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PRÁTICAS EM PSICOLOGIA
DA EDUCAÇÃO
Prof. Me. Bárbara Cristina Rodrigues Fonseca
006 Aula 01: Concepções do Fracasso Escolar e suas Implicações
no Processo de Ensino e de Aprendizagem
Mãos à obra!
01
É com muito carinho e dedicação que inicio nossa primeira aula, abordando um
assunto muito atual e que vem sendo tema de muitas discussões no âmbito da
Educação. Você, com certeza, já deve ter percebido muitas das queixas quanto às
di culdades que permeiam o ambiente escolar na atualidade: alunos desatentos,
desinteressados, preguiçosos, hiperativos, com comportamentos sociais inadequados,
agressivos, violentos, com baixo desempenho nas notas, entre outros. Neste mesmo
cenário, temos a gura do professor: insatisfeito com esses alunos e, portanto, sente-
se irritado, desmotivado, desvalorizado, impotente...
Há muito tempo nosso país tem apresentado baixos níveis de desempenho acadêmico
dos alunos, e frequentemente as causas apontadas são observadas e pontuadas com
uma visão reduzida e simpli cada do problema.
Dessa forma, chamo a atenção para a necessidade de ampliação de sua visão para
tratar o conceito de fracasso escolar e a relação deste com o contexto social, cultural e
histórico em que a escola e seus atores estão incluídos. O fracasso escolar será tratado
à luz e à compreensão da Teoria Histórico-Cultural (ou Sociointeracionista), que
traz contribuições interessantes sobre essa problemática.
Você deve estar me perguntando: mas, professora, porque temos que estudar essa
teoria? Porque a prática do professor em sala de aula, ou melhor, o que ele faz, como
ministra os conteúdos e como se relaciona com seus alunos está intimamente ligado a
uma teoria, uma concepção construída social, histórica, cultural e economicamente
pelo próprio professor. Mesmo que não tenha consciência, tudo o que faz em sua
prática docente está ligado à sua forma de pensar o mundo e o processo de ensino e
aprendizagem. Estudar uma determinada problemática e, portanto, analisar
concepções e práticas docentes só se faz possível e coerente quando atreladas a um
modelo teórico que as sustenta.
Abordagem Histórico-
Cultural e o Aporte
Sociointeracionista:
desenvolvimento e
aprendizagem
Diferentemente dos métodos utilizados pelas teorias associacionistas, que se
sustentam em um esquema estímulo-resposta, para Vygotsky, a chave da
aprendizagem reside nas relações dialéticas que o indivíduo mantém com seu meio.
Para esse autor, as pessoas modi cam e criam suas próprias condições de
desenvolvimento. (SALVADOR; MARCHESI; PALACIOS, 2015).
Em tais ações, as pessoas adultas (no caso, o professor) controlam o centro de atenção
e mantêm os segmentos da tarefa nos quais participam sempre em um nível de
complexidade adequado às possibilidades das crianças (alunos).
Zona de Zona de
desenvolvimento Distancia entre desenvolvimento
real potencial
Segundo esses pro ssionais, esses termos são passíveis de comprovação por meio de
“escores” (ou notas numéricas) obtidos em avaliações escritas. Entretanto, ressalta-se
que esses normalmente avaliam aptidões especí cas de leitura, ortogra a e
matemática, desconsiderando outras habilidades também importantes tais como
motricidade, habilidade musical ou artística e capacidade de relação interpessoal.
Foi realizada uma Avaliação Psicológica com 60 crianças de 4°, 5° e 6° anos do ensino
fundamental que não aprendiam a ler e escrever o conteúdo dado na sala de aula.
Professores, coordenadores pedagógicos e a direção da escola queriam que a
Psicologia explicasse o porquê isso acontecia. Para isso, zeram a seguinte pergunta
aos professores sobre os alunos: “Quais são as suas hipóteses sobre a queixa
apresentada?”
Esta aula buscou trazer uma re exão sobre o fracasso escolar a partir de alguns
estudos realizados em escolas com professores, pais e alunos. Os resultados
demonstraram que o que se percebe é que muitas vezes a responsabilidade foi
atribuída à criança, em outras à família, e também às condições sociais, econômicas e
políticas.
Você, aluno (a) questionador (a), deve estar me perguntando: a nal, de quem é a
“culpa”? Vamos pensar juntos: como ocorre a aprendizagem? E por que muitas vezes
ela não ocorre? É fundamental que as causas e responsabilização para o Fracasso
Escolar sejam revistas e repensadas criticamente.
Venha comigo para a próxima aula, pois darei continuidade a esse assunto e espero
que a partir de então você compreenda este fenômeno em sua complexidade e,
ressigni cando as suas próprias concepções enquanto aluno (a) e futuro (a) professor
(a), consiga responder a esses questionamentos deixados como gancho nesta aula.
