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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David .

ISCED - Luanda

UNIDADE I: INTRODUÇÃO AO ESTUDO DA PSICOLOGIA

A história da Psicologia não é recente. O seu reconhecimento como ciência é que


sucedeu apenas tardiamente.
A História da Psicologia: Uma linha do Tempo
a.C.
387 – Platão, para quem as ideias eram inatas, sugere que o cérebro é a sede dos
processos mentais.
335 – Aristóteles, que negava a existência de ideias inatas, afirma que a sede dos
processos mentais é o coração.

d.C.
1604 – Johannes Kepler sustenta que a imagem se torna invertida na retina.
1637- René Descartes, filósofo e matemático francês que propôs a interação mente-
corpo e a doutrina das ideias inatas, publica Discurso do método.
1774- Franz Mesmer, médico austríaco, realiza sua primeira suposta cura por meio do
“magnetismo animal” (posteriormente denominado mesmerismo e hipnose). Em 1777,
foi impedido de praticar a medicina em Viena.
Philippe Pinel liberta das correntes os primeiros pacientes, vítimas de doença mental,
no asilo de Bicêtre, na França, e defende um tratamento mais humano para os
doentes mentais.
1808- Franz Joseph Gall, médico alemão, descreve a frenologia, a crença em que o
formato do crânio de uma pessoa revela faculdades mentais e traços de carácter.
1848- Phineas Gage sofre dano cerebral grave quando uma barra de ferro lhe
perfurou acidentalmente o cérebro, deixando intacto o intelecto e a memória mas
alterando sua personalidade.
1859 – Charles Darwin publica sobre a Origem das espécies por meio da selecção
natural, em que sintetiza muitas obras anteriores sobre a teoria da evolução, incluindo
de Herbert Spencer, que cunhou a expressão sobrevivência do mais apto.
1861- Paul Broca, médico francês, descobre uma área no lobo frontal esquerdo do
cérebro que é fundamental para a produção da linguagem falada (hoje chamada área
de broca)
- Louis Pasteur defende a teoria dos germes.
1869 – Francis Galton, primo de de Charles Darwin, publica hereditary genius, em
que sustenta que a inteligência é herdada. Em 1876, cunhou a expressão “natureza e
criação” para corresponder a hereditariedade e ambiente.

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1874- Carl Wernick, neurologista e psiquiatra alemão mostra que a lesão em uma
área específica do lobo temporal esquerdo rompe a capacidade de compreensão ou
de produção da linguagem falada ou escrita (hoje denominada área de Wernick)
1878- G. Stanley Hall recebe da Harvard university o primeiro título de doutorado em
Psicologia concedido nos EUA.
1879- Wilhelm Wundt instala na universidade de Leipzig, Alemanha, o 1º laboratório
de Psicologia, que se tornou uma meca para os estudantes de Psicologia de todo
mundo.
1883 – G Stanley Hall discípulo de Wundt, cria o 1º laboratório formal de Psicologia
nos EUA na John Hopkins University
1885- Hermann Ebbinghaus publica On memory, em que sintetiza sua ampla
pesquisa sobre aprendizagem e memória, inclinado a “curva de esquecimento”
1889- é instalado na Sorbonne o 1º laboratório de Psicologia da França e reúne-se
em Paris o 1º congresso internacional de Psicologia.
1890- Willian James, filósofo e psicólogo da Harvard University publica the priciples of
psychology, descrevendo a Psicologia como “a ciência da vida mental.
1891- James Mark Baldwin instala na universidade de Toronto o 1º laboratório de
psicologia da comunidade de nações britânicas.
1893- Mary Whilton Calkins e Christine Ladd-Franklin tornam-se as 1ªs mulheres a
serem eleitas para o quadro de membros da APA.
1894- Margaret Floy Wasburn torna-se a 1ª mulher a receber o grau de doutorado
em psicologia (Cornell University)
1898- Edward L. Thorndike, da Columbia University, publica um artigo intitulado
“animal intelligence”, no qual descreve suas experiências e aprendizagem com gatos
em “caixas- problema”. Em 1905 propôs a “lei do efeito”
1900- Sigmund Freud publica a interpretação dos sonhos sua principal obra teórica
em psicanálise.
1905 – Mary W. Calkins torna-se a 1ª mulher a assumir a presidência da APA
- Ivan Petrovic Pavlov publica estudos sobre condicionamento de animais.
- em Paris, Alfred Binet e Theodore Simon publicam o primeiro teste de inteligência
conforme estudavam as habilidades e o progresso académico de crianças em idade
escolar.
1920- Francis Cecil Sumner recebe grau de doutorado em Psicologia da Clark
University tornando-se o 1º afro americano a obter doutorado em psicologia.
1924- Mary Cover Jones relata ter recondicionado reacção de medo em uma criança
(Peter), percursora da dessensibilização sistemática desenvolvida por Joseph wolpe.

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1933 – Inez Bervely Posser torna-se a 1ª mulher afro americana a receber o grau de
doutorado em psicologia em uma instituição americana, Universidade de Cinccinati.
1938 – B. F. Skinner, publica the behavior of organisms, que descreve o
condicionamento operante em animais.
1939 – David Wechsler publica o teste de inteligência wechsler-bellevue, percursor da
escala Wechsler de inteligência para crianças (WISC)
- a segunda guerra mundial proporcionou muitas oportunidades para que os
psicólogos aumentassem a popularidade e a influencia da psicologia especialmente
em áreas aplicadas.
1950- Erik Erikson publica childhood and society, esboçando as fases do
desenvolvimento psicossocial.
1954 – Abraham Maslow publica motivacion and personality em que propõe uma
hierarquia de motivos que vai das necessidades fisiológicas à auto realização.
1968- Richard Atkinson e Richard Shiffrin publicam seu influente modelo de
memória de três estágios, envolvendo a memória sensorial (MS) a memoria de curto
prazo (MCP) e memória de longo prazo (MLP).
1971- Kenneth B. Clark é o primeiro afro americano a assumir a presidência da APA.
2002- o novo México torna-se o primeiro estado norte americano a permitir que os
psicólogos clínicos qualificados prescrevam certos fármacos.
Obviamente em outras datas ocorrem factos também importantes.1

1.1. Breve história do surgimento da Psicologia


A psicologia possui um longo passado, mas uma curta história. Como ciência a
Psicologia é nova, apesar dela existir desde o surgimento do homem.
Durante dois mil anos a Psicologia existiu amorfa e indiferenciada, pois estava
fundida à Filosofia, e tinha por preocupação embrionária o homem enquanto
um ser possuidor de “algo” além de seu corpo material e sensorial. Dessa
forma, a primeira grande definição de Psicologia como estudo da alma
perdurou durante muito tempo. Contudo, essa é uma definição muito
controversa, pois o termo “alma” abre um leque imenso de formas de
compreensão, uma vez que os homens nunca deixaram de discutir quando não
de disputar, a respeito da natureza, da função e até da realidade da alma.

No ocidente desde os tempos de Platão e Aristóteles, as pessoas se


questionavam sobre o comportamento humano e os processos mentais.

1
David MYERS. Psicologia, 2006

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A história da psicologia pode ser dividida em três fases principais: o seu


surgimento como uma ciência da mente, as décadas do behaviorismo e a
revolução cognitiva.
Etimologicamente, a palavra Psicologia deriva do Grego psyche (alma) e lógos
(palavra, razão, discurso acerca de). Numa tradução directa podemos definir a
Psicologia como a ciência que estuda a alma. Reflectir sobre a alma suscita
questões inquietantes, enigmáticas e infinitas; o conceito de alma muda de
configuração entre os séculos VII e VI a.C.
Esse período foi marcado pelo surgimento de uma forma de pensar racional,
matemática, doutrinária, que tinha como base a observação dos fenómenos
quotidianos. O homem desenvolve as ideias de movimento e de transformação.
Surge o pensamento de que tudo tem uma origem, ao mesmo tempo que é
passível de originar.

O conceito psicologia sofreu evolução no decorrer dos tempos devido as várias


contribuições dos estudiosos: de ciência da alma à ciência da adivinhação; de
ciência dos processos mentais para o que hoje é o sentido mais lato estudo
científico do comportamento e dos processos mentais ou seja é o estudo
científico dos fenómenos psíquicos.
Algumas pessoas poderiam pensar que os psicólogos estão interessados
apenas em comportamentos anormais. Na verdade, eles estão interessados
em todos os aspectos do pensamento e do comportamento.

1.2. – Desenvolvimento inicial da Psicologia


A Psicologia conquistou o estatuto de ciência em 1879, porque foi neste ano
que Wilhelm Wundt fundou o primeiro laboratório de psicologia experimental
do mundo, na cidade de Leipzig na Alemanha. Aos olhos do público, um
laboratório identificava um ramo de investigação como “ciência”. O
desenvolvimento da Psicologia foi impulsionado pelas seguintes escolas:

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1.2.1 – ESTRUTURALISMO
Posição desenvolvida por Wilhelm Wundt (1832-1920),

médico por formação, foi professor na Universidade de Heidelberg, na


Alemanha, e posteriormente por Edward Titchener (1867-1927). A
ambição de Wundt era estabelecer uma identidade independente a
Psicologia. Com este objectivo em mente deixou a Heidelberg e foi
para a Universidade cátedra de Filosofia de Leipzig na Alemanha.
Quatros anos mais tarde em 1879, Wundt fundou o primeiro laboratório
de psicologia experimental do mundo, conferindo assim à Psicologia o
estatuto de Ciência plena.
Para os Estruturalistas a Psicologia era o estudo dos relatos introspectivos de
adultos humanos normais, sujeitos treinados (os próprios psicólogos) que
faziam relatórios descritivos de como reagiam aos estímulos. Wundt e seus
seguidores estudaram a experiência imediata com especial importância para a
atenção selectiva (processo pelo qual determinamos o que vamos prestar
atenção em determinado momento).
Supunha-se que estes relatórios permitiam aos psicólogos interpretar a
estrutura da mente (sensação e percepção) e como ela funcionava. Como
sistema, o Estruturalismo foi muito limitado todavia fizeram contribuições
importantes para o desenvolvimento inicial da psicologia:
a) Testando o método da introspecção que falhou em decorrência da
discordância quanto a propriedade dos estímulos;
b) Estabelecendo a psicologia como um esforço científico e salientando a
metodologia científica apropriada;
c) Proporcionando um ponto de partida que foi investigado por muitos dos
sistemas psicológicos posteriores.
O maior produto de Wundt foram os seus alunos que levaram conhecimento
para outras universidades e países como, por exemplo, Stanley Hall que
fundou o 1º laboratório de psicologia americano na universidade John Hopkins.

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1.2.2 – FUNCIONALISMO
William James (1842–1910) é um dos fundadores da

psicologia moderna e importante filósofo ligado ao Pragmatismo.


Nascido nos Estados Unidos, teve sua formação em medicina. Ele
escreveu livros influentes sobre a então jovem ciência da psicologia,
incluindo temas como a educação e a psicologia da experiência
religiosa.
Este movimento por ele representado foi dos 1ºs académicos a desafiar o
estruturalismo.
Os funcionalistas interpretavam-se pelos propósitos do comportamento e não
pela estrutura da mente. O funcionalismo investigou a adaptação ou
ajustamento do sujeito a diferentes ambientes onde defendiam que para haver
adaptação é necessário associar-se experiências e não separa-las.
Entre os mais ilustres seguidores funcionalistas estão John Dewey (1859-1952)
e James Cattel (1860-1944) todos americanos.
Denominavam-se funcionalistas por se interessarem mais no que a mente faz
nas suas funções de que no que a mente é. Os funcionalistas estabeleceram
como objecto da psicologia, a interacção contínua entre o organismo e o seu
ambiente que permite a adaptação do homem.
No início dos anos 1900 diversos psicólogos da universidade de Chicago
(inclusive John Dewey o famoso filósofo e educador) foram fortemente
influenciados pela visão de W. James e compartilhavam as seguintes opiniões:
1) Os psicólogos deveriam estudar o funcionamento dos processos mentais e muitos
outros assuntos inclusive o comportamento das crianças e dos animais simples, a
anormalidade e as diferenças individuais entre as pessoas.
2) Deveriam utilizar introspecção informal, a auto observação e o auto relato.
1.2.3 – PSICANÁLISE

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Criado por Sigmund Freud (1856-1939) fundador do I laboratório


de psicanálise, Doutor em medicina, especializado no tratamento de problemas
do sistema nervoso e em particular de transtornos neuróticos. Nascido em
Viena (Áustria) é de longe o mais conhecido e controverso pioneiro da
psicologia.
A teoria psicanalítica é naturalmente uma teoria psicológica cujo objectivo era
de levar ajuda às pessoas em sofrimento. Na época de Freud os médicos não
compreendiam os problemas neuróticos nem sabiam como tratá-los. Freud
começou a procurar uma terapia psicológica apropriada cuja base aprendeu
em Paris, a técnica da hipnose. Ele desenvolveu um novo método (associação
livre) onde convidava os seus pacientes a deitarem-se num divã (sofá)
encorajando e motivando-lhes a relatarem os seus sonhos e tudo o que lhes
viesse a mente.
A teoria psicanalítica criou uma revolução na concepção e tratamento dos
problemas emocionais e provocou interesse entre os psicólogos pela
movimentação do inconsciente, a personalidade, o comportamento anormal e
desenvolvimento infantil.
Freud sustentava que os seres humanos não são tão racionais quanto
imaginam e que somos motivados por instintos e impulsos inconscientes que
não estão disponíveis na parte racional e consciente da nossa mente. Freud via
o inconsciente como um dinâmico caldeirão de impulsos sexuais e agressivos
primitivos, desejos reprimidos, medos, vontades inomináveis e memórias
traumáticas da infância. Embora reprimidos (ou escondidos da percepção), os
impulsos inconscientes exercem pressão sobre a mente consciente e se
expressam de maneira disfarçada ou alterada, o que inclui sonhos, manias,
lapsos de linguagem e sintomas de doenças mentais, bem como por meio de
actividades socialmente aceitáveis como a arte e a literatura.
Freud analisou todo o material que aparecia procurando desejos, temores,
conflitos, pensamentos e lembranças que se encontravam além do
conhecimento consciente do paciente.
Freud e os seus seguidores sustentavam as seguintes teses gerais:

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1) Os psicólogos devem estudar as leis e as determinantes da personalidade normal


e anormal e elaborar métodos de tratamento para as desordens da personalidade.
2) Os motivos inconscientes, as lembranças, os medos, os conflitos e as frustrações
são aspectos importantes da personalidade.
3) A personalidade é formada durante a 1ª infância. A exploração das lembranças
dos 1ºs cinco anos de vida é essencial ao tratamento.
4) A forma mais apropriada de estudar a personalidade é dentro do contexto de um
relacionamento íntimo e prolongado entre o paciente e o terapeuta.
Durante o curso dessa associação o paciente relata pensamentos,
sentimentos, lembranças, fantasias e sonhos (introspecção informal) enquanto
o terapeuta analisa, interpreta o material e observa o comportamento do
paciente.

1.2.4. – BEHAVIORISMO

Teve como fundador John B. Watson (1878-1958) americano


doutorado na Universidade de Chicago no campo da psicologia animal, fez da
psicologia uma ciência respeitável como as ciências físicas.
Watson afirmava que não se podia ver nem definir a consciência, assim como
não se pode observar a alma. E se não é possível observar determinada coisa,
ela não pode ser objecto de estudo científico. Para ele a existência de vida
mental é superstição. Segundo ele, os psicólogos deveriam estudar o
comportamento observável e adoptar métodos objectivos.
O behaviorismo dominou a Psicologia norte-americana durante trinta anos. Os
primeiros behavioristas aceitavam as seguintes teses:
1. Os psicólogos deveriam estudar os eventos ambientais (estímulos) e o
comportamento observável (respostas);
2. A experiência é uma influência mais importante no comportamento, nas
aptidões e nos traços do que a hereditariedade.
3. A introspecção deve ser abandonada em benefício de métodos objectivos (ou
seja, experimentação, observação e testes).

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4. Os psicólogos devem visar á descrição, explicação, predição e controle do


comportamento. Devem também empreender tarefas práticas, tais como
aconselhamento de pais, legisladores, educadores e homens de negócios.
5. O comportamento de animais inferiores deve ser investigado (juntamente com o
comportamento humano), pois os organismos simples são mais fáceis de estudar
e compreender do que os complexos.
O Behaviorismo dominou a psicologia acadêmica dos EUA até os anos 60, e
baseando-se nos trabalhos do pesquisador Ivan Pavlov, definiram Psicologia
como o estudo do comportamento observável, mensurável e nada mais.
Os maiores seguidores de John Watson foram Skinner e Mary Cover Jones.

1.2.5. – GESTALT
Gestalt é uma palavra alemã que significa forma, padrão, estrutura, todo.
Este movimento foi fundado por Wolfgang Kolher, Max Wertheimer e Kurt
Koffka.

Wolfgang Köhler, (1887-1967), foi um dos principais teóricos da


Psicologia de Gestalt, considerado o porta voz do movimento devido aos seus livros
escritos com cuidado e precisão. Nasceu na Estônia em 1887 e com cinco anos se
mudou para o norte da Alemanha.

Kurt Koffka, (1886-1941), foi um psicólogo da Gestalt. Em 1909


recebeu doutorado pela Universidade de Berlim. Junto com Wolfgang Köhler, tornou-se
assistente na Universidade de Frankfurt, onde trabalhou com Max Wertheimer.

Max Wertheimer (1880-1943) foi um psicólogo checo, um dos


fundadores da Teoria da Gestalt juntamente com Kurt Koffka e Wolfgang Köhler.

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É um movimento de origem alemã e se desenvolveu nos Estados Unidos;


nasceu como oposição às outras correntes psicológicas. Max Wertheimer,
psicólogo alemão deu vida ao movimento da Gestalt em 1912, segundo os
historiadores, e publicou numa Universidade de Frankfurt um relatório sobre
estudos de movimento aparente, ou seja movimento percebido quando na
realidade nada está a acontecer.
Os gestaltistas estavam interessados na percepção, mas particularmente em
certos truques que a mente aplica em si mesma. Viam a percepção como um
todo e não como partes.
Por exemplo: quando olhamos uma árvore vemos uma árvore e, não uma série
de folhas e galhos isolados. Defendiam tal como os funcionalistas que a nossa
mente trabalha em conjunto e não em partes.
Comparação entre os cinco movimentos da psicologia no passado

ESCOLA ESTRUTURALISMO FUNCIONALISMO BEHAVIORISMO GESTALTISMO PSICANALISMO


FUNDADOR W. WUNDT WILLIAM JAMES JOHN WATSON WERTHEIMER SIGMUND
KOFFKA, FREUD
KOHLER
OBJECTO Estrutura dos Funcionamento Estímulos e Experiência Inconsciente,
processos dos processos respostas subjectiva personalidade
elementares da mentais observáveis humana global normal e
consciência (em particular (comportamento) (percepção) anormal,
(sensação, adaptação/ tratamento de
percepção, atenção, ajustamento) distúrbios
selectiva)

OBJECTIVO O conhecimento Conhecimento e Conhecimento e Conhecimento Serviços,


aplicação aplicação conhecimento
Para os
METODOS Introspecção Introspecção Métodos Introspecção Pacientes:
de pesquisa analítica informal e objectivos informal e Introspecção
Formal métodos (obs., testes e métodos informal p/
objectivos experimentação) objectivos revelar exp.
(obs., testes e Inconscientes
experimentação) Para os
Terapeutas:
análise lógica e
a observação
Observadores Seres humanos Pessoas e Pessoas Pacientes

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POPULAÇÃO treinados adultos/ crianças e animais ocasionalmente (sobretudo


Estudada animais chimpanzés adultos)

1.3 – NOVAS DIRECÇÕES DA PSICOLOGIA


A ciência psicológica continua a crescer e a mudar, por isso não pode ser
colocada dentro de uma única forma. Durante grande parte do século XX, a
psicologia esteve dividida em escolas teóricas que competiam entre si.
Hoje, os psicólogos estão mais flexíveis em considerar os méritos de novas
abordagens, em combinar elementos de diferentes perspectivas quando seus
interesses e resultados de pesquisas assim exigem.

1- PSICOLOGIA EVOLUCIONISTA
É uma disciplina resultante da síntese entre a Psicologia Cognitiva e a Biologia
Evolutiva, que engloba conhecimentos da Antropologia, Paleontropologia, das
Ciências Cognitivas e das Neurociências. É um perspectiva teórica heurística
que fornece modelos e métodos robustos para examinar os processos mentais
e comportamentos humanos, usando a lógica dos mecanismos de selecção
natural e selecção sexual propostos por Charles Darwin, bem como nas
contribuições de Mendel, Hamilton, Trivers, entre outros.
Preocupa-se com as origens evolucionárias dos padrões de comportamento e
processos mentais, investigando qual valor adaptativo que eles têm ou tiveram
e quais as funções eles servem ou serviram.
Todas as visões teóricas que estudamos até agora buscam explicar o homem
moderno. Mas os psicólogos evolucionistas se perguntam de que modo os
seres humanos chegaram a ser o que são hoje.
Seu objectivo é de procurar compreender e entender porque a mente foi
moldada do modo como é; como a mente humana foi modelada; quais são
seus mecanismos e as partes; qual é a sua organização; quais as funções
dessas partes; e finalmente, como os estímulos ambientais interagem com a
mente para produzir o comportamento observável.
Eles estudam temas diversos como a percepção, linguagem, ajuda ao próximo
(altruísmo), cuidado com os filhos, felicidade, atracção sexual e selecção do
parceiro, ciúme e violência. Buscam compreender os programas básicos que

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orientam o pensamento e o comportamento. Vêem a mente como programada


de modo a deixar-nos predispostos a pensar e agir de determinada maneira.

2- PSICOLOGIA POSITIVA

É um movimento recente dentro da ciência psicológica que visa fazer com que
os psicólogos contemporâneos adoptem "uma visão mais aberta e apreciativa
dos potenciais, das motivações e das capacidades humanas". Vários
psicólogos humanistas tais como Abraham Maslow, Carl Rogers, Erich Fromm
e Carl Jung, desenvolveram teorias e práticas bem sucedidas que envolvem a
felicidade humana.

Enfatizam que a psicologia deveria dar maior valor à “vida saudável”: dedicar-
se ao estudo dos sentimentos subjectivos de felicidade e bem-estar, intimidade,
integridade, liderança, altruísmo e sabedoria e que tipos de famílias, ambientes
de trabalho e comunidades encorajam os indivíduos. Para eles, é importante a
manutenção do bem-estar mental. Afirmam que “ a psicologia chegou a um
ponto em que a construção de qualidades positivas deve receber ênfase igual a
que é dada ao reparo de «estragos»”.

3. PSICOLOGIA EXISTENCIAL
Contribui no estudo das motivações e emoções bem como para as subáreas da
personalidade e psicoterapia.

4- PSICOLOGIA HUMANISTA
Enfatizam a necessidade do amor, do sentimento, da auto-estima de fazer
parte de algo ou seja nos nossos propósitos de vida estas particularidades
devem sempre estar presentes. Estudam a saúde mental e o bem estar e não
doenças mentais. Estão representados por Abraham Maslow e Ruth Benedict.

5-PSICOLOGIA COGNITIVA
Estuda os processos mentais no sentido mais amplo: pensar, sentir, aprender,
tomar decisões, fazer julgamentos, etc. Interessam-se pela forma como
processamos as informações.

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Vê a mente humana como um computador para propósitos gerais que


necessitam de softwares para processar informação.

1.4.- CONTRIBUIÇÃO DAS MULHERES NA PSICOLOGIA


Ao ler-se a história da psicologia moderna, podemos concluir que os
fundadores dessa nova ciência eram todos homens.
Na verdade, a psicologia se beneficiou das contribuições de mulheres desde
que nasceu. Elas apresentaram teses e fizeram parte de associações mas
frequentemente eram discriminadas. A elas não lhes era concedido diploma
nem o cargo de professoras.
Apesar dessas barreiras, um grande número de psicólogas pioneiras fez uma
série de contribuições importantes. Em 1906, James M. Catell, publicou o livro
“homens da ciência” que apesar do título, inclui uma série de mulheres como
sendo dos cientistas mais importantes:
Mary Calkins (1863-1930) por seu trabalho sobre a teoria da percepção das
cores;
Christine Ladd-Franklin (1847-1930) por sua análise de como aprendemos o
material verbal e suas contribuições para a autopsicologia;
Margaret Floy Washburn (1871-1939) por sua pesquisa pioneira sobre o
papel da visualização mental nos processos de pensamento.
Terry Amabile, estudou a criatividade, em particular os efeitos positivos nas
pessoas em contactos com modelos positivos.
Elizabeth F. Loftus, (1944) fez estudos sobre a memória e nos anos 2004 e
2005 ganhou o prémio Award da ciência por seus estudos sobre o lado forense
da memória.
Leta Steter Hollingworth, (1886-1939) cunhou o termo sobredotado, em 1928,
para classificar as crianças muito inteligentes.
Karen Horney, (1885-1952), em 1937 estudou os factores sociais e culturais
por detrás da personalidade.
June Etta Downey,(1875-1932) desenvolveu um teste de personalidade. Foi a
1ª mulher a chefiar um departamento de psicologia numa universidade estatal
americana.

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Actualmente as mulheres recebem mais da metade dos títulos de Ph.D


concedidos na área de psicologia e desenvolvem pesquisas-chave em todas as
subáreas da psicologia.

1.5. O OBJECTO DE ESTUDO DA PSICOLOGIA


Para que uma ciência se constitua como tal, necessita de ter um objecto geral
de estudo e métodos de pesquisa. É de facto o objecto que delimita o campo
de estudo de uma dada ciência e lhe confere, desse modo, validade.
O objecto em Psicologia não foi, obviamente sempre o mesmo, tendo variado
ao longo dos tempos. Filósofos estudaram, estados de espírito, a “consciência”
“ faculdade da mente”; Santo Agostinho que viveu no século V da nossa era,
relata nas suas confissões os estados da alma e conflitos por que passou ao
longo da sua vida até à sua conversão.
Hoje identifica-se como objecto de estudo da Psicologia os fenómenos
psíquicos com suas leis e mecanismos que a regem.

1.4.1. EM QUE CONSISTEM OS FENÓMENOS PSÍQUICOS DO HOMEM


Na nossa vida quotidiana os fenómenos psíquicos produzem–se várias vezes.
Por exemplo: ao ver-se um avião cruzando os céus, ao recordar-se de actos
agradáveis, reflectir-se na tentativa de dar solução a um fenómeno, etc.
Todos estes aspectos citados conformam os fenómenos psíquicos portanto, a
sensação, a percepção, memória, pensamento, imaginação, atenção, emoção,
sentimento, vontade, temperamento, carácter, necessidades, gostos, etc.
O psiquismo é conjunto de fenómenos psíquicos plasmados nas propriedades
do homem, cuja manifestação exterior é processada através dos actos e
actividades do próprio homem.

1.4.2.- FUNÇÃO DOS FENOMENOS PSÍQUICOS


São os regentes da vida. Eles, orientam, direccionam e guiam os actos
humanos; intensificam, impulsionam, regulam e rectificam os actos humanos;
ajudam-nos a corrigir os erros, regular os nossos actos a fim de fazer com que
os mesmos sejam mais eficientes e úteis.

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Exemplo: a explicação de uma lição durante a aula, quando o fizemos, a


sensação, a atenção, a reflexão podem desempenhar papel de direcção; a
vontade, as concepções e as ideias podem influir na direcção e regulação dos
actos humanos (sem imagens psíquicas não haveria actos).

1.4.3.- CLASSIFICAÇÃO DOS FENOMENOS PSÍQUICOS


Fenómenos Psíquicos são actos conscientes ou inconscientes da vida
psíquica. Referem-se, na verdade, a um conjunto de funções que se
distinguem em três grandes vias:
- a via activa (movimentos, instintos, hábitos, vontade, liberdade,
tendências, e inconsciente);
- a via afectiva (prazer e dor, emoção, sentimento, paixão, amor);
- e a via intelectiva (sensação, percepção, imaginação, memória, idéias,
associação de idéias).
Para facilitar as pesquisas os psicólogos dividiram os fenómenos psíquicos em
três categorias: processos, estados e propriedades.
a) OS PROCESSOS PSÍQUICOS: são a fonte de toda a nossa vida
mental, surgem como factores fundamentais de regulação das actividades do
homem. Sem processos psíquicos como a sensação, percepção, pensamento,
memória, imaginação que conformam a vida intelectual do homem, (isto é sem
as actividades psíquicas), não existiriam os estados psíquicos e nem as
propriedades psíquicas.
b) ESTADOS PSÍQUICOS: são fenómenos psíquicos que geralmente
acompanham os processos psíquicos servindo-lhes de base. Eles surgem e
existem simultaneamente com os processos psíquicos. Existem estados
psíquicos que acompanham o processo do conhecimento (como a atenção).
O estado psíquico exerce influência sobre outras actividades psíquicas.
exemplo: Quanto maior for a atenção prestada (estado psíquico) maior e
melhor será a escuta; e quanto mais concentrado estiver o pensamento, melhor
resultará a reflexão (psíquica).
d) PROPRIEDADES PSÍQUICAS: são fenómenos psíquicos que geralmente
se reflectem em determinadas actividades realizadas pelo homem permitem
a diferenciação de um indivíduo do outro. Conforme as propriedades

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psíquicas do indivíduo cada tendência, o carácter, a aptidão, o


temperamento, etc, terão as suas particularidades.

