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Associação de Ensino e Cultura Faculdade Pio Décimo

Curso de Psicologia
Aluno (a): Talita Miranda dos Santos
Disciplina: Trabalho de Conclusão de Curso l
Professora: MSc. Marta Batista de Souza Data:15/03/2022

FICHAMENTO

REFERÊNCIA DO MATERIAL LIDO


Conselho Federal de Psicologia (Brasil). Referências técnicas para atuação de
psicólogas(os) na educação básica / Conselho Federal de Psicologia. —— 2. ed. ——
Brasília : CFP, 2019.

CITAÇÕES
Conhecer as direções éticas e políticas que norteiam o cotidiano escolar passa a ser
prioridade para a ação de psicólogas(os). Questões como: escola para quem, escola
para quê, e como se engendram as práticas atravessadas por essas implicações no
cotidiano são fundamentais e devem ser debatidas por profissionais que atuam no
campo da Educação. (p.26)
À Psicologia Escolar e Educacional almejamos um projeto educacional que vise a
coletivizar práticas de formação e de qualidade para todos; que lute pela valorização
do trabalho do professor e constitua relações escolares democráticas, que enfrente os
processos de medicalização, patologização e judicialização da vida de educadores e
estudantes; que lute por políticas públicas que possibilitem o desenvolvimento de
todos e todas, trabalhando na direção da superação dos processos de exclusão e
estigmatização social. (p.26)
Para tanto, no âmbito das críticas à Psicologia Escolar e Educacional dos anos 1980,
era importante: a) explicitar as principais filiações teóricas das práticas psicológicas
levadas a efeito na escola; b) analisar os métodos que as(os) psicólogas(os) vinham
empregando e c) criticar as explicações sobre as dificuldades escolares centradas nas
crianças e em suas famílias, bem como a forma restrita como a psicologia interpretava
os fenômenos escolares. (PATTO, 1984) (P.27)
A partir das discussões e críticas presentes na Psicologia em sua relação com a
Educação, inaugura-se uma década de pesquisas que se voltam para o novo objeto
de estudo da Psicologia: o fracasso escolar. Discussão iniciada ao final dos anos
1980, o tema do fracasso escolar passa a centralizar questões que envolvem os
estudos sobre a escola, tanto no campo da Psicologia quanto no campo da Educação
(PATTO, 1990; ANGELUCCI, KALMUS, PAPARELLI & PATTO, 2004) (p.28)
O primeiro aspecto a destacar é o de moralização das instituições sociais até a década
de 1960 e a militarização do cotidiano nos anos subsequentes que deram suporte às
práticas de disciplinamento de forma generalizada, não produzindo muitas discussões
no interior das escolas. (p.32)
Um segundo aspecto é que, nessa etapa de nossa sociedade, encontramos ainda
uma pequena heterogeneidade na população escolar, considerando que a expansão
quantitativa do ensino é bem recente entre nós, o que veio facultar a coexistência de
uma população bastante diferenciada em termos de experiências socioculturais e o
surgimento de modos mais sutis. (p.32)
A escola, hoje, como um sistema aberto, se constitui em um mercado de serviços,
projetos e produtos para seus usuários. Na escola “mercado” se multiplicam as
práticas de avaliação dos produtos para o controle de qualidade e otimização dos
processos, incluindo as avaliações diagnósticas, consideradas práticas de “segurança”
que identificam os indivíduos e definem as ações do momento seguinte. Frente a
todas as incertezas produtoras de medos, indecisão e agitação, a medicalização tem
sido um procedimento generalizado funcionando como mantenedor da ordem
produtora de exclusões e violação do direito à educação. (p.33)
Os discursos e as ações que tendem à homogeneização vinculadas às políticas
públicas caminham no sentido de equalização do diverso, ou seja, de dar instrumentos
para que ele se aproxime do padrão, da norma, deixando as práticas e circunstâncias
escolares fora das análises. Veiga-Neto ressalta que qualidade, nessa perspectiva,
será entendida e avaliada como o esforço ou o interesse “do diferente” em atingir os
escolares considerados “normais”, reafirmando o modelo. (p. 38)
A participação da Psicologia na discussão das contradições, conflitos e paradoxos do
sistema escolar hoje vigente é, portanto, vital no momento em que se encontra a
escola brasileira, sob o riso de continuarmos formando gerações de excluídos, de
crianças e jovens que, por não se apropriarem ativamente do conhecimento
socialmente produzido, estarão à mercê do processo de produção capitalista.
(NENEVE & SOUZA,
O que vemos no campo de trabalho na atualidade é que, diante das urgências e da
falta de tempo para conversar, as cenas se repetem e a rotina tem sido passar o
problema adiante (encaminhamento), culpabilizar (a si próprio, às crianças, aos
familiares, ao sistema), lamentar-se (sofrer, adoecer, licenciar-se). Quando a potência
de interferir é fragilizada traz como efeito a perda do sentido das práticas e a pouca
implicação com o processo de trabalho
A escola tem como objetivo socializar os conteúdos e também os instrumentos
necessários para o acesso ao saber. Sua função é socializar conhecimentos e
experiências produzidos pela humanidade, problematizando as dimensões de classe,
cultura, religião, as relações de gênero e étnico-raciais constituintes da sociedade em
que vivemos, bem como dos conhecimentos historicamente produzidos. Dessa forma,
a(o) psicóloga(o) entende que sua ação pode se encaminhar para a transformação ou
para a manutenção da sociedade, tal como está organizada

