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BREVE HISTÓRICO DA PSICOLOGIA ESCOLAR NO BRASIL

O texto apresenta reflexões sobre quatro modelos de atendimento psicológico em contextos


educativos escolares. O modelo psicométrico é criticado por sua ênfase na medição e
classificação dos alunos, o que pode levar à segregação e rotulação dos mesmos. O modelo
clínico é questionado por sua visão individualista e patologizante dos problemas de
aprendizagem, que desconsidera as influências ambientais e sociais. O modelo preventivo é
apresentado como uma alternativa ao modelo clínico, pois busca antecipar e prevenir os
problemas de aprendizagem por meio de intervenções psicológicas e orientação familiar. Já o
modelo compensatório é criticado por sua visão determinista e reducionista dos problemas de
aprendizagem, que atribui a responsabilidade pelo fracasso escolar aos fatores externos à
escola, como a pobreza e a falta de recursos culturais. Há também o modelo crítico como uma
alternativa aos modelos anteriores, que busca compreender os problemas de aprendizagem
como fenômenos complexos, constituídos socialmente, cuja análise deve abarcar aspectos
históricos, econômicos, políticos e sociais.
O modelo psicométrico de atendimento psicológico em contextos educativos escolares. Esse
modelo surgiu no final do século XIX e se baseava em medir, classificar e segregar os alunos. Ele
foi construído sobre um pano de fundo social que valorizava a seleção e a hierarquização dos
indivíduos, e seus objetivos ideológicos eram a busca pela eficiência e pela produtividade. A
teoria psicométrica teve repercussão no mundo e na educação, influenciando a criação de testes
de inteligência e a seleção de alunos para diferentes tipos de escolas e cursos. O modelo
psicométrico ainda exerce influência na prática de psicólogos e pedagogos responsáveis pela
elaboração de políticas educacionais.
O modelo clínico de atendimento psicológico em contextos educativos escolares. Esse modelo
surgiu no início do século XX, com o crescimento dos estudos em psicologia e a influência da
psicanálise de Sigmund Freud. O modelo clínico se baseava na ideia de saúde versus doença e na
busca pelo diagnóstico dos problemas de aprendizagem dos alunos. A psicoterapia e a
orientação familiar eram práticas comuns nesse modelo, que favorecia a patologização do
comportamento e a atribuição de rótulos. O modelo clínico ainda exerce influência na prática de
psicólogos e pedagogos responsáveis pela elaboração de políticas educacionais.
O modelo preventivo de atendimento psicológico em contextos educativos escolares. Esse
modelo surgiu com o advento da psicanálise e a ideia de que os problemas de aprendizagem
estavam relacionados a influências ambientais, como o desajuste familiar. O modelo preventivo
buscava antecipar os problemas e preveni-los, por meio da psicoterapia e da orientação familiar.
Esse modelo também favorecia a patologização do comportamento e a atribuição de rótulos. O
modelo preventivo ainda exerce influência na prática de psicólogos e pedagogos responsáveis
pela elaboração de políticas educacionais.
O modelo compensatório se baseia na ideia de que as dificuldades de aprendizagem e
ajustamento dos alunos são causadas por fatores externos à escola, como a pobreza e a falta de
recursos culturais, e que a escola deve compensar essas carências por meio de programas de
intervenção específicos. Esse modelo surgiu no Brasil a partir da década de 70 do século XX, com
a Teoria da Carência Cultural, que buscava solucionar as tensões geradas pelos movimentos
reivindicatórios das minorias raciais. Ele se diferencia do modelo clínico, que tem uma visão
individualista e patologizante dos problemas de aprendizagem, e do modelo psicométrico, que
enfatiza a medição e classificação dos alunos, o que pode levar à segregação e rotulação dos
mesmos. No entanto, o modelo compensatório também é criticado por sua visão determinista e
reducionista dos problemas de aprendizagem, que atribui a responsabilidade pelo fracasso
escolar aos fatores externos à escola, desconsiderando as influências ambientais e sociais.
