a atenção
deles. Tentei fazer as perguntas iniciais sobre o que era bullying e se os mesmos já sofreram, muitos
responderam: é xingar o outro, e bater no outro, o bullying pode ser verbal ou físico, o bullying pode
ser falar mal do colega. Outros relataram ter sofrido bullying por ser gordo, outros por serem magros,
outros por serem baixos, outros por serem altos, falaram sobre terem apelidos como perna-longa,
Mônica (da turma da Mônica) outro que disse sofrer bullying por ser negro, então diziam que ele era
branco etc. Enquanto isso, chegou o professor com o projetor, mas não tinha o netbook, tive que sair
para a outra sala e pegar o netbook da outra professora. Voltei para a sala e as crianças estavam
conversando muito e fazendo muita zoada. Minha dupla e a professora ficaram tentando colocar a
senha de acesso no netbook, mas não estava entrando. Então, minha dupla foi até a sala da outra
professora para pegar a senha. Enquanto isso, perdemos muito tempo. Quando realmente
conseguimos conectar o netbook e colocar o slide, só faltava 16 min para a gente dar o conteúdo.
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Tive que falar de forma rápida, é só conseguimos passar 2 vídeos no final.

III PONTO DE VISTA DO ESTAGIÁRIO

Esses problemas atrapalharam muito o nosso desempenho e deixaram muitos conteúdo sem
explicação por conta do tempo. Essa era a sala, dentre todas as outras em que aplicamos a
intervenção, que havia mais casos de bullying, apesar dos alunos também terem demonstrado mais
familiaridade com o tema em relação às outras turmas. Essa percepção estar relacionada ao fato de
que durante as perguntas sobre bullying, muitos ficavam rindo e fazendo comentários do tipo: — se
eu chamar fulano de (colocou um apelido) é bullying? E ficavam rindo. O fato de a coordenadora não
ter combinado com a professora sobre a intervenção e, consequentemente, não ter organizado tudo
para a apresentação, foi o que atrapalhou bastante a intervenção nessa sala. Algo muito triste, uma
vez que era uma sala que necessitava bastante de intervenção nesse sentido.

IV- OBSERVAÇÕES

FOTOS
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CARGA HORÁRIA
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