1.5. - A PSICOLOGIA DO SENSO COMUM


Todos nós usamos o que poderia ser chamado de psicologia do senso comum
no nosso dia-a-dia. Observamos e tentamos explicar o nosso próprio
comportamento e o dos outros. Tentamos predizer quem fará o quê e quando.
E muitas vezes sustentamos opiniões sobre como adquirir controle sobre a
vida; o melhor método parar criar filhos, fazer amigos, impressionar as pessoas
e dominar a cólera, por exemplo.
Mas como é uma psicologia construída a partir de observações casuais tem
algumas fraquezas críticas!
O tipo de Psicologia do senso comum que se adquire informalmente leva a um
corpo de conhecimentos inexactos por diversas razões. O senso comum não
proporciona directrizes sadias para a avaliação de questões complexas.
A ciência proporciona directrizes lógicas para avaliar a evidência e técnicas
bem racionados para verificar seus princípios.

1.6. – ESTRUTURA OU RAMOS DA PSICOLOGIA


A propósito do objecto de estudo da Psicologia, convêm sublinhar que
actualmente esta ciência não estuda somente o comportamento. O
desenvolvimento da sociedade e a sua cada vez maior complexidade levam a
uma rigorosa especialização da Psicologia em várias disciplinas.
A Psicologia hoje representa um sistema constantemente ramificado de
disciplinas científicas que se encontram em diversas fases de formação e que
estão ligados a várias esferas da vida prática.
Entre os diversos ramos da Psicologia, destacamos: ensino da psicologia,
hipnose psicológica, psicologia Clínica, Psicologia Pedagógica, Psicologia
experimental, Psicologia industrial e organizacional, desportiva, de grupo, do
consumidor, Jurídica, psic trabalho, psic. do desenvolvimento, psicologia
Especial, psicologia forense, psic. Comparada, psic. Social, psic. das Massas,
história da psicologia, psicanálise, psicologia ambiental, entre outras.

1.7 - RELAÇÃO DA PSICOLOGIA COM OUTRAS CIÊNCIAS

Elaboração Dra Adalgisa Dimas David. ISCED- Luanda 16


Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

O ser humano é um objecto de estudo comum a várias disciplinas científicas.


Daí que esses saberes se relacionarem através do mesmo tema - o Homem.
Mas há diferenças óbvias entre essas ciências fundamentalmente nas
diferentes perspectivas de análise e de metodologia mas na realidade se
apresentam como complementares. Entre as demais ciências com que a
Psicologia tem relação destacamos as ciências humanas (naturais, sociais),
exactas.
Filosofia – a Psicologia esteve durante muitos anos ligada a ela. Sua relação
resume-se na explicação da essência dos fenómenos psíquicos.
Pedagogia – Sua relação explica-se pela influência da educação sobre o
desenvolvimento psíquico, a formação da personalidade.
Física – fornece os instrumentos de medição de alguns processos
psicológicos.
Sociologia - estuda a conduta humana na perspectiva dos grupos ou
colectividades. As descobertas desta ciência são importantes para a Psicologia
porque o homem como ser social faz parte de diversos grupos.
Antropologia.- Interessa-se pelas formas culturais dos povos primitivos. Os
dados antropológicos são importantes na medida em que dão ao Psicólogo a
consciência da relatividade cultural dos valores, motivos, aspirações, etc. dos
indivíduos.
História - permite-nos conhecer o desenvolvimento do homem através do
tempo e compreender a partir dessa evolução as características actuais e as
realidades sociais influentes no comportamento do indivíduo.
Matemática / Estatística – essas duas ciências ajudam a elaborar ou a fazer a
quantificação dos fenómenos psíquicos.
Biologia – informa, por exemplo, sobre a constituição e estrutura do organismo
humano, os processos de maturação de diferentes órgãos, etc. Esses
conhecimentos são fundamentais para a Psicologia porque o desenvolvimento
psíquico depende da maturação ou crescimento do Sistema nervoso.
Genética – fornece dados sobre os processos hereditários e esses processos
constituem uma das bases importantes do comportamento.
Fisiologia – estuda o funcionamento do organismo. O comportamento do
indivíduo é uma reacção ou resposta à uma determinada situação ou

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

estimulação. A actuação de uma estimulação sobre um órgão sensorial


depende do funcionamento e disposição do organismo.

1.8. OS MÉTODOS E TÉCNICAS DA PSICOLOGIA


Todas as ciências exigem provas baseadas na realização de cuidadosas
observações e experiências.
A fim de recolher dados sistematicamente, com objectividade, os psicólogos
utilizam diversos métodos de pesquisa entre eles a observação natural, a
experimentação, o estudo de caso, os levantamentos (testes, entrevistas,
questionários), os estudos correlacionais, etc.
O exercício cientifico pressupõe dois factores: a actividade científica e o
método científico.
A Actividade Científica: é a que nos leva a exigir a afirmação, sua
comprovação.
Método Científico: é o que utilizamos no decurso de uma determinada
actividade para alcançar um fim previsto, ou seja, o modo, a via ou a maneira
que adoptamos para conseguir um fim de acordo ao qual organizamos a
actividade. O método fornece cientificidade à Psicologia.

Métodos psicológicos

controlada

Interna subjectiva (introspecção ) n/ controlada


Observação
externa - objectiva participante

n/ participante
cientifica

Fundamentais quotidiana

natural

Experimentação

Métodos
laboratorial

perguntas abertas

Inquérito perguntas fechadas


Auxiliares

Controlada ou livre

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

Entrevista
testes

1.8.1. MÉTODO DE OBSERVAÇÃO

A observação tem uma longa história no contexto da psicologia, sendo hoje


considerada como um processo imprescindível na investigação, e adquirido o
estatuto de método. Fundamentalmente, a observação consiste em olhar
atenta e sistematicamente e registar o que se observa. Ocorre sempre que
alguém, diferente do observado, nota, dá conta e documenta o comportamento.

Os psicólogos utilizam este método para estudar o comportamento animal ou


humano no seu próprio contexto. Nele o examinador observa atentamente o
examinado na sua actividade ou conduta (gestos, palavras) e todas as
manifestações tais como: trabalho, estudo, jogo, sua relação com os outros etc.
A observação tem duas formas principais: observação externa ou objectiva e a
observação interna ou subjectiva (auto observação).
A observação interna é controlada quando o indivíduo auto observa-se
seguindo um roteiro ou plano.
Será não controlada quando ocorre informalmente isto é espontânea sem
planificação.
A observação externa é participante quando o observador está presente no
grupo a ser observado.
A obs. externa será não participante (oculta) quando o observador não está
dentro do grupo a ser observado. Os observados não se apercebem da
presença do observador.
Ex: assistir ao jogo pela televisão.
A observação científica: consiste na observação sistemática e planificada, ela
procura a explicação da essência psicológica interna dos fenómenos
registados. Aqui precisa-se de um plano de observação assim como o registo
dos resultados, depois dos factos serem analisados, comprovados para se
chegar a uma conclusão.

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

Observação quotidiana: consiste na observação do meio ambiente natural do


sujeito e realiza-se de forma casual sem nenhuma planificação prévia; os
fenómenos são registados no momento em que ocorrem.

1.8.2. MÉTODO DE EXPERIMENTAÇÃO

Os psicólogos que aplicaram e desenvolveram este método, como Watson,


centraram-se quase que exclusivamente no estudo do comportamento
humano, em ambientes laboratoriais, controláveis e modificáveis, seguindo os
mesmos princípios metodológicos usados pelos físicos e químicos no estudo
da natureza. Portanto, este método consiste em provocar a actividade do
sujeito, criando as condições entre os quais pode manifestar-se o fenómeno
psicológico. Tem por objectivo comprovar ou verificar uma ou mais hipóteses.
Hipótese: é uma suposição ou probabilidade entre dois factos. É a possível
resposta ao problema.

1.8.2.1. CARACTERISTICAS DA EXPERIMENTAÇÃO


1- OBJECTIVIDADE – o experimentador deve submeter-se aos factos e
colocar de lado as preferências pessoais para encontrar resultados verdadeiros
(é isto que confere o carácter científico).
2- SISTEMATIZAÇÃO – deve haver uma programação para cada etapa.
3- REPETIÇÃO – é um evento científico que confere ao experimentador chegar
aos mesmos resultados sempre que repetir a experiência.
4- CONTROLO – o experimentador para chegar aos mesmos resultados deve
ter controlo total sobre todos os factores intervenientes da experiência.

1.8.2.2 ETAPAS DA EXPERIMENTAÇÃO

O método experimental pode ser dividido nas seguintes etapas:

1. Identificação e análise do problema ou situação - tem de haver uma


situação constatada que desencadeia a experiência (observação)

2- Formulação de uma ou mais hipóteses explicativas - são as perguntas


sugestivas que vão conduzir a experiência para uma solução.

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3- Experimentação - manipulação e controlo das variáveis no grupo em


observação - etapa em que o experimentador vai constatar, na prática, se as
sugestões apresentadas (hipóteses), para solucionar o facto, estão ou não
correctas.

4- Conclusão - confirmação das hipóteses.

A experimentação distingue-se sobre duas formas fundamentais.


Experimentação Laboratorial: é a que se realiza em condições laboratoriais
com aparelhos psicológicos especiais. O sujeito da experimentação actua
segundo instruções do experimentador e com a ajuda deste método se
investigam variados processos psicológicos como a memória, a rapidez da
reacção etc. As experiências de laboratório fornecem meios precisos dirigidos e
controlados (reacção causa – efeito). Os cientistas do comportamento
procuram aplicar a descoberta de laboratório do mundo real.
Para evitar o artificialismo e tornar os resultados mais aplicáveis as condições
do mundo real, as experiências são as vezes realizadas em ambientes naturais
(no campo).

Experimentação natural: o investigador introduz num ambiente normal os


factos que considera importantes para investigar na actividade que vai realizar.
Para investigar situações comuns poderá fazê-lo na (aula, na conversação, no
jogo, preparação de tarefas escolares etc.). Uma variante do método de
experimentação, é a experimentação psico-pedagógica que se utiliza quando
se estudam as possibilidades cognitivas dos alunos dos diferentes níveis,
quando se estabelecem as vias concretas de formação da personalidade do
aluno, etc.

A vantagem fundamental do método de experimentação natural - consiste na


possibilidade de se estudar os processos psíquicos sob condições naturais e o sujeito
que se observa actua com completa espontaneidade. A maior dificuldade no uso deste
método é que o investigador deve esperar que se produza o fenómeno que se vai
estudar.

A desvantagem: consiste em o experimentador pode influir na actividade do sujeito da


experimentação. Ainda podemos acrescentar que uma simples observação não nos
permite distinguir entre os efeitos casuais e os essenciais.

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1.8.3. VARIÁVEIS
São factores que queremos estudar. Temos geralmente dois tipos de variáveis:
1. variável dependente ou variável de resposta(VD) – factor que
o experimentador pretende descobrir e pode ser afectado pelo
meio.
2. Variável independente (VI) – é o dado manipulado e influencia a
VD.
3. Variável enganadora, estranha ou externa – é um dado
involuntário que pode aparecer no decorrer da pesquisa e
atrapalhar a mesma.
Ex: motivações do consumo de droga na juventude.
VD – consumo de droga
VI – problemas familiares, falta de emprego, curiosidade, etc.
1.8.4 AMOSTRAGEM EM PSICOLOGIA
AMOSTRAGEM: são as técnicas ou critérios usados para extrair a amostra da
população.
POPULAÇÃO: é o universo de pessoas que se pretende estudar.
AMOSTRA: é uma porção ou subconjunto da população. Será o grupo de
pessoas que farão parte directa da experiência.
Ex: eleições partidárias em Angola
População: todos os angolanos
Amostra: (quem pode votar) pessoas maiores de idade e devidamente
documentadas “grupo experimental”
Amostragem: idade, documento eleitoral e nacionalidade aceite.

GRUPO EXPERIMENTAL: serão os sujeitos que farão parte directa da


experiência. É o conjunto de indivíduos onde será alterada (manipulada) uma
dada variável.

GRUPO DE CONTROLE: não serão submetidos a experiência directamente


mas seu comportamento serve de base para comparar os resultados com o
grupo experimental. É o conjunto de indivíduos em que não foram alteradas
nenhuma das condições habituais.

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1.9 MÉTODOS AUXILIARES


1.9.1. LEVANTAMENTOS (entrevista, questionário, testes)
Consiste num conjunto padronizado de perguntas que será feito a um grande
número de pessoas seleccionadas. Estes métodos compensam as deficiências
da observação e dos estudos de caso.
a) Entrevista: é a conversação entre o investigador e o sujeito investigado
através do qual o investigador obtém informações acerca da conduta que
pretende estudar.
b) Inquérito/questionário: consiste em fazer uma série de perguntas que
o elemento inquirido deverá responder. Através deste método torna-se possível
recolher-se um volume de documentos embora ele apresente também os seus
pontos fortes e fracos que são relativamente as respostas dadas que podem
não ser verdadeiras; Pode dar-se o caso em que elas estejam incompletas,
falsas ou pura e simplesmente não se recebe nenhuma resposta. No inquérito
as perguntas podem ser abertas ou fechadas.
Ex: fechada - gostas de estudar ?
Nâo Sim

Quais as disciplinas que gostas de estudar?


R: __________________________________
c) Testes- são uma gama de questões, exercícios especialmente
recolhidos com um carácter diagnóstico e que permitem avaliar um fenómeno
psíquico correspondente ao sujeito em estudo ou ainda o teste é uma prova
definida reprodutível que vai provocar o registo de um comportamento.

1.9.2. MÉTODO CORRELACIONAL


Significa que dois fenómenos parecem estar relacionados: quando um deles
aumenta, o outro também aumenta (ou diminui). Emprega métodos estatísticos
para examinar a relação entre duas variáveis.
Ex: crianças com alto QI têm melhores notas na escola do que estudantes com
baixo QI.

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1.9.3. MÉTODO BIOGRÁFICO


Consiste no estudo e análise de documentos sobre a vida e as actividades de
cada indivíduo e, em particular as informações dadas pelo próprio interessado
ou por outro são de grande significação para o estudo dos fenómenos
psíquicos do homem. Tais documentos permitem-nos indicar os aspectos
psíquicos que o método de observação e experimentação não podem fazer,
dado que são fenómenos referentes ao passado. Permite-nos conhecer o papel
e as condições de vida do sujeito (situação social, etc.) e as actividades
realizadas pelo indivíduo com vista ao seu próprio desenvolvimento psíquico.
Ex.: quando se escreve sobre a vida de Nelson Rolihalhla Mandela

1.9.4. MÉTODO COMPARATIVO


Estabelece comparação em relação ao pensamento, por exemplo, de várias
pessoas.
1.9.5. MÉTODO CLINICO (ESTUDO DE CASO) - é um método de
investigação e de intervenção (ajuda). Usado para estudos aprofundados de
um caso em particular e concreto com vista a uma intervenção terapêutica.
Estudo de caso: é o acompanhamento que o psicólogo faz a um determinado
indivíduo onde a observação é permanente e contínua para se tirar conclusões.

1.10. ÉTICA DE PESQUISA EM PSICOLOGIA


Toda a pesquisa em psicologia deve confirmar se às orientações éticas são
cumpridas, a fim de garantir que os participantes não fiquem sujeitos a
experiências potencialmente nocivas ou que lhes sejam negados direitos
humanos. Destes direitos, destacam-se os seguintes:
- Antes de participarem numa pesquisa, os indivíduos devem dar
voluntariamente o seu consentimento para serem usados como sujeitos. No
caso de crianças ou de outros sujeitos que talvez não sejam legais, intelectual
ou emocionalmente capazes de prever tal consentimento, este pode ser
concedido pelos pais ou tutores legais.
- Os sujeitos têm direitos de serem informados à respeito das
experiências que podem encontrar nesse processo.

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- Os sujeitos têm o direito de se retirar da investigação em qualquer


ocasião quando quiserem.
- Os sujeitos devem ter direito de protecção contra experiências
traumáticas ou potencialmente nocivas.

UNIDADE II: BASES BIOLÓGICAS E SOCIAIS DO COMPORTAMENTO


O SISTEMA NERVOSO E O SISTEMA ENDÓCRINO

2.1. O HOMEM COMO UNIDADE BIO-SÓCIO-CULTURAL


Somos sistemas bio-psico-sociais.O factor biológico condiciona o
comportamento através de três grandes estruturas: o sistema nervoso, o
sistema endócrino e a hereditariedade.
O factor sociocultural condiciona o comportamento pela circunstância intelectual que
se desenvolve numa cultura.
“Tudo o que é psicológico é simultaneamente biológico”

3.2. FISIOLOGIA E PSICOLOGIA


A Fisiologia é a ciência que estuda o funcionamento do organismo vivo. Enquanto que
a psicologia estuda o comportamento e os fenómenos psíquicos. Na sua totalidade o
corpo continua uma unidade. O psiquismo faz parte dessa unidade. Tendo em conta a
interdependência entre o elemento psíquico e o elemento corporal, as reacções
corporais nos ensinam coisas essências da vida psíquica.
Para se esclarecer as funções psíquicas, procura-se conhecer o impacto dos factores
genéticos, hormonais e neurológicos no comportamento.
Além da Psicologia outras ciências como Anatomia, Farmacologia, Bioquímica,
Psiquiatria, Fisiologia, etc., também se ocupam do estudo das relações entre
fenómenos que ocorrem no sistema nervoso e o comportamento.

3.3. O SISTEMA NERVOSO


É a raiz biológica da psicologia. É o conjunto de órgãos encarregados de assegurar a
coordenação dos nossos movimentos, regular as nossas funções vitais e tratar do
ajustamento do organismo ao ambiente.
Função: é responsável pelo controlo do comportamento e a regulação fisiológica do
organismo; ou seja a sua função é perceber e identificar as condições ambientais
externas, bem como as condições reinantes dentro do próprio corpo e elaborar
respostas que se adaptem a essas condições.

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Quando ocorrem mudanças no meio, e estas afectam o sistema nervoso, são


chamadas de estímulos.

Do ponto de vista estrutural o sistema nervoso divide-se em duas partes:


cérebro
Encéfalo cerebelo
Tronco cerebral
SNC
Medula espinal
SN
Aferente
SNP S. Nervoso somático
Eferente S. simpático
S. nervoso autónomo
S. parassimpático

O sistema nervoso central pode ser descrito como um longo tubo (medula
espinal) que se torna bastante grosso na sua extremidade superior (encéfalo);
ou seja é o conjunto de órgãos de coordenação (recebem mensagens e dão
respostas) consciente e voluntário que imprime acção aos músculos.
O sistema nervoso periférico é o conjunto de órgãos (nervos cranianos e
raquidianos) de transmissão inconsciente e automático, exercendo acção aos
órgãos.
Tanto os órgãos centrais como os periféricos são formados por unidades
elementares – as células nervosas ou NEURÓNIOS.

NEURÓNIOS: UNIDADE FUNDAMENTAL DO SISTEMA NERVOSO


O mecanismo cerebral humano é complexo e contém biliões de células
nervosas ou neurónios.
Existem os neurónios ou células nervosas que constituem a unidade
fundamental de todo SN, e as células glias que ocupam os espaços inter
neuronais que nutrem e modulam a sua função.
Os neurónios têm formas e dimensões muito variáveis e possuem a
capacidade de conduzir impulsos eléctricos estando ligados a outras células

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por zonas específicas - as sinapses (químicas ou eléctricas) - através das


quais os sinais são transmitidos. Um neurónio apresenta três partes distintas:

- corpo celular - dendritos - axônio

a) Dendrites ou dendritos (do grego dendron, árvore) são prolongamentos


finos e geralmente ramificados que conduzem os estímulos captados do
ambiente ou de outras células em direcção ao corpo celular; CAPTADOR
(camião de lixo)

b) Corpo celular ou soma, a parte mais volumosa da célula nervosa, pequena


massa de citoplasma na qual se localiza o núcleo; serve para assimilar e fazer
uso dos nutrientes que fornecem energia para a actividade do neurónio;
CODIFICADOR do DNA da informação (cor, altura, intensidade, etc.)

c) Axônio ou cilindro eixo ou ainda fibra nervosa com as suas terminações,


é um prolongamento único, geralmente mais longo que os dendrites, cuja
função é de transmitir para outras células os impulsos nervosos provenientes
do corpo celular; FOFOQUEIRO (envia mensagens para outras células).

CÉLULAS GLIA (ocupam os espaços interneurónios)

O sistema nervoso também apresenta-se constituído pelas células glia ou


gliais, cuja função é dar sustentação aos neurónios e auxiliar o seu
funcionamento. As células glia constituem cerca de metade do volume do
nosso encéfalo e existem diversos tipos: os astrócitos, os oligodendrócitos
e as células de Schwann.

CLASSES FUNCIONAIS DOS NEURÓNIOS

1- Neurónios aferentes, receptores ou sensorias – transmitem


informação dos diferentes tecidos e órgãos do corpo para o SNC quer
dizer conduzem informação da periféria para o centro.
2- Neurónios eferentes, efectores ou motores – transmitem sinais
eléctricos do SNC para as células efectoras (músculos ou glândulas) ou
seja conduzem impulsos do centro para a periferia.

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3- Interneurónios, conectores – responsáveis pela conexão dos


neurónios aferentes e eferentes no SNC – constituem 99% de todos os
neurónios e são eles os processadores da informação no SNC (células
glias).

MECANISMOS DO SISTEMA NERVOSO

(Mecanismo reflexo)

Toda a nossa acção não é resultante da informação proveniente do cérebro.


Determinadas respostas que damos aos estímulos provenientes do exterior vêm da
medula espinal. Importante saber à diferença entre as respostas provenientes da
medula espinal e as respostas provenientes do cérebro. Na MEDULA ESPINAL a
informação circula de um neurónio para outro sem existir uma grande complexidade,
como acontecerá no cérebro. Aqui intervêm apenas os nervos associados a área
afectada.

Independentemente da nossa vontade, exerceu-se uma acção sobre os nervos e a


medula espinal que comandara a mão não esperou que o sinal chegasse ao cérebro –
estamos perante o mecanismo de reflexo ou simplesmente acto reflexo.

Acto reflexo – é o mais rápido mecanismo de estímulo e resposta do sistema


nervoso. São respostas rápidas, simples e emergentes para um determinado estímulo.
Essas respostas não passam pelo cérebro são muito rápidas, os impulsos percorrem o
tecido nervoso a grande velocidade, na ordem de 1 a 100 metros por segundo. A
medula minimiza o tempo de acção. Ocorre quando reagimos de maneira instantânea
e involuntária a estímulos ambientais. Alguns reflexos são inatos, como a flexão da
perna de um recém nascido ao se fazer cócegas em seus pés. Outros são adquiridos,
como o de se assustar ao ver um animal feroz ao nosso lado quando estamos
distraídos.

No CÉREBRO, as mensagens atravessam e envolvem uma multidão de neurónios


organizados numa rede onde há intervenção das diferentes zonas dos hemisférios
cerebrais que descodificam esta mensagem, em seguida transmitem a medula espinal
e accionam uma resposta ou acção voluntária. Aqui o tempo de acção é mais
prolongado.

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Certos reflexos são fundamentais para a auto-preservação do indivíduo. Tossir e


espirrar, por exemplo, são reflexos que visam expulsar agentes irritantes das vias
digestivas e respiratórias. Ainda, podemos dizer que o problema de alguém dirigir
bêbado reside, entre outras coisas, no facto de a pessoa alcoolizada ter seus reflexos
reduzidos, facilitando a ocorrência de acidentes.

TRANSMISSÃO DE UM IMPULSO NERVOSO

Um impulso é transmitido de uma célula a outra através das sinapses (do grego
synapsis, acção de juntar). A sinapse (ponto de encontro mas sem contacto) é uma
região de contacto muito próximo entre a extremidade do axônio de um neurónio e a
superfície de outras células. Estas células podem ser tanto outros neurónios como
células sensoriais, musculares ou glandulares. As terminações de um axônio podem
estabelecer muitas sinapses simultâneas. Na maioria das sinapses nervosas, as
membranas das células que fazem sinapses estão muito próximas, mas não se tocam.
Há um pequeno espaço entre as membranas celulares - o espaço sináptico ou fenda
sináptica.

Quando os impulsos nervosos atingem as extremidades do axônio da célula pré-


sináptica, ocorre liberação, nos espaços sinápticos, de substâncias químicas
denominadas neurotransmissores ou mediadores químicos, que tem a capacidade de
se combinar com receptores presentes na membrana das célula pós-sináptica,
desencadeando o impulso nervoso. Esse tipo de sinapse, por envolver a participação
de mediadores químicos, é chamado sinapse química.
Os cientistas já identificaram mais de dez substâncias que actuam como
neurotransmissores, como a acetilcolina, a adrenalina (ou epinefrina), a noradrenalina
(ou norepinefrina), a dopamina, a serotonina, etc..

Sinapses Neuromusculares: A ligação entre as terminações axônicas e as células


musculares é chamada sinapse neuromuscular e nela ocorre liberação da substância
neurotransmissora acetilcolina que estimula a contração muscular.

Sinapses Elétricas: Em alguns tipos de neurônios, o potencial de acção se propaga


directamente do neurônio pré-sináptico para o pós-sináptico, sem intermediação de
neurotransmissores. As sinapses elétricas ocorrem no sistema nervoso central,
actuando na sincronização de certos movimentos rápidos.

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SISTEMA NERVOSO CENTRAL - composto por duas subdivisões: o encéfalo


e a medula espinal.

O ENCÉFALO – constituído por cérebro, cerebelo e tronco cerebral. É a parte do


S.N. que se aloja na caixa craniana e controla funções mais sofisticadas como
precisão da memória, movimentos voluntários, etc.

O encéfalo humano contém cerca de 35 bilhões de neurônios e pesa


aproximadamente 1,4 kg. A região superficial do cérebro, que acomoda bilhões de
corpos celulares de neurônios (substância cinzenta), constitui o córtex cerebral.

A MEDULA ESPINAL – serve a duas funções principais:

1- transmite impulsos do corpo para o encéfalo e do encéfalo para o corpo;

2- Controla muitos reflexos, por exemplo protege o organismo desencadeando em


algumas situações reacções rápidas (como retirar a mão de um fogão quente).

CÉREBRO

Órgão do sistema nervoso central situado no interior da caixa craniana de diversos


animais vertebrados, entre eles o ser humano. São as estruturas cerebrais que
fornecem pistas sobre as capacidades dos animais. Nos vertebrados primitivos, como

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os tubarões, o cérebro regula as funções básicas de sobrevivência: respiração,


repouso e alimentação. Em mamíferos inferiores, como os roedores, um cérebro mais
complexo permite emoções e memória. Em mamíferos mais avançados, como os
humanos, o cérebro processa mais informações, permitindo que hajamos de forma
inteligente.

É o centro da consciência, da razão, o local em que a aprendizagem, a memória e as


emoções estão centralizadas. Decide o que fazemos, se a decisão foi certa ou errada,
imagina o modo como as coisas poderiam ter acontecido se tivéssemos agido de outra
maneira. Particularmente complexo e extenso, constitui a maior parte do encéfalo
humano e apresenta dois hemisférios (direito e esquerdo) com suas circunvoluções e
fissuras. A camada externa destes hemisférios é chamada de cortex cerebral, um
sistema de células neurais interconectadas que formam uma fina camada superficial
que recobre os hemisférios e tem funções complexas realizando as habilidades
mentais superiores complexas.. É aqui que a percepção tem lugar, a memória se
armazena, os planos são formulados e executados. Se fosse liso poderia cobrir 4
páginas de um livro.

Entre os hemisférios desenvolve-se um extenso feixe de fibras que os liga – o corpo


caloso - que desempenha um papel importante na integração das funções de cada
hemisfério. As informações do lado direito do corpo são recebidas pelo hemisfério
esquerdo e vice - versa.

Abaixo do corpo caloso, bem no interior, encontramos uma área em que se localizam
algumas estruturas com funções importantes, o sistema límbico constituído por:

- Tálamo – câmara interna que reveste o hipotálamo e outros; fonte do leito nupcial.
Recebe informações dos sentidos excepto do olfacto. É uma estação retransmissora
de impulsos nervosos para o córtex cerebral.

- hipotálamo – estrutura pequena que ajuda a manter o equilíbrio interno (integrador


das actividades viscerais), regulando a sede, a fome a temperatura corporal e também
influencia experiências de recompensas prazerosas (comportamento sexual). Liga o
SN ao S. endócrino, activando glândulas. Também está envolvido na emoção.

- hipófise – juntamente com a pineal constituem o cérebro mais primitivo; forma-se 45


dias após a fecundação e nos dá o aspecto de reptél. Regula actividade de outras
glândulas e produz diversas hormonas.

