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UNIVERSIDADE PAULISTA - UNIP

Resumo
A Atuação Do Psicólogo Como Expressão Do
Pensamento Crítico Em Psicologia e
Educação.

Jennifer Gomez Villalba - N4388G7


Turma: PS9P12

Campinas 2023
O objetivo deste texto e o de apontar algumas possibilidades de intervenção
concretamente já elaboradas pelas autoras e que se constituem em expressões do
pensamento critico já construído em Psicologia e Educação.
A Psicologia Escolar é aqui entendida como área de estudo da Psicologia e
de atuação/ formação profissional do psicólogo, que tem no contexto educacional —
escolar ou extra-escolar, mas a ele relacionado o foco de sua atenção e na revisão
critica dos conhecimentos acumulados pela Psicologia como ciência, pela
Pedagogia e pela Filosofia da Educação, a possibilidade de contribuir para a
superação das indefinições teórico-práticas que ainda se colocam nas relações entre
a Psicologia e a Educação (Tanamachi, 2002, p. 85).
Sendo assim, o que define um psicólogo escolar não é especificamente o seu
local de trabalho, mas sim o seu compromisso teórico e prático no que diz respeito à
escola. Defende-se que:
O melhor lugar para o psicólogo escolar é o lugar possível, seja dentro ou fora
de uma instituição, desde que ele se coloque dentro da educação e assuma um
compromisso teórico e prático com as questões da escola, já que independente do
espaço profissional que possa estar ocupando, ela deve se constituir no foco
principal de sua reflexão, ou seja, do trabalho que se desenvolve em seu interior que
emergem as grandes questões para as quais deve buscar tanto os recursos
explicativos, quanto os recursos metodológicos que possam orientar sua ação.
(Meira, 2000, p. 36).

Principais questões teórico-práticas da psicologia na educação.

Iniciaremos com a análise das explicações tradicionais sobre o fracasso


escolar, considerando tanto a realidade educacional brasileira quanto a historia da
Psicologia em relação ao movimento de constituição da sociedade, da educação e
da própria Psicologia como ciência.
Análise crítica das abordagens tradicionais em Psicologia Escolar.

Dados obtidos por pesquisas sobre o processo de escolarização no Brasil


revelou que existe uma ausência de escola para todos, evasão ou permanência sem
nada a aprender e índices altos de analfabetismo, mostrando que a impossibilidade
de constituição da condição humana pela via da educação formal é ainda uma
realidade em nosso país.
A única pergunta possível ao psicólogo refere-se a "porque os indivíduos não
aprendem", apontando para uma ausência de compromisso da Psicologia com a
condição multideterminada das circunstancias nas quais os indivíduos se
humanizam.
Maria Helena Patto (1990) aponta-nos como a Psicologia tem contribuído
para justificar essa realidade educacional, para explicar os ajustes da social
capitalista em função das exigências dos novos momentos históricos de sua
recomposição, tem transitado entre teorias que nada mais são do que recursos da
Psicologia para a reordenação do status da própria sociedade.

Tendências atuais do pensamento crítico em Psicologia Escolar

A visão tradicional e hegemônica da Psicologia na Educação acima


apresentada passou a ser sistematicamente denunciada no Brasil, a partir da
década de 1980, momento no qual se consolida uma postura critica em relação a
identidade e a função social do psicólogo escolar.