02
Uma vez que diversos estudos apontam que o fracasso escolar pode trazer sofrimento
e ter implicações pessoais e sociais importantes para os indivíduos, como abuso de
drogas, problemas de conduta, envolvimento com a criminalidade, gravidez na
adolescência e, ainda, suscitar situações de exclusão, é fundamental considerar para a
prática docente a inter-relação entre a Psicologia do Ensino e a Educação.
Alguns aspectos como o biológico e o mérito pessoal são considerados pela Medicina,
Pedagogia e Psicologia como justi cativas para o baixo desempenho na escola. Muitas
vezes, a validação dessa explicação ocorre por meio de laudos e relatórios que pais e
professores buscam pro ssionais para a realização de avaliações com testes
psicométricos - que avaliam, por exemplo, o desenvolvimento cognitivo (QI).
Segundo Collares e Moysés (2014, p. 47), a expressão fracasso escolar tem sido usada
para “designar o crônico problema educacional. Porém, ao mesmo tempo, constrói
representações sobre esse problema ao remeter, de modo explícito ou subliminar, a
um “precário desempenho escolar” das crianças”. As mesmas autoras em um estudo
anterior (1994, p.26) consideraram que fracassam nos anos iniciais da escolarização
cerca de 50% a 70% dos alunos, tendo, nestes casos, suas causas atribuídas apenas ao
próprio aluno, sua família e, muito pouco, à escola. Raramente no cotidiano sua
política e práticas educacionais são questionadas.
Na década de 1970, de acordo com Patto (2008), uma das principais explicações
encontradas para as desigualdades escolares e as causas para o problema do fracasso
escolar basearam-se no discurso da Teoria da Carência Cultural. Nesta perspectiva, “a
escola é para a elite e inadequada para as crianças carentes” (Patto, 2008, p. 130). Em
outras palavras, neste contexto, o ambiente pobre promoveria de ciências no
desenvolvimento psicológico infantil e consequentemente na aprendizagem escolar.
Em contrapartida, nesta mesma época no Brasil, foram feitos outros estudos com um
foco diferente: buscar as causas do fracasso escolar no sistema escolar e não apenas
nas características psicossociais do aluno (PATTO, 2008).
Seja bem-vindo (a) a mais um encontro “virtual”. É um prazer escrever e saber que, em
algum momento, você estará se apropriando deste conhecimento que compartilho
com você.
Nas duas primeiras aulas, veri camos que a indisciplina é, muitas vezes, apontada
pelos pro ssionais da Educação como uma das principais queixas e causas do fracasso
escolar.
Caro (a) aluno (a), a tarefa a que nos deteremos inicialmente é tratar brevemente
sobre a indisciplina escolar, não se produzir no vazio, ao contrário, fazer parte de um
sistema social em sua totalidade (SILVA; VILLALBA, 2018). Para isso, mais uma vez,
tomaremos o referencial teórico Histórico Cultural como o pilar de sustentação para
nossa discussão. Em seguida, conceituaremos a indisciplina conforme a visão de
diversos autores e, ainda, pretendemos apontar algumas possibilidades, rede nindo
práticas docentes diante de lidar com esta problemática.
Segundo Rego (1996), nesta visão teórica, o próprio conceito de in(disciplina), como
toda a criação cultural, não é estático, uniforme e nem universal. Desta forma, para
Vygotsky (1978), os padrões de disciplina ligados à educação e os critérios adotados
para identi car um comportamento indisciplinado se transformam ao longo do tempo.
Este estilo disciplinar autoritário e depositário, para Mendonça (2010), começou a ser
substituído na década de 1960, com a difusão da Psicologia e de métodos pedagógicos
que valorizavam o respeito à individualidade da criança e do aluno. Os procedimentos
de punir e reprimir os alunos passaram a ser vistos como ruins para o
desenvolvimento da autonomia, criatividade e espírito crítico. Nas décadas de 1970 e
1980, predominava um “meio termo” entre o respeito à autoridade do professor e a
liberdade concedida aos alunos.
Em outras palavras, podemos concluir que, para esses autores, a indisciplina seria a
desobediência, o não cumprimento do conjunto de regras; um comportamento
inadequado e contrário a uma norma social imposta em uma determinada cultura,
contexto e momento histórico.
Será que essa concepção de (in)disciplina como uma espécie de incapacidade do aluno
em se ajustar às normas e padrões de comportamento esperados e considerados
socialmente “adequados” pode ser observada no discurso atual de muitos
pro ssionais das áreas da Educação e Saúde? O que a literatura aponta é que a
disciplina é compreendida ainda por muitos como uma obediência cega e um conjunto
de regras pré-estabelecidas nos diferentes contextos, e principalmente como um pré-
requisito para o bom desempenho acadêmico oferecido pela escola. As regras
passarão a ser compreendidas como imprescindíveis ao desejado ordenamento,
ajustamento, controle e coerção de cada aluno e da classe toda. Fácil e comum
observarmos estes relatos pro ssionais como crenças enraizadas nas escolas e
famílias (MENDONÇA, 2010).