O modelo crítico de atendimento psicológico em contextos educativos escolares. Esse modelo
surgiu a partir da década de 1980, com um movimento de análise crítica da atuação do psicólogo
escolar. O modelo crítico busca considerar os processos desenvolvidos na instituição escolar e vê
os "problemas de aprendizagem" como um fenômeno complexo, constituído socialmente, cuja
análise deve abarcar os aspectos históricos, econômicos, políticos e sociais. A base
teórico-filosófica da teoria crítica constitui-se no Materialismo Histórico dialético formulado por
Karl Marx. O modelo crítico busca superar a visão individualista e patologizante dos modelos
clínico e preventivo, buscando uma abordagem mais ampla e contextualizada dos problemas de
aprendizagem.
Algumas características de um fazer psicológico escolar crítico que podem contribuir para
mudanças no contexto concreto da escola. Esse modelo busca realizar, juntamente com os atores
que compõem o cenário pedagógico e da escola, mudanças que gerem a possibilidade de que a
escola cumpra seu papel social de possibilitar a todos que por ela passarem a apreensão dos
saberes construídos pela humanidade ao longo do tempo. Para isso, é necessário criar espaços
de reflexão com todos os grupos que fazem parte da escola, famílias e aluno, professores,
pedagogos, funcionários e comunidade, considerando a realidade escolar na totalidade,
pesquisando temas que façam parte das preocupações dos envolvidos, fazendo parcerias com
outros profissionais, com a educação como foco de atenção. O momento é de discussões e a
construção-desconstrução da teoria e prática em psicologia escolar será constante e dialética.
No entanto, temos alguns "princípios norteadores da prática" que podem orientar o fazer
psicológico escolar crítico, como a compreensão da escola como uma instituição social, histórica
e política, a valorização da diversidade e da diferença, a busca pela superação das desigualdades
sociais e a promoção da participação ativa dos sujeitos envolvidos no processo educativo.

ESCOLA E PSICOLOGIA: UMA HISTÓRIA DE ENCONTROS E DESENCONTROS

A Psicologia foi introduzida na escola no Brasil através de suas teorias sobre o desenvolvimento
das crianças e dos adolescentes. Tais teorias eram formuladas a partir de concepções ideológicas
de repressão e controle de tendências espontâneas, sem questionar a dinâmica da instituição de
ensino. Assim, ambas, a Psicologia e a Educação, uniram-se para atender à ideologia segregadora
e excludente vigente desde o advento da escola no Brasil. A introdução da Psicologia no
ambiente escolar se deu por meio de um modelo médico/clínico, calcado numa concepção linear
e reducionista do fracasso escolar. A Psicologia iniciou seu trabalho avaliando as habilidades do
aluno e encaminhando os considerados não aptos para tratamento, conduzidos dentro ou fora
do espaço escolar. Nessa perspectiva, a responsabilização do fracasso escolar estava centrada no
aluno e na família. A superação desse modelo ocorreu na medida em que esse fenômeno passou
a considerar outras implicações, como as condições sociais e culturais em que o aluno está
inserido, a relação entre a escola e a comunidade, a formação dos professores, entre outros
aspectos.
A relação entre a Psicologia e a Escola começou a se tornar tensa a partir do momento em que a
Psicologia passou a adotar um olhar social do fenômeno subjetivo do fracasso escolar, enquanto
a Escola ainda se mantinha fiel à concepção adaptacionista e reducionista do fenômeno
educativo. Essa tensão se agravou com o questionamento acerca da prática reducionista da
Psicologia no contexto escolar, marcada por uma abordagem linear do fracasso escolar, cuja
responsabilidade pesava sobre o aluno e, por extensão, a sua família. A tradição médica e o foco
individual de orientação continuavam tendo força. Assim, a partir da década de 1980, a
Psicologia Escolar passou a se preocupar com a dimensão social do fracasso escolar,
questionando a responsabilização exclusiva do aluno e da família e apontando para a
necessidade de se considerar as condições sociais e culturais em que o aluno está inserido. Essa
mudança de perspectiva gerou resistências por parte da Escola, que ainda mantinha uma visão
individualista e adaptacionista do fracasso escolar. Portanto, o desencontro entre a Psicologia e a
Escola se deu em função dessas diferenças de perspectiva e de abordagem do fenômeno
educativo, o que gerou tensões e resistências na relação entre essas duas áreas.