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- hipocampo – essencial na formação de novas memórias. Lesões no hipocampo as


pessoas perdem a capacidade de aprenderem algo novo.

- a amígdala – forma de amêndoa, influencia a agressividade e o medo. Juntamente


com o hipocampo controla as emoções relacionadas a auto preservação (sistema
imunológico – nossa capacidade de defesa);

Lesões na amígdala afectam o comportamento emocional. Em animais revelam


sexualidade indiscriminada (cópula de qualquer objecto) e perda de capacidades tanto
agressiva como defensiva.

O hemisfério dominante em 98% dos humanos é o hemisfério esquerdo, é


responsável pelo pensamento lógico, competência comunicativa, controle da escrita e
movimentos do lado direito do corpo como também domina à linguagem.

Enquanto o hemisfério direito, é responsável pelo pensamento simbólico,


criatividade, controla o tacto e movimento do lado esquerdo do corpo. Superior em
tarefas não verbais, visuais e espaciais. Nos canhotos as funções estão invertidas. O
hemisfério esquerdo diz-se dominante, pois nele localiza-se 2 áreas especializadas: a
Área de Broca (B), o córtex responsável pela motricidade da fala, e a Área de
Wernicke (W), o córtex responsável pela compreensão verbal.

As circunvoluções cerebrais são divididas por fissuras que por sua vez dividem os
hemisférios em diferentes zonas ou quatro (4) lobos cerebrais (lobos frontais,
parietais, temporais e occipitais – um em cada hemisfério) nos quais estão
associados as actividades como audição, visão, fala, etc.

FUNÇOES LOCALIZADAS NOS LOBOS

LOBO FRONTAL: Determina limites (ética) do social e do moral. Representa a razão,


pensamento, consciência, planificação, acção, emoção, resolve problemas complexos.
controla a área motora e psicomotora dirigindo a acção e bem como a capacidade de
abstracção (localizado acima da testa), quando se deteriora pode provocar demência
(por ex: Alzheimer).

LOBO PARIETAL: ele também abrange áreas motoras e pré-motoras; é o produtor


dos movimentos grossos; recebe informações sensoriais (dor, temperatura, sabor,
pressão) localizadas por todo corpo (pele, músculos, juntas, órgãos internos e papilas

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

gustativas) e localiza-se atrás da fissura central. Também relacionado com a lógica


matemática.

LOBO TEMPORAL: contém as áreas auditivas e da compreensão da linguagem (área


de Wernicke), localizado próximo a fissura lateral e está em conexão com o córtex
olfactivo. É ai que se localiza o sistema límbico. As palavras entram de forma bruta –
em bloco – para área de Wernick são organizadas e emitidas na área de broca. É no
lobo temporal que ocorrem muitas crises convulsivas. Igualmente importante no
processamento da memória e da emoção. Acidentes ou tumores nesta região podem
provocar deficiência de audição ou mesmo surdez.

LOBO OCCIPITAL: ocupa-se de todos os processos visuais (recebe e processa


informações) e localiza-se na parte posterior do encéfalo. Danos nesta área podem
provocar cegueira parcial ou total.

Em cada área de um dos hemisférios, o córtex cerebral encerra três tipos de áreas
(motoras, sensitivas e associativas) que agem em conjunto a fim de produzir um
comportamento consciente.

CEREBELO

Tem o aspecto de uma miniatura do próprio cérebro e situa-se inferioposteriormente


em relação a este.

FUNÇÕES:

- Tem como função principal o controlo de movimentos voluntários e


involuntários.
- Apesar de não ser ele a iniciar os movimentos voluntários é um centro
importante de coordenação e aprendizagem dos movimentos bem como é
responsável pela manutenção do equilíbrio corporal; é graças a ele que
podemos realizar acções complexas, como andar de bicicleta e tocar violão,
por exemplo. Ele recebe as informações de diversas partes do encéfalo sobre
a posição das articulações e o grau de estiramento dos músculos, bem como
informações auditivas e visuais.

TRONCO CEREBRAL ou ENCEFÁLICO

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

Formado pelo mesencéfalo, pela ponte e pela medula oblonga (ou bulbo
raquidiano), o tronco encefálico conecta ou assegura a comunicação entre o cérebro
e a medula espinal.

Além de coordenar e integrar as informações que chegam ao encéfalo, ele controla


a actividade de diversas partes do corpo.

O mesencéfalo é responsável por certos reflexos.

A ponte é constituída principalmente por fibras nervosas mielinizadas que ligam o


córtex cerebral ao cerebelo.

O bulbo raquidiano participa na coordenação de diversos movimentos corporais e


possui importantes centros nervosos que controlam a respiração, ritmo cardíaco e
pressão cardíaca.

Existem duas estruturas localizadas na parte superior do tronco cerebral que merecem
referência: o tálamo e o hipotálamo já anteriormente explicadas.

O SISTEMA LÍMBICO

Conjunto de estruturas interconectadas e localizadas nos hemisférios cerebrais que


envolve o lobo frontal e temporal, o tálamo e tem estreita ligação anatómica com o
hipotálamo. Desempenha um papel importante na aprendizagem, na expressão de
emoções e numa série de funções endócrinas. As estruturas mais importantes deste
sistema são: amígdala, hipocampo, hipotálamo, hipófise.

MEDULA ESPINAL

A medula espinal elabora respostas simples para certos estímulos. Essas respostas
medulares, denominadas actos reflexos, permitem ao organismo reagir rapidamente
em situações de emergência.

A medula funciona também como uma estação retransmissora para o encéfalo.


Informações colhidas nas diversas partes do corpo chegam à medula, de onde são
retransmitidas ao encéfalo para serem analisadas. Por outro lado, grande parte das
ordens elaboradas no encéfalo passa pela medula antes de chegar aos seus destinos.

SISTEMA NERVOSO PERIFÉRICO

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

O Sistema Nervoso Periférico é constituído pelos nervos e gânglios nervosos e


sua função é estabelecer a ligação entre o sistema nervoso central e todo o resto do
organismo, órgãos, músculos e glândulas. Pode definir-se como sistema nervoso tudo
que não faz parte do SNC.

Nervos são feixes de fibras nervosas envoltas por uma capa de tecido conjuntivo. Nos
nervos há vasos sanguíneos, responsáveis pela nutrição das fibras nervosas. As fibras
presentes nos nervos podem ser tanto dendritos como axônios que conduzem,
respectivamente, impulsos nervosos das diversas regiões do corpo ao sistema
nervoso central e vice-versa.

Gânglios nervosos são aglomerados de corpos celulares de neurônios localizados


fora do sistema nervoso central. Os gânglios aparecem como pequenas dilatações em
certos nervos.

Gânglios espinais: Na raiz dorsal de cada nervo espinal há um gânglio, o gânglio


espinal, onde se localizam os corpos celulares dos neurónios sensitivos. Os nervos
espinais ramificam-se perto da medula e os diferentes ramos enervam os músculos, a
pele e as vísceras.

Os nervos que se ligam à medula espinal chamam-se nervos raquidianos ou


espinais e os que se ligam directamente à base do cérebro chamam-se nervos
cranianos. Em ambos os casos existem pares de nervos (direito e esquerdo).

Nervos cranianos: São os nervos ligados à base do cérebro. Possuímos doze pares
de nervos cranianos, responsáveis pela intervenção dos órgãos do sentido, dos
músculos e glândulas da cabeça, e também de alguns órgãos internos.

Nervos espinais ou raquidianos : Dispõem-se em pares ao longo da medula, um par


por vértebra. Cada nervo do par liga-se lateralmente à medula por meio de duas
"raízes", uma localizada em posição mais dorsal e outra em posição mais ventral. A
raiz dorsal de um nervo espinal é formada por fibras sensitivas e a raiz ventral, por
fibras motoras.

Os nervos podem ser:

- Nervos sensitivos são os que contêm somente fibras sensitivas, que


conduzem impulsos dos órgãos sensitivos para o sistema nervoso central,
“aferentes”

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- Nervos Motores são os que contêm somente fibras motoras, que conduzem
impulsos do sistema nervoso central até os órgãos efectuadores (músculos ou
glândulas) e constituem o comportamento, “eferentes”.

- Nervos mistos contêm tanto fibras sensitivas quanto motoras.

SNP Aferente: é composto pelos neurónios aferentes, que transportam a informação


da periferia até ao SNC. Portanto é o SNP aferente que passa informações ao SNC.

SNP Eferente: composto pelos neurónios eferentes que transportam a informação


vinda do SNC até aos músculos e glândulas. O SNP Eferente é mais complexo que o
aferente subdividindo-se em sistema nervoso somático e sistema nervoso
autónomo.

SISTEMA NERVOSO SÓMATICO ou (voluntário)

Conjunto de acções (voluntárias) e reacções entre o organismo e o meio. É constituído


por todos os nervos e fibras nervosas vindas do SNC que conduzem às células de
músculos esqueléticos cuja contracção resulta de estímulos voluntários. Estes nervos
são os chamados nervos motores.

SN Autónomo

Constituído por todos os nervos e fibras nervosas vindas SNC que enervam (excitam)
os outros tecidos do organismo menos o tecido muscular esquelético.

Ex: músculo cardíaco “coração”, musculo liso “localizado nos vasos e intestinos”,
glândulas.

A acção dos nervos autónomos resulta de estímulos involuntários e essa mesma


acção pode activar ou inibir os tecidos por ele enervados. O SN autónomo regula o
ambiente interno do corpo, controlando a actividade dos sistemas digestivos,
cardiovascular, excretor e endócrino. É sob o seu comando que o coração bate mais
depressa, os intestinos têm espasmos e a pupila se contrai para proteger o olho de
uma maior intensidade da luz.

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Sistema Nervoso Autónomo

O S. autónomo contém dois sistemas com funções distntas:

- Sistema Simpático - Sistema Parassimpático

SISTEMA SIMPÁTICO

Os nervos simpáticos irradiam da parte mediana da coluna vertebral ao nível do


tórax e das vértebras lombares. Esses nervos emergem ao nível da nuca e da base da
coluna libertam a substância noradrenalina que é estimulada pela excitação forte, por
exemplo, aumentando o ritma cardíaco e a tensão arterial.

Ex: quando corremos, fazemos ginástica ou levamos um susto e o nosso organismo


trabalha aceleradamente é o S. Simpático que foi accionado.

SISTEMA PARASSIMPÁTICO

Suas fibras libertam a substâncias acetilcolina que, pelo contraio, diminui o ritmo
cardíaco e favorece a digestão, aumentado os movimentos rítmicos do instestino.
Relaxam o organismo que trabalhou aceleradamente por conta do S. Simpático.

SISTEMA ENDÓCRINO

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Nenhuma célula vive isolada. Nos seres pluricelulares uma rede complexa de
comunicação coordena o crescimento, o metabolismo da enorme variedade de células
nos diversos tecidos e órgãos, o comportamento sexual, etc.

Em pequenos grupos celulares a comunicação pode fazer-se directamente de célula


para célula, mas nos organismos mais desenvolvidos as células têm de comunicar a
longas distâncias. Nestes casos, produtos extra-celulares, as hormonas segregadas
por glândulas, actuam como sinais que enviam posteriormente as células seguintes e
mais distantes.

HORMONAS – são substâncias específicas sintetizadas e libertas por tecidos


celulares (glândulas) depois de ter havido um sinal e que se dirigem para outras
células onde induzirão uma resposta específica.

Podemos distinguir três (3) tipos de hormonas: neuro-hormonas (específicas para o


tecido neurológico) as sistémicas (que comunicam com as células dos outros
tecidos). Existem também as hormonas mistas chamadas peptídeos.

Em suma, os hormônios são moléculas químicas (peptídeos, proteínas ou esteróides)


produzidas em uma parte do corpo que então viajam para fazer efeito em outra parte.
Deste modo uma célula pode afectar outras células distantes.

AS GLÂNDULAS - são unidades funcionais formadas de células que segregam


hormônios, localizadas em várias regiões do corpo e que compõem o sistema
endócrino. Cada glândula tem funções específicas que ajudam a manter o organismo
interno em condições normais e a promover a sobrevivência do organismo.

Embora haja alguns tecidos endócrinos espalhados, há várias glândulas principais


que anatomica e funcionalmente produzem vários hormonas.

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Ex: Pituitária ou glândula adenohipófise segrega o hormônio do Crescimento


(somatotropin - GH), corticotropin (ACTH), hormônio estimulante da tiróide (TSH),
hormônio folículo-estimulante (FSH), hormônio luteinizante (LH), e prolactina. Todos
com excepção do hormônio do crescimento e da prolactina regulam as actividades de
outras glândulas.

O hormônio do crescimento não se destina a um tecido específico. Todas as células


do corpo humano são afectadas por este hormônio. É muito importante para a criança
em desenvolvimento, mas é também essencial a muitas funções do organismo ao
longo da vida. O GH actua no crescimento dos ossos e cartilagens, no metabolismo
das proteínas, na formação de RNA, no equilíbrio dos eletrólitos, e no metabolismo de
glicose e de gorduras.

MSH – também da pituitária (hormônio estimulante de melanócitos) estimula a


actividade dos melanócitos da pele. O hormônio antidiurético (ADH) e a oxitocina
são armazenados dentro dos processos terminais dos neurônios até que o sinal para
liberá-los seja recebido.

Veja no quadro a seguir algumas glândulas com as hormonas por si liberadas bem
como suas funções no organismo humano.

Algumas glândulas e suas hormonas

Hormona funções
Glândula

Diferenciação do útero na
Ovário (SNP) Progesterona preparação p/ a implantação do
embrião e manutenção da gravidez
Maturação e manutenção da função
Testículo (SNP) Testosterona dos órgãos sexuais masculinos;
desenvolvimento dos caracteres
masculinos(barba)
Influência no metabolismo dos
hidratos de carbono; redução das
Supra renais ( SNP) cortisol inflamações e de resposta
imunológicas, aumento da resposta
ao stress
Aumento da temperatura; regulação
Tiroxina do metabolismo da glucose e de
Tiroíde (SNC) outros combuistiveis; expressão dos
genes, etc

(várias) Hidrólise dos tecidos adiposos;

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Pituitária (SNC) Pituitária (SNC) estimula o crescimento; absorção de


Pituitária (SNC) ACTH água da urina, aumento da tensão
arterial; secreção de tiroxina pela
LH tiroíde, etc

TSH

FSH
Induz a secreção de TSH pela
Hipotálamo (SNC) pituitária anterior; regula o fluxo dos
TRH impulsos dos centros excitadores
sexuais.

DISTÚRBIOS

No caso de acidente, doença ou má formação congénita, por exemplo, os SISTEMAS


NERVOSO CENTRAL OU PERIFÉRICO poderão sofrer alguns distúrbios como:

- Acidente Vascular encefálico (AVE)

É um distúrbio grave do sistema nervoso. Pode ser causado tanto pela obstrução de
uma artéria, que leva à isquemia de uma área do cérebro, como por uma ruptura
arterial seguida de derrame. Os neurônios alimentados pela artéria atingida ficam sem
oxigenação e morrem, estabelecendo-se uma lesão neurológica irreversível. A
percentagem de óbitos entre as pessoas atingidas por AVE é de 20 á 30% e, dos
sobreviventes, muitos passam a apresentar problemas motores e de fala.

Factores que predispõem ao AVE são: a hipertensão arterial, a taxa elevada de


colesterol no sangue, a obesidade, o diabete melito, o uso de pílulas anticoncepcionais
e o hábito de fumar.

- Ataques Epiléticos

Epilepsia não é um doença e sim um sintoma que pode ocorrer em diferentes formas
clínicas. As epilepsias aparecem, na maioria dos casos, antes dos 18 anos de idade e
podem ter causas diversas, tais como anomalias congênitas, doenças degenerativas
do sistema nervoso, infecções, lesões decorrentes de traumatismo craniano, tumores
cerebrais, etc.

Sua origem está associada a factores diversos como tensão emocional, distúrbios
visuais e hormonais, hipertensão arterial, infecções, sinusites, etc.

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- Doenças degenerativas do sistema nervoso

Diversos factores podem causar morte celular e degeneração, em maior ou menor


escala, do sistema nervoso. Esses factores podem ser mutações genéticas, infecções
virais, drogas psicotrópicas, intoxicação por metais, poluição, etc. As doenças
nervosas degenerativas mais conhecidas são a esclerose múltipla, a doença de
Parkinson, a doença de Huntington e a doença de Alzheimer.

- problemas auditivos, visuais, da fala, etc.

A APRENDIZAGEM

O homem é a espécie animal mais evoluída, e como tal, é a que possui o


menor número de comportamentos natos, fixos e invariáveis. Por isso, o
homem é o animal mais dependente da aprendizagem para poder sobreviver.

A capacidade de aprender torna possível às gerações tirar proveito das


experiências e descobertas das gerações anteriores, acrescentar a sua própria
contribuição e assim promover o progresso da sociedade.

Conceito de aprendizagem

Ela vem de aprender, de ad, “junto” mais prehendere, com o sentido de “levar
para junto de si”, metaforicamente “levar para junto da memória”. Por sua vez,
este verbo se origina em prae-, “à frente”, mais hendere, relacionado a hedera,
“hera”, já que essa planta trepadeira se agarra, se prende às paredes para
poder crescer.

Pode ser definida como o processo pelo qual as competências, habilidades,


conhecimentos, comportamento ou valores são adquiridos ou modificados,
como resultado de estudo, experiência, formação, raciocínio e observação.
Este processo pode ser analisado a partir de diferentes perspectivas, de forma
que há diferentes teorias de aprendizagem. Aprendizagem é uma das funções
mentais mais importantes em humanos e animais e também pode ser aplicada
a sistemas artificiais.

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A aprendizagem pode se definir como um processo de aquisição, assimilação e


transmissão de conhecimentos, de aptidões, de hábitos, de habilidades, ou
qualquer mudança relativa no comportamento do indivíduo resultante de uma
experiência vivida ou de uma prática vivida.

A aprendizagem estabelece ligações entre certos estímulos e respostas


equivalentes, causando um aumento da adaptação de um ser vivo ao seu meio
envolvente. Aprender é interiorizar e exteriorizar um comportamento aceitavel.
Sendo um fenómeno que faz parte da pedagogia, a aprendizagem é uma
modificação do comportamento do indivíduo em função da experiência.

A aprendizagem escolar se distingue pelo caráter sistemático e intencional e


pela organização das actividades (estímulos) que a desencadeiam, actividades
que se inserem em um quadro de finalidades e exigências determinadas pela
instituição escolar. As dificuldades de aprendizagem resultam tanto de um
funcionamento deficiente da escola como são devidas a factores de ordem
psicológica ou sócio-cultural. As deficiências sensoriais e físicas (visual,
auditiva, motora) e as perturbações fisiológicas originam tipos específicos de
dificuldades na aprendizagem.

Aprendizagem humana está relacionada à educação e desenvolvimento


pessoal. Deve ser devidamente orientada e é favorecida quando o indivíduo
está motivado. O processo de aprendizagem pode ser medido através das
curvas de aprendizagem, que mostram a importância da repetição de certas
predisposições fisiológicas, de "tentativa e erro" e de períodos de descanso,
após o qual se pode acelerar o progresso.

a) Aprendizagem e desenvolvimento

Jean Piaget apresentou uma distinção entre aprendizagem e desenvolvimento,


afirmando que muitas pessoas confundem os dois conceitos. De acordo com o
epistemólogo suíço, o desenvolvimento está relacionado não só ao
desenvolvimento físico, mas também se refere ao sistema nervoso e às
funções mentais, estando relacionado com a embriogênese e às estruturas do
conhecimento. O conceito de aprendizagem é mais simples, pois acontece

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através de um intermediário (professor), sendo um processo limitado a uma


estrutura mais simples que o desenvolvimento.

Podemos notar que quando alguém aprende alguma coisa, como por exemplo,
dançar, comer com o garfo, andar de carro, ou de bicicleta, etc., o seu
comportamento fica alterado em algum aspecto, mesmo que a mudança não
seja imediatamente evidente.

3.2 – FACTORES INFLUENTES NA APRENDIZAGEM

A aprendizagem sofre influência de alguns importantes factores como a família,


escola, ambiente de trabalho, contexto sóciocultural e saúde do indivíduo e
podem ser repartidos em dois grupos:
- a) Factores internos ou individuais
- b) Factores externos

a) Factores internos

São aqueles que dependem da pessoa que quer aprender e que podem
condicionar a aprendizagem como as características da sua personalidade ou
as suas características físicas. Podemos destacar os seguintes:
♠ Factores cognitivos: percepção, atenção, memória.
 ♠ Factores socioculturais: família, grupos de pertença, comunidade,
sociedade (valores, representações e estereótipos).
 ♠ Factores biológicos: neurofisiológicos; genéticos.

♠ Factores emocionais: "Estados de espírito";

Ou seja tem de haver motivação (impulsos, interesses, vontade, aspirações,


convicções, desejo ou seja ciclo motivacional). O alto ou baixo nível de
motivação pode inibir a aprendizagem; bom estado psicológico e físico, o
indivíduo tem de ter boa saúde física e mental para melhor aprender;
capacidade intelectual suficiente (inteligência geral), quer dizer disposição
de assimilação necessária para determinado assunto; idade, tudo se aprende e
se compreende na altura certa; experiência passada (anterior), para
aprendermos algo novo é necessário recorrer a um aspecto já conhecido;

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percepção, permite interpretar ou entrar em contacto com o meio. É o ponto de


partida para qualquer conhecimento. Está sempre ligado a motivação e a
aprendizagem.

b) Factores externos

São os factores que não dependem do aprendiz. Dependem do meio em que


ocorre a aprendizagem. Uma das preocupações que o formador deve ter
quando planifica sessões de formação, é criar situações que favoreçam a
aprendizagem, tendo em conta três variáveis:
 o que vai ensinar (objectivos/domínios da aprendizagem);
 como ensinar (estratégias);
 a quem ensinar (público alvo).

São factores externos capazes de influenciar a aprendizagem os seguintes:

a) Família – proporcionam as condições materiais, socio-económicas e


afectivas que vão influenciar na aprendizagem.
b) Condições da aprendizagem – no processo de ensino –aprendizagem
devem estar criadas as condições necessárias para o seu sucesso.
Dificuldades materiais como falta de carteiras, falta de instrumentos para
a realização da aprendizagem podem afectar negativamente o processo
de aprendizagem.
c) A própria personalidade do indivíduo ou mestre – a motivação que o
individuo apresenta ou deve proporcionar naquilo que faz influência na
aprendizagem.
d) Quantidade e qualidade (variedade) de estímulos - recebidos por
parte do aprendiz influem na aprendizagem.
A aprendizagem deve processar-se num clima de confiança e abertura que
propicie a partilha de experiências e vivências, visando um enriquecimento
mútuo.

3.4 - FORMAS DE APRENDIZAGEM

Tendo em consideração a importância e a complexidade do processo de


aprendizagem, existem muitas formas de estudar/aprender ou encarar este
processo, dentro do qual se destacam as seguintes: aprendizagem pela

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descoberta, significativa, social, condicionamento, conceitos, motora, lógico-


matemática.

1. - Aprendizagem significativa – teoria de assimilação de Ausubel

David Paul Ausubel, nasceu em Nova Iorque, 25 de


outubro 1918 e morreu Nova Iorque, 9 de julho de 2008), foi um grande
psicólogo da educação estadunidense. Cresceu insatisfeito com a
educação que recebera. Revoltado contra os castigos e humilhações
pelos quais passara na escola, afirmava que a educação era violenta e
reaccionária,

A aprendizagem significativa é um conceito importante na teoria da


aprendizagem apresentada por David Ausubel. Segundo o psicólogo da
educação americano, a aprendizagem significativa implica que os novos
conteúdos aprendidos pelo aluno são organizados e formam uma hierarquia de
conceitos, e se relacionam com o conhecimento previamente interiorizado pelo
aluno.

2. - Aprendizagem motora

A aprendizagem motora acontece quando certos processos cognitivos estão


ligados a uma prática de movimentação e que causa uma alteração constante
no comportamento motor de um determinado indivíduo.

3. Aprendizagem por descoberta/ Aprendizagem por recepção

Na aprendizagem por recepção (seja automática ou significativa) todo o


conteúdo que vai ser aprendido é apresentado ao aluno na forma final.

A característica essencial da aprendizagem por descoberta é que o conteúdo


principal não é dado, mas deve ser “descoberto” pelo aluno antes que possa
ser incorporado significativamente na sua estrutura cognitiva. O ambiente de
aprendizagem por descoberta propõe que o educador facilite e ordene os
processos de representação por parte do aluno, para que ele se sinta

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estimulado a explorar alternativas, conforme revelam os três factores


envolvidos no processo de exploração de alternativas de Bruner: activação (dá
inicio ao processo, curiosidade), manutenção (o mantém no processo) e
direcção (evita que seja caótico).

4- Aprendizagem por processamento de informações (processamento


de informação, consciência, memória e associação)
As teorias cognitivas enfatizam a importância dos processos mentais internos.
Baseada totalmente na actividade mental, a aprendizagem cognitiva se realiza
pelo raciocínio lógico e incorpora as atitudes, as crenças e as experiências
passadas, bem como os comportamentos orientados para resultados.
Igualmente, elementos como a criatividade e a percepção exercem papel
decisivo no processo cognitivo de aprendizagem. Os elementos fundamentais
da aprendizagem cognitiva são: processamento de informações, consciência,
memória e associação.
5.- Aprendizagem por condicionamento clássico (escola reflexológica)

Condicionamento: durante muitos anos, os estudiosos acreditaram que a


aprendizagem ocorria unicamente através dos processos de condicionamento.
Embora esses processos sejam fundamentais, pesquisas recentes afirmam
que a aprendizagem pode ocorrer através das mais variadas formas.
O condicionamento é um processo de aprendizagem e modificação de
comportamento através de mecanismos estímulo-resposta sobre o sistema
nervoso central do indivíduo.
O primeiro tipo de condicionamento, denominado Condicionamento Clássico,
foi desenvolvido pelo fisiologista russo Ivan Petrovic. Pavlov que fez uma
experiência envolvendo um cão, uma campainha e um pedaço de carne.
O fisiologista percebeu que quando o cão via o pedaço de carne, ele salivava,
o que foi chamado de reflexo não condicionado.
Pavlov também começou a tocar a campainha (estímulo neutro) quando ia
mostrar o pedaço de carne. Rapidamente o cão passou a associar a carne com
a campainha, salivando também toda vez que ela era tocada. Essa reacção a
um estímulo neutro foi chamada de reflexo condicionado. O condicionamento

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clássico foi importante no sentido de explicar a associação de um estímulo a


outro.
Assim, esse tipo de condicionamento é importante para explicar a associação
(positiva ou negativa) que um consumidor faz de uma marca, por exemplo. O
condicionamento clássico também possibilita o entendimento de coisas comuns
do nosso dia-a-dia, como o barulho de um despertador, que por si só não
significa nada, mas nós relacionamos aquele barulho ao objectivo de acordar
em um determinado momento.

Ivan Petrovich Pavlov (Ryazan, 14 de Setembro de 1849 —


Leningrado, 27 de Fevereiro de 1936) foi um fisiólogo russo; premiado com o
Nobel de Fisiologia ou Medicina de 1904, por suas descobertas sobre os
processos digestivos de animais. Ivan Pavlov veio no entanto a entrar para a
história por sua pesquisa em um campo que se apresentou a ele quase que por
acaso: o papel do condicionamento na psicologia do comportamento (reflexo
condicionado).

PAVLOV observou que a boca do cão ficava cheia de saliva não apenas à
vista e o cheiro do alimento, mas também na presença de outros estímulos
associados a ele como o som da campainha na hora da alimentação.

PAVLOV concluiu que o reflexo salivar, provocado normalmente pela presença


do alimento na boca, também podia ser aliciado por outros estímulos visuais,
olfactivos ou auditivos que precediam ou acompanhavam o alimento.

Então, PAVLOV começou a relacionar o alimento a outros estímulos


originalmente neutros quanto à capacidade de provocar a salivação, como a luz
de uma lâmpada ou o som de uma campainha. Ele verificou que, se o alimento
fosse muitas vezes precedido destes estímulos, o cão passaria a salivar
também na sua presença.

A esta reacção do cão, PAVLOV denominou REFLEXO CONDICIONADO.

Esquematicamente, o reflexo condicionado de PAVLOV apresenta-se da


seguinte maneira:

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1ª fase: antes do condicionamento (antes do processo de aprendizagem):

ENC provoca RNC, ENC= alimento (estímulo não condicionado)

RNC= salivação (resposta incondicionada)

2ª fase: durante o condicionamento:

EC + ENC provocam RNC, EC= som da campainha (estímulo


condicionado)

3ª fase: estádio de aquisição de reflexo condicionado:

EC provoca RC, RC= salivação (resposta condicionada)

PAVLOV verificou que o processo de extinção era a única forma de quebrar


a associação entre estímulo e uma resposta condicionada. Alcança-se a
extinção quando EC (estímulo condicionado) perde o seu poder de evocar a
RC (resposta condicionada); isto é conseguido com a apresentação repetida
de EC sem se seguir o ENC (estímulo não condicionado).