Para Boarini (2013), os lhos devem ser educados pelos pais como estes quiserem. O
professor é um pro ssional especializado e preparado para compartilhar e produzir
conhecimento no aluno; não se faz substituto das funções dos pais mesmo que nas
séries iniciais muitas vezes eventualmente tenha que atender algum imprevisto
estranho (por exemplo, ensinar a se limpar no banheiro, lavar as mãos, etc.).
A partir de agora, você não vai mais errar! Atenção: quando uma família não atende às
necessidades básicas de seus membros, dizemos que não cumpre suas “funções” e,
portanto, é mais adequado tratá-las como “disfuncional” e não “desestruturadas”.
(BOARINI, 2013). Combinado?
Mas, a nal, não seria, atualmente, a maioria de nossos alunos agitados, curiosos,
inconstantes por estarem invadidos por informações e vivências em uma sociedade
extremamente dinâmica, o que tem in uenciado o seu comportamento?
Claro, temos outro aluno, que está chegando à escola cada vez mais cedo, com novas
necessidades e novas capacidades, bem informado tecnologicamente, diretamente
conectado ao mundo por diferentes redes e ferramentas, que busca nos educadores
outra conscientização por meio da re exão e ação diante da (in)disciplina
(MENDONÇA, 2010).
Você deve estar fazendo o seguinte questionando: mas, professora, como então
trabalhar com este aluno da atualidade? Quais seriam, as ressigni cações necessárias
ao professor sobre a (in)disciplina?
Para Passos (1996), a indisciplina precisa ser vista pelo professor com outro
signi cado: ousadia, criatividade e inconformismo. Assim, o aluno contestador, que
manifesta seu descontentamento, deve ser analisado para além do rótulo de aluno
indisciplinado. É preciso considerar que o seu comportamento pode estar indicando a
necessidade de mudanças na metodologia adotada pelo professor, por exemplo.
Para que o aluno tenha interesse nas aulas, é importante, diz Aquino (1996, p. 53), que
ele “experimente o obstáculo, que sinta o desconforto do difícil – só sendo desa ado
verá a necessidade de adequar-se, de limitar-se aos processos que determinada
matéria (ou conteúdo) sugere”.
É fundamental ressaltar que essa prática que visa a romper com o paradigma da
indisciplina por meio da repressão, coação e autoritarismo, não seja confundida com
permissividade. A liberdade sem limites e o professor sem autoridade (não
autoritarismo) terá muitos problemas (comportamentais e de desempenho) em suas
aulas. A disciplina só pode ser construída por meio de uma tarefa coletiva de trabalho
e relações humanas esperadas dentro de uma atividade, pela regulação cooperativa
de alunos, passos primordiais para a autonomia com liberdade e responsabilidade. É
preciso passar da pedagogia do discurso para a pedagogia da ação: a criança só é
indisciplinada quando o trabalho não faz sentido para ela. (SILVA; VILLALBA, 2018).
Para Freire (1998, p. 46), a prática educativa pode ajudar na parte disciplinar, pois
“busca desenvolver: um caráter formador, propiciar relações, treinar a experiência do
ser social que pensa, se comunica, que tem sonhos que tem raiva e que ama”.
Vasconcelos (2009, p. 93) a rma que “o saber se comportar aplica-se não só ao aluno,
mas a todos – portanto, também ao professor, aos funcionários, à equipe de direção,
aos pais, etc.”. É muito importante, caro (a) aluno (a), que esta ideia seja propagada na
comunidade escolar, discutindo-a, buscando o conhecimento que este não é problema
apenas “deste” ou “daquele”, pois “todos estão no mesmo barco”, nas mesmas
condições e que, portanto, todos devem contribuir para a superação do problema.
Finalizamos esta aula concluindo que a indisciplina observada nas escolas públicas
pode indicar a necessidade de a escola acompanhar o seu tempo histórico, como por
exemplo, com a utilização de tecnologias, metodologias ativas de ensino, aula
invertida, projetos pedagógicos, entre outras.
A escola não pode se manter distante das inúmeras possibilidades presentes na era
digital e deve passar a falar a mesma língua dos estudantes.
04
Medicalização e
Patologização
da Infância
Caro (a) aluno (a), nesta quarta e última aula, abordaremos o assunto Medicalização da
Educação ou Patologização da Infância, buscando identi car como têm sido tratados
pela medicina muitos dos problemas relacionados ao fracasso escolar, preocupação
que tem ganhado forças, no campo da Psicologia Escolar e da Educação propriamente
dita, com esforços de estudiosos de diversas áreas como Moysés, Collares, Souza,
Meira, Viegas, Untoiglic, Machado, entre outros.