Existe uma discussão sobre o lugar que a Psicologia Escolar assumiu na sua relação com o
fenômeno educativo, a partir de uma abordagem que considera a constelação escolar. Essa
abordagem busca compreender a complexidade das relações que se estabelecem no contexto
escolar, considerando não apenas o aluno, mas também os professores, a equipe técnica, a
família e a comunidade. A constelação escolar é composta por diversos elementos que se
inter-relacionam e influenciam o processo educativo, como as políticas públicas, a gestão
escolar, a formação dos professores, as relações interpessoais, as condições materiais e
estruturais da escola, entre outros. Nesse sentido, a abordagem que considera a constelação
escolar busca compreender o fenômeno educativo de forma mais ampla e complexa, superando
a visão reducionista que responsabiliza apenas o aluno pelo fracasso escolar. Essa abordagem
propõe uma intervenção mais ampla e integrada, que envolve não apenas a Psicologia, mas
também outras áreas do conhecimento e a comunidade em geral.
Faz-se, por fim, uma reflexão sobre os encontros e desencontros entre a Psicologia e a Escola
contemporânea, problematizando seus impasses e desafios. A partir da discussão dos eixos
anteriores, é possível perceber que a relação entre a Psicologia e a Escola é marcada por tensões
e resistências, mas também por possibilidades de encontro e diálogo. Nesse sentido, é
importante que a Psicologia Escolar esteja atenta à dinâmica institucional da Escola, capturando
o fenômeno escolar como algo complexo e trabalhando numa perspectiva preventiva. É
necessário criar um espaço para escutar as demandas da escola, criando formas de reflexão
dentro na/da escola, considerando todos os envolvidos. Além disso, é importante que a
Psicologia Escolar esteja aberta a outras áreas do conhecimento, como a Sociologia, a
Antropologia, a Pedagogia, entre outras, para uma intervenção mais ampla e integrada. É
necessário também que a Psicologia Escolar esteja comprometida com a formação dos
professores, contribuindo para a construção de uma escola mais inclusiva e democrática.

O PENSAMENTO SISTÊMICO

O pensamento sistêmico é uma abordagem que busca compreender e lidar com a complexidade
das interações entre elementos de um sistema. Ele reconhece que os sistemas são compostos
por partes interconectadas que influenciam umas às outras e, por isso, devem ser estudados
como um todo, em vez de apenas analisar suas partes isoladamente. Três conceitos-chave do
pensamento sistêmico são complexidade, instabilidade e intersubjetividade (retirados da
teoria cibernética, de Norbert Wiener). Complexidade: A complexidade refere-se à
multiplicidade de elementos e relações dentro de um sistema. Os sistemas podem ser
extremamente complexos, com inúmeras variáveis interagindo de maneira dinâmica. O
pensamento sistêmico reconhece que essa complexidade não pode ser reduzida a partes
individuais e exige uma abordagem holística para compreender o sistema como um todo.
Instabilidade: A instabilidade significa que os sistemas são dinâmicos e estão em constante
mudança. As interações entre os elementos de um sistema podem levar a flutuações, oscilações e
até mesmo a mudanças abruptas. O pensamento sistêmico lida com a ideia de que os sistemas
podem ser sensíveis a pequenas alterações e que eventos aparentemente insignificantes podem
ter efeitos significativos ao longo do tempo. Intersubjetividade: A intersubjetividade destaca a
importância das perspectivas e interpretações das pessoas envolvidas no sistema. Ela reconhece
que diferentes indivíduos podem perceber e compreender um sistema de maneira diferente,
com base em suas experiências, valores e contextos. O pensamento sistêmico incentiva a
consideração das múltiplas perspectivas e a construção de consenso entre as partes
interessadas para lidar com a complexidade de maneira eficaz.