Um dos muitos cães usados por Pavlov nas suas experiências, Museu
Pavlov, Rússia. Note-se que o recipiente utilizado para o
armazenamento da saliva está cirurgicamente implantado no maxilar do
animal.

3.4.5 Aprendizagem por condicionamento instrumental ou por ensaio e


erro

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Edward Lee Thorndike (Williamsburg, Estados Unidos,31 de


Agosto de 1874 - Montrose, Estados Unidos,9 de Agosto de 1949) foi um
psicólogo americano.

Iniciou seus estudos de Psicologia na Universidade de Harvard, Estados


Unidos, onde foi discípulo de William James. Um dos aspectos da psicologia
que particularmente o fascinava, era o estudo do aprendizado dos animais.
Edward Lee Thorndike esteve na origem do surgimento do condicionamento
operante, pois foi baseando-se nas suas primeiras experiências (descobriu que
um ser vivo em resposta a uma consequência agradável tende a repetir o
comportamento e faz exactamente o contrário quando recebe uma
consequência desagradável). O termo aprendizagem pode ser mantido
proveitosamente no seu sentido tradicional para descrever a redisposição de
respostas em uma situação complexa. Suas experiências eram feitas com
animais, preferencialmente com gatos.

Thorndike realizou experiências com pombos em uma gaiola, que quando o


pombo bicava um dispositivo eléctrico era alimentado automaticamente; não
havia estímulo para bicar, era acidental e esse comportamento de bicar recebia
como resposta o alimento. O alimento é o agente reforçador.

EXPERIÊNCIA: Um gato faminto era colocado numa gaiola. Fora da gaiola, à


vista do gato, ficava o alimento. O gato procurava sair da gaiola para obter o
alimento, através de vários ensaios ou tentativas. Ocasionalmente, o gato
tocava na tranca que abria a gaiola e o alimento era alcançado.

A experiência era repetida durante alguns dias e o gato ia, aos poucos,
eliminando os ensaios infrutíferos para sair da gaiola, coisa que conseguia
cada vez em menos tempos, até que nenhum erro mais era cometido. A dada
altura da experiência o gato saia da gaiola com apenas um movimento preciso:
o de tocar a tranca.

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O ensaio e o erro é portanto, uma forma de aprendizagem que se caracteriza


pela eliminação gradual dos ensaios ou tentativas que levam ao erro e a
manutenção daqueles comportamentos que tenham o efeito desejado.

A partir de seus estudos, THORNDIKE, formulou as três leis de aprendizagem


que se seguem:

1- Lei da prontidão: quando o organismo se encontra num estado em que


as unidades de transmissão (as conexões E-R) estão prontas a
transmitir, então a transmissão é satisfatória. Se as unidades de
transmissão não estão prontas a transmitir, então a transmissão é
perturbada.
2- Lei do exercício: afirma que a conexão entre estímulos e respostas é
fortalecida pela repetição. Em outras palavras, a prática ou exercício
permite que mais acertos e menos erros sejam cometidos como
resultado de um comportamento qualquer.
3- Lei do efeito: esta é de longe a mais importante lei de THORNDIKE.
Esta lei afirma que uma conexão E-R é fortalecida se for seguida de
satisfação. Do mesmo modo, uma conexão é enfraquecida se for
seguida de um aborrecimento.
Em outras palavras, esta lei diz simplesmente que um acto é alterado pelas
suas consequências. Assim, se um comportamento tem efeitos favoráveis, é
mantido; caso contrário é eliminado. É de salientar que muitas aprendizagens
da vida quotidiana se dão por ensaio e erro.

3.4.3- Aprendizagem por condicionamento operante

A melhor forma de compreender o condicionamento operante é examinar a


situação experimental, utilizada durante anos por SKINNER.

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Burrhus Frederic Skinner (Susquehanna,


Pensilvânia, 20 de Março de 1904 — Cambridge, 18 de Agosto de
1990) foi um autor e psicólogo. Conduziu trabalhos pioneiros em
psicologia experimental e foi o impulsionador do Behaviorismo Radical,
abordagem que busca entender o comportamento em função das inter-
relações entre a filogenética, o ambiente (cultura) e a história de vida
do indivíduo.

A base do trabalho de Skinner refere-se a compreensão do comportamento


humano através do comportamento operante (Skinner dizia que o seu interesse
era em compreender o comportamento humano e não manipulá-lo). O trabalho
de Skinner é o complemento, e o coroamento de uma escola psicológica.
Adoptava práticas experimentais derivadas de física e de outras ciências. No
condicionamento operante, o comportamento surge não desencadeado por um
estímulo, mas sim voluntariamente ou ocasionalmente e surge após o
aparecimento do comportamento.

EXPERIÊNCIA:

Este colocou um rato numa caixa, com os lados e topo em plástico


transparente. Um dos lados contém uma alavanca saliente e, ao lado desta
alavanca existe um tubo que vai dar a um recipiente de comida. Neste caso, o
condicionamento operante será o comportamento de premir a alavanca.

Como não há muita coisa a fazer numa caixa de SKINNER (denominação da


caixa utilizada por SKINNER), o rato acaba por premir a alavanca. Um pouco
de comida (um estímulo reforçador) sai imediatamente do tubo e cai no
recipiente. O rato lança-se sobre a comida e o condicionamento começou.

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É de salientar que, quando o rato, depois de vaguear algum tempo pela caixa
SKINNERIANA, acaba por premir por acaso a alavanca que dá comida, a
resposta não é uma acção reflexa desencadeada por um determinado estímulo
incondicionado. A sequência dos acontecimentos para o condicionamento
operante é então o seguinte:

1. emissão de um operante livre (o rato por acaso premir a alavanca)


2. apresentação de um estímulo reforçador (o rato recebe um pouco
de comida) seguida de:
3. aumento da probabilidade da ocorrência da resposta.
A resposta começa agora a ser controlável ou previsível e para o
condicionamento operante, os acontecimentos devem seguir a ordem acima
indicada.

SKINNER divide todas as respostas em duas categorias:

1ª operantes: são respostas que ocorrem espontaneamente sem terem sido


desencadeadas por estímulos incondicionados. Um operante é pois uma
resposta cujo estímulo inicial ou não está identificado ou não existe; pode ser
vagamente comparado a um comportamento voluntário.

Por exemplo: ao estendermos as pernas, ao levantarmos a mão ou ao


mexermo-nos quando sentados numa cadeira, não existem estímulos
incondicionados que automaticamente desencadeiam estas respostas.

2ª respondentes: são as respostas que podem ser automaticamente


desencadeadas por um estímulo específico não aprendido ou incondicionado.
A estas respostas PAVLOV chamava de reflexos incondicionados.

♠ Lei do condicionamento operante

O princípio geral de SKINNER pode se formular da seguinte forma: se a


ocorrência de um operante é seguida de um estímulo reforçador, aumentará a
frequência da resposta desse operante particular.

Salienta-se que o operante não tem inicialmente nada a ver com o estímulo. No
condicionamento operante, a resposta produz o estímulo reforçador ou em
termos de SKINNER, o reforço é contingente à ocorrência da resposta.

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Neste caso forma-se uma conexão resposta - estímulo e não uma conexão
estímulo – resposta.

4– Aprendizagem social, por observação, imitação ou modelagem

A aprendizagem social traduz-se na capacidade de reproduzir um


comportamento observado. Este tipo de aprendizagem distingue-se de outros
tipos de aprendizagem por assentar na imitação e, portanto, no facto de que
sem ela tais comportamentos dificilmente seriam apreendidos.

Albert Bandura (Mundare, 4 de Dezembro de 1925) é um


psicólogo canadense, autor da Teoria Social Cognitiva. Foi presidente da
Associação Americana de Psicologia em 1973. Entrou para a Universidade de
Stanford em 1953, onde lecciona até os dias actuais.

Para ele, o indivíduo é capaz de aprender também através de reforço vicário,


ou seja, através da observação do comportamento dos outros e de suas
consequências, com contacto indirecto com o reforço. Entre o estímulo e a
resposta, há também o espaço cognitivo de cada indivíduo. Quando, por
exemplo, a criança aprende a escrever ou a falar, fá-lo por observação directa
do comportamento dos modelos: pais, professores e outras pessoas que com
ela convivem. Bandura procurou confirmar tal teoria ao fazer uma experiência
com um João-Bobo.

EXPERÊNCIA: 66 crianças, de 4 anos, foram divididas em três grupos de 22


crianças, e submetidos a um filme diferente cada, no qual um adulto agredia
um boneco insuflável. O final do filme era diferente para cada grupo de
crianças, ou seja, três versões diferentes das consequências do
comportamento adulto eram exibidas. No primeiro, o adulto era recompensado.
No segundo, era punido e no terceiro, não sofria nenhuma consequência.

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Depois, as crianças foram colocadas em uma sala onde podiam ser


observadas sem perceberem.

Na sala havia diferentes brinquedos, dentre eles o João-Bobo. .


Relatou-se que o grupo que viu o adulto sendo recompensado tendia a repetir
com maior frequência as agressões quando comparado aos dois últimos
grupos. Provou-se, assim que o juízo que fazemos de certos comportamentos
é determinante para resposta a determinados estímulos.

Também está dentro de sua teoria o determinismo recíproco, ou seja, tanto o


mundo quanto o indivíduo causam efeitos um no outro. Muito de seu trabalho
foi desenvolvido estudando a motivação e a auto-eficácia.

Bandura defende que aprendemos a observar os outros. A observação de


modelos exteriores (pessoas, meios electrónicos, livros) acelera mais a
aprendizagem do que se esse comportamento tivesse de ser executado pelo
“aprendiz”.
Há 4 elementos na aprendizagem por observação:
• A atenção: existe uma selecção daquilo que prestamos atenção, o que é
crucial para se aprender por observação. Essa selecção é feita em função das
características do modelo (estatuto/prestígio, competência, valência afectiva),
do observador e da actividade em si.
• A retenção: a informação observada é codificada, traduzida e armazenada no
nosso cérebro, com uma organização em padrões, em forma de imagens e
construções verbais.
• A reprodução: consiste em traduzir as concepções simbólicas do
comportamento armazenado na memória nas acções correspondentes. Pode
haver dificuldades nessa tradução (ex. inabilidades físicas) e por isso, deve-se
facilitar a execução correcta, quando se está a ensinar alguém.
• A motivação e os interesses. Bandura defende que a aquisição é um
processo diferente da execução. Então para que um determinado
comportamento aprendido seja executado, deve-se estar motivado para fazê-

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lo, o que pode ser alcançado através de incentivos. Experiências demonstram


que um modelo de comportamento recompensado tem mais probabilidades de
ser imitado pelos observadores do que um modelo cujas consequências não
eram recompensadoras ou mesmo penalizadoras.
Nas suas experiências foram identificados três tipos de reforços:
- reforço directo em que o observador é reforçado ao reproduzir o que
observou;
Ex.: a criança que segura bem o lápis quando começa a escrever ouve um
elogio, é reforçada.
- reforço indirecto (vicariante) em que o modelo é que é reforçado. Os
resultados observados no comportamento dos outros pode modificar o nosso
comportamento da mesma forma que os resultados obtidos da experiência
directa;
Ex.: a criança observa que uma pessoa, por ter determinado comportamento, é
recompensada. Este facto estimula-a a imitar esse comportamento.
- auto-reforços em que é o sujeito que controla os seus próprios reforços.
Ex.. o próprio indivíduo promete para si mesmo atingir um determinado
objectivo e premiar-se.
Tal como os comportamentalistas defendem, Bandura diz que as
consequências ditam em boa escala o nosso comportamento. As acções que
geram consequências positivas tendem a manter-se, enquanto as que geram
consequências negativas tendem a desaparecer. A distinção entre a
aprendizagem por condicionamento operante e a aprendizagem social é que
para aquela as consequências têm o objectivo de fortalecer o comportamento e
para esta as consequências do comportamento são as suas fontes de
informação e de motivação.
Por exemplo, a motivação cresce em toda a turma quando vemos um professor
elogiar outro aluno por ter trabalhado bem.
♠ Factores que influenciam a aprendizagem social
a) as características do modelo que se quer imitar
- a proximidade afectiva com o modelo;
- a idade do modelo;
- o género do modelo;
- o estatuto do modelo

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b) as características pessoais de quem aprende


- a atenção;
- a motivação;
- as expectativas;
- e a própria noção de eficácia ou competência.
CONCLUSÂO: Nem toda a nossa conduta é proveniente apenas de
condicionamento ou ensaio e erro. Na realidade, muitas das nossas
aprendizagens na vida quotidiana se fazem por observação directa da conduta
de outras pessoas, isto significa em outras palavras, aprender por imitação ou
pelo exemplo.

UNIDADE III – PROCESSOS COGNITIVOS

Processos cognitivos são os processos subjacentes à elaboração do


conhecimento. Entre eles podemos encontrar a percepção, a memória, a
aprendizagem e a consciência. Os processos cognitivos são muito complexos,
porque implicam um conjunto de estruturas que recebem, filtram, organizam,
modelam, retêm os dados provenientes do meio.
Cognição, por um lado, designa o conjunto de processos de conhecimento
através dos quais um organismo adquire, trata, conserva, pondera e explora
informação e, por outro lado, o resultado mental desses processos, isto é, os
conhecimentos propriamente ditos. A cognição não é idêntica em todas as
fases da nossa vida. As habilidades mentais criam-se e transformam-se em
consequência da crescente maturidade fisiológica e da interacção permanente
entre o indivíduo e o meio ambiente circundante. A cognição tem uma
importante função adaptativa e o seu desenvolvimento permite uma

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progressiva complexidade, flexibilidade e sofisticação da capacidade de


resolver problemas.

3.1. A SENSAÇÃO
O homem no seu dia-a-dia conduz a sua vida através do que ouve, sente,
saboreia, vê, etc. Podemos dizer que vivemos recebendo estímulos que
excitam os nossos receptores sensoriais (os receptores são constituídos por
células receptoras).
Tradicionalmente dividimos a experiência em duas classes:
 Sensação
 Percepção

A SENSAÇÃO: É definida por muitos psicólogos como a recepção simples de


estímulos, tais como brilho, a cor, o calor ou o sabor. começa quando a energia
oriunda de uma fonte externa ou do interior do corpo, estimula uma célula
receptora em um dos órgãos sensoriais. Cada célula receptora envia um sinal
por meio dos nervos sensoriais até a área apropriada do córtex cerebral. A
sensação recebe os dados brutos do ambiente.
- É o processo elementar que se inicia quando um estímulo excita um receptor.
- Pode-se pensar na sensação como a operação por meio do qual as informações do
mundo exterior chegam ao cérebro permitindo-lhe compor uma imagem mental
correspondente as informações.
Cada criatura, seja o homem ou animais inferiores, têm sensibilidade diferente aos
estímulos, o que nos permitem viver pacificamente.
Ex1: o falcão ultrapassa cerca de duas vezes e meia o olho (visão) do homem.
Voando a 20 metros do solo facilmente localiza a sua refeição de insectos.
Ex2: Apesar do mundo ser uma mancha para a maioria dos cachorros, eles são
capazes de usar o focinho (olfacto) para localizar pessoas enterradas, procurar
drogas, etc.
Mesmo entre os seres humanos temos as nossas diferenças sensoriais quanto à
maneira de ver as cores, distinguir tons, detectar os cheiros, etc., quer dizer existem
em cada um de nós estruturas especializadas para os diferentes estímulos, quer
sejam químicos, mecânicos, sonoros ou luminosos.
Durante a gravidez ou a idade avançada as sensibilidades modificam-se ligeiramente
a medida que o organismo se altera.

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Os receptores sensoriais são especializados em receber diferentes estímulos que os


transformam em impulsos e enviam do SNP para o SNC onde são processados
produzindo tanto a sensação quanto a percepção. Os receptores especializados são
os órgãos dos sentidos: audição, visão, tacto, olfacto e gosto.

3.1.1. – CONDIÇÕES ORGÂNICAS PARA OCORRER UMA SENSAÇÃO


Para que ocorra uma sensação são necessárias três condições:

a) Tem de haver uma EXCITAÇÃO (estímulo) quer dizer, tem de haver a acção
de um excitante ou agente provocador sobre um órgão sensorial.
Os excitantes podem ser:
- Mecânicos – (choque, pancada, queimadura)
- Físicos – (luz, cor, som, barulho, etc.)
- Químicos – (drogas, perfumes e outros irritantes ou substâncias químicas).
b) tem de haver uma IMPRESSÃO SENSORIAL (nervo condutor que efectua a
transmissão): que é a modificação orgânica que se processa nos órgãos sensoriais e
que se transmitem por fibras nervosas da periferia para o centro e vice-versa.
c) Tem de haver uma RESPOSTA OU REACÇÃO (órgão efector):
A excitação - condição a) é de natureza física;
- A impressão sensorial – condição b) é de natureza fisiológica;
- A reacção ou resposta – condição c) é de natureza psicológica.
A ausência ou eliminação de uma das três condições implica o não aparecimento da
sensação.

3.1.2 CARACTERISTICAS DA SENSAÇÃO

A sensação depende do estímulo e da capacidade do indivíduo de capta-lo e


apresenta as seguintes características: qualidade, duração, localização espacial,
adaptação sensorial, intensidade do excitante e tempo de reacção.

1- Qualidade – particularidade fundamental que nos dá o carácter individual de


cada sensação. Permite distinguir uma sensação de outra. Ex: Sensação visual tem
qualidades diferentes como a cor, o brilho, a sombra, etc.
2- Duração – caracteriza-se pelo tempo que pode demorar uma sensação.
Ex: Dor de barriga
3- Localização espacial – permite-nos encontrar (localizar) o estímulo no
espaço. Ex: A música vem do vizinho; A mesa está a sua esquerda.

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4- Adaptação sensorial – quando os nossos sentidos se ajustam a diferentes


níveis de estimulação. Essa adaptação pode causar perda da sensibilidade.
Ex: Os cozinheiros, depois de algum tempo, chegam a segurar a panela quente
sem auxÍlio de uma pega para o efeito. Criaram calos a temperatura da panela
e conseguem suportar por mais tempo em relação as pessoas que não cozinham
todos os dias.
5- Intensidade do excitante – é a força de actuação de um estímulo. Ex: Um
som pode ser alto ou baixo; A chapada pode ter mais força em uma pessoa e
não em outra.

6- Tempo de reacção – é o intervalo de tempo que se passa entre a actuação do


estímulo sobre um órgão sensorial e a reacção do organismo face a essa excitação. O
tempo de reacção é variável, depende do funcionamento do sistema nervoso de cada
um.
Ex: algumas pessoas bebem 10 cervejas e continuam sóbrios e outros não.
As experiências do dia-a-dia demonstram que o tempo de reacção varia:
a) de um sentido ao outro (uns têm grande sensibilidade visual e não olfactiva,
outros auditiva, etc.);
b) de um indivíduo para outro;
c) No mesmo indivíduo de um momento ao outro, segundo as suas disposições
fisiológicas e psicológicas.
Ex: As 9h00m somos mais activos do que as 12h.

3.1.3 CLASSIFICAÇÃO DAS SENSAÇÕES

Podemos dividir as sensações em duas classes, segundo o tipo de receptores:


a) sentidos impressionáveis à distância: visão, audição, olfacto.
b) sentidos impressionáveis por contacto directo: tacto e gosto.
Em relação aos receptores dos órgãos sensoriais os primeiros a desenvolverem-se
são os auditivos e são também os primeiros a declinar-se, a partir dos 25 anos.
A visão é o sentido mais importante para os seres humanos ao contrário dos cães
(olfacto), dos morcegos (audição) ou dos peixes (paladar).
Na verdade, “não vemos” com os olhos; vemos com o cérebro. As mensagens
provenientes dos olhos precisam ser enviadas até ao cérebro para que ocorra visão.
Os olhos recebem impulsos que são transformados em visão pelo lobo occipital, o
mesmo acontece com os outros órgãos dos sentidos.
A audição – outro sentido do qual os seres humanos muito dependem

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A sensação a que chamamos de som é a interpretação que o nosso cérebro faz do


fluxo e refluxo das moléculas de ar “ que batem” os nossos tímpanos.
O olfacto sentido mais fraco nos humanos e é dez mil vezes mais aguçado que o
paladar. Nosso olfacto para odores comuns é activado por uma proteína complexa
produzida na glândula nasal.
A teoria da evolução explica porque nosso olfacto é fraco se comparado ao de outros
animais. Os animais que possuem o olfacto mais aguçado geralmente andam por todo
tipo de terreno com a cabeça bem próxima ao chão, onde estão os odores mais acres.
Por ex.: os porcos são capazes de sentir o cheiro de trufas enterradas no solo. Os
elefantes são capazes de “lembrar” algo ao mover sua tromba para frente e para trás
sobre alguma trilha utilizada muitos anos antes. Quando os nossos ancestrais
deixaram de viver nas florestas, seguiram em direcção às grandes planícies e
começaram a andar erectos, inimigos e presas, plantas comestíveis, etc. ficaram ao
alcance da visão. Consequentemente o olfacto tornou-se menos importante.
Os seres humano possui 5 milhões de células receptoras dedicadas ao olfacto –
quantidade mísera, se comparada às 220 milhões de células que um cão pastor
possui.
O paladar - para compreender o paladar devemos diferencia-lo do sabor. O sabor da
comida é formado por uma complexa combinação de paladar e olfacto.
Se comeres tapando o nariz, a maior parte do sabor dos alimentos desaparecerá,
embora sejas capaz de reconhecer o amargo, salgados, ácido ou doce.
As células receptoras do paladar localizam-se nos botões gustativos na sua maioria
presentes na ponta, nos lados e na parte de trás da língua.
A ponta da língua é mais sensível ao doce e ao salgado; a parte de trás é mais
sensível aos sabores amargos, e as laterais, aos ácidos embora cada área seja capaz
de distinguir todos os tipos de sabores.
Um adulto possui cerca de 10 mil botões gustativos que diminuem á medida que
envelhecemos.
Sentidos cinestésicos – fornecem-nos informações sobre a velocidade e a direcção
dos nossos movimentos no espaço. Transmitem sobre os nossos movimentos
musculares, mudanças de postura e tensão de músculos e juntas. Os estímulos
destes sentidos seguem pela medula até ao córtex dos lobos parietais, a mesma que
recebe o tacto.
As sensações da pele – o tacto – na verdade a nossa pele é o nosso maior órgão
sensorial. Uma pessoa de 1, 80m de altura possui 6,5 metros quadrados de pele.
Possui inúmeros receptores nervosos distribuídos em diversas concentrações ao

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longo da sua superfície. Os vários receptores da pele dão origem a sensação de


pressão, temperatura e dor.
A importância do toque – em muitas sociedades o “tchau” e o “oi” é acompanhado
de um abraço, um aperto de mão e outros gestos de toque.
Em muitas culturas os casais expressam a sai afeição beijando-se, ficando de mãos
dadas ou acariciando-se. TOCAR E SER TOCADO pelos outros acaba com o nosso
isolamento. De todos os sentidos talvez o tacto seja o mais reconfortante.

3.1.4. LIMIARES SENSORIAIS


O limiar sensorial é o mais baixo nível de estimulação na qual um evento pode ser
detectado. A energia que chega até um receptor deve ser suficientemente intensa para
tornar-se perceptível.
Podemos distinguir dois tipos de limiares:
a) limiar absoluto;
b) limiar diferencial.

a) LIMIAR ABSOLUTO – é o mais baixo nível de estímulo; é a força mínima de


excitação capaz de produzir uma sensação.
Em circunstâncias ideais os limiares absolutos são aproximadamente os seguintes:
Audição – o seu limiar mínimo pode ser o tique-taque de um relógio a seis
metros em ambiente silencioso.
Visão - o seu limiar mínimo pode ser a chama de uma vela vista a uma
distância de 50 Km numa noite escura e de céu limpo.
Gustação - Paladar – um grama de sal de cozinha diluído em 500 litros de
água.
Olfacto - uma gota de perfume espalhada num apartamento de três cómodos.
Tacto- a asa de abelha caindo de uma altura de 1 cm sobre a bochecha.

b) LIMIAR DIFERENCIAL- é a menor quantidade de mudança detectada numa


sensação.
Este limiar varia de pessoa à pessoa sobretudo de acordo com a força ou intensidade
do estímulo original.
Ex.: A dor de barriga que continua três minutos depois de tomar o comprido.

3.2. – A PERCEPÇÃO
O fenómeno da percepção situa-se na fronteira entre a fisiologia e a psicologia. As
informações brutas trazidas pela sensação são interpretadas pela percepção, senão

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interpretássemos tais informações entenderíamos o mundo como “uma confusão


estrondosa”.
A percepção: é o acto de decifrar padrões que façam sentido em relação as
informações sensoriais;
- é a interpretação dos dados sensoriais; pode ser considerada como a tomada de
consciência do meio com vista a regulação da nossa conduta ou do nosso
comportamento;
- é a soma das sensações ou o estado avançado das sensações; sensação e
percepção constituem um processo contínuo, que se inicia com a recepção de um
estímulo até a interpretação da informação por parte do cérebro, tendo em conta os
conteúdos nele armazenados.
3.2.2. – CONDIÇÕES ORGÂNICAS PARA OCORRER UMA PERCEPÇÃO
Para que ocorra uma percepção são necessárias três condições:

a) tem de haver uma EXCITAÇÃO (estímulo);


b) tem de haver uma IMPRESSÃO SENSORIAL (nervo condutor);
c) Tem de haver uma RESPOSTA OU REACÇÃO (órgão efector).
A ausência ou eliminação de uma das três condições implica o não aparecimento da
percepção.

3.2.4. – SEMELHANÇA E DIFERENÇA ENTRE SENSAÇÃO E PERCEPÇÃO


Alguns estudiosos pensam que não existe diferença entre esses processos
psicológicos porque ambos reflectem a reacção do organismo a uma estimulação. A
principal semelhança é que ambos reflectem-se aos órgãos dos sentidos ou reflectem
directamente os objectos.
A diferença é que a Sensação é a recepção simples de estímulos e responde a
questão “como é isto?”;
E a Percepção é entendida como a interpretação destes estímulos e responde a
questão “o que é isto?”
Ex.1: Uma luz vermelha piscando ---- sensação.
É um carro de bombeiros----- percepção.
Ex.2: Huumm... que cheiro esquisito----- sensação.
É um rato morto--- percepção.

3.2.5. – FACTORES INFLUENTES NA PERCEPÇÃO


Podem ser classificados em dois grupos:
a) internos

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b) externos

a) FACTORES INTERNOS – são factores que dependem do próprio sujeito que


deve apreender o estímulo entre os quais destacam-se os seguintes:
1- Motivação – (interesses, necessidades, vontade, aspirações, desejos,
etc.) – é a razão de agir ou o impulso que nos leva a atingir um determinado objectivo.
Nós percebemos aquilo que temos vontade de aprender.
2- Disposição (psicológica e fisiológica) e expectativa – a disposição
psicológica correspondem ao ânimo e a fisiológica ao estado do organismo, como a
idade por exemplo. A expectativa corresponde a ansiedade, aquilo que se esperava;
emoções.
Ex.1: Disposição psicológica: o cansaço mental as 12h 30m pode afectar na
compreensão da matéria, dada pelo professor a esta hora, por parte dos alunos.
Ex.2: Disposição fisiológica: a fraca visão influencia na percepção visual e algumas
vezes causar confusão.
Ex3: Expectativa: um rapaz pode ser bem afeiçoado, no entanto, o beijo dele pode
não ser bom.
3- Experiência anterior (aprendizagem) – permite-nos interpretar ou
solucionar situações reais.
Ex.: Para somar é necessário conhecer-se os números.

b) FACTORES EXTERNOS – são aqueles que dependem do meio onde o sujeito


está inserido entre os quais se destacam as características específicas do estímulo
como intensidade, dimensões, cor, mobilidade, frequência
1- Intensidade do excitante – é a força de actuação do estímulo que
acaba por influenciar na percepção (ruído, chuva torrencial, calor, poeira, etc.).
Ex.: Uma escola com tecto de chapa, ao chover o barulho provocado pela
queda das gotas de água no tecto vai interferir na percepção.

2- Distância em que se encontra o excitante – se o sujeito estiver muito


distante do objectivo pode não percebe-lo bem.
Ex.: Os alunos que se sentam no fundo da sala têm maior dificuldade em
perceber tudo o que o professor diz.

3- Movimento ou mobilidade do excitante ou sujeito


Ex.: Ao viajar de comboio quanto mais afastada uma árvore estiver mais
lentamente aparenta mover-se.

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4- Contraste (cor) – é a falta de harmonia (incompatibilidade) de brilho,


cor , etc. que podem existir entre as coisas, objectos ou indivíduos.
Ex.: Uma pessoa escura com roupa branca.