[...] o processo por meio do qual são deslocados para o campo médico
problemas que fazem parte do cotidiano dos indivíduos. Desse modo,
fenômenos de origem social e política são convertidos em questões biológicas,
próprias de cada indivíduo. (MEIRA, 2012, p. 136).
Esse processo gera sofrimento psíquico à criança e sua família uma vez que são
responsabilizadas, enquanto governos, autoridades e pro ssionais são eximidos de
suas responsabilidades.
Neste interessante vídeo “Um panorama da medicalização na
Infância”, o psiquiatra e autor Rossano Cabral de Lima alerta para o
problema do exagero nos diagnósticos de transtornos mentais e na
prescrição de remédios, em especial para crianças. Além de explicar e
questionar os principais diagnósticos da atualidade, como o TDAH e a
Síndrome de Asperger, comenta sobre os contextos sociais e
econômicos ligados a esse problema. Como a criança é a principal
envolvida nessa história, Rossano não poderia deixa de re etir sobre o
papel da escola diante dessa realidade.
Finalizando nossa aula, espero que você tenha tido a oportunidade de compreender a
complexidade da Medicalização ou Patologização da Infância. A literatura nos mostrou
sérias e coerentes críticas, uma vez que se buscam soluções imediatas individuais para
problemas do ensino e adoecimentos que se estabelecem socialmente.
Editora: WAP
Sinopse: Este livro traz alguns elementos para a reflexão sobre o fra-
casso escolar e a interação entre professor e aluno, centralizando sua
análise no processo de alfabetização e letramento à luz dos estudos
de Piaget e Vygotsky. Durante a leitura, você poderá perceber, entre
outras coisas, formas de atuação na zona de desenvolvimento proximal
(ZDP) proposta por Vygotsky no momento em que se alfabetiza o aluno.
Além desses conceitos, o livro apresenta informações sobre o conceito
de interação em sala de aula.
LIVRO
Ano: 2018
Sinopse: O filme conta a história de uma criança que sofre com dislexia
e não é compreendida pelos professores e pais. Ishaan Awasthi, de 9
anos, já repetiu uma vez o terceiro período (no sistema educacional in-
diano) e corre o risco de reprovar novamente. As letras dançam em sua
frente, como diz, e não consegue acompanhar as aulas nem focar sua
atenção. Inesperadamente, um professor substituto de artes percebe
que há algo de errado com Ishaan.
FILME
Nenhum a menos
Ano: 1998
Diretor do filme: Zhang Yimou
Estúdio: Columbia Pictures
FILME
Além disto, Preciosa tem um filho apelidado de “Mongo”, por ser portador
de síndrome de Down, que está sob os cuidados da avó. Quando engra-
vida pela segunda vez, Preciosa é suspensa da escola. A sra. Lichtenstein
(Nealla Gordon) consegue para ela uma escola alternativa, que possa
ajudá-la a melhor lidar com sua vida. Lá Preciosa encontra um meio de
fugir de sua existência traumática, se refugiando em sua imaginação.
FILME
FILME
A Educação Proibida
Data: 2012
Diretor do filme: German Doin, Verónica Guzzo
Estúdio: REEVO – Red Educación Viva
Acreditamos também que você, a partir destas aulas, não seja mais um
profissional a reproduzir rótulos, estereótipos e preconceitos em relação
ao “novo” aluno da escola atual, que questiona, é diferente, “comporta-se
inadequadamente” quando comparados a modelos obsoletos produzidos
socialmente.
O aluno que a escola ainda busca não existe há muito tempo, e você, aluno
(a) e futuro (a) professo r(a), poderá quebrar paradigmas e contribuir para a
formação de pessoas críticas em uma sociedade mais humanizada e justa.
Profª Bárbara.
Referências
ALVARENGA, R. A. A medicalização do fracasso escolar nos anos iniciais do ensino
fundamental. Universidade Federal de Goiás Regional Catalão – GO - Programa de pós
– graduação em Educação – PPGEDUC, 2017.
ASBAHR, F. S. F., & Lopes, J. S. A culpa é sua. Psicologia USP, 17(1), 2006, p.53-73.
AULETE, Caldas. Dicionário contemporâneo da Língua Portuguesa. 4. ed. Lisboa: Delta, 1985.
FREIRE, Paulo. Pedagogia de esperança. 5. ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1998.
MEIRA, Marisa Eugênia Melillo. Para uma crítica da medicalização na educação. Psico-
logia Escolar e Educacional, Maringá, v.16, n.1, p.136-142, jan./jun., 2012.
MOYSÉS, Maria Aparecida Affonso. Fracasso Escolar: uma questão médica? Série Ideias,
São Paulo, n. 6, p.29-31, 1992.