Os fundamentos teóricos da Perspectiva Sistêmica estão referenciados a partir da Teoria Geral
dos Sistemas (Bertalanffy), da Cibernética da Teoria da omunicação (Bateson e Watzlawick). A
Teoria Geral dos Sistemas (TGS) é uma abordagem interdisciplinar que busca entender os
sistemas de forma holística, identificando padrões e princípios comuns que podem ser aplicados
em uma variedade de contextos. Alguns dos conceitos-chave da Teoria Geral dos Sistemas
incluem globalidade, não-somatividade, retroalimentação (causalidade circular) e homeostase.
Globalidade: A globalidade, também chamada de abordagem holística, é um princípio
fundamental da Teoria Geral dos Sistemas. Ela enfatiza a necessidade de estudar e compreender
um sistema como um todo integrado, em vez de analisar suas partes isoladamente. Isso significa
reconhecer as interconexões e interações entre os elementos de um sistema e entender como
essas interações contribuem para o funcionamento do sistema na totalidade. Não-Somatividade:
A não-somatividade, ou princípio da não-somação, afirma que as propriedades de um sistema
não podem ser simplesmente derivadas da soma das propriedades de suas partes individuais.
Em outras palavras, o comportamento e as características de um sistema não podem ser
explicados apenas pela análise de suas partes componentes, porque as interações entre essas
partes são cruciais para entender o sistema como um todo. Retroalimentação (Causalidade
Circular): A retroalimentação, ou causalidade circular, é um conceito-chave na Teoria Geral dos
Sistemas. Ela descreve como as informações ou efeitos podem circular dentro de um sistema,
influenciando seus elementos de maneira contínua. Existem dois tipos principais de
retroalimentação: a retroalimentação positiva (refere-se a um ciclo de feedback em que uma
mudança inicial em um componente do sistema amplifica essa mudança, levando a um aumento
contínuo ou a uma mudança abrupta) e retroalimentação negativa (refere-se a um ciclo de
feedback que tende a estabilizar o sistema, reduzindo ou corrigindo qualquer desvio em relação
a um estado desejado). A homeostase é um exemplo de retroalimentação negativa, onde o
sistema busca manter um equilíbrio constante. Homeostase: A homeostase é a capacidade de um
sistema de manter um estado de equilíbrio interno ou uma condição constante, mesmo diante
de perturbações externas. É um exemplo de retroalimentação negativa em ação. Por exemplo, o
corpo humano mantém a temperatura corporal, o nível de glicose no sangue e outros
parâmetros em uma faixa estreita, ajustando continuamente suas funções para compensar
quaisquer desvios desses valores.
A Teoria da Comunicação Humana é uma abordagem que busca entender como os seres
humanos trocam informações e significados entre si. Ela foi desenvolvida por diversos teóricos e
estudiosos ao longo do tempo, sendo influenciada por várias disciplinas, incluindo a psicologia, a
linguística, a sociologia e a antropologia. Uma das teorias mais conhecidas nesse campo é a
Teoria da Comunicação de Paul Watzlawick, Janet Beavin e Don D. Jackson, que é
frequentemente associada à terapia sistêmica.
Os axiomas da comunicação humana fazem parte da Teoria da Comunicação Humana. Esses
axiomas são princípios fundamentais que descrevem como a comunicação humana funciona e
são centrais para a compreensão dos processos de comunicação interpessoal. Existem cinco
axiomas principais: 1º) "Axioma da Impossibilidade de não Comunicar": afirma que é
impossível para os seres humanos não comunicarem. Mesmo quando uma pessoa não está
falando ou não está se expressando de maneira óbvia, ela está transmitindo informações e
significados para os outros por meio de sua presença, comportamento e expressões não verbais.