3.2.6.- PARTICULARIDADES DA PERCEPÇÃO

A percepção tem as seguintes particularidades ou características:


a) Integridade – é a característica que permite obter a imagem integral ou real do
objecto, quer dizer as diferentes partes e propriedades que se percebem como um
todo único.
Ex.: Um homem; uma igreja, um carro...

b) Selectividade – é a acentuação de uma parte do objecto sobre os demais que


o rodeiam.
Ex.: A atenção recai sobre os alunos mais indisciplinados;
A criança que escolhe o brinquedo mais bonito.

c) Constância – característica que permite manter relativamente constante


(permanente) a percepção de um objecto, de um indivíduo com todos os seus
atributos ou elementos básicos independentemente da variação sensorial, distância ou
movimento em que se apresenta. È a capacidade que temos de manter na nossa
mente a posição real de um objecto.
Ex.: o avião a 5.000 pés parece pequeno mas nós sabemos o tamanho real do
mesmo.
Existem vários tipos de constância:
- Forma - Tamanho - cor - luminosidade

4.2.5.- PERTURBAÇÕES DA PERCEPÇÃO

As alterações da percepção podem ser de carácter fisiológico ou psicológico.


Entre estas destacam-se:
1- A ILUSÃO – é uma deformação da percepção, ou seja, é uma
percepção incorrecta, distorcida. Existem vários tipos de ilusões (investiguem) por ex.:
ilusão de escada, ilusão de Aristóteles, ilusão da memória.
Na ilusão a percepção incorrecta é de um objecto real.
Ex.: Quando pequeno, ao andar de carro parece que a paisagem é que vem de
encontro a nós.

2- A ALUCINAÇÃO – é uma percepção sem objecto real. É uma falsa


percepção. É a aceitação de fenómenos imaginários como reais. A alucinação é um

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indicativo de anormalidade mas, ocasionalmente, pode ser experimentada por


pessoas normais.

3- MICROPSIA – é uma diminuição no tamanho aparente dos objectos


como resultado de doença da retina ou distúrbio funcional.

4- MACROPSIA – aumento de tamanho aparente de objectos visuais


devido a patologia no aparelho visual.

5- MULTIPSIA – quando os objectos são percebidos multiplicados.

6- DALTONISMO – patologia visual hereditária com característica


masculina que afecta o cromossoma X e dificulta a percepção das cores vermelha e
verde.

CURIOSIDADES SOBRE A SENSAÇÃO E A PERCEPÇÃO

1- Porque vemos uma imagem só, se temos 2 olhos? - Seres humanos e outros bichos
têm 2 olhos apontados para a mesma direcção e assim 2 imagens são enviadas ao cérebro
mas vemos imagem única porque as imagens das 2 retinas correspondentes ao mesmo ponto
no espaço à nossa frente são combinadas no córtex visual levando a percepção de imagem
única.

2- Porque é que ao tapar o nariz não sentimos o sabor da comida? –o paladar é um


sentido muito limitado e “gosto” mesmo só sentimos com a língua como doce, salgado,
amargo… o resto é cheiro. Sim cheiro. Quase todos os sabores são construídos pelo cérebro a
partir dos cheiros que as moléculas dos alimentos exalam. Os neurónios do córtex orbitofrontal
combinam sinais do olfacto, do paladar e ainda do tacto para nascer o que se chama sabor.
Por isso, na ausência de cheiros circulando pelo nariz tapado ou entupido tudo o que resta é o
gosto e a textura da comida.

3- Os cheiros ruins passam com o tempo? Não mas, o seu cérebro se acostuma ou
seja entras num banheiro nauseabundo e o seu nariz é inundado por maus cheiros,
precisas somente de um pouco de persistência , cerca de 1 minuto a respirar tais
odores, para que o cheiro ruim “parece” ir embora. Isto acontece porque o seu cérebro
se acostumou - habituação.

3.3. A PROBLEMÁTICA DA INTELIGÊNCIA


Um dos motivos que explica a problemática ou controvérsia surgida a volta do conceito
“INTELIGÊNCIA”, reside no facto da inteligência significar coisas diferentes para
pessoas diferentes, quer dizer que não há unanimidade entre cientistas acerca do que

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é realmente a inteligência, as formas de inteligência, os instrumentos de medida, os


factores nela influentes, etc.. A inteligência é interpretada por vários autores de
diferentes formas.

3.3.1. CONCEITO DE INTELIGÊNCIA


Etimologicamente, a palavra inteligência provém do latim “intelligentia” que significa
literalmente compreensão. Sendo uma aptidão bastante complexa, tem sido difícil criar
uma definição para ela.
Pelo facto de não existir um conceito universalmente aceite e por referir-se as
competências individuais mais complexas, assim, podem citar-se algumas definições:
- Para Jean Piaget, a inteligência é um meio de criatividade, é a capacidade de
adaptar-se a situações novas e de resolver os problemas da vida;
- Para Alfred Binet, a inteligência é um conjunto de capacidades de um
indivíduo como: ajuizar bem, compreender bem, raciocinar bem. Ele afirma que
“a inteligência é aquilo que o meu teste é capaz de medir”.
- Stenberg considera a inteligência como uma capacidade de mostrar uma
conduta adaptativa e orientada para uma meta (objectivo).
- David Wechsler, a inteligência é a capacidade global do indivíduo para actuar
intencionalmente, pensar racionalmente e lidar eficazmente com o meio.
Considerando a diversidade de conceitos pode-se dizer que cada um pode
formular o seu conceito tendo em conta a sua literal tradução, faculdade de
compreender e, o relativismo do próprio conceito em função de cada realidade e
situação.
“o citadino pode ser um estúpido na selva onde o pigmeu se comporta como o
homem mais inteligente do mundo”.

3.4. MEDIDA DE INTELIGÊNCIA - INSTRUMENTOS

Sir Francis Galton, (proto-geneticista, psicometrista e estatístico.


Ele foi nomeado cavaleiro em 1909. Produziu mais de 340 artigos e livros. Criou o
conceito estatístico de correlação. Ele foi o primeiro a aplicar métodos estatísticos para
o estudo das diferenças humanas e herança da inteligência, e introduziu o uso de
questionários e pesquisas para recolher dados sobre as comunidades humanas, o que ele
precisava para trabalhos genealógicos e biográficos e por seus antropométricos estudos.

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Como um investigador da mente humana, ele fundou a psicometria (a ciência de medir


as faculdades mentais) e diferencial de psicologia e a hipótese lexical de personalidade.
Ele desenvolveu um método de classificação de impressões digitais que se mostrou útil
em ciência forense . Considerava a inteligência herdada.

Francis Galton, médico inglês, foi o primeiro cientista que teve a ideia de medir a
inteligência humana. Em 1882, ele montou uma cabine num museu de Londres para
medir as habilidades sensoriais e motoras (audição, visão, o tempo de reacção, etc.)
dos indivíduos, obtendo lucros fáceis e ao mesmo tempo recolhendo dados que lhe
permitiram identificar as diferenças em termo da inteligência. Oriundo de uma família
altamente intelectual e rica, Galton tinha uma crença firme de que “a inteligência era
herdada”.
3. 4.1- ESCALA MÉTRICA DE INTELIGÊNCIA (BINET-SIMON)

Alfred Binet (1857-1911) foi um pedagogo e psicólogo francês


que ficou conhecido por sua contribuição no campo da psicometria, sendo
considerado o inventor do primeiro teste de inteligência, a base dos actuais
testes de QI.

Abandonou a ideia de Galton de medir a inteligência através de tarefas sensório-


motoras e adoptou, com seu colaborador Theodore Simon, uma abordagem que
envolvia a utilização de tarefas intelectuais.

Em 1905, Binet criou a escala métrica de inteligência com trinta (30) testes que
incluíam vários processos de avaliação, tais como o significado de palavras, a
memorização de números, a descoberta de erros, etc., a fim de medir o nível da
memória, da atenção, da imaginação, do pensamento, etc., nas crianças. Binet usou o
conceito de idade mental com o objectivo de atribuir valores numéricos ao
desempenho no seu teste, constituído por questões e exercícios sobre figuras,
números, letras, palavras, etc..

3.4.2- ESCALA DE INTELIGÊNCIA DE STANFORD-BINET

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Lewis Madison Terman (1877-1956) foi um americano psicólogo,


observado como um pioneiro em psicologia da educação no início do século 20 na
Stanford Graduate School of Education. Ele é mais conhecido por sua revisão do teste
de QI Stanford-Binet e para iniciar o estudo longitudinal de crianças com QI alto
chamou os estudos genéticos de Genius.
Em 1916, Lewis Terman, psicólogo americano, publicou uma revisão norte-americana
do teste de Binet na Universidade de Stanford; o teste passou a ser chamado de teste
de inteligência de Stanford-Binet e a sua cotação baseava-se no conceito de quociente
de inteligência ou Q.I.; calculado com a seguinte fórmula:

IM

QI=------- * 100

IC

Onde Q.I.= quociente de inteligência que representa a relação entre a idade mental e
a idade cronológica do indivíduo.

I.M. = idade mental que representa a idade atribuída a uma criança em função do seu
desempenho num teste de inteligência.

I.C. = a idade cronológica a idade real do indivíduo a partir do seu nascimento.

100 = igual a percentagem do desempenho evita números decimais

Exemplo: Se uma criança de 10 anos de idade conseguir realizar tarefas para as


crianças de 12 anos, a sua I.M. será 12 e o seu Q.I. será: 120

QI=

3.4.3. ESCALA DE INTELIGÊNCIA DE DAVID WECHSLER

David Wechsler (1896-1981), Psicólogo norte-americano


de origem romena, ocupou o lugar de psicólogo-chefe no hospital
psiquiátrico de Bellevue e depois professor de Psicologia clínica na

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Universidade de Nova Iorque. Nos finais da década de 30 apresentou


três escalas de inteligência para diferentes níveis etários: a Escala de
Inteligência para Adultos (WAIS), a Escala de Inteligência para
Crianças (WISC) e a Escala de Inteligência para o nível pré-escolar e
1.° ciclo (WPPSI). Estas escalas tornaram-se testes clássicos,
continuando a ser muito utilizados.

Em 1939 David Wechsler apresentou o seu primeiro teste de inteligência para adultos
(W.A.I.S.) e o mesmo foi até aqui várias vezes revisto. Em 1949 ele publicou a escala
de inteligência Wechsler para crianças (WISC). Os testes de Wechsler marcaram um
afastamento claro relativamente a tradição dos testes de Binet. Wechsler considerava
que os testes de Binet eram demasiado saturados com itens verbais. A escala de
Wechsler é constituída por dois subtestes: um subteste verbal e um segundo
subteste de realização.

Os testes de Wechsler produzem três resultados de Q.I.:

a) Um Q.I. de subtestes verbais, calculado com base em seis subtestes onde as


tarefas são feitas de forma verbal.

b) Um segundo Q.I. de subteste de realização calculado com base em


determinadas tarefas a realizarem agrupadas em cinco itens.

c) O Q.I. global ou da escala completa que é calculado com base na soma do Q.I.
verbal e de realização.

Deste modo o mecânico de automóveis pode obter um Q.I. verbal de 100, mais um
Q.I. de realização de 130, obteria um Q.I. global ou de escala completa = a 100+130: 2
=230:2=115.

Para além de constituírem instrumentos importantes para medição da inteligência, os


testes de Wechsler tem potencialidades diagnosticas úteis, que possibilitam a um
examinador competente avaliar as características da personalidade, tais como os
mecanismos de defesa, a capacidade para lidar com a atenção e o modo geral de
abordagem das situações da vida.

3.4.4- CONCEPÇÃO MULTIFACTORIAL DA INTELIGÊNCIA

(TEMOS UMA OU VÁRIAS INTELIGÊNCIAS? )

Para alguns cientistas temos várias inteligências e para outros temos uma mas com
aptidões específicas.

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Charles Edward Spearman (1863-1945) foi um psicólogo inglês


conhecido pelo seu trabalho na área da estatística, como um pioneiro da
análise factorial e pelo coeficiente de correlação de postos de Spearman.

Charles Spearman considerou a existência de uma inteligência geral (Factor


G) que é dinamizada por aptidões específicas (Factor S).

Louis Leon Thurstone (1887 - 1955) foi um pioneiro nos


campos da psicometria e psicofísica .

Louis L. Thurstone, considerando a ideia de Spearman, sugeriu que a inteligência é


sempre composta de sete (7) factores primários que ele denominou “vectores da
mente”, responsáveis, cada um pela execução de uma determinada tarefa. São os
seguintes factores:

1º- Factor M – Memória é a capacidade de reter e recordar a informação;

2º - Factor N- Aptidão numérica é a capacidade de fazer cálculos e operações


aritméticas;

3º - Factor P – Rapidez perceptiva (percepção) é a capacidade de compreender os


estímulos do meio;

4º Factor R- Raciocínio – é a capacidade para tirar conclusões seguras a partir de


afirmações gerais (raciocínio dedutivo) e para retirar conclusões gerais a partir de
exemplos particulares (raciocínio indutivo);

5º Factor S- Aptidões espaciais e visuais - é a capacidade de visualizar e


compreender formas e relações espaciais;

6º Factor V- Fluidez verbal – é a capacidade de compreender a linguagem oral e


escrita;

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7º Factor W- Compreensão verbal - é a capacidade de compreender o significado


das palavras.

Segundo Thurstone, para compreender as capacidades intelectuais de um indivíduo,


não basta um único teste, pelo contrário requer-se uma bateria de testes, capaz de
fornecer medidas de cada factor primário.

E. Thorndike sugeriu três tipos de inteligência:


a) Inteligência prática – revela-se ao nível da actividade concreta
envolvendo a manipulação de objectos.
Ex.: a Inteligência de um mecânico, pedreiro, etc.
b) Inteligência social – este tipo manifesta-se na vida relacional e social
na resolução de problemas interpessoais, recorrendo predominantemente a intuição.
Ex.: o soba que gere a aldeia sempre apoiado nas experiências quotidianas.
c) Inteligência abstrata ou conceptual – também designada por
racional, manifesta-se na capacidade de compreensão, raciocínio, resolução de
problemas, tomada de decisão. Este tipo de inteligência faz recurso a linguagem e
outros sistemas simbólicos e é de domínio feminino.

Howard Gardner (1943) é um psicólogo cognitivo e educacional


estado-unidense, ligado à Universidade de Harvard e conhecido em especial pela
sua teoria das inteligências múltiplas. Em 1981 recebeu prêmio da MacArthur

Sugeriu que existem sete (7) tipos de inteligência:


a) Inteligência Linguística: é a aptidão verbal;
b) Inteligência logico-matemática: é a aptidão para raciocinar;
c) Inteligência espacial: é a aptidão para reconhecer e desenhar relações
espaciais;
d) Inteligência musical : é a aptidão para cantar, tocar um instrumento, compor
uma música;
e) Inteligência corporal-cinestésica: aptidão para controlar os movimentos de
forma adequada e harmoniosa como dançar, fazer atletismo, manipular e usar
objectos, etc;

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f) Inteligência interpessoal: aptidão para compreender e responder


adequadamente aos outros (lidar com os outros);
g) Inteligência intrapessoal: aptidão para compreender-se a si mesmo.

3.5. QUALIDADES DE UM TESTE DE INTELIGÊNCIA

Entre as demais características ou qualidades que deve apresentar um teste


destacam-se:

a) Validade preditiva: a validade de um teste refere-se a possibilidade de


avaliar o dado para o qual o teste foi criado. Os resultados de um teste permitem fazer
prognóstico acerca do desempenho futuro do indivíduo.

O teste terá validade preditiva se o desempenho da pessoa testada corresponder com


os resultados obtidos no teste (o prognóstico deve corresponder com o desempenho
futuro).

Exemplo: um candidato a um teste de selecção para o curso de Psicologia no ISCED


obtém a nota 13; pressupõe-se que, ele tem aptidão para frequentar o curso de
Psicologia; se posto a estudar o candidato não obtém notas satisfatórias em
Psicologia, pode-se dizer que o teste não tem validade preditiva (prognóstico falhado).

b) A fidelidade ou estabilidade do teste: É uma característica ou propriedade


que faz com que um teste, aplicado duas ou mais vezes a um indivíduo, forneça
resultados semelhantes (os mesmos resultados).

Ex.: Um candidato que teve uma pontuação num teste e, se o mesmo for repetido, o
candidato apresenta os mesmos resultados.

c) A padronização ou estandardização de um teste: é a administração de


um teste a uma larga amostra, com o fim de providenciar normas para os quais os
resultados deste teste podem ser comparados.

Padronização: estabelecimento de um conjunto de procedimentos para um teste, o


qual assegura que os resultados sejam comparáveis quando obtidos em arranjos.

Ex.: Um teste de Psicologia aplicado no ISCED será considerado padronizado caso


ofereça garantias ou normas legais para que possa ser aplicado no curso de
Psicologia da Faculdade Ciências Sociais e Humanas.

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3.5. FACTORES INFLUENTES NA INTELIGÊNCIA


Muitas pesquisas desenvolvidas a partir da análise da aplicação de testes de
inteligência relacionam esta faculdade com diferentes factores: a hereditariedade, o
meio e a idade.
A combinação destes factores é o ingrediente para o desenvolvimento da inteligência.
a) Hereditariedade- é seguro afirmar que a inteligência tem um componente
genético; a nossa herança genética tem um contributo no nível das nossas
capacidades intelectuais. Este componente genético estabelece limites dentro dos
quais um traço responderá a estimulação do meio; aliás, este factor está intimamente
relacionado com o meio. Tem efeito substâncial sobre o Q.I.
b) Factores sociais (meio): oferece uma variedade de estímulos que influem no
desenvolvimento da personalidade. Os estímulos provenientes do meio são
ingredientes importantes no desenvolvimento intelectual.
David Hunt afirma que quanto mais vemos, ouvimos e tocamos no início da infância,
mais queremos ver, ouvir e tocar posteriormente. A chave do desenvolvimento
cognitivo reside no ajustamento entre a capacidade intelectual actual da criança e uma
variedade de estímulos rigorosamente doseados, que ponham em acção o desejo
natural de continuar a aprender.
c) Idade – é também um elemento a se ter em conta. Aos diferentes estádios
correspondem diferentes expressões de inteligência, isto é, a inteligência
manifesta-se de forma diversa segundo o desenvolvimento e a idade.

Trabalho feito por David Wechsler demonstrou que a inteligência cresce


com a idade e 2º ele atinge o seu ponto máximo entre 18 a 30 anos de idade
começando nesta altura o declínio.
Actualmente e, dependendo do estilo de vida que a pessoa leva, os extremos podem
sofrer alterações. Podemos afirmar que o ponto máximo da inteligência começa por
volta dos 13-15 anos e pode estender-se até aos 55-60 anos (atenção, depende do
estilo de vida da pessoa).
d) Expectativas (positivas ou negativas) – podem influenciar na inteligência.
Aquilo que se espera das crianças ou dos jovens por parte dos pais pode influenciar
pois a sua motivação para aprender ajusta-se às expectativas.
e) Sexo e a raça foram durante muitos anos apontados como factores influentes
na inteligência. Hoje vemos que não é assim.

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3.6. CLASSIFICAÇÃO DOS INDIVÍDUOS SEGUNDO O Q.I.

Segundo o Q.I. ou escores obtidos num teste de inteligência os indivíduos


podem ser classificados nos seguintes grupos:

Q.I CATEGORIA

Inferior à 70 Deficiente mental (intelectualmente prejudicado)

70-89 Inteligência inferior (intelectualmente prejudicado)

90-109 Inteligência média

110-119 Inteligência superior

120-140 Inteligência muito superior

3.6.1. O GÉNIO E O SUPERDOTADO

Na interpretação de testes de inteligência, antigamente, todos os indivíduos que


tivessem um Q.I. superior a 140 eram considerados génios.

Com o passar do tempo, verificou-se que nem todo o indivíduo que tivesse um Q.I.
muito apto, tornava-se génio. Houve então, necessidade de diferenciar os dois termos
e, assim sendo:

O superdotado é um indivíduo que tem uma inteligência muito superior, aptidões


muito elevadas que pode ser encontrado através de um teste de inteligência., ao
contrário do génio que se refere a uma inspiração inata, original, uma realização
extraordinária e fora do comum. O génio nada tem haver com o Q.I. ele pode ser
cientista, artista, etc.

Exemplo: Pelé, Maradona são génios do futebol mundial; Michael Jackson é um génio
da musica mundial; Isaac Newton é um génio da física.

3.7. INTELIGÊNCIA E CRIATIVIDADE

Os testes de inteligência não são capazes de determinar os indivíduos potencialmente


criativos com a capacidade de dar contributo artístico.
A criatividade considera-se como um talento excepcional que produz notáveis
realizações.
Para compreender a criatividade, o psicólogo americano J.P. Guilford sugeriu que se
deve ter em conta o pensamento convergente e divergente.

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O que caracteriza o pensamento convergente é a existência de uma resposta ou


conclusão que surge como única. O pensamento é orientado em direcção a essa
resposta que surge como a melhor.
O pensamento divergente é caracterizado por uma exploração mental de soluções
várias, diferentes e originais para o mesmo problema.
Guilford reconhece que há indivíduos nos quais domina o pensamento convergente e
outros o divergente.
Outra das preocupações de Guilford foi de desenvolver uma reflexão sobre o
pensamento criador (criatividade).

Segundo Guilford a criatividade apresenta três (3) aspectos essências:

1- a fluidez ou fluência, consiste na capacidade para descobrir múltiplas


soluções;

2- a flexibilidade, é a capacidade para mudar de estratégia na resolução de um


problema;

3- a originalidade, caracteriza-se pela descoberta de novas formas para resolver


problemas, sendo a principal característica da criatividade.

3.7.1. TRAÇOS CARACTERÍSTICOS DA PERSONALIDADE CRIATIVA

Taylor e Barron, psicólogos cognitivistas, interessados pela criatividade na área


científica, técnica e artística apresentaram alguns traços característicos da
personalidade criativa, num estudo publicado em 1963:

- a personalidade criativa é autónoma nos seus pensamentos e acções, não se


integra facilmente num grupo e não se submete aos valores do grupo, se as
actividades e valores não são conforme as opções pessoais ;

- tende a ser menos dogmático e mais realista na sua concepção de vida.

- Prefere a complexidade e a novidade em vez da simplicidade e do


conhecimento.

- Admite aspectos irracionais do seu comportamento.

- Aprecia humor e tem humor.

- Acentua ao mesmo tempo valores teóricos e estéticos.

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Tal como a inteligência, a expressão e o desenvolvimento da criatividade estão


intimamente ligados ao meio.

3.8. FACTORES INFLUENTES NA SUBNORNALIDADE INTELECTUAL


A subnormalidade intelectual é a deficiência das capacidades intelectuais que levam a
dependência de um indivíduo para adaptar-se ao meio físico e social.
Alguns dos factores influentes na subnormalidade são:
- hereditariedade;
- idade dos progenitores (em particular da mãe);
- as doenças, caso da meningite e malária cerebral;
- a má formação congénita
- o uso de excessivo de álcool e outras drogas por parte dos progenitores;
- algumas lesões cerebrais;
- desnutrição;
- acidentes como explosão de bombas, deixar cair a criança, etc.

3.8.1. CLASSIFICAÇÃO DOS DEFICIENTES INDIVÍDUOS


De acordo com os valores do Q.I. os deficientes mentais podem ser classificados nos
seguintes grupos:
1- Deficiente mental ligeiro: Q.I. de 69 à 53- ele é capaz de adaptação social e
profissional, mas necessita, as vezes, de vigilância e orientação. Tem
facilidade de ser recuperado para o ensino normal.
2- Deficiente mental moderado: Q.I. de 52 à 36 – podem realizar tarefas
simples especializada ou não, mas exige cuidadosa vigilância e orientação.
3- Deficiente mental grave: Q.I. de 35 à 20 – ele pode fazer um trabalho não
especializado simples, como varrer por exemplo, e necessita de uma completa
vigilância.
4- Deficiente mental profundo: Q.I. inferior a 20 (idiotas) – este deficiente só é
capaz de limitadas habilidades motoras e linguísticas e necessitam de um
acompanhamento a tempo inteiro para a sua sobrevivência.
A adaptação do deficiente mental depende do meio em que está inserido e não do
Q.I.

4. A MEMÓRIA

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A memória reúne os inúmeros fenómenos de nossa existência. Parece que a ela


devemos quase tudo o que temos ou somos. A memória é uma função biológica e
psicológica indispensável. Todo ser vivo, em maior ou menor escala, faz uma
experiência que é o percurso de toda uma vida. Graças a memória temos experiências
e estamos apetrechados com aquisições anteriormente feitas, não estamos em branco
face as situações com que nos deparamos. É pela memória que a pessoa adquire o
sentimento da sua própria identidade.
A memória não é a simples conservação de algo que ocorreu no passado. A memória
é antes de mais o reconhecimento das experiências passadas.
O que seria de nós se a cada um fosse amputado toda a experiência passada, do já
vivido?
Sem a memória cada momento seria sempre uma nova experiência, cada pessoa
seria sempre um estranho, cada tarefa (vestir andar de carro, cozinhar, escrever) seria
sempre um novo desafio. É por isso que, a memória é uma função essencial para a
continuidade da vida individual ou colectiva.
A aprendizagem pressupõe a memória, não quer isto dizer que aprender é apenas
memorizar. Aprender é produzir algo novo, construir algo nunca visto ou feito antes e a
memória é um instrumento muito importante de progresso.

4.1 – CONCEITO
A memória é a capacidade das mais importantes e complexas do homem e, a outros
níveis, comum a todos os animais, uma vez que até os animais de estrutura mais
simples parecem possuir a capacidade de memorizar.
A memória é o arquivo da mente, é o depósito da aprendizagem acumulada. Para
Cícero, a memória é um tesouro, o guardião de todas as coisas.
Para o psicólogo, a MEMÓRIA é um processo psíquico que regista, conserva e
reproduz (por reconhecimento ou recordação) fenómenos percebidos anteriormente. É
a retenção e recordação de experiências.
A memória é um factor essencial para o desempenho de todas as capacidades dos
organismos vivos. É também essencial como suporte de todos os processos de
aprendizagem. A memória entra em acção logo que o estímulo é registado pelos
sentidos.
Exemplo: Pensa no número de telefone procurado e retido apenas o tempo suficiente
para ser discado: neste caso o intervalo de tempo entre aquisição e retenção é apenas
de segundos. Também para se compreender a fala tem de manter-se em memória o
início de cada uma das frases para que se possa aceder ao seu significado quando
chegam ao fim.

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Utilizamos a memória para aceder quer ao passado remoto quer ao passado recente.
Muitos psicólogos admitem que processos e tipos de memória diferentes estão
envolvidos neste trabalho.
Estes processos são: fixação (codificação), retenção ou conservação
(armazenamento) e reprodução (recuperação); e os três tipos de memória são: os
registos sensoriais, a memória a curto prazo (ou de operação) e a memória a longo
prazo.

4.2 – PROCESSOS DA MEMÓRIA


Vamos supor que és apresentado a uma senhora, de manhã, e que o nome dela é
Adalgisa. Naquela tarde tu a vês e dizes “ tu és a Adalgisa, conhecemo-nos hoje de
manhã”.
Sem dúvidas lembraste-te do nome dela. Isto foi possível porque, primeiro, quando
foram apresentados, tu de alguma forma te colocas o nome Adalgisa na memória:
esse é o processo de fixação ou codificação.
Tu transformaste um estímulo físico (ondas sonoras) em um tipo de código ou
representação que a memória aceita.
Segundo, tu retiveste ou armazenaste o nome durante o intervalo entre os dois
encontros: esse é o processo de retenção/conservação ou armazenamento.
Terceiro, tu resgataste o nome do armazenamento no momento do seu segundo
encontro: esse é o processo de reprodução ou recuperação (que envolve o
reconhecimento e recordação).
A memória pode falhar em qualquer um desses estágios. Se tu não conseguisses
lembrar o nome Adalgisa no segundo encontro, isso poderia ser o reflexo de um
fracasso na fixação, na retenção ou na reprodução.
Os três processos da memória não operam da mesma forma em todas as situações.
A memória parece diferir entre situações que exigem que armazenemos material por
uma questão de segundos daquelas que nos exigem armazenar material por intervalos
mais longos de minutos a anos.
Os estudos revelam que armazenar o material por segundos está em funcionamento a
memória a curto prazo (ou memória de operação) e ao armazenarmos por longos
intervalos de tempo está em acção a memória a longo prazo.
Podemos concluir que o primeiro estágio, fixação, consiste em colocar um facto na
memória; isso ocorre quando estudamos.
O segundo estágio é a retenção ou conservação, no qual o facto é retido na memória.
O terceiro estágio, a reprodução ou recuperação, ocorre quando o facto é resgatado
do armazenamento, por exemplo, ao fazer uma prova.

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4.3. TIPOS DE MEMÓRIA


O primeiro laço entre o passado e o presente de um organismo é feito através dos
seus registos sensoriais. Estes registos existem para todos os sentidos mas, as
principais memórias são visuais, auditivas e tácteis. Importante saber que existem
memórias diferentes para diferentes tipos de informação mas vamos estudar apenas a
memória sensorial, memória a curto prazo e a memória a longo prazo.