CONCEITOS
Medicalização: o processo por meio do qual as questões da vida social — complexas,
multifatoriais e marcadas pela cultura e pelo tempo histórico — são reduzidas a um
tipo de racionalidade que vincula artificialmente a dificuldade de adaptação às normas
sociais a determinismos orgânicos que se expressariam no adoecimento do indivíduo.
ANÁLISE
As referencias técnicas para atuação de psicólogos na educação básica, é
um documento criado pelo conselho federal de psicologia para nortear o profissional
que irá adentrar este campo, suscitando reflexões a respeito das instituições, normas,
papel do psicólogo naquela realidade, proporcionando uma pratica embasada nos
preceitos éticos, corroborando para uma desconstrução das exclusões propiciadas
pelo modo patologizante.

O primeiro eixo aborda a dimensão ético politica da atuação do psicólogo na


educação básica. A escola é o local central de atuação do psicólogo escolar, sendo a
mesma constituída como um espaço de produção de conhecimento, socialização,
além de ser o espaço que dissemina modelos econômicos, culturais, sociais, que de
modo geral, propiciam práticas excludentes, corroborando com uma educação que é
advento do capitalismo, que não se configura como um direito de todos, mas como
uma mercadoria.

A psicologia escolar visa a desconstrução deste modelo que foi consolidado


na década de 80, onde o foco era buscar respostas para o fracasso escolar dos
discentes, os culpabilizando, excluindo os aspectos institucionais, sociais e
econômicos. Com isso se vê a necessidade de fomentar discussões que levam para
um caminho democrático, que enfrentem processos de patologização, medicalização e
judicialização da vida, alinhando projetos que integrem a escola como um todo,
diminuindo as exclusões e estigmatizações sociais.

O eixo 2 apresenta a psicologia e a escola, que se inicia com um


questionamento referente a entrada do psicólogo escolar nas escolas, pois, a mesma
se constitui de modo complexo, possuindo variadas questões de atravessamentos
históricos, políticos, sociais e culturais.

A década de 1960, traz consigo a moralização das instituições, sendo este


aspecto suporte para compreender as praticas de disciplinamento de modo
generalizado, limitando a produção de discussões no interior das escolas, formando
assim uma instituição alheia as demandas externas. Um outro aspecto é a
heterogeneidade da população escolar, visto que devido a diferença em experiencias
socioculturais promoveu o surgimento de modos mais sutis de exclusão,
inquestionáveis devido ao medo de possíveis punições.
Outra visão da escola, é a mesma como um “mercado”, ofertando serviços,
produtos e objetos para seus usuários. Como ocorre no comercio, nesse modelo de
escola não é diferente, a busca pelo produto de melhor qualidade, otimização dos
processos e isso leva a uma prática da psicologia embasada em um viés
psicodiagnósticos, que identifica o “problema” do aluno e posteriormente definem os
tratamentos, sendo a medicalização uma das opções mais utilizadas, como forma de
ajustar estes indivíduos ao ambiente escolar.

As novas práticas do psicólogo escolar visam a criação de demandas que se


desvinculam de demandas já existentes, a produção de espaços de questionamentos
e reflexões que compreendam a realidade para além do espaço escolar.

As possibilidades de atuação do psicólogo da educação básica, é o tema


central do terceiro eixo, trazendo exemplos de locais que é possível trabalhar,
desenvolvendo as potencialidades e fornecendo subsídios para a escola alcançar seu
objetivo de socialização de conteúdos e de instrumentos necessários para a
construção do saber.

O projeto político pedagógico refere-se a valores e metas que serão traçadas


na instituição. O psicólogo pode participar das etapas de elaboração, avaliação e
reformulação do projeto, com enfoque na dimensão psicológica ou subjetiva da
realidade escolar, desse modo, a psicologia é inserida nas ações desenvolvidas e
contribui para uma prática interdisciplinar.

A atuação do psicólogo no processo de ensino – aprendizagem ocorre desde


os primórdios da psicologia escolar, possuindo uma prática psicodiagnóstica que
favorecia a culpabilização dos alunos, diferente da proposta atualmente, que
proporciona aos alunos, professores e familiares recursos para desenvolver o aluno,
dentro das suas potencialidades, desmitificando questões referentes a relação escola-
família, proporcionando um alinhamento entre todas as partes envolvidas neste
processo.

O trabalho na formação de educadores também se constitui como campo


para atuação do psicólogo escolar, possibilitando o trabalho em conteúdos sobre o
desenvolvimento e aprendizagem, questões interpessoais, aspectos sociais e culturais
que permeiam o processo educativo. Assim como atuar com os docentes na formação
continuada.

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