Esse axioma destaca a importância de reconhecer a natureza inevitável da comunicação e nos
lembra que nossas ações e presença têm um impacto nas interações com os outros, mesmo
quando não estamos verbalmente envolvidos em uma conversa. Isso é fundamental para a
compreensão da dinâmica da comunicação interpessoal e é frequentemente utilizado em terapia
sistêmica e terapia familiar para explorar como os padrões de comunicação afetam as relações.
2º) "Axioma da Comunicação – Conteúdo e Relação": afirma que toda comunicação humana
tem dois aspectos ou níveis distintos: conteúdo e relação. Aqui está uma explicação mais
detalhada desses dois níveis: 1. Conteúdo: O nível de conteúdo da comunicação refere-se às
informações explícitas e diretas transmitidas por meio das palavras e símbolos utilizados na
conversa. É o que as pessoas estão comunicando objetivamente, como fatos, dados, opiniões,
solicitações e declarações. 2. Relação: O nível de relação da comunicação refere-se à maneira
como as pessoas se relacionam umas com as outras durante a interação. Envolve a dinâmica
interpessoal, os sentimentos, as atitudes, as percepções e as emoções que permeiam a
comunicação. É como as pessoas se posicionam em relação umas às outras e como se sentem
uns em relação aos outros. A importância desse axioma está na ideia de que a comunicação não
é apenas sobre transmitir informações, mas também sobre estabelecer e manter
relacionamentos interpessoais. Como a mensagem é entregue e como a outra pessoa a
interpreta são fatores influenciados pela qualidade da relação entre os comunicadores. Portanto,
a compreensão dos aspectos relacionais da comunicação é fundamental para uma comunicação
eficaz e para construir relações saudáveis. Princípio da Metacomunicação: A metacomunicação
refere-se à comunicação sobre a comunicação. Isso inclui discutir as regras e os padrões de
comunicação, bem como a reflexão sobre o próprio processo de comunicação. Esse princípio
destaca a importância de comunicar claramente e de esclarecer mal-entendidos quando eles
ocorrem. 3º) "Axioma da Pontuação da Sequência de Eventos": ressalta como as pessoas
tendem a pontuar ou estruturar a sequência de eventos em uma interação de maneira subjetiva,
com base em suas próprias perspectivas e interpretações. Em outras palavras, ele destaca que as
pessoas têm diferentes maneiras de organizar e dar sentido aos eventos em uma conversa ou
interação, e essas diferenças podem levar a mal-entendidos e conflitos. A ideia-chave por trás
desse axioma é que a forma como uma pessoa interpreta o que está acontecendo em uma
conversa pode ser diferente da interpretação de outra pessoa, mesmo quando ambos estão
participando da mesma interação. Isso ocorre porque as pessoas tendem a "pontuar" a
sequência de eventos de acordo com suas próprias experiências, percepções e crenças. 4º)
“Axioma dos dois tipos principais de comunicação: comunicação digital e comunicação
analógica”: esses dois tipos de comunicação representam diferentes formas pelas quais as
informações podem ser transmitidas e são fundamentais para entender como a comunicação
funciona. A comunicação digital refere-se à comunicação que utiliza palavras, símbolos, números
ou outros códigos específicos com significados claros e definidos. É uma forma de comunicação
que é explícita e precisa. Exemplos de comunicação digital incluem conversas verbais,
mensagens de texto, e-mails, documentos escritos, linguagem de programação em
computadores e qualquer forma de comunicação que utilize um conjunto predefinido de
símbolos ou palavras para transmitir informações. A comunicação analógica, por outro lado,
envolve a transmissão de informações por meio de elementos não verbais, como o tom de voz, a
linguagem corporal, as expressões faciais e outros sinais não verbais. Essa forma de
comunicação é menos explícita e mais subjetiva do que a comunicação digital. Ela pode incluir
nuances, emoções e subtexto que não podem ser facilmente expressos por palavras ou símbolos.