4.3.1- MEMÓRIA SENSORIAL


Esta é a memória dos sentidos (visão, audição, olfacto, tacto, paladar) inclusive a
memória sensório-motora comum ao homem e ao animal que a escola reflexológica
estuda pelo método dos reflexos condicionados.
A memória sensorial é útil para estender a duração de estímulos apresentados
brevemente, apesar de desempenhar um papel muito menor no pensamento e
recordação consciente do que os tipos de memória a curto e longo prazo; armazena
por um tempo de 125 mseg e tem uma grande capacidade de registar todos os dados
que os órgãos sensoriais registam.
Não presta nenhuma atenção para inserir os dados no sistema e ao codificar o
material fá-lo em paralelo com a experiência sensorial. Os dados geralmente são
recuperados antes que se apaguem e automaticamente transferidos para a memória a
curto prazo.
O material codificado pode ser esquecido se ocorrer deterioração do sistema,
mascaramento (camuflagem) ou sobreposição de outras informações. Esta memória
regida pelas leis do hábito é localizável no cérebro (córtex cerebral).

4.3.2. - MEMÓRIA A CURTO PRAZO OU MEMÓRIA DE OPERAÇÃO


Esta consiste em armazenar a informação por apenas alguns segundos após o
desaparecimento do estímulo.
Um exemplo é quando queremos encomendar o gás. Procuramos na lista telefónica o
número da agência, retemos esse número, repetindo-o mentalmente, o tempo
necessário para discá-lo. Se passada uma hora um amigo te pedir, provavelmente não
o recordarás...
Lembrar que apesar de reter conhecimentos por pouco tempo envolve os três
processos: fixação, retenção e reprodução.

a) FIXAÇÃO (codificação) - Para fixar a informação na memória a curto prazo


precisamos dar atenção a esta informação, uma vez que seleccionamos o que

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

queremos dar atenção, alias, a nossa memória de curto prazo só contém apenas o
que foi seleccionado. Quer dizer que, parte daquilo a que estamos expostos nunca
sequer entra na nossa memória a curto prazo e logicamente não estará disponível
para posterior recuperação.Na verdade muitos problemas da memória são lapsos de
atenção.
Exemplo: Compraste algumas coisas numa loja e alguém depois perguntou-lhe qual
era a cor dos olhos da vendedora, é possível que não consigas responder, não por
causa de uma falha de memória, mas porque tu nem sequer prestaste atenção nos
olhos da vendedora.
Quando a informação é fixada na memória, ela é registrada em algum código ou
representação.
Podemos fixar a informação em:
- representação visual (uma imagem);
- representação fonologia (sons);
- representação semântica (baseada no significado da informação).
Podemos usar qualquer uma das representações para fixar a informação na memória,
embora, a mais favorecida seja a representação fonologia quando estamos a tentar
manter a informação activa através do ensaio, ou seja, repetindo um item diversas
vezes.
Ensaiar é uma estratégia particularmente popular quando a informação consiste em
itens verbais como dígitos, letras ou palavras.
Exemplo: ao tentar lembrar um número de telefone, é mais provável que fixemos o
número pelo som dos nomes dos dígitos e recitemos esses sons mentalmente até
discarmos o número.
A representação visual é necessária quando itens não verbais, tais como imagens
difíceis de descrever, são precisas serem guardadas.
Embora a maioria de nós pode manter algum tipo de imagem visual na memória de
curto prazo, algumas pessoas são capazes de manter imagens com clareza quase
fotográfica (essa habilidade ocorre principalmente em crianças que podem olhar
brevemente uma figura e quando esta é retirada, ainda experienciam a imagem em
frente aos olhos).
As crianças conseguem manter a imagem por vários minutos e, quando questionadas,
oferecem uma riqueza de detalhes.
A representação semântica é aquela que a informação foi memorizada porque tem
associação significativa com algum facto.

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b) RETENÇÃO (armazenamento) - Um dos factos mais notáveis na memória a curto


prazo é que a sua capacidade é muito limitada. Em média, o limite é de sete itens,
com acréscimo ou subtracção de mais ou menos dois itens... algumas pessoas
armazenam cinco itens outras até nove.

HERMANN EBBINGHAUS, que iniciou o estudo experimental da


memória em 1885, relatou resultados que indicavam que o seu próprio limite, de
memorização, era de sete itens.
70 anos depois, GEORGE MILLER (1956) repetiu a experiência de memorizar e ficou
impressionado ao concluir com o mesmo resultado de EBBINGHAUS, daí passou a
referir a essa descoberta/conclusiva como “mágico número sete” e este limite se aplica
tanto as culturas ocidentais quanto não ocidentais.

c) REPRODUÇÃO (recuperação) - Os estudos revelam que quanto mais itens


(informação) existem na memória a curto prazo, mais lenta se torna a recuperação.
Temos mais facilidade de recuperar em pouco tempo informações recentes e quanto
mais tempo passar maior a possibilidade de não recuperamos.
A estrutura cerebral envolvida na memória a curto prazo é o córtex frontal juntamente
com os neurónios dos lobos pré-frontais e outras diferentes regiões do cérebro que
entram em funcionamento para tarefas específicas a serem rapidamente executadas.

4.3.2.1 - O ESQUECIMENTO NA MEMÓRIA A CURTO PRAZO


Como já frisamos anteriormente, podemos ser capazes de reter sete itens
brevemente, mas na maioria dos casos eles logo serão esquecidos.
O esquecimento ocorre ou porque os itens “decaem” com o passar do tempo, ou
porque são substituídos por novos itens.
A informação na memória a curto prazo pode simplesmente desaparecer no decorrer
do tempo. A principal causa do esquecimento na memória a curto prazo é a
substituição de itens antigos por novos.

4.3.2.2. TRANSFERÊNCIA DA MEMÓRIA A CURTO PRAZO PARA MEMÓRIA A


LONGO PRAZO

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Pelo que vimos, a memória de curto prazo cumpre duas funções importantes, segundo
os estudiosos Atkinson, Shiffrin e Raaijmakers – 1971/1992:
- armazena e processa material, necessário por períodos curtos, durante a
resolução de problemas e serve como espaço de trabalho para computações
mentais;

- serve como estação intermediária para a memória a longo a prazo, ou seja, a


informação pode residir na memória de curto prazo enquanto está sendo codificada ou
transferida para a memória a longo prazo.
Uma das maneiras de transferir a informação da memória de curto prazo para de
longo prazo é através do ensaio, a repetição consciente de informação na memória
de curto prazo.
4.3.3 . MEMÓRIA DE LONGO PRAZO
A memória de longo prazo esta envolvida quando a informação precisa ser retida por
intervalos tão curtos quanto minutos (por exemplo, algo dito numa conversa) ou
durante uma vida inteira (tais como as memórias de infância de um adulto).
É graças a este tipo de memória que somos capazes de ler, de reconhecer trajectos,
de identificar pessoas conhecidas, de recordar episódios da nossa infância, etc. A sua
duração é ilimitada.
Na memória de longo prazo também se distinguem três processos: fixação
(codificação), retenção ou conservação (armazenamento) e reprodução (que envolve o
reconhecimento e a recordação).

a) FIXAÇÃO (codificação) - A representação dominante da memória de longo prazo é


baseada no significado da informação e não na representação visual (imagem) nem
fonológica (som).
A fixação da informação ocorre mesmo quando os itens são palavras isoladas mas é
mais notável quando eles são frases. Vários minutos depois de ouvir uma frase, a
maior parte do que conseguimos recordar é o significado da frase.

Exemplo: quando as pessoas descrevem situações sociais políticas complexas, elas


podem lembrar-se mal de muito dos detalhes específicos mas podem descrever com
precisão a situação básica.
Embora o significado possa ser o modo dominante de representar material verbal na
memória de longo prazo, as vezes codificamos também outros aspectos. Podemos,
por exemplo, memorizar poemas e recita-los palavras por palavras. Nestes casos
codificamos não apenas o significado do poema, mas as palavras exactas em si.

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O código fonológico e outros também podem ser usados na memória de longo prazo
apesar do preferencial ser o verbal (o significado).

b) RETENÇÃO (armazenamento) - O facto de que parte do esquecimento se deve a


falhas de recuperação não significa que todo esquecimento se deve a isso. É
praticamente certo que se perca alguma informação no armazenamento ou quando
recebemos terapias eléctricas aplicadas ao cérebro (pode ocorrer perda de memória
para eventos que ocorreram meses antes da terapia), acidentes que podem danificar
parte do córtex cerebral ou do hipocampo ligados a memória, etc.

c) REPRODUÇÃO (recuperação) - Muitos casos de esquecimento da memória de


longo prazo resultam da perda de acesso à informação e não da perda da informação
propriamente dita. Ou seja, uma memória fraca muitas vezes reflecte uma falha de
reprodução ao invés de uma falha de conservação.
Tentar recuperar um item da memória de longo prazo é como tentar encontrar um livro
em uma grande biblioteca. O facto de não conseguir encontrar o livro não significa
necessariamente que ele não esta lá; podemos estar procurando no lugar errado ou o
livro pode simplesmente estar guardado no lugar errado.
Evidência de falhas de reprodução (recuperação)
Todos nós tivemos a experiência de não conseguir lembrarmo-nos de algum facto ou
experiência e depois vê-lo surgir na mente.
Exemplo: quantas vezes você fez uma prova e não conseguiu lembrar-se de um nome
especifico lembrando-o depois da prova?
Outro exemplo, é o fenómeno da “ponta da língua”, em que não conseguimos nos
lembrar de uma determinada palavra ou nome. Podemos nos sentir bastante
atormentado até que uma busca na memória finalmente recupera a palavra correcta.
Outro exemplo mais notável de falha de recuperação ocorre quando uma pessoa que
esta em psicoterapia recupera uma lembrança que antes tinha sido esquecida. Estes
estudos sugerem que algumas memórias aparentemente esquecidas não estão
perdidas: simplesmente é difícil chegar até elas.

4.4. FACTORES EMOCIONAIS NO ESQUECIMENTO


A memória não esta desvinculada da emoção e muitas pesquisas realizadas sugerem
que algumas vezes não lembramos ou esquecemos informações por causa de seus
conteúdos emocionais. Os resultados destas pesquisas dizem que a emoção pode
influenciar a memória de longo prazo de cinco maneiras diferentes: 1- ensaio, 2-

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memórias instantâneas, 3- interferência na recuperação por ansiedade, 4- efeitos de


contexto e 5- repressão.
1- Ensaio – corresponde a fase em que tendemos pensar mais sobre situações
emocionalmente carregadas, tanto negativa como positivamente. Ensaiamos e
organizamos mais as memórias estimulantes do que as memórias mais amenas
(neutras).
Por exemplo: podemos esquecer onde vimos um filme, mas se um incêndio irrompe
enquanto estamos no cinema, este incidente irá dominar nossos pensamentos por
certo tempo e iremos descrever o ambiente muitas vezes para os amigos, bem como
pensaremos sobre ele diversas vezes, deste modo ensaiando-o e organizando-o.
O ensaio (repetição) e a organização podem melhorar a recuperação da memória de
longo prazo e a memória e melhor para situações emocionais do que para situações
desprovidas de emoções.

2- Memórias instantâneas – o termo provém das lâmpadas de flash anteriormente


utilizadas pelos repórteres (fotográficos) - é um registo vivido e relativamente
permanente das circunstâncias em que soubemos de um evento significativo
carregado de emoção.
Um exemplo: os ataques terroristas de 11 de Setembro ao World Trade Center em
2001, que foi testemunhado por milhões de pessoas pela televisão. Muitas pessoas
lembram-se exactamente onde estavam e quando souberam do ocorrido.
O que causa essas memórias vividas?
Segundo os estudiosos Brown e Kulik, eventos extraordinariamente importantes
disparam um mecanismo especial de memória, o qual faz o registo permanente de
tudo que uma pessoa esta vivendo no momento. É como se tirássemos uma foto
instantânea do momento, dai a denominação “memória instantânea”. O
armazenamento de memórias emocionais envolve os hormônios adrenalina e
noradrenalina, ao passo que a memória normal não.

3- Interferência na recuperação por ansiedade


Também existem casos em que as emoções negativas obstruem a recuperação. Uma
experiência pela qual passam muitos estudantes uma vez ou outra ilustra esse
processo:
Tu estás a fazer uma prova na qual não estás muito confiante. Mal consegues
entender a primeira pergunta, quanto menos respondê-la. Aparecem sinais de pânico.
Embora a segunda pergunta não seja realmente tão difícil, a ansiedade provocada
pela primeira se difunde para essa. Quando chega a hora de ler a terceira pergunta,

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não faria diferença se ela apenas perguntasse seu número de telefone. Não há como
responde-la: tu estás em pânico.
O que é que esta a acontecer com a memória aqui?
A dificuldade de lidar com a primeira pergunta gerou ansiedade. A ansiedade muitas
vezes é acompanhada de pensamentos impróprios como “eu não vou passar” ou
“todos vão achar que sou burro”...
Esses pensamentos preenchem a nossa consciência e prejudicam as tentativas de
recuperar as informações relevantes para a pergunta.
Segundo essa concepção, a ansiedade não causa directamente falha de memória: ela
esta associada a pensamento alheios e estes pensamentos provocam falha de
memória ao interferirem na recuperação.

4- Efeitos de contexto
A memória é melhor quando o contexto no momento da reprodução equivale àquele
do momento da fixação. Como nosso estado emocional durante a aprendizagem é
parte do contexto, se o material que estamos aprendendo nos provoca tristeza, talvez
possamos melhor recuperar esse material quando nos sentimos tristes outra vez.

5- Repressão
Esta concepção provem da teoria Freudiana do inconsciente. Freud sugeriu que
algumas experiências emocionais da infância são tão traumáticas que lhes permiti
acesso “a consciência” muitos anos depois. Diz-se que estas experiências traumáticas
estão reprimidas, ou guardadas no inconsciente, e só podem ser recuperadas quando
parte da emoção associada a elas é abrandada.
A repressão representa a falha de recuperação derradeira: o acesso as memórias-alvo
esta activamente bloqueado.

4.5. FACTORES QUE EXPLICAM O ESQUECIMENTO


Desde sempre os seres humanos procuraram explicar o esquecimento, isto é, a
incapacidade de reter, recordar ou reconhecer uma informação.
As lesões ou doenças cerebrais podem provocar perda de informação que vai desde o
esquecimento à amnésia.
Várias teorias sugerem explicações para o processo de perda do material
memorizado. As diferentes propostas de explicação apresentam diferentes factores
para explicar o esquecimento.

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Hoje constata-se que o esquecimento não é produto de apenas um factor mas da


interacção de vários factores:
- desaparecimento e alteração do traço mnesico;
- interferências de aprendizagem;
- motivação inconsciente.

4.5.1. O DESAPARECIMENTO E ALTERAÇÃO DO TRAÇO MNÉSICO


Uma das hipóteses mais partilhadas para explicar o esquecimento reside no
desaparecimento do traço fisiológico registrado no cérebro devido a passagem do
tempo. O esquecimento teria origem na perda de retenção provocada pela não
utilização dos materiais armazenados. O traço enfraqueceria devido a falta de
repetição do exercício.
Esta explicação é antiga não se podendo reduzir o esquecimento a esse factor. Para
muitos o esquecimento teria origem fundamentalmente na deformação dos conteúdos
retidos. Uma das fontes de distorção seria produto de atribuição aos materiais
armazenados na memória de designações desadequadas.
As alterações do desaparecimento do traço mnésico podem ter a ver com as
capacidades internas, com os significados que atribuímos, com as fantasias que
temos.

4.5.2. INTERFERÊNCIAS DE APRENDIZAGEM


X
Entre os factores que podem prejudicar a recuperação o mais importante é a
interferência. Se associarmos diferentes itens a mesma lista quando tentarmos usar
esta lista para recuperar um dos itens, os outros itens podem tornar-se activos e
interferir na nossa recuperação. Podemos experimentar dois tipos de interferência:
inibição rectroactiva e inibição proactiva.

a) Interferência rectroactiva – corresponde ao efeito negativo que a informação nova


tem sobre a anterior: a tarefa B inibe a recordação da tarefa A.

Exemplo1: se um amigo seu chamado António se muda e tu finalmente aprendes seu


novo número de telefone, tu terás dificuldades para lembrar o número antigo. Porquê?
Porque tu estas a usar a lista “número de telefone do António” para recuperar o
número antigo mas essa lista activa o novo número, o qual interfere na recuperação
do antigo.
Exemplo2: depois de uma pessoa usar o cartão várias vezes com o novo código, tem
dificuldade em recordar o código anterior.

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b) Interferência proactiva – corresponde à influência negativa que a aprendizagem


anterior tem sobre a recordação de uma nova aprendizagem. A tarefa A inibe a
recordação da tarefa B.
Exemplo1: suponha que a sua vaga no estacionamento que usas a um ano tenha
mudado. A princípio podes achar difícil recuperar da memória a nova localização da
vaga. Porquê? Porque tu estás a tentar associar a sua nova localização à pista “minha
vaga de estacionamento”, mas essa pista recupera a vaga antiga, que interfere no
aprendizado da nova.
Exemplo2: uma pessoa perdeu o seu cartão multicaixa e depois de receber um novo,
o código do cartão perdido pode influenciar, interferir, na recordação do novo código.
No entanto não podemos concluir que o efeito das interferências é só negativo. Os
conhecimentos anteriores podem facilitar novas aprendizagens.
Quanto mais informações são associados a uma pista, mais subcarregada ela se torna
e menos eficiente ela é no auxilio a recuperação.
Muitos autores consideram que o esquecimento seria provocado mais por influência
das interferências do que pelo enfraquecimento do traço mnésico.

4.5.3. O ESQUECIMENTO E A MOTIVAÇÃO INCONSCIENTE


Freud apresenta uma explicação para o esquecimento: as razões baseadas na noção
de recalcamento. O sujeito esqueceria acontecimentos traumatizantes que teriam
ocorrido. As recordações dolorosas eram inibidas, mantendo-se recalcadas no
inconsciente. O esquecimento teria, portanto, um carácter selectivo: acontecimentos,
representações geradoras de angústia e ansiedade, não aceites pelo sujeito seriam
reprimidos, mantendo-se na zona inconsciente do psiquismo.
Será no contexto do tratamento psicanalítico que o analista procurara levar o indivíduo
a tornar consciente o material esquecido.
Freud chama a atenção para um aspecto particular do esquecimento: a amnésia
infantil.
As primeiras recordações da infância não seriam acessíveis ao sujeito dado que eram
constituídas por conteúdos relacionados com uma sexualidade infantil. Refere que
muitas das recordações da infância são produtos de uma reconstrução dado serem
formadas pelos relatos dos pais e familiares. As recordações “verdadeiras” poderiam
ser recuperadas, revividas, durante o tratamento analítico com a ajuda do psicanalista.
Freud vai analisar também os pequenos esquecimentos que atravessam a nossa vida
quotidiana: lapsos, esquecimento de palavras, de nomes, de datas, objectos que

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estariam relacionados com motivos inconscientes. São os actos falhados aos quais
Freud atribui significado.

4.6. PATOLOGIAS DA MEMÓRIA (PERTURBAÇÕES)

Por razões diferentes a memória pode apresentar as seguintes patologias:


Amnésia Anterógrada – refere-se ao esquecimento dos factos transcorridos depois
da causa determinante do distúrbio e o transtorno mais frequente desse tipo de
alteração da memória é o de fixação. Costuma ser devido à uma concomitante
perturbação da atenção.
Como a maioria dos casos se deve a alterações orgânicas, é como se houvesse uma
diminuição da receptividade do sistema nervoso aos estímulos. A Amnésia
Anterógrada pode ser observada em lesões cerebrais agudas ou crónicas, sejam
devidas a causas traumáticas, circulatórias ou tóxicas. Os doentes com Amnésia
Anterógrada não podem relembrar os fatos recentes, porém, conservando a
capacidade para recordar acontecimentos passados mais remotamente.
Nos estados demenciais os graves defeitos da fixação se acompanham
frequentemente de fabulações, ou seja, tentativas do paciente preencher as lacunas
mnêmicas com afirmações completamente aleatórias.

Amnesia retrograda – é quando ocorre perda da memória para os fatos ocorridos


antes do evento que a causou. Aqui também o dano cerebral, de qualquer natureza,
tem destaque principal entre as causas. Esse tipo de Amnésia se estende por dias ou
semanas anteriores à lesão. Em alguns raros casos, a Amnésia Retrógrada pode
compreender todos os acontecimentos anteriores da vida do enfermo.
A Amnésia Retrógrada é bastante observada nos quadros neuro-psicológicos senis,
após um ictus circulatório cerebral e nos traumatismos cranianos, principalmente
quando há perda de consciência. Apesar da sintomatologia exuberante, a Amnésia
Retrógrada pode ser reversível, ocorrendo a regressão a partir dos factos mais antigos
para os mais recentes.
Além de neurológica a Amnésia Retrógrada pode ser psicogênica, em consequência
de traumas emocionais intensos. Nesses casos a Amnésia pode referir-se apenas a
determinado período de tempo, limitada a lembranças relacionadas com
acontecimentos angustiantes. Nesses casos, na realidade, não há um verdadeiro
apagamento mnêmico e a dificuldade da evocação resulta de um mecanismo de
defesa (negação).

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Amnésia Retroanterógrada – refere-se ao esquecimento dos factos ocorridos antes e


depois da causa determinante. Trata-se de uma alteração simultânea da fixação e da
reprodução. Encontra-se nos casos graves de demência orgânicas e de traumatismos
crânio-encefálicos.
Dismnesia – impossibilidade de fixar os factos ou qualquer material é frequente nos
deficientes mentais.

Paramnésia – (ilusão da memória) – é considerada como uma falsa recordação ou um


falso reconhecimento. Um indivíduo considera os acontecimentos novos como já
vividos.

Hiperminésia - Ocorre hipermnésia quando lembranças casuais são reproduzidas


com mais vivacidade e exactidão que normalmente, ou quando se recordam
particularidades que comummente não surgem na consciência. A hipermnésia pode
ser observada em alguns estados orgânicos, como é o caso das afecções febris toxi-
infecciosas. Nesses casos podem aparecer lembranças da juventude ou da infância ou
de factos que a pessoa nem sequer tinha mais consciência de sua existência.
Também pode haver hipermnésia por estimulação hipnótica, onde recordações de
particularidades muito complicadas são revividas com exactidão. Na hipermnesia não
existe um verdadeiro aumento da memória. O que se observa é, na realidade, uma
maior facilidade na evocação dos elementos mnêmicos, normalmente limitados a
períodos específicos ou a eventualidades específicas ou, ainda, a experiências
revestidas de forte carga afectiva.

Hipomnésia e Amnésia
A Hipomnésia e a Amnésia podem ser consideradas como graus de hipofunção da
memória, ou seja, são diminuições do número de lembranças evocáveis. A Amnésia,
por sua vez, seria a desaparição completa das representações mnêmicas
correspondentes a um determinado tempo da vida do indivíduo".
Segundo Jaspers, "amnésias são perturbações da memória que se estendem a um
período de tempo delimitado, do qual nada ou quase nada pode ser reproduzido
(Amnésia parcial), ou ainda a acontecimentos menos nitidamente delimitados no
tempo.

Epilepsia - Os epilépticos também estão sujeitos à alguns transtornos da memória


que merecem atenção especial. A memória dos epilépticos pode ser insegura,
principalmente em relação à reprodução e na localização das lembranças. Na medida

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em que a enfermidade progride no tempo, a fixação vai-se tornando cada vez mais
difícil. Com muita frequência, alguns enfermos apresentam esquecimentos de nomes,
de datas, de acontecimentos da vida quotidiana (fixação), enquanto conservam de
modo perfeito os conhecimentos adquiridos anteriormente.

Doença de ALZHEIMER – forma rara de senilidade prematura, derivada de


deterioração cerebral.
Doença de PICK – demência progressiva caracterizada por atrofia circunscrita do
córtex cerebral. Existe um embotamento de emoções, acção e discurso estereotipados
e perda do juízo moral e da memória.

UNIDADE IV – A PERSONALIDADE

1ª História
Ao saírem da aula de química, dois estudantes universitários de 19 anos
testemunharam um ataque terrorista, Michael e Sara.
Michael ficou pálido, trémulo, paralisado pelo medo, um sorriso amarelo estampou-se
em seu rosto.
Sara, ofereceu socorro pedindo aos colegas que tomassem as medidas necessárias.
Porque é que os dois estudantes reagiram diferentemente?
Michael, o estudante amedrontado, embora nervoso e introvertido era um rapaz
simpático que estudava programação de computador. Relatou que sempre fora meio
tímido, mas esse sentimento havia se intensificado aos 7 anos quando foi abusado
sexualmente por seu tio.
Sara que prestou socorro, era cordial e mimada. Queria tornar-se médica. Comandava
a associação feminina da faculdade. Sofreu discriminação na escola primária mas
seus pais despertaram nela forte compreensão sobre os valores morais o que veio a
estimular as suas realizações.

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Michael e Sara são igualmente inteligentes, afáveis porém quando enfrentam a


mesma situação emergêncial reagem de maneira diferente.

2ª história
Óscar e Jack são gémeos idênticos que nasceram em Trinidade e foram, separados
logo após o nascimento.
Óscar foi levado pela mãe para Alemanha onde foi educado como católico e nazista.
Jack permaneceu em Trinidad com o pai judeu e foi criado como judeu. As duas
famílias nunca se corresponderam.
Quando estavam no final dos 40 anos, os dois irmãos foram reunidos por
pesquisadores que estavam a estudar gémeos que tivessem sido criados
separadamente. Óscar e Jack apresentavam semelhanças notáveis:
- ambos usavam bigode;
- óculos com aro de metal;
- terno azul.
Suas peculiaridades e temperamento eram semelhantes. ambos compartilhavam
certas idiossincrasias: gostavam de alimentos picantes, licores adocicados, eram
distraídos, gostavam de mergulhar a torrada no café e de assustar pessoas no
elevador.
Semelhanças e diferenças entre os indivíduos oferecem desafios a Psicologia.
Em muitos aspectos, toda a pessoa é semelhante a todas as outras (2ª história), os
processos biológicos e psicológicos como consciência, percepção, aprendizagem,
memória, pensamento, motivação e emoção por exemplo são basicamente os
mesmos para todos.
Mas, em outros aspectos, cada pessoa é diferente de todas as outras (1ª história).
Cada um tem um padrão característico de capacidades, crenças, atitudes, motivações,
emoções que nos tornam únicos.

4.1. CONCEITOS DE PERSONALIDADE


A personalidade é muito mais complexa do que se imagina. Os psicólogos que se
especializam na personalidade procuram compreender as formas características de
comportamento da pessoa.
A psicologia da personalidade define-a como o estudo científico das forças
psicológicas que tornam as pessoas únicas.
Segundo os estudiosos, a personalidade tem 8 aspectos principais que reunidos nos
ajudam a compreender a natureza complexa do indivíduo.
Primeiramente, o indivíduo é influenciado por:

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1. aspectos inconscientes – que são forças que não estão na consciência


imediata.
2. forças do ego – que oferecem um sentimento de identidade.
3. aspectos biológicos – que é a natureza genética, física, fisiológica e
temperamental.
4. condicionamento e modelagem – que são as experiências ambientais à volta
do indivíduo.
5. aspectos de dimensão cognitiva – que abarca o pensamento e a
interpretação activa do mundo ao seu redor.
6. conjunto de traços, habilidades e predisposição específicos – cada um de
nós tem determinadas capacidades e inclinações.
7. aspectos de dimensão espiritual – em relação a própria vida, que os
enobrece e os induz a ponderar sobre o significado da sua existência
8. a natureza do indivíduo é uma interacção contínua – entre a pessoa e
determinado ambiente.

4.1. CONCEITOS PERSONALIDADE:


- são padrões relativamente constantes e duradouros de perceber, pensar, sentir,
comportar-se os quais parecem dar às pessoas identidades separadas.

- integra características relativamente duráveis que diferenciam as pessoas – os


comportamentos que nos tornam únicos que nos levam a actuar e uma
maneira de uma maneira consistente e previsível quer em diferentes situações
quer durante longos períodos de tempo.
- São padrões distintos e característicos de pensamento, emoção e
comportamento que definem o estilo pessoal de interacção da pessoa com os
ambientes físico e social.
- Segundo Gordon Allport é a organização dinâmica dentro do indivíduo, dos
sistemas psicofisiológicos que determinam o seu comportamento e
pensamento característico.
- Para Murray é a continuidade de formas e forças funcionais manifestadas
através de sequências e processos organizados dominantes e de
comportamento desde a nascença até a morte.
- Freud define-a como a integração do Id, Ego e Superego.
- Segundo Carl Jung é a integração do ego, do inconsciente pessoal e colectivo,
dos complexos, dos arquétipos, da persona e da anima.
A PERSONALIDADE É AQUILO QUE O INDIVIDUO REALMENTE É.

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4.2. FACTORES INFLUENTES NA PERSONALIDADE


Na formação da personalidade, influências genéticas e ambientais se entrelaçam
desde o momento do nascimento. Os pais fornecem aos filhos biológicos tanto
seus genes quanto um ambiente doméstico. Existe uma correlação entre as
características herdadas de uma criança (genótipo) e o ambiente em que ela é
criada (fenótipo). O que difere uma pessoa de outra são os traços.