Uma concepção crítica de Psicologia Escolar

Tomamos como referência teórico filosófica e metodológica, o conjunto de


elaborações da Psicologia, efetivados a partir do materialismo histórico dialético,
enfocando as categorias que tem implicações imediatas para a compreensão do
processo de humanização dos indivíduos no contexto sócio-histórico atual.
No nível da analise sobre o homem em geral desenvolvido por Marx,
destacamos o trabalho como atividade vital por meio do qual o homem se relaciona
com a natureza e com os outros homens, criando as condições para a produção e
reprodução da humanidade; o caráter material e histórico do desenvolvimento
humano que permite compreender as relações de produção como determinantes da
forma e do conteúdo das relações entre os homens e, finalmente, a lógica dialética,
cujas categorias centrais contradição, totalidade, particularidade..., viabilizam o
conhecimento e a interpretação da realidade, considerando a origem
multideterminada e contraditória dos fenômenos, apreendendo-os em sua dinâmica
horizontal (sua historia de desenvolvimento) e vertical (articulação entre aparência e
essência).
Nesse sentido, concordamos que a concepção cientifica sobre o homem em
geral, na visão de Marx, pode dar sustentação aos estudos sobre a
individualidade/subjetividade, uma tarefa para a Psicologia, assumida por Seve
(1979), Vigotski (1996), Leontiev (1978), entre outros.
Ao discutir as finalidades da educação escolar, destaca o caráter conservador
e ao mesmo tempo contraditório do projeto burguês de escola, pensando por
contradição tanto as relações da escola com a sociedade, quanto a função da escola
e os temas relativos ao processo educativo (conteúdos, métodos, relação
professor/aluno).
Toma o processo de democratização da educação no sentido formal e
substancial, defendendo a garantia de acesso e permanência na escola, como uma
condição de humanização no sentido da "unilateralidade".
O autor permite apresentar, como elementos que garantam a transformação
da escola em instrumento de emancipação:
 a natureza e a especificidade do trabalho da escola, enfatizando a seleção e
organização dos conteúdos com base no saber universal (clássico/erudito), o
movimento de continuidade (com aquilo que o aluno ja sabe) e ruptura
(quando o professor apresenta, introduz novos conhecimentos) e a discussão
sobre as praticas diárias (o que/ como/para que fazer, a fim de garantir a
transformação a partir da educação escolar);
 a competência técnico-pedagógica do professor para selecionar os conteúdos
e os procedimentos de ensino e o compromisso político com os pressupostos
e as finalidades de emancipação;
 o lugar do professor como coordenador da ação educativa e o trabalho
coletivo;
 a compreensão da escola como um local, ao mesmo tempo, conservador e
revolucionário que difunde a cultura, que e ao mesmo tempo fictícia e
verdadeira.
As praticas pedagógicas imprescindíveis a uma educação escolar emancipatória,
enfocadas por Giroux (1986), acrescentam aspectos importantes a respeito da
natureza ativa da participação dos alunos e dos professores no espaço da educação
escolar.
Propondo o professor como mediador entre os alunos e o conhecimento e o
conhecimento como mediação entre os que aprendem, o autor anuncia que as
relações em sala de aula devem garantir a aprendizagem do pensamento critico .

Neste contexto, consideramos juntamente com Seve (197 Duarte (1993) e


Vigotski (1996) que cabe a Psicologia oferecer subsídios para o desenvolvimento de
uma concepção cientifica do individuo, entendido como síntese da historia social da
humanidade, cujo desenvolvimento deve conscientemente participar para assegurar
sua emancipação.
Trata-se de tomar como tarefa também da Psicologia o estabelecimento de
mediações entre o desenvolvimento histórico-social da humanidade e a vida
particular dos indivíduos.

A atuação do psicólogo em instituições de ensino.

A finalidade central de seu trabalho deve ser a de contribuir para a construção


de um processo educacional que seja capaz de socializar o conhecimento
historicamente acumulado e de contribuir para a formação ética e política dos
sujeitos, a atuação da Psicologia pode contribuir para que a escola cumpra sua
função social.
Nesta perspectiva, o psicólogo não e um "resolvedor" de problemas, um mero
divulgador de teorias e conhecimentos psicológicos, mas um profissional que dentro
de seus limites e de sua especificidade, pode ajudar a escola a remover obstáculos
que se interpõem entre os sujeitos e o conhecimento e a formar cidadãos por meio
da construção de praticas educativas que favoreçam processos de humanização e
reapropriação da capacidade de pensamento critico.
Para dar conta dessa tarefa, o psicólogo deve compreender de forma mais
aprofundada tanto as maneiras pelas quais o trabalho educativo produz nos
indivíduos singulares a humanidade que é produzida histórica e coletivamente pelo
conjunto dos homens (Saviani, 1991), quanto às funções e a natureza social do
desenvolvimento cognitivo, dos afetos e emoções no processo de humanização
desses indivíduos pela via da apropriação da cultura.
E evidente que cada instituição apresenta necessidades e particularidades
que devem ser compreendidas, respeitadas e trabalhadas.

Principais fundamentos do trabalho em instituições de ensino.

O trabalho em instituições educacionais apresenta certas especificidades que


exigem do profissional o domínio mais aprofundado de algumas medidas educativas,
dentre as quais destacaremos três que nos pareceu mais importante: a
compreensão de possíveis articuladores, teorias de aprendizagem e práticas
educativas; a análise espaço social da sala de aula e a concepção de conhecimento
de instrumento do vir a ser.

Metodologia de trabalho.

Para que a Psicologia possa contribuir com a construção da cidadania no


interior das praticas educativas, dentro e fora da escola, e preciso construir
metodologias de trabalho fundadas em um movimento de ação/reflexão/ação, de tal
forma que todos os envolvidos possam refletir sobre a própria pratica social, buscar
elementos teóricos que venham a iluminar essa pratica de modo qualitativamente
diferente e comprometer-se com o desenvolvimento de projetos que traduzam em
ações concretas essa nova compreensão critica sobre si mesmo e sobre a realidade
social.
Sistemática de trabalho.

Em linhas gerais, a sistemática de trabalho envolve quatro mentos principais:


avaliação da realidade escolar e/ou institucional, discussão dos resultados
preliminares com todos os segmentos da instituição educacional, elaboração e de
execução do plano de intervenção.

O processo de avaliação.