A comunicação analógica é frequentemente usada para transmitir sentimentos, atitudes e
nuances emocionais. 5º) “Axioma das formas simétrica ou complementar de comunicação”:
esses são os dois padrões de interação que as pessoas frequentemente adotam em suas
conversas e relacionamentos interpessoais. A comunicação simétrica ocorre quando as pessoas
adotam papéis semelhantes ou idênticos em uma interação. Em outras palavras, os participantes
da comunicação estão em pé de igualdade e se comportam de maneira semelhante. Por exemplo,
duas pessoas podem estar competindo pelo controle da conversa, ambas tentando assumir a
liderança e expressar suas opiniões de forma assertiva. Isso cria uma dinâmica simétrica. A
comunicação complementar, por outro lado, ocorre quando as pessoas assumem papéis
diferentes e complementares em uma interação. Em uma interação complementar, um
participante pode assumir o papel de líder ou dominante, enquanto o outro adota o papel de
seguidor ou submisso. Esses papéis complementares podem variar dependendo do contexto e
das personalidades envolvidas.
A aplicação do modelo de pensamento sistêmico no contexto escolar pode ser muito valiosa para
melhorar a qualidade da educação e abordar os desafios complexos que as escolas enfrentam. O
pensamento sistêmico enfatiza a compreensão das interconexões e interdependências entre os
elementos de um sistema, o que é particularmente relevante em um ambiente escolar onde
muitos fatores estão interligados. Aqui estão algumas maneiras de aplicar o pensamento
sistêmico na educação: 1) Melhoria do Desempenho Estudantil: abordar o desempenho dos
alunos de maneira sistêmica envolve a análise das interações entre diferentes variáveis, como
métodos de ensino, currículo, ambiente escolar, apoio familiar e socioeconômico. O pensamento
sistêmico permite que educadores identifiquem como esses fatores se relacionam e como
podem ser ajustados para melhorar o desempenho dos alunos. 2) Gestão Escolar: a
administração de uma escola pode ser complexa, envolvendo vários departamentos e partes
interessadas. O pensamento sistêmico ajuda os gestores a entender como diferentes decisões
afetam todas as partes da escola e como otimizar processos e recursos para alcançar metas
educacionais. 3) Resolução de Problemas e Tomada de Decisões: o pensamento sistêmico
ajuda a identificar as causas raízes de problemas complexos nas escolas, como taxas de evasão
escolar, baixo desempenho acadêmico ou problemas comportamentais. Isso permite que os
educadores abordem os problemas de forma mais eficaz, considerando todas as variáveis
envolvidas. 4) Intervenção em Comportamento e Bem-Estar do Aluno: entender o
comportamento dos alunos de maneira sistêmica significa considerar fatores como ambiente
doméstico, relacionamentos com colegas, pressões sociais e emocionais. Isso permite que as
escolas adotem abordagens mais abrangentes para o bem-estar dos alunos, implementando
programas de apoio e prevenção. 5) Colaboração entre Professores e Departamentos: o
pensamento sistêmico promove uma cultura de colaboração entre professores e departamentos.
Os educadores podem ver como suas ações afetam o sistema como um todo e trabalhar juntos
para alcançar objetivos educacionais comuns. 6) Desenvolvimento Profissional: o treinamento
de professores pode ser orientado pelo pensamento sistêmico, ajudando-os a compreender a
influência de suas práticas de ensino no sistema escolar e como aprimorá-las para melhorar os
resultados dos alunos. 7) Envolvimento da Comunidade: o pensamento sistêmico também se
aplica ao envolvimento da comunidade na educação. As escolas podem identificar como a
comunidade e as parcerias podem afetar positivamente o sistema educacional, trazendo
recursos e apoio adicionais.
A aplicação do pensamento sistêmico no contexto escolar exige uma abordagem colaborativa,
em que educadores, gestores, pais e comunidades trabalhem juntos para entender e melhorar o
sistema educacional como um todo. Essa abordagem ajuda a criar soluções mais eficazes e
sustentáveis para os desafios educacionais complexos que as escolas enfrentam.