4.3. TEORIAS DA PERSONALIDADE


São vários os estudos a volta da personalidade que remontam há mais de 100
anos. Entre as muitas teorias estudaremos 4 abordagens:

.3.1. ABORDAGEM PSICANALITICA


Representa por Sigmund Freud, surgiu no início do século XX. Esta abordagem
continua sendo a teoria mais abrangente e influente de todos os tempos. O seu
impacto estende-se além da Psicologia influenciando as Ciências Sociais,
humanas, artes e a sociedade em geral.
FREUD comparou a mente humana a um iceberg: a pequena porção que aparece
acima da superfície da água consiste no CONSCIENTE – representa o nosso
pensamento corrente e do PRE CONSCIENTE – todas as informações que no
momento não estão “em nossa mente” as que poderíamos trazer a consciência se
assim quiséssemos.
A massa maior do iceberg – imersa em água – representa o INCONSCIENTE – um
depósito de impulsos, desejos e memórias inacessíveis que afectam os nossos
pensamentos e comportamento.

4.3.1.1. ESTRUTURA DA PERSONALIDADE SEGUNDO FREUD


Constatou que o seu modelo de iceberg era demasiado simples para descrever a
personalidade humana e, então desenvolveu um modelo estrutural que divide a
personalidade em 3 grandes sistemas que interagem para governar o
comportamento humano: Id, Ego e o Superego.

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

a) ID – parte primitiva da personalidade a partir do qual o ego e o superego se


desenvolvem posteriormente. Está presente no bebé recém-nascido e consiste nos
impulsos mais básicos: necessidade de comer, beber, eliminar resíduos, evitar dor,
obter prazer sexual (sensual).
Freud acreditava que a agressividade também é um impulso biológico básico. O Id
procura a satisfação imediata dos impulsos, opera pelo princípio do prazer,
independentemente das circunstâncias.
b) EGO – é essencialmente o executivo da personalidade. Ajuda a fazer-nos
entender que os impulsos nem sempre podem ser gratificados imediatamente.
O ego se desenvolve a medida que a criança pequena aprende a considerar as
demandas da realidade. Obedece ao princípio da realidade.
A gratificação dos impulsos, segundo o ego, deve ser adiada até que a situação
seja apropriada. Ele decide que impulsos do Id serão satisfeitos e de que maneira.
c) SUPEREGO – é a terceira parte da personalidade julga as acções certas e
erradas. É a representação interna de valores e costumes da realidade. Ele
compreende a consciência do indivíduo bem como o moral. É o ideal do ego.
Desenvolve-se em resposta às recompensas e punições dos pais. Quando as
crianças incorporam padrões sem precisar que alguém lhes diga que é errado
roubar o superego está presente.
Os três componentes da personalidade – Id, Ego, Superego – entram em conflito.
O ego adia a gratificação que o Id quer imediatamente satisfazer e o superego luta
tanto com o Id quanto com o ego porque o comportamento muitas vezes não fica a
altura do código moral que ela representa.
Segundo Freud o desenvolvimento da personalidade dá-se nos 1ºs primeiros anos
de vida, onde o indivíduo passa por diversos estágios de desenvolvimento que
afectam a personalidade (oral, anal, fálico, latência e genital) o que ele chama de
fases psicossexuais.

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

4.3.2. ABORDAGEM BEHAVIORISTA

Surgiu no início do século XX e é actualmente chamada por teoria de aprendizagem


social ou cognitiva. Representada por John Watson, Albert Bandura e outros.
Esta abordagem revela a importância de determinantes ambientais. Segundo eles, o
comportamento é resultado da contínua interacção entre variáveis pessoais e
ambientais. Defendem que para prever o comportamento precisamos saber como as
características do indivíduo interagem com o meio.
Os efeitos das acções das outras pessoas, recompensas e punições, que oferecem
são influências importantes no comportamento.
Podemos melhorar a nossa personalidade através do condicionamento operante que
produz o reforço. Os behavioristas reforçam que não é só o ambiente que afecta o
comportamento mas o comportamento também afecta o ambiente.
Esta abordagem também foi fortemente influenciada pela teoria da evolução de
Darwin. John Watson afirmou que poderia criar um bebé para ser qualquer coisa,
independentemente dos seus talentos, tendências, capacidades, vocações e raça.
4.3.3. ABORDAGEM HUMANISTA Maslow

Surgiu por volta de 1962 e é representada por Carl Rogers e Abraham Maslow. Vêem
o indivíduo como totalidade e não apenas objecto de estudo.
Consideram nas suas ilações a questão: quem sou eu?
Esta questão envolve visões subjectivas, percepções e sentimentos de valor próprio.
Esta abordagem preocupa-se com a experiência subjectiva da pessoa. E defendem
que a personalidade se desenvolve dependendo da tendência à realização ou seja a
PERSONALIDADE, para se desenvolver, depende da motivação de cada um. È a
motivação que vai perpetuar os traços (características) da personalidade.

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

4.3.4. ABORDAGEM COGNITIVA Piage

Representada por George Kelly e Piaget baseia-se na diferença de que as diferenças


da personalidade se originam de diferenças no modo como os indivíduos representam
mentalmente a informação.
Chamam a atenção de que no estudo da personalidade as estruturas cognitivas que
nos ajudam a perceber, organizar e armazenar a informação.
Todas as teorias têm virtudes e fraquezas. Uma complementa a outra. O 1º teste de
personalidade foi aplicado em 1917 em soldados americanos.

UNIDADE V: A MOTIVAÇÃO E A VIDA AFECTIVA

5.1- CONCEITO DE MOTIVAÇÃO


Motivação, Etimologicamente significa “acção de pôr em movimento” e deriva de duas
palavras latinas:
MOTU (MOVIMENTO) e MOVERE (MOVER).
O verbo “motivar” significa, assim, um conjunto de acções inerentes ao movimento.
No campo da Psicologia o conceito de motivação é muito abrangente, visto ser
pertinente em todos os contextos da vida humana (familiar, profissional, escolar, etc..)
e para qualquer tipo de actividade (realização de necessidades primárias,
estabelecimento e manutenção de laços afectivos, reconhecimento social...).
No local de trabalho, nas aulas ou no grupo de amigos, esperamos que nos apreciem
e que as nossas opiniões e comportamentos sejam aprovados e reconhecidos. Estes
e outros comportamentos têm origem numa força interna que predispõe as pessoas a
desenvolver uma acção com vista a um objectivo: o alimento, a bebida, o sexo, o
prestígio, a aprovação social, o afecto, etc.
A motivação é o termo utilizado para designar um aspecto dinâmico de
comportamento dirigido a um objectivo.

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

A motivação é o que leva um indivíduo a agir, isto é, um conjunto de forças que


mobilizam e orientam a acção de um organismo em direcção a determinados
objectivos.
Quando se analisam os processos psicológicos subjacentes aos vários
comportamentos motivados, constata-se que o conceito de motivação é multifacetado
e engloba um conjunto de termos como: motivo; necessidade; impulso; interesse;
desejo; convicção; atracção; disposição; ideal; determinação, incentivo, aspiração,
etc., que têm sido evidenciados pelas diversas teorias motivacionais.

5.2- O MOTIVO E SUAS COMPONENTES


Os psicólogos que analisaram a motivação verificam que um motivo apresenta duas
componentes identificáveis: uma necessidade e um impulso.
necessidade
Motivo
impulso
As necessidades, por um lado, são baseadas num défice na pessoa (o que nós
precisamos).
O défice pode ser fisiológico ou psicólogo, mas em ambos os casos o défice tem de
residir na própria pessoa.
As necessidades fisiológicas são muitas vezes óbvias, como as necessidades de
água, alimento, sexo, sono ou calor, e todas têm como base um défice físico no corpo.
As necessidades psicológicas, com um potencial igualmente poderoso, são
frequentemente mais subtis e menos fáceis de ser identificadas, constituem por
exemplo: as necessidades de aprovação social, afeição, poder, prestígio, etc.
Os impulsos, por outro lado, embora certamente baseados nas necessidades,
também apresentam um carácter de mudança observável do comportamento.
Os impulsos implicam o movimento de alguma espécie. A pessoa não é considerada
como estando num estado de impulso até que a necessidade tenha incentivado essa
pessoa a agir.
O termo motivo refere-se a um impulso (uma necessidade activada) que se dirige em
direcção, ou se afasta, a uma meta.
O motivo é o estado do organismo pelo qual a energia corporal é mobilizada e dirigida
a determinados elementos do meio; é a razão que leva o organismo a agir.

5.3- TIPOS DE MOTIVOS

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

Há várias propostas de classificação das motivações. Optamos por distinguir:


motivações fisiológicas, as motivações adquiridas ou aprendidas e as
motivações combinadas.

a) Motivos fisiológicos: Também designados por motivos inatos, primários,


básicos, são o garante do equilíbrio fisiológico homestático, ou seja, garantem a
sobrevivência do organismo.
Assim, como já o referimos, as motivações inatas são: a fome, a sede, o sono ou a
necessidade de oxigénio (respiração), etc.

b) Motivos adquiridos: São motivos que não nascem com o indivíduo; esses
motivos são aprendidos ou adquiridos pelo indivíduo na sua interacção com o meio e
apresentam-se de maior importância para o Psicólogo.
Entre vários motivos adquiridos, podemos citar: o motivo de auto-realização, o motivo
de competência, o motivo de curiosidade, o motivo de poder, etc.

c) Motivos combinados: este termo é geralmente utilizado para designar o tipo de


motivações determinadas pelo efeito combinado de mecanismos fisiológicos (não
aprendidos) e de características resultantes da aprendizagem (adquiridos).
Exemplo: o comportamento sexual – a necessidade de fazer sexo é inata mas as
formas e técnicas de o fazer são adquiridas.
A alimentação – a necessidade de comer é inata mas o que devemos comer é
adquirido.

5.4- TEORIAS DA MOTIVAÇÃO


A explicação do comportamento motivado tem sido objecto de várias interpretações.
Assim, vamos apresentar as concepções de Gordon Allport, Abraham Maslow e
Sigmund Freud.

a) Allport e a teoria de autonomia funcional dos motivos

Gordon Willard Allport (1897- 1967)


foi um psicólogo estadunidense.

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

O famoso teórico de personalidade Gordon W. Allport, psicólogo americano (1897-


1967) estudou em Harvard e, depois de se doutorar em Berlim, Hamburgo e
Cambridge regressou aos EUA para leccionar em Harvard.
Largamente conhecido como proponente de um sistema relativo à personalidade,
publicou inúmeras obras literárias. Propôs uma teoria da motivação denominada
Autonomia funcional.

Nesta teoria, Allport sugere a forma como muitos motivos humanos podem ser
adquiridos. Segundo este psicólogo, muitos motivos humanos surgem quando um
meio utilizado para atingir um fim se torna um fim em si próprio. Ou seja, o caminho
escolhido para chegar a uma meta de satisfação de uma necessidade mais primitiva
pode tornar-se realmente uma meta. Por essa razão, Allport criou a teoria da
autonomia funcional da motivação, ou seja, pode-se começar um comportamento com
apenas uma motivação e, com o passar do tempo, ter o mesmo comportamento, só
que por outras razões.

Por exemplo, um jovem rapaz só toca no violino se a mãe lhe der um gelado. Assim,
tocar o violino está dependente de um reforço primitivo que é o gelado. Um belo dia, o
rapaz começa a tocar o violino já não pelo gelado, mas simplesmente pela beleza e
alegria de criar a música. Quer dizer que o motivo de tocar o violino passou a
funcionar autonomamente.

b) Maslow e a hierarquia de necessidades


Segundo Maslow, as necessidades humanas estariam organizadas numa hierarquia.
Este autor apresentou a sua concepção através de uma pirâmide em que na base,
estariam as necessidades fisiológicas e no topo, as necessidades mais elevadas
que seriam de auto-realização.
As necessidades fundamentais seriam as necessidades básicas, as fisiológicas e as
de segurança. Só depois destas necessidades estarem satisfeitas se ascende na
hierarquia para satisfação de outras mais elevadas.
A pirâmide de Maslow se apresenta da seguinte maneira:

neces. de
auto-realização

neces. de auto-estima

necessidades de amor

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

necessidades de segurança

necessidades Fisiológicas

1º Necessidades fisiológicas:
A satisfação dessas necessidades domina o comportamento humano.
Exemplo: a fome, a sede, o sono, o desejo sexual.

2º Necessidades de segurança:
Manifestam-se na procura de protecção relativamente ao meio (abrigo) bem como na
busca de um ambiente estável e ordenado. O perigo físico provoca insegurança e
ansiedade dominando o comportamento do indivíduo.
Exemplo: segurança, ordem protecção e estabilidade familiar.

3º Necessidades do amor:
Manifestam o desejo de associação, participação e aceitação por parte dos outros.
Nas relações íntimas e nos grupos a que pertence, o indivíduo procura o afecto, a
aprovação.
Exemplo: afeição, afiliação do grupo e aceitação pessoal
4º Necessidades de estima:
Assume duas expressões: o desejo de realização, de competência, o estatuto e o
desejo de reconhecimento.
As pessoas desejam ser competentes, isto é, desenvolver actividades com qualidade
e serem reconhecidas por isso. Daí se relacionar com estas necessidades a procura
do sucesso, do prestígio, da reputação. A satisfação da necessidade de estima
desenvolve nas pessoas sentimentos de autoconfiança e sua frustração gera
sentimentos de inferioridade.
Exemplo: respeito próprio, prestigio, reputação e estatuto social.

5º- Necessidades de auto-realização:


Se todas as necessidades estão satisfeitas, manifestar-se-á a necessidade de auto-
realização, isto é, a realização do potencial de cada um, a concretização das
capacidades pessoais.
Exemplo: sucesso, satisfação, realização das metas, ambições e talentos pessoais.

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Maslow considerava que a necessidade seria inerente aos seres humanos. A sua
concretização varia de pessoa para pessoa; um indivíduo pode auto-realizar-se sendo
um atleta de alta competição, outro através das artes plásticas, da música, da
investigação científica, da intervenção social, etc.
Para Maslow, esta hierarquia não implica que todos os seres humanos alcancem um
sucesso global na satisfação de todas essas necessidades. Por exemplo, nem todas
as pessoas chegam a satisfazer as necessidades de prestígio e estatuto social, e
muito menos a última meta auto-realização.
A organização das motivações depende dos factores individuais, dos grupos em que a
pessoa se integra, das situações que se vivem e das experiências anteriores.

5.5- A FRUSTRAÇÃO
A personalidade, a medida que se desenvolve, enfrenta uma série de problemas e
situações novas, as quais se deve optar ou conviver.
Estes problemas geram estados psicológicos conhecidos, como por exemplo: a
frustração, a ansiedade, o ajustamento, o conflito e outros...

Por frustração entende-se como o estado emocional que acompanha a interrupção


de um comportamento motivado ou seja o estado psíquico que resulta do bloqueio da
motivação, provocado por qualquer obstáculo ou barreira que impede de alcançar um
objectivo, tendente a satisfação da sua necessidade.

5.5.1. FONTE DE FRUSTRAÇÕES


As fontes são muitas: há obstáculos internos e externos, limitações provenientes de
situações ambientais e pessoais.
Exemplos:
 A chuva que impede de ir à praia.
 Reprovar na escola por incapacidade própria.
5.5.1.2. TIPOS DE FRUSTRAÇÕES
As frustrações podem ser:
- Pessoais (aquelas em que o obstáculo reside no indivíduo)
Exemplo: Por ser cego não poderei ser piloto.
- sociais ou ambientais (aquelas em que o obstáculo esta no meio exterior ao
indivíduo)
Exemplo: Chegar tarde no serviço por causa do engarrafamento
- frustração por conflito motivacional (é uma combinação de obstáculos
internos e externos); estamos perante uma frustração por conflito motivacional quando

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

o nosso comportamento esta dirigido para dois determinados objectivos mas


encontramos incompatibilidades.
Exemplo: No mesmo dia, o professor de Psicologia marca a sua prova de época
normal e o professor de Matemática marca sua prova de recurso, ambas provas são
importantes mas o aluno terá que decidir.

5.5.2. QUAIS SÃO AS RESPOSTAS ÀS FRUSTRAÇÕES?

Tendo em conta as diferenças individuais, as pessoas reagem às frustrações de várias


formas. Geralmente os padrões de comportamento a frustração são: a inquietação,
cólera, apatia, regressão, estereotipia e a agressão.

1- A inquietação: a pessoa começa a movimentar-se mais anda um lado para


outro, fuma, conversa mais do que o normal, rói as unhas e outras.

2- Cólera: e uma emoção frequentemente desencadeada em comportamento


agressivo (reacção de ataque).
Por exemplo: uma criança, por uma situação frustrante, chora, grita, bate os pés e nos
casos extremos rola pelo chão.

3- A apatia: significa ausência da paixão. Ausência de reacção aos estímulos do


meio. Estado que se manifesta pelo desinteresse e pela indiferença.
A apatia e o comportamento do indivíduo que e considerado ser incapaz de superar a
frustração.

4- A regressão: envolve respostas que são mais primitivas ou são características


de um período anterior no desenvolvimento de um indivíduo. A regressão e um
mecanismo de defesa do ego, segundo o qual o sujeito, face as dificuldades ou
conflitos, retrocede a fases anteriores do desenvolvimento.

5- A estereotipia: é um padrão de comportamento que se manifesta de forma


rígida e fixa, face a situação frustradora. É um comportamento que pode apresentar-se
verbalmente com palavras ou expressões que são repetidas constantemente. Em
alguns casos, ha pessoas que chupam o dedo, outras cocam a cabeça, outras ainda
rangem os dentes, etc.

6- A agressão: foi sempre tida como uma consequência da frustração.

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Salientamos que quando mais frustrado estiver o indivíduo, mais agressivo ele será e
a agressão provocada pela frustração pode ser directa ou deslocada.
Uma agressão é directa quando ela é dirigida ao objecto causador de frustração e, é
deslocada quando é dirigida ao objecto ou a pessoa que nada tem a ver com a
FRUSTRAÇÃO.

5.5.3- FRUSTRAÇÃO E CONFLITO MOTIVACIONAL


A frustração e o conflito motivacional estão relacionados, porque um pode ser
consequência de outro.
Kurt Lewin considera três formas básicas de conflito motivacional em que estão
presentes valências positivas e ou negativas que são:

a) Conflito aproximação/aproximação
Neste tipo de conflito, o indivíduo está perante duas ou mais forças positivas, está
entre dois objectivos ou actividades desejadas. O conflito surge porque só é possível
satisfazer um objectivo e inibir o outro.
Exemplo: escolher entre ir a uma festa ou ao cinema.

b) Conflito afastamento/afastamento
Neste tipo de conflito, o indivíduo está perante duas alternativas desagradáveis, duas
valências negativas, hesitando sobre qual evitar.
Exemplo: quando se colocam à criança, alternativas que não deseja como, por
exemplo, comer a sopa ou ir para a cama.

c) Conflito aproximação/afastamento
Neste conflito, o indivíduo está perante uma situação que é positiva e negativa ao
mesmo tempo.
Exemplo: uma criança vive este tipo de conflito quando deseja, e receia ao mesmo
tempo, acariciar o cão.

Em suma, podemos dizer que todos nós sofremos frustrações, uma vez que nem
todas as nossas necessidades são satisfeitas. Todavia, não deve haver um excesso
ou inexistência de frustração no indivíduo.

5.5.4. FREUD E A MOTIVAÇÃO


Sigmund Freud, neurologista vienense, criador da psicanálise (1856-1939). Freud
obteve a sua licenciatura em Medicina na Universidade de Viena e planeou uma

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Elaboração Drª Adalgisa Dimas David . ISCED - Luanda

carreira de especialista em neurologia. A falta de recursos forçou-o a abandonar os


seus interesses pela investigação em a favor de uma carreira clínica. O seu interesse
sobre o que viria a ser a psicanálise desenvolveu-se durante a sua colaboração com
Josef Breuer, em 1884, a qual resultou nos estudos sobre a histeria.
Freud fez também estudos sobre a interpretação dos sonhos (1900), estudou a
sexualidade (1905), as ilusões (1928), etc.
Freud afirmou que maior parte do comportamento humano é motivado por razões
relativamente fora da nossa consciência, por isso o comportamento humano é
relativamente irracional.
Para Freud e muitos psicólogos modernos, para compreender a razão pela qual as
pessoas se comportam como tal, é preciso considerar a motivação inconsciente, isto
é, as necessidades irracionais que se escondem abaixo da consciência.
Segundo Freud, o comportamento humano é fundamentalmente motivado, por razões
de carácter inconsciente e orientado por pulsões.
A pulsão, é portanto, um impulso energético, uma tendência para agir, que encontra a
sua origem numa tensão orgânica. A pulsão orienta a pessoa para determinados
afectos, mentalizações e comportamentos.
Outros autores costumam chamar de “mecanismos de fuga” e alguns de “mecanismos
de doença” ou ainda “mecanismos de compensação psíquica”. Tudo isto é uma
diferença de terminologia e que a ideia central que continua a prevalecer é
desenvolvida por Freud. Isto porque qualquer mecanismo, seja de fuga, doença ou
outro, é sempre uma forma de defesa do ego.
Por exemplo: uma pessoa que apresenta uma dor de cabeça intolerável que a impeça
de submeter-se a um exame: ela está fugindo a situação, usando um mecanismo de
doença, mas porque foge?
Para pôr o seu eu à prova, portanto para se defender.

5.5.4.1. MECANISMO DE DEFESA DO EGO

Os mecanismos de defesa do ego são estratégias inconscientes que a pessoa usa


para tentar reduzir a tensão e a ansiedade, fruto dos conflitos entre o ID, O EGO e o
SUPER-EGO.
Esses mecanismos de defesa visam afectivamente procurar satisfações para a
pessoa, por vezes reais, mas a maioria das vezes imaginárias ou afastadas da
realidade ou ainda por falta de reconhecimento das ideias e das pulsões geradas da
ansiedade.

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Resumindo, estes mecanismos são recursos que usamos quase sempre de uma
forma inconsciente, para adaptar-nos às situações conflituosas.
Os mais comuns são:
1- A racionalização: comportamento do indivíduo que procura libertar-se da
frustração por meio de uma “construção mental” apropriada. A pessoa procura-se
enganar, encontrando razões, justificativas para as suas atitudes, diante de uma
determinada situação. Ela tenta provar que o seu comportamentos é racional
justificável, logo digno de aprovação.
Por exemplo: a fábula da raposa, que não alcançando as uvas que desejava, se
afastou dizendo: estão verdes, nem cães as podem comer.
O político que perde as eleições depois diz: foi melhor assim, vou poder dedicar-me
mais aos meus clientes e à minha família.
A pessoa que esperava ganhar na lotaria e que ao conferir o bilhete que não foi
premiada, dá de ombros e comenta foi até bom, muito dinheiro estraga vida da gente.
2- A projecção: é o mecanismo de defesa do Ego pelo qual a pessoa atribui
inconscientemente a objectos ou outra pessoa, desejos, ideias e características que
não suporta admitir em si próprio.
Ela consiste em culpar os outros pelas nossas dificuldades ou atribuir a outros os
próprios desejos não étnicos.
Por exemplo: o aluno que se sente frustrado pela reprovação nos exames, põe-se a
dizer que o professor é incapaz.
O marido infeliz que desconfia da sua esposa.

3- A repressão: é uma fuga aos aspectos indesejáveis de uma situação


frustrada ou de conflito mediante uma diminuição ou perda de memória (amnésia).
Ela representa um esforço para retirar do consciente os pensamentos, sentimentos,
memórias e fantasias que forem dolorosos ou ameaçadores. Assim, vivências que
provocam sentimentos de culpa são esquecidas. Muitos casos de amnésia, podem ser
explicados através deste mecanismo de defesa; esquecemos o que é desagradável.

4- A sublimação: é o processo mediante o qual impulsos inaceitáveis


(especialmente sexo e agressividade) são canalizados para metas superiores
socialmente e pessoalmente aceitáveis, e encontrando assim a sua satisfação. A
sublimação, é dar um novo percurso ao impulso bloqueado em seu objectivo.
Por exemplo: o cirurgião encontra um caminho de desafogo para seu sadismo
dissecando as pessoas de maneira socialmente retribuída. O padre sublima no

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celibato as próprias tendências eróticas (sonhos). Um lutador sublima sua


agressividade dando espectáculo.
Por exemplo: boxe, karate, judo e outras modalidades agressivas.

5- A identificação: através deste mecanismo o indivíduo busca a segurança e


fortalecimento do Eu associando-se psicologicamente com outra pessoa que goza de
prestígio e autoridade. Embora esse mecanismo possa ter utilizado por qualquer
indivíduo.

6- A negação: a pessoa nega e distorce a realidade perigosa, recusa a


recepção do que possa lhe parecer desagradável.

7- Sonho ou devaneio: é o mecanismo através do qual o indivíduo se gratifica


imaginariamente um acto de querer superar pela imaginação os desaires sofridos no
plano de acção.
Enfim, o que importa lembrar aqui, é que estes mecanismos nos permitem um nível
maior de tolerância aos conflitos e frustrações e o seu uso prolongado pode
comprometer a saúde mental.

5.6. VIDA AFECTIVA

É muito provável que tenhas descrito afectividade como um comportamento amoroso,


atitudes delicadas, bom humor. Ou seja, quando pensamos na palavra afectividade, o
que nos ocorre são atitudes e comportamentos que chamamos de positivos. Nunca
podemos imaginar como afectividade sentimentos como ódio, raiva, medo.
No entanto, a Psicologia informa-nos que a nossa vida afectiva ou a nossa
afectividade é o conjunto de todos os nossos sentimentos, emoções, humores,
paixões, sejam eles positivos ou negativos.
Assim, a afectividade faz parte de nossa vida psíquica e para estudar o ser humano
temos que considerar a importância dos afectos. Muitas vezes programamos uma

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forma de agir e quando nos deparamos com a situação fazemos tudo completamente
diferente. Isto acontece porque os afectos interferem no nosso comportamento.
Para algumas teorias, os afectos dão significado aos estímulos do mundo externo.
5.7. COMPONENTES BÁSICOS DA VIDA AFECTIVA
A vida afectiva é composta por dois afectos básicos que são o amor e o ódio e que
também estão juntos nas nossas acções e pensamentos.
Ao falarmos em afectividade temos que considerar as emoções, que são expressões
da vida afectiva e que são acompanhadas de reacções breves do organismo em
resposta a um acontecimento inesperado.
Quando por exemplo, sentimos medo, a emoção aparece acompanhada de fortes
batimentos cardíacos e, por muito tempo, este facto fez com que as pessoas
acreditassem que o coração fosse o lugar das emoções. Tremores, risos, choro,
lágrimas, expressões faciais, jeito de falar e outras reacções orgânicas também
acompanham as emoções. Estas reacções são “descargas” da tensão do organismo
emocionado.
Cada cultura tem expressões diferentes para as emoções. Em toda a cultura, além de
acontecer uma estimulação para certos tipos de expressão emocional, há a repressão
de outras. Em certas culturas os homens por exemplo, são proibidos de chorar, como
se o choro fosse um sinal de fraqueza, e as mulheres são mais incentivadas a
expressar o que sentem. Estas reacções são aprendidas através do que a cultura
selecciona através de normas e regras impostas numa sociedade. Uma mesma
reacção pode expressar emoções diferentes e assim, por exemplo, podemos chorar
de tristeza ou de alegria.
De acordo com as emoções que temos, diante de cada situação, podemos avaliar
melhor o que nos acontece. Elas têm uma função adaptativa e também estão ligadas a
uma possibilidade de linguagem, na medida em que podemos dizer ao outro o que
sentimos, através delas. As emoções podem ser de raiva, medo, vergonha, desprezo,
tristeza, alegria, amor, paixão, atracção e outras. Podem ser fortes, fracas,
passageiras duradouras e podem mudar com o tempo, fazendo com que uma coisa
que nunca nos emocionou passe a nos emocionar. Podemos ou não saber definir que
tipo de emoção estamos a sentir em determinadas situações. Perante a nossa história
pessoal somos “levados” a sentir determinadas emoções singulares e únicas.
Outra forma de expressão de nossa afectividade são os sentimentos, que são
diferentes das emoções por serem mais duradouros, e pelas reacções orgânicas que
não são tão intensas. Os sentimentos estão voltados para o nosso interior, são
privados, por isso contrariamente as emoções não se podem observar e interpretar.

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São mais amenos e podem ser a amizade, a ternura e outros. Pode-se dizer por isso
que os sentimentos são de cada um, são únicos.
Mas como lidar com eles? Como fazer com que uma paixão deixe de incomodar?
Como fazer com que a raiva vá embora? Por outras palavras, como será possível
dominar os sentimentos? Ou não será possível?
As manifestações da nossa afectividade estão presentes em tudo o que fazemos,
pensamos e sentimos. E tu? Olha no teu interior, desvenda os sentimentos que só a ti
te pertencem e, emociona-te sempre que o meio assim o desejar, porque no fundo é
isso que tu és…

Portanto, os afectos são de natureza subjectiva, intransferíveis por isso difíceis de


comunicarmos aos demais. É muito mais fácil a sua transmissão gestual através do
canto, risos, contactos corporais, etc. oscilam entre dois pólos podendo mover-se
entre a alegria e a tristeza (pena), a atracção e rejeição, o prazer ou desprazer. A
manifestação do afecto se expressara em função do estímulo. Se o estímulo for de
prazer, amor o teu estado de animo será de alegria, optimismo, entusiasmo ao
contrario se o amor não for correspondido demonstraras pessimismo, melancolia,
desanimo.