Quando um profissional não compreende adequadamente a própria realidade


de trabalho predominam atividades mais esporádicas e assistemáticas, que se
limitam a demandas consideradas emergenciais. Desta forma, os eixos de atuação
acabam resultando na imposição externa da direção da instituição ou de uma
dedicação pessoal do profissional, baseada naquilo que ele julga ser mais adequado
ou conveniente.
Por tudo isso, uma avaliação adequada é a primeira condição para a
articulação de um bom plano de ação, com objetivos, metas e estratégias definidas.
Em qualquer uma das situações não seguem sem as condições necessárias
para a construção de uma proposta consistente que possa constituir-se na
expressão de uma síntese ativa e critica entre os conhecimentos da Psicologia e as
necessidades e possibilidades de cada escola.
Para que seja efetivo e realmente leve a uma compreensão adequada da
realidade a ser trabalhada, o processo de avaliação deve envolver uma
multiplicidade de fatores, trazendo pelo menos o seguinte conjunto de dados:
• Relativos a organização da escola: numero de turmas (total, por período e serie);
numero de alunos (total, por período e série); número de professores (total e por
série); numero de funcionários e descrição de funções e atividades; serviços
prestados aos alunos e a comunidade; esquema de reuniões (de direção e
professores, de professores; de alunos, de funcionários, de pais, etc);
• Relativos aos recursos físicos da escola: numero e condições das salas de aula;
laboratórios; biblioteca (quantidade, qualidade do acervo e condições de acesso);
salas de reuniões; salas de projetos; equipamentos e materiais disponíveis
(televisão, computadores, impressoras, videocassete, filmadora, retro-projetores,
maquina fotográfica, Xerox, projetor de slides, filmes educativos, etc); quadras de
esporte; jardins e áreas de lazer;
• Informações sobre o corpo docente: formação dos professores (básica, graduação,
pós-graduação); condições de estudo e reflexão; salário e condições de trabalho;
tempo médio de permanência dos professores na escola; experiências educacionais
anteriores;
• O trabalho pedagógico: metodologia utilizada; recursos didáticos; relação entre
professores e alunos; conteúdos trabalhados; tipo de rotina construída em sala de
aula; critérios de organização, distribuição das classes; processos de avaliação;
• A equipe que dirige a escola: formação, tempo de formação e de escolha do
diretor; numero de coordenadores e várias funções;
• Elementos quantitativos sobre a progressão escolar nos: índices de evasão (total
por série, professor e periodo f. de repetência (total, por serie, professor e período);
• Dados relativos ao nível de organização dos diferentes momentos da escola:
Associação de pais e mestres; Conselho Ia; Grêmio estudantil; projetos em
andamento; nível de participação dos pais (nas organizações formais e não formais);
• As condições socioeconômicas dos alunos: classe si pertence a maioria dos
alunos; profissão e nível de instrução (geral, por serie e período);
• A historia da escola: ano da fundação; circunstâncias que terminaram sua criação;
• O bairro no qual a escola esta inserida: características da localidade; recursos
físicos, institucionais.
• Dados relativos a compreensão que os diferentes seguimentos de escola e/ou
instituição apresentam em relação a seus problemas fundamentais. Neste campo e
preciso responder a questões quais as "queixas" que se colocam? Que tipos de
demandas como possíveis objetos de intervenção do profissional.
• As expectativas dos diferentes segmentos da escola e/ou relação em relação ao
trabalho do profissional da Psicologia: sobre a função de um psicólogo na escola
e/ou instituição escolar seria seu papel em relação as demandas apresentadas?
• As possibilidades e os limites que se apresentam ao trabalho da Psicologia: qual o
grau de abertura para o desdobramento de projetos de ação? Quais os principais
limites que pensam? Quais seriam os parceiros potenciais para dar inicio trabalho
coletivo e solidário?
No que se refere aos procedimentos de avaliação, os dados podem ser
coletados junto a documentos da escola - regimentos, regulamentos, atas de
reunião, livros de ocorrência, dados estatísticos, fichas de inscrição, históricos
escolares, etc, direção e coordenação, professores, alunos, pais e funcionários.
As maneiras pelas quais os psicólogos constroem suas propostas de trabalho estão
sujeitas a uma multiplicidade de fatores que se relacionam, por um lado, aos seus
posicionamentos filosóficos, teóricos e metodológicos e, por outro, a política
educacional das instituições e as expectativas construídas em relação a ação da
psicologia, que em geral se traduzem por solicitações de trabalho de diagnostico e
atendimento de casos individuais considerados problemáticos.
No entanto, a participação em inúmeros trabalhos e projetos de extensão
desenvolvidos nos últimos anos, permite-nos afirmar que é possível abrir espaços
que podem diminuir os limites e ampliar nossas possibilidades de concretização de
uma prática contextualizada e criticamente comprometida com a humanização.

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