O FRACASSO ESCOLAR

O fracasso escolar é um conjunto de consequências negativas que podem ocorrer no processo de


ensino e aprendizagem, tais como ausência de interesse pelas atividades escolares, indisciplina,
dificuldades de aprendizagem, notas baixas, repetência, distorção idade-série, evasão escolar,
entre outros. Existem algumas compreensões históricas acerca do fracasso escolar, que incluem
perspectivas inatistas e organicistas, que localizavam as causas dos desvios no organismo dos
alunos pobres, e a culpabilização das famílias pelo insucesso acadêmico dos filhos. Destaca-se,
ainda, a necessidade de revisão das teorias sobre o fracasso escolar que enfatizam o déficit e as
diferenças culturais, levando em conta os mecanismos escolares que produzem as dificuldades
de aprendizagem, e a implementação de políticas públicas que promovam a equidade e a
inclusão social.
A perspectiva inatista e organicista foi uma das primeiras compreensões históricas do fracasso
escolar, que surgiu no início do século XX. Essa perspectiva localizava as causas dos desvios no
organismo dos alunos pobres, entendendo as patologias como deformidades características de
uma raça inferior. Ou seja, acreditava-se que o fracasso escolar era resultado de uma suposta
inferioridade biológica dos alunos, que não teriam as mesmas capacidades cognitivas e
intelectuais dos alunos de classes mais favorecidas. Essa perspectiva foi bastante criticada
posteriormente, por naturalizar as desigualdades sociais e justificar a exclusão dos alunos
pobres do sistema educacional.
As abordagens críticas contemplam determinantes históricos, sociais, políticos e institucionais
na análise do fenômeno do fracasso escolar. Portanto, não há uma única causa, mas sim uma
série de fatores que podem contribuir para o problema. O texto menciona algumas dessas
consequências, como ausência de interesse pelas atividades escolares, indisciplina, dificuldades
de aprendizagem, notas baixas, repetência, distorção idade-série, evasão escolar, entre outros. Já
o texto apresenta algumas compreensões históricas do fracasso escolar, que incluem
perspectivas inatistas e organicistas, que localizavam as causas dos desvios no organismo dos
alunos pobres, e a culpabilização das famílias pelo insucesso acadêmico dos filhos.
As metas de aprendizagem uniformes estabelecidas pelos órgãos superiores da educação podem
contribuir para o fracasso escolar ao considerar os desempenhos aquém do esperado como
deficitários e encaminhar os alunos para profissionais da saúde, como psicólogos, psiquiatras,
neurologistas e psicopedagogos. Essa abordagem pode levar a uma visão reducionista do
problema, que não leva em conta os determinantes históricos, sociais, políticos e institucionais
que podem estar por trás das dificuldades de aprendizagem. Além disso, a pressão para cumprir
as metas em um período preestabelecido de tempo pode gerar um clima de competição e
cobrança excessiva, que pode afetar negativamente o desempenho dos alunos e aumentar o risco
de fracasso escolar.
O texto apresenta algumas reflexões sobre alternativas para lidar com o fracasso escolar de
forma mais efetiva e inclusiva. Algumas dessas reflexões incluem:
1. Revisão das teorias sobre o fracasso escolar que enfatizam o déficit e as diferenças culturais,
levando em conta os mecanismos escolares que produzem as dificuldades de aprendizagem.
2. Reconhecimento de que o fracasso escolar da escola pública resulta de um sistema educativo
que produz obstáculos à concretização de seus objetivos.
3. Desconstrução do discurso científico naturalizador do fracasso escolar, que o legitima e o
mantém.
4. Implementação de políticas públicas que promovam a equidade e a inclusão social, como a
valorização dos profissionais da educação, a melhoria das condições de trabalho e de
infraestrutura das escolas, a oferta de formação continuada para os professores, a ampliação do
acesso à educação de qualidade para todos os estudantes, entre outras.
5. Adoção de práticas pedagógicas mais inclusivas, que levem em conta as diferenças individuais
dos alunos e promovam a participação ativa e crítica dos estudantes no processo de
aprendizagem.

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