Os afectos positivos perduram na memória e os frustrantes tendem a guarda-se no


inconsciente como mecanismo de defesa. Em palavras psiquiátricas o afecto
determina a atitude geral de uma pessoa seja de indiferença ou de aceitação.

5.4. TRASTORNOS DA AFECTIVIDADE


A exteriorização das emoções e dos sentimentos influem factores de índole variada.
De uma maneira geral podemos dividir em três grandes grupos: genéticos,
educativos e culturais.

Do ponto de vista hereditário interessa realçar que há expressões comuns na espécie


humana como franzir as sobrancelhas quando estamos irritados ou tremer quando
estamos com medo, o riso, etc., e outras exclusivas do indivíduo. A educação
influencia na expressão das nossas emoções e sentimentos, por exemplo em muitas
culturas os homens não devem chorar e as mulheres devem sempre exprimir suas
emoções. A cultura também condiciona a expressão dos nossos sentimentos. Por
exemplo os povos meridionais da Europa vivem suas emoções de forma muito intensa
em relação aos do norte que são menos expressivos.

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UNIDADE VI PENSAMENTO E LINGUAGEM

INTRODUÇÃO

A arte de pensar e se comunicar, entre os seres, faz-se necessária e fundamental para


a “troca” do que quer que seja (informações, experiências, capacidades, etc.). Através
do pensamento com seus alicerces fundamentais (linguagem, imagens e conceitos)
pomos em funcionamento à mente com todos os seus complexos mecanismos.

Pensamento é forma de processo mental ou faculdade do sistema mental que permite


aos seres modelarem o mundo e com isso lidar com ele de uma forma efectiva e de

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acordo com suas metas, planos e desejos. Outros processos similares ao pensamento
são cognição, consciência, ideia, imaginação, etc. O pensamento é considerado a
expressão mais "palpável" do espírito humano, pois através de imagens e ideias
revela justamente a vontade deste.

O pensamento é fundamental no processo de aprendizagem. O pensamento é


constructo e construtivo do conhecimento. O principal veículo do processo de
consciencialização é o pensamento.

Etimologicamente, pensar significa avaliar o peso de alguma coisa. Em sentido


amplo, podemos dizer que o pensamento tem como missão tornar-se avaliador da
realidade.

Segundo Descartes (1596-1650), filósofo de grande importância na história do


pensamento, "a essência do homem é pensar". Por isso dizia: "Sou uma coisa que
pensa, isto é, que duvida, que afirma, que ignora muitas, que ama, que odeia, que
quer e não quer, que também imagina e que sente. Logo quem pensa é consciente de
sua existência, "penso, logo existo."

1. CARACTERÍSTICAS DO PENSAMENTO
 O pensamento lógico se caracteriza por operar mediante conceitos e
raciocínios;
 Depende do ambiente externo (dos 5 sentidos) e existem padrões que
possuem um começo no pensamento e criam um final, isso acontece em
milésimos de segundos, por sua vez milhares de começos e finais fazem disso
um pensamento lógico;
 O pensar sempre responde a uma motivação, que pode estar originada no
ambiente natural, social, cultural ou no sujeito pensante.
 O pensar é uma resolução de problemas. A necessidade exige satisfação.
 O processo de pensamento lógico sempre segue uma determinada direcção.
Esta direcção vai em busca de uma conclusão ou da solução de um problema,
não segue propriamente uma linha recta e sim um formato zigue-zague com
avanços, paradas, rodeios, e até mesmo retrocessos.
 O pensamento é simplesmente a arte de ordenar as matemáticas e expressá-
las através do sistema linguístico.
 Pode ser caracterizado por exigir períodos de latência (estagnação), nos quais
as actividades internas são suspensas ou interrompidas. Portanto, ele é
somatório de actividades incluídas na elaboração de estudos, de processos

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superiores da formação de conceitos, os chamados conceitos cognitivos, da


solução de problemas, do planeamento, do raciocínio e da imaginação.
 O pensamento DESPERTA (período de convergência) quando o indivíduo se
vê frente a novas situações, cuja complexidade pode ser variável e para as
quais não encontra esquemas de resposta pré-montados ou pré-estruturados
pela aprendizagem e ainda, cuja resposta não é instintiva e sim, construída ou
elaborada.
 Pensar é ter a faculdade de formular conceitos, para os quais a actividade
psíquica elabora os fenómenos cognitivos, imaginativos e planificativos, cujo
grau pode ser algo distinto tanto dos sentimentos como das vontades.

2. ALICERCES DO PENSAMENTO

Ao pensarmos em alguém ou alguma situação fazemos uso da linguagem, imagens


e conceitos que são os alicerces do pensamento.

2.1. LINGUAGEM - a palavra portuguesa deriva do francês antigo langage.


Linguagem pode-se referir tanto à capacidade especificamente humana para
aquisição e utilização de sistemas complexos de comunicação, quanto à uma instância
específica de um sistema de comunicação complexo. O estudo científico da
linguagem, em qualquer um dos seus sentidos, é chamado de linguística.

A linguagem, nesse sentido, é um sistema de sinais para codificação e


descodificação de informações. Quando usado como um conceito geral, a palavra
"linguagem" refere-se a uma faculdade cognitiva que permite aos seres humanos
aprender e usar sistemas de comunicação complexos. A linguagem humana é um
conjunto flexível de símbolos que nos permite comunicar nossas ideias, pensamentos
e sentimentos.

A linguagem humana enquanto sistema de comunicação é fundamentalmente


diferente e muito mais complexa do que as formas de comunicação das outras
espécies, já que se baseia em um diversificado sistema de regras relativas à símbolos
para os seus significados.

Uma das maneiras de se compreender o sistema de linguagem humana é levar em


conta a sua estrutura básica. A linguagem falada baseia-se em unidades de som
chamadas fonemas. O seu agrupamento (dos sons para formar palavras) são os
morfemas- que são as menores unidades de significado das palavras - , que

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desempenham papel importante no pensamento pois podem representar ideias


importantes como vermelho, calmo ou quente.

Combinando morfemas podemos criar palavras que representam ideias mais


complexas cuja estruturação regrada nos da as sentenças e seus significados. As
regras são designadas pelos linguistas de gramática cujos principais componentes são
a sintaxe e a semântica.

Sintaxe é o sistema de regras que controla o modo como combinamos as palavras


para formar frases significativas.

Semântica descreve a maneira como atribuímos significado aos morfemas, às


palavras, as frases e as sentenças ou seja ao conteúdo da linguagem.

A sintaxe e a semântica permitem que os falantes e ouvintes façam o que o linguista


Noam Chomsky chama de transformações entre a estrutura superficial e a profunda.
Segundo Chomsky, quando desejamos comunicar uma ideia, começamos com um
pensamento, depois escolhemos as palavras e frases que expressarão a ideia e, por
fim, produzimos os sons da fala que formam as frases. A fala exige um processamento
de cima para baixo, conforme o esquema abaixo.

Produção da fala

Significado

(pensamento, ideia)

Sentenças

(frases)

Morfemas

(palavras, prefixos, sufixos)

Fonemas

(sons básicos)

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2.2. IMAGENS

Uma imagem é uma representação mental de algumas experiências sensoriais e pode


ser usada para que pensemos sobre coisas. Somos capazes de visualizar uma arvore
de natal; um avião, um lugar onde estivemos e gostamos muito. Em suma, podemos
pensar por meio de imagens.

As imagens nos possibilitam pensar de maneira não verbal e utilizamos, neste


processo, os mesmos centros do cérebro que são activados para a percepção visual
(córtex cerebral do lobo occipital)

2.3. CONCEITOS

São categorias mentais usadas para classificar pessoas, coisas ou acontecimentos.


Cães, livros e montanhas são conceitos empregues na classificação de coisas, ao
passo que rápido, bonita e interessante são conceitos que podem ser empregues na
classificação de coisas, acontecimentos ou pessoas. Se não fossemos capazes de
formar conceitos, precisaríamos ter um nome diferente para cada objecto. Os
conceitos nos ajudam a pensar de maneira eficiente a respeito das coisas e de como
elas se relacionam entre si.

Também dão significado a novas experiências. Isso não significa que criamos um novo
conceito para cada nova experiência que vivemos. Nós nos aproximamos de conceitos
que já estão formados e classificamos o novo acontecimento na categoria adequada.

Criar conceitos, seja sobre o que for é uma maneira de organizar as experiências
vividas. Tal como as palavras ajudam-nos a formular pensamentos. Mas a cognição
humana abrange muito mais que apenas pensar passivamente a respeito de coisas.
Ela também consiste em empregar activamente as palavras, as imagens e os
conceitos a fim de modelar uma compreensão do mundo, resolver problemas e tomar
decisões.

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3. Classificação do pensamento

Pensamento autista e realista: proposto por Eugen Bleuler, tem como base a relação
com o ambiente interno e externo.

 Verificativo: pensamento intuitivo, analítico e sintético: proposto por Jerome S.


Bruner, tem como base a origem do pensamento.
 Realista: rigorosamente controlado pela realidade externa.
 Autista: caracteriza as actividades internas não controladas por condições
externas.

 Produtivo: consequência da integração de experiências previamente não


relacionadas.
 Reprodutivo: aplicação de experiências previamente adquiridas que
conduzem a uma solução correcta em uma nova situação.

 Intuitivo: usa a intuição do indivíduo.


 Analítico: consiste em decompor o todo, em partes mais simples, que são
mais facilmente explicadas ou solucionadas.
 Sintético: é a reunião de um todo pela conjunção de suas partes.

 Dedutivo: vai do geral ao particular. É uma forma de raciocínio em que se


atinge a conclusão a partir de uma ou várias premissas.
 Indutivo: é o processo inverso do pensamento dedutivo, é o que vai do
particular ao geral. A base é a figuração de que se algo é certo em algumas
ocasiões, o será em outras similares, mesmo que não se possam observar.

3.1. OUTROS TIPOS DE PENSAMENTO

 Pensamento criativo: aquele que se utiliza da criação ou modificação de algo,


introduzindo novidades, ou seja, a produção de novas ideias para criar ou
modificar algo existente.
 Pensamento sistémico: é uma visão completa de múltiplos elementos com
suas diversas inter-relações. Sistêmico deriva da palavra sistema, o que nos
indica que devemos ver as coisas de uma forma inter-relacionada.
 Pensamento crítico: examina a estrutura dos raciocínios, e tem uma vertente
analítica e avaliativa. Tenta superar o aspecto mecânico do estudo da lógica.

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 Pensamento interrogativo: é um pensamento com o que se faz as perguntas,


identificando o que interessa a alguém saber sobre um determinado tema.

4 Operações racionais
 Análise - Divisão mental, ou seja, o pensamento se divide em duas formas,
esquerda e direita. O lado direito pode pensar todo o negativo e o lado
esquerdo todo o positivo.
 Síntese - Se reúne todo o processo mental para logo ser analisado ou
decorado.
 Comparação - Estabelece semelhanças e diferenças entre objectos e
fenómenos distintos da realidade.
 Generalização - Processo no que se estabelece o comum de um conjunto de
objectos, fenómenos ou relações.
 Abstracção - Operação que consiste em mostrar mentalmente certos traços,
geralmente ocultados pela pessoa, distinguindo-se de pensamentos e anexos
acidentais, primários e precedendo aqueles pensamentos.
 Racional - É o pensamento humano quando conduzido de acordo com a
razão, ou seja, o pensamento lógico, o raciocínio, livre das perturbações da
emoção, do sentimento, etc.

5. Patologias do pensamento

Os transtornos do pensamento podem ser divididos em transtornos de curso, de


conteúdo do pensamento e, em certos casos se adiciona um terceiro grupo, os
transtornos de vivência do pensamento.

5.1. Transtornos no curso do pensamento

O curso do pensamento é o caminho que segue o pensamento para raciocinar, falar,


informar, etc, e inclui a fluidez do pensamento, como se formulam, organizam, e
apresentam os pensamentos de um indivíduo. Em todo raciocínio há um fio condutor

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que leva um pensamento a outro. Este fio pode conter falhas, que causam os
transtornos no curso de pensamento.

a) Transtornos da velocidade

Os transtornos da velocidade incluem patologias que afectam a quantidade e a


velocidade dos pensamentos. Seus principais transtornos são os seguintes:

 Taquipsiquia - aceleração do curso do pensamento


 Fuga de ideias - caso extremo da Taquipsiquia, em que o pensamento parece
saltar subitamente de um tema a outro
 Bradipsiquia - lentificação do curso do pensamento
 Bloqueio de pensamento, interrupção brusca do pensamento, o qual é
reiniciado logo após retomando o curso anterior ou, o que é mais comum, um
curso diferente;

b) Transtornos da forma

Os transtornos da forma propriamente dita incluem patologias de direccionalidade e a


continuidade do pensamento. Os mais significativos incluem:

 Pensamento circunstancial: quando a informação compartilhada é excessiva,


redundante e, geralmente, não relacionada com o tema.
 Pensamento divagatório: quando fala mas não diz nada.
 Pensamento tangencial:
 Pensamento prolixo: incapacidade de extrair os conteúdos mentais
essenciais para alcançar a conclusão do pensamento: mas sem perda da ideia
directriz
 Perseveração de pensamento: repetição periódica e automática de palavras
relacionadas com a ideia directriz, que são intercaladas no curso do
pensamento interferindo no seu fluxo.
 Pensamento rígido: o curso é perturbado pela persistência de uma ideia que
tem preferência e resistência em ser abandonada
 Pensamento estereotipado: repetição de palavras ou frases que são
intercaladas no curso do pensamento, não participam do tema, não desviam e
não interferem com a ideia directriz. A fluidez do curso é normal
 Pensamento desagregado: perda da soberania da ideia directriz.

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5.2. Transtornos de conteúdo de pensamento

Os principais transtornos incluem:

 Pensamento incoerente: decorre de uma alteração da consciência


(diminuição da lucidez)
 Pensamento obsessivo
 Pensamento delirante
o Percepção delirante: é a atribuição de um significado anormal a uma
percepção normal;
o Ocorrência delirante: resulta de uma crença puramente subjetiva sobre
si mesmo e seus conteúdos podem ser místicos, de perseguição, de
grandeza, de prejuízo, de ciúmes, de influência e de relação
o Reacção delirante: é baseada em um determinado e preciso estado de
ânimo, a partir do qual se tornam compreensíveis a significação e as
referências anormais.
 Preocupações
 Ideias falsas: geralmente reversíveis
 Ideias fóbicas

2. LINGUAGEM

A escrita cuneiforme é o primeiro documento escrito que se tem registro. No entanto,


acredita-se que a língua falada preceda a escrita em pelo menos dezenas de milhares
de anos.

A linguagem humana é um conjunto flexível de símbolos que nos permite comunicar


nossas ideias, pensamentos e sentimentos.

A linguagem é processada em vários locais diferentes do cérebro humano, mas


especialmente na área de Broca e na Área de Wernicke.

Os seres humanos adquirem a linguagem através da interacção social na primeira


infância. As crianças geralmente já falam fluentemente quando estão em torno dos
três anos de idade.

O ser humano fala aproximadamente entre 3000 e 6000 línguas. Não existem dados
precisos. As línguas naturais são os exemplos mais marcantes que temos de
linguagem. No entanto, ela também pode se basear na observação visual e auditiva,

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ao invés de estímulos. Como exemplos de outros tipos de linguagem, temos as


línguas de sinais e a linguagem escrita. Os códigos e os outros tipos de sistemas de
comunicação construído artificialmente, tais como aqueles usados para programação
de computadores, também podem ser chamadas de linguagens.

O uso da linguagem tornou-se profundamente enraizado na cultura humana, além de


ser empregada para comunicar e compartilhar informações. A palavra "linguagem"
também pode ser usada para descrever o conjunto de regras que podem produzir
regras. As línguas evoluem e se diversificam ao longo do tempo. Por isso, sendo a
língua uma realidade essencialmente variável, não há formas de falar intrinsecamente
erradas. A noção de certo e errado tem origem na sociedade, não na estrutura da
língua.

2.1. O que torna a linguagem humana única

A linguagem humana é única quando comparada com outras formas de comunicação,


tais como aquelas usadas por animais. Ela permite aos seres humanos produzirem um
conjunto infinito de enunciados a partir de um conjunto finito de elementos. Os
símbolos e as regras gramaticais de qualquer tipo de linguagem são em grande parte
arbitrárias. Por isso que o sistema só pode ser adquirido através da interacção social.

Os sistemas conhecidos de comunicação utilizados por animais, por outro lado, só


podem expressar um número finito de enunciados que são na sua maioria transmitidos
geneticamente. A linguagem humana é também a única que têm uma estrutura
complexa projectada para atender a uma grande quantidade de funções - bem mais do
que qualquer outro tipo de sistema de comunicação.

3. Aquisição da linguagem

Desde o nascimento, os recém-nascidos respondem mais prontamente à fala humana


do que para outros sons.

Todo ser humano saudável já nasce programado para falar, com uma propensão inata
para a linguagem. As crianças adquirem a língua ou as línguas que são empregadas
pelas pessoas que convivem perto delas. Este processo de aprendizagem é algo
complexo. Por isso, acredita-se que a aquisição da primeira língua é a maior façanha
que podemos realizar durante toda a vida.

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Os recém-nascidos respondem mais prontamente à fala humana do que para outros


sons. Com cerca de um mês de idade, os bebés parecem ser capazes de distinguir
entre diferentes sons da fala. Já com seis meses de idade, a criança vai
começando a balbuciar, produzindo ou os sons da fala ou as formas com as mãos
das línguas utilizadas em torno deles.

Desde muito cedo, qualquer criança sabe e fala muito além das frases que ela escutou
dos adultos. Não repete simplesmente o que lhe dizem: com as regras que ela
apreendeu das frases ouvidas, forma inúmeras outras, inclusive nunca ouvidas. Ou
seja, desde a primeira infância a criança "cria" as suas frases. Essa criatividade é o
traço característico da chamada gramática universal, internalizada pelas crianças.
Proposta por Noam Chomsky, essa gramática parte do princípio de que há uma
gramática, inerente a todos os falantes de qualquer língua, que faria com que ninguém
optasse por uma estrutura altamente errada, entre as infinitas combinações possíveis
de palavras. As palavras aparecem entre 12 e 18 meses. Uma criança de 18 meses de
idade emprega em média cerca de 50 palavras.

As primeiras declarações das crianças são holofrases, ou seja, expressões que


utilizam apenas uma palavra para comunicar alguma ideia. Vários meses depois a
criança começa a produzir palavras, ela produzirá discursos telegráficos e frases
curtas que são menos gramaticalmente complexas do que a fala dos adultos, mas que
mostram a estrutura sintáctica regular. Com dois anos a criança já domina o
arcabouço fundamental de sua língua. Com aproximadamente três anos, a capacidade
da criança de falar ou de fazer sinais é tão refinada que se assemelha a linguagem
adulta.

3.1.Linguagem humana

A capacidade que os seres humanos têm de transferir conceitos e ideias através da


fala e da escrita é incomparável com qualquer outra espécie conhecida.

As línguas humanas são geralmente referidos como línguas naturais, tendo a


linguística como a ciência responsável por estudá-las. Nas línguas naturais, a
progressão comum é que as pessoas primeiro falem, depois inventem um sistema de

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escrita e, em seguida, gramaticalizam a língua, numa tentativa de entendê-las e


explicá-las.

Línguas vivem, morrem, misturam-se, mudam de lugar para lugar e mudam também
com o passar do tempo. Qualquer língua que deixa de mudar ou de se desenvolver é
categorizado como uma língua morta. Por outro lado, qualquer língua que está em um
estado contínuo de mudança é conhecido como uma língua viva ou linguagem
moderna. É por estas razões que o maior desafio para o falante de uma língua
estrangeira é permanecer imerso nela, a fim de acompanhar as mudanças que se
processam na língua.

Às vezes, a distinção entre um idioma e outro é quase impossível.

Por exemplo, há alguns dialectos do alemão que são semelhantes ao de alguns


dialectos holandeses. A transição entre as línguas dentro de uma mesma família
linguística é muitas vezes gradual (veja continuum dialetal).

A língua de sinais é uma linguagem que, em vez de padrões sonoros acusticamente


transmissíveis, usa-se padrões de sinal visualmente transmissíveis (comunicação
manual e/ou linguagem corporal) para transmitir um significado, combinando ao
mesmo tempo gestos manuais, orientação e movimentação das mãos, braços ou
expressões corporais e faciais para expressar seus pensamentos com fluidez de um
orador. Centenas de línguas de sinais estão em uso em todo o mundo e estão no
interior das culturas locais de surdos.

3.2. Linguagem artificial

Esperanto - a língua construída artificialmente mais falada do mundo.

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A língua artificial é um tipo de linguagem onde sua fonologia, gramática e/ou


vocabulário foram conscientemente concebidos ou modificados por um indivíduo ou
grupo, em vez de ter evoluído naturalmente. Existem várias razões possíveis para a
construção de uma língua: facilidade humana para a comunicação, adicionar
profundidade a uma obra de ficção ou a lugares imaginários, como experimentação
linguística, para a criação artística ou ainda para jogos de linguagem.

A expressão "língua planeada" é por vezes utilizada para significar línguas auxiliares
internacionais e outras linguagens projectadas para uso real na comunicação humana.
As gramáticas normativas, que são tão antigas quanto as línguas clássicas - tais como
o latim, o sânscrito e o chinês - são baseadas em regras codificadas das línguas
naturais. Essas codificações são um meio-termo entre a selecção natural da língua e o
desenvolvimento da linguagem e a sua construção e prescrição explícita.

A matemática, a lógica e a ciência da computação usam entidades artificiais


chamadas linguagens formais (incluindo a linguagem de programação e a linguagem
de marcação. Alguns que são mais de natureza teórica).

A linguagem de programação é uma linguagem formal dotada de semântica que pode


ser utilizada para controlar o comportamento de uma máquina, particularmente um
computador, a fim de executar tarefas específicas. As linguagens de programação são
definidas usando regras sintácticas e semânticas, determinando a estrutura e o
significado, respectivamente. As linguagens de programação são empregues para
facilitar a comunicação sobre a tarefa de organizar e manipular informações e para
expressar algoritmos com precisão.

Há ainda a linguística computacional pode ser entendida como a área de


conhecimento que explora as relações entre linguística e informática, tornando
possível a construção de sistemas com capacidade de reconhecer e produzir
informação apresentada em linguagem natural.

3.3. Linguagem de animais

O termo "linguagem animal" é frequentemente utilizado para os sistemas de


comunicação não-humanos. Linguistas e semióticos não consideram ela como uma
linguagem verdadeira, descrevendo-os como sistemas de comunicação animal
baseados em sinais não-simbólicos, já que a interacção entre animais nesse tipo de
comunicação é fundamentalmente diferente dos princípios da linguagem humana.

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Segundo esta abordagem, uma vez que os animais não nascem com a capacidade de
raciocinar em termos de cultura, a comunicação animal se refere a algo
qualitativamente diferente do que é encontrado em comunidades humanas ].
Comunicação, língua e cultura são mais complexas entre os seres humanos.

Um cão pode comunicar com sucesso um estado emocional agressivo com um


rosnado, que pode ou não fazer com que um outro cão se afaste ou recue. Os
cachorros também podem marcar seu território com o cheiro de sua urina ou corpo. Da
mesma forma, um grito humano de medo pode ou não alertar outros seres humanos
do perigo iminente. Nestes exemplos há comunicação, mas não são o que geralmente
seria chamado de linguagem.

Em vários casos divulgados, os animais vêem sendo ensinados a entender certas


características da linguagem humana. Karl von Frisch recebeu o Prêmio Nobel em
1973 por sua pesquisa sobre a comunicação sígnica entre as abelhas. Elas são
capazes de, volteando, transmitir vibrações para as outras, dando direcção de locais
em que há abundância de pólen.

Foram ensinados aos chimpanzés, gorilas e orangotangos a língua de sinais baseados


na linguagem de sinais americano, com cartões, cores e gestos, tendo como resultado
um número notável de frases.

O papagaio-cinzento africano, Alex, possuía a capacidade de imitar a fala humana


com um alto grau de precisão. Suspeita-se que ela tinha inteligência suficiente para
compreender alguns dos discursos que imitou, além de entender o número zero, um
conceito abstrato que as crianças só começam a compreender a partir dos 3 anos.
Embora os animais possam ser ensinados a entender partes da linguagem
humana, eles são incapazes de desenvolver uma linguagem.

Embora os defensores dos sistemas de comunicação animal venham debatendo os


níveis de semântica encontrados nesse tipo de linguagem, ainda não foi encontrado
nada que possa pelo menos ser aproximado a sintaxe da linguagem humana

4. PERTURBAÇOES DA LINGUAGEM

Poderíamos começar por dizer que a linguagem considerada normal é aquela que
cumpre satisfatoriamente a sua missão. Para isso deve possuir características tais
como:

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- ter um ritmo e uma velocidade adequados

- usar correctamente as palavras e seus significados

Ter uma quantidade e uma qualidade de palavras suficiente.

Deste modo, podemos falar de um problema de linguagem quando a quantidade,


qualidade, forma, ritmo da mesma diferem da norma e dificultam a expressão
interpessoal de forma mais ou menos duradoura. Distinguem-se 2 grupos de
perturbações; os da linguagem e os da fala.

a) Os problemas da linguagem

São os que produzem um desaparecimento ou uma alteração no seu desenvolvimento


estrutural, afectando a compreensão, a articulação, a expressão oral ou escrita. Dentro
deste grupo de problemas identificam-se a afasia, disfasia e simples atraso na
linguagem.

AFASIA é a perda total ou parcial da faculdade de compreender e exprimir a


linguagem oral ou escrita. Deve-se a uma lesão em determinadas zonas do sistema
nervosos central e é caracterizada pelos seguintes sintomas: empobrecimento global
da linguagem ou ausência da mesma nos casos mais graves, alteração do ritmo,
entoação e pronuncia, uso incorrecto das regras gramaticais, dificuldade de designar
objectos, repetição constante de uma série de sons ou palavras com ou sem
significado ou mesmo inventadas, na leitura é-se incapaz de ler, escrita desordenada,
etc.

Nem todas as afasias são iguais. Podemos identificar 3 tipos:

- Afasia sensorial. A pessoa não compreende, mas pode exprimir-se.

- Afasia expressiva. Incapacidade de articular palavras, mas compreende


perfeitamente.

- Afasia mista. Dificuldade de compreender e articular.

DISFASIA é a falta ou alteração da linguagem não devida a lesão cerebral e sem


dificuldades motoras, sensoriais e afectivas; é caracterizada pelos seguintes sintomas:
vocabulário pobre, atraso no aparecimento da linguagem, dificuldade de unir palavras
para formar frases, não conjuga verbos, mas tem compreensão verbal, pode-se

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verificar nestas pessoas dislexia e disortografia, pode chegar a criar sua própria
linguagem impossível de se compreender, etc.

b) Os problemas da fala

São aqueles que dificultam a expressão oral, mas não afectam a compreensão. Entre
eles: dislalia,disglosia e a disfemia.

DISLALIA- má pronuncia de um ou vários fonemas. Não se deve a alterações


orgânicas. Surge por volta dos 4 ou 5 anos. Afecta frequentemente as consoantes. As
alterações podem ser de vários tipos:

- por omissão. Não se pronuncia o fonema, por ex. “ cavo” em vez de cravo.

-por substituição. Troca-se um som por outro mais fácil de articular. Ex: “bugo” em
vez de burro.

- por distorção. Emite-se o fonema mas de modo alterado por uma deficiente posição
dos órgãos de articulação. Ex “chanto” em vez de santo

- por invenção. Intercala-se um som que não pertence a palavra para facilitar a
pronuncia. Ex: “administrador” em vez de administrador.

DISGLOSIA- é uma dislalia devida a causas orgânicas (defeito no lábio ou língua)

DISFEMIA – repetição de sílabas ou bloqueio de algumas delas, provocando


interrupção na expressão oral. É a chamada GAGUEZ.

Aparece a partir dos 3 ou 4 anos e na sua origem não aparecem alterações orgânicas.
Este transtorno pode dificultar as relações sociais e gera muita ansiedade na pessoa.

5. TRATAMENTO PARA OS PROBLEMAS DE LINGUAGEM

No caso do simples atraso, o tratamento visará criar na criança a necessidade de se


comunicar. Trata-se a articulação, a sintaxe, estimulam-se os órgãos sensoriais (jogos
verbais, por ex). por vezes alguns fármacos ajudam a reduzir os sintomas. O
fonoaudiologo fará o acompanhamento da